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W BA 07 62 _V 2. 0 INDÚSTRIA 4.0 2 Henrique Neves de Lucena Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2024 INDÚSTRIA 4.0 1ª edição 3 2024 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR Homepage: https://www.cogna.com.br/ Diretora Sr. de Pós-graduação & OPM Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Ana Carolina Gulelmo Staut Camila Turchetti Bacan Gabiatti Camila Braga de Oliveira Higa Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Leonardo Ramos de Oliveira Campanini Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Priscilla Labanca Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Lucena, Henrique Neves de Indústria 4.0/ Henrique Neves de Lucena, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A 2024. 32 p. ISBN 978-65-5903-565-6 1. Quarta revolução industrial. 2. Cibersegurança Industrial. 3. Gestão de dados. I. Título. CDD 005.74 _____________________________________________________________________________________________ Raquel Torres – CRB 8/10534 L935i © 2024 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. https://www.cogna.com.br/ 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 Introdução à Quarta Revolução Industrial ____________________ 07 Tecnologias habilitadoras ____________________________________ 21 Integração e interoperabilidade ______________________________ 36 Habilidades humanas para a Indústria 4.0 ___________________ 51 INDÚSTRIA 4.0 5 Apresentação da disciplina Nesta disciplina, começaremos com uma introdução abrangente sobre a Indústria 4.0, entendendo a evolução dos processos e das tecnologias ao longo do tempo e seus impactos e as oportunidades que apresentam. Aprofundaremos em tecnologias transformadoras, como Big Data, que desbloqueiam insights valiosos de enormes conjuntos de dados; sistemas ciberfísicos, que integram redes computacionais com processos mecânicos; e a computação em nuvem, que facilita o acesso e a eficiência de recursos computacionais. Mergulharemos no mundo da cibersegurança industrial, destacando sua importância crítica em proteger dados e sistemas em um ecossistema cada vez mais conectado. Exploraremos a Inteligência Artificial e a Internet das Coisas, demonstrando seu papel em otimizar a produção e a tomada de decisões. A manufatura será também examinada como uma força impulsionadora da inovação no design e na produção. Enfatizaremos a importância da integração de sistemas e da gestão eficiente de dados, fundamentais para a operacionalidade e a sinergia no ambiente industrial. Além disso, discutiremos o desenvolvimento de habilidades interpessoais essenciais, como adaptabilidade, criatividade e liderança, preparando-nos para enfrentar desafios e liderar mudanças no contexto da Indústria 4.0. Este material é um convite para você se capacitar, compreender as nuances da Indústria 4.0 e se posicionar na vanguarda da inovação 6 tecnológica. Junte-se a nós para desbravar esse território excitante e preparar-se para ser um protagonista na era digital. 7 Introdução à Quarta Revolução Industrial Autoria: Henrique Neves de Lucena Leitura crítica: Priscilla Labanca Objetivos • Introduzir o aluno aos impactos sociais, econômicos e ambientais da Indústria 4.0. • Apresentar os conceitos básicos de cibersegurança industrial e os fundamentos de Big Data. • Contextualizar sistemas ciberfísicos e analisar a importância dos sistemas computacionais integrados a processos físicos. • Orientar sobre as vantagens e desvantagens da utilização da computação em nuvem no ambiente industrial. • Apresentar ao aluno os conceitos de manufatura integrada por computador e integração empresarial. 8 1. Contexto histórico e principais características da Indústria 4.0 A Quarta Revolução Industrial, conhecida também como Indústria 4.0, não surgiu do nada. Ela é o resultado de uma longa jornada de inovações tecnológicas que se iniciou séculos atrás. Para entender a magnitude da Indústria 4.0 e suas raízes, você embarcará em uma viagem no tempo, revisitando as revoluções industriais que a precederam. 1.1 A era da máquina a vapor A Primeira Revolução Industrial, desencadeada no final do século XVIII, na Grã-Bretanha, foi um marco transformador na história. Iniciada com a mecanização da indústria têxtil, caracterizou-se pelo uso generalizado de máquinas movidas a vapor e pela adoção do sistema fabril. Os impactos foram amplos e profundos. Em termos econômicos, houve um aumento significativo na produtividade e na produção em massa de bens, resultando em uma expansão do comércio internacional. Socialmente, a Revolução Industrial provocou a urbanização em larga escala, com milhares de pessoas migrando do campo para as cidades em busca de trabalho nas fábricas. Esse êxodo rural acarretou condições de vida precárias, superlotação urbana e exploração da mão de obra (Sacomano et al., 2022). A Revolução Industrial também teve impactos ambientais, com o aumento da poluição atmosférica e da degradação do meio ambiente devido à queima de carvão e ao descarte de resíduos industriais (Sacomano et al., 2022). Em suma, a Primeira Revolução Industrial foi um período de mudança radical que moldou a sociedade moderna, inaugurando uma nova era 9 de industrialização, urbanização e globalização, cujos efeitos reverberam até os dias de hoje (Sacomano et al., 2022). 1.2 A era da eletricidade e da produção em massa A Segunda Revolução Industrial, que teve início no final do século XIX, foi marcada por avanços tecnológicos significativos, especialmente nas áreas de eletricidade, química e aço. Essa fase foi impulsionada pela introdução de novas fontes de energia, como eletricidade e petróleo, e pelo desenvolvimento de processos de produção em larga escala. Suas principais características incluem a adoção generalizada de máquinas mais avançadas, como o motor a explosão e a linha de montagem. Os impactos da Segunda Revolução Industrial foram profundos e globais. Economicamente, houve um crescimento acelerado da produção industrial e um aumento significativo na urbanização. Socialmente, houve mudanças nas condições de trabalho, com a proliferação de fábricas e a intensificação da divisão do trabalho. Ambientalmente, teve impactos negativos, como a poluição atmosférica e a degradação do meio ambiente devido à queima de carvão e ao uso extensivo de recursos naturais. Politicamente, influenciou o surgimento de movimentos trabalhistas e sindicatos, em resposta às condições precárias de trabalho nas fábricas (Sacomano et al., 2022). Exemplos de eventos que a influenciaram incluem o desenvolvimento do motor a combustão interna, por Nikolaus Otto, e a descoberta de novos processos de produção de aço, por Henry Bessemer, além do padrão de produção em massa, por Henry Ford. Esses avanços tecnológicos foram fundamentais para impulsionar o crescimento econômico e transformar a sociedade no período (Sacomano et al., 2022). 10 1.3 A era da informática e da automação A Terceira Revolução Industrial, conhecida também como Revolução Digital, teve seu início nas últimas décadas do século XX, a partir da década de 1970, com o surgimento da tecnologia da informação e da comunicação.D. G. da. Indústria 4.0: conceito, tendências e desafios. 2017. 41 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologia em Automação Industrial) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2017. 51 Habilidades humanas para a Indústria 4.0 Autoria: Henrique Neves de Lucena Leitura crítica: Prìscila Làbamca Objetivos • Apresentar ao aluno a necessidade da comunicação eficaz e do trabalho em equipe em ambientes complexos, como a Indústria 4.0. • Contextualizar sobre o pensamento crítico para a resolução de problemas. • Orientar sobre as necessidades atuais de capacitação e adaptação em relação às novas tecnologias que surgem cada vez mais rápido em ambientes integrados. • Apresentar a necessidade de capacitação em soft skills, ferramentas e técnicas cada dia mais importantes para o profissional de sucesso. • Orientar sobre as vantagens e desvantagens do uso de soft skills em ambientes heterogêneos para a obtenção de resultados. • Esclarecer a importância de que a Indústria 4.0 inicia na formação de uma cultura forte e atual da empresa, em que todos os funcionários são peças fundamentais para uma evolução e otimização de todo o processo. 52 1. Comunicação eficaz e trabalho em equipe em ambientes multidisciplinares Na era da Indústria 4.0, a interconexão de tecnologias digitais e físicas está redefinindo a forma como as empresas operam e colaboram. Em ambientes multidisciplinares, onde profissionais de diferentes áreas convergem para alcançar objetivos comuns, a comunicação eficaz e o trabalho em equipe tornam-se fundamentais para o sucesso (Bohn, 2021). A comunicação eficaz é a espinha dorsal de qualquer equipe multidisciplinar. Em um contexto em que especialistas de diversas áreas, como engenharia, design, tecnologia da informação e produção, colaboram, a capacidade de articular ideias de maneira clara e concisa é essencial. Uma comunicação transparente e aberta promove a compreensão mútua, alinhando objetivos e minimizando mal- entendidos (Bohn, 2021). Além disso, na Indústria 4.0, na qual a automação e a digitalização estão em ascensão, a comunicação também ocorre entre máquinas. Nesse sentido, protocolos padronizados de comunicação, como o Open Platform Communications Unified Architecture (OPC UA), facilitam a integração de sistemas e a troca de dados em tempo real, promovendo uma maior eficiência operacional (Bohn, 2021). No entanto, a tecnologia por si só não garante o sucesso em ambientes multidisciplinares. O trabalho em equipe é o catalisador que impulsiona a inovação e a excelência. Em equipes multidisciplinares, cada membro traz consigo conhecimentos e habilidades únicas, criando um ambiente propício para a resolução de problemas complexos (Bohn, 2021). Para garantir o sucesso do trabalho em equipe, é muito importante promover uma cultura de colaboração e confiança. Isso inclui incentivar 53 a participação ativa de todos os membros, valorizar diferentes perspectivas e cultivar um ambiente onde o feedback construtivo seja bem-vindo. Além disso, a liderança eficaz desempenha um papel fundamental na orientação da equipe, fornecendo direção e apoio quando necessário (Bohn, 2021). Em suma, na Indústria 4.0, na qual a inovação é a chave para a competitividade, a comunicação eficaz e o trabalho em equipe são imperativos para o sucesso em ambientes multidisciplinares. Ao promover uma cultura de colaboração e investir em tecnologias que facilitem a comunicação e a integração, as empresas podem maximizar seu potencial e se destacar em um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo, facilitando a resolução de problemas que exigem diversas áreas do conhecimento (Bohn, 2021). Nesse contexto, as empresas precisam fomentar uma mentalidade que valorize o pensamento crítico e a criatividade, incentivando os colaboradores a questionar premissas e buscar soluções disruptivas. Combinar o pensamento crítico com ferramentas avançadas, como inteligência artificial e análise de dados, potencializa a capacidade de resolver problemas complexos e adaptar-se rapidamente a mudanças no ambiente de negócios (Bohn, 2021). Além disso, a resolução de problemas complexos na Indústria 4.0 requer uma abordagem colaborativa e multidisciplinar. A capacidade de trabalhar em equipe é essencial para reunir expertise diversificada e promover sinergias entre diferentes áreas de conhecimento. As empresas devem investir em programas de desenvolvimento de habilidades que promovam tanto o pensamento crítico quanto as competências interpessoais necessárias para uma colaboração eficaz (Bohn, 2021). 54 Ao adotar uma abordagem centrada no pensamento crítico e na resolução de problemas complexos, as empresas podem otimizar suas operações, impulsionar a inovação e manter sua relevância em um mercado dinâmico e altamente competitivo da Indústria 4.0. Esse foco não apenas facilita a resolução de problemas que demandam conhecimentos diversos mas também promove uma cultura organizacional ágil e adaptável, capaz de prosperar em um ambiente de constante transformação tecnológica (Bohn, 2021). 2. Pensamento crítico e resolução de problemas complexos Na era da Indústria 4.0, a capacidade de pensar criticamente e resolver problemas complexos tornou-se uma competência essencial para profissionais e empresas que buscam se destacar em um ambiente altamente competitivo e em constante evolução (Bohn, 2021). O pensamento crítico é a habilidade de analisar e avaliar informações de forma objetiva e racional, questionando preconceitos e pressupostos. Na Indústria 4.0, na qual a digitalização e a automação estão transformando os processos de produção e gestão, o pensamento crítico é fundamental para interpretar dados, identificar tendências e tomar decisões assertivas (Bohn, 2021). Além disso, a resolução de problemas complexos é uma competência- chave em um cenário no qual os desafios interdisciplinares e multifacetados são comuns. Na Indústria 4.0, as empresas enfrentam problemas que vão desde a integração de sistemas heterogêneos até a otimização de processos produtivos em tempo real. Nesse contexto, a capacidade de analisar problemas de forma sistemática, identificar 55 soluções inovadoras e implementar estratégias eficazes é essencial para o sucesso organizacional (Bohn, 2021). Um aspecto do pensamento crítico e da resolução de problemas complexos na Indústria 4.0 é a colaboração multidisciplinar. Em um ambiente onde profissionais de diferentes áreas, como engenharia, tecnologia da informação, marketing e design, trabalham juntos para alcançar objetivos comuns, a diversidade de perspectivas e abordagens enriquece o processo de resolução de problemas (Bohn, 2021). Para desenvolver e aprimorar essas habilidades, as empresas podem investir em programas de capacitação e desenvolvimento profissional, que promovam a análise crítica, o pensamento criativo e a resolução de problemas práticos (Martins et al., 2017). Técnicas, como brainstorming, análise de causa e efeito e análise SWOT, ou mesmo ferramentas avançadas, como modelagem e simulação computacional para analisar sistemas complexos, são ótimas ferramentas que auxiliam as equipes multidisciplinares a focarem seus muitos conhecimentos em prol de um único objetivo (Silva et al., 2011). Além disso, a promoção de uma cultura organizacional que valorize a experimentação, o aprendizado contínuo e a tomada de riscos calculados é fundamental para estimular a inovação e a excelência (Salomão et al., 2021). Na Indústria 4.0, além do pensamento crítico e da resolução de problemas complexos, a criatividade e a adaptabilidade a novas tecnologias são habilidades essenciais. A criatividade permite explorar novas soluções e modelos de negócios, enquanto a adaptabilidade é crucial para integrar e aproveitar as tecnologias emergentes. Profissionais precisam desenvolver uma mentalidade receptiva à mudança e ágil diante da evolução tecnológica rápida (Bohn, 2021).56 Essas competências complementam o pensamento crítico ao impulsionar a inovação e a eficiência operacional na Indústria 4.0. Capacidades técnicas tradicionais devem ser combinadas com criatividade para conceber ideias disruptivas. A adaptação contínua permite ajustar-se às demandas do ambiente em constante transformação. Em suma, a ênfase na criatividade e adaptabilidade é essencial para o sucesso em um cenário industrial altamente dinâmico e digitalmente avançado. 3. Criatividade e adaptabilidade a novas tecnologias A Indústria 4.0 trouxe consigo uma série de inovações tecnológicas que estão transformando radicalmente a forma como as empresas operam e se relacionam com o mercado. Nesse contexto, a criatividade e a adaptabilidade a novas tecnologias tornaram-se habilidades essenciais para profissionais e organizações que buscam se manter competitivos e relevantes em um ambiente em constante evolução (Penhaki, 2019). A criatividade é a capacidade de pensar de forma original e encontrar soluções inovadoras para os desafios enfrentados. Na atual Revolução Industrial, em que a digitalização, a automação e a inteligência artificial estão redefinindo os processos de produção e gestão, a criatividade é fundamental para impulsionar a inovação e a diferenciação competitiva. Profissionais criativos são capazes de pensar fora da caixa, explorar novas possibilidades e desenvolver soluções disruptivas que agregam valor aos negócios (Penhaki, 2019). No entanto, a criatividade por si só não é suficiente. É necessário também cultivar a adaptabilidade, ou seja, a capacidade de se ajustar e responder de forma eficaz às mudanças tecnológicas e de mercado. 57 Com o ritmo acelerado das transformações tecnológicas, as empresas precisam ser ágeis e flexíveis para se adaptar rapidamente às novas realidades e aproveitar as oportunidades emergentes (Penhaki, 2019). Um aspecto importante da adaptabilidade a novas tecnologias na Indústria 4.0 é a aprendizagem contínua. Os profissionais devem estar dispostos a adquirir novos conhecimentos e habilidades, acompanhar as tendências do mercado e experimentar novas tecnologias e metodologias. Além disso, as empresas devem promover uma cultura de inovação e aprendizado, na qual o erro seja encarado como uma oportunidade de aprendizado e a experimentação seja valorizada (Penhaki, 2019). Para desenvolver e fortalecer a criatividade e a adaptabilidade a novas tecnologias, as empresas podem investir em programas de capacitação e desenvolvimento profissional, que estimulem o pensamento criativo, a resolução de problemas complexos e a familiarização com as últimas tecnologias e tendências do mercado. Além disso, é importante fomentar um ambiente de trabalho colaborativo e inclusivo, no qual diferentes perspectivas e habilidades sejam valorizadas e integradas (Penhaki, 2019). No mundo corporativo contemporâneo, as habilidades técnicas são importantes, mas não são mais suficientes para garantir o sucesso profissional. As soft skills, ou habilidades interpessoais, estão se tornando cada vez mais valorizadas pelas empresas devido ao seu impacto significativo no desempenho individual e no trabalho em equipe (Penhaki, 2019). As soft skills abrangem uma ampla gama de competências, incluindo comunicação eficaz, trabalho em equipe, pensamento crítico, criatividade, adaptabilidade, resolução de problemas, inteligência emocional e liderança. Essas habilidades são essenciais para interagir 58 de forma eficaz com colegas, clientes e parceiros de negócios, além de contribuir para um ambiente de trabalho positivo e produtivo. Em ambientes dinâmicos e complexos da Indústria 4.0, líderes e profissionais que dominam essas competências têm uma vantagem significativa, pois são capazes de liderar equipes multifuncionais, promover a inovação e se adaptar rapidamente às mudanças tecnológicas. A ênfase nas soft skills é fundamental para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades dessa era industrial. Através de uma representação visual, a Figura 1 ilustra soft skills mais relevantes, destacando a importância e a diversidade dessas competências no contexto contemporâneo do mercado de trabalho (Penhaki, 2019). Figura 1 – Soft skills Fonte: shutterstock.com. Um estudo do World Economic Forum prevê que as soft skills serão ainda mais importantes no futuro do trabalho, à medida que a automação e a inteligência artificial transformam o cenário profissional. Enquanto as máquinas podem realizar tarefas repetitivas e baseadas em dados, as habilidades humanas, como a criatividade, a empatia e a capacidade de resolver problemas complexos, se tornam cada vez mais valiosas (Schwab, 2017). 59 As soft skills também desempenham um papel fundamental na construção de relacionamentos interpessoais sólidos e na promoção de uma cultura organizacional positiva. Profissionais que possuem habilidades, como empatia, escuta ativa e colaboração, são capazes de estabelecer conexões significativas com seus colegas, clientes e stakeholders, aumentando a satisfação no trabalho e impulsionando o engajamento e a produtividade (Penhaki, 2019). Para desenvolver e aprimorar as soft skills, é importante investir em programas de capacitação e desenvolvimento profissional que promovam o autoconhecimento, a comunicação eficaz, a inteligência emocional e o trabalho em equipe. Além disso, a prática e o feedback contínuo são fundamentais para o desenvolvimento dessas habilidades ao longo do tempo (Penhaki, 2019). Em resumo, as soft skills desempenham um papel fundamental no sucesso profissional e na adaptabilidade ao ambiente de trabalho em constante evolução, especialmente na era da Indústria 4.0. O desenvolvimento e o cultivo dessas habilidades são essenciais para liderança eficaz em ambientes dinâmicos e complexos. Líderes que possuem forte competência em soft skills, como comunicação, colaboração, pensamento crítico e adaptabilidade, estão mais bem equipados para enfrentar os desafios da Indústria 4.0. Eles podem liderar equipes multidisciplinares, promover uma cultura de inovação e integrar novas tecnologias de maneira eficiente. Assim, investir no aprimoramento dessas habilidades não só impulsiona o sucesso individual mas também contribui de forma significativa para o sucesso e a sustentabilidade das organizações em um ambiente industrial em constante transformação (Penhaki, 2019). 60 4. Liderança em ambientes dinâmicos e complexos Na era da Indústria 4.0, em que a rápida evolução tecnológica e a globalização estão transformando profundamente os ambientes de trabalho, a liderança desempenha um papel crucial na orientação de equipes em ambientes dinâmicos e complexos. Nesse contexto, os líderes enfrentam desafios únicos, que exigem habilidades adaptativas e uma abordagem estratégica para promover o sucesso organizacional (Souza, 2017). Um dos principais desafios da liderança na Indústria 4.0 é a gestão da mudança. Com a introdução de novas tecnologias e processos, as organizações frequentemente passam por mudanças significativas em suas operações e estruturas. Os líderes devem ser capazes de comunicar de forma clara e eficaz a visão e os objetivos da mudança, envolvendo e capacitando suas equipes para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem (Souza, 2017). Além disso, em ambientes dinâmicos e complexos, a tomada de decisões torna-se mais desafiadora devido à incerteza e à volatilidade do ambiente. Os líderes precisam ser capazes de tomar decisões rápidas e informadas, baseadas em dados e análises sólidas, ao mesmo tempo em que mantêm uma mente aberta para adaptar suas estratégias conforme necessário (Souza, 2017). Outro aspecto importante da liderança na Indústria 4.0 é a promoção de uma cultura de inovação e aprendizado contínuo. Os líderes devem incentivar a experimentação, o pensamento criativo e a busca pela excelência, criando um ambiente onde o erro seja encarado comouma oportunidade de aprendizado e melhoria (Souza, 2017). 61 Além disso, os líderes devem ser capazes de cultivar equipes diversificadas e multidisciplinares, aproveitando as diferentes habilidades e perspectivas dos membros para promover a inovação e a resolução de problemas complexos (Souza, 2017). Para desenvolver e aprimorar suas habilidades de liderança em ambientes dinâmicos e complexos, os líderes podem se beneficiar de programas de capacitação e desenvolvimento profissional que abordem temas, como comunicação eficaz, tomada de decisão, gestão da mudança e liderança situacional (Souza, 2017). 5. Gestão de mudanças organizacionais e culturais A Indústria 4.0 está impulsionando transformações profundas nas organizações, exigindo uma gestão eficaz das mudanças organizacionais e culturais, para garantir uma transição suave e bem-sucedida para os novos paradigmas de trabalho. Nesse contexto, os líderes enfrentam o desafio de promover uma cultura de inovação, adaptabilidade e colaboração, enquanto gerenciam as mudanças tecnológicas e estruturais necessárias para se manterem competitivos (Sgobbi; Zanquim, 2020). Um dos aspectos-chave da gestão de mudanças na Indústria 4.0 é a comunicação transparente e eficaz. Os líderes devem comunicar de forma clara e consistente os objetivos, benefícios e impactos das mudanças propostas, garantindo que todos os membros da organização compreendam sua importância e estejam alinhados com os esforços de transformação, envolvendo os colaboradores no processo de mudança, dando-lhes voz e espaço para contribuir com ideias e feedback. Ao promover uma cultura de participação e engajamento, as organizações 62 podem aumentar a aceitação das mudanças e facilitar a adoção de novas práticas e tecnologias (Sgobbi; Zanquim, 2020). Outro aspecto importante é o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias para operar em um ambiente digital e automatizado. Os líderes devem investir em programas de capacitação e desenvolvimento profissional que preparem seus colaboradores para as demandas do futuro do trabalho, promovendo o aprendizado contínuo e a atualização constante de habilidades (Sgobbi; Zanquim, 2020). Além disso, os líderes devem estar preparados para lidar com resistências e desafios durante o processo de mudança. É importante reconhecer e validar as preocupações dos colaboradores, fornecendo apoio e recursos para superar as barreiras emocionais e práticas que possam surgir (Sgobbi; Zanquim, 2020). Conectando à Realidade – Explicação e exemplos Para promover uma mudança cultural eficaz na Indústria 4.0, os líderes devem também exemplificar os valores e comportamentos desejados, agindo como modelos de liderança inspiradores e motivadores. Ao demonstrar comprometimento com a inovação, a colaboração e o aprendizado contínuo, os líderes podem influenciar positivamente a cultura organizacional e impulsionar a transformação para o sucesso (Sgobbi; Zanquim, 2020). Adoção de novas tecnologias: uma empresa de manufatura decide implementar sistemas de automação e robótica em sua linha de produção para aumentar a eficiência e a produtividade. A gestão de mudanças organiza workshops e treinamentos para capacitar os funcionários na operação e manutenção dessas novas tecnologias, ao mesmo tempo em que comunica de forma transparente os benefícios da 63 mudança e os impactos esperados nos processos de trabalho (Sgobbi; Zanquim, 2020). Transformação digital: uma empresa de serviços financeiros decide migrar seus processos internos para uma plataforma digital integrada. A gestão de mudanças promove uma cultura de inovação e adaptação, incentivando os funcionários a experimentar novas ferramentas e práticas de trabalho. Além disso, são realizadas sessões de treinamento e acompanhamento para garantir uma transição suave e eficiente para o novo ambiente digital (Sgobbi; Zanquim, 2020). Estratégias de comunicação: uma empresa de tecnologia decide reestruturar sua organização para se tornar mais ágil e centrada no cliente. A gestão de mudanças implementa estratégias de comunicação eficazes para garantir que todos os funcionários compreendam os motivos por trás da mudança e estejam alinhados com os objetivos estratégicos da empresa. Isso pode incluir reuniões regulares, newsletters informativos e sessões de feedback abertas (Sgobbi; Zanquim, 2020). Criação de uma cultura de inovação: uma startup de software decide adotar práticas ágeis de desenvolvimento de produtos para acelerar o lançamento de novos recursos e melhorar a satisfação do cliente. A gestão de mudanças promove uma cultura de inovação e experimentação, incentivando os funcionários a assumirem riscos calculados e a aprender com os erros. Isso pode incluir a criação de espaços de trabalho colaborativos, eventos de brainstorming e programas de reconhecimento de ideias inovadoras (Sgobbi; Zanquim, 2020). Em suma, na era da Indústria 4.0, a gestão de mudanças organizacionais e culturais é fundamental para o sucesso das empresas que buscam se adaptar e prosperar em um ambiente em constante evolução. Ao promover uma comunicação eficaz, envolver os colaboradores, desenvolver habilidades e liderar pelo exemplo, os líderes podem 64 orientar suas organizações rumo a uma transformação bem-sucedida e sustentável (Sgobbi; Zanquim, 2020). Referências BOHN, B. Indústria 4.0: adaptação dos profissionais no mercado de trabalho. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Administração) – Universidade de Caxias do Sul, Canela, 2021. MARTINS, M. P. et al. Aplicação das ferramentas da qualidade e do ciclo PDCA em uma empresa do setor têxtil. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 37., 2017, Joinville. Anais [...]. Joinville: ENGEP, 2017. PENHAKI, J. de R. Soft Skills na Indústria 4.0. 2019. 115 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia e Sociedade) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2019. SALOMÃO, A. R. et al. A importância da cultura organizacional nas empresas. Serra: Faculdade Multivix, 2021. Disponível em: https://multivix.edu.br/wp-content/ uploads/2022/02/a-importancia-da-cultura-organizacional-nas-empresas.pdf. Acesso em: 18 abr. 2024. SCHWAB, K. The Fourth Industrial Revolution. Genebra: World Economic Forum, 2017. SGOBBI, T.; ZANQUIM, S. H. Soft Skills: habilidades e competências profissionais requisitadas pelo mercado empreendedor. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, ano, v. 5, p. 70-92, 2020. SILVA, A. P. et al. A Utilização da Matriz SWOT como Ferramenta Estratégica: um estudo de caso em uma escola de idioma de São Paulo. São Paulo: Seget, 2011. SOUZA, J. K. M.; KOGACHI, E. T. Modelagem e simulação como instrumento de apoio às tomadas de decisão e mudança de cenário para melhoria na produtividade: o caso de uma mineração. Revista Gestão da Produção Operações e Sistemas, [s. l.], v. 12, n. 3, p. 197-197, 2017. https://multivix.edu.br/wp-content/uploads/2022/02/a-importancia-da-cultura-organizacional-nas-empresas.pdf https://multivix.edu.br/wp-content/uploads/2022/02/a-importancia-da-cultura-organizacional-nas-empresas.pdf 65 Sumário Apresentação da disciplina Objetivos Objetivos Objetivos ObjetivosSuas principais características incluem a automação de processos industriais, a informatização de serviços e a interconexão global através da internet. Essa fase revolucionária alterou profundamente a forma como as empresas produzem e distribuem bens e serviços. A introdução de computadores, softwares avançados e a automação de linhas de produção aumentaram significativamente a eficiência e a produtividade. Além disso, a globalização foi impulsionada pela rápida comunicação e pela troca de informações em escala global (Sacomano et al., 2022). Economicamente, houve uma transformação nos modelos de negócios, com o surgimento de novas indústrias baseadas em tecnologia, como a informática e a telecomunicação. Socialmente, houve mudanças na forma como as pessoas se comunicam, trabalham e interagem, com a disseminação da internet e das redes sociais. Ambientalmente, a revolução digital trouxe desafios, como o aumento do consumo de energia para alimentar servidores e dispositivos eletrônicos, além do descarte de resíduos tecnológicos. Politicamente, influenciou o surgimento de questões relacionadas à privacidade, à segurança cibernética e à regulamentação da internet (Sacomano et al., 2022). 1.4 A era da convergência digital e da manufatura inteligente A Quarta Revolução Industrial, conhecida também como Indústria 4.0, surge no século XXI, marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas. Suas características incluem a interconexão 11 de dispositivos inteligentes na produção, a automação avançada, a análise de dados em tempo real e a integração de sistemas ciberfísicos (Sacomano et al., 2022). Essa revolução está redefinindo os modelos de negócios e os processos industriais, impulsionando a chamada fábrica inteligente. Os sistemas ciberfísicos permitem a comunicação entre máquinas, produtos e pessoas, possibilitando a personalização em massa, a manufatura aditiva e a manutenção preditiva (Sacomano et al., 2022). Os impactos da Quarta Revolução Industrial são amplos e profundos. Economicamente, há uma mudança na competitividade global, com a digitalização impulsionando a inovação e a produtividade. Socialmente, surgem novos desafios relacionados à empregabilidade e à educação, com a necessidade de habilidades digitais e adaptabilidade. Ambientalmente, a Indústria 4.0 pode trazer benefícios, como a otimização de recursos e a redução do desperdício, por meio da produção mais eficiente e sustentável. Politicamente, há questões relacionadas à regulação e à governança dos dados, além de preocupações com a privacidade e a segurança cibernética (Sacomano et al., 2022). Exemplos de acontecimentos que influenciaram a Quarta Revolução Industrial incluem o desenvolvimento da Internet das Coisas (IoT), a adoção de tecnologias de inteligência artificial e a disseminação da impressão 3D. Esses avanços tecnológicos são fundamentais para impulsionar a transformação digital e ciberfísica que caracteriza essa fase revolucionária. São três os pontos que são importantes para essa nova fase industrial, como apresentado por Sacomano et al. (2022): • Transformação social: no mercado de trabalho, novas oportunidades surgem para profissionais com habilidades digitais, enquanto funções repetitivas podem ser automatizadas. 12 Para educação e treinamento, um novo desafio surge, visto a adaptação dos atuais sistemas para preparar a força de trabalho para as demandas da Indústria 4.0, focando em habilidades, como criatividade, resolução de problemas e pensamento crítico. No quesito de saúde e bem-estar, a tecnologia pode ser utilizada para melhorar a qualidade de vida, oferecer diagnósticos mais precisos e personalizados e desenvolver novos tratamentos médicos, além de um ambiente de trabalho mais saudável. • Prosperidade econômica: aumento da produtividade e da eficiência através da automação e da otimização de processos gera maior produtividade e competitividade para as empresas, com isso novos modelos de negócios surgem, como a economia compartilhada e a produção sob uma demanda cada vez mais personalizada, com isso, tendo o potencial de impulsionar o crescimento econômico global e criar milhões de novos empregos. • Sustentabilidade ambiental: com uma produção mais eficiente, a otimização de processos e a redução de desperdícios, espera-se uma maior preservação de recursos naturais, além de uma real preocupação com esse ponto, por exemplo, a adoção de energias renováveis e tecnologias limpas, além de promover a transição para uma economia circular, na qual os produtos são reutilizados, reparados e reciclados, diminuindo o consumo de recursos e a geração de resíduos. Para essa revolução, que é totalmente baseada no advento de tecnologias digitais, além da necessidade do armazenamento e da utilização de dados em nuvem, a segurança da propriedade intelectual da empresa é um dos principais pontos a serem observados (Faria, 2022). 13 2. Cibersegurança industrial: protegendo a Indústria 4.0 A Indústria 4.0 impulsiona automação, conectividade e IA na indústria, trazendo benefícios e riscos cibernéticos, destacando a essencial cibersegurança industrial, um componente fundamental para garantir a proteção de dados, a infraestrutura e as operações industriais (Faria, 2022). O primeiro passo para garantir a cibersegurança industrial é realizar uma análise profunda dos riscos e das vulnerabilidades presentes nos sistemas. Isso inclui (Faria, 2022): • Identificar os ativos críticos e sensíveis da indústria, como sistemas de controle, dados de produção e propriedade intelectual. • Avaliar as potenciais ameaças e ataques cibernéticos que podem afetar esses ativos, como malware, ransomware, ataques à cadeia de suprimentos e espionagem industrial. • Analisar as vulnerabilidades existentes nos sistemas, como software desatualizado, configurações de segurança inadequadas e falta de treinamento para os funcionários. Com base na análise de riscos e vulnerabilidades, é fundamental implementar medidas de segurança adequadas para proteger os dados e a infraestrutura industrial. Algumas medidas importantes estão listadas no Quadro 1. 14 Quadro 1 – Medidas de segurança para cibersegurança industrial Medidas Resultado Controle de acesso rigoroso Restringir o acesso aos sistemas e dados industriais apenas a usuários autorizados Implementação de firewalls, sistemas de detecção de intrusão (IDS) e sistemas de prevenção de intrusão (IPS) Monitorar e bloquear atividades maliciosas. Criptografia de dados Proteger informações confidenciais e sensíveis contra acesso não autorizado Atualização regular de software e firmware Corrigir vulnerabilidades conhecidas Treinamento contínuo para os funcionários sobre segurança cibernética Aumentar a conscientização e reduzir o risco de erros humanos Fonte: adaptado de Faria (2022). Mesmo com as medidas de segurança em vigor, é crucial ter um plano de gestão de incidentes para responder a ataques cibernéticos de forma eficaz. Isso inclui (Faria, 2022): • Definir um processo claro para detectar, investigar e responder a incidentes de segurança cibernética. • Identificar e documentar as responsabilidades das diferentes partes envolvidas na resposta a incidentes. • Estabelecer canais de comunicação eficazes para coordenar a resposta entre diferentes equipes e departamentos. • Testar e revisar regularmente o plano de resposta a incidentes para garantir sua eficácia. Diversas normas e regulamentações internacionais e nacionais definem os requisitos de segurança cibernética para a indústria, por exemplo, a ISO/IEC 27001, a qual é uma norma internacional que fornece um conjunto de requisitos para um sistema de gestão de segurança da informação (Faria, 2022). Em paralelo, a NIST Cybersecurity Framework, estrutura de referência desenvolvida pelo National Institute of Standards 15 and Technology (NIST) dos Estados Unidos, fornece orientação para a gestão de riscosde segurança cibernética (Faria, 2022). Já a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é uma lei brasileira que regulamenta a coleta, o armazenamento e o uso de dados pessoais (Sacomano et al., 2022). É fundamental que empresas industriais estejam em conformidade com normas e regulamentações de segurança cibernética para proteger dados e infraestrutura. O não cumprimento pode resultar em multas, sanções legais e danos à reputação. Estar em conformidade ajuda a evitar penalidades e manter a confiança de clientes e parceiros, como demonstrado por casos, como o vazamento de dados da Equifax, em 2017, que resultou em multas significativas e danos à reputação da empresa (Info Security, 2020). 3. Pilares tecnológicos da Indústria 4.0 A Indústria 4.0 representa uma transformação profunda na forma como as empresas operam e produzem. Ela não se limita apenas à introdução de novas tecnologias, mas redefine os processos industriais, a conscientização ambiental, a cultura organizacional, os conhecimentos necessários para se inserir neste ambiente e até mesmo os modelos de negócios. Essa transformação é impulsionada por um conjunto de tecnologias disruptivas que convergem para criar um ambiente industrial mais conectado, inteligente e eficiente. Neste texto, você estudará quatro dos principais pilares da Indústria 4.0. 3.1 Big Data: fundamentos, infraestrutura e interfaces O Big Data se refere ao enorme volume de dados gerados por diversos dispositivos e sistemas em tempo real. As características que o definem são (Souza, 2020): 16 • Volume: quantidade massiva de dados gerados a partir de diferentes fontes. • Velocidade: alta velocidade na geração e no fluxo dos dados. • Variedade: diversidade de formatos e tipos de dados, como estruturados, semiestruturados e não estruturados. • Veracidade: acurácia e confiabilidade dos dados coletados. A infraestrutura para Big Data envolve a integração de diferentes tecnologias para armazenar, processar e analisar grandes volumes de dados. Com base em Souza (2020), essa infraestrutura inclui: • Fontes de dados: sensores, dispositivos, sistemas de informação, redes sociais e outras fontes que geram dados. • Armazenamento: data lakes e data warehouses armazenam grandes volumes de dados estruturados e não estruturados. • Processamento: clusters de computadores e ferramentas de processamento em lote e stream processing para analisar os dados. • Análise: ferramentas de análise de dados, como machine learning e inteligência artificial, para extrair insights dos dados. • Visualização: dashboards e ferramentas de visualização para apresentar os resultados das análises de forma clara e intuitiva. As interfaces permitem que os usuários interajam com os dados de Big Data e explorem as informações relevantes para seus objetivos. Souza (2020) apresenta essas interfaces como sendo: • Dashboards: painéis interativos que apresentam indicadores-chave de desempenho (KPIs) e outras métricas relevantes. 17 • Relatórios: relatórios detalhados que fornecem insights sobre os dados e as suas implicações. • Visualizações: gráficos, tabelas e outras formas de visualização que facilitam a compreensão dos dados (Souza, 2020). 3.2. Sistemas ciberfísicos: análise dos sistemas computacionais integrados a processos físicos Conectando à Realidade – Explicação e exemplos sobre sistemas ciberfísicos Os sistemas ciberfísicos (CPS) integram sistemas computacionais e de comunicação a processos físicos, criando sistemas inteligentes que podem monitorar, controlar e interagir com o mundo em tempo real. Características e funcionalidades desses sistemas são (Sacomano et al., 2022): • Monitoramento e controle em tempo real: sensores coletam dados do processo físico e os transmitem para o sistema computacional, que os utiliza para controlar o processo em tempo real. Como exemplo, temos sensores que conseguem monitorar a temperatura em uma máquina ou produto para avaliar a conformidade do processo. • Tomada de decisão inteligente: o sistema computacional pode analisar os dados coletados e tomar decisões autônomas para otimizar o processo físico. Para o exemplo anterior, o sistema poderia agendar automaticamente a manutenção preventiva do equipamento que estivesse com uma temperatura elevada. • Interação homem-máquina: interfaces permitem que os humanos interajam com o sistema ciberfísico e monitorem ou controlem 18 o processo físico. Para o nosso exemplo, um painel de controle apresentaria a temperatura em tempo real ao responsável, dando autonomia para tomar medidas imediatas caso necessário. Os sistemas ciberfísicos possuem diversas aplicações na indústria, por exemplo, na manufatura, com o monitoramento e o controle de máquinas e processos de produção em tempo real. Outra possibilidade é no ramo da logística, em situações que o rastreamento e a otimização nas cadeias de suprimentos se fazem cada vez mais necessários. Para o ramo de energia, o monitoramento e o controle de redes inteligentes é uma possibilidade cada dia mais viável e que fornece muitos dados para o setor de inteligência da empresa. Na saúde, podemos citar como exemplo o monitoramento de pacientes e diagnóstico de doenças (Sacomano et al., 2022). 3.3. Cloud computing: conceitos, modelos de serviço e aplicações na indústria Cloud computing (computação em nuvem) é um modelo de entrega de serviços de computação, armazenamento e rede pela internet. Veras (2015) apresenta os principais modelos de serviço em cloud computing como sendo: • Infraestrutura como Serviço (IaaS): fornece recursos de infraestrutura, como computadores, armazenamento e rede, como um serviço. • Plataforma como Serviço (PaaS): fornece uma plataforma para desenvolvimento e execução de aplicações. • Software como Serviço (SaaS): fornece aplicações prontas para uso. 19 De acordo com Veras (2015), o cloud computing oferece diversas vantagens para a indústria, em especial, a redução de custos, através da eliminação da necessidade de investir em infraestrutura própria, e a escalabilidade, que permite aumentar ou diminuir os recursos de computação e armazenamento. 3.4 Produção versus Produtividade: maximizando eficiência e desempenho A análise do processo produtivo é fundamental para otimizar a eficiência e a qualidade na produção. Como exemplo, a Manufatura Integrada por Computador (CIM) utiliza tecnologias de automação e sistemas de informação para integrar todos os aspectos do processo produtivo, desde o projeto até a entrega do produto. Isso inclui o uso de ferramentas CAD/CAM/CAE para projetar e fabricar peças, sistemas de controle de produção para monitorar o fluxo de trabalho e sistemas de gestão empresarial para integrar operações, finanças e logística (Romeiro Filho, 2014). A integração empresarial visa alinhar todos os departamentos e processos dentro de uma organização para melhorar a eficiência e a colaboração. Isso envolve a implementação de sistemas de gestão integrados (ERP) que conectam todas as funções empresariais, como vendas, compras, contabilidade, recursos humanos e produção, facilitando a tomada de decisões informadas e a coordenação eficaz entre os diferentes departamentos (Romeiro Filho, 2014). Em resumo, a análise do processo produtivo com conceitos de Manufatura Integrada por Computador e a integração empresarial são essenciais para maximizar a eficiência e a produtividade nas organizações modernas. Ao adotar tecnologias avançadas e promover uma colaboração eficaz entre os departamentos, as empresas podem 20 alcançar níveis mais altos de desempenho e competitividade no mercado. Referências FARIA, N. C. Estratégia de cibersegurança. 2022. Dissertação (Mestrado Integrado em Engenharia Informática) – Universidade do Minho, Portugal, 2022. ROMEIRO FILHO, E. Sistemas Integrados de Manufatura: para gerentes, engenheiros e designers. São Paulo: Atlas, 2014. INFO SECURITY. Juiz aprova o acordo Equifax de $ 7,75 milhões por vazamentode dados. SegInfo, 2020. SACOMANO, J. B. et al. Indústria 4.0: Conceitos e fundamentos. São Paulo: Blucher, 2022. SOUZA, F. F. Big data analytics como ferramenta de adaptação do total quality management na indústria 4.0, aplicado a uma empresa multinacional do ramo automobilístico. 2020. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2020. VERAS, M. Computação em nuvem. Rio de Janeiro: Brasport, 2015. 21 Tecnologias habilitadoras Autoria: Henrique Neves de Lucena Leitura crítica: Prìscila Làbamca Objetivos • Compreender os conceitos básicos da IA e do Machine Learning. • Explorar as aplicações da IA na indústria, como análise preditiva, otimização de processos e monitoramento de máquinas. • Entender o desenvolvimento de modelos de IA para otimização da produção, previsão de falhas e tomada de decisões. • Compreender a arquitetura e os protocolos de comunicação para IoT. • Explorar as aplicações da IoT na indústria, como monitoramento de ativos, rastreamento de produtos e gestão da cadeia de suprimentos. • Aprender sobre o impacto da IoT na produtividade e na competitividade das empresas. • Entender os fundamentos da manufatura aditiva e suas aplicações na indústria. • Explorar as tecnologias de manufatura aditiva, como FDM, SLA e SLS. • Estudar o impacto da manufatura aditiva na cadeia de suprimentos e nos modelos de negócios. 22 1. Introdução A inteligência artificial (IA) está rapidamente se tornando uma das tecnologias mais importantes do mundo, com o potencial de revolucionar diversos setores da economia. Na indústria, ela está abrindo um mundo de possibilidades para otimização, eficiência e produtividade, impulsionando o crescimento e a competitividade das empresas, mas você sabe como funciona uma IA (Valdati, 2020)? A IA funciona através do aprendizado de máquina (Machine Learning), que permite que as máquinas aprendam, identifiquem padrões e tomem decisões autonomamente, sem a necessidade de intervenção humana. Através da análise de grandes conjuntos de dados, a IA pode ser aplicada em diversas áreas da indústria (Valdati, 2020). Um exemplo notável de como a IA está impulsionando o crescimento e a competitividade das empresas é através da personalização de serviços e produtos. Empresas, como Amazon, Netflix e Spotify, usam algoritmos de IA para analisar dados de comportamento do usuário e oferecer recomendações altamente personalizadas. Isso não apenas melhora a experiência do cliente mas também aumenta a fidelidade à marca e impulsiona as vendas (MJV Team, 2023). A seguir, alguns exemplos de aplicações da IA na indústria (Valdati, 2020): Conectando à Realidade – Exemplos de aplicações da IA na indústria Análise preditiva: A manutenção preditiva é uma abordagem baseada em dados para prever falhas em equipamentos, utilizando análise contínua de parâmetros operacionais. Isso permite agendar a manutenção apenas 23 quando necessário, reduzindo custos e tempo de inatividade (Cardoso, 2020): Previsão de falhas em turbinas eólicas: a IA prevê com precisão a necessidade de manutenção, evitando tempo de inatividade e otimizando a geração de energia. Na GE Renewable Energy, a IA reduziu em 20% o tempo de inatividade não planejado de turbinas eólicas (Vaidyanathan, 2023). Otimização de processos: A otimização de processos consiste em automatizar tarefas repetitivas e complexas, liberando tempo para que os trabalhadores se concentrem em atividades estratégicas de maior valor (Cardoso, 2020): Otimização da produção na indústria química: q IA automatiza o controle de parâmetros em tempo real, garantindo a qualidade do produto e minimizando o desperdício de recursos. Na fábrica da Luminant, especialista em geração de energia, a IA otimizou o processo de produção, resultando em uma economia de milhões de dólares por ano, além da redução de gases de efeito estufa (GEE) (D’Silva et al., 2022). Otimização da logística na indústria de varejo: a IA otimiza as rotas de entrega de produtos, reduzindo custos e tempo de entrega. Na Amazon, a IA otimizou as rotas de entrega, resultando em uma considerável economia de custos (Nwaokocha, 2023). Monitoramento de máquinas: Através da inserção de sensores, é possível monitorar e analisar continuamente o desempenho das máquinas, detectando anomalias e degradantes que podem levar a falhas (Cardoso, 2020): 24 Monitoramento de máquinas na indústria de alimentos e bebidas: a IA monitora a qualidade dos produtos em tempo real, garantindo a segurança alimentar e evitando perdas. Na Nestlé, além da otimização de processos, ela capacita sempre seus colaboradores com informações necessárias para tomada de decisão em tempo real (Fispal Tecnews, 2023). Monitoramento de máquinas na indústria de óleo e gás: a IA monitora o estado dos dutos e das plataformas de petróleo, garantindo a segurança e evitando acidentes. Na Petrobras, está acontecendo um investimento de 36 milhões em um computador de alto desempenho para executar soluções baseadas em IA (The Brazilian Report, 2023). 2. Benefícios da IA para a indústria A implementação da IA na indústria pode trazer diversos benefícios para as empresas, como o aumento da produtividade – a IA pode automatizar tarefas repetitivas e complexas, liberando tempo para que os trabalhadores se concentrem em atividades estratégicas de maior valor –, a redução de custos – a IA pode reduzir custos de produção, otimizando processos e evitando tempo de inatividade – e a melhoria da qualidade – a IA pode garantir a qualidade dos produtos, monitorando e controlando parâmetros em tempo real, fortalecendo a reputação da empresa no mercado, possibilitando um aumento nas vendas e fidelidade dos clientes (Cardoso, 2020). 2.1 Desafios da implementação da IA na indústria Apesar dos diversos benefícios, a implementação da IA na indústria também apresenta alguns desafios, como (Cardoso, 2020): 25 • Custo de implementação: a implementação da IA pode ser um investimento significativo para as empresas, especialmente para as pequenas e médias empresas. • Falta de mão de obra qualificada: a implementação e o gerenciamento de sistemas de IA exigem mão de obra qualificada em áreas como ciência de dados e engenharia de software. • Questões éticas: a utilização da IA levanta questões éticas, como a perda de empregos, a privacidade de dados e a segurança dos sistemas (Cardoso, 2020). 2.2 Recomendações Para empresas que desejam aproveitar os benefícios da inteligência artificial (IA) de forma eficaz e ética, uma série de diretrizes e práticas são recomendadas. Investir em pesquisa e desenvolvimento de soluções de IA personalizadas para atender às necessidades específicas do negócio permite que as empresas obtenham vantagens competitivas e atendam melhor às demandas do mercado (Medeiros, 2018). Além disso, é importante capacitar os colaboradores para trabalhar com sistemas de IA. Isso envolve fornecer treinamento e educação para que possam entender e utilizar essas tecnologias de forma produtiva. Também, é necessário adotar práticas éticas na utilização da IA, garantindo que as decisões e ações tomadas com base em algoritmos sejam transparentes, justas e socialmente responsáveis (Medeiros, 2018). Estabelecer parcerias com universidades e centros de pesquisa é uma estratégia para impulsionar a inovação em IA. Essas colaborações podem resultar no desenvolvimento de novas tecnologias e abordagens que beneficiam tanto as empresas quanto a sociedade como um todo. Ao unir forças com especialistas acadêmicos, as empresas podem acessar 26 conhecimentos avançados e recursos para avançar em suas iniciativas de IA (Medeiros, 2018). Além disso, ao participar de debates sobre o futuro da IA e suas implicações para a indústria, as empresas podem se manter atualizadas sobre as tendências e os desafios emergentes nesse campo dinâmico. Esses debates permitem que as empresas sepreparem adequadamente para as mudanças e oportunidades que a IA traz consigo (Medeiros, 2018). No contexto da Internet das Coisas (IoT), essa sinergia entre IA e IoT se torna ainda mais relevante. A IA desempenha um papel importante na análise e interpretação dos vastos volumes de dados gerados pelos dispositivos IoT. Ao aplicar técnicas de IA, as empresas podem extrair insights valiosos desses dados, otimizando processos, melhorando a eficiência e impulsionando a inovação na indústria (Medeiros, 2018). Portanto, ao estabelecer parcerias estratégicas, participar de debates e se manter atualizado sobre as tendências tanto em IA quanto em IoT, as empresas podem maximizar seu potencial de inovação e se posicionar na vanguarda da transformação digital (Medeiros, 2018). Essa abordagem integrada entre IA e IoT não apenas fortalece a capacidade das empresas de aproveitar as oportunidades de inovação mas também oferece uma visão mais holística das tecnologias emergentes e seu impacto na indústria (Medeiros, 2018). 3. Internet das Coisas (IoT): revolucionando a indústria A Internet das Coisas (IoT) está rapidamente se tornando uma das tecnologias mais importantes do mundo, com o potencial de revolucionar diversos setores da economia. Na indústria, a IoT está 27 abrindo um mundo de possibilidades para otimização, eficiência e produtividade, impulsionando a competitividade das empresas (Rocha, 2019). A IoT é a rede de objetos físicos que são equipados com sensores, software e conectividade à internet. Esses objetos podem coletar e transmitir dados em tempo real, permitindo a criação de sistemas inteligentes que podem monitorar, analisar e controlar processos de forma autônoma (Rocha, 2019). 3.1 Arquitetura da IoT A arquitetura da IoT é composta por cinco camadas principais (Rocha, 2019), conforme mostrado no Quadro 1. Quadro 1 – Camadas principais da arquitetura IoT Camada de Percepção Camada da Rede Camada de Armazenamento Camada de Processamento Camada de Apli- cação Inclui os sensores e dis- positivos que coletam dados do mundo real. Como exemplo, temos os sensores de temperatura, pressão, vibração, RFID tags e câmeras, desempe- nhando um papel essencial na geração de informações críticas para as aplicações de IA na indústria É responsável pela comunicação entre os dispositivos e a nuvem. Como exemplos de tecnologias, temos Wi-Fi, Bluetooth, Zigbee, LoRaWAN e rede de celulares Armazena os da- dos coletados pelos dispositivos. Como exemplos da infraes- trutura necessária, temos os bancos de dados na nuvem e os servidores locais Processa e analisa os dados coleta- dos. Como exem- plos de técnicas e ferramentas, pode- mos citar Machine Learning, Big Data Analytics e IA Fornece interfaces para visualizar e interagir com os dados. Como exemplos de apli- cações, temos os dashboards, os sistemas de con- trole e as platafor- mas de análise Fonte: elaborado pelo autor. 3.2 Protocolos de comunicação para IoT A comunicação entre os dispositivos e a nuvem é realizada através de diversos protocolos, cada um com suas vantagens e desvantagens (Rocha, 2019): 28 • Wi-Fi: ideal para dispositivos próximos uns dos outros, com alta taxa de transferência de dados. • Bluetooth: ideal para dispositivos com baixo consumo de energia, com alcance de curta distância. • Zigbee: ideal para redes de sensores com baixa taxa de dados, baixo consumo de energia e longa vida útil da bateria. • LoRaWAN: ideal para redes de sensores de longo alcance, com baixo consumo de energia e penetração em ambientes internos. • Celular: ideal para dispositivos móveis e com necessidade de cobertura em áreas amplas (Rocha, 2019). 3.3 Aplicações da IoT na indústria A IoT tem diversas aplicações na indústria, com potencial para gerar benefícios em diversas áreas (Telles; Kolbe Júnior, 2022): a. Monitoramento de ativos: São sensores que monitoram a condição de máquinas e equipamentos em tempo real, permitindo a manutenção preditiva e evitando falhas inesperadas, reduzindo custos de reparo e tempo de inatividade. Como exemplos, temos o monitoramento de vibrações em máquinas, a análise de óleo lubrificante e a detecção de falhas em componentes (Telles; Kolbe Júnior, 2022). b. Rastreamento de produtos: Os produtos são rastreados ao longo da cadeia de suprimentos, otimizando a logística, prevenindo perdas e falsificações e garantindo a qualidade dos produtos. Como exemplos, temos o rastreamento 29 de peças em uma fábrica, o monitoramento de temperatura em um armazém e o controle de estoque em tempo real (Telles; Kolbe Júnior, 2022). c. Gestão da cadeia de suprimentos: A IoT fornece visibilidade em tempo real da cadeia de suprimentos, permitindo a otimização do estoque, a redução de custos e o aumento da eficiência. Como exemplos, podemos citar o monitoramento de temperatura e umidade durante o transporte, a otimização de rotas de entrega e a gestão de pedidos em tempo real (Telles; Kolbe Júnior, 2022). d. Otimização da produção: A IoT coleta dados em tempo real sobre os processos de produção, permitindo a identificação de gargalos, a otimização da produção e a redução de custos. Como exemplos, temos o monitoramento de parâmetros de produção em tempo real, a análise de dados para identificar ineficiências e o controle automático de processos (Telles; Kolbe Júnior, 2022). e. Segurança industrial: A IoT pode ser usada para monitorar a segurança dos trabalhadores, prevenir acidentes e melhorar o ambiente de trabalho. Como exemplos, podemos citar o monitoramento de gases tóxicos e níveis de poeira, a detecção de quedas de trabalhadores e o rastreamento de equipamentos de proteção individual (Telles; Kolbe Júnior, 2022). 3.4 Exemplos de aplicações da IoT na indústria • Monitoramento de vibrações em máquinas: sensores monitoram as vibrações em máquinas, permitindo a detecção 30 de falhas em seus componentes antes que causem problemas maiores, evitando paradas não planejadas e otimizando a manutenção. • Rastreamento de peças em uma fábrica: RFID tags rastreiam o movimento de peças. • Rastreamento de peças em uma fábrica: RFID tags rastreiam o movimento de peças na fábrica, otimizando o processo de produção, reduzindo perdas e tempo de inatividade. • Monitoramento de temperatura em um armazém: sensores monitoram a temperatura em um armazém, garantindo a qualidade dos produtos armazenados, evitando perdas e deterioração. • Controle de acesso em uma planta industrial: sensores e sistemas de reconhecimento facial controlam o acesso à planta industrial, aumentando a segurança e prevenindo acessos não autorizados. • Monitoramento de consumo de energia em uma fábrica: sensores monitoram o consumo de energia em tempo real, permitindo a identificação de áreas de ineficiência e a otimização do consumo de energia, reduzindo custos. • Manutenção preditiva de máquinas: sensores monitoram o estado das máquinas em tempo real, permitindo a previsão de falhas e a realização de manutenções preventivas, evitando tempo de inatividade e custos de reparo (Rocha, 2019). 3.5 Benefícios da IoT para a indústria A implementação da IoT na indústria pode trazer diversos benefícios para as empresas, como o aumento da produtividade, podendo 31 automatizar tarefas repetitivas e complexas, liberando tempo para que os trabalhadores se concentrem em atividades estratégicas de maior valor (Rocha, 2019). Um ponto que consegue trazer grandes retornos é a redução de custos, pois a IoT pode reduzir custos de produção, otimizando processos, evitando tempo de inatividade e prevenindo perdas. Com isso, a melhoria da qualidade se torna perceptível, podendo garantir a qualidade dos produtos, monitorando e controlando parâmetros em tempo real (Rocha, 2019). O aumento da segurança se torna outro fator a ser levado em consideração, visto que a IoT pode monitorar o ambiente de trabalho e prevenir acidentes, garantindoa segurança dos trabalhadores (Rocha, 2019). Com todas essas vantagens, a IoT pode ajudar as empresas a se tornarem mais competitivas no mercado global, impulsionando o crescimento e a inovação (Rocha, 2019). Figura 1 – IoT aplicada na indústria Fonte: shutterstock.com. http://www.shutterstock.com 32 3.6 Desafios da implementação da IoT na indústria Apesar dos diversos benefícios, a implementação da IoT na indústria também apresenta alguns desafios, como o custo de implementação – pode ser um investimento significativo para as empresas, especialmente para as pequenas e médias empresas –, a falta de mão de obra qualificada – a implementação e o gerenciamento de sistemas de IoT exigem mão de obra qualificada em ciência de dados, engenharia de software e segurança da informação –, a segurança da informação – a IoT pode apresentar riscos de segurança da informação, como ataques cibernéticos e violações de dados – e a padronização – auxilia na interação entre diferentes protocolos e soluções de IoT que podem dificultar a integração e o gerenciamento de sistemas (Rocha, 2019). 4. Manufatura aditiva e impressão 3D: revolucionando a indústria A IoT está rapidamente se tornando uma das tecnologias mais importantes do mundo, com o potencial de revolucionar diversos setores da economia. Na indústria, a IoT está abrindo um mundo de possibilidades para otimização, eficiência e produtividade, impulsionando a competitividade das empresas. A integração entre IA e IoT permite que as empresas não apenas coletem e transmitam dados em tempo real através de objetos físicos equipados com sensores mas também os analisem e utilizem para tomada de decisões autônomas e inteligentes (Rocha, 2019). Essa sinergia entre IA e IoT se torna ainda mais evidente quando consideramos o tópico seguinte sobre manufatura aditiva e impressão 3D. A capacidade de coletar dados em tempo real por meio da IoT e aplicar algoritmos de IA para analisar esses dados pode aprimorar 33 significativamente os processos de manufatura aditiva. Desde a otimização do fluxo de trabalho até a previsão de manutenção de equipamentos, a combinação de IA e IoT está revolucionando a forma como a produção é realizada, proporcionando maior eficiência e flexibilidade às operações industriais (Rocha, 2019). Portanto, ao estabelecer parcerias estratégicas e participar de debates sobre o futuro da IA e da IoT, as empresas podem não apenas se preparar para os desafios e oportunidades que essas tecnologias trazem mas também explorar seu potencial máximo na transformação da indústria e na criação de vantagens competitivas sustentáveis (Rocha, 2019). Do ponto de vista de fundamentos, a manufatura aditiva, conhecida também como impressão 3D, é um processo de fabricação que cria objetos tridimensionais a partir de um modelo digital. Ao contrário dos métodos tradicionais de manufatura que removem material de um bloco sólido (subtração), a manufatura aditiva adiciona material camada por camada (adição). Essa tecnologia oferece uma série de vantagens, como uma maior flexibilidade de design, permitindo a criação de geometrias complexas que não são possíveis com métodos tradicionais de manufatura. Outro fator importante é a redução de custos de produção de peças complexas e personalizadas. Um ponto importante da manufatura aditiva é que essa ferramenta é ideal para prototipagem rápida de novos produtos e na produção sob demanda, reduzindo o estoque e o desperdício (Volpato, 2017). A manufatura aditiva tem uma ampla gama de aplicações na indústria, como no setor aeroespacial, sendo utilizada para produzir peças leves e complexas para aeronaves e espaçonaves. No ramo automotivo, a manufatura aditiva é usada para produzir protótipos, peças 34 personalizadas e ferramentas específicas para a indústria automotiva (Volpato, 2017). Existem diversas tecnologias de manufatura aditiva, como o Fused Deposition Modeling (FDM). Essa tecnologia usa filamentos de plástico para criar objetos tridimensionais. A Stereolithography (SLA) é uma tecnologia da manufatura aditiva que usa um laser para curar uma resina fotopolimérica, criando objetos tridimensionais, enquanto a Selective Laser Sintering (SLS) utiliza um laser para sinterizar pó de plástico, criando objetos tridimensionais (Volpato, 2017). A inteligência artificial, a Internet das Coisas e a manufatura aditiva estão transformando a indústria, oferecendo eficiência, produtividade e inovação. Embora cada tecnologia apresente desafios únicos, como custos de implementação e necessidade de mão de obra qualificada, seus benefícios são inegáveis. Com a IA otimizando processos, a IoT conectando dispositivos e a manufatura aditiva revolucionando a produção, as empresas têm a oportunidade de se tornarem mais competitivas, ágeis e responsivas às demandas do mercado, impulsionando, assim, o crescimento e a sustentabilidade em um cenário industrial em constante evolução (Cardoso, 2020). Referências CARDOSO, D. E. R. Aplicação de conceitos de manutenção preditiva com aplicação de ferramentas de Inteligência Artificial. 2020. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica), Faculdade de Engenharia. Porto: Universidade do Porto, 2020. D’SILVA V. et al. Hacia la producción inteligente: inteligencia artificial en manufactura y operaciones. [S. l.]: [s. n.], 2022. FISPAL TECNEWS. Duas das maiores empresas da indústria de alimentos explicam como utilizam inteligência artificial e análise de dados no dia a dia dentro das fábricas. [s. l.], 2023. 35 MEDEIROS, L. F. Inteligência artificial aplicada: uma abordagem introdutória. 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Integração de sistemas na Indústria4.0: alicerce da Quarta Revolução Industrial A Indústria 4.0, impulsionada pela digitalização e conectividade, redefine o panorama industrial com a convergência de tecnologias, como automação avançada, computação em nuvem, Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial (IA) e Big Data. Essa convergência exige a integração de diversos sistemas industriais, desde o chão de fábrica até o gerenciamento da cadeia de suprimentos, para desbloquear todo o potencial da Quarta Revolução Industrial (Silva, 2017). 1.1 Interoperabilidade O conceito de interoperabilidade, tão importante na Indústria 4.0, refere-se à capacidade de diferentes sistemas, dispositivos ou componentes interagirem entre si e operarem de forma conjunta de maneira eficaz e sem problemas. Em outras palavras, é a habilidade de sistemas heterogêneos se comunicarem, compartilharem informações e executarem ações coordenadas, independentemente das diferenças em suas tecnologias, arquiteturas ou padrões de comunicação (Silva, 2017). Isso inclui máquinas, sensores, sistemas de controle, sistemas de gerenciamento de produção (MES), sistemas de planejamento de recursos empresariais (ERP), entre outros. Para garantir uma operação eficiente e integrada, é essencial que esses sistemas possam trocar informações de forma fluida e realizar tarefas de forma coordenada (Silva, 2017). Além disso, a interoperabilidade possibilita a integração de tecnologias emergentes, como Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial (IA) e análise de dados, em ambientes industriais existentes, permitindo que as empresas aproveitem ao máximo os benefícios dessas tecnologias (Silva, 2017). 38 Portanto, a integração de sistemas na Indústria 4.0 permite a conectividade e a comunicação, em que a interoperabilidade entre máquinas, sensores, dispositivos e sistemas permitem o compartilhamento de dados em tempo real. Além disso, temos a visibilidade e os insights, em que é feita a coleta e a análise de dados de diferentes fontes para gerar insights acionáveis e otimizar processos. Temos também a automação inteligente, na qual a tomada de decisões autônoma e otimizada por sistemas inteligentes impulsiona a eficiência e a produtividade, e a agilidade e adaptabilidade, em que ocorre a reação rápida às mudanças do mercado e às demandas dos clientes, garantindo competitividade (Silva, 2017). A integração de sistemas na Indústria 4.0, no entanto, apresenta desafios, como a padronização e a interoperabilidade, pois a diversidade de protocolos e sistemas legados (termo utilizado na área de tecnologia da informação para descrever um software ou hardware que foi desenvolvido em tecnologias mais antigas e que ainda está em uso, apesar de ser considerado obsoleto ou desatualizado) dificulta a comunicação e o compartilhamento de dados (Silva, 2017). A segurança cibernética é, como em todo sistema de integração dentro da Indústria 4.0, um dos pontos focais, visto que as vulnerabilidades aumentam com a conectividade, exigindo medidas robustas de segurança, assim como a gestão desses dados, visto que o volume e a variedade deles exigem infraestrutura robusta e estratégias de gerenciamento eficazes (Silva, 2017). Por fim, uma mudança organizacional da cultura e das competências necessárias leva ao desenvolvimento de habilidades digitais, componente importante para o sucesso da integração. Para superar esses desafios, você deve aprender alguns conceitos fundamentais para esse sistema (Silva, 2017): 39 1.2 Padrões e protocolos de comunicação para interoperabilidade entre sistemas industriais Na era da Indústria 4.0, na qual a conectividade e a troca de dados são essenciais para operações industriais eficientes, os padrões e os protocolos de comunicação desempenham um papel fundamental na garantia da interoperabilidade entre sistemas. A variedade de dispositivos, máquinas e sistemas presentes nas fábricas modernas demanda uma abordagem padronizada e eficiente para a comunicação de dados, permitindo que diferentes sistemas possam interagir de forma transparente e eficaz (Silva, 2017). O padrão ISA-95 (International Society of Automation–Manufacturing Operations Management) é um exemplo de padrão que define modelos de informações e interfaces padronizadas para a integração de sistemas de controle de chão de fábrica com sistemas de nível empresarial, possibilitando uma visão holística e integrada das operações industriais. Esses padrões fornecem diretrizes essenciais para o design e a implementação de sistemas interoperáveis na Indústria 4.0, garantindo uma comunicação eficiente e uma integração sem problemas entre diferentes dispositivos e sistemas industriais (Pessoa, 2015). Outro padrão importante na Indústria 4.0 é o padrão ISO 15745, conhecido também como Organization for Machine Automation and Control (OMAC), que define um conjunto de normas para a integração de sistemas de automação industrial. O OMAC fornece orientações sobre a interoperabilidade entre dispositivos de controle, máquinas e sistemas de produção, facilitando a implementação de soluções de automação avançada (Moeckel, 2009). Na Indústria 4.0, um padrão de comunicação é um conjunto de diretrizes, especificações e práticas aceitas que regem como dispositivos, máquinas e sistemas devem se comunicar entre si. Esses padrões 40 garantem a interoperabilidade e a compatibilidade entre diferentes componentes de sistemas de fabricação inteligente (Silva, 2017). Por outro lado, um protocolo de comunicação é um conjunto de regras e convenções que definem o formato, a sequência e a sincronização da troca de dados entre dispositivos em uma rede de comunicação. Um protocolo determina como os dados são transmitidos, recebidos, verificados e respondidos entre os dispositivos (Silva, 2017). A diferença principal entre um padrão de comunicação e um protocolo de comunicação é que o padrão define os requisitos gerais para a comunicação, enquanto o protocolo especifica os detalhes técnicos específicos sobre como essa comunicação deve ocorrer. Em outras palavras, o padrão estabelece as diretrizes gerais, enquanto o protocolo fornece instruções detalhadas sobre como seguir essas diretrizes para efetuar a comunicação de forma eficaz (Silva, 2017). Além dos padrões de comunicação, os protocolos também desempenham um importante papel na interoperabilidade entre sistemas industriais. Um dos protocolos amplamente adotados na Indústria 4.0 é o Open Platform Communications Unified Architecture (OPC UA). Ele foi projetado para oferecer uma solução robusta e segura para a troca de dados em ambientes industriais. Com recursos avançados de segurança, como autenticação e criptografia, o OPC UA permite a comunicação confiável entre dispositivos e sistemas, independentemente da plataforma ou fabricante (Silva, 2017). Além do OPC UA, o protocolo Message Queuing Telemetry Transport (MQTT) também é amplamente utilizado na Indústria 4.0. Esse protocolo é ideal para ambientes de Internet das Coisas (IoT) e aplicações de monitoramento e controle remoto, devido à sua eficiência em termos de largura de banda e baixa sobrecarga. O MQTT permite a comunicação 41 assíncrona entre dispositivos, facilitando a troca de dados em tempo real e a integração de sistemas distribuídos (Moraes, 2019). Além disso, para garantir a interoperabilidade em ambientes industriais heterogêneos, onde diferentes tecnologias e protocolos coexistem, são utilizadas tecnologias de ponte, como gateways de comunicação e protocolos de tradução. Essas tecnologias permitem a integração de sistemas legados com sistemas baseados em tecnologias mais recentes, possibilitando a coleta e troca de dados entre diferentes dispositivos e plataformas (Silva, 2017). Por fim, os padrões e protocolos de comunicação são elementos- chave na construção de sistemas interoperáveis na Indústria 4.0 que você precisa conhecer. Ao adotar padrões e protocolos, as empresas podem garantiruma comunicação eficiente e segura entre sistemas industriais, facilitando a troca de dados e a integração de processos em toda a cadeia de valor. Esses padrões fornecem uma base sólida para a implementação bem-sucedida de soluções de integração de sistemas na era da Indústria 4.0, permitindo que as empresas alcancem níveis mais altos de eficiência, produtividade e inovação (Silva, 2017). 2. Arquiteturas de referência para integração de sistemas na Indústria 4.0 Na era da Indústria 4.0, na qual a integração de sistemas desempenha um papel crucial na transformação digital das operações industriais, as arquiteturas de referência desempenham um papel fundamental na definição de diretrizes e melhores práticas para a integração de sistemas. Essas arquiteturas fornecem um conjunto de padrões, protocolos e modelos de referência que ajudam as empresas a projetar 42 e implementar sistemas interoperáveis e adaptáveis que atendam às demandas da indústria 4.0 (Araújo, 2022). 2.1 Arquitetura RAMI 4.0 Uma das arquiteturas de referência mais amplamente reconhecidas na Indústria 4.0 é a Arquitetura RAMI 4.0 (Referência para Arquitetura de Modelos Industriais). Desenvolvida na Alemanha, a RAMI 4.0 é uma estrutura conceitual que define uma abordagem abrangente e integrada para a organização e interconexão de componentes de sistemas industriais. A RAMI 4.0 propõe uma estrutura em camadas, que inclui aspectos, como ativos industriais, serviços, modelos de informações e infraestrutura de TI, fornecendo uma base sólida para a integração de sistemas em ambientes de produção avançados (Araújo, 2022). 2.2 Arquitetura IIRA Outra arquitetura de referência amplamente adotada na Indústria 4.0 é a Arquitetura IIRA (Industrial Internet Reference Architecture). Desenvolvida pelo Industrial Internet Consortium (IIC), a IIRA aborda a integração de sistemas em ambientes de Internet das Coisas (IoT) industriais. Essa arquitetura define um conjunto de princípios e padrões para a criação de sistemas distribuídos e interoperáveis, permitindo a coleta, a análise e o compartilhamento de dados em tempo real em toda a cadeia de valor (Araújo, 2022). 2.3 Arquitetura IMR Outra arquitetura relevante é a Arquitetura de Referência de Manufatura Inteligente (IMR), desenvolvida pelo Consórcio de Manufatura Inteligente (IMC). A IMR define um modelo abrangente para a integração de 43 sistemas em ambientes de manufatura, abordando aspectos como gerenciamento de processos, segurança cibernética, interoperabilidade de dados e colaboração entre sistemas. Essa arquitetura fornece uma estrutura flexível e adaptável para a implementação de soluções de manufatura inteligente na Indústria 4.0 (Araújo, 2022). 2.4 Modelo Purdue O Purdue Model, conhecido também como Purdue Reference Architecture (PRA), é um modelo de arquitetura de controle industrial amplamente utilizado na automação e na indústria de processos. Ele foi desenvolvido pela Purdue University na década de 1990 e é uma referência para a organização de sistemas de automação e controle em ambientes industriais (Garton, 2019). O Purdue Model é estruturado em camadas hierárquicas, cada uma representando um nível diferente de controle e automação na planta industrial. Essas camadas são organizadas de forma a separar as funções de controle em níveis distintos, permitindo uma clara definição das responsabilidades e dos limites de cada sistema (Garton, 2019). O Purdue Model fornece uma estrutura abrangente e hierárquica para a organização de sistemas de automação e controle na indústria, facilitando a integração e o gerenciamento de sistemas em diferentes níveis da planta industrial. Ele ajuda a definir claramente as responsabilidades e os limites de cada sistema, permitindo uma operação eficiente e segura da planta industrial (Garton, 2019). 2.5 Modelo OSI O Modelo OSI (Open Systems Interconnection) é um modelo de referência desenvolvido pela International Organization for Standardization (ISO) 44 para facilitar a compreensão e a padronização das comunicações de rede. Ele divide o processo de comunicação em redes de computadores em sete camadas distintas, cada uma com funções específicas, separando-os desde o nível físico até o nível de aplicação (Física, Enlace de dados, Rede, Transporte, Sessão, Apresentação e Aplicação) (Guedes, 2016). Com essa padronização, cada uma com funções específicas, essa arquitetura fornece uma estrutura conceitual para o design, a implementação e a padronização de protocolos de comunicação de redes (Guedes, 2016). 3. Desafios e soluções para a interoperabilidade de sistemas industriais Os desafios e as soluções para a interoperabilidade de sistemas industriais são diversos e abrangem várias áreas, desde questões técnicas até desafios organizacionais e de governança: Conectando à realidade: Exemplo: Integração de robôs industriais com sistemas de controle de produção Desafios: Diversidade de protocolos de comunicação: os robôs industriais, geralmente, utilizam protocolos de comunicação proprietários, enquanto os sistemas de controle de produção podem empregar diferentes protocolos padrão, como OPC UA, MQTT ou Modbus. Isso cria um desafio de interoperabilidade (Moraes, 2019). 45 Variedade de formatos de dados: os robôs podem gerar dados em formatos diferentes dos utilizados pelos sistemas de controle de produção. Isso dificulta a troca eficiente de informações entre os sistemas (Moraes, 2019). Segurança da comunicação: garantir a segurança da comunicação entre os robôs industriais e os sistemas de controle é fundamental para proteger os dados sensíveis e prevenir acessos não autorizados (Moraes, 2019). Soluções: Adoção de padrões de comunicação: implementar padrões de comunicação reconhecidos pela indústria, como OPC UA (Unified Architecture), que oferece interoperabilidade entre sistemas de diferentes fabricantes. Isso permite que os robôs industriais e os sistemas de controle de produção comuniquem-se de forma eficaz (Garton, 2019). Utilização de protocolos de comunicação compatíveis: escolher protocolos de comunicação compatíveis com os dispositivos e sistemas envolvidos. Por exemplo, se o sistema de controle de produção utiliza o protocolo MQTT, os robôs industriais podem ser configurados para enviar e receber dados usando esse protocolo (Moraes, 2019). Implementação de uma arquitetura de referência para integração de sistemas na Indústria 4.0: seguir uma arquitetura de referência que define as melhores práticas para integração de sistemas na Indústria 4.0, incluindo aspectos de segurança da comunicação, gerenciamento de dados e interoperabilidade (Araújo, 2022). Nesse exemplo, ao adotar padrões de comunicação, utilizar protocolos compatíveis e seguir uma arquitetura de referência, é possível superar os desafios de interoperabilidade e integrar com sucesso os robôs 46 industriais aos sistemas de controle de produção na Indústria 4.0 (Araújo, 2022). 4. Gestão de dados na Indústria 4.0 Na Indústria 4.0, a gestão de dados refere-se à prática de coletar, armazenar, processar e analisar grandes volumes de dados gerados por dispositivos conectados, sistemas de produção e outros elementos da cadeia de valor. Isso inclui sensores em máquinas, sistemas de automação, dispositivos IoT (Internet das Coisas), sistemas de gestão empresarial (ERP) e outros sistemas de informação (Basseto, 2019). A gestão de dados na Indústria 4.0 visa otimizar a eficiência operacional, melhorar a tomada de decisões em tempo real, prever falhas de equipamentos, personalizar a produção conforme a demanda do mercado e aumentar a qualidade dos produtos. Isso é possível através da análise dos dados em tempo real, da aplicação de técnicas avançadas de análise de dados (como Machine Learning e inteligência artificial) e da integração de sistemas para criar uma visão abrangente e em tempo real de todo o processo de produção (Basseto, 2019). Além disso, a gestãode dados na Indústria 4.0 envolve questões relacionadas à segurança da informação, à privacidade dos dados e à conformidade com regulamentações, uma vez que lidar com grandes volumes de dados requer medidas robustas para proteger as informações contra acesso não autorizado e garantir que sejam utilizadas de forma ética e legal (Basseto, 2019). 4.1 Arquitetura de dados para a Indústria 4.0: fundamentos e implicações 47 Na era da Indústria 4.0, na qual a interconectividade digital e a automação estão redefinindo os paradigmas de produção industrial, a arquitetura de dados emerge como um elemento importante para impulsionar a eficiência, a inovação e a competitividade. Essa nova revolução industrial não se trata apenas de máquinas inteligentes mas também da inteligência derivada dos dados que essas máquinas geram e compartilham (Neto, 2021). Em um ambiente industrial 4.0, a arquitetura de dados desempenha um papel central na organização, na integração e na análise dos dados provenientes de diferentes fontes e dispositivos. Ela fornece uma estrutura sólida para coletar, armazenar, processar e disponibilizar dados em tempo real, permitindo insights acionáveis e tomada de decisões baseada em dados, conforme organizado no Quadro 1 (Neto, 2021). Quadro 1 – Componentes-chaves da arquitetura de dados Camada de Coleta de Dados Camada de Armazenamento de Dados Camada de Processamento e Análise de Dados Camada de Visualização e Aces- so aos Dados Esta camada envolve sensores, dispositivos IoT e outros sistemas de monitoramento que cap- turam dados do ambiente físico da fábrica, como temperatura, pressão, vibração e fluxo de pro- dução. Os dados coletados são armazenados em bancos de dados distribuídos, sistemas de arquivos em nuvem ou data lakes, garantindo escalabilida- de, segurança e disponi- bilidade. Os dados são processa- dos em tempo real ou em lotes, utilizando técnicas de análise estatística, aprendizado de máquina e outras formas de IA para extrair insights, de- tectar padrões e prever falhas ou otimizações. Os resultados da análise são apresentados de for- ma intuitiva e acessível aos usuários finais, atra- vés de painéis de controle, relatórios interativos ou aplicativos móveis, permi- tindo uma compreensão rápida e fácil dos dados. Fonte: adaptado de Neto (2021). 4.2 Governança de dados e segurança da informação na Indústria 4.0 Na era da Indústria 4.0, na qual a interconexão digital e a automação estão transformando radicalmente os processos industriais, a 48 governança de dados e a segurança da informação emergem como tópicos importantes para o sucesso e a sustentabilidade das operações (Neto, 2021). A governança de dados na Indústria 4.0 refere-se ao conjunto de políticas, processos e práticas que garantem a qualidade, a consistência e a conformidade dos dados em toda a organização. Isso inclui a definição de padrões de dados, a implementação de procedimentos de controle de qualidade e a atribuição de responsabilidades claras para a gestão e o uso dos dados. Uma governança de dados eficaz permite às empresas tomar decisões mais assertivas, otimizar processos, identificar oportunidades de inovação e garantir conformidade com regulamentações e padrões do setor (Neto, 2021). Além disso, a segurança da informação e as regulamentações, como as atuais leis de proteção de dados, estão inseridas dentro dos processos que a governança rege. As empresas devem garantir que os dados dos clientes e dos funcionários sejam coletados, armazenados e processados de acordo com os mais altos padrões éticos e legais, protegendo a privacidade e a confidencialidade das informações pessoais (Neto, 2021). Para implementar com sucesso a governança de dados e a segurança da informação na Indústria 4.0, as empresas devem adotar uma abordagem colaborativa, envolvendo todas as partes interessadas, desde a liderança executiva até os funcionários da linha de frente. Isso requer investimentos em tecnologia, capacitação de pessoal e cultura organizacional voltada para a proteção e o uso responsável dos dados (Neto, 2021). 4.3 Análise de dados para tomada de decisões estratégicas na Indústria 4.0 49 Na era da Indústria 4.0, na qual a quantidade de dados gerados e coletados é exponencialmente crescente, a capacidade de realizar análises de dados eficazes se torna um diferencial competitivo para as empresas. A análise de dados para tomada de decisões estratégicas permite às organizações extrair insights valiosos dos dados brutos e transformá-los em conhecimento acionável, orientando o desenvolvimento e a implementação de estratégias que impulsionam o crescimento, a eficiência e a inovação (Basseto, 2019). Uma das principais vantagens da análise de dados na Indústria 4.0 é sua capacidade de oferecer uma visão abrangente e em tempo real das operações e do desempenho do negócio. Por meio de técnicas avançadas de análise, como análise preditiva, análise de séries temporais e aprendizado de máquina, as empresas podem identificar padrões, tendências e correlações nos dados, antecipar eventos futuros e tomar medidas proativas para mitigar riscos e aproveitar oportunidades (Basseto, 2019). Além disso, a análise de dados permite uma personalização mais eficaz de produtos e serviços para atender às necessidades específicas dos clientes. Ao entender melhor o comportamento e as preferências dos clientes por meio da análise de dados, as empresas podem segmentar o mercado de forma mais precisa, oferecer experiências personalizadas e desenvolver estratégias de marketing mais direcionadas, aumentando a satisfação do cliente e impulsionando as vendas (Basseto, 2019). Outra aplicação importante é na otimização de processos e operações. Ao analisar grandes volumes de dados de sensores, dispositivos conectados e sistemas de produção, as empresas podem identificar gargalos, ineficiências e oportunidades de melhoria em tempo real, permitindo uma tomada de decisão para maximizar a produtividade, reduzir custos e aumentar a qualidade dos produtos (Basseto, 2019). 50 No entanto, é importante destacar que a análise de dados eficaz requer mais do que apenas tecnologia avançada e algoritmos sofisticados. Requer uma compreensão profunda do negócio, uma cultura organizacional orientada para os dados e habilidades analíticas sólidas em toda a organização (Basseto, 2019). Referências ARAÚJO, M. B. A. Sistematização de informação técnica de um sistema MES de apoio à montagem robôizada de components mecânicos. 2022. Dissertação (Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica) – Universidade do Minho, 2022. BASSETO, A. L. C. Modelo de maturidade para a análise das indústrias no contexto da indústria 4.0. 2019. 183 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2019. GARTON, D. Purdue Model Framework for Industrial Control Systems & Cybersecurity Segmentation. [S. l.]: [s. n.], 2019. GUEDES, G. A. Comunicação entre áreas remotas em um sistema de abastecimento de água: estudo de caso. 2016. 46 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Automação Industrial) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2016. 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