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GESTÃO DE OBRAS AULA 6 Profª Fernanda dos Santos Gentil 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula serão trabalhados de forma mais aprofundada os assuntos relacionados à programação de serviços, à aceleração dentro do planejamento, ao valor agregado, à corrente crítica e à linha de balanço. TEMA 1 – PROGRAMAÇÃO DE SERVIÇOS Em conteúdos anteriores foi possível identificar a importância de se elaborar o cronograma geral da obra, pois com base nele o planejador consegue monitorar o andamento das atividades. Com a finalidade de obter um monitoramento efetivo, faz-se a programação que apresenta o agrupamento de atividades que serão realizadas em um determinado período de tempo, por exemplo, o período de uma semana ou até mesmo uma quinzena. De acordo com Mattos (2019), a programação modifica a rede de serviços em um roteiro destinado às equipes de campo, de forma que os colaboradores realizem suas tarefas de acordo com a sequência estabelecida no planejamento global da obra, tendo conhecimento prévio do prazo e uma visão integral do projeto. É necessário que o planejamento seja desenvolvido com cautela e que siga alguns parâmetros para que possa atingir os objetivos propostos no início do projeto, dentre os quais estão o princípio da contribuição aos objetivos, os princípios da precedência do planejamento, o princípio da maior penetração e abrangência, o princípio da maior eficiência, eficácia e efetividades. Diante desses parâmetros, concluiu-se que o planejamento deve procurar maximizar os resultados e mitigar ou diminuir as deficiências (Silva, 2011). O planejamento e o controle de projeto apresentam três níveis hierárquicos, com a finalidade de mitigar os efeitos prejudiciais das incertezas presentes no percurso, dentre os quais estão o nível estratégico, o nível tático e o nível operacional. 1.1 Níveis hierárquicos 1.1.1 Nível estratégico O nível estratégico refere-se à definição do escopo e das metas do projeto e consiste em baixo grau de detalhamento do planejamento. Tal nível 3 também é conhecido como programação de longo prazo. Esse nível apresenta uma estruturação mais genérica, muito empregada para cargos de diretoria nas empresas. Com intuito de melhor entendimento do nível estratégico, considere o exemplo do Quadro 1 referente a uma programação de longo prazo, em que constam a descrição de alguns serviços com a finalidade de proporcionar a gerência uma visualização geral da obra. Quadro 1 – Programação de longo prazo ATIVIDADE EMPREENDIMENTO 2018 2019 2020 Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Serviços preliminares Fundações Estrutura Alvenaria Revestimento Interno Revestimento externo 1.1.2 Nível tático O nível tático refere-se à aquisição e à organização de recursos estruturados em um planejamento a médio prazo. Esse período compreende entre cinco semanas e três meses, com a realização de revisão e atualização mensal ou quinzenal. Dentro desse nível, em uma obra, é onde ocorrem a elaboração de um plano de compra de materiais e equipamentos, a identificação da necessidade de novos recursos, e o treinamento dos colaboradores, dentre outras tarefas. Com o intuito de melhor entendimento do nível tático, considere o exemplo do Quadro 2, referente a uma programação de médio prazo, em que constam a descrição de alguns serviços, a escala de tempo que ocorre cada atividade e há também uma coluna destinada à identificação das restrições, caracterizadas como sendo fatores que podem interferir para o andamento de determinada atividade. 4 Quadro 2 – Programação de médio prazo Fonte: Mattos, 2019. 1.1.3 Nível operacional No nível operacional, o planejador leva em consideração a realização das tarefas, o controle dos processos e a garantia da qualidade dos serviços. Esse nível é direcionado para os engenheiros de campo, mestres e encarregados e compreende um período de alcance semanal ou quinzenal cujo objetivo é que o planejador, juntamente com a equipe, possa identificar as causas que contribuíram para que as atividades da semana atrasassem ou estivessem no prazo conforme planejado. Com o intuito de melhor entendimento do nível operacional, considere o exemplo do Quadro 3, referente a uma programação de curto prazo, em que consta a descrição de alguns serviços de forma mais detalhada comparada com os demais níveis, juntamente com a escala de tempo que ocorre cada atividade. ATIVIDADE EMPREENDIMENTO 01/01 a 05/01 08/01 a 12/01 15/01 a 19/01 RESTRIÇÕES S T Q Q S S T Q Q S S T Q Q S Estrutura 3° pavimento 4° pavimento compra de tela de segurança 5° pavimento Mobilização da grua Alvenaria 1° pavimento 2° pavimento 3° pavimento Alteração do projeto da suíte Revestimento interno 1° pavimento Especificação das cerâmicas 5 Quadro 3 – Programação de curto prazo ATIVIDADE EMPREENDIMENTO 01/01 a 05/01 08/01 a 12/01 15/01 a 19/01 1 2 3 4 5 8 9 10 11 12 15 16 17 18 19 Estrutura Desforma laje 3° pavimento Fôrma laje 4° pavimento Armação laje 4° pavimento Alvenaria Alvenaria quartos 1° pavimento Alvenaria externa 2° pavimento Alvenaria corredor 2° pavimento Revestimento interno Reboco/emboço 1º pavimento Contrapiso 1° pavimento Fonte: Mattos, 2019. A programação de curto prazo pode ser utilizada para avaliar o percentual da programação concluído (PPC) e as causas de atraso ou adiantamento das tarefas projetadas. Para encontrar o valor do percentual de programação concluído, é preciso dividir a quantidade de tarefas executadas no período pela quantidade total de tarefas projetadas, conforme pode ser visualizado na fórmula a seguir. 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄 𝑄𝑄𝑄𝑄 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑡𝑡𝑄𝑄𝑡𝑡𝑄𝑄𝑡𝑡 𝑐𝑐𝑄𝑄𝑐𝑐𝑐𝑐𝑡𝑡𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑡𝑡 𝑄𝑄𝑛𝑛 𝑐𝑐𝑄𝑄𝑡𝑡í𝑛𝑛𝑄𝑄𝑛𝑛 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄 𝑄𝑄𝑛𝑛𝑄𝑄𝑄𝑄𝑡𝑡 𝑄𝑄𝑄𝑄 𝑄𝑄𝑄𝑄𝑡𝑡𝑄𝑄𝑡𝑡𝑄𝑄𝑡𝑡 𝑐𝑐𝑡𝑡𝑛𝑛𝑝𝑝𝑡𝑡𝑄𝑄𝑐𝑐𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑄𝑡𝑡 A interpretação correta do percentual é a seguinte: se todas as atividades projetadas para um determinado período foram realizadas conforme definido, 6 então esse percentual (PPC) será de 100%; caso a atividade for executada pela metade, então o PPC será 50%. Dessa forma, o planejador consegue medir a eficácia do planejamento. Os valores do PPC podem ser plotados em gráficos para que o planejador possa acompanhar a evolução dos mesmos ao longo das semanas. As plotagens podem ter a representação da evolução do PPC por equipe. 1.4 Algumas informações importantes para o planejador quanto aos valores do PPC O valor muito baixo do PPC representa produtividades mais reduzidas;otimismo exagerado na realização das atividades e grande existência de imprevistos. Já quando o valor do PPC é alto, isso quer dizer que as produtividades são amplas e que existem atividades com duração mais longa do que deveriam apresentar e uma programação difícil de ser executada acarretando acomodações das equipes de trabalho e, consequentemente, diminuindo a produtividade delas. Segundo Mattos (2019), um PPC entre 75% e 85% reflete um desempenho satisfatório em um planejamento restrito e mais desafiador. A outra avaliação que pode ser realizada com base na programação de curto prazo é a possibilidade de identificar as causas de atraso ou adiantamento das atividades projetadas. Podem existir diversas causas, e, em virtude de melhor visualizar todo o processo, o planejador pode elaborar um histograma com essas causas e as frequências em que elas ocorrem. Como mencionado anteriormente, existem diversos tipos de causas, dentre as quais, por exemplo, na área de mão de obra as causas podem ser relacionadas à falta de mão de obra, baixa produtividade e retrabalho. Com relação ao material, as causas podem ser relacionadas à entrega do material fora do prazo e material sem especificação. Para poder visualizar melhor, considere o histograma a seguir, representado na Figura 1. 7 Figura 1 – Histograma das causas do atraso da programação Fonte: Mattos, 2019. TEMA 2 – ACELERAÇÃO No planejamento do projeto duas grandezas são diretamente proporcionais: o custo e o tempo. A aceleração do projeto afetará o custo, pois precisará de mais equipamentos, mais colaborador fazendo horas extras ou até mesmo precisará de mais mão de obra para realizar as atividades. No entanto se o planejador prolongar o prazo do projeto, o custo também será afetado em virtude dos prejuízos que a desaceleração proporciona. A ideia principal deste tema é basear-se na aceleração e na desaceleração de projetos com base no uso da técnica PERT/CPM e verificar suas influências no custo total do projeto. Como a técnica tem o foco nos custos, vale relembrarmos as categorias em que estão inseridos: custo direto e o custo indireto. O custo direto refere-se à realização direta das atividades, o que engloba a mão de obra envolvida no serviço, o material e o equipamento utilizado. Como vimos em conteúdos anteriores, o custo direto é calculado conforme as composições de custo unitário dos serviços. Os custos indiretos são aqueles que ocorrem independentemente das quantidades realizadas pela obra e não são incluídos na composição de custos unitários. Esses custos englobam, por exemplo, despesas de mobilização; manutenção do canteiro de obras; equipe técnicas, de suporte e administrativa. 0 1 2 3 4 5 6 7 Retrabalho Alteração de projeto Baixa produtividade Falta de material Falta de mão de obra condições metereológicas adversas Frequência C au sa s 8 O custo indireto é diretamente proporcional ao prazo do projeto, ou seja, quando houver um atraso no projeto, haverá aumentos no custo e quando houver um adiantamento do projeto, ocorrerá uma diminuição do custo indireto. Após relembrar-se das definições das categorias de custos, é possível estabelecer algumas relações de tempo versus custo. Baseando-se na relação tempo versus custo direto, constata-se que, à medida que há uma redução do prazo, os custos diretos tendem a aumentar. Dentro dessa ideia, a aceleração das atividades ocasiona a existência de hora extra; turno da noite; pagamento de taxas extras para entregas de forma mais rápida; encomenda de materiais via modal aéreo em vez de terrestre; maiores e mais cara mobilização de equipamentos e a subcontratação de empresas especializadas. Já para a relação tempo versus custo indireto, a interpretação que se faz é que à medida que ocorre a redução do prazo do projeto os custos indiretos tendem a diminuírem. Dentro da análise dos custos, existe o custo marginal de aceleração (CM), que, segundo Mattos (2019), refere-se ao custo de acelerar a atividade em uma unidade de tempo. Dessa forma, menos custoso será acelerar uma atividade quando menor for o custo marginal. O princípio do CM é que o gerente do projeto identifique o serviço que apresenta o menor custo marginal entre os custos normais e os acelerados, pois a análise que o planejador terá é que o ganho de tempo no projeto sairá mais em conta do que se acelerar outro serviço. Essa explicação pode ser visualizada no gráfico da Figura 2. Figura 2 – Custo marginal de aceleração Fonte: Mattos, 2019. 9 onde • ∆C = variação do custo; • ∆t= variação do tempo; • Ca = custo acelerado; • Cn= custo normal; • ta= tempo acelerado; • tn= tempo normal. A reta referente ao custo marginal de aceleração que se forma no gráfico, conforme ilustrada na Figura 2, pode apresentar diversas inclinações, então quanto menor for essa inclinação, menor será o custo marginal. Em virtude disso, menor será o custo de aceleração. De acordo com essa análise, quanto maior for a inclinação da reta, maior será o custo marginal e maior será a aceleração. Diante dessas observações, é relevante mencionar que a aceleração de um serviço que apresente baixo custo marginal é mais lucrativa do que a aceleração de uma atividade com alto custo marginal. Após compreender a relação entre tempo versus custo direto e tempo versus custo indireto, o planejador também pode fazer um gráfico, conforme retratado no gráfico da Figura 3, que contenha todas as curvas para que possa ter uma visão sistêmica dos custos do projeto. A soma de todas essas curvas dá origem à curva tempo versus custo total. Figura 3 – Curva tempo versus custo total Fonte: Mattos, 2019. 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000 90000 100000 0 2 4 6 8 10 12 C us to Prazo (meses) Custo direto Custo Indireto Custo total 10 TEMA 3 – VALOR AGREGADO De acordo com Vargas (2002), o valor agregado pode ser conceituado como a avaliação entre o que foi obtido em relação ao que foi realmente gasto e ao que se planejava gastar, em que se sugere que o valor a ser agregado inicialmente por uma atividade é o valor orçado para ela. Dessa forma, à medida que cada atividade é executada, aquele valor orçado no início do projeto para a atividade passa, agora, a constituir o valor agregado do projeto. Com base no valor agregado, o planejador consegue avaliar se o projeto tem utilizado mais dinheiro para realizar uma determinada atividade ou se está gastando mais dinheiro com maior velocidade, pelo fato de o projeto estar adiantado. Em virtude dessas questões, existe o método EVA, sigla que vem do inglês earned value analysis, o qual fornece informações precisas para que o gerente possa ter uma visão geral do projeto e poder fazer análises de variância e tendências (Mattos, 2019). A seguir, serão abordados os conteúdos que fazem parte da estrutura do método EVA: valor previsto; valor agregado; custo real; variação de custo; variação de prazo; índice de desempenho de custo; índice de desempenho de prazo; orçamento no término; estimativa para o término; estimativa no término e variação no término. O entendimento das explicações que estarão nos próximos itens se baseará no seguinte exemplo: considere que, para a construção de uma estrada, está previsto executar 1 km de asfalto por mês, com um custo orçado de R$ 200.000,00 por km. A estrada apresenta 10 km de extensão. Ao passar 4 meses de obra, foi realizada uma medição para ver como estava o andamento do projeto. Constataram que haviam sido construídos 2 km a um valor de R$ 440.000,00. 3.1 Valor previsto Considerando o exemplo da construção da estrada, é possível identificar qual é o valor previsto (VP) no projeto, ou seja, o custo que foi medido conforme o orçamento do projeto. Neste exemplo, o valor previsto é VP = R$ 800.000,00.Justifica-se esse valor, pois estava previsto construir 1 km por mês, em um total de 4 meses, ou seja, teria a construção de 4 km, sendo que cada km teria um custo de R$ 200.000,00. 11 3.2 Valor agregado Como mencionado anteriormente, o custo previsto é de R$ 800.000,00, e o custo real é de R$ 440.000,00. Neste momento, a análise que você pode vir a ter é a seguinte: sob o ponto de vista econômico, o projeto está muito bem, pois houve um gasto inferior ao que foi previsto. Mas esse pensamento está equivocado. Não pode olhar apenas o custo, mas sim, segundo Mattos (2019), é necessário levar em consideração o que foi de fato construído com o dinheiro gasto. Diante dessa ideia de poder avaliar corretamente o desempenho do projeto, existe o conceito de valor agregado (VA), o qual está diretamente ligado ao custo orçado e não se refere ao custo real. Considerando o exemplo dado, o VA é R$ 400.000,00, pois é o valor que corresponde ao que de fato foi construído, ou seja, o valor para a construção dos 2 km. 3.3 Custo real O custo real (CR) refere-se ao custo proveniente da realidade física e não está relacionado com o planejamento previamente estabelecido da obra. No exemplo apresentado anteriormente, o custo real refere-se ao valor da construção dos 2 km, que é de R$ 440.000,00. 3.4 Variação de custo Como os valores dos custos previstos, agregado e real geralmente não são iguais, existem os cálculos para as variações. A primeira que vamos entender é a variação de custo (VC), que é obtida pela diferença entre o valor agregado e custo real, conforme apresentado na fórmula a seguir: 𝑉𝑉𝑃𝑃 = 𝑉𝑉𝑉𝑉 − 𝑃𝑃𝐶𝐶 Dessa forma, a VC apresenta o desvio entre por quanto o trabalho foi orçado e por quanto ele foi realizado (Mattos, 2019). 3.5 Variação de prazo A outra variação que vamos compreender é a variação de prazo (VPr), proveniente da diferença entre o valor agregado e o valor previsto, conforme apresentado na fórmula a seguir. 12 𝑉𝑉𝑃𝑃𝑡𝑡 = 𝑉𝑉𝑉𝑉 − 𝑉𝑉𝑃𝑃 Dessa forma, a VPr apresenta o desvio entre quanto o trabalho foi produzido até o momento e quanto deveria ter sido produzido de acordo com o planejado (Mattos, 2019). 3.6 Interpretações Vc e VPr Com base nos valores obtidos por meio da variação de custos e de prazo, o planejador consegue tirar algumas conclusões, conforme retratado no Quadro 4. Quadro 4 – Interpretações VC e VPr Custo VC Custo VPr Interpretação + + valor abaixo do orçamento e cronograma adiantado + - valor abaixo do orçamento e cronograma atrasado - + valor acima do orçamento e cronograma adiantado - - valor acima do orçamento e cronograma atrasado Fonte: Mattos, 2019. 3.7 Índice de desempenho de custo Com a finalidade de verificar a distância do custo real pelo custo agregado, basta encontrar o índice de desempenho de custo (IDC), que é obtido pelo quociente entre o valor agregado e o custo real, conforme apresentado na fórmula a seguir. 𝐼𝐼𝐼𝐼𝑃𝑃 = 𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑃𝑃𝐶𝐶 É importante saber interpretar o valor deste índice. Para isso, considere: • VA>CR – IDC>1: valor do projeto está abaixo do orçamento, ou seja, está mais barato; • VA=CR – IDC=1: valor do projeto está de acordo com o orçamento; • VAVP – IDP>1: O projeto está adiantado; • VA=VP – IDP=1: o projeto está no prazo; • VAexecutadas. Nesse caso, o valor da EPT é o valor da nova estimativa do trabalho a ser executado. Considerando o exemplo mencionado anteriormente, suponha-se que os 8km restantes para a finalização 16 da obra passou por um novo orçamento e ficou R$ 900.000,00, então a EPT será o próprio R$900.000,00. 3.11 Estimativa no término Agora entendemos a estimativa no término (ENT), que nada mais é que a realização de uma previsão que leva em consideração o custo total do projeto até o momento da sua finalização. A ENT é proveniente da soma do custo real (CR) com a estimativa para o término (EPT). Assim, a fórmula para a obtenção da ENT é dada por: 𝐸𝐸𝑂𝑂𝑂𝑂 = 𝑃𝑃𝐶𝐶 + 𝐸𝐸𝑃𝑃𝑂𝑂 No item 3.10, vimos quatro maneiras para se encontrar o EPT, assim essas formas também entrarão na composição do cálculo da ENT, como pode ser verificado nos itens a seguir: • Baseado no orçamento original: 𝐸𝐸𝑂𝑂𝑂𝑂 = 𝑃𝑃𝐶𝐶 + 𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 − 𝑉𝑉𝑉𝑉 Considerando o exemplo da construção da estrada a ENT é: 𝐸𝐸𝑂𝑂𝑂𝑂 = 440.000 + 2.000.000 − 400.000 𝐸𝐸𝑂𝑂𝑂𝑂 = 𝐶𝐶$2.040.000,00 • Baseado no desempenho de custo: 𝐸𝐸𝑂𝑂𝑂𝑂 = 𝑃𝑃𝐶𝐶 + (𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 − 𝑉𝑉𝑉𝑉)/𝐼𝐼𝐼𝐼𝑃𝑃 Considerando o exemplo da construção da estrada, a ENT é: 𝐸𝐸𝑂𝑂𝑂𝑂 = 440.000 + (2.000.000 − 400.000)/0,909 𝐸𝐸𝑂𝑂𝑂𝑂 = 𝐶𝐶$2.200.176,00 • Baseado no desempenho de custo e prazo: 𝐸𝐸𝑂𝑂𝑂𝑂 = 𝑃𝑃𝐶𝐶 + (𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 − 𝑉𝑉𝑉𝑉)/(𝐼𝐼𝐼𝐼𝑃𝑃 𝑋𝑋 𝐼𝐼𝐼𝐼𝑃𝑃) Considerando o exemplo da construção da estrada, a ENT é: 𝐸𝐸𝑂𝑂𝑂𝑂 = 440.000 + 2.000.000 − 400.000 0,909 𝑋𝑋 0,5 17 𝐸𝐸𝑂𝑂𝑂𝑂 = 𝐶𝐶$ 3960352,00 • Baseado na nova estimativa: ENT = CR + nova estimativa do trabalho a ser executado Considerando o exemplo da construção da estrada a ENT é: 𝐸𝐸𝑂𝑂𝑂𝑂 = 440.000 + 900.000 𝐸𝐸𝑂𝑂𝑂𝑂 = 𝐶𝐶$ 1.340.000,00 3.12 Variação no término De acordo com Mattos (2019), a variação no término (VNT) é obtida com base na diferença entre o orçamento no término (ONT) e a estimativa no término (ENT). Assim, a fórmula da VNT é dada: 𝑉𝑉𝑂𝑂𝑂𝑂 = 𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂𝑂 − 𝐸𝐸𝑂𝑂𝑂𝑂 É importante entender os resultados obtidos das variações no término, pois: • Se ONT > ENT – VNT>0: há uma economia para a execução do projeto; • Se ONT = ENT – VNT=0: dessa forma, o custo projetado é igual ao orçamento total; • Se ONTpor diagrama tempo-caminho ou diagrama espaço-tempo. Nesse processo, as atividades que são repetitivas podem ser representadas por uma reta plotada em um gráfico tempo-progresso. Pela inclinação da reta é possível que o planejador controle os ritmos em que os serviços vão acontecendo e quanto mais íngreme for a reta, maior será a produtividade de um determinado serviço. Para melhor compreender a representação gráfica da linha de balanço, considere o seguinte exemplo: seja a implantação de uma rede de gás de 7 km de comprimento, sendo que o trabalho consistirá em duas etapas em série realizadas em trechos de 1 km: escavação da vala e assentamento da tubulação de gás. Esse ciclo precisará ser realizado sete vezes. Suponha que a escavação de cada trecho demore dois dias e que o assentamento da tubulação de gás ocorra durante 1 dia para cada trecho, tendo um intervalo de um dia entre as atividades. Com base na contextualização do andamento das atividades, é possível elaborar a linha de balanço, conforme apresentado no Quadro 7. 21 Quadro 7 – Linha de balanço TRECHO DIA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 T7 T6 T5 T4 T3 T2 T1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 DIA A leitura que podemos fazer do Quadro 7 é que a inclinação de cada barra representa o progresso almejado de trabalho, enquanto a sua espessura corresponde à duração da atividade. O momento da execução de cada trecho é interpretado da seguinte maneira: o trecho 4 (T4) será escavado entre os dias 4 e 5, a tubulação será assentada no trecho 6 (T6) no dia 9 e assim sucessivamente. Outra vantagem da elaboração da linha de balanço é o acompanhamento do que foi previsto versus o que foi realizado. Assim, funciona da seguinte maneira no gráfico: a abscissa (eixo x) corresponde ao tempo, e a ordenada (eixo y) refere-se ao progresso das atividades, plota-se a linha de balanço do planejamento original como parâmetro e, também, representa no mesmo gráfico o que foi realizado. No gráfico, podem ser visualizadas três situações: a linha do que foi realizado pode coincidir com a linha do previsto, dessa forma as atividades estão ocorrendo no prazo correto; ou a linha do que foi realizado pode estar acima do previsto, o que quer dizer que a atividade está adiantada; ou então a linha do que foi realizado pode se encontrar abaixo da linha do previsto, representando que a atividade está atrasada. FINALIZANDO A programação de serviços abordada nesta aula caracterizou-se como sendo a aplicação de um filtro no cronograma geral com a finalidade de apresentar as atividades de determinada janela de tempo. 22 A respeito do tema aceleração, pode-se constatar que está diretamente relacionado com as grandezas custo e tempo. Neste tema, abordou-se que, levando-se em conta a interpretação dos custos diretos e indiretos e dos seus comportamentos em relação ao tempo, o gerente consegue verificar o ponto ótimo, ou seja, o período para o qual o custo do projeto é mínimo. Também foi estudado nesta aula que a análise do valor agregado é importante, pois fornece resultados precisos ao integrar os dados de tempo e custo, possibilitando ao gerente ter uma noção da situação do projeto e realizar análise de variância e tendência. Aprendemos sobre o método da corrente crítica, que leva em consideração no seu desenvolvimento a sequência das atividades e a disponibilidade de recursos. A finalização desta aula se deu com a linha de balanço, também conhecida por diagrama tempo-caminho ou diagrama espaço-tempo, em que aprendemos que pode ser utilizada quando existe um ciclo de atividades repetitivas. Esse método proporciona ao planejador o acompanhamento do progresso das atividades e, também, ele consegue comparar o que foi previsto com o que foi executado. 23 REFERÊNCIAS ICHIHARA, J. A. Base filosófica da linha de balanço. São Paulo: ENEGEP 1997. MADERS, B. Técnica de programação e controle da construção repetitiva – Linha de Balanço – Estudo de caso de um conjunto habitacional. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio do Sul. Porto Alegre, 1987. MATTOS, A. D. Planejamento e controle de obras. São Paulo: Oficina de Textos, 2019. SILVA, M. S. T. C. Planejamento e controle de obras. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Escola Politécnica Engenharia Civil, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011. VARGAS, R. V. Análise de valor agregado em projetos. Rio de Janeiro: Brasport, 2002. Conversa inicial 1.1 Níveis hierárquicos 1.1.1 Nível estratégico 1.1.2 Nível tático 1.1.3 Nível operacional 1.4 Algumas informações importantes para o planejador quanto aos valores do PPC 3.1 Valor previsto 3.2 Valor agregado 3.3 Custo real 3.4 Variação de custo 3.5 Variação de prazo 3.6 Interpretações Vc e VPr 3.7 Índice de desempenho de custo 3.8 Índice de desempenho de prazo 3.9 Orçamento no término 3.10 Estimativa para o término 3.11 Estimativa no término 3.12 Variação no término FINALIZANDO