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Princípios da termodinâmica 2ª Lei Uma mudança espontânea é uma mudança que tende a ocorrer sem a necessidade de uma influência externa. Por exemplo, o resfriamento de um bloco de metal quente. Essa mudança não precisa ser necessariamente rápida. Por exemplo, o hidrogênio e o oxigênio tem a tendência de formar água. Podemos dizer então que um processo espontâneo tem a tendência natural de ocorrer, o que não acontece necessariamente com uma velocidade significativa. As mudanças podem ser induzidas em uma direção não-natural. Por exemplo, forçar um gás a ocupar um volume menor, empurrando um pistão. Para produzir uma mudança não-espontânea, temos sempre que forçar o acontecimento, influenciando de fora do sistema (trabalho contra o sistema). 1 – Mudança espontânea A entropia mede a desordem de um sistema. Entropia baixa significa pouca desordem e entropia alta, muita desordem. A entropia de um sistema isolado aumenta no decorrer de qualquer mudança espontânea. Podemos observar isso claramente quando analisamos a expansão de um gás, onde a entropia aumenta devido quando as moléculas se espalham pelo recipiente. Esse tendência observada é chamada de segunda lei da termodinâmica, a direção natural do universo é ir da ordem para a desordem, da menor para a maior entropia. Podemos definir a entropia, para predizer com precisão a desordem, se a temperatura for constante: ΔS = qrev/T 2 – Entropia e desordem onde q é a energia transferida por calor e T é a temperatura (absoluta) na qual ocorre a transferência. A unidade de entropia (s) é J/K ou J.K-1. A entropia é uma função de estado, e assim, depende apenas do estado atual e independe de como esse estado foi atingido. Podemos esperar que a desordem de um sistema aumente quando o sistema é aquecido porque o fornecimento de energia aumenta o movimento térmico das moléculas. Podemos também esperar que a entropia cresça quando uma determinada quantidade de matéria se expande até um volume maior. No caso de uma transferência infinitesimal de calor: Sabendo que: 3 – Variações de entropia onde C é a capacidade calorífica do sistema (Cv ou Cp). Combinando as equações: Supondo um aumento de temperatura de T1 a T2: Resolvendo a integral obtemos: Quando T2/T1 > 1, o logaritmo da razão é positivo e ΔS também, correspondendo a um aumento de entropia. No caso de uma expansão isotérmica reversível, sabemos que ΔU = 0. Assim, q = -w e assim: Substituindo na definição de entropia: Quando o volume final é maior que o inicial, a variação de entropia é positiva e corresponde a um aumento de entropia. Pode-se esperar que a entropia aumente quando um sólido se funde e suas moléculas se tornam mais desordenadas. Da mesma maneira, quando ocorre vaporização. Desenvolveremos expressões para a variação de entropia na temperatura de transição em uma pressão determinada. A entropia de vaporização (ΔSvap) é a variação de entropia por mol quando uma substância se transforma de líquido para vapor é: onde Tb é a temperatura de ebulição para a pressão especificada. 4 – Variações de entropia que acompanham as mudanças de estado físico Um aumento menor de entropia ocorre quando os sólidos se fundem, e aplicando o mesmo conceito já visto: onde Tf é a temperatura de fusão para a pressão especificada. Para encontra a entropia de transição em uma temperatura diferente, o processo deve ser realizado em etapas, etapas essas que vão depender da pessoa que está tratando os dados. As entropias padrão molares aumentam quando a complexidade de uma substância aumenta. As entropias padrão molares dos gases são maiores do que as do sólidos e líquidos comparáveis na mesma temperatura. 5 – Entropias padrão molares A entropia pode ser utilizada para predizer a direção natural de uma reação. Mas devemos lembrar que a medida que a entropia do sistema se altera, a entropia da vizinhança também deve se alterar. Para calcular a variação de entropia que acompanha uma reação, temos que saber as entropias molares de todas as substância que dela participem. Assim, a entropia padrão de reação (ΔSrº) é a diferença entre as entropias padrão molares dos produto e dos reagentes, levando em conta os coeficientes estequiométricos: ΔSrº = ƩnSmº(produtos) - ƩnSmº(reagentes) O valor de ΔSrº é positivo se houver produção de gás na reação e negativa se houver consumo do gás. 6 – Entropia padrão de reação O sistema em si e sua vizinhança constituem um “sistema isolado”. Já vimos como calcular a entropia do sistema, agora examinaremos a entropia da vizinhança: ΔStotal = ΔSsis + ΔSviz Somente quando a variação de entropia total é positiva, podemos dizer que o processo é espontâneo. É importante entender que um processo em que ΔS decresce pode ser espontâneo, desde que a entropia da vizinhança faça ΔStotal crescer. Podemos utilizar equações já definidas, se imaginarmos que a vizinhança é tão grande que sua temperatura e pressão permanecem constantes, e assim: 7 – Vizinhança Podemos observar que para uma dada variação de entalpia do sistema, a entropia da vizinhança aumenta mais se a temperatura é baixa do que se for alta. Já observamos que podemos usar a entropia na avaliação da direção da mudança espontânea, e que devemos considerar as variações de entropia do sistema e da vizinhança. Assim, se a variação total de entropia é positiva, o processo é espontâneo. Se a variação total de entropia é negativa, o processo inverso é espontâneo. Vimos também que ΔS ≥ q/T para um processo reversível, e para um sistema completamente isolado (q = 0) ΔS ≥ 0. Assim, a entropia não pode diminuir em um sistema isolado. 8 – Variação de entropia total Um sistema em equilíbrio não tende a mudar em direção alguma, permanecendo no estado que se encontra até ser perturbado. Equilíbrio térmico: Sem variação na temperatura; Equilíbrio mecânico: Sem variação de pressão; Equilíbrio químico: Sem formação de produtos; O critério geral para o equilíbrio em termodinâmica é ΔStotal = 0. 9 – Equilíbrio Já vimos que a variação total de entropia é a soma das variações no sistema e sua vizinhança. Em processos em temperatura e pressão constantes, a variação de entropia pode ser escrita como: ΔStotal = ΔS – ΔH/T Podemos definir uma nova variável, a energia livre de Gibbs (G): G = H – T.S Podemos ainda levar em conta variações dessas mesma equação, por exemplo: ΔG = ΔH –T.ΔS (Tconst) ΔG = –T.ΔStotal (T e Pconst) 10 – Um olhar sobre o sistema O sinal negativo significa que um aumento na entropia total corresponde a uma diminuição de energia livre. Assim, em um processo onde a temperatura e a pressão são constante, a direção espontânea é a direção da diminuição da energia livre. A energia livre é um conceito importante, pois se a pressão e a temperatura permanecerem constantes, podemos predizer se um processo é espontâneo somente em termo das propriedades termodinâmicas do sistema. Em um processo em temperatura e pressão constante, a condição de equilíbrio é atingida quando: ΔG = 0 Já vimos que a diminuição da energia livre serve como um indicador de mudança espontânea e ΔG = 0 como critério de equilíbrio aplicam-se a qualquer tipo de processo, desde que ele ocorra em pressão e temperatura constantes. A energia de Gibbs de reação (ΔGr) é a função usada como critério de espontaneidade para uma reação química, sendo definida por: ΔGr = ƩnGm(produtos) - ƩnGm(reagentes) onde n é o coeficiente estequiométrico da equação química. Se ΔGr 0 em uma determinada composição, então a reação inversa é espontânea. 11 – Energia livre de reação Em termo de energia de Gibbs padrão de reação (ΔGrº): ΔGrº= ƩnGmº(produtos) - ƩnGmº(reagentes) As duas equações vistas não são muito úteis na prática, uma vez que os valores absolutos de energia livre não são conhecidos. Mas, podemos utilizar a energialivre padrão de formação (ΔGfº) como uma ferramenta no calculo da ΔGrº. As energias livres padrão de formação podem ser determinadas de muitas maneiras. A mais simples e direta é combinar os dados de entalpia e entropia de tabelas, como as tabelas 6.5 e 7.3. A tabela 7.7 apresenta alguns valores de substâncias comuns e uma lista mais ampla pode ser encontrada no Apêndice 2A. Os dados do Apêndice 2A são para 298,15K. As condições padrão para tabulação dos valores de ΔGfº são pressões de 1 bar para gases e concentração de 1 mol/L para solutos. Se ΔGfº 0, o composto tende espontaneamente a se transformar nos elementos puros. Ou seja, dizemos que os elementos são “mais estáveis” do que o composto puro. Um composto termodinamicamente estável é um composto cuja energia livre padrão de formação é negativa. Um composto termodinamicamente instável é um composto cuja energia livre padrão de formação é positiva. Vimos que os valores de ΔHrº e ΔSrº não variam muito com a temperatura. Entretanto, ΔGrº depende, uma vez que ΔGrº = ΔHrº –T.ΔSrº e pode mudar de sinal quando a temperatura se altera. No caso de uma reação exotérmica (ΔHrº