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🧪 Avaliação 1 Conteúdos abordados: Glicólise e fermentação, Gliconeogênese e via das pentoses, Metabolismo do glicogênio e regulação. Glicose A glicose é um monossacarídeo, um carboidrato que pode ser utilizado independe da presença de oxigênio. As hemácias, o tecido do cérebro e os testículos dependem principalmente da glicose como fonte energética. A glicose adentra as células por transporte passivo (difusão facilitada), utilizando uma proteína específica, as GLUTs. Essas proteínas tem afinidades diferentes Km dadas em mM, quanto menor, maior a afinidade). PROTEÍNA TECIDO Km COMENTARIO GLUT1 Ubíqua 3mM Captação basal, presente em todos os tecidos GLUT2 Fígado 17mM Capta o excesso para estoque no fígado GLUT3 Cérebro, Esperma 1mM Alta afinidade, praticamente única fonte de energia Avaliação 1 1 GLUT4 M. esquelético e Cardíaco 5mM Transporta Glu de forma mais eficiente quando a insulina está ativa Glicólise Aeróbica A glicólise é a quebra de uma molécula de GLICOSE através de uma série de reações químicas que tem como produto final piruvato e um saldo de 2ATP e 2NADH. Essa reação ocorre no citoplasma. A disponibilidade de oxigênio na reação determina o destino catabólico do piruvato. Na presença de O2, o piruvato adentra a mitocôndria e continua a respiração celular, gerando Acetil-CoA, o qual é oxidadado CAC, produzindo ATP e elétrons. Na falta de O2, o piruvato permanece no citosol e apresenta duas formas de fermentação, a láctica e alcóolica (principalmente bactérias e fungos). O piruvato também pode ser usado como esqueleto para alanina e AG. É irreversível e contém 10 reações, divididas em duas fases: investimento, onde ocorre a fosforilação da Glu e sua divisão em em 2 trioses fosforiladas 2ATP recuperação, conversão de gliceraldeído-3-fosfato em piruvato e ATP e NADH 42ATP A fosforilação dos compostos garantem que estes permaneçam dentro da célula, tendo em vista que a membrana não possuí carreadores para este grupo; eles também catalisam as reações. REAÇÕES fase de investimento REAÇÃO 1 Avaliação 1 2 Aqui há gasto de energia pela doação de ATP para a preparação da Glu. A fosforilação ocorre no carbono 6 glicose-6-fosfato catalisado por HK. Essa etapa é irreversível. A HK presente no fígado recebe o nome de glicoquinase, ela tem baixa afinidade por glicose e não faz feedback negativo (em G6P nos hepatócitos. REAÇÃO 2 Aqui ocorre uma reação de isomeria, através da fosfoglicose-isomerase PGI glicose-6-fosfato → frutose-6-fosfato REAÇÃO 3 Segunda fosforilação. Pela fosfofrutoquinase-1 PFK1 o carbono 1 agora também conterá fosforila, sendo possível a clivagem → frutose-1,6- bifosfato. PFK1 está sujeita a regulação alostérica REAÇÃO 4 Essa parte é reversível e catalisada pela aldolase, que gera duas trioses diferentes: gliceraldeído-3-fosfato e DHAP (di-hidroxicetona-fosfato). REAÇÃO 5 DHAP G3P (são isômeros) catalisado pela triose-fosfato-isomerase. Isso gera finalmente dois produtos em uma única via. REAÇÃO 6 Gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase catalisa essa reação, gerando NADH, adição de P 1,3-bifosfoglicerato. REAÇÃO 7 Geração de ATP pela transferência da fosforila do 1,3-bifosfoglicerato para o ADP. A enzima usada aqui é a fosfoglicerato-quinase e a reação pode ocorrer em ambas direções. No final ATP e 3-fosfoglicerato . REAÇÃO 8 Avaliação 1 3 Nesta reação, ocorre o deslocamento reversível do grupo fosforil entre o carbono-3 e o carbono-2 do glicerato, pela fosfoglicerato-mutase e ocorre em duas etapas. 2-fosfoglicerato REAÇÃO 9 Reversível pela enolase remoção de uma molécula de água do 2- fosfoglicerato gerando o fosfoenolpiruvato. Ativando o grupamento Pi para a transferência para o ADP. REAÇÃO 10 Transferência de um grupo fosforil do fosfoenolpiruvato para ADP, catalisada pela piruvato-quinase produzindo ATP e piruvato Assim, no processo glicolítico uma molécula de glicose é convertida a duas moléculas de piruvato. Duas moléculas de ADP e duas de Pi são convertidas a duas moléculas de ATP. Quatro életrons, na forma de íons hidreto, são transferidos de duas moléculas de gliceraldeído-3-fosfato para duas de NAD. REGULAÇÃO A velocidade da via glicolítica é coordenada a partir do consumo de ATP, regeneração de NADH e a regulação alostérica de algumas enzimas. As HKs são inibidas alostericamente pelos seu produto (glicose-6-fosfato), quando o nível de glicose intracelular se eleva acima do nível desejado, essa enzima é temporária e reversivelmente inibida, porém quando a concentração de glicose sanguínea se eleva acima de 5mM, a HK4, presente no fígado aumenta sua atividade. As condições que demandam uma produção de energia maior ou maior consumo de glicose causam aumento na transcrição do gene da hexoquinase IV. No fígado, a HK4 funciona como um "sensor de glicose". Se há muita glicose no sangue (como após uma refeição), a HK4 ajuda a remover esse excesso, promovendo a formação de glicogênio. Avaliação 1 4 Se a demanda energética aumenta (por exemplo, durante o exercício ou jejum), a glicólise e a gliconeogênese são reguladas para manter o equilíbrio energético. Quando a concentração celular de ATP é alta, o mesmo inibe a PFK1 por se ligar a um sítio alostérico na enzima (diferente do sítio ativo), o que reduz sua afinidade pelo substrato frutose-6-fosfato. A PKF1 também é regulada pela frutose-2,6-bifosfato. Quando a F2,6P se liga ao seu sítio alostérico na PKF1, ela aumenta a afinidade dessa enzima pelo seu substrato, F6P e reduz a afinidade pelos inibidores alostéricos supracitados. No fígado o glucagon inibe a glicólise enquanto a insulina tem efeito oposto. Avaliação 1 5 Avaliação 1 6 questões que devem ser respondidas após estudo Digestão e absorção dos carboidratos Ingestão: Na dieta encontram‑se principalmente polissacarídeos (amido, glicogênio), dissacarídeos (sacarose, lactose) e monossacarídeos. A absorção desses carboidratos é feita atraves da sua redução a monossacarídeos. Boca: A amilase salivar inicia a hidrólise do amido, gerando maltose e dextrinas. No estômago: quebra amido/glicogênio pela amilase pancreatica. Borda em escova dos enterócitos: dissacaridases convertem dissacarídeos em monossacarídeos. Absorção no enterócito pelas GLUTs. Função da via glicolítica e localização celular Função: Oxidar glicose a piruvato, gerando ATP e NADH. Fornecer intermediários para vias anabólicas (glicogênio, ácidos graxos, via das pentoses). Localização: Todas as reações ocorrem no cito sol da célula. 3. As duas fases da glicólise Fase de investimento Consome 2 ATP por glicose. Converte glicose → glicose‑6‑fosfato → frutose‑6‑fosfato → frutose‑1,6‑bisfosfato. Clivagem da F1,6BP em duas trioses G3P e DHAP. Fase de recuperação Produz 4 ATP e 2 NADH por glicose. Avaliação 1 7 Oxida G3P 1,3‑bisfosfoglicerato GAPDH 3‑fosfoglicerato PGK 2‑fosfoglicerato → fosfoenolpiruvato → piruvato PK. Rendimento líquido: 2 ATP e 2 NADH. 4. Glicólise em anaerobiose vs. aerobiose Aerobiose: Piruvato → acetil‑CoA (piruvato desidrogenase) → ciclo de Krebs → cadeia respiratória → muito mais ATP. NADH reoxida em NAD⁺ na mitocôndria. Anaerobiose: Piruvato → lactato (lactato desidrogenase) em mamíferos; ou → etanol CO₂ em leveduras. Regenera NAD⁺ para permitir a continuidade da glicólise e produção de ATP mesmo sem O₂. 5. Consumo e geração de energia na glicólise Etapa Enzima Consumo/Geração Glicose G6P Hexoquinase/Glicocinase 1 ATP F6P F1,6BP Fosfofrutoquinase‑1 1 ATP 1,3‑BPG 3‑PG Fosfoglicerato quinase 2 ATP 1 por triose) PEP Piruvato Piruvato quinase 2 ATP 1 por triose) G3P 1,3‑BPG Gliceraldeído‑3‑P DH 2 NADH 1 por triose) 6. Comparação: GLUT2 vs. GLUT4 vs. GLUT3 Característica GLUT2 GLUT4 GLUT3 Localização Fígado (basolateral), rim, pâncreas β, enterócito Músculo esquelético, cardíaco, adipócito (vesículas intracelulares) Neurônios, esperma Afinidade(Km) Baixa 1520 mM Média 5 mM Alta 1 mM Avaliação 1 8 Regulação Induzido por insulina (fígado) e alta glicemia; bidirecional Translocação à membrana em resposta à insulina Constitutivo (sempre ativo) Função Sensor e regulador de glicose sanguínea; transporte bidirecional Captação de glicose pós‑prandial em tecidos insulino‑sensíveis Suprimento constante de glicose ao cérebro 7. Enzimas reguladas da glicólise Hexoquinase/Glicocinase (fígado): Hexoquinase: inibida por G6P (feedback). Glicocinase: induzida por insulina; alta Km, não inibida por G6P (figado). Fosfofrutoquinase‑1 PFK‑1 Ativadores alostéricos: AMP, ADP, frutose‑2,6‑bisfosfato. Inibidores alostéricos: ATP, citrato. Piruvato quinase PK Feed‑forward: ativada por F1,6BP. Covalen te (fígado): fosforilação (inibição) por PKA (glucagon); desfosforilação (ativação) por insulina. 8. Destinos do piruvato Aeróbio: → acetil‑CoA ciclo de Krebs CO₂ H₂O. Anaeróbio (mamíferos): → lactato LDH liberação nos músculos, eritrócitos. Anaeróbio (leveduras): → álcool+ CO₂. Gluconeogênese (fígado/rim): piruvato → oxaloacetato PEP glicose. Transaminação: piruvato ↔ alanina (ciclo alanina‑glicose). Anaplerose: piruvato → oxaloacetato (piruvato carboxilase) para repor intermediários do ciclo de Krebs. Avaliação 1 9 9. Importância da fermentação Regeneração de NAD⁺ em condições anaeróbias, permitindo que a glicólise continue produzindo ATP. Produção rápida de ATP em situações de alto gasto energético (ex.: esforço intenso). Ciclo de Cori: lactato gerado nos músculos é levado ao fígado, reconvertido em glicose e reenviado à circulação. Em microrganismos: fermentação a etanol ou ácidos (láctico, acético) é essencial para geração de energia e aplicações biotecnológicas (pães, bebidas). Resumo: A glicólise é uma via citosólica universal, com fases de investimento e geração de energia, capaz de operar tanto na presença quanto na ausência de oxigênio, fornecendo ATP, NADH e precursores metabólicos. Seu controle fino ocorre em três etapas irreversíveis (hexoquinase/GCK, PFK‑1, PK e o destino final do piruvato depende do estado redox e das necessidades celulares. GLICONEOGÊNESE Todos os organismos vivos dependem de glicose para a produção energética das células. Nos humanos, mais da metade do glicogênio estocado nos músculos e fígado é consumido pelo cérebro. Entre períodos de jejum e atividade vigorosa este estoque acaba, neste sentido, se faz necessário a síntese de glicose a partir de não carboidratos. As reações acontecem da mesma forma em todos os organismos vivos, porém com regulações diferentes. Essa formação sucede de piruvato, quebra de proteínas pra o uso dos aminoácidos AC e estruturas com 3 ou 4 carbonos. Nos animais, os compostos de 3C são principalmente lactato, glicerol (lipídios) e piruvato, além de AC. Ela ocorre principalmente no fígado, além de em pequenas quantidades no córtex renal e parede do intestino delgado. O Ciclo de Cori converte o lactato produzido pela glicólise anaeróbica no M. esquelético que retorna ao fígado formando glicogênio. Avaliação 1 10 GLICONEOGÊNESE x GLICOLISE Aqui, sete das dez reações ocorre na direção oposta, as outras três são irreversíveis e não podem ser usadas na gliconeogênese: Reação 1 conversão de glicose em G6P por HK Reação 3 fosforilação da F6P em F1,6BP por FK1 Reação 10 conversão de fosfoenolpiruvato em piruvato pela piruvato-cinase Na GluNG as três reações são contornadas de mesma, irreversivelmente, sendo catalisadas por proteínas diferentes. Assim, ambos processos em questão são irreversíveis dentro da célula. 1 a conversão de piruvato em PEP; 2 a desfosforilação da F1,6BP; 3 a desfosforilação da G6F. Toda essa conversão requer muita energia, sendo onerosa: 4 ATP, 2 GTP e 2NADH. Nos mamíferos ela ocorre para o uso de glicose para o cérebro, eritrócitos e músculos. A glicólise e a gliconeogênese são mutuamente reguladas para prevenir o gasto operacional com as duas vias ao mesmo tempo. REGULAÇÃO A gliconeogênese e a glicólise compartilham sete enzimas que catalisam as reações livremente reversíveis das vias. Nas outras 3 reações elas são reguladas pela piruvato-carboxilase, ativada por AcetilCoA e FBPase-1, inibida por F2,6BP e AMP. Fatores de transcrição agem no núcleo e regulam a expressão de enzimas das vias. A insulina e o glucagon atuam antagonicamente na ativação desses fatores, ligando e desligando, dessa forma, um grande número de genes. VIA DAS PENTOSES A glicose-6-fostato G6P tem outros destinos catabólicos (liberação de energia) além da formação de piruvato. Sua manutenção é de grande importância para as células que têm alta multiplicação como a medula óssea, pele, mucosa intestinal e até tumores. A Pentoseribose-5-fosfato é utilizada para síntese de RNA e DNA e coenzimas como ATP, NADH e FADH2. Avaliação 1 11 Em outros tecidos, o produto essencial é o doador de elétrons NADPH, necessário para para contrapor os efeitos indesejados dos radicais de oxigênio. Os tecidos em que ocorre a síntese de grande quantidade de AG (fígado, TA, gl. mamárias durante a lactação) ou a síntese muito ativa de colesterol e hormônios esteroides (fígado, glândulas suprarrenais e gônadas) utilizam o NADPH produzido por essa via. Eritrócitos, células da córnea e do cristalino estão constantemente expostos ao oxigênio e, por isso, aos radicais livres que ele gera. Para se proteger, elas mantêm um ambiente fortemente redutor — isto é, alta relação NADPH/NADP⁺ e elevado nível de glutationa reduzida GSH em relação à forma oxidada GSSG o que lhes permite tanto prevenir quanto reparar danos oxidativos em proteínas, lipídios e outras moléculas sensíveis. Fase Consistem em duas oxidações G6P a ribulose-5-fosfato, reduzindo NADP1 a NADPH Fase Compreende as reações não oxidativas, que converte petoses-fosfato a G6P novamente e mantém a reação. Na segunda fase, a transcetolase e a transaldolase catalisam a interconversão de açúcares de três a 7 carbonos, com a conversão reversível de seis pentoses-fosfato a cinco hexoses- fosfato. Avaliação 1 12 METABOLISMO DO GLICOGÊNIO Armazenamento de glicose Excesso de glicose é polimerizado em glicogênio (vertebrados e microrganismos) ou amido (plantas) para evitar alterações osmóticas. Locais principais: Fígado: até 10% do peso; reserva para manter glicemia (esgotamento em 1224 h de jejum). Músculo esquelético 12% do peso; fonte rápida de ATP em atividade aeróbia e anaeróbia (gasto em 1 h). Estrutura: Partícula β: 21 nm, 55 000 resíduos de glicose, 2 000 extremidades não redutoras. Rosetas α: agregados de 2040 partículas β, visíveis ao microscópio em estado pós‑prandial. Grânulos de glicogênio: contêm o polímero e todas as enzimas de síntese, degradação e regulação. Avaliação 1 13 Degradação: Glicogênio‑fosforilase: fosforólise → glicose‑1‑fosfato G1P nas extremidades não redutoras. Enzima desramificadora: transfere cadeias e libera glicose livre nos pontos α16. Fosfoglucomutase G1P glicose‑6‑fosfato G6P. Glicose‑6‑fosfatase (fígado): G6P glicose livre para a circulação. Síntese: Glicogenina inicia com ligação de glicose da UDP‑glicose. Glicogênio‑sintase (α14) alonga cadeias. Enzima ramificadora forma ligações α16. Digestão dietética: enzimas intestinais hidrolisam glicogênio e amido em glicose livre. REGULAÇÃO COORDENADA DE SINTESE E DEGRADAÇÃO Glucagon/Adrenalina Glicogenólise ↑ cAMP PKA ativa fosforilase cinase → fosforila e ativa glicogênio‑fosforilase a PP1 desfosforila e inativa a fosforilase; glicose favorece esse desligamento hepático Insulina Glicogênese Inibe GSK3 mantém glicogênio‑sintase a ativa Ativa PP1 desfosforila e ativa sintase Transloca GLUT4 ↑ captação de glicose Induz hexocinases, PFK‑1, piruvato‑quinase e enzimas de lipogênese Tecido‑específico Fígado: glucagon → glicogenólise +gluconeogênese; inibe glicólise (exporta glicose) Músculo: adrenalina → glicogenólise + glicólise ATP para contração) Avaliação 1 14 Principais destaques: Glicólise: Processo catabólico que converte a glicose em piruvato, gerando energia ATP e NADH. Ocorre no citosol e é ativada pela insulina. Glicogênese: Síntese de glicogênio a partir da glicose (via UDP-glicose). Armazena glicose em forma de polímero, principalmente no fígado e músculos. Estimulada pela insulina. Glicogenólise: Degradação do glicogênio armazenado para liberar glicose-1-fosfato, convertida em glicose-6-fosfato e, no fígado, em glicose livre para manter a glicemia. Estimulada por glucagon e adrenalina. Gliconeogênese: Avaliação 1 15 Síntese de glicose a partir de precursores não-carboidratos (como piruvato, lactato e glicerol). Fundamental no fígado e rins, especialmente durante o jejum ou exercício, para suprir tecidos que dependem exclusivamente de glicose (ex.: cérebro). Avaliação 1 16