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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde Rafael Pauletti Gonçalves Urologia na graduação médica: como é oferecida e quais fatores influenciam na escolha desta especialidade Mestrado Profissional em Educação nas Profissões da Saúde SOROCABA 2019 Rafael Pauletti Goncalves Urologia na graduação médica: como é oferecida e quais fatores influenciam na escolha desta especialidade Mestrado Profissional em Educação nas Profissões da Saúde Trabalho Final apresentado à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE PROFISSIONAL em Educação nas Profissões da Saúde, sob a orientação do Prof. Dr. Luiz Ferraz de Sampaio Neto. SOROCABA 2019 Banca examinadora ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ O que somos na vida é o reflexo do que aprendemos em nossa família, portanto dedico este trabalho à eles, que em nenhum momento duvidaram da minha capacidade mesmo quando por vezes eu duvidei, que nunca me abandonaram mesmo quando sem querer me afastei. Dessa forma eu dedico a você meu pai, Plinio, que é meu exemplo de dedicação ao estudo, a você minha mãe, Josmari, meu exemplo de amor ao próximo e carinho, a você minha irmã, Camila que é meu exemplo de caráter e a você minha esposa Emiliana que é meu exemplo de amor a família. Obrigado! AGRADECIMENTOS Um trabalho nunca é a realização individual, mas sim de um grupo todo. Muitos participaram de alguma forma, mas alguns merecem serem lembrados pelo caráter, pelo estímulo e pelo empenho. Começo agradecendo ao meu eterno mentor o professor Antônio Alberto Ramos Argento, por um dia ter me mostrado e me guiado nas minhas primeiras cirurgias urológicas. Ao Dr. Paulo José de Medeiros, que tão prontamente me recebeu na cidade do Natal, e auxiliou ativamente como professor colaborador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Ao professor Dr. Flavio Lobo Heldwein, por sua colaboração sem igual na Universidade Federal de Santa Catarina. Ao professor Prof. Dr. Ubirajara Barroso de Oliveira Junior, por me mostrar que não existem limites para o aprendizado. E finalmente ao professor e meu ilustre orientador Dr. Luiz Ferraz de Sampaio Neto, que me acompanha desde a graduação e além de me acompanhar durante todo esse processo nunca me deixou desistir, permitindo que eu chegasse até aqui e subisse mais este importante degrau na minha carreira acadêmica. “O jovem estudante tem que ter em mente que ele não está na faculdade, num curso médico, mas num curso de vida, no qual o trabalho de alguns anos é apenas uma preparação.1” William Osler RESUMO Gonçalves, R P. Urologia na graduação médica: como é oferecida e quais fatores influenciam na escolha desta especialidade Introdução: O conhecimento médico aumentou no último século. A forma de ensino também evoluiu, porém nem todas as áreas de conhecimento se adaptaram, entre elas a urologia. Em vista da prevalência das doenças urológicas e que parte dos egressos atuará como médico generalista, é necessário bom conhecimento na área. Objetivos: Detalhar a forma que os conhecimentos da área de urologia foram ofertados na graduação e quais fatores podem ter influenciado na escolha da residência médica em urologia como especialidade médica. Metodologia: Estudo observacional, transversal, descritivo quantitativamente e qualitativamente, com médicos residentes dos programas de residência médica em urologia das faculdades de medicina da PUC-SP, UFSC e UFRN. A forma de contato e fatores que contribuíram para a escolha da especialidade foram obtidos através de questionário e entrevista individual. Resultados: A amostra teve 15 médicos residentes, sendo 40% provenientes de escolas com currículo tradicional e 60% com métodos ativos. Noventa e três porcento relataram contato a partir do 4º ano da graduação e 40% das primeiras atividades ocorreram na forma de atividades práticas. Identificou-se que 33,3% não foram treinados no cateterismo vesical. Na análise qualitativa, 80% relataram a complexidade cirúrgica como motivo de escolha e 60% relataram que a influência do professor motivou a escolha. Discussão: O ensino médico é algo difícil de ser avaliado e mensurado. Estudos publicados demonstram que o estágio durante a graduação na área de urologia se tornou optativo nas escolas americanas, porém muito se debate a respeito do impacto que isto tenha sobre os egressos. Conclusão: Nosso estudo demonstrou que independentemente do método de ensino, a exposição na área da urologia ocorre nos últimos anos da graduação, com ênfase na parte prática. E a complexidade cirúrgica e a influência do professor foram os fatores que influenciaram a escolha da residência médica em urologia como especialidade médica. Palavras-chave: educação médica. urologia. internato e residência. ABSTRACT Gonçalves, R P. Urology in medical graduation: how it is offered and what factors influence the choice of this specialty Introduction: Medical knowledge has increased in the last century. The form of teaching has also evolved, but not all areas of knowledge have adapted, including urology. Given the prevalence of urological diseases and which part of the graduates will act as a general practitioner, good knowledge in the area is required. Objectives: To detail how the knowledge of the field of urology was offered in undergraduate studies and which factors may have influenced the choice of medical residency in urology as a medical specialty. Methodology: This was an observational, cross-sectional, descriptive, quantitative and qualitative study with resident physicians from the urology residency programs of the medical schools of PUC-SP, UFSC and UFRN. The form of contact and factors that contributed to the choice of specialty were obtained through a questionnaire and individual interview. Results: The sample had 15 resident physicians, 40% from schools with traditional curriculum and 60% with active methods. Ninety-three percent reported contact from the 4th year of graduation and 40% of the first activities took place as practical activities. It was found that 33.3% were not trained in bladder catheterization. In the qualitative analysis, 80% reported surgical complexity as a reason for choice and 60% reported that the influence of the teacher motivated the choice. Discussion: Medical education is difficult to evaluate and measure. Published studies show that undergraduate internship in the field of urology has become optional in American schools, but there is much debate about the impact this has on graduates. Conclusion: Our study showed that regardless of the teaching method, exposure in the area of urology occurs in the last years of graduation, with emphasis on the practical part. And the surgical complexity and the influence of the teacher were the factors that influenced the choice of medical residency in urology as a medical specialty. Keywords: medical education. urology. internship and residency. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Ano da graduação em que os médicos residentes tiveram o primeiro contato com a disciplina de urologia. ...................................................................... 17 Tabela 2 - Ano(s) do internato em quetiveram rodízio/estágio de Urologia. .......... 18 Tabela 3 - Atividades práticas básicas realizadas durante a graduação. ................ 18 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS EUA Estados Unidos da América PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo UFSC Universidade Federal de Santa Catarina UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte FCMS Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde CEP Comitê de Ética e Pesquisa RENASES Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde SUS Sistema Único de Saúde PSA UNIVAS UNIMAR UFPB UFRGS HMFC HCSL HEVA UFCG HCPA HRVP HCR HGC HNSC Antígeno Prostático Específico Universidade do Vale do Sapucaí Universidade de Marília Universidade Federal da Paraíba Universidade Federal do Rio Grande do Sul Hospital Municipal Florence de Carvalho Hospital das Clínicas Samuel Libânio Hospital Estadual Vila Alpina Universidade Federal de Campina Grande Hospital de Clínicas de Porto Alegre Hospital Regional do Vale do Paraíba Hospital Carlos Ramos Hospital Geral de Carapicuíba Hospital Nossa Senhora da Conceição SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 1.1 Contextualização ............................................................................................... 12 1.2 O ensino da Urologia na graduação do curso de medicina ......................... 14 2 OBJETIVO ............................................................................................................. 16 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 17 3.1 Tipo de estudo ................................................................................................... 17 3.2 Casuística .......................................................................................................... 17 3.3 Critérios de Insclusão ....................................................................................... 17 3.4 Método ............................................................................................................... 17 3.4 Aspectos éticos ................................................................................................. 18 4 RESULTADOS ...................................................................................................... 19 5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 22 6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 25 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 26 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS ................................. 28 APENDICE B - ENTREVISTAS COM RESIDENTES ............................................... 32 12 1 INTRODUÇÃO 1.1 Contextualização A elaboração e execução de um projeto acadêmico é sempre uma conquista; tendo em vista a vasta demanda de energia física e psíquica, tempo e consequentemente dinheiro; daqueles que por algum motivo desejam realizar este propósito. Posso hoje olhar para trás e vislumbrar toda a trajetória percorrida até este momento em que me encontro. E dele só poderei seguir adiante após analisar e repensar os passos anteriores, bem como corrigir as falhas existentes e as possíveis lacunas que ainda estão vazias. Minha trajetória até este ponto se iniciou há muito tempo, mais precisamente no ano de 2003 quando fui aprovado como aluno de graduação médica na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) de Sorocaba da PUC-SP. Todo o meu curso de graduação médica foi realizado com o currículo da graduação nos moldes tradicionais, porém me considero um felizardo, pois ingressei no curso de medicina na mesma época em que se iniciava o vigoroso processo de reformulação curricular dessa ilustre faculdade. O Curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUCSP passou por diferentes fases com diferentes Projetos Pedagógicos ao longo de sua vetusta história que se iniciou em 1950, fazendo com que a cidade de Sorocaba se tornasse a primeira cidade do interior do país a ter um curso de medicina. Inicialmente o currículo da faculdade buscou contemplar as orientações do relatório Flexner, determinando que o curso de medicina tivesse um currículo mínimo cujas peculiaridades eram a rigidez de conteúdo, divisão em disciplinas e atribuição de carga horária fragmentada. A proposta original era centrada em aulas expositoras para grandes grupos de alunos (o que pode ser constatado pela arquitetura do prédio e dos laboratórios, com salas e anfiteatros que comportavam turmas inteiras com mais de 50 alunos) e fragmentação do ensino entre diferentes áreas e disciplinas. Uma das críticas que se faz a esta maneira de ensinar medicina é que práticas flexnerianas tornam o doente um ser dicotomizado a ser estudado, não visualizando o paciente como um todo. Ademais este currículo tinha caráter hospitalocêntrico e suas atividades práticas se faziam em grandes enfermarias. Tal 13 proposta pedagógica esteve vigente até o início do Século XXI, com poucas alterações significativas ao longo das primeiras cinco décadas de vida da Faculdade. Foi no ano de 2001, com a nomeação de uma comissão de reforma curricular, criada pela Diretoria da Faculdade de Medicina da PUCSP que se começou a pensar de maneira organizada e formal em uma nova forma de ensino médico, mais condizente com as necessidades atuais e mais integrada com as ações de promoção em saúde do Município de Sorocaba, em consonância com as necessidades da comunidade local. Os trabalhos frutificaram e, em 2005 se implantou o novo Projeto Pedagógico institucional; o qual visou formar um médico com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva; capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no processo de saúde–doença em seus diferentes níveis de atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação à saúde, na perspectiva da integralidade da assistência, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano. Sendo assim pude não apenas observar, mais também participar das reuniões dos professores convidados da Holanda, das primeiras experiências de tutorias na disciplina de genética médica, além de conviver com os alunos de graduação mais novos, cujo currículo já estava modificado em relação ao meu. Minha jornada na PUC-SP se perpetuou até os dias atuais, pois tive a oportunidade de ingressar em dois programas de residência médica na mesma escola em que conclui a minha graduação. Realizei minha especialização médica em cirurgia geral e depois na área de urologia. Presumo que a permanência do meu contato com a FCMS-PUC-SP durante os 5 anos em que segui nos estudos para me tornar especialista na área de urologia, foi um dos grandes motivadores a me fazer ingressar no programa de Pós-Graduação em Educação nas Profissões de Saúde. Esse intenso convívio por mais de 11 anos com grandes mestres, professores, colegas e alunos despertou em minha pessoa uma vontade de querer entender mais sobre os métodos de ensino na área da saúde. 14 1.2 O ensino de urologia na graduação do curso de medicina O conhecimento médico aumentou de maneira exponencial no último século, em parte devido ao avanço das tecnologias médicas. Como exemplo disto, temos o aprimoramento do conhecimento genômico, a realização de cirurgias assistidas por robôs e a utilização de inteligência artificial no manejo clínico dos doentes. Associado a esse avanço, o ensino médico também passou por profundastransformações, de tal maneira que os métodos de ensino evoluíram para que esse novo conhecimento e novas tecnologias pudessem ser incorporados ao aprendizado médico. Nos últimos 20 anos o ensino médico no Brasil, vem se modificando, passando de um método tradicional de ensino, no qual o aluno possuía uma posição menos ativa (recebendo passivamente o conhecimento através de aulas expositivas), com matérias compartimentadas e o conhecimento médico dividido em subespecialidades, para um método mais moderno, muitas vezes denominado de métodos ativos de ensino no qual o aluno possui uma posição mais participativa (onde o aprendizado ocorre através de debates em grupos de pesquisa) e as disciplinas possuem maior interseção ao longo do curso.2,3 Esta transição de método de ensino ocorreu não apenas devido ao avanço do conhecimento e das tecnologias médicas do último século, mas também em resposta a uma demanda cada vez maior em se formar médicos generalistas com a visão centrada no paciente e todo o contexto biopsicossocial do mesmo.4 Porém, como ocorre em toda mudança, alguns pontos necessitam ser aprimorados ou modificados, entre eles está o ensino na área de urologia para o médico generalista. Por muitos anos a urologia foi classificada erroneamente como uma subespecialidade unicamente cirúrgica, sem ênfase em sua parte clínica, com o conceito pré-concebido de que se tratava de uma disciplina que se restringia aos cuidados da genitália masculina.5 De maneira que a mesma é ofertada aos alunos da graduação apenas nos últimos anos do curso (dentro do rodízio de cirurgia), como uma forma de mostrar a especialidade aos estudantes, para que estes possam optar em cursá-la após a graduação caso adquiram algum interesse durante este breve período. Posto isto, a disciplina de urologia e o conhecimento a respeito das patologias urológicas têm sido cada vez mais reduzido nos cursos de graduação em todo o 15 mundo. Como bem demonstrado no trabalho de Slaughenhoupt et al, onde o rodízio obrigatório de urologia nas escolas médicas americanas passou de 99% no ano de 1956, para 5% em 2014.6 Deste modo muitos alunos da graduação nos Estados Unidos da América (EUA), podem terminar o curso médico sem a obrigatoriedade de realizarem um estágio em urologia. É importante lembrar que a urologia trata de doenças prevalentes na população, entre elas o câncer de próstata, a disfunção erétil, a incontinência urinária (feminina e masculina), os cálculos renais, os defeitos de genitália ao nascimento e outros mais comuns como infecções urinárias e infecções sexualmente transmissíveis.7,8 Além disso, parte dos alunos de graduação irá atuar como médico generalista, sendo importante que estes possuam um conhecimento adequado das patologias urológicas,9 de maneira a não se limitarem apenas ao diagnóstico clínico, mas muitas vezes para realizarem o tratamento adequado sem a necessidade de encaminhar o paciente para um centro de referência. Procurando avaliar o conhecimento dos egressos, Forsythe et al., evidenciaram que 40% dos alunos nunca haviam realizado cateterismo vesical em homens e quase metade (48%) nunca havia realizado cateterismo vesical em mulheres.10 Malde e Shrotri11, avaliaram os alunos de graduação do Reino Unido, com relação ao aprendizado, onde 90,7% deles referiram que o ensino da urologia não correspondeu às suas necessidades. Tendo em vista que apesar do avanço do conhecimento científico e dos métodos de ensino, existe um notório declínio do aprendizado na área de urologia durante a graduação. Decidimos elaborar este trabalho para detalhar de que forma o ensino na área de urologia foi ofertado durante a graduação e quais os possíveis fatores influenciaram na escolha da residência médica em urologia como especialidade médica a ser cursada. 16 2 OBJETIVO O objetivo do estudo foi detalhar de que forma os conhecimentos da área de urologia foram ofertados durante a graduação desses residentes e quais os possíveis fatores podem ter tido algum tipo de influência na escolha da residência médica em urologia como especialidade a ser cursada. 17 3 METODOLOGIA 3.1 Tipo de estudo - Trata-se de um estudo observacional, transversal, descritivo quantitativo e qualitativo. 3.2 Casuística - Foram participantes os médicos residentes dos Programas de Residência Médica em Urologia das Faculdades de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). 3.2 Critérios de Inclusão - Foram considerados critérios de inclusão a matrícula efetiva nos programas de residência médica nas instituições participantes da pesquisa, anuência em participar, preenchimento do questionário, concordância com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e habilidade de se recordar das atividades de urologia ao longo do curso de graduação, 3.3 Método - A investigação foi realizada através de questionário aplicado aos médicos residentes dos programas de residência médica, enquanto frequentavam os serviços envolvidos (Apêndice A). Nestes questionários foram avaliados aspectos relativos àquilo que tiveram de contato com a disciplina de urologia (tipos de atividades, ano de contato, rodízio no internato e grau de satisfação com a disciplina), ao longo da graduação em medicina assim como os fatores que contribuíram para a escolha da residência médica em urologia como especialidade médica (complexidade cirúrgica, remuneração, qualidade de vida, influência familiar e de professores). Os dados quantitativos foram apresentados de forma descritiva com medidas de tendência central e de dispersão para descrever variáveis contínuas e racionais. Medidas de frequência foram utilizadas para a apresentação das variáveis nominais. Além do questionário, foi realizada uma entrevista individual com um terço dos médicos residentes do grupo de pesquisa, de maneira aleatória, para obtenção dos dados qualitativos dos fatores que contribuíram para a escolha da especialidade. Essas entrevistas foram registradas e, em seguida, foram destacados os pontos comuns aos entrevistados. Os dados qualitativos obtidos foram apreciados através do processo de análise temática, tendo sido adotado o critério semântico para a categorização das respostas. As entrevistas foram realizadas sem a utilização de estratégias 18 especificas em 5 participantes da amostra, com o objetivo de formar uma amostra aleatória. O ponto de partida foi uma pergunta aberta: o que você acha que influenciou a escolha da sua especialidade? A questão acima tinha como objetivo identificar um dos objetos da pesquisa: quais possíveis fatores possam ter influenciado na escolha da residência médica em urologia como especialidade médica a ser cursada. Foram realizadas 3 etapas operacionais na análise temática das respostas: 1 – Pré-análise: leitura e constituição do corpus com formulação das hipóteses e objetivos com base nas respostas obtidas. 2 – Exploração do material com a divisão em duas categorias - as que influenciaram a escolha (complexidade cirúrgica e influência do docente) e as que não influenciaram a escolha (qualidade de vida, remuneração e influência familiar). 3 – Interpretação das respostas e análise da frequência absoluta das expressões em porcentagem. A análise qualitativa final considerou a categoria com a maior frequência absoluta como sendo aquela de maior significado e potencial para influenciar a escolha da especialidade, embora não se possa desconsiderar também a importância e a significação das categorias de menor frequência absoluta na análise deste estudo. 3.4 Aspectos éticos – por se tratar de entrevista sobre recordatório da gradação, consideramos que não existiriam riscos aos sujeitos da pesquisa,contudo, o estudo somente foi iniciado após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FCMS (CEP-FCMS-PUC/SP), sob o número 2.141.737. 19 4 RESULTADOS Os Programas de Residência Médica em Urologia das Universidades estudadas (PUCSP, UFSC e UFRN) somavam 18 médicos-residentes. Deste universo potencial de 18 médicos que receberam o questionário durante as suas atividades, um total de 15 médicos preencheram os critérios de inclusão e tiveram seus dados avaliados na pesquisa. Assim, a amostra final ficou constituída por 15 médicos residentes de urologia, sendo a média de idade do grupo de 29,8 anos e constituída por 93,3% de homens. A respeito do tipo de método de ensino que os médicos residentes receberam na graduação e a origem escolar dos participantes, identificamos que os participantes eram provenientes de 11 escolas médicas diferentes e que 6 (40%) dos participantes vieram de escolas que se utilizam de métodos tradicionais de ensino, enquanto 9 (60%) eram provenientes de escolas que utilizavam métodos ativos. Acerca de como os médicos residentes classificaram o ensino da urologia no período da graduação (excelente, razoável e insuficiente), um total de 6 (40%) participantes responderam que o curso foi excelente, outros 6 (40%) participantes classificaram o curso como razoável e 3 (20%) membros referiram que o curso foi insuficiente. A primeira tabela mostra em qual ano da graduação os médicos residentes tiveram o primeiro contato com os conhecimentos da área de urologia, mostrando que 14 (93,3%) dos participantes tiveram o primeiro contato com a especialidade a partir do quarto ano do curso de graduação. Tabela 1 - Ano da graduação em que os médicos residentes tiveram o primeiro contato com a disciplina de urologia. 1 ano 2 ano 3 ano 4 ano 5 ano 6 ano Médicos residentes 0 0 1 9 4 1 Fonte: Dados coletados através dos questionários 20 Sobre o tipo de atividade que foi o primeiro contato com a área de urologia, observamos que 6 (40%) participantes responderam que atividades práticas, realizadas durante as visitas de enfermaria e/ou durante cirurgias, foram as primeiras atividades realizadas ao iniciarem seus estudos na área da urologia. A Tabela 2 demonstra a distribuição da especialidade durante os anos do internato. Todos os médicos residentes participantes tiveram estágio obrigatório na área de urologia durante a graduação, porém na maior parte das vezes esse rodízio/estágio aconteceu em apenas um dos anos do internato. Apenas 3 médicos residentes (20%) tiveram oportunidade de acompanhar a as atividades na área de urologia nos dois anos do internato, sendo nesses casos como estágio optativo na área. Tabela 2 - Ano(s) do internato em que tiveram rodízio/estágio de Urologia. 5º. ano 6º. Ano Ambos Médicos residentes 4 8 3 Fonte: Dados coletados através dos questionários Com relação aos tipos de atividades práticas realizadas durante o internato, avaliamos a participação em 4 atividades (anamnese, cateterismo vesical, toque retal e participação em cirurgia). Observamos que 5 (33,3%) participantes não realizaram a prática de cateterismo vesical durante o período da graduação médica, como demonstrado na tabela que segue abaixo. Tabela 3 - Atividades práticas básicas realizadas durante a graduação. Anamnese* Cateterismo vesical Toque retal Cirurgia** Médicos residentes 14 10 12 14 * execução de anamnese na especialidade ** participação nas cirurgias da especialidade (como instrumentador ou auxiliar) Fonte: Dados coletados através dos questionários 21 A respeito da análise qualitativa dos fatores que influenciaram na escolha da residência médica em urologia a ser cursada como especialidade médica pelos médicos residentes entrevistados. Foram observados dois tipos de respostas que foram agrupadas na categoria que tiveram influência na escolha da especialidade (complexidade cirúrgica e influência do docente), as quais se repetiram nas entrevistas. Identificamos que 4 (80%) entrevistados referiram que escolheram residência médica em urologia a ser cursada como especialidade médica devido a diversidade de tipos de procedimentos cirúrgicos (complexidade cirúrgica) que poderiam realizar após a especialização. “quantidade de procedimentos” “muitas cirurgias” “melhor habilidade técnica” “tipos de cirurgias” Ponto interessante da análise qualitativa se mostrou com relação a influência de um professor/preceptor da graduação na escolha da especialidade. Fato que foi relatado por 3 (60%) dos entrevistados. E sempre com uma referência especial ou sentimento de gratidão na fala dos entrevistados. “explicava bem” “me incentivou a estudar” “me mostrou o dia a dia” Com relação as respostas que foram agrupadas no grupo que não tiveram relevância ou influencia na escolha da especialidade. Obtivemos discursos discordantes, que não se repetiram na fala dos entrevistados e que na análise final foi desconsiderada uma vez que não se mostrava presente no discurso após a saturação das ideias. Como exemplo mostramos os achados abaixo: “paciente mais saudável” “menor concorrência” “melhor tabela” “melhor do que vascular” “sem urgência” 22 5 DISCUSSÃO O ensino médico é algo laborioso de ser avaliado e mensurado, a arte de aprender a atender, cuidar e tratar de pessoas é algo complexo e difícil de se colocar em palavras ou números. Devido ao fato de não possuirmos um grupo controle para compararmos os dados obtidos, optamos por realizar uma análise simples reportando o cenário atual em que se encontra a oferta dos conhecimentos da área de urologia durante a graduação e quais possíveis fatores podem influenciar na escolha da residência médica em urologia como especialidade medica a ser cursada. Estudos publicados a respeito da situação em que se encontra a oferta de conhecimentos da área de urologia no período da graduação, em todo o mundo, avaliando o tempo disponível, a forma em que é realizada e os métodos utilizados, mostra uma situação de redução do tempo e da qualidade da exposição que pode no futuro vir a comprometer o conhecimento dos médicos egressos.6,7,10 E apesar de já ter sido bem demonstrado que o rodizio na área de urologia se tornou opcional em escolas americanas, muito se debate a respeito do impacto que esta modificação possa ocasionar ao conhecimento dos médicos egressos dessas escolas bem como o futuro do espaço e do tempo destinado aos temas de urologia nos currículos que se utilizam de novos métodos de ensino.12,13 Este aspecto é de extrema relevância para o debate atual em nosso país, tendo em vista que as diretrizes curriculares nacionais determinam que os conteúdos curriculares essenciais durante a graduação devem contemplar diagnóstico, prognóstico e conduta terapêutica nas doenças que acometem o ser humano em todas as fases da vida.14 Na publicação da Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde (RENASES) pelo Ministério da Saúde, são estabelecidas todas as ações e serviços que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece para dar integralidade e assistência à saúde. Este documento determina que na atenção primária a equipe de saúde deve ser capaz de realizar pequenos procedimentos, tais como biópsias, drenagem de abcessos entre outros.15 Um ponto interessante deste aspecto se refere ao cateterismo uretral, referido como parte das ações na atenção primária pelo 23 RENASES e que em nosso trabalho identificamos que 33,3% dos entrevistados não tiveram treinamento durante o curso da graduação. Um ponto que causa viés na interpretação dos trabalhos que visam analisar o ensino da urologia durante a graduação é a tendência que o profissional responsável pelo ensino da área de urologiatem em supervalorizar o ensino de sua especialidade que faz com que alguns preceptores e professores da graduação tentem transformar os alunos em especialistas no período do rodízio, discutindo pequenos detalhes e deixando de abordar temas mais amplos e necessários para estes alunos. Neste aspecto Kerfoot e Turek16, publicaram que é necessário que as partes interessadas (sociedades de especialidades, diretores de escolas e órgãos públicos) se reúnam para estabelecerem quais são os principais tópicos da especialidade que deverão fazer parte do currículo. Em ordem de frequência foram apresentados os temas de cálculos renais, hematúria, infecção urinária, hiperplasia prostática benigna, incontinência urinária, câncer de próstata, rastreio de antígeno prostático específico (PSA) e torção testicular, como sendo os 8 principais temas presentes neste tipo de currículo. Um ponto observado em nosso trabalho se refere à distribuição da oferta de conhecimentos na área de urologia dentro da grade curricular pois independentemente do método de ensino (tradicional ou métodos ativos) esta oferta continua ocorrendo apenas nos últimos anos da graduação, durante o período historicamente denominado de internato. Além disso, 40% dos entrevistados relataram que a primeira forma de contato com a disciplina de urologia ocorreu na forma de atividade prática (visita à enfermaria ou participação em cirurgia) de maneira a enfatizar o desenvolvimento de habilidades técnicas. Visando identificar o melhor ambiente para o aprendizado dos alunos, Kerfoot e DeWolf17, bem como Teichmann et al.18, identificaram que os alunos da graduação preferem o ambulatório à sala de cirurgia, pois permite um maior contato com os pacientes, bem como uma diversidade maior de doenças que podem entrar em contato. Outro motivo de debate a respeito do ensino dos temas de urologia durante a graduação se dá no campo da escolha dessa especialidade médica pelos egressos, 24 uma vez que a ausência de um currículo bem definido, de ambiente adequado e a de bons professores pode vir a afetar o número de alunos que irão optar por cursar esta especialidade médica no futuro. Como bem demonstrado na publicação de Jones et al. 19, onde os participantes relataram que o programa de urologia das escolas do Reino Unido, não inspiravam os alunos a almejarem a urologia como a especialidade a ser cursada após a graduação, sendo que apenas 7% dos entrevistados relatou querer. Nessa mesma linha de pensamento Kim et al.20, identificaram em análise multivariada que a exposição prévia adequada à urologia na graduação e a presença de professores e preceptores que serviam como modelos de inspiração foram motivos para que estes alunos escolhessem a urologia como especialidade. Kutilov et al.21, na tentativa de determinar porque algumas escolas encaminham mais alunos para o programa de pós-graduação na área de urologia, identificaram que a figura do professor possuía um caráter central nessa escolha e que o carisma desse professor era mais importante do que a reputação nacional que este possuía dentro da sua especialidade, neste tipo de influência. Reconhecemos em nosso trabalho a existência do viés de uma pequena amostra, reduzindo o poder estático de nossas análises. Dessa forma ao avaliarmos os fatores que motivaram os alunos a escolher cursar a residência médica em urologia como especialidade médica após a graduação, optamos por realizar uma análise qualitativa, visando compreender melhor a motivação deste aluno. Portanto identificamos dois principais motivos que influenciaram na escolha dos aluno: o primeiro foi a complexidade cirúrgica da especialidade (possibilidade de realizar diferentes tipos de cirurgias) fato este que esteve presente no discurso de 80% dos entrevistados, sendo esta resposta um possível reflexo do perfil de liderança e um desejo maior de reconhecimento de seus pares, uma vez que se dedicam a casos complexos e possuem um alto grau de responsabilidade. O segundo motivo identificado foi a presença de um professor que representou um instrumento de incentivo e admiração, fonte de exemplo e inspiração para a decisão de optar por cursar esta especialidade médica. 25 6 CONCLUSÃO Nosso estudo demonstrou que independentemente do método de ensino utilizado na graduação médica, a oferta de conhecimentos na área da urologia é apresentada aos alunos apenas nos últimos anos da graduação e com ênfase em sua parte prática, fato este que não se encontra adequado para o novo método de ensino vigente em grande parte de escolas em nosso país. Também foi possível observar que os principais fatores que influenciaram a escolha da especialidade médica na área da urologia foi a presença do fator descrito como a complexidade cirúrgica desta especialidade médica, presente no discurso dos médicos residentes. Seguido da influência do professor/preceptor que estes médicos receberam na área da urologia durante o curso de graduação médica. 26 REFERÊNCIAS 1. Lopes AD, Lichtenstein A. William Osler. Rev Med (São Paulo). 2007; 86(3):185- 8. 2. Gomes AP, Rego S. Transformação da educação médica: é possível formar um novo médico a partir de mudanças no método de ensino-aprendizagem? Rev Bras Educ Méd. 2011;35(4):557–66. http://dx.doi.org/10.1590/S010055022011000400016 3. Deus J, Nonato D, Alves R, Silva M, Amaral A. Aula Centrada no aluno versus aula centrada no professor: desafios para mudança. Rev Bras Educ Méd. 2014;38(4):419–26. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-55022014000400002 4. Lampert JB. Educação médica no século XXI: mudanças no perfil do egresso. Rev Bras Educ Méd. 2014;38(3):291–2. http://dx.doi.org/10.1590/S010055022014000300001 5. Navarrete RV, Duc AL, Ackermann R, Boccon-Gibod L, Debruyne F, Ekman P, et al. Medical students’ exposure to urology in European medical schools: historical review and current proposals. Eur Urol. 2010;58:528-31. https://doi.org/10.1016/j.eururo.2008.06.075 6. 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Ann R Coll Surg Engl. 2014;96(suppl):240–3. https://doi.org/10.1308/rcsbull.2014.96.7.240 27 11. Malde S, Shrotri N. Undergraduate urology in the UK: does it prepare doctors adequately? Br J Med Surg Urol. 2012;5(1):20–7. https://doi.org/10.1016/j.bjmsu.2011.09.001 12. Loughlin KR. The current status of medical student urological education in the United States. J Urol. 2008;179(3):1087–90; discussion 1090-1. https://doi.org/10.1016/j.juro.2007.10.068 13. Kerfoot BP, Masser BA, Dewolf WC. The continued decline of formal urological education of medical students in the United States: does it matter? J Urol. 2006; 175(6):2243–8. https://doi.org/10.1016/S0022-5347(06)00314-4 14. Brasil. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação emMedicina 2014[Internet]. [acesso em 10 jun. 2019]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=1 5514-pces116-14&category_slug=abril-2014-pdf&Itemid=30192. 15. Brasil. Ministério da Saúde. RENASES Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde [Internet]. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2012 [acesso em 10 jun. 2019]. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Renases2012.pdf. 16. Kerfoot BP, Turek PJ. What every graduating medical student should know about urology: the stakeholder viewpoint. Urology. 2008;71(4):549-53. https://doi.org/10.1016/j.urology.2007.12.010 17. Kerfoot BP, Wolf WCDE. Does the outpatient setting provide the best environment for medical student learning of urology? J Urol. 2002;167(4):1797–9. https://doi.org/10.1097/00005392-200204000-00059 18. Teichman JM, Monga M, Littlefield JH. Third year medical student attitudes toward learning urology. J Urol. 2001; 165(2):538–41. https://doi.org/10.1097/00005392-200102000-00055 19. Jones P, Rai BP, Qazi HAR, Somani BK, Nabi G. Perception, career choice and self-efficacy of UK medical students and junior doctors in urology. Can Urol Assoc J. 2015;9(9–10):573. http://dx.doi.org/10.5489/cuaj.2919 20. Kim S, Farrokhyar F, Braga LH. Survey on the perception of urology as a specialty by medical students. Can Urol Assoc J. 2016;10(9-10):349–54. http:/dx.doi.org/10.5489/cuaj.3621 21. Kutikov A, Bonslaver J, Casey JT, Degrado J, Dusseault BN, Fox JA, et al. The gatekeeper disparity: why do some medical schools send more medical students into urology? J Urol. 2011;185(2):647–52. https://doi.org/10.1016/j.juro.2010.09.113. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15514-pces116-14&category_slug=abril-2014-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15514-pces116-14&category_slug=abril-2014-pdf&Itemid=30192 28 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS MEDICOS RESIDENTES 1. RM: PUCSP___ UFRN___ UFSC ___ 2. Ano de residência: r1 r2 r3 3. Gênero: masc.____ fem.____ 4. Idade: ________anos 5. Faculdade em que me formei: _____________________ 6. Ano em que me formei: __________________________ 7. Onde fiz a residência médica de cirurgia geral? _____________________ 8. Em minha faculdade, qual foi o ano em que comecei a ter contato com algum tema de urologia? __1º __2º __3º __4º __5º __6º Não me lembro___ 9. Em minha faculdade, em quais anos tive atividades com a disciplina de urologia? __1º __2º __3º __4º __5º __6º Não me lembro___ 10. Descreva aquilo que você se recorda como a primeira atividade relativa a algum conhecimento de urologia. ______________________________________________________________ Não me lembro___ 11. Você sabe o que são métodos ativos de ensino? Não___ Sim___. 12. Sua faculdade usou estes métodos no seu curso de graduação? Não___ Sim___ não me lembro___ 29 13. A urologia estava envolvida nestas atividades? Não___ Sim____ não me lembro___ Como se fazia isso? __________________________________ Não me lembro___ 14. Como você avalia o seu curso de urologia na graduação? Excelente ____ Muito bom ____ Bom ____ Médio ____ Razoável ____ Ruim ____ Péssimo ____ Não me lembro ____ 15. Você teve urologia no internato? Não___ sim___ não me lembro___ 16. Em qual ano do internato? 5º ano___ 6º ano___ ambos___ 17. Você atendeu (fez anamnese e exame físico) pacientes quando passou no estágio da urologia? Não___ Sim___ Não me lembro___ 30 18. Você fez algum cateterismo vesical durante o estágio de urologia na graduação? Não___ Sim___ Não me lembro___ 19. Você fez algum toque retal para avaliar a próstata durante o estágio de urologia na graduação? Não___ Sim___ Não me lembro___ 20. Você participou de alguma cirurgia na urologia? Não____ Sim____, Como? Instrumentador. ____ 1º auxiliar____ 2º auxiliar____ 21. Que nota você daria a sua formação como médico geral (ao final de sua graduação) na especialidade urologia? 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 22. Assinale quais fatores fizeram você escolher a residência médica em urologia. (Pode assinalar mais de um desses itens) A. gosto da especialidade B. tenho parentes que são urologistas C. e uma especialidade cirúrgica D. permite uma remuneração maior do que outras especialidades E. fiquei muito bem impressionado com o estágio de urologia em meu curso de graduação 31 F. tem atividades/exames subsidiários que permitem outras formas de contato com o paciente (L.E.C.O., transplantes, estudo urodinâmico, etc.) G. outra razão (escreva qual);________________________________ 23. Coloque em ordem decrescente de importância os itens da pergunta 22 (do mais importante para a menos importante): 1_____ (mais importante) 2_____ 3_____ 4_____ 5_____ 6_____ 7_____ (menos importante) 24. Fique à vontade para fazer outros comentários e o desejar: 32 APENDICE B. ENTREVISTAS COM OS RESIDENTES 1 2 L o c a l A n o R M G ê n e ro Id a d e F a c u ld a d e A n o G ra d u a ç ã o R M C ir . A n o C o n ta t o A n o d e a ti v id a d e P ri m e ir a A ti v id a d e S a b e o q u e s ã o M é to d o s A ti v o s P U C S P 3 M A S C 3 2 P U C S P 2 0 1 0 P U C S P 6 6 A u la N ã o P U C S P 1 M A S C 2 7 IT A J U B A 2 0 1 2 H M F C 5 5 A m b u la tó ri o N ã o P U C S P 2 M A S C 2 9 U N IV A S 2 0 1 1 H C S L 4 4 C ir u rg ia S im U F R N 3 M A S C 3 4 U F R N 2 0 0 8 H E V A 1 4 A m b u la tó ri o N ã o P U C S P 3 M A S C 3 2 U N IM A R 2 0 0 9 P U C S P 5 5 A u la N ã o U F R N 1 M A S C 2 9 U F P B 2 0 1 0 U F C G 4 4 A m b u la tó ri o N ã o P U C S P 1 M A S C 2 6 T A U B A T E 2 0 1 3 H R V P 5 5 A m b u la tó ri o S im U F R N 3 M A S C 3 4 U F R N 2 0 1 0 U F R N 4 4 E n fe rm a ri a N ã o U F S C 3 M A S C 2 9 U F R G S 2 0 1 1 H N S C 4 4 A m b u la tó ri o N ã o U F S C 2 M A S C 2 9 U F S C 2 0 1 3 U F S C 4 4 A u la N ã o U F S C 3 M A S C 3 1 U F S C 2 0 1 0 U F S C 4 4 A u la N ã o U F S C 1 M A S C 3 3 U F F S 2 0 1 0 H C P A 1 3 E n fe rm a ri a N ã o U F S C 1 F E M 2 9 U F S C 2 0 1 3 H G C 4 4 A m b u la tó ri o S im U F S C 2 M A S C 2 8 IT A J A I 2 0 1 2 H C R 3 4 E n fe rm a ri a N ã o U F R N 2 M A S C 2 6 T A U B A T E 2 0 1 3 H M F C 5 5 A m b u la tó ri o N ã o 1 3 T e v e M é to d o s A ti v o s n o c u rs o U ro lo g ia e s te v e p re s e n te C o m o a u ro lo g ia s e fe z p re s e n te C o m o a v a li o u o c u rs o U ro lo g ia n o in te rn a to A n o d o in te rn a to R e a li z o u a n a m n e s e e e x a m e f ís ic o R e a li z o u c a te te ri s m o v e s ic a l -- -- -- -- -- -- R a z o á v e l S im 6 a n o N ã o N ã o N ã o l e m b ro N ã o l e m b ro D is c u s s ã o B o mS im 5 a n o S im N ã o N ã o N ã o A u la M é d io S im 5 a n o S im S im N ã o l e m b ro N ã o l e m b ro A u la B o m S im 6 a n o S im N ã o N ã o l e m b ro N ã o l e m b ro D is c u s s ã o B o m S im A m b o s S im S im N ã o l e m b ro N ã o D is c u s s ã o B o m S im 6 a n o S im S im N ã o N ã o A m b u la tó ri o R a z o á v e l S im A m b o s S im N ã o N ã o l e m b ro N ã o l e m b ro D is c u s s ã o B o m N ã o S im S im N ã o N ã o A m b u la tó ri o E x c e le n te S im 5 a n o S im S im -- -- -- -- A m b u la tó ri o M u it o B o m S im 6 a n o S im S im N ã o l e m b ro N ã o l e m b ro A m b u la tó ri o M u it o B o m S im 6 a n o S im S im N ã o l e m b ro N ã o l e m b ro D is c u s s ã o B o m N ã o -- -- S im S im N ã o l e m b ro N ã o l e m b ro D is c u s s ã o M u it o B o m S im 6 a n o S im S im N ã o N ã o l e m b ro A u la E x c e le n te S im A m b o s S im S im N ã o N ã o A u la R a z o á v e l S im A m b o s S im N ã o 1 4 R e a li z o u t o q u e r e ta l P a rt ic ip o u d e c ir u rg ia C o m o f o i a p a rt ic ip a ç ã o e m c ir u rg ia N o ta q u e d e u n a g ra d u a ç ã o F a to re s q u e in fl u e n c ia ra m O rd e m d e c re s c e n te d o s fa to re s N ã o S im In s tr u m e n ta d o r 2 A , C , C ,A ,F ,D ,E S im S im 2 a u x ili a r 4 A , B , D , F A ,E ,D ,B S im S im 2 a u x ili a r 8 A , C , D , F C ,A ,F ,D ,E ,B S im S im 2 a u x lia r 7 A , C , E , F A ,C ,F ,E S im S im 1 a u x lia r 6 A , C , E , F , G F ,E ,G ,C S im S im In s tr u m e n ta d o r 8 A , C , A ,C ,F ,E S im N ã o -- -- 5 A , C , D , F G ,F ,A ,C ,E ,D S im N ã o -- -- 5 A , C , F , G B ,A ,E S im S im In s tr u m e n ta d o r 9 A , C , E A ,F ,E ,C ,D ,B S im S im -- -- 8 A , A ,C ,A ,E ,F S im S im 2 a u x ili a r 8 A , C , E , F ,G A ,C ,B ,F S im S im 1 a u x lia r 9 A , B , C , F A ,C ,D ,F ,E ,B ,G S im S im 1 a u x ili a r 8 A , C , G F ,E ,C S im S im In s tr u m e n ta d o r 9 A , C , E , F , G C ,D ,F S im N ã o -- -- 5 A , C , D , F , G A ,D ,F