Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE RAQUEL MOREIRA DE BRITTO CARDIOPROTEÇÃO PROMOVIDA PELO MIRTENOL NA LESÃO DE ISQUEMIA-REPERFUSÃO É MEDIADA POR AÇÕES ANTIOXIDANTES E ANTIAPOPTÓTICAS ARACAJU 2018 R A Q U E L M O R E IR A D E B R IT T O L U C A S A N D R A D E D E S Á C A R D IO P R O T E Ç Ã O P R O M O V ID A P E L O M IR T E N O L N A L E S Ã O D E IS Q U E M IA - R E P E R F U S Ã O É M E D IA D A P O R A Ç Õ E S A N T IO X ID A N T E S E A N T IA P O P T Ó T IC A S 2 0 1 8 RAQUEL MOREIRA DE BRITTO CARDIOPROTEÇÃO PROMOVIDA PELO MIRTENOL NA LESÃO DE ISQUEMIA-REPERFUSÃO É MEDIADA POR AÇÕES ANTIOXIDANTES E ANTIAPOPTÓTICAS Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Ciências da Saúde Orientadora: Profa. Dra. Sandra Lauton Santos ARACAJU 2018 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA BISAU UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE B862c Britto, Raquel Moreira de Cardioproteção promovida pelo mirtenol na lesão de isquemia-reperfusão é mediada por ações antioxidantes e antiapoptóticas / Raquel Moreira de Britto ; Orientadora Sandra Lauton Santos. – Aracaju, 2018. 104 f. : il. Tese (doutorado em Ciências da Saúde) – Universidade Federal de Sergipe, 2018. 1. Monoterpenos. 2. Plantas medicinais. 3. Isquemia Miocárdica. 4. Estresse Oxidativo. 5. Apoptose. I. Santos, Sandra Lauton, orient. II. Título. CDU 61 RAQUEL MOREIRA DE BRITTO CARDIOPROTEÇÃO PROMOVIDA PELO MIRTENOL NA LESÃO DE ISQUEMIA-REPERFUSÃO É MEDIADA POR AÇÕES ANTIOXIDANTES E ANTIAPOPTÓTICAS Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Ciências da Saúde Aprovada em ____/____/___ ______________________________________________________________________ Profa. Dra. Sandra Lauton Santos Orientadora ______________________________________________________________________ Profa. Dra. Carolina Rosa Gioda ______________________________________________________________________ Prof. Dr. Luciano dos Santos Aggum Capettini ______________________________________________________________________ Prof. Dr. Ricardo Luiz Cavalcanti de Albuquerque Junior ______________________________________________________________________ Prof. Dr.Vitor Ulisses de Melo À minha mãe Marta Cavalcante, minha tia Marylou Brito por todo amor, dedicação e orações. Às minhas irmãs Ana Paula, Jéssica e Renata Santana pelo companheirismo e orações. Ao presente que DEUS nos deu Matheus, meu sobrinho tão desejado e querido. A G R A D E C I M E N T O S A DEUS, pelo milagre visto e sentido nesse doutorado, por todo amor, cuidado, misericórdia e direcionamento para comigo; À MINHA FAMÍLIA, por estar sempre presente em minha vida, pelo amor, pelas orações, e companheirismo eterno; A THÁSSIO RICARDO RIBEIRO MESQUITA, por todo empenho e dedicação ímpar em me ajudar sanando minhas dúvidas, alicerçando meu conhecimento acerca do tema, guiando-me no amadurecimento científico, culminando na publicação do tão almejado artigo; À Prof a . Dra. CARLA LINS DE VASCONSELOS, responsável por meu ingresso na área da pesquisa desde o mestrado, no doutorado abriu as portas de seu laboratório ajudando e colaborando em tudo o que foi possível, disponibilizando seu tempo, conhecimento e alunos para o desenvolvimento e finalização desse projeto; À JULIO ALVES DA SILVA-NETO, sempre disposto a realizar comigo os experimentos a qualquer hora do dia, por várias horas, abnegando muitas vezes de seu tempo de descanso e lazer para estar durante a semana, finais de semana e até mesmo feriado na bancada, além de discutir resultados e auxiliar nas análises dos dados; À Prof a . Dra. SANDRA LAUTON, pelo apoio e confiança desde o inicio, sendo receptiva para minha orientação, a qual foi de grande valia para o enriquecendo da minha formação; AO LABCEO, todos os alunos Jucy, Peligres, Rodrigo, Lucas, Grace, pela grande ajuda nos experimentos concernentes ao estresse oxidativo. Mardem, Miriam, Maraisa, Iolanda e Jeferson pela ajuda sempre que possível; AO LBC, em especial a Diego pela ajuda nas análises e discussões eletrocardiográficas, Evaldo, Carol, Andreza, Michael pelo companheirismo; AO LMPE, na pessoa do Prof. Dr. Ricardo Luiz Cavalcanti Albuquerque-Júnior, pela disponibilidade em ajudar sempre que solicitado em relação ao estado da arte de sua linha de pesquisa, além de Rose Nely Pereira-Filho e Fanildes Silva Moraes dos Santos duas excelentes profissionais, tendo, como consequência dessa parceria, lindos resultados; Ao Laboratório de Sinalização Intracelular em Cardiomiócito, principalmente a Prof a . Dra. SILVA GUATIMOSIN por ceder seu aluno COUTO GUEDES para realização de experimentos moleculares. A Couto Guedes agradeço pela grande amizade e profissionalismo incrível; À UFS pelos programas de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências da Saúde e Ciências Fisiológicas, pela estrutura conseguida disponibilizada e pelos animais utilizados; À UNIT pela concessão de parte dos animais para realizar este trabalho; AOS ANIMAIS, pela perda da vida em prol do desenvolvimento científico e para a elaboração deste trabalho; À UFS, FAPITEC, CNPq e CAPES pelos financiamentos das pesquisas e que de forma direta e indireta foram cruciais para o desenvolvimento deste trabalho. Entrega teu caminho ao Senhor confia nele e o mais ele fará. (Salmos 37:5) RESUMO Cardioproteção promovida pelo mirtenol na lesão de isquemia-reperfusão é mediada por ações antioxidantes e antiapoptóticas. Raquel Moreira de Britto, 2018. A lesão de isquemia-reperfusão cardíaca representa um grande dano à saúde humana contribuindo para efeitos cardiovasculares adversos. Embora a reperfusão do coração isquêmico seja essencial para reduzir o dano miocárdico em processo de isquemia, a restauração do fluxo sanguíneo pode, paradoxalmente, amplificar o dano celular. Não existem metodologias de intervenção clínica que tratem a origem dos eventos celulares que levam ao dano celular observado. Neste contexto, o mirtenol é um monoterpeno com múltiplas atividades farmacológicas e estudos sugerem que esta molécula possa atuar em eventos que culminam na prevenção da lesão tissular. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar se o mirtenol promove a cardioproteção contra a lesão de isquemia-reperfusão cardíaca (IR) e os mecanismos envolvidos nesses efeitos. Para este estudo, ratos Wistar machos foram pré-tratados por via oral durante sete dias consecutivos com solução salina (NaCl 0,9% 0,20 ml + DMSO 0,05 mL), mirtenol (50 mg / kg) ou N-acetil cisteína (NAC) (1.200 mg / kg). Posteriormente, os corações foram submetidos à lesão de IR cardíaca, por meio do sistema de perfusão aórtica de fluxo constate do tipo Langedorff. Foram obtidos os parâmetros contráteis tais como pressão ventricular esquerda (PVE), derivadas máxima (+dP/dt) e mínima (-dP/dt) da PVE, frequência cardíaca (FC), parâmetros eletrocardiográficos, como FC, intervalo PR e a duração do complexo QRS. Além disso, foi mensurado a atividade da lactato desidrogenase (LDH) determinado o índice de severidade das arritmiascardíacas (ISA) e a área de infarto. O estresse oxidativo foi avaliado com base na determinação de hidroperóxidos totais, grupamento sulfidrilas totais, ainda foram mensuradas as espécies reativas de oxigênio (EROs), as proteínas carboniladas e determinada a atividade das enzimas antioxidantes endógenas: superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa peroxidase (GPx) e glutationa redutase (GR), e a área de infarto. A apoptose celular foi investigada mediante a expressão das proteínas Bax e Bcl-2 e a apoptose in situ foi avaliada pelo método TUNEL. Mostramos que o comprometimento severo do desempenho contrátil induzido pela IR foi prevenido de forma significativa pelo mirtenol e NAC. Além disso, que o mirtenol preveniu a forma de onda eletrocardiográfica discrepante (elevação do segmento ST), bem como, reduziu as arritmias fatais e o tamanho da área do infarto induzido pela lesão de IR. Relevantemente, o mirtenol impediu o aumento de superóxido e danos cardíacos que poderiam ser causados pelo estresse oxidativo. Consequentemente, o mirtenol restaurou a atividade das enzimas antioxidantes endógenas e o equilíbrio das vias pró e antiapoptóticas (Bax e Blc-2), associado à diminuição das células apoptóticas TUNEL- positivas. Em conjunto, nossos dados mostram que o mirtenol promove a cardioproteção contra lesão de IR através da atenuação do estresse oxidativo e inibição da via pró-apoptótica. Descritores: Monoterpenos. Plantas medicinais. Isquemia Miocárdica. Estresse Oxidativo. Apoptose. ABSTRACT Cardioprotection promoted by mirtenol in ischemia-reperfusion injury is mediated by antioxidant and antipopotic actions. Raquel Moreira de Britto, 2018. Cardiovascular diseases are the leading cause of death worldwide, and myocardial infarction (MI) is one of the most devastating. Cardiac ischemia-reperfusion injury represents a major threat to human health, contributing to adverse cardiovascular effects.However, although reperfusion of the ischemic heart is essential to reduce myocardial damage, restoration of blood flow may, paradoxically, amplify cellular damage.The recognition that pathological events occurring both in ischemia and reperfusion contribute to tissue injury leads to accelerated efforts to identify mechanisms of IR injury in the hope of identifying new treatments that may limit injury induced by blood reduction flow and / or damage produced by reperfusion.Myrtenol is a monoterpene with multiple pharmacological activities. However, although monoterpenes have been proposed to play beneficial roles in a variety of cardiac disorders, pharmacological actions of myrtenol in the heart are not yet reported. Hence, the aim of this study was to evaluate whether myrtenol promotes cardioprotection against myocardial ischemia-reperfusion (IR) injury, and the mechanisms involved in these effects. Male Wistar rats were orally treated for seven consecutive days with solution (NaCl 0.9% 0.20 ml + DMSO 0.05 ml), myrtenol (50 mg/kg) or N-acetyl cysteine (1.200 mg/kg, NAC).Subsequently, the hearts were submitted to cardiac IR injury, through the aortic perfusion flow system of the langedorff type, contractile parameters such as left ventricular pressure (PVE), maximum rise/down velocity of left intraventricular pressure (dP/dt), heart rate (HR), electrocardiographic parameters, HR, PR interval and duration of the QRS complex, measured the activity of Lactate Dehydrogenase (LDH), determined the severity of cardiac arrhythmias (ASI). The oxidative stress was evaluated on the basis of the determination of total hydroperoxides, total sulfhydryl (SH) groups, measurements of the reactive oxygen species (ROS) generation, the carbonylated proteins, the activity of the endogenous antioxidant enzymes: superoxide dismutase (SOD), catalase (CAT) , glutathione peroxidase (GPx) and glutathione reductase (GR), and the infarct area. The apoptosis pathway was investigated by the expression of Bax and Bcl-2 proteins and in situ apoptosis was studied from the TUNEL assay. Here, we show that the severe impairment of contractile performance induced by IR was significantly prevented by myrtenol or NAC. Moreover, Myrtenol abolished aberrant electrocardiographic waveform (ST-segment elevation), as well as reduced life-threatening arrhythmias and infarct size induced by IR injury. Importantly, myrtenol fully prevented the massive increase of cardiac reactive oxygen species generation and oxidative stress damage. Accordingly, myrtenol restored the impairment of endogenous antioxidant enzymes (superoxide dismutase, catalase, glutathione peroxidase and reductase) activities and balance of pro- and anti-apoptotic pathways (Bax and Blc-2), associated with decreased TUNEL-positive apoptotic cells. Taken together, our data show that myrtenol promotes cardioprotection against IR injury through attenuation of oxidative stress and inhibition of pro-apoptotic pathway Keywords: Monoterpenes. Plants, Medicinal. Myocardial injury. Oxidative stress. Apoptosis. LISTA DE QUADROS Quadro 1. Reações de Fenton e Haber Weiss................................................................36 Quadro 2. Solução de Krebs-Henseleit.........................................................................52 Quadro 3.Determinação do Índice de Severidade de Arritmia (ISA)............................54 Quadro 4. Constituintes dos Tampões Utilizados na Preparação dos Tecidos Cardíacos para os Ensaios Bioquímicos...........................................................................................55 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Mecanismos celulares da contração muscular................................................24 Figura 2. Eletrocardiograma normal, mostrando as ondas de despolarização (P, QRS) e repolarização (T), e os principais intervalos (PR, QT e RR) e segmentos (ST)..................................................................................................................................25 Figura 3. Registro típico da pressão ventricular esquerda obtido por meio de um balonete de látex (inflado a 150 mmHg) e acoplado a um transdutor de pressão.............................................................................................................................25 Figura 4. Principais componentes envolvidos na lesão de isquemia-reperfusão cardíaca............................................................................................................................31 Figura 5. Esquema do sistema de defesa antioxidante...................................................37 Figura 6. Via intrínseca de ativação da apoptose...........................................................42 Figura 7. Myrtus communis L.........................................................................................45 Figura 8. Estrutura química do (-) mirtenol....................................................................45 Figura 9. Representação esquemática do sistema de perfusão aórtica de fluxo constante do tipo Langendorff.........................................................................................................52 Figura 10. Representação esquemática do protocolo experimental...............................53 Figura 11. Medida de malonaldeido (MDA)..................................................................64 Figura 12. Tratamento com mirtenol previne o comprometimento da contratilidade miocárdica induzida por lesão por IR.............................................................................67 Figura 13. Mirtenol impede a elevação do segmento-ST e atenua a gravidade das arritmias cardíacas induzidas por lesão de IR.................................................................70 Figura 14. Tratamento com mirtenol inibe o dano de estresseoxidativo por diminuir a formação de EROs e biomarcadores de dano celular na lesão cardíaca induzida por IR.....................................................................................................................................72 Figura 15. Mirtenol inibe o dano do estresse oxidativo por restaurar a atividade de enzimas antioxidantes endógenas na lesão cardíaca induzida por IR.....................................................................................................................................73 Figura 16. Mirtenol promove a cardioproteção prevenindo o infarto do miocárdio induzido na lesão de IR...................................................................................................74 Figura 17. Tratamento com mirtenol suprime a apoptose do miocárdio induzida na lesão IR............................................................................................................................76 SIGLAS E ABREVIAÇÕES Akt - Proteína Quinase B ANP- Peptídeo Natriurético Atrial ATP - Adenosina Trifosfato Bcl-2 -B Célula CLL/Linfoma 2 Bcl-xL- B-Célula Linfoma Extra Grande Bax -Bcl-2-associado à proteína X Bak - Bcl-2 relativo bak BVP - Batimentos Ventriculares Prematuros Cyt c - Citocromo c CAS - Serviço Químico de Resumo CAT- Catalase DATASUS - Departamento de Informação do SUS DHE- Dihidroetídio DMSO - Dimetilsulfóxido DNPH - 2,4-Dinitrofenilhidrazina +dP/dt - Derivada Temporal de Pressão Ventricular Máxima -dP/dt - Derivada Temporal de Pressão Ventricular Mínima ECG - Eletrocardiograma ERNs - Espécies Reativas de Nitrogênio EROs - Espécies Reativas de Oxigênio FC- Frequência Cardíaca Fe 3+ - Ferro oxidado Fe 2+ - Ferro reduzido FV- Fibrilação Ventricular GAPDH-Gliceraldeído 3-Fosfato Dehidrogenase GIK- Glicose Insulina e Potássio GLP-1 -Péptido-1 do tipo Glucagon GSH-Px - Glutationa Peroxidase GSH-Rd - Glutationa Redutase GSH - Glutationa Reduzida GMPc - Monofosfato Cíclico de Guanosina GMPc/PKG-GMPc-Dependente da Proteína Quinase G H2O - Água IM - Infarto do Miocárdio IAM - Infarto Agudo do Miocárdio IAMEST-Infarto Agudo do Miocárdio com Elevação do Segmento ST ICPP - Intervenção Coronária Percutânea Primária IR - Isquemia-Reperfusão I.P- Intraperitonial LDH- Lactato Desidrogenase NAC- N-acetilcisteína NADH - Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Reduzida NADPH Oxidase - Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Fosfato Oxidase NCX - Trocador Na + /Ca 2+ O2 - Oxigênio OMV - Obstrução Microvascular OH − - Radical Hidroxila •OH- Ânion hidroxila O2 •- - Ânion Superóxido NO - Óxido Nítrico NOS - Óxido Nítrico Sintase ONOO - - Peroxinitrito H2O2 - Peróxido de Hidrogênio PDE - Inibidores Da Fosfodiesterase PDE5 - Inibidores Da Fosfodiesterase 5 PTPm - Poro de Transição de Permeabilidade Mitocondrial PVE- Pressão Ventricular Esquerda PAGE- Gel dePoliacrilamida para Electroforese PKG - Proteína Quinase G RyR - Receptores de Rianodina RS - Retículo Sarcoplásmico SDS - Dodecilsulfato de sódio SERCA - Ca 2+ ATPase do Retículo Sarcoplasmático SOD- Superóxido Dismutase TRO40303 - (3,5-seco-4-nor-colestan-5-on oxima-3-ol) TV- Taquicardia Ventricular TTC - Cloreto de Trifeniltetrazólio TUNEL-Deoxinucleotidil Terminal Transferase VE - Ventrículo Esquerdo V.O - Via Oral XO - Xantina Oxidase SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 17 2. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 20 2.1 Infarto agudo do miocárdio ....................................................................................... 20 2.1.1 Acoplamento excitação-contração ............................................................................. 21 2.1.2 Eletrocardiograma ...................................................................................................... 24 2.1.3 Função do ventriculo esquerdo .................................................................................. 25 2.1.4 Arritmias .................................................................................................................... 26 2.2 Fisiopatologia da lesão de isquemia-reperfusão cardíaca .......................................... 30 2.3 Mediadores da lesão de reperfusão cardíaca .............................................................. 34 2.4 Lesão tardia da reperfusão: estendendo a janela de cardioproteção .......................... 39 2.5 Apoptose .................................................................................................................... 40 2.6 Considerações sobre o myrtus communis l. e o monoterpeno (-) mirtenol ................ 43 3. OBJETIVOS .................................................................................................................... 49 3.1 Objetivo geral............................................................................................................. 49 3.2 Objetivos específicos ................................................................................................. 49 4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 50 4.1 Aspectos éticos da pesquisa ....................................................................................... 50 4.2 Animais, dose da substância utilizada no tratamento e grupos experimentais .......... 50 4.3 Protocolo de isquemia reperfusão cardíaca............................................................... 51 4.3.1 Modelo de isquemia/reperfusão ................................................................................. 52 4.3.2 Determinação dos parâmetros contráteis e eletrocardiográficos ............................... 53 4.4 Mensuração da atividade da lactato desidrogenase (LDH) ....................................... 54 4.5 Determinação do índice de severidade das arritmias cardíacas (ISA) ....................... 54 4.6 Ensaios de estresse oxidativo ..................................................................................... 55 4.6.1 Preparação da amostra ............................................................................................... 55 4.6.2 Ensaio de peroxidação lipídica .................................................................................. 55 4.6.3 Determinação de hidroperóxidos ............................................................................... 56 4.6.4 Medida de grupamentos sulfidrilas totais .................................................................. 57 4.6.5 Mensuração da geração de espécies reativo ao oxigênio(EROs) ............................... 58 4.7 Atividades das enzimas antioxidantes endógenas ....................................................... 58 4.7.1. Determinação da concentração total de proteínas ...................................................... 58 4.7.2 Atividade da superóxido dismutase (SOD)................................................................ 58 4.7.3 Atividade da catalase (CAT) ...................................................................................... 58 4.7.4 Atividade da glutationa peroxidase (GPX) ................................................................. 59 4.7.5 Atividade da glutationa redutase (GR) ...................................................................... 59 4.8 Determinação da área de infarto ................................................................................. 60 4.9 Determinação da expressão de proteinas reguladoras da apoptose ............................ 60 4.9.1 Expressão do BAX, BCL-2 ........................................................................................60 4.9.2 Mensuração das proteínas carboniladas.................................................... .................. 61 4.10 Avaliação do índice de apoptose (IA) in situ utilizando o método tunel . ................. 62 4.11 Análise estatística......................................................................................................... 63 5. RESULTADOS ................................................................................................................ 64 5.1 Dose do mirtenol a ser utilizada no pré-tratamento dos animais.... ................................ 64 5.2 Mirtenol previne o comprometimento da contratilidade cardíaca induzida por lesão de IR.......................................................................................................... .................. 65 5.3 Mirtenol impede a elevação do segmento-ST e atenua a gravidade das arritmias cardíacas induzidas por lesão de IR ...................................................................................... 68 5.4 Mirtenol inibe o dano do estresse oxidativo por diminuir a formação de EROs e os biomarcadores de dano celular na lesão cardíaca induzida por IR ....................................... 71 5.5 Mirtenol inibe o dano do estresse oxidativo por restaurar a atividade de enzimas antioxidantes endógenas na lesão cardíaca induzida por IR ................................................. 72 5.6 Mirtenol promove a cardioproteção prevenindo infarto do miocárdio induzido por lesão de IR............................................................................................................................. 74 5.7 Mirtenol suprime a apoptose cardíaca induzida por lesão de IR ................................... 75 6. DISCUSSÃO .................................................................................................................... 72 7. CONCLUSÃO. ................................................................................................................. 85 8. PERSPECTIVAS. ............................................................................................................ 85 REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 86 ANEXO A - CEPA ............................................................................................................104 17 1. INTRODUÇÃO A doença cardíaca é um dos maiores problemas de saúde em todo o mundo (DONGLING et al., 2017). O infarto agudo do miocárdio (IAM) é a principal causa de morbidade e mortalidade no mundo ocidental, e, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, será a principal causa de morte no mundo até 2020 (LOPEZ AD E MURRAY CC, 1998). A lesão de isquemia-reperfusão (IR) cardíaca representa uma grande ameaça à saúde humana, contribuindo para efeitos cardiovasculares adversos, tais como: aumento do risco de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e hipertensão arterial (BING F. WANG E JUN YOSHIOKA, 2016). No Brasil, segundo o DATASUS (Departamento de informação do SUS), 90.811 pessoas morreram em hospitais decorrentes do IAM em 2015, sendo a região nordeste o segundo estado com maior índice de notificação, 25.231 casos, ficando atrás somente da região sudeste, com 41.824. Em Sergipe foram 786 mortes no ano de 2015. Considerando que as doenças cardiovasculares constituem a principal causa de incapacidade, morbidade e morte no Brasil e no mundo , o Ministério da Saúde, através da Portaria nº 2.994/2011, aprovou a Linha de Cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio e o Protocolo de Síndromes Coronarianas Agudas (BRASIL, 2011), com o intuito de otimizar o atendimento, avaliação da assistência e tratamento preconizado pelas diretrizes vigentes aos portadores de doenças cardiovasculares. Desse modo, a compreensão dos eventos patológicos que ocorrem durante períodos de isquemia, assim como, durante a reperfusão não somente representam um avanço no conhecimento, mas também alimenta a esperança de identificar novos fármacos ou terapias que possam limitar as lesões cardíacas induzidas pela IR (THEODORE et al., 2017). No entanto, embora a reperfusão do coração isquêmico seja essencial para reduzir o dano no miocárdio, a restauração do fluxo sanguíneo pode, paradoxalmente, amplificar o dano celular, um fenômeno conhecido como lesão de IR cardíaca (ELTZSCHIG E ECKLE, 2011; MOENS et al., 2005). Conquanto várias manobras venham sendo utilizadas na clínica para contornar ou prevenir a lesão de reperfusão, nenhuma delas apresenta um efeito satisfatório. A 18 utilização de antioxidantes, especialmente os antioxidantes naturais, na prevenção e cura de doenças tem atraído um interesse enorme pois eles podem intervir e ajudar na limitação das lesões de reperfusão (ZHAO E ZHAO, 2010). Numerosos estudos demonstraram que os produtos naturais são uma vasta fonte de moléculas com ações benéficas e reconhecidas contra uma grande variedade de distúrbios cardíacos (SANTOS et al., 2011; SHUKLA et al., 2010). Entre as moléculas com atividades farmacológicas promissoras, os monoterpenos, que pertencem ao grupo dos fitoquímicos, amplamente encontrados em óleos essenciais de várias plantas medicinais, demonstraram um efeito cardioprotetor notável contra a remodelação cardíaca induzida por pós-carga pressórica (ZHOU et al., 2013), IAM (HAN et al., 2016) e cardiotoxicidade induzida por doxorrubicina (LI et al., 2016). Dentre os monoterpenos podemos citar o mirtenol, um representante do grupo químico dos alcoóis monocíclicos, que possui numerosas propriedades farmacológicas, destacando-se a atividade antioxidante (GOMES et al., 2017; SEPICI- DINCEL et al., 2007). Apesar das múltiplas ações biológicas do mirtenol, os efeitos farmacológicos no coração, bem como, sua potencial relevância terapêutica cardiovascular, ainda não foram descritos. A coadjuvação entre a pesquisa pré-clínica e clínica foram essenciais para todas as intervenções que existem até hoje. Mas, ainda é necessário avançar nesse sentido e assim progredir na melhora clínica desses pacientes minimizando os efeitos adversos advindos dos fármacos atualmente ultilizados. Existe, deste modo, também uma necessidade disponibilizar formas eficazes de prevenção para limitar as lesões. E as propriedades do mirtenol, tais como potencial antioxidante, fazem desta substância uma forte candidata na prevenção e ou tratamento de danos e patologias cardíacas causadas pelo desencademaneto do estresse oxidativo. Ao longo dos últimos anos, estudos mostraram que a geração excessiva de espécies reativas de oxigênio (EROs), sobrecarga de cálcio (Ca 2+ ), ativação das vias pró-inflamatórias e de apoptose agravam a lesão de IR cardíaca(LESNEFSKY et al., 2017; MURPHY E STEENBERGEN, 2008; TURER E HILL, 2010; ZHAO et al., 2003). De fato, a produção excessiva de EROs durante os eventos de IR pode superar os mecanismos de eliminação delas, sendo, as enzimas antioxidantes endógenas, a primeira 19 linha de defesa. Portanto, o desequilíbrio de mecanismos pró e antioxidantes podem levar à ativação de várias vias de sinalização deletérias, que estão associadas a disfunções elétricas e contráteis do coração (O’GARA et al., 2013; TURER E HILL, 2010). Assim, o presente trabalho propôs, estudar em um modelo de isquemia e reperfusão (I/R) global ex vivoo efeito cardioprotetor do mirtenol, antioxidante natural, contra a lesão de I/R. 20 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma das mais prejudiciais doenças cardiovasculares (CHAOLIAN et al., 2013). De forma geral, a maioria dos fatores de risco são: maus hábitos alimentares, sedentarismo, obesidade e o aumento doestresse cotidiano que contribuem para a grande mortalidade da população. Além disso, o tabagismo é altamente prevalente e juntamente aos fatores de risco acima citados contribui para o desenvolvimento precoce de doenças cardiovasculares (PANWAR et al., 2011; RAMAHI, 2010). O IAM, uma das patologias mais antigas descritas, é definido como um processo patológico ocasionado por um desequilíbrio entre a demanda de oxigênio e o suprimento sanguíneo oferecido pelas artérias coronárias, resultando em morte de cardiomiócitos (THYGENSEN et al, 2007). Assim, o prognóstico desses pacientes depende fundamentalmente da agilidade em alcanar um serviço médico e na eficiência desse serviço em obter a reperfusão coronariana o mais rápido possível. O diagnóstico é feito com base no quadro clínico, nas alteraçõrs eletrocardiográficas e na elevação dos marcadores bioquímicos de necrose. Tendo em vista que os sintomas são extremamente variados tais como ansiedade e agitação em geral devido ao débito cardíaco decorrente do processo abrupto de interrupção de fluxo sanguíneo ao miocárdio, sudorese, sinais de choque, com hipotensão arterial, diminuição de amplitude de pulso devido a necrose maciça com grande déficit de contratilidade, sinais de falência ventricular esquerda, arritmias e vômitos e que a elevação dos marcadores inicia-se cerca de seis horas após o inicio da dor, o principal instrumento diagnóstico e determinante da conduta é o eletrocardiograma. Ele dever apresentar o supradesnível do segmento ST ou o bloqueio agudo de ramo esquerdo, critérios suficientes para desencadear a tentativa imediata de reperfuão em um paciente com história sugestiva (PESARO, A et al ., 2004) 21 A isquemia é uma condição caracterizada pela diminuição momentânea ou prolongada no fluxo sanguíneo para o tecido. A principal consequência da isquemia é o fornecimento insuficiente de oxigênio e nutrientes, o que, por sua vez, induz a falha bioenergética. A isquemia causa ainda um estresse metabólico profundo que provoca graves danos teciduais. Devido à natureza da alta demanda metabólica, tanto o cérebro quanto o coração são órgãos particularmente suscetíveis à lesão isquêmica (BING et al., 2016; MARGHERITA et al., 2017). Embora a restauração do fluxo sanguíneo para o miocárdio isquêmico seja um pré-requisito importante para sua sobrevivência celular, está bem estabelecido que a reperfusão, além de seus efeitos benéficos, também causa efeitos adversos (EBEL et al, 1999; ANAYA-PRADO et al., 2002). Algumas complicações, como a arritmia ventriculares, que ocorrem durante a reperfusão tecidual, conduzem para disfunção cardíaca (GONCA, 2015). Deste modo, sugeriu-se que não somente a isquemia, mas também a reperfusão, contribuem para a lesão de IR cardíaca (SHIMIZU et al., 2016). A lesão de IR cardíaca é considerada o principal evento adverso que contribui para a morbidade e mortalidade associada à oclusão das artérias coronarianas. O dano do miocárdio causado pela lesão constitui a principal manifestação patológica da doença arterial coronariana, tendo como causadoras principais as alterações metabólicas durante esses eventos (XIANCHI et al., 2016). Agudamente, pacientes com IAM também apresentam alterações nas propriedades elétricas do coração, estando intimamente associadas à excitabilidade do tecido cardíaco e sua função contrátil (MARGHERITA et al., 2017; CALLENDER et al., 2014). 2.1.1 Acoplamento Excitação-Contração (AEC) A capacidade contrátil da célula cardíaca está diretamente associada à homeostasia do Ca +2 no processo que vai da excitação elétrica do cardiomiócito até a contração do coração, fenômeno denominado acoplamento excitação-contração (AEC) (Bers, 2001). O Ca +2 está envolvido tanto na excitabilidade dos cardiomiócitos, quanto na ativação final dos filamentos contratéis, causando a contração (Bers, 2002). A despolariazação do sarcolema durante o potencial de ação cardíaco faz com que haja um influxo de Ca +2 para o interior da célula (Fabiato and Fabiato, 1975). O influxo de Ca +2 para o interior do cardiomiócito ocorre por meio da abertura de duas 22 classes de canais dependentes de voltagem (Figura 1), os canais para Ca +2 do tipo-L e do tipo-T (Bers, 2001). Tal movimentação de Ca +2 gera uma corrente de entrada de Ca +2 (ICa) (Mitra and Morad, 1986), que nos cardiomiócitos de ratos representa principalmente a ICa do tipo-L (Bers, 2002). Os canais para Ca +2 do tipo-L, também chamados de receptores de dihidropiridina (DHPR), estão expressos em sua maior parte nos túbulos transversos da membrana plasmática, com sua porção intracelular voltada para o retículo sarcoplasmático (RS) (Scriven et al., 2000). Na membrana do RS está a unidade liberadora de Ca +2 , que compreende um grupo específico de receptores chamados de rianodina (RyR). Atualmente, foram identificados três tipos de genes (ryr1, ryr2 e ryr3) que expressam diferentes isoformas de RyR, sendo que a isoforma RyR2 localiza-se principalmente no músculo cardíaco. Tal arranjo funcional entre os DHPR e os RyR2, juntamente com o subespaço entre eles formam a unidade liberadora de cálcio (ULC), complexo estrutural e funcional do AEC (Cheng and Lederer, 2008; Franzini-Armstrong et al., 1999). O influxo de Ca +2 através do DHPR para o subespaço promove a liberação de Ca +2 pelo RS, processo conhecido como liberação de Ca +2 induzida por Ca +2 , do inglês calcium-induced calcium release – CICR (Fabiato, 1985). A ativação dos RyR2 provoca aumentos transitórios na concentração citoplasmática do Ca +2 . Estes eventos elementares, representados por aumentos transitórios de Ca +2 , podem variar desde eventos mais discretos, como, por exemplo, as sparks de Ca +2 , que ocorre em apenas uma ULC (Cheng and Lederer, 2008), como em toda a unidade celular, transiente intracelular global de Ca +2 (Bers, 2001). Neste último, a ativação dos RyR2 pelo Ca +2 é suficiente para aumentar as concentrações deste íon, fazendo-o variar de 100 nM a 1 μM na fase sistólica. O cálcio livre liga-se a troponina- C que é parte do complexo de regulação ligado aos filamentos finos. Quando o cálcio se liga a troponina-C, este induz uma alteração conformacional no complexo de regulação de tal forma que a troponina I expõe um local na molécula de actina, que é capaz de se ligar a miosina ATPase localizada na cabeça da miosina. Esta ligação provoca a hidrólise do trifosfato de adenosina (ATP) que está ligado à cabeça leve da miosina, em difosfato de adenosina (ADP), esta hidrólise fornece energia para que ocorra mudança conformacional no complexo actina-miosina. Estas mudanças promovem um movimento tipo "catraca" entre as cabeças de miosina e actina, de tal forma que os 23 filamentos de actina e miosina deslizam umas sobre as outras encurtando assim o comprimento do sarcômero (de Tombe, 2003). Por outro lado, para que o músculo cardíaco relaxe é necessário a dissociação do Ca +2 dos sítios de ligação com a troponina C e sua remoção do citoplasma (Khan et al., 2004). A remoção do Ca +2 citosólico ocorre por meio de quatro processos: pela ATPase de cálcio do RS (sarco(endo)plasmic reticulum Ca 2+ -ATPase - SERCA2a), ativação da Ca +2 -ATPase do sarcolema (plasma-membrane Ca 2+ -ATPases -PMCAs), do trocador Na + /Ca +2 (Na + /Ca +2 exchangers - NCXs) e recaptação do Ca +2 para mitocôndria. A atividade da SERCA2a é o principal destes mecanismos (Tada and Katz, 1982), correspondendo por aproximadamente 92% da recaptação do Ca +2 em cardiomiócitos de ratos (Bassani et al., 1994). A atividade da SERCA2a é regulada pela fosfolambam (PLB), o qual, em estado desfosforilado, inibe a SERCA2a. Assim, a fosforilação do PLB acelera a captação de Ca +2 pelo RS. A concentração de Ca +2 intracelular é impotante para determinar a afinidadeda atividade da SERCA2a. Em concentrações de Ca +2 de 100 nM a 1 μM, ocorre diminuição da atividade da SERCA2a. No entanto, a atividade pode ser aumentada pela fosforilação da PLB por qualquer PKA (como ocorre por estimulação β2-adrenérgica), PKC (estimulação α1- adrenérgica) ou proteína quinase dependente de Ca +2 /calmodulina (CaMK II) (Bassani et al., 1995; MacLennan and Kranias, 2003). Assim sendo, a diminuição da concentração citosólica do cálcio para valores inferiores a 100 nM, promove a dissociação do cálcio que está ligado a troponina C. Os locais ativos da actina com a miosina se inativam, ADP é substituído por outra molécula de ATP na cabeça da miosina, até que um novo evento aconteça (Grimm et al., 2015). 24 Figura 1. Esquema geral da sinalização intracelular de cálcio no miócito cardíaco. Observa-se o fenômeno da liberação de Ca 2+ induzido por Ca 2+ (CICR) envolve canais de cálcio tipo L sarcolemais e receptores de rianodina (RyR) da membrana do RS. Na figura inserida, estão curvas relativas a escala temporal do potencial de ação cardiaco (PA), o aumento da concentração intracelular de cálcio [Ca 2+ ]i e a contração muscular cardiaca; NCX: trocador sódio/cálcio; PLB: fosfolambam ( adaptado de Bers 2002). 2.1.2 Eletrocardiograma O eletrocardiograma é o registro gráfico da atividade elétrica cardíaca, resultante do tráfego da corrente elétrica ao longo do coração, provendo informações sobre a frequência, o ritmo e a morfologia cardíaca, tendo-se um tipo padrão de traçado (DALE DUBIN, 2004; DING et al., 2015; NASARIO-JUNIOR et al., 2013). Nele, uma onda P representa a despolarização atrial, um complexo QRS representa a despolarização ventricular e uma onda T que representa a repolarização ventricular conforme a frequência cardíaca (Figura 2) (WANG et al., 2008). A perfusão aórtica retrógrada, do tipo Langendorff, em coração isolado, representa um bom modelo para uma grande diversidade de descobertas acerca da fisiologia, patologia e farmacologia cardíaca, uma vez que grandes foram as contribuições obtidas com este modelo nos últimos cem anos, sendo considerado como contração PA Túbulo T miofilamento s sarcolema 25 um dos modelos mais populares em pesquisas com enfoque cardiovascular e farmacológico (SKRZYPIEC-SPRING et al. 2007). Figura 2. Eletrocardiograma normal, mostrando as ondas de despolarização (P, QRS) e repolarização (T), e os principais intervalos (PR, QT e RR) e segmentos (ST) (HALL, 2010). 2.1.3 Função do ventrículo esquerdo A câmara ventricular esquerda recebe o sangue das veias pulmonares e ejeta para a aorta por meio de uma contração. Este processo garante o aporte de sangue para o corpo inteiro; sendo assim, alguns parâmetros frequentemente são empregados para medir a eficiência e a eficácia deste processo (CAMPOS-FILHO, 1976; GUYTON E HALL, 1997). As extremidades do registro da contração ventricular demonstram uma pressão sistólica com o valor máximo da contração e uma pressão diastólica final (Figura 3), que é o momento em que o ventrículo esquerdo relaxa e se enche de sangue para a próxima sístole (KATZ, 1977). Figura 3 – Registro típico da pressão ventricular esquerda obtido por meio de um balonete de látex (inflado a 150 mmHg) e acoplado a um transdutor de pressão 26 A sístole pode ser dividida em pelo menos 2 momentos: um inicial em que não ocorre alteração no volume da câmara ventricular (contração isovolumétrica) seguida de uma fase de ejeção onde o sangue atravessa a válvula aórtica para ser distribuído por todo o corpo. A diástole também apresenta um comportamento isotônico e isovolumétrica. O comprometimento desta capacidade contrátil do coração corresponde um sinal de doenças como a insuficiência cardíaca (ALBAGHDADI, GHEORGHIADE E PITT, 2011; BARBATO et al., 2004; FUKUTA E LITTLE, 2007).A dinâmica dos íons cálcio no citosol do cardiomiócito, a capacidade de encurtamento das células ventriculares, a formação das pontes cruzadas pelos microfilamentos contráteis e a responsividade das válvulas cardíacas participam da regulação da contração e do relaxamento ventricular (HINKEN E SOLARO, 2007). Dentre os parâmetros originários desse registro (Figura 3) temos: (A) Pressão ventricular esquerda: tensão máxima que o ventrículo desenvolve frente uma pós-carga, capaz de abrir a válvula cardíaca e ejetar o sangue via aorta, (B) Pressão diastólica final: é um nível basal de tensão que permite inferência sobre a capacidade do ventrículo se encher de sangue, (C) Derivadas temporais da curva de contração (+dp/dt) e de relaxamento (-dP/dt): taxa de contração e relaxamento ventricular pelo tempo, que permite inferências sobre a velocidade do trabalho cardíaco e do consumo energético. (D) Frequência cardíaca: é a velocidade do ciclo cardíaco medida pelo número de contrações do coração por minuto (bpm). 2.1.4 Arritmias São eventos definidos como uma desregulação do padrão de batimentos do coração devido à alteração na frequência, formação e condução normal de impulsos elétricos que podem acontecer de forma irregular (PASTORE et al., 2016). As estratégias terapêuticas para o tratamento de arritmias cardíacas incluem abordagens farmacológicas, ablação de focos específicos envolvidos na arritmogênese, cirurgias antiarrítmicas e dispositivos implantáveis projetados para responder a eventos 27 de taquiarritmias e bradiarritmias sintomáticas (BLATTER et al., 2003). Abaixo segue os tipos de arritmias: Bradiarritmias São alterações da frequência e/ou ritmo cardíaco que cursam com resposta ventricular baixa. A bradicardia pode ser absoluta, definida como frequência cardíaca menor que 50 a 60 bpm, ou relativa, como uma frequência de 65 a 70 bpm em situações de maior demanda, como insuficiência cardíaca descompensada ou choque séptico (MCGRAW-HIL et al 2012) Bradicardia Sinusal Bradicardia de origem no nó sinusal, onde a onda P tem orientação habitual (+30º a +90º) e ocorre antes de cada complexo QRS. Trata-se de situação definida quando a frequência cardíaca for inferior a 50 bpm. O intervalo PR encontra-se proporcionalmente aumentado, quando comparado ao intervalo PR em uma frequência cardíaca maior (GOLDMAN, LEE; SCHAFER, ANDREW, 2012) Arritmia Sinusal Arritmia em que a onda P tem orientação normal e mantida, porém, o ritmo cardíaco é irregular. Embora ocorra certa variabilidade fisiológica do intervalo R-R, considera-se arritmia sinusal quando a variabilidade é maior que 20% (ou quando o maior ciclo é mais de 120 ms mais longo que o menor ciclo). Esta arritmia é mais bem evidenciada quando o ritmo é bradicárdico (MCGRAW-HIL et al., 2012) Parada Sinusal Caracteriza-se por longos períodos sem onda P no ECG. Estes períodos não são múltiplos do intervalo R-R normal. Quando longas, tais paradas sinusais são interrompidas por batimentos de escape (GOLDMAN, LEE; SCHAFER, ANDREW 2012) Bloqueios Atrioventriculares (BAV) 28 São distúrbios da condução elétrica dos átrios para os ventrículos, causados por alterações do nó AV (átrio ventricular); Podem se caracterizar por atrasos da condução, falhas contínuas ou intermitentes, ou mesmo ausência total de condução AV. Além disso, podem ser temporários ou permanentes (MCGRAW-HIL et al., 2012). Taquiarritmias Ponto fundamental no diagnóstico diferencial das arritmias é baseado na duração do QRS: taquicardias com QRS estreito (duração inferior a 120 ms) são frequentemente de origem supraventricular, já as taquicardias de QRS largo (>120 ms) são, muitas vezes, ventriculares (MCGRAW-HIL et al., 2012). Taquicardias Supraventriculares São assim denominadas aquelas cuja manutenção se faz em porções do coração localizadas acima do feixe de His (átrios, na junçãoatrioventricular ou numa via acessória) (GOLDMAN, LEE; SCHAFER, ANDREW, 2012). Taquicardia Sinusal Esta situação é definida quando a FC for superior a 100 bpm, acompanhada por onda P com morfologia idêntica à do ritmo sinusal (GOLDMAN, LEE; SCHAFER, ANDREW, 2012) Taquicardia Atrial Frequentemente benigna, com a possível exceção das formas incessantes que podem levar à taquicardiomiopatia. Ao ECG: A onda P pode possuir uma morfologia distinta da sinusal, com frequência atrial de 100 a 250 bpm. Durante a arritmia, uma linha isoelétrica está usualmente presente entre as ondas P, podendo distinguir a taquicardia atrial do flutter atrial (MCGRAW-HIL et al., 2012). Fibrilação Atrial 29 O risco de um acidente vascular cerebral (AVC) em um paciente com fibrilação atrial (FA) é de cerca de 5% ao ano, o que é 2 a 7 vezes maior que na população sem esta arritmia. Caracteriza-se por ausência da onda P, presença de atividade atrial rápida e irregular, de baixa amplitude (ondas “f” ausentes ou Ondas “f” ausentes ou < 1 mm), numa frequência entre 350 a 600 bpm (MCGRAW-HIL et al., 2012). Flutter Atrial Ocorre, em geral, de maneira paroxística e transitória, e, mais raramente, como arritmia crônica; Ao ECG: ondas de ativação atrial (ondas F) rápidas, negativas nas derivações inferiores, com aspecto morfológico em “dentes de serra” mais visível nas derivações inferiores (D2, D3 e AVF) e em V1 e com frequência de aproximadamente 250 a 350 m/s (GOLDMAN, LEE; SCHAFER, ANDREW, 2012). Taquicardias ventriculares Dentre as taquicardias, sem dúvida estas são as de maior morbimortalidade pela alta possibilidade de degeneração para Fibrilação ventricular e Assistolia (GOLDMAN, LEE; SCHAFER, ANDREW, 2012). Fibrilação ventricular Eletrocardiograficamente, caracteriza-se por ondas bizarras, caóticas, de amplitude e 12 frequência variáveis. Este ritmo pode ser precedido de taquicardia ventricular ou torsades de pointes, que degeneraram em fibrilação ventricular (MCGRAW-HIL et al., 2012). 30 2.2 FISIOPATOLOGIA DA LESÃO DE ISQUEMIA-REPERFUSÃO CARDÍACA Depois de estabelecida a isquemia, um dos primeiros eventos que acontecem é a redução da fosforilação oxidativa (via aeróbia) nas mitocôndrias dos cardiomiócitos, devido à redução da disponibilidade de oxigênio, levando a um decréscimo na produção de ATP. Para compensar isso, ocorre aumento da via glicolítica anaeróbica da célula cardíaca para a produção de ATP, a glicose é convertida a piruvato através da glicólise. Durante o metabolismo aeróbio normal, o piruvato é então oxidado pelo oxigénio molecular a CO2 e H2O a distribuição de oxigénio aos tecidos musculares pode não ser suficiente para oxidar totalmente o piruvato. Nestes casos, a glicose é convertida a piruvato e depois a lactato, através da via da fermentação láctica, obtendo os músculos ATP, sem recorrer ao oxigênio, que leva ao acúmulo de prótons e lactato, o que irá resultar em acidose intracelular. A elevada concentração intracelular de H + , ativa o trocador Na + /H + , da membrana plasmática, que retira íons H + da célula que, em contrapartida, aumenta a concentração de Na + intracelular. A atividade reduzida da Na + /K + ATPase, devido à acidificação do meio intracelular e insuficiente síntese de ATP, também contribui para o aumento da Na + intracelular, o que leva à ativação do trocador sarcolemal 2Na + /Ca 2+ e, consequentemente, ao acúmulo de Ca +2 intracelular (BLAUSTEIN, MP; LEDERER, WJ et, 1999). Concomitantemente a esses eventos, a redução na atividade das bombas iônicas dependentes de ATP, tais como Ca 2+ ATPase do retículo sarcoplasmático (SERCA) e Na + /K + ATPase, na membrana plasmática, assim como o impedimento da abertura do poro de transição de permeabilidade mitocondrial (PTPm) favorecem a contratura diastólica dos cardiomiócitos (BLAUSTEIN, MP; LEDERER, WJ et, 1999) (Figura1). https://pt.wikipedia.org/wiki/Piruvato https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_de_Krebs https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_de_Krebs https://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%B3xido_de_carbono https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua https://pt.wikipedia.org/wiki/Circula%C3%A7%C3%A3o_sangu%C3%ADnea https://pt.wikipedia.org/wiki/Oxida%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Fermenta%C3%A7%C3%A3o_l%C3%A1ctica 31 Figura 4. Principais componentes envolvidos na lesão de isquemia-reperfusão cardíaca. Poro de transição de permeabilidade mitocondrial, (PTPm); retículo sarcoplásmico (RS); citocromo c (Cit c) e espécies reativas de oxigênio (EROs). Adaptado de Xianchi li, et. al. 2016. Durante a reperfusão, o reestabelecimento do aporte de oxigênio e nutrientes permite a reconfiguração das funções do trocador Na + /H + e do trocador Na + /Ca 2+ , restaurando o pH fisiológico intracelular, restabelecendo também a abertura do PTPm e a contratilidade dos cardiomiócitos. Durante este período, a cadeia de transporte de elétrons é reativada, gerando grandes quantidades EROs. Há também outras fontes de produção de EROs, como a xantina oxidase (XO) e a NADPH oxidase. Todas essas EROs participam da lesão de reperfusão do miocárdio por mecanismos diretos ou indiretos (EGEA, J et al., 2017). Paralelamente ao restabelecimento do aporte de oxigênio, ocorre a restauração da produção ATP pela via aeróbica e a posterior ativação da SERCA, que promovem o sequestro do Ca 2+ do citosol, que foi acumulado durante o período de isquemia (PIPER; KASSECKERT; ABDALLAH, 2006c). Contudo, as EROs, junto com as espécies reativas de nitrogênio (ERNs), propiciam um ataque à cardiolipina, um fosfolipídio da membrana mitocondrial interna, alterando a fluidez da membrana, a permeabilidade iônica, a estrutura e a função dos componentes da cadeia transportadora de elétrons 32 mitocondrial, culminando na redução da eficiência da fosforilação oxidativa mitocondrial (PARADIES et al., 2009). As EROs e ERNs ocasionam ainda, a ativação dos receptores de rianodina (RyR), localizados no retículo sarcoplasmático (RS), o que resulta em uma grande liberação de Ca 2+ , contribuindo ainda mais para a sobrecarga deste íon no citosol (PIPER; KASSECKERT; ABDALLAH, 2006; KÖHLER; SAG; MAIER, 2014). Os efeitos combinados da sobrecarga de Ca 2+ no citosol, produção de EROs e ERNs na matriz mitocondrial favorecem a abertura do PTPm, levando a uma liberação de citocromo c (WALTERS; PORTER; BROOKES, 2014). Este, por sua vez, induz a ativação da cascata das caspases que promove a morte celular (MONASSIER, 2008). Portanto, a associação destas alterações, que ocorrem durante a lesão de IR cardíaca, é a principal causa dos danos celulares e contráteis, que podem levar a morte celular (Figura 1). As quatro formas reconhecidas da lesão de reperfusão, após períodos prolongados de isquemia, são discutidas abaixo, sendo as duas primeiras reversíveis e as duas últimas irreversíveis (HAUSENLOY E YELLON, 2013) Arritmias Induzidas por Reperfusão – Geradas pela reperfusão súbita da isquemia aguda do miocárdio em pacientes com IAM com elevação do segmento ST submetidos à intervenção coronariana percutânea primária e que pode ser acompanhada de arritmias ventriculares, que geralmente desaparecem ou são facilmente tratadas (HEARSE E TOSAKI, 1987). Myocardial Stunning -Esta forma de lesão por reperfusão é resultado dos efeitos prejudiciais do estresse oxidativo e da sobrecarga de Ca 2+ intracelular no aparato contrátil do miocárdico (KLONER et al., 1998). Obstrução microvascular - A obstrução microvascular foi descrita pela primeira vez por Krug et al. em 1966 como: "incapacidade de reperfusão numa região previamente isquêmica”. Os principais fatores contributivos incluem danos capilares com vasodilatação prejudicada, microembolização de material fragmentado liberadoda placa aterosclerótica e microtrombos por plaquetas 33 (ITO, 2006; LUO E WU, 2006; HEUSCH et al., 2009; KLEINBONGARD et al., 2011). Lesão letal de reperfusão - A morte celular induzida pela reperfusão de cardiomiócitos isquêmicos é definida como lesão letal de reperfusão cardíaca (PIPER.; GARCIA-DORADO; OVIZE, 1998). Os principais fatores que causam a morte das células cardíacas incluem estresse oxidativo, sobrecarga de Ca 2+ e abertura do PTPm (YELLON E HAUSENLOY, 2007). De fato, a lesão induzida por IR é multifatorial e envolve múltiplos mecanismos biológicos, como ativação do sistema imune, acúmulo de íons e a formação de EROs (TURER E HILL, 2010). As EROs são consideradas moléculas-chave na lesão de reperfusão (BRAUNERSREUTHER E JAQUET, 2012) devido aos seus potentes efeitos oxidantes, que danificam diretamente estruturas celulares através de reações oxidantes (TOYOKUNI,1999). O estresse oxidativo é definido como uma perturbação do equilíbrio entre os agentes pró-oxidante e antioxidante resultando em lesão celular através da oxidação de proteínas, lipídios e DNA (GARCIA-DE-LA-ASUNCION et al., 2012). A intensidade elevada do estresse oxidativo e a reação inflamatória no tecido reperfundido pós-isquêmia ocorrem em diferentes magnitudes de intensidades. Por exemplo, a exposição de um único órgão à IR pode causar ativação inflamatória em órgãos não isquêmicos distantes e, subsequentemente, levar à insuficiência de múltiplos órgãos (PARK et al., 2011; NISHIKATA; KATO; HIRAIWA, 2014). Em síntese, durante o estresse oxidativo que ocorre no IAM, as células se tornam propensas a danos estruturais e metabólicos tais como a oxidação dos lipídeos de membrana, atenuação da atividade enzimática, carbonilação de proteínas, oxidação de aminoácidos e danos ao DNA e ao RNA (BARREIROS et al., 2006) que culminam no surgimento de lesões no tecido cardíaco. 34 2.3 MEDIADORES DA LESÃO DE REPERFUSÃO CARDÍACA Estudos experimentais identificaram vários fatores críticos que atuam em conjunto para mediar os efeitos prejudiciais da lesão de reperfusão cardíaca (HAUSENLOY E YELLON, 2013) (Figura 1). Estresse oxidativo Nos primeiros minutos de reperfusão cardíaca ocorre um grande estresse oxidativo por diversas fontes (WALTERS et al, 2012). Esse evento causa lesão cardíaca e a morte dos cardiomiócitos (Figura 4). Com base nestas observações, a terapia antioxidante foi naturalmente considerada como uma fácil e apropriada opção de tratamento para prevenir tal lesão. No entanto, estudos experimentais e clínicos relataram resultados controversos quando a administração de terapia antioxidante ocorre somente no início da reperfusão cardíaca, sendo parcialmente justificada pela incapacidade de o antioxidante entrar na célula (SMITH, HARTLEY, MURPHY, 2011). EROs são moléculas quimicamente reativas contendo o elemento oxigênio, e incluem o ânion superóxido (O2 - ), o ânion hidroxila (•OH) e o peróxido de hidrogênio (H2O2) (LI, et al., 2012).Sob condições fisiológicas, há uma baixa concentração de EROs no coração. Elas são produzidas principalmente como subproduto da fosforilação oxidativa mitocondrial, sendo também úteis na sinalização celular. Contudo, múltiplas condições patológicas, incluindo IR, podem resultar no aumento da concentração de EROs (TESHIMA et al., 2014; MATSUSHIMA et al., 2014). A acumulação de EROs pode levar diretamente ao dano oxidativo do DNA mitocondrial, fosfolípidos de membrana e proteínas da cadeia respiratória (LOOR et al., 2011; MA et al., 2013; DRÖSE, BRANDT E WITTIG, 2014). Aumento de EROs ainda é capaz de causar a abertura do PTPm, levando ao aumento da permeabilidade mitocondrial, dilatação mitocondrial, colapso do potencial da membrana mitocondrial e liberação do citocromo c das mitocôndrias para o citosol, o que resulta na apoptose dos cardiomiócitos (CUI et al., 2013; LI et al., 2012). 35 O NO (óxido nítrico) derivado de células endoteliais vasculares e cardiomiócitos é considerado como um modulador fundamental na regulação da apoptose (KIM et al., 1999). O radical óxido nítrico (NO∙) pode ser produzido no organismo pela ação da enzima óxido nítrico sintase a partir de arginina, oxigênio e NADPH, gerando também NADP + e citrulina. O nitrato (NO3 - ) pode transformar-se em nitrito (NO2 - ), que reage com os ácidos gástricos gerando o ácido nitroso (HNO2). O óxido nitroso (N2O3) também é percursor do HNO2 através de sua reação com a água. O ácido nitroso promove a desaminação das bases do DNA que contêm o grupo –NH2 livre, que são citosina, adenina e guanina, formando-se uracila, hipoxantina e xantina (BARREIROS et al., 2006). O NO não é suficientemente reativo para atacar o DNA diretamente, mas pode reagir com o radical ânion superóxido (O2∙-), produzido pelos fagócitos, gerando peroxinitrito, que, pode sofrer reações secundárias formando agentes capazes de nitrar aminoácidos aromáticos (BARREIROS et al., 2006). Assim, a formação excessiva ou não controlada de (O2∙-) pode, além de causar o dano oxidativo, remove as ações cardioprotetoras do ON. As espécies reativas também podem ser geradas sem o auxílio de enzimas como, por exemplo, nas reações de Fenton e Haber Weiss (Quadro1). Fisiologicamente, os metais de transição, como o ferro, são principalmente armazenados ou complexados. Entretanto, sob certas condições patológicas, concentrações de ferro não complexadas estão aumentadas, contribuindo, assim, para reações redox e o desencademaneto do estresse oxidativo. O ferro reduzido (Fe 2+ ) pode reagir com H2O2 para gerar (•OH) e (OH − ) um processo conhecido como Reação de Fenton (Quadro1). Ao mesmo tempo, o ferro oxidado (Fe 3+ ) pode reagir com o (O2• - ) para formar novamente Fe 2+ e oxigênio (Tabela 1B). A reação de Fenton e a redução mediada por (O2• - ) e Fe 3+ originam a reação de Haber-Weiss (Tabela 1C), onde o (OH - ) é gerado a partir de (O2• - ) e (H2O2) (RAEDSCHELDERS; ANSLEY; CHEN, 2012). Assim, no decorrer da IR as maiores disponibilidades de Fe 2+ e de EROs favorecem a formação do •OH através dessas reações acima citadas, que podem contribuir significativamente para a lesão de isquemia-reperfusão cardíaca. 36 Quadro 1-Reações de Fenton e Haber Weiss H2O2, peroxido de hidrogênio; Fe 2+ , ferro reduzido; Fe 3+ , ferro oxidado; ⋅OH; Ânion hidroxila; OH−, radical hidroxila; O2 •- , ânion superóxido. (PARRA E RODRIGUES, 2016) R E A Ç Ã O A) Fe 2+ + H2O2 Fe 3+ + ⋅ OH + OH− (B) O2⋅ − + Fe 3+ O2 + Fe 2+ (C) O2⋅ − + H2O2 O2 + ⋅ OH + OH − Sistemas De Defesa Antioxidante Em sistemas aeróbicos é essencial o equilíbrio entre agentes oxidantes e o sistema de defesa antioxidante (ROSS E MOLDEUS, 1991). Para se proteger, a célula possui um sistema de defesa que pode atuar em duas linhas. Uma linha atua como detoxificadora do agente antes que ele cause a lesão. Esta linha é constituída por glutationa reduzida (GSH), superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa peroxidase (GSH-Px) e vitamina E (Figura 5). A outra linha de defesa tem a função de reparar a lesão ocorrida, sendo constituída pelo ácido ascórbico, pela glutationa-redutase (GSH-Rd), vitamina E entre outros. Com exceção da vitamina E (a- tocoferol), que é um antioxidante estrutural da membrana, a maior parte dos agentes antioxidantes está no meio intracelular (ROSS E MOLDEUS, 1991; HEBBEL, 1986). 37 Figura 5. Esquema do sistema de defesa antioxidante. Conversão do oxigênio (O2) em ânion superóxido (O2 •- ) pelas enzimas NADPH oxidase. O O2 •- é dismutado pela superóxido dismutase (SOD), formando peróxido de hidrogênio (H2O2), que pode ser convertido em uma molécula de água (H2O) e oxigênio (O2) pela catalase (CAT) e/ou glutationa peroxidase (GPx). O H2O2 pode formarradical hidroxila (OH • ) após reagir com o ferro (Fe +2 ) na reação de Fenton. A glutationa redutase (GR), mantêm o equilíbrio entre a glutationa reduzida (GSH) e a glutationa oxidada (GSSG). O óxido nítrico (NO) é formado por ação da enzima óxido nítrico sintase (NOS), a partir do aminoácido L-arginina que produz ON e L-citrulina. O O2 •- também pode reagir com o ON para formar peroxinitrito (OONO - ). Adaptado de Griendling e Fitzgerald (2003). Além dos antioxidantes citados, a vitamina E confere proteção à membrana celular por atuar como quelante dos oxidantes produzidos durante a lipoperoxidação. É um importante antioxidante lipofílico, mas esta função poderá estar limitada em situações de sobrecarga de ferro. A vitamina C, ou ascorbato, é um antioxidante hidrossolúvel; pode funcionar como pró-oxidante quando em dose elevada, ou quando exposta a metal, levando à lipoperoxidação (ROSS E MOLDEUS, 1991). Ao lado dos antioxidantes vitamínicos disponíveis em medicamentos, destacam-se também os derivados tióis, entre eles a N-acetilcisteína (Nac) e a mercaptopropionilglicina (MGP). Tais derivados são antioxidantes sintéticos que contêm o grupo -SH em sua composição Sobrecarga de Ca+2 Intracelular A sobrecarga intracelular e mitocondrial de Ca 2+ começa durante a isquemia cardíaca aguda e é exacerbada no momento da reperfusão devido à ruptura da http://pt.wikipedia.org/wiki/Amino%C3%A1cido http://pt.wikipedia.org/wiki/L-arginina http://pt.wikipedia.org/wiki/L-citrulina 38 membrana plasmática, dano induzido pelo estresse oxidativo ao retículo sarcoplasmático e reenergização mitocondrial. (MIYAMAE et al., 1996). A reenergização mitocondrial permite a recuperação do potencial de membrana mitocondrial que conduz a entrada de Ca 2+ nas mitocôndrias através do uniporte de Ca 2+ mitocondrial e subsequentemente induz a abertura do PTPm. Estudos experimentais demonstraram que os antagonistas farmacológicos do canais de Ca 2+ da sarcolema (HERZOG et al., 1997) ou o uniporte de Ca 2+ mitocondrial (MIYAMAE et al., 1996), administrado no início da reperfusão cardíaca, reduz o tamanho do IM em até 50%. . A Rápida Recuperação do pH Fisiológico no Momento Da Reperfusão Durante a isquemia cardíaca aguda, o pH intracelular diminui a menos de 7,0, enquanto que na reperfusão, o pH fisiológico é rapidamente restaurado pela retirada do lactato e a ativação do trocador de Na + /H + bem como o co-transportador de Na + /HCO - (LEMASTERS et al., 1996). Esta mudança de pH contribui para a morte de cardiomiócitos na lesão de reperfusão cardíaca (LEMASTERS et al., 1996), permitindo a abertura do PTPm e a hipercontratura dos cardiomiócitos nos primeiros 5 minutos de reperfusão. Portanto, uma estratégia de tratamento potencial para prevenir a lesão de reperfusão cardíaca seria retardar a normalização do pH fisiológico no momento da reperfusão o que pode ser conseguido através da inibição farmacológica do trocador Na + /H + (AVKIRAN E MARBER, 2002) ou retardando o processo de reperfusão cardíaca, como no caso do pós-condicionamento isquêmico (FUJITA et al., 2007), denominado "hipótese de pH" por Cohen e Downey (COHEN; YANG; DOWNEY, 2007). Poro de Transição de Permeabilidade Mitocondrial (PTPm) Muitos dos percursores da lesão de reperfusão cardíaca parecem convergir para o PTPm. Este é um canal não seletivo da membrana mitocondrial interna, cuja abertura resulta em despolarização da membrana mitocondrial e desacoplamento da fosforilação oxidativa, levando a depleção de ATP e morte celular (HAUSENLOY E YELLON,2003; HEUSCH; BOENGLER; SCHULZ, 2010). No contexto da lesão de isquemia-reperfusão cardíaca aguda, demonstrou-se que o PTPm permanece fechado 39 durante a isquemia e aberto apenas na reperfusão em resposta à sobrecarga de Ca 2+ mitocondrial, estresse oxidativo e depleção relativa de ATP e correção rápida de pH (GRIFFITHS E HALESTRAP,1995). Assim, a prevenção da abertura do PTPm no momento da reperfusão através da administração de inibidores do PTPm (ciclosporina A- imunossupressor), no início da reperfusão cardíaca foi relatada em estudos experimentais no modelo de infarto do miocárdio,reduzem o tamanho do infarto em aproximadamente 40% -50% no coração de animais de pequeno e grande porte (HAUSENLOY et al., 2002; HAUSENLOY; DUCHEN; YELLON, 2003; ARGAUD et al., 2005; SKYSCHALLY; SCHULZ; HEUSCH, 2010). Sendo assim, o PTPm é um alvo terapêutico importante para a prevenção da lesão de isquemia-reperfusão cardíaca. 2.4 LESÃO TARDIA DA REPERFUSÃO CARDÍACA: ESTENDENDO A JANELA DE CARDIOPROTEÇÃO. Os estimuladores anteriormente descritos da lesão de isquemia-reperfusão cardíaca parecem operar nos primeiros minutos de reperfusão, fornecendo uma janela estreita para reduzir o tamanho do infarto do miocárdio. Todavia, vários outros processos importantes, como a apoptose e a inflamação, que também são iniciados durante a isquemia e continuam ao longo de várias horas de reperfusão, podem contribuir para o desenvolvimento de lesões de reperfusão letal no miocárdio. Essas vias contributivas fornecem uma segunda alternativa terapêutica potencial para reduzir o tamanho do infarto, mesmo depois da reperfusão cardíaca ter ocorrido. Em consonância com esta proposta dados experimentais demonstraram um aumento no tamanho do infarto do miocárdio, à medida que o tempo de reperfusão evolui, sugerindo que a lesão de reperfusão progride com o tempo (YELLON E HAUSENLOY, 2007; ROCHITTE et al., 1998; ZHAO et al., 2000). Vários estudos experimentais relataram que a administração de agentes cardioprotetores como eritropoietina (antiapoptótica) (GAO et al., 2007), inibidores PI3K-γ/ô (anti-inflamatórios) (DOUKAS et al.,2006), e pós-condicionamento isquêmico (antiapoptótico e anti-inflamatório) (ROUBILLE et al., 2011) de 30 minutos 40 a 24 horas para a reperfusão do miocárdio pode limitar o tamanho do infarto agudo do miocárdio a 72 horas. 2.5 APOPTOSE A apoptose, ou morte celular programada, é um processo fisiológico elementar para a eliminação de células em excesso ou que não são mais necessárias ao organismo, ou ainda de células que, por alguma circunstância, é necessária a sua eliminação para a manutenção da homeostase dos tecidos (ADRIANA LUCHS;CLAUDIA PANTALEÃO, 2010). No entanto, esse fenômeno também está envolvido em condições patológicas. Os aspectos que caracterizam a morte celular programada são divididos em morfológicos e moleculares. Entre os aspectos morfológicos, observam-se redução do volume celular, condensação da cromatina, clivagem de DNA e fragmentação da célula em corpos apoptóticos, os quais são reconhecidos e fagocitados rapidamente por fagócitos sem ocasionar resposta imunológica (ADRIANA LUCHS;CLAUDIA PANTALEÃO, 2010). Entre os aspectos moleculares, estão: a liberação de citocromo c da mitocôndria e a ativação de caspases, as quais clivam diversos substratos celulares, levando as células à morte (AMARANTE-MENDES E GREEN, 1999). Amarante-Mendes e Green (1999), relataram que devido à dificuldade e às controvérsias em torno da definição de apoptose, define-se comumente esse fenômeno como decorrente de ativação de vias bioquímicas dentro das células, ou seja, ativação de proteínas denominadas caspases. Caspases A ativação das caspases ocorre por duas vias principais: uma via extrínseca (citoplasmática), mediada por receptores localizados na membrana celular, chamados receptores da morte, ou por uma via intrínseca (mitocondrial), mediada por estímulos internos de estresse intracelular, tais como lesão do DNA ou perturbações no ciclo celular ou nas vias metabólicas (PAROLIN E REASON, 2001). Essas diferentes vias culminam em ativação de proteases conhecidas como caspases, que têm papel fundamental no processo de morte celular. 41As caspases (cysteine-dependent aspartate-specific proteases) pertencem à família das cisteínas proteases (possuem uma cisteína no sítio ativo) que têm acapacidade de reconhecer e clivar substratos que possuam resíduos de aspartato (NICHOLSON E THORNBERRY,1997). As caspases sinalizam para a apoptose e clivam esses substratos levando à condensação e fragmentação nuclear, externalização de fosfolipídios de membrana que irão sinalizar para que estas células sejam fagocitadas por macrófagos (NICHOLSON E THORNBERRY,1997; BOATRIGHT E SALVESEN, 2003). São conhecidas 14 caspases humanas, sendo que seis (caspases -3, -6, -7, -8, -9, -10) participam da apoptose (BOATRIGHT E SALVESEN, 2003). As caspases -1, -4,-5, -11, -12, -13, -14 estão envolvidas na maturação de citocinas, e sua contribuição na apoptose permanece não esclarecida (DENAULT E SALVESEN, 2002). Uma vez ativada, a maioria das caspases tem a habilidade de catalisar a ativação de múltiplos outros membros dessa família, resultando em amplificação da cascata proteolítica. Alguns membros, tais como a caspase-8, ocupam posição proximal na cascata proteolítica e agem como reguladores e iniciadores, enquanto outros, como a caspase-3, são mais distais e agem como efetores da fragmentação celular (PATEL, E GORES, 1998). Na lesão de IR cardíaca a via envolvida é a intrínseca, a liberação de citocromo c é regulada pelos membros da família Bcl-2 (B cell CLL/lymphoma 2) que possui proteínas pró e antiapoptóticas (PATEL, E GORES, 1998) . Em resposta ao estresse, membros pró-apoptóticos dessa família são translocados do citoplasma para a mitocôndria, onde promovem a liberação do citocromo c. No citoplasma, o citocromo c liga-se a Apaf-1 (Apoptotic protease activating factor 1) e a pró-caspase 9, formando o complexo apoptossomo e ativando a caspase 9 que, por sua vez, ativa a caspase 3; assim, inicia-se a clivagem de substratos específicos que resultam nos aspectos morfológicos e bioquímicos da morte celular (ZIMMERMANN; BONZON;GREEN,2001) (Figura6) 42 Figura 6. Via intrínseca de ativação da apoptose (Apaf-1=fator de ativação de protease associada à apoptose 1). GRIVICICH;REGNER;BRONDANI (2007) Proteínas Pró e Antiapoptóticas Os membros da família Bcl-2, como Bcl-2 e Bcl-xL (B-cell lymphoma-extra large) inibem a apoptose, pois previnem a liberação de citocromo c e são chamados de reguladores antiapoptóticos. Por outro lado, Bax (Bcl-2-associated X protein), Bid e Bak (Bcl-2 relative Bak) são proteínas pró-apoptóticas (HENGARTNER, 2000). A expressão de Bcl-2 é capaz de inibir a geração de espécies reativas do oxigênio e a acidificação intracelular, bem como estabilizar o potencial de membrana da mitocôndria (VANDER HEIDEN E THOMPSON, 1991). A homeostasia é mantida pelo controle da quantidade de proteínas antiapoptóticas e pró-apoptóticas. Estímulos, como dano ao DNA, levam ao aumento na expressão das proteínas pró-apoptóticas. Esse desequilíbrio induz a apoptose (PETROS; OLEJNICZAK; FESIK, 2004). Entre as proteínas mais estudadas desta família, estão a Bax (pró-apoptótica) e a Bcl-2 (antiapoptótica) (BRONNER; CULIN; REED; FURTH, 1995). Estas proteínas são capazes de formar homodímeros (Bax-Bax e Bcl-2-Bcl-2) e heterodímeros (Bax- 43 Bcl-2), sendo que o equilíbrio entre esses homodímeros e heterodímeros pode definir o balanço pró-apoptótico ou antiapoptótico na célula (PETROS; OLEJNICZAK; FESIK, 2004). Após um estímulo de morte, a Bcl-2 inibe a permeabilização da membrana externa da mitocôndria, pelo sequestro de Bax ou por competir por sítios que seriam ocupados pela Bax na membrana externa mitocondrial (MURPHY et al., 2000). A Bax pode promover a apoptose através da interação com a mitocôndria, de forma independente da interação com proteínas antiapoptóticas (PETROS; OLEJNICZAK; FESIK, 2004). 2.6 CONSIDERAÇÕES SOBRE A MYRTUS COMMUNIS L. E O MONOTERPENO (-) MIRTENOL Infelizmente, as terapias atuais proporcionaram resultados clínicos ruins e, apesar dos esforços de pesquisa bem-sucedidos para identificar novos alvos moleculares e desenvolver novas estratégias terapêuticas para doenças isquêmicas cardíacas, são necessárias terapias alternativas (BULLUCK et al., 2016; HAUSENLOY; YELLON, 2013). Assim, a identificação de agentes farmacológicos que atuem em várias vias de sinalização chave atualmente surge como uma abordagem promissora para o tratamento de doenças cardíacas. Muitos estudos epidemiológicos, clínicos e experimentais demonstraram que o uso de antioxidantes como abordagem preventiva pode limitar o tamanho do infarto e atenuar a disfunção miocárdica, bem como, diminuir a progressão e as consequências do infarto do miocárdio (AGRAWAL et al., 2014; ERTRACHT, O et al., 2014; RODRIGO et al., 2014; GOYAL et al., 2010). Os antioxidantes não apenas suprimem a formação de EROS e a geração de radicais livres e/ou o aumento de enzimas antioxidantes endógenas, mas também modulam a função cardíaca (TAPPIA et al., 2001; YO AGRAWAL et al., 2014; ERTRACHT, O et al., 2014). Os monoterpenos apresentam diversas propriedades farmacológicas, incluindo as atividades antioxidante, antifúngica e antimicrobiana (AL NOMAANI et al., 2013) e analgésica (MELO et al., 2010, GUIMARAES et al., 2013). Sobre o sistema 44 cardiovascular, estudos mostram que diferentes monoterpenos são capazes de promover, entre outras ações, hipotensão, vasorelaxamento, redução da contratilidade e da frequência cardíaca (SANTOS et al., 2011). Podemos citar como exemplo a ação dos monoterpenos citronelol (BASTOS et al., 2010), carvacrol (JOCA et al., 2012), timol (MAGYAR et al., 2004), mentol (BAYLIE et al., 2010) e R-(+)-pulegona (DE CERQUEIRA et al., 2011) que atuam bloqueando canais para cálcio e sódio sensíveis à voltagem. Os monoterpenos são encontrados em plantas aromáticas tais como Salvia officinalis (sábio), Tanacetum vulgare (tansy), Mentha spicata (hortelã) e Foeniculum vulgare (erva-doce). A partir destas e de outras plantas há a extração de óleos essenciais como, por exemplo, o mentol, hortelã-pimenta, limoneno, geraniol, citronela, citrino, cânfora e terpineol. Por isso, os monoterpenos são também utilizados no controle de odores (como fragrâncias em compostos de limpeza) (SAXENA et al., 2013). Os monoterpenos são constituídos por duas unidades isoprênicas, as quais são formadas por cinco carbonos cada, representando cerca de 90% dos constituintes dos óleos essenciais (BAKKALI et al., 2008). Os óleos essenciais são misturas complexas de compostos orgânicos que apresentam natureza volátil e são produzidos pelo metabolismo secundário das plantas, os quais são constituídos por hidrocarbonetos (monoterpenos e sesquiterpenos) e compostos oxigenados (álcoois, ésteres, aldeídos, cetonas, lactonas e derivados fenólicos) (GUENTHER, 1948). Dentre as plantas com promissoras atividades farmacológicas, Myrtus communis L. (Figura 7), uma espécie da família Myrtaceae tem sido investigada. É uma planta arbustiva aromática procedente da região mediterrânea da Europa, sendo cultivada mundialmente. Conhecida popularmente como “murta-comum” ou “mirta”, o seu habitat preferencial é xerofílico (seco), podendo ser encontrada em diversas regiões do Brasil, tradicionalmente utilizada no sul do país no tratamento de problemas estomacais (SALVAGNANI et al., 2008). A mirta é amplamente utilizada em parques, jardins e vias públicas (DE AZEREDO; RODRIGUES; CASSINO, 2004) e, por apresentar em sua composição química monoterpenos, diterpenos, cetonas e álcoois, pode ser considerada como uma potencial riqueza em exploração pela indústria farmacêutica. 45 Figura 7 Myrtus communis L Fonte: OZKAN;GURAY, 2009 Dentre os óleos essências derivados dessas plantas temos como constituinte majoritário o (-) mirtenol (Figura 8), também conhecido como “cis-mirtenol”ou simplesmente “mirtenol”, um monoterpeno representante do grupo químico dos álcoois monocíclicos, que pode ser obtido por hidrodestilação a partir das folhas de mirta, sendo suas formas isoméricas (+)-mirtenol e (-)-mirtenol provavelmente sendo as mais variantes. Figura 8-Estrutura química do (-) mirtenol Fonte: GOMES et al., 2017 O mirtenol apresenta a fórmula química C10H16O (Figura 5). Tem como sinônimos: (-)-mirtenol; (1R)-2-Pineno-10-ol; (1R)-6,6-Dimetilbiciclo [3.1.1.] hept-2- eno-2-metanol. Está registrado no CAS (registros de substâncias orgânicas e inorgânicas únicas) sob número 19894-97-4. Seu peso molecular é equivalente a 152,23 g/mol e apresenta grau de pureza de ≥ 95%. Seu ponto de ebulição corresponde a 221-222°C e sua densidade de vapor é 0,954 g/mL a 25°C (SIGMA-ALDRICH BRASIL, 2017). 46 Com relação as suas propriedades físico-químicas, tem aparência incolor a amarelo pálido e encontra-se naturalmente na forma líquida com aspecto oleoso. O mirtenol embora inicialmente utilizado como agente flavorizante de perfumes e vinhos, sua atividade antioxidante é bastante conhecida. GOMES et al., 2017, demonstraram o efeito antioxidante do mirtenol sob a atividade moduladora do estresse oxidativo na artrite crônica experimental. Foi utilizado via oral nas doses (12,5, 25 ou 50 mg/kg) em ratos machos, apresentando níveis elevados de SOD no plasma. MOREIRA, et al., 2012 mostraram que o mirtenol possui atividade antioxidante in vitro, prevenindo a peroxidação lipídica, a remoção do radical hidroxila e radical nitrito. In vivo nas doses (25, 50 e 75 mg/kg), por via oral reduziu de maneira significante os níveis de lipoperoxidação e o teor de nitrito. Em relação a atividade das enzimas endógenas, aumentou significantemente a atividade da SOD e CAT. O efeito do mirtenol foi avaliado em mitocôndrias isoladas de cérebro e fígado de ratos Wistar pré-tratados nas doses de 25, 50 e 75 mg kg. O mirtenol reduziu significativamente a quantidade da peroxidação lipídica, e da produção de nitrito, porém não alterarou a atividade das enzimas superóxido dismutase e catalase e, diminuiu as concentrações de GSH (SILVA, 2015). VIANA et al., 2016, mostraram que o mirtenol apresentou atividades gastroprotetora, antioxidante e anti-inflamatória. O potencial antiulcerogênico do mirtenol foi avaliado contra lesões gástricas induzidas pelo etanol, para isso utilizaram doses orais de (25, 50 e 100 mg/kg), onde o mirtenol diminuiu significativamente a gravidade das lesões gástricas induzidas pelo etanol. Além disso, proporcionou gastroproteção que foi acompanhada por uma diminuição da atividade da mieloperoxidase e do malonaldeído, aumento da atividade GPx, SOD e CAT no tecido gástrico e manteve níveis normais de nitrito/nitrato, muco gástrico e NP-SHs (sulfidrilos não protéicos). EVSTATIEVA, L. et al., (2010) demonstraram a atividade anticancerígena, do mirtenol por inibição de células neoplásicas cervicouterinas. GOMES et al., 2017 avaliaram o pré-tratamento com o mirtenol, nas doses de (12,5, 25 e 75 mg/kg) via oral, sob a quimiotaxia in vitro para a N-formilmetionil- leucil-fenilalanina (fMLP) onde o mirtenol reduziu a contagem de células neoplásicas. 47 A ação anti-inflamatória do mirtenol, foi investigada por GOMES et al., 2017 na artrite crônica experimental e migração de neutrófilos, onde o mesmo foi utilizado via oral nas doses (12,5, 25 ou 50 mg/kg), inibindo a liberação de citocinas e migração de neutrófilos. A ação ansiolítica, neuroléptica e anticonvulsivante do mirtenol foi estuda por MOREIRA et al., 2014 nas doses de 25, 50 e 75 mg/kg, por via i.p, para verificar o efeito ansiolítico, através do teste do labirinto em cruz elevada (TLCE), teste de transição claro e escuro (TTCE), teste de campo aberto (TCA) e Rota Rod para avaliar os efeitos sobre o sistema locomotor. No TLCE o mirtenol aumentou significativamente o número de entradas e o tempo de permanência dos animais nos braços abertos e, no TTCE, aumentou significativamente o tempo de permanência dos animais no compartimento claro. No TCA e teste Rota Rod, não houve alterações significativas dos parâmetros observados. O efeito neuroléptico pelo teste de catalepsina induzida por haloperidol (HAL) nasdoses de 50, 100 e 150 mg/kg, por via oral e para os testes de verificação do efeito anticonvulsivante através do teste de convulsão induzido por pentilenotetrazol (PTZ), picrotoxina (PIC) e pilocarpina (P). Nos testes para avaliar a convulsão, o mirtenol aumentou a latência para a primeira convulsão e diminui a porcentagem destas, assim como o percentual de mortes de animais. No teste da catatonia o mirtenol reduziu significativamente o tempo de permanência dos animais na posição antifisiológica induzida. SILVA, (2015) investigou a atividade antiepilética do mirtenol em mitocôndrias isoladas de cérebro de ratos Wistar pré-tratados nas doses de 25, 50 e 75 mg/kg. Em todas as doses testadas os animais pré-tratados com (-)-mirtenol reduziram significativamente o número de crises epiléticasaumentando a taxa de sobrevivência em relação ao grupo controle convulsivo, diminuindo os danos neurais causados após indução das crises epiléticas, promovendo neuroproteção Silva e colaboradores (2014) relataram o efeito do mirtenol na nocicepção (retorção induzida por ácido acético, teste de placa quente e lambida de pata induzida por formalina, glutamato e capsaicina). Além disso, o mirtenol inibiu o retorcimento induzido pelo ácido acético, não prolongou significativamente o tempo de latência no teste de placa quente, diminuição o tempo de lamber induzida por uma injeção 48 intraplantar de formalina (apenas na segunda fase), glutamato e capsaicina. GOMES et al., 2017 avaliaram o pré tratamento com o mirtenol, nas doses de (25, 50 e 75 mg/kg), em modelos clássicos de inflamação (edema de pata induzido por diferentes agentes, peritonite induzida por carragenina, níveis de mieloperoxidase e medição de citocinas) e a incapacidade articular (tempo de elevação da pata), para avaliar sua ação antinociceptiva. O mirtenol inibiu o edema da pata, histamina, serotonina e prostaglandinas E2, bem como reduziu a atividade da mieloperoxidase e os níveis de citocinas. O proeminente edema da pata e incapacidade da articulação, foram significativamente impedidos pelo mirtenol. Santos e colaboradores (2011) descreveram a ação anti-hipertensiva do mirtenol na dose de 1 e 5 mg/kg administrado via intravenosa em ratos. Sepici-Dincel e colaboradores (2007), avaliaram o efeito do mirtenol em relação a diabetes induzida por aloxano, em ratos sendo o tratamento realizado por via oral em dose única de 50 mg/kg, levando a diminuição da glicemia constatando assim a ação anti-hiperglicêmica do mirtenol. Para verificar a ação antibacteriana (LEPOITTEVIN, et al., 2011), realizaram os testes microbiológicos destas moléculas (macro) por meio de testes de adesão de bactérias planctônicas em gram-positivos e gram-negativos, confirmando assim a ação antibacteriana do mirtenol, visto que o número de bactérias reduziu significativamente. 49 3. OBJETIVOS Geral Avaliar o efeito do pré-tratamento com Mirtenol na prevenção das lesões de reperfusão cardíaca em ratos. Objetivos específicos Analisar os parâmetros contráteis e elétricos do Mirtenol em coração pós- isquêmico; Avaliar o efeito deste pré-tratamento sobre as arritmias de reperfusão; Investigar o possível efeito antioxidante do Mirtenol em tecido cardíaco pós-isquêmico; Mensurar o efeito do Mirtenol na limitação da área de isquemia; Investigar o efeito do Mirtenol na morte celular em coração pós- isquêmico 50 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA Todos os procedimentos experimentaisque constam no presente trabalho foram previamente aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal (CEPA) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), sob o parecer técnico 46/2017 e os experimentos executados com base na normativa do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA/MCT). 4.2 ANIMAIS, DOSE DA SUBSTÂNCIA UTILIZADA NO TRATAMENTO E GRUPOS EXPERIMENTAIS Animais Neste estudo foram utilizados 276 ratos machos Wistar saudáveis, pesando entre 250-270 g, provenientes do Biotério Setorial da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e do Biotério da Universidade Tiradentes (UNIT), mantidos no Biotério do Laboratório de Biologia Cardiovascular e Estresse Oxidativo da UFS. Os animais foram mantidos em ciclo claro/escuro de 12/12 horas, e acondicionados em gaiolas coletivas com 5 animais por gaiola, em sala com temperatura controlada (22 ± 2°C) e com livre acesso à ração e água. Determinação da dose A dose utilizada do mirtenol foi determinada com base no tratamento de animais saudáveis, em um projeto piloto, no qual foi realizada através da mensuração da peroxidação lipídica por meio do teste do TBARS (Substâncias Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico) nas concentrações 25, 50 e 100 mg/kg. Grupos Experimentais 51 Para a execução do protocolo experimental referente à lesão de isquemia- reperfusão (IR) cardíaca, os animais foram distribuídos de forma randomizada em 4 grupos: (1) Controle: os animais foram pré-tratados com solução salina (NaCl 0,9% 0,20 mL + DMSO 0,05 mL) sem lesão de IR; (2) Veículo + IR: os animais foram pré-tratados com solução salina submetidos à lesão de IR; (3) Mirtenol + IR: os animais foram pré-tratados com mirtenol (50 mg/kg) + solução salina submetidos à lesão de IR; (4) NAC + IR: os animais foram pré-tratados com N-acetil-L-cisteína (1.200 mg/kg) + solução salina submetidos a lesão IR. Os animais foram submetidos a um pré-tratamento por gavagem, durante 7 dias consecutivos, mimetizando, assim, uma situação de tratamento, visando prevenir a lesão induzida no protocolo IR por um agente antioxidante. Após o término do tratamento, foram administrados 1000 UI de heparina (i.p.) e após 15 minutos os animais foram eutanasiados por decapitação. Em seguida, o tórax foi aberto e o coração rapidamente removido e cuidadosamente montado em um sistema de perfusão aórtica de fluxo constante (10 mL/min), do tipo Langendorff modificado por Vassallo et al., (1998) (Figura 8). 4.3 PROTOCOLO DE ISQUEMIA/REPERFUSÃO CARDÍACA 52 4.3.1- MODELO DE ISQUEMIA/REPERFUSÃO Figura 9. Representação esquemática do sistema de perfusão aórtica de fluxo constante do tipo Langendorff. VASSALLO et al., (1998) Nessa montagem experimental (Figura 9) o átrio esquerdo foi removido para a inserção de um balonete, conectado a um transdutor pressórico. Os corações foram mantidos sob perfusão contínua com solução Krebs-Henseleit (K-H) em pH = 7,4 (Quadro 2) previamente filtrada através de uma membrana de acetato de celulose (0,45 μm), oxigenada (95% O2 + 5% CO2) e mantida a temperatura de 37± 0,2°C (Haake F3, Berlim, Alemanha). Após 20 minutos de estabilização da preparação, os corações foram submetidos à isquemia global (sem fluxo) durante 30 minutos. Após esse tempo, o fluxo foi restabelecido e a solução (K-H) foi perfundida por 60 minutos (Figura 10). Quadro 2. SOLUÇÃO DE KREBS-HENSELEIT Composto Molaridade (mM) NaCl 118 KCl 4,7 KH2PO4 1,2 MgSO4.7H2O 1,2 Glicose 11,1 NaHCO3 25,0 CaCl2 1,25 95% O 2 5% CO 2 Krebs Bomba 10 mL/min 34 ± 0,2 o C ECG Parâmetros contráteis Balonete LDH (perfusato) 53 Figura 10. Representação esquemática do protocolo experimental. 4.3.2 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS CONTRÁTEIS E ELETROCARDIOGRÁFICOS A partir da montagem experimental (Figura 9) foram adquiridas as medidas de pressão no ventrículo esquerdo (PVE), a frequência cardíaca (FC) e as derivadas temporais de pressão ventricular máxima (+dP/dt) e mínima (-dP/dt). As medidas foram obtidas sob condições basais do coração e durante o período de reperfusão, sendo as medidas realizadas a cada 10 min ao longo do procedimento experimental (JIA et al., 2016). Os registros foram captados por transdutores e os sinais interpretados pelo software WindaqEX® (DataQ Instruments) já a análise dos dados realizada com o software LabChart7® (ADInstruments). A análise dos registros foi feita evitando qualquer tipo de artefatos ou arritmias. Para registrar simultaneamente os sinais elétricos que compõem o eletrocardiograma (ECG) ex vivo, o coração inteiro foi mantido em cuba para órgão isolado imerso em solução de (K-H) a 37°C. Três eletrodos (Ag/AgCl/ NaCl, 1 mol/L) foram colocados dentro desta câmara próximo ao coração para detectar os sinais elétricos (Figura 9). Em todos os grupos experimentais, foram medidos, em 10 batimentos consecutivos a FC, o intervalo PR e a duração do complexo QRS. O segmento-ST foi também avaliado. Grupos Veículo + IR, Mirtenol + IR e NAC + IR Grupo Controle 54 4.4 MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE DA LACTATO DESIDROGENASE (LDH) Para determinar a atividade da LDH, amostras da solução de perfusão cardíaca foram coletadas do efluente coronário ao final do procedimento experimental e a atividade desta enzima foi medida de acordo com as recomendações do fabricante (LDH Liquiform - Labtest, Brasil). 4.5 DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE SEVERIDADE DAS ARRITMIAS CARDÍACAS (ISA) As arritmias cardíacas foram avaliadas pela presença de extra-sístoles, taquicardia e/ou fibrilação ventricular durante os 60 min de reperfusão. Para obter uma análise quantitativa, as arritmias foram classificadas arbitrariamente por sua duração. A duração das arritmias observadas foi analisada e uma nota ou fator foi atribuído ao registro, segundo o quadro 3 (BERNAUER, 1986). Quadro 3. Determinação do Índice de Severidade de Arritmia (ISA) Duração das arritmias (minutos) Fator < 3 2 3-6 4 6-10 6 10-15 8 15-20 10 20-25 11 25-30 12 >30 Irreversível Fonte: (BERNAUER, 1986) 55 4.6- ENSAIOS DE ESTRESSE OXIDATIVO 4.6.1 PREPARAÇÃO DA AMOSTRA Ao término do protocolo de IR, os corações foram pesados e homogeneizados, na proporção de 100 mg de tecido/mL de tampão. O tampão utilizado para preparação da amostra foi substituído a depender do ensaio bioquímico que foi realizado (Tabela 4). As amostras foram centrifugadas a 12.000 rpm (Neofuge 15R, HEAL FORCE®, EUA) por 30 minutos a 4ºC e o sobrenadante foi utilizado nos ensaios. Quadro 4. Constituintes dos tampões utilizados na preparação dos tecidos cardíacos para os ensaios bioquímicos Tampão Ensaio Substâncias Tampão Fosfato (50 mmol/L, pH 7,4) SOD e CAT Hidroperóxidos Grupamento sulfidrila NaCl NaH2PO4 Na2HPO4 Tampão Fosfato (50 mmol/L) Acrescido de KCl (140 mmol/L, pH 7,4) GPx NaH2PO4 Na2HPO4 KCl Tampão Fosfato (0,2 mol/L, pH7,5) e EDTA GR NaH2PO4 Na2HPO4 EDTA Tampão Fosfato (0,1 mol/L, pH 7,4) e BHT TBARS Na2HPO4 BHT 4.6.2 ENSAIO DE PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA No final dos procedimentos experimentais de IR cardíaca, os corações foram rapidamente removidos, e em seguida os produtos da peroxidação lipídica foram quantificados como descrito por BOSE et al., (1989). Resumidamente, as amostras 56 foram homogeneizadas em tampão de fosfato de potássio (50 mmol/L, pH 7,4) contendo butil-hidroxitoluol (BHT, 12,6 mmol/L) na proporção de 1g/5mL. Em seguida, os homogeneizados foram incubados durante 45 minutos a 90°C com solução contendo ácido tiobarbitúrico (TBA 0,37%), em solução ácida (15% de ácido tricloroacético- TCA e 0,25 N de ácido clorídrico). Posteriormente, os homogeneizadosforam centrifugados durante 5 min a 14.000 rpm e o sobrenadante foi misturado com n- butanol e solução saturada de NaCl. A mistura foi agitada em vórtex por 30 segundos e novamente centrifugada a 14.000 rpm (Neofuge 15R, HEAL FORCE®, EUA) por 2 minutos. Alíquotas do sobrenadante foram pipetadas em placas de 96 poços para a leitura de absorbância em leitor de microplaca (Biotek, ELx800 Absorbance Microplate Reader, EUA) à 535 nm, corrigindo pelos valores de absorbância a 572 nm. A quantidade de malondialdeído (MDA) foi expressa em nanomoles por gramas de tecido (nM/mg), sendo interpretada como marcador de peroxidação lipídica formado pela reação com o ácido tiobarbitúrico (TBARS). 4.6.3 DETERMINAÇÃO DE HIDROPERÓXIDOS TOTAIS A mensuração dos hidroperóxidos totais foi realizada de acordo com Jiang et al., (1992). Esse ensaio se baseia na oxidação de íons ferroso (Fe 2+ ) a íons férricos (Fe 3+ ) em condições ácidas, pelos hidroperóxidos lipídicos. O homogeneizado foi misturado durante 30 minutos com reagente FOX, o qual é constituído por xilenol orange (0,25 mmol/L), sulfato ferroso amoniacal (Fe (NH4)2(SO4)2.6H2O, 0,25 mmol/L), hidroxitolueno butilado (BHT, 4,4 mmol/L), metanol (CH4O) e ácido sulfúrico (H2SO4, 97%). O indicador utilizado foi o xilenol orange que reage com os íons Fe 3+ produzindo um cromóforo azul-arroxeado, o qual pode ser medido por meio do espectrofotômetro a 560 nm. Decorrido os 30 minutos, a amostra foi centrifugada e o sobrenadante colocado em microplaca e a leitura da absorbância foi realizada em espectrofotômetro de placas. A quantificação dos hidroperóxidos foi expressa em mol/L, foi utilizado o coeficiente de extinção molar 4,3 x 10 -4 M -1 cm -1. 57 4.6.4 MEDIDA DE GRUPAMENTOS SULFIDRILAS TOTAIS A concentração de grupos sulfidrilas (SH) foi avaliada de acordo com Aksenov e Markesbery (2001). Os corações foram homogeneizados em tampão fosfato (PBS 50 mmol/L, pH 7,4), e centrifugados (12.000 rpm durante 30 min, à 4°C). Posteriormente, o sobrenadante foi misturado com tris-EDTA (200 mmol/L, 2 mmol/L, pH 8,2), e uma primeira leitura espectrofotométrica foi realizada a um comprimento de onda de 412 nm. Em seguida, adicionou-se DTNB (ácido 5,5'-ditiobis (2-nitrobenzóico 10 mmol/L, em metanol) e após 15 min foi realizada a segunda leitura no mesmo comprimento de onda. A concentração total de grupos SH foi expressa em nmol/L/μg de proteína. 4.6.5 MENSURAÇÃO DAS ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO (EROS) Os corações foram rapidamente removidos e imersos em meio para criopreservação (Tissue-Tek, O.C.T.) e imediatamente congelados. Os blocos de tecido congelados foram cortados transversalmente em seções de 30 μm de espessura e transferidos para lâminas histológicas. As lâminas foram pré-incubadas em solução de PBS pré-aquecida à 37°C durante 15 min e em seguida foi adicionado 10 μmol/L de dihidroetídio (DHE; Molecular Probes), uma sonda fluorescente permeável a membrana celular, durante 40 min (MACEDO et al., 2016). As imagens foram obtidas utilizando um microscópio de fluorescência (Ci-E, Nikon, Japão) e a intensidade de fluorescência do DHE foi mensurada usando o software ImageJ 1,38x (NIH, EUA). Para análise da intensidade da fluorescência, foi utilizada a ferramenta ROI manager (do inglês, Region of Interest) sendo o valor obtido normalizado pelo tamanho da área selecionada e subtraída do background. 4.7 ATIVIDADES DAS ENZIMAS ANTIOXIDANTES ENDÓGENAS 4.7.1 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO TOTAL DE PROTEÍNAS 58 A concentração total de proteínas foi estabelecida pelo método de Lowry et al., (1951). Em suma, foi adicionado às amostras NaOH 0,5 mol/L e as mesmas foram diluídas 10x. Após 15 min de incubação, foi acrescentada às amostras uma solução composta por: 2% Na2CO3, 1% CuSO4 e 2% KNaC4H4O6•4H2O, na proporção de (100:1:1). Ao término, foi adicionado o reagente de folin (1:1). Após incubação por 30 min, foi realizada a leitura no comprimento de onda de 630 nm em espectrofotômetro de placa (ELx 800, BIOTEK Instruments®, EUA). Por fim, foi construída uma curva padrão de albumina bovina (Sigma-Aldrich®) para determinação da concentração de proteína nas amostras testes. 4.7.2 ATIVIDADE DA SUPERÓXIDO DISMUTASE (SOD) A atividade de SOD foi realizada conforme Madesh e Balasubramanian (1998). Este ensaio mensurou a formação de O 2•- pela auto-oxidação do pirogalol e a inibição da redução do sal de tetrazolium (MTT). O tecido cardíaco foi homogeneizado em tampão fosfato PBS (50 mmolL, pH 7,4) e centrifugado a 12.000 rpm durante 30 min. A reação foi realizada pipetando-se, em triplicata na placa de Elisa o sobrenadante obtido, o PBS, o MTT (1,25 mmol/L) e pirogalol (100 μmol/L), Foram agitados durante 5 minutos e, posteriormente, adicionou-se dimetilsulfóxido (DMSO) à mistura e a leitura foi realizada em espectrofotômetro de microplaca a 570 nm (ELx 800, BIOTEK Instruments®, EUA). A atividade da SOD foi expressa em unidade de SOD por micrograma de proteína. 4.7.3 ATIVIDADE DA CATALASE (CAT) A atividade da catalase foi determinada com base em Nelson e Kiesow (1972). A reação iniciou com a adição de H2O2 (0,3 mol/L) a alíquotas do sobrenadante as quais foram homogeneizadas em tampão fosfato (50 mmol/L, pH 7,0), centrifugado (Neofuge 15R, HEAL FORCE®, EUA) a 12.000 rpm por 30 min a 4°C. Esse ensaio foi realizado em cubeta de quartzo com o ambiente protegido de luz, e as medidas realizadas em espectrofotômetro (ELx 800, BIOTEK Instruments®, EUA), em intervalos de 15 segundos, a 25ºC, no comprimento de onda de 240 nm. Medindo o consumo de peróxido de hidrogênio (H2O2, 0,3 mol/L) foi capaz de quantificar a reação. A decomposição do H2O2 pela catalase foi monitorada durante 1 min a 25°C. A atividade 59 da enzima foi expressa pela diferença da variação das absorbâncias (ΔE)/minuto/micrograma de proteínas. 4.7.4 ATIVIDADE DA GLUTATIONA PEROXIDASE (GPx) A atividade de GPx foi avaliada de acordo com Paglia e Valentine (1967). Os corações foram homogeneizados em PBS (contendo KCl 140 mmol/L, pH 7,4) e centrifugados a 12.000 rpm (Neofuge 15R, HEAL FORCE®, EUA) durante 30 min, a 4°C e o sobrenadante separado para o ensaio enzimático. Na microplaca foi colocado tampão fosfato (100 mmol/L, pH 7,0), NADPH (8,4 μmol/L), glutationa redutase (GR, 10 U/mg de proteína), azida sódica (NaN3, 1,125 mol/L), (GSH, 0,15 mmol/L), H2O2 (2,2 mmol/L) e a amostra. A leitura foi realizada em 340 nm, 25ºC, por 6 min. A atividade da GPx foi avaliada pela oxidação do NADPH. Os resultados foram expressos em nmol/NADPH/minuto/micrograma de proteínas. 4.7.5 ATIVIDADE DA GLUTATIONA REDUTASE (GR) A atividade de GR foi avaliada como descrito por Carlberg e Mannervik (1985) onde a atividade da glutationa redutase é proporcional ao consumo de NADPH. Resumidamente, as amostras foram homogeneizadas em PBS (200 mmol/L, pH 7,5) contendo ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA, 6,3 mmol/L), leupeptina (5 mg/mL) e fluoreto de fenilmetilsulfonilo (PMSF, 100 mmol/L). O homogeneizado foi centrifugado durante 30 min a 12.000 rpm (Neofuge 15R, HEAL FORCE®, EUA), a 4°C. Para o ensaio, adicionaram-se ao homogeneizado, albumina (0,5 mg/mL de tampão) e glutationa oxidada (GSSH, 10 mM). A reação foi iniciada pela adição de NADPH (1,2 mg/mL) e monitorada a 340 nm durante 8 minutos a 37°C. A atividade de GR foi expressa como nmol/minuto/micrograma de proteína. 4.8 DETERMINAÇÃO DA ÁREA DE INFARTO No final dos procedimentos experimentais de IR cardíaca, o coração foi removido do sistema de Langendorf, cortado em secções de ~ 2 mm e incubados em 60 solução de cloreto de trifeniltetrazólio (TTC, 1%) diluído em solução de K-H durante 10 min. Após esse período, os cortes foram mergulhados em solução de formalina tamponada por 30 min, para a remoçãodo excesso da coloração. As seções do ventrículo esquerdo foram digitalizadas e analisadas usando o software ImageJ 1.38x (NIH, EUA). O tamanho do infarto do miocárdio foi mensurado selecionando, cuidadosamente, a região infartada e a área total do ventrículo esquerdo através da ferramenta free hand. Os valores foram expressos como porcentagem da área infartada em relação à secção total do ventrículo esquerdo. 4.9 DETERMINAÇÃO DA EXPRESSÃO DE PROTEINAS REGULADORAS DA APOPTOSE 4.9.1- Expressão do BAX, BCL-2 O Western blot foi realizado como previamente descrito por Mesquita et al., 2017. As amostras foram diluídas em tampão da amostra (Tris HCl/SDS pH = 6,8, 3% Glycerol, 1% SDS, 0,6% β-mercaptoetanol e 0,1% Azul de Bromofenol) e aquecidas a 98°C por 5 min. Para a separação, foram aplicados 60 µg de proteínas em gel de SDS- PAGE (do inglês sodium dodecyl sulfate polyacrylamide gel electrophoresis) aq 7,5% ou 10%. Após serem separadas no gel de policrilamida, as proteínas foram transferidas para uma membrana de nitrocelulose (Milllipore®, USA) com poros de 0,44 µm. A qualidade da transferência foi monitorada através da coloração da membrana com solução de Ponceau 0,3%. A membrana foi então lavada em solução salina tamponada com tris-base acrescido com 0,05% de tween 20% (TBS-T) e colocada por 1 a 2 horas em solução de bloqueio (4% de albumina em TBS-T). Após o bloqueio, a membrana foi incubada em temperatura de 6-8°C, com o anticorpo primário específico diluído em 1% de albumina em TBS-T, overnight. Os seguintes anticorpos primários foram utilizados: anti-Bax (1:500, sc-526, Santa Cruz Biotechnology Inc-Santa Cruz, EUA), anti-Bcl-2 (1:500, sc-492 Santa Cruz Biotechnology Inc-Santa Cruz, EUA) e anti-GAPDH (Gliceraldeido-3-fosfato desidrogenase) (1:3.000, sc-32233, policlonal, Santa Cruz Biotechnology Inc-Santa Cruz, EUA). 61 Em seguida, a membrana foi lavada três vezes com TBS-T durante 5 min e incubada por 2 h com o anticorpo secundário conjugado à peroxidase (HRP 1:5000, anti-goat IgG-HRP ou anti-rabbit IgG-HRP, Sigma, St Louis, EUA) diluído em 1% de albumina em TBS-T. Após o período de incubação, a membrana foi novamente lavada por mais três vezes em TBS-T durante 5 min. As bandas proteicas foram detectadas por uma reação de quimioluminescência (Luminata strongTM –Western HRP substrate, Merck-Millipore, Darmstad Alemanha) e a intensidade das mesmas foi avaliada por análise densitométrica através do software Image J 1,38x (NIH). A proteína GAPDH foi referência para normalização Para os experimentos acima citados, foram utilizados o sistema Mini Protean III- Tetracell e Mini Trans-Blot Electrophoretic Transfer Cell (BIORAD ® , EUA). 4.9.2 Mensuração Das Proteínas Carboniladas A quantificação de proteínas carboniladas foi realizada através da utilização de grupos carbonilas, utilizando o OxyblotProtein Detection Kit (s7150, Millipore, EUA). As proteínas solúveis do homogenato destinado à expressão protéica foram desnaturadas em 6% SDS e derivadas 1x2,4-Dinitrophenylhydrazine (DNPH) por 15 min. A reação foi inibida por solução neutralizadora e submetida à eletroforese (SDS- PAGE) do inglês (sodium dodecyl sulfate polyacrylamide gel electrophoresis), conforme descrito no item Expressão Proteica. As membranas de nitocelulose (Milllipore®, USA), foram então bloqueadas por 1 h em 1% BSA (albumina sérica bovina) e encubadas em anticorpo primário (Rabbit Anti-DNP, Sigma, EUA) e secundário (Goat Anti-Rabbit IgG – HRP conjugado Sigma, EUA), e a atividade quimioluminescente foi detectada, com quantificação da marcação entre as bandas de ~15 a 170 kDa. A proteína GAPDH (Sigma, EUA) foi usada para normalização. 4.10 AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE APOPTOSE (IA) IN SITU UTILIZANDO O MÉTODO TUNEL Neste estudo, o teste de TUNEL (Terminal deoxynucleotidyl transferase mediateddUTP - FITC nick end labeling) foi utilizado para detecção de fragmentação de 62 DNA, através da marcação da extremidade terminal de ácidos nucléicos, avaliando a apoptose cardíaca in situ. Para a realização do teste foi utilizado um kit In Situ Cell Death Detection (Roche, EUA), conforme as instruções recomendadas pelo fabricante com pequenas modificações (Pei et al., 2017). Três secções histológicas (5 μm de espessura, em intervalos de 50 μm) foram obtidas a partir das amostras embebidas na parafina, foram desparafinizadas em series de xilol (3 min cada), reidratadas em concentrações alcoólicas (3 min cada), realizada a recuperação antigênica em micro- ondas por 10 min. Bloqueio da peroxidase endógena com peróxido de hidrogênio 3% e álcool metílico (10 min). As secções foram então incubadas overnight em câmera úmida escura a 37°C com a solução proteinase K (100 μL), posteriormente incubadas com a solução Converter-POD (50 μL) na mesma câmara citada anteriormente por 1 h a 37 °C. Uma solução contendo 3,3'-diaminobenzidina (Dab), PBS e peróxido de hidrogênio 0,3%, foi adicionado a cada secção, incubada por 10 min a 25°C. As secções foram desidratas em soluções alcoólicas (3 min cada) e diafanizadas em xilol (3 min cada), montadas em lamínulas de vidro e balsamo do Canadá. A marcação de células apoptóticas foi evidenciada por meio da visualização de células com núcleos corados em tom acastanhado. Dessa forma, células cujos núcleos forem marcados (corados em castanho) ou como corpos apoptóticos (fragmentos de células apoptóticas envolvidas por células vizinhas), independentemente da intensidade, foram consideradas como marcação positiva. O índice de apoptose foi expresso pela porcentagem de células com marcação positiva em 1000 células contadas a partir do registro fotomicrográfico de 10 campos histológicos em cada secção, usando microscópio Olympus modelo CX31 em magnificação de 400x acoplado a câmera Olympus C7070 wide zoom. O índice de apoptose foi calculado de acordo com a seguinte equação: IA (%) = (TnP / 1000) x 100, onde IA é o índice de apoptose e TnP é o número das células TUNEL-positivas. A seleção dos campos foi efetuada por meio de casualização sistemática, da esquerda para direita de cima para baixo, de modo que para cada campo registrado, dois subsequentes eram desprezados, até que se obtivesse o total de 10 registros fotomicrográficos. 63 4.11 ANÁLISE ESTATÍSTICA Todos os dados foram expressos como médias ± EPM. Comparações estatísticas foram realizadas usando GraphPad Prism 5.1 (San Diego, CA, EUA). A normalidade e a igualdade de variância foram verificadas pelo teste de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente. Diferenças significativas entre os grupos foram determinadas por ANOVA de uma ou duas vias, seguido do pós-teste de Bonferroni. Quando apropriado, o teste de Kruskal-Wallis seguido do pós-teste de Dunn foi utilizado. As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas quando p <0,05. 64 5. RESULTADOS 5.1 Dose do mirtenol a ser utilizada no pré-tratamento dos animais Figura 11. Medida de malonaldeido (MDA) em coração de ratos pré-tratados com mirtenol (25, 50 e 100 mg/kg/dia) durante 7 dias (gavagem) (n=5, por grupo). *p<0,05, vs. veículo; ( p> 0,05; 25 mg vs 100 mg,) ##p< 0,01 vs 25 mg; 100mg. ANOVA de uma via seguido pelo pós-teste de Bonferroni Para determinar a dose a ser utilizada no pré-tratamento dos ratos foi realizado o teste de peroxidação lipídica (TBARS). Nesse ensaio, foram comparadas as doses de 25, 50 e 100 mg/kg/dia quanto ao efeito sobre a peroxidação lipídica no tecido cardíaco.O pré-tratamento com essas doses diminuiu a formação de MDA, sendo que a dose de 50 mg/kg/dia reduziu a formação de MDA(* p<0,05) para mais de 50% quando comparados ao grupo veículo, e apresentou redução significativa de MDA (## p<0,05) em relação às outras doses testadas,enquanto queuma dose maior (100 mg/kg) não proporcionou nenhum efeito adicional (Figura 11). Assim nesse estudo foi utilizado o mirtenol na dose de 50 mg/kg/dia. 5.2 Mirtenol previne o comprometimento da contratilidade cardíaca induzida pela lesão de IR A disfunção contrátil é uma característica da lesão de IR cardíaca. Dessa forma, primeiramente avaliamos se o mirtenol era capaz de impedir o comprometimento da função mecânica cardíaca induzida pelo modelo de lesão por IR. Conforme ilustrado na 65 Figura 12A, a isquemia induziu um declínio acentuado da pressão ventricular esquerda (PVE), caindo para zero nos 20 min da isquemia. Logo em seguida, houve o restabelecimento da reperfusão, no qual foi observado que os corações dos animais que não foram tratados (veículo+IR) apresentaram comprometimento severo do desempenho contrátil (-70%, p < 0,001) em comparação com o grupo controle. O pré-tratamento com mirtenol impediu a perda de função contrátil induzida pela lesão de IR cardíaca, em comparação à situação basal. Levando em consideração estudos preliminares que indicam a potencial atividade antioxidante do mirtenol, utilizamos um composto exógeno com propriedades antioxidantes bastante reconhecidas, (NAC), para avaliar o envolvimento de EROs sobre a diminuição da contratilidade cardíaca. O tratamento com NAC (grupo NAC+IR) teve um efeito similar ao apresentado pelo mirtenol (grupo mirtenol+IR). Ademais, logo após o restabelecimento da reperfusão, pôde-se observar que a frequência cardíaca (FC) foi completamente restaurada em relação à situação basal, bem como, não houve diferença significativa da FC após a lesão de IR entre os grupos experimentais estudados (Figura 12B). Os resultados mostraram também que o tratamento com mirtenol ou de maneira similar àquela promovida pelo NAC melhorou outros parâmetros contráteis após a IR, representados por uma melhora significativa das derivadas máxima (Figura 12C, +dP/dt; +80% ou +83%, respectivamente, p < 0,001) e mínima (Figura 12D, -dP/dt; +68% ou +73%, respectivamente, p < 0,001) da PVE. Para investigar se o mirtenol protegia o coração de danos celulares, foi medido o extravasamento da enzima citosólica LDH no perfusato, um indicador de lesão cardíaca. No final do protocolo de IR cardíaca, o extravasamento da LDH foi significativamente aumentado (230%, p <0,001) no grupo veículo+IR quando comparado ao controle (Figura 12E). Em contraste, nos animais tratados com mirtenol ou NAC esse aumento não foi verificado (Figura 12E). Além disso, o dano celular induzido pela lesão de IR cardíaca é comumente associado ao aparecimento de arritmias cardíacas. Logo, foi avaliado o aparecimento de eventos arrítmicos a partir dos traçados da PVE ao longo do período de reperfusão. 66 No grupo controle, como era esperado, foi observado uma baixa ocorrência de eventos arrítmicos (Figura 12F). Em contraposição, a lesão de IR nos corações do grupo veículo+IR levou a um aumento na ocorrência de eventos arrítmicos. Contudo, o tratamento com mirtenol ou NAC atenuou significativamente os eventos arrítmicos induzidos pela lesão de IR (Figura 12F, p <0,001). 67 Figura 12. O tratamento com mirtenol previne o comprometimento da contratilidade miocárdica induzida pela lesão por IR. A, pressão ventricular esquerda (PVE); B, frequência cardíaca; C, derivada máxima da pressão ventricular esquerda (+dP/ dt); D, derivada mínima da pressão ventricular esquerda (- dP/dt); os símbolos das legendas estão apresentados no topo da figura (A-D); E, lactato desidrogenase (LDH). F, índice de arritmias. Os dados foram representados como médias ± EPM (n = 7). *** p < 0,001 (veículo+IR) vs. (controle); ### p <0.001 (mirtenol+IR) e (NAC+IR) vs. (veículo IR). ANOVA de duas vias seguido do pós-teste de Bonferroni 68 5.3 Mirtenol impede a elevação do segmento-ST e atenua a gravidade das arritmias cardíacas induzidas por lesão de IR Para avaliar se o efeito cardioprotetor do mirtenol interfere nas propriedades elétricas do coração, os sinais do eletrocardiograma (ECG) ex vivo foram simultaneamente registrados ao longo do protocolo experimental de IR. Os traçados representativos do ECG estão mostrados na Figura 12A. Vale ressaltar a anormal forma de onda do ECG no grupo veículo+IR, caracterizada por elevação do segmento-ST, que foi abolida nos corações dos ratos tratados com mirtenol ou NAC. Nenhum dos parâmetros eletrocardiográficos avaliados (PRi, QRS e FC) foram modificados em corações dos animais tratados com veículo, mirtenol ou NAC submetidos à lesão IR quando comparados ao grupo controle (Figura 12B-D). Portanto, corroborando os resultados apresentados na Figura 12B. Analisando os registros de ECG, durante o período de reperfusão, foi possível distinguir três tipos de arritmias ventriculares, tais como batimentos ventriculares prematuros (BVP), taquicardia ventricular (TV) e fibrilação ventricular (FV). Conforme mostrado na Figura 13E, a lesão induzida por IR nos corações dos animais do grupo veículo+IR, mostrou um aumento acentuado na duração total das arritmias ventriculares (BVP, TV e FV). Em contraste, o tratamento com mirtenol ou NAC diminuiu significativamente a duração desses eventos após a IR quando comparado ao grupo veículo+ IR (Figura 13E). No entanto, o tratamento com NAC foi o mais efetivo tratamento em reduzir a duração total das arritmias, sendo significativamente superior ao tratamento com mirtenol. Além disso, classificamos a ocorrência das arritmias ventriculares de acordo com seus respectivos subtipos. Como esperado, a maioria das arritmias apresentadas no grupo controle foi de menor gravidade, sendo registrados apenas BVP (Figura 13F). Por outro lado, o grupo veículo+IR e o grupo NAC apresentaram o tipo mais severo de arritmias ventriculares (FV). Diferentemente, o grupo mirtenol+IR apresentou arritmias 69 consideradas de média e baixa severidade (TV e BVP, respectivamente), sendo o maior percentual desses eventos classificados como de baixa gravidade. No entanto, apesar de ser o tratamento mais eficaz para reduzir a duração das arritmias, o grupo NAC+IR apresentou um padrão de ocorrência de arritmias similar ao grupo veículo+IR, sendo evidenciado um maior percentual de arritmias mais severas, como TV e FV (Figura 13F). 70 F Figura 13. Mirtenol impede a elevação do segmento-ST e atenua a gravidade das arritmias cardíacas induzidas por lesão de IR. A, traçados representativos de ECG avaliados ex vivo nos grupos experimentais (seta indica o padrão normal do segmento ST, enquanto que o asterisco destaca a elevação do segmento ST); B, frequência cardíaca; C, intervalo PR; D, complexo QRS. Os parâmetros de ECG apresentados em B-D, foram analisados no final da reperfusão. E, duração das arritmias; F, Ocorrência de arritmias, BVP: batimentos ventriculares prematuros, TV: taquicardia ventricular e FV: fibrilação ventricular. E-F, arritmias ventriculares foram avaliadas ao longo de todo período de reperfusão. Os dados foram representados como médias ± EPM (n = 4-6). ** p < 0,01 (veículo+IR) vs. (Controle); # p < 0,05 (mirtenol+IR) e (NAC+IR) vs. (veículo+IR); ψ p < 0,05 (NAC+IR) vs. (mirtenol+IR). ANOVA de uma via seguido pelo pós-teste de Bonferroni. 71 5.4 Mirtenol inibe o dano do estresse oxidativo por diminuir a formação de EROs e os biomarcadores de dano celular na lesão cardíaca induzida por IR Um grande número de evidências associa o estresse oxidativo como um protagonista disfuncional envolvido na lesão cardíaca induzida por IR. Portanto, avaliamos a produção de EROs cardíaca in situ, bem como, os biomarcadores de dano celular causados pelo estresse oxidativo. Conforme ilustrado na Figura 14A, o grupo veículo+IR apresentou um aumento acentuado (90%, p <0,001) na formação de EROsquando comparado ao grupo de controle. Diferentemente, os resultados mostraram que o tratamento com mirtenol ou NAC impediu totalmente a geração das EROs (Figura14A). O estresse oxidativo está biologicamente associado à peroxidação lipídica. Os resultados mostraram um nível mais elevado de hidroperóxidos (223%, p <0,001) no grupo veículo+IR em relação ao grupo controle (Figura 14B). A peroxidação lipídica produzida na lesão cardíaca induzida por IR foi impedida nos grupos tratados com mirtenol ou NAC (Figura 14B). Atualmente, as modificações oxidativas pós-traducionais em proteínas contendo grupamento tiol são reconhecidas como importantes vias de sinalizações intracelulares envolvidas na disfunção cardíaca. No grupo veículo+IR, houve uma perda de grupo sulfidrila livre (p <0,01) em comparação com o controle (Figura 14C), indicando a possível oxidação de grupo sulfidrila. Validamos essa hipótese quantificando os níveis de modificações oxidativas no coração, onde demonstramos uma elevada carbonilação de uma ampla gama de proteínas (de 170 kDa à 15 kDa) no veículo+IR em comparação com o grupo controle (Figura 14D). Em contraste, o tratamento com mirtenol e NAC impediram completamente tais modificações oxidativas pós-traducionais (Figura 14C e 14D, respectivamente). 72 Figura 14. Tratamento com mirtenol inibe o dano de estresse oxidativo por diminuir a formação de EROs e biomarcadores de dano celular na lesão cardíaca induzida por IR. A, fluorescência do DHE representativa (painel superior) e análise quantitativa (painel inferior) (n = 18-23 regiões cardíacas aleatórias analisadas de 3-4 animais, barra de escala = 25 μm); B, Concentração hidroperóxidos totais; C, Concentração de grupos sulfidrilas livres; D, imagens representativas de carbonilação de proteínas (painel superior) e análise quantitativa (painel inferior). Os dados foram representados como médias ± EPM (n = 6-9). * p<0,05, ** p < 0,01 e *** p < 0,001 vs. (controle); # p < 0,05, ## p < 0,01 e ### p < 0,001 vs. (veículo+ IR). ANOVA de uma via seguido pelo pós-teste de Bonferroni. 5.5 Mirtenol inibe o dano do estresse oxidativo por restaurar a atividade de enzimas antioxidantes endógenas na lesão cardíaca induzida por IR 73 Para obter uma melhor compreensão sobre os mecanismos envolvidos na prevenção do estresse oxidativo mediada pelo mirtenol na lesão de IR cardíaca, avaliamos a atividade enzimática das principais enzimas antioxidantes endógenas. Conforme mostrado na Figura 15, a lesão por IR cardíaca levou a uma diminuição da atividade da SOD (-46%, p<0.01, Figura 15A), catalase (-47%, p < 0.001, Figura 15B), GPx (-47%, p < 0,01, Figura 15C) e GR (-45%, p<0.001, Figura 15D) no grupo veículo+IR quando comparados ao grupo controle. No entanto, o tratamento com mirtenol ou NAC restaurou totalmente a atividade de todas as enzimas antioxidantes endógenas aqui avaliadas (Figura 15A-D). Em resumo, nossos resultados fortemente sustentam a hipótese de que a cardioproteção mediada pelo mirtenol ocorre através da inibição da formação de EROS e consequentemente do estresse oxidativo. Figura 15. Mirtenol inibe o dano do estresse oxidativo por restaurar a atividade de enzimas antioxidantes endógenas na lesão cardíaca induzida por IR. A, atividade de superóxido dismutase (SOD); B, atividade da catalase; C, atividade da glutationa peroxidase (GPx); D, atividade da glutationa redutase (GR). Os dados foram representados como médias ± EPM (n = 6-7). ** p < 0,01 e *** p < 0,001 veículo + IR vs. controle; ## p < 0,01 e ### p < 0,001 mirtenol +IR e NAC+IR vs. veículo + IR. ANOVA de uma via, seguido pelo pós-teste de Bonferroni. 74 5.6 Mirtenol promove cardioproteção prevenindo infarto do miocárdio induzido por lesão de IR Em consonância com o aumento do dano celular, observou-se um notável aumento na área do infarto do miocárdio no grupo veículo+IR (144%, p <0,001) quando comparado ao controle (Figura 16). Por outro lado, o pré-tratamento com mirtenol promoveu uma cardioproteção, caracterizada pela redução significativa no tamanho da área infartada do miocárdio. Da mesma forma, o pré-tratamento com NAC também impediu o aumento da extensão do infarto do miocárdio induzido pela IR (Figura 16). Figura 16. Mirtenol promove a cardioproteção prevenindo o infarto do miocárdio induzido na lesão de IR. Imagens representativas da área de infarto nos grupos experimentais estudados (painel superior) e análise quantitativa do tamanho do infarto expresso em porcentagem da área total do ventrículo esquerdo (VE) (painel inferior). Barra de escala = 1 mm. Os dados foram representados como caixa (mediana, linha dentro da caixa, mín. e máx.) (n = 6-8). *** p <0,0001 vs. (Controle); ### p <0.001 vs. (veículo+IR). ANOVA uma via seguido pelo pós-teste de Bonferroni. 75 5.7 Mirtenol suprime a apoptose cardíaca induzida por lesão de IR A ativação da via apoptótica é uma das principais formas de morte celular em consequência de uma variedade de estímulos patológicos. Portanto, investigamos os efeitos do tratamento com mirtenol sobre proteínas relacionadas à apoptose do miocárdio, Bax e Bcl-2, após a lesão cardíaca (Figura 17). Conforme mostrado na Figura 16B, a lesão da IR induziu a ativação da via pró- apoptótica, representada pelo aumento de 2,3 vezes na expressão da proteína Bax, que foi totalmente impedido pelo tratamento com o mirtenol ou NAC. Não foram detectadas alterações significativas entre os grupos experimentais (p = 0,07, Figura 17C). No entanto, a relação Bax/Blc-2 (Figura 17D), uma medida do equilíbrio das vias pró- e antiapoptótica, indica que o tratamento com mirtenol ou NAC causa cardioproteção através de uma marcada inibição da ativação da via pró-apoptótica. Para verificar se o mirtenol previne a morte celular através da inibição da ativação da via pró-apoptótica, também avaliamos a apoptose cardíaca in situ, quantificando a formação de células apoptóticas, que se distinguem pela coloração marrom de seus núcleos independentemente de sua intensidade. Um grande número de células TUNEL-positivas e, formação de corpos apoptóticos, foram observadas no grupo veículo+IR quando comparado ao controle (Figura 17E e F). Visivelmente, o número de células TUNEL-positivas no grupo mirtenol+IR e NAC+IR foi marcadamente diminuída em relação ao veículo. Além disso, não foi encontrada diferença significativa entre os grupos Mirtenol+IR e NAC+IR (p > 0,05). 76 Figura 17. O Tratamento com mirtenol suprime a apoptose do miocárdio induzida na lesão de IR. A, Imagens representativas de Western blot e análise quantitativa da expressão proteica para Bax (B), Bcl-2 (C) e relação Bax / Bcl-2 (D). Os dados foram representados como médias ± EPM (n = 4-5). E, imagens representativas da avaliação in situ de células apoptóticas pela marcação em TUNEL (Inset, núcleos marrons positivos são destacados em uma maior ampliação). Barra de escala = 25 μm. F, A análise quantitativa do índice de apoptose foi expressa como caixa (mediana, linha dentro da caixa, mín. e máx.) (n = 3). ** p < 0,01 e *** p < 0,001 vs.(controle); # p < 0,05, ## p < 0,01 e ### p < 0,001) vs. (veículo+IR). ANOVA de uma via, seguido do pós-teste de Bonferroni (B-D). Teste de Kruskal-Wallis seguido do pós-teste de Dunn (F). 77 6. DISCUSSÃO Os principais achados deste estudo foram os seguintes: (1) o tratamento com mirtenol impediu a disfunção ventricular associada à redução do dano cardíaco, diminuiu a duração e a gravidade das arritmias ventriculares induzidas por lesão de IR cardíaca, (2) o tratamento com mirtenol atenuou o estresse oxidativo característico da lesão de IR e, (3) o tratamento com mirtenol protegeu, parcialmente, contra a ativação da via pró-apoptótica induzida pela lesão de IR. Oestresse oxidativo é um sinal disfuncional bem conhecido na lesão de IR cardíaca (CHUNG et al., 2013; LESNEFSKY et al., 2017; MURPHY E STEENBERGEN, 2008). Além disso, a produção excessiva de EROs que ocorrem durante a reperfusão, em corações isquêmicos, causa dano celular adicional, aumentando a extensão da área infartada e a deterioração da função ventricular (LESNEFSKY et al., 2017). A diminuição da função cardíaca é justificada pelas alterações presentes na SERCA e no receptor de rianodina, favorecendo o aumento da concentração intracelular do íon Ca 2+ (WAGHORN et al, 2011; WALTERS et al, 2012). Assim, ocorrem a hipercontração cardíaca, ativação descoordenada da maquinaria contrátil e falha no mecanismo de acoplamento-excitação-contração (PAGLIARO et al, 2011; WALTERS et al, 2012). Observa-se ainda a diminuição da pressão ventricular durante a sístole, aumento da pressão diastólica e da FC, resultando em déficit no volume de ejeção, podendo evoluir para a insuficiência cardíaca, que é uma complicação bastante comum após o IAM (DUNKER et al., 2009; PAGLIARO et al., 2011; QI et al., 2011; WAGHORN et al., 2011; WALTERS et al., 2012). A interrupção do suprimento sanguíneo para o coração causa, além da produção aumentada de EROs, uma menor atividade dos sistemas de defesas antioxidantes o que promove o estresse oxidativo celular (WALTERS et al., 2012). As EROs reagem com fosfolipídios e proteínas, produzindo a peroxidação lipídica, oxidação de grupos tióis e mudanças na configuração estrutural e na permeabilidade da membrana celular (BARREIROS et al., 2006; GALLUZZI et al., 2012). Além disso, no IAM ocorre diminuição da produção de ATP, menor atividade da SERCA e da bomba de Na + -K + , acúmulo intracelular de Ca 2+, geração de arritmias, diminuição da contratilidade do 78 miocárdio e morte celular (BRADY et al., 2006; IMAHASHI et al., 1999; TAKAMATSU, 2008). Por isso, terapias farmacológicas alternativas baseadas na inibição do estresse oxidativo são atualmente vistas como uma abordagem atrativa para o tratamento da lesão cardíaca induzida por IR. No presente estudo, o tratamento com mirtenol conferiu efeitos cardioprotetores em corações de animais submetidos a IR, como confirmado pela recuperação pós-isquêmica e constatada pela melhora da contratilidade cardíaca e, pela diminuição do dano celular (prevenção do extravasamento da enzima LDH). A única dose de mirtenol avaliada no presente estudo foi adotada após uma triagem preliminar de três doses (25, 50 e 100 mg/kg) e, selecionada de acordo com sua atividade antioxidante no protocolo experimental de lesão de IR cardíaca. Nossos dados preliminares revelaram que 50 mg/kg de mirtenol foi a dose mais eficaz em reduzir em mais de 50% a peroxidação lipídica induzida por lesão de IR, enquanto que uma dose maior (100 mg/kg) não proporcionou efeito adicional, segundo ROSS E MODEUS, (1991) esse efeito pode estar relacionado com a dose, a exemplo da vitamina C, que tem função antioxidante mas que em dose elevada, leva a lipoperoxidação agindo como um pró-oxidante. A lipoperoxidação acarreta alterações na estrutura e na permeabilidade das membranas celulares, com consequente perda da seletividade na troca iônica e liberação do conteúdo de organelas celulares, como as enzimas hidrolíticas dos lisossomos, e formação de produtos citotóxicos, culminando em morte celular . O método mais usual na avaliação da oxidação de lipídios é o teste de TBARS, devido à sua simplicidade e rapidez. O teste quantifica o malonaldeído (MDA), um dos principais produtos de decomposição dos hidroperóxidos de ácidos graxos poliinsaturados, formado durante o processo oxidativo (OSAWA; FELÍCIO; GONÇALVES, 2005), bastante utilizado para avaliar a atividade antioxidante de vários produtos naturais. Os achados do ensaio de TBARS, sugeriram que o mirtenol pode proteger dos processos oxidativos as biomoléculas essenciais ao funcionamento de órgãos, como o cérebro e o coração, de modo semelhante aos observados em outros estudos utilizando monoterpenos (GUIMARÃES et al., 2010; COSTA, 2012). 79 A dissolução do mirtenol ocorreu em DMSO como proposto por BREDERODE et al. (2016) e SILVEIRA et al. (2012), sendo assim, este último foi administrado aos animais do grupo controle e veículo para evitar qualquer viés, uma vez que seria utilizado juntamente com o mirtenol. Utilizamos o (NAC) como controle positivo, sendo derivado dos tióis, é um agente antioxidante vitamínico largamente conhecido e disponível como medicamento. Foi administrado a concentração de 1200 mg/kg e dissolvido em salina como descrito por DICKEY et al., (2008). Em 2016, Viana e colaboradores mostraram que a dose 50 mg/kg/dia foi, dentre as doses estudadas, a que obteve melhor ação antioxidante nas lesões gástricas. Outro trabalho realizado por SILVA et al. (2015) demonstrou que o mirtenol na dose de 50 mg/kg/dia não é tóxico. Ambos os trabalhos utilizaram a mesma via oral de administração que realizamos em nosso estudo. A literatura também mostra que a dose de 50 mg/kg de mirtenol possui propriedades antioxidantes, reduzindo a formação das EROs e, consequentemente, protegendo sistemas biológicos contra danos oxidativos (GOMES et al., 2017; SEPICI-DINCEL et al., 2007; VIANA et al., 2016). Em nosso estudo, demonstramos que o mirtenol teve um efeito protetor comparável ao observado em animais tratados com o NAC, indicando que a manipulação do perfil oxidativo é terapeuticamente relevante na prevenção de lesões cardíacas De fato, os compostos ativos derivados das plantas ganharam grande atenção devido aos seus notáveis efeitos biológicos benéficos. Entretanto, devem ser tomadas algumas precauções, como a frequência/tempo de exposição (dose única ou repetida) e a via de administração. Embora não haja estudo avaliando a toxicidade oral do mirtenol em animais, um estudo prévio revelou a dose letal média (DL50) de mirtenol em torno de 296 mg/kg pela via intraperitoneal (BHATIA., et al., 2008). Portanto, a dose utilizada no presente estudo foi aproximadamente 6 vezes menor a DL50. Assim, levando em consideração que as doses experimentais testadas em animais não são equivalentes às utilizadas pelos humanos, principalmente devido a diferentes taxas metabólicas, são necessários mais estudos para avaliar em um modelo realista da doença em animais de grande porte e prever com maior precisão uma potencial dose para humanos. 80 Assim, ao avaliar os animais pré-tratados com o mirtenol (50 mg/kg/dia), observou-se redução da quantidade de LDH liberado pelo tecido cardíaco após a IR. Como também, verificou-se recuperação da força contrátil após a isquemia, com preservação tanto da PVE quanto das dP/dt máxima e mínima. Apesar do excelente efeito protetor, o mirtenol e o NAC não impediram totalmente a ocorrência de arritmias ventriculares. No entanto, ambos foram capazes de abolir a aberrante forma do sinal eletrocardiográfico, caracterizada pela elevação do segmento ST, um sinal típico de infarto agudo do miocárdio (O'GARA et al., 2013). Embora vários novos protagonistas moleculares tenham sido identificados como pró- arritmogênicos durante a IR do miocárdico, o estresse oxidativo, a sobrecarga de Ca 2+ e a abertura do poro de transição de permeabilidade mitocondrial ainda são os principais fatores desencadeantes das arritmias ventriculares. Esses eventos ocorrem na fase inicial da reperfusão, sendo o BVP a forma menos severa e bem tolerada de arritmia (LESNEFSKY et al., 2017; MURPHY E STEENBERGEN, 2008; TURER E HILL, 2010; WIT E JANSE, 2001). Do ponto de vista clínico, a TV e FV continuam sendo os subtipos mais frequentes e letais de arritmias cardíacas e causa de morte súbita (Moens et al., 2005; O'Gara et al., 2013). Todavia, nossos resultados mostraram que o mirtenol e NAC reduziram consideravelmente a duraçãoe a gravidade das arritmias ventriculares (BVP, TV e FV). Interessantemente, o tratamento com NAC teve maior impacto em tal variável em relação ao mirtenol, o que, por sua vez, pode equivocadamente antecipar melhores resultados. Surpreendentemente, apesar da menor duração das arritmias, os animais tratados com NAC mostraram um padrão semelhante de arritmias ventriculares, como mostrado em animais não tratados, sendo a maioria dos eventos arrítmicos concentrados nas formas mais letais de arritmias ventriculares (TV e FV). Por conseguinte, esta marcante diferença no efeito cardioprotetor conferido pelo tratamento com mirtenol indica que, apesar de estudos anteriores apoiarem suas propriedades antioxidantes (GOMES et al., 2017; SEPICI-DINCEL et al., 2007), os efeitos farmacológicos podem envolver a ativação de outros alvos com ações antiarritmogênicas. Drogas bloqueadoras dos canais de Ca 2+ podem oferecer um potencial efeito terapêutico para o tratamento de doenças cardiovasculares, tais como as arritmias 81 cardíacas (BOMBIG; PÓVOA, 2009; OIGMAN; FRITSCH, 1998). O bloqueio desses canais como, por exemplo, o do tipo L e do trocador Na + /Ca 2+ , podem estar relacionados com a diminuição das arritmias, pois modulam a entrada de Ca 2+ e a contratilidade cardíaca (BOURGONJE et al., 2013). Dessa forma, esse bloqueio pode ser salutar para o coração, modulando o surgimento das arritmias. De fato, os monoterpenos agem em um amplo espectro de alvos com propriedades antiarritmogênicas (DE MENEZES-FILHO et al., 2014, MAGYAR et al., 2004; SANTOS et al., 2011). Por exemplo, o monoterpeno geraniol bloqueia diretamente os canais de Ca 2+ do tipo-L sem alterar sua ativação dependente da voltagem, estando ainda associado com atividade antiarrítmica induzida por ouabaína (DE MENEZES- FILHO et al., 2014). Além disso, outros estudos também demonstraram que muitos terpenos também bloqueiam os canais de Ca 2+ do tipo-L, como R(+)-pulegona em cardiomiócitos ventriculares de camundongos (DE CERQUEIRA et al., 2011), (-)- mentol em cardiomiócitos do coelho ventricular (BAYLIE et al., 2010) e timol em células ventriculares caninas e humanas (MAGYAR et al., 2004). No entanto, embora não tenha sido investigado no presente estudo se o mirtenol modifica a atividade dos canais Ca +2 tipo-L, essa hipótese precisa ser pesquisada. A regulação adequada do ciclo do Ca 2+ é essencial para a função contrátil normal e é um dos principais locais de falha potencial patológica, contribuindo não só para a disfunção contrátil, mas também para arritmia, disfunção energética e produção de EROs mitocondrial (BERS, 2008). Sabe-se que a sinalização de cálcio envolvida na regulação da função contrátil cardíaca é afetada pelo status redox celular (SANTOS, 2011). Estudos mostram que há modificação redox de receptores rianodina (RyR) e canais para cálcio do tipo L, levando a desregulação dos mecanismos de controle intracelular de Ca 2+ . Essa desregulação se dá através da oxidação dos resíduos de cisteína presentes na proteína do canal, levando a ativação deste, com consequente sobrecarga de cálcio, resultado da estimulação da liberação do mesmo, desencadeando, desta forma, arritmias, bem como uma depressão contrátil cardíaca (TOCCHETTI et al., 2007; ZENG et al., 2008; ZIMA; BLATTER, 2006). Fatos esses evidenciados nos animais do grupo veículo, com altos índices de arritmias e depressão contrátil. De acordo com estudos anteriores que sustentam que o mirtenol possui ações antioxidantes em tecidos não cardíacos (GOMES et al., 2017; SEPICI-DINCEL et al., 82 2007), demonstrou-se no corrente estudo que através de medidas in situ o mirtenol protege o coração contra a grande geração de EROs associado à diminuição do dano oxidativo. Além disso, o aumento na carbonilação de proteínas associado à redução do teor de proteínas sulfidrilas cardíacas durante a lesão de IR, indica uma prejudicada atividade antioxidante. Uma região susceptível a modificações oxidativas no ambiente celular são os grupamentos sulfidrilas (SH) presentes nas cadeias polipeptídicas e, que podem ser consideradas importantes marcadores de estresse oxidativo celular (HIMMELFARB; MCMONAGLE; MCMENAMIN, 2000; PÉREZ et al., 2012). A oxidação de grupamentos sulfidrilas causam alterações conformacionais, degradação de proteínas, levando a perda de atividade ou função proteica (BIRBEN et al., 2012). De fato, uma grande variedade de modificações pós-traducionais em grupamento tiol, encontrado no aminoácido cisteína, ou no grupo sulfidrila, tem sido bem descrito durante o estado redox-nitroso excessivo, tais como oxidação, nitrosilação, glutationilação, sulfenilação e ligações dissulfeto (CHUNG et al., 2013). No presente estudo, ambos mirtenol e NAC foram igualmente capazes de prevenir tais modificações pós-traducionais no grupo sulfidrila e carbonilação de proteínas, associado com a restauração da atividade das enzimas antioxidantes endógenas. O geraniol, um monoterpeno alcoólico, constituinte importante do óleo essencial do gengibre e limão, mostrou atividade antioxidante semelhante ao mirtenol na atividade de superóxido dismutase e na mensuração das EROs (Khan et al, 2013). Chen et al., (2016), administrando o monoterpeno carvacrol (25, 50 e 100 mg/kg; i.p.) em ratos Wistar durante 7 dias consecutivos em modelo de IR cardíaca ex- vivo, observaram aumento na atividade das enzimas CAT e SOD, e ainda diminuição da formação de MDA. Neste trabalho El‐ Sayed, Mansour e Abdul‐ Hameed (2016) pré- trataram camundongos Swiss por 14 dias consecutivos com o timol (20 mg/kg, v.o.) e carvacrol (25 mg/kg, v.o.) e no 14º dia foi induzida cardiotoxicidade com doxorubicina. Foi observada diminuição na formação de MDA e da quantidade de LDH liberada, além de aumento da atividade das enzimas CAT e SOD no tecido cardíaco dos animais tratados com esses monoterpenos. Além disso, a elevação do segmento-ST é um forte indício clinicamente utilizado para identificação do infarto agudo do miocárdio em pacientes hospitalizados com sintomas de angina pectoris. Deste modo, os resultados do presente estudo 83 correlacionam-se com o aumento na área de infarto em animais não tratados, enquanto que o tratamento com mirtenol minimizou a extensão do tamanho da área infartada. Vários estudos utilizando diferentes modelos experimentais de indução de infarto agudo do miocárdio, sugerem que aproximadamente 50% de área infartada representa uma lesão de grandes proporções e com alta probabilidade de mortalidade (O'GARA et al., 2013; YELLON E HAUSENLOY, 2007). Assim, muitas estratégias farmacológicas e não farmacológicas, têm sido desenvolvidas para atenuar ou prevenir a lesão de reperfusão após períodos de isquemia (FAN et al., 2016; FARAH et al., 2017; HAUSENLOY E YELLON, 2013; IBÁÑEZ et al., 2015; YUAN et al., 2015). No geral, nossos resultados fortemente indicam que o aprimoramento da capacidade antioxidante é o principal mecanismo pelo qual o mirtenol promove a cardioproteção. Além dos efeitos cardíacos, há uma quantidade substancial de evidências que apoiam a vasodilatação mediada por monoterpenos através de mecanismos dependentes, ou não, do endotélio vascular (BASTOS et al., 2010; EARLEY et al., 2010; PEIXOTO- NEVES et al., 2010). Curiosamente, estudos recentes mostraram um efeito benéfico entre fatores liberados pelas células endoteliais que desempenham ações parácrinas e benéficas em cardiomiócitos submetidos à lesão de IR (FARAH et al., 2017, LEUCKER et al., 2013).Além disso, os cardiomiócitos cocultivados com células endoteliais (razão 1:3), submetidos por 2 h de hipóxia seguido de 2 h de reoxigenação, apresentaram um menor dano celular quando comparados com cardiomiócitos isolados (LEUCKER et al., 2013). Assim, embora o conhecimento sobre as ações vasculares do mirtenol seja limitado, atualmente nãotemos informações, se for aplicável, sobre como o mirtenol poderia modular a cardioproteção através de um mecanismo dependente das células endoteliais nas artérias coronárias. Fortes evidências indicam a inibição da inflamação como um mecanismo chave de proteção contra a lesão de IR cardíaca (VINTEN-JOHANSEN et al., 2007; YUAN et al., 2015). Importante ressaltar que estudos anteriores demonstraram uma potente atividade anti-inflamatória do mirtenol em diferentes tipos de tecido e células (GOMES et al., 2017, LEPOITTEVIN et al., 2011; SILVA et al., 2014). Além disso, a apoptose cardíaca é outro importante mecanismo intimamente implicado e reconhecido na disfunção cardíaca em corações submetidos à IR (EEFTING et al., 2004, HAMACHER-BRADY et al., 2006). Neste contexto, não foi encontrado nenhum estudo 84 que avaliasse se o mirtenol afeta proteínas relacionadas à apoptose, tais como Bax, Bcl- 2, caspase-3 e p53. Apenas, Evstatieva, l. et al, (2010) demonstraram a atividade anticancerígena, do mirtenol por inibição de células neoplásicas cervicouterinas. Assim, avaliamos se o mirtenol promove efeitos cardioprotetores através da inibição da morte celular apoptótica induzida pela lesão IR cardíaca. No presente estudo, mostramos que o mirtenol impediu a regulação positiva de Bax, uma proteína pró-apoptótica. Além disso, apesar de estudos relataram redução da regulação de Bcl-2, uma proteína antiapoptótica, em animais submetidos à lesão de IR (FAN et al., 2016; QU et al., 2016). Apesar da forte tendência à baixa regulação da expressão de Bcl-2 em animais não tratados, nossos valores não alcançaram diferença significativa. A lesão do miocárdio induzida pela IR, desencadeia, em um primeiro momento, a ativação das caspase-8 e -9, levando posteriormente a ativação de caspases efetores, tais como caspase-3 e -7, sendo estas responsáveis por mediar as típicas respostas morfológicas e fisiopatológicas em células em estado apoptótico (EEFTING et al., 2004; STEPHANOU et al., 2001). Portanto, novos estudos devem investigar se os efeitos do mirtenol modula a resposta tardia da via apoptótica. Considerando que a sobrevivência celular depende da dinâmica regulação das vias pró e antiapoptóticas, demonstrou-se que o mirtenol restaurou completamente o equilíbrio das proteínas pró e antiapoptóticas (razão Bax/Bcl-2). Em geral, nossos resultados corroboram o papel fundamental da apoptose na perda de função cardíaca e indicam que o mirtenol pode contribuir limitando a lesão cardíaca e prevenindo arritmias com risco de vida. Em resumo, nossos dados mostram que o mirtenol impede os efeitos deletérios induzidos por lesão de IR cardíaca. Além disso, nossos resultados indicam que as ações farmacológicas do mirtenol promovem a cardioproteção através da atenuação do estresse oxidativo e inibição da via pró-apoptótica. 85 7. CONCLUSÃO Este estudo demonstrou os efeitos cardioprotetores do mirtenol contra a lesão de IR. O pré-tratamento dos animais com mirtenol na dose de 50 mg/kg/dia, durante 7 dias, preserva a função contrátil cardíaca, impede o supradesnivelamento do segmento-ST atenua a gravidade das arritmias. Além disso, protege os corações contra a geração exacerbada de EROs, bem como, diminui a formação de biomarcadores de dano celular, estando ainda associada à uma diminuição do dano oxidativo através da restauração da atividade de enzimas antioxidantes endógenas. Além disso, o mirtenol previne o infarto do miocárdio e suprime a cascata intracelular envolvida no processo de apoptose cardíaca após a IR. No presente trabalho foi encontrado, como principal resultado, a ação antiarritmogênica do mirtenol, prevenindo formas mais severas das arritmias. Essa ação não está somente associada ao seu efeito antioxidante, pois ele mostrou efeito superior a um antioxidante já utilizado clinicamente. Diante do exposto, podemos concluir que o mirtenol é uma substância com relevante potencial terapêutico, na prevenção das lesões decorrentes de isquemia e reperfusão. 8. PERSPECTIVAS Ainda se faz necessário a utilização de novos protocolos experimentais in vivo de disfunção cardíaca, através de estudos em animais de médio e grande porte, exaurindo qualquer questionamento sobre a atuação do mirtenol nos diversos modelos experimentais para o estudo de doenças cardiovasculares isquêmicas. É também crucial esclarecer se ocorre interação da molécula com outros componentes e vias de sinalização celulares como, por exemplo, o estudo da interação com canais e transportadores iônicos, para que seja possível uma aplicação clínica segura dessa molécula e para que o mirtenol possa ser disponibilizado na forma de suplemento para pacientes acometidos pelo IAM. Desta forma, será possível reduzir ou até mesmo eliminar efeitos colaterais aos quais os pacientes estão expostos e que são causados por muitos medicamentos ultilizados hoje na terapêutica, além de poder programar administração prévia à cirurgias cardíacas eletivas, buscando, assim, uma melhora na qualidade de vida de pessoas acometidas por essas doenças ou procedimentos médicos. 86 REFERÊNCIAS AL NOMAANI, R. S. S. Chemical composition of essential oils and in vitro antioxidant activity of fresh and dry leaves crude extracts of medicinal plant of Lactuca Sativa L. native to Sultanate of Oman. 2013 AGRAWAL, Y. O. et al., “Hesperidin produces cardioprotective activity via PPAR-𝛾 pathway in ischemic heart disease model in diabetic rats,” Plos one, v. 9, no. 11, Article ID e111212, nov.2014. AHMAD, S. et al.Neuroprotective Effect of Sesame Seed Oil in 6-Hydroxydopamine. induced neurotoxicity in mice model: cellular, biochemical and neurochemical evidence.Neurochemical Research, v. 37, n.3, p.516-26, mar. 2012 AKSENOV, M.Y.; MARKESBERY, W.R. Changes in thiol content and expression of glutathione redox system genes in the hippocampus and cerebellum in Alzheimer’s disease. Neuroscience Letters, v. 302, n 2-3, p.141–145, apr. 2001 ALBAGHDADI, M.; GHEORGHIADE, M.; PITT, B. Novel drugs Mineralocorticoid receptor antagonism : therapeutic potential in acute heart failure syndromes. European Heart Journal, v. 32, n 21 p. 2626–2633, 2011. AMARANTE-MENDES, G.P.; GREEN D.R. The regulation of apoptotic cell death. Brazilian Journal of Medical and Biological Research,v. 32, n.9, p. 1053-1061, sep. 1999. ANAYA-PRADO, R.; TOLEDO-PEREYRA, L.H.; LENTSCH, A.B.; WARD, P.A. Ischemia/reperfusion injury. Journal of surgicalresearch,v. 105l, n.2, p. 248-258, jun. 2002. ARGAUD, L. et al. Specific inhibition of the mitochondrial permeability transition prevents lethal reperfusion injury.Journal of Molecular and Cellular Cardiology, v.38, n.2, p.367–374, Feb. 2005. AVKIRAN, M: MARBER, M.S. Na + /H + Exchange inhibitors for cardioprotective therapy: progress, problems and prospects.Journal of the American College of Cardiology, v. 39, n.5, p.747–753, mar.2002. BAKKALI, F., S. et al "Biological effects of essential oils--a review." Food Chem Toxicol, v. 46, n.2, p. 446-475, 2008. BANERJEE, S.K. et al. Chronic garlic administration protects rat heart against oxidative stress induced by ischemic reperfusion injury. BMC Pharmacology,v.2, p. 16, aug.2002. BARBATO, J. C.; RASHID, S.; MULROW, P. J.; SHAPIRO, J. I.; FRANCO-SAENZ, R. Mechanisms for aldosterone and spironolactone-induced positive inotropic actions in http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0100-879X&lng=en&nrm=iso 87 the rat heart. Hypertension, v. 44, n. 5, p. 751–757, 2004. BARREIROS, A.L. B. S.; DAVID, J.M.; DAVID, J.P. Estresse Oxidativo: Relação entre geração de espécies reativas e defesa do organismo. Química Nova, v. 29, n.1, p.113-123, 2006. BASTOS, J.F.A. et al. Hypotensive and vasorelaxant effects of citronellol, a monoterpene alcohol, in rats. Basic Clinical Pharmacology & Toxicology, v.106,n.4 p. 331–337, apr. 2010. BASSANI, J.W., BASSANI, R.A., BERS, D.M., 1994. Relaxation in rabbit and rat cardiac cells: species-dependent differences in cellular mechanisms. Journal Physiology, v. 476, p. 279-293. BASSANI, R.A., MATTIAZZI, A., BERS, D.M., 1995. CaMKII is responsible for activity-dependent acceleration of relaxation in rat ventricular myocytes. American Journal of Physiology - Heart and Circulatory Physiology, v. 268, p. H703-H712. BAYLIE, R.L. et al. Inhibition of the cardiac L-type calcium channel current by the TRPM8 agonist, (-)-menthol. Journal Physiology Pharmacology, v.61, n.5, p. 543– 550, oct.2010. BERNAUER, Walter. The effect of ethanol on arrhythmias and myocardial necrosis in rats with coronary occlusion and reperfusion. European journal of pharmacology, v. 126, n. 3, p. 179-187, 1986. BERS, D. M. Calcium cycling and signaling in cardiac myocytes. Annu. Rev. Physiol, v.70, p. 23–49, 2008. Bers, D.M., Excitation-Contraction Coupling and Cardiac Contractile Force. Springer Netherlands. 2001. Bers, D.MCardiac excitation-contraction coupling. Nature, v. 415 p. 198-205, 2002. Bers, D. M. "Altered cardiac myocyte Ca regulation in heart failure." Physiology (Bethesda) 21: 380-387, 2006. BHATIA, S.P.; MCGINTY, D.; LETIZIA, C.S.; API, A.M. Fragrance material review on myrtenol.Food and Chemical Toxicology, v. 46, S237–S240, 2008 BING, F W.; JUN, Y. The Emerging Role of Thioredoxin-Interacting Protein in Myocardial Ischemia/Reperfusion Injury. Journal of Cardiovascular Pharmacology and Therapeutics, v.22, n.3, p.219-229, may.2017 BIRBEN, E. et al. Oxidative stress and antioxidant defense. World Allergy Organization Journal, v. 5, n. 1, p. 9, jam.2012. BLAUSTEIN MP; LEDERER WJ. Sodium/Calcium exchange: its physiological implications. Physiology review, v. 79, n. 3, p. 763-854, jul.1999. 88 BOATRIGHT, K.M .; SALVESEN, G.S. Mechanisms of caspase activation.Current Opinion in Cell Biology, v.15, n.6, p.725-31, dec. 2003 BOMBIG, M. T. N.; PÓVOA, R. Interações e associações de medicamentos no tratamento anti-hipertensivo–Antagonistas dos canais de cálcio. Revista Brasileira Hipertensão, v. 16, n.4, p. 226-230, out.2009 BOSE, R.; SUTHERLAND, G.R.; PINSKY, C. Biological and methodological implications of prostaglandin involvement in mouse brain lipid peroxidation measurements. Neurochemical research. v. 14, n.3 p.217-220, mar.1989. BOURGONJE, V. J. A. et al. Combined Na + /Ca 2+ exchanger and L-type calcium channel block as a potential strategy to suppress arrhythmias and maintain ventricular function. Circulation Arrhythmia and electrophysiology, v. 6, n. 2, p. 371–9, abr.2013. BRASIL. Portaria nº 2.994doMinistério da Saúde, de 13 de dezembro de 2011. BRADY, N.R.; HAMACHER-BRADY, A.; WESTERHOFF, H.V.; GOTTLIEB, R. A. .A Wave of Reactive Oxygen Species (ROS)-Induced ROS Release in a Sea of Excitable Mitochondria. Antioxidants & Redox Signaling, v.8, n. 9, p. 1651-1665, 2006 BRAUNERSREUTHER, V.; JAQUET, V. Reactive oxygen species in myocardial reperfusion injury: from physiopathology to therapeutic approaches. Current Pharmaceutical Biotechnology. v. 13, n.1, p. 97-114. jan. 2012 BREDERODE, et al.The terpenoids Myrtenol and Verbenol act on δ subunitcontaining GABAA receptors and enhance tonic inhibition in dentate gyrus granule cells. Neuroscience Letters, v. 628, n.15, p. 91-7. aug.2016 BRONNER, M.O. et al.The bcl-2 proto-oncogene and the gastrointestinal tumor progression model.The American Journal of Pathology, v. 146, n. 1, p. 20-26, jan. 1995 BULLUCK, H.; YELLON, D.M.; HAUSENLOY, D.J. Reducing myocardial infarct size: challenges and future opportunities. Heart, v. 102, n. 5, p. 341–348, mar. 2016. CALLENDER, T. et al. Heart failure care in low-and middle-income countries: A systematic review and meta-analysis.PLOS Medicine,v.11, n.8, p.534–543. aug. 2014. CAMPOS-FILHO, C. DE M. O coração como bomba. In: KRIEGER, E. M. (Ed.). . Fisiologia Cardiovascular. [s.l.] SBC, 1976. p. 369. CARLBERG, I.; MANNERVIK, B. Glutathione reductase. Methods Enzymol, v.113, p.484–490. 1985. https://www.journals.elsevier.com/current-opinion-in-cell-biology/ https://www.journals.elsevier.com/current-opinion-in-cell-biology/ https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0ahUKEwi9942xkYXYAhWBvJAKHT8VAf8QFggoMAA&url=https%3A%2F%2Fbenthamscience.com%2Fjournals%2Fcurrent-pharmaceutical-biotechnology%2F&usg=AOvVaw1-4sZgXRjPMHH7q_5UYx8x https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0ahUKEwi9942xkYXYAhWBvJAKHT8VAf8QFggoMAA&url=https%3A%2F%2Fbenthamscience.com%2Fjournals%2Fcurrent-pharmaceutical-biotechnology%2F&usg=AOvVaw1-4sZgXRjPMHH7q_5UYx8x 89 CHAOLIAN, H. et al. Catalpol decreases peroxynitrite formation and consequently exerts cardioprotective effects against ischemia/reperfusion insult. Pharmaceutical Biology, v.51, n.4, p. 463-473, apr.2013 CHEN, Y. et al. Role of carvacrol in cardioprotection against myocardial ischemia/reperfusion injury in rats through activation of MAPK/ERK and Akt/eNOS signaling pathways. European Journal of Pharmacolog, v. 796, p. 90-100, 2016. CHENG, H., LEDERER, W.J., 2008. Calcium sparks. Physiology Revew, v. 88, 1491- 1545. CHUNG, H.S. et al. Cysteine oxidative posttranslational modifications: emerging regulation in the cardiovascular system. Circulation Research, v.112, n.2, p.382–392. jan. 2013. COHEN, M.V.;YANG, X.M.; DOWNEY, J.M. The pH hypothesis of postconditioning: staccato reperfusion reintroduces oxygen and perpetuates myocardial acidosis. Circulation. v.115, n.14, p. 1895–1903. apr. 2007 COSTA, D.A. Estudo pré-clinico dos efeitos bioquimicos e farmacológicos da ciano- carvona em camundongos: subsidio para o desenvolvimento de fitomedicamentos. Dissertação de mestrado, programa de Pós-graduação em Ciências farmacêuticas. Universidade federal do Piauí.Teresina, p.107, 2012 CUI, J. et al. Reducing the oxidative stress mediates the cardioprotection of bicyclol against ischemia-reperfusion injury in rats.Journal of Zhejiang University Science B v.14, n.6, p. 487-495, jun. 2013. DATASUSDisponívelem:http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10uf.de f. Acessado em 28 de novembro de 2017. DALE DUBIN, M. D. Interpretação Rápida do ECG, 2004. DE AZEREDO, E.H.; RODRIGUES, W.C.; CASSINO, P.C.R. Ocorrência de selenaspidus articulatus (Morgan) (Hemiptera, Diaspididae) e do predador Pentilia egena (Mulsant) (Coleóptera, Coccinelidae) em Myrtus communis L. (Myrtaceae), em Pinheira, RJ. Revista Brasileira de Entomologia, v.48, n.4, p.569-576, dez. 2004. DE CERQUEIRA, S.V.S. et al. R(+)-pulegone impairs Ca 2+ homeostasis and causes negative inotropism in mammalian myocardium.European Journal of Pharmacology. v. 672, n. 1-3, p.135–142, dec. 2011. DE MENEZES-FILHO, J.E.R., et al. Geraniol blocks calcium and potassium channels in the mammalian myocardium: useful effects to treat arrhythmias. Basic & Clinical Pharmacology & Toxicology, v.115, n.6, p.534–544, dec. 2014. DE TOMBE, P.P. Cardiac myofilaments: mechanics and regulation. Journal Biomech, v. 36, p. 721-730, 2003. http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10uf.def http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10uf.def 90 DENAULT, J.B.: SALVESEN GS. Caspases: keys in the ignition of cell death. Chemical Reviews, v. 102, n. 12, p. 4489-500, dec. 2002 DICKEY, D. et al. Effect of N-acetylcysteine route of administration on chemoprotection against cisplatin-induced toxicity in rat models.Cancer Chemotherapy and Pharmacology, v. 62, n.2 p. 235–241, Jul. 2008 DING, Q.; BAI, Y.; TINOCO, A.; MORTARA, D.; DO, D.; BOYLE, N. G.; PELTER, M. M.; HU, X. Developing new predictive alarms based on ECG metrics for bradyasystolic cardiac arrest. Physiological Measurement, v. 36, n. 12, p. 2405–2422, 2015. DONGLING,L. et al. The cardioprotective effect of total flavonoids on myocardial ischemia/reperfusion in rats. Biomedicine & Pharmacotherapy, v.88, p.277-284, apr. 2017. DOUKAS, J. et al. Phosphoinositide 3-kinase gamma/ delta inhibition limits infarct size after myocardial ischemia/reperfusion injury. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 103, n.52, p. 19866–19871, oct.2006. DUNKER, D.J.; BOONTJE, N.M.; MERKUS, D.; VERSTEILEN, A. et al. Prevention of Myofilament Dysfunction by β-Blocker Therapy in Postinfarct Remodeling. Circulation Heart Failure. v.2, p.233-242, 2009. DRÖSE, S.; BRANDT, U.; WITTIG, I: Mitochondrial respiratory chain complexes as sources and targets of thiol-based redox-regulation. Biochimica et Biophysica Acta, v.1844, n.8, p. 1344-1354, aug. 2014. GARCIA-DE-LA-ASUNCION, J.; PEREZ-SOLAZ, A.; CARRAU, M. et al. Different oxidative stress marker levels in blood from the operated knee or the antecubital vein in patients undergoing knee surgery: a tourniquet-induced ischemia-reperfusion model. Redox Report, v. 17, n.5, p. 194-9, aug. 2012. GONCA, E. Comparison of thiopental and ketamine + xylazine anesthesia in ischemia /reperfusion-induced arrhythmias in rats. Turkish journal of medical sciences, v. 45, n.6, p.1413-20, 2015. EARLEY, S.: GONZALES, A.L.; GARCIA, Z.I. A dietary agonist of transient receptor potential cation channel V3 elicits endothelium-dependent vasodilation. Molecular Pharmacology. v. 77 p.612–620, apr. 2010. EEFTING, F. et al. Role of apoptosis in reperfusion injury. Cardiovascular Research, v. 61, n.3, p. 414–426, feb. 2004. EBEL, D. et al. Effect of propofol on reperfusion injury after regional ischaemia in the isolated rat heart. British journal of anaesthesia, v. 83, n.6, p. 903-908, dec. 1999 91 EGEA, J. et al. European contribution to the study of ROS: A summary of the findings and prospects for the future from the COST action BM1203 (EU-ROS).Redox Biology, v.13, p. 94-162, may. 2017 ELTZSCHIG, H. K.; ECKLE, T. Ischemia and reperfusion--from mechanism to translation. Nature Medicine, v.17, n.11, p.1391–1401, nov. 2011. EL‐ SAYED, E. S. M.; MANSOUR, A. M.; ABDUL‐ HAMEED, M. S. Thymol and carvacrol prevent doxorubicin‐ induced cardiotoxicity by abrogation of oxidative stress, inflammation, and apoptosis in rats. Journal of biochemical and molecular toxicology, v. 30, n. 1, p. 37-44, 2016. ERTRACHT, O. et al.“Themitochondria as a target for cardioprotection in acute myocardial ischemia. Pharmacology and Therapeutics, v. 142, n. 1, p. 33–40, apr. 2014. EVSTATIEVA, L. et al. Chemical composition ofthe essential oils of Rhodiola rosea L. of three different origins, Pharmacogn. Magazine. v. 24 , p. 256–258, 2010. FABIATO, A., 1985. Time and calcium dependence of activation and inactivation of calcium-induced release of calcium from the sarcoplasmic reticulum of a skinned canine cardiac Purkinje cell. Journal Gen Physiology, v. 85, p. 247-289. FABIATO, A., Fabiato, F., 1975. Dependence of the contractile activation of skinned cardiac cells on the sarcomere length. Nature, v. 256, p.54-56. FAN, G. et al. Danshensu alleviates cardiac ischaemia/reperfusion injury by inhibiting autophagy and apoptosis via activation of mTOR signalling. Journal of cellular and molecular medicine. v. 20, n.10, p.1908–1919, oct. 2016. FARAH, C. et al. Key role of endothelium in the eNOS-dependent cardioprotection with exercise training. Journal of molecular and cellular cardiology, v. 102, p. 26– 30, jan. 2017. FERREIRA, A. J.; SANTOS, R. A.; ALMEIDA, A. P. Angiotensin-(1-7): cardioprotective effect in myocardial ischemia/reperfusion. Hypertension, v. 38, n.2, p.665–668, jun. 2001. FRANZINI-ARMSTRONG, C., Protasi, F., Ramesh, V., 1999. Shape, size, and distribution of Ca +2 release units and couplons in skeletal and cardiac muscles. Biophysical Journal, v. 77, p. 1528-1539. FUJITA, M. et al. Prolonged transient acidosis during early reperfusion contributes to the cardioprotective effects of postconditioning.American Journal of Physiology- Heart and Circulatory Physiology, v. 292, n.4, p.H2004–H2008, apr.2007. FUKUTA, H.; LITTLE, W. C. Contribution of Systolic and Diastolic Abnormalities to Heart Failure With a Normal and a Reduced Ejection Fraction. Progress in Cardiovascular Diseases, v. 49, n. 4, p. 229–240, 2007 http://onlinelibrary.wiley.com/journal/10.1111/(ISSN)1582-4934 http://onlinelibrary.wiley.com/journal/10.1111/(ISSN)1582-4934 92 GAO, E.et al. Darbepoetin alfa, a long-acting erythropoietin analog, offers novel and delayed cardioprotection for the ischemic heart.American Journal of Physiology- Heart and Circulatory Physiology, v. 293, n.1, p. H60–H68, jul. 2007. GALLUZZI, L.; KEPP, O.; TROJEL-HANSEN, C.; KROEMER, G. Mitochondrial Control of Cellular Life, Stress, and Death. Circulation Research. v.111, p.1198-1207, 2012; GOLDMAN, LEE. Schafer, Andrew I. Goldman´s Cecil Medicine. 24. Ed.Philadelphia: Elsevier Saunders, 2012. GOMES, B.S. et al. Anti-inflammatory effect of the monoterpene myrtenol is dependent on the direct modulation of neutrophil migration and oxidative stress. Chemico- biological interactions, v. 1, n. 273, p.73–81, aug. 2017. GOYAL, S., et al. “Modulation of PPAR-𝛾 by telmisartan protects the heart against myocardial infarction in experimental diabetes,” Chemico-Biological Interactions, v. 185, n. 3, p. 271–280, may. 2010. G.P. AMARANTE-MENDES.; D.R. GREEN.The regulation of apoptotic cell death.Brazilian Journal of Medical and Biological Research, v.32, n.9, p.1053-61, 1999. GRIFFITHS, E.; HALESTRAP, A.P. Mitochondrial nonspecific pores remain closed during cardiac ischaemia, but open upon reperfusion. Biochemical Journal, v. 307, n. 1, p. 93–98, apr. 1995. GRIMM, M., LING, H., WILLEFORD, A., PEREIRA, L., GRAY, C.B.B., ERICKSON, J.R., SARMA, S., RESPRESS, J.L., WEHRENS, X.H.T., BERS, D.M., BROWN, J.H., 2015. CaMKIIδ mediates β-adrenergic effects on RyR2 phosphorylation and SR Ca +2 leak and the pathophysiological response to chronic β-adrenergic stimulation. Journal of Molecular and Cellular Cardiology, v. 85, p. 282-291. GUENTHER, E. (1948). The essential oils, D. Van Nostrand Co. GUIMARAES, A. G., J. S. et al.Bioassay guided evaluation of antioxidant and antinociceptive activities of carvacrol. Basic & Clinical Pharmacology & Toxicology, v.107, p. 949-957, 2010. GUIMARAES, A. G., J. S. Quintans and L. J. Quintans, Jr. (2013). "Monoterpenes with analgesic activity--a systematic review." Phytother Research27(1): 1-15. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 9a. ed. [s.l.] Guanabara Koogan, 1997. KATZ, A. M. Physiology of the heart. New York: Raven Press, 1977. 93 Khan AQ, et al. Geraniol attenuates 12-O-tetradecanoylphorbol-13-acetate (TPA)- induced oxidative stress and inflammation in mouse skin: Possible role of p38 MAP Kinase and NF-Κb. Experimental and Molecular Pathology v. 94:, p. 419-429, 2013. HALL, J.E., 2010. Guyton and Hall Textbook of Medical Physiology. Elsevier Health Sciences. HAMACHER-BRADY, A. The interplay between pro-death and pro-survival signaling pathways in myocardial ischemia/reperfusion injury: apoptosis meets autophagy. Cardiovascular Drugs and Therapy, v.20, n.6, p. 445–462, dec. 2006. HAN, F. et al. Paeoniflorin protects diabetic mice against myocardial ischemic injury via the transient receptor potential vanilloid 1/calcitonin gene-related peptide pathway. Cell & Bioscience, v.6, n.37. jun. 2016. HAUSENLOY, D.J; DUCHEN, M.R.; YELLON, D.M. Inhibiting mitochondrial permeability transition pore opening at reperfusion protects against ischaemia- reperfusion. Cardiovascular Research, v. 60, n.3, p. 617-25, dec. 2003 HAUSENLOY, D.J.et al. Inhibiting mitochondrial permeability transition pore opening: a new paradigm for myocardial preconditioning? Cardiovascular Research,v. 55, n. 3, p. 534-43. Aug. 2002 HAUSENLOY, D.J.; YELLON, D.M. The mitochondrial permeability transition pore: its fundamental role in mediating cell death during ischaemia and reperfusion.Journal of Molecular and Cellular Cardiology, v. 35, n.4, p. 339–341. apr. 2003. HAUSENLOY, D.J.; YELLON, D.M. Myocardial ischemia-reperfusion injury: a neglected therapeutic target. Journal Clinical Investigation, v. 123, n.1, p. 92–100. jan. 2013. HEARSE, D.J.; TOSAKI, A. Free radicals and reperfusioninduced arrhythmias: protection by spin trap agent PBN in the rat heart. Circulation Research., v. 60, n.3. p. 375–383.mar. 1987. HEBBEL, R. P. Erythrocyte antioxidants and membrane vulnerability. may Journal of Laboratory and Clinical Medicine, v. 107, n.5, p. 401-4.1986 HENGARTNER, M.O. The biochemistry of apoptosis. Nature, v. 407, n. 6805, p. 770- 6. Oct. 2000 HERZOG, W.R. Short-term low dose intracoronary diltiazem administered at the onset of reperfusion reduces myocardial infarct size. International Journal of Cardiology, v. 59, n.1, p. 21–27, mar.1997. HEUSCH, G.; BOENGLER, K.; SCHULZ, R. Inhibition of mitochondrial permeability transition pore opening: the Holy Grail of cardioprotection. Basic ResearchCardiology, v. 105, n.2, p. 151–154, mar. 2010. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14659807 http://www.sciencedirect.com/journal/journal-of-laboratory-and-clinical-medicine http://www.sciencedirect.com/journal/journal-of-laboratory-and-clinical-medicine 94 HEUSCH G, et al. Coronary microembolization: from bedside to bench and back to bedside. Circulation, v. 120, n.18, p.1822–1836, nov. 2009. HIMMELFARB, J.; MC. MONAGLE, E.; MC. MENAMIN, E. Plasma protein thiol oxidation and carbonyl formation in chronic renal failure. Kidney international, v. 58, n. 6, p. 2571-2578, dec. 2000. HINKEN, A. C.; SOLARO, R. J. A dominant role of cardiac molecular motors in the intrinsic regulation of ventricular ejection and relaxation. Physiology (Bethesda, Md.), v. 22, n. 16, p. 73–80, 2007. IBÁÑEZ, B. et al. Evolving therapies for myocardial ischemia/reperfusion injury. Journal of the American College of Cardiology, v. 65, n.14, p. 1454–1471, abr.2015. IMAHASHI, K; KUSUOKA, H; HASHIMOTO, K; YOSHIOKA, J. et al. Intracellular sodium accumulation during ischemia as the substrate for reperfusion injury. Circulation Research. v.84, n.12, p.1401‐ 1406, 1999. ITO, H. No-reflow phenomenon and prognosis in patients with acute myocardial infarction. Nat clinpract cardiovasc med, v.3, n.9, p. 499–506. set. 2006 IVANA, G.; ANDRÉA, R.; ADRIANA, B. Morte Celular por Apoptose Apoptosis: Programmed Cell Death.Revista Brasileira de Cancerologia; v.53, n.3, p. 335-343. jan.2007 JOCA, H. C., Y. "Carvacrol decreases neuronal excitability by inhibition of voltage- gated sodium channels." Journal Nature Product, v.75, n.9: 1511-1517. (2012). J. Navarro-yepes, et al. “oxidative stress, redox signaling, and autophagy: cell death versus survival”, antioxidants and redox signaling, vol. 21, no. 1, p. 66–85, jul. 2014. JIA, W. et al. Upregulated ATF6 contributes to chronic intermittent hypoxia-afforded protection against myocardial ischemia/reperfusion injury. International Journal of Molecular Medicine. v. 37, n. 5, p. 1199–1208, may.2016 JIANG, Z.Y.; HUNT, J.V.; WOLFF, S.P. Ferrous ion oxidation in the presence of xylenol orange for detection of lipid hydroperoxide in low density lipoprotein. Analytical Biochemistry. v. 202, n. 2, p. 384–389, may.1992 KIM, Y.M.; BOMBECK, C.A.; BILLIAR, T.R. (1999). Nitric oxide as a bifunctional Circulation Research, v. 84, n.3, p.253-6, feb.1999 KLEINBONGARD, P. et al. Vasoconstrictor potential of coronary aspirate from patients undergoing stenting of saphenous vein aortocoronary bypass grafts and its pharmacological attenuation. Circulation Research, v. 108, n. 3, p. 344–352, feb.2011 KLONER, R. A, et al. Medical and cellular implications of stunning, hibernation, and preconditioning: an NHLBI workshop. Circulation. v. 97, n.18, p. 1848–1867, may. 1998. 95 KÖHLER, A. C.; SAG,C.M.; MAIER, L. S. Reactive oxygen species and excitation– contraction coupling in the context of cardiac pathology. Journal of Molecular and Cellular Cardiology, v. 73, p. 92-102, aug. 2014. KRUG, A.; DU MESNIL DE ROCHEMENT R, KORB, G. Blood supply of the myocardium after temporary coronary occlusion. Circulation Research, v.19, n.1, p.57–62, jul.1966. LADILOV, Y.V.; SIEGMUND, B.; PIPER, H.M: Protection of reoxygenated cardiomyocytes against hypercontracture by inhibition of Na + /H + exchange. American Journal of Physiology, v. 268, n. 4, p. H1531-H1539, apr. 1995. LEMASTERS, J.J. et al. The pH paradox in ischemiareperfusion injury to cardiac myocytes. EXS. v.76, p. 99–114. 1996 LEPOITTEVIN, B. et al., Radical polymerization and preliminary microbiological investigation of new polymer derived from myrtenol. European Polymer Journal, v. 47, n.9, p.1842–1851, sep. 2011. LESNEFSKY, E.J. et al. Mitochondrial Dysfunction and Myocardial Ischemia- Reperfusion: Implications for Novel Therapies. Annual Review of Pharmacology and Toxicology, v.57, p. 535–565. 2017. LEUCKER, T.M. et al. Impairment of endothelial-myocardial interaction increases the susceptibility of cardiomyocytes to ischemia/reperfusion injury. PLoS ONE, v.8, n.7, jul.2013. LI, J. Cardiac vulnerability to ischemia/reperfusion injury drastically increases in late pregnancy. Basic Research in Cardiology, v. 107, n. 4, p. 271, jul. 2012. LI JZ. et al. Paeoniflorin protects myocardial cell from doxorubicin-induced apoptosis through inhibition of NADPH oxidase. Canadian Journal of Physiology and Pharmacology, v. 90, n. 12, p. 1569-1575, dec. 2012. LI, J. et al. Paeoniflorin inhibits doxorubicin-induced cardiomyocyte apoptosis by downregulating microRNA-1 expression. Experimental and Therapeutic Medicine v. 11, n.6, p. 2407–2412, jun.2016 LOOR, G. et al. Mitochondrial oxidant stress triggers cell death in simulated ischemia-reperfusion. Biochimica Biophysica Acta, v. 1813, n.7, p. 1382-1394, jul. 2011. LOPEZ, A. D.; MURRAY, C.C. The global burden of disease. Nature Medicine, v. 4, n.11, p. 1241–1243, nov.1998 LOWRY, O.H. et al. Protein measurement with the Folin phenol reagent. The Journal ofBiological Chemistry, v.193, n. 1, p. 265-275, nov. 1951. 96 LUO, A.K.; WU, K.C. Imaging microvascular obstruction and its clinical significance following acute myocardial infarction. Heart Failure Reviews, v.11, n.4, p. 305-12 dec. 2006. LUCHS A; PANTALEÃO C. Apoptosis and in vivo models to study the molecules related to this phenomenon. revendo ciências básicas, v. 8, n.4, p, 495-7, 2010. MA, W.W. et al. Genistein alleviates the mitochondria-targeted DNA damage induced by β -amyloid peptides 25-35 in C6 glioma cells. Neurochemical Research, v. 38, n.7, p. 1315-1323, jul. 2013. McGraw-Hill, 2012Libby P, Bonow R, Mann D, Zipes D .Harrison´s Principles of Internal Medicine. 18th Ed. Nova Iorque:. Braunwald’s heart disease. A textbook of cardiovascular medicine. 8. Ed. Saunders Elsevier; 2008 MACEDO, F.N. et al., 2016. Increased Nitric Oxide Bioavailability and Decreased Sympathetic Modulation Are Involved in Vascular Adjustments Induced by Low- Intensity Resistance Training. Frontiers in Physiology, v.7, n. 265, Jun. 2016. MACLENNAN, D.H., KRANIAS, E.G., 2003. Phospholamban: a crucial regulator of cardiac contractility. Natural review molecular cell biologic v. 4, p. 566-577. MADESH, M.; BALASUBRAMANIAN, K.A. Microtiter plate assay for superoxide dismutase using MTT reduction by superoxide. Indian Journal of Biochemistry & Biophysics, v. 35, n.3, p.184–188, Jun.1998 MAGYAR, J .et al. Effects of terpenoid phenol derivatives on calcium current in canine and human ventricular cardiomyocytes. European Journal of Pharmacology, v. 487, n 1-3, p. 29–36, mar.2004.MARGHERITA NERI, et al. Ischemia/Reperfusion Injury following Acute Myocardial Infarction: A Critical Issue for Clinicians and Forensic Pathologists. Mediators of Inflammation, v. 2017, p.14, feb. 2017. MATSUSHIMA, S.; TSUTSUI H.; SADOSHIMA, J: Physiological and pathological functions of NADPH oxidases during myocardial ischemia-reperfusion. Trends in Cardiovascular Medicine, v. 24, n.5, p. 202-205, jul. 2014. MELO, M. S., L. C. et al. "Antinociceptive effect of citronellal in mice." Pharmacol Biologycal, v. 48, n. 4, p. 411-416, 2010. MESQUITA, T.R.R. et al. Cardioprotective Action of Ginkgo biloba Extract against Sustained β-Adrenergic Stimulation Occurs via Activation of M2/NO Pathway. Frontiers in Pharmacology, v.11, n.8, p.220, may. 2017. MIYAMAE, M. et al. Attenuation of postischemic reperfusion injury is related to prevention of [Ca2+]m overload in rat hearts. American Journal of Physiology, v. 271, n.5, p. H2145–H2153, nov.1996 97 MOENS, A.L. et al. Myocardial ischemia/reperfusion-injury, a clinical view on a complex pathophysiological process. International Journal of Cardiology, v. 100, n. 2, p. 179–190, abr. 2005 MONASSIER, J. P. Reperfusion injury in acute myocardial infarction: from bench to cath lab. Part II: Clinical issues and therapeutic options. Archives of cardiovascular diseases, v. 101, n. 9, p. 565-575, 2008. MOREIRA, R. C. et al. Anxiolytic-like effects and mechanism of (−)-myrtenol: A monoterpene alcohol. Neuroscience Letters, v. 579, p. 119–124, 2014 MURPHY, K. M. et al. Bcl-2 inhibits Bax translocation from cytosol to mitochondria during drug-induced apoptosis of human tumor cells. Cell Death & Differentiation, v. 7, n.1, p. 102-11, jan. 2000. MURPHY, E.; STEENBERGEN, C. Mechanisms underlying acute protection from cardiac ischemia-reperfusion injury. Physiological Reviews. v. 88, n.2, p. 581–609, apr. 2008 NASARIO-JUNIOR, O.; BENCHIMOL-BARBOSA, P. R.; TREVIZANI, G. A.; MAROCOLO, M.; NADAL, J. Effect of aerobic conditioning on ventricular activation: A principal components analysis approach to high-resolution electrocardiogram. Computers in Biology and Medicine, v. 43, n. 11, p. 1920–1926, 2013 NELSON, D.P.; KIESOW, L.A. Enthalpy of decomposition of hydrogen peroxide by catalase at 25 degrees C (with molar extinction coefficients of H2O2 solutions in the UV). Analytical Biochemistry. v. 49, n.2, p. 474–478, oct.1972. NICHOLSON, D.W.; THORNBERRY, N.A. Caspases: killer proteases. Trends in Biochemical Sciences, v. 22, n.8, p. 299-306. aug, 1997 O’GARA, P.T. et al. ACCF/AHA guideline for the management of ST-elevation myocardial infarction: executive summary: a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines. Circulation, v. 127, n.4, p. 529–555, jan. 2013. OZKAN, A.M.G, GURAY, Ç.G. A Mediterranean: Myrtus communis L. (Myrtle). Plants and Culture : seeds of the cultural heritage of Europe, p. 159-168, 2009. OIGMAN, W.; FRITSCH, M.T. Antagonistas de canais de cálcio. Revista Brasileira hipertensão, v. 5, n. 2, p. 104-9, jun. 1998. OSAWA, CIBELE CRISTINA; FELÍCIO, PEDRO EDUARDO DE; GONÇALVES, LIRENY AP. GUARALDO.; Teste de TBA aplicado a carnes e derivados: métodos tradicionais, modificados e alternativos.; Quimica. Nova; 28; 655-663; 2005. 98 PABLO, PARRA.; RAMÓN RODRIGO.Novel Antioxidant Therapy Against Myocardial Ischemia– Reperfusion Injury During Percutaneous Coronary Angioplasty, Free Radicals and Diseases oct. 2016. PAGLIA, D.E.; VALENTINE, W.N. Studies on the quantitative and qualitative characterization of erythrocyte glutathione peroxidase. Journal of Laboratory and Clinical Medicine, v. 70, n.1, p. 158–169, jul. 1967 PAGLIARO, P.; MORO, F.; TULLIO, F, MARIA-GIULIA, P. et al. Cardioprotective Pathways During Reperfusion: Focus on Redox Signaling and Other Modalities of Cell Signaling. Antioxidants & Redox Signaling. v.14, n.5, p. 833–850, 2011. PANWAR, R. B. Atherothrombotic risk factors & premature coronary heart disease in India: A casecontrol study. Indian Journal of Medical Research, v. 134, n.1, p. 26-32, jul. 2011. PARADIES, G. et al. Role of cardiolipin peroxidation and Ca 2+ in mitochondrial dysfunction and disease. Cell calcium, v. 45, n. 6, p. 643-650, jun. 2009. PAROLIN MB.; REASON IJ. Apoptose como mecanismo de lesão nas doenças hepatobiliares.Arquivos de Gastroenterologia, v.38, n.2, p. 138-44, jun. 2001 PARK, S.W. et al. Paneth cell-derived interleukin-17A causes multiorgan dysfunction after hepatic ischemia and reperfusion injury. Hepatology, v.53, n.5, p.1662-75, may. 2011. PARRA, P.; RAMÓN RODRIGO. Ischemia–Reperfusion Injury During Percutaneous Coronary Angioplasty. Free Radicals and Diseases. Chapter 19,Pag 382, 2016 PASTORE, CA et al. III Diretrizes da sociedade brasileira de cardiologia sobre análise e emissão de laudos eletrocardiográficos. Arquivos Brasileiros Cardiologia. São Paulo , v. 106, n. 4, supl. 1, p. 1-23, Apr. 2016 PATEL T.; GORES GJ. Apoptosis in liver transplantation: a mechanism contributing to immune modulation, preservation injury, neoplasia, and viral disease.Liver Transplant Surgery, v. 4, n.1, p.42-50, jan. 1998. PEI JUN, P. et al.HSYA alleviates secondary neuronal death through attenuating oxidative stress, inflammatory response, and neural apoptosis in SD rat spinal cord compression injury.Journal of Neuroinflammation, v. 14, n.1, p. 97, may. 2017. PEIXOTO-NEVES, D. Vasorelaxant effects of the monoterpenic phenol isomers, carvacrol and thymol, on rat isolated aorta. Fundamental & clinical pharmacology , v. 24, n.3, p. 341–350, jun.2010 PÉREZ, Y G. et al. Malondialdeído e grupo sulfidrila como biomarcadores do estresse oxidativo em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. Revista Brasileira Reumatologia, v. 52, n. 4, p. 656-660, jun. 2012. https://www.google.com.br/search?q=Liver+Transplant+Surgery&sa=X&ved=0ahUKEwjjxJv00JHYAhVKC5AKHTJUCnUQ7xYIJSgA https://www.google.com.br/search?q=Liver+Transplant+Surgery&sa=X&ved=0ahUKEwjjxJv00JHYAhVKC5AKHTJUCnUQ7xYIJSgA http://onlinelibrary.wiley.com/journal/10.1111/(ISSN)1472-8206/issues 99 PESARO, A. et al. Infarto Agudo do Miocárdio- sindrome coronariana aguda com supradesnível do segmento-ST. Revista Associação Médica Brasil, v.50(2), p.214-220 PETROS AM.; OLEJNICZAK ET.; FESIK SW. Structural biology of the Bcl-2 family of proteins.Biochimica et Biophysica Acta, v.1644, n 2-3, p.83-94, marc. 2004; PIOT, C. et al: Effect of cyclosporine on reperfusion injury in acute myocardial infarction. New England Journal of Medicine, v. 359, n.5, p. 473-481, jul. 2008. PIPER, HM.; GARCIA-DORADO, D.; OVIZE M. A fresh look at reperfusion injury.Cardiovascular Research, v. 38, n.2, p.291–300, may.1998. PIPER, H. M.; KASSECKERT, S.; ABDALLAH, Y. The sarcoplasmic reticulum as the primary target of reperfusion protection. Cardiovascular research, v. 70, n. 2, p. 170- 173, may.2006. QI, L; PAN, H; LI, D; FANG, F. et al. Luteolin improves contractile function and attenuates apoptosis following ischemia–reperfusion in adult rat cardiomyocytes European Journal of Pharmacology, v.668, p.201–207, 2011. QU, D.2016. Cardioprotective Effects of Astragalin against Myocardial Ischemia/Reperfusion Injury in Isolated Rat Heart. Oxidative Medicine and Cellular Longevity, v. 2016, p.11, dec. 2016 RAEDSCHELDERS, K.; ANSLEY, DM.; CHEN, D.D. The cellular and molecular origin of reactive oxygen species generation during myocardial ischemia and reperfusion.Pharmacology & Therapeutics, v. 133, n. 2, p. 230-55. feb, 2012 RAMAHI, T.M. Cardiovascular disease in the Asia Middle East region: global trends and local implications. Asia-pacific journal of public health, v. 22, n.3, p. 83S-89S, jul. 2010 ROCHITTE, C.E. et al. Magnitude and time course of microvascular obstruction and tissue injury after acutemyocardial infarction. Circulation, v. 98, n. 10, p. 1006–1014. Sept. 1998. RODRIGO, R. et al. “the effectiveness of antioxidant vitamins C and E in reducing myocardial infarct size in patients subjected to percutaneous coronary angioplasty (PREVEC Trial): study protocol for a pilot randomized doubleblind controlled trial,” Acta Veterinaria Scandinavica, v. 29, n. 15, p. 192, may. 2014. ROSS, A.M. et al. AMISTAD-II Investigators: A randomized, double-blinded, placebo-controlled multicenter trial of adenosine as an adjunct to reperfusion in the treatment of acute myocardial infarction (AMISTAD-II). Journal of the American College of Cardiology, v. 45, n.11, p.1775-1780, jun. 2005. ROSS, D.; MOLDEUS, P. Antioxidant defense systems and oxidative stress. In Vigo- Pelfrey C (ed): Membrane lipid oxidation. v.1, p.151-70, 1991 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Raedschelders%20K%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22138603 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Ansley%20DM%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22138603 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Chen%20DD%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22138603 100 ROUBILLE F, et al. Delayed postconditioning in the mouse heart in vivo. Circulation. 2011; 124(12):1330–1336. SALVAGNANI, L.E. Avaliação Da Atividade Antibacteriana De Folhas De Myrtus Communis L. (Myrtaceae). Revista Brasileira de Farmacognosia, v.18, n.2, p.241- 244, jun. 2008. SANTOS, M.R.V. et al.2011. Cardiovascular effects of monoterpenes: a review. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 21, n.4, p. 764–771, agu. 2011. SAXENA, M. et al. Phytochemistry of Medicinal Plants - ProQuest. Journal of Pharmacognosy and Phytochemistry, v. 1, n. 6, p. 168–182, 2013. SCRIVEN, D.R., DAN, P., MOORE, E.D., Distribution of proteins implicated in excitation-contraction coupling in rat ventricular myocytes. Biophys J, v. 79, p. 2682- 2691. 2000. SEPICI-DINCEL, A. et al. Effects of in vivo antioxidant enzyme activities of myrtle oil in normoglycaemic and alloxan diabetic rabbits. Journal of Ethnopharmacology, v. 110, n.3, p. 498–503, apr. 2007. SKRZYPIEC-SPRING, M., B. GROTTHUS, A. SZELAG AND R. SCHULZ (2007). "Isolated heart perfusion according to Langendorff---still viable in the new millennium." J Pharmacol Toxicol Methods 55(2): 113-126. SHUKLA, S.K. et al. Cardiovascular friendly natural products: a promising approach in the management of CVD. Natural Product Research, v. 24, n.9, p. 873–898, may.2010. SIGMA-ALDRICH BRASIL LTDA. Ficha de dados de segurança do mitenol. São Paulo-SP, 2017 SILVA, R.O. et al . Evaluation of the anti-inflammatory and antinociceptive effects of myrtenol, a plant-derived monoterpene alcohol, in mice. Flavour and Fragrance Journal. v. 29, n.3, p. 184–192, feb.2014. SILVA, O. A. Estudos Neuroquímicos do (-)- Mirtenol e seu Complexo de Inclusão com β-Ciclodextrina como Contribuições Tecnológicas para o Desenvolvimento de Novos Medicamentos. Tese de Doutorado.Universidade Federal do Piauí , 2015, p.111 SILVEIRA, S.M.et al. Chemical composition and antibacterial activity of essential oils from Cymbopogon winterianus (citronella), Eucalyptus paniculata (eucalyptus) and Lavandula angustifolia (lavender).Revista Institudo Adolfo Lutz.; v.71, n.3, p. 471- 80. 2012 SKYSCHALLY, A.; SCHULZ, R.; HEUSCH G. Cyclosporine A at reperfusion reduces infarct size in pigs.Cardiovascular Drugs and Therapy, v. 24, n.1, p. 85–87. Feb. 2010 101 SHIMIZU,Y.et al., DJ-1 protects the heart against ischemia-reperfusion injury by regulating mitochondrial fission.Journal of Molecular and Cellular Cardiology, v. 97, p:56-66, aug. 2016 SMITH, R.A.; HARTLEY, R.C.; MURPHY MP. Mitochondria targeted small molecule therapeutics and probes.Antioxidants & Redox Signaling, v.15, n.12, p. 3021–3038, dec. 2011. STEPHANOU, A. et al. Distinct initiator caspases are required for the induction of apoptosis in cardiac myocytes during ischaemia versus reperfusion injury. Cell Death & Differentiation, v.8, n.4, p. 434–435, abr. 2001. TADA, M., KATZ, A.M., 1982. Phosphorylation of the sarcoplasmic reticulum and sarcolemma. Annu Rev Physiol v. 44, p. 401-423. TAKAMATSU, T. Arrhythmogenic substrates in myocardial infarct Pathology International; n.58, p.533–543, 2008. TAPPIA, P. S. et al. “Role of oxidative stress in catecholamine-induced changes in cardiac sarcolemmal Ca 2+ transport,” Archives ofBiochemistry and Biophysics, v. 387, n.1, p. 85–92, mar.2001. TESHIMA Y. et al. Production of reactive oxygen species in the diabetic heart. Roles of mitochondria and NADPH oxidase. Circulation, v. 78:, p. 300-306, 2014. THEODORE, K, et al.Ischemia/Reperfusion. Comprehensive Physiology, v.7, p. 113- 170, 2017 THYGESEN, K.; ALPERT, J.S.; WHITE, H.D. Universal definition of myocardial infarction.Journal of the American College of Cardiology. v.50, p2173–2195, 2007. TOCCHETTI, C. G. et al. Nitroxyl improves cellular heart function by directly enhancing cardiac sarcoplasmic reticulum Ca2+ cycling. Circulation research, v. 100, n. 1, p. 96-104, 2007. TOYOKUNI S. Reactive oxygen species-induced molecular damage and its application in pathology. Pathology International, v. 49, n.2, p. 91-102, feb. 1999. TURER, A.T.; HILL, J.A. Pathogenesis of myocardial ischemiareperfusion injury and rationale for therapy. American Journal of Cardiology, v. 106, n.3, p. 360-8, aug.2010 VANDER, H.M.G.; THOMPSON CB. Bcl-2 proteins: regulators of apoptosis or of mitochondrial homeostasis?Nature Cell Biology. v. 1, n.8, p. E209-16, dec. 1999 VIANA, A.F.S.C. et al. Gastroprotective effect of (-)-myrtenol against ethanol-induced acute gastric lesions: possible mechanisms. Journal of Pharmacy and Pharmacology. v. 68, n.8, p. 1085–1092, aug. 2016 http://onlinelibrary.wiley.com/journal/10.1111/(ISSN)1440-1827 102 VINTEN-JOHANSEN, J et al. Inflammation, proinflammatory mediators and myocardial ischemia-reperfusion Injury. Hematology Oncology Clinics of North America, v. 21, n.1, p. 123–145, feb. 2007. VIRÁG, L. Peroxynitrite-induced cytotoxicity: Mechanism and opportunities for intervention.Toxicology Letters, v.140, n.141, p.113–124, apr. 2003. VISWESWARAN, P.; MASSIN, E.K.; DUBOSE, T.D. Mannitol induced acute renal failure. Journal of the American Society of Nephrology, v.8, n.6, p.1028-1033, jun.1997. WAGHORN, B; SCHUMACHER, A; LIU, J; JACOBS, S. et al. Indirectly Probing Ca21 Handling Alterations Following Myocardial Infarction in a Murine Model Using T1-Mapping Manganese-Enhanced Magnetic Resonance Imaging. Magnetic Resonance in Medicine. n.65, p.239–249, 2011. WANG, Y.; AGRAFIOTI, F.; HATZINAKOS, D.; PLATANIOTIS, K. N. Analysis of Human Electrocardiogram for Biometric Recognition. EURASIP Journal on Advances in Signal Processing, v. 2008, n. 1, p. 1–11, 2008. WALTERS, A. M.; PORTER, G. A.; BROOKES, P. S. Mitochondria as a drug target in ischemic heart disease and cardiomyopathy. Circulation research, v. 111, n. 9, p. 1222-1236, oct. 2014. WIT, A.L.; JANSE, M.J. Reperfusion arrhythmias and sudden cardiac death: a century of progress toward an understanding of the mechanisms. Circulation research, v. 89, n.9, p. 741–743, oct, 2001. XIANCHI, L.I. et al. Protective approaches against myocardial ischemia reperfusion injury (Review).Experimental and therapeutic medicine, v.12, n.6, p. 3823-3829, dec. 2016. YELLON DM, HAUSENLOY DJ. Myocardial reperfusion injury. New England Journal of Medicine, v. 357, n.11, p. 1121–1135. sep. 2007 YUAN, X.et al. Cardioprotective Effect of Licochalcone D against Myocardial Ischemia/Reperfusion Injury in Langendorff-Perfused Rat Hearts. PLoS ONE, v. 10, n.6, jun.2015 ZENG, Q. et al. Endothelin-1 regulates cardiac L-type calcium channels via NAD (P) H oxidase-derived superoxide. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, v. 326, n. 3, p. 732-738, 2008.ZIMA, A. V.; BLATTER, L. A. Redox regulation of cardiac calcium channels and transporters. Cardiovascular research, v. 71, n. 2, p. 310-321, 2006. 103 ZHAO, Y.; ZHAO, B. Protective effect of natural antioxidants on heart against ischemia-reperfusion damage. Current pharmaceutical biotechnology, v. 11, n. 8, p. 868–74, dez. 2010. ZHAO, Z.Q, et al. Dynamic progression of contractile and endothelial dysfunction and infarct extension in the late phase of reperfusion. Journal of Surgical Research, v. 94, n.2, p. 133–144, dec. 2000. ZHAO, ZQ. et al. Inhibition of myocardial apoptosis reduces infarct size and improves regional contractile dysfunction during reperfusion. CardiovascularResearch, v. 59, n.1, p.132–142, jul.2003 ZHOU, H. et al.2013. Paeoniflorin attenuates pressure overload-induced cardiac remodeling via inhibition of TGFβ/Smads and NF-κB pathways. Journal of Molecular Histology, v.44, n.3, p. 357–367, jun.2013. ZIMMERMANN, K.C.; BONZON C.; GREEN, D.R. The machinery of programmed cell death.Pharmacology & Therapeutics, v. 92, n.1, p. 57-70, oct. 2001. 104