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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Laboratório de Química Orgânica II Turma QUI 3A – T1 Prof.a Cleverson Garcia Alunos: André Oliveira Mesquita, Artur Blon do Carmo Leite e Giovanna Ramalho de Oliveira Data da prática: 27/03/2024 e 03/04/2024 CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA E EM COLUNA Estudo dos pigmentos do agrião BELO HORIZONTE ABRIL/2024 1. Introdução A fotossíntese, processo energético realizado pelas plantas, significa etimologicamente síntese pela luz. Funciona, desse modo, através da conversão de energia luminosa em energia química. Os seres fotossintetizantes utilizam a energia luminosa para produzir compostos orgânicos, como a glicose, tendo como fonte de carbono o dióxido de carbono (CO2) e como fonte de hidrogênio a água 1. O processo segue a equação 1 abaixo: 6 CO2 +12 H2O → C6 H12O6 + 6 O2 + 6 H2O A absorção da luz solar crucial para o processo de produção de glicose é realizada através da clorofila. A clorofila é o pigmento fundamental presente nos seres autotróficos, tendo como característica principal sua coloração verde. Isso se dá devido a sua alta eficiência de absorção das luzes violeta, vermelho e azul, provenientes da decomposição da luz branca solar 2. Logo, reflete o verde e assim obtém sua coloração característica. Elas estão presentes nos cloroplastos, organelas que se encontram em células de plantas e outros eucariotas fotossintéticos, sendo o local onde efetivamente ocorre a fotossíntese 3. Entretanto, é errôneo o pensamento de que existe apenas um tipo de clorofila. Elas são moléculas formadas por complexos derivados da porfirina, tendo como átomo central o Mg (magnésio). É uma estrutura macrocíclica assimétrica insaturada constituída por quatro anéis de pirrol. Existem quatro tipos principais do pigmento, denominados por A, B, C e D, que contribuem no processo fotossintético de formas distintas. As clorofilas A e B encontram-se na natureza numa proporção de 3:1, respectivamente, e diferem nos substituintes de carbono C-3. Na clorofila A, o anel de porfirina contém um grupo metil (-CH3) no C-3, enquanto a B contém um grupo aldeído (-CHO), que substitui o grupo metil. Ela é sintetizada através da oxidação do grupo metil da clorofila A para um grupo aldeído, diferenciando-as – além disso, se encontram em praticamente todos os indivíduos fotossintetizantes, com diferença apenas na quantidade de cada. Já as clorofilas C e D são as menos abundantes, estando presentes respectivamente em diatomáceas e algas vermelhas 2. Devido à dominância numérica do tipo A, os restantes são considerados pigmentos fotossintéticos acessórios, juntamente com os carotenoides. Os carotenoides são um grande grupo de pigmentos presentes na natureza, com mais de 600 estruturas caracterizadas, identificados em organismos fotossintetizantes e não fotossintetizantes, plantas superiores, algas, fungos, bactérias e em alguns animais. Entretanto, é no reino Plantae que há a maior presença dos compostos em foco, sendo responsáveis pela coloração amarelada e avermelhada de frutos como morango, cenoura e maracujá. Contribuem com a fotossíntese sendo pimentos acessórios que captam a luz solar. Além disso, formam misturas de a e b-carotenos, b-criptoxantina, luteína, zeaxantina, Equação 1 – Processo fotossintético violaxantina e neoxantina, sendo importantes precursores da vitamina A, crucial para o a saúde da visão animal 4. Por se tratarem de pigmentos, por meio de experimentos cromatográficos pode-se realizar a análise da presença de diferentes tipos de clorofilas e carotenoides em amostras de vegetais, utilizando-se técnicas de cromatografia como camada delgada e coluna. 2. Objetivos A prática ocorreu de forma a realizar análises cromatográficas de uma mesma amostra de agrião utilizando técnicas distintas (cromatografia em camada delgada e em coluna), separando e identificando os constituintes de seus pigmentos. 3. Materiais e Reagentes 3.1 Materiais • Algodão • Bastão de vidro • Bomba de vácuo • Bureta (50 mL) • Capilar • Espátula metálica • Funil de vidro • Garra • 2 Gral • Lápis • Lamínula (cromatoplaca) • 4 Pipetas de Pasteur • 3 Placas de Petri • Pote de vidro com tampa (cuba cromatográfica) • 2 Provetas (5 mL) • Proveta de (25 mL) • 2 Pistilo • Suporte universal 3.2 Reagentes • Acetona (CH3COCH3); • Diclorometano (CH2Cl2); • Folha de agrião. • Hexano (C6H14); • Sílica (SiO2); 3.3 EPI’s e EPC’s • Jaleco • Luvas de látex • Capela de exaustão 4. Metodologia 4.1 Cromatografia em camada delgada Para realizar a cromatografia em camada delgada, iniciou-se com a preparação do extrato de agrião, triturando-o com acetona em um gral com pistilo. Em seguida, uma placa de cromatografia foi marcada cuidadosamente nas laterais para evitar danificar a sílica, deixando 2 cm da base e 1,5 cm do topo. Na cuba cromatográfica, misturou-se diclorometano e acetona, inseriu-se um papel e agitou-se o conjunto. Duas séries de aplicações foram feitas na placa de cromatografia, uma à esquerda com seis pontos e outra à direita com dezesseis. A placa foi então colocada na cuba e deixou-se a fase móvel eluir até a linha final. Após alcançar essa linha, a placa foi removida e deixada para secar na capela, aguardando a observação dos resultados. 4.2 Cromatografia em coluna Na cromatografia em coluna, uma bureta de 50 mL foi preparada com algodão no fundo e um funil acoplado. A Sílica foi adicionada à bureta até a marca de 4 cm com o auxílio de uma espátula. Depois a silica foi transferida para um béquer de 250 mL e coberta com hexano, agitando-se com um bastão de vidro. O funil foi recolocado na bureta, seguida pela adição do extrato de agrião misturado com sílica. Uma placa de Petri foi posicionada sob a bureta para coletar as frações durante a cromatografia, que foi repetida três vezes, e trocando-se as placas quando havia mudança de cor na amostra. Finalmente, os resultados foram avaliados. 5. Resultados e discussão 5.1 Estudo dos pigmentos do agrião e qual a melhor condição de amostragem para separa-los e identificá-los por CCD. Figura 1: Moléculas de clorofila a e b. Figura 2: Moléculas de carotenos e xantofilas. Os carotenos são pigmentos hidrocarbonetos e, portanto, são substâncias apolares. Já as xantofilas contêm grupos oxigenados, como hidroxilas ou cetonas, que aumentam sua polaridade. Isso faz com que as xantofilas tenham maior afinidade com solventes polares em comparação aos carotenos. No caso das clorofilas, a clorofila a possui um grupo metil enquanto a clorofila b possui um grupo aldeído, o que torna a clorofila b ligeiramente mais polar que a clorofila a. 5 A quantidade de amostra aplicada na cromatografia influencia diretamente a qualidade do cromatograma. Aplicações insuficientes podem não revelar todos os componentes, enquanto aplicações excessivas podem levar a manchas sobrepostas e indistintas. A escolha da melhor aplicação é aquela que proporciona manchas bem definidas e separadas, permitindo uma análise clara dos componentes presentes na amostra, que foi que ocorreu na prática realizada, tendo em vista que pôde-se identificar diferentes pigmentações na cromatografia feita, como mostra imagem abaixo: Figura 3: Resultados obtidos na CCD. A fase móvel utilizada diclorometano;acetona apresenta polaridade baixa, então entende-se que as manchas verde claras se tratam da clorofila b, já que é mais polar e possui mais afinidade com a fase estacionária, sofrendo menos eluição. Já as manchas de coloração verde-amarelado se tratam da clorofila a que é menos polar e, por isso, tem menos afinidade com a fase estacionária. Entende se que a as manchas de coloração amareladasão xantofilas e as manchas de coloração amarelo acobreado são carotenos. Isso se explica porque os carotenos são menos polares e possuem maior semelhança com a polaridade da fase móvel, portanto eluem mais. Realizar aplicações com diferentes quantidades é uma prática comum para otimizar a visualização dos componentes. Isso é especialmente útil quando se desconhece a concentração dos componentes na amostra. A técnica permite identificar a quantidade ideal que resulta em um cromatograma com boa resolução e separação das substâncias. A identificação dos componentes no cromatograma é feita comparando a distância percorrida pelas substâncias (fator de retenção, Rf) com valores de referência conhecidos. Substâncias com menor polaridade, como os carotenos, tendem a migrar mais distante do ponto de origem do que substâncias mais polares, como as xantofilas e clorofilas. Em um sistema de fase reversa, a fase estacionária é apolar e a fase móvel é polar. Isso inverte as interações de polaridade usuais, fazendo com que compostos apolares sejam retidos por mais tempo na fase estacionária. Se o experimento fosse realizado em fase reversa, os carotenos seriam retidos por mais tempo, enquanto as xantofilas e clorofilas seriam eluídas mais rapidamente. 6 A acetona é escolhida como solvente extrator por sua capacidade de dissolver uma ampla gama de compostos orgânicos e por sua alta volatilidade, o que facilita a evaporação rápida e a secagem das amostras. Além disso, a acetona miscibiliza-se bem com a água, permitindo a extração de compostos presentes em matrizes aquosas. As manchas de coloração alterada (cinzas ou marrons) podem ser resultado de processos de oxidação ou degradação dos pigmentos, especialmente quando expostos ao ar ou à luz. Esses processos podem levar à formação de compostos de degradação que apresentam cores diferentes das originais. A ativação da cromatoplaca, geralmente realizada aquecendo-a para remover a umidade, aumenta a adesão dos compostos à fase estacionária. Se a cromatoplaca não fosse ativada, a separação dos componentes poderia ser menos eficiente, resultando em um cromatograma com menor resolução e possíveis sobreposições de manchas. 5.2 Estudo dos pigmentos do agrião por CC. Na eluição ascendente, a fase móvel (FM) sobe pela fase estacionária (FE) devido à capilaridade, comum na Cromatografia em Papel (CP) e Cromatografia em Camada Delgada (CCD). https://bing.com/search?q=elui%c3%a7%c3%a3o+descendente+versus+ascendente+em+cromatografia https://bing.com/search?q=elui%c3%a7%c3%a3o+descendente+versus+ascendente+em+cromatografia https://bing.com/search?q=elui%c3%a7%c3%a3o+descendente+versus+ascendente+em+cromatografia Na eluição descendente, a FM flui para baixo pela gravidade, como no procedimento descrito. A principal diferença é a direção do fluxo da FM, que pode influenciar a velocidade de separação e a resolução das substâncias. A pressurização da FE na cromatografia, especialmente em métodos como a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), aumenta a interação entre as substâncias e a FE, melhorando a separação. Com a pressurização, espera-se que o fluxo da FM seja mais rápido, pois a pressão ajuda a empurrar a FM através da FE. Se a FM for pressurizada durante a eluição, espera-se uma separação mais rápida dos compostos. No entanto, isso pode reduzir a resolução entre compostos com tempos de retenção semelhantes, pois há menos tempo para a interação diferencial com a FE.7 Na cromatografia em coluna (CC), o anteparo de algodão é essencial para evitar que a fase estacionária (FE) seca escape da coluna e para distribuir uniformemente a fase móvel (FM) sobre a FE. A mistura da FE seca com a FM e o retorno à coluna é uma técnica para ajudar na adesão da amostra à FE, promovendo uma separação mais eficiente. O algodão inserido sobre a amostra serve para protegê-la de perturbações quando novas porções de FM são adicionadas à coluna. As duas formas de preparo de amostras para CC são a adsorção e a partição. A alteração da FM durante a CC está relacionada com as técnicas de eluição gradiente, onde a composição da FM muda gradualmente, e eluição isocrática, onde a composição da FM permanece constante durante todo o processo. 8 Figura 4: Resultados obtidos na CC. Analisando os resultados das técnicas de Cromatografia em Coluna (CC) e Cromatografia em Camada Delgada (CCD), notamos pontos em comum e discrepâncias. Na CCD, a clorofila b, de cor verde, foi a que menos se moveu, seguida pela clorofila a, xantofila e, finalmente, o caroteno, que se moveu mais. Por outro lado, na CC, o primeiro pigmento a ser eluído foi o caroteno, de cor alaranjada, depois as clorofilas a e b, numa mistura verde, e, por fim, um https://bing.com/search?q=elui%c3%a7%c3%a3o+descendente+versus+ascendente+em+cromatografia https://bing.com/search?q=elui%c3%a7%c3%a3o+descendente+versus+ascendente+em+cromatografia https://bing.com/search?q=elui%c3%a7%c3%a3o+descendente+versus+ascendente+em+cromatografia https://bing.com/search?q=elui%c3%a7%c3%a3o+descendente+versus+ascendente+em+cromatografia https://bing.com/search?q=elui%c3%a7%c3%a3o+descendente+versus+ascendente+em+cromatografia https://bing.com/search?q=elui%c3%a7%c3%a3o+descendente+versus+ascendente+em+cromatografia https://bing.com/search?q=elui%c3%a7%c3%a3o+descendente+versus+ascendente+em+cromatografia https://bing.com/search?q=elui%c3%a7%c3%a3o+descendente+versus+ascendente+em+cromatografia pigmento amarelo intenso, identificado como xantofila. Assim, ao contrário da CCD, onde as clorofilas a e b tinham menor afinidade pela fase móvel, na CC, as xantofilas foram as que apresentaram menor afinidade, sendo as últimas a serem eluídas. Isso sugere que as xantofilas obtidas na CC podem diferir das separadas na CCD. A polaridade das substâncias nos recipientes pode ser inferida pela ordem em que foram coletadas: substâncias menos polares eluem primeiro e são coletadas nos primeiros recipientes. A inserção gradual de hexano no início da CC é para evitar a perturbação da FE e garantir uma eluição uniforme. Para uma mistura de substâncias incolores, o critério de troca dos recipientes de coleta poderia ser baseado no tempo de retenção ou na detecção por um instrumento adequado, como um detector de UV. As substâncias que podem permanecer na FE após o término do experimento são aquelas que têm forte interação com a FE e não foram completamente eluídas. 9 A comparação dos resultados entre diferentes aulas de cromatografia com amostras idênticas deve considerar a eficiência da separação, a resolução entre os picos e a reprodutibilidade dos resultados. Se as condições experimentais forem consistentes, espera- se que os resultados sejam semelhantes. No entanto, variações podem ocorrer devido a diferenças na preparação da coluna, na qualidade da FE, na precisão da adição da FM, entre outros fatores. 6. Conclusão Com o fim dos procedimentos experimentais e a partir das análises dos resultados, observou- se a presença de diferentes tipos de clorofila (principalmente A e B) na amostra de agrião, observadas nas múltiplas colorações de verde obtidas com as cromatografias. Além disso, houve a constatação de ocorrência de carotenoides no vegetal devido à mancha amarelada obtida na cromatoplaca. O fato demostra que, mesmo imperceptíveis na amostra bruta (já que as folhas de agrião são totalmente verdes), os carotenoides podem estar presentes na composição dos vegetais de forma considerável. Além disso, uma possibilidade levantada seria a degradação de parte da clorofila, que apresentou dificuldades em sua completa eluição no experimento de cromatografia em coluna, o que era inesperado. REFERÊNCIAS 1 Moreira, C. (2013), Revista de Ciência Elementar, 1(01):0003. Disponível em: > Acesso em: 13 de abr.de 2024; 2 Streit, N.M. et al. As Clorofilas. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 2005. Disponível em: Acesso em: 13 de abr. de 2024; 3 Moreira, C., (2015) Cloroplasto, Rev. Ciência Elem., V3(3):161. Disponível em: Acesso em: 13 de abr. de 2024; 4 Uenojo, M. et al. Carotenóides: propriedades, aplicações e biotransformação para formação de compostos de aroma. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, 2007. Disponível em: . Acesso em: 13 abr. 2024. 7 MOGOLLÓN, N. G. S. et al. State of the art two-dimensional liquid chromatography: Fundamental concepts, instrumentation, and applications. Quimica nova, v. 37, n. 10, p. 1680–1691, 2014 8 Disponível em: . Acesso em: 13 abr. 2024 9 Costa, S.M.O. e Menezes, J.E.S. Química Orgânica I – 2ª Edição. Fortaleza, Ceará, 2015. Disponível em: Acesso em: 13 de abril de 2024; https://www.fc.up.pt/pessoas/jfgomes/pdf/vol_1_num_1_03_art_fotossintese.pdf) https://www.scielo.br/j/cr/a/dWwJymDzZRFwHhchRTpvbqK/ https://rce.casadasciencias.org/rceapp/art/2015/161/ https://www.scielo.br/j/qn/a/7R78BnnsV5mNPsCjk938LbH/ file:///C:/Users/Teste/Downloads/Livro_QuÃmica%20Orgânica%20I%20(1).pdf) Estudo dos pigmentos do agrião 1. Introdução 4. Metodologia 5. Resultados e discussão 5.1 Estudo dos pigmentos do agrião e qual a melhor condição de amostragem para separa-los e identificá-los por CCD. Figura 1: Moléculas de clorofila a e b. 5.2 Estudo dos pigmentos do agrião por CC. 6. Conclusão REFERÊNCIAS 4 Uenojo, M. et al. Carotenóides: propriedades, aplicações e biotransformação para formação de compostos de aroma. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, 2007. Disponível em: