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Modulo I
 
I - Meios de solução dos conflitos sociais
 
É da natureza do ser humano tanto a sociabilidade quanto a necessidade por mudanças, e
justamente em razão dessas duas características é que surgem os conflitos.
Tais conflitos são resolvidos, seja pelo uso da força, pelo ajuste entre os envolvidos ou então
pela atuação do Poder Judiciário.
 O uso da força (autotutela) não é uma forma de pacificação social efetiva, muito pelo
contrário, é uma fonte de violência que perturba a sociedade.
 São características desse sistema:
ausência de juiz distinto das partes;
imposição da decisão por uma das partes à outra;
Emprego de violência;
 Além do mais, a autotutela é considerada crime em nosso atual ordenamento jurídico, verbi
gratia:
Exercício arbitrário das próprias razões:
“Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima,
salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à
violência.”
 Entretanto, a lei admite em determinadas circunstâncias que o indivíduo se utilize de seus
próprios recursos para alcançar suas pretensões, como por exemplo, nas hipóteses do artigo
23, incisos I e II do Código Penal:
“Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;”
 
No mesmo sentido os artigos 188, I e 1.210, § 1º do Código Civil:
“Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;”
 “Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído
no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
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§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.”
 
Porém, existem outras formas de solução de conflitos que não por meio da autotutela, já que
a solução de conflitos entre os envolvidos de forma extrajudicial raramente acontece em razão
da ausência de uma cultura pacificadora em nosso País.
Dessa forma resta ao Poder Judiciário solucionar a grande maioria dos problemas surgidos
em decorrência das relações entre os indivíduos. Contudo essa grande busca pela solução a
ser imposta pelo Estado, além de sobrecarregar a estrutura do Poder Judiciário, também não
garante a pacificação da sociedade, pois a parte vencida nem sempre se conforma com a
sentença proferida.
 
II - Autocomposição
 
 A autocomposição é atividade que encontra respaldo no direito, como meio de solução dos
conflitos, mediante as atividades consistentes na pacificação.
Em busca da pacificação uma das partes em conflito, ou ambas, abrem mão do interesse ou
de parte dele:
 • desistência (renúncia à pretensão)
• submissão (renúncia à resistência oferecida à pretensão)
• transação (concessões recíprocas)
 Na autocomposição a solução do conflito é criada pelas partes. Os exemplos mais comuns
são:
 Negociação – é a comunicação voltada à persuasão. As partes têm total controle sobre o
processo e seu resultado: i) escolhem o momento e o local da negociação; ii) definem como
será feita a negociação; iii) continuam, suspendem, abandonam ou recomeçam as
negociações de acordo com a conveniência e interesse das partes; iv) estabelecem os
protocolos dos trabalhos na negociação; v) podem ou não chegar a um acordo e têm o total
controle do resultado. Além disso, a negociação e o acordo podem abranger valores ou
questões diretamente relacionadas à disputa e variam, significativamente, quanto à matéria e
à forma, podendo, inclusive, envolver um pedido de desculpas, trocas criativas, valores
pecuniários, valores não pecuniários. Assim, todos os aspectos devem ser considerados
relevantes e negociáveis.
 
Conciliação – é um processo consensual breve, envolvendo contextos conflituosos menos
complexos, no qual as partes são auxiliadas por um terceiro, neutro à disputa, sem interesse
na causa para ajudá-las, por meio de técnicas adequadas, a chegar a uma solução ou acordo.
No Código de Processo Civil (CPC) o legislador reservou para a conciliação os casos em que
não haja vínculo anterior entre as partes – artigo 165, § 2º:
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“Art. 165. [...] § 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver
vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a
utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.”
 Mediação – é um processo autocompositivo segundo o qual as partes em disputa são
auxiliadas por uma terceira parte neutra ao conflito e sem interesse na causa, para se chegar
a uma composição por meio da comunicação. A mediação se apoia nos paradigmas das
ciências contemporâneas e não trabalha com verdades absolutas, tem o objetivo de aceitar a
complexidade dos fenômenos interpessoais. A mediação é sugerida para os conflitos em que
haja um vínculo anterior entre as partes, e sempre que possível seja preservado tal vínculo –
artigo 165, § 3º do CPC:
“Art. 165. [...] § 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver
vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os
interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação,
identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.”
 
 III - Heterocomposição.
 
Heterocomposição é a solução do conflito por um terceiro, que se caracteriza por ser uma
pessoa distinta da pessoa das partes. As formas mais comuns de heterocomposição são:
 Arbitragem - é uma forma de solução de conflitos relativo a direitos patrimoniais disponíveis,
em que as partes escolhem um árbitro, ou grupo de árbitros, para que este(s) resolva(m) o
litígio por meio de uma sentença arbitral. A arbitragem é disciplinada no Brasil pela Lei nº
9.307/96 (Lei de Arbitragem). É permitida a arbitragem, na forma da lei, nos termos do § 1º do
artigo 3º Código de Processo Civil. A arbitragem pode ser instituída por meio de compromisso
arbitral judicial ou extrajudicial, nos termos do artigo 9º da Lei de Arbitragem:
“Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio
à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial.
§ 1º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos autos, perante o juízo ou
tribunal, onde tem curso a demanda.
§ 2º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito particular, assinado por
duas testemunhas, ou por instrumento público.”
 
Jurisdição - Trata-se de uma das funções do Estado. É a realização do Direito por um terceiro
imparcial que aplica a norma a uma situação concreta, resolvendo os litígios. O resultado da
resolução do conflito pela via jurisdicional consuma-se por intermédio de uma sentença.
 
IV - Meios extrajudiciais de composição de conflitos.
 
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As formas de autocomposição e de heterocomposição podem se dar de forma judicial ou
extrajudicial, com exceção da via jurisdicional que obrigatoriamente ocorre por decisão de
órgão atrelado ao Poder Judiciário.
Portanto a negociação, a mediação, a conciliação e a arbitragem também são reconhecidas
como meios extrajudiciais de composição de litígios.
O Código de Processo Civil demonstra a preocupação do legislador com a necessidade de
solucionar os conflitos.
Coma leitura da exposição de motivos do CPC, verificamos que um dos objetivos da novel
legislação é criar condições para que o juiz possa proferir decisão de forma mais rente à
realidade fática subjacente à causa. Assim, a ideia foi converter o processo em um
instrumento incluído no contexto social que produzirá efeito o seu resultado. Foi dada ênfase
à possibilidade das partes porem fim ao conflito por meio da mediação ou da conciliação.
Entendeu-se que a satisfação efetiva das partes pode dar-se de modo mais intenso e efetivo
se a solução for criada por elas e não imposta pelo juiz.
 
 
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