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A IMPORTÂNCIA DA CORPOREIDADE NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
 
 
 
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Sumário 
A IMPORTÂNCIA DA CORPOREIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...................................... 1 
NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................................................. 3 
1. O CONHECIMENTO SOBRE O CORPO .................................................................................. 4 
1.1-Relação corpo-mente-cultura ............................................................................................... 4 
1.2-Aspectos históricos da construção do corpo ..................................................................... 5 
1.3-A influência das ideias e estudo de Marcel Mauss e Maurice Merleau-Ponty ............. 6 
2. EDUCAÇÃO E CORPOREIDADE ............................................................................................ 9 
2.1-O olhar da escola sobre o corpo .......................................................................................... 9 
2.2-Desafios e perspectivas ...................................................................................................... 12 
2.3-O corpo no processo de ensino e aprendizagem ........................................................... 13 
2.4-A corporeidade e os movimentos educacionais .............................................................. 14 
2.5-A Teoria da Complexidade e a Corporeidade ................................................................. 15 
2.6-Consciência Corporal ........................................................................................................... 16 
3. APRENDIZAGEM CORPORAL .............................................................................................. 18 
3.1-Corporeidade como viés metodológico ............................................................................ 18 
3.2-Corpo que ensina ................................................................................................................. 19 
3.3-O corpo que aprende ........................................................................................................... 20 
4. A IMPORTÂNCIA DAS PRÁTICAS CORPORAIS ............................................................... 20 
4.1-Os tipos de práticas corporais ............................................................................................ 22 
4.2-Aprendizagens corporais..................................................................................................... 23 
4.3-Aprendizagem inventiva ...................................................................................................... 24 
4.4-Aprendizagem significativa .................................................................................................. 25 
5. CORPOREIDADE INFANTIL, DIANTE DA LUDICIDADE COM A MEDIAÇÃO DO 
PROFESSOR. .................................................................................................................................... 26 
6. REFERÊNCIAS: ........................................................................................................................ 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
file:///C:/Users/User/Documents/APOSTILA-%20A%20IMPORTÂNCIA%20DA%20CORPOREIDADE%20NA%20EDUCAÇÃO%20INFANTIL.docx%23_Toc66775939
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em 
atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com 
isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em 
nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conheci-
mento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvi-
mento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a 
divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da 
humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de 
comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável 
e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. 
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de 
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do 
serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. O CONHECIMENTO SOBRE O CORPO 
 
1.1-Relação corpo-mente-cultura 
 
 
Os estudos sobre desenvolvimento humano trouxeram vários olhares sobre a ques-
tão do corpo. A tríade corpo-mente-cultura, que hoje é vista em conjunto, teve um olhar 
mais individualizado, cada termo recebeu das mais diversas áreas um olhar específico. A 
cultura, de certa maneira, sempre olhou com atenção o corpo, ora olhando ele com uma 
cientificidade maior, ora olhando esse corpo como sinônimo de perfeição e beleza ou como 
instrumento de poder socioeconômico. O mesmo acontece com relação á mente. 
O cérebro e seu funcionamento sempre foram alvo de curiosidade e estudo, pois ele 
encerra a nossa capacidade de pensar e de acionar. As habilidades cognitivas, afetivas e 
motoras fazem parte da mente. Tudo que pensamos e fazemos depende da mente. Hoje 
não há como dissociar ela do corpo, mas nem sempre foi assim. Os estudos e conceitos 
relacionados à mente e ao corpo mudaram ao longo da história. Nossa maneira cartesiana 
de pensamento, separando e estudando a parte cada termo, ainda nos conduz a pensar 
que o corpo funcione como uma máquina, deixando de lado a possibilidade desse mesmo 
corpo possuir uma mente e ser permeado por questões culturais. 
 Para Mendes e Nóbrega, (2004) o corpo carrega uma historicidade que lhe é intrín-
seca, porque é a história própria do corpo, e outra extrínseca que vem com a relação desse 
corpo com a cultura. Merleau-Ponty (2000) afirma que mesmo para exercer as funções 
orgânicas o corpo realiza procedimentos. Aqui o comportamento simbólico e os esquemas 
inatos são inseparáveis. 
Para Morin (1980) o corpo assume dimensões múltiplas: 
 
[...] a afetividade, a inteligência, o espírito humano, provenientes de uma evolução 
animal e de uma ontogénese biológica, constituem realidades vivas e vitais. A própria 
cultura é o fruto de uma evolução biológica e, dependente da sociedade humana, 
depende da auto-(geno-feno-ego)-ecore-organização social. (1980, p. 387). 
 
 Com relação à mente, a percepção ocupa um lugar de destaque. As habilidades 
motoras, afetivas e cognitivas apreendidas ao longo do desenvolvimento fazem com que o 
 
 
 
5 
corpo ocupe um lugar além da sua estrutura, dando a esse uma linguagem própria, carre-
gado de significados e significantes. 
A mente ajuda o corpo a se expressar, dando todas as ferramentas necessárias para 
que a interação com outros corpos possa produzir efeitos construtivos do próprio corpo e 
de outros, fundamentando a relação da mente com ele. Essa possibilidade é totalmente 
contrária ao pensamento cartesiano, onde o corpo não é dotado de desejos e nem carrega 
os elementos da subjetividade, tão importantes para o relacionamento. Dessa maneira, a 
tríade corpo, mente e cultura se forma, rearranjando estruturas e tecendo uma rede com-
plexa de formação e expressão da corporeidade. 
 
 
1.2-Aspectos históricos da construção do corpo 
 
 
Contemporaneamente falando, o corpo e sua percepção ganham cada vez mais 
adeptos em entender o que isso significa. Vivemos em um tempo em que corpo, dotado de 
poder, manifesta-se com soberania, produzindo significados e significantes. A linguagem 
que o corpo utiliza é talvez uma das mais significativas e antecede a fala de maneira que a 
entendemos, pois são os gestos corporais originados na infância que ditam os nossos von-
tades. A fala do corpo antecede a linguagempor assim dizer. 
Essa ideia é defendida por Vygotsky que diz que a criança, antes mesmo de falar, já 
demonstra uma capacidade de comunicação. Um exemplo disso é a utilização do aparato 
motor para pegar determinado objeto como um brinquedo. Esse corpo diz o que quer, sis-
tematiza as ações mentais, mesmo que ainda rústicas, mas consegue elaborar passos para 
acionar a sua vontade, o seu desejo. 
Piaget sinaliza que o período sensório motor da criança é realizado por sensações 
e movimentos. Nessa fase o corpo se manifesta por movimentos que são dependentes do 
aparato da visão, por exemplo, para perceber o mundo a sua volta. Referente ao tempo, as 
concepções biológicas imperaram o pensamento em várias áreas, inclusive em relação à 
corporeidade. A biologia considerava os fenômenos fisiológicos para explicar o corpo, 
sendo ele inerente ao ambiente, isto é, o ambiente não tinha influência nesse corpo. Os 
processos orgânicos na medida em que se desenvolvem, maturam, ou seja, chegam ao 
 
 
 
6 
ápice do seu desenvolvimento, do qual dali não passará. O corpo é o que é. A hereditarie-
dade e a genética seriam contributos para explicar aquilo que foge à regra, ou seja, os 
distúrbios e as doenças, por exemplo. 
Com o estabelecimento das ideias sobre cultura, a visão de corpo se desloca de 
campo, permitindo uma aproximação com o meio. O corpo é fruto da interação com o meio 
e com os seus pares. Para Mendes e Nóbrega (2004): 
 
[...] Dando continuidade à historicidade do corpo, vamos construindo outra história 
mediante nossas experiências de vida, de acordo com a sociedade que vivemos. 
Nosso corpo humano possui a mesma organização dos seres vivos, porém, com es-
trutura diferente, vai adquirindo originalidade à medida que vai interagindo com o 
entorno. [...] (Mendes e Nóbrega, 2004, p. 129). 
 
 
Essa mesma cultura, agora determina os padrões sobre o corpo, criando tendências 
nas áreas como saúde, alimentação, vestuário, beleza. Todas elas ditando regras sobre o 
corpo. Não seguir a regra é estar á margem da sociedade. O biopoder se estabelece sobre 
os corpos. Sobre isso, segundo Foucalt (2007) dois são os caminhos; primeiro refere-se ao 
fato de colocar o corpo como força produtiva. Para crescer é preciso produzir e para pro-
duzir é preciso disciplinar os corpos, o segundo caminho se refere á biopolítica da popula-
ção, isto é, regular o corpo, gerando informações que vão fomentar dados sobre natalidade, 
mortalidade, longevidade, ou seja, tudo aquilo que é necessário para a domesticação desse 
corpo. a grande mudança, historicamente falando, está na mudança do discurso sobre o 
corpo. 
 
 
1.3-A influência das ideias e estudo de Marcel Mauss e Maurice Merleau-
Ponty 
 
 
Nas mais diversas áreas de estudo, sempre aparecem estudiosos que se destacam 
por usar ideias acerca do tema. Um exemplo disso é o de Charles Darwin, se tratando da 
Evolução. Quando falamos sobre corpo e corporeidades têm dois estudiosos que deixaram 
grandes contribuições para a área: Marcel Mauss, um antropólogo e Maurice Merleau-
Ponty, um estudioso da Fenomenologia. 
 
 
 
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 Esses dois autores contribuíram para uma discussão filosófica sobre o corpo e a 
corporeidade. Tanto Mauss como Merleau-Ponty estudam o homem. Ambos concordam 
que esse homem portando um corpo que por sua vez interage com outros corpos está 
inacabado; ele não o fim de sim mesmo. Mauss vai desenvolver a ideia de que o homem 
se centra sobre três bases: a social, a base psicológica e a base fisiológica. Ele vai deno-
minar esses três elementos de: Fato Social Total (FST). É o homem sendo visto em sua 
totalidade. Mauss vai centrar seus estudos no “uso dos corpos” e vai juntar as concepções 
de “ser” e “ter” um corpo. Seus estudos são bem contemporâneos porque vão discutir 
justamente como esse corpo é usado e visto. Por exemplo, a pessoas têm seu corpo para 
serem bonitas e fortes. Para que elas consigam isso, vão ter que se inteirar, em termos 
societários, que corpo a sociedade enaltece como bonito ou considera como forte. Essa 
tendência da sociedade vai fazer com que individualmente os corpos sejam construídos 
com vistas ao atendimento desse corpo e do valor que a sociedade dá a ele. 
Mauss deixa claro que o corpo é ao mesmo tempo matéria-prima e produtor de cul-
tura. Nesse sentido, abre-se uma brecha par a que essa ideia seja comparada ao determi-
nismo biológico do corpo. As duas concepções são rebatidas atualmente nas discussões 
sobre corporeidade. Portanto, para Mauss os corpos são essencialmente produtos da cul-
tura; o uso desse corpo é permeado pela cultura em que este está inserido. 
Entretanto para Merleau-Ponty diferem nesse aspecto. Para Ponty o corpo fala e 
esse corpo é dotado de expressão, gestos, movimentos, palavras, e linguagem. Essa ex-
pressividade toda, carregada por uma agressividade ativa, constrói a corporeidade em Mer-
leau Ponty. O corpo pulsa e está vivo; ele é a expressão ativa no mundo. Essa dinâmica 
corporal é carregada de subjetividades e por isso mesmo capaz de aprender. Com relação 
a isso a cognição está forte mente atrelada a esta liberdade que o corpo goza pelo prazer 
de sua realidade que se enlaça com a liberdade de expressão desse corpo ativo, onde o 
ser e estar se misturam e se entrelaçam, continuadamente, e indefinida mente, se reinven-
tando a todo o momento porque esse corpo não passa despercebido pela história. 
Esse corpo é a própria história que se constrói no tempo, pelo tempo. Essa união de 
corpo e mente preconizada por Ponty vem dessa percepção do corpo como entidade plena. 
Nisso ele difere das ideias de Mauss. Nesse aspecto, a percepção torna-se carro chefe 
das apreensões da realidade que a toda hora transforma o corpo e por ele também é trans-
formado, para que nas relações sociais estabelecidas, outros corpos sejam contaminados 
 
 
 
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pela vivacidade e assim novas teias de conhecimento são formadas e novas relações vão 
sendo estabelecidas, recheando a corporeidade com bases sólidas por fora e fluídas 
por dentro. 
Dessa maneira é que Merleau Ponty estabelece sua relação com a corporeidade, 
deixando que o campo do objetivo dê lugar ao campo do subjetivo, pois ao estudar o ho-
mem não se pode dizer que um deles é objeto de estudo, mas o outro ser humano. O 
“objeto” observado é o próprio homem. É como se olhar no espelho e ver a sua imagem 
refletida nele, mas transfigurada em outros corpos. 
Sendo assim, as contribuições de Mauss e de Ponty para tentar entender o corpo e 
sua contemporaneidade são tão importantes e impactantes sobre o pensar sobre esse 
corpo e sua corporeidade. 
O desenvolvimento das funções motoras e cognitivas afina essa percepção e o feed-
back dessa existência que acontece na interação com outros corpos. A percepção acontece 
quando nascemos. Por meio dos sentidos vamos percebendo o mundo, fazendo leituras e 
gestos que nos garantam uma funcionalidade básica de nossa existência. Com a aquisição 
do tônus muscular, aperfeiçoamos nosso andar e com ele começamos a descortinar o am-
biente. Com o passar dos anos, as vivências vão se tornando mais intensas e complexas 
e o aparato cognitivo ajuda a refina-la, fazendo com que as escolhas passem a fazer parte 
disso. 
A corporeidade é uma construção social e, portanto, permeada por outro corpo. Na 
verdade, a existência dos corpos se dá na interação, pois possuem, pois na reciprocidade 
preceptoria mútua, o corpo pode adquirir outros elementos formadores de sua identidade, 
reforçando ou até mesmo substituindo velhos padrões para dar lugar a uma linguagem 
corporal cada vez mais rebuscada e refinada, na medida da sua relação com as experiên-
cias vividas. O ato de perceber nos coloca em outro patamar, muda o posicionamento pas-
sivo do corpo para um posicionamento ativo, onde esse corpo passa a ter que se ver con-
sigo próprio e também com esseoutro corpo que lhe remete significados e calca novas 
estruturas formativas. 
Uma das formas de percepção é a identificação. Nasio, (1999) nos chama a atenção 
para percebermos que a palavra identificar ou identificar-se se disfarça de elementos mi-
méticos. 
Segundo Nasio (1999): 
 
 
 
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Um sujeito se identifica com alguém ou alguma coisa quando ele se confunde com 
esse alguém ou essa coisa, quando ele vai até o outro para assimilá-lo e assimilar-
se a ele, até tornar-se idêntico. (Nasio, 1999, p. 80). 
 
Atualmente, onde a valorização do corpo está em voga, quem tem um corpo cuidado 
e consequentemente uma saúde preservada torna-se modelo de sucesso e, portanto, de 
identificação. Essa representação é uma condição social proeminente e que gera corpos 
sarados em série. Existe o modelo e as milhares de cópias, sendo que o modelo também 
pode se tronar uma cópia, pois a fluidez representativa dos corpos permite esse estado. 
Para a psicanálise a identificação é uma ida em direção ao outro e pode ser consci-
ente ou inconsciente. O ato inconsciente é subjetivo. Por exemplo, um homem tímido faz 
academia para aumentar sua massa magra corporal. Nessa mesma academia existe um 
homem que malha há anos e que possui um corpo escultural. Esse mesmo homem tem 
uma sociabilidade dentro da academia muito grande; todos querem falar com ele, pegar 
dicas ou a penas conversar com ele. O homem tímido pensa: “se eu tiver um corpo como 
o dele, as pessoas vão vir falar comigo e eu vou deixar de ser tímido”, ou seja, ele coloca 
no corpo a solução para deixar de ser tímido. Ele percebe que por meio do corpo ele pode 
deixar de ser tímido. O ato consciente já é mais real. Pessoas que malham muito e que 
querem ter um corpo bonito sabem que atrairão olhares e esse é o desejo delas. Elas 
querem ter corpos sarados porque sabem que isso lhes trará sucesso. 
Ainda em relação à percepção, outro elemento é a imagem que formamos sobre o 
corpo. Com relação a isso, possuímos duas possibilidades: o esquema corporal e a imagem 
corporal. 
 
2. EDUCAÇÃO E CORPOREIDADE 
 
 
2.1-O olhar da escola sobre o corpo 
 
 
 
 
 
10 
 
Figura: 1 
 
 
 O corpo, tal qual o concebemos está inscrito na sociedade e ao mesmo tempo nos 
espaços que essa sociedade cria para existir. Um desses espaços é a escola. Esse espaço 
constitui-se como um lócus de saber. Por ali, o conheci mento circula, constituindo os indi-
víduos que ocupam esses espaços, dando-lhes voz e ouvido. A educação dos corpos tam-
bém acontece nesse espaço, pois é ali que as interações acontecem cotidianamente nas 
fases da vida de construção de uma pessoa. O corpo como sujeito requer uma identidade, 
que é única, visto que nenhum corpo é igual ao outro. 
Farah (2010) nos chama a atenção sobre os vários espaços que a escola possui e, 
portanto, por onde esse corpo circula. Ele traz como um espaço fundamental o currículo 
da escola e também o projeto político pedagógico; dois documentos que expressam a es-
cola na sua ideologia. Esses documentos norteiam todas as ações da escola e são impor-
tantes porque denotam as concepções filosóficas do que é ser homem, ser humano e tam-
bém expressam uma visão de mundo. Nesse sentido, o corpo torna-se uma estrutura de 
poder que pode controlar ou ser controlado. Outro espaço a ser sinalizado é o próprio 
espaço da escola. O movimento é inerente ao ser humano; desde o nascimento a motrici-
dade acompanha a vida das pessoas. O corpo é constituído pelo movimento. Como esse 
 
 
 
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corpo circula pela escola? Nem todos os espaços serão livremente acessados pelos cor-
pos, haverá sempre uma negociação para isso. Outro aspecto é que essa circulação vai 
dar ao corpo a chance de sua percepção, colocando a imagem corporal em evidência e 
partir daí construir as relações sociais. 
Os ambientes da escola como o pátio, a biblioteca, o parquinho, a quadra de espor-
tes ou algum ambiente verde, vão denotar dos corpos um conjunto de ações específicas 
para cada tipo de ambiente. A sala de aula provavelmente será o espaço onde o estudante 
passará a maior parte do seu tempo. Nesse espaço as relações que o corpo estabelece 
são muito intensas e negociadas o tempo todo. Aqui, professores e estudantes praticam as 
políticas de seus corpos. Ainda falando de sala de aula, as disciplinas como Educação 
Física, Ciências, Biologia, Artes, Música e Teatro vão revelar os corpos em sua potenciali-
dade. 
Aqui, a percepção dos corpos estará evidenciada o tempo todo e sua expressão 
revelará as mais variadas linguagens que esse corpo possui. 
 
 
Figura: 2 
 
 A escola também vai revelar espaços onde as subjetividades são impressas no 
corpo. Um exemplo disso é a violência a que esses corpos são submetidos. Vide os casos 
de bullying na escola. Essa não aceitação das diferenças como a religião, a cor da pele, a 
massa corporal, gera fortes tensões entre os corpos e cabe à escola ajudar a dirimir, edu-
cando para a diversidade. 
 
 
 
 
 
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2.2-Desafios e perspectivas 
 
 
 Ao falar sobre a escola, vários são os desafios e as perspectivas que vão ser traça-
das e que precisam ser discutidas. 
Um dos grandes desafios com relação à questão da corporeidade reside no fato de 
que os corpos, enquanto políticos, vão exercer ação sobre outros corpos. Se a escola não 
estiver preparada ou não se der conta disso, o que acontecerá é uma repetição ou a pro-
dução em série de corpos disciplinados e que falarão a mesma linguagem. Essa massifica-
ção dos corpos fará com que as interações empobreçam. A escola, como dito anterior-
mente, tem que estar preparada para acolher e desenvolver a diversidade. Nessa pers-
pectiva, a construção dos corpos será mais rica e cheia de significantes e nesse caso, 
trazendo ele mentos constitutivos diversos e criando bases sólidas para a construção de 
corpos mais humanizados em suas ações. Dessa maneira, a escola poderá se tornar um 
espaço efetivo onde o sujeito, dotado do poder de escolha, poderá ter acesso ao conheci-
mento que melhor lhe couber para a sua construção e sua personalidade. Outro grande 
desafio que a escola possui com relação ao corpo é se questionar como modelo educacio-
nal. Será que a escola, como a concebemos, exerce seu papel? Sabemos que a escola 
funciona sob a visão da sociedade e por meio do condicionamento, do controle e da higie-
nização dos corpos, ela perpetua ações e saberes que serão repetidos na sociedade. Fa-
rah, 2010 propõe o seguinte questionamento: 
Segundo Farah (2010): 
 
Quais seriam as práticas corporais disciplinadoras (fila, controle dos gestos, compor-
tamentos, discursos, técnicas corporais, novas disciplinas) e seus efeitos nos corpos 
que as instituições escolares realizam no intuito de manter a ordem e simultanea-
mente formar alunos para servirem a um tipo de sociedade? Estaríamos ainda numa 
sociedade-escola disciplinar com seus princípios coercitivos ou, numa sociedade-es-
cola de controle na qual o princípio da sedução é o dispositivo que rege os corpos? 
Ou, ambas, simultaneamente? (Farah, 2010, p. 408). 
 
Necessita-se repensar o papel da escola e que legados ela quer deixar para o mundo 
por meio dos corpos que passarem por ela. Cabe a esse espaço tão importante escolher 
querer continuar no campo dos desafios ou aventurar-se no campo das perspectivas, onde 
o novo se descortina. 
 
 
 
 
13 
 
2.3-O corpo no processo de ensino e aprendizagem 
 
 
Figura: 3 
 
Dentro do processo de educação, o corpo é constantemente requisitado. Nossas 
habilidades motoras, advindas desde o nascimento, constituem a primeira forma de comu-
nicação com o mundo. Portanto, o processo de ensino aprendizagem de certa forma já 
está intrínseco a esse corpo que vai à escola para aprender. A motricidade e a aquisição 
de novas habilidades no espaço escolar contribuem muito para a personificaçãodo indiví-
duo, colocando-o em uma posição ativa perante o mundo. 
O corpo é múltiplo, se constituindo pelos aspectos biológicos, psicológicos e sociais; 
cada uma dessas dimensões agindo em conjunto e marcando o corpo, lhe imprimindo ca-
racterísticas únicas. Isso lhes confere a individualidade que deve ser levada e m conta nos 
processos de ensino-aprendizagem. 
Embora seja um espaço coletivo, os saberes são aprendidos de maneiras desi-
guais, por vários motivos, desde aqueles intrínsecos, como a capacidade motora, até os 
fatores extrínsecos, como um corpo que não recebe uma alimentação adequada. 
 
 
 
14 
Dessa maneira o processo educacional tem que abranger uma gama de metodolo-
gias que abarquem os mais diversos corpos, para que a aprendizagem seja significativa 
para todos. 
Dentro dessa lógica, as práticas pedagógicas que levarem em consideração à tota-
lidade de elementos que são da ordem do humano como a afetividade, a motricidade, a 
emoção e a sociabilidade terão mais chances de sucesso. Para tal, os elementos lúdicos 
são uma ferramenta essencial nesse processo, priorizando a relação corporal para gerar 
saberes significativo. 
 
 
2.4-A corporeidade e os movimentos educacionais 
 
 
 
Figura: 4 
 
 
A educação é ampla e existe uma série de proposições para que a escola se trans-
forme em um espaço múltiplo de saberes, além daqueles com os quais ela se compromete. 
No Brasil existem alguns movimentos que buscam a integralidade da criança na escola. 
Entende-se que a escola é parte formativa da cidadania e que todas as ações que 
são veiculadas na e pela a escola, possuem um caráter formativo. O corpo como elemento 
 
 
 
15 
chave dessa proposição não fica de fora. A corporeidade é construída pelas interações 
que esse copo possui. Quanto mais interações acontecerem, maiores serão as chances 
na obtenção de habilidades que darão autonomia ao corpo, na sua busca por ter a liberdade 
de se expressar. Quando a escola consegue criar condições de não somente sensibilizar 
os seus alunos, mas também a comunidade em que está inserida, ela dinamiza e fortalece 
a corporeidade, por uma questão de pertencimento e reconhecimento de um lugar onde 
esse corpo existe, e pode atuar, mudando a sua realidade e a de quem está a sua volta. 
Isso é extremamente importante para a construção da corporeidade, porque fortalece as 
bases e a molda com elementos sólidos e formativos essenciais à vida e à criação de ati-
tudes mais humanas. 
Esses mesmos movimentos, muitas vezes geram uma readaptação das realidades, 
fazendo com que o corpo se movimente em direção a elas, no sentido de tentar se adaptar. 
Atualmente, cercados por toda sorte de tecnologias, o corpo adaptou-se à realização de 
poucos movimentos ou pela realização de movimentos repetitivos. Cada vez que surge um 
novo movimento, o corpo reluta em movimentar-se. Essa movimentação é necessária para 
o corpo é para a consolidação de saberes que poderão ser úteis futuramente. O corpo não 
está acabado, mas em constante crescimento e aprendizagem. Cada nova tendência os 
coloca em um outo lugar, cabendo a esses mesmos corpos fazerem escolhas para aperfei-
çoar o processo de corporeidade. 
 
 
2.5-A Teoria da Complexidade e a Corporeidade 
 
 
 O termo corporeidade vem sendo utilizado p ara expressar a complexidade do 
corpo. Nesse quesito, qualquer tentativa de explicar a dinâmica do corpo apenas se base-
ando em uma das inúmeras facetas, estará simplificando ou reduzindo a capacidade que o 
corpo possui para se expressar. Por isso é tão importante relacionar a construção episte-
mológica sobre a corporeidade com teorias que possam dar conta de explicar a complexi-
dade desse sistema. E nada melhor para explicar essa complexidade do que uma teoria 
cujo cerne da questão é justa mente a complexidade das coisas. Uma dessas teorias é a 
Teoria da Complexidade, proposta pelo filósofo Edgar Morin, um dos grandes pensadores 
contemporâneos. 
 
 
 
16 
O que diz a Teoria da Complexidade e como ela pode se relacionar com a 
questão d a corporeidade? Os seres vivos são inacabados e constroem-se a partir 
de suas vivências, gerando saberes. Esses saberes, para atingirem o grau máximo de sua 
ação, devem estar interligados de tal maneira que a complexidade s e faça, gerando 
fluxos de informações necessárias a uma n ova construção de pensa mento que levará 
o homem a ser mais humanizado. 
Segundo Morin (1998): 
 
 
Ora, o problema da complexidade não é o de estar completo, mas sim do incompleto 
do conhecimento. Num sentido, o pensamento complexo tenta ter em linha de conta 
aquilo de que se desembaraçam, excluindo, os tipos mutilam dores de pensamento 
a que chamo simplificadores e, portanto, ela luta não contra o incompleto, mas sim 
contra a mutilação. Assim, por exemplo, se tentarmos pensar o fato de que somos 
seres simultaneamente físicos, biológicos, sociais, culturais, psíquicos e espirituais, 
é evidente que a complexidade reside no fato de se tentar conceber a articulação, a 
identidade e a diferença entre todos estes aspectos, enquanto o pensamento simpli-
ficador ou separa estes diferentes aspectos ou os unifica através de uma redução 
mutiladora. (Morin, 1998, p. 138). 
 
 
Talvez o que mais chama a atenção é o respeito dado a todas as dimensões que 
compõe o corpo. Todas elas são importantes e se tentarmos imputar pesos diferentes, 
poderemos incorrer no erro de subestimar a questão da corporeidade, como um constructo 
que vai além de todas as dimensões pautadas. É como se as partes tivessem uma impor-
tância tão igual quanto à soma delas. Nesse sentido, o olhar sobre o homem e sobre o 
corpo advém do olhar sobre seus aspectos únicos, mas também interligados. A complexi-
dade une a unidade e a multiplicidade, portanto corpo e corporeidade. 
 
 
 2.6-Consciência Corporal 
 
 
A consciência corporal promove o empoderamento dos corpos. Esse poder se ex-
pressa na possibilidade do corpo ser o que quiser, dando à sua existência significados múl-
tiplos e fazendo com que os corpos criem uma linguagem múltipla de comunicação que vai 
além do biológico, do psicológico e do social. 
 
 
 
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Na área educativa, a disciplina de Educação Física possui um papel fundamental de 
reconhecimento desse corpo porque promoverá todas as ações que farão desse corpo um 
ente vivo e dinâmico. O corpo já não pode mais ser visto como um corpo-objeto, mas como 
um corpo sujeito. Esse novo olhar faz com que o corpo adquira graus independentes 
de manifestação e que são essenciais na construção social dos corpos. 
Aqui podemos citar vários exemplos dessa consciência, como a busca pelos 
direitos. Essa busca está diretamente relacionada c om a questão do corpo. O direito de 
ir e vir, o direito de poder manifestar a sua sexualidade, o direito de poder amamentar 
bebês nos espaços públicos são formas de empoderamento dos corpos que querem 
ocupar um lugar ao sol e tem direito para o fazerem, porquê possuem um corpo e uma 
corporeidade que os constituem como cidadãos, como seres humanos. 
Essa consciência corporal deve ser ensinada diariamente. A família, a escola e a 
sociedade são partes fundamentais desse aprendizado, porque não “estamos” em um 
corpo, “somos” um corpo. Essa multidimensionalidade se conecta á complexidade da cons-
ciência corporal. 
 
 
Figura: 5 
 
O ato da existência requer um corpo e uma corporeidade que seja capaz de dar 
conta das inúmeras facetas fundantes do corpo. A consciência corporal traz o corpo para a 
realidade, constituída no imaginário, mas funcionando no real. 
 
 
 
 
18 
3. APRENDIZAGEM CORPORAL 
 
3.1-Corporeidade como viés metodológico 
 
 
 
 
Figura: 6 
 
 
O corpo é uma entidade viva e como tal não está acabado. A cada novo dia, a cada 
novainteração, esse corpo é capaz de absorver sensações e percepções que vão lhe cons-
tituir, ora reforçando aquilo que já está estabelecido, ora desconstruindo. De qualquer 
forma, nenhuma interação é passiva e todas elas são dotadas de significado. O corpo 
aprende, ensina e ele também se utiliza de formas de organização para que isso seja pos-
sível. 
As nossas ações mentais são organizadas de tal maneira que o corpo consiga pro-
duzir algo, seja no movimento coordenado enquanto se nada, seja no movimento coorde-
nado de uma corrida ou até mesmo na atividade mental enquanto se lê ou escreve. É como 
se esse corpo possuísse um viés metodológico que fosse capaz de fazer com que essa 
organização se transforme em movimento e pensamento. 
 
 
 
19 
Esse corpo, que agora funciona como um viés metodológico, esta apto a exercer o 
seu empoderamento, pois consegue ocupar os espaços, não mais de maneira desperce-
bida, mas de maneira intencional e organizada. Quando isso acontece, a corporeidade 
ganha força, sendo capaz de emanar novos elementos. 
Esses elementos servirão de base para a formação de outros corpos e assim por 
diante. Dessa maneira a corporeidade poderá conseguir mudar a realidade das estruturas 
vigentes, imputando uma nova forma de pensar e agir sobre o mundo. Essa mesma cor-
poreidade pode mediar processos porque consegue se organizar para tal. 
 Um exemplo disso pode ser visto nos benefícios cognitivos que a prática de exercí-
cios físicos pode proporcionar. A aprendizagem motora vai fazer com que novas habilida-
des sejam adquiridas, por meio de um viés metodológico que faça com que esse corpo 
ganhe a capacidade de foco, por exemplo, melhorando todas as atividades que tiverem que 
ser executadas e que tiverem que ter como mola propulsora para sua execução o foco. 
Como se pode observar, a corporeidade pode ser utilizada como viés metodológico. 
 
 
3.2-Corpo que ensina 
 
 
No processo de ensino-aprendizagem o corpo pode ensinar e o corpo é capaz de 
aprender. No quesito ensinar, a imagem que se faz desse corpo e sua representação tor-
nam-se elementos muito importantes, pois essa percepção aliada à interação faz do corpo 
um espaço de ensino. Esse ensino possui uma metodologia variada e pode ser intrínseco 
ou extrínseco. Um ensino intrínseco do corpo se refere à capacidade de movimento e de 
articulações, por exemplo. A percepção do movimento nos ensina a não ter um corpo pa-
rado, e sim ativo e que serve para se movimentar. A aquisição do tônus muscular abre essa 
porta, para escortinharmos o mundo. Por meio da prática constante do movimento, as ha-
bilidades motoras e cognitivas vão se afinando e ganhando vários ele mentos essenciais 
ao raciocínio e à percepção de si mesmo. Quando isso acontece, o corpo se expressa 
melhor e pessoa que o possui, pode, então, com clareza, expressar seus senti mentos, 
pensamentos e emoções. O outro corpo ou outros corpos que interagirem com esse corpo 
que se expressa e sabe o porquê se expressa será ensinado, ou melhor, dizendo, contagi-
ado e assim passar á a exercer com o seu corpo o direito de se expressar também. Essa 
cadeia de contagio é que faz dá existência coletiva ao corpo e fortalece a corporeidade em 
 
 
 
20 
todos os seus aspectos. Essa possibilidade de ensino carrega muitos métodos e por isso 
da sua multiplicidade. 
 
 
 
3.3-O corpo que aprende 
 
 
 
O aprendizado do corpo só pode ser realizado por meio da convivência com outros 
corpos. Uma maneira de iniciar o aprendizado é usando a imitação, o que permite a execu-
ção de movimentos que podem ser repetitivos, até que um novo movimento seja incorpo-
rado. Esses movimentos também podem ser variados, fazendo com que a aprendizagem 
seja sobre a execução múltipla de movimentos. Outro tipo de aprendizagem do corpo é 
por meio da observação. Com isso, o grau de percepção deve adquirir elementos cada vez 
mais sagazes para conseguir captar as subjetividades que esse corpo emana, fazendo com 
o aprendizado seja significativo. 
Dentro dessas possibilidades de aprendizagem, o corpo será capaz de aprender so-
mente aquilo que lhe fizer significado, para que a corporeidade seja constituída. 
Compreende-se também a aprendizagem sobre outro prisma. O corpo não é isolado 
da mente e todos os processos cognitivos, todo processo mental está relacionado a esse 
corpo. O aumento das interações neurais ajuda no desenvolvimento do corpo. 
A aprendizagem está atrelada tanto ao corpo como ao meio em que se está inserido. 
Os aspectos biológicos e socioculturais devem ser levados em consideração para se en-
tender de que maneira a aprendizagem ocorre e de que maneira o sistema nervoso cola-
bora para que isso seja possível. 
Devemos também entender que a aprendizagem do corpo não se dá de forma iso-
lada e sim é fruto de elementos que se entrelaçam para construção da corporeidade. Sendo 
assim, vou denominar que a corporeidade é todo o processo de ensino aprendizagem do 
corpo, para o corpo e pelo corpo. 
 
 
4. A IMPORTÂNCIA DAS PRÁTICAS CORPORAIS 
 
 
 
 
 
21 
 
Figura: 7 
 
 
Quando as práticas corporais estão imbricadas na cultura, podemos dizer que essas 
práticas ajudam na perpetuação das práticas culturais. A cultura mantém-se pelas práticas 
corporais; também. Se pensarmos que a automação dessas práticas pode empobrecer a 
construção da corporeidade, quem dirá o que isso pode causar dentro de uma cultura. 
Por exemplo, dentro das religiões da cultura africana, como o candomblé, a dança 
expressa a ligação e a manifestação do Orixá com o seu filho terreno. Essa conotação é 
fundamental para a perpetuação de uma cultura; a dança é fundamental nesse caso. Outra 
manifestação é a capoeira, que é realizada sob a égide de movimentos coordenados e que 
gera uma espécie de luta-dança que encanta a todos. Tire da capoeira o movimento e ela 
deixa de existir, assim como todo o seu histórico e o que isso representa para a cultura 
brasileira. 
Outro aspecto é a própria expressão do corpo. Essas práticas corporais dão exis-
tência ao corpo, dando significado e gerando significantes. É com essas práticas que a 
corporeidades e estabelece mesmo em situações mais restritas. A prática oferta um con-
junto de vivências que só pode acontecer por meio dela e é por ela que a maturação ou a 
maturidade dos corpos acontece. Para ser uma pessoa plena é preciso saber sobre o seu 
corpo e que as práticas ofertam um feedback constante, funcionando como uma diretriz 
que norteia a corporeidade. 
 
 
 
 
 
22 
4.1-Os tipos de práticas corporais 
 
 
 
Dentro do contexto da prática corporal, vários são os tipos ou modalidades ligadas 
ao corpo. São elas: ginástica, esporte, dança e lutas. 
 
 
Figura: 8 
 
Esses tipos traduzem a corporeidade e são expressos nas mais diversas áreas do 
conhecimento. Já falamos anteriormente da importância que a área da Educação Física 
possui para a construção de uma corporeidade socialmente mais conectada aos corpos, 
não levando somente em consideração os aspectos da motricidade, que são importantes, 
mas sozinhos não dão conta de responder a complexidade da expressão do corpo e nem 
conta de expressar em sua totalidade os tipos de práticas corporais. Com relação a um 
tipo mais específico, dentro da área de Educação Física, podemos citar os esportes e as 
lutas como expressões da corporeidade que revelam não somente o cuidado do corpo em 
si, mas da manutenção desse corpo para outras práticas. Esse tipo de prática corporal está 
fortemente atrelado à noção contemporânea de saúde que, no novo conceito, não se reduz 
à ausência da doença, mas procura enxergar o ser humano como um ser biopsicossocial. 
Essa nova dimensão muda também a percepção do corpo e de sua expressão, porque 
 
 
 
23 
promove ações em todos esses campos. Por exemplo, a prática de esportes vai além do 
corpo, sendoum quesito formador da personalidade e da manutenção de uma comunidade, 
colaborando com a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada. Fica claro que 
a função social da prática de esportes é muito importante para o fortalecimento de uma 
cidade, de um bairro, ajudando a georeferenciar os espaços. Essas práticas corporais co-
locam a educação física fora dos muros da escola e fora do entendimento mais estreito que 
a disciplina sofreu por tantos anos. 
 
 
 
4.2-Aprendizagens corporais 
 
 
 
As aprendizagens corporais formam um conjunto de ações que irão proporcionar a 
o corpo um processo de refinamento da corporeidade, porque irão fortalecer o campo das 
subjetividades. 
Segundo Liberman et al (2 018): 
 
Em diferentes contextos e cenários – estéticos, de formação e de intervenção, bus-
camos migrar do lugar daqueles que possuem o saber e “tratam as pessoas” pres-
critivamente, para outro lugar... Um lugar de produção de conversa escuta e fazer 
junto que nos ensina sobre os desequilíbrios, os riscos, as incertezas, os desconfor-
tos, como espaços e a fetos potentes para ressignifica as relações conseguem 
mesmo e com os outros. (Liberman et al., 2017, p. 118). 
 
 
Essas aquisições modificam o corpo, fazendo delas um ótimo momento em que a 
catarse pode se fazer presente porque espelha sobre o corpo individual, ou melhor, o corpo 
sujeito. Esse lugar de sujeição só acontece quando a aprendizagem consegue quebrar as 
resistências do olhar para fora e não para dentro. Na corporeidade o verdadeiro espelho 
reflete a imagem real do corpo em suas ações e pelo fato de existir. 
Para exemplificar melhor o quão profundo é a aprendizagem, vamos imaginar uma 
pessoa que mora na rua, não se alimenta há muito dias, com roupas sujas e rasgadas. 
Agora imagine essa mesma pessoa bem alimentada, com o cabelo cortado, de banho to-
mado e usando roupas novas. 
O corpo que é habitado é o mesmo, mas a significação do corpo, dependendo da 
situação, é diferente, porque nos remete às condições de aprendizado múltiplo, que só a 
 
 
 
24 
corporeidade pode ofertar como repensar em dignidade, em humanidade e é aí, nesse pro-
cesso, que ocorre a aprendizagem. Para cada pessoa, essa situação vai operar interna-
mente de maneira diferenciada, mas com o comum de que todos os pensamentos estarão 
voltados ao corpo, ao ser humano. 
As aprendizagens corporais servem de instrumentos de percepção e elas se mani-
festam de maneiras diferenciadas, conforme o aparato metodológico de cada uma delas. A 
seguir, veremos dois tipos de aprendizagem corporal. 
 
 
4.3-Aprendizagem inventiva 
 
 
Um dos aspectos da aprendizagem inventiva reside no fato de que esta flui por meios 
diversos, sendo inteiramente uma ação construída e inventada. Um exemplo disso é ver-
se em uma situação ao qual você julga ser familiar, mas que dependerão de outras atitudes 
para acontecer. Vamos tomar como exemplo uma viajem na qual você tenha que pegar um 
ônibus. Você está acostumado a pegar o ônibus perto da sua casa para ir para a faculdade. 
Sabendo qual é linha dele, ao se aproximar você acena e ele para. Então você entra pela 
porta da frente porque é onde está a catraca que vai receber a sua passagem. Agora 
imagine que você está em outro país e que para pegar um ônibus é necessário que você 
estique o braço fazendo um sinal de positivo com o polegar. Caso faça de outra forma, o 
ônibus não para. Fica claro que você precisa se reinventar para poder pegar um ônibus 
nesse novo lugar? Percebe que os movimentos corporais que você realiza cotidianamente 
só servem dentro de uma determinada realidade? E que se houver outra realidade os ges-
tos com o seu corpo serão outros? Essa é a aprendizagem inventiva. Esse reinventar-se é 
necessário para entender como as práticas corporais são influenciadas pela cultura e pelos 
modos de vida de uma sociedade. 
O corpo aprende que o cotidiano pode ser reinventado, dependendo da localização 
em que esse corpo se encontra. Uma mesma função pode requerer do corpo formas vari-
adas de ação e de expressão. Dessa maneira, os significados e significantes vão sendo 
imbricados cognitivamente e novas estruturas vão sendo moldadas e guardadas na memó-
ria. 
Na aprendizagem inventiva os hábitos são modificados e aquilo que se conhecia tão 
bem, agora dá lugar ao estranhamento e desloca o corpo dessa realidade tão certa. Para 
 
 
 
25 
a corporeidade não há caminhos retos a serem percorridos; toda curva pode significar uma 
nova chance de reaprender, tornando esse corpo múltiplo em suas ações e reações. 
 
 
 
4.4-Aprendizagem significativa 
 
 
Qualquer situação proposta na aprendizagem do individuo será de grande valia para 
o nosso corpo. Quando estamos passando pelo processo de conhecer algo, nosso cérebro 
realizará uma série de passos para isso. Mas, nos dias de hoje, como a velocidade das 
informações é mais rápida do que a captação delas, pode existir um déficit nesse processo, 
gerando um atraso. Para compensar isso, o nosso cérebro tem a capacidade de reter o 
essencial, ou seja, aquilo que for interessante absorver, para ser usado na hora ou tempos 
depois. Pensando nisso, as novas tecnologias tentam trabalhar com o grau de significância 
das coisas. 
 A aprendizagem significativa é um tipo de aprendizagem em que a informação que 
chegar será em sua grande maioria aproveitada pelo cérebro e poderá ser expressa pelo 
corpo. Sob esse aspecto cognitivo, serão levados os melhores resultados na expressão do 
corpo, porque cada ação e cada movimento serão executados no sentido de provocar e 
moções certeiras e que façam sentido ao outro corpo. Essa forma de otimização mental é 
transferida ao corpo, que também se manifestará a partir do significativo e isso para a cor-
poreidade traz um elemento novo que é a veracidade das expressões. Essa veracidade só 
se manifesta por meio do que é realmente significativo, contagiando outros corpos a agirem 
dessa maneira também. Isso otimiza todos os processos corporais que se traduzem em 
graus variados de plenitude a que esse corpo está submetido, fazendo da aprendizagem 
significativa uma importante ferramenta para a aquisição de novos conhecimentos que in-
crementarão as práticas corporais e darão um novo sentido a esse corpo, aumentando 
a sua capacidade. Por intermédio da aprendizagem, o corpo estará apto à ocupação de 
diversos espaços, transitando com agilidade sobre as suas manifestações. 
 
 
 
 
 
26 
5. CORPOREIDADE INFANTIL, DIANTE DA LUDICIDADE 
COM A MEDIAÇÃO DO PROFESSOR. 
 
 
Figura: 9 
 
 
O corpo é tido como uma construção cultural, em que a sociedade se expressa por 
meio do mesmo. Cada homem engloba neste processo, em que é portador de cada espe-
cificidade voltada para o seu. Quando somos humanos temos conosco a nossa individuali-
dade, em que a mesma vem juntamente com este corpo vivido. 
O movimento corporal se da através de várias culturas diferenciadas de cada povo, 
em que os mesmos além de terem semelhanças físicas, passam por variadas nacionalida-
des, essas experiências vividas ficam marcadas em cada corpo de cada sociedade. 
O controle do uso do corpo aparece, portanto, como necessário ao surgimento da 
cultura. A cultura nada mais faz do que ordenar o universo por meio de organização de 
regras sobre a natureza. (Daolio, 1995, p.37). 
É importante destacar que os diversos povos e os grupos étnicos e culturais, prepa-
ram e interagem com o corpo de forma bem diferente, em que alguns amam, vampirizam e 
escravizam o seu corpo e o do outro. Outros ainda o destroem negando a sua própria cul-
tura. 
O homem por meio deste corpo vivido vai assimilando e se apropriando dos valores, 
normas e costumes sociais, num processo de incorporação. Diz–se correntemente que um 
indivíduo incorpora algum novo comportamento ao conjunto de seus atos, ou uma nova 
 
 
 
27palavra ao seu vocabulário ou, ainda, um novo conhecimento ao seu repertório cognitivo. 
Mais do que um aprendizado intelectual, o indivíduo adquire um conteúdo cultural, que se 
instala no seu corpo, no conjunto de suas expressões. Em outros termos o homem aprende 
a cultura por meio do seu corpo. (Daolio, 1995, pp. 39 e 40). 
 É importante lembrar que não existe corpo bom ou ruim, existem corpos que se de-
senvolvem de formas diferentes, conforme a história cultural de cada povo em cada região. 
 O autor coloca o estudo do movimento corporal como um símbolo, em que as práti-
cas sociais são passadas de geração em geração para os povos por meio da simbologia. 
 A tradição oral é um método utilizado pelos símbolos, em que as técnicas corporais 
são transmitidas pelo recurso da oralidade, em que é contada, descrita e relatada, mas o 
seu objetivo é transmiti-la a partir do movimento corporal como uma expressão simbólica 
com valores que farão a diferença na sociedade, e essa transmissão é tida como uma prá-
tica em que cada povo imita o movimento. 
Conceber que os símbolos do andar, da postura, das técnicas esportivas são do 
mesmo gênero que os símbolos religiosos, rituais, morais, etc. É por meio dos símbolos 
que a tradição vai sendo transmitida ás gerações seguintes (Daolio apud Mauss, 1995, 
p.48). 
 Segundo Huizinga (2005), a estreita ligação entre o jogo e a cultura não era observada 
nem expressa, ao passo que a nós importa apenas mostrar que o puro e simples jogo 
constitui uma das principais bases da civilização, ou seja, aqui mostra tal importância de 
corporeidade. 
O corpo humano é totalmente diferente do corpo animal, pois ele é capaz de criar 
novos hábitos, em que se amplia no espaço, e ao mesmo tempo tem uma relação total-
mente dinâmica no universo. 
O movimento corporal que é voltado para o homem, é utilizado na motricidade, em 
que a mesma não distingue, é desenvolvida a partir da expressão cultural e da intenção no 
mundo. O homem está no mundo por causa de seus desejos e julgamentos, mas o mesmo 
se volta totalmente não para as causalidades, mas para os significados da vida humana. 
A Bienal do corpo foi um marco nos eventos que propõem o fomento da qualidade 
de vida do ser humano moderno. Deu importância á duração e á intensidade de estímulos 
 
 
 
28 
para o aprimoramento do indivíduo como um todo, e consequentemente o seu desenvolvi-
mento intelectual e espiritual. Esta é a razão político-social que fez a Bienal do corpo nas-
cer. 
Ela surgiu como um marco que esperava semear e ver germinar sua mensagem 
corporativa entre os povos que aqui se encontraram. Vale lembrar que Venezuela, Colôm-
bia, Costa Rica e Portugal estiveram presentes, desta forma, a imagem entre os países da 
América Latina, no âmbito científico, ocupou um espaço expressivo que tende a se expan-
dir, ou seja, demonstrar que os povos latino-americanos podem conservar sua cultura, suas 
origens, energia vital que caracteriza a preservação dos povos, de sua história. (FREITAS, 
199, p.186 e 187). 
 “O elemento lúdico da cultura se manifesta na sociedade concreta, em que se encontra 
no lazer, não importa se conquistado ou concedido, mas gerado dialeticamente, na nossa 
sociedade, e incidindo sobre ela...” (MARCELLINO, 1989 p. 120). 
 O autor continua dizendo que a cultura corporal de movimento é assimilada a partir 
de seu sentido amplo, em que se vivencia em seu tempo totalmente disponível. 
 A cultura corporal de movimento é compreendida por um conjunto de conhecimentos 
adquiridos que se dá em cada sociedade, desenvolvendo as varias formas de se trabalhar 
com o corpo, em forma de jogo, esporte, dança, ginástica e luta, é a partir dessas formas 
que consegue se incluir o aluno na cultura corporal. 
É de fundamental importância que o aluno tenha acesso às práticas da cultura Cor-
poral, pois o ajudará a desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento 
de confiança. 
Ainda nessa linha de raciocínio, devemos lembrar que o ser humano não é visto, na 
perspectiva de Geertz, de forma “estratigráfica”, na qual as relações entre os fatores bioló-
gico, psicológico social e cultural da vida humana estariam compostos de níveis superpos-
tos aos inferiores e reforçando os que estão acima dele. 
O corpo-sujeito torna-se indivíduo em que marca a subjetividade singular, em que o 
corpo possibilita a apropriação da existência humana que engloba a cultura, estabelecendo 
assim a corporeidade, e essa corporeidade envolve no universo humano. 
O conceito de corporeidade se dá a partir de um corpo no mundo, em que existe 
uma totalidade que age juntamente com as intenções. É por meio dele que se dá à mani-
festação, e este corpo junta-se com a manifestação gerada no mundo. 
 
 
 
29 
Os anatomistas colocam que o corpo humano moderno é marcado pelas ideologias, 
é esfacelado, desintegrado juntamente com as regiões que se articulam e cada uma delas 
é dominada a partir de uma especificidade do conhecimento. 
O cardiologista, o gastroenterologista, o oftalmologista e o psiquiatra coloca que as 
pessoas falam de universos como que eles tivessem a milhões de anos de distância entre 
as nossas vivências. 
Muitas vezes o ser humano preocupa-se com o seu corpo físico do que com o corpo 
propriamente dito, estão preocupados em perder barriga, fazer plásticas, aumentar o bí-
ceps, diminuir o nariz, colocar silicone, entre outros, mas não percebem que o mais impor-
tante é o nosso corpo do jeito que ele é, o ser humano age como que as partes do nosso 
corpo estivessem fora de nós mesmos, então eles acham que se modificá-las elas irão 
mudar, mas na verdade o que importa é que as modificações sofridas são apenas modifi-
cações de um todo. 
 O homem é o corpo, e ele age no mundo em forma de unidade, nessa união não há 
separação entre os membros. Este mesmo homem não pode ser irrelevante tanto as suas 
pulsões inconscientes, quanto ao seu comportamento de redução das determinações ide-
ológicas. 
Marcos e Neira em seu texto citam a Le Boulch em que o mesmo coloca que “por 
intermédio da ação sobre atitudes e movimentos corporais, seria possível abranger o ser 
total, o homem como um todo” (Mattos e Neira, 2006, p. 8), ou seja, quando são trabalhados 
estes movimentos corporais com a criança desde pequena, a mesma no futuro será um 
homem integral nos seus movimentos motores. 
Dessa ação do homem, está uma marca duradoura do ser que interage em que não 
é considerado apenas um componente de uma classe social, está inserido também nas 
relações históricos culturais vivenciados em seu cotidiano. 
O homem é considerado um indivíduo, um ser único e que é capaz de dar testemu-
nhos de suas experiências vividas ao longo de sua vida, construindo assim uma vivência 
singular. 
A corporeidade inclui a inserção do corpo humano em um mundo significativo, em 
que se relaciona com a relação dialética do corpo consigo mesmo, e juntamente com os 
outros corpos e com os objetos do seu mundo. 
 
 
 
30 
O corpo permite a presença das “coisas mesmas” em que se manifestam juntamente 
com sua perspectiva, torna-se o espaço expressivo por excelência, demarca o inicio e o fim 
de toda a ação criadora e de nossa condição humana. Mas ele, como corporeidade, como 
corpo vivenciado, não é o início nem o fim: ele é sempre o meio, no qual e por meio do qual 
o processo da vida perpetua. (FREITAS, 1999, p. 56). 
 Vieira destaca que a corporeidade tem um grande valor que é gerado pelas: 
 
► Conquista progressiva da autonomia, por meio do domínio emocional e da confi-
ança em si. 
► Conquista de um equilíbrio dinâmico, por meio do logro de uma suficiente satisfa-
ção da necessidade de movimento; diminuição da agressividade pela sublimação e pela 
necessidade de ajustar-se ao grupo etário. 
► Adaptação da personalidade ao mundo físico, social e cultural em que deverá 
atuar, mediante experiências sociais e contatoshumanos frutíferos, fortalecendo o espírito 
competitivo, indispensável no momento atual. (Vieira, 2009, p. 22). 
 
A corporeidade na Educação Infantil é de grande relevância para o desenvolvimento 
integral da criança, e juntamente com as outras áreas do conhecimento ela ajuda no de-
senvolvimento do infante em todas as direções, e com isso deve ser respeitado todo o seu 
processo de evolução. 
Segundo Rodrigues (2003) a corporeidade é tida como um movimento corporal que 
é muito importante para a criança, em que a mesma o tem desde o seu nascimento. A 
mesma permite ao infante ter um conhecimento prévio do seu corpo, um aperfeiçoamento 
dos esquemas dos movimentos que são disponíveis, ter a incorporação das novas estrutu-
ras variadas por movimentos, desenvolvimento de sentidos e das atividades mentais de 
cada um. 
A corporeidade tem um grande objetivo na educação infantil que é estimular o de-
senvolvimento corpo-mente da criança e o principal despertar a criatividade no aluno. A 
mesma tem um grande conhecimento, em que o mesmo tem um significado para a criança 
durante a sua infância. 
 
 Para que a corporeidade seja produtiva é precisar seguir três conceitos: 
 
 
 
31 
 
Valores do corpo para o homem: Segundo a filosofia o corpo é unido à alma, em 
que se constitui a expressão da personalidade o respeito como um valor humano que é 
essencial. A corporeidade age com precisão sobre o corpo em que deverá capacitá-lo para 
uma educação plena. 
O papel do jogo: O jogo juntamente com a corporeidade é tido como a atividade 
mais prazerosa, pois satisfaz as necessidades de movimento que as crianças têm em seu 
potencial e oferece várias possibilidades educacionais. 
Os benefícios das atividades: As coordenações e os benefícios corporais, funcio-
nais e posturais, tem que serem feitos no momento certo do desenvolvimento de cada cri-
ança, pois senão eles não serão recuperados com todo o aproveitamento. 
 
Diante do exposto, Borges (2002, pp. 18 e 19) diz que a corporeidade tem quatro 
objetivos específicos, que são: 
► Reconhecer as possibilidades cinéticas do corpo através de movimentos que o 
afetam, como uma totalidade. 
►Reconhecer o corpo, no seu todo e diferenciar cada uma de suas partes, por meio 
do movimento. 
►Realizar movimentos independentes e interdependentes, como os diversos seg-
mentos do corpo. 
 
Todos esses movimentos ajudam a solucionar os problemas que cada infante tem 
em especial aqueles relacionados ao meio físico, em que obtêm corretamente a adequação 
em relação ao tempo, espaço e objetos que os rodeiam. 
Para que o professor seja um bom mediador, ele precisa selecionar o melhor conte-
údo para a sua aula, acolhendo assim todas as suas necessidades e as da escola e também 
do aluno. Cabe ao educador escolher cada prática, para que o mesmo construa um exce-
lente conhecimento com o aluno. 
 
 
 
 
32 
 
Figura: 10 
 
Mattos e Neira continuam dizendo que o professor desempenha uma ação funda-
mental dentro da escola, ele é um especialista como um mediador, e ele cabe optar pela 
condução mais adequada do seu trabalho, entre a inserção no projeto político pedagógico 
da escola e a constante reflexão sobre todos os assuntos inerentes ao ensino e á aprendi-
zagem trarão consideráveis contribuições para o cotidiano das aulas. (Mattos e Neira, 2006, 
p. 60). 
A proposta é que se entenda a corporeidade na Educação Infantil como uma atuação 
pedagógica que parte do movimento humano, mas que não se esgote nele, pois o corpo é 
mais que um conjunto de articulações, músculos e ossos que formam uma engrenagem 
mecânica. (Moreira, 2004, p. 77). 
O professor na sala de aula deve elaborar atividades para serem trabalhadas em 
ambientes diversos, percebendo assim as diferenças de cada aluno, dando ênfase na cog-
nição social e afetiva, e também nas habilidades motoras, que englobam a corporeidade. 
Para que o indivíduo se expresse corporalmente é preciso ter uma excelente percepção 
auditiva, espaço-temporal, e ter domínio do corpo, equilíbrio e criatividade. 
Mauss (2012) defende que essa corporeidade só pode ser trabalhada individual-
mente, ou seja, o educador deve trabalhar uma criança por vez, pois trabalhar coletiva-
mente não é a metodologia certa para que a criança desenvolva-se na corporalmente. 
 
 
 
33 
O mediador deve elaborar metodologias voltadas para a sua ação pedagógica e que 
sejam de fácil entendimento, juntamente com objetivos a serem alcançados. Essas ativida-
des devem ser bem elaboradas para as crianças, pois elas serão de fundamental importân-
cia para o caráter pedagógico de cada uma delas. 
A mediação do professor é importante para que se possa construir e planejar novas 
metodologias para que o aluno compreenda e intervenha no seu dia-a-dia, e até mesmo no 
mundo, em que será desenvolvido uma aprendizagem mais rica e um excelente desenvol-
vimento corporal. 
Segundo Cortez (1992) deve-se haver uma integração entre professor e aluno para 
uma abordagem dos conteúdos, onde o professor promove uma visão organizada e os 
alunos tentam contribuir com um elemento novo de sua cultura, pois havendo essa inter-
relação as aulas irão se tornar mais prazerosas, significativas e inclusivas, despertando 
com isso o diálogo e a valorização do discente. 
É de fundamental importância que o professor incentive os alunos e seja mais ma-
leável em relação aos conteúdos, sendo assim ele precisa apresentar atividades corporais 
em que as quais facilitem para o educando dando assim muita satisfação e um grande 
prazer, por isso ele será um aluno com um maior interesse em fazer parte dessas aulas. 
O processo de ensino é uma atividades conjunta de professores e alunos, organi-
zado sob direção do professor, com a finalidade de prover as condições e meios pelos quais 
os alunos assimilam ativamente conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções. (Libâ-
neo, 1994, p. 29) 
Na prática de transmissão do conhecimento e da comunicação há um fator primordial 
para esse processo, em que se busca a interação entre professor-aluno, no dia a dia da 
escola. Pode destacar que a comunicação se dá a partir de várias formas como os movi-
mentos e as linguagens corporais são consideradas uma forma mais fácil para se comuni-
car ajudando no convívio entre o educador e o educando. 
Partindo do ponto de cognição, social e afetivo, teremos de dar ênfase ás habilidades 
motoras. Essas que deverão ser trabalhadas na escola, em forma de jogos e brincadeiras 
mais afinizadas com as que elas conhecem, para serem prazerosas. As que não conhecem 
deverão ser trabalhadas com o mesmo intuito. (Vieira apud Júnior, 2009, p. 105). 
Quando se fala na educação infantil devem ser trabalhados os movimentos corpo-
rais, que se dão a partir de espaços socioeducativo, onde é de fundamental importância 
 
 
 
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permitir que o infante tenha acesso aos movimentos do corpo de acordo com a sua cultura 
vivenciada no seu cotidiano escolar. 
 O educador precisa manter-se atento á qualidade das interações com os objetos de 
conhecimento proporcionados pelas atividades corporais, constituindo-se em um orienta-
dor, guia facilitador da aprendizagem. (Mattos e Neira, 2006, p. 51). 
 A criança na educação infantil deve ser orientada sobre a existência do seu corpo. 
A descoberta do próprio corpo é fundamental para o trabalho de motricidade, pois uma boa 
consciência do corpo levará ao ótimo desenvolvimento do equilíbrio, da coordenação, e, 
além disso, levará a uma boa aquisição na aprendizagem da escrita e leitura. (Silva, 2005, 
p. 19). 
O professor e a educação infantil tem um elo muito significativo na aprendizagem e 
também no desenvolvimento dos movimentos corporais. Por isso é fundamental que o edu-
cador execute atividades relacionadas ao movimento corporal, em que os mesmos irão 
interagir de uma forma mais fácil com cada criança. 
A corporeidade se assemelha ao conhecimento corpo-menteda criança na condição 
de unidade, em que se tem o objetivo de assegurar o desenvolvimento funcional da mesma 
com o auxílio na expansão e no equilíbrio da sua afetividade vinculada com o meio ambi-
ente. 
Na sua infância cada uma reage diferentemente aos estímulos relacionados ao mo-
vimento, e com isso adquiri diferentes posturas, como de acordo com as sensações expe-
rimentadas juntamente com as experiências feitas em quaisquer situações, ou seja, o mo-
vimento já vem com a criança desde pequena, e a educação infantil tem a finalidade de 
aprofundar esses movimentos de corporeidade, para que ela passe por este estágio pre-
parada para as funções do cotidiano escolar e social. 
Por tudo isso o desenvolvimento da criança demonstra que é a própria criança que 
constrói o seu conhecimento, a arte de ensinar começa, então, pela maneira como o edu-
cador apresenta as situações e materiais variados, que sugerem ideias interessantes que 
motivam o infante. (Borges, 2002, p.111). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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