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ARTE BRASILEIRA NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL
Cultura Brasileira
Introdução
O Brasil é um país que tem fama de ser uma grande mistura de raças.
Isso acaba se confirmando quando olhamos para nossa cultura e identificamos influências de diversos povos, como indígenas, africanos e europeus.
O fato de termos sido uma colônia de exploração acabou, muitas vezes, 
apagando aspectos que estavam intrinsecamente relacionados ao território. 
No entanto, o desenvolvimento da arte e da arquitetura gerou movimentos capazes de reconhecer essa identidade e resgatar aspectos culturais relacionados à nossa origem.
O princípio da cultura brasileira
O Brasil é um país conhecido pela sua miscigenação. 
É comum que se refira ao Brasil como um país bastante heterogêneo, que recebeu diversas influências e acabou com uma cultura montada a partir de um mosaico étnico.
Sua história é a prova de que a formação cultural brasileira tem bases que permeiam vários continentes e povos.
Os registros dos povos brasileiros iniciaram-se a partir do início da colonização portuguesa, no século XVI.
O processo de colonização acarretou a fusão entre as características 
culturais dos povos indígenas brasileiros, dos colonizadores europeus e dos 
escravos africanos. 
Portanto, é possível resumir a formação da cultura brasileira 
a partir de três eixos principais: 
· o indígena;
· o ibérico; 
· o africano.
A cultura africana foi inserida no contexto brasileiro por meio dos povos 
escravizados trazidos da África pelos colonizadores europeus. 
Estes falavam línguas diferentes e tinhas tradições distintas. 
Assim como os indígenas, os africanos tiveram sua cultura diluída pelos europeus colonizadores. 
Eles eram obrigados a aprender português, eram batizados com nomes portugueses e deveriam se converter ao catolicismo. 
Mesmo assim, a cultura africana conseguiu se inserir no contexto brasileiro e é parte importante da trama que compõe a cultura desse país.
As religiões de origem africana firmaram raiz principalmente na Região Nordeste do Brasil, baseadas em cultos de orixás e praticadas ainda hoje. A mais conhecida e difundida é a umbanda.
A música popular, como maxixe, samba, choro e bossa nova, tem como base ritmos de origem africana. 
A capoeira tem origem africana, mistura dança e artes marciais, bem como foi responsável pela introdução de instrumentos musicais, como o berimbau.
A cultura ibérica foi a pauta de todas as adaptações culturais decorrentes da colonização do Brasil. 
A catequização de índios e escravos africanos acabou por apagar alguns traços dessas culturas e começar a criar uma identidade brasileira, que foi o resultado de uma combinação de várias vertentes.
A herança mais evidente é a língua portuguesa.
Da mesma forma, a mudança da família real para o Brasil acabou desenvolvendo uma cultura urbana e elitista em algumas áreas, especialmente o Rio de Janeiro. 
A partir dessa relação, acabaram sendo introduzidos no Brasil os grandes movimentos artísticos, como renascimento, maneirismo, barroco, rococó e neoclassicismo.
O Brasil desenvolveu algumas linhas desses movimentos com características próprias, mas a influência das características europeias ainda era muito grande.
O desenvolvimento da cultura brasileira ainda era muito relacionado a pessoas formadas na Europa, que voltavam para o Brasil trazendo as tendências de comportamento e arte. 
Além disso, durante os séculos XIX e XX, o Brasil recebeu muita imigração europeia de outros locais, principalmente italianos e alemães. 
A maioria destes se fixou no sudeste e no sul do País, tentando aproximar-se dos climas de seus países e manter suas técnicas de cultivo.
Dessa forma, o Brasil acaba desenvolvendo culturas bastante distintas nas suas diversas regiões, fator facilitado pela larga extensão de seu território. 
O Brasil começa a reconhecer sua identidade cultural específica no início do século XX. 
Acompanhando as tendências das vanguardas artísticas europeias, os artistas brasileiros organizam a Semana de Arte Moderna, em 1922.
O evento aconteceu no Teatro Municipal, em São Paulo, e 
contou com artistas como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Víctor 
Brecheret, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Guilherme de 
Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos, Tácito de Almeida e Di Cavalcanti.
A pauta era baseada principalmente na intenção de renovação da poesia produzida no Brasil, que esse grupo considerava arcaica e excessivamente formal. 
A apresentação do poema Os sapos, de Manuel Bandeira, foi um marco na contestação da estrutura literária vigente.
Anita Malfati foi uma importante personagem para a atualização da pintura, exibindo quadros com influências expressionistas e cubistas.
A partir de então, formou-se um grupo de artistas de vanguarda que se 
preocupavam com a produção cultural brasileira. 
Tarsila do Amaral, apesar de não ter participado da Semana de Arte 
Moderna de 1922, foi uma pintora que representou os cenários e a estética 
brasileira neste novo período.
Durante o século XX, essa cultura foi se desenvolvendo e o Brasil foi 
se reconhecendo como um país com uma identidade cultural. 
Nos anos de 1960, surge o tropicalismo, movimento que enaltece a brasilidade e exalta as características culturais brasileiras. 
O tropicalismo se desenvolveu em diversas áreas, sendo a música uma das principais áreas. 
Em 1968, é lançado o álbum Tropicália ou Panis et circencis, por Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé. 
Esse álbum foi um marco para a música popular brasileira e teve como objetivo demonstrar uma produção com identidade cultural. 
As artes plásticas contaram com Helio Oiticica, que apresenta, em 1969, a obra Tropicália, montando uma instalação com materiais, texturas e objetos tipicamente brasileiros, como o tecido de chita, a areia e as palmeiras. 
Da mesma forma, o cinema, o teatro e outras artes se desenvolvem buscando esta carga de nacionalismo.
Arte, artesanato e arquitetura brasileira
A produção do artesanato, por exemplo, é uma manifestação cultural que retrata mais comumente as características da cultura popular de um local, e está historicamente ligada à produção de utensílios e adornos, trabalhos feitos de forma manual, sem a utilização da indústria. 
No século XIX, os mestres criaram as Corporações de Ofício, a fim de transmitir seus conhecimentos a respeito de trabalhos manuais. 
A Revolução Industrial acabou desvalorizando muito o trabalho de artesãos, já que a indústria conseguia produzir de forma mais rápida e barata.
O artesanato brasileiro é uma grande expressão da cultura local. Ele garante o sustendo de muitas famílias e representa bem a história da cultura nacional. 
O artesanato indígena foi um dos primeiros a exprimir a identidade brasileira.
A confecção de rendas ainda é uma das produções de artesanato mais típicas e se desenvolveu também no norte, nordeste e sul. O tipo de renda e a forma de confecção varia conforme a região. 
O artesanato em madeira é proveniente da confecção de armas, embarcações, instrumentos musicais etc. Por meio do entalhamento, pode-se produzir máscaras e reproduzir cenas. Além disso, pode-se usar a técnica na fabricação de móveis e outros utensílios domésticos.
Com a chegada dos europeus, a arte desenvolveu-se muito pautada pelas tendências da Europa. Brasileiros iam para a Europa para aprender pintura e voltavam para o País trazendo as novas tendências. 
Nomes como Pedro Américo e Victor Meirelles receberam incentivo do governo brasileiro para se formarem na Academia imperial de Belas Artes de Paris, na França. 
Eles voltaram ao Brasil munidos das técnicas de pintura neoclássicas 
e românticas e foram os responsáveis pelo desenvolvimento do academicismo no Brasil.
O quadro A primeira missa no Brasil, de Victor Meirelles, pintado em 1861, e o quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, pintado em 1888, são importantes registros de acontecimentos relevantes.
Existem algumas manifestações de artistas que não tiveram formação na Europa, como éRamos. 
Em 1942, publicou um Manifesto contra o racismo. 
Em 1955, a Sociedade deu lugar à Associação Brasileira de Antropologia (ABA).
Segundo Cardoso de Oliveira (1988), Nimuendajú (na etnologia indígena) e Gilberto Freyre (na Antropologia da Sociedade Nacional) desempenharam seus papéis como “heróis civilizadores”.
É importante esclarecer que a divisão e a classificação da história da antropologia do Brasil são realizadas por Cardoso de Oliveira (1988), segundo as categorias de cultura e estrutura (Quadro 2).
Foi entre os anos 1930 e 1960 que se desenvolveram os estudos acerca das interpretações gerais do Brasil e os estudos de mudança social, cultural e/ou aculturação, e quando houve a predominância do funcionalismo no estudo das culturas e sociedades indígenas. 
Durante as décadas de 1940 e 1950, foram realizados os chamados estudos de comunidade, nos quais se realiza a observação direta de pequenas cidades ou vilas, utilizando as técnicas desenvolvidas pela etnologia no estudo das sociedades tribais.
Houve, ainda, a abordagem funcionalista do folclore. 
Entre os vários trabalhos, destacam-se aqueles realizados por Florestan Fernandes e a pesquisa de Cristina Argenton Colonelli, cuja bibliografia arrolou cerca de 4.919 trabalhos sobre o folclore brasileiro (MELATTI, 1983).
A construção da identidade brasileira na imensa diversidade cultural e geográfica do País
Anteriormente, a cultura foi mencionada como uma das categorias investigadas pelos antropólogos, ou seja, como um dos objetos de estudo da 
antropologia.
A cultura engloba o comportamento habitual e as crenças que são passadas por meio da enculturação. 
A cultura é baseada na capacidade humana de aprendizagem cultural e inclui regras de conduta internalizadas pelos seres humanos.
Outros animais aprendem, mas somente os seres humanos têm aprendizagem cultural, que depende de símbolos. 
A aprendizagem cultural possui aspectos tangíveis (objetos e símbolos) e intangíveis (ideias e normas), e é uma das principais, se não a principal, característica da identidade de um povo (KOTTAK, 2013).
Pode haver diferença entre as culturas? Sim, a diferença entre culturas se dá pelos elementos que a constituem e compõem o conceito de identidade cultural.
A enculturação é o processo pelo qual uma criança aprende sua 
cultura. 
A enculturação informal vem da família e de amigos, enquanto a enculturação formal vem da escola. 
A cultura é apreendida por meio dos processos de socialização, com agentes de socialização, e os processos primários são realizados pelas instituições: família, escola e instituição religiosa.
Por sua vez, a endoculturação é um processo de aprendizagem no meio 
da cultura em que se vive, de modo que, consciente ou inconscientemente, 
o indivíduo (ou grupo social) apreende e incorpora os elementos culturais 
pertinentes (MARCONI, 2010).
Segundo, Barroso (2017a) a identidade se refere a como você é identificado em uma determinada cultura, ou seja, apresenta suas características em termos do seu relacionamento no mundo. 
Deste modo, você é percebido pelos outros a partir dos elementos culturais que manifesta ao mundo, e, por isso, você é reconhecido. 
Assim, não é sempre que temos o controle sobre como as pessoas nos rotulam. 
Podemos dizer que esses rótulos são dados a partir de características as quais os outros reconhecem em nós.
Nesse sentido, destaca-se o estudo de Roberto DaMatta intitulado “O que faz o brasil, Brasil?” (1986). 
Nessa obra, DaMatta nos apresenta a nós mesmos e aos outros por meio de nossas festas populares, nossas manifestações religiosas, nossa literatura e arte, enfim: tudo aquilo que nos é próprio e capaz de definir nossa identidade nacional, apesar da absurda diversidade cultural do Brasil.
Vejamos um pequeno excerto de sua obra, em que menciona como sabe que é brasileiro, reunindo várias características de nosso povo e retratando nossa diversidade cultural (DAMATTA, 1986, p. 16):
Sei, então, que sou brasileiro e não norte-americano, porque gosto de comer feijoada e não hamburguer; porque sou menos receptivo a coisas de outros países, sobretudo costumes e ideias; porque tenho um agudo sentido de ridículo para roupas, gestos e relações sociais; porque vivo no Rio de Janeiro e não em Nova York; porque falo português e não inglês; porque, ouvindo música popular, sei distinguir imediatamente um frevo de um samba; porque futebol para mim é um jogo que se pratica com os pés e não com as mãos; porque vou à praia para ver e conversar com os amigos, ver as mulheres e tomar sol, jamais para praticar um esporte; porque sei que no carnaval trago à tona minhas fantasias sociais e sexuais; porque sei que não existe jamais um “não” diante de situações formais e que todas admitem um “jeitinho” pela relação pessoal e pela amizade; porque entendo que ficar malandramente “em cima do muro” é algo honesto, necessário e prático no caso do meu sistema; porque acredito em santos católicos e também =nos orixás africanos; porque sei que existe destino e, no entanto, tenho fé no estudo, na instrução e no futuro do Brasil; porque sou leal a meus amigos e nada posso negar a minha família; porque, finalmente, sei que tenho relações que não me deixam caminhar sozinho neste mundo, como fazem meus amigos americanos, que sempre se veem e existem como indivíduos!
Quando um índio utiliza elementos linguísticos e culturais de outra 
cultura para se expressar, por qual processo cultural podemos dizer 
que ele passou? 
Sem dúvida, é possível afirmar que ele passou por um processo 
de mudança cultural, que ocorre a partir da difusão (empréstimo) de traços entre culturas. 
Ela pode ser direta (espontânea) ou forçada, dependendo da situação. 
Esse processo é chamado, pelos antropólogos, de aculturação, e se trata do intercâmbio permanente de traços culturais entre grupos em contato contínuo.
Cabe observar, porém, que os olhares dos antropólogos se voltaram para a sociedade brasileira muito antes de DaMatta. 
Uma das mais famosas obras de interpretação do Brasil é Casa grande e senzala, de Gilberto Freyre (embora tenha sido responsável por disseminar a falsa ideia de que havia democracia racial no Brasil). 
Além desse livro, outras importantes obras publicadas foram, Sobrados e mocambos (1936) e Ordem e progresso (1959), fora uma série de trabalhos paralelos. Entre os temas abordados em suas obras, estão a família patriarcal e o Nordeste.
Como o povo brasileiro era composto por povos oriundos de três origens distintas — indígenas, europeus e africanos —, muitos estrangeiros acessavam informações da relação entre esses povos a partir da produção da literatura brasileira sobre o assunto. E um dos livros de referência foi a obra Casa Grande e senzala, do sociólogo Gilberto Freyre. 
Ali, ele apresentou o negro escravizado desfrutando de certo conforto material, beneficiando-se de regalias e até sendo visto como pessoa de confiança dos senhores e das sinhás. 
Portanto, esse livro deixou de lado os horrores do trabalho compulsório e da relação de submissão dos escravizados, fazendo crer que houvesse uma miscigenação generalizada, tranquila e natural entre os índios, brancos e negros. 
Assim, foi interpretado que, no Brasil, havia uma democracia racial.
Ainda no que se refere à diversidade cultural do povo brasileiro, é necessário mencionar que os processos culturais são vivenciados em todos os âmbitos sociais, são dinâmicos, possibilitam trocas sociais e podem ocorrer 
de modo concomitante.
no Brasil, a fé também ocupa um importante papel identitário. 
Assim, o processo descrito por Barroso et al. (2017b) é um processo cultural bastante comum em nosso País e que, em certa medida, acaba por nos definir como sociedade brasileira: o sincretismo, ou seja, a reunião de doutrinas diferentes, com a manutenção de traços perceptíveis das doutrinas originais (utilização de nomes de santos católicos no Candoblé). 
Esse processo cultural se dá a partir do imbricamento de diferentes 
elementos culturais no âmbito religioso e se torna característico no Brasil, 
porsua diversidade cultural.
Referências Bibliográficas
BARROSO, P. F. Cultura e identidade brasileira. In: BARROSO, P. F.; BONETE, W. J.; QUEIROZ, R. Q. de M. Antropologia e cultura. Porto Alegre: Sagah, 2017a. 
BARROSO, P. F.; BONETE, W. J.; QUEIROZ, R. Q. de M. Antropologia e cultura. Porto Alegre: Sagah, 2017b.
CARDOSO DE OLIVEIRA, R. O que é isso que chamamos de antropologia brasileira? In: ________________. Sobre o pensamento antropológico. Rio de Janeiro/Brasília: Tempo Brasileiro/CNPQ, 1988. p. 109–129. (Biblioteca Tempo Universidade, 83). CORRÊA, M. Traficantes do excêntrico. In: ___________. Traficantes do simbólico & 
outros ensaios sobre a história da antropologia. Campinas: Unicamp, 2013. p. 15–34. 
DAMATTA, R. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986.
KOTTAK, C. P. Um espelho para a humanidade: uma introdução à antropologia cultural. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
MARCONI, M. de A.; PRESOTTO, Z. M. N. Antropologia: uma introdução. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MELATTI, J. C. A antropologia no Brasil: um roteiro. Brasília: UNB, 1983.
2 Questão 1
Considerando os conceitos de etnocentrismo e relativismo cultural, analise o excerto a seguir: “Os índios andam nus sem nenhuma cobertura. Vivem em aldeias com 7 ou 8 casas. Cada casa está cheia de gente, e nela cada um tem sua rede de dormir armada. Não há, entre eles, nenhum Rei, nem Justiça, somente em cada aldeia tem um principal que é como capitão, ao qual obedecem por vontade, e não por força. [...] Esse principal tem três ou quatro mulheres [...] Não adoram coisa alguma nem acreditam que há depois da morte glória para os bons e pena para os maus. Assim, vivem bestialmente sem ter conta, nem peso nem medida” (GANDAVO, 2008). A partir da análise do excerto e de sua relação com os conceitos de etnocentrismo e relativismo cultural, considere as assertivas a seguir:
I. O excerto apresenta uma situação de relativismo cultural.
II. O relativismo cultural, assim como o etnocentrismo,
caracteriza-se pela emissão de juízos de valor por parte
​​​​​​​do pesquisador.
Considerando as assertivas, é correto afirmar:
Selecione a resposta:
· A
Ambas são verdadeiras, mas não se relacionam.
· B
Ambas são falsas, mas se relacionam.
· C
Ambas são verdadeiras e se complementam.
· D
A primeira é falsa, e a segunda é verdadeira.
· E
A primeira é verdadeira, e a segunda é falsa.
Questão 2
É comum, em um país como o Brasil, com grande diversidade cultural, que haja intercâmbio entre as diferentes culturas.
Considerando esse intercâmbio, a assertiva que contém o conceito correspondente ao intercâmbio permanente de traços culturais entre grupos em contato contínuo é:
Selecione a resposta:
· A
enculturação.
· B
aculturação.
· C
sincretismo.
· D
etnocentrismo.
· E
relativismo cultural.
Questão 3
Considere o texto a seguir, no qual a autora aborda Casa-grande & senzala: "Como o povo brasileiro era composto por povos oriundos de três origens distintas — indígenas, europeus e africanos —, muitos estrangeiros acessavam informações da relação entre esses povos a partir da produção da literatura brasileira sobre o assunto. E um dos livros de referência foi a obra Casa-grande & senzala, do sociólogo Gilberto Freyre. Ali, ele apresentou os negros escravizados desfrutando de certo conforto material, beneficiando-se de regalias e até sendo vistos como pessoas de confiança dos senhores e das sinhás. Portanto, esse livro deixou de lado os horrores do trabalho compulsório e da relação de submissão dos escravizados, fazendo crer que houvesse uma miscigenação generalizada, tranquila e natural entre os índios, brancos e negros [...] (BARROSO, 2017, p. 82).
Considerando o texto, é possível afirmar que ele aborda a polêmica ​​​​​​​em torno do livro de Gilberto Freyre, que ficou conhecida como:
Selecione a resposta:
· A
o mito da democracia racial.
· B
o mito do relativismo cultural.
· C
o mito da escravidão no Brasil.
· D
o mito da antropologia.
· E
o mito da democracia religiosa.
Questão 4
"O antropólogo Roberto Da Matta (1987) nos lembra que a sociedade brasileira é relacional, pois nela se concretiza a síntese de modelos advindos de diferentes sociedades. A tríade majoritária que compôs a base da sociedade brasileira – os indígenas, os europeus e os africanos – compartilhou, de forma mais tensa ou menos tensa, crenças, valores, hábitos, gostos, sentidos, pensamentos que resultaram em novas manifestações culturais" (BARROSO et al., 2017, p. 64).
Considere o excerto acima e assinale a assertiva que, de acordo com Da Matta, corresponde a um exemplo das sínteses concretizadas no Brasil:
Selecione a resposta:
· A
O catimbó.
· B
A umbanda.
· C
A cabula.
· D
O toré.
· E
O candomblé.
Questão 5
____________ foi considerado um expoente em estudos indígenas ​​​​​​​no País, dedicou mais de 40 anos da sua vida ao estudo dos povos indígenas brasileiros e é considerado "o Pai da antropologia brasileira".
O nome que preenche corretamente a lacuna, considerando o que fora apresentado no excerto, é:
Selecione a resposta:
· A
Darcy Ribeiro.
· B
Florestan Fernandes.
· C
Euclides da Cunha.
· D
Curt Nimuendajú.
· E
Gilberto Freyre.
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Arte e educação no Brasil: Ana Mae Barbosa
Introdução
Ana Mae identificou por pesquisas vários problemas que surgiram 
em sala de aula desde a criação do ensino de Educação Artística no 
Brasil, em 1971. 
A partir desse olhar, e de suas experiências no Museu de Arte Contemporânea e como professora da Escola de Comunicações e Artes da USP (Universidade de São Paulo), ela tentou prever os rumos da arte-educação nas escolas brasileiras.
Ana Mae Barbosa e a arte-educação brasileira pós-ditadura
Ana Mae Barbosa, carioca de nascimento, foi criada pelos avós em Pernambuco – após ficar órfã de mãe. 
De família historicamente tradicional, sempre se opuseram ao fato de sua neta fazer o ensino superior – Medicina era o seu sonho. 
Na época, mulher deveria ser professora primária ou esposa. Ela optou pelo magistério, apesar de achar o modelo vigente de sala de aula algo muito opressor, coisa que ia contra seus princípios.
No estudo do magistério, entretanto, acabou por ser aluna de alguém que pensava nas possíveis mudanças do ensino formal, ensinando-lhe – não somente ela, mas educadores do mundo inteiro – que a educação pode ser libertadora. Seu nome? Paulo Freire.
Ela começa sua formação em arte pela Escolinha de Arte de Recife e, 
para fugir da ditadura civil-militar, muda-se para São Paulo, e de lá para os 
Estados Unidos, de onde retorna como a primeira Doutora em Arte-Educação do Brasil, começando a comandar pesquisas na Escola de Comunicação e Arte da USP (Universidade de São Paulo).
Quando escreveu o artigo Arte e Educação no Brasil: Realidade Hoje e 
Expectativas Futuras (BARBOSA, 1989), completava 17 anos da criação 
do ensino de Educação Artística. 
No ano de 1971 – durante o governo do ditador Emílio Garrastazu Médici e do Ministro da Educação e Cultura, Jarbas Passarinho –, em uma iniciativa do projeto MEC-USAID – em que o ensino brasileiro deveria se adequar ao aplicado nos Estados Unidos –, são abolidos vários conteúdos (como Filosofia e História) e é incluída a atividade de arte nas escolas brasileiras (Lei Federal n° 5.692/71 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação).
Apesar da conquista por parte dos arte-educadores, a Arte se torna a única disciplina das humanidades dentro da sala de aula, com professores sem nenhuma formação para o conteúdo além do ensino do desenho geométrico e de observação. 
Seu principal objetivo prático era de ser apenas uma atividade recreativa entre os conteúdos, já que nem avaliações poderiam ser efetuadas.
Até hoje, esse olhar sobre a disciplina permanece, mesmo após as mudanças ocorridas na legislação.
O primeiro curso de Licenciatura em Educação Artística surge em 1973, com duração de 2 anos, no qual o futuro professor aprendia a lecionar sobre música, teatro, artes visuais, desenho, dança e desenho geométrico, tudo ao mesmo tempo, para turmas de 1ªa 8ª série (Ensino Fundamental) e, em alguns casos, para turmas do 2º grau (Ensino Médio).
Em uma pesquisa envolvendo 2.500 professores de educação artística do 
estado de São Paulo, em 1983, Ana Mae perguntou qual seria o objetivo da 
arte em sala de aula. Todos mencionaram:
· Em primeiro lugar, desenvolvimento da criatividade.
· Para os que mencionaram as artes visuais, o conceito de criatividade 
era de espontaneidade, autoliberação e originalidade, e o desenho era 
sua técnica prioritária;
· Para os que usavam do canto/coral, o conceito de criatividade estava 
ligado à autoliberação e organização.
Infelizmente, criatividade não era parte do currículo comum de formação 
desses professores. 
Hoje ainda existem licenciaturas, no campo das artes, que ainda não possuem esta disciplina em seu currículo.
Os livros do período eram cópias modernas do material produzido para 
o ensino de artes nas décadas de 1940 e 1950.
As atividades comuns em sala de aula ficaram restritas às do desenho geométrico, o laissez-faire (desenho livre), folhas para colorir, variação de técnicas e o desenho de observação, ou seja, não havia evolução para a arte dentro das escolas públicas brasileiras. 
Como dito anteriormente, até as mudanças ocorridas no ensino das Artes, na LDB de 1996, não era exigida nota para as atividades dos alunos nas aulas de educação artística, já que ela era somente uma atividade sem uma função realmente classificada como importante para a formação da criança e do adolescente.
A leitura de obras e o próprio conhecimento de História da Arte era inexistente.
Ana Mae, em suas pesquisas, constatou que somente algumas escolas particulares incluíam a história da arte ou a autoexpressão em seus conteúdos (BARBOSA, 1989).
Movimentos em defesa da arte-educação
A década de 1980 foi caracterizada por movimentos de crítica à educação geral produzida durante os anos da ditadura civil-militar no Brasil (1964–1983). 
Associações e organizações de arte-educadores foram surgindo na busca pela representatividade de classe e na luta por importância e melhorias no ensino de artes em nossas escolas.
Um marco para a história destes movimentos é a Semana de Arte e Ensino (15 a 19 de setembro de 1980), ocorrido na USP. 
Neste encontro foram selecionados os seguintes problemas:
· Imobilização e isolamento do ensino de arte;
· As políticas educacionais adotadas para artes e arte-educação;
· Ação cultural dos educadores na realidade brasileira;
· Baixa qualidade na formação dos profissionais.
Na Constituição de 1988, no art. 206, parágrafo II, fica definido que: “O ensino tomará lugar sobre os seguintes princípios [...]. II – Liberdade para aprender, ensinar e disseminar pensamento, arte e conhecimento”.
Graças a estas lutas, houve mudanças politicamente significativas, mas infelizmente até 1989, Barbosa relata que a formação permanecia precária nas universidades de todo o país. 
Havia somente cursos de especialização em arte, sendo que nenhum mestrado ou doutorado era oferecido.
Avanços educacionais
O pioneirismo na formação de arte-educadores pode ser marcado pelo Festival de Campos de Jordão, em 1983, organizado por Claudia Toni, Gláucia Amaral e Ana Mae Barbosa. O festival conectava análise de obra, história da arte e trabalho prático.
Outro marco de inovação foi promovido pela Secretaria de Educação de 
São Paulo, juntamente com a USP, em que foram criados cursos de formação 
para professores da rede estadual durante os períodos de inverno e verão. 
Era baseado na epistemologia da arte e/ou arte-educação como intermediário entre arte e público.
“A ideia é que a arte-educação esclarecida pode preparar os seres humanos, que são capazes de desenvolver sensibilidade e criatividade através da compreensão da arte durante suas vidas inteiras “(BARBOSA, 1989).
Atividades profissionais envolvidas com o uso da imagem (mídias em geral) e com o meio ambiente produzido pelo homem (arquitetura, moda, mobiliário etc.) são mais bem desenvolvidos por indivíduos com conhecimento de arte.
Em 1987, começa o trabalho de Ana Mae Barbosa junto ao MAC (Museu 
de Arte Contemporânea) da USP. 
O Programa de Arte-Educação focava o que viria a se tornar a Abordagem Triangular, base do seu trabalho como arte-educadora.
A abordagem de Ana Mae — antes chamada, erroneamente, de metodologia triangular, depois de proposta triangular e, atualmente, de abordagem triangular — propõe que a composição de o programa de ensino de arte brasileiro deve se pautar a partir de três ações básicas: ler obras de arte, contextualizar e fazer arte.
Referências Bibliográficas
BARBOSA, A. M. Arte-educação no Brasil: realidade hoje e expectativas futuras. Estudos Avançados, São Paulo, v. 3, n. 7, p. 170-182, 1989. Disponível em: . Acesso em: 01 jul. 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da República, 1988. Disponível em:. Acesso em: 01 jul. 2017.
Questão 1
Após 1971, que instituições ficaram responsáveis por formar professores de Artes no Brasil? E quanto tempo durava esta formação?
Selecione a resposta:
· A
As Escolinhas de Arte, com duração de três anos.
· B
Os cursos universitários de licenciatura com ênfase em criatividade, com duração de três anos.
· C
Somente as Escolinhas de Arte de Recife e do Rio de Janeiro, com duração de dois anos.
· D
Os cursos universitários de Licenciatura em Educação Artística, com duração de dois anos.
· E
Os cursos universitários de Licenciatura em Educação Artística, com duração de quatro anos.
Questão 2
De acordo com a pesquisa presente no texto, realizada pelas professoras Heloísa Ferraz e Idméa Siqueira, nos anos de 1983, 1984 e 1985, quais eram as práticas comuns efetuadas pela maioria dos professores de Artes nas escolas públicas brasileiras?
Selecione a resposta:
· A
Cerâmica, pintura a óleo, desenho de observação e leitura de obras.
· B
Laissez-faire, escultura, desenho digital e modelagem.
· C
Estudo de História da Arte, desenho de observação, laissez-faire e folhas para colorir.
· D
Desenho de observação, laissez-faire, folhas para colorir e animação digital.
· E
Desenho geométrico, laissez-faire, folhas para colorir, variação de técnicas e desenho de observação.
Questão 3
Levando em consideração a Abordagem Triangular de Ana Mae Barbosa, é correto dizer que:
Selecione a resposta:
· A
Devemos atentar somente ao emocional do aluno, evitando que ele receba mais informações visuais além das que já recebe no seu convívio social.
· B
A leitura de obras deve se basear na descoberta da capacidade crítica dos alunos. Aqui, a Arte não se reduz ao certo ou ao errado, considera a pertinência, o esclarecimento e a abrangência. O objeto de interpretação é a obra, e não o artista.
· C
Após observar uma obra, o arte-educador deve exigir que o aluno procure realizar o desenho o mais parecido possível com o original.
· D
Ao apresentar algum período da História da Arte, o professor deve atentar somente às obras e às técnicas. Outras informações do período são irrelevantes para o aprendizado do conteúdo.
· E
Não se deve tentar a interdisciplinaridade ao contextualizar uma obra, pois isso pode gerar confusão no aluno, dificultando o processo cognitivo.
Questão 4
Quando a disciplina de Educação Artística foi criada, em 1971, qual era seu principal objetivo prático na escola?
Selecione a resposta:
· A
Ser apenas uma atividade de lazer, para que o aluno pudesse relaxar entre os horários divididos com os outros saberes. Não havia obrigatoriedade de avaliação.
· B
Ser uma disciplina para estimular a criatividade, buscando o crescimento intelectual do país.
· C
Aprender sobre os grandes mestres e desenvolver técnicas de desenho com o intuito de aumentar a sensibilidade do aluno.
· D
Aprender sobre História da Arte para poder contextualizar com seu convívio social.
· E
Fazer parte dos conteúdos da grade curricular, agindo de forma multidisciplinar com as outras disciplinas,principalmente com a Filosofia.
Questão 5
Ana Mae Barbosa utiliza exemplos de releituras ocorridas durante toda a História da Arte, para defender o uso desta prática associada à leitura de imagem por parte dos alunos, como estímulo no processo criativo. Que argumento ela usou contra os que lhe criticavam por mostrar obras às crianças?
Selecione a resposta:
· A
Que se o artista copia imagens de outros artistas, por que as crianças não podem?
· B
Que a percepção pura da criança, sem influência de imagens, não existe realmente, uma vez que está provado que 80% de nosso conhecimento informal vem através de imagens.
· C
Que, se nós preparamos as crianças para ler imagens produzidas por artistas, estamos preparando-as para copiar melhor essas imagens.
· D
Ao fazer cópias fidedignas de obras renascentistas, os alunos poderão posteriormente realizar obras dentro de seus contextos.
· E
Ao mostrar imagens de obras de artistas que plagiaram outros artistas, os alunos veem que não há nada de errado em não ser criativo.
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image1.pngo caso de Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho. 
Não há muito certeza a respeito de sua biografia, mas este teve formação em um seminário em Ouro Preto. Durante sua vida, produziu esculturas atreladas a igrejas de caráter barroco e rococó.
De volta ao Brasil, em 1924, Tarsila começou a pintar elementos que considerava tipicamente brasileiros e iniciou uma fase que se chama “Pau-Brasil”. 
Pintava com cores vivas e tropicais, enfatizando elementos da fauna e da flora brasileiras. Também retratou máquinas e símbolos da nossa modernidade latente. Seu quadro mais famoso, o Abaporu, originou o Movimento Antropofágico no Brasil.
Esse movimento tinha como objetivo a digestão das características estrangeiras, como um ritual canibal, e a liberação de uma arte com uma 
atmosfera mais brasileira.
Dentro da arquitetura, o movimento ocorreu basicamente da mesma forma. 
A produção arquitetônica estava muito atrelada a influências europeias.
As manifestações barrocas, neoclássicas e ecléticas são quase cópias do que estava sendo produzido na Europa. 
Pode-se destacar o barroco mineiro, que teve um desenvolvimento bastante peculiar e com características nacionais. 
A partir do início do movimento artístico moderno brasileiro, a arquitetura também se desenvolveu, no sentido de encontrar uma identidade própria.
A primeira manifestação modernista é a Casa Modernista, de Gregori Warchavchik, construída em 1928, em São Paulo. Esta ainda tinha um caráter genérico, característico do que o movimento moderno pregava.
O projeto do Ministério da Educação e Saúde, ou Palácio Capanema, feito por Lucio Costa e equipe (entre eles Oscar Niemeyer) marca o início do modernismo brasileiro.
A partir desse ponto, Lucio Costa e Oscar Niemeyer foram personagens cruciais para a formação de uma arquitetura brasileira. Os dois desenvolveram projetos com características nacionais e que se destacavam no cenário arquitetônico mundial. 
Em 1943, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque faz uma exposição chamada “Brazil Builds”, que mostra construções brasileiras de 1652 a 1942, uma demonstração da consolidação da arquitetura brasileira. 
A construção de Brasília, em 1960, foi o ápice deste nacionalismo. A cidade é a materialização do que significa a arquitetura moderna brasileira.
Arquitetura brasileira e a diversidade cultural
A partir da segunda parte do modernismo (1924 em diante), o 
ataque ao passadismo é substituído pela ênfase na elaboração de uma cultura 
nacional, ocorrendo uma redescoberta do Brasil pelos brasileiros. 
Apesar de um certo bairrismo paulista, os modernistas recusavam o regionalismo, pois acreditavam que era através do nacionalismo que se chegaria ao universal. 
Assim, para os modernistas, a operação que possibilita o acesso ao universal passa pela afirmação da brasilidade.
Existe, portanto, um viés que tenta negar as diversas manifestações ao longo do território e tenta unificar a cultura brasileira como apenas uma.
É natural, portanto, que tenhamos manifestações arquitetônicas bastante 
distintas. 
No Nordeste, existe uma vertente que valoriza bastante a cultura 
local, enaltecendo o artesanato e técnicas mais manuais. O clima mais quente 
permite edificações com influências de locais onde faz mais calor, como países 
de origem árabe. 
O Sudeste tem uma arquitetura com um caráter bastante 
urbano, diferindo muito, inclusive entre o eixo Rio-São Paulo. 
A escola Carioca produz edificações mais abertas e leves, talvez relacionadas à presença do mar na cidade. 
A Escola Paulista desenvolveu o brutalismo, com edificações pesadas de concreto. 
O Norte tem ainda a característica da herança indígena, reproduzindo técnicas e estética. 
O centro-oeste tem um caráter mais rural, com exceção da inserção de Brasília, uma manifestação bastante urbana. 
O Sul muitas vezes copiou o que estava sendo produzido no eixo Rio-São 
Paulo. Entretanto, existe uma unidade entre as adaptações feitas, muitas vezes 
considerando o clima e a paisagem diferentes. Além disso, os imigrantes 
alemães e italianos tiveram grande influência na produção dos estados do 
sul, principalmente fora dos centros urbanos.
Referências
AMARAL, T. Abaporu. 1929. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Abaporu. jpg. Acesso em: 09 jul. 2019.
AMÉRICO, P. Independência ou morte. 1888. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pedro_Am%C3%A9rico__Independ%C3%AAncia_ou_Morte_-_Google_Art_Project.jpg. Acesso em: 09 jul. 2019.
BRANCO, B. C. Arquitetura indígena brasileira: da descoberta aos dias aluais. Revista de Arqueologia, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 69–85, 1993.
MEIRELLES, V. The first mass in Brazil. 1860. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Meirelles-primeiramissa2.jpg. Acesso em: 09 jul. 2019.
OLIVEN, R. G. Cultura e modernidade no Brasil. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 15, n. 2, p. 3–12, abr./jun. 2001.
SANTOS, C. G. Mocambos em Santo Amaro, Recife/PE. 2014. Disponível em: https://
www.researchgate.net/figure/Figura-1-Mocambos-em-Santo-Amaro-Recife-PE_ fig1_320570129. Acesso em: 09 jul. 2019.
Questão 1
A cultura brasileira é formada a partir da influência de diversos povos. Apesar de não se poder identificar absolutamente todos, é possível elencar três influências mais importantes para a cultura brasileira.
Quais são elas?
Selecione a resposta:
· A
Árabe, espanhola e indígena.
· B
Espanhola, portuguesa e africana.
· C
Portuguesa, indígena e africana.
· D
Portuguesa, alemã e italiana.
· E
Alemã, italiana e polonesa. 
Questão 2
As influências culturais no Brasil são muitas. Os colonizadores portugueses eram as principais referências europeias. Em certo momento, o Brasil começou a receber novos imigrantes.
Qual foi o acontecimento que permitiu isso?
Selecione a resposta:
· A
A mudança da família real para o Brasil e a abertura dos portos para o comércio exterior.
· B
A abolição da escravatura.
· C
A Semana de Arte Moderna de 1922.
· D
O descobrimento do Brasil.
· E
A catequização dos indígenas.
Questão 3
Um dos principais pilares da cultura brasileira é a influência das tradições indígenas.
A respeito da influência indígena na cultura do Brasil, é correto afirmar que:
Selecione a resposta:
· A
ainda existem nos brasileiros os traços da cultura indígena, no artesanato, no folclore e na culinária, por exemplo.
· B
os brasileiros têm poucos traços da cultura indígena atualmente, já que esta foi apagada pela catequização.
· C
os indígenas não conseguiram transmitir nuances de sua cultura, pois não desenvolveram a escrita.
· D
a arquitetura indígena tem muitos registros e suas técnicas são usadas ainda hoje.
· E
a cultura indígena está presente apenas nas comunidades ainda preservadas.
Questão 4
O Brasil foi colônia de Portugal por muito tempo. Após sua independência, ainda contava com a presença da família real portuguesa. Assim, é natural que nossa cultura tenha muita influência europeia. No início do século XX, a elite cultural brasileira — que estudou na Europa —, voltou para o Brasil com o intuito de implantar as ideias vanguardistas que estavam em vigor na Europa. Sendo assim, organizaram a Semana de Arte Moderna de 1922.
Sobre a Semana de Arte Moderna de 1922, é correto afirmar que:
Selecione a resposta:
· A
incentivava a arte genérica.
· B
incentivava o academicismo.
· C
incentivava a busca de referências históricas.
· D
incentivava a arte barroca.
· E
incentivava o nacionalismo.
Questão 5
O desenvolvimento das vanguardas artísticas no início do século XX se espalhou por todo o Brasil. A consolidação do modernismo brasileiro trouxe, também, o surgimento de algumas correntes que se diferenciavam entre si. O Manifesto regionalista, de Gilberto Freyre, é a expressão de uma dessas correntes.
A respeito desse manifesto, é correto afirmar que:
Selecione a resposta:
· A
buscava reproduzir influências de diversas regiões da Europa.
· B
buscava uma identidade universal para a cultura.
· C
dizia que o caminho para o nacionalismo era a autonomia para as regiões.
· D
queria que todas asregiões tivessem uma única influência.
· E
buscava a homogeneização das manifestações culturais.
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História e Patrimônio Cultural
Introdução
Na atualidade, há um consenso entre os pesquisadores de que o patrimônio tem ligações muito próximas com o fenômeno da formação da identidade, seja ela individual, seja social. 
Como forma de compreender essas relações, é relevante que o estudioso do tema se debruce sobre os itens que são, na atualidade, reconhecidos como patrimônio cultural.
O que é patrimônio cultural?
A etimologia da palavra patrimônio demonstra sua origem na Roma 
Antiga. Naquela sociedade de cunho patriarcal, a propriedade era sempre do homem que, ao morrer, deixava-a como herança aos filhos e à esposa. 
O termo foi ressignificado, mas mantendo a ideia de que se trata de um bem 
herdado pelas novas gerações e que deve ser preservado.
A ideia de patrimônio cultural — assim como qualquer outra ideia — não é isenta, surgindo em meio a disputas e conflitos que direcionaram o seu sentido.
Por essas características, torna-se evidente que o patrimônio cultural pode privilegiar determinados bens culturais (tangíveis ou intangíveis) em detrimento de outros, promovendo assim significativas exclusões (LEMOS, 1981).
A história do conceito de patrimônio cultural remete à Revolução Francesa. 
Naquele período, que promoveu o fim do chamado Antigo Regime, a sociedade francesa entrou em um momento de grandes agitações. A queda da monarquia absolutista e a ascensão da burguesia ao poder político, apoiada pelos trabalhadores, ensejou o desejo de destruição de tudo que resguardasse a memória dos reis franceses e da nobreza.
Consequentemente, ocorreu um processo de vandalização de esculturas, monumentos e edificações relacionados com o passado absolutista (CHOAY, 2001).
É devido a isso que a ideia de patrimônio se tornou profundamente vinculada aos patrimônios materiais (CHOAY, 2001).
Outro momento importante na história do patrimônio é o contexto posterior à Segunda Guerra Mundial. 
Como se sabe, as ideologias políticas que estiveram por trás do trágico conflito foram o fascismo e o nazismo. O horror provocado por esses ideais, que são de caráter excludente, racista e genocida, estimulou, ao fim da guerra, a formação de órgãos como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que têm como uma de suas atribuições promover a união e o entendimento entre os povos. Dentro dessa missão, ONU e Unesco passaram a monopolizar o debate em torno das questões patrimoniais (CHOAY, 2001).
Nesse movimento, a comunidade internacional começou a perceber que, 
nos países que formavam o então chamado “terceiro mundo” (países pobres 
e ex-colônias), havia uma série de manifestações culturais, especialmente 
entre populações indígenas ágrafas, que não se enquadravam na concepção 
de patrimônio cultural vigente. 
A cultura, os saberes e os fazeres desses povos tinham a mesma relevância que patrimônios materiais como o Coliseu, em Roma, e as pirâmides do Egito — embora não tivessem esse reconhecimento, justamente por se tratar de bens culturais intangíveis. 
Não havia ainda a noção de que um bem cultural imaterial fosse passível de preservação assim como os bens culturais materiais já eram preservados (CHOAY, 2001).
Os ditos países do “terceiro mundo” conseguiram colocar no centro do 
debate a necessidade de uma revisão no conceito de patrimônio que fosse 
ampliado para além do chamado patrimônio de “pedra e cal”. 
Assim, em 1982, ocorreu no México uma conferência na qual foi realizada uma nova conceituação de patrimônio, incorporando também o conceito de patrimônio imaterial, que é então inserido nas Cartas Patrimoniais da Unesco.
Dentro dessa nova concepção, além dos patrimônios relacionados aos saberes e fazeres das comunidades tradicionais, também entra o patrimônio genético, que diz respeito ao patrimônio natural de determinado povo, como a fauna, a flora e os povos indígenas (BERGER FILHO; SILVEIRA, 2020).
No Brasil, desde o advento da Constituição Federal de 1988, o patrimônio imaterial é reconhecido como uma importante forma de patrimônio cultural, devendo ser protegido e valorizado na forma da lei.
Das formas de patrimônio cultural, talvez o patrimônio imaterial seja 
aquela mais relevante para a formação da identidade de um povo. 
É o patrimônio imaterial que traduz as sociabilidades de determinada comunidade, nas quais estão representadas as suas aspirações e anseios, a sua mitologia e os seus temores, as suas histórias e memórias, as suas práticas e os seus conhecimentos, enfim, a forma como os seres humanos interagem com o mundo individualmente e enquanto sociedade.
De acordo com Olgário Paulo Vogt (2008, documento on-line): 
entende-se por patrimônio cultural o conjunto de todos os bens materiais ou 
imateriais que, pelo seu valor intrínseco, são considerados de interesse e de relevância para a permanência e a identificação da cultura da humanidade, de uma nação, de um grupo étnico ou de um grupo social específico.
Patrimônio cultural e a formação da identidade
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 216, define o que é patrimônio cultural e enfatiza essas relações: “Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira” (BRASIL, 1988, documento on-line).
A questão da identidade é uma das mais importantes para a noção de 
patrimônio cultural, tendo em vista que, junto à memória e às práticas sociais, é a identidade que forma e que dá coesão aos inúmeros grupos que formam o Brasil como povo e nação. 
Desse modo, é necessário que o patrimônio cultural seja protegido e divulgado, na condição de elemento constitutivo das sociedades que o produzem. 
No Brasil, para a proteção do patrimônio cultural, foram desenvolvidas algumas ferramentas específicas, como o tombamento e o registro.
O tombamento é um instrumento para dar proteção aos bens culturais 
materiais que constituem patrimônio cultural brasileiro. 
O registro desempenha o mesmo papel, porém, com bens imateriais. 
O órgão responsável pelo tombamento e pelo registro é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Segundo a historiadora Maria Amélia Jundurian Corá (2014), “[...] as identidades individuais e sociais são importantes para a construção de relações de vínculos que justifiquem a construção de grupos que permitam sentimentos de interação e reconhecimento social”. 
A identidade é fundamental para a legitimação de um grupo, “[...] mas para isso algo deve nortear essa identidade, como, por exemplo, nacionalidade, regionalidade, etnia, religião, time de futebol ou práticas sociais” (CORÁ, 2014, p. 80). 
Esses pontos em comum, que também estão passíveis de serem patrimônios culturais, são imprescindíveis para que a identidade exista.
O patrimônio cultural contribui com a formação da identidade, pois a 
cultura é fundamental para a similaridade interna de um povo.
A preservação e valorização do Patrimônio cultural é uma medida eficaz para garantir que a sociedade tenha a oportunidade de conhecer sua própria história e de outros, por meio do patrimônio material, imaterial, arquitetônico ou edificado, arqueológico, artístico, religioso e da humanidade.
A identidade cultural pode ser classificada em quatro aspectos principais, acompanhe (CORÁ, 2014): 
� Identidade cultural objetiva: forma identitária que se vincula a valores, 
crenças, hábitos, costumes, tradições, formas de viver, pensamentos 
e comportamentos de certa comunidade — estilos de viver e de estar 
presente em um grupo social. 
� Identidade cultural subjetiva: refere-se ao “[...] sentimento de pertencer a uma sociedade, na qual cada um tem o sentido de ser ator de sua 
própria história” (CORÁ, 2014, p. 90). 
� Identidade cultural externa: está relacionada a umponto central de 
certa cultura, que se volta ao passado para obter referenciais que 
deem sentido ao presente e às ações realizadas neste. Pelo fato de 
o passado ser “externo” ao indivíduo ou à sociedade, a identidade 
cultural externa é formada pelos sinais vindos dele de forma que haja 
uma continuidade histórica e identitária. 
� Identidade cultural interna: sentimentos que se manifestam no indivíduo que se reconhece como parte de uma cultura e deseja estar 
vinculado a ela, afirmando assim as suas raízes.
Em todos esses aspectos você pode encontrar o patrimônio cultural agindo. 
É em torno do patrimônio cultural que a identidade e a memória de um povo se constituem e se fortalecem, sendo transmitidas de geração em geração. 
Daí a importância de o patrimônio ser salvaguardado, para que traços identitários de determinados grupos não desapareçam. 
A identidade é o sentimento coletivo de pertencimento. 
É o sentimento de pertencer a determinado grupo ou determinada comunidade.
A identidade é feita a partir da diferença, isto é, é feita a partir de relações de alteridade, que colocam o indivíduo ou a sociedade frente a frente com o outro, com aquele que é diferente. 
Relações de alteridade são relações que reconhecem e respeitam as diferenças entre as pessoas. Elas envolvem a capacidade de se colocar no lugar do outro, de compreender e dialogar com ele. 
A identidade é assim delimitada não só pelo que se é, mas, de maneira muito significativa, por aquilo que não se é.
É assim que certo grupo, comunidade ou sociedade se identificam, considerando que outro grupo, comunidade ou sociedade não se identificam 
com eles.
O patrimônio cultural e a memória operam para a formação desse 
vínculo coletivo identitário, afinal, cada grupo, comunidade ou sociedade terá 
as suas próprias memórias, a sua própria história, o seu próprio patrimônio, 
que é singular e, logo, diferente daqueles que pertencem e dão identidade a 
outros grupos (SOUZA, 2017).
A memória é a preservação, a evocação e a atualização de alguma informação do passado, bem como a afirmação de uma lembrança. 
Ela dá presença a algo ausente, fenômeno que pode ser percebido nos chamados lugares de memória, nos quais ritos são realizados visando a preservar no presente e para as gerações futuras o legado recebido do passado.
Portanto memória, identidade e patrimônio cultural são elementos profundamente conectados.
São lugares de memória, por exemplo, os memoriais, espaços nos 
quais as pessoas são convidadas a refletir sobre o passado, sobre 
determinados acontecimentos que fazem parte da memória coletiva e que assim 
contribuem para a formação da identidade de determinado povo (NORA, 1993).
Contudo a seleção das memórias a serem preservadas e dos patrimônios a serem cultuados não é neutra. 
Por trás dos recortes temáticos e temporais sempre haverá interesses de determinados grupos sociais. 
O processo pode ser de reelaboração do passado e até mesmo de inversão de sentidos.
Um caso clássico no Brasil de reelaboração do passado é o culto à memória dos bandeirantes, que é muito forte especialmente no estado 
de São Paulo. Os bandeirantes, hoje é sabido, cometeram muitas atrocidades 
contra as populações indígenas no interior do Brasil, matando e escravizando 
uma grande quantidade de índios ao longo dos séculos, contribuindo assim 
para a dizimação das populações nativas do país.
Exemplos brasileiros e mundiais de patrimônio cultural
Segundo o IPHAN, existem três grandes grupos de patrimônio no país: 
· patrimônio material; 
· patrimônio imaterial; 
· patrimônio arqueológico.
Patrimônio cultural material
Em 19 de setembro de 2018, foi estabelecida pela Portaria nº 375 a Política de Patrimônio Cultural Material (PPCM), que serve, atualmente, como guia para: [...] ações e processos de identificação, reconhecimento, proteção, normatização, autorização, licenciamento, fiscalização, monitoramento, conservação, interpretação, promoção, difusão e educação patrimonial relacionados à dimensão material do Patrimônio Cultural Brasileiro.
O patrimônio material pode ser descrito sumariamente como aquele “voltado para os testemunhos físicos do passado” (DE PAOLI, 2012, p. 151).
Quer dizer, o objeto patrimonial material sempre se apresentará como bens culturais tangíveis, que vão desde edificações até monumentos e museus, patrimônios que remetam a aspectos históricos e culturais relevantes para determinada sociedade.
Um dos aspectos mais importantes das modernas diretrizes sobre o patrimônio cultural material no Brasil é o reconhecimento de que ele não pode 
ser dissociado da sua comunidade. 
Isto é, o patrimônio material não é mais visto como algo estanque e separado da realidade cotidiana. 
Pelo contrário, há esforços no sentido de integrá-lo à paisagem natural e humana, de forma que faça sentido para a sociedade que o comporta (BRASIL, 2014a).
Para isso, existem instrumentos e perspectivas que são adotados para 
uma abordagem racional e produtiva do patrimônio. 
Um deles é a Declaração de Lugares de Memória, que tem por objetivo promover o reconhecimento de bens culturais que, mesmo tendo perdido sua completa materialidade, ainda assim são valorizados simbolicamente. 
Mas, como lugar de memória, também podem ser reconhecidos patrimônios materiais que sejam de percepção e apreensão direta mais complexa quando pensados em seu todo. É o caso do plano urbanístico de Boa Vista, capital de Roraima (RAMALHO, 2012).
Outro importante instrumento de preservação utilizado pelo IPHAN é o chamado tombamento. 
Este é o instrumento de proteção do patrimônio histórico-cultural usado há mais tempo pelo IPHAN. Instituído em 1937, o tombamento faz com que os bens patrimoniais tombados tenham de seguir uma série de regras colocadas pelo instituto. Em primeiro lugar, eles não podem ser derrubados.
Os patrimônios culturais materiais podem ser inscritos em quatro tipos de livros do tombo: 
· Livro do Tombo Histórico; 
· Livro do Tombo das Belas Artes; 
· Livro do Tombo das Artes Aplicadas.
Livro do Tombo Histórico: nele são inscritos os patrimônios culturais 
materiais que têm destacado valor histórico. Desse modo, ele é formado 
pela totalidade dos bens móveis e imóveis os quais sejam do interesse 
da coletividade a sua conservação. Nesse livro podem ser inscritos bens 
como edificações, chafarizes, centros históricos, quadros, xilogravuras 
etc.
Livro do Tombo das Belas Artes: reúne os bens patrimoniais artísticos. 
A expressão belas-artes se refere ao tipo de arte que não é utilitária, 
como são as artes aplicadas e decorativas. Assim, nesse livro são 
registrados quadros, esculturas e estilos arquitetônicos, por exemplo. 
 Livro do Tombo das Artes Aplicadas: nele são inscritos os bens culturais de valor artístico associado à função utilitária. Exemplos são o Cais 
do Porto: pórtico central e armazéns, em Porto Alegre, tombado em 
1983, e a Estação da Luz, em São Paulo, importante estação rodoviária 
construída no século XIX e tombada em 1996.
O bem patrimonial, devido às suas características, pode ser inscrito 
em mais de um livro, como as ruínas do Engenho São Miguel e Almas: 
casa e capela, localizadas na cidade de São Francisco do Conde (BA), que estão 
registradas no livro histórico e no de belas artes desde 1944. Outro exemplo é 
o conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico de Cuiabá (MT), que está inscrito em três livros: os dois mencionados e também o Livro Arqueológico, 
Etnográfico e Paisagístico (BRASIL, 2014b).
O Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico congrega os bens relacionados aos vestígios humanos pré-históricos ou então aqueles que têm 
valor etnográfico para determinados grupos sociais.
Etnografia é o estudo descritivo da cultura dos povos, sua língua, raça, religião, hábitos etc., como também das manifestações materiais de suas atividades. É a ciência das etnias.
Além disso, são reunidos nesse livro o patrimônio natural e paisagístico, como jardins e conjuntos arquitetônicos que estejam integrados à natureza. 
São exemplos o Centro Históricode Antonina, cidade paranaense situada em uma das primeiras páreas exploradas pelos portugueses no sul do Brasil, que teve em seu ambiente natural um fator determinante para a sua fundação; e a Serra da Barriga (AL), patrimônio natural tombado em 1986.
Páreas: Tributo que um Estado ou soberano pagava a outro, em reconhecimento à vassalagem.
Patrimônio cultural imaterial
O patrimônio cultural imaterial é aquele que não pode ser tocado, mas que faz parte da vida de uma comunidade ou nação na forma de manifestações 
artísticas, saberes, práticas e festividades.
Enquanto o patrimônio material é tombado, o patrimônio imaterial é registrado em quatro tipos de livros: 
· Livro de Registro dos Saberes; 
· Livro de Registro das Celebrações; 
· Livro de Registro das Formas de Expressão; 
· Livro de Registro dos Lugares.
Livro de Registro dos Saberes: nele são registrados os bens imateriais 
que reúnem conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano 
das comunidade. Desse modo, o IPHAN cataloga os conhecimentos tradicionais de comunidades em todo o Brasil. São modos de conhecer o mundo muito associados a uma cultura local, a uma identidade específica e à memória de certos grupos sociais.
Um exemplo bastante ilustrativo de um saber tradicional é o ofício 
dos mestres de capoeira, registrado pelo IPHAN em 2008. Os mestres 
são os responsáveis por resguardar e transmitir os conhecimentos sobre a 
arte da capoeira.
Outros exemplos de saberes registrados são o ofício de sineiro (MG), o ofício das baianas de acarajé (BA) e o sistema agrícola tradicional do Rio Negro (AM).
Livro de Registro das Celebrações: agrega as festividades e os rituais 
relacionados às vivências coletivas em campos como a religião e o 
entretenimento. Logo, são preservadas celebrações que formam vínculos de memória, identidade e cultura em determinada comunidade.
O círio de Nossa Senhora de Nazaré, com sua origem em Belém (PA), é uma das celebrações mais importantes do Brasil, sendo reconhecida 
também pela Unesco como patrimônio da humanidade.
Algumas das muitas outras celebrações registradas são o ritual yaokwa do povo indígena enawenê-nawê (MT), complexo cultural do bumba meu boi, do Maranhão, e o bembé do mercado (BA).
Livro de Registro das Formas de Expressão: como o nome já indica, 
nesse livro você encontra formas populares de expressão artística. 
As formas de expressão são entendidas também como formas de 
comunicação típicas de uma comunidade ou região, que se apresentam 
como literatura, música, artes plásticas ou cênicas etc.
A capoeira em si, como forma de expressão e arte, está registrada no 
Livro de Registro das Formas de Expressão, mas não somente nele.
Outras formas de expressão registradas pelo IPHAN são o maracatu (nação e de baque solto) (PE), o samba de roda do recôncavo baiano, o frevo (PE) e a arte kusiwa — pintura corporal e arte gráfica oiampi.
Livro de Registro dos Lugares: nele são inscritos santuários, feiras, 
mercados e paisagens que se relacionam a práticas culturais de certa 
coletividade. Como exemplos de lugares registrados nesses livros 
podemos apontar a feira de Caruaru (PE), a cachoeira de Iauaretê — 
lugar sagrado dos povos indígenas dos rios Uaupés e Papuri (AM), a 
feira de Campina Grande (PB) e a Tava, lugar de referência para o povo 
guarani (RS). Esta última fica no mesmo local onde situam-se as ruínas 
de São Miguel das Missões, patrimônio da humanidade e patrimônio 
arqueológico brasileiro.
Patrimônio arqueológico
Atualmente, o Brasil conta com 18 patrimônios arqueológicos tombados pelo IPHAN. 
Desses, 11 são sítios arqueológicos e 7 são coleções arqueológicas que se encontram em museus. 
Os bens arqueológicos são reconhecidos como um importante registro da história e da identidade de um povo. No Brasil, o patrimônio arqueológico é protegido por lei desde 1937.
O patrimônio arqueológico brasileiro está localizado em 12 estados: Alagoas, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Dos 18 patrimônios 
arqueológicos brasileiros, três são também patrimônios culturais da humanidade.
Parque Nacional Serra da Capivara (PI): criado em 1979, tem como 
objetivo preservar os vestígios arqueológicos da mais antiga ocupação 
humana já descoberta na América do Sul.
Missões Jesuíticas Guaranis (RS): localizado na cidade de São Miguel 
das Missões, esse patrimônio é constituído pelas ruínas de uma grande 
igreja e de outras edificações das missões jesuíticas estabelecidas no local entre os séculos XVII e XVIII.
Cais do Valongo (RJ): já mencionado, o Cais do Valongo, lugar de memória extremamente importante para a história da escravidão africana.
Referências Bibliográficas
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1 Questão 1
O conceito de patrimônio é complexo e se transforma ao longo da história. Durante muito tempo, o patrimônio foi entendido como sinônimo de patrimônio material, isto é, edificações, monumentos e objetos preservados em museus. Posteriormente, foi incorporada a noção de patrimônio imaterial, que congrega outros aspectos da cultura, como os saberes tradicionais, expressões artísticas, etc. Entretanto, seja no campo dos patrimônios materiais ou imateriais, pode-se dizer que a ideia de patrimônio cultural nunca é isenta. Considerando que a definição daquilo que é ou não é patrimônio é condicionada por contextos históricos, o que significa dizer que a ideia de patrimônio não é isenta?​​​​​​​
Selecione a resposta:
· A
Nesse contexto, o termo “isento” remete a “indiferente”.
· B
O significado de “ideia isenta” refere-se à inexistência de posicionamento no patrimônio.
· C
O patrimônio cultural é isento, pois não privilegia bens culturais.
· D
A ideia de patrimônio surge em meio aos conflitos sociais.
· E
Significa que existem poucas diferenças entre patrimônio material e imaterial.
Questão 2
A primeira noção de patrimônio cultural surgiu no período da Revolução Francesa. Com a queda do Antigo Regime, houve a tendência de que todo e qualquer símbolo da realeza deposta fosse destruído e esquecido. Visando a combater esse movimento de vandalização do patrimônio legado pelo Antigo Regime, historiadores, literatos, juristas e outros pensadores passaram a defender a salvaguarda desses monumentos e prédios, criando-se, assim, a ideia de patrimônio cultural. Considerando esse contexto, no qual emerge pela primeira vez a ideia de patrimônio cultural, qual reflexo pode ser percebido ainda nos dias atuais sobre a maneira como este é visto pelo senso comum?​​​​​​​
Selecione a resposta:
· A
O estudo do patrimônio cultural se resume à academia francesa.
· B
A ideia de que patrimônio cultural é patrimônio edificado.
· C
O patrimônio cultural deve ter vários séculos.
· D
O patrimônio cultural é aquele encontrado em museus.
· E
O patrimônio cultural é sempre imaterial.
Questão 3
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é o órgão do Estado brasileiro responsável por registrar e salvaguardar o patrimônio cultural do país. Para isso, existem diversos instrumentos, como o tombamento e os livros de registros. Por meio dessas ferramentas, o IPHAN reconhece os diversos tipos de patrimônios encontrados no Brasil, registrando-os e preservando-os, por meio de sua patrimonialização e iniciativas de estudo e divulgação. Considerando a diversidade de patrimônios existentes no Brasil e no mundo, quais são os três grandes grupos de patrimônios reconhecidos pelo IPHAN?​​​​​​​
Selecione a resposta:
· A
Genético, material e artístico.
· B
Arqueológico, funcional e aplicado.
· C
Belas artes, imaterial e arqueológico
· D
Material, histórico e artístico.
· E
Material, imaterial e arqueológico.
Questão 4
Desde 1988, com a promulgação da atual Constituição Federal, o patrimônio imaterial é reconhecido no Brasil como uma importante manifestação do patrimônio histórico e cultural, bem como um elemento de suma relevância para a formação da identidade de um grupo social ou povo. Considerando que o patrimônio imaterial está relacionado aos saberes, às práticas, às formas de expressão e às representações, qual a principal relação entre patrimônio imaterial e identidade?​​​​​​​
Selecione a resposta:
· A
Tem relação com os conhecimentos ancestrais para a construção de moradias.
· B
O patrimônio imaterial e a identidade se interconectam no patrimônio edificado.
· C
Está relacionado às formas como os seres humanos interagem individual ou socialmente.
· D
Tanto a identidade cultural quanto o patrimônio material expressam culturas ausentes.
· E
A relação entre identidade e patrimônio imaterial é a oficialização do patrimônio.
Questão 5
Patrimônio cultural, identidade e memória são elementos profundamente interligados. Tendo em vista que a memória é a preservação, a evocação e a atualização do passado no presente, pode-se reconhecer que esse processo ocorre por meio de rituais que tornam presente aquilo que está ausente, na forma de representação. Espaços como memoriais são locais privilegiados onde as pessoas são convidadas a refletir sobre determinado legado que faz parte da memória coletiva. Considerando esses elementos que contribuem para a formação da identidade de um grupo social ou povo, como são chamados especificamente os espaços, materiais ou imateriais, que colocam em contato patrimônio, identidade e memória?​​​​​​​
Selecione a resposta:
· A
Lugares de memória.
· B
Museus de arte.
· C
Patrimônios da humanidade.
· D
Escolas.
· E
Universidades.
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Literatura popular e identidade cultural
Introdução
Quando usamos o termo “popular” associado à literatura, estamos 
nos referindo a um conjunto de produções literárias com características bem específicas e com uma ampla significação. 
O que entendemos por “povo” é extremamente importante para estudar a literatura popular. 
No entanto, o fundamental é que a literatura, juntamente com outras expressões artísticas populares, faz parte de um imenso patrimônio cultural, que representa nossa identidade e evidencia um importante senso de pertencimento.
Cultura e identidade cultural
Você já sabe que o homem é, por natureza, um ser social, um produto cultural. Mas o que isso quer dizer?
Durante muito tempo, a ideia de cultura e identidade esteve associada a uma visão nacionalista – cultura brasileira, identidade brasileira, povo brasileiro e, por extensão, uma literatura popular brasileira. 
Tal abordagem chegou até a despertar um senso de patriotismo (valorizar e exaltar o que é nacional). 
Além disso, chamou a atenção para a importância de estudar melhor aquilo que pertence ao país, em vez de buscar imitar modelos. 
Em contrapartida, tal enfoque apresenta alguns riscos, em especial o risco de homogeneizar ou simplificar conceitos como cultura, identidade e até de nação.
Desde o início do século XIX, quando essa visão nacionalista ganhou 
força, até os dias de hoje, ampliaram-se bastante esses conceitos. 
Quando atualmente tratamos do assunto, devemos considerar uma série de questões, como, por exemplo, a diversidade cultural e a importância de haver espaço para todo tipo de expressão cultural, sem que alguém ou alguma instituição imponha parâmetros ou delimitações a isso.
Quanto à literatura, sabemosque ela é produto do seu meio – mesmo que um autor crie uma história que se passe em época diferente da sua ou mesmo em outro planeta, ainda assim, aspectos de seu contexto cultural estarão evidenciados.
Na literatura popular, porém, esse processo se dá de um modo mais particularizado. 
A literatura, assim como a música, a pintura, a escultura, a dança, 
as festas e outros expressões populares, são produzidas e divulgadas a partir 
de um vínculo cultural e identitário bem significativo.
Inicialmente, essas manifestações artísticas tinham vínculo com rituais 
e crenças compartilhados por certos grupos. 
Aos poucos, modificaram-se e ampliaram-se, tornando-se produtos estéticos, com fins de entretenimento. 
Contudo, conservam resquícios dessas práticas.
A cultura popular conserva uma relação muito estreita com os hábitos 
de vida, com crenças e valores. 
Você percebe isso nos contos, nos folhetos de cordel, na música, nas festas. Veja, por exemplo, que as comemorações juninas celebram a vida do homem sertanejo e suas atividades diárias. 
A festa é recheada de simbologias e significações.
A cultura popular está associada a essas relações de trabalho e vida simples, a um tempo em que as relações se davam por meio da presença, do contato olho no olho. 
Os códigos de conduta e os ensinamentos eram transmitidos através da palavra, a qual tinha força de lei.
De certa forma, há um conservadorismo nesse processo. 
Como práticas sagradas, elas tendem a se reproduzir mais ou menos preservando as formas originais (daí os resquícios dos rituais). 
Não significa que essas práticas culturais não se atualizem e se adaptem às naturais transformações do mundo. Isso acontece, sim. Por isso é que a cultura popular é complexa e rica de significações e ainda hoje tem razão de existir.
E também, por estabelecerem um vínculo cultural, não precisamos temer que vão desaparecer diante de novos hábitos e tecnologias. 
Elas se adaptam (ainda que em um processo mais lento). Se não forem mais significativas, essas práticas culturais desaparecem ou são substituídas naturalmente.
Para estudar os produtos dessa cultura – como a literatura popular –, é 
preciso reconhecer as várias marcas de tempos passados e modos de vida que se transformam. 
Mais do que isso: qualquer produção literária popular reflete os interesses e os valores desse grupo, atende a certa expectativa. 
A aceitação, o reconhecimento e a reprodução dessas produções literárias se dão em um processo de identificação cultural, reforçando as marcas de uma coletividade, atendendo a uma necessidade de pertencimento, de vínculo, tão indispensável em nossas relações sociais.
Diversidade cultural
Diversidade cultural é um conceito relativamente recente, como são recentes as leis que determinam promover e valorizar a diversidade cultural.
Com isso, a cultura popular e suas manifestações ganham amparo e incentivo, um meio de fazer com que chegue a mais pessoas e seja reconhecida 
como parte da nossa identidade.
Isso tem relevância porque, por muito tempo, o mais valorizado era a cultura “estrangeira”. 
No século XIX, por exemplo, quando o Brasil ainda era colônia de Portugal, difundia-se a ideia de que a cultura boa e de prestígio era a europeia e que a “boa formação” só poderia vir dos livros e do domínio da arte erudita – ópera, orquestra, teatro, literatura. 
Por extensão, a cultura popular era desprestigiada, considerada coisa de pobre e iletrado. 
A diversidade cultural sempre existiu, mas, em algumas épocas, essa mestiçagem era vista como algo negativo. Valorizava-se a pureza da raça e a 
fidelidade e processos estéticos padronizados.
O brasileiro, sob essa perspectiva, era visto como mais fraco, mas suscetível (física e moralmente), porque produto de uma diversidade, diversidade essa que ainda contava com a influência africana, também menosprezada.
E a literatura? Bem, a literatura erudita, de alguma forma, submeteu-se a essa perspectiva, e isso se deu de duas formas: 
- menosprezando o elemento local e valorizando a imitação de modelos europeus ou 
- olhando para o elemento nacional como algo exótico e frágil. 
A literatura popular, como produto de uma coletividade, fica alheia a tudo 
isso. 
Porém, são os estudiosos que vão olhar para literatura popular de um modo diferente, com consequências importantes. 
As manifestações literárias populares serão classificadas a partir das influências raciais e culturais, o que é uma forma bem simplista de análise, ainda que condizente com o pensamento do período.
Como uma influência do Romantismo, que valorizava o saber do povo, 
houve um interesse pelo estudo das produções populares. 
Mais tarde, no final do século XIX, sob o viés cientificista, essas produções continuaram a ser estudadas e classificadas.
Sílvio Romero, um pesquisador dessa época, publicou uma recolha de 
contos (Contos populares do Brasil, de 1897), os quais foram divididos em 
três categorias: 
· contos de origem europeia; 
· contos de origem indígena; 
· contos de origem africana e mestiça. 
Essa divisão é condizente com esse olhar determinista da época.
Os contos de origem europeia são aqueles que envolvem elementos mágicos, reis e príncipes. 
Os contos de origem indígena são as histórias de animais (não aparecem indígenas!).
 Os contos de origem africana e mestiça compreendem também histórias de animais (em especial, o macaco) e facécias (chacotas), 
ou seja, histórias que provocam riso, expondo personagens bobos, preguiçosos, ladrões, o que é um indicativo do que se pensava em relação ao povo 
de origem mestiça.Vejamos um exemplo deste último ponto.
O NEGRO PACHOLA
O conto mostra as relações sociais de poder e dominação, através da lição dada ao “pai José”. Mostra também a vida nos engenhos, a escravidão e algumas práticas cotidianas. Na moral do conto, percebe-se certa visão preconceituosa e a valorização dos brancos, em detrimentos dos negros.
As relações da raça superior com as duas inferiores tiveram dois 
aspectos principais: 
a) relações meramente externas, em que os portugueses não poderiam, como civilizados, modificar sua vida intelectual que tendia a prevalecer e só poderiam contrair um ou outro hábito, e empregar um ou outro utensílio na vida cotidiana ordinária; 
b) relações de sangue, tendentes a modificar as três raças e a formar o mestiço. (ROMERO, 1985, p. 16)
Felizmente, o que era considerado uma fraqueza – a mestiçagem – foi 
sendo percebido como uma riqueza, uma fonte inesgotável de criação, despertando interesses legítimos em termos de estudos, especialmente a partir dos anos 1920, com o Modernismo brasileiro.
Atualmente, a diversidade cultural é mais valorizada, porque há um 
maior reconhecimento da complexidade de elementos e influências em 
nosso meio.
Até mesmo os Parâmetros Curriculares Nacionais, um documento que normatiza o ensino no Brasil, reforça a importância de conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro.
O contador de histórias – um mediador da cultura
Como dissemos anteriormente, a literatura popular conserva resquícios de rituais, que celebravam momentos importantes da vida em comunidade – colheitas, nascimentos, conquistas e até tragédias. 
Desde tempos imemoriais, as comunidades mais primitivas se organizavam em torno de líderes, responsáveis pelos ensinamentos e pela ordem. Em geral, esse papel era ocupado pelos mais velhos – os sacerdotes, os xamãs. 
Essas figuras estabeleciam uma ligação entre o sagrado e o cotidiano.
Eram detentores do poder da palavra.
Como sabemos, a literatura popular tem como suas bases a oralidade, daí o impacto da voz, daquilo que é proferido como valor-verdade.
A partir desse conceito, podemos relacionar a função do xamã com a do 
poeta popular, que domina um código social, que conhece o seu grupo, que 
recorre à palavra para divulgar e transmitir os saberes de seu grupo. 
Ele faz a mediação entre a cultura e as pessoas, através da literatura.
É por isso que, nas histórias populares, comumente percebemos o narrador se colocar como testemunha dos fatos, para reforçara importância do que está sendo apresentado. 
Ao contar uma história, faz isso levando em consideração seu papel de mediador da cultura, o que exige conhecimento e experiência, mas também sensibilidade, para atingir seu interlocutor.
Observe os exemplos a seguir, que evidenciam o papel do contador de 
histórias como um transmissor da cultura.
Os textos populares estão repletos de exemplos de modos de ser e de pensar. 
Conhecer a literatura popular, entre muitas vantagens, permite conhecermos expressões culturais e, mais do que isso, estreita nossos vínculos 
identitários, porque nos reconhecemos nessas histórias.
Referências Bibliográficas
CASCUDO, L. da C. Contos tradicionais do Brasil. 13. ed. São Paulo: Global, 2003.
FERNANDES, F. A. G. Entre histórias e tererés: o ouvir da literatura pantaneira. São Paulo: EDUNESP, 2002.
JOLLES, A. Formas simples: legenda, saga, mito, adivinha, ditado, caso, memorável, conto, chiste. São Paulo: Cultrix, 1975.
MEYER, M. (Org.). Autores de cordel: literatura comentada. São Paulo: Abril Educação, 1980.
PROENÇA, M. C. Literatura popular em verso (antologia). Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1986.
ROMERO, S. Contos populares do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1985.
Questão 1
Leia a seguinte frase do pesquisador de contos populares Jacob Grimm (apud JOLLES, 1976, p. 18:
“a poesia popular sai do coração do Todo; o que entendo por poesia artística sai da alma individual”.
Sobre essa afirmação, assinale a alternativa correta.
Selecione a resposta:
· A
determinada sociedade.
· B
Na literatura, seja popular ou erudita, o mais importante é a sinceridade, produzir algo que venha do coração.
· C
A alma do povo fica mais evidente na poesia artística.
· D
A poesia popular é mais complexa do que a poesia artística.
· E
A literatura popular é resultado de uma produção coletiva, ao passo que a literatura artística é produto de um autor único.
Questão 2
Sobre diversidade cultural, assinale a alternativa correta.
Selecione a resposta:
· A
É um conceito de engloba o jeito de ser e as principais características de um povo.
· B
Expressa-se, na literatura popular, por meio de costumes, saberes e modos de vida compartilhados. (coloquei essa mas a letra c também parece correta)
· C
Está associada a todas as variações da cultura ao longo do tempo em determinado espaço geográfico.
· D
Não exprime adequadamente a riqueza cultural porque não leva em consideração os interesses das minorias.
· E
É uma expressão que reforça a idealização do povo como conjunto homogêneo de pessoas que compartilham os mesmos interesses.
Questão 3
A literatura popular expressa, ao mesmo tempo e em sincronia, temas universais, como o amor e o heroísmo, e temas bem específicos, indicativos de certos modos de vida em particular. Isso fica evidente em qual dos trechos a seguir?
Selecione a resposta:
· A
"Foi um dia um pinto pelado, estava pinicando num terreiro, achou um papelzito e disse: 'Bravo! Vou levar esta carta a rei, meu senhor.'"
(“O pinto pelado”, ROMERO, 1985, p. 37).
· B
"Havia um homem de nome Manuel, casou-se com uma mulher chamada Maria e tiveram um filho que se chamou João."
(“O matuto João”, ROMERO, 1985, p. 109).
· C
"Um estudante e um padre viajavam pelo sertão, tendo como bagageiro um caboclo. Deram-lhes numa casa um pequeno queijo de cabra."
(“O caboclo, o padre e o estudante”, CASCUDO, 2003, p. 218).
· D
"'Venha cá, que quero lhe contar uma história muito bonita'. A velha ficou desesperada, mas a moça, que não contrariava, voltou e veio sentar-se ao pé dele. O papagaio principiou a sua história."
(“O príncipe cornudo”, ROMERO, 1985, p. 135).
· E
"O homem resiste mais à água e ao fogo do que ao dinheiro. O que o dinheiro não arrumar, não tem mais arrumação."
(“Os rins da ovelha”, CASCUDO, 2003, p. 251).
Questão 4
A moral que costuma acompanhar os texto da literatura popular possui um papel bem específico. Qual é esse papel?
Selecione a resposta:
· A
Ser de difícil compreensão.
· B
Evidenciar modos de pensar e saberes pertencentes a uma tradição comum.
· C
Denotar uma visão um tanto preconceituosa e tendenciosa sobre a sociedade.
· D
Somente poder ser entendida sob o amparo de estudos antropológicos profundos.
· E
Induzir uma interpretação pessoal.
Questão 5 (mais suspeita de estar errada)
Em qual dos trechos a seguir o poeta mostra-se mais incisivo ao evidenciar uma moral e, por extensão, uma marca cultural?
Selecione a resposta:
· A
"Perdoa também os homens que mandaste dar-me fim, Se eles não fossem obrigados Jamais fariam assim."
(in: PROENÇA, 1986, p. 65)
· B
"A carta dizia assim: 'Oh! Júlia minha querida Eu estou arrependido De me tornar homicida.'"
(in: MEYER, 1980, p. 43).
· C
"José nem pôde falar Vendo aquela tempestade O leão falou com ele Pedindo por caridade: – Mata-me esta serpente Que dou-te felicidade."
(in: MEYER, 1980, p. 33).
· D
"É engraçada esta vida Quanta esperança perdida Quanto castelo na areia."
(in: PROENÇA, 1986, p. 206).
· E
"Eram doze cavalheiros Homens muito valorosos Destemidos e animosos Entre todos os guerreiros."
(in: MEYER, 1980, p. 72).
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Antropologia da Religião
Introdução
O objeto de investigação da antropologia é o ser humano e, por isso, ela se constitui como a área na qual investigador e objeto investigado coincidem.
Por sua especificidade e metodologia, a antropologia possibilita a compreensão de nós mesmos pelo olhar do outro e que nos situemos diante dos diferentes mundos culturais e sociais, compreendendo-os melhor.
A antropologia surgiu com o objetivo de resolver os problemas e encontrar soluções para a urbanização, a industrialização e a expansão europeia. 
Ao contrário da sociologia, por exemplo, desenvolvida no séc. XVIII para compreender melhor as sociedades europeias, com o objetivo de um “olhar interno”, para dentro de sua sociedade, a antropologia foi desenvolvida com foco no “olhar externo”, visando a melhor compreender os povos colonizados na África, na Ásia e na Américas. 
Assim, floresceu por meio de pesquisas financiadas pelas elites europeias, pela necessidade de conhecer para dominar. 
Por outro lado, a antropologia brasileira surgiu e se desenvolveu com o objetivo de compreender sua própria diversidade social e cultural, com o foco em suas múltiplas culturas.
O desenvolvimento da antropologia no Brasil
No Brasil, a antropologia surgiu entre as décadas 1930 e 1940. 
Muitos aspectos favoreceram seu surgimento e desenvolvimento no Brasil, e acabaram por caracterizar o pensamento antropológico brasileiro por um longo período.
Podemos considerar o alemão Curt Nimuendajú (1883–1945), nascido 
Curt Unckel, o “pai da Antropologia brasileira”. 
Tido como um expoente em estudos indígenas no País, o etnólogo dedicou mais de 40 anos de sua vida ao estudo dos povos indígenas brasileiros.
Sem formação acadêmica, mudou-se para o Brasil aos 20 anos e, dois anos depois, juntou-se aos Apapokuva, povo guarani do interior de São Paulo.
A partir dessa imersão, que deu origem à obra As lendas da criação e destruição do mundo como fundamentos da religião dos Apapocúva-Guarani, publicada em 1915, começa o desenvolvimento da etnologia brasileira. 
Incialmente, a antropologia era reconhecida por sua prática e, assim, considerada uma etnologia.
Podemos, portanto, considerar que, inicialmente, a antropologia se desenvolveu a partir de duas tradições: 
1. a etnologia indígena, na qual o nome de Curt Nimuendajú é, sem dúvida, referência;
2. a Antropologia da Sociedade Nacional, cujo expoente é Gilberto Freyre. 
Isso ocorreu entre as décadas de 1920 e 1930, quando a profissão de 
antropólogo e o campo da antropologia ainda não estavam bem definidos 
no Brasil.
Desde os primórdios da antropologia no Brasil, vários pesquisadores 
utilizaram o termo ‘etnologia’ como parte da antropologia cultural ou 
social, o qual “[...] abrange os estudos em que o pesquisador entra em contato 
direto, face a face, com os membros da sociedade, ou segmento socialestudado, contrastando-a com a arqueologia, que abarca as pesquisas apoiadas em vestígios deixados por sociedades desaparecidas ou por períodos passados de sociedades que continuam a existir” (MELATTI, 1983, p. 4).
Segundo Kottak (2013), antropólogo contemporâneo, há dois tipos de atividades realizadas pelos antropólogos: 
· a etnografia (com base no trabalho de campo) e 
· a etnologia (com base na comparação intercultural). 
De acordo com Kottak (2013, p. 33), “A etnografia fornece uma descrição de determinada comunidade, sociedade ou cultura. 
[...] A etnologia examina, interpreta, analisa e compara os resultados da etnografia — os dados coletados em diferentes sociedades — e os usa para comparar, contrastar e fazer generalizações sobre a sociedade e a cultura”.
Ao fazermos uma genealogia (estudo da origem) da antropologia no Brasil, deparamo-nos com tradições também inventadas. 
Esse é um fato importante a ser considerado, uma vez que o distanciamento do pesquisador nem sempre foi possível. 
Percebe-se, muitas vezes, considerações um tanto distantes de nossa realidade. Nesse sentido, podemos citar a percepção de nossos índios como 
“selvagens”, de acordo com a interpretação de Lévi-Strauss.
Como sabemos, o trabalho etnográfico do antropólogo consiste em inserir-se na comunidade e, com certo distanciamento, observar os hábitos e costumes de determinada cultura. 
Observar e interpretar sem adjetivar, porém, talvez seja bastante difícil depois de muitos anos inserido na mesma comunidade.
O início da caminhada da antropologia no Brasil
Até a década de 1930, aqueles que faziam antropologia no Brasil não eram formados na área e, por isso, são referidos como cronistas, pois não realizavam o trabalho etnográfico.
Nesse período, como afirma Melatti (1983, p. 5): [...] não existe a formação acadêmica de etnólogo no Brasil. 
Os estudiosos brasileiros que dão contribuições nessa área são médicos, juristas, engenheiros, militares ou de outras profissões. 
Mesmo os etnólogos que vêm do exterior são formados em centros de pesquisa de criação recente, pois a Antropologia era então ramo novo das ciências, mesmo na Europa.
Como ainda não tínhamos a presença de cientistas sociais, alguns termos foram utilizados de forma diferente daquela compreendida hoje, como 
acontece com a etnologia, por exemplo, cuja definição e classificação atuais 
podem ser observadas no Quadro 1. 
Contudo, por um longo período no Brasil, chamou-se de etnólogo aquele pesquisador que estudava as tribos indígenas.
A história do surgimento da antropologia no Brasil pode ser dividida em 
três momentos, compreendidos entre as décadas de 1930 e 1960, segundo 
Corrêa (1988, p. 80): Os três momentos são, eles mesmos, exemplares: 
Nas décadas de trinta e quarenta, com a chegada do cinema falado, entrou também no país a modernidade da língua inglesa — belas cartas de amigos de Eduardo Galvão, dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra, sugerem o impacto do modo de vida norte-americano sobre os brasileiros, assim como o registram os cronistas da época; 
na década de cinquenta, o espírito de desenvolvimento vigente no país se expressou também na institucionalização das ciências sociais e, 
Na década de sessenta, muitas das iniciativas dos anos anteriores amadureceram, não obstante os obstáculos políticos conhecidos.
Os principais antropólogos brasileiros e suas contribuições
Antônio Gonçalves Dias integrou a Comissão das Borboletas, comissão 
científica que participou de uma expedição exploradora às províncias do 
Brasil setentrional projetada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro 
(IHGB). A expedição, que partiu em 1859, ficou mais tempo no Ceará, mas 
Gonçalves Dias foi para a Amazônia, onde se dedicou aos estudos linguísticos 
e a coleções etnográficas.
Além de Gonçalves Dias, merece destaque José Vieira Couto de Magalhães, militar e presidente das províncias de Goiás e de Mato Grosso. O político se interessou pelo estudo dos indígenas durante sua empreitada acerca da navegação regular a vapor do Araguaia ao Tocantins. Entre seus estudos, os mais conhecidos são Viagem ao Araguaia (1863) e O selvagem (1876).
Além das figuras já mencionadas, cabe destacar João Barbosa Rodrigues, botânico e responsável pelas informações de diversos grupos indígenas da Amazônia e pelo primeiro contato amistoso com os Krixaná, no ano de 1884. Rodrigues tinha interesse pelo curare, além de pelas lendas e cantigas amazônicas em língua geral (língua Tupi que fora modificada e usada pelos colonizadores) e pelos muiraquitãs. 
Outra figura de destaque foi o engenheiro Antônio Manoel Gonçalves 
Tocantins, que publicou, em 1877, Estudos sobre a tribo “Mundurucú”, pequena 
monografia acerca dos vários aspectos do modo de vida dos Munduruku 
(família, agricultura, guerra, conservação das cabeças dos inimigos, pintura 
de corpo, feitiçaria, mitos etc.). Gonçalves Tocantins visitou essa tribo em 
1875, o que o motivou a abordar também “[...] importantes problemas do 
contato interétnico, como relações dos índios com os missionários, destes 
com a população civilizada, o comércio com os regatões” (MELATTI, 1983, p. 6).
Destaca-se, também, o engenheiro, militar e jornalista Euclides da Cunha, que relatou os sertanejos de Canudos e os do Sudoeste da Amazônia, uma vez que os conheceu pessoalmente.
Cabe acrescentar dois autores responsáveis pelos primeiros estudos sobre o negro no Brasil: 
Manuel Raimundo Querino, descendente de africanos, foi responsável por minuciosas descrições das tradições de origem africana, enquanto Nina Rodrigues deixou, em seu legado, contribuições acerca da diversidade de culturas trazidas pelos escravos e seus locais de origem na África. Contudo, aderiu às noções (comuns na época) de inferioridade e superioridade racial.
No período inicial da antropologia no Brasil, havia grande interesse de 
pesquisadores alemães na população indígena. Houve vários, mas o primeiro 
e mais famoso foi Karl von den Steinen, que deixou a psiquiatria para se 
dedicar à etnologia por influência de Bastian.
As preocupações evolucionistas e difusionistas foram abandonadas somente nas décadas de 1920 e 1930, no que se refere às pesquisas com índios.
Entre esses pesquisadores de origem alemã e que se radicaram no Brasil, destaca-se Curt Nimuendajú, como mencionamos anteriormente, considerado o “pai da antropologia no Brasil”.
Nimuendajú se destaca no estudo das sociedades indígenas devido à extensão de seu trabalho e, também, pela dedicação com que o realizou.
Além disso, é importante salientar a contribuição do trabalho etnográfico dos missionários salesianos nesse período: Antônio Colbacchini, César 
Albisetti e Ângelo Jayme Venturelli. 
Guardadas as devidas proporções, os trabalhos dos salesianos se aproximam daquele realizado por Nimuendajú, uma vez que demostram certo cuidado na descrição, preocupam-se com a organização social e evitam os antigos temas evolucionistas e difusionistas, ainda que não tivessem orientação teórica. 
Contudo, diferentemente de Nimuendajú, eles se concentraram no estudo dos Borôro e, por conta de seu trabalho confessional, por meio da catequese, eram atores de mudança social, intervindo e alterando crenças e costumes.
Antropologia no Brasil: dos anos 1930 aos anos 1960
Esse período tem seu início marcado pela criação da primeira Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Brasil, na também recém-criada Universidade de São Paulo (1934). Na mesma época, nasce a primeira Escola de Sociologia e política. 
A partir da criação da Universidade, houve a necessidade de contratação de professores da área, até então não existente no Brasil, motivo 
pelo qual foram contratados professores estrangeiros.
A maioria dos professores de São Paulo vinha da Europa, mas a maior 
influência nas pesquisas e nos estudos era norte-americana. 
Nesse período, havia um profundo interesse norte-americano pelos países da América Latina, entre eles o Brasil.
Em 1941, foi fundada a Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia, cujo primeiro presidente foi Arthur

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