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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 3 2 CONCEITOS BÁSICOS ...................................................................................... 4 3 SISTEMA ESQUELÉTICO ................................................................................ 15 4 SISTEMA ARTICULAR ..................................................................................... 20 5 SISTEMA MUSCULAR ..................................................................................... 21 5.1 Fisiologia muscular ......................................................................................... 23 6 SISTEMA NERVOSO ....................................................................................... 30 7 SISTEMA CIRCULATÓRIO .............................................................................. 35 8 SISTEMA RESPIRATÓRIO .............................................................................. 41 8.1 Fisiologia do sistema respiratório ................................................................... 45 8.2 Integrações do sistema cardiorrespiratório ..................................................... 48 9 SISTEMA DIGESTÓRIO ................................................................................... 52 9.1 Fisiologia do sistema digestório ...................................................................... 57 9.2 Funções do sistema digestório: motilidade, secreção, digestão e absorção .. 58 10 SISTEMA URINÁRIO ........................................................................................ 61 10.1 Fisiologia renal ................................................................................................ 63 10.2 Fatores reguladores da função renal .............................................................. 68 11 SISTEMA GENITAL MASCULINO .................................................................... 71 12 SISTEMA GENITAL FEMININO ....................................................................... 74 12.1 Fisiologia da lactação ..................................................................................... 78 13 SISTEMA ENDÓCRINO ................................................................................... 80 14 SISTEMA SENSORIAL ..................................................................................... 89 15 SISTEMA TEGUMENTAR ................................................................................ 90 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 92 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 CONCEITOS BÁSICOS A Anatomia (ana = em partes + tomein = cortar) é a ciência que estuda macroscopicamente a estrutura dos seres organizados, através da descrição morfológica dos órgãos e sistemas. É imprescindível ter o conhecimento da anatomia do corpo humano, desde as menores até às maiores dimensões de seus componentes, que comumente são divididos em níveis organizacionais. Abordagens ou especialidades anatômicas Duas categorias gerais dos estudos anatômicos são comumente consideradas: a anatomia microscópica e a anatomia macroscópica. A anatomia microscópica examina estruturas que não são visíveis a olho nu, utilizando-se de equipamentos como lupas e microscópios ópticos e eletrônicos. A macroscópica é a qual considera as estruturas visíveis a olho nu e que se vale de formas de estudo como a anatomia de superfície, a anatomia topográfica (ou regional) e a anatomia sistêmica. Estas formas de estudo se completam gerando uma perspectiva mais ampla para o conhecimento. Entenda-as: 5 Anatomia de superfície: analisa os pontos ou regiões superficiais do corpo, sem utilizar métodos de dissecção, por meio da palpação ou observação. Anatomia topográfica: examina as características internas e externas de uma região do corpo específica, como tórax, abdome e membros superiores e inferiores. Anatomia sistêmica: estudo dos sistemas do corpo; como o sistema ósseo, muscular, nervoso e digestório. Considera as características anatômicas de um grupo de órgãos que funcionam integrados para produzir efeitos coordenados. Anatomia do desenvolvimento ou embriologia: acompanha o desenvolvimento humano desde o nascimento até a maturidade física; Anatomia clínica: compreende as características anatômicas descobertas nas patologias. Anatomia comparada: relaciona a anatomia de outros animais que apresentam um processo de evolução semelhante ao do ser humano; Anatomia por imagem ou anatomia radiológica: gera o conhecimento anatômico por meio da visualização e da interpretação de imagens radiológicas, como as da radiografia, da tomografia computadorizada, da ressonância magnética (Figura 1). As imagens geradas pelo aparelho de ultrassom (ecografia) também estão incluídas. As imagens radiológicas podem ser úteis não apenas para estudar a anatomia normal do corpo humano, mas também para compreender as variações anatômicas, patologias e diferenças morfológicas em neonatos, crianças, adultos jovens, adultos e idosos. 6 Figura 01 –Imagens dotórax: (A) tomografia computadorizada;(B) radiografia;(C) ressonância magnética. Fonte: CHEN; TALANOW,2012. Terminologia anatômica A anatomia é uma ciência essencialmente baseada em observar e descrever o que se vê. Os anatomistas estudam o corpo humano há séculos, tentando proferir o que encontram e o que veem; para isso, eles necessitam de um vocabulário específico, que traduza a imagem em linguagem. Esta linguagem é fundamentalmente derivada de termos e étimos gregos e latinos. Por exemplo, a palavra intercostal é composta das raízes do latim inter, que significa ‘entre’, e costo, que significa ‘costelas’; assim, a palavra intercostal tem como significado ‘entre as costelas’, como os músculos intercostais (BECKER, et al., 2018). Essa linguagem anatomoclínica é amplamente utilizada na área da saúde, devendo ser inserida para comunicação no ambiente acadêmico e vida profissional. Posições corporais As descrições de alguma parte do corpo humano assumem que elas estão em uma posição padronizada de referência chamada posição anatômica. Na posição 7 anatômica, o indivíduo se mantém ereto de frente para o observador, com a cabeça e os olhos voltados diretamente para frente. Os membros inferiores estão paralelos, os pés estão retos sobre o chão e direcionados para frente. Os membros superiores ficam ao lado do corpo, com as palmas voltadas para frente. Dois termos descrevem o corpo deitado. Se o corpo está com o rosto voltado para baixo, ele está em decúbito ventral. Se o corpo está com o rosto voltado para cima, ele está em decúbito dorsal (TORTORA; DERRICKSON, 2016). Partes(direito e esquerdo) são os órgãos responsáveis pela hematose, localizam-se na cavidade torácica e são envolvidos por uma membrana serosa, denominada de pleura. A pleura é dividida em pleura visceral, aderida à superfície do pulmão, e pleura paríetal, que reveste a cavidade torácica. A pleura parietal e a pleura visceral estão intimamente unidas, e são separadas por um pequeno espaço por onde circula um líquido, denominado de cavidade pleural (SILVA, 2021). 45 8.1 Fisiologia do sistema respiratório Os pulmões se dividem em lobos, delimitados por fendas, denominadas de fissuras. O pulmão direito apresenta três lobos: superior, médio e inferior, O lobo superior é separado do lobo médio pela fissura oblíqua e o lobo médio é separado do lobo inferior pela fissura horizontal. Já o pulmão esquerdo apresenta dois lobos, superior e inferior, que são separados pela fissura oblíqua. Os lobos pulmonares, por sua vez, se dividem em vários segmentos broncopulmonares, os quais recebem ar de um brônquio segmentar específico. Os pulmões apresentam uma abertura na face mediastinal por onde atravessam diversas estruturas, denominada hilo pulmonar. Pelo hilo pulmonar entram e saem vasos sanguíneos e linfáticos, brônquios principais e nervos, os quais em conjunto formam a raiz do pulmão (SILVA, 2021). O sistema respiratório funciona como um instrumento de detecção através de estruturas altamente especializadas para que o oxigênio inalado alcance os alvéolos dos pulmões e, em seguida, entre rapidamente na corrente sanguínea para órgãos e tecidos. A função principal é o transporte de oxigênio da atmosfera para a corrente sanguínea e, inversamente, a remoção de dióxido de carbono da corrente sanguínea para a atmosfera. A respiração ainda pode ser dividida em duas fases. A respiração externa é o processo de troca gasosa entre o ar nos pulmões e o sangue, no qual o dióxido de carbono é substituído por oxigênio no nível celular. A respiração interna é o processo de fornecimento de sangue rico em oxigênio para os tecidos do corpo (AIRES, 2012). As passagens nasais, ou cavidades nasais, se comunicam com o mundo exterior através das narinas. Em sua estrutura interna encontram-se células ciliadas que secretam o muco nasal, "filtram" o ar inalado, aquecem-no através dos capilares e umidificam-no através das glândulas mucosas. A faringe é uma estrutura comum aos sistemas respiratório e digestivo que permite a passagem do bolo alimentar para o sistema digestivo e a passagem do ar para o sistema respiratório (GUYTON; HALL, 2017). Como a faringe é um canal comum para deglutição e respiração, ela se comunica com a laringe, onde o trato gastrointestinal e as vias aéreas se cruzam. A laringe está entre a faringe e a traquéia e contém as cordas vocais. Ele contém uma 46 epiglote que impede que o bolo alimentar entre no trato respiratório. A laringe está na frente da garganta, logo abaixo do osso hioide e acima da traquéia. A traquéia é um tubo revestido com células ciliadas e células secretoras de muco que ajudam a remover partículas impuras do ar. A traquéia é um tubo de 5 polegadas de comprimento de anéis de cartilagem hialina em forma de C, revestido com um epitélio ciliado pseudoestratificado, conecta a laringe aos brônquios e permite que o ar entre no peito pela garganta. Os anéis cartilaginosos que compõem a traquéia a mantêm constantemente exposta ao ar. A extremidade aberta do anel cartilaginoso aponta posteriormente para o esôfago, permitindo que ele se expanda no espaço ocupado pela traquéia para acomodar grandes quantidades de alimentos que se deslocam por ele (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Segundo o autor, a principal função da traquéia é fornecer uma via aérea livre para o ar entrar e sair dos pulmões. Além disso, o epitélio que reveste a traquéia produz muco. O muco retém a poeira e outros poluentes e os impede de chegar aos pulmões. O corpo ciliar, na superfície das células epiteliais, transporta o muco para a faringe, onde pode ser ingerido e digerido no trato gastrointestinal. Os brônquios surgem da bifurcação da traqueia e ramificam-se em tubos menores (bronquíolos). Ambos têm um revestimento interno semelhante à traquéia e numerosos cílios que expelem bactérias e outras partículas inaladas. Os pulmões são o principal órgão do sistema respiratório. Eles estão localizados na cavidade torácica, que é acomodada pelas costelas, esterno e ossos vertebrais. Eles são circundados pela pleura, cuja função é suavizar e facilitar o movimento dos pulmões durante a respiração. A troca gasosa ocorre nos alvéolos, onde os sistemas circulatório e respiratório estão integrados. São órgãos compostos por camadas de espessura sensível. O mecanismo de ventilação A respiração mecânica ocorre devido à contração do diafragma (músculo auxiliar do processo respiratório) durante a inspiração, de modo que com a ajuda da ação dos músculos intercostais e dos movimentos de expansão da caixa torácica, o volume dos pulmões aumenta, a pressão diminui, o ar entra nos pulmões (inspiração) (Figura 9). 47 Figura 9 - Mecanismo de respiração Fonte: bit.ly/3KmNhVo No mecanismo inverso, quando o diafragma relaxa com a ajuda dos músculos intercostais, caixa torácica e pulmões, o ar sai do interior dos pulmões, reduzindo o volume e aumentando a pressão (expiração). O ciclo respiratório pode, portanto, ser visto como um resultado de forma complementar entre os mecanismos inspiratório e expiratório subsequente. O número de ciclos respiratórios por unidade de tempo pode ser alterado pela atividade física direcionada (GUYTON; HALL, 2017). Segundo o autor, a poluição do ar também afeta as vias aéreas em algumas doenças, como a asma, que se caracteriza pelo estreitamento dos brônquios e dificuldade no ciclo respiratório. Uma infecção dos alvéolos dos pulmões causada por pneumonia, vírus, bactérias e fungos que aumenta a produção de secreções de muco que se acumulam nos alvéolos dos pulmões e previnem hematomas pulmonares. Hábitos também podem danificar o sistema respiratório, como fumar cigarros, que causa câncer de pulmão e é causado por células anormais que se formam dentro do sistema. Cerca de 90% dos cânceres de pulmão e 80% dos cânceres de laringe e esôfago são causados pelo uso do tabaco. As medidas preventivas mais importantes para a saúde respiratória são medidas que priorizam a atividade física ao ar livre, cessação do tabagismo, prevenção da poluição do ar e preferência por florestas. 48 8.2 Integrações do sistema cardiorrespiratório As estruturas do sistema cardiovascular fornecem oxigênio e nutrientes aos tecidos orgânicos e dependem das estruturas do sistema respiratório para captação e expulsão do ar. Os sistemas circulatório e respiratório trabalham juntos para garantir que os tecidos dos órgãos recebam oxigênio adequado. Para as funções celulares, o oxigênio é necessário. O ar inspirado e retido nos pulmões é transferido para a corrente sanguínea. O sangue é circulado pelo coração, que conduz o sangue oxigenado dos pulmões para o corpo. Além disso, os dois sistemas do corpo colaboram para remover o dióxido de carbono, um resíduo metabólico (GUYTON; HALL, 2017). O coração tem dois ventrículos e dois átrios. O sangue das veias é recebido pelo ventrículo direito e pelos átrios. O sangue desoxigenado flui para o lado direito do coração. Quando o músculo cardíaco relaxa, o sangue é liberado dos átrios para o ventrículo direito. O ventrículo direito então injeta o sangue através da veia pulmonar para a artéria pulmonar, onde é liberado nos pulmões para recuperação de oxigênio. Como resultado, o sangue retorna para o lado esquerdo do coração. Quando o músculo cardíaco relaxa, o lado esquerdo recebe o sangue e o envia para o ventrículo. Finalmente, o sangue é bombeado para a aorta e distribuídopor todo o corpo. As artérias são as principais fontes de sangue oxigenado para o corpo e, portanto, dependem dos pulmões para a oxigenação. O sangue sai na aorta e vai para as extremidades do corpo. A aorta divide-se em arteríolas, que se dividem em vasos ainda menores conhecidos como capilares. Esses capilares têm membranas muito finas que permitem que o oxigênio se mova através deles e entre nas células. O dióxido de carbono e o oxigênio são oxidados nos pulmões (GUYTON; HALL, 2017). Segundo o autor, os pulmões são o principal órgão do sistema respiratório. O processo é conhecido como troca gasosa. Quando o ar é inalado, os alvéolos dos pulmões se enchem de oxigênio. O oxigênio é entregue às células sanguíneas nos capilares que circundam os alvéolos. Quando o ar se expande, o dióxido de carbono no sangue é transportado para os alvéolos e expelido do corpo. Nesse ponto, o sangue se torna oxigenado e retorna ao coração. Os bronquíolos e alvéolos são as principais partes dos pulmões que fornecem oxigênio ao sangue. 49 Os bronquíolos são ramificações de traqueias que entram no sistema respiratório através dos lóbulos pulmonares. Chegam aos alvéolos, que são pequenas bolsas circundadas por capilares e utilizadas para trocas gasosas. Compreender como o sistema cardiovascular interage com o sistema respiratório revela que a conexão com os pulmões é o principal local de interação cardiovascular e respiratória. É necessário estabelecer um estado de estabilidade ou equilíbrio em um sistema para que a capacidade cardiorrespiratória funcione adequadamente (GUYTON; HALL, 2017). Segundo autor, nesse estado denominado homeostase, o organismo tenta manter um ambiente interno constante. Manter um ambiente interno estável requer monitoramento e ajustes constantes à medida que as condições mudam. Esse ajuste dos sistemas fisiológicos dentro do corpo é chamado de regulação homeostática. A homeostase requer mecanismos regulatórios cardiovasculares e respiratórios altamente coordenados para garantir que a entrega de oxigênio a todas as regiões do corpo seja suficiente para atender às demandas metabólicas de cada região. Isto é especialmente importante no caso do coração e músculos esqueléticos, cuja atividade metabólica pode variar muito. Por exemplo, durante o exercício máximo em humanos, o fornecimento de oxigênio ao exercício de músculos esqueléticos pode aumentar para níveis 20 a 50 vezes maiores do que os níveis de repouso. Isso é conseguido por uma combinação de mecanismos locais, autonômicos e respiratórios (GUYTON; HALL, 2017). A homeostase é mantida pelo sistema respiratório de duas maneiras: troca gasosa e regulação do pH do sangue. A troca de gases é realizada pelos pulmões, eliminando o dióxido de carbono, um produto residual liberado pela respiração celular. O dióxido de carbono sai do corpo e o oxigênio necessário para a respiração celular entra no corpo pelos pulmões. O ATP (molécula de energia química), produzido pela respiração celular, fornece energia para o corpo realizar várias funções, incluindo a condução nervosa e a contração muscular (GUYTON; HALL, 2017). A troca gasosa nos pulmões, proporcionada pela pequena circulação, é entre o ar alveolar e o sangue nos capilares pulmonares. Essa troca é resultado do aumento da concentração de oxigênio e da diminuição do dióxido de carbono. Esse processo de troca é feito por meio da difusão. Na respiração interna, a troca de gás entre o ar 50 nos alvéolos e o sangue ocorre dentro dos capilares pulmonares. Uma taxa normal de respiração é de 12 a 25 respirações por minuto. Na respiração externa, os gases se difundem em qualquer direção por meio das paredes dos alvéolos. O oxigênio se difunde do ar para o sangue e o dióxido de carbono se difunde de fora do sangue para o ar. A maior parte do dióxido de carbono é transportada para o plasma nos íons de bicarbonato (HCO3 -). Quando o sangue entra nos capilares pulmonares, os íons de bicarbonato e íons de hidrogênio são convertidos em ácido carbônico (H2CO3) e, em seguida, novamente em dióxido de carbono (CO2) e água. Essa reação química também usa íons de hidrogênio. A remoção desses íons dá ao sangue um pH mais neutro, permitindo que a hemoglobina ligue mais oxigênio. O sangue desoxigenado proveniente das artérias pulmonares geralmente tem uma pressão parcial de oxigênio (pp) de 40 mmHg e CO2 pp de 45 mmHg (GUYTON; HALL, 2017). De acordo com o autor, o sangue traz oxigênio para as células do corpo e retira seu dióxido de carbono. O sangue que viaja de volta ao coração e aos pulmões é vermelho escuro, saturado de dióxido de carbono das células do corpo. O dióxido de carbono no sangue é trocado por oxigênio nos alvéolos. O sangue do coração flui através dos capilares e coleta oxigênio dos alvéolos. Ao mesmo tempo, o dióxido de carbono passa dos capilares para os alvéolos. Quando se expira, o organismo se livra desse dióxido de carbono. O sangue vermelho vivo e rico em oxigênio é devolvido ao coração e bombeado para o corpo, completando o ciclo. A função respiratória e cardiovascular também é regulada de maneira altamente coordenada em outras circunstâncias, como em associação com respostas comportamentais que são críticas para a sobrevivência, por exemplo, fuga de um predador ou perseguição de uma presa. Além disso, os desafios ambientais, como a hipóxia ou o estresse térmico, também exigem respostas cardiovasculares e respiratórias coordenadas para manter a homeostase. Finalmente, tal regulação coordenada é também evidente mesmo sob condições de repouso, por variações respiratórias relacionadas à frequência (GUYTON; HALL, 2017). A sobrevivência orgânica depende da regulação da entrega de oxigênio a todas as regiões do corpo, de modo a corresponder às exigências metabólicas de cada região. Isso, por sua vez, depende de uma estreita coordenação dos mecanismos 51 cardiovasculares e respiratórios centrais. Essa coordenação resulta de três mecanismos gerais segundo Guyton; Hall (2017): 1. Reflexos que regulam simultaneamente a função cardiovascular e respiratória em resposta a estímulos de receptores periféricos, como quimiorreceptores, receptores nasofaríngeos ou receptores quentes. 2. Conexões centrais entre os neurônios que regulam a atividade respiratória e aqueles que regulam a função cardiovascular. 3. Comando central, pelo qual os neurônios em níveis mais altos do cérebro têm projeções colaterais para os neurônios cardiovasculares e respiratórios dentro do tronco encefálico. Em muitos casos, dois ou mais desses mecanismos podem contribuir para a coordenação da função cardiovascular e respiratória, juntamente com mecanismos locais que também são necessários para garantir que o fluxo sanguíneo para determinadas regiões, especialmente músculos esqueléticos e coração, corresponda às demandas metabólicas daquelas regiões. O resultado da integração fisiológica do sistema cardiorrespiratório é evidenciado pelo aumentando da ventilação pulmonar mediante ganho metabólico, por meio da oxigenação e na redução da frequência respiratória (GUYTON; HALL, 2017). Ainda segundo o autor, o sistema cardiorrespiratório é responsável por: movimentar o sangue oxigenado dos pulmões para o corpo, enquanto, ao mesmo tempo, movimenta o sangue desoxigenado do corpo de volta para os pulmões pelo coração; distribuir os principais nutrientes para as células ao redor do corpo na taxa necessária (isso ocorre durante o exercício ou o descanso); remover resíduos metabólicos, como dióxido de carbono, ácido láctico e ureia; regular o equilíbrio do pH no sangue para controlar acidose ou alcalose; transportar hormônios e enzimas para regular funções fisiológicas e psicológicas; manter o volume de fluido para evitar a desidratação; manter a temperatura corporal, absorvendo e redistribuindo calor pormeio do fluxo sanguíneo para a pele; e promover as adaptações cardiorrespiratórias durante o exercício. A realização regular de exercícios cardiorrespiratórios aumentará a capacidade geral de exercício e contribuirá para a prevenção de doenças cardiovasculares. Há muitos benefícios a curto e longo prazos que vêm do exercício cardiorrespiratório 52 regular: capacidade cardiorrespiratória aumentada, demanda diminuída de oxigênio miocárdico, aumento do débito cardíaco, ejeção ventricular esquerda, menor frequência cardíaca em repouso, pressão sanguínea abaixada e caminhos metabólicos melhorados (GUYTON; HALL, 2017). 9 SISTEMA DIGESTÓRIO O sistema digestório é formado por vários órgãos que, promovem em conjunto a preensão, mastigação, modificação e absorção dos alimentos, bem como a eliminação de resíduos em forma de fezes. O sistema digestório é um canal que tem origem na boca e termina no ânus. Desta forma, os alimentos penetram no sistema digestório através da boca, onde começam a sofrer modificações mecânicas e químicas. Em seguida, são direcionados para a faringe, esófago, até chegar ao estómago. No estómago, os alimentos, parcialmente digeridos, sofrem mais modificações mecânicas e químicas, e são direcionados aos intestinos delgado e grosso, onde são absorvidos pelo organismo. Os resíduos desse processo de digestão e absorção são eliminados na forma de fezes através da porção final do sistema digestório (ânus). Para que o sistema digestório desempenhe suas funções de forma adequada, estruturas conhecidas como órgãos anexos (glândulas salivares, pâncreas e figado) auxiliam a digestão dos alimentos ao liberarem seus produtos de secreção no interior do sistema digestório. De modo geral, esses produtos são enzimas especializadas em fragmentar os alimentos em partículas menores, possibilitando assim sua absorção (SILVA, 2021). Boca e cavidade oral A boca é a primeira estrutura do sistema digestório. Comunica-se anteriormente com o meio externo por intermédio de uma fenda (rima da boca), limitada pelos lábios, e posteriormente com a parte oral da faringe, por meio do istmo das fauces. Lateralmente é limitada pelas bochechas, superiormente pelo palato, e inferiormente pelos músculos que formam o assoalho da boca. 53 Na boca encontram-se os dentes, a gengiva e a língua. A cavidade oral pode ser dividida em duas partes: vestíbulo da boca (espaço entre lábios e bochechas) e cavidade própria da boca (restante da cavidade oral). O palato é formado por uma porção óssea (palato duro) e uma porção muscular (palato mole). O palato mole apresenta uma projeção em direção à faringe, denominada úvula palatina, e lateralmente duas pregas, denominadas arco palatoglosso (a mais anterior) e arco palatofaríngeo (a mais posterior). Entre os arcos palatoglosso e palatofaríngeo existe um espaço, denominado fossa tonsilar, onde se localiza a tonsila palatina. À tonsila palatina é um órgão linfoide e, por esta razão, constitui uma barreira de proteção do organismo contra microrganismos. A língua é um órgão muscular (formada pelos mm, extrínsecos e intrínsecos) revestido por mucosa, e é dividido em duas partes, um corpo e uma raiz. À língua possui diversas funções envolvidas na mastigação, deglutição e gustação. Sua face superior, denominada dorso da língua, apresenta uma série de projeções conhecidas como papilas linguais, as quais podem ser classificadas em filiformes, valadas,cônicas, fungiformes e folhadas. Na porção posterior da língua, observa-se a tonsila lingual, a qual também é composta por tecido linfático (SILVA, 2021). Os dentes são estruturas rígidas, implantadas em cavidades da mandíbula e da maxila, denominadas alvéolos dentários, e são divididos em 3 partes: raiz (implantada no alvéolo), coroa (parte livre) e colo (região circundada pela gengiva). No homem há duas dentições: primária (ou de leite) e a permanente. À primeira dentição aparece ao redor dos seis meses de idade, e é composta por 20 dentes, sendo oito incisivos, quatro caninos e oito molares. A primeira dentição começa a ser substituída ao redor dos sete anos de idade pela dentição permanente, a qual é composta por 32 dentes, sendo 8 incisívos, 4 caninos, 8 pré-molares e 12 molares. As glândulas salivares, que são órgãos anexos do sistema digestório, produzem saliva, que é liberada na cavidade oral. As maiores glândulas salivares são: parótidas, submandibulares e sublinguais. As glândulas parótidas estão localizadas na face, anteriormente à orelha. Seu canal excretor, o ducto parotídeo, abre-se no vestíbulo da boca. As glândulas submandibulares localizam-se inferiormente à mandíbula e seu canal excretor se abre no assoalho da cavidade oral. Já as glândulas sublinguais estão localizadas inferiormente à língua da mesma maneira que as 54 glândulas submandibulares, drenam saliva no assoalho da cavidade oral (SILVA, 2021). Faringe Como citado anteriormente, a faringe corresponde a um tubo muscular, mediano, dividido em três partes. À cavidade própria da boca comunica-se posteriormente com a parte oral da faringe, através do istmo das fauces. Durante a deglutição, o palato mole é tracionado superiormente, fechando a comunicação da parte oral (inferior) com a parte nasal da faringe (superior), impedindo assim a passagem de alimento para o interior da cavidade nasal. Simultaneamente, a cartilagem epiglótica fecha o ádito da laringe, impedindo a passagem de alimento para o interior da laringe. Dessa forma, o alimento presente na cavidade oral é transportado pela parte oral e parte laríngea da faringe, até atingir o esófago inferiormente (SILVA, 2021). Esôfago O esófago é um órgão muscular que comunica a faringe ao estômago. O esófago é a continuação da faringe, situa-se anteriormente à coluna vertebral e à aorta e posteriormente à traqueia, Este pode ser dividido em três partes: cervical, torácica e abdominal. Através da realização de movimentos peristálticos, o esófago realiza o transporte do bolo alimentar da faringe até o estômago. Abdome e Peritônio Os órgãos do sistema digestório descritos anteriormente localizam-se na cabeça, pescoço e tórax. No entanto, o sistema digestório possui outros órgãos localizados no abdome. O abdome é separado do tórax pelo diafragma, o qual é atravessado pelo esófago, através do hiato esofágico (SILVA, 2021). 55 Os órgãos abdominais do sistema digestório são revestidos por uma membrana serosa de parede dupla, denominada peritônio. Este por sua vez é dividido em peritônio parietal, que reveste a cavidade abdominal, e peritônio visceral, que reveste as vísceras, entre os quais observa-se a cavidade intraperitoneal. Alguns órgãos estão localizados posteriormente ao peritônio parietal e, por isso, são denominados retroperitoniais, como por exemplo, o pâncreas. Ainda, o peritônio pode fixar algumas estruturas à parede abdominal posterior (mesentério) ou ainda pode formar pregas entre dois órgãos (omento). Estômago O estômago é um órgão muscular que apresenta dois orifícios: o óstio cárdico, que se comunica com o esófago, e o óstio pilórico, que se comunica com o duodeno. Este localiza-se na parte superior esquerda da cavidade abdominal. O estômago apresenta duas margens denominadas curvatura maior (esquerda) curvatura menor (direita), e é dividido em algumas partes: cárdia (próximo ao óstio cárdico), fundo (mais superior), corpo (maior parte do órgão) e a parte pilórica (próxima ao óstio pilórico). A mucosa do estómago apresenta pregas gástricas que desaparecem com a distensão do órgão. Logo após a parte pilórica, inicia-se a primeira parte do intestino delgado, o duodeno (SILVA, 2021). Intestino delgado O intestino delgado estende-se do piloro até o óstio ileal. Este é dividido em 3 segmentos: duodeno, jejuno e íleo. O duodenoinicia-se após o piloro, e estende-se até a flexura duodenojejunal. O duodeno é a menor parte do intestino delgado, encontra-se ao lado do pâncreas. No duodeno desembocam os ductos colédoco (que traz a bile produzida pelo fígado) e o ducto pancreático (que traz a secreção pancreática produzida pelo pâncreas), em uma projeção da mucosa, denominada de papila maior do duodeno. Esses ductos normalmente se unem, formando a ampola hepatopancreática. O duodeno é continuado pelo jejuno e íleo, e como não é possível delimitar os limites entre eles, essas duas porções são comumente descritas em conjunto Gejuno- 56 fleo), o jejuno-fleo se inicia após a flexura duodeno-jejunal e termina no óstio ileal, onde estabelece comunicação com o ceco, que é a primeira porção do intestino grosso. O jejuno-ileo é formado por várias alças intestinais, aderidas à parede posterior da cavidade abdominal pelo mesentério, que é uma projeção do peritônio. A mucosa do intestino delgado apresenta várias pregas que aumentam a superfície de absorção dos nutrientes (SILVA, 2021). Intestino grosso O intestino grosso corresponde à porção final do sistema digestório, e apresenta-se menor e mais calibroso quando comparado ao intestino delgado. O intestino grosso inicia-se no ceco e termina no ânus. Este apresenta diversas dilatações delimitadas por sulcos, denominadas saculações do colo, e três fitas que percorrem toda a sua extensão, denominadas tênias. O intestino grosso é dividido nas seguintes porções: ceco, colo ascendente, colo transverso, colo descendente, colo sigmoide e reto, o qual comunica-se com o exterior através do ânus. Anexos do sistema digestório Como descrito anteriormente, o sistema digestório é auxiliado por estruturas denominadas de órgãos anexos, os quais auxiliam na digestão, que são as glândulas salivares, fígado e pâncreas. O papel das glândulas salivares já foi abordado. O fígado é a maior glândula do corpo, localizada inferiormente ao diafragma posicionado à direita na cavidade abdominal. Este apresenta duas faces, diafragmática (voltada para o diafragma) e outra visceral (voltada para as visceras). À face visceral é composta por quatro lobos: direito, esquerdo, caudado e quadrado. Na face visceral, observam-se diversas estruturas, como a vesícula biliar, uma parte da veia cava inferior, e o pedículo hepático, o qual é formado pela veia porta do fígado, artéria hepática, ducto hepático comum, vasos linfáticos e nervos. A face diafragmática é composta pelo lobo direito e lobo esquerdo, entre os quais observa-se uma prega do peritônio, o ligamento falciforme (SILVA, 2021). 57 O ducto hepático comum surge da junção entre o ducto hepático direito e o ducto hepático esquerdo que, por sua vez, são formados pela união de dúctulos biliares intra-hepáticos, que transportam a bile produzida no fígado. O ducto hepático comum se une ao ducto cístico, formando o ducto colédoco, que drena a bile armazenada na vesícula biliar na papila maior do duodeno, juntamente com o ducto pancreático. O pâncreas é uma glândula mista, ou seja, possui uma porção endócrina (produz insulina e glucagon) e outra exócrina (produz enzimas digestivas). Este está localizado posteriormente ao estômago, aderido à parede abdominal, e é formado por três partes: cabeça, corpo e cauda. A secreção exócrina do pâncreas é liberada no duodeno por meio do ducto pancreático, o qual pode desembocar junto como ducto colédoco, na ampola hepatopancreática, ou separadamente, Alguns indivíduos apresentam um ducto pancreático acessório, que drena o suco pancreático diretamente no duodeno ou no ducto pancreático principal (SILVA, 2021). 9.1 Fisiologia do sistema digestório Você já reparou como é diversa a alimentação humana, consumir vitaminas é o ideal e nos tornamos uma espécie onívora. Mas qual é a nossa fonte de energia? Algumas das principais fontes são os carboidratos, e o mais abundante é o amido (contido, por exemplo, na batata), substância complexa composta de milhares de moléculas de glicose ligadas entre si (GUYTON; HALL, 2017). De acordo com Guyton; Hall (2017), podemos também considerar como fonte energética os aminoácidos obtidos das proteínas, derivadas, por exemplo, da carne, que nada mais é do que um tecido muscular rico em proteínas contráteis (principalmente actina e miosina), e que também contém glicogênio (estoque energético da fibra muscular). Porém, dentre os nutrientes, quem nos fornece a maior quantidade de energia é a gordura (em especial os triacilglicerois), a qual pode ser de origem vegetal ou animal, por exemplo, entremeada às fibras musculares da carne. Portanto, se nós nos alimentamos de estoques energéticos dos vegetais e dos animais que ingerimos, temos na dieta apenas formas complexas ou polímeros (amido, proteínas, glicogênio e triacilglicerois), formados por duas ou mais moléculas, o que os torna impróprios para a absorção imediata. 58 Como apenas substâncias simples atravessam a mucosa intestinal (salvo algumas exceções), torna-se fundamental a digestão prévia, ou seja, a divisão dos polímeros em porções unitárias (ou monômeros) que, aí sim, poderão ser absorvidos. Repare, então, que estas são duas das principais funções de nosso Sistema Digestório: a digestão e a absorção de nutrientes. Estruturas do sistema digestório O sistema digestivo é tão complexo quanto nossa dieta. Portanto, antes de estudar a fisiologia do sistema digestivo, você deve entender as características morfológicas mais importantes do trato digestivo e suas glândulas associadas. O Tubo Digestório (TD) é um canal de aproximadamente 8,5 metros de extensão que se inicia na boca e termina no estômago, sendo composto por órgãos localizados na cabeça, pescoço, tórax, abdome e pelve. É formado pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos delgado e grosso e ânus. Na transição entre os diferentes segmentos estão os esfíncteres (AIRES; 2012). Segundo Aires (2012), por este tubo o alimento é transportado ao mesmo tempo em que é processado e absorvido, sendo necessária a presença de secreções produzidas pelas exócrinas, incluindo as glândulas salivares, pâncreas, feto e glândulas mucosas espalhadas pelo DT a partir da boca para o canal anal. Somente após o processamento adequado, os nutrientes, juntamente com água, vitaminas e minerais, são absorvidos. O que não for digerido e / ou absorvido será temporariamente armazenado no intestino grosso e eventualmente expelido na forma de material fecal. 9.2 Funções do sistema digestório: motilidade, secreção, digestão e absorção Como dito anteriormente, se quisermos entender como o alimento é processado no DS, devemos primeiro entender como ele é transportado (fenômeno conhecido como motilidade) e processado em pequenas partes por processos enzimáticos em substâncias menores e mais absorvíveis. Assim, as principais funções do SD são a mobilidade, a secreção, a digestão e, por fim, a absorção de nutrientes. 59 A excreção ocorrerá apenas se houver material que não tenha sido digerido e / ou absorvido (AIRES; 2012). Sistemas reguladores das funções do Sistema Digestório Independente da função do sistema digestivo, sua regulação deve ser eficiente e coordenada, exigindo o envolvimento da regulação neuroendócrina (SNC e SNA), regulação endócrina e regulação da paratireoide, segundo Aires (2012): • A regulação neurócrina é realizada por neurônios sensoriais, associativos e motores, e envolve diferentes neurotransmissores, um exemplo é a acetilcolina. • A regulação endócrina é aquela que envolve os hormônios, substâncias produzidas e armazenadas por células especializadas, localizadas na mucosa do tubo digestório e secretadas para o sangue. Exemplos: gastrina e colecistoquinina. • A regulação parácrina é aquela exercida localmente, a partir de substânciasproduzidas e armazenadas por células especializadas e localizadas na mucosa do tubo digestório, um exemplo é a histamina. Figura 10 - Trajeto do alimento no sistema digestório Fonte: FARIA et al. 2014 Regulação Neurócrina das funções do sistema digestório 60 A regulação neurócrina envolve o SNA, o qual possui duas porções extrínsecas ao SD, ou seja, que não pertencem ao SD, o Sistema Nervoso Simpático (SNS) e o Sistema Nervoso Parassimpático (SNP), e uma porção intrínseca ao SD (contida no SD), o Sistema Nervoso Entérico (SNE) (CONSTANZO, 2007). Tanto o Sistema Nervoso Simpático (SNS) quanto o Parassimpático (SNP) exercem as influências externas (ou extrínsecas) sobre as atividades do SD, tornando o processo de digestão mais eficiente, especialmente as atividades motoras e secretoras, que poderão ser iniciadas antecipadamente, quer dizer, poderão ocorrer antes mesmo de o alimento ser ingerido. Então, é através da inervação extrínseca efetuada pelo SNA que a visão, o cheiro e o paladar, dentre inúmeros fatores, podem influenciar positivamente ou negativamente no processo de digestão. Mas, para que essas influências sejam positivas, é necessário que haja motivação para comer (o apetite ou a fome) ou ainda a associação dos sinais sensoriais com sensações de prazer. Caso contrário, as influências poderão ser inibitórias e, portanto, desacelerar ou até mesmo impedir a ingestão e a digestão do alimento. Reveja as principais características, apresentadas em Neurofisiologia, sobre o SNS e o SNP na regulação visceral (CONSTANZO, 2007). O Sistema Nervoso Entérico (SNE) é a terceira divisão do SNA e está envolvido nos processos fisiológicos do SD. Ele é composto pelos plexos mioentérico e submucoso, os quais contêm neurônios cujos corpos celulares estão dispostos em gânglios, presentes desde o terço médio do esôfago até o reto. O número de neurônios é semelhante àquele observado na medula espinhal e já foram descritos mais de 14 tipos de neurônios, que podemos agrupar em neurônios sensoriais, interneurônios (ou associativos) e neurônios motores. Tanto o SNS quanto o SNP modularão (acelerando ou desacelerando) as atividades digestivas, atuando sobre os circuitos neurais formados pelos neurônios do SNE (CONSTANZO, 2007). Figura 11- Organização do SNE e suas relações com os sistemas SNS e SNP, todos pertencentes ao Sistema Nervoso Periférico ou Autônomo (SNA). 61 Fonte: FARIA et al. 2014. Neurotransmissores: Ach - acetilcolina; NE - noradrenalina; T1 -L3 e S2 -S4 - níveis medulares. Os neurônios sensoriais (aferentes) do SNE detectam a presença de substâncias químicas na luz da víscera (são os quimioceptores), ou são sensíveis a estiramento, ou contração da musculatura do tubo digestório (mecanoceptores), ou até mesmo à temperatura (termoceptores). Os neurônios motores (eferentes) são aqueles que inervam a musculatura lisa, podendo estimular ou inibir sua contração, dependendo do neurotransmissor envolvido. Também são considerados neurônios motores aqueles que estimulam ou inibem as secreções (exócrinas, endócrinas ou parácrinas, recebendo o nome de neurônios secretomotores), e os neurônios vasomotores, que inervam os vasos sanguíneos (CONSTANZO, 2007). Finalmente um circuito neural regulador de uma determinada função exigirá a participação de neurônios sensoriais (aferência sensorial), interneurônios e motores (eferência motora ou secretomotora). 10 SISTEMA URINÁRIO O sistema urinário é constítuido por órgãos e estruturas que produzem (rins), armazenam (bexiga urinária) e transportam (ureteres e uretra) a urina. Graças a esse sistema, o organismo é capaz de excretar inúmeros resíduos metabólicos, como ácido úrico, ureia e creatinina. Além disso, os rins regulam o volume e o equilíbrio de sais 62 no sangue, influenciando assim a homeostase do organismo. Os rins também influenciam a produção de eritrócitos, devido à produção da eritropoietina (SILVA, 2021). Rim A urina é produzida pelos rins (direito e esquerdo), cuja forma lembra um grão de feijão. Estes são envolvidos por uma cápsula fibrosa, firmemente aderida ao parênquima renal, e ao seu redor observa-se uma cápsula adiposa, rica em gordura. Os rins localizam-se posteriormente ao peritônio (posição retroperitonial), na região lombar. Os rins têm duas faces: anterior e posterior; duas margens: medial e lateral; e duas extremidades: polos superior e inferior, sendo que no polo superior encontra-se a glândula suprarrenal. À margem medial possui uma abertura, hilo renal, onde atravessam diversas estruturas, como veia renal, artéria renal, vasos linfáticos, nervos e ureter, as quais em conjunto formam o pedículo renal. Um corte frontal dos rins permite identificar uma área mais externa, denominada córtex renal, e uma área mais interna, a medula renal. Do córtex se projetam estruturas para a medula renal, denominadas colunas renais, que por sua vez delimitam porções cônicas da medula, denominadas pirâmides renais. As pirâmides têm seu ápice voltado para a pelve renal, que é a extremidade inicial e dilatada do ureter. A pelve renal é dividida em cálices renais maiores e cálices renais menores, sendo que estes últimos oferecem um encaixe para receber o ápice da pirâmide renal, identificado também como papila renal, local onde será drenada a urina produzida pelos rins (SILVA, 2021). Ureter O ureter é um tubo muscular, de trajeto descendente, que transporta urina dos rins para a bexiga urinária, onde se abre por meio do óstio ureteral. Pelo seu trajeto distinguem-se três porções no ureter: abdomínal, pélvica e intramural. O transporte da urina através do ureter se deve graças aos movimentos peristálticos realizados pelos músculos que compõem o ureter. Bexiga urinária 63 A bexiga urinária é um órgão muscular, localizado posteriormente à sínfise púbica e apoiada sobre o assoalho pélvico, cuja função é armazenar urina. O tamanho e forma da bexiga urinária dependem de seu estado de plenitude. Esta possui o corpo, o fundo, o ápice e o colo. Em sua mucosa, é possível observar a presença de 3 orifícios, que são os óstios dos ureteres e o óstio interno da uretra, os quais delimitam o trígono da bexiga (SILVA, 2021). Uretra A uretra é um tubo mediano que transporta urina da bexiga urinária para o meio externo, ela se comunica com a bexiga urinária, por intermédio do óstio interno da uretra, e externamente, por meio do óstio externo da uretra. No óstio interno da uretra existe o músculo esfíncter interno da uretra que controla a saída de urina da bexiga urinária para a uretra. A uretra possui algumas variações anatômicas e funcionais no homem e na mulher. No homem, a uretra é maior (cerca de 20 cm), e é uma via comum tanto para o transporte de urina, como também para a ejaculação. Já a uretra feminina, além de ser bem mais curta (3-4 cm) que a uretra masculina, serve apenas para excreção de urina. O óstio externo da uretra no homem abre-se na glande do pênis, enquanto que na mulher este óstio abre-se na superiormente ao óstio da vagina. A uretra masculina se divide em 3 partes: prostática (atravessa a próstata), membranosa (atravessa o assoalho pélvico) e esponjosa (atravessa o corpo esponjoso do pênis). 10.1 Fisiologia renal Os principais componentes do sistema urinário são os rins, ureteres, bexiga e uretra. O rim humano filtra em média 180 litros de líquido por dia através de 1,25 milhão de néfrons, as unidades funcionais do sistema. O sistema urinário tem nove funções: excreção de produtos da degradação metabólica e de substâncias estranhas para o organismo; regulação do equilíbrio hídrico e eletrolítico, do volume do líquido extracelular, da osmolalidade plasmática, 64 da produção de eritrócitos, da resistência vascular, do equilíbrio ácido-base, da produção de vitaminaD; e gliconeogênese (AIRES, 2012). Fisiologia da função renal O rim tem um papel exócrino que é a formação de urina e também desenvolve suas funções endócrinas, por meio de células secretoras específicas. A função homeostática do meio interno, que é a principal função desse órgão, é efetuada pela formação de urina na unidade funcional básica, que é o néfron, um conjunto de estruturas vasculares e renais que produzem urina (GUYTON; HALL, 2011). Segundo autor, cada rim possui mais de um milhão de néfrons e os processos de filtragem, reabsorção e parte da excreção ocorrem a partir das suas estruturas. Porém, isso não significa que todos os néfrons funcionam ao mesmo tempo, pois essa atividade varia de acordo com o ritmo da função renal (néfrons ativos e de repouso), assim, existe uma reserva funcional para o rim, que será utilizada em situação de sobrecarga renal. A porção analítica do néfron é formada por uma rede de túbulos que transportam o filtrado. Os túbulos são cercados por vasos sanguíneos que permitem a reabsorção de elementos importantes para o corpo, como glicose e água. A porção funcional da borda está localizada no córtex renal, e a urina é produzida na medula. O processo de filtragem se inicia com a artéria renal, que se origina na aorta abdominal e segue até o córtex através da arteríola correspondente, que se conecta ao glomérulo renal e é sensível ao fluxo sanguíneo, secretando renina (TORTORA; DERRICKSON, 2017). O glomérulo é uma estrutura abrigada na cápsula de Bowman formada por muitos capilares enrolados uns aos outros, o que forma uma grande área superficial para pouco espaço. A pressão sanguínea dentro do glomérulo (60 a 80 mm/Hg) é maior do que a da circulação do corpo (13 mm/Hg). Essa pressão vai comprimir a entrada do líquido nas estruturas tubulares do néfron. A estrutura do néfron é distribuída entre o córtex e a medula renal e é composta pelos seguines segmentos, segundo Tortora; Derrickson (2017): Cápsula de Bowman; Túbulos contorcidos proximal e distal no córtex; 65 Alça de Henle; Túbulo coletor na medula renal. A cápsula de Bowman participa do primeiro processo de filtragem, pois o conteúdo do glomérulo é aspirado para a cápsula. O filtrado que é extraído do tecido sanguíneo para o glomérulo é composto pelos seguintes elementos, segundo Tortora; Derrickson (2017): Água (H2O); Cloro (Cl); Sódio (Na); Potássio (K); Bicarbonato (HCO3); Aminoácidos; Glicose; Creatinina; Ureia. Elementos maiores como glóbulos, plaquetas e proteínas plasmáticas não entram na cápsula e escapam pela arteríola oposta, permanecendo na corrente sanguínea sem passar pelos néfrons. A arteríola eferente tem musculatura desenvolvida; entretanto, as contrações que estimulam o fluxo de líquidos ocorrem por influência de substâncias vasoativas ou do sistema nervoso autônomo. Todo líquido que passa pela cápsula de Bowman e continua pelos tubos é chamado de filtrado glomerular (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Segundo o autor (qual autor?), a primeira parte dos túbulos é conhecida como túbulo proximal, que tem a forma de uma serpentina; isso faz com que o filtrado passe e permaneça na estrutura por mais tempo; assim é a primeira parte ocorre a reabsorção. Nesta fase, todos os aminoácidos e glicose (100%) serão reabsorvidos; além de HCO3 (90%), H2O, Na, Cl e K (65–70%). O conteúdo reabsorvido sai do túbulo proximal, passa pelos capilares sanguíneos e continua até a arteríola oposta, retornando à circulação sanguínea. O túbulo proximal contém células epiteliais com alta concentração de mitocôndrias para dar suporte aos processos de transporte ativo. As bordas deste segmento contêm 66 moléculas transportadoras de proteases, que possibilitam o mecanismo de transporte do sódio ligado aos nutrientes orgânicos (aminoácidos e glicose) (TORTORA; DERRICKSON, 2017). O restante do filtrado que não foi reabsorvido será direcionado para a próxima estrutura, a alça de Henle. Esta alça tem duas porções: a descendente, onde desce o filtrado, e a ascendente, onde sobe o filtrado. Este segmento também inclui o processo de reabsorção (capilares e arteríola aferente). NaCl (25%) é reabsorvido na proporção ascendente. Esta porção é permeável apenas ao cloreto de sódio. Já a porção descendente é permeável apenas à água e realiza reabsorção (25 %). Com isso, a alça de Henle produzirá um equilíbrio químico, pois o excesso de NaCl em uma porção estimulará a reabsorção de água em outra via osmose. O que não é absorvido na altitude de Henle irá para a próxima estrutura, o túbulo distal, onde ocorre a reabsorção de NaCl e H2O (5%) (capilares e arteríola diferem). O restante do filtrado que não for reabsorvido será expelido; ou seja, os excessos de água, cloreto de sódio, creatinina e uréia serão direcionados para um tubo coletor que se conecta aos cálices renais (menores e maiores), à pelve renal e ao ureter. O túbulo coletor também tem alguma capacidade de reabsorção de eletrólitos e uréia, participando dos processos de concentração e diluição da urina. O túbulo coletor contém células intercalares que secretam H+ ou HCO3 e fornecem equilíbrio ácido-base para a borda; e células primárias que reabsorvem sódio e secretam potássio sob o controle dos hormônios aldosterona e arginina vasopressina, que é um hormônio antidiurético (origem na neuro-hipófise) (TORTORA; DERRICKSON, 2017). 67 Figura 12 - Estruturas e funções do néfron Fonte: Tortora e Derrickson (2017, p. 532). A maior importância da fisiologia renal é a manutenção da homeostase do meio interno, atividade realizada pelo rim e que envolve os seguintes passos: Controle e manutenção do conteúdo de água corporal; Manutenção da osmolaridade extracelular; Manutenção da concentração de eletrólitos; Manutenção da concentração de íons hidrogênio (pH); Manutenção da concentração de metabólitos. Essa ação renal permite a manutenção e o controle da pressão arterial, ocasionados por meio de processos de depuração plasmática renal, de absorção e de 68 reabsorção tubular de água, açúcares, vitaminas, sais minerais e, por fim, de formação do produto final a ser excretado: a urina. 10.2 Fatores reguladores da função renal A funcionalidade renal é um dos fatores responsáveis por equilibrar o conteúdo de água e de sódio no corpo humano, o que influencia diretamente no volume e na pressão arterial média do sangue. Os rins recebem 10% do débito cardíaco em repouso; esse volume pode ser utilizado para manter a circulação (encefálica e coronária) em condições críticas no caso de um choque circulatório. O fluxo sanguíneo renal (FSR) é controlado pelo sistema nervoso autônomo por rotas endócrinas e neurais (AIRES, 2012). Na rota neural, as arteríolas glomerulares são inervadas e ativadas quando a pressão arterial média cai. Essa ativação aumenta a resistência vascular por limitar o fluxo sanguíneo nos rins, causando constrição na arteríola eferente, que reduz o FSR e mantém a taxa de filtração glomerular (TFG) em níveis que asseguram a função renal. O estímulo neural intenso diminui o fluxo sanguíneo nas arteríolas glomerulares e a formação de urina é interrompida. Em casos de hemorragia severa, pode agravar a situação do suprimento sanguíneo das arteríolas, podendo causar infarto e insuficiência renal (GUYTON; HALL, 2017). Na rota endócrina, o FSR é regulado pela adrenalina e por um peptídeo natriurético atrial (PNA). A liberação da adrenalina na circulação sanguínea estimula as rotas de noradrenalina que apresenta suas principais ações no sistema cardiovascular e está relacionada com o aumento do influxo celular de cálcio, além disso, a noradrenalina mantém a pressão sanguínea em níveis normais. O PNA é liberado pelos átrios cardíacos quando eles apresentamestresse por elevados volumes sanguíneos, resultando no aumento do FSR e da TFG e na excreção de água e de sódio. A regulação hormonal na reabsorção e na secreção de íons envolve a angiotensina II e a aldosterona. Nos túbulos contorcidos proximais, a angiotensina II aumenta a reabsorção de Na+ e Cl–. Em adição, a angiotensina II estimula a liberação de aldosterona pelo córtex suprarrenal, um hormônio que age nas células tubulares da última porção do túbulo contorcido distal, estimulando-as a reabsorverem Na e Cl e a secretarem mais K+. Quanto mais Na e Cl forem 69 reabsorvidos, mais água também é reabsorvida por osmose (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Na absorção de água, o hormônio atuante é o antidiurético (ADH), por meio de retroalimentação negativa. Quando a concentração de água no sangue diminui, osmorreceptores que estão no hipotálamo (encéfalo) estimulam a neuro-hipófise a secretar o ADH, que irá agir nas células tubulares presentes dos túbulos contorcidos distais e ao longo dos túbulos coletores. Quando não há secreção do ADH, os túbulos têm pouca permeabilidade, portanto esse hormônio aumenta a permeabilidade das células tubulares à água e, assim, a água se move do líquido tubular para as células e, em seguida, para o sangue (Figura 13) (GUYTON; HALL, 2017). 70 Figura 13- Regulação da absorção de água pelo ADH Fonte: Tortora e Derrickson (2017, p. 538). Os rins produzem, aproximadamente, de 400 a 500 mL de urina concentrada por dia, quando a concentração de ADH é máxima (durante uma desidratação grave). No entanto, quando o nível de ADH diminui, os canais de água são removidos das membranas. Os rins produzem um grande volume de urina diluída quando o nível de ADH é baixo (GUYTON; HALL, 2011). O nível de cálcio no sangue abaixo do normal estimula as glândulas paratireoides a liberar o paratormônio (PTH), que estimula as células dos túbulos contorcidos distais a reabsorverem mais cálcio no sangue. Além disso, esse hormônio 71 inibe a reabsorção de fosfato nos túbulos contorcidos proximais, promovendo a excreção de fosfato. Algumas teorias sugerem a autorregulação do sistema que podem ser observadas a seguir segundo Guyton; Hall (2017): Teoria da miogênica — o aumento da pressão arterial média provoca estímulo na musculatura lisa da arteríola aferente levando à vasoconstricção e à redução na filtração glomerular. Em contrapartida, provoca relaxamento na musculatura da arteríola aferente, levando à vasodilatação e aumentando a filtração glomerular. Teoria do metabolismo — indica que a redução do fluxo sanguíneo provoca o acúmulo de substâncias vasodilatadoras (cininas, prostaglandinas) que, como consequência, provocam o aumento do fluxo sanguíneo. O contrário também funciona, pois, um aumento de fluxo faz com que ocorra uma rápida drenagem de substâncias vasodilatadoras, diminuindo a vasodilatação e reduzindo o fluxo sanguíneo. Teoria da mácula densa — indica que, na porção final da alça de Henle, existe uma porção chamada mácula densa. Ela capta as alterações na concentração de sódio (quanto mais sódio, mais elevada é a TFG) e envia estímulo para a arteríola aferente gerando vasoconstricção. Com isso, diminui o fluxo sanguíneo e a TFG. Quando ocorre a diminuição da concentração de sódio, acontece o inverso, há o aumento da TFG. 11 SISTEMA GENITAL MASCULINO Este sistema é formado por órgãos que produzem, transportam e introduzem o sêmen no sistema genital feminino. Os órgãos que compõem o sistema genital masculino são: testículos, epidídimo, ducto deferente, ducto ejaculatório, uretra, pênis, glândulas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais (SILVA, 2021). Testículos e escroto Os testículos são os órgãos produtores de espermatozoides a partir da puberdade, são estruturas ovais, localizadas em uma bolsa denominada escroto. Dentro do escroto, cada testículo é envolvido externamente por uma membrana 72 serosa, denominada túnica vaginal. Ainda, os testículos são envolvidos por uma membrana fibrosa, denominada túnica albugínea, que se projeta para o interior do testículo, formando lóbulos, os quais abrigam os túbulos seminíferos contorcidos, onde ocorre a espermatogênese. Estes túbulos convergem e formam os túbulos seminiferos retos, os quais originam a rede testicular, esta que dá origem a diversos canais: os dúctulos eferentes do testículo, que penetram no epidídimo. Os testículos, além de produzirem espermatozoides, produzem hormônios sexuais, atuando assim como glândulas endócrinas (SILVA, 2021). O escroto é uma bolsa formada por uma túnica muscular (túnica dartos), recoberta por uma pele fina coberta por pelos, e está localizado fora da cavidade pélvica e inferior à sínfise púbica. O escroto é dividido internamente em dois compartimentos por um septo, os quais abrigam os testículos. Graças ao músculo liso presente na túnica dartos, o escroto é capaz de se contrair ou relaxar, regulando assim a temperatura dos testículos para manter condições adequadas à espermatogênese. Epidídimo É uma estrutura alongada, situada na parte posterior do testículo, responsável por armazenar os espermatozoides até o momento da ejaculação. Além disso, o epidídimo possui importante papel na maturação dos espermatozoides, visto que é neste local que os espermatozoides adquirem capacidade de se movimentar e fecundar o óvulo. O epidídimo é dividido em três porções: cabeça, corpo e cauda. Os dúctulos eferentes do testículo entram na cabeça do epidídimo, os quais convergem para o ducto do epidídimo, que irá armazenar os espermatozoides. Ducto deferente e ducto ejaculatório É pelo ducto deferente que os espermatozoides são transportados do epidídimo até o ducto ejaculatório durante a ejaculação. O ducto deferente se inícia na cauda do epidídimo e, para chegar até a cavidade pélvica, atravessa o canal inguinal. Pelo canal inguinal também passam diversas estruturas, como nervos, vasos sanguíneos e linfáticos, as quais em conjunto com o ducto deferente formam o funículo espermático (SILVA, 2021). 73 Na cavidade pélvica, o ducto deferente se une ao ducto da glândula seminal na face posterior da bexiga urinária, para formar o ducto ejaculatório. Este ducto se abre na parte prostática da uretra. Uretra No homem, a uretra é uma via de passagem comum para a ejaculação e micção. Esta inicia-se na bexiga urinária, no óstio interno da uretra, atravessa a próstata (parte prostática), o assoalho pélvico (parte membranosa) e o pênis (parte esponjosa), onde termina no óstio externo da uretra, localizado na glande do pênis. Glândulas seminais, glândulas bulbouretrais e próstata As glândulas seminais produzem secreções que são lançadas no ducto da vesicula seminal, o qual se une ao ducto deferente, para criar o ducto ejaculatório dentro da próstata. À próstata também produz secreções que são lançadas na parte prostática da uretra, enquanto que as glândulas bulbouretrais secretam seu produto na parte esponjosa da uretra. Em conjunto, os produtos de secreção dessas glândulas fornecem condições necessárias para a ativação e transporte dos espermatozoides (SILVA, 2021). Pênis O pênis é o órgão masculino da cópula, e é formado pelos corpos cavernosos e pelo corpo esponjoso, os quais são formados por tecido erétil, que se preenchem de sangue durante a estimulação sexual. O corpo esponjoso apresenta duas dilatações, uma anterior (glande do pênis) e outra posterior (bulbo do pênis), a qual se prende a estruturas do assoalho da pelve, enquanto que os corpos cavernosos se fixam aos ossos do quadril. Essas estruturas fixas representam a raíz do pênis, seguida por uma porção pendente, distal, denominada corpo do pênis. A glande do pênis é recoberta por uma camada de pele, o prepúcio. Em alguns casos, pode ocorrer um estreitamento doprepúcio, o qual é conhecido como fimose. 74 12 SISTEMA GENITAL FEMININO O sistema genital feminino pode ser dividido em estruturas externas e internas, é formado por diversos órgãos que são responsáveis pela reprodução. Os órgãos que o compõem são: Internos: vagina, útero, ovários, tubas uterinas. Externos (vulva) monte pubiano, lábios maiores e lábios menores, clitóris, bulbo do vestíbulo, glândulas vestibulares maiores e menores. Parte dessas estruturas é envolvida pelo peritônio. Ao revestir o útero, o peritônio forma uma prega transversal, o ligamento largo do útero, que auxília a sua fixação (SILVA, 2021). O ligamento largo do útero divide a cavidade pélvica em duas porções, uma anterior (entre a bexiga e o útero) e outra posterior (entre o útero e o reto), também conhecidas como escavação vesicouterina e escavação retouterina, respectivamente. Ovários Os ovários são estruturas pares, localizados lateralmente ao útero, cuja função é produzir óvulos e hormônios, responsáveis pelos caracteres sexuais secundários. Antes da primeira ovulação, os ovários têm uma superfície lisa que, com o tempo, torna-se enrugada devido às ovulações. Os ovários estão fixos à face posterior do ligamento largo do útero através do mesovário. Além disso, o ligamento suspensor do 75 ovário fixa o ovário à parede lateral da cavidade pélvica. Ainda, os ovários encontram- se conectados ao útero medialmente, através do ligamento próprio do ovário (SILVA, 2021). Tubas uterinas As tubas uterinas são tubos estreitos responsáveis por transportar o óvulo após a ovulação, estas estão localizadas na margem superior do ligamento largo do útero, e são divididas em 4 partes: uterina, istmo, ampola e infundíbulo. A tuba uterina se comunica com a cavidade abdominal, através do óstio abdominal da tuba, e com a cavidade uterina, através do óstio uterino da tuba. Após a ovulação, o óvulo é captado por fimbrias presentes no infundíbulo, e é na tuba uterina que ocorre a fecundação do óvulo. Útero O útero é um órgão muscular oco, situado na cavidade pélvica, posterior à bexiga urinária e anterior ao reto. É responsável por receber, cuidar e promover a evolução do embrião até o nascimento. Este possui duas faces, anterior e posterior, e duas margens, direita e esquerda. O útero é dividido em quatro partes: fundo, corpo, istmo e colo do útero. Além disso, possui três camadas: o endométrio, miométrio e perimétrio. O endométrio é a camada mais interna, e durante o ciclo menstrual sofre muitas alterações. O miométrio é a camada média, constituída por fibras musculares. O perimétrio é a camada mais externa, derivada do peritônio. O colo do útero se projeta na vagina, e estabelece a comunicação com ela através do óstio do útero. Vagina A vagina é um tubo muscular com paredes finas e colabadas, que desempenha o papel de órgão de cópula na mulher e de via de passagem ao feto durante o parto de secreção uterina. Esta comunica-se superiormente com a cavidade uterina, por 76 meio do óstio do útero, e inferiormente com o vestíbulo da vagina, através do óstio da vagina. Nas mulheres virgens existe uma membrana de tecido conjuntivo no óstio da vagina, denominado hímen. À superfície interna da vagina possui diversas projeções, denominadas rugas vaginais. Órgãos genitais externos Os órgãos genitais externos no sistema genital feminino, também conhecidos como vulva, são: monte do púbis, lábios maiores, lábios menores e clitóris. O monte do púbis está localizado acima da vagina, e corresponde a uma elevação anterior à sínfise púbica, formada de tecido adiposo e recoberta de pelos, originam-se duas pregas cutâneas que se projetam posteriormente, os lábios maiores, os quais envolvem duas pregas menores, mediais, denominadas de lábios menores. Os lábios menores delimitam uma fenda, o vestíbulo da vagina. No vestíbulo da vagina observa-se o óstio externo da uretra, o óstio da vagina e os orifícios das glândulas vestibulares. Estruturas eréteis Assim como o homem, a mulher também possui estruturas eréteis, que se preenchem de sangue durante a estimulação sexual, que são o clitóris e o bulbo do vestíbulo. O clitóris é formado por dois ramos que se fundem formando o corpo do clitóris, que termina numa estrutura denominada glande do clitóris. Ao redor do óstio da vagina encontra-se o bulbo do vestíbulo. Essas estruturas se enchem de sangue durante a estimulação sexual, aumentando o contato entre o pênis e a vagina. Glândulas vestibulares Para garantir a lubrificação da vagina durante a relação sexual, existem glândulas secretoras de muco na parede da vagina, que se abrem no vestíbulo da 77 vagina. Essas glândulas são denominadas glândulas vestibulares, classificadas, conforme seu tamanho, em glândulas vestibulares maiores e menores (SILVA, 2021). Mamas As mamas são projeções da parede anterior do tórax, e são formadas por tecido glandular, associado a tecido conjuntivo e tecido adiposo. Elas são estruturas anexas à pele especializadas na produção de leite. Existem em ambos os sexos, mas são bem rudimentares no sexo masculino. No sexo feminino elas se desenvolvem e se diferenciam na puberdade, alcançando o seu maior pico de desenvolvimento durante a gestação e o processo de lactação (VIEIRA, 2018). As mamas são compostas pelas células produtoras de leite, estas que representam 63% do total da massa mamária. Parte restante da composição mamária e formada pelo tecido glandular que se localiza a cerca de 3 cm da base do mamilo. Em relação a histologia a mama é composta por tecido adiposo subcutâneo, tecido intraglandular, tecido glandular (retromamário), tecido mioepitelial, tecido conjuntivo interlobular e músculo peitoral (VIEIRA, 2018). Anatomicamente as mamas estão situadas entre as camadas superficial e profunda da pele, as mamas estendem-se entre a segunda e a sexta costela e do esterno à linha axilar média (VIEIRA, 2018). A elevação dos níveis séricos de estrogênio na puberdade é o processo responsável pela indução da proliferação celular que resulta no desenvolvimento de estruturas pequenas denominadas túbulo-alveolares que se encontram nas extremidades dos ductos mamários, o que condiciona um aumento progressivo do tamanho das mamas, enquanto simultaneamente os canais galactóforos se ramificam e alongam. O início do desenvolvimento mamário pode ser assimétrico e ocorrer meses antes numa mama em relação à outra. As diferenças de tamanho observáveis se devem a variações na quantidade de tecido adiposo e não de tecido glandular. As mulheres com mamas pequenas podem amamentar sem problemas (VIEIRA, 2018). 78 12.1 Fisiologia da lactação A fisiologia da lactação está relacionada com a fisiologia dos processos reprodutivos. A maior parte do desenvolvimento estrutural da glândula mamária acontece durante a gestação. A mamogênese se refere ao processo de formação e crescimento das mamas e é caracterizada pela ação de hormônios gonadais, hipofisários, corticoadrenais, tireoidianos, placentários e pancreáticos. Eles atuam promovendo alterações metabólicas, endócrinas e fisiológicas resultando assim no crescimento da mama e em alterações na sensibilidade do mamilo assim como na coloração da aureola (GALVÃO,2006). Após o processo de gestação, inicia-se a lacto gênese, processo que é responsável pela produção do leite. A lacto gênese se encontra intrinsecamente relacionada aos processos reprodutivos e adaptativos, como a gestação, parto, pós- parto e puerpério, além da sucção constante do RN na mama (GALVÃO, 2006). Na lactogênese, a glândula mamária que já se encontra previamente preparada para a produção do leite vai depender fundamentalmente da prolactina, um hormônio hipofisário que tem sua síntese aumentadaapós o parto, onde é expulsada a placenta e diminuído os níveis de estrogênio. A prolactina alcança as células dos alvéolos mamários, via sanguínea, estimulando a produção láctea. Nos primeiros dias, o leite materno é chamado colostro, que contém mais proteínas e menos gorduras do que o leite maduro, ou seja, o leite secretado a partir do sétimo ao décimo dia pós-parto. O leite de mães de recém-nascidos prematuros é diferente do de mães de bebês a termo. Veja na Tabela 1 as diferenças entre colostro e leite maduro, entre o leite de mães de prematuros e de bebês a termo e entre o leite materno e o leite de vaca. Esse tem muito mais proteínas que o leite humano e essas proteínas são diferentes das do leite materno. A principal proteína do leite materno é a lactoalbumina e a do leite de vaca é a caseína, de difícil digestão para a espécie humana. Tabela 1 – Composição do colostro e do leite materno maduro de mães de crianças a termo e pré-termo e do leite de vaca. 79 Nutriente Colostro (3-5 dias) Colostro (3-5 dias) Leite Maduro (26-29 dias) Leite Maduro (26-29 dias) Leite de vaca A termo Pré-termo A termo Pré-termo Calorias (kcal/dL 48 58 62 70 69 Lipídios (g/dL) 1,8 3,0 3,1 4,0 3,7 Proteínas (g/dL) 1,9 2,1 1,3 1,4 3,3 Lactose (g/dL) 5,1 5,0 6,5 6,0 4,8 Fonte: Adapatado Ministério da saúde, 2016. Em relação aos hormônios envolvidos no processo de mamogênese e lactogênese se destacam a prolactina, a ocitocina e o lactogênio placentário. Possui um importante papel na diferenciação das células da glândula mamária e controla os passos bioquímicos envolvidos na síntese do leite. Induz a acumulação de mRNA da caseína, estimulando a expressão de genes desta proteína e provavelmente de outros genes. Os receptores para prolactina na glândula mamária aumentam paralelamente com o aumento da secreção de PRL no período do periparto (VIEIRA, 2018). A PRL não atua sozinha, mas de forma sinérgica com outros hormônios, o lacto gênio placentário (LP) começa a ser secretado desde poucos dias após a fecundação até metade da gestação. Possui atividade luteotrópica e lactogênica, embora esta última não suficientemente elucidada. Os efeitos metabólicos são similares aos ocasionados pelo hormônio do crescimento: GH (VIEIRA, 2018). Os níveis circulantes de lactogênio placentário caem à medida que o parto se aproxima. Contudo, no primeiro estágio da lactação ainda persistem alguns níveis tão baixos (de forma prática indetectáveis), que há dúvida que por si só possam ter atividade lactogênica (VIEIRA, 2018). A ocitocina se sintetiza no hipotálamo e se armazena na hipófise posterior, sendo similar quanto a sua composição química ao hormônio antidiurético (ADH). Sua meia-vida é curta (2- 4 minutos), possui ação sobre o músculo liso e sobre as células mioepiteliais na glândula mamária (VIEIRA, 2018). A ocitocina se considera o hormônio da ejeção do leite, requisito básico para a lactogênese. Além disso, é considerado como hormônio galactopoiético. Encontram- 80 se maiores valores basais de OXT no início da lactação do que no final. A secreção de ocitocina é inibida pela adrenalina (VIEIRA, 2018). 13 SISTEMA ENDÓCRINO As glândulas que compõem o sistema endócrino estão espalhadas por todo o corpo e, diferentemente das glândulas exócrinas, não contêm ducto excretor. Assim, seus produtos de secreção (hormônios) são lançados diretamente na circulação, e é esta característica que as determinam como glândulas endócrinas. A principal função exercida pelo sistema endócrino é a manutenção da homeostasia do organismo, através da regulação e integração de sinais de outros sistemas. São glândulas endócrinas: tireoide, paratireoides, suprarrenais, ilhotas pancreáticas, hipófise, timo, pineal, testículos e ovários. A glândula tireoide, localizada anteriormente no pescoço, é constituída por dois lobos unidos por um istmo. Esta produz os hormônios tiroideanos (T3 e T4) responsáveis principalmente pela regulação do metabolismo, crescimento e desenvolvimento. Algumas células da tiroide também secretam calcitonina, que atua na regulação dos níveis de cálcio na circulação (SILVA, 2021). As glândulas paratireoides são duas pequenas glândulas situadas na face posterior de cada lobo da glândula tireoide, seu principal produto de secreção é o hormônio da paratireoide, envolvido com a regulação dos níveis de cálcio no sangue. As glândulas suprarrenais são duas glândulas de formato piramidal, localizadas no polo superior de cada rim e são divididas em duas regiões: uma mais externa (córtex) e uma mais interna (medula). O córtex produz corticosteroides (mineralocorticoides e glicocorticoides) e andrógenos. A medula produz adrenalina e noradrenalina (SILVA, 2021). O pâncreas é uma glândula mista, ou seja, possui uma porção exócrina e uma endócrina (ilhotas pancreáticas). A porção exócrina está envolvida com a digestão de alimentos, enquanto que a porção endócrina secreta hormônios, como a insulina e o glucagon, os quais regulam a concentração sanguínea de glicose. A hipófise localiza-se na fossa hipofisária, abaixo do cérebro, e é dividida em duas porções: adeno-hipófise e neuro-hipófise. A hipófise está ligada ao hipotálamo pela haste, o infundíbulo, à adeno-hipófise produz vários hormônios, como hormônio 81 tireoestimulante, hormônio adrenocorticotrópico, hormônio folículo estimulante, hormônio luteinizante, os quais regulam a secreção de outras glândulas endócrinas. Além disso, a adeno-hipófise produzir prolactina, hormônio do crescimento e hormônio melanócito-estimulante, os quais agem diretamente em tecidos alvos não endócrinos. À neuro-hipófise produz oxitocina, que induz contração do músculo liso, e hormônio antidiurético, o qual promove reabsorção de água nos rins. A glândula pineal é uma pequena glândula localizada abaixo do corpo caloso, entre os colículos superiores. Seu produto de secreção é a melatonina, que regula o ritmo circadiano. O timo é um órgão bem desenvolvido na infância, localizado na parte anterior do tórax, e secreta hormônios tímicos que estimulam a maturação dos linfócitos T. Os ovários produzem estrógeno, responsável pelas características sexuais secundárias na mulher, e progesterona, responsável por preparar o útero para a gravidez. Já os testículos sintetizam testosterona, que é responsável pelas características sexuais secundárias no homem, além de atuar na formação dos espermatozoides (SILVA, 2021). Podemos começar o nosso estudo do sistema endócrino buscando a etimologia da palavra endócrino, de origem grega, em que endo significa dentro, interno e krino significa secretar ou secreção, logo, podemos imaginar que o sistema endócrino é um sistema do corpo humano responsável pela secreção de alguma coisa para dentro do nosso organismo (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2017). Uma vez que introduzimos a função básica do sistema endócrino , devemos entender suas estruturas, pois o sistema endócrino é um dos vários sistemas do corpo humano, cada um com seu próprio conjunto único de características conhecidas como glândulas endócrinas. Dentre as glândulas que compõem o sistema endócrino, podemos citar a glândula hipófise, também chamada de pituitária. Ela é considerada a glândula mestra do organismo humano, pois tem a função de coordenar as funções que alguns órgãos e até mesmo outras glândulas endócrinas realizam. A hipófise tem as suas ações reguladas juntamente com o hipotálamo, numa interface conhecida como eixo hipotálamo-hipofisário ou hipotálamo-hipófise (SILVERTHORN, 2017). É por meio desse eixo que as mensagens nervosas são recebidas e emite sinais para que hajam respostas químicas no nosso organismo. São exemplos de glândulas e órgãos regulados pelo eixo hipotálamo-hipófise as glândulas mamárias, 82 as paredes uterinas, os rins,regulando o processo de filtração que ocorre nos néfrons, os ossos, auxiliando na regulação dos níveis de cálcio no nosso organismo, a glândula suprarrenal, a glândula tireoide auxiliando na regulação do equilíbrio do organismo e as gônadas que auxiliam na regulação da reprodução. Outro exemplo de glândula bastante estudada no campo da endocrinologia são as glândulas suprarrenais, que se localizam sobre os rins e atuam em resposta ao estresse, por meio da secreção de hormônios corticosteroides e catecolaminas, como o cortisol e a adrenalina, respectivamente, e também atuam na regulação do funcionamento dos rins por meio da aldosterona, que, embora seja secretada pelas glândulas suprarrenais, como mencionado anteriormente, tem sua produção e secreção regulada pelo eixo hipotálamo- -hipófise. Veja a Figura 14. Figura 14 - Eixo hipotálamo - hipófise Fonte: bit.ly/3K2CDli Independentemente de sua estrutura anatômica, composição celular ou propriedades funcionais, todas as glândulas têm a capacidade de produzir e secretar 83 hormônios, que são mensageiros químicos que viajam de sua fonte secretora através da corrente sanguínea para locais específicos conhecidos como tecidos-alvo ou células-alvo. Os hormônios irão atuar sobre esses alvos, regulando suas funções por meio de estímulos excitatórios ou inibitórios (SILVERTHORN, 2017). É importante diferenciar nesse momento as glândulas exócrinas das glândulas endócrinas. As glândulas exócrinas, como indica o prefixo exo, indica a ideia de exterior (algo externo, como no exoesqueleto, a parte flexível e resistente que cobre o corpo de muitos animais), e crino, novamente, remete à secreção, logo, pode-se imaginar que as glândulas exócrinas são aquelas que produzem e secretam suas substâncias para forma do corpo, por meio de ductor e canais específicos, como as glândulas lacrimais, que produzem e secretam as lágrimas no canal lacrimal, que termina no olho, em que as lágrimas irão lubrificar e limpar esse órgão. Outro exemplo de glândula exócrina são as glândulas salivares, que são responsáveis por produzir e secretar saliva diretamente dentro da boca, onde irá auxiliar na digestão de carboidratos .Quanto às glândulas endócrinas, como vimos , o prefixo endo é encontrado na fisiologia humana , e significa "dentro" ou " de dentro ", como em endométrio e endocárdio, que é a mucosa que reveste o interior do útero e o interior do miocárdio. Endócrino denota que todo o material secretado por essas glândulas é secretado no interior de nossos corpos diretamente na corrente sanguínea, uma rede de vasos sanguíneos que percorrem nosso corpo, transportando nutrientes, células e hormônios . Por fim, existem as glândulas que são classificadas como mistas ou anfícrinas devido à sua atividade e secreção das duas formas, como as gônadas masculinas localizadas nos testículos, que são responsáveis pela produção e secreção de testosterona diretamente na corrente sanguínea, mas também são responsáveis pela produção e secreção de espermatozoides, no tubo seminífero. Essa distinção é crítica e está diretamente relacionada à ação dos hormônios produzidos e secretados pelo sistema endócrino. Por exemplo, a glândula mamária, encontrada nas mães, é responsável pela produção e secreção do leite materno, um material bioquímico vital cuja principal função é nutrir o recém-nascido. Por outro lado, o pâncreas é um órgão que, dentre outras funções, é responsável por produzir e secretar a insulina, um hormônio que tem função de metabolizar o açúcar presente no sangue por meio de uma facilitação do transporte 84 dessas moléculas de glicose que estão na corrente sanguínea para o interior de diferentes células, como as do tecido muscular ou do fígado para armazenamento e produção de energia, ou seja, é extremamente importante e faz todo sentido biológico que essa sinalização e “captação” da glicose ocorra em praticamente todas as partes do nosso corpo. Entretanto, como isso é feito? Através da corrente sanguínea, que tem vasos sanguíneos espalhados por todo corpo, e, justamente por isso, essa forma de distribuição do hormônio é tão importante fisiologicamente para o sistema endócrino. Como resultado, podemos perceber que o sistema endócrino pode ser visto como um serviço de distribuição de cartões criptografados para toda a cidade, mas somente quem possui o código específico consegue entender a mensagem e responder. Assim, como o interior do sistema endócrino pode ser descrito por meio de três componentes básicos que o constituem, descritos a seguir. Glândulas endócrinas: são constituídas por células epiteliais especializadas que se encontram em todo o corpo. Assim, eles são responsáveis por liberar seus produtos químicos (hormônios) no espaço intersticial ou diretamente na corrente sanguínea. Hormônios: os produtos químicos liberados por uma célula, geralmente em quantidades muito pequenas acabam sendo mensurados em microgramas (10- 6 g), nano gramas (10-9 g) e pictogramas (10-12 g), porém, com grande capacidade de exercer suas ações, sendo que os efeitos que um determinado hormônio exerce no organismo relaciona-se diretamente com a forma que ele está concentrado no plasma sanguíneo.Sendo assim, essa concentração plasmática do hormônio é condicionada por seguintes como a taxa de secreção hormonal na glândula endócrina, a taxa metabólica ou de excreção do hormônio, a quantidade de proteína transportadora (nos casos que têm) e a alterações no volume plasmático. Órgão-alvo: órgão que contém células com receptores específicos para determinados hormônios. É nesses receptores que os hormônios irão se ligar e produzir suas respostas biológicas (RAFF; LEVITZKY, 2012). Além do sistema endócrino, que assume um papel bastante importante de regulação do organismo, o sistema nervoso também é responsável por atuação regulatória e coordenação das atividades de todas as estruturas essenciais do corpo 85 para manter a homeostase e, por vezes, atuam juntos, pois compartilham diversas semelhanças, como estruturas associadas com o cérebro, como o hipotálamo, que, ao mesmo tempo que é uma área de grande importância para o cérebro, no qual é responsável por identificar diferenças na temperatura corporal e atuar tanto estimulando o aquecimento e o resfriamento do corpo, também atua no sistema endócrino, secretando hormônios para estimular a produção da hipófise e até mesmo produzindo e secretando hormônios, como o hormônio antidiurético e a ocitocina (GUYTON; HALL, 2017). Outro ponto em comum de ambos os sistemas é que eles atuam em conjunto para regular processos cruciais do corpo e, por vezes, utilizando as mesmas substâncias como neurotransmissores (no caso do sistema nervoso) e como hormônios (no caso do sistema endócrino), como podemos ver com a adrenalina, que é tanto secretada na fenda sináptica, atuando como um neurotransmissor e produzindo uma resposta específica (apenas naquelas células-alvo que receberam a sinapse) e imediata, como também é secretada pela glândula suprarrenal na corrente sanguínea, onde ela atua de modo mais geral (todas as células com receptores adrenérgicos irão ser estimulados) e com uma resposta mais duradoura. No entanto, além dessas semelhanças, o sistema nervoso e o sistema endócrino apresentam diferenças significativas. Enquanto o sistema endócrino depende de um meio de transporte, nomeadamente a corrente sanguínea, o sistema nervoso funciona transmitindo mensagens através de sinapses entre neurónios , bem como entre neurônios e células-alvo, por onde são secretados os mensageiros do sistema nervoso, conhecidos como neurotransmissores. Assim, por meio dessa diferenciação na forma de transporte dos seus sinalizadores, o sistema nervoso promove, de modo geral, uma resposta mais rápida do que a produzida pelo sistema endócrino,do corpo humano e regiões anatômicas A divisão do corpo humano é feita em partes principais, que podem ser identificadas externamente. As principais partes do corpo são a cabeça, o pescoço, o tronco, os membros superiores e os membros inferiores. A cabeça consiste no crânio e na face. O crânio envolve e protege o encéfalo; a face é a parte frontal da cabeça que inclui olhos, nariz, boca, fronte, bochechas e mento. O pescoço sustenta a cabeça, unindo-a ao tronco. O tronco consiste em tórax, abdome e pelve. Cada membro superior está unido ao tronco e consiste em ombro, axila, braço (a parte do membro do ombro até o cotovelo), antebraço (do cotovelo até o punho), punho e mão. Cada membro inferior também está unido ao tronco e consiste em nádega, coxa (a parte do membro da nádega até o joelho), perna (a parte do membro do joelho até o tornozelo), tornozelo e pé. A região inguinal é a área na superfície anterior do corpo, marcada por uma prega de cada lado, na qual o tronco se liga às coxas (TORTORA; DERRICKSON, 2016). Figura 02 - Terminologia anatômica das principais partes do corpo. 8 Fonte: shre.ink/HvyU Na figura acima, mostra os nomes comuns anatômicos e os da terminologia anatômica das principais partes do corpo. Por exemplo, se você recebe uma vacina antitetânica na região glútea, ela é aplicada na nádega. Como o termo anatômico para uma parte do corpo em geral se baseia em uma palavra ou “radicais” gregos ou latinos, ela pode ser diferente do nome comum para a mesma parte do corpo. Por exemplo, a palavra latina que descreve a cavidade abaixo da articulação do ombro é “axila”. Desse modo, um dos nervos que atravessam essa região é denominado nervo axilar. Termos direcionais Para localizar diferentes estruturas do corpo, os anatomistas usam termos direcionais específicos, palavras que descrevem a posição de uma parte do corpo em 9 relação à outra. Diversos termos direcionais são agrupados em pares com significados opostos, como anterior (frente) e posterior (atrás). A maioria dos termos direcionais usados para descrever a correlação entre uma parte do corpo com outra pode ser agrupada em pares com significados opostos. Por exemplo, superior significa na direção da parte de cima do corpo e inferior significa na direção da parte de baixo do corpo. É importante entender que os termos direcionais têm significados relativos; eles só fazem sentido quando usados para descrever a posição de uma estrutura em relação à outra. Por exemplo, o joelho é superior ao tornozelo, mesmo que ambos estejam localizados na metade inferior do corpo (TORTORA; DERRICKSON, 2016). TERMOS DIRECIONAIS DEFINIÇÃO EXEMPLO DE USO Superior (cefálico ou cranial) Em direção à cabeça ou na parte de cima de uma estrutura. O coração encontra-se superior ao fígado. Inferior (caudal) Distante da cabeça ou na parte de baixo de uma estrutura. O estômago encontra-se inferior aos pulmões. Anterior (ventral)* Próximo da parte frontal ou na frente do corpo O esterno encontra-se anterior ao coração. Posterior (dorsal) Próximo ou na parte de trás do corpo. O esôfago encontra-se posterior à traqueia. Medial Próximo ao plano mediano (um plano imaginário vertical que divide o corpo em lados iguais direito e esquerdo). A ulna encontra-se medial ao rádio. Lateral Mais afastado do plano mediano. Os pulmões encontram-se laterais ao coração. Intermediário Entre duas estruturas. O colo transverso encontra-se em posição intermediária aos colos ascendente e descendente do intestino grosso. Ipsilateral No mesmo lado do corpo em relação a outra estrutura. A vesícula biliar e o colo ascendente do intestino grosso são ipsilaterais. Contralateral No lado oposto do corpo em relação a outra estrutura. Os colos ascendente e descendente do intestino grosso são contralaterais. Proximal Próximo à ligação entre um membro e o tronco; próximo à origem de uma estrutura. O úmero encontra-se proximal ao rádio. Distal Distante da ligação entre um membro e o tronco; distante da origem de uma estrutura. As falanges (ossos dos dedos da mão) são distais aos ossos carpais. Superficial (externo) Na direção ou na superfície do corpo. As costelas encontram-se superficiais aos pulmões. Profundo (interno) Distante da superfície do corpo. As costelas encontram-se profundas em relação à pele do tórax e do dorso. 10 *Repare que os termos anterior e ventral significam a mesma coisa para seres humanos. Entretanto, nos quadrúpedes, ventral refere-se ao ventre e é, portanto, inferior. De maneira semelhante, os termos posterior e dorsal significam a mesma coisa em seres humanos, mas em quadrúpedes, dorsal refere- se ao dorso e é, portanto, superior. Figura 03 - Termos direcionais localizam precisamente várias partes do corpo em relação umas às outras. Fonte: shre.ink/HvmJ Posição anatômica O termo posição anatômica é outra convenção para examinar o corpo humano de uma forma organizada e metodológica. Esse termo estabelece que a posição seja: o corpo humano está em pé (ereto), o olhar no horizonte, as palmas das mãos para 11 frente (supinação), os membros superiores e inferiores estão retos (em extensão) e os pés estão ligeiramente afastados. Portanto, visto que definido esse termo, não precisa mais visualizar uma imagem, somente imaginar o corpo posicionado assim. (BECKER et al., 2018). Quadrantes abdominais Na anatomia de superfície existe termos que referenciam as regiões do abdome. Trata-se de uma convenção para padronizar a comunicação e descrição anatômica na área da saúde. Comumente, são aplicadas duas formas ao abdome: a divisão em 4 e em 9 quadrantes. Essa divisão do abdome é feita para facilitar a descrição da localização anatômica e é também muito útil para a investigação de disfunções e patologias. Cada quadrante é específico a órgãos e/ou estruturas internas, abdominais e pélvicas específicas (BECKER, et al., 2018). Anatomia seccional Podem ser examinadas através de cortes ou planos de corte todas as estruturas da anatomia. Existem três tipos de cortes ou secções padronizados. 12 Através de imagem radiológica, da interpretação diagnóstica de exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética é possível realizar o estudo anatômico em secções. Caso você tenha a oportunidade de observar essas imagens radiológicas em cortes, automaticamente você estará exercitando a anatomia topográfica, observará estruturas e órgãos de vários sistemas corporais em um único corte. Ainda estará testando seu raciocínio espacial, tentando imaginar uma estrutura em três dimensões, partindo de uma imagem em duas dimensões (BECKER, et al, 2018). Cavidades do corpo O corpo é formado internamente por cavidades cujas funções são proteger separar e sustentar os órgãos. 13 Anatomia Sistêmica Como vimos anteriormente, a anatomia sistêmica consiste no estudo da morfologia dos órgãos que compõem os sistemas orgânicos, os quais em conjunto formam o corpo humano. Os sistemas orgânicos encontram descritos a seguir: Sistema esquelético: formado pelos ossos que compõem o esqueleto de sustentação do corpo, além de servir de suporte de fixação a outras estruturas (exemplo: músculos) e de proteção a órgãos (exemplo: coração e pulmões). Sistema articular: composto pelas articulações que conectam os ossos, de fundamental importância para a realização de movimentos. Sistema muscular: constituído pelos músculos esqueléticos, os quais se fixam nos ossos e são responsáveis pela parte ativa movimento. 14 Sistema nervoso: constituído por uma parte central (sistema nervoso central), uma parte periférica (sistema nervoso periférico) e uma autônoma (sistema nervoso autônomo). Sistema circulatório: composto pelo coração e por vasos nosuma vez que o estímulo neural direto sobre a célula-alvo passa por número muito menor de intermediadores do que o sistema endócrino Embora a velocidade da resposta produzida pelo sistema nervoso seja mais rápida, ela também tem duração de tempo menor, pois, em geral, o sistema nervoso mantêm atividade sobre as células-alvo apenas durante o envio do potencial de ação, já no sistema endócrino, a resposta tende a ser mais duradora, tendo em vista que os hormônios permanecem na corrente sanguínea por minutos, dias e até mesmo semanas e, assim, ativam suas células-alvo durante todo esse tempo. 86 Produção e regulação hormonal Após serem secretadas, os hormônios produzem respostas em todo o corpo humano, regulando os processos de homeostase por meio de suas células-alvo. É importante notar, no entanto, que para produzir tais respostas, os hormônios devem primeiro ser secretados por suas glândulas por meio de estímulos específicos. Antes de discutir esses estímulos, é necessário discutir os mecanismos de retroalimentação. A taxa de secreção hormonal na glândula endócrina é sempre determinada pela magnitude do estímulo e se a função é estimular ou inibir. Nesse sentido, uma das formas que ocorre é a retroalimentação negativa, também conhecida como feedback negativo. Isso acontece quando há uma diminuição do hormônio que sinaliza a necessidade de liberação ou inibição do hormônio. Como exemplo de feedback negativo ou retroalimentação, podemos usar os níveis de cálcio na corrente sanguínea. Quando os níveis de cálcio no sangue aumentam, a glândula tireoide estimula a produção de calcitonina. A calcitonina estimula o depósito de cálcio nos ossos e a eliminação de cálcio pela urina. Esse hormônio também influenciará a quantidade de cálcio absorvida pelo intestino. Como resultado, o imposto sobre o cálcio no sangue cairá. Quando os níveis de cálcio no nosso sangue caem, a secreção de calcitonina é inibida, e os paratireoides são estimulados a produzir o paratormônio, que tem a função oposta da calcitonina, pois libera o cálcio dos nossos ossos para a corrente sanguínea e estimula o intestino a absorver o cálcio, além de diminuir a eliminação de cálcio pelos rins (SILVERTHORN, 2017). O feedback positivo, por outro lado, ocorre quando o estímulo é amplificado, informando a necessidade de liberação ou inibição do hormônio. Como exemplo de feedback positivo, considere a situação em que um bebê está prestes a nascer e puxa a parede uterina, causando um forte estímulo. Como resultado, as células nervosas presentes na parede uterina produzem sinais nervosos que são transmitidos por uma via correspondente ao hipotálamo, que envia mensagens para a neurohipófise, fazendo com que a neurohipófise libere um hormônio conhecido como ocitocina. 87 A ocitocina tem a função de auxiliar no trabalho de parto e vai provocar contrações uterinas. A contração uterina aumentará a força que o bebê exerce sobre a parede do útero, reforçando a sinalização nervosa descrita anteriormente, formando um ciclo. Assim os estímulos vão se tornando cada vez mais fortes um após o outro, até que o parto seja realizado e haja o nascimento (SILVERTHORN, 2017). Conhecendo os mecanismos de feedback positivo e negativo, podemos discuti- los usando três tipos de estímulos específicos: humoral , neural e hormonal. Estimulação humoral: Esta estimulação é fornecida por moléculas que circulam na corrente sanguínea e são tipicamente derivadas de células sanguíneas. Recebem o nome de estímulo humoral porque a palavra humor refere-se a fluidos corporais, como o sangue. Os hormônios controlados pela estimulação humoral são sensíveis às concentrações plasmáticas de substâncias como glicose, cálcio e sódio. Como resultado, quando os níveis dessas moléculas no sangue mudam, os hormônios são liberados em resposta à mudança. No entanto, além do humor, é importante notar que a inibição ocorre frequentemente em resposta ao mesmo humor. Geralmente, essas respostas ocorrem em hormônios que têm ação antagônica, isto é, quando o hormônio A se opõe ao hormônio B. Como exemplo dessa regulação humoral, podemos citar a relação insulina-glucagon, ambos hormônios secretados pelo pâncreas. Após o aumento da glicemia, característico do período pós-prandial, a grande quantidade de açúcar no sangue estimula a liberação da insulina, que irá metabolizar esse açúcar e estimular a captação e o armazenamento deste como reserva de energia, ao mesmo tempo, ocorre uma inibição do glucagon, porém, em uma situação oposta, como após uma sessão de exercício aeróbico e/ou após horas em jejum, é natural que se observe uma redução na quantidade de açúcar do sangue. Ao mesmo tempo em que inibe a ação da insulina, a hiperglicemia estimula a secreção de glucagon, hormônio que vai estimular a gliconeogênese, ou a quebra das reservas de glicose no fígado (glicogênio hepático) para fornecer glicose adequada à corrente sanguínea. Neuroestimulação: Este tipo de regulação envolve a estimulação neural das glândulas endócrinas via liberação de neurotransmissores na fenda pós-sináptica. Em alguns casos, esse neurotransmissor estimula as células a aumentar a produção e secreção de hormônios; em outros, os neurônios secretam neuropeptídeos 88 diretamente na corrente sanguínea, o que estimula a secreção hormonal de outras células endógenas , conhecidas como liberadores de hormônios. Ao mesmo tempo, pode ocorrer inibição neural. Nesse caso, os neurônios inibem seus alvos da mesma forma que fariam se estivessem sendo estimulados, mas com um neurotransmissor diferente, impedindo que a glândula libere o seu hormônio, ou podem promover a inibição por secretando neuropeptídeos diretamente na corrente sanguínea, e são referidos como hormônios inibitórios. Por exemplo, podemos considerar a estimulação do sistema nervoso simpático nas glândulas suprarrenais para a secreção de adrenalina, ou a liberação de GHrH e GhiH, neuropeptídeos secretados pelo hipotálamo na corrente sanguínea para estimular ou inibir a secreção do hormônio do crescimento pela hipófiseglândula. Estimulação hormonal: esse mecanismo ocorre quando um hormônio é secretado e, como resultado , estimula a secreção de outros hormônios. Nesses casos, a proibição ocorre quando a secreção de um hormônio inibe a secreção de outro , e ambos os mecanismos estão envolvidos na regulação hormonal. Essa estimulação é muito comum na regulação da adeno-hipófise — uma porção da glândula hipófise — por meio da liberação de hormônios tireoidianos. Esses hormônios tróficas são liberadas pelo hipotálamo , que estimula a liberação de um hormônio hipofisário trófico , que vai agir e estimular a secreção de uma quarta glândula e um quarto hormônio. Por exemplo, o hipotálamo produz o hormônio tirotropina-estimulante, conhecido como TRH, que é liberado na adeno-hipófise, estimulando a produção do hormônio estimulante da tireoide, o TSH. O TSH estimula a tireoide a produzir e secretar hormônios, entre eles a tiroxina (T4), que é convertida em triiodotironina (T3), responsável por estimular e acelerar o metabolismo do organismo. Ao mesmo tempo , os hormônios tireoidianos podem controlar seus próprios níveis sanguíneos, evitando a liberação do trófico hipofisário hormonal. 89 14 SISTEMA SENSORIAL Fonte: shre.ink/mpNt O sistema sensorial é responsável por informar ao SNC as alterações que acontecem no meio externo e no meio interno para que ele seja capaz de integrar e deflagrar comandos a fim de manter a homeostasia. Para isso, o sistema sensorial é composto de elementos especializados em exercer tal função através dos receptores sensitivos. Os órgãos que informam ao SNC os estímulos externos são os órgãos do sentido, os quais estão relacionados à visão (olho), audição e equilíbrio (orelha), olfato(nariz) e gustação (língua). O olho está localizado na cavidade da órbita e é formado por três túnicas: fibrosa, vascular e interna. A túnica fibrosa é formada pela esclera e córnea; a túnica vascular é formada pelo corioide, corpo ciliar e íris; e a túnica interna é formada pela retina. O olho possui anexos, que são os elementos de proteção (cílios, pálpebras e glândula lacrimal) e os músculos extrínsecos do olho (SILVA, 2021). A orelha é responsável pela audição e pelo equilíbrio. É dividida em três partes: orelha externa, orelha média e orelha interna. A orelha externa é formada pela orelha e meato acústico externo, e é separada da orelha média pela membrana timpânica. 90 Na orelha média (ou cavidade timpânica) encontram-se três ossículos: o martelo, a bigorna e o estribo, que transferem as vibrações da membrana timpânica para a orelha interna. A orelha interna, é constituída por dois labirintos, um ósseo e outro membranáceo. Entre o labirinto ósseo e labirinto membranáceo existe um líquido, a perilinfa, a qual propaga vibrações até o labirinto membranoso, e a endolinfa, líquido da orelha interna que envolve o órgão de Corti, estimulando receptores auditivos que captam o estímulo sonoro, transferindo-o para o córtex auditivo (SILVA, 2021). Na orelha interna existem estruturas que informam o SNC sobre o equilíbrio, que são o sáculo, urtículo e ductos semicirculares. O movimento da cabeça agita a endolinfa, a qual estimula os receptores que informam o cerebelo e o tronco encefálico sobre o movimento da cabeça. A função de manutenção do equilíbrio não é exclusiva da orelha interna, mas de uma cooperação entre essa e outras estruturas, como órgãos da visão e receptores proprioceptivos dos tendões, músculos e articulações. As sensações gustativas são percebidas devido à presença de receptores especializados, denominados calículos gustatórios. Apesar da maioria desses receptores encontrarem-se na língua (papilas), é possível detectá-los na faringe, palato e superfície interna das bochechas (SILVA, 2021). 15 SISTEMA TEGUMENTAR Fonte: shre.ink/mpNZ 91 O sistema tegumentar é composto pela pele e seus anexos (unhas, pelos, glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e mamas), os quais em conjunto formam um sistema de revestimento com funções de proteção, regulação da temperatura corpórea, além de possuir receptores sensoriais, que permitem a identificação de diversas informações (SILVA, 2021). A pele é constituída por três camadas, uma mais superficial, uma média e outra mais profunda, denominadas epiderme, derme e hipoderme, respectivamente; é um órgão distensível, devido à presença de fibras colágenas e elásticas presentes na derme, esta que é altamente vascularizada, e nela situam-se os folículos pilosos e as glândulas sudoríparas e sebáceas. Esta apresenta elevações que se projetam para a epiderme, conhecidas como papilas dérmicas, as quais são visíveis nos dedos, constituindo as impressões digitais. A derme repousa sobre a hipoderme, que é uma tela subcutânea, rica em tecido adiposo, cuja quantidade de gordura varia nas diferentes partes do corpo e possui importante papel em diminuir a perda de calor para o meio externo. As glândulas sudoríparas possuem importante papel na regulação da temperatura corpórea, através da secreção do suor, e apresentam alta densidade na palma das mãos e nos pés, são localizadas principalmente na derme. As glândulas sebáceas estão localizadas na derme e o seu ducto se abre nos folículos pilosos, atuando na lubrificação da pele. O pigmento responsável em dar cor à pele é a melanina, sendo que quanto maior for a quantidade de melanina na pele, mais escura ela é. Os pelos são estruturas afiladas que apresentam uma haste e uma raiz, que se aloja em uma estrutura denominada folículo piloso. Eles recobrem diversas regiões do corpo, com exceção da palma das mãos e planta dos pés. As unhas são placas de queratina situadas nas falanges distais. Assim como os pelos, as unhas também oferecem um corpo e uma raiz, e têm um papel de proteção (SILVA, 2021). 92 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIRES, M. M. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. BECKER, R. O.; et al. Anatomia Humana. Grupo A, 2018. CHEN, M. Y. M.; POPE, T. L.; OTT, D. J. Radiologia básica. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. CONSTANZO, L.S. Fisiologia. 3 ed. Elsevier Editora Ltda. Rio de Janeiro, RJ. 2007. DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. Rio de Janeiro: Atheneu, 2010. GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13. ed., 2017. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. LIBERATO, J. A.; et al. Terminologia Anatômica: terminologia anatômica internacional. Sociedade Brasileira de Anatomia. Barueri: Manole, 2001. MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. MARTINI; et al. Anatomia e Fisiologia Humana: uma abordagem visual. 1. ed. São Paulo: Pearson, 2014. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 184 p.: il. – (Cadernos de Atenção Básica; n. 23) SANTOS, N. C. M. Anatomia e Fisiologia humana. Editora Saraiva, 2014. SILVA, F. G. Anatomia e Fisiologia humana. São Caetano do Sul-SP: Difusão Editora, 2021. SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. TALANOW, R. Radiologia de emergência: manual baseado em casos clínicos. Porto Alegre: AMGH, 2012 TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 93 TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017 TORTORA, G. J.; NIELSEN, M. T. Princípios da Anatomia Humana. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. VIEIRA, L. G.; MARTINS, G. F. Fisiologia da mama e papel dos hormônios na lactação. 2018.quais circulam o sangue e a linfa. Sistema respiratório: constituído por órgãos responsáveis pela condução (exemplo: nariz, faringe, laringe, traqueia e brônquios) e trocas de gases entre o ar e o sangue (exemplo: pulmões). Sistema digestório: formado por órgãos que transportam (exemplo: faringe, esófago) e modificam o alimento ingerido (exemplo: boca, estômago, pâncreas, fígado), além de permitir a absorção de nutrientes (exemplo: intestino delgado), armazenamento e eliminação de resíduos para o meio externo (intestino grosso). Sistema urinário: composto pelos órgãos produtores de urina (rins) e vias urinárias que transportam a urina para o meio externo (cálices renais, pelve renal, ureter, bexiga urinária e uretra). Sistema genital feminino: constituído por órgãos produtores de gametas (ovários), tubas uterinas, útero, vagina, glândulas vestibulares, clitóris e vulva. Sistema genital masculino: composto por órgãos produtores de gametas (testículos), além dos epidídimos, ductos deferentes, ducto ejaculatório, glândulas seminais, próstata, glândulas bulbouretrais, uretra, escroto e pênis. Sistema endócrino: formado por glândulas endócrinas, que não possuem ducto excretor (hipófise, tireoide, paratireoides, pineal, ilhotas pancreáticas, suprarrenal). Sistema sensorial: constituído pelos órgãos dos sentidos e estruturas responsáveis por informar sensações ao sistema nervoso (pele, orelha, nariz, boca, olho). Sistema tegumentar: formado pelas estruturas que revestem externamente o corpo (pele, cabelo, pelos, unhas, glândulas sebáceas e mamárias). A seguir, discutiremos detalhadamente os órgãos e estruturas que compõem cada sistema. 15 3 SISTEMA ESQUELÉTICO Fonte: shre.ink/mpO4 O corpo humano adulto é formado por aproximadamente 206 ossos, unidos por articulações, os quais em conjunto formam o esqueleto. No entanto, o número de ossos que formam o esqueleto pode variar, dependendo dos critérios de contagem, da idade e de variações individuais. O esqueleto é um arcabouço ósseo, resistente, que tem por função fornecer suporte e sustentação ao corpo e conferir proteção à órgãos vitais (coração, pulmões, encéfalo e medula espinal). Ainda, o esqueleto serve de reservatório de diversos íons (cálcio e fosfato), além também de armazenar células tronco hematopoiéticas, que irão originar diversas células sanguíneas (SILVA, 2021). O esqueleto é dividido em esqueleto axial, o qual forma o eixo do corpo (ossos da cabeça, pescoço e tronco), e esqueleto apendicular, formado pelos membros (ossos dos membros superiores e inferiores). O esqueleto apendicular se conecta ao esqueleto axial através dos cíngulos do membro superior (escápula e clavícula) e do membro inferior (ossos do quadril). Os ossos são revestidos externamente por uma membrana, denominada de periósteo (exceto as superfícies articulares). À camada profunda do periósteo é osteogênica, e contém células responsáveis pelo remodelamento do tecido ósseo. Além disso, observa-se no periósteo diversos nervos e vasos sanguíneos, os quais são responsáveis pela inervação e nutrição dos ossos (SILVA, 2021). 16 Classificação dos ossos Os ossos podem ser classificados de diversas maneiras. Conforme a sua localização topográfica, podem ser classificados em axiais (localizam-se no esqueleto axial) e apendiculares (localizam-se no esqueleto apendicular). Além disso, os ossos podem ser classificados conforme a predominância de uma de suas dimensões em: ossos longos (comprimento predomina sobre espessura e largura; exemplos: fêmur, úmero), curtos (comprimento, largura e espessura equivalentes; exemplo: ossos do carpo e do tarso), planos (largura e comprimento predominam sobre espessura; exemplo: escápula, frontal), irregulares (não possuem morfologia definida; exemplo: temporal, vértebras), pneumáticos (possuem cavidades contendo ar e revestidas de mucosa; exemplo: frontal, maxilar) e sesamoides (encontrados em articulações ou tendões; exemplos: patela, periarticulares). Nos ossos longos é possível notar duas extremidades, denominadas epífises, conectadas por um corpo denominado de diáfise. Em ossos longos com ossificação incompleta, observa-se a presença da cartilagem epifisial entre a epífise e a diáfise, a qual é responsável pelo crescimento em comprimento do osso longo. No interior da diáfise, observa-se a cavidade medular, que contém a medula óssea amarela. Além disso, ao seccionarmos um osso, podemos observar que este é formado por dois tipos de substância óssea, denominadas substância compacta e substância esponjosa (SILVA, 2021). Osso longo Apresenta um comprimento maior que a largura e a espessura. Exemplo: fêmur, úmero, rádio, ulna, tíbia, fíbula e falanges Osso curto Apresenta equivalência das três dimensões. São os ossos que suportam o peso do corpo. Exemplo: ossos do carpo e do tarso. Osso plano Seu comprimento e sua largura são equivalentes, predominando sobre a espessura. Ossos do crânio, como o parietal, frontal, occipital e outros como a escápula e o osso do quadril, são exemplos bem demonstrativos. São também chamados (impropriamente) de ossos planos. Osso irregular Apresenta uma morfologia complexa não encontrando correspondência em formas geométricas conhecidas. As vértebras e osso temporal são exemplos marcantes. 17 Figura 04 – Ossos do crânio Fonte: shre.ink/Hvmn Ossos do esqueleto axial O esqueleto axial é formado pelos ossos da cabeça, pescoço e tronco. Ossos da cabeça São ossos do crânio e da face: Frontal, parietal, occipital, temporal, esfenoide, etmoide, nasal, maxila, mandíbula, zigomático, palatino, vômer, lacrimal, ossículos da audição e concha nasal inferior (SILVA, 2021). Ossos do pescoço e do tronco 18 A coluna vertebral corresponde ao eixo ósseo do corpo, que além de servir de suporte para a sustentação e movimentação do corpo, também protege a medula espinal, localizada no seu interior. As vértebras possuem uma estrutura básica, constituída pelo forame vertebral, corpo vertebral, processos transversos e espinhosos. A coluna vertebral é formada por 33 peças ósseas que se articulam entre si através dos discos intervertebrais. As vértebras encontram-se dispostas umas sobre as outras, formando a coluna vertebral, e são classificadas em: 7 vértebras cervicais 12 vértebras torácicas 5 vértebras lombares 5 vértebras sacrais (sacro) 4 vértebras coccígeas (cóccix) As vértebras são conectadas entre si por diversas articulações e ligamentos de modo a conferir estabilidade e flexibilidade à coluna, atributos necessários para amobilidade do tronco, postura, equilíbrio e suporte de peso. As vértebras torácicas, por sua vez, se associam com o esterno e as costelas para formar a caixa torácica (SILVA, 2021). Figura 05- Coluna vertebral 19 Fonte: shre.ink/Hvmh Ossos do esqueleto apendicular O esqueleto apendicular é formado pelos ossos dos membros superiores e inferiores. Ossos dos membros superiores São ossos dos membros superiores: escápula, clavícula, úmero, ulna, rádio, carpo, metacarpo e falanges. Ossos dos membros inferiores São ossos dos membros inferiores: ossos do quadril, fêmur, patela, tíbia, fíbula, tarso, metatarso e falanges. 20 4 SISTEMA ARTICULAR As articulações unem dois ou mais ossos, e têm por função permitir a formação do esqueleto. Além de promover a união entre os ossos, as articulações desempenham importante papel na movimentação, através da sua associação com o sistema esquelético e sistema muscular. Elas podem ser classificadas de acordo com sua estrutura ou função (SILVA, 2021). As articulações fibrosas são formadas por tecido conjuntivo fibroso, e possuem mobilidade extremamente reduzida. As articulações fibrosas podem ser subdivididasem: suturas (entre os ossos do crânio), gonfoses (entre dente e alvéolo) e sindesmoses (entre extremidades distais da tíbia e fibula). As suturas apresentam forma variável e, por isso, podemos classificá-las em: plana, escamosa, esquindilese e serrátil. No neonato, observa-se uma maior quantidade de tecido conjuntivo fibroso entre os ossos do crânio, a qual é fundamental para permitir o crescimento destes ossos. Essas regiões são chamadas de fontanelas (ou fontículos) e desaparecem após a ossificação completa do crânio. As articulações cartilaginosas são constituídas por cartilagem hialina ou fibrocartilagem, e também apresentam pouca mobilidade. As articulações cartilaginosas possuem cartilagem hialina entre os ossos e são classificadas como sincondroses (sincrondose esfeno-occipital). Já as articulações cartilaginosas formadas por fibrocartilagem são denominadas de sínfises (sínfise púbica). O terceiro tipo de articulação é a articulação sinovial, a qual apresenta como elemento estrutural o líquido sinovial. Diferente das articulações fibrosas e cartilagíneas, as articulações sinoviais permitem grande mobilidade entre as peças ósseas dessa articulação. As extremidades ósseas que se relacionam nessa articulação são revestidas por cartilagem hialina, e são desprovidas de irrigação sanguínea e inervação, o que torna a regeneração do tecido lenta em caso de lesões. Além disso, encontramos nesse tipo de articulação uma cápsula articular, que envolve a articulação e conecta as peças ósseas, e uma cavidade articular, onde se encontra o líquido sinovial. As articulações sinoviais podem ainda apresentar elementos acessórios, como por exemplo, meniscos, discos e ligamentos (SILVA, 2021). 21 As articulações sinoviais podem ser classificadas morfologicamente de acordo com a forma das superfícies ósseas articulares em: plana (articulações intercarpais), gínglimo (articulação interfalângica), trocoidea (articulação radioulnar proximal), elipsoidea (articulação metacarpofalângica), selar (articulação carpometacarpal do polegar) e esferoidea (articulação do quadril). Elas podem ainda ser classificadas de acordo com os movimentos realizados em torno de um, dois ou três eixos (ântero- posterior, longitudinal e látero-lateral) em: monoaxiais (articulação rádioulnar proximal), biaxiais (articulação radiocarpal) e triaxiais (articulações do ombro e quadril). 5 SISTEMA MUSCULAR Fonte: shre.ink/mpOQ O sistema muscular é composto pelos músculos estriados esqueléticos, responsáveis por realizar diversos tipos de movimento. Os músculos são formados por células especializadas, que contraem e relaxam frente à diferentes estímulos. As células musculares são fusiformes e alongadas, sendo denominadas de fibras. As fibras se agrupam em feixes que, por sua vez, formam os músculos, por serem o elemento ativo do movimento, participam da sustentação, locomoção e manutenção da forma do corpo. Além disso, os músculos são reservatórios de proteínas e fontes de produção de calor. Os músculos estriados esqueléticos apresentam estriações, e são em sua maioria voluntários. Ainda é válido ressaltar que 22 a força de contração de um músculo depende não apenas do número de fibras que o compõe, mas também do diâmetro destas fibras (SILVA, 2021). Os músculos estriados esqueléticos possuem uma porção carnosa, chamada ventre muscular, que é a parte contrátil dos músculos. Além disso, os músculos estriados esqueléticos possuem em suas extremidades uma porção branca cilíndrica/ou em forma de fita, denominada tendão ou aponeurose, as quais são constituídas de tecido conjuntivo denso e são responsáveis por fixar o músculo ao esqueleto, cartilagens ou outras estruturas. Além disso, os músculos estriados esqueléticos são envolvidos externamente por uma membrana de tecido conjuntivo, a fáscia muscular, que tem por finalidade, otimizar o trabalho de contração dos músculos, além de auxiliar a sua fixação ao esqueleto (SILVA, 2021). O ponto proximal de fixação do músculo é denominado origem, enquanto que o ponto distal de fixação é denominado de inserção. Nos membros, normalmente, a inserção corresponde à porção mais distal, e a origem à porção mais proximal do músculo. Dessa forma, a origem e inserção do músculo não dependem do movimento realizado. No entanto, é válido esclarecer que durante a realização de determinados movimentos, um músculo pode ter seus pontos fixo e móvel alterados. Os músculos podem ser classificados conforme vários critérios que incluem a disposição das fibras musculares e a forma. Quanto à disposição das fibras musculares, os músculos podem ser classificados em longo (m. esternocleidomastoideo), largo (m. glúteo máximo) e fusiforme (m. bíceps braquial), quando apresentam fibras musculares paralelas. Ainda, alguns músculos apresentam fibras em disposição oblíqua, sendo classificados como peniformes, quando suas fibras são oblíquas em relação aos tendões (m. reto femoral). Além disso, alguns músculos apresentam fibras musculares em disposição circular, sendo classificados como circulares (m. orbicular da boca). Quanto ao número de origens, os músculos podem ser classificados em bíceps (2 origens: m. bíceps braquial), tríceps (3 origens: m. tríceps sural) e quadríceps (quatro origens: m. quadríceps femural). No que diz respeito ao número de inserções, os músculos podem ser divididos em bicaudado (2 tendões de inserção: m. reto da coxa) e policaudado (3 ou mais tendões de inserção: mm. extensores dos dedos da mão). Além disso, os músculos 23 podem ser classificados conforme o número de ventres musculares em digástrico (2 ventres: m. digástrico) e poligástrico (3 ou mais ventres: m. reto do abdome). Os músculos também podem ser classificados conforme o movimento que realizam, ou seja, de acordo com sua função. Assim, quando o músculo é o principal agente na execução de um movimento, ele é denominado agonísta; quando se opõe ao movimento do agonista, ele é denominado antagonista. As células musculares normalmente são controladas pelo sistema nervoso, através da inervação das fibras musculares, que irão promover a contração ou relaxamento do músculo (SILVA, 2021). 5.1 Fisiologia muscular Propriocepção é um termo derivado do latim, proprious significa "si mesmo, e recepção refere-se a "receber", obter informações sobre a posição e o estado das partes do corpo significa que os proprioceptores são estruturas nos músculos esqueléticos, tendões, articulações e até mesmo no ouvido interno que realizam essas sensações. Tais estruturas capturam a posição, o movimento e as forças exercidas pelas estruturas do corpo, como a cabeça e os membros, sem olhar para sua localização (GUYTON; HALL, 2017). Você pode testar o quão bem essas estruturas funcionam. Tente fechar os olhos e tentar localizar onde estão seus braços. Você é capaz de se sentir assim porque seus proprioceptores de ordem superior estão "avisando" você sobre esse local. Os proprioceptores são considerados receptores sensoriais, o que significa que os impulsos nervosos originários dessas estruturas são transportados por neurônios sensoriais e entram no sistema nervoso central (SNC), na medula ou no encéfalo. Posteriormente, essa informação percorre os tratos sensoriais, que são fibras nervosas compostas por projeções axônicas, e ascende encefalicamente até o córtex cerebral. A seguir abordaremos sobre as estruturas encefálicas envolvidas nesse processo. Os proprioceptores também emitem sinais contínuos ao SNC. 24 Fusos musculares Os fusos musculares são receptores sensoriais de estiramento que detectam o comprimento do músculo e suas alterações. Distribui-se nas fibras musculares esqueléticas, também denominadas extrapiramidais, e circundado por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso. O músculo esquelético possuinumerosos fusos musculares. Por exemplo, os músculos dos dedos dos recém-nascidos têm pelo menos 50 fusos. Morfologicamente, sua parte externa é pontiaguda na ponta e a parte central é larga. O interior contém fibras musculares chamadas intrafusais. Isso difere das fibras musculares esqueléticas porque elas se contraem apenas nos pólos. Sua região central carece dessa capacidade porque carece de miofibrilas. A inervação das fibras intrafusais é dividida em segundo Tortora; Derrickson, 2017): Uma parte sensorial, composta de axônios de fibras Ia, que inervam a região equatorial intrafusal não contráctil. Essas fibras nervosas são estimuladas por estiramento muscular esquelético; Uma parte motora contráctil do fuso em suas extremidades, que é inervada por neurônios motores gama. Figura 6 - Fusos musculares e seu funcionamento Fonte: Bear, Connors e Paradiso (2017). 25 Os axônios Ia são grandes e mielinizados, o que leva à rapidez na transmissão do potencial de ação. Essas fibras se ligam à raiz dorsal da medula espinhal e criam sinapses excitatórias com interneurônios e neurônios motores alfa no corpo ventral da medula espinhal. As fibras musculares esqueléticas são inervadas pelos neurônios motores do tipo alfa, que também fazem com que o neurotransmissor acetilcolina libere sinapticamente ( ACh ) (Figura 7). A função do fuso é ajustável, como foi dito anteriormente. Com isso, ele continua ativo enquanto os músculos estão em repouso, proporcionando a manutenção do tônus muscular (que será abordado no próximo tópico). Além disso, o fuso atua durante a contração muscular no seguinte processo: Quando o músculo é estirado, os fusos musculares também são estendidos, resultando em disparo das fibras sensoriais Ia; Após esse estiramento, ocorre uma contração muscular das fibras extrafusais de forma reflexa, realizada pelos neurônios motores alfa. Mas por que isso acontece? Bem isso ocorre para impedir danos relativos ao estiramento muscular excessivo. Esse processo pode ser denominado reflexo de estiramento, ou também reflexo miotático (em grego, mio significa “músculo” e tático significa “estirar”) (Figura 7). A sinapse entre os neurônios sensoriais Ia e os motores alfa constituem um arco reflexo monossináptico, pois apenas uma sinapse é realizada aqui (SILVERTHORN, 2017). Figura 7 - Fusos musculares e o reflexo de estiramento 26 Fonte: Silverthorn (2017, p. 423). Já a fusão muscular poderia enfraquecer sua ação, paralisando a musculatura. Por que isso não acontece? A gama de neurônios motores entra em cena para que o sistema muscular continue funcionando adequadamente. Essas fibras nervosas, que circundam as extremidades opostas do fuso, realizam o disparo neuronal, estimulando a contração das fibras intrafusais. A partir daí o fuso volta a se movimentar, garantindo uma contração muscular. Essa estimulação é conhecida como coativação alfa - gama porque envolve dois neurônios motores com atividade aumentada, conforme mostrado na Figura 8. Figura 8 - O fuso muscular e os neurônios motores alfa e gama 27 Fonte: Bear, Connors e Paradiso (2017, p. 474). Órgão tendinoso de Golgi O órgão tendinoso de Golgi, é um proprioceptor localizado entre a junção dos tendões com as fibras musculares. Ele atua como um sensor de tensão dos músculos, devido à ação que os tendões sofrem quando se aumenta a tensão de contração do músculo. Esse fenômeno é distinto da atividade do fuso muscular, visto que o órgão tendinoso não atua em relação ao estiramento muscular e, sim, na contração, como um sensor de tensão. Sua estrutura morfológica é representada por uma cápsula de tecido conjuntivo e terminações nervosas livres entrelaçadas com fibras de colágeno. As fibras sensoriais no órgão tendinoso são do tipo Ib, um pouco mais finas do que as fibras Ia (SILVERTHORN, 2017). Quando a tensão muscular aumenta, o órgão tendinoso atua. Isso faz com que a tensão nas fibras de colágeno aumente, o que acaba comprimindo as fibras sensoriais e resultando em potenciais rajadas de energia relacionadas à ação. As fibras Ib entram pelo milho ventral da medula medial e fazem sinapses com interneurônios inibitórios. Como resultado, há uma conexão pós-sináptica entre esses interneurônios e os neurônios motores alfa ainda no tronco cerebral. 28 Este circuito serve como base para o reflexo tendinoso de Golgi. Tal fenômeno regula a tensão muscular dentro de uma faixa ideal. Ele pode estimular a " proteção" se o músculo estiver carregando uma carga excessiva que cause muita tensão. Como resultado, o alfa motor neuronal reduz suas taxas de disparo, o que, por sua vez, resulta em um declínio na contração. Por outro lado, o neurônio motor alfa volta a disparar quando a carga muscular diminui já que sua incapacidade de resistir aumenta, levando ao sucesso na oposição. Essa reação auxilia muito no manuseio de objetos com maior fragilidade, pois proporciona uma faixa de tensão de manuseio (SILVERTHORN, 2017). Tônus muscular O tônus muscular é a tensão de um músculo durante a contração. Este processo é provocado por uma variedade de estruturas contidas nos músculos, bem como suas interações com o sistema nervoso periférico (SNP) e conexões SNC. As unidades motoras nas fibras musculares são o contingente de fibras imobilizadas por um único neurônio motor. Todas as unidades lutam entre si coletivamente quando esse neurônio libera potenciais de ação (CONSTANZO, 2007). Os músculos ficam relaxados quando em estado de repouso, mas algumas unidades motoras são ativadas involuntariamente para manter a estimulação muscular contínua. O estabelecimento do tônus muscular é resultado desse processo, e esse fenômeno é mantido tanto pela ativação contínua quanto pela intercalação das unidades motoras. Porém, não são gerados movimentos ou contrações intensas pelo tônus muscular, deixando a musculatura rígida para a manutenção postural. Uma ilustração da atividade do tônus muscular é o músculo pectíneo dorsal, que mantém seu tônus de modo que a cabeça não caia para a frente em direção à região torácica. Devemos lembrar que a contração muscular ocorre após a estimulação do neurônio motor das fibras musculares (CONSTANZO, 2007). O autor afirma que a porção ventral da substância medular cinzenta abriga as regiões corticais do neurônio motor alfa. Este neurônio cria sinapses químicas com o músculo esqueleto, ou junções neuromusculares. O neurotransmissor ACh é liberado nessas junções como resultado de um potencial de ação no neurônio motor. 29 A acetilcolina (Ach) é distribuída para a placa motora, que serve como ponto de contato entre o axônio terminal e a membrana da fibra muscular. Como resultado, a ACh liga-se aos receptores nicotínicos, que são os canais de sódio, e provoca a sua abertura, permitindo que a ACh se difunda por toda a célula muscular. Diante disso, ocorre uma despolarização da fibra muscular que favorece o deslizamento da capa do filamento de miosina sobre a actina, resultando no cruzamento das fibras e encurtamento da fibra. Ação do fuso na manutenção do tônus muscular Como dito, as fibras musculares têm uma ação tônica que ajuda a manter o tônus e mantê-las consistentemente firmes. O mecanismo por trás desse processo está, antes de tudo, conectado às fibras Ia no cérebro. A mesma contração do músculo esquelético ocorre enquanto o músculo está em repouso; no entanto, essa contração é mais leve do que o normal e tem como objetivo ativar as fibras Ia, que estão localizadas na região intermediária do fuso. Como resultado, as fibras sensoriais transmitem informações para a medula dorsal e realizam sinapses com a raiz ventral dos neurônios motores. Essa conexão, discutida anteriormente no tópico, fornece uma conexão excitatória que leva a um reflexomonossináptico (SILVERTHORN, 2017). Nota- se uma leve tensão nos músculos do tônus devido à conexão entre as fibras Ia e os neurônios motores alfa, o que resulta em atividade tônica. A resposta provocada pela ativação da fornalha muscular por estiramento é uma contração das fibras da matriz extracelular. Como resultado, a função do fuso seria reduzida porque o músculo não estaria mais tão esticado. Mas, quando há neurônios motores da gama, os músculos permanecem ativos porque o neurônio empurra as extremidades das fibras intramusculares, mantendo o músculo ativo independentemente do comprimento do músculo. O significado da ativação alfa-gama fica assim claro (SILVERTHORN, 2017). 30 6 SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso é responsável pela integração do ser humano ao meio ambiente, uma vez que é capaz de interpretar os estimulos aplicados ao corpo, e gerar respostas adequadas a este estímulos. Desta forma, o sistema nervoso controla e coordena todos os sistemas que formam o organismo. Para desempenhar suas funções, o sistema nervoso possui milhões de receptores sensitivos, que detectam informações de dentro e fora do corpo. Em seguida o sistema nervoso interpreta e integra essas informações, as quais irão desencadear respostas nos órgãos efetores (SILVA, 2021). O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC), formado pela medula espinal e pelo encéfalo, responsável por interpretar estímulos e gerar comandos, e pelo sistema nervoso periférico (SNP), formado por nervos cranianos e espinais, gânglios e terminações nervosas, cuja função é tanto conduzir estímulos para o SNC como também ordens geradas no SNC para as estruturas-alvo (fibras meotoras ou eferentes). Além disso, há o sistema nervoso autônomo (SNA), formado pelas subdivisões simpática e parassimpática, o qual é responsável pelo controle e manutenção da homeostase do organismo (SILVA, 2021). Sistema nervoso central e sistema nervoso periférico O SNC é formado pelo encéfalo e medula espinal, os quais se localizam dentro do crânio e da coluna vertebral. O SNP, como mencionado anteriormente, é composto por terminações nervosas, nervos e gânglios. Os nervos correspondem a feixes de fibras nervosas que conduzem ou trazem impulsos ao SNC, e podem ser divididos em nervos cranianos ou espinais. OS NERVOS CRANIANOS (12 PARES) FAZEM CONEXÃO COM O ENCÉFALO, E SÃO DIVIDIDOS EM: Olfatório (I), Óptico (II), Oculomotor (III), Troclear (IV), Trigêmeo (V), 31 Abducente (VI), Facial (VII), Vestibulococlear (VIII), Glossofaríngeo (IX), Vago (X), Acessório (XI) e Hipoglosso (XII). Já os nervos espinais (31 pares) realizam conexão com a medula espinal. Cérebro O encéfalo pode ser dividido em várias partes, que são o cérebro, tronco encefálico e cerebelo. O cérebro é formado pelo telencéfalo e diencéfalo, que durante o processo de desenvolvimento do embrião evoluem a partir do prosencéfalo. O telencéfalo é composto por dois hemisférios cerebrais, os quais estão unidos por fibras, denominadas de comissuras. Os hemisférios cerebrais são compostos pelo córtex cerebral (substância cinzenta), fibras nervosas (substância branca) e núcleos da base. A área clara, denominada substância branca, localiza-se na região central do encéfalo, enquanto a área escura, denominada substância cinzenta, ocupa a região periférica do encéfalo (SILVA, 2021). Na substância branca há predomínio de fibras nervosas mielínicas, enquanto que na substância cinzenta há predomínio de corpos de neurônios. O acúmulo de corpos de neurônios no SNC forma núcleos, os quais possuem diversas funções, como por exemplo, controle da respiração, da pressão arterial, da produção de hormônios, etc. Tronco encefálico O tronco encefálico é formado pelo mesencéfalo, ponte e bulbo, os quais evoluem a partir do mesencéfalo, metencéfalo e mielencéfalo. No mesencéfalo, situam-se importantes estruturas, como a glândula pineal e o nervo troclear. Na ponte, localizada entre o mesencéfalo e o bulbo, nota-se o nervo trigêmeo. No sulco que afasta a ponte do bolbo (sulco bulbopontino), emergem os nervos facial, abducente, 32 intermédio e vestibulococlear. Do bulbo, emergem os nervos glossofaríngeo, vago, acessório e hipoglosso (SILVA, 2021). Cerebelo O cerebelo origina-se a partir do metencéfalo, e está localizado posteriormente o bulbo e à ponte. Suas principais funções estão relacionadas à coordenação motora e ao equilíbrio. Medula espinal A medula espinal é uma estrutura cilíndrica e afilada, localizada no canal vertebral. À medula espinal é composta por substância cinzenta, localizada mais internamente e em forma de “H”, e por substância branca, formada principalmente por fibras mielínicas e localizada na porção mais externa. Na medula espinal, encontram- se os nervos espinais, os quais são formados pela união da raiz posterior e da raiz anterior. As fibras que compõe essas raízes são sensitivas (raiz posterior) e motoras (raiz anterior), o que torna o nervo espinal misto. No entanto, logo após a fusão das raízes, o nervo se divide em ramos anterior e posterior, que inervam diferentes regiões do corpo. Alguns ramos anteriores podem se unir, formando Plexos nervosos (plexo braquial). Meninges O encéfalo e a medula espinal são envolvidos por membranas de tecido conjuntivo, denominadas meninges. A membrana mais interna, aderida ao tecido nervoso, é a pia-máter, enquanto a mais externa é a dura-máter; entre essas duas membranas há uma membrana intermediária, denominada de aracnoide-máter. A medula espinal possui espaços entre as meninges. Entre o canal vertebral e a dura- máter há o espaço epidural entre a aracnoide-máter e a dura-máter há o espaço subdural. Entre a pia-máter e a aracnoide-máter há o espaço subaracnóideo, por onde circula o liquor, o qual é produzido nos plexos coroideos, localizados nos ventrículos cerebrais (SILVA, 2021). 33 Sistema nervoso autônomo O sistema nervoso (SN) pode ser dividido funcionalmente em SN somático e SN visceral. O SN somático é responsável por integrar o indivíduo ao meio ambiente, através de suas ações sobre o músculo estriado esquelético. Já o SN visceral regula a atividade das glândulas, músculo cardíaco e músculo liso, atuando assim no controle da homeostasia do organismo. O SN visceral possui um componente aferente, o qual transmite informações até o SNC, que por sua vez interpreta as informações e desencadeia uma resposta, a qual é enviada até o local de origem do estímulo por meio da via eferente, que é também denominada de Sistema Nervoso Autônomo (SNA). O SNA é fundamental para o controle da manutenção da homeostase, através de seus efeitos sobre a atividade das glândulas, músculo cardíaco e músculo liso. Os SN visceral é o somático apresentam algumas diferenças anatômicas e funcionais. Uma das diferenças refere-se aos órgãos inervados, uma vez que o SN somático inerva músculo esquelético, enquanto que o SN visceral inerva coração músculo liso e glândulas. Outra diferença entre o SN visceral e o SN somático diz respeito ao número de neurônios que inervam o órgão efetor. Enquanto o SN somático tem um neurônio responsável por inervar o órgão, o SN visceral possui dois neurônios, sendo um localizado dentro do SNC (neurônio pré-ganglionar) e outro em um gânglio (neurônio pós-ganglionar). O SN autônomo é dividido em dois ramos, denominados de simpático e paras- simpático, os quais apresentam diferenças anatômicas e funcionais. Uma das diferenças anatômicas refere-se quanto à localização dos neurônios pré-ganglionares. No SN simpático, os neurônios pré-ganglionares estão localizados nas porções torácica e lombar (de T1 a L2) da medula espinal (SILVA, 2021). Já no SN Parassimpático, os neurônios pré-ganglionares estão localizados na parte sacral(de S2-S4) da medula espinal e no tronco encefálico. À ativação do SN simpático promove aumento da frequência cardíaca, vasodilatação, dilatação das pupilas, as quais são caracterizadas como reação de luta e fuga. Por outro lado, a ativação do SN parassimpático induz redução da frequência cardíaca, promove vasoconstrição e constrição das pupilas, características de uma situação de repouso. 34 Entretanto, em alguns casos, as partes simpática e parassimpática podem exercer o mesmo efeito em um órgão. À maior parte dos órgãos são inervados pelas duas divisões do SN autônomo. Entretanto, algumas estruturas apresentam somente um tipo de inervação, como, por exemplo, as glândulas sudoríparas, que são inervadas apenas pelo SN simpático (SILVA, 2021). O SN autônomo é influenciado por estruturas do SNC, como tronco encefálico, hipotálamo, córtex cerebral, amígdala e medula espinal. Este fato explica como modificações do funcionamento visceral podem ocorrer frente a alterações emocionais. Transmissão Sináptica As sinapses podem ser definidas como zonas de contato entre dois neurônios, ou entre neurônios e células musculares, e até mesmo células glandulares. As sinapses podem ser químicas ou elétricas, sendo que nas sinapses químicas uma molécula, chamada de neurotransmissor, é liberada em um espaço denominado fenda sináptica, daí se difundindo para interagir com receptores na outra célula. Nas sinapses elétricas não há neurotransmissor; o estímulo é propagado para a célula vizinha por meio de canais que comunicam o citoplasma de uma célula a outra. Por propagar rapidamente o potencial de ação através dos seus axônios, este tipo de sinapse é mais comum em neurônios responsáveis pelas informações sensoriais. No caso das sinapses químicas, a transmissão do impulso elétrico é sempre unidirecional, o que nos permite classificar as células dessa sinapse em pré e pós-sináptica. A célula que transmite o estímulo é conhecida como célula pré- sináptica, enquanto que a célula que recebe o estímulo, dando continuidade à propagação do sinal, é conhecida como célula pós-sináptica. Vale salientar que, apesar de existirem dois tipos de sinapses, o tipo mais encontrado são as sinapses químicas. Estas sinapses estão envolvidas com processos de aprendizagem, sendo bastante comum no SNC. Diferente das sinapses elétricas que sempre são excitatórias, as químicas podem ser tanto excitatórias quanto inibitórias, isto é, sinapses que estimulam e inibem a atividade da célula pós- sináptica, respectivamente. Para entender melhor a importância das sinapses inibitórias nos processos biológicos podemos citar o controle das atividades motoras 35 realizadas por estruturas supra-espinhais (tronco encefálico e córtex cerebral), os quais são na grande maioria dependentes de sinapses químicas inibitórias. O processo de liberação do neurotransmissor nas sinapses químicas depende da chegada do potencial de ação no terminal da fibra pré-sináptica, o que leva a abertura de canais de cálcio e entrada deste íon. O cálcio estimula o tráfego, fusão das vesículas e liberação do neurotransmissor na fenda sináptica. O neurotransmissor interage com receptores presentes na fibra pós-sináptica, processo que leva a abertura de canais para cátions (íons com carga positiva), geração e propagação do potencial de ação na fibra pós-sináptica (SILVA, 2021). 7 SISTEMA CIRCULATÓRIO O sistema circulatório é um sistema fechado constituído por tubos (vasos) no interior dos quais circulam fluidos (sangue), através da ação de uma bomba muscular (coração). Tem por função realizar o transporte de nutrientes, oxigênio, hormônios e resíduos do metabolismo, além de transportar células de defesa importantes para a defesa do organismo. Ele é subdividido em sistema sanguíneo, formado pelos vasos que transportam sangue (veias, artérias e capilares) e o coração, e sistema linfático, formado pelos vasos que transportam linfa (capilares e vasos linfáticos) e por órgãos linfoides (tonsilas, linfonodos, baço e timo). Coração O coração está localizado na cavidade torácica, posterior ao esterno e às costelas, apoiado sobre o diafragma, em uma região denominada mediastino. O coração possui uma base, que é superior, e um ápice, o qual é inferior, e possui três faces, cujos nomes descrevem as suas relações com as estruturas adjacentes (esternocostal, diafragmática e pulmonar). Externamente, os átrios apresentam estruturas em forma de orelha, denominadas aurículas (direita e esquerda). A morfologia interna dos átrios é caracterizada pela presença dos músculos pectíneos. Já os ventrículos, apresentam em sua morfologia interna projeções musculares, denominadas de músculos papilares (SILVA, 2021). 36 Entre os átrios e os ventrículos existem orifícios: os óstios atrioventriculares esquerdo e direito. Nestes óstios, observam-se a valva atrioventricular direita, ou tricúspide (formada por três válvulas), e a valva atrioventricular esquerda, ou bicúspide (composta por duas válvulas), as quais permitem a passagem unidirecional do sangue dos átrios para os ventrículos. Basicamente, o coração funciona como uma bomba contrátil que transporta sangue pouco oxigenado para os pulmões e sangue rico em oxigênio proveniente dos pulmões para o coração, para então ser transportado ao restante do organismo. As veias cavas superior e inferior drenam o sangue pouco oxigenado no átrio direito, o qual é transportado para o ventrículo direito. No ventrículo direito, emerge o tronco pulmonar, que se divide em artérias pulmonares (direita e esquerda), as quais transportam sangue para ser oxigenado nos pulmões. Em seguida, o sangue rico em oxigênio retorna pelas veias pulmonares (direitas e esquerdas) ao átrio esquerdo (circulação pulmonar), que em seguida é transportado ao ventrículo esquerdo. No ventrículo esquerdo, emerge o arco da aorta, por onde o sangue rico em oxigênio será transportado a todo organismo (circulação sistêmica), O músculo cardíaco (miocárdio) é revestido externamente por uma membrana serosa (epicárdio) e internamente por células endoteliais (endocárdio). Além disso, o coração é envolvido externamente por um saco fibroso, o pericárdio, o qual é formado por uma camada externa (pericárdio fibroso) e uma camada interna (pericárdio seroso), a qual é subdividida em duas lâminas, (parietal e visceral), entres quais se observa a cavidade do pericárdio (SILVA, 2021). O coração é irrigado pelas artérias coronárias (direita e esquerda), as quais quando obstruídas, podem resultar em infarto do miocárdio. Entre as propriedades do coração, podemos citar o automatismo, ou seja, a capacidade que o coração possui de gerar e conduzir impulsos elétricos. A atividade contrátil do coração é influenciada pelo SN autônomo, o qual atua sobre o nó sinoatrial, que por sua vez conduz o impulso ao nó atrioventricular, de onde partem os feixes que se distribuem e inervam todo o miocárdio. Fisiologia Cardíaca 37 Na fisiologia, o coração é dividido em duas bombas: uma direita e outra esquerda. A primeira propele o sangue para os pulmões, e a segunda para a circulação sistêmica. Cada uma dessas bombas apresenta duas câmaras, um átrio e um ventrículo constituídos pelos músculos atrial e ventricular, respectivamente, além de fibras excitatórias e condutoras; estas últimas são pobres em proteínas de contração, porém, especializadas em gerar impulsos e conduzi-los por todo o coração, tornando-o uma bomba contrátil. A velocidade de propagação do impulso gerado pelas fibras excitatórias é otimizada pela presença de uma comunicação entre as fibras cardíacas denominadas discos intercalares, e são eles que fornecem ao coração a natureza sincicial. Para que o músculo cardíaco se contraia, ele precisa antes passar por uma despolarização de suas membranas. Em repouso, a membranasarcoplasmática das fibras cardíacas é carregada negativamente, e para que haja contração é preciso que íons carregados positivamente entrem rapidamente na fibra tornando-a positiva, o que caracteriza um potencial de ação. Diferentemente do músculo esquelético, o potencial de ação do músculo cardíaco é mais longo, pois apresenta um platô, ou seja, um período de estabilidade elétrica onde o potencial de membrana não diminui nem aumenta. Isso acontece pela abertura dos canais lentos de cálcio e pelo retardo na abertura dos canais de potássio, após a abertura dos canais de sódio; estes últimos são responsáveis pela despolarização da membrana, enquanto que os canais de cálcio e de potássio pelo platô. Vale ressaltar que o platô é importante para a função de bomba do coração. A positividade da membrana promove um aumento intracelular de cálcio proveniente da abertura de canais de cálcio do retículo sarcoplasmático e da membrana plasmática (sarcolema), que, por sua vez, promove o deslizamento dos filamentos contráteis de actina sobre os de miosina, encurtando o músculo, o que constitui o mecanismo de contração cardíaca. Após a contração, o cálcio é removido do meio intracelular pelas bombas de cálcio presentes no retículo sarcoplasmático e sarcolema. Ciclo cardíaco 38 Os eventos que ocorrem desde o início do primeiro batimento cardíaco até o começo do seguinte compõem o chamado ciclo cardíaco. O ciclo se inicia com a geração do potencial de ação no nodo sinusal, localizado no átrio direito, atingindo primeiramente os átrios. Por esta razão, eles se contraem primeiro, e depois os ventrículos, por meio do nodo e do feixe atrioventriculares. O motivo pelo qual os ventrículos contraem apenas após os átrios é que, na altura no nodo atrioventricular, o impulso elétrico originado no nodo sinoatrial ou sinusal sofre um atraso na sua condução; este fenômeno é conhecido como retardo funcional. O ciclo cardíaco é dividido em duas fases: uma de contração, chamada de sístole, e outra de relaxamento, momento em que há enchimento da câmara cardíaca, denominada diástole. No eletrocardiograma, o ciclo cardíaco pode ser identificado pelo traçado produzido pelos sinais elétricos do coração propagados para a superfície do corpo. A onda P do traçado indica despolarização dos átrios, seguida pelo complexo QRS (ondas identificadas no traçado do eletrocardiograma), que indica despolarização dos ventrículos - fenômenos que antecedem a contração dos átrios e ventrículos, respectivamente. O complexo QRS é seguido pela onda T, que representa a repolarização dos ventrículos. Dessa forma, o espaço entre a onda P e o complexo QRS, denominado intervalo P-R, indica o retardo funcional, enquanto o espaço entre o complexo QRS e onda T, denominado segmento S-T, representa o platô. Sístole ventricular O aumento da pressão ventricular, imediatamente após a contração dos ventrículos, provoca fechamento das valvas atrioventriculares (valvas A-V) e, em seguida, a abertura das valvas semilunares (aórtica e pulmonar), permitindo a saída de sangue dos ventrículos para a aorta (coração esquerdo) e o tronco pulmonar (coração direito). No entanto, nem todo o sangue do ventrículo é ejetado pelo coração, permanecendo no final da sístole um volume residual, denominado volume sistólico final, enquanto que o volume ejetado é denominado débito sistólico. O volume sistólico final é importante para nutrição do endocárdio, desprovido do aporte sanguíneo durante a contração. Com o fim da sístole ventricular ocorre uma diminuição da pressão ventricular e, consequentemente, as valvas semilunares se 39 fecham, enquanto as valvas A-V se abrem, permitindo a passagem do sangue acumulado nos átrios durante a sístole ventricular para os ventrículos, enchendo-os. Artérias São tubos que transportam sangue para fora do coração. São compostas por uma tánica íntima (endotélio), uma túnica média (fibras musculares lisas e elastina) espessa e uma túnica adventícia (tecido conjuntivo). As artérias apresentam calíbre variado, ou seja: grande, médio, pequeno e arteríolas, cujos ramos podem ser terminais (quando a artéria se ramifica e o tronco principal deixa de existir após a divisão) ou colaterais (quando a artéria se ramifica e o tronco de origem continua a existir). As artérias podem ser superficiais ou profundas, dependendo de sua localização topográfica. Os critérios mais comuns utilizados para designar as artérias estão relacionados com o local por onde passam (artéria braquial), órgão irrigado (artéria gástrica) ou osso mais próximo (artéria temporal). Veias São tubos que transportam sangue para o coração. As veias também possuem uma túnica íntima, túnica média e túnica adventícia, entretanto, a túnica média das veias é muito menor do que das artérias. Além disso, a luz das veias é maior do que das artérias. Às veias apresentam forma variada, dependendo do volume de sangue presente no seu interior. Assim, quando as veias estão cheias de sangue tornam-se cilíndricas, mas quando estão com pouco sangue tornam-se achatadas (SILVA, 2021). Quanto ao calibre, as veias podem ser classificadas em veias de grande, médio e pequeno calibre, e vênulas. Enquanto as artérias se ramificam, formando outros vasos de menor calibre, as veias de menor calibre vão se unindo com outras veias, formando vasos de maior calibre à medida que se aproximam do coração. Bem como as artérias, as veias podem ser superficiais ou profundas, dependendo da sua localização. Em alguns casos, é possível observar a presença de veias comunicantes estabelecendo comunicações entre veias superficiais e profundas. 40 A quantidade de veias é maior do que de artérias devido ao elevado número de veias superficiais, que é superior ao de artérias, e devido à presença de duas veias satélites, que acompanham o trajeto de algumas artérias. Outra característica das veias é a presença de válvulas no seu interior, formadas a partir de uma projeção da membrana interna do vaso, cuja função é orientar o fluxo sanguíneo em direção ao coração e impedir o refluxo de sangue para regiões inferiores do corpo. Entretanto, veias do cérebro e do pescoço não apresentam válvulas, já que o fluxo sanguíneo nesses territórios é favorecido pela gravidade. A falência das válvulas provoca estase sanguínea e dilatação dos vasos, que é conhecido como varizes (SILVA, 2021). O sangue circula nas artérias por diferença de pressão. No entanto, para que o sangue possa circular nas veias, onde a pressão é quase nula, outros mecanismos são necessários para que o sangue retorne ao coração, como por exemplo, as válvulas, peristaltismo (movimento das vísceras no tubo digestório) e contração muscular, os quais, em conjunto, promovem o retorno do sangue venoso ao coração. Capilares Sanguíneos São as menores estruturas do sistema circulatório, formadas por uma camada de células endoteliais, interpostas entre as artérias e veias. Os capilares correspondem ao local das trocas realizadas entre o sangue e os tecidos (SILVA, 2021). Sistema linfático É um sistema formado por capilares linfáticos (mais calibrosos e irregulares que os sanguíneos), vasos linfáticos, troncos linfáticos e órgãos linfoides (linfomodos, baço, tonsilas e timo). Os vasos linfáticos transportam a linfa, que possui constituição diferente do sangue. Este sistema auxilia o transporte de moléculas que saíram dos capilares sanguíneos, além de remover o excesso de líquido dos tecidos, auxiliando assim a drenagem realizada pelo sistema venoso. O fluxo de linfa nos vasos e capilares linfáticos é lento e flui apenas em direção ao coração. A linfa que circula pelos vasos linfáticos é lançada de volta ao sistema 41 venoso através do maior tronco linfático, denominado ducto torácico, localizado entre a veia jugularinterna e a veia subclávia do lado esquerdo. Os capilares linfáticos estão localizados em quase todas as regiões, exceto no SNC, medula óssea, ossos e dentes (SILVA, 2021). Além de auxiliar o sistema venoso na remoção de líquidos e partículas, o sistema linfático possui órgãos linfoides, podendo citar os linfonodos. Estas estruturas estão localizadas no trajeto dos vasos linfáticos e constituem um mecanismo de proteção contra partículas estranhas presentes na circulação. 8 SISTEMA RESPIRATÓRIO O sistema respiratório é responsável pela hematose, que é o processo pelo qual ocorre a absorção do oxigênio pelo organismo e eliminação do CO2 (dióxido de carbono) no ar expirado. Ele pode ser dividido do ponto de vista funcional em duas porções: uma que conduz o ar e outra que promove a hematose. À porção condutora é constituída por estruturas tubulares que transportam o ar para os pulmões e transportam o ar dos pulmões rico em CO2, para o meio externo. A porção condutora é composta pelo nariz, cavidade nasal, seios paranasais, faringe, laringe, traqueia e brônquios. Já a porção de respiração corresponde aos pulmões, que é o local onde ocorrem as trocas gasosas entre os capilares pulmonares e o ar presente nos alvéolos (SILVA, 2021). Algumas estruturas de condução do ar podem estar envolvidas com outras funções, como, por exemplo, a laringe, que é um órgão de fonação, e o nariz que também é responsável pelo olfato. Ainda, parte da faringe também participa do sistema digestório, conduzindo o alimento para o esôfago. As estruturas que compõem o sistema respiratório serão discutidas a seguir. Nariz, cavidade nasal e seios paranasais O nariz é formado por um esqueleto ósseo (ossos nasais, maxilas) e cartilaginoso (cartilagens nasais). As diferenças nas cartilagens nasais são as principais responsáveis pelas variações morfológicas do nariz. O nariz apresenta em sua extremidade superior uma raiz e, em sua extremidade inferior, uma base com 42 duas aberturas denominadas narinas, as quais comunicam a cavidade nasal com o meio externo. A cavidade nasal localiza-se posteriormente às narinas e comunica-se posteriormente com a parte nasal da faringe através das coanas. À cavidade nasal é separada em duas metades pelo septo nasal, composto por uma porção óssea (lâmina perpendicular do osso etmoide e osso vômer) e uma porção cartilagínea (cartilagem do septo nasal). Esta ainda está separada da cavidade oral, localizada inferiormente pelo palato, formado por osso (palato duro) e por músculos (palato mole). À cavidade nasal desempenha importantes funções, que incluem o transporte, aquecimento, filtração e umidificação do ar inspirado, atua como câmara de ressonância na fonação, e possui receptores olfatórios, atuando assim na olfação (SILVA, 2021). Nas paredes laterais da cavidade nasal são observadas projeções: as conchas nasais (superior, média e inferior), que são formadas por tecido ósseo recoberto de mucosa. A principal função das conchas nasais é possibilitar o aumento da superfície da cavidade nasal. Entre as conchas nasais, observam-se espaços, denominados meatos (superior, médio e inferior). Os seios paranasais são cavidades presentes em alguns ossos do crânio e da face, revestidos por mucosa e preenchidos de ar, que auxiliam na modificação do ar inspirado. Os seios paranasais são encontrados nos ossos frontal, esfenoide, etmoide e maxila, eles se comunicam com a cavidade nasal por meio de estruturas que se abrem nos meatos, através dos quais podem liberar excesso de fluídos (SILVA, 2021). Faringe A faringe é um tubo muscular comum aos sistemas respiratório e digestório, pois permite a passagem de ar e de alimento em algumas de suas partes. Este tubo localiza-se posteriormente à cavidade nasal, oral e à laringe, e é dividido em três partes: parte nasal, parte oral e parte laríngea. À parte nasal da faringe, superior, comunica-se anteriormente com a cavidade nasal através das coanas. À parte oral da faringe, média, comunica-se anteriormente com a cavidade oral através do istmo das fauces. Já a parte laríngea da faringe, 43 inferior, localiza-se posteriormente a laringe, e é continuada inferiormente pelo esôfago. Observa-se na parte nasal da faringe um orifício que comunica a cavidade timpânica com a faringe, denominado óstio faríngeo da tuba auditiva, o qual tem por função equilibrar as pressões de ar da cavidade timpânica e do ar externo. Processos infecciosos na cavidade oral podem afetar a orelha média, através da propagação do agente infeccioso por este óstio (SILVA, 2021). Laringe É conhecida também como “caixa de voz”, a laringe é um tubo curto cartilaginoso revestido por uma túnica mucosa, servindo de conexão para a faringe com a traqueia. Fica localizada na parte mediada do pescoço, anterior à quarta, quinta e sexta vértebras cervicais (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Em sua parte anterior, a laringe é constituída pela cartilagem tireoidea, sendo formada por cartilagem hialina. Popularmente recebe o nome de “pomo de Adão”, dando referência de que em homens é geralmente maior que em mulheres, graças à influência dos hormônios sexuais masculinos durante a puberdade. Na laringe existe uma estrutura chamada epiglote, sendo um pedaço foliado de cartilagem elástica recoberto por epitélio. Tem uma parte chamada pecíolo da epiglote, que fica preso na margem anterior da cartilagem tireoidea e no osso hioide. Sua porção superior não é fixa, estado livre para se mover para cima e para baixo, fazendo o trabalho de um alçapão, sendo uma peça fundamental para a deglutição, pois esse alçapão consegue fechar a laringe durante a deglutição de alimentos ou líquidos, impedindo que produtos alimentares entrem para o trato respiratório inferior, local que deve receber apenas ar, e nunca produtos sólidos ou líquidos. Com isso, os produtos alimentares obrigatoriamente descem em direção ao esôfago. Se, eventualmente, alguma coisa diferente de ar passar para a laringe, ocorre o reflexo de tosse, no intuito de expelir o corpo estranho daquele local (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Formando a parede inferior da laringe, encontramos a cartilagem cricoidea, sendo um anel de cartilagem hialina, estando fixada ao primeiro anel de cartilagem da traqueia. Acima da cartilagem cricoidea podemos encontrar as cartilagens aritenoideas pares, constituídas principalmente por cartilagem hialina. Essas 44 cartilagens estão fixadas às pregas vocais e aos músculos da faringe, tendo atuação na produção da voz. Se caso for preciso acessar uma abertura para a passagem de ar de emergência, chamada traqueostomia, esta acontecerá na cartilagem cricoidea (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Traqueia A traqueia é um tubo mediano, localizado inferiormente à laringe, composta por diversos anéis cartilaginosos incompletos, conectados por ligamentos anulares. A parede posterior da traqueia é constituída por músculo liso, denominado parede membranácea da traqueia. À constituição da traqueia confere a esse tubo mobilidade e flexibilidade e ao mesmo tempo impede o seu colapso devido a presença dos anéis de cartilagem. Ela apresenta um pequeno desvio para a direita inferiormente, antes de se ramificar para formar os brônquios principais, que se dirigem para os pulmões direito e esquerdo (SILVA, 2021). Brônquios Os brônquios principais direito e esquerdo, ou de primeira ordem, se ramificam em estruturas tubulares menores, conhecidas como brônquios lobares ou de segunda ordem, cada um para um lobo pulmonar (dois à esquerda e três à direita). Em seguida, se ramificam em brônquios segmentares ou de terceira ordem, que por sua vez se ramificam em estruturas cada vez menores, denominados de bronquíolos terminais, estes que terminam nos alvéolos pulmonares, onde ocorrem as trocas gasosas. Pulmões Os pulmões