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Vestibulares Coesão e Paralelismo GR0398 - (Unicamp) Leia o texto: “Boas coisas acontecem para quem espera. As melhores coisas acontecem para quem se levanta e faz.” (Domínio público.) Considerando o texto acima e a maneira como ele é estruturado, podemos afirmar que: a) O uso encadeado de “Boas coisas” e “As melhores coisas” possibilita a valorização do primeiro enunciado e a desvalorização do segundo. b) A repe�ção do termo “coisas” garante que “boas coisas” e “as melhores coisas” remetem ao mesmo referente. c) Entre as expressões “para quem espera” e “para quem se levanta e faz” estabelece-se uma relação de temporalidade. d) A sequenciação desse texto ocorre por meio da recorrência de expressões e de estruturas sintá�cas. GR0400 - (Unicamp) É possível fazer educação de qualidade sem escola É possível fazer educação embaixo de um pé de manga? Não só é, como já acontece em 20 cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o antropólogo Tião Rocha pediu demissão do cargo de professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento). Curvelo, no Sertão mineiro, foi o laboratório da “escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e envolveu crianças e familiares na pedagogia da roda. “A roda é um lugar da ação e da reflexão, do ouvir e do aprender com o outro. Todos são educadores, porque estão preocupados com a aprendizagem. É uma construção cole�va”, explica. O educador diz que a roda constrói consensos. “Porque todo processo ele�vo é um processo de exclusão, e tudo que exclui não é educa�vo. Uma escola que seleciona não educa, porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu ritmo, não podemos uniformizar.” Nesses 30 anos, o educador foi engrossando “seu dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até oficinas de cafuné. Esta úl�ma foi provocada depois que um garoto perguntou: “Tião, como faço para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar questões de sexualidade na roda. (...) Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se sen�r “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de não haver mais nenhuma criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma polí�ca de governo, nem de terceiro setor, é uma questão é�ca”, pontua. (Qsocial, 09/12/2014. Disponível em: h�p://www.cpcd.org.br/por�olio/e_possivel_fazer _educacao_de_qualidade_100_escola/.) Em relação ao trecho “E ainda colocou em uso termos como ‘empodimento’, após várias vezes ser ques�onado pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal coisa], Tião?’ Seguida da resposta certeira: ‘Pode, pode tudo’”, é correto afirmar: a) A expressão “Seguida da resposta certeira” indica a elipse de uma outra expressão. b) A criação da palavra “empodimento” é resultado de um processo: sufixação. c) A repe�ção do verbo no enunciado “Pode, pode tudo” exemplifica o es�lo reitera�vo do texto. d) O discurso direto presente no trecho tem a função de dar voz às comunidades. GR0611 - (Ufrgs) Em 1826, o pintor francês Jean-Bap�ste Debret, em uma das mais expressivas obras que pintou no Rio de Janeiro, O escravo do naturalista, registrou a par�cipação 1@professorferretto @prof_ferretto dos escravos e auxiliares locais no trabalho de campo dos naturalistas estrangeiros que, a par�r do início do século 19, percorreram várias partes do Brasil. A contribuição das culturas na�vas para o conhecimento cien�fico adquirido ou construído pelos naturalistas (9) quase sempre tem sido desconsiderada pelos historiadores da ciência (7). A atenção destes (6) é dirigida para as observações e teorias daqueles (8), seus instrumentos e métodos de trabalho e para as influências polí�cas, filosóficas e econômicas em suas obras, com frequência, eles (10) descrevem as populações locais como iletradas e ignorantes; porém, delas dependia, em boa medida, o êxito das expedições dos naturalistas. Em muitos trechos de seus relatos, cien�stas como Alfred Wallace, Henry Bates e Louis Agassiz descrevem como os habitantes locais (12) contribuíram com conhecimentos para o seu (11) trabalho. Havia, é claro, o previsível apoio logís�co e de infraestrutura, tais como o fornecimento de alimentos, meios de transporte e outros recursos materiais, bem como sua (13) presença como guias, carregadores, intérpretes e companhia pessoal. Muitas vezes, porém – e é esse ponto que nos interessa -, verifica-se também, por parte de indivíduos e comunicantes locais, a transmissão de conhecimentos ob�dos com a longa experiência na floresta. Esses conteúdos viriam a ser sistema�zados pelos naturalistas, deputados dentro da visão cien�fica predominante e incorporados ao cabedal cien�fico universal. (Adaptado de. MOREIRA, Ildeu de Castro. O escravo do naturalista. Ciência Hoje, v. 31, n. 184, jul.2002.) Vários pronomes no texto retomam elementos anteriormente referidos. Abaixo, o pronome está associado ao elemento que ele subs�tui no texto em todas as alterna�vas, à exceção de a) destes (6) – historiadores da ciência (7). b) daqueles (8) – naturalistas (9). c) eles (10) – historiadores da ciência (7). d) seu (11) – habitantes locais (12). e) sua (13) – habitantes locais (12). GR0612 - (Ufrgs) Entre as situações linguís�cas que o português já viveu em seu contato com outras línguas, cabe considerar uma situação que se realiza em nossos dias: aquela em que ele é uma língua de emigrantes. Para o leitor brasileiro (5), soará talvez estranho que falemos aqui (7) do português como uma língua de EMIGRANTES, pois o Brasil foi antes de mais nada um país para o qual se dirigiam em massa, durante mais de dois séculos, pessoas nascidas em vários países europeus e asiá�cos; assim, para a maioria dos brasileiros, a representação mais natural é a da convivência no Brasil com IMIGRANTES vindos de outros países. Sabemos, entretanto (15), que, nos úl�mos cem anos, muitos falantes do português foram buscar melhores condições de vida, par�ndo (18) não só de Portugal para o Brasil, mas também (19) desses dois países para a América do Norte e (20) para vários países da Europa: em certo momento, na década de 1970, viviam na região parisiense mais de um milhão de portugueses –uma população superior à que �nha então a cidade de Lisboa. Do Brasil, têm ...... nas úl�mas décadas muitos jovens e trabalhadores, dirigindo-se aos quatro cantos do mundo. A existência de comunidades de imigrantes é sempre uma situação delicada para os próprios imigrantes e para o país que os recebeu: normalmente (32), os imigrantes vão a países que têm interesse em usar (33) sua força de trabalho, mas qualquer oscilação na economia faz com que os na�vos ........ sua presença como indesejável; as diferenças na cultura e na fala podem alimentar preconceitos e desencadear problemas reais de diferentes ordens. Em geral (40), proteger a cultura e a língua do imigrante não é (41) um obje�vo prioritário dos países hospedeiros, mas no caso do português tem havido ........ . Em certo momento, o português foi uma das línguas estrangeiras mais estudadas na França; e, em algumas cidades do Canadá e dos Estados Unidos, um mínimo de vida associa�va tem garan�do a sobrevivência de jornais editados em português, man�dos pelas próprias comunidades de origem portuguesa e brasileira. (Adaptado de: ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O português como língua de emigrantes. In: O português da gente: a língua que estudamos a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006. p. 42-43.) Desconsiderando questões de emprego de letra maiúscula, assinale a alterna�va em que se sugere um deslocamento de adjunto adverbial que preservaria tanto a correção quanto o sen�do do segmento original. a) Colocação de Para osua crônica, não por que fala de mim, mas porque traduz, no primor de seu es�lo, um apoio que me incen�va e me conforta. (Pelé apud Carlos Drummond de Andrade. Quando é dia de futebol, 2014.) “Ou como o leitor de muitos livros, que passasse a ler um só que contém o resumo de tudo.” (Drummond) “E com isso, dará lugar a outro, ou a outros, que por mais que caprichassem ficavam sempre um tanto encobertos pela sombra de Pelé — a sombra de que espontaneamente se desfaz.” (Drummond) Os termos sublinhados referem-se, respec�vamente, a a) “livros” e “Pelé”. b) “um” e “sombra”. c) “livros” e “sombra”. d) “um” e “Pelé”. e) “leitor” e “Pelé”. GR0811 - (Ifpe) “O BONZINHO SE DÁ MAL”: GENEROSIDADE E MANIPULAÇÃO (1) Você tenta levar sua vida direi�nho. Busca ser cordial e ter empa�a com o semelhante. Trata o outro bem, pois acha que é assim que qualquer criatura merece ser tratada. Com quem gosta mais, vai além. Se lhe sobra, compar�lha. Quando vê o erro, o ins�nto de proteção passa na frente e você tenta alertar. Se cabem dois, por que ir sozinho? Isso te alegra, então eu fico contente. (2) A você, tudo isso parece ser natural, orgânico. E daí você se engana. De forma egoísta, acha que tem o direito de re�rar do outro o direito de ser quem ele é. Quer recíproca, similaridade, espelhamento de a�tudes. 17@professorferretto @prof_ferretto Vê injus�ça na troca, acha que faz mais e recebe menos. “Trouxa, agora está aí cul�vando mágoas. Da próxima vez, farei diferente”. E não reflete sobre tudo o que se passou. (3) Ser verdadeiramente generoso é uma virtude que contempla um pequeno punhado de pessoas. Em geral, emprestamos em vez de doar. E não fazemos isso por uma debilidade de caráter: a vida se mantém a par�r de trocas, tudo só existe em relação. (4) Quando tentamos oferecer algo gratuitamente, inconscientemente esperamos alguma contrapar�da: reconhecimento, carinho, atenção, pres�gio, escuta, aprovação. Às vezes, buscamos apenas sermos percebidos e validados naquilo que somos, mas não cremos ser. É bem comum. Nisso, tornam-se admiráveis os que ajudam desconhecidos, sem se importarem com os problemas dos que estão próximos – a quem poderão cobrar pela generosidade? (5) O mesmo vale para os mercenários: aqueles que sabem dar preço às coisas mais impalpáveis, que encontram equivalência entre dois valores tão díspares, mas deixam as intenções às claras. Só nos sen�mos enganados quando não deixamos às claras o preço das nossas a�tudes. (6) A generosidade é uma das formas mais primi�vas de manipulação desenvolvidas pelo ser humano. Vem do berço. Mais precisamente, do colo. A nossa primeira referência de doação vem da mãe, ou de quem exerceu esse papel. O bebê, indefeso e incapaz, estará subme�do à oferta que provém dessa fonte. E aí aprendemos o que é chantagem emocional, que mais tarde se traduzirá no duelo entre o “só eu sei o que fiz por você” versus “você poderia ser melhor para mim”. Quem sai vencedor? A culpa. Justo ela, uma das emoções mais tóxicas que povoam nossa alma. (7) O comportamento de abuso é fruto desse eixo desestrutural, seja para o abusador ou para o abusado. Há, inclusive, uma espécie de alternância entre esses papéis. Quando o dito generoso se vê menosprezado pelo outro, diz: isso é um absurdo, depois de tudo que eu fiz. Mas não percebe o quanto esse fazer é, em si, uma a�tude abusiva. (8) Isso não é uma ode ao egoísmo ou à ganância. Mas a par�lha saudável é aquela que se dá em acordo, de forma pura. Se não consegue, melhor não ser generoso, para também não ser hipócrita. Ou, pior: emi�r faturas para guardá-las na gaveta, à espera da melhor oportunidade de apresentá-la àquele que julgar devedor. Não esqueçamos: são as boas intenções que lotam o inferno. TORRES, João Rafael. “O bonzinho se dá mal”: generosidade e manipulação. Disponível em: h�ps://www.metropoles.com/colunas-blogs/psique/o- bonzinho-se-da-mal-generosidade-e-manipulacao. Acesso: 08 out. 2017(adaptado). Releia o seguinte trecho, reflita sobre questões de coerência e coesão textuais e assinale a alterna�va CORRETA. “(1) Você tenta levar sua vida direi�nho. Busca ser cordial e ter empa�a com o semelhante. Trata o outro bem, pois acha que é assim que qualquer criatura merece ser tratada. Com quem gosta mais, vai além. Se lhe sobra, compar�lha. Quando vê o erro, o ins�nto de proteção passa na frente e você tenta alertar. Se cabem dois, por que ir sozinho? Isso te alegra, então eu fico contente.” (1º parágrafo). a) Os termos destacados em negrito indicam um processo coesivo por elipse, por se tratar da omissão de elementos facilmente iden�ficáveis ou que já tenham sido citados anteriormente. b) A omissão do sujeit, no segundo e terceiro períodos do trecho, revela um processo de coesão lexical, uma vez que os verbos estão conjugados na mesma pessoa, tempo e modo. c) As palavras “cordial” e “empa�a”, por se referirem a um mesmo assunto (tratar os outros bem), caracterizam um processo de coesão referencial. d) Em: “Se cabem dois”, a pluralização do verbo prejudica a coerência, visto que o referente é o mesmo dos termos destacados, logo, ele deveria ter sido grafado no singular. e) As formas verbais sublinhadas concordam com o sujeito explicitado no primeiro período do trecho e preservam a coerência textual. GR0817 - (Fuvest) O império das festas e as festas do império O Brasil do século XIX, excluindo-se a primeira e a úl�ma década, conviveu intensamente com a realeza. De 1808 a 1889, os brasileiros acostumaram-se a ter um rei à frente da cena polí�ca. Mas se D. João, D. Pedro I, D. Pedro II e a princesa Isabel – esta, quando da ausência de seu pai – ocuparam o espaço formal do mando execu�vo, no dia a dia interagiram com outros reis e rainhas. Estamos falando de uma série de personagens que lideravam as festas populares e que, provenientes de reinos distantes – presentes na memória dos escravos africanos ou nas lembranças dos saudosos colonos portugueses −, povoaram o nosso assoberbado calendário de festas. Oriundo de tradições diversas e de cosmologias par�culares, esse puzzle* ritual fez do Brasil o país das festas, o depositário de um arsenal de símbolos, costumes e valores. Contudo, mais do que isso, tal qual um caleidoscópio, essas tradições não foram apenas se reproduzindo, como o movimento ro�neiro de um motor. Ao contrário, dinamicamente, acabaram por criar festas próprias e 18@professorferretto @prof_ferretto leituras originais de um material que lhes era anterior. Nesses rituais, teatralizava-se um grande jogo simbólico e, entre outros figurantes, a realeza era personagem frequente, porém não sempre principal. * puzzle: confusão; quebra-cabeça. (Lilia M. Schwarcz, Valéria M. de Macedo, in: As barbas do imperador: D.Pedro II, um monarca nos trópicos.). No trecho “Contudo, mais do que isso, (...) essas tradições não foram apenas se reproduzindo, como o movimento ro�neiro de um motor” (2º parágrafo), as expressões grifadas estabelecem, respec�vamente, relações lógicas de a) Conclusão / proporção / comparação. b) Concessão / alternância / conclusão. c) Condição / modo / explicação. d) Causa / contraposição / concessão. e) Contraposição / comparação / modo. GR0820 - (Ufscar) (...) Na minha opinião, existe no Brasil, em permanente funcionamento, não fechando nem para o almoço, uma Central Geral de Maracutaia. Não é possível que não exista. E, com toda a certeza, é uma das organizações mais perfeitas já cons�tuídas, uma contribuição ines�mável do nosso país ao patrimônio da raça humana. Nada de novo é implantado sem que surja no mesmo instante, às vezes sem intervalo visível, imediatamente mesmo, um esquema bem montado para fraudar o que lá seja que tenha sido criado. [...] Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, mas podia ser em qualquer outra cidade do país, porque a CGM é onipresente, não deixa passar nada, nem discrimina ninguém. Segundo me contam aqui, a prefeitura de São Paulo agora fornece caixão e enterro gratuitos para os doadores de órgãos, certamente os mais pobres. Bastaque a família do morto prove que ele doou pelo menos um órgão, para receber o bene�cio. Mas claro, é isso mesmo, você adivinhou, ser brasileiro é meramente uma questão de prá�ca. Surgiram indivíduos ou organizações que, mediante uma módica contraprestação pecuniária, fornecem documentação falsa, “provando” que o defunto doou órgãos, para que o caixão e o enterro sejam pagos com dinheiro público. (João Ubaldo Ribeiro. O Estado de S.Paulo, 18.09.2005.) Em “para receber o bene�cio", a palavra bene�cio tem como referência a) Uma módica contraprestação pecuniária. b) A não-discriminação. c) Caixão e enterro. d) A doação de órgãos. e) A CGM. GR0821 - (Uel) (...) Não faz tanto tempo assim, a noção de risco, como hoje a conhecemos, não exis�a. Doenças e mortes eram consideradas inevitáveis consequências de um des�no divinamente planejado, sobre o qual não possuíamos controle. As pessoas não pesavam as consequências da escolha de sua carreira, do uso de tecnologias ou das polí�cas sociais simplesmente porque essas opções não exis�am. O risco era uma província povoada por jogadores de dados e cartas, aliás os primeiros a medi-lo e a manipulá-lo. A emergência do capitalismo globalizado, junto com a ciência e a tecnologia, trouxe bene�cios inegáveis à agricultura, aos transportes e à saúde. Mas também nos transformou em jogadores numa escala jamais vista. Durante o século XX, contemplamos o lado nega�vo de avanços tecnológicos que foram instrumento de guerras e atrocidades. Aprendemos a temer acidentes, poluição, ex�nção de espécies, desmatamento, lixo atômico, além da contaminação da água e dos alimentos com agrotóxicos. Agora, na medida em que entramos no século XXI, deparamos com estonteantes possibilidades tecnológicas: clonagem, membros ciberné�cos para repor componentes humanos, alimentos gene�camente modificados. Naturalmente ques�onamos se esse con�nuo avanço tecnológico implicará riscos imprevisíveis. (Andrea Kauffmann-Zeh. A miopia cien�fica, Revista Época, 30/4/2001, p. 114.) As expressões os primeiros e esse con�nuo avanço tecnológico referem-se, respec�vamente, a: a) jogadores – componentes humanos. b) dados e cartas – clonagem. c) riscos de manipulação – membros ciberné�cos. d) usos das tecnologias – alimentos gene�camente modificados. e) jogadores de dados e cartas – estonteantes possibilidades tecnológicas. GR0822 - (Uel) Leia o parágrafo introdutório de um livro de Alba Zaluar sobre a violência urbana no Rio de Janeiro. 19@professorferretto @prof_ferretto O lugar não importa. Pode ser qualquer um, contanto que seja pobre e marginal a esta outrora encantadora cidade. Nele fiquei mais de um ano convivendo e conversando com os supostos agentes da violência urbana. Alguns por serem simples moradores do lugar. Pois o que é para nós, além de um grande medo, assunto jornalís�co, para eles é nódoa contra a qual têm que lutar diariamente, até com eles próprios na frente do espelho que certa imprensa lhes montou. Mais um es�gma que, na pressa de descobrir os culpados alhures, se lhes impôs. Outros porque realmente traficam, assaltam e fazem uso da arma de fogo. Eu os vi, observei, escutei e deles ouvi contar muitas estórias. Durante todo esse tempo ouvi também explicações, ou seja, tenta�vas de encaixar o que para eles pode vir a ser uma terrível tragédia pessoal numa lógica qualquer, na ordem das coisas deste mundo. É claro. Todo mundo sabe o fim dos bandidos pobres: morrer antes dos 25 anos. E ninguém quer ver seu filho seu irmão, seu parente ou seu vizinho com este des�no, embora haja quem acredite que este caminho não é escolha, é sina. Talvez seja o modo que encontram para dizer que as condições em que vivem os levam forçosamente a agir assim. ZALUAR, Alba. Condomínio do diabo. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1994. p. 7. Em que alterna�va a mudança na ordem das palavras resulta em uma sequência que poderia subs�tuir a expressão correspondente no texto, sem alteração de sen�do? a) esta outrora encantadora cidade → esta encantadora cidade outrora. b) os supostos agentes da violência urbana → os agentes da violência urbana supostos. c) certa imprensa → imprensa certa. d) uma terrível tragédia pessoal → uma tragédia pessoal terrível. e) dos bandidos pobres → dos pobres bandidos. GR0823 - (Cn) O desaparecimento dos livros na vida co�diana e a diminuição da leitura(26) são preocupantes quando sabemos que os livros são disposi�vos fundamentais(18) na formação subje�va das pessoas. Perguntamo-nos sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da televisão ao computador, dos brinquedos ao telefone celular, somos formados por objetos e aparelhos. Se, em nossa época, a leitura diminui ver�ginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da ignorância,(15) nossa velha conhecida. Há, nesse contexto, dois �pos de ignorância(25) em relação às quais os livros são potentes ou impotentes.(2) Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha(9) na ironia do "sei-que-nada-sei". Aquele que não sabe e quer saber(19) pode procurar os livros, esses objetos que guardam tantas informações, tantos conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas e, até mesmo, respostas. A outra é a ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de "burrice". Pela burrice, essa forma cogni�va impotente e, contudo, muito prepotente,(22) alguém transforma o não saber em suposto saber, a resposta pronta é transformada em verdade. Nesse caso, os livros são esquecidos. Eles são desnecessários como "meios para o saber". Cancelada a curiosidade como sinal de um desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis.(10) Assim, a ignorância que nos permite saber se opõe à que nos deforma(1) por estagnação.(23) A primeira gosta dos livros, a segunda os detesta.(13) [ ... ] Para aprender a perguntar, precisamos aprender a ler. Não por que o pensamento dependa da gramá�ca(16) ou da língua formal, mas porque ler é um �po de experiência que nos ensina(12) a desenvolver raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir e a falar para compreender. Ensina-nos a interpretar. Ajuda-nos, portanto, a elaborar questões(8) e a fazer perguntas. Perguntas que nos ajudam a dialogar,(6) ou seja, a entrar em contato com o outro. Nem que esse outro seja,(20) em primeiro momento, apenas cada um de nós mesmos. Pensar, esse ato que está faltando entre nós, começa aí, muitas vezes em silêncio, quando nos dedicamos a esse gesto(4) simples(17) e ao mesmo tempo complexo que é ler um livro. É lamentável que as pessoas sucumbam ao clima programado da cultura(14) em que ler é proibido. Os meios tecnológicos de comunicação são insidiosos nesse momento, pois prometem uma completude que o ato de ler(5) um livro nunca prometeu. É que o ato da leitura nunca nos engana.(3) Por isso também muitos se afastam dele.(11) Muitos que foram educados para não pensar(24) passam a não gostar do que não conhecem.(7) Mas há quem tenha descoberto esse prazer(21) que é o prazer de pensar a par�r da experiência da linguagem – compreensão e diálogo – sempre ofertada em um livro. Certamente, para essas pessoas, o mundo todo – e ela mesma – é algo bem diferente. TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma filosofia polí�ca da leitura. Disponível em: h�p://revistacult.uol.com.br. Acesso em: 31 jan. 2016 (adaptado). Assinale a opção na qual o uso da conjunção mantém o sen�do original do período “A primeira gosta dos livros, a segunda os detesta." (13). 20@professorferretto @prof_ferretto a) A primeira gosta dos livros, e a segunda os detesta. b) A primeira gosta dos livros, logo a segunda os detesta. c) A primeira gosta dos livros, porque a segunda os detesta. d) A primeira gosta dos livros, quando a segunda os detesta. e) A primeira gosta dos livros, portanto a segunda os detesta. GR0824 - (Afa) A distância entre o motorista de vidros lacrados e o mendigo que pede esmola no sinal vermelho é maior que a distância entre ele e as trilhas agrestes das novelas e dos comerciais. Nas ruas esburacadas das metrópoles, eletalvez se sinta escalando falésias. No seu coração a cidade embrutecida é a pior de todas as selvas. Em relação ao excerto acima, extraído da revista VEJA e propositalmente alterado, é correto afirmar que a) Redundâncias e tautologias interferem na clareza. b) É claro e conciso, porém apresenta falhas grama�cais. c) Não é conciso, pois os pronomes “ele" e “seu" causam ambiguidade. d) A clareza está comprome�da pelo emprego do pronome pessoal e do possessivo. GR0825 - (Unitau) A arte perdida da caligrafia Umberto Eco Recentemente, dois jornalistas italianos escreveram um ar�go de jornal de três páginas (em letras de imprensa - infelizmente) sobre o declínio da caligrafia. Agora já é fato conhecido: a maioria das crianças - devido aos computadores (quando elas os usam) e às mensagens de texto - não consegue mais escrever a mão, exceto em suadas letras maiúsculas. Em uma entrevista, um professor disse que os alunos também cometem muitos erros de ortografia, o que me parece um problema em separado (6): médicos sabem escrever e, mesmo assim, suas escritas são sofríveis; e você pode ser um especialista em caligrafia, mas escrever “conserto", e não “concerto". Eu conheço crianças cuja caligrafia é bastante boa. Mas o ar�go fala em 50 por cento de italianinhos - e eu suponho que seja graças a um des�no indulgente (7) que eu frequente os outros 50 por cento (algo que me acontece também na arena polí�ca). A tragédia (1) começou bem antes do computador e do telefone celular. A caligrafia de meus pais era ligeiramente inclinada, porque eles posicionavam o papel em ângulo e suas letras eram, pelo menos para os padrões atuais, pequenas obras de arte (2). Na época, alguns - provavelmente aqueles com letra feia - diziam que a caligrafia elegante era a arte dos tolos. É óbvio que caligrafia bonita não significa, necessariamente, inteligência refinada. Mas era prazeroso ler notas ou documentos escritos de maneira caprichada. Minha geração foi treinada para ter boa caligrafia e nós passávamos os primeiros meses da escola primária aprendendo a traçar as letras. Posteriormente, o exercício (3) foi �do como obtuso e repressivo, mas ele nos ensinou a manter o pulso firme ao usarmos a caneta para formar letras arredondadas e delicadamente desenhadas. Bem, nem sempre - porque as canetas- �nteiro, com as quais sujávamos carteiras, livros, cadernos, dedos e roupas, costumavam produzir uma borra desagradável que grudava na caneta e obrigava a dez minutos de contorções para limpar. A crise começou com o advento (4) da caneta esferográfica. As primeiras esferográficas também faziam sujeira - se, imediatamente após escrever, você passasse o dedo sobre as úl�mas palavras (8), era inevitável aparecer um borrão. E as pessoas já não �nham muito interesse em escrever bem, já que a caligrafia feita com uma esferográfica, mesmo que limpa, não �nha mais alma, es�lo ou personalidade. Por que deveríamos lamentar o fim (5) da boa caligrafia? A capacidade de escrever bem e velozmente em um teclado es�mula o pensamento rápido e, com frequência (não sempre), o corretor ortográfico irá sublinhar um erro de grafia. Embora o celular tenha ensinado a geração mais jovem a escrever “kd vc?" no lugar de “Cadê você?", não nos esqueçamos de que nossos antepassados (9) ficariam chocados ao ver que escrevemos “farmácia" e não “pharmacia", ou “xícara" em vez de “chicara". Teólogos medievais escreviam “respondeo dicendum quod,” coisa que teria feito Cícero se revirar no túmulo. A arte da caligrafia nos ensina a controlar nossas mãos e encoraja a coordenação mão-olho. O ar�go de três páginas apontava que a escrita a mão nos obriga a compor a frase mentalmente antes de escrevê-la. Graças à resistência da caneta e do papel, somos forçados a parar para pensar. Muitos escritores, embora acostumados a escrever no computador, algumas vezes até prefeririam imprimir letras em uma placa de argila, porque assim poderiam pensar com mais calma. É verdade que as crianças escreverão cada vez mais em computadores e celulares. Apesar de tudo, a humanidade aprendeu a redescobrir muitas coisas que a civilização eliminou como desnecessárias. As pessoas não viajam mais a cavalo, mas algumas fazem aulas de equitação; existem iates motorizados, mas muita gente é tão devotada à arte de velejar quanto os fenícios de três mil anos atrás; há túneis e ferrovias, mas muitos ainda apreciam caminhar a pé por passagens alpinas; há pessoas que colecionam selos na era do e-mail; e 21@professorferretto @prof_ferretto exércitos vão à guerra com rifles Kalashnikovs, mas também organizamos pacíficos torneios de esgrima. Seria bom se os pais enviassem os filhos a escolas de caligrafia, para que eles pudessem par�cipar de compe�ções e torneios (10)- não só para adquirir base em algo que é belo, mas também para seu desenvolvimento psicomotor. Tais escolas já existem, basta procurar “escola de caligrafia" na internet. E, talvez para aqueles com mão firme e sem emprego estável, ensinar essa arte possa se tornar um bom negócio. (Disponível em www2livrariacultura.com.br/cultura news. Data de acesso: 07/09/10 (Texto adaptado). Em alguns momentos, o autor u�liza expressões para retomar partes do texto. Para retomar de forma avalia�va a questão central - o declínio da escrita a mão nos dias de hoje-, ele usa a expressão: a) A tragédia (1) b) Obras de arte (2) c) O exercício (3) d) O advento (4) e) O fim (5) GR0826 - (Pmesp) Leia um trecho do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira. Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento dis�ngue muito bem São Basílio Magno. Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este �tulo são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de jus�ça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: “Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos.” Ditosa Grécia, que �nha tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a jus�ça as mesmas afrontas. Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma província! E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes? De um chamado Seronato, disse com discreta contraposição Sidônio Apolinar: “Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em cas�gar furtos, e em os fazer.” Isto não era zelo de jus�ça, senão inveja. Queria �rar os ladrões do mundo, para roubar ele só. Antônio Vieira. Essencial Padre Antônio Vieira, 2011. Adaptado. A coesão textual se dá pela omissão de um substan�vo que pode ser facilmente subentendido no seguinte trecho: a) “O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno”. b) “os ladrões que mais própria e dignamente merecem este �tulo”. c) “Os outros ladrões roubam um homem”. d) “Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos”. e) “Seronato está sempre ocupado em duas coisas”. GR0827 - (Fmj) Leia um trecho do tratado Da maneira de dis�nguir o bajulador do amigo, do historiador e filósofo grego Plutarco, para responder às questões de 07 a 10. Quando um homem dá sem cessar, em palavras,provas de amor-próprio, meu caro An�oco Filopapo, Platão observa que todos o desculpam; mas esse sen�mento, acrescenta ele, entre uma pletora de vícios muito diferentes, contém um muito importante que impede que ele tenha sobre si mesmo um julgamento íntegro e imparcial. “Com efeito, o amante é cego a respeito do que ele ama”, a menos que tenha aprendido, por um estudo especial, a habituar-se a apreciar e procurar o belo, de preferência ao inato e ao familiar. No seio da amizade eis que se abre ao bajulador um vasto campo de ação: nosso amor-próprio é para ele um terreno de acesso inteiramente propício à inves�gação sobre nós; por causa desse sen�mento, cada um de nós é o primeiro e o maior adulador de si próprio, não hesitando em confiar no bajulador estranho de quem espera ter a aprovação para confirmar suas crenças e desejos. Com efeito, aquele que é acusado de gostar da bajulação não passa de um homem perdidamente enamorado de si, que, pela paixão que a si mesmo dedica, deseja e crê possuir todas as qualidades; ora, se o desejo é natural, a crença é, entretanto, arriscada e reclama bastante circunspecção. Mas, supondo-se que a verdade seja divina e seja, segundo Platão, o princípio 22@professorferretto @prof_ferretto “de todos os bens para os deuses e de todos os bens para os homens”, o bajulador está muito arriscado a ser inimigo dos deuses e sobretudo do deus Pí�co, pois não deixa de estar em contradição com o “conhece-te a � mesmo”, iludindo cada um quanto à sua própria pessoa e tornando-o cego, no que diz respeito a si mesmo, e às virtudes e aos vícios que lhe concernem, pois torna as primeiras imperfeitas e inacabadas, os outros, totalmente incuráveis. (Plutarco. Como �rar proveito de seus inimigos / Da maneira de dis�nguir o bajulador do amigo, 2011. Adaptado.) “Quando um homem dá sem cessar, em palavras, provas de amor-próprio, meu caro An�oco Filopapo, Platão observa que todos o desculpam; mas esse sen�mento, acrescenta ele, entre uma pletora de vícios muito diferentes, contém um muito importante que impede que ele tenha sobre si mesmo um julgamento íntegro e imparcial.” Os referentes dos termos em negrito nesse trecho são, respec�vamente a) An�oco Filopapo, Platão e An�oco Filopapo. b) An�oco Filopapo, An�oco Filopapo e Platão. c) Platão, An�oco Filopapo e homem. d) homem, Platão e Platão. e) homem, Platão e homem. GR0829 - (Fcmscsp) Leia a crônica “Médicos e monstros”, de Moacyr Scliar, publicada originalmente no jornal Zero Hora, em 20.08.1997. Sentenças judiciais nem sempre têm sido muito felizes no que diz respeito aos direitos humanos, mas este 20 de agosto marca o quinquagésimo aniversário de uma decisão jurídica que se tornaria um marco não apenas na história da jus�ça como na da é�ca médica. Naquela data o Tribunal de Nuremberg condenou 23 médicos nazistas por par�cipação em a�vidades de genocídio. O número não chega a ser impressionante. E os réus eram, na verdade, figuras secundárias. Ali não estava, por exemplo, Adolf Eichmann, que injetava corante nos olhos de crianças para torná-los arianamente azuis, ou que matou uma criança com suas próprias mãos para confirmar o diagnós�co de tuberculose, posto em dúvida por colegas. Como outros, ele �nha escapado — para ser alcançado depois pelo longo braço da jus�ça israelense. Importante, contudo, foi a sentença. Porque, anexo a ela, estava um documento que depois se tornaria conhecido como o Código de Nuremberg. Em sua defesa, os médicos nazistas haviam alegado que estavam agindo em nome da ciência; para evitar que essa afrontosa alegação servisse de desculpa em crimes posteriores. O Código de Nuremberg estabeleceu vários princípios. Que hoje nos parecem óbvios: um experimento médico só pode ser feito com o consen�mento da pessoa; deve proporcionar resultados que beneficiem a humanidade; deve evitar qualquer sofrimento. Que os doutores nazistas tenham violado princípios tão básicos mostra a que ponto chegaram em sua degradação. Mas não só eles, obviamente; em Tuskegee, no Alabama, médicos deixaram de usar a penicilina em pacientes negros com sífilis para observar como evoluiria a doença não tratada (um conhecimento, diga-se de passagem, há muito registrado nos manuais clínicos). Robert Louis Stevenson criou as figuras de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, o médico e o monstro, para simbolizar o antagonismo entre o bem e o mal. Nos doutores nazistas esse antagonismo desapareceu: eram médicos e eram monstros. Diante da enorme quan�dade de pessoas indefesas, a medicina optou pela extrema crueldade das experiências sem sen�do, da tortura impiedosa, das câmaras de gás. Uma experiência que os médicos da ditadura, por exemplo, herdaram e que pra�caram — inclusive aqui no Brasil — até há muito pouco tempo. Cinquenta anos depois da sentença do Tribunal de Nuremberg, é necessário lembrar, ainda uma vez, que a medicina surgiu, única e exclusivamente, para ajudar o ser humano. Qualquer ser humano. (Moacyr Scliar. A nossa frágil condição humana, 2017.) Para evitar a sua repe�ção, garan�ndo assim uma maior coesão textual, verifica-se no primeiro parágrafo da crônica a omissão do substan�vo a) “data”. b) “história”. c) “Sentenças”. d) “decisão”. e) “marco”. GR0830 - (Epcar) 23@professorferretto @prof_ferretto Disponível em: h�ps://shre.ink/QV7i. Acesso em: 11 maio 2023. Com base na análise dos quadrinhos, só NÃO se pode afirmar que a) as palavras “se” e “e”, 2º quadrinho, classificam-se como conjunções. b) a palavra “isso” estabelece uma coesão catafórica em relação ao conteúdo do quadrinho anterior. c) a expressão “apesar de que”, 3º quadrinho, estabelece uma relação de concessão com a frase anterior. d) o 2º quadrinho aborda uma das consequências de não se saber ler. GR0897 - (Pucmg) A importância do ato de ler Con�nuando neste esforço de “re-ler” momentos fundamentais de experiências de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crí�ca da importância do ato de ler se veio em mim cons�tuindo através de sua prá�ca, retomo o tempo em que, como aluno do chamado curso ginasial, me experimentei na percepção crí�ca dos textos que lia em classe, com a colaboração, até hoje recordada, do meu então professor de língua portuguesa. Não eram, porém, aqueles momentos puros exercícios de que resultasse um simples dar-nos conta de uma página escrita diante de nós que devesse ser cadenciada, mecânica e enfadonhamente “soletrada” e realmente lida. Não eram aqueles momentos “lições de leitura”, no sen�do tradicional desta expressão. Eram momentos em que os textos se ofereciam à nossa inquieta procura, incluindo a do então jovem professor José Pessoa. Algum tempo depois, como professor também de português, nos meus vinte anos, vivi intensamente a importância de ler e de escrever, no fundo indicotomizáveis, com os alunos das primeiras séries do então chamado curso ginasial. A regência verbal, a sintaxe de concordância, o problema da crase, o sincli�smo pronominal, nada disso era reduzido por mim a tabletes de conhecimentos que devessem ser engolidos pelos estudantes. Tudo isso, pelo contrário, era proposto à curiosidade dos alunos de maneira dinâmica e viva, no corpo mesmo de textos, ora de autores que estudávamos, ora deles próprios, como objetos a serem desvelados e não como algo parado, cujo perfil eu descrevesse. Os alunos não �nham que memorizar mecanicamente a descrição do objeto, mas apreender a sua significação profunda. Só apreendendo-a seriam capazes de saber, por isso, de memorizá-la, de fixá-la. A memorização mecânica da descrição do elo não se cons�tui em conhecimento do objeto. Por isso, é que a leitura de um texto, tomado como pura descrição de um objeto é feita no sen�do de memorizá-la, nem é real leitura, nem dela portanto resulta o conhecimento do objeto de que o texto fala. Creio que muito de nossa insistência, enquanto professoras e professores, em que os estudantes “leiam”, num semestre, um sem-número de capítulos de livros, reside na compreensão errônea que às vezes temosdo ato de ler. Em minha andarilhagem pelo mundo, não foram poucas as vezes em que jovens estudantes me falaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias a serem muito mais “devoradas" do que realmente lidas ou estudadas. [...] A insistência na quan�dade de leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos, e não mecanicamente memorizados, revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão que urge ser superada. A mesma, ainda que encarnada desde outro ângulo, que se encontra, por exemplo, em quem escreve, quando iden�fica a possível qualidade de seu trabalho, ou não, com a quan�dade de páginas escritas. No entanto, um dos documentos filosóficos mais importantes de que dispomos, As teses sobre Feuerbach, de Marx, tem apenas duas páginas e meia... Parece importante, contudo, para evitar uma compreensão errônea do que estou afirmando, sublinhar que a minha crí�ca à magicização da palavra não significa, de maneira alguma, uma posição pouco responsável de minha parte com relação à necessidade que temos, educadores e educandos, de ler, sempre e seriamente, os clássicos neste ou naquele campo do saber, de nos adentrarmos nos textos, de criar uma disciplina intelectual, sem a qual inviabilizamos a nossa prá�ca enquanto professores e estudantes. Paulo Freire “Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo em que me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreensão crí�ca do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem 24@professorferretto @prof_ferretto escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da con�nuidade da leitura daquele.” Sobre o excerto, é CORRETO afirmar: a) No sintagma em que se encontra, o pronome adje�vo “tal” poderia ser subs�tuído por “grande importância”, sem alteração semân�ca. b) No úl�mo período, a forma que contém o demonstra�vo “desta” (de + esta) retoma “da palavra”, e “daquele” (de + aquele) retoma, corretamente, “do mundo”. c) Pode-se retomar o antecedente nominal “processo” por “onde”: a forma “processo onde me inseri”, não afeta o grau de formalidade. d) Por se tratar de um texto oralizado, não monitorado, começar com “me parece” está de acordo com as prescrições da gramá�ca norma�va. GR0898 - (Pucmg) A importância do ato de ler Con�nuando neste esforço de “re-ler” momentos fundamentais de experiências de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crí�ca da importância do ato de ler se veio em mim cons�tuindo através de sua prá�ca, retomo o tempo em que, como aluno do chamado curso ginasial, me experimentei na percepção crí�ca dos textos que lia em classe, com a colaboração, até hoje recordada, do meu então professor de língua portuguesa. Não eram, porém, aqueles momentos puros exercícios de que resultasse um simples dar-nos conta de uma página escrita diante de nós que devesse ser cadenciada, mecânica e enfadonhamente “soletrada” e realmente lida. Não eram aqueles momentos “lições de leitura”, no sen�do tradicional desta expressão. Eram momentos em que os textos se ofereciam à nossa inquieta procura, incluindo a do então jovem professor José Pessoa. Algum tempo depois, como professor também de português, nos meus vinte anos, vivi intensamente a importância de ler e de escrever, no fundo indicotomizáveis, com os alunos das primeiras séries do então chamado curso ginasial. A regência verbal, a sintaxe de concordância, o problema da crase, o sincli�smo pronominal, nada disso era reduzido por mim a tabletes de conhecimentos que devessem ser engolidos pelos estudantes. Tudo isso, pelo contrário, era proposto à curiosidade dos alunos de maneira dinâmica e viva, no corpo mesmo de textos, ora de autores que estudávamos, ora deles próprios, como objetos a serem desvelados e não como algo parado, cujo perfil eu descrevesse. Os alunos não �nham que memorizar mecanicamente a descrição do objeto, mas apreender a sua significação profunda. Só apreendendo-a seriam capazes de saber, por isso, de memorizá-la, de fixá-la. A memorização mecânica da descrição do elo não se cons�tui em conhecimento do objeto. Por isso, é que a leitura de um texto, tomado como pura descrição de um objeto é feita no sen�do de memorizá-la, nem é real leitura, nem dela portanto resulta o conhecimento do objeto de que o texto fala. Creio que muito de nossa insistência, enquanto professoras e professores, em que os estudantes “leiam”, num semestre, um sem-número de capítulos de livros, reside na compreensão errônea que às vezes temos do ato de ler. Em minha andarilhagem pelo mundo, não foram poucas as vezes em que jovens estudantes me falaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias a serem muito mais “devoradas" do que realmente lidas ou estudadas. [...] A insistência na quan�dade de leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos, e não mecanicamente memorizados, revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão que urge ser superada. A mesma, ainda que encarnada desde outro ângulo, que se encontra, por exemplo, em quem escreve, quando iden�fica a possível qualidade de seu trabalho, ou não, com a quan�dade de páginas escritas. No entanto, um dos documentos filosóficos mais importantes de que dispomos, As teses sobre Feuerbach, de Marx, tem apenas duas páginas e meia... Parece importante, contudo, para evitar uma compreensão errônea do que estou afirmando, sublinhar que a minha crí�ca à magicização da palavra não significa, de maneira alguma, uma posição pouco responsável de minha parte com relação à necessidade que temos, educadores e educandos, de ler, sempre e seriamente, os clássicos neste ou naquele campo do saber, de nos adentrarmos nos textos, de criar uma disciplina intelectual, sem a qual inviabilizamos a nossa prá�ca enquanto professores e estudantes. Paulo Freire Atente para o excerto: Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prá�ca pedagógica, por isso polí�ca, em que me tenho permi�do a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos. Aceitei fazê-la agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui para falar um pouco da importância do ato de ler. Sobre ele, a afirmação CORRETA encontra-se na opção: 25@professorferretto @prof_ferretto a) Com o uso do conec�vo “porém”, o autor pretende instaurar ideia de adversidade, oposição ao explicitado antes. b) O conec�vo “por isso” poderia ser subs�tuído, sem alteração semân�ca, por “já que” ou “uma vez que”. c) O pronome pessoal oblíquo “a”, na forma “fazê-la”, retoma o cons�tuinte “prá�ca pedagógica, por isso polí�ca”. d) O sintagma nominal “rara” ocupa papel sintá�co de sujeito, por isso veio topicalizado, introduzindo o enunciado. GR0899 - (Uece) A ARMADILHA DOS VAPES No Brasil, 20% dos jovens adultos já experimentaram. Nos EUA, virou um problema de saúde pública grave. Entenda em que pé se encontra a febre dos cigarros eletrônicos – que têm se mostrado tão perigosos quanto os convencionais. 7 a 19 segundos. É o tempo que a nico�na do cigarro leva para chegar ao cérebro. Lá dentro, ela a�va o principal neurotransmissor do prazer. E dá-lhe prazer: comer chocolate eleva em 55% a liberação de dopamina; fazer sexo, 100%. A nico�na? 150%. Com o tempo, essas doses con�nuas de prazer acostumam o cérebro, que passa a precisar de doses maiores para se sa�sfazer. Instaura-se um vício. E não é só a descarga de dopamina que importa aí. É também a velocidade com a qual você obtém o efeito. Cocaína inalável, por exemplo, sobe os níveis de dopamina em 400%, mas essa descarga vem só 3 minutos após o consumo. Já o cigarro, embora não cause tanta disrupção neuronal, tem efeito pra�camente instantâneo. Isso torna a nico�na no mínimo tão viciante quanto cocaína, heroína ou [20] metanfetaminas.Com uma perversidade adicional: ela não altera nosso estado consciente, então o usuário pode passar o dia inteiro mimando os neurônios. (Disponível em: h�ps://super.abril.com.br). O elemento destacado no trecho: “Lá dentro, ela a�va o principal neurotransmissor do prazer” faz referência a a) cérebro. b) velocidade. c) cigarro. d) descarga. GR0900 - (Uece) Da solidão Há muitas pessoas que sofrem do mal da solidão. Basta que em redor delas se arme o silêncio, que não se manifeste aos seus olhos nenhuma presença humana, para que delas se apodere imensa angús�a: como se o peso do céu desabasse sobre sua cabeça, como se dos horizontes se levantasse o anúncio do fim do mundo. No entanto, haverá na terra verdadeira solidão? Não estamos todos cercados por inúmeros objetos, por infinitas formas da Natureza e o nosso mundo par�cular não está cheio de lembranças, de sonhos, de raciocínios, de ideias, que impedem uma total solidão? Tudo é vivo e tudo fala, em redor de nós, embora com vida e voz que não são humanas, mas que podemos aprender a escutar, porque muitas vezes essa linguagem secreta ajuda a esclarecer o nosso próprio mistério. Como aquele Sultão Mamude, que entendia a fala dos pássaros, podemos aplicar toda a nossa sensibilidade a esse aparente vazio de solidão: e pouco a pouco nos sen�remos enriquecidos. Pintores e fotógrafos andam em volta dos objetos à procura de ângulos, jogos de luz, eloquência de formas, para revelarem aquilo que lhes parece não só o mais está�co dos seus aspectos, mas também o mais comunicável, o mais rico de sugestões, o mais capaz de transmi�r aquilo que excede os limites �sicos desses objetos, cons�tuindo, de certo modo, seu espírito e sua alma. Façamo-nos também desse modo videntes: olhemos devagar para a cor das paredes, o desenho das cadeiras, a transparência das vidraças, os dóceis panos tecidos sem maiores pretensões. Não procuremos neles a beleza que arrebata logo o olhar, o equilíbrio de linhas, a graça das proporções: muitas vezes seu aspecto – como o das criaturas humanas – é inábil e desajeitado. Mas não é isso que procuramos, apenas: é o seu sen�do ín�mo que tentamos discernir. Amemos nessas humildes coisas a carga de experiências que representam, e a repercussão, nelas sensível, de tanto trabalho humano, por infindáveis séculos. Amemos o que sen�mos de nós mesmos, nessas variadas coisas, já que, por egoístas que somos, não sabemos amar senão aquilo em que nos encontramos. Amemos o an�go encantamento dos nossos olhos infan�s, quando começavam a descobrir o mundo: as nervuras das madeiras, com seus caminhos de bosques e ondas e horizontes; o desenho dos azulejos; o esmalte das louças; os tranquilos, metódicos telhados... Amemos o rumor da água que corre, os sons das máquinas, a inquieta voz dos animais, que desejaríamos traduzir. Tudo palpita em redor de nós, e é como um dever de amor aplicarmos o ouvido, a vista, o coração a essa infinidade de formas naturais ou ar�ficiais que encerram seu segredo, suas memórias, suas silenciosas experiências. A rosa que se despede de si mesma, o espelho onde pousa o nosso rosto, a fronha por onde se desenham os sonhos de quem dorme, tudo, tudo é um 26@professorferretto @prof_ferretto mundo com passado, presente, futuro, pelo qual transitamos atentos ou distraídos. Mundo delicado, que não se impõe com violência: que aceita a nossa frivolidade ou o nosso respeito; que espera que o descubramos, sem anunciar nem pretender prevalecer; que pode ficar para sempre ignorado, sem que por isso deixe de exis�r; que não faz da sua presença um anúncio exigente " Estou aqui! Estou aqui! ". Mas, concentrado em sua essência, só se revela quando os nossos sen�dos estão aptos para descobrirem. E que em silêncio nos oferece sua múl�pla companhia, generosa e invisível. Oh! se vos queixais de solidão humana, prestai atenção, em redor de vós, a essa pres�giosa presença, a essa copiosa linguagem que de tudo transborda, e que conversará convosco interminavelmente. MEIRELES, Cecília. Da solidão. In: MEIRELES, Cecília. Janela Mágica. São Paulo: Global, 2016, pp. 71-74. A expressão destacada no trecho “Façamo-nos também desse modo videntes: olhemos devagar para a cor das paredes, o desenho das cadeiras, a transparência das vidraças, os dóceis panos tecidos sem maiores pretensões.” (5º parágrafo) pode ser subs�tuída sem mudança de sen�do por a) entretanto. b) mas. c) porque. d) ainda. GR0901 - (Uema) Mario Quintana, poeta gaúcho, foi um dos maiores expoentes da literatura brasileira. Com es�lo eclé�co, estreou em 1940, desafiando os crí�cos literários por se ter tornado um poeta popular. Sua poesia é compreensível sem ser banal; sua originalidade é natural; suas metáforas são claras, mas, ao mesmo tempo, surpreendentes. Noturno citadino Um cartaz luminoso ri no ar. Ó noite, ó minha nêga toda acesa de letreiros!... Pena é que a gente saiba ler... Senão tu serias de uma beleza única inteiramente feita para o amor dos nossos olhos. QUINTANA, M. Esconderijos do tempo. Rio de Janeiro: Obje�va, 2013. O ar�culador argumenta�vo “Senão” imprime no poema um valor semân�co de a) comparação. b) adição. c) inclusão. d) adversidade. e) alternância. GR0903 - (Fgvsp) — […] O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é condição da sobrevivência da outra, e a destruição não a�nge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo mo�vo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo mo�vo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas. [...] Aparentemente, há nada mais contristador que uma dessas terríveis pestes que devastam um ponto do globo? E, todavia, esse suposto mal é um bene�cio, não só porque elimina os organismos fracos, incapazes de resistência, como porque dá lugar à observação, à descoberta da droga cura�va. A higiene é filha de podridões seculares; devemo-la a milhões de corrompidos e infectos. Nada se perde, tudo é ganho. (Quincas Borba, 2016.) Em “mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é condição da sobrevivência da outra” e “As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos”, os termos sublinhados estabelecem relação, respec�vamente, de a) consequência e conformidade. b) causa e conformidade. c) conformidade e consequência. d) causa e finalidade. e) consequência e finalidade. GR0904 - (Unicamp) 27@professorferretto @prof_ferretto Reshpī é o adorno usado no nariz, feito de aruá e com linha de tucum, e que atravessa o septo. Na cultura Marubo, ela é usada por homens, mulheres e crianças e tem um significado espiritual, pois é por meio dela que após a nossa morte seremos guiados para o encontro com nossos ancestrais que estão à nossa espera. Reshpī é um adereço milenar e tradicional, simboliza nossa essência e é parte do nosso ser enquanto povo marubo, .................... não é produzido para venda nem pode ser usado como apropriação cultural. (Adaptado do story Reshpī de Kena Marubo. Disponível em h�ps://www.instagram.com/kena_marubo/. Acessado em 02/08/2022.) Tendo em vista as informações sobre o Reshpī, a lacuna no 2º parágrafo deve ser preenchida com a) contudo. b) porque.c) portanto. d) enquanto. GR0905 - (Uerj) A QUESTÃO REFERE-SE AO ROMANCE O MEU AMIGO PINTOR, DE LYGIA BOJUNGA (Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2015). Os dois-pontos estabelecem coesão entre partes de uma frase, introduzindo diferentes ideias. Os dois-pontos introduzem ideia de modo em: a) Então eu vim pra casa com aquela frase voltando sempre na minha cabeça: ele morreu que nem todo mundo um dia morre. (p. 25) b) E quanto mais eu achava, mais o meu amarelo também ia ficando com cara de síndico, e mais eu ia me sen�ndo feito o barco: todo rodeado de cor-de- saudade. (p. 34) c) eu estava sentado bem atrás, mas deu pra ver que a mão era mesmo dele: estava suja de �nta e segurando um pincel (p. 41) d) Gozado: o meu Amigo também pensava assim de pé, com jeito de quem está só olhando pra rua. (p. 76) GR0910 - (Urca) De volta pra casa: decolonização na paleontologia A primeira ilustração de um fóssil brasileiro foi publicada no livro Viagem pelo Brasil, dos naturalistas alemães Johann B. von Spix (1781-1826) e Carl F. P. von Mar�us (1794-1868). Ambos fizeram parte da comi�va da arquiduquesa austríaca Maria Leopoldina (1797- 1826), quando ela veio para o país devido ao seu casamento com D. Pedro I. O material ilustrado em 1823 pode ser iden�ficado como uma arcada de um mastodonte (parente distante ex�nto dos elefantes) do Pleistoceno (há aproximadamente 12 mil anos) e um peixe dos depósitos cretáceos (110 milhões de anos) da bacia do Araripe, no nordeste brasileiro. Mas o mundo mudou e, graças à ação de muitos pesquisadores, o Brasil passou a ter várias ins�tuições para abrigar essas riquezas, que evidenciam a diversificação da vida no tempo profundo. Hoje, a comunidade de paleontólogos, apoiada por pesquisadores e pessoas de diversas partes do mundo, tem procurado despertar a atenção para que fósseis relevantes não deixem mais o país e as principais peças que já não estão mais aqui sejam trazidas de volta. Trata- se de uma espécie de decolonização da paleontologia, um movimento de repatriação de exemplares importantes que tenham sido re�rados do Brasil à revelia, impedindo o enriquecimento da cultura e da pesquisa brasileiras. Não são poucos os exemplares brasileiros importantes que se encontram depositados no exterior. Dinossauros, pterossauros, insetos, peixes e plantas – a maior parte re�rada de forma duvidosa do território nacional e, às vezes, com uma aparente conivência do órgão fiscalizador – foram descritos ao longo de décadas e enriquecem museus estrangeiros, principalmente na Europa e na América do Norte. Os depósitos brasileiros mais afetados são os encontrados na bacia do Araripe, curiosamente, de onde provém um daqueles dois primeiros fósseis brasileiros ilustrados. O mo�vo principal é a riqueza do material dessa região: numeroso, 28@professorferretto @prof_ferretto diversificado e, sobretudo, muito bem preservado, o que encanta pesquisadores e públicos em todo o mundo. No entanto, se, em determinado momento histórico, a saída de material paleontológico poderia encontrar alguma jus�fica�va (mesmo que passível de ques�onamento), o mesmo não ocorre nos dias de hoje. A legislação vigente no Brasil regula o trabalho com fósseis no país e dispõe sobre sua proteção, com destaque para o Decreto-Lei n.º 4.146, publicado em 1942, durante o governo de Getúlio Vargas. De forma simplificada, como, pela Cons�tuição Federal, os bens encontrados no subsolo pertencem à União, todos que queiram fazer extração de fósseis necessitam de uma autorização da Agência Nacional de Mineração, com exceção dos pesquisadores que estejam vinculados a uma ins�tuição de pesquisa e ensino. (Texto de Alexander W. A. Kellner, disponível em h�ps://cienciahoje.org.br/ar�go/de-volta-pra-casa- decolonizacao-na-paleontologia/. Adaptado.). Considerando o trecho “No entanto, se, em determinado momento histórico, a saída de material paleontológico poderia encontrar alguma jus�fica�va (mesmo que passível de ques�onamento), O MESMO NÃO ocorre nos dias de hoje.”, assinale a alterna�va em que a recuperação de um termo elíp�co altera o sen�do original: a) o mesmo ques�onamento. b) o mesmo fato. c) o mesmo contexto. d) o mesmo momento. e) o mesmo cenário. GR0914 - (Uerj) O TEMPO INCOMODA Depois de quase um ano pesquisando sobre vírus, mosquitos e doenças para a série “Epidemia”, lançada em parceria com a Folha de S. Paulo, nos vimos empacadas com a decisão sobre qual caminho seguir na temporada seguinte. Como falar de ciência sem tratar diretamente da pandemia? Que outro assunto pode ser tão relevante neste ano tão estranho de 2020? Foi então que começamos a falar sobre o tempo. Por um lado, é como se es�véssemos vivendo o mesmo dia de novo e de novo, as horas e semanas se fundindo numa massa amorfa. Por outro, sen�mos que já passou uma década do início da pandemia para cá. Essa bagunça de calendários e relógios só fez crescer nossa curiosidade e nosso incômodo, porque pensar no tempo não é nada confortável. Tente. Qual é a cara do tempo? Quanto tempo você ainda tem? Como estará o mundo daqui a cem anos? E daqui a mil? Por que o passado às vezes parece tão misterioso quanto o futuro? Decidimos mergulhar nesse desconforto ao fazer do tempo o centro da nossa atenção, descobrimos histórias de cidades, pessoas, animais e ideias que o desafiaram ou foram desafiados por ele. Na ciência, encontramos grandes perguntas que habitam o território movediço entre o que já sabemos, o que ainda não sabemos é o que parece ser mesmo indecifrável. O próprio conceito de tempo passou por revoluções. Até o começo do século 20, a �sica o tratava como algo absoluto e uniforme, independentemente de quem o medisse.1 Albert Einstein, com sua teoria da rela�vidade, sacudiu esses pilares ao propor que o tempo poderia passar mais rápido ou mais devagar, a depender da velocidade de quem o medisse ou de onde esse relógio se encontrasse no universo, já que ele – na verdade, o espaço-tempo – estaria sujeito a deformações. Na jornada para entender o tempo, também chegamos às inves�gações sobre como o percebemos. Para nós, ele se manifesta como uma linha que nos empurra em direção ao futuro, mas o cérebro humano tem a incrível capacidade de viajar nessa linha. Sem sair do lugar, visitamos memórias e fazemos projeções para o futuro. Será que somos os únicos animais com essa capacidade? Até que ponto conseguimos de fato imaginar o futuro e tomar decisões pensando no amanhã? Nesta temporada, não saímos de casa munidas de gravadores como normalmente faríamos. Mas fomos do átomo ao telescópio, dos neurônios ao palco de uma ópera, da serra da Capivara à Noruega, do fóssil à imortalidade. Como já esperávamos, em vez de se encerrar com respostas, a viagem chegou ao fim com ainda mais perguntas. Afinal, estamos falando do tempo. Não dá para esperar dele respostas absolutas. Saímos com a sensação de que ele é, de certo modo, indecifrável. E esse talvez seja o seu grande charme. Se fosse um personagem, com certeza debocharia das tenta�vas da humanidade de entendê-lo. SARAH AZOUBEL e BIA GUIMARÃES Adaptado de cienciafundamental.blogfolha.uol.com.br, 05/12/2020. “O próprio conceito de tempo passou por revoluções. Até o começo do século 20, a �sica o tratava como algo absoluto e uniforme, independentemente de quem o medisse.” (ref. 1) Considerando a sequência de ideias apresentadas no 5º parágrafo, a segunda frase do trecho citado poderia ser introduzida pela seguinte expressão: 29@professorferretto @prof_ferretto a) além disso. b) no entanto. c) desse modo. d) por exemplo. GR0915 - (Universidade de Vassouras ) CLOCKY, O IMPLACÁVEL Aí está a solução para o meu problema, pensou, tão logo ouviu falar no fantás�co despertador inventado nos Estados Unidos. Ele era daqueles que sempre querem dormir mais cinco minutos; só que esses cinco minutos facilmente transformavam-se em uma hora.1 Resultado: estava sempre chegando atrasado ao emprego, o que lhe valera não poucas repreensões do chefe. Mas um despertador que con�nuasse tocando, e mais, que�vesse de ser procurado, certamente resolveria o seu problema. Que funcionava muito bem. Na verdade, funcionava melhor que o esperado. A cada manhã ele acordava sobressaltado com o alarme e �nha de caçar o Clocky pelo apartamento, que não era grande, mas �nha milhares de esconderijos. Coisa exasperante, mas, ele reconhecia, necessária: espantava completamente seu sono. Uma manhã, contudo, Clocky ultrapassou todos os limites. Tocava como um demônio, e ia de peça em peça, seu dono correndo atrás. Finalmente conseguiu encurralar o maldito no pequeno terraço do apartamento, situado no segundo andar. E aí aconteceu o imprevisto; num gesto aparentemente desesperado, Clocky saltou pela amurada. Lá embaixo a rua estava pra�camente deserta. Só havia ali uma moça, aparentemente esperando um táxi. Ele desceu correndo as escadas, ainda de pijama, e dirigiu-se até ela. la perguntar pelo Clocky, mas não o fez. Era tão linda, a jovem, que ele esqueceu completamente o despertador e cumprimentou-a amavelmente. Ela sorriu, simpá�ca... Estão vivendo juntos, no apartamento dela. Mas de vez em quando, enquanto estão fazendo amor, ele ouve o alarme. É o Clocky, certamente, o implacável Clocky. Escondido, mas ainda por perto. Moacyr Scliar (Histórias que os jornais não contam. Rio de janeiro: Agir, 2009) “Ele era daqueles que sempre querem dormir mais cinco minutos; só que esses cinco minutos facilmente transformavam-se em uma hora” (ref. 1) A relação estabelecida entre as duas partes da frase assume o valor de: a) comparação. b) adversidade. c) causalidade. d) explicação. GR0916 - (Pucrs) Adaptado de: LUC, Mauren. Após AVC, médica se forma usando comunicação por piscadas em aula e estágio. Disponível em: h�ps://bit.ly/3F6WLQu. Acesso em: 03 maio 2022. A palavra “que” só NÃO retoma elemento anterior em 30@professorferretto @prof_ferretto a) que queria dizer (linha 14). b) que a acompanhou (linha 18). c) que decidiu seguir no curso (linha 30). d) que fosse possível (linha 33). GR0919 - (Uema) TEXTO I Por qualquer modo que encaremos a escravidão, ela é, e sempre será um grande mal. Dela a decadência do comércio; porque o comércio, e a lavoura caminham de mãos dadas, e o escravo não pode fazer florescer a lavoura; porque o seu trabalho é forçado. Ele não tem futuro; o seu trabalho não é indenizado; ainda dela nos vem o opróbrio, a vergonha; porque de fronte al�va e desassombrada não podemos encarar as nações livres; por isso que o es�gma da escravidão, pelo cruzamento das raças, estampa-se na fronte de todos nós. Embalde procurará um dentro nós convencer ao estrangeiro que em suas veias não gira uma só gota de sangue escravo... E depois, o caráter que nos imprime, e nos envergonha! O escravo é olhado por todos como ví�ma – e o é. REIS, Maria Firmina dos. A escrava. “em que”, rela�vo, pode ser subs�tuído por “no qual” ou “onde”, sem alteração do sen�do. II. “.... daquele contexto – em cuja percepção...” --> “em cuja” poderia ser subs�tuído por “em que”, sem alteração funcional ou de sen�do. III. “... tudo isso foi o meu primeiro mundo” --> os pronomes “tudo isso” retomam, de forma resumi�va, uma série de elementos enumerados. IV. “experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava...” --> o conec�vo usado empresta um sen�do de consequência aos fatos indicados. Estão corretas as afirma�vas presentes apenas em: a) I e III. b) I, II e III. c) II e IV. d) III e IV. GR0939 - (Encceja) A expressão “isso”, que aparece no segundo e no quarto quadrinhos, refere-se, respec�vamente, às seguintes ideias: a) “morte por fome” e “incapacidade de matar a fome”. b) “dificuldade de acreditar” e “existência de pessoas”. c) “países desenvolvidos” e “consciência de algo”. d) “existência de fome no mundo” e “consequência de algo”. GR0941 - (Unifesp) Leia a crônica “Inconfiáveis cupins”, de Moacyr Scliar, para responder à questão. Havia um homem que odiava Van Gogh. Pintor desconhecido, pobre, atribuía todas suas frustrações ao ar�sta holandês. Enquanto exis�rem no mundo aqueles horríveis girassóis, aquelas estrelas tumultuadas, aqueles 32@professorferretto @prof_ferretto ciprestes deformados, dizia, não poderei jamais dar vazão ao meu ins�nto criador. Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de Van Gogh, onde quer que es�vessem. Começaria pelas mais próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Seu plano era de uma simplicidade diabólica. Não faria como outros destruidores de telas que entram num museu armados de facas e a�ram-se às obras, tentando destruí-las; tais insanos não apenas não conseguem seu intento, como acabam na cadeia. Não, usaria um método cien�fico recorrendo a aliados absolutamente insuspeitados: os cupins. Deu-lhe muito trabalho, aquilo. Em primeiro lugar, era necessário treinar os cupins para que atacassem as telas de Van Gogh. Para isso, recorreu a uma técnica pavloviana. Reproduções das telas do ar�sta, em tamanho natural, eram recobertas com uma solução açucarada. Dessa forma, os insetos aprenderam a diferenciar tais obras de outras. Mediante cruzamentos sucessivos, obteve um �po de cupim que só queria comer Van Gogh. Para ele era repulsivo, mas para os insetos era agradável, e isso era o que importava. Conseguiu introduzir os cupins no museu e ficou à espera do que aconteceria. Sua decepção, contudo, foi enorme. Em vez de atacar as obras de arte, os cupins preferiram as vigas de sustentação do prédio, feitas de madeira absolutamente vulgar. E por isso foram detectados. O homem ficou furioso. Nem nos cupins se pode confiar, foi a sua desconsolada conclusão. É verdade que alguns insetos foram encontrados próximos a telas de Van Gogh. Mas isso não lhe serviu de consolo. Suspeitava que os sádicos cupins es�vessem querendo apenas debochar dele. Cupins e Van Gogh, era tudo a mesma coisa. (O imaginário co�diano, 2002.) Observa-se a elipse de um substan�vo no trecho: a) “Para ele era repulsivo, mas para os insetos era agradável, e isso era o que importava” (5°parágrafo) b) “Começaria pelas mais próximas, as do Museu de Arte Moderna de São Paulo” (2°parágrafo)c) “Decidiu mover uma guerra implacável, sem quartel, às telas de Van Gogh” (2° parágrafo) d) “Seu plano era de uma simplicidade diabólica” (3° parágrafo) e) “Reproduções das telas do ar�sta, em tamanho natural, eram recobertas com uma solução açucarada” (4° parágrafo) GR0943 - (Fgv) Entretanto, a luta mais árdua do negro africano e de seus descendentes brasileiros foi, ainda é, a conquista de um lugar e de um papel de par�cipante legí�mo na sociedade nacional. Nela se viu incorporado à força. Ajudou a construí-la e, nesse esforço, se anulou, mas, ao fim, só nela sabia viver, em razão de sua total desafricanização. A primeira tarefa cultural do negro brasileiro foi a de aprender a falar o português que ouvia nos berros do capataz. Teve de fazê-lo para comunicar-se com seus companheiros de desterro, oriundos de diferentes povos. Fazendo-o, se reumanizou, começando a sair da condição de bem semovente, mero animal ou força energé�ca para o trabalho. Conseguindo miraculosamente dominar a nova língua, não só a refez, emprestando singularidade ao português do Brasil, mas também possibilitou sua difusão por todo o território, uma vez que nas outras áreas se falava principalmente a língua dos índios, o tupi- guarani. Darcy Ribeiro, O povo brasileiro: a formação e o sen�do do Brasil. Adaptado. Dentre os pronomes sublinhados nos seguintes trechos do texto, o único que subs�tui uma frase e não apenas uma palavra anterior é: a) “que ouvia nos berros do capataz”. b) “foi a de aprender a falar o português”. c) “só nela sabia viver”. d) “Ajudou a construí-la”. e) “Teve de fazê-lo para comunicar-se”. GR0947 - (Famerp) Leia o trecho inicial do texto “O futuro da saúde”, de Cilene Pereira, para responder à questão. Eles começam a mudar tudo na saúde. Para citar algumas das transformações: tornam o diagnós�co preciso, ajudam a desenhar tratamentos para cada paciente, a levar o cuidado a regiões distantes e a encontrar remédios eficazes em tempo recorde. Na saúde, assim como em outras áreas da vida contemporânea, os robôs revolucionam. “Seu uso é um ponto de virada na medicina”, afirma o médico Gregg Meyer, do Massachuse�s General Hospital, da Universidade Harvard (EUA), e um dos mais respeitados estudiosos do assunto. Na edição deste ano do Fórum de Inovação Médica Mundial, realizada recentemente em Boston, o tema foi um dos destaques, reunindo 1,5 mil pessoas só para debatê-lo. Robô é o nome palatável encontrado para definir os complexos sistemas de algoritmos que baseiam a inteligência ar�ficial. Em linhas gerais, trata-se da u�lização do maior número possível de dados disponível 33@professorferretto @prof_ferretto sobre determinado assunto, seu cruzamento e, como consequência, a iden�ficação de padrões. Na saúde, as informações geradas no processo esclarecem ou confirmam suspeitas diagnós�cas e indicam a resposta do paciente ao tratamento. Além dos ganhos médicos, reduzem os custos ao evitar gastos em terapias desnecessárias. (h�ps://istoe.com.br, 25.05.2018.) “Em linhas gerais, trata-se da u�lização do maior número possível de dados disponível sobre determinado assunto, seu cruzamento e, como consequência, a iden�ficação de padrões.” (2ºparágrafo) A palavra “disponível” modifica o sen�do da palavra ........................................, e a palavra “seu” retoma o sen�do da palavra ......................................... As lacunas devem ser preenchidas, respec�vamente, por a) u�lização e assunto. b) número e dados. c) u�lização e dados. d) número e assunto. e) dados e assunto. GR0948 - (Urca) Comunicar é a principal função de todo e qualquer ato de fala, não importa se na linguagem escrita ou na linguagem oral. Para se estabelecer a comunicação, o enunciador deve conhecer recursos linguís�cos essenciais para o desenvolvimento de um discurso que interaja de maneira sa�sfatória com o(s) seu(s) interlocutor(es). Conhecer elementos como a coesão e a sua aplicabilidade é uma das garan�as de que seu discurso efe�vamente alcance o seu interlocutor. No diálogo a seguir, entre Mafalda e Manolito, aparece na segunda inquirição de Mafalda a coesão: a) Por referência; b) Por anáfora; c) Por elipse; d) Por conec�vos; e) Lexical. GR0949 - (Famerp) Leia o trecho inicial do texto “O futuro da saúde”, de Cilene Pereira, para responder à questão. Eles começam a mudar tudo na saúde. Para citar algumas das transformações: tornam o diagnós�co preciso, ajudam a desenhar tratamentos para cada paciente, a levar o cuidado a regiões distantes e a encontrar remédios eficazes em tempo recorde. Na saúde, assim como em outras áreas da vida contemporânea, os robôs revolucionam. “Seu uso é um ponto de virada na medicina”, afirma o médico Gregg Meyer, do Massachuse�s General Hospital, da Universidade Harvard (EUA), e um dos mais respeitados estudiosos do assunto. Na edição deste ano do Fórum de Inovação Médica Mundial, realizada recentemente em Boston, o tema foi um dos destaques, reunindo 1,5 mil pessoas só para debatê-lo. Robô é o nome palatável encontrado para definir os complexos sistemas de algoritmos que baseiam a inteligência ar�ficial. Em linhas gerais, trata-se da u�lização do maior número possível de dados disponível sobre determinado assunto, seu cruzamento e, como consequência, a iden�ficação de padrões. Na saúde, as informações geradas no processo esclarecem ou confirmam suspeitas diagnós�cas e indicam a resposta do paciente ao tratamento. Além dos ganhos médicos, reduzem os custos ao evitar gastos em terapias desnecessárias. (h�ps://istoe.com.br, 25.05.2018.) A frase que interpreta corretamente o texto e que está redigida com coesão, coerência e em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa é: 34@professorferretto @prof_ferretto a) A u�lização da inteligência ar�ficial na medicina resultou o engajamento de 1,5 mil especialistas na úl�ma edição do Fórum de Inovação Médica Mundial, que se tratou do tema dos robôs e seus avanços. b) Na medida em que tornam mais ágil e precisa a formulação de diagnós�cos e evitam gastos com terapias dispensáveis, os robôs representam grande avanço na medicina. c) Os robôs tem revolucionado a sociedade contemporânea de modo geral e, com a medicina não poderia ser diferente. Contudo vem fazendo com que se tornem cada vez mais eficiente os tratamentos. d) Ao levar tratamento a regiões pouco acessíveis, os robôs promovem o avanço da medicina, especialmente por que contribuem sobre a facilidade de encontrar remédios comprovadamente eficazes. e) O fato que o uso de robôs na medicina é benéfico é inques�onável, contanto que auxiliam o tratamento. Conforme afirma o médico Gregg Meyer, considerado um dos estudiosos do assunto mais respeitado. GR0972 - (Ita) Uma no�cia é um relato obje�vo de um evento, fato ou acontecimento recente, que informa o público sobre algo relevante que está acontecendo no mundo, na comunidade ou em um determinado contexto. Em geral, esse gênero compõe-se de �tulo, sub�tulo, lead, corpo da no�cia, iden�ficação de fontes e conclusão. Considere o �tulo e o olho da no�cia a seguir: Marcelo Gleiser cita ‘Oppenheimer’ e diz que parte da ciência é cooptada pelo capital “Não existe só um lado heroico na ciência” , afirmou no Roda Viva Fonte: CULTURA UOL. Astrônomo Marcelo Gleiser cita Oppenheimer e diz que parte da ciência é cooptada pelo capital. Disponível em: h�ps://cultura.uol.com.br/no�cias/64924 astronomo- marcelo-gleiser-citaoppenheimer-e-diz-que-parte-da- ciencia-e-cooptada-pelo-capital.html. A par�r desses elementos, assinale a CORRETA sequência de parágrafos que compõem a no�cia, num texto coeso e coerente. I. “Tem um outro lado da ciência, que é o lado cooptado pelo capital. A ciência sempre serviu o poder. Começando com Arquimedes, na Grécia an�ga. Ele ajudou o rei de Siracusa a defender Siracusa contra os navios romanos, criando catapultas e espelhos. Não existe só um lado heroico na ciência”, explica. II. O astrônomo cita o filme ‘Oppenheimer’ (2023), que conta a história do “pai” da bomba atômica, paraexemplificar os efeitos do capital e do poder sobre a ciência. “Eles [Aliados] �nham medo de que se os nazistas desenvolvessem a bomba atômica seria muito pior (...) faz sen�do, mas, na hora de decidir quem vai usar ou não essa bomba, depois que os nazistas já �nham saído da guerra, ou seja, o argumento principal havia acabado, os Estados Unidos usaram a bomba em Hiroshima e Nagasaki, porque os cien�stas não �nham nenhum poder sobre essa decisão”, diz. III. O Roda Viva recebe o �sico e astro�sico brasileiro Marcelo Gleiser nesta segunda-feira (11). Durante o programa, Gleiser afirma que, apesar da importância dos avanços cien�ficos, há uma dimensão da ciência, controlada pelo capitalismo, que precisa ser cri�cada. IV. “A crí�ca não á à ciência em si. É como a ciência é usada pelo poder e até que ponto o cien�sta perde o controle das suas próprias ideias quando existe esse pacto entre a ciência e o poder”, defende Gleiser. a) I, II, III, IV. b) II, III, IV, I. c) III, I, II, IV. d) III, IV, I, II. e) IV, II, I, III. GR0974 - (Ita) 35@professorferretto @prof_ferretto O infográfico tem claro interesse em valorizar a par�cipação das mulheres no mundo das Engenharias e das Ciências. Assinale a alterna�va que, na reescrita, PRESERVA o sen�do do trecho “Mesmo com predomínio masculino nas áreas cien�ficas, entre 2010 e 2021 as mulheres foram maioria no ingresso [...]”. a) Apesar do predomínio masculino nas áreas cien�ficas entre 2010 e 2021, as mulheres foram maioria no ingresso [...]. b) Embora com predomínio masculino nas áreas cien�ficas, entre 2010 e 2021 as mulheres foram maioria no ingresso [...]. c) Consoante o predomínio masculino nas áreas cien�ficas, entre 2010 e 2021 as mulheres foram maioria no ingresso [...]. d) Visto que há predomínio masculino nas áreas cien�ficas, entre 2010 e 2021 as mulheres foram maioria no ingresso [...]. e) Por mais que houvesse predomínio masculino nas áreas cien�ficas entre 2010 e 2021, as mulheres foram maioria no ingresso [...]. GR0975 - (Uece) As mulheres negras e a ciência no Brasil: “E eu não sou uma cien�sta?” O �tulo deste texto é uma adaptação do emblemá�co discurso da militante negra ex-excravizada Sojouner Truth em 1851, numa conferência feminista em Ohio, Estados Unidos. Neste antológico discurso, Sojouner problema�zava a opressão das mulheres negras nos Estados Unidos, buscando explicitar os graus de desumanização dessas mulheres a ponto de não lhes serem conferidas as caracterís�cas socialmente construídas do gênero feminino. Mas o que que um discurso do século XIX de uma feminista negra ex-escravizada estadunidense tem a ver com o histórico das cien�stas negras brasileiras? Acontece que cien�stas negras são mulheres que estão imersas nos segregadores processos de subjugação racial que o racismo estrutural nos impõe em qualquer lugar do mundo. Mulheres negras, assim como todas as pessoas oriundas do processo diaspórico de escravização brasileira, só �veram a sua liberdade legal a par�r de 1888, quando a pressão exercida secularmente pelo movimento quilombola ar�culada à necessidade de expansão mercan�l do capitalismo inglês intensificaram o movimento abolicionista no Brasil, o úl�mo país da América La�na a abolir a escravatura. Nesse sen�do, cabe refle�rmos: tendo o Brasil abolido a escravidão no final do século XIX, é plausível imaginarmos que pessoas negras brasileiras �veram um processo tardio de acesso a direitos sociais tais como educação, saúde e moradia, dentre outros. Assim sendo, a universidade brasileira, que teve a sua fundação com a Escola Baiana de Medicina em 1808, foi por muito tempo uma ins�tuição branca, criada no contexto da escravização para suprir as necessidades de uma elite intelectual branca colonizadora e imperialista. 36@professorferretto @prof_ferretto Pouquíssimas pessoas negras �veram acesso à escolarização básica, quem dirá àquela de nível superior. No contexto da primeira metade do século XX, enquanto mulheres brancas lutavam pelos direitos sufragistas e de trabalharem fora de casa, mulheres negras trabalhavam nas casas destas tomando conta dos seus filhos e filhas, lavando roupa, sendo empregadas domés�cas; sustentavam famílias vendendo quitutes nos tabuleiros... em um presente bem distante de um futuro emancipado academicamente. Nesses termos, mesmo sabendo dos processos de alterização nega�va que mulheres em geral sofrem na sociedade, há um descompasso histórico entre a ausência de privilégios das mulheres brancas comparadas às mulheres negras que se perpetuam até os dias de hoje mesmo com todos os direitos alcançados nos úl�mos anos como a PEC das domés�cas, como as cotas raciais, como os programas de combate à miséria no Brasil. Infelizmente, essa é uma realidade que persiste aos dias atuais, mesmo com os avanços dos úl�mos anos. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ins�tuto Brasileiro de Geografia e Esta�s�ca (IBGE) em 2018, apenas 10,4% das mulheres negras com idade entre 25 a 44 anos concluem o ensino superior. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ins�tuto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o percentual de mulheres negras (pretas e pardas) doutoras professoras de programa de pós-graduação é inferior a 3%. Segundo uma pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien�fico e Tecnológico (CNPQ) em 2015 apenas 7% das bolsas de produ�vidade são des�nadas a mulheres negras. A marginalidade supracitada no ambiente cien�fico não versa sobre a baixa capacidade intelectual de mulheres negras, nem tampouco sobre uma ausência de propensão gené�ca de mulheres negras à produção epistêmica, mas sim sobre um brutal processo social de produção e reprodução de padrões de subalternidade cogni�vamente e materialmente a nós impostos. Nos contaram acerca de uma história de inferioridade programada da população negra no mundo nos úl�mos quatro séculos e “esqueceram” de nos contar sobre os milênios de pioneirismo intelectual desses nossos e nossas ancestrais nas ciências, na matemá�ca, na filosofia, no desenvolvimento da escrita, na arquitetura, na medicina etc. Nos ensinaram uma história negra que ontologicamente remonta à escravidão, entretanto "deixaram passar” informações relevantes, como o fato de a humanidade ter nascido em África - o verdadeiro velho mundo -; de uma mulher negra africana, Merit Ptah (2700 a.C), ser a primeira médica de que se tem conhecimento; como o fato de não conhecermos grandes impérios africanos como Axum, Meroé, Núbia, Numídia, a Terra de Punt, o Império de Kush, o Império Ashan� e o Império de Gana, dentre outros. Concluo informando que é preciso revisitarmos os porões da nossa história para darmos vez e voz a narra�vas históricas invisibilizadas, que nos propiciarão uma descolonização dos padrões do que vem a ser ciência e do que vem a ser cien�sta. É preciso um olhar atento para a história para compreendermos os passos que nos conduziram até aqui e para termos sensibilidade e empa�a com essas existências negadas e inferiorizadas. Pinheiro, Bárbara Carine Soares. As mulheres negras e a ciência no Brasil: “e eu, não sou uma cien�sta?”. Disponível em h�ps://www.comciencia.br/as-mulheres- negras-e-ciencia-no-brasil-e-eu-nao-sou-uma-cien�sta/. Acesso em 5 de abril de 2021. Texto adaptado. No trecho: “Pouquíssimas pessoas negras �veram acesso à escolarização básica, quem dirá àquela de nível superior” (5º parágrafo), o elemento em destaque sinaliza um fenômeno de a) informa�vidade, pois estabelece a carga informa�va do texto. b) coesão sequencial, pois marca a passagem de um trecho a outro do texto. c) intertextualidade, pois refere-se a outros textos inferidos a par�r de indícios. d) coesão referencial, pois remete à elipse do termo anteriormente expresso. GR0976 - (Uece) As mulheres negras e a ciência no Brasil: “E eu não sou uma cien�sta?” O �tulo deste texto é uma adaptação do emblemá�co discurso da militante negra ex-excravizada Sojouner Truth em 1851, numa conferência feminista em Ohio, Estados Unidos. Nesteleitor brasileiro (5) entre vírgulas, imediatamente após aqui (7). b) Deslocamento de entretanto (15) para imediatamente após par�ndo (18). c) Passagem de também (19) para imediatamente após e (20). d) Deslocamento de normalmente (32) para imediatamente após usar (33). e) Colocação de Em geral (40) entre vírgulas, imediatamente após é (41). GR0613 - (Ufrgs) Darwin passou quatro meses no Brasil, em 1832, durante a sua célebre viagem a bordo do Beagle. Voltou 2@professorferretto @prof_ferretto impressionado com o que viu: "Delícia é um termo insuficiente para exprimir as emoções sen�das por um naturalista (28) a sós com a natureza em uma floresta brasileira", escreveu. O Brasil, porém, aparece de forma menos idílica em seus (27) escritos: “Espero nunca mais voltar a um país escravagista. O estado da enorme população escrava deve preocupar todos os que chegam ao Brasil. Os senhores de escravos querem ver o negro como outra espécie, mas temos todos a mesma origem.” Em vez do gorjeio do sabiá, o que Darwin guardou nos ouvidos foi um som terrível (3) que o (29) acompanhou por toda a vida: “Até hoje, se eu ouço um grito, lembro- me, com dolorosa e clara memória, de quando passei numa casa em Pernambuco e ouvi urros terríveis. Logo entendi que era algum pobre escravo que estava sendo torturado.” Segundo o biólogo Adrian Desmond, “a viagem do Beagle, para Darwin, foi menos importante pelos espécimes coletados do que pela experiência de testemunhar os horrores da escravidão no Brasil. De certa forma, ele escolheu focar na descendência comum do homem justamente para mostrar que todas as raças eram iguais (31) e, desse modo (30), enfim, objetar àqueles que insis�am em dizer que os negros pertenciam a uma espécie diferente e inferior à dos brancos". Desmond (33) acaba de lançar um estudo que mostra a paixão abolicionista do cien�sta (35), revelada por seus (32) diários e cartas pessoais. “A extensão de seu (34) interesse no combate à ciência de cunho racista é surpreendente, e pudemos detectar um ímpeto moral por trás de seu trabalho sobre a evolução humana - uma crença na ‘irmandade racial’ que �nha origem em seu ódio ao escravismo e que o levou a pensar numa descendência comum.” (Adaptado de: HAAG, C. O elo perdido tropical. Pesquisa FAPESP, n. 159, p. 80-85, maio 2009.) Assinale a alterna�va em que se estabelece uma relação de referência correta entre o primeiro e o segundo segmentos extraídos do texto. a) seus (27) – um naturalista (28). b) o (29) – um som terrível (3). c) desse modo (30) –- todas as raças eram iguais (31). d) seus (32) – Desmond (33). e) seu (34) – do cien�sta (35). GR0616 - (Ufrgs) A variação linguís�ca é uma realidade que, embora razoavelmente (2) bem estudada pela sociolinguís�ca, pela dialetologia e pela linguís�ca histórica, provoca, em geral, (4) reações sociais muito nega�vas. O senso comum tem escassa percepção de que a língua é um fenômeno heterogêneo, que alberga grande variação e está em mudança con�nua. Por isso, costuma folclorizar a variação regional; demoniza a variação social e tende a interpretar as mudanças como sinais de deterioração da língua. O senso comum não se dá bem com a variação linguís�ca e chega (14), muitas vezes, (15) a explosões de ira e a gestos de grande violência simbólica diante de fatos de variação. Boa parte de uma educação de qualidade tem a ver precisamente com o ensino de língua – um ensino que garanta o domínio das prá�cas socioculturais de leitura, escrita e fala nos espaços públicos. E esse domínio inclui o das variedades linguís�cas historicamente iden�ficadas como as mais próprias a essas prá�cas – isto é, as variedades escritas e faladas que devem ser iden�ficadas como cons�tu�vas da chamada norma culta. Isso pressupõe, inclusive (27), uma ampla discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas efe�vas caracterís�cas (29) no Brasil contemporâneo. Parece claro hoje que o domínio dessas variedades caminha junto com o domínio das respec�vas prá�cas socioculturais. Parece claro também, por outro lado, que não se trata apenas de desenvolver uma pedagogia que garanta o domínio das prá�cas socioculturais e das respec�vas variedades linguís�cas. Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas populares, parece que o que nos desafia é a construção de toda uma cultura escolar aberta à crí�ca da discriminação pela língua e preparada para combatê-la, o que pressupõe uma adequada compreensão da heterogeneidade linguís�ca do país, sua história social e suas caracterís�cas atuais. Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os próprios educadores e, em seguida, os educandos. Como fazer isso? Como garan�r a disseminação dessa cultura na escola e pela escola, considerando que a sociedade em que essa escola existe não reconhece sua cara linguís�ca e não só só discrimina impunemente pela língua, como dá sustento explícito a esse �po de discriminação? Em suma, como construir uma pedagogia da variação linguís�ca? (Adaptado de: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. Apresentação. In: ZILLES, A. M; FARACO, C. A, orgs., Pedagogia da variação linguís�ca: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, 2015.) Considere as seguintes propostas de alteração da ordem de elementos adverbiais do texto. I. Deslocamento de , em geral, (4) para imediatamente antes de razoavelmente (2). II. Deslocamento de , muitas vezes, (15) para imediatamente antes de chega (14). III. Deslocamento de inclusive (27), precedido de vírgula, para imediatamente depois de caracterís�cas (29). 3@professorferretto @prof_ferretto Quais propostas estão corretas e preservam o sen�do do texto? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. GR0621 - (Uff) Nunca esteve tão bom para nós, mulheres (7). Nem tão di�cil. Os salários não são iguais, as creches con�nuam insuficientes (9), o sexo é uma confusão total entre o agir e o sen�r (16), o trabalho é complicadíssimo em termos psíquicos para a mulher (10): fonte de culpa e medos. Nunca foi tão di�cil. Muito está colocado, mas tudo está por fazer (14). Esta é uma hora para se parar e pensar (12). Pensar pelo que brigamos até agora, o que conseguimos, onde fomos usadas pelo sistema, o que deu errado, o que fazer de agora em diante. Sinto que existe todo um trabalho a ser feito de conscien�zação feminina — pois o que se passa no Piauí não é o mesmo das grandes capitais (8) — já que as lutas não serão primordialmente mais no nível do “queremos”, “exigimos”, das passeatas, mas da prá�ca do obter e do ser. É uma luta mais in�mista de um lado, fora dos jornais (11), mais difusa na realidade (15). A luta de base, de formiguinha, onde o confrontamento não será mais com a polícia e o governo somente, mas basicamente com os companheiros de trabalho, amigos e marido (13). SUPLICY, Marta. Reflexões sobre o co�diano. Rio Janeiro: Espaço e Tempo, 1986. p. 124-5. No trecho abaixo, o termo destacado tem função anafórica, já que retoma elemento anteriormente expresso. “A luta de base, de formiguinha, onde o confronto não será mais com a polícia e o governo somente, mas basicamente com os companheiros de trabalho, amigos e marido.” (13) Assinale a opção que apresenta o elemento anteriormente expresso: a) Confronto. b) Formiguinha. c) Luta. d) Polícia. e) Passeatas. GR0622 - (Uff) Acompanho com assombro o que andam dizendo sobre os primeiros 500 anos do brasileiro (6). Concordo com todas as opiniões emi�das e com as minhas em primeiríssimo lugar. Tenho para mim que há dois referenciais literários para nos definir. De um lado, o produto daquilo que Gilberto Freyre chamou de casa- grande e senzala (3), o homem miscigenado, potente e tendendo a ser feliz. De outro, o Macunaíma, herói sem nenhuma definição, ou sem nenhum caráter (4) – como queria o próprio Mário de Andrade. Fomos e seremos assim, em nossa essência, embora as circunstâncias mudem e nós mudemos com elas (8). Retomando a imagem literária, citemos a Capitu menina – e teremos como sempre a intervenção soberana deantológico discurso, Sojouner problema�zava a opressão das mulheres negras nos Estados Unidos, buscando explicitar os graus de desumanização dessas mulheres a ponto de não lhes serem conferidas as caracterís�cas socialmente construídas do gênero feminino. Mas o que que um discurso do século XIX de uma feminista negra ex-escravizada estadunidense tem a ver com o histórico das cien�stas negras brasileiras? Acontece que cien�stas negras são mulheres que estão imersas nos segregadores processos de subjugação racial que o racismo estrutural nos impõe em qualquer lugar do mundo. Mulheres negras, assim como todas as pessoas oriundas do processo diaspórico de escravização brasileira, só �veram a sua liberdade legal a par�r de 1888, quando a pressão exercida secularmente pelo movimento quilombola ar�culada à necessidade de expansão mercan�l do capitalismo inglês intensificaram o 37@professorferretto @prof_ferretto movimento abolicionista no Brasil, o úl�mo país da América La�na a abolir a escravatura. Nesse sen�do, cabe refle�rmos: tendo o Brasil abolido a escravidão no final do século XIX, é plausível imaginarmos que pessoas negras brasileiras �veram um processo tardio de acesso a direitos sociais tais como educação, saúde e moradia, dentre outros. Assim sendo, a universidade brasileira, que teve a sua fundação com a Escola Baiana de Medicina em 1808, foi por muito tempo uma ins�tuição branca, criada no contexto da escravização para suprir as necessidades de uma elite intelectual branca colonizadora e imperialista. Pouquíssimas pessoas negras �veram acesso à escolarização básica, quem dirá àquela de nível superior. No contexto da primeira metade do século XX, enquanto mulheres brancas lutavam pelos direitos sufragistas e de trabalharem fora de casa, mulheres negras trabalhavam nas casas destas tomando conta dos seus filhos e filhas, lavando roupa, sendo empregadas domés�cas; sustentavam famílias vendendo quitutes nos tabuleiros... em um presente bem distante de um futuro emancipado academicamente. Nesses termos, mesmo sabendo dos processos de alterização nega�va que mulheres em geral sofrem na sociedade, há um descompasso histórico entre a ausência de privilégios das mulheres brancas comparadas às mulheres negras que se perpetuam até os dias de hoje mesmo com todos os direitos alcançados nos úl�mos anos como a PEC das domés�cas, como as cotas raciais, como os programas de combate à miséria no Brasil. Infelizmente, essa é uma realidade que persiste aos dias atuais, mesmo com os avanços dos úl�mos anos. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ins�tuto Brasileiro de Geografia e Esta�s�ca (IBGE) em 2018, apenas 10,4% das mulheres negras com idade entre 25 a 44 anos concluem o ensino superior. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ins�tuto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o percentual de mulheres negras (pretas e pardas) doutoras professoras de programa de pós-graduação é inferior a 3%. Segundo uma pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cien�fico e Tecnológico (CNPQ) em 2015 apenas 7% das bolsas de produ�vidade são des�nadas a mulheres negras. A marginalidade supracitada no ambiente cien�fico não versa sobre a baixa capacidade intelectual de mulheres negras, nem tampouco sobre uma ausência de propensão gené�ca de mulheres negras à produção epistêmica, mas sim sobre um brutal processo social de produção e reprodução de padrões de subalternidade cogni�vamente e materialmente a nós impostos. Nos contaram acerca de uma história de inferioridade programada da população negra no mundo nos úl�mos quatro séculos e “esqueceram” de nos contar sobre os milênios de pioneirismo intelectual desses nossos e nossas ancestrais nas ciências, na matemá�ca, na filosofia, no desenvolvimento da escrita, na arquitetura, na medicina etc. Nos ensinaram uma história negra que ontologicamente remonta à escravidão, entretanto "deixaram passar” informações relevantes, como o fato de a humanidade ter nascido em África - o verdadeiro velho mundo -; de uma mulher negra africana, Merit Ptah (2700 a.C), ser a primeira médica de que se tem conhecimento; como o fato de não conhecermos grandes impérios africanos como Axum, Meroé, Núbia, Numídia, a Terra de Punt, o Império de Kush, o Império Ashan� e o Império de Gana, dentre outros. Concluo informando que é preciso revisitarmos os porões da nossa história para darmos vez e voz a narra�vas históricas invisibilizadas, que nos propiciarão uma descolonização dos padrões do que vem a ser ciência e do que vem a ser cien�sta. É preciso um olhar atento para a história para compreendermos os passos que nos conduziram até aqui e para termos sensibilidade e empa�a com essas existências negadas e inferiorizadas. Pinheiro, Bárbara Carine Soares. As mulheres negras e a ciência no Brasil: “e eu, não sou uma cien�sta?”. Disponível em h�ps://www.comciencia.br/as-mulheres- negras-e-ciencia-no-brasil-e-eu-nao-sou-uma-cien�sta/. Acesso em 5 de abril de 2021. Texto adaptado. A relação sintá�co-semân�ca estabelecida entre os períodos do enunciado “No contexto da primeira metade do século XX, enquanto mulheres brancas lutavam pelos direitos sufragistas e de trabalharem fora de casa, mulheres negras trabalhavam nas casas destas tomando conta dos seus filhos e filhas”, (5º parágrafo) é de a) conclusão. b) alternância. c) proporção. d) adição. GR0977 - (Unicamp) A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo. Não há é�ca que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gen�leza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas. O cafona fura filas, canta pneus e passa sermões. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. O cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer andar armado. Quer �rar vantagem em tudo. Unidos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos. Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre 38@professorferretto @prof_ferretto honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país. (Adaptado de Fernanda Young, Bando de cafonas. Publicado em h�ps: //oglobo.globo.com/cultura/em-sua- ul�ma-coluna-fernanda-young-sent enciacafonice- detesta-arte-23903168. Acessado em 27/05/2020.) Em relação aos recursos de coesão usados na construção do texto, é correto afirmar que: a) a “economia estagnada” é retomada no uso da expressão “dar carteiradas”. b) o uso de “isso”, no final do texto, retoma as ideias de cafonice e hones�dade. c) “apesar de tudo”, no penúl�mo período, retoma o que a autora denomina “império da cafonice”. d) o “porque”, no úl�mo período, explica que o país precisa do bom gosto dos cafonas. 39@professorferretto @prof_ferrettoMachado de Assis. Um rapaz da plateia me perguntou onde ficaria o homem de Guimarães Rosa – outra coordenada que nos ajuda a definir o brasileiro (5). Evidente que o universo de Rosa é sobretudo verbal, mas o homem é causa e efeito do verbo. Por isso mesmo, o personagem rosiano tem a ver com o homem de Gilberto Freyre e de Mário de Andrade. É um refugo consciente da casa-grande e da senzala, o opositor de uma e de outra, criando a sua própria vereda mas sem esquecer o ressen�mento social do qual se afastou e contra o qual procura lutar (7). É também macunaímico, pois sem definição catalogada na escala de valores culturais oriundos de sua formação racial. Nem por acaso um dos personagens mais importantes do mundo de Rosa é uma mulher que se faz passar por jagunço. Ou seja, um herói – ou heroína – sem nenhum caráter. Tomando Gilberto Freyre como a linha ver�cal e Mário de Andrade como a linha horizontal de um ângulo reto, teríamos Guimarães Rosa como a hipotenusa fechando o triângulo (1). A imagem geométrica pode ser forçada, mas foi a que me veio na hora – e acho que fui entendido (2). CONY, Carlos Heitor. Folha Ilustrada, 5º Caderno, São Paulo, 21/04/2000, p.12. “Fomos e seremos assim, em nossa essência, embora as circunstâncias mudem e nós mudemos com elas.” (8). Assinale a opção em que, ao reescrever-se o fragmento acima, subs�tuiu-se o conec�vo destacado por outro de valor condicional, fazendo-se alterações aceitáveis. 4@professorferretto @prof_ferretto a) Fomos e seremos assim em nossa essência, porque as circunstâncias mudaram e nós mudamos com elas. b) Fomos e seremos assim em nossa essência, enquanto as circunstâncias mudarem e nós mudarmos com elas. c) Éramos e somos assim em nossa essência, à medida que as circunstâncias mudaram e nós mudamos com elas. d) Teríamos sido e seríamos assim em nossa essência, se as circunstâncias mudassem e nós mudássemos com elas. e) Temos sido e somos assim em nossa essência, conforme as circunstâncias têm mudado e nós temos mudado com elas. GR0623 - (Uff) Acompanho com assombro o que andam dizendo sobre os primeiros 500 anos do brasileiro (6). Concordo com todas as opiniões emi�das e com as minhas em primeiríssimo lugar. Tenho para mim que há dois referenciais literários para nos definir. De um lado, o produto daquilo que Gilberto Freyre chamou de casa- grande e senzala (3), o homem miscigenado, potente e tendendo a ser feliz. De outro, o Macunaíma, herói sem nenhuma definição, ou sem nenhum caráter (4) – como queria o próprio Mário de Andrade. Fomos e seremos assim, em nossa essência, embora as circunstâncias mudem e nós mudemos com elas (8). Retomando a imagem literária, citemos a Capitu menina – e teremos como sempre a intervenção soberana de Machado de Assis. Um rapaz da plateia me perguntou onde ficaria o homem de Guimarães Rosa – outra coordenada que nos ajuda a definir o brasileiro (5). Evidente que o universo de Rosa é sobretudo verbal, mas o homem é causa e efeito do verbo. Por isso mesmo, o personagem rosiano tem a ver com o homem de Gilberto Freyre e de Mário de Andrade. É um refugo consciente da casa-grande e da senzala, o opositor de uma e de outra, criando a sua própria vereda mas sem esquecer o ressen�mento social do qual se afastou e contra o qual procura lutar (7). É também macunaímico, pois sem definição catalogada na escala de valores culturais oriundos de sua formação racial. Nem por acaso um dos personagens mais importantes do mundo de Rosa é uma mulher que se faz passar por jagunço. Ou seja, um herói – ou heroína – sem nenhum caráter. Tomando Gilberto Freyre como a linha ver�cal e Mário de Andrade como a linha horizontal de um ângulo reto, teríamos Guimarães Rosa como a hipotenusa fechando o triângulo (1). A imagem geométrica pode ser forçada, mas foi a que me veio na hora – e acho que fui entendido (2). CONY, Carlos Heitor. Folha Ilustrada, 5º Caderno, São Paulo, 21/04/2000, p.12. Assinale a opção em que o pronome destacado estabelece uma referência a elemento anteriormente expresso no texto: a) “Mas foi a que me veio na hora – e acho que fui entendido.” (2) b) “De um lado, o produto daquilo que Gilberto Freyre chamou de casa-grande e senzala,” (3) c) “De outro, o Macunaíma, herói sem nenhuma definição, ou sem nenhum caráter” (4) d) “Um rapaz da plateia me perguntou onde ficaria o homem de Guimarães Rosa – outra coordenada que nos ajuda a definir o brasileiro”. (5) e) “Acompanho com assombro o que andam dizendo sobre os primeiros 500 anos do brasileiro.” (6) GR0625 - (Ufscar) Na minha opinião, existe no Brasil, em permanente funcionamento, não fechando nem para o almoço, uma Central Geral de Maracutaia. Não é possível que não exista. E, com toda a certeza, é uma das organizações mais perfeitas já cons�tuídas, uma contribuição ines�mável do nosso país ao patrimônio da raça humana. Nada de novo é implantado sem que surja no mesmo instante, às vezes sem intervalo visível, imediatamente mesmo, um esquema bem montado para fraudar o que lá seja que tenha sido criado. [...] Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, mas podia ser em qualquer outra cidade do país, porque a CGM é onipresente, não deixa passar nada, nem discrimina ninguém. Segundo me contam aqui, a prefeitura de São Paulo agora fornece caixão e enterro gratuitos para os doadores de órgãos, certamente os mais pobres. Basta que a família do morto prove que ele doou pelo menos um órgão, para receber o bene�cio. Mas claro, é isso mesmo, você adivinhou, ser brasileiro é meramente uma questão de prá�ca. Surgiram indivíduos ou organizações que, mediante uma módica contraprestação pecuniária, fornecem documentação falsa, “provando” que o defunto doou órgãos, para que o caixão e o enterro sejam pagos com dinheiro público. (João Ubaldo Ribeiro. O Estado de S.Paulo, 18.09.2005.) Assinale a alterna�va em que a subs�tuição das palavras destacadas mantém o mesmo sen�do original do trecho: Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, mas podia ser em qualquer outra cidade do país, porque a CGM é onipresente. 5@professorferretto @prof_ferretto a) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, no entanto podia ser em qualquer outra cidade do país, uma vez que a CGM é onipresente. b) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, pois podia ser em qualquer outra cidade do país, já que a CGM é onipresente. c) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, podia, pois, ser em qualquer outra cidade do país, visto que a CGM é onipresente. d) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, podia, pois, ser em qualquer outra cidade do país, visto que a CGM é onipresente. e) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, já que podia ser em qualquer outra cidade do país, à medida que a CGM é onipresente. GR0628 - (Ufpr) A fronteira tênue entre heróis e vilões O conceito de herói está profundamente ligado à cultura que o criou e a quando foi criado, o que significa que ele4 varia muito de lugar para lugar e de época para época. Mesmo assim, a figura do herói aparece nas mais diversas sociedades e eras, sempre atendendo a critérios morais e desejos em comum de determinado povo. Apesar do protagonismo do herói, o que seria dele se não houvesse um vilão? Nas narra�vas, o vilão costuma ser o antagonista1. Os vilões representam aquilo que é errado, injusto, que foge à moral defendida pelo herói. Por não carregar o protagonismo das histórias, o vilão costuma ser um personagem sem profundidade, sem dilemas, sem uma história que nos explique o porquê de suas ações. E isso reforça sua vilania. Conhecer a história de alguém é um processo humanizador, capaz até de revogar2 a alcunha3 de vilão e conferir ao personagem o �tulo de herói, ou só de uma pessoa comum que tem seus5 defeitos e qualidades. Assim, uma maneira de fabricar vilões é não deixar suas6 histórias serem contadas, é criar uma imagem sobre esses personagens e mantê-los em silêncio. MIRANDA, Lucas Mascarenhas de. A fronteira tênue entre heróis e vilões. Ciência hoje, Rio de Janeiro, 21 nov. 2021. Disponível em: h�ps://cienciahoje.org.br/ar�go/a-fronteira-tenue-entre-herois-e-viloes/. Adaptado. Assinale a alterna�va que contém os elementos a que apontam, respec�vamente, os termos “ele” (ref. 4), “seus” (ref. 5) e “suas” (ref. 6), destacados no texto. a) conceito de herói, pessoa comum, qualidades. b) herói, personagem, maneira. c) conceito de herói, pessoa comum, vilões. d) herói, personagem, vilões. e) conceito de herói, personagem, maneira. GR0629 - (Ufpr) Da Violência Hannah Arendt Estas reflexões foram causa das pelos eventos e debates dos úl�mos anos comparados com o background2 do século vinte, que se tornou realmente, como Lênin �nha previsto, um século de guerras e revoluções; um século daquela violência que5 se acredita comumente ser o denominador comum destas guerras e revoluções. Há, todavia, um outro fator na situação atual que, embora8 não previsto por ninguém, é pelo menos de igual importância. O desenvolvimento técnico dos implementos da violência chegou a tal ponto que nenhum obje�vo polí�co concebível poderia corresponder ao seu potencial destru�vo, ou jus�ficar seu uso efe�vo num conflito armado. Assim6, a arte da guerra1 – desde tempos imemoriais o impiedoso árbitro final em disputas internacionais – perdeu muito de sua eficácia e quase todo seu fascínio. O “apocalíp�co”3 jogo de xadrez entre as superpotências, ou seja7, entre os que manobram no plano mais alto de nossa civilização, está sendo jogado segundo a regra “se qualquer um ‘ganhar’ é o fim de ambos”; é um embate sem qualquer semelhança com os outros embates militares precedentes. Seu obje�vo “racional”4 é in�midação e não vitória, e a corrida armamen�sta, já não9 sendo uma preparação para a guerra, só pode ser jus�ficada agora pela ideia de que quanto mais in�midação houver maior é a garan�a de paz. Extraído e adaptado de: Arendt, H. Crises da República. SP: Perspec�va, 2017. Acerca dos relatores de coesão presentes no texto, assinale a alterna�va correta. 6@professorferretto @prof_ferretto a) O termo grifado em “um século daquela violência que se acredita” (ref. 5) é conjunção integrante com valor adi�vo. b) O vocábulo “assim” (ref. 6) tem valor adversa�vo, de oposição ao período precedente. c) A locução “ou seja” (ref. 7) tem o mesmo valor semân�co de “quer seja”. d) O valor semân�co de “embora” (ref. 8) corresponde a “por mais que”. e) A locução “já não” (ref. 9) tem valor concessivo equivalente a “ainda que”. GR0635 - (Uema) TEXTO I Por qualquer modo que encaremos a escravidão, ela é, e sempre será um grande mal. Dela a decadência do comércio; porque o comércio, e a lavoura caminham de mãos dadas, e o escravo não pode fazer florescer a lavoura; porque o seu trabalho é forçado. Ele não tem futuro; o seu trabalho não é indenizado; ainda dela nos vem o opróbrio, a vergonha; porque de fronte al�va e desassombrada não podemos encarar as nações livres; por isso que o es�gma da escravidão, pelo cruzamento das raças, estampa-se na fronte de todos nós. Embalde procurará um dentro nós convencer ao estrangeiro que em suas veias não gira uma só gota de sangue escravo... E depois, o caráter que nos imprime, e nos envergonha! O escravo é olhado por todos como ví�ma – e o é. REIS, Maria Firmina dos. A escrava. h�ps://www.letras.ufmg.br/literafro. TEXTO II E Lentz via por toda parte o homem branco apossando-se resolutamente da terra e expulsando defini�vamente o homem moreno que ali se gerara. E Lentz sorria com orgulho na perspec�va da vitória e do domínio de sua raça. Um desdém pelo mulato, em que ele exprimia o seu desprezo pela languidez, pela fatuidade e fragilidade deste, turvou-lhe a visão radiosa que a natureza do país lhe imprimira no espírito. Tudo nele era agora um sonho de grandeza e triunfo. ARANHA, Graça (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo: Mar�ns Claret, 2013. Em relação à coesão textual dos textos I e II, é correto afirmar que, no texto a) II, o vocábulo “deste” retoma desdém. b) I, o catafórico “por isso” anuncia a expressão “pelo Cruzamento das raças”. c) II, o pronome “lhe” é um termo catafórico de “país”. d) I, a contração “dela” retoma a palavra “escravidão”. e) I, o pronome em “Ele não tem futuro” é o anafórico de “futuro”. GR0641 - (Uece) O Bicho (Manuel Bandeira) Vi ontem (06) um (04) bicho (01) Na imundície do pá�o Catando comida entre os detritos. Quando achava (02) alguma coisa, Não examinava (03) nem cheirava: Engolia com voracidade. O (05) bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. (07) BANDEIRA, Manuel. Poesias completas. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. O poema acima apresenta elementos linguís�cos de coesão que contribuem para ar�culação do sen�do entre suas partes. Baseado nesta ideia, é correto dizer que a) se retoma o elemento bicho (01), através da referenciação catafórica por meio da elipse, que está indicada na forma verbal presente no enunciado “Quando achava (02) alguma coisa”. b) pelas desinências empregadas no verbo examinava (03), é possível fazer um movimento retrospec�vo para recuperar o termo que está elíp�co, no caso, o pronome eu. c) O uso dos ar�gos indefinido em um bicho (04) e definido em o bicho (05) serve para mostrar que, no primeiro caso, a visão do enunciador é a de um bicho, que ainda está por se definir; e, no segundo caso, a visão é a de que já se conhece qual é o bicho a que se está referindo. d) O advérbio ontem (06) faz referência a um tempo posterior ao do momento em que o enunciador do poema relata o fato. GR0643 - (Uece) [...] Uma noite de inverno, gelada e nevoenta, cercava a criaturinha (25). Silêncio completo, nenhum sinal de 7@professorferretto @prof_ferretto vida nos arredores. O galo velho não cantava no poleiro, nem Fabiano roncava na cama de varas. Estes sons (35) não interessavam Baleia (31), mas quando o galo ba�a as asas e Fabiano (33) se virava, emanações familiares revelavam-lhe a presença deles (30) (34). Agora parecia que a fazenda se �nha despovoado. Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia o que �nha sucedido. O estrondo, a pancada que recebera no quarto e a viagem di�cil no barreiro ao fim do pá�o desvaneciam-se no seu espírito (32). Provavelmente estava na cozinha, entre as pedras que serviam de trempe. Antes de se deitar, sinhá Vitória re�rava dali os carvões e a cinza, varria com um molho de vassourinha o chão queimado, e aquilo ficava um bom lugar para cachorro descansar. O calor afugentava as pulgas, a terra se amaciava. E, findos os cochilos, numerosos preás corriam e saltavam, um formigueiro de preás invadia a cozinha. A tremura subia, deixava a barriga e chegava ao peito de Baleia. Do outro peito para trás era tudo insensibilidade e esquecimento. Mas o resto do corpo se arrepiava, espinhos de mandacaru penetravam na carne meio comida pela doença. Baleia encostava a cabecinha (26) fa�gada na pedra. A pedra estava fria, certamente sinhá Vitória (29) �nha deixado o fogo apagar-se muito cedo. Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás (27). E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela (28), rolariam com ela num pá�o enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes. RAMOS, Graciliano. Vidas secas, 82ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 85-91. Os pronomes servem para criar uma cadeia de referência a elementos que são retomados ao longo do texto. Aplicando esta ideia ao excerto do romance de Vidas Secas, é correto afirmar que a) em “As crianças se espojariam com ela” (28), o pronome ela se refere à sinhá Vitória (29), mãe das crianças. b) no trecho “[...] emanações familiares revelavam-lhe a presença deles” (30), o uso do pronome lhe faz referência à Baleia (31). c) no enunciado “O estrondo, a pancada que recebera no quarto e a viagem di�cil no barreiro ao fim do pá�o desvaneciam-se no seu espírito” (32), o pronome seu está se referindo a Fabiano (33). d) a forma pronominal deles (34) retoma a expressãoestes sons (35). GR0645 - (Uece) Poluição das águas con�nentais A poluição das águas con�nentais, principalmente nos grandes centros urbanos, é cada vez mais alarmante. As perspec�vas futuras para as águas con�nentais são bastante nega�vas. Muitos são os estudos que buscam contemplar informações sobre a quan�dade e qualidade da água disponível. A ONU (Organização das Nações Unidas) elaborou uma série de estudos para obter um parecer concreto da real situação no quadro hídrico do planeta e ficou comprovado que, com o passar do tempo, o comprome�mento das águas para o consumo humano, para a manutenção de animais e para a irrigação na agricultura ocorre de forma crescente. Atualmente, vários fatores e seguimentos dis�ntos contribuem para o processo de escassez desse recurso indispensável a todo ser vivo, dentre os principais estão: a a�vidade industrial, que u�liza os rios para escoar os seus rejeitos; as mineradoras; a agricultura, que faz uso de diversos insumos agrícolas (fer�lizantes, inse�cidas, herbicidas e etc.), com intuito de aumentar a produção, a fim de atender o mercado externo, ou seja, exportação; entre outros. Uma parte dos insumos agrícolas é levada pela enxurrada da chuva, que chega a rios e córregos(04), inserindo várias substâncias tóxicas. Essas mesmas substâncias são absorvidas pelo solo e a�ngem o lençol freá�co(01). Das substâncias comumente encontradas como agentes poluidores estão: restos de petróleo e derivados, chumbo, mercúrio e metais pesados, que são largamente usados em indústrias e na extração de minérios. Outro centro de difusão de poluição são os centros urbanos, que, diariamente, em todo o planeta e, principalmente nos países pobres(12), lançam esgotos domés�cos sem nenhum �po de tratamento(11). O esgoto a�nge rios e córregos(05), além do lençol freá�co(02) (14), que estão nas proximidades das cidades(06) (13). Isso acontece em vários lugares, no entanto, a incidência é mais comum em pequenas cidades que não possuem centros de tratamento do esgoto domés�co. O desmatamento é um fator direto que agrava a questão da escassez da água, uma vez que ao re�rar a cobertura vegetal para a ocupação urbana ou rural, o solo fica exposto à água da chuva e vento. Com isso, o solo vai sendo depositado nos mananciais, provocando o assoreamento dos rios, esse processo promove mudanças climá�cas e compromete a vida aquá�ca. Os garimpos, que têm suas a�vidades às margens de rios(10), provocam a dispersão de minerais pesados(09), como o mercúrio, poluindo as águas que são consumidas por comunidades. 8@professorferretto @prof_ferretto Os portos realizam limpeza de cinco em cinco anos, jogando uma imensa quan�dade de dejetos; os aterros sanitários(07) são grandes agentes poluidores de águas, principalmente do lençol freá�co(03), pois milhões de toneladas de lixo acumulados liberam um líquido(16) (chorume) que é absorvido pelo solo e a�nge as reservas subterrâneas de água(08) (15). Adaptado de FREITAS, Eduardo de. Poluição de Águas Con�nentais. Brasil Escola. Disponível em: . Acesso em: 20 de maio de 2019. O autor u�liza o termo “lençol freá�co” em alguns trechos do texto 1 (01) (02) (03). No entanto, ele o subs�tui em determinada parte. A expressão que subs�tui “lençol freá�co” é a) “rios e córregos” (04) e (05). b) “proximidades das cidades” (06). c) “aterros sanitários” (07). d) “reservas subterrâneas de água” (08). GR0650 - (Ifal) E, num fiapo de tempo, bem menor do que aquele em que um es�lhaço de estrela resvala no céu escuro e cego, a raposa conheceu a morte, algo atordoador e fulgente que só poderia ser a morte, caso esta exis�sse em toda a sua absurda plenitude e dura magnificência, e não fosse apenas uma ficção ou um ponto de referência dos vivos deixados repen�namente de amar e odiar, demi�dos de súbito de sua grandeza e miséria. Era a morte que, incandescente e perversa, a alcançava, alterando a sua inconfundível beleza animal, tumultuando-lhe o sangue, destruindo a sua ardente harmonia de movimentos, tornando vítrea a sua visão da manhã cristalina e fantasmagórica. Desfigurada pelos golpes que os homens lhe haviam vibrado, ela ficou jazendo durante mais de uma hora sobre as pedras da rua. Era um montão de carnes e pelos informes e ensanguentados, e em torno dela se revezava um círculo de curiosos, cambiando os comentários mais variados. Quando o dia já clareava por completo, uma carroça de lixo parou perto do ajuntamento, e o cadáver da raposa foi jogado entre os monturos. IVO, Lêdo. Ninho de cobras: uma história mal contada. Maceió: Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2015. p. 21- 22. Considerando as relações de coesão referencial estabelecidas pelos pronomes no excerto de Ninho de cobras, marque a opção que aponta uma leitura EQUIVOCADA dessas relações. a) “... algo atordoador e fulgente que só poderia ser a morte...” / que = “algo”. b) “... demi�dos de súbito de sua grandeza e miséria...” / sua = “os vivos”. c) “Era a morte que, incandescente e perversa, a alcançava...” / a = “a raposa”. d) “... e em torno dela se revezava um círculo de curiosos...” / dela = “ela” (“a raposa”). e) “que os homens lhe haviam vibrado, ela ficou jazendo...” / lhe = “golpes”. GR0656 - (Uece) Fita métrica do amor Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gen�l, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade. Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida(18), quando busca alterna�vas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto. Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma(22). Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês. Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento(19), pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo. (20) É di�cil conviver com esta elas�cidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de cen�metros e metros, mas de ações e reações, de expecta�vas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se orna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes. Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho. (21) MEDEIROS, Martha. Non-stop: crônicas do co�diano. Rio de Janeiro: L&PM Editores. 2001. 9@professorferretto @prof_ferretto No trecho “Uma pessoa é grande quando perdoa [...], quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma” (22), o termo “pessoa”, nas expressões destacadas do trecho acima, é retomado por meio de alguns recursos coesivos, a saber: a) Elipse, pronome pessoal do caso reto e pronome pessoal do caso oblíquo. b) Pronome pessoal do caso oblíquo, elipse e pronome pessoal do caso oblíquo. c) Elipse, pronome pessoal do caso oblíquo e pronome pessoal do caso oblíquo. d) Pronome pessoal do caso oblíquo, elipse e pronome pessoal do caso reto. GR0657 - (Uece) A imigrante italiana que se formou em nutrição aos 87 anos escreveu o TCC inteiro à mão Os cabelos brancos de Luísa Valencic Ficara contrastaram com a juventude(19) dos colegas durante sua(18) formatura. Nascida na Itália(25), Luísa imigrou para a América do Sul durante a Segunda Guerra Mundial, viveu em três paísessul-americanos e se estabeleceu em Jundiaí, no interior de São Paulo(26). Aos 87 anos, ela acaba de se formar em nutrição. Dona Luísa, como é conhecida, vive na cidade(24) há 40 anos. Após o falecimento do marido e de sua irmã, ela decidiu voltar a estudar para se mante ocupada. Foi assim que surgiu a ideia de se matricular no curso de nutrição do Centro Universitário Padre Anchieta. A graduação(21) foi concluída após seis anos de estudos, com um TCC sobre a cana-de-açúcar no Brasil. Segundo informações do Grupo Anchieta(23), todo o trabalho(20) foi escrito à mão. Colegas, professores e funcionários da ins�tuição(22) ajudaram com a parte da digitação, configuração e impressão do trabalho, para apoiar Dona Luísa. Mas a graduação não é o limite para a idosa. Ela, que também frequenta aulas de alemão, inglês e francês, já está pensando em ingressar em um curso de pós- graduação para con�nuar estudando, segundo contou ao G1. Disponível em: h�p://www.hypeness.com.br/2017/09/a- imigrante-italiana-que-se-formou-em-nutricao-aos-87- anos-escreveu-o-tcc-inteiro-a-mao/. Acesso em: 23 set. 2017. A no�cia acima apresenta elementos coesivos que ajudam na “costura” temá�ca do texto. A par�r dessa ideia, é correto asseverar que a) o pronome “sua” (18) se relaciona à “juventude” (19). b) “todo o trabalho” (20) retoma “graduação” (21). c) “ins�tuição” (22) subs�tui “Grupo Anchieta” (23). d) “cidade” (24) refere-se à “Itália” (25). GR0659 - (Esc. Naval) Não, os livros não vão acabar Não sei se é a próxima chegada da Amazon ao Brasil ou a profecia maia do fim do mundo, mas o fato é que nunca vi tanta gente preocupada com o fim do livro. São estudantes que me escrevem mo�vados por pesquisas escolares, organizadores de eventos literários que me pedem palestras, leitores que manifestam sua apreensão. Em alguns casos, percebo uma espécie perversa de prazer apocalíp�co, mas logo desaponto quem quer ver o mar pegando fogo para comer camarão cozido: é que absolutamente não acredito que o livro vai acabar. Tenho escrito reiteradas vezes sobre o assunto; estou, aliás, numa posição bastante confortável para fazê-lo. Gosto igualmente de livros e de tecnologia, e seria a primeira a abraçar meus dois amores reunidos num só objeto; mas embora o Kindle e os vários pads tenham o seu valor como readers, os livros em papel não estão tão próximos da ex�nção quanto, digamos, o �gre de Sumatra. Para começo de conversa, é preciso lembrar que o negócio das editoras não é vender papel, mas sim vender histórias. O papel é apenas o suporte para os seus produtos. Aos poucos, em alguns casos, ele tende a ser mesmo subs�tuído pelos tablets. Não dou vida longa aos livros de referência em papel. Estes funcionam melhor, e podem ser mais facilmente atualizados, em forma eletrônica. O caso clássico é o da Enciclopédia Britannica, cujos editores anunciaram, no começo do ano, que a edição corrente, de 2010, seria a úl�ma impressa, marcando o fim de 244 anos de uma bela - e volumosa - história em papel. Embora quase todos os conjuntos de folhas impressas reunidos entre duas capas recebam o mesmo nome de livro, nem todos exercem a mesma função. Há livros e livros. Um manual técnico é um animal completamente diferente de um romance; um livro escolar não guarda nenhuma semelhança com uni livro de arte; uma antologia poé�ca e um guia de viagem são produtos que só têm em comum o fato de serem vendidos no mesmo lugar. Há livros que só funcionam em papel. É o caso dos livros que os povos angloparlantes denominam coffee table books, "livros de mesinha de centro" - aqueles livrões bonitos, em formato grande, cheios de ilustrações e muito incómodos de ler no colo, impossíveis de levar para a cama. Estes são objetos que se destacam pelo tamanho, pela qualidade de impressão, pela vista que 10@professorferretto @prof_ferretto fazem. Quem quer ver um livro desses num tablet? Quem quer presentear um desses em e-formato? Há também os grandes clássicos, os romances que todos amamos e queremos ter ao alcance da mão. Esses são aqueles livros que, em geral, lemos pela primeira vez em formato de bolso, mas aos quais nos apegamos tanto que, não raro, acabamos comprando uma segunda edição, mais bonita, para nos fazer companhia pelo resto da vida. Isso explica as lindas edições que a Zahar, por exemplo, tem feito de obras que já encantaram várias gerações, como "Peter Pan", "Os três mosqueteiros" ou "Vinte mil léguas submarinas": livros lindos de se ver e de se pegar, cujo esmero �sico complementa a edição caprichada. Ganhar de presente um livro desses é uma alegria que não se tem com um vale para uma compra eletrônica. Fica a dica, aliás, já que o Natal vem aí. Há prazeres e sensações que só tem com o papel. Gosto de perceber o tamanho de um livro à primeira vista. Um tablet pode me informar quantas páginas um volume tem, mas essa informação é abstrata. Saber que um livro tem 500 páginas ou ver que um livro tem 500 páginas são coisas diferentes. Gosto também de folhear um livro e de fazer uma espécie de leitura em diagonal antes de me decidir pela compra. Isso é impossível de fazer com ebooks. Sem falar, é claro, do cheiro inigualável dos livros em papel. RONAI, Cora. Jornal O Globo, Economia, 12 nov. 2012. Em que opção a autora empregou o paralelismo? a) “Não dou vida longa aos livros de referência em Papel." (3º parágrafo). b) “Sem falar, é claro, do cheiro inigualável dos livros em papel." (9º parágrafo). c) “Esses são aqueles livros que, em geral, lemos pela primeira vez [...]." (6º parágrafo). d) “Gosto igualmente de livros e de tecnologia, e seria a primeira a abraçar [...]." (2º parágrafo). e) “Em alguns casos, percebo uma espécie perversa de prazer apocalíp�co [...]." (1º parágrafo). GR0661 - (Fuvest) A única frase em que se mantém o paralelismo entre os elementos que a cons�tuem é: a) Hoje, a flora e a fauna do Brasil con�nuam desaparecendo, assim como a madeira está sendo preservada em alguns jardins botânicos. b) Quanto aos nossos recursos naturais, temos de considerar o que estamos abandonando, destruindo e sendo usurpados. c) A grande questão é saber se a crise da indústria jornalís�ca é estrutural, ou seja, mais profunda do que podemos divisar e pode afetar a essência do jornalismo, a credibilidade. d) A biodiversidade é a base das a�vidades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais e, também, da estratégica indústria da biotecnologia. e) As doenças estranhas são os pensamentos sistema�camente dedicados a falar levianamente das outras pessoas ou ao endeusamento do eu. GR0662 - (Fuvest) Cruz Costa foi meu professor e meu amigo. Era um homem adorável, delicadíssimo, sempre de bom humor, disfarçando as pesadas amarguras da vida por meio não apenas de uma educação impecável, mas da ironia irreverente. Convivemos muito e até fomos juntos ao Uruguai para um curso de férias — ele sempre tratando o an�go aluno com a maior solicitude. Era informadíssimo, �nha uma cultura densa e múl�pla, nascida da curiosidade por vários setores: filosofia, sociologia, literatura, história. Filho único de pais abastados, a sua formação foi a do gentleman* culto que lê, observa, segue cursos aqui e fora, viaja, como quem está se preparando interminavelmente para algo que não sabe direito o que possa ser. Depois de ter começado e largado o curso médico no decênio de 1920, já �nha trinta anos quando este algo apareceu sob a forma da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Cruz Costa foi o inscrito número um e mais tarde o orador da primeira turma, cujo ato de formatura sacudiu a classe média e os intelectuais da São Paulo provinciana de1937, por causa do discurso do paraninfo, Júlio de Mesquita Filho, homem sem papas na língua, que fez reflexões consideradas acintosas pelas faculdades tradicionais, pois mostrava que a de Filosofia vinha inaugurar finalmente o saber desinteressado, que não separa o ensino da pesquisa e se torna fonte de novos saberes. O discurso de Cruz Costa fere com mais discrição teclas parecidas,dizendo coisas como: “Era necessário, portanto, que o nocivo regime individualista de autodidatas �vesse fim, pois mostrava-se incapaz de cons�tuir base para a cultura nacional”. Por isso, �nha dito antes, prefigurando a própria carreira: “A nossa missão, quaisquer que sejam os caminhos que agora tenhamos de trilhar, está in�mamente ligada aos des�nos da Universidade. Interessa-nos altamente a 11@professorferretto @prof_ferretto sua existência e a sorte que lhe está reservada, porque o seu des�no se confunde com o nosso.” De fato, o rapaz meio diletante, que se orientava na cultura segundo o capricho das veleidades, começava a viver uma coisa nova no Brasil, para ele e para tantos mais: a carreira no setor das Humanidades. Antonio Candido, Recortes. Considerado o contexto, contribuiria com o paralelismo sintá�co do texto o acréscimo da expressão sublinhada, no seguinte trecho do primeiro parágrafo: a) “Cruz Costa foi meu professor e, mais além, meu amigo” (L. 1). b) “inclusive disfarçando as pesadas amarguras da vida” (L. 3). c) “mas também da ironia irreverente” (L. 4-5). d) “Convivemos muito um com o outro e até fomos juntos ao Uruguai” (L. 5-6). e) “ele, aliás, sempre tratando o an�go aluno com a maior solicitude” (L. 6-7). GR0663 - (Famerp) Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso. – Con�nue, disse eu acordando. – Já acabei, murmurou ele. – São muito bonitos. Vi-lhe fazer um gesto para �rá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. [...] Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sen�do que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e me�do consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor �tulo para a minha narração; se não �ver outro daqui até o fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o �tulo seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto. (Dom Casmurro, 2008.) “um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu.” Nessa frase, são associados dois substan�vos seman�camente díspares: “vista” e “chapéu”. A quebra de paralelismo semân�co provoca um curioso efeito de es�lo. Entre as frases, re�radas de outro romance de Machado de Assis, a que produz efeito de es�lo semelhante é: a) “Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim.” b) “Já o leitor compreendeu que era a Razão que voltava à casa, e convidava a Sandice a sair.” c) “Um emplasto an�-hipocondríaco, des�nado a aliviar a nossa melancólica humanidade.” d) “A minha ideia, depois de tantas cabriolas, cons�tuíra- se ideia fixa.” e) “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis.” GR0666 - (Espm) Em um dos itens abaixo há falta de paralelismo na construção da frase. Assinale-o: a) Bebida alcoólica caseira causa intoxicação e mata 51 pessoas na Líbia. b) Três policiais são acusados de desviar drogas e ligação com traficantes internacionais. c) Plano de saúde muda de nome e escapa de punição da Agência Nacional de Saúde. d) Problema técnico na PF afetou não só emissão de passaportes, como também re�rada. e) Exposição marca Dia Mundial da Água e incen�va consumo consciente. GR0667 - (Pucrs) Publicado na Folha da Manhã de 14/10/1928 (man�da a grafia original) Com a aplicação (02) do cinematographo falante, surgiu recentemente uma aguda polêmica sobre qual dos meios de expressão é o melhor. O que (12) mais chamará (07) a atenção do público: (11) as palavras ou as ações dos ar�stas? Alguns insistem (03) em que os sons provocam mais a curiosidade dos assistentes. Outros acham (04) que a ação é a verdadeira essência do cinematógrafo e (13) sendo (13) (08) a voz produto das machinhas mecânicas, ella só serve para distrair a atenção do público. (...) (01). Muitos não duvidaram em prognos�car que as películas de cores se generalizariam, chegando a serem (09) tão comuns como as que hoje existem (05) (02). 12@professorferretto @prof_ferretto Entretanto, não demorou em que fosse descoberto (10) que a novidade da cor distraia a mente nas partes mais culminantes do drama reflec�do na tela. Logo depois, surgiu um systema de usar as côres unicamente em certas passagens para dar uma melhor impressão de efeito esté�co, mantendo-se invariavelmente o branco e o preto, para poder assim (14) ficarem registrados os verdadeiros e intensos momentos da drama�cidade da cena. A psicologia comprova isto. Ainda que com nossos olhos apreciemos (06) a natureza em suas próprias cores, o mesmo não acontece com a nossa mente. (Disponível em: www.folha.ad.uol.com.br/click.ng. Acesso em: 27/09/2011 Cinematógrafo: aparelho capaz de reproduzir numa tela o movimento, por meio de uma sequência de fotografias.) 1. Se em lugar de “a aplicação” (02) fosse u�lizado “o advento” ou “o uso”, a compreensão não seria prejudicada. 2. “Alguns insistem” (03) e “Outros acham” (04) contribuem para a relação de paralelismo entre as estruturas que iniciam. 3. “As que hoje existem” (05) faz contraponto a “as películas de côres”. 4. “Apreciemos” (06) está no subjun�vo, modo verbal exigido pelo nexo concessivo “Ainda que”. Estão corretas as afirma�vas a) 1 e 2, apenas. b) 2 e 3, apenas. c) 2 e 4, apenas. d) 1, 3 e 4, apenas. e) 1, 2, 3 e 4. GR0668 - (Insper) A alterna�va que corrige a falha de paralelismo grama�cal existente na manchete, mantendo o mesmo sen�do, é: a) Presidente do UFC prevê abertura de escritório no Brasil e fazer evento na Rocinha. b) Presidente do UFC prevê que escritório seja aberto no Brasil e evento na Rocinha. c) Presidente do UFC prevê que abertura de escritório no Brasil crie evento na Rocinha. d) Presidente do UFC prevê abrir escritório no Brasil e realizar evento na Rocinha. e) Presidente do UFC prevê escritório no Brasil ou evento na Rocinha. GR0669 - (Unesp) Boiadeiro De manhãzinha, quando eu sigo pela estrada Minha boiada pra invernada eu vou levar: São dez cabeças; é muito pouco, é quase nada Mas não tem outras mais bonitas no lugar. Vai boiadeiro, que o dia já vem, Leva o teu gado e vai pensando no teu bem. De tardezinha, quando eu venho pela estrada, A fiarada tá todinha a me esperar; São dez filinho, é muito pouco, é quase nada, Mas não tem outros mais bonitos no lugar. Vai boiadeiro, que a tarde já vem Leva o teu gado e vai pensando no teu bem. E quando chego na cancela da morada, Minha Rosinha vem correndo me abraçar. É pequenina, é miudinha, é quase nada Mas não tem outra mais bonita no lugar. Vai boiadeiro, que a noite já vem, Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem! (Armando Cavalcante e Klecius Caldas. Boiadeiro. In: Beth Cançado. Aquarela brasileira, vol. I. Brasília: Editora Corte Ltda., 1994. p. 59.) Um dos melhores recursos expressivos empregados na letra de Boiadeiro é o processo de repe�ção da mesma estrutura sintá�ca com a mudança de apenas um vocábulo, que faz progredir o sen�do, tal como se verifica, por exemplo, entre os versos 5, 11 e 17. Tal recurso é conhecido como a) Paralelismo. b) Metáfora. c) Comparação. d) Pleonasmo. e) Metonímia. 13@professorferretto @prof_ferretto GR0678 - (Espm) Os fenômenos da linguagem examinavam-se outrora apenas à luz da gramá�ca e da lógica, e já era muito se a análise reconhecia como palavrasexple�vas ou de realce os termos sobejantes¹ unidos à oração ou nela encravados. Hoje que a ciência da linguagem inves�ga os fatos sem deixar-se pear² por an�gos preconceitos, já não podemos levar essas expressões à conta da superfluidades nem ainda atribuir-lhes papel decora�vo, o que seria contrassenso, uma vez que rareiam no discurso eloquente e retórico e se usam a cada instante justamente no falar desataviado de todos os dias. Uma coisa é dirigirmo-nos à cole�vidade, a pessoas desconhecidas, de condições diversas, e que nos ouvem caladas; outra coisa é tratar com alguém de perto, falar e ouvir, e ajeitar a cada momento a linguagem em atenção a essa pessoa que está diante de nós, para que fique sempre bem impressionada com as nossas palavras. (Said Ali, Meios de Expressão e Alterações Semân�cas, RJ) 1sobejantes: demasiados, excessivos, de sobras. 2pear: prender. No segundo parágrafo, no segmento: ...nem ainda atribuir-lhes papel decora�vo..., o pronome pessoal oblíquo “lhes” tem como referência no texto: a) essas expressões. b) palavras exple�vas. c) os fatos. d) an�gos preconceitos. e) superfluidades. GR0694 - (Unifenas) Afeganistão: o que aconteceu com 100 refugiados afegãos que Brasil recebeu há quase 20 anos Após o início da Guerra do Afeganistão, o Brasil implementou um programa de reassentamento e trouxe várias famílias para Porto Alegre. Foi a única vez que diversos afegãos foram transferidos de uma só vez ao país. Nabila (esquerda) estava no grupo de primeiros refugiados afegãos recebidos pelo Brasil. Ela conta que foi di�cil aprender português e que as pessoas estranhavam as roupas tradicionais e o véu que usava na cabeça — Foto: Arquivo pessoal/Via BBC. 1. Nabila Khazizadah passou os três primeiros meses no Brasil, em 2002, chorando de saudade da família. Ela desembarcou em Porto Alegre aos 25 anos, com o marido e os dois filhos, alguns meses depois do início da Guerra do Afeganistão. 2. O pai, a mãe e os irmãos ficaram na Índia, país onde a família buscou refúgio primeiro, fugindo dos talibãs. 3. “Fiquei três meses fechada dentro de casa chorando, pensando no que eu faria longe da minha família. Depois eu pensei, isso não adianta, chorando dentro de casa, eu não vou conseguir fazer nada. Eu tenho que colocar a cara à tapa e aprender português", contou à BBC News Brasil. 4. “Saí pelo bairro falando com as vizinhas, tentando fazer amizades." 5. Nas ruas de Porto Alegre, as pessoas estranhavam o véu cobrindo inteiramente o cabelo. Às vezes, reagiam com hos�lidade. “Não �nha afegãos lá naquela época, não �nha muçulmanos. As pessoas me viam com o hijab e saíam de perto, não queriam sentar ao meu lado no ônibus. Alguns falavam: sai de perto, é mulher-bomba.” (...) 10. Essas pessoas, que não falavam português e que �nham uma ideia muito remota do que era o Brasil, cruzariam o oceano em busca de uma vida nova. 11. Nabila conta que o marido fez um pedido ao governo indiano para ser reassentado em outro país, onde recebesse auxílio e �vesse mais oportunidades de trabalho. Meses depois, chegou a no�cia de que o Brasil os receberia. 12. “A gente não sabia como era o Brasil, como é a língua e a cultura. Saímos com olhos fechados, no escuro, jogando na sorte. Tudo o que a gente queria era um futuro para nosso filho, mais calmo, mais saudável." (...) Disponível em: h�ps://g1.globo.com/mundo/no�cia/2021/08/20/afeganistao- o-que-aconteceu-com-100-refugiados-afegaosque-brasil- recebeu-ha-quase-20-anos.ghtml Releia: “Alguns falavam: sai de perto, é mulher-bomba.” (5º parágrafo). A progressão temá�ca de um texto pode ser estruturada por meio de diferentes recursos coesivos, incluindo a pontuação. Nesse trecho, a vírgula estabelece entre as duas orações uma ideia de 14@professorferretto @prof_ferretto a) tempo, pois deve-se sair de perto quando for uma mulher-bomba. b) concessão, pois, apesar de ser uma mulher-bomba, deve-se sair de perto. c) consequência, pois o mo�vo de se sair de perto é ser uma mulher-bomba. d) condição, pois deve-se sair de perto se for uma mulher-bomba. e) explicação, pois deve-se sair de perto já que é uma mulher-bomba. GR0702 - (Unicamp) ‘Nevou’ no Rio Em pleno verão, o fenômeno que vem chamando atenção nas ruas do Rio é conhecido como “nevada carioca”, ou apenas “nevou”. Trata-se da mania de descolorir, pla�nando os cabelos até os fios ficarem completamente brancos, que tomou conta das cabeças dos jovens de Norte a Sul e virou a febre do momento. A onda começou às vésperas do Natal, ganhou força no réveillon e entrou em janeiro lotando os salões. Nascida nas comunidades e nos subúrbios, a tendência ultrapassou fronteiras geográficas e sociais da cidade, principalmente depois de ganhar as redes e de ter conquistado ar�stas e atletas. Cabeleireiros e donos de salão apostam que o modismo resiste com força até os dias de folia. (Adaptado de: h�ps://oglobo.globo.com/rio/no�cia/2023/01/nevou- no-riomania-de-descolorir-o-cabelo-ate-ficar-quase- branco-viramoda-entre-os-cariocas.ghtml. Acesso em 22/06/2023.) Assinale a alterna�va em que todas as palavras listadas têm um mesmo referente dentro do texto. a) fenômeno – onda – tendência – modismo. b) mania – onda – febre – força. c) fenômeno – momento – mania – febre. d) modismo – tendência – força – momento. GR0716 - (Famerp) A ciência e a tecnologia não são apenas cornucópias1 despejando dádivas sobre o mundo. Os cien�stas não só conceberam as armas nucleares; eles também pegaram os líderes polí�cos pela lapela, argumentando que a sua nação �nha que ser a primeira a fabricar uma dessas armas. E assim eles produziram mais de 60 mil armas nucleares. Durante a Guerra Fria, os cien�stas nos Estados Unidos, na União Sovié�ca, na China e em outras nações estavam dispostos a expor os seus conterrâneos à radiação - na maioria dos casos, sem o conhecimento deles - a fim de se preparar para a guerra nuclear. A nossa tecnologia produziu a talidomida, os CFCs, o agente laranja, os gases que atacam o sistema nervoso, a poluição do ar e da água, as ex�nções de espécies, e indústrias tão poderosas que podem arruinar o clima do planeta. Aproximadamente metade dos cien�stas na Terra dedica parte de seu tempo de trabalho para fins militares. Embora alguns cien�stas ainda sejam vistos como estranhos ao sistema, cri�cando corajosamente os males da sociedade e dando os primeiros avisos sobre catástrofes tecnológicas potenciais, muitos são considerados oportunistas submissos ou uma fonte complacente de lucros empresariais e de armas de destruição em massa - não importa quais sejam as consequências a longo prazo. os perigos tecnológicos que a ciência apresenta, seu desafio implícito ao conhecimento recebido e sua visível dificuldade são razões para que as pessoas, desconfiadas, a evitem. Existe uma razão para as pessoas ficarem nervosas a respeito da ciência e da tecnologia. (O mundo assombrado pelos demônios, 2006. Adaptado.) 1 – Cornucópia: vaso em forma de chifre, com frutas e flores que dele extravasam profusamente, an�go símbolo da fer�lidade, riqueza, abundância. Retoma um termo mencionado anteriormente no texto a palavra sublinhada em: a) “Os perigos tecnológicos que a ciência apresenta, seu desafio implícito ao conhecimento recebido e sua visível dificuldade são razões para que as pessoas, desconfiadas, a evitem.” b) “Os perigos tecnológicos que a ciência apresenta, seu desafio implícito ao conhecimento recebido e sua visível dificuldade são razões para que as pessoas, desconfiadas, a evitem.” c) “Os cien�stas não só conceberam as armas nucleares; eles também pegaram os líderes polí�cos pela lapela, argumentando que a sua nação �nha que ser a primeira a fabricar uma dessas armas.” d) “Existe uma razão para as pessoas ficarem nervosas a respeito da ciência e da tecnologia.” e) “Os cien�stas não só conceberam as armas nucleares; eles também pegaram os líderes polí�cos pela lapela, argumentando que a sua nação �nha que ser a primeira a fabricar uma dessas armas.” GR0733 - (Faminas) Seu cérebroquer água! Ficar só um pouco desidratado já compromete o trabalho dos neurônios e causa até irritação. Novo estudo da Universidade de Connec�cut, nos Estados 15@professorferretto @prof_ferretto Unidos, aponta um mo�vo inusitado para bebermos bastante líquido ao longo do dia, e especialmente quando estamos lendo, estudando, escrevendo… Após acompanhar 51 voluntários subme�dos a testes de atenção e lógica, os cien�stas descobriram que mesmo uma desidratação leve – aquela que muitas vezes surge antes de a sede dar as caras – já atrapalha o raciocínio. Mais do que isso, o humor piora com a falta de H2O no organismo. “Todas as células do corpo precisam de água para funcionar, e as neuronais não são exceção”, explica o fisiologista e autor da pesquisa, Lawrence Armstrong. “Sem hidratação adequada, as informações e sen�mentos acabam sendo processados de um jeito impróprio pela massa cinzenta”, conclui. (Saúde é vital, maio/2012). Em “Mais do que isso, o humor piora com a falta de H2O no organismo”, o termo destacado contribui para a coesão textual referindo-se ao (à) a) mo�vo da falta de água no organismo, constatado através de pesquisa cien�fica. b) importância dos testes desenvolvidos pelos cien�stas para estudo sobre a falta de água. c) descoberta dos cien�stas sobre uma das consequências da falta de água no organismo. d) processo pelo qual o organismo passa gerando piora no humor a par�r da falta de água. GR0736 - (Pmesp) Leia um trecho do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira, para responder à questão. Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento dis�ngue muito bem São Basílio Magno. Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este �tulo são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de jus�ça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: “Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos.” Ditosa Grécia, que �nha tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a jus�ça as mesmas afrontas. Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma província! E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes? De um chamado Seronato, disse com discreta contraposição Sidônio Apolinar: “Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em cas�gar furtos, e em os fazer.” Isto não era zelo de jus�ça, senão inveja. Queria �rar os ladrões do mundo, para roubar ele só. (Antônio Vieira. Essencial Padre Antônio Vieira, 2011. Adaptado.) Retoma um termo mencionado anteriormente no texto a palavra sublinhada em: a) “Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar” b) “E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a jus�ça as mesmas afrontas.” c) “Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro” d) “Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em cas�gar furtos, e em os fazer.” e) “Queria �rar os ladrões do mundo, para roubar ele só.” GR0737 - (Fcc) Atenção: Leia o conto “Casos de baleias”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão. A baleia telegrafou ao superintendente da Pesca, queixando-se de que estava sendo caçada demais, e a con�nuar assim sua espécie desapareceria com prejuízo geral do meio ambiente e dos usuários. O superintendente, em o�cio, respondeu à baleia que não podia fazer nada senão recomendar que de duas baleias uma fosse poupada, e esta ganhasse número de registro para iden�ficar-se. Em face dessa resolução, todas as baleias providenciaram registro, e o ob�veram pela maneira como se obtêm essas coisas, à margem dos regulamentos. O mar ficou coalhado de números, que rabeavam alegremente, e o esguicho dos cetáceos, formando verdadeiros fes�vais no alto oceano, dava ideia de imenso jardim explodindo em repuxos, dourados de sol, ou prateados de lua. 16@professorferretto @prof_ferretto Um inspetor da Superintendência, intrigado com o fato de que ninguém mais conseguia caçar baleia, pôs-se a examinar os livros e verificou que havia infinidade de números repe�dos. Cancelou-se o registro, e os funcionários responsáveis pela fraude, jogados ao mar, foram devorados pelas baleias, que passaram a ser caçadas indiscriminadamente. A recomendação internacional para suspender a caça por tempo indeterminado só alcançará duas baleias vivas, escondidas e fantasiadas de rochedo, no litoral do Espírito Santo. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 2012). Retoma um termo mencionado anteriormente no texto a palavra sublinhada no seguinte trecho: a) Cancelou-se o registro (4º parágrafo). b) Um inspetor da Superintendência [...] pôs-se a examinar os livros (4º parágrafo). c) e o ob�veram pela maneira como se obtêm essas coisas (3º parágrafo). d) e a con�nuar assim sua espécie desapareceria (1º parágrafo). e) e o esguicho dos cetáceos [...] dava ideia de imenso jardim (3º parágrafo). GR0746 - (Unesp) Leia a crônica “Despedida”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), publicada originalmente no Jornal do Brasil em 05.06.1971, e a resposta de Edson Arantes do Nascimento (1940-2022), o Pelé, publicada no mesmo jornal em 29.06.1971. Pelé despede-se em julho da Seleção Brasileira. Decidiu, está decidido. Querem que ele con�nue, mas sua educação espor�va se dilata em educação moral, e Pelé dá muito apreço à sua palavra. Se atender aos apelos, ficará bem com todo o mundo e mal consigo. Pelé não quer brigar com Pelé. Não abandonará de todo o futebol, pois con�nuará jogando pelo seu clube. Não vejo contradição nisto. Faz como um grande proprietário de terras, que trocasse a fazenda pela miniatura de um sí�o: con�nua a ter águas, plantas, criação, a mesma luminosidade das horas — menos a imensidão, que acaba cansando. Ou como o leitor de muitos livros, que passasse a ler um só que contém o resumo de tudo. Pelé quer cul�var sua vida a seu gosto, ele que a vivia tanto ao gosto dos outros. Sua municipalização voluntária me encanta. Não é só pelo ato de sabedoria, que é sair antes que exijam a nossa saída. Uma a�tude destas indica mais cautela do que desprendimento. É pelo ato de escolha — de escolher o mais simples, envolvendo renúncia e gen�leza. As massas brasileiras e internacionais não poderão chamá-lo de ingrato, pois con�nuarão a vê-lo, aqui e no estrangeiro, em seu jogo de astúcia e arte. Mas ele passará a jogar como par�cular, um famoso incógnito, que não aspira às glórias de um quarto campeonato mundial. E com isso, dará lugar a outro, ou a outros, que por mais que caprichassem ficavam sempre um tanto encobertos pela sombra de Pelé — a sombra de que espontaneamente se desfaz. Bela jogada, a sua: a de não jogar como campeão, sendo campeoníssimo. (Carlos Drummond de Andrade. Quando é dia de futebol, 2014.) Estou comovido. Entre tantas coisas que dizem a meu respeito, generosas ou menos boas, suas palavras �veram a rara virtude de se lembrarem do homem, da pessoa humana que quero ser, demonstrando compreensão e carinho por essa condição fundamental. Recortei