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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da Vara do Júri da Comarca de Santos – SP
Processo nº ______
MANOEL, já qualificado nos autos em epígrafe, representado por advogado (procuração anexa), vem perante Vossa Excelência, inconformado com a decisão de pronúncia de fls. _, interpor, RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fulcro no inciso IV do artigo 581 do Código de Processo Penal.
Requer que Vossa Excelência se retrate da decisão proferida, com base no caput do artigo 589 do Código de Processo Penal. Caso contrário, requer o envio das inclusas razões ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Termos em que,
Pede deferimento
Santos, 16 de agosto de 2019
Advogado
OAB nº
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
RECORRENTE: Manoel
RECORRIDO: Ministério Público
Processo nº 
Origem: Vara do Júri da Comarca de Santos – SP
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Colenda Câmara
Ínclitos Julgadores
Douta Procuradoria de Justiça
Em que pese o entendimento do juízo de 1º grau sobre a pronúncia do acusado, tais argumentos não podem prosperar, devendo a decisão ser reformada pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.
BREVE SÍNTESE FÁTICA
Manoel foi denunciado e está sendo processado pelo Ministério Público pelo crime de homicídio contra João, na forma dos incisos III e IV do §2º artigo 121 do Código Penal.
Intimado para responder a acusação, o réu afirmou que agiu em legítima defesa e arrolou sua testemunha de defesa, Francisco (fls. _).
Em sede de audiência de instrução e julgamento, as testemunhas de acusação e defesa foram ouvidas. Pedro, testemunha de acusação, afirmou que conhecia o acusado e a vítima e que no dia dos fatos, esta passou por aquele e disse algo que não ouviu e em seguida foi golpeada por um facão. Foi apreendido na cintura de João, um revólver calibre 38 municiado (fls. _).
Já a testemunha de defesa afirmou que a vítima chefiava o tráfico de drogas na região, andava armado frequentemente, ameaçava de morte o filho deste peticionário e caçoava de sua filha em razão de sua doença mental. Disse também que no dia do ocorrido, quando Manoel estava saindo de casa para passear com seus filhos, João passou ao seu lado, lhe mostrou seu revólver e novamente insultou sua filha. Logo após, o recorrente pegou um facão e desferiu um único golpe no abdômen do ofensor de sua prole, o qual caiu ao chão sem esboçar qualquer reação.
As partes apresentaram alegações finais orais e após a analise dos documentos acostados aos autos e a tomada de depoimentos, foi prolatada decisão de pronúncia em desfavor do réu.
DO DIREITO
1 – DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
Como narrado anteriormente, a vítima era conhecida na região por comandar o tráfico de entorpecentes local, estava armado no dia dos fatos e novamente ameaçou o recorrente e achincalhou sua filha.
Diante do cenário retratado e das constantes intimidações da vítima contra o réu, não restam dúvidas de que o Manoel agiu amparado pela excludente de ilicitude da legítima defesa estabelecida no inciso II do artigo 23 do Código Penal, senão vejamos.
Havia risco de agressão iminente contra o acusado e para repeli-la, o mesmo usou moderadamente do meio de defesa que possuía, visto que desferiu somente um golpe contra seu agressor putativo e não tomou mais nenhuma atitude após vê-lo caído no chão.
Assim sendo, é incontroverso que o ato deste peticionário se enquadra no conceito da situação supracitada e desta forma, faz jus a absolvição sumária prevista no inciso IV do artigo 415 do Código de Processo Penal.
2 – DA AUSÊNCIA DAS QUALIFICADORAS
Em que pese esteja demonstrada a inocência do acusado, caso esta Câmara entender que este não faz jus a absolvição sumária, as situações que qualificam o homicídio constantes na exordial acusatória devem ser afastadas.
No que diz respeito a circunstância do inciso III, nenhuma das ocasiões descritas estão caracterizadas, haja vista que a vítima levou apenas uma facada e após cair ao solo, não houve qualquer ofensiva posterior por parte do recorrente.
Já em relação a capitulação do inciso IV na acusação ministerial, a mesma também não se faz presente, pois, como relatado pela Polícia e posteriormente corroborado pelas testemunhas, João portava um revólver no momento em que foi atacado pelo réu, de modo que era totalmente possível que o próprio esboçasse alguma reação defensiva contra a agressão que sofreria.
Isto posto, considerando o princípio da eventualidade, pugna a defesa pela exclusão das qualificadoras indicadas pelo Ministério Público.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer o recorrente de Vossas Excelências:
Conhecimento e provimento do presente recurso para:
1 – Absolver sumariamente o acusado, com base no inciso IV do artigo 415 do Código de Processo Penal;
2 – Subsidiariamente, caso este órgão jurisdicional concluir que o acusado não deve ser absolvido, que sejam afastadas as circunstâncias contidas na denúncia.
Termos em que,
Pede deferimento
Santos, 16 de agosto de 2019
Advogado
OAB nº

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