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USJT - UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
DIREITO - CIÊNCIA POLÍTICA - 2016 – PROF. IRINEU BAGNARIOLLI JUNIOR 
1
I - NICCOLÒ MACHIAVELLI (1469 - 1527)
"É necessário ser príncipe para conhecer perfeitamente a natureza do povo, e pertencer
ao povo para conhecer a natureza dos príncipes". Se ensinei aos príncipes de que modo
se estabelece a tirania, ao mesmo tempo mostrarei ao povo os meios para dela se
defender".
 Mais de quatro séculos nos separam da época em que viveu Maquiavel. Muitos leram e
comentaram sua obra, mas um número consideravelmente maior de pessoas evoca seu
nome ou pelo menos os termos que aí tem sua origem. "Maquiavélico e maquiavelismo" são
adje�vo e substan�vo que estão tanto no discurso erudito, no debate polí�co, quanto na fala
do dia-a-dia. Seu uso extrapola o mundo da polí�ca e habita sem nenhuma cerimônia o
universo das relações privadas. Em qualquer de suas acepções, porém, o maquiavelismo está
associado à idéia de per�dia, a um procedimento astucioso, velhaco, traiçoeiro. 
 Assim, hoje em dia, na maioria das vezes, Maquiavel é mal interpretado. Ao escrever sua
principal obra, O PRÍNCIPE, criou um "manual da polí�ca", que pode ser interpretado de
muitas maneiras diferentes. Talvez por isso sua frase mais famosa, (que ele nunca escreveu):
-"Os fins jus�ficam os meios"- seja tão mal interpretada. Maquiavel não quis dizer que
qualquer a�tude é jus�ficada dependendo do seu obje�vo. Seria totalmente absurdo. O que
Maquiavel quis dizer foi que os fins determinam os meios. É de acordo com o seu obje�vo
que você vai traçar os seus planos de como a�ngi-los.     É possível perceber que "Maquiavel,
fingindo ensinar aos governantes, ensinou também ao povo". E é por isso que até hoje, e
provavelmente para sempre, ele será reconhecido como um dos maiores pensadores da
história do mundo.
Maquiavel viveu durante a Renascença Italiana, o que explica boa parte das suas ideias.  Na
Itália do Renascimento reina grande confusão. A �rania impera em pequenos principados,
governados despo�camente por casas reinantes sem tradição dinás�ca ou de direitos
contestáveis. A ilegi�midade do poder gera situações de crise instabilidade permanente, onde
somente o cálculo polí�co, a astúcia e a ação rápida e fulminante contra os adversários são
capazes de manter o príncipe. Esmagar ou reduzir à impotência a oposição interna,
atemorizar os súditos para evitar a subversão e realizar alianças com outros principados
cons�tuem o eixo da administração. Como o poder se funda exclusivamente em atos de
força, é previsível e natural que pela força seja deslocado, deste para aquele senhor.
 Maquiavel nasceu em Florença em 3 de maio de 1469, numa Itália "esplendorosa, mas
infeliz", segundo o historiador Garin. Sua família não era aristocrá�ca, nem rica. Seu pai,
advogado como um �pico renascen�sta era um estudioso das humanidades, tendo se
empenhado em transmi�r uma aprimorada educação clássica para seu filho. Maquiavel com
12 anos, já escrevia no melhor es�lo e, em la�m.     Mas apesar do brilhan�smo precoce, só
em 1498, com 29 anos Maquiavel exerce seu primeiro cargo na vida pública. Foi nesse ano
que passou a ocupar a segunda chancelaria na república floren�na (espécie de ministro do
interior e das relações exteriores). Nessa a�vidade, cumpriu uma série de missões, tanto fora
da Itália como internamente, destacando-se sua diligência em ins�tuir uma milícia nacional.
    Com a queda de Soverine, em 1512, a dinas�a Médici volta ao poder, desesperando
Maquiavel, que é envolvido em uma conspiração, torturado e deportado. É permi�do que se
mude para São Cassiano, cidade pequena próxima de Florença, onde escreve sobre a Primeira
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Década de Tito Lívio , mas interrompe esse trabalho para escrever sua obra prima: O Príncipe,
segundo alguns , des�nado a que se reabilitasse com os aristocratas, já que a obra era nada
mais que um manual da polí�ca.     Maquiavel viveu uma vida tranqüila em S. Cassiano. Pela
manhã, ocupava-se com a administração da pequena propriedade onde está confinado. À
tarde, jogava cartas numa hospedaria com pessoas simples do povoado. E à noite ves�a
roupas de cerimônia para conviver, através da leitura com pessoas ilustres do passado.
    A obra de Maquiavel é toda fundamentada em sua própria experiência, seja ela com os
livros dos grandes escritores que o antecederam, ou seja os anos como segundo chanceler,
ou até mesmo a sua capacidade de olhar de fora e analisar o complicado governo do qual
terminou fazendo parte A par�r de 1519, recupera Maquiavel certo favor dos Médicis, mas
devido sua reputação de funcionário prudente, de hábil polí�co, e não por causa de O
Príncipe. Recebe uma pensão para escrever a sua História de Florença. Em 1527 os Médicis
são de novo expulsos de Florença, restabelecendo-se a República, Maquiavel que achava
estarem findos os seus problemas, viu-se iden�ficado por jovens republicanos como alguém
que �nha ligações com os �ranos depostos. Esgotaram-se suas forças. Foi a gota d’água que
estava faltando. A república considerou-o seu inimigo. Desgostoso, adoece e morre em
Junho.     
Maquiavel faleceu sem ter visto realizados os ideais pelos quais se lutou durante toda a vida.
A carreira pessoal nos negócios públicos �nha sido cortada pelo meio com o retorno dos
Médici e, quando estes deixaram o poder, os cidadãos esqueceram-se dele, "um homem que
a fortuna �nha feito capaz de discorrer apenas sobre assuntos de Estado". Também não
chegou a ver a Itália forte e unificada. Para Maquiavel, como renascen�sta que era, quase
tudo que veio antes estava errado. Esse tudo deve incluir os pensamentos e as idéias de
Aristóteles. Ao contrário deste, Maquiavel não acredita que a prudência seja o melhor
caminho. Para ele, a coerência está con�da na arte de governar. Maquiavel procura a prá�ca.
A execução fria das observações me�culosamente analisadas, feitas sobre o Estado, a
sociedade. 
Maquiavel, ao refle�r sobre a liberdade de sua época, elaborou não uma teoria do Estado
moderno, mas sim uma teoria de como se formam os Estados, de como na verdade se
cons�tui o Estado moderno. Isso é o começo da ciência polí�ca; ou, se quisermos, da teoria e
da técnica da polí�ca da polí�ca entendida como uma disciplina autônoma, separada da
moral e da religião.
 O Estado, para Maquiavel, não tem mais função de assegurar a felicidade e a virtude,
segundo afirmava Aristóteles. Também não é mais - como para os pensadores da Idade
Média - uma preparação dos homens ao Reino de Deus. Para Maquiavel o Estado passa a ter
suas próprias caracterís�cas, faz polí�ca, segue sua técnica e suas próprias leis. Logo no
começo de O príncipe, Maquiavel escreve: "Como minha finalidade é a de escrever coisa ú�l
para quem a entender, julguei mais conveniente acompanhar a realidade efe�va do que a
imaginação sobre esta". Trata-se já da linha do pensamento experimental, na mesma senda
de Leonardo da Vinci: as coisas como elas são, a realidade polí�ca e social como ela é, a
verdade efe�va.  Isso significa que devemos estudar as coisas como elas são e devemos
observar o que se pode e é necessário fazer, e não aquilo que seria certo fazer.
 Maquiavel afirma: "Há uma dúvida se é melhor sermos amados do que temidos, ou
vice-versa. Deve-se responder que gostaríamos de ter ambas as coisas, sendo amados e
temidos; mas, como é di�cil juntar as duas coisas, se �vermos que renunciar a uma delas, é
muito mais seguro sermos temidos do que amados... pois dois homens, em geral, podemos
dizer o seguinte: eles são ingratos, volúveis, simuladores e deses�muladores; eles furtam-se
aos perigos e são ávidos de lucrar. Enquanto você fizer o bem para eles, são todos teus,
oferecem-te seu próprio sangue, suas posses, suas vidas, seus filhos. Isso tudo até o
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momento que você não tem necessidade. Mas, quando você precisar, eles viram as costas.não se encaixam em quaisquer dos sistemas acima.
V - DEMOCRACIA
Origem da Democracia - Grécia
Atenas, a mais próspera das cidades-estados da Grécia Ocidental, no decorrer do século IV
A.C., estava sendo governada por um regime �rânico. Em 560 A.C. Pisístrato, um líder popular,
havia tomado o poder por meio de um astucioso estratagema, tornando-se o homem-forte
da polis. Apesar da ilegalidade da sua ascensão, isso não o impediu de fazer uma
administração que muito impulsionou a prosperidade e o bem-estar da capital da Á�ca. Seus
filhos, Hípias e Hiparco, que o sucederam em 527 a. C., não �veram o talento paterno para
manter a fidelidade dos cidadãos, e foram perseguidos e mortos. A queda da �rania abriu
caminho para que os dois par�dos tradicionais da cidade, o dos ricos, chefiado por Iságoras,
e o dos populares, liderado por Clístenes, passassem a disputar o controle de Atenas.
Iságoras, apoiado pelo rei espartano Cleômenes, conseguiu desterrar Clístenes. 
Mas o povo se sublevou e conseguiu trazer o líder de volta, dando-lhe plenos poderes para
elaborar uma nova cons�tuição. A �rania havia perseguido os par�dários da aristocracia,
enfraquecendo a nobreza urbana, criando-se assim as condições para a implantação de um
regime novo. Abriam-se as portas, depois da expulsão do descendente do �rano, para uma
experiência inédita: o regime governado diretamente pelo povo, a democracia. Com poderes
delegados pelo povo, Clístenes implementou uma profunda reforma polí�ca que �nha como
obje�vo deslocar o poder das mãos dos nobres para as dos demos, palavra que significava
não apenas povo, como também os bairros e comunidades habitados. Considerava-se
cidadão (thetes) qualquer ateniense maior de 18 anos que �vesse prestado serviço militar e
que fosse homem livre. 
A base da democracia é a igualdade de todos os cidadãos. Igualdade perante a lei (isonomia),
e igualdade de poder se pronunciar na EKKLESIA (Assembleia/ Isagoria), quer dizer, direito à
palavra. Essas duas liberdades são os pilares do novo regime, estendidos a ricos e pobres, a
nobres e plebeus. O sistema de sorteio evitava, em parte, a formação de uma classe de
polí�cos profissionais que atuassem de uma maneira separada do povo, procurando fazer
com que qualquer um se sen�sse apto a manejar os assuntos públicos, eliminando-se a
alienação polí�ca dos indivíduos. Sob o ponto de vista grego, o cidadão que se negasse a
par�cipar dos assuntos públicos, em nome da sua privacidade, era moralmente condenado.
Cri�cavam-no por sua apa�a ou idio�a. 
Quem par�cipava efe�vamente da vida democrá�ca da cidade de Atenas? Es�ma�vas
calculam que sua população, no apogeu da cidade, nos séculos V-IV a. C., dificilmente
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ultrapassava 400 mil habitantes 130 mil cidadãos (thètes), 120 mil estrangeiros (métoikion) e
120-130 mil escravos (andrapoda)]. A sociedade ateniense vivia em parte do trabalho dos
escravos, sendo esses estrangeiros, visto que, desde os tempos das leis de Sólon (cerca de 594
a.C.), gregos não podiam escravizar gregos. Além dos escravos, tanto os públicos como os
domés�cos (oikétès) - ex-prisioneiros de guerra ou comprados nos mercados de escravos -
excluídos da cidadania, contavam-se os estrangeiros (métoikion) e seus filhos, que igualmente
não eram considerados cidadãos. As mulheres, independentemente da sua classe social ou
origem familiar, encontravam-se afastadas da vida polí�ca. A grande parte da população,
dessa forma, não par�cipava dos des�nos públicos, es�mando-se que os direitos de
cidadania estavam à disposição, no máximo, de 30-40 mil homens, mais ou menos um
décimo da população total. 
A par�r da Grécia, a democracia evoluiu de diferentes maneiras em diferentes Estados, com a
famosa REPÚBLICA em Roma, onde os Senadores que de�nham o poder eram votados pelo
povo (ou parte dele), a democracia liberal, produto do avanço e desenvolvimento da
burguesia, o Estado Racional Burocrá�co de Weber, a democracia liberal burguesa, o Estado
de Direito, etc.
ESTADO MODERNO E DEMOCRACIA
São pontos fundamentais que caracterizam o moderno Estado Democrá�co:
1) Sufrágio Universal - Não existe sufrágio completamente universal, todo sufrágio sofre
algum �po de restrição. Define-se o sufrágio universal como aquele em que a par�cipação
não fica adstrita às condições de riqueza, instrução, nascimento, raça e sexo. As limitações
feitas à capacidade do eleitor , em regime de sufrágio universal, se prendem mais às
condições de nacionalidade, residência (por exemplo, tempo de residência), sexo, idade,
capacidade �sica ou mental, grau de instrução, serviço militar e alistamento, indignidade
(prá�ca de delitos). 
Embora muitas vezes u�lizados como sinônimos, voto, escru�nio e sufrágio possuem
significados diferentes. Sufrágio é o direito de votar e de ser votado; voto é a forma de
exercer o direito ao sufrágio; e escru�nio é a forma como se pra�ca o voto, seu
procedimento. 
De acordo com a Cons�tuição Federal, ar�go 14, A soberania popular será exercida pelo
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos. Isso significa o
direito ao sufrágio é completamente desligado de qualquer forma de discriminação, sendo,
portanto, um direito universal, de todos, exceto os estrangeiros e os conscritos, durante o
período do serviço militar obrigatório, nos termos do 2º do disposi�vo supra. 
O voto será, ainda, secreto e direto, ou seja, não há qualquer �po de intermediação entre
eleitor e candidato. De acordo com a Cons�tuição, há alistamento eleitoral e voto
obrigatórios para os maiores de dezoito anos e faculta�vos para os analfabetos, maiores de
setenta anos e maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (art. 14, 1º). 
2) Supremacia da vontade popular - O obje�vo do sistema como um todo é fazer valer e
preservar a vontade da população na escolha de seus representantes, e na gestão do Estado.
Trata-se a da predominância daquilo que Rousseau chama de VONTADE GERAL, ou VONTADE
COLETIVA, em subs�tuição do conjunto de vontades individuais, ou seja o conjunto de
desejos populares que visam o bem comum da sociedade.
3) Igualdade de direitos – proibição de dis�nguir gozo de direitos por situação econômica,
raça, etc., (isonomia jurídica)
4) Pluralismo polí�co - O direito da população se organizar poli�camente, seja na forma de
par�dos, ou outra forma de agremiação, militância polí�ca, emissão de opiniões, etc.
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5) Autonomia do parlamento - Os órgãos legisla�vos eleitos são o principal fórum para
deliberar, debater e aprovar leis em uma democracia representa�va. Não são Parlamentos
que se limitam a por o carimbo, simplesmente aprovando as decisões de um líder autoritário.
Os poderes de supervisão e inves�gação permitem aos legisladores ques�onar publicamente
os membros do governo por atos e decisões e servir de controle ao poder dos vários
ministérios -especialmente no sistema presidencialista de governo em que o Legisla�vo é
independente do Execu�vo. Os legisladores podem aprovar orçamentos nacionais, interrogar
testemunhas sobre questões prementes e confirmar os nomeados pelo Poder Execu�vo para
os tribunais e ministérios. Em algumas democracias, as comissões parlamentares fornecem
aos legisladores um fórum para esses exames públicos de questões de interesse nacional.
Os legisladores podem apoiar o governo no poder ou podem fazer parte duma oposição leal
que apresenta polí�cas e programas alterna�vos. Os legisladores têm a responsabilidade de
ar�cular as suas opiniões da forma mais eficiente possível. Mas têm que trabalhar dentro da
é�ca democrá�ca de tolerância, respeito e colaboração para chegarem a consensos que
beneficiem o bem-estar geral de todos - e não apenas daqueles que lhes dão apoio polí�co.
Cada legislador deve decidir sozinho como equilibrar o bem-estar geral com as necessidades
de uma base eleitoral.
O parlamentodeve possuir total autonomia frente aos demais poderes e às demais
ins�tuições (exército, jus�ça, etc.), bem como total isenção legisla�va, não podendo legislar
em nome de grupos específicos da população, ou sofrer qualquer forma de coação, inclusive
por parte de grupos organizados da sociedade.
6) Liberdades públicas -  Direito Cons�tucional brasileiro, assim como o de outras nações, não
prescinde da verificação do real sen�do da palavra liberdade. Apesar da Cons�tuição
republicana do Brasil não conter conceito explícito do que sejam as liberdades públicas, estas
se espraiam por todo o corpo da mesma, tendo como nascedouro a dignidade da pessoa
humana, e como berço natural o ar�go 5º da norma jurídica em referência.
 Os direitos do homem são prerroga�vas legais que aquele detém em face do Estado, bem
como de outros indivíduos. Nestes termos pondera Israel Jean-Jacques, ao tratar dos
mesmos: Trata-se de direitos que são a fonte de liberdade do homem. (...) Dar ao homem
direitos é colocar o Direito a serviço de sua liberdade. As prerroga�vas humanas tornam-se,
portanto, direitos do homem quando elas têm um estatuto jurídico. Neste diapasão, infere-se
que para que haja direitos do homem é preciso um Estado de Direito, pois apenas neste é
possível encontrar garan�as de observância e respeito essenciais para a efe�vidade e
aplicabilidade daqueles. E é a par�r do somatório de todos estes mencionados conceitos
(direitos do homem, liberdades, Estado de Direito) que se chega à ideia de liberdades
públicas como sendo aquelas garan�das e limitadas dentro de um Estado de Direito. É neste
sen�do (garan�sta) que se u�liza o adje�vo "públicas" atrelado ao conceito de liberdade. 
Trata-se, em verdade, de um superprincípio, como pondera Flávia Piovesan: (...) é no valor da
dignidade humana que a ordem jurídica encontra seu próprio sen�do, sendo seu ponto de
par�da e seu ponto de chegada, na tarefa de interpretação norma�va. Consagra-se, assim, a
dignidade humana como verdadeiro superprincípio a orientar o Direito Internacional e
Interno, (...) porque seja no âmbito internacional, seja no âmbito interno (à luz do Direito
Cons�tucional Ocidental), a dignidade da pessoa humana é princípio que unifica e centraliza
todo o sistema norma�vo, assumindo especial prioridade. A dignidade humana simboliza,
deste modo, um verdadeiro superprincípio cons�tucional, a norma maior a orientar o
cons�tucionalismo contemporâneo, nas esferas local e global, dotando-lhe especial
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racionalidade, unidade e sen�do. 2
7) Liberdade de voto - Todo cidadão cons�tucionalmente apto, poderá exercer seu direito de
voto, isento de qualquer �po de constrangimento.
8) Alternância de governo - Poderão se suceder livremente no poder polí�co, quaisquer
correntes de pensamento e organização polí�ca sem que ocorram constrangimentos ou
cerceamentos de qualquer espécie. Para melhor desenvolvimento do sistema democrá�co, as
diferentes visões de Estado e poder, deverão se alternar no poder, caso seja essa a vontade
soberana da população.
9) Regra da maioria - Nenhuma decisão tomada por maioria deve limitar os direitos da
minoria, de um modo especial o direito de tornar-se a maioria em paridade de condições.
Par�ndo dessa premissa que a vontade da maioria não é absoluta e realmente sofre diversas
limitações. A democracia e a regra da maioria são dois conceitos que atravessaram a história
do pensamento polí�co mundial permanecendo numa constante tensão.
Durante séculos vários filósofos e juristas se dedicaram sobre teorias que tentavam
responder as indagações sobre um conflito; a regra da maioria é o pressuposto para a
democracia?
Afinal, a democracia é o governo da maioria? E a decisão majoritária é absoluta? É a melhor
forma de se auferir a decisão cole�va? E, por fim, a maioria tem sempre a razão? Responder
tais questões ainda é um desafio a cumprir.
Assim nos sistemas polí�cos democrá�cos a regra da maioria é aplicada tanto para eleger os
que serão detentores do poder de tomar decisões que afetarão a sociedade, como para fixar
das deliberações dos órgãos colegiados supremos e, assim, conferir condição necessária e
suficiente à regularidade (ou validade) dos sistemas.
Saber qual o sistema democrá�co efe�vamente se caracteriza pela presença da regra da
maioria fez com que muitos estudiosos entendessem que a democracia e a regra da maioria
fossem semelhantes, e guardassem iden�dade em seu significado,  limite de validade da regra
da maioria ques�ona se esta vale em qualquer caso, ou seja, se possui uma validade
absoluta. Quem aceita par�cipar da formação de certa decisão ou eleição deve aceitar a
regra da maioria como um procedimento, que faz parte das regras do jogo.
Os limites da aplicação da regra da maioria, por sua vez, devem ser entendidos, tendo em
vista que existem algumas matérias sobre as quais o princípio da maioria não pode ser
aplicado na decisão, sob pena de promover uma decisão injusta, ou inadequada (como no
caso de pessoas não possuem necessidades especiais, legislando em nome das que
possuem...)..
Já os limites de eficácia da regra da maioria são todas aquelas promessas que a sua aplicação
pretendia, mas que acabou não podendo ser cumprida. Uma das promessas não cumpridas
seria a possibilidade de reversão das decisões tomadas. Assim, caso a minoria se tornasse a
maioria, seria possível esta nova maioria modificar as decisões anteriores tomadas por
aquela outra. 3
Mas, a regra majoritária não deve ser entendida como algo absoluto e nem tampouco como
um pressuposto para a democracia, fazendo-se necessário deter-se a atenção para seus
limites e aporias. Pode não haver uma resposta única a como são resolvidas as diferenças das
minorias em termos de opiniões e valores — apenas a certeza de que só através do processo
democrá�co de tolerância, debate e disposição para negociar é que as sociedades livres
� AMARAL, Luciana Maria Oliveira - Liberdades Públicas: Conceito, Proteção e Limites dentro da perspec�va do cons�tucionalismo 
aplicada no Brasil, disponível em 
www.jornaljurid.com.br/no�cias/liberdades-publicas-conceito-protecao-e-limites-dentro-da-perspec�va-do-cons�tucionalismo-apli
cada-no-brasil
� Leite, Gisele - Democracia e regra da maioria, disponível em: 
h�p://professoragiseleleite.jusbrasil.com.br/ar�gos/124681864/democracia-e-regra-da-maioria
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podem chegar a acordos que abranjam os pilares gêmeos do governo da maioria e dos
direitos das minorias.
10) Respeito ao direito das minorias e de setores da população portadores necessidades
específicas (raça, gênero, orientação sexual, faixa etária,necessidades especiais, etc.)
As minorias — seja devido à sua origem étnica, convicção religiosa, localização geográfica,
nível de renda ou simplesmente por ter perdido as eleições ou o debate polí�co — desfrutam
de direitos humanos fundamentais garan�dos que nenhum governo e nenhuma maioria,
eleita ou não, podem �rar. As minorias devem acreditar que o governo vai proteger os seus
direitos e a sua iden�dade própria. Feito isto, esses grupos podem par�cipar e contribuir para
as ins�tuições democrá�cas do seu país.
As democracias entendem que proteger os direitos das minorias para apoiar a iden�dade
cultural, prá�cas sociais, consciências individuais e a�vidades religiosas é uma de suas tarefas
principais. A aceitação de grupos étnicos e culturais, que parecem estranhos e mesmo
esquisitos para a maioria, pode ser um dos maiores desafios que um governo democrá�co
tem que enfrentar. Mas as democracias reconhecem que a diversidade pode ser uma
vantagem enorme. Tratam estas diferenças na iden�dade, na cultura e nos valores como um
desafio que pode reforçar e enriquecê-los e não como uma ameaça.
11) Preservação da liberdade – Entendida de forma ampla, como dispor de bens etc. Entre os
direitos humanos fundamentais que qualquer governodemocrá�co deve proteger estão a
liberdade de expressão; a liberdade de religião e de crença; julgamento justo e igual proteção
legal; e liberdade de organizar, denunciar, discordar e par�cipar plenamente na vida pública
da sua sociedade.
12) Autonomia do Judiciário - Nas democracias, a independência das pressões polí�cas dos
eleitos e do poder legisla�vo garante a imparcialidade dos juízes. As decisões judiciais devem
ser imparciais, baseadas nos fatos de um caso, no mérito individual, em argumentos legais e
nas leis relevantes, sem quaisquer restrições ou influência imprópria pelas partes
interessadas. Estes princípios asseguram proteção legal igual para todos.
O poder dos juízes de rever as leis públicas e de declarar que violam a cons�tuição do país
atua como um controle potencial do abuso do poder por parte do governo — mesmo que o
governo seja eleito por uma maioria popular. Este poder, contudo, exige que os tribunais
sejam considerados independentes e capazes de basear as suas decisões na lei e não em
considerações de caráter polí�co. Quer tenham sido concursados ou nomeados, os juízes
devem ter segurança no emprego, ou no mandato, garan�da por lei, para que possam tomar
decisões sem se preocuparem com pressões ou perseguições pelos que ocupam o poder.
Uma sociedade civil reconhece a importância de juízes profissionais dando-lhes formação e
remuneração adequadas.
A confiança na imparcialidade dos tribunais — em serem vistos como o ramo "não polí�co"
do governo — é a fonte principal da sua força e legi�midade. Os tribunais de um país,
contudo, não são mais imunes ao comentário público, exame e crí�ca do que qualquer outra
ins�tuição. A liberdade de expressão pertence a todos: tanto aos juízes como aos que os
cri�cam. Para assegurar sua imparcialidade, a é�ca judicial requer que os juízes se abstenham
de (ou se recusem a) julgar casos nos quais têm conflito de interesses.
Os juízes numa democracia não podem ser afastados devido a pequenas queixas ou em
resposta a crí�cas de caráter polí�co. Em vez disso, podem ser afastados por crimes ou
infrações graves através dum processo longo e demorado de impugnação (acusação) e
julgamento — quer no Parlamento, quer perante um grupo independente de juízes. Um
Poder judiciário independente garante às pessoas que as decisões dos tribunais se basearão
nas leis do país e na cons�tuição, não na mudança de poder polí�co nem nas pressões de
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uma maioria temporária. Dotado de independência, o sistema judiciário em uma democracia
serve de salvaguarda aos direitos e liberdades pessoais.
DEMOCRACIA DIRETA, INDIRETA, SEMI-DIRETA, E REPRESENTATIVA
Numa democracia direta, o cidadão vota e expressa sua opinião sem intermediários. No
entanto, trata-se de um modelo aplicável apenas a populações e territórios pequenos. Por
este mo�vo a maioria dos governos democrá�cos u�liza uma forma de democracia indireta,
a democracia representa�va, em que as decisões polí�cas não são tomadas diretamente
pelos cidadãos, mas por representantes eleitos por eles. Apenas os representantes têm
direito a voto e depende das leis de cada país democrá�co se o voto dos cidadãos é
obrigatório (como no Brasil) ou faculta�vo (como nos Estados Unidos).
Em tese, as opiniões, demandas e interesses dos cidadãos são representados pelos polí�cos
eleitos nas assembleias, câmaras e parlamentos do país. No entanto, as relações entre os
polí�cos e os cidadãos são movidas geralmente por tensões e ques�onamentos. Algumas
formas de acentuar a par�cipação popular nas decisões polí�cas são, por exemplo, a
existência de referendos e plebiscitos, onde os cidadãos votam em relação a determinado
assunto de interesse público (desarmamento, aborto, pesquisas com células tronco etc.). Em
todo caso, para o aperfeiçoamento dos regimes democrá�cos é imprescindível a manutenção
da liberdade de expressão e da imprensa, do livre acesso à informação por parte da
população, do direito ao voto e de eleições transparentes para os cargos no Execu�vo e
Legisla�vo e da garan�a do uso pleno dos direitos da cidadania.
Democracia Direta 
O cidadão exerce seu voto sem intermediários. U�lizada na an�ga Grécia, os cidadãos
votavam pessoalmente, propostas para a cidade, questões financeiras e leis.
Uma democracia direta é qualquer forma de organização na qual todos os cidadãos podem
par�cipar diretamente no processo de tomada de decisões. As primeiras democracias da
an�guidade foram democracias diretas. O exemplo mais marcante das primeiras democracias
diretas é a de Atenas (e de outras cidades gregas), nas quais o Povo se reunia nas praças e ali
tomava decisões polí�cas. No mundo atual o sistema que mais se aproxima dos ideais da
democracia direta é a democracia semidireta da Suíça.
Por outras palavras podemos dizer que o conceito da Democracia Direta significa que é
o Povo que governa o próprio País onde habita. O povo é soberano, fazendo leis e
administrando-as. Na Democracia direta o Povo exerce por si os poderes governamentais,
fazendo as leis, administrando e julgando.  
Diz Bonavides: Segundo Ni�, os gregos consideravam democracia aquelas formas de governo
que garan�ssem a todos os cidadãos a ISONOMIA, a ISOTIMIA, e a ISAGORIA, e fizessem da
liberdade e da sua observância a base sobre a qual repousava toda a sociedade polí�ca.
Com a isonomia proclamava o gênio polí�co da Grécia a igualdade de todos perante a lei,
sem dis�nção de grau classe ou riqueza. Dispensava a ordem jurídica aí, o mesmo tratamento
a todos os cidadãos , conferindo-lhes direitos iguais e unindo-os sem foro privilegiado. Toda
discriminação de ordem jurídica em proveito de classes ou grupos sociais, equivaleria à
quebra do princípio da isonomia.
Com a iso�nia, abolia a organização democrá�ca da Grécia os �tulos ou funções hereditárias,
abrindo a todos os cidadãos o livre acesso ao exercício das funções públicas, sem mais
dis�nção ou requisito que o merecimento, a honradez e a confiança depositada no
administrador pelos cidadãos.
Quanto a isagoria, trata-se do direito de palavra, da igualdade reconhecida a todos de falar
nas assembleias populares, de debater publicamente os negócios do governo. Correspondeu
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esse princípio essencial da democracia an�ga, àquilo a que chamamos liberdade de
imprensa.(BONAVIDES, 2010,p. 291)
Democracia indireta
A democracia indireta surge em decorrência da ampliação das caracterís�cas dos Estados e
Nações. O crescimento populacional, o aumento da complexidade e das dimensões, dos
novos estados impossibilita qualquer forma de avaliação individual da ação polí�ca de
gestores de governo, ou do poder polí�co em si mesmo. assim surge a necessidade da
representação, ou de outras formas de consen�mento tácito, por parte da população a ação
dos governantes e a formulação de suas polí�cas de estado. A própria república romana
�nha como caracterís�ca a representação (o povo vota em seus representantes), ou seja, a
atribuição dos representados de governar e tomar decisões, em nome da maioria sufragante.
Para Bonavides: A moderna democracia ocidental, de feição tão dis�nta da an�ga democracia,
tem por bases principais a soberania popular, como fonte de todo poder legí�mo que se
traduz através da vontade geral; o sufrágio universal , com pluralidade de candidatos e
par�dos ; a observância cons�tucional do principio da dis�nção de poderes , com a
separação ní�da do regime presidencial e aproximação ou colaboração mais estreita do regim
parlamentar ; a igualdade de todos perante a lei; a manifesta adesão ao principio da
fraternidade social ; representação como base das ins�tuições polí�cas ; a limitação da
prerroga�va dos governantes; o Estado de direito, com a proteção das liberdades públicas
por parte do Estado e da ordem jurídica, abrangendo todas as manifestações de pensamento
livre: liberdade de opinião, de reunião,de associação e de fé religiosa; a temporariedade dos
mandatos ele�vos; e por fim , a existência plenamente garan�da das minorias polí�cas, com
direitos e possibilidades de representação , bem como as minorias nacionais, onde
porventura exis�rem. (BONAVIDES, 2010, 295)
Democracia semidireta: 
Nos dias atuais, poucos países u�lizam de maneira integral a chamada democracia semi
direta, como por exemplo, a Suíça. No entanto, alguns dos ins�tutos da democracia semi
direta são u�lizados em vários países. 
A população pode intervir no mandato de seus representantes, ou em assuntos de interesse
cole�vo, através de instrumentos como: Inicia�va Popular, Referendum, Plebiscito, Recall.
Uma democracia semidireta é um regime de democracia em que existe a combinação de
representação polí�ca com formas de Democracia direta. No mundo atual o sistema que mais
se aproxima dos ideais da democracia direta é a democracia semidireta da Suíça .
A Democracia semiereta, conforme Bobbio, é uma forma de democracia que possibilita um
sistema mais bem-sucedido de democracia frente às democracias Representa�va e Direta, ao
permi�r um equilíbrio operacional entre a representação polí�ca e a soberania
popular direta. A prá�ca desta ação equilibrante da democracia semidireta, segundo
Bonavides, limita a “alienação polí�ca da vontade popular”, onde “a soberania está com
o povo, e o governo, mediante o qual essa soberania se comunica ou exerce, pertence ao
elemento popular nas matérias mais importantes da vida pública”.
Enquanto a democracia par�cipa�va pretende que existam efe�vos mecanismos de controle
da sociedade civil sob a administração pública, pressupondo assim uma prevalência da
administração sobre os administrados, a democracia semidireta não pretende ser apenas
mais um meio de controle da administração, mas ser a própria administração pública
conduzida pela soberania popular.
Diz Bonavides: Com a democracia semidireta a alienação polí�ca da vontade popular faz-se
apenas parcialmente. A soberania está com o povo , e o governo, mediante o qual essa
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soberania se comunica ou exerce, pertence por igual ao elemento popular nas matéria mais
importantes da vida pública... O povo na democracia semidireta não se cinge (limita) apenas
a eleger, senão que chega do mesmo passo a estatuir... não é apenas colaborador polí�co,
como se dá na democracia indireta, mas também colaborador jurídico. O povo não só elege
como legisla.(BONAVIDES, 2010, p.296)
São ins�tutos da democracia semidireta: 
a) O Referendum - A população adquire o poder de sancionar leis. Após a aprovação no
Congresso, o povo vota pelo sim ou pelo não, pela aceitação da lei , ou sua rejeição. Temo o
referendum post legem (depois da lei aprovada) e o ante legem, isto é antes da lei ser
aprovada.
b) O Plebiscito - O povo pode definir se um determinado tema deve ser objeto de apreciação
legal, antes mesmo da confecção do ins�tuto. Não se restringe apenas à leis, mas a amplos
temas de interesse nacional, como o sistema de governo, ou por exemplo a proibição
universal ao us de armas.
c) A Inicia�va - No Brasil definiu-se cons�tucionalmente o ins�tuto da Inicia�va Popular.
Segundo o ar�go 61, §2 da Cons�tuição brasileira de 1988, regulamentado pela lei 9.709 de
1998 , é permi�da a apresentação de projetos de lei pelos poderes Legisla�vo, Execu�vo e
pela inicia�va popular. Neste úl�mo caso, a cons�tuição exige como procedimento a adesão
mínima de 1% da população eleitoral nacional, mediante assinaturas, distribuídos por pelo
menos 5 unidades federa�vas e no mínimo 0,3% dos eleitores em cada uma dessas unidades.
Como segundo o TSE o número de eleitores do Brasil em julho de 2010 era de 135,8 milhões ,
o número mínimo de assinaturas para um projeto de inicia�va popular seria, portanto, 1,36
milhão.Após ser apresentado o projeto será votado, e se for o caso, modificado pelo
Congresso Nacional.
d) O direito de revogação - Comumente chamado de Recall. Em alguns casos os deputados e
Senadores (como nos EUA, por exemplo, onde a ins�tuição existe apenas no plano municipal,
e não no federal), ficam obrigados a prestar conta aos ele itores de seu trabalho, e até podem
ter o mandato revogado a qualquer momento (como na an�ga União Sovié�ca, por
exemplo.O mesmo ins�tuto pode se estender aos funcionários públicos e até mesmo aos
Juízes e decisões judiciais. 
Dentro das possíveis concepções de direito de revogação, existe ainda um instrumento mais
radical chamado Abberunfungsrecht, trata-se da des�tuição não só de um indivíduo ou
grupo, mas de toda a Assembleia. Sete cantões da Suíça, admitem o Abberunfungsrecht
e) O Veto - Instrumento de par�cipação popular, , o veto é a faculdade que permite ao povo
manifestar-se contrário a um medida ou lei, já devidamente elaborada pelos órgãos
competentes, e em vias de ser posta em execução.
Democracia Representa�va
Pela democracia representa�va, o cidadão se encontra numa espécie de polo passivo do
poder público, ou seja, seu poder se limita ao voto. Assim possuía permissão de escolher um
representante que, se eleito por maioria dos votos, tomará as decisões polí�cas em
consonância com sua vontade.E, essa escolha passa a obrigar a todos os demais, inclusive os
que �nham opiniões divergentes, que não escolheram o representante eleito.
De qualquer forma a par�cipação do cidadão é condição fundamental da democracia, sendo
simbólico de autên�cos ideais, sen�do estes per�nentes à regra da maioria e da democracia e
que não ressente da "arte do governo" de que nos alertou Bobbio e que não cansam de
ressurgir: "o polí�co, tal como o médico, o comerciante, o padre, não poderia exercer seu
o�cio sem obedecer a um código".
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O primeiro significado posi�vo para a par�cipação de todos os cidadãos seria em estabelecer
um diálogo constante com seus representantes eleitos, chamando-os a responder de maneira
precisa pelas decisões tomadas. Afinal, o que qualifica o sistema representa�vo, a relação
polí�ca fundamental, é o eixo ver�cal de baixo par cima, estabelecido entre o eleito e o
eleitor. Assim a soberania do cidadão acaba sendo levada em consideração somente na hora
do voto, à qual se seguem períodos breves ou longos, mas eivados de verdadeira alienação
polí�ca.
O mecanismo indireto de democracia trouxe a conhecida regra da maioria que corresponde
exatamente à manifestação do indivíduo colocado na cena da vida pública. No caso, ao
menos de forma indireta, o poder público fica nas mãos de uma maioria de cidadãos que
escolheram seus representantes para que estes ajam e decidam de acordo com seus
interesses.
Contudo, no sistema representa�vo no momento que eleito, o representante se desvincula
dos seus eleitores/representados e passa a ter autonomia para decidir conforme a sua
consciência até o término de seu mandato.
Assim então, as pessoas possuem duas caracterís�cas: na medida em que tem confiança do
corpo eleitoral: a) uma vez eleito não é mais responsável perante os próprios eleitores e seu
mandato, portanto, não é revogável[6]; b) não é responsável diretamente perante os seus
eleitores exatamente porque convocados a tutelar os interesses gerais da sociedade civil e
não os interesses par�culares desta ou daquela categoria.
O conceito de mandato ou mandatário tem origem em Roma, e é conhecido como “Manus
da�o”. Portanto mandato, segundo os romanos é “o contrato pelo qual alguém cons�tui a
outrem seu representante inves�ndo-o de poderes para executar um ou mais de um ato
jurídico”. Atualmente as caracterís�cas mais importantes do mandato popular são:
⦁ O mandatário apesar de eleito por parte do povo, expressa a vontade de todo o
povo.
⦁ Embora o mandato seja ob�do mediante determinado número de votos, não está
vinculados a esses eleitores.
⦁ O mandatário tem absoluta autonomia e independência.
⦁ Os eleitores estão obrigados a acataras decisões dos mandatários, mesmo que se
oponham a elas. 
⦁ O mandato é de caráter geral conferindo poderes a todos os atos pra�cados na esfera
de competência do cargo. 
⦁ Em regra o mandato é irrevogável exceto pelos países que adotem o recall.
VI - REPRESENTAÇÃO POLÍTICA, PARTIDOS POLÍTICOS, PARTIDOS POLITICOS NO BRASIL
REPRESENTAÇÃO POLÍTICA
Na polí�ca, representação descreve como alguns indivíduos atuam por outros, ou por um
grupo, por determinado período de tempo. Representação normalmente se refere a
democracias representa�vas, em que os oficiais eleitos nominalmente falam por seus
cons�tuintes na legislatura. Geralmente, apenas a cidadãos é garan�da a representação no
governo na forma de direito a voto. Contudo, algumas democracias aumentaram esse direito
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ainda mais.4
Vivemos atualmente uma crise sem precedentes da representação polí�ca. A credibilidade
dos representantes é frequentemente ques�onada, bem como sua efe�va representação da
vontade dos eleitores. São crí�cas frequentes ao sistema representa�vo, segundo Alkmim:
O paradoxo da representação, como uma crí�ca aos sistemas que se fortaleceram a par�r do
final do século XIX, foi formulado de diferentes maneiras, mantendo-se um argumento
vigoroso, embora boa parte dos pensadores polí�cos contemporâneos adote uma linha de
sobreposição e/ou combinação dos modelos existentes. Podemos resumir em alguns pontos
as linhas de argumentação expostas ao longo deste ar�go, sobre o paradoxo da
representação polí�ca: 
• A formulação lógica da representação polí�ca não se sustenta, sendo impossível B
representar A, pois a vontade não se representa; 
• A iden�dade dos representados não coincide com a iden�dade dos representantes, do
ponto de vista tanto da opinião como da segmentação social; 
• A obscuridade do sufrágio universal secreto, que não pode ser considerado um pacto
diretamente formado pelos cidadãos; 
• Qualquer pacto polí�co firmado não pode ter valor para as gerações seguintes; 
• O processo polí�co, na forma da representação parlamentar, atende interesses dentro da
estrutura de classes da sociedade, mas não é aí o centro de gravidade do poder; 
• Atomização e serialização do eleitorado como efeito do sufrágio universal, através do voto
secreto, dificulta ou impede a formação de uma consciência cole�va, não alienada.5
PARTIDOS POLÍTICOS
Recebe o nome de par�do polí�co a organização burocrá�ca que tem por obje�vo conquistar
e exercer o poder polí�co. Dotados de uma ideologia, ainda que tênue, (ponto de crí�cas
frequentes no caso do Brasil), o par�do polí�co é uma organização que defende o interesse
de uma parcela da população, e buscando promovê-la, organiza-se para disputar eleições,
conquistar cargos e assim, fazer valer seus projetos. O termo par�do polí�co é aplicado a
pra�camente todos os grupos organizados que buscam conquistar o poder, seja por meio de
eleições democrá�cas ou de revoluções. 
Par�do polí�co é um grupo organizado, legalmente formado, com base em formas
voluntárias de par�cipação numa associação orientada para influenciar ou ocupar o poder
polí�co. Para preservar e proteger os direitos e as liberdades individuais, um povo
democrá�co deve trabalhar em conjunto para modelar o governo que escolher. E a maneira
principal de fazer isso é através dos par�dos polí�cos.
Os par�dos polí�cos são organizações voluntárias que ligam as pessoas a seu governo. Os
par�dos recrutam candidatos e fazem campanha para os elegerem a cargos públicos e
mobilizam as pessoas para par�ciparem na escolha dos governantes. O par�do da maioria
(ou o par�do eleito para controlar os ministérios do governo) procura decretar leis sobre
muitas polí�cas e programas diferentes. Os par�dos de oposição são livres para cri�car as
ideias polí�cas do par�do da maioria e apresentam as suas próprias propostas.
Os par�dos polí�cos proporcionam uma forma dos cidadãos responsabilizarem os dirigentes
do par�do pelas suas ações no governo. Os par�dos polí�cos democrá�cos acreditam nos
� WIKIPEDIA
� Alkmim, Antonio Carlos - O Paradoxo do Conceito de Representação Polí�ca, disponível em 
h�p://www.teoriaepesquisa.ufscar.br/index.php/tp/ar�cle/viewFile/337/229
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princípios da democracia de modo que reconhecem e respeitam a autoridade do governo
eleito, mesmo que os seus líderes par�dários não estejam no poder.
Como qualquer democracia, os membros dos vários par�dos polí�cos refletem a diversidade
de culturas de onde provêm. Alguns são pequenos e construídos em torno de um conjunto
de convicções polí�cas. Outros são organizados em torno de interesses econômicos ou de
uma história comum. Outros ainda são alianças livres de vários cidadãos que podem
juntar-se apenas em período eleitoral.
Os par�dos democrá�cos reconhecem que as opiniões polí�cas são flexíveis e variáveis e que
o consenso pode, com frequência, surgir de um confronto de ideias e valores em um debate
pacífico, livre e público.
SISTEMAS PARTIDÁRIOS
Sistema bipar�dário: Apesar de em grande parte dos países onde vigora o bipar�darismo
não ser vedada a formação de novos par�dos polí�cos, dois grandes par�dos dominam de
tal forma a polí�ca nacional que não se tem no�cia de um pequeno par�do haver ganho
qualquer eleição em qualquer tempo. Normalmente esses par�dos representam
pensamentos polí�co ideológicos diametralmente opostos, levando caminhos diferentes para
a administração do Estado. 
Como exemplo, temos na Inglaterra os Par�dos Conservador e Trabalhista que a anos
dominam o cenário eleitoral. Enquanto os conservadores propõe uma menor intervenção do
Estado na economia e na vida dos cidadãos, tendo um viés liberal, os trabalhistas propõe um
Estado mais intervencionista com programas sociais mais amplos. O mesmo cenário ocorre
nos EUA, com os par�dos Democrata e Republicano. 
No Brasil por exemplo, apesar de não termos um legí�mo bipar�darismo, o cenário polí�co
naciponal há anos é dominado pela disputa entre o Par�do dos Trabalhadores e o PSDB.
O bipar�darismo também pode no entanto, ser uma imposição nos regimes totalitários tanto
quanto o unipar�darismo. No Brasil, durante o período dos governos militares, o regime de
exceção impôs a existência de dois únicos par�dos, um representando a situação (apoio ao
regime) ba�zado de ARENA (Aliança Renovadora Nacional), e outro de oposição denominado
MDB (Movimento Democrá�co Brasileiro).
Sistema Mul�par�dário: Vários par�dos importantes disputam o poder polí�co, sendo
facilitada a criação de novos par�dos. Para Benevides: "Os adeptos do pluralismo par�dário
amplo louvam-no como a melhor forma de colher e representar o pensamento de variadas
correntes de opinião, emprestando às minorias polí�cas o peso de uma influência que lhes
faleceria tanto no sistema bipar�dário como unipar�dário. Afirma-se ademais que o sistema
mul�par�dário é de cunho profundamente democrá�co, pois confere auten�cidade ao
governo , �do por centro de coordenação ou compromisso dos dis�ntos interesses que se
movem no mosaico das várias classes da sociedade, classes cuja voz de par�cipação, através
do par�do polí�co, se alça assim a esfera do poder."6
A crí�ca que se faz ao sistema mul�par�dário em geral, é que a proliferação de par�dos,
como ocorre por exemplo no Brasil, leva a que surjam par�dos de conveniência, que tem
como finalidade exclusiva, auferir vantagens pessoais para seus membros,a par�r da
estrutura par�dária, como conquistar cargos nos órgãos de governo, vender tempo televisivo,
apoio polí�co, etc.
Além disso, torna-se confuso para o eleitor (em especial em países como o Brasil, onde a
ideologia dos par�dos não é muito clara, nem existem programas par�dários divulgados),
� BONAVIDES, 2010, p.391/392
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compreender a real diferença entreos par�dos existentes, suas ideia, programas, propostas,
etc. 
Sistema unipar�dário (par�do único) - Trata-se de sistema usado tradicionalmente em
regimes totalitários. Para Bonavides: "As ditaduras do Século XX, com raras exceções, fizeram
porém do par�do único o instrumento máximo de conservação do poder".7
O par�do único tem sido assim, instrumento contumaz de ditadores e regimes ditatoriais.
Existe apenas um par�do, é apenas a ele é facultado disputar as eleições e,
consequentemente o poder. Todos os debates e disputas em torno de ideias só podem se dar
no interior da agremiação par�dária, e entre os integrantes formais do par�do. É o caso da
China por exemplo.
PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL
No século XX, os par�dos polí�cos espalharam-se pelo mundo inteiro, seja por meios
democrá�cos ou, algumas vezes, pelos grupos no poder em regimes totalitários. A
configuração atual de par�do polí�co surgiu na Europa e nos Estados Unidos no século XIX,
sendo influenciado pelos sistemas parlamentares e eleitorais que surgiram desde a época. No
Brasil, os principais disposi�vos que regulam a formação, composição e funcionamento dos
par�dos polí�cos são o ar�go 17 da Cons�tuição Federal, que sozinho compõe o Capítulo V
do Título II do documento; além deste ar�go cons�tucional, há uma lei específica tratando do
assunto, a lei 9096, de 19 de setembro de 1995.
Assim, de acordo com os dois disposi�vos, temos que, para ser instalado, o par�do polí�co
necessita de um registro, que é encaminhado a um cartório do Registro Civil das Pessoas
Jurídicas, em Brasília. Este documento precisa da assinatura de pelo menos 101 fundadores
com domicílios eleitorais distribuídos em, no mínimo, nove estados. Passada esta etapa
inicial, ele necessita de assinaturas de apoio, cuja quan�dade mínima corresponde a 0,5% dos
votos válidos dados na úl�ma eleição para a Câmara dos Deputados, o equivalente a cerca de
490 mil assinaturas. O apoio dos eleitores deve estar distribuído em pelo menos nove estados
e deve corresponder a, no mínimo, 10% do eleitorado de cada uma das unidades da
federação escolhidas. Estas assinaturas terão sua veracidade atestada pelo escrivão eleitoral.
A seguir, os fundadores do par�do protocolam o pedido de registro no TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), e caso não haja nenhuma falha no processo, o registro da legenda é concedido.
Para par�cipar de eleições, o par�do deve registrar seu estatuto no Tribunal Superior
Eleitoral, o que lhe permite ainda receber recursos do fundo par�dário e ter acesso a tempo
no rádio e televisão des�nado à propaganda eleitoral gratuita.
Além da criação de novos par�dos, a Cons�tuição prevê a liberdade que os brasileiros
possuem para fundir, incorporar, bem como ex�nguir par�dos polí�cos, algo que
constantemente se assiste no cenário polí�co, principalmente no caso de par�dos apelidados
de "nanicos".
VII - 
ELEIÇÕES E SISTEMAS ELEITORAIS 
 Eleição é o processo mediante o qual um grupo social escolhe seu governante ou seu 
representante polí�co por meio do voto. Nos países democrá�cos, O exercício do voto é um 
dos direitos fundamentais dos cidadãos. É por meio dele que o indivíduo par�cipa do poder 
público e manifesta sua vontade. 
� BONAVIDES, 2010, p.394
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No Brasil, o voto é obrigatório para os maiores de 18 anos e faculta�vo para os analfabetos,
maiores de 70 anos e para os jovens que tenham entre 16 e 18 anos. As pessoas que deixam
de votar, em qualquer eleição, devem jus�ficar-se diante da Jus�ça Eleitoral para conservar
seus direitos sociais. 
ORIGENS - O voto teve origem na escolha dos chefes militares da an�guidade, por meio da
aclamação dos guerreiros. Como esses chefes passaram a governar também em tempo de
paz, surgiu a necessidade de organizar a escolha. As referências mais an�gas sobre o processo
eleitoral remontam à Grécia do século IX A.C., com Licurgo, o lendário legislador de Esparta,
que definiu as regras para escolha da assembleia, e ao século VI A.C., com Sólon, legislador
ateniense que, mediante a expressão da vontade popular, conseguiu um maior equilíbrio do
poder, antes exercido quase com exclusividade pela aristocracia. Na mesma época, em Roma,
a reforma de Sérvio Túlio favoreceu a formação de um corpo eleitoral e de processos de
votação. 
SISTEMAS ELEITORAIS 
Os Sistemas Eleitorais são definidos pelas regras de apuração, contagem, agregação de votos
e sua conversão em mandatos. O �po de regra define os sistemas e o número de variações
em uso na atualidade é rela�vamente pequeno. 
A expressão "sistema eleitoral" designa o modo, os instrumentos e os mecanismos
empregados nos países de organização polí�ca democrá�ca para cons�tuir seus Poderes
Execu�vo e Legisla�vo. No Brasil, chamamos de sistemas eleitorais o conjunto de normas que
rege e organiza as eleições. O Código Eleitoral prevê a coexistência de dois sistemas eleitorais:
majoritário e proporcional. 
No sistema majoritário os candidatos mais votados são eleitos . Pelo sistema majoritário, são
escolhidos o Presidente e o Vice-Presidente da República, os Governadores e
Vice-Governadores dos Estados, os Senadores da República e seus dois suplentes e os
Prefeitos e Vice-Prefeitos Municipais. No caso de eleição para Prefeito e Vice, estará eleito o
candidato que ob�ver o maior número de votos válidos (maioria simples, excluídos os em
branco e nulos). 
Entretanto, nos municípios com mais de 200 mil eleitores, aplica-se a mesma regra da eleição
para Presidente e Governador: será eleito Prefeito, em primeiro turno, aquele que ob�ver a
maioria absoluta (metade mais um) dos votos válidos. Caso contrário, realizar-se-á o segundo
turno, concorrendo os dois candidatos mais votados. 
Em que pese à eleição para Senador, será eleito em primeiro turno aquele que ob�ver a
maioria simples dos votos válidos, lembrando que o Senador é eleito conjuntamente com os
dois suplentes, pois forma-se uma chapa única. Sendo assim, o eleitor não vota no suplente,
porém ele poderá vir a subs�tuir ou suceder o Senador eleito. 
Pelo sistema eleitoral proporcional, são escolhidos os Deputados Federais, Deputados
Estaduais e Distritais e Vereadores. Diferentemente da eleição majoritária, serão eleitos
tantos candidatos quantos os lugares a serem preenchidos na Câmara dos Deputados, nas
Assembleias Legisla�vas e nas Câmaras Municipais.
Para se apurar a quan�dade de vagas des�nada a cada par�do e/ou coligação, será
necessário executar um cálculo matemá�co, por meio do qual se obterá o “quociente
eleitoral” e o “quociente par�dário”. Esses quocientes serão a base para a apuração dos
candidatos eleitos pelo sistema proporcional. A par�r dos votos apurados para determinada
legenda, as vagas nas casas legisla�vas serão preenchidas pelos candidatos mais votados que
foram registrados pelos par�dos ou coligações, até o limite das vagas ob�das, segundo o
cálculo do quociente par�dário e distribuição das sobras. 
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Os deputados federais representam a população de cada estado no Congresso, mas a
Cons�tuição limita o número de representantes por unidade da federação em no mínimo oito
e no máximo 70. Dessa forma, não há uma verdadeira proporcionalidade. Assim, o estado de
São Paulo precisou nas eleições de 1998 de mais de 333 mil votos para eleger um deputado
federal, enquanto em Roraima são necessários apenas 17 mil - uma diferença de quase 20
vezes. 
O voto proporcional procura incluir na representação não as maiorias locais ou regionais,
mas todos os compe�dores, na proporção dos votos ob�dos. Opções: 
a) Sistema proporcional com listas fechadas e bloqueadas: nesses casos a lista é definida pelo
par�do, normalmente em convenção, e o eleitor pode apenas sufragá-la ou recusá-la. 
b) Sistema proporcional com listas flexíveis: nessa variante, os par�dos apresentam suas listas
e os eleitores podem contribuir, de diversas maneiras,para a alteração dessa ordem.
c) Sistema proporcional de lista aberta: com a lista aberta, a ordem dos candidatos é definida
pelo número de votos ob�do por cada um deles. O Brasil adotou essa regra de forma
pioneira e a emprega desde 1945. 
Coeficiente eleitoral / Cálculo do quociente eleitoral
Exemplo: Divisão de 17 cadeiras em um município onde votaram 50.037 eleitores.
1ª operação
Determinar o nº de votos válidos, deduzindo do comparecimento os votos nulos e os em
branco (art. 106, § único do Código Eleitoral e art. 5º da Lei nº 9504 de 30/09/97).
Comparecimento (50.037) - votos em branco (883) - votos nulos (2.832) = votos válidos
(46.322)
2ª operação
Determinar o quociente eleitoral, dividindo-se os votos válidos pelos lugares a preencher (art.
106 do Código Eleitoral). Despreza-se a fração, se igual ou inferior a 0,5, arredondando-a para
1 se superior.
Votos válidos (46.322) ÷ número de cadeiras (17) = 2.724,8 = quociente eleitoral ( 2.725)
3ª operação
Determinar os quocientes par�dários, dividindo-se a votação de cada par�do (votos
nominais + legenda) pelo quociente eleitoral (art. 107 do Código Eleitoral). Despreza-se a
fração, qualquer que seja. 8
Cálculo do quociente par�dário
Par�dos Votação Quociente eleitoral Quociente par�dário
A 15.992 ÷ 2.725 = 5,8 = 5
B 12.811 ÷ 2.725 = 4,7 = 4
C 7.025 ÷ 2.725 = 2,5 = 2
D 6.144 ÷ 2.725 = 2,2 = 2
E 2.237 ÷ 2.725 = 0,8 = 0*
F 2.113 ÷ 2.725 = 0,7 = 0*
� h�p://www.tre-pe.jus.br/eleicoes/calculo-do-quociente-eleitoral
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Total = 13
(sobram 4 vagas a distribuir)
CÁLCULO DO QUOCIENTE PARTIDÁRIO: 
1) PARTIDO/COLIGAÇÃO “A” OBTEVE = 172.800 VOTOS
 2) PARTIDO/COLIGAÇÃO “B” OBTEVE = 100.000 VOTOS 
3) PARTIDO/COLIGAÇÃO “C” OBTEVE = 80.000 VOTOS
 4) PARTIDO/COLIGAÇÃO “D” OBTEVE = 65.000 VOTOS
 5) PARTIDO/COLIGAÇÃO “E” OBTEVE = 14.200 VOTOS 
Votação mínima que deverá obter um PARTIDO/COLIGAÇÃO para concorrer à distribuição dos lugares na Câmara.
QUOCIENTE PARTIDÁRIO : (Código Eleitoral, ART. 107). 
1) PARTIDO / COLIGAÇÃO “A”: QP = VOTOS VÁLIDOS PA /QE = 172.800 /14.896 = 11,6004 
2) PARTIDO / COLIGAÇÃO “B”: QP = VOTOS VÁLIDOS PB /QE = 100.000 /14.896 = 06,7132
 3) PARTIDO / COLIGAÇÃO “C”: QP = VOTOS VÁLIDOS PC /QE = 80.000 /14.896 = 05,3705
 4) PARTIDO / COLIGAÇÃO “D”: QP = VOTOS VÁLIDOS PD /QE = 65.000 /14.896 = 04,3635
 OBS: PARTIDO / COLIGAÇÃO “E” Obteve votação inferior ao QE, logo não par�cipa da distribuição9
importante: a diferença entre votar nulo e votar em branco 
O voto em branco ocorre quando, ao usar a urna eletrônica, o eleitor escolhe a opção da
tecla específica denominada “BRANCO” e aperta a tecla “CONFIRMA”. Já o voto nulo ocorre
quando, ao usar a urna eletrônica, o eleitor digita um número que não corresponde a
nenhum candidato ou par�do polí�co oficialmente inscrito junto ao TSE. O voto nulo é
apenas registrado para fins de esta�s�cas e não é computado como voto válido, ou seja, não
vai para nenhum candidato, par�do polí�co ou coligação. Portanto, os votos em branco e
nulos não são contabilizados como votos válidos, por isso não afetam o resultado final das
eleições. 
Ao votar nulo o eleitor estará, em linhas gerais, beneficiando o candidato que ob�ver mais
votos válidos, tendo em vista que, o candidato que for eleito precisará ter um número menor
de votos, por isso, acaba-se elegendo um candidato sem representação polí�ca. Logo, com
essa abstenção do voto, o cidadão deixa de par�cipar daquele momento polí�co, e em
consequência não elege, de forma consciente, um candidato que possa representar os
interesses da comunidade onde vive. Deixar de par�cipar da vida polí�ca do seu país poderá
acarretar uma realidade polí�ca prejudicial a todos. É comum ouvir dizer que votar em
branco ou nulo irá anular a eleição.
Ouve-se dizer também que se em uma eleição mais de 50% (cinquenta por cento) dos votos
apurados forem nulos, a eleição será anulada e o pleito será repe�do. Isso é pura falácia, pois
os votos em branco e nulos não são computados, ou seja, não terão nenhuma validade. 
O art. 224 do Código Eleitoral dispõe: Art. 224. Se a nulidade a�ngir a mais de metade dos
votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do
município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal
marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias. É verdade
que o art. 224 do Código Eleitoral prevê a realização de nova eleição caso haja anulação de
mais da metade dos votos em uma determinada eleição, porém esses votos deverão ser
� h�p://www.jus�caeleitoral.jus.br/arquivos/tre-pi-eleicoes-simulacao-calculo-do-quociente-eleitoral
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declarados nulos pela Jus�ça Eleitoral em um processo regular, no qual será oportunizado o
contraditório e a ampla defesa. Portanto, a ocorrência de nova eleição não se deve ao fato de
os eleitores terem votado em branco ou anulado os votos.10
Sistema misto Chamado no Brasil de sistema distrital misto, trata-se, na verdade, de um
sistema em que parte dos deputados é eleita pelo voto proporcional e parte pelo voto
majoritário. 
Financiamento eleitoral e par�dário 
Hoje vige o sistema misto de financiamento eleitoral e par�dário (formado por recursos
públicos e privados). O financiamento público é formado por recursos do fundo par�dário
repassados aos par�dos e indiretamente pela compensação fiscal a que as emissoras de
rádio e televisão têm direito pela cedência do horário eleitoral gratuito. A proposta de
alteração mais significa�va tem sido a de tornar o financiamento das campanhas eleitorais
exclusivamente público. Também há proposta no sen�do de se adotar o financiamento
público exclusivo para as eleições para o Execu�vo, mantendo-se o sistema atual nas eleições
para o Legisla�vo.
VOTO DISTRITAL
O sistema do Voto Distrital Misto foi criado na Alemanha, logo depois da II Guerra Mundial.
Neste sistema metade das vagas é distribuída pela regra proporcional e a outra metade, pelo
sistema distrital. O eleitor tem dois votos para cada cargo: um para a lista proporcional (lista
fechada) e outro para a disputa em seu distrito. O país ou o estado (se houver) é dividido em
distritos eleitorais: regiões com aproximadamente a mesma população. Cada distrito elege
um deputado e, assim, completam-se as vagas no parlamento e nas assembléias legisla�vas.
Dentro do sistema do voto distrital, a eleição pode ser feita pelo processo de maioria absoluta
ou não, ou seja, pode haver vários candidatos no distrito e será eleito o mais votado ou
pode-se exigir a maioria absoluta: depois da eleição, os dois mais votados disputam em um
segundo turno.
O voto distrital dificulta a radicalização polí�ca, já que, pelo sistema distrital, o candidato
precisa ter maioria em seu distrito. Em qualquer comunidade, dificilmente a maioria é radical,
e, assim, a polí�ca do país tende a criar e fortalecer lideranças mais estáveis e menos
passionais. Por outro lado, o voto distrital pode criar legisladores que estejam sempre
voltados aos problemas locais, relegando assuntos internacionais ou que não dizem respeito
ao seu distrito e criando uma con�nuidade de cargo, com as mesmas pessoas nos mesmos
cargos por várias eleições seguidas. Além disso, um problema grave do voto distrital é a
prá�ca do Gerrymandering, em que o legislador distorce o traçado dos distritos de modo a
favorecer um determinado par�do polí�co ou candidato. Tendo em vista essas
considerações, os teóricos e estudiosos especializados no trato da matéria têm defendido a
maior viabilidade da adoção de uma espécie temperada, em que uma fração dos candidatos
é eleita de acordo com a lógica proporcional, referente ao mecanismo da apresentação
par�dária de listas fechadas, de sorte a proporcionar a seleção na escala dos votos recebidos;
e a outra é eleita de acordo com aCom isso, Maquiavel contradiz profundamente o que ele próprio havia escrito sobre a
primeira década de Tito Lívio: isto é, que o poder baseia-se na democracia, no consen�mento
do povo, entendendo-se como povo a burguesia do seu tempo. Mas agora Maquiavel pensa
na construção de um Estado unitário e moderno, portanto do Estado absoluto, e descreve o
que será o processo real da formação dos Estados unitários.   Maquiavel funda uma nova
moral que é a do cidadão, do homem que constrói o Estado; uma moral imanente, mundana,
que vive no relacionamento entre os homens. Não é mais a moral da alma individual, que
deveria apresentar-se ao julgamento divino "formosa" e limpa.
O Príncipe 
"O Príncipe" consiste de um manual prá�co dado ao Príncipe Lorenzo de Médici como um
presente, o qual envolve experiência e reflexões do autor. Lourenço de Médici recebeu O
Príncipe em manuscrito. Não lhe dispensou atenção alguma. Nas mãos de contemporâneos
onde circulou o manuscrito, o interesse foi medíocre. Quatro anos após a morte de
Maquiavel, O Príncipe é publicado, com um breve de autorização do Papa Clemente VI (1531);
a edição é dedicada a um cardeal. Inicialmente inofensiva, as edições vão se mul�plicando. A
Renascença pagã sucedeu a Reforma protestante, que obrigou a própria Igreja a reformar-se
interiormente. Assim o livro de Maquiavel achou-se envolvido nos turbilhões de vastas
contendas. O Cardeal - Arcebispo de Canteerbury, Reginald Pole, católico, julga O Príncipe
escrito “pela mão do Demônio”. Em1557, o escrito indigno e celerado denunciado pelo Papa
Paulo IV; é condenado pelo Concílio de Trento, e muitas outras acusações. Também os
protestantes abominam Maquiavel como jesuíta. Os jesuítas o denunciam à indignação
católica. A obra é dividida em 26 capítulos.
PONTOS IMPORTANTES DA TEORIA DE MAQUIAVEL SOBRE O ESTADO E O PODER 
A) a verdade efe�va das coisas 
O foco para Maquiavel sempre foi o Estado, não aquele imaginário e que nunca exis�u; mas
aquele que é capaz de impor a ordem! O ponto de par�da e de chegada é a realidade
corrente, ou seja: ver e examinar a realidade como ela é e não como se gostaria que fosse. O
que Maquiavel se ques�ona incessantemente é: como fazer reinar a ordem – como instaurar
um estado estável – como resolver o ciclo de estabilidade e caos. Ele chega a algumas
conclusões interessantes – A ordem deve ser construída para evitar a barbárie. Uma vez
alcançada, não é defini�va. 
B) natureza humana e história 
Fiel ao conceito da verdade efe�va, Maquiavel estuda a história, sobretudo a an�guidade
clássica. Conclui que qualquer que seja o tempo e o espaço o homem tem traços
humanos imutáveis quais sejam: ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de
lucro – O Príncipe cap. XVII. Destes atributos nega�vos temos os fundamentos para o
conflito e a anarquia. Para Maquiavel o estudo do passado indicará os acontecimentos
que se sucederão em qualquer estado e também quais os meios empregados para
solucionar problemas pela coincidência ou similaridade.
C) Dos �pos de principado
Segundo Maquiavel, os principados são dois os �pos de principados: REPUBLICA ou
PRINCIPADOS. Os Principados podem ser hereditários ou novos. Principados mistos:
Quando não são inteiramente novos. Quando se conquista um pais acostumado a viver
segundo as suas próprias leis e em liberdade, três maneiras ha de proceder para
conservá-lo : DESTRUI-LO; ou IR MORAR NELE; ou DEIXA-LO VIVER COM SUAS LEIS.
Quando o príncipe reside em seu domínio, dificilmente acontece de vir a perde-lo. 
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Outro meio igualmente eficaz e mandar colonizar algumas regiões que sejam como 
chaves do novo Estado. Neste caso, os lesados por ficarem pobres e dispersos, nunca 
poderão acarretar-lhe embaraços. Note-se, dizia Maquiavel, que os homens devem ser 
suprimidos ou lisonjeados, pois se vingam das ofensas leves, mas não podem faze-lo das 
graves. Por conseguinte, a ofensa que se faz ao homem deve ser tal, que o impossibilite 
de �rar desagravo. 
D) Virtú e fortuna
Os conceitos de virtù e fortuna são empregados várias vezes por Maquiavel em suas
obras. Para ele, a virtù seria a capacidade de adaptação aos acontecimentos polí�cos que
levaria à permanência no poder. A virtù seria como uma barragem que deteria os
desígnios do des�no. Mas segundo o autor, em geral, os seres humanos tendem a manter
a mesma conduta quando esta fru�fica e assim acabam perdendo o poder quando a
situação muda. A idéia de fortuna em Maquiavel vem da deusa romana da sorte e
representa as coisas inevitáveis que acontecem aos seres humanos. Não se pode saber a
quem ela vai fazer bens ou males e ela pode tanto levar alguém ao poder como �rá-lo de
lá, embora não se manifeste apenas na polí�ca. Como sua vontade é desconhecida, não
se pode afirmar que ela nunca lhe favorecerá. A crença na predes�nação ou fatalidade
dominava há muito tempo. A fortuna era uma deusa que possuía os bens que o homem
deseja possuir: honra, riqueza, glória e poder. Era importante seduzi-la antes que outros
o fizessem. Como era deusa - mulher era necessário mostrar-se vir homem de
inques�onável coragem. Desta forma o homem que possuísse uma virtú no mais alto
grau seria agraciado com a fortuna. Maquiavel na sua obra O Príncipe monta um cenário
para comprovar que é possível se estabelecer uma aliança com a virtú pois parece haver
um sen�do de complementaridade e não de sobreposição. 
Virtú é, como vimos, energia, vontade dirigida para um obje�vo. Fortuna é sorte (boa ou
má), acaso ou oportunidade (propícia ou desfavorável). No caso do príncipe é o momento
certo, antecipadamente calculado por ele; momento no correr do tempo, porém o
momento com certeza de êxito garan�da pela perspicácia do príncipe. Outro aspecto
marcante de sua obra é quando são tratados os meios de se tornar príncipe, que podem
ser dois: pelo valor ou pela fortuna. Entretanto ele adverte que aqueles que se tornaram
príncipes pela fortuna têm muita dificuldade para se manter no poder.
O poder que nasce da própria natureza humana encontra sua base na força, mas o
importante é a sabedoria no uso da força; ao governante para se manter no poder não
basta ser simplesmente o mais forte – ele deve possuir virtú para manter o domínio
adquirido. Segundo Maquiavel, existem ainda duas outra maneiras de um simples
cidadão chegar ao poder que não por meio da fortuna ou da virtude – através da pra�ca
de ações celeradas e nefastas ou favor dos outros concidadãos. Quando um cidadão
chega ao poder por meio da ajuda dos seus concidadãos, o principado pode ser
chamado de civil e para alguém governá-lo, não precisa Ter exclusivamente VIRTUDE ou
FORTUNA, mas sim ASTUCIA AFORTUNADA. Conseguir reunir a “fortuna” e a “virtú”
cons�tui uma situação ideal para a manutenção do poder polí�co. Diz Maquiavel: "Minha
opinião é de que é melhor ser ousado que prudente".
Con�nua Maquiavel: "Sou de parecer de que é melhor ser ousado do que prudente, pois
a fortuna (oportunidade) é mulher e, para conservá-la submissa, é necessário (...)
contrariá-la. Vê-se , que prefere, não raramente, deixar-se vender pelos ousados do que
pelos que agem friamente. Por isso é sempre amiga dos jovens, visto terem eles menos
respeito e mais ferocidade e subjugarem-na com mais audácia".
E) Chegar e manter o poder com ajuda dos poderosos ou do povo?
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O Príncipe elevado pelos grandes – que se julgam seus iguais, que são insaciáveis, e aos 
quais não domina – encontra uma dificuldade em manter-se do que um Príncipe elevado 
pelo povo. 
Quem chega ao poder com o auxilio dos grandes, tem maiores dificuldades do que
aquele que chega com o apoio dos vulgos. Desejo do povo e ficar livre de opressão
enquanto os grandes querem oprimir o povo. 
F) Como se devem medir as forças dos principados? 
Deve-se verificar se o príncipe tem condições de oferecer resistência sozinho a quemlhe
ataca, isto é, dinheiro e exército para resis�r. Se necessita de ajuda alheia para defender
seu trono, ou seja, refugia-se dentro dos muros de sua cidade para defender estes. Um
príncipe para ter um estado forte é necessário que ele tenha um bom exército e boas leis. 
G) Das coisas pelas quais um homem ou príncipe são louvados ou censurados
Faça o que for necessário para não cair em ruína o seu trono, mesmo que seja
censurado. O príncipe deve aprender a não ser sempre bom, a ser ou não ser bom
“conforme a necessidade”. O príncipe deve conservar o seu reino. Na escolha, do que se
deve fazer, encontrará algo com aparência de virtude, que cuja adoção lhe trará a ruína, e
algo com aparência de defeito que o conduzirá a uma situação de segurança e bem-estar.
Diz Maquiavel: “Pois o homem que queira professar o bem por toda parte é natural que
se arruíne entre tantos que não são bons."
H) De que maneira os príncipes devem cumprir suas promessas 
Só deverá cumpri-las se forem benéficas. Um príncipe sábio não pode e nem deve
manter-se fiel as suas promessas quando ex�nta a causa a que o levou fazê-las. Este
preceito não servia se todos os homens fossem bons, como são maus por isso faltariam
com a palavra que deram e nada impede que venhamos faltar com a nossa também. 
“Os homens em geral formam suas opiniões guiando-se pela vista, do que pelo tato; vê o
que parecemos ser, e não sentem o que realmente somos. Os homens são tão simplórios
e obedecem de tal forma as necessidades presentes que aquele que engana encontrará
sempre quem se deixe enganar. Quando se é príncipe, pode-se “deixar de encontrar
razões legí�mas para colorir a falta de cumprimento” do que se prometeu.
Como se deve evitar o desprezo e o ódio 
O príncipe deve em geral abster-se de pra�car o que o torne malquisto ou desprezível.
O que acarreta ódio dos súditos é usurpar os seus bens e as suas mulheres, pois os
homens vivem contentes enquanto ninguém lhes toca nos haveres e na honra. O
desprezo incorre quando os seus governados o julgam, inconstante, leviano e irresoluto.
Tem de ter o máximo de cuidado, esta reputação é perigosa, seus atos devem ser de
grandeza, coragem, austeridade e vigor.
Diz Maquiavel: "A um príncipe pouco devem importar as conspirações se é amado pelo
povo, mas, quando este é seu inimigo e o odeia, deve temer tudo e a todos".
J) Como deve portar-se um príncipe para ser es�mado e manter o apoio do povo 
Torna-se es�mado quando sabe ser verdadeiro amigo ou inimigo, isto é, quando
abertamente se declara a favor de alguém e contra outrem, é sempre melhor que
manter-se neutro. O príncipe deve fazer com que seus súditos necessitem sempre do
Estado e dele porque a ele se submeterão. 
É necessário a um príncipe que ele tenha um espírito pronto adaptar-se as variações das
circunstâncias e da fortuna e manter-se quanto possível no caminho do bem, mas pronto
igualmente a enveredar pelo do mal, quando for necessário. Deve mostrar-se também
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amante da virtude, premiando os homens que se sobressaiam. 
Para um príncipe ser considerado liberal, generoso é bom, todavia ser parcimonioso é um
dos vícios que fazem reinar. Mais vale ser amado que temido, ou temido que amado? É
melhor ser temido. Por quê? Os homens são ingratos. O vínculo do amor rompem-no ao
sabor do próprio interesse, enquanto o temor se conserva por um medo do cas�go, que
jamais os abandona. Ser temido não significa ser odiado. Há uma singela receita para
evitar o ódio: é abster-se de atentar, seja contra os bens dos súditos, seja contra a honra
de suas mulheres. Diz Maquiavel : "Os homens hesitam menos em ofender aos que se
fazem amar do que aos que se fazem temer, porque o amor é man�do por um vínculo de
obrigação, o qual, devido a serem os homens pérfidos é rompido sempre que lhes
aprouver, ao passo que o temor que se infunde é alimentado pelo receio de cas�go, que é
um sen�mento que não se abandona nunca. Deve, portanto o príncipe fazer-se temer de
maneira que, se não se fizer amado, pelo menos evite o ódio". 
O príncipe deve escolher por modelo a raposa e o leão. Deve tratar de ser
simultaneamente a raposa e leão, pois, se for apenas leão, não perceberá as armadilhas;
se for apenas raposa, não se defenderá contra os lobos. Diz Maquiavel: Tendo o príncipe
necessidade de saber usar bem a natureza do animal, deve escolher a raposa e o leão,
pois o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender da
força bruta dos lobos. Portanto é preciso ser raposa, para conhecer as armadilhas e leão,
para aterrorizar os lobos."
O novo príncipe deve observar em jamais tornar poderoso outro príncipe, pois seria
trabalhar para sua própria ruína. Também o novo príncipe não se deve permanecer
neutro, pois os que abraçam esta posição quase sempre vão à ruína.
Somente um príncipe já sábio por si mesmo pode ser bem aconselhado. Deve tomar
conselho quando quer e não quando outros o querem. Jamais se deixar dominar por
aqueles que o aconselham. Um bom ministro é aquele que nunca pensa em si mesmo,
mas sempre no príncipe. Mas o príncipe também deve pensar neste seu ministro,
cumulando-o de riquezas, de consideração, de honras e dignidades, para que receie toda
mudança.
K) Como conquistar o estado
“O desejo de conquistar é sem dúvida algo de ordinário e natural, e todo aquele que se
entrega a tal desejo, quando possui os meios para realizá-lo é antes louvado que
censurado; mas formar o desígnio sem poder executá-lo é incorrer na censura e cometer
um erro”. Para todo Estado an�go, novo ou misto, “as principais bases são: boas leis e
boas armas.” Não há boas leis onde não há boas armas. 
• Diz Maquiavel: "Toda ação é designada em termos do fim que se procura a�ngir".
TEXTO COMPLEMENTAR
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NOTAS SOBRE A POLITICA E O ESTADO EM MAQUIAVEL1 - Hannah Arendt
O primeiro capítulo do Príncipe contém o quadro conceitual principal de toda a obra. O Príncipe é
como a condensação dos Discorsi [os Comentários à Primeira Década de Tito Lívio], os Discorsi são
um comentário do Príncipe; a ênfase do Príncipe incide nas “monarquias”, nos Discorsi, sobre as
“repúblicas”, mas a monarquia e a república estão presentes nas duas obras. Para Maquiavel é
decisivo que ele tenha achado uma
nova palavra para designar ambas. Essa palavra é Estado.
O Estado: pouco importa de onde vem a palavra – ela designa o que é estável, sua fazenda
(Burkhardt) – concebido como um “novo sistema” (capítulo 26) que deve ser “introduzido”. Mas, por
outro lado, é algo que já existe. 
O que é o Estado? Os franceses não compreendiam o “Estado”, do contrário jamais teriam permi�do
á Igreja tornar-se tão poderosa (capítulo 3). Em primeiro lugar, pois: o Estado contra a Igreja. Isso
significa duas coisas: a ascensão do secular contra o cris�anismo e a ascensão da nação contra as
ingerências internacionais. (O grande pecado da Igreja foi permi�r que os estrangeiros se instalassem
na Itália. A Itália dividida entre Milão, Nápoles. Veneza, Florença e os estados pon��cios).
Significa também: a ascensão do “homem novo” – os condo�eri que sabem como bem fundar um
Estado e dar às coisas a sua “grandeza” (capítulo 26). Esse homem será o fundador de algo novo. Em
consequência, aparece o conceito de fundação. Ele libertará o seu país; portanto, aparece o conceito
de liberdade.
A ação desse homem novo, que funda uma nova organização, um corpo polí�co, deve seguir certas
normas que são igualmente “novas”: uma nova moralidade, mas não uma razão de Estado. Não é o
Estado, uma ins�tuição, que raciocina, mas os homens. É a necessidade, e não a razão, que
“constrange” os estados a “numerosas coisas a que a razão não nos impele” (Discorsi, I, 6). Mas a
razão não é a necessidade, e a necessidade não é razoável. Se a necessidade está do seu lado, ela
pode impor-lhe a razão ou a não razão. Que a necessidade talvezpudesse ser ela própria razoável,
racional, é uma ideia alheia a Maquiavel.
A primeira frase: “Todos os estados, todos os domínios, que �veram poder sobre os homens eram ou
são seja repúblicas seja principados”. As repúblicas e as monarquias são estados. Elas são meras
formas de governo, e os governos podem ir e vir, o que deveria permanecer é o Estado. Com esse
termos ele não designa a administração ou a maquinaria estatal. Por exemplo: a Rússia é tanto o
Estado czarista quanto a Rússia bolchevista.
Esse “governo” que permanece não é governo, mas o território e o povo, representado pelo Estado.
Enquanto exis�r o povo sobre o território, a Itália, o Estado – o Estado nação – existe.
Dois �po de monarquia: hereditária, como a dos reis e dos imperadores; aqueles que reinam
também sobre territórios que herdaram mas nos quais não nasceram. Ou então recente – são os
condo�eri, pessoas que surgem durante períodos turbulentos e se tornam dirigentes. E pode-se
esperar dos condo�eri, as quais só Maquiavel presta atenção, que eles fundem um novo sistema,
pois eles são “homens novos”. Eles adquiriram essas monarquias pela força das armas ou pela
fortuna e pela virtú.
Temos aqui todos os conceitos. Desde logo temos o Estado, a nova organização que Maquiavel queria
ver fundada. Temos as principais formas de governo, as repúblicas e as monarquias, às quais
devemos juntar a aristocracia (Veneza), mas elas não são muito interessantes para Maquiavel. Pensa
ele que, seja qual for a forma de governo que o Estado assuma, o principal é que dure. Ou ainda:
� Extrato de texto para curso de história das teorias polí�cas pronunciado por Hannah Arendt em 1955 na Universidade 
de Berkeley, que integra a massa de escritos inéditos da autora. Foi u�lizada para a presente publicação a tradução 
francesa por Marie Gaille-Nikodimov publicada no número 397 (abril de 2001) de Magazine Li�éraire. Tradução, �tulo 
e acréscimos entre colchetes por Gabriel Cohn.
Publicado na Revista Lua Nova, SOBRE MAQUIAVEL, Nº 55-56— 2002, p. 298/302
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ainda que os governos possam
mudar, o Estado deve durar; ele pode passar de uma forma a outra. O Estado só é destruído quando
o país é dividido, vale dizer, quando há muitos governos no mesmo país, quando o mesmo povo vive
sob diferentes �pos de regras, ou quando um estrangeiro penetra no país. O conceito de estrangeiro
é muito novo. Ele significa que não são idên�cos todos os cristãos, que um novo princípio de
dis�nção entre os homens se introduz, um princípio que não é religioso mas secular: onde vocês
nasceram, que língua falam, quais as suas lembranças históricas? Maquiavel �nha razão: o Estado
nacional podia desenvolver-se sob a forma da monarquia e da república. Maquiavel contempla
ambas, não do ponto de vista do desenvolvimento histórico mas como igualmente possíveis. Em
consequência, sua discussão das formas de governo, embora muito importante na sua obra, não nos
ocupará. Ela é secundária em relação ao seu principal tema: o Estado. Discu�remos as formas de
governo em Montesquieu, quem, sob muitos aspectos, lembra Maquiavel. Isso nos deixa com os
seguintes conceitos: O Estado; a ascensão de homens novos capazes de fundar – a fundação; virtú e
fortuna como as forças maiores encerradas nesta úl�ma; a grandeza como critério úl�mo.
O Estado: o Estado é um termo para o secular, contra a Igreja e o cris�anismo. Entre os numerosos
estrangeiros a Igreja é a mais perigosa, não somente porque sempre apela aos estrangeiros para
manter seu poder temporal mas porque enquanto poder temporal, e somente como tal, ela atravessa
as fronteiras. Se a Igreja se restringisse à religião isso não seria problema. 
A religião como crença cristã é an�polí�ca. E é somente pela comparação das duas – a religião e a
polí�ca – que podemos compreender o que Maquiavel entendia por ser polí�co, por viver numa
esfera polí�ca. Maquiavel não é um ateu moderno, que não crê em Deus. Ele quer por em risco sua
alma e enfrentar a danação eterna pelo seu país (ver Kant a propósito do orgulho: desprezo pelos
que são bons porque esperam ser recompensados no céu). Talvez haja egoísmo naqueles que vivem
por sua própria salvação ao invés de redimir seu país. Aqueles que não amam o mundo mas amam
sua própria alma são maus para o mundo: a maldade do mundo e a bondade das almas puras. (Este
argumento está sempre presente na fórmula “os que não querem sujar as mãos para permanecer
limpos”, que se ouve em todas as revoluções). Mas essas pessoas [os cristãos] permanecem fora da
esfera pública e não pronunciam exortação nessa esfera, então há um certo respeito. (Cf. o
tratamento de Savonarola).
Há uma razão mais profunda: a Igreja, se fosse aceitável, o que não é o caso, ensinaria os homens
como serem bons (se não faz isso a Igreja é o pior de todos os poderes temporais). E os italianos
tornaram-se tão maus porque a Igreja não cumpre mais o seu dever. Como ela não sabe ensinar aos
homens como serem bons (...) ela os tornou maus. O verdadeiro problema é então o seguinte: que é
a bondade? É possível ser ao mesmo tempo bom e agir na esfera polí�ca?
O principal conceito da ação polí�ca é a glória, que é alcançada pela fortuna e pela virtú: a glória
para um povo ou um príncipe ou quem quer que esteja envolvido nos negócios mundanos. A glória
brilha – doxa [aparência, louvor], aparece, é vista e se faz ver. O príncipe realiza grandes empresas
pela glória eterna e a glória presente. A fama é o prolongamento da glória, é a glória tornada durável.
A glória brilha por si mesma graças a todas as grandes ações e empreendimentos. Ela se difunde. O
homem aparece e se mostra. Em consequência, surge a questão da dis�nção entre aparecer e ser. Em
polí�ca: devemos aparecer, ver e ser vistos, ouvir e ser ouvidos, o que mostramos é o que somos e
não o inverso. O que somos não é importante, é privado. A glória é o apogeu da aparência e ela só é
possível onde outros veem e onde eu sou visto.
A bondade: em sen�do absoluto ela não existe nessa esfera, pois uma boa ação se dissimula. Uma
vez conhecida ela não é mais boa mas vaidade, desejo de aparecer como boa. O conceito de
bondade é o agathon. Jesus: não dizei que sou bom, só nosso pai que está nos céus é bom. O homem
não pode ser bom no sen�do de que tão logo parece sê-lo a bondade se vai; a bondade desaparece
no processo de sua aparição. O embaraço quando a bondade aparece: o príncipe em O Idiota [de
Dostoiévski]. No mundo o homem bom é um idiota, vale dizer, bom no sen�do cristão. Idiota no
an�go sen�do do termo [isolado, só ele].
Maquiavel ensina não a ser bom mas a agir poli�camente no mundo das aparências, onde nada
conta senão o que aparece. O mundo. Eis alguém que ama verdadeiramente o mundo. 
Um outro problema está envolvido nisso, é a questão da imortalidade. A “boa nova” do cris�anismo
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é que a vida, enquanto bios individual, é eterna, que a morte está superada. É a nova mensagem
bem sucedida em face do mundo an�go e, com ele, do pessimismo, e essa mensagem se apodera
desse mundo. Os an�gos acreditavam na eternidade – aei on – da natureza e do universo e na
potencial permanência do mundo. Em consequência buscava sempre o melhor, vale dizer, o governo
mais estável. No seio deste, na polis, na cidade eterna, o homem pode deixar o seu traço e tornar-se
eterno, mas o que ele faz são grandes obras. As ins�tuições polí�cas existem em parte para tornar
possível esse athana�dzein [ ser imortal].
Assim, Aquiles troca sua vida breve por proezas que serão lembradas para sempre (ele precisa de
Homero). A polis ateniense dispensa Homero. 
Temos assim, por este lado, as ideias seguintes: os homens são mortais, eles desaparecem e
aparecem, o mundo con�nua se os homens são bons para o mundo, e o cosmos é aei on
[permanente]. O cosmos é aei porque não foi criado, ele não tem fim porque não tem começo.
Dolado do cris�anismo: o universo é criado, tem um começo, está sujeito a perecer. Mas o homem é
criado à imagem de Deus e par�lha da sua imortalidade. Mas tudo que criam os homens, que são
mortais e criam num mundo mortal, perece. Temos portanto aqui a concepção seguinte: o mundo
está condenado à morte, o universo poderia não durar, são eternos Deus e a vida do homem.
A a�tude em face da polí�ca: os an�gos poderiam tornar-se imortais somente ao juntar algo ao
mundo, que con�nua após a morte. Os cristãos, pelo contrário, estão seguros da imortalidade façam
o que fizerem, e só devem então escolher a “boa vida” para estarem certos da vida além. Os an�gos:
a vida como tal, sendo mortal, nada é senão uma oportunidade para tornar-se imortal. Para os
cristãos: a vida como tal é imortal, e portanto ela é tudo. A vida e o mundo. Vivemos no mundo: a
vida con�nua após ter-se ex�nto o mundo; ou o mundo con�nua após ter-se ex�nta a vida.
Maquiavel não pergunta jamais: para que serve a polí�ca? Isto é muito surpreendente. Ninguém
salvo ele põe inteiramente de lado essa questão. A polí�ca não tem fim mais elevado do que ela
própria. O cris�anismo: a polí�ca deve ser organizada de tal modo que o homem e sua alma possam
estar certos da salvação eterna. Este é o critério úl�mo. Platão e Aristóteles pensavam que a polí�ca
devesse ser organizada de tal modo que a filosofia – o cuidado com as coisas eternas – fosse
possível. Ou: a polí�ca existe para possibilitar a “boa vida” (Aristóteles), enquanto que as
necessidades da mera existência são sa�sfeitas no âmbito domés�co. Ou mais tarde: a polí�ca deve
ser ins�tuída para assegurar uma existência pacífica e prevenir a “morte violenta” (Hobbes).
Maquiavel menciona numa ocasião a necessidade dos homens de se defenderem e que esse é
provavelmente o primeiro mo�vo para os homens juntarem-se em corpos polí�cos. Mas isso não lhe
interessa. A polí�ca não tem fim em si mesma, ela não é um meio. Mas tudo na polí�ca regula-se por
esta máxima: o fim jus�fica os meios. 
II - FORMAS DE GOVERNO
O QUE SÃO FORMAS DE GOVERNO
A teoria das formas de governo se deriva de duas questões básicas: quem governa e como
se governa. Formas de Governo são representações do Poder do Estado (Governo) da
maneira como a sociedade a percebe através da história da humanidade. 
Em ciência polí�ca, chama-se forma de governo (ou sistema polí�co) o conjunto de
ins�tuições polí�cas por meio das quais um Estado se organiza a fim de exercer o seu poder
sobre a sociedade. Cabe notar que esta definição é válida mesmo que o governo seja
considerado ilegí�mo.
Tais ins�tuições têm por obje�vo regular a disputa pelo poder polí�co e o seu respec�vo
exercício, inclusive o relacionamento entre aqueles que o detêm (a autoridade) com os
demais membros da sociedade (os administrados). A forma de governo adotada por um
Estado não deve ser confundida com a forma de Estado (unitária ou federal) nem com seu
sistema de governo (presidencialismo, parlamentarismo, dentre outros).
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Outra medida de cautela a ser observada ao estudar-se o assunto é ter presente o fato de
que é complicado categorizar as formas de governo. Cada sociedade é única em muitos
aspectos e funciona segundo estruturas de poder e sociais específicas. Assim, alguns
estudiosos afirmam que existem tantas formas de governo quanto há sociedades. 
As formas de Governo podem variar conforme o número de pessoas que ocupa o poder
como queria Aristóteles, pela forma como são escolhidos os governantes, pela maneira como
governam, etc.
CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS DE GOVERNO
A primeira classificação sistemá�ca das diferentes Formas de Governo foi realizada por
Aristóteles, que organizou-as tendo em vista a quan�dade de pessoas que governavam:
a) ANARQUIA – Ausência total do governo e do Estado. Segundo a teoria anarquista, os
homens formam comunidades, e se autogovernam. Não deve haver qualquer �po de
imposição de vontade entre os grupos humanos.
b) REALEZA – Governo de um só, o rei. Para Aristóteles, quase sempre a realeza transforma-se
em Monarquia, onde todo o poder emanava dos interesses par�culares do governante
(Monarca). O governo resume-se ao poder e a vontade do soberano. Forma de governo
muito comum na An�guidade e na Idade Média.
c) ARISTOCRACIA – Governo de poucas pessoas, da elite. Para Aristóteles, um grupo de
pessoas assume o poder,pelo costume ou pela força,e vincula seus interesses e opiniões, aos
interesses do Estado. 
Muitos pensadores polí�cos ques�onaram se a elite intelectual de uma sociedade não seria o
corpo ideal para governá-la. Aristóteles aponta entre outros problemas, que quase sempre é
inevitável a degeneração (deterioração) do sistema aristocrá�co, quando o grupo que está no
poder deixa de governar em nome do interesse de todos (bem comum) e passa a governar
em nome dos interesses do próprio grupo transformando-se em Oligarquia (Governo um
grupo). Os interesses do grupo prevalecem sobre os cole�vos. É por exemplo o que ocorreu
com o governo dos grandes la�fundiários brasileiros durante a polí�ca do café com leite até
1929.
d) DEMOCRACIA – Nasceu em Atenas na Grécia, cerca de 500 anos antes de Cristo. Os
atenienses cansados de serem governados por pessoas ou grupos que não representavam
diretamente seus interesses, (caso da Oligarquia, quando foram escolhidos trinta dos mais
destacados cidadãos atenienses para governar o país, e foram chamados dos “30 Tiranos”),
resolveram. Através de um sistema de eleições e sorteios escolhiam os “administradores
execu�vos” da cidade, mas as decisões eram tomadas em praça pública, pelo voto direto.
Sócrates, Platão e Aristóteles nunca foram muito simpá�cos a esse sistema, pois acreditavam
que os líderes populares se u�lizariam de seu carisma e pres�gio para cooptar o povo a
acatar seus pontos de vista. Com o passar do tempo, conforme aumentasse seu pres�gio,
esses líderes conseguiram impor seus interesses sobre os demais, gerando a TIRANIA ou
DITADURA, e quando esta não mais conseguisse se impuser restaria a anarquia.
Apesar das crí�cas a DEMOCRACIA se transformou na forma de governo mais u�lizada e
pres�giada dos úl�mos dois séculos.
MAQUIAVEL
Depois de Aristóteles, Maquiavel, sempre cé�co quanto a possibilidade de uma forma polí�ca
ideal, afirmou que os governos funcionavam por ciclos, cada forma de governo dando origem
a outra subsequente: 
No início das sociedades, como não existe governo prevalece a ANARQUIA. Necessitando de
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uma liderança, os homens recorrem a REALEZA OU MONARQUIA. Com o passar do tempo as
monarquias quase sempre, transformam-se em TIRANIAS (DITADURAS), gerando
descontentamento. Um grupos da elite toma o poder, tendo como forma de governo a
ARISTOCRACIA. A aristocracia (governo da elite), com o tempo tende a transformar-se em
OLIGARQUIA (Governo de um grupo, que visa apenas seus próprios interesses).
O povo descontente escolhe livremente seu próximo governante, criando a REPÚBLICA ou
DEMOCRACIA. O governante eleito, ao sen�r-se fortalecido pelo apoio popular começa a
defender apenas seus próprios interesses, sem ouvir a sociedade, e é deposto. Então temos
novamente a ANARQUIA e o ciclo recomeça.
MONARQUIA E REPÚBLICA
Nos tempos modernos, costuma-se agrupar as formas de governo contemporâneas, em duas
grandes classificações que englobam todas as demais: MONARQUIA e REPÚBLICA. Estas são
as formas de governo u�lizadas na quase totalidade dos Estados contemporâneos.
CARACTERÍSTICAS DA MONARQUIA
Monarquia o governo é representado por uma única personalidade. An�gamente o poder do
rei era total, não havendo divisão de poderes, por isso esta forma de governo era chamada
de MONARQUIA ABSOLUTA. Com o tempo, muitos países evoluíram para a MONARQUIA
CONSTITUCIONAL, ou seja, os poderes do Rei e suas atribuições estão limitados pela
Cons�tuição, que é a lei maior de um Estadosoberano.
As principais caracterís�cas da MONARQUIA são:
a) HEREDITARIEDADE – Transmissão do cargo por consangüinidade (parentesco). Não há
escolha popular, ou mesmo de um grupo.
b) VITALICIDADE – Permanência no cargo até a morte ou doença grave. 
c) IRRESPONSABILIDADE – o Rei não é responsabilizado pelos seus atos administra�vos,
pois não existe nenhum �po de controle externo sobre seu governo. Não existem
órgãos superiores ao Rei que possam fiscalizá-lo.
CARACTERÍSTICAS DAS REPÚBLICAS
As Repúblicas são governos eleitos, direta ou indiretamente pelo conjunto da sociedade, e
expressam a vontade popular na escolha do governante. Tem como caracterís�ca a proibição
de privilégios no exercício do poder polí�co. Além disso, uma das mais importantes
conquistas do sistema republicano é o acesso do cidadão comum as esferas de poder do
Estado. Qualquer cidadão, desde que preenchidos os requisitos, pode ocupar os cargos
ele�vos ou técnico-operacionais do Governo. Ao deixar o cargo, o cidadão volta a seus
“status” anterior perdendo toda autoridade, ou privilégios decorrentes do período em que
ocupou cargo público.
a) TEMPORARIEDADE – Mandatos com prazo pré-determinado, ninguém pode exercer o
poder vitaliciamente.
b) ELETIVIDADE – Par�cipação popular na escolha do chefe de governo (presidente, ou
primeiro ministro). O governante é sempre escolhido através do poder ele�vo da população,
através de diferentes sistemas eleitorais. 
c) RESPONSABILIDADE – Tanto o Chefe de Estado, como o Chefe de Governo, tem de prestar
contas de seus atos, quando no exercício do mandato popular, ou ao ocupar cargos públicos.
A tripar�ção de poderes, o controle popular, o judiciário, etc., são diferentes formas
encontradas para fiscalizar o exercício do poder.
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PAÍSES DO MUNDO DE ACORDO COM SUA FORMA DE GOVERNO EM 2011
  Repúblicas presidencialistas
  Repúblicas semipresidencialistas
  Repúblicas parlamentaristas
  Estados unipar�dários
  Monarquias cons�tucionais parlamentares
  Monarquias absolutas
  Ditaduras militares
  Monarquias cons�tucionais onde o monarca exerce poder pessoalmente
  Repúblicas com um presidente execu�vo dependente do parlamento
  Países que não se encaixam em nenhum dos sistemas polí�cos acima
 CHARLES DE MONTESQUIEU - 1689 - 1755
Charles-Louis de Secondat, ou simplesmente Charles de Montesquieu, senhor de La
Brède ou barão de Montesquieu (castelo de La Brède, próximo a Bordéus, 18 de
Janeiro de 1689 — Paris, 10 de Fevereiro de 1755), foi um polí�co, filósofo e escritor
francês. Ficou famoso pela sua Teoria da Separação dos Poderes, atualmente
consagrada em muitas das modernas cons�tuições internacionais. Aristocrata, filho de
família nobre, nasceu no dia 18 de Janeiro de 1689 e cedo teve formação iluminista
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com padres oratorianos. Revelou-se um crí�co severo e irônico da monarquia
absolu�sta decadente, bem como do clero católico. Adquiriu sólidos conhecimentos
humanís�cos e jurídicos, mas também frequentou em Paris os círculos da boêmia
literária. Em 1714, entrou para o tribunal provincial de Bordéus, que presidiu de 1716 a
1726. Fez longas viagens pela Europa e, de 1729 a 1731, esteve na Inglaterra.
Proficiente escritor, concebeu livros importantes e influentes, como Cartas persas
(1721), Considerações sobre as causas da grandeza dos romanos e de sua decadência
(1734) e O Espírito das leis (1748), a sua mais famosa obra. Contribuiu também para a
célebre Enciclopédia. Morreu em Paris, no dia 10 de Fevereiro de 1755.
O ESPÍRITO DAS LEIS (L'ESPRIT DES LOIS)
Montesquieu elaborou uma teoria polí�ca, que apareceu na sua obra mais famosa, O
Espírito das Leis (L'Esprit des lois, 1748), inspirada em John Locke e no seu estudo das
ins�tuições polí�cas inglesas. É uma obra volumosa, dividida em 6 partes, cada qual em
vários livros, composta de muitos capítulos. Nela, ele discute a respeito das ins�tuições
e das leis, e busca compreender as diversas legislações existentes em diferentes lugares
e épocas. Esta obra inspirou os redatores da Cons�tuição de 1791 e tornou-se na fonte
das doutrinas cons�tucionais liberais, que repousam na separação dos poderes
legisla�vo, execu�vo e judiciário. A per�nência das observações e a preocupação com
o método permitem encontrar no seu trabalho elementos que prenunciam uma
análise sociológica. Eis algumas das principais ideias de Montesquieu expressas nesta
obra tão importante:
As leis escritas ou não, que governam os povos, não são fruto do capricho ou do
arbítrio de quem legisla. Ao contrário, decorrem da realidade social e da História
concreta própria ao povo considerado. Não existem leis justas ou injustas. O que existe
são leis mais ou menos adequadas a um determinado povo e a uma determinada
circunstância de época ou lugar. O autor procura estabelecer a relação das leis com as
sociedades, ou ainda, com o espírito dessas. 
Pontos fundamentais da obra de Montesquieu
Sua preocupação central foi a de compreender, em pri meiro lugar, as razões da
decadência das monarquias, os conflitos intensos que minaram sua estabilidade, mas
também os mecanis mos que garan�ram, por tantos séculos, sua estabilidade, e que
Montesquieu iden�fica na noção de moderação. Essa busca das condições de
possibilidade de um regime está vel, está pre sente em dois aspectos da obra de
Montesquieu: a �pologia dos go vernos, ou a teoria dos princípios e da natureza dos
regimes; e a teoria dos três poderes, ou a teoria da separação (tripar�ção) dos poderes.
a) Das leis em geral
Até Montesquieu, a noção de lei compreendia três dimensões essencialmente ligadas à
ideia de lei de Deus. As leis ex primiam uma certa ordem natural, resultante da vontade
de Deus. Elas exprimiam também um dever-ser, na medida em que a ordem das coisas
estava direcionada para uma finalidade divina. Finalmen te, as leis �nham uma
conotação de expressão da autoridade. As leis eram simultaneamente legí�mas
(porque expressão da autorida de), imutáveis (porque dentro da ordem das coisas) e
ideais (porque visavam uma finalidade perfeita). Montesquieu introduz o conceito de
lei no início de sua obra fundamental, O espírito das leis, para escapar a uma discussão
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vi ciada que, dentro da tradição jurídica sua contemporânea, ficaria limitada a discu�r
as ins�tuições e as leis quanto à legi�midade de sua origem, sua adequabilidade à
ordem natural, e a perfeição de seus fins. Uma discussão fadada a confundir, nas leis,
concepções de natureza polí�ca, moral e religiosa.
Definindo lei como "relações necessárias que derivam da natureza das coisas",
Montesquieu estabelece uma ponte com as ciên cias empíricas, e par�cularmente com
a �sica newtoniana, que ele parafraseia. 
Montesquieu está dizendo, em primeiro lugar, que é possível encontrar uniformidades,
constâncias na variação dos comportamentos e formas de organizar os homens, assim
como é possível encon trá-las nas relações entre os corpos �sicos. Tal como é possível
esta belecer as leis que regem os corpos �sicos a par�r das relações entre massa e
movimento, também as leis que regem os costumes e as ins�tuições são relações que
derivam da natureza das coisas. Com o conceito de lei, Montesquieu traz a polí�ca
para fora do campo da teologia e da crónica, e a insere num campo propria mente
teórico. As ins�tuições polí�cas são re gidas por leis que derivam das relações polí�cas.
As leis que regem as ins�tuições polí�cas, para Montesquieu, são relações entre as
di versas classes em que se divide a população, as formas de organiza ção econômica,
as formas de distribuição do poder etc.
b) Das leis posi�vas
Mas o objeto de Montesquieu não são as leis que regem as re lações entre os homens
em geral, mas as leis posi�vas, isto é, as leis e ins�tuiçõescriadas pelos homens para
reger as relações entre os homens. Montesquieu observa que, ao contrário dos outros
se res, os homens têm a capacidade de se furtar às leis da razão (que deveriam reger
suas relações), e além disso adotam leis escritas e costumes des�nados a reger os
comportamentos humanos. O objeto de Montesquieu é o espírito das leis, isto é, as
rela ções entre as leis (posi�vas) e "diversas coisas", tais como o clima, as dimensões do
Estado, a organização do comércio, as relações en tre as classes etc. Montesquieu tenta
explicar as leis e ins�tuições hu manas, sua permanência e modificações, a par�r de leis
da ciência polí�ca. 
C) Do poder e do governo
Retoma a problemá�ca de Maquiavel, que discute essencial mente as condições de
manutenção do poder. Para Montesquieu: “Há três espécies de governo: o
REPUBLICANO, o MONÁRQUICO e o DESPÓTICO. Para descobrir-lhes a natureza, basta a
ideia que deles tem os homens menos instruídos. Suponho três definições ou, antes,
três fatos: 
a) O Governo Republicano é aquele em que todo o povo, ou apenas uma parte do
povo, tem o poder soberano; 
b) O monárquico, aquele em que uma só pessoa governa, mas por meio de leis fixas e
estabelecidas;
c) No despó�co, uma só pessoa, sem lei e sem regra, tudo conduz, por sua vontade e
por seus caprichos.
Eis o que denomino a natureza de cada governo. É preciso que se examine quais as leis
que decorrem diretamente dessa naturezae que, consequentemente, são as primeiras
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leis fundamentais.”
No que concerne a República, por exemplo, Montesquieu lembra que, por tratar-se de
um governo em que o poder é do povo, é fundamental dis�nguir a fonte do exercício
do poder, e estabelecer criteriosamente a divisão da sociedade em classes com relação
à origem e ao exercício do poder. O povo, diz ele, sabe escolher muito bem, mas é
incapaz de governar porque é movido pela paixão e não pode decidir. Portanto, na
natureza dos governos republicanos está compreendida a relação entre as classes e o
poder.
Curiosa paixão, que tem três modalidades: o princípio da monarquia é a honra; o da
república é a virtude; e o do despo�smo é o medo. Esta é a única paixão propriamente
dita, o único móvel psicológico dos comportamentos polí�cos, razão por que o regime
que lhe corresponde é um regime que se situa no limiar da polí�ca: 0 despo�smo seria
menos do que um regime polí�co, quase uma extcnsão do estado de natureza, onde os
homens atuam movidos pe los ins�ntos e orientados para a sobrevivência.
A honra é uma paixão social. Ela corresponde a um sen�men to de classe, a paixão da
desigualdade, o amor aos privilégios e prerroga�vas que caracterizam a nobreza. O
governo de um só basea do cm leis fixas e ins�tuições permanentes, com poderes
intermediários c subordinados — tal Montesquieu caracteriza a monarquia — só pode
funcionar se esses poderes intermediários orientam sua ação pelo princípio da honra. É
através da honra que a arrogância e os ape�tes desenfreados da nobreza, bem como o
par�cularismo dos seus interesses se traduzem em bem público.
Só a virtude é uma paixão propriamente polí�ca: ela nada mais é do que o espírito
cívico, a supremacia do bem público sobre os interesses par�culares. É por isso que a
virtude é o princípio da república. Onde não há leis fixas nem poderes intermediários,
on de não há poder que contrarie o poder como a nobreza contraria o rei e este à
nobreza, somente a prevalência do interesse público poderia moderar o poder e
impedir a anarquia ou o despo�smo eternamente a espreita dos regimes populares. 
No governo republicano o regime depende dos homens. Sem republicanos não se faz
uma república. Os grandes não a querem e o povo não sabe mante-la. Trata-se de um
regime muito frágil, porque repousa na virtude dos homens. Em todo povo existem
ho mens virtuosos, capazes de colocar o bem público acima do bem próprio, mas as
circunstâncias — isto é, essas famosas "relações que derivam da natureza das coisas" —
nem sempre ajudam.
É possível agora redefinir a natureza dos três governos: o despo�smo é o gover no da
paixão; a república é o governo dos homens; a monarquia é o governo das ins�tuições. 
O despo�smo está condenado à autofagia: ele leva necessaria mente à desagregação
ou às rebeliões. A república não tem princí pio de moderação: ela depende de que os
homens mais virtuosos contenham seus próprios ape�tes e contenham os demais. Na
mo narquia, são as ins�tuições que contêm os impulsos da autoridade execu�va e os
ape�tes dos poderes intermediários. Na monarquia, em outras palavras, o poder está
dividido e, portanto, o poder con traria o poder. Essa capacidade de conter o poder,
que só outro po der possui, é a chave da moderação dos governos monárquicos.
Para Montesquieu, a república é o regime de um passado em que as cidades reuniam 
um pequeno grupo de homens moderados pela própria natureza das coisas: uma certa 
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igualdade de riquezas e de costumes ditada pela escassez. Com o desenvolvimento do 
co mércio, o crescimento das populações e o aumento e a diversifica ção das riquezas 
ela se torna inviável: numa sociedade dividida em classes a virtude (cívica) não 
prospera.
Trata-se, dentro dessa ordem de ideias, de assegurar a existên cia de um poder que seja
capaz de contrariar outro poder. Isto é, trata-se de encontrar uma instância
independente capaz de moderar o poder do rei (do execu�vo). É um problema polí�co,
de correla ção de forças, e não um problema jurídico-administra�vo, de orga nização
de funções.
Na sua versão mais divulgada, a teoria dos poderes é conheci da como a separação dos
poderes ou a equipotência. De acordo com essa versão, Montesquieu estabeleceria,
como condição para o Esta do de direito, a separação dos poderes execu�vo, legisla�vo
e judi ciário e a independência entre eles. A ideia de equivalência consiste em que
essas três funções deveriam ser dotadas de igual poder.
Para que haja moderação é preciso que a instância moderado ra (isto é, a ins�tuição
que proporcionará os famosos freios e con trapesos da teoria liberal da separação dos
poderes) encontre sua força polí�ca em outra base social. Montesquieu considera a
existên cia de dois poderes — ou duas fontes de poder polí�co, mais preci samente: o
rei, cuja potência provém da nobreza, e o povo. É pre ciso que a classe nobre, de um
lado, e a classe popular, de outro la do (na época "o povo" designa a burguesia),
tenham poderes inde pendentes e capazes de se contrapor. Em outras palavras, a
estabilidade do regime ideal está em que a correlação entre as forças reais da
sociedade possa se expres sar também nas ins�tuições polí�cas. Isto é, seria necessário
que o funcionamento das ins�tuições permi�sse que o poder das forças so ciais
contrariasse e, portanto, moderasse o poder das demais. Lida desta forma, como
propõe Althusser, a teoria dos pode res de Montesquieu se torna ver�ginosamente
contemporânea. 
Para Montesquieu a essência do equilíbrio entre os poderes, é que a tripar�ção
desenvolve um sistema de freios e contrapesos, ou seja, nenhum poder possui
autonomia para governar ilimitadamente. A liberdade de cada um dos poderes é
limitada pela competência de seu igual.
Frases de Montesquieu
• A injus�ça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos.
• Liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem.
• A sisudez é a armadura dos tolos.
• Todos os homens são bestas; os príncipes são bestas que não estão atreladas.
• A adversidade é nossa mãe; a prosperidade é apenas uma madrasta.
• A maioria dos homens é mais capaz de grandes ações do que de boas.
• Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se as que lá existem
são executadas, pois boas leis há por toda a parte.
• A liberdade, esse bem que nos permite desfrutar dos outros bens.
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• Qualquer homem é capaz de fazer bem a outro homem; mas contribuirmos para
a felicidade de uma sociedade inteira é parecermo-nos com os deuses.
• Não gosto de Deus, porque não o conheço, nem do próximo, porque o
conheço.
• O que não for bom para a colmeia também não é bom para a abelha.
• A ignorância é a mãe das tradições.
• Normalmente, são tão poucas as diferenças de homem para homem que não há
mo�vo nenhum para sermos vaidosos.
• Se quiséssemos ser apenas felizes, isso não seria di�cil. Mas como queremos
ficar mais felizes do que os outros, é di�cil, porque achamos os outros mais
felizes do que realmente são.
• A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus
princípios.
IV - SISTEMAS DE GOVERNO
PRESIDENCIALISMO E PARLAMENTARISMO
As Repúblicas podem ser PARLAMENTARISTAS ou PRESIDENCIALISTAS.
No Presidencialismo o governante é eleito diretamente pelo povo, em votação específica
para este fim, e tem como função chefiar o execu�vo, com todos os poderes administra�vos
que lhe são delegados pela Cons�tuição. Os integrantes do Poder Legisla�vo são eleitos
separadamente, e tem com atribuição aprovar leis e fiscalizar o execu�vo. O Brasil e os EUA
são exemplos de Repúblicas Federa�vas Presidencialistas. 
Já o regime parlamentarista foi inventado na Inglaterra, num período em que o pais era
governado por reis estrangeiros. Assim, fez-se necessária a existência de um conselho local,
organizar a sociedade e zelar por seus interesses. Com o tempo, mesmo quando man�da
formalmente a figura do monarca, o poder administra�vo era exercido pelos conselheiros,
que posteriormente foram eleitos deputados. O Rei �nha como função somente representar
a unidade e os obje�vos do país. 
PRESIDENCIALISMO
Desde a proclamação da República (1889), o Brasil adotou o presidencialismo, regime tão só
interrompido por breve período, quando con�ngências polí�cas impuseram o
parlamentarismo (EC nº 4 – após renúncia do cargo de Presidente da República subscrita pelo
professor e advogado (eleito) Jânio da Silva Quadros). Teve essa Emenda Cons�tucional breve
duração, pois, fora revogado por plebiscito nacional, que se formalizou através da EC nº 6,
restabelecedora do presidencialismo. 
Tem suas origens na Cons�tuição dos Estados Unidos da América de 1787. No
presidencialismo, exerce o Presidente da República, concomitantemente, as funções de Chefe
de Estado e as de Chefe de Governo, isto é, tem não só as atribuições inerentes à função
polí�ca e administra�va, como ainda é ele o representante legi�mo do Estado inclusive nas
aproximações com os Estados Estrangeiros (o exercício da chefia do Estado e o exercício da
chefia do Governo são entregue a uma mesma pessoa – dizemos ser monocrá�co–). É o
sistema mais rígido, centralizado, tendo em vista, que eleito o Presidente da República será
di�cil �rá-lo do cargo, a não ser por “impeachment” (afastamento defini�vo) pela prá�ca de
crime de responsabilidade. No sistema, o Presidente da República, é o responsável pela
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fixação dos princípios e ação do Poder Execu�vo, auxiliado pelos Ministros de Estado e
(especialmente quando convocado) pelo Vice-Presidente da República. O Presidente da
República é eleito, direta ou indiretamente, por um prazo determinado (atualmente é de
quatro anos, com direito a uma recondução pelo mesmo período = reeleição). Tem poder de
veto. É unipessoal. 
Sobre os princípios básicos do presidencialismo, assim escreve Paulo Bonavides (in Ciência
Polí�ca): “... Cumprem por consequência buscar os verdadeiros traços que nos permitem
dis�nguir ou separar, sem maior equívoco, os conceitos de presidencialismo e
parlamentarismo. Vejamos, pois o que pertence ao presidencialismo, em ordem a
emprestar-lhe a nota configura�va. Três aspectos principais se destacam na fisionomia do
presidencialismo: 
1º ASPECTO = Historicamente é o sistema que perfilhou de forma clássica o princípio da
separação de poderes, que tanta fama e glória granjearam para o nome de Montesquieu na
idade áurea do Estado liberal. O princípio valia como esteio máximo das garan�as
cons�tucionais da liberdade. A Cons�tuição americana o recolheu, tomando-o por base de
todo o edi�cio polí�co. Da separação rígida passou-se com o tempo para a separação menos
rigorosa, branda, atenuada, à medida que o velho dogma evolveu, conservando-se sempre e
invariavelmente”. Entre os traços dominantes de todo o sistema presidencial; 
2º ASPECTO = A seguir, vai deparar no presidencialismo a forma de governo onde todo o
poder execu�vo se concentra ao redor da pessoa do Presidente, que o exerce inteiramente
fora de qualquer responsabilidade polí�ca perante o poder legisla�vo. Via de regra, essa
irresponsabilidade polí�ca total do Presidente se estende ao seu ministério, instrumento da
imediata confiança presidencial, e demissível “ad nutum” do Presidente, sem nenhuma
dependência polí�ca do Congresso. 
3º ASPECTO = Enfim, terceiro e úl�mo aspecto na caracterização do presidencialismo: o
Presidente da República deve derivar seus poderes da própria Nação; raramente do
Congresso, por via indireta. 
Os poderes do Presidente da República conhecem a mais larga extensão. São considerados
assoberbantes e esmagadores e con�nuam em expansão nos dis�ntos sistemas
presidenciais. O presidencialismo tem sido até cri�cado como o regime de um homem só. 
Com efeito, os encargos presidenciais abrangem sumariamente: 
(a) a chefia da administração, através de ministérios e serviços públicos federais, entregue a
pessoa da confiança do Presidente, responsáveis perante este, que livremente os escolhe e
demite; 
(b) o exercício do comando supremo das forças armadas; 
(c) a direção e orientação da polí�ca exterior com atribuições de celebrarem tratados e
convenções, declararem guerra e fazer a paz, debaixo das ressalvas do controle exercido pelo
poder legisla�vo, nos termos estatuídos pela Cons�tuição.
PARLAMENTARISMO
No PARLAMENTARISMO o par�do que obtém a maior bancada (de parlamentares) tem o
direito de escolher um dentre eles para exercer a função de PRIMEIRO-MINISTRO (Chefe de
Governo) com poderes equivalentes pra�camente ao de Presidente da República. Entretanto,
quando um par�do perde a maioria no congresso, o Primeiro-Ministro é subs�tuído por outro
parlamentar escolhido pelo par�do que conquistou o maior número de cadeiras. Também é
possível ao parlamento, des�tuir o primeiro ministro caso ele não esteja correspondendo às
expecta�vas. Para isso é necessário que o parlamento aprove um VOTO DE DESCONFIANÇA,
que depõe o Primeiro-Ministro em exercício. Não existe período de mandato fixo para o
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Primeiro-Ministro. Enquanto seu par�do �ver a maioria no parlamento, caso seus pares
desejem, ele pode prosseguir exercício do mandato. Após as eleições, o par�do polí�co ou a
coligação que teve a maioria dos votos escolhe um primeiro-ministro e os que vão ocupar os
diferentes ministérios e levam esses nomes ao chefe de Estado, que os submete ao
Parlamento.
Melhor explicando, se os nomes forem aprovados pela maioria, esse ministério ou gabinete é
empossado e governa até que haja novas eleições (quatro ou cinco anos depois) ou que
perca a confiança da maioria parlamentar.
Se a maioria, em algum momento, discordar do gabinete, vota uma moção de desconfiança e
o governo cai. A maioria vitoriosa no Parlamento indica ao chefe de Estado o nome dos
novos ministros, que são subme�dos à votação. Se forem aprovados, começam a governar;
se não forem, novos ministros têm de ser escolhidos até que o gabinete indicado tenha o
apoio da maioria dos deputados.
Se a maioria aprovar uma moção de desconfiança contra o gabinete, mas o primeiro-ministro
achar que ele representa a vontade da maioria do povo, dissolve-se o Parlamento e
realizam-se eleições imediatamente (prazo depoucas semanas). O povo então decide a quem
dá maioria. Se ele der maioria aos par�dários do gabinete, este se mantém. Se der aos seus
adversários, cai o governo, e seus oponentes submetem ao Parlamento um novo ministério.
No parlamentarismo, o Execu�vo é um mero delegado da maioria parlamentar. Em um
regime parlamentarista puro, só parlamentares podem ser ministros, e eles comparecem
normalmente às sessões do Parlamento, dando contas de sua atuação e sendo interpelados
por seus pares.
Talvez a caracterís�ca mais destacada do Parlamentarismo seja a separação entre CHEFE DE
ESTADO e CHEFE DE GOVERNO. Isto ocorre, porque alguns países não aboliram formalmente
a Monarquia ou man�veram o cargo de Presidente, mesmo tendo optado pelo regime
PAARLAMENTARISTA. Nestes casos o Rei ou o Presidente, exercem funções não apenas
simbólicas, mas com finalidades específicas.Cada um destes governantes exerce suas funções
de maneira diferenciada:
a) CHEFE DE ESTADO – é responsável pela unidade polí�ca do Estado, encarna os valores
e a finalidade (obje�vos maiores) da sociedade. Representa o País, enquanto
símbolos da unidade nacional, por isso dizemos que tem por caracterís�ca principal a
função de REPRESENTAÇÃO DO ESTADO. O mandato do Chefe de Governo pode ser
vitalício. É o caso do Rei em países como a Inglaterra e Espanha, e do Presidente, em
países como a França.
b) CHEFE DE GOVERNO – exerce efe�vamente a administração execu�va do Estado e a
implementação das polí�cas publicas. São as atribuições do PRIMEIRO MINISTRO.
Normalmente seu mandato é sempre temporário.
O chefe de Estado apenas simboliza a Nação, mas não tem poderes administra�vos. Pode
ser um monarca ou presidente escolhido pelo Parlamento ou eleito diretamente pelo
povo. A rainha da Inglaterra, por exemplo, reina, mas não governa: ela é apenas chefe de
Estado. O chefe do governo é quem governa e administra. Ele é sempre escolhido pelo
Parlamento, que pode des�tuí-lo.
No Brasil, ainda que presidencialista, também temos cons�tucionalmente a dis�nção entre
Chefe de Estado e Chefe de Governo. Ainda que ambos os cargos sejam exercidos
conjuntamente pela mesma pessoa, cabe ao Presidente, segundo a CF:
Como CHEFE DE GOVERNO: 
(a) exercer, com o auxilio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração
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federal (inciso II); 
(b) iniciar o processo legisla�vo, na forma e nos casos previstos nesta Cons�tuição
(inciso III); 
(c) sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execução (inciso IV); 
(d) vetar projetos de lei, total ou parcialmente (inciso V); 
(e) dispor, mediante decreto, sobre:...(inciso VI); 
(f) ainda os (incisos IX a XII). 
Como CHEFE DE ESTADO: 
(a) manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes
diplomá�cos (inciso VII); 
(b) celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do
Congresso Nacional (inciso VIII); 
(c) celebrar a paz, autorizada ou com referendo do Congresso Nacional (inciso XX); 
(d) conferir condecorações e dis�nções honoríficas (inciso XXI); 
(e) ainda os (incisos XIV (somente quanto à nomeação), XV e XVI (somente primeira
parte), XVIII (segunda parte); 
(f) permi�r, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente (inciso
XXII)). 
São muito raros os sistemas parlamentaristas puros, que subsis�ram, sobretudo, nas
Monarquias (Reino Unido, Suécia, Holanda, etc.). Na França, por exemplo, embora o regime
seja chamado de parlamentarista, o chefe de Estado (presidente da República) tem várias
funções de governo, às vezes até superiores às do primeiro-ministro. O poder é dividido entre
os dois.
No Brasil, as formas de parlamentarismo sempre foram impuras. Na Monarquia, �nhamos
um regime parlamentarista, mas o imperador dispunha do "Poder Moderador", o que lhe
permi�a até nomear primeiros-ministros que não dispusessem do apoio da maioria
parlamentar.
Em 1962, tentou-se criar um sistema parlamentarista, com João Goulart como presidente da
República. O sistema nunca funcionou porque o presidente era quem indicava ao Parlamento
o nome do primeiro-ministro. Os chefes de governo que o presidente indicava eram seus
aliados polí�cos, e a direção do país, na prá�ca, con�nuava nas mãos do chefe de Estado. Foi
realizado um plebiscito e o povo resolveu voltar ao presidencialismo.
A Cons�tuição de 1988 é presidencialista, mas repleta de ins�tuições parlamentaristas.
Quando a Cons�tuinte começou a votar a Cons�tuição, pensava-se em estabelecer o regime
parlamentarista, e vários ar�gos foram votados com esse espírito. Depois, aprovou-se o
presidencialismo, mas aqueles ar�gos já estavam na Cons�tuição.
No parlamentarismo, quando há problemas, o governo simplesmente cai. Cabe aos
congressistas formar uma nova maioria, com um novo governo. Quando não conseguem, o
próprio Congresso é dissolvido, e eleições são antecipadas. O sistema permite que governos
considerados bons durem o necessário e que os duvidosos terminem antes do prazo
previsto.
 No parlamentarismo, todo o poder concentra-se no Parlamento, que é, de fato, o único
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poder. Se o governo execu�vo discordar do Parlamento, a maioria dos deputados dissolve
esse governo. A Jus�ça não se opõe ao Parlamento, até porque, em um sistema
parlamentarista puro, a Cons�tuição não é rígida: se uma lei for considerada incons�tucional,
o Parlamento simplesmente altera a Cons�tuição. No Reino Unido, o exemplo mais puro de
parlamentarismo, não há sequer uma Cons�tuição escrita.
As funções parlamentares são exercidas em sua plenitude por uma casa legisla�va que se
pode chamar, por exemplo, de Câmara dos Deputados, Parlamento, Câmara dos Comuns
(Reino Unido) ou Assembleia Nacional (França). Esse poder não pode ser dividido com outra
casa legisla�va que não tenha as caracterís�cas populares do Parlamento. No Reino Unido,
por exemplo, existe a Câmara dos Lordes, mas suas funções são pra�camente decora�vas na
elaboração das leis. Os lordes não des�tuem gabinetes.
SEMI-PRESIDENCIALISMO
O semi-presidencialismo é um sistema de governo no qual o chefe de governo (geralmente
com o �tulo de primeiro-ministro) e o Chefe de Estado (geralmente com o �tulo de
presidente) compar�lham em alguma medida o poder execu�vo, par�cipando, ambos, do
co�diano da administração pública de um Estado. Difere do parlamentarismo por apresentar
um chefe de Estado, geralmente eleito pelo voto direto, com prerroga�vas que o tornam mais
do que uma simples figura protocolar; difere, também, do presidencialismo por ter um chefe
de governo com alguma medida de responsabilidade perante o legisla�vo .
Cenários possíveis: a) Presidente e Primeiro Ministro do mesmo par�do: Cons�tuição
"material"; b) Presidente e Primeiro Ministro de par�dos contrários: Cons�tuição "formal".
-Presidente da República: Chefe de Estado; -Primeiro Ministro: Chefe de Governo.
Legenda
laranja – Repúblicas Parlamentaristas;
verde – Repúblicas Presidencialistas, presidência execu�va ligada a um parlamento;
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amarelo – Repúblicas Presidencialistas, sistema Semi Presidencialista;
azul – Repúblicas Presidencialistas, sistema presidencialista pleno;
vermelho – Monarquias Cons�tucionais Parlamentares, em que o monarca não exerce o poder
pessoalmente;
magenta – Monarquias Cons�tucionais em que o monarca exerce o poder pessoalmente, muitas
vezes (mas nem sempre) ao lado de um parlamento fraco;
púrpura – Monarquias Absolutas;
castanho – Repúblicas em que o papel dominante de um par�do único é codificado na
cons�tuição;
verde escuro – Países em que as disposições cons�tucionais para o governo estejam suspensas;
cinzento – Países quedinâmica do voto distrital.
Com o voto distrital e o distrital misto, os legisladores dariam mais representa�vidade aos
candidatos regionais. Toda região estaria representada nos parlamentos estadual e federal.
Atualmente, um distrito pode ter dois ou mais representantes e outro, nenhum. O voto
distrital é o que existe na Inglaterra, por exemplo. O país é dividido em pequenas regiões,
onde cada par�do lança seus candidatos. O mais votado em cada uma é eleito. O voto
distrital misto é o que existe na Alemanha e, como o nome diz, é uma mistura dos outros dois
� h�p://www.tse.jus.br/arquivos/tre-mg-sistemas-eleitoais
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sistemas: uma porcentagem é eleita pelos distritos e outra, por eleições proporcionais. Alguns
países que adotam o voto distrital:
⦁ Estados Unidos - A Câmara dos Representantes possui 435 membros, escolhidos pelo
sistema distrital puro. Cada distrito elege um deputado por maioria simples. Os
parlamentares têm mandato de dois anos.
⦁ Reino Unido - Os 646 membros do Parlamento britânico são eleitos por voto distrital
com maioria simples, como nos Estados Unidos. A diferença é que o mandato é
maior (5 anos) e pode ser interrompido se o primeiro-ministro convocar eleições.
⦁ Itália - Há uma lista para cada uma das 26 circunscrições em que os distritos são
organizados.
⦁ França - O voto é distrital puro, mas há dois turnos na eleição dos deputados. No
primeiro, ganha quem conseguir mais da metade dos votos, desde que a votação seja
equivalente a pelo menos 25% do eleitorado inscrito. No segundo turno, só concorre
quem teve pelo menos 10% dos votos no primeiro e ganha o mais votado.
⦁ Alemanha - O sistema é misto. Os deputados são eleitos pelos distritos, onde ganha o
mais votado. Os eleitores também votam em listas dos par�dos. O voto na legenda
serve para calcular o espaço a que cada par�do terá direito no Parlamento
A PRIMEIRA ELEIÇÃO NO BRASIL
Em 7 de março de 1821, D. João VI, assinou decreto convocando o povo brasileiro a escolher
os seus representantes, em eleições gerais, para comporem as " Cortes Gerais de Lisboa",
com a finalidade de ser redigida e aprovada a primeira Carta Cons�tucional da monarquia
portuguesa. Juntamente com o decreto anteriormente citado, foram expedidas as "Instruções
para as eleições dos deputados das Cortes do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve".
Como no Brasil, até então, as eleições eram realizadas apenas para se eleger os governos
locais e as câmaras, estas eleições abrangeriam todo o território brasileiro e teriam como
finalidade eleger representantes do povo para um parlamento: as Cortes de Lisboa.
Para que se possa entender o processo eleitoral promulgado pelo Decreto de 7 de março de
1821 [10] e as Instruções para as eleições dos deputados das Cortes do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarve faz-se necessário a transcrição de alguns trechos do referido
Decreto:
O capítulo I dispunha o modo de formar as Cortes, e seu art. 32 determinava:
" (...) cada província há de dar tantos deputados quanto con�ver em sua povoação o número
de 30.000 almas e que se por fim restar um excesso que chegue a 15.000 almas, dará mais
um deputado, e não chegando o excesso da povoação a 15.000 almas, não se contará com
ele."
Já o capítulo II pode-se dividir em duas partes básicas:
a)o art. 34, que estabelecia a forma:
"... se deverão formar Juntas Eleitorais de Freguesias, Comarcas e Províncias... ";
b)e o art. 35, que estabelecia o eleitorado:
"... As juntas eleitorais de freguesias serão compostas de todos os cidadãos domiciliados e
residentes no território da respec�va freguesia (...)".
A revisão bibliográfica dos três ar�gos acima citados [11] revelam:
1) A representação do povo se faria de forma proporcional à população existente;
2) A eleição seria de forma indireta e em quatro turnos e;
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3) O exercício da cidadania através do voto do povo dava legi�midade aos eleitos, já que no
primeiro turno o voto era exercido por todos não havendo qualquer restrição quanto ao
eleitorado.
Finalmente, deve-se esclarecer que a província se dividia em comarcas e estas, em freguesias
e, como já foi dito, todos do povo votavam, não havendo nenhum �po de restrições.

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