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Aula 1:  Economia Política Aplicada.
Nela, abordaremos os conceitos básicos de economia e política, sobretudo a respeito da economia mercantilista e do comércio internacional, além dos pensadores fisiocratas e o poder da natureza.
A Economia Política é uma ciência social que tem a preocupação de estudar como a sociedade produz e distribui os bens e serviços que ela necessita e as leis, regras e normas que ela utiliza para isso, objetivando satisfazer as necessidades humanas diante da escassez de recursos.
Para isso, essa ciência se utiliza de instrumentos de análise teórica e da própria ciência econômica (como a economia descritiva e a história econômica) que produzem conhecimento que servem para um enriquecimento da abstração teórica, que conduz a Economia Política a uma análise da realidade e seus impactos sobre a sociedade.
Além de aprender sobre os fundamentos da economia política e o seu desenvolvimento histórico, você também perceberá que esta ciência reúne as contribuições dos teóricos e suas proposições, enquanto grupos ou indivíduos, e seus posicionamentos diante dos acontecimentos econômicos, sociais e políticos ocorridos em diversos momentos históricos como aqueles desenvolvidos na Grécia Antiga ou na Idade Média, que tornaram possível o surgimento dos estudos científicos da economia política na Idade Moderna.
Tema: Fundamentos Econômicos
A economia é uma ciência que estuda a administração dos recursos existentes em uma sociedade, bem como a escassez desses recursos e os problemas deles decorrentes. O principal objetivo da ciência econômica é o ser humano e sua relação com o ambiente em que vive, por isso a economia é considerada como uma ciência social.
Ela estuda o caminho e as formas de aumentar a produção para melhorar as condições de vida das populações. Analisada historicamente ela pode demonstrar como foi formada a riqueza de uma sociedade.
A economia é uma ciência social por estar ligada aos seres humanos e, por estar ligada as suas relações sociais, também é uma ciência política.
A Economia Política, estabelecida ainda no período aristotélico, na Grécia Antiga, é uma ciência teórica baseada nos estudos de como o ser humano produz e distribuiu sua produção, levando em consideração as leis e regras que regem a sociedade.
O economista francês Antoine de Montchrestien (1575-1621), foi um dos primeiros teóricos do mercantilismo e ao qual se atribui a criação da expressão “economia política”. Na obra Traité de l´Économie Politique de 1616 (Tratado de Economia Política), esse economista sustentou que a ordem social exige a submissão dos mais fracos aos mais fortes e que a guerra contra o estrangeiro é útil à paz interna de uma nação.
Para sobreviver frente às dificuldades encontradas durante seus milhares de anos, o ser humano optou por três vias para assegurar a sua existência. Conheça-as clicando nos botões a seguir.
· Proporcionar a sua continuidade através da organização da sociedade em torno da tradição, passando de pai para filho as tarefas a serem desempenhadas na sociedade.
· Uso do chicote das regras autoritárias para garantir que as tarefas fossem executadas.
· Desenvolvimento de um surpreendente arranjo no qual a sociedade asseguraria sua própria continuidade deixando cada indivíduo fazer o que escolhesse como conveniente para ele - desde que obedecesse à regra principal de orientação: “o sistema de mercado”.
O sistema de mercado, visto como uma iniciativa individual e egoísta do ser humano pelos defensores do liberalismo, teve sua base referencial no Princípio das Leis Naturais, abordada por muitos teóricos defensores da riqueza e do poder gerado pela natureza, dentre eles os fisiocratas, que em oposição ao Estado absolutista exigiram o fim da intervenção do Estado na economia estabelecida no modelo mercantilista. Em seus “Manuscritos Econômicos e Filosóficos”, Karl Marx (1818-1883) estabelece uma relação entre a economia apresentada pelos economistas clássicos Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1722-1823) e a Economia Política. A descrição desse debate teórico a partir de uma tentativa de reconstrução histórica é abordada a seguir com os mercantilistas.
Tema: Economia e Política
De acordo com SANDRONI (2007) a Economia Política “é a ciência que estuda as relações sociais de produção, circulação e distribuição dos bens materiais, definindo as leis que regem tais relações”. Descrita primeiramente por Aristóteles, na junção das três palavras gregas: oikos, nomos e pólis (casa, leis, cidade), a Economia Política é a ciência que estuda como os indivíduos (ou grupos) produzem os bens que necessitam em sua casa, ou cidade, e como as leis são estabelecidas pelo Estado para que todos tenham acesso ao resultado desse processo produtivo. 
· Antoine de Montchristien (1575-1621), em seu Tratado de Economia Política (1616), afirma que o Estado tem o papel de controlar a produção de bens e serviços e organizar as leis para que a sociedade tenha acesso a esses bens e serviços.
· Jean Baptiste Say (1767-1832), industrial e economista francês, afirmou que a economia política representa o conhecimento sobre como se forma a riqueza e como ela é distribuída e apropriada pela sociedade e pelo Estado.
· Para John Stuart Mill (1806-1873), em seu livro: “Princípios de Economia Política com algumas de suas Aplicações à Filosofia Social”, publicado em 1848, delineia a Economia Política como o conhecimento sobre a formação da riqueza e como ela é distribuída e apropriada pela sociedade e pelo Estado. Para esse autor, ela estuda como se constitui historicamente a diversidade entre a riqueza e a pobreza, a razão pela qual ela é apropriada no presente e como poderá ocorrer essa apropriação no futuro, além das leis que as regulam.
Tendo em vista que a Economia Política é o ramo de conhecimento que estuda como o ser humano se organiza para obter renda, produzir, distribuir e adquirir os bens e serviços de que necessita tendo em vista as normatizações existentes para que isso ocorra, é importante destacar que ao relacionar a Economia Política aos economistas clássicos, Karl Marx (1818) a entende como uma ciência que analisa a realidade e descreve como se materializou historicamente o processo de acumulação capitalista, a partir de um conjunto de conhecimentos que tem como objetivo verificar os aspectos sociais da produção, distribuição, consumo e acumulação de capital sem deixar de apontar que esse processo ocorreu a partir da exploração do trabalho por parte do capitalista.
Nos manuscritos econômicos escritos por Marx (1818-1883) em 1844, ele enfatiza que a economia política busca justificar o processo de acumulação de capital através da exploração dos trabalhadores.
Ao escrever seu manuscrito Marx critica a economia política desenvolvida pelos economistas clássicos como Adam Smith e David Ricardo. Marx questiona como os economistas clássicos apresentam a Economia Política ao enfatizar que a riqueza dos capitalistas vem do individualismo, da ganância e da competição e escondem que o capitalismo advém de um processo de acumulação historicamente construído e que favorece o surgimento do monopólio, da concentração de renda, da exploração dos trabalhadores na guilda e da concentração da propriedade. Para Marx a verdadeira análise do sistema econômico capitalista deve levar em conta que ele é um sistema de alienação, de propriedade privada, de ganância, de separação entre trabalho, capital e terra, troca e competição, valor e desvalorização do homem, monopólio e sistema do dinheiro. Saiba mais sobre a Economia Política de Karl Marx clicando no botão a seguir. 
Na Economia Política de Karl Marx, o sistema econômico capitalista é um sistema econômico que favorece o processo de acumulação e desfavorece quem trabalha. Quanto mais o trabalhador produz riqueza mais pobre ele fica, pois, a mão-de-obra é uma mercadoria e quanto mais se produz mercadoria mais barata ela fica. A apropriação do resultado do trabalho por parte do capitalista justifica o processo de alienação. Quanto mais objetos o trabalhador produzir,menor será a sua possibilidade de adquiri-los. Nesse sentido, o trabalhador necessita da mercadoria que produz para sobreviver, resultado de seu próprio trabalho. O problema é que o trabalhador recebe salário de subsistência, o que dá apenas para adquirir o mínimo necessário para a sua sobrevivência.
No discurso dos Economistas Clássicos, segundo Marx, os defensores da exploração capitalista, escondem a verdadeira origem do sistema de alienação do trabalho porque não analisam a relação entre os trabalhadores e o que, o quanto, o como e para quem produzem. Dessa forma escondem que o trabalhador produz bens diversos para os ricos aos quais ele jamais terá acesso, o que acentua ainda mais as diferenças entre quem trabalha e quem vive do trabalho alheio. Marx, destaca que o trabalhador produz castelos e não tem onde morar, cria maravilhas e belezas e só tem acesso àquilo que é feio. Os economistas clássicos não analisam que os trabalhadores criam máquinas que irão substituir a sua mão-de-obra e que o sistema transforma o próprio trabalhador em máquina.
Tema: Economia Mercantilista e Comércio Internacional
Os mercantilistas, limitando sua análise ao âmbito da circulação de bens, aprofundaram o conhecimento de questões como as da balança comercial, das taxas de câmbio e dos movimentos de dinheiro. Entre os principais representantes da doutrina está o francês Antoine de Montchrestien e os ingleses Thomas Greshan e Thomas Mun.
O economista francês Antoine de Montchrestien (1575-1621), preconizou o termo Economia Política no período mercantilista em sua obra Traité de l´Économie Politique de 1616 (Tratado de Economia Política), esse economista, propôs uma crescente intervenção do Estado em todas as atividades econômicas, obrigando as pessoas a trabalharem, criando manufaturas estatais e reservando o comércio aos nascidos na França. Considerava o comércio a mais importante atividade econômica e o lucro do comerciante elogiável. Para esse mercantilista, importantes para a riqueza de uma nação são os meios de atrair metais preciosos para o país, o incremento das exportações e o estabelecimento de colônias no exterior.
Como conselheiro da rainha Elizabeth I (1533– 1603) e atuando como chefe da casa da moeda inglesa, Thomas Greshan (1519-1579) promoveu a restauração do valor da libra, que tinha sido desvalorizada por Henrique VIII (1491-1547), e criou a Bolsa de Valores de Londres. Atribui-se a ele a formulação da Lei de Greshan. A Lei de Greshan é uma lei econômica quando duas moedas têm circulação legal em um país, em que “a moeda má expulsa a moeda boa” de circulação. Isso acontece porque a moeda considerada boa tende a valorizar-se cada vez mais e desaparece de circulação (ou porque é entesourada, ou porque é fundida e trocada por uma maior quantidade de moeda má, ou porque é reservada para a realização de pagamentos internacionais). O enunciado dessa lei econômica aparece em diversos escritos anônimos do Século XVI.
Um dos principais teóricos do mercantilismo foi o economista inglês Thomas Mun (1575-1641). Filho de um comerciante londrino dedicou-se com êxito à mesma carreira, viajando pela Itália e pelo Oriente Médio. De 1615 até o fim da vida foi Conselheiro da Companhia das Índias Orientais, cuja atuação defendeu na obra A Discourse of trade fron England unto the East Indies (Dissertação sobre o Comércio da Inglaterra com as Índias Orientais) de 1621. Esse mercantilista afirmou que por meio das reexportações a companhia devolvia ao país maior lastro em metais preciosos que o gasto por ela nas importações. Sua obra principal foi England’s Treasury by Forraign Trade (O Tesouro da Inglaterra obtido pelo Comércio Exterior), obra escrita em 1630, mas só publicada em 1664. Nela se encontra a primeira bem fundamentada defesa do capitalismo comercial. Mun mostra a importância da burguesia comercial no processo econômico visto como um todo e considera o comércio exterior o principal instrumento do enriquecimento de um país. Dá pouca importância à mera acumulação de metais preciosos (exceto como reserva de emergência), na medida em que ela depende da balança comercial.
Uma das mais claras exposições sobre a política mercantilista foi escrita por Phillip von Hornick (1638-1712). Ele escreveu em 1684, um tratado chamado “A Áustria acima das outras nações, se ela assim o desejar”, listando as “9 regras mais importantes da economia nacional”. Saiba quais são elas, clicando nos botões a seguir:
1. Estudar o solo do país com o máximo cuidado de forma a considerar todas as possibilidades agrícolas de cada pedacinho de terra.
2. Todos os produtos primários de um país que não puderem ser usados em sua forma natural devem ser manufaturados dentro do próprio país.
3. A população tem de ser tão grande quanto a possibilidade de um país de suportá-la.
4. Os habitantes devem fazer todos os esforços para se contentar com os produtos domésticos.
5. Todo ouro e toda prata de um país não deve ser retirado sob nenhum pretexto.
6. Produtos primários estrangeiros não devem ser trocados por ouro e prata, mas por outros artigos domésticos.
7. Os produtos devem ser importados in natura e transformados dentro do país.
8. Deve-se vender aos estrangeiros bens manufaturados.
9. O país não deve importar produtos cuja oferta interna seja suficiente e na qualidade desejada.
A preocupação com a obtenção de um saldo positivo nas transações econômicas com outros países ou colônias, levou os mercantilistas a desenvolverem um sistema contábil, semelhante ao que chamamos modernamente de “balança de pagamentos”. Um dos precursores desse sistema foi Edward de Misselden (1608-1654).
Misselden assinala como as transações do comércio internacional afetam a política monetária dos países. Para tanto ele concebe um balanço de pagamentos contendo as seguintes contas:
1. Balança Comercial: a. Mercadorias visíveis; b. Itens invisíveis;
2. Conta de Capital: a. Capital de Curto Prazo; b. Capital de longo prazo;
3. Transferências unilaterais;
4. Ouro e prata;
5. Erros e omissões.
Em seu livro, publicado em 1623, Misselden calcula pela primeira vez o Balanço de Pagamentos da Inglaterra.
No período em que predominou o mercantilismo, no interior da Europa o comércio quase não existia. As estradas eram poucas e suas condições de tráfegos eram péssimas. Os reinos cobravam altos pedágios daqueles que precisavam atravessar suas terras. Nesse período, cada região possuía uma moeda diferente, o que dificultava o comércio e prevalecia as relações econômicas entre os feudos.
Aos poucos, com o desenvolvimento do artesanato, as trocas entre os feudos foram se intensificando. Surgiram as feiras com o objetivo de proporcionar uma maior comercialização entre os feudos. Alguns servos abandonavam o trabalho agrícola e passavam a se dedicar cada vez mais ao artesanato, transformando-se em ferreiros, sapateiros, marceneiros, tecelões, etc. As feiras deram origem a pequenas cidades de comerciantes, que no interior da Europa, foram chamados de burgos. Nos burgos, começaram a surgir ricos comerciantes que eram chamados de burgueses.
Em quinhentos anos, nesse período chamado de Idade Média, aproximadamente mil cidades foram criadas interligadas por estradas rudimentares que funcionavam para impulsionar as transações comerciais. Dessa forma, o poder começou a gravitar nas mãos daqueles que mexiam com o dinheiro, os mercadores, também conhecidos como burgueses, e passou a distanciar-se da desdenhosa nobreza que não entendia de dinheiro.
Por outro lado, alguns intelectuais passaram a fazer frente à cobrança de impostos e o controle dos reinos sobre a riqueza. Boa parte deles passou a defender o setor produtivo rural como o principal gerador de riqueza, como os Fisiocratas. Esse grupo de pensadores dá origem a uma escola de pensamento econômico que ficará conhecida como Escola Fisiocrata.
Tema: Os Pensadores Fisiocratas e o Poder da Natureza
Durante o século XVIII, um grupo de economistas franceses combateu as ideias mercantilistas e formulou, pela primeira vez, de maneira sistemática e lógica,uma Teoria do Liberalismo Econômico. Esse grupo ficou conhecido como fisiocratas, pois transferiram o centro da análise do âmbito do comércio para o da produção.
Os fisiocratas liderados por François Quesnay (1694-1774) criaram a noção do produto líquido: sustentaram que somente a terra, ou a natureza (physis, em grego), é capaz de realmente produzir algo novo (só a terra multiplica, por exemplo, um grão de trigo em muitos outros grãos de trigo). As demais atividades, como a indústria e o comércio, não fazem mais do que transformar ou transportar os produtos da terra (daí a condenação ao mercantilismo, que estimulava essas atividades em detrimento da agricultura).
Os fisiocratas dividiam a sociedade em três classes:
1. A classe produtiva (colonos e agricultores);
2. Os proprietários territoriais;
3. Classe industrial (ou improdutiva).
Assim, os agricultores e proprietários compram produtos e serviços dos demais grupos, que retornam essa renda comprando produtos agrícolas (o que é exposto no Tableau Économique, de Quesnay). Os fisiocratas achavam que isso correspondia a uma ordem natural regida por leis imutáveis como as leis físicas. Para eles, toda intervenção do Estado era condenável quando não se limitava a garantir essa ordem natural. Por isso, defenderam a mais ampla liberdade econômica (contra as barreiras feudais, ainda imperantes na época, e o intervencionismo mercantilista). Também lançaram a célebre máxima do liberalismo: laissez-faire, laissez-passer (deixa fazer, deixa passar).
Também propuseram a supressão de todas as taxas, com sua substituição por um imposto único, que incidiria sobre a propriedade, já que esta seria a única fonte de riqueza e os proprietários apenas se apropriariam da renda da terra sem contribuir para o aumento do produto líquido, enquanto os agricultores, os comerciantes e os artesãos deveriam ficar aliviados da carga tributária para que se facilitasse a circulação da renda.
De acordo com os fisiocratas, para manter essa ordem natural, o Estado deveria assumir o papel exclusivo de guardião da liberdade econômica. O principal representante dos fisiocratas foi François Quesnay (1694-1774), ao qual se juntaram outros nomes importantes na defesa da fisiocracia como Anne Robert Jacques Turgot (1727-1781), Conde de Mirabeau (1749-1791) e Pierre Samuel Du Pont de Nemour (1739-1817).
Outro economista de especial destaque foi William Petty (1623-1687), que é considerado o precursor da Escola Clássica. Fundador do método estatístico na análise dos fatos econômicos, enfatizou a divisão do trabalho e introduziu os fatores de produção (terra, capital e trabalho) como estrutura básica do funcionamento da economia.
O laissez faire, laissez passer, termo atribuído a Jacques Vincent de Gournay (1712-1759), um comerciante ligado aos fisiocratas, influenciou as ideias de Quesnay e Turgot, por defender a não restrição ao livre comércio e, ao contrário de Quesnay, que destacava a importância da agricultura, atribuiu importância à indústria. As contribuições de Gournay foram fundamentais para o fortalecimento dos ideais da burguesia.
O conteúdo discutido nesta rota tem como objetivo proporcionar a você o acesso aos fundamentos básicos da economia política de tal forma que possa entender como ocorre o posicionamento dos indivíduos ou grupos sociais diante de fatos ou acontecimentos que envolvem a economia, a sociedade e a política. E que a partir de teorias desenvolvidas por diversos economistas durante vários séculos é possível perceber, que os mercantilistas vão buscar argumentos para justificar a defesa de interesses dentro da sociedade em que vivem, enquanto do outro lado, os fisiocratas vão firmar posição na economia política defendendo o poder político e econômico da classe capitalista rural.
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Aula 2: Economia Política Aplicada.
Nela, você terá acesso aos seguintes conteúdos:
· O liberalismo econômico de Adam Smith;
· A Teoria do Valor do Trabalho de David Ricardo;
· As contribuições de Malthus, Say e Mill à Economia Política.
Contextualizando
Você já aprendeu que a Economia Política estuda a sociedade, não é mesmo? E nesta aula você irá aprender como a sociedade produziu e distribuiu os bens e serviços que formaram a sua riqueza através dos tempos. Para justificar o processo de produção, distribuição e acúmulo de riqueza, muitas teorias científicas foram formuladas, algumas delas até questionando as regras, leis e normas estabelecidas para garantir todo esse processo.
A partir da teoria clássica, será possível entender como a burguesia buscou superar o discurso dos mercantilistas, que defendiam a forte presença do Estado Absolutista (que imputava o seu poder) para justificar o acúmulo de metais preciosos e a manutenção das colônias como forma de aumentar a sua exploração e expandir-se comercialmente.
Assim você perceberá que, apesar de se apropriar de um arcabouço teórico importante dos economistas políticos fisiocratas, a economia clássica vai questionar teórica e cientificamente a importância da produção da terra na determinação da riqueza e o poder na sociedade.
Iremos abordar também as contribuições dos economistas clássicos como Adam Smith (1723-1790), David Ricardo (1722-1823), Thomas Malthus, Jean Baptiste Say (1767-1832) e John Stuart Mill (1806-1873), que baseados no modo de produção industrial capitalista apontam formas para manutenção e ampliação do acúmulo de capital.
Introdução à Economia Política dos Clássicos
Com o desenvolvimento do Mercantilismo e o surgimento das cidades, e a infraestrutura criada para ligar uma cidade a outra, a burguesia europeia acumulou riquezas com o comércio proporcionando a implantação de manufaturas nos principais burgos europeus.
As manufaturas deram um grande impulso às cidades, sendo primeiramente instaladas em galpões, com os instrumentos e matérias-primas necessários para realizar a produção. Elas eram propriedade das famílias burguesas mais abastadas, que buscaram contratar os melhores artíficies para trabalhar como seus assalariados.
A burguesia negociava os produtos elaborados pelos artesãos por um preço de venda muitas vezes superior ao seu custo de produção. As manufaturas representaram a primeira forma de produção capitalista.
As manufaturas impulsionadas pela fabricação de tecidos proporcionaram a derrocada do modo de produção feudal. Para HIELBRONER (1996), a Inglaterra passou de um país de pequenos proprietários rurais livres para um país de grandes latifúndios nas mãos dos lordes ingleses, que substituíram as pequenas propriedades agrícolas, por extensas pastagens de ovelhas. Tal fato fez a rainha da Inglaterra afirmar a existência de mendigos em toda Inglaterra. Até o surgimento das manufaturas, o artesão dominava todo o processo de produção do produto. Com o passar do tempo, ampliaram-se as necessidades de produção e acumulação de riquezas por parte da burguesia. Tais necessidades proporcionaram inovações no modelo de produção manufatureiro. 
Conforme SAES e SAES (2013) e SANDRONI (2007) a principal exportação inglesa, no século XVI era a produção de tecidos de lã, porém, a sua produção de tecidos de algodão, dada a pouca tecnologia, era pequena e pouco competitiva em relação a qualidade dos tecidos importados da China e da Índia.
Com algumas manobras políticas e imposições e proibições, como as do Tratado de Methuen, assinado em 1703 e revogado somente em 1842 (Tratado de Panos e Vinhos), a Inglaterra conseguiu impor ao mundo português os seus tecidos. Ela também reprimiu a produção de tecidos na Ásia para garantir mercados aos seus produtos, e com isso, em pouco tempo os tecidos ingleses passaram a ter grande demanda no total das exportações.
Saiba mais sobre o Tratado de Methuen clicando no botão a seguir.
As inovações no processo de produção dos tecidos ingleses como a lançadeira Kay nas máquinas de fiação, inventada em 1733, deu grande impulso à produção. Mas, foi a máquina de fiar water frame de Arkwright, patenteada em 1769, que possibilitou o grande salto na indústria de tecidos inglesa.sEssa máquina era movida à energia hidráulica e por isso, muitas das fábricas foram se instalar próximas as fontes de energia, ou seja, beiras de rios e corredeiras.
As invenções e patentes surgiam em muito pouco tempo, em 1770, foi patenteada por James Hargreaves a máquina de fiar ou a spinning Jenny. Alguns anos mais tarde, Cartwright, inventa o tear mecânico que vai intensificar o processo de produção, com grande utilização a partir do início do Século XIX.
A invenção da máquina a vapor de movimentos circulatórios, de James Watt, em 1781, impôs outro ritmo à produção e foi empregada em muitos processos, inclusive na indústria do ferro. Com a indústria do ferro e das máquinas a vapor, foi possível implantar na Inglaterra a produção de máquinas para fazer outras máquinas, ou seja, a produção de bens de capital e, com a utilização do carvão, essa produção proporcionou o avanço para a chamada Grande Revolução Industrial.
Se por um lado, a inovação tecnológica, com a introdução de tantas alterações no processo de produção trouxe benefícios e ampliou o lucro dos donos dos meios da infraestrutura e do capital, por outro, trouxe sérias consequências para os pequenos tecelões e oficinas de artesãos que viram declinar os preços dos seus produtos e seus fregueses sumirem diante da brutal concorrência desigual do capital manufatureiro e industrial, levando ao fechamento de inúmeras oficinas de diferentes setores da economia.
Outro grande problema social, foi o aumento populacional na Grã-Bretanha, que conforme SANDRONI (2007) “passou de 7 para 20 milhões entre 1750 e 1850, o que ampliou a oferta de mão de obra e o mercado consumidor”. Nessa época, o desemprego passou a ser um dos principais problemas sociais das cidades britânicas.
Com a introdução dos teares mecânicos no processo de produção, muita mão de obra foi dispensada, causando reações diversas entre os trabalhadores. Uma delas foi o Movimento Ludista, ou Movimento dos Quebradores de Máquinas, puxado por Nedd Ludd, um operário inglês, que ao ser demitido de uma fábrica, devido a introdução de um tear mecânico, começou a quebrá-lo a marteladas. Outros operários também passaram a invadir fábricas e quebrar todo tipo de máquinas que encontravam durante os anos de 1811 até meados de 1812, quando o movimento teve seu fim anunciado após o estabelecimento de uma Lei que condenava à pena de morte e deportação qualquer pessoa que quebrasse máquinas.
A acumulação de riquezas por parte da burguesia lhes trouxe a possibilidade de enviar seus filhos para estudar em instituições religiosas, onde até então, somente sacerdotes e a nobreza tinham acesso ao conhecimento disponível nas grandes bibliotecas religiosas. A partir do saber sistematizado e elaborado durante muitos séculos, começam a surgir teorias que iniciam um processo de justificativa dos ideais burgueses, frente à existência e manutenção da nobreza. Tais teorias passam a pregar o fim dos reinos, tendo como objetivo a liberdade para o lucro. A essa corrente de pensamento burguês dá-se o nome de Liberalismo.
O Liberalismo inaugura a Escola Clássica da Economia. Essa escola surge como uma reação frente ao Mercantilismo e também como forma de se contrapor às ideias fisiocratas. Nela, aproveitando-se da principal bandeira da Fisiocracia, a noção de ordem natural, a partir do laissez faire, laissez passer, Adam Smith (1723-1790) contribuiu para o desenvolvimento da sociedade capitalista, escrevendo um livro chamado “A Riqueza das Nações: investigação sobre a sua natureza e causas”.
O Liberalismo Econômico vai ser a base teórica de sustentação do modo de produção capitalista. Em 1720, a Inglaterra tinha aproximadamente 1,5 milhão de pobres, um número assustador se fosse levado em conta que a população total de todo o mundo, era de apenas 12 ou 13 milhões. Naquela época, escreve Smith “era comum uma mãe por 20 filhos no mundo e sobrarem apenas dois vivos” tal era o índice de mortalidade infantil.
Tema 1: Introdução à Economia Política dos Clássicos
Com o desenvolvimento do Mercantilismo e o surgimento das cidades, e a infraestrutura criada para ligar uma cidade a outra, a burguesia europeia acumulou riquezas com o comércio proporcionando a implantação de manufaturas nos principais burgos europeus.
As manufaturas deram um grande impulso às cidades, sendo primeiramente instaladas em galpões, com os instrumentos e matérias-primas necessários para realizar a produção. Elas eram propriedade das famílias burguesas mais abastadas, que buscaram contratar os melhores artíficies para trabalhar como seus assalariados.
A burguesia negociava os produtos elaborados pelos artesãos por um preço de venda muitas vezes superior ao seu custo de produção. As manufaturas representaram a primeira forma de produção capitalista.
As manufaturas impulsionadas pela fabricação de tecidos proporcionaram a derrocada do modo de produção feudal. Para HIELBRONER (1996), a Inglaterra passou de um país de pequenos proprietários rurais livres para um país de grandes latifúndios nas mãos dos lordes ingleses, que substituíram as pequenas propriedades agrícolas, por extensas pastagens de ovelhas. Tal fato fez a rainha da Inglaterra afirmar a existência de mendigos em toda Inglaterra. Até o surgimento das manufaturas, o artesão dominava todo o processo de produção do produto. Com o passar do tempo, ampliaram-se as necessidades de produção e acumulação de riquezas por parte da burguesia. Tais necessidades proporcionaram inovações no modelo de produção manufatureiro.
Conforme SAES e SAES (2013) e SANDRONI (2007) a principal exportação inglesa, no século XVI era a produção de tecidos de lã, porém, a sua produção de tecidos de algodão, dada a pouca tecnologia, era pequena e pouco competitiva em relação a qualidade dos tecidos importados da China e da Índia.
Com algumas manobras políticas e imposições e proibições, como as do Tratado de Methuen, assinado em 1703 e revogado somente em 1842 (Tratado de Panos e Vinhos), a Inglaterra conseguiu impor ao mundo português os seus tecidos. Ela também reprimiu a produção de tecidos na Ásia para garantir mercados aos seus produtos, e com isso, em pouco tempo os tecidos ingleses passaram a ter grande demanda no total das exportações.
Saiba mais sobre o Tratado de Methuen clicando no botão a seguir.
As inovações no processo de produção dos tecidos ingleses como a lançadeira Kay nas máquinas de fiação, inventada em 1733, deu grande impulso à produção. Mas, foi a máquina de fiar water frame de Arkwright, patenteada em 1769, que possibilitou o grande salto na indústria de tecidos inglesa.s Essa máquina era movida à energia hidráulica e por isso, muitas das fábricas foram se instalar próximas as fontes de energia, ou seja, beiras de rios e corredeiras.
As invenções e patentes surgiam em muito pouco tempo, em 1770, foi patenteada por James Hargreaves a máquina de fiar ou a spinning Jenny. Alguns anos mais tarde, Cartwright, inventa o tear mecânico que vai intensificar o processo de produção, com grande utilização a partir do início do Século XIX.
A invenção da máquina a vapor de movimentos circulatórios, de James Watt, em 1781, impôs outro ritmo à produção e foi empregada em muitos processos, inclusive na indústria do ferro. Com a indústria do ferro e das máquinas a vapor, foi possível implantar na Inglaterra a produção de máquinas para fazer outras máquinas, ou seja, a produção de bens de capital e, com a utilização do carvão, essa produção proporcionou o avanço para a chamada Grande Revolução Industrial.
Se por um lado, a inovação tecnológica, com a introdução de tantas alterações no processo de produção trouxe benefícios e ampliou o lucro dos donos dos meios da infraestrutura e do capital, por outro, trouxe sérias consequências para os pequenos tecelões e oficinas de artesãos que viram declinar os preços dos seus produtos e seus fregueses sumirem diante da brutal concorrência desigual do capital manufatureiro e industrial, levando ao fechamento de inúmeras oficinas de diferentes setores da economia.
Outro grande problemasocial, foi o aumento populacional na Grã-Bretanha, que conforme SANDRONI (2007) “passou de 7 para 20 milhões entre 1750 e 1850, o que ampliou a oferta de mão de obra e o mercado consumidor”. Nessa época, o desemprego passou a ser um dos principais problemas sociais das cidades britânicas.
Com a introdução dos teares mecânicos no processo de produção, muita mão de obra foi dispensada, causando reações diversas entre os trabalhadores. Uma delas foi o Movimento Ludista, ou Movimento dos Quebradores de Máquinas, puxado por Nedd Ludd, um operário inglês, que ao ser demitido de uma fábrica, devido a introdução de um tear mecânico, começou a quebrá-lo a marteladas. Outros operários também passaram a invadir fábricas e quebrar todo tipo de máquinas que encontravam durante os anos de 1811 até meados de 1812, quando o movimento teve seu fim anunciado após o estabelecimento de uma Lei que condenava à pena de morte e deportação qualquer pessoa que quebrasse máquinas.
A acumulação de riquezas por parte da burguesia lhes trouxe a possibilidade de enviar seus filhos para estudar em instituições religiosas, onde até então, somente sacerdotes e a nobreza tinham acesso ao conhecimento disponível nas grandes bibliotecas religiosas. A partir do saber sistematizado e elaborado durante muitos séculos, começam a surgir teorias que iniciam um processo de justificativa dos ideais burgueses, frente à existência e manutenção da nobreza. Tais teorias passam a pregar o fim dos reinos, tendo como objetivo a liberdade para o lucro. A essa corrente de pensamento burguês dá-se o nome de Liberalismo.
O Liberalismo inaugura a Escola Clássica da Economia. Essa escola surge como uma reação frente ao Mercantilismo e também como forma de se contrapor às ideias fisiocratas. Nela, aproveitando-se da principal bandeira da Fisiocracia, a noção de ordem natural, a partir do laissez faire, laissez passer, Adam Smith (1723-1790) contribuiu para o desenvolvimento da sociedade capitalista, escrevendo um livro chamado “A Riqueza das Nações: investigação sobre a sua natureza e causas”.
O Liberalismo Econômico vai ser a base teórica de sustentação do modo de produção capitalista. Em 1720, a Inglaterra tinha aproximadamente 1,5 milhão de pobres, um número assustador se fosse levado em conta que a população total de todo o mundo, era de apenas 12 ou 13 milhões. Naquela época, escreve Smith “era comum uma mãe por 20 filhos no mundo e sobrarem apenas dois vivos” tal era o índice de mortalidade infantil.
Os ideais liberais influenciaram toda a Europa, principalmente a burguesia francesa, que por sua vez, convenceram a população da França derrubar a monarquia do poder. Com o lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade, os revolucionários (jacobinos e girondinos) se uniram para tomar a Bastilha e impor uma derrota à monarquia francesa. Para administrar o país, a burguesia (girondinos) se uniu aos jacobinos (representantes dos intelectuais, camponeses, pequenos artesãos, parcela do proletariado e dos pobres) para garantir a governabilidade do país. Depois de muitos desentendimentos e desencontros, prevaleceram os interesses da burguesia francesa.
Adam Smith e o Liberalismo Econômico
Adam Smith (1723-1790) era um professor renomado da Universidade de Glasgow, onde lecionava a disciplina de Filosofia Moral, que abrangia diversos conteúdos desde a Teologia até a Economia Política. Longe de viver em uma Inglaterra de luxo e riqueza, as exceções estavam nas elites que moravam em castelos, o país percebido por Smith era um antro de pobreza e miséria com requintes de degradação e crueldade. Nascido em Kirkcaldy, na Escócia, em 1723. Em 1759, escreveu um livro que provocou furor dentre os filósofos, o “A Teoria dos Sentimentos Morais”. No livro questiona sobre como um ser humano egoísta podia pregar a moral e a ética. De acordo com ele isso só seria possível se o indivíduo se colocasse no lugar de uma terceira pessoa.
Objetivando contribuir para o desenvolvimento da sociedade capitalista, Adam Smith escreveu em 1776, um livro chamado “A Riqueza das Nações: investigação sobre a sua natureza e causas”. A partir dele, o liberalismo econômico se tornaria a base teórica de sustentação do modo de produção capitalista.
Observando a forma com que trabalhavam os artesãos de uma determinada manufatura, Smith elaborou uma teoria justificando a necessidade de mudanças na forma de produção. Ele propôs que o trabalho executado por um artesão na confecção de um determinado produto fosse realizado apenas parcialmente, e não por completo. Assim, cada artesão realizaria apenas uma parte dessa confecção, que seria complementada com o trabalho de outros artesãos. Dessa forma, o sistema capitalista não precisaria de um artesão especializado, mas sim, de um trabalhador que dominasse a parte que lhe cabia em cada processo de produção. O argumento principal para implantação da divisão de tarefas era proporcionar a mais destreza aos trabalhadores e agilizar o processo de produção.
Isso estabeleceu a divisão social do trabalho, que barateou o custo da mão de obra e acelerou o processo de produção e acumulação de riquezas nas mãos dos proprietários das fábricas. Além disso, Smith admitia que a introdução de máquinas e equipamentos na produção favorecia a divisão do trabalho. Quer saber como? Clique no botão a seguir.
“Como os processos manuais são subdivididos em grande número de operações cada vez mais simples, também se torna mais fácil reproduzir essas operações simplificadas em um mecanismo.” (SAES e SAES: 2013, p. 150).
Isso estabeleceu a divisão social do trabalho, que barateou o custo da mão de obra e acelerou o processo de produção e acumulação de riquezas nas mãos dos proprietários das fábricas. Além disso, Smith admitia que a introdução de máquinas e equipamentos na produção favorecia a divisão do trabalho. Quer saber como? Clique no botão a seguir.
Outra grande contribuição apresentada por Adam Smith é a mão invisível, que segundo ele, promove o capitalismo comercial como “o sistema da perfeita liberdade”. Por meio dela ocorre a autorregulação do mercado, ou seja, aqueles que cobram preços majorados acabarão por perder os seus consumidores, aqueles que não pagam bons salários acabarão por perder seus operários para os que pagam melhor.
Para Smith, o mercado é seu próprio guardião, ou seja, sempre existirá uma reação quando algum produtor ou comerciante não seguir o destino da livre concorrência e das normas estabelecidas por ela. Quando tais normas não forem seguidas, o destino é a ruína econômica.
A mão invisível proporciona o favorecimento da tendência inata do ser humano em buscar a satisfação de suas necessidades e esse egoísmo acarreta ganhos para toda a sociedade. De acordo com o autor, o dinheiro gasto com a produção de todos os bens e serviços é o mesmo que a sociedade utilizará para comprar os mesmos bens e serviços ofertados pelas fábricas. Ou seja, todo recurso utilizado no mercado retorna para a empresa, já que, por meio do pagamento, a empresa remunera os trabalhadores, que por sua vez, compram as mercadorias ofertadas pelas empresas. Assim, se cada indivíduo maximizar os seus ganhos por meio do trabalho, também aumentará, sem perceber, os ganhos de toda a sociedade.
Para Smith, os trabalhadores, como qualquer outra mercadoria, podem ser produzidos de acordo com a demanda. Se os salários são altos, o número de trabalhadores se multiplica até o número em que os valores de mercado voltem a cair pelo excesso de oferta. Quando caem os salários, os trabalhadores também param de ter filhos e a classe trabalhadora diminui. Dessa forma, a mão de obra também é regida pelas leis de autorregularão do mercado, o que tornaria desnecessário a intervenção do Estado nesse processo. Para Smith, o Estado deve se limitar em atender apenas as necessidades de segurança da sociedade contra qualquer ameaça externa, ou seja, ele deve atuar onde a iniciativa privada não tem interesse e jamais deve intervir nas leis de mercado.
David Ricardo e a Teoria do Valor do Trabalho
Com a Revolução Francesa(1789) e a invenção do tear mecânico (1792), o capitalismo deu um salto e se efetivou enquanto modo de produção, assim como o debate sobre o desenvolvimento econômico. Porém, a miséria e a pobreza continuavam onipresentes. Nesse período, na Inglaterra, surgiu um dos mais importantes teóricos da economia clássica: David Ricardo (1722-1823). Esse lorde inglês previu o crescimento da economia com vários degraus e com diferentes classes sociais. Em sua teoria, nem todos alcançariam a riqueza. Para ele, alguns avançavam alguns degraus e paravam, outros chegavam ao topo da sociedade e alguns caiam novamente. Para deixar perplexos os defensores do liberalismo, David Ricardo afirmou que quem sustenta a sociedade não consegue chegar ao topo dela e, aqueles que se mantém no topo, nada fazem para merecer ocupá-lo. David Ricardo percebeu que a Inglaterra estava dividida em duas grandes classes que disputavam o poder: os proprietários de terras e os industriais. Os grandes proprietários de terras e produtores da maior parte dos alimentos da Grã-Bretanha viam com maus olhos a ascensão dos novos ricos, os grandes industriais, que reclamavam dos preços dos alimentos e dos aluguéis.
Pense que isso ocorreu em uma Inglaterra tida como uma das maiores exportadoras de grãos do Continente. Enquanto os preços disparavam no campo e os lucros aumentavam para os produtores de alimentos, nas cidades a população tinha dificuldades para comprar alimentos, devido aos baixos salários recebidos. Quando os alimentos se tornaram escassos, os comerciantes da cidade começaram a importar trigo para garantir o abastecimento da população o que desagradou imensamente a aristocracia agrária.
O grande negócio dos proprietários de terras iria sucumbir se não fosse a aprovação da Lei dos Cereais por parte do parlamento britânico, que estabeleceu a cobrança de uma sobretaxa sobre o trigo importado, o que fez elevar ainda mais o preço do pão, provocando uma reação imediata dos grandes industriais e comerciantes que eram contrários a tais aumentos.
Para David Ricardo, todos os custos se reduziam aos custos do trabalho, por isso ele entendia mais o lado dos industriais e comerciantes, já que os altos preços dos alimentos os forçavam a pagar salários mais altos para manter os trabalhadores. Sobre isso, Ricardo percebeu que se não houvesse mudanças a única classe que ganharia com isso seria a dos grandes produtores rurais e latifundiários. E em 1815, escreveu que os interesses dessa classe eram divergentes de todas as demais classes existentes. Ou seja, entrou na guerra.
As ideias de David Ricardo dominaram a economia clássica por mais de meio século. Esse lorde inglês, muito jovem assumiu um cargo na Bolsa de Valores de Londres onde desempenhou uma brilhante carreira. Pouco tempo depois, escreveu o seu primeiro livro: “O Preço Elevado dos Lingotes de Ouro: uma prova da depreciação das notas de banco” (1810), mas foi com a obra: “Princípios de Economia, Política e Tributação” (1817) que ele deu uma enorme contribuição à teoria do valor e da distribuição no mundo capitalista.
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Apesar de viver em uma economia predominantemente agrícola, David Ricardo construiu um modelo teórico buscando explicar as leis que regulam a distribuição do produto entre as diferentes classes da sociedade e estabeleceu o trabalho como fator determinante do valor das mercadorias. Naquela época, o cultivo das terras mais férteis e próximas aos centros de comercialização alcançava lucros extraordinários em relação às distantes e de menor fertilidade, isso porque a renda da terra era cobrada em relação às terras mais férteis. Como a produtividade agrícola nas terras de baixa fertilidade é menor, os produtores só tinham como ganhar elevando os preços dos produtos agrícolas. Assim, as terras mais férteis tinham maiores lucros porque conseguiam produzir com menores custos. Para esta questão, Ricardo propôs manter os lucros da terra menos fértil nos mesmos níveis do lucro de cultivo das terras mais férteis, havendo assim um equilíbrio entre eles, e na economia.
Ricardo formulou ainda, as Teoria das Vantagens Comparativas ou Lei dos Custos Comparativos, que demonstrava que as vantagens do comércio entre os países estariam na importação de produtos, nos casos em que o custo das produções internas fosse mais elevado do que as ofertas no exterior. Para tanto, o comércio entre os países dependeria desses fatores de produção. Essa lei, ainda hoje, constitui uma parte importante da Teoria do Comércio Internacional.
Além disso, David Ricardo proporcionou a base teórica para o surgimento de outras duas importantes escolas econômicas antagônicas: a Escola Marxista e a Escola Neoclássica.
Thomas Malthus (1766-1834)
Em 1798, foi publicado por Thomas Robert Mathus, o seu livro mais conhecido, intitulado “Um Ensaio sobre o Princípio da População e como ele afeta o Futuro e o Desenvolvimento da Sociedade”. O livro provocou uma revolução no pensamento romântico inglês, já que se imaginavam que ele refletia um universo harmonioso e um futuro brilhante para as pessoas, mas ao invés disso, o livro apresentava uma perspectiva de um futuro sombrio e cheio de calamidades. Conforme Malthus, no futuro não haveria sustentação para um crescimento tão grande da população, que dobrava a cada 25 anos. Isso levaria a humanidade a beira de um precipício que culminaria em seu fim.
Assim, os seres humanos seriam levados a grandes batalhas por alimentos, cujo estoque seria reduzido devido a sua limitada produção. De acordo com HEILBRONER (1992) “numa desconcertante manifestação intelectual, Malthus apagou todas as esperanças de uma época orientada para autossatisfação e com uma confortável visão de progresso”.
Malthus foi odiado por muitos, dado a sua defesa intransigente das pestes como forma de controle da população, assim como era contrário a qualquer tipo de auxílio aos mais pobres e a favor do fim dos casamentos precoces. Ele defendeu o fim de qualquer ajuda aos mais pobres temendo que isso pudesse os levar a ter mais filhos. Percebendo que a sociedade se dirigia a um futuro sombrio, apontados pelos seus estudos, esse clérigo inglês afirmava que a culpa de todos os males era a fertilidade humana. Para ele, as guerras eram necessárias para evitar que aumentasse ainda mais o número de pessoas.
Quando escreveu o seu segundo livro “Princípios de Economia Política”, em 1820, Malthus expôs uma ideia totalmente divergente daquilo que estava sendo posto por Jean Baptiste (1767-1832), que para toda oferta havia procura, e a Lei de Say, que afirma haver superprodução.
Suas ideias vão ser fervorosamente combatidas pelo seu amigo David Ricardo e por outros teóricos da época. Mas para Malthus, haveria superprodução, somente se houvesse a oferta de muitos produtos e poucos compradores, o que para ele era dado como certo, tendo em vista o aumento dos preços e o alto nível de desemprego. Como possuía uma argumentação frágil na defesa de suas ideias, as que prevaleceram foram as de Say e de Ricardo. Só 100 anos mais tarde, no Livro “Teoria Geral do Emprego, do juro e da moeda”, Keynes (18883-1946) retornará as ideias de Malthus e desenvolverá o princípio da demanda efetiva.
Jean Baptiste Say (1767-1832)
Jean Baptiste Say (1767-1832), foi um industrial e economista francês que afirmou que a economia política representa o conhecimento sobre como se forma a riqueza e como ela é distribuída e apropriada pela sociedade e pelo Estado.
Say foi um dos maiores defensores das ideias de Adam Smith e seu principal propagador. Em 1803, escreveu sua principal obra: “Tratado de Economia Política”, onde desenvolveu uma teoria que ficou conhecida como Leis de Mercado de Say. De acordo com essa teoria a produção criaria sua própria demanda.
É também atribuída a Say a teoria dos três fatores de produção: terra, trabalho e capital. Foi um grande estudioso do mundo dos negócios, desenvolvendo uma teoria que estabelecia as funções e o papel a ser desempenhado pelos empresários na sociedade.
John StuartMill (1806 – 1873)
Para John Stuart Mill (1806-1873), em seu livro: “Princípios de Economia Política com algumas de suas Aplicações à Filosofia Social”, publicado em 1848, delineia a Economia Política como sendo o conhecimento sobre a formação da riqueza e como ela é distribuída e apropriada pela sociedade e pelo Estado. Para esse autor, a economia estuda como se constitui historicamente a diversidade entre a riqueza e a pobreza e a razão pela qual ela é apropriada no presente e como poderá ocorrer essa apropriação no futuro, bem como as leis que as regulam.
Inspirado por seu pai James Mill (1773-1836), outro grande economista, Mill buscou fundamentar as suas teses nas teorias desenvolvidas por David Ricardo e Thomas Malthus, em que questionava a posição de Adam Smith sobre a não intervenção do Estado na economia e defendia a tributação da renda.
Esse intelectual inglês, também afirmou que a falta de concorrência levava ao aumento nos preços ao perceber que grandes empresas passavam a ter o domínio sobre a oferta de determinado bem ou serviço. Alertou para o perigo dessa falta de concorrência para alguns setores da economia, inclusive no mercado de trabalho, em que alguns trabalhadores poderiam ser muito melhor remunerados do que outros, dados a sua qualificação profissional. Entendia como necessária a organização dos trabalhadores em sindicatos e o direito à greve. Em sua publicação de 1869, “A Sujeição das Mulheres”, defendeu o direito das mulheres ao voto. Seus livros tornaram-se leitura fundamentais para o conhecimento de economia e política a partir de meados do século XIX.
Síntese
A Economia Política representa o conhecimento acumulado de muitos pesquisadores e estudiosos do assunto. Neste texto, foi possível conhecer a contribuição de alguns dos mais importantes economistas da Escola Clássica como Adam Smith (1723-1790) que escreveu em 1776, um livro chamado “A Riqueza das Nações: investigação sobre a sua natureza e causas” que foi fundamental para o desenvolvimento do capitalismo e a propagação do liberalismo como teoria econômica.
Você também aprendeu sobre David Ricardo (1722-1823), um dos principais economistas do Século XIX. Esse lorde inglês percebeu que seu país estava dividido em duas grandes classes que disputavam o poder, a classe dos grandes proprietários de terras, produtores rurais e latifundiários e a dos novos ricos, grandes industriais e comerciantes. As ideias de David Ricardo dominaram a economia clássica por mais de meio século.
Você também estudou sobre Thomas Malthus (1766-1834), um dos mais polêmicos economistas do Século XIX, dado a sua principal obra “Um Ensaio sobre o Princípio da População e como ele Afeta o Futuro e o Desenvolvimento da Sociedade”, publicado em 1798.
Entendeu que Jean Baptiste Say (1767-1832), criou a teoria que ficou conhecida como Leis de Mercado de Say, na qual afirma que a produção cria a sua própria demanda. E ainda, observou que John Stuart Mill (1806-1873) em seu livro: “Princípios de Economia Política com algumas de suas Aplicações à Filosofia Social”, publicado em 1848, delineia a Economia Política como sendo o conhecimento sobre a formação da riqueza e como ela é distribuída e apropriada pela sociedade e pelo Estado.

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