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Afecções de vulva, vagina e colo As características do corrimento vaginal fisiológico mudam ao longo do ciclo menstrual e são tão típicas que podem servir de guia para as mulheres que querem identificar o dia da sua ovulação. Esse pequeno corrimento com origem no colo do útero é chamado de muco cervical. A consistência e a aparência do muco cervical ao longo do ciclo menstrual costumam seguir o seguinte padrão: • Durante a menstruação, o fluxo sanguíneo cobre o muco, que se torna imperceptível. • Logo após o fim da menstruação, a mulher tem normalmente tem 3 a 4 dias sem muco ou corrimento. Estes são chamados de “dias secos”. • Após esse curto período seco, à medida que o óvulo inicia seu amadurecimento, o muco cervical começa a ser produzido. Nesta fase, o muco é geralmente de coloração clara, levemente amarelo, branco ou turvo, e de consistência pegajosa. • Logo antes e durante a ovulação, o volume de muco aumenta e o corrimento vaginal torna-se mais perceptível. A secreção é tipicamente clara, líquida, de consistência escorregadia e elástica, parecendo clara de ovo. • Após a ovulação, a quantidade de muco diminui bastante. Inicialmente, ele fica novamente turvo e pegajoso até que desaparece e a mulher tem vários dias secos. Isto dura cerca de 11 a 14 dias, até o novo ciclo menstrual começar. Corrimento vaginal anormal Leucorreia ou corrimento vaginal patológico é aquele que está relacionado a alguma doença ginecológica. Esse tipo de corrimento pode ter várias causas. As mais comuns são as vaginites, também chamadas de colpites, que é a infecção da vagina, provocada normalmente por bactérias ou fungos. A leucorreia também pode surgir por atrofia da mucosa da vagina após a menopausa, alergia a algumas substâncias, como espermicidas, ou pela presença de um corpo estranho na vagina. Vulvite e vulvovaginite São inflamações que ocorrem na parte externa do órgão genital feminino. A vulvite é irritação da vulva que se manifestando com prurido genital externo, ardor, hiperemia ou erupção cutânea. Enquanto a vulvovaginite é a inflamação que ocorre na vagina e na vulva. São provocadas principalmente pelos mesmos microrganismos que causam corrimento, sendo aqueles que causam a candidíase, a tricomoníase. Além disso, pode ser causada pelo uso de produtos alérgicos, como calcinhas de tecido sintético, sabonetes perfumados, ducha vaginal, entre outros fatores de risco. No geral, podem ter o quadro clínico com hiperemia, corrimento, inflamação da vulva e prurido intenso. Para a sua prevenção, é importante evitar a utilização de ducha vaginal, uso de roupas justas na região vaginal, roupas intimas com tecido sintético, sexo desprotegido, sabonetes perfumados com PH elevado. Candidíase A Candida é um fungo que faz parte da flora natural de germes da vagina, pele e intestinos. A Candida vive normalmente na nossa pele e não costuma causar sintomas. Entretanto, sempre que há algum desarranjo nas condições habituais do nosso organismo, como uso excessivo de antibióticos, estresse, doenças como diabetes, imunossupressão, traumas, etc., a Candida pode começar a multiplicar-se excessivamente, causando sintomas. A candidíase vaginal normalmente se manifesta com prurido (coceira) e/ou ardência na vulva, dor para urinar, dor durante o ato sexual e corrimento vaginal. O corrimento vaginal provocado por candidíase costuma ter as seguintes características: • Corrimento espesso. • Sem odor forte. • Pode ser abundante. • Esbranquiçado, muitas vezes comparado com queijo cottage. • Apresenta coceira vaginal. • Causa dor ou ardência, principalmente durante o ato sexual ou ao urinar. Colo do útero apresentando corrimento esbranquiçado, com áreas tipo queijo cottage – candidíase Para mais sobre o corrimento provocado pela candidíase. Tratamento da candidíase Gonorreia e Clamídia A gonorreia e a clamídia são duas infecções sexualmente transmissíveis (IST) causadas, respectivamente, pelas bactérias Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Ambas as infecções provocam uma cervicite (infecção do colo do útero) e podem cursar com corrimento vaginal, geralmente de aspecto mucopurulento (amarelo turvo). Outros sintomas associados incluem dor para urinar, dor durante o ato sexual, normalmente com sangramento pós-coito e irritação na vulva. As principais características do corrimento vaginal provocado por gonorreia ou clamidia são: • O corrimento pode ser amarelo-esverdeado ou mesmo purulento. • Geralmente espesso e com aspecto de pus. • Pode ter um odor desagradável, embora nem todas as mulheres percebam um cheiro específico. • A quantidade de corrimento pode variar e, em alguns casos, ser bastante abundante. • A gonorreia também pode causar dor ou sensação de queimação ao urinar, dor pélvica e sangramento fora do período menstrual. O corrimento provocado pela clamidia costuma ser parecido com o da gonorreia, mas o quadro costuma ser mais brando. Para mais informações sobre o corrimento provocado pela gonorreia ou clamídia, leia: Gonorreia – Sintomas e tratamento e Clamídia – Sintomas e tratamento. Tricomoníase A tricomoníase é uma doença sexualmente transmissível causada por um protozoário chamado Trichomonas vaginalis. Nem todas as pacientes infectadas apresentam sintomas. Quando há sintomas, o quadro costuma ser de vaginite e se apresenta com um corrimento fino, amarelo-esverdeado, de odor desagradável, associado aos outros sinais clássicos de vulvovaginite, como dor ao urinar, irritação da vulva e sangramento/dor durante o coito. O Trichomonas vaginalis pode permanecer assintomático por muito tempo antes de provocar vaginite, tornando difícil saber exatamente quando houve a contaminação. Sem tratamento, a infecção pode durar meses ou mesmo anos, tornando-se um fator de risco para infertilidade e câncer do colo do útero. As principais características do corrimento vaginal provocado pela tricomoníase são: • O corrimento pode variar de cor, desde amarelo, verde, cinza ou branco. • Geralmente tem consistência fina e espumosa. • Pode apresentar um odor forte e desagradável, muitas vezes descrito como “cheiro de peixe”. • A quantidade de corrimento pode variar, mas geralmente é mais abundante que o corrimento vaginal normal. • A tricomoníase também pode causar coceira, irritação e vermelhidão na área genital, dor ou sensação de queimação ao urinar e dor durante as relações sexuais. • Os sintomas podem piorar durante a menstruação. https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dst/gonorreia/ https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dst/clamidia/ Corrimento vaginal levemente amarelado e espumoso provocado por tricomoníase Tratamento da tricomoníase Importância de pesquisar a tricomoníase • Estima-se que 70% das pessoas portadoras sejam assintomáticas e assim podem permanecer por muitos anos. • Mesmo assintomáticas, mulheres portadoras possuem maior risco de evoluir com complicações como Doença Inflamatória Pélvica – DIP. Nestes casos o primeiro sintoma da doença já pode ser sua complicações. • Esta complicação pode levar a complicações para o resto da vida como a infertilidade irreversível • Além disso, tanto para homens quanto mulheres portadores assintomáticos, a infecção ocasiona um aumento do risco de se infectar pelo HIV ou outras ISTs como herpes gonorreia, clamídia e HPV. https://www.drakeillafreitas.com.br/doenca-inflamatoria-pelvica/ • Uma pessoa coinfectada, ou seja, infectada ao mesmo tempo, pelo trichomonas e pelo HPV têm um maior risco de desenvolvimento de câncer de colo uterino do que uma pessoa infectada apenas pelo HPV, o seja, é como se a Trichomonas aumentasse o potencial de causar câncer do HPV. • A infecção crônica pelo Tricomonas também aumenta o risco de câncer de próstata em homens. Além disso a pessoa pode evoluir desde um estado assintomático diretamente para sintomas relacionadosa complicações Candidíase vulvovaginal É uma vaginite frequente associada a Candida albicans, mas também pode ser por não albicans. Tem como fatores de risco incluem gravidez, terapia hormonal, diabetes não controlado, imunossupressão, uso de antibióticos, uso de corticoide, predisposição genética, uso de contraceptivos orais, hábitos de higiene e práticas sexuais. Tende a se manifestar com queixa de corrimento branco, aos pedaços, associado a prurido vaginal. Ao exame especular, é possível identificar um conteúdo branco, em pedaços, aderente às paredes vaginais, associado a uma colpite evidente. A sua prevenção é feita através de bons hábitos, como dieta equilibrada evitando açúcar refinado e uso racional de antibióticos. O seu tratamento é feito através de antifúngicos, como: • Fluconazol 150 mg, VO, dose única; •Itraconazol 200 mg, VO, 2x em 1 dia; •Clotrimazol creme 1% 5g, via vaginal por 5 dias, entre outros. Em caso de candidíase complicada, utiliza-se Fluconazol, 150 mg/dia, VO, a cada 3 dias em um total de três doses. Manutenção de 150 mg, VO, 1 vez/semana, por 6 meses • Ácido bórico, 600 mg, em óvulos, 1 vez/dia durante 14 dias. Deve-se evitar seu uso na gestação. Vaginite mista É quando o quadro inflamatório vaginal possui mais de um agente, sendo mais comum uma associação entre G. vaginalis e T. vaginalis. Os sintomas podem ser como os de vaginose ou candidíase, com queixa de corrimento vaginal, e algumas vezes o prurido vaginal. No exame especular, possui o conteúdo vaginal aumentado, podendo ser de coloração branca ou branco-acinzentado. Para realizar o tratamento, é importante confirmar se é apenas um agente ou se é misto. Se misto, deverá associar a aplicação de metronidazol 0,75 g e miconazol ao deitar-se por 7 dias. Vaginite aeróbia Esse tipo de vaginite era considerado inespecífico, caracterizado por quadro inflamatório associado à descamação epitelial. A vaginite inflamatória descamativa seria o quadro extremo da vaginite aeróbia, que se acredita estar associada a Streptococcus do grupo B, Staphylococcus aureus ou Escherichia coli. No quadro clínico, é comum corrimento vaginal abundante amarelado e sem odor, além de ter a dispareunia e ardor. No exame especular, observa o conteúdo vaginal aumentado com coloração amarelada e mucosa vaginal hiperemiada. O seu tratamento ainda não é bem conhecido, porém pode sugerir o uso da clindamicina 2% creme vaginal, 5g, a noite por 2 a 8 semanas. https://www.drakeillafreitas.com.br/papiloma-virus-humano/ Úlcera vaginal A úlcera epitelial é um processo de perda epitelial da mucosa, que pode ser de origem infecciosa ou até mesmo neoplásica. Quando é a infecciosa, está associada a sífilis, herpes e tuberculose. No geral, são assintomáticas, descobertas apenas no exame de prevenção de câncer ou na pesquisa de corrimento sem outra causa identificada, e o seu tratamento é feito de forma direcionada para a sua etiologia. Vaginose bacteriana A vaginose bacteriana é a principal causa de corrimento vaginal anormal. É uma infecção causada por alterações na flora natural da vagina, que resultam em redução no número de lactobacillus (bactérias “boas”) e um excessivo crescimento de bactérias aeróbicas (bactérias “ruins”), como Gardnerella vaginalis, Mycoplasma hominis, Prevotella, Porphyromonas, Bacteroides, Peptostreptococcus, Fusobacterium e Atopobium vaginae. É muito comum se associar a vaginose bacteriana à bactéria Gardnerella vaginalis, porém, esta doença é causada pelo crescimento de múltiplas bactérias, e não só da Gardnerella. O termo vaginose é usado em vez de vaginite neste caso porque há pouca ou nenhuma inflamação da vagina, apenas proliferação bacteriana. O sintoma típico da vaginose é o corrimento vaginal fino e acinzentado, com odor muito forte, tipo peixe podre. Os outros sintomas de inflamação vulvovaginal, como dor ao urinar, coceira da vulva e dor ao coito são bem menos frequentes, estando geralmente ausentes. A proliferação de bactérias e a queda no número de lactobacillus faz com que haja um aumento significativo do pH da vagina, sendo esta uma das dicas para o diagnóstico. As principais características do corrimento vaginal provocado pela vaginose bacteriana são: • O corrimento pode ser branco, cinza ou levemente amarelado. • Geralmente tem uma consistência fina e aquosa. • Pode apresentar um odor forte e desagradável, muitas vezes descrito como “de peixe podre”, que pode ser mais perceptível após as relações sexuais. • A quantidade de corrimento pode variar, mas geralmente é maior do que o corrimento vaginal normal. • A vaginose bacteriana tipicamente não causa coceira, dor ou vermelhidão na área genital, embora algumas mulheres possam apresentar uma leve irritação. Para mais informações sobre o corrimento provocado pela vaginose, leia: Vaginose bacteriana – Gardnerella vaginalis. https://www.mdsaude.com/ginecologia/infeccao-ginecologica/vaginose-bacteriana-gardnerella/ https://www.mdsaude.com/ginecologia/infeccao-ginecologica/vaginose-bacteriana-gardnerella/ Tratamento pra vaginose. Atrofia vaginal A atrofia da vagina ocorre geralmente após a menopausa. O estrogênio estimula o corrimento fisiológico, e a sua falta provoca ressecamento, afinamento e perda da elasticidade da mucosa vaginal. Esta atrofia vaginal pode levar à inflamação com corrimento, dor para urinar e incômodo durante o ato sexual. A atrofia vaginal faz parte da síndrome geniturinária da menopausa, mas também pode ocorrer durante a amamentação ou em mulheres que passaram por tratamentos que reduzem os níveis de estrogênio, como certas cirurgias ou terapias hormonais para o câncer. Algumas características do corrimento vaginal provocado por atrofia vaginal são: • O corrimento pode ser claro, incolor ou levemente esbranquiçado. • Geralmente tem uma consistência fina e aquosa. • Normalmente não apresenta um odor forte ou desagradável. • A quantidade de corrimento pode variar, mas geralmente é menor do que o corrimento vaginal normal, pois a atrofia vaginal também pode levar à secura vaginal. • A atrofia vaginal pode causar sintomas como secura, coceira, irritação, dor ou desconforto na área genital, dor ou sensação de queimação ao urinar e dor durante as relações sexuais. Alergias O corrimento vaginal provocado por alergias a produtos químicos ou substâncias pode variar conforme o indivíduo e a substância à qual a pessoa é alérgica. Essas alergias podem ser desencadeadas por produtos como sabonetes, lenços umedecidos, lubrificantes, espermicidas, látex da camisinha, perfumes, absorventes ou tampões, entre outros. A reação alérgica na vagina pode causar corrimento vaginal. As principais características do corrimento vaginal provocado por alergias incluem: https://www.mdsaude.com/ginecologia/menstruacao/menopausa/ https://www.mdsaude.com/nefrologia/infeccao-urinaria/dor-urinar/ https://www.mdsaude.com/ginecologia/vaginismo-dispareunia/ https://www.mdsaude.com/ginecologia/anticoncepcionais/camisinha-masculina/ • O corrimento pode ser claro, incolor ou levemente esbranquiçado. • Geralmente tem uma consistência aquosa ou mucosa. • Normalmente não apresenta um odor forte ou desagradável. • A quantidade de corrimento pode variar, mas geralmente é menor do que o corrimento vaginal normal. • Alergias podem causar sintomas como coceira, vermelhidão, inchaço, irritação e dor na área genital. Estes sintomas podem ser mais intensos logo após o contato com o alérgeno. Causas menos comuns As causas citadas acima são as mais comuns, mas não são as únicas. Se a mulher tem um corrimento vaginal persistente, que não parece ser fisiológico, e nenhuma das causas comuns for identificada, o ginecologista precisa pensar também nas seguintes hipóteses: • Infecção pelo HPV. • Herpes genital. • Câncer do colo do útero. • Alergia ao sêmen (causa rara). • Vulvovaginitepela bactéria Streptococcus. • Corpo estranho retido dentro da vagina (absorvente interno ou camisinha “perdida”, por exemplo). • Infecção pelo verme oxiúrus. • Doença inflamatória pélvica. Corrimento vaginal de acordo com sua coloração Corrimento marrom Qualquer situação que provoque algum grau de sangramento vaginal ou uterino pode causar um corrimento acastanhado. As principais causas são: • Restos da menstruação misturados ao corrimento fisiológico. • Traumas na região vaginal ou uterina. • Infecções. • Corpo estranho na vagina. • Tumores ginecológicos. • Sangramento uterino provocado pela implantação do embrião no útero nos primeiros dias de gravidez. • Atrofia vaginal. • Gravidez ectópica. Corrimento amarelado ou esverdeado O corrimento vaginal amarelado-esverdeado é geralmente sinal de infecção ginecológica, principalmente se acompanhado de mau cheiro, ardência ou coceira vaginal. As principais causas são: • Tricomoníase. • Gonorreia. • Clamídia. https://www.mdsaude.com/ginecologia/hpv/ https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dst/herpes-genital/ https://www.mdsaude.com/alergoimunologia/alergia-ao-semen/ https://www.mdsaude.com/gravidez/estreptococos-b-gravidez/ https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/parasitoses/oxiurus-enterobius-vermicularis/ https://www.mdsaude.com/ginecologia/infeccao-ginecologica/doenca-inflamatoria-pelvica/ https://www.mdsaude.com/gravidez/gravidez-ectopica/ O corrimento fisiológico costuma ser branco e claro, mas ao ser exposto ao ar após contato com a calcinha, ele pode ficar meio amarelado. Portanto, se a mulher não tiver sintoma algum e o corrimento não tiver cheiro, o fato dele ser meio amarelado não necessariamente indica alguma infecção em curso. Na dúvida, o melhor é procurar a sua ginecologista para ela poder avaliar o corrimento. Corrimento branco ou acinzentando O corrimento brancacento costuma ser normal, principalmente se for fino, em pequena quantidade e se ocorrer próximo do período ovulatório. Porém, se o corrimento for espesso, pastoso, leitoso, com grumos ou acinzentado, principalmente se estiver associado a sintomas irritativos, como coceira, dor vaginal ou mau cheiro, infecções devem ser investigadas. As principais causas são: • Candidíase. • Vaginose bacteriana. Corrimento com mau cheiro Corrimento com mau cheiro é típico de infecção ginecológica. As principais causas são: • Vaginose bacteriana (cheiro muito forte). • Tricomoníase. Diagnóstico Para se distinguir corretamente os tipos de corrimento vaginal, faz-se necessário uma consulta com o médico ginecologista. Através do exame ginecológico é possível notar se há vaginite, cervicite ou apenas corrimento sem sinais de inflamação. Também é possível colher amostras do corrimento para avaliação do pH vaginal, investigação microscópica e cultura. Tratamento O tratamento do corrimento depende da causa, variando desde antifúngicos ou antibióticos para as infecções, até cremes de estrogênio para a vaginite atrófica. Não há um tratamento único que sirva para todos os tipos de corrimento. Se você tem corrimento vaginal, procure seu ginecologista para a causa ser esclarecida e o tratamento adequado poder ser instituído. Cervicite A cervicite ou endocervicite é a inflamação causada da mucosa endocervical, geralmente de forma infecciosa. A maioria são assintomáticas, sendo descoberto apenas na investigação diagnóstica, porque a ausência dos sintomas dificulta o seu diagnóstico e favorece as complicações. Pode ser causada por diversos fatores de risco, tendo como principal causa infecciosa os etiológicos a Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae e Mycoplasma hominis Ureaplasma urealiticum, entre outros. Quando causadas de forma não infecciosa, acredita-se que a secreção mucopurulenta seja causada pela exposição do epitélio colunar cervical a fatores não infecciosos, como tabagismo, uso de duchas e contraceptivos hormomaos, assim como encontrados a associação do uso de anticoncepcionais orais e cervicites. As cervicites quando sintomáticas as principais queixas são o corrimento vaginal, sangramento intermenstrual, dispareunia e disúria. Ao exame físico, podem estar presentes mobilização do colo uterino, material mucopurulento no orifício externo do colo e sangramento ao toque da espátula ou swab. Já a suspeita clínica ocorre pela identificação dos sinais e sintomas que possam caracterizar a cervicite. HPV O papilomavírus humano (HPV) é considerado o agente da infecção viral sexualmente transmissível mais prevalente em todo o mundo. A maioria dos indivíduos sexualmente ativos (mais de 80%) se infectará em algum momento da vida. No entanto, as infecções serão predominantemente assintomáticas e serão clareadas em cerca de dois anos. A transmissão ocorre por contato e não apenas com o coito, sendo que o uso irregular do preservativo pode conseguir reduzir a área de contaminação, porém as áreas não protegidas podem estar associadas a transmissão, tendo maior incidência em jovens entre 15 e 19 anos, porém cerca de 90% eliminarão o vírus em um período médio de 2 anos. Além dessa faixa, possui outro pico de incidência, sendo em mulheres na faixa dos 50 anos de idade. O vírus possui preferência nas células imaturas em divisão celular, com isso a infecção pode ocorrer em células da camada basal do epitélio escamoso, células subcilíndricas de reserva. Algumas infecções podem causar lesões identificadas por meio da colposcopia ou citologia, não senso visíveis a olho nú. Algumas infecções podem se manifestar clinicamente visíveis, como as lesões verrucocas genitais associadas a HPV de baixo risco. Possui nomenclatura específica associada ao NIC (neoplasia intraepitelial cervical), sendo classificada do grau 1 ao 3: • NIC 1 o condiloma possui lesão epitelial escamosa de baixo grau (LSIL). • NIC 2 deverá ser avaliado por imunohistoquimica após marcador de supressão tumoral p16, sendo que caso o marcador seja positivo, a lesão será classificada como lesão intraepitelial escamosa de alto grau, e caso seja negativo, lesão epitelial escamosa de baixo grau. • NIC 3 é a lesão classificada como intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL). Diagnóstico ⇨ Técnica de biologia molecular: Correntemente duas plataformas têm sido utilizadas, sendo a captura híbrida de segunda geração e a técnica de PCR (reação de cadeia de polimerase). Esta última, considerada padrão-ouro, permite a genotipagem viral, embora em alguns casos apenas para os tipos 16 e 18. Os HPVs de baixo risco pode ser pesquisados, como em lesões sem característica morfológica da ação viral, mas que exige um diagnóstico diferencial. ⇨ Citopatologia: é o método de estudo morfológico das alterações celulares, que podem ser classificados com o tipo de lesão causada pelo HPV, podendo ser de baixo grau ou de alto grau. A infecção, no entanto, pode ocorrer e o exame de citologia não ter alteração ou ter alterações ditas como equívocas e denominadas de células escamosas de significado indeterminado (ASC-US), células escamosas atípicas, em que não é possível afastar lesão de alto grau (ASC-H), e células glandulares endocervicais atípicas. ⇨ Colposcopia: é um método de magnificação que exige habilidade do examinador para determinar, em caso de anormalidade, o sítio adequado para a realização de biópsia, se indicada. Tem nomenclatura própria e define lesões de maior relação com HSIL no colo, sendo útil para outros sítios, como vulva, vagina, pênis e ânus. ⇨ Histopatológico: é considerado o padrão-ouro no diagnóstico das lesões induzidas pelo HPV, mas não do HPV. O padrão-ouro para diagnóstico da infecção é a biologia molecular, pesquisa do DNA do vírus. O diagnóstico das lesões glandulares endocervicais (adenocarcinoma) não mudou em termos de nomenclatura, mantendo-se em dois estágios o adenocarcinoma in situ e o adenocarcinoma invasor, que pode ser subclassificado conforme otipo. ⇨ Imunoistoquímica: é feito pela utilização do marcador p16, sendo utilizado quando há casos de HSIL e NIC2. Tratamento A conduta deve variar conforme a apresentação do quadro infeccioso. 1. Infecção latente em qualquer sítio: conduta expectante. 2. Lesão subclínica: a. LSIL: pode ser expectante com seguimento até sua involução. Quadros persistentes podem ser tratados com métodos destrutivos, imunomodulação ou exérese dependendo do sítio; b. HSIL: dependendo da idade pode ser seguimento (≤ 24 anos) ou tratamento (> 24 anos). 3. Lesão clínica: pode ser por imunomodulação, exérese ou destruição conforme o sítio, número de lesões e experiência do especialista. CA de colo uterino O desenvolvimento do câncer de colo uterino está associado principalmente a infecção persistente por oncogenes do papiloma humano (HPV), sendo que a infecção genital por esse vírus é muito frequente, e não causa na maioria das vezes. Porém, podem ocorrer alterações celulares que podem evoluir para câncer. Essas lesões são descobertas facilmente pelo exame citopatológico do Papanicolau, sendo que quando o CA de colo uterino está em estágios iniciais e quando as pacientes são investigadas de forma adequada, recebem o tratamento apropriado, aumentando as chances de cura, e quando são diagnosticadas em fases avançadas, as chances de cura se tornam muito menores. O carcinoma de células escamosas pode ter origem na junção escamocolunar (JEC) ou na endocérvice. É precedido por lesão intraepitelial de alto grau (LIEAG) que, se não tratada adequadamente, pode evoluir para carcinoma invasor em 30% dos casos. Essa evolução das lesões para carcinoma será determinada a partir da interação de vários fatores, como estado imunológico do paciente, pela interação com o vírus e o microambiente celular. Epidemiologia É menos comum em mulheres até 30 anos, sendo que a sua incidência aumenta de forma progressiva até o pico na faixa de 45 a 50 anos, sendo que o principal fator de risco é a infecção pelo HPV, porém existem outros fatores que podem estar associados, como: • Multiparidade • Tabagismo • Uso crônico de contraceptivos orais (associação provável porque seu uso acompanha a vida sexual ativa) • Múltiplos parceiros • Imunossupressão (secundária a patologias de base ou uso crônico de substâncias imunossupressoras). O HPV são os papilomas vírus de DNA que possuem seis genes de E1, E2, E4, E5, E6 e E7, porém somente os genes E6 e E7 estão envolvidos na oncogenes. No estágio inicial, clinicamente não é visível. Com isso, o exame realizado inicialmente é a coleta adequada do citopatológico e a biopsia guiada pela colposcopia, devendo ser coletado sempre da endocérvice e da ectocérvice. Diante da citologia alterada, realiza a colposcopia para avaliar de forma detalhada o epitélio cervical e a sua vascularização, devendo visualizar a Junção escamocolunar (JEC) e Zona de Transformação (ZT). No caso de tumores clinicamente visíveis, as lesões podem se apresentar como: exofítica, infiltrativa ou ulcerada. ⇨ Lesão exofítica: é, em geral, originada na ectocérvice e se apresenta com aspecto vegetante e friável, podendo sangrar profusamente. ⇨ Lesão infiltrativa: costuma apenas se apresentar como endurecimento do colo, não necessariamente com vegetação visível, mas sim com aspecto insuflado. ⇨ Lesões ulceradas: o aspecto é compatível com necrose e “destruição” do colo e dos fórnices vaginais. Pode estar associada a infecção local e secreção seropurulenta. Nas fases mais iniciais, podem ser assintomáticos ou oligossintomáticos, e quando possui, o primeiro sintoma é uma secreção vaginal aquosa e levemente sanguinolenta e/ou sinusorragia (sangramento após relação sexual). Além destes, podem ter sintomas como secreção vaginal amarelada, ciclos menstruais irregulares, escape intermenstrual e dor em baixo ventre. Já em estágios mais avançados, é comum uma dor intensa no baixo ventre, anemia, hemorragia vaginal, for lombar, hematúria, alterações miccionais e alterações do hábito intestinal. Estadiamento • Estádio I: tumor restrito ao colo de útero A: tumor microscópico − IA1: invasão do estroma ≤ 3 mm de profundidade e ≤ 7 mm de extensão − IA2: invasão do estroma = 3 a 5 mm com extensão menor que 7 mm B: tumor macroscópico − IB: tumor clinicamente visível ou maior que lesões do tipo IA − IB1: lesão clinicamente visível ≤ 4 cm na sua maior dimensão − IB2: lesão clinicamente visível > 4 cm na sua maior dimensão • Estádio II: carcinoma invade além do útero, mas não apresenta extensão para parede pélvica ou para terço inferior da vagina A: sem invasão parametrial ■ IIA1: lesões clinicamente visíveis ≤ 4 cm em sua maior dimensão ■ IIA2: lesão clinicamente visível > 4 cm na sua dimensão B: invasão parametrial evidente • Estádio III: tumor estende-se além da pelve, com invasão da parede pélvica e/ou envolvimento do terço inferior da vagina e/ou hidronefrose ou exclusão renal ■ IIIA: tumor invade terço inferior da vagina sem extensão para parede pélvica. ■ IIIB: tumor apresenta invasão da parede pélvica e/ou hidronefrose ou exclusão renal. • Estádio IV: tumor invade além da pelve ou compromete a parede do reto e/ou bexiga. Edema bolhoso da bexiga não caracteriza estádio IV ■ IVA: crescimento tumoral a órgãos adjacentes ■ IVB: metástases evidentes a distância (ossos, fígado, pulmões, linfonodos para- aórticos).