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Prévia do material em texto

Antropologia Filosófica
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Antonio Auresnedi Minghetti
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
• A Compreensibilidade Histórico-Relacional-Mítica Religiosa
do Homem – Época das Imagens do Mundo;
• Fundamentos Ontológicos às Indagações do Homem
nos Planos Físico e Metafísico.
• Refl etir sobre a origem humana na perspectiva biológica e cultural, enquanto um ser em 
constante processo de relacionamento grupal – e não apenas consigo –, assim como com 
todo o ambiente em que vive. 
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Tematizações Filosófi co-
Antropológicas da Antiguidade
ao Medioevo e à Modernidade
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de 
aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Tematizações Filosófi co-Antropológicas da
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
A Compreensibilidade Histórico-Relacional-
Mítica Religiosa do Homem – Época das 
Imagens do Mundo
A história da Filosofia grega iniciou com a Teogonia – Theos = deus, genea = 
origem –, conceito derivado do vocábulo latino Theogonia, uma referência às gêne-
ses das divindades pagãs e à origem do mundo. A Teogonia, em especial, ao referir 
um conjunto de deidades, apresenta as forças que as materializam e formam aquilo 
que atualmente convencionamos chamar de mitologia, um conjunto de lendas que 
formam uma cultura singular de um determinado povo. Igualmente é o título de uma 
obra escrita por Hesíodo entre os séculos VII e VIII antes de Cristo, onde o poeta 
detalha a genealogia dos diferentes deuses que fazem parte da mitologia grega 
e versa acerca da origem do Universo. Hesíodo reporta a gênese dos deuses ao 
apresentar a origem do mundo e os reinados de Urano, Cronos e Zeus, além de d es-
crever a união dos mortais aos deuses, dando origem aos heróis gregos mitológicos.
Figura 1
Fonte: Wikimedia Commons
Teogonia, de Hesíodo, buscou construir a árvore genealógica dos deuses e se 
fez no mais antigo tratado de mitologia grega que se tem registro e juntamente com 
os poemas de Homero, formava as cartilhas pelas quais os gregos aprendiam a 
ler, pensar e apreender o mundo, além de venerar o poder dos deuses locais e, por 
extensão, percebiam o Universo, como se os deuses fossem os inventivos do Cos-
mos; por vezes a Teogonia surge associada a estudos da Cosmogonia – a origem. 
Hesíodo costumava afirmar que as narrações encontradas na Teogonia lhes foram 
descritas pelas filhas do próprio Zeus.
8
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Teogonia
Sim bem primeiro nasceu Cáos
depois também Terra de amplo seio,
de todos sede irresvalável sempre,
dos imortais que têm a cabeça do Olimpo nevado,
e Tártaro nevoento
no fundo do chão de amplas vias,
e Eros: o mais belo entre deuses imortais, solta-membros,
dos deuses todos e dos homens todos
ele doma no peito o espírito e a prudente vontade.
Do Cáos
Érebo e Noite negra nasceram.
Da Noite
aliás Éter e Dia nasceram,
gerou-os fecundada unida a Érebo em amor.
Terra primeiro pariu igual a si mesma
Céu constelado,
para cercá-la toda ao redor
e ser aos deuses venturosos sede irresvalável sempre.
Pariu altas Montanhas,
belos abrigos das deusas ninfas
que moram nas montanhas frondosas.
E pariu a infecunda planície impetuosa de ondas o Mar,
sem o desejoso amor.
Depois pariu do coito com Céu:
Oceano de fundos remoinhos
e Coios
e Crios
e Hipérion
e Jápeto
e Téia
e Réia
e Têmis
e Memória
e Febe de áurea coroa
e Tétis amorosa.
E após com ótimas armas
Cronos de curvo pensar,
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UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
filho o mais terrível: detestou o florescente pai.
Pariu ainda os Ciclopes de soberbo coração:
Trovão,
Relâmpago
e Arges de violento ânimo
que a Zeus deram o trovão e forjaram o raio.
Eles no mais eram comparáveis aos deuses,
único olho bem no meio repousava na fronte.
Ciclopes denominava-os o nome,
porque neles circular olho sozinho repousava na fronte.
Vigor, violência e engenho possuíam na ação.
Outros ainda da Terra e do Céu nasceram,
três filhos enormes, violentos, não nomeáveis.
Cotos,
Briareu e Giges,
assombrosos filhos.
Deles, eram cem braços que saltavam dos ombros, improximáveis
cabeças de cada um cinquenta brotavam dos ombros, sobre os grossos membros.
Vigor sem limite, poderoso na enorme forma.
Deuses Primordiais: 116-153
Figura 2 – Mapa do período arcaico da Grécia
Fonte: GNU Free Documentation License
Os filósofos pré-socráticos surgiram nas regiões da Jônia e Magna Grécia, en-
tre os séculos VII e VI a.C. e se espalharam por várias colônias gregas ao longo 
da Costa do Mediterrâneo, principalmente na Ásia Menor. A inquietação desses 
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11
primeiros pensadores era cosmológica, uma vez que procuravam um princípio que 
explicasse a existência e ordem do mundo material. A esse princípio universal 
deram o nome de Arché, a essência material constitutiva do Cosmos, que concede 
origem a tudo o que existe no Universo – do grego physis, ou natureza –; então, 
filósofos da natureza, substituindo as explicações antropomórficas dos mitos por 
elementos naturais.
Para os pré-socráticos gregos não existiria propriamente uma criação do mundo, 
dado que negavam o princípio de que o mundo tivesse surgido do nada, tais como 
afirmavam outras religiões; nada viria do nada e nada voltaria ao nada, pois a na-
tureza seria eterna e nessa tudo seria fruto de transformações.
Os principais filósofos pré-socráticos foram das escolas:
• Jônica: Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Pitágoras, Heráclito, Parmênides, 
Zenão, Demócrito e Anaxágoras;
• Pitagórica: Pitágoras e Filolau;
• Eleata: Parmênides, Heráclides e Zenão;
• Da Pluralidade: Empédocles, Anaxágoras de Clausomêna e os atomistas.
Para Tal es de Mileto, considerado o primeiro filósofo, tudo derivaria da água, 
dado que essa está presente em todos os seres, daí ser o princípio de tudo. A água 
é o símbolo sagrado na maioria das religiões, representada em um misticismo que 
envolve grande parte das crenças.
Para Anaximandro de Mileto seria o ápeiron, ou o infinito, pois que o elemen-
to originário seria indeterminado e eterno, tal que o Cosmos fosse dependente de 
forças polares primordiaisou idênticas e opostas – calor e frio; água e terra; mascu-
lino e feminino. Anaximandro colocou o princípio de todas as coisas não mais em 
um sentido material, dado que o ápeiron significasse o ilimitado, infinito. A tese de 
Anaximandro representou um avanço em relação a Tales, pois foi o primeiro a uti-
lizar o termo arché que, em grego, tem o sentido de princípio, fundamento, origem. 
Anaxímenes de Mileto entendeu o ar como princípio e, de certa forma, represen-
tou um retrocesso ao voltar a exibir a arché como algo material. Para Anaxímenes, o 
ar seria o princípio da vida e mais do que uma simples substância natural, uma vez 
que todos os elementos naturais derivariam do ar, por transformação. O ar seria, 
então, uma substância determinada e infinita como elemento primeiro e como tal 
seria divino, gerando divindades a partir de si, representando a nossa alma e man-
tendo os nossos corpos unidos. O ar é o símbolo sagrado na maioria das religiões, 
incluindo o hinduísmo e cristianismo.
Filolau de Crotona propôs o sistema pirocêntrico, o Cosmos formado por um 
fogo central – Hestia – e nove corpos que girariam ao seu redor: Antiterra, Terra, 
Lua, Sol e os cinco planetas observáveis além da esfera das estrelas fixas. De certa 
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UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
maneira, Heráclito de Éfeso concordou com Filolau ao afirmar que a essência de 
todas as coisas seria o fogo, considerado um símbolo sagrado na maioria das religi-
ões, incluindo o hinduísmo, cristianismo, judaísmo, islamismo e xintoísmo. Grande 
parte dos rituais religiosos é realizada na presença desse elemento.
Empédocles de Agrigento merece destaque especial por conciliar o pensamen-
to de seus antecessores, ao aceitar a ideia de que os elementos originários seriam 
fogo, água, ar e terra. Para Empédocles, esses quatro elementos, imiscuindo-se 
uns aos outros, formariam os diferentes objetos e representariam a concepção cícli-
ca do tempo e da natureza. Na mitologia pagã, o elemento terra foi o último a se 
formar e, em face de sua principal característica – a solidificação –, integra em si o 
fogo, a água e o ar. 
Pitágoras de Samos entendeu os números como o princípio, a arché, dado 
que cada corpo existente pudesse ser pensado como uma quantidade finita de ele-
mentos-base unitários; para Pitágoras, o número não seria algo abstrato, mas uma 
realidade espacial: triangulares, quadrados etc. – observe a quantidade de ângulos 
que compõe cada número na seguinte Figura:
Figura 3
Entrementes, segundo a crença pagã, tanto o macrocosmo quanto o micro-
cosmo seriam amálgamas de cinco elementos, que não teriam fogo, água, ar e 
terra – conforme o senso comum –, mas uma fusão de características universais 
dos cinco elementos, sendo que para os antigos gregos o éter  seria o quinto 
elemento a formar uma esfera celestial exterior à Terra. Tratar-se-ia do princípio 
original do espaço cósmico, o éter dos antigos, o quinto elemento cósmico, a quin-
tessência, a quinta ponta do pentagrama.
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Ar Água
Espírito
FogoTerra
Figura 4
O princípio de Empédocles acrescentado da ideia da quintessência pareceu anteci-
par a contenda humana a envolver os nossos afetos e como determina as nossas ações. 
Em tese, além dos quatro elementos fundamentais, seguiriam duas forças opostas a 
envolver o amor e a desarmonia, a determinarem todo o desenvolvimento do Universo.
É evidente que sob a luz do conhecimento que atualmente temos, a origem do 
Universo implica teorias bem mais complexas que as fornecidas por Empédocles, 
não obstante a história de a humanidade mostrar a permanente atualidade desse 
pensamento, sobretudo da qualidade das ações humanas para aqueles simpatizan-
tes ou adeptos do humanismo filosófico.
A importância dos filósofos pré-socráticos não deve ser ponderada tanto de suas 
respostas singulares, ou do fato de exigirem provas e justificativas racionais, mas 
sim por serem os primeiros a tentar racionalmente identificar a questão do caráter 
último das coisas, ao afirmarem que a origem da natureza estaria nesta mesma. 
Lançado em 1997, o filme O Quinto Elemento foi claramente inspirado na teoria de Empédocles, 
ao expor um enredo futurista no qual quatro pedras, cada uma representando um elemento da 
natureza – água, ar, terra e fogo –, precisam ser encontradas para que não caiam em mãos ini-
migas. Se unidos, esses elementos liberariam uma força desmesurada e, se conduzidos pela dis-
córdia, poderiam destruir o planeta Terra. A personagem central do filme, a atriz Milla Jovovich, 
faz o papel do quinto elemento; trata-se de uma alienígena sem maldade que recebeu a missão 
de proteger os quatro elementos. A metáfora implícita no filme simboliza o amor como regente 
de todas as ações humanas.
Assista o trailer em: https://youtu.be/3MLTLnGFNKk
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UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
Um dos diferenciais que marcam o homem em relação aos outros animais é 
a sua capacidade de pensar em abstrato e representar esse pensamento em uma 
linguagem simbólica. Tal representação normalmente se dá a partir de elementos 
constantes e possíveis em seu meio ambiente, no que contribui com a formação de 
uma Imago Mundi – assim ocorreu desde os primórdios de nossa civilização:
Figura 5 – Petróglifos no Mar do Norte
Fonte: Wikimedia Commons
Petróglifos, ou gravuras rupestres, são imagens geometrizadas e representações 
simbólicas, geralmente associadas a fatos e mitos, gravadas nas rochas de paredes 
internas e externas de cavernas por populações neolíticas ou calcolíticas, os quais 
retratam um tipo de linguagem.
A Caverna de Lascaux é um complexo de cavernas famoso pelas suas pinturas rupestres, locali-
zadas em Montignac, França, cujas paredes estão pintadas com bovídeos, cavalos, cervos, cabras 
selvagens e felinos, pinturas datadas de aproximadamente 17 mil anos atrás.
Para saber mais assista o Documentário V3-1 Lascaux. Disponível em: https://youtu.be/J_0LWRbzFwI
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Caverna de Lascaux – http://bit.ly/2NLuaJH
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Erwin Panofsky (2004, p. 23) entende a necessidade de signos como registros 
deixados pelo homem:
O homem é, na verdade, o único animal que deixa registros atrás de si, 
pois é o único cujo produto chama à mente uma ideia que se distingue da 
existência material destes. Outros animais empregam signos e ideiam es-
truturas, mas usam signos sem perceber a relação da significação e ideiam 
estruturas sem perceber a relação da construção. Perceber a relação da 
significação é separar a ideia do conceito a ser expresso dos meios de ex-
pressão. E, perceber a relação de construção e separar a ideia da função 
a ser cumprida dos meios de cumpri-la.
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Nos dias atuais já não é possível pensar que apenas o homem detém a linguagem, tal como 
citado na Unidade anterior – a respeito da experiência nos Estados Unidos com os bonobos.
Ademais, considerando que cientistas pesquisam outros símios, assista ao documentário intitu-
lado Este gorila falou e você não vai acreditar na mensagem dele.
Disponível em: https://youtu.be/rS0u-ICFdHg
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Ao descreverem os seus primeiros princípios, os filósofos pré-socráticos por 
certo os pensaram abstratamente, tal como afirmava Johann Wolfgang von 
Goethe (1749-1832), que admitia os mitos traduzirem imagens do mundo em 
relações permanentes do subconsciente da vida humana. Assim, cada período 
histórico tem a sua própria imagem de homem e mundo, sob influências de per-
cepções que perpassam as crenças e os hábitos das sociedades onde se insere. 
O imaginário em sua essência subjetiva não é aquilo que esse mesmo realiza, 
tampouco aquilo que indica, simboliza ou significa, mas diz respeito à linguagem. 
Da imagem pode-se partir a uma vertente etimológica que conceitua o imaginário 
relacionando esse a tudo que se apreende visualmente do mundo; o imaginário 
está carregado de elementos culturais e se modifica na configuração da identi-dade que cada cultura produz e sustenta como sua. No entanto, esse imaginário 
está condicionado ao olhar do sujeito, um olhar “interessado” no objeto e de-
formado pelo desejo, de modo que ao introduzir essa deformação na “realidade 
objetiva”, o sujeito deixa as suas marcas. 
Esse desejo que direciona o olhar é um processo cultural – logo, não é uma 
criação individual –, assimilado pelo sujeito em contato com o meio, ou seja, o su-
jeito se alimenta daquilo que pressupõe ser o “real” e a sua subjetividade permeia 
a sua percepção o tempo todo. Essa percepção pode ser de objetos concretos, 
objetos ideais, ou, sobretudo, de relações e é um conhecimento que promove, 
com base nos dados recolhidos, a coordenação da conduta. A constituição do su-
jeito pela percepção e apreensão do “mundo real” se dá na capacidade de estabe-
lecer e compreender relações e é consequência da identificação do objeto capaz de 
satisfazer o desejo.
Objeto: A palavra objeto deriva do latim objectum, o particípio passivo neutro do verbo 
objicere, com este significado: “[...] ação de pôr diante de; objectum seria, portanto, o que 
está apostado em face, lançado diante de [...]. Esse termo latino, de certa forma mantém 
uma sinonímia com o termo grego antikeímenon, que Aristóteles usava para designar os 
correspondentes das faculdades da alma”(DE ANIMA, 402b, 415a, grifos nossos).
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Em quaisquer dicionários de latim-português encontramos como uma primeira tra-
dução ao vocábulo latino mundus o termo limpo, asseado, de onde derivou o conhe-
cido oposto em português, imundo. Para o Dicionário dos símbolos – imagens e 
sinais da arte cristã, de Gerd Heinz-Mohr (1994, p. 269), o mundo seria tal qual um 
ovo; interpretação adotada no período medieval, que considerava a casca do ovo 
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UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
como o céu a envolver todos os corpos celestes e sob a qual a clara, que seria o éter 
puro. Na extremidade externa existe uma casca, o céu que envolve o mundo inteiro; 
debaixo da qual, como se fora a clara do ovo, o éter puro, aquilo que os filósofos 
pré-socráticos buscavam, o quinto elemento que serviria de invólucro ao movimen-
to; tal como a clara encerra a gema no centro, existiria a parte germinal – a Terra 
–, que simbolicamente representa o homem; como bem ilustrou Salvador Dalí:
Figura 6 – Criança geopolítica observando o nascimento 
do homem novo (1943), Salvador Dalí
Fonte: Wikimedia Commons
A realidade psíquica, diferentemente do que se estabelece como “mundo real”, 
é feita essencialmente de representações. O mundo apreendido é predominan-
temente imagético e é nesse sentido que o imaginário e simbólico estão intrin-
secamente ligados; o imaginário como coisa inventada, separada do real, é a capa-
cidade elementar e irredutível de evocar uma imagem, que como tal possui a função 
epistêmica de dar a conhecer algo e, uma função simbólica, de dar acesso a um 
significado; e uma estésica, de produzir sensações e emoções em seus apreciadores. 
Fundamentos Ontológicos às Indagações 
do Homem nos Planos Físico e Metafísico 
A Antropologia Filosófica surgiu por volta de 1920, com o objetivo de in-
vestigar o fenômeno humano, mais precisamente saber o que seria o homem. 
É, portanto, a disciplina que investiga a estrutura essencial do homem, o qual ocupa 
o lugar principal na especulação filosófica, dado que a partir desse tudo se deduz. 
A questão-chave da Antropologia Filosófica – o que seria o homem? Ou quem é 
o homem? – não encontra nas biociências um conceito que desse conta da essên-
cia do homem; quando muito, fornecem um pretenso relato histórico evolutivo da 
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constituição física-social da espécie humana. Dessa maneira, tal especulação não 
tem por objetivo principal as características humanas, mas fundamentalmente a 
essência do homem, diferenciando-se, portanto, de outras formas de antropologias 
específicas, tais como a mítica, teológica, cultural, científico natural etc. 
O filósofo e ensaísta Bernard Groethuysen (1880-1946), define a Antropologia 
Filosófica como uma reflexão constantemente renovada, a qual o homem opera 
para compreender a si, em suas características essenciais, tal a encontrar respostas 
à questão. Para tanto, faz uso de informações derivadas de outras antropologias das 
características humanas, de subsídios resultantes da Teologia, Biologia, Sociologia, 
Psicologia, Etnografia, Arqueologia, História, mas os interpreta segundo os seus 
princípios, buscando a sua unificação em uma teoria filosófica abarcante, de tal 
forma que o homem seja visto em seu meio social, no que envolve a sua capacidade 
criativa e produção cultural, do que resulta a utilização de vários métodos de inqui-
rição pois, segundo Max Scheler (1874-1928), o homem dispõe de inúmeros atri-
butos em sua vida vivida e, dada a sua racionalidade, possui um espírito, podendo 
amar, admirar, contemplar e fazer previsões futuras, enquanto os outros animais, 
limitados em sua existência, contam tão somente com o instinto.
Antropologicamente, a busca incansável do homem pelo conhecimento é ine-
gável, pois procura entender o princípio do Cosmos, o seu arché, com o auxílio da 
mitologia, religião e da própria filosofia, definindo-o ora como o fogo, ora a água, 
ora o ar, até Empédocles conciliar o pensamento de seus antecessores e induzir 
à ideia de que o arché seria uma miscigenação dos quatro elementos originários: 
fogo, água, ar e terra, emoldurados pela quintessência cósmica.
O homem, ao longo de seu desenvolvimento histórico, adquiriu conhecimentos 
matemáticos, físicos, químicos, entre tantos outros, mas quanto a si pouco avançou. 
Heráclito de Éfeso afirmava que apenas se penetraria nos mistérios da natureza 
quando se conhecesse os segredos do homem; desse comentário é possível deduzir 
que a Antiguidade via o homem em conexão íntima com o Cosmos.
Quem primeiro se inclinou e se aprofundou no estudo do homem foi Sócrates, 
filósofo grego do final do século V a.C., cujo prólogo tem origem em uma inscri-
ção do Oraculum no pronaus do Delphus Templum onde, segundo Pausânias 
(115-180) (MARROU, 1975), geógrafo e autor da obra Descrição da Grécia, 
existiria a imperativa admonição ΓΝΩΘΙ ΣΕΑ'YΤΟΝ, clausular em Sócrates e fren-
te a qual teria afirmado: só sei que nada sei! Porquanto, para o “Pai da Filosofia” 
conhecer o mundo não seria possível enquanto o homem não se voltasse a si, 
para a sua Própria existência.
Oraculum no pronaus: Antecâmara no templo grego que antecedia a nave principal.
NOSCE TE IPSVM: Conhece-te a ti mesmo.Ex
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UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
Figura 7 – Oráculo de Delfos, Templo de Apolo, Grécia
Fonte: Wikimedia Commons
Do imperativo NOSCE TE IPSVM, não deixa de ser arcano que a divindade 
do oráculo recebesse o visitante com tal admonição, cuja interpretação possível 
remete exclusivamente a um olhar-se para dentro, o que levaria cada visitador a in-
terpretá-la consoante às suas vivências, expectativas, aos seus medos, pensamen-
tos ou sentimentos conscientes ou não e daí se pudesse concluir a existência de 
um si-próprio em cada um de seus hóspedes, o que se oporia à ideia do homem 
como um ser indefinido, pois existiria em cada saber indiciário, postulado inces-
santemente por Sócrates. Assim, o homem seria alguém que pudesse responder 
com racionalidade a uma indagação racional.
Indiciário: Que se baseia em fato, circunstância, a levar por dedução ou suposição, à desco-
berta da verdade.Ex
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Para Sócrates, a natureza do homem não poderia ser descoberta da mesma 
forma como se encontra a natureza das coisas, pois que apenas se definiria em ter-
mos de sua consciência; daí a introspecção ter sido a característica determinante da 
filosofia de Sócrates, na qual usa do conselho extremado do oráculo – “Conhece-te 
a ti mesmo” –, ou seja, torne-se consciente de sua ignorância, para desta fazer o 
ápice da sabedoria,um desejo que só se faz mediante a virtude da modéstia. Para 
Sócrates, deparar a verdadeira natureza ou essência do homem requisitaria primei-
ro deste remover todos os seus caracteres externos ou incidentais. 
Sócrates concebeu o homem dual a partir de dois princípios: a alma – ou o espírito 
– e o corpo, que originaram duas vertentes filosóficas que se fizeram o eixo do pen-
samento filosófico ocidental: primeiro com o seu discípulo Platão (427-347 a.C.), que 
admitia o homem ser uma alma, portanto, imortal – era um princípio idealista, que ao 
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distinguir o mundo concreto do mundo das ideias, deu a essas o status de realidade –; 
o outro princípio derivado foi o realista, que surgiu com Aristóteles (384-322 a.C.), 
discípulo de Platão, que acreditou as ideias chegarem do espírito ao mundo real.
Diferentemente de seu mestre, Aristótele s entendia que o homem deve ser inter-
pretado não em sua vida individual, mas em sua vida política e social. 
O estudo do homem exige, pois, uma conjunção de conhecimentos a envolver 
as áreas antropocêntricas, teocêntricas e cosmocêntricas, tal que sejam encontradas 
as respostas para as primordiais questões humanas: o que é o homem? Como sur-
giu? Por que surgiu? Como age e como deveria agir? Do que é composto? Assim, a 
Antropologia Filosófica se refere ao estudo reflexivo acerca do fenômeno humano 
em todas as suas manifestações racionais de existência, em especial em seu círculo 
social, em suas relações de amizade a envolver a sua produção c ultural: crenças, 
costumes, valores e as suas formas de pensar que, de certa maneira, condicio-
nam e constroem o homem.
Dessa conjunção, na Modernidade derivaram conhecimentos díspares por meio 
de vários pensadores, tais como René Descartes, onde surgiu o homem racional; 
com Jean-Paul Sartre e o homem condenado à liberdade; com Gabriel Marcel 
e o homem incompreensível; com Thomas Luckmann e o homem construtor 
da sociedade; com Augusto Comte e o homem cientificista; com Karl Marx e o 
homem fundamentalmente social; com Sigmund Freud e o homem psicótico. 
Essas injunções deram origem, basicamente, a duas divisões: o Homo Somaticus – 
alma, espírito – e o Homo Physicus – corpo. Aqui nos serviremos destas expressões 
qualificativas do homem para deste inferir e elencar alguns possíveis âmbitos de sua 
vida corpórea vivida.
Existem informações que dão conta de que Aristóteles tenha sido o pioneiro na 
classificação dos seres vivos, dividindo-os em dois grupos principais – animais e 
plantas – e subgrupos dispostos de acordo com o ambiente em que vivem – aéreos, 
terrestres ou aquáticos. O trabalho de Aristóteles serviu de base para cientistas pos-
teriores, entre os quais o naturalista sueco Carl von Linnée (1707-1778), mais co-
nhecido como Carollus Lineus, quem acrescentou o critério de classificação con-
forme as características estruturais e anatômicas das espécies, por acreditar ser fixo 
e imutável, de acordo com a definição de sua criação por Deus. Lineus agrupou as 
espécies animais em conformidade com as suas semelhanças corporais e os vege-
tais conforme a estrutura de suas flores e frutos, ao que denominou nomenclatura 
binomial, publicada em seu livro Systema naturae – utilizada até os dias atuais. 
Porphyrios de Tiro (234-304/309) foi um filósofo grego que contribuiu com a di-
fusão do neoplatonismo em todo o Império Romano e se fez célebre por sua biografia 
de Plotinus e a divulgação de sua obra, Eneadas, além de seus comentários sobre a 
obra Categorias de Aristóteles, da qual tratou em especial da discussão sobre o pro-
blema dos universais; aqui se realce a sua árvore com a hierarquia das espécies:
19
UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
Pássaros
Répteis
Mamíferos
Insetos
Anfíbios
Moluscos
Aracnídeos
Crustáceos
Algas Marinhas
Plantas terrestres
Minhocas
CelenteradosEsponjas
Equinodermes
Vertebrados
Briozoários
Braquiópode
Peixes
Protó�tos
Protozoários
Figura 8 – Arbol porphyriana
Árvore de Porphyrios é uma representação que ilustra a subordinação de con-
ceitos sobre as espécies, a partir do espécime mais geral, que é o de substância, até 
chegar ao conceito homem, o de menor extensão, mas o de maior compreensão. 
Porphyrios deu uma nova feição a conceitos consagrados: de Platão tomou a sua 
visão geral e, em especial, a sua ideia de substância; de Aristóteles acompanhou 
a sua visão sobre as categorias, mas em conjunto à noção de substância platônica. 
Assim, com o seu conceito reformulado de substância, Porphyrios consagrou o 
gênero supremo de todas as espécies, esquematicamente através de sua árvore, 
na qual as espécies são concebidas gradualmente, da substância mais geral à mais 
particular, a partir de três conceitos – gênero, espécie e indivíduo – na perspecti-
va de uma graduação do mais genérico para o mais concreto.
Para Porphyrios, toda substância seria dividida em duas categorias, umas sim-
ples e outras compostas, sendo que estas se refeririam a um corpo, que por sua 
vez também se divide em duas subcategorias, animada e inanimada. Os corpos 
animados novamente são subdivididos em sensíveis e insensíveis, onde o corpo 
sensível se refere ao animal e, no derradeiro nível da árvore, são qualificados em 
racionais e irracionais.
20
21
SUBSTÂNCIA
CORPO
Pensamento Estendido
Inanimado Animado
Irracional Racional
Isto Aquilo
(Um gênero)
(Duas diferenciações da
substância do gênero)
(Substância estendida é o
corpo da espécie)
(O corpo animado é o da espécie animal)
(Duas diferenciações do corpo
do gênero)
(Duas diferenciações do gênero animal)
(Animal racional é a espécie humana)
(Duas diferenciações do gênero humano)
(Platão é um indivíduo em particular
e não mais um gênero ou uma espécie)
ANIMAL
HUMANO
PLATÃO
Figura 9
A Árvore de Porphyrios se fundamenta em relações de dependência, tal que 
os seus indivíduos implicitamente se inserem em uma série de conceitos lógicos que 
o definem qualitativa e nominalmente: racional, animal, sensível, animado, vivo e 
composto; qualificações que remetem ao conceito de substância. A contribuição 
fundante dessa classificação porphyriana teria ocorrido principalmente no Medio-
evo, ao colaborar com a visão nominalista (FERRATER MORA, 1977, p. 282) 
da realidade, a qual afirmava que as espécies e os gêneros não são realidades ex-
teriores às coisas, tal como defendia o realismo, nem realidades nas coisas, como 
afirmava o conceitualismo, mas apenas nomes, termos ou vocábulos por meio dos 
quais se designam coleções de indivíduos e/ou que servem para denominar uma 
série de propriedades agrupadas nas coisas.
A ideia de substância, enquanto parte da Metafísica, teve inúmeras interpre-
tações ao longo da história da Filosofia; provém do vocábulo em latim substantia, 
conforme explicita o dicionário de Filosofia de Ferrater Mora (1951), literalmente 
significa “[...] o que está por baixo de [...]”. Daí se pode deprecar que toda realida-
de teria algo de imutável, o que proporciona à noção de substância interpretá-la 
como a essência de algo:
No sentido mais lato e geral, chama-se substância o que está por debaixo 
de uma coisa, para o fato de estar sob, a substância é, portanto, uma 
forma de subsistência.  Isso pressupõe que a substância é um substrato 
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UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
que suporta as qualidades ou propriedades que lhe são inerentes, e que 
permanecem inalteradas não obstantes mudanças. Embora ligada a este 
geral significado, na Filosofia requer, no entanto, uma maior precisão 
sobre o conceito de substância. (FERRATER MORA, 1951, p. 903)
Aristóteles usa de sua definição de substância para explicar como as coisas são 
constituídas, tal que cada espécie seja formada de uma substância primeira origi-
nária, que lhe faz ser única. A substância seria aquilo que permanece idêntico a si, 
mesmo sob a multiplicidade de seus acidentes ou de suas mudanças. Portanto, paraser, necessita permanecer, pois ao contrário, quaisquer alterações ou acidentes 
seriam incompreensíveis, porque nada mudaria. Se se admitir envelhecer, isso não 
implica necessariamente deixar de ser o próprio. 
Consoante à árvore de Porphyrios, as substâncias podem referir um ser hu-
mano, uma planta, ou um animal irracional, sem que nenhum se faça o contrário 
de si; existem contrários na natureza, mas sempre em relação a predicativos, não 
existe, por exemplo, o antagônico de uma árvore, apenas é possível crer que de uma 
substância primeira – o gênero –, como a de um animal, formar-se-ia uma substância 
segunda – a espécie. Portanto, a substância primeira subestá e subjaz à segunda. 
Santo Agostinho (354-430), filósofo do período patrístico, conciliou o pensamento 
neoplatônico à doutrina cristã. Segundo Costa (2002), nas Eneadas de Plotinus encon-
trar-se-ia a ideia de substância espiritual que levou Agostinho a antever a precarieda-
de de seu racionalismo e a perceber o erro da concepção material e dual à existência 
de Deus. O princípio da substância una e imaterial apresentaria novo juízo à afirmação: 
“O homem foi criado por Vós à Vossa imagem” (AGOSTINHO, [20--?a], 3.4).
As categorias de Aristóteles proporcionaram a Agostinho um estudo mais 
pragmático, em que a formalidade lógica foi limitada à aplicação do raciocínio 
quantificável; formas de raciocinar substância; quantidade; qualidade; relações, 
as quais se prestaram mais à organização de seu raciocínio às percepções materiais: 
E o que a mim se adiantava ao contar aproximadamente com vinte anos, 
foi que em minhas mãos vieram certa aristotélica, aquelas que chama-
vam de dez categorias. [...] pareciam-me falar claramente de substâncias: 
como o homem; do que nele existe enquanto um esboço, tais como; a es-
tatura, de quantos pés consta; ou seu parentesco, de quem é irmão; onde 
se encontra; se está calçado ou armado; se faz alguma coisa ou padece de 
algo; e tudo o mais que se encontra nesses nove gêneros que aqui exem-
plifiquei graças àquilo que possuem, como reconhecidos e enumerados 
na própria substância do gênero. (AGOSTINHO, [20--?a], 16.28)
Para Agostinho, enquanto unidade substancial, o homem composto de duas 
substâncias distintas – corpo e alma – ocuparia lugar de destaque, conforme aludiu 
no embate que manteve com o seu irmão, Navigius; constituir-se-ia da atividade de 
um corpo e de sua estrutura ontológica; porém, com uma alma que a esse seria 
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23
superior. Ao amigo Evodius, sobre a alma, Agostinho respondeu: “Se a ti interessa 
definir a natureza da alma e descobrir o que ela é, respondo facilmente: a mim re-
presenta ser uma substância da razão, acomodada em um corpo” (AGOSTINHO, 
[ 20--?b], 13.22).
Tomás de Aquino (1225-1274), sobre a substância, manteve o conceito de 
Aristóteles, mas acrescentou que existem substâncias sem matéria ou forma, 
como o são anjos e o próprio Deus, o que indicaria a existência de substâncias 
materiais e outras espirituais. René Descartes (1596-1650), de certa forma cor-
robora Agostinho e Tomas de Aquino, ao admitir três tipos de substância: a res 
cogitans, ou o ser pensante – a mente, ou alma humana –; res extensa, ou o ser 
que ocupa espaço – o mundo material; e res divinae, ou Deus.
Baruch de Espinoza (1632-1677), considerado o fundador do criticismo bíblico 
moderno, discordou do conceito cartesiano e afirmou a existência de uma única 
substância, Deus, que seria o equivalente à ideia que se tem de natureza, uma subs-
tância divina e infinita, causadora de si e de toda a realidade.
David Hume (1711-1776), filósofo, historiador, ensaísta e diplomata escocês, 
conhecido por seu radical sistema filosófico baseado no empirismo, ceticismo e na-
turalismo, não aceitou as definições de substância de filósofos que o antecederam, 
porque não corresponderiam a qualquer impressão particular. Para Hume, um 
conceito só pode ser deduzido de uma relação direta com um fenômeno através de 
uma impressão objetiva, do que se deduz que o conceito de substância proviria tão 
somente da imaginação – e não da realidade em si.
Para Immanuel Kant (1724-1804), a substância é o primeiro gênero do ser, 
e é um ente de per si; é o que permanece, o que não muda naquilo que altera.
O conceito de permanência da substância na Filosofia Moderna contraria a afir-
mação aristotélica que predicava a imutabilidade da substância, daí as críticas de 
Kant a esse conceito pelo qual Aristóteles admitia uma mutação substancial. Para 
Kant, a substância é o que permanece – e não aquilo que se perpetua em uma 
imutabilidade eterna. 
O empirista Hume afirmava que a substância não seria captada nem pela ex-
periência interna, nem pela externa, mas apenas a ideia de substância, que nada 
mais seria que a coleção das ideias simples que, pelo influxo da imaginação, 
foram unidas; em síntese, a substância seria desconhecida, algo que apenas julga-
mos existir. Kant, influenciado por Hume, reduziu a substância a uma categoria a 
priori, conceito não empírico e condicionado pela experiência, cujo valor objetivo, 
valor da realidade, seria desconhecido ao homem. 
Kant, em referência posterior e viva à Crítica da razão pura, conciliou o ra-
ciocínio dedutivo com o conhecimento indutivo, ao afirmar que a substância é a 
permanência do real no tempo e o seu princípio se constitui na primeira ana-
logia da experiência. Para Kant, a substância persiste em toda mudança dos 
fenômenos e a sua quantidade não aumenta, tampouco diminui na natureza. 
“Todos os fenômenos contêm algo permanente (substância) considerado como o 
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UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
próprio objeto, e algo mutável, considerado como uma simples determinação desse 
objeto, isto é, o modo de sua existência”. (KANT, 1960a, grifo nosso) Kant assinala 
que se existe algo que se conserva nas altercações é a energia, mas esta não é uma 
coisa, nem um ser individual, muito menos um sujeito. Portanto, qual é o sentido 
em ver na energia uma substância? 
Retomando a classificação de Porphyrios, esta ainda serviu de modelo para as 
divisões taxonômicas dos naturalistas. Recordar que o naturalismo extremo refere 
uma atitude filosófica, que se opõe à posição do sobrenatural ou espiritual, ideias 
ou crenças de que apenas existiriam leis e forças naturais a agirem no mundo e 
além destas nada mais existiria. A taxionomia mostra que o ser humano, assim 
como todas as espécies animais e vegetais, compõe interessante e importante clas-
sificação taxonômica biológica, conhecida como classificação científica dos se-
res, a qual apresenta as principais características biológicas dos seres humanos e as 
semelhanças que possuímos em relação a outras espécies animais.
Homo Sapiens – http://bit.ly/32kICez
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Homo Sapiens  é o nome dado à espécie dos seres humanos, de acordo com 
a classificação taxonômica; trata-se de expressão latina que significa, literalmente, 
homem sábio, ou homem que sabe. Desse se predica ter conhecimento sensitivo, 
intelectivo e imaginativo; é um ser histórico, portanto, possui memória.
O Homo Sapiens viveu há aproximadamente 200 mil anos. Já era um artesão 
habilidoso e os seus utensílios eram melhores e mais eficientes do que todos os 
outros feitos anteriormente. O volume de seu crânio atingia 1.500 cm³, o mesmo 
volume do crânio do ser humano moderno. Do Homo Sapiens derivou subespécies 
dentro da espécie, o Homo Sapiens Sapiens, que caracteriza o homem moderno 
– o homem que sabe o que sabe. Este se distingue essencialmente pela indivi-
dualidade, pessoalidade, consciência crítica e autoconsciência, o que lhe infere a 
competência da reflexão e autorreflexão. 
O Homo Voluntas é aquele movido por uma força unitiva, pela qual a vontade 
age como força motriz interior, que isola o objeto sensível no campo perceptivo 
e é impelido por um processo sensitivo e intelectual à faculdade necessária para 
executar os comandos da vontade, o que propriamente diferenciaria ohumano 
dos outros animais. A vontade em si seria uma faculdade cega, por isso carece 
de iluminação e direcionamento do intelecto, que imprime uma decisão, mas que é 
cerceada e limitada pela pseudoliberdade, em face de restrições impostas pela reli-
gião, sociedade etc. Considere-se ainda que a vontade é por vezes alienada à mídia, 
tecnologia e política e, ao mesmo tempo, é uma vontade escravizada por paixões, 
por isso a vontade sempre está sujeita à ética reinante em sua sociedade.
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Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades 
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões (1524-1580)
Soía: O verbo soer significa costumar, logo, como soía quer dizer como costumava.
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O Homo Loquens se refere ao homem como o único animal falante, não como 
uma propriedade inata, mas em um desenvolvimento cultural incessante de onde 
derivou uma linguagem a cada cultura. A língua é assim um sistema convencional da 
fala em determinada comunidade humana na qual o seu exercício ganha valores sob 
a forma de códigos institucionalizados em uma gramática e vocabulário específicos. 
A fala surge como uma função sem órgão próprio e exclusivo, tornando possível 
localizá-la em um ponto determinado do organismo. A evolução histórica propor-
cionou uma pré-determinada disposição anatômica dispersa no organismo para 
contribuir para com a fala; cordas vocais, pulmões, língua, boca, aparelho auditivo 
e, principalmente, estruturas cerebrais. Ora, tais componentes existem no macaco, 
porém, este não articula palavras! Se tem a possibilidade da linguagem, mas não 
detém essa realidade, há configuração evidente de que, em essência, a função da 
palavra não é de origem orgânica, mas intelectual. Assim, não havendo um órgão 
específico da fala, admitimos a linguagem como um subproduto da razão do ho-
mem, quando levado à consciência de si, que se configura como um desenvolvi-
mento cultural. Ainda, se determinado órgão houvesse, provavelmente falaríamos 
a mesma língua em nosso planeta, pois nasceríamos falando. Poderíamos assumir 
que a linguagem foi a primeira das grandes invenções da humanidade e dessa sur-
giram os germes de todas as outras. 
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UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
Exprimir é um ato de substituição de uma percepção ou uma ideia por um sinal 
sonoro convencionado que a anuncia, abriga e evoca, pela qual, através da fala, o 
homem cria e intenta dominar, senão as realidades da natureza, ao menos o sentido 
dessas. Nomear desta forma é chamar algo à existência, tirá-lo do nada e lhe dar 
luz na vida; e esta denominação fundamenta o direito à existência no mundo real. 
Por meio da fala, o homem acessa o portal do mundo e este lhe vem ao pensa-
mento para depois desse sair em forma de palavras. Situar-se neste mundo é estar 
em harmonia com a rede de palavras que coloca as coisas em seu lugar dentro 
de um determinado contexto. Há uma dependência recíproca entre a palavra, o 
pensamento e as circunstâncias, que seriam, desta forma, menos representação do 
real, mas de uma língua que manipula inconscientemente a forma de ver o mundo: 
A língua dispõe de certo número de sinais fundamentais, arbitrariamente 
ligados a significações-chave; ela é capaz de recompor qualquer significação 
nova a partir daquelas, consequentemente de dizê-las na mesma linguagem, 
e finalmente se exprime porque reconduz todas as nossas experiências ao 
sistema de correspondências iniciais entre tal sinal e tal significação de que 
nos apoderamos aprendendo a língua, e que é, ele, absolutamente claro, 
porque nenhum pensamento se arrasta nas palavras, nenhuma palavra no 
puro pensamento de alguma coisa. (MERLEAU-PONTY, 1974, p. 21)
A linguagem seria a essência que representaria a parte pensante do ser humano, 
distinta de quaisquer outras representações. Para Georges Gusdorf (1977), a palavra 
designa a realidade humana tal como se manifesta na expressão, enquanto afirmação 
da pessoa, de ordem moral e metafísica. A linguagem e a língua referem pensamen-
tos abstratos, condições de possibilidade da palavra, que as encarna ao assumi-las, 
para se fazer passar ao ato, desde o simples som vocal, que se estiliza em palavras, 
pela imposição de um sentido social, até à palavra humana efetiva, carregada de 
intenções particulares e portadoras de valores pessoais (GUSDORF, 1977, p. 6).
O Homo Symbolicus se refere a uma prodigiosa faculdade humana, um atributo 
que diferencia os homens das demais criaturas. Os humanos expressam pensa-
mentos representando-os através de signos e símbolos, concebidos por escritos, 
palavras, sons, imagens, instrumentos do pensamento ao serviço da comunicação. 
A distinção entre signos, símbolos e até mesmo sinais nem sempre é fácil de se 
estabelecer e no período patrístico não existia distinção entre os quais; na literatura 
atual, por vezes, é difícil distingui-los em uma primeira visualidade. 
O símbolo constitui representação que incorpora determinados valores e que é 
perceptível de um juízo que lhe é associado por alguma convenção social, tal que 
exista uma ligação convencional entre aquilo que significa e o que denota; portan-
to, todo símbolo veicula determinada concepção social, que pode ser uma palavra, 
um som, gesto, ritual, uma gravura e outros correlatos.
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Os símbolos são subjetivos, representam coisas distintas de si e são percebidos 
como metáforas. O seu significado não é limitado ou concreto, mas é uma indica-
ção de seus valores, por meio de uma analogia e são usados por uma sociedade 
para definir determinada realidade – por exemplo, estandarte das legiões romanas.
Figura 10 – Estandarte das legiões romanas
Fonte: Wikimedia Commons
Utilizado pelas legiões romanas como um sinal de identificação, a águia simbo-
lizava poder, dominação, força e disciplina. Durante o reinado de Júlio César, era 
confeccionada com ouro e prata; posteriormente com Augusto passou a ser feita 
unicamente com ouro. Em suas viagens com o exército, eram raros os momentos 
em que esse símbolo saía do acampamento e sempre estava sob a segurança de um 
legionário, principalmente durante as batalhas, o qual era responsável por defendê-
-la com a própria vida – se fosse o caso. Para os romanos, perder a águia seria o si-
nal de grande desventura e a legião por essa responsável seria considerada maldita.
Assista ao filme A Legião Perdida (The Eagle).
Trailer disponível em: https://youtu.be/K_RINIw0_ZgEx
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O vocábulo signo, evidentemente deriva de significado e refere-se ao que toma 
o lugar de outra coisa e representa a realidade ou o conceito específico para a pes-
soa que o interpreta. Convém ressaltar o pensamento de Kant, quem define o sujei-
to do conhecimento como transcendental, porque cria um mundo para habitá-lo, 
mas sempre a partir de um orbe que lhe é disponibilizado a priori. 
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UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
Em sua Teoria do conhecimento, Kant se questiona a partir destes princípios:
• O que posso saber? – Teoria do conhecimento – as fontes do saber humano;
• O que devo fazer? – Ética – a extensão do uso possível e útil de todo saber;
• O que posso esperar? – Teologia – os limites da razão;
• O que é o ser humano? – Antropologia.
Para conhecer o mundo, o homem o faz por meio de suas próprias estruturas 
mentais, que moldam os dados que recebe do mundo exterior, embora não seja 
mero receptor, figurando como um construtor de imagens que lhe aparecem à 
mente. ParaKant, um objeto em si é incognoscível, mas quando a mente humana 
reconfigura os seus dados por meio de estruturas internas, esse objeto adquire a en-
tidade conhecida, ou seja, o mundo é como aparece à mente do homem singular 
que se dispõe conhecê-lo, o que é um indício de que os signos têm interpretações 
pessoais, que podem ser distintas entre os homens.
Os signos são, portanto, sinais que se propõem comunicar algo a ser percebi-
do pelos seres humanos, como também a outros seres vivos – se necessário for. 
Os receptores recebem informações de enunciados verbais e não verbais de inú-
meras fontes, o que faz de suas vidas uma eterna dependência desse processo 
de comunicação. De acordo com Charles Sanders Pierce (1839-1914), “Pai da 
Semiótica e do Pragmatismo”, todo pensamento humano só ocorre por meio de 
signos (SANTAELLA, 1990.). Segundo Ferrater Mora (1977, p. 369), atualmente 
prepondera a doutrina que afirma que o signo pode ser considerado como algo 
que sustenta três tipos de relação: com outros signos – sintaxe –, com objetos 
designados pelo signo – semântica – e com o sujeito que desse faz uso – prag-
mática. Veja exemplos:
Figuras 11 e 12
Fonte: Leo Martins 
Propositalmente ladeadas, estas duas obras bem que poderiam ter sido uma ale-
goria da última campanha que tivemos no plebiscito sobre a venda de armas, ou a 
atual discussão em relação a liberar ou não o seu porte. 
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Observe que enquanto há apenas um grande não em branco, este e toda a monta-
gem estão eivadas de palavras sim, o que poderia se tratar de campanha auto-orienta-
da. De qualquer forma, aqui fica evidente que o observador é quem deverá interpretar 
a mensagem – e o fará de acordo com os valores que construiu ao longo de sua vida.
Um sinal seria um signo informativo, que oferece significados a priori de sua 
interpretação, ou seja, já vem interpretado e apenas induz o seu espectador à de-
terminada reação. Um bom exemplo está nas sinaleiras utilizadas para regular o 
trânsito nas cidades.
A professora Maria Cecília Sa nchez Teixeira (2016) atribui ao Homo Symbolicus 
a sua imaginação no desenvolvimento das culturas, Ciências e da educação, na 
compreensão dos processos de simbolização, que encaminham a uma pedagogia 
do imaginário, tendo como meta a “educação da alma” através da restauração do 
equilíbrio entre razão e imaginação – necessário à formação integral do homem.
É por meio dos processos de simbolização que assumimos nossa huma-
nidade, que tomamos consciência da nossa condição própria aos seres 
vivos, ou seja, do nosso destino mortal, pois, como diz Gilbert Durand 
(1967), o universo humano é simbólico, e só é “humano” na medida em 
que o homem atribui sentido às coisas e ao mundo através da imagina-
ção, a qual, no seu entender, ao mesmo tempo funda e transcende as 
atividades da consciência. (TEIXEIRA, 2016, p. 48)
O Homo Habilis foi a primeira espécie de hominídeo a manifestar habilidade 
em manipular utensílios, o que lhe permitiu enfrentar desafios mais complexos e 
estratégias elaboradas para a sua sobrevivência.
Homo Habilis – http://bit.ly/2JBvJEx
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No Homo Habilis surgiram as ferramentas de pedra, um primeiro passo para 
outras invenções, tal como o fogo; passou a explorar novos territórios e a viver 
em comunidades, criando uma linguagem primitiva e rudimentar comunicação 
entre os seus membros.
O Homo Socialis, vocábulo que designa o comportamento do homem condicio-
nado, originado na teoria de George Elton M ayo (1880-1949), no século XX, na qual 
o homem é motivado, principalmente pela tradição; a felicidade individual, o cres-
cimento e a saúde da sociedade dependem da existência de um sentido de “função 
social’’ do indivíduo, que de certa forma implica a necessidade de reconhecimento, 
participação e aprovação social nas atividades dos grupos sociais onde vive, família, 
tribo, aldeia, cidade, Estado, em um cenário que envolve dois personagens, indivíduo 
e Estado, cujas ações derivadas de seu contexto – religioso, cultural – determinam re-
sultados a ambos e faz surgir o Homo Socialis, cu idadoso com o seu lado social, aos 
seus relacionamentos interpessoais, onde imprime grande estima a valores sociais e 
um senso agudo em ações com vistas ao coletivo.
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UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
Figura 13
Fonte: Getty Images
A tese de Peter Berger  (1929-2017) e Thomas Luckmann (1927-2016), soció-
logos austro-americanos, implica a sociedade resulta da construção social da 
realidade. Para esses estudiosos, a forma pela qual o indivíduo define a sociedade 
e percebe as ações humanas interage socialmente e constrói o mundo social, de 
modo que a percepção seja moldada pelos sentidos subjetivos, os quais atribuídos a 
uma experiência objetivamente vivida (BERGER; LUCKMANN, 2014).
A Construção Social da Realidade
Externalização Objeti�cação Internalização
O indivíduo cria ordem nas 
suas impressões e externa 
seus pensamentos pela 
linguagem.
A linguagem e o 
comportamento criam hábitos 
e instituições.
As ideias são rei�cadas.
A sociedade formada pelos 
hábitos e instituições cria a 
consciência e molda a 
percepção de realidade do 
indivíduo.
Figura 14
Como fundamentos a esse argumento, propõem alguns conceitos (ALVES, 2018): 
• Externalização: pensamentos, sentimentos, ideias que ganham formas;
• Objetificação, ou reificação: a transformação dos pensamentos pela lingua-
gem, o comportamento dentro de parâmetros sociais e a sua institucionalização 
nas artes, normas e nos hábitos;
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• Internalização: com os parâmetros dos artefatos ou objetos socialmente acei-
tos, o indivíduo tem consciência e interpreta o mundo. Reflexivamente, exter-
naliza os seus pensamentos com base nesses parâmetros;
• Habitualização: ações repetidas se tornam parâmetros que serão aceitos por 
outros que vierem depois;
• Institucionalização: o processo de implantar uma convenção ou norma na so-
ciedade. Isso acontece quando os hábitos se tornam normais ou realidade;
• Realidade: uma qualidade inerente ao fenômeno ao qual reconhecemos que 
essa qualidade é associada ao fenômeno, independentemente de nossa vontade;
• Conhecimento: certeza de que os fenômenos são reais e que possuem carac-
terísticas específicas.
Importante!
Como as sociedades são diferentes entre si, o que é considerado ser real em uma cultura 
pode não ser em outra.
Importante!
O Homo Culturalis reflete o clássico princípio de que a causa se conhece por 
seus efeitos. O seu estudo se propõe descobrir quem seria o homem independente 
de sua estrutura física e fisiológica, ou de suas faculdades espirituais, mas exata-
mente a partir do exame de seus produtos culturais, os quais mostram a sua capa-
cidade intelectual. Em tese, tudo aquilo que não for natureza, torna-se resultado da 
criatividade humana.
Para Battista Mondin (1980), a cultura é essencialmente um modo organizado 
de vida, na qual tudo o que o homem adquire, ou produz, faz com o uso de suas 
faculdades; portanto, constitui-se de todo o conjunto de saberes e de produções 
que envolvem Ciência, técnica e tudo aquilo que o homem com o seu saber e fazer 
extrai da natureza. Interpretações estruturalistas entendem as relações entre cul-
tura e natureza como um diálogo, a Antropologia Cultural, pela qual ao utilizar 
a cultura o homem humaniza a natureza e esta naturaliza o homem – através 
dos recursos que lhe disponibiliza –, dando origem ao homem-estrutura cultural. 
Segundo Mondin (1980), seria a cultura com as suas estruturas a formar e modelar 
o homem, em suas distintas expressões de liberdade. 
Analise os seguintes versos de Rita Lee e ouça a sua música, intitulada Choque cultural:
Eu entrei quente
Crente que estava abafando
Quando
Tropecei no ego
Fiquei cego e caí na real
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UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
Me sinto um lixo 
Bicho da Pré-História 
Memória 
De uma raça 
Que ameaça a espécie especialChoque cultural é normal 
Choque cultural é normal
Fui pra Machu Picchu 
Fiquei mucho putcho, bitchu 
Cheguei atrasado 
No passado 
E comprei um postal
Verde-amarelo 
Elo perdido 
Ídolo 
Retornar à base 
Kamikase 
Pra batalha final
Choque cultural é normal 
Choque cultural é normal
Não senhor, eu não sou inferior 
Não senhor, eu não sou inferior 
Não senhor, eu não sou inferior
Composição: Rita Lee / Roberto Carvalho
O homem manifesta o seu ser e outras dimensões; inventa as coisas que determi-
nam o seu jeito de pensar e de ver o mundo, manifestando-o socialmente de forma 
culturalmente ostensiva. Da leitura de Mondin (1980), pode-se concluir a impossibilida-
de de separar o homem de seu microuniverso, de sua comunidade; tampouco de seu 
macrouniverso, o Cosmos. A partir desse entendimento, é possível partir da humani-
dade comum para a sua diversidade cultural, uma inerência da condição humana, que 
permite concluir pela incoerência em tentar apartar o homem de seu universo.
Segundo Roque de Barros Laraia (2003), o homem é decorrência do meio cultural 
em que foi socializado e ao adquirir cultura perdeu a sua propriedade animal ge-
neticamente acurada, de repetir as mesmas ações de seus antepassados, o que a esse 
requisita contextualizar o seu pensamento para lhe dar a devida pertinência, quando 
busca respostas como pontos de partida de suas ações, tais como quem somos? 
Onde estamos? De onde viemos? Para aonde vamos?
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O Homo Faber significa o homem artífice. Conceito filosófico proposto por 
Johannah Arendt, mais conhecida como Hannah Arendt (1906-1975) e Max 
Scheler (1874-1928), como modo de descrever a capacidade do homem para 
controlar a natureza por meio de ferramentas. É importante não confundir com 
a mesma definição empregada pelo filósofo e diplomata francês Henri Bergson 
(1859-1941), que a empregou para designar o homem primitivo, ou o Homo Habilis, 
em face de sua indigência em forjar os seus utensílios imperativos à sustentação da 
vida em seu período.
Para Hannah Arendt, o Homo Faber produz o mundo através de seu trabalho, 
ao mesmo tempo em que mantém a sua identidade por meio da produção de obje-
tos no mundo. Trata-se da condição humana, qu e para Arendt (2001) compreende 
algo mais do que as circunstâncias nas quais a vida foi dada ao homem. 
O Homo Ludens indica uma atividade humana ligada ao jogo como elemento 
cultural, social e econômico. 
Figura 15 – Túmulo da rainha Nefertari, esposa de Ramsés II,
faraó do Egito, com um jogo da época, o senet
Fonte: Wikimedia Commons
Não obstante datar de tempos remotos, pesquisas indicam os primeiros registros 
oficiais de jogos em Roma e na Grécia:
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UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
Figura 16
Fonte: Wikimedia Commons
O vocábulo jogo deriva do latim Iocus, com o significado próprio de jogo, mas tam-
bém tem a conotação de brincadeira, divertimento, de modo que etimologicamente sur-
ge, no latim, como ludus, uma atividade estruturada e, via de regra, praticada com fins 
recreativos, bem como à época fazia parte de processos educacionais. Homo Ludens: o 
jogo como elemento da cultura, é o título de um livro de Johan Huizinga (1872-1945), 
historiador e linguista holandês, conhecido por seus trabalhos nas áreas da história cultu-
ral, da teoria da história e da crítica da cultura. Para Huizinga (2014, p. 33): 
[...] o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de 
certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livre-
mente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim 
em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e 
de uma consciência de ser diferente da “vida quotidiana”. 
Para Roger Caillois  (1913-1978), sociólogo, crítico literário e ensaísta francês, 
essa foi a obra mais importante na Filosofia da História em nosso século XX. 
Huizinga (2014) estruturou a obra sob uma extensa perspectiva histórica, recorren-
do, inclusive, a estudos etimológicos e etnográficos de sociedades distantes tempo-
ral e culturalmente, ao abordar a noção de jogo em uma perspectiva histórica en-
quanto fenômeno cultural e não biológico, psicológico ou antropológico, de modo 
que a esse associa metodicamente outras atividades fundamentais da vida humana, 
tais como linguagem, competição, divertimento e, principalmente, conhecimento. 
Em Johan Huizinga, o jogo seria inato ao homem e até mesmo aos animais – en-
quanto brincadeiras –, considerando-o uma categoria absolutamente primária da vida, 
portanto, precedente à cultura: “A existência do jogo é inegável. É possível negar, se 
quiser, quase todas as abstrações: a justiça, a beleza, o bem, Deus. É possível negar-se a 
seriedade, mas não o jogo” (HUIZINGA, 2014, p. 6).
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A visão filosófica do Homo Ludens de Huizinga (2014) implica:
I. O jogo como elemento partícipe da cultura;
II. O jogo enquanto uma atividade livre, voluntária, delimitada no tem-
po e no espaço, conduzida pela imaginação e por regras próprias 
de organização;
III. No jogo, quanto ao brincar, o sentido é dado por aqueles que brin-
cam, os quais significam e ressignificam o mundo de seu entorno;
IV. O jogo se faz um importante espaço de expressão, mas principal-
mente de aprendizagem sobre o mundo natural e social e, ao mesmo 
tempo, uma possibilidade de transformação da realidade, pelo desen-
volvimento da capacidade imaginativa e criativa.
Para Huizinga (2014), o jogo pode ser entendido, ainda, como uma estrutura da 
linguagem, onde ocupa a função de significante, ao encerrar determinado sentido 
e transcender as necessidades imediatas da vida, ao conferir um sentido à ação, o 
que implica a presença de um elemento não material em sua própria essência, tal 
que o jogo seja parte da comunicação – e a comunicação parte do jogo.
Eis uma possível conclusão que se possa obter a partir do trabalho de Huizinga 
(2014): o jogo é uma característica intrínseca ao homem e elemento de sua cultura. 
Por ser essencialmente lúdico, faz-se importante para a constituição da autonomia 
do sujeito, ao relacionar a ação a significados e sentidos, enquanto na vida real, a 
ação via de regra determina o significado. 
Huizinga (2014) evidencia certo ceticismo com a perda do espírito lúdico, com o 
surgimento do realismo e com a Revolução Industrial, quando as competições são 
valorizadas a partir de uma esfera profissional, comercial e caracterizados, princi-
palmente pela ausência da espontaneidade.
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UNIDADE Tematizações Filosófico-Antropológicas da 
Antiguidade ao Medioevo e à Modernidade
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
A Ascensão da Humanidade – Jacob Bronowski
https://youtu.be/87MZYTDDcbw
 Filmes
Tempos Modernos
Filme de 1936 dos Estados Unidos do cineasta Charles Chaplin, em que o seu famoso personagem 
“O Vagabundo” (The Tramp) tenta sobreviver em meio ao mundo moderno e industrializado. 
É considerado uma forte crítica ao capitalismo, bem como uma crítica aos maus tratos que os 
empregados passaram a receber durante a Revolução Industrial.
1984: O Futuro do Mundo
1984 é um filme de ficção científica britânico de 1956, dirigido por Michael Anderson, baseado 
no livro homônimo do autor inglês George Orwell. 
É a primeira versão cinematográfica da história, dirigido por Michael Anderson, e estrelado por 
Edmond O’Brien. 
 Leitura
Ainda além do medo: Filosofia e Antropologia do preconceito
http://bit.ly/2LgS65j
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