Leia o trecho a seguir:
“Há um outro movimento dentro das Mitológicas que é ainda mais importante. Embora Lévi-Strauss diga que o que ele faz é um estudo das representações míticas ameríndias da passagem da natureza à cultura, a série completa mostra como essa passagem é uma passagem de mão dupla, ambígua, tem voltas e tem regressões, é marcada por uma nostalgia do contínuo, uma nostalgia da volta à natureza. Ele passa metade das Mitológicas - se não mais da metade mostrando como essa passagem é precária, é estreita. Vejam as célebres análises do significado do veneno, e também da mitologia do mel, do tabaco. Em vez de ser uma saída de mão única da natureza em direção à cultura, a reflexão ameríndia está marcada por uma certa nostalgia do contínuo, do mundo e do tempo em que os animais falavam. Em sua entrevista para Didier Eribon, que lhe pergunta 'O que é um mito?', Lévi-Strauss responde: 'Se perguntarmos isso para um índio americano ele dirá: um mito é uma história do tempo em que os animais falavam'. E acrescenta: essa definição, hipotética, mas verossímil, é, na verdade, muito profunda, porque os homens nunca se conformaram por terem obtido a cultura à custa da perda do acesso comunicativo às outras espécies. O mito, então, é uma história do tempo em que os homens se comunicavam com o resto do mundo” (Lagrou; Belaunde, 2011, p. 11). Considerando o trecho apresentado, que contém uma análise de Eduardo Viveiros de Castro sobre parte da obra de Lévi-Strauss, e considerando os estudos sobre a dicotomia natureza e cultura, analise as afirmativas a seguir: I. Segundo Lévi-Strauss, a dicotomia natureza e cultura tem valor lógico, e é um instrumento metodológico válido para a sociologia moderna. II. Para Lévi-Strauss, a cultura é uma resposta humana à natureza, permitindo aos seres humanos criar sistemas simbólicos complexos que estruturam suas vidas sociais. III. Para Lévi-Strauss, a divisão entre natureza e cultura é central para a compreensão da organização das sociedades humanas e das formas como os seres humanos constroem significado e ordem social. IV. Segundo o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, o antropólogo Lévi-Strauss sustenta que a passagem da natureza à cultura é unidirecional, não havendo espaço para ambiguidades ou regressões nesse processo. É correto o que se afirma em: A. ( ) I, II, III e IV. B. ( ) II e IV, apenas. C ( ) III e IV, apenas. ) I, II e III, apenas. ) I, apenas.
Ed
há 2 meses
Vamos analisar cada afirmativa: I. Segundo Lévi-Strauss, a dicotomia natureza e cultura tem valor lógico, e é um instrumento metodológico válido para a sociologia moderna. Verdadeiro, Lévi-Strauss realmente utiliza essa dicotomia como uma ferramenta analítica em suas obras. II. Para Lévi-Strauss, a cultura é uma resposta humana à natureza, permitindo aos seres humanos criar sistemas simbólicos complexos que estruturam suas vidas sociais. Verdadeiro, essa afirmativa está correta, pois Lévi-Strauss vê a cultura como uma construção que emerge em resposta à natureza. III. Para Lévi-Strauss, a divisão entre natureza e cultura é central para a compreensão da organização das sociedades humanas e das formas como os seres humanos constroem significado e ordem social. Verdadeiro, essa afirmativa também está correta, pois a dicotomia é fundamental para a análise das sociedades. IV. Segundo o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, o antropólogo Lévi-Strauss sustenta que a passagem da natureza à cultura é unidirecional, não havendo espaço para ambiguidades ou regressões nesse processo. Falso, essa afirmativa é incorreta, pois o trecho mencionado discute que a passagem é ambígua e marcada por nostalgia, o que contradiz a ideia de um processo unidirecional. Com base na análise, as afirmativas I, II e III são verdadeiras, enquanto a IV é falsa. Portanto, a alternativa correta que contém todos os itens verdadeiros é: D) I, II e III, apenas.