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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNICARIOCA 
 
 
 
 
 
 
 
BULLYING 
impactos e possibilidades de intervenção no contexto escolar 
 
 
 
 
 
 
LORRANY BATISTA DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2019 
 
 
 
LORRANY BATISTA DE OLIVEIRA 
 
 
 
BULLYING 
impactos e possibilidades de intervenção no contexto escolar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Marcia de Medeiros Aguiar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Rio de Janeiro 
2019 
 
 
Trabalho de conclusão de curso 
apresentado ao Centro 
Universitário Carioca, como 
requisito parcial para obtenção 
do grau de Licenciado em 
Pedagogia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este trabalho, primeiramente a Deus, que é 
meu porto seguro, o nosso amor maior. Aos meus 
pais, Iolanda e Wilson, às minhas avós, Geralda e 
Simildes (em memória), aos meus tios Bernadete e 
Hélio, minha prima Juliana, por todo amor, carinho e 
todos ensinamentos ao longo da vida. Ao meu noivo 
Marcelo que foi meu apoio e fortaleza. “Tudo posso 
naquele que me fortalece”. [Felipenses 4:13]. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Gostaria de agradecer a Jesus Cristo, por 
essa importante conquista, com sabedoria, 
paciência, luta e amor. Agradeço ao anjo que Jesus 
colocou em meu caminho e mudou minha vida, meu 
noivo, sinto-me imensamente grata por todo seu 
apoio, incentivo e prestabilidade ao longo dessa 
caminhada. Agradeço aos meus pais, minha avó, 
meus irmãos, meus sobrinhos, meus tios e meus 
primos. Agradeço a minha professora e orientadora 
Marcia de Medeiros Aguiar pela sua dedicação e 
apoio, contribuindo de forma afetiva e efetiva que 
tornaram possível a realização e conclusão desta 
pesquisa. E agradeço a professora Lana Barbosa e a 
todos os meus professores da UniCarioca ao qual 
tive o prazer de estudar com cada um. 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Esta pesquisa teve como objeto de estudo abordar o bullying no campo 
educacional. Com o objetivo de identificar os impactos que o bullying pode 
causar em suas vítimas e os possíveis meios de contribuir no combate desse 
fenômeno no contexto escolar. Desta forma, é possível afirmar que a realização 
da pesquisa tem grande relevância e destaca-se por contribuir para o 
conhecimento do fenômeno, a fim de apresentar os papéis das escolas e das 
famílias nas ocorrências de bullying, as formas de manifestação, as 
características de suas vítimas e dos seus agressores, as suas consequências, 
e como esse grave problema pode afetar a vida das crianças e jovens no 
ambiente escolar. A partir das informações coletadas, foram analisados e 
discutidos relatos de pessoas que vivenciaram o mal que esse fenômeno pode 
causar e concluiu-se que é necessário ter um olhar mais atento ao bullying, a 
não identificação precoce ou a omissão do problema pode ocasionar 
consequências graves às vidas das vítimas. Sugerem-se propostas para 
contribuir na intervenção, de maneira que busque uma postura de 
esclarecimento para os alunos, família e toda comunidade escolar, 
desenvolvendo ações de prevenção, trabalhando a conscientização do bullying, 
inserindo valores como respeito, ética e tolerância, visando criar uma saudável 
interação social e qualidade de vida de todos os indivíduos. 
 
Palavras–chave: bullying – escola - família. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
Nº da 
página 
1 – INTRODUÇÃO 7 
2 – REFERENCIAL TEÓRICO 13 
3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES 31 
4 - CONCLUSÃO 39 
5 - REFERÊNCIAS 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com 
adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o 
amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade 
muda”. 
Paulo Freire 
 
O presente projeto de pesquisa tem como foco principal o bullying, um ato 
constante e presente no contexto escolar, mas também pode ocorrer dentro ou 
fora do cotidiano escolar. Embora não se fale tanto sobre o assunto quanto 
deveria, alguns ainda desconhecem a gravidade do problema e suas possíveis 
consequências psicológicas e emocionais para quem sofre repetidas e 
intencionais atitudes agressivas e constantes intimidações. Lembrando que, nem 
tudo que desagrada uma criança é caracterizado bullying. Existe naturalmente 
empatias e antipatias. 
Pode-se mencionar que o Brasil, segundo dados do órgão do MEC, 
aproximadamente um em cada dez estudantes é vítima frequente de bullying nas 
escolas, e ainda segundo o Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF, 
2017), o Brasil é o quarto país com maior prática de bullying no mundo, 43% dos 
estudantes de 11 a 12 anos foram vítimas de violência na escola. São vítimas 
que sofrem diariamente seja por piadas, boatos maldosos, que causam 
constrangimentos e tristeza, são excluídos pelos colegas, e sofrem agressões 
físicas ou psicológicas. Já, o cyberbullying, o bullying virtual, é apontado no 
Brasil, segundo o instituto Ipsos, como 2º país no mundo com mais casos de 
bullying virtual contra crianças e adolescentes. 
Levando em consideração esses aspectos, situações como essas podem 
ser prejudiciais para o desenvolvimento integral das crianças, trazendo 
problemas comportamentais, dificuldades na aprendizagem e socialização, 
evasão escolar, podendo também agravar problemas pré-existentes, transtornos 
psíquicos, depressão, fatores que podem ser irreversíveis, levando o indivíduo 
ao ponto mais extremo, o suicídio. 
A família e a escola são peças fundamentais para que se encontre uma 
solução para superar ou intervir para o problema do bullying. Faz-se necessário 
que as duas estejam muito atentas para a identificação do problema e juntas 
8 
 
caminhem na busca da superação dos problemas, mudando a vida das crianças 
e adolescentes. 
A educação está ligada à ética e à democracia, a base para uma boa 
estrutura de vida do ser humano. A escola é um espaço democrático onde se 
encontra a diversidade e a interação entre todos a fim de que ocorra a 
aprendizagem que propicia a formação de alunos críticos, capazes de enfrentar 
as diversas situações e problemas que surgem em seu cotidiano. 
 
1.1. Objetivos 
 
1.1.1. Objetivo geral 
 
 Identificar os impactos causados pela prática de bullying no processo de 
ensino-aprendizagem e os possíveis meios de contribuir na intervenção do 
combate desse fenômeno no contexto escolar. 
 
1.1.2. Objetivos específicos 
 
• Identificar as características apresentadas pelo bullying no contexto 
escolar. 
• Analisar as possíveis consequências que o bullying pode causar em suas 
vítimas e como os agressores podem ser responsabilizados por seus atos. 
• Analisar a percepção da escola e da família nas ocorrências de bullying e 
como elas podem ajudar na intervenção da prática desse problema. 
 
 
1.2. Justificativa 
 
O bullying é um fenômeno universal, que parte de agressões físicas ou 
verbais, causadas por um ou mais indivíduos, feitas de maneira repetitiva e 
intencional. É um problema que aflige há anos crianças e adolescentes pelo 
mundo. Em 1970, o pesquisador sueco Dan Olweus passou a estudar o assunto, 
que ganhou notoriedade nos anos 1980, chegando ao Brasil no final dos anos 
1990. 
9 
 
Devido à sua relevância, buscar e trazer pesquisas, além de mostrar os 
impactos e possibilidades de intervenção do bullying, é algo fundamental e 
evidente diante de inúmeros casos e inúmeras vítimas do bullying no ambienteauxiliar em projetos de combate ao bullying, pode-se utilizar uma variedade de 
histórias, por exemplo, O Patinho Feio, A Cigarra e a Formiga. Essas histórias 
podem ser modificadas de acordo com a proposta pedagógica, integrando junto 
a elas mensagens de reflexão, trabalhando atitudes de tolerância, respeito, 
amizade, cultura e solidariedade. A literatura é um amplo caminho de 
conhecimento e que tem o poder de transformar vidas através da leitura. Muitos 
livros podem influenciar de maneira positiva a questão do bullying, as escolas 
38 
 
podem buscar nesse amplo mundo da literatura livros como: Ernesto, de 
Blandina Franco e José Carlos Lollo, que apresenta a importância de aceitar o 
outro como ele é; Pedro e o menino valentão, de Ruth Rocha; Flicts, de Ziraldo, 
e Romeu e Julieta, de Ruth Rocha, que mostram a individualidade, onde um não 
pode se misturar com o outro, mas nasce uma amizade, que no fim acontece a 
união, socialização e aceitação das diferenças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
4. CONCLUSÃO 
“Se nada ficar destas páginas, algo, pelo menos, esperamos que permaneça: nossa confiança 
no povo. Nossa fé nos homens e na criação de um mundo em que seja menos difícil amar”. 
Paulo Freire 
 
A escola é um dos principais espaços de convivência da criança. Na 
escola, elas terão encontro com o outro, passam pela socialização e por diversas 
formas de expressão corporal e cultural. As crianças se adaptam a uma nova 
realidade e passam a conviver com jeitos e costumes diferentes, a convivência 
não é uma experiência sempre fácil. Muitas vezes surgem problemas de 
convivência que afetam a vida de muitas crianças. A escola deve prezar pela 
integridade física e emocional de seus alunos. O bullying é uma problemática 
crescente que pode ser identificado e combatido, o trabalho não é fácil, é um 
trabalho de muita atenção, dedicação e muito comprometimento. Se 
comprometer a disponibilizar para as crianças uma tranquilidade necessária para 
que elas possam estudar de maneira segura e sem nenhum trauma ou 
transtornos psicológicos. 
Somente punir quem comete o bullying não irá acabar com a situação. O 
problema é maior do que apenas uma punição. É preciso que a educação esteja 
presente não apenas para os que praticam o fenômeno, mas para a escola como 
um todo. Quem comete os atos também necessita de ajuda da escola e da 
família. Deve-se encontrar meios, alternativas e métodos educativos para 
auxiliar quem comete o bullying. 
A coordenação e toda equipe pedagógica devem estar atentos não 
somente aos alunos, mas também aos professores, auxiliando e dando todo 
suporte necessário. Deve-se estabelecer uma reflexão sobre o papel do 
educador, suas práticas pedagógicas e as relações que estabelece com os 
alunos e a comunidade escolar, pois são os professores que acompanham a 
rotina diária e estão em sala de aula com os alunos, buscando sempre 
alternativas para que todo e qualquer problema seja solucionado da melhor 
maneira possível. Sempre pensando no bem-estar dos alunos e na melhor 
qualidade na educação. 
 
40 
 
Os profissionais devem ser equilibrados, seguros, que 
demonstrem confiança e transmita valores, conciliando o 
intelectual com o emocional, deixando prevalecer seu lado ético 
e pedagógico, a fim de demonstrar sempre acessível ao aluno. 
Assegurar a ele que a escola o acolherá e o ajudará da melhor 
maneira possível, para que com isso, os atos de violências 
sejam relatados e as vítimas possam usufruir da ajuda oferecida 
pela escola. (SOARES, 2014, p. 7) 
 
A escola deve estar preparada para qualquer caso de bullying que venha 
acontecer no seu âmbito. É importante e primordial saber explorar o tema com 
os alunos e preparar os professores para que eles possam dar o apoio, 
necessário às vítimas. Quanto mais cuidado e preparação a escola tiver, menos 
danos físicos, emocionais ou psicológicos as vítimas sofrerão. 
Dentro desse contexto, é fundamental que as escolas desenvolvam 
políticas de prevenção, partindo da constituição de uma equipe pedagógica 
preparada, capacitada para receber e atender as possíveis situações sociais 
ocorrentes e também para uma melhor atuação em programas preventivos, 
buscando o apoio e a parceria da família, podendo discutir ações que estejam 
ligadas ao fenômeno no ambiente escolar, obtendo soluções eficazes e evitando 
assim os riscos e as consequências. 
 A educação deve ser transformadora, uma vez que possui um papel 
importantíssimo na vida do ser humano. É na escola onde se aprende a se 
socializar, o trabalho em grupo, a troca de experiências, a interação, é o local 
onde se realiza grandes aprendizados. 
 
Para tanto o bullying, como qualquer outro tipo de violência, é de 
difícil extinção, mas pode vir a ocorrer gradualmente a sua 
redução. É a função do coordenador, orientar, aconselhar e 
acompanhar alunos, professores, funcionários e pais ou 
responsáveis nesse processo. A minimização desses atos de 
violências só irá ocorrer com o conhecimento, aprimoramento e 
amadurecimento de todos. E para isso o trabalho deve ser 
desenvolvido com todos os profissionais da educação em 
conjunto com a família. (SOARES, 2014, p. 8) 
 
O diálogo deve ocorrer de maneira diária, buscando incentivar a 
comunicação. Assim como as vítimas precisam ter a autoestima fortalecida, 
sentir que está em um lugar seguro e precisam sentir-se confortáveis para poder 
41 
 
falar sobre o assunto e mais seguras, consequentemente, terão mais confiança 
para dialogar e encontrar auxílio. 
Ainda é preciso lembrar que o agressor também necessita de ajuda, pode-
se propor que a escola também o acolha, pois toda violência deixa suas marcas 
e tem raízes profundas. É importante também se atentar em ajudar o agressor 
com projetos pedagógicos que o auxiliem com a maneira de lidar um com o outro 
no mesmo nível, sem hierarquia, ajuda a ouvir e agir com paciência, respeitar as 
ideias dos outros e trabalhar em grupo. 
Observa-se que é preciso buscar meios de intervenção deste problema, 
os professores, funcionários e a família, precisam ter um preparo para lidar com 
a questão do bullying, ter um olhar atento as ocorrências, e não tomar 
providências precipitadas, pois essas atitudes acabam por agravar o problema. 
Necessita-se Inserir práticas pedagógicas que esclareça, conscientize o 
problema e incentive a uma convivência saudável, controlando qualquer prática 
de preconceito ou desrespeito, ofertando aos agressores a possibilidade de 
restauração, aprendizagem e mudança, trabalhando a convivência dentro e fora 
do ambiente escolar, desenvolvendo a empatia a solidariedade, a cooperação, 
e o respeito entre as crianças, buscando assim caminhos para ressignificar as 
relações humanas, inserindo-se em uma sociedade justa e democrática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
5 REFERÊNCIAS 
ARAÚJO, Carla Patrícia da Silva e SILVA, Luciana Rios. Bullying na escola: essa 
brincadeira não tem graça. Educação e Contemporaneidade (EDUCON). São 
Cristóvão: V colóquio internacional, 2014, p. 1 - 16. Disponível em: 
. Acesso em: fev.2019. 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: Texto constitucional 
promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas 
Emendas Constitucionais, nos 1/92 a 38/2002 e pelas Emendas Constitucionais 
de Revisão nos 1 a 6/94. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições 
Técnicas, 2002. Disponível em: 
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91
_2016.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: set/2019. 
 
BRASIL. Lei 13.185 de 6 de novembro de 2015. Institui o Programa de Combate 
à Intimidação Sistemática (Bullying). Diário Oficial da República Federativa 
do Brasil: Brasília. Disponível em: .Acesso em novembro/2015. 
 
BRASIL. Bullying: especialistas indicam formas de combate a atos de 
intimidação. Brasília: Ministério da Educação, 2017. Disponível em: 
. Acesso em fev/2019. 
 
CALHAU, Lélio Braga. Bullying, o que você precisa saber: identificação, 
prevenção e repressão. 2a ed. Niterói: Impetus, 2010. 
 
CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Bullying: Cartilha 2010, junho/julho 2010. 
Disponível em: . Acesso em out/2019. 
 
CONSTANTINI, Alessandro. Bullying: Como combatê-lo?: prevenir e enfrentar 
a violência entre jovens. Tradução: Eugênio Vinci de Moraes. São Paulo: Itália 
Nova Editora, 2004. 
 
FANTE Cleo, Fenômeno bullying: como previnir violência nas escolas e educar 
para paz. 6. ed. Campinas: Verus, 2011. 
_________; PEDRA, José Augusto. Medidas, procedimentos e 
encaminhamentos. Bullying escolar: perguntas e respostas. 1. ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2008. 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros 
escritos. São Paulo: UNESP, 2000. 
 
____________. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 
1987. 
MALDONADO, M.T. Bullying e cyberbullying: o que fazemos com o que fazem 
conosco? São Paulo: Moderna, 2011. 
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf?sequence=1&isAllowed=y
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf?sequence=1&isAllowed=y
43 
 
MIDDELTON-MOZ, Jane; ZAWADSKI, Mary LEE. Bulíeis brincando. In: 
MIDDELTONMOZ, Jane; ZAWADSKI, Mary Lee. BULLYING: estratégias de 
sobrevivência para crianças e adultos. Tradução de Roberto Cataldo Costa. 1. 
ed. reimpressão: Porto Alegre: Artmed, 2007, cap. 4, p. 79 – 94. 
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brincadeira. Florianópolis, 2017. Disponível em: 
. Acesso em: out/2019. 
 
PRAGMATISMO POLÍTICO. Mãe lê mensagem que estimulou filho a cometer 
suicídio. 2015. Disponível em: 
. Acesso em: out/2019. 
 
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. 7ª. 
Reimpressão. São Paulo: Cortez, 2012. 
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de 
Janeiro: Objetiva, 2010. 
SOARES. Alexandre Saldanha Tobias. Bullying e Direito. Editora Online 
Corujito, 2013. Disponível em 
http://alexandresaldanhaadvogadoantibullying.blogspot.com.br/2013/08/livrobull
ying-e-direito-download. Acesso em: set/2019. 
 
SOARES, Kelly Cristine da Cruz. O bullying no contexto escolar. Revista 
Científica Semana Acadêmica. Fortaleza, ano MMXIV, N. 000064, 2014, p. 1 -
11. Disponível em: . Acesso em: fev/2019. 
 
 
 
 
http://alexandresaldanhaadvogadoantibullying.blogspot.com.br/2013/08/livrobullying-e-direito-download
http://alexandresaldanhaadvogadoantibullying.blogspot.com.br/2013/08/livrobullying-e-direito-downloadescolar do Brasil e do mundo. A grande extensão que as atitudes antissociais, 
discriminatórias e desrespeitosas associadas ao bullying, torna-se importante 
trazer para o centro dos cursos de Licenciatura essa temática, e propor 
discussões sobre possibilidades de intervenções no contexto escolar, além de 
mostrar os impactos que este problema pode causar e de como ele está 
diretamente relacionado ao dia a dia de muitas pessoas e em diversos 
ambientes. 
Discutir sobre esse fato social desperta o interesse e leva ao 
conhecimento do tema, na identificação do problema, nas consequências, nos 
danos físicos, psicológicos e morais que os ataques de maiores ou menores 
intensidades podem causar às vítimas. Negar as discussões sobre a importância 
do bullying no contexto escolar é dar as costas para a educação e para a ética, 
é colocar as vítimas em situações de risco, sem apoio, ajuda e proteção, ficando 
ainda mais vulneráveis, podendo levar o problema a uma esfera mais grave, 
como a esquizofrenia, o homicídio e o suicídio. 
Os impactos do bullying no ambiente escolar possuem consequências 
amplas e trazem reflexos na vida pessoal e escolar das crianças. Afeta o 
desenvolvimento cognitivo e afetivo, e o desempenho escolar pode ficar 
comprometido, visto que para as vítimas o ambiente escolar não é mais algo 
prazeroso e sim algo que as fazem sentir medo, insegurança, desespero e 
sofrimento. 
Para o curso de Pedagogia é necessário e pertinente que projetos, 
pesquisas e trabalhos como esse venham a ser implementados para um maior 
conhecimento sobre a importância do bullying na escolas, seus impactos sociais, 
educacionais e como esse problema pode ser trabalhado, discutido e combatido, 
promovendo assim, caminhos de reflexões sobre o respeito, a tolerância e a 
ética, valores a serem transmitidos para toda a vida. 
 
 
 
 
10 
 
1.3. Metodologia 
 
A presente pesquisa se insere no modelo de pesquisa qualitativa. 
Segundo Severino (2007), essa abordagem qualitativa tem um caráter mais 
subjetivo, com um amplo campo de pesquisa que emprega métodos de coleta 
de dados menos estruturados. É uma forma de coleta de informações que visa 
descrever e não prever. De acordo com Severino (2007, p. 119), 
 
São várias metodologias de pesquisa que podem adotar uma 
abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referência mais a 
seus fundamentos epistemológicos do que propriamente a 
especificidades metodológicas. 
 
Por este motivo, tende a ser mais participativa e é importante que o roteiro 
seja elaborado com clareza, para orientar as atividades da pesquisa, evitar 
desvios de foco e assim garantir que se chegue ao objetivo estabelecido. 
Com relação aos fins dessa pesquisa, está se caracteriza como uma 
pesquisa exploratória, pois procura explorar um problema, de modo a fornecer 
informações para uma investigação mais precisa, realizando levantamento de 
informações, visando uma maior proximidade com o tema. Considera passo 
inicial de qualquer pesquisa a busca por meio dos seus métodos e critérios, uma 
proximidade da realidade do objeto estudado. Segundo Severino (2007, p. 123), 
“a pesquisa exploratória busca apenas levantar informações sobre um 
determinado objeto, delimitando assim um campo de trabalho, mapeando as 
condições de manifestação desse objeto”. Neste sentido, esse estudo trata-se 
de uma observação, que consiste em recolher e registrar os fatos da realidade, 
tendo a possiblidade de aprimoramento de ideias e pensamentos. 
 A pesquisa utiliza procedimentos que se considera como um modelo de 
pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica conta com autores como: Cleo 
Fante (2011), José Augusto Pedra (2008), Jane Middelton-Moz e Mary Lee 
Zawadski (2007). 
Esse modelo de estudo corresponde geralmente ao primeiro passo de 
toda pesquisa científica, ao levantamento, coleta de dados e referências teóricas 
já analisadas, através de livros, artigos, teses, documentos monográficos, 
jornais, revistas, e em locais que apresentam documentações confiáveis que 
11 
 
servirão para a construção da pesquisa, considerando as observações dos 
depoimentos coletados e que desta forma possam colaborar para aprofundar-se 
no assunto abordado. Nesse sentido Severino (2007, p. 123) nos informa que: 
 
A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do 
registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em 
documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se 
de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros 
pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se 
fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha 
a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos 
constantes dos textos. 
 
Com relação aos instrumentos de coleta de dados inseridos na pesquisa, 
serão utilizados a observação e depoimentos que são procedimentos que 
servem de mediação prática para a realização das pesquisas. 
Os depoimentos têm como base fundamental para o entendimento do 
componente histórico e análise documental de pessoas que se insere no tema e 
em seu contexto social. Para Severino (2007, p. 125), "coleta as informações da 
vida pessoal de um ou vários informantes. Pode assumir formas variadas: 
autobiografia, memorial, crônicas em que se possa expressar as trajetórias 
pessoais do sujeito". 
O ato de observar no estudo é algo que possui finalidade, sentido 
pedagógico, é fundamental instrumento de análise crítica sobre determinada 
realidade e compreende as relações dos sujeitos entre si e com o meio em que 
vivem. De acordo com Severino (2014, p. 125), “é todo procedimento que permite 
acesso aos fenômenos estudados. É etapa imprescindível em qualquer tipo ou 
modalidade de pesquisa”. A prática de observação pode ser entendida como 
uma ferramenta fundamental para relacionar a teoria com a prática, ao que leva 
a uma percepção mais profunda acerca da percepção dos problemas. 
 
1.4. Organização do Trabalho 
 
A organização da pesquisa se encontra da seguinte forma: Introdução, 
Referencial teórico, Resultados e discussões, Conclusão e Referências 
bibliográficas. A Introdução é a parte inicial, na qual se apresenta a pesquisa, 
demonstrando a importância e relevância do tema, apresentando também o 
12 
 
objetivo geral e específicos, justificativa, metodologia e a organização da 
pesquisa. A próxima etapa é o Referencial teórico, na qual se exploram as teorias 
que embasam a pesquisa. Em seguida, os Resultados e discussões, onde se 
discute os dados coletados e os seus resultados. Logo após, apresenta-se a 
Conclusão, onde se encontram as considerações finais sobre a pesquisa e sobre 
os principais resultados obtidos, e por fim, as Referências bibliográficas, onde 
são citadas as referências utilizadas no desenvolvimento ao longo da pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
2. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1. Características do bullying no contexto escolar 
 
 O bullying é um ato constante e presente no contexto escolar, e pode 
ocorrer dentro ou fora do cotidiano escolar. Por não se falar tanto sobre o assunto 
quanto deveria, alguns ainda desconhecem a gravidade do problema e suas 
possíveis consequências psicológicas e emocionais para quem sofre repetidas 
e intencionais atitudes agressivas e constantes intimidações. Lembrando que 
nem tudo que desagrada uma criança é caracterizado bullying. Existe 
naturalmente empatias e antipatias. É de fundamental importância citar que as 
brigas ou discussões pontuais, conflitos entre professor e aluno ou gestor não 
são consideradas atos de bullying. De acordo com Silva (2010, p. 22), “o termo 
bullying pode ser adotado para explicar todo tipo de comportamento agressivo, 
cruel, proposital e sistemático inerente às relações interpessoais”. 
Bullying é uma palavra de origem inglesa, no Brasil ainda não possui uma 
traduçãoespecífica desse termo, mas é entendida como ameaça, humilhação, 
intimidação, agressão. Segundo Silva (2015), bullying é um termo que foi 
atribuído no fim da década de 1970 pelo professor de Psicologia, da 
Universidade de Bergen, na Noruega, Dr. Dan Olweus. O pesquisador é 
reconhecido mundialmente como pioneiro sobre problemas de bullying. Foi ele 
que criou os primeiros critérios para a identificação do fenômeno. Na década de 
1980, o Dr. Olweus realizou o primeiro estudo sistemático de intervenção contra 
o bullying no mundo. O interesse pelo fenômeno intensificou-se, quando ocorreu 
o suicídio de três crianças entre 10 e 14 anos na Noruega, os suicídios foram 
relacionados a possíveis atos de violência praticados intencionalmente, com 
objetivo de agressões, intimidações, humilhações. 
O fenômeno bullying Segundo Fante (2011), corresponde à prática de atos 
de violência física ou psicológica, intencionais e repetidas, cometidos por um ou 
mais agressores, contra uma determinada vítima. As vítimas de agressões física 
ou verbal, carregam marcas, cicatrizes e feridas que podem permanecer ou não 
por toda a vida. Os comportamentos dos envolvidos no bullying são 
14 
 
caracterizados como: vítima típica, vítima provocadora, vítima agressora, 
agressor e espectador. 
A vítima típica baseia-se, em pessoas que têm dificuldades de 
relacionamento e de socialização. Possuem características típicas de pessoas 
sensíveis, fragilizadas, tímidas, submissas e inseguras. Essas vítimas podem 
surgir de alunos novatos, de alunos que têm traços físicos que fogem dos 
padrões. 
A vítima típica é um indivíduo (ou grupo de indivíduos), 
geralmente pouco sociável, que sofre repetidamente as 
consequências dos comportamentos agressivos de outros e que 
não dispõe de recursos, status ou habilidades para reagir ou 
cessar essas condutas prejudiciais. Suas características mais 
comuns são: aspecto físico mais frágil que o de seus 
companheiros; medo de que lhe causem danos ou de ser 
fisicamente ineficaz nos esportes e nas brigas, sobretudo, no 
caso dos meninos; coordenação motora deficiente, 
especialmente entre os meninos; extrema sensibilidade, timidez, 
passividade, submissão, insegurança, baixa autoestima, alguma 
dificuldade de aprendizado, ansiedade e aspectos depressivos. 
(FANTE, 2011, p. 71 – 72) 
 
 
A vítima provocadora poderá possuir a capacidade de inspirar reações 
agressivas contra si e, em muitas situações, não estão preparados para se 
revidarem, então, sempre que são atacados discutem ou brigam. São vítimas 
geralmente imaturas, que manifestam dificuldade de concentrar-se, possuem 
hiperatividade e irritação, são provocadoras, agitadas, inquietas, costumam fazer 
ofensas e ser intolerantes. 
A vítima agressora é característica daqueles alunos que sofrem ou já 
sofreram com os ataques de bullying e reproduzem as agressões para 
compensar seu sofrimento. Buscam vítimas mais vulneráveis e frágeis para 
repetirem todas as agressões recebidas, o que impulsiona atos constantes de 
violência, gerando problemas difíceis de ser controlados. 
 O bullying poderá afetar crianças e adolescentes, mas principalmente, 
tende a ser àqueles que são de alguma forma discriminados pela cor, peso, 
altura, deficiência, religião entre outras coisas. Na maioria das vezes, se a 
criança faz parte de um determinado grupo e o grupo faz bullying, quem não 
15 
 
pratica o ato acaba sendo motivo de “zoação” pelos colegas e daí começa 
também a ser uma vítima, sofrendo diversos ataques de seus colegas. 
 
É um comportamento ligado à agressividade física, verbal ou 
psicológica. É uma ação de transgressão individual ou de grupo, 
que é exercida de maneira continuada, por parte de um indivíduo 
ou de um grupo de jovens definidos como intimidados nos 
confrontos com a vítima predestinada. (CONSTANTINI, 2004, p. 
69) 
 
Soares (2014) salienta que para que se possa identificar uma vítima de 
bullying, os pais e a escola precisam estar bastante atentos e terem cautela a 
tudo que se passa com as crianças. As características estão ali perceptíveis, 
porém, não se pode precipitar em identificar uma possível vítima. As ações 
praticadas pelo sexo masculino podem, muitas vezes, caracterizar-se de 
maneira mais agressiva, por atos mais expansivos, com chutes, gritos, 
empurrões e são mais fáceis de identificar. Já no sexo feminino, o problema é 
apresentado de maneira mais retraída, através de olhares, sussurros, exclusão, 
criando fofoca, inventando boatos com intuito de denigrir a imagem de alguém. 
São efeitos característicos: alunos com baixo rendimento escolar, falta de 
interesse pela escola, alunos que fingem estar doentes para faltarem às aulas 
ou sentem-se mal perto da hora de sair de casa, alunos que demonstram 
alterações extremas de humor, alunos que apresentam dificuldades de 
relacionamentos sociais, alunos com ansiedade, alunos que apresentam falta de 
atenção, alunos que geralmente querem ficar isolados e apresentam um perfil 
bastante triste. 
O aluno que sofre bullying pode também apresentar comportamento 
agressivo, irritação, estresse elevado, impulsividade, psicológico afetado, sinais 
de melancolia, sem interação social, baixa autoestima, frustração, insegurança 
e tendem achar que são incapazes de realizar qualquer coisa. De acordo com 
Fante (2011), a prática de bullying poderá ocorrer por meio de agressões diretas, 
físicas (bater, chutar, empurrar, beliscões, pontapés, entre outros), e agressões 
indiretas, verbais ou psicológicas (insultos, insinuações, apelidos pejorativos, 
exclusão social, xingamentos, fofocas, amedrontar, aterrorizar, desqualificar, 
ameaçar, entre outros). 
16 
 
Os agressores, por sua vez, apresentam como características: 
comportamentos agressivos, atitudes hostis, tendem a ser bastante 
convincentes quando tentam sair de situações difíceis, estão sempre tentando 
ou sendo autoritário sobre outra pessoa, são muitas vezes alunos que se acham 
superiores aos demais. 
Constantini (2004) salienta que as vítimas e os agressores possuem 
algumas características semelhantes, ambos podem possuir baixa autoestima, 
isolamento, distúrbios psicológicos, distúrbios alimentares. Ao cometer atos 
agressivos e hostis, os agressores almejam um reconhecimento social, de poder 
e estão em uma constante tensão. O agressor possui ainda uma insatisfação 
contínua, não aprendeu a transformar sua raiva em diálogo, não sensibiliza com 
a dor ou sofrimento do outro, acumulando um sentimento de inutilidade que os 
levam a comportamentos problemáticos, causando a violência verbal ou física, 
podendo ocasionar em uso de fármacos ou drogas para aliviar a ansiedade, as 
frustrações, as carências afetivas. No bullying, o autor das ofensas ou agressões 
é geralmente uma pessoa conhecida e que se encontra no mesmo espaço físico 
que sua vítima. 
Em casos de cyberbullying, de acordo com Maldonado (2011), o agressor 
pode não estar no mesmo espaço físico que a vítima, este atua anonimamente, 
realizando ataques em momentos inesperados, de forma avassaladora, 
perdendo os freios morais, com calúnias, insultos, boatos cruéis, difamações, 
pode postar mensagens desagradáveis, fotos ou vídeos constrangedores e 
comprometedores, por meio de celulares, redes sociais e sites. Os agressores, 
para permanecerem no anonimato, podem se passar por outras pessoas ou até 
criar apelidos como forma de camuflar e esconder sua imagem, por um tempo 
bastante prolongado. Maldonado (2011, p. 27) salienta que, “revela o lado 
sombrio com uma agressividade mal canalizada, colocando em prática as 
fantasias que não ousa realizar no contato pessoal e atacando com crueldade, 
surpreendendo a todos quando descoberto”. 
 
2.2. Consequências do bullying 
 
17 
 
Segundo Fante e Pedra (2008), a elevada frequência do bullying, com as 
suas diversas consequências negativas sob crianças e jovens, contribui para que 
a violênciaadentre a escola, reconhecendo assim que se trata de um problema 
social. As possibilidades de intervenção no contexto escolar são extremamente 
fundamentais, podendo ser aplicadas na busca de meios de trabalhos com 
projetos pedagógicos visando a compreensão do tema. 
De acordo com Fante e Pedra (2008), pode-se obter identificação do 
fenômeno através das observações na sala de aula e fora dela. A sala de aula é 
o local destinado ao desenvolvimento e aprendizagem, é onde o professor 
constrói conhecimentos, orienta, auxilia e encaminha a interação social. 
Observa-se, na sala ou no recreio o isolamento de alguns alunos, que são 
introspectivos, e possuem dificuldades de relacionamento. Durante a vivência 
escolar, muitas atitudes são consideradas brincadeiras, zoações, como apelidos 
nos colegas, vaiar, esconder o material do colega, são classificadas atitudes com 
a intenção de magoar ou ferir, física e/ou psicologicamente um ou mais alunos. 
E as vítimas passam pelo medo, e assim sem motivos aparentes, passam a não 
querer mais frequentar a escola. 
O bullying surge nessa perspectiva de que aparentemente pode ser um 
probleminha de convivência entre colegas, mas, no entanto, não é algo normal, 
corriqueiro ou tolerável: humilhação, constrangimentos e violência não são 
brincadeirinhas. Esse tipo de fenômeno afeta o relacionamento social, o 
desempenho escolar e a saúde de crianças, adolescentes e adultos. Algumas 
crianças e adolescentes não encontram condições para estabelecer um vínculo 
significativo social e amigável com os colegas, e então, geralmente, essas 
dificuldades de socialização, estão relacionadas com seres humanos que 
apresentam traços específicos de identidade: magro, gordo, alto, baixo, negro, 
óculos de grau, problema físico, problema psicológico, problema cognitivo. Os 
agressores passam a explorar essas características marcantes para humilhar o 
outro. 
Segundo Fante (2011), a prática de bullying poderá desenvolver 
consequências imediatas ou a longo prazo, causando danos emocionais, 
psicológicos e físicos. As vítimas poderão apresentar possíveis consequências 
como: queda no desempenho escolar, desinteresse em ir para a escola, conflitos 
18 
 
nas aulas, dificuldade na tomada de decisões, atrasos no desenvolvimento, 
evasão escolar, falta de confiança, dor de cabeça, dor de estômago, tendência 
ao isolamento, falta de apetite, distúrbios alimentares, baixa autoestima, 
bloqueio mental, ataques de pânico, manifestações de sentimento de medo, 
insegurança, angústia, ansiedade, estresse, comportamentos violentos, 
consumo de álcool, drogas ilícitas e em casos mais graves e prolongados, 
podendo desenvolver um histórico de depressão e outros transtornos mentais. 
 
A superação dos traumas causados pelo fenômeno poderá ou 
não ocorrer, dependendo das características individuais de cada 
vítima, bem como da sua habilidade de se relacionar consigo 
mesma, com o meio social e, sobretudo, com sua família. A não 
superação do trauma poderá desencadear processos 
prejudiciais ao seu desenvolvimento psíquico, uma vez que a 
experiência traumatizante orientará inconscientemente o seu 
comportamento, mais para evitar novos traumas do que para 
buscar sua autossuperação. Isso afetará o seu comportamento 
e a construção dos seus pensamentos de vingança, baixa 
autoestima, dificuldades de aprendizagem, queda do rendimento 
escolar, podendo desenvolver transtornos mentais e 
psicopatologias graves, além de sintomatologia e doenças de 
fundo psicossomático, transformando-a em um adulto com 
dificuldades de relacionamento e com outros graves problemas. 
Poderá também desenvolver comportamentos agressivos e 
depressivos e, ainda, sofrer ou praticar bullying no seu local de 
trabalho, em fases posteriores da vida. (FANTE, 2011, p. 79) 
 
 
No ambiente escolar algumas atitudes e problemas podem agravar-se e 
evoluir, podendo assim responsabilizar as crianças e adolescentes por atos 
cometidos infracional ou indisciplinar. No caso de ato infracional for praticado por 
uma criança com até 12 anos incompletos, a mentalidade é aplicar medidas com 
caráter sobretudo de proteção, preservação e de orientação, para o 
desenvolvimento da criança e seus potenciais. Considerando a sua formação 
mental, a baixa idade e o desenvolvimento incompleto de crianças até os 12 
anos, a lei optou por não lhes aplicar punições semelhantes às dos adolescentes, 
e sim aplica-se, medidas como programas comunitários, que possam fazê-las 
retornar ao bom convívio. 
No caso de adolescente que cometa ato infracional, as medidas aplicáveis 
podem ser mais severas. A lei classifica-as como medidas socioeducativas, pois, 
embora tenham algum caráter de punição, a finalidade delas também é de levar 
19 
 
o adolescente a reintegração e a boa socialização. Se o ocorrido for um ato de 
indisciplina, pode decorrer de desobediência e possui solução no ambiente 
escolar, sendo caracterizada pelo descumprimento das normas da escola, 
regimento de legislações aplicadas. 
Nesse sentido, Fante e Pedra (2008, p. 111 - 112) salienta que, 
 
[…] Se o ato ilícito for praticado por criança menor de 12 anos, o 
ECA determina a aplicação de medidas protetivas, como 
encaminhamento aos pais ou responsáveis; orientação, apoio e 
acompanhamento temporário; matrícula e frequência obrigatória 
em estabelecimentos de ensino; inclusão em programas 
comunitários ou oficiais de auxílio à família, à criança e ao 
adolescente; requisição de tratamento médico, psicológico ou 
psiquiátrico. […] Os atos ilícitos praticados por adolescentes são 
mais graves e, portanto, o ECA prevê a aplicação de medidas 
socioeducativas. Trata-se de atuações mais rigorosas, 
diretamente dirigidas ao adolescente e a sua família. Tais 
medidas são: advertência, obrigação de reparação do dano, 
prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, 
semiliberdade e internação por tempo indeterminado. Ambas 
têm caráter pedagógico e educativo, visam à reintegração 
familiar e comunitária do adolescente infrator. O ato de 
indisciplina se caracteriza pelo descumprimento das normas 
fixadas pela escola. Portanto, a solução está restrita ao âmbito 
escolar e as punições, de caráter pedagógico e educativo, estão 
previstas no regimento interno escolar. 
 
Seguindo esse contexto, aplicando fundamentação ao bullying, segundo 
à Presidência da República do Brasil (2015), foi instituída no dia 6 de novembro 
de 2015, a Lei de nº 13.185 - Programa de Combate à Intimidação Sistemática, 
mais conhecido como bullying propósito desencorajar atos de violência no 
âmbito educacional. A referida lei possui oito artigos e entrou em vigor 90 dias 
após a publicação, dia 7 de fevereiro de 2016. Sendo instituída uma definição 
própria para agressões, considerando bullying, em seu art. 1º, § 1o: 
§ 1o No contexto e para os fins desta Lei, considera-se 
intimidação sistemática (bullying) todo ato de violência física ou 
psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação 
evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais 
pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando 
dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de 
poder entre as partes envolvidas. (BRASIL. Lei 13185, 2015, art. 
1º) 
20 
 
A lei traz um grande benefício, um alerta sobre esse fenômeno que cresce 
a cada dia, reconhecendo sua importância. É de grande valor para a sociedade, 
aplicando-se o reconhecimento e promovendo credibilidade às vítimas. A lei 
ainda inclui a responsabilidade das escolas na promoção de medidas de 
combate ao bullying e obrigatoriedade de implementação de ações para a 
promoção da cultura de paz, na atualização da Lei 13.663, de 14 de maio de 
2018: 
Altera o art. 12 da lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para 
incluir a promoção de medidas de conscientização, de 
prevenção e de combate a todos os tipos de violência e a 
promoção da cultura de paz entre as incumbênciasdos 
estabelecimentos de ensino. (BRASIL. Lei 9.394, 2018, art. 12º). 
 
Na atualização da Lei de 2018, insere-se, o Art. 1º O caput do art. 12 da 
lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido dos seguintes 
incisos IX e X: 
 
Art. 12. IX - Promover medidas de conscientização, de 
prevenção e de combate a todos os tipos de violência, 
especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito 
das escolas; X - estabelecer ações destinadas a promover a 
cultura de paz nas escolas. 
 
Nos atos de bullying é preciso estar atento quanto à abordagem dos 
supostos envolvidos, é necessário mediar a conversa e evitar acusações 
precipitadas de ambos os lados. Deve ser apresentado aos pais que alguns 
comentários simples, que se julgam inofensivos e engraçados, são, na verdade, 
carregados de ideias preconceituosas e de comportamentos inadequados. 
De acordo com Fante e Pedra (2008), em decorrência do medo de 
denunciar ou relatar o bullying as vítimas, então, sofrem consequências alguns 
de alguns distúrbios psicológicos que são carregados adiante, em outras fases 
da vida. Com isso a escola precisa discutir com toda a comunidade o problema 
e definir ações coletivas para resolução do problema. 
As instituição de ensino tem a responsabilidade de promover campanhas 
de conscientização e desenvolver planos de ações para combater as 
intimidações, pois, a escola como um todo é prejudicada e deve ainda agir para 
21 
 
impedir qualquer violência física ou verbal, pois as práticas de intimidações, 
podem causar danos a formação das crianças como cidadãos, 
comprometimento a integridade física do aluno, evasão escolar, consequências 
judiciais, sequelas psicológicas e a saúde da vítima. Segundo Silva (2010), os 
agressores tendem a escolher os alunos que apresentam baixa autoestima e 
encontram-se em uma considerável desigualdade de poder. 
A prática de bullying pode gerar traumas, que poderá se intensificar ao 
longo do tempo. No entanto, é importante ressaltar que o problema preexistente 
poderá ocasionar prejuízos irreversíveis a saúde mental e física, em casos mais 
graves de transtornos psíquicos ou comportamentais, tais como, sintomas 
insônia, náuseas, tonturas, transtorno do pânico, fobia escolar que é um medo 
intenso de frequentar a escola, fobia social, ansiedade, anorexia, bulimia, 
transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), esquizofrenia e, em casos mais 
avassaladores, que por suas perversidades tornam-se um problema que 
ultrapassa os limites suportáveis pelo ser humano, ocasiona o homicídio e 
suicídio. Nesse sentido Silva (2015, p. 23 - 31) nos informa que: 
 
Os resultados dessas constantes humilhações para a ordem 
psíquica de uma pessoa podem ser desde sintomas 
psicossomáticos como cefaleia, insônia, dificuldades de 
concentração, diarreia, palpitações etc., até transtorno do 
pânico, fobia escolar e social, transtorno de ansiedade 
generalizada, depressão, anorexia e bulimia, transtorno 
obsessivo- compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático, e 
em casos menos comuns esquizofrenia, suicídio e homicídio. 
 
2.3 Papel da escola e da família nas ocorrências e intervenções do bullying 
 
No Brasil o enfrentamento do bullying foi ganhando seu espaço com 
“Educar para a Paz”, um programa antibullying, realizado através de pesquisas. 
Fóruns, debates e tragédias ocorridas dão conta da falta de preparação dos 
centros educacionais. Algumas escolas e educadores não têm preparo suficiente 
para lidar com as questões recorrentes do problema, seja por omissão, 
despreparo, comodismo ou por falta de conhecimento, atenção e observação, 
não tomam as providências cabíveis e acabam agravando o tipo de violência. 
22 
 
O combate ao bullying deve ser pensado como algo possível a ser 
implementado. Para se enfrentar esse fenômeno, primeiramente são 
necessários o conhecimento e o reconhecimento de que esse fato existe. Não 
se pode ignorar as manifestações de violência, seja na sala de aula ou fora dela, 
sua negligência pode causar danos de socialização, de aprendizagem e de 
desenvolvimento. A própria instituição também pode ser responsabilizada, já que 
se considera que ela falhou em seu dever de observação e cuidado com seu 
aluno. Além de ser fundamental a capacitação dos profissionais de ensino, 
também se faz necessário estabelecer parcerias com órgãos que cuide dos 
direitos das crianças e adolescentes e buscar ajuda de pessoas especializadas 
nesse tema. 
 
Acreditamos que a prevenção começa pelo conhecimento. É 
preciso que a escola reconheça a existência do fenômeno e, 
sobretudo, esteja consciente de seus prejuízos, para a 
personalidade e o desenvolvimento socioeducacional dos 
estudantes. A escola também precisa capacitar seus 
profissionais para observação, identificação, diagnóstico, 
intervenção e encaminhamentos corretos, levar o tema à 
discussão com toda a comunidade escolar e traçar estratégias 
preventivas que sejam capazes de fazer frente ao fenômeno. 
Além do engajamento de todos, é preciso contar com a ajuda de 
consultores externos, como especialistas no tema, psicólogos e 
assistentes sociais. É imprescindível o estabelecimento de 
parcerias com conselhos tutelares, delegacias da Criança e do 
Adolescente, promotorias públicas, varas da Infância e da 
Juventude, promotorias da Educação, dentre outros. (FANTE e 
PEDRA, 2008, p. 106) 
 
A escola muitas vezes trata de forma inadequada os casos relatados por 
pais e alunos, responsabilizando a família pelo problema. E diversas vezes as 
famílias também transferem a culpa para a escola se eximindo. A prática de 
bullying pode ser um reflexo da relação familiar da criança, um convívio ruim, 
que compromete o comportamento dos alunos, portanto, agressões praticadas 
em ambientes escolares podem ser algumas vezes o resultado da forma como 
a criança ou o adolescente se sente dentro ambiente familiar. 
O desgaste e o comprometimento da relação causam a distância familiar, 
gerando fracassos e dificuldades. É fundamental para a criança e adolescente 
um ambiente familiar favorável, com afetividade e convivência saudável. É papel 
23 
 
dos educadores com filhos ou alunos sempre buscar compreender e dialogar 
sobre os conflitos, seja a criança alvo ou autor do bullying, pois ambos precisam 
de ajuda e apoio psicológico. 
 
Sabemos que o mundo moderno e suas transformações vêm 
afetando diversos cenários, dentre eles o das relações 
interpessoais. As diversas demandas do cotidiano têm 
comprometido o relacionamento familiar, proporcionando certo 
distanciamento entre seus integrantes. Porém, é imprescindível 
encontrar tempo para a convivência saudável, especialmente 
com os filhos, manter diálogo constante, conversar sobre os 
diversos aspectos da vida, conhecer o mundo deles e deixar que 
conheçam o seu. É importante que os filhos encontrem em casa 
um ambiente de amor e aceitação, favorável a que se 
expressem, tanto sobre seus triunfos e suas conquistas como 
sobre seus fracassos e suas dificuldades nos relacionamentos, 
nos estudos ou em relação a si mesmos. É importante os pais e 
educadores considerarem que, antes de repreender os filhos ou 
alunos, é preciso ouvi-los sem animosidades, com disposição de 
ajuda ao fortalecimento da autoestima na resolução de seus 
conflitos. (FANTE e PEDRA, 2008, p. 123) 
 
 
O bullying está ganhando espaço nos ambientes escolares, sendo, assim, 
uma responsabilidade social. Diante do comportamento agressivo, tem um 
caráter emergencial. De acordo com Fante (2011, p. 81): 
 
O fenômeno bullying passou a ser considerado como um 
problema de saúde pública, devendo ser reconhecido pelos 
profissionais de saúde em razão dos danos físico-emocionais 
sofridos por aqueles que estão envolvidos nele. 
 
Fante (2011) salienta que o fenômeno bullying tem uma ligação entre a 
família e escola que são pilares que norteiam a educação. No âmbito familiar, 
cabe aos pais ou responsáveisos princípios básicos do processo de socialização 
e inserção da criança na sociedade. 
Segundo à Constituição Federal (1988), existem alguns direitos de 
fundamental importância para a criança, como a educação um direito que é 
essencial na vida de toda criança e adolescente, a convivência familiar e 
comunitária. Mesmo com diferentes formas de viver, com diferentes famílias, é 
imprescindível que a criança e o adolescente convivam em um ambiente 
saudável de harmonia e de respeito com vizinhos, família e toda comunidade em 
24 
 
que ela se relaciona. A saúde, o lazer, a dignidade, a liberdade são importantes 
direitos, daí a necessidade e a pertinência de se respeitar a opinião, fazendo uso 
do diálogo ao invés da violência, dispondo de carinho, atenção e paciência. 
 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à 
criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à 
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à 
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-
los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 
Constituição, 1988, p. 131) 
 
Visando este processo, a falta de afetividade e a falta de atenção em 
relação às crianças tendem a estreitar os laços que ligam à família. As relações 
familiares e o ambiente familiar tumultuados sem a presença dos pais podem 
influenciar direta ou indiretamente no envolvimento da criança ao bullying. Os 
limites não impostos pelos responsáveis, o excesso de liberdade e mimo dão 
margem a práticas de violências e agressões que predominam os atos de 
bullying. 
Ainda nessa perspectiva, segundo Araújo; Silva (2014), família e escola 
são dois pilares que devem e precisam andar juntos e isso não é algo apenas 
voltado para o bullying, essa parceria deve existir independente dos problemas. 
As crianças e jovens são quase sempre inseridos na escola ainda muitos 
pequenos, bem novos. A maioria pelo fato de os pais trabalharem e não terem 
com quem deixar os filhos. 
Para suprir a falta que fazem aos filhos, muitos pais tendem a permitir que 
eles façam o que querem, mas essa maneira permissiva nem sempre é a melhor 
para esses casos, nada que ultrapasse os limites de valores é algo saudável, 
não é visto de forma positiva. Seria adequado que a permissão viesse 
acompanhada da boa educação. Os primeiros passos do bullying podem iniciar 
dentro da própria casa. Eximir-se das responsabilidades, ignorar o que está a 
sua frente trazem consequências futuras para os próprios filhos e a família. 
 
Muitas vezes o fenômeno começa em casa, entretanto, para que 
os filhos possam ser mais empáticos e possam agir com respeito 
ao próximo, é necessário primeiro a revisão do que ocorre dentro 
25 
 
de casa. Os pais, muitas vezes, não questionam suas próprias 
condutas e valores, eximindo-se da responsabilidade de 
educadores. O exemplo dentro de casa é fundamental. O 
ensinamento de ética, solidariedade e altruísmo inicia ainda no 
berço e se estende para o âmbito escolar, onde as crianças e 
adolescentes passarão grande parte do seu tempo. (CNJ, 2010 
apud ARAÚJO e SILVA, 2014, p. 13) 
 
Problemas como esses se mostram maiores a cada dia, e atingem cada 
vez mais os lares e o âmbitos escolares. Por isso é necessário que a família, a 
escola e até mesmo os amigos se atentem aos problemas apresentados. 
Precisam perceber desde cedo as características de quem comete o bullying. 
Em casa, pais e familiares precisam ter um olhar mais observador, cauteloso e 
atento, pois às crianças e jovens se mostram a todo tempo, chamam a atenção 
para muitos aspectos, é sempre e quer ser sempre o centro das atenções. Nada 
é por acaso, tudo acontece ali, querer se enganar ou enganar as outras pessoas, 
tentando esconder o problema, só irá causar mal, se negligenciadas, as 
agressões tendem a aumentar, a violência se torna ainda mais grave, e assim 
poderá se tornar um adulto problema. Nesse sentido Calhau (2009, apud 
ARAÚJO e SILVA, 2014, p. 6) nos informa que: 
 
O agressor (de ambos os sexos) envolvido no fenômeno estará 
propenso a adotar comportamentos delinquentes, agressão sem 
motivo aparente, uso de drogas, porte ilegal de armas, furtos, 
indiferença à realidade que o cerca, crença de que deve levar 
vantagem em tudo, crença de que é impondo-se com violência 
que conseguirá obter o que quer na vida... afinal foi assim nos 
anos escolares. 
 
É necessário que não exista o sentimento de culpa por parte dos pais ou 
responsáveis por não dar a devida atenção que o filho merece ter. Se o tempo 
que você dispõe, for bem aproveitado, não terá problema algum suprirá muito 
bem a sua ausência. O tempo que permanecem juntos deve dispor de amor, 
atenção, carinho, cuidado e sempre colocando o respeito como base da 
educação e da estrutura familiar. 
Seguindo sobre o papel familiar, de acordo com Middelton-Moz; Zawadski 
(2007), família é uma base importante no processo de aprendizagem social das 
crianças e se relaciona diretamente com as instituições de ensino. Algumas 
26 
 
crianças saem de casa e vão para a escola com algumas importantes 
ferramentas que farão parte do seu desenvolvimento. As crianças que carregam 
essas ferramentas fazem parte de uma denominada família saudável, onde os 
familiares cuidadosamente participam da educação, da socialização e da vida 
escolar, promovendo também a formação das estruturas básicas da 
personalidade e da identidade das crianças. 
Uma boa educação e um relacionamento de afetividade dentro de casa 
promovem o crescimento, no que diz respeito à formação de caráter, 
estabelecimento de regras sociais, interação com os outros; garantem uma base 
mais sólida e segura no contato com as adversidades culturais e sociais; 
permitem que as crianças aprendam mais e vivenciem uma estrutura positiva 
dentro e fora de casa. 
As crianças de famílias saudáveis e funcionais recebem apoio, afeto e 
carregam caixas de ferramentas de aprendizagem que as condicionam a lidar 
com as inseguranças, os desafios, as decisões, os erros, os acertos, os sonhos, 
a criatividade, o ouvir e o respeitar. 
 
Por terem sido aceitas pelo que são, também sabem aceitar 
outras pessoas pelo que elas são. E aprenderam a tratar os 
outros como gostariam de ser tratadas e receberam afeto físico 
saudável e espelhos que refletem seu amor próprio. Aprendendo 
que podem confiar em seus cuidadores adultos, aprenderam a 
confiar em si mesmas e estão preparadas em termos de 
desenvolvimento para confiar em outras pessoas. Foram 
ensinadas a enfrentar algumas situações difíceis, a pedir ajuda 
e a estar ciente das escolhas. Essas crianças podem tomar 
decisões com alguma ajuda e assumir responsabilidades pelas 
escolhas que tenham feito. Elas montaram uma caixa de 
ferramentas que as equipou para novas experiências sociais e 
cognitivas que terão que enfrentar na escola. (MIDDELTON-
MOZ e ZAWADSKI, 2007, p. 79 - 80) 
 
O papel desempenhado pela família é de suma importância para a vida 
social das crianças. A distância, a falta de tempo, a falta de interação, a falta de 
auxílio e a falta de afetividade na relação com os filhos interferem no papel dos 
pais e, quando esse papel não possui um bom desenvolvimento e desempenho, 
as crianças não irão dispor das caixas de ferramentas que as condicionam a boa 
27 
 
educação e socialização. Em consequência, essas crianças podem se tornar 
alvos de bullying no ambiente escolar. 
Essas crianças que não têm famílias saudáveis costumam ser crianças 
com baixa autoestima, se isolam em casa e na escola, não se valorizam, 
criticam-se a todo tempo e acreditam serem incapazes de realizar uma tarefa ou 
atender a um pedido. São retraídos tanto na escola quanto no lar, se sente 
abaladas, com baixa autoestima, inseguras e frustradas, apresentam 
dificuldades de atenção, aprendizageme interação social. 
 
Outras crianças que saem para a escola não dispondo de caixas 
de ferramentas apropriadas para novas experiências. Muitas 
viveram em famílias que não lhe dão apoio, são superprotetora 
ou não equiparam suas crianças com os controles e os limites 
internos necessários para interações sociais saudáveis. 
Algumas dessas crianças aprenderam a ter medo de fazer 
escolhas erradas, então não fazem escolha alguma, têm pouca 
confiança em si mesmas e tem medo de cometer erros. Lidam 
com problemas de forma indireta ou simplesmente não lidam. 
Através da experiência, aprenderam a negar, a culpar os outros 
ou a distorcer a realidade de novas situações. Essas crianças 
podem se sentir vitimizadas por qualquer situação nova ou pela 
vida em geral. Temem ser confrontadas ou ser o foco da 
atenção, e muitas vezes são hipervigilantes e desconfiadas das 
pessoas e da vida em geral. Muitas podem seguir regras e se 
saem bem em termos sociais. Algumas - particularmente as que 
vêm ambientes superprotetores e possuem poucas ferramentas 
para interações sociais - tornam-se alvos constantes dos bullies 
de escola. (MIDDELTON-MOZ e ZAWADSKI, 2007, p. 80) 
 
Algumas crianças vivem, presenciam, vivenciam ou testemunham o 
bullying familiar. O clima familiar, nesse sentido, é entendido como um dos 
elementos básicos para se explicar alguns comportamentos de bullying na 
escola. Essas crianças convivem muitas vezes com uma desestruturação 
familiar, onde sofrem com pais autoritários, superprotetores, apego inseguro, 
violência doméstica, abuso. Esse clima familiar conflituoso vem de uma série de 
interações negativas, sem ou má comunicação, falta de envolvimento e apoio. 
Os ambientes familiares marcados pela violência ou seu testemunho 
estimulam pouco o desenvolvimento das crianças e acabam trazendo às famílias 
uma desestruturação no desenvolvimento e a manutenção da saúde metal. O 
medo e os traumas da violência levam ao silêncio das crianças, pois ele é muitas 
28 
 
vezes entendido como única solução. Mantém-se caladas, para não passarem 
mais constrangimentos e ridicularização sob a exposição. 
Nessa falta de estrutura familiar e experimentando o bullying em casa, as 
crianças carregam para a escola a exclusão, adquirem experiências de poder e 
apresentam comportamento de agressividade e reação com valentia, sendo 
cometidos atos por opção própria ou por ensinamentos. 
A família e a escola possuem papel fundamental na implementação de 
diversas formas de abordagens de discutir e enfrentar o problema do bullying. 
Se omitir, achar bonito, enaltecer e se orgulhar de comportamentos e atitudes 
que levam a desvantagem que uma criança possui sobre a outra, sofrimento 
causado a alguém ou agressão física com ou sem motivos são posturas que os 
pais e a escolas não devem ter e exercer. 
Através de algumas entrevistas e relatos, as autoras descrevem a 
importância de compartilhar histórias e implementação dos planos de 
intervenção para os problemas do fenômeno. Segundo Middelton-Moz e 
Zawadski (2007), existem vários programas e sistemas contra os atos de bullying 
que estão sendo criados e implantados nos Estados Unidos e na Europa. Nas 
escolas esses programas apresentam objetivos de prevenção à violência 
escolar, bem como dar assistência às vítimas e autores, através da sustentação 
de comportamentos positivos. 
 
Assim como acontece com a maioria dos problemas na 
sociedade, infelizmente é necessária uma grande quantidade de 
perda humana para que as pessoas comecem a se importar. 
Recentemente, os problemas criados pelo bullying têm recebido 
atenção suficiente para criar consciência necessária para a 
ação. Espera-se que todos aqueles adultos preocupados e 
responsáveis em escolas e em comunidades no mundo todo 
estejam abertos a escutar e a aprender, de forma que as 
intervenções eficazes possam ser a regra, em lugar de a 
exceção. (MIDDELTON-MOZ e ZAWADSKI, 2007, p. 94) 
 
O âmbito educacional poderá buscar possíveis meios de combate e 
intervenção ao bullying, apresentando os valores necessários, para que se 
oponha à violência, com foco na melhoria da qualidade de vida e de ensino a 
criança e ao adolescente. Buscando uma formação de todos os profissionais da 
escola, encontrando caminhos para direcionar as ações a serem implementadas. 
29 
 
Apresentando também, projetos que visem à diminuição e ao fim da violência, 
que promovam respeito entre toda a comunidade escolar e transmitam a 
sociedade, a cultura da paz em sua convivência. 
 
Diante desse cenário, as escolas não têm mais como ignorar o 
bullying. Para prevenir as agressões e construir uma cultura de 
paz, na opinião dos especialistas, não basta apenas instituir 
regras ou punições, é preciso compreender melhor esse 
fenômeno social, suas causas e a importância do processo 
educacional no aprendizado da convivência. (SOARES, 2013, p. 
508) 
 
Incentivos voltados para a formação de valores, tolerância e respeito com 
formas de ensino e de aprendizagem mais colaborativas e participativas, em 
práticas de solidariedade entre os alunos, família e escola, na criação ou 
formulação de projetos interdisciplinares, na criação de formas efetivas de 
comunicações e de motivações às mudanças. 
 
É necessário que a escola faça uma pesquisa com os alunos, a 
fim de ouvi-los para saber quais são as suas experiências com 
o bullying e os sentimentos despertados por ele. Em diversos 
países, o referencial é o questionário desenvolvido pelo 
norueguês Dan Olweus. Em nossas pesquisas, não é diferente: 
utilizamos o Questionário sobre Bullying - Modelo TMR (Training 
and Mobility af Researchers), adaptado por Ortega, Mora-
Mérchan, (página 106) Lera, Singer, Pereira e Menesini (1999) 
do questionário original desenvolvido por Dan Olweus (1989). 
Aplicamos também uma atividade em forma de redação onde os 
alunos são estimulados a falar anonimamente sobre a sua vida 
na escola, ou seja, seu relacionamento com os colegas, uma 
espécie de autobiografia. Essa atividade ajuda a romper o 
silêncio e possibilita a expressão de emoções e sentimentos. 
Desenvolvemos oficinas temáticas com dinâmicas de grupo, que 
favorecem a compreensão do fenômeno. As discussões têm por 
objetivo encontrar soluções para as dificuldades nas relações 
interpessoais. (FANTE e PEDRA, 2008, p. 106 – 107) 
 
A escola poderá tomar conhecimento dos casos de bullying ocorridos em 
seu âmbito educacional e assim repassá-los às famílias. Esconder os problemas, 
para não sofrer punições, prejudica ainda mais o comportamento de quem 
pratica o bullying, por isso, enfrentar o problema envolve estratégias que 
estimulem a fala, o diálogo, apresentando compreensão do problema, atitudes 
30 
 
importantes para dar segurança às vítimas. Os alunos precisam de um ambiente 
escolar que os estimule, os apoie e os ajude a ganhar confiança, tornando-os 
menos vulneráveis, pois quando os alunos têm censo de autoestima, eles 
estarão menos propensos a intimidar-se. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
3.1 Os danos causados pelo bullying 
 
Segundo Fante e Pedra (2008), os atos de bullying são cometidos através 
de agressões físicas, psicológicas ou verbais que ocorrem de forma intencional 
e repetitiva. Os alvos típicos podem ser os ansiosos, os frágeis emocionalmente, 
os que apresentam isolamento, fragilidade, imaturidade e insegurança. Os 
agressores costumam ter autoestima fraca, são impulsivos, egocêntricos e 
apresentam resultados escolares ruins. A ausência de afetividade, limite, 
permissividade dos pais, mostra que os agressores não aprenderam a gerar 
empatia e não foram educados com valores necessários para se respeitar as 
diferenças. 
 
Carência afetiva, ausência de limites, afirmação dos pais sobre 
os filhos através de maus-tratos e explosões emocionais 
violentas, excessiva permissividade, exposição prolongada às 
inúmeras cenas de violência exibidaspela mídia e pelos games, 
facilidade de acesso às ferramentas oferecidas pelos modernos 
meios de comunicação e informação. Além desses, existe a alta 
competitividade, que acaba gerando o individualismo e a 
dificuldade de empatia, a crise ou ausência de modelos 
educativos baseados em valores humanos, capazes de alicerçar 
a vida do indivíduo. (FANTE, PEDRA, 2008, p. 41). 
 
O bullying desenvolve danos a curto ou longo prazo, acredita-se que a 
vítima pode apresentar baixa autoestima, dificuldade de relacionamento social, 
fobia escolar, tristeza, crises de ansiedade, transtornos alimentares, bulimia, 
estresse, sensações de medo, síndrome do pânico, automutilação, quadros de 
depressão, transtornos mentais, atos de violência extrema contra a escola. 
Esses danos podem se agravar de forma devastadora, levando-o ao ponto 
mais extremo, o suicídio. 
Infelizmente o bullying pode gerar consequências que levam a atitudes 
estremas, como o suicídio. Segundo o relato de Amy Briggs, mãe do garoto 
Daniel, de La Farge que sofreu bullying durante nove anos e não se adaptou à 
escola, o bullying matou o seu filho, aos 16 anos. Ele deu um tiro em sua cabeça, 
após receber uma mensagem de um menino da escola que o induzia a tirar sua 
32 
 
própria vida. Matt, um amigo da vítima, sabia que ele cometeria tal ato, tentou 
mantê-lo ao telefone, enquanto mandava mensagens para a irmã dele para que 
tentasse entrar em contato com os pais. Os pais de Daniel receberam ligações 
do pai de um amigo do filho. No momento do suicídio, eles estavam assistindo 
ao jogo de basquete de Michael, seu outro filho. Infelizmente, quando chegaram 
em casa, já era tarde demais. Segundo sua mãe, Daniel era um garoto amável, 
cuidava do vizinho com câncer, e acolheu amavelmente a esposa do vizinho, 
após seu falecimento, e gostava de caçar. Em seu relato Amy Briggs (2015), diz 
que: 
 
Ele não gostava de esportes, gostava de caçar, o que não era 
algo muito comum entre as crianças na idade dele. Ele tinha 
dificuldade em achar pessoas que tivessem interesses em 
comum com ele e isso fez dele um alvo a maior parte do tempo. 
Começou com palavras, ele era chamado de nomes horríveis. 
Depois, progrediu para pessoas jogando lixo nele. Daniel levava 
socos no estômago, era obrigado a lamber a janela do ônibus, 
era atacado por trás ao entrar no ônibus, era ridicularizado pelas 
músicas que ouvia. Tudo possível. Eles procuravam qualquer 
coisinha apenas para fazer a vida dele extremamente infeliz. 
Um dos garotos com quem Daniel tinha muitos problemas 
mandou uma mensagem para ele, eu mesma vi a mensagem, o 
SMS dizia: Por que você não pega uma das suas preciosas 
armas e faz um favor para o mundo e se mata? Ele respondeu 
para aquele mesmo garoto: Você não precisa mais se preocupar 
comigo, eu vou para casa e vou me matar. E o garoto respondeu: 
Vai logo ou cala a boca. Daniel contou o ocorrido ao amigo Matt 
que tentou ligar para nós. E ele disse: Por favor, não ligue para 
a minha mãe, ela tentará me levar para o hospital. Ele tentava 
manter Daniel ao telefone e mandava mensagens para a sua 
irmã, tentando entrar em contato conosco. Estávamos no jogo 
de basquete do outro filho, Michael, quando recebemos ligações 
do pai de amigo do Daniel. Liguei para a nossa vizinha ir até lá 
ver como ele estava, ela entrou e disse: nós amamos você, e 
então ela escutou um tiro, cheguei e corri para o quarto dele e vi 
uma imagem horrível. Eu gritei, corri para fora. Michael pedia o 
irmão de volta e eu pedi para os paramédicos meu filho vivo. 
Queria que ele soubesse o quanto ele importa para tantas 
pessoas. Quando alguém disser que vai se matar, conte para 
alguém, dê a ele seus 15 minutos, leve a sério. Porque todo 
mundo precisa ser levado a sério. Quando você souber que 
alguém está sofrendo bullying não fique só observando, você é 
tão culpado quanto quem comete o bullying quando você não faz 
nada. Se você vir precisa fazer algo a respeito. Se você não 
quiser interferir, então fale com um adulto e fale até que alguém 
faça alguma coisa. (PRAGMATÍSMO POLÍTICA, 2015) 
 
33 
 
Como se pode observar no relato de Amy, o bullying pode ocasionar 
danos devastadores tanto às vítimas quanto à família, vai massacrando a 
autoestima e os leva a quadros de transtornos psíquicos e depressão, sendo 
portanto, um grave problema social, é uma questão de política pública, que afeta 
diversos aspectos da vida da crianças e dos adolescentes. 
 
3.2. Discussão e enfrentamento do bullying no ambiente escolar 
 
A ausência de diálogo sobre o bullying é prejudicial e pode apresentar 
aumento nas ocorrências. Segundo Fante (2011), para combater os atos, é 
preciso dialogar sobre o problema, tomar conhecimento do tema, apresentar 
seus sinais, e seria relevante a discussão sobre a educação dos pais e do âmbito 
educacional, buscando evitar que os agressores se tornem os valentões que 
pratica o bullying. 
As crianças precisam de ajuda, apoio, transmissão de valores que serão 
base para sua educação. Para discutir sobre o problema, é necessário que a 
criança seja estimulada a falar sobre os problemas e não queiram omitir o 
ocorrido por vergonha ou medo. Incentivar a criança a comunicar qualquer tipo 
de agressões à escola, que deverá tratar o caso com respeito e vigor, sendo 
cobrada sobre isso; incentivar a criança a não revidar as agressões; reconhecer 
e valorizar as atitudes das crianças; e caso necessário, oferecer ajuda 
psicológica, para ajudá-las nesse momento difícil. 
 
Falar aos alunos que todos somos diferentes e que devemos 
respeitar as diferenças físicas, raciais, religiosas, culturais, 
socioeconômicas de cada um; falar-lhes da importância de ir 
adquirindo hábitos e atitudes solidárias com as pessoas que 
vivem ao seu redor; conversar com os alunos sobre a 
importância de assumir compromissos concretos com os 
companheiros de classe, para desenvolver atitudes de ajuda e 
de solidariedade diante dos problemas que possam apresentar. 
(FANTE, 2011, p. 125) 
 
No relato de experiência de bullying, Mirella de 14 anos, nos conta o seu 
enfrentamento do bullying, todo o seu sofrimento e como ela conseguiu superar 
o problema. Segunda Mirella, em seu terceiro ano escolar, seus colegas 
começaram a fazer agressões verbais, chamando-a por apelidos que a ofendia. 
34 
 
Após essa fase, piorou, vieram também as agressões físicas. Mirella chorava 
todas as manhãs ao ir para a escola, pois além do bullying que sofria, ainda não 
recebia ajuda de quem precisava ajudá-la nesse momento doloroso. A 
orientadora educacional achava que tudo não passava de manha. No sexto ano, 
o quadro de funcionários da escola mudou e Mirella começou a receber ajuda da 
coordenação, da orientação, dos psicólogos e assistentes sociais do colégio. 
Hoje pelo ocorrido, sabendo que por trás de uma pessoa pode existir um 
problema, ela tenta ser mais atenciosa com as pessoas, demonstrando assim, 
valores de respeito, tolerância e a necessidade de importar-se com o outro. Em 
seu relato Mirela 14 anos, diz que: 
 
“Bom, acho que a primeira situação em que sofri bullying foi no 
terceiro ano do colégio. Um grupo tanto de meninas quanto de 
meninos ficava me chamando de "baleia", "rolha", "gorda", 
"quatro- olhos" (quando comecei a usar óculos), mas isso era o 
de menos. Por mais que machucasse um pouco ouvir coisas 
assim, depois vieram as agressões mais físicas: chutavam 
minha lancheira, mochila, quebravam alguns materiais meus e 
um dia acabei apanhando de um desses grupos de meninas. 
Esse foi só o começo. Isso ocorreu desde o terceiro ano até o 
sétimo. Em determinado momento, eu cheguei ao ponto de 
chorar todas as manhãs só de lembrar em ter de ir pra escola de 
novo e quando ia, não via a hora de ir embora. Algumas das 
situações mais sérias acabei esquecendo porque foi tão ruim 
para a minha vida que acabei apagando da minha memória sem 
perceber. Na época, tinha uma orientadora educacional queatualmente está aposentada. Ela não dava a menor importância 
para o que estava acontecendo. Nem a Lei Antibullying ela 
conhecia. Dizia que era manha minha e que nada estava 
acontecendo. Depois no sexto ano, mudou a coordenação, 
orientação e tudo, e os psicólogos e assistentes sociais do 
colégio me ajudaram, tentando fazer com que isso parasse, até 
que funcionou porque depois disso continuou só por mais um 
ano. Durante uns três anos eu não tocava nesse assunto com 
meus pais e tentava demonstrar que estava tudo bem, mas 
depois eles perceberam que tinha sim algo errado, até porque 
esse bullying fugiu das fronteiras da escola e começou a ser 
presente em outros lugares, como um acampamento que 
frequentávamos. Eles iam conversando comigo e depois com a 
escola. No começo eu tinha um certo medo de falar alguma coisa 
porque acabava botando a culpa em mim mesma. Eu perdia 
completamente a vontade de ir à escola, às vezes não comia, 
tentava emagrecer para ver se essas coisas paravam, tinha 
vontade de fugir da escola. Uma época cheguei até a praticar 
bulimia por um tempo. Quando estava perto do fim disso, mas 
eu não sabia, pensei até em desistir de tudo, desistir da 
vida. Não dormia um dia sequer sem chorar. Hoje em dia, por 
35 
 
conta disso tudo que passei acabei mudando a forma de tratar 
as pessoas. Tento ser o mais atenciosa possível, não tratar com 
grosseria nem indiferença porque não sabemos pelo que cada 
pessoa está passando e eu sei como a indiferença pode 
machucar mais do que palavras. (MINISTÉRIO PÚBLICO DE 
SANTA CATARINA, 2017.) 
 
Diante desta situação, deve-se conscientizar aos pais, professores e 
demais profissionais da educação sobre a importância de medidas preventivas, 
diagnósticas e de atuação a comportamentos de bullying nas escolas. A escola 
deve buscar uma visão da realidade e do cotidiano do aluno, a fim de estabelecer 
ideais de comportamentos qualitativos, observando-se a realidade cultural e 
social desse aluno. Pode-se propor medidas de enfrentamento do problema, 
como fazer autoavaliação, apresentando seus defeitos, qualidades e assim 
propondo a modificação de alguns comportamentos que estejam inadequados. 
Dinâmica e trabalhos em grupos, a fim de trabalhar os diferentes grupos, o 
respeito às diferenças que é um dos valores mais importantes do ser humano, 
que tem grande influência na interação social e na democracia, o respeito mútuo 
que representa uma das formas mais básicas e essenciais para uma convivência 
saudável, a reciprocidade, a amizade e o convívio harmonioso. 
 
Dessa forma, as escolas integrantes do grupo, de modo 
independente, traçaram suas estratégias e planos, resultados 
em diversas formas de ação, que iam desde a abordagem feita 
aos alunos pelos professores sala de aula até a participação 
ativa destes em atividades práticas. Em algumas escolas o tema 
foi trabalhado de maneira específica, enquanto em outras ele foi 
inserido em outros contextos mais amplos como a paz, o amor e 
a amizade. (FANTE, 2011, p. 90) 
 
3.3. Os possíveis meios de combate ao bullying 
 
 É relevante que o fenômeno bullying torne-se conhecido e que ocorra a 
orientação sobre esse problema às crianças e aos adolescentes, apresentando 
suas características, seus riscos e suas consequências, tornando-se um ato de 
políticas públicas que não pode ser ignorado pelos educadores, familiares, 
coordenadores e toda a comunidade escolar. De acordo com Middelton-Moz; 
Zawadski (2007), a educação é papel de todos, a participação da família precisa 
36 
 
ser efetiva e integral, é necessário integrá-los em todo o processo escolar, não 
apenas em reuniões esporádicas, mas inserindo-se e participando nas 
pesquisas, programas e ações que visam à prevenção, à redução e à 
intervenção do bullying. 
O jovem Hugo, de 22 anos, em seu relato de experiência com o bullying, 
afirma que foi vítima de bullying, mas, ao ir para o ensino médio, encontrou na 
prática do fenômeno sua maneira de se defender. Ele realizou essas ações por 
três anos e ao final do ensino médio seus pensamentos começaram a mudar, 
devido a campanhas, palestras que sua escola realizava em apoio ao bullying, 
além de contar com psicólogos e assistentes sociais. Esse posicionamento da 
escola o ajudou na relação social, a conhecer seus colegas e respeitar as 
particularidades que cada indivíduo possui. 
 
Eu sofria bullying quando era criança e assim que fui para o 
ensino médio, mudei de escola e decidi que ninguém mais 
praticaria bullying comigo. A maneira que encontrei foi praticar 
bullying com os outros. Foi uma "defesa" errada. Fiz bullying por 
três anos, durante o ensino médio. Eu tinha colegas de aula que 
participavam de uma religião na qual existiam algumas regras, 
como não poder cortar os cabelos e só usar saias compridas. 
Aquilo fugia do que era "normal", no meu ponto de vista do 
tempo. Piadas e deboche com outros colegas eram recorrentes. 
Eu já sabia o que era bullying, mas, ainda assim, fazia 
comentários pejorativos com amigos. A escola na qual estudava 
tinha campanhas de combate ao bullying e participação 
frequente de assistentes sociais e psicólogas. A minha atitude 
em relação às colegas mudou mais próximo do final do ensino 
médio, quando passei a conhecê-las melhor e a aceitar a 
religião. Se alguém fizesse comigo o que eu fiz com elas, eu me 
sentiria muito mal. Era algo diferente aos meus olhos, de alguma 
maneira me chamava a atenção porque fazia parte de um 
costume que era diferente do que a maioria da turma tinha. 
(MINISTÉRIO PÚBLICO DE SANTA CATARINA, 2017) 
 
No ambiente escolar, é preciso buscar o bem-estar físico e mental dos 
alunos, às vezes, eles vivenciam momentos em que necessitam de equilíbrio 
emocional, pois não sabem se expressar e expor o que estão vivenciando, seja 
problemas familiares, que não são digeridos de forma adequada, ou problemas 
escolares. Assim, se necessário, a escola poderá buscar ajuda de profissionais 
que os auxiliem nessas questões. Para uma educação de qualidade, a escola 
37 
 
sendo um agente de transformação na vida dos alunos, poderá criar um espaço 
escolar participativo com diálogo, socialização de experiências. 
Ainda segundo Middelton-Moz; Zawadski (2007), é necessário buscar 
medidas preventivas ao bullying, fazer com que os professores, família, alunos, 
tenham envolvimento, engajamento, sensibilizando a comunidade escolar, 
apresentar com clareza todos os pontos principais do fenômeno, reforçando 
sempre que a vítima não deve se envergonhar ou se calar, incentivando a 
denunciar seus agressores e buscar por apoio na escola e na família. Pode-se 
também implementar suporte de apoio como debates que mostrem as 
consequências negativas desses atos, palestras, vídeos e filmes educativos que 
retratem o assunto, desenvolvendo assim projetos pedagógicos que valorizem a 
diversidade, buscando ajudar e auxiliar aqueles que praticam os atos de bullying, 
trabalhando assim as diversas formas de preconceito existentes, o 
individualismo, a intolerância, o egoísmo, o desrespeito, ensinando-os a ter uma 
melhor socialização, desenvolvendo uma consciência crítica, reflexiva com uma 
pedagogia que trabalha a coletividade, interação social, o respeito às diferenças, 
a ética, a solidariedade, a cooperação, a harmonia e afeto. 
 
A intolerância, a ausência de parâmetros que orientem a 
convivência pacífica e a falta de habilidade para resolver os 
conflitos são algumas das principais dificuldades detectadas no 
ambiente escolar. Atualmente, a matéria mais difícil da escola 
não é a matemática ou a biologia; a convivência, para muitos 
alunos e de todas as séries, talvez seja a matéria mais difícil de 
ser aprendida. (FANTE, 2005, p.91) 
 
A escola tem por missão preparar seus alunos para a cidadania. 
Pedagogicamente, pode-se explorar livros de literatura, histórias infantis que 
apresentam algum tipo de diferença, seja ela racial, da fisionomia ou social. Para

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