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MÓDULO I: Suporte Básico de Vida em Pediatria Descomplicando o PALSE-book 2 De acordo com o Protocolo da American Heart Association de 2020, lactentes são considerados aqueles entre 1 mês e 1 ano de idade, e crianças são aquelas entre 1 ano de idade até a puberdade. Não há alteração na sequência das ações, mas as técnicas para as manobras de compressão torácica e abertura de vias aéreas variam para cada faixa etária. O objetivo do Suporte Básico de Vida (SBV) é melhorar a condição clínica da vítima até o suporte avançado de vida chegar. Essas ações ajudam na prevenção da PCR, no início rápido da Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) de alta qualidade e quando e como acionar o serviço médico de emergência (SME), como o SAMU (192) ou bombeiros (193). Causas de PCR em Pediatria Em lactentes e crianças, condições que levam à falência respiratória progressiva associadas ou não ao choque são as causas mais comuns. Diferentemente dos adultos, é visto com menor frequência o colapso súbito de origem cardíaca por arritmia ventricular ou síndrome coronariana aguda. Cadeia de Sobrevivência São elos da cadeia de sobrevivência para PCR Extra - Hospitalar: No novo protocolo de 2020, foi adicionado um novo elo na cadeia, que está presente no intra-hospitalar e no extra- hospitalar, e trata-se da recuperação física, social e emocional do paciente e da família após o evento. No ambiente hospitalar, além de sistema de vigilância e de prevenção de PCR, qualquer profissional de saúde deve ser capacitado a iniciar uma RCP de alta qualidade, desfibrilar se for o caso, acionar o médico e encaminhar para suporte avançado de vida. No ambiente extra-hospitalar, o leigo pode reconhecer a PCR, chamar ajuda e iniciar RCP até a chegada do serviço médico de emergência (SME) para o transporte do paciente e início dos cuidados avançados. Reconhecimento da PCR Em crianças maiores deve-se verificar a responsividade tátil tocando os ombros e chamando a criança. Em bebês, a responsividade é verificada aplicando leves golpes nas plantas dos pés e chamando. ● 1º elo: Prevenção de PCR ● 2º elo: Acionamento do SME ● 3º elo: RCP de alta qualidade ● 4º elo: Ressuscitação avançada ● 5º elo: Cuidados pós PCR ● Novo elo: Recuperação Descomplicando o PALSE-book 3 O reconhecimento da PCR, a partir da avaliação simultânea da respiração e do pulso central, deve ser realizada por pelo menos 5 segundos e no máximo 10 segundos. Deve-se observar se a criança respira, se está em apneia ou em respiração agônica, o gasping. Os pulsos do bebê devem ser palpados em posição braquial, na parte interna do braço entre o cotovelo e axila, e na criança devemos palpar o pulso carotídeo ou femoral. Após avaliação RÁPIDA, existem três possibilidades: RCP de Alta Qualidade A RCP deve ser realizada através de compressões em uma frequência de 100 a 120 por minuto, e ventilações. Com 1 socorrista deve-se manter a relação compressão/ ventilação de 30 para 2 e, se chegar um segundo socorrista, iniciamos a relação 15:2. Se após 2 minutos de RCP, o socorrista ainda estiver sozinho e sem celular e não puder acionar o SME, ele deve deixar a vítima, acionar o SME e pegar o DEA. Alguns pontos importantes da diretriz de 2015 foram reforçados na atualização de 2020, como por exemplo: Manter a sequência C-A-B, ou seja, circulação – via aérea – respiração, em detrimento da sequência ABC. A Segunda coisa foi realizar compressões torácicas entre 100 e 120 por minuto em todas as idades. Facilitando a memorização UNIVERSAL. Em terceiro, o estabelecimento de profundidade máxima de 6 cm de compressão torácica em adolescentes. E, por fim, como a origem da PCR em crianças é predominantemente por hipóxia ou choque, manter, na faixa etária pediátrica, ventilação-compressão e não compressão isoladamente como em adultos. ● Pulso e respiração normal: aciona-se o SME, se não tiver acionado ainda, e volta para monitorar a criança até chegar socorro. ● Pulso presente, mas respiração anormal: deve-se realizar Ventilação de Resgate: uma ventilação, a cada 2 a 3 segundos, ou 20 a 30 / min. ● Ausência de respiração e ausência de pulso ou frequência cardíaca (FC) <60 batimentos por minutos (bpm) ou sinais de má perfusão tecidual: deve-se iniciar RCP de alta qualidade. Se o socorrista estiver sozinho e presenciar a PCR, deve ativar imediatamente o SME e buscar o DEA, antes de iniciar o atendimento. Porém, se o socorrista estiver sozinho e já encontrou a criança em PCR, ele deve primeiro iniciar a RCP por 2 minutos, e só depois ele está autorizado a acionar o SME e buscar o DEA. Descomplicando o PALSE-book 4 Compressões Torácicas A frequência é universal de 100 a 120 compressões por minuto e a relação compressão/ ventilação é de 30:2 para 1 socorrista e 15:2 para 2 socorristas. A profundidade das compressões deve ser no mínimo 1/3 do diâmetro anteroposterior do tórax, sendo 4 cm em bebês, 5 cm em crianças e no máximo 6 cm em adolescentes. É importante permitir o retorno total do tórax para que haja retorno do sangue ao coração entre as compressões. A compressão cardíaca em lactentes deve ser realizada utilizando dois dedos de uma mesma mão ou os dois polegares. As atualizações de 2020 não demonstraram superioridade de uma técnica sobre a outra. No entanto, se o socorrista não consegue obter a profundidade adequada, o recomendado é utilizar a técnica dos dois dedos de uma mão. Em crianças maiores costumamos usar a técnica de uma mão ou duas mãos. Sempre permitindo retorno total do tórax entre as compressões. Abertura de Via Aérea A abertura de vias aéreas é fundamental para ventilação de resgate eficaz. Para retificação das vias aéreas, deve-se inclinar a cabeça, elevar o queixo e anteriorizar a mandíbula, com cuidado para não hiperextender o pescoço, evitando assim o colapso traqueal. Para manter o pescoço em posição neutra temos que deixar o canal auditivo externo nivelado com a parte superior do ombro. Em um lactente inconsciente, o occipito proeminente flexiona o pescoço, a língua cai para trás e obstrui as vias aéreas. Para facilitar a manobra, podemos colocar um coxim escapular em bebês e um coxim occipital em crianças maiores. Descomplicando o PALSE-book 5 Ventilação Em ambiente Extra-hospitalar pode ser feito através de uma máscara de bolso ocluindo boca e nariz, ou se não tiver um dispositivo de barreira, boca – boca + nariz, em menores de 1 ano, ou boca a boca, ocluindo as narinas para maiores de 1 ano. Cada ventilação de resgate deve durar 1 segundo e devemos ver elevação do tórax. Em ambiente Intra-Hospitalar, pode-se utilizar a bolsa - válvula - máscara com reservatório de oxigênio sem cobrir os olhos e nem sobrepor o queixo. É fundamental vedar bem a máscara à face usando a técnica E- C. O tamanho é escolhido pelo peso e tamanho, sendo pediátrico de 7 a 30 Kg e adulto após 30 Kg. A intubação orotraqueal deve ser estabelecida assim que possível. Na parada respiratória, realiza-se Ventilação de Resgate, ou seja, uma ventilação a cada 2 a 3 segundos, sendo 20 a 30 por minuto, até que a respiração espontânea seja retomada. Na PCR, realiza-se a mesma frequência, sendo 20 a 30 ventilações por minuto em assincronia com as compressões. Desfibrilador Externo Automático (DEA) O DEA deve ser utilizado assim que disponível. O atenuador de carga diminui em dois terços a energia do choque. O uso de pás pediátricas é indicado até a idade de 8 anos. Algumas pás são usadas na posição frontal e posterior e outras anterolateral (direita- esquerda). Em bebês, o ideal é usar desfibrilador manual. Caso não tenha redutor de carga ou as pás pediátricas, pode usar as pás de adultos tomando cuidado para que elas não se toquem. Descomplicando o PALSE-book 6 Primeiro Passo: Avaliar a segurança da cena e verificar se existe perigo ao socorrista ou para outras vítimas. Depois disso, deve-se verificar a responsividade da vítima. Em crianças dá-se“um tapinha” no tórax ou no ombro chamando a criança. A avaliação da respiração e do pulso deve ser realizada em no máximo 10 segundos. Na criança devemos palpar o pulso carotídeo ou femoral. Segundo Passo: Acionar o SME e buscar o DEA; Se o socorrista presencia a PCR, ele deve ativar imediatamente o SME e buscar o DEA. Se o socorrista não presenciou, ele deve iniciar a RCP por dois minutos, depois acionar o SME e buscar o DEA. Terceiro Passo: RCP de Alta Qualidade com 1 Socorrista. Realizar a sequência C-A-B, ou seja, circulação – via aérea – respiração. As compressões devem ser de 100 a 120 por min, com profundidade mínima de 1/3 do diâmetro anteroposterior do tórax, no mínimo 5cm em crianças e no máximo 6 cm em adolescentes, sempre observando retorno total do tórax para que haja retorno do sangue ao coração entre as compressões. Em crianças menores, utiliza-se a técnica de uma mão e nas maiores a técnica de duas mãos, assim como é feito nos adultos. Suporte Básico de Vida em Criança 1 Socorrista Tratamento Medicamentoso O tratamento medicamentoso na PCR serve para aumentar o fluxo sanguíneo e perfusão coronariana e cerebral, estimular a contratilidade e frequência cardíaca, corrigir uma possível causa da PCR e suprimir ou tratar as arritmias. Os medicamentos mais usados são: epinefrina, amiodarona, lidocaína, magnésio, atropina, cálcio e bicarbonato. A Epinefrina, ou adrenalina, é usada em todos os ritmos de parada. A dose é de 0,01mg/kg IV ou IO (ou seja 0,1ml/kg na concentração de 1: 10.000) e 0,1mg/kg ET (corresponde a 0,1ml/kg na concentração de 1: 1.000). Podendo ser repetida a cada 3 a 5minutos. Em ritmos de FV ou TVSP utiliza-se a Amiodarona (bolus de 5mg/kg até 2x) que tem efeito de bloqueio alfa e beta adrenérgico e altera canais de sódio potássio e cálcio. A Lidocaína, dose de ataque é de 1mg/kg e de manutenção é de 20 a 50mcg/kg/min, suprime as arritmias ventriculares e seu uso foi associado ao retorno da circulação espontânea. O sulfato de magnésio é o de escolha para arritmias secundárias à hipomagnesemia e à Torsades des Pointes na dose de 25 a 50mg/kg. Outras drogas usadas são a Atropina para tratamento da bradicardia sintomática, o Gluconato de cálcio nas hipocalcemias, hipercalemias, hipermagnesemia e overdose de bloqueador dos canais de cálcio. Estabiliza o potencial de ação da membrana celular e o gradiente entre o potássio intracelular e o sódio extracelular e o Bicarbonato de sódio o nos pacientes com hipercalemia sintomática, overdose de tricíclicos. Descomplicando o PALSE-book 7 Na PCR, realiza-se a ventilação a cada 2 a 3 segundos, sendo 20 a 30 ventilações por minuto, em assincronia com as compressões. Quando tiver 1 socorrista a relação compressão/ventilação vai ser sempre de 30:2. Se após dois minutos de RCP, o socorrista ainda estiver sozinho e sem celular e não puder acionar o SME, ele deve deixar a vítima, acionar o SME e pegar o DEA. Quarto Passo: Uso do DEA. O DEA deve ser usado assim que disponível. A posição das pás pode ser frontal e posterior e ou anterolateral (direita-esquerda). Se o ritmo for chocável, deve-se aplicar o choque e reiniciar RCP por dois minutos. Se o ritmo não for chocável, mantém-se a RCP com compressão – ventilação até que o SME chegue. Primeiro Passo: Avaliar a segurança da cena. Mesmo com 2 socorristas é necessário verificar se existe perigo ao socorrista ou para outras vítimas no local. Depois disso, deve- se verificar a responsividade da vítima. Se a criança não responde, enquanto o primeiro socorrista permanece com a vítima, o segundo aciona o SME e busca o DEA. Aquele que fica com a vítima avalia simultaneamente a respiração e os pulsos carotídeo ou femoral em crianças, em no máximo 10 segundos. Segundo Passo: Acionar o SME e buscar o DEA; O segundo socorrista deve acionar o SME e busca o DEA, enquanto o primeiro permanece com a vítima. Terceiro Passo: RCP de Alta Qualidade com 2 Socorristas. A RCP em crianças com 2 socorristas também é realizada com a sequência C-A-B, circulação – via aérea –respiração. As compressões são de 100 a 120 por min, com profundidade mínima de 1/3 do diâmetro anteroposterior do tórax, no mínimo 5cm em crianças e no máximo 6 cm em adolescentes, com retorno total do tórax para que haja retorno do sangue ao coração entre as compressões. Em crianças menores usamos a técnicade uma mão e nas maiores a técnica de duas mãos. Suporte Básico de Vida em Criança 2 Socorristas Na abertura de vias aéreas é fundamental manter o pescoço em posição neutra e deixar o canal auditivo externo nivelado com a parte superior do ombro para ventilação de resgate eficaz. Deve-se inclinar a cabeça, elevar o queixo e anteriorizar a mandíbula. Para facilitar a manobra, pode-se colocar um coxim occipital em crianças maiores. Depois de abrir as vias aéreas, realiza-se a ventilação através de uma máscara de bolso, ocluindo boca e nariz, ou se não tiver um dispositivo de barreira, boca a boca, fechando as narinas. Descomplicando o PALSE-book 8 Para abertura de vias aéreas, mantêm-se o pescoço em posição neutra, inclinando a cabeça, elevando o queixo e anteriorizando a mandíbula. Para facilitar a manobra, podemos colocar um coxim occipital em crianças maiores. Depois de abrir as vias aéreas, realiza-se a ventilação através de uma máscara de bolso, ocluindo boca e nariz, ou se não tiver um dispositivo de barreira, boca a boca, fechando as narinas. Na PCR, realiza-se a ventilação a cada 2 a 3 segundos, sendo 20 a 30 ventilações por minuto, em assincronia com as compressões. Quando são dois socorristas, um socorrista fica responsável pela ventilação e um responsável pelas compressões, sendo a relação compressão/ventilação é 15:2. Quarto Passo: Uso do DEA. O DEA deve ser usado assim que disponível. A posição das pás pode ser frontal e posterior e ou anterolateral (direita- esquerda). Se o ritmo for chocável, deve-se aplicar o choque e reiniciar RCP por dois minutos. Se o ritmo não for chocável, mantém-se a RCP com compressão – ventilação até que o SME chegue. Descomplicando o PALSE-book 9 De acordo com o protocolo americano de 2020, lactentes são aqueles entre 1 mês e 1 ano de idade. Primeiro Passo: Avaliar a segurança da cena e verificar se existe perigo ao socorrista ou para outras vítimas. Depois disso, deve-se verificar a responsividade da vítima. Em lactentes, dá-se “um tapinha” na planta do pé. A avaliação da respiração e do pulso deve ser realizada em no máximo 10 segundos. Os pulsos do bebê devem ser palpados em posição braquial, na parte interna do braço entre o cotovelo e a axila. Segundo Passo: Acionar o SME e buscar o DEA; Se o socorrista presencia a PCR, ele deve ativar imediatamente o SME e buscar o DEA. Se o socorrista não presenciou, ele deve iniciar a RCP por dois minutos, depois acionar o SME e buscar o DEA. Terceiro Passo: RCP de Alta Qualidade com 1 Socorrista. A RCP em lactentes é semelhante à RCP em crianças, mantendo a sequência C-A-B (circulação – via aérea – respiração). No entanto, a profundidade mínima é de 1/3 do diâmetro anteroposterior do tórax, que em bebês é em torno de 4cm. A compressão cardíaca em lactentes deve ser realizada utilizando 2 dedos ou a técnica de 2 polegares com as mãos circundando o tórax. No lactente, a abertura de vias aéreas e a realização das ventilações devem ser realizadas da mesma maneira que na criança. Assim como na criança, quando tiver apenas um socorrista a relação compressão/ventilação vai ser sempre de 30:2 e se após dois minutos de RCP, o socorrista ainda estiver sozinho e sem celular e não puder acionar o SME, ele deve deixar a vítima, acionar o SME e pegar o DEA. Quarto Passo: Uso do DEA. Nos lactentes, o DEA deve ser utilizado imediatamente após disponibilidade, assim como é realizado na criança. Suporte Básico de Vida em Lactentes 1 Socorrista Descomplicando o PALSE-book 10 De acordo com o protocolo americano de 2020,lactentes são aqueles entre 1 mês e 1 ano de idade. Primeiro Passo: Avaliar a segurança da cena e verificar se existe perigo ao socorrista ou para outras vítimas. Depois disso, deve-se verificar a responsividade da vítima. Em lactentes, dá-se “um tapinha” na planta do pé. Se a vítima está irresponsiva, enquanto o primeiro socorrista permanece com a vítima, o segundo aciona o SME e busca o DEA. Aquele socorrista que fica com a vítima realiza a avaliação da respiração e do pulso deve em no máximo 10 segundos. Os pulsos do bebê devem ser palpados em posição braquial, na parte interna do braço entre o cotovelo e a axila. Segundo Passo: Acionar o SME e buscar o DEA; O segundo socorrista deve acionar o SME e busca o DEA, enquanto o primeiro permanece com a vítima Terceiro Passo: RCP de Alta Qualidade com 1 Socorrista. A RCP em lactentes é semelhante à RCP em crianças, mantendo a sequência C-A-B (circulação – via aérea – respiração). No entanto, a profundidade mínima é de 1/3 do diâmetro anteroposterior do tórax, que embebês é em torno de 4cm. A compressão cardíaca em lactentes deve ser realizada utilizando 2 dedos ou a técnica de 2 polegares com as mãos circundando o tórax. No lactente, a abertura de vias aéreas e a realização das ventilações devem ser realizadas da mesma maneira que na criança. Assim como na criança, quando tiver dois socorrista a relação compressão/ventilação, inicia-se a relação 15:2. Quarto Passo: Uso do DEA. Nos lactentes, o DEA deve ser utilizado imediatamente após disponibilidade, assim como é realizado na criança. Suporte Básico de Vida em Lactentes 2 Socorristas