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Como rever o estilo e o conteúdo de 
um texto literário
Apresentação
O estilo diz respeito ao modo particular de o autor escrever, usar a linguagem e compor suas obras. 
Em relação ao conteúdo, nem todo texto literário está ligado à ficção, e muitas vezes é subjetivo, 
por isso podem existir diferentes interpretações. Ademais, o texto literário contém figuras de 
linguagem, sentido conotativo, intertextualidade e sentidos metafóricos das palavras, que tornam o 
texto mais expressivo.
Quando compreendemos as características e o estilo desse tipo de texto nas obras clássicas e 
contemporâneas, é possível entender as diferentes maneiras de estruturar um texto, juntamente 
com seus respectivos temas. Cada texto apresenta características próprias, como também pode se 
assemelhar a outros textos do mesmo gênero, e isso facilita o estudo e a compreensão deles.
Portanto, você vai perceber que o contexto sócio-histórico é essencial para entender os textos, 
seus respectivos estilos e sua linguagem, variações e registros. É na interação leitor-texto-autor que 
se constrói diferentes sentidos e saberes acerca da literatura e da cultura dos povos.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o estilo e o conteúdo de um texto literário.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Examinar os conceitos de um texto literário.•
Esclarecer os propósitos do texto literário no cenário contemporâneo.•
Interpretar o texto literário à luz dos estilos literários.•
Desafio
Ao ler um texto literário, é fundamental observar a maneira como ele foi escrito, os recursos que o 
escritor utilizou para convencer o leitor.
O autor se preocupa com cada palavra do texto. Seu objetivo, portanto, não é apenas transmitir 
ideias e informações; ele quer que o texto tenha beleza, que emocione o leitor.
Sendo assim, acompanhe a seguinte situação.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/53f61f2f-4c91-455f-a8a7-ed9f33fb3843/b2d8b270-f6fa-447d-bb4e-5edc7354ff17.jpg
Apresente as semelhanças e diferenças entre eles, analise se foram escritos em épocas diferentes e 
elabore uma análise que mostre se os textos fazem parte da realidade, como eles podem emocionar 
o leitor e como podem ser relacionados com as respectivas épocas em que foram escritos.
Infográfico
Na literatura, os conceitos se ampliam de acordo com a perspectiva teórica dos autores e dos 
contextos históricos. Assim, ter apenas uma definição do que é um texto literário pode minimizar a 
análise das obras, porque uma obra literária participa de todo um processo e o relaciona com fatos 
culturais. Nessa direção, também é importante compreender os intertextos e suas relações nas 
obras literárias, a fim de estabelecer relações de sentido mais amplas sobre os textos estudados.
Conheça no Infográfico um pouco mais sobre o conceito de texto literário e do papel do escritor 
com base na concepção greco-romana e na perspectiva de Pound, crítico literário e poeta. Além 
disso, entenda que desde a Idade Média se primava pela materialidade linguística na escrita.
Por fim, conheça as relações intertextuais mais utilizadas nos textos literários.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/9e97ce82-ae32-4bd7-b5bc-7c384957270e/1e742c72-1bed-4b9c-9e95-98ad8ccf4520.jpg
Conteúdo do livro
Reconhecer o texto literário é primordial, principalmente por causa de sua carga estética. A 
discussão sobre a função e estrutura desse tipo de texto é pertinente, porque é difícil o leitor 
compreender as ambiguidades e metáforas presentes na literatura, uma vez que o texto literário 
apresenta uma escrita diferenciada, um aprimoramento com o uso das palavras, sem deixar de 
considerar os aspectos conotativos e seus enigmas.
Sendo assim, o texto literário é muito mais artístico, sobressaindo sua função estética, que pode 
provocar diferentes emoções no leitor. É uma construção textual que segue as normas da literatura 
e apresenta funções e características próprias.
No capítulo Como rever o estilo e o conteúdo de um texto literário, compreenda um pouco mais 
sobre o texto literário, o estilo de texto e as correntes literárias, a fim de retomar o contexto 
histórico. Reconheça também o que é um texto literário e a valoração desse tipo de texto, 
identificando os textos literários na contemporaneidade. Por fim, aprenda a interpretar um texto 
literário.
Boa leitura.
ESCRITA 
LITERÁRIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Examinar os conceitos de texto literário.
 > Esclarecer os propósitos do texto literário no cenário contemporâneo.
 > Interpretar o texto literário à luz dos estilos literários.
Introdução
A literatura assim se denomina por consistir em um trabalho diferenciado com 
a linguagem, deslocando os sentidos das palavras, atribuindo-lhes significados 
inusitados e inovadores, enriquecendo o uso da língua. Assim, os textos literários 
são baseados na imaginação do escritor/artista e, por isso, são subjetivos. A sua 
função é entreter o leitor, de modo que estão intimamente relacionados com 
a arte. Por serem artísticos, não têm compromisso com a objetividade e com a 
transparência das ideias.
Neste capítulo, vamos definir os conceitos relacionados ao texto literário, 
de forma que o leitor seja capaz de compreender o seu compromisso com o objeto 
linguístico e com a estética. Além disso, vamos discutir a multissignificação, 
a variação, a liberdade de criação, a complexidade, a linguagem conotativa, entre 
outras características do texto literário que acabam por subverter as normas da 
gramática tradicional. Para isso, vamos tratar da valoração do texto literário, 
Como rever o estilo 
e o conteúdo de 
um texto literário
Zuleica Aparecida Michalkiewicz
ou seja, de como ele é visto na contemporaneidade, trabalhar a plurissignificação 
e a intertextualidade, e analisar um texto repleto de sentidos.
Texto literário: o que é?
O texto literário assume um papel importante na busca pela formação do 
sujeito com competência criativa, consciente social e culturalmente, a ele 
oportunizando uma nova maneira de repensar a sociedade e o mundo. 
De fato, a leitura do texto literário é um acontecimento que provoca reações, 
estímulos, experiências múltiplas e variadas, dependendo da história de cada 
indivíduo. Não só a leitura resulta em interações diferentes para cada um, 
mas cada sujeito poderá interagir de modo diferente com a obra em outro 
momento de leitura. 
A literatura também pode desenvolver o senso crítico. Mesmo na leitura 
silenciosa, levantam-se discussões mentais sobre um aspecto ou outro, 
enfrentam-se dilemas morais e se ampliam os conhecimentos e as opiniões 
sobre alguma situação ou tema. Quem escreve se posiciona, ou posiciona os 
personagens, contando algo a partir de um determinado ponto de vista. Assim, 
entramos na história a partir da perspectiva de outra pessoa, e nos é possível 
concordar, discordar, acreditar, desconfiar, reelaborar as narrativas e pensar. 
A palavra literário tem origem no latim litterarĭus e significa “aquilo que é 
relativo à leitura, à escrita”. Já a palavra literatura significa “letra” e vem do 
latim litteris. Observe que esta se refere mais ao ato de escrever, enquanto 
aquela diz respeito à leitura, ou seja, como ler as letras. Diante da origem 
das palavras, você já começa a notar as diferenças de um texto literário, que 
não é simplesmente um texto com informações a respeito de algo, mas um 
texto repleto de conotações, variações e estética. Isto é, trata-se um texto 
escrito para despertar as emoções no leitor pelo uso da linguagem poética 
com função estética, respeitando os estilos de cada escritor.
O texto literário apresenta características próprias a fim de criar uma 
interação entre o leitor e escritor. Para isso, faz usode pontuações diferen-
ciadas, figuras de linguagem e um vocabulário selecionado pelo escritor 
especificamente para atrair a atenção na hora da leitura, visando a conduzir 
o leitor pelas teias literárias da obra. Dessa forma, o escritor constrói uma 
musicalidade, um ritmo no texto para tocar a sensibilidade de quem o lê.
Antes de vermos um exemplo, vamos retomar as funções de linguagem 
(Figura 1).
Como rever o estilo e o conteúdo de um texto literário2
Figura 1. Funções da linguagem.
Em relação às características da função poética, destaca-se o uso de:
 � linguagem elaborada;
 � figuras de linguagem;
 � palavras em sentido conotativo;
 � expressões do cotidiano com valor metafórico.
Observe o seguinte fragmento de texto literário.
“Antes bonita, olhos de viva mosca, morena, mel e pão. Aliás, 
casada. Sorriram-se. Viram-se. Era infinitamente maio e Jó 
Joaquim pegou o amor.” (Desenredo, Guimarães Rosa)
O fragmento da crônica de Guimarães Rosa apresenta uma linguagem 
simples, mas os arranjos metafóricos são evidentes. A metáfora da mosca 
atraída pelo mel, os olhos grandes e negros, como se fosse uma mosca, deixa 
claro a atração entre os personagens. A escolha de frases curtas demonstra a 
aceleração do coração de Jó ao ver a morena. Além disso, o escritor faz alusão 
a pegar o amor como se fosse um vírus. Contrariando a linguagem comum, 
a escolha vocabular surpreende o leitor e conduz a uma sensação diferenciada 
durante o ato de ler sobre o que seria apaixonar-se. 
Como você pode perceber, a linguagem literária é permeada de expressi-
vidade e beleza. Ainda que mais ou menos valorado, o texto literário é aquele 
que toca o leitor, que fala o que é simples, que define o que muitos de nós 
gostaríamos de dizer.
Como rever o estilo e o conteúdo de um texto literário 3
Valoração do texto literário
Para que um texto seja validado, é preciso passar pelo consenso de de-
terminadas instituições, uma vez que o conceito de texto literário é social 
e historicamente construído. Quando uma obra é lançada, ela passa pela 
apreciação da crítica especializada, pelo público leitor, pela instituição es-
colar, pela academia, que são instituições legitimadoras do saber. Após toda 
a apreciação é que o texto ganhará o estatuto de texto literário.
Muitas obras que hoje têm valor literário internacional levaram tempo 
para serem assim aceitas. Inclusive, Compagnon (2003, p. 227) observa que 
“A avaliação de textos literários deve ser diferenciada do valor da literatura 
em si mesmo. Mas é claro que os dois problemas não são independentes: 
um mesmo critério de valor preside, em geral, à distinção entre textos lite-
rários e não literários, e à classificação de textos literário em si”. Ou seja, 
o autor relaciona os critérios de avaliação de texto literário como operacionais. 
É possível, então, comparar um texto literário em relação ao outro. Por exem-
plo, pode-se afirmar que Iracema, de José de Alencar, é menos literário que 
O cortiço, de Aluísio de Azevedo. Tudo vai depender dos critérios de quem faz 
a análise. Porém, vale ressaltar que esses critérios precisam ser elucidados 
para justificar a sua complexidade.
Como o conceito de ser ou não texto literário é social e historicamente 
construído, não se pode deixar de mencionar que, até o século XVIII, o público 
leitor era formado pela sociedade polida e elitizada (ZAPPONE; WIELEWICKI, 
2005). Depois dessa época, começou a surgir uma classe intermediária, que 
não estava relacionada às discussões dessa camada mais intelectualizada. 
Portanto, os críticos precisam considerar para qual público leitor a obra é 
destinada.
Candido (2006, p. 84), ao discutir o sistema literário, afirma que:
A literatura é, pois, um sistema vivo de obras, agindo umas sobre as outras e sobre 
os leitores; e só vive na medida em que estes a vivem decifrando-a, aceitando-a, 
deformando-a. A obra não é produto fixo, unívoco ante qualquer público; nem este é 
passivo, homogêneo, registrando uniformemente o seu efeito. São dois termos que 
atuam um sobre o outro, e aos quais se junta o autor, termo inicial desse processo 
de circulação literária, para configurar a realidade da literatura atuando no tempo.
Como rever o estilo e o conteúdo de um texto literário4
Dessa forma, o autor deixa evidente que há influência das obras sobre os 
leitores, bem como dos leitores sobre as obras. O aspecto social citado por 
Candido (2006) reitera que a literatura e o conceito de texto literário estão 
relacionados com a sociedade em que eles surgem.
Não se pode deixar de destacar que os padrões de referência para uma 
obra ser considerada literária sempre foram os cânones da literatura. Por mais 
que a literatura tenha se distanciado desse purismo, hoje valorizando mais as 
questões culturais, a ideia de cânone permanece viva, sobretudo quando se 
refere às comparações. Aqui, convém trazer a concepção de cânone, porque 
está imbricada na valoração de poder: “A formação de um cânone tem uma 
função específica: preservar uma estrutura de valores que seja considerada 
como fundamental seja para o indivíduo ou para o grupo; esses valores cons-
tituem uma norma, sob a qual este ou aquele se guia” (CORRÊA, 1995, p. 324).
Assim, vemos que as verdades vão sendo reiteradas, construindo uma 
tradição que, muitas vezes, configura a tradição de uma literatura. Por isso, 
Corrêa (1995, p. 325) destaca que o “[...] cânone obrigatoriamente reflete 
características positivas reguladoras de um comportamento compatível com 
a sociedade em questão”. Essa definição está atrelada a jogos de interesse 
e de poder dentro dos contextos históricos.
A herança do método positivista de classificação de autores e obras 
representantes da cultura do país constrói uma memória coletiva, 
e essa memória é que constrói os cânones de uma nação e, por conseguinte, 
a referência histórica. Portanto, conhecer o percurso histórico da literatura 
auxilia a compreender a concepção de texto literário, uma vez que está rela-
cionada ao contexto social, histórico e cultural.
O texto literário no contexto 
contemporâneo
Antes de mais nada, vamos brevemente retomar as correntes literárias, vi-
sando a lembrar que cada uma delas teve o seu ápice em contextos históricos 
específicos (Figura 2). 
Como rever o estilo e o conteúdo de um texto literário 5
Figura 2. Cronologia das correntes literárias.
Fonte: Adaptada de Soares (2018).
Trovadorismo
1189 Classicismo
1527
Humanismo
1434
Brasil
Era Colonial
Era Nacional
Arcadismo
1756
Realismo
1865
Parnasianismo
1882
Pré-Mordernismo
1902
Pós-Modernismo
1945
Barroco
1580
Romantismo
1825
Naturalismo
1875
Simbolismo
1890
Modernismo
1922
Embora essas correntes literárias tenham tido início em determinado 
momento, não significa que as suas características desapareceram quando 
uma nova escola literária surgiu. Todas as características passaram a conviver 
e, assim, as obras literárias passam a ter características múltiplas. Isto é, 
os textos românticos apresentam características barrocas e os textos do 
realismo apresentam características românticas. Isso significa que as carac-
terísticas podem ser utilizadas em épocas diferentes, e por isso encontramos 
a intertextualidade. Ao se fazer referência a textos de épocas passadas, 
apropria-se de determinadas características, mas enfatiza-se as característi-
cas da atual escola. Há, então, uma sobreposição que nos permite identificar 
melhor o contexto histórico.
Veja, no trecho a seguir, a um exemplo bem atual de características que 
eram encontradas nas cantigas de maldizer, que começaram a circular por 
volta de 1189.
Num golpe de olhar 
Ganhou meu coração 
Mas eu não imaginava a decepção 
Por ela fui fiel, tão cego eu fiquei 
Ir no night-futebol, amigos eu deixei 
Foi irracional o que ela fez 
Mas vou deletar 
Ah, ah 
Sua insensatez 
Renata ingrata, trocou meu amor por uma ilusão 
Renata ingrata, quem planta sacanagem, colhe solidão 
Como rever o estilo e o conteúdo de um texto literário6Até pra namorar a bela foi atriz 
Fingindo que eu era o que ela sempre quiz 
A lua entristeceu, o céu mudou de cor 
Renata foi embora e a deprê ficou 
Foi irracional o que ela fez.
(Latino, Renata, 2004)
As cantigas de maldizer eram objetivas e cantadas. Pareciam as críticas 
diretas e, muitas vezes, agrediam verbalmente. Ainda, o autor da cantiga 
mencionava o nome da pessoa com o objetivo de ofendê-la diretamente. 
Essas mesmas caraterísticas aparecem na canção do cantor Latino, que, 
ao cantar a música intitulada Renata, expõe que ela foi ingrata, que o trocou 
por outra pessoa. O objetivo de ofendê-la fica evidente, porque faz alusão 
ao nome da amada. Evidentemente, a linguagem sofreu alterações devido 
aos contextos históricos bastante distintos, mas não se pode negar que as 
características desse tipo de texto literário ainda podem ser encontradas 
nos textos literários da contemporaneidade.
As mudanças das escolas literárias acontecem devido às mudanças das 
respectivas épocas. Elas envolvem os contextos políticos, sociais e culturais, 
e fazem as manifestações artísticas adquirirem novas características:
Os manuscritos não são um documento inerte, mas um acontecimento num tempo 
e espaço próprios, ligados a uma série de condições de possibilidades históricas 
com as quais estão intrinsecamente relacionados. / Não se trata, pois, de partir 
dos documentos e chegar a um processo de criação, mas de entender as tensões, 
as contradições, as descontinuidades nas quais eles operam e que operam neles 
(PINO; ZULAR, 2007, p. 156-157).
A chamada literatura contemporânea teve início em meados do século XX, 
após o pós-modernismo. Na década de 1960, o contexto histórico revelava uma 
euforia política e econômica durante o governo de Juscelino Kubitschek. Essa 
euforia teve reflexos na cultura e, por conseguinte, em diversos movimentos 
artísticos, como no cinema novo, na bossa nova, na vanguarda, no teatro de 
arena e na televisão.
O país então vivia um período ditatorial e, portanto, os artistas precisa-
ram encontrar caminhos de expor a sua arte de maneira velada. Esse clima 
se estendeu até 1985, quando começou o movimento “Diretas já”. Claro que 
muitos outros acontecimentos e mudanças estavam ocorrendo, e por isso é 
tão importante conhecer os contextos históricos, visando a compreender o 
cenário das produções literárias.
Como rever o estilo e o conteúdo de um texto literário 7
Os caminhos que os artistas foram encontrando ao longo de todo 
esse contexto histórico refletem a multiplicidade cultural. Assim, 
muitos autores afirmam que, na contemporaneidade, tem-se uma junção das 
diversas escolas literárias. Isso resultou em caraterísticas mais democráticas 
na literatura contemporânea.
No bojo da literatura atual, a principal característica do texto literário é 
a plurissignificação, ou seja, os vários sentidos e significados valorizados 
dentro da linguagem conotativa. A escrita ultrapassa o real para a ficcio-
nalidade, transfigurando e recriando a escrita. A subjetividade apresenta 
o olhar individualizado a partir de experiências e emoções pessoais. A ma-
nipulação da palavra vem revestida da linguagem poética, na qual o autor 
apresenta a visão particular diante dos anseios e das pretensões humanas. 
Essas características que foram construídas ao longo da história se misturam, 
na contemporaneidade, com a multiplicidade cultural e com a vastidão de 
gêneros literários, espraiando-se nos diferentes suportes de divulgação do 
texto literário.
Dessa forma, no cenário literário atual, observa-se a ruptura entre a arte 
erudita e a arte popular. A arte erudita valoriza obras com valores universais, 
de artistas com conhecimento técnico, ao passo que a arte popular traz 
temas que giram em torno da vida cotidiana, dos costumes, das crenças e da 
religiosidade popular. Nesse sentido, a intertextualidade permite o diálogo 
com múltiplos textos de diferentes épocas:
Ela permite uma retomada dos textos literários, das letras de músicas e das poesias 
que nunca saem de moda, pois a literatura trabalha com o sentido textual e seus 
temas estão sempre presentes na memória do leitor retomando-os de tempos em 
tempos para reelaborá-los dando espaço para se fazer o novo (BONA, 2013, p. 10).
O ecletismo é outra característica da literatura atual, misturando estilos 
e contemplando diferentes gostos. Os diferentes estilos históricos agregam 
uma única combinação nas obras atuais. Além disso, apresentam-se dentro 
de uma variedade de narrativas. 
O fato é que o quadro literário atual é muito diverso e passível de diferentes 
olhares. Ademais, não se pode deixar de destacar que a literatura contem-
porânea está em curso, então é difícil estabelecer critérios mais definidos. 
O que se pode analisar, por enquanto, é que há diferentes tendências, que ora 
retomam as caraterísticas clássicas, ora apresentam inovações peculiares. 
Como rever o estilo e o conteúdo de um texto literário8
Mais do que questões estéticas, os textos literários guardam memória, cultura 
e história, fornecendo meios para compreender o mundo.
Da compreensão à análise do texto literário
A literatura sempre esteve presente em todas as civilizações até a atualidade. 
Seja por meio dos livros, dos desenhos, da música e da fala, trata-se de 
manifestações de linguagem verbal ou não verbal que, por meio da função 
estética, constrói dizeres que são belos e envolventes em um nível mais 
sensível e profundamente humano.
Compreender os textos literários é muito mais que decodificar as letras 
que, juntas, trazem uma informação, estabelecendo a comunicação. É, so-
bretudo, mergulhar fundo na história, nos conflitos sociais, nas culturas, nos 
valores, nas crenças e nos dogmas, sentindo determinadas situações por meio 
de personagens, versos, rimas e sons. É sentir por meio do olhar do outro, 
é rever e entender muito do que se vive na atualidade, compreender o início, 
as relações de poder, os jogos de interesse, as marginalizações, a estrutura 
de um mundo que gira globalizado com todas as esferas da vida. No entanto, 
na literatura, tudo é envolto em subjetividades que conduzem cada leitor a 
uma interpretação única.
É por meio da literatura e do texto literário que o homem se constrói 
como sujeito e cidadão, que compreende a si e às dinâmicas sociais 
do mundo.
Para a interpretação, é preciso sempre ter em mente que autor e leitor 
se completam no exercício da leitura, por meio de um trabalho colaborativo 
que vem mediado pelas vivências que unem leitor-texto-autor. Assim, não há 
uma regra a ser seguida, porque nem o autor, nem o leitor têm o monopólio 
da interpretação. Há múltiplas construções de sentidos que podem ser es-
tabelecidas a partir de um texto, especialmente o texto literário.
Interpretar tem relação com a natureza, ou physis, segundo os gregos. 
Porém, essa natureza diz respeito à natureza natural, à natureza humana e à 
natureza das coisas quando o sentido do texto emerge como força, transpa-
recendo o que se oculta ao primeiro olhar. Portella (1977) disse que a imitação 
Como rever o estilo e o conteúdo de um texto literário 9
é a natureza da literatura, porque a literatura vem à tona na representação 
do que é vivido e do viver.
Um texto está sempre em construção. Dessa forma, um texto não é um 
produto, mas uma negociação de sentidos, a depender da sua historicidade. 
O sentido de um texto é uma reconstrução que considera o tempo e o espaço, 
e eles desempenham um papel relevante para esclarecer o contexto. Ao ob-
servar a proximidade temporal, a contemporaneidade e a distância espacial 
e temporal, tem-se os primeiros passos para iniciar os sentidos.
A começar pela intencionalidade do autor, estão os aspectos práticos. 
Por isso, sempre se considera a biografia do autor, o seu espaço social e o 
seu ambiente histórico, que são elementos capazes de alterar a compreensão 
do texto, evidenciando o lugar de fala de quem escreve. Na materialidade do 
texto, estão expressos a língua, a cultura,o estilo e as habilidades do autor 
para articular as ideias mantendo a textualidade e a gramaticalidade.
Ao reunir todos esses elementos, inicia-se o processo de dialogismo 
textual, em que começam as tensões e os conflitos sobre as verdades do 
autor e as verdades do leitor, mediadas por meio do texto. É um momento 
de subjetividade para a formação de juízos de valor quando o texto vive e 
(re)vive na perspectiva do leitor e da crítica.
O texto literário é permeado de complexidades e variados sentidos, por 
isso é fonte de interpretações inesgotáveis. Há diversas leituras desse tipo 
de texto devido à polissemia, o que torna o texto literário uma obra sempre 
aberta, no sentido de nunca estar pronta para a construção de sentidos. 
Nessa direção, as verdades do texto vão de encontro às verdades do leitor.
A interpretação de obras literárias carrega verossimilhança, que remete 
a um local difuso entre aquilo que é real e aquilo que é imaginado. Por isso, 
muitas vezes, o leitor é arremessado em contradições, naquilo que não está 
dito, na elipse e na tensão, caracterizando o lugar do desconfortável, porque 
mexe intrinsicamente com o leitor.
Portanto, para interpretar um texto literário, é preciso ficar atento:
 � à ambiguidade, ou seja, aos duplos sentidos estabelecidos pelo autor;
 � ao acervo semântico compartilhado, isto é, jogos de sentido, variações 
linguísticas, uso dos aspectos formais língua, registros, etc.;
 � à defasagem espaço-temporal, pois, embora muitos textos apresen-
tem uma linearidade temporal, há aqueles que quebram com o linear 
presente, passado e futuro;
 � à reconstrução de sensibilidade, ou seja, estabelecer a comunhão 
entre as motivações emocionais do autor e a sensibilidade do leitor;
Como rever o estilo e o conteúdo de um texto literário10
 � às experiências compartilhadas, isto é, dividir as experiências do texto 
na construção de sentidos;
 � ao prazer de ler, pois ler é construir saberes, aprender, ter prazer de 
ver o mundo por outros olhares.
Quando lemos uma história e choramos, criamos empatia pelos persona-
gens, envolvemo-nos, sofremos com os infortúnios, torcemos pelos casais, 
entendemos que aquele personagem não é totalmente bom ou totalmente mal, 
estamos interagindo com o texto. Candido (2006) já defendia que a Literatura 
é um direito que não deve ser negado a ninguém, pois negar o acesso ao texto 
literário seria negar, ao outro, o direito de conhecer a si mesmo.
Neste capítulo, vimos que a análise literária é o ato de decompor um texto 
no intuito de observar cada componente que o constitui. Ou seja, analisar 
uma obra literária envolve estudar os seus aspectos integrantes. Desse modo, 
você pode compreender, interpretar e assimilar os sentimentos e valores que 
o autor quis expressar, além de construir múltiplos sentidos e estabelecer 
diversas relações devido à intertextualidade, à polissemia e ao trabalho 
diferenciado com a linguagem.
Referências
BONA, S. M. P. A intertextualidade na literatura: uma viagem no tempo. Curitiba: 
Cadernos do PDE, 2013. (Os Desafios da Escola Pública Paranaense na Perspectiva do 
Professor PDE).
CANDIDO, A. O escritor e o público. In: CANDIDO, A. Literatura e sociedade. 9. ed. Rio de 
Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006. p. 83-98.
COMPAGNON, A. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Belo Horizonte: UFMG, 
2003. 
CORRÊA, A. A. Historiografia, cânone e autoridade. In: CONGRESSO DE ESTUDOS LIN-
GUÍSTICOS E LITERÁRIOS DO PARANÁ, 8., 1995, Umuarama. Anais [...]. Umuarama: CELLIP, 
1995. p. 323-328.
PINO, C. A; ZULAR, R. Escrever sobre escrever: uma introdução crítica à crítica genética. 
São Paulo: Martins Fontes, 2007.
PORTELLA, E. Dimensões I. 3. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1977.
SOARES, E. Literatura: cronologia dos movimentos literários. 2018. Disponível em: 
https://caduceueflordelis.wordpress.com/2018/09/06/literatura-cronologia-dos-
-movimentos-literarios/. Acesso em: 8 ago. 2021.
ZAPPONE, M. H. Y.; WIELEWICKI, V. H. G. Afinal, o que é literatura? In: BONNICI, T.; ZOLIN, 
L. O. (org.). Teoria literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas. 
2. ed. Maringá: Eduem, 2005. p. 19-29.
Como rever o estilo e o conteúdo de um texto literário 11
Leituras recomendadas
BARICH, L.; DINTEL, F. Como melhorar um texto literário: um manual prático para dominar 
as técnicas básicas de narração. Belo Horizonte: Gutenberg, 2014. 
PROENÇA FILHO, D. A linguagem literária. 2. ed. São Paulo: Ática, 1987.
ROSA, J. G. Tutameia. 9. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967.
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Como rever o estilo e o conteúdo de um texto literário12
Dica do professor
A literatura utiliza vastamente o recurso intertextual. Em face disso, a intertextualidade é um 
importante fator da leitura literária. O texto literário proporciona um feixe de relações intertextuais, 
de diferenças e tensões em que se representa certa realidade.
Assim, o poeta é aquele que cria, que faz linguagem, mas também se apropria das palavras, de 
tradições, de criação. A intertextualidade acontece na produção e na recepção da grande rede 
cultural, de que todos participam, uma vez que escrita e leitura são faces da mesma moeda.
O leitor é um ator nessa cena e participa da imensa teia dialógica, quando traz para o texto que está 
lendo sua bagagem de leituras de outros textos, de variadas linguagens e diferentes gêneros.
O diálogo pode ser feito entre texto verbal ou não. No entanto, algumas vezes essas relações são 
mais explícitas, ao passo que outras não são tão evidentes. Um olhar mais atento ao conhecimento 
construído pode auxiliá-lo nessa análise.
Veja na Dica do Professor os aspectos da intertextualidade, isto é, a relação entre os textos.
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Exercícios
1) Figuras de linguagem, também chamadas de "figuras de estilo", são recursos estilísticos 
utilizados na linguagem oral e escrita que aumentam a expressividade da 
mensagem. Existem várias figuras de linguagem: umas são mais conhecidas; outras, menos. 
Umas são mais utilizadas na linguagem oral; outras, na linguagem escrita.
Sendo assim, leia o trecho do seguinte poema:
"Aquela que era moça 
no mar vira peixe 
mas peixe sem se mexer 
peixe que não nada. Nada!"
(Olga Savary, "Morte de Moema")
O poema apresenta um recurso sonoro na figura de linguagem chamada:
A) aliteração.
B) paranomásia.
C) metáfora.
D) eco.
E) assonância.
Os recursos de linguagem utilizados na produção do texto literário são muitos. Observe o 
texto a seguir e analise como o poema concreto usa o trabalho com a linguagem:
Solitário Solidário Soli ário
Solitário Solitário Soli ário
Solidário Solitário Soli ário
Solidário Solidário Soli ário
(Ronaldo Azeredo, no livro Poesia concreta)
2) 
O espaço em branco nas palavras da terceira coluna leva o leitor a ter uma efetiva 
participação na construção do poema. (Isto é, pode ser preenchido com "T" ou "D".)
Transformar o leitor em coautor é uma das características da poesia moderna. Entretanto, 
pode-se afirmar que o autor explicita sutilmente sua opção, porque: 
A) remete à ideia de solidão.
B) remete à ideia de solitude.
C) remete à ideia de solidariedade.
D) remete à ideia de insociável.
E) remete à ideia de sozinho.
A intertextualidade ocorre quando um texto está inserido em outro texto, podendo acontecer de 
maneira implícita ou explícita. Muitos compositores e escritores brasileiros utilizaram esse recurso,elaborando um texto novo com base em um já existente, os chamados "textos-
fontes", considerados fundamentais em determinada cultura, por fazerem parte da memória 
coletiva de uma sociedade.
Observe os dois textos a seguir:
Texto 1:
No meio do caminho 
(Carlos Drummond de Andrade)
No meio do caminho tinha 
uma pedra 
Tinha uma pedra no meio 
do caminho 
Tinha uma pedra 
No meio do caminho tinha 
uma pedra
Texto 2:
3) 
O que revela a comparação entre os recursos expressivos que constituem os dois textos?
A) As linguagens que constroem significados nos dois textos permitem classificá-los como 
pertencentes ao mesmo gênero.
B) O Texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser vulgarizado por histórias em 
quadrinho.
C) Os textos são de gêneros diferentes, porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados 
com finalidades distintas.
D) O Texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas linguísticas o tornam uma réplica 
do Texto 1.
E) A escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes, caracteriza-o como pertencente ao 
mesmo gênero.
4) O sentido conotativo é usado no texto literário para expressar um sentido diferente daquele 
que é comum, trazendo a plurissignificação. Leia os versos a seguir e, depois, assinale a 
alternativa que explica o sentido conotativo do verbo "atravessar", usado nos versos.
"O trem de ferro atravessou a rua, enquanto os carros esperavam."
"[O trem de ferro] atravessa a noite, a madrugada, o dia."
"[O trem de ferro] atravessou minha vida, virou só sentimento."
A) No primeiro verso o sentido é conotativo e, nos dois últimos, é denotativo.
B) No primeiro e no último verso, o sentido é conotativo, e o segundo verso tem sentido 
denotativo.
C) Os dois primeiros versos têm sentido denotativo, e o último verso, conotativo.
D) O primeiro verso tem valor denotativo, e os dois últimos, conotativo.
E) Os três versos apresentam sentido conotativo.
O texto literário é um texto escrito numa linguagem especial e diferente, um trabalho atento 
com as palavras e com as construções estitlísticas, com o objetivo de causar alguma emoção 
no leitor. O exemplo a seguir ilustra a linguagem literária.
O relógio 
(João Cabral de Melo Neto)
1. 
 
5) 
Ao redor da vida do homem 
há certas caixas de vidro, 
dentro das quais, como em jaula, 
se ouve palpitar um bicho. 
 
Se são jaulas não é certo; 
mais perto estão das gaiolas 
ao menos, pelo tamanho 
e quadradiço de forma. 
 
Uma vezes, tais gaiolas 
vão penduradas nos muros; 
outras vezes, mais privadas, 
vão num bolso, num dos pulsos. 
 
Mas onde esteja: a gaiola 
será de pássaro ou pássara: 
é alada a palpitação, 
a saltação que ela guarda; 
 
e de pássaro cantor, 
não pássaro de plumagem: 
pois delas se emite um canto 
de uma tal continuidade 
 
que continua cantando 
se deixa de ouvi-lo a gente: 
como a gente às vezes canta 
para sentir-se existente. 
 
 
2. 
 
O que eles cantam, se pássaros, 
é diferente de todos: 
cantam numa linha baixa, 
com voz de pássaro rouco; 
 
desconhecem as variantes 
e o estilo numeroso 
dos pássaros que sabemos, 
estejam presos ou soltos; 
 
têm sempre o mesmo compasso 
horizontal e monótono, 
e nunca, em nenhum momento, 
variam de repertório: 
 
dir-se-ia que não importa 
a nenhum ser escutado. 
Assim, que não são artistas 
nem artesãos, mas operários 
 
para quem tudo o que cantam 
é simplesmente trabalho, 
trabalho rotina, em série, 
impessoal, não assinado, 
 
de operário que executa 
seu martelo regular 
proibido (ou sem querer) 
do mínimo variar. 
 
3. 
 
A mão daquele martelo 
nunca muda de compasso. 
Mas tão igual sem fadiga, 
mal deve ser de operário; 
 
ela é por demais precisa 
para não ser mão de máquina, 
a máquina independente 
de operação operária. 
 
De máquina, mas movida 
por uma força qualquer 
que a move passando nela, 
regular, sem decrescer: 
 
quem sabe se algum monjolo 
ou antiga roda de água 
que vai rodando, passiva, 
graçar a um fluido que a passa; 
 
que fluido é ninguém vê: 
da água não mostra os senões: 
além de igual, é contínuo, 
sem marés, sem estações. 
 
E porque tampouco cabe, 
por isso, pensar que é o vento, 
há de ser um outro fluido 
que a move: quem sabe, o tempo. 
 
4. 
 
Quando por algum motivo 
a roda de água se rompe, 
outra máquina se escuta: 
agora, de dentro do homem; 
 
outra máquina de dentro, 
imediata, a reveza, 
soando nas veias, no fundo 
de poça no corpo, imersa. 
 
Então se sente que o som 
da máquina, ora interior, 
nada possui de passivo, 
de roda de água: é motor; 
 
se descobre nele o afogo 
de quem, ao fazer, se esforça, 
e que êle, dentro, afinal, 
revela vontade própria, 
 
incapaz, agora, dentro, 
de ainda disfarçar que nasce 
daquela bomba motor 
(coração, noutra linguagem) 
 
que, sem nenhum coração, 
vive a esgotar, gôta a gôta, 
o que o homem, de reserva, 
possa ter na íntima poça.
 
Qual das alternativas a seguir apresenta as principais características do texto literário?
A) Sentido conotativo; subjetividade; figuras de linguagem; plurissignificação. 
B) Sentido conotativo; objetividade; figuras de linguagem; unissignificação.
C) Sentido denotativo; subjetividade; figuras de linguagem; plurissignificado.
D) Sentido conotativo; subjetividade; figuras de linguagem; unissignificação.
E) Sentido denotativo; objetividade; figuras de linguagem; unissignificação.
Na prática
A análise literária nos incentiva a pensar sobre como e por que um poema, conto, romance ou peça 
foi escrito. Assim, para compreendê-lo, é preciso decompor um texto em suas partes constitutivas, 
a fim de perceber o valor e o relacionamento que guarda em si, para melhor interpretar e sentir a 
obra como um todo completo e significativo.
Acompanhe Na Prática a análise de um poema com base nesse processo.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Semiótica e sua aplicação ao texto literário: uma proposta 
interdisciplinar de usar a teoria e prática em sala de aula
Neste texto, acompanhe a descrição de situações de leitura e a ênfase dada nas formas de 
representação que determinam a apreensão de sentidos específicos nos poemas e textos 
narrativos.
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Como analisar obras literárias de forma criativa?
Neste vídeo, veja estratégias de como ler o texto poético com base na seguinte afirmação: "Num 
texto poético, nenhum dos leitores, nem o autor, leitor privilegiado, detém o monopólio da 
interpretação".
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Literatura comparada
Neste livro, acompanhe, pela perspectiva histórica, o aprofundamento em textos literários que nos 
auxiliam a compreender esse tema.
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