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Enunciação e argumentação
Apresentação
Quando propôs a criação de uma ciência autônoma da linguagem, Ferdinand de Saussure sugeriu 
que deveriam haver duas abordagens linguísticas: uma linguística da língua (isto é, do sistema) e 
uma linguística da fala (ou seja, do uso). Saussure concentrou as suas teorizações na primeira 
abordagem. Dentre as teorias que se ocuparam da segunda abordagem, estão a semântica 
argumentativa e as teorias linguísticas da enunciação.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer algumas noções e alguns conceitos que 
caracterizam as teorias linguísticas da argumentação e da enunciação.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar aspectos da semântica argumentativa.•
Reconhecer a definição de enunciação.•
Analisar alguns recursos de argumentação.•
Desafio
Uma das funções fundamentais da argumentação é a de defender uma hipótese ou justificar uma 
ação. Ela tem papel fundamental em vários tipos de texto ou de discurso cujo propósito seja o 
convencimento do leitor ou do ouvinte.
Você é um professor numa sala de aula, ensinando aos alunos sobre os tipos de textos 
argumentativos. Você mostra fotos, vídeos, textos impressos e exemplos do uso da argumentação 
em dois tipos de texto: anúncios publicitários e discursos políticos.
Enquanto você falava, entre os alunos surgiu uma dúvida:
Para que é usada a argumentação em anúncios publicitários e discursos políticos? Explique.
Infográfico
Quando se trata da argumentação, podemos considerar uma distinção entre dois conceitos muito 
próximos, mas que envolvem aspectos diferentes desse fenômeno: a argumentatividade e a 
persuasividade. 
O Infográfico a seguir mostra como diferenciá-los. 
Confira!
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/9a66956a-0bec-4595-af92-bb8d1feefe82/b059ab23-f268-467e-b9b7-0dcce2e67b3c.jpg
Conteúdo do livro
A semântica argumentativa aceita que uma única sentença tenha vários significados. Paralelamente, 
as teorias linguísticas da enunciação estudam a língua vinculada à fala, afastando-se das 
intepretações estruturalistas e da semântica formal. 
Acompanhe um trecho da obra Semântica do Português, base teórica para esta Unidade de 
Aprendizagem. Leia o capítulo Enunciação e argumentação, no qual você vai ver alguns dos 
pressupostos teóricos e dos objetos de investigação das teorias linguísticas de argumentação e de 
enunciação.
Boa leitura.
SEMÂNTICA DO 
PORTUGUÊS
Dalby Dienstbach 
Enunciação e argumentação
Introdução
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Identi� car aspectos da semântica argumentativa.
 Reconhecer a de� nição de enunciação.
 Analisar alguns recursos de argumentação.
Objetivos de aprendizagem
Quando propôs a criação de uma ciência autônoma da linguagem, Ferdi-
nand de Saussure sugeriu que deveria haver duas abordagens linguísticas: 
uma linguística da língua (isto é, do sistema) e uma linguística da fala 
(ou seja, do uso). Saussure concentrou as suas teorizações na primeira 
abordagem. Entre as teorias que se ocuparam da segunda abordagem, 
estão a semântica argumentativa e as teorias linguísticas da enunciação.
Neste capítulo, você vai conhecer algumas noções e alguns conceitos 
que caracterizam as teorias linguísticas da argumentação e da enunciação.
A semântica argumentativa
Entre as diversas teorias semânticas que começam a se desenvolver a partir 
da década de 1970, está a semântica argumentativa, cujas primeiras for-
mulações podem ser atribuídas ao linguista francês Oswald Ducrot (1930–). 
De acordo com Cançado (2008), essa teoria semântica surge como uma 
alternativa para a semântica formal. De fato, constituindo um modelo de 
abordagem pragmática, a semântica argumentativa analisa o signifi cado das 
sentenças não em função das suas condições de verdade (como propunha, por 
exemplo, o matemático alemão F. Gottlob Frege [1848–1925]), mas, princi-
palmente, a partir das intenções do falante no contexto em que as enuncia. 
Semântica do português_U3C5.indd 51 22/08/2017 13:12:18
Nesse sentido, as sentenças que usamos servem, além de fazer referência a 
determinado fato da realidade, para convencer o nosso interlocutor de algum 
estado de coisas – relativos, inclusive, à veracidade dos fatos da realidade 
que comunicamos.
Seguindo o raciocínio de uma semântica argumentativa, por exemplo, 
devemos reconhecer que uma única sentença pode ter vários significados. 
Considere, a título de ilustração, as sentenças “está muito frio aqui dentro” 
e “o som da televisão está muito alto”, ditas por um paciente em uma sala 
de espera de um consultório dentário. Se levarmos em consideração unica-
mente o seu conteúdo objetivo (ou, ainda, o seu significado literal), como em 
uma perspectiva formal, podemos interpretar essas sentenças como meras 
constatações de fatos da realidade (ou seja, a temperatura dentro da sala está 
baixa e o volume do som da televisão está alto). No entanto, por conta das 
circunstâncias em que esse falante enuncia essas sentenças, a depender das 
suas intenções, devemos concluir que o que elas pressupõem, na verdade, é 
que alguém deveria, de um lado, fechar a janela da sala e, de outro, diminuir 
o volume do som da televisão.
Algo que parece óbvio, mas que deve ser comentado, é o fato de que o 
objeto de investigação da semântica argumentativa se concentra na noção 
de argumentação. Podemos definir argumentação, nesse caso, como uma 
forma particular de estruturação da linguagem (KOCH, 2011) – desenvolvida, 
sobretudo, na interação entre interlocutores – que se presta, grosso modo, a 
explicar uma situação, defender uma tese ou justificar uma ação. Com base 
nas teorizações de Oswald Ducrot, Koch (2011) explica, ainda, que essa estru-
turação se realiza por meio de operadores argumentativos, que são marcas 
linguísticas capazes de sinalizar a força argumentativa de certos enunciados. 
Constituem exemplos emblemáticos desses operadores algumas conjunções 
(como “embora” e “apesar de” [concessivas]; “entretanto” e “contudo” [adver-
sativas]; “portanto” e “logo” [conclusivas]; “porque” e “visto que” [causais], 
etc.), na medida em que direcionam a significado das sentenças em direção a 
uma ou a outra conclusão de ideias.
Enunciação e argumentação52
Semântica do português_U3C5.indd 52 22/08/2017 13:12:19
Figura 1. Oswald Ducrot (1930–), principal 
teórico da semântica argumentativa.
Fonte: Oswald Ducrot (2017).
Podemos encontrar as bases das teorias linguísticas da argumentação nas reflexões 
do filósofo grego Aristóteles (384–322 a.C.) acerca da retórica. Com efeito, a retórica 
aristotélica se ocupa, justamente, da escolha cuidadosa de argumentos (ou, mais espe-
cificamente, de premissas) para efeitos de persuasão e de convencimento no discurso. 
Além do mais, os argumentos geralmente são estruturados em termos de silogismos, 
ou seja, esquemas compostos por duas premissas que orientam o pensamento para 
determinada conclusão. Um exemplo clássico de silogismo é a sequência abaixo:
“Todo homem é mortal” > “Sócrates é homem” > “Sócrates é mortal”
(premissa maior) (premissa menor) (conclusão)
53Enunciação e argumentação
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A enunciação
Concomitantemente ao surgimento de uma ciência autônoma da linguagem – 
cujo principal marco temporal seria a publicação da obra Curso de linguística 
geral (SAUSSURE, 2012) –, começam a se desenvolver teorias linguísticas da 
enunciação, que se distanciam, justamente, da proposta estruturalista de Saussure 
(2012), de estudar a língua (como sistema) independentemente da fala (ou, ainda, 
do uso). Apesar de essas teorias não confi gurarem um campo único e uniforme 
dentro da linguística, Flores e Teixeira (2005) argumentam que elas podem ser 
agrupadas em função de um objeto comum de investigação – aenunciação.
Em primeiro lugar, podemos explicar a enunciação como o ato de dizer 
(ou, ainda, de enunciar) algo – ou, em termos mais específicos, como o evento 
do uso da língua por um falante. No evento da enunciação, o falante passa a 
desempenhar, então, o papel de enunciador, e o produto do uso que ele faz 
da língua (isto é, aquilo que ele diz) corresponde ao enunciado. Nos moldes 
dessa explicação, ainda, devemos ter em mente que o enunciado não possui 
uma extensão rígida, visto que, uma vez iniciado, o limite de um evento de 
enunciação depende, sobretudo, das intenções do seu enunciador. Um enun-
ciado, nesse sentido, pode ter o cumprimento de uma simples interjeição, de 
uma palavra, de uma sentença ou, até mesmo, de um texto completo.
A partir da definição dos seus conceitos mais básicos, é importante ob-
servarmos, pois, que uma preocupação fundamental para as diversas teorias 
linguísticas da enunciação é a inserção do enunciador no enunciado. Mais 
especificamente, podemos dizer que essas teorias se ocupam, cada uma ao 
seu tempo e do seu modo, da investigação de marcas (linguísticas) que, ao 
longo do enunciado, podem sinalizar, em alguma medida, a presença do seu 
enunciador – isto é, a sua identidade, os papéis que possui, as suas posições, 
as relações que estabelece, as suas intenções, etc. Com efeito, muitos estu-
diosos da linguagem se alinham a essa forma de investigação. Dentre eles, 
destacamos os linguistas franceses Émile Benveniste (1902–1976) e Oswald 
Ducrot (1930–), e o filósofo russo Mikhail Bakhtin (1895–1975).
De acordo com Flores e Teixeira (2005), as considerações de Benveniste 
acerca da enunciação estão centradas na noção de subjetividade. Essa noção 
diz respeito, nesse caso, à possibilidade de identificação das pessoas envolvidas 
em um enunciado. Uma parte importante dessa identificação acontece, por 
exemplo, por meio do uso de pronomes pessoais. No momento em que em-
prega a expressão dêitica “eu”, o falante, na verdade, se identifica (ou, ainda, 
afirma-se) como sujeito do enunciado. Os processos de significação do seu 
ato enunciativo, portanto, partem do seu ponto de vista. Das contribuições 
Enunciação e argumentação54
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de Ducrot para as teorias linguísticas da enunciação, Flores e Teixeira (2005) 
chamam a atenção para o conceito de polifonia. Esse conceito se refere, por sua 
vez, aos diversos desdobramentos de significação que um único enunciado pode 
conter. Dizemos que um enunciado é polifônico quando ele denota algo além 
do que o seu significado literal; por exemplo, quando ele insinua as intenções 
do seu enunciador – como em um comentário irônico ou em uma metáfora.
Finalmente, com relação aos estudos de Bakhtin (2003), merecem destaque 
as suas reflexões a respeito, principalmente, da natureza do enunciado. Con-
siderado como uma unidade concreta de comunicação, a natureza do enunciado 
bakhtiano é explicada em função da combinação de três elementos básicos: uma 
forma, um conteúdo e um estilo específicos. Além do mais, seriam as institui-
ções (ou, ainda, as esferas de atividade) que determinam como esses elementos 
irão se comportar. E, à medida que vão se tornando relativamente estáveis, esses 
enunciados passam a constituir gêneros de discurso. Considere, por exemplo, 
o gênero “e-mail”. Uma mensagem eletrônica que você envia para um amigo 
de infância, para convidá-lo para um jantar na sua casa, provavelmente possui 
uma forma, um conteúdo e um estilo muito diferentes dos de um e-mail que 
você encaminharia para o seu chefe, para solicitar um aumento do seu salário.
Figura 2. Émile Benveniste (1902–1976), linguista 
francês que concentrou os seus estudos sobre 
enunciação na noção de subjetividade.
Fonte: Émile Benveniste (2017). 
55Enunciação e argumentação
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Figura 3. O filósofo russo Mikhail Bakhtin (1895–
1975) ancora na noção de enunciado os seus 
estudos sobre os gêneros.
Fonte: Mikhail Bakhtin (2016).
Uma noção muito importante para as teorias linguísticas da enunciação está represen-
tada pelo conceito grego de ethos. Relacionado, sobretudo, à retórica de Aristóteles 
(384–322 a.C.), o conceito de ethos diz respeito, em linhas gerais, à imagem (ou, ainda, 
às características, como, por exemplo, honestidade, seriedade, decência, etc.) que 
o orador assume para si, com a finalidade de transmitir confiança ou credibilidade 
ao público. Essa imagem, em princípio, independeria da real identidade do orador.
Recursos de argumentação
Dentre os tipos textuais (ou, ainda, sequências textuais) descritos no âmbito 
da linguística do texto (MARCUSCHI, 2008), temos o texto argumentativo. 
Esse tipo textual teria a função não somente de expor, mas, principalmente, 
de conduzir uma tomada de posição em relação a dois ou mais pontos de vista 
diferentes (ou, até mesmo, contrários) sobre determinado assunto. Segundo 
Enunciação e argumentação56
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Marcuschi (2008), a construção de um texto argumentativo pode se desen-
volver por meio de diversos recursos linguísticos – como escolhas lexicais 
particulares, estruturas sintáticas assertivas e contrastivas, tempo e modo 
verbais específi cos, etc.
Para além dos recursos linguísticos, Breton (2003) elenca, ainda, algumas 
estratégias de organização (textual) de ideias que se concentram nos campos 
da razão e da emoção (dos interlocutores) e se prestam, em grande medida, à 
elaboração da argumentação. Essas estratégias compreendem, de um modo 
geral, a autoridade, os pressupostos comuns, o argumento dedutivo e o argu-
mento analógico. Vejamos cada um deles a partir de agora.
Com relação ao recurso da autoridade, determina-se que a veracidade 
(ou, ainda, a confiabilidade) de uma alegação tal se baseia no reconhecimento 
da capacidade ou do conhecimento que o enunciador teria para fazê-la. Essa 
autoridade pode estar fundamentada em uma competência específica do falante 
(quer seja moral, científica, técnica, etc.), em uma experiência vivenciada por 
ele ou, ainda, em alguma situação que ele tenha testemunhado. Por exemplo, 
sempre que recorremos, nos textos que escrevemos, a expressões do tipo “de 
acordo com Fulano”, “conforme afirma Fulano” ou “segundo afirmações feitas 
por Fulano”, estamos empregando o recurso da autoridade.
O recurso dos pressupostos comuns (ou do consenso) se dá quando apela-
mos para (e, portanto, reforçamos) uma opinião, uma crença ou um valor am-
plamente conhecidos e compartilhados dentro do universo cultural a partir do 
qual estamos escrevendo. Essas crenças e opiniões são, geralmente, expressas 
por meio de declarações explicitamente assertivas. Por exemplo, presume-
-se que todos sabemos e aceitamos que “a preservação do meio ambiente é 
fundamental para a sobrevivência da nossa espécie”, que “todos os homens 
nascem livres e iguais em dignidade e em direitos” ou, ainda, que “a única 
certeza da vida é a morte”.
Os recursos do argumento dedutivo e do argumento analógico se de-
senvolvem por meio da articulação de ideias. Em primeiro lugar, o argumento 
dedutivo implica a elaboração de uma cadeia lógica de afirmações que cul-
minam em um determinado ponto de vista. Um tipo de argumento dedutivo 
é o que Breton (2003) chama de quase lógico. A cadeia de um argumento 
quase lógico parte de uma ideia mais geral para uma ideia mais específica. 
Um exemplo disso são as sentenças “criminosos merecem ser punidos; você 
cometeu um crime, então, você será punido”. 
Outra forma de se estruturar um argumento dedutivo é por meio da arti-
culação de uma causa e do seu efeito ao longo do enunciado. Considere, por 
exemplo, a sentença “Carlos tem um mal comportamento, porque seus pais 
57Enunciação e argumentação
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o mimaram”. A argumentação dessa sentença se baseia, nesse caso, na sua
tentativa de sustentar uma ideia (ou,ainda, uma opinião) – ou seja, a falta de
educação de Carlos – com base em um fato já sabido (os seus pais o mimaram).
Por fim, o recurso do argumento analógico compreende a aproximação 
de duas ideias que se reforçam com essa aproximação. Em geral, uma das 
alegações diz respeito a uma opinião aceita pelo nosso interlocutor, e a outra 
alegação se refere à opinião que estamos defendendo. Uma forma de argu-
mento analógico é a comparação, que se dá quando ancoramos uma ideia 
que precisa ser aceita em uma realidade que já é aceitável. Por exemplo, para 
convencermos uma criança de que mentir é uma atitude péssima, podemos 
lhe contar uma parábola em que a personagem principal sofre consequências 
ruins por ter mentido em algum momento da história.
Outros tipos de argumento analógico são o exemplo e a metáfora. Em 
geral, um exemplo aproxima uma ideia abstrata (que precisa ser aceita) a um 
dado ou caso concreto – como quando empregamos expressões do tipo “por 
exemplo” ou “a título de ilustração” nos textos que escrevemos. A metáfora, 
por sua vez, consiste em uma forma de comparação abreviada, que eventu-
almente se presta à argumentação. É o caso de quando usamos uma sentença 
como “Fulano é um cavalo” para reforçarmos a nossa opinião a respeito do 
temperamento de alguém.
Enunciação e argumentação58
Semântica do português_U3C5.indd 58 22/08/2017 13:12:20
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BRETON, P. Argumentação na comunicação. Bauru: EDUSC, 2003.
CANÇADO, M. Manual de semântica: noções básicas e exercícios. 2. ed. Belo Horizonte: 
UFMG, 2008.
ÉMILE BENVENISTE. In: Babelio. 2017. Disponível em: . Acesso em: 8 ago. 2017.
FLORES, V.; TEIXEIRA, M. Introdução à linguística da enunciação. São Paulo: Contexto, 
2005.
KOCH, I. Argumentação e linguagem. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: 
Parábola, 2008.
MIKHAIL BAKHTIN. In: Wikipédia. 2016. Disponível em: . Acesso em: 8 ago. 2017.
OSWALD DUCROT. In: Babelio. 2017. Disponível em: . Acesso em: 8 ago. 2017.
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. 28. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.
Leituras recomendadas
BENVENISTE, E. Problemas de linguística geral. 4. ed. Campinas: Pontes, 1995. v. 1.
DUCROT, O. O dizer e o dito. Campinas: Pontes, 1987.
59Enunciação e argumentação
Semântica do português_U3C5.indd 59 22/08/2017 13:12:21
Dica do professor
A partir da noção de enunciado, Mikhail Bakhtin (2003 [1953]) define o conceito de gênero de 
discurso e propõe uma classificação para esse fenômeno. Nessa classificação, os gêneros podem 
ser primários ou secundários.
Neste vídeo, você vai ver sobre a natureza do enunciado, os gêneros de discurso e a sua 
classificação, conforme as formulações feitas por Bakhtin.
Assista.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/54b360664813d586988528b3069fe61a
Exercícios
1) Qual destas alternativas constitui uma preocupação fundamental da semântica 
argumentativa? 
A) As condições de verdade da sentença.
B) As unidades lexicais que compõem a sentença.
C) As intenções do falante ao produzir a sentença.
D) O significado literal das palavras da sentença.
E) A estruturação sintática da sentença.
2) De acordo com o filósofo russo Mikhail Bakhtin (2003 [1952]), que aspectos definem a 
natureza do enunciado? 
A) Comparação, exemplo e metáfora.
B) Forma, conteúdo e estilo.
C) Enunciação e enunciador.
D) Competência, experiência e testemunho.
E) Subjetividade e polifonia.
3) De acordo com Émile Benveniste (1995 [1966]), com qual aspecto do enunciado está 
associado o uso da expressão dêitica "eu"? 
A) Subjetividade.
B) Forma.
C) Conteúdo.
D) Polifonia.
E) Estilo.
4) Qual recurso de argumentação se baseia em opiniões, crenças e valores amplamente 
conhecidos e compartilhados? 
A) Recurso quase lógico.
B) Recurso dedutivo.
C) Recurso analógico.
D) Recurso da autoridade.
E) Recurso dos pressupostos comuns.
5) Quando empregamos expressões do tipo "de acordo com Bakhtin" ou "conforme afirma 
Ducrot", qual recurso de argumentação estamos empregando? 
A) Recurso dos pressupostos comuns.
B) Recurso analógico.
C) Recurso da autoridade.
D) Recurso dedutivo.
E) Recurso da comparação.
Na prática
Anúncios publicitários são textos argumentativos por excelência. O seu principal propósito é o de 
convencer seus leitores a comprarem um produto, a contratarem um serviço ou, até mesmo, a 
aderirem a alguma causa.
Acompanhe a seguir um exemplo de como trabalhar aspectos relativos à argumentação em sala de 
aula utilizando anúncios publicitários.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Assista à videoaula do professor Fiorin para a TV Cultura, na 
qual ele explica o conceito de enunciação.
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Leia o artigo acadêmico Argumentatividade e argumentação, 
sobre o funcionamento da argumentação no quadro da 
semântica da enunciação.
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https://www.youtube.com/embed/RQzJaFYiqhc
http://www.seer.upf.br/index.php/rd/article/viewFile/3847/2514

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