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Introdução ao saneamento O planejamento e a gestão de serviços de saneamento e sua relação com a qualidade de vida das pessoas, bem como a capacidade de uma sociedade se desenvolver sustentavelmente. Prof. Ewerthon Cezar Schiavo Bernardi 1. Itens iniciais Propósito O saneamento ambiental é composto pelos serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos sanitários, bem como do manejo dos resíduos sólidos e da drenagem urbana associados à promoção de saúde pública. Deter tal conhecimento é fundamental tanto para os profissionais de engenharia sanitária e ambiental quanto para a promoção da melhoria contínua desses sistemas. Objetivos Identificar os principais conceitos envolvidos no saneamento. Analisar a relação entre saneamento e saúde pública. Reconhecer a evolução do saneamento. Introdução Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. • • • 1. Conceito de saneamento Vamos começar! Conceitos básicos Este vídeo trará conceitos de saneamento e abordará a relação entre os serviços de saneamento básico e o ciclo hidrológico. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Saneamento ambiental Entende-se que o desenvolvimento econômico e social, assim como o bem-estar e a promoção da qualidade de vida das pessoas, está intimamente associado às atividades de proteção em relação ao meio ambiente. Assim, os cuidados com a água de abastecimento, a coleta e o tratamento de esgotos e resíduos sólidos, bem como com os sistemas de drenagem das águas da chuva, afetam diretamente a capacidade de desenvolvimento da sociedade. Além disso, os serviços citados são fundamentais para a promoção de saúde pública, sobretudo no sentido de evitar doenças. No Brasil, a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), estabelecida pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, define meio ambiente como o conjunto de condições, leis, influências e intervenções de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. A realidade do saneamento básico no Brasil, embora seja mais favorável do que em muitos outros países, ainda é caracterizada por problemas, como: Falta de abastecimento público Descarte inadequado de resíduos sólidos Falta de coleta e tratamento de efluentes domésticos Falta de medidas estruturais e não estruturais de drenagem urbana Portanto, neste conteúdo, estudaremos os principais conceitos envolvidos em saneamento e os impactos positivos e negativos decorrentes dos serviços de saneamento na saúde pública, bem como a evolução dele até os dias atuais no Brasil e no mundo. Tais serviços estão associados à dinâmica da água na superfície terrestre. Assim, no próximo tópico, estudaremos os principais componentes do ciclo hidrológico. Componentes do ciclo hidrológico Considerado um fenômeno global de circulação fechada de água, o ciclo hidrológico trata da movimentação da água entre a superfície terrestre e a atmosfera regida pela ação gravitacional juntamente com a energia solar e a rotação da Terra. Basicamente, esse ciclo se refere à circulação da água mediante a mudança do estado físico da matéria. De acordo com a Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, conhecida como Lei das Águas: Art 1º. A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. (BRASIL, 1997) Os cursos de água de uma bacia hidrográfica são canais que formam sua rede de drenagem ou hidrografia. Contudo, há uma classificação desses cursos de acordo com o regime de vazões: Precipitação pluviométrica - chuva. Rios perenes Apresentam fluxo o tempo todo, independentemente da estação do ano. Rios intermitentes Apresentam água em apenas uma parte do ano. Eles também são ditos rios sazonais. Rios efêmeros Apresentam vazão somente quando há chuvas fortes. A precipitação pluviométrica é a principal entrada de água na maior parte da bacia hidrográfica, sendo fundamental para estudos de quantificação, disponibilidade de água, necessidade de irrigação e dimensionamento de sistemas de drenagem. O monitoramento dessa variável meteorológica ocorre por meio de equipamentos, como pluviômetros, pluviógrafos, radares e satélites. Entende-se como precipitação pluviométrica toda água proveniente da atmosfera que atinge a superfície da Terra, como neblina, chuva, granizo, saraiva, orvalho, geada e neve. De modo geral, a precipitação que conhecemos no Brasil é, na maior parte das vezes, chuva, sendo a principal entrada de água em uma área de drenagem. As características da precipitação pluviométrica estão relacionadas à distribuição temporal e espacial, assim como à duração. Num ambiente urbano, como a região central de uma grande cidade, por exemplo, o processo de infiltração ocorre em condições reduzidas devido à compactação e à impermeabilização do solo. Desse modo, o destino das águas pluviais acaba sendo o escoamento superficial. Nesse sentido, é necessário coletar e transportar esses volumes para áreas de infiltração ou até para cursos hídricos. O serviço de coleta e transporte de águas das chuvas é um dos pilares do saneamento básico, sendo conhecido pelo sistema de drenagem formado por: Sarjetas Sarjetões Bocas de lobo Galerias Além disso, o sistema de abastecimento público e esgotamento sanitário também depende intimamente do ciclo hidrológico, seja para abastecimento dos reservatórios ou mesmo para diluição dos efluentes tratados. Já em relação ao serviço de gerenciamento de resíduos sólidos, podemos citar a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Essa lei dispõe o seguinte: I - acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto; II - área contaminada: local onde há contaminação causada pela disposição, regular ou irregular, de quaisquer substâncias ou resíduos; III - área órfã contaminada: área contaminada cujos responsáveis pela disposição não sejam identificáveis ou individualizáveis; IV - ciclo de vida do produto: série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição final; V - coleta seletiva: coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou composição; VI - controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos que garantam à sociedade informações e participação nos processos de formulação, implementação e avaliação das políticas públicas relacionadas aos resíduos sólidos; VII - destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do SISNAMA, do SNVS e do SUASA, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos; VIII - disposição final ambientalmente adequada: distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos; IX - geradores de resíduos sólidos:pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que geram resíduos sólidos por meio de suas atividades, nelas incluído o consumo; X - gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei; XI - gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável; XII - logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada; XIII - padrões sustentáveis de produção e consumo: produção e consumo de bens e serviços de forma a atender as necessidades das atuais gerações e permitir melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das necessidades das gerações futuras; XIV - reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS e do SUASA; XV - rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada; XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível; XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta lei; XVIII - reutilização: processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-química, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS e do SUASA; XIX - serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades previstas no art. 7º da Lei nº 11.445, de 2007. (BRASIL, 2010) O contexto da preservação engloba aspectos da proteção do meio ambiente, considerando o homem como pivô do desequilíbrio natural. A conservação, por sua vez, contempla a dedicação ao amor à natureza, só que aliada ao uso racional e manejo criterioso pela espécie. Frente a isso, de maneira geral, os serviços de saneamento estão relacionados à gestão das águas (drenagem, consumo e diluição de efluentes) e ao gerenciamento de resíduos sólidos. Comentário Tais medidas contribuem para a gestão ambiental cada vez mais integrada, viabilizando a menor produção de poluentes, quando possível, ou mesmo atuando no tratamento dos subprodutos, sejam eles resíduos ou emissões. Com isso, há a promoção da saúde pública e o uso sustentável dos recursos ambientais. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. O que é o saneamento ambiental? Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Hidrologia e seu ciclo Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 O processo de urbanização altera de maneira drástica a cobertura natural, interferindo diretamente na dinâmica do ciclo da água. Sendo assim, assinale a alternativa correta. A Um dos maiores efeitos do processo de urbanização consiste no aumento da infiltração de água no solo. B Pode-se afirmar que os processos de compactação e impermeabilização do solo reduzem as chances de inundações e alagamentos. C Os processos de infiltração e escoamento superficial são inversamente proporcionais. D O crescimento desordenado de uma cidade normalmente não interfere na dinâmica natural da água. E Um grande centro urbano se torna mais quente do que suas áreas adjacentes em virtude do maior acúmulo de água no solo. A alternativa C está correta. Entende-se que, quanto maior é a infiltração de água da chuva no solo, menor é seu escoamento na superfície dele. Questão 2 A Lei Federal nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Entre os conceitos abordados na referida lei, marque a alternativa correta. A Reciclagem é o processo de transformação dos resíduos sólidos que não envolve alteração físico-química do material. B O processo de aproveitamento dos resíduos sólidos a partir de sua transformação biológica, física ou físico- química é denominado reutilização. C Rejeitos são resíduos sólidos de alto valor econômico. D Coleta seletiva refere-se à coleta de resíduos sólidos previamente segregados, conforme sua constituição ou composição, com o intuito de reutilizar ou reciclar. E Padrões sustentáveis de produção e consumo levam em conta apenas a geração presente, sendo um conceito que se altera ao longo do tempo. A alternativa D está correta. A coleta seletiva depende da segregação correta dos resíduos sólidos com o objetivo de utilizá-los como matéria-prima de outros processos. 2. Saneamento e saúde pública Vamos começar! Impactos do saneamento na saúde Este vídeo apontará os problemas ambientais decorrentes da urbanização e como a implementação dos serviços de saneamento pode melhorar as condições de uma cidade e a qualidade de vida das pessoas. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Conceitos e problemática O conceito de desenvolvimento sustentável está atrelado à capacidade de desenvolvimento econômico, social e ambiental, não interferindo na mesma capacidade das populações futuras. Sendo assim, uma vez que a ação antrópica gera impactos e altera o ambiente em diversas escalas de magnitude, entende-se que o saneamento está ligado à sustentabilidade. Além disso, é importante desenvolver o viés de que a falta de saneamento é promotora de danos à saúde do ambiente e do homem. Como exemplo, pode-se citar a proliferação de insetos e de outros animais vetores de doenças. Reflexão Os problemas ambientais decorrentes das atividades antrópicas estão ligados ao uso e à cobertura do solo, assim como à extrapolação da capacidade de assimilações de poluentes sólidos líquidos e gasosos pelo ambiente em virtude das aglomerações e, consequentemente, das altas concentrações, quantidades e taxas de emissões nos centros urbanos e industriais. Aliado a isso, está o consumo crescente de matéria e energia por parte de cada habitante, gerando cada vez mais subprodutos. Se pararmos para pensar, veremos que consumimos diariamente alimentos, materiais e energia, gerando esgotos e resíduos sólidos e demandando a produção de energiaelétrica e combustíveis. Um ecossistema é formado por seres bióticos e abióticos, e a ciclagem de matéria e nutrientes se dá pela presença de ambos os componentes. O ser humano pode perturbar um ecossistema natural em diferentes níveis de intensidade e frequência. Se pensarmos no uso do solo em zonas rurais, perceberemos que ele condiz com um sistema de alimentos, porque a produção deles visa a atender às demandas urbanas, exceto em locais de agricultura de subsistência. Além disso, os sistemas agrícolas e pecuários geram a importação de combustíveis e fertilizantes, bem como removem a vegetação nativa. A avaliação de impactos ambientais (AIA) é dada por procedimentos que têm o intuito de caracterizar e identificar possíveis impactos na instalação futura de um empreendimento, ou seja, por meio dela, é possível prever a importância desses impactos. Na maioria dos casos, a AIA está associada ao licenciamento ambiental, que visa a proteger o meio ambiente ao mesmo tempo que considera o desenvolvimento econômico. A alteração no ecossistema gerada por atividades em zonas rurais ainda é, contudo, menos ofensiva do que as modificações geradas por um ecossistema urbano, caracterizado pelas grandes cidades. Água e saneamento Um tempo atrás (e em muitos lugares até hoje em dia) era comum canalizar cursos hídricos urbanos, o que reduz o tempo de concentração da bacia, gerando o acúmulo de água nas regiões mais baixas da rede de drenagem. Associado a isso, o processo de urbanização reduziu muito a capacidade de infiltração de água no solo em virtude da compactação e do selamento. Atualmente, ações de engenharia em drenagem e controle de enchentes podem trazer benefícios, como o aumento da qualidade de vida no ambiente urbano. Exemplo Podemos encontrar no cotidiano praças e parques em regiões baixas da cidade que permitem que a água se acumule e tenha tempo de se infiltrar no solo, evitando que ela atinja o rio. Outras ações estruturais ou mesmo não estruturais são tomadas, como educação ambiental e legislações de preservação de áreas verdes. Os centros urbanos também são grandes consumidores de energia e alimentos, o que, somado às outras características, acarreta o desbalanceamento de ciclos fundamentais para a manutenção de qualidade ambiental, como o ciclo hidrológico e os ciclos biogeoquímicos dos principais nutrientes, afetando também a saúde dos habitantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como o “estado de bem-estar físico, social e mental” (BRASIL, 2022). Ou seja, saúde não é a apenas a ausência de doenças. Ainda de acordo com a OMS, o saneamento consiste no controle ou gerenciamento de fatores que possam ser nocivos ao homem, seja por prejuízos sociais, mentais ou físicos. Podemos perceber, assim, a associação direta entre o saneamento e a saúde de uma população. Atenção No Brasil, são frequentes os problemas de saúde pública associados à falta de saneamento, seja por doenças de veiculação hídrica, transmissões feco-orais, comprometimento da água potável e dos sistemas de drenagem ou por proliferação de insetos, gerando casos clínicos, como desinteria, dengue, febre tifoide e hepatite. Por fim, a OMS afirma que, para cada real investido em saneamento, uma economia quatro vezes maior em saúde pública é gerada, o que confirma a ideia de que, no combate a doenças, prevenir é mais eficiente e eficaz do que remediar. Após ser tratada na estação de tratamento de água, a água bruta é transportada para um reservatório principal, que a redistribui para reservatórios menores, ditos setoriais. Assim, os reservatórios de um sistema de abastecimento de água têm por finalidade regularizar a vazão de distribuição, mantendo água disponível mesmo em picos de consumo. Para conseguir desempenhar tal papel, um reservatório precisa acumular água durante um período para atender às demandas ao longo dos momentos de maior consumo dela. Além disso, a presença de reservatórios no sistema de distribuição tem como outras funções a manutenção da pressão na rede e a Rede de distribuição de água. reserva de água para combate ao incêndio e para abastecimento em casos de interrompimento da captação ou do tratamento, além de auxiliar no rendimento de estações elevatórias. Comumente, encontram-se reservatórios dos seguintes modelos: Enterrados. Semienterrados. Apoiados. Elevados. Stand pipe. Os reservatórios semienterrados, também conhecidos como semiapoiados, destacam-se como a opção de menor custo, já que requerem menores investimentos em escavação e construção. Quando ocorre o consumo de água potável, há geração de esgotos, também conhecidos como efluentes domésticos. Saiba mais De acordo com a NBR 9.649, de 1986, cerca de 80% do que é consumido de água retorna como esgoto doméstico. Contudo, além da parcela gerada dele pela própria população, também são considerados os efluentes industriais e as águas de infiltração. Todo esse volume é conduzido através de uma rede coletora até uma estação de tratamento de esgotos. Em relação ao dimensionamento de uma rede de abastecimento de água, devem ser levados em conta os coeficientes de maior consumo horário e diário para calcular a vazão de distribuição. Normalmente, a canalização de distribuição opera sob pressão, o que garante a qualidade da água e as condições de pressão. Ambas as tubulações devem possibilitar a ligação pelas residências. No serviço de abastecimento de água potável, a distribuição também é considerada. Com isso, aquela proveniente dos reservatórios é distribuída nas residências e nos pontos de ligação através de uma rede formada por canalizações denominada rede de distribuição. Essa rede utiliza grande parte dos custos totais de um sistema de abastecimento. O sistema de distribuição é determinado em função da topografia e das características de consumo do local, sendo que, na maioria dos casos, são utilizados condutos pressurizados de modo a atender às pressões e às vazões. Quando a pressão interna da tubulação é maior do que a pressão externa, a chance de algum poluente entrar em contato com a água potável da canalização é menor. Existem dois padrões de redes: o padrão espinha de peixe e o padrão em grelha ou rede malhada. Pode-se dizer que há um terceiro padrão conhecido como misto, que é uma mescla dos outros dois. O consumo de água pode ser identificado em: • • • • • Usos domésticos Compostos por residências e comércio, eles correspondem a 10% de todo o consumo da água no Brasil. Uso industrial Gerado pela demanda industrial, ele corresponde a 20% de todo o consumo da água no Brasil. Uso agrícola Decorrente de vazões necessárias para irrigação e dessedentação animal, corresponde a 70% de todo o consumo da água no Brasil. O uso doméstico está diretamente ligado à população abastecida, bem como ao perfil de consumo dessa população. O perfil de consumo, por sua vez, refere-se ao consumo per capita, ou seja, volume consumido diariamente por habitante. O ponto de captação da água deve ser preferencialmente em um trecho retilíneo do rio. Além disso, o manancial precisa ter condições de qualidade e quantidade de água para abastecimento. A água bruta captada é conduzida até uma estação de tratamento através de uma adutora antes de ser distribuída para consumo. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Uso das águas no saneamento Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Solo e saneamento básico Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 O sistema de abastecimento de água potável talvez seja o serviço mais importante do saneamento básico. Entre os componentes desses sistemas, a rede de distribuição tem como característica: A ter o menor custo em relação à reserva e à captação. B ser uma rede de condutos forçados para que possam ser atendidas as pressões e vazões necessárias. C apresentar apenas um tipo de padrão.D funcionar com a distribuição de água por gravidade na maioria das vezes. E consistir numa etapa anterior à captação de água nos mananciais. A alternativa B está correta. As redes de distribuição devem apresentar pressões internas maiores do que a pressão atmosférica a fim de que a água chegue até os pontos mais altos da rede. Questão 2 Entre os usos múltiplos dos recursos hídricos, podemos citar agricultura e pecuária, além de indústria e abastecimento humano, os quais respectivamente apresentam percentuais de consumo aproximadamente iguais a: A 70%, 20% e 10%. B 20%, 15% e 65%. C 10%, 20% e 70%. D 70%, 10% e 20%. E 50%, 25% e 25%. A alternativa A está correta. No cenário brasileiro, o maior consumo de água se dá pelas atividades de agricultura e pecuária, seguido das indústrias e, em menor parcela, do abastecimento humano. 3. Evolução e situação do saneamento no Brasil Vamos começar! História e desenvolvimento de saneamento Este vídeo abordará o histórico do saneamento, sobretudo no Brasil, a partir dos marcos legais e das outras leis. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Breve histórico do saneamento Embora o próprio ambiente tenha capacidade de assimilação de poluentes, ou seja, resiliência, há uma preocupação com o crescente aumento das emissões de poluentes, ultrapassando a capacidade de retorno natural do meio às suas condições naturais. É importante mencionar que tais impactos geram consequências tanto na qualidade dos recursos naturais, como água e solo, quanto na flora e na fauna local. Entende-se que os impactos gerados pelo ser humano ocorrem desde as primeiras cidades, com maior incidência em termos de frequência e magnitude a partir da Revolução Industrial, gerando poluentes que interferem na qualidade ambiental - mais especificamente, nos parâmetros físicos, químicos e biológicos. Desde que o ser humano passou a viver por longos períodos em um mesmo local, já ocorrem problemas associados à poluição gerada pelos seus rejeitos, impactando diretamente na saúde das comunidades e na capacidade de desenvolvimento. O termo “poluição” chega a ser definido pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, nos seguintes termos: III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem- estar da população;b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;c) afetem desfavoravelmente a biota;d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecido. (BRASIL, 1981) Dessa forma, é necessário estudar, compreender, controlar, evitar, mitigar ou remediar qualquer substância considerada poluente, ou seja, substâncias que possam ser nocivas ao ambiente ou mesmo ao ser humano. Para tal, são necessárias algumas medidas de controle de serviços, como abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto, além de coleta, tratamento e destinação final de resíduos sólidos, bem como drenagem das águas pluviais. Esses serviços, como já definimos, caracterizam o saneamento básico. Saneamento Etimologicamente, a palavra deriva do latim: sanu, cujo significado pode ser remediar, reparar, tornar são, tornar habitável. Já o conceito de saneamento ambiental é mais amplo, englobando tanto os serviços de saneamento básico quanto a promoção de campanhas de saúde pública e conscientização da população, bem- estar social, controle de ocupação do solo e de ruídos. Evolução do saneamento no Brasil Oriundos da atividade antrópica, embora raramente decorra de processos naturais, a degradação ambiental está associada aos efeitos danosos e, portanto, negativos ao meio ambiente. Queimadas, degradação do solo, descarte incorreto dos resíduos sólidos, alteração na qualidade das águas superficiais e subterrâneas, atividades de mineração, supressão da vegetação nativa e alteração superficial em áreas de nascentes são alguns dos exemplos de degradação ambiental geradas pelo ser humano. Veja agora alguns acontecimentos importantes da evolução do saneamento: Século XIX Havia condições para a proliferação de doenças epidêmicas nos centros urbanos, o que gerou a demanda pelos primeiros serviços de saneamento de esgotamento sanitário e abastecimento de água. Em 1970 Foi implementado o Plano Nacional de Saneamento, que tinha por objetivo reduzir os déficits apresentados nos serviços. Em 2007 Foi publicada a Lei Federal nº 11.445, de 5 de janeiro, considerada o marco regulatório do saneamento básico, determinando a elaboração de um Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). Em 2014 Foi publicada a última versão do Plano de Saneamento elaborado pelo Ministério das Cidades e pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. O plano de saneamento de 2014 contém o seguinte texto: A Lei nº 11.445/2007, neste plano denominada Lei de Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico (LDNSB), estabelece, por sua vez, no artigo 52, que a União deverá elaborar, sob a coordenação do MCidades, o Plansab, instrumento de implementação da Política Federal de Saneamento Básico, contendo: a. os objetivos e metas nacionais e regionalizadas, de curto, médio e longo prazos, para a universalização dos serviços de saneamento básico e o alcance de níveis crescentes de saneamento básico no território nacional, observando a compatibilidade com os demais planos e políticas públicas da União; b. as diretrizes e orientações para o equacionamento dos condicionantes de natureza político- institucional, legal e jurídica, econômico-financeira, administrativa, cultural e tecnológica com impacto na consecução das metas e objetivos estabelecidos; c. a proposição de programas, projetos e ações necessários para atingir os objetivos e as metas da Política Federal de Saneamento Básico, com identificação das respectivas fontes de financiamento; d. as diretrizes para o planejamento das ações de saneamento básico em áreas de especial interesse turístico; e. os procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações executadas. A mesma lei estabelece que os planos devam ser elaborados com horizonte de 20 anos, avaliados anualmente e revisados a cada quatro anos, preferencialmente em períodos coincidentes com os de vigência dos planos plurianuais. No tocante ao objeto de abordagem do Plansab, recorre-se à lei, que adota a definição de saneamento básico como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de: a. abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição; b. esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente; c. limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; d. drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas. (BRASIL, 2014) No Brasil, a Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020, trata da atualização do marco legal de saneamento básico, alterando a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) competência para editar normas de referência sobre o serviço de saneamento, entre outras alterações (BRASIL, 2020). Essalei define que os contratos dos serviços públicos de saneamento básico deverão buscar até o final de 2033 a universalização do atendimento em 99% da população com atendimento de água de abastecimento e 90% com acesso à rede coletora e ao tratamento de efluentes. O marco do saneamento de 2020 ainda prevê a busca pela não intermitência do fornecimento de água potável, a melhoria dos sistemas de tratamento e a redução das perdas de água nas redes de distribuição. A partir do mais novo marco legal do saneamento básico (Lei nº 14.026/2020), é previsto que ocorra a universalização dos serviços de saneamento. Embora a responsabilidade dos serviços seja municipal, o poder público, de maneira geral, pode ultrapassar os interesses regionais, como, por exemplo, aglomerados urbanos. Assim, quando for de interesse local, o município será o responsável; porém, quando os limites e interesses forem extrapolados, o Estado se tornará o titular da prestação de serviços. Desse modo, foram idealizadas três vias de gerenciamento, tendo a prestação regionalizada à unidade regional dos blocos de referência a finalidade de prestar serviços aos estados. A ideia da formação de grupos de municípios tem como objetivo reduzir os custos, melhorar a operacionalidade nos serviços e, consequentemente, realizar os processos de maneira mais eficiente, gerando menores impactos no meio e buscando a universalização dos atendimentos pelos serviços de saneamento básico. Contudo, para que isso ocorra, é necessário que sejam elaborados planos municipais ou intermunicipais de saneamento. Comentário A mobilização em prol da melhor qualidade de vida e preservação ambiental é um esforço mundial. A Organização das Nações Unidas (ONU) indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com a finalidade proteger o planeta, acabar com a pobreza e assegurar paz e prosperidade para todas as pessoas do mundo. É nesse pilar que o marco do saneamento de 2020 se apoia na busca pela universalização dos serviços de saneamento básico. De acordo com Brasil (2017), os ODS são: Erradicação da pobreza. Fome zero e agricultura sustentável. Saúde e bem-estar. Educação de qualidade. Igualdade de gênero. Água potável e saneamento. Energia limpa e acessível. Trabalho descente e crescimento econômico. Indústria, inovação e infraestrutura. Redução das desigualdades. Cidades e comunidades sustentáveis. Consumo e produção responsáveis. Ação contra a mudança global do clima. Vida na água. Vida terrestre. Paz, justiça e instituições eficazes. Parcerias e meios de implementação. De acordo com um relatório publicado em 2017 pela OMS, cerca de 98% da população, ou seja, 6,5 bilhões, tem acesso a uma fonte de água com, pelo menos, 30 minutos. Contudo, 844 milhões de habitantes não têm acesso nenhum à água potável, isto é, própria para consumo humano. Criado pela Secretaria Nacional de Saneamento (SNS) do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) em 1996, o Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS) é atualmente o principal sistema de informações sobre os serviços vinculados ao saneamento básico no Brasil. O SNIS, afinal, conta com dados gerais separados por macrorregiões e por estados de abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos urbanos e de águas pluviais urbanas. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. Comentário Vamos discutir um pouco sobre os percentuais de atendimento de cada serviço em relação à população total e urbana. Estima-se que a população brasileira em 2020 fosse de 211,8 milhões, sendo 179,4 milhões residentes em áreas urbanas. Abrangência dos serviços Veremos agora com mais detalhes a abrangência dos serviços: Atendimento com rede de água Excluindo os sistemas alternativos, cerca de 84,1% da população total e 93,4% da urbana são atendidos, sendo o segundo serviço mais próximo do atendimento total da população. Em 2020, a média de consumo de água por dia para cada habitante era de 152,1 litros, distribuídos em 61,7 milhões de ligações de água, sendo necessária uma rede de aproximadamente 728 mil quilômetros. As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste perfazem mais de 90% de atendimento, enquanto o Nordeste é de aproximadamente 75% e a região Norte apresenta uma taxa de atendimento menor que 60%. Resíduos sólidos O serviço de coleta de resíduos sólidos teve percentuais de atendimento em 2020 de 90,5% e 98,7 % para a população total e a urbana, respectivamente. Sobre o manejo de resíduos sólidos urbanos em 2020, o SNIS indica que a produção per capita diária no brasil é de 1,01 quilogramas de resíduos, totalizando 66,6 milhões de toneladas. Desse montante, 14,6% de todo os resíduos foram destinados a lixões; 11,6%, a aterros controlados; e 73,8%, a aterros sanitários. Dos 4.589 municípios amostrados, apenas 36,3% contam com coleta seletiva, indicando o baixo aproveitamento e a valoração dos resíduos, embora envolvam 35,7 mil catadores. Estima-se que, em 2020, tenha sido coletada 1,90 milhão de toneladas, passada por 1.325 unidades de triagem que promoveram a recuperação de 1,07 milhão de toneladas. Analisando os percentuais regionais de índice de atendimento de cada região, observa-se que 80,7% da população é atendida na Região Norte e 83,1%, na Região Nordeste, enquanto nas regiões Centro- Oeste e Sul esses índices sobem para 91,3, e 91,5%, respectivamente. Já o Sudeste apresenta o maior índice de atendimento, perfazendo 96,1%. Rede coletora de esgoto O atendimento com rede coletora de esgoto teve percentuais de atendimento em 2020 de 55% para a população total e de 63,2% para a urbana, configurando uma baixíssima percentagem de atendimento. O esgotamento sanitário, mesmo com 5,89 bilhões de reais investidos em 2020, se trata do serviço mais precário em termos de percentual de população atendida, com uma extensão de rede coletora de 326,4 mil quilômetros e 36 milhões de ligações. A diferença entre os índices de atendimento total de esgoto regionais é mais acentuada em comparação com os de água de abastecimento: na Região Norte, de 13,1%; na Região Nordeste, 30,3%; e no Centro-Oeste, 59,5%. Já na Região Sul, o índice em 2020 foi de 47,4%, muito inferior ao ocorrido na Região Sudeste, com 80,5% de atendimento da população com rede de esgoto. Percebe-se ainda que a média de 55% apresentada anteriormente não tem muita representatividade quando a análise dos dados regionais é feita separadamente. Esgotamento sanitário Apenas 50,8% dos efluentes coletados são tratados, enquanto 49,2% dos esgotos são devolvidos ao meio ambiente sem nenhum tratamento prévio. Manejo de águas pluviais Ele também é conhecido como sistema de drenagem urbana. O SNIS indica que 15,7% dos 5.570 municípios brasileiros não contam com sistemas de drenagem, enquanto 21,3% possuem um sistema combinado. Apenas 12,0% contam com um sistema unitário, ou seja, misto com esgotamento sanitário, e 45,3% das cidades possuem sistemas exclusivos para a drenagem das águas das chuvas. Aprofundando-se um pouco sobre o assunto de drenagem e manejo das águas pluviais de 2020, o SNIS mostra que 3,9% dos domicílios estão sujeitos a risco de inundação, sendo que 67,6% dos municípios ainda não possuem mapeamento de áreas de risco. Os problemas relacionados às águas pluviais estão intimamente associados à cobertura e à ocupação do solo, sobretudo nos centros urbanos, onde há compactação e impermeabilização da camada superficial do solo. Tais fenômenos reduzem a capacidade de infiltração de água no solo, aumentando, assim, o escoamento superficial. Esse escoamento pode gerar acúmulo de água em depressões, gerando alagamentos ou processos de enchentes e inundações de rios. Em um estudo sobre os avanços do novo marco legal do saneamento básico no Brasil, publicado em julho de 2022 (quase dois anos após a publicação do marco mencionado anteriormente), verifica-se que muitas pessoas ainda residem em municípios com contratos irregulares para prestação de serviçosde abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos. O mesmo documento somente apresenta as condições econômico- financeiras para universalização dos serviços até 2033 (TRATA BRASIL, 2022). Em termos nacionais, a maior parcela dos municípios que apresenta situações irregulares está situada nas regiões Norte e Nordeste, como Acre e Roraima, que apresentam 100% da situação irregular, enquanto Maranhão, Paraíba, Pará e Piauí exibem percentuais maiores que 60% dos municípios em situação de irregularidade (TRATA BRASIL, 2022). Atenção Dessa forma, entende-se que o caminho a ser percorrido até a universalização dos serviços em 2033 ainda é grande, conforme previsto no novo marco legal. Além disso, é necessário investir mais de 500 bilhões de reais até 2033, ou seja, cerca de 36 bilhões de reais deveriam ser investidos anualmente entre o período de 2021 e 2033. Esse valor é mais que o dobro do que foi investido em 2020: 17 bilhões (TRATA BRASIL 2022). Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. A importância da Lei nº 11.445 Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. A necessidade da Lei nº 14.026 Conteúdo interativo Acesse a versão digital para assistir ao vídeo. Verificando o aprendizado Questão 1 Em relação aos conceitos de saneamento básico e saneamento ambiental, assinale a alternativa correta. A Apresentam abrangências distintas, não havendo relação entre os conceitos. B O conceito de saneamento básico está associado aos programas de vacinação. C Entende-se o conceito de saneamento básico como mais abrangente que o de saneamento ambiental. D Entende-se que o conceito de saneamento ambiental engloba saneamento básico. E Um é entendido como sinônimo do outro. A alternativa D está correta. O conceito de saneamento ambiental é mais amplo, pois abarca não só os serviços de saneamento básico, mas também a promoção de campanhas de saúde pública. Questão 2 Marque a alternativa correta de acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico. A O conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais é compreendido por drenagem fluvial. B O esgotamento sanitário refere-se apenas à coleta e ao afastamento dos dejetos humanos. C O horizonte de projeto dos serviços é, no máximo, igual a 20 anos. D A universalização dos serviços consiste em um objetivo do plano. E Não há tempo mínimo para horizonte de projeto dos serviços que compõem saneamento básico. A alternativa D está correta. O Plano Nacional de Saneamento Básico tem objetivos e metas nacionais e regionais, prevendo atuações de curto, médio e longo prazo no que diz respeito à universalização dos serviços de saneamento básico e ao aumento de níveis de saneamento básico no território nacional, aliando-se aos demais planos e às políticas públicas da União. 4. Conclusão Considerações finais Como vimos, o conceito de saneamento ambiental engloba não somente os serviços relacionados ao saneamento básico, como também as práticas voltadas para saúde pública da população e do ambiente. Para alcançar o atual estágio de desenvolvimento como espécie, o ser humano passou por dificuldades, desastres e tragédias. No entanto, nesse processo, ele percebeu que o trabalho em conjunto e a promoção das condições mínimas para cada indivíduo foram primordiais. Estudamos também os serviços de drenagem urbana, manejo dos resíduos sólidos, esgotamento sanitário e abastecimento de água potável. Além disso, observamos quão grandes são os desafios para se atingir o ideal de 100% de atendimento em cada um desses serviços. Podcast Neste podcast, serão respondidas questões sobre a realidade do saneamento básico no Brasil. Conteúdo interativo Acesse a versão digital para ouvir o áudio. Explore + Aprofunde seus conhecimentos consultando o artigo Saneamento básico: uma avaliação sobre a atuação dos setores público e privado no contexto de novas proposições regulatórias, publicado por Pedro Henrique Ramos Prado Vasques em 2020 na revista GeoUerj . Saiba como as políticas urbanas e de recursos hídricos foram formuladas e implementadas no Brasil até janeiro de 2019 ao consultar o artigo Integração de políticas públicas no Brasil: os casos dos setores de recursos hídricos, urbano e saneamento, de Ester Luiz de Araújo Grangeiro, Márcia Maria Rios Ribeiro e Lívia Izabel Bezerra de Miranda, publicado no Caderno Metrópole em maio/agosto de 2020. Assista ao vídeo Saneamento básico x saneamento ambiental: qual é a diferença, no qual Alexandre Pessoa explica a diferença entre ambos, que são fundamentais para a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida da população. Publicado em 2020, o vídeo está disponível no canal Museu da Vida/Fiocruz, no YouTube. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9.649: projeto de redes coletoras de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1986. AZEVEDO NETTO, J. M.; FERNANDEZ, M. F. y. Manual de hidráulica. 9. ed. São Paulo: Blucher, 2018. BRASIL. Câmara dos Deputados. Legislação informatizada - Decreto nº 26.042, de 17 de dezembro de 1948 - publicação original. Consultado na internet em: 20 set. 2022. BRASIL. Casa Civil. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. BRASIL. Casa Civil. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. BRASIL. Casa Civil. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. BRASIL. Casa Civil. Relatório nacional voluntário sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável. Brasília, 2017. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Plano Nacional de Saneamento Básico. Plansab. Brasília, 2014. CONTERATO, E. et al. Saneamento. Porto Alegre: SAGAH, 2018. GRIBBIN. J. E. Introdução à hidráulica, hidrologia e gestão de águas pluviais. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2014. ROCHA, A. A. Histórias do saneamento. São Paulo: Blucher, 2018. SHAMMAS, N. K. Abastecimento de água e remoção de resíduos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018. TAVARES, S. R. de L. et al. Curso de recuperação de áreas degradadas: a visão da ciência do solo no contexto do diagnóstico, manejo, indicadores de monitoramento e estratégias de recuperação. Dados eletrônicos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2008. TRATA BRASIL. ITB divulga novo estudo sobre o balanço do setor dois anos após a aprovação do novo marco legal do saneamento. São Paulo, 2022. TUCCI C. E. M. Hidrologia: ciência e aplicação. Porto Alegre: Editora da UFRGS, ABRH, EDUSP, 1993. VILLELA, S. M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil Ltda., 1980. Introdução ao saneamento 1. Itens iniciais Propósito Objetivos Introdução Conteúdo interativo 1. Conceito de saneamento Vamos começar! Conceitos básicos Conteúdo interativo Saneamento ambiental Falta de abastecimento público Descarte inadequado de resíduos sólidos Falta de coleta e tratamento de efluentes domésticos Falta de medidas estruturais e não estruturais de drenagem urbana Componentes do ciclo hidrológico Rios perenes Rios intermitentes Rios efêmeros Sarjetas Sarjetões Bocas de lobo Galerias Comentário Vem que eu te explico! O que é o saneamento ambiental? Conteúdo interativo Hidrologia e seu ciclo Conteúdo interativo Verificando o aprendizado 2. Saneamento e saúde pública Vamos começar! Impactos do saneamento na saúde Conteúdo interativo Conceitos e problemática Reflexão Águae saneamento Exemplo Atenção Saiba mais Usos domésticos Uso industrial Uso agrícola Vem que eu te explico! Uso das águas no saneamento Conteúdo interativo Solo e saneamento básico Conteúdo interativo Verificando o aprendizado 3. Evolução e situação do saneamento no Brasil Vamos começar! História e desenvolvimento de saneamento Conteúdo interativo Breve histórico do saneamento Evolução do saneamento no Brasil Século XIX Em 1970 Em 2007 Em 2014 Comentário Comentário Abrangência dos serviços Atendimento com rede de água Resíduos sólidos Rede coletora de esgoto Esgotamento sanitário Manejo de águas pluviais Atenção Vem que eu te explico! A importância da Lei nº 11.445 Conteúdo interativo A necessidade da Lei nº 14.026 Conteúdo interativo Verificando o aprendizado 4. Conclusão Considerações finais Podcast Conteúdo interativo Explore + Referências