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Náuseas e Vômitos DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO → NÁUSEA Definição - Sensação subjetiva da necessidade de vomitar - Representa a percepção de estímulos aferentes (incluindo tônus parassimpático aumentado) para o centro de vômitos medular Classificação 1) Quanto ao mecanismo a. Central → Originam-se de estímulos no sistema nervoso central (SNC). Podem ocorrer devido a condições como aumento da pressão intracraniana, enxaquecas, doenças neurológicas, ansiedade ou estresse b. Periférico → estão relacionadas a estímulos do sistema digestivo ou de outros órgãos periféricos, como doenças gastrointestinais (gastrite, obstruções, infecções), doenças do ouvido interno (labirintite) ou infarto agudo do miocárdio. 2) Quanto ao tempo a. Aguda → Náuseas que surgem de forma súbita e duram um curto período, geralmente causadas por intoxicações alimentares, infecções virais, enjoo por movimento ou episódios de enxaqueca. b. Crônica → Náuseas persistentes ou que duram longos períodos, podendo estar associadas a condições crônicas como doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), gastroparesia, insuficiência renal ou doenças psiquiátricas. c. Recorrente → Náuseas que ocorrem em episódios repetidos, comuns em condições como a síndrome do vômito cíclico ou enxaqueca cíclica. 3) Quanto à alimentação a. Pré-prandial → Náuseas que ocorrem antes das refeições, geralmente devido à hipoglicemia ou à antecipação de comer em pacientes com distúrbios alimentares ou refluxo b. Pós prandial → Náuseas que ocorrem logo após a ingestão de alimentos, muitas vezes relacionadas a problemas digestivos, como refluxo gastroesofágico, dispepsia funcional, intolerâncias alimentares ou gastroparesia. 4) Quanto aos fatores desencadeantes a. Náuseas de movimentos → Desencadeadas por movimentos (como em viagens de carro, barco ou avião), associadas a distúrbios do sistema vestibular (labirinto). b. Náusea de gravidez → Náuseas intensas associadas à gravidez, particularmente no primeiro trimestre, podendo evoluir para hiperêmese gravídica em casos graves. c. Medicamentosa → Causadas como efeito colateral de medicamentos, como quimioterápicos, antibióticos, opioides e antidepressivos. d. Psicogênica → relacionadas a fatores emocionais e psicológicos, como ansiedade, depressão ou situações de estresse. 5) Quanto a intensidade a. Leve → Náuseas que causam desconforto, mas não interferem significativamente nas atividades diárias b. Moderada → Náuseas que causam desconforto significativo e podem interferir em algumas atividades c. Intensa → Náuseas graves que afetam de maneira substancial a qualidade de vida e dificultam as atividades diárias. → VÔMITO Definição - Expulsão oral do conteúdo gastrintestinal como resultado das contrações do intestino e da parede toracoabdominal quando o fundo gástrico e o esfíncter inferior do esôfago estão relaxados - Emêse regurgitação ruminação Classificação 1) Quanto ao mecanismo a. Central → Causado por estímulos no sistema nervoso central, como em casos de doenças neurológicas, aumento da pressão intracraniana ou estímulos psicológicos. b. Reflexo → Resultado de estímulos externos ou internos fora do sistema digestivo, como dor intensa, vertigem (enjoos de movimento) e estímulos de outras regiões do corpo. c. Gastrointestinal → Originado no trato gastrointestinal, como em casos de obstrução intestinal, gastrite, gastroenterite ou úlcera 2) Quanto ao conteúdo a. Bilioso → Contém bile, de cor amarelada ou esverdeada, comum em casos de obstrução intestinal b. Hemático → Presença de sangue no vômito (hematêmese), indicando sangramento no trato gastrointestinal superior, como em úlceras gástricas. c. Alimentar → Contém restos alimentares parcialmente digeridos, geralmente relacionados com estase gástrica ou obstrução d. Fecaloide → Com odor semelhante ao de fezes, geralmente indica obstrução intestinal distal. 3) Quanto a frequência e duração a. Agudo → Começa de forma súbita e é de curta duração, muitas vezes causado por intoxicação alimentar, infecção ou enxaqueca b. Crônico → Persiste por um longo período e pode estar associado a condições subjacentes crônicas, como doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) ou obstruções intestinais c. Persistente → Episódios de vômito que se repetem ao longo do tempo, podendo estar associados a condições como a síndrome do vômito cíclico 4) Quanto ao conteúdo alimentar a. Pré-prandial → Vômito que ocorre antes das refeições, geralmente por jejum prolongado ou hipoglicemia b. Pós-prandial → Ocorre logo após a refeição e pode estar associado a obstruções ou intolerâncias alimentares 5) Quanto à característica do vômito a. Em jato → Expulsão rápida e intensa, sem náusea prévia, frequentemente associada a condições neurológicas. b. Náusea + vômito → Vômito precedido de sensação de náusea, comum em várias condições gastrointestinais e metabólica c. Ruminativo → O conteúdo regurgitado é remastigado e novamente deglutido; pode ocorrer em casos de distúrbios psiquiátricos FISIOPATOLOGIA, ETIOLOGIA E QUADRO CLÍNICO → NÁUSEA 1) Centro do vômito (Área Postrema e Núcleo do Trato Solitário)) - O centro do vômito, localizado no bulbo (tronco cerebral), é a região que coordena a resposta de náusea e vômito. - A área postrema detecta substâncias tóxicas e irritantes no sangue e no líquor, sendo responsável pela ativação do reflexo de vômito. - O núcleo do trato solitário recebe estímulos aferentes de várias partes do corpo, incluindo o trato gastrointestinal e o sistema vestibular. 2) Estimulação de quimiorreceptores - Zona de Gatilho Quimiorreceptora (CTZ): Localizada próxima ao centro do vômito, a CTZ não é protegida pela barreira hematoencefálica, permitindo que ela detecte substâncias químicas e toxinas no sangue e no líquor. - Quando detecta substâncias irritantes, como certos medicamentos, toxinas ou produtos químicos, a CTZ envia sinais ao centro do vômito para induzir náusea e potencialmente o vômito 3) Sinais do TGI - A estimulação dos receptores do trato gastrointestinal por irritação mecânica, química ou infecção pode enviar sinais ao centro do vômito via nervo vago e nervos esplâncnicos. - Distensão gástrica, gastroparesia (esvaziamento gástrico lento), obstruções e irritações intestinais são exemplos de causas gastrointestinais que podem provocar náusea 4) Sistema vestibular - O sistema vestibular, localizado no ouvido interno, é responsável pelo equilíbrio e a orientação espacial. - Quando há movimentos excessivos ou estímulos desorientadores (como em enjoos de movimento), o sistema vestibular envia sinais ao centro do vômito através dos nervos vestibulares e cerebelares. - A náusea causada por esses estímulos é comum em enjoo de movimento e é mediada por receptores de histamina e acetilcolina. 5) SNC e componentes psicológicos - Emoções e estímulos psicogênicos, como ansiedade, estresse ou nojo, podem ativar diretamente o centro do vômito. - A ativação do córtex cerebral em resposta a fatores emocionais ou a estímulos visuais, olfativos e cognitivos pode levar à sensação de náusea. - Esse mecanismo está frequentemente associado à náusea psicogênica e é mais subjetivo. 6) Neurotransmissores envolvidos - Dopamina: Atua na zona de gatilho quimiorreceptora e é uma via importante para náuseas induzidas por medicamentos e toxinas. - Serotonina (5-HT3): Liberada principalmente no trato gastrointestinal, é um importante mediador de náuseas em quimioterapia e outras condições irritativas. - Histamina (H1) e Acetilcolina (M1): Principais mediadores envolvidos na náusea de origem vestibular, como em enjoos de movimento. - Substância P: Ativa receptores de neurocinina (NK1) no cérebro, participando da resposta de náusea e vômito em casos de estímulos intensos. → VÔMITO Vômitos são coordenados pelo tronco encefálico.Efetivados por respostas do intestino, faringe e da musculatura somática 1) Ativação e estimualação do centro do vômito - O centro do vômito é uma área do sistema nervoso central localizada no bulbo (tronco cerebral) e coordenada pela área postrema e pelo núcleo do trato solitário. - Este centro integra sinais provenientes de várias áreas, incluindo o trato gastrointestinal, sistema vestibular, sistema nervoso central e zona de gatilho quimiorreceptora (CTZ). 2) Coordenação do vômito - Núcleos do tronco encefálico (núcleo do trato solitário; os núcleos vagais dorsais e frênicos; os núcleos bulbares que controlam a respiração; e os núcleos que controlam os movimentos da faringe, face e língua): coordenam a iniciação do vômito, que envolve as vias de NK1 (neurocinina), 5-HT3 (serotonina) e vasopressina - Músculos somáticos e viscerais respondem estereotipicamente durante os vômitos - Músculos inspiratórios das paredes torácica e abdominal se contraem - ↑↑↑ pressões intratorácica e intra-abdominal - Óstio gástrico sofre herniação acima do diafragma - Laringe move-se para cima para impulsionar o vômito - Contrações intestinais que migram no sentido distal - Normalmente → reguladas por um fenômeno elétrico → a onda lenta com frequências de 3 ciclos/minuto no estômago e a 11 ciclos/minuto no duodeno - Durante o vômito → onda lenta é suprimida e substituída por picos de propagação oral, que provocam contrações inversas 3) Ativadores do vômito a. Estímulos eméticos atuam em vários locais - Pensamentos ou odores desagradáveis: cérebro - Ativação do reflexo do engasgo: nervos cranianos - Cinetose e os distúrbios da orelha interna: vias labirínticas - Irritantes gástricos e agentes citotóxicos: nervos aferentes vagais gastroduodenais - Obstrução intestinal e isquemia mesentérica: aferentes extragástricos. - A área postrema, no bulbo, responde aos estímulos carreados no sangue (fármacos emenogênicos, toxinas bacterianas, uremia, hipoxia, cetoacidose): zona de gatilho quimiorreceptora b. Os neurotransmissores que medeiam o vômito são seletivo - Distúrbios do labirinto estimulam os receptores muscarínicos vestibulares M1 e histaminérgicos H1 - Os estímulos aferentes vagais ativam os receptores 5-HT3 . - A área postrema é inervada pelos nervos que atuam nos subtipos de receptores 5-HT3 , M1 , H1 e D2 da dopamina - Os receptores NK1 centrais medeiam a náusea e os vômitos - As vias canabinoides do receptor CB1 podem participar da ativação do córtex cerebral e tronco encefálico - Dopamina (D2): Atua na CTZ e é frequentemente implicada no vômito induzido por medicamentos e substâncias tóxicas. - Serotonina (5-HT3): Liberada pelas células enterocromafins do trato gastrointestinal em resposta a irritação; estimula receptores 5-HT3 na CTZ e nos nervos vagais, sendo um dos principais mediadores do vômito induzido por quimioterapia. - Histamina (H1) e Acetilcolina (M1): Involvidos principalmente no vômito de origem vestibular, como em casos de enjoo de movimento. - Neurocinina (NK1): Ativa receptores de substância P no centro do vômito, participando da resposta em casos de estímulos intensos. PROCESSO MOTOR DO VÔMITO 1. FASE DE PRÉ-EJEÇÃO: Náusea: Surge como uma sensação inicial, acompanhada por aumento da salivação e mal-estar. Retching (Ânsia de vômito): Contrações rítmicas do diafragma e músculos abdominais, sem expulsão do conteúdo gástrico, que ajudam a preparar o processo de vômito. 2. FASE DE EJEÇÃO: O diafragma e os músculos abdominais se contraem fortemente, aumentando a pressão intra-abdominal. O esfíncter esofágico inferior relaxa, permitindo que o conteúdo gástrico passe para o esôfago. O esfíncter esofágico superior relaxa e o conteúdo gástrico é expelido pela boca. 3. FASE DE PÓS EJEÇÃO: Após o vômito, ocorre um relaxamento dos músculos envolvidos e a sensação de náusea diminui. O corpo pode apresentar uma recuperação gradual dos parâmetros fisiológicos alterados, como frequência cardíaca e pressão arterial. ETIOLOGIA → DISTÚRBIOS INTRAPERITONIAIS - A obstrução visceral e a inflamação das vísceras ocas e sólidas - Obstrução gástrica: úlceras e tumores malignos - Obstruções dos intestinos delgado e grosso: aderências, tumores benignos e malignos, vólvulo, intussuscepção ou doença inflamatória intestinal Quando há uma obstrução (como estenose pilórica, tumores ou aderências) no trato gastrointestinal, o conteúdo alimentar não consegue progredir normalmente. Isso causa acúmulo e distensão acima da área obstruída, o que aumenta a pressão e estimula o reflexo do vômito. Como o corpo não consegue mover o alimento ou os líquidos para frente, ele reage expelindo-os para trás, causando o vômito. - A síndrome da artéria mesentérica superior (depois de perda ponderal ou repouso prolongado): duodeno é comprimido pela artéria mesentérica superior sobrejacente - Irradiação abdominal compromete a função motora intestinal e induz estenose - Cólica biliar causa náuseas quando atua sobre nervos aferentes locais - Os vômitos acompanhados de pancreatite, colecistite e apendicite: irritação visceral e do íleo secundário - Infecções intestinais por vírus (p. ex., norovírus ou rotavírus) ou bactérias (p. ex., Staphylococcus aureus e Bacillus cereus) causam vômitos - Infecções oportunistas (citomegalovírus e herpes-vírus simples) induzem vômitos nos pacientes imunossuprimidos. - Distúrbios da função sensitivomotora do intestino causam náusea e vômito - Gastroparesia: sintomas de retenção gástrica com evidências de esvaziamento gástrico retardado e ocorre depois de vagotomia ou nos casos de carcinoma pancreático, insuficiência vascular mesentérica ou doenças orgânicas, como diabetes, esclerodermia e amiloidose - Pseudo-obstrução intestinal: distúrbios das atividades motoras dos intestinos delgado e grosso com retenção de resíduos alimentares e secreções, proliferação bacteriana excessiva, má absorção de nutrientes e sintomas de náuseas, vômitos, distensão abdominal, dor e alteração da defecação. - Idiopática, hereditária na forma de uma miopatia ou neuropatia visceral familiar, resultar de doenças sistêmicas como esclerodermia ou um processo infiltrativo como amiloidose, ou ocorrer como uma consequência paraneoplásica de uma neoplasia maligna Refluxo gastresofágico: náuseas e vômitos: Na DRGE, o conteúdo ácido do estômago sobe para o esôfago, irritando a mucosa esofágica. Essa irritação pode desencadear um reflexo que estimula o centro do vômito no cérebro, resultando em náuseas e vômitos em casos mais graves. Além disso, o refluxo pode causar distensão e desconforto no estômago, contribuindo para a sensação de enjoo - Síndrome do intestino irritável (SII) ou constipação crônica - A síndrome de náusea e vômitos crônicos é definida por náusea desagradável ao menos 1 vez por dia e/ou 1 ou mais episódios de vômitos por semana, sem qualquer transtorno alimentar ou doença psiquiátrica - Associada às cefaleias hemicrânicas - Síndrome de hiperêmese canabinoide: vômitos cíclicos alternados com períodos normais em indivíduos (principalmente homens) que utilizam grandes quantidades de cannabis por muitos anos e é curada com sua descontinuação → DISTÚRBIOS EXTRAPERITONIAIS - Infarto do miocárdio e a insuficiência cardíaca congestiva podem causar náuseas e vômitos Durante um infarto, a dor intensa e o estresse fisiológico ativam o sistema nervoso autônomo (principalmente o sistema nervoso simpático), o que pode estimular o centro do vômito no cérebro. Além disso, quando o coração não está bombeando de forma eficiente devido ao infarto, pode ocorrer um acúmulo de produtos metabólicos e alterações na circulação, afetando o sistema gastrointestinal e levando a sintomas como náusea e vômito. - Vômitos pós-operatórios - Principalmente em cirurgias abdominais e ortopédicas - Hipertensão intracraniana aumentada decorrentede tumores, sangramento, abscesso ou bloqueio da drenagem do líquido cerebrospinal provoca vômitos com ou sem náuseas - Enxaqueca: A enxaqueca é uma condição neurológica que envolve alterações nos neurotransmissores, como a serotonina, e na circulação sanguínea cerebral. Durante uma crise, essas alterações podem estimular a área postrema do tronco encefálico, onde está localizado o centro do vômito, levando a náuseas e vômitos. Além disso, a dor intensa e a hipersensibilidade sensorial típicas da enxaqueca aumentam o desconforto e facilitam a resposta emética (reflexo do vômito) - Pacientes com doenças psiquiátricas, incluindo anorexia nervosa, bulimia nervosa, ansiedade e depressão → MEDICAMENTOS OU DISTÚRBIOS METABÓLICOS - Os fármacos provocam vômitos por sua ação no estômago (analgésicos, eritromicina) ou na área postrema (opiáceos, fármacos antiparkinsonianos) - Antibióticos, antiarrítmicos cardíacos, anti-hipertensivos, hipoglicêmicos orais, antidepressivos (inibidores seletivos da recaptação de serotonina e de serotonina e norepinefrina), fármacos para interrupção do tabagismo (vareniclina, nicotina) e contraceptivos - Quimioterapia: vômitos agudos (algumas horas após a administração), tardios (depois de 1 ou mais dias) ou antecipados - Vômitos agudos causados pelos fármacos altamente emetogênicos (p. ex., cisplatina) são mediados pelas vias do receptor 5-HT3 - Vômitos tardios mecanismos associados aos receptores NK1 são predominantes - Náuseas antecipadas podem responder à terapia com ansiolíticos - Distúrbios metabólicos induzem náuseas e vômitos - Gravidez é a causa endócrina mais prevalente - Hiperêmese gravídica é um tipo grave de náusea associada à gravidez, que causa desidratação e distúrbios eletrolíticos significativos - Uremia, cetoacidose, insuficiência suprarrenal e doenças da paratireoide e tireoide - Toxinas circulantes provocam vômitos por meio de seus efeitos na área postrema - Toxinas endógenas são produzidas na insuficiência hepática fulminante - Enterotoxinas exógenas podem ser produzidas nas infecções por bactérias entéricas - Intoxicação por etanol é uma etiologia tóxica DIAGNÓSTICO → ABORDAGEM AO PACIENTE Anamnese - Tempo dos sintomas - Conteúdo do vômito - Retardos graves do esvaziamento gástrico, o vômito com restos alimentares ingeridos dias antes - Hematêmese: úlcera, câncer ou laceração de Mallory-Weiss - Vômitos fecaloides: obstrução dos segmentos distais do intestino delgado ou do intestino grosso - Vômitos biliares excluem obstrução gástrica - Vômito de alimentos não digeridos: divertículo de Zenker ou acalasia - Sintomas associados - O vômito pode aliviar a dor abdominal causada por uma obstrução intestinal, porém não apresenta efeito sobre a pancreatite ou a colecistite - Perda de peso acentuada: possibilidade de câncer ou obstrução - Febre: inflamação - Causa intracraniana: cefaleia ou alterações dos campos visuais - Vertigem ou zumbido: doença do labirinto Exame físico - Hipotensão ortostática e turgor cutâneo reduzido: perda de líquido intravascular - Anormalidades pulmonares: aspiração de vômitos. - Os ruídos peristálticos: inaudíveis nos pacientes com íleo paralítico - Peristaltismo com tonalidade aguda: obstrução intestinal - Ruído de sucussão durante o movimento lateral abrupto do paciente: gastroparesia ou obstrução pilórica - Hipersensibilidade ou defesa involuntária: inflamação - Sangue nas fezes: lesão da mucosa causada por úlcera, isquemia ou tumor. - As doenças neurológicas evidenciam-se por edema das papilas ópticas, déficits do campo visual ou anormalidades neurais focais. - Massas palpáveis ou linfadenopatia: neoplasia maligna. → EXAMES COMPLEMENTARES Reposição de eletrólitos - Avaliar e repor eletrólitos perdidos → potássio – alcalose metabólica Hemograma - Anemia ferropriva + lesão de mucosa Exames bioquímicos - Função pancreática ou hepática Radiografias abdominais - DEVE SER REALIZADA EM PÉ - Avalia suspeita de obstrução intestinal - radiografias abdominais nas posições deitada e vertical podem mostrar níveis hidroaéreos intestinais com diminuição do ar colônic Exames hormonais e sorológicos Endoscopia digestiva - Detecta úlceras, tumores malignos e retenção de restos alimentares associados à gastroparesia Radiografia baritada Colonoscopia Ultrassonografia TC/RM Testes de motilidade intestinal - Detecta algum distúrbio motor subjacente -A gastroparesia é diagnosticada geralmente por cintilografia gástrica, que avalia a eliminação de uma refeição marcada radioativamente - A pseudo-obstrução intestinal é sugerida por trânsito anormal do bário e dilatação do lúmen na radiografia contrastada do intestino delgado - A manometria do intestino delgado pode caracterizar a anormalidade motora como neuropática ou dispensar a necessidade de realizar uma biópsia cirúrgica do intestino para detectar degeneração da musculatura lisa ou dos neurônios intestinai CONDUTA TERAPEUTICA → ANTIEMÉTICOS Ondansetrona - Antagonista dos receptores 5-HT: granisetrona e palonosetrona - Prevenção e tratamento de vômitos e, em menor proporção, de náuseas - Pós-operatório ou radioterapia ou administração de fármacos citotóxicos como a cisplatina - O local primário de ação desses fármacos é a ZGQ - Podem ser administrados por via oral o - Os efeitos adversos, como cefaleia e desconforto gastrointestinal, são relativamente incomuns Bromoprida - Regulador da motricidade gastroduodenal que estimula o peristaltismo gástrico a partir do centro, promovendo ativamente o esvaziamento do estômago - Atua primariamente na zona desencadeadora quimiorreceptora e, em grau menor, no centro do vômito - NÃO DEVE SER USADO EM CASOS DE OBSTRUÇÃO INTESTINAL, DEVIDO AO RISCO DE PERFURAÇÃO Metoclopramida - Antagonista do receptor D2 e é estreitamente relacionada com o grupo dos fenotiazínicos - Atua centralmente sobre a ZGQ - Ação periférica sobre o próprio trato gastrointestinal, aumentando a motilidade do esôfago, do estômago e do intestino - Tratamento do refluxo gastresofágico e distúrbios hepáticos e biliares. - Efeitos adversos: distúrbios do movimento (mais comuns em crianças e adultos jovens), cansaço, inquietação motora, torcicolo espasmódico (torção involuntária do pescoço) e crises oculógiras (movimentos oculares para cima involuntários) - Estimula a liberação de prolactina → HIDRATAÇÃO - Deve-se estabilizar o paciente → descompensação, diabetes, hidratação, soro com fármaco, reposição de potássio, uremia, função renal → USO CLÍNICO - Antagonistas dos receptores H1 da histamina: - Ciclizina: cinetose - Cinarizina: cinetose, distúrbios vestibulares (p. ex., doença de Ménière) - Prometazina: náuseas matinais intensas da gravidez - Antagonistas dos receptores muscarínicos: - Hioscina: cinetose - Antagonistas dos receptores D2 da dopamina: - Fenotiazínicos (p. ex., proclorperazina): vômitos causados por uremia, radiação, gastrenterite viral, náuseas matinais intensas da gravidez - Metoclopramida: vômitos causados por uremia, radiação, distúrbios gastrointestinais, citotóxicos - Pelo fato de passar a barreira hematoencefálica com dificuldade, a domperidona tem menos probabilidade de causar efeitos colaterais centrais. - Antagonistas dos receptores 5-HT3 da 5-hidroxitriptamina (p. ex., ondansetrona): citotóxicos ou radiação, vômitos pós-operatórios. - Canabinoides (p. ex., nabilona): citotóxicos - Queixas de tontura/movimento → dimenidrato/prometazina/meclizina