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Vestibulares Estilística GR0391 - (Fuvest) E Jerônimo via e escutava, sen�ndo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados. Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapo� mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhes as fibras embombecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno de Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca. (Aluísio Azevedo, O Cor�ço.) O conceito de hiperônimo (vocábulo de sen�do mais genérico em relação a outro) aplica-se à palavra “planta” em relação a “palmeira”, “trevos”, “baunilha” etc., todas presentes no texto. Tendo em vista a relação que estabelece com outras palavras do texto, cons�tui também um hiperônimo a palavra a) “alma”. b) “impressões”. c) “fazenda”. d) “cobra”. e) “saudade”. GR0274 - (Unesp) Leia o texto extraído da primeira parte, in�tulada “A terra”, da obra Os sertões, de Euclides da Cunha. A obra resultou da cobertura jornalís�ca da Guerra de Canudos, realizada por Euclides da Cunha para o jornal O Estado de S.Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada apenas em 1902. Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de 1897], as cercanias de Canudos, fugindo à monotonia de um canhoneio1 frouxo de �ros espaçados e soturnos, encontramos, no descer de uma encosta, anfiteatro irregular, onde as colinas se dispunham circulando um vale único. Pequenos arbustos, icozeiros2 virentes viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de flores ru�lantes, davam ao lugar a aparência exata de algum velho jardim em abandono. Ao lado uma árvore única, uma quixabeira alta, sobranceando a vegetação franzina. O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão e protegido por ela — braços largamente abertos, face volvida para os céus — um soldado descansava. Descansava... havia três meses. Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A coronha da Mannlicher 4 estrondada, o cinturão e o boné jogados a uma banda, e a farda em �ras, diziam que sucumbira em luta corpo a corpo com adversário possante. Caíra, certo, derreando-se à violenta pancada que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta. E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora percebido. Não compar�ra, por isto, a vala comum de menos de um côvado de fundo em que eram jogados, formando pela úl�ma vez juntos, os companheiros aba�dos na batalha. O des�no que o removera do lar desprotegido fizera-lhe afinal uma concessão: livrara-o da promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e deixara-o ali há três meses – braços largamente abertos, rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes, para os luares claros, para as estrelas fulgurantes... E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara conservando os traços fisionômicos, de modo a incu�r a ilusão exata de um lutador cansado, retemperando-se em tranquilo sono, à sombra daquela árvore benfazeja. Nem um verme — o mais vulgar dos trágicos analistas da matéria — lhe maculara os tecidos. Volvia ao turbilhão da vida sem decomposição repugnante, numa exaustão impercep�vel. Era um aparelho revelando de modo absoluto, mas suges�vo, a secura extrema dos ares. (Os sertões, 2016.) 1@professorferretto @prof_ferretto 1 canhoneio: descarga de canhões. 2 icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, flores de tom verde-pálido e frutos bacáceos. 3 palmatória: planta da família das cactáceas, de flores amarelo-esverdeadas, com a parte inferior vermelha, ou róseas, e bagas vermelhas. 4 Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ri�er von Mannlicher. Considerando-se o contexto, o termo que qualifica o substan�vo na expressão “adversário possante” (4º parágrafo) tem sen�do oposto ao termo que qualifica o substan�vo em a) “violenta pancada” (4º parágrafo). b) “tranquilo sono” (5º parágrafo). c) “anfiteatro irregular” (1º parágrafo). d) “fosso repugnante” (4º parágrafo). e) “vegetação franzina” (1º parágrafo). GR0395 - (Fuvest) Examine este cartaz, cuja finalidade é divulgar uma exposição de obras de Pablo Picasso. h�p://ins�tutotomieohtake.org.br Nas expressões “Mão erudita” e “Olho selvagem”, que compõem o texto do anúncio, os adje�vos “erudita” e “selvagem” sugerem que as obras do referido ar�sta conjugam, respec�vamente, a) civilização e barbárie. b) requinte e despojamento. c) modernidade e primi�vismo. d) liberdade e autoritarismo. e) tradição e transgressão. GR0055 - (Efomm) Com base no texto, responda à questão. Passeio à Infância Primeiro vamos lá embaixo no córrego; pegaremos dois pequenos carás dourados. E como faz calor, veja, os lagos�ns saem da toca. Quer ir de batelão, na ilha, comer ingás? Ou vamos ficar bestando nessa areia onde o sol dourado atravessa a água rasa? Não catemos pedrinhas redondas para a�radeira, porque é urgente subir no morro; os sanhaços estão bicando os cajus maduros. É janeiro, grande mês de janeiro! Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do morro e descer escorregando no capim até a beira do açude. Com dois paus de pita, faremos uma balsa, e, como o carnaval é no mês que vem, vamos apanhar taba�nga para fazer formas de máscaras. Ou então vamos jogar bola-preta: do outro lado do jardim tem um pé de saboneteira. Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher estranha, numa simples menina de pernas magras e vamos passear nessa infância de uma terra longe. É verdade que jamais comeu angu de fundo de panela? Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe ensino. Estaremos debaixo da goiabeira; eu cortarei uma forquilha com o canivete. Mas não consigo imaginá-la assim; talvez se na praia ainda houver pitangueiras... Havia pitangueiras na praia? Tenho uma ideia vaga de pitangueiras junto à praia. Iremos catar conchas cor-de- rosa e búzios crespos, ou armar o alçapão junto do brejo para pegar papa-capim. Quer? Agora devem ser três horas da tarde, as galinhas lá fora estão cacarejando de sono, você gosta de fruta-pão assada com manteiga? Eu lhe dou aipim ainda quente com melado. Talvez você fosse como aquela menina rica, de fora, que achou horrível nosso pobre doce de abóbora e coco. Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra fria do bambual; ali pescarei piaus. Há rolinhas. Ou então ir descendo o rio numa canoa bem devagar e de repente dar um galope na correnteza, passando rente às pedras, como se a canoa fosse um cavalo solto. Ou nadar mar afora até não poder mais e depois virar e ficar olhando as nuvens brancas. Bem pouca coisa eu sei; os outros meninos riram de mim porque cortei uma iba de assa- peixe. Lembro-me que vi o ladrão morrer afogado com os soldados de canoa dando �ros, e havia uma mulher do outro lado do rio gritando. Mas como eu poderia, mulher estranha, convertê-la em menina para subir comigo pela capoeira? Uma vez vi uma urutu junto de um tronco queimado; e me lembro de muitas meninas. Tinha uma que era para mim uma adoração. Ah, paixão da infância, paixão que não amarga. Assim eu queria gostar de você, mulher estranha que ora venho conhecer, homem maduro. Homem maduro, ido e vivido; mas quando a olhei, você estava distraída, meus olhos eram outra vez os encantados olhos daquele menino feio do segundo ano primário que quase não �nha coragem de olhar a menina um pouco mais alta da ponta direita do banco. Adoração de infância. Ao menos você conhece um passarinho chamado saíra? E um passarinho miúdo: imagine uma saíra grande quede súbito aparecesse a um menino que só �vesse visto coleiros e curiós, ou pobres cambaxirras. Imagine um arco-íris visto na mais remota infância, sobre os morros e o rio. O menino da roça que 2@professorferretto @prof_ferretto pela primeira vez vê as algas do mar se balançando sob a onda clara, junto da pedra. Ardente da mais pura paixão de beleza é a adoração da infância. Na minha adolescência você seria uma tortura. Quero levá-la para a meninice. Bem pouca coisa eu sei; uma vez na fazenda riram: ele não sabe nem passar um barbicacho! Mas o que sei lhe ensino; são pequenas coisas do mato e da água, são humildes coisas, e você é tão bela e estranha! Inu�lmente tento convertê-la em menina de pernas magras, o joelho ralado, um pouco de lama seca do brejo no meio dos dedos dos pés. Linda como a areia que a onda ondeou. Saíra grande! Na adolescência me torturaria; mas sou um homem maduro. Ainda assim às vezes é como um bando de sanhaços bicando os cajus de meu cajueiro, um cardume de peixes dourados avançando, saltando ao sol, na piracema; um bambual com sombra fria, onde ouvi silvo de cobra, e eu quisera tanto dormir. Tanto dormir! Preciso de um sossego de beira de rio, com remanso, com cigarras. Mas você é como se houvesse demasiadas cigarras cantando numa pobre tarde de homem. Julho, 1945 Crônica extraída do livro “200 crônicas escolhidas”, de Rubem Braga. Texto adaptado à nova ortografia. Assinale a opção em que um substan�vo presente no fragmento do texto tem uma noção de aglomerado, grande quan�dade. a) (...) os sanhaços estão bicando os cajus maduros. b) Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do morro e descer escorregando no capim até a beira do açude. c) (...) vamos apanhar taba�nga para fazer formas de máscaras. d) Tenho uma ideia vaga de pitangueiras junto à praia. e) Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra fria do bambual (...) GR0684 - (Espm) As frases abaixo, exceto uma, possuem ambiguidade (que se desfaz com aquilo que é chamado de “conhecimento de mundo"). Assinale a única que NÃO permite dupla leitura: a) Polícia dos EUA analisa denúncias de crime sexual contra Silvester Stallone. b) Barroso suspende decisão que restringiu proteção da Funai a terras indígenas homologadas. c) Donald Trump admi�u derrota e fala em fraude nas redes sociais. d) A acusação de envolvimento no caso “partygate” foi o mo�vo para o pedido de demissão de Munira Mirza, chefe de polí�ca do governo Boris Johnson. e) A convocação de Tite e a escalação de Felipe Cou�nho �nham sido ques�onadas. GR0701 - (Unicamp) ‘Nevou’ no Rio Em pleno verão, o fenômeno que vem chamando atenção nas ruas do Rio é conhecido como “nevada carioca”, ou apenas “nevou”. Trata-se da mania de descolorir, pla�nando os cabelos até os fios ficarem completamente brancos, que tomou conta das cabeças dos jovens de Norte a Sul e virou a febre do momento. A onda começou às vésperas do Natal, ganhou força no réveillon e entrou em janeiro lotando os salões. Nascida nas comunidades e nos subúrbios, a tendência ultrapassou fronteiras geográficas e sociais da cidade, principalmente depois de ganhar as redes e de ter conquistado ar�stas e atletas. Cabeleireiros e donos de salão apostam que o modismo resiste com força até os dias de folia. (Adaptado de: h�ps://oglobo.globo.com/rio/no�cia/2023/01/nevou- no-riomania-de-descolorir-o-cabelo-ate-ficar-quase- branco-viramoda-entre-os-cariocas.ghtml. Acesso em 22/06/2023.) No texto, o verbo nevar apresenta sen�do: a) literal e é sinônimo de descolorir. b) figurado e quer dizer embranquecer. c) metafórico e é antônimo de escurecer. d) metonímico e significa cabelos brancos. GR0717 - (Famerp) Examine a �ra de André Dahmer. 3@professorferretto @prof_ferretto Para obter seu efeito de humor, a �ra explora a ambiguidade do termo: a) “abrem”. b) “jovem”. c) “Coisas”. d) “Livros”. e) “motos”. GR0718 - (Famerp) É sina de minha amiga penar pela sorte do próximo, se bem que seja um penar jubiloso. Explico-me. Todo sofrimento alheio a preocupa, e acende nela o facho da ação, que a torna feliz. Não dis�ngue entre gente e bicho, quando tem de agir, mas como há inúmeras sociedades (com verbas) para o bem dos homens, e uma só, sem recursos, para o bem dos animais, é nesta úl�ma que gosta de militar. Os problemas aparecem-lhe em cardume, e parece que a escolhem de preferência a outras criaturas de menor sensibilidade e inicia�va. Os cães postam-se no seu caminho, e: — Dona, me leva — murmuram-lhe os olhos surrados pela vida mas sempre meigos. Outro dia o cão vinha pela rua, mancando, amarrado a um barbante e puxado por um bêbado pobre, mas tão bêbado como qualquer outro. Com o aperto do laço, o infeliz punha a alma pela boca. E o bêbado resmungava ameaças confusas. Minha amiga aproximou-se, com jeito. — Não faça assim com o pobrezinho, que ele sufoca. — Faço o que eu quero, ele é meu. — Mas é proibido maltratar os animais. — Eu não vou maltratar. Vou matar com duas navalhadas. Minha amiga pulou como Ademar Ferreira da Silva1: — Me dá esse cachorro. — Dar, não dou, mas vendo. Dez cruzeiros selaram o negócio, e, livre do barbante, o cachorro embarcou no carro de minha amiga. Felizmente, questão anoitecia — e ela penetrou no apartamento, sem impugnação do porteiro. Que prodígios não faz para amortecer o la�do dos hóspedes, lá dentro! (Uma vez, ante a reclamação do vizinho, explicou que era disco de jazz.) Já havia três cães instalados, não cabia mais. Tratou do bicho, chamou-lhe veterinário, curou-lhe a pata, deu-lhe vitamina e carinho. Só depois começou a providenciar uma casa de confiança para ele. Seu método consiste numa conversa mole com a pessoa: tem cachorro em casa? Por que não tem mais? Fugiu? Morreu de velho? (Se o cão fugiu, o dono não presta.) Conforme a ficha da pessoa, minha amiga lhe oferece o animal, ou não, e passa adiante. Desta vez o escolhido foi José, con�nuo de autarquia (não carece ser rico, mas bom, paciente, bem- humorado). José tem crianças, espaço cercado e vocação para dedicar-se. Minha amiga ofereceu-se para levar o cachorro ao longe subúrbio, José disse que não precisava, ela insis�u, ele idem. Afinal foram juntos, o carro subiu ladeira, desceu ladeira, e no alto do morro desvendou-se a triste casa de José, que não era casa cercada, era um corredor de cabeça de porco2, com cinco crianças, mulher e sogra de José empilhadas. Minha amiga compreendeu. José era mais pobre do que o cachorro e sem um mínimo de dinheiro não se compra ar livre e espaço para brincar. Seria cruel dizer a José: “Volto com o cachorro”. Felizmente o animal salvou a situação, tentando morder um dos garotos que lhe fizera festa. Minha amiga iluminou-se: “Está vendo, José? Ele não se acostuma. Vou te trazer outro, novinho”. José, desolado, aquiesceu. Minha amiga saiu voando para a cidade, entrou numa dessas casas onde se mar�rizam animais à venda, e resgatou o menor dos cachorrinhos recém-nascidos, que já penava numa jaula sem água e alimento, a um sol de fogo. “Para este, qualquer coisa é negócio, e melhora a vida.” Levou-o rápido, para José, que o recebeu de alma embandeirada. Agora, minha amiga tem dois problemas: arranjar um dono para o cachorro do bêbado, e dar um jeito nos cinco filhos de José. Mas resolve, não tenham dúvida. (70 historinhas, 2016.) 1 – Ademar Ferreira da Silva: atleta brasileiro, primeiro bicampeão olímpico do país; conquistou as medalhas de ouro no salto triplo nos Jogos de Helsinque 1952 e de Melbourne 1956. 2 – Cabeça de porco: cor�ço. 4@professorferretto @prof_ferretto “Os problemas aparecem-lhe em cardume, e parece que a escolhem de preferência a outras criaturas de menor sensibilidade e inicia�va.” (1.° parágrafo) “Uma vez, ante a reclamação do vizinho, explicou que era disco de jazz.” (11.° parágrafo) “Minha amiga iluminou-se: ‘Está vendo, José? Ele não se acostuma. Vou te trazer outro, novinho’.” (13.° parágrafo) Os termos sublinhados estão empregados, respec�vamente, em sen�do a) figurado, literal e literal.b) figurado, figurado e literal. c) literal, literal e figurado. d) literal, figurado e figurado. e) figurado, literal e figurado. GR0778 - (Espm) Das frases abaixo, a única construção frasís�ca aceita pela norma culta ou padrão da língua é: a) A negação do encontro entre a ministra e a secretária complicou o governo a nível de eleição. b) Haja vista os problemas ocorridos com o Senado, a ala oposicionista entrou com uma chuva de ações. c) O garoto de�do pelo policial na “crackolândia" se defendeu: “Eu sou de menor”. d) Segundo o IBGE, o eletrodomés�co mais presente nos lares brasileiros é a TV a cores. e) A rede de lojas de eletrodomés�cos faz entregas a domicílio também na Baixada San�sta. GR0833 - (Ufrr) Leia atentamente todas as alterna�vas e marque aquela em que as palavras destacadas nos exemplos são homônimas perfeitas, homógrafas e parônimas, nesta ordem. a) Eu como tomates todos os dias. / Vivo como se não houvesse amanhã. /// O molho está saboroso. / Eu molho as roupas com água da chuva. /// O desabamento do prédio é iminente. / Trata-se de um eminente pesquisador. b) É preciso re�ficar o documento. / É preciso ra�ficar o documento. /// Eu não cedo a pressões. / Ainda é cedo para ir embora. /// O governo aumentou os preços. / Eu governo a minha vida! c) Sempre olho para frente. / Seu olho parece irritado. /// O tráfego foi interrompido. / Isso é tráfico de influência. /// Eu caminho para a escola. / O caminho para a escola é íngreme. d) Quer que eu leve a salada? / A salada está leve. /// Quem é o dirigente máximo? / Quem é o mais diligente? /// A colher é para a sopa. / Eles vão colher as uvas maduras. e) A corte está em festa / O corte foi profundo. /// Eu rio sempre que ouço aquela piada. / A cidade é cortada por um rio. /// O rapaz é um cavalheiro! / O cavaleiro venceu a prova. GR0834 - (Unifor) Fui me confessar ao mar. O que ele disse? Nada. Disponível em h�ps://www.revistabula. com. Acesso em: 11 out. 2022. Esse texto de Lygia Fagundes Telles figura entre os “microcontos”, uma tendência de vanguarda minimalista. Com base na leitura do texto, analise as afirma�vas. I – A polissemia da palavra “nada” cria uma ambiguidade semân�ca. II – Devido ao contexto, a palavra “nada” refere-se somente ao verbo nadar. III – Na ambiguidade semân�ca, reside o caráter literário do texto. IV – “Nada” poderia ser subs�tuído por “coisa nenhuma” sem prejuízo do texto literário. É correto apenas o que se afirma em a) I. b) II. c) I e III. d) II e IV. e) II, III e IV. GR0835 - (Unb) Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo o bem e todo o mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das 5@professorferretto @prof_ferretto sensações. A consciência clara de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da vida efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade. Não existe nada de terrível na vida para quem está perfeitamente convencido de que não há nada de terrível em deixar de viver. Epicuro. Carta a Meneceu. São Paulo: UNESP, 2002, p. 28. A Carta a Meneceu é a obra de Epicuro que resume o que pensavam e viviam os epicuristas. Tendo esse excerto de texto como referência inicial, julgue o item. No primeiro período do texto apresentado, há entre os vocábulos “bem” e “mal” uma relação de a) antonímia. b) sinonímia. c) homonímia. d) paronímia. GR0836 - (Unic) Eles já foram acusados de tudo: distraídos, superficiais e até egoístas. Mas se preocupam com o ambiente, têm fortes valores morais e estão prontos para mudar o mundo. São impacientes, preocupados consigo próprios, interessados em construir um mundo melhor e, em pouco tempo, vão tomar conta do planeta. Com 20 e poucos anos, esses jovens são os representantes da chamada Geração Y, um grupo que está, aos poucos, provocando uma revolução silenciosa. Sem as bandeiras e o estardalhaço das gerações dos anos 60 e 70 do século passado, mas com a mesma força poderosa de mudança. Eles sabem que as normas do passado não funcionam – e as novas estão inventando sozinhos. Folgados e insubordinados são outros adje�vos menos simpá�cos para classificar os nascidos entre 1978 e 1990. Concebidos na era digital, democrá�ca e da ruptura da família tradicional, essa garotada está acostumada a pedir e ter o que quer. LOIOLA, Rita. Geração Y. Disponível em: . Acesso em: 5 jun. 2019. Adaptado. Opõem-se quanto ao sen�do os termos transcritos em a) “distraídos” (1º parágrafo) e “interessados” (2º parágrafo). b) “superficiais” (1º parágrafo) e “Folgados” (4º parágrafo). c) “egoístas” (1º parágrafo) e “sozinhos” (3º parágrafo). d) “fortes” (1º parágrafo) e “simpá�cos” (4º parágrafo). e) “impacientes” (2º parágrafo) e “insubordinados” (4º parágrafo). GR0837 - (Imepac) O mecanismo de linguagem responsável pela construção da mensagem comunica�va do cartaz é a) a polissemia, que explora o duplo sen�do da palavra “tocar”. b) o advérbio “onde”, que indica locais que não devem ser tocados. c) o impera�vo verbal, que expõe uma ordem aos leitores do cartaz. d) a hashtag, que sugere que a campanha foi divulgada no meio digital. GR0838 - (Unichristus) O efeito cômico produzido pela leitura decorre, principalmente, do fenômeno linguís�co denominado 6@professorferretto @prof_ferretto a) paródia. b) paráfrase. c) polissemia. d) sinonímia. e) intertextualidade. GR0839 - (Fema) Considere a propaganda abaixo. A mensagem transmi�da pela propaganda está centrada na duplicidade de sen�dos, no contexto, do termo a) “propaganda”. b) “negócio”. c) “grande”. d) “fechar”. e) “seu”. GR0840 - (Unieva) Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de um produto alimen�cio. Em respeito a sua natureza, só trabalhamos com o melhor da natureza. Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a sua casa. Porque faz parte da natureza dos nossos consumidores querer produtos saborosos, nutri�vos e, acima de tudo, confiáveis. www.destakjornal.com.br, 23/09/2019. Adaptado. Acesso em: 03 out.2019. Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor a) explora o caráter polissêmico das palavras. b) serve-se do procedimento textual da sinonímia. c) recorre à reiteração de vocábulos homônimos. d) mescla as linguagens cien�fica e jornalís�ca. GR0841 - (Fatec) Empresa transforma seu laptop escolar em ‘e-book’ Os fabricantes de produtos eletrônicos deram mais um passo na evolução do mercado dos laptops escolares. Uma empresa americana apresentou um protó�po da nova versão de seu Classmate, um computador portá�l criado especialmente para uso em sala de aula. O jornal Valor Econômico teve acesso com exclusividade ao equipamento, que começará a chegar ao mercado no segundo trimestre de 2010. A bateria do equipamento, que na versão atual dura no máximo seis horas, foi estendida para até oito horas e meia. A principal novidade, no entanto, é a capacidade de converter o equipamento em um suporte diferenciado de livros digitais. O aluno pode girar a tela e, com a ponta do dedo, “folhear” as páginas do livro; pode também fazer anotações usando uma caneta acoplada ao computador. Um so�ware de colaboração permite que os estudantes compar�lhem, instantaneamente, os arquivos e o conteúdo mostrados na tela. Enquanto olha para licitações públicas, a empresa também corre para fechar acordo com fabricantes e redes varejistas, que deverão colocar os novos laptops da empresa nas prateleiras nos próximos meses. BORGES, André. Valor Econômico, 07.03.2010. Adaptado. Observe o trecho: O aluno pode girar a tela e, com a ponta do dedo, “folhear” as páginas do livro... A intenção do autor, ao destacar a palavra “folhear” com aspas, é a) gerar o sen�do de ação repe��va. b) impor um sen�do pejora�vo. c) indicar o erro gráfico. d) sinalizar o sen�do conota�vo. e) assinalar seu valor onomatopaico. GR0842 - (Esc. Naval) Não, os livros não vão acabarNão sei se é a próxima chegada da Amazon ao Brasil ou a profecia maia do fim do mundo, mas o fato é que nunca vi tanta gente preocupada com o fim do livro. São estudantes que me escrevem mo�vados por pesquisas escolares, organizadores de eventos literários que me pedem palestras, leitores que manifestam sua apreensão. Em alguns casos, percebo uma espécie perversa de prazer apocalíp�co, mas logo desaponto quem quer ver o mar pegando fogo para comer camarão cozido: é que absolutamente não acredito que o livro vai acabar. Tenho escrito reiteradas vezes sobre o assunto; estou, aliás, numa posição bastante confortável para fazê-lo. Gosto igualmente de livros e de tecnologia, e seria a primeira a abraçar meus dois amores reunidos num só objeto; mas embora o Kindle e os vários pads tenham o seu valor como readers, os livros em papel não estão tão 7@professorferretto @prof_ferretto próximos da ex�nção quanto, digamos, o �gre de Sumatra. Para começo de conversa, é preciso lembrar que o negócio das editoras não é vender papel, mas sim vender histórias. O papel é apenas o suporte para os seus produtos. Aos poucos, em alguns casos, ele tende a ser mesmo subs�tuído pelos tablets. Não dou vida longa aos livros de referência em papel. Estes funcionam melhor, e podem ser mais facilmente atualizados, em forma eletrônica. O caso clássico é o da Enciclopédia Britannica, cujos editores anunciaram, no começo do ano, que a edição corrente, de 2010, seria a úl�ma impressa, marcando o fim de 244 anos de uma bela - e volumosa - história em papel. Embora quase todos os conjuntos de folhas impressas reunidos entre duas capas recebam o mesmo nome de livro, nem todos exercem a mesma função. Há livros e livros. Um manual técnico é um animal completamente diferente de um romance; um livro escolar não guarda nenhuma semelhança com um livro de arte; uma antologia poé�ca e um guia de viagem são produtos que só têm em comum o fato de serem vendidos no mesmo lugar. Há livros que só funcionam em papel. É o caso dos livros que os povos angloparlantes denominam coffee table books, “livros de mesinha de centro” - aqueles livrões bonitos, em formato grande, cheios de ilustrações e muito incômodos de ler no colo, impossíveis de levar para a cama. Estes são objetos que se destacam pelo tamanho, pela qualidade de impressão, pela vista que fazem. Quem quer ver um livro desses num tablet? Quem quer presentear um desses em e-formato? Há também os grandes clássicos, os romances que todos amamos e queremos ter ao alcance da mão. Esses são aqueles livros que, em geral, lemos pela primeira vez em formato de bolso, mas aos quais nos apegamos tanto que, não raro, acabamos comprando uma segunda edição, mais bonita, para nos fazer companhia pelo resto da vida. Isso explica as lindas edições que a Zahar, por exemplo, tem feito de obras que já encantaram várias gerações, como “Peter Pan”, “Os três mosqueteiros" ou “Vinte mil léguas submarinas”: livros lindos de se ver e de se pegar, cujo esmero �sico complementa a edição caprichada. Ganhar de presente um livro desses é uma alegria que não se tem com um vale para uma compra eletrônica. Fica a dica, aliás, já que o Natal vem aí. Há prazeres e sensações que só tem com o papel. Gosto de perceber o tamanho de um livro à primeira vista. Um tablet pode me informar quantas páginas um volume tem, mas essa informação é abstrata. Saber que um livro tem 500 páginas ou ver que um livro tem 500 páginas são coisas diferentes. Gosto também de folhear um livro e de fazer uma espécie de leitura em diagonal antes de me decidir pela compra. Isso é impossível de fazer com ebooks. Sem falar, é claro, do cheiro inigualável dos livros em papel. RÓNAI, Cora. Jornal O Globo, Economia, 12.11.2012. Assinale a opção em que a troca de posição dos termos destacados provocaria uma mudança no valor semân�co. a) “[...] aqueles livrões bonitos, em formato grande, cheios de ilustrações e muito incômodos de ler no colo [...].” (5º§) b) “Há também os grandes clássicos, os romances que todos amamos e queremos ter ao alcance da mão.” (6º§) c) “Isso explica as lindas edições que a Zahar, por exemplo, tem feito de obras [...].” (7º§) d) “[...] cujo esmero �sico complementa a edição caprichada.” (7º§) e) “Sem falar, é claro, do cheiro inigualável dos livros em papel.” (9º§) GR0843 - (Fip) O humor dessa �rinha explora recurso grama�cal rela�vo à: a) pontuação. b) concordância. c) ortografia. d) regência. e) polissemia. GR0844 - (Unifor) – Então, o senhor sofre de reuma�smo? – É claro. O que o senhor queria? Que eu usufruísse do reuma�smo, que eu desfrutasse do reuma�smo, que eu fruísse do reuma�smo, que eu gozasse o reuma�smo? Fonte: Platão e Fiorin. Lições de texto. São Paulo: Á�ca, 2010. Os textos de humor fazem largo uso da dupla possibilidade de leitura. Marque a opção em que se encontra o recurso humorís�co u�lizado no texto. 8@professorferretto @prof_ferretto a) A dupla possibilidade de leitura é sugerida pelo uso da palavra reuma�smo. b) O duplo sen�do desse texto evidencia-se na repe�ção da palavra reuma�smo. c) O verbo sofrer possibilita apenas uma interpretação. d) O verbo sofrer possibilita mais de uma interpretação, pois assume dois sen�dos: “ter” e “padecer” respec�vamente. e) O duplo sen�do evidencia-se na pergunta feita ao interlocutor. GR0848 - (Fcmscsp) Examine o cartum de Richard Bi�encourt, o Fí, publicado em sua conta do Instagram em 13.05.2023. Para obter seu efeito de humor, o cartum explora o seguinte recurso expressivo: a) pleonasmo. b) ambiguidade. c) metalinguagem. d) eufemismo. e) hipérbole. GR0849 - (Unesp) Examine a �rinha do cartunista Silva João, publicada em sua conta do Instagram em 26.09.2019. O efeito de humor da �rinha está centrado na ambiguidade do termo a) “inspire”. b) “cheguei”. c) “bolso”. d) “acreditei”. e) “sonho”. GR0850 - (Albert Einstein) Examine a �rinha de Fernando Gonsales, publicada na conta do Instagram “Depósito de Tirinhas”, em 23.04.2020. Para obter seu efeito de humor, a �rinha explora o seguinte recurso expressivo: a) eufemismo: o emprego de palavra ou expressão no lugar de outra palavra ou expressão considerada desagradável. b) ambiguidade: a presença, num texto, de uma unidade linguís�ca que pode significar coisas diferentes. c) hipérbole: a ênfase resultante do exagero na expressão ou na comunicação de uma ideia. d) an�tese: a oposição, numa mesma expressão ou frase, de duas palavras ou de dois pensamentos de sen�dos contrários. e) sinestesia: a aproximação, na mesma expressão, de sensações percebidas por diferentes órgãos dos sen�dos. GR0851 - (Fgvsp) Leia o texto de Michel de Montaigne para responder à questão. Os que se dedicam à crí�ca das ações humanas jamais se sentem tão embaraçados como quando procuram agrupar e harmonizar sob uma mesma luz todos os atos dos homens, pois estes se contradizem comumente a tal ponto que não parecem provir de um mesmo indivíduo. [...] Somos todos cons�tuídos de peças e pedaços 9@professorferretto @prof_ferretto juntados de maneira casual e diversa, e cada peça funciona independentemente das demais. Daí ser tão grande a diferença entre nós e nós mesmos quanto entre nós e outrem: “Crede-me, não é coisa fácil conduzir-se como um só homem” [Sêneca]. (Michel de Montaigne apud Eduardo Gianne�. O livro das citações, 2008.) Para evitar a sua repe�ção, o autor omite um substan�vo no seguinte trecho: a) “Os que se dedicam à crí�ca das ações humanas jamais se sentem tão embaraçados”. b) “Somos todos cons�tuídos de peças e pedaços juntados de maneira casual e diversa”. c) “e cada peça funciona independentemente das demais”. d) “Daí ser tão grande a diferença entre nós e nós mesmos”. e) “Crede-me, não é coisa fácil conduzir-se como um só homem”. 10@professorferretto @prof_ferretto