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Principais patologias relacionadas ao sistema cardíaco As doenças cardíacas coronarianas (DCC) apresentam uma fisiopatologia complexa, pois envolvem múltiplos fatores anatômicos e funcionais. Um exemplo é a aterosclerose coronária, uma das responsáveis por essas doenças, que possui variações em seu aspecto, distribuição, gravidade, localização. (CHEREGATTI; AMORIM, 2010). Fluxo coronariano: na insuficiência coronariana, há uma desproporção entre o fluxo coronário e a oferta de oxigênio, de um lado; entre demandas metabólicas do miocárdio e consumo de oxigênio de outro. Esse desequilíbrio produz o que chamamos de isquemia miocárdica. Cardiopatia Isquêmica Aguda (IAM) Resulta da falta de suprimento sanguíneo adequado ao coração, resultando em fornecimento insuficiente de oxigênio para atender às demandas do músculo cardíaco. Essa condição é chamada de isquemia, causada, geralmente, por formação de trombo no local de uma ruptura da placa aterosclerótica dentro de uma artéria coronariana. Essa diminuição de oxigênio pode causar no paciente desconforto no tórax (angina), falta de ar, sudorese, náuseas. Etiologia e Fisiopatologia: Formação de trombo e consequente obstrução do fluxo sanguíneo coronariano fazem parte da fisiopatologia da doença isquêmica cardíaca. A formação do trombo nas artérias é iniciada por fissura e ruptura da placa aterosclerótica na parede da artéria coronariana. Essa placa muitas vezes pode tornar-se instável, romper e levar o conteúdo para o lúmen da artéria coronariana, causando ativação de fatores de coagulação no local da ruptura da placa. A ruptura da placa e a consequente formação de trombos podem ocluir a artéria coronariana. Muitas pessoas apresentam essas placas aos 30 anos de idade, porém são consideradas “estáveis”, pois permitem o fluxo sanguíneo por meio das artérias coronarianas e não são propensas a eventos que levam a angina instável ou infarto do miocárdio. Em placas jovens, em crescimento, a cápsula pode tornar-se fina e romper, o que resulta em angina instável, isquemia ou infarto do miocárdio. Após diminuição na oferta de oxigênio para o miocárdio, as membranas celulares de miócitos “hipóxicos” desenvolvem aumento da permeabilidade. A célula não regula mais seu ambiente interno e externo e morre, liberando substâncias citotóxicas para a corrente sanguínea. Esses miócitos liberam quantidades significativas de mioglobina, troponina I e T e creatinina quinase específica do músculo cardíaco (CK-MB) ao morrerem, causando elevação nos valores laboratoriais dessas enzimas e confirmando o diagnóstico de IAM. Manifestações clínicas: As manifestações clínicas são muito parecidas na maioria das síndromes coronarianas agudas. Podem destacar-se como: ● Dor ou desconforto, geralmente no tórax: pressão ou aperto no tórax, dor na mandíbula ou garganta, dor ou desconforto no braço esquerdo, desconforto epigástrico, dor escapular; ● Náuseas, vômitos; ● Instabilidade hemodinâmica: hipotensão (PA sistólica > 90 mmHg ou 20 mm Hg abaixo da linha de base); índice cardíaco (IC) ao exercício. Manifestações Clínicas: independente da causa, da fraqueza da bomba, pacientes com IC apresentam sinais e sintomas de sobrecarga de volume intravascular e intersticial; perfusão tecidual inadequada. Geralmente ocorrem: dispneia aos esforços e postural noturna, edema pulmonar, distensão venosa jugular, desconforto ou aperto no tórax, edema periférico, pele pálida, fria, cianótica, oligúria, relato de ganho de peso, fadiga . Infarto Agudo do Miocárdio O ataque cardíaco (infarto) ocorre pela insuficiência de sangue oxigenado na área do coração, devido à obstrução de uma veia coronária. Quando o sangue não consegue fluir na região, o músculo entra em um processo de necrose, o que pode levar o paciente à morte. A obstrução da veia coronária acontece por conta de um coágulo de sangue que se forma acima da placa de gordura que reveste a veia, levando à impossibilidade de o sangue fluir (isquemia) e ocasionar a morte celular. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 300 mil infartos acontecem por ano no Brasil e, desses, 80 mil acabam sendo fatais, por não receberem o tratamento adequado, ou por não controlarem os fatores de risco que podem desencadear a doença. Com a evolução tecnológica, com o passar dos anos, a taxa de mortalidade, atualmente, está em cerca de 4 a 5% de todos os casos, ou seja, 10 vezes menor do que 50 anos atrás. O infarto também pode ser conhecido como: ● infarto do miocárdio; ● síndrome coronariana aguda; ● trombose coronária; ● oclusão coronária. Causas do Infarto: Ocorre quando uma ou mais de suas artérias ficam bloqueadas. Por acúmulo de várias substâncias, incluindo o colesterol, a artéria pode estreitar, gerando uma doença chamada Doença Arterial Coronariana, principal causa da maioria dos infartos. Durante um episódio de infarto, uma dessas placas de substâncias pode romper e derramá-las na corrente sanguínea, formando um coágulo de sangue no local do rompimento, impedindo que o fluxo de sangue chegue em quantidade suficiente ao músculo cardíaco. Outra causa bastante comum é um espasmo de uma artéria coronária, que desliga por completo o fluxo sanguíneo que vai até o coração; também pode ocorrer devido a um rasgo na artéria do coração. Fatores de risco: são divididos Principais fatores de risco: pesquisas apontam que determinados fatores imutáveis aumentam consideravelmente as chances de desenvolvimento de uma doença cardiovascular; Fatores de risco modificáveis: grande parte dos fatores de risco do infarto pode ser modificada através da mudança de estilo de vida ou do uso de medicamentos; Fatores de risco contribuintes: fatores associados com o aumento do risco de doença cardiovascular e que também influenciam em casos de infarto. Sintomas: muitos não apresentam nenhum sintoma. Porém, quando aparecem, podem ser divididos entre os clássicos e os mais atípicos que, normalmente, são mais comuns em mulheres. Com relação à duração, podem durar de alguns minutos a horas, podendo surgir, desaparecer e surgir novamente. Os mais clássicos são: dor no peito, que pode irradiar para o braço esquerdo, pescoço, estômago e costas; suor frio; desmaio. Alguns outros sintomas que normalmente ocorrem nas mulheres: enjoos; vômitos; falta de ar; fadiga excessiva; desconforto no peito e arritmia. Noções de eletrocardiograma (ECG) O eletrocardiograma registra as atividades elétricas do coração em forma de ondas que mostram a despolarização (contração) e a repolarização (relaxamento). Possibilita a identificação de distúrbios do ritmo, alterações da condução e desequilíbrios eletrolíticos. Auxilia no diagnóstico e monitoração de alguns distúrbios: infarto do miocárdio, entre outros. Conceito de derivações: a derivação fornece uma visão da atividade elétrica do coração entre um polo positivo e outro negativo. Cada derivação produz formas de onda características, com base na direção do fluxo da corrente elétrica. Derivações Periféricas e Derivações Precordiais: I, II, III (bipolares); aVR, aVL, aVF (unipolares): fornecem informações sobre o plano frontal do coração. V1, V2, V3, V4, V5, V6 (unipolares): fornecem informações sobre o plano horizontal do coração. Colocação dos eletrodos: ● V1R: quarto espaço intercostal (EIC), borda esternal direita; ● V2R: quarto EIC, borda esternal esquerda; ● V3R: meia distância entre V2R e V4R; ● V4R: quinto EIC esquerdo na linha hemiclavicular; ● V5R: na linha axilar anterior, na mesma altura de V4; ● V6R: na linha axilar média, na mesma altura de V5. A localização dos eletrodos é visualizada na figura 2. Figura 2: Colocação dos eletrodos Conceitos gerais: Onda P: representa a atividade elétrica associada com o impulso inicial gerado no nódulo SA e a sua passagem através dos átrios. Intervalo PR: período que vai do início da onda P até o começo do complexo QRS e significa o tempo que o impulso original leva para atingir os ventrículos. Complexo QRS: a ativação dos ventrículos produz um complexo de pontas que convencionalmente contém três ondas. A 1ª deflexão para baixo denomina-se Q; a 1ª para cima de grande amplitude, R; e a 2ª para baixo, S. Segmento ST: período entre o término da estimulação (despolarização) e o início da recuperação (repolarização) dos músculos ventriculares. Onda T: representa a maior parte da fase de recuperação ventricular após uma contração. Onda U: segue a onda T, não sendo sempre visível. Ritmo sinusal (ritmo normal): o intervalo PR é normal e não se altera entre um batimento e outro; a FC oscila entre 70 a 110 bpm, mas pode variar com emoções, dor, arritmias. MÉTODO DE OITO PASSOS PARA AVALIAÇÃO DO ECG: 1- Determine o ritmo, conforme figura 3. ● Ritmo atrial: meça os intervalos P-P em vários ciclos; ● Se for sempre similar, o ritmo atrial é regular; ● Se apresentar variações, o ritmo atrial é irregular. Figura 3. Determinação do ritmo cardíaco no ECG 2- Calcule a frequência, conforme figura 4. ● 300 ÷ n° de quadrados grandes entre R-R; ● 1500 ÷ n° de quadrados pequenos entre R-R (1.500 quadradinhos equivalem a 1 min). Figura 4. Cálculo da FC no ECG 3- Avalie a onda P, conforme a figura 5. ● Determine se uma onda P está presente em cada complexo QRS; ● Avalie se ela apresenta configuração, tamanho, formas normais. Figura 5. Avaliação onda P 4- Determine a duração do intervalo PR, conforme figura 6. ● Conte os quadrados pequenos entre o início da onda P e o início do complexo QRS; ● Multiplique o número de quadrados por 0,04s; ● Determine se a duração é normal (0,12 a 0,20s, ou 3 a 5 quadrados menores) e constante. Figura 6. Intervalo PR 5- Determine a duração do complexo QRS, conforme figura 7. ● Meça desde o início do complexo QRS até o final da onda S; ● Conte o número de quadrados pequenos entre o início e o fim do complexo QRS; ● Multiplique esse número por 0,04s; ● Determine se a duração é normal (0,06 a 0,010s), se todos os complexos QRS apresentam o mesmo tamanho e a mesma forma. Figura 7. Complexo QRS 6- Avalie a onda T: ● Determine se as ondas T estão presentes e se apresentam forma e amplitude normais; ● Avalie se uma onda P pode estar oculta em uma onda T. 7- Determine a duração do intervalo QT: ● Conte os quadrados pequenos entre o início do complexo QRS e o final da onda T; ● Multiplique esse número por 0,04s; ● Determine se a duração é normal (0,36 a 0,44s). 8- Avalie outros componentes: ● Certifique-se de que a forma da onda não esteja representando problemas com o monitor; ● Examine o segmento ST quanto à presença de alterações; ● Procure uma onda U; ● Classifique o traçado com as seguintes condições: FC, ritmo. Algumas arritmias cardíacas: 1- Assistolia (figura 8): ● Ausência de frequência ou ritmo atrial ou ventricular; ● Ausência de ondas P, complexos QRS ou ondas T discerníveis; Causas: Isquemia miocárdica, insuficiência cardíaca, hipocalemia, acidose grave, choque elétrico, arritmia ventricular, bloqueio AV, embolia pulmonar; overdose de cocaína. Tratamento: Continuar reanimação cardiopulmonar (RCP), intubação, estimulação temporáriae administração de adrenalina e atropine. Figura 8. Assistolia 2- Bloqueio átrio ventricular (BAV) de primeiro grau: ● Ritmo atrial e ventricular regulares; ● Intervalo PR > 0,20s; ● Onda P precede o complexo QRS; ● Complexo QRS normal. Causas: pode ser encontrado em pessoas saudáveis ● IM ou isquemia de parede inferior, hipotireoidismo, hipocalemia e hipercalemia; ● Toxicidade por digoxina, uso de betabloqueadores, amiodarona. Tratamento: correção da causa subjacente ● Utilizar atropina, se houver bradicardia sintomática grave; ● Uso cauteloso de digoxina, betabloqueadores. Figura 9. Bloqueio AV de primeiro grau 3- Bloqueio AV de Segundo grau: ● Ritmo atrial regular; ● Ritmo ventricular irregular; ● Intervalo PR progressivamente mais longo, com cada ciclo até o desaparecimento do complexo QRS (batimento perdido); ● Intervalo PR mais curto após o batimento perdido. Causas: cirurgia cardíaca, febre, toxicidade por digoxina, uso de propranolol. Tratamento: da causa subjacente; atropina ou marcapasso temporário para bradicardia sintomática; interrupção da digoxina, se for apropriado. Figura 10. Bloqueio AV de segundo grau 4- Bradicardia Sinusal: ● Ritmos atrial e ventricular regulares; ● FC 400bpm; ● Intervalo PR indiscernível; ● Ausência de ondas P; ● Complexo QRS de configuração e duração uniformes. Causas: insuficiência cardíaca, DPOC, pericardite, embolia pulmonar, sepse, irritação bpm atrial; uso de nifedipina e digoxina. Tratamento: se o paciente estiver instável e com frequência ventricular > 150, realiza-se cardioversão imediata; ● Se o paciente estiver estável, utilizar amiodarona, digoxina; pode ser utilizada a anticoagulação. Figura 12: Fibrilação atrial 6- Fibrilação Ventricular: ● Ritmo e frequência ventriculares são caóticos e rápidos; ● Complexo QRS largos e irregulares; não há ondas P visíveis. Causas: isquemia miocárdica, taquicardia ventricular, hipocalemia, hipercalemia, choque elétrico, hipotermia, toxicidade por digoxina. Tratamento: RCP, administrar adrenalina, amiodarona ou lidocaína e, se ineficaz, sulfato de magnésio. Figura 13: Fibrilação ventricular 7- Flutter Atrial: ● Ritmo atrial regular; FC de 250 a 400 bpm; ● FC ventricular variável, dependendo do grau de bloqueio (geralmente FC 60 a 100bpm); ● Ausência de ondas P, configuração em dente de serrote é comum na derivação II; ● Os complexos QRS têm forma uniforme, mas o ritmo é frequentemente irregular. Causas: insuficiência cardíaca, embolia pulmonar, infarto, toxicidade por digoxina. Tratamento: se o paciente estiver instável e com FC > 150 bpm, realiza-se a cardioversão imediata; se o paciente estiver estável, utilizar tratamento farmacológico betabloqueador, amiodarona ou digoxina. Também pode ser necessária a anticoagulação. Figura 14: Flutter atrial Taquicardia Ventricular: frequência ventricular entre 100 e 220 bpm; ritmo geralmente regular; ● Complexos QRS largos, bizarros e independentes das ondas P; ● Ondas P indiscerníveis; ● Pode começar e parar repentinamente. Causas: isquemia miocárdica, coronariopatia, cardiopatia, prolapso da valva mitral, insuficiência cardíaca, hipocalemia, hipercalemia, embolia pulmonar; toxicidade por digoxina; ansiedade. Tratamento: com pulso - se hemodinamicamente estável com complexo QRS, administra-se amiodarona ou lidocaína; caso os fármacos sejam ineficazes, cardioversão elétrica. Podem ser realizados outros tratamentos. Figura 15: Taquicardia ventricular Suporte Básico de Vida Avaliação Primária do Paciente Conduta 1: Avaliar a responsividade (chamar o paciente) e expansão torácica: se não responsivo e sem movimentos respiratórios, checar pulso central; se pulso ausente, iniciar Protocolo de Parada Cardiorrespiratória (PCR); se pulso presente, abrir via aérea (VA) com manobras manuais (hiperextensão da cabeça e elevação do queixo) e iniciar suporte ventilatório; se não responsivo, com movimentos respiratórios, garantir a permeabilidade de via aérea e considerar suporte ventilatório; se responsivo, prosseguir avaliação. Conduta 2: Avaliar permeabilidade de VA e corrigir situações de risco com: hiperextensão da cabeça e elevação do queixo, cânula orofaríngea, aspiração e retirada de próteses, se necessário. Conduta 3: Avaliar ventilação: padrão ventilatório, simetria torácica, frequência respiratória e considerar a administração de O2. Conduta 4: Avaliar estado circulatório: presença de hemorragias externas de natureza não traumática; pulsos periféricos ou centrais: frequência, ritmo, amplitude, simetria; tempo de enchimento capilar; Pele: coloração e temperatura; na presença de sangramento ativo, considerar compressão direta, se possível. Conduta 5: Avaliar estado neurológico: Escala de Coma de Glasgow e avaliação pupilar: fotorreatividade e simetria. Avaliação Secundária do Paciente Realizar em toda abordagem de pacientes com agravo clínico, após a realização da Avaliação Primária e das intervenções específicas dessa fase do atendimento. Avaliação Secundária do Paciente Realizar em toda abordagem de pacientes com agravo clínico, após a realização da Avaliação Primária e das intervenções específicas dessa fase do atendimento. Conduta 1: Realizar a entrevista SAMPLA (com o paciente, familiares ou terceiros): nome e idade; queixa principal. S: verificação dos sinais vitais: respiração (frequência, ritmo e amplitude); pulso (frequência, ritmo e amplitude); pressão arterial; pele (temperatura, cor, turgor e umidade). A: História de alergias. M: medicamentos em uso e/ou tratamentos em curso. P: Passado médico – problemas de saúde ou doença prévia. L: horário da última ingestão de líquidos ou alimentos. A: ambiente do evento. Conduta 2: Realizar a avaliação complementar: instalar oximetria de pulso, se disponível; mensurar a glicemia capilar, se disponível. Conduta 3: Realizar o exame da cabeça aos pés - Cabeça e face: inspecionar e palpar o couro cabeludo, orelhas, ossos da face, olhos, pupilas (verificar diâmetro, reação à luz e simetria pupilar), nariz, boca; observar alterações na coloração e temperatura da pele. Pescoço: avaliar região anterior e posterior; avaliar, em especial, se há distensão das veias jugulares. Tórax: observar, em especial, se há uso de musculatura acessória, tiragem intercostal e de fúrcula, movimentos assimétricos. Abdome: observar abdome distendido. Membros superiores: observar, em especial, a palpação de pulsos distais e perfusão dos membros; avaliar a força motora, solicitando que o paciente aperte a mão do profissional e/ou eleve um braço de cada vez, se descartada qualquer potencial lesão. Membros inferiores: observar, em especial, a palpação de pulsos distais e perfusão dos membros (reenchimento capilar); avaliar a força motora, solicitando que o paciente movimente os pés e/ou eleve uma perna de cada vez, se descartada qualquer potencial lesão. Objetivo específico da avaliação secundária: localizar alterações na cor da pele ou mucosas, assimetrias morfológicas, instabilidades hemodinâmicas, ruídos anômalos emitidos pelo paciente, alterações de motricidade e sensibilidade. Registrar detalhadamente os achados da avaliação secundária. OVACE – Obstrução de vias aéreas por corpos estranhos Quando suspeitar ou testemunhar episódio de engasgo com tosse e/ou sinais de sufocação. Conduta 1: Avaliar a severidade - obstrução leve: paciente capaz de responder se está engasgado, consegue tossir, falar e respirar. Obstrução grave: paciente consciente e que não consegue falar; pode não respirar ou apresentar respiração ruidosa, tosse silenciosa e/ou inconsciência.Conduta 2: Considerar abordagem específica - obstrução leve em paciente responsivo: não realizar manobras de desobstrução (não interferir); acalmar o paciente; incentivar tosse vigorosa; monitorar e suporte de O2, se necessário; observar atenta e constantemente. Obstrução grave em paciente responsivo: executar a manobra de Heimlich - posicionar-se por trás do paciente, com seus braços à altura da crista ilíaca; posicionar uma das mãos fechada, com a face do polegar encostada na parede abdominal, entre apêndice xifoide e a cicatriz umbilical; com a outra mão espalmada sobre a primeira, comprimir o abdome em movimentos rápidos, direcionados para dentro e para cima (em j); e repetir a manobra até a desobstrução ou o paciente tornar-se não responsivo, conforme figura 1. Figura 1. Manobra de Heimlich Obs.: Em pacientes obesas e gestantes no último trimestre, realize as compressões sobre o esterno (linha intermamilar) e não sobre o abdome, conforme figura 2. Figura 2: Manobra de Heimlich em gestante Obstrução grave em paciente irresponsivo: posicionar o paciente em decúbito dorsal em uma superfície rígida. Diante de irresponsividade e ausência de respiração com pulso, executar compressões torácicas com objetivo de remoção do corpo estranho; abrir vias aéreas, visualizar a cavidade oral e remover o corpo estranho, se visível e alcançável (com dedos ou pinça). Se nada encontrado, realizar 1 insuflação e, se o ar não passar ou o tórax não expandir, reposicionar a cabeça e insuflar novamente; considerar o transporte imediato, mantendo as manobras básicas de desobstrução (conforme figura 3). Figura 3: Manobra em pacientes com obstrução grave Conduta 3: Estar atento à ocorrência de PR ou PCR. Conduta 4: Realizar contato com a Regulação Médica e passar os dados de forma sistematizada. Conduta 5: Aguardar orientação da Regulação Médica para procedimentos e/ou transporte para a unidade de saúde. Parada Respiratória no Adulto Quando o paciente estiver irresponsivo ao estímulo, com respiração agônica ou ausente, com pulso central palpável. Conduta 1: Checar responsividade (tocar os ombros e chamar o paciente em voz alta) e checar a presença de respiração. Se não responsivo e respiração ausente ou gasping, posicionar o paciente em decúbito dorsal em superfície plana, rígida e seca. Conduta 2: Solicitar ajuda (DEA – desfibrilador externo automático). Conduta 3: Checar pulso central (carotídeo) em 10 segundos - se pulso presente: abrir via aérea e aplicar 1 insuflação com bolsa-valva-máscara. A insuflação de boa qualidade deve ser de 1 segundo e obter visível elevação do tórax. Considerar a escolha da manobra manual segundo a presença de trauma - precocemente instalar suprimento de O2, alto fluxo (10 a 15 l/min) na bolsa-valva-máscara; considerar a instalação da cânula orofaríngea (COF). Na persistência da PR, realizar 1 insuflação de boa qualidade a cada 5 a 6 segundos (10 a 12/min); verificar a presença de pulso a cada 2 minutos. Na ausência de pulso, iniciar RCP com compressões torácicas eficientes; manter atenção para a ocorrência de PCR. Se pulso ausente: iniciar RCP com compressões torácicas eficientes. Conduta 4: Realizar contato com a Regulação Médica e passar os dados de forma sistematizada. Conduta 5: Aguardar orientação da Regulação Médica para procedimentos e/ou transporte para a unidade de saúde. Observação: Manter a reanimação ventilatória initerruptamente até chegar apoio, chegar ao hospital, ou se o paciente apresentar ventilação espontânea (respiração, tosse e/ou movimento). Figura 4. Reanimação cardiopulmonar com uso de DEA Quando o paciente estiver inconsciente, respiração ausente ou em gasping, sem pulso central palpável. Conduta 1: Checar a responsividade (tocar os ombros e chamar o paciente em voz alta). Conduta 2: Se não responsivo: ● profissional 1: comunicar imediatamente a Regulação Médica, para apoio do suporte avançado de vida (SAV) e providenciar desfribilador externo automático (DEA) e os equipamentos de emergência; ● profissional 2: verificar a respiração e o pulso simultaneamente. Atenção: Checar pulso central (carotídeo) em até 10 segundos. Conduta 3: Posicionar o paciente em decúbito dorsal em superfície plana, rígida e seca. Conduta 4: Se respiração ausente ou em gasping e Pulso PRESENTE: abrir via aérea e aplicar uma insuflação a cada 5 a 6 segundos (10 a 12/min) e verificar a presença de pulso a cada 2 minutos. Pulso AUSENTE: informar imediatamente à Central de Regulação Médica, solicitando apoio (caso ainda não o tenha feito) e iniciar ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Conduta 5: Iniciar RCP pelas compressões torácicas, mantendo ciclos de: 30 compressões eficientes (na frequência de 100 a 120/min, deprimindo o tórax em 5 a 6 cm com completo retorno); duas insuflações eficientes (de 1 seg cada e com visível elevação do tórax) com bolsa-valva-máscara com reservatório e oxigênio adicional. Conduta 6: Assim que o DEA estiver disponível: instalar os eletrodos de adulto do DEA no tórax desnudo e seco do paciente sem interromper as compressões torácicas; ligar o aparelho; interromper as compressões torácicas apenas quando o equipamento solicitar análise. Seguir as orientações do aparelho quanto à indicação de choque. Conduta 7: Se choque for indicado: solicitar que todos se afastem do contato com o paciente; disparar o choque, quando indicado pelo DEA; reiniciar imediatamente a RCP após o choque, começando pelas compressões torácicas, por 2 minutos. Conduta 8: Após 2 minutos de compressões e insuflações eficientes, checar novamente o ritmo com o DEA: se choque for indicado, siga as orientações do equipamento. Em seguida, reinicie imediatamente a RCP com ciclos de 30 compressões para duas insuflações. Se choque não for indicado, checar pulso carotídeo e, se pulso ausente, reiniciar imediatamente a RCP com ciclos de 30 compressões para duas insuflações. Conduta 9: Checar novamente o ritmo após 2 minutos (considerar possibilidades do item 8). Conduta 10: Manter os ciclos de RCP e avaliação do ritmo até: a chegada do suporte avançado de vida (SAV); a chegada ao hospital ou a vítima apresentar sinais de circulação (respiração, tosse e/ou movimento). Conduta 11: Se retorno à circulação espontânea, seguir Protocolo de cuidados pós-RCP. Conduta 12: Na ausência de retorno à circulação espontânea ou outras condições de risco, considerar Protocolo de Interrupção da RCP. Conduta 13: Realizar contato com a Regulação Médica para definição do encaminhamento e/ou unidade de saúde de destino. Conduta 14: Registrar achados e procedimentos na ficha/boletim de ocorrência ou prontuário do paciente. Observações: Compressões torácicas eficientes e de boa qualidade compreendem: mãos entrelaçadas; deprimir o tórax em pelo menos 5 cm (sem exceder 6 cm) e permitir o completo retorno entre as compressões; manter frequência de compressões em 100 a 120 compressões/min; alternar os profissionais que aplicam as compressões a cada 2 min; minimizar as interrupções das compressões. Insuflações eficientes e de boa qualidade compreendem: insuflação de 1 segundo cada - visível elevação do tórax. Utilizar o DEA assim que disponível, mantendo as manobras de reanimação até a efetiva instalação e disponibilidade do equipamento. Não interromper manobras de RCP. Interrupção da RCP Quando RCP em andamento, sem indicação de choque pelo DEA, acompanhada de exaustão da equipe e após autorização do Médico Regulador (condição obrigatória). ● RCP em andamento quando as condições ambientais se tornam inseguras e/ou muito insalubres. ● RCP em andamento quando as condições de segurança pessoal na cena se tornam comprometidas. Conduta 1: Na condição de exaustão da equipe: realizar contato com a Central de Regulação Médica antes de tomar a decisão de interromper a RCP, para informar os motivos e receber orientações e/ou definição do encaminhamento e/ou unidade de saúde de destino. Conduta 2: Na condição de riscos para a equipe por cena ou ambientes inseguros: se possível e sem oferecer maiores riscos para a equipe:remover o paciente para local mais seguro, na maior brevidade possível e continuar com as manobras de RCP. Se não for possível remover o paciente: realizar contato com a Central de Regulação Médica, o mais breve possível, para informar os motivos que levaram à interrupção da RCP e receber orientações/definição do encaminhamento e/ou unidade de destino. Conduta 3: Sempre que possível, orientar os familiares quanto aos procedimentos que serão adotados. Observação: Os esforços de ressuscitação cardiopulmonar devem ser mantidos enquanto apresentar ritmo chocável (pelo DEA). Não há parâmetro de tempo de RCP para a tomada de decisão sobre a interrupção dos esforços. Os esforços de RCP devem ser mais prolongados em pacientes que apresentam hipotermia, overdose de drogas ou outras causas potencialmente reversíveis de PCR e em pacientes de afogamento. Cuidados pós-RCP no adulto Quando paciente com retorno da circulação espontânea, após manobras de Ressuscitação Cardiopulmonar. Conduta 1: Manter os eletrodos do DEA instalados no tórax do paciente. Conduta 2: Otimizar a ventilação e oxigenação com ênfase para: manter permeabilidade da via aérea; manter a SatO2 ≥ 94%. Se em Parada Respiratória, iniciar com 10 a 12 insuflações/min com bolsa-valva-máscara; não hiperventilar. Conduta 3: Avaliar sinais vitais. Conduta 4: Realizar ECG de segunda opinião – Telecárdio. Conduta 5: Controlar glicemia. Conduta 6: Manter atenção para a recorrência de PCR e a necessidade de reiniciar RCP. Conduta 7: Preparar para o transporte. Conduta 8: Realizar contato com a Regulação Médica e passar os dados de forma sistematizada. Conduta 9: Aguardar orientação da Regulação Médica para procedimentos e/ou transporte para a unidade de saúde. Insuficiência Respiratória Aguda no Adulto Quando paciente com dificuldade respiratória ou alteração de ritmo e/ou frequência ventilatória de início súbito e de gravidade variável. Sinais e sintomas de gravidade: alteração do nível de consciência (agitação, confusão, sonolência, inconsciência); cianose; uso de musculatura acessória, retrações subcostais e/ou de fúrcula; dificuldade na fala (frases curtas e monossilábicas); alteração na frequência cardíaca (bradicardia ou taquicardia - >140 bpm); hipoxemia (SatO2(360 J no monofásico e 200 J no bifásico). Reiniciar imediatamente a RCP após o choque, com ciclos de 30 compressões para duas insuflações por 2 minutos. Após 2 minutos de compressões e insuflações, checar novamente o ritmo. Se persistir a FV/TVSP, reinicie pelo item 9 e siga o Protocolo para manejo específico. Manter os ciclos de RCP ininterruptamente até apresentar sinais de circulação. Conduta 10: Ritmo NÃO CHOCÁVEL (assistolia, atividade elétrica sem pulso): reiniciar RCP imediatamente após a análise do ritmo (30 compressões para duas insuflações), por 2 minutos; checar novamente o ritmo; confirmado ritmo não chocável, iniciar Protocolo de assistolia ou Protocolo de AESP para manejo específico. Conduta 11: Realizar simultaneamente os seguintes procedimentos: instalar dispositivo de via aérea avançada, preferencialmente a intubação orotraqueal. Considerar uso de máscara laríngea no caso de intubação difícil, para não retardar a realização das compressões de boa qualidade; confirmar efetiva ventilação e fixar o dispositivo escolhido. Após instalação da via aérea avançada, manter compressões torácicas contínuas (frequência de 100 a 120/min), sem pausas para as insuflações, oferecer 10 insuflações/min (uma a cada 6 segundos não sincronizadas) e checar o ritmo a cada 2 minutos; instalar acesso venoso periférico ou intraósseo. Conduta 12: Pesquisar e tratar causas reversíveis de parada cardiorrespiratória (PCR) (5H e 5T), conforme figura 2. Figura 2. Causas e tratamento da PCR PCR adulto: FV ou TVSP Parada cardiorrespiratória (PCR) com ritmo de fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular sem pulso (TVSP) ao monitor cardíaco. Conduta 1: Solicitar que todos se afastem do contato com o paciente e certificar-se de que não há alto fluxo de oxigênio direcionado para o tórax do paciente. Conduta 2: Desfibrilar: choque único na potência máxima do aparelho (360 J no monofásico e 200 J no bifásico). Conduta 3: Reiniciar imediatamente a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) após o choque, começando por 30 compressões torácicas de boa qualidade, seguidas de duas insuflações, por cinco ciclos ou 2 minutos. Conduta 4: Realizar simultaneamente acesso venoso [endovenoso (EV)/intraósseo (IO)]. Conduta 5: Administrar epinefrina: 1 mg intravenoso (IV)/IO em bolus seguido de 20 mL de solução salina 0,9% e elevação do membro (repetir a cada 3 a 5 minutos). Conduta 6: Após 2 minutos ou cinco ciclos de compressões e insuflações, checar novamente o ritmo. Se persistir a FV/TVSP, reiniciar tudo novamente. Conduta 7: Administrar antiarrítmico: preferência para amiodarona 300 mg EV (1ª dose) em bolus, seguido de bolus de 20 mL de solução salina a 0,9% e elevação do membro. Pode ser repetida após 3 a 5 minutos na dose de 150 mg (2ª dose). Se amiodarona não disponível, administrar lidocaína: 1 a 1,5 mg/kg IV/IO (pode ser repetida após 5 a 10 minutos na dose de 0,5 a 0,75 mg/kg). No caso de PCR secundária à hipomagnesemia ou taquicardia ventricular polimórfica (Torsades de Pointes), administrar sulfato de magnésio: 1 a 2 g IV/IO diluídos em 10 a 20 mL de glicose a 5%. Conduta 8: Após 2 minutos de compressões e insuflações, checar novamente o ritmo. Se persistir a FV/TVSP, reiniciar desde o item 1. Conduta 9: Se, a qualquer momento, o ritmo evoluir para: assistolia – considerar conforme algoritmo; atividade elétrica sem pulso – considerar algoritmo; atividade elétrica com pulso – iniciar cuidados pós-ressuscitação. Conduta 10: Realizar simultaneamente os seguintes procedimentos: instalar dispositivo de via aérea avançada, preferencialmente a intubação orotraqueal. Considerar uso de máscara laríngea no caso de intubação difícil, para não retardar a realização das compressões de boa qualidade; confirmar efetiva ventilação e fixar o dispositivo escolhido. Após instalação da via aérea avançada, manter compressões torácicas contínuas na frequência de 100 a 120/min sem pausas para as insuflações, oferecer 10 insuflações/min (uma a cada 6 segundos não sincronizadas) e checar o ritmo a cada 2 minutos; instalar eletrodos do monitor; realizar o diagnóstico diferencial e procurar tratar as causas reversíveis identificadas (Fatores H e Fatores T). PCR RCP adulto: assistolia Parada cardiorrespiratória (PCR) com ritmo de assistolia ao monitor cardíaco. Conduta 1: Realizar rapidamente (em menos de 10 segundos) o protocolo da linha reta para confirmar assistolia e descartar uma fibrilação ventricular fina: verificar adequada conexão dos cabos e eletrodos; aumentar ganho de sinal no monitor cardíaco (amplitude/potência de sinal); checar ritmo em outra derivação. Conduta 2: Se assistolia confirmada, iniciar imediatamente a ressuscitação cardiopulmonar (RCP), começando pelas compressões torácicas, 100 a 120 compressões por minuto (30 compressões para duas insuflações) por 2 minutos. Conduta 3: Administrar epinefrina o mais rápido possível: 1 mg intravenosa/intraóssea (IV/IO) em bolus seguido de 20 mL de solução salina 0,9% e elevação do membro (repetir a cada 3 a 5 minutos). Conduta 4: Após 2 minutos de ciclos de compressões e insuflações, checar novamente o ritmo. Se persistir a assistolia, reiniciar a partir do item 2. Conduta 5: Se, a qualquer momento, o ritmo evoluir para: fibrilação ventricular/taquicardia ventricular sem pulso – considerar Protocolo; atividade elétrica sem pulso – considerar Protocolo; atividade elétrica com pulso – iniciar cuidados pós-ressuscitação. Conduta 6: Realizar simultaneamente os seguintes procedimentos: instalar dispositivo de via aérea avançada, preferencialmente a intubação orotraqueal; considerar uso de máscara laríngea no caso de intubação difícil, para não retardar a realização das compressões de boa qualidade; confirmar efetiva ventilação e fixar o dispositivo escolhido. Após instalação da via aérea avançada, manter compressões torácicas contínuas (100 a 120/min), sem pausas para as insuflações, oferecer 10 insuflações/min (uma a cada 6 segundos não sincronizadas) e checar o ritmo a cada 2 minutos; instalar eletrodos do monitor; realizar o diagnóstico diferencial e procurar tratar as causas reversíveis identificadas (Fatores H e Fatores T). PCR RCP adulto: AESP Parada cardiorrespiratória (PCR) (paciente irresponsivo ao estímulo, com respiração agônica ou ausente, sem pulso central palpável), com presença de atividade elétrica ao monitor cardíaco. Conduta 1: Iniciar imediatamente a ressuscitação cardiopulmonar (RCP), começando pelas compressões torácicas, 100 a 120 compressões por minuto (30 compressões para duas insuflações) por 2 minutos. Conduta 2: Administrar epinefrina o mais rápido possível: 1 mg intravenosa/intraóssea (IV/IO) em bolus seguido de 20 mL de solução salina 0,9% e elevação do membro (repetir a cada 3 a 5 min). Conduta 3: Após 2 minutos de compressões e insuflações, checar novamente o ritmo. Se persistir a atividade elétrica sem pulso, reiniciar desde o item 1. Conduta 4: Se, a qualquer momento, o ritmo evoluir para: assistolia – considerar Protocolo; fibrilação ventricular/taquicardia ventricular sem pulso – considerar Protocolo; atividade elétrica com pulso – iniciar cuidados pós-ressuscitação. Conduta 5: Realizar simultaneamente os seguintes procedimentos: instalar dispositivo de via aérea avançada, preferencialmente a intubação orotraqueal; considerar uso de máscara laríngea no caso de intubação difícil, para não retardar a realização das compressões de boa qualidade; confirmar efetiva ventilação e fixar o dispositivo escolhido. Após instalação da via aérea avançada, manter compressões torácicas contínuas (100 a 120/min) sem pausas para as insuflações, oferecer 10 insuflações/min (uma a cada 6 segundos não sincronizadas) e checar o ritmo a cada 2 minutos; instalar eletrodos do monitor; tentar realizar o diagnóstico diferencial e procurar tratar as causas reversíveis identificadas (Fatores H e Fatores T). Desfibrilação Aplicação de corrente elétrica sobre o músculo cardíaco por um período de tempo curto para determinar um ritmo cardíaco anormal. Também chamada dechoque não sincronizado. Indicações: taquicardia ventricular (TV) polimórfica sustentada, TV sem pulso e fibrilação ventricular. Desfibrilador Equipamento para aplicar choque elétrico e reverter o ritmo cardíaco. Estão divididos em dois tipos: monofásico e bifásico. No caso de utilizar o monofásico, como a energia é liberada em uma única direção, utiliza-se 360J. Já no bifásico, a energia é liberada em duas direções e a carga sugerida é de 150 a 200J para início. Cuidados pós-reanimação Para Cheregatti e Amorim (2010), os principais objetivos nesta fase são: ● otimizar as funções cardiopulmonares e perfusão cerebral; ● manter a perfusão dos órgãos e tecidos; ● tentar identificar e se precipitar às possíveis causas da PCR; ● Instituir mensurações para prevenção de novo evento. Atentar-se porque o maior índice de mortes ocorre nas primeiras 24h. Mais de 20% dos pacientes que ficam em coma pós-parada e recebem alta hospitalar apresentam sequelas neurológicas. A equipe deve tentar possibilitar o máximo de cuidados possíveis, como: ventilação e oxigenação, intenso monitoramento dos SSVV, bom acesso vascular para administração de drogas e verificação do posicionamento de todos os cateteres e sondas. Tratamentos de todas as anormalidades são fundamentais para a melhora do paciente e, para isso, é imprescindível a detecção precoce do problema, seja cardíaco, neurológico, toxicológico entre outros. Controle de temperatura e hipotermia Hipotermia em pacientes comatosos pode auxiliar na preservação de lesões cerebrais, devido à diminuição das lesões causadas pela hipóxia. Manter o paciente com temperatura entre 32 a 34º C por um período de 12 a 24h pode trazer benefícios neurológicos. Existem algumas complicações a que a equipe deve estar atenta, como coagulopatias e arritmias; também podem ocorrer pneumonias e sepses associadas à hipotermia. Hipoglicemia pode ocorrer, por isso a monitorização contínua. Formas de induzir a hipotermia: cobertores térmicos, compressas geladas. Alguns estudos indicam que a administração de soluções com temperaturas baixas por cateteres centrais também tem bom efeito. Em todo o processo vale lembrar a importância da monitorização contínua. Controle de glicose Alguns estudos apontam piora neurológica associada ao aumento nas taxas de glicose após a reanimação, por isso recomenda-se a verificação dos níveis de glicemia nestes pacientes. Devemos lembrar que: na RCP, deve-se dar ênfase na compressão torácica de boa qualidade e na desfibrilação precoce. Compressões torácicas eficientes e de boa qualidade compreendem: mãos entrelaçadas; deprimir o tórax em no mínimo 5 cm e no máximo 6 cm e permitir o completo retorno entre as compressões; manter frequência de compressões de 100 a 120/min; alternar os profissionais que aplicam as compressões a cada 2 minutos; minimizar as interrupções das compressões. Insuflações eficientes e de boa qualidade compreendem: insuflação de 1 segundo cada - visível elevação do tórax. Utilizar o desfibrilador assim que disponível, mantendo as manobras de reanimação até a efetiva instalação e disponibilidade do equipamento. Não interromper manobras de RCP para administrar drogas no manejo específico. Manter os ciclos de RCP ininterruptamente até o paciente apresentar sinais de circulação (respiração, tosse e/ou movimento). Causas associadas potencialmente reversíveis de PCR: 5H - hipovolemia, hidrogênio (acidose), hipóxia, hipo ou hipercalemia, hipotermia; 5T - trombose coronariana (infarto agudo do miocárdio), trombose pulmonar, tamponamento pericárdico, tensão no tórax, tóxicos. Ventilação mecânica invasiva e não invasiva O paciente que apresentar nível de consciência rebaixado, secreção orotraqueal intensa, dificuldade respiratória, entre outras indicações já verificadas nas outras semanas, será submetido a uma ventilação invasiva ou não invasiva. Nesta semana, serão aprofundadas as formas que a ventilação pode ser ofertada ao paciente, qual o melhor parâmetro de acordo com o caso e indicações. Como em outra semana já foi estudada a gasometria arterial, vocês conseguirão analisar a gasometria e simular os ajustes ventilatórios no respirador. Aprenderão conceitos como: drive respiratório, PEEP, complacência pulmonar, relação I:E; quais as vantagens e desvantagens de cada tipo de ventilação; quais as complicações, cuidados de enfermagem. Além disso, também serão abordados: indicação de desmame ventilatório, cuidados, riscos. VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA Método artificial para manutenção da ventilação em pacientes impossibilitados de respirar espontaneamente. Pode ser administrada através de prótese na via aérea (tubos orotraqueais ou tubos de traqueostomia), mediante ventiladores mecânicos, capazes de fornecer uma pressão positiva ao sistema respiratório para expansão pulmonar (KNOBEL, 2006). Conhecimentos necessários: o suporte ventilatório mecânico auxilia na redução do trabalho respiratório, aumentando a oxigenação (PO2) e diminuindo o acúmulo de pCO2 nos pulmões e circulação. Também previne a fadiga da musculatura respiratória e protege as vias aéreas. Faz-se necessário conhecer algumas terminologias para o processo de ventilação mecânica, como: Drive respiratório: representa o estímulo do centro respiratório, comando cerebral dado para a musculatura respiratória. É um dos reflexos mais básicos e importantes do tronco cerebral. Alterações do drive podem ser respirações anormais, como: Cheyne-Stokes, Kussmaul, Biot, dentre outras. Trabalho muscular respiratório: gasto energético durante a respiração. Pressão de pico: ponto mais alto de pressão atingido na via aérea durante o ciclo respiratório. Pressão de platô: estresse que exerce a parede dos alvéolos. PEEP: pressão positiva no final da expiração. Auto-PEEP ou PEEP intrínseca: pressão ou estresse gerados de forma patológica pelo volume de ar aprisionado nos alvéolos. Geralmente observada em decorrência do tempo expiratório insuficiente para o esvaziamento alveolar. Observado em pacientes com doenças obstrutivas (asma, DPOC). PEEP ou PEEP extrínseca: pressão positiva que o ventilador mecânico exerce ao fim da expiração. Relação inspiração/expiração: fração entre os tempos inspiratório e expiratório, durante o ciclo respiratório. Fração inspirada de oxigênio (FiO2): concentração ou teor de oxigênio ofertado ao paciente. Toxicidade relacionada com o oxigênio: efeitos adversos ao uso de altas concentrações de oxigênio (FiO2 > 0,60 ou 60%). Sensibilidade: é a força mínima ou “sinalização” que o paciente deve gerar para que o ventilador perceba sua necessidade de respirar. Volume corrente total: é a quantidade de gás que entra (inspiração) e sai (expiração) dos pulmões a cada ciclo respiratório. Volume corrente expiratório: é a quantidade de gás que sai (expiração) dos pulmões a cada ciclo respiratório. Volume corrente inspiratório: é a quantidade de gás que entra (inspiração) nos pulmões a cada ciclo respiratório. Volume-minuto: é a quantidade de gás que circula em um minuto dentro dos pulmões; nada mais é do que o volume corrente × frequência respiratória. Complacência: forma que o parênquima pulmonar consegue acomodar o volume de ar que entra nos pulmões a cada ciclo respiratório. Resistência: é a propriedade das vias aéreas em resistir à entrada de ar. Recrutamento: consiste em aumentar a pressão transpulmonar (pressão controlada e PEEP) de modo breve e controlado, com a finalidade de reabertura de alvéolos previamente colapsados. PRONA: é o posicionamento de pacientes com hipoxemia grave em decúbito ventral. O objetivo da posição é reduzir a pressão hidrostática no pulmão dorsal e, assim, obter melhora da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PO2), melhora das trocas gasosas e diminuição da lesão pulmonar induzida pela ventilação mecânica. Modo ventilatório: é a maneira pela qual serão controlados os ciclos ventilatórios. Modalidades ventilatórias: é o modo pelo qual os ciclos ventilatórios serão disponibilizados pelo ventilador. Disparo: é a transição da face expiratóriapara a fase inspiratória. Ciclagem: é a passagem da fase inspiratória para a fase expiratória. Desmame: refere-se ao processo de transição da ventilação artificial para a espontânea nos pacientes que permanecem em ventilação mecânica invasiva por tempo superior a 24 horas (MORATO; SANDRI; GUIMARÃES, 2015). Modalidades ventilatórias Há dois modos de ventilar um paciente: pressão e volume. Ambos são excelentes modalidades, mas que geram dúvidas no momento da escolha, pois alguns médicos preferem um tipo e outros preferem o outro. Quanto ao modo ventilatório, é a maneira pela qual o ventilador dispensa o ciclo respiratório, ou seja, como o gás é fornecido ao paciente e como ocorre a interrupção da fase inspiratória. Modalidade controlada: funciona de modo semelhante a um “dispensador” de ar com demandas fixas. O ventilador irá liberar cada ciclo respiratório em intervalos de tempo predefinido pelo operador, não permitindo que o paciente interfira, ou seja, dispare o ventilador. A modalidade pode ser ajustada com limitação a volume controlado ou pressão controlada. Indicações: pacientes com necessidade de repouso absoluto da musculatura respiratória, como, por exemplo, com traumatismo raquimedular, pacientes anestesiados, entre outros. Desvantagens: em função de seu princípio de funcionamento, não permite a interferência do paciente. Modalidade assisto-controlada (A/C): é derivada da ventilação mecânica controlada (CMV). A grande diferença é permitir o ajuste de sensibilidade, ou seja, o paciente é capaz de disparar o ventilador, se fizer um esforço. Vantagens: há uma redução do trabalho muscular, por causa do repouso da musculatura respiratória. Desvantagens: não deve ser utilizada como método de desmame do paciente. Às vezes, o paciente necessita de sedação mais profunda. Ventilação em pressão de suporte (PSV): método ideal de retirada progressiva do suporte ventilatório nos pacientes que não podem respirar espontaneamente (sem suporte ventilatório invasivo), período definido como “desmame”. Nessa modalidade, o paciente controla a frequência respiratória, a duração do ciclo e o esforço respiratório (consequentemente, o volume corrente). Indicação: pacientes que já resolveram a causa da insuficiência respiratória e estão iniciando o desmame ventilatório. Outro fator fundamental é que o paciente deve apresentar drive e estímulo respiratório adequado. Vantagens: método ideal para retirada gradual do suporte ventilatório. Fornece maior conforto para o paciente, menor necessidade de sedação. O paciente controla o tempo inspiratório e a frequência respiratória. Traz menor risco de atrofia muscular. Desvantagens: risco de hiperventilação ou hipoventilação alveolar. Ventilação mandatória intermitente sincronizada: constitui como método ideal de ventilação mecânica, pois contempla as diversas fases: intubação orotraqueal, suporte ventilatório e desmame. Tem características comuns entre a forma A/C e a ventilação em pressão de suporte. Vantagens em relação à modalidade assisto- controlada (A/C): maior conforto para o paciente, menor necessidade de sedação, menor incidência de auto-PEEP e menor efeito sobre a hemodinâmica do paciente. Os ciclos espontâneos permitem um melhor retorno venoso ao coração, comparados com os ciclos A/C. Indicações: pós-operatório de pacientes submetidos à anestesia geral e portadores de neuropatias em fase inicial do processo de desmame (MORATO; SANDRI; GUIMARÃES, 2015). Existem alguns cálculos que são utilizados para ajustes no respirador após a escolha da modalidade ventilatória: FiO2 desejada: PaO2 (desejada – em média 90) x FiO2 (conhecida - a que está no respirador) DIVIDIDO PELA Pao2 (conhecida - da gasometria) VC desejado: PaCo2 (conhecida - da gasometria) x VC (conhecido – peso x7) DIVIDIDO PELA PaCo2 (desejado – média 40) FR desejada: PaCo2 (conhecido - gasometria) x FR (conhecido VM) / PaCo2 desejada (usa-se a média que é 40) Desmame ventilatório: retirada gradual do suporte ventilatório até a ventilação espontânea. São indicadas algumas modalidades para o desmame: PSV/CPAP ou SIMV (o CPAP é a sigla que aparece juntamente com PSV em alguns respiradores). Após o paciente conseguir passar por essas modalidades, mantendo-se estável, segue-se o processo para tubo em T ou ayre e máscara de Ventury. Existem alguns critérios para iniciar o desmame: melhora ou resolução da doença de base, estabilidade hemodinâmica (sinais vitais estáveis), capacidade de iniciar esforços respiratórios, estabilidade da infecção e oxigenação adequada (PaO2/FiO2 > 300) – sem comprometimento no pulmão. PEEP=7,35 com pCO280 para FiO2pulmonar e melhor relação ventilação-perfusão. Benefícios: alteração da insuflação pulmonar regional; redistribuição da ventilação; redistribuição da perfusão; em posição prona as regiões dorsais são mais ventiladas que as ventrais. Indicações: sugerem-se em pacientes com SDRA, adequadamente sedados e que apresentam mecânica ventilatória ruim e oxigenação inadequada, dentro dos seguintes parâmetros: FiO2 >igual 50%; PEEP>10 cmH2O e uma relação de PaO2/FiO2