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Profª. Olívia Carla Bomfim Boaventura Disfunções Tireoidianas Clínica Médica, Endocrinologia & Metabologia pela USP Endocrinologia & Metabologia pela SBEM Coordenadora da Residência de CM do HSR Professora da Escola Bahiana de Medicina e Saude Pública Salvador-BA Outubro, 2024 REVISANDO CONCEITOS IMPORTANTES Tireoidopatias 99% dos hormônios tireoidianos circulam ligados a TBG Eixo Hipotálamo-Hipófise-Tireoide Eixo Hipotálamo-Hipófise-Tireoide Ativa NIS→ Estimula Captação do I- para Tireocitos O TSH estimula todas as etapas de sintese dos hormonios tireoidianos. A tireoide libera na circulação muito mais T4 do que T3 T4: > meia-vida (4-7d) T3: + biologicamente ativo (1d) Fisiologia Protein T3 responsive geneTRE RXR TR T3 mRNA ( or ) T3 effect CytoplasmNucleus II I T3 II I rT3 I I I I T2 I I T4 I I I I T4 I I I I T3 I I D3 D3 D2 hipófise cérebro fígado Rim D2 • A tireóide libera 100% do T4 presente na circulação e 20% do T3 circulante 3 tipos de Deiodinases (T4->T3; T3r): D1,D2 e D3 Fisiologia Exame físico datireoide ❖ Exame da glândula • inspeção palpação ausculta da tireoide (hipertireoidismo) • • ❖ Sinais extratireoideanos acropatia tireoideana mixedema Exames Complementares Exames complementares ❖ TSH, T4 livre -- T4 total, T3 total* ❖ Captação tireoidiana de iodo radioativo (RAIU) • Tireotoxicose facticia vs hipertireoidismo *OBS: >99,5% dos HT ~ ligados a proteínas e ( 60 anos) Sexo feminino ❖ Doença nodular tireoidiana ❖ ❖ ❖ História de radioterapia de cabeça e pescoço Doença auto-imune tireoidiana ou extra tireoidiana Drogas: amiodarona, lítio, tionamidas, interferon ❖ Baixa ingestão de iodo ❖ ❖ História familiar de doença tireoidiana Síndrome de Down, infecção pelo vírus da hepatite C ❖ Deficiência de iodo: bócio endêmico Tireoidite de Hashimoto❖ • Doença autoimune associada a altos níveis de Anti-TPO ❖ Tratamento do hipertireoidismo • Iodoterapia (segunda maior causa) Cirurgia Tionamidas • • ❖ Medicações • Medicamentos ricos em iodo (amiodarona, contrastes radiológicos) ou o carbonato de lítio Interferon-α e interleucina-2• ❖ Radioterapia externa Hipotireoidismo primário - Etiologia ❖ Tireoidites subagudas • Granulomatosa, linfocítica e pós-parto ❖ Tireoidite de Riedel • Substituição do tecido tireoidiano por tecido fibroso ❖ Doenças infiltrativas • Hemocromatose, sarcoidose, esclerose sistêmica progressiva, amiloidose ❖ Câncer de tireoide Em crianças: ✓ Raro antes dos 4 anos ✓ Hashimoto causa mais comum ✓ Disgenesia congênita ou Defeitos enzimáticos ou anticorpos maternos ❖ Hipotireoidismo primário - Etiologia Hipotireoidismo Central - Etiologia ❑ Adquirido ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ Lesões hipotalâmica ou hipofisária: tumores, cirurgia, radioterapia, traumatismo craniano Vascular (síndrome de Sheehan, apoplexia hipofisária) Infecções (abscesso, tuberculose, sífilis, toxoplasmose) Doenças infiltrativas (sarcoidose, histiocitose, hemocromatose) Hipofisite linfocítica crônica Geralmente acompanhada de outras deficiências ❑ Congênito ❖ Defeitos de linha média, hipoplasia hipofisária, displasia septo-optica Hipotireoidismo - Sinais e sintomas Hipotireoidismo - Sinais e sintomas Neurológicas Lentidão de raciocínio, sonolência, déficit cognitivo (pseudodemência), humor deprimido, reflexos lenificados, parestesias, sd. túnel do carpo Cardiovasculares Bradicardia, hipertensão convergente, derrame pericárdico Respiratórias Depressão do drive ventilatório (retenção de CO2), derrame pleural Gastrointestinais Constipação, hipomotilidade, ascite, ganho ponderal, redução do apetite Musculoesqueléticas Fraqueza, miopatia Reprodutivo Menorragia, amenorreia, galactorreia, puberdade precoce Intolerância ao frio, edema peripalpebral, pele seca e fria, Outros sintomas madarose, cabelos quebradiços, alopecia, rouquidão, pele amarelada, mixedema ❖ Aumento de enzimas musculares Aumento de prolactina Hiponatremia Hipoglicemia Anemia multifatorial Dislipidemia ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ Hipotireoidismo - Laboratoriais A B A B Hipotireoidismo - Sinais e sintomas Tireoidite de Hashimoto ❖ Tireoidite crônica auto imune, tireoidite linfocítica crônica Comumente associado a outras doenças autoimunes Maior prevalência em mulheres (5:1), aumenta com a idade Positividade de auto anticorpos ❖ ❖ ❖ • Antitireoperoxidase (anti TPO): 95-100% Antitireoglobulina Antirreceptor de TSH (15-20%) • • Tireoidite de Hashimoto - manifestações FASE Inicial Segunda Terceira Manifestação TSH T4 livre Hashitoxicose normal ou Hipotireoidismo subclínico normal Hipotireoidismo clinicamente manifesto (bócio 75%) ❖ Diagnóstico • Clínica compatível Laboratório: TSH elevado, T4 livre baixo, anti TPO elevado• ❖ Tratamento • Reposição de levotiroxina ad eternum: 1,8 µg/Kg/dia, aumentar 25 µg/semana • Ajustes do TSH Tireoidite de Hashimoto TSH entre 1-2 mU/L Dosar em 6 a 8 semanas ❖ Diagnóstico • Clínica compatível Laboratório: TSH elevado, T4 livre baixo, anti TPO elevado• ❖ Tratamento • Reposição de levotiroxina ad eternum: 1,6 µg/Kg/dia, aumentar 25 µg/semana • Ajustes do TSH Tireoidite de Hashimoto Hipotireoidismo central T4 livre em níveis médios Dosar em 2 a 4 semanas Hipotireoidismo subclínico ❖ Paciente assintomático ou oligossintomático TSH elevado e T4 livre e T3 normais Quem tratar? ❖ ❖ Parâmetro TSH 4,5 e 10 mU/L TSH > 10 mU/L Idade 65 anos Não Sim Tireoidite de Quervain ❖ Tireoidite granulomatosa (células gigantes): surge algumas semanas após infecção viral ❖ Aumento doloroso da glândula tireoidiana Sinais e sintomas sistêmicos Tireotoxicose Aumento de T3, T4, redução do TSH, elevação do VHS, diminuição da RAIU ❖ ❖ ❖ Tireoidite de Quervain Pesquisa de Hipotireoidismo •SUSPEITA CLÍNICA DE HIPOTIREOIDISMO •DETERMINAÇÃO DO T4 LIVRE E DO TSH NÍVEIS NORMAIS DE T4 LIVRE E TSH EUTIREOIDISMO T4 LIVRE BAIXO TSH ELEVADO. HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO T4 LIVRE BAIXO, TSH BAiXO HIPOTIREOIDISMO SECUNDÁRIO T4 LIVRE ELEVADO TSH ELEVADO RESISTÊNCIA AO HORMÔNIO TIREOIDIANO Coma Mixedematoso ❖ Acomete em geral mulheres idosas nos meses de inverno História prévia de hipotireodismo com má aderência Fatores precipitantes: infecções, administração de sedativos, IAM, ICC, AVE Início insidioso, incidência baixa ❖ ❖ ❖ ❖ Alta mortalidade!! ❖ Diminuição do nível de consciência Hipoventilação Hipotermia Bradicardia Hiponatremia Hipoglicemia Infecção associada ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ Coma Mixedematoso - sinais e sintomas ❖ Levotiroxina em altas doses: LT4 EV em bolus (200-400mcg), eventualmente T3 ❖ Hidrocortisona venosa Suporte ventilatório Correção da hipoglicemia Correção da hiponatremia Aquecimento ❖ ❖ ❖ ❖ Coma Mixedematoso - tratamento MEMORIZE!!! HipertireoidismoHipertireoidismo - Etiologia ❖ Prevalência 1%; sexo feminino Hipertireoidismo primário:❖ • Doença de Graves BMNT Adenoma tóxico Metástases funcionantes de CA de tireoide Mutação ativadora do receptor de TSH Síndrome de McCune-Albright (ativadora do GS𝜶) • • • • • ❖ Hipertireoidismo secundário: • Adenoma hipofisário secretor de TSH ❖ Tireoidites (fase aguda) Outras causas de destruição tireoidiana (amiodarona, radiação) Factícia Tumores trofoblásticos Tireotoxicose gestacional Tecido tireoidiano ectópico (struma ovarii) e metástase de CA de tireoide ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ Hipertireoidismo - Etiologia Lancet 2012; 379: 1155–66 Lancet 2016; 388: 906-918 () Incidência: Eventos embólicos, AVC, Doença cardíaca isquêmica e ICC () Mortalidade e Risco CV no UK, Finlândia e EUA Hipertireoidismo– Sinais e Sintomas Doença de Graves ❖ 60-80% dos casos, mulheres jovens (20-50 anos), mais comum em mulheres (9:1) ❖ Etiopatologia: fatores genéticos e ambientais Anticorpos:❖ • TRAb: 90% Antitireoperoxidase (Anti-TPO): 80% Antitireoglobulina (Anti-Tg) • • Doença de Graves Oftalmopatia ❖ 40% dos casos, nem sempre associado ao hipertireoidismo Pode preceder ou suceder o diagnóstico de Doença de Graves em meses Tabagismo é importante fator de risco Olhar fixo/oftalmoplegia, proptose, oculopatia congestiva Complicação: compressão do nervo óptico Diagnóstico diferencial: neoplasia orbital, fístulas carotideocavernosas, trombose do seio cavernoso, pesudotumor de órbita Tratamento: sintomático, corticoide (prednisona 60-80mg/dia), pulsoterapia, cirurgia para descompressão ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ A B Dermopatia ❖ ❖ ❖ 3 cm Diagnóstico: cintolografia tireoidiana Não é necessário PAAF Tratamento: radioiodo, cirurgia, ablação por radiofrequência, injeção de etanol ❖ ❖ ❖ Hipertireoidismo Apático ❖ Idosos Manifestações adrenérgicas ausentes Manifestações cardiovasculares, astenia, fraqueza muscular, perda ponderal, depressão ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ Grave, mortalidade ~30% Fatores precipitantes: infecções, cirurgia, RI, trauma tireoidiano, amiodarona, tionamidas, factícia Níveis hormonais totais não são mais altos quando comparados a tireotoxicose não complicada • • Aumento das catecolaminas e seus receptores Aumento súbito de T4 livre ❖ Sintomas: • • Disfunção orgânica, sintomas neurológicos (confusão, delirium, agitação e psicose franca, obnubilação e coma) Febre alta, ICC, FA, hipertensão, icterícia, sudorese Crise tireotóxica ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ Internação em UTI, reconhecer fatores precipitantes PTU em doses altas: 1000mg ataque VO Iodo: lugol 10gotas VO, 1h após o PTU Propranolol: 2mg EV 4/4h Dexametasona: 2mg EV 6/6h Crise tireotóxica - tratamento Síndrome do Eutireoideu doente ❖ Resposta adaptativa do sistema neuroendócrino à uma doença grave ou trauma ❖ Até 70% dos doentes hospitalizados Diminuição da secreção endógena de TRH e TSH Estado T3 baixo (abaixa 60%): mais comum Altos níveis de T3 reverso ❖ ❖ ❖ ❖ ❖ Aumenta a DIO 3 (T4 Diminui a DIO1 (T4 T3) T3r) “Tão importante quanto saber qual é a doença que o homem tem, é saber quem é o homem que tem a doença” OBRIGADA! Bibliografia ❖ Williams Textbook of Endocrinology 12th ed. S. Melmed, et al. ❖ Cecil 25º edição; Capítulo 226 - "Tireoide" Lancet 2012; 379: 1155–66 Lancet 2016; 388: 906-918 N Engl J Med 2008; 358,2564-605 ❖ ❖ ❖ Seção Padrão Slide 1: Disfunções Tireoidianas Slide 2: REVISANDO CONCEITOS IMPORTANTES Tireoidopatias Slide 3 Slide 4: Eixo Hipotálamo-Hipófise-Tireoide Slide 6: Fisiologia Slide 7: Fisiologia Slide 8: Exame físico da tireoide Slide 9: Exames Complementares Slide 10: Exames complementares Slide 11: Exames complementares Slide 12 Slide 13 Hipotireoidismo Slide 14: Hipotireoidismo Slide 15: Hipotireoidismo primário Slide 16: Hipotireoidismo primário - Etiologia Slide 17: Hipotireoidismo primário - Etiologia Slide 18: Hipotireoidismo Central - Etiologia Slide 19: Hipotireoidismo - Sinais e sintomas Slide 20: Hipotireoidismo - Sinais e sintomas Slide 21: Hipotireoidismo - Laboratoriais Slide 22: Hipotireoidismo - Sinais e sintomas Slide 23: Tireoidite de Hashimoto Slide 24: Tireoidite de Hashimoto - manifestações Slide 25: Tireoidite de Hashimoto Slide 26: Tireoidite de Hashimoto Slide 27: Hipotireoidismo subclínico Slide 28: Tireoidite de Quervain Slide 29: Tireoidite de Quervain Slide 30 Coma Mixedematoso Slide 31: Coma Mixedematoso Slide 32: Coma Mixedematoso - sinais e sintomas Slide 33: Coma Mixedematoso - tratamento Slide 34 Hipertireoidismo Slide 35: Hipertireoidismo Slide 36: Hipertireoidismo - Etiologia Slide 37: Hipertireoidismo - Etiologia Slide 39: Hipertireoidismo – Sinais e Sintomas Slide 40: Doença de Graves Slide 41: Doença de Graves Slide 42: Oftalmopatia Slide 43: Dermopatia Slide 44: Doença de Graves - Diagnóstico Slide 45: Imagem Slide 46: Doença de Graves - tratamento Slide 47: Doença de Graves - tratamento Slide 48: Doença de Graves - tratamento Slide 49: Bócio Multinodular Tóxico (BMNT) Slide 50: Adenoma Tóxico (Doença de Plummer) Slide 51: Hipertireoidismo Apático Crise Tireotoxica Slide 52: Crise tireotóxica Slide 53: Crise tireotóxica - tratamento Sd Eutireoideo Doente Slide 54: Síndrome do Eutireoideu doente Slide 56 Slide 57: OBRIGADA! Slide 58: Bibliografia