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Getúlio Vargas foi o governante que fez da política trabalhista uma forma de controle social e política. Inspirado no modelo fascista italiano, Vargas procurou controlar a massa de trabalhadores urbanos, sobretudo aqueles ligados à então crescente industrialização do país, por meio da legislação trabalhista, como a CLT (Consolidação das Leis de Trabalho – ou das Leis Trabalhistas), decretada em 1º de maio de 1943. A Constituição de 1937 fixou as diretrizes da política social e trabalhista que seria implementada no Estado Novo. Foram confirmados direitos trabalhistas já fixados na Constituição de 1934, como salário mínimo, férias anuais e descanso semanal, e foi também mantida a Justiça do Trabalho, encarregada de dirimir conflitos entre empregados e empregadores. Mas houve uma alteração importante: o princípio da unid O novo formato da legislação social brasileira acabaria por ser ordenado e sistematizado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), editada em junho de 1943. A CLT iria reger por muito tempo as relações de trabalho no país. Assim que chegou ao poder, Getúlio Vargas tomou ações que aproximaram seu papel político das classes trabalhadoras do país. Observando o conteúdo da Constituição de 1934, observamos a conquista da jornada de trabalho de oito horas diárias, as férias remuneradas, o descanso semanal obrigatório, a licença para gestantes e a proibição do trabalho para menores de 14 anos. Em termos comparativos, todas essas ações firmavam um grande avanço aos desmandos da República Oligárquica. Os sindicatos eram considerados órgãos privados com funções públicas e ficavam diretamente subordinados ao governo por meio do Ministério do Trabalho. Os direitos trabalhistas seriam concedidos apenas para os que fossem sindicalizados e somente para os trabalhadores urbanos. Com isso, pretendia-se atrair o trabalhador rural para a cidade. Para financiar a estrutura sindical foi criado o “imposto sindical” obrigatório, que corresponde a um dia do salário anual do trabalhador, seja este sindicalizado ou não. Esse imposto seria recolhido pelo Ministério do Trabalho e repassado para sindicatos, federações e confederações sindicais, propiciando condições financeiras para essas representações de classes trabalhistas. O número de trabalhadores sindicalizados era limitado para que os benefícios oferecidos pelo sindicato pudessem ser cumpridos, como médicos, dentistas, clubes recreativos, entre outros, porém a contribuição sindical era obrigatória a todos. Dessa maneira, uma minoria desfrutaria dos benefícios gerados pela contribuição dos demais. Essa mesma minoria privilegiada, para não perder essas vantagens, sustentava a reeleição dos dirigentes sindicais, que, em troca não entravam em choque com o governo e os patrões. Assim, perpetuavam-se no poder e ficaram conhecidos como “pelegos”. Outra característica importante do trabalhismo de Vargas era o corporativismo, apresentando-se como alternativa ao socialismo e ao liberalismo capitalista. O objetivo era manter as estruturas hierárquicas na sociedade, como as classes sociais e propriedade dos meios de produção e, ao mesmo tempo, diminuir as desigualdades sociais, evitando-se o conflito de classes. O corporativismo promoveria a harmonia social, o progresso, o desenvolvimento e a paz. Esse modelo, inspirado no fascismo italiano, transformou os sindicatos em órgãos de colaboração de classe, visando evitar os conflitos entre patrões e empregados. Cartazes da época diziam: “Trabalhador sindicalizado é trabalhador disciplinado”, ou seja, passivo, obediente, voltado para o trabalho e não para ações grevistas ou reivindicatórias. A CLT foi criada pelo Decreto-Lei no 5.452. No trabalhismo, Getúlio aprovou uma série de leis trabalhistas que beneficiavam os trabalhadores, mas que eram divulgadas quase que como um presente do líder para o povo. Porém, apesar de serem direitos importantes, essas leis serviam de instrumento de controle da classe trabalhadora. Com esses direitos, o trabalhador recebia também um forte controle sobre sua conduta e a desmobilização dos seus mecanismos de contestação. Depois vieram o décimo terceiro salário e o salário família, benefício pago aos trabalhadores que recebem um salário mensal de até R$ 586,19 para ajudar no sustento dos filhos de até 14 anos, e a obrigatoriedade do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Programa de Integração Social (Pis). [08:09, 27/05/2021] Isa Werner: Assim que chegou ao poder, Getúlio Vargas tomou ações que aproximaram seu papel político das classes trabalhadoras do país. Observando o conteúdo da Constituição de 1934, observamos a conquista da jornada de trabalho de oito horas diárias, as férias remuneradas, o descanso semanal obrigatório, a licença para gestantes e a proibição do trabalho para menores de 14 anos. Em termos comparativos, todas essas ações firmavam um grande avanço aos desmandos da República Oligárquica. [08:10, 27/05/2021] Isa Werner: O oferecimento de todos esses direitos foi seguido de uma contrapartida que custou a autonomia organizacional e ideológica dos trabalhadores brasileiros naquela época. Inaugurava-se assim o emprego do corporativismo, doutrina que impediria o conflito de interesses entre os trabalhadores e os donos de indústria. [08:10, 27/05/2021] Isa Werner: Em março de 1931, a Lei de Sindicalização impunha que os sindicatos só entrariam em funcionamento a partir da aprovação oficial. Além disso, esses espaços de organização da causa trabalhista deveriam contar com 2/3 de filiados nascidos no Brasil. Com isso, o governo afastaria a participação dos vários trabalhadores imigrantes que disseminavam os ideais socialistas e anarquistas em tais instituições. Nesse instante, já podemos ver os interesses de controle do Estado junto aos trabalhadores. [08:07, 27/05/2021] Isa Werner: A Constituição de 1937 fixou as diretrizes da política social e trabalhista que seria implementada no Estado Novo. Foram confirmados direitos trabalhistas já fixados na Constituição de 1934, como salário mínimo, férias anuais e descanso semanal, e foi também mantida a Justiça do Trabalho, encarregada de dirimir conflitos entre empregados e empregadores. Mas houve uma alteração importante: o princípio da unid [08:07, 27/05/2021] Isa Werner: O novo formato da legislação social brasileira acabaria por ser ordenado e sistematizado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), editada em junho de 1943. A CLT iria reger por muito tempo as relações de trabalho no país. Getúlio Vargas foi o governante que fez da política trabalhista uma forma de controle social e política. Inspirado no modelo fascista italiano, Vargas procurou controlar a massa de trabalhadores urbanos, sobretudo aqueles ligados à então crescente industrialização do país, por meio da legislação trabalhista, como a CLT (Consolidação das Leis de Trabalho – ou das Leis Trabalhistas), decretada em 1º de maio de 1943.