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Prévia do material em texto

<p>DIREITO CIVIL I:</p><p>TEORIA GERAL</p><p>Cássio Vinícius</p><p>Revisão técnica:</p><p>Gustavo da Silva Santanna</p><p>Bacharel em Direito</p><p>Especialista em Direito Ambiental Nacional</p><p>e Internacional e em Direito Público</p><p>Mestre em Direito</p><p>Professor em cursos de graduação</p><p>e pós-graduação em Direito</p><p>Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin - CRB -10/2147</p><p>S725d Sousa, Cássio Vinícius Steiner de.</p><p>Direito civil I: teoria geral [recurso eletrônico ] / Cássio</p><p>Vinícius Steiner de Sousa, Cinthia Louzada Ferreira</p><p>Giacomelli; [revisão técnica: Gustavo da Silva Santanna]. –</p><p>Porto Alegre: SAGAH, 2018.</p><p>ISBN 978-85-9502-444-1</p><p>1. Direito civil. I. Giacomelli, Cinthia Louzada Ferreira.</p><p>II.Título.</p><p>CDU 347.1</p><p>Direito_Civil_I_Book.indb 2 06/06/2018 10:09:21</p><p>Da invalidade do</p><p>negócio jurídico</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Explicar as teorias das nulidades do negócio jurídico.</p><p> Analisar os arts. 166 a 184 do Código Civil.</p><p> Explorar os casos dos tribunais superiores envolvendo a invalidade</p><p>do negócio jurídico.</p><p>Introdução</p><p>A teoria da invalidade dos negócios jurídicos, disposta nos arts. 166 a 184</p><p>do Código Civil, desempenha um papel fundamental no contexto da</p><p>questão dos negócios jurídicos, pois é em função dela que encontramos</p><p>elementos para distinguir negócios jurídicos nulos dos negócios jurídicos</p><p>anuláveis. Além disso, como veremos ao longo do capítulo, a nulidade</p><p>e a anulabilidade são institutos que não se confundem, pois cada um</p><p>possui uma série de peculiaridades inteiramente próprias.</p><p>Neste capítulo, você vai aprender sobre a teoria da invalidade dos</p><p>negócios jurídicos, os arts. 166 a 184 do Código Civil e o modo como tal</p><p>teoria é abordada na nossa jurisprudência.</p><p>Teoria da invalidade dos negócios jurídicos</p><p>O Capítulo V do Livro III do Código Civil, nos arts. 166 a 184, trata da questão</p><p>da invalidade do negócio jurídico. De modo preliminar, chamamos a atenção</p><p>para duas ressalvas importantes sobre o assunto. Em primeiro lugar, a teoria da</p><p>invalidade dos negócios jurídicos ainda suscita muitos debates e divergências</p><p>no contexto doutrinário. Em segundo lugar, a própria terminologia empregada</p><p>Direito_Civil_I_Book.indb 115 06/06/2018 10:09:33</p><p>pelos doutrinadores não está uniformizada. Assim, é sempre importante termos</p><p>muito cuidado ao estudar o tema. A título de exemplo, o que alguns autores</p><p>chamam de teoria da invalidade é chamada por outros de teoria das nulidades</p><p>e por outros de teoria da inefi cácia (PEREIRA, 2011).</p><p>Feitas essas ressalvas preliminares, passamos à ideia geral veiculada pela</p><p>teoria da invalidade dos negócios jurídicos. De modo geral, na base de tal</p><p>teoria, está a ideia segundo a qual os negócios jurídicos podem ou não possuir</p><p>defeitos ou imperfeições. De modo mais específico, a teoria das invalidades</p><p>se ocupa dos tipos de imperfeições dos negócios jurídicos, bem como das</p><p>consequências jurídicas de tais imperfeições. Nesse contexto, a depender do</p><p>grau de imperfeição de um negócio jurídico, a lei atribui consequências mais</p><p>ou menos severas a ele. Dito isso, podemos distinguir três categorias de</p><p>imperfeições que acarretam a invalidade do negócio jurídico:</p><p> negócios inexistentes;</p><p> negócios nulos;</p><p> negócios anuláveis.</p><p>O negócio jurídico inexistente é aquele em que falta algum dos elementos</p><p>estruturais ou fundantes, que são:</p><p> a vontade;</p><p> o agente;</p><p> o objeto;</p><p> a forma.</p><p>Nesse contexto, a ausência de algum desses requisitos faz o negócio sequer</p><p>chegar a se concretizar. Porém, se todos os elementos estruturais estão presentes</p><p>e o negócio existe, isso não significa que ele não possa possuir imperfeições.</p><p>Caso o negócio tenha sido realizado com algum defeito da manifestação da</p><p>vontade que ofende o interesse privado, como, por exemplo, o erro e a coa-</p><p>ção, ele será anulável. Por fim, mais grave do que os casos de anulabilidade,</p><p>quando há alguma ofensa ao interesse público, como, por exemplo, o caso de</p><p>um negócio firmado por uma pessoa absolutamente incapaz, o negócio será</p><p>considerado nulo.</p><p>No que concerne ao conceito de invalidade, é fundamental percebermos</p><p>que ela tem a natureza de uma sanção, cuja consequência é tornar o negócio</p><p>jurídico sem efeito. Nesse contexto, a ideia de nulidade é central, e, em sentido</p><p>Da invalidade do negócio jurídico116</p><p>Direito_Civil_I_Book.indb 116 06/06/2018 10:09:33</p><p>amplo, compreende tanto aquilo que é chamado de nulidade absoluta (nulidade</p><p>stricto sensu) quanto a nulidade relativa (ou anulabilidade). Veremos cada</p><p>uma delas separadamente, começando pela primeira.</p><p>Com relação à nulidade absoluta, a primeira questão que precisamos saber</p><p>é sua vinculação aos requisitos de validade do negócio jurídico, tal qual apre-</p><p>sentado no art. 104 do Código Civil (objeto lícito, agente capaz e forma não</p><p>defesa em lei, bem como requisito implícito da manifestação livre da vontade</p><p>dos agentes). Além disso, o art. 166 elenca uma série de casos relacionados</p><p>com os requisitos do art. 104, que, se violados, suscitam a nulidade do negócio</p><p>(BRASIL, 2002, documento on-line). Nesse contexto, Flávio Tartuce (2016, p.</p><p>291) afirma: “[...] a nulidade absoluta ofende regramentos ou normas de ordem</p><p>pública, sendo o negócio absolutamente inválido, cabendo ação correspon-</p><p>dente para declarar a ocorrência do vício”. Sobre tal definição, é importante</p><p>destacarmos que dizer que algo “ofende regramentos ou normas de ordem</p><p>pública” significa que afeta a todos.</p><p>Com relação à nulidade relativa ou anulabilidade, como a própria nomen-</p><p>clatura indica, o grau de imperfeição do negócio jurídico é mais brando do que</p><p>se comparado com os casos de nulidade absoluta. Nesse contexto, conforme</p><p>o art. 171 do Código Civil, ela geralmente é suscitada nos casos em que há</p><p>algum defeito relativo ao consentimento do agente (erro, dolo, estado de</p><p>perigo, coação e lesão), ao agente ser relativamente incapaz ou aos casos de</p><p>vícios sociais (como a fraude contra credores). Quanto a isso, diferentemente</p><p>dos casos de nulidade absoluta, que estão ligados ao interesse público, os</p><p>casos de nulidade relativa estão ligados ao interesse privado, pois o interesse</p><p>de anular o negócio jurídico é exclusivo às partes envolvidas ou prejudicadas</p><p>pelo negócio jurídico (BRASIL, 2002).</p><p>Além da distinção entre nulidade absoluta e relativa, a doutrina costuma</p><p>chamar atenção para a distinção entre nulidade total e parcial. A propósito disso,</p><p>basta compreendermos que, enquanto a nulidade total afeta a integralidade</p><p>do negócio jurídico, a nulidade parcial afeta apenas uma porção sua. No</p><p>contexto da nulidade parcial, é importante ressaltarmos que ela só pode ser</p><p>suscitada caso existam partes separáveis no negócio e que a anulação de uma</p><p>das partes não acabe prejudicando a parte não anulada. Dito isso, sempre que</p><p>for possível anular apenas uma parte viciada do negócio sem que, com isso,</p><p>seja necessário decretar a nulidade integral do contrato, em nome do princípio</p><p>de conservação do negócio jurídico, apenas a parte viciada deverá ser anulada.</p><p>Outra distinção importante, no contexto doutrinário acerca do tópico das</p><p>nulidades, vem da ideia de nulidade textual por oposição à nulidade virtual.</p><p>117Da invalidade do negócio jurídico</p><p>Direito_Civil_I_Book.indb 117 06/06/2018 10:09:33</p><p>Quanto a eles, Silvio de Salvo Venosa (2013, p. 513) afirma: “É nulidade</p><p>textual aquela disciplinada expressamente na lei. É nulidade virtual aquela</p><p>implícita no ordenamento, depreendendo-se da função da norma na falta de</p><p>sanção expressa”. No caso da nulidade textual, podemos citar o art. 548 do</p><p>Código Civil, que declara: “[...] é nula a doação de todos os bens sem reserva</p><p>de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador” (BRASIL, 2002,</p><p>documento on-line). Já com relação à nulidade virtual, temos artigos como o</p><p>1.521, I, que diz que os ascendentes não podem casar com os descendentes. De</p><p>modo que, embora não tenha sido explicitado pelo legislador, podemos inferir</p><p>a nulidade</p><p>de um casamento entre ascendentes e descendentes.</p><p>Veja, no Quadro 1, um resumo das diferenças entre nulidade absoluta e</p><p>relativa.</p><p>Fonte: Adaptado de Aquino ([201-?]).</p><p>Nulidade absoluta Nulidade relativa</p><p>O ato nulo é de interesse público O ato anulável é de interesse privado</p><p>Não pode ser confirmado Pode ser confirmado de</p><p>modo expresso ou tácito</p><p>Arguível pelas partes, por terceiros,</p><p>pelo Ministério Público ou</p><p>declarada de ofício pelo juiz</p><p>Apenas os interessados podem arguir</p><p>A ação cabível é a declaratória de</p><p>nulidade com efeitos ex tunc</p><p>A ação cabível é a ação anulatória</p><p>com efeitos ex nunc</p><p>Pode ser reconhecida a</p><p>qualquer tempo</p><p>Tem prazos decadenciais de 4 e 2 anos</p><p>Quadro 1. Diferenças marcantes entre a nulidade absoluta e a relativa.</p><p>Código Civil: arts. 166 a 184</p><p>Conforme mencionado, o Código Civil, entre os arts. 166 a 184, apresenta</p><p>uma série de prescrições gerais acerca da questão da invalidade dos negócios</p><p>Da invalidade do negócio jurídico118</p><p>Direito_Civil_I_Book.indb 118 06/06/2018 10:09:33</p><p>jurídicos. Nesse contexto, podemos dividir os artigos que tratam especifi ca-</p><p>mente sobre a nulidade absoluta (166 a 170) dos artigos que tratam da nulidade</p><p>relativa (171 a 184). Vejamos eles com mais detalhes.</p><p>Enquanto, no art. 166, o Código Civil apresenta as causas da nulidade</p><p>absoluta, no art. 171, temos as causas de anulabilidade dos negócios jurídicos:</p><p>Art. 166 É nulo o negócio jurídico quando:</p><p>I — celebrado por pessoa absolutamente incapaz;</p><p>II — for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;</p><p>III — o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;</p><p>IV — não revestir a forma prescrita em lei;</p><p>V — for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a</p><p>sua validade;</p><p>VI — tiver por objetivo fraudar lei imperativa;</p><p>VII — a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem co-</p><p>minar sanção.</p><p>[...]</p><p>Art. 171 Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o ne-</p><p>gócio jurídico:</p><p>I — por incapacidade relativa do agente;</p><p>II — por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou</p><p>fraude contra credores (BRASIL, 2002, documento on-line).</p><p>De modo geral, ao comparar ambos os artigos, torna-se possível inferir</p><p>— com certa facilidade — a razão pela qual o negócio jurídico nulo é consi-</p><p>derado uma sanção mais grave do que o negócio jurídico anulável. A saber,</p><p>o tipo de imperfeição dos negócios nulos é de gravidade muito maior do que</p><p>a imperfeição dos negócios anuláveis. A título de exemplo, podemos citar o</p><p>fato de que o negócio será nulo quando realizado por absolutamente incapaz,</p><p>ao passo que será anulável quando realizado por relativamente incapaz. Além</p><p>disso, percebemos que os incisos I, II, IV e V do art. 166 estão relacionados</p><p>com os requisitos de validade do negócio jurídico, tal qual estabelecido pelo</p><p>art. 104. Já no caso dos negócios jurídicos anuláveis, geralmente estarão re-</p><p>lacionados com os vícios no momento do consentimento do agente (ou vícios</p><p>sociais como a fraude contra credores), tal qual disciplinado pelos arts. 138</p><p>a 165 do Código Civil.</p><p>119Da invalidade do negócio jurídico</p><p>Direito_Civil_I_Book.indb 119 06/06/2018 10:09:33</p><p>Art. 167 É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se</p><p>dissimulou, se válido for na substância e na forma.</p><p>§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:</p><p>I — aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas</p><p>daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;</p><p>II — contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não ver-</p><p>dadeira;</p><p>III — os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.</p><p>§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos con-</p><p>traentes do negócio jurídico simulado (BRASIL, 2002, documento</p><p>on-line).</p><p>A propósito da simulação, Silvio de Salvo Venosa (2013, p. 527) afirma:</p><p>Simular é fingir, mascarar, camuflar, esconder a realidade. Juridica-</p><p>mente, é a prática de ato ou negócio que esconde a real intenção. A</p><p>intenção dos simuladores é encoberta mediante disfarce, parecendo</p><p>externamente negócio que não é espelhado pela vontade dos contraentes.</p><p>Nesse contexto, a simulação consiste em uma mera aparência de negócio jurídico,</p><p>em que as partes intencionalmente entram em conluio para criar a ilusão de que</p><p>firmaram um acordo qualquer. Embora não exista consenso doutrinário acerca da</p><p>simulação, seguindo a posição de Silvio de Salvo Venosa, podemos compreender</p><p>que, do mesmo modo que a fraude contra credores, a simulação é um vício social.</p><p>Porém, com a diferença de que, enquanto a fraude contra credores suscita apenas</p><p>a anulabilidade do negócio jurídico, a simulação — conforme o art. 167 — suscita a</p><p>nulidade do negócio jurídico.</p><p>Tendo estabelecido as causas que suscitam a nulidade e a anulabilidade, o</p><p>próximo passo consiste em avaliar ambos os institutos no que tange à questão</p><p>de confirmação, decadência e interesse de agir, ao tipo de ação apropriada,</p><p>bem como aos poderes e limites da atuação jurisdicional:</p><p>Art. 168 As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qual-</p><p>quer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.</p><p>Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando</p><p>conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não</p><p>lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.</p><p>Da invalidade do negócio jurídico120</p><p>Direito_Civil_I_Book.indb 120 06/06/2018 10:09:33</p><p>Art. 169 O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem con-</p><p>valesce pelo decurso do tempo.</p><p>Art. 170 Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro,</p><p>subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o</p><p>teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.</p><p>[...]</p><p>Art. 172 O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito</p><p>de terceiro.</p><p>Art. 173 O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado</p><p>e a vontade expressa de mantê-lo.</p><p>Art. 174 É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido</p><p>em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava.</p><p>Art. 175 A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anu-</p><p>lável, nos termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações,</p><p>ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor.</p><p>Art. 176 Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de</p><p>terceiro, será validado se este a der posteriormente.</p><p>Art. 177 A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se</p><p>pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusiva-</p><p>mente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.</p><p>Art. 178 É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação</p><p>do negócio jurídico, contado:</p><p>I — no caso de coação, do dia em que ela cessar;</p><p>II — no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do</p><p>dia em que se realizou o negócio jurídico;</p><p>III — no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.</p><p>Art. 179 Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer</p><p>prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da</p><p>conclusão do ato (BRASIL, 2002, documento on-line).</p><p>Da leitura dos artigos supracitados, podemos inferir uma série de diferenças</p><p>significativas entre os negócios jurídicos nulos e anuláveis. A primeira delas</p><p>surge a propósito do instituto da confirmação. Enquanto os negócios nulos não</p><p>são passíveis de confirmação pela via judicial (art. 169), os negócios jurídicos</p><p>anuláveis estão sujeitos à confirmação pelas partes (art. 172). Tal confirmação</p><p>pode ser expressa (art. 173) ou tácita (art. 174), porém não poderá ocorrer</p><p>nos casos em que prejudicar terceiros (art. 172) (BRASIL, 2002). Além disso,</p><p>sendo confirmado o negócio expressa ou tacitamente, importará a extinção</p><p>de todas as ações ou execuções que contra ele dispunha o devedor. Ainda</p><p>quanto a isso, é importante destacarmos</p><p>que, nos casos de anulabilidade, o</p><p>juiz poderá sanar algum vício contido no negócio, ao passo que, nos casos de</p><p>nulidade, os vícios são insanáveis por parte do juiz.</p><p>121Da invalidade do negócio jurídico</p><p>Direito_Civil_I_Book.indb 121 06/06/2018 10:09:33</p><p>Cabe mencionar que, conforme o art. 176, se a anulabilidade do negócio se deve</p><p>à falta de anuência de um terceiro e se o terceiro oferecer o seu consentimento, a</p><p>anulabilidade também será suprida.</p><p>Outra diferença saliente entre os negócios nulos e anuláveis vem da ques-</p><p>tão do prazo para ingressar nas vias judiciais. Nesse contexto, enquanto os</p><p>negócios nulos são imprescritíveis e podem ser suscitados a qualquer tempo</p><p>(art. 196), os negócios anuláveis possuem prazos decadenciais de 4 anos para</p><p>os casos expressos no art. 178 e de 2 anos para os casos em que não houver</p><p>nenhum prazo estipulado no ordenamento jurídico (art. 179) (BRASIL, 2002).</p><p>Além das diferenças citadas, podemos inferir dos artigos citados que</p><p>há uma grande diferença no que concerne ao interesse de agir nos casos de</p><p>negócios nulos e anuláveis, pois, sobre o interesse, no primeiro caso, estamos</p><p>diante do interesse público (art. 168), no segundo caso, estamos diante do</p><p>interesse privado (art. 177). A consequência prática de tal distinção vem da</p><p>ideia segundo a qual a nulidade do negócio pode ser alegada pelos interessados,</p><p>pelo Ministério Público ou de ofício pelo juiz, ao passo que a anulabilidade</p><p>só pode ser alegada pelas partes interessadas.</p><p>Para finalizar a análise dos artigos citados, relacionado ao ponto anterior,</p><p>também temos uma diferença no que tange à ação específica cabível para</p><p>cada um dos casos. Enquanto a ação cabível para os casos de nulidade</p><p>é a ação declaratória de nulidade (com efeitos ex tunc), cuja natureza é</p><p>meramente declaratória, nos casos de anulabilidade, a ação cabível é a</p><p>ação anulatória, cujo objetivo é desconstituir o negócio em questão (com</p><p>efeitos ex nunc).</p><p>Embora os negócios jurídicos nulos não estejam sujeitos à confirmação, o art. 170</p><p>autoriza a possibilidade de convertê-los em um negócio jurídico válido. Quanto a</p><p>isso, Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 357) afirma que “[...] o instituto da conversão</p><p>permite [...] que, observados certos requisitos, se transforme um negócio jurídico, em</p><p>princípio nulo, em outro, para propiciar a consecução do resultado prático que as</p><p>partes visavam com ele alcançar”.</p><p>Da invalidade do negócio jurídico122</p><p>Direito_Civil_I_Book.indb 122 06/06/2018 10:09:33</p><p>Além dos dispositivos gerais mencionados, o Código também dispõe sobre</p><p>alguns casos especiais, concernentes aos negócios jurídicos anuláveis. Vejamos.</p><p>“Art. 180 O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para</p><p>eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou</p><p>quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se</p><p>maior” (BRASIL, 2002, documento on-line).</p><p>Em função disso, caso o menor tenha dolosamente ocultado a idade, ele</p><p>perderá a proteção naturalmente destinada a ele pela lei.</p><p>“Art. 181 Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada,</p><p>pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a</p><p>importância paga” (BRASIL, 2002, documento on-line).</p><p>Na base de tal artigo, está a ideia segundo a qual não é possível reclamar</p><p>acerca de negócios jurídicos realizados com incapazes, salvo se for para</p><p>evitar algum tipo de enriquecimento ilícito do agente que realizou o negócio</p><p>anulado com o incapaz.</p><p>“Art. 182 Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado</p><p>em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão</p><p>indenizadas com o equivalente” (BRASIL, 2002, documento on-line).</p><p>A regra do art. 182 vem para evitar o enriquecimento ilícito de uma das</p><p>partes do contrato, de modo que, quando o negócio jurídico for anulado, as</p><p>partes deverão ser restituídas. Além disso, nos casos em que não for possível</p><p>a restituição com o bem negociado, ela deverá ser substituída por indenização</p><p>em dinheiro.</p><p>“Art. 183 A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurí-</p><p>dico sempre que este puder provar-se por outro meio” (BRASIL, 2002,</p><p>documento on-line).</p><p>Na base de tal artigo, está a diferença entre o negócio jurídico em si com</p><p>o instrumento que o materializa. Enquanto o negócio jurídico consiste na</p><p>manifestação de uma certa vontade que tem por objetivo a realização de um</p><p>certo efeito no mundo jurídico, o instrumento é apenas o meio pelo qual tal</p><p>manifestação da vontade foi externada. Dito isso, caso o problema com o</p><p>123Da invalidade do negócio jurídico</p><p>Direito_Civil_I_Book.indb 123 06/06/2018 10:09:34</p><p>negócio jurídico deva-se ao instrumento e for possível prová-lo por outros</p><p>métodos, então a invalidade pode ser superada.</p><p>“Art. 184 Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um</p><p>negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável;</p><p>a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias,</p><p>mas a destas não induz a da obrigação principal” (BRASIL, 2002, docu-</p><p>mento on-line).</p><p>Tal dispositivo apresenta a ideia de que, se o negócio puder ser separado</p><p>em partes e apenas algumas delas forem inválidas, elas não afetarão as</p><p>partes válidas. Além disso, se existirem obrigações principais e acessórias,</p><p>a nulidade das obrigações acessórias não implicará na nulidade da obrigação</p><p>principal, mas, caso o problema esteja na obrigação principal, ele afetará a</p><p>obrigação acessória.</p><p>Invalidade dos negócios jurídicos</p><p>e jurisprudência</p><p>A jurisprudência de tribunais superiores acerca da invalidade dos negócios</p><p>jurídicos é profícua e numerosa. A título de amostra, apresentamos um caso</p><p>relativo à inexistência e um relativo à nulidade absoluta.</p><p>APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA. NEGÓCIO JURÍDICO</p><p>NULO. ASSINATURA FALSA. INSTITUTO DA DECADÊNCIA AFAS-</p><p>TADO. Autora requer a declaração de nulidade da cláusula de fiança inserida</p><p>em contrato de locação que serviu de título executivo na qual foi citada. Laudo</p><p>Pericial grafotécnico acostado aos autos constatou que a assinatura firmada</p><p>no contrato de locação era falsa. Total ausência de vontade da parte autora</p><p>relativo ao resultado, caso no qual o negócio jurídico inexiste como tal e deve</p><p>ser tido por nulo, por ausência do elemento do consentimento. Tratando-se de</p><p>ato inexistente, deve ser afastada a prejudicial de decadência levantada pelos</p><p>apelados, e acolhida na sentença, tendo em vista que a questão não diz respeito</p><p>a ato anulável, baseando-se no prazo de quatro anos previsto no art. 178, §</p><p>9º, V, do Código Civil de 1916, vigente a época do contrato, atual art. 178, II,</p><p>do Código Civil de 2002, mas sim, sobre ato nulo, descabendo a aplicação do</p><p>prazo decadencial ali contido. Pacífico o entendimento do Superior Tribunal</p><p>Da invalidade do negócio jurídico124</p><p>Direito_Civil_I_Book.indb 124 06/06/2018 10:09:34</p><p>de Justiça de que a ação puramente declaratória, como no caso dos autos, é</p><p>imprescritível. Precedentes desta Corte. PROVIMENTO DO RECURSO</p><p>(RIO DE JANEIRO, 2017, documento on-line).</p><p>O acórdão citado, relatado e julgado conforme o entendimento do Tribunal</p><p>de Justiça do Rio de Janeiro, trata de uma ação declaratória de nulidade do</p><p>negócio jurídico. Conforme o exposto pela ementa, é possível perceber que,</p><p>na medida em que faltava um dos elementos constitutivos do negócio jurídico</p><p>(a saber, a vontade), ele sequer pode ser considerado um negócio jurídico</p><p>propriamente dito. Nesse contexto, ao reconhecer que não havia a assinatura</p><p>da autora no documento, o suposto negócio foi declarado um ato inexistente</p><p>pelo tribunal em questão.</p><p>DIREITO CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS DE TERCEIROS.</p><p>ILEGITIMIDADE ATIVA. MENOR COM 13 ANOS. NULIDADE AB-</p><p>SOLUTA. CESSÃO DE DIREITOS REALIZADA COM ABSOLUTA-</p><p>MENTE INCAPAZ. NEGÓCIO JURÍDICO NULO. INSUCETÍVEL DE</p><p>CONVALIDAÇÃO. 1. O art. 3º, I, do Código Civil considera o menor de</p><p>dezesseis anos absolutamente incapaz de exercer pessoalmente os atos</p><p>da vida civil; 2. Por afrontar</p><p>preceito de ordem pública, a lei civil não</p><p>permite a convalidação de ato praticado em desconformidade com o que</p><p>prescreve, podendo qualquer pessoa alegar a invalidade e pleitear seja</p><p>declarada, judicialmente, a sua nulidade. 3. Tratando-se de nulidade de</p><p>negócio jurídico, não há falar em prescrição ou decadência, já que o artigo</p><p>169 preceitua que “o negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação,</p><p>nem convalesce pelo decurso de tempo”. 4. Recurso conhecido e improvido</p><p>(BRASÍLIA, 2015, p. 304).</p><p>O acórdão citado, relatado e julgado conforme o entendimento do Tribunal</p><p>de Justiça do Distrito Federal, veio para declarar a nulidade de um negócio</p><p>jurídico. Conforme depreende-se da ementa, é possível compreender que o</p><p>negócio foi realizado por um absolutamente incapaz. Em função disso, pelo</p><p>art. 166, I, do Código Civil, podemos inferir a nulidade do negócio. Além</p><p>disso, a ementa também informa que a nulidade absoluta não é passível de</p><p>confirmação, nem convalesce com o decurso do prazo (art. 168 do Código</p><p>Civil) (BRASIL, 2002).</p><p>125Da invalidade do negócio jurídico</p><p>Direito_Civil_I_Book.indb 125 06/06/2018 10:09:34</p><p>AQUINO, L. G. Invalidade do negócio jurídico. [201-?]. Disponível em: <http://www.</p><p>ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8611>. Acesso</p><p>em: 21 mar. 2018.</p><p>BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, 2002.</p><p>Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso</p><p>em: 21 mar. 2018.</p><p>BRASÍLIA. Tribunal de Justiça. Apelação Cível 20130111508463 DF 0055385-</p><p>62.2013.8.07.0015. Relator: Ana Cantarino. Data de Julgamento: 4 fev. 2015. DJE, Bra-</p><p>sília, 19 fev. 2015, p. 304.</p><p>GONÇALVES, C. R. Direito Civil esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.</p><p>PEREIRA. C. M. S. Instituições de Direito Civil. 24. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.</p><p>RIO DE JANEIRO. Tribunal de Justiça. Apelação Cível 00054936620118190066 RJ Volta</p><p>Redonda 6 Vara Cível. Relator: Peterson Barroso Simão. Data de Julgamento: 27 set.</p><p>2017. DJE, Rio de Janeiro, 29 set. 2017. Disponível em: <https://goo.gl/3RmgRL>.</p><p>Acesso em: 26 mar. 2018.</p><p>TARTUCE, F. Manual de Direito Civil. 6. ed. São Paulo: Método, 2016.</p><p>VENOSA. S. S. Direito Civil. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>AMARAL. F. Direito Civil: introdução. 5. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.</p><p>TARTUCE, F. Direito Civil. 10. ed. São Paulo: Método, 2014.</p><p>PONTES DE MIRANDA. F. C. Tratado de Direito Privado. 4. ed. São Paulo: RT, 1974.</p><p>VELOSO. Z. Invalidade do negócio jurídico. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2005.</p><p>Da invalidade do negócio jurídico126</p><p>Direito_Civil_I_Book.indb 126 06/06/2018 10:09:34</p><p>http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8611</p><p>http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2002/L10406.htm</p><p>https://goo.gl/3RmgRL</p><p>Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para</p><p>esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual</p><p>da Instituição, você encontra a obra na íntegra.</p>

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