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AULA 1 – ADM 2 – SERVIÇOS PÚBLICOS (considerações iniciais) 
Roteiro de aula: 
 
A CF de 1988 estabelece uma divisão entre dois setores de atuação: o domínio 
econômico (Arts. 170 a 174 – campo de atuação próprio dos particulares, tendo como 
fundamentos a valorização do trabalho humano e a livre iniciativa) e o serviço público 
(Arts. 175 e 176). 
O Estado atua no domínio econômico como agente normativo e regulador. A exploração 
direta de atividade econômica pelo Estado se dará em situações excepcionais, na forma 
do Art. 173 da CF de 1988: 
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de 
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos 
da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
Nessas situações, a atuação estatal na exploração direta de atividade econômica 
ocorrerá por meio das empresas públicas e sociedades de economia mista. 
No campo dos serviços públicos é próprio do Estado, somente se admitindo a prestação 
de serviços públicos por particulares quando houver expressa delegação estatal, como 
ocorre nas concessões e permissões. 
Conceito de serviço público: 
O conceito de serviço público não é unanime, possuindo divergências na doutrina, tendo 
sofrido inúmeras mudanças com o tempo de acordo com as necessidades sociais. 
José dos Santos Carvalho filho: “toda atividade prestada pelo Estado ou por seus 
delegados, basicamente sob regime de direito público, com vistas à satisfação de 
necessidades essenciais e secundárias da coletividade” 
Hely Lopes Meirelles: “serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou 
por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades sociais 
essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniências do Estado”. 
Os primeiros estudos acerca da matéria surgiram na França, com a criação da Escola 
do Serviço Público. À época, se defendia que o Direito Administrativo teria por objeto 
unicamente a prestação dos serviços públicos, considerando como serviço público, 
qualquer atividade executada pelo Estado, desde que fosse realizada com a finalidade 
de satisfazer as necessidades coletivas. 
Hoje se sabe que o Estado, além de prestar serviços públicos, executa uma serie de 
outras atividades, como exploração de atividade econômica, execução de obras 
públicas e exercício do poder de polícia, todas, claro, objetivando também a busca do 
interesse público. Por isso, atualmente, a doutrina moderna vem entendendo que para 
a atividade estatal ser considerada serviço público, deve ter necessariamente 3 
elementos: 
 
1. Substrato material: é uma utilidade ou comodidade material que vai satisfazer a 
coletividade em geral 
2. Elemento subjetivo: atividade prestada direta ou indiretamente pelo Estado. 
3. Trato formal: atividade sujeita a um regime de direito público (totalmente 
público ou parcialmente público) 
 
Princípios do serviço público: 
Todos os princípios do Direito Administrativo se aplicam ao serviço público. (LIMPE – 
Art. 37 da CF). Mas existem alguns princípios específicos que regem este tipo de 
atividade. 
A lei 8987/95 (que regula a concessão e permissão de serviço público) conceitua o 
que seria “serviço público adequado”: 
Art. 6º, § 1: Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, 
continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua 
prestação e modicidade das tarifas. 
 
Principio da generalidade: A prestação do serviço público deve ser estendida à maior 
quantidade possível de usuários. 
Principio da modicidade dos serviços: As tarifas cobradas pelos serviços públicos 
devem ser as mais baratas possíveis. 
Princípio da cortesia: O serviço e as informações de interesse do usuário devem ser 
prestados com polidez e educação. 
Principio da continuidade: significa que a prestação do serviço público não pode ser 
interrompida, devendo ser promovida de forma continua e sem intervalos. 
OBS: lei 8987/95, Art. 6°, § 3º. 
Princípio da eficiência: O serviço público deve ser prestado buscando a melhor 
qualidade e os mais altos índices de aproveitamento possíveis. 
Princípio da segurança: A prestação do serviço não pode colocar em risco a 
integridade dos usuários ou a segurança da coletividade. 
Princípio da atualidade/modernidade: Exige-se que o serviço seja prestado 
utilizando-se das técnicas mais modernas possíveis. (lei 8987/95, art. 6º, § 2º) 
Principio da Igualdade: Os serviços públicos devem ser prestados de modo isonômico 
a todos os usuários, sem privilégios ou discriminações. 
OBS: igualdade material 
 
 Classificação dos serviços públicos: 
1. Quanto à adequação: serviços próprios do Estado e serviços impróprios do 
Estado 
2. Quanto à utilização do serviço pelo usuário: serviço individual (ou “uti singuli”) 
e geral (ou “uti universi”) 
3. Quanto à prestação do serviço: serviços públicos exclusivos indelegáveis, 
serviços públicos exclusivos de delegação obrigatória, serviços públicos 
exclusivos delegáveis e serviços públicos não exclusivos de Estado. 
 
No caso de serviços públicos que o Estado tem a obrigação de prestar, poderá optar 
for fazer diretamente ou indiretamente 
 Diretamente: pode fazê-lo pessoalmente ou diretamente, com auxílio de 
particulares. 
 Indiretamente: presta o serviço mediante descentralização, a entidades da 
administração indireta ou a particulares mediante concessão e permissão. 
 
 A Descentralização pode ocorrer por: 
 Outorga: se faz mediante lei. O Estado transfere não só a execução do serviço 
público, mas a própria titularidade do serviço. Só pode ser concedida a pessoa 
jurídica de direito público (autarquias e fundações públicas de direito público) 
 
 Delegação do serviço: se faz mediante lei ou contrato. O Estado irá se manter 
na titularidade do serviço, transferindo apenas o poder de executar o serviço. 
Pode ser concedida a particulares, mediante contratos de concessão e 
permissão e a entes da administração indireta que sejam pessoas jurídicas de 
direito privado. (empresas públicas e sociedades de economia mista). 
OBS: Outorga é sempre lega! Já a delegação do serviço público pode ser legal 
ou contratual. 
 
O que interessa para nosso estudo é a descentralização por delegação feita a 
particulares por meio de contratos de concessão e permissão de serviços 
públicos.

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