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APG - SOI II
AFYAAFYA
Júlia Morbeck
@med.morbeck
PARTE 1
1
@jumorbeck
↠ O sistema nervoso é o principal sistema de controle e
comunicação do corpo. Cada pensamento, ação, instinto
e emoção refletem a sua atividade. Suas células
comunicam-se por meio de sinais elétricos, que são
rápidos e específicos e, normalmente, produzem
respostas quase imediatas (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Com apenas 2 kg de peso, cerca de 3% do peso
corporal total, o sistema nervoso é um dos menores,
porém mais complexos, dos 11 sistemas corporais. Esta
rede intrincada de bilhões de neurônios e de um número
ainda maior de células da neuróglia está organizada em
duas subdivisões principais: o sistema nervoso central e o
sistema nervoso periférico (TORTORA, 14ª ed.).
Morfologia do sistema nervoso central e periférico
SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC)
↠ O sistema nervoso central, ou parte central do sistema
nervoso, (SNC) é formado pelo encéfalo e pela medula
espinal, que ocupam o crânio e o canal vertebral,
respectivamente (MARIEB, 7ª ed.).
↠ O encéfalo é a parte do SNC que está localizada no
crânio e contém cerca de 85 bilhões de neurônios. A
medula espinal conecta-se com o encéfalo por meio do
forame magno do occipital e está envolvida pelos ossos
da coluna vertebral. A medula espinal possui cerca de 100
milhões de neurônios (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O encéfalo e a medula espinal são contínuos entre si
no forame magno (SEELY, 10ª ed.).
↠ O SNC é o centro de integração e comando do
sistema nervoso, pois recebe sinais sensitivos, interpreta-
os e determina as respostas motoras com base em
experiências pregressas, reflexos e condições atuais
(MARIEB, 7ª ed.).
↠ O SNC processa muitos tipos diferentes de
informações sensitivas. Também é a fonte dos
pensamentos, das emoções e das memórias. A maioria
dos sinais que estimulam a contração muscular e a
liberação das secreções glandulares se origina no SNC
(TORTORA, 14ª ed.).
Encéfalo
↠ O encéfalo é a parte do sistema nervoso central (SNC)
que está contida no interior da cavidade craniana (SEELY,
10ª ed.). Os anatomistas costumam classificar o encéfalo
em quatro partes: tronco encefálico (bulbo, ponte e
mesencéfalo), cerebelo, diencéfalo e telencéfalo
(cérebro), composto de dois hemisférios cerebrais
(MARIEB, 7ª ed.).
↠ O encéfalo humano adulto médio pesa
aproximadamente 1.500 g (MARIEB, 7ª ed.).
As funções do encéfalo variam de atividades comuns (porém
essenciais) de manutenção da vida até funções neurais mais
complexas. O encéfalo controla a frequência cardíaca, a frequência
respiratória e a pressão arterial - e mantém o ambiente interno por
meio do controle da divisão autônoma do sistema nervoso e do
sistema endócrino. Sobretudo, o encéfalo executa tarefas de alto nível
- aquelas associadas a inteligência, consciência, memória, integração
sensório-motora, emoção, comportamento e socialização (MARIEB, 7ª
ed.).
BÔNUS
Para entender a terminologia utilizada para as principais divisões do
encéfalo adulto, será útil compreender o seu desenvolvimento
embriológico. O encéfalo e a medula espinal são derivados do tubo
neural, que por sua vez se origina do ectoderma. A parte anterior do
tubo neural se expande, junto com o tecido da crista neural,
desenvolvendo constrições que determinam o aparecimento de três
regiões chamadas de vesículas encefálicas primárias: prosencéfalo,
mesencéfalo e rombencéfalo. Tanto o prosencéfalo quanto o
rombencéfalo se subdividem, formando as vesículas encefálicas
secundárias. O prosencéfalo dá origem ao telencéfalo e ao diencéfalo;
o rombencéfalo, ao metencéfalo e ao mielencéfalo (TORTORA, 14ª
ed.).
As diversas vesículas encefálicas originam as seguintes estruturas no
adulto: (TORTORA, 14ª ed.).
• O telencéfalo forma o cérebro e os ventrículos laterais
APG 01
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@jumorbeck
• O diencéfalo dá origem ao tálamo, ao hipotálamo, ao
epitálamo e ao terceiro ventrículo
• O mesencéfalo forma estrutura de mesmo nome e o
aqueduto do mesencéfalo
• O metencéfalo dá origem à ponte, ao cerebelo e à parte
superior do quarto ventrículo
• O mielencéfalo forma o bulbo (medula oblonga) e a parte
inferior do quarto ventrículo.
↠ O tronco encefálico é contínuo com a medula espinal
e é composto pelo bulbo, pela ponte e pelo mesencéfalo.
Posteriormente ao tronco encefálico se encontra o
cerebelo. Superiormente ao tronco encefálico se localiza
o diencéfalo, formado pelo tálamo, pelo hipotálamo e pelo
epitálamo. Apoiado no diencéfalo está o telencéfalo
(cérebro), a maior parte do encéfalo (TORTORA, 14ª ed.).
Tronco encefálico
↠ O tronco encefálico conecta a medula espinal ao
restante do encéfalo (SEELY, 10ª ed.).
↠ A mais caudal das quatro partes principais do encéfalo
é o tronco encefálico. Da posição caudal para a rostral, as
três regiões do tronco encefálico são o bulbo, a ponte e
o mesencéfalo (MARIEB, 7ª ed.).
Cada região tem aproximadamente 2,5 cm de comprimento e, juntas,
correspondem a apenas 25% da massa encefálica total. Situado na
fossa do crânio posterior, na parte basilar do osso occipital, o tronco
encefálico tem quatro funções gerais: (MARIEB, 7ª ed.).
• Age como uma via de passagem para todos os tratos
fibrosos que vão do cerebelo até a medula espinal.
• Participa ativamente da inervação da face e da cabeça; 10
a 12 pares de nervos craniais conectam-se a ele.
• Produz comportamentos rigidamente programados e
automáticos, necessários para a sobrevivência.
• Integra os reflexos auditivos e visuais.
O tronco encefálico é responsável por várias funções essenciais.
Lesões a pequenas áreas frequentemente resultam em morte, já que
muitos reflexos vitais são integrados no tronco encefálico (SEELY, 10ª
ed.).
↠ O tronco encefálico tem o mesmo plano estrutural da
medula espinal, com substância branca externa
circundando uma região interna de substância cinzenta.
No entanto, os núcleos de substância cinzenta também
estão situados na substância branca do tronco encefálico
(MARIEB, 7ª ed.).
BULBO (MEDULA OBLONGA)
↠ O bulbo é contínuo com a parte superior da medula
espinal; ele forma a parte inferior do tronco encefálico. O
bulbo se inicia na altura do forame magno e se estende
até a margem inferior da ponte por uma distância de
aproximadamente 3 cm (MARIEB, 7ª ed.).
↠ A substância branca do bulbo contém todos os tratos
sensitivos e motores que se projetam entre a medula
espinal e outras partes do encéfalo. Parte da substância
branca forma protrusões na parte anterior do bulbo. Estas
protrusões, chamadas de pirâmides, são formadas pelos
tratos corticospinais que passam do telencéfalo (cérebro)
para a medula espinal. Os tratos corticospinais são
responsáveis pelos movimentos voluntários dos quatro
membros e do tronco (TORTORA, 14ª ed.).
Dois proeminentes alargamentos na superfície anterior do bulbo são
as pirâmides, assim chamadas por possuírem maior extensão junto à
ponte e afunilarem-se junto à medula espinal. As pirâmides são
formadas por grandes tratos descendentes envolvidos no controle
voluntário dos músculos esqueléticos (SEELY, 10ª ed.).
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@jumorbeck
IMPORTANTE: Logo acima da junção do bulbo com a
medula espinal, 90% dos axônios da pirâmide esquerda
cruzam para o lado direito, e 90% dos axônios da pirâmide
direita cruzam para o lado esquerdo. Este cruzamento é
conhecido como decussação das pirâmides e explica por
que cada lado do encéfalo é responsável pelos
movimentos voluntários do lado oposto do corpo
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O bulbo também apresenta diversos núcleos.
(Lembre-se de que núcleo é um agrupamento de corpos
celulares neuronais no SNC.) (TORTORA, 14ª ed.).
Seguindo pelo centro do tronco encefálico, há um
agrupamento de pequenos núcleos que constituem a
formação reticular. Os núcleos da formação reticular
compõem três colunas em cada lado, que se estendemou
corrente, diretamente do citoplasma de uma célula para
outra através de poros presentes nas proteínas das
junções comunicantes. A informação pode fluir em ambas
as direções em quase todas as junções comunicantes,
porém, em alguns casos, a corrente pode fluir em apenas
uma direção (uma sinapse retificadora) (SILVERTHORN,
7ª ed.).
SINPASES QUÍMICAS
↠ Apesar das membranas plasmáticas dos neurônios pré
e pós sinápticos em uma sinapse química estarem
próximas entre si, elas não se tocam. Elas são separadas
pela fenda sináptica, um espaço de 20 a 50 nm que é
preenchido com líquido intersticial (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os impulsos nervosos não podem ser conduzidos pela
fenda sináptica; assim, ocorre uma forma alternativa e
indireta de comunicação. Em resposta a um impulso
nervoso, o neurônio pré-sináptico libera um
neurotransmissor que se difunde pelo líquido da fenda
sináptica e se liga a receptores na membrana plasmática
do neurônio pós-sináptico (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O neurônio pós-sináptico recebe o sinal químico e, na
sequência, produz um potencial pós-sináptico, um tipo de
potencial graduado. Desse modo, o neurônio pré-sináptico
converte o sinal elétrico (impulso nervoso) em um sinal
químico (neurotransmissor liberado). O neurônio pós-
sináptico recebe o sinal químico e, em contrapartida, gera
um sinal elétrico (potencial pós-sináptico) (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ A maior parte das sinapses no sistema nervoso são
sinapses químicas, as quais utilizam moléculas neurócrinas
para transportar a informação de uma célula à outra. Nas
sinapses químicas, o sinal elétrico da célula pré-sináptica é
convertido em um sinal neurócrino que atravessa a fenda
sináptica e se liga a um receptor na sua célula-alvo
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
A composição química neurócrina é variada, e essas moléculas podem
funcionar como neurotransmissores, neuromoduladores ou neuro-
hormônios. Os neurotransmissores e os neuromoduladores atuam
como sinais parácrinos, com as suas células-alvo localizadas perto do
neurônio que as secreta. Em contrapartida, os neuro-hormônios
sãosecretados no sangue e distribuídos pelo organismo
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Em geral, se uma molécula atua principalmente em uma sinapse e
gera uma resposta rápida, ela é chamada de neurotransmissor, mesmo
ela também atuando como um neuromodulador. Os
neuromoduladores agem tanto em áreas sinápticas quanto em áreas
não sinápticas e produzem ação mais lenta (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Os receptores neurócrinos encontrados nas sinapses químicas podem
ser divididos em duas categorias: receptores de canal, que são canais
iônios dependentes de ligante, e receptores acoplados à proteína G
(RPG). Os receptores de canais medeiam a reposta rápida, alterando o
fluxo de íons através da membrana, por isso eles são chamados de
receptores ionotrópicos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Os receptores ionotrópicos são proteínas compostas por quatro ou
cinco subunidades que dão origem a uma macromolécula. Estes
alteram a sua forma tridimensional quando há ligação do
neurotransmissor, que leva à abertura do canal. Isto significa que a
ativação do canal iónico é feita pelo próprio neurotransmissor
(COSTA,2015).
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@jumorbeck
Os receptores acoplados à proteína G medeiam uma resposta mais
lenta, pois é necessária uma transdução do sinal mediada por um
sistema de segundos mensageiros. Os RPGs para os
neuromoduladores são descritos como receptores metabotrópicos.
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
A ligação do neurotransmissor vai ativar a proteína G que se dissocia
do receptor e interage diretamente com os canais iónicos ou liga-se
a proteínas efetoras. Estes recetores devem o seu nome ao facto dos
receptores se ligarem diretamente a pequenas proteínas intercelulares
conhecidas como proteínas G (COSTA,2015).
Neurotransmissores
↠ Os neurotransmissores são compostos químicos
sintetizados nos neurônios responsáveis pela sinalização
celular por meio de sinapses (DINIZ et. al., 2020).
↠ As funções principais desses mediadores químicos são
de regular atividades do sistema nervosos central e
periférico, para gerir a homeostase (DINIZ et. al., 2020).
↠ Devido a inúmeras definições existentes de
neurotransmissores foram estabelecidos critérios para
determinar se uma substância química é considerada um
neurotransmissor. A substância deve ser: (COSTA,2015).
• sintetizada em neurónios pré-sinápticos;
• armazenada em vesículas nos terminais
sinápticos;
• libertadas após um estímulo nervoso;
• atuar em recetores específicos pré ou pós-
sinápticos;
• removida ou degradada após exercer a sua
ação;
• a sua aplicação exogénea deve mimetizar o
efeito pós-sináptico
↠ As moléculas neurócrinas podem ser agrupadas
informalmente em sete classes diferentes, de acordo com
a sua estrutura: (1) acetilcolina, (2) aminas, (3) aminoácidos,
(4) peptídeos, (5) purinas, (6) gases e (7) lipídeos
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os neurônios do SNC liberam vários tipos diferentes
de sinais químicos, incluindo alguns polipeptídeos
conhecidos principalmente pela sua atividade hormonal,
como os hormônios hipotalâmicos ocitocina e
vasopressina. Em contrapartida, o SNP secreta apenas
três substâncias neurócrinas importantes: os
neurotransmissores acetilcolina e noradrenalina e o neuro-
hormônio adrenalina. Alguns neurônios do SNP
cossecretam moléculas adicionais, como o ATP
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Os receptores, juntamente com os neurotransmissores,
desempenham um papel fundamental fornecendo seletividade e
sensibilidade ao sistema (COSTA,2015).
ACETILCOLINA
↠ A acetilcolina (ACh) possui uma classificação química
específica e é sintetizada a partir da colina e da acetil-
coenzima A (acetil-CoA). A colina é uma molécula
pequena também encontrada em fosfolipídeos de
membrana. A acetil-CoA é o intermediário metabólico que
liga a glicólise ao ciclo do ácido cítrico (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
↠ A síntese de ACh a partir desses dois precursores é
realizada em uma reação enzimática simples, que ocorre
no terminal axonal. Os neurônios que secretam ACh e os
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@jumorbeck
receptores que se ligam à ACh são descritos como
colinérgicos. (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os receptores colinérgicos possuem dois subtipos
principais: nicotínicos, assim denominados porque a
nicotina é um agonista, e muscarínicos, da palavra
muscarina, um composto agonista encontrado em alguns
tipos de fungos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os receptores colinérgicos nicotínicos são
encontrados no músculo esquelético, na divisão autônoma
do SNP e no SNC. Os receptores nicotínicos são canais
de cátions monovalentes, pelos quais tanto Na+ quanto K+
atravessam. A entrada de sódio na célula excede a saída
de K+, uma vez que o gradiente eletroquímico para o Na+
é mais forte. Como resultado, a quantidade de Na+ que
entra despolariza a célula pós-sináptica e a probabilidade
de ocorrer um potencial de ação é maior (SILVERTHORN,
7ª ed.).
↠ Os receptores colinérgicos muscarínicos possuem
cinco subtipos relacionados. Todos são receptores
acoplados à proteína G ligados a sistemas de segundos
mensageiros. A resposta do tecido à ativação dos
receptores muscarínicos varia conforme o subtipo do
receptor (SILVERTHORN, 7ª ed.).
AMINAS
↠ Os neurotransmissores do tipo aminas são todos ativos
no SNC (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A serotonina, também chamada de 5-hidroxitriptamina
ou 5-HT, é derivada do aminoácido triptofano
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
A 5-HT é sintetizada por células específicas do trato gastrointestinal,
denominadas células enterocromafins (cerca de 90%), além de
neurônios do sistema nervoso entéric e pelas plaquetas (DINIZ et. al.,
2020).
Como funções, tem-se que a 5-HT coopera na modulação
hidroeletrolítica e da motilidade gastrointestinal, além de atuar sobre o
humor, emoções, o comportamento do indivíduo (incluindoo
comportamento sexual), ciclos de sono, temperatura, êmese, tônus
vascular periférico e cerebral. Todavia, o aspecto mais relevante para
a 5-HT está relacionado aos transtornos psiquiátricos, sendo que na
depressão há redução dos níveis desse neurotransmissor no SNC
(DINIZ et. al., 2020).
↠ A histamina, sintetizada a partir da histidina, possuiu um
papel nas respostas alérgicas, além de atuar como um
neurotransmissor (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O aminoácido tirosina é convertido em dopamina,
noradrenalina e adrenalina. A noradrenalina é o principal
neurotransmissor da divisão simpática autônoma do SNP.
Todas as três moléculas derivadas do triptofano podem
agir como neuro-hormônios (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os neurônios que secretam a noradrenalina são
denominados neurônios adrenérgicos, ou neurônios
noradrenérgicos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os receptores adrenérgicos são divididos em duas
classes: (alfa) e(beta), cada uma com vários subtipos.
Como os receptores muscarínicos, os receptores
adrenérgicos são acoplados à proteína G (SILVERTHORN,
7ª ed.).
AMINOÁCIDOS
↠ Vários aminoácidos atuam como neurotransmissores
no SNC. O glutamato é o principal neurotransmissor
excitatório do SNC, já o aspartato é um neurotransmissor
excitatório apenas em algumas regiões do cérebro. O
glutamato também age como um neuromodulador
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os neurotransmissores excitatórios despolarizam as
suas células-alvo, geralmente abrindo canais iônicos que
permitem a entrada de íons positivos na célula
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O principal neurotransmissor inibidor no encéfalo é o
ácido gama-aminobutíruco (GABA) (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
↠ Os neurotransmissores inibidores hiperpolarizam as
suas células-alvo, abrindo canais de Cl- e permitindo a
entrada de cloreto na célula (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os receptores AMPA são canais de cátions
monovalentes dependentes de ligante similares aos
receptores-canais nicotínicos de acetilcolina. A ligação do
glutamato abre o canal, e a célula despolariza devido ao
influxo de Na+ (SILVERTHORN, 7ª ed.).
PEPTÍDEOS
↠ Entre esses peptídeos existe a substância P, envolvida
em algumas vias da dor, e os peptídeos opioides
(encefalina e endorfinas), substâncias que medeiam o
alívio da dor, ou analgesia (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os peptídeos que agem tanto como neuro-hormônios
quanto como neurotransmissores incluem a
colecistocinina (CCK), a arginina vasopressina (AVP) e o
peptídeo natriurético atrial (ANP) (SILVERTHORN, 7ª ed.).
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@jumorbeck
PURINAS
↠ A adenosina, a adenosina monofosfato (AMP) e a
adenosina trifosfato (ATP) podem atuar como
neurotransmissores. Essas moléculas, conhecidas
coletivamente como purinas ligam-se a receptores
purinérgicos no SNC e a outros tecidos excitáveis, como
o coração. Todas as purinas se ligam a receptores
acoplados à proteína G (SILVERTHORN, 7ª ed.).
GASES
↠ Um dos neurotransmissores mais interessantes é o
óxido nítrico (NO), um gás instável sintetizado a partir do
oxigênio e do aminoácido l-arginina. O óxido nítrico quando
atua como neurotransmissor se difunde livremente para
a célula-alvo, em vez de ligar-se a um receptor na
membrana. Uma vez dentro da célula-alvo, o óxido nítrico
liga-se a proteínas-alvo. Com uma meia-vida de apenas 2
a 30 segundos, o óxido nítrico é difícil de ser estudado
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Estudos recentes sugerem que o monóxido de
carbono (CO) e o sulfito de hidrogênio (H2S), ambos
conhecidos como gases tóxicos, são produzidos pelo
organismo em pequenas quantidades para serem
utilizados como neurotransmissores (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
LIPÍDEOS
↠ As moléculas lipídicas neurócrinas incluem vários
eicosanoides, que são ligantes endógenos para
receptores canabinoides. O receptor canabinoide CB1 é
encontrado no cérebro, e o CB2 é localizado nas células
imunes (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Todos os sinais lipídicos neurócrinos se ligam a
receptores acoplados à proteína G (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
SÍNTESE DE NEUROTRANSMISSORES
A síntese de neurotransmissores ocorre tanto no corpo celular quanto
no terminal axonal. Os polipeptídeos devem ser sintetizados no corpo
celular, pois os terminais axonais não possuem as organelas
necessárias para a síntese proteica. O grande propeptídeo resultante
é empacotado em vesículas, juntamente às enzimas necessárias para
o modificar. As vesículas, então, movem-se do corpo celular para o
terminal axonal via transporte axônico rápido. Dentro da vesícula, o
propeptídeo é clivado em peptídeos ativos de menor tamanho
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
LIBERAÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES
Os neurotransmissores no terminal axonal são armazenados em
vesículas, então sua liberação para a fenda sináptica ocorre via
exocitose (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Quando a despolarização de um potencial de ação alcança o terminal
axonal, a mudança no potencial de membrana dá início a uma
sequência de eventos 1. (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A membrana do terminal axonal possui canais de Ca2+ dependentes
de voltagem que se abrem em resposta à despolarização 2.
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Como os íons cálcio são mais concentrados no líquido extracelular do
que no citosol, eles movem-se para dentro da célula. O Ca2+ entrando
na célula se liga a proteínas reguladoras e inicia a exocitose 3.
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
A membrana da vesícula sináptica funde-se à membrana celular, com
o auxílio de várias proteínas de membrana. A área fundida abre-se, e
os neurotransmissores movem-se de dentro da vesícula sináptica para
a fenda sináptica 4. (SILVERTHORN, 7ª ed.).
As moléculas do neurotransmissor difundem-se através da fenda para
se ligarem com receptores na membrana da célula pós-sináptica.
Quando os neurotransmissores se ligam aos seus receptores, uma
resposta é iniciada na célula pós-sináptica 5. (SILVERTHORN, 7ª ed.).
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@jumorbeck
TÉRMINO DA ATIVIDADE DOS NEUROTRANSMISSORES
Uma característica-chave da sinalização neural é a sua curta duração,
devido à rápida remoção ou à inativação dos neurotransmissores na
fenda sináptica (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A remoção de neurotransmissores não ligados da fenda sináptica pode
ser realizada de várias maneiras. Algumas moléculas
neurotransmissoras simplesmente se difundem para longe da sinapse,
separando-se dos seus receptores. Outros neurotransmissores são
inativados por enzimas na fenda sináptica. Muitos neurotransmissores
são removidos do líquido extracelular por transporte de volta para a
célula pré-sináptica, ou para neurônios adjacentes ou para a glia
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Referências
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e
Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
DINIZ et. al. Ação dos neurotransmissores envolvidos na
depressão. Ensaios, v.24, n. 4, p. 437-443, 2020.
COSTA, A. S. V. Neurotransmissores e drogas: alterações
e implicações clínicas. Trabalho de mestrado, Universidade
Fernando Pessoa, Porto, 2015.
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@jumorbeck
Objetivos
1- Compreender como ocorre a produção,
circulação e reabsorção do líquido
cerebroespinhal;
2- Estudar a embriogênese e a histologia das
meninges, do plexo corioide e o canal
ependimário;
Líquido Cerebroespinhal (LCS)
↠ Toda a cavidade craniana inteira, incluindo o cérebro e
a medula espinal, tem volume de aproximadamente 1.600
a 1.700 mililitros. Desse volume total, aproximadamente 150
mililitrossão ocupados pelo líquido cefalorraquidiano, e o
resto pelo cérebro e pela medula (GUYTON & HALL, 13ª
ed.).
↠ O liquor ou líquido cerebroespinhal é um fluido aquoso
e incolor que ocupa o espaço subaracnóideo e as
cavidades ventriculares (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O líquido cefalorraquidiano, está presente nos
ventrículos cerebrais, nas cisternas ao redor do encéfalo
e no espaço subaracnoide, ao redor tanto do encéfalo e
da medula espinal. Todas essas câmaras são conectadas
entre si, e a pressão liquórica é mantida em nível
surpreendentemente constante (GUYTON & HALL, 13ª
ed.).
FUNÇÃO DO LCS
↠ Uma das principais funções do líquido cefalorraquidiano
é a de proteger o cérebro no interior de sua caixa óssea.
O cérebro e o líquido cefalorraquidiano têm mais ou
menos, a mesma gravidade específica (diferença de
somente 4%), de forma que o cérebro simplesmente
flutua no líquido (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
Qualquer pressão ou choque que se exerça em um ponto deste
coxim líquido, em virtude do princípio de Pascal irá se distribuir
igualmente a todos os pontos. Desse modo, o liquor constitui um
eficiente mecanismo amortecedor dos choques que frequentemente
atingem o sistema nervoso central. Por outro lado, em virtude da
disposição do espaço subaracnóideo, que envolve todo o sistema
nervoso central, este fica totalmente submerso em líquido e, de
acordo com o princípio de Arquimedes, torna-se muito mais leve e,
de 1.500 gramas passa ao peso equivalente a 50 gramas flutuando no
liquor, o que reduz o risco de traumatismos do encéfalo resultantes
do contato com os ossos do crânio (MACHADO, 3ª ed.).
ATENÇÃO: Quando o golpe na cabeça é extremamente grave, ele
pode danificar o cérebro, não do lado da cabeça em que incidiu o
golpe, mas é provável que o dano ocorra do lado oposto. Esse
fenômeno é conhecido como “contragolpe”, e a causa desse efeito é
o seguinte: quando o golpe é dado em um lado, o líquido desse lado
é tão incompressível que, conforme o crânio se move, o líquido
empurra o cérebro ao mesmo tempo com o crânio. Do lado oposto
ao golpe, o movimento brusco do crânio provoca, por causa da inércia,
movimento relativo do encéfalo em relação ao crânio, criando durante
fração de segundo um vácuo na caixa craniana na área oposta ao
golpe. Depois, quando o crânio não está mais sendo acelerado pelo
golpe, o vácuo de repente se colapsa, e o encéfalo se choca contra
a superfície interior do crânio (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
Golpe e contragolpe podem também ser causados pela rápida
aceleração ou desaceleração isoladas na ausência de impacto físico
devido a golpe na cabeça. Nesses casos, o cérebro pode ricochetear,
na parede do crânio, causando contusão de contragolpe. Pensa-se que
lesões como essa ocorrem na “síndrome do bebê sacudido” ou, por
vezes, em acidentes de automóveis (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
↠ Além de sua função de proteção mecânica do
encéfalo, em tomo do qual forma um coxim líquido, o
liquor tem as seguintes funções: (MACHADO, 3ª ed.).
➢ Manutenção de um meio químico estável no
sistema ventricular, por meio de troca de
componentes químicos com os espaços
intersticiais, permanecendo estável a
composição química do liquor, mesmo quando
ocorrem grandes alterações na composição
química do plasma;
➢ Excreção de produtos tóxicos do metabolismo
das células do tecido nervoso que passam aos
espaços intersticiais de onde são lançados no
liquor e deste para o sangue. Pesquisas recentes
mostraram que o volume dos espaços
intersticiais aumenta 60% durante o sono
facilitando a eliminação de metabólitos tóxicos
acumulados durante a vigília.
➢ Veículo de comunicação entre diferentes áreas
do SNC. Por exemplo, hormônios produzidos no
hipotálamo são liberados no sangue, mas
também no liquor podendo agir sobre regiões
distantes do sistema ventricular.
FUNÇÕES SEGUNDO TORTORA
Proteção mecânica: o LCS funciona como um meio amortecedor que
protege os delicados tecidos do encéfalo e da medula espinal de
cargas que, de outra forma, causariam o impacto destas estruturas
contra as paredes ósseas da cavidade craniana e do canal vertebral. O
líquido cerebrospinal também permite que o encéfalo “flutue” na
cavidade craniana.
Função homeostática: pH do LCS influencia a ventilação pulmonar e
o fluxo sanguíneo encefálico, o que é importante para a manutenção
do controle homeostático para o tecido encefálico. O LCS também
funciona como um sistema de transporte para hormônios
polipeptídicos secretados pelos neurônios hipotalâmicos que agem em
locais remotos do encéfalo.
APG 02
2
@jumorbeck
Circulação: LCS é um meio para trocas secundárias de nutrientes e
excretas entre o sangue e o tecido encefálico
FORMAÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LCS
↠ A maior parte do LCS é produzida pelos plexos
corióideos, redes de capilares localizadas nas paredes dos
ventrículos. Células ependimárias, ligadas entre si por
junções oclusivas, recobrem os capilares dos plexos
corióideos. Substâncias selecionadas (principalmente água)
do plasma sanguíneo, filtradas dos capilares, são
secretadas pelas células ependimárias para produzir o
líquido cerebrospinal. Esta capacidade secretória é
bidirecional e responsável pela produção contínua de LCS
e pelo transporte de metabólitos do tecido encefálico de
volta para o sangue (TORTORA, 14ª ed.).
Devido às junções oclusivas entre as células ependimárias, as
substâncias que entram no LCS pelos capilares corióideos não passam
entre estas células; em vez disso, elas devem passar pelas células
ependimárias. Esta barreira hematoliquórica permite a entrada de
algumas substâncias no LCS, mas exclui outras, protegendo o encéfalo
e a medula espinal de substâncias sanguíneas potencialmente nocivas.
Ao contrário da barreira hematencefálica, formada principalmente por
junções oclusivas das células endoteliais dos capilares encefálicos, a
barreira hematoliquórica é composta pelas junções oclusivas das células
ependimárias (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O líquido cefalorraquidiano é formado na
intensidade/velocidade de cerca de 500 mililitros por dia,
o que é três a quatro vezes maior do que o volume total
de líquido em todo o sistema liquórico (GUYTON & HALL,
13ª ed.).
➢ Em torno de dois terços ou mais desse líquido
surgem como secreção dos plexos coroides
nos quatro ventrículos cerebrais, principalmente
nos dois ventrículos laterais (GUYTON & HALL,
13ª ed.).
➢ Pequenas quantidades adicionais de líquido são
secretadas pelas superfícies ependimárias de
todos os ventrículos e pelas membranas
aracnoides (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
➢ Pequena quantidade vem do cérebro pelos
espaços perivasculares que circundam os vasos
sanguíneos cerebrais (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
↠ O liquor normal do adulto é límpido e incolor, apresenta
de zero a quatro leucócitos por mm3 e uma pressão de
5 cm a 20 cm de água. obtida na região lombar com
paciente em decúbito lateral. Embora o liquor tenha mais
cloretos que o sangue, a quantidade de proteínas é muito
menor do que a existente no plasma. O volume total do
liquor é de 100 mL a 150mL, renovando-se
completamente a cada oito horas (MACHADO, 3ª ed.).
↠ As características do líquido cefalorraquidiano que
resultam são as seguintes: pressão osmótica quase igual
à do plasma; concentração de íons sódio, também quase
igual à do plasma; íons cloreto, cerca de 15% mais alta do
que no plasma; íons potássio aproximadamente 40%
mais baixa; glicose, cerca de 30% mais baixa (GUYTON &
HALL, 13ª ed.).
↠ O líquido cerebrospinal (LCS) é uma solução salina
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O LCS contém pequenas quantidades de glicose,
proteínas, ácido láctico, ureia, cátions (Na+, K+, Ca2+ e
Mg2+) e ânions (Cl– e HCO3–); ele também contém alguns
leucócitos. (TORTORA 14ª ed.).
SECREÇÃO DO LCS
↠ O LCS é secretado continuamente pelo plexo coroide,
uma região especializada nasparedes dos ventrículos. O
plexo coroide é muito similar ao tecido renal e consiste
em capilares e um epitélio de transporte derivado do
epêndima (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A secreção de líquido para os ventrículos pelo plexo
coroide depende, em sua grande parte, do transporte
ativo de íons sódio, através das células epiteliais que
revestem o exterior do plexo (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
↠ Os íons sódio, por sua vez, também puxam consigo
grande quantidade de íons cloreto, porque a carga
positiva do íon sódio atrai a carga negativa do íon cloreto.
Esses dois íons combinados aumentam a quantidade de
cloreto de sódio, osmoticamente ativo, no líquido
cefalorraquidiano, o que então causa o transporte
osmótico, quase imediato, de água através da membrana,
3
@jumorbeck
constituindo-se, dessa forma, na secreção liquórica
(GUYTON & HALL, 13ª ed.).
↠ Processos de transporte menos importantes trazem
pequenas quantidades de glicose para o líquido
cefalorraquidiano, e íons potássio e bicarbonato do líquido
cefalorraquidiano para os capilares (GUYTON & HALL, 13ª
ed.).
CIRCULAÇÃO DO LCS
↠ A circulação do liquor é extremamente lenta e são
ainda discutidos os fatores que a determinam. Sem dúvida,
a produção do liquor em uma extremidade e a sua
absorção em outra já são suficientes para causar sua
movimentação. Outro fator é a pulsação das artérias
intracranianas que, a cada sístole, aumenta a pressão
liquórica. possivelmente contribuindo para empurrar o
liquor através das granulações aracnóideas (MACHADO,
3ª ed.).
↠ O líquido cerebrospinal flui dos ventrículos para dentro
do espaço subaracnóideo, entre a pia-máter e a
aracnoide, envolvendo todo o encéfalo e a medula espinal
com o líquido (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O sentido principal do fluxo liquórico se dá dos plexos
coroides para o sistema do líquido cefalorraquidiano. O
líquido, secretado nos ventrículos laterais, passa primeiro
para o terceiro ventrículo; então, depois da adição de
quantidades mínimas de líquido, do terceiro ventrículo ele
flui para baixo, seguindo o aqueduto de Sylvius para o
quarto ventrículo, onde uma pequena quantidade de
líquido é acrescentada. Finalmente, o líquido sai do quarto
ventrículo por três pequenas aberturas, os dois forames
laterais de Luschka e o forame medial de Magendie,
adentrando a cisterna magna, o espaço liquórico que fica
por trás do bulbo e embaixo do cerebelo (GUYTON &
HALL, 13ª ed.).
↠ O líquido cerebrospinal alcança as cisternas basais e
espaço subaracnóideo espinal e cortical. Inicialmente, a
movimentação do líquor na região subaracnóide ocorre
de em sentido ascendente, na medida que as granulações
estão localizadas, predominantemente, no seio sagital
superior, tendo que atravessar a incisura da tenda e o
mesencéfalo. Por outro lado, na medula espinal, o líquido
cerebrospinal apresenta um trajeto descendente em
direção à região caudal (SOUZA et. al., 2020).
A cisterna magna é contínua com o espaço subaracnoide que circunda
todo o encéfalo e a medula espinal. Quase todo o líquido
cefalorraquidiano então flui da cisterna magna para cima pelo espaço
subaracnoide que fica ao redor do cérebro. A partir daí, o líquido entra
e passa por múltiplas vilosidades aracnoides que se projetam para o
grande seio venoso sagital e outros seios venosos do prosencéfalo.
Dessa forma, qualquer líquido em excesso é drenado para o sangue
venoso pelos poros dessas vilosidades (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
VENTRÍCULOS
LATERAIS
FORAMES
INTERVENTRICULA
RES
TERCEIRO
VENTRÍCULO
AQUEDUTO
DE SYLVIUS
QUARTO
VENTRÍCULO
4
@jumorbeck
ABSORÇÃO OU REABSORÇÃO DO LCS
↠ O líquido cerebrospinal flui ao redor do tecido neural
e, por fim, é absorvido de volta para o sangue por
vilosidades especializadas na membrana aracnoide, dentro
do crânio (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ As vilosidades aracnoides são projeções microscópicas
da membrana aracnoide em forma de dedos, que vão
para o interior do crânio pelas paredes e para dentro dos
seios venosos. Conglomerados dessas vilosidades formam
estruturas macroscópicas chamadas granulações
aracnoides, que podem ser vistas como protrusões nos
seios (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
↠ O LCS é absorvido pelas vilosidades aracnoides,
passando para os seios venosos cerebrais (no SNC não
existem vasos linfáticos) (JUNQEIRA, 13ª ed.).
↠ Normalmente, o LCS é reabsorvido tão rapidamente
quanto é produzido pelos plexos corióideos, a uma taxa
de 20 ml/h (480 ml/dia) (TORTORA, 14ª ed.).
ESPAÇOS PERIVASCULARES E LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO
As grandes artérias e veias do cérebro ficam na superfície dos
hemisférios cerebrais, mas suas terminações penetram neles,
carregando consigo uma camada de pia-máter, a membrana que
cobre o cérebro. A pia só adere frouxamente aos vasos, de tal forma
que um espaço, o espaço perivascular, exista entre ela e cada vaso.
Portanto, espaços perivasculares seguem tanto as artérias quanto as
veias do cérebro até onde as arteríolas e vênulas vão (GUYTON &
HALL, 13ª ed.).
ARTIGO: ANÁLISE DOS VALORES DE REFERÊNCIA DO LÍQUIDO
CEFALORRAQUIDIANO
A coleta da amostra de LCR pode ser realizada por três vias clássicas,
sendo a lombar a mais utilizada na rotina, seguida pela suboccipital e a
via ventricular (GNUTZMANN, 2016).
O exame do LCR fornece informações importantes em relação ao
diagnóstico etiológico e ao acompanhamento de processos
inflamatórios, infecciosos ou neoplásicos dos órgãos que são
envolvidos por esse líquido. Esse exame compreende a análise dos
aspectos físicos, bioquímicos e citológicos do LC (GNUTZMANN, 2016).
ANÁLISE BIOQUÍMICA
GLICOSE A glicose entra no LCR após
saturação cinética através de
um mecanismo de transporte
facilitado. Esse mecanismo não
é totalmente funcional até
quatro a oito semanas após o
nascimento, por isso que,
juntamente com a barreira
hematoencefálica imatura
nesse momento, a
concentração de glicose no
LCR é dependente da idade.
A glicose no soro e no LCR
equilibram-se após um período
de aproximadamente quatro
horas, de modo que a
concentração de glicose no
LCR em um dado momento
reflete os níveis de glicose no
soro durante essas últimas
quatro horas.
PROTEÍNA As proteínas do LCR são
constituídas em grande parte
de albumina e em muito
menor quantidade de
globulinas.
O aumento de proteínas é a
mais comum anormalidade
encontrada no exame de LCR,
porém é um achado
inespecífico
LACTATO Os níveis de lactato no LCR,
diferentes dos níveis de
glicose, não estão vinculados à
concentração sanguínea, e sim
à sua produção intratecal
5
@jumorbeck
A produção de níveis
aumentados de lactato no LCR
ocorre devido a uma
destruição do tecido dentro do
SNC,
causado pela privação de
oxigênio.
Embriogênese
DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO
↠ As primeiras indicações do desenvolvimento do
sistema nervoso aparecem durante a terceira semana, já
que a placa neural e o sulco neural se desenvolvem no
aspecto posterior do embrião trilaminar (MOORE, 10ª ed.).
↠ A notocorda e o mesênquima paraxial induzem o
ectoderma subjacente a se diferenciar na placa neural
(MOORE, 10ª ed.).
↠ A neurulação (formação da placa neural e do tubo
neural) começa durante a quarta semana (22-23 dias) na
região do quarto ao sexto pares de somitos (Fig. C e D).
Nesse estágio, os dois terços craniais da placa e do tubo
neural até o quarto par de somitos representam o futuro
encéfalo, e o terço caudal da placa e do tubo representa
a futura medula espinhal (MOORE, 10ª ed.).
↠ O tubo neural se diferencia no SNC (MOORE, 10ª ed.).
6
@jumorbeck
↠ A crista neural dá origem às células que formam a
maior parte de SNP e SNA (MOORE, 10ª ed.).
↠ A fusão das pregas neurais e a formação do tubo
neural começa no quinto somito e prossegue nas
direções cranial e caudalaté que somente pequenas
áreas do tubo permaneçam abertas em ambas as
extremidades (MOORE, 10ª ed.).
↠ O lúmen do tubo neural se torna o canal neural, o qual
se comunica livremente com a cavidade amniótica
(MOORE, 10ª ed.).
↠ A abertura cranial (neuróporo rostral) se fecha
aproximadamente no 25° dia e o neuróporo caudal se
fecha aproximadamente no 27° dia (MOORE, 10ª ed.).
↠ O fechamento dos neuróporos coincide com o
estabelecimento da circulação vascular para o tubo neural.
As células neuroprogenitoras da parede do tubo neural
se espessam para formar o encéfalo e a medula espinhal.
O canal neural forma o sistema ventricular do encéfalo e
o canal central da medula espinhal. (MOORE, 10ª ed.).
DESENVOLVIMENTO DAS MENINGES ESPINAIS
↠ As meninges (membranas que recobrem a medula
espinhal) se desenvolvem das células da crista neural e do
mesênquima entre o 20° e o 35° dias. As células migram
para circundar o tubo neural (primórdio do encéfalo e da
medula espinhal) e formam as meninges primordiais
(MOORE, 10ª ed.).
↠ A camada externa dessas membranas se espessa para
formar a dura-máter (Fig. A e B), e a camada interna, a
pia-aracnoide, é composta pela pia-máter e aracnoide-
máter (leptomeninges) (MOORE, 10ª ed.).
↠ Os espaços preenchidos por líquido aparecem nas
leptomeninges que em breve coalescem para formar o
espaço subaracnoide (MOORE, 10ª ed.).
↠ A origem da pia-máter da aracnoide-máter de uma
única camada é indicada no adulto pelas trabéculas
aracnoides, as quais são delicadas e numerosas fibras de
tecido conjuntivo que passam entre a pia e a aracnoide.
O líquido cerebrospinhal (LCE) começa a se formar
durante a quinta semana (MOORE, 10ª ed.).
7
@jumorbeck
DESENVOLVIMENTO DOS PLEXOS CORIOIDES
↠ O assoalho delgado do quarto ventrículo é coberto
externamente pela pia-máter, que é derivada do
mesênquima associado ao rombencéfalo (MOORE, 10ª ed.).
↠ Essa membrana vascular, em conjunto com o teto
ependimário, forma a tela corióidea, uma lâmina da pia
que cobre a parte inferior do quarto ventrículo. Por causa
da proliferação ativa da pia, a tela corióidea invagina-se no
quarto ventrículo, e se diferencia no plexo corióideo,
invaginações de artérias corióides da pia. Plexos similares
se desenvolvem no teto do terceiro ventrículo e nas
paredes mediais dos ventrículos laterais (MOORE, 10ª ed.).
↠ O teto delgado do quarto ventrículo se evagina em
três localizações. Essas evaginações se rompem para
formar aberturas, as aberturas mediana e lateral (forame
de Magendie e forame de Luschka, respectivamente),
que permitem que o LCE entre no espaço subaracnóideo
do quarto ventrículo (MOORE, 10ª ed.).
↠ O revestimento epitelial do plexo corióideo é derivado
do neuroepitélio (MOORE, 10ª ed.).
↠ O local principal de absorção do LCE no sistema
venoso é através das vilosidades aracnoides, que são
protrusões da aracnoide-máter nos seios venosos durais
(grandes canais venosos entre as camadas da dura-
máter). As vilosidades aracnoides consistem em uma
camada celular delgada derivada do epitélio da aracnoide
e do endotélio do seio (MOORE, 10ª ed.).
DESENVOLVIMENTO DO CANAL EPENDIMÁRIO
↠ A medula espinhal primordial se desenvolve da parte
caudal da placa neural e da eminência caudal. O tubo
neural caudal ao quarto par de somitos se desenvolve na
medula espinhal. As paredes laterais do tubo neural se
espessam, reduzindo gradualmente o tamanho do canal
neural até somente um minúsculo canal central da medula
espinhal existir na 9ª à 10ª semanas (MOORE, 10ª ed.).
Obs.: O canal neural do tubo neural está convertido no canal central
da medula espinal.
8
@jumorbeck
↠ Inicialmente, a parede do tubo neural é composta por
um neuroepitélio espesso, colunar e pseudoestratificado
(MOORE, 10ª ed.).
↠ Essas células neuroepiteliais constituem a zona
ventricular (camada ependimária), que dá origem a todos
os neurônios e células macrogliais (macróglia) da medula
espinhal. Logo, a zona marginal composta pelas partes
externas das células neuroepiteliais se torna reconhecível.
Essa zona se torna gradualmente a substância branca da
medula espinhal conforme os axônios se desenvolvem
dos corpos das células nervosas da medula espinhal, dos
gânglios espinhal e do encéfalo (MOORE, 10ª ed.).
↠ Quando as células neuroepiteliais cessam a produção
de neuroblastos (neurônios primordiais) e glioblastos
(células de suporta do SNC), diferenciam-se em células
ependimárias, que formam o epêndima (epitélio
ependimário) o qual recobre o canal central da medula
espinhal (MOORE, 10ª ed.).
Histologia
MENINGES
↠ O SNC está contido e protegido na caixa craniana e
no canal vertebral, envolvido por membranas de tecido
conjuntivo chamadas de meninges (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Elas são formadas por três camadas, que, do exterior
para o interior, são as seguintes: dura-máter, aracnoide e
pia-máter (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A dura-máter é a meninge mais externa, constituída
por tecido conjuntivo denso aderido ao periósteo dos
ossos da caixa craniana. A dura-máter, que envolve a
medula espinal, é separada do periósteo das vértebras,
formando-se entre os dois o espaço peridural, o qual
contém veias de parede muito delgada, tecido conjuntivo
frouxo e tecido adiposo (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Em todo SNC, a superfície da dura-máter em contato com a aracnoide
constitui um local de fácil clivagem, onde, muitas vezes, em situações
patológicas, pode acumular-se sangue externamente à aracnoide,
constituindo o chamado espaço subdural, que não existe em condições
normais (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A superfície interna da dura-máter no cérebro e a
superfície externa da dura-máter do canal vertebral são
revestidas por um epitélio simples pavimentoso de
origem mesenquimatosa (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Três projeções da dura-máter separam partes do
encéfalo: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ a foice do cérebro separa os dois hemisférios
(lados) do cérebro;
➢ a foice do cerebelo separa dos dois hemisférios
cerebelares;
➢ o tentório (ou tenda) do cerebelo separa o
telencéfalo (cérebro) do cerebelo.
9
@jumorbeck
↠ A aracnoide apresenta duas partes: uma em contato
com a dura-máter e sob a forma de membrana, e outra
constituída por traves que ligam a aracnoide à pia-máter.
As cavidades entre as traves conjuntivas formam o
espaço subaracnóideo, que contém líquido
cefalorraquidiano (LCR), e comunica-se com os
ventrículos cerebrais, mas não tem comunicação com o
espaço subdural. O espaço subaracnóideo, cheio de
líquido, constitui um colchão hidráulico que protege o SNC
contra traumatismos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A aracnoide é formada por tecido conjuntivo sem
vasos sanguíneos, e suas superfícies são todas revestidas
pelo mesmo tipo de epitélio que reveste a dura-máter:
simples pavimentoso e de origem mesenquimatosa
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Em certos locais, a aracnoide forma expansões que perfuram a dura-
máter e provocam saliências em seios venosos, onde terminam como
dilatações fechadas: as vilosidades da aracnoide, cuja função é transferir
LCR para o sangue. Assim, o líquido atravessa a parede da vilosidade
e a do seio venoso até chegar ao sangue (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A pia-máter é muito vascularizada e aderente ao
tecido nervoso, embora não fique em contato direto com
células ou fibras nervosas. Entre a pia-máter e os
elementos nervosos, situam-se prolongamentos dos
astrócitos, que, formando uma camada muito delgada,
unem-se firmemente à face interna da pia-máter
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A superfície externa da pia-máter é revestida por
células achatadas, originadas do mesênquima embrionário.
Os vasos sanguíneos penetram o tecido nervoso por
meio de túneis revestidos por pia-máter, os espaços
perivasculares. A pia máter deixa de existir antesque os
vasos mais calibrosos se transformem em capilares. Os
capilares do SNC são totalmente envolvidos pelos
prolongamentos dos astrócitos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
PLEXOS COROIDES
↠ Os plexos coroides são compostos por pregas da pia-
máter ricas em capilares fenestrados e dilatados, situados
no interior dos ventrículos cerebrais. Formam o teto do
terceiro e do quarto ventrículos e parte das paredes dos
ventrículos laterais (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ São constituídos pelo tecido conjuntivo frouxo da pia-
máter, revestido por epitélio simples, cúbico ou colunar
baixo, cujas células são transportadoras de íons
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As células epiteliais do plexo coróide possuem
microvilosidades e pequenos tufos de cílios na sua face
apical invaginações na face basolateral. A face apical fica
em contato direto com o CSF, que preenche o interior
dos ventrículos, enquanto a face basolateral contacta com
os capilares sanguíneos fenestrados. As células epiteliais
do CP são unidas por “tigh-junctions” criando uma barreira
física à passagem de íons e moléculas do sangue para o
CSF (TAVARES, 2012)
↠ As células epiteliais de CP possuem ainda um
citoplasma abundante e núcleos esféricos com
numerosas mitocôndrias, fundamentais para manter o
metabolismo respiratório a um nível elevado, permitindo
10
@jumorbeck
a produção de adenosina trifosfato (ATP) suficiente para
garantir a secreção normal de CSF (TAVARES, 2012)
↠ Estas células e a lâmina própria são sustentadas por
uma densa rede vascular, que fornece ao CP uma
irrigação 4 a 7 vezes superior à dos restantes tecidos
cerebrais (TAVARES, 2012)
↠ A principal função dos plexos coroides é secretar o
LCR, que contém apenas pequena quantidade de sólidos
e ocupa as cavidades dos ventrículos, o canal central da
medula, o espaço subaracnóideo e os espaços
perivasculares. Ele é importante para o metabolismo do
SNC e o protege contra traumatismos (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).
↠ As células epiteliais do plexo diferem de outras células
epiteliais por formarem a barreira cerebral na parte
fenestrada. Estas células apresentam um elevado
conteúdo mitocondrial, 12-15% do volume celular, o que
pode ser explicado pelas necessidades energéticas
requeridas para o transporte transepitelial (TAVARES,
2015)
↠ O epitélio do PC é caraterizado pela presença de
sistemas de transporte muito específicos e uma atividade
pinealocítica muito baixa, conferindo-lhe uma grande
capacidade de controlar a passagem de substâncias
(TAVARES, 2015)
CANAL EPENDIMÁRIO
↠ Em cortes transversais da medula espinal, observa-se
que as substâncias branca e cinzenta localizam-se de
maneira inversa à do cérebro e cerebelo: externamente
está a substância branca, e internamente, a substância
cinzenta, que, em cortes transversais da medula, tem a
forma de uma borboleta ou da letra H (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).
↠ O traço horizontal desse “H” tem um orifício, o canal
central da medula. Ele é revestido pelas células
ependimárias (pertencentes ao grupo de células da
neuróglia) e é um remanescente do lúmen do tubo neural
embrionário (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CÉLULAS EPENDIMÁRIAS
As células ependimárias são células cúbicas ou colunares que, de
maneira semelhante a um epitélio, revestem os ventrículos do cérebro
e o canal central da medula espinal. Em alguns locais, as células
ependimárias são ciliadas, o que facilita a movimentação do líquido
cefalorraquidiano (LCR).
11
@jumorbeck
Referências
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
MOORE. Embriologia Clínica, 10ª ed.. Elsevier, RJ, 2016.
MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,
Atheneu, 3ª ed.
SOUZA et. al. A dissecação como instrumento de estudo
das estruturas anatômicas responsáveis pela produção e
circulação do líquido cerebroespinal. Comunicação
científica e técnica em medicina, 2020
GNUTZMANN et. al. Análise dos valores de referência do
líquido cefalorraquidiano, 2016.
TAVARES, S. D. S. Síntese de melatonina no plexo
coróide. Universidade da beira interior, dissertação de
mestrado, Covilhã, 2015.
TAVARES, G. P. Será que o plexo coróide pode cheirar?
Universidade da beira interior, dissertação de mestrado,
Covilhã, 2012.
1
@jumorbeck
Objetivos
1- Estudar a anatomofisiologia da medula e dos
nervos espinais;
*vias sensitivas
CONCEITOS IMPORTANTES
➢ substância cinzenta: tecido nervoso constituído de
neuróglia, corpos de neurônios e fibras
predominantemente amielínicas;
➢ substância branca: tecido nervoso formado de neuróglia e
fibras predominantemente mielínicas;
➢ núcleo: massa de substância cinzenta dentro de substância
branca, ou grupo delimitado de neurônios com
aproximadamente a mesma estrutura e mesma função;
➢ formação reticular: agregado de neurônios separados por
fibras nervosas que não correspondem exatamente às
substâncias branca ou cinzenta e ocupa a parte central do
tronco encefálico;
➢ córtex: substância cinzenta que se dispõe em uma camada
fina na superfície do cérebro e do cerebelo;
➢ trato: feixe de fibras nervosas com aproximadamente a
mesma origem, mesma função e mesmo destino. As fibras
podem ser mielínicas ou amielínicas. Na denominação de
um trato. usam-se dois nomes: o primeiro indicando a
origem e o segundo a terminação das fibras. Pode, ainda,
haver um terceiro nome indicando a posição do trato.
Assim, trato corticoespinhal lateral indica um trato cujas
fibras se originam no córtex cerebral, terminam na medula
espinhal e se localiza no funículo lateral da medula.
➢ fascículo: usualmente o termo se refere a um trato mais
compacto. Entretanto, o emprego do termo fascículo, em
vez de trato, para algumas estruturas deve-se mais à
tradição do que a uma diferença fundamental existente
entre eles;
➢ lemnisco: o termo significa fita. Ê empregado para alguns
feixes de fibras sensitivas que levam impulsos nervosos ao
tálamo;
➢ funículo: o termo significa cordão e é usado para a
substância branca da medula. Um funículo contém vários
tratos ou fascículos;
➢ decussação: formação anatômica constituída por fibras
nervosas que cruzam obliquamente o plano mediano e que
têm aproximadamente a mesma direção. O exemplo mais
conhecido é a decussação das pirâmides.
➢ comissura: formação anatômica constituída por fibras
nervosas que cruzam perpendicularmente o plano mediano
e que têm, por conseguinte, direções diametralmente
opostas. O exemplo mais conhecido é o corpo caloso;
➢ fibras de projeção: fibras de projeção de uma determinada
área ou órgão do sistema nervoso central são fibras que
saem fora dos limites desta área ou deste órgão;
➢ fibras de associação: fibras de associação de uma
determinada área ou órgão do sistema nervoso central são
fibras que associam pontos mais ou menos distantes desta
área ou deste órgão sem, entretanto, abandoná-lo.
➢ modulação: mudança da excitabilidade de um neurônio
causada por axônios de outros neurônios não relacionados
com a função do primeiro. Por exemplo, um axônio pode
mudar a excitabilidade de um neurônio motor sem se
relacionar diretamente com a motricidade;
MACHADO, 3ª ed.
Anatomia da medula espinal
↠ Medula significa miolo e indica o que está dentro
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Usualmente inicia-se o estudo do sistema nervoso
central pela medula, por ser o órgão mais simples deste
sistema e onde o tubo neural foi menos modificado
durante o desenvolvimento (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A medula espinhal é uma massa cilindroide, de tecido
nervoso, situada dentro do canal vertebral, sem
entretanto ocupá-lo completamente.No homem adulto.
mede aproximadamente 45 centímetros, sendo um
pouco menor na mulher (MACHADO, 3ª ed.).
ENVOLTÓRIOS DA MEDULA – MENINGES
↠ Como todo o sistema nervoso central, a medula é
envolvida por membranas fibrosas denominadas
meninges, que são: dura-máter; pia-máter e aracnoide. A
dura-máter é a mais espessa, razão pela qual é também
chamada paquimeninge. As outras duas constituem a
leptomeninge (MACHADO, 3ª ed.).
↠ As três meninges espinais revestem os nervos
espinais até sua passagem pelos forames intervertebrais
da coluna vertebral. A medula espinal também é protegida
por um coxim de tecido adiposo e tecido conjuntivo
localizado no espaço epidural (extradural segundo a
Terminologia Anatômica), espaço entre a dura-máter e a
parede do canal vertebral (TORTORA, 14ª ed.).
APG 03
2
@jumorbeck
DURA-MÁTER
↠ A meninge mais externa é a dura-máter, formada por
abundantes fibras colágenas que a tornam espessa e
resistente. A dura-máter espinhal envolve toda a medula,
como se fosse um dedo de luva, o saco dural
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Cranialmente, a dura-máter espinhal continua com a
dura-máter craniana, caudalmente termina em um fundo-
de-saco no nível da vértebra S2. Prolongamentos laterais
da dura-máter embainham as raízes dos nervos espinhais,
continuando com o tecido conjuntivo (epineuro) que
envolve estes nervos (MACHADO, 3ª ed.).
ARACNÓIDE
↠ Esta membrana intermediária, delgada e avascular é
formada por células e fibras finas e dispersas de material
elástico e de colágeno (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A aracnoide espinhal dispõe entre a dura-máter e a
pia-máter. Compreende um folheto justaposto à dura-
máter e um emaranhado de trabéculas, as trabéculas
aracnóideas, que unem este folheto à pia-máter
(MACHADO, 3ª ed.).
PIA-MÁTER
↠ A pia-máter é a meninge mais delicada e mais interna.
Ela adere intimamente ao tecido nervoso da superfície da
medula e penetra na fissura mediana anterior
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Quando a medula termina no cone medular, a pia-
máter continua caudalmente, formando um filamento
esbranquiçado denominado filamento terminal. Este
filamento perfura o fundo-do-saco dural e continua
caudalmente até o hiato sacral. Ao atravessar o saco dural,
o filamento terminal recebe vários prolongamentos da
dura-máter e o conjunto passa a ser denominado
filamento da dura-máter espinhal. Este, ao inserir-se no
periósteo da superfície dorsal do cóccix, constitui o
ligamento coccígeo (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A pia-máter forma, de cada lado da medula, uma prega
longitudinal denominada ligamento denticulado, que se
dispõe em um plano frontal ao longo de toda a extensão
da medula (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Projeções membranosas triangulares da pia-máter
suspendem a medula espinal no meio de sua bainha dural.
Estas projeções, chamadas ligamentos denticulados, são
áreas de espessamento da pia-máter. Elas se projetam
lateralmente e se fundem com a aracnoide-máter e com
a superfície interna da dura-máter, entre as raízes
anterior e posterior dos nervos espinais em ambos os
lados (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Como são encontrados em toda a extensão da
medula espinal, os ligamentos denticulados protegem a
medula espinal contra deslocamentos súbitos decorrentes
3
@jumorbeck
de traumatismo. Entre a aracnoide-máter e a pia-máter
existe um espaço, o espaço subaracnóideo, que contém
líquido cerebrospinal – líquido que, entre outras funções,
absorve energia decorrente de um impacto (TORTORA,
14ª ed.).
TOPOGRAFIA VERTEBROMEDULAR
↠ Cranialmente, a medula limita-se com o bulbo,
aproximadamente ao nível do forame magno do osso
occipital. O limite caudal da medula tem importância clínica
e, no adulto, situa-se geralmente na 2ª vértebra lombar
(L2). A medula termina afilando-se para formar um cone,
o cone medular. que continua com um delgado filamento
meníngeo, o filamento terminal (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A medula apresenta forma aproximadamente
cilíndrica, sendo ligeiramente achatada no sentido
anteroposterior. Seu calibre não é uniforme, pois
apresenta duas dilatações denominadas intumescência
cervical e intumescência lombar. situadas nos níveis
cervical e lombar, respectivamente (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Estas intumescências correspondem às áreas em que
fazem conexão com a medula as grossas raízes nervosas
que formam os plexos braquial e lombossacral. destinadas
à inervação dos membros superiores e inferiores,
respectivamente. A formação destas intumescências se
deve à maior quantidade de neurônios e, portanto, de
fibras nervosas que entram ou saem destas áreas e que
são necessárias para a inervação dos membros
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ A medula espinal é composta pelos segmentos
cervical, torácico, lombar e sacral, nomeados de acordo
com a porção da coluna vertebral onde os nervos entram
e saem. A medula espinal dá origem a 31 pares de nervos
espinais, que saem da coluna vertebral através dos
forames intervertebrais e sacrais. Cada nervo espinal é
constituído de um feixe de axônios, células de Schwann
e bainhas de tecido conectivo (SEELY, 10ª ed.).
↠ Os nervos que suprem os membros inferiores e
outras estruturas na porção inferior do corpo surgem das
regiões lombar e sacral. Eles deixam a intumescência
lombossacral e o cone medular, descem pelo canal
vertebral, e saem através dos forames intervertebrais e
sacrais da segunda vértebra lombar até a quinta vértebra
sacral. As várias raízes (origens) dos nervos espinais que
se estendem inferiormente a partir da intumescência
lombossacral e do cone medular se assemelham a uma
cauda de cavalo e são, por essa razão, chamadas de
cauda equina (SEELY, 10ª ed.).
A diferença de tamanho entre a medula e o canal vertebral, bem
como a disposição das raízes dos nervos espinhais mais caudais,
formando a cauda equina, resultam de ritmos de crescimento
diferentes, em sentido longitudinal, entre medula e coluna vertebral.
Até o quarto mês de vida intrauterina, medula e coluna crescem no
mesmo ritmo. Por isso, a medula ocupa todo o comprimento do canal
vertebral, e os nervos, passando pelos respectivos forames
intervertebrais, dispõem-se horizontalmente, formando com a medula
um ângulo aproximadamente reto. Entretanto, a partir do quarto mês,
4
@jumorbeck
a coluna começa a crescer mais do que a medula, sobretudo em sua
porção caudal. Como as raízes nervosas mantêm suas relações com
os respectivos forames intervertebrais, há o alongamento das raízes
e diminuição do ângulo que elas fazem com a medula. Estes
fenômenos são mais pronunciados na parte caudal da medula, levando
à formação da cauda equina (MACHADO, 3ª ed.).
Ainda como consequência da diferença de ritmos de crescimento
entre coluna e medula, há um afastamento dos segmentos medulares
das vértebras correspondentes. Assim, no adulto, as vértebras T11 e
T12 não estão relacionadas com os segmentos medulares de mesmo
nome, mas sim com segmentos lombares. O fato é de grande
importância clínica para diagnóstico, prognóstico e tratamento das
lesões vértebromedulares. Assim, uma lesão da vértebra T 12 pode
afetar a medula lombar. Já uma lesão da vértebra L3 irá afetar apenas
as raízes da cauda equina, sendo o prognóstico completamente
diferente nos dois casos (MACHADO, 3ª ed.).
FORMA E ESTRUTURA GERAL DA MEDULA
↠ Um corte transverso da medula espinal mostra a
substância branca envolvendo a parte interna, formada
pela substância cinzenta. A substância branca é composta
basicamente por feixes de axônios mielinizados. Dois
sulcos na substância branca da medula espinal a dividem
em dois lados – direito e esquerdo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A superfície da medula apresenta os seguintes sulcos
longitudinais, que a percorrem em toda a extensão:
(MACHADO, 3ª ed.).
➢ sulco mediano posterior;
➢ fissura mediana anterior;
➢ sulco lateral anterior e sulcolateral posterior.
↠ Na medula cervical existe, ainda, o sulco intermédio
posterior, situado entre o mediano posterior e o lateral
posterior, e que continua em um septo intermédio
posterior no interior do funículo posterior (MACHADO, 3ª
ed.).
↠ Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior fazem
conexão, respectivamente, as raízes ventrais e dorsais
dos nervos espinhais (MACHADO, 3ª ed.).
SUBSTÂNCIA CINZENTA
↠ Na medula, a substância cinzenta localiza-se por dentro
da branca e apresenta a forma de uma borboleta ou de
um H. Nela distinguimos, de cada lado, três colunas que
aparecem nos cortes como cornos e que são as colunas
anterior, posterior e lateral. A coluna lateral, entretanto, só
aparece na medula torácica e parte da medula lombar. No
centro da substância cinzenta localiza-se o canal central
da medula (ou canal do epêndima), resquício da luz do
tubo neural do embrião (MACHADO, 3ª ed.).
Os cornos posteriores contêm corpos celulares e axônios de
interneurônios, bem como axônios de neurônios sensitivos. Lembre-
se de que os corpos celulares dos neurônios sensitivos estão
localizados no gânglio sensitivo do nervo espinal (TORTORA, 14ª ed.).
Nos cornos anteriores encontram-se núcleos motores somáticos, os
quais são agrupamentos de corpos celulares de neurônios motores
somáticos que geram os impulsos nervosos necessários para a
contração dos músculos esqueléticos (TORTORA, 14ª ed.).
Entre os cornos posteriores e os anteriores estão os cornos laterais,
os quais são encontrados apenas nos segmentos torácico e lombar
alto da medula espinal. Os cornos laterais contêm neurônios motores
autônomos, agrupamentos de corpos celulares de neurônios motores
autônomos que regulam a atividade dos músculos cardíacos, dos
músculos lisos e das glândulas (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A comissura cinzenta forma a barra transversal do H
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Existem vários critérios para a divisão desta substância
cinzenta. Um deles considera duas linhas que tangenciam
os contornos anterior e posterior do ramo horizontal do
H, dividindo a substância cinzenta em coluna anterior,
coluna posterior e substância cinzenta intermédia. Por sua
vez, a substância cinzenta intermédia pode ser dividida
em substância cinzenta intermédia central e substância
cinzenta intermédia lateral por duas linhas
anteroposteriores. De acordo com este critério, a coluna
lateral faz parte da substância cinzenta intermédia lateral.
(MACHADO, 3ª ed.).
5
@jumorbeck
↠ Na substância cinzenta da medula espinal e do
encéfalo, agrupamentos de corpos celulares neuronais
constituem grupos funcionais conhecidos como núcleos.
Os núcleos sensitivos recebem aferências (influxo) de
receptores por meio de neurônios sensitivos, e os
núcleos motores originam eferências para tecidos
efetores por meio de neurônios motores (TORTORA, 14ª
ed.).
SUBSTÂNCIA BRANCA
↠ A substância branca formada por fibras, a maior parte
delas mielínicas, que sobem e descem na medula e
podem ser agrupadas de cada lado em três funículos ou
cordões: (MACHADO, 3ª ed.).
➢ funículo anterior: situado entre a fissura mediana
anterior e o sulco lateral anterior;
➢ funículo lateral: situado entre os sulcos lateral
anterior e lateral posterior;
➢ funículo posterior: entre o sulco lateral posterior
e o sulco mediano posterior, este último ligado
à substância cinzenta pelo septo mediano
posterior. Na parte cervical da medula, o funículo
posterior é dividido pelo sulco intermédio
posterior em fascículo grácil e fascículo
cuneiforme.
↠ Os cornos anteriores e posteriores dividem a
substância branca de cada lado em três grandes áreas
chamadas de funículos. Cada funículo, por sua vez,
apresenta diferentes feixes de axônios com uma origem
ou destino comuns que transmitem informações
semelhantes. Estes feixes, que podem se estender por
grandes distâncias para cima ou para baixo na medula
espinal, são conhecidos como tratos (TORTORA, 14ª ed.).
Lembre-se de que tratos são feixes de axônios no SNC, enquanto os
nervos são feixes de axônios no SNP (TORTORA, 14ª ed.).
Os tratos sensitivos (ascendentes) são formados por axônios que
conduzem impulsos nervosos em direção ao encéfalo. Os tratos
compostos por axônios que levam os impulsos nervosos que saem do
encéfalo são chamados de tratos motores (descendentes)
(TORTORA, 14ª ed.).
VIAS ASCENDENTES
Nervos são cordões esbranquiçados constituídos por feixes de fibras
nervosas, reforçadas por tecido conjuntivo, que unem o sistema
nervoso central aos órgãos periféricos (MACHADO, 3ª ed.)
A função dos nervos é conduzir, através de suas fibras, impulsos
nervosos do sistema nervoso central para a periferia (impulsos
eferentes) e da periferia para o sistema nervoso central {impulsos
aferentes) (MACHADO, 3ª ed.)
Os nervos são muito vascularizados, sendo percorridos
longitudinalmente por vasos que se anastomosam, o que permite a
retirada do epineuro em um trecho de até 15 cm sem que ocorra
lesão nervosa. Por outro lado, os nervos são quase totalmente
desprovidos de sensibilidade. Se um nervo é estimulado ao longo de
seu trajeto, a sensação geralmente dolorosa é sentida não no ponto
estimulado, mas no território sensitivo que ele inerva (MACHADO, 3ª
ed.)
Costuma-se distinguir em um nervo uma origem real e uma origem
aparente. A origem real corresponde ao local onde estão localizados
os corpos dos neurônios que constituem os nervos, como a coluna
anterior da medula, os núcleos dos nervos cranianos ou os gânglios
sensitivos, no caso de nervos sensitivos. A origem aparente
corresponde ao ponto de emergência ou entrada do nervo na
superfície do sistema nervoso central (MACHADO, 3ª ed.)
↠ As fibras que formam as vias ascendentes da medula
relacionam-se direta ou indiretamente com as fibras que
penetram pela raiz dorsal do nervo espinhal, trazendo
impulsos aferentes de várias partes do corpo
(MACHADO, 3ª ed.).
CURIOSIDADE - TORTORA
Os diversos segmentos da medula espinal variam em tamanho,
formato, quantidades relativas de substância cinzenta e substância
branca, e distribuição e formato da substância cinzenta. Por exemplo,
a quantidade de substância cinzenta é maior nos segmentos cervical
e lombar porque estes segmentos são responsáveis pelas inervações
sensitiva e motora dos membros. Além disso, mais tratos sensitivos e
motores são encontrados nos segmentos superiores da medula
espinal do que nos inferiores. Portanto, a quantidade de substância
branca diminui do segmento cervical para o segmento sacral da
medula espinal.
Existem duas razões principais para esta variação:
➢ à medida que a medula espinal sobe do segmento sacral
para o segmento cervical, mais axônios ascendentes se
juntam à substância branca para formar mais tratos
sensitivos;
➢ à medida que a medula espinal desce do segmento cervical
para o segmento sacral, os tratos motores diminuem sua
espessura, pois mais axônios descendentes deixam estes
tratos para realizar sinapse com neurônios da substância
cinzenta
NERVOS ESPINAIS
↠ Os nervos espinais são vias de comunicação entre a
medula espinal e regiões específicas do corpo. A medula
espinal parece ser segmentada, pois os 31 pares de
nervos espinais se originam, em intervalos regulares, dos
forames intervertebrais. De fato, considera-se que cada
par de nervos espinais surge de um segmento espinal. Na
medula espinal não existe segmentação óbvia; no
entanto, por questões de conveniência, a nomeação dos
nervos espinais se faz de acordo com o segmento nos
quais estão localizados. Existem 8 pares de nervos
6
@jumorbeck
cervicais (C1-C8), 12 pares de nervos torácicos (T1–T12), 5
pares de nervos lombares (L1–L5), 5 pares de nervos
sacrais (S1–S5) e 1 par de nervos coccígeos (Co1)
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O primeiro par de nervos espinais cervicais emerge
da medula espinal entre ooccipital e o atlas (primeira
vértebra cervical, ou C I). A maioria dos nervos espinais
restantes sai da medula pelos forames intervertebrais,
formados por duas vértebras adjacentes (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ Os nervos C1–C7 emergem do canal vertebral acima
de suas vértebras correspondentes. O nervo espinal C8
sai do canal vertebral entre as vértebras C7 e T1
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os nervos T1–L5 emergem do canal vertebral abaixo
de suas vértebras correspondentes. As raízes dos nervos
sacrais (S1–S5) e coccígeos (Co1) entram no canal sacral,
a parte do canal vertebral localizada no sacro. Na
sequência, os nervos S1–S4 saem do canal sacral através
dos quatro pares de forames sacrais anterior e posterior,
e os nervos S5 e Co1, através do hiato sacral (TORTORA,
14ª ed.).
Um nervo espinal típico tem duas conexões com a medula: uma raiz
posterior e uma raiz anterior. Estas raízes se unem para formar um
nervo espinal no forame intervertebral. Como a raiz posterior contêm
axônios sensitivos e a raiz anterior apresenta axônios motores, o nervo
espinal é classificado como um nervo misto. A raiz posterior contém
um gânglio, no qual estão localizados os corpos celulares dos neurônios
sensitivos (TORTORA, 14ª ed.).
REVESTIMENTO DE TECIDO CONJUNTIVO DOS NERVOS ESPINAIS
↠ Cada nervo espinal e craniano é formado por vários
axônios e apresenta membranas protetoras de tecido
conjuntivo. Axônios dentro de um nervo, mielinizados ou
não, são envolvidos pelo endoneuro, a camada mais
profunda. O endoneuro é uma malha de fibras de
colágeno, fibroblastos e macrófagos. Vários axônios com
seu endoneuro se agrupam em feixes chamados de
fascículos, cada qual envolvido pelo perineuro, a camada
média (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O perineuro é uma camada mais espessa de tecido
conjuntivo. Ele é composto por até 15 camadas de
fibroblastos em uma rede de fibras de colágeno
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A camada externa, que cobre todo o nervo, é
conhecida como epineuro. Ele é formado por fibroblastos
e fibras colágenas grossas. Projeções do epineuro
também preenchem os espaços entre os fascículos. A
dura-máter das meninges espinais se funde com o
epineuro no momento em que o nervo passa pelo
forame intervertebral (TORTORA, 14ª ed.).
DISTRIBUIÇÃO DOS NERVOS ESPINAIS
RAMOS
↠ Logo após passar pelo seu forame intervertebral, um
nervo espinal se divide em vários ramos. O ramo posterior
(dorsal) supre os músculos profundos e a pele da face
posterior do tronco (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O ramo anterior (ventral) supre os músculos e as
estruturas dos quatro membros, bem como a pele das
faces lateral e anterior do tronco (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Além dos ramos anterior e posterior, os nervos
espinais dão origem a ramos meníngeos. Estes ramos
entram novamente no canal vertebral pelo forame
intervertebral e suprem as vértebras, os ligamentos
vertebrais, os vasos sanguíneos da medula espinal e as
meninges (TORTORA, 14ª ed.).
PLEXOS
↠ Os axônios dos ramos anteriores dos nervos espinais,
com exceção dos nervos torácicos T2 a T12, não
AXÔNIO ENDONEURO FASCÍCULO
PERINEUROEPINEURO
7
@jumorbeck
chegam diretamente às estruturas corporais supridas por
eles. Em vez disso, eles formam redes em ambos os lados
do corpo, por meio da ligação de vários axônios de ramos
anteriores de nervos adjacentes. Esta rede axônica é
chamada de plexo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os principais plexos são o plexo cervical, o plexo
braquial, o plexo lombar e o plexo sacral. Também existe
um pequeno plexo coccígeo. Os nervos que saem dos
plexos são nomeados de acordo com as regiões que
suprem ou com o trajeto que seguem. Cada nervo pode,
por sua vez, apresentar vários ramos que recebem seus
nomes conforme as estruturas inervadas (TORTORA, 14ª
ed.).
NERVOS INTERCOSTAIS
↠ Os ramos anteriores dos nervos espinais T2 a T12 não
formam plexos e são conhecidos como nervos
intercostais ou nervos torácicos. Estes nervos se
conectam diretamente às estruturas supridas nos
espaços intercostais (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Após deixar seu forame intervertebral, o ramo anterior
do nervo T2 inerva os músculos intercostais do segundo
espaço intercostal e supre a pele da axila e a região
braquial posteromedial (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os nervos T3 a T6 se projetam pelos sulcos das
costelas até os músculos intercostais e a pele das partes
anterior e lateral da parede torácica (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os nervos T7 a T12 suprem os músculos intercostais
e os músculos abdominais, junto com a pele sobrejacente.
Os ramos posteriores dos nervos intercostais suprem os
músculos profundos do dorso e a pele da parte posterior
do tórax (TORTORA, 14ª ed.).
PLEXO CERVICAL
↠ O plexo cervical é formado pelas raízes (ramos
anteriores) dos primeiros quatro nervos cervicais (C1–C4),
com contribuições de C5 (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Existe uma raiz de cada lado do pescoço, junto com
as primeiras quatro vértebras cervicais. O plexo cervical
supre a pele e os músculos da cabeça, do pescoço e das
partes superiores dos ombros e do tórax (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ Os nervos frênicos originam-se dos plexos cervicais e
fornecem fibras motoras que inervam o diafragma. Ramos
do plexo cervical também apresentam trajetória junto a
dois nervos cranianos, o acessório (XI) e o hipoglosso (XII)
(TORTORA, 14ª ed.).
O nervo frênico se origina de C3, C4 e C5 e supre o diafragma. A
lesão completa da medula espinal acima da origem do nervo frênico
causa parada respiratória. Nas
lesões do nervo frênico, a respiração para porque este nervo não
consegue mais enviar impulsos nervosos para o diafragma (TORTORA,
14ª ed.).
PLEXO BRAQUIAL
↠ As raízes (ramos anteriores) dos nervos espinais C5 a
C8 e T1 formam o plexo braquial. Ele passa acima da
primeira costela, posteriormente à clavícula, e então entra
na axila. (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Como o plexo braquial é muito complexo, é necessária
uma explicação sobre suas partes. Como nos demais
plexos, as raízes são os ramos anteriores dos nervos
espinais. As raízes de vários nervos espinais se unem para
formar troncos na parte inferior do pescoço – os troncos
superior, médio e inferior (TORTORA, 14ª ed.).
8
@jumorbeck
↠ Posteriormente às clavículas, os troncos se ramificam
em divisões – a divisão anterior e a divisão posterior. Nas
axilas, as divisões se unem para formar fascículos,
conhecidos como fascículos lateral, medial e posterior. Os
fascículos recebem sua denominação com base na sua
relação com a artéria axilar, uma grande artéria que leva
sangue para o membro superior (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os ramos destes fascículos formam os principais
nervos do plexo braquial (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O plexo braquial fornece quase toda a inervação dos
ombros e dos membros superiores. Cinco grandes ramos
terminais se originam do plexo braquial: (TORTORA, 14ª
ed.).
➢ O nervo axilar supre os músculos deltoide e
redondo menor.
➢ O nervo musculocutâneo inerva os músculos
anteriores do braço.
➢ O nervo radial supre os músculos da região
posterior do braço e do antebraço.
➢ O nervo mediano inerva a maioria dos músculos
da região antebraquial anterior e alguns
músculos da mão.
➢ O nervo ulnar supre os músculos anteromediais
do antebraço e a maioria dos músculos da mão.
PLEXO LOMBAR
↠ As raízes (ramos anteriores) dos nervos espinais L1 a
L4 formam o plexo lombar. Ao contrário do plexo
braquial, existem poucas interconexões entre as fibras do
plexo lombar (TORTORA, 14ª ed.).
↠ De cada lado das quatro primeiras vértebras lombares,
o plexo lombar se projeta obliquamente para fora, entre
as cabeças superficial e profunda1 do músculo psoas maior
e anteriormente ao músculo quadrado do lombo. Entre as
cabeças do músculo psoas maior, as raízes dos plexos
lombares se separam em divisões anterior e posterior, as
quais dãoorigem aos ramos periféricos dos plexos
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O plexo lombar supre a parede abdominal
anterolateral, os órgãos genitais externos, e parte dos
membros inferiores (TORTORA, 14ª ed.).
RAÍZES TRONCOS DIVISÕES
FASCÍCULOSNERVOS
9
@jumorbeck
O maior nervo que se origina do plexo lombar é o nervo femoral.
Lesões do nervo femoral, que podem ser secundárias a ferimentos
por arma branca ou por arma de fogo, são caracterizadas pela
incapacidade de estender a perna e pela perda de sensibilidade na pele
da parte antero-medial da coxa (TORTORA, 14ª ed.).
PLEXO SACRAL E COCCÍGEO
↠ As raízes (ramos anteriores) dos nervos espinais L4–
L5 e S1–S4 formam o plexo sacral. Este plexo está
situado, em sua maior parte, anteriormente ao sacro
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O plexo sacral inerva as regiões glúteas, o períneo e
os membros inferiores. O maior nervo do corpo – o
nervo isquiático – se origina deste plexo (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ As raízes (ramos anteriores) dos nervos espinais S4–
S5 e os nervos coccígeos formam um pequeno plexo
coccígeo. Deste plexo se originam os nervos
anococcígeos, que suprem uma diminuta área cutânea
sobre o cóccix (TORTORA, 14ª ed.).
DERMÁTOMOS
↠ A pele de todo o corpo é inervada por neurônios
sensitivos somáticos que levam impulsos nervosos para a
medula espinal e para o encéfalo. Cada nervo espinal
contém neurônios sensitivos que suprem um segmento
específico do corpo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Dermátomo é uma área cutânea que fornece
aferência (influxo) sensitiva para o SNC por meio das
raízes posteriores de um dos pares de nervos espinais
ou do nervo trigêmeo (V) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A inervação em dermátomos contíguos por vezes se
sobrepõe. O reconhecimento de quais segmentos
medulares estão relacionados com cada dermátomo
possibilita a localização de lesões na medula espinal
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Se a pele de uma região específica for estimulada,
mas a sensação não for percebida, os nervos daquele
dermátomo provavelmente estão lesados. Em regiões
onde ocorre sobreposição considerável, existe pouca
perda de sensibilidade se um dos nervos responsáveis
pelo dermátomo for danificado (TORTORA, 14ª ed.).
10
@jumorbeck
Fisiologia da medula espinal
↠ A medula espinal tem duas funções principais na
manutenção da homeostasia: propagação do impulso
nervoso e integração de informações. Os tratos de
substância branca são vias rápidas para propagação dos
impulsos nervosos. As aferências sensitivas trafegam por
estas vias em direção ao encéfalo, e as eferências
motoras são enviadas pelo encéfalo, por essas vias, para
os músculos esqueléticos e outros tecidos efetores. A
substância cinzenta recebe e integra as aferências e
eferências (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os impulsos nervosos provenientes dos receptores
sensitivos se propagam na medula espinal até o encéfalo
por meio das seguintes vias principais em cada lado da
medula: o trato espinotalâmico e os tratos do funículo
posterior (TORTORA, 14ª ed.).
O trato espinotalâmico transmite impulsos nervosos relacionados com
dor, calor, frio, prurido, cócegas, pressão profunda e tato grosseiro. O
funículo posterior é formada por dois tratos: o fascículo grácil e o
fascículo cuneiforme. Os tratos do funículo posterior conduzem
impulsos nervosos associados a tato discriminativo, pressão leve,
vibração e propriocepção consciente (a percepção consciente das
posições e movimentos dos músculos, tendões e articulações)
(TORTORA, 14ª ed.).
Os sistemas sensitivos mantêm o SNC informado sobre mudanças nos
ambientes externo e interno. As informações sensitivas são integradas
(processadas) por interneurônios na medula espinal e no encéfalo.
Respostas a estas decisões integrativas são executadas por meio de
atividades motoras – contrações musculares e secreções glandulares.
REFLEXOS E ARCOS REFLEXOS
↠ Reflexo é uma sequência de ações automática, rápida
e involuntária que ocorre em resposta a um determinado
estímulo. Alguns reflexos são naturais, como quando você
tira a mão de uma superfície quente mesmo antes de
ter a percepção consciente que ela de fato está quente.
Outros reflexos são aprendidos ou adquiridos (TORTORA,
14ª ed.).
↠ Quando a integração ocorre na substância cinzenta da
medula espinal, o reflexo é chamado de reflexo espinal.
Um exemplo é o conhecido reflexo patelar. Se, por outro
lado, a integração acontece no tronco encefálico, o
reflexo então é chamado de reflexo craniano. Um
exemplo é a movimentação de seus olhos enquanto você
lê esta frase. Você provavelmente conhece melhor os
reflexos somáticos, que envolvem a contração de
músculos esqueléticos. Igualmente essenciais, no entanto,
são os reflexos autônomos (viscerais), os quais
geralmente não são percebidos conscientemente. Eles
envolvem respostas dos músculos lisos, dos músculos
cardíacos e das glândulas (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os impulsos nervosos que se propagam em direção
ao SNC, dentro dele ou para fora dele seguem padrões
específicos, dependendo do tipo de informação, de sua
origem e de seu destino. A via seguida pelos impulsos
nervosos que produzem um reflexo é conhecida como
arco reflexo (circuito reflexo). Um arco reflexo inclui os
cinco componentes funcionais a seguir: (TORTORA, 14ª
ed.).
➢ Receptor sensitivo: a terminação distal de um
neurônio sensitivo (dendrito) ou de uma
estrutura sensitiva associada exerce a função de
receptor sensitivo. Ela responde a um estímulo
11
@jumorbeck
específico – modificação dos ambientes interno
ou externo – por meio da geração de um
potencial graduado chamado de potencial
gerador (ou receptor. Se um potencial gerador
atinge o limiar de despolarização, ele irá gerar
um ou mais impulsos nervosos no neurônio
sensitivo (TORTORA, 14ª ed.).
Todas as vias sensoriais possuem certos elementos em comum. Elas
começam com um estímulo, na forma de energia física, que atua em
um receptor sensorial. O receptor é um transdutor, o qual converte o
estímulo em um sinal intracelular, que normalmente é uma mudança
no potencial de membrana (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Se o estímulo produz uma mudança que atinge o limiar, são gerados
potenciais de ação que são transmitidos de um neurônio sensorial até
o sistema nervoso central (SNC), onde os sinais de entrada são
integrados (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Como os receptores convertem os diversos estímulos físicos, como
a luz ou o calor, em sinais elétricos?
O primeiro passo é a transdução, a conversão da energia do estímulo
em informação que pode ser processada pelo sistema nervoso. Em
muitos receptores, a abertura ou fechamento de canais iônicos
converte a energia mecânica, química, térmica ou luminosa
diretamente em uma mudança no potencial de membrana
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Alguns mecanismos de transdução sensorial envolvem a transdução
do sinal e sistemas de segundos mensageiros, que iniciam a mudança
no potencial de membrana (SILVERTHORN, 7ª ed.).
O estímulo abre ou fecha canais iônicos na membrana do receptor,
direta ou indiretamente (via segundo mensageiro). Em muitas
situações, a abertura de canais provoca influxo de Na+ ou de outros
cátions no receptor, despolarizando a membrana. Em alguns casos, a
resposta ao estímulo é uma hiperpolarização, quando o K+ deixa a
célula (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A mudança no potencial de membrana do receptor sensorial é um
potencial graduado, chamado de potencial receptor. Em algumas
células, o potencial receptor desencadeia um potencial de ação que
percorre a fibra sensorial até o SNC. Em outras células, o potencial
receptor influencia a secreção de neurotransmissores pela célula
receptora, o que, por sua vez, altera a atividade elétrica do neurônio
sensorial associado (SILVERTHORN, 7ª ed.).
➢ Neurônio sensitivo: os impulsos nervosos se
propagam, a partir do receptor sensitivo, pelopor todo o comprimento do tronco encefálico: os núcleos
da rafe adjacente à linha média, que são ladeados pelo
grupo nuclear mediano e depois pelo grupo nuclear lateral
(coluna medial e coluna lateral) (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Alguns destes núcleos controlam funções vitais, como
o centro cardiovascular e a área respiratória rítmica. O
centro cardiovascular regula a frequência e a intensidade
do batimento cardíaco, bem como o diâmetro dos vasos
sanguíneos. O centro respiratório bulbar ajusta o ritmo
basal da respiração (TORTORA, 14ª ed.).
Além de regular os batimentos cardíacos, o diâmetro dos vasos
sanguíneos e o ritmo respiratório, os núcleos bulbares também
controlam os reflexos de vômito, da deglutição, do espirro, da tosse e
do soluço. O centro do vômito é responsável pelo vômito, a expulsão
forçada do conteúdo da parte alta do sistema digestório pela boca. O
centro da deglutição controla a deglutição do bolo alimentar da
cavidade oral em direção à faringe. O ato de espirrar envolve a
contração espasmódica de músculos ventilatórios que expelem
forçadamente o ar pelo nariz e pela boca. Tossir envolve inspiração
longa e profunda sucedida por uma forte expiração que expele um
jato de ar pelos orifícios respiratórios superiores. O soluço é causado
por contrações espasmódicas do diafragma que geram um som agudo
durante a inspiração (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Lateralmente a cada pirâmide encontra-se uma
protuberância oval chamada de oliva. Na oliva se localiza o
núcleo olivar inferior, que recebe eferências do córtex
cerebral, do núcleo rubro do mesencéfalo e da medula
espinal. Neurônios do núcleo olivar inferior projetam seus
axônios para o cerebelo, onde regulam a atividade dos
neurônios cerebelares. Ao influenciar a atividade neuronal
cerebelar, o núcleo fornece instruções que o cerebelo
utiliza para ajustar a atividade muscular, à medida que
você aprende novas habilidades motoras (TORTORA, 14ª
ed.).
Duas estruturas ovais, chamadas olivas, sobressaem-se na superfície
anterior do bulbo, lateralmente às terminações superiores das
pirâmides. As olivas são núcleos envolvidos com o equilíbrio, a
coordenação e a modulação do som oriundo da orelha interna (SEELY,
10ª ed.).
↠ Os núcleos associados a tato, pressão, vibração e
propriocepção consciente estão localizados na região
posterior do bulbo: são os núcleos grácil e cuneiforme
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O bulbo também apresenta núcleos que compõem as
vias sensitivas responsáveis pela gustação, pela audição e
pelo equilíbrio. O núcleo gustativo faz parte da via
gustativa, que se estende da língua até o encéfalo; ela
recebe aferências dos calículos gustatórios da língua. Os
núcleos cocleares pertencem à via auditiva, que se
estende da orelha interna até o encéfalo; eles recebem
aferências da cóclea, situada na orelha interna. Os núcleos
vestibulares do bulbo e da ponte fazem parte das vias do
equilíbrio, que se estendem da orelha interna para o
encéfalo; eles recebem informações sensitivas de
proprioceptores do aparelho vestibular da orelha interna.
4
@jumorbeck
Por fim, o bulbo contém núcleos associados aos cinco
pares de nervos cranianos (TORTORA, 14ª ed.).
PONTE
↠ A ponte está logo acima do bulbo e anterior ao
cerebelo, com cerca de 2,5 cm de comprimento. Assim
como o bulbo, a ponte é formada por núcleos e tratos.
Como diz o próprio nome, a ponte liga partes do encéfalo
entre si. Estas conexões são possíveis graças a feixes de
axônios (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A ponte é dividida em duas estruturas principais: uma
região ventral e outra dorsal. A região ventral da ponte
forma uma grande estação de transmissão sináptica
composta por centros dispersos de substância cinzenta
conhecidos como núcleos pontinhos. Vários tratos de
substância branca entram e saem destes núcleos, e cada
um deles conecta o córtex de um hemisfério cerebral
com o córtex do hemisfério do cerebelo contralateral.
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A região dorsal da ponte é semelhante às demais
regiões do tronco encefálico – bulbo e mesencéfalo. Ela
contém tratos ascendentes e descendentes e núcleos de
nervos cranianos (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Também na ponte está localizado o centro
respiratório pontinho. Junto com o centro respiratório
bulbar, ele auxilia no controle da respiração. Além disso, a
ponte contém núcleos associados a alguns pares de
nervos cranianos (TORTORA, 14ª ed.).
MESENCÉFALO
↠ O mesencéfalo se estende da ponte ao diencéfalo e
tem cerca de 2,5 cm de comprimento. O aqueduto do
mesencéfalo (aqueduto de Silvio) passa pelo mesencéfalo,
conectando o terceiro ventrículo (acima) com o quarto
ventrículo (abaixo). Da mesma forma que o bulbo e a
ponte, o mesencéfalo contém núcleos e tratos
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A cavidade central do mesencéfalo é o aqueduto do
mesencéfalo, que divide o mesencéfalo em teto,
posteriormente, e pedúnculos cerebrais, anteriormente
(MARIEB, 7ª ed.).
↠ O teto do mesencéfalo consiste em quatro núcleos
que formam saliências na superfície dorsal, coletivamente
denominados corpos quadrigêmeos. Cada saliência, por
sua vez, é denominada colículo; as duas saliências
superiores são os colículos superiores, e as duas
inferiores, os colículos inferiores (SEELY, 10ª ed.).
Os colículos superiores recebem aferências sensoriais dos sistemas
visual, auditivo e tátil, e estão envolvidos nos movimentos reflexos da
cabeça, olhos e corpo a esses estímulos, como sons muito altos, luzes
piscando ou uma dor muito forte. Por exemplo, quando um objeto
brilhante surge repentinamente no campo visual de uma pessoa,
ocorre um reflexo que movimenta os olhos em direção ao objeto,
focando-o. Os colículos inferiores estão envolvidos na audição e
integram as vias auditivas do SNC. (SEELY, 10ª ed.).
↠ O tegmento do mesencéfalo é composto por tratos
ascendentes, como o espinotalâmico e o lemnisco medial,
que levam informações sensoriais da medula espinal ao
encéfalo. O tegmento também contém o núcleo rubro,
os pedúnculos cerebrais e a substância negra (SEELY, 10ª
ed.).
↠ O núcleo rubro recebe essa denominação porque as
amostras de tecido cerebral fresco aparecem em
tonalidade rósea, como resultado do abundante
5
@jumorbeck
suprimento sanguíneo local. Ele auxilia na regulação e
coordenação das atividades motoras (SEELY, 10ª ed.).
↠ Os pedúnculos cerebrais constituem a porção do
mesencéfalo ventral ao tegmento. São compostos
principalmente por tratos descendentes que trazem
informações motoras do cérebro ao tronco encefálico e
à medula espinal. A substância negra é uma massa nuclear
localizada entre o tegmento e os pedúnculos cerebrais,
cujas células contêm em seu citoplasma grânulos de
melanina que lhes conferem uma coloração escura
(SEELY, 10ª ed.).
FORMAÇÃO RETICULAR
↠ Além dos núcleos já descritos, grande parte do tronco
encefálico é composta por pequenos aglomerados de
corpos celulares neuronais (substância cinzenta) dispersos
entre pequenos feixes de axônios mielinizados (substância
branca). A ampla região na qual a substância branca e a
substância cinzenta se arranjam em forma de rede é
conhecida como formação (TORTORA, 14ª ed.).
A parte ascendente da formação reticular é chamada de sistema
reticular ativador ascendente (SRAA), formado por axônios sensitivos
que se projetam em direção ao córtex cerebral, diretamente ou via
tálamo. Muitos estímulos sensitivos podem ativar o SRAA, dentre eles
os estímulos visuais e auditivos; atividades mentais; estímulos de
receptores de dor, tato e pressão; e estímulos de receptores em
nossos membros e na cabeça que nos mantêm informados sobre a
posição de nosso corpo. Talvez a função mais importante do SRAA
seja a manutenção da consciência, estado de vigília no qual o indivíduo
está totalmente alerta, consciente e orientado. Estímulos visuais e
auditivos, bem comoaxônio do neurônio sensitivo até as terminações
axônicas, que estão localizadas na substância
cinzenta da medula espinal ou do tronco
encefálico. Nestes pontos, interneurônios enviam
impulsos nervosos para a área do encéfalo
responsável pela percepção consciente de que
aconteceu um reflexo (TORTORA, 14ª ed.).
Os receptores do sistema sensorial variam amplamente em
complexidade, desde terminações ramificadas de um neurônio
sensorial único até células complexas extremamente organizadas,
como os fotorreceptores (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Um neurônio sensorial tem um campo receptivo
Os neurônios somatossensoriais e visuais são ativados pelos estímulos
que ocorrem dentro de uma área física específica, conhecida como
campo receptivo do neurônio (SILVERTHORN, 7ª ed.).
No caso mais simples, um campo receptivo está associado a um
neurônio sensorial (o neurônio sensorial primário na via), o qual, por
sua vez, faz sinapse com um neurônio do SNC (o neurônio sensorial
secundário) (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Além disso, os neurônios sensoriais de campos receptivos vizinhos
podem apresentar convergência, ou seja, diversos neurônios pré-
sinápticos enviam sinais para um menor número de neurônios pós-
sinápticos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
O tamanho dos campos receptivos secundários determina o quanto
uma dada área é sensível a um estímulo (SILVERTHORN, 7ª ed.).
➢ Centro de integração: uma ou mais regiões de
substância cinzenta no SNC atuam como um
centro de integração. No tipo mais simples de
reflexo, o centro de integração é uma simples
sinapse entre um neurônio sensitivo e um
neurônio motor. A via reflexa que apresenta
apenas uma sinapse no SNC é chamada de arco
reflexo monossináptico. Os centros de
integração são mais frequentemente
compostos por um ou mais interneurônios, os
quais podem transmitir impulsos para outros
interneurônios ou para um neurônio motor. Um
arco reflexo polissináptico envolve mais de dois
tipos de neurônios e mais de um tipo de sinapse
no SNC (TORTORA, 14ª ed.).
Alguns estímulos chegam ao córtex cerebral, onde geram a
percepção consciente, porém, outros agem inconscientemente, sem
a nossa consciência. A cada sinapse ao longo da via, o sistema nervoso
pode modular e ajustar a informação sensorial (SILVERTHORN, 7ª ed.).
➢ Neurônio motor: impulsos gerados pelos centros
de integração se propagam para fora do SNC
em um neurônio motor que se estende até a
parte do corpo que executará a resposta
(TORTORA, 14ª ed.).
➢ Efetor: a parte do corpo que responde ao
impulso nervoso motor, como um músculo ou
uma glândula, é chamada de efetor. Esta
resposta é conhecida como reflexo. Se o efetor
é um músculo esquelético, o reflexo é chamado
de reflexo somático. Se o efetor é um músculo
liso, um músculo cardíaco ou uma glândula,
12
@jumorbeck
então o reflexo é conhecido como reflexo
autônomo (TORTORA, 14ª ed.).
Como os reflexos são de modo geral previsíveis, eles fornecem
informações úteis sobre a saúde do sistema nervoso e podem ajudar
muito no diagnóstico de doenças. Lesões ou doenças em qualquer
parte do arco reflexo podem causar a ausência de reflexos ou sua
exacerbação (TORTORA, 14ª ed.).
RECEPTORES
O termo receptor sensorial refere-se à estrutura neuronal ou epitelial
de transformar estímulos físicos ou químicos em atividade bioelétrica
(transdução de sinais) para ser interpretada no sistema nervoso central
(MACHADO, 3ª ed.).
Pode ser um terminal axônico ou células epiteliais modificadas
conectadas aos neurônios, como as células ciliadas da cóclea
(MACHADO, 3ª ed.).
CLASSIFICAÇÃO MORGOLÓGICA DOS RECEPTORES
Distinguem-se dois grandes grupos: os receptores especiais e os
receptores gerais (MACHADO, 3ª ed.).
Os receptores especiais são mais complexos, relacionando-se com um
neuroepitélio (retina, órgão de Coni etc.) e fazem parte dos chamados
órgãos especiais do sentido: visão, audição e equilíbrio, gustação e
olfação, todos localizados na cabeça (MACHADO, 3ª ed.).
Os receptores gerais ocorrem em todo o corpo, fazem parte do
sistema sensorial somático. que responde a diferentes estímulos, tais
como tato, temperatura, dor e postura corporal ou propriocepção
(MACHADO, 3ª ed.).
CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA DOS RECEPTORES
Usando-se como critério os estímulos mais adequados para ativar os
vários receptores, estes podem ser classificados como: (MACHADO,
3ª ed.).
➢ Quimiorreceptores;
➢ Osmorreceptores;
➢ Termorreceptores;
➢ Nociceptores;
➢ Mecanorreceptores;
Outra maneira de classificar os receptores, proposta inicialmente por
Sherrington, leva em conta a sua localização, o que define a natureza
do estímulo que os ativa. Com base nesse critério, distinguem-se três
categorias de receptores: (MACHADO, 3ª ed.).C
➢ Exteroceptores.;
➢ Proprioceptores;
➢ Interoceptores.;
CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ADAPTAÇÃO A UMA ESTIMULAÇÃO
CONTÍNUA OU SUSTENTADA
➢ Receptores tônicos: são receptores de adaptação lenta que
disparam rapidamente no início da ativação, depois
diminuem e mantêm seus disparos enquanto o estímulo
estiver presente. Os barorreceptores sensíveis à pressão,
os receptores de irritação e alguns receptores táteis e
proprioceptores são classificados nessa categoria. Em geral,
os estímulos que ativam os receptores tônicos são
parâmetros que devem ser monitorados continuamente no
corpo (SILVERTHORN, 7ª ed.).
➢ Receptores fásicos: são receptores de adaptação rápida
que disparam quando recebem um estímulo, mas param
de disparar se a intensidade do estímulo permanecer
constante. Os receptores fásicos sinalizam especificamente
as alterações em um parâmetro. Assim que o estímulo
estiver em uma intensidade estável, os receptores fásicos
adaptam-se a esse novo estado e se desligam. Esse tipo
de resposta permite que o corpo ignore a informação que
foi avaliada e considerada como não ameaçadora à
homeostasia ou ao bem-estar (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Fibras aferentes somáticas exteroceptivas
↠ Há quatro modalidades somatossensoriais: tato,
propriocepção, temperatura e nocicepção, que inclui dor
e prurido (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os receptores dos sentidos somáticos são
encontrados tanto na pele quanto nas vísceras. A ativação
dos receptores desencadeia potenciais de ação no
neurônio sensorial primário associado. Na medula espinal,
muitos dos neurônios sensoriais primários fazem sinapse
com interneurônios, que funcionam como neurônios
sensoriais secundários (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A localização da sinapse entre os neurônios primário
e secundário varia de acordo com o tipo de receptor
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os neurônios associados aos receptores da
nocicepção, temperatura e tato grosseiro fazem sinapse
com seus neurônios secundários assim que entram na
medula espinal. Contudo, a maior parte dos neurônios do
tato discriminativo,* da vibração e da propriocepção
possuem axônios muito longos, os quais se projetam para
cima, da medula espinal até o bulbo (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
RECEPTORES SENSÍVEIS AO TATO
↠ Os receptores táteis estão entre os receptores mais
comuns do corpo. Eles respondem a muitas formas de
contato físico, como estiramento, pressão sustentada,
vibração (baixa frequência) ou toque leve, vibração (alta
frequência) e textura. Eles são encontrados tanto na pele
como em regiões mais profundas do corpo
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os receptores táteis da pele possuem muitas formas.
Alguns são terminações nervosas livres, como os que
respondem a estímulos nocivos. Outros são mais
complexos. A maioria dos receptores do tato é difícil de
13
@jumorbeck
ser estudada devido ao seu pequeno tamanho. Entretanto,
os corpúsculos de Pacini, que respondem à vibração (alta
frequência), são um dos maiores receptores do corpo, e
muito do que se conhece dos receptores
somatossensoriais vem de estudos dessas estruturas
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Os corpúsculosde Pacini são constituídos de terminações nervosas
encapsuladas em camadas de tecido conectivo. Eles são encontrados
nas camadas subcutâneas da pele e nos músculos, nas articulações e
nos órgãos internos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Os corpúsculos de Pacini são receptores fásicos de adaptação rápida,
e esta propriedade permite que eles respondam a um estímulo tátil,
mas logo o ignore. Por exemplo, você sente sua camisa assim que a
coloca, mas logo os receptores do tato se adaptam (SILVERTHORN,
7ª ed.).
RECEPTORES DE TEMPERATURA
↠ Os receptores de temperatura são terminações
nervosas livres que terminam nas camadas subcutâneas
da pele. Os receptores para o frio são primariamente
sensíveis a temperaturas mais baixas do que a do corpo.
Os receptores para o calor são estimulados por
temperaturas na faixa que se estende desde a
temperatura normal do corpo (37 °C) a até
aproximadamente 45 °C. Acima dessa temperatura, os
receptores de dor são ativados, gerando uma sensação
de calor doloroso (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Existe um número consideravelmente maior de
receptores para o frio do que para o calor. Os receptores
de temperatura adaptam-se lentamente entre 20 e 40
°C. Fora da faixa de 20 a 40 °C, em que a probabilidade
de dano tecidual é maior, os receptores não se adaptam
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os termorreceptores utilizam uma família de canais
catiônicos, chamada de potencial receptor transitório, ou
canais TRP, para iniciar um potencial de ação
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
NOCICEPTORES
↠ Os nociceptores são neurônios com terminações
nervosas livres, os quais respondem a vários estímulos
nocivos intensos (químico, mecânico ou térmico) que
causam ou têm potencial para causar dano tecidual
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os nociceptores são encontrados na pele, nas
articulações, nos músculos, nos ossos e em vários órgãos
internos, mas não no sistema nervoso central
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A ativação da via nociceptiva inicia respostas
adaptativas protetoras. Os sinais aferentes dos
nociceptores são levados ao SNC por dois tipos de fibras
sensoriais primárias: fibras(A-delta) e fibras C
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A sensação mais comum transmitida por essas vias é
percebida como dor, mas quando a histamina ou algum
outro estímulo ativa um subgrupo de fibras C, percebe-
se a sensação chamada de prurido (coceira)
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os reflexos nociceptivos protetores iniciam com a
ativação de terminações nervosas livres. Os canais iônicos
respondem a estímulos químicos, mecânicos e térmicos
dando origem a potenciais graduados, os quais disparam
potenciais de ação se o estímulo for suficientemente
intenso. Muitos desses canais são canais de potencial
receptor transitório (TRP), da mesma família de canais dos
termorreceptores (SILVERTHORN, 7ª ed.).
PROPRIOCEPTORES
↠ A sensibilidade proprioceptiva também é chamada
propriocepção. A propriocepção permite que o indivíduo
reconheça quais partes do corpo pertencem a si. Elas
também permitem que nós saibamos onde nossa cabeça
e nossos membros estão localizados e como eles estão
se movendo, mesmo que nós não olhemos para eles, de
modo que possamos caminhar, digitar ou nos vestir sem
utilizar os olhos. A sinestesia é a percepção dos
movimentos corporais (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As sensações proprioceptivas surgem em receptores
chamados de proprioceptores. Como os proprioceptores
se adaptam lentamente e apenas um pouco, o encéfalo
recebe continuamente impulsos nervosos relacionados
com a posição das diferentes partes do corpo e faz
ajustes para garantir a coordenação. (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Três tipos de proprioceptores: os fusos musculares
dentro dos músculos esqueléticos, os órgãos tendíneos
dentro dos tendões e os receptores cinestésicos
articulares dentro das cápsulas das articulações sinoviais
(TORTORA, 14ª ed.).
FUSOS MUSCULARES
↠ Fusos musculares são os proprioceptores localizados
nos músculos esqueléticos e que monitoram mudanças
no comprimento dos músculos esqueléticos e participam
dos reflexos de estiramento (TORTORA, 14ª ed.).
14
@jumorbeck
↠ Cada fuso muscular consiste em várias terminações
nervosas sensitivas de adaptação lenta que envolvem
entre três e dez fibras musculares especializadas,
chamadas de fibras musculares intrafusais (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ Os fusos musculares estão distribuídos na maioria das
fibras musculares esqueléticas e estão alinhados
paralelamente a elas (TORTORA, 14ª ed.).
ÓRGÃOS TENDÍNEOS
↠ Os órgãos tendíneos estão localizados na junção de
um tendão com um músculo. Por iniciarem os reflexos
tendíneos, eles protegem os tendões e seus músculos
associados contra danos causados pela tensão excessiv
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Cada órgão tendíneo consiste em uma cápsula fina de
tecido conjuntivo que reveste alguns fascículos tendíneos
(feixes de fibras colágenas). Penetrando na cápsula se
encontram uma ou mais terminações nervosas sensitivas
entrelaçadas entre e ao redor das fibras colágenas do
tendão. Quando é aplicada tensão a um músculo, os
órgãos tendíneos geram impulsos nervosos que se
propagam para o SNC, fornecendo informações a
respeito de mudanças na tensão muscular (TORTORA,
14ª ed.).
RECEPTORES CINESTÉSICOS ARTICULARES
↠ Vários tipos de receptores cinestésicos articulares
estão presentes dentro e ao redor das cápsulas
articulares das articulações sinoviais. Terminações
nervosas livres e mecanoceptores cutâneos do tipo II nas
cápsulas das articulações respondem à pressão. Pequenos
corpúsculos lamelares no tecido conjuntivo ao redor das
cápsulas articulares respondem à aceleração e à
desaceleração das articulações durante os movimentos
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os ligamentos articulares contêm receptores
semelhantes aos órgãos tendíneos que ajustam a inibição
reflexa dos músculos adjacentes quando é exercida
tensão excessiva em uma articulação (TORTORA, 14ª ed.).
As informações sensoriais para o controle
postural – MOCHIZUKI; AMADIO, 2006.
O sistema somatossensorial difere de outros sistemas
sensoriais porque seus receptores estão pelo corpo e
não estão concentrados em locais especializados do
corpo humano e porque responde a muitos diferentes
tipos de estímulos agrupados em quatro categorias:
toque, temperatura, posição do corpo e dor.
Os receptores somatossensoriais de toque e de posição
têm especial relação com o controle postural. A maioria
desses receptores é mecanoreceptora porque responde
às distorções físicas como alongamento e flexão.
Os receptores proprioceptivos servem para duas
funções: identificar a posição do corpo para auxiliar na
identificação de coisas ao nosso redor e guiar os
movimentos. Assim, os músculos esqueléticos têm dois
mecanorreceptores proprioceptivos: os fusos musculares
e os órgãos tendinosos de Golgi. Os fusos musculares
informam sobre a intensidade de alongamento e a taxa
de alongamento dos músculos. Os órgãos tendinosos de
Golgi informam sobre o nível de força gerado pelo
músculo em um tendão.
Referências
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,
Atheneu, 3ª ed.
REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e
Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016
MOCHIZUKI, L.; AMADIO, A. C. As informações sensoriais
para o controle postural. Fisioterapia em movimento, v.19,
n. 2, p. 11-18, 2006.
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@jumorbeck
Objetivos
1- Compreender a anatomia do tenlencéfalo;
2- Explicar como ocorre o arco reflexo e as vias
eferentes;
Anatomia do Telencéfalo
O telencéfalo (cérebro) é a “sede da inteligência”. Ele é responsável
por nossa capacidade de ler,escrever e falar; de fazer cálculos e
compor músicas; e de lembrar o passado, planejar o futuro e imaginar
coisas que nunca existiram. (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O telencéfalo compreende os dois hemisférios
cerebrais e a lâmina terminal situada na porção anterior
do 3º ventrículo (MACHADO, 3ª ed.).
Os dois hemisférios juntos correspondem a 83% da massa total do
encéfalo. Os hemisférios cerebrais cobrem o diencéfalo e a parte
rostral do tronco encefálico, de modo muito parecido com o “chapéu”
de um cogumelo sobre seu caule. (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Os dois hemisférios cerebrais são unidos por uma larga
faixa de fibras comissurais. o corpo caloso. Os hemisférios
cerebrais possuem cavidades, os ventrículos laterais
direito e esquerdo, que se comunicam com o 3º
ventrículo pelos forames interventriculares (MACHADO,
3ª ed.).
↠ Cada hemisfério possui três faces: face dorsolateral.
convexa; face medial. plana; e face inferior ou base do
cérebro, muito irregular, repousando anteriormente nos
andares anterior e médio da base do crânio, e
posteriormente na tenda do cerebelo (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O telencéfalo (cérebro) é composto por um córtex
cerebral externo, uma região interna de substância
branca e núcleos de substância cinzenta localizados
profundamente na substância branca (TORTORA, 14ª ed.).
Córtex cerebral
↠ O córtex cerebral é uma região de substância cinzenta
que forma a face externa do telencéfalo (cérebro).
Embora tenha apenas 2 a 4 mm de espessura, ele
contém bilhões de neurônios dispostos em camadas
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Durante o desenvolvimento embrionário, quando o
encéfalo cresce rapidamente, a substância cinzenta do
córtex se desenvolve muito mais rápido que a substância
branca, mais profunda. Consequentemente, o córtex se
dobra sobre si mesmo, formando pregas conhecidas
como giros ou circunvoluções (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As fendas mais profundas entre os giros são chamadas
de fissuras; as mais superficiais, de sulcos. A fissura mais
proeminente, a fissura longitudinal, separa o telencéfalo
(cérebro) em duas metades chamadas de hemisférios
cerebrais. A fissura transversa separa os hemisférios
cerebrais do cerebelo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os hemisférios cerebrais são conectados
internamente pelo corpo caloso, uma grande faixa de
APG 04
2
@jumorbeck
substância branca contendo axônios que se projetam
entre os hemisférios (TORTORA, 14ª ed.).
Sulcos e giros
↠ A superfície do cérebro do homem apresenta
depressões denominadas sulcos, que delimitam os giros
cerebrais. A existência dos sulcos permite considerável
aumento de superfície sem grande aumento do volume
cerebral e sabe-se que cerca de dois terços da área
ocupada pelo córtex cerebral estão "escondidos" nos
sulcos (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Muitos sulcos são inconstantes e não recebem
qualquer denominação; outros, mais constantes, recebem
denominações especiais e ajudam a delimitar os lobos e
as áreas cerebrais. Em cada hemisfério cerebral. os dois
sulcos mais importantes são o sulco lateral e o sulco
central, também chamados de fissuras (MACHADO, 3ª
ed.).
• SULCO LATERAL: Inicia-se na base do cérebro,
como uma fenda profunda que, separando o
lobo frontal do lobo temporal, dirige-se para a
face dorsolateral do cérebro, onde termina
dividindo-se em três ramos: ascendente, anterior
e posterior (MACHADO, 3ª ed.).
Os ramos ascendente e anterior são curtos e penetram no lobo
frontal; o ramo posterior é muito mais longo, dirige-se para trás e para
cima, terminando no lobo parietal. Separa o lobo temporal, situado
abaixo, dos lobos frontal e parietal. situados acima (MACHADO, 3ª ed.).
• SULCO CENTRAL: É um sulco profundo e
geralmente contínuo, que percorre
obliquamente a face dorsolateral do hemisfério,
separando os lobos frontal e parietal. Inicia-se na
face medial do hemisfério, aproximadamente no
meio de sua borda dorsal e. a partir deste ponto,
dirige-se para diante e para baixo, em direção
ao ramo posterior do sulco lateral, do qual é
separado por uma pequena prega cortical
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ É ladeado por dois giros paralelos, um anterior, giro
pré-central. e outro posterior, giro pós-central. O giro pré-
central contém a área motora primária do córtex cerebral
(relaciona-se com motricidade), e o pós-central contém a
área somatossensitiva primária (relaciona-se com
sensibilidade) (MACHADO, 3ª ed.).
• SULCO PARIETOCCIPITAL: separa o lobo parietal do
lobo occipital (TORTORA, 14ª ed.).
Na face medial do cérebro, o limite anterior do lobo occipital é o sulco
parietoccipital. Em sua face dorsolateral, este limite é arbitrariamente
situado em uma linha imaginária que une a terminação do sulco
parietoccipital, na borda superior do hemisfério, à incisura pré-occipital,
localizada na borda inferolateral, a cerca de 4 cm do polo occipital
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Os sulcos ajudam a delimitar os lobos cerebrais, que
recebem sua denominação de acordo com os ossos do
crânio, com os quais se relacionam (MACHADO, 3ª ed.).
Outros sulcos e giros
FACE DORSOLATERAL
↠ A face dorsolateral do cérebro, ou face convexa é a
maior das faces cerebrais, relacionando-se com todos os
ossos que formam a abóbada craniana. Nela estão
representados os cinco lobos cerebrais (MACHADO, 3ª
ed.).
LOBO FRONTAL
↠ Identificam-se, em sua superfície, três sulcos principais:
(MACHADO, 3ª ed.).
• sulco pré-central: mais ou menos paralelo ao
sulco central e muitas vezes dividido em dois
segmentos;
• sulco frontal superior: inicia-se geralmente na
porção superior do sulco pré-central e tem
direção aproximadamente perpendicular a ele;
• sulco frontal inferior: partindo da porção inferior
do sulco pré-central, dirige-se para frente e para
baixo.
Entre o sulco central, e o sulco pré-central, está o giro pré-central,
onde se localiza a principal área motora do cérebro. Acima do sulco
frontal superior, continuando, pois, na face medial do cérebro, localiza-
se o giro frontal superior. Entre os sulcos frontal superior e frontal
inferior, está o giro frontal médio; abaixo do sulco frontal inferior, o
giro frontal inferior (MACHADO, 3ª ed.).
3
@jumorbeck
LOBO TEMPORAL
↠ Apresentam-se, na face dorsolateral do cérebro, dois
sulcos principais: (MACHADO, 3ª ed.).
• sulco temporal superior: inicia-se prox1mo ao
polo temporal e dirige-se para trás,
paralelamente ao ramo posterior do sulco lateral,
terminando no lobo parietal;
• sulco temporal inferior: paralelo ao sulco
temporal superior, é geralmente formado por
duas ou mais partes descontínuas.
Entre os sulcos lateral e temporal superior está o giro temporal
superior; entre os sulcos temporal superior e o temporal inferior situa-
se o giro temporal médio; abaixo do sulco temporal inferior, localiza-
se o giro temporal inferior que se limita com o sulco occípito-temporal.
geralmente situado na face inferior do hemisfério cerebral
(MACHADO, 3ª ed.).
LOBOS PARIETAL E OCCIPITAL
↠ O lobo parietal apresenta dois sulcos principais:
(MACHADO, 3ª ed.).
• sulco pós-central: quase paralelo ao sulco central,
é frequentemente dividido em dois segmentos,
que podem estar mais ou menos distantes um
do outro;
• sulco intraparietal: muito variável e geralmente
perpendicular ao pós-central, com o qual pode
estar unido, estende-se para trás para terminar
no lobo occipital.
Entre os sulcos central e pós-central fica o giro pós-central onde se
localiza uma das mais importantes áreas sensitivas do córtex, a área
somestésica. O sulco intraparietal separa o lóbulo parietal superior do
lóbulo parietal inferior. Neste último, descrevem- se dois giros: o giro
supramarginal, curvado em torno da extremidade do ramo posterior
do sulco lateral; e o giro angular; curvado em torno da porção terminal
e ascendente do sulco temporal superior (MACHADO, 3ª ed.).ÍNSULA
↠ Afastando-se os lábios do sulco lateral, evidencia-se
ampla fossa no fundo da qual está situada a ínsula, lobo
cerebral que, durante o desenvolvimento, cresce menos
que os demais, razão pela qual é pouco a pouco
recoberto pelos lobos vizinhos, frontal, temporal e parietal
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ A ínsula tem forma cônica e apresenta alguns sulcos
e giros. São descritos os seguintes: sulco circular da ínsula,.
sulco central da ínsula, giros curtos e giro longo da ínsula
(MACHADO, 3ª ed.).
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@jumorbeck
Lobos Cerebrais
↠ Temos os lobos frontal, temporal, parietal e occipital.
Além destes, existe a ínsula, situada profundamente no
sulco lateral e que não tem, por conseguinte, relação
imediata com os ossos do crânio (MACHADO, 3ª ed.).
• O lobo frontal está localizado abaixo do osso
frontal e preenche a fossa do crânio anterior. Ele
estende-se posteriormente até o sulco central,
que separa o lobo frontal do lobo parietal. O giro
pré-central, contendo o córtex motor primário,
situa-se imediatamente antes do sulco central
(MARIEB, 7ª ed.).
O lobo frontal contém áreas funcionais que planejam, iniciam e
executam o movimento motor, incluindo o movimento dos olhos e a
produção da fala. A região mais anterior do córtex frontal desempenha
funções cognitivas de ordem superior, como o raciocínio, o
planejamento, a tomada de decisão e a memória de trabalho, e outras
funções executivas (MARIEB, 7ª ed.).
• O lobo parietal, abaixo dos ossos parietais,
estende-se posteriormente do sulco central até
o sulco parietoccipital. O sulco lateral forma seu
limite inferior. O giro pós-central, imediatamente
posterior ao sulco central, contém o córtex
somestésico primário (MARIEB, 7ª ed.).
O lobo parietal processa estímulos sensitivos, permitindo: a percepção
consciente da sensibilidade somática geral; a percepção espacial dos
objetos, sons e partes do corpo; e a compreensão da fala (MARIEB,
7ª ed.).
• O lobo occipital situa-se abaixo do osso occipital,
forma a parte posterior do cérebro e contém o
córtex visual. Ele é separado do lobo parietal pelo
sulco parietoccipital na superfície medial do
hemisfério (MARIEB, 7ª ed.).
• O lobo temporal, na parte lateral do hemisfério,
localiza-se na fossa média do crânio abaixo do
osso temporal e é separado dos lobos parietal e
frontal sobrejacentes pelo sulco lateral profundo
(MARIEB, 7ª ed.).
O lobo temporal contém o córtex auditivo e o córtex olfatório. Além
disso, funciona no reconhecimento de objetos, palavras, feições e na
compreensão da linguagem (MARIEB, 7ª ed.).
• A ínsula (“ilha”) está inserida profundamente no
sulco lateral e forma parte de seu assoalho. Ela
é coberta por partes dos lobos temporal, parietal
e frontal. O córtex sensitivo visceral do paladar e
da sensibilidade visceral geral encontra-se nesse
lobo (MARIEB, 7ª ed.).
Substância branca cerebral
↠ A substância branca cerebral é formada basicamente
por axônios mielinizados organizados em três tipos de
tratos: (TORTORA, 14ª ed.).
• Fibras de associação contêm axônios que
conduzem impulsos nervosos entre os giros do
mesmo hemisfério.
• Fibras comissurais apresentam axônios que
conduzem impulsos de giros de um hemisfério
cerebral para o giro correspondente no outro
hemisfério. Três importantes grupos de tratos
comissurais são o corpo caloso (o maior feixe
de fibras encefálicas, contendo cerca de 300
milhões de fibras), a comissura anterior e a
comissura posterior.
• Fibras de projeção contêm axônios que
conduzem impulsos nervosos do telencéfalo
(cérebro) para partes inferiores do SNC (tálamo,
tronco encefálico e medula espinal) ou vice-
versa. Um exemplo é a cápsula interna, espessa
faixa de substância branca que contém axônios
ascendentes e descendentes
5
@jumorbeck
Núcleos da base
↠ Profundamente, dentro de cada hemisfério cerebral,
existem três núcleos (aglomerados de substância
cinzenta) que são conhecidos coletivamente como
núcleos da base (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Dois dos núcleos da base estão lado a lado, laterais ao
tálamo. São eles o globo pálido, mais próximo do tálamo,
e o putame, mais próximo do córtex cerebral. Juntos,
estes núcleos formam o núcleo lentiforme (TORTORA,
14ª ed.).
↠ O terceiro dos núcleos da base é o núcleo caudado,
que tem uma grande “cabeça” conectada a uma “cauda”
menor por meio de um longo “corpo” em forma de
vírgula. Os núcleos lentiforme e caudado formam juntos
o corpo estriado. Este termo se refere à aparência
estriada da cápsula interna quando ela passa entre os
núcleos da base (TORTORA, 14ª ed.).
Os núcleos da base recebem aferências do córtex cerebral e geram
eferências para partes motoras do córtex por meio dos núcleos
mediais e ventrais do tálamo. Além disso, os núcleos da base
apresentam várias conexões entre si. Uma importante função destes
núcleos é auxiliar a regulação do início e do término dos movimentos
(TORTORA, 14ª ed.).
Arco Reflexo
↠ Reflexo é uma sequência de ações automática, rápida
e involuntária que ocorre em resposta a um determinado
estímulo (TORTORA, 14ª ed.).
Alguns reflexos são naturais, como quando você tira a mão de uma
superfície quente mesmo antes de ter a percepção consciente que
ela de fato está quente. Outros reflexos são aprendidos ou adquiridos.
Por exemplo, você adquire muitos reflexos enquanto está aprendendo
a dirigir. Pisar no pedal do freio durante uma situação de emergência
é um destes reflexos (TORTORA, 14ª ed.).
Quando a integração ocorre na substância cinzenta da medula espinal,
o reflexo é chamado de reflexo espinal. Se, por outro lado, a
integração acontece no tronco encefálico, o reflexo então é chamado
de reflexo craniano (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A via seguida pelos impulsos nervosos que produzem
um reflexo é conhecida como arco reflexo (circuito
reflexo). Um arco reflexo inclui os cinco componentes
funcionais a seguir: (TORTORA, 14ª ed.).
• Receptor sensitivo: a terminação distal de um
neurônio sensitivo (dendrito) ou de uma
estrutura sensitiva associada exerce a função de
receptor sensitivo. Ela responde a um estímulo
específico – modificação dos ambientes interno
ou externo – por meio da geração de um
potencial graduado chamado de potencial
gerador (ou receptor). Se um potencial gerador
atinge o limiar de despolarização, ele irá gerar
um ou mais impulsos nervosos no neurônio
sensitivo.
• Neurônio sensitivo: os impulsos nervosos se
propagam, a partir do receptor sensitivo, pelo
axônio do neurônio sensitivo até as terminações
axônicas, que estão localizadas na substância
cinzenta da medula espinal ou do tronco
encefálico. Nestes pontos, interneurônios enviam
impulsos nervosos para a área do encéfalo
responsável pela percepção consciente de que
aconteceu um reflexo.
• Centro de integração: uma ou mais regiões de
substância cinzenta no SNC atuam como um
centro de integração. No tipo mais simples de
reflexo, o centro de integração é uma simples
sinapse entre um neurônio sensitivo e um
neurônio motor.
A via reflexa que apresenta apenas uma sinapse no SNC é chamada
de arco reflexo monossináptico. Os centros de integração são mais
frequentemente compostos por um ou mais interneurônios, os quais
podem transmitir impulsos para outros interneurônios ou para um
neurônio motor. Um arco reflexo polissináptico envolve mais de dois
tipos de neurônios e mais de um tipo de sinapse no SNC (TORTORA,
14ª ed.).
• Neurônio motor: impulsos gerados pelos centros
de integração se propagam para fora do SNC
6
@jumorbeck
em um neurônio motor que se estende até a
parte do corpo que executará a resposta.
• Efetor: a parte do corpo que responde ao
impulso nervoso motor, como um músculo ou
uma glândula, é chamada de efetor.
Esta resposta é conhecida como reflexo. Se o efetor é um músculo
esquelético, o reflexo é chamadode reflexo somático. Se o efetor é
um músculo liso, um músculo cardíaco ou uma glândula, então o
reflexo é conhecido como reflexo autônomo (TORTORA, 14ª ed.).
Reflexos espinais somáticos
REFLEXO DE ESTIRAMENTO
↠ O reflexo de estiramento causa a contração de um
músculo esquelético (o efetor) em resposta a seu
estiramento (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Este tipo de reflexo ocorre por meio de um arco
reflexo monossináptico. Ele pode acontecer pela ativação
de um único neurônio sensitivo, que faz uma sinapse no
SNC com um único neurônio motor (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os reflexos de estiramento podem ser gerados
através da percussão de tendões ligados a músculos nas
articulações do cotovelo, punho, joelho e tornozelo
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O reflexo de estiramento funciona da seguinte
maneira: (TORTORA, 14ª ed.).
• Um discreto estiramento muscular estimula
receptores sensitivos no músculo, chamados de
fusos musculares. Os fusos controlam as
mudanças no comprimento do músculo.
• Em resposta ao estiramento, o fuso muscular
gera um ou mais impulsos nervosos que se
propagam em um neurônio sensitivo somático
da raiz posterior do nervo espinal até a medula
espinal.
• Na medula espinal (centro de integração), o
neurônio sensitivo faz uma sinapse excitatória
com um neurônio motor no corno anterior,
ativando-o.
• Se o estímulo é suficientemente intenso, um ou
mais impulsos nervosos são gerados no
neurônio motor e se propagam por seu axônio,
o qual se estende da medula espinal até a raiz
anterior, passando pelos nervos periféricos, até
o músculo estimulado. As terminações axônicas
do neurônio motor formam junções
neuromusculares (JNM) com as fibras
musculares esqueléticas do músculo estirado.
• A acetilcolina liberada pelos impulsos nervosos
na JNM dispara um ou mais potenciais de ação
musculares no músculo estirado (efetor),
fazendo com que este se contraia. Assim, o
estiramento muscular é seguido pela contração
muscular, a qual diminui o estiramento.
↠ No arco reflexo descrito antes, os impulsos nervosos
sensitivos entram na medula espinal pelo mesmo lado que
os impulsos nervosos motores saem. Esta disposição é
conhecida como reflexo ipsolateral. Todos os reflexos
monossinápticos são ipsolaterais (TORTORA, 14ª ed.).
Além dos grandes neurônios motores que inervam as fibras
musculares esqueléticas comuns, neurônios motores de menor
diâmetro inervam fibras musculares especializadas menores, as quais
se situam dentro dos próprios fusos musculares. O encéfalo regula a
sensibilidade dos fusos por meio de vias que convergem para estes
neurônios motores menores. Esta regulação garante uma adequada
sinalização do fuso muscular em uma ampla faixa de comprimentos
musculares durante contrações voluntárias e reflexas. Por meio do
ajuste da intensidade na resposta de um fuso muscular a um
estiramento, o encéfalo determina um nível basal de tônus muscular
– o menor grau de contração presente enquanto um músculo está
em repouso (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Embora a via reflexa de estiramento seja por si só
monossináptica (apenas dois neurônios e uma sinapse),
ocorre, ao mesmo tempo, um arco reflexo polissináptico
para os músculos antagonistas. Este arco envolve três
neurônios e duas sinapses. Um axônio (ramo) colateral do
neurônio sensitivo do fuso muscular também faz sinapse
com um interneurônio inibitório no centro de integração.
Por sua vez, o interneurônio faz sinapse com um
neurônio motor que em geral estimula os músculos
antagonistas, inibindo-o. Desse modo, quando o músculo
estirado se contrai durante um reflexo de estiramento, os
músculos antagonistas relaxam (TORTORA, 14ª ed.).
Esta conformação, na qual os componentes de um circuito neural
simultaneamente causam a contração de um músculo e o relaxamento
de outro, é chamada de inervação recíproca. Ela evita conflitos entre
músculos com funções opostas e é vital para a coordenação dos
movimentos corporais (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os axônios colaterais do neurônio sensitivo do fuso
muscular também conduzem impulsos nervosos para o
encéfalo por meio de vias ascendentes específicas. Desta
maneira, o encéfalo recebe aferências sobre o estado de
estiramento ou contração dos músculos esqueléticos e
consegue controlar os movimentos musculares. Os
impulsos nervosos que chegam ao encéfalo também
permitem que se perceba conscientemente a ocorrência
de um reflexo (TORTORA, 14ª ed.).
7
@jumorbeck
↠ O reflexo de estiramento atua como um mecanismo
de retroalimentação para controlar o comprimento do
músculo por meio de sua contração (TORTORA, 14ª ed.).
REFLEXO TENDINOSO
↠ O reflexo tendinoso atua como um mecanismo de
retroalimentação para controlar a tensão muscular por
meio do seu relaxamento, antes que a força do músculo
se torne intensa o suficiente para romper seus tendões.
Embora o reflexo tendinoso seja menos sensível que o
de estiramento, ele pode anular este reflexo quando a
tensão é excessiva, fazendo com que você deixe cair no
chão um objeto muito pesado, por exemplo (TORTORA,
14ª ed.).
↠ Assim como o reflexo de estiramento, o reflexo
tendinoso é ipsolateral. Os receptores sensitivos
responsáveis por este reflexo são chamados de órgãos
tendinosos (órgãos tendinosos de Golgi, os quais se
situam dentro de um tendão, próximo a sua junção com
o ventre muscular (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os órgãos tendinosos detectam e respondem a
modificações na tensão muscular causadas por
estiramento passivo ou contração (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Um reflexo tendinoso funciona da seguinte maneira:
(TORTORA, 14ª ed.).
• À medida que a tensão aplicada sobre um
tendão aumenta, o órgão tendinoso (receptor
sensitivo) é estimulado (despolarizado até seu
limiar);
• São gerados impulsos nervosos que se
propagam para a medula espinal através de um
neurônio sensitivo;
• Na medula espinal (centro de integração), o
neurônio sensitivo ativa um interneurônio
inibitório que faz sinapse com um neurônio
motor;
• O neurotransmissor inibitório hiperpolariza o
neurônio motor, diminuindo a geração de
impulsos nervosos;
• O músculo relaxa e alivia o excesso de tensão;
↠ Assim, à medida que aumenta a tensão no órgão
tendinoso, aumenta a frequência de impulsos inibitórios; a
inibição dos neurônios motores que inervam o músculo
com tensão excessiva (efetor) gera o seu relaxamento.
Portanto, o reflexo tendinoso protege o tendão e o
músculo de lesões por tensão exagerada (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ O neurônio sensitivo do órgão tendinoso também faz
sinapse com um interneurônio excitatório na medula
espinal. Este, por sua vez, faz sinapse com neurônios
motores que controlam os músculos antagonistas. Desse
modo, enquanto o reflexo tendinoso gera o relaxamento
do músculo ligado ao órgão tendinoso, ele também
estimula a contração da musculatura antagonista. Aqui
temos outro exemplo de inervação recíproca. O neurônio
sensitivo também envia impulsos nervosos para o
encéfalo por meio de tratos sensitivos, informando-o,
assim, sobre a tensão muscular de todo o corpo
(TORTORA, 14ª ed.).
REFLEXOS DE RETIRADA E EXTENSOR CRUZADO
↠ Outro reflexo que envolve um arco polissináptico
ocorre quando, por exemplo, você pisa em um prego.
Em resposta a este estímulo doloroso, você
imediatamente retira sua perna. Este reflexo, chamado de
reflexo de retirada ou flexor, funciona desse modo:
(TORTORA, 14ª ed.).
• Quando você pisa no prego, ocorre a
estimulação dos dendritos (receptor sensitivo)
de um neurônio sensível à dor.
• A seguir, este neurônio sensitivo gera impulsos
nervosos, os quais se propagam em direção à
medula espinal.
• Na medula espinal (centro de integração), o
neurônio sensitivo ativa interneurônios que se
estendem por vários níveis medulares.
• Os interneurônios ativam neurônios motores em
vários segmentos medulares.
Consequentemente,os neurônios motores
geram impulsos nervosos, que se propagam em
direção às terminações axônicas.
• A acetilcolina liberada pelos neurônios motores
causa a contração dos músculos flexores da
coxa (efetores), o que proporciona a retirada da
perna. Este reflexo é protetor, pois a contração
dos músculos flexores afasta o membro da fonte
de um potencial estímulo danoso.
↠ O reflexo de retirada, assim como o de estiramento,
é ipsolateral – os impulsos aferentes e eferentes se
propagam no mesmo lado da medula espinal (TORTORA,
14ª ed.).
↠ Afastar o membro superior ou inferior de um estímulo
doloroso envolve a contração de mais de um grupo
muscular. Consequentemente, vários neurônios motores
devem simultaneamente enviar impulsos para vários
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@jumorbeck
músculos do membro. Como os impulsos nervosos de
um neurônio sensitivo sobem e descem na medula espinal
e ativam interneurônios em vários segmentos, este tipo
de reflexo é chamado de intersegmentar. Por meio de
arcos reflexos intersegmentares, um único neurônio
sensitivo pode ativar uma série de neurônios motores,
estimulando, assim, mais de um efetor (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ Por outro lado, o reflexo monossináptico de
estiramento envolve músculos que recebem impulsos
nervosos de apenas um segmento medular (TORTORA,
14ª ed.).
IMPORTANTE
↠ Outro fenômeno pode acontecer quando você pisa
em um prego: você pode começar a perder o equilíbrio
à medida que o peso do seu corpo é transferido para o
outro pé. Além de iniciar o reflexo de retirada que permite
a você retirar o membro, os impulsos nervosos gerados
a partir da pisada no prego também iniciam um reflexo
extensor cruzado, o qual auxilia na manutenção do
equilíbrio; ele funciona do seguinte modo: (TORTORA, 14ª
ed.).
• Quando você pisa no prego, ocorre a
estimulação do receptor sensitivo de um
neurônio sensível à dor no pé direito.
• A seguir, esse neurônio gera impulsos nervosos
que se propagam para a medula espinal.
• Na medula espinal (centro de regulação), o
neurônio sensitivo ativa uma série de
interneurônios que fazem sinapse com
neurônios motores de vários segmentos do lado
esquerdo da medula espinal. Desse modo, os
sinais álgicos aferentes cruzam para o outro lado
por meio de interneurônios do mesmo nível
medular, bem como por meio de interneurônios
situados vários níveis acima e abaixo do ponto
de entrada na medula espinal.
• Os interneurônios estimulam neurônios motores,
em vários segmentos medulares, que inervam
músculos extensores. Os neurônios motores,
por sua vez, geram mais impulsos nervosos, os
quais se propagam em direção às terminações
axônicas.
• A acetilcolina liberada pelos neurônios motores
causa a contração dos músculos extensores da
coxa (efetores) do membro inferior esquerdo
não estimulado pela dor. Assim, o peso pode ser
deslocado para o pé que deve agora sustentar
o corpo inteiro. Um reflexo semelhante ocorre
com a estimulação dolorosa do membro inferior
esquerdo ou de ambos os membros superiores.
↠ Ao contrário do reflexo de retirada (flexor), que é um
reflexo ipsolateral, o reflexo extensor cruzado envolve
um arco reflexo contralateral: os impulsos sensitivos
entram por um lado da medula espinal e os impulsos
motores saem pelo lado oposto. Desse modo, o reflexo
extensor cruzado sincroniza a extensão do membro
contralateral com a retirada (flexão) do membro
estimulado (TORTORA, 14ª ed.).
A inervação recíproca acontece tanto no reflexo de retirada quanto
no extensor cruzado. No reflexo de retirada, quando os músculos
flexores de um membro estimulado dolorosamente estão se
contraindo, os músculos extensores do mesmo membro estão, de
certa maneira, se relaxando. Caso ambos os grupos musculares se
contraíssem ao mesmo tempo, eles tracionariam os ossos em sentidos
diferentes, o que poderia imobilizar o membro. Devido à inervação
recíproca, um grupo muscular se contrai enquanto o outro relaxa
(TORTORA, 14ª ed.).
Vias eferentes
↠ Podem ser divididas em dois grandes grupos: vias
eferentes somáticas e vias eferentes viscerais, ou do
sistema nervoso autônomo. As primeiras controlam a
atividade dos músculos estriados esqueléticos, permitindo
a realização de movimentos voluntários ou automáticos,
regulando ainda o tônus e a postura. As segundas, ou seja,
as vias eferentes do sistema nervoso autônomo
destinam-se ao músculo liso, ao músculo cardíaco ou às
glândulas, regulando o funcionamento das vísceras e dos
vasos (MACHADO, 3ª ed.).
VIAS MOTORAS SOMÁTICAS
↠ Todos os sinais excitatórios e inibitórios que controlam
o movimento convergem para os neurônios motores que
se estendem para fora do tronco encefálico e da medula
espinal para inervar os músculos esqueléticos do corpo.
Esses neurônios, também conhecidos como neurônios
motores inferiores (NMI), possuem seus corpos celulares
no tronco encefálico e na medula espinal. A partir do
tronco encefálico, os axônios dos NMI se estendem
através dos nervos cranianos para inervar os músculos
esqueléticos da face e da cabeça. A partir da medula
espinal, os axônios dos NMI se estendem através dos
nervos espinais para inervar os músculos esqueléticos dos
membros e do tronco (TORTORA, 14ª ed.).
9
@jumorbeck
Apenas os NMI fornecem informações do SNC para as fibras
musculares esqueléticas. Por esse motivo, eles também são chamados
de via final comum (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os neurônios localizados em quatro circuitos neurais
distintos, porém altamente interativos, são chamados
coletivamente de vias motoras somáticas e participam do
controle do movimento por fornecerem informações
para os neurônios motores inferiores: (TORTORA, 14ª ed.).
NEURÔNIOS DO CIRCUITO LOCAL
↠ A informação chega aos neurônios motores inferiores
provenientes de interneurônios próximos chamados de
neurônios do circuito local. Esses neurônios estão
localizados próximo aos corpos celulares dos neurônios
motores inferiores no tronco encefálico e na medula
espinal (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os neurônios de circuito local recebem informações
dos receptores sensitivos somáticos, como os
nociceptores e os fusos musculares, bem como de
centros superiores no encéfalo. Eles ajudam a coordenar
a atividade rítmica em grupos musculares específicos,
como no revezamento entre flexão e extensão dos
membros inferiores durante a caminhada (TORTORA, 14ª
ed.).
NEURÔNIOS MOTORES SUPERIORES
↠ Tanto os neurônios do circuito local quanto os
neurônios motores inferiores recebem informações dos
neurônios motores superiores (NMS). A maior parte dos
neurônios motores superiores faz sinapses com os
neurônios do circuito local, que, por sua vez, fazem
sinapses com os neurônios motores inferiores. (Alguns
neurônios motores superiores fazem sinapses
diretamente com os neurônios motores inferiores.)
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os NMS do córtex cerebral são essenciais para a
execução dos movimentos voluntários do corpo. Outros
NMS são originados nos centros motores do tronco
encefálico: o núcleo rubro, o núcleo vestibular, o colículo
superior e a formação reticular (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os NMS provenientes do tronco encefálico regulam o
tônus muscular, controlam os músculos posturais e
ajudam a manter o equilíbrio e a orientação da cabeça e
do corpo. Tanto os núcleos da base quanto o cerebelo
exercem influência sobre os neurônios motores
superiores (TORTORA, 14ª ed.).
NEURÔNIOS DOS NÚCLEOS DA BASE
↠ Os neurônios dos núcleos da base ajudam os
movimentos fornecendo informações para os neurônios
motores superiores. Circuitos neurais interconectam os
núcleos da base com as áreas motoras do córtex cerebral
(através do tálamo) e do tronco encefálico. Esses circuitos
ajudam a iniciar e a encerrar os movimentos, evitam
movimentos indesejáveis e estabelecem um nível normal
de tônus muscular (TORTORA, 14ªed.).
NEURÔNIOS CEREBELARES
↠ Os neurônios cerebelares também ajudam no
movimento, controlando a atividade dos neurônios
motores superiores (TORTORA, 14ª ed.).
Circuitos neurais interconectam o cerebelo com áreas motoras do
córtex cerebral (através do tálamo) e do tronco encefálico. Uma
função principal do cerebelo é monitorar as diferenças entre os
movimentos que foram planejados com os movimentos que foram
realizados de fato. Então, ele envia comandos para os neurônios
motores superiores reduzirem os erros no movimento. O cerebelo
coordena então os movimentos corporais e ajuda a manter a postura
e o equilíbrio normais (TORTORA, 14ª ed.).
Organização das vias dos neurônios motores superiores
↠ Os axônios dos neurônios motores superiores se
estendem do encéfalo para os neurônios motores
inferiores através de dois tipos de vias motoras somáticas
– as diretas e as indiretas (TORTORA, 14ª ed.).
10
@jumorbeck
↠ As vias motoras diretas fornecem informações para
os neurônios motores inferiores através de axônios que
se estendem diretamente a partir do córtex cerebral
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ As vias motoras indiretas fornecem informações para
os neurônios motores inferiores a partir dos núcleos da
base, do cerebelo e do córtex cerebral (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ As vias diretas e indiretas gerenciam a geração de
impulsos nervosos nos neurônios motores inferiores, os
neurônios que estimulam a contração dos músculos
esqueléticos (TORTORA, 14ª ed.).
O controle dos movimentos do corpo ocorre através de circuitos
neurais em várias regiões do encéfalo. A área motora primária,
localizada no giro pré-central do lobo frontal do córtex cerebral, é uma
região de controle importante para a execução dos movimentos
voluntários (TORTORA, 14ª ed.).
A área pré-motora adjacente também fornece axônios para as vias
motoras descendentes. Assim como ocorre com a representação
sensitiva somática na área somatossensorial, diferentes músculos são
representados desigualmente na área motora primária. Mais áreas
corticais são destinadas para os músculos que estão envolvidos em
movimentos complexos, delicados ou que requerem maior precisão
(TORTORA, 14ª ed.).
Os músculos do polegar, dos dedos, dos lábios, da língua e das pregas
vocais possuem as maiores representações; o tronco apresenta uma
representação bem menor. Esse mapa muscular distorcido do corpo
é chamado de homúnculo motor. Comparando as figuras é possível
observar que as representações motora somática e somatossensorial
são semelhantes, porém não são idênticas para a maior parte do
corpo (TORTORA, 14ª ed.).
VIAS MOTORAS DIRETAS
↠ Os impulsos nervosos para os movimentos voluntários
se propagam do córtex cerebral para os neurônios
motores inferiores por vias motoras diretas (TORTORA,
14ª ed.).
↠ As vias motoras diretas, que também são conhecidas
como vias piramidais, consistem em axônios que descem
a partir das células piramidais. As células piramidais são os
neurônios motores superiores com corpos celulares em
formato de pirâmide localizados na área motora primária
e na área pré-motora do córtex cerebral (áreas 4 e 6,
respectivamente) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As vias motoras diretas consistem nas vias
corticospinais e na via corticonuclear (TORTORA, 14ª ed.).
VIAS CORTICOESPINAIS
↠ As vias corticospinais conduzem impulsos para o
controle de músculos nos membros e no tronco. Os
axônios dos neurônios motores superiores no córtex
cerebral formam os tratos corticospinais, que descem
através da cápsula interna do encéfalo e do pedúnculo
cerebral do mesencéfalo.
↠ No bulbo, os feixes axônicos dos tratos corticospinais
formam brotos ventrais conhecidos como pirâmides.
Cerca de 90% dos axônios corticospinais sofrem
decussação no bulbo e, então, descem para a medula
espinal, onde formam sinapses com um neurônio do
circuito local ou com um neurônio motor inferior. Os 10%
restantes que permanecem ipsolaterais acabam fazendo
decussação na medula espinal, no nível onde formam
sinapses com um neurônio do circuito local ou com um
neurônio motor inferior (TORTORA, 14ª ed.).
Desse modo, o córtex cerebral direito controla a maior parte dos
músculos no lado esquerdo do corpo e o córtex cerebral esquerdo
controla a maior parte dos músculos no lado direito do corpo
(TORTORA, 14ª ed.).
11
@jumorbeck
↠ Existem dois tipos de vias corticospinais: o trato
corticospinal lateral e o trato corticospinal anterior
(TORTORA, 14ª ed.).
TRATO CORTICOSPINAL LATERAL
↠ Os axônios corticospinais que sofrem decussação no
bulbo formam o trato corticospinal lateral no funículo
lateral da medula espinal (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Esses axônios formam sinapses com os neurônios do
circuito local ou com os neurônios motores inferiores no
corno anterior da medula espinal (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Axônios desses neurônios motores inferiores saem da
medula espinal nas raízes anteriores dos nervos espinais
e terminam nos músculos esqueléticos que controlam os
movimentos nas porções distais dos membros
(TORTORA, 14ª ed.).
Os músculos distais são responsáveis pelos movimentos precisos,
ágeis e altamente habilidosos das mãos e dos pés. Exemplos incluem
os movimentos necessários para abotoar uma camisa ou tocar piano
(TORTORA, 14ª ed.).
TRATO CORTICOSPINAL ANTERIOR
↠ Os axônios corticospinais que não sofrem decussação
no bulbo formam o trato corticospinal anterior no funículo
anterior da medula espinal. Em cada nível da medula
espinal, alguns desses axônios trocam de lado através da
comissura branca anterior (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Então, eles formam sinapses com neurônios do
circuito local ou com neurônios motores inferiores no
corno anterior. Axônios desses neurônios motores
inferiores saem da medula nas raízes anteriores dos
nervos espinais. Eles terminam em músculos esqueléticos
que controlam os movimentos do tronco e das porções
proximais dos membros (TORTORA, 14ª ed.).
VIA CORTICONUCLEAR
↠ A via corticonuclear conduz impulsos para o controle
dos músculos esqueléticos na cabeça (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os axônios dos neurônios motores superiores do
córtex cerebral formam o trato corticonuclear, que desce
com os tratos corticospinais através da cápsula interna do
encéfalo e do pedúnculo cerebral do mesencéfalo
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Alguns dos axônios do trato corticonuclear fazem
decussação; outros, não. Os axônios terminam nos
núcleos motores dos nove pares de nervos cranianos no
tronco encefálico: o oculomotor (NC III), o troclear (NC IV),
o trigêmeo (NC V), o abducente (NC VI), o facial (NC VII),
o glossofaríngeo (NC IX), o vago (NC X), o acessório (NC
XI) e o hipoglosso (NC XII) (TORTORA, 14ª ed.).
Os neurônios motores inferiores dos nervos cranianos transmitem
impulsos que controlam os movimentos voluntários e precisos dos
olhos, da língua, do pescoço, além da mastigação, da expressão facial,
da fala e da deglutição (TORTORA, 14ª ed.).
VIAS MOTORAS INDIRETAS
↠ As vias motoras indiretas ou vias extrapiramidais
incluem todos os tratos motores somáticos diferentes dos
tratos corticospinal e corticonuclear (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Axônios dos neurônios motores superiores que
originam as vias motoras indiretas descem provenientes
de vários núcleos do tronco encefálico em cinco tratos
principais da medula espinal e terminam nos neurônios do
circuito local ou nos neurônios motores inferiores
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Esses tratos são os: (TORTORA, 14ª ed.).
• Rubrospinal: transmite impulsos nervosos dos
núcleos rubros (que recebem impulsos do
córtex cerebral e do cerebelo) para os músculos
esqueléticos contralaterais que controlam os
movimentos voluntários precisos das partes
distais dos membros superiores.
• Tetospinal: transmite impulsos nervosos do
colículo superior para os músculos esqueléticos
contralaterais que movem reflexamentea
cabeça, os olhos e o tronco em resposta a
estímulos visuais ou auditivos.
• Vestibulospinal: transmite impulsos nervosos do
núcleo vestibular (que recebe informações
sobre os movimentos da cabeça provenientes
da orelha interna) para os músculos esqueléticos
12
@jumorbeck
ipsolaterais do tronco e para as partes proximais
dos membros para a manutenção da postura e
do equilíbrio em resposta aos movimentos da
cabeça.
• Reticulospinais medial e lateral: transmitem
impulsos nervosos da formação reticular para os
músculos esqueléticos ipsolaterais do tronco e
para as partes proximais dos membros para a
manutenção da postura e a regulação do tônus
muscular em resposta aos movimentos
corporais atuais.
Funções dos núcleos da base
↠ Os núcleos da base e o cerebelo influenciam no
movimento através de seus efeitos sobre os neurônios
motores superiores. As funções dos núcleos da base
incluem: (TORTORA, 14ª ed.).
• Os núcleos da base são importantes no início e
no fim dos movimentos. Duas porções dos
núcleos da base, o núcleo caudado e o putame,
recebem informações a partir das áreas
sensitiva, de associação e motora do córtex
cerebral e formam a substância negra. Os
núcleos da base enviam informações para o
globo pálido e a substância negra, que enviam
sinais de retroalimentação para o córtex motor
superior através do tálamo.
• Esse circuito – do córtex para os núcleos da
base, para o tálamo e para o córtex – parece
agir no início e no fim dos movimentos. Os
neurônios no putame geram impulsos
imediatamente antes do aparecimento dos
movimentos do corpo e os neurônios no núcleo
caudado geram impulsos logo antes do
aparecimento dos movimentos oculares.
• Os núcleos da base evitam movimentos
indesejáveis por causa de seus efeitos inibitórios
sobre o tálamo e o colículo superior.
• Os núcleos da base influenciam o tônus muscular.
• Os núcleos da base influenciam muitos aspectos
da função cortical, incluindo as funções sensitiva,
límbica, cognitiva e linguística.
Modulação do movimento pelo cerebelo
↠ As funções cerebelares envolvem quatro atividades:
(TORTORA, 14ª ed.).
• Monitoramento das intenções de movimento: o
cerebelo recebe impulsos do córtex motor e
dos núcleos da base através dos núcleos da
ponte a respeito de quais movimentos estão
sendo planejados (setas vermelhas).
• Monitoramento do movimento real: o cerebelo
recebe impulsos dos proprioceptores nas
articulações e nos músculos que revelam o que
está acontecendo de fato. Esses impulsos
nervosos percorrem os tratos
espinocerebelares anterior e posterior. Os
impulsos nervosos provenientes do aparelho
vestibular (que percebe o equilíbrio) na orelha
interna e dos olhos também entram no cerebelo.
• Comparação dos sinais de comando com a
informação sensitiva: o cerebelo compara a
intenção de movimento com o movimento que
está sendo realizado de fato.
• Envio de retroalimentação corretiva: se houver
uma discrepância entre o movimento planejado
e o real, o cerebelo envia retroalimentação para
os neurônios motores superiores. Essa
informação viaja através do tálamo para os NMS
no córtex cerebral, mas também vai
diretamente para os NMS nos centros motores
do tronco encefálico (setas verdes). Conforme
os movimentos acontecem, o cerebelo fornece
continuamente correções de erro para os
neurônios motores superiores, que diminuem
esses erros e fazem com que o movimento seja
mais adequado. Em períodos longos, ele também
contribui para o aprendizado de novas
habilidades motoras.
13
@jumorbeck
Referências
MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,
Atheneu, 3ª ed.
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
1
@jumorbeck
Objetivos
1- Compreender as áreas funcionais do cérebro
(diencéfalo e telencéfalo);
*principais áreas de Brodmann
2- Estudar o metabolismo da glicose no sistema
nervoso;
*metabolismo e envelhecimento
Córtex cerebral é a fina camada de substância cinzenta que reveste
o centro branco medular do cérebro ou centro semioval. Trata-se de
uma das partes mais importantes do sistema nervoso. Ao córtex
cerebral chegam impulsos provenientes de todas as vias da
sensibilidade, que aí se tornam conscientes e são interpretadas
(MACHADO, 3ª ed.).
Assim, uma lesão nas áreas corticais da visão pode levar à cegueira
mesmo com as vias visuais intactas. Do córtex saem os impulsos
nervosos que iniciam e comandam os movimentos voluntários e que
estão relacionados também com os fenômenos psíquicos (MACHADO,
3ª ed.).
No córtex cerebral existem neurônios, células neurogliais e fibras. Os
neurônios e as fibras distribuem-se de vários modos, em várias
camadas, sendo a estrutura do córtex cerebral muito complexa e
heterogênea (MACHADO, 3ª ed.).
Quanto à sua estrutura, distinguem-se dois tipos de córtex: isocórtex
e alocórtex. No isocórtex existem seis camadas, o que não ocorre no
alocórtex, cujo número de camadas varia mas é sempre menor que
seis (MACHADO, 3ª ed.).
Obs.: Todos os neurônios no córtex são interneurônios (MARIEB, 3ª
ed.).
Classificação das áreas corticais
CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA DO CÓRTEX
↠ Baseia-se na divisão do cérebro em sulcos, giros e
lobos. A divisão anatômica em lobos não corresponde a
uma divisão funcional ou estrutural, pois em um mesmo
lobo temos áreas corticais de funções e estruturas muito
diferentes. Faz exceção o córtex do lobo occipital, que;
direta ou indiretamente, se liga às vias visuais (MACHADO,
3ª ed.).
CLASSIFICAÇÃO CITOARQUITETURAL DO CÓRTEX
↠ O córtex cerebral pode ser dividido em numerosas
áreas citoarquiteturais, havendo vários mapas de divisão.
Contudo, a divisão mais aceita é a de Brodmann, que
identificou 52 áreas designadas por números
(MACHADO, 3ª ed.).
CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DO CÓRTEX
↠ Do ponto de vista funcional, as áreas corticais não são
homogêneas. A primeira comprovação desse fato foi feita
em 1861, pelo cirurgião francês Paul Broca, que pôde
correlacionar lesões em áreas restritas do lobo frontal
(área de Broca) com a perda da linguagem falada
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Pouco mais tarde, surgiram os trabalhos de Fritsch e
Hitzig, que conseguiram provocar movimentos de certas
partes do corpo por estimulações elétricas em áreas
específicas do córtex do cão. Esses autores fizeram,
assim, o primeiro mapeamento da área motora do córtex,
estabelecendo pela primeira vez o conceito de
somatotopia das áreas corticais, ou seja, de que existe
correspondência entre determinadas áreas corticais e
certas partes do corpo (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O conhecimento das localizações funcionais no córtex
tem grande importância não só para a compreensão do
funcionamento do cérebro, mas também para diagnóstico
das diversas lesões que podem acometer esse órgão
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Do ponto de vista funcional, as áreas corticais podem
ser classificadas em dois grandes grupos: áreas de
projeção e áreas de associação. As áreas de projeção
são as que recebem ou dão origem a fibras relacionadas
diretamente com a sensibilidade e com a motricidade. As
demais áreas são consideradas de associação e, de modo
geral, estão relacionadas ao processamento mais
complexo de informações. Assim, lesões nas áreas de
projeção podem causar paralisias ou alterações na
sensibilidade, o que não acontece nas áreas de associação
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ As áreas de projeção podem ainda ser divididas em
dois grupos de função e estrutura diferentes: áreas
sensitivas e áreas motoras (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O neuropsicólogo russo Alexandre Luria propôs uma
divisão funcional do córtex baseada em seu grau de
relacionamento com a motricidadee com a sensibilidade.
As áreas ligadas diretamente à sensibilidade e à
motricidade, ou seja, as áreas de projeção, são
consideradas áreas primárias. As áreas de associação
podem ser divididas em secundárias e terciárias
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ As secundárias são unimodais, pois estão ainda
relacionadas, embora indiretamente, com determinada
modalidade sensorial ou com a motricidade. As aferências
APG 05 – “SERÁ QUE É DA IDADE?”
2
@jumorbeck
de uma área de associação unimodal se fazem
predominantemente com a área primária de mesma
função (MACHADO, 3ª ed.).
↠ As áreas terciárias são supramodais, ou seja, não se
ocupam diretamente com as modalidades motora ou
sensitiva das funções cerebrais, mas estão envolvidas
com atividades psíquicas superiores (MACHADO, 3ª ed.).
Mantêm conexões com várias áreas unimodais ou com outras áreas
supramodais, ligam informações sensoriais ao planejamento motor e
são o substrato anatômico das funções corticais superiores, como:
pensamento, memória, processos simbólicos, tomada de decisões,
percepção e ação direcionadas a um objetivo, o planejamento de
ações futuras. A área supramodal mais importante é a área pré-frontal,
que corresponde às partes não motoras do lobo frontal (MACHADO,
3ª ed.).
Para que se possa entender melhor o significado funcional dessas áreas
de associação, especialmente das áreas secundárias, cabe descrever
os processos mentais envolvidos na identificação de um objeto, por
exemplo, uma bola a ser identificada pelo tato, com os olhos fechados.
A área de projeção é a área somestésica primária Sl que registra as
qualidades táteis da bola, em especial sua forma. Entretanto, isso não
permite sua identificação, o que é feito na área de associação
somestésica secundária (S2). Ela vai comparar a forma da bola com o
conceito de bola registrado na memória, o que permite sua
identificação. Neste caso, a área primária é responsável pela sensação,
e a secundária, pela interpretação desta sensação. Se a área de
associação somestésica for lesada, ocorrerá uma agnosia tátil, ou seja,
ele não conseguirá reconhecer a bola pelo tato, embora possa fazê-
lo pela visão (MACHADO, 3ª ed.).
Agnosias são, pois, quadros clínicos nos quais há perda da capacidade
de reconhecer objetos por lesões das áreas corticais secundárias,
apesar das vias sensoriais e as áreas corticais primárias estarem
normais. Distinguem-se agnosias visuais auditivas e somestésicas, estas
últimas geralmente táteis (MACHADO, 3ª ed.).
Áreas funcionais do cérebro
↠ Tipos específicos de sinais sensitivos, motores e
integradores são processados em regiões distintas do
córtex cerebral. De modo geral, as áreas sensitivas
recebem informações sensitivas e estão envolvidas com
a percepção, ato de ter consciência de uma sensação;
as áreas motoras controlam a execução de movimentos
voluntários; e as áreas associativas lidam com funções
integradoras mais complexas, tais como memória,
emoções, raciocínio, vontade, juízo crítico, traços de
personalidade e inteligência (TORTORA, 14ª ed.).
Áreas motoras
↠ As eferências motoras do córtex cerebral se originam
principalmente da parte anterior de cada hemisfério
cerebral (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A motricidade voluntária só é possível porque as áreas
corticais que controlam o movimento recebem
constantemente informações sensoriais. A decisão de
executar um determinado movimento depende da
integração entre os sistemas sensoriais e motor
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Um simples ato de alcançar um objeto exige
informação visual para localizar o objeto no espaço e
informação proprioceptiva para criar a representação do
corpo no espaço, possibilitando que comandos adequados
sejam enviados ao membro superior. O processamento
sensorial tem como resultado uma representação interna
do mundo e do corpo no espaço, e o planejamento do
ato motor inicia-se a partir de uma destas representações
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ O objetivo do movimento é determinado pelo córtex
pré-frontal, que passa sua decisão às áreas motoras do
córtex, que são: a área motora primária (Ml) e as áreas
secundárias pré-motora e motora suplementar
(MACHADO, 3ª ed.).
As seguintes áreas motoras do córtex, que controlam os movimentos
voluntários, estão na porção posterior dos lobos frontais: córtex motor
primário, córtex pré-motor, área de Broca e campo ocular frontal
(MARIEB, 3ª ed.).
ÁREA MOTORA PRIMÁRIA (M1)
↠ Ocupa a parte posterior do giro pré-central de cada
hemisfério cerebral, correspondente à área 4 de
Brodmann (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Nesses giros, neurônios grandes, denominados células
piramidais, nos permitem controlar conscientemente a
precisão ou a habilidade dos movimentos voluntários de
nossos músculos esqueléticos. Seus longos axônios, que
se projetam para a medula espinal, formam o trato motor
voluntário chamado de trato piramidal ou trato
corticospinal. (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A área 4 é a que tem o menor limiar para
desencadear movimentos com a estimulação elétrica, e
3
@jumorbeck
determina movimentos de grupos musculares do lado
oposto (MACHADO, 3ª ed.).
A inervação motora do corpo é contralateral; ou seja, o giro motor
primário esquerdo controla músculos do lado direito do corpo e vice-
versa (MARIEB, 3ª ed.).
↠ O mapeamento do córtex motor primário de acordo
com a representação das diversas partes do corpo, ou
seja, a somatotopia pode ser representada por um
homúnculo de cabeça para baixo. É interessante notar a
grande extensão da área correspondente à mão, quando
comparada com as áreas do tronco e membro inferior
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Isso mostra que a extensão da representação cortical
de uma parte do corpo, na área 4, é proporcional não a
seu tamanho, mas à delicadeza dos movimentos
realizados pelos grupos musculares nela representados.
Esta organização somatotópica pode sofrer modificações
decorrentes do aprendizado e de lesões (MACHADO, 3ª
ed.).
As principais conexões aferentes da área motora são com o tálamo,
através do qual recebe informações do cerebelo e dos núcleos da
base, com a área somestésica e com as áreas pré-motora e motora
suplementar. Por sua vez, no homem, a área 4 dá origem a grande
parte das fibras dos tratos corticoespinhal e corticonuclear, principais
responsáveis pela motricidadevoluntária, especialmente na musculatura
distal dos membros (MACHADO, 3ª ed.).
ÁREA PRÉ-MOTORA
↠ Anterior ao giro pré-central do lobo frontal (área 6 de
Brodmann) está o córtex pré-motor (MARIEB, 3ª ed.)
↠ É muito menos excitável que a área motora primária,
exigindo correntes elétricas mais intensas para que se
obtenham respostas motoras. As respostas obtidas são
menos localizadas do que as que se obtêm por estímulo
da área 4, e envolvem grupos musculares maiores, como
os do tronco ou da base dos membros. Nas lesões da
área pré-motora, esses músculos têm sua força diminuída
(paresia), o que impede o paciente de elevar
completamente o braço ou a perna. (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Essa região controla habilidades motoras aprendidas de
uma forma padronizada ou repetitiva, como tocar um
instrumento musical e digitação (MARIEB, 3ª ed.)
↠ A área pré-motora integra o sistema de neurônios-
espelhos (MACHADO, 3ª ed.).
SISTEMA DE NEURÔNIOS-ESPELHOS
Neurônio espelho é um tipo de neurônio que é ativado, não só quando
um indivíduo faz um ato motor específico como estender a mão para
pegar um objeto, mas também quando ele vê outro indivíduo fazendo
a mesma coisa. Em conjunto, esses neurônios têm sido chamados de
sistema de neurônios-espelhos (MACHADO, 3ª ed.).
Este sistema é frontoparietal, ocupando parte da área pré-motora e
estendendo-se também à parte inferior do lobo parietal. Os neurônios-
espelhos têm ação moduladora da excitabilidade dos neurônios
responsáveis pelo ato motor observado, facilitando sua execução. Eles
estão na base da aprendizagemmotora por imitação. Os neurônios-
espelhos têm papel importante na aprendizagem motora de crianças
pequenas que imitam os pais ou as babás (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A função mais importante da área pré-motora está
relacionada com planejamento motor (MACHADO, 3ª ed.).
PLANEJAMENTO MOTOR
Estudos de neuroimagem funcional mostraram que, quando se faz um
gesto, por exemplo, estender o braço para apanhar um objeto, há
ativação de uma das áreas de associação secundárias (pré-motora ou
motora suplementar), indicando aumento de atividade metabólica dos
neurônios nessas áreas. Após um ou dois segundos, a atividade cessa
e passa a ser ativada a área motora primária, principal origem do trato
corticoespinhal. Simultaneamente, ocorre o movimento. Conclui-se que,
na execução de um movimento, há uma etapa de planejamento, a
cargo das áreas motoras secundárias, e uma etapa de execução pela
área M1. Este planejamento envolve a escolha dos grupos musculares
a serem contraídos em função da trajetória, da velocidade e da
distância a ser percorrida pelo ato motor de estender o braço para
apanhar o objeto. Essas informações são passadas à área M1, que
executa o planejamento motor feito pelas áreas pré-motora ou
motora suplementar (MACHADO, 3ª ed.).
Lesões destas áreas resultam em disfunções denominadas apraxias,
nas quais a pessoa perde a capacidade de fazer gestos simples como
escovar os dentes ou abotoar a camisa, apesar de não estar paralítica.
Em outras palavras, a área motora primária está pronta para fazer o
gesto, mas não sabe como fazê-lo (MACHADO, 3ª ed.).
4
@jumorbeck
Vários estudos sugerem que a área motora suplementar é ativada
quando o gesto decorre de "decisão" do próprio córtex pré-frontal,
como no gesto de apanhar o objeto, que pode ou não ser feito.
Quando o gesto decorre de uma influência externa, como, por
exemplo, o comando de alguém para que o gesto seja feito, a ativação
será do córtex pré-frontal (MACHADO, 3ª ed.).
ÁREA MOTORA SUPLEMENTAR
↠ A área motora suplementar ocupa a parte da área 6,
situada na face medial do giro frontal superior. Assim
como a área pré-motora, a função mais importante da
área motora suplementar é o planejamento motor, de
sequências complexas de movimentos (MACHADO, 3ª
ed.).
CAMPO OCULAR FRONTAL
↠ O campo ocular frontal está localizado entre o córtex
pré-motor e a sua região anterior, superiormente à área
de Broca. Essa região cortical controla os movimentos
voluntários dos olhos (MARIEB, 3ª ed.).
Áreas sensoriais
↠ Áreas envolvidas com a percepção de sensações, as
áreas sensoriais do córtex se localizam nos lobos parietal,
insular, temporal e occipital (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Os impulsos sensitivos chegam principalmente à
metade posterior de ambos os hemisférios cerebrais, em
regiões atrás do sulco central (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As áreas sensitivas são divididas em áreas primárias
(de projeção) e secundárias (de associação), relacionadas,
respectivamente, à sensação do estímulo recebido e à
percepção de características específicas desse estímulo
(MACHADO, 3ª ed.).
CÓRTEX SOMATOSSENSORIAL PRIMÁRIO
↠ Situa-se diretamente posterior ao sulco central de cada
hemisfério, no giro pós-central de cada lobo parietal (áreas
1 a 3 de Brodmann). (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A área 3 localiza-se no fundo do sulco central,
enquanto as áreas 1 e 2 aparecem na superfície do giro
pós-central (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Neurônios desse giro recebem informações dos
receptores sensoriais gerais da pele (somáticos) e dos
proprioceptores (receptores do sentido de posição) dos
músculos esqueléticos, das articulações e dos tendões.
Estes neurônios, então, identificam a região do corpo que
está sendo estimulada, uma habilidade denominada
discriminação espacial (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A quantidade de córtex sensorial dedicada a uma
região corporal particular está relacionada com a
sensibilidade daquela região (ou seja, com quantos
receptores ela possui), não com o tamanho da região
corporal. Nos humanos, a face (especialmente os lábios)
e as pontas dos dedos são as áreas corporais mais
sensíveis, portanto são as maiores partes do homúnculo
somatossensorial (MARIEB, 3ª ed.).
A área somatossensitiva primária permite que você identifique onde
se originam as sensações somáticas, de modo que você saiba
exatamente em que parte do seu corpo você dará um tapa naquele
mosquito chato (TORTORA, 14ª ed.).
Lesões da área somestésica podem ocorrer, por exemplo, como
consequência de acidentes vasculares cerebrais que comprometem
as artérias cerebral média ou cerebral anterior. Há, então, perda da
sensibilidade discriminativa do lado oposto à lesão. O doente perde a
capacidade de discriminar dois pontos, perceber movimentos de
partes do corpo ou reconhecer diferentes intensidades de estímulo.
Apesar de distinguir as diferentes modalidades de estímulo, ele é
incapaz de localizar a parte do corpo tocada ou de distinguir graus de
temperatura, peso e textura dos objetos tocados. Em decorrência
disso, o doente perde a estereognosia, ou seja, a capacidade de
reconhecer os objetos colocados em sua mão. É interessante lembrar
que as modalidades mais grosseiras de sensibilidade (sensibilidade
protopática), tais como o tato não discriminativo e a sensibilidade
térmica e dolorosa, permanecem praticamente inalteradas, pois elas
se tornam conscientes em nível talâmico. (MACHADO, 3ª ed.).
CÓRTEX SOMATOSSENSORIAL DE ASSOCIAÇÃO
↠ O córtex somatossensorial de associação está
localizado posteriormente ao córtex somatossensorial
primário, com o qual faz muitas conexões (corresponde
à área 5 e parte da área 7 de Brodmann) (MARIEB, 3ª
ed.).
5
@jumorbeck
↠ A principal função desta área é integrar entradas
sensoriais (temperatura, pressão e outras) que chegam
até ela pelo córtex somatossensorial primário para
produzir um entendimento do objeto que está sendo
sentido: seu tamanho, textura e relação de suas partes
(MARIEB, 3ª ed.).
Por exemplo, quando você toca em seu bolso, seu córtex
somatossensorial de associação vasculha suas memórias de
experiências sensoriais passadas para perceber o objeto que você
sente como moedas ou chaves. Pessoas com danos nessa área não
podem reconhecer estes objetos sem olhar para os mesmos
(MARIEB, 3ª ed.).
Sua lesão causa agnosia tátil, ou seja, incapacidade de reconhecer
objetos pelo tato (MACHADO, 3ª ed.).
Áreas visuais
ÁREA VISUAL PRIMÁRIA (V1)
↠ A área visual primária, V1, localiza-se nos lábios do sulco
calcarino e corresponde à área 17 de Brodmann também
chamada de córtex estriado (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Está localizado bem na extremidade posterior do lobo
occipital, porém sua maior porção está situada
profundamente no sulco calcarino na região medial do
lobo occipital (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A parte posterior da retina (onde se localiza a mácula)
projeta-se na parte posterior do sulco calcarino, enquanto
a parte anterior projeta-se na porção anterior deste sulco.
Existe, pois, correspondência perfeita entre retina e
córtex visual (retinotopia). A ablação bilateral da área 17
causa cegueira completa na espécie humana
(MACHADO, 3ª ed.).
ÁREA DE ASSOCIAÇÃO VISUAL
↠ Circunda o córtex visual primário e encobre a maior
parte do lobo occipital. Comunicando com o córtex visual
primário, a área de associação usa experiências visuais
passadas para interpretar estímulos visuais (cor, forma e
movimento), possibilitando-nos reconhecer uma flor ou a
face de uma pessoa e apreciarmos o que estamos vendo
(MARIEB, 3ª ed.).
ÁREAS VISUAIS SECUNDÁRIAS
↠ São áreas de associação unimodais, neste caso
relacionadas somente à visão. Até há pouco tempo,
acreditava-se que seria uma área única, limitada ao lobo
occipital, situando-se adiante da área visual primária,
correspondendo às áreas 18 e 19 de Brodmann. Sabe-se
hoje que, na maioria dos primatas e no homem, elasatividades mentais, podem estimular o SRAA a
manter a consciência. O SRAA também está ativo durante o despertar,
ou acordar do sono. Outra função do SRAA é manter a atenção
(concentração em um objeto ou pensamento) e a vigilância. Ele
também evita sobrecargas sensitivas (excesso de estimulação visual
e/ou auditiva) por meio da filtração de informações insignificantes, de
modo que elas não se tornem conscientes. Por exemplo, enquanto
você está esperando o começo da sua aula de anatomia, você pode
não perceber o barulho a sua volta quando você está revisando suas
anotações. A inativação do SRAA causa o sono, estado parcial de
consciência a partir do qual o indivíduo pode ser despertado. Por outro
lado, lesões do SRAA podem levar ao coma, estado de inconsciência
do qual a pessoa não pode ser despertada (TORTORA, 14ª ed.).
Cerebelo
↠ O cerebelo, com sua forma de couve-flor, a segunda
maior parte do encéfalo, conforme prosseguimos da
direção caudal para a rostral, corresponde a até 11% da
massa do encéfalo (MARIEB, 7ª ed.).
↠ O cerebelo está situado em posição dorsal à ponte e
ao bulbo, dos quais está separado pelo quarto ventrículo
(MARIEB, 7ª ed.).
↠ O cerebelo, segunda maior estrutura encefálica
(perdendo apenas para o telencéfalo [cérebro]), ocupa as
regiões inferior e posterior da cavidade craniana. Assim
como o telencéfalo (cérebro), o cerebelo tem uma
superfície com vários giros que aumenta muito a área do
córtex (substância cinzenta), permitindo a presença de
um número maior de neurônios (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Nas vistas superior e inferior, o cerebelo tem um
formato que lembra o de uma borboleta. A área central
menor é conhecida como verme do cerebelo, e as “asas”
ou lobos laterais, como hemisférios do cerebelo. Cada
hemisfério é composto por lobos separados por
profundas e distintas fissuras. Os lobos anterior e posterior
controlam aspectos subconscientes dos movimentos da
musculatura esquelética. O lobo floculonodular da parte
inferior contribui com o equilíbrio (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A camada superficial do cerebelo, chamada de córtex
do cerebelo, é formada por substância cinzenta disposta
em uma série de dobras finas e paralelas conhecidas
como folhas do cerebelo. Abaixo da substância cinzenta
encontram-se tratos de substância branca chamados de
árvore da vida, que se assemelham a galhos de uma
árvore. Na substância branca estão localizados os núcleos
do cerebelo, regiões de substância cinzenta onde se
6
@jumorbeck
situam os neurônios que conduzem impulsos nervosos do
cerebelo para outros centros encefálicos (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ Três pares de pedúnculos cerebelares conectam o
cerebelo com o tronco encefálico. Estes feixes de
substância branca são compostos por axônios que
conduzem impulsos entre o cerebelo e outras partes do
encéfalo (TORTORA, 14ª ed.).
A função primária do cerebelo é avaliar como os movimentos iniciados
nas áreas motoras do telencéfalo (cérebro) estão sendo executados.
Quando estes movimentos não estão sendo executados
corretamente, o cerebelo corrige estas discrepâncias. A seguir, ele
envia sinais de retroalimentação para áreas motoras do córtex cerebral
por meio de conexões com o tálamo. Estes sinais ajudam a corrigir os
erros, tornam os movimentos mais naturais e coordenam sequências
complexas de contrações da musculatura esquelética (TORTORA, 14ª
ed.).
Diencéfalo
↠ O diencéfalo forma o núcleo central de tecido
encefálico logo acima do cerebelo. Ele é quase
completamente circundado pelos hemisférios cerebrais e
contém vários núcleos envolvidos com processamento
sensitivo e motor entre os centros encefálicos superiores
e inferiores. O diencéfalo se estende do tronco encefálico
até o telencéfalo (cérebro) e circunda o terceiro
ventrículo; ele inclui o tálamo, o hipotálamo e o epitálamo
(TORTORA, 14ª ed.).
TÁLAMO
↠ O tálamo é uma estrutura oval que corresponde a até
80% do diencéfalo e forma as paredes superolaterais do
terceiro ventrículo. Tálamo, palavra grega que significa
“recinto interno”, descreve bem essa região cerebral
profunda. Normalmente os tálamos direito e esquerdo são
unidos por uma conexão pequena na linha média, a
aderência intertalâmica (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Uma lâmina em forma de Y composta de substância
branca, a lâmina medular, divide os núcleos do tálamo em
três grupos: grupo anterior, grupo mediano e grande
grupo lateral (MARIEB, 7ª ed.).
Os impulsos aferentes de todos os sentidos conscientes, exceto o
olfato, convergem no tálamo e comunicam-se por sinapses em pelo
menos um de seus núcleos (MARIEB, 7ª ed.). Por esta razão, o tálamo
é considerado o centro de retransmissão sensorial do encéfalo
(SEELY, 10ª ed.).
SUBTÁLAMO
↠ O subtálamo é uma pequena área imediatamente
inferior ao tálamo. Essa estrutura contém diversos tratos
ascendentes e descendentes, bem como núcleos
subtalâmicos (SEELY, 10ª ed.).
HIPOTÁLAMO
↠ O hipotálamo (“abaixo do tálamo”) é a parte inferior do
diencéfalo e forma as paredes inferolaterais do terceiro
ventrículo. Na face inferior do encéfalo, o hipotálamo está
situado entre o quiasma óptico (ponto de cruzamento dos
nervos cranianos II, os nervos ópticos) e a margem
posterior dos corpos mamilares (mamilar = “pequena
mama”), protuberâncias arredondadas que se projetam
no assoalho do hipotálamo. No lado inferior do hipotálamo,
projeta-se a hipófise (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Ele é composto por cerca de doze núcleos agrupados
em quatro regiões principais: (TORTORA, 14ª ed.).
• A região mamilar (área hipotalâmica posterior),
adjacente ao mesencéfalo, é a parte mais
posterior do hipotálamo. Ela inclui os corpos
mamilares e os núcleos hipotalâmicos
posteriores. Os corpos mamilares são duas
projeções pequenas e arredondadas que
funcionam como estações de transmissão para
reflexos relacionados com o olfato.
• A região tuberal (área hipotalâmica intermédia),
a maior porção do hipotálamo, inclui os núcleos
dorsomedial, ventromedial e arqueado, além do
infundíbulo, que conecta a hipófise com o
7
@jumorbeck
hipotálamo. A eminência mediana é uma região
levemente elevada que circunda o infundíbulo.
• A região supraóptica (área hipotalâmica rostral)
está situada acima do quiasma óptico (ponto de
cruzamento dos nervos ópticos) e contém os
núcleos paraventricular, supraóptico,
hipotalâmico anterior e supraquiasmático
• A região préóptica, anterior à região
supraóptica, é geralmente considerada como
parte do hipotálamo porque ela participa, junto
com ele, na regulação de certas atividades
autônomas.
↠ O hipotálamo controla muitas atividades corporais e é
um dos principais reguladores da homeostase. Impulsos
sensitivos relacionados com sensações somáticas e
viscerais chegam ao hipotálamo, bem como impulsos de
receptores visuais, gustatórios e olfatórios. Entre as
funções importantes do hipotálamo estão: (TORTORA,
14ª ed.).
• Controle do SNA: o hipotálamo controla e
integra as atividades da divisão autônoma do
sistema nervoso, que por sua vez, regula a
contração dos músculos lisos e cardíacos e a
secreção de várias glândulas.
• Produção de hormônios: o hipotálamo produz
vários hormônios e apresenta dois tipos
importantes de conexões com a hipófise, uma
glândula endócrina localizada inferiormente ao
hipotálamo.
• Regulação dos padrões emocionais e
comportamentais: junto com o sistema límbico,
o hipotálamo está relacionado com a expressão
de raiva, agressividade, dor e prazer e com os
padrões comportamentais associados aos
desejos sexuais.
• Regulação da alimentação: o hipotálamo regula
a ingestão de alimento. Ele contém um centro
da fome, que estimula a alimentação, e um
centro da saciedade, que promove uma
sensação de plenitude e de cessação da
ingestão de alimentos. O hipotálamo também
apresenta um centro da sede. Quandose
estendem a quase todo o lobo temporal, correspondendo
às áreas 20, 21 e 37 de Brodmann e a uma pequena
parte do lobo parietal (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Estudos mostraram que, na verdade, são várias as
áreas visuais secundárias, das quais as mais conhecidas
são V2, V3, V4 e V5. Elas são unidas por duas vias
corticais originadas em Vl: a dorsal, dirigida à parte
posterior do lobo parietal, e a ventral, que une as áreas
visuais do lobo temporal. Aspectos diferentes da
percepção visual são processados nessas áreas
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Assim, na via ventral estão áreas específicas para
percepção de cores, reconhecimento de objetos e
reconhecimento de faces. Na via dorsal, estão áreas para
percepção de movimento, de velocidade e
representação espacial dos objetos. Em síntese, a via
ventral permite determinar o que o objeto é, e a dorsal,
onde ele está, se está parado ou em movimento
(MACHADO, 3ª ed.).
Áreas auditivas
CÓRTEX AUDITIVO PRIMÁRIO
↠ A área auditiva primária, AI, está situada no giro
temporal transverso anterior (giro de Heschl) e
corresponde às áreas 41 e 42 de Brodmann (MACHADO,
3ª ed.).
↠ Está localizado na margem superior do lobo temporal
adjacente ao sulco lateral. A energia sonora que excita os
receptores auditivos da orelha interna provoca impulsos
que são transmitidos para o córtex auditivo primário, onde
são interpretados como tom, intensidade e sua localização
(MARIEB, 3ª ed.).
6
@jumorbeck
ÁREA AUDITIVA DE ASSOCIAÇÃO
↠ Mais posterior, permite a percepção do estimulo
sonoro, o que "ouvimos" como uma fala, um grito, música,
trovão, barulho e muito mais. Memórias dos sons
anteriormente escutados parecem ser estocadas aqui
para referência. A área de Wemicke, inclui partes do
córtex auditivo (MARIEB, 3ª ed.).
Córtex olfatório (olfato)
↠ O córtex olfatório primário localiza-se na porção
mediana do lobo temporal (área 28), em uma pequena
região chamada de lobo piriforme, em forma de anzol, o
unco (MARIEB, 3ª ed.).
↠ O córtex olfatório é parte do rinencéfalo primitivo
("nariz cerebral"), que inclui todas as porções do cérebro
que recebem sinais olfatórios - o córtex orbitofrontal, o
unco e regiões associadas localizadas na porção mediana
dos lobos temporais, e os tratos e bulbos olfatórios
salientes que se estendem para o nariz. (MARIEB, 3ª ed.).
Córtex gustatório (paladar)
ÁREA GUSTATIVA PRIMÁRIA
↠ O córtex gustatório, uma região envolvida na
percepção do estímulo do paladar, está localizado na
ínsula, abaixo do lobo temporal (MARIEB, 3ª ed.).
Fato interessante é que a simples visão ou mesmo o pensamento em
um alimento saboroso ativa a área gustativa da ínsula. Demonstrou-se
também que na área gustativa existem neurônios sensíveis não só ao
paladar, mas também ao olfato e à sensibilidade somestésica da boca
sendo, pois capaz de avaliar a importância biológica dos estímulos
intraorais (MACHADO, 3ª ed.).
Área sensorial visceral
↠ O córtex da ínsula localizado posteriormente ao córtex
gustatório está envolvido na percepção consciente de
sensações viscerais. Estas incluem distúrbios estomacais,
bexiga cheia e a sensação de que seus pulmões irão
explodir quando você prende sua respiração por um
longo período (MARIEB, 3ª ed.).
Córtex vestibular (equilíbrio)
↠ Tem sido difícil de terminar a parte do córtex
responsável pela percepção do equilíbrio, ou seja, da
posição da cabeça no espaço. Todavia, estudos recentes
de imageamento localizaram esta região na porção
posterior da ínsula, escondida por trás do lobo temporal
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ Sabe-se, hoje, que a área vestibular localiza-se no lobo
parietal, em uma pequena região próxima ao território da
área somestésica correspondente à face. Assim, a área
vestibular está mais relacionada com a área de projeção
da sensibilidade proprioceptiva do que com a auditiva
(MACHADO, 3ª ed.).
Áreas associativas multimodais
O córtex associativo multimodal nos permite dar significados à
informação que estamos recebendo, armazená-la na memória se for
necessário, juntá-la com nosso conhecimento e experiência prévia e
decidir qual atitude (ação) teremos. Uma vez que tenha sido decidido
o curso da ação, nossas decisões são retransmitidas ao córtex pré-
motor que, por sua vez, comunica com o córtex motor. O córtex
associativo multimodal parece ser o local onde as sensações, os
pensamentos e as emoções se tomam conscientes, sendo o que nos
faz ser o que somos (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Segundo Luria, as áreas terciárias ocupam o topo da
hierarquia funcional do córtex cerebral. Elas são
supramodais, ou seja, não se relacionam isoladamente
com nenhuma modalidade sensorial. Recebem e integram
as informações sensoriais já elaboradas por todas as áreas
secundárias e são responsáveis também pela elaboração
das diversas estratégias comportamentais (MACHADO, 3ª
ed.).
ÁREA ASSOCIATIVA ANTERIOR
↠ É uma grande região localizada na parte anterior do
lobo frontal muito desenvolvida em primatas,
especialmente em humanos – áreas 9, 10, 11 e 12; a área
12 não é mostrada, pois ela só pode ser visualizada em
uma vista medial. Esta área tem muitas conexões com
outras áreas corticais, tálamo, hipotálamo, sistema límbico
e cerebelo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A área associativa anterior no lobo frontal, também
chamada de córtex pré-frontal, é a mais complicada de
todas as regiões corticais. Ela está envolvida com o
intelecto, as habilidades de aprendizagem complexas
(denominadas cognição), a evocação da memória e a
personalidade (MARIEB, 3ª ed.).
Um indivíduo que apresente lesões em ambos os córtices pré-frontais
geralmente se torna rude, insensível, incapaz de aceitar conselhos,
temperamental, desatento, menos criativo, incapaz de planejar o futuro
e incapaz de antecipar as consequências de comportamentos ou
palavras grosseiras e inapropriadas (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Do ponto de vista funcional pode-se dividir a área pré-
frontal em duas subáreas, dorso lateral e orbitofrontal
(MACHADO, 3ª ed.).
7
@jumorbeck
• Área pré-frontal dorsolateral: Ocupa a superfície
anterior e dorsolateral do lobo frontal. Liga-se ao
corpo estriado (putâmen) integrando o circuito
cortico-estriado-talâmico-cortical. Este circuito
tem papel extremamente importante nas
chamadas funções executivas que envolvem o
planejamento execução das estratégias
comportamentais mais adequadas à situação
física e social do indivíduo, assim como
capacidade de alterá-las quando tais situações se
modificam. Além disso, a área pré-frontal
dorsolateral é responsável pela memória
operacional - que é um tipo de memória de
curto prazo, temporária e suficiente para manter
na mente as informações relevantes para a
conclusão de uma atividade que está em
andamento.
• Área pré-frontal orbitofrontal: Ocupa a parte
ventral do lobo frontal adjacente às órbitas
compreendendo os giros orbitários. Está
envolvido no processamento das emoções,
supressão de comportamentos socialmente
indesejáveis, manutenção da atenção.
ÁREA ASSOCIATIVA POSTERIOR
↠ A área associativa posterior é uma grande região
composta por partes dos lobos temporal, parietal e
occipital. Esta área possui papel no reconhecimento de
padrões e faces, nos localizando no espaço circundante e
ligando diferentes informações sensoriais para formar um
todo coerente (MARIEB, 3ª ed.).
Reúne informações já processadas de diferentes modalidades para
gerar uma imagem mental completa dos objetos sob a forma de
percepções, podendo reunir, além da aparência do objeto, seu cheiro,
som, tato, seu nome. Esta área está envolvida não somente na
sensação somática, mas na visual, possibilitando a ligação de elementos
de uma cena visual em um conjunto coerente. Participa também no
planejamento de movimentos e na atenção seletiva (MACHADO, 3ª
ed.).
↠ A área parietal posterior é importantepara a
percepção espacial, permitindo ao indivíduo determinar as
relações entre os objetos no espaço extrapessoal. Em
lesões bilaterais, o doente fica incapaz de explorar o
ambiente e alcançar objetos de interesse. Ela permite
também que se tenha uma imagem das partes
componentes do próprio corpo e sua relação com o
espaço, razão pela qual já foi também denominada área
do esquema corporal (MACHADO, 3ª ed.).
Síndrome de negligência ou síndrome de inatenção, que se manifesta
nas lesões do lado direito, ou seja, no hemisfério mais relacionado com
os processos visuoespaciais. Ocorre uma negligência sensorial do
mundo contralateral (MACHADO, 3ª ed.).
CÓRTEX INSULAR ANTERIOR
↠ Nos últimos dez anos, ouve uma explosão de
informações sobre a ínsula, durante muito tempo
considerada como uma das "áreas cegas" do cérebro. A
ínsula tem duas partes, anterior e posterior, separadas
pelo sulco central e muito diferentes em sua estrutura e
funções (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O córtex insular posterior é característico das áreas
de projeção primárias, no caso, as áreas gustativa e
sensoriais viscerais. Já o córtex insular anterior é
característico das áreas de associação. Estudos
principalmente de neuroimagem funcional no homem
mostraram que o córtex insular anterior está envolvido
em pelo menos nas seguintes funções: (MACHADO, 3ª
ed.).
• Empatia, ou seja, a capacidade de se identificar
com outras pessoas e perceber e se sensibilizar
com seu estado emocional.
• Conhecimento da própria fisionomia como
diferente da dos outros.
• Sensação de nojo na presença ou
simplesmente com imagens de fezes, vômitos,
carniça e outra situação considerada nojenta.
• Percepção dos componentes subjetivos das
emoções.
Áreas relacionadas com a linguagem
↠ A linguagem verbal é um fenômeno complexo do qual
participam áreas corticais e subcorticais. Não resta a
menor dúvida, entretanto, que o córtex cerebral tem o
papel mais importante (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Admitia-se, com base nos trabalhos de Geschwind, a
existência de apenas duas áreas corticais principais para a
linguagem: uma anterior e outra posterior, ambas de
associação terciária. A área anterior da linguagem
corresponde à área de Broca e está relacionada com a
expressão da linguagem. A área posterior da linguagem
ela é conhecida também como área de Wernicke e está
relacionada basicamente com a percepção da linguagem
(MACHADO, 3ª ed.).
8
@jumorbeck
ÁREA DA BROCA e ÁREA DE WERNICKE
↠ A área de Broca fica anterior à região inferior da área
pré-motora e se sobrepõe às áreas 44 e 45 de
Brodmann. Considera-se estar presente em apenas um
hemisfério (normalmente o esquerdo) e ser uma área
motora especial da fala, que controla músculos envolvidos
na fonação (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Está localizada no lobo frontal, próxima ao sulco
cerebral lateral. Em cerca de 97% da população, estas
áreas de linguagem situam-se no hemisfério esquerdo
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os impulsos nervosos originados na área de Broca
passam para as regiões pré-motoras que controlam os
músculos da laringe, da faringe e da boca. Os impulsos da
área pré-motora resultam em contrações musculares
específicas coordenadas. Simultaneamente, os impulsos
se propagam da área de Broca para a área motora
primária. Deste ponto, os impulsos também controlam os
músculos ventilatórios para que possam regular o fluxo
de ar pelas pregas vocais (TORTORA, 14ª ed.).
Pessoas que sofrem um acidente vascular encefálico (AVE) na área
de Broca ainda conseguem ter pensamentos coerentes, mas não
conseguem formar palavras – fenômeno conhecido como afasia
motora (TORTORA, 14ª ed.).
Contudo, estudos recentes empregando o imageamento PET para
observar áreas ativas, " iluminadas" do cérebro indicam que a área de
Broca também é ativada quando nos preparamos para falar e até
mesmo quando pensamos (planejamos) muitas outras atividades
motoras voluntárias além da fala (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A área de Wernicke (área 22, possivelmente áreas
39 e 40), uma grande região nos lobos temporal e parietal
esquerdos, interpreta o significado da fala por meio do
reconhecimento das palavras faladas. Ela está ativa quando
você transforma palavras em pensamentos. As regiões
do hemisfério direito que correspondem às áreas de
Broca e Wernicke no hemisfério esquerdo também
contribuem com a comunicação verbal por meio do
acréscimo de emoções, como raiva ou alegria, nas
palavras faladas (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A área de Broca conteria os programas motores da
fala e a de Wemicke, o significado, e que a conexão entre
as duas possibilitaria entender e responder ao que os
outros dizem. Realmente essas duas áreas estão ligadas
pelo fascículo longitudinal superior ou fascículo arqueado,
através do qual, informações relevantes para a correta
expressão da linguagem passam da área de Wernicke
para a área de Broca. A linguagem e a escrita também
dependem destas duas áreas (MACHADO, 3ª ed.).
LATERALIZAÇÃO HEMISFÉRICA
Embora o encéfalo seja quase simétrico, existem diferenças
anatômicas sutis entre os dois hemisférios. Por exemplo, em cerca de
dois terços da população, o plano temporal – região do lobo temporal
que engloba a área de Wernicke – é 50% maior do lado esquerdo
que no lado direito. Esta assimetria surge no feto humano durante a
trigésima semana de gestação (TORTORA, 14ª ed.).
Também existem diferenças fisiológicas: embora os dois hemisférios
compartilhem várias funções, cada hemisfério pode desempenhar
funções específicas. Esta assimetria funcional é conhecida como
lateralização hemisférica (TORTORA, 14ª ed.).
Apesar de existirem algumas diferenças significativas nas funções dos
dois hemisférios, observa-se uma variação considerável de uma
pessoa para outra. Além disso, a lateralização parece ser menos
pronunciada em mulheres do que em homens, tanto para linguagem
(hemisfério esquerdo), quanto para habilidades visuais e espaciais
(hemisfério direito). Por exemplo, mulheres têm menor chance de ter
afasia secundária a lesões do hemisfério esquerdo do que homens.
Uma observação possivelmente relacionada com este fato é que a
comissura anterior é 12% maior e o corpo caloso tem uma parte
posterior mais larga em mulheres. Lembre-se de que a comissura
anterior e o corpo caloso são fibras comissurais que comunicam entre
si ambos os hemisférios (TORTORA, 14ª ed.).
DIFERENÇAS FUNCIONAIS ENTRE OS HEMISFÉRIOS DIREITO E ESQUERDO
FUNÇÕES DO HEMISFÉRIO
DIREIITO
FUNÇÕES DO HEMISFÉRIO
ESQUERDO
Consciência musical e artística; Raciocínio
Percepção do espaço e de
certos padrões;
Habilidades matemáticas e
científicas;
Geração de imagens mentais
para comparar relações
espaciais;
Capacidade de utilizar e
entender a linguagem de
sinais;
Identificação e discriminação
de odores;
Linguagem falada e escrita.
9
@jumorbeck
Diencéfalo
↠ O diencéfalo compreende as seguintes partes: tálamo,
hipotálamo, epitálamo e subtálamo (MACHADO, 3ª ed.).
TÁLAMO
↠ O tálamo é fundamentalmente constituído de
substância cinzenta, na qual se distinguem vários núcleos
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ O tálamo compreende núcleos bilaterais com formato
de ovo, que formam a parede superior lateral do terceiro
ventrículo. Na maioria das pessoas, os núcleos estão
conectados na linha média pela aderência intertalâmica
(massa intermédia) (MARIEB, 3ª ed.).
↠ O tálamo compreende um grande número de núcleos
nomeados de acordo com sua localização. Cada núcleo
possui uma especialidade funcional e projeta e recebe
fibras de uma região específica do córtex cerebral
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ Impulsos aferentes provenientes de todos os sentidos
e de todas as partes do corpo convergem para o tálamo,
fazendo sinapses com pelo menos um de seus núcleos
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ O tálamo é a principal estação retransmissora para a
maioria dosimpulsos sensitivos da medula espinal e do
tronco encefálico que chegam às áreas sensitivas
primárias do córtex cerebral. Além disso, ele contribui para
as funções motoras ao transmitir informações do
cerebelo e dos núcleos da base para a área motora
primária do córtex cerebral. O tálamo também transmite
impulsos nervosos entre diferentes áreas do telencéfalo
(cérebro) e auxilia na manutenção da consciência
(TORTORA, 14ª ed.)
↠ Os núcleos principais podem ser divididos em 7
grupos, de acordo com sua posição: (TORTORA, 14ª ed.).
• Grupo anterior ou núcleo anterior: recebe
aferências do hipotálamo e envia eferências para
o sistema límbico. Ele contribui com a regulação
das emoções e da memória.
• Núcleos mediais: recebem aferências do sistema
límbico e dos núcleos da base e enviam
eferências para o córtex cerebral. Suas funções
estão relacionadas com as emoções, o
aprendizado, a memória e a cognição.
• Núcleos no grupo lateral recebem aferências do
sistema límbico, dos colículos superiores e do
córtex cerebral e enviam eferências para o
córtex cerebral. O núcleo dorsolateral tem
funções relacionadas com a expressão de
emoções. O núcleo lateroposterior e o núcleo
pulvinar auxiliam a integrar as informações
sensitivas.
• Cinco núcleos fazem parte do grupo ventral. O
núcleo ventral anterior sua função está
relacionada com o controle dos movimentos. O
núcleo ventral lateral ele também auxilia no
controle dos movimentos. O núcleo ventral
posterior transmite impulsos relacionados com
as sensações somáticas – como tato, pressão,
vibração, prurido, cócegas, temperatura, dor e
propriocepção – da face e do tronco para o
córtex cerebral. O núcleo geniculado lateral
transmite impulsos visuais da retina para a área
visual primária. O núcleo geniculado medial
transmite impulsos auditivos da orelha para a
área auditiva primária.
• O núcleo mediano forma uma fina faixa
adjacente ao terceiro ventrículo e presume-se
que esteja relacionado com a memória e o
olfato.
• O núcleo reticular envolve a face lateral do
tálamo, próximo à cápsula interna. Este núcleo
monitora, filtra e integra as atividades de outros
núcleos talâmicos.
HIPOTÁLAMO
↠ Denominado devido à sua localização abaixo do (hypo)
tálamo, o hipotálamo cobre o tronco encefálico e forma
a parede ínfero-lateral do terceiro ventrículo (MARIEB, 3ª
ed.).
10
@jumorbeck
↠ Apesar de seu pequeno tamanho, o hipotálamo é o
principal centro de controle visceral do corpo, sendo
vitalmente importante para a homeostasia corporal.
Poucos tecidos corporais escapam de sua influência
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ Ele é composto por cerca de doze núcleos agrupados
em quatro regiões principais: (TORTORA, 14ª ed.).
• A região mamilar (área hipotalâmica posterior),
adjacente ao mesencéfalo, é a parte mais
posterior do hipotálamo. Ela inclui os corpos
mamilares e os núcleos hipotalâmicos
posteriores. Os corpos mamilares são duas
projeções pequenas e arredondadas que
funcionam como estações de transmissão para
reflexos relacionados com o olfato.
• A região tuberal (área hipotalâmica intermédia),
a maior porção do hipotálamo, inclui os núcleos
dorsomedial, ventromedial e arqueado, além do
infundíbulo, que conecta a hipófise com o
hipotálamo.
• A região supraóptica (área hipotalâmica rostral)
está situada acima do quiasma óptico (ponto de
cruzamento dos nervos ópticos) e contém os
núcleos paraventricular, supraóptico,
hipotalâmico anterior e supraquiasmático.
• A região pré-óptica, anterior à região
supraóptica, é geralmente considerada como
parte do hipotálamo porque ela participa, junto
com ele, na regulação de certas atividades
autônomas.
↠ Suas principais funções relacionadas ao seu papel
homeostático são brevemente apresentadas a seguir:
(MARIEB, 3ª ed.).
• Centro de controle autonômico
(neurovegetativo): o sistema nervoso autônomo
(SNA) é um sistema de nervos periféricos que
regula a secreção glandular e os músculos
cardíaco e liso. O hipotálamo regula a atividade
do SNA através do controle sobre seus centros
no tronco encefálico e na medula espinal.
Nesse papel, o hipotálamo influencia a pressão arterial, a frequência e
a força das contrações cardíacas, a motilidade e a secreção do sistema
digestório, o diâmetro da pupila ocular e muitas outras atividades
viscerais (MARIEB, 3ª ed.).
• Centro de controle da resposta emocional: o
hipotálamo se encontra no "coração" do sistema
límbico (a parte emocional do encéfalo). Núcleos
envolvidos na percepção do prazer, do medo e
da agressividade, além de ritmos biológicos e
motivações (como a motivação para o sexo),
são encontrados no hipotálamo.
• Regulação da temperatura corporal: o
termostato corporal está no hipotálamo.
Neurônios hipotalâmicos monitoram a
temperatura do sangue e recebem entradas de
outros termorreceptores do encéfalo e da
periferia do corpo. A partir dessas informações,
o hipotálamo inicia mecanismos para o
resfriamento (sudorese) ou para a geração de
calor (tremores), mantendo a temperatura
corporal relativamente constante.
• Regulação da ingestão alimentar: em resposta às
alterações nos níveis sanguíneos de certos
nutrientes (glicose e talvez aminoácidos) ou
hormônios [colecistocinina (CCK) e outros], o
hipotálamo regula a sensação de fome e
saciedade.
• Regulação do equilíbrio hídrico e da sede:
quando os líquidos corporais se tomam muito
concentrados, neurônios hipotalâmicos
chamados de osmorreceptores são ativados.
Esses neurônios excitam núcleos do hipotálamo
que desencadeiam a liberação de hormônio
antidiurético (ADH) pela hipófise posterior. O
ADH age nos rins provocando a retenção de
água. As mesmas condições também estimulam
neurônios hipotalâmicos do centro da sede,
desencadeando a sensação de sede e, portanto,
a ingestão de mais líquidos.
• Regulação do ciclo sono-vigília: agindo junto com
outras regiões encefálicas, o hipotálamo ajuda a
regular o sono. Através da ativação do núcleo
11
@jumorbeck
supraquiasmático (nosso relógio biológico), ele
ajusta o ciclo de sono em resposta às
informações do ciclo claro/ escuro recebidas das
vias visuais.
EPITÁLAMO
↠ O epitálamo, pequena região superior e posterior ao
tálamo, é composto pela glândula pineal e pelos núcleos
habenulares (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Formado pela glândula pineal (que produz melatonina)
e pelos núcleos habenulares (envolvidos com o olfato)
(TORTORA, 14ª ed.).
Metabolismo da glicose no sistema nervoso
↠ Como outros tecidos, o cérebro precisa de oxigênio
e nutrientes para suprir suas necessidades metabólicas.
Entretanto, há peculiaridades especiais do metabolismo
cerebral (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
Em condições de repouso, mas na pessoa acordada, o metabolismo
cerebral equivale a cerca de 15% do metabolismo total do corpo,
embora a massa encefálica seja somente 2% da massa corporal total
(GUYTON & HALL, 13ª ed.).
O cérebro não é capaz de muito metabolismo anaeróbico. Uma das
razões para isto é a alta intensidade metabólica dos neurônios, de
forma que a maior parte da atividade neuronal depende do aporte
sanguíneo de oxigênio a cada segundo. Juntando esses fatores, é
possível entender por que a cessação súbita do fluxo de sangue para
o cérebro ou a falta súbita total de oxigênio no sangue podem causar
inconsciência dentro de 5 a 10 segundos (GUYTON & HALL, 13ª ed.).
↠ A taxa metabólica cerebral de glicose é alta no córtex
e nas estruturas da substância cinzenta e baixa na
substância branca, com diferenças significativas em varias
regiões. A taxa metabólica se reduz levemente ao longo
do processo de envelhecimento e é alterada pelo sono,
pelos sonhos e pela ativação funcional (TERRA et. al, 2016)
↠ A taxa matabólica cerebral da glicose medida através
da tomografia por emissão de pósitrons (PET) apresentadiferenças relacionadas com a idade. Diante disso, o
metabolismo era baixo no nascimento, alcançando um
nível de 100g/min aos 2 anos e continuando em elevação
até os 3-4 anos, mantendo estabilizado em níveis altos
até os 10 anos. Por volta dos 10 anos de idade a taxa
metabólica cerebral da glicose apresentava um declínio
quase uniforme de cerca de 26% (TERRA et. al, 2016)
↠ Em condições normais, quase toda a energia usada
pelas células cerebrais é fornecida pela glicose
proveniente do sangue. Da mesma forma, como no caso
do oxigênio, a maior parte da glicose é trazida a cada
instante pelo sangue capilar, uma vez que o total de
glicose armazenada sob a forma de glicogênio nos
neurônios não seria capaz de suprir as demandas
funcionais por mais do que 2 minutos (GUYTON & HALL,
13ª ed.).
Característica especial do aporte de glicose para os neurônios é que
seu transporte para os neurônios através da membrana celular não
depende da insulina, embora a insulina seja necessária para o
transporte de glicose para a maioria das outras células do corpo.
Portanto, em pacientes com diabetes grave com secreção
praticamente zero de insulina, a glicose ainda se difunde facilmente
para os neurônios - o que é muito importante, porque impede a perda
de função mental em pessoas com diabetes. Entretanto, quando o
paciente diabético é tratado com doses altas demais de insulina, a
concentração de glicose no sangue pode cair para valores
extremamente baixos, porque a insulina excessiva faz com que quase
toda a glicose no sangue seja transportada rapidamente para o
número enorme de células não neurais sensíveis à insulina em todo o
corpo, principalmente as células musculares e os hepatócitos. Quando
isso acontece, não sobra glicose suficiente no sangue para suprir as
necessidades dos neurônios de forma correta, e a função mental se
torna então gravemente prejudicada, levando às vezes ao coma e,
mais frequentemente, a desequilíbrios mentais e distúrbios psicóticos -
todos eles causados pelo tratamento com doses excessivas de insulina.
(GUYTON & HALL, 13ª ed.).
DISSERTAÇÕES
↠ O metabolismo da glicose produz energia em forma
de adenosina trifosfato (ATP) que é a fonte de energia
para a sobrevivência celular, portanto o controle rígido do
metabolismo energético é necessário para manutenção
do SNC, e qualquer perturbação na sua regulação pode
levar a diversos distúrbios cerebrais (WARTCHOW, 2015).
↠ O metabolismo da glicose no cérebro é similar ao
metabolismo desta hexose em outros tecidos, e inclui três
principais vias metabólicas: glicólise, ciclo de Krebs e via
pentose fosfato (KRUGER, 2003)
↠ Na via glicolítica, glicose é metabolizada a piruvato,
havendo produção de apenas duas moléculas de ATP por
molécula de glicose. Sob condição não oxidativa, piruvato
é convertido a lactado, permitindo a regeneração de
NAD+ oxidado, o qual é essencial para manter um fluxo
glicolítico contínuo (KRUGER, 2003)
↠ O metabolismo da glicose cerebral inclui dois processos
principais: transporte de glicose e catabolismo oxidativo
intracelular (WARTCHOW, 2015).
↠ O transporte fisiológico de glicose depende
significativamente da participação de astrócitos, presentes
na composição de barreira hematoencefálica (BHE), e
12
@jumorbeck
vários transportadores de glicose distribuídos no SNC
(WARTCHOW, 2015).
↠ No metabolismo não oxidativo, a conversão de glicose
a lactato também ocorre, e pode ser importante para
uma resposta rápida à atividade sináptica. Além disso,
outra fonte energética para circunstâncias de necessidade
rápida de energia é o glicogênio, que está armazenado
no interior dos astrócitos (WARTCHOW, 2015).
O glicogênio astrocítico é a forma de estocagem de glicose no SNC.
É mobilizado somente após alta estimulação e em concentrações de
glicose muito abaixo do normal. Ou seja, os dois processos, tanto
glicólise quanto glicogenólise em astrócitos podem ser
complementares e, ocorrerem sucessivamente com o aumento da
necessidade energética. Portanto, os astrócitos desempenham papéis
importantes tanto no suporte energético quanto em condições de
hipoglicemia por apresentarem estoques de glicogênio (WARTCHOW,
2015).
↠ A homeostase do metabolismo energético é essencial
para a manutenção do organismo, e a família de proteínas
transportadoras de glicose (GLUTs) é responsável pela
mediação destes processos. O transporte ocorre via
difusão facilitada, ou seja, a favor do gradiente de
concentração (WARTCHOW, 2015).
TRANSPORTADORES
↠ Dentre as diferentes isoformas dos transportadores,
no SNC são encontrados principalmente nos neurônios. O
transportador de glicose neuronal, GLUT3, é associado a
processos periféricos principalmente em corpos celulares
que possuem uma alta capacidade energética. O GLUT1
é abundante nas células endoteliais, nos pés astrocíticos
associados aos vasos sanguíneos e em pequenos
processos astrocíticos localizados entre os elementos
neuronais (WARTCHOW, 2015).
Referências:
TERRA, et. al. O desafio da gerontologia biomédica, Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2016.
WARTCHOW, K. M. Efeito da proteína S100B sobre a
captação de glicose em células de glioma C6 e fatias
hipocampais de ratos, Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Programa de Pós-graduação em neurociências,
2015
KRUGER, A. H. Utilização de nutrientes energéticos por
córtex cerebral de ratos: efeitos de diferentes
concentrações de potássio, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Dissertação de Pós Graduação, 2003.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008.
MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,
Atheneu, 3ª ed.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
1
@jumorbeck
Fisiologia do Sistema Motor
NEURÔNIOS
↠ O controle da atividade dos músculos esqueléticos pelo
córtex cerebral e outros centros superiores é executado
através do sistema nervoso por uma série de neurônios
(SNELL, 7ª ed.)
↠ A via descendente do córtex cerebral é
frequentemente constituída de três neurônios: (SNELL,
7ª ed.)
• O primeiro neurônio, neurônio de primeira
ordem, tem seu corpo celular no córtex
cerebral. Seu axônio desce para formar sinapse
no neurônio de segunda ordem;
• O neurônio de segunda ordem, um neurônio
internuncial, situado na coluna cinzenta anterior
da medula espinal. O axônio do neurônio de
segunda ordem é curto e faz sinapse com o
neurônio de terceira ordem;
• O neurônio de terceira ordem, o neurônio motor
inferior, na coluna cinzenta anterior. O axônio do
neurônio de terceira ordem inerva os músculos
esqueléticos através da raiz anterior de um
nervo espinal.
↠ A partir do tronco encefálico, os axônios dos neurônios
motores inferiores (NMI) se estendem através dos nervos
cranianos para inervar os músculos esqueléticos da face
e da cabeça. A partir da medula espinal, os axônios dos
NMI se estendem através dos nervos espinais para inervar
os músculos esqueléticos dos membros e do tronco
(TORTORA, 14ª ed.).
CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS SEGUNDO TORTORA
↠ Os neurônios localizados em quatro circuitos neurais distintos,
porém altamente interativos, são chamados coletivamente de
vias motoras somáticas e participam do controle do movimento
por fornecerem informações para os neurônios motores
inferiores: (TORTORA, 14ª ed.).
NEURÔNIOS DO CIRCUITO LOCAL
↠ A informação chega aos neurônios motores inferiores
provenientes de interneurônios próximos chamados de
neurônios do circuito local. Esses neurônios estão localizados
próximo aos corpos celulares dos neurônios motores inferiores
no tronco encefálico e na medula espinal (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os neurônios de circuito local recebem informaçõesdos
receptores sensitivos somáticos, como os nociceptores e os
fusos musculares, bem como de centros superiores no
encéfalo. Eles ajudam a coordenar a atividade rítmica em
grupos musculares específicos, como no revezamento entre
flexão e extensão dos membros inferiores durante a caminhada
(TORTORA, 14ª ed.).
NEURÔNIOS MOTORES SUPERIORES
↠ Tanto os neurônios do circuito local quanto os neurônios
motores inferiores recebem informações dos neurônios
motores superiores (NMS). A maior parte dos neurônios
motores superiores faz sinapses com os neurônios do circuito
local, que, por sua vez, fazem sinapses com os neurônios
motores inferiores. (Alguns neurônios motores superiores
fazem sinapses diretamente com os neurônios motores
inferiores.) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os NMS do córtex cerebral são essenciais para a execução
dos movimentos voluntários do corpo. Outros NMS são
originados nos centros motores do tronco encefálico: o núcleo
rubro, o núcleo vestibular, o colículo superior e a formação
reticular (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os NMS provenientes do tronco encefálico regulam o tônus
muscular, controlam os músculos posturais e ajudam a manter
o equilíbrio e a orientação da cabeça e do corpo. Tanto os
núcleos da base quanto o cerebelo exercem influência sobre
os neurônios motores superiores (TORTORA, 14ª ed.).
A musculatura somática é inervada pelos neurônios motores
somáticos do corno ventral da medula espinhal. Estas células também
são chamadas de neurônios motores inferiores para as distinguir das
de ordem superior, os neurônios motores superiores do cérebro que
fornecem as vias para a medula espinhal. É preciso lembrar que apenas
os neurônios motores inferiores comandam diretamente a contração
APG 06 – PENSO, LOGO CAMINHO?
2
@jumorbeck
muscular. Sherrington chamou esses neurônios de via final comum
para o controle do comportamento (BEAR et. al., 4ª ed.).
Obs.: Em alguns casos, o axônio do neurônio de primeira ordem
termina diretamente sobre o neurônio de terceira ordem (como nos
arcos reflexos) (SNELL, 7ª ed.)
NEURÔNIOS MOTORES INFERIORES
↠ Existem duas categorias de neurônios motores inferiores da medula
espinhal: (BEAR et. al., 4ª ed.).
• Neurônios motores alfa: são diretamente responsáveis pela
geração de força pelo músculo. Um neurônio motor alfa e
todas as fibras musculares que ele inerva coletivamente
compõem o componente elementar do controle motor, o
que Sherrington chamou de unidade motora.
A primeira forma de controle da contração muscular pelo SNC é
variando a taxa de disparo dos neurônios motores. O neurônio motor
alfa comunica-se com a fibra muscular, liberando o neurotransmissor
acetilcolina (ACh) na junção neuromuscular, a sinapse especializada
entre o nervo e o músculo esquelético. A segunda maneira pela qual
o SNC gradua a contração muscular é recrutando unidades motoras
sinérgicas adicionais. A tensão extra provida pelo recrutamento de uma
unidade motora ativa depende de quantas fibras musculares há nessa
unidade.
Os neurônios motores inferiores são controlados por sinapses no
corno ventral. Existem apenas três fontes principais de entradas para
um neurônio motor alfa:
• Neurônios motores gama: inervam as fibras intrafusais..
O fuso muscular contém fibras musculares esqueléticas modificadas
dentro de sua cápsula fibrosa. Essas fibras musculares são chamadas
de fibras intrafusais para as distinguir das fibras extrafusais, mais
numerosas, que estão fora do fuso e formam a massa muscular. Uma
diferença importante entre os dois tipos de fibras musculares é que
apenas as fibras extrafusais são inervadas pelos neurônios motores alfa
(BEAR et. al., 4ª ed.).
VIAS MOTORAS SOMÁTICAS
ORGANIZAÇÃO DAS VIAS DOS NEURÔNIOS
↠ Os axônios dos neurônios motores superiores se
estendem do encéfalo para os neurônios motores
inferiores através de dois tipos de vias motoras somáticas
– as diretas e as indiretas (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As vias motoras diretas fornecem informações para
os neurônios motores inferiores através de axônios que
se estendem diretamente a partir do córtex cerebral
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ As vias motoras indiretas fornecem informações para
os neurônios motores inferiores a partir dos núcleos da
base, do cerebelo e do córtex cerebral (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ As vias diretas e indiretas gerenciam a geração de
impulsos nervosos nos neurônios motores inferiores, os
neurônios que estimulam a contração dos músculos
esqueléticos (TORTORA, 14ª ed.).
3
@jumorbeck
MAPEAMENTO DAS ÁREAS MOTORAS
O controle dos movimentos do corpo ocorre através de circuitos
neurais em várias regiões do encéfalo. A área motora primária,
localizada no giro pré-central do lobo frontal do córtex cerebral, é uma
região de controle importante para a execução dos movimentos
voluntários (TORTORA, 14ª ed.).
A área pré-motora adjacente também fornece axônios para as vias
motoras descendentes. Assim como ocorre com a representação
sensitiva somática na área somatossensorial, diferentes músculos são
representados desigualmente na área motora primária. Mais áreas
corticais são destinadas para os músculos que estão envolvidos em
movimentos complexos, delicados ou que requerem maior precisão
(TORTORA, 14ª ed.).
VIAS MOTORAS DIRETAS
↠ Os impulsos nervosos para os movimentos voluntários
se propagam do córtex cerebral para os neurônios
motores inferiores por vias motoras diretas (TORTORA,
14ª ed.).
↠ As vias motoras diretas, que também são conhecidas
como vias piramidais, consistem em axônios que descem
a partir das células piramidais. As células piramidais são os
neurônios motores superiores com corpos celulares em
formato de pirâmide localizados na área motora primária
e na área pré-motora do córtex cerebral (áreas 4 e 6,
respectivamente) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As vias motoras diretas consistem nas vias
corticospinais e na via corticonuclear (TORTORA, 14ª ed.).
TRATO CORTICOSPINAIS
↠ As vias corticospinais conduzem impulsos para o
controle de músculos nos membros e no tronco. Os
axônios dos neurônios motores superiores no córtex
cerebral formam os tratos corticospinais (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ As fibras do trato corticospinal surgem como axônios
das células piramidais situadas na quinta camada do córtex
cerebral (SNELL, 7ª ed.)
↠ Um terço das fibras origina-se do córtex motor
primário (área 4), um terço do córtex motor secundário
(área 6) e um terço do lobo parietal (áreas 3, 1 e 2); assim,
dois terços das fibras nascem do giro pré-central, e um
terço do giro pós-central (SNELL, 7ª ed.)
↠ Os axônios oriundos do córtex passam através da
cápsula interna, fazendo uma ponte entre o telencéfalo e
o tálamo, cruzam a base do pedúnculo cerebral, uma
grande coleção de axônios no mesencéfalo, e, então,
passam através da ponte e se reúnem para formar um
trato na base do bulbo. O trato forma uma protuberância,
chamada de pirâmide bulbar, que passa sobre a superfície
ventral bulbar. Quando seccionado, a secção transversal
tem aspecto aproximadamente triangular, razão pela qual
é chamado de trato piramidal (BEAR et. al., 4ª ed.).
↠ No bulbo, os feixes são agrupados ao longo da borda
anterior para formar uma tumefação conhecida como
pirâmide (daí o nome alternativo trato piramidal). Na
junção do bulbo com a medula espinal, a maioria (90%
dos axônios cortioespinais) das fibras cruza a linha média
na decussação das pirâmides e entra no funículo lateral
da medula espinal, formando o trato corticospinal lateral.
As demais fibras não cruzam na decussação e descem
no funículo anterior da medula espinal como o trato
corticospinal anterior. Essas fibras cruzam a linha média
subsequentemente e terminam na coluna cinzenta
anterior dos segmentos da medula espinal nas regiões
cervical e torácica superior (SNELL, 7ª ed.)
Desse modo, o córtex cerebral direito controlaa maior parte dos
músculos no lado esquerdo do corpo e o córtex cerebral esquerdo
controla a maior parte dos músculos no lado direito do corpo
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Existem dois tipos de vias corticospinais: o trato
corticospinal lateral e o trato corticospinal anterior
(TORTORA, 14ª ed.).
TRATO CORTICONUCLEAR
↠ A via corticonuclear conduz impulsos para o controle
dos músculos esqueléticos na cabeça (TORTORA, 14ª ed.).
4
@jumorbeck
↠ Os axônios dos neurônios motores superiores do
córtex cerebral formam o trato corticonuclear, que desce
com os tratos corticospinais através da cápsula interna do
encéfalo e do pedúnculo cerebral do mesencéfalo
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Alguns dos axônios do trato corticonuclear fazem
decussação; outros, não. Os axônios terminam nos
núcleos motores dos nove pares de nervos cranianos no
tronco encefálico: o oculomotor (NC III), o troclear (NC IV),
o trigêmeo (NC V), o abducente (NC VI), o facial (NC VII),
o glossofaríngeo (NC IX), o vago (NC X), o acessório (NC
XI) e o hipoglosso (NC XII) (TORTORA, 14ª ed.).
VIAS MOTORAS INDIRETAS
↠ As vias motoras indiretas ou vias extrapiramidais
incluem todos os tratos motores somáticos diferentes dos
tratos corticospinal e corticonuclear (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Axônios dos neurônios motores superiores que
originam as vias motoras indiretas descem provenientes
de vários núcleos do tronco encefálico em cinco tratos
principais da medula espinal e terminam nos neurônios do
circuito local ou nos neurônios motores inferiores
(TORTORA, 14ª ed.).
TRATOS RETICULOSPINAIS
↠ Em toda a extensão do mesencéfalo, ponte e bulbo
existem grupos de células e fibras nervosas dispersas que
são coletivamente chamadas de formação reticular. Da
ponte, esses neurônios enviam axônios, cuja maior parte
não cruza a linha média, para a medula espinal, formando
o trato reticulospinal pontinho. Do bulbo, neurônios
similares enviam axônios, que cruzam ou não cruzam a
linha média, para a medula espinal, formando o trato
reticulospinal bulbar (SNELL, 7ª ed.)
↠ As fibras reticulospinais da ponte descem através do
funículo anterior, enquanto as do bulbo descem no
funículo lateral. Os dois conjuntos de fibras entram nas
colunas cinzentas anteriores da medula espinal e podem
facilitar ou inibir a atividade dos motoneurônios alfa e gama
(SNELL, 7ª ed.)
↠ Desse modo, os tratos reticulospinais influenciam os
movimentos voluntários e a atividade reflexa (SNELL, 7ª
ed.)
TRATO TETOSPINAL
↠ As fibras desse trato originam-se de células nervosas
no colículo superior do mesencéfalo. A maioria das fibras
cruza a linha média logo após sua origem e desce através
do tronco encefálico próximo ao fascículo longitudinal
medial. O trato tetospinal desce através do funículo
anterior da medula espinal, próximo à fissura mediana
anterior (SNELL, 7ª ed.)
↠ A maioria das fibras termina na coluna cinzenta anterior
nos segmentos cervicais superiores da medula espinal em
sinapses com neurônios internunciais. Acredita-se que
essas fibras participem de movimentos posturais reflexos
em resposta a estímulos visuais (SNELL, 7ª ed.)
TRATO RUBROSPINAL
↠ O núcleo rubro situa-se no tegmento do mesencéfalo
ao nível do colículo superior. Os axônios dos neurônios
nesse núcleo cruzam a linha média ao nível do núcleo e
descem no trato rubrospinal através da ponte e bulbo
para entrar no funículo lateral da medula espinal (SNELL,
7ª ed.).
↠ As fibras terminam em sinapses com neurônios
internunciais na coluna cinzenta anterior medular. Os
neurônios do núcleo rubro recebem impulsos aferentes
através de conexões com o córtex cerebral e cerebelo.
Acredita-se que seja uma via indireta importante pela qual
o córtex cerebral e o cerebelo influenciam a atividade dos
motoneurônios alfa e gama da medula espinal (SNELL, 7ª
ed.).
↠ O trato facilita a atividade dos músculos flexores e inibe
a atividade dos músculos extensores ou antigravitacionais
(SNELL, 7ª ed.).
TRATO VESTIBULOSPINAL
↠ Os núcleos vestibulares localizam-se na ponte e no
bulbo embaixo do assoalho do quarto ventrículo. Os
núcleos vestibulares recebem fibras aferentes da orelha
interna através do nervo vestibular e do cerebelo
(SNELL, 7ª ed.).
↠ Os neurônios do núcleo vestibular lateral dão origem
a axônios que formam o trato vestibulospinal. O trato
desce, sem cruzar a linha média, através do bulbo e por
toda a extensão da medula espinal no funículo anterior.
As fibras terminam em sinapses com neurônios
internunciais da coluna cinzenta anterior da medula espinal
(SNELL, 7ª ed.).
CONTROLE INTEGRADO DO MOVIMENTO CORPORAL
↠ Os músculos esqueléticos não podem se comunicar
diretamente um com o outro, então enviam mensagens
5
@jumorbeck
para o SNC, permitindo que os centros integradores se
encarreguem do controle do movimento (SILVERTHORN,
7ª ed.).
↠ A maioria dos movimentos corporais envolve
respostas integradas e coordenadas que necessitam de
sinalização proveniente de diversas regiões do encéfalo
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
CLASSIFICAÇÃO DO MOVIMENTO
↠ O movimento pode ser classificado, em termos gerais,
em três categorias: reflexo, voluntário e rítmico
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
REFLEXO
↠ Os movimentos reflexos são os menos complexos e
são integrados principalmente na medula espinal. No
entanto, assim como outros reflexos espinais, os
movimentos reflexos podem ser modulados por
informações provenientes de centros encefálicos
superiores. Além disso, a aferência sensorial que inicia
movimentos reflexos, como a aferência dos fusos
musculares e dos órgãos tendinosos de Golgi, é enviada
para o encéfalo e participa na coordenação dos
movimentos voluntários e dos reflexos posturais
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os reflexos posturais nos ajudam a manter a posição
do corpo enquanto estamos de pé ou nos movendo.
Esses reflexos são integrados no tronco encefálico. Eles
requerem aferência sensorial contínua dos sistemas
sensoriais visual e vestibular (orelha interna) e dos próprios
músculos. Os receptores musculares, tendinosos e
articulares fornecem informações sobre a propriocepção,
as posições das várias partes do corpo e a relação entre
elas (SILVERTHORN, 7ª ed.).
VOLUNTÁRIO
↠ Os movimentos voluntários são o tipo mais complexo
de movimento. Eles exigem integração no córtex
cerebral e podem ser iniciados pela vontade, sem
estímulo externo (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Um movimento voluntário aprendido melhora com a
prática e, algumas vezes, torna-se automático, como os
reflexos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
“Memória muscular” é o nome que dançarinos e atletas dão à
capacidade do encéfalo inconsciente de reproduzir posições e
movimentos voluntários aprendidos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
RÍTIMICOS
↠ Os movimentos rítmicos, como caminhar ou correr,
são uma combinação de movimentos reflexos e
movimentos voluntários. Esses movimentos são iniciados
e terminados por sinalização oriunda do córtex cerebral,
porém, uma vez ativados, redes de interneurônios do
SNC, os geradores centrais de padrão (CPGs, do inglês,
central pattern generation), mantêm a atividade repetitiva
espontânea (SILVERTHORN, 7ª ed.).
O SNC INTEGRA O MOVIMENTO
↠ Três níveis do sistema nervoso controlam o
movimento: a medula espinal, que integra reflexos
espinais e possui os geradores centrais de padrão; o
tronco encefálico e o cerebelo, que controlam os reflexos
posturais e os movimentos das mãos e dos olhos; e o
córtex cerebral e os núcleos da base, responsáveis pelos
movimentos voluntários (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O tálamo retransmite e modifica os sinais que chegam
da medula espinal, dos núcleos da base e do cerebelo
com destino ao córtex cerebral (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os movimentos voluntários necessitam da
coordenação entre o córtex cerebral, o cerebelo e os
núcleos da base. O controle do movimentovoluntário
pode ser dividido em três etapas: tomada de decisão e
planejamento, iniciação do movimento e execução do
movimento (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O córtex cerebral tem um papel-chave nas duas
primeiras etapas. Os comportamentos, como
movimentos, necessitam do conhecimento da posição do
corpo no espaço (onde estou?), da decisão sobre qual
movimento será executado (o que farei?), de um plano
para executar o movimento (como faço isso?) e da
capacidade de manter o plano na memória por tempo
suficiente para executá-lo (e agora, o que eu estava
fazendo exatamente?). Assim como nos movimentos
reflexos, a retroalimentação sensorial é utilizada para
refinar o processo continuamente (SILVERTHORN, 7ª ed.).
6
@jumorbeck
EXEMPLO DO CONTROLE DOS MOVIMENTOS VOLUNTÁRIOS
↠ Posicionado na base, o arremessador está atento ao
ambiente ao seu redor: os outros jogadores no campo,
o rebatedor e a areia embaixo dos seus pés. Com o
auxílio dos estímulos visuais e somatossensoriais
chegando às áreas sensoriais do córtex, ele está ciente
de sua posição corporal à medida que se estabiliza para
o arremesso (1) (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A decisão sobre qual tipo de arremesso e a
antecipação das consequências ocupa muitas vias no seu
córtex pré-frontal e nas áreas associativas (2). Essas vias
formam alças, passando pelos núcleos da base e pelo
tálamo para modulação antes de retornarem ao córtex
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Uma vez que o arremessador toma a decisão de
lançar uma bola rápida, o córtex motor encarrega-se de
organizar a execução desse movimento complexo. Para
iniciar o movimento, a informação descendente é
transportada das áreas associativas motoras e do córtex
motor para o tronco encefálico, a medula espinal e o
cerebelo (3-4) (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O cerebelo ajuda a fazer ajustes posturais, integrando
a retroalimentação vinda de receptores sensoriais
periféricos. Os núcleos da base, que auxiliam as áreas do
córtex motor no planejamento do arremesso, também
fornecem informações ao tronco encefálico sobre
postura, equilíbrio e deslocamento (5) (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
↠ A decisão do jogador em arremessar uma bola rápida
agora é traduzida em potenciais de ação, conduzidos por
vias descendentes pelo trato corticospinal, um grupo de
neurônios de projeção que controlam o movimento
voluntário partindo do córtex motor para a medula
espinal, onde fazem sinapse diretamente com os
neurônios motores somáticos. A maioria dessas vias
descendentes cruza para o lado oposto do corpo em
uma região do bulbo, chamada de pirâmides. Como
consequência, essa via é, às vezes, chamada de trato
piramidal (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Quando o arremessador dá início ao lançamento,
reflexos posturais antecipatórios ajustam a posição do
corpo, deslocando levemente o peso em antecipação às
mudanças prestes a ocorrer Através das vias divergentes
apropriadas, potenciais de ação dirigem-se aos neurônios
motores somáticos que controlam os músculos que
realizam o arremesso: alguns são ativados, outros são
inibidos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
7
@jumorbeck
↠ Os circuitos neurais permitem um controle preciso
sobre grupos musculares antagonistas enquanto o
arremessador flexiona e retrai o seu braço direito. O seu
peso se desloca sobre o pé direito, ao passo que o seu
braço direito se move para trás. Cada um desses
movimentos ativa receptores sensoriais que fornecem
informação que retorna à medula espinal, ao tronco
encefálico e ao cerebelo, desencadeando os reflexos
posturais. Esses reflexos ajustam a posição do corpo, de
modo que o arremessador não perca o equilíbrio e caia
para trás. Por fim, ele joga a bola, recuperando o seu
equilíbrio em seguida – outro exemplo de reflexo postural
mediado por retroalimentação sensorial (SILVERTHORN,
7ª ed.).
ARTIGOS E TESES
EFEITO ODULATÓRIO AGUDO DA ELETROESTIMULAÇÃO
SOMATOSSENSORIAL APLICADA EM DIFERENTES FREQUÊNCIAS
NA EXCITABILIDADE CORTICOESPINHAL
No AVE o padrão motor costuma ser o mais
comprometido, havendo perda de função, atrofia e
fraqueza muscular. No entanto, quando um AVE atinge as
vias neuronais descendentes, causando lesão do neurônio
motor superior, este passa a ser definido como
“Síndrome do Neurônio Motor Superior” (SNMS). A
SNMS deriva em controle anormal de diferentes grupos
musculares contralaterais à lesão, que podem envolver,
inclusive, aqueles responsáveis pelos ajustes posturais
(GARCIA, 2011)
Um dos desdobramentos desta doença pode ser a
espasticidade, uma condição que ocorre secundariamente
à lesão do neurônio motor superior e que pode resultar
em sérias complicações quanto à prática das atividades
da vida diária (AVDs), principalmente quando da acentuada
redução no controle voluntário do movimento e das
alterações no tônus muscular (GARCIA, 2011)
Na SNMS surgem, além da espasticidade, alterações nos
reflexos cutâneos, recrutamento muscular
descoordenado e reduzido, configurando uma paresia
(GARCIA, 2011)
ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS DA ESCLEROSE LATERAL
AMIOTRÓFICA: RELATO DE CASO
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença
neurodegenerativa que afeta o sistema nervoso motor,
causando comprometimento físico, progressivo e
acumulativo, déficits cognitivos e comportamentais, como
depressão, ansiedade e insônia que podem ocorrer em
qualquer fase da evolução da doença, mas agravam-se
muito quando se instala a insuficiência respiratória (ZANINI
et. al., 2015)
A ELA foi descrita inicialmente por Jean Martin Charcot
em 1874, sendo uma doença do neurônio motor, cuja
forma mais prevalente é conhecida como clássica e se
caracteriza por apresentar sinais referentes à lesão de
neurônio motor inferior (amiotrofia), neurônio motor
superior (espasticidade) e bulbo (disartria/disfagia) (ZANINI
et. al., 2015)
Ocorre uma degeneração dos neurônios motores do
mesencéfalo e da medula com atrofia das grandes vias
piramidais no córtex motor primário e no trato piramidal
e um acúmulo de glutamato no corpo do neurônio que
leva a sua degeneração (ZANINI et. al., 2015)
Núcleos da base
↠ Consideram-se como núcleos da base os aglomerados
de neurônios existentes na porção basal do cérebro.
Sendo assim. do ponto de vista anatômico, os núcleos da
base são: o núcleo caudado, o putâmen e o globo pálido,
em conjunto chamados de núcleo lentiforme, o claustrom,
o corpo amigdaloide, o núcleo accumbens e o núcleo
basal de Meynert (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O núcleo caudado, o putâmen e o globo pálido
integram o chamado corpo estriado dorsal e os núcleos
basal de Meynert e accumbens integram o corpo estriado
ventral (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Os núcleos da base exercem um papel importante no
controle da postura e dos movimentos voluntários. À
diferença de muitas outras partes do sistema nervoso
implicadas no controle motor, os núcleos da base não
possuem conexões aferentes ou eferentes diretas com
a medula espinal (SNELL, 7ª ed.).
Embora os núcleos da base, em especial o corpo estriado dorsal,
continuem a ser estruturas predominantemente motoras, eles
também estão envolvidos com várias funções não motoras,
relacionadas a processos cognitivos, emocionais e motivacionais
(MAHADO, 3ª ed.).
NÚCLEO CAUDADO
↠ É uma massa alongada e bastante volumosa, de
substância cinzenta, relacionada em toda a sua extensão
com os ventrículos laterais. Sua extremidade anterior,
muito dilatada. constitui a cabeça do núcleo caudado, que
se eleva do assoalho do corno anterior do ventrículo.
8
@jumorbeck
↠ Segue-se o corpo do núcleo caudado, situado no
assoalho da parte central do ventrículo lateral, a cauda do
núcleo caudado, que é longa, delgada e fortemente
arqueada, estendendo-se até a extremidade anterior do
corno inferior do ventrículo lateral (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A cabeça do núcleo caudado funde-se com a parteanterior do putâmen. Os dois núcleos são, em conjunto,
chamados de estriado, e têm funções relacionadas
sobretudo com a motricidade (MACHADO, 3ª ed.).
NÚCLEO LENTIFORME
↠ Tem a forma e o tamanho aproximado de uma
castanha-do-pará. Não aparece na superficíe ventricular,
situando-se profundamente no interior do hemisfério.
Mediaimente relaciona-se com a cápsula interna que o
separa do núcleo caudado e do tálamo; lateralmente,
relaciona-se com o córtex da ínsula, do qual é separado
por substância branca e pelo claustrum (MACHADO, 3ª
ed.).
↠ O núcleo lentiforme é dividido em putâmen e globo
pálido por uma fina lâmina de substância branca O
putâmen situa-se lateralmente e é maior que o globo
pálido, o qual se dispõe mediaimente. Nas secções não
coradas de cérebro, o globo pálido tem coloração mais
clara que o putâmen (daí o nome), em virtude da
presença de fibras mielínicas que o atravessam
(MACHADO, 3ª ed.).
CORPO ESTRIADO
Situa-se lateralmente ao tálamo e é quase totalmente dividido por uma
faixa de fibras nervosas, a cápsula interna, nos núcleos caudado e
lentiforme. O termo estriado é usado aqui em virtude do aspecto
estriado produzido pelos cordões de substância cinzenta que
atravessam a cápsula interna e conectam o núcleo caudado ao putame
do núcleo lentiforme (SNELL, 7ª ed.).
O corpo estriado, também chamado corpo estriado dorsal, é
constituído pelo núcleo caudado, putâmen e globo pálido. A esse
esquema tradicional do corpo estriado, veio juntar-se, mais
recentemente, o conceito de corpo estriado ventral que apresenta
características histológicas e hodológicas bastante semelhantes a seus
correspondentes dorsais. Entretanto, uma diferença é que as
estruturas do corpo estriado ventral pertencem ao sistema límbico, e
participam da regulação do comportamento emocional. O estriado
ventral tem como principal componente o núcleo accumbens
(MACHADO, 3ª ed.).
CLAUSTRUM
↠ É uma delgada calota de substância cinzenta situada
entre o córtex da ínsula e o núcleo lentiforme. Separa-se
daquele por uma fina lâmina branca, a cápsula extrema.
Entre o claustrum e o núcleo lentiforme existe outra
lâmina branca, a cápsula externa (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O claustrum tem conexões recíprocas com
praticamente todas as áreas corticais, mas sua função é
ainda enigmática existindo várias hipóteses sobre seu
funcionamento (MACHADO, 3ª ed.).
NÚCLEO ACCUMBENS
↠ Massa de substância cinzenta situada na zona de união
entre o putâmen e a cabeça do núcleo caudado,
integrando conjunto que alguns autores chamam de
corpo estriado ventral. E uma importante área de prazer
do cérebro (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Recebe aferências dopaminérgicas principalmente da
área tegmentar ventral do mesencéfalo, e projeta
eferências para a parte orbitofrontal da área pré-frontal.
O núcleo accumbens é o mais importante componente
do sistema mesolímbico, que é o sistema de recompensa
ou do prazer do cérebro (MACHADO, 3ª ed.).
CORPO AMIGDALOIDE OU AMÍGDALA
↠ É uma massa esferoide de substância cinzenta de
cerca de 2 cm de diâmetro. situada no polo temporal do
hemisfério cerebral, em relação com a cauda do núcleo
caudado. Faz uma discreta saliência no teto da parte
terminal do como inferior do ventrículo lateral e pode ser
vista em secções frontais do cérebro (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Tem importante função relacionada com as emoções,
em especial com o medo (MACHADO, 3ª ed.).
↠ É o componente mais importante do sistema límbico
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Apesar de seu tamanho relativamente pequeno, a
amígdala tem 12 núcleos, o que lhe valeu o nome de
complexo amigdaloide. Os núcleos da amígdala se
9
@jumorbeck
dispõem em três grupos, corticomedial, basolateral e
central (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O grupo corticomedial recebe conexões olfatórias e
parece estar envolvido com os comportamentos sexuais.
O grupo basolateral recebe a maioria das conexões
aferentes da amígdala e o central dá origem às conexões
eferentes (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A amígdala é a estrutura subcortical com maior
número de projeções do sistema nervoso, com cerca de
14 conexões aferentes e 20 eferentes (MACHADO, 3ª
ed.).
↠ Possui conexões aferentes com todas as áreas de
associação secundárias do córtex, trazendo informações
sensoriais já processadas, além das informações das áreas
supramodais. Recebe, também, aferências de alguns
núcleos hipotalâmicos, do núcleo dorsomedial do tálamo,
dos núcleos septais e do núcleo do trato solitário
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ As conexões eferentes se distribuem em duas vias. A
via amigdalofuga dorsal que, através da estria terminal,
projeta-se para os núcleos septais, núcleo accumbens,
vários núcleos hipotalâmicos e núcleos da habênula. E a
via amigdalofuga ventral que projeta-se para as mesmas
áreas corticais, talâmicas e hipotalâmicas de origem das
fibras aferentes, além do núcleo basal de Meynert
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Do ponto de vista neuroquímico, a amígdala tem
grande diversidade de neurotransmissores, tendo sido
demonstrada nela a presença de acetilcolina, GABA,
serotonina, noradrenalina, substância P e encefalinas
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ A grande complexidade estrutural e neuroquímica da
amígdala está de acordo com a complexidade de suas
funções. É a principal responsável pelo processamento
das emoções e desencadeadora do comportamento
emocional (MACHADO, 3ª ed.).
FUNÇÕES DA AMÍGDALA
↠ A estimulação dos núcleos do grupo basolateral da
amígdala causa reações de medo e fuga. A estimulação
dos núcleos do grupo corticomedial causa reação
defensiva e agressiva (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O comportamento de ataque agressivo pode ser
desencadeado com estimulação da amígdala, mas
também do hipotálamo (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A amígdala contém a maior concentração de
receptores para hormônios sexuais do SNC. Sua
estimulação reproduz uma variedade de
comportamentos sexuais e sua lesão provoca
hipersexualidade (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Entretanto, a principal e mais conhecida função da
amígdala é o processamento do medo. Pacientes com
lesões bilaterais da amígdala não sentem medo, mesmo
em situações de perigo óbvio, como a presença de uma
cobra venenosa (MACHADO, 3ª ed.).
NÚCLEO BASAL DE MEYNERT
↠ O principal componente do prosencéfalo basal é o
núcleo basal de Meynert, que provê grande parte das
projeções colinérgicas para o encéfalo sendo um dos
componentes do sistema ativador ascendente
(MACHADO, 3ª ed.).
CONEXÕES E CIRCUITOS
↠ Ao contrário dos outros componentes do sistema
motor, o corpo estriado não tem conexões aferentes ou
eferentes diretas com a medula suas funções são
exercidas por circuitos nos quais áreas corticais de
funções diferentes projetam-se para áreas específicas do
corpo estriado que, por sua vez, liga-se ao tálamo e,
através deste, às áreas corticais de origem. Fecham-se,
assim, os circuitos em alça corticoestriado-talamocorticais,
dos quais já foram identificados cinco tipos, a saber:
(MACHADO, 3ª ed.).
• Circuito motor: começa nas áreas motora e
somestésica do córtex e participa da regulação
da motricidade voluntária.
↠ Origina-se nas áreas motoras do córtex e na área
somestésica e projeta-se para o putâmen de maneira
somatotópica, ou seja, para cada região do córtex há uma
região correspondente no putâmen. A partir do putâmen,
o circuito motor pode seguir por duas vias, direta e
indireta (MACHADO, 3ª ed.).
10
@jumorbeck
↠ Na via direta, a conexão do putâmen se faz
diretamente com o pálido medial e deste para os núcleos
ventral anterior (VA) e ventral lateral (VL) do tálamo de
onde se projetam para as mesmas áreas motoras de
origem (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Já na via indireta a conexão é com o pálido lateral que,
por sua vez, projeta-se para o núcleo subtalâmico e deste
para o pálido medial. Do pálido medial, seguido do tálamo
e córtex como na viadireta (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Ligado ao circuito motor há um circuito subsidiário, no
qual o putâmen mantém conexões recíprocas com a
substância negra. Este circuito é importante porque as
fibras nigroestriatais são dopaminérgicas e exercem ação
modulatória sobre o circuito motor. Esta ação é excitatória
na via direta e inibitória na via indireta. O fato do mesmo
neurotransmissor, dopamina, ter ações diferentes explica-
se pelo fato de que no putâmen existem dois tipos de
receptores de dopamina, Dl excitador e D2 inibidor
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Vejamos como o circuito funciona. Nas duas vias o
pálido medial mantém uma inibição permanente dos dois
núcleos talâmicos resultando em inibição das áreas
motoras do córtex. Na via direta o putâmen inibe o pálido
medial, cessa a inibição deste sobre o tálamo resultando
ativação do córtex e facilitação dos movimentos. Na via
indireta ocorre o oposto. A projeção excitatória do núcleo
subtalâmico sobre o pálido medial aumenta a inibição
deste sobre os núcleos talâmicos resultando em inibição
do córtex e dos movimentos (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A ação excitatória das fibras dopaminérgicas
nigroestriatais sobre o putâmen também inibe o pálido
medial, com efeito semelhante ao de via direta, ou seja,
há ativação dos núcleos talâmicos, resultando ativação do
córtex motor, com facilitação dos movimentos
(MACHADO, 3ª ed.).
• Circuito oculomotor: começa e termina no
campo ocular motor e está relacionado aos
movimentos oculares;
• Circuito pré-frontal dorsolateral: começa na
parte dorsolateral da área pré-frontal. Projeta-se
para o núcleo caudado, daí para o globo pálido,
núcleo dorsomedial do tálamo e volta ao córtex
pré-frontal. Suas funções são aquelas atribuídas
a esta porção da área pré-frontal;
• Circuito pré-frontal orbitofrontal: começa e
termina na parte orbitofrontal da área pré-frontal
e tem o mesmo trajeto do circuito pré-frontal
dorsolateral. Tem as mesmas funções da área
pré-frontal orbitofrontal, ou seja, manutenção da
atenção e supressão de comportamentos
socialmente indesejáveis
• Circuito límbico: origina-se nas áreas neocorticais
do sistema límbico, em especial a parte anterior
do giro do cíngulo, projeta-se para o estriado
ventral em especial o núcleo accumbens, daí
para o núcleo anterior do tálamo. Este circuito
está relacionado com processamento das
emoções.
EXTRA - PATOLOGIA
A destruição aleatória de porções dos núcleos da base
não parece afetar os animais experimentais. Entretanto, a
pesquisa sobre a doença de Parkinson (Parkinsonismo)
em seres humanos tem sido mais frutífera. Estudando
pacientes com doença de Parkinson, os cientistas têm
aprendido que os núcleos da base possuem um papel
tanto na função cognitiva e na memória quanto na
coordenação do movimento (SILVERTHORN, 7ª ed.).
11
@jumorbeck
A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico
progressivo caracterizado por movimentos anormais,
dificuldades na fala e alterações cognitivas. Esses sinais e
sintomas estão associados com perda de neurônios dos
núcleos da base que liberam o neurotransmissor
dopamina. Um sinal anormal que a maioria dos pacientes
com Parkinson apresenta é tremores nas mãos, nos
braços e nas pernas, sobretudo em repouso
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Referências
GARCIA, M. A. C. Efeito ondulatório agudo da
eletroestimulação somatossensorial aplicada em
diferentes frequências na excitabilidade corticoespinhal.
Tese de Doutorado, UFRJ, 2011.
ZANINI et. al. Aspectos neuropsicológicos da esclerose
lateral amiotrófica: relato de caso. Arquivos Catarinenses
de Medicina, 2015.
BEAR et. al. Neurociências. Desvendando o sistema nervos,
4ª ed., ARTMED, 2017.
SNELL, R. S. Neuroanatomia clínica, 7ª ed., Guanabara
Koogan, 2010.
MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,
Atheneu, 3ª ed.
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
1
@jumorbeck
Objetivos
1- Estudar a anatomofisiologia do sistema nervoso
autônomo (simpático e parassimpático);
2- Compreender a anatomofisiologia do sistema
límbico;
Visão geral da divisão autônoma do sistema nervoso
↠ É o sistema nervoso autônomo (SNA) que propicia
um controle distinto refinado das funções de muitos
órgãos e tecidos, como o miocárdio, músculo liso e
glândulas exócrinas (SNELL, 7ª ed.).
↠ A maioria das atividades do sistema autônomo não
chega à consciência (SNELL, 7ª ed.).
↠ Realmente, como diz o próprio termo autônomo
(auto=próprio; nom=governar), esta subdivisão motora
do sistema nervoso periférico possui uma certa
independência funcional. O SNA recebe também a
denominação de sistema nervoso involuntário, o que
reflete seu controle inconsciente, ou sistema motor
visceral geral, indicando a localização da maioria de seus
efetores (MARIEB, 3ª ed.).
↠ O sistema nervoso visceral é responsável pela
inervação das estruturas viscerais e é muito importante
para a integração da atividade das vísceras, no sentido da
manutenção da constância do meio interno (homeostase)
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Assim como no sistema nervoso somático, distingue-
se no sistema nervoso visceral uma parte aferente e
outra eferente. O componente aferente conduz os
impulsos nervosos originados em receptores das vísceras
(visceroceptores) a áreas especificas do sistema nervoso
central. O componente eferente traz impulsos de alguns
centros nervosos até as estruturas viscerais. terminando,
pois, em glândulas, músculos lisos ou músculo cardíaco, e
é chamado de sistema nervoso autônomo (MACHADO,
3ª ed.).
Alguns autores adotam um conceito mais amplo, incluindo no sistema
nervoso autônomo também a parte aferente visceral. Segundo o
conceito de Langley, utilizaremos a denominação Sistema Nervoso
Autônomo (SNA) apenas para o componente eferente do sistema
nervoso visceral (MACHADO, 3ª ed.).
Convém acentuar que as fibras eferentes viscerais especiais,
estudadas a propósito dos nervos cranianos não fazem parte do
sistema nervoso autônomo, pois inervam músculos estriados
esqueléticos. Assim, apenas as fibras eferentes viscerais gerais
integram este sistema (MACHADO, 3ª ed.).
NEURÔNIOS SENSITIVOS AUTÔNOMOS
↠ A principal aferência para o SNA é fornecida pelos
neurônios sensitivos autônomos (viscerais). Eles estão
associados principalmente com interoceptores,
receptores sensitivos localizados nos vasos sanguíneos,
órgãos viscerais, músculos, e sistema nervoso que
monitoram as condições do ambiente interno
(TORTORA, 14ª ed.).
Exemplos de interoceptores são os quimiorreceptores que monitoram
os níveis sanguíneos de CO2 e os mecanorreceptores que detectam
o grau de estiramento da parede de órgãos ou vasos sanguíneos
(TORTORA, 14ª ed.).
MACHADO traz a denominação de visceroceptores (receptores
situados nas vísceras.
Ao contrário dos estímulos desencadeados pelo perfume de uma flor,
por uma linda pintura ou por uma deliciosa refeição, estes sinais
sensitivos não são percebidos, na maioria das vezes, de modo
consciente, embora a ativação intensa destes receptores possa gerar
sensações conscientes. Dois exemplos disso são as sensações
dolorosas secundárias a lesões em órgãos viscerais e a angina de peito
(dor torácica) causada pela diminuição do fluxo sanguíneo para o
coração (TORTORA, 14ª ed.).
Os impulsos nervosos aferentes viscerais, antes de penetrar no
sistema nervoso central, passam por gânglios sensitivos. No caso dos
impulsos que penetram pelos nervos espinhais, estes gânglios são os
gânglios espinhais, não havendo, pois, gânglios diferentes para as fibras
viscerais e somáticas (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Os neurônios motores autônomos regulam as funções
viscerais por meio do aumento (excitação) ouda
diminuição (inibição) das atividades executadas pelos
tecidos efetores – músculos lisos, músculo cardíaco e
glândulas (TORTORA, 14ª ed.).
Ao contrário do músculo esquelético, os tecidos inervados pelo SNA
geralmente continuam funcionando mesmo que haja um dano a sua
rede nervosa. Por exemplo, o coração continua a bater quando ele é
removido de uma pessoa para ser transplantado; o músculo liso da
parede do sistema digestório mantém contrações rítmicas
independentes; e algumas glândulas produzem secreções na ausência
de controle do SNA (TORTORA, 14ª ed.).
COMPARAÇÃO ENTRE OS NEURÔNIOS MOTORES SOMÁTICOS E
AUTÔNOMOS
↠ O axônio de um neurônio motor somático mielinizado
se estende da parte central do sistema nervoso (SNC)
até as fibras musculares de uma unidade motora. Por
outro lado, a maioria das vias motoras autônomas é
formada por dois neurônios motores em série, ou seja,
um após o outro (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O primeiro neurônio (neurônio pré-ganglionar) tem
seu corpo celular no SNC; seu axônio mielinizado se
APG 07 – “A FUGA E O MEDO”
2
@jumorbeck
projeta do SNC até um gânglio autônomo. (Lembre-se
de que gânglio é um agrupamento de corpos celulares
no SNP.) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O corpo celular do segundo neurônio (neurônio pós-
ganglionar) está localizado no mesmo gânglio autônomo;
seu axônio não mielinizado se estende diretamente do
gânglio até o órgão efetor (músculo liso, músculo
cardíaco, ou glândula) (TORTORA, 14ª ed.).
Em algumas vias autônomas, o primeiro neurônio motor se projeta
para células especializadas conhecidas como células cromafins das
medulas das glândulas suprarrenais (porções internas das glândulas
suprarrenais) em vez de se projetar para um gânglio autônomo. As
células cromafins secretam os neurotransmissores epinefrina e
norepinefrina (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Axônios pré-ganglionares são finos e pouco
mielinizados; os axônios pós-ganglionares são muito mais
finos e amielínicos. Consequentemente, a condução ao
longo da cadeia eferente autônoma é muito mais lenta do
que a condução no sistema motor somático (MARIEB, 3ª
ed.).
IMPORTANTE: Tenha em mente que os gânglios autonômicos são
gânglios motores contendo os corpos celulares de neurônios motores.
Tecnicamente, eles são sítios de sinapses e transmissão de
informações dos neurônios pré-ganglionares para os ganglionares.
Lembre-se também de que a divisão motora somática não possui
gânglios. Os gânglios das raízes dorsais constituem parte da divisão
sensorial, e não motora, do SNP (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Todos os neurônios motores somáticos liberam
apenas a acetilcolina (ACh) como seu neurotransmissor,
enquanto os neurônios motores autônomos podem
liberar ACh ou norepinefrina (TORTORA, 14ª ed.).
PARTE SIMPÁTICA X PARTE PARASSIMPÁTICA
Ao contrário da eferência somática (motora), a eferência do
SNA apresenta duas partes: a parte simpática e a parte
parassimpática. A maior parte dos órgãos tem dupla inervação,
ou seja, eles recebem impulsos tanto de neurônios simpáticos
quanto de parassimpáticos (TORTORA, 14ª ed.).
Essa divisão entre sistemas simpático e parassimpático baseia-
se em diferenças anatômicas, diferenças nos
neurotransmissores e diferenças nos efeitos fisiológicos (SNELL,
7ª ed.).
As divisões simpática e parassimpática produzem efeitos
opostos na maioria dos órgãos e, portanto, são consideradas
antagonistas fisiológicos. Porém, deve-se enfatizar que as duas
divisões operam em conjunto entre si, e é o equilíbrio das
atividades que conserva o ambiente interno estável (SNELL, 7ª
ed.).
Em alguns órgãos, os impulsos nervosos de uma parte do SNA
estimulam o órgão a aumentar sua atividade (excitação) e os
estímulos da outra parte, a diminuir a atividade (inibição). Por
exemplo, um aumento da frequência de impulsos nervosos da
parte simpática eleva a frequência cardíaca, enquanto um
aumento da frequência de impulsos nervosos da parte
parassimpática diminui a frequência cardíaca (TORTORA, 14ª
ed.).
A parte simpática é geralmente chamada de parte de luta ou
fuga. As atividades simpáticas causam um aumento da atenção
e das atividades metabólicas que preparam o corpo para uma
situação de emergência. As respostas para estas situações, que
podem ocorrer durante uma atividade física ou um estresse
emocional, incluem aumento da frequência cardíaca e da
frequência respiratória; dilatação das pupilas; boca seca; pele
fria e úmida; dilatação de vasos sanguíneos em órgãos
envolvidos no combate ao fator estressor (como o coração e
os músculos esqueléticos); e liberação de glicose pelo fígado
(TORTORA, 14ª ed.).
A parte parassimpática é geralmente conhecida como a parte
de repouso ou digestão, pois suas atividades conservam e
restauram a energia corporal durante períodos de repouso ou
durante a digestão de um alimento; a maior parte de suas
eferências é direcionada para os músculos lisos e o tecido
glandular dos sistemas digestório e respiratório. A parte
parassimpática conserva energia e restaura as reservas de
nutrientes. Embora as partes simpática e parassimpática
estejam relacionadas com a manutenção da homeostasia, elas
3
@jumorbeck
atuam de modos completamente diferentes (TORTORA, 14ª
ed.).
DIFERENÇAS ANATÔMICAS
• Posição dos neurônios pré-ganglionares: no
sistema nervoso simpático, os neurônios pré-
ganglionares localizam-se na medula torácica e
lombar (entre TI e L2). Diz-se, pois, que o
sistema nervoso simpático é toracolombar. No
sistema nervoso parassimpático, eles se
localizam no tronco encefálico (portanto, dentro
do crânio) e na medula sacral (S2, S3, S4). Diz-
se que o sistema nervoso parassimpático é
craniossacral (MACHADO, 3ª ed.).
• Posição dos neurônios pós-ganglionares: no
sistema nervoso simpático, os neurônios pós-
ganglionares, ou seja, os gânglios, localizam-se
longe das vísceras e próximos da coluna
vertebral. Formam os gânglios paravertebrais e
pré-vertebrais. No sistema nervoso
parassimpático, os neurônios pós-ganglionares
localizam-se próximos ou dentro das vísceras
(MACHADO, 3ª ed.).
• Tamanho das fibras pré e pós-ganglionares: em
consequência da posição dos gânglios, o
tamanho das fibras pré e pós-ganglionares é
diferente nos dois sistemas. Assim, no sistema
nervoso simpático, a fibra pré-ganglionar é curta
e a pós-ganglionar é longa. Já no sistema
nervoso parassimpático, temos o contrário: a
fibra pré-ganglionar é longa, a pós-ganglionar,
curta (MACHADO, 3ª ed.).
• Ultraestrutura da fibra pós-ganglionar: sabe-se
que as fibras pós-ganglionares contêm vesículas
sinápticas de dois tipos: granulares e agranulares,
podendo as primeiras ser grandes ou pequenas.
A presença de vesículas granulares pequenas é
uma característica exclusiva das fibras pós-
ganglionares simpáticas, o que permite separá-
Ias das parassimpáticas, nas quais predominam as
vesículas agranulares. No sistema nervoso
periférico, as vesículas granulares pequenas
contêm noradrenalina, e a maioria das vesículas
agranulares contém acetilcolina (MACHADO, 3ª
ed.).
DIFERENÇAS ANATÔMICAS E FARMACOLÓGICAS ENTRE OS SISTEMAS
SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO
CRITÉRIO SIMPÁTICO PARASSIMPÁTICO
Posição do
neurônio pré-
ganglionar
T1 a L2 Tronco encefálico
e S2 S3 S4
Posição do
neurônio pós-
ganglionar
Longe das vísceras Próximo ou dentro
da víscera
Tamanho das fibras
prá-ganglionares
Curtas Longas
Tamanho das fibras
pós-ganglionares
Longas Curtas
Ultraestrutura das
fibras pós-
ganglionares
Com vesículas
granulares
pequenas
Sem vesículas
granulares
pequenas
Classificação
farmacológica das
fibras pós-
ganglionares
Adrenérgicas Colinérgicas
ASPECTOS ANATÔMICOS DO SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO
TRONCO SIMPÁTICO
↠ A principal formação anatômica do sistema simpático
é o tronco simpático, formado por uma cadeia de
gânglios unidos atravésdeterminadas células no hipotálamo são
• estimuladas pela elevação da pressão osmótica
do líquido extracelular, elas geram a sensação de
sede. A ingestão de água leva a pressão
osmótica de volta a seus níveis habituais,
diminuindo o estímulo e aliviando a sede
• Controle da temperatura corporal: hipotálamo
também funciona como o termostato do corpo,
que percebe a temperatura corporal e a
mantém em um nível desejado. Se a
temperatura do sangue que flui no hipotálamo
está acima do normal, o hipotálamo faz com que
a divisão autônoma do sistema nervoso estimule
atividades que promovam a perda de calor. Por
outro lado, quando a temperatura está abaixo do
normal, o hipotálamo gera impulsos que
promovem a produção e a retenção de calor
• Regulação dos ritmos circadianos e níveis de
consciência: o núcleo supraquiasmático do
hipotálamo funciona como o relógio biológico do
corpo porque ele estabelece ritmos circadianos
(diários), padrões de atividade biológica - como o
ciclo sonovigília - que acontecem em um
período circadiano (ciclo de cerca de 24 h).
EPITÁLAMO
↠ O epitálamo, pequena região superior e posterior ao
tálamo, é composto pela glândula pineal e pelos núcleos
habenulares. A glândula pineal tem o tamanho aproximado
de uma ervilha e se projeta a partir da linha mediana
posteriormente ao terceiro ventrículo. A glândula pineal
faz parte do sistema endócrino, pois secreta o hormônio
melatonina (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os núcleos habenulares, estão relacionados com o
olfato, especialmente com respostas emocionais a odores
(TORTORA, 14ª ed.).
Telencéfalo (cérebro)
↠ O cérebro é a parte mais lembrada quando menciona
o termo encéfalo. Ele compõe a maior porção da massa
total do encéfalo, que é de aproximadamente 1.200
gramas nas mulheres e 1.400 gramas nos homens. O
tamanho do encéfalo está relacionado ao tamanho
corporal (SEELY, 10ª ed.).
8
@jumorbeck
CÓRTEX CEREBRAL
↠ O córtex cerebral é uma região de substância cinzenta
que forma a face externa do telencéfalo (cérebro).
Embora tenha apenas 2 a 4 mm de espessura, ele
contém bilhões de neurônios dispostos em camadas.
Durante o desenvolvimento embrionário, quando o
encéfalo cresce rapidamente, a substância cinzenta do
córtex se desenvolve muito mais rápido que a substância
branca, mais profunda. Consequentemente, o córtex se
dobra sobre si mesmo, formando pregas conhecidas
como giros ou circunvoluções. As fendas mais profundas
entre os giros são chamadas de fissuras; as mais
superficiais, de sulcos. (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A fissura mais proeminente, a fissura longitudinal,
separa o telencéfalo (cérebro) em duas metades
chamadas de hemisférios cerebrais. Na fissura longitudinal
está localizada a foice do cérebro. Os hemisférios
cerebrais são conectados internamente pelo corpo
caloso, uma grande faixa de substância branca contendo
axônios que se projetam entre os hemisférios
(TORTORA, 14ª ed.).
LOBOS CEREBRAIS
↠ Cada hemisfério cerebral pode ser subdividido em
vários lobos, que recebem seus nomes de acordo com
os ossos que os recobrem: lobos frontal, parietal,
temporal e occipital (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O sulco central separa o lobo frontal do lobo parietal.
Um giro importante, o giro pré-central - localizado
imediatamente anterior ao sulco central - contém a área
motora primária do córtex cerebral. Outro giro
importante, o giro pós-central, o qual se situa
imediatamente posterior ao sulco central, contém a área
somatossensitiva primária (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O sulco (fissura) cerebral lateral separa o lobo frontal
do lobotemporal. O sulco parietoccipital separa o lobo
parietal do lobo occipital. Uma quinta porção do telencéfalo
(cérebro), a ínsula, não pode ser vista superficialmente
porque se encontra dentro do sulco cerebral lateral,
profundamente aos lobos (TORTORA, 14ª ed.).
SISTEMA NERVOSO CENTRAL – HISTOLOGIA
Uma análise macroscópica do cérebro, do cerebelo e da medula
espinal revela que, quando esses órgãos são seccionados a fresco,
mostram regiões esbranquiçadas, chamadas, em conjunto, de
substância branca, e regiões acinzentadas, que constituem a substância
cinzenta. Essa diferença de cor se deve principalmente à distribuição
da mielina, presente nos axônios mielinizados – principais componentes
da substância branca, junto com os oligodendrócitos e outras células
da glia (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A substância cinzenta predomina na camada superficial do cérebro,
constituindo o córtex cerebral, enquanto a substância branca prevalece
nas partes mais centrais do órgão. No interior da substância branca,
encontram-se vários aglomerados de neurônios, formando ilhas de
substância cinzenta denominadas núcleos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A substância cinzenta é o local do SNC onde ocorrem as sinapses
entre neurônios (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
MENINGES, VENTRÍCULOS E LÍQUIDO CEREBROESPINHAL
Meninges
Três membranas de tecido conectivo, as meninges, circundam e
protegem o encéfalo e a medula espinal. A membrana mais superficial
e espessa é a dura-máter, a qual é composta por tecido conectivo
denso irregular. No interior do canal vertebral, a dura-máter separa-se
das vértebras, formando um espaço epidural. Já na cavidade craniana,
essa meninge encontra-se firmemente aderida aos ossos do crânio,
de modo que, nesse local, o espaço epidural é apenas potencial. Na
cavidade craniana, a dura-máter apresenta-se em duas camadas. A
camada mais externa, a lâmina periosteal, é o periósteo interno dos
ossos cranianos. A camada interior, a lâmina meníngea, é contínua com
a dura-máter da medula espinal. A lâmina meníngea separa-se da
periosteal em diversas regiões para formar estruturas chamadas
pregas durais e seios venosos durais (SEELY, 10ª ed.).
A próxima meninge é bastante delgada e denomina-se aracnoide-
máter (suas extensões lembram teias de aranha). O espaço localizado
entre ela e a dura-máter é o espaço subdural, o qual contém apenas
uma película de líquido. A terceira meninge, chamada pia-máter, está
ligada firmemente à superfície encefálica. Entre a aracnoide-máter e
a pia-máter há o espaço subaracnóideo, o qual contém granulações
aracnóideas e vasos sanguíneos que irrigam o encéfalo, e é preenchido
pelo LCS (SEELY, 10ª ed.).
9
@jumorbeck
VENTRÍCULO
O SNC se forma como um tubo oco, que no adulto pode ser reduzido
significativamente em algumas áreas, no adulto, e expandido em outras.
O interior dos ventrículos é revestido por uma camada única de células
epiteliais, as células ependimárias. Cada hemisfério cerebral contém
uma destas cavidades, os ventrículos laterais. Os ventrículos laterais
são separados entre si pelo septo pelúcido, o qual se encontra na linha
mediana, imediatamente inferior ao corpo caloso, e em geral são
fundidos entre si (SEELY, 10ª ed.).
As células ependimárias são células cúbicas ou colunares que, de maneira
semelhante a um epitélio, revestem os ventrículos do cérebro e o canal central
da medula espinal (ver adiante). Em alguns locais, as células ependimárias são
ciliadas, o que facilita a movimentação do líquido cefalorraquidiano (LCR)
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Uma pequena cavidade na linha média, o terceiro ventrículo, está
localizada no centro do diencéfalo, entre as duas metades do tálamo.
Os dois ventrículos laterais comunicam-se com o terceiro ventrículo
por meio do forame interventricular. O quarto ventrículo está situado
na porção inferior da ponte e superior do bulbo, na base do cerebelo
(SEELY, 10ª ed.).
LÍQUIDO CEREBROESPINHAL
O líquido cerebrospinal (LCS) é um líquido claro, semelhanteao plasma
sanguíneo, porém com menor quantidade de proteínas. Ele banha o
encéfalo e a medula espinal, fornecendo proteção ao SNC. O LCS
permite que o encéfalo flutue no interior da cavidade craniana, de
modo a não repousar diretamente sobre a superfície do crânio ou da
dura-máter.de ramos interganglionares
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Cada tronco simpático estende-se, de cada lado, da
base do crânio até o cóccix, onde termina unindo-se com
o do lado oposto. Os gânglios do tronco simpático se
dispõem de cada lado da coluna vertebral em toda sua
extensão, e são gânglios paravertebrais (MACHADO, 3ª
ed.).
↠ Na porção cervical do tronco simpático, temos
classicamente três gânglios: cervical superior, médio e
inferior. O gânglio cervical médio falta em vários animais
domésticos e, frequentemente, não é observado no
homem. Usualmente, o gânglio cervical inferior está
fundido com o primeiro torácico, formando o gânglio
cervicotorácico, ou estrelado (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O número de gânglios da porção torácica do tronco
simpático é usualmente menor (10 a 12) que o dos nervos
espinhais torácicos, pois pode haver fusão de gânglios
vizinhos. Na porção lombar, há de três a cinco gânglios,
4
@jumorbeck
na sacral, de quatro a cinco, e na coccígea, apenas um
gânglio, o gânglio ímpar. para o qual convergem e no qual
terminam os dois troncos simpáticos de cada lado
(MACHADO, 3ª ed.).
A presença de uma grande quantidade de neurônios pré-ganglionares
simpáticos na substância cinzenta da medula espinal produz os cornos
laterais - as chamadas zonas motoras viscerais (MARIEB, 3ª ed.).
IMPORTANTE: Os neurônios pré-ganglionares parassimpáticos estão em
número menor do que os simpáticos da região toracolombar e, assim,
os cornos laterais estão ausentes na região sacra! da medula espinal.
Esta é a principal diferença entre estas duas divisões (MARIEB, 3ª ed.).
NERVOS ESPLÂNCNICOS E GÂNGLIOS PRÉ-VERTEBRAIS
↠ Da porção torácica do tronco simpático originam-se,
a partir de T5, os nervos espláncnicos: maior; menor e
imo, os quais têm trajeto descendente, atravessam o
diafragma e penetram na cavidade abdominal, onde
terminam nos gânglios pré-vertebrais. Estes se localizam
anteriormente à coluna vertebral e à aorta abdominal, em
geral próximo à origem dos ramos abdominais desta
artéria, dos quais recebem o nome (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Assim, existem: dois gânglios celíacos, direito e
esquerdo, situados na origem do tronco celíaco; dois
gânglios aórtico-renais, na origem das artérias renais; um
gânglio mesentérico superior e outro mesentérico
inferior, próximo à origem das artérias de mesmo nome
(MACHADO, 3ª ed.).
Os nervos esplâncnicos maior e menor terminam, respectivamente,
nos gânglios celíaco e aórtico-renal (MACHADO, 3ª ed.).
Apesar de os nervos esplâncnicos se originarem aparentemente de
gânglios paravertebrais, eles são constituídos por fibras pré-
ganglionares, além de um número considerável de fibras viscerais
aferentes (MACHADO, 3ª ed.).
RAMOS COMUNICANTES
↠ Unindo o tronco simpático aos nervos espinhais,
existem filetes nervosos denominados ramos
comunicantes, que são de dois tipos: ramos comunicantes
brancos e ramos comunicantes cinzentos (MACHADO, 3ª
ed.).
↠ Os ramos comunicantes brancos, na realidade, ligam a
medula ao tronco simpático, sendo, pois, constituídos de
fibras pré-ganglionares, além de fibras viscerais aferentes.
Já os ramos comunicantes cinzentos são constituídos de
fibras pós-ganglionares, que, sendo amielínicas, dão a este
ramo uma coloração ligeiramente mais escura
(MACHADO, 3ª ed.).
Note que a denominação dos ra.mos comunicantes como branco ou
cinzento decorre de sua aparência, se suas fibras são ou não
mielinizadas (e não tem relação com a substância branca ou cinzenta
do SNC) (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Como os neurônios pré-ganglionares só existem nos
segmentos medulares de T1 a L2, as fibras pré-
ganglionares emergem somente destes níveis, o que
explica a existência de ramos comunicantes brancos
apenas nas regiões torácica e lombar alta. Já os ramos
comunicantes cinzentos ligam o tronco simpático a todos
os nervos espinhais (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Como o número de gânglios do tronco simpático é
frequentemente menor que o número de nervos
espinhais, de um gânglio pode emergir mais de um ramo
comunicante cinzento, como ocorre, por exemplo, na
região cervical, onde existem três gânglios para oito
nervos cervicais (MACHADO, 3ª ed.).
Como as fibras parassimpáticas nunca cursam através de gânglios
espinais, os ramos comunicantes estão associados apenas com a
divisão simpática (MACHADO, 3ª ed.).
FILETES VASCULARES E NERVOS CARDÍACOS
↠ Do tronco simpático, e especialmente dos gânglios
pré-vertebrais, saem pequenos filetes nervosos que se
acolam à adventícia das artérias e seguem com elas até
as vísceras. Assim, do polo cranial do gânglio cervical
superior sai o nervo carotídeo interno, que pode
ramificar-se, formando o plexo carotídeo interno, que
penetra no crânio, nas paredes da artéria carótida interna.
Dos gânglios pré-vertebrais, filetes nervosos acolam-se à
artéria aorta abdominal e a seus ramos (MACHADO, 3ª
ed.).
LOCALIZAÇÃO DOS NEURÔNIOS PRÉ-GANGLIONARES
SIMPÁTICOS, DESTINO E TRAJETO DAS FIBRAS PRÉ
GANGLIONARES
5
@jumorbeck
↠ No sistema simpático, o corpo do neurônio pré-
ganglionar está localizado na coluna lateral da medula de
TI a L2. Daí saem as fibras pré-ganglionares pelas raízes
ventrais, ganham o tronco do nervo espinhal e seu ramo
ventral, de onde passam ao tronco simpático pelos ramos
comunicantes brancos. Estas fibras terminam fazendo
sinapse com os neurônios pós-ganglionares, que podem
estar em três posições: (MACHADO, 3ª ed.).
➢ Ele pode fazer sinapse com um neurônio
ganglionar do mesmo tronco ganglionar
(MARIEB, 3ª ed.).
➢ Ele pode ascender ou descender no tronco
simpático e fazer sinapse em outro gânglio do
tronco. (São estas fibras que percorrem de um
gânglio a outro que conectam os gânglios do
tronco simpático.) (MARIEB, 3ª ed.).
➢ Ele pode passar pelo tronco ganglionar e sair
deste sem fazer sinapse (MARIEB, 3ª ed.).
Fibras pré-ganglionares que seguem pela via (3) contribuem para a
formação dos nervos esplâncnicos que fazem sinapses nos gânglios
colaterais ou pré-vertebrais localizados anteriormente à coluna
vertebral (MARIEB, 3ª ed.).
LOCALIZAÇÃO DOS NEURÔNIOS PÓS-GANGLIONARES
SIMPÁTICOS, DESTINO E TRAJETO DAS FIBRAS PÓS-
GANGLIONARES
↠ Os neurônios pós-ganglionares estão nos gânglios para
e pré-vertebrais, de onde saem as fibras pós-
ganglionares, cujo destino é sempre uma glândula,
músculo liso ou cardíaco. As fibras pós-ganglionares, para
chegar a este destino, podem seguir por três trajetos:
(MACHADO, 3ª ed.).
➢ por intermédio de um nervo espinhal: neste
caso, as fibras voltam ao nervo espinhal pelo
ramo comunicante cinzento e se distribuem no
território de inervação deste nervo. Assim, todos
os nervos espinhais possuem fibras simpáticas
pós-ganglionares que, desta forma, chegam aos
músculos eretores dos pelos, às glândulas
sudoriparas e aos vasos cutâneos; (MACHADO,
3ª ed.).
➢ por intermédio de um nervo independente:
neste caso, o nervo liga diretamente o gânglio à
víscera. Aqui se situam, por exemplo, os nervos
cardíacos cervicais do simpático; (MACHADO, 3ª
ed.).
➢ por intermédio de uma artéria: as fibras pós-
ganglionares acolam-se à artéria e a
acompanham em seu território de
vascularização. Assim, as fibras pós-ganglionares
que se originam nos gânglios pré-vertebrais
inervam as vísceras do abdome, seguindo na
parede dos vasos que irrigam estas vísceras. Do
mesmo modo, fibras pós-ganglionares originadas
no gânglio cervical superior formam o nervo e
o plexo carotídeo interno e acompanham a
artéria carótida interna em seu trajeto
intracraniano. Exemplo: a inervação simpática da
pupila (MACHADO, 3ª ed.).
SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO E SUA ANATOMIA
↠ Os neurônios pré-ganglionares do sistema nervoso
parassimpático estão situados no tronco encefálico e na
medula sacral. Isto permite dividir este sistema em duas
partes: uma craniana e outrasacral (MACHADO, 3ª ed.).
PARTE CRANIANA DO SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO
↠ É constituída por alguns núcleos do tronco encefálico,
gânglios e fibras nervosas em relação com alguns nervos
cranianos. Nos núcleos localizam-se os corpos dos
neurônios pré-ganglionares, cujas fibras pré-ganglionares
atingem os gânglios através dos pares cranianos III, VII, IX
e X (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Dos gânglios saem as fibras pós-ganglionares para as
glândulas, músculo liso e músculo cardíaco (MACHADO,
3ª ed.).
↠ Os axônios pré-ganglionares da parte parassimpática
fazem sinapse com neurônios pós-ganglionares de
gânglios terminais (intramurais). A maioria destes gânglios
situa-se próximo ou dentro da parede de um órgão
visceral. Os gânglios terminais da cabeça têm nomes
específicos: são os gânglios ciliar, pterigopalatino,
submandibular e ótico (TORTORA, 14ª ed.).
Como os gânglios terminais estão próximos ou dentro da parede dos
órgãos viscerais, os axônios pré-ganglionares parassimpáticos são
longos, ao contrário dos axônios pós-ganglionares, que são curtos
(TORTORA, 14ª ed.).
Existe, ainda, na parede ou nas proximidades das vísceras, do tórax e
do abdome, grande número de gânglios parassimpáticos, em geral
pequenos, às vezes constituídos por células isoladas. Nas paredes do
tubo digestivo, eles integram o plexo submucoso (de Meissner) e o
mioentérico (de Auerhach). Estes gânglios recebem fibras pré-
ganglionares do vago e dão fibras pós-ganglionares curtas para as
vísceras onde estão situadas (MACHADO, 3ª ed.).
PARTE SACRAL DO SISTEMA NERVOSO
↠ Os neurônios pré-ganglionares estão nos segmentos
sacrais em S2, S3 e S4. As fibras pré-ganglionares saem
6
@jumorbeck
pelas raízes ventrais dos nervos sacrais correspondentes,
ganham o tronco destes nervos, dos quais se destacam
para formar os nervos esplâncnicos pélvicos. Por meio
destes nervos, atingem as vísceras da cavidade pélvica,
onde terminam fazendo sinapse nos gânglios (neurônios
pós-ganglionares) aí localizados (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Os nervos esplâncnicos pélvicos são também
denominados nervos eretores, pois estão ligados ao
fenômeno da ereção. Sua lesão causa a impotência
(MACHADO, 3ª ed.).
PLEXOS VISCERAIS
↠ Quanto mais próximo das vísceras, mais difícil se torna
separar, por dissecação, as fibras do simpático e do
parassimpático. Isto ocorre porque se forma, nas
cavidades torácica, abdominal e pélvica, um emaranhado
de filetes nervosos e gânglios, constituindo os chamados
plexos viscerais, que não são puramente simpáticos ou
parassimpáticos, mas que contêm elementos dos dois
sistemas, além de fibras viscerais aferentes (MACHADO,
3ª ed.).
↠ Na composição destes plexos, temos os seguintes
elementos: fibras simpáticas pré-ganglionares (raras) e
pós-ganglionares; fibras parassimpáticas pré e pós-
ganglionares; fibras viscerais aferentes e gânglios do
parassimpático, além dos gânglios pré-vertebrais do
simpático (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Nos plexos entéricos, existem também neurônios não
ganglionares (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Os maiores plexos torácicos são o plexo cardíaco, que
supre o coração, e o plexo pulmonar, que inerva a árvore
brônquica (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O abdome e a pelve também apresentam plexos
autônomos importantes, em geral denominados
conforme a artéria com a qual são distribuídos. O plexo
celíaco (solar) é o maior plexo autônomo e está localizado
em torno do tronco celíaco. Ele envolve dois grandes
gânglios celíacos, dois gânglios aorticorrenais e uma densa
rede de axônios autônomos distribuídos no estômago, no
baço, no pâncreas, no fígado, na vesícula biliar, nos rins,
nas medulas das glândulas suprarrenais, nos testículos e
nos ovários (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O plexo mesentérico superior envolve o gânglio
mesentérico superior e inerva os intestinos delgado e
grosso. O plexo mesentérico inferior envolve o gânglio
mesentérico inferior, que supre o intestino grosso
(MACHADO, 3ª ed.).
VISÃO FISIOLÓGICA GERAL (DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS
ENTRE O SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO)
↠ De modo geral, o sistema simpático tem ação
antagônica à do parassimpático em um determinado
órgão. Esta afirmação, entretanto, não é válida em todos
os casos. Assim, por exemplo, nas glândulas salivares os
dois sistemas aumentam a secreção, embora a secreção
produzida por ação parassimpática seja mais fluida e
muito mais abundante (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Uma das diferenças fisiológicas entre o simpático e o
parassimpático é que este tem ações sempre localizadas
a um órgão ou setor do organismo, enquanto as ações
do simpático, embora possam ser também localizadas,
tendem a ser difusas, atingindo vários órgãos
(MACHADO, 3ª ed.).
A base anatômica desta diferença reside no fato de que os gânglios
do parassimpático, estando próximos das vísceras, fazem com que o
território de distribuição das fibras pós-ganglionares seja
necessariamente restrito. Além do mais, no sistema parassimpático,
uma fibra pré-ganglionar faz sinapse com um número relativamente
pequeno de fibras pós-ganglionares. Já no sistema simpático, os
gânglios estão longe das vísceras e uma fibra pré-ganglionar faz
sinapse com grande número de fibras pós-ganglionares que se
distribuem a territórios consideravelmente maiores (MACHADO, 3ª ed.).
NEUROTRANSMISSORES E RECEPTORES DO SNA
↠ Os neurônios autônomos são classificados, conforme
o neurotransmissor liberado, em colinérgico ou
adrenérgico. Os receptores dos neurotransmissores são
proteínas integrais de membrana localizadas na
membrana plasmática de um neurônio pós-sináptico ou
de uma célula efetora (TORTORA, 14ª ed.).
Infelizmente, para propósitos de memorização, os efeitos da ACh e
NA em seus efetores não são necessariamente excitatórios ou
inibitórios. Essa resposta depende não apenas do neurotransmissor,
mas também do receptor ao qual se liga. Os dois ou mais tipos de
receptores para cada neurotransmissor vegetativo permite a este
exercer diferentes efeitos (ativação ou inibição) em diferentes alvos
corporais (MARIEB, 3ª ed.).
NEURÔNIOS RECEPTORES COLINÉRGICOS
↠ Os neurônios colinérgicos liberam o neurotransmissor
acetilcolina (ACh). No SNA, os neurônios colinérgicos
incluem: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ todos os neurônios pré-ganglionares simpáticos
e parassimpáticos;
7
@jumorbeck
➢ os neurônios pós-ganglionares simpáticos que
inervam as glândulas sudoríferas,
➢ todos os neurônios pós-ganglionares
parassimpáticos
↠ A ACh permanece armazenada em vesículas
sinápticas e é liberada por exocitose. Após este processo,
ela se difunde pela fenda sináptica e se liga com
receptores colinérgicos específicos, proteínas integrais de
membrana encontradas na membrana plasmática pós-
sináptica. Existem dois tipos de receptores colinérgicos,
ambos os quais se ligam à ACh: os nicotínicos e os
muscarínicos. (TORTORA, 14ª ed.).
Os receptores nicotínicos são encontrados na membrana plasmática
de dendritos e corpos celulares de neurônios pós-ganglionares
simpáticos e parassimpáticos, na membrana plasmática das células
cromafins da medula da glândula suprarrenal e na placa motora da
junção neuromuscular. Tais receptores recebem essa denominação
porque a nicotina mimetiza a ação da ACh quando se liga a eles
(TORTORA, 14ª ed.).
Os receptores muscarínicos são encontrados na membrana
plasmática de todos os efetores (músculo liso, músculo cardíaco e
glândulas) inervados por axônios pós-ganglionares parassimpáticos.
Além disso, a maioria das glândulas sudoríferas é inervada por
neurônios pós-ganglionares simpáticos colinérgicos e apresenta
receptores muscarínicos. Estes receptores foram assim nomeados
porque a muscarina, toxina encontrada em cogumelos, mimetiza a
ação da ACh que se liga a eles (TORTORA, 14ª ed.).
A ativação de receptores nicotínicos pela ACh causa a despolarização
e, portanto, a excitaçãoda célula pós-sináptica, que pode ser um
neurônio pós-ganglionar, um efetor autônomo, ou uma fibra muscular
esquelética. A ativação de receptores muscarínicos pode causar
despolarização (excitação) ou hiperpolarização (inibição), dependendo
de que tipo de célula tenha estes receptores (TORTORA, 14ª ed.).
NEURÔNIOS E RECEPTORES ADRENÉRGICOS
↠ No SNA, os neurônios adrenérgicos liberam
norepinefrina, também conhecida como noradrenalina. A
maior parte dos neurônios pós-ganglionares simpáticos é
adrenérgica. Assim como a ACh, a norepinefrina é
armazenada em vesículas sinápticas e liberada por meio
de exocitose. As moléculas de norepinefrina se difundem
pela fenda sináptica e se ligam em receptores específicos
na membrana pós-sináptica, causando excitação ou
inibição da célula efetora (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os receptores adrenérgicos se ligam à norepinefrina
e à epinefrina. A norepinefrina pode ser liberada como
neurotransmissor por neurônios pós-ganglionares
simpáticos ou secretada como hormônio na corrente
sanguínea pelas células cromafins da medula da glândula
suprarrenal; a epinefrina é liberada apenas como
hormônio (TORTORA, 14ª ed.).
Os dois principais tipos de receptores adrenérgicos são os receptores
alfa (a) e os receptores beta (ß), encontrados em efetores viscerais
inervados pela maioria dos axônios pós-ganglionares simpáticos. Estes
receptores são classificados em subtipos – a1, a2, ß1, ß2 e ß3 – de
acordo com suas respostas específicas e com sua ligação seletiva com
fármacos que os ativam ou bloqueiam (TORTORA, 14ª ed.).
Embora existam algumas exceções, a ativação dos receptores a1 e ß1
geralmente causa excitação, e a ativação dos receptores a2 e ß2
gera inibição dos tecidos efetores. Os receptores ß3 são encontrados
apenas nas células do tecido adiposo marrom e sua ativação causa
termogênese (produção de calor) (TORTORA, 14ª ed.).
A norepinefrina estimula mais os receptores alfa do que os beta; a
epinefrina é um potente estimulador de ambos os receptores
(TORTORA, 14ª ed.).
A atividade da norepinefrina na sinapse acaba quando ela é captada
pelo axônio que a liberou ou quando é enzimaticamente inativada pela
catecolOmetiltransferase (COMT) ou pela monoamina oxidase (MAO)
(TORTORA, 14ª ed.).
Em comparação com a ACh, a norepinefrina permanece na fenda
sináptica por um período maior. Assim, os efeitos desencadeados por
neurônios adrenérgicos são normalmente mais duradouros que
aqueles gerados por neurônios colinérgicos (TORTORA, 14ª ed.).
8
@jumorbeck
RECEPTORES AGONISTAS E ANTAGONISTAS
Um agonista é uma substância que ativa um receptor quando se liga
a ele, mimetizando o efeito de um neurotransmissor ou hormônio
endógenos (TORTORA, 14ª ed.).
Um antagonista é uma substância que bloqueia um receptor quando
se liga a ele, evitando a ação de um neurotransmissor ou hormônio
endógenos (TORTORA, 14ª ed.).
FISIOLOGIA DO SNA
TÔNUS AUTÔNOMO
↠ A maior parte dos órgãos do corpo recebe inervação
de ambas as partes do SNA, que geralmente provocam
efeitos antagônicos. O equilíbrio entre a atividade das
partes simpática e parassimpática, conhecido como tônus
autônomo, é regulado pelo hipotálamo. De modo geral,
quando o hipotálamo aumenta o tônus simpático, ele
diminui o parassimpático e vice-versa. (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As duas partes podem afetar os órgãos de maneiras
distintas porque seus neurônios pós-ganglionares liberam
neurotransmissores diferentes e seus órgãos efetores
apresentam diferentes receptores adrenérgicos e
colinérgico (TORTORA, 14ª ed.).
RESPOSTAS SIMPÁTICAS
↠ Durante estresses físicos ou emocionais, a parte
simpática domina a parassimpática. Um tônus simpático
elevado favorece funções corporais que permitem a
realização de atividades físicas vigorosas e a produção
rápida de ATP. Ao mesmo tempo, a parte simpática
diminui a atividade das funções corporais relacionadas com
o armazenamento de energia. Além do exercício físico,
várias emoções – como o medo, a vergonha ou a raiva
– estimulam a parte simpática (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A ativação da parte simpática e a liberação de
hormônios pelas medulas das glândulas suprarrenais
promovem uma série de respostas fisiológicas conhecidas
como resposta de luta ou fuga, que inclui os seguintes
efeitos: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Dilatação das pupilas
➢ Aumento da frequência cardíaca, da força de
contração do músculo cardíaco e da pressão
arterial
➢ As vias respiratórias se dilatam, permitindo um
movimento mais rápido do ar para dentro e para
fora dos pulmões
➢ Liberação de glicose pelo fígado, aumentando
seus níveis sanguíneos
➢ Inibição dos processos que não são essenciais
durante o enfrentamento de uma situação
estressora. Por exemplo, os movimentos da
musculatura do sistema digestório e a produção
de secreções digestórias diminuem ou até
param.
RESPOSTAS PARASSIMPÁTICAS
↠ A parte parassimpática estimula as respostas de
repouso e digestão. As respostas parassimpáticas
permitem que as funções corporais conservem e
restaurem energia durante períodos de descanso ou
recuperação. Nos intervalos entre períodos de exercício,
os impulsos parassimpáticos que estimulam as glândulas
digestivas e os músculos lisos do sistema digestório
superam os impulsos simpáticos. Ao mesmo tempo, as
respostas parassimpáticas diminuem a funções corporais
relacionadas com a atividade física (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Cinco atividades estimuladas principalmente pela parte
parassimpática são a salivação, o lacrimejamento, a
micção, a digestão e a defecação. Além destas atividades,
existem três respostas conhecidas como as “três
diminuições”: da frequência cardíaca, do diâmetro das vias
respiratórias (broncoconstrição) e do diâmetro das pupilas
(miose) (TORTORA, 14ª ed.).
Os efeitos da estimulação simpática duram mais tempo e são mais
disseminados que os efeitos da estimulação parassimpática por três
motivos: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ os axônios pós-ganglionares simpáticos apresentam maior
divergência; consequentemente, uma quantidade maior de
tecidos é ativada ao mesmo tempo.
➢ A acetilcolinesterase rapidamente inativa a acetilcolina, mas
a norepinefrina permanece na fenda sináptica por um
período maior.
➢ A epinefrina e a norepinefrina secretadas pela medula das
glândulas suprarrenais intensificam e prolongam as
respostas causadas pela norepinefrina liberada pelos
axônios pós-ganglionares simpáticos
Sistema límbico
↠ A palavra límbico é relativa a limbo, que significa borda
ou margem; o termo sistema límbico era usado
genericamente para incluir um grupo de estruturas que
se localizam na zona de fronteira entre o córtex cerebral
e o hipotálamo. Atualmente sabe-se, em virtude das
pesquisas, que o sistema límbico envolve muitas outras
estruturas além da zona de fronteira para o controle das
emoções, do comportamento e dos impulsos; também
parece ser importante na memória (SNELL, 7ª ed.).
9
@jumorbeck
↠ As emoções estão relacionadas com áreas específicas
do cérebro que, em conjunto, constituem o sistema
límbico. Algumas dessas áreas estão relacionadas também
com a motivação, em especial com os processos
motivacionais primários, ou seja, aqueles estados de
necessidade ou de desejo essenciais à sobrevivência da
espécie ou do indivíduo, tais como fome, sede e sexo
(MACHADO, 3ª ed.).
ANATOMIA FUNCIONAL DO SISTEMA LÍMBICO
↠ O sistema límbico pode ser conceituado como um
conjunto de estruturas corticais e subcorticais interligadas
morfologicamente e funcionalmente, relacionadas com as
emoções e a memória. Do ponto de vista anatômico, o
sistema límbico tem como centro o lobo límbico e as
estruturas com ele relacionadas. Do ponto de vista
funcional, pode-se distinguir, no sistema límbico, dois
subconjuntos de estruturas, ligadas às emoções e à
memória (MACHADO, 3ª ed.).
COMPONENTES DOSISTEMA LÍMBICO RELACIONADOS COM A
EMOÇÃO
CÓRTEX CINGULAR ANTERIOR
↠ Apenas a parte anterior do giro do cíngulo relaciona-
se com o processamento das emoções. Uma das
evidências desse fato vem de experiências em que
pessoas normais foram solicitadas a recordar episódios
pessoais envolvendo emoções, enquanto seu cérebro era
submetido à ressonância magnética funcional. O córtex
cingular anterior foi ativado quando o episódio recordado
era de tristeza (MACHADO, 3ª ed.).
CÓRTEX INSULAR ANTERIOR
↠ A ínsula tem duas partes, anterior e posterior,
separadas pelo sulco central e muito diferentes em sua
estrutura e funções. Estudos principalmente de
neuroimagem funcional no homem mostraram que o
córtex insular anterior está envolvido em pelo menos nas
seguintes funções: (MACHADO, 3ª ed.).
➢ Empatia, ou seja, a capacidade de se identificar
com outras pessoas e perceber e se sensibilizar
com seu estado emocional. Há evidência de que
esta capacidade, de grande importância social, é
perdida em lesões da ínsula e pode estar na
base de muitas psicopatias.
➢ Conhecimento da própria fisionomia como
diferente da dos outros. Por exemplo, ela é
ativada quando uma pessoa se observa em um
espelho ou em uma foto, mas não em fotos de
outras pessoas.
➢ Sensação de nojo na presença ou
simplesmente com imagens de fezes, vômitos,
carniça e outra situação considerada nojenta.
CÓRTEX PRÉ-FRONTAL ORBITOFRONTAL
↠ Está envolvida no processamento das emoções. Ela
tem conexões com o corpo estriado e com o núcleo
dorsomedial do tálamo integrando o circuito em alça
orbitofrontal - estriado - tálamo – cortical (MACHADO, 3ª
ed.).
HIPOTÁLAMO
↠O hipotálamo é parte do diencéfalo e se dispõe nas
paredes do III ventrículo, abaixo do sulco hipotalâmico, que
o separa do tálamo
POSIÇÃO CHAVE DO HIPOTÁLAMO
Uma parte importante do sistema límbico é o hipotálamo e suas
estruturas relacionadas. Além de seu papel no controle
comportamental essas áreas controlam muitas condições internas do
corpo, como a temperatura corporal, osmolalidade dos líquidos
corporais, e os desejos de comer e beber e o controle do peso
corporal. Essas funções do meio interno são coletivamente chamadas
funções vegetativas do cérebro, e seu controle está intimamente
relacionado ao comportamento (GUYTON, 13ª ed.).
As estruturas anatômicas do sistema límbico formam complexo
interconectado de elementos da região basal do cérebro. Situado no
meio de todas essas estruturas, fica o extremamente pequeno
10
@jumorbeck
hipotálamo, que, do ponto de vista fisiológico, é um dos elementos
centrais do sistema límbico (GUYTON, 13ª ed.).
Essa imagem mostra a posição-chave do hipotálamo no sistema
límbico e mostra, a seu redor, outras estruturas subcorticais do sistema
límbico, incluindo a área septal, a área paraolfatória, o núcleo anterior
do tálamo, partes dos gânglios da base, o hipocampo e a amígdala
(GUYTON, 13ª ed.).
E, ao redor das áreas límbicas subcorticais, fica o córtex límbico,
composto por anel de córtex cerebral, em cada um dos hemisférios
cerebrais, (1) começando na área orbitofrontal, na superfície ventral do
lobo frontal; (2) se estendendo-se para cima para o giro subcaloso; (3)
então, de cima do corpo caloso para a região medial do hemisfério
cerebral, para o giro cingulado e, por fim; e (4) passando por trás do
corpo caloso e para baixo, pela superfície ventromedial do lobo
temporal para o giro para-hipocâmpico e para o unco (GUYTON, 13ª
ed.).
O hipotálamo, apesar do seu pequeno tamanho de somente alguns
centímetros cúbicos (e peso de apenas 4 gramas), contém vias
bidirecionais de comunicação com todos os níveis do sistema límbico
(GUYTON, 13ª ed.).
ÁREA SEPTAL
↠ Situada abaixo do rostro do corpo caloso,
anteriormente à lâmina terminal e à comissura anterior, a
área septal compreende grupos de neurônios de
disposição subcortical que se estendem até a base do
septo pelúcido, conhecidos como núcleos septais
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ A área septal tem conexões extremamente amplas e
complexas, destacando-se suas projeções para a
amígdala, hipocampo, tálamo, giro do cíngulo, hipotálamo
e formação reticular, através do feixe prosencefálico
medial. Através deste feixe a área septal recebe fibras
dopaminérgicas da área tegmentar ventral e faz parte do
sistema mesolímbico ou sistema de recompensa do
cérebro (MACHADO, 3ª ed.).
NÚCLEO DE ACCUMBENS
↠ Situado entre a cabeça do núcleo caudado e o
putâmen o núcleo accumbens faz parte do corpo
estriado ventral. Recebe aferências dopaminérgicas
principalmente da área tegmentar ventral do
mesencéfalo, e projeta eferências para a parte
orbitofrontal da área pré-frontal (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O núcleo accumbens é o mais importante
componente do sistema mesolímbico, que é o sistema de
recompensa ou do prazer do cérebro (MACHADO, 3ª
ed.).
HABÊNULA
↠ A habênula situa-se no trígono das habênulas, no
epitálamo, abaixo e lateralmente à glândula pineal
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ É constituída pelos núcleos habenulares medial e
lateral. O núcleo lateral tem função mais conhecida. A
habênula participa da regulação dos níveis de dopamina
nos neurônios do sistema mesolímbico os quais,
constituem a principal área do sistema de recompensa
(ou de prazer) do cérebro (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A estimulação dos núcleos habenulares resulta em
ação inibitória sobre o sistema dopaminérgica
mesolímbico e sobre o sistema serotoninérgico de
projeção difusa. Esta ação inibitória está sendo implicada
na fisiopatologia dos transtornos de humor como a
depressão na qual há uma ação inibitória exagerada do
sistema mesolímbico (MACHADO, 3ª ed.).
AMÍGDALA
↠ É uma massa esferoide de substância cinzenta de
cerca de 2 cm de diâmetro. situada no polo temporal do
hemisfério cerebral, em relação com a cauda do núcleo
caudado. Faz uma discreta saliência no teto da parte
11
@jumorbeck
terminal do como inferior do ventrículo lateral e pode ser
vista em secções frontais do cérebro (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Tem importante função relacionada com as emoções,
em especial com o medo (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Apesar de seu tamanho relativamente pequeno, a
amígdala tem 12 núcleos, o que lhe valeu o nome de
complexo amigdaloide. Os núcleos da amígdala se
dispõem em três grupos, corticomedial, basolateral e
central (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O grupo corticomedial recebe conexões olfatórias e
parece estar envolvido com os comportamentos sexuais.
O grupo basolateral recebe a maioria das conexões
aferentes da amígdala e o central dá origem às conexões
eferentes (MACHADO, 3ª ed.).
↠ A amígdala é a estrutura subcortical com maior
número de projeções do sistema nervoso, com cerca de
14 conexões aferentes e 20 eferentes (MACHADO, 3ª
ed.).
↠ A grande complexidade estrutural e neuroquímica da
amígdala está de acordo com a complexidade de suas
funções. É a principal responsável pelo processamento
das emoções e desencadeadora do comportamento
emocional (MACHADO, 3ª ed.).
FUNÇÕES DA AMÍGDALA
↠ A estimulação dos núcleos do grupo basolateral da amígdala causa
reações de medo e fuga. A estimulação dos núcleos do grupo
corticomedial causa reação defensiva e agressiva (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O comportamento de ataque agressivo pode ser desencadeado
com estimulação da amígdala, mas também do hipotálamo
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ A amígdala contém a maior concentração de receptores para
hormônios sexuais do SNC. Sua estimulação reproduz uma variedade
de comportamentos sexuais e sua lesão provoca hipersexualidade
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Entretanto, a principal e mais conhecida função da amígdala é o
processamento do medo. Pacientes com lesões bilaterais da amígdala
não sentem medo, mesmo em situações de perigo óbvio, como a
presença de uma cobra venenosa (MACHADO, 3ª ed.).
A AMÍGDALA E O MEDO
O medo é uma reação dealarme diante de um perigo. Esta reação
resulta da ativação geral do sistema simpático e liberação de adrenalina
pela medula da glândula suprarrenal. Este alarme, denominado
Síndrome de Emergência de Cannon, visa preparar o organismo para
uma situação de perigo na qual ele deve ou fugir ou enfrentar o perigo
(to fight or to fiight) (MACHADO, 3ª ed.).
Circuitos cerebrais envolvidos em um encontro com um boi no meio
do pasto. A informação visual (auditiva, se o boi berrar) é levada ao
tálamo (corpogeniculado lateral) e daí a áreas visuais primárias e
secundárias. A partir desse ponto, a informação segue por dois
caminhos, uma via direta e outra indireta. Na via direta, a informação
visual é levada e processada na amígdala basolateral, passa à amígdala
central, que dispara o alarme, a cargo do sistema simpático. Isto
permite uma reação de alarme imediata com manifestações
autonômicas e comportamental típicas. Na via indireta, a informação
passa ao córtex pré-frontal e depois à amígdala (MACHADO, 3ª ed.).
A via direta é mais rápida e permite resposta imediata ao perigo. A via
indireta é mais lenta, mas permite que o córtex pré-frontal analise as
informações recebidas e seu contexto. Se não houver perigo (o boi é
manso), a reação de alarme é desativada. A via direta é inconsciente
e o medo só se toma consciente, ou seja, a pessoa só sente medo
quando os impulsos nervosos chegam ao córtex (MACHADO, 3ª ed.).
SISTEMA DE RECOMPENSA NO ENCÉFALO
Sabe-se hoje que as áreas que determinam estimulações com
frequências mais elevadas compõem o sistema dopaminérgico
mesolímbico ou sistema de recompensa, formada por neurônios
dopaminérgicos que, da área tegmentar ventral do mesencéfalo,
passando pelo feixe prosencefálico medial, terminam nos núcleos
septais e no núcleo accumbens, os quais, por sua vez, projetam-se
para o córtex pré-frontal orbitofrontal. Há também projeções diretas
da área tegmentar ventral para a área pré-frontal e projeções de
retroalirnentação entre esta área e a tegmentar ventral (MACHADO,
3ª ed.).
O Sistema de Recompensa premia com a sensação de prazer os
comportamentos importantes para a sobrevivência, mas é também
ativado por situações cotidianas que causam alegria (MACHADO, 3ª
ed.).
Sabe-se hoje que o prazer sentido após o uso de drogas de abuso,
como heroína e crack, deve-se à estimulação do sistema
doparninérgico mesolímbico em especial e o núcleo accumbens. A
dependência ocorre pela estimulação exagerada dos neurônios deste
12
@jumorbeck
sistema, o que resulta em gradual diminuição da sensibilidade dos
receptores e redução de seu número. Com isso, doses cada vez
maiores são necessárias para obter-se o mesmo prazer (MACHADO,
3ª ed.).
MEMÓRIA
↠ Memória é a capacidade de se adquirir, armazenar e
evocar informações. A etapa de aquisição é a
aprendizagem do mesmo modo que a evocação é a
etapa de lembrança. O conjunto das memórias de um
indivíduo é parte importante de sua personalidade
(MACHADO, 3ª ed.).
MEMÓRIA OPERACIONAL OU DE TRABALHO
Este tipo de memória permite que informações sejam retidas por
segundos ou minutos, durante o tempo suficiente para dar sequência
a um raciocínio, compreender e responder a uma pergunta,
memorizar o que acabou de ser lido para compreender a frase
seguinte, memorizar um número de telefone durante o tempo
suficiente para discá-lo (MACHADO, 3ª ed.).
Memórias de curta e longa duração
A memória de curta duração permite a retenção de informações
durante algumas horas até que sejam armazenadas de forma mais
duradoura nas áreas responsáveis pela memória de longa duração.
Segundo Izquierdo1 a memória de curta duração dura de 3 a 6 horas,
que é o tempo que leva para se consolidar a memória de longa
duração. A memória de longa duração depende de mecanismos mais
complexos que levam horas para serem realizados. Estes dois tipos de
memórias dependem do hipocampo (MACHADO, 3ª ed.).
ÁREAS RELACIONADAS COM A MEMÓRIA
HIPOCAMPO
↠ É uma eminência alongada e curva situada no assoalho
do corno inferior do ventrículo lateral acima do giro para-
hipocampal (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O hipocampo fica situado na parte interna do lobo
temporal médio (FRANÇA, 2019).
↠ A informação chega ao hipocampo, principalmente
através do cortéx entorrinal (CE), a informação passa
pelas diferentes sub-regiões do hipocampo. As sinapses
entre as sub-regiões do hipocampo estão organizadas de
tal forma que sugere que o fluxo de informação é
unidirecional (FRANÇA, 2019).
↠ Embora o hipocampo seja indispensável para a
consolidação das memórias de curta e longa duração,
esses tipos de memória não são armazenados no
hipocampo, pois permanecem depois de sua remoção
cirúrgica. O grau de consolidação da memória pelo
hipocampo é modulado pelas aferências que ele recebe
da amígdala. Esta consolidação é maior quando a
informação a ser memorizada está associada a um
episódio de grande impacto emocional (MACHADO, 3ª
ed.).
↠ Sabe-se, hoje, que o hipocampo é também
responsável pela memória espacial ou topográfica,
relacionada a localizações no espaço, configurações ou
rotas e que nos permite navegar, ou seja, encontrar o
13
@jumorbeck
caminho que leva a um determinado lugar (MACHADO,
3ª ed.).
GIRO DENTEADO
↠ É um giro estreito e denteado situado entre a área
entorrinal e o hipocampo com o qual se continua
lateralmente (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Sua estrutura, constituída por uma só camada de
neurônios, é muito semelhante à do hipocampo. Tem
amplas ligações com a área entorrinal e o hipocampo e,
com este, constitui a formação do hipocampo. Estudos
recentes mostram que o giro denteado é responsável
pela dimensão temporal da memória (MACHADO, 3ª ed.)
CÓRTEX ENTORRINAL
↠ Ocupa a parte anterior do giro para-hipocampal
mediaimente a sulco rinal. É um tipo de córtex primitivo
(arquicórtex) e corresponde à área 28 de Brodmann
(MACHADO, 3ª ed.)
↠ Recebe fibras do fórnix e envia fibras ao giro denteado
que, por sua vez, se liga ao hipocampo. O córtex
entorrinal funciona como um portão de entrada para o
hipocampo, recebendo as diversas conexões que a ele
chegam através do giro denteado, incluindo as conexões
que recebe da amígdala e da área septal (MACHADO, 3ª
ed.)
Lesão do córtex entorrinal, mesmo estando intacto o hipocampo,
resulta em grande déficit de memória. O córtex entorrinal é
geralmente a primeira área cerebral comprometida na doença de
Alzheimer. (MACHADO, 3ª ed.)
CÓRTEX PARA-HIPOCAMPAL
↠ O córtex para-hipocampal ocupa a parte posterior do
giro para-hipocampal continuando-se com o córtex
cingular posterior no nível do istmo do giro do cíngulo
(MACHADO, 3ª ed.)
↠ Estudos de neuroimagem funcional mostraram que o
córtex para-hipocampal é ativado pela visão de cenários,
especialmente os mais complexos, como uma rua ou uma
paisagem. Entretanto, a ativação só ocorre com cenários
novos e não com os já conhecidos (MACHADO, 3ª ed.)
CÓRTEX CINGULAR POSTERIOR
↠ O córtex cingular posterior, em especial a parte situada
atrás do esplênio do corpo caloso (retroesplenial), recebe
muitas aferências dos núcleos anteriores do tálamo que,
por sua vez, recebem aferências do corpo mamilar pelo
trato mamilotalâmico, integrando o circuito de Papez.
Lesões no cíngulo posterior ou dos núcleos anteriores do
tálamo resultam em amnésias (MACHADO, 3ª ed.)
FUNÇÕES COMPORTAMENTAIS DO HIPOTÁLAMO E
ESTRUTURAS LÍMBICAS ASSOCIADAS
Efeitos Causados por Estimulação do Hipotálamo: a
estimulação ou lesões do hipotálamo, além de demonstrar
o papel do hipotálamo na regulação das funções
vegetativas e endócrinas, pode ter, com frequência,
profundos efeitos no comportamento emocional de
animais e dos seres humanos (GUYTON, 13ª ed.).
Alguns dos efeitos comportamentais da estimulação são
os seguintes: (GUYTON, 13ª ed.).
➢ A estimulação da região lateral do hipotálamo,não apenas causa sede e fome, mas também
aumenta o nível geral de atividade do animal,
algumas vezes levando à raiva e à luta.
➢ A estimulação do núcleo ventromedial e áreas
adjacentes causa principalmente os efeitos
opostos aos ocasionados pela estimulação lateral
hipotalâmica — isto é, sensação de saciedade,
diminuição da alimentação e tranquilidade.
➢ A estimulação de zona estreita dos núcleos
periventriculares localizados imediatamente
adjacentes ao terceiro ventrículo (ou, também,
pela estimulação da área cinzenta central do
mesencéfalo, que é contínua com essa porção
do hipotálamo) usualmente leva a reações de
medo e punição.
➢ O desejo sexual pode ser estimulado em
diversas áreas do hipotálamo, especialmente nas
porções mais anterior e mais posterior do
hipotálamo.
14
@jumorbeck
ARTIGO
Sistema de recompensa dopaminérgico e diferença de
gênero em preferências sociais
Nesse estudo, os autores inicialmente comentam que as
mulheres têm maior tendência às escolhas pró-sociais do que
os homens, mesmo em casos em que os ganhos secundários
ou estratégicos estão excluídos.
Escolhas pró-sociais caracterizam-se por serem adversas à
desigualdade, beneficiando segundos ou terceiros, sendo
caracterizadas por altruísmo, generosidade e cooperação.
Um estudo recente evidenciou que homens e mulheres com
tendência a terem mais parceiros sexuais apresentam
diferentes padrões cerebrais: em um ambiente de laboratório,
os homens com essa tendência apresentam uma combinação
de alta ativação do corpo estriado e baixa da amígdala; entre
as mulheres, há alta ativação do corpo estriado e também alta
ativação da amígdala
CONCLUSÃO: Diferenças de gênero entre habilidades e
tendências comportamentais podem ter uma base biológica
subjacente, para além de influências sociais. Esta base biológica
incluiria a atuação hormonal no período gestacional e uma
consequente diferenciação de funcionamento das estruturas
cerebrais, em especial do sistema de recompensa e do sistema
límbico
Referências
FRANÇA, T. A. Plasticidade, topografia e alocação de
memórias: uma investigação teórica sobre o código
neural no hipocampo. Universidade Federal do Rio Grande,
Programa de Pós-Graduação, 2019.
FARINAS, M.; ABDO, C. H. N. Sistema de recompensa
dopaminérgico e diferença de gênero em preferências
sociais Diagnóstico e Tratamento, v. 23, n. 1, pg 24-27,
2019.
SNELL, R. S. Neuroanatomia clínica, 7ª ed., Guanabara
Koogan, 2010.
MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,
Atheneu, 3ª ed.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
1
@jumorbeck
Objetivos
1- Estudar o funcionamento dos nervos cranianos;
Nervos Cranianos
↠ Os doze pares de nervos cranianos têm esse nome
porque se originam no encéfalo, dentro da cavidade
craniana, e passam através de vários forames do crânio
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A maioria deles liga-se ao tronco encefálico,
excetuando-se apenas os nervos olfatório e óptico, que
se ligam respectivamente, ao telencéfalo e ao diencéfalo
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ Na maioria das vezes, os nomes dos nervos cranianos
expressam as estruturas ou as funções controladas por
eles. Os nervos são também numerados (usando
números Romanos) do mais rostral para o mais caudal
(MARIEB, 3ª ed.).
↠ Os números indicam a ordem, de anterior para
posterior, na qual os nervos se originam no encéfalo. Os
nomes designam a distribuição ou a função dos nervos
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Com exceção dos nervos vagos, que se estendem
até o abdome, os nervos cranianos inervam apenas as
estruturas da cabeça e do pescoço (MARIEB, 3ª ed.).
COMPONENTES FUNCIONAIS DOS NERVOS CRANIANOS
COMPONENTES AFERENTES
↠ Na extremidade cefálica dos animais, desenvolveram-
se, durante a evolução, órgãos de sentido mais
complexos, que são, nos mamíferos, os órgãos da visão,
audição, gustação e olfação. Os receptores destes órgãos
são denominados "especiais" para distingui-los dos demais
receptores, que, por serem encontrados em todo o resto
do corpo, são denominados gerais (MACHADO, 3ª ed.).
↠ As fibras nervosas em relação com estes receptores
são, pois, classificadas como especiais. Assim, temos:
(MACHADO, 3ª ed.).
• fibras aferentes somáticas gerais: originam-se
em exteroceptores e proprioceptores,
conduzindo impulsos de temperatura. dor,
pressão, tato e propriocepção;
• fibras aferentes somáticas especiais: originam-
se na retina e no ouvido interno, relacionando-
se, pois, com visão, audição e equilíbrio;
• fibras aferentes viscerais gerais: originam-se em
visceroceptores e conduzem, por exemplo,
impulsos relacionados com a dor visceral;
• fibras aferentes viscerais especiais: originam-se
em receptores gustativos e olfatórios,
considerados viscerais por estarem localizados
em sistemas viscerais, como os sistemas
digestivo e respiratório.
COMPONENTES EFERENTES
↠ A maioria dos músculos estriados esqueléticos derivam
dos miótomos dos somitos e são, por esse motivo,
chamados músculos estriados miotômicos. Com exceção
de pequenos somitos existentes adiante dos olhos
(somitos pré-ópticos), não se formam somitos na
extremidade cefálica dos embriões (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Nesta região, entretanto, o mesoderma é
fragmentado pelas fendas que delimitam os arcos
branquiais. Os músculos estriados derivados destes arcos
branquiais são chamados músculos estriados
branquioméricos (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Os arcos branquiais são considerados formações
viscerais, e as fibras que inervam os músculos neles
originados são consideradas fibras eferentes viscerais
especiais, para distingui-las das eferentes viscerais gerais,
relacionadas com a inervação dos músculos lisos, cardíaco
e das glândulas (MACHADO, 3ª ed.).
↠ As fibras que inervam músculos estriados miotômicos
são denominadas fibras eferentes somática (MACHADO,
3ª ed.).
APG 08 - “Os pares de 12”
2
@jumorbeck
COMPOSIÇÃO DOS NERVOS CRANIANOS
↠ Os nervos cranianos, variam muito em sua
composição. Muitos dos nervos cranianos são nervos
mistos (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Três nervos cranianos (I, II e VIII) contêm axônios de
neurônios sensitivos e são, portanto, chamados de nervos
sensitivos especiais. Na cabeça, eles são exclusivos e
estão associados aos sentidos especiais do olfato, da visão
e da audição, respectivamente. Os corpos celulares da
maioria dos nervos sensitivos estão localizados em
gânglios situados fora do encéfalo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Cinco nervos cranianos (III, IV, VI, XI e XII) são
classificados como nervos motores, pois eles contêm
apenas axônios de neurônios motores quando deixam o
tronco encefálico. Os axônios que inervam músculos
esqueléticos são de dois tipos: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Axônios motores branquiais inervam músculos
esqueléticos que se desenvolvem a partir dos
arcos faríngeos (branquiais). Estes neurônios
deixam o encéfalo por meio de nervos cranianos
mistos e pelo nervo acessório.
➢ Axônios motores somáticos inervam músculos
esqueléticos que se desenvolvem a partir dos
somitos da cabeça (músculos dos olhos e da
língua). Estes neurônios saem do encéfalo por
meio de cinco nervos cranianos motores (III, IV,
VI, XI e XII). Axônios motores que inervam
músculos lisos, músculos cardíacos e glândulas
são chamados de axônios motores autônomos
e fazem parte da divisão autônoma do sistema
nervoso.
↠ Os quatro nervos cranianos restantes (V, VII, IX e X)
são nervos mistos – contêm axônios de neurônios
sensitivos que entram no encéfalo e de neurônios
motores que deixamo encéfalo (TORTORA, 14ª ed.).
NERVO OLFATÓRIO, I PAR
↠ O nervo olfatório é totalmente sensitivo; ele contém
axônios que conduzem impulsos nervosos relacionados
com o olfato (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O epitélio olfatório ocupa a parte superior da cavidade
nasal, cobrindo a face inferior da lâmina cribriforme e se
estendendo inferiormente ao longo da concha nasal
superior (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os receptores olfatórios do epitélio olfatório são
neurônios bipolares. Cada um apresenta um dendrito
sensível a odores que se projeta de um lado do corpo
celular e um axônio não mielinizado que se projeta do
outro lado (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Feixes de axônios de receptores olfatórios passam por
cerca de vinte forames olfatórios na lâmina cribriforme do
etmoide, em cada lado do nariz. Estes cerca de quarenta
feixes de axônios formam os nervos olfatórios direito e
esquerdo (TORTORA, 14ª ed.).
3
@jumorbeck
↠ Os nervos olfatórios terminam no encéfalo em massas
pares de substância cinzenta conhecidas como bulbos
olfatórios, duas projeções do encéfalo que repousam
sobre a lâmina cribriforme (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Nos bulbos olfatórios, as terminações axônicas fazem
sinapse com os dendritos e corpos celulares dos
próximos neurônios da via olfatória. Os axônios destes
neurônios formam os tratos olfatórios, que se estendem
posteriormente a partir dos bulbos olfatórios. Os axônios
dos tratos olfatórios terminam na área olfatória primária,
localizada no lobo temporal (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As fibras do nervo olfatório são não mielinizadas e
cobertas com células de Schwann (SNELL, 7ª ed.).
BULBO OLFATÓRIO
Essa estrutura ovoide possui vários tipos de células nervosas, a maior
das quais é a célula mitral. As fibras nervosas olfatórias aferentes fazem
sinapse com os dendritos das células mitrais e constituem áreas
arredondadas conhecidas como glomérulos sinápticos. Células nervosas
menores, denominadas células em tufo e células granulares, também
formam sinapses com as células mitrais. Ademais, o bulbo olfatório
recebe axônios do bulbo olfatório contralateral através do trato
olfatório (SNELL, 7ª ed.).
Teste clínico: Pede-se para a pessoa cheirar substâncias aromáticas,
como óleo de cravo-da-índia e baunilha, e identificar cada uma delas
(MARIEB, 3ª ed.).
Desequilíbrio homeostático: Fratura no osso etmóide ou lesões nas
fibras olfatórias resultam em perda parcial ou total do olfato, uma e
condição conhecida como anosmia (MARIEB, 3ª ed.).
NERVO ÓPTICO, II PAR
↠ O nervo óptico (II) é totalmente sensitivo: ele contém
axônios que conduzem os impulsos nervosos relacionados
com a visão (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Na retina, os bastonetes e os cones iniciam os sinais
visuais, transmitindo-os para as células bipolares, que
enviam estes sinais para células ganglionares (TORTORA,
14ª ed.).
↠ Os axônios de todas as células ganglionares da retina
de cada olho se unem para formar o nervo óptico, que
passa pelo forame óptico. Cerca de 10 mm atrás do bulbo
do olho, os dois nervos ópticos se cruzam e formam o
quiasma óptico (TORTORA, 14ª ed.).
↠ No quiasma, os axônios da metade medial de cada olho
cruzam para o lado oposto; os axônios da metade lateral
permanecem no mesmo lado. Posteriormente ao
quiasma, estes axônios reagrupados formam os tratos
ópticos (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A maioria dos axônios dos tratos ópticos termina no
núcleo geniculado lateral do tálamo. Lá eles fazem sinapse
com neurônios cujos axônios se estendem até a área
visual primária no lobo occipital (área 17) (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ Uns poucos axônios passam pelo núcleo geniculado
lateral e se projetam para os colículos superiores do
mesencéfalo e para núcleos motores do tronco
encefálico, onde fazem sinapse com neurônios motores
que controlam os músculos extrínsecos e intrínsecos do
bulbo do olho (TORTORA, 14ª ed.).
Epitélio
olfatório
Receptores olfatórios
- neurônios bipolates
Feixes de axônios
passam por 20
forames na lâmina
cribriforme
Formam o
NERVO
OLFATÓRIO
Terminam nos
bulbos olfatórios
Tratos
olfatórios
Área olfatória
primária - Lobo
temporal
4
@jumorbeck
Desequilíbrio homeostático: Dano ao nervo óptico resulta em cegueira
no olho por ele inervado; lesão na via visual após o quiasma óptico
resulta em perda parcial da visão; os déficits visuais são denominados
anopsia (MARIEB, 3ª ed.).
NERVO OCULOMOTOR, PAR III
Os nervos oculomotor, troclear e abducente são nervos cranianos que
controlam os músculos responsáveis pelo movimento dos bulbos dos
olhos. Todos são nervos motores e, quando saem do encéfalo, contêm
apenas axônios (TORTORA, 14ª ed.).
Os axônios sensitivos dos músculos extrínsecos do bulbo do olho
começam seu curso em direção ao encéfalo em cada um destes
nervos, mas eles acabam se unindo ao ramo oftálmico do nervo
trigêmeo. Os axônios sensitivos não chegam ao encéfalo pelos nervos
oculomotor, troclear ou abducente (TORTORA, 14ª ed.).
Os corpos celulares dos neurônios sensitivos unipolares se situam no
núcleo mesencefálico e entram no encéfalo pelo nervo trigêmeo.
Estes axônios transmitem impulsos nervosos dos músculos
extrínsecos do bulbo do olho relacionados com a propriocepção – a
percepção dos movimentos e da posição do corpo independente da
visão (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O nervo oculomotor possui dois núcleos motores: (1)
núcleo motor principal e (2) núcleo parassimpático
acessório (SNELL, 7ª ed.).
O núcleo principal do nervo oculomotor situa-se na parte anterior da
substância cinzenta que circunda o aqueduto do mesencéfalo. Localiza-
se ao nível do colículo superior (SNELL, 7ª ed.).
O núcleo parassimpático acessório (núcleo de Edinger-Westphal) é
posterior ao núcleo principal do nervo oculomotor (SNELL, 7ª ed.).
↠ O nervo oculomotor (III) tem seu núcleo motor
localizado na parte anterior do mesencéfalo. Este nervo
se projeta anteriormente e se divide em ramos superior
e inferior, ambos os quais passam pela fissura orbital
superior em direção à órbita (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os axônios do ramo superior inervam os músculos
reto superior (músculo extrínseco do bulbo do olho) e o
levantador da pálpebra superior (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os axônios do ramo inferior suprem os músculos reto
medial, reto inferior e oblíquo inferior – todos músculos
extrínsecos do bulbo do olho (TORTORA, 14ª ed.).
Admite-se que os músculos extrínsecos do olho derivam dos somitos
pré-ópticos, sendo, por conseguinte, de origem miotômica. As fibras
nervosas que os inervam são, pois, classificadas como e.ferentes
somáticas (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Estes neurônios motores somáticos controlam os
movimentos do bulbo do olho e da pálpebra superior
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O ramo inferior do nervo oculomotor também supre
axônios motores parassimpáticos dos músculos
intrínsecos do bulbo do olho, formados por músculos lisos.
Dentre eles estão os músculos ciliares do bulbo do olho
os músculos circulares (músculo esfíncter da pupila) da
Retina Bastonetes e
cones
Células
bipolares
Células
ganglionares
NERVO ÓPTICO
QUIASMA
ÓPTICO
Tratos ópticos
Núcleo
geniculado lateral
do tálamo
5
@jumorbeck
íris. Os impulsos parassimpáticos se propagam de um
núcleo mesencefálico (núcleo oculomotor acessório) para
o gânglio ciliar, um centro de transmissão sináptica para
os dois neurônios motores da parte parassimpática da
divisão autônoma do sistema nervoso (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A partir do gânglio ciliar, alguns axônios motores
parassimpáticos se projetam para o músculo ciliar,
responsável pelo ajuste da lente para a visão de objetos
próximos do observador (acomodação). Outros axônios
motores parassimpáticos estimulam os músculos
circulares da íris a se contrair quando uma luz intensa
estimula o olho, causando diminuição do tamanho da
pupila (constrição) (TORTORA, 14ª ed.).Estes músculos são lisos, e as fibras que os inervam classificam-se
como eferentes viscerais gerais (MACHADO, 3ª ed.).
Nervos principalmente motores (ocu/omotor =motor do olho);
apresenta uns poucos aferentes proprioceptivos; cada um dos nervos
inclui: (MARIEB, 3ª ed.).
• Fibras motoras somáticas para quatro dos seis músculos
extrínsecos do olho (músculos oblíquo inferior e retos
superior, inferior e medial), que ajudam a direcionar o bulbo
do olho, e para o músculo levantador da pálpebra superior,
que levanta a pálpebra;
• Fibras motoras parassimpáticas (autonômicas) para o
esfíncter da pupila (músculo circular da íris), as quais
provocam a contração da pupila, e para o músculo ciliar,
que controla a forma das lentes para o foco visual; alguns
corpos celulares parassimpáticos encontram-se no gânglio
ciliar;
• Aferentes sensoriais (proprioceptores), que vão dos quatro
músculos extrínsecos do olho para o mesencéfalo.
Desequilíbrio homeostático: Na paralisia do nervo oculomotor, o olho
não pode ser movimentado para cima, e para baixo, ou para dentro;
no repouso, o olho desvia lateralmente (estrabismo externo) porque
as ações dos dois músculos extrínsecos do olho, não-inervados pelo
nervo craniano III, ficam sem oposição; a pálpebra superior permanece
caída (ptose), e a pessoa tem visão dupla e dificuldade em focar
objetos próximos (MARIEB, 3ª ed.).
NERVO TROCLEAR, PAR IV
↠ O nervo troclear exerce função exclusivamente
motora (SNELL, 7ª ed.).
↠ O nervo troclear (IV) é o menor dos doze nervos
cranianos e o único que emerge da face posterior do
tronco encefálico (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os neurônios motores somáticos se originam de um
núcleo mesencefálico (núcleo troclear), e os axônios
deste núcleo cruzam para o lado oposto quando deixam
o encéfalo por sua face posterior (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A seguir, o nervo circunda a ponte e sai pela fissura
orbital superior em direção à órbita. Estes axônios
motores somáticos inervam o músculo oblíquo superior,
outro músculo extrínseco do bulbo do olho que controla
sua movimentação (TORTORA, 14ª ed.).
Desequilíbrio homeostático: Trauma ou paralisia de um nervo troclear
resulta em visão dupla e habilidade reduzida para rotacionar
inferolateralmente o olho (MARIEB, 3ª ed.).
Núcleo motor -
parte anterior do
mesencéfalo
Ramos superior
e inferior
Fissura orbital
superior
RAMO SUPERIOR -
músculo extrinseco
e levantador da
pálpebra supeirior
RAMO INFERIOR -
músculos
extrínsecos do bulbo
e axônios
parassimpáticos
Núcleo
mesencefálico -
troclear
Axônios cruzam
quando deixam o
encéfalo
Fissura orbital
superior
Órbita -
músculo oblíquo
superior.
6
@jumorbeck
NERVO TRIGÊMEO, V PAR
↠ O nervo trigêmeo possui quatro núcleos: (1) núcleo
sensitivo principal, (2) núcleo espinal, (3) núcleo
mesencefálico e (4) núcleo motor (SNELL, 7ª ed.).
Núcleo Sensitivo Principal: o núcleo sensitivo principal localiza-se na
parte posterior da ponte, lateral ao núcleo motor. Continua-se
inferiormente com o núcleo espinal (SNELL, 7ª ed.).
Núcleo Espinal: o núcleo espinal é contínuo superiormente com o
núcleo sensitivo principal na ponte e estende-se inferiormente através
de toda a extensão do bulbo e à parte superior da medula espinal, até
o segundo segmento cervical (SNELL, 7ª ed.).
Núcleo Mesencefálico: o núcleo mesencefálico compõe-se de uma
coluna de células nervosas unipolares situada na parte lateral da
substância cinzenta em volta do aqueduto do mesencéfalo. Estende-
se inferiormente na ponte até o núcleo sensitivo principal (SNELL, 7ª
ed.).
Núcleo Motor: o núcleo motor situa-se na ponte medial ao núcleo
sensitivo principal (SNELL, 7ª ed.).
↠ O nervo trigêmeo (V) é um nervo craniano misto e o
maior dos nervos cranianos. Ele emerge a partir de duas
raízes na face anterolateral da ponte (TORTORA, 14ª ed).
↠ A grande raiz sensitiva apresenta uma protuberância
conhecida como gânglio trigeminal (semilunar), localizado
em uma fossa na face interna da parte petrosa do
temporal. O gânglio contém corpos celulares da maior
parte dos neurônios sensitivos primários. Os neurônios da
raiz motora, menor, se originam em um núcleo pontino
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Como indica seu nome, o nervo trigêmeo apresenta
três ramos: oftálmico, maxilar e mandibular (TORTORA,
14ª ed.).
↠ O nervo oftálmico, o menor dos ramos, passa pela
órbita na fissura orbital superior. O nervo maxilar tem um
tamanho intermediário entre os ramos oftálmico e
mandibular e passa pelo forame redondo. O nervo
mandibular, o maior ramo, passa pelo forame oval
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os axônios sensitivos do nervo trigêmeo transmitem
impulsos nervosos de tato, dor e sensações térmicas
(calor e frio) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O nervo oftálmico contém axônios sensitivos da pele
da pálpebra superior, da córnea, das glândulas lacrimais,
da parte superior da cavidade nasal, da parte lateral do
nariz, da fronte e da metade anterior do escalpo
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O nervo maxilar contém axônios sensitivos da túnica
mucosa do nariz, do palato, de parte da faringe, dos
dentes superiores, do lábio superior e da pálpebra inferior
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O nervo mandibular contém axônios dos dois terços
anteriores da língua (não relacionados com a gustação),
da bochecha e sua túnica mucosa, dos dentes inferiores,
da pele sobre a mandíbula e anterior à orelha e da túnica
mucosa do assoalho da boca (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os axônios sensitivos dos três ramos entram no
gânglio trigeminal, onde seus corpos celulares estão
localizados, e terminam em núcleos pontinos (TORTORA,
14ª ed.).
↠ O nervo trigêmeo também recebe axônios sensitivos
de proprioceptores (receptores que fornecem
informações sobre a posição e os movimentos do corpo)
localizados nos músculos da mastigação e extrínsecos do
bulbo do olho; no entanto, os corpos celulares destes
neurônios estão localizados no núcleo mesencefálico
(TORTORA, 14ª ed.).
As sensações de tato e pressão são conduzidas por fibras nervosas
que terminam no núcleo sensitivo principal. As sensações de dor e
temperatura destinam-se ao núcleo espinal (SNELL, 7ª ed.).
↠ Os neurônios motores branquiais do nervo trigêmeo
fazem parte do nervo mandibular e suprem músculos da
mastigação (masseter, temporal, pterigoide medial etc)
7
@jumorbeck
Estes neurônios motores controlam principalmente os
movimentos mastigatórios (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Todos estes músculos derivam do primeiro arco
branquial, e as fibras que os inervam se classificam como
eferentes viscerais especiais (MACHADO, 3ª ed.).
Desequilíbrio homeostático: A neuralgia (dor) transmitida por um ou
mais ramos do nervo trigêmeo (V), causada por inflamações ou lesões,
é chamada de neuralgia do trigêmeo. A dor é lancinante, dura entre
alguns segundos e um minuto, e é causada por qualquer coisa que
pressione o nervo trigêmeo ou seus ramos. Ela ocorre quase
exclusivamente em pessoas acima dos 60 anos de idade e pode ser
o primeiro sinal de uma doença que provoque lesão dos nervos, como
o diabetes, a esclerose múltipla ou a deficiência de vitamina B12. Lesões
do nervo mandibular podem causar a paralisia dos músculos da
mastigação e a perda das sensibilidades tátil, térmica, dolorosa e
proprioceptiva da parte inferior da face (TORTORA, 14ª ed.).
NERVO ABDUCENTE, VI PAR
↠ O nervo abducente é um pequeno nervo motor que
supre o músculo reto lateral do bulbo do olho (SNELL, 7ª
ed.).
↠ Neurônios do nervo abducente (VI) se originam em
um núcleo pontino (núcleo abducente). Os axônios
motores somáticos se projetam deste núcleo em direção
ao músculo reto lateral, um músculo extrínseco do bulbo
do olho, pela fissura orbital superior (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O nervo abducente tem esse nome porque é
responsável pela abdução (rotação lateral) do bulbo do
olho (TORTORA,14ª ed.).
Desequilíbrio homeostático: Na paralisia do nervo abducente, o olho
não pode ser movido lateralmente; no repouso, o bulbo do olho
afetado desvia medialmente (estrabismo interno) (MARIEB, 3ª ed.).
NERVO FACIAL, VII PAR
↠ O nervo facial (VII) é um nervo craniano misto
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O nervo emerge do sulco bulbo-pontino através de
uma raiz motora, o nervo facial propriamente dito, e uma
raiz sensitiva e visceral, o nervo intermédio (de Wrisberg)
(MACHADO, 3ª ed.).
↠ O nervo facial possui três núcleos: (1) o núcleo motor
principal, (2) os núcleos parassimpáticos e (3) o núcleo
sensitivo (SNELL, 7ª ed.).
↠ Seus axônios sensitivos se projetam a partir dos
calículos gustatórios dos dois terços anteriores da língua,
entrando no temporal para se unir ao nervo facial. Deste
ponto, os axônios sensitivos passam pelo gânglio
geniculado, grupo de corpos celulares de neurônios
sensitivos do nervo facial dentro do temporal, e terminam
na ponte. A partir da ponte, os axônios de estendem até
o tálamo, e dali para áreas gustativas do córtex cerebral
(TORTORA, 14ª ed.).
Núcleo pontino -
abducente
Fissura orbital
superior
Músculo reto
lateral
8
@jumorbeck
↠ A parte sensitiva do nervo facial também apresenta
axônios da pele, do meato acústico externo que
transmitem sensações táteis, álgicas e térmicas. Além
disso, propriceptores de músculos da face e do escalpo
transmitem informações, por meio de seus corpos
celulares, para o núcleo mesencefálico (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ Os axônios dos neurônios motores branquiais se
originam de um núcleo pontino e saem pelo forame
estilomastóideo para inervar músculos da orelha média, da
face, do escalpo e do pescoço. Impulsos nervosos que se
propagam por estes axônios causam a contração dos
músculos da mímica facial, bem como do músculo estilo-
hióideo, ventre posterior do músculo digástrico e músculo
estapédio (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O nervo facial inerva mais músculos do que qualquer
outro nervo do corpo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Axônios de neurônios motores percorrem ramos do
nervo facial e se terminam em dois gânglios: o gânglio
pterigopalatino e o gânglio submandibular. Por meio de
transmissões sinápticas nos dois gânglios, os axônios
motores parassimpáticos se projetam para as glândulas
lacrimais (que secretam as lágrimas), as glândulas nasais,
as glândulas palatinas, as glândulas sublinguais e as
glândulas submandibulares (estas duas últimas produtoras
de saliva) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os nervos faciais são os principais nervos motores da
face; possuem cinco ramos principais: temporal,
zigomático, bucal, mandibular e cervical (MARIEB, 3ª ed.).
Desequilíbrio homeostático: Lesões do nervo facial (VII) por doenças
como infecções virais (herpes-zóster) ou bacterianas (doença de
Lyme) causam a paralisia de Bell (paralisia dos músculos faciais), bem
como perda de gustação, diminuição da salivação e perda da
capacidade de fechar os olhos, mesmo durante o sono. Este nervo
também pode ser lesado por traumatismo, tumores e AVE.
(TORTORA, 14ª ed.).
NERVO VESTIBULOCOCLEAR, VIII PAR
↠ O nervo vestibulococlear (VIII) era antigamente
conhecido como nervo acústico ou auditivo. Ele é um
nervo sensitivo e tem dois ramos, o vestibular e o coclear
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O ramo vestibular transmite impulsos relacionados com
o equilíbrio e o ramo coclear, com a audição (TORTORA,
14ª ed.).
↠ Na orelha interna, os axônios sensitivos do ramo
vestibular se projetam a partir dos canais semicirculares,
do sáculo e do utrículo para os gânglios vestibulares, onde
os corpos celulares destes neurônios estão localizados, e
9
@jumorbeck
se terminam nos núcleos vestibulares da ponte e do
cerebelo. Alguns axônios sensitivos também entram no
cerebelo via pedúnculo cerebelar inferior (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ Os axônios sensitivos do ramo coclear se originam no
órgão espiral (órgão de Corti), localizado na cóclea. Os
corpos celulares destes neurônios se situam no gânglio
espiral da cóclea. A partir daí, os axônios se projetam até
núcleos bulbares e terminam no tálamo (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ O nervo vestibulococlear contém algumas fibras
motoras. No entanto, em vez de inervarem tecidos
musculares, elas modulam as células ciliadas da orelha
interna (TORTORA, 14ª ed.).
Desequilíbrio homeostático: Lesões do ramo vestibular do nervo
vestibulococlear (VIII) podem causar vertigem (sensação subjetiva de
que o próprio corpo ou o ambiente estão rodando), ataxia
(descoordenação muscular) e nistagmo (movimentos involuntários
rápidos do bulbo do olho). Lesões do ramo coclear podem causar
zumbido ou surdez. Tais lesões podem ser secundárias a condições
como traumatismo, tumores ou infecções da orelha interna
(TORTORA, 14ª ed.).
NERVO GLOSSOFARÍNGEO, IX PAR
↠ O nervo glossofaríngeo (IX) é um nervo craniano misto
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O nervo glossofaríngeo possui três núcleos: (1) o
núcleo motor principal, (2) o núcleo parassimpático e (3)
o núcleo sensitivo (SNELL, 7ª ed.).
↠ Os axônios sensitivos deste nervo se originam:
(TORTORA, 14ª ed.).
• dos calículos gustatórios do terço posterior da
língua;
• de proprioceptores de alguns músculos de
deglutição que são inervados pela parte motora;
• de barorreceptores (receptores de pressão) do
seio carótico que monitoram a pressão
sanguínea;
• de quimiorreceptores (receptores que
monitoram os níveis sanguíneos de oxigênio e
de gás carbônico) nos glomos caróticos, situados
próximo das artérias carótidas, e nos glomos
paraórticos, localizados perto do arco da aorta;
• da orelha externa para transmitir impulsos táteis,
álgicos e térmicos (calor e frio).
↠ Os corpos celulares destes neurônios sensitivos estão
localizados nos gânglios superior e inferior. A partir destes
gânglios, os axônios sensitivos passam pelo forame jugular
e terminam no bulbo (TORTORA, 14ª ed.).
As fibras sensoriais conduzem impulsos gustatórios e sensoriais gerais
(tato, pressão, nocicepção) da faringe e porção posterior da língua;
de quimiorreceptores nos corpos carotídeos (monitoram os níveis de
02 e C02 no sangue e ajudam a regular a frequência e a profundidade
respiratórias); e de barorreceptores do seio carotídeo (que monitoram
a pressão sanguínea). Os corpos celulares dos neurônios sensoriais
estão localizados nos gânglios superior e inferior (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Os axônios dos neurônios motores do nervo
glossofaríngeo partem de núcleos bulbares e saem do
crânio pelo forame jugular. Os neurônios motores
ORELHA
INTERNA -
Axônios
Canais
semicirculares
Gânglios
vestibulares
Núcleo vestibular
da ponte e
cerebelo
Órgão espiral -
Axônios
Gânglio espiral
Núcleos
bulbares
Tálamo
Axônios
sensitivos
Glânglios superior
e inferior
Forame jugularBulbo
10
@jumorbeck
branquiais inervam o músculo estilofaríngeo, que auxilia na
deglutição, e os axônios dos neurônios motores
parassimpáticos estimulam a secreção de saliva pela
glândula parótida (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os corpos celulares pós-ganglionares dos neurônios
motores parassimpáticos situam-se no gânglio ótico
(TORTORA, 14ª ed.).
Desequilíbrio homeostático: Lesões do nervo glossofaríngeo causam
disfagia, ou dificuldade para engolir; aptialia, ou diminuição da secreção
de saliva; perda de sensibilidade na garganta/faringe; e ageusia, ou
perda do paladar. Tais lesões podem ser secundárias a traumas ou
tumores (TORTORA, 14ª ed.).
NERVO VAGO, X PAR
↠ O nervo vago (X) é um nervo craniano misto que
passa pela cabeça e pelo pescoço até o tórax e o
abdome (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O nervo vago, o maior dos nervos cranianos, é misto
e essencialmente visceral. Emerge do sulco lateral
posterior do bulbo sob a forma de filamentos radiculares
que se reúnem para formar o nervo vago (MACHADO,
3ª ed.).
↠O nervo vago possui três núcleos: (1) o núcleo motor
principal, (2) o núcleo parassimpático e (3) o núcleo
sensitivo (SNELL, 7ª ed.).
↠ Ele tem este nome devido a sua ampla distribuição no
corpo. No pescoço, ele é medial e posterior à veia jugular
interna e à artéria carótida comum (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Neste longo trajeto, o nervo vago dá origem a
numerosos ramos que inervam a laringe e a faringe,
entrando na formação dos plexos viscerais que
promovem a inervação autônoma das vísceras torácicas
e abdominais (MACHADO, 3ª ed.).
↠ O vago possui dois gânglios sensitivos, o gânglio
superior (ou jugular), situado ao nível do forame jugular,
e o gânglio inferior (ou nodoso), situado logo abaixo desse
forame (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Entre os dois gânglios, reúne-se ao vago o ramo
interno do nervo acessório (MACHADO, 3ª ed.).
↠ Os axônios sensitivos do nervo vago se originam da
pele da orelha externa para enviar informações sensitivas
táteis, álgicas e térmicas; de alguns receptores gustativos
na epiglote e na faringe; e de proprioceptores em
músculos do pescoço e da faringe. Além disso, este nervo
apresenta axônios sensitivos derivados de
barorreceptores no seio carótico e de quimiorreceptores
nos glomos paraórticos (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A maior parte dos neurônios sensitivos se origina de
receptores da maioria dos órgãos situados nas cavidades
torácica e abdominal, transmitindo sensações (como
fome, plenitude e desconforto) destes órgãos
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os corpos celulares destes neurônios sensitivos estão
localizados nos gânglios superior e inferior; seus axônios
então passam pelo forame jugular e terminam no bulbo
e na ponte (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os neurônios motores branquiais, que percorrem uma
curta distância junto com o nervo acessório, se originam
de núcleos bulbares e suprem músculos da faringe, da
laringe e do palato mole que são utilizados na deglutição,
na vocalização e na tosse (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Historicamente estes neurônios motores foram
chamados de nervo acessório craniano, mas, na verdade,
estas fibras pertencem ao nervo vago (X) (TORTORA,
14ª ed.).
↠ Os axônios de neurônios motores parassimpáticos do
nervo vago se originam de núcleos bulbares e inervam
os pulmões, o coração, glândulas do trato gastrintestinal
(TGI) e músculos lisos das vias respiratórias, do esôfago,
do estômago, da vesícula biliar, do intestino delgado e de
boa parte do intestino grosso. Os axônios motores
parassimpáticos estimulam a contração dos músculos lisos
do TGI, para auxiliar na motilidade deste trato, e na
Axônios
sensitivos -
receptores
Glânglios superior
e inferior
Forame jugularBulbo e ponte
11
@jumorbeck
secreção das glândulas digestórias; ativam músculos lisos
das vias respiratórias para diminuir seu calibre; e diminuem
a frequência cardíaca (TORTORA, 14ª ed.).
Desequilíbrio homeostático: Lesões do nervo vago (X), secundárias a
doenças como traumas ou tumores, causam neuropatia vagal, ou
interrupção no envio das sensações de vários órgãos das cavidades
torácica e abdominal; disfagia, ou dificuldade em engolir; e taquicardia,
ou aumento da frequência cardíaca (TORTORA, 14ª ed.).
NERVO ACESSÓRIO, XI PAR
↠ O nervo acessório (XI) é um nervo craniano branquial.
Historicamente ele foi dividido em duas partes: um nervo
acessório craniano e um nervo acessório medular.
Atualmente classifica-se o nervo acessório craniano como
parte do nervo vago (X) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O “antigo” nervo acessório medular é o que
discutiremos. Seus neurônios motores se originam dos
cornos anteriores dos primeiros cinco segmentos da
parte cervical da medula espinal. Seus axônios deixam a
medula espinal lateralmente, unindo-se mais adiante;
sobem pelo forame magno, e então saem pelo forame
jugular junto com os nervos vago e glossofaríngeo
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O nervo acessório transmite impulsos motores para
os músculos esternocleidomastóideo e trapézio com o
objetivo de coordenar os movimentos da cabeça
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os axônios sensitivos deste nervo, derivados de
proprioceptores dos músculos esternocleidomastóideo e
trapézio, começam seu curso em direção ao encéfalo no
nervo acessório; entretanto, eles acabam deixando este
nervo para se juntar a nervos do plexo cervical. A partir
do plexo cervical, estes axônios entram na medula espinal
por meio das raízes posteriores dos nervos cervicais;
seus corpos celulares estão localizados nos gânglios
sensitivos destes nervos. Na medula espinal, os axônios
então ascendem em direção a núcleos bulbares
(TORTORA, 14ª ed.).
O nervo acessório é formado por uma raiz craniana (ou bulbar) e uma
raiz espinhal. A raiz espinhal é formada por filamentos radiculares que
emergem da face lateral dos cinco ou seis primeiros segmentos
cervicais da medula e constituem um tronco comum que penetra no
crânio pelo forame magno A este tronco reúnem-se os filamentos da
raiz craniana que emergem do sulco lateral posterior do bulbo. O
tronco comum atravessa o brame jugular em companhia dos nervos
glossofaríngeo e vago, dividindo-se em um ramo interno e outro
externo. O ramo interno, que contém as fibras da raiz craniana, reúne-
Neurônios
motores
Cornos
anteriores da
região cervical
Forame magnoForame jugular
12
@jumorbeck
se ao vago e distribui-se com ele. O ramo externo contém as fibras
da raiz espinhal, tem trajeto próprio e, dirigindo-se obliquamente para
baixo, inerva os músculos trapézio e estemocleidomastoídeo
(MACHADO, 3ª ed.).
Desequilíbrio homeostático: Se o nervo acessório é lesado por
doenças como traumatismos, tumores ou AVE ocorre a paralisia dos
músculos esternocleidomastóideo e trapézio. Nesta condição, o
indivíduo não consegue elevar os ombros e tem dificuldade em realizar
a rotação da cabeça. (TORTORA, 14ª ed.).
NERVO HIPOGLOSSO, XII PAR
↠ O nervo hipoglosso (XII) é um nervo craniano motor.
Seus axônios motores somáticos se originam de um
núcleo bulbar (núcleo do nervo hipoglosso), saem do
bulbo pela sua face anterior, e passam pelo canal do
nervo hipoglosso para então inervar os músculos da
língua. Estes axônios conduzem impulsos nervosos
relacionados com a fala e a deglutição (TORTORA, 14ª
ed.).
Os axônios sensitivos não voltam para o encéfalo pelo nervo
hipoglosso. Em vez disso, os axônios sensitivos que se originam de
proprioceptores de músculos da língua, embora comecem seu curso
em direção ao encéfalo no nervo hipoglosso, deixam o nervo para se
juntar a nervos espinais cervicais e terminam no bulbo, entrando na
parte central do sistema nervoso pelas raízes posteriores dos nervos
espinais cervicais (TORTORA, 14ª ed.).
Desequilíbrio homeostático: Lesões do nervo hipoglosso (XII) podem
causar dificuldades na mastigação; disartria (dificuldade para falar); e
disfagia (TORTORA, 14ª ed.).
Artigos
Disfunção do olfato e paladar em pacientes com COVID-19:
uma revisão bibliográfica (SILVA et. al, 2021)
Vários estudos mostraram uma associação entre COVID-19 e
sintomas quimiossensoriais, como disfunção olfatória e disgeusia.
A disfunção olfatória inclui uma perda completa do olfato
(anosmia); diminuição do olfato (hiposmia) ou distorção do olfato
(disosmia).
A patogênese relacionada às alterações no olfato e no paladar
em pacientes com COVID-19 ainda não é totalmente
compreendida. Acredita-se que as alterações no sentido do
olfato se originem de danos ao bulbo olfatório ou nervo olfatório
causados pelo vírus. Foi relatado que o vírus causa danos
diretamente na cavidade oral e no epitélio olfatório por meio
dos receptores da enzima conversora de angiotensina 2
(ACE2).
Descobriram que o vírus se liga aos receptores ACE no epitélio
nasal e causa degeneração da mucosa nasal e subsequente
inflamação e dano aos receptores neurais responsáveis pelo
olfato. Outra hipótese, atualmenteAlém disso, protege o encéfalo de impactos causados por
movimentos rápidos da cabeça, bem como fornece alguns nutrientes
aos tecidos do SNC (SEELY, 10ª ed.).
Medula Espinal
↠ A medula espinal passa pelo canal vertebral da coluna
vertebral. O canal vertebral é formado de forames
vertebrais sucessivos das vértebras articuladas. A medula
espinal estende-se do forame magno na base do osso
occipital até o nível da primeira ou segunda vértebra
lombar (L I ou L II). Nessa extremidade inferior, a medula
espinal afunila no cone medular (“cone da medula espinal”).
Um filamento longo de tecido conjuntivo, o filamento
terminal, estende-se do cone medular e conecta-se ao
cóccix inferiormente ancorando a medula espinal de
modo a não ser empurrada pelos movimentos corporais
(MARIEB, 7ª ed.).
Durante a infância, a medula espinal e a coluna vertebral crescem, se
alongando, como parte do crescimento total do corpo. A medula
espinal para de crescer entre 4 e 5 anos de idade, mas a coluna
vertebral continua crescendo. Desse modo, a medula espinal do adulto
não acompanha toda a extensão da coluna vertebral. A medula espinal
do adulto varia entre 42 a 45 cm de comprimento. Seu diâmetro
máximo é de aproximadamente 1,5 cm na região cervical inferior e é
ainda menor na região torácica e em sua extremidade inferior
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Em uma vista externa da medula espinal, são
observadas duas intumescências. A superior, a
intumescência cervical, se estende da quarta vértebra
cervical (C IV) até a primeira vértebra torácica (T I). Os
nervos dos membros superiores são derivados desta
região. A inferior, chamada intumescência lombar, se
estende da nona até a décima segunda vértebra torácica
(T XII). Os nervos dos membros inferiores se originam
desta região (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Abaixo da intumescência lombar, a medula espinal se
termina em uma estrutura cônica e afilada conhecida
como cone medular, que se estende até o nível do disco
intervertebral entre a primeira e a segunda vértebras
lombares (L I–L II) em adultos. Do cone medular surge o
filamento terminal, uma extensão de pia-máter que se
estende inferiormente, se funde com a aracnoide-máter
e com a dura-máter, e ancora a medula espinal no cóccix
(TORTORA, 14ª ed.).
10
@jumorbeck
↠ A medula espinal dá origem a 31 pares de nervos
espinais, que saem da coluna vertebral através dos
forames intervertebrais e sacrais. Cada nervo espinal é
constituído de um feixe de axônios, células de Schwann
e bainhas de tecido conectivo (SEELY, 10ª ed.).
A membrana mais espessa e superficial é a dura-máter, a qual forma
um saco, geralmente denominado saco tecal, que envolve a medula
espinal. O saco tecal adere-se à borda do forame magno e termina ao
nível da segunda vértebra sacral (SEELY, 10ª ed.).
Uma secção transversal revela que a medula espinal consiste em uma
porção esbranquiçada superficial e uma porção acinzentada profunda.
A substância branca consiste em axônios mielinizados, que formam as
vias nervosas, e a substância cinzenta consiste em corpos celulares de
neurônios, dendritos e axônios. Uma fissura mediana ventral e um sulco
mediano dorsal são fendas profundas que separam parcialmente as
duas metades da medula espinal. A substância branca em cada metade
da medula espinal é organizada em três colunas, ou funículos,
denominadas colunas ventral (anterior), dorsal (posterior) e lateral. Cada
coluna é subdividida em tratos, ou fascículos, também referidos como
vias. Um conjunto de axônios dentro do SNC é chamado de trato,
enquanto fora do SNC é chamado de nervo (SEELY, 10ª ed.).
A substância cinzenta central é organizada em cornos. Cada metade
dessa substância da medula espinal consiste em um corno posterior
(dorsal) relativamente fino e um corno anterior (ventral) maior. O canal
central, situado no centro da comissura cinzenta, ajuda a circular o
LCS associado com o sistema ventricular (SEELY, 10ª ed.).
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO (SNP)
↠ O SNP consiste em todos os tecidos nervosos fora do
SNC. Isso inclui receptores sensoriais, nervos, gânglios e
plexos (SEELY, 10ª ed.).
DEFINIÇÕES
• Nervo é um feixe composto por centenas de milhares de
axônios, associados a seu tecido conjuntivo e seus vasos
sanguíneos, que se situa fora do encéfalo e da medula
espinal (TORTORA, 14ª ed.).
• Os gânglios são pequenas massas de tecido nervoso
compostas primariamente por corpos celulares que se
localizam fora do encéfalo e da medula espinal. Estas
estruturas têm íntima associação com os nervos cranianos
e espinais (TORTORA, 14ª ed.).
• Os plexos entéricos são extensas redes neuronais
localizadas nas paredes de órgãos do sistema digestório
(TORTORA, 14ª ed.).
• O termo receptor sensitivo refere-se à estrutura do
sistema nervoso que monitora as mudanças nos ambientes
externo ou interno. São exemplos de receptores sensitivos
os receptores táteis da pele, os fotorreceptores do olho e
os receptores olfatórios do nariz. (TORTORA, 14ª ed.).
• Terminações motoras: são as terminações dos axônios dos
neurônios motores que inervam os efetores: órgãos,
músculos e glândulas (MARIEB, 7ª ed.).
↠ O SNP é dividido em sistema nervoso somático (SNS),
sistema nervoso autônomo (SNA, divisão autônoma do
sistema nervoso segundo a Terminologia Anatômica) e
sistema nervoso entérico (SNE) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O SNP é dividido funcionalmente em sensitivo e motor
(MARIEB, 7ª ed.).
11
@jumorbeck
↠ As entradas sensitivas e as saídas (motoras) do SNP
são subdivididas em somáticas (inervação do tubo
externo) ou viscerais (inervação dos órgãos viscerais ou
tubo interno). Dentro da divisão sensitiva, as aferências são
diferenciadas em gerais (disseminadas) ou especiais
(localizadas, isto é, sentidos especiais). O componente
motor visceral do SNP é a divisão autônoma do sistema
nervoso (SNA), que possui as partes parassimpática e
simpática (MARIEB, 7ª ed.).
Neurônios
↠ As células nervosas ou neurônios são responsáveis
pela recepção e pelo processamento de informações,
atividades que terminam com a transmissão de sinalização
por meio da liberação de neurotransmissores e de outras
moléculas informacionais (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ O neurônio é a unidade funcional do sistema nervoso
(uma unidade funcional é a menor estrutura que pode
realizar as funções de um sistema) (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
↠ Os neurônios são formados pelo corpo celular, ou
pericário, constituído pelo núcleo e por parte do
citoplasma. O pericário emite prolongamentos, cujo
volume total é geralmente maior do que o do corpo
celular (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Os neurônios têm morfologia complexa, mas quase
todos apresentam três componentes:
• Dendritos: prolongamentos cujo diâmetro
diminui à medida que se afastam do pericário.
São ramificados e numerosos e constituem o
principal local para receber os estímulos do meio
ambiente, de células epiteliais sensoriais ou de
outros neurônios (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A maioria das células nervosas tem numerosos dendritos, que
aumentam consideravelmente a superfície celular, tornando possível
receber impulsos trazidos por numerosas terminações axonais de
outros neurônios (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Os neurônios que têm um só dendrito (bipolares) são pouco
frequentes e localizam-se somente em algumas regiões específicas.
Ao contrário dos axônios, que mantêm o diâmetro constante ao longo
de seu comprimento, os dendritos tornam-se mais finos à medida que
se ramificam, como os galhos de uma árvore (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A composição do citoplasma da base dos dendritos, próximo ao
pericário, é semelhante à do corpo celular; porém, não há complexo
de Golgi (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A maioria dos impulsos que chegam a um neurônio é recebida por
pequenas projeções dos dendritos, os espinhos dendríticos. São
formados por uma parte alongada presa aoa mais aceita, sugere as
alterações diretas do sistema nervoso central pelo vírus.
Paralisia isolada do nervo abducente associada à doença por
coronavírus: acompanhamento de 8 meses (MEDEIROS et. al.,
2019)
O SARS-CoV-2 possui capacidades neurotrópicas e
neuroinvasivas. Neurite óptica bilateral, papiledema e paresia
aguda do nervo craniano (NC), incluindo envolvimento do nervo
abducente e oculomotor, foram relatados.
Paciente do sexo masculino de 48 anos que apresentou
paralisia isolada do nervo abducente após COVID-19, sem
evidência de envolvimento do NC em neuroimagem. Além
disso, descreveu-se a melhora completa e espontânea do caso
em um período de 8 meses.
O SARS-CoV-2 usa a enzima conversora de angiotensina 2
(ACE2) para invadir células humanas. Como os receptores
ACE2 estão presentes nas células e neurônios da glia, eles
concluíram que parte do comprometimento neurológico na
COVID-19 pode ser devido a lesão neurológica viral direta ou os
mecanismos autoimunes e neuroinflamatórios indiretos.
Ageusia e anosmia na covid-19: manifestações de interesse na
odontologia (VIEIRA; CASAIS, 2020)
Os distúrbios do paladar têm, na maioria dos casos, origem em
uma disfunção olfativa. O paladar e olfato, atuam de maneira
conjunta e conceituam-se como sentidos, cujos receptores são
estimulados por sentidos químicos. São intermediados pelo
sistema nervoso periférico, que identificam os estímulos
sensoriais, na cavidade oral e nasal, e encaminham a informação
para o sistema nervoso central.
O paladar é a sensação que nos permite diferenciar sabores,
como doce, amargo, salgado e azedo. Esta percepção é
decorrente da presença de estruturas na língua, denominadas
de papilas gustativas, as quais são formadas por três tipos de
células: células receptoras do sabor, células de suporte e células
precursoras ou basais. As células receptoras do sabor,
encontradas nas papilas gustativas, são inervadas por neurônios
aferentes, que transmitem a sensação até o cérebro, por três
nervos cranianos:
13
@jumorbeck
• o ramo sensitivo do nervo intermédio (N. facial), que
inerva os receptores de gosto no terço anterior da
língua (corda timpano) e palato (N. petroso superficial);
• Nervo glossofaríngeo, que inerva os receptores na
porção posterior da língua;
• Nervo vago (N. laríngeo superior), que inerva os
receptores na orofaringe e porção faríngea da
epiglote.
No olfato, a informação sensorial é transmitida ao cérebro por
meio dos bulbos olfatórios e difere do paladar, pois é inervado
por apenas um nervo - o olfatório, que imerge pelas
perfurações da placa cribiforme e alcançam no bulbo olfatório.
Estudos apontam que a perda de paladar e olfato se
manifestam no início da doença pelo novo Coronavírus e em
quadros leves, sendo de grande relevância considerá-los como
prodrômicos, por surgirem antes mesmo de manifestações
respiratórias.
Referências
SNELL, R. S. Neuroanatomia clínica, 7ª ed., Guanabara
Koogan, 2010.
MACHADO A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional,
Atheneu, 3ª ed.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
SILVA et. al, 2021. Disfunção do olfato e paladar em
pacientes com COVID-19: uma revisão bibliográfica.
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MEDEIROS et. al., 2019. Paralisia isolada do nervo abducente
associada à doença por coronavírus: acompanhamento
de 8 meses. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 2019.
VIEIRA, V. S.; CASAIS, P. M. M. Ageusia e anosmia na covid-
19: manifestações de interesse na odontologia, 2020.
1
@jumorbeck
Objetivos
1- Estudar a anatomofisiologia da audição e a
histologia das células envolvidas na audição;
2- Citar os microrganismos que afetam o
desenvolvimento embrionário;
Audição
↠ A orelha é um órgão sensorial especializado em duas
funções distintas: audição e equilíbrio (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
↠ A audição é a capacidade de perceber os sons. A
orelha é uma maravilha da engenharia porque seus
receptores sensitivos permitem a transdução de
vibrações sonoras com amplitudes tão pequenas quanto
o diâmetro de um átomo de ouro (0,3 nm) em sinais
elétricos mil vezes mais rapidamente do que os
fotorreceptores podem responder à luz (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ A orelha também possui receptores para o equilíbrio,
o sentido que ajuda você a manter seu equilíbrio e se
orientar no espaço (TORTORA, 14ª ed.).
Anatomia da orelha
↠ Os órgãos da audição e equilíbrio são divididos em três
partes: orelha externa, orelha média e orelha interna. As
orelhas externa e média estão envolvidas somente na
audição, enquanto a interna tem as funções de audição e
equilíbrio (SEELY, 10ª ed.).
↠ A orelha é dividida em três regiões principais:
(TORTORA, 14ª ed.).
• a orelha externa, que coleta as ondas sonoras e
as direciona para dentro;
• a orelha média, que conduz as vibrações sonoras
para a janela do vestíbulo (oval);
• a orelha interna, que armazena os receptores
para a audição e para o equilíbrio.
ORELHA EXTERNA
↠ A orelha externa é formada pela orelha (pavilhão
auricular, aurícula ou pina), pelo meato acústico externo e
pela membrana timpânica (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A orelha é uma aba de cartilagem elástica com
formato semelhante à extremidade de uma corneta e
recoberta por pele. A sua margem é a hélice; a parte
inferior é o lóbulo. Ligamentos e músculos ligam a orelha
à cabeça (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O meato acústico externo é um tubo curvado com
cerca de 2,5 cm de comprimento que se encontra no
temporal e leva à membrana timpânica (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ A forma do pavilhão nos torna mais sensíveis aos sons
que chegam de frente do que de trás (BEAR et. al., 4ª
ed.).
↠ Próximo a sua abertura externa, o meato acústico
externo contém alguns pelos e glândulas sudoríferas
especializadas chamadas de glândulas ceruminosas, que
secretam cera de ouvido ou cerume. A combinação
entre pelos e cerume ajuda a evitar a entrada de poeira
e de objetos estranhos na orelha. O cerume também
evita danos à pele delicada do meato acústico externo
que podem ser causados pela água e por insetos. O
cerume em geral desidrata e desprende-se do meato
acústico (TORTORA, 14ª ed.).
Entretanto, algumas pessoas produzem muito cerume, que pode se
tornar compactado e amortecer os sons. O tratamento do cerume
impactado é a irrigação periódica da orelha ou a remoção da cera
com um instrumento rombo pelo otorrinolaringologista (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ A membrana timpânica ou tímpano é uma divisão fina
e semitransparente entre o meato acústico externo e a
orelha média. A membrana timpânica é coberta por
epiderme e revestida por um epitélio cúbico simples.
Entre as camadas epiteliais encontra-se tecido conjuntivo
composto por colágeno, fibras elásticas e fibroblastos
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ As ondas sonoras provocam a vibração do tímpano.
Esta membrana timpânica transfere a energia sonora para
os minúsculos ossículos da orelha média, fazendo-os
vibrar (MARIEB, 3ª ed.).
APG 09 -SERÁ QUE ELE VAI CONSEGUIR ME OUVIR?
2
@jumorbeck
O rompimento da membrana timpânica é chamado de perfuração do
tímpano. Ele pode ser causado pela pressão de um cotonete, por
traumatismo ou por uma infecção na orelha média e em geral se cura
em 1 mês (TORTORA, 14ª ed.).
A membrana timpânica pode ser avaliada diretamente pelo uso de um
otoscópio, um instrumento que ilumina e amplia o meato acústico
externo e a membrana timpânica (TORTORA, 14ª ed.).
ORELHA MÉDIA
↠ A orelha média é uma pequena cavidade, cheia de ar
e revestida por epitélio, situada na parte petrosa do
temporal. Ela é separada da orelha externa pela
membrana timpânica e da orelha interna por uma divisão
óssea fina que contémdendrito e terminam com
uma pequena dilatação. Os espinhos dendríticos são muito numerosos
e um importante local de recepção de sinalização (impulsos nervosos)
que chega à membrana dos dendritos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
• Corpo celular ou pericárdio: é o centro trófico
da célula, onde se concentram organelas, e que
também é capaz de receber estímulos
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
O corpo celular, ou pericário, é a porção do neurônio que contém o
núcleo e o citoplasma que envolve o núcleo. Na maioria dos neurônios
o núcleo é esférico e aparece pouco corado, pois seus cromossomos
são muito distendidos, indicando a alta atividade sintética dessas células
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
12
@jumorbeck
O corpo celular dos neurônios é rico em retículo endoplasmático
granuloso, que forma agregados de cisternas paralelas, entre as quais
existem numerosos polirribossomos livres. Esses conjuntos de
cisternas e ribossomos são vistos ao microscópio óptico como
manchas basófilas espalhadas pelo citoplasma, os corpúsculos de Nissl
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
O complexo de Golgi localiza-se exclusivamente no pericário e é
formado por vários grupos de cisternas localizados em torno do
núcleo. As mitocôndrias existem em quantidade moderada no
pericário, mas são encontradas em grande número nas terminações
axonais (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
• Axônio: prolongamento único, de diâmetro
constante na maior parte de seu percurso e
ramificado em sua terminação. É especializado
na condução de impulsos que transmitem
informações do neurônio para outras células
(nervosas, musculares, glandulares) (JUNQUEIRA,
13ª ed.).
Cada neurônio emite um único axônio, cilindro de comprimento e
diâmetro que dependem do tipo de neurônio. Na maior parte de sua
extensão, os axônios têm um diâmetro constante e não se ramificam
abundantemente, ao contrário do que ocorre com os dendritos
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Alguns axônios são curtos, mas, na maioria dos casos, são mais longos
do que os dendritos das mesmas células. Os axônios das células
motoras da medula espinal que inervam os músculos do pé de um
adulto, por exemplo, podem ter mais de 1 m de comprimento
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Geralmente, o axônio se origina de uma pequena formação cônica
que se projeta do corpo celular, denominada cone de implantação. O
trecho do axônio que parte do cone de implantação, denominado
segmento inicial, não é recoberto por mielina. É um trecho curto, mas
muito importante para a geração do impulso nervoso, fato que se
deve à existência de grande quantidade de canais iônicos para Na+ em
sua membrana plasmática (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
O citoplasma do axônio, ou axoplasma, é muito pobre em organelas.
Tem poucas mitocôndrias, algumas cisternas do retículo
endoplasmático liso e muitos microfilamentos e microtúbulos. A
ausência de retículo endoplasmático granuloso e de polirribossomos
demonstra que o axônio é mantido pela atividade sintética do
pericárdio (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS NERVOSAS
As dimensões e a forma das células nervosas e seus prolongamentos
são muito variáveis. O corpo celular pode ser esférico, piriforme ou
anguloso. Em geral, as células nervosas são grandes, podendo o corpo
celular medir até 150 µm de diâmetro. Uma célula com essa dimensão,
quando isolada, é visível a olho nu. Todavia, os neurônios denominados
células granulosas do cerebelo estão entre as menores células dos
mamíferos, tendo seu corpo celular 4 a 5 µm de diâmetro
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS
De acordo com sua morfologia, os neurônios podem ser classificados
nos seguintes tipos: (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
• Neurônios bipolares: que têm um dendrito e um axônio.
• Neurônios multipolares: que apresentam vários dendritos e
um axônio
• Neurônios pseudounipolares: que apresentam junto ao
corpo celular um prolongamento único que logo se divide
em dois, dirigindo-se um ramo para a periferia e outro para
o SNC.
A maioria dos neurônios é multipolar (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Os neurônios podem ainda ser classificados segundo a sua função. Os
motores controlam órgãos efetores, tais como glândulas exócrinas e
endócrinas e fibras musculares. Os sensoriais recebem estímulos
sensoriais do meio ambiente e do próprio organismo. Os interneurônios
estabelecem conexões entre neurônios, sendo portanto, fundamentais
para a formação de circuitos neuronais desde os mais simples até os
mais complexos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Obs.: No SNC os corpos celulares dos neurônios localizam-se somente na
substância cinzenta. A substância branca não apresenta pericários, mas apenas
prolongamentos deles. No SNP os pericários são encontrados em gânglios e
em alguns órgãos sensoriais, como a mucosa olfatória (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
Células da neuroglia do SNC
A neuróglia ou glia constitui aproximadamente metade do volume do
SNC. Seu nome deriva da concepção de antigos histologistas que
acreditavam que a neuróglia era a “cola” que mantinha o tecido
nervoso unido. Agora sabemos que a neuróglia não é uma mera
expectadora e de fato participa ativamente nas funções do tecido
nervoso. Geralmente as células da neuróglia são menores que os
neurônios, mas são 5 a 25 vezes mais numerosas. Ao contrário dos
neurônios, a neuroglia não gera ou propaga potenciais de ação e pode
se multiplicar e se dividir no sistema nervoso maduro. Quando ocorre
uma lesão ou uma doença, a neuróglia se multiplica para preencher
os espaços anteriormente ocupados pelos neurônios (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ Sob a designação de neuróglia ou glia incluem-se
vários tipos celulares encontrados no SNC ao lado dos
neurônios (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
13
@jumorbeck
↠ Neuróglia são as principais células de suporte no SNC;
elas participam da formação e permeabilidade da barreira
entre o sangue e os neurônios, fagocitam substâncias
estranhas, produzem líquido cerebrospinal e formam
bainha de mielina na volta dos axônios. Existem quatro
tipos de neuróglia do SNC (SEELY, 10ª ed.)
Nas lâminas coradas pela hematoxilina-eosina (HE), as células da glia
não se destacam bem, aparecendo apenas os seus núcleos entre os
de dimensões geralmente maiores dos neurônios. Para o estudo da
morfologia das células da neuróglia, utilizam-se métodos especiais de
impregnação metálica por prata ou ouro (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Calcula-se que no SNC haja 10 células da glia para cada
neurônio; no entanto, em virtude do menor tamanho das
células da neuróglia, elas ocupam aproximadamente a
metade do volume do tecido. O tecido nervoso tem uma
quantidade mínima de material extracelular, e as células
da glia fornecem um microambiente adequado em torno
dos neurônios, desempenhando ainda outras funções
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As várias células da glia são formadas por um corpo
celular e por seus prolongamentos. Os seguintes tipos
celulares formam o conjunto das células da glia:
oligodendrócitos, astrócitos, células ependimárias e células
da micróglia. (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
OLIGODENDRÓCITOS
↠ Os oligodendrócitos, por meio de seus
prolongamentos, que se enrolam várias vezes em volta
dos axônios, produzem as bainhas de mielina, que isolam
os axônios emitidos por neurônios do SNC (JUNQUEIRA,
13ª ed.).
↠ Cada oligodendrócito pode emitir inúmeros
prolongamentos, e cada um reveste um curto segmento
de um axônio. Dessa maneira, ao longo de seu trajeto,
um axônio é revestido por uma sequência de
prolongamentos de diversos oligodendrócitos
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
ASTRÓCITOS
↠ Os astrócitos são células de forma estrelada com
múltiplos prolongamentos irradiando do corpo celular. Eles
14
@jumorbeck
têm muitos feixes de filamentos intermediários
constituídos pela proteína fibrilar ácida da glia, os quais são
um importante elemento de suporte estrutural dos
prolongamentos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Há dois tipos de astrócitos:fibrosos e protoplasmáticos.
Os astrócitos fibrosos têm prolongamentos menos
numerosos e mais longos, e se localizam
preferencialmente na substância branca. Os astrócitos
protoplasmáticos, encontrados principalmente na
substância cinzenta, apresentam maior número de
prolongamentos, curtos e muito ramificados (JUNQUEIRA,
13ª ed.).
↠ Além da função de sustentação dos neurônios, os
astrócitos participam do controle da composição iônica e
molecular do ambiente extracelular. Alguns apresentam
prolongamentos, chamados de pés vasculares, que se
dirigem para capilares sanguíneos e se expandem sobre
curtos trechos deles. Admite-se que esses
prolongamentos transfiram moléculas e íons do sangue
para os neurônios (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Os astrócitos comunicam-se por meio de junções
comunicantes, formando uma rede por onde informações
podem transitar de um local para outro, alcançando
distâncias relativamente grandes dentro do SNC
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
MICRÓGLIA
↠ As células da micróglia são pequenas e ligeiramente
alongadas, com prolongamentos curtos e irregulares,
geralmente emitidos em ângulos retos entre si
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Essas células podem ser identificadas nas lâminas
histológicas coradas por HE, porque seus núcleos são
escuros e alongados, contrastando com os esféricos das
outras células da glia (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As células da micróglia são fagocitárias e derivam de
precursores que provavelmente penetraram no SNC
durante a vida intrauterina. Por isso, são consideradas
pertencentes ao sistema mononuclear fagocitário. As
células da micróglia participam da inflamação e da
reparação do SNC. Quando ativadas, elas retraem seus
prolongamentos, assumem a forma dos macrófagos e
tornam-se fagocitárias e apresentadoras de antígenos
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A micróglia secreta diversas citocinas reguladoras do
processo imunitário e remove os restos celulares que
surgem nas lesões do SNC (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CÉLULAS EPENDIMÁRIAS
↠ Células ependimárias alinham os ventrículos (cavidades)
do encéfalo e o canal central da medula espinal. Células
ependimárias especializadas e vasos sanguíneo formam o
plexo corioide, que estão localizadas dentro de certas
regiões dos ventrículos. O plexo corioide secreta o líquido
cerebrospinal que flui pelos ventrículos do encéfalo
(SEELY, 10ª ed.).
Células da neuroglia do SNP
↠ A neuróglia do SNP envolve completamente os
axônios e os corpos celulares. Os dois tipos de células gliais
do SNP são as células de Schwann e as células satélites
(TORTORA, 14ª ed.).
CÉLULAS DE SCHWANN
↠ As células de Schwann, presentes no SNP, têm a
mesma função dos oligodendrócitos; no entanto, cada
uma delas forma mielina em torno de um curto segmento
de um único axônio. Consequentemente, cada axônio do
SNP é envolvido por uma sequência de inúmeras células
de Schwann (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CÉLULAS SATÉLITES
↠ As células satélites cercam corpos celulares dos
neurônios nos gânglios sensoriais e autônomos. Além de
fornecer suporte e nutrição para os corpos celulares dos
neurônios, as células satélites protegem os neurônios de
envenenamento por metais pesados, como chumbo e
mercúrio, absorvendo-os e reduzindo o seu acesso aos
corpos celulares (SEELY, 10ª ed.).
Axônios mielinizados e não mielinizados
↠ As extensões citoplasmáticas das células de Schwann
no SNP e dos oligodendrócitos no SNC envolvem os
axônios para formar axônios mielinizados ou não
mielinizados. A mielina protege e isola eletricamente os
axônios uns dos outros. Além disso, potenciais de ação
viajam ao longo do axônio mielinizado mais rapidamente
do que ao longo de axônios não mielinizados (SEELY, 10ª
ed.).
↠ Nos axônios mielinizados, as extensões das células de
Schwann ou oligodendrócitos repetidamente se enrolam
ao redor do segmento de um axônio para formar uma
15
@jumorbeck
série de membranas firmemente embrulhadas, ricas em
fosfolipídeos, com pouco citoplasma prensado entre as
camadas de membrana. As membranas fortemente
embrulhadas constituem a bainha de mielina e dão uma
aparência branca aos axônios mielinizados por causa da
alta concentração de lipídeos (SEELY, 10ª ed.).
↠ A bainha de mielina não é contínua, mas é
interrompida a cada 0,3-1,5 mm. Nesses locais, existem
leves constrições onde as bainhas de mielina das células
adjacentes mergulham em direção ao axônio, mas não o
cobrem, deixando uma área descoberta de 2-3 µm de
comprimento. Essas interrupções da bainha de mielina são
os nódulos de Ranvier. Embora o axônio não seja coberto
por mielina no nódulo de Ranvier, as células de Schwann
ou os oligodendrócitos se estendem pelo nó e se
conectam umas às outras (SEELY, 10ª ed.).
↠ Axônios não mielinizados descansam em invaginações
das células de Schwann ou dos oligodendrócitos. A
membrana plasmática celular envolve cada axônio, mas
não o em rola muitas vezes (SEELY, 10ª ed.).
Potenciais de Ação
IMPORTANTE RELEMBRAR
O potencial de membrana em repouso das células vivas é determinado
primeiramente pelo gradiente de concentração do K+ e a
permeabilidade em repouso da célula ao K+, Na+ e Cl-. Uma mudança
tanto no gradiente de concentração de como na permeabilidade iônica
altera o potencial de membrana (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Em repouso, a membrana celular de um neurônio é levemente
permeável ao Na+. Se a membrana aumentar subitamente a sua
permeabilidade ao Na+, o sódio entra na célula, a favor do seu gradiente
eletroquímico. A adição do Na+ positivamente carregado ao líquido
intracelular despolariza a membrana celular e gera um sinal elétrico
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
O movimento de íons através da membrana também pode
hiperpolarizar a célula. Se a membrana celular subitamente se torna
mais permeável ao K+, sua carga positiva é perdida de dentro da célula
e esta se torna mais negativa (hiperpolariza). Uma célula também pode
hiperpolarizar, se íons carregados negativamente, como o Cl-,
entrarem na célula a partir do líquido extracelular (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
Como uma célula muda a sua permeabilidade iônica? A maneira mais
simples é abrir ou fechar canais existentes na membrana. Os neurônios
contêm uma grande variedade de canais iônicos com portão que
alternam entre os estados aberto e fechado, dependendo das
condições intracelulares e extracelulares (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Os canais iônicos, em geral, são denominados de acordo com os
principais íons que passam através deles. Existem quatro tipos
principais de canais iônicos seletivos no neurônio: (1) canais de Na+, (2)
canais de K+, (3) canais de Ca2+e (4) canais de Cl-. A facilidade com
que os íons fluem através um canal é denominada condutância do
canal (G) (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A grande maioria dos canais com portão é classificada dentro de uma
destas três categorias: (SILVERTHORN, 7ª ed.).
• Os canais iônicos controlados mecanicamente são
encontrados em neurônios sensoriais e se abrem em
resposta a forças físicas, como pressão ou estiramento.
• Os canais iônicos dependentes de ligante da maioria dos
neurônios respondem a uma grande variedade de ligantes,
como neurotransmissores e neuromoduladores
extracelulares ou moléculas sinalizadoras intracelulares.
• Os canais iônicos dependentes de voltagem respondem a
mudanças no potencial de membrana da célula. Os canais
de Na+ e K+ dependentes de voltagem possuem um
importante papel na inicialização e na condução dos sinais
elétricos ao longo do axônio.
O fluxo de carga elétrica carregada por um íon é chamado de
corrente de um íon, abreviada como Ión. A direção do movimento
iônico depende do gradiente eletroquímico do íon (combinação do
elétrico com a concentração). Íons potássio, em geral, movem-se para
fora da célula. O Na+, o Cl- e o Ca2+ geralmente fluem para dentro da
célula. O fluxo de íons através da membrana despolariza ou
hiperpolarizaa célula, gerando um sinal elétrico (SILVERTHORN, 7ª ed.).
As alterações de voltagem ao longo da membrana podem ser
classificadas em dois tipos básicos de sinais elétricos: potenciais
graduados e potenciais de ação. Os potenciais graduados são sinais de
força variável que percorrem distâncias curtas e perdem força à
medida que percorrem a célula. Eles são utilizados para a comunicação
por distâncias curtas. Se um potencial graduado despolarizante é forte
o suficiente quando atinge a região integradora de um neurônio, ele
inicia um potencial de ação. Os potenciais de ação são grandes
despolarizações muito breves que percorrem longas distâncias por um
neurônio sem perder força. A sua função é a rápida sinalização por
longas distâncias, como do seu dedo do pé até o seu cérebro
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
16
@jumorbeck
Quando um potencial de ação acontece em um neurônio, ele é
chamado potencial de ação nervoso (impulso nervoso) (TORTORA,
14ª ed.).
POTENCIAIS GRADUADOS
↠ Os potenciais graduados nos neurônios são
despolarizações ou hiperpolarizações que ocorrem nos
dendritos e no corpo celular ou, menos frequentemente,
perto dos terminais axonais. Essas mudanças no potencial
de membrana são denominadas “graduadas” devido ao
fato de que seu tamanho, ou amplitude, é diretamente
proporcional à força do estímulo. Um grande estímulo
causa um grande potencial graduado, e um estímulo
pequeno vai resultar em um potencial graduado fraco
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Nos neurônios do SNC e da divisão eferente, os
potenciais graduados ocorrem quando sinais químicos de
outros neurônios abrem canais iônicos dependentes de
ligante, permitindo que os íons entrem ou saiam do
neurônio. Estímulos mecânicos (como estiramento) ou
estímulos químicos ocasionam a abertura de canais
iônicos em alguns neurônios sensoriais. Os potenciais
graduados também podem ocorrer quando um canal
aberto se fecha, diminuindo o movimento de íons através
da membrana celular (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os potenciais graduados que são fortes o suficiente
finalmente atingem a região do neurônio conhecida como
zona de gatilho. Nos neurônios eferentes e interneurônios,
a zona de gatilho é o cone de implantação e a porção
inicial do axônio, uma região chamada de segmento inicial.
Nos neurônios sensoriais, a zona de gatilho localiza-se
imediatamente adjacente ao receptor, onde os dendritos
encontram o axônio (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A zona de gatilho é o centro integrador do neurônio,
e a sua membrana possui uma alta concentração de
canais de Na+ dependentes de voltagem. Se os potenciais
graduados que chegam à zona de gatilho despolarizarem
a membrana até o limiar, os canais de Na+ dependentes
de voltagem abrem-se, e o potencial de ação é iniciado.
Se a despolarização não atinge o limiar, o potencial
graduado simplesmente desaparece à medida que se
move pelo axônio (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Como a despolarização torna mais provável que o neurônio dispare
um potencial de ação, os potenciais graduados despolarizantes são
considerados excitatórios. Um potencial graduado hiperpolarizante
move o potencial de membrana para mais longe do valor limiar,
tornando menos provável que o neurônio dispare um potencial de
ação. Como resultado, potenciais graduados hiperpolarizantes são
considerados inibidores (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A habilidade de um neurônio de responder ao estímulo e disparar um
potencial de ação é chamada de excitabilidade celular (SILVERTHORN,
7ª ed.).
POTENCIAIS DE AÇÃO
↠ Os potenciais de ação, também conhecidos como
picos, são sinais elétricos que possuem força uniforme e
atravessam da zona de gatilho de um neurônio até a
porção final do seu axônio. Nos potenciais de ação, os
canais iônicos dependentes de voltagem presentes na
membrana axonal se abrem sucessivamente enquanto a
corrente elétrica viaja pelo axônio. Como consequência, a
entrada adicional de Na+ na célula reforça a
despolarização, e é por isso que, diferentemente do
potencial graduado, o potencial de ação não perde força
ao se distanciar do seu ponto de origem. Pelo contrário,
o potencial de ação no final do axônio é idêntico ao
potencial de ação iniciado na zona de gatilho: uma
despolarização com uma amplitude de aproximadamente
100 mV SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O movimento em alta velocidade de um potencial de
ação ao longo do axônio é chamado de condução do
potencial de ação (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Em um potencial de ação, uma onda de energia
elétrica se move ao longo do axônio. Em vez de perder
força com o aumento da distância, os potenciais de ação
são reabastecidos ao longo do caminho, de modo que
eles consigam manter uma amplitude constante
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
O Na+ e o K+ movem-se através da membrana
durante os potenciais de ação
↠ A condução do impulso elétrico ao longo do axônio
requer apenas alguns tipos de canais iônicos: canais Na+
dependentes de voltagem e canais de K+ dependentes
de voltagem mais alguns canais de vazamento que
auxiliam na manutenção do potencial de repouso da
membrana (SILVERTHORN, 7ª ed.).
17
@jumorbeck
↠ Os potenciais de ação iniciam quando os canais iônicos
dependentes de voltagem se abrem, alterando a
permeabilidade da membrana (P) para Na+ (PNa) e K+ (PK)
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Antes e depois do potencial de ação, em 1 e 2, o
neurônio está no potencial de membrana em repouso de
– 70 mV. O potencial de ação propriamente dito pode
ser dividido em três fases: ascendente, descendente e
pós-hiperpolarização (SILVERTHORN, 7ª ed.).
FASE ASCENDENTE DO POTENCIAL DE AÇÃO
↠ A fase ascendente ocorre devido a um aumento
súbito e temporário da permeabilidade da célula para Na+
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Um potencial de ação inicia quando um potencial
graduado que atinge a zona de gatilho despolariza a
membrana até o limiar (-55 mV) 3. (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
↠ Conforme a célula despolariza, canais de Na+
dependentes de voltagem abrem-se, tornando a
membrana muito mais permeável ao sódio. Então, Na+ flui
para dentro da célula, a favor do seu gradiente de
concentração e atraído pelo potencial de membrana
negativo dentro da célula (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O aumento de cargas positivas no líquido intracelular
despolariza ainda mais a célula (representado no gráfico
pelo aumento abrupto da fase ascendente 4). No terço
superior da fase ascendente, o interior da célula tornou-
se mais positivo do que o exterior, e o potencial de
membrana reverteu a sua polaridade. Essa reversão é
representada no gráfico pelo overshoot (ultrapassagem),
a porção do potencial de ação acima de 0 mV
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Assim que o potencial de membrana da célula fica
positivo, a força elétrica direcionando o Na+ para dentro
da célula desaparece. Entretanto, o gradiente de
concentração do Na+ se mantém, e o sódio continua se
movendo para dentro da célula. Enquanto a
permeabilidade ao Na+ continuar alta, o potencial de
membrana desloca-se na direção do potencial de
equilíbrio do sódio (ENa) de +60 mV. (Lembre-se que o
ENa é o potencial de membrana no qual o movimento de
Na+ para dentro da célula a favor do seu gradiente de
concentração é contraposto pelo potencial de membrana
positivo. O potencial de ação atinge seu pico em +30 mV
quando os canais de Na+ presentes no axônio se fecham
e os canais de potássio se abrem 5. (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
FASE DESCENDENTE DO POTENCIAL DE AÇÃO
↠ A fase descendente corresponde ao aumento da
permeabilidade ao K+. Canais de K+ dependentes de
voltagem, semelhantes aos canais de Na+, abrem-se em
resposta à despolarização. Contudo, os canais de K+
abrem-se muito mais lentamente, e o pico da
permeabilidade ocorre mais tarde do que o do sódio. No
momento em que os canais de K+ finalmente se abrem,
o potencial de membrana da célula já alcançou +30 mV,devido ao influxo de sódio através de canais de Na+ que
se abrem muito mais rapidamente (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Quando os canais de Na+ se fecham durante o pico
do potencial de ação, os canais de K+ recém se abriram,
tornando a membrana altamente permeável ao potássio.
Em um potencial de membrana positivo, os gradientes de
concentração e elétrico do K+ favorecem a saída do
potássio da célula. À medida que o K+ se move para fora
da célula, o potencial de membrana rapidamente se torna
mais negativo, gerando a fase descendente do potencial
de ação 6 e levando a célula em direção ao seu potencial
de repouso (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Quando o potencial de membrana atinge -70 mV, a
permeabilidade ao K+ ainda não retornou ao seu estado
de repouso. O potássio continua saindo da célula tanto
pelos canais de K+ dependentes de voltagem quanto
pelos canais de vazamento de potássio, e a membrana
fica hiperpolarizada, aproximando-se do EK de -90 mV 7
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Por fim, os canais de K+ controlados por voltagem
lentos se fecham, e uma parte do vazamento de potássio
para fora da célula cessa 8. (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A retenção de K+ e o vazamento de Na+ para dentro
do axônio faz o potencial de membrana retornar aos -70
mV 9, valor que reflete a permeabilidade da célula em
repouso ao K+, Cl- e Na+ (SILVERTHORN, 7ª ed.).
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@jumorbeck
RESUMO
O potencial de ação é uma alteração no potencial de membrana que
ocorre quando canais iônicos dependentes de voltagem se abrem,
inicialmente aumentando a permeabilidade da célula ao Na+ (que entra)
e posteriormente ao K+ (que sai). O influxo (movimento para dentro
da célula) de Na+ despolariza a célula. Essa despolarização é seguida
pelo efluxo (movimento para fora da célula) de K+, que restabelece o
potencial de membrana de repouso da célula (SILVERTHORN, 7ª ed.).
INFORMAÇÕES EXTRAS
↠ Em geral, os íons que se movem para dentro ou para
fora da célula durante os potenciais de ação são
rapidamente transportados para seus compartimentos
originais pela Na+-K+ATPase (também conhecida como
bomba Na+-K+). A bomba utiliza a energia proveniente do
ATP para trocar o Na+ que entra na célula pelo K+ que
vazou para fora. Entretanto, esta troca não precisa
ocorrer antes que o próximo potencial de ação dispare,
uma vez que o gradiente de concentração iônica não foi
significativamente alterado por um potencial de ação!
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Os canais de Na+ dependentes de voltagem possuem
não apenas um, mas dois portões envolvidos na
regulação do transporte de íons. Esses dois portões,
conhecidos como portões de ativação e inativação,
movem-se para a frente e para trás para abrir e fechar
o canal de Na+ (SILVERTHORN, 7ª ed.).
PERÍODO REFRATÁRIO
↠ A presença de dois portões nos canais de Na+ possui
um importante papel no fenômeno conhecido como
período refratário (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O adjetivo refratário provém de uma palavra em Latim
que significa “teimoso”. A inflexibilidade do neurônio
refere-se ao fato de que, uma vez que um potencial de
ação tenha iniciado, um segundo potencial de ação não
pode ser disparado durante cerca de - 2 ms,
independentemente da intensidade do estímulo. Esse
retardo, denominado período refratário absoluto,
representa o tempo necessário para os portões do canal
de Na+ retornarem à sua posição de repouso
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Devido ao período refratário absoluto, um segundo
potencial de ação não ocorrerá antes de o primeiro ter
terminado. Como consequência, os potenciais de ação
não podem se sobrepor e não podem se propagar para
trás (SILVERTHORN, 7ª ed.).
POTENCIAIS DE AÇÃO SÃO CONDUZIDOS
↠ O axônio possui um grande número de canais de Na+
dependentes de voltagem. Sempre que uma
despolarização atinge esses canais, eles abrem-se,
permitindo que mais sódio entre na célula e reforce a
despolarização – o ciclo de retroalimentação positiva
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Inicialmente, um potencial graduado acima do limar
chega à zona de gatilho 1. A despolarização abre os canais
de Na+ dependentes de voltagem, o sódio entra no axônio
e o segmento inicial do axônio despolariza 2. As cargas
positivas provenientes da zona de gatilho despolarizada se
espalham por um fluxo corrente local para porções
adjacentes da membrana 3, repelidas pelos íons Na+ que
entraram no citoplasma e atraídas pelas cargas negativas
do potencial de membrana em repouso (SILVERTHORN,
7ª ed.).
↠ O fluxo corrente local em direção ao terminal axonal
inicia a condução do potencial de ação. Quando a
membrana localizada distalmente à zona de gatilho
despolariza devido ao fluxo de corrente local, os seus
canais de Na+ abrem-se, permitindo a entrada de sódio
na célula 4. Isso inicia o ciclo de retroalimentação positiva:
a despolarização abre os canais de sódio, Na+ entra na
célula, ocasionando uma maior despolarização e abrindo
mais canais de Na+ na membrana adjacente
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A entrada contínua de Na+ durante a abertura dos
canais de sódio ao longo do axônio significa que a força
do sinal não reduzirá enquanto o potencial de ação se
propaga (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Apesar de a carga positiva de um segmento
despolarizado da membrana poder voltar em direção à
zona de gatilho 5, a despolarização nessa direção não
tem efeito no axônio. A porção do axônio que
recentemente finalizou um potencial de ação está no
período refratário absoluto, com os seus canais de Na+
inativados. Por essa razão, o potencial de ação não pode
se mover para trás (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Dois parâmetros-chave físicos influenciam a velocidade de condução
de potenciais de ação em um neurônio de mamífero: (1) o diâmetro
do axônio e (2) a resistência do axônio ao vazamento de íons para
fora da célula (a constante de comprimento). Quanto maior o diâmetro
do axônio ou maior a resistência da membrana ao vazamento, mais
rápido um potencial de ação se moverá (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A condução dos potenciais de ação ao longo do axônio é mais rápida
em fibras nervosas que possuem membranas altamente resistentes,
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@jumorbeck
assim minimizando o vazamento do fluxo corrente para fora da célula.
O axônio não mielinizado possui uma baixa resistência ao vazamento
de corrente, uma vez que toda a membrana do axônio está em
contato com o líquido extracelular e contém canais iônicos pelos quais
a corrente pode vazar (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Sinapses
↠ A região onde o terminal axonal encontra a sua célula-
alvo é chamada de sinapse. O neurônio que transmite um
sinal para a sinapse é denominado célula pré-sináptica, e
o neurônio que recebe o sinal é chamado de célula pós-
sináptica. O espaço estreito entre duas células é a fenda
sináptica. Apesar de as ilustrações caracterizarem a fenda
sináptica como um espaço vazio, ela é preenchida por
uma matriz extracelular com fibras que ancoram as
células pré e pós-sinápticas no lugar (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
↠ As sinapses são locais de grande proximidade entre
neurônios, responsáveis pela transmissão unidirecional de
sinalização. Há dois tipos: sinapses químicas e sinapses
elétricas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A grande maioria das sinapses no corpo são sinapses químicas, em
que a célula pré-sináptica libera sinais químicos que se difundem
através da fenda sináptica e se ligam a um receptor de membrana
localizado na célula pós-sináptica. O SNC humano também possui
sinapses elétricas, em que a célula pré-sinápticas e a célula pós-
sináptica estão conectadas através de junções comunicantes. As
junções comunicantes permitem que correntes elétricas fluam
diretamente de uma célula à outra. A transmissão de uma sinapse
elétrica além de ser bidirecional também é mais rápida do que uma
sinapse química. (SILVERTHORN, 7ª ed.).
SINAPSES ELÉTRICAS
↠ As sinapses elétricas transmitem um sinal elétrico,