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Leitura 2
Rodrigo Raineri sobre Everest: Quem tem 
medo, se preserva. O sucesso vem quando 
você chega vivo
Quando se fala em atletas brasileiros bem-sucedidos, logo vêm à cabeça nomes de 
jogadores de futebol renomados, de pilotos de Fórmula 1 vencedores e de alguns cam-
peões olímpicos. O fato é que existem brasileiros que fogem do conhecimento de muitas 
pessoas, mas que elevam o esporte e se tornam referência para a prática no mundo todo. 
Um desses casos diz respeito a Rodrigo Raineri, um dos alpinistas mais experientes e 
técnicos do Brasil. Escalador completo, possui vasta experiência em rocha, gelo e alta 
montanha [...]. Foi ainda o primeiro brasileiro a escalar três vezes com sucesso o Monte 
Everest, a montanha mais alta do planeta a 8 848 metros. Formou com Vitor Negrete 
a única dupla brasileira a escalar a temida Face Sul do Aconcágua, uma das escaladas 
mais difí ceis do mundo, sendo um marco no montanhismo brasileiro. [...]
Rodrigo Raineri é nascido em Ibitinga, no interior paulista, mas sua vida começou 
a mudar quando veio para Campinas estudar engenharia e computação na Unicamp, 
em 1988. Ele deixou uma vida pacata no sítio para ganhar o mundo. E o montanhismo 
apareceu naturalmente na vida do atleta. [...] Fazendo colegial em Ribeirão Preto, ele 
teve oportunidade de visitar as cavernas no Vale do Ribeira. “Aquilo mudou a minha 
vida”, resume. A primeira escalada aconteceu no dia 07 de setembro de 1988. Já aluno da 
Unicamp, ele aproveitou o feriado e foi com um grupo de amigos para o Parque Nacional 
do Itatiaia, na Serra da Mantiqueira. “Fomos escalar o Pico das Agulhas Negras. Aí o 
negócio me pegou. Eu adorei e nunca mais parei.”
A difi culdade de comunicação e a falta de equipamentos foram o primeiro obstáculo no 
início da carreira. “Não havia internet e os equipamentos de segurança não eram comer-
cializados no Brasil. A gente tinha que descobrir quem eram as pessoas que sabiam de 
alguma coisa ou que poderiam trazer coisas para gente do exterior”. Raineri teve persis-
tência no início. Ele foi em busca de cursos com especialistas em montanhismo, para se 
especializar. Na época, o esporte era uma novidade e pouco praticado no Brasil. Mas gra-
ças a sua própria dedicação, hoje os novos adeptos encontram muito mais facilidade. [...]
Quem resolver aderir ao montanhismo deve ter uma coisa em mente: é preciso (e 
muito) trabalhar a parte fí sica. “Eu diria que mais do que uma forma atlética, é um estilo 
de vida. Praticar atividade fí sica, ter uma qualidade de sono boa”, afi rma. E essa cons-
ciência só despertou em Rodrigo Raineri após dar os primeiros passos mais ousados na 
carreira. “Eu nunca tinha me empenhado em treinamento. Só fui pensar nisso quando 
fui para o Aconcágua. Aí parei e percebi que eu precisava treinar”, revela. 
Porém, é preciso ter a cabeça no lugar e respeitar os limites de seu corpo. “Você não pode 
ultrapassar os seus limites. Senão o seu esforço deixa de dar resultado e começam a surgir 
as lesões”, alerta. Depois vem a parte técnica, que só aparece com a prática da atividade.
No alto da montanha e o sucesso
O planejamento para o montanhista pode signifi car algo entre a vida e a morte. Por isso, 
cada passo dado rumo ao objetivo deve sempre ser bem pensado e preparado. “São vários 
desafi os para subir uma montanha como o Everest, por exemplo. São dois, três meses [...]. 
Você tem que estar tranquilo para tomar boas decisões em situação de estresse”, revela.
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A alimentação é um problema. Quando partiu para o Everest em 2005, Rodrigo Raineri 
optou pelo lado norte da montanha. E aí a dificuldade para levar comida foi muito grande. 
“A gente tem que subir com toda comida, já que é muito difícil reabastecer. Então com um 
mês de expedição, acabam suas frutas e seus legumes. E aí sobram apenas os enlatados”, diz. 
E a altitude traz outra complicação. “Com a falta de oxigênio, o seu metabolismo diminui. 
Então o seu corpo fica mais fraco, o seu raciocínio fica mais lento e a digestão mais demo-
rada. Então se você comer alguma comida indigesta prejudica demais o seu desempenho.”
Mesmo quando o cume não é atingido, a expedição pode ser considerada um sucesso. 
“Na última vez que fui ao Everest, eu precisei ser resgatado duas vezes de helicóptero”, 
conta aos risos. “Eu dou risada, porque hoje estou aqui, está tudo bem. Mesmo com os 
problemas que tive, podemos dizer que a expedição foi um sucesso”, acredita.
Medos e perdas
Para um montanhista persistente, o objetivo é atingir os pontos mais altos do mundo. Aí 
surgiu a ideia dos sete cumes. “A gente queria chegar ao topo das montanhas mais altas de 
cada continente. [...].” O Everest, a montanha mais alta do mundo, que fica na Ásia, foi alvo 
de seis expedições. Em três delas, Raineri chegou ao topo. “Na minha primeira expedição, 
eu fiquei a 50 metros do cume. Em outra, a 150 metros”. Na América do Norte, a montanha 
mais alta é a Denali, localizada no Alasca. Na América do Sul, o Aconcágua é o ponto mais 
alto. O Kilimanjaro é o pico mais alto da África. “É alucinante. Você está no meio da savana, 
num lugar quente e no meio do nada tem uma montanha de neve”, diz. Na Europa a escalada 
foi no Monte Elbrus, na Rússia, e na Oceania a Pirâmide Carstenz, na Indonésia. Para fechar 
o pacote, tem ainda o Maciço Vinson. “Eu sou o único brasileiro a guiar os sete cumes.”
Quem vê o alpinista contando seus momentos de glória, não tem a mínima ideia da 
dificuldade para alcançar o objetivo. A altitude, o estresse físico mental e o frio extremo 
são fatores perigosos, que testam o limite do atleta. “Para mim, o problema mesmo é a 
altitude, a falta de oxigênio e o frio. Nossa! A sinusite, as vias aéreas, o catarro congela 
e engrossa. Ataca a rinite, a sinusite. É uma luta”, explica.
Em situações tão extremas, as tragédias acabam acontecendo. Seja com conhecidos 
ou com um grande amigo. “Eu já, infelizmente, convivi com algumas pessoas que per-
deram a vida em montanha, junto comigo ou em outra expedição”, diz. O mais duro 
golpe foi em 2006, quando o amigo Vítor Negrete morreu numa expedição que faziam 
juntos ao Everest. Naquele momento, tudo que movia Rodrigo Raineri passou a ser 
questionado por ele próprio. E aí surgiu o medo.
“O medo é saudável. É bom ter medo. Quem tem um pouco de medo acaba 
se preservando mais”
[...] 
A prática doméstica do esporte é relativamente barata e bem acessível. Mas para 
quem almeja as grandes expedições tem que pagar caro. “Uma expedição no Vinson, 
na Antártida, custa a partir de U$ 45 mil. No Everest, esse valor sobe para U$ 65 mil”, 
diz. E esse turismo de risco preocupa Raineri. “Para mim, a popularização do esporte 
é ótima. O problema é quando você começa colocar pessoas com pouca experiência em 
lugares que deveria só ter gente com mais experiência”, revela.
[...] 
De todo modo, a orientação do mais vitorioso alpinista brasileiro é sempre buscar 
pessoas e guias comprometidos com a segurança e curtir o esporte sem riscos.
GUARIZZO, M.; BUENO, H.; LAS CASAS, L. Rodrigo Raineri sobre Everest: Quem tem medo, se preserva. O sucesso vem 
quando você chega vivo. Portal CBN Campinas, 20 dez. 2019. Disponível em: https://portalcbncampinas.com.br/2019/12/
rodrigo-raineri-sobre-o-everest-quem-tem-medo-se-preserva-o-sucesso-vem-quando-voce-chega-vivo-em-casa/. 
Acesso em: 8 jul. 2019.
55Sequência 1 • Natureza em berço esplêndido
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