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G R A D U A Ç Ã O ME. ÉRICA SIMIONATO MACHADO RIEGER Princípios da Química e Cosmetologia Híbrido GRADUAÇÃO Princípios da Química e Cosmetologia Me. Érica Simionato Machado Rieger C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; RIEGER, Érica Simionato Machado. Princípios da Química e Cosmetologia. Érica Simionato Ma- chado Rieger. Maringá-PR.: Unicesumar, 2019. 168 p. “Graduação - EAD”. 1. Química. 2. Cosmetologia . 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1965-0 CDD - 22 ed. 540 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Coordenador de Conteúdo Lilian Rosana dos Santos Moraes. Designer Educacional Janaína de Souza Pontes. Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira e Érica Fernanda Ortega. Editoração Bruna Stefane Martins Marconato. Ilustração Mateus Calmon. Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro Naldei e Thiago Surmani. DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de Design Educacional Débora Leite;Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock PALAVRA DO REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Bem-estar, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. APRESENTAÇÃO Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao universo da cosmetologia! Como caráter fundamental, este livro abordará a parte introdutória desta ciên- cia: a química. Estes novos conhecimentos (ou nem tão novos para você) farão toda a diferença durante seus atendimentos clínicos. Na primeira unidade, conheceremos sobre a história da cosmetologia: como se iniciou a produção e utilização dos cosméticos? Quando isso ocorreu? Quais fo- ram os primeiros povos a utilizar-se destes produtos? Você irá descobrir! Ainda na Unidade 1, serão apresentados os termos que são usados na área química para que você entenda sobre o assunto, sendo também abordada a legislação dos produtos cosméticos. Comentando sobre a legislação, este é um tema muito importante, pois evita maiores transtornosChang (2010). 52 A Química e sua Importância na Cosmetologia Óxidos São compostos formados por oxigênio e outro elemento químico. De regra, o oxigênio deve ser o mais eletronegativo, então, sabendo que somen- te o Flúor é mais eletronegativo que o oxigênio, grande parte dos elementos químicos formam óxidos. Os óxidos mais comuns em nosso coti- diano são a ferrugem (óxido de ferro III) e o gás carbônico (dióxido de carbono). Quanto ao seu comportamento químico, os óxidos podem ser classificados em ácidos, bási- cos, neutros ou anfóteros. Óxidos ácidos reagem com a água e formam ácido; também reagem com bases e formam sal e água; geralmente se ligam com os ametais por ligação covalente. Os óxidos básicos formam uma solução básica quando rea- gem com água ou neutralizam ácidos formando sal e água, geralmente se ligam aos metais. Óxidos anfóteros podem reagir com ácidos e bases; são exemplos de óxidos anfóteros o óxido de zinco e alumínio (MAIA; BIANCHI, 2007). Por fim, o óxido neutro não reage com água, base ou ácido, mas reage com outros compostos, por exemplo, a hemoglobina. São óxidos neutros N2O (Óxido Nitroso), NO (Óxido Nítrico) e CO (Monóxido de Carbono). São exemplos de óxidos comumente utilizados na cosmetologia o óxido de zinco, para poma- das dermatológicas, e o peróxido de hidrogênio (H2O2), a água oxigenada, em diversos cosméti- cos. O antiácido utilizado para reduzir a acidez esto- macal é um composto alcalino, que gera reação de neutralização. 53UNIDADE 2 A química orgânica recebe essa nomenclatura, pois, antigamente, de forma errônea, era definida como o estudo dos compostos produzidos por se- res vivos, porém, atualmente, os compostos orgâ- nicos também podem ser produzidos a partir de substâncias sintéticas. A química orgânica estuda os compostos derivados do elemento carbono, os quais são mais numerosos do que os compos- tos inorgânicos. O carbono tem capacidade de compartilhar elétrons com outros átomos, e por essa propriedade ele é capaz de formar inúmeras substâncias com funções variadas (FERREIRA et al., 2007). O carbono é tetravalente, ou seja, faz quatro li- gações simples e iguais e também possui a capaci- dade de formar longas cadeias (GARCIA; LUCAS; BINATTI, 2015). A maioria dos combustíveis são compostos orgânicos, como o gás de cozinha, etanol e o petróleo (FERREIRA et al., 2007; AL- BERTS et al., 2017). Devido à maior quantidade de compostos orgânicos apolares, que podem ser insolúveis em solventes polares (exemplo: água), há uma grande quantidade de solventes apolares (BJELDANES; SHIBAMOTO, 2014). Funções Orgânicas 54 A Química e sua Importância na Cosmetologia Os elementos que formam os compostos or- gânicos são chamados de elementos organógenos e são eles: carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e o nitrogênio (N). Em relação à quantidade de ligações que esses compostos conseguem fazer: o hidrogênio forma somente uma ligação, o oxi- gênio duas, o nitrogênio três e o carbono quatro ligações (SILVA; NOGARA, 2018). A classificação quanto ao número de carbonos diretamente ligados é a divisão em metílico, pri- mário, secundário, terciário e quaternário. Carbo- no metílico indica que o carbono não está ligado diretamente a nenhum outro carbono (exemplo: CH4); no carbono primário, o átomo de carbono se liga a um outro carbono (Figura 8, cor alaran- jada); o carbono secundário possui duas ligações entre átomos de carbono (Figura 8, cor verde); por sua vez, o carbono terciário se liga a três átomos de carbono (Figura 8, cor vermelha); e o quaternário que liga-se a outros três carbonos (Figura 8, cor azul) (GARCIA; LUCAS; BINATTI, 2015). C H3C H3C H3C CH3 CH3 CH2 CH Figura 8 - Representação da classificação do carbono em primário, secundário, terciário e quaternário Fonte: a autora. Outra classificação dos carbonos é referente ao tipo de ligação covalente, pois o carbono saturado apresenta apenas ligações simples, e os insatu- rados, uma ligação dupla, tripla ou duas duplas. As cadeias carbônicas são classificadas em sa- turadas – apresentam somente ligações simples entre carbonos – e insaturadas – apresentam, ao menos, uma ligação dupla ou tripla entre carbo- nos (GARCIA; LUCAS; BINATTI, 2015). Ainda sobre as cadeias, também podem ser classificadas em abertas, quando os carbonos da extremidade não estão ligados (não formam anéis), e fechadas, quando os carbonos estão ligados e formam anéis, conforme podemos perceber na Figura 9. Cadeia Aberta Cadeia Fechada H H H H H H H H H HO OH CH2H2C C C C C C Figura 9 - Cadeias carbônicas abertas e fechadas Fonte: a autora. Assim como a química inorgânica possui funções inorgânicas, a química orgânica também possui funções orgânicas. Com o objetivo de classificar os compostos orgânicos conforme suas carac- terísticas semelhantes, dentre as várias funções orgânicas estudaremos sobre: hidrocarbonetos, funções oxigenadas e funções nitrogenadas. Hidrocarbonetos Os hidrocarbonetos possuem carbono e hidro- gênio em suas estruturas, unidos por ligação covalente, sendo divididos em: alcanos, alcenos, alcinos, alcadienos, ciclanos, ciclenos e aromá- ticos. Alcanos são hidrocarbonetos que fazem somente ligação simples entre os carbonos, for- mados por cadeias abertas, e possuem fórmula 55UNIDADE 2 geral CnH2n+2. O metano (CH4) é o alcano mais simples produzido a partir da decomposição anaeróbica de matéria vegetal. O gás natural é formado por metano e outros compostos (CHANG, 2010). Por sua capacidade de, na maioria das vezes, transformarem-se do esta- do líquido para vapor, os alcanos são utilizados como combustíveis (PICOLO, 2014). Os alcenos são hidrocarbonetos com uma única dupla ligação, que sofrem combustão fa- cilmente. Da família dos alcenos, temos o eteno (CH2=CH2) e o propeno (CH3CH=CH2), popu- larmente chamados, respectivamente, de etileno e propileno. São substâncias químicas bastante importantes, pois o etileno, além de ter a capa- cidade de produzir polietileno (um plástico uti- lizado para insumos farmacêuticos, construção, entre outras utilidades), também é capaz de for- mar etilenoglicol (anticongelante). O propileno, por sua vez, pode ser utilizado na produção de álcool e plásticos (MOORE, 2008). Os hidrocarbonetos alcinos possuem uma única tripla ligação, sua fórmula geral é CnH2n. O menor alcino é o etino, conhecido como acetileno (ORTIZ, 2018); este composto é utilizado para produzir a chama de isqueiros (ILHA, 2016). Alcadienos possuem duas duplas ligações, ten- do como fórmula geral: CnH2n-2. São exemplos de alcadienos o 1,4-pentadieno e 1,3-pentadieno (CAREY, 2011). Os ciclanos ou cicloalcanos são formados por ligações simples, possuem cadeias fechadas e por isso contêm três ou mais carbonos em sua estru- tura, sua fórmula molecular é CnH2n (CAREY, 2011). Os cicloalcenos ou ciclenos possuem fór- mula molecular CnH2n-2 e é um hidrocarboneto de cadeia fechada, que possui uma única dupla ligação (SILVA; NOGARA, 2018). Os compostos aromáticos (hidrocarbonetos aromáticos) recebem esta nomenclatura devido aos odores que estes possuem, formam anel e es- tão presentes nos solventes, carvão e na estrutura do DNA. O composto mais comum é o benzeno (ATKINS; JONES; LAVERMAN, 2018). Os terpenos são formados pela união de várias moléculas de hidrocarbonetos e, devido essa varia- bilidade estrutural, possuem funções diferenciadas (MONTEIRO; BRANDELLI, 2017). Apresentam dupla ligação, permitindo formar outros grupos funcionais, como: ácidos, fenóis, álcoois, cetonas, aldeídos ou éteres (FELIPE; BICAS, 2017). As plantas possuem uma grande quantidade deste composto, conhecido como óleos essenciais, o qual confere a elas o odor característico e são volati- lizados pelo ar rapidamente, quando maceradas (VOLLHARDT; SCHORE, 2013). Os terpenos são responsáveis pela atração de insetos para dispersar o pólen da planta ou como seus protetores, afastando herbívoros. Essescom- postos são utilizados na indústria química para a produção de perfumes, para conferir sabor aos alimentos, podem ser utilizados como solventes, comercializados seus óleos essenciais ou diluídos em alguns cosméticos (VOLLHARDT; SCHORE, 2013). Como relata Corazza (2002, p. 75) “os ter- penos podem ser incolores, amarelados (quando associados a carotenoides) ou esverdeados (quan- do associados a clorofilas)”. Os terpenos estão entre os compostos mais rea- tivos encontrados na atmosfera. A reação dos terpenos com o radical hidroxila, (HO-), é muito rápida. Além disso, os terpenos reagem com ou- tros agentes oxidantes na atmosfera, sobretudo o ozônio, O3, e o radical nitrato, NO3. Fonte: Manahan (2013, p. 372). 56 A Química e sua Importância na Cosmetologia Os terpenos, também chamados de isoprenoídes, são derivados do isopreno e classificados conforme o número desse composto: Hemiterpenos possuem 1 unidade de isopreno e 5 átomos de carbono (C5), monoterpenos - 2 isoprenos e C10, sesquiterpenos - 3 isoprenos e C15, diterpenos - 4 isoprenos e C20, sesterpenos - 5 isoprenos e C25, triterpenos - 6 isoprenos e C30, por fim os tetraterpenos - 8 isoprenos e C40 (CAREY, 2011; MONTEIRO; BRANDELLI, 2017). Quanto às caraterísticas específicas: • Hemiterpenos são produzidos por meio do aquecimento de algumas espécies de árvores, o que pode ocorrer para proteger contra o excesso de temperatura. Alguns hemiterpenos são utilizados como inse- ticidas naturais (BRESINSKY et al., 2012) e na fabricação de cervejas, como o humulona, que confere o sabor amargo (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010; MARCANO; HASEGAWA, 2002). • Nos produtos naturais, como os óleos essenciais, estão presentes em grande quantidade os ses- quiterpenos e monoterpenos (FELIPE; BICAS, 2017), principalmente em frutas cítricas, como a laranja e o limão, caracterizando seu odor marcante, como o mentol e linalol. Possuem atividade antimicrobiana, anti-inflamatória (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2017), antisséptica, antiviral e anticancerígena. São excelentes solventes de lipídeos e penetram com facilidade no organismo (OLIVEIRA et al., 2016). Auxiliam na desintoxicação corporal e, os sesquiterpenos, aumentam os níveis de oxigênio das glândulas pineal e hipófise (CORAZZA, 2002). • Os diterpenos e triterpenos possuem como componente principal óleo essencial e resina, o que confere bom desempenho na fixação de perfumes; são utilizados pelas indústrias como solventes, na produção de tintas, entre outras utilizações (FELIPE; BICAS, 2017). O colesterol e o ergosterol são triterpenos presentes nas membranas biológicas de quase todos os organismos (CAREY, 2011; MONTEIRO; BRANDELLI, 2017). O óleo essencial de copaíba é formado por diterpenos e possui ação anti-inflamatória, antifúngica e antipsoríase (GALÚCIO et al., 2016). • Os tetraterpenos, também chamados de carotenoides, são pigmentos presentes em plantas e tam- bém utilizados pela indústria alimentícia para conferir coloração aos alimentos. É dividido em carotenos e xantofilas, e alguns deles podem possuir atividade antioxidante (FELIPE; BICAS, 2017). Os terpenos também podem ser classificados em acíclicos ou cíclico (um ou mais anéis monocíclicos, bicíclicos, tricíclicos) ou acíclicos (MACIEL; CORTEZ; GOMES, 2006). O petrolato, uma mistura purificada de hidrocarbonetos derivados do petróleo (óleo bruto), é utili- zado como produto de cuidado da pele desde 1872; exibe uma resistência à perda de vapor de água 170 vezes maior do que o óleo de oliva. As moléculas de hidrocarbonetos presentes no petrolato previnem oxidação, proporcionando longo prazo de validade para esse oclusivo, considerado o pa- drão-ouro ao qual outros ingredientes são comparados. Porém, embora também conhecido por ser não comedogênico, o petrolato apresenta uma textura oleosa, o que pode torná-lo cosmeticamente inaceitável para alguns pacientes. Fonte: Warren Jr. (2015, p. 1). 57UNIDADE 2 Funções Oxigenadas Além de oxigênio, está presente o hidrogênio. As funções oxigenadas são: álcool, fenol, aldeído, cetona e ácido carboxílico. Álcoois Composto orgânico que deve conter um grupo hidroxila (OH) ligado a um átomo de carbono satura- do (ligações simples). São anfotéricos, ou seja, podem ser bases ou ácidos (VOLLHARDT; SCHORE, 2013) e são classificados quanto ao número de hidroxilas: monoálcool, uma hidroxila, diálcool, duas hidroxilas; triálcool, três hidroxilas; ou poliálcool, várias hidroxilas. Conforme Vollhardt e Schore (2013) relatam, outra classificação se dá quanto a posição da hidroxila: • Álcool primário: ligado a um carbono primário (liga-se apenas a um outro carbono). • Álcool secundário: ligado a um carbono secundário (liga-se apenas a dois outros carbonos). • Álcool terciário: ligado a um carbono terciário (liga-se apenas a três outros carbonos). Monoálcool Quanto à solubilidade, o menor número de carbonos corresponde à maior solubilidade em água, pois a porção lipofílica aumenta conforme acrescentam-se carbonos (BAR- BOSA, 2011). O etanol é utilizado desde os primórdios para a fabricação de bebidas. Ele é obtido por meio da fermentação dos açúcares, cha- mado de fermentação alcoólica, que pode ocorrer através da cana-de-açúcar, milho, entre outros. Possui uma infinidade de funções, como: desinfetante, combustível para veículos automo- tores, solvente, anestésica, sedativa, antisséptica para produtos de higiene pessoal e conservante em cos- méticos (VOLLHARDT; SCHORE, 2013; BOLOGNIA; JORIZZO; SCHAFFER, 2015; BARBOSA, 2011). O glicerol “é um tri-álcool com 3 carbonos [...], é um líquido incolor, com gosto adocicado, sem cheiro e muito viscoso[...]. O nome glicerol deriva da palavra grega glykys, doce” (BEATRIZ; ARAÚJO; LIMA, 2011, p. 306). Possui propriedades umectantes, sendo utilizado nos cosméticos para preservar a água em seus produtos, isso se deve pela sua capacidade de formar ligações com as moléculas de água. O óleo de pinho utilizado como bactericida e pelos seus poderes aromáticos é um α-terpineol (BARBOSA, 2011). “O eritriol é um poliálcool duas vezes mais doce que a sacarose. Em doses excessivas, pode causar diarreia” (MAGNONI, 2012, p. 48). O xilitol também é um poliálcool com sabor adocicado, muito utilizado como adoçante não cancerígeno pela indústria alimentícia, ele impede a proliferação de bactérias presentes na cavidade bucal (MUSSATTO; ROBERTO, 2002). Monoálcool H3C CH2 CH2 CH2H2C H2COH CH OH OH OH OH OH Diálcool Poliálcool Álcool Primário Álcool Secundário Álcool Terciário H3C H3C H3C H3C CH2 CH3 CH3 OH CH C OH OH 58 A Química e sua Importância na Cosmetologia O metanol possui alto poder tóxico, é absorvido rapidamente pela pele, trato respiratório e gas- trointestinal, causa acidose sanguínea, pela formação de dióxido de carbono, podendo levar à morte (KATZUNG; TREVOR, 2017). Fenol Apesar de sua estrutura química ser parecida com os álcoois, o fenol é uma outra função da química orgânica, que possui OH ligado a uma cadeia aro- mática, conforme podemos notar na Figura 10. Fenol também dá o nome a uma substância volátil mais simples, obtida por meio da ligação de hidroxila ao anel benzênico. Sintetizado pela primeira vez através do alcatrão de hulha, e atualmente, no Brasil, através da oxidação do cumeno (OLIVEIRA, 2015). As primeiras utilizações do fenol eram para produtos de higiene, reduzir odores de esgotos e como antisséptico para cirurgias. Atualmente, os derivados do fenol, devido aos seus poderes desinfetante e anestésico, são utilizados para produtos de limpeza (BARBOSA, 2011). Aldeídos e Cetonas Aldeídos e cetonas são estruturalmente parecidos. Enquanto o álcool possui, como grupo funcional a hidroxila; cetonas e aldeídos possuem, no grupo funcional, a carbonila (átomo de carbono ligado a oxigênio por ligação dupla) (BARBOSA, 2011). Já a diferença entre aldeído e cetona está na posição da carbonila (Figura 11), pois a carbonila dos aldeídos é terminal (está na extremidade da cadeia), edas cetonas é secundário (carbonila deve estar entre carbonos). Aldeídos e cetonas podem ser obtidos mediante da oxidação de álcoois. O aldeído mais comum é o formaldeído, sendo utilizado para conservar materiais biológicos. Alguns tipos de aldeídos estão presentes nos óleos essenciais das plantas e frutas, e conferem sabor e odor a elas, por exemplo o ci- namaldeído, obtido da canela (ATKINS; JONES; LAVERMAN, 2018). A propanona é a cetona mais simples e é chamada de acetona, este solvente líquido é utilizado na fabricação de esmaltes e tintas, e como removedor de esmaltes. Inflamável, de odor caracterís- tico, pode ser irritante à pele, deixando-a ressecada; aspirada a propanona, pode causar dores de cabeça, entre outros sintomas. Cetonas também são produzidas pelo organismo a partir da degra- dação de ácidos graxos. OH Figura 10 - Estrutura molecular do fenol Fonte: a autora. C C C O O H2 H3C H3C CH3H CetonaAldeído Figura 11 - Aldeído e Cetonas Fonte: a autora. 59UNIDADE 2 Ácido Carboxílico Os ácidos carboxílicos são compostos orgânicos que apresentam grupo funcional carboxila, sendo o carbono ligado ao oxigênio por ligação dupla, e ligação simples com OH. São ácidos fracos, bastante conhecidos e, frequentemente, encontrados nos produtos naturais. Com o ácido carboxílico na sua forma simples tem-se o veneno das formigas, o ácido fórmico, e o ácido acético do vinagre, que é formado a partir da oxidação do vinho pelo ar (CAREY, 2011). As funções derivadas dos ácidos carboxílicos são: sal orgânico, éter e éster. Sal Orgânico Em sua fórmula química, o hidrogênio do grupo OH é substituído por um cátion (SENAI, 2015). Os sais são formados a partir de uma reação de neutralização entre um ácido e base, que formam sal e água. Uma das utilizações dos sais é na pro- dução de sabões e detergentes. Os sais derivados de ácido graxo de cadeia longa, que possuem na cabeça ácido carboxílico, formam os sabões; e nos detergentes, a cabeça é formada por ácidos sulfônicos (BARROW, 1982), conforme a Figura 12. Sabões e detergentes for- mam micelas com a gordura e estas são as res- ponsáveis pela ação de limpeza (CAREY, 2011). Lipofílico (hidrofóbico) Sabão Detergente Hidrofílico O O O S 2+O O Na+ Na+ O Laurilsulfato de Sódio (dodecilsulfato de sódio) Figura 12 - Estrutura molecular de sabão e detergente Fonte: Carey (2011, p. 826-827). Éter O éter é formado quando há um oxigênio entre átomos de carbono; é mais volátil e menos solúvel em água com relação aos álcoois, e são inflamáveis (ATKINS; JONES; LAVERMAN, 2018). Esse com- posto era utilizado como anestésico em cirurgias e é utilizado até hoje como solvente. O óxido de eti- leno é utilizado na produção de cosméticos, filmes, tintas, resinas, entre outros (BARBOSA, 2011). Exemplo de éter: CH3-O-CH2-CH3 Éster O éster é obtido por meio da união de um ácido carboxílico e um álcool (ATKINS; JONES; LA- VERMAN, 2018). São compostos químicos en- contrados no meio ambiente, em frutas e flores, e na gordura animal, são utilizados pela indústria alimentícia, na simulação de sabores, na produção de cosméticos, perfumes e medicamentos; alguns ésteres participam da produção de plásticos e tin- tas (OLIVEIRA et al., 2014). Funções Nitrogenadas São aquelas que substituem um ou mais átomos de hidrogênio por átomos de nitrogênio. A fun- ção nitrogenada de interesse na cosmetologia é a amina (GOMES; DAMAZIO, 2009). 60 A Química e sua Importância na Cosmetologia Conforme afirmam Atkins, Jo- nes e Laverman (2018), a ami- na é um composto orgânico derivado da amônia (NH3) e é formada quando, em substitui- ção a um hidrogênio da forma molecular da amônia, participa um radical orgânico (metila ou etila). É dividida em primária, quando somente há a substitui- ção de um hidrogênio; secundá- ria, substituição de dois hidrogê- nios; e terciária, três hidrogênios são substituídos (ATKINS; JO- NES; LAVERMAN, 2018). Amônia H N H H Amina H N H R Primária H N H R Secundária H N R R Terciária N R R R As aminas podem ser ácidas ou básicas e são utilizadas como anestésicos, descongestionantes e esti- mulantes. Anfetamina, adrenalina, serotonina, epinefrina e sibutramina são exemplos de substâncias em que aminas estão presentes, obtendo o efeito de transmissão de impulsos nervosos, controle de apetite e estímulos eufóricos (VOLLHARDT; SCHORE, 2013; CAREY, 2011). A putrescina, cadaverina, indol e escatol são obtidos pela decomposição de material proteico e confere um odor desagradável em animais mortos ou pelo odor de suas fezes (BARBOSA, 2011). A fermentação de queijos e vinhos produzem a tiramina, a interação desta substância com medica- mentos antidepressivos inibidores de monoamina oxidase (IMAO) pode ser fatal. Fonte: adaptado de Sizer e Whitney (2003). 61UNIDADE 2 A bioquímica, a química da vida, é a ciência que estuda todo o processo químico que envolve os se- res vivos e, como disciplina, está presente em vários cursos da área da saúde para descrever os processos em que as biomoléculas atuam. As biomoléculas a serem descritas neste tópico são: água, proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas e aminoácidos. Água A célula possui 70% de sua massa em água, forne- cendo meio para que as reações que ocorrem den- tro das células aconteçam, e é por meio dela que as biomoléculas poderão percorrer e desempenhar suas funções vitais. Sua molécula, muito conhe- cida, é representada como H2O, dois hidrogênios ligados a um oxigênio por ligação covalente, sen- do que os dois átomos de hidrogênio podem ser doados para formar ligação com outras moléculas. A Bioquímica 62 A Química e sua Importância na Cosmetologia Conforme cita Voet S., Voet J. e Pratt (2014), as características desta biomolécula são: • É inodora e incolor. • Utilizada como solvente, dissolvendo um largo número de substâncias. • É polar, por isso moléculas e íons polares podem se dissolver em água, chamados de hidrofílicos. • Substâncias hidrofóbicas são apolares, por isso insolúveis em água. • A água expande quando é congelada, permitindo que flutue em oceanos. • Em estado líquido, as moléculas da água apresentam-se desordenadas, e quando sólidas, or- denadas. Os solutos presentes no interior da célula devem estar em igual concentração no meio externo. A alta concentração de solutos intracelular a deixa hipertônica, e no extracelular, hipotônica. O movimento de passagem desses solutos do interior da célula para o meio extracelular por uma membrana semi- permeável é chamado de difusão simples, quando não há auxílio. A osmose ocorre quando a passagem não é feita pelo soluto, mas sim pelo solvente (por exemplo, a água) na tentativa de dissolver o solvente presente no meio hipertônico (MARIEB; HOEHN, 2009). De acordo com a Resolução da Diretoria Colegia- da - RDC 182/2017, as diferenças entre os tipos de água, são: “ Água mineral natural: é a água obtida dire- tamente de fontes naturais ou por extração de águas subterrâneas, e é caracterizada pelo conteúdo definido e constante de determi- nados sais minerais, oligoelementos e outros constituintes, considerando as flutuações naturais. Água para consumo humano: água potável des- tinada à ingestão, preparação e produção de ali- mentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem (ANVISA, 2017). Um íon imerso em solvente polar, como a água, atrai as extremidades de carga oposta dos dipo- los do solvente. O íon é, dessa forma, circundado por uma ou mais camadas concêntricas de mo- léculas de solvente orientadas. Diz-se que tais íons estão solvatados ou, quando solvente for a água, hidratados. (Donald Voet, Judith G. Voet e Charlotte W. Pratt) Hipertônica é o meio em que há a maior concen- tração de solutos, e hipotônica a menor concen- tração, independentemente de qual meio estes estão localizados. Água termal O aquecimento da água mineral em regiões vulcânicas é denomi- nado água termal, e, de acordo com o Código de Águas doBrasil (Decreto-lei nº 7.841/1945), a água termal deve conter, ao menos, 25 ºC. Nela estão presentes minerais, como zinco, sódio e manganês podendo possuir efeitos hidratantes e anti-inflamatórios, prevenin- do o envelhecimento, acne e outras alterações dermatológicas. Nos produtos cosméticos, estão presentes em soluções ou como veículos (SEGURA et al., 2010). Água purificada A purificação da água, segundo a ANVISA (BRASIL, 2013, p. 5), é “baseado na eliminação de impurezas físico-químicas, biológicas e microbianas até se obterem níveis preestabelecidos em compêndios oficiais aprovados pelas autoridades sanitárias”. Esta técnica deve ser utilizada pela indústria farmacêutica na produção de medicamentos e cosméticos, entre outras utilizações. Água deionizada Água livre de íons, utilizada para a produção de cosméticos e me- dicamentos. Os íons presentes na água podem interagir com outras moléculas e alterar o produto final. Água ozonizada O ozônio é um gás conhecido pelas suas propriedades bactericidas e antissépticas, já água ozonizada é enriquecida com esse compo- nente e utilizada para tratamentos dermatológicos que necessitam dessas funções. 64 A Química e sua Importância na Cosmetologia Aminoácidos Os aminoácidos são responsáveis por formar a proteína e por possuírem, em sua estrutura, nitrogênio que participa da formação do DNA e RNA. São essenciais à vida, além de participar dos processos de produção de energia e poder agir como mensageiros químicos (VOET, D.; VOET, J.; PRATT, 2014). Após várias pesquisas científicas, com um grande número proteico, constatou-se que somente 20 aminoácidos os formavam (VOET, D.; VOET, J.; PRATT, 2013). Os aminoácidos comuns (α-aminoácidos) contêm um Carbono α (C α) com quatro ligações: o grupo amina (NH2) e o carboxila (COOH), hidrogênio e a cadeia lateral (R), sendo a última o que diferencia todos os aminoácidos (nota-se as diferenças das cadeias laterais nas cadeias a seguir). Os aminoácidos são classificados em: não essenciais, pois o organismo tem a capacidade de produzi- -los (Alanina, Glicina, Prolina, Ácido Aspártico, Ácido Glutâmico, Arginina, Asparagina, Cisteína, Glu- tamina, Histidina, Serina, Tirosina); e essenciais, o organismo não consegue produzir, obtendo a partir da alimentação (Fenilalanina, Isoleucina, Leucina, Metionina, Triptofano, Valina, Lisina e Treonina). A união de aminoácidos por ligações peptídicas são chamadas de resíduos de aminoácidos, classifi- cados em dipeptídeos (cadeia formada por dois aminoáci- dos), tripeptídeos (três ami- noácidos formam o políme- ro) e polipeptídeos (mais de três aminoácidos) (VOET, D.; VOET, J.; PRATT, 2013). Conforme Gomes e Dama- zio (2009, p.101) “ Os principais aminoácidos empregados na cosmetologia são fenilalanina e di-hidroxifenilalanina ou DOPA (precursores da melanina), prolina (que compõe o Fator de Hidratação Natural), hidroxiprolina (participa da molécula do colágeno) e cistina (que contém enxofre). Proteínas São macromoléculas que participam de várias funções biológicas importantes. Possuem funções es- truturais e de sustentação, transportam substâncias (por exemplo, a hemoglobina que é uma proteína responsável por transportar oxigênio), regulação hormonal, função enzimática e, como sabemos, são formadas por polímeros de aminoácidos. Para manter a estabilidade da biomolécula de proteína, ou seja, que ela não perca suas funções, deve-se controlar o pH, manter a temperatura controlada, dispersar enzimas de degradação; o contato com água, plástico ou vidro poderá degradar as proteínas, assim como o longo tempo de armazena- mento (VOET, D.; VOET, J.; PRATT, 2014). α - Aminoácidos (fórmula geral) H2N CH2 SHCα H H C COO OH R COOH NH3 CH2 Tirosina Cisteína CH COO + NH3 + 65UNIDADE 2 A estrutura da proteína é classificada em primária, secundária, terciária e quaternária. Na estru- tura primária da proteína, os aminoácidos estão unidos formando uma estrutura linear; a estrutura secundária tem formato helicoidal devido à interação entre os aminoácidos; e as estruturas terciárias e quaternárias formam enovelados (Figura 13). Estrutura primária Estrutura secundária Estrutura terciária Estrutura quaternária Figura 13 - Estrutura linear, helicoidal e enovelada das proteínas Fonte: adaptada de Sehn (2009). As proteínas são divididas em simples e conjugadas. As proteínas simples são formadas pela união de aminoácidos e nenhum outro composto químico. A proteína conjugada é formada por aminoácidos e outro componente, chamado grupo prostético, sendo: glicoproteínas são formadas por proteína e açúcares (ex: imunoglobulina G); lipoproteínas, união de lipídeos e proteínas (ex: β1-Lipoproteína sanguínea); metaloproteínas, obtidas por meio de metais ligados a proteínas, por exemplo, ferritina (NELSON; COX, 2014). Quanto à forma, as proteínas podem ser classificadas em fibrosas e globulares. Fibrosas são es- truturais, pois dão proteção física ao organismo, por exemplo a α-queratina presente nos cabelos e unhas, e o colágeno em abundância na pele e tendões (DAU, 2015). Proteína globular apresenta cadeia polipeptídica enovelada, compacta e globular, algumas são hidrossolúveis, característica da maioria das enzimas (ALBERTS et al., 2017; ZAHA; BUNSELMEYER; PASSAGLIA, 2014). A queratina é uma proteína formada por cadeia polipeptídica com formato helicoidal, composta por 18 aminoácidos, lipídeos e minerais. O colágeno apresenta fibras fortes, insolúveis, dispostas em espiral (VOET, D.; VOET, J.; PRATT, 2014). As propriedades químicas das proteínas são hidratação e umectação. As enzimas são proteínas que aceleram as reações bioquímicas (função catalizadora) e são capazes de transformar substâncias. Frequentemente necessitam de vitaminas e sais minerais para desempenhar suas funções. Na cosmética, a coenzima Q10, bromelina e papaína são empregadas a fim de aumentar a permeabilidade cutânea, inibir oxidação, servir de emoliente e hidratante (GOMES; DAMAZIO, 2009). 66 A Química e sua Importância na Cosmetologia Carboidratos São chamados de hidratos de carbono, glicídios, amidos, açúcares ou sacarídeos, basicamente for- mados por carbono, hidrogênio e oxigênio, apre- sentam fórmula geral (CH2O)n e são biomoléculas que, quando sofrem oxidação, produzem energia para o organismo, estão presentes nas paredes ce- lulares e participam da formação de DNA. Carboidratos são formados por hidroxilas e aldeídos (poliidroxialdeídos) ou por hidroxilas e cetonas (poliidroxicetonas), conforme a Figu- ra 14. De acordo com sua estrutura molecular, os carboidratos podem ser monossacarídeos ou oligossacarídeos. Monossacarídeos ou açúcares simples contém uma única ligação poliidroxial- deído ou poliidroxicetona, são sólidos, incolores, hidrofílicos, doces; exemplos de monossacarídeos são a glicose e a frutose (NELSON; COX, 2014). Poliidroxialdeído - gliceraldeído C C C OH O O H H CH2OH CH2OH CH2OH Poliidroxicetona - diidroxicetona Figura 14 Fonte: a autora. Oligossacarídeos contém dois ou mais monossa- carídeos; a ligação é formada pela “ [...] reação entre o carbono contendo o grupo funcional aldeídico ou cetônico [...] de um monossacarídeo e um dos grupos hidroxíli- cos (OH) do outro monossacarídeo (CURY; TENUTA; TABCHOURY, 2017, p. 28). Com características hidratantes e espessantes utili- zados em máscaras oclusivas, sabonetes, produtos preenchedores e, até mesmo, peelings, como o áci- do glicólico, os glicídios mais utilizados na estética são: amido, agarose, mel, ácido hialurônico e gomas, sendo a goma xantana um expopolissacarídeo, car- boidrato de elevado peso molecular, possui função espessante e emulsificante de cosméticos. “ [...] produzido por microrganismos a partir de carboidratos extraídos de milho ou cana- -de-açúcar, com ampla utilização na área de alimentos e uso potencial na de cosméticos e na exploração de petróleo (BORSCHI- VER; ALMEIDA; ROITMAN, 2008, p. 256) Lipídeos Formadosde maneira geral por carbono, hidrogê- nio e oxigênio, são substâncias apolares, devido a longas cadeias de carbono e hidrogênio, insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos (ace- tona e éter são exemplos). Os lipídeos são fontes energéticas para o corpo humano, participam do transporte de vitaminas lipossolúveis, estão presentes em alguns hormônios, servem de iso- lantes térmicos, elétricos (neurônios) e mecânico (contra impactos), estão presentes nas membranas celulares e tornam impermeáveis a estrutura em que por ele está envolvida (SADAVA et al., 2009; CURY; TENUTA; TABCHOURY, 2017). Glicerídeos são chamados popularmente de óleos de origem vegetal, em geral, apresentam-se líquidos, e gorduras de origem animal e consis- tentes. A molécula de glicerol é formada quando há união de glicerol (tri-álcool) e ácidos graxos. Podem conter uma cadeia, de ácido graxo anexa a ele, sendo chamado de monoglicerídeo, quando há duas cadeias chama-se diglicerídeos, e três cadeias são os triglicerídeos (Figura 15). Destaca-se os tri- glicerídeos, moléculas abundantes no corpo huma- no, responsáveis pelo armazenamento de gordura que poderá ser utilizada como fonte energética fu- tura (BURTIS; BRUNS, 2016; ANDERSON, 2014). 67UNIDADE 2 + Glicerol 3 ácidos graxos de diferentes comprimentos Um triglicerídeo formado a partir de 1 glicerol + 3 ácidos graxos Figura 15 - Glicerol, ácido graxo livre e triglicerídeo Fonte: Sizer e Whitney (2003, p. 136). De uma maneira geral, o ácido graxo é derivado do ácido car- boxílico, o que os diferencia é a quantidade de carbono: o ácido carboxílico possui poucos carbonos e os ácidos graxos têm uma cadeia longa (uma grande quantidade de carbono). Ácido carboxílico - Ácido etanoico C OH O H3C H H H C Ácido graxo - Ácido Láurico H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C H H C C O OH H H C As gorduras são classificadas em saturadas e insaturadas, Cis e Trans. Gorduras saturadas ocorrem quando as ligações de carbono são simples, formando cadeias saturadas (cheias) de hidrogênio; nessas cadeias a tendência é serem planas e compactadas, por isso a gordura será mais sólida. Nas gorduras insaturadas, têm-se uma ou mais duplas ligações na cadeia, formando cadeias tortuosas; estas possibilitam que as moléculas fiquem descompactadas, obtendo característica de óleo neste tipo de gordura. Nota-se na Figura 16 (REECE et al., 2015; BALCH, 2005). 68 A Química e sua Importância na Cosmetologia H H H H H C O O O O O O C C C C C H H H H H C O O O O O O C C C C C Saturada Insaturada Figura 16 - Molécula de gordura saturada (compacta) e insaturada (tortuosa) Fonte: Reece et al. (2015, p. 73). Nas gorduras hidrogenadas, ocorre a quebra de insaturações, adição de hidrogênio, deixando a cadeia saturada. Este processo transforma uma substância, antes líquida, em pastosa, e apesar de ser um bom conservante, o produto final deste processo, a gordura hidrogenada, é potencial- mente maléfica ao organismo, causando doenças cardiovasculares, hepáticas e obesidade (SIZER; WHITNEY, 2003). Os cerídeos ou ceras podem ser classificados como lipídeos ou éster derivado de um ácido de cadeia longa. Combinam-se com várias molécu- las, como os aldeídos, álcoois e hidrocarbonetos. São formados por meio da ligação de um áci- do graxo a um álcool de cadeia longa, que não seja o glicerol. São extremamente hidrofóbicos, pastosos e possuem função impermeabilizante (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010). Os fosfolipídeos estão presentes nas membra- nas celulares, são anfipáticos (interagem com a água e óleo), formados mediante ligação de um ácido graxo e álcool. Os esteroides são lipídeos que possuem hidro- xila ligados a quatro anéis carbônicos; o colesterol é precursor de vários hormônios (ex.: sexuais, su- prarrenal), composto de origem animal, e fixado entre a membrana plasmática. Pode ser produzido no fígado ou obtido por meio da alimentação (REE- CE et al., 2015; TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). Na cosmetologia, os lipídeos são empregados devido à sua função hidratante, emoliente, emulsi- ficante e por proporcionar a saponificação, proces- so de higienização e desincruste. Os mais utiliza- dos são o óleo de abacate, óleo de semente de uva, óleo de amêndoas, manteiga de karité, manteiga de cacau e lanolina (GOMES; DAMAZIO, 2009). 69UNIDADE 2 Vitaminas De grande importância para os processos biológicos, as vitaminas também estão presentes em cos- méticos e atuam conforme as suas propriedades químicas. As vitaminas são compostos orgânicos que participam dos mecanismos de defesa do organismo, na regulação dos genes; atuam nas regiões específicas do corpo, como: olhos, cabelos, pele e órgãos internos (DAMODARAN; PARKIN; FENNE- MA, 2010). São classificadas em hidrossolúveis (B e C) e lipossolúveis (A, D, E, K). As características das vitaminas, relatadas por Baynes, Dominiczak (2015), Sá (1989) e Gomes e Damazio (2009) são: Vitamina A • Retinol. • Possui várias duplas ligações na cadeia de hidrocarboneto. • Importante para o ciclo visual. • Na falta desta vitamina, pode causar desidratação cutânea e cegueira noturna. • Em excesso, é tóxica. Vitamina E • Tocoferol. • Anel aromático ligado com grupamentos de hidrocarbonetos, éter cíclico. • Antioxidante, função de defesa imunológica e protetora de membrana celular. • Na falta, pode causar anemia entre outras alterações, em prematuros. Vitamina C • Ácido ascórbico. • Antioxidante, participa da síntese de colágeno e neurotransmissores. • Clareador e regenerador. • Deficiência de vitamina C causa escorbuto. 70 A Química e sua Importância na Cosmetologia O corpo humano é mesmo incrível, são inúmeras substâncias, com- postos, moléculas que compõe o nosso sistema que diaria- mente nem nos damos conta, e não somente o corpo humano, mas o meio ambiente e tudo o que está presente nele é rico em elementos químicos, causando macro e microfenômenos. Ao final desta unidade, podemos co- nhecer um pouco mais sobre: os ácidos, bases, terpenos, carboidratos, lipídeos e outras funções orgânicas, inorgânicas e a bioquímica que compõem as formula- ções terapêuticas. Agora, ao utilizarmos um determinado produto, saberemos um pouco mais sobre seus componentes, e poderemos elencar o melhor programa de tratamento. Contudo, nossos estu- dos não acabam por aqui: seguiremos aprendendo sobre a química aplicada à pele e seus anexos, e sobre os prin- cipais cosméticos utilizados em atendimento clínico. Até mais! 71 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Sobre a fórmula molecular: H2S, assinale a alternativa correta: a) É uma monobase. b) É um diácido. c) É uma tetrabase. d) É um triácido. e) Nenhuma das alternativas. 2. A química orgânica está presente no alimento que comemos, em nosso orga- nismo e no meio ambiente. Sobre ela, analise as afirmações a seguir: I) Os aminoácidos são vitais, pois participam de funções energéticas, devido à sua ligação com o grupo carboxílico, formando longas cadeias. II) Os lipídeos, encontrados somente em fontes vegetais, têm como função formar músculos e servir de estrutura de sustentação ao corpo humano. III) A água retirada de fontes termais ricas em minerais é chamada de água deionizada. IV) Os aminoácidos são formados por grupo carboxila em sua estrutura química. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I está correta. b) Apenas II está correta. c) Apenas III está correta. d) Apenas IV está correta. e) Nenhuma das alternativas está correta. 72 3. Sobre terpenos, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ) ( O odor característico das plantas se deve aos compostos terpênicos, presentes em grande quantidade. ) ( Os terpenos também servem como repelentes de insetos ou qualquer outra ameaça que possa atingir a planta. ) ( Não somente para fins aromáticos, algumas classes dos terpenos possuem ação de pigmentação, sendo utilizados pelaindústria alimentícia. Assinale a alternativa correta: a) V-V-V. b) V-F-F. c) F-F-F. d) F-V-V. e) F-V-F. 4. Carboidratos, lipídeos e vitaminas são essenciais para o funcionamento do corpo humano e podem ser produzidos pelo organismo, adquiridos por meio de dietas ou aplicados sobre o corpo. Sobre estes compostos, assinale a alternativa correta: a) Os esteroides são hormônios, presentes no corpo humano e formados por lipídeos. b) A queratina, responsável pela formação da pele, unhas e cabelos, é um terpe- noide. c) O óleo essencial de cânfora é uma base inorgânica. d) O retinol, utilizado como ácido retinóico em tratamentos dermatológicos, é um cerídeo, conferindo maciez e hidratação à pele. e) A vitamina A possui propriedade antioxidante, função de defesa imunológica e protetora de membrana celular. 5. Comente sobre a escala de pH e sua importância no desenvolvimento de pro- gramas de tratamento. 73 Princípios de Bioquímica de Lehninger Autor: David L. Nelson, Michael M. Cox Editora: ARTMED Sinopse: Princípios de bioquímica de Lehninger chega a 6ª edição com a qualida- de e os diferenciais que o tornaram um clássico na área: o texto claro e objetivo, as explicações cuidadosas de conceitos complexos e a compreensão dos meios pelos quais a bioquímica é entendida e aplicada atualmente o mantém como a referência ideal na área. A relevância da bioquímica nos mecanismos molecula- res das doenças é destaque também nesta nova edição, enfocando seu papel fundamental nos avanços da saúde e do bem-estar humano e incorporando os mais recentes avanços científicos. LIVRO 74 ALBERTS, B.; BRAY, D.; HOPKIN, K.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P. Fun- damentos da Biologia Celular. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. ANDERSON, B. E. Sistema Tegumentar. 2. ed. Tradução de Andrea Favano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. ANVISA. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da diretoria colegiada- RDC nº 182, de 13 de outubro de 2017. Dispõe sobre as boas práticas para industrialização, distribuição e comercialização de água adicionada de sais. Diário Oficial da União, 2017. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/. Acesso em: 25 abr. 2019. APPLEGATE, E. Anatomia e Fisiologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. ATKINS, P.; JONES, L.; LAVERMAN, L. Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018. BALCH, J. F. Tratamentos naturais: um guia completo para tratar problemas de saúde com terapias naturais. Tradução de Ana Beatriz Rodrigues. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. BARBOSA, L. C. A. Introdução à química orgânica. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. BARROW, G. M. Físico-química. Tradução de Raimundo Nonato Damasceno e Irvin Viluce Leon. Rio de Janeiro: Reverté, 1982. BAYNES, J. W.; DOMINICZAK, M. H. Bioquímica Médica. 4. ed. Tradução de Medical biochemistry. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. BEATRIZ, A.; ARAÚJO, Y. J. K.; LIMA, D. P. Glicerol: um breve histórico e aplicação em sínteses estereosseletivas. Química Nova, v. 34, n. 2, 306-319, 2011. BJELDANES, L. F.; SHIBAMOTO, T. Introdução à Toxicologia de Alimentos. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2014. BOLOGNIA, J.; JORIZZO, J. L.; SCHAFFER, J. V. Dermatologia. 3. ed. Tradução de Adriana de Carvalho Corrêa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. BORSCHIVER, S.; ALMEIDA, L. F. M.; ROITMAN, T. Monitoramento Tecnológico e Mercadológico de Bio- polímeros. Polímeros: Ciência e Tecnologia, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 256-261, 2008. BRASIL. Decreto nº 7.841, de 8 de agosto de 1945. Código de Águas Minerais. Presidência da República, 1945. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1937-1946/Del7841.htm. Acesso em: 25 abr. 2019. BRASIL. Guia de Qualidade para Sistemas de Purificação de Água para Uso Farmacêutico. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: ANVISA, 2013. BRESINSKY, A.; KÖRNER, C.; KADEREIT, J. W.; NEUHAUS, G.; SONNEWALD, U. 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É importante seu estudo na cosmetologia, pois é a partir dele que a função de um cosmético ou produto de higiene será determinada. 79 80 81 82 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Definir as terminologias mais utilizadas para que se possa compreender o que está apresentado na rotulagem dos produtos e permita eleger a melhor opção durante a ela- boração de um programa de tratamento. • Introduzir as características do sistema tegumentar e sua relação na administração dos produtos terapêuticos. • Explanar sobre o processo de permeabilidade cutânea. • Identificar as características físico-químicas necessárias para a maior penetração dos ativos químicos. • Definir as características químicas dos produtos terapêu- ticos. • Orientar sobre a utilização dos princípios ativos indicados a cada disfunção estética. Formulações Cosméticas e suas Funções Sistema Tegumentar Alterações Estéticas da Pele, Hipoderme, Cabelos e Lâminas Ungueais Permeabilidade Cutânea Me. Érica Simionato Machado Rieger Aplicação Terapêutica dos Cosméticos Formulações Cosméticas e suas Funções Olá! Nesta terceira unidade, aprenderemos sobre as terminologias referentes à produção e caracte- rísticas dos produtos cosméticos, revisaremos so- bre o sistema tegumentar e como os ativos atuam no organismo e, por fim as formas de permeação dos cosméticos. É de fundamental importância abordarmos esses assuntos, pois a aplicação dos produtos, mesmo que externa, pode alterar de forma positiva ou negativa as funções fisiológicas. Saber em quais estruturas os cosméticos per- meiam, quais substâncias penetram com maior profundidade e qual a diferença entre as funções dos ingredientes permitirá eleger o produto mais indicado de acordo com a disfunção apresentada pelo paciente. Na prática clínica, deparamo-nos com inúmeras disfunções, cada uma com características diferentes. Se não soubermos avaliar a alteração apresentada e não tivermos o conhecimento das funções dos ingredientes dos cosméticos, o tratamento será li- mitado ou, até mesmo, ineficiente. Então, vamos logo começar a estudar sobre este assunto. Há tempos, haviam poucos tipos de cosméti- cos (em geral, alguns cremes faciais e corporais) e estes atuavam superficialmente, não entregando resultados significativos durante a aplicação. Con- 85UNIDADE 3 tudo, com o estudo avançado da tecnologia, a constante descoberta do mecanismo de funcionamento do organismo e o estudo sobre os produtos farmacêuticos, houve uma expansão rápida deste mercado. Assim, hoje em dia, como temos medicamentos para tratar diversas patologias, temos os cosméticos para auxiliar no bem-estar da pele e seus anexos. Em contrapartida, devido a essa variedade de cosméticos, está cada vez mais difícil escolher o melhor produto para a queixa clínica do paciente, visto que devemos nos atentar com a indicação, contraindi- cação, composição química e associações eletroterápicas. Além do mais, os produtos farmacológicos contêm várias substâncias químicas e nem todas participarão ativamente da função desejada, precisa- mos estar atentos, também, a esta informação, pois não é somente a quantidade de ingredientes, mas a função de cada um deles que fará a diferença no tratamento. Definiremos, a seguir, as principais terminologias referentes aos produtos farmacológicos. Principais Terminologias Princípio ativo: substância que pode “exercer atividade farmacológica ou outro efeito direto no diagnóstico, cura, tratamento ou prevenção de uma doença, podendo ainda afetar a estrutura e fun- cionamento do organismo humano” (ANVISA/2010). Matéria-prima: “Qualquer substância, seja ela ativa ou inativa” (ANVISA/2010) utilizada na pro- dução do produto farmacológico. Medicamento fitoterápico: obtido somente de “matérias-primas ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade” (ANVISA/2010). Forma farmacêutica “ Estado final de apresentação que os princípios ativos farmacêuticos possuem após uma ou mais operações farmacêuticas definições executadas com a adição de excipientes apropriados ou sem a adição de excipientes, a fim de facilitar a sua utilização e obter o efeito terapêutico desejado, com características apropriadas a uma determinada via de administração (BRASIL, 2011, p. 9). Os tipos de forma terapêutica são: cápsulas, comprimidos, emulsão, soluções, entre outros. Via de administração: é o local de aplicação do produto ou medicamento. De acordo com Brasil (2011, p. 33-36) existem diferentes vias de administração, que a aplicação se dá: • Capilar: no couro cabeludo. • Transepidérmica ou Dermatológica: “na superfície da pele e anexos cutâneos”. • Transdérmica:“por difusão através da camada dérmica da pele para a circulação sistêmica”. • Inalatória: por meio do sistema respiratório, que pode desencadear efeitos sistêmico ou local. • Intradérmica: no interior da derme. • Intramuscular: no interior de um músculo. • Oral: na boca. • Subcutânea: “sob a pele (hipodérmica, subdérmica)”. • Irrigação: “Destinado à lavagem e limpeza de feridas abertas ou cavidades do corpo”. 86 Aplicação Terapêutica dos Cosméticos • Transfolicular: através do folículo piloso (MATOS, 2014). • Transanexial: através dos anexos cutâneos (MATOS, 2014). Posologia: são as informações referentes à “dose e duração do tratamento, dose máxima diária, vias de administração” (ANVISA/2003). Reação adversa: “Qualquer resposta a um medicamento que seja prejudicial, não-intencional, e que ocorra nas doses normalmente utilizadas, em seres humanos, para profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças; ou para a modificação de uma função fisiológica” (RDC 140/2003). Principais Componentes dos Cosméticos Aqui, serão apresentados os principais compo- nentes presentes nos cosméticos e suas funções: Aditivos: substâncias adicionadas ao produto para garantir a validade ou para alterar suas ca- racterísticas: são os corantes, os aromatizantes e conservantes. Conservantes:“evitam a deterioração do produto” (WICHROWSKI, 2007, p. 58) causada por bactérias, fungos ou pela oxidação. Exemplo: metilparabeno, propilparabeno, formaldeído e álcool benzílico. Veículo: tipo de excipiente, formado por subs- tâncias responsáveis por carrear os ativos no in- terior da pele, podendo ser líquido, semissólido ou sólido. “ Possuem a função de estabilizar e preservar o aspecto e as características físico-químicas da fórmula [...] Em geral, os excipientes são terapeuticamente inertes, inócuos nas quan- tidades adicionadas e não devem prejudi- car a eficácia terapêutica do medicamento (BRASIL, 2012, p. 17-18). São exemplos: “água, álcool, óleo, propilenoglicol, gel, sérum, suspensão, emulsão ou pó” (MATOS, 2014). Veículo vetorial: “ [...] estruturas projetadas para carrear ativos hidrossolúveis ou lipossolúveis até as ca- madas mais profundas da epiderme. São li- possomos, nanoesferas e silanóis (GOMES; DAMAZIO, 2009, p. 141). Umectante: garantem a umidade do produto e, devido ao seu potencial higroscópico, propor- cionam a hidratação da superfície cutânea (GO- MES; DAMAZIO, 2009). São exemplos: glicerina, d-pantenol e propilenoglicol. Tensoativo ou Surfactante: “ [...] substância química que apresenta regiões de polaridade distintas em sua estrutura e que, portanto, consegue pro- mover a remoção de moléculas apolares e pouco polares no processo de lavagem com água (GARCIA; LUCAS; BINATTI, 2015, p. 133)”. Podem possuir propriedades específicas, como: detergentes, emulsificantes, antissépticos, espes- santes e emolientes. Antioxidantes: no cosmético, “impedem o desencadeamento de reações quí- micas evitando a deterioração (oxidação) do produto” (WICHROWSKI, 2007, p. 58). Exemplo: metabissulfito de sódio e o EDTA. Corretivo de pH: substância com a capacidade de corrigir o pH do produto final de acordo com a necessidade, sendo possível corrigir a acidez ou alcalinidade. Exem- plo: Hidróxido de sódio, ácido cítrico e trietanolamina (VILA; MIRANDA, 2013). Formas de Apresentação dos Produtos Cosméticos Os cosméticos podem se apresentar nas formas: sólida (pó), líquidas (emulsões, es- pumas e óleos) e semissólidas (creme e gel). A seguir, definiremos as características de alguns produtos cosméticos que podem ser frequentes em sua prática clínica: Creme: “ Forma farmacêutica semissólida que consiste de uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase aquosa. Contém um ou mais princípios ativos dis- solvidos ou dispersos em uma base apropriada e é utilizado normalmente para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas (BRASIL, 2011, p. 32). Os cremes podem apresentar finalidade hidratante, nutritiva, antienvelhecimento, antioxidante, queratolítico ou emoliente, sendo que devem ser aplicados à noite, devido a sua maior absorção neste período (GOMES; DAMAZIO, 2009). Emplasto: “ Forma farmacêutica semissólida para aplicação externa. Consiste de uma base adesiva contendo um ou mais princípios ativos distribuídos em uma camada uniforme num suporte apropriado feito de material sintético ou natural. Desti- nado a manter o princípio ativo em contato com a pele, atuando como protetor ou como agente queratolítico (BRASIL, 2011, p. 32). Emulsão: “ Forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que consiste de um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) através de outro líquido (fase externa ou contínua) (BRASIL, 2011, p. 25). 88 Aplicação Terapêutica dos Cosméticos As emulsões são classificadas quanto à quantidade de água (A) e óleo (O) presente na formulação: A/O: menor presença de água, deixando um aspecto pegajoso e a secagem lenta do produto. O/A: menor presença de óleo, resultando em secagem rápida e toque seco. A/O/A ou O/A/O: tipo de emulsão múltipla, onde a fase interna de uma gotícula contém gotí- culas menores da substância contrária (Figura 1). Exemplo: na emulsão A/O, contém maior quanti- dade de óleo e gotículas de água; dentro das mo- léculas de água possui uma fração menor de óleo. Nesta figura, temos os exemplos de emulsão simples 1 – O/A; emulsão simples 2 – A/O; emul- são múltipla 3 – A/O/A; e emulsão múltipla 4 – O/A/O. O O AA A A1 A2 O O O Em ul sõ es m úl tip la s Em ul sõ es s im pl es 1 2 3 4 Figura 1 - Representação de emulsões simples e múltiplas Fonte: Pereira e Garcia-Rojas (2015, p. 156). Gel: “ Forma farmacêutica semissólida com um ou mais princípios ativos, que contém um agente gelificante para fornecer firmeza a uma solução ou dispersão coloidal (BRA- SIL, 2011, p. 32). Sérum: “ [...] forma cosmética em soro, com textu- ra leve e concentração de princípios ativos geralmente maior que os cosméticos ha- bituais. Possui grande teor de água e uma pequeníssima quantidade de óleo(MATOS, 2014, p. 42). Óleo: “Líquido gorduroso solúvel em éter e in- solúvel em água” (BRASIL, 2011, p. 27), nos cos- méticos são utilizados para garantir emoliência, hidratação ou servir de carreador para princípios ativos. Sua classificação se dá quanto à origem: naturais obtidos por meio de vegetais, naturais obtidos por meio de animais, modificados ou sintéticos. Óleos naturais de origem vegetal são extraídos de plantas, como a amêndoa, o abacate, a semente de uva, entre outros. Os óleos naturais de origem animal são obtidos mediante animais, sendo re- presentados pela banha e esqualeno. Por outro lado, os óleos modificados são transformados em laboratório para ter uma maior aceitação na indústria cosmética, e compõe este grupo o palmi- tato de acetila e isononanoato de cetoestearila. Por fim, os óleos sintéticos são produzidos totalmente em laboratório e derivados do petróleo (GOMES; DAMAZIO, 2009). Gomes e Damazio (2009) também relatam que a ação emoliente dos óleos ocorre devido à sua ca- pacidade de dissolver-se com o material graxo das glândulas sebáceas, que amolece o estrato córneo. E a hidratação obtida por este composto se deve à camada lipídica que se forma na superfície da pele e impede a evaporação da água do interior da pele. Os óleos produzidos possuem entre 8 a 22 átomos de carbono para garantir difusão na superfície da pele, visto que os poros não conseguem absorver substâncias de alto peso molecular. 89UNIDADE 3 Óleos vegetais e essenciais: com inúmeras funções e muito utilizados na área da cosmeto- logia por sua alta capacidade de penetração e terapêutica, os óleos vegetais e essenciais serão descritos na próxima unidade. Loção: podem ser utilizadas na limpeza (devido ao potencial hidratante, detergente e umectante)ou pós-limpeza, com finalidade tô- nica calmante, adstringente, cicatrizante, revita- lizante e antisséptica. Equilibram o pH cutâneo, diminuem poros (loção tônica adstringente) e promovem vasoconstrição (GOMES; DAMA- ZIO, 2009). Elixir: “Solução hidroalcoólica de sabor agra- dável e adocicado, contendo princípio(s) ativo(s) dissolvido(s)” (BRASIL, 2011, p. 27). Espuma: “ Forma farmacêutica que consiste de um grande volume de gás disperso em um lí- quido, geralmente contendo uma ou mais substâncias ativas (BRASIL, 2011, p. 26). Pó: “[...] qualquer substância sólida, reduzida a pequenas partículas” (FONSECA; PRISTA, 2000, p. 2). Contém “um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes” (BRASIL, 2011, p. 31). Sabão: atua na decomposição da gordura, re- move as impurezas por arraste e é formado, na grande maioria, por tensoativos, material oleoso e sódio (GOMES; DAMAZIO, 2009). A utilização de solventes orgânicos para a higienização cutânea pode causar ressecamento da pele e até dermatites, geralmente são produtos hidroalcoólicos. Sabonete: “[...] derivada da ação de uma so- lução de álcali em gorduras ou óleos de origem animal ou vegetal. Destinado à aplicação na super- fície cutânea” (BRASIL, 2011, p. 24). Os sabonetes em barra, geralmente, possuem pH entre 9 a 12, e nos sabonetes líquidos, o pH é entre 5 a 7. Demaquilante: remove a maquiagem devido à sua ação emoliente obtida por meio de uma fase oleosa (GOMES; DAMAZIO, 2009). Máscaras cosméticas: utilizadas com finali- dade hidratante, secativa, tensora, nutritiva, cal- mante, clareadora, antioxidante e queratolítica. As máscaras cosméticas podem ser aplicadas em vá- rias regiões do corpo (GOMES; DAMAZIO, 2009). Argilas: obtidas por meio da trituração das ro- chas. Existem várias cores de argila e cada uma é responsável por uma função no organismo, isto se dá devido à presença de oligoelementos (cálcio, mag- nésio, ferro, selênio, zinco etc.). As argilas possuem elétrons livres e energia radiônica, assim podem doar e receber energia (GOMES; DAMAZIO, 2009). Xampu: “Solução ou suspensão, contendo um ou mais princípios ativos, para aplicação na superfície do couro cabeludo” (BRASIL, 2011, p. 31). Remove o sebo, suor e células descamativas do cabelo e couro cabeludo. “ Contém detergentes, agentes espumantes, condicionadores, encorpadores, opacifica- dores, amaciantes, quelantes, fragrâncias, conservantes e aditivos especiais (BOLOG- NIA; JORIZZO; SCHAFFER, 2015, p. 2484). 90 Aplicação Terapêutica dos Cosméticos Condicionador: produto cremoso responsá- vel por devolver “ [...] aos cabelos alguns elementos naturais e suas características como, por exemplo, a oleosidade natural, o brilho e maciez que normalmente são perdidos com o uso de shampoo (STAMPACCHIO, 2010, p. 29). Desodorante: reduzem ou ocultam o odor cor- poral desagradável, como exemplo o bicarbonato de sódio, triclosan ou o etanol. Antiperspirante: atua no controle da secreção das glândulas sudoríparas, reduzindo a ejeção do conteúdo na superfície da pele, ou seja, a transpi- ração (WILKINSON; MOORE, 1990). Cloridra- tos de alumínio e zircônio são exemplos de ativos utilizados em antiperspirante. Perfume: compostos por óleos essenciais, agentes fixadores, álcool e água, são cosméticos utilizados para adicionar aroma ao corpo. Batom: proporciona coloração aos lábios. Os ativos mais utilizados são: cera branca de abelha, pigmento, óleo de rícino, óleo hidro- genado (BOLOGNIA; JORIZZO; SCHAFFER, 2015). Esmalte: “ [...] destinado a cobrir temporariamente, por meio de uma camada de pigmento, a lâmina ungueal natural e consiste em pigmentos suspensos em um solvente vo- látil ao qual agentes formadores de um filme foram adicionados (BOLOGNIA; JORIZZO; SCHAFFER, 2015, p. 2487). Funções dos Cosméticos Cada princípio ativo possui função e contraindicação. A seguir, aprenderemos quais são as propriedades mais importantes dos cosméticos para nossos atendimentos clínicos. Hidratantes: participam de mecanismos de re- tenção de água na cútis, por meio da umectação, oclusão e/ou hidratação ativa, e, de acordo com Borges e Scorza (2016), diferenciam-se: • A hidratação por oclusão ocorre devi- do à fração oleosa contida na formulação, formam um filme na superfície da pele que evita a perda de água do seu interior. Exemplos de ativos oclusivos: óleo mineral e vegetal, silicones. • Na hidratação por umectação, os com- ponentes da formulação possuem capaci- dade higroscópica, ou seja, captam a água do ambiente e à retém na superfície da pele, sem penetrar no estrato córneo. Exemplos de ativos umectantes: ácido hialurônico, extrato de aloe vera, colágeno e elastina. • A hidratação ativa é concebida devido às substâncias potencialmente higroscópicas que permeiam na camada córnea e permi- tem a retenção de água. Exemplos de ativos hidratantes ativos: ureia e PCA-Na. Emoliente: “ São geralmente lipídios e óleos com a fun- ção de preencher as fendas entre os corneó- citos descamantes, ocasionando uma pele com uma aparência de textura mais macia e maior elasticidade (ALAM; GLADSTONE; TUNG, 2010). Causam o amolecimento da camada córnea, sen- do exemplos a manteiga de manga e karité, óleo de amêndoas e semente de uva. 91UNIDADE 3 Antioxidante: na pele, os pro- dutos com essa propriedade- doam um elétron para o radical livre e impedem a deterioração celular (Figura 2). Exemplo: chá verde, coenzima Q10, vitamina C (MATOS, 2014). Tensores: atuam na musculatura e, por vezes, na derme, promovendo efeito lifting e regenerador dérmico. Exemplo: DMAE, Raffermine, Tensine (MATOS, 2014). Estimulante da Lipólise: capacidade do ativo em liberar, da molécula de triacilglicerol presente no adipócito, ácidos graxos livres e glicerol, que serão utilizados no organismo como fonte ener- gética. Antibióticos: inibem ou destroem microrga- nismos responsáveis pelo processo de infecção. Exemplo: mupirocina, eritromicina, clorexidina (BEGA, 2014). Adstringente: remove excesso de sebo da pele e, consequentemente, contraem os poros. Podem estar presentes em diversas formas de apresenta- ção, como: máscaras, tônicos, sabonetes (MATOS, 2014). Exemplo: taninos, polifenóis, zinco e extra- to de hamamélis (Figura 3). Figura 3 - Hamamélis Radical livre Antioxidante Elétron desemparelhado Figura 2 - Antioxidantes interagem com radicais livres doando seus elétrons Desincrustante: elimina o excesso de sebo e su- jidades da pele. Exemplo: lauril éter sulfato de sódio. Anti-inflamatório: ativo com capacidade de controlar a inflamação e reduzir os efeitos que ela causa, como hiperemia, dor e desconforto (BEGA, 2014). Antifúngico: atua na destruição ou redução de fungos. Exemplo: própolis e cetoconazol. Queratolítico: provoca o amolecimento da ce- ratina e despegamento ou separação das diferentes camadas celulares que constituem a camada córnea (esfoliação). Exemplo: ácido retinóico, ácido salicí- lico, enxofre (FONSECA; PRISTA, 2000). Matificante: reduz o aspecto brilhoso da pele por absorverem, em suas partículas, o conteúdo sebáceo (MATOS, 2014). Cicatrizante: possui propriedades regenerado- ras, por exemplo o extrato de calêndula, copaíba e pantenol. Despigmentante: interfere nos processos em que há a par- ticipação da melanina (Figura 4), na quelação de cobre e ferro ou renovação da epiderme. Por exemplo, a hidroquinona e áci- do retinóico (MATOS, 2014). Fotoprotetores: reduzem “os efeitos deletérios dos raios solares por sua capacidade de interagir com a radiação existente” (COR- TEZ et al., 2016, p. 2268). São classificados em filtros físicos, químicos ou combinados. Figura 4 - Produção de melanina pelo melanócito O filtro solar físico contém, em sua formulação, substâncias que formam filme sob a pele que refletem a radiação ultravioleta, por isso possuem baixo potencial alergênico, porém torna a pele com coloração esbranquiçada, são exemplos:dióxido de titânio e o óxido de zinco. Por outro lado, o filtro solar químico absorve a radiação ultravioleta, evitando a penetração desta. São exemplos de filtros solares químicos o Octil Dimetil PABA, Salicilato de Trietanolamina e o p-metoxicinamato de Octila. Esfoliantes: podem ser classificados como físicos, mecânicos, biológicos ou enzi- máticos e químicos. Os esfoliantes físicos possuem pequenos grânulos, como a semente de apricot. A esfoliação mecânica é obtida por meio de equipamentos, como o peeling de diamante e peeling de cristal. Por sua vez, os esfoliantes biológicos ou enzimáticos são enzimas naturais, como bromelina (retirada do abacaxi) e a papaína (obtida do mamão). Por fim, os esfoliantes químicos são representados pelos ácidos, como o sali- cílico e glicólico. Este último tipo de esfoliante pode atingir camadas mais profundas da epiderme, dependendo do ativo, da concentração e da forma de apresentação do produto. Os três primeiros (físico, mecânico e enzimático) removem a camada córnea da epiderme, que é a mais superficial. Desbridante: remove o “tecido morto ou danificado, corpos estranhos e microrga- nismos que comprometem os mecanismos de defesa locais e atrasam a cicatrização” (FOSSUM, 2014, p. 197). Exemplo: colagenase. Formas de Apresentação das Embalagens As formas de apresentação das embalagens, segundo Brasil (2011, p. 38-48), são as seguintes: Ampola: frasco selado hermeticamente e indicado para uma única dose. Bisnaga: tubo achatado indicado para armazenamento de substâncias semissólidas. Envelope: “recipiente de material flexível formado por duas lâminas seladas” (BRASIL, 2011, p. 40). Frasco: “recipiente normalmente de formato tubular, com um gargalo estreito e de fundo plano ou côncavo” (BRASIL, 2011, p. 42). Pode conter um aplicador, gotejador ou ser em spray. Pote: “recipiente largo com formato normalmente cilíndrico, de fundo plano e com gargalo curto e largo” (BRASIL, 2011, p. 47). É indicado para o armazenamento de substâncias sólidas ou semissólidas. Caso queira aprofundar-se no assunto, outras informações importantes quanto à manipulação e conservação dos produtos farmacêuticos estão disponíveis no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 94 Aplicação Terapêutica dos Cosméticos O sistema tegumentar é formado pela pele e ane- xos cutâneos, e apresenta funções complexas e muito importantes, como: a proteção contra im- pactos mecânicos, microrganismos e radiação ul- travioleta, impermeabilizar a superfície da pele, participar da regulação da temperatura corporal e da sensibilidade cutânea. Pele A pele é o maior órgão do corpo humano e possui pH de, aproximadamente, 5,5. É dividida em duas camadas: a epiderme e a derme, formadas por conjunto de células diferenciadas. Na epiderme, constam os queratinócitos, melanócitos, células de Langerhans e células de Merkel e é formada pelas camadas: basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea (Figura 5). Sistema Tegumentar 95UNIDADE 3 Além de proteger a pele contra microrganismos, é na epiderme que há a formação do manto hi- drolipídico. Este é formado pela produção das glândulas sebáceas e sudoríparas, que formam um filme sob a pele, impedindo a perda de água. Outra forma de manter a hidratação da pele é por meio do Fator de Hidratação Cutânea (NMF), que contém moléculas higroscópicas com capacidade de reter água, aumentando a hidratação, e estão presen- tes no interior das células da camada córnea (Figura 6). No entanto, apesar dessas funções elementares, a espessura da epiderme interfere na permeabilidade dos produtos cosméticos, dificultando a passagem dos fármacos e ação do tratamento. A derme é formada por tecido conjuntivo e nela estão dispostos os fibroblastos, células res- ponsáveis por produzir colágeno e elastina. Esta camada é vascularizada e fornece nutrição e su- porte estrutural para a pele (Figura 7). Pelo Estrato córneo Estrato granuloso Estrato lúcido Estrato espinhoso Estrato basal Glândulas sebáceas Músculo eretor do pelo Derme Figura 5 - Composição da pele Figura 6 - Reposição de água na pele desidratada 96 Aplicação Terapêutica dos Cosméticos Anexos da Pele Glândulas sebáceas As glândulas sebáceas (Figura 8) estão anexas ao folículo piloso e secretam um conteúdo oleoso, o sebo. Com funções de proteção contra determina- das bactérias e retenção de água para o interior da pele, propiciando a hidratação, a presença de sebo na superfície da pele é valiosa na manutenção da saúde cutânea. As glândulas sebáceas são responsáveis pelas características cutâneas, sendo que a classificação dos tipos de pele se devem à hiperfunção ou hi- pofunção das glândulas. Músculo eretor do pelo Poro Raiz do pelo Epiderme Eixo do pelo Glândula sebácea Bulbo capilar Artéria Veia Papila do pelo Glândulas sudoríparas Figura 8 - Glândula sebácea anexa ao folículo piloso Glândulas sudoríparas O suor produzido pelas glândulas sudoríparas (Figura 9) desemboca na superfície da pele e tem por objetivo resfriar e manter o controle da tem- peratura, interferindo na hidratação cutânea. Glândula Sudorípara Figura 9 - Glândula sudorípara Pelos Os pelos estão presentes em grande parte da extensão cutânea; são estruturas sensoriais, de proteção e estão associados à imagem pessoal, representando força e poder. É por meio dos pelos Epiderme Derme Tecido subcutâneo Figura 7 - Localização anatômica da derme que sentimos o leve toque, como de um inseto, que temos a proteção contra microrganismos e partículas estranhas. Os pelos são formados por três camadas epiteliais: a cutícula, o córtex e a medula (Figura 10) e crescem por meio de folículos pilosos. Sua haste é formada a partir da união de α-queratina, minerais e água. A α-queratina capilar é composta por aminoácidos, sendo a queratina “sensível aos produtos alcalinos e oxidantes e é estável em pH 4 e 8” (WICHROWSKI, 2007, p. 24). A coloração dos pelos se dá pela presença de melanócitos na matriz do bulbo, que diferenciam a tonalidade do fio de acordo com a produção destas células. Bainha radicular epitelial Bainha radicular epitelial Bainha radicular interna Bainha radicular interna Bainha radicular externa Bainha radicular externa Bainha radicular dérmica Bainha radicular dérmica Medula Córtex Cutícula do pelo Bulbo Vasos sanguíneos Papila do pelo Pelo matriz Melanócito Cutícula do pelo Córtex Medula Figura 10 - Anatomia do pelo Lâminas ungueais As unhas (Figura 11), ou também chamadas de lâminas ungueais, auxiliam no ato de pegar objetos e realizar movimentos finos. São formadas por queratina dura e semitransparente. A anatomia da unha conta com raiz, corpo, leito ungueal, bordas ungueais, epo- níqueo (cutícula) e lúnula. 98 Aplicação Terapêutica dos Cosméticos Hipoderme Abaixo da derme repousa a hi- poderme, também chamada de tela subcutânea, que é compos- ta de várias células, os adipóci- tos. Possui funções de proteção contra choques físicos, é isolan- te térmico e reserva energética. Formada por tecido conjunti- vo frouxo, a hipoderme está presente em maior quantidade no sexo feminino e armazena a maioria dos triglicerídeos. Veja na imagem a seguir (Figura 12): Epiderme Poros Pele Humana Derme Hipoderme Músculo Glândula sebácea Glândula sudorípara Folículo capilar Adipócitos Figura 12 - Pele Humana Borda livre Borda livre Dobra lateral Dobra lateral Lúnula Lúnula Dobra proximal Dobra proximal Linha de sorriso Placa ungueal Placa ungueal Cutícula (eponíquio) Matriz (raiz da unha) Raiz da unha Matriz Anatomia da Unha Hiponíquio Epiderme DermeFalange distal Eponíquio (cutícula) Pterígio Leito ungueal Figura 11 - Anatomia da unha 99UNIDADE 3 A função de barreira da pele impede a penetração de agentes patógenos e evita a perda de água, po- rém, para a ação efetiva dos cosméticos, este obstá- culo faz toda a diferença, visto que esses produtos, mesmoentre forne- cedores e clientes destes produtos. Na Unidade 2, com o tema “A química e sua importância na cosmetologia”, serão abordadas as funções inorgânicas (ácido, base, sal e óxido), a escala de pH e sua influência nas funções dos cosméticos, as funções orgânicas e a química da vida ou bioquímica, que abordará as características dos lipídeos, carboidratos, vitaminas, proteínas e a água. A Unidade 3 foi formulada para definir as principais características da pele e seus anexos, a influência deles na permeação dos cosméticos e as principais alterações da pele, hipoderme, cabelos e lâminas ungueais. A penúltima unidade apresenta um dos principais temas abordados na terapêutica clínica: os óleos essenciais e vegetais, compostos capazes de alterar de forma efetiva as disfunções orgânicas sem grandes recursos. Por fim, na Unidade 5, os princípios ativos frequentemente utilizados nos atendimentos terapêuticos foram elencados e expostos de maneira simples e pontual. Sem mais, espero que você se identifique com este livro e com o tema apresentado, porém não esqueça de aprofundar seus estudos com outros livros, sites e artigos científicos. Tenha em mente que o conhecimento nunca se esgota e está em constante renovação. Bom estudo! CURRÍCULO DOS PROFESSORES Me. Érica Simionato Machado Rieger Mestre em Promoção da Saúde pelo Centro Universitário de Maringá na área de concentração Envelhecimento Ativo (2014), especialista em Estética Facial e Corporal (Unicesumar) e graduada em tecnologia em Estética e Cosmética (Unicesumar). Possui experiência docente em nível superior nas disciplinas de Anatomia Humana; Biossegurança, Imunologia e Microbiologia; Fundamentos da Nutrição; Fundamentos da Beleza, Estética, Ética Profissional e Responsa- bilidade Civil; Projeto Integrador I, II e III; Técnicas de Maquiagem e Embelezamento Pessoal; Terapia Capilar; Terapias Complementares; Bioestatística e Epidemiologia. Em nível técnico, experiências nas disciplinas de Eletroterapia; Estética Facial; Farmacologia; Microbiologia e Imunologia. Na especialização, atuou como docente no módulo de Auriculoterapia. Possui experiência docente nos cursos de Estética e Cosmética, Podologia, Fonoaudiologia, Enfer- magem e Farmácia e atua em atendimentos clínicos de estética e cosmetologia. Currículo Lattes disponível em: . Introdução à Química e Cosmetologia 13 A Química e sua Importância na Cosmetologia 43 Aplicação Terapêutica dos Cosméticos 83 Aromaterapia na Saúde Integral 119 Glossário 141 105 Processo inflamatório da pele Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Me. Érica Simionato Machado Rieger • Destacar a importância do conhecimento sobre química para a compreensão da formação dos princípios ativos. • Descrever os primeiros relatos da aplicação dos cosméti- cos no corpo humano, para que haja uma reflexão sobre a evolução desses produtos e de sua aplicabilidade para promover o cuidado, o bem-estar e a saúde do homem contemporâneo. • Apresentar a visão geral sobre a química, de modo que possibilite compreender o processo de formulação de produtos, fornecendo bases sólidas para experiências clínicas com substâncias farmacológicas. • Descrever as normas reguladoras para produção e utili- zação dos cosméticos, a fim de que haja a manipulação adequada destes, por profissionais competentes. História da Química Aplicada à Cosmetologia Conceitos Básicos Sobre Química Legislação da Cosmetologia Introdução à Química e Cosmetologia História da Química Aplicada à Cosmetologia Olá! Nesta primeira etapa dos seus estudos, você precisará conhecer um pouco mais sobre a área da química e da cosmetologia. Talvez você ques- tione o motivo de aprender sobre química neste curso de graduação, então vou te explicar! Para tratar as diversas disfunções, contamos com re- cursos manuais, eletroterápicos e cosmiátricos. Os cosméticos são produtos formados a partir de compostos químicos, cuja ação está relacionada ao tipo e à quantidade de princípios ativos. Lembra da tabela periódica que foi apresen- tada a você no ensino médio? É a partir dela que vamos estudar sobre a cosmetologia. Os elemen- tos químicos presentes na tabela periódica são os mesmos que formam o seu creme facial, o medica- mento que lhe foi prescrito ou mesmo o alimento que você ingere. Compreender as substâncias quí- micas permite avaliar o creme indicado para cada tipo de pele, encontrar o medicamento com ação específica na patologia a ser tratada e possibilita escolher o cosmético adequado para utilizar em associação com um equipamento eletroestético. 15UNIDADE 1 As substâncias químicas presentes nos cos- méticos, de uma maneira geral, possuem duas funções: atuar diretamente no tratamento ou pre- venção de uma disfunção, chamado de princípio ativo, ou garantir meio adequado para a ação dos princípios ativos, que são os demais componentes da fórmula. Então, para eleger o princípio ativo ou o melhor princípio ativo, você deverá ter o conhecimento sobre a composição química dos ativos farmacológicos. É comum, conforme vamos estudando sobre o assunto, surgirem outras perguntas, como: quando houve a primeira utilização desses produtos pelo homem? Qual a importância do conhecimento sobre eles em um atendimento clínico? Quais ca- racterísticas principais dos ativos farmacológicos devemos conhecer para eleger o melhor produto? Em quais áreas do corpo humano irão penetrar? São vários os questionamentos acerca dos co- nhecimentos sobre química e cosmetologia, mas fique tranquilo: ao longo desta unidade, iniciare- mos a descoberta deste incrível mundo dos ativos farmacológicos – descrevo-os como incrível, pois se você souber as características químicas de cada um, existirá uma infinidade de tratamentos e al- terações orgânicas que você conseguirá intervir, basta estudar sobre o assunto! Vamos lá? Muitos se identificam com esta ciência, mas acredito que uma grande parte tenha medo e, até mesmo, aversão a ela. De fato, tudo na vida ocorre com a participação da química, é por meio da união dos vários elementos químicos que há a formação do corpo humano, e as reações que acontecem no seu organismo se devem a esses compostos (MATOS, 2014). O ar, as árvores e a água são formados pela quí- mica, porém de forma errônea, muitas pessoas a veem como algo negativo. Você já deve ter ouvido algum destes comentários: “não coma este alimen- to porque é cheio de ingredientes químicos”, ou “o produto X é ruim, pois tem bastante química”. Na verdade, o que essas pessoas querem dizer é sobre os compostos produzidos em laboratório, as subs- tâncias sintéticas, o que não reflete a real função da química. Esta ciência estuda a constituição, as propriedades e transformações das substâncias (AMARAL, 1995), ou seja, ela analisa quais ele- mentos químicos estão presentes na substância estudada, suas características (cor, consistência, forma) e como ocorre suas modificações (caso um composto se ligue a outro, qual o resultado?), e não meramente produzir produtos sintéticos. A química possibilita o desenvolvimento da sociedade, uma vez que, ao analisar todas as subs- tâncias existentes na natureza, descobre-se suas funções e permite a criação e a transformação des- tas, por exemplo, artigos de higiene, medicamen- tos, instrumentos tecnológicos e equipamentos. Nos cursos da área da saúde, essa disciplina bá- sica tem a função de nortear os futuros profissio- nais quanto ao funcionamento químico normal do organismo, as alterações que ocorrem durante um processo de doença, as substâncias químicas que podem ser utilizadas para melhorar o quadro clínico do paciente ou, até mesmo, produzir a cura, além de estimular a investigação científica por parte dos acadêmicos. Os órgãos, o sangue e a pele também são for- mados por compostosque tópicos, devem adentrar nas camadas da pele para desempenharem suas funções. Na aplicação tópica, o fármaco pode fixar-se na superfície cutânea, penetrar na camada córnea, permear nas camadas mais profundas da pele ou serem absorvidos na corrente sanguínea produ- zindo efeitos sistêmicos. Contudo, a absorção na corrente sanguínea não deve ocorrer em produtos cosméticos. Como vimos no início desta unidade, os fár- macos penetram em diferentes vias, sendo que os cosméticos possuem maior facilidade nas vias transepidérmica, transfolicular e transanexial. A utilização da via transepidérmica (penetra- ção através da epiderme) é mais lenta, visto que para o cosmético penetrar dependerá da espes- sura da epiderme, da condição da hidratação e oleosidade da pele, da região de aplicação e do pH. Apesar destes entraves, a aplicação tópica é eficiente, pois há uma redução de riscos e a segu- rança da atuação do produto no local aplicado. Permeabilidade Cutânea 100 Aplicação Terapêutica dos Cosméticos As glândulas sudoríparas também servem de via de penetração, a transanexial (anexos cutâ- neos) e a via transfolicular (folículo pilossebáceo), que é mais rápida, em relação à transepidérmica (MATOS, 2014). De acordo com Matos (2014), algumas caracte- rísticas dos cosméticos possibilitam a permeação com maior facilidade nas camadas mais profun- das da pele, como: • Álcool. • Água. • Moléculas menores que 0,8 nanômetros. • Substâncias hidrossolúveis. • Substâncias de baixo peso molecular li- possolúveis. • Maior concentração de princípio ativo. • Substâncias iônicas. • Maior tempo de permanência do fármaco na pele. • Tipo de veículo (pH, viscosidade, veículos vetoriais). 101UNIDADE 3 Neste tópico, vamos descobrir quais são as condi- ções normais da pele e seus anexos, as características das alterações mais frequentes e os cosméticos indi- cados, assim, saberemos escolher a melhor estratégia de tratamento das diversas alterações estéticas. Alterações Faciais e suas Indicações Cosméticas O tecido tegumentar da região facial é fixado aos músculos desse local, diferentemente da pele de outros locais do corpo humano; devido a isso, cada vez que realizamos algum movimento, este traciona a cútis, favorecendo o aparecimento das linhas de expressões e, consequentemente, o enve- lhecimento antecipado, em relação a outros locais. Dependendo da fase da vida, da genética ou dos alimentos que ingerimos, a pele do rosto pode sofrer alterações, que são tratadas, muitas vezes, com o uso do cosmético adequado. Alterações Estéticas da Pele, Hipoderme, Cabelos e Lâminas Ungueais 102 Aplicação Terapêutica dos Cosméticos Tipos de pele A presença de uma camada espessa da epiderme, a hiperatividade das glândulas sebáceas anexas ao folículo piloso ou a vascularização acentuada na derme são determinantes na distinção cutânea. Podemos perceber que a pele das pessoas, nota- mos principalmente na face, é diferente umas das outras. Ela pode apresentar-se oleosa, descamati- va, avermelhada, com manchas ou pequenos vasos sanguíneos. Então, para que o tratamento atue de forma específica, basicamente, a pele é classificada em quatro tipos: normal ou eudérmica, oleosa ou lipídica, seca ou alipídica e mista. Além desta clas- sificação dos tipos de pele, temos os subtipos que são: acneica, sensível e desidratada. Estas classifica- ções possibilitarão um tratamento exclusivo ao pa- ciente, visto que, quando definirmos o tipo de pele, elencaremos cosméticos específicos e individuais. Não devemos tratar uma pele oleosa com os mesmos cosméticos para uma pele seca, pois o resultado desejado não será o alcançado. Pele normal ou eudérmica Neste tipo de pele, há a concentração adequada de produção e eli- minação de sebo e suor pelas glândulas sudoríparas e sebáceas, a quantidade de queratinócitos apresenta-se apropriada, resultando em espessura ideal, poros pouco dilatados, brilho e textura agradá- veis. É o tipo de pele ideal, e os tratamentos visam tornar os demais tipos e subtipos em uma pele eudérmica. Quanto aos produtos cosméticos indicados para esse tipo de pele, devem ser aqueles sem alto poder adstringente ou oleoso (MATOS, 2014) e é indicado para higienização emulsões de limpeza para não agredir a pele. Pele oleosa ou lipídica Possui produção exacerbada de sebo pelas glândulas sebáceas, dilatando os poros para a grande de- manda de evasão deste conteúdo oleoso e deixando um brilho excessivo na pele. A abundante oleosidade propicia, também, que os queratinócitos permaneçam aderidos na su- perfície cutânea, tornando-a espessa e irregular, os sinais do envelhecimento ficam menos visíveis e pode estimular a formação de “tampões” nos óstios cutâneos, obstruindo estas estruturas e formando os comedões. A produção pelas glândulas sudoríparas permanece normal e, devido à camada lipídica que se forma na superfície da pele, ocorre a retenção de água, permanecendo hidratada. Figura 13 - Estrutura da pele normal 103UNIDADE 3 Os cosméticos indicados devem conter: • Maior quantidade de água em relação ao óleo (O/A), sendo que o óleo vegetal é o mais indicado, por ser biodegradável, permitindo a respiração cutânea. • Produtos antissépticos para controlar oleosidade. • Matificantes para reduzir o brilho desagradável. • Queratolíticos, a fim de dissolver ou destruir a camada córnea, diminuindo a espessura da pele e tornando-a mais regular. • Podem apresentar na forma de séruns, pós e géis (MATOS, 2014). • Para higienização, utilizar sabonete líquido. Figura 14 - Aspectos da pele oleosa O sebo serve de proteção à pele, e se, ao longo do dia, você lavar várias vezes o rosto ou o couro cabeludo com um produto detergente (exemplo: sabonete e xampu), ocasionará o efeito rebote que é a produção exagerada de sebo para promoção da proteção cutânea. Pele seca ou alipídica Pele seca ou alipídica não deve ser confundida com pele desidratada. Na pele seca, há deficiência na produção de conteúdo oleoso pelas glândulas sebáceas e produção normal pelas glândulas sudoríparas, e na pele desidratada, produção ineficiente das glândulas sudoríparas. A pele alípidica é sem brilho, devido à hipofunção das glândulas sebáceas, e fina, visto que, pela falta de oleosidade, os queratinócitos não estão bem aderidos. A pele com menor espessura possibilita que os sinais do envelhecimento sejam mais visíveis, e as pessoas com esse tipo de pele aparentam uma idade superior. Apesar de não ter influência na produção pelas glândulas sudoríparas, a falta de um conteúdo oleoso na superfície cutânea, frequentemente, a torna desidratada e descamativa, pois não há retenção de água em suas camadas. 104 Aplicação Terapêutica dos Cosméticos Os cosméticos para a pele seca e desidratada devem conter ingredientes à base de óleo vegetal e hidratantes. Mousse, loção, creme ou leite são indicados para a higienização da pele (MATOS, 2014). Lembrando que se deve ter cautela no tratamento, pois a utilização frequente de produtos oleosos pode tornar uma pele seca em oleosa. Figura 15 - Aspectos da pele seca Pele mista Na pele mista, a testa, nariz e queixo é delimitada e chamada de zona T, podendo estender-se para as bochechas (abaixo dos olhos); possui características diferentes do restante do rosto, como ser oleosa na zona T e seca ou normal nas demais regiões. As indicações cosméticas devem seguir conforme a região de aplicação. Subtipos de pele: acneica e sensível A acne é formada em peles com excessiva produção de sebo e também pela presença da bactéria propionibacteruim acnes. Os cosméticos indicados dependem do grau acneico, sendo que podem ser aplicados: anti-inflamatórios, antissépticos, queratolíticos, matificantes, calmantes e cicatrizantes. As formulações terapêuticas contam com inúmeros ingredientes químicos, e cada um deles possuem uma função principalmente, quando a presença e quantidade de água e óleo no produto influenciarão no resultado do tratamento.A maior quantidade de água em relação ao óleo (A/O) são, de maneira geral, ideais para peles oleosas e produtos com alto teor de óleo e quantidade menor de água (O/A), indicados para uma pele seca, porém com cautela. 105UNIDADE 3 Saudável Acne Comedão Pápula Pústula Figura 16 - Tipos de acne A pele sensível pode apresentar vascularização acentuada, tornando-a quente e avermelhada, e hiperfunção das terminações nervosas cutâneas, deixando-a sensível à dor (Figura 17). Anti-infla- matórios e produtos livres de álcool são os mais adequados para esse subtipo de pele. Figura 17 - Aspecto da pele sensível Transtornos de Pigmentação Cutânea A pigmentação da pele é dependente da quantidade de liberação de melanina produzida pelos melanócitos, influenciada pelo sangue e carotenoides presentes no corpo, a espessura da pele, entre outros fatores. Tanto a falta quanto a produção excessiva de melanina modificam a coloração da pele. Melanodermias As melanodermias são manchas de coloração acastanhada que ocorre devido à condição genética, medicação, exposição à radiação ultra- violeta, após a inflamação, atritos contínuos, disfunções hepáticas e endócrinas. Os cosméticos utilizados para reduzir a extensão ou o tom da coloração da mancha, os despigmentantes, devem atuar inibindo a melanogênese, a transferência dos melanossomas para os querati- nócitos, quelar íons de cobre e ferro e/ou renovar a epiderme, como os ativos: ácido mandélico, ácido ascórbico, hidroquinona (MATOS, 2014). Além dos cosméticos despigmentantes, é necessário o uso de filtro solar para prevenir a formação de novas manchas e/ou reduzir a coloração das que estão presentes. Processo inflamatório da pele 106 Aplicação Terapêutica dos Cosméticos Alterações Corporais e suas Indicações Cosméticas As alterações corporais, como gordura localizada, celulite e estrias, frequentemente, causam transtornos psicológicos e podem estar associadas à má alimentação, falta de atividade física, gestações, heredita- riedade e falta de tratamento estético e cosmético. A seguir, serão abordadas as características destas alterações e os cosméticos indicados. Os cuidados básicos para todos os tipos de pele seguem nesta ordem: limpeza, tonificação, hidra- tação e fotoproteção. Gordura localizada e celulite A distribuição irregular do tecido adiposo é cha- mada de gordura localizada ou adiposidade loca- lizada, enquanto a celulite é denominada como fibroedema geloide ou hidrolipodistrofia ginoide. São fatores desencadeantes destes distúrbios: a he- reditariedade, alterações posturais, falta de ativi- dade física, tabagismo, etilismo, alimentação ina- dequada, alterações da circulação sanguínea, entre outros fatores. Os cosméticos utilizados devem atuar estimulando a hiperemia local ou a lipólise. A lipólise - quebra dos triglicerídeos (presentes no adipócito) em ácido graxo e glicerol, permite a liberação de ácidos graxos na corrente sanguínea, e estes são utilizados como fonte energética. Os hiperemiantes aumentam a circulação sanguínea causando a vermelhidão da pele, a hiperemia. Des- te incremento na circulação, espera-se que, após a lipólise, “os resíduos sejam carreados por essas vias potencializadas” (BORGES; SCORZA, 2016). Os ativos utilizados para o tratamento da adi- posidade localizada e fibroedema geloide são: cafeína, hera, metilxantinas e xantogosil. Estrias A estria é o resultado da distensão excessiva das fibras elásticas e colágenas, que acabam sendo rompidas. Podem ocorrer devido à distensão rápida de crescimento, ganho de peso, genética, hormônios, desidratação cutânea, entre outros fatores. Os princípios ativos mais utilizados são: arnica, óleo de rosa mosqueta e vitamina B5. Alterações Capilares e suas Indicações Cosméticas O couro cabeludo apresenta, aproximadamente, 100 mil folículos pilosos e cada um encontra-se em uma fase de crescimento distinta. O cabelo desempenha funções importantes, porém, devido a vários fatores, alguns apresentam-se descoloridos, tingidos ou alisados quimicamente, e não somente a haste, mas também o couro cabeludo podem ser oleosos ou ressecados. Ressecamento capilar O couro cabeludo ressecado (xerose) apresenta-se nesta condição devido à baixa produção de sebo das glândulas sebáceas, com consequente resseca- mento dos fios. Nestes casos, diminuir a frequência de lavagem e optar por xampus e condicionadores hidratantes poderá aliviar os sintomas. Oleosidade capilar A produção exacerbada de sebo pelas glândulas sebáceas, a lavagem incorreta dos cabelos e couro cabeludo, o estresse, hábitos alimentares inadequa- dos e a falta de atividade física são fatores que po- dem tornar tanto a haste quanto o couro cabeludo oleoso. Além de melhorar as condições alimentares, incluir na rotina diária atividades físicas e minimi- zar o estresse, o uso de cosméticos adstringentes, com fração reduzida de óleo na formulação, pode auxiliar na redução da oleosidade capilar. Corantes e descorantes A busca pela mudança de coloração e corte dos cabelos é frequente, porém, no caso da colora- ção ou descoloração dos fios, a saúde capilar é afetada caso não haja um acompanhamento contínuo. Os corantes capilares são substâncias químicas capazes de alterar a cor natural dos fios e podem ser compostos de ativos vegetais ou sintéticos. O corante vegetal mais conhecido para a tintura de pelos é a hena (2-hidroxi-1,4-naftoquinona), que torna a fibra capilar avermelhada. Outros corantes são: sais de chumbo e prata, nitrofenilenodiami- nas e nitrofenóis. Os descorantes removem a coloração dos ca- belos, sendo que o produto mais comum é a água oxigenada. Cabelos com alisamento Os alisantes capilares agem nas ligações dissulfeto, causando seu rompimento e tornando a fibra capi- lar lisa. Os ativos utilizados são: hidróxido de sódio e guanidina, tioglicolatos e bissulfato de sódio. Por fim, a hidratação e nutrição semanal, quin- zenal ou mensal dos fios ressecados, tingidos, des- coloridos ou alisados quimicamente é necessária. Nos cabelos oleosos, devem ser utilizados produ- tos adstringentes, desengordurantes e hidrantes (evitar aplicação no couro cabeludo). 108 Aplicação Terapêutica dos Cosméticos Alterações da Lâmina Ungueal e Estruturas Relacionadas e suas Indicações Cosméticas A saúde dos pés e das mãos influencia no estado geral do organismo. A unha encravada, micose e rachaduras são alterações que causam dor e desconforto, por isso, veremos as formas de tratamento para essas disfunções. Onicocriptose É conhecida como unha encravada e “ocorre quando uma porção da lâmina ungueal cresce por dentro do sulco ungueal lateral” (BOLOG- NIA; JORIZZO; RAPINI, 2011, p. 26), deixando o tecido de granulação exposto, causando dor, liberação de exsudato e edema. Frequentemen- te ocorre no hálux é desencadeado por calçados apertados, forma inadequada de cortar a unha, hereditariedade ou traumas consecutivos no lo- cal. Em casos brandos da onicocriptose, pode ser colocado algodão (para direcionar o crescimento ungueal) ou, em casos graves, intervenção cirúr- gica e/ou medicamentosa. Fenol, corticosteroides, mupirocina, eritromicina, policresuleno, neomi- cina e própolis são ativos utilizados durante e/ou após o tratamento da onicocriptose (BEGA, 2014). Calo e calosidades O espessamento da epiderme, por atrito ou pres- são contínua, forma o calo e calosidades. Calçados apertados, marcha irregular e pressões repetidas na região podem desencadear seu surgimento, assim o tratamento de calos e calosidades conta com a suspensão do uso de calçados apertados, e aplicação de medicamentos, como ácido salicílico e lático. Fissuras A perda de água e da capacidade de elasticidade em conjunto com o espessamento da epiderme formam fendas na pele – as fissuras que, popu- larmente, são chamadas de rachaduras. Para esta podopatia, é indicado ureia e vitaminas. Onicomicose A infecção fúngica da lâmina ungueal é chamada de onicomicose, estandopresentes fungos que se alimentam de queratina, e, com o ambiente escuro, quente e úmido, esses microrganismos se proliferam. Secar a região e higienizar corre- tamente os calçados previnem o surgimento da doença, porém, em casos que essa patologia já está instalada, os medicamentos com bifonazol, amorolfina e óleo essencial de tea tree são indi- cados (BEGA, 2014). Paroníquia Pode ser desencadeada por bactérias ou fungos, causando vermelhidão, sensibilidade, edema, dor e pus. Os medicamentos utilizados são: clotrima- zol e óleo de tea tree. 109UNIDADE 3 Tínea pedis A tinea pedis, conhecida como pé de atleta, é uma infecção fúngica dos espaços interdigitais e das plan- tas dos pés que causam dor, odor e coceira. A inter- venção medicamentosa conta com bifonazol é óleo essencial de tea tree, cravo e mirra (BEGA, 2014). Como você pode notar, esta unidade foi exten- sa e complexa, porém servirá de base para seus atendimentos clínicos. É natural, à medida em que vamos iniciando nossa carreira profissional, ter- mos que nos aprofundar em cada um dos assuntos abordados. Essa jornada está apenas começando! Veremo-nos na próxima unidade, até mais! 110 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Sobre o tópico 1 “Formulações cosméticas e suas funções”, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ) ( Matéria-prima e princípio ativo são sinônimos, ou seja, são substâncias químicas que irão atuar no tratamento ou prevenção de uma disfunção. ) ( Emulsão e líquido são formulações farmacêuticas diferentes. ) ( Na via de administração transdérmica, o fármaco é administrado sob a pele (hipodérmica, subdérmica). Assinale a alternativa correta: a) V-V-V. b) V-F-F. c) F-F-F. d) F-V-V. e) F-V-F. 2. Sobre o sistema tegumentar, assinale a alternativa correta: a) Glândulas sudoríparas estão anexas ao folículo piloso e secretam um conteúdo oleoso. b) A epiderme é vascularizada e nutrida por oxigênio e inúmeros nutrientes. c) Os pelos têm função sensorial. d) A unha possui apenas função estética. e) A hipoderme é formada por tecido conjuntivo frouxo. 111 3. Sobre o tópico 1 “Formulações cosméticas e suas funções”, analise as afirma- tivas a seguir: I) O desodorante reduz a secreção das glândulas sudoríparas, diminuindo a transpiração. II) O sérum é um produto que contém gel em sua formulação. III) Na hidratação oclusiva, são adicionadas substâncias higroscópicas que retém a água do meio ambiente nas camadas mais profundas da pele. IV) Óleos também têm função emoliente. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I, II e III estão corretas. b) Apenas II está correta. c) Apenas IV está correta. d) Apenas I, III e IV estão corretas. e) Todas alternativas estão corretas. 4. Conforme o conteúdo sobre as alterações estéticas, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ) ( Mesmo na pele normal, poros e óstios estão presentes. ) ( Couro cabeludo oleoso não precisa de hidratação. ) ( Ácido salicílico e lático são indicados para o tratamento de calos e calosidades. Assinale a alternativa correta: a) V-V-V. b) V-F-F. c) F-F-F. d) F-V-V. e) V-F-V. 5. Explane sobre a função de permeabilidade cutânea. 112 Cosmetologia Autor: Maria de Fátima Lima Pereira Editora: Difusão Sinopse: o livro “Cosmetologia” faz parte da série Curso de Estética, organizada por Maria de Fátima Lima Pereira e surge em um momento em que a qualidade de vida e o bem-estar estão no topo das pautas. O cuidado com a beleza e com a saúde tornou-se parte do cotidiano de quem busca, a cada dia, profissionais especializados em tratamentos estéticos. Escrito por profissionais altamente conceituados, o livro contribui para o aprendizado de quem quer ingressar no mercado de estética e serve como guia para profissionais que já ganham a vida cuidando da aparência, saúde e bem-estar das pessoas no que se refere à Cosmetologia. LIVRO Para aqueles que queiram aprofundar seus conhecimentos sobre a regulamen- tação relacionada aos produtos cosméticos, como as boas práticas na fabricação, embalagem, rotulagem, denominações, produtos permitidos e restritos, devem visitar periodicamente o portal da Agência de Vigilância Sanitária. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB https://apigame.unicesumar.edu.br/getlinkidapp/3/507 113 ALAM, M.; GLADSTONE, H. B.; TUNG, R. C. Dermatologia Cosmética. Elsevier: Rio de Janeiro, 2010. ANVISA. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 140, de 29 de maio de 2003. Minis- tério da Saúde, 2003. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/. Acesso em: 26 abr. 2019. ANVISA. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 17, de 16 de abril de 2010. Dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos. Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: http://portal. anvisa.gov.br. Acesso em: 26 abr. 2019. BEGA, A. Tratado de podologia. 2. ed. rev. e ampl. São Caetano do Sul: Yendis, 2014. BOLOGNIA, J. L.; JORIZZO, J. L.; RAPINI, R. P. Dermatologia. 2. ed. Tradução de Renata Scavone de Oliveira et al. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. BOLOGNIA, J. L.; JORIZZO, J. L.; SCHAFFER, J. V. Dermatologia. 3. ed. Tradução de Adriana de Carvalho Corrêa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. BORGES, F. S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em estética: conceitos e técnicas. São Paulo: Phorte, 2016. BRASIL. Formulário nacional da farmacopeia brasileira. 2. ed. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2012. BRASIL. Vocabulário Controlado de Formas Farmacêuticas, Vias de Administração e Embalagens de Medicamentos. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2011. CORTEZ, D. A. G.; MACHADO, É. S.; VERMELHO, S. C. S. D.; TEIXEIRA, J. J. V.; CORTEZ, L. E. R. O conheci- mento e a utilização de filtro solar por profissionais da beleza. Ciência & Saúde Coletiva, 2016, Rio de Janeiro, v. 21, n. 7, p. 2267-2273. FONSECA, A.; PRISTA, L. V. N. Manual de terapêutica dermatológica e cosmetologia. São Paulo: Roca, 2000. FOSSUM, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. 4. ed. Tradução de Ângela Manetti et al. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. GARCIA, C. F.; LUCAS, E. M. F.; BINATTI, I. Química Orgânica: Estrutura e Propriedades. Porto Alegre: Bookman, 2015. GOMES, R. K.; DAMAZIO, M. G. Cosmetologia: descomplicando os princípios ativos. 3. ed. rev. São Paulo: Médica Paulista, 2009. http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_140_2003_COMP.pdf/d82bcccf-c975-456d-9b88-08d232f3f6d4 http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/res0017_16_04_2010.pdf/b9a8a293-f04c-45d1-ad4c-19e3e8bee9fa http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/res0017_16_04_2010.pdf/b9a8a293-f04c-45d1-ad4c-19e3e8bee9fa 114 MATOS, S. P. Cosmetologia aplicada. São Paulo: Érica, 2014. PEREIRA, L. J. B.; GARCIA-ROJAS, E. E. Emulsões múltiplas: formação e aplicação em microencapsulamento de componentes bioativos. Ciência Rural, Santa Maria, v. 45, n. 1, 2015. STAMPACCHIO, H. A essência do cabelo perfeito. São Paulo: Baraúna, 2010. VILA, M. A. B.; MIRANDA, E. G. Cosmética para peluquería. Madrid: Paraninfo, 2013. WICHROWSKI, L. Terapia capilar: uma abordagem complementar. Porto Alegre: Ed. Alcance, 2007. WILKINSON, J. B.; MOORE, R. J. Cosmetología de Harry. Tradução de Marta A Rodriguez Navarro e Dario Rodriguez Devesa. Madrid: Diaz de Santos, 1990. 115 1. E. 2. C. 3. C. 4. E. 5. A seleção do que será absorvido pelo organismo é a função da permeabilidade cutânea, e esta é de grande importância, visto que componentes maléficos são barrados por ela quando há a tentativa de penetração. 116 117 118 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Apresentar a diferença entre óleos vegetais e óleos es- senciais. • Apresentar as características químicas dos óleos vegetais e essenciais. • Explanar sobre os óleos vegetais e essenciais mais utiliza- dos na prática clínica. Introdução à Aromaterapia Óleos Essenciais Óleos Vegetais Me. Érica Simionato MachadoRieger Aromaterapia na Saúde Integral Introdução à Aromaterapia A utilização de plantas medicinais para o tra- tamento de doenças, como culto religioso, para fins estéticos e tratamentos para o bem-estar do homem é conhecida desde tempos muito antigos. Eram empregadas por meio de chás, emplastos ou inalação, assim como relata Andrei e Del Comune (2005, p. 58): “ Nos rituais que envolviam fogueiras, muitas vezes os homens queimavam plantas aro- máticas e descobriam que sua fumaça pro- vocava ora sonolência, ora revigoramento, e outras sensações, evidenciando desta for- ma algumas de suas propriedades curativas. Observando os efeitos da “fumaça” sobre a mente, a humanidade passou a atribuir poder à mesma. Percebe-se que os benefícios da utilização das plantas curativas são valiosos, pois, apesar da evo- lução da indústria farmacêutica com medicamen- tos potentes à base de matérias-primas sintéticas, atualmente há uma grande procura por técnicas menos agressivas e com resultados efetivos, como a aromaterapia. 121UNIDADE 4 A aromaterapia é uma medicina natural, preventiva e curativa, que tem como função tratar diversas patologias com a utilização do aroma das plantas e seus óleos mediante mecanismos de inalação, aplicação tópica e banhos terapêuticos. Seu termo foi utilizado e difundido pela primeira vez pelo químico francês René Maurice de Gatefossé, em 1964 (ANDREI; DEL COMUNE, 2005). Apesar da resistência de algumas pessoas na utilização de terapias complementares, a aromaterapia é uma ciência comprovada. As célu- las nervosas especializadas no reconhecimento do aroma, que estão localizadas na cavidade nasal, codificam o odor dos óleos essenciais e transmitem informação para outras células nervosas do sistema nervoso central, conhecidas como sistema límbico. Este sistema, pou- co compreendido, armazena informações emocionais (memórias) que podem ser evocadas quando sentimos um determinado aroma, desencadeando uma reação fisiológica, como aumento da pressão sanguínea, estímulo do sistema digestório, respiratório e promoção do relaxamento (LEVERT; ROTHFELD, 1997). Esses óleos essenciais extraídos das plantas são responsáveis pelo estímulo fisiológico e, devido à variedade das plantas, há uma quan- tidade significativa de óleos essenciais que, por meio da sinergia, podem formar blends, tornando possível inúmeras combinações e funções no organismo. A medicina complementar visa auxiliar os tratamentos da medicina convencional e promove a saúde por meio de técnicas, como a aromaterapia, shiatsu, yoga, acupuntura, auriculoterapia, cromo- terapia, entre outras técnicas. 122 Aromaterapia na Saúde Integral Os óleos essenciais conferem o aroma da planta e participam de funções importantes a ela, como o metabolismo e conservação. São sensíveis à lumi- nosidade, voláteis (em contato com o ar evaporam facilmente), não necessariamente untuosos e são extremamente concentrados, ou seja, os resulta- dos desejados são obtidos com frações pequenas de óleo essencial. Podem ser extraídos do caule, folhas, flores, raiz, casca ou outras partes de uma planta (CORAZZA, 2002) por meio de métodos de extração, como: extração por meio de solventes orgânicos, prensagem a frio, destilação a vapor, enfleurage (Figura 1), entre outros. São compostos químicos formados por álcoois, fenóis, aldeídos, terpenos e ésteres e, dependendo do composto e quantidade dos grupos funcio- nais, temos as funções antissépticas, bactericida, anti-inflamatória, expectorante, relaxante, entre outras. Os fatores como clima, localização e pro- cesso de cultivo, manejo da colheita e método da extração interferem na sua composição química e consequente eficácia (CORAZZA, 2002). Óleos Essenciais 123UNIDADE 4 A nomenclatura dos óleos essenciais é dada de acordo com a planta em que foi extraído, como o óleo essencial de limão, retirado da casca do fruto. É importante que você saiba que os óleos pro- duzidos em laboratório não são óleos essenciais, e sim essências, que não possuem propriedades terapêuticas, somente aromáticas. Os óleos essenciais devem ser acondicionados em frasco de vidro escuro, em lugar fresco e seco, longe da luminosidade, para evitar a oxidação e transformação em resina (CORAZZA, 2002). Para a aplicação na pele, são necessários cosméti- cos carreadores, como óleos vegetais, creme sem princípios ativos e não iônico, argilas ou gel não iônico (AMARAL, 2016). A alta concentração dos óleos essenciais pode torná-los tóxicos ou sensibilizantes, apesar da planta não ser, como o óleo essencial de mostarda, arruda, erva-doce, bergamota, cravo, canela, pinho e junípe- ro. Não somente a aplicação tópica, mas a inalação de óleos essenciais pode desencadear dores de cabeça, náuseas e alergias (ANDREI; DEL COMUNE, 2005). Figura 1 - Técnica de enfleurage Alguns óleos possuem valor alto de mercado, e isto se deve à forma de extração, como é o caso do óleo essencial de rosas que, para se obter 1 litro, são necessários 3.500 kg de pétalas. Fonte: adaptado de Amaral (2016). 124 Aromaterapia na Saúde Integral Devido à sua fragrância e suas propriedades an- timicrobianas e antioxidantes, os óleos essenciais são utilizados na fabricação de perfumes, alimen- tos, medicamentos e cosméticos (SILVEIRA et al., 2012), sendo frequentemente empregado na prática clínica de diversas profissões, por meio de massagens, infusões, inalação, aplicação tópica, escalda pés, assepsia bucal, gargarejo, compressas e banhos terapêuticos. Suas funções fisiológicas são indicadas para o tratamento de acne, hipercro- mias, fibroedema geloide, adiposidade localizada, oleosidade e ressecamento capilar, onicomicose, pé de atleta, fissura plantar, entre outros. Os óleos essenciais devem ser utilizados com cautela. Gestantes, crianças e idosos, principal- mente, possuem contraindicações específicas. Principais Óleos Essenciais Utilizados no Atendimento Terapêutico ALECRIM Nome científico: Rosmarinus officinalis Composição química: “ [...] hidrocarbonetos monoterpênicos, ésteres terpênicos, linalol, verbinol, terpineol, 3-oc- tanona e acetato de isobornila, dentre outros compostos (RIBEIRO et al., 2012, p. 688). Propriedades: antifúngico, cicatrizante, antis- séptico e vasodilatador. BERGAMOTA Nome científico: Citrus bergamia Composição química: “linalol, acetato de li- nalil, pineno, acetato de linalila, nerol, aceta- to de nerila, geraniol, bergapteno, terpineol, dipenteno” (ANDREI; DEL COMUNE, 2005). Propriedades: cicatrizante, bactericida, an- tisséptico e analgésico. 125UNIDADE 4 CANELA Nome científico: Cinnamomum zeylanicum Composição química: “ eugenol, ácido cinâmico, aldeído benzênico, aldeído cinâmico, benzoato de benzila, fur- furol, safrol, cimeno, dipenteno, felandreno, pineno” (ANDREI; DEL COMUNE, 2005). Propriedades: analgésico, ativa a circulação sanguínea e antisséptico. CRAVO Nome científico: Eugenia caryophyllus Composição química: eugenol, β-Cariofileno, α-Humuleno, acetato de eugenila, óxido de cariofileno (AFFONSO et al., 2012). Propriedades: anestésico, analgésico, fungici- da, bactericida e anti-inflamatório. CEDRO Nome científico: Juniperus virginiana L. Composição química: “α e β – cedreno, tuiopseno, cupareno, cedrol e widrol” (MONTEIRO, 2015, p. 9). Propriedades: regenerador celular, estimu- lante da circulação, revitalizante, expecto- rante, adstringente e antisséptico. EUCALIPTO Nome científico: Eucalyptus globulus Composição química: “1,8 – cineol, α – pineno, limoneno e α – terpineol” (MONTEIRO, 2015, p. 8). Propriedades: tônico e descongestionante. 126 Aromaterapia na Saúde Integral LARANJA AMARGA Nome científico: Citrus aurantium Composição química: d-limoneno, flavo- noides, cumarinas, triterpenos, vitamina C, caroteno, pectina, linalila e linalol (OLIVEIRA et al., 2017). Propriedades: anti-inflamatório, antissépti- co, adstringente, sedativo, estimulante do metabolismo e tônico. SÂNDALO Nomecientífico: Amyris balsamifera Composição química: “cis-α-santalol, α-santalal, cis- -βsantalol, α-curcumeno, α-santaleno, α-transberga- moteno, β-curcumeno, β-santaleno, epi-β-santaleno, santeno, (z)-α-trans-bergamotol, bisabolol, lanceol, β-santalal” (FERREIRA, 2014 p. 34). Propriedades: desintoxicante, hidratante e relaxante. LAVANDA Nome científico: Lavandula angustifolia Composição química: “linalol, acetato de linalilo, cineol, cânfora e borneol” (MONTEI- RO, 2015, p. 11). Propriedades: antisséptico, calmante, anti- -inflamatório e cicatrizante. TEA TREE Nome científico: Melaleuca alternifolia Composição química: “ [...] terpinen-4-ol, 1,8-cineol γ-terpineol, α-terpineno, α-pineno, sabineno, p-cimeno, terpinoleno, α-terpi- neol, aromadendreno, viridifloreno, δ-cadineno, glo- bulol, viridiflorol (FERREIRA, 2014 p.31). Propriedades: bactericida, antiviral, cicatrizante, anti- fúngico, antioxidante e anti-inflamatório. Apesar dos benefícios dos óleos essenciais, é necessário cuidado na manipulação, pois são poucos que podem ser aplicados diretamente sob a pele, alguns são tóxicos e existem contraindicações e dosagens de uso. Ao desejar trabalhar com este ramo da aromaterapia, deve-se aprofundar os conhecimentos científicos. TOMILHO Nome científico: Thymus vulgaris Composição química: “ [...] timol, p-cimeno, carvacrol, linalol, γ-ter- pineno, β-mirceno, geraniol, terpineol, terpi- neno-4-ol (FERREIRA, 2014). Propriedades: antioxidante, anti-inflamatório e antisséptico. 128 Aromaterapia na Saúde Integral Também chamados de óleos carreadores ou base, os óleos vegetais são utilizados na aromaterapia para diluir os óleos essenciais e carregá-los para o interior da pele. São obtidos, geralmente, por meio de prensagem a frio da planta, e possuem como características contrárias aos óleos essen- ciais o aroma menos marcante e menor volatili- dade. Em função do caráter emoliente e serem ricos em vitaminas, ácidos graxos e nutrientes, os óleos vegetais conferem hidratação por oclusão parcial e umectação, flexibilidade e maciez à pele (CORAZZA, 2002; AMARAL, 2016). No óleo extravirgem, a primeira prensagem é realizada à temperatura ambiente; e no óleo vir- gem, a prensagem posterior ocorre em, aproxi- madamente, 70 ºC. Fonte: adaptado de Ramalho e Suarez (2013). Óleos Vegetais 129UNIDADE 4 Os óleos vegetais são compostos lipídicos que permitem a liberação lenta dos óleos essenciais para o interior da pele. A concentração máxima de óleo essencial é de 2% em óleo vegetal. Óleos vegetais não devem ser confundidos com óleos minerais, pois, apesar de serem mais untuosos que os óleos essenciais, os óleos vegetais possuem características semelhantes à pele e não deixam aspecto oleoso como os óleos minerais; estes impedem a absorção dos óleos essenciais e não são biodegradáveis (AMARAL, 2016). Alguns dos óleos vegetais mais utilizados nos atendimentos terapêuticos são os de: amêndoas doces, semente de uva, argan, jojoba e rosa mosqueta. Principais Óleos Vegetais Utilizados na Prática Clínica SEMENTE DE UVA Nome científico: Vitis vinifera Composição química: linoleico, oleico, pal- mítico, esteárico (ROCKENBACH et al., 2010). Propriedades: hidratante e regenerador. AMÊNDOAS DOCES Nome científico: Prunus amygdalus dulcis Composição química: ácido oleico, linoleico, palmítico (GIWA; OGUNBONA, 2014). Propriedades: emoliente. ARGAN Nome científico: Argania spinosa Composição química: ácido oleico e linoleico, carotenos, tocoferóis, álcoois triterpênicos, esteróis, xantofilas (ARAÚJO, 2015). Propriedades: regenerador e hidratante. ROSA MOSQUETA Nome científico: Rosa rubiginosa Composição química: ácidos graxos poli-in- saturados, ácido oleico, linoleico, linolêni- co, ácido palmítico, palmitoleico, esteárico, láurico, mirístico, araquidônico, gadoleico, behênico (SANTOS; VIEIRA; KAMADA, 2009). Propriedades: regenerador, anti-inflamatório e antioxidante. JOJOBA Nome científico: Simmondsia chinensis Composição química: ésteres de cadeia longa, ácidos e álcoois monoinsaturados (BIGON, 2015) Propriedades: anti-inflamatório, cicatrizante e regenerador. 131 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. A aromaterapia é um ramo da terapia complementar e é utilizada desde os primórdios para o tratamento de doenças de ordem física e psicológica. Sobre ela, assinale a alternativa correta. a) A aromaterapia é a ciência que estuda somente a ação dos óleos essenciais. b) Óleos essenciais são idênticos aos óleos vegetais. c) Somente os óleos essenciais trazem benefícios à pele, os óleos vegetais não possuem ação efetiva no tecido cutâneo. d) Os óleos essenciais não produzem efeitos sistêmicos, somente no local em que foi aplicado. e) A aromaterapia é explicada por meio do seu efeito no sistema límbico. 2. Sobre o conteúdo de óleos essenciais e vegetais, leia. I) Os óleos essenciais podem ser extraídos de diversas partes de uma planta. II) Os óleos essenciais somente são responsáveis pelo aroma da planta, não possuem outra função para ela. III) A produção dos óleos essenciais é complexa, necessitando de poucas quan- tidades da planta desejada para a sua produção. IV) Óleos vegetais são extremamente voláteis. Assinale a alternativa correta. a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 132 3. Na prática clínica de muitas profissões, os óleos essenciais são requisitados. Sobre eles, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ) ( Óleos essenciais são obtidos por meio das plantas, por isso não são tóxicos. ) ( Óleos essenciais, também chamados de essência, são produtos de origem vegetal. ) ( Lavanda, bergamota e alecrim, de acordo com esta unidade, são óleos essen- ciais cicatrizantes. Assinale a alternativa correta. a) V-V-V. b) V-F-F. c) F-F-V. d) F-V-V. e) V-F-V. 4. Atualmente, há uma procura maior por tratamentos menos agressivos, sendo que a aromaterapia é indicada para estes casos, visando complementar os tratamentos da medicina convencional. Sobre óleos, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ) ( Óleo mineral e vegetal podem ser utilizados na diluição de óleos essenciais, pois facilitam sua penetração. ) ( De acordo com esta unidade, óleos essenciais de tomilho e tea tree são an- tioxidantes. ) ( A concentração mínima de óleo essencial é de 2% em óleo vegetal. Assinale a alternativa correta. a) V-V-V. b) V-F-F. c) F-F-F. d) F-V-F. e) V-F-V. 5. Quais os benefícios dos óleos vegetais frente aos óleos minerais? 133 Terapia Integrativa: Ioga, Naturopatia, Psicologia e Ayurveda Autor: Ilan Segre Editora: Agora Editora Sinopse: em uma época em que a saúde se tornou uma das maiores preocupa- ções do ser humano, são poucos os que conseguem levar uma vida plena. De um lado, o ritmo de vida frenético facilita o aparecimento de distúrbios, como a depressão e insônia. De outro, a alimentação desregrada envia para dentro do organismo conservantes, hormônios e pesticidas. Então, tratamo-nos com remé- dios, o que acaba intoxicando o corpo e tornando-o cada vez mais frágil. Como sair desse círculo vicioso? Ilan Segre mostra, neste livro, que a saúde está ao alcance de todos. Usando um discurso crítico e partindo de sua longa experiência com ioga, ayurveda e naturopatia, o autor alinha essas três ciências à sua formação de psicólogo e propõe um novo caminho para aqueles que almejam o bem-estar físico e mental. Além disso, analisa casos de pacientes que atendeu na Índia uti- lizando sua abordagem integrada e mostra que a terapia integrativa é capaz de curar moléstias e aliviar sintomas de doenças graves, como esclerose múltipla. LIVRO Perfume - A História de um Assassino Ano: 2006 Sinopse: França, século XVIII: Jean Baptiste Grenouille – um gênio, um monstro, um assassino – notoriamente obcecado por odores. Nascido com um dom subli- me – uma capacidadeabsoluta de percepção de odores, ele vive para detectar qualquer cheiro no planeta. Contudo, ele próprio não exala nenhum odor. Ele se torna aprendiz de um proeminente perfumista, que lhe ensina a antiga arte de extrair perfumes de óleos e ervas preciosas. Até que um dia ele sente um cheiro que o levará a uma aterrorizante busca pelo perfume mais poderoso do mundo: feito da essência de jovens virgens. Um filme tenso e intrigante. Comentário: este filme “tenso e intrigante” revela, por meio da imagem, o poder do aroma. Também mostra as técnicas de extração dos óleos, conhecimento este que muitas pessoas não têm acesso. FILME 134 AFFONSO, R. S.; RENNÓ, M. N.; SLANA, G. B. C. A.; FRANÇA, T. C. C. Aspectos Químicos e Biológicos do Óleo Essencial de Cravo da Índia. Revista Virtual Química, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 146-161, mar./abr. 2012. Disponível em: http://rvq.sbq.org.br/imagebank/pdf/v4n2a05.pdf. Acesso em: 26 mar. 2019. AMARAL, F. Técnicas de aplicação de óleos essenciais: terapias de saúde e beleza. São Paulo: Cengage Learning, 2016. ANDREI, P.; DEL COMUNE, A. P. Aromaterapia e suas aplicações. Cadernos: Centro Universitário S. Ca- milo, São Paulo, v. 11, n. 4, p. 57-68, out./dez. 2005. Disponível em: http://www.saocamilo-sp.br/. Acesso em: 26 mar. 2019. ARAÚJO, L. A. Desenvolvimento de formulações cosméticas contendo óleos vegetais para a proteção e reparação capilar. 2015. 106 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2015. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/. Acesso em: 26 mar. 2019. BIGON, J. P. Óleos vegetais como novos coestabilizadores para reações de polimerização em miniemul- são. 2015. 114 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Química, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2015. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/. Acesso em: 26 mar. 2019. CORAZZA, S. Aromacologia: uma ciência de muitos cheiros. 3. ed. São Paulo: Senac, 2002. FERREIRA, A. R. A. Uso de óleos essenciais como agentes terapêuticos. 87 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências Farmacêuticas, Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências da Saúde, Porto, 2014. Dispo- nível em: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4513/1/PPG_21290.pdf. Acesso em: 26 mar. 2019. GIWA, S.; OGUNBONA, C. Sweet almond (Prunus amygdalus “dulcis”) seeds as a potential feedstock for Nigerian Biodiesel Automotive Project. Revista Ambiente & Água, Taubaté, v. 9, n. 1, p. 37-45, jan./mar. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1980-993X2014000100005&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 26 mar. 2019. http://www.saocamilo-sp.br/pdf/cadernos/36/07_aromaterapia.pdf http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60137/tde-04052015-154442/pt-br.php http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/266022/1/Bigon_JoicePalma_M.pdf 135 LEVERT, S.; ROTHFELD, G. S. Medicina natural para doenças do coração. São Paulo: Editora Cultrix, 1997. MONTEIRO, A. R. P. Atividade antimicrobiana de óleos essenciais. 2015. 68 f. Dissertação (Mes- trado) - Curso de Ciências Farmacêuticas, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2015. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/5327/1/PPG_23518.pdf. Acesso em: 12 dez. 2018. OLIVEIRA, T. W. N.; TEIXEIRA, S. A.; OLIVEIRA, V. A.; CASTRO, A. N.; MARTINS, M. R.; MEDEIROS, S. R. A. Laranja Amarga (Citrus aurantium) no tratamento da obesidade. RSC online – Revista Saúde e Ciência, v. 6, n. 1, p. 114-126, maio/ago. 2017. Disponível em: http://150.165.111.246/revistasaudeeciencia/index.php. Acesso em: 26 mar. 2019. RAMALHO, H. F.; SUAREZ, P. A. Z. A Química dos Óleos e Gorduras e seus Processos de Extração e Refino. Revista Virtual Química, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 2-15, jan./fev. 2013. Disponível em: http://rvq.sbq.org. br/. Acesso em: 26 mar. 2019. RIBEIRO, D. S.; MELO, D. B.; GUIMARÃES, A. G.; SILVA, E. V. Avaliação do óleo essencial de alecrim (Ros- marinus officinalis L.) como modulador da resistência bacteriana. Ciências Agrárias, Londrina, v. 33, n. 2, p. 687-696, 2012. ROCKENBACH, I. I.; RODRIGUES, E.; GONZAGA, L. V.; FETT, R. Composição de ácidos graxos de óleo de semente de uva (Vitis vinifera L. e Vitis labrusca L.). Brazilian Journal Food Technology, Campinas, v. 3, p. 23-26, 2010. SANTOS, J. S.; VIEIRA, A. B. D.; KAMADA, I. A Rosa Mosqueta no tratamento de feridas abertas: uma re- visão. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 62, n. 3, p. 457-462, maio/jun. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n3/20.pdf. Acesso em: 26 mar. 2019. SILVEIRA, J. C.; BUSATO, N. V.; COSTA, A. O. S.; JUNIOR, E. F. C. Levantamento e análise de métodos de extração de óleos essenciais. 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Nesta última unidade, conheceremos mais sobre os ativos farmacológicos utilizados na cosmetologia. Apesar de não ser fácil memorizarmos todos estes que serão apresentados, precisamos ter a consciência que é fundamental estudarmos para conseguirmos desenvolver nossos planos de trata- mento, por isso este é somente o início dos estudos sobre os princípios ativos. Ácido Glicólico A cadeia do ácido glicólico possui dois carbo- nos, é formado por um grupamento hidroxila e é solúvel em água. Diferentes concentrações de ácido glicólico alteram o pH da solução; em uma concentração de 70%, o pH é próximo de 0,6; já em 5%, o pH é 1,7 (NADIN; GUTERRES, 1999), sendo que a função e permeação do ácido está relacionada à sua concentração. Derivado da ca- na-de-açúcar, esse ácido é indicado para reduzir a coesão dos corneócitos, promovendo um pro- cesso de esfoliação. 143UNIDADE 5 Ácido Hialurônico Este polissacarídeo glicosaminoglicano tem propriedades hidratante e lubrificante da pele, humor vítreo, cordão umbilical e tecidos conectivos, pode ser obtido da fermentação de bactérias (SALLES et al., 2011). Na pele, este ácido liga-se à água, sendo capaz de manter a elasticidade cutânea (FIGUEI- REDO et al., 2010 on-line), possui ação cicatrizante e, diferentemente de outros ácidos, o hialurônico não tem função descamativa e sim hidratante. Ácido Lático A cadeia do ácido lático contém três carbonos, é formada por um grupamento hidroxila, sendo que este ácido é solúvel em água. “Derivado da fermentação da dextrose do milho, o ácido poli-L-láctico é uma molécula pesada (140 k Dalton), cristalina, [...] sob hidrólise tecidual não-enzimática, se degrada a monômeros de ácido láctico” (SILVA; CARDOSO, 2013, on-line). Possui ação umectante, esfoliante, clareador e rejuvenescedor cutâneo. Ácido Mandélico Derivado do ácido glicólico, o ácido mandélico é obtido por meio da hidrólise de amêndoas amargas. É um α-hidroxiácido com baixo peso molecular, que é absorvido lentamente pela pele, assim reduz riscos e proporciona segurança durante a aplicação. A concentração indicada é de 10 a 30% em pH de 3,5, sendo as funções: antisséptica, clareadora, renovadora da camada córnea, antimicrobiana e auxilia na cicatrização (BORGES; SCORZA, 2016). Ácido Retinoico O ácidoretinoico “é um metabólito ativo da vitamina A, que regula a taxa de crescimento e diferen- ciação de vários tipos celulares” (COELHO et al., 2003 on-line). É encontrado em vegetais ricos em betacaroteno e apresenta fórmula molecular C20H25O. É indicado nas concentrações de 5 a 12% para esfoliação dos corneócitos, clareamento e estímulo do colágeno (YOKOMIZO et al., 2013, on-line). Ácido Salicílico Este beta-hidroxiácido apresenta-se na forma de pó branco solúvel em solventes apolares e é inodoro (OLIVEIRA; RESENDE FILHO; ANDRADE, 2011). “Formulado a 20 ou 30% em solução alcoólica e a 40 ou 50% sob forma de pasta para aplicação em membros superiores. Tem ação queratolítica” (YOKOMIZO et al., 2013, on-line), bacteriostática e fungicida (BORGES; SCORZA, 2016). 144 Glossário Ácido Tranexâmico Fármaco análogo sintético do aminoácido lisina (PINTO et al., 2016 on-line), antifibrinolítica, atua na produção de melanina, sendo utilizada como potente clareador. Ácido Tricloroacético É formado pela combinação de átomos de car- bono, cloro, oxigênio e hidrogênio. Possui ação de desnaturalização, precipitação e destruição de “verrugas por coagulação química do tecido afeta- do, clinicamente se observa um aplanamento das lesões” (HARRIS RICARDO et al., 2010, on-line). Ácidos Graxos Essenciais O ácido linoleico (ômega6 ou n-6) e o ácido li- nolênico (á-linolênico - ômega3 ou n-3) não são produzidos pelos mamíferos, por isso essenciais, que participam do controle das funções celulares, tais como manter “ [...] a integridade e fluidez das membranas, atividade das enzimas de membrana e sín- tese de eicosanóides como as prostaglandi- nas, leucotrienos e tromboxanos. Estes, por sua vez, possuem capacidade de modificar reações inflamatórias e imunológicas, alte- rando funções leucocitárias e acelerando o processo de granulação tecidual (MANHE- ZI; BACHION; PEREIRA, 2008, p. 621). Estes ácidos graxos essenciais “mantém o meio úmido para cicatrização de feridas, são bacterios- táticos e umectantes” (BEGA, 2014, p. 100). Alfa-hidroxiácidos (AHA) “Apresentam um grupo carboxila terminal [...] e cadeia carbônica de comprimento variável” (NA- DIN; GUTERRES, 1999, p. 7). Obtido por meio da cana-de-açúcar, frutas e iogurte, é formado por um complexo de ácidos: glicólico, láctico, málico, tartárico e cítrico. Possui ação descamativa e emo- liente (NADIN; GUTERRES, 1999). Algas Marinhas Obtida por meio de várias espécies e contém vitaminas, minerais, proteínas e baixo teor de gorduras. As algas marinhas (Figura 1) possuem propriedades antioxidante, esfoliante, protetor da radiação UVA e UVB, estimula a síntese de colá- geno, regeneração dos tecidos e inibe a formação da melanina; estas funções são dependentes do tipo de alga (FONSECA, 2016, on-line). Figura 1 - Algas Marinhas 145UNIDADE 5 Alginato de Cálcio O alginato é extraído das algas marrons e é uti- lizado pela indústria farmacêutica, cosmética ou alimentícia. Possui propriedades “ [...] espessante, estabilizante de emulsões e de espuma, agente de encapsulação, agente de gelificação, agente de formação de filmes e de fibras sintéticas, entre outras possibili- dades (FANI, 2013, p. 34). O alginato de cálcio é um “produto absorvente in- dicado no tratamento de feridas sangrantes, com exsudato, esfacelo, com ou sem infecção” (SILVA; ALMEIDA; ROCHA, 2014, p. 53). Aloe Vera Mais conhecida como babosa (Figura 2), do interior desta planta é retirado um gel mucila- ginoso rico em água, vitaminas, minerais, ami- noácidos, enzimas e carboidratos. Possui ativi- dade anti-inflamatória, cicatrizante, calmante e regeneradora (FREITAS; RODRIGUES; GAS- PI, 2014, on-line). Amorolfina Antifúngico derivado das morfolinas que “atua satisfatoriamente sobre dermatofitoses e candi- doses humanas” (RIVITTI, 2014, p. 656). Argila Branca Este mineral terroso é composto por “silicato de alumínio hidratado, alumínio, enxofre, ferro, boro, potássio e cálcio” (SILVA, 2011, p. 32), possui ação cla- readora, cicatrizante, hidratante e sebo controladora. Argila Preta Constituída na maior porção de “ [...] alumínio e silício, porém contém também ferro; titânio; silicato de alumínio e magné- sio; carbonato de cálcio e magnésio; óxido de silício, zinco e ferro; e enxofre (SILVA, 2011, p. 32). Possui efeitos desintoxicante, rejuvenescedor, cla- reador, cicatrizante e sebo controladora. Figura 2 - Aloe Vera 146 Glossário Argila Rosa Argila rosa é rica em “silicato de alumínio hidra- tado, óxido de ferro e óxido de cobre” (SILVA, 2011, p. 32) e possui ação cicatrizante e suavizante (BALDUINO, 2016). Argila Verde Presente o “óxido de ferro associado ao cálcio, magnésio, potássio, manganês, fósforo, zinco, cobre, alumínio, silício, selênio, cobalto e mobi- lidênio” (SILVA, 2011, p. 32). Possui “ação ads- tringente, tonificante, estimulante, secativa, bac- tericida, analgésica e cicatrizante” (BALDUINO, 2016, p.10). Arnica A arnica montana (Figura 3) é formada por lac- tonas sesquiterpênicas, óleo essencial, ácidos fenólicos, glicosídeos flavonóicos, cumarinas e fitosteróis, possui atividade anti-inflamatória, antiedematosa, analgésica e estimulante da cir- culação sanguínea (FERREIRA, 2010a). Figura 3 - Arnica Montana 147UNIDADE 5 Barbatimão O barbatimão (Figura 4) é uma planta comum do cerrado que contém tanino “ [...]alcalóides, amido, flavonóides, pró- -antocianidinas, matérias resinosas, mu- cilaginosas, corantes e saponinas. [...] Amplamente utilizado como antisséptico, anti-inflamatório, hemostático, antiedema- togênico, antioxidante, antidiabético, ads- tringente, antihipertensivo, analgésico, cica- trizante e antimicrobiano e no tratamento de várias infecções cutâneas (PEREIRA; MORENO; CARVALHO, 2013, p. 128-130). Princípios Ativos que Iniciam com Letra “B-H” 148 Glossário Beta-glucan Polissacarídeo, presente na parede celular de fun- gos, leveduras e cereais, melhora a atividade imu- nológica da pele, tem efeito anti-inflamatório e an- titumoral (MAGNANI; CASTRO-GÓMEZ, 2008). Bifonazol Da família dos azóis, com fórmula química C22H18N2, é um antifúngico, com amplo espectro de ação indicado para tratamento de dermato- fitoses, candidíases cutâneas e tinea versicolor, também contra leveduras (CARRILLO-MUNÕZ, 2010; GRAYSON et al., 2010). Cafeína “ A cafeína é uma substância psicoativa presente em várias plantas, como nos grãos de café e cacau, folhas de chá, frutos do guaraná, chocolate, entre outros (ROMEIRO; DEL- GADO, 2012, p. 20). Este alcaloide é semelhante à purina, xantina e áci- do úrico (TAVARES; SAKATA, 2012), possuindo propriedades antioxidante e lipolítica. Clorexidina Biguanida catiônica, também conhecida como gluconato ou digluconato de clorexidina, tem fórmula química: C28H42Cl2N10O7. Possui função antisséptica, bactericida e bacteriostática e, devi- do a sua afinidade com a pele e mucosas, pode ser utilizada por adultos e recém-nascidos. Pode ocasionar fotossensibilidade, dermatite de contato e toxicidade (AMORAS, 2013). Colagenase Enzimas que estimulam a quebra do colágeno, ou seja, é um debridante enzimático (BEGA, 2014) “estimulando, indiretamente, a formação do tecido de granulação e, posteriormente, a ree- pitelização” (FERREIRA et al., 2003, p. 47). São utilizadas para o debridamento de ferimentos (tecidos necrosados), tratamento de Contratura de Dupuytren, “ [...] isolamento de células endoteliais de cérebro, estudos de células tronco, células cardíacas, da pele, do tecido ocular, tanto em humanos quanto em modelos animais diversos (ZIMMER et al., 2009, p. 132). Figura 4 - Barbatimão 149UNIDADE 5 Dimetilaminoetanol “Apresenta a fórmula estrutural CH3NHCH2-(CH2)2OH. Sua forma de bitartarato é uma das comer- cializadas e apresenta a fórmula molecular C4H11NO.C4H6O6” (ROCHA JÚNIOR et al., 2007, p. 60) e é utilizado para a prevenção do envelhecimento precoce, aumenta a firmeza da pele e hidratação e possui ação antirrugas(TADINI, 2009). O DMAE (dimetilaminoetanol) é uma substância naturalmente encontrada em peixes marinhos, tais como sardinha e salmão, além de ser também produzido em pequenas quantidades no cérebro humano (Kassandra Azevedo Tadini) Enxofre Este elemento químico é representado pelo símbolo S e é encontrado em áreas vulcânicas e águas termais. “É um sólido amarelo pálido, inodoro, sem sabor, insolúvel em água, quebradiço e mau condutor de eletricidade” (PEIXOTO, 2002, p. 51). O enxofre (Figura 5) é um mineral indispensável para síntese de queratina, está presente no metabolismo das proteínas e possui efeito antisséptico, cicatrizante, antioxidante, antibacteriano e antifúngico (WICHROWSKI, 2007; OLIVEIRA, 2014; SANTOS, 2011). Figura 5 - Enxofre Formol Também chamado de formaldeído, metanal ou ácido fórmico, apresenta fórmula molecular CH2O (MOREIRA, 2015), é um líquido incolor altamente tóxico utilizado como antisséptico, antibacteriano, antifúngico, antiviral e conservante. 150 Glossário Fenol Também conhecido como ácido carbólico, é obtido a partir do coaltar, possui odor característico (YO- KOMIZO et al., 2013) e suas funções são: “ [...] antipruriginoso, antisséptico, anestési- co e levemente antifúngico. [...] Também se utiliza em proporções mais elevadas, como cáustico, em tratamentos esfoliantes e ru- befacientes (GAMONAL et al., 1999, p. 41). Hera A planta Hedera Helix (Figura 6) possui ação anti- celulítica, emoliente, cicatrizante, analgésica e des- congestionante. É constituída por “ [...] glicosídeos, heredina, saponinas, hede- rosaponina, pectina, tanino, resina, flavo- noides, rutina, quercitina, iodo, ácido ca- feico, ácido fórmico, ácido málico, esteróis, clorogênico e ácidos terpênicos (COSTA, 2017, p. 77). Hidroquinona A hidroquinona é um composto fenólico en- contrado “na natureza como hidroquinona β-D- -glicopiranosido (arbutina), nas folhas de várias plantas tais como “uva ursi” e algumas variedades da pêra” (GARCÍA, 2004). É um agente despig- mentante, que “ [...] atua na biossíntese da melanina por ini- bição enzimática da oxidação da tirosina (di-hidroxifenilalanina), precursora da me- lanina, e na supressão de outros processos metabólicos dos melanócitos. [...] Também provoca mudanças estruturais nas mem- branas das organelas dos melanócitos, ace- lerando a degradação dos melanossomas (BORGES; SCORZA, 2016, p. 166). Figura 6 - Hedera Helix 151UNIDADE 5 Metilxantinas As metilxantinas são alcalóides presentes em plan- tas, possuem função amina e atuam no “sistema nervoso central, cardiovascular, renal, digestório e imunológico e, também, sobre o metabolismo de carboidratos e lipídeos” (SIMÕES et al., 2017, s.p). Teobromina, teofilina e cafeína são alcaloides da família das metilxantinas, um dos principais grupos constituintes das folhas de chá. A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) é o mais comum dentre os três, sendo encontrada, principalmente, em chás, cafés, produtos de cacau e bebidas à base de cola. Fonte: ALVES e BRAGAGNOLO (2002, p.237). Princípios Ativos que Iniciam com Letra “M-Z” 152 Glossário Mupirocina Antibiótico “produzido pela fermentação da cultura de Pseudomonas fluorescens [...] e com uma estru- tura química particular, formada por uma cadeia lateral de ácidos graxos ligada ao ácido mônico por uma ligação do tipo éster” (FERREIRA, 2010b, p. 25), indicado para tratamento de foliculite, infecções cutâneas, queimaduras, impetigo e úlcera de perna. Utilizado no combate de estafilococos, “P. aeruginosa, estreptococos, fungos, anaeróbios e Enterobacteriaceae” (YAGIELA et al., 2011, s.p). Neomicina Antimicrobiano de amplo espectro, utilizada de forma tópica ou oral para infecções cutâneas, ocu- lares, em mucosas ou no trato gastrointestinal (SANTOS; TORRIANI; BARROS, 2013; BRUNTON; HILAL-DANDAN; KNOLLMANN, 2017). A neomicina é indicada para o tratamento de feridas contaminadas, “dermatoses infectadas, quei- maduras, infectadas, cortes, úlceras cutâneas, impetigo, furúnculos e otite externa”. Fonte: Silva, Almeida e Rocha (2014, p. 55). Nicotinato de Metila “Éster do álcool metílico e do ácido nicotínico, com característica polar, muito solúvel em água e álcool etílico” (BRASIL, 2005, s.p.). Promove o aquecimento do tecido cutâneo por promover a “vasodilatação periférica, aumentando o metabolismo local” (BORGES; SCORZA, 2016, p. 622). Pantenol A provitamina B5 é um “álcool biologicamente ativo” (CAMARGO JUNIOR, 2006), indicado para o tratamento de “feridas, hematomas, cicatrizes, úlceras dérmicas e de pressão, queimaduras térmicas, incisões/distensão pós-operatórias e dermatoses” (DRAELOS, 2016, on-line). 153UNIDADE 5 Papaína “A papaína é uma mistura complexa de enzimas proteolíticas e peroxidases presente no látex do vegetal carica papaya (mamão papaia)” (FER- REIRA et al., 2005) (Figura 7). Possui “ [...] forma de um pó que varia do branco ao bege amarelado, com odor característico e leve sabor de pepsina. É solúvel em água e glicerol e, praticamente, insolúvel em álcool, éter e clorofórmio (MONETTA, 1987, p. 66) É “utilizada para efetuar o debridamento enzimá- tico” (BEGA, 2014, p. 111), tem ação anti-inflama- tória e bactericida. O ácido pantotênico; ao aumentar a síntese lipídica da pele, ocorre melhora na barreira cutânea, resultando na melhoria da cicatrização de feridas. Além disso, pantenol promove a reepitelização epidérmica e a proliferação de fibroblastos, efeitos que colaboram na cicatrização de feridas. Adicio- nalmente, o pantenol tem se mostrado útil para aumentar a penetração de ativos na pele. (Zoe Diana Draelos) Figura 7 - Mamão Papaia Policresuleno Antibacteriano, antifúngico e antiprotozoário (BEGA, 2014) que acelera o processo de cicatrização de feridas. “ Apresenta atividade hemostática por ocasionar coagulação das proteínas do sangue e favorecer a con- tração das fibras musculares dos vasos sanguíneos de pequeno calibre. Apresenta capacidade de des- bridamento químico seletivo. [...] Sua acidez em conjunto com as propriedades coagulantes, confere ao policresuleno atividade antimicrobiana para estafilococos, estreptococos e Candida albicans. A ação desbridante e antimicrobiana do policresuleno o tornam importante agente nos processos de cicatrização (FROEHNER JUNIOR et al., 2014, p. 92). 154 Glossário Própolis “Constituído por uma mistura de diversas resinas vegetais, o qual é coletado por abelhas em plantas comumente visitadas por estes insetos” (BIANCHI- NI; BEDENDO, 1998, s.p.). Possui “propriedades antibacteriana, antifúngica, antiviral, anti-inflama- tória, hepatoprotetora, antioxidante, antitumoral, imunomodulatória” (LUSTOSA et al., 2008, p. 449). Vitamina C “A vitamina C ou, simplesmente, ácido ascórbico (AA) é vitamina hidrossolúvel e termolábil” (MA- NELA-AZULAY et al., 2003, p. 265). “ Sua estrutura contém um grupo hidróxi-enó- lico, tautômero da α-hidroxicetona [...] e as melhores fontes de vitamina C são frutas frescas (particularmente frutas cítricas, tomates e pimentão verde), batata assada e verduras (FIORUCCI; SOARES; CAVA- LHEIRO, 2003, p. 5). Possui: “ [...] efeito anti-inflamatório, podendo ser usado em tratamento de dermatoses inflamatórias, doenças autoimunes e doenças fotossensibi- lizantes. O ácido ascórbico possui a proprie- dade de estimular a síntese de colágeno, em um tratamento tópico prolongado de ácido ascórbico pode resultar na ativação da sín- tese de fibroblastos e diminuir as cicatrizes causadas pela idade, principalmente na região peri-orbital. [...] Tem um importante papel na síntese da barreira lipídica do estrato córneo (ceramidas) (VIDAL; FREITAS, 2015, s.p). A deficiência da vitamina C causa escorbuto, en- fermidade caracterizada por sangramento da gengiva, dificuldade na cicatrização de feridas, fadiga e anemia, e que pode ser fatal. Fonte: Cunha et al. (2014, p. 140). A composição química da própolis inclui flavo- noides [...], ácidos aromáticos e ésteres,aldeí- dos e cetonas, terpenóides e fenilpropanóides [...], esteróides, aminoácidos, polissacarídeos, hidrocarbonetos, ácidos graxos e vários outros compostos em pequenas quantidades. Há tam- bém na sua constituição elementos inorgânicos como o cobre, manganês, ferro, cálcio, alumínio, vanádio e silício. (Sarah R. Lustosa, Alexandre B. Galindo, Lívio C. C. Nunes, Karina P. Randau e Pedro J. Rolim Neto) Ureia “ A ureia, um composto orgânico cristalino, de cor branca, inodoro, tóxico, higroscópico altamente solúvel em água, é considerada como um composto nitrogenado não protei- co (NNP), sendo classificada quimicamente como amida (MAIONCHI et al., 2014, p. 1). As propriedades da ureia são: hidratante, esfo- liante, emoliente, ceratolítico e antimicrobiano, depende da concentração do ativo (BEGA, 2014; GAMONAL et al., 1999). 155UNIDADE 5 Vitamina E Conhecido como tocoferol, “existem oito formas naturais de vitamina E que podem ser classificadas em dois grupos segundo a cadeia lateral da molécula, saturada ou insaturada” (POMPEU, 2014, p. 18). Este poderoso antioxidante é capaz de prevenir o envelhecimento precoce, alterações no DNA e proteção contra as doenças crônicas não transmissíveis (SANTOS; OLIVEIRA, 2014). A vitamina E é possivelmente uma das vitaminas mais interessantes na luta contra o envelhecimento cutâneo, tendo importante papel ao proteger a membrana da peroxidação lipídica causada pelos radicais livres. Fonte: Santos e Oliveira (2014, p. 84). Zinco O zinco (Figura 8) está presente na natureza, como água, solo e fontes alimentares; é essencial à vida, já que “ [...] participa de muitas reações do metabolis- mo celular, incluindo processos fisiológicos, tais como função imune, defesa antioxidan- te, crescimento e desenvolvimento (MA- FRA; COZZOLINO, 2004, p. 80). Nos cosméticos, produz efeito anti-inflamatório, cicatrizante e antifúngico. Figura 8 - Zinco O zinco é um metal onipresente importante para a estabilidade e atividade de enzimas necessárias para a replicação do DNA, para a transcrição de genes e para a síntese de proteínas. (Murad Alam, Hayes B. Gladstone e Rebecca C. Tung) 156 Glossário Meus parabéns, com garra e determinação você concluiu todas as cinco unidades! Não foram dias fáceis, muitas horas de estudos, renúncias, mas que fizeram de você um merecedor desta conquista. Contudo, não pense que o caminho findou, na verdade, ele apenas está começando! Com estes conhecimentos, você já está apto para aprofundar sobre a química e a cosmetologia, e saiba que elas anda- rão junto com a sua profissão, por isso nunca esqueça de se atualizar! No mais, deixo aqui meu abraço e minha torcida para que seu caminho seja de muito sucesso e que você colha os frutos desta linda profissão que escolheu! 157 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. O ácido hialurônico possui função: a) Descamativa. b) Debridante. c) Esfoliante. d) Hidratante. e) Antisséptica. 2. De acordo com o tópico Princípios Ativos que Iniciam com Letra “M-Z”, o própolis possui função: a) Antisséptica. b) Antifúngica. c) Oxidante. d) Secativa. e) Nenhuma das alternativas está correta. 3. De acordo com o tópico Princípios Ativos que Iniciam com Letra “A”, a argila branca é conhecida por suas propriedades: I) Clareadora. II) Hidratante. III) Anti-inflamatória. IV) Comedogênica. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 158 4. Sobre as características do enxofre, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ) ( É um sólido amarelo e inodoro. ) ( Possui função cicatrizante. ) ( É um ótimo condutor de eletricidade. Assinale a alternativa correta: a) V-V-V. b) V-V-F. c) F-F-F. d) F-V-V. e) V-F-V. 5. Quanto às funções fisiológicas, diferencie a Vitamina C e E. 159 Cosmetologia Autor: Amanda Luizetto dos Santos,Daniel Antunes Junior,Hélio Mastrandéa,Ho- da Nahas,Marcos Moisés Gonçalves,Maria Alice Marques,Rosangela Barzinski Gonzalez,Sheila Martins Ferreira Gonçalves,Valéria Maria de Souza Antunes, Maria de Fátima Lima Pereira Editora: Difusão Editora Sinopse: a série Curso de Estética surge em um momento em que a qualidade de vida e o bem-estar estão no topo das pautas. A busca por profissionais espe- cializados em tratamentos estéticos e cuidados com a beleza tornou-se parte do cotidiano das pessoas. Neste livro, os autores abordam temas como: Mercado cosmético e bem-estar; Legislação de cosméticos; Cosméticos ecologicamente corretos; Química cosmética; Componentes de uma formulação cosmética; Permeação cutânea e facilitadores de permeação; Fabricação de cosméticos; Estudos de segurança e eficácia; Introdução e princípios ativos aplicados a acne e discromias; Hidratantes; Nutricosméticos; Glicação; e Introdução e princípios ativos aplicados à hidrolipodistrofia ginoide. LIVRO 160 ALAM, M.; GLADSTONE, H. B.; TUNG, R. C. Dermatologia Cosmética. Elsevier: Rio de Janeiro, 2010. ALVES, A. B.; BRAGAGNOLO, N. Determinação simultânea de teobromina, teofilina e cafeína em chás por cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, v. 38, n. 2, p. 237-243, jun. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/. Acesso em: 15 abr. 2019. AMORAS, L. S. Uso da clorexidina na medicina: revisão de literatura. 2013. 36 f. Monografia (Especialização) - Curso de Endodontia, Universidade Estadual de Campinas, Piracicaba, 2013. BALDUINO, A. P. Z. Estudo da Caracterização e composição de argilas de uso cosmético. 2016. 76 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências Aplicadas à Saúde, Universidade Federal de Goiás, Jataí, 2016. Disponível em: http://posagronomia.jatai.ufg.br/. Acesso em: 26 mar. 2019. BEGA, A. Tratado de podologia. 2. ed. rev. e ampl. São Caetano do Sul: Yendis, 2014. BIANCHINI, L.; BEDENDO, I. P. Efeito antibiótico do própolis sobre bactérias fitopatogênicas. Scientia agricola, Piracicaba, v. 55, n. 1, p. 149-152, jan./abr. 1998. Disponível em: http://www.scielo.br/. Acesso em: 27 mar. 2019. BORGES, F. S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em estética: conceitos e técnicas. São Paulo: Phorte, 2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Parecer Técnico nº 5, de 23 de agosto de 2005. 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Na China, há também registros do desenvolvimento de elixires para longevidade em tempos muito antigos, e, nessa época, a química era vista como mágica e misticismo realizado por alquimistas (FONSECA; SANTOS, 2012), há associação, até mesmo, com bruxaria. O conhecimento não científico dos povos pri- mitivos sobre o uso de plantas para o tratamento de doenças revela o início da fitoterapia, sendo esta ciência utilizada até hoje, e definida como a utilização de plantas medicinais para o tratamento de doenças (NOGUEIRA; MONTANARI; DON- NICIA, 2009). Isto demonstra que a utilização de substâncias químicas existe desde os primórdios, com o início da fitoterapia, porém por meio de um conhecimento sem bases científicas, ou seja, sem grandes explicações, apenas notavam-se os benefícios da aplicação. No Brasil, a utilização de plantas místicas para prevenção do mal olhado, para benzer e para tra- tamento de doenças persistem até os dias de hoje e ocorre, principalmente, na região amazônica por povos indígenas e afro-brasileiros, sendo que os benefícios se devem ao caráter químico dos componentes das plantas (FERREIRA; TAVA- RES-MARTINS, 2016). A química, como conhecemos atualmente, é chamada de química moderna, tendo Robert Boy- le (1627-1691) como um dos responsáveis pelo seu desenvolvimento (GUTH, 2013). Este irlandês com experiência também em física descobriu, em um de seus estudos, um padrão de comportamen- to dos gases quando comprimidos e publicou o trabalho “Origem e peso do ar”, em que Mariot- te descobriu o mesmo padrão (GOTHCHALK, 2005), sendo chamada Lei de Boyle-Mariote. A partir dos estudos deste pesquisador, a química deixou de ser um misticismo e passou a ser cha- mada de ciência, com técnicas comprovadas. No Brasil, foi em Pernambuco, no Seminário de Olinda, a primeira aula de química do ensino superior e, em 1918, a abertura de cursos para formação em químicos, sendo a área mais antiga a química industrial (NETO, 2017). Para facilitar os estudos, a química é dividida em duas grandes áreas: pura e aplicada, de onde ramificam as outras áreas. A química pura pesqui- sa as substâncias e suas transformações químicas, dividindo-se em: química orgânica, inorgânica, analítica e físico-química. A química aplicada estuda os materiais e métodos adequados para a formulação de produtos químicos (AMARAL, 1995), dividindo-se em: bioquímica, química far- macêutica e química tecnológica ou industrial. A Figura 1 elucida as áreas da química. A geração do impulso nervoso, a digestão, a contração muscular e o metabolismo são situações que podem ser descritas em termos químicos, assim como suas condições anormais e patológicas e seus tratamentos. Todas essas diferentes funções envolvem interações complexas entre as moléculas. Fonte: Vanputte, Regan e Russo (2016, p. 24). 17UNIDADE 1 QUÍMICA PURA Analítica Orgânica Inorgânica Físico- química QUÍMICA APLICADA Química Farmacêutica Química Tecnológica ou Industrial Bioquímica QUÍMICA PURA Analítica Orgânica Inorgânica Físico- química QUÍMICA APLICADA Química Farmacêutica Química Tecnológica ou Industrial Bioquímica Figura 1 - Representação das áreas da química Fonte: a autora. A divisão das áreas da química é realizada somente para facilitar o aprendizado e a pesquisa, porém o estudo das funções dos elementos e substâncias químicas dependem de todas as áreas da química, acrescentado por outros ramos da ciência, como a física, a biologia e a matemática. Iremos descobrir o motivo ao longo desta unidade. Você já teve a curiosidade de saber do que um de- terminado objeto é formado? Ou de quantos com- ponentes ele é formado? O ramo científico que quantifica os componentes dos materiais ou subs- tâncias e os nomeia é a Química Analítica. Nela os cientistas estudam a quantidade e qualidade de substâncias e/ou elementos químicos presentes em determinado material estudado (MOORE, 2008). Foi por meio desta área que hoje sabemos que proteínas são importantes para a formação do corpo humano e a quantidade diária necessária, também o motivo de que o tabaco faz mal para a saúde, entre muitos outros saberes, que só podem ser conhecidos por estudarmos essa ciência. A química analítica é dividida em análise qua- litativa e quantitativa. A análise qualitativa iden- tifica os tipos de elementos, íons, moléculas que constituem a amostra pesquisada; e a quantitativa define a quantidade destes componentes. Quando descobre-se um novo material, o ideal é realizar primeiro um estudo qualitativo, para verificar quais são seus componentes e, posteriormente, uma análise quantitativa dos componentes, ou seja, irá definir a quantidade destes elementos (DIAS et al., 2016). Algumas etapas são realizadas para a análise quantitativa de uma determinada substância, são elas, em sequência: “ Seleção do método, obtenção de uma amostra representativa, preparo da amos- tra, definição de réplicas da amostra, dis- solução da amostra, eliminação de inter- ferentes, medição de uma propriedade do analito, cálculo dos resultados, estimativa de confiabilidade dos resultados (MERCÊ, 2012, p. 37-38). 18 Introdução à Química e Cosmetologia Na físico-química, a matéria é estudada tanto pelas suas propriedades físicas como químicas (PANITZ, 2003) com o propósito de determinar o comportamento de um sistema químico (MOO- RE, 2008). Para entendermos as transformações da matéria, por exemplo, como uma substância química pode evaporar, precisamos conhecer tam- bém sobre suas propriedades físicas, que seriam a concentração, forças intermoleculares, tempera- tura, entre outras. A físico-química é subdividida em Termodinâmica; Cinética Química; e Estrutura Molecular e Atômica, e percebemos a forte relação entre essas duas ciências ao analisarmos a tabela periódica, a qual descreve as características físicas e químicas dos elementos. De fato, a química inte- rage não somente com a física, mas também com a biologia e a matemática e é por meio desta relação com outras áreas que podemos estudar profun- damente as substâncias e suas transformações e desenvolver tecnologias cada vez mais avançadas (VOLLHARDT; SCHORE, 2013). A divisão entre química orgânica e inorgânica foi proposta, em 1777, pelo químico sueco Tor- bern Olof Bergman (SENAI, 2015). Este definiu que a matéria extraída de seres vivos seria estuda- da pela química orgânica e os compostos minerais estudados pela química inorgânica. A química inorgânica estuda sobre todos os compostos existentes, exceto compostos que pos- suem átomos de carbono, os quais são investiga- dos pela química orgânica (SENAI, 2015; GOMES; DAMAZIO, 2009). A química inorgânica vem evoluindo ao longo do tempo exponencialmente, e este crescimento é percebido, principalmente, em áreas que as pesquisas impactam mais como “a física da matéria condensada, a ciência dos ma- teriais e a química do meio ambiente” (WELLER et al., 2017). A química inorgânica direciona seus estudos para quatro substâncias: ácidos, bases, sais e óxidos. Um mineral é um sólido de ocorrência natural com um arranjo atômico altamente ordenado e uma composição química homogênea e defi- nida (mas não necessariamente fixa). Minerais são frequentemente formados por processos inorgânicos.M. F. 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Por sua vez, na Unidade 3, a definição de conceitos da cosmetologia, as características do sistema tegumentar, a permeabilidade cutânea e as alterações estéticas da pele, hipoderme, cabelos e lâminas ungueais foram discutidas. Na Unidade 4, sobre a aromaterapia, foram abordadas as características dos óleos vegetais e essenciais (leia mais sobre eles, provavelmente fará diferença na sua prática clínica) e, por último, na Unidade 5, foram apresentadas as carac- terísticas, origem e estrutura química dos principais princípios ativos utilizados na cosmetologia. Ao final da leitura deste livro, espero que você tenha gostado e se identificado com estes estudos, pois será muito importante para elaboração dos seus protocolos de atendimento. No entanto, não pare por aqui! Pegue seus produtos cosméticos, leia as embalagens, pesquise nos artigos científicos, livros ou bula os princípios ativos presentes e suas funções. Sempre que houver um novo princípio ativo, anote e faça seu próprio glossário, assim será mais fácil de aprender. E lembre-se de sempre se atualizar, pois a área da cosmetologia está em constante renovação, alguns cosméticos já foram utilizados antigamente para outras funções, assim o conhecimento sempre se renova. Desejo que você colha os frutos de sua dedicação! Grande abraço, Prof. Érica Simionato Machado Rieger C Capa_Princípios da Química e Cosmetologia_2019 AVA_Principios da Quimica e Cosmetologia_2019 _30j0zll _GoBack Introdução à Química e Cosmetologia A Química e sua Importância na Cosmetologia Aplicação Terapêutica dos Cosméticos Aromaterapia na Saúde Integral Glossário Processo inflamatório da pele _GoBack _GoBack _GoBack _gjdgxs _GoBack Botão 1:(Cornelis Klein e Barbara Dutrow) A química orgânica estuda sobre compostos que contêm carbono em suas cadeias, sendo que estes são mais numerosos que os compostos inorgâni- cos. São formados, por meio do elemento carbono, os hidrocarbonetos, álcoois, éster, éter, aldeídos, cetonas e aminas. Sobre este ramo da química, veremos de maneira aprofundada na próxima unidade. A química farmacêutica investiga, planeja e desenvolve novos fármacos utilizados para o tra- tamento de patologias, seus estudos abrangem áreas da “química, bioquímica, biologia molecu- lar, fisiologia e farmacologia” (MENEZES, 2005, on-line). Esta ciência correlaciona os estudos das substâncias e suas ações sobre o organismo, por isso os cientistas deste ramo devem ter pensamen- to crítico e serem criativos. A bioquímica, a química da vida, é uma ciência comum nos cursos da área da saúde. Seu objetivo é investigar os fatores determinantes para a for- mação e função de todos os organismos biológi- cos. Estudos bioquímicos foram os responsáveis por descobrir que o funcionamento de todos os organismos vivos é semelhante (NELSON; COX, 2014). Esta ciência estuda as biomoléculas, como os carboidratos, lipídios, vitaminas, proteínas, o metabolismo, enzimas, entre outros. 19UNIDADE 1 A química industrial é responsável por transfor- mar elementos já existentes na natureza em mate- riais que facilitem o cotidiano da população. São exemplos de produtos fabricados pela indústria química: alimentos, vestuários, artigos de constru- ção, objetos plásticos, medicamentos, cosméticos, ou seja, uma infinidade de itens que utilizamos no dia a dia e não nos damos conta. Ela também trans- forma substâncias químicas, que não poderíamos utilizar diretamente (por exemplo, ácido sulfúrico, soda, formol), em produtos propícios para o uso, como: cosméticos, perfumes, medicamentos, ar- tigos de limpeza (GAUTO; ROSA, 2013). A saber, segundo o estudo de Oliveira (2005), a indústria química brasileira, em 2004, apresentou um fatu- ramento expressivo, sendo US$ 3,4 bilhões obtidos por meio de produtos de higiene pessoal. Você já deve ter percebido que todas as áreas da química, devido ao seu caráter investigativo, descritivo e ex- perimental, são relevantes para a evolução tecnoló- gica. O impacto econômico dessa ciência é notável, por isso as pesquisas devem ser estimuladas. Por fim, além de ser explicada por meio de vá- rias áreas da química, a cosmetologia também faz parte dos estudos da física, biologia e matemática. Ela estuda desde a formulação de um cosmético até a sua aplicação final (RIBEIRO, 2010) e teve seus primeiros relatos pelos povos primitivos, que faziam o uso de produtos naturais para ornamen- tar seus corpos, como um culto de cunho religioso (KADUNC et al., 2012). A saber, ainda fazemos uso, atualmente, de vá- rios produtos utilizados nos tempos mais antigos O estudo da bioquímica mostra como o conjunto de moléculas inanimadas que constituem os orga- nismos vivos interagem para manter e perpetuar a vida exclusivamente pelas leis físicas e químicas que regem o universo inanimado. Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 1). da história. Um exemplo é o emulsificante Cold Cream, desenvolvido pelo médico Claudius Galen por volta de 180 d.C.: esse produto à base de cera de abelha é utilizado como veículo cosmético até hoje. A expansão da indústria cosmética ocorreu no final do século XX com a criação de produtos para o embelezamento de corpo, e rosto e para prevenção do envelhecimento. “ O termo cosmecêutico foi introduzido por Albert Kligman, em 1938, quando o con- gresso americano aprovou o Food, Drug and Cosmetic Act, que, pelo seu estatuto, definia um produto tópico como medicamento ou cosmético (KADUNC et al., 2012). Os cuidados com a beleza e a saúde do corpo são uma preocupação antiga que vigora até os dias atuais. É um desejo do homem ter uma boa saúde, porém não somente ser saudável, a busca pela valorização, bem-estar e autoestima também são desejáveis. Para alcançar esses objetivos, a cosme- tologia e a química são ciências que complemen- tam nossos tratamentos clínicos, por isso grande importância em estudá-los. O conhecimento dessas ciências, segundo Ri- beiro (2006), é fundamental, pois proporciona ao profissional da saúde subsídio para entender as mudanças das estruturas do corpo humano, quando tratadas com esses produtos, pois os cos- mecêuticos afetam, de maneira considerável, a estrutura da pele mediante seus componentes químicos. 20 Introdução à Química e Cosmetologia A fim de compreendermos as formulações dos produtos cosméticos ou farmacológicos, precisa- mos, primeiramente, conhecer os conceitos bási- cos sobre a química, assim, o profissional saberá o que existe na formulação escolhida e permitirá entregar resultados mais satisfatórios e reduzir o risco de efeitos danosos ao cliente/paciente. Quando preciso comprar um produto e não tenho experiência sobre sua eficácia, o correto é ler a sua composição química, que está descrita na embalagem, porém, para interpretar as informa- ções, preciso ter conhecimentos básicos sobre es- tes ingredientes. Neste tópico, vamos descobrir as nomenclaturas mais utilizadas e seus significados. • Macroscópico: estruturas ou fenômenos que vemos sem auxílio de instrumentos ou equipamentos de ampliação. Ao vermos a nossa pele, enxergamos essa estrutura macroscópica. • Microscópico: estruturas ou fenômenos que não temos condições de visualizá-los sem o auxílio de equipamentos. Como no exemplo acima, as estruturas que compõe a nossa pele não podem ser vistas a olho nu. Conceitos Básicos sobre Química 21UNIDADE 1 • Matéria: é tudo aquilo que possui massa e ocupa um lugar no espaço, é formada por um con- junto de átomos. São exemplos de matéria: o corpo humano, o ar, a água e os cosméticos. • Átomo: unidade elementar da matéria, é formado por núcleo e elétrons e sua função é cons- tituir a matéria. O átomo é uma partícula extremamente pequena e pode se ligar para formar moléculas. A junção de dois átomos, ou de três átomos, pode parecer insignificante, porém as funções e características dessas composições poderão ser extremamente diferentes. • Propriedades da matéria: são as características apresentadas, que diferem uma das outras, como: ponto de fusão e ebulição, cor, densidade, solubilidade, tenacidade, dureza, impermea- bilidade, combustão, divisibilidade, comprimento, elasticidade, inércia, massa, volume e com- pressibilidade. • Estados físicos da matéria: a matéria pode apresentar-se sob forma sólida, líquida ou gasosa. • Gás ou vapor: a matéria não possui forma física definida ou volume, sua forma será defini- da, somente se colocada em um recipiente (Figura 2). Suas moléculas não possuem coesão (Figura 3). • Líquido: não contém forma física definida, mas possui volume. Assim como o gás, a matéria líquida toma forma conforme o recipiente que ela é colocada, e suas moléculas apresentam-se pouco distanciadas. • Sólido: sua forma física e volume são bem definidos, as moléculas apresentam-se coesas. Um desafio para os químicos é modificar a composição ou a estrutura das moléculas de uma maneira controlada, criando novas substâncias com propriedades diferentes. Fonte: Brown et al. (2005, p. 4). Figura 2 - Definição quanto à forma e volume dos estados sólido, líquido e gasoso da matéria 22 Introdução à Química e Cosmetologia Como você pôde notar na Figura 2, o diamante possui forma e volume definidos; a água não possui forma definida, somente volume; e o gás não possui forma e volume definidos. Figura 3 - Coesão entre as moléculas nos estados sólidos, líquidos e gasosos • Corpo da matéria: é uma porção limitada da matéria (exemplo: o caule de uma árvore). • Objeto: é o resultado da transformação do corpo da matéria (exemplo: uma cadeira). Matéria, corpo e objeto estão representados na Figura 4. Na Figura a seguir, a árvore representa a matéria, o caule representa o corpoda matéria e a cadeira o objeto. Figura 4 - Demonstração sobre a matéria, corpo e objeto 23UNIDADE 1 Figura 5 - Tabela periódica atual • Compostos: combinação de dois ou mais elementos diferentes, pode ser dividido por meio de reações químicas. A água é um composto, formado pela união de Hidrogênio e Oxigênio (H2O). A diferença entre compostos está entre os tipos de átomos presentes e ao arranjo que estes fazem (BROWN et al., 2005). A esta explicação, segue o exemplo com a Figura 6, o catecol é um composto orgânico que, quando sofre uma reação de oxidação, gera a benzoquinona, utilizado como antisséptico tópico. Já o resorcinol é um componente ácido utilizado como queratolítico, suas características químicas estão associadas ao fenol. As duas fórmu- las químicas apresentam os mes- mos componentes, porém ligações diferentes e, consequentemente, funções biológicas distintas. • Substâncias: qualquer matéria com característica e propriedade constante, ou seja, definida. Independentemente das variáveis, como temperatura e pressão, suas características são preserva- das. Existem inúmeras substâncias, por exemplo: a água destilada, o etanol e o cloreto de sódio. • Mistura: resultado da união de duas ou mais substâncias, que, obrigatoriamente, devem con- servar suas características. • Elementos: substância que não pode ser dividida por reação química. Os elementos são repre- sentados pela primeira letra em maiúsculo e, quando há, a segunda minúscula. São conhecidos, atualmente, 118 elementos, sendo que estes estão ordenados na tabela periódica (Figura 5). São exemplos: hidrogênio (H), cálcio (Ca), potássio (K) e zinco (Zn). Não metais Metal Gases Nobres Lantanoides Actinoides Metaloide Halogênios Metais alcalinos Metais de transição Metais alcalinos terrosos Catecol Resorcinol Figura 6 - Moléculas de Catecol e Resorcinol 24 Introdução à Química e Cosmetologia • Molécula: espécime química formada com, pelo menos, dois átomos. • Massa: é representada pela quantidade e tipo de átomos que constituem a matéria (PIRES, 2008). Para materiais sólidos, sua medida é expressa, na maioria das vezes, em gramas. Para medições mais precisas, é indicado a verificação em uma balança analítica (MERCÊ, 2012). • Volume: é o espaço ocupado pela matéria, essa medida é utilizada para materiais líquidos, assim o valor é expresso em litros ou mililitros (MERCÊ, 2012). • Mol: unidade de medida de uma matéria (molécula, átomos, íons). Essa unidade de medida é comparada com uma dezena, dúzia ou centena. “Assim como o quilograma é uma quantidade padrão da grandeza massa, o mol é uma quantidade padrão da grandeza quantidade de matéria” (SILVA, ROCHA-FILHO, 1995). • Massa atômica: é a massa de um único átomo, que seria a massa de um único elemento químico e é medida em g/mol (MERCÊ, 2012). • Massa molecular: “somatório das massas atômicas de todos os átomos que compõe uma molécula, expressa em g/mol” (MERCÊ, 2012). • Energia: é a capacidade de desempenhar uma atividade. Todos os seres vivos precisam de energia para o seu bom funcionamento. • Energia química: “é uma forma de energia armazenada nas unidades estruturais das substân- cias químicas [...]. Quando elas participam de reações químicas, a energia química é liberada, armazenada ou convertida” (CHANG; GOLDSBY, 2013). • Eletrólitos: “substâncias cujas moléculas dissociam, ou se partem em íons” (LEWIS et al., 2013). • Íons: átomo que pode ter carga positiva ou negativa. • Cátions: íons com carga positiva, por exemplo: Na+ (sódio) e K+ (potássio). • Ânions: íons com carga negativa, por exemplo: cloro (Cl-) e iodeto (I-). Agora ficou fácil entender como se dá a formação do corpo humano: os átomos se unem e formam as moléculas. Várias moléculas se organizam e constituem as células; estas formam os tecidos; e, por fim, 25UNIDADE 1 os órgãos, que unidos a outros órgãos chamamos de sistema. O trabalho entre eles permite as funções orgânicas, como respiração, excreção, digestão, entre outras. Esse esquema está representado na Figura 7. Como você pode ver, na sequência, temos o átomo, a célula, o organismo formado por sistemas e o resultado desta união: o corpo humano. Figura 7 - Constituição do corpo humano 26 Introdução à Química e Cosmetologia Agora que já temos uma base teórica sobre quí- mica e cosmetologia, e somado às nossas expe- riências diárias, é correto afirmar que os produtos químicos podem nos ajudar a restabelecer a saúde ou podem ser os causadores de uma doença, isto dependerá do tipo de produto, a quantidade apli- cada e a frequência de uso. A Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o órgão do Ministério da Saúde que tem por objetivo “ [...] proteger e promover a saúde da popula- ção, por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, in- cluindo os cosméticos (BRASIL, 2007, on-line) As empresas que desejam produzir, importar ou armazenar produtos cosméticos devem seguir a legislação tanto de fabricação quanto registro e autorização da ANVISA. Para que as indústrias utilizem de normas claras para a produção de produtos e, consequentemente, estes não causem efeitos danosos na pessoa que os aplica, as leis são importantes. Em forma de Reso- luções, a Diretoria Colegiada determina as regras, a fim de representar a população e tomar decisões. A Legislação da Cosmetologia 27UNIDADE 1 Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) que dispõe da definição de produtos cosméticos é a RDC 211, de 14 de julho de 2005, que os agrupa com os produtos de higiene pessoal e perfumes, e os caracteriza como: “ Preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e ou corrigir odores corporais e ou protegê-los ou mantê-los em bom estado (BRASIL, 2005, on-line). Algumas das primeiras Resoluções que tratam sobre cosméticos são do Grupo Mercado Comum (GMC) MERCOSUL Nº. 07/05 “Classificação de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes”, 36/04 “Rotulagem Obrigatória Geral para Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes” e 36/99 “Rotulagem Específica para Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes”. Apesar dos cosméticos serem utilizados para regiões externas, não exclui a possibilidade de que esses produtos causam uma reação contrária ao organismo, por isso a ANVISA classifica as preparações quanto ao seu Grau de Risco 1 e 2: “ Grau 1: são produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes com propriedades básicas ou elemen- tares, cuja comprovação não seja inicialmente necessária e não requeiram informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e suas restrições de uso, devido às características intrínsecas do produto. Grau 2: são produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes que possuem indicações específicas, cujas características exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, bem como informações e cui- dados, modo e restrições de uso (BRASIL, 2015, on-line). 28 Introdução à Química e Cosmetologia São produtos pertencentes ao Grau de Risco 1 e 2, os seguintes: Quadro 1 - Produtos de grau 1 TIPOS DE PRODUTOS DE GRAU 1 Água de colônia, Água perfumada, Perfume e extrato aromático Lápis para lábios, olhos e sobrancelhas Amolecedor de cutícula (não cáustico) Lenço umedecido (exceto os com ação antisséptica e/ou outros benefícios específicos que justifiquem a comprovação prévia) Aromatizante bucal Loção tônica facial (exceto para pele acneica) Base facial/corporal, Batom labial e brilho labial, Blush/rouge, Corretivo facial (sem finalidade fotoprotetora) Máscara para cílios Condicionador/creme rinse/ Enxaguatório capilar (exceto os com ação an- tiqueda, anticaspa e/ou outros benefícios es- pecíficos que justifiquemcomprovação prévia) Máscara corporal (com finalidade exclusiva de lim- peza e/ou hidratação) Creme, loção e gel para o rosto (sem ação fo- toprotetora da pele e com finalidade exclusiva de hidratação) Máscara facial (exceto para pele acneica, peeling químico e/ou outros benefícios específicos que jus- tifiquem a comprovação prévia) Creme, loção, gel e óleo esfoliante (“peeling”) mecânico, corporal e/ou facial Modelador/fixador para sobrancelhas Creme, loção, gel e óleo para as mãos (sem ação fotoprotetora, sem indicação de ação protetora individual para o trabalho, como equipamento de proteção individual - EPI - e com finalidade exclusiva de hidratação e/ou refrescância) Neutralizante para permanente e alisante Creme, loção, gel e óleos para as pernas (com finalidade exclusiva de hidratação e/ou refres- cância) Pó facial (sem finalidade fotoprotetora) Creme, loção, gel e óleo para limpeza facial (ex- ceto para pele acneica) Produtos para banho/imersão: sais, óleos, cápsulas gelatinosas e banho de espuma Creme, loção, gel e óleo para o corpo (exceto os com finalidade específica de ação antiestrias, ou anticelulite, sem ação fotoprotetora da pele e com finalidade exclusiva de hidratação e/ou refrescância) Produtos para barbear (exceto os com ação antis- séptica) 29UNIDADE 1 Creme, loção, gel e óleo para os pés (com finali- dade exclusiva de hidratação e/ou refrescância) Produtos para fixar, modelar e/ou embelezar os ca- belos: fixadores, laquês, reparadores de pontas, óleo capilar, brilhantinas, mousses, cremes e géis para modelar e assentar os cabelos, restaurador capilar, máscara capilar e umidificador capilar Delineador para lábios, olhos e sobrancelhas Produtos para pré-barbear (exceto os com ação antisséptica) Demaquilante Produtos pós-barbear (exceto os com ação antis- séptica) Dentifrício (exceto os com flúor, os com ação antiplaca, anticárie, antitártaro, com indicação para dentes sensíveis e os clareadores quími- cos) Protetor labial sem fotoprotetor Depilatório mecânico/epilatório Removedor de esmalte Desodorante axilar (exceto os com ação anti- transpirante) Sabonete abrasivo/esfoliante mecânico (exceto os com ação antisséptica ou esfoliante químico) Desodorante colônia Sabonete facial e/ou corporal (exceto os com ação antisséptica ou esfoliante químico) Desodorante corporal (exceto desodorante íntimo) Sabonete desodorante (exceto os com ação antis- séptica) Desodorante pédico (exceto os com ação an- titranspirante) Secante de esmalte Enxaguatório bucal aromatizante (exceto os com flúor, ação antisséptica e antiplaca) Sombra para as pálpebras Esmalte, verniz, brilho para unhas Talco/pó (exceto os com ação antisséptica) Fitas para remoção mecânica de impureza da pele Xampu (exceto os com ação antiqueda, anticaspa e/ ou outros benefícios específicos que justifiquem a comprovação prévia). Fortalecedor de unhas Xampu condicionador (exceto os com ação antique- da, anticaspa e/ou outros benefícios específicos que justifiquem comprovação prévia). Kajal - Fonte: Brasil (2015, on-line). 30 Introdução à Química e Cosmetologia Quadro 2 - Produtos de grau 2 TIPOS DE PRODUTOS DE GRAU 2 Água oxigenada 10 a 40 volumes (incluídas as cremosas exceto os produtos de uso medicinal) Esfoliante “peeling” químico Antitranspirante axilar Esmalte para unhas infantil Antitranspirante pédico Fixador de cabelo infantil Ativador/ acelerador de bronzeado Lenços umedecidos para higiene infantil Batom labial e brilho labial infantil Maquiagem com fotoprotetor Bloqueador solar/antissolar Produto de limpeza/higienização infantil Blush/rouge infantil Produto para alisar e/ou tingir os cabelos Bronzeador Produto para área dos olhos (exceto os de maquia- gem e/ou ação hidratante e/ou demaquilante) Bronzeador simulatório Produto para evitar roer unhas Clareador da pele Produto para ondular os cabelos Clareador para as unhas químico Produto para pele acneica Clareador para cabelos e pelos do corpo Produto para rugas Colônia infantil Produto protetor da pele infantil Condicionador anticaspa/antiqueda Protetor labial com fotoprotetor Condicionador infantil Protetor solar Dentifrício anticárie Protetor solar infantil Dentifrício antiplaca Removedor de cutícula Dentifrício antitártaro Removedor de mancha de nicotina químico Dentifrício clareador/clareador dental químico Repelente de insetos Dentifrício para dentes sensíveis Sabonete antisséptico Dentifrício infantil Sabonete infantil Depilatório químico Sabonete de uso íntimo Descolorante capilar Talco/amido infantil. Desodorante antitranspirante axilar Talco/pó antisséptico Desodorante antitranspirante pédico Tintura capilar temporária/progressiva/permanente Desodorante de uso íntimo Tônico/loção capilar Enxaguatório bucal antiplaca Xampu anticaspa/antiqueda 31UNIDADE 1 Enxaguatório bucal antisséptico Xampu colorante Enxaguatório bucal infantil Xampu condicionador anticaspa/antiqueda Enxaguatório capilar anticaspa/antiqueda Xampu condicionador infantil Enxaguatório capilar infantil Xampu infantil Enxaguatório capilar colorante/ tonalizante - Fonte: Brasil (2015, on-line). Outras resoluções que abordam assuntos sobre produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes são: a RDC nº 69, de março de 2016, que trata sobre filtros solares e normatiza a concentração e o princípio ativo permitidos em produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes; e a RDC nº 48, de março de 2006, que apresenta as substâncias que não podem ser utilizadas em Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes. Todas as Resoluções estão disponíveis no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e são de fácil acesso, lembrando que as atualizações quanto às normas devem ser monitoradas constantemente. A importância da ANVISA não só transcende a permissão ou não da utilização de substâncias quí- micas para o preparo de produtos, mas também previne que os consumidores sejam enganados por seus fornecedores, é o caso do Parecer Técnico nº 3, de 29 de junho de 2001, que recomenda que os produtos cosméticos que contenham a vitamina C (ácido ascórbico), em sua composição, como estabilizante de formulação (sem concentrações ideais para fins de hidratação, clareamento ou protetor de radicais livres), não pode ter seu nome realçado na rotulagem do produto. Fonte: Brasil (2001, on-line). Por fim, regras claras na manipulação e comercialização de produtos cosméticos são de grande impor- tância para o consumidor, pois previne de danos físicos ou estéticos, e ao fornecedor por servir de bases legais para seu trabalho. Os setores responsáveis pelo cuidado pessoal e bem-estar, como a estética e a cosmética, a podologia e as terapias integrativas e complementares, estão em constante crescimento, haja visto anualmente o crescimento de produtos para essas finalidades. Assim, a normatização deve crescer com o mesmo padrão. A química é parte fundamental do nosso dia a dia: ela participa de todas as funções do nosso organismo e, até mesmo, da natureza. Um produto cosmético também é formado pela união de com- postos químicos, e entender seus conceitos permitirá a formulação de protocolos terapêuticos mais satisfatórios ao seu paciente/cliente. Na próxima unidade, aprofundaremos nossos conhecimentos sobre as substâncias químicas, vamos lá?! 32 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução 1. Assinale a alternativa correta que revela a função dos estudos sobre química: a) A química, seja ela pura ou aplicada, tem a função de estudar somente sobre materiais sintéticos produzidos em laboratório, como: detergentes, sabão, produtos de limpeza. b) Além de estudar sobre as características químicas do corpo humano, os fenô- menos que ocorre nele e os compostos químicos também são exemplos de estudo deste ramo. c) Essa ciência surgiu a pouco tempo, tendo como seus primeiros estudos os cosméticos. d) A química inorgânica estuda sobre as caraterísticas químicas dos minerais, principalmentedaqueles produzidos a partir do carbono. e) Todas as alternativas estão corretas. 2. Sobre seus conhecimentos acerca da história e divisões das subdivisões da química, leia a seguir: I) A termodinâmica é estudada pela bioquímica e tem função de determinar o comportamento de um sistema químico. II) A divisão entre química orgânica e inorgânica foi realizada por Robert Boyle, em 1777. III) A química farmacêutica investiga, planeja e desenvolve novos fármacos utili- zados para o tratamento de doenças, é muito utilizada por profissionais da saúde. IV) A análise qualitativa identifica os tipos de elementos, íons, moléculas que cons- tituem a amostra pesquisada e faz parte de um dos ramos da química pura. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas III e IV estão corretas. d) Apenas I e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 33 3. Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) as sentenças a seguir: ) ( Matéria é uma substância que não pode ser dividida por reação química. ) ( Os estados físicos da matéria são: elasticidade, massa e volume. ) ( Na solubilização, as partículas estão mais espaçadas em relação às matérias sólidas. Assinale a alternativa correta: a) V-V-V. b) F-F-F. c) V-F-F. d) F-V-V. e) F-F-V. 4. Quanto à classificação dos produtos de higiene pessoal, perfume e cosméticos, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ) ( Creme, loção, gel e óleo esfoliante (“peeling”) mecânico, corporal e/ou facial são classificados como Grau 1 de risco. ) ( Antitranspirante pédico e produto para pele acneica são classificados como Grau 2 de risco. ) ( Loção tônica facial e amolecedor de cutícula são classificados como Grau 1 de risco. Assinale a alternativa correta: a) V-V-V. b) F-F-F. c) V-F-F. d) F-V-V. e) F-F-V. 5. Apresente a diferença entre os produtos de higiene, perfumes e cosméticos Grau 1 e 2, regulamentados pela ANVISA. 34 Química: a ciência central Autor: Theodore L. Brown, H. Eugene Lemay Jr, Bruce E. Bursten, Julia R. Burdge Editora: Pearson Prentice Hall Sinopse: Química: a ciência central traz uma nova maneira de aprender química, que desmistifica o tema ao aproximá-lo da realidade do dia a dia e ao oferecer ferramentas de aplicação eficientes. Essa forma inovadora de tratar a disciplina também reflete na linguagem clara e objetiva, nas diversas seções que permeiam o texto e abordam o assunto sobre um ponto de vista prático - como “A química no trabalho” e “A química e a vida” - e na estratégia de resolução de problemas em etapas, na maioria dos exercícios (seções “Como fazer” e “Pratique”). A di- dática do texto é complementada pelo site exclusivo que acompanha a obra, trazendo recursos, como filmes, modelos 3-D e animações (em inglês). Essas características fazem de Química: a ciência central uma obra fundamental para todos os estudantes de química geral, não só em cursos de química, mas tam- bém de física, engenharia e ciências biomédicas. LIVRO 35 AMARAL, L. A química. São Paulo: Edições Loyola, 1995. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Parecer Técnico nº 3, de 29 de junho de 2001. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br. Acesso em: 18 mar. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da diretoria colegiada - RDC nº 211, de 14 de julho de 2005. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/legislacao/?inheritRedi- rect=true#/visualizar/27564. Acesso em: 18 mar. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia de controle de qualidade de produtos cosméticos. Brasília: Anvisa, 2007. Disponível em: https://www.crq4.org.br/. Acesso em: 18 mar. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da diretoria colegiada - RDC nº 7, de 10 de fevereiro de 2015. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/. Acesso em: 16 out. 2018. BROWN, T. L.; LEMAY JR, H. E.; BURSTEN, B. E.; MATOS, R. M. Química: a ciência central. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. CHANG, R.; GOLDSBY, K. A. Química. 11. ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013. DIAS, S. L. P.; VAGHETTI, J. C. P.; LIMA, É. C.; BRASIL, J. L.; PAVAN, F. A. Química analítica: teoria e prática essenciais. Porto Alegre: Bookman, 2016. FERREIRA, L. R.; TAVARES-MARTINS, A. C. C. Química e etnofarmacologia de plantas místicas em uma comunidade amazônica. Revista Fitos, Rio de Janeiro, v. 10, n. 3, 2016. FONSECA, C. V.; SANTOS, F. M. T. Descontinuidades entre Alquimia e Química: Uma análise sob a perspectiva epistemológica de Larry Laudan. In: Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/ SBQ) UFBA, UESB, UESC e UNEB. Anais do XVI Encontro Nacional de Ensino de Química (XVI ENEQ) e X Encontro de Educação Química da Bahia (X EDUQUI), Salvador, 2012. GAUTO, M.; ROSA, G. Química industrial. Porto Alegre: Bookman, 2013. GOMES, R. K.; DAMAZIO, M. G. Cosmetologia: descomplicando os princípios ativos. 3. ed. rev. São Paulo: Médica Paulista, 2009. GOTHCHALK, C. H. M. Aprendendo a lidar com fenômenos incomuns. São Leopoldo: Sinodal, 2005. GUTH, I. O guia de bolso para quem não é C.D.F. Rio de Janeiro: Alta books, 2013. KADUNC, B.; PALERMO, E.; ADDOR, F.; METSAVAHT, L.; RABELLO, L.; MATTOS, R.; MARTINS, S. Tra- tado de Cirurgia Dermatológica, Cosmiatria e Laser da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. http://portal.anvisa.gov.br/resultado-de-busca?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_101_struts_action=%2Fasset_publisher%2Fview_content&_101_assetEntryId=109373&_101_type=content&_101_groupId=106351&_101_urlTitle=publicacao-cosmeticos-parecer-tecnico-n-3-de-29-de-junho-de-2001-atualizado-em-28-6-2004-&inheritRedirect=true https://www.crq4.org.br/downloads/guia_cosmetico.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2015/rdc0007_10_02_2015.pdf 36 KLEIN, C.; DUTROW, B. Manual de ciência dos minerais. 23. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. LEWIS, S. L.; DIRKSEN, S. R.; HEITKEMPER, M. M-L.; BUCHER, L.; CAMERA, I. M. Tratado de Enferma- gem Médico Cirúrgica. Avaliação e Assistência dos Problemas Clínicos. 8. ed. Tradução de Maíza Ritomy Ide. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. MATOS, S. P. Cosmetologia aplicada. São Paulo: Érica, 2014. MENEZES, C. M. S. Química farmacêutica. 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São Paulo: Editora Livraria da Física, 2008. RIBEIRO, C. J. Cosmetologia aplicada a dermoestética. São Paulo: Phamabooks, 2006. RIBEIRO, C. J. Cosmetologia aplicada a dermoestética. 2. ed. São Paulo: Phamabooks, 2010. SENAI. Química orgânica. São Paulo: SENAI-SP Editora, 2015. SILVA, R. R.; ROCHA-FILHO, R. C. Mol: Uma Nova Terminologia. Química Nova na Escola, n. 1, p. 12-14, maio 1995. VANPUTTE, C.; REGAN, J.; RUSSO, A. Anatomia e Fisiologia de Seeley. 10. ed. Porto Alegre: Amgh Editora, 2016. VOLLHARDT, P.; SCHORE, N. Química orgânica: estrutura e função.Porto Alegre: Bookman Editora, 2013. WELLER, M.; OVERTON, T.; ROURKE, J.; ARMSTRONG, F. Química Inorgânica. 6. ed. São Paulo: Bookman, 2017. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-93322005000400016&lng=en&nrm=iso 37 1. B. 2. C. 3. E. 4. A. 5. Diferenças se dão quanto à necessidade ou não de comprovação inicial e informações detalhadas quanto ao modo de uso e restrições de uso, indicações específicas, características que exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, informações e cuidados. 38 39 40 41 42 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Possibilitar a compreensão das funções inorgânicas, or- gânicas e a bioquímica. • Definir potencial de hidrogênio (pH) e suas propriedades em um produto terapêutico. • Elucidar a característica química das substâncias mais importantes para a cosmetologia, norteando quanto às principais características dos produtos terapêuticos. Funções Inorgânicas Funções Orgânicas A Bioquímica Me. Érica Simionato Machado Rieger A Química e sua Importância na Cosmetologia Funções Inorgânicas Como vimos na Unidade 1, as pesquisas na área química ocorrem desde tempos imemoriais e são realizadas até os dias de hoje, revelando a impor- tância dessa ciência para a humanidade. A cada ano, surgem novos compostos químicos ou compostos nem tão novos, porém com funções diferentes do original; isto só é possível graças aos cientistas que, incansavelmente, pesquisam sobre os elementos e substâncias químicas. Nesta unidade, exploraremos sobre três áreas da química: a primeira, química inorgânica, res- ponsável por descrever as propriedades, estruturas, transformações e classificação dos compostos que não possuem carbono em sua cadeia, antigamente chamada de química mineral; também estudare- mos sobre a química orgânica, todos os processos envolvidos pelos compostos em que está presen- te o elemento carbono; e, por fim, exploraremos sobre a bioquímica, que estuda as características, funções e transformações da água, vitaminas, lipí- deos, carboidratos, proteínas e aminoácidos. Desejo que você aproveite essas informações, assim, possibilitará um atendimento clínico per- sonalizado e trará segurança a você, futuro pro- fissional! 45UNIDADE 2 Antes de definir as funções inorgânicas, precisamos conhecer sobre a Teoria de Arrhenius, que descreve sobre a dissociação eletrolítica. Você já fez o experimento de acender uma lâmpada em um recipiente com água e sal? Ao colocarmos em um recipiente sal dissolvido em água (NaCl + H2O), e repousarmos os fios de uma lâmpada, ela irá acender, pois esse tipo de solução conduz corrente elétrica. Porém, se colocarmos em um recipiente água e açúcar (H2O + C12H22O11), a lâmpada não irá acender, pois não há condutibilidade elétrica (Figura 1). Esta propriedade de condução de elétrons se deve à presença de íons. Na solução salina, há íons livres que possuem capacidade de transportar cargas e fazer que a luz acenda, diferentemente da solução com sacarose (açúcar). Na+ Cl- aquoso (Lâmpada acende) C12H22O11 aquoso (Lâmpada não acende) Na+ Cl- aquoso (Lâmpada acende) C12H22O11 aquoso (Lâmpada não acende) Figura 1 - Representação da condutibilidade elétrica (ou ausência dela) em soluções distintas Fonte: Portal de Estudos em Química (2009, on-line)1. Conforme vemos na Figura 1, em soluções salinas há condutibilidade elétrica, e ausência desta pro- priedade em solução com sacarose. Este fenômeno foi descrito, pela primeira vez, pelo químico sueco Svante August Arrhenius, que percebeu a capacidade de condução de energia elétrica por algumas substâncias químicas dissolvidas na água. Os ácidos são compostos químicos que liberam íons H+ (Hidrogênio) quando dissolvidos em água, e bases são substâncias que liberam ânions OH- (Hidroxila) quando diluídas em água (MOORE, 2008). Após esta descoberta de Arrhenius, as soluções foram divididas em: eletrolítica ou iônica; e não eletrolítica ou molecular. A solução eletrolítica ou iônica possui a capacidade de conduzir a corrente elétrica; no exemplo da solução salina, os íons presentes no sódio (Na+) e cloro (Cl-) sofrem ação da polaridade da água que os separa (Figura 2), resultando em cargas livres na solução que serão as res- ponsáveis por transportar os elétrons, fazendo, com que a lâmpada acenda. Há algum tempo, quando houve a divisão entre os elementos orgânicos e inorgânicos, a química orgâ- nica seria responsável por estudar os compostos de origem vegetal e animal, e a química inorgânica exploraria sobre o reino mineral. No entanto, alguns compostos orgânicos podem ser produzidos em laboratório, não sendo procedentes somente do reino vegetal ou animal, por isso a classificação quanto à presença ou ausência de carbono é mais eficaz e utilizada. 46 A Química e sua Importância na Cosmetologia Solução de cloreto de Sódio Cristal de cloreto de Sódio Moléculas de água Processo de dissociação Cátion hidratado de Sódio Na+ Ânion hidratado de Cloro Cl- H2O 1 1 2 2 Figura 2 - Demonstração da ação da água sobre os íons No entanto, na solução com sacarose, as moléculas possuem ligação covalente estável e carga elétrica neutra, ou seja, a água não consegue dissociar essa molécula e não há a liberação de íons que transpor- tariam a carga elétrica, dessa forma, a lâmpada não irá acender. A este tipo de solução chamamos de não eletrolítica ou molecular. Um outro composto capaz de acender uma lâmpada quando dis- solvido na água é o HCl (ácido clorídrico), porém este é não iônico. De uma maneira diferente da solução salina, a água, após separar as moléculas de HCl, irá transformá-las em íons. A esta reação de formação de cargas se dá o nome de ionização (Figura 3). Mediante essas informações, na Figura 4, podemos perceber a maneira que se comportam as soluções eletrolíticas e não eletrolíticas. 47UNIDADE 2 HCl(aq) (Lâmpada acende) Figura 3 - Representação da condutibilidade elétrica em soluções com HCl Fonte: Portal de Estudos em Química (2009, on-line)1. Íons dissolvidos (NaCl) Íons dissolvidos (Água pura) Moléculas Dissolvidas (Açúcar) Vários Íons Poucos Íons Sem Íons Não eletrolítica Não eletrolítica Solução eletrolítica (fraca) Eletrolítica Eletrolítica Alta condutividade Baixa condutividade Sem condutividade Solução eletrolítica (forte) Eletrólito é uma substância cuja solução aquosa conduz uma corrente elétrica Não eletrólito é uma substância cuja solução aquosa não conduz uma corrente elétrica A separação entre cargas elétricas é nomeada como dissociação iônica. À formação de cargas elétricas, dá-se o nome de ionização. Figura 4 - Comportamento das soluções eletrolíticas e não eletrolíticas Diante disso, agora estamos preparados para estudar sobre as funções inorgânicas que são os ácidos, bases, sais e óxidos. 48 A Química e sua Importância na Cosmetologia Ácidos Os ácidos estão presentes em nosso cotidiano seja em produtos de limpeza, nos medicamentos e, até mesmo, em plantas. Podemos utilizá-los para inúmeras funções, basta estudar sobre eles que sa- beremos como aplicá-los. A seguir, começaremos classificando-os. A primeira classificação dos ácidos levava em conta as substâncias que obtinham sabor azedo, hoje em dia, temos maneiras mais seguras para determinar a acidez ou basicidade. Segundo a de- finição de Arrhenius, ácidos são compostos que, quando em contato com a água, formam íons hi- drogênio (H+) (GUTH, 2013). A essa formação de um íon, chama-se ionização. Os ácidos são classificados quanto: à presença de oxigênio, ao número de hidrogênios ionizáveis, ao número de elementos químicos, à volatilidade e estabilidade. No que se refere à presença de oxigênio, os áci- dos são classificados em hidrácidos e oxiácidos. Os hidrácidos são ácidos que não possuem oxigênio em sua estrutura química, por exemplo, o ácido clorídrico (HCl), e os oxiácidos são ácidos com presença de oxigênio em sua estrutura, por exem- plo, ácidonítrico (HNO3) (SALGADO et al., 2012). Em relação ao número de hidrogênios ionizá- veis, ou seja, a quantidade de hidrogênios que uma molécula libera quando é colocada na água, os ácidos são classificados como monoácido, diáci- do, triácido ou tetrácido. O monoácido libera um hidrogênio (exemplo: HCl), o diácido libera dois hidrogênios (exemplo: H2SO4), o triácido libera três hidrogênios (exemplo: H3PO4) e o tetrácido libera quatro hidrogênios (exemplo: H4P2O7). Os ácidos podem ser binários, ternários e qua- ternários, e esta classificação determina o número de elementos químicos. Binários são ácidos com- postos por dois elementos químicos, por exemplo, o ácido clorídrico (HCl) é formado por Hidrogê- nio e Cloro. Os ternários são ácidos compostos por três elementos químicos, por exemplo, o ácido nítrico (HNO3) que é formado por Hidrogênio, Nitrogênio e Oxigênio. Quaternários são ácidos compostos por quatro elementos químicos, por exemplo, o Ácido fulmínico (HCNO), o qual é obtido mediante a união de Hidrogênio, Carbono, Nitrogênio e Oxigênio. Quanto à volatilidade, os ácidos são classi- ficados em voláteis e fixos. Os ácidos voláteis, aqueles que facilmente evaporam, possuem ponto de ebulição abaixo de 100 ºC, e os áci- dos fixos possuem ponto de ebulição acima de 100 ºC. Por fim, com relação à estabilidade, ou seja, a facilidade da molécula permanecer na sua forma de origem, os ácidos são classificados em estáveis e instáveis. Agora que aprendemos sobre a classificação dos ácidos, precisamos descobrir quando um áci- do é forte ou fraco, assim saberemos qual será sua função e concentração ideal. A facilidade de um ácido ionizar em água é chamada de força ácida, sendo determinada pelo grau de ionização (α). Quando a grande maioria das moléculas de um ácido em solução se rompe e forma íons H+, o ácido é classificado como forte. Quando o ácido, em solução, libera poucos íons H+, é classificado como fraco. O cálculo do grau de ionização leva em con- sideração o número de moléculas ionizadas e totais, sendo que ácidos fortes se ionizam mais que 50%, ácidos moderados entre 5 a 50% e ácido fraco menor que 5%. Por exemplo, o HCl tem a capacidade de liberar uma grande quantidade de íons de H+ quando dissolvido na água, portanto é um ácido forte. O ácido acético é um ácido fra- co, pois, quando adicionado na água, a grande maioria conserva-se na forma molecular (SILVA; NOGARA, 2018). 49UNIDADE 2 Alguns ácidos inorgânicos estão presentes na preparação de medicamentos e cosméticos, por exemplo o ácido clorídrico (HCl). Força ácida é diferente de concentração: • A força se refere ao potencial de ionização ou quebra que alguns ácidos e bases sofrem. • A concentração se refere à quantidade de ácidos ou bases que você possui inicialmente Fonte: Moore (2008, p. 193). Bases ou Hidróxidos As bases ou hidróxidos são compostos iônicos, possuem gosto amargo e são formadas por metais unidos com uma hidroxila (ROBAIANA, 2000). Em solução aquosa, sofrem dissociação e libera como único ânion OH- (hidroxila) (MAIA; BIANCHI, 2007). Por exemplo, o NaOH (hidróxido de sódio), quando dissolvido em água, dissocia-se em Na+ OH-, posteriormente, os íons hidróxidos unem-se com hidrogê- nio (diminuindo sua quantidade na solução) com a finalidade de formar água (RAE SIEGFRIED, 2010). Em relação à força básica, ela está diretamente relacionada à solubilidade de suas moléculas. Uma base forte tem a capacidade de dissociar-se completamente em água, liberando íons OH- para se ligarem rapidamente em H+. As bases fracas não possuem alta capacidade de solubilidade, não liberam em grande quantidade OH-, permanecendo na solução mais moléculas do que íons (APPLEGATE, 2012). As bases são classificadas em monobases, quando há apenas uma hidroxila (por exemplo: NaOH), dibases contém duas OH- (exemplo: Mg(OH)2), tribases formadas com três OH- (exemplo: Al(OH)3), tetrabases possuem quatro OH- (exemplo: Pb(OH)4) (MAIA; BIANCHI, 2007). As bases também estão presentes na cosmetologia, como o Hidróxido de potássio (KOH), utiliza- do na fabricação de sabonetes, e o Hidróxido de alumínio (Al(OH)3), utilizado para corrigir pH dos cosméticos; e sobre esta função, estudaremos a seguir. Escala de pH Conhecer a acidez ou basicidade de um produto cosmético é fundamental para os tratamentos clí- nicos, pois quanto mais ácido, menos agradável será a sensação. Para definir a acidez ou alcalinidade de uma solução, é realizado o cálculo do Potencial Hidrogeniônico (pH), que define a quantidade do íon hidrogênio ou hidroxila em uma solução, indicando sua acidez, neutralidade ou alcalinidade. Os resultados são expressos em uma escala de pH de 0 a 14, sendo que as soluções com pH abaixo de 7 são consideradas ácidas (possuem mais H+), igual a 7 são neutras (possuem a mesma quantidade de H+ e OH-) e acima de 7 são consideradas básicas (possuem mais OH-), conforme está representado na Figura 5 (GUTH, 2013). 50 A Química e sua Importância na Cosmetologia Quanto mais hidrogênio liberado por um ácido em uma solução, mais forte ele será e menor será seu pH. O contrário ocorrerá se o composto for uma base, menos íon hidrogênio e mais hidróxido estarão presentes e o pH será maior. Em nosso organismo, quando há um excesso de ácido no organismo, íons de bicarbonato (HCO3) são liberados pelos rins; quando estamos em um meio excessivamente básico, ácido carbônico é liberado (H2CO3); este mecanismo é conhecido como sistema tampão (MOORE, 2008). Figura 6 - pHmetro Figura 7 - Papel indicador ácido-base Ácido Neutro Alcalino H+ íon OH- íon Escala de pH A Cartela de cores indicadora universal de ph Ácido de bateria Ácido estomacal Vinagre Tomate Café preto Urina Água Água do mar Comprimido para má digestão Solução de Amônia Água com sabão Alvejante Limpador de canos Bicarbonato de SódioSuco de Laranja Figura 5 - Escala do Potencial Hidrogeniônico No mercado, para expressar o pH de uma substância química, são comercializados o pHmetro (Figura 6), aparelho eletrônico que quantifica de forma precisa o pH, e o papel indicador ácido-base (Figura 7), que muda de cor conforme a acidez ou alcalinidade. 51UNIDADE 2 Sais A união do cátion (H+) do ácido e ânion (OH-) da base provoca a formação de H2O, uma substância neutra; a este tipo de reação chama-se neutralização. O sal é obtido por meio do ânion provido da ionização do ácido e do cátion da base. Sais são compostos com um cátion diferente de H+ e um ânion diferente de OH- (MAIA; BIANCHI, 2007) e é o resultado de uma reação de neutralização. Exemplos de sais: Cloreto de Sódio (NaCl), o sal de cozinha; Sulfato de Magnésio (MgSO4), laxante. Se você retirar, de uma solução, a molécula responsável pela acidez (H+) e a alcalinidade (OH-) – o que ocorre na reação de neutralização (a formação de água) – o meio ficará neutro. Todos os sais em temperatura ambiente são sólidos e são classificados em neutros, ácidos e básicos. Os sais neutros são obtidos através da combinação de uma base forte e um ácido forte (H+ + OH-, resulta em H2O), por exemplo CaF2. Os sais ácidos são resultado da combinação de um ácido forte e uma base fraca (hidroxilas não conseguem formar água e neutralizar o hidrogênio), exemplo NaHSO4. Os sais básicos são obtidos por meio da união de um ácido fraco e uma base forte (maior número de hidroxila em relação ao hidrogênio), por exemplo Al(OH)Cl2 (FATIBELLO-FILHO et al., 2006). Os sais são importantes compostos utilizados na produção de produtos dermatológicos, como o bicarbonato de sódio (NaHCO3), estando, dentre uma de suas funções, a neutralização de ácidos. Também são exemplos o cloreto de amônio (NH4Cl) presente em máscaras e produtos descolorantes e o sulfato de sódio (Na2SO4) para loções desincrustantes faciais. O equilíbrio entre a concentração e pH dos ácidos e bases permite o funcionamento adequado do nosso organismo e, consequentemente, a promoção da saúde do indivíduo. Fonte: adaptado de