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<p>20 Morfossintaxe I</p><p>de polissemia em relação à palavra “prosa”.</p><p>Veja, 5 out. 2005, p.33.</p><p>Quais são os sentidos (explícitos e implícitos) da palavra “prosa”</p><p>no texto?</p><p>10 (ITA-SP, adaptada) Em “Mães que se orgulham de vestir a roupeta</p><p>da fi lha adolescente, de frequentar os mesmos lugares e até de</p><p>conquistar os colegas delas são patéticas. Pais que se consideram</p><p>parceiros apenas porque bancam os garotões, idem”, o uso do</p><p>substantivo “roupa” acrescido do sufi xo “eta” ajuda a construir</p><p>uma ideia que se refere:</p><p>a) à falta de atitudes autoritárias dos pais atuais.</p><p>b) à necessidade de acompanhar os fi lhos na sua adolescência.</p><p>c) à imaturidade de comportamento de alguns pais.</p><p>d) ao excesso de liberdade que causa problemas na família</p><p>atual.</p><p>e) à anulação de papéis distintos de pai e fi lho na família atual.</p><p>Leia com atenção um fragmento do poema extraído do livro A</p><p>rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade, e responda às</p><p>questões 11 e 12.</p><p>A fl or e a náusea</p><p>Preso à minha classe e a algumas roupas,</p><p>vou de branco pela rua cinzenta.</p><p>Melancolias, mercadorias espreitam-me.</p><p>Devo seguir até o enjoo?</p><p>RE</p><p>PR</p><p>O</p><p>D</p><p>U</p><p>ÇÃ</p><p>O</p><p>Posso, sem armas, revoltar-me?</p><p>Olhos sujos no relógio da torre:</p><p>Não, o tempo não chegou de completa justiça.</p><p>O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações</p><p>[e espera.</p><p>O tempo pobre, o poeta pobre</p><p>fundem-se no mesmo impasse.</p><p>Em vão me tento explicar, os muros são surdos.</p><p>Sob a pele das palavras há cifras e códigos.</p><p>O sol consola os doentes e não os renova.</p><p>As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem</p><p>[ênfase.</p><p>[...]</p><p>Uma fl or nasceu na rua!</p><p>Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do</p><p>[tráfego.</p><p>Uma fl or ainda desbotada</p><p>ilude a polícia, rompe o asfalto.</p><p>Façam completo silêncio, paralisem os negócios,</p><p>garanto que uma fl or nasceu.</p><p>Sua cor não se percebe.</p><p>Suas pétalas não se abrem.</p><p>Seu nome não está nos livros.</p><p>É feia. Mas é realmente uma fl or.</p><p>Sento-me no chão da capital do país às cinco horas</p><p>[da tarde</p><p>e lentamente passo a mão nessa forma insegura.</p><p>Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.</p><p>Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas</p><p>[em pânico.</p><p>É feia. Mas é uma fl or. Furou o asfalto, o tédio, o nojo</p><p>[e o ódio.</p><p>11 (UFABC-SP) O termo “enjoo” usado no quarto verso:</p><p>a) está usado em sentido literal e expressa a indiferença da multidão</p><p>na rua por um anônimo que não se sente bem.</p><p>b) está usado em sentido literal e expressa a saúde precária dos</p><p>menos favorecidos.</p><p>c) é utilizado em sentido fi gurado e signifi ca que o eu lírico</p><p>deseja ter acesso a mercadorias que não pode comprar.</p><p>d) é utilizado em sentido fi gurado e expressa a difi culdade de o</p><p>eu lírico assumir decisões sobre sua vida pessoal.</p><p>e) é utilizado em sentido fi gurado e expressa a aversão do eu</p><p>lírico à realidade opressiva em que vive.</p><p>12 (UFABC-SP, adaptada) Sabendo que “fl or” alcança sentido meta-</p><p>fórico no texto, a leitura atenta do poema permite inferir que:</p><p>a) sendo “feia”, simboliza o futuro, com toda sua carga de</p><p>opressão e violência.</p><p>21</p><p>G</p><p>R</p><p>A</p><p>M</p><p>ÁT</p><p>IC</p><p>A</p><p>Morfossintaxe I</p><p>b) sendo “frágil”, simboliza a impossibilidade de transformação</p><p>social, a não ser por meio da passividade.</p><p>c) sendo “frágil” e “feia”, simboliza a facilidade de lutar por</p><p>uma vida melhor.</p><p>d) sendo “frágil”, mostra que lutar por dias melhores não é</p><p>impossível, ainda que seja difícil.</p><p>e) simboliza a certeza de que dias de maior igualdade social</p><p>chegarão em breve.</p><p>13 (Fuvest-SP, adaptada)</p><p>E não há melhor resposta</p><p>que o espetáculo da vida:</p><p>vê-la desfi ar seu fi o,</p><p>que também se chama vida,</p><p>ver a fábrica que ela mesma,</p><p>teimosamente, se fabrica,</p><p>vê-la brotar como há pouco</p><p>em nova vida explodida;</p><p>mesmo quando é assim pequena</p><p>a explosão, como a ocorrida;</p><p>mesmo quando é uma explosão</p><p>como a de há pouco, franzina;</p><p>mesmo quando é a explosão</p><p>de uma vida severina.</p><p>João Cabral de Melo Neto.</p><p>Morte e vida severina.</p><p>A fi m de obter um efeito expressivo, o poeta emprega, em “a fá-</p><p>brica” e “se fabrica”, um substantivo e um verbo que têm o mes-</p><p>mo radical. Cite da estrofe outro exemplo desse mesmo recurso.</p><p>Leia com atenção estes textos, para responder às questões 14</p><p>e 15.</p><p>Texto I</p><p>Folha de S.Paulo, 11 set. 2005, p. E9.</p><p>Texto II</p><p>À glória sucede</p><p>o que sucede à água:</p><p>20</p><p>15</p><p>K</p><p>IN</p><p>G</p><p>FE</p><p>AT</p><p>U</p><p>RE</p><p>S</p><p>SY</p><p>N</p><p>D</p><p>IC</p><p>AT</p><p>E/</p><p>IP</p><p>RE</p><p>SS</p><p>.</p><p>por mais água que beba,</p><p>qual lhe sacia a sede?</p><p>Diverso o sucesso,</p><p>basta-lhe um verso</p><p>para essa desgraça</p><p>que se chama dar certo.</p><p>LEMINSKI, Paulo. Distraídos venceremos.</p><p>São Paulo: Brasiliense, 1995. p. 95.</p><p>Texto III</p><p>Gastei uma hora pensando um verso</p><p>que a pena não quer escrever.</p><p>No entanto ele está cá dentro</p><p>inquieto, vivo.</p><p>Ele está cá dentro</p><p>e não quer sair.</p><p>Mas a poesia deste momento</p><p>inunda minha vida inteira.</p><p>ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia.</p><p>Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 65.</p><p>14 (UFES) Existe uma ideia de sucesso, sobretudo econômico, que</p><p>circula, sem perspectiva crítica, nos meios de comunicação de</p><p>massa. De que modo os dois poemas citados e os quadrinhos</p><p>podem problematizar essa ideia? Argumente.</p><p>15 (UFES) Comente o efeito expressivo na tirinha, gerado pelo uso</p><p>dos adjetivos.</p><p>Leia o texto para responder às questões de 16 a 18.</p><p>Dinossauros em tempos dif íceis</p><p>A sobrevivência da espécie (dos escritores) e da cultura é</p><p>uma boa causa</p><p>Minha vocação nasceu com a ideia de que o trabalho lite-</p><p>rário é uma responsabilidade que não se limita ao lado ar-</p><p>tístico: ela está ligada à preocupação moral e à ação cívica.</p><p>Até o presente, esses fatores animaram tudo o que escrevi</p><p>e, por isso, vão fazendo de mim, nesta época da realidade</p><p>virtual, um dinossauro que usa calças e gravata, rodeado de</p><p>computadores.</p><p>[...] Em nossa época se escrevem e publicam muitos livros,</p><p>mas ninguém à minha volta — ou quase ninguém, para não</p><p>discriminar os pobres dinossauros — acredita mais que a</p><p>literatura sirva de grande coisa, a não ser para evitar que as</p><p>pessoas se aborreçam muito no ônibus ou no metrô, e para</p><p>que, adaptada para o cinema e a televisão, a fi cção literá-</p><p>ria — se for sobre marcianos, horror, vampirismo ou crimes</p><p>sadomasoquistas, melhor — se torne televisiva ou cinema-</p><p>tográfi ca.</p><p>Para sobreviver, a literatura tornou-se light — é um erro tra-</p><p>duzir essa noção por “leve”, porque, na verdade, ela signifi ca</p><p>“irresponsável” e, muitas vezes, idiota.</p><p>[...] Se o objetivo é apenas o de entreter e fazer com que</p><p>20</p><p>15</p><p>K</p><p>IN</p><p>G</p><p>FE</p><p>AT</p><p>U</p><p>RE</p><p>S</p><p>SY</p><p>N</p><p>D</p><p>IC</p><p>AT</p><p>E/</p><p>IP</p><p>RE</p><p>SS</p><p>.</p>