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Literatura: Prosa O leitor profissional deve entender os mecanismos que fazem com que determinadas narrativas seja capazes de oferecer esse enriquecimento. Ele deve desvendar o seu modo de funcionamento na atualidade, bem como ele poderia ser lido em outras épocas e culturas. INTRODUÇÃO: Quando um pessoa conta algo que se passou com ela ou com outros para alguém cria-se uma narrativa. Cada um dos elementos: quem contou, o que aconteceu, com quem, para quem contou, em que época e em que lugar podem ser únicos, ou não, e constituem a prosa de ficção. É constituída no signo linguístico e os limites são definidos dentro da própria narrativa, sem relação com o mundo externo , sem se importar se isso poderia ou não ser real, instituindo as próprias regras de verossimilhança. Diferente de matérias jornalísticas, por exemplo, na prosa de ficção o acontecimento não é a questão central, é o modo como se constrói e desenvolve a trama que garante o sucesso ou o fracasso de uma obra. Narratologia: estudo das categorias que constituem a narrativa: personagem, narrador, tempo, espaço e que surgiu na segunda metade do século XX. Cada fração só funciona integrada ao todo. Capítulo 1: A prosa ficcional O diferencial da prosa é marcado pelas ausências de ritma, metro e formas fixas que vemos na poesia, o que significa que ele não são os elementos principais da narrativa. Ficção na literatura não significa que algo não é verdadeiro e sim que ela pressupões um trabalho diferenciado no plano imaginário, pois é preciso ativar o imaginário tanto do autor quanto do leitor que interagem no imaginário do autor. A primeira condição apontada para determinar a ficcionalidade é a intencionalidade. O ficcionista adota ou deve adotar deliberadamente o fingimento para construir a sua obra, ele não finge que é verdade o que é mentiroso, mas finge no sentido de que existe um mundo do qual ele é criador e livre para estabelecer as regras desse mundo. O universo ficcional não pode ser inverossímil, mas pode criar a sua própria verossimilhança, desde que mantenha a coerência durante toda a obra. A segunda condição é a contratualista, que significa que há um acordo consensual entre leitor e escritor , onde encara-se que é socialmente aceitável e pertinente o jogo da ficção.( Suspensão da descrença) Nesse contrato, o autor não tem compromisso de fidelidade ao que possa ter acontecido. ( REIS E LOPES 1988) A NARRATIVA Teoria dos gêneros: · Teoria clássica: é normativa e prescritiva, sem as regras de autoritarismo que alguns lhe atribuem. · Teoria moderna: é descritiva, não limita o número das espécies possíveis e não prescreve regras aos autores. Por ela, as espécies tradicionais podem se misturar e gerar novas. No lugar de focar nas distinção entre várias espécies, ela se interessa em descobrir o denominador comum de uma espécie. O romance é a forma de narrativa que, embora não tenha relação genética com a epopeia, a ela se equivale nos tempos modernos. Para Todorov, não há narrativa natural, toda narrativa é uma escolha e uma construção e não uma série de acontecimentos. Romance moderno: forma ficcional intensamente praticada a partir do fim do século XVIII. Dom Quixote de Cervantes é o marco de partida do romance moderno. Enquadram-se nesse grupo os romances heroicos e épicos, romance picaresco, pastoril e a novela , obras cômicas e paródias sobre o modelo clássico. Novelas: de cavalaria, os personagens são fixos, com características específicas e definidas ( herói, ajudante, amada e anti-herói), aventuras que se somam sem modificar o núcleo, universo com bem e mal definidos e distintos e com a adição de novos episódios ao longo do tempo, similar às minisséries. Tem maniqueísmo e romances exacerbados. Nos séculos XVIII e XIX, surgem os folhetins ( capítulos publicados a cada edição do periódico, jornal ou revista e com novos episódios de acordo com a aceitação do público. A novela tem todos os elementos do romance, mas em número menor. Romance helenístico: (grego) estrutura clássica. Amor de perdição de Camilo Castelo Branco é romance ou novela? Romance pastoral ou sentimental: história de amor com cenas bucólicas. Romance épico: ação semelhante aos heróis da epopeia, uma perspectiva história que comporta heróis. Romance picaresco: o oposto da figura heroica, o pícaro tem origem humilde e caráter duvidoso que consegue, por meio de artimanhas, se passar por herói. Romance histórico: põe em diálogo o discurso ficcional e o histórico, ou o épico e picaresco, ou nenhum desses... Romance de aventuras: sequência frenética de ações que pode ser, ao mesmo tempo, épico, histórico ou picaresco. Romance social: quando trata de problemas da sociedade sem distanciamento temporal. Romance de costumes: o panorama social não é apresentado de forma tensionada, limitada a usos e hábitos de vida. Romance político: temática das relações políticas Romance fantástico: assuntos tratados de forma simbólica e metafórica. Romance psicológico: estados emocionais dos personagens ocupam a maior parte da narrativa. Roman-fleuve ou romance-rio: narrativa cobre várias gerações ou vários séculos. ( O tempo e o vento de Érico Veríssimo) Roman à clé ou romance chave: quando os indivíduos da época e do círculo social, reconhecem nas personagens ficcionais as pessoas do mundo referencial, às vezes com os nomes disfarçados , desvelados ou com anagramas.( Encontro marcado de Fernando Sabino) Bildungsroman ou romance de formação: narra o desenvolvimento de um personagem do ponto de vista sentimental, social e intelectual. ( O ateneu de Raul Pompeia) Conto é uma narrativa de ficção breve: é o relato de um acontecimento, narração oral ou escrita de um acontecimento falso, fábula que se conta às crianças como entretenimento. Relato de um acontecimento. PARTES: ENREDO: é o produto das relações de interdependência entre a sucessão e a transformação de situações e fatos narrados e a maneira como estão dispostos para o ouvinte ou leitor pelo discurso que narra. É sempre uma construção literária. Quando alguém pergunta sobre o que conta o romance ou a série, contamos a fábula, pois para contar o enredo teríamos que saber de cor e reproduzi-la Trama: seria a fábula Intriga: seria o enredo . Sendo que as ações narradas podem ser chamadas de história. Conceito de jogo na análise literária: a atividade de leitura é lúdica e a percepção do estabelecimento do jogo entre os componentes narrativos, dizem respeito à atividade analítica. PERSONAGEM É aquele que promove ou sofre as ações da prosa ficcional. Na época medieval possuía um caráter de herói e com efeito moralizante. Essa concepção perdeu forças a parir da segunda metade do século XVIII, dando espaço ao romance moderno. O personagem passou a ser o tema e o seu cotidiano burguês deram origem a narrativas de caráter psicologizante. A crítica passou a explicar o modo de ser do personagem pelo modo de ser do autor ou a sua biografia, a chamada crítica biográfica que correspondeu ao período áureo do Romantismo. A atividade crítica sofreu influência do positivismo e determinismo científico e buscavam saber informações sobre o tipo de personagens. No século XX houve uma busca para entender como funcionava a forma romanesca. A personagem é uma criação na linguagem. Esses seres são criações do e no texto e não pessoas reais. A ficcionalização precisa dar conta, por meio do signo linguístico, de todas as possibilidades de relações do universo de interação entre os seres e ainda surpreender o leitor om situações que chamem a sua atenção. Há um esforço da narrativa de apresentá-las como se fossem e isso desperta diversos sentimentos nos leitores. Na leitura, somente a indiferença não é produtiva. A narrativa de ficção seduz pq o leitor está disposto a entra no jogo e tomar aquela história como real. O autor precisa caracterizar essa personagem. TIPOLOGIAS O papel e opinião do crítico não é definitivo, serve para desestabilizar as certezas e provocar questionamentos. Teoria do romance de George Lukásde 1920 discute as diferenças e similaridades entre epopeia e romance. Ele entende que o romance como narração do confronte entre o herói e o mundo que o cerca, ele não e conforma com os padrões vigentes , regido por convenções ( herói problemático). Edward Morgan Foster,1927, classificou as personagens de acordo com o modo de ser e agir como: · Flat ou plana: qualidades e tendência únicas, previsíveis, herói e vilão: novelas de cavalaria , romances / estereotipadas. Geralmente possuem marcas que a caracterizam, seja na fala, gestos etc. Tal caracterização pode ser um emblema ( quando alcança valor simbólico) ou caricatura ( quando é acentuada a ponto de causar distorção efeito satírico). · Round ou redonda/ esférica/ espessa: ações, reações e sentimentos imprevisíveis , várias qualidades e defeitos contraditórios, típico do ser humano. Também há a possibilidade de dividí-las em estáticas e dinâmicas ou simples e complexas, lembrando que o método binário é bem frágil e limitante. A figura central, em torno da qual a narrativa ocorre é o herói ou heroína, não no sentido literal da palavra.Com o tempo foram adquirindo características menos antropocêntricas e se aproximando do homem real. O opositor do herói ( outro personagem, grupo etc ) é o antagonista. O anti-herói é a desmistificação do herói romântico, desqualificado e banalizado pelos seus defeitos e limitações ( Dom Quixote). Quando há muita opressão é classificado como vítima típica ou pharmakós/ bode expiatório segundo Northrop Frye. Neste caso, ele é inocente porque o que acontece ultrapassa algo que ele poderia ter feito e culpado por star inserido em uma sociedade de injustiças inerentes à vida humana. Um exemplo é Fabiano de Vidas Secas. A cidade ou grupos podem ser o personagem principal, assim como animais erem humanizados nas narrativas. Personagem referencial ou empírica só existe no romance histórico. O próprio autor pode figurar como personagem. NARRADOR Alguns autores consideram que não há diferença entre autor e narrador. O ideal é que o narrador tenha uma presença discreta que dê a impressão de que a história se conta sozinha. Método pictórico: a cena é destacada pela alternância com a apresentação panorâmica. TIPOLOGIA DE JEAN POUILLON Aborda os personagens. .A visão com: uma personagem é escolhida para ser o centro da narrativa, recebendo mais atenção que as demais. O com é pela identificação do personagem com o narrador. O tipo de romance é definido pela maneira como a personagem central enxerga as demais, a centralidade está no modo como ela vê os outros e não como é vista. Ex. Dom Casmurro, já que Bento não diz muito sobre si, mas tudo o que sabemos é a sua visão sobre os acontecimentos e as pessoas. Não há certeza da infidelidade de Capitu, mas há certeza sobre o seu ciúme. Narração em primeira pessoa, geralmente, mas pode ser em terceira pessoa. A visão por detrás: visão do psiquismo da personagem, o autor se distancia para observá-la por dentro. O romancista está distanciado do personagem Exemplo: Quincas Borba A visão de fora: a apresentação da personagem pelo que se pode observar dela, sua relação com o mundo, aspecto físico etc. Romances realistas. Exemplo: O cortiço. TIPOLOGIA DE NORMAN FRIEDMAN Aborda o foco narrativo. O problema do narrador é transmitir a história de maneira adequada ao leitor e para isso precisa se atentar a alguns aspectos.: · Quem fala ao leitor? · De qual posição em relação à história? · Quais canais de comunicação são utilizados para transmitir a história? · A que distância o leitor é colocado na história? Cena: mostrar. Quando o autor mostra algo para o leitor, eles são dramatizados diretamente, detalhes concretos no espaço-tempo. Acompanhamos o personagem agindo naquele momento. Dar emoção. Diálogo: quando dois ou mais personagens conversam na narração.. É uma cena. Sumário: contar/ resumo. O autor nos conta algo, cobre eventos em um determinado espaço de tempo. Acalmar o leitor. Há flexibilização e um equilíbrio destes elementos de acordo com o objetivo do autor. Tipos: o conceito de onisciência: é o ponto de vista ilimitado, bastante ampliado devido às várias formas de analisar. Essa amplitude em como ponto negativo a dificuldade de controlar esse narrador. 1. Autor onisciente intruso: sumário narrativo decorre do recurso de contar e cena imediata do recurso de mostrar. Há coincidência entre as temporalidades, quando ocorre a distensão entre o tempo da ação e o da narração, a cena ocorre. Sumário e cena . O dizer é um resumo autoral, você faz uma decorrência de tempo, anos resumidos em uma linha : sumário Quando mostra o que faz, descreve os gestos e as falas: cena. O autor está longe da cena e é o narrador que domina a imagem, uso do Eu e Nós, percepções e sentimentos do próprio autor, diz não só o que ele pensa, mas o que os personagens pensam. Há intromissões e generalizações do próprio autor que pode ou não fazer parte da história. Capitães de Areia, Quincas Borba. O autor está sempre disposto a intervir entre a história e o leitor e quando estabelece uma cena ele descreve como a vê e não como os personagens vêem. 2. Narrador onisciente neutro: ausência de intromissões autorais diretas, não há opiniões pessoais do autor. Ele só narra as situações sem emitir qualquer valor de juízo sobre. Presente nos romances realistas. O cortiço é um exemplo. Predomínio maior do sumário. 3. Eu como testemunha: Substituição do autor para o narrador, sendo que o autor tem alguns pontos de vantagem no anal de comunicação com o leitor. Neste aso, há o apagamento do autor e evidencia-se o narrador, todo o trabalho é entregue a ele, apagando totalmente o autor ( embora o narrador seja uma criação do autor) . O narrador-testemunha está dentro da história, familiarizado com ela. Há falas em primeira pessoa que não são do personagem principal. A partir deste, o autor perde a sua voz autoral e apenas o narrador tem espaço. O narrador não tem acesso aos pensamentos de outros personagens , o autor renuncia a sua onisciência perante os outros personagens e permite que o narrador conte ao leitor apenas o que ele descobriria de forma legítima, como observador. É usado quando o suspense precisa ser deixado em 1º lugar. Sherlock Holmes. 4. Narrador protagonista: O personagem principal que narra a história. Incluem neste espetro as memórias e as autobiografias. . Memórias póstumas de Brás Cubas é um exemplo. O objetivo é traçar o crescimento do personagem ao longo das experiências. É limitado aos seus sentimentos, pensamentos e percepções. 5. Onisciência seletiva múltipla: Elimina-se o autor e o narrador. Aqui predomina a cena. A história vem da mente dos personagens. Tudo é transmitido pela percepção dos personagens. Os pensamentos, percepções e sentimentos são transmitidos à medida que ocorrem , consecutivamente e em detalhes, através da mente ( cena), enquanto na onisciência normal há a sumarização e são explicados depois de ocorrerem ( narrativa). Exemplo : As virtudes da casa. Ele quer mostrar como a experiência e a personalidade do personagem vai se mostrar. É narrada por vários personagens, de acordo com a vivência e a mente de cada personagem. Ausência de narrado, acompanhamos a história narrada pelo próprio personagem. Os personagens transmitem as experiências com detalhes, a medida que a história ocorre, por cenas. 6. Onisciente seletivo: Há a limitação de acesso do ponto de vista de apenas um personagem. É tudo em torno de um único ponto de vista. 7. Modo dramático: Alienação total do autor e narrador e foco nos estados mentais, os personagens se movimentam como se estivessem no palco, os detalhamentos são por ações e diálogos. 8. Narrador a câmera: Há exclusão do narrador e autor dando a impressão de que ninguém conta a história. O objetivo é transmitir, sem organização ou seleção aparente, um trecho de vida como ela acontece, como se fosse uma câmera. Distinção entre autor e narrador Autor: cria mundos e personagens, com visões que nem sempre correspondemà visão do autor.. Pessoa real que escreveu o texto. Narrador: é quem conta a história e que pode ser ou não real, participar ou não da história, dependendo do foco narrativo. Personagem: é quem vive a história criada elo autor e contada pelo narrador. Foco narrativo: ponto de vista do autor. Foco em primeira ou terceira pessoa. PARA DRUCOT e TODOROV Aspectos do narrador: Identidade: pode haver um ou vários e todos no mesmo nível ou não. Quando estão no mesmo nível , a narrativa aparece em forma de encadeamento e quando há um principal organizando o conjunto, há a forma de encaixe. Presença: pode estar presente no nível ficcional, como um personagem; comentando sobre o processo de narrar. Quando é personagem pode ser agente ou testemunha. Distâncias: implica as distâncias entre todas as instâncias narrativas: autor implícito, narrador, personagem, ordem moral, afetiva, temporal, intelectual etc. Quanto ele sabe: é a ciência do narrador no texto. As visões internas e externas referem-se ao acesso do narrador ao espírito dos personagens ( limitado a uma ou várias personagens- onisciente neste último caso). Quanto ao grau de profundidade ou ângulo de visão analisa se ele fica restrito à observar, se registra pensamentos ou se pode analisar a personagem e saber mais dela do que ela mesma. A ANÁLISE LITERÁRIA NÃO SE CONFUNDE COM A ANÁLISE MORFOSSINTÁTICA. GÉRARD GENETTE- Dicionário da teoria da narrativa Diegese é a história narrada. Narrador heterodiegésico: não participa do enredo, não integra ou não integrou o universo diegético como personagem. Predominância da terceira pessoa. Narrador homodiegético: narra sua própria experiência. Participa como personagem, mas é secundário. Narrador autodiegético: participa da história como o personagem principal. Quando o narrador se dirige à alguém, como se estivesse presente, ouvindo-o, mesmo que este nunca apareça, recebe o nome de narratório. A chamada morte do autor, trata-se de um esforço para entender a criação literária na sua materialidade linguística e não como expressão profunda de nenhum eu. TEMPO E ESPAÇO Tempo por Paul Ricoeur : reciprocidade entre narratividade e temporalidade. Tempo por Edward Forster: fala o quanto o tempo é importante na narrativa. Tempo por Edwin Muir: ele distingue romance de ação ( limitado no tempo e livre no espaço), romance de personagens e romance dramático ( limitado no espaço e livre no tempo, sem necessariamente ser trágico- Jane Austen). Tempo por Jean Pouillon: especifica o romance de duração ( aqueles que se preocupam em apenas descrever a evolução de um personagem , sem insistir na sua contingência; predomina a visão “com”) e o romance de destino ( a visão “ por detrás” predomina, ele se empenha em desvendar o que presidiria a evolução da personagem). Tempo de Mendilow: A tônica da existência moderna é a velocidade, que é a relação da distância com o tempo. Três ordens de duração cronológica: Da leitura: o leitor está em evidência Do escrever: o escritor está em evidência Do tema: tempo ficcional está em evidência. O tempo ficcional pode cobrir décadas ou séculos . Analepse: Flashback do livro Senhora, por exemplo. Fluxo de consciência: eventos e sensações são apresentados como se estivessem passando pelo plano mental da personagem, passando por explicações que podem fugir da racionalidade. Troca de tempo: fragmentação deliberada das sequências de acontecimento!, perde o senso de continuidade. Loungueur propositado: ou artifício de importância é quando há o desdobramento excessivo de um espaço temporal que se estende para além do que seria a sua extensão cronológica. Digressão: interrupção, perguntas... O autor é o homem do seu tempo, independente da época em que se situe a ação romanesca , o que significa que independente do tempo da narração, o autor, como ser humano, está inserido em determinado contexto sócio-histórico-cultural que não mudará, independente do momento que a gente leia a obra. Tempo do discurso: é a representação do tempo em relação com a instância de enunciação, sendo o enunciado a sequência de frases , o texto na sua materialidade. Tempos internos, contidos no próprio texto: Tempo da história: ou tempo da ficção, ou tempo contado, ou representado Tempo da escrita: ou da narração Tempo da leitura: tempo necessário para que o texto seja lido. Tempos externos: Tempo do escritor: Tempo do leitor: Tempo histórico: empo que constitui o objeto da história enquanto ciência. As relações de todos esses tempos definem a problemática temporal de uma narrativa. Ducrot e Todorov estudaram qual a relação estabelecida entre as temporalidades internas: tempo da história e tempo da escrita. A direção das duas temporalidades: podem seguir mesma direção, o que é raro. Quebra do paralelismo por inversões (os acontecimentos são narrados antes de outros que, no entanto, lhes são anteriores) e por histórias encaixadas (a história é interrompida para e começar uma segunda, uma terceira...). Em Grande sertões: veredas há o encaixe de algumas histórias ao longo da narrativa. A distância entre os dois tempos: há as narrativas em que não há relação entre as duas temporalidades : lendas e mitos e aquelas em que há coincidência total. A quantidade proporcional de tempo da história em um unidade de tempo da escrita: há cinco possibilidades: escamoteamento é quando não há correspondência na escrita a um período da história/ resumo é quando um longo período da história aparece em poucas páginas/ estilo direto são os diálogos, quando a unidade de tempo da escrita corresponde à unidade de tempo da história/ análise é quando a unidade de tempo de escrita se alonga/ digressão que é uma descrição ou reflexão de caráter filosófico que ocupa uma linha ou páginas. Ele serve como pista para esclarecer uma situação ou caráter do personagem, às vezes o autor só quer demonstrar conhecimento sobre determinado assunto e não tem função na narrativa. Andamento: é a quantidade de acontecimentos relatados ( ritmo e densidade). Projeção do tempo da história sobre o tempo da escrita pode ser simples, dupla ou tripla. Elas podem aparecer por simultaneidade: um desdobramento espacial no tempo da história; a visão esteroscópica: uma única cena é narrada diversas vexes por uma ou diversas personagens e a repetição de uma parte do texto que corresponde a um outro desdobramento de um acontecimento no tempo da escrita. Analepse: flashbacks Prolepse: ou flash fowards, que é a antecipação de eventos, cuja ocorrência na história, é posterior ao presente da ação. No início da história conta que vai morrer no final. Andamento ou ritmo: são mais lentas ou mais rápidas. Elipse: supressão de termos que podem ser percebidos pelo contexto. Pausa: supressão de tempo da história Sumário: síntese acentuada de um empo da história Extensão: o tempo do discurso é mais prolongado que o da história ESPACIALIDADE Tudo que acontece, acontece dentro de um espaço ( dentro, fora, cidade, periferia...) Na primeira instância pensamos no espaço físico onde a ação ocorre, as personagens se movimentam e na segunda instância pensamos no sentido metafórico, no espaço social e psicológico. CRONOTOPO Tempo e espaço se complementam para Bakhtin. O cronotopo seria a interligação fundamental das relações temporais e espaciais assimiladas na literatura. O tempo é a 4 dimensão do espaço. O conceito de cronotopo se dá através do sujeito, fazendo om que ele seja único para cada pessoa e que cada cronotopo possa ser divido em partes menores ou fazer parte de um maior. Sua concepção pode se dar no grande tempo ou na fragmentação do mesmo. O conceito tem caráter subjetivo o qual é associado ao conceito de acontecimento que o completa e que afete e seja percebido de modos diferentes por cada sujeito. Exemplo: Cronotopo do romance grego: tempo aventuresco, espaço alheio e homem particular Enredo: jovem casal que passa por aventuras até se casar A diferença não é o enredo e sim no modo como é narrado. Tempo aventuresco: Entre o conhecimento e o casamentohá um espaço de tempo, há um hiato temporal, um tempo extratemporal como se tivessem se conhecido e casado no mesmo dia, não há marcas ou vestígios da passagem do tempo, eles não envelhecem. Dentro dessas aventuras neste hiato temporal eles prevalece o súbito, o acaso. Ação de vilões, deuses, os personagens principais são passivos, dependem do acaso e não ativos na ação do tempo na suas vidas e o próprio destino. Espaço alheio: espaço amplo, muitos países: rapto, naufrágios... Não há vínculo com a própria terra, não há vínculo entre os personagens e os locais por onde passam. Não há comparação dos elementos dos lugares alheios com os da sua pátria. Eles são detalhados como algo novo, surpreendentes, que não criam vínculo ao não desenvolver uma comparação. Homem particular: sem ligação com tempo e espaço, não se situa no empo e no espaço, nada é definido e sim abstrato. Não se liga com a coletividade, pois isso o ligaria a um contexto histórico e que sofre a ação, é passivo ao seu destino, é imutável em mudanças internas e externas. ANÁLISE DE CONTOS Sempre analisamos: narrador, personagem , tempo, enredo e espaço. Para Cândido, o sistema literário é constituído pela tríade: autor, obra e público. Romances realistas dele: Memórias póstumas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires. Missa do Galo de Machado de Assis Narrado por Nogueira, que adulto, relata o episódios de uma viagem que fez ao RJ para estudar, quando tinha 17 anos. Hospeda-se na casa de Menezes, viúvo de sua prima. Descobre que ele é infiel, a esposa sabe e moram também com duas escravas e a sogra Inácia. A missa do galo ocorre na corte, na véspera de Natal. Relação do tempo e espaço: cronotopo. As cerejas de Lygia Fagundes Telles Narrado em primeira pessoa por um narrador autodiegético. Tempo dois acontecimentos é pequeno e gira em torno da visita do primo Marcelo e da tia Olívia. Rabalha com diferentes construções temporais. Há o escamoteamento que é o silenciamento de um periodo de tempo sem infromação na narrativa. Não sabemos o que aconteceu naquele período. ANÁLISE LITERÁRIA DE ROMANS: Lucíola de José de Alenar Há romances históricos: O guarani, Guerra dos Mascates e As minas da prata/ romances indianista: Iracema, O guarani e Ubirajara e romances urbanos e de costumes: Lucíola, Diva e Senhora( perfis de mulheres), com as personagens redondas/ romance regionalista: O tronco do ipê, Til, O sertanejo e O gaúcho Lucíola conta a história de amor entre Paulo, bacharel de direito e Lucíola, uma cortesã do RJ século XIX. Discute as questões das escolhas, preconceito da época...A ambiguidade entre Maria da Glória e Lúcia, duas pessoas em uma só. Tropical sol da liberdade de Ana Maria Machado As memórias da personagem Lena se confundem com as experiências de vida da autora. A personagem tenta, em meio a imagens fraturadas, entender o que ocorreu com ela e amigos nos anos da ditadura. Texto em terceira pessoa, por um narrador onisciente seletivo, com a intenção de passar impressões, pensamentos e detalhes da personagem.