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<p>PROJETO DE LEI Nº xxxxx, DE 2021</p><p>(Luana Pedreira Oliveira e Rafaella Linhares Viana)</p><p>Dispõe sobre os direitos dos</p><p>entregadores que prestam serviços</p><p>a aplicativos de entrega.</p><p>O CONGRESSO NACIONAL decreta:</p><p>Art.1º - Esta Lei dispõe sobre os direitos dos entregadores que prestam</p><p>serviços a aplicativos de entrega.</p><p>Art. 2º - Para fins desta lei consideram-se:</p><p>I – empresa de aplicativo de entrega: qualquer plataforma eletrônica que</p><p>faça a intermediação entre o fornecedor de produtos e serviços e o seu</p><p>consumidor;</p><p>II - entregador de aplicativo: trabalhador que presta serviço de retirada e</p><p>entrega de produtos e serviços por meio da plataforma eletrônica de aplicativo</p><p>de entrega;</p><p>Art. 3º - As empresas que oferecem serviços de entrega por meio de</p><p>plataformas digitais são obrigadas a garantir aos entregadores vinculados:</p><p>I - adicional de risco;</p><p>II - fixar o valor a ser pago pela entrega por quilômetro rodado;</p><p>III - seguro de vida coletivo</p><p>§1° - sobre o valor das entregas, incidirá um valor equivalente a 30%</p><p>(trinta por cento) para fins indenizatórios de exposição à riscos a roubos ou</p><p>outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança</p><p>pessoal ou patrimonial.</p><p>§2° - o valor mínimo a ser pago pelo aplicativo será fixado em R$ 3 (três)</p><p>reais por quilômetro rodado, podendo haver reajuste anual dos valores pela</p><p>variação do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M).</p><p>§3° - A empresa operadora de aplicativo de entrega deverá contratar</p><p>seguro de vida coletivo para seus entregadores, que oferecerá cobertura pelo</p><p>menos durante o tempo em que eles estiverem efetivamente em</p><p>deslocamentos em trabalho.</p><p>Art. 4° - O trabalhador pode recusar a proposta, sem que isto implique</p><p>em qualquer forma de penalidade ou punição, nem possa ter conseqüências</p><p>sobre a oferta posterior de outras propostas de serviço.</p><p>Parágrafo Único - É vedado à empresa contratante desligar o</p><p>trabalhador da plataforma sem motivo fundamentado e em caso de</p><p>desligamento, deve comunicar com no mínimo 30 dias de antecedência.</p><p>Art. 5° - O descumprimento do previsto nesta Lei, independentemente</p><p>de responsabilidade civil e penal por danos sofridos pelos entregadores</p><p>durante a prestação do serviço, sujeitará a empresa à:</p><p>I – multa no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a R$100.000,00 (cem</p><p>mil reais), revertida em favor do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT);</p><p>Parágrafo único. Os valores de que trata o inciso I deste artigo serão</p><p>atualizados anualmente em 1º de fevereiro de cada ano pela variação do Índice</p><p>Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E).</p><p>JUSTIFICAÇÃO</p><p>Sem uma definição concreta de relação trabalhista para os entregadores</p><p>de aplicativo, esses trabalhadores acabam ficando reféns da regulamentação</p><p>dessas empresas privadas. Esta indefinição pode ajudar a prolongar a</p><p>precarização do trabalho, dificultando ainda mais a garantia de direitos</p><p>fundamentais.</p><p>Diante disso, através desse desenvolvimento desacerbado das novas</p><p>relações de trabalho decorrente dos modelos de economia compartilhada,</p><p>surgem mecanismos para tentar burlar a legislação trabalhista com intuito de</p><p>aumentar o lucro das empresas. No entanto, o Direito do Trabalho lida com</p><p>dificuldades de se adaptar e acompanhar essas novas práticas de trabalho.</p><p>Consequentemente, os entregadores em uma zona de indefinição jurídica, são</p><p>os que arcam com todos os prejuízos advindos dessa precarização do trabalho.</p><p>Dessa forma, é importante ressaltar, que a preocupação com a saúde e</p><p>segurança dos trabalhadores não entra em pauta neste novo sistema, em</p><p>razão de haver inúmeras matérias jornalísticas que relatam acidentes,</p><p>agressões, roubos, sequestros e demais problemas de segurança pessoal e</p><p>material, vez que também ocorrem danos aos veículos por motivos fortuitos ou</p><p>de força maior. Os problemas relatados não contam com a solidariedade da</p><p>empresa, bem como não contam com a responsabilização desta.</p><p>Ademais, no dia 1º de julho de 2020 alguns trabalhadores se uniram e</p><p>realizaram protestos em diversas cidades brasileiras por melhores condições</p><p>de trabalho. Entre as reivindicações estão o aumento do valor recebido por</p><p>quilômetro rodado; aumento do valor mínimo de cada entrega e o seguro de</p><p>vida para dar apoio ao segurado e seus familiares.</p><p>À vista disso, a condição dos trabalhadores em plataformas digitais</p><p>revelaram a necessidade de estabelecer mecanismos de inclusão, que</p><p>permitam a obtenção de benefícios futuros. Logo, reitera-se, que essa relação</p><p>de trabalho se caracteriza por sua precariedade, exigindo que se estabeleçam</p><p>com urgência as medidas mínimas de proteção.</p><p>Nesse sentido, o presente projeto tem por objetivo conceder condições</p><p>mínimas de trabalho como adicional de risco e seguro de vida visando garantir</p><p>o possível para esses trabalhadores.</p><p>Contamos com o apoio dos nobres pares para aprovação do projeto.</p><p>Sala das Sessões, 24 de maio de 2021.</p><p>Deputada Luana Pedreira Oliveira e Deputada Rafaella Linhares Viana</p>