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<p>CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU</p><p>NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI</p><p>APOSTILA</p><p>SERVIÇO SOCIAL E PREVIDÊNCIA</p><p>ESPÍRITO SANTO</p><p>2</p><p>O REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL</p><p>O sistema previdenciário tem dois tipos de regimes: regimes públicos e regime</p><p>privado. São regimes públicos o Regime Geral de Previdência Social — RGPS, o regime</p><p>previdenciário próprio dos servidores públicos civis e o regime previdenciário próprio dos</p><p>militares. É do regime privado a previdência complementar, prevista no art. 202 da CF.</p><p>O art. 201 da CF, na redação dada pela EC n. 20, de 15-12-1998, dispõe que “a</p><p>previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de</p><p>filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial”, e</p><p>enumera as contingências que, nos termos da lei, terão cobertura pelo RGPS.</p><p>http://socialprevidencia.net/wp-content/uploads/2011/12/previdencia-social.jpg</p><p>O RGPS tem normatização infraconstitucional pela Lei n. 8.212 (Plano de Custeio</p><p>da Seguridade Social — PCSS) e Lei n. 8.213 (Plano de Benefícios da Previdência Social</p><p>— PBPS), ambas de 24-71991, regulamentadas pelo Decreto n. 3.048, de 6-5-1999</p><p>(Regulamento da Previdência Social — RPS).</p><p>3</p><p>O caráter contributivo reside no pagamento das contribuições para o custeio do</p><p>sistema. Somente quem contribuiu adquire a condição de segurado da Previdência Social e,</p><p>cumpridas as respectivas carências, terá direito aos benefícios previdenciários.</p><p>A filiação é obrigatória porque quis o legislador constituinte, de um lado, que todos</p><p>tivessem cobertura previdenciária e, de outro, que todos contribuíssem para o custeio.</p><p>Os critérios de organização do RGPS devem preservar o equilíbrio financeiro e</p><p>atuarial. Regra extremamente importante porque as contribuições previdenciárias formam</p><p>um fundo destinado ao financiamento das prestações. É preciso que a administração desse</p><p>fundo, bem como a instituição, majoração e concessão das prestações, propicie que o</p><p>sistema não se torne deficitário.</p><p>http://blog.opovo.com.br/correiotrabalhista/wp-content/uploads/sites/18/2012/03/previdencia-social-inss-beneficios.jpg</p><p>As contingências geradoras das necessidades que terão cobertura previdenciária</p><p>são as enumeradas nos incisos I a V do art. 201 da CF: doença, invalidez, morte e idade</p><p>avançada; proteção à maternidade, especialmente à gestante; proteção ao trabalhador em</p><p>situação de desemprego involuntário; salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes</p><p>dos segurados de baixa renda; e pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao</p><p>cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º (renda mensal nunca</p><p>inferior a um salário mínimo).</p><p>4</p><p>PROIBIÇÃO DE ADOÇÃO DE REQUISITOS E CRITÉRIOS DIFERENCIADOS PARA A</p><p>CONCESSÃO DE APOSENTADORIA NO RGPS</p><p>Os benefícios têm requisitos específicos, que devem ser os mesmos para todos os</p><p>beneficiários, vedadas quaisquer diferenciações. Exemplificando: na ocorrência de</p><p>necessidade decorrente da contingência doença, a proteção previdenciária se consolida</p><p>com o benefício de auxílio-doença, cujos requisitos são o cumprimento da carência e a</p><p>incapacidade temporária para o trabalho. Nessa hipótese, os dois requisitos são os únicos</p><p>para qualquer segurado, não podendo ser criado um terceiro requisito em razão da qualidade</p><p>da pessoa ou do tipo de atividade que exerça. O benefício de auxílio-doença tem os mesmos</p><p>requisitos e a mesma forma de cálculo para todos os segurados, independentemente de sua</p><p>condição pessoal ou profissional.</p><p>http://1508529751.rsc.cdn77.org/inss/2016/01/JBA_64933.jpg</p><p>O § 1º do art. 201 ressalva, contudo, os “casos de atividades exercidas sob</p><p>condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de</p><p>segurados portadores de deficiência, definidos em lei complementar”. São as situações que</p><p>o direito anterior denominava atividades insalubres, penosas e perigosas.</p><p>5</p><p>RENDA MENSAL NUNCA INFERIOR AO SALÁRIO MÍNIMO</p><p>Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do</p><p>trabalhador poderá ter valor mensal inferior ao salário mínimo.</p><p>Parece que o constituinte disse o óbvio, porque o art. 7º, IV, já criara o salário</p><p>mínimo, unificado nacionalmente, capaz de atender às necessidades básicas vitais do</p><p>trabalhador e de sua família. Entretanto, antes do advento da CF de 1988, o sistema</p><p>previdenciário propiciava a existência de benefícios cuja renda mensal era inferior ao salário</p><p>mínimo, situação que atingia principalmente os trabalhadores rurais.</p><p>http://previdencia.social/wp-content/uploads/2015/05/inss.jpg</p><p>CORREÇÃO DE TODOS OS SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADOS PARA O</p><p>CÁLCULO DA RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO</p><p>O conceito de salário de contribuição será adiante detalhado, bastando, por ora,</p><p>conceituá-lo como a base de cálculo das contribuições previdenciárias do segurado.</p><p>Os salários de contribuição são utilizados nos cálculos destinados a apurar a renda mensal</p><p>inicial da maioria dos benefícios previdenciários.</p><p>Quis o constituinte, no § 3º, que a renda do benefício fosse calculada de modo a</p><p>garantir valores sem defasagem inicial, preocupação que se explica em razão da tradição</p><p>inflacionária da moeda brasileira.</p><p>6</p><p>Assim, todos os salários de contribuição, ou seja, todas as bases de cálculo das</p><p>contribuições previdenciárias que o segurado pagou, serão monetariamente corrigidos até a</p><p>data do cálculo, na forma da lei.</p><p>https://blogdosrsiape.com/wp-content/uploads/2015/09/Previdencia_INSS-1A_d.jpg</p><p>PRESERVAÇÃO DO VALOR REAL DOS BENEFÍCIOS</p><p>O § 4º do art. 201 traduz princípio constitucional dos mais relevantes em termos de</p><p>proteção social previdenciária, porque, por definição, o benefício previdenciário se destina a</p><p>substituir os rendimentos do segurado, de modo que possa manter seu sustento e de sua</p><p>família. A renda mensal do benefício previdenciário não pode estar sujeita às</p><p>desvalorizações da moeda. O poder de compra deve ser preservado desde a renda mensal</p><p>inicial até enquanto durar a cobertura previdenciária.</p><p>Os reajustes do valor da renda mensal do benefício devem garantir-lhe o valor real,</p><p>ou seja, o poder de compra que tinha por ocasião do cálculo da renda mensal inicial.</p><p>O princípio da preservação do valor real dos benefícios tem sido constantemente</p><p>invocado como fundamento da maioria das ações judiciais que impugnam o reajuste de</p><p>benefícios previdenciários.</p><p>7</p><p>VEDAÇÃO DE FILIAÇÃO AO RGPS, NA QUALIDADE DE SEGURADO FACULTATIVO,</p><p>DE PESSOA FILIADA A REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL</p><p>Na sua redação original, o art. 201, § 1º, possibilitava que qualquer pessoa</p><p>participasse do RGPS, mediante contribuição na forma dos planos de benefícios</p><p>previdenciários. Era comum servidores públicos ingressarem no RGPS na qualidade de</p><p>segurados facultativos, obtendo aposentadoria nos dois regimes previdenciários. Com a</p><p>alteração introduzida pela EC n. 20/98, o § 5º do art. 201 expressamente veda a filiação ao</p><p>RGPS, como segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência.</p><p>http://imgs.jusbrasil.com/publications/artigos/264398623/images/contribuicao1449429033.png</p><p>ACIDENTE DO TRABALHO</p><p>O § 10 do art. 201 deixou para a legislação ordinária a disciplina da cobertura do</p><p>risco acidente do trabalho, dispondo que será atendida concorrentemente pelo regime geral</p><p>de previdência social e pelo setor privado.</p><p>A contingência acidente do trabalho deixa, assim, de ter cobertura exclusivamente</p><p>pelo RGPS, podendo ser objeto de contrato com entidades de previdência privada.</p><p>8</p><p>INCORPORAÇÃO DOS GANHOS HABITUAIS DO EMPREGADO</p><p>O § 11 garante ao empregado que todos os seus ganhos habituais, a qualquer título,</p><p>sejam</p><p>Contudo, este contexto histórico propiciou as bases favoráveis à construção de um</p><p>novo perfil profissional, vinculado ao projeto societário das classes subalternas, pois nele se</p><p>estabelece as protoformas que dão raiz ao projeto ético-político do Serviço Social, visto o</p><p>momento de recusa ao conservadorismo que perpassava a profissão até então.</p><p>No ambiente previdenciário, isso foi materializado a partir da elaboração da Matriz</p><p>Teórico-metodológica do Serviço Social na Previdência Social, guia norteador para as ações</p><p>profissionais orientadas na perspectiva do direito.</p><p>A ação prioritária do Serviço Social está voltada para assegurar o direito, quer pelo</p><p>acesso aos benefícios e serviços previdenciários, quer na contribuição para a formação de</p><p>uma consciência de proteção social ao trabalho com a responsabilidade do Poder Público</p><p>(BRASIL, 1995, p. 11).</p><p>É perceptível que o solo histórico de reconstrução da identidade profissional coloca</p><p>em evidência as várias formas de atuação, que perpassaram de uma base caritativa até</p><p>chegar-se à perspectiva do direito. A atuação do Assistente Social passa de mero executor</p><p>de exigências institucionais, voltadas à adaptação dos indivíduos à Previdência Social; para</p><p>atuar junto à classe trabalhadora, a partir de um compromisso político com a viabilização de</p><p>seus direitos.</p><p>46</p><p>2. O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA</p><p>A Constituição Federal de 1988 é um marco para a sociedade brasileira, pois é a</p><p>materialização legal das lutas e conquistas pelo reconhecimento dos direitos sociais, fixando</p><p>em seu âmbito, a seguridade social, dispostas nos artigos 194 e 195, como um conjunto de</p><p>ações de iniciativa dos poderes públicos e de toda a sociedade, estabelecendo a proteção</p><p>social no tripé saúde, previdência e assistência social (BRASIL, 1988).</p><p>O caráter híbrido das políticas de Seguridade Social é perceptível pela própria</p><p>heterogeneidade que as caracterizam, sendo a saúde de natureza universal, a previdência</p><p>apenas para quem contribui e a assistência social, para quem dela necessitar.</p><p>A assistência social, política de seguridade social não contributiva, que provê os</p><p>mínimos sociais, é direcionada para aqueles que estão em situação de risco e</p><p>vulnerabilidade social.</p><p>A Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (1993) vem regulamentar os artigos</p><p>204 e 205 da Constituição Federal de 1988, que dispõem sobre a Assistência Social,</p><p>definindo em seu artigo 1º a assistência social é direito do cidadão e dever do Estado. Como</p><p>política de seguridade social não contributiva, a assistência social deve garantir os mínimos</p><p>sociais e ser realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da</p><p>sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas da população (BRASIL,</p><p>1993, p. 5).</p><p>Conforme Netto (1998), a assistência social tem caráter de complementaridade às</p><p>demais políticas sociais que compõem a proteção social brasileira. Oferece segurança aos</p><p>cidadãos descobertos que não conseguem se inserir no lado contributivo da seguridade</p><p>social, atuando no amparo às expressões da Questão Social na vida dos sujeitos, traduzidas</p><p>em enfermidades, velhice, abandono, desemprego, desagregação familiar, exclusão social,</p><p>etc.</p><p>O caráter focalizador da assistência social direciona seu atendimento a pessoas</p><p>comprovadamente pobres, de modo a garantir os mínimos sociais, para atender as</p><p>necessidades básicas daqueles que, eventualmente, perderam a sua capacidade laborativa.</p><p>A Assistência Social, na verdade, posiciona-se como um âmbito contraditório de</p><p>afirmação e negação do direito, visto que afirma-se o direito à assistência social quando se</p><p>tem negado o direito ao trabalho.</p><p>47</p><p>Em seus objetivos, a LOAS dispõe os passos que a assistência social deve alcançar</p><p>para que se possibilite o exercício da cidadania, tais como a proteção aos grupos de risco</p><p>(família, maternidade, criança, adolescente e velhice), a promoção à integração ao mercado</p><p>de trabalho, entre outros, instituindo o Benefício de Prestação Continuada, conforme o inciso</p><p>V, do mesmo artigo, a seguir</p><p>V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de</p><p>deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria</p><p>manutenção ou de tê-la provida por sua família.</p><p>Falar no Benefício de Prestação Continuada requer pensar em uma via de mão</p><p>dupla: um benefício que integrante da Política de Assistência Social, que se direciona a</p><p>atender os menos favorecidos, é operacionalizado nas Agências de Previdência Social,</p><p>sendo que para efeito de sua concessão, o benefício fica sujeito à avaliação médica e social.</p><p>Direciona-se às pessoas idosas a partir da comprovação de sua idade e renda</p><p>familiar; e para as pessoas com deficiência, sendo a restrição ainda maior, pois além da</p><p>comprovação da renda, é realizada uma avaliação para ratificar o grau de impedimento. É</p><p>necessário, para se ter acesso ao benefício, dispor de renda família per capita igual ou</p><p>inferior a ¼ do salário mínimo (BRASIL, 1993).</p><p>É importante fazer essa ressalva, visto que a excessiva seletividade deste benefício,</p><p>somada à forma como o Serviço Social se inseriu na Previdência, implica limites à atuação</p><p>do Assistente Social na concessão do BPC.</p><p>O Assistente Social em âmbito previdenciário desenvolve um trabalho frente à</p><p>demanda usuária em geral, contribuindo para o acesso aos serviços disponíveis através de</p><p>atividades como a socialização das informações previdenciárias, o fortalecimento do</p><p>coletivo, assessoria, entre outras. Além disso, atua com sua demanda específica, na</p><p>avaliação do BPC.</p><p>Na contemporaneidade, observa-se o avanço neoliberal sobre as políticas sociais</p><p>que caminham rumo à privatização, desregulamentação e mercantilização dos direitos</p><p>sociais, sendo este outro limite posto à atuação profissional.</p><p>De acordo com Mota (2009, p. 133)</p><p>O argumento central é o que de as políticas que integram a seguridade social</p><p>brasileira longe de formarem um amplo e articulado mecanismo de proteção,</p><p>48</p><p>adquiriram a perversa posição de conformarem uma unidade contraditória: enquanto</p><p>avançam a mercantilização e privatização das políticas de saúde e previdência,</p><p>restringindo o acesso e os benefícios que lhe são próprios, a assistência social se</p><p>amplia na condição de política não contributiva, transformando-se num novo fetiche</p><p>de enfrentamento à desigualdade social, na medida em que se transforma no</p><p>principal mecanismo de proteção social.</p><p>Tendo em vista o redimensionamento da assistência social, a privatização da</p><p>previdência e o avanço neoliberal sobre os direitos sociais conquistados, impõem-se como</p><p>desafio à atuação profissional lançar estratégias que desviem desses limites e trilhem para</p><p>a efetivação dos direitos no cotidiano de vida dos usuários da Previdência Social.</p><p>É necessário desenvolver as capacidades teórico-metodológica, técnico-operativa e</p><p>ético-política da profissão, articulando-as com as possibilidades de intervenção, legitimadas</p><p>pelo aporte legal que subsidia as ações profissionais, tais como o Código de Ética (1993), a</p><p>Lei de Regulamentação da Profissão (1993) e a Matriz Teórico-metodológica do Serviço</p><p>Social na Previdência Social (1994), que trilhem para a efetivação do direito dos usuários</p><p>demandantes do BPC.</p><p>3. SERVIÇO SOCIAL E BPC: LIMITES E POSSIBILIDADES À ATUAÇÃO</p><p>PROFISSIONAL NA AGÊNCIA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DE PICOS-PI</p><p>A apreensão do debate realizado no presente artigo requer situá-lo no lócus da</p><p>pesquisa, sendo este a Agência de Previdência Social de Picos-PI.</p><p>A Agência de Previdência Social de Picos (APSPIC) surgiu em 1974, pela</p><p>necessidade de atendimento às demandas da macrorregião de Picos. Está localizada na</p><p>Rua Coronel Francisco Santos, no centro da cidade de Picos-PI. Conta com</p><p>aproximadamente cerca de 40 funcionários, dentre eles Assistente Social, Médicos,</p><p>Técnicos, auxiliares administrativos,</p><p>seguranças entre outros.</p><p>Atualmente, atende entre 45 a 50 municípios pertencentes à macrorregião de Picos</p><p>e faz atendimento de segunda a sexta-feira, das 08:00h às 17:00h.</p><p>É neste contexto que se insere o Assistente Social, impelido no seu cotidiano de</p><p>trabalho a lutar para a garantia do atendimento da demanda usuária dos serviços e</p><p>benefícios da Previdência Social, especificadamente, na concessão de BPC.</p><p>49</p><p>Contudo, a pesquisa aponta que a atuação do Assistente Social encontra-se situada</p><p>num quadro contraditório, composto de limites e possibilidades, conforme percebido a partir</p><p>dos depoimentos da profissional entrevistada.</p><p>A pesquisa realizada aponta que o cotidiano de trabalho deste profissional está</p><p>embasado no artigo 88 da lei nº 8.213/1991, que se direciona para atender todos os</p><p>segurados, com informação, orientação sobre os benefícios, realizando também pesquisa</p><p>de campo e visitas domiciliares e institucionais. Entretanto, a profissional também trabalha</p><p>com uma demanda especifica, na avaliação social do BPC, para as pessoas com deficiência;</p><p>pois a avaliação da concessão do benefício para idosos é feita somente pelo técnico</p><p>previdenciário.</p><p>Neste sentido, a intervenção do Assistente Social na realidade dos requerentes do</p><p>BPC está ancorada nos aparatos legais que norteiam a profissão, e que devem se configurar</p><p>como guias efetivos que devem trilhar a atuação diariamente, para que haja a efetivação do</p><p>direito. Estes aportes teórico-legais sinalizam as possibilidades de atuação do Assistente</p><p>Social na contemporaneidade sob a ótica do direito.</p><p>Resultado de lutas e conquistas da categoria, os aparatos teórico-legais da profissão</p><p>são quem a impulsiona ao compromisso político e social com o atendimento das</p><p>necessidades sociais da classe trabalhadora.</p><p>Vale destacar a Lei de Regulamentação da Profissão (lei 8.662/1993), que rege as</p><p>ações profissionais, repudia o conservadorismo que esteve presente na origem da profissão.</p><p>Ainda nesta direção, o Código de Ética Profissional (1993), expressão do surgimento</p><p>de um compromisso ético nas ações profissionais, direciona o Serviço Social para a</p><p>emancipação humana dos sujeitos, através de ações voltadas para a defesa intransigente</p><p>dos direitos humanos, a recusa do arbítrio e do autoritarismo, entre outros princípios</p><p>estabelecidos em seu texto.</p><p>No campo previdenciário, o Assistente Social é um profissional privilegiado, pois</p><p>dispõe de um documento matriz que orienta o seu fazer na perspectiva de assegurar os</p><p>direitos dos usuários, sendo esta uma das maiores expressões da renovação profissional</p><p>em torno da ruptura com o tradicionalismo em âmbito previdenciário. A Matriz Teórico-</p><p>metodológica do Serviço Social na Previdência Social (1994) propõe um novo paradigma</p><p>para a intervenção profissional, que tende a situar dentro das ações do Assistente Social um</p><p>50</p><p>fazer profissional crítico, reflexivo, capaz de responder às demandas sócio institucionais face</p><p>o ambiente adverso atual, de desmonte de direitos.</p><p>No entanto, o trabalho profissional, assim como fora sinalizado anteriormente,</p><p>encontra-se permeado por limites que complexificam a atuação profissional, e dificultam a</p><p>concessão do BPC.</p><p>Conforme detectado na pesquisa, avaliação para efeito de concessão do BPC é feita</p><p>em articulação com os demais profissionais da Agência de Picos-PI. Nesse sentido, segundo</p><p>a entrevistada, a articulação com os técnicos é boa, pois eles sempre estão perguntando à</p><p>profissional e procurando entender o benefício, até porque são eles que fazem a</p><p>homologação do BPC para idosos.</p><p>Contudo, visualiza-se certa resistência médica em aceitar a avaliação social que a</p><p>mesma realiza, conforme foi relatado. Ela afirma que é preciso estar sempre provocando e</p><p>chamando a atenção para o viés social do benefício, caminhando para a paridade entre as</p><p>avaliações profissionais.</p><p>A paridade entre as avaliações profissionais frente ao BPC é necessária tendo em</p><p>vista proporcionar uma visão multidisciplinar sobre a realidade a ser trabalhada. Tendo em</p><p>vista o BPC se basear neste pressuposto, é importante que a ótica social seja vislumbrada</p><p>neste processo, como é afirmada pela LOAS (BRASIL, 1993).</p><p>Outro limite imposto à atuação profissional frente ao acesso dos usuários ao BPC,</p><p>afirmado em pesquisa, é a visão dos usuários sobre o benefício, tendo em vista muitos terem</p><p>ideias equivocadas sobre o processo de concessão, chegando até mesmo a colocar sobre</p><p>a profissional a responsabilidade por seu deferimento ou indeferimento.</p><p>Iamamoto (2005) afirma que a aparência imposta pela demanda usuária do</p><p>Assistente Social de ser este um agente que apenas efetua a concessão dos benefícios, e</p><p>não a de viabilizador de direitos e de seu acesso a eles, acarreta à atuação profissional um</p><p>caráter subalterno, reafirmando o legado da herança conservadora na profissão.</p><p>Atualmente, em tempos adversos, o neoliberalismo avança para a redução da</p><p>prestação de serviços públicos por parte do Estado, que redimensionado, colocando para a</p><p>sociedade civil a responsabilidade pela proteção social. Caminhando para a mercadorização</p><p>dos serviços públicos, políticas sociais compensatórias, focalistas e fragmentadas, que não</p><p>dão conta de solucionar a raiz da Questão Social, as últimas décadas se configuram como</p><p>uma ameaça aos direitos duramente conquistados pela sociedade.</p><p>51</p><p>Este cenário é, sem dúvidas, um grande desafio à profissão, que diante dos limites</p><p>que são postos à atuação profissional na contemporaneidade, é conclamada a ir à</p><p>contramão desta marcha neoliberal, em luta para a afirmação dos direitos dos usuários,</p><p>assegurando o compromisso do Assistente Social com a classe trabalhadora, concretizadas</p><p>na direção social e política do projeto ético-político defendido pela categoria.</p><p>Considerando a relativa autonomia que o profissional de Serviço Social dispõe nos</p><p>diferentes espaços sócio-institucionais, coloca-se como desafio para este profissional</p><p>articular os limites e possibilidades direcionando sua ação para os interesses dos usuários,</p><p>buscando expandir seu campo de trabalho através de suas possibilidades e competências</p><p>técnico-operativa, respondendo as demandas de forma ética e política, efetivando sua</p><p>atuação na direção social e política do projeto profissional (IAMAMOTO, 2005).</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>O presente artigo engendrou um debate que percorreu a história do Serviço Social</p><p>no âmbito Previdenciário, permitindo visualizar como se configurou a sua intervenção de</p><p>acordo com cada conjuntura da qual fez parte. Esta discussão fez-se necessária para a</p><p>compreensão da sua contribuição frente ao Benefício de Prestação Continuada-BPC, tendo</p><p>em vista ser está a sua demanda específica.</p><p>Posteriormente direcionou-se o olhar para o BPC, situando-o como um direito</p><p>constitucionalmente garantido para aqueles que se encontram sem condições de prover seu</p><p>sustento, nem tê-lo provido por sua família. As ponderações contemporâneas permitem</p><p>visualizar o avanço neoliberal sobre os direitos sociais duramente conquistados, causando</p><p>seu desmonte e culminando em políticas sociais cada vez mais paliativas e fragmentadas.</p><p>Conforme pesquisa realizada, evidenciou-se como possibilidades à atuação</p><p>profissional os aportes ético-legais em que a profissão deve fundamentar suas ações, tais</p><p>como a Lei de Regulamentação da Profissão (lei 8662/1993), o Código de Ética Profissional</p><p>(1993), e a Matriz Teórico-metodológica do Serviço Social na Previdência Social (1994).</p><p>Dentre os limites, pode-se perceber que a disparidade entre as avaliações sobre o</p><p>BPC, além da falta de informações dos usuários sobre o benefício, somada ao avanço</p><p>neoliberal sobre os direitos sociais, implicam diretamente na atuação do Assistente Social,</p><p>52</p><p>no âmbito previdenciário, desafiando este profissional a engajar-se na luta pela defesa dos</p><p>direitos dos usuários ao acesso ao Benefício</p><p>de Prestação Continuada (BPC).</p><p>Este artigo apresenta uma análise da atuação do Assistente Social em âmbito</p><p>previdenciário, destacando sua contribuição na concessão do Benefício de Prestação</p><p>Continuada (BPC), tendo em vista os limites e possibilidades contemporâneos postos à</p><p>intervenção profissional.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>BERHING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete. Política social: Fundamentos e</p><p>história. 7. Ed. – São Paulo: Cortez, 2010. – (Biblioteca básica de serviço social; v. 2).</p><p>YAZBEK, Maria Carmelita. Os fundamentos históricos e teórico-metodológicos do</p><p>Serviço Social. In: CFESS/ ABEPSS. Serviço Social: direitos e competências profissionais.</p><p>Brasília: CFESS/ABEPSS, 1999.</p><p>SILVA, Ademir Alves da. O Serviço Social na Previdência: entre a necessidade social e</p><p>o benefício. In: CABRAL, Maria do Socorro Reis; BRAGA, Léa. Serviço Social na</p><p>Previdência: trajetória, projetos profissionais e saberes. São Paulo: Cortez, 2008.</p><p>NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do serviço social no Brasil</p><p>pós – 64 / José Paulo Netto – 8. Ed. São Paulo: Cortez, 2005.</p><p>MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: Identidade e Alienação. 7ª Ed. Cortez, 2001.</p><p>FALEIROS, Vicente de Paula. Tecnocracia e Assistencialismo no Capitalismo</p><p>autoritário: o Serviço Social na Previdência Social nos anos 70. IN: CABRAL, Maria do</p><p>Socorro Reis; BRAGA, Léa. Serviço Social na Previdência: trajetória, projetos profissionais</p><p>e saberes. São Paulo: Cortez, 2008.</p><p>BRASIL, Lei Orgânica da Assistência Social – Lei n° 8.742, de 07 de dezembro de 1993.</p><p>Brasília, 1993.</p><p>BRASIL, Constituição Federal de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.</p><p>MOTA, Ana Elizabete. O mito da assistência social: ensaios sobre Estado, política e</p><p>sociedade. 3ª Ed. São Paulo: Cortez, 2009.</p><p>IAMAMOTO, Marilda Villela; CARVALHO, Raul de. Relação sociais e serviço social no</p><p>Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 17. Ed. – São Paulo,</p><p>Cortez; [Lima, Peru]: CELATS, 2005.</p><p>53</p><p>________, Marilda Villela. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação</p><p>profissional. 9ª edição. São Paulo: Cortez, 2005.</p><p>incorporados ao seu salário para efeitos previdenciários. A norma é de grande</p><p>importância tanto para o segurado quanto para o próprio sistema. Para o segurado porque</p><p>quanto maior a base de cálculo de sua contribuição previdenciária, maior será o valor da</p><p>renda mensal inicial de seus benefícios previdenciários. Para o sistema previdenciário, em</p><p>razão dos reflexos no custeio.</p><p>http://www.surdosol.com.br/wp-content/uploads/2015/06/empregodeficientes-2xag3ytqgxuvizhuxdlog0.jpg</p><p>SISTEMA DE INCLUSÃO PREVIDENCIÁRIA PARA TRABALHADORES DE BAIXA</p><p>RENDA</p><p>A realidade social e econômica do país demonstra a grande quantidade de pessoas</p><p>que não encontram colocação no mercado formal de trabalho e, necessitando garantir sua</p><p>sobrevivência e de sua família, submetem-se a condições subumanas de trabalho e de</p><p>remuneração, e de sua atividade nada resultará, no futuro, em termos previdenciários.</p><p>9</p><p>Quis o § 12 do art. 201, modificado pela EC n. 47, de 5-7-2005, promover a inclusão</p><p>previdenciária dos trabalhadores de baixa renda e daqueles que, sem renda própria, se</p><p>dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência. Trata-se de</p><p>sistema especial de inclusão previdenciária, cujas alíquotas de contribuição e carências</p><p>serão inferiores às vigentes para os demais segurados da previdência social, conforme</p><p>dispõe o § 13, acrescentado pela EC n. 47/2005.</p><p>O PLANO DE BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL</p><p>A Lei n. 8.213, de 24-7-1991, publicada em 27-7-1991, dispõe sobre o Plano de</p><p>Benefícios da Previdência Social — PBPS. Sua redação original sofreu diversas alterações</p><p>por legislação posterior. A Lei foi regulamentada pelo Decreto n. 3.048, de 6-5-1999</p><p>(Regulamento da Previdência Social — RPS).</p><p>http://www.cacapava.sp.gov.br/portal/images/logo%20pessoa%20com%20deficiencia.jpg</p><p>No PBPS estão todas as normas que regem a relação jurídica entre segurados,</p><p>dependentes e previdência social, sob o prisma dos benefícios e serviços que lhes são</p><p>garantidos.</p><p>10</p><p>FINALIDADE E PRINCÍPIOS BÁSICOS - O CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA</p><p>SOCIAL — CNPS</p><p>A Lei n. 8.213/91 confere à Previdência Social a competência para assegurar aos</p><p>seus beneficiários, mediante contribuição, “meios indispensáveis de manutenção, por motivo</p><p>de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos</p><p>familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente” (art. 1º). No</p><p>art. 2º, repete os princípios e objetivos da previdência social consagrados pela CF.</p><p>Foi instituído o Conselho Nacional de Previdência Social — CNPS, órgão colegiado,</p><p>destinado a concretizar a gestão democrática e descentralizada (art. 194, VII, da CF), cujos</p><p>membros são nomeados pelo Presidente da República: 6 representantes do Governo</p><p>Federal e 9 representantes da sociedade civil, sendo 3 representantes de aposentados e</p><p>pensionistas, 3 representantes dos trabalhadores em atividade e 3 representantes dos</p><p>empregadores (art. 3º, I e II).</p><p>http://segurancadotrabalhonwn.com/wp-content/uploads/2015/10/INSS-e-Previd%C3%AAncia-Social-para-que-servem-Direitos-de-</p><p>imagem-1.jpg</p><p>O CNPS tem as competências fixadas pelo art. 4º, das quais destacamos:</p><p>estabelecimento de diretrizes gerais e apreciação das decisões políticas aplicáveis à</p><p>Previdência Social; participação, acompanhamento e avaliação da gestão previdenciária;</p><p>apreciação e aprovação das propostas orçamentárias da Previdência Social, antes de sua</p><p>11</p><p>consolidação na proposta orçamentária da Seguridade Social; apreciação da aplicação da</p><p>legislação previdenciária; apreciação da prestação anual de contas feita ao TCU, podendo,</p><p>até, se necessário, contratar auditoria externa. Suas decisões devem ser publicadas no</p><p>Diário Oficial da União, em obediência ao princípio da publicidade dos atos administrativos.</p><p>O art. 6º da Lei n. 8.213/91 prevê a criação de uma Ouvidoria-Geral, no âmbito da</p><p>Previdência Social, com atribuições a serem definidas em regulamento. A Ouvidoria-Geral</p><p>está disciplinada na Portaria n. 173, de 2-6-2008, do Ministro de Estado da Previdência</p><p>Social.</p><p>O Decreto n. 6.019, de 22-1-2007, instituiu o Fórum Nacional da Previdência Social</p><p>— FNPS, no âmbito do Ministério da Previdência Social.</p><p>http://imgs.jusbrasil.com/publications/artigos/296510566/images/acumulacao-de-beneficios1452805431.jpg</p><p>COBERTURA DO PLANO DE BENEFÍCIOS</p><p>As contingências cobertas pelo plano de benefícios são as enumeradas no art. 1º</p><p>da Lei n. 8.213/91: incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de</p><p>serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam</p><p>economicamente.</p><p>12</p><p>A situação de desemprego involuntário, embora prevista no art. 1º, não tem</p><p>cobertura previdenciária dentro do plano de benefícios, mas, sim, é objeto de lei específica,</p><p>a Lei n. 7.998, de 11-1-1990, alterada pela Lei n. 8.900, de 30-6-1994, que regula o Programa</p><p>de Seguro-Desemprego, o Abono Salarial, institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador —</p><p>FAT, e dá outras providências.</p><p>A Lei Complementar n. 123, de 14-12-2006, alterou o § 1º do art. 9º e o § 3º do art.</p><p>18, ambos da Lei n. 8.213/91, excluindo também da cobertura pelo PBPS a aposentadoria</p><p>prevista no art. 21, § 2º, da Lei n. 8.212/91, que será tratada no item 3.5.3.2, infra.</p><p>OS BENEFICIÁRIOS: SEGURADOS E DEPENDENTES</p><p>A cobertura previdenciária se destina aos segurados e aos dependentes. Trata-se</p><p>de relações jurídicas diferentes.</p><p>A relação jurídica entre segurado e Previdência Social se inicia com seu ingresso no</p><p>sistema, e se estenderá enquanto estiver filiado.</p><p>A relação jurídica entre dependente e Previdência Social só se formaliza quando não</p><p>houver mais a possibilidade de se instalar a relação jurídica com o segurado. Isso porque</p><p>não há, no sistema previdenciário, nenhuma hipótese de cobertura concomitante para</p><p>segurado e dependente.</p><p>OS SEGURADOS</p><p>A expressão segurados está bem empregada porque a Previdência Social é o ramo</p><p>da seguridade social que mais se assemelha ao seguro, uma vez que é eminentemente</p><p>contributiva.</p><p>Segurados são sempre pessoas físicas, isto é, que contribuem para o regime</p><p>previdenciário e, por isso, terão direito a prestações — benefícios ou serviços — de natureza</p><p>previdenciária. São sujeitos ativos da relação jurídica previdenciária, quando o objeto for</p><p>benefício ou serviço de natureza previdenciária.</p><p>Esses mesmos segurados, vistos sob o prisma do financiamento da seguridade</p><p>social, são sujeitos passivos da relação jurídica de custeio.</p><p>13</p><p>A Lei n. 8.213/91 relaciona as pessoas físicas que, obrigatoriamente, devem ser</p><p>seguradas da Previdência Social: são os segurados obrigatórios, cujo rol está previsto no</p><p>art. 11. A outros, porém, facultou o ingresso no sistema, e o fez por razões diversas, como</p><p>a natureza das atividades ou a qualidade da pessoa: são os segurados facultativos, na forma</p><p>do art. 13.</p><p>AQUISIÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO: FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO</p><p>Filiação é o vínculo que se estabelece entre o segurado e a Previdência Social,</p><p>constituindo uma relação jurídica da qual decorrem direitos e obrigações para ambas as</p><p>partes.</p><p>http://www.caixa.gov.br/PublishingImages/Paginas/LT_T015/bannerheader_gps.png</p><p>Nem sempre a filiação depende de um ato formal, praticado entre a autarquia e o</p><p>segurado: é o caso dos segurados com contrato de trabalho anotado na CTPS. Para estes,</p><p>a simples anotação na carteira já os torna filiados ao RGPS.</p><p>Para outros, entretanto, há necessidade de um ato formal, perante o INSS, para que se</p><p>aperfeiçoe a filiação ao RGPS. Esse ato formal, pelo qual se dá a apresentação do</p><p>14</p><p>interessado ao INSS, denomina-se inscrição. É o que devem fazer os segurados</p><p>contribuintes individuais e os facultativos.</p><p>O art. 17, § 4º, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 11.718/2008,</p><p>determina</p><p>que a inscrição do segurado especial será feita de forma a vinculá-lo ao seu</p><p>respectivo grupo familiar e conterá, além das informações pessoais, a identificação da</p><p>propriedade em que desenvolve a atividade e a que título, se nela reside ou o Município</p><p>onde reside e, quando for o caso, a identificação e inscrição da pessoa responsável pela</p><p>unidade familiar. Caso não seja proprietário ou dono do imóvel rural em que desenvolver a</p><p>atividade, no ato da inscrição deverá informar, conforme o caso, o nome do parceiro ou</p><p>meeiro outorgante, arrendador, comodante ou assemelhado (§ 5º).</p><p>A inscrição do segurado especial implicará a atribuição de número de Cadastro</p><p>Específico do INSS — CEI — ao grupo familiar, para fins de recolhimento das contribuições</p><p>previdenciárias (§ 6º).</p><p>http://frentebrasilpopular.com.br/system/uploads/news/34ca4b791df35452c7ad8da2e23760ed/cover/2cb6bb3d85ffd1b147720e34d20b62</p><p>d73012a5b80d00a86278c5d2cae7eb3973.jpg</p><p>SEGURADOS OBRIGATÓRIOS</p><p>O art. 11 do PBPS enumera os segurados obrigatórios, abrangendo todos os que</p><p>exercem atividade remunerada, de natureza urbana ou rural, com ou sem vínculo</p><p>15</p><p>empregatício: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso</p><p>e segurado especial.</p><p>a. O exercício de atividade remunerada sujeita a filiação obrigatória ao RGPS (art. 9º, §</p><p>12, do RPS);</p><p>b. O exercício de atividades concomitantes: exercendo o segurado, de forma</p><p>concomitante, mais de uma atividade remunerada sujeita ao RGPS, está sujeito a</p><p>filiação obrigatória em cada uma delas, isto é, pagará contribuição previdenciária em</p><p>todas as atividades, nos termos do Plano de Custeio (§ 2º do art. 11 da Lei n. 8.213/91</p><p>e art. 9º, § 13, do Dec. n. 3.048/99). Essa regra também se aplica ao servidor ou</p><p>militar que venha a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas</p><p>pelo RGPS (art. 12, § 1º, do PBPS e art. 10, § 2º, do RPS);</p><p>c. Exercício de atividade por aposentado do RGPS: se o aposentado exercer ou voltar</p><p>a exercer atividade abrangida pelo RGPS, será segurado obrigatório em relação a</p><p>essa atividade, e, por isso, pagará a contribuição previdenciária respectiva, nos</p><p>termos do PCSS (§ 3º do art. 11 do PBPS);</p><p>d. Dirigente sindical: enquanto estiver no exercício do mandato eletivo, manterá o</p><p>mesmo enquadramento no RGPS que tinha antes da investidura (art. 11, § 4º, do</p><p>PBPS e art. 9º, § 10, do RPS);</p><p>e. Servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, dos Estados, do Distrito</p><p>Federal ou dos Municípios, bem como das respectivas autarquias e fundações: são</p><p>excluídos do RGPS, desde que amparados por regime próprio de previdência social</p><p>(art. 12 do PBPS e art. 10 do RPS);</p><p>f. Regime próprio de previdência social: é aquele que assegura pelo menos as</p><p>aposentadorias e pensão por morte previstas no art. 40 da CF (art. 10, § 3º, do RPS).</p><p>SEGURADOS FACULTATIVOS</p><p>É segurado facultativo o maior de 16 anos que se filiar ao RGPS, mediante</p><p>contribuição, desde que não se enquadre em nenhuma das categorias do art. 11 da Lei n.</p><p>8.213/91. Não prevalece mais a idade de 14 anos prevista no art. 13 em razão da alteração</p><p>do art. 7º, XXXIII, da CF, introduzida pela EC n. 20/98.</p><p>16</p><p>O rol dos segurados facultativos está contido no art. 11 do Decreto n. 3.048/99, mas</p><p>não é taxativo: a dona de casa; o síndico de condomínio, quando não remunerado (quando</p><p>remunerado, é segurado obrigatório contribuinte individual, nos termos do art. 11, V, f, da</p><p>Lei n. 8.213/91); o estudante (a partir de 16 anos de idade); o brasileiro que acompanha</p><p>cônjuge que presta serviço no exterior; aquele que deixou de ser segurado obrigatório da</p><p>previdência social; o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei n. 8.069, de</p><p>13-7-1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), quando não esteja vinculado a qualquer</p><p>regime de previdência social; o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa de</p><p>acordo com a Lei n. 6.494, de 1977; o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa,</p><p>curso de especialização, pós-graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior,</p><p>desde que não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; o presidiário que</p><p>não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência</p><p>social; e o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime</p><p>previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional; e o segurado</p><p>recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto, que, nesta condição, preste serviço,</p><p>dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da</p><p>organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta</p><p>própria.</p><p>http://www.fenatracoop.com.br/site/wp-content/uploads/2009/03//2016/06/post-inss.jpg</p><p>17</p><p>Era comum, na vigência da legislação anterior à Lei n. 8.213/91, que pessoas</p><p>participantes de regimes próprios de previdência (em geral servidores públicos) se filiassem</p><p>ao RGPS na qualidade de segurados facultativos, com a finalidade de obter cobertura</p><p>previdenciária também nesse regime, principalmente aposentadoria. O Decreto n. 3.048/99</p><p>expressamente veda a filiação, na qualidade de segurado facultativo, de pessoas</p><p>participantes de regime próprio de previdência social (art. 11, § 2º).</p><p>Contudo, a filiação dessas pessoas como segurados facultativos é permitida,</p><p>excepcionalmente, na hipótese de afastamento sem vencimento e desde que não permitida,</p><p>nessa situação, contribuição para o respectivo regime próprio; nessa hipótese, em se</p><p>tratando de servidores públicos, o tempo de contribuição como segurados facultativos para</p><p>o RGPS será computado no regime próprio, se para ele retornarem, já que a CF assegura a</p><p>contagem recíproca.</p><p>http://5coisas.org/wp-content/uploads/2015/02/Previd%C3%AAncia-Social.jpg</p><p>18</p><p>A filiação como segurado facultativo só produz efeitos a partir da inscrição e do</p><p>primeiro recolhimento.</p><p>Não é permitida a filiação retroativa, isto é, para computar período anterior ao da</p><p>inscrição, sendo que a lei veda o recolhimento de contribuições relativas a competências</p><p>anteriores a essa data (Dec. n. 3.048/99, art. 11, § 3º).</p><p>Depois da filiação, o segurado facultativo só pode recolher contribuições em atraso</p><p>se não tiver perdido a qualidade de segurado (art. 11, § 4º, do RPS). Não pode recolher</p><p>contribuições não pagas na época oportuna, para fins de comprovação de tempo de</p><p>contribuição.</p><p>MANUTENÇÃO, PERDA E REAQUISIÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO</p><p>Manter a qualidade de segurado significa manter o direito à cobertura previdenciária</p><p>prevista na Lei n. 8.213/91. A regra geral é de que o segurado mantém essa condição</p><p>enquanto contribuir para o custeio do RGPS.</p><p>https://www.institutoliberal.org.br/wp-content/uploads/2015/06/previdencia-social-406x600.jpg</p><p>19</p><p>Há situações em que a qualidade de segurado é mantida, com ou sem limite de</p><p>prazo, independentemente do pagamento de contribuições. É o que se denomina período</p><p>de graça. Nessas hipóteses, taxativamente enumeradas no art. 15 da Lei n. 8.213/91, o</p><p>segurado, por manter essa condição, faz jus a toda a cobertura previdenciária durante o</p><p>período de graça (arts. 15, § 3º, do PBPS, e 13, § 3º, do RPS). Exemplificando: se, durante</p><p>o período de graça, o segurado ficar incapaz total e definitivamente para o trabalho, terá</p><p>direito à cobertura previdenciária de aposentadoria por invalidez, se cumprida a carência,</p><p>quando for o caso.</p><p>Transcorrido o período de graça sem que o segurado volte a pagar contribuições</p><p>destinadas ao custeio do RGPS, opera-se a perda da qualidade de segurado, com a</p><p>consequente perda de toda e qualquer cobertura previdenciária para o segurado e seus</p><p>dependentes (art. 102 da Lei n. 8.213/1991). Ressalvadas algumas exceções à regra da</p><p>perda da qualidade de segurado.</p><p>Transcorrido o período</p><p>de graça, se o segurado desejar manter essa qualidade,</p><p>deverá providenciar o recolhimento da contribuição previdenciária referente ao mês</p><p>imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados no art. 15 da Lei n. 8.213/91 (§ 4º do</p><p>art. 15 e art. 14 do Dec. n. 3.048/99). Exemplifiquemos: se o período de graça findou em 13</p><p>de outubro e o segurado deseja manter essa qualidade, deve proceder ao recolhimento da</p><p>contribuição referente ao mês de novembro no prazo fixado no Plano de Custeio (Lei n.</p><p>8.212/91).</p><p>http://clubedocol.com.br/docolmedia/Previd%C3%AAncia-porquinho1.jpg</p><p>20</p><p>OS DEPENDENTES</p><p>A relação jurídica entre dependentes e INSS só se instaura quando deixa de existir</p><p>relação jurídica entre este e o segurado, o que ocorre com sua morte ou recolhimento à</p><p>prisão. Não existe hipótese legal de cobertura previdenciária ao dependente e ao segurado,</p><p>simultaneamente.</p><p>A inscrição do dependente se dá por ocasião do requerimento do benefício a que</p><p>tiver direito (art. 17, § 1º, do PBPS), e mediante a apresentação dos documentos exigidos</p><p>pelo art. 22 do RPS.</p><p>Os dependentes do segurado são os enumerados nos incisos I a III do art. 16 da Lei</p><p>n. 8.213/91. Cada inciso corresponde a uma classe de dependentes.</p><p>Há uma hierarquia entre as classes de dependentes, no sentido de que a existência</p><p>de dependentes de uma classe anterior exclui os dependentes das classes seguintes (art.</p><p>16, § 1º). Assim, havendo dependentes da 1ª classe, automaticamente estão excluídos os</p><p>dependentes das 2ª e 3ª classes. Exemplificando, a existência de filhos do segurado (1ª</p><p>classe), exclui o direito de seus pais (2ª classe) e irmãos (3ª classe).</p><p>Somente os dependentes da 1ª classe têm em seu favor a presunção absoluta de</p><p>dependência econômica em relação ao segurado falecido ou recolhido à prisão.</p><p>Os dependentes das 2ª e 3ª classes devem comprovar a dependência econômica</p><p>em relação ao segurado, sob pena de não se aperfeiçoar a relação jurídica previdenciária.</p><p>http://direitosbrasil.com/wp-content/uploads/2016/09/previdencia-social-interno1453858290.jpg</p><p>21</p><p>DOS SERVIÇOS DEVIDOS AO SEGURADO E AO DEPENDENTE (ARTS. 18, III, B E C, E</p><p>88 A 93 DO PBPS)</p><p>Segurados e dependentes têm direito aos serviços previstos em lei: serviço social,</p><p>habilitação e reabilitação profissional1.</p><p>O SERVIÇO SOCIAL NA PREVIDÊNCIA</p><p>O Serviço Social é mais uma possibilidade de atendimento que o cidadão tem para</p><p>esclarecer quais são os seus “direitos sociais” e qual o meio adequado para poder exercê-</p><p>los. A Assistente Social da Previdência ajudará no sentido de buscar uma solução para os</p><p>problemas que surgirem na relação do cidadão com o INSS.</p><p>As assistentes sociais das agências do INSS atenderão de forma prioritária os</p><p>cidadãos que estão requerendo benefícios assistenciais da Lei Orgânica da Assistência</p><p>Social – LOAS e também aqueles que estiverem recebendo benefícios por incapacidade e</p><p>incluídos no programa de reabilitação profissional.</p><p>http://www.uniseb.com.br/webkit/Imagens/GaleriaCursos/6618_2.jpg</p><p>1 Texto extraído do livro: Direito Previdenciário, autora Marisa Ferreira dos Santos.</p><p>22</p><p>Não havendo esses atendimentos prioritários, o atendimento ao cidadão será feito</p><p>normalmente e sem a necessidade de agendamento, uma vez tratar-se de atendimento</p><p>comum apenas para esclarecimentos de dúvidas.</p><p>Têm direito de acesso ao Serviço Social todos os segurados, dependentes e demais</p><p>usuários da Previdência Social.</p><p>Assim, o serviço social, prestado a segurados e dependentes, tem por finalidade</p><p>esclarecer aos beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-los, e com eles</p><p>estabelecer o processo de solução dos problemas decorrentes de sua relação com a</p><p>Previdência Social. Não se trata, apenas, de dar solução aos problemas existentes entre o</p><p>beneficiário e o INSS, mas também de ajudá-lo a zelar por seus direitos previdenciários.</p><p>O efetivo atendimento do serviço social é assegurado mediante a utilização de</p><p>intervenção técnica, assistência jurídica, ajuda material, recursos sociais, intercâmbio com</p><p>empresas e pesquisa social, sendo permitida a celebração de convênios, acordos ou</p><p>contratos (art. 88, § 2º). Exemplo atual é o programa denominado Educação Previdenciária,</p><p>desenvolvido através da celebração de acordos com empresas, prefeituras, sindicatos etc.</p><p>http://images.slideplayer.com.br/4/1483873/slides/slide_1.jpg</p><p>23</p><p>A diretriz do serviço social é a participação do beneficiário na implementação e no</p><p>fortalecimento da política previdenciária, em articulação com as associações e entidades de</p><p>classe (art. 88, § 3º).</p><p>Têm prioridade no atendimento do serviço social os segurados em gozo de benefício</p><p>por incapacidade temporária, e atenção especial os aposentados e pensionistas (art. 88, §</p><p>1º).</p><p>Compete ao serviço social prestar assessoramento técnico aos Estados e</p><p>Municípios na elaboração e implantação de suas propostas de trabalho (art. 88, § 4º).</p><p>PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PREVIDENCIÁRIA</p><p>O Programa de Educação Previdenciária (PEP) é desenvolvido pelo Instituto</p><p>Nacional do Seguro Social – INSS e tem objetivo de promover a inclusão de trabalhadores</p><p>no Sistema Previdenciário, divulgar políticas públicas e valorizar a cidadania.</p><p>http://www.fespmg.edu.br/Content/imagens/GaleriaImagens/AmbesPalestraPresido2014/DSC09047.JPG</p><p>24</p><p>O que se pretende:</p><p> Ampliar o nível de cobertura previdenciária.</p><p> Ao incentivar a inclusão no sistema, o PEP também contribui para:</p><p>o Redução da informalidade;</p><p>o Ampliação do controle social;</p><p>o Inclusão de temas previdenciários nos diálogos sociais;</p><p>o Auxiliar cidadãos a compreender e a exercer seus direitos.</p><p>Ações: Entre as ações desenvolvidas pelo PEP, destacam-se:</p><p>Orientação e Informação: atendimento individual ao cidadão, realizado em praça</p><p>pública, feiras, exposições, nas ações e/ou mutirões de cidadania, no campo ou em conjunto</p><p>com o atendimento das Unidades Móveis (PREVBarco e PREVMóvel).</p><p>Palestra: apresentação que aborda temas sobre a Previdência Social para grupos</p><p>específicos. Realizada em parceria com entidades da sociedade civil organizada.</p><p>Programas de Mídia: disseminação das informações previdenciárias em programas</p><p>de rádio ou televisão, em jornais, revistas e nas redes sociais.</p><p>Curso para Disseminadores Externos: curso de formação sobre Previdência para</p><p>quem se interessa em ser um disseminador externo. Realizado em parceria com</p><p>associações, sindicatos, escolas, universidades, órgãos da Administração Pública Federal,</p><p>Estadual, Municipal e do Distrito Federal, bem como outras Entidades da sociedade civil</p><p>organizada.</p><p>Educação à Distância – EAD: possibilita a autoaprendizagem direcionada ao</p><p>Educador Previdenciário e a alguns segmentos da sociedade, com a mediação de recursos</p><p>didáticos sistematicamente organizados. São apresentados pela Coordenação de Educação</p><p>a Distância do Centro de Formação e Aperfeiçoamento do INSS – CFAI em diferentes</p><p>suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos diversos</p><p>meios de comunicação2.</p><p>2 Texto extraído do link: http://www.previdencia.gov.br/servicos-ao-cidadao/informacoes-gerais/servico-social/</p><p>25</p><p>A TRAJETÓRIA DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL - 70 ANOS DO SERVIÇO</p><p>SOCIAL NA PREVIDÊNCIA SOCIAL3</p><p>Na Previdência Social, o Serviço Social tem seu marco legal na Portaria nº 52 de 06</p><p>de setembro de 1944 que cria o serviço na estrutura da instituição. A trajetória do Serviço</p><p>Social na Previdência mistura-se a história da própria política previdenciária e da seguridade</p><p>social brasileira. Deste modo, a trajetória deste serviço é marcada por vários</p><p>acontecimentos, avanços e retrocessos, decorrentes das modificações e contextos</p><p>vivenciados pela instituição, sociedade</p><p>e pela própria profissão.</p><p>No primeiro momento de sua criação na Previdência, o Serviço Social teve sua</p><p>atuação marcada pelo discurso de humanização das grandes máquinas burocráticas, e</p><p>neste contexto os objetivos profissionais identificavam-se com os objetivos institucionais.</p><p>Com a unificação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões – IAP's em 1966, o momento</p><p>foi de legitimação da profissão, marcado por uma afirmação profissional através da</p><p>participação em todas as esferas das instituições: planejamento, supervisão e execução. A</p><p>prática de atuação tinha como diretriz básica, desenvolver programas de assistência social</p><p>adequada aos “serviços de bem-estar social”. Neste contexto constituem-se os Centros</p><p>Sociais, onde são desenvolvidos programas de assistência social com pessoas com</p><p>deficiência, idosos, pediatria, mobilização de recursos e capacitação para o trabalho.</p><p>O momento seguinte, corresponde à criação do Sistema Nacional de Previdência</p><p>Social (SINPAS) em 1977, quando houve a extinção dos Centros de Serviço Social. Este</p><p>fato representou perda de espaço e trouxe a perspectiva de exclusão do Serviço Social da</p><p>Previdência, com a passagem para a área de Assistência Social – LBA, o que não se</p><p>concretizou pela ação da Coordenadoria de Serviço Social – DG.</p><p>A busca pela conquista de espaço profissional inspirou a elaboração do 2º Plano</p><p>Básico de Ação do Serviço Social – PBA em 1978, calcado no modelo psicossocial e na</p><p>matriz teórico metodológica do funcionalismo. O PBA vigorou de 1978 a 1991, num período</p><p>histórico marcado por intensa dinâmica social.</p><p>Já nas décadas de 1980 e 1990, em meio ao processo de reconceituação da</p><p>profissão, da redemocratização do país e da ampliação dos direitos sociais, o Serviço Social,</p><p>no âmbito da Previdência, tem a redefinição de suas competências na Lei 8.213 de</p><p>3 Texto extraído do link: http://cress-sc.org.br/wp-content/uploads/2014/08/70-Anos-SS-Previdencia.pdf</p><p>26</p><p>24/07/1991. A partir de então, passa ser o foco da atuação o esclarecimento dos direitos</p><p>sociais, dos meios de exercê-los e do estabelecimento conjunto com os beneficiários quanto</p><p>à solução de problemas.</p><p>Neste contexto, o Serviço Social da Previdência, reestrutura sua prática profissional,</p><p>buscando ampliar o acesso dos usuários aos benefícios e serviços previdenciários; e</p><p>contribuir para uma consciência de proteção ao trabalho, estimulando os usuários a</p><p>participar da implementação da política previdenciária. Emerge, dessa discussão e da</p><p>orientação do projeto ético-político, do código de ética de 1993, o novo paradigma do Serviço</p><p>Social no INSS, definido no documento “Matriz Teórico-Metodológica do Serviço Social na</p><p>Previdência Social” (1994). A matriz é construída no intuito de reafirmar a opção clara e</p><p>fundamentada pelos princípios democráticos, pelo resgate do exercício da cidadania, do</p><p>direito e a defesa dos interesses da classe trabalhadora.</p><p>Entretanto, em fevereiro de 1999, novamente a proposta de extinção do Serviço</p><p>Social é colocada em pauta. A Divisão de Serviço Social em Brasília, órgão responsável pela</p><p>coordenação das ações do Serviço Social no Brasil foi extinta, perdendo sua autonomia,</p><p>instância normativa e o gerenciamento de suas ações específicas. O Serviço Social</p><p>permanece apenas como atividade auxiliar, perdendo seus status de “Serviço”. Intensifica-</p><p>se, então, nova mobilização nacional, com articulação ainda maior junto às diversas</p><p>organizações nacionais, abrangendo mais de 900 entidades, parlamentares e as três esferas</p><p>de governo.</p><p>http://4.bp.blogspot.com/-4thMM4JCaSU/T16JdHGDY3I/AAAAAAAAAkQ/DgsBi-X_VUY/s760/servicosocial6.jpg</p><p>27</p><p>Em 2003, com a edição do Decreto 4.688/2003, a Divisão de Serviço Social foi</p><p>incluída na estrutura da Coordenadoria de Benefícios por Incapacidade, em Brasília. Muito</p><p>embora, tenha se conseguido garantir a permanência na estrutura institucional, o Serviço</p><p>Social perde espaço e muitos assistentes sociais são alocados para outras áreas dentro do</p><p>INSS.</p><p>A aprovação do Decreto 6.214 em 2007, modificou a avaliação da deficiência para</p><p>fins de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC. O novo modelo substituiu</p><p>a perícia médica pelo conjunto avaliação social e avaliação médica, trazendo um novo</p><p>entendimento sobre a deficiência e as barreiras sociais postas em nossa sociedade àqueles</p><p>que tem algum tipo de limitação física/mental. Considerando que, embora sendo um</p><p>benefício da assistência social, a operacionalização do BPC esteve historicamente a cargo</p><p>do INSS, esta modificação motivou realização de concurso público em 2009 que culminou</p><p>com a contratação de 1350 assistentes sociais.</p><p>O novo concurso, após 28 anos do último que destinou vagas para o Serviço Social</p><p>da Previdência, representou uma grande conquista e permitiu ao INSS avançar na</p><p>implementação dos direitos previdenciários e assistenciais. Também possibilitou o</p><p>fortalecimento da categoria dentro da instituição, que a esta altura contava com menos de</p><p>500 profissionais, grande parte não atuando no Serviço Social.</p><p>De imediato os assistentes sociais recém-admitidos foram chamados a assumir as</p><p>avaliações sociais do BPC, no entanto, muitos elementos e entraves surgiram neste</p><p>processo. Apesar de existir toda uma legislação que trata das ações profissionais e do objeto</p><p>de trabalho do Serviço Social na Previdência, nem sempre a especifidade/natureza da</p><p>profissão é compreendida e aceita no espaço institucional. As atividades do Serviço Social,</p><p>em suma, não podem ser mensuradas pela ótica dos números, o que diverge da lógica</p><p>institucional e da cultura de metas a que as unidades estão subjugadas. Somam-se a isso</p><p>dificuldades relacionadas a orçamento, gestão, estabelecimento de diretrizes e</p><p>planejamento a nível nacional.</p><p>Existe uma luta política a ser travada pela manutenção e ampliação do Serviço</p><p>Social dentro do INSS, como um direito dos segurados e da classe trabalhadora. Mas</p><p>também há outra luta política, sem a qual a primeira não é possível: a luta por condições de</p><p>trabalho para os assistentes sociais da Previdência.</p><p>28</p><p>QUESTÕES ÉTICO-POLÍTICAS PARA O TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NA</p><p>PREVIDÊNCIA SOCIAL4</p><p>A conjuntura atual pede que usemos a legítima condição profissional para discutir a</p><p>inserção do Serviço Social na sociedade, para compartilhar experiências profissionais,</p><p>especialmente em momentos preciosos como esse, em que assistentes sociais</p><p>pesquisadores da universidade se encontram com colegas inseridos em diferentes espaços</p><p>sócio ocupacionais. Venho reforçar aqui a importância de tomarmos o exercício profissional</p><p>como objeto de pesquisa, apreendendo as mediações da realidade profissional,</p><p>fundamentados em uma teoria que ilumine o desvelamento da realidade e que também</p><p>permita discutir o aspecto ético da profissão.</p><p>Inicialmente, destaco duas dimensões das intervenções sociais organizadas, por</p><p>meio dos serviços sociais: as demandas institucionais que definem quais e como as</p><p>instituições atuam na sociedade, colocando-se as demandas e as requisições para os</p><p>profissionais. Dialeticamente, ao mesmo tempo em que recebemos requisições, nós as</p><p>respondemos, por meio das ações profissionais. Isso parece óbvio, mas, às vezes, os</p><p>profissionais se colocam na dinâmica de trabalho como se o que fazem não tivesse impacto,</p><p>ou como se fosse um impacto reduzido. Trago então a ideia de que há uma relação entre</p><p>demandas, requisições, respostas institucionais e respostas profissionais. Precisamos então</p><p>pensar a inserção do Serviço Social na previdência social permeada por contradições,</p><p>mesmo quando, no passado, as pioneiras não tivessem um referencial teórico que as</p><p>apreendessem.</p><p>A organização institucional nos moldes capitalistas leva a crer que as demandas são</p><p>de cada área em que atuam as políticas sociais, por exemplo,</p><p>as demandas da previdência,</p><p>mas, na verdade, as demandas não são de nenhuma área, as demandas advêm da vida</p><p>individual e coletiva dos sujeitos. As demandas relativas à previdência social não são as</p><p>demandas do INSS, que é o principal meio que institucionaliza as que têm caráter</p><p>previdenciário, que são na verdade as demandas para a proteção ao trabalho, para a</p><p>garantia de direitos.</p><p>4 Texto extraído do livro: 2º Seminário nacional de Serviço Social na Previdência Social, autora Rosa Lúcia Prédes</p><p>Trindade</p><p>29</p><p>Há uma tendência em reduzir o reconhecimento da previdência social ao</p><p>recebimento de benefícios, auxílios, esquecendo-se de que se trata do reconhecimento</p><p>institucional das demandas relativas ao trabalho. Isto inclui também a negação do direito ao</p><p>trabalho, ou seja, a negação da possibilidade de o trabalhador sobreviver no capitalismo,</p><p>vendendo sua força de trabalho. São demandas que explicitam a desproteção do</p><p>trabalhador. Sem a mediação da conquista de direitos, não vamos entender essas</p><p>demandas, porque o maior ou menor reconhecimento das demandas institucionalizadas</p><p>também depende do movimento de luta dos trabalhadores e do processo de reconhecimento</p><p>de direitos individuais, políticos e, principalmente, sociais.</p><p>É da instituição que saem as requisições profissionais, que devem ser analisadas</p><p>por nós na sua pertinência, se as respostas que vamos construir são a essas requisições ou</p><p>se a outras que não foram postas. As demandas institucionais são filtros dos conflitos que</p><p>perpassam as demandas sociais, as quais advêm das necessidades sociais de classe,</p><p>falamos aqui das demandas da classe trabalhadora.</p><p>Equivocadamente, parece que a demanda é da política, do projeto, do instrumento</p><p>a ser preenchido nos serviços sociais. Por isso, é necessário interpretar a demanda e as</p><p>requisições. Lembro que todos nós, assistentes sociais, já passamos pela experiência do</p><p>estágio curricular e já aprendemos a importância de se fazer uma análise institucional; no</p><p>exercício profissional, parece que esquecemos esse aprendizado tão importante: analisar a</p><p>conjuntura, as forças, de forma permanente e contínua, para sermos capazes de apreender</p><p>essas mediações e não ficar na aparência do que se é requisitado.</p><p>http://www.cfess.org.br/fotos/605f426bd4.jpg</p><p>30</p><p>Comemorar 70 anos do Serviço Social na principal instituição de previdência social</p><p>do Brasil, hoje o INSS, leva-nos a pensar em que medida nós, assistente sociais, estamos</p><p>identificando as demandas previdenciárias de proteção ao trabalho na nossa atuação. Em</p><p>que perspectiva as requisições chegam para nós? Nessa direção, reconhecemos que é um</p><p>desafio identificar as relações econômicas e políticas da sociedade capitalista que estão</p><p>permeando as demandas sociais, institucionalizadas, e que permeiam as requisições que</p><p>nos chegam. Durante muito tempo, as demandas institucionalizadas no Brasil não passavam</p><p>pelo reconhecimento de direitos, ou, pelo menos, passavam somente pelo direito ao</p><p>trabalho, pela formalização da relação do trabalho. Se há uma Constituição em 1988, que</p><p>amplia a legalidade dos direitos, ainda assim há um debate intenso sobre a concepção de</p><p>direitos.</p><p>Por isso, as perguntas são necessárias a cada dia que se instala a barbárie nas</p><p>instituições onde trabalhamos: qual o debate que a sociedade está fazendo sobre direitos?</p><p>Quais as concepções institucionais? E as dos profissionais? O que os diferentes sujeitos</p><p>institucionais pensam sobre o papel dos serviços e sobre a contribuição de cada profissão?</p><p>Por traz de cada pedido, de cada requisição, de cada ordem que chega, de cada</p><p>identificação de o que o Serviço Social deve fazer, há concepções que fundamentam estas</p><p>ideias, pois as demandas, ao serem reconhecidas enquanto tais, não são neutras, são mais</p><p>do que a aparência burocrática e administrativa de que se revestem.</p><p>É certo que a burocracia é parte da constituição das instituições, entretanto, nos</p><p>questionamos o que acontece quando a movimentação dos aparatos e instrumentos</p><p>burocráticos passa a ser o fim da ação institucional, da ação profissional. Quando a</p><p>necessidade em atender às rotinas burocráticas e instrumentais se sobrepõe às reais</p><p>necessidades da população usuária. Ou quando a equipe de profissionais organiza sua</p><p>rotina de trabalho em função das exigências burocráticas, em função de suas necessidades</p><p>no cumprimento de horários e jornadas de trabalho, e não para atender à realidade dos</p><p>usuários dos serviços prestados.</p><p>Evidentemente que a burocracia é um meio para estruturar o atendimento das</p><p>demandas, mas isso vai estar condicionado às diferentes perspectivas de atendimento</p><p>institucional: É de acesso universal? É de seletividade? É de controle da população pelo</p><p>Estado? De participação da população? De fiscalização da população?</p><p>31</p><p>Esse desvendar implica em “perguntar sobre...”, e precisamos de condições para</p><p>fazê-lo. Como hoje estão sendo concebidas as demandas por proteção ao trabalho? Quando</p><p>as instituições planejam, organizam suas ações, as suas ordens administrativas, já se tem,</p><p>de partida, uma fragmentação das expressões da questão social que gera o reconhecimento</p><p>dessas demandas.</p><p>Assim, os serviços, os programas, vão se estruturando para cuidar de cada um</p><p>desses fragmentos, e as instituições vão constituindo-se com uma área específica e</p><p>definindo um público-alvo específico, com um determinado perfil. Parece que, cada vez mais,</p><p>as demandas são reconhecidas de forma individualizada, relativas ao binômio</p><p>capacidade/incapacidade, e, à medida que se restringe, se afasta dos direitos, da proteção</p><p>social, da seguridade social mais ampliada.</p><p>Portanto, é necessário situar a presença de assistentes sociais nas instituições</p><p>como um processo bastante contraditório e que precisa ser apreendido nas particularidades</p><p>de cada realidade aonde atuamos. Nessa linha, proponho que pensemos não somente sobre</p><p>as respostas institucionais, mas também sobre as respostas profissionais. Penso ser</p><p>relevante essa diferenciação, pois, na medida em que os profissionais são responsáveis pela</p><p>execução dos serviços sociais, pode parecer que estes são responsáveis pelo atendimento</p><p>das demandas institucionais, como se estas fossem colocadas diretamente a eles. Aqui,</p><p>cabe esclarecer a responsabilidade que o Estado tem em assumir as demandas</p><p>institucionais e ser a principal referência para a sociedade no tocante à garantia de direitos,</p><p>especialmente os de caráter social.</p><p>http://www.penha.sc.gov.br/uploads/454/imagens/1445578.jpg</p><p>32</p><p>Dessa forma, quando o cidadão procura o profissional na instituição, ele na verdade</p><p>está diante de uma mediação fundamental: aquele que detém um conhecimento e que pode</p><p>viabilizar ações que possibilitam concretizar o acesso a serviços, benefícios previstos na(s)</p><p>política(s) social(ais).</p><p>Entretanto, não está nas mãos de um único profissional a viabilização dos direitos,</p><p>do acesso, do atendimento. O que perfaz os atendimentos das demandas encaminhadas</p><p>pelo cidadão é o conjunto das ações oferecidas pela instituição, pelos serviços acessados,</p><p>o que vai mobilizar o trabalho dos profissionais de nível superior, como também o trabalho</p><p>de várias outras ocupações, mesmo que de formação em nível médio ou elementar. Nessa</p><p>linha, proponho um discernimento necessário entre a natureza da resposta institucional e</p><p>aquela profissional.</p><p>Se é verdade que não se constroem as respostas institucionais sem a realização de</p><p>ações das diversas profissões, portanto sem a construção de respostas profissionais às</p><p>requisições, destaco o que fazem os profissionais como “respostas”, porque são elaboradas</p><p>com base nas escolhas que fazemos e com teorias que mobilizamos e de instrumentos que</p><p>usamos, perfazendo a nossa presença e as nossas respostas nas instituições.</p><p>Ainda que seja acertado</p><p>pensar que a resposta será sempre incompleta diante da</p><p>contradição presente nas desigualdades e no reconhecimento das expressões da questão</p><p>social na organização de serviços nas instituições. São respostas, porque são</p><p>posicionamentos e ações e, nesse processo, podemos identificar a necessidade de</p><p>condições éticas e técnicas para os profissionais.</p><p>Poder e autonomia profissional são uma questão necessária aqui e, por isso,</p><p>ressaltamos que nós não respondemos à demanda institucional, nós respondemos às</p><p>requisições que são colocadas na instituição, mas que precisam passar pelo crivo da nossa</p><p>autonomia, da nossa capacidade de interpretação e de leitura da realidade. A requisição é</p><p>construída por sujeitos concretos - pela gestão, pelo usuário, pelos outros profissionais - e</p><p>chega filtrada pelos interesses e interpretações desses sujeitos.</p><p>Nas situações que enfrentamos na realidade de hoje, estão em questão, nas</p><p>instituições, a legitimidade e a reafirmação da legalidade posta pela capacidade e pela</p><p>responsabilidade de os profissionais avaliarem e opinarem sobre o que está sendo</p><p>requisitado. Quando o profissional exerce o seu poder de análise, de proposição, ele também</p><p>está interferindo na constituição das demandas institucionalizadas, pode estar contribuindo</p><p>33</p><p>para que demandas ainda não explicitadas possam ser reconhecidas, possam ser objeto de</p><p>lutas por direitos, alargando-se as demandas legitimadas e institucionalizadas.</p><p>A concretização dessas possibilidades é viabilizada pela realização de atribuições e</p><p>competências profissionais que se sustentam na autonomia profissional e que são</p><p>construídas historicamente, marcada por condições objetivas contraditórias. Se a autonomia</p><p>é relativa, e isso parece ser consensual, precisamos discutir em que concepção ela é</p><p>relativa: pode ser entendida como relativa devido ao fato de o exercício profissional passar,</p><p>cada vez com mais frequência, necessariamente, pelo assalariamento, mesmo as profissões</p><p>com maior possibilidade de venda autônoma de seus serviços no mercado; pode ser que a</p><p>autonomia seja fazer o que me compete e fazer o que é definido pela instituição onde eu</p><p>atuo; outra possibilidade é reforçar a autonomia liberal, em que eu coloco meu saber para</p><p>fazer o que o outro define.</p><p>http://1.bp.blogspot.com/-eJY9mDrOqOM/VUpBpOkpQdI/AAAAAAAAA3E/GbrArOhEFy4/s1600/1.png</p><p>Essa é a concepção de autonomia muito vendida no mercado, assentada na</p><p>competência individual, que é vista como responsabilidade apenas do profissional, pois ele</p><p>vende a si mesmo, ele não vende a força de trabalho, mas o produto que é ele próprio, com</p><p>os cursos que ele fez, com as habilidades que tem. Consequentemente, quem define o que</p><p>34</p><p>se faz é quem compra no mercado das profissões, sem qualquer possibilidade de</p><p>interferência da autonomia profissional, condicionada aqui às exigências do mercado</p><p>competitivo. Essa lógica não está somente no setor privado, mas no serviço público também.</p><p>Isso se torna mais presente num contexto de mercado de trabalho em que estão</p><p>consolidadas algumas tendências para os trabalhadores dos serviços sociais: polivalência</p><p>nas atividades, contratação por cargos genéricos, padronização de atribuições que todos</p><p>podem fazer, com uma diluição das particularidades das profissões; cumprimento de</p><p>jornadas semanais de trabalho que não se realiza em todos os dias da semana, o que</p><p>proporciona um rodízio de profissionais na instituição, fazendo com que a equipe não esteja</p><p>completa em todos os dias e, quando o usuário leva suas demandas, elas são traduzidas</p><p>em requisições profissionais indiscriminadas, a serem atendidas pelo “profissional do dia”,</p><p>independentemente de sua formação.</p><p>Portanto, quem opina e define a organização do trabalho dos profissionais não são</p><p>eles próprios, mas a instituição, numa preocupação em oferecer alguma resposta à</p><p>demanda, sem tornar relevante a qualidade dessa resposta, mas o quantitativo de</p><p>atendimentos, o que facilita o cumprimento de metas definidas pela gestão gerencialista.</p><p>Não é essa a concepção de autonomia do projeto ético-político do Serviço Social,</p><p>pois defendemos uma autonomia que tenha princípios definidos no contexto da luta de</p><p>classes, ainda que permeado pelas contradições e pelos limites do exercício profissional no</p><p>capitalismo. Defendemos que o referencial seja coletivo, possibilitando escolhas</p><p>profissionais individuais, referenciadas não somente no que defende a categoria, mas nos</p><p>valores defendidos por todos que têm os interesses da classe trabalhadora como parâmetro.</p><p>A nossa discussão não é se a autonomia é relativa ou absoluta, mas o que</p><p>entendemos por autonomia, no sentido da escolha profissional. Muito menos a questão não</p><p>é se a autonomia depende do tipo de vínculo empregatício do profissional, ainda que seja</p><p>verdade que a relação de assalariamento é uma relação capitalista, que interdita o trabalho</p><p>criativo e cujo processo nem sempre é definido por quem trabalha, e também que a</p><p>autonomia será mais dificultada se a relação de trabalho não estiver protegida legalmente.</p><p>Colocamos esses pontos em questionamento, justamente porque estamos falando</p><p>de um tipo de assalariamento que se dá pela formação e aquisição de uma autoridade e de</p><p>uma responsabilidade profissional, portanto, trata-se de um assalariamento com uma</p><p>mediação diferenciada, especialmente para as profissões regulamentadas: a capacidade e</p><p>35</p><p>a necessidade de escolhas fundadas em análises científicas sobre a realidade e assumidas</p><p>com responsabilidade ética, e por meio de ações reguladas. Precisamos ter clareza das</p><p>nossas prerrogativas éticas, pois elas não são só nossas, do Serviço Social, já que a</p><p>sociedade as reconhece na lei federal que regulamenta a profissão.</p><p>Consideramos que as prerrogativas profissionais não são abstratas, mas</p><p>determinadas pelas condições em que se organiza a divisão sociotécnica do trabalho e</p><p>também as contradições que permeiam: as condições concretas das políticas sociais, a</p><p>política econômica, a organização dos trabalhadores e a luta por direitos, a destinação do</p><p>fundo público, a cultura institucional, as condições de assalariamento no trabalho nos</p><p>serviços, dentre outros.</p><p>Um exemplo das contradições é a conquista do concurso do INSS, em que os</p><p>assistentes sociais nomeados têm seu trabalho permeado por dificuldades com a</p><p>gerencialização da gestão institucional, com as condições de trabalho e com a demarcação</p><p>das requisições profissionais, bem como com o desafio de afirmar as prerrogativas</p><p>profissionais em um cargo genérico, ainda que definido pela formação específica exigida no</p><p>concurso. Assim como precisamos entender como a principal instituição de previdência é</p><p>responsável por benefícios da assistência social.</p><p>http://vitorprevestibular.com.br/wp-content/uploads/2016/04/assistente-social.jpg</p><p>36</p><p>Para concluir, ressalto ser necessário encarar com tranquilidade e com vigor as</p><p>disputas entre os profissionais, disputas permeadas por diferentes projetos de profissão e</p><p>de sociedade. O limite entre as profissões é tênue, ainda assim, acredito ser possível</p><p>defender a legitimidade e a legalidade de nosso posicionamento profissional, tanto individual</p><p>quanto coletivo, de preferência articulados com outras profissões que compartilhem dos</p><p>mesmos princípios. Não precisamos ter medo, temos fundamentação legal, legitima.</p><p>Entretanto, só seremos fortes se nos colocarmos em um coletivo crítico e atuante,</p><p>organizado nos locais de trabalho e parametrados em nossa organização política regional e</p><p>nacional.</p><p>A organização política é fundamental, pois o papel da profissão não é definido</p><p>somente pelas demandas e pelas requisições, mas também definido pelo posicionamento</p><p>da categoria acerca da realidade e sobre o papel do Serviço Social, sobre suas atribuições</p><p>e competências. O movimento de defesa da profissão precisa do engajamento</p><p>de cada</p><p>profissional e acertadamente a defesa da nossa profissão é a defesa de valores muito mais</p><p>amplos que a nossa inserção no mercado de trabalho.</p><p>O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AOS</p><p>BENEFICIÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO</p><p>CONTINUADA</p><p>O profissional do serviço social tem uma atuação ativa no que se refere ao Benefício</p><p>de Prestação Continuada, podendo elaborar análise socioeconômica para a concessão do</p><p>benefício, na revisão bienal do BPC e também quando interposto recurso, ou instaurado</p><p>procedimento pelas partes através da Justiça Federal.</p><p>O Benefício de Prestação Continuada não é aposentadoria, nem Renda Mensal</p><p>Vitalícia, também é intransferível, não gerando direito à pensão ou pagamento de resíduo a</p><p>herdeiros sucessores, por isso deve ser revisto a cada 02 anos (LOAS, Artigo 21), a fim de</p><p>que seja avaliado a continuidade das condições que lhe deram origem.</p><p>37</p><p>O objetivo principal da revisão deve-se ao fato de procurar manter sob proteção</p><p>aqueles que dependem do BPC para prover sua própria manutenção, não tendo condições</p><p>de inserção no mercado de trabalho.</p><p>O processo de revisão do BPC é executado exclusivamente por Assistentes Sociais,</p><p>devidamente regularizados no CRESS, sendo essencial à realização de visitas nos</p><p>domicílios dos beneficiários ou nas instituições onde estiveram abrigados.</p><p>A Secretaria de Estado da Assistência Social - SEAS, indica a prioridade de</p><p>contratação de Assistentes Sociais para esta tarefa, reconhecendo a necessidade de um</p><p>amplo diagnóstico social que visa caracterizar os níveis de vulnerabilidade do beneficiário.</p><p>A responsabilidade deste trabalho, normalmente é atribuído às prefeituras municipais, por</p><p>ser este órgão o gestor das Ações descentralizadas. Isto posto, a municipalidade tem</p><p>autonomia para delegar a entidades idôneas onde o profissional desenvolverá o</p><p>procedimento de revisão.</p><p>Nesta avaliação, o Assistente Social deverá verificar junto aos beneficiários, a</p><p>possibilidade de participação em atividades que possam viabilizar a reabilitação, a</p><p>qualificação profissional, e consequentemente as condições que possam remetê-lo a</p><p>inclusão no mercado de trabalho, tornando-o independente.</p><p>http://www.duquedecaxias.rj.gov.br/portal/images/fabio8/Assistentes_sociais_e_peritos_tiram_d%C3%BAvidas_e_esclarecimentos_sobr</p><p>e_a_Previd%C3%AAncia_Social.jpg</p><p>38</p><p>Portanto, a revisão do BPC em cada cidade deve-se preceder de divulgação através</p><p>das prefeituras, cabendo ainda ao município destacar e treinar assistentes Sociais para a</p><p>função. Posteriormente, as vias originais de todos os instrumentais utilizados deverão ser</p><p>enviados à Superintendência do INSS em seu Estado, com os dados obtidos de cada</p><p>benefício.</p><p>Em se tratando deste benefício, o profissional do serviço social desenvolve a função</p><p>autônoma de Perito Social, nos procedimentos instaurados nas subseções da Justiça</p><p>Federal de cada município ou região (se o município não contar com subseção da Justiça</p><p>Federal), decorrente da negativa do INSS em liberar o benefício5.</p><p>5 Texto extraído do link: http://www.aasptjsp.org.br/artigo/benef%C3%ADcio-de-presta%C3%A7%C3%A3o-continuada-</p><p>bpc-e-o-servi%C3%A7o-social, autora Maria Luzia Clemente</p><p>39</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>2º Seminário nacional de Serviço Social na Previdência Social. Conselho Federal de</p><p>Serviço Social (CFESS), Brasília, 2015. Disponível em:</p><p>http://www.cfess.org.br/js/library/pdfjs/web/viewer.html?pdf=/arquivos/2015-</p><p>Livro2SeminarioPrevidencia-Site.pdf. Acesso em: 22/02/2016.</p><p>A trajetória da seguridade social no brasil - 70 anos do serviço social na previdência</p><p>social. Disponível em: http://cress-sc.org.br/wp-content/uploads/2014/08/70-Anos-SS-</p><p>Previdencia.pdf. Acesso em: 22/02/2016.</p><p>ALTOÉ, Sônia. Sujeito do Direito, Sujeito do Desejo. Rio De Janeiro: Revinter, 1999.</p><p>ARRETCHE, M. Estado Federativo e Políticas Sociais: Determinantes da</p><p>Descentralização. Rio De Janeiro: Revan, 2000.</p><p>Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Serviço Social. Disponível em:</p><p>http://www.aasptjsp.org.br/artigo/benef%C3%ADcio-de-presta%C3%A7%C3%A3o-</p><p>continuada-bpc-e-o-servi%C3%A7o-social. Acesso em: 22/02/2016.</p><p>BRASIL, Lei nº 8.742. Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). Brasília: DF, 7 de</p><p>dezembro de 1993.</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.</p><p>CASTEL, Robert. As Metamorfoses da Questão Social. Uma Crônica do Salário.</p><p>Petropólis. Rj.1998.</p><p>DRAIBE, Sônia. As Políticas Sociais nos Anos de 1990. In: Baumann, R. Brasil, Uma</p><p>Década Em Transição. Rio De Janeiro: Campus, 1999.</p><p>FALEIROS, V. P. Estratégias em Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1999.</p><p>GONÇALVES, Hebe S. (Org.) Organizações Não-Governamentais: Solução Ou</p><p>Problema? São Paulo: Estação Liberdade, 1996.</p><p>HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. 2a Ed. S.P.,</p><p>Companhia Das Letras, 1995.</p><p>O Papel do Assistente Social Junto Aos Beneficiários do Benefício de Prestação</p><p>Continuada. Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/servicos-ao-</p><p>cidadao/informacoes-gerais/servico-social/. Acesso em: 22/02/2016.</p><p>RAICHELIS, Rachel. Esfera Pública e Conselhos de Assistência Social - Caminhos da</p><p>Construção Democrática. São Paulo: 1998.</p><p>40</p><p>SANT'ANNA, W & Paixão, M. Desenvolvimento Humano e População Afro-Descendente</p><p>no Brasil: Uma Questão de Raça. In: Proposta, N°73, 1997.</p><p>Santos, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário / Marisa Ferreira dos Santos. – 7. ed. –</p><p>São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 25)</p><p>SARTI, Cíntia. A Assimetria no Atendimento de Saúde: Quem é o necessitado? XXII</p><p>Encontro Anual Da Anpocs, Caxambu, Mg, 1998.</p><p>SCABINI, E. Ciclo de Vida e Ciclo de Saúde Familiar. In: M. Mombelli. Ciclo de Vida e</p><p>Dimensão Familiar. Milão: Vita e Pensiero, 1992.</p><p>SPOSATI, Aldaíza, Fleury, Sônia e Falcão. Os Direitos Dos (Des)Assistidos Sociais. São</p><p>Paulo: Cortez, 1991.</p><p>41</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Serviço Social na Previdência: Atuação do Assistente Social na</p><p>Concessão do Benefício de Prestação Continuada</p><p>Autora: Adryely da Rocha Fontes</p><p>Disponível em: http://www.riachaonet.com.br/artigo-servico-social-na-previdencia-atuacao-do-</p><p>assistente-social-na-concessao-do-beneficio-de-prestacao-continuada/</p><p>Acesso em: 15/12/2015</p><p>RESUMO</p><p>Este artigo apresenta uma análise da atuação do Assistente Social em âmbito previdenciário, destacando sua</p><p>contribuição na concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), tendo em vista os limites e</p><p>possibilidades contemporâneos postos à intervenção deste profissional. Para tanto, realizou-se uma pesquisa</p><p>de campo, junto à Agência de Previdência Social de Picos-PI, que permitiu aprofundar a discussão em torno</p><p>do tema. O estudo torna-se relevante, visto a necessidade de afirmação dos direitos sociais, em terreno</p><p>adverso de avanço neoliberal sobre as políticas sociais. A atuação deste profissional permite mediar o acesso</p><p>dos usuários do BPC aos seus direitos, afirmando o compromisso ético-político da categoria direcionado à</p><p>defesa da classe trabalhadora.</p><p>Palavras-chave: Serviço Social. Previdência Social. Atuação Profissional. Benefício de</p><p>Prestação Continuada (BPC).</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O avanço neoliberal diante das políticas sociais tem sido um debate bastante</p><p>recorrente nas produções teóricas recentes. O crescente desmonte dos direitos sociais tem</p><p>ocasionado a massificação das expressões da Questão Social, bem como as suas formas</p><p>de combate à elas, pautadas em ações paliativas e emergenciais de ordem estatal no âmbito</p><p>42</p><p>das políticas, desmobilização dos movimentos de luta da classe trabalhadora, entre outras</p><p>(BEHRING e BOSCHETTI, 2010).</p><p>O profissional de Serviço Social posiciona-se na contramão dessa marcha neoliberal</p><p>a favor dos direitos, afirmando o compromisso com o projeto ético-político hegemônico na</p><p>categoria,</p><p>posicionando-se na defesa intransigente dos direitos humanos e ao lado das lutas</p><p>sociais pelo reconhecimento dos direitos da massa da população.</p><p>Neste contexto, a atuação do Assistente Social no campo previdenciário abrange</p><p>toda a população requerente dos serviços e benefícios da Previdência Social, e</p><p>especificamente, no processo de concessão de BPC, viabilizando a efetivação do direito no</p><p>cotidiano dos usuários.</p><p>Justifica-se o foco desta pesquisa, percebendo que o trabalho deste profissional tem</p><p>uma participação neste processo de concessão deste benefício. Sendo assim, objetiva-se</p><p>compreender os limites e possibilidades contemporâneos postos à atuação do Assistente</p><p>Social frente ao BPC.</p><p>A pesquisa foi realizada inicialmente com base em pesquisa bibliográfica, que</p><p>possibilitou o conhecimento acerca do tema. Posteriormente, em pesquisa de campo,</p><p>permitiu-se o contato com a realidade trabalhada e a visualização do cotidiano da Agência</p><p>de Previdência Social de Picos-PI, na demanda usuária por benefícios e serviços, e a</p><p>atuação do Assistente Social neste processo.</p><p>O debate aqui engendrado percorreu, inicialmente, os aspectos históricos do Serviço</p><p>Social na Previdência Social, para se entender os antecedentes da profissão neste espaço</p><p>sócio ocupacional. Posteriormente, direcionou-se para uma discussão sobre a Política</p><p>Nacional de Assistência Social, com foco no Benefício de Prestação Continuada (BPC), para</p><p>que fosse possível situar o debate em torno da Agência de Previdência Social de Picos-PI.</p><p>1. SERVIÇO SOCIAL NA PREVIDÊNCIA: ASPECTOS HISTÓRICOS</p><p>Considerando o Serviço Social como uma profissão histórico, visualiza-se a</p><p>necessidade de situá-la em cada conjuntura da qual fez parte, abarcando suas protoformas</p><p>e o desenvolvimento das práticas profissionais, até se chegar ao que se tem hoje.</p><p>43</p><p>O Serviço Social surge, no Brasil, sob a “iniciativa particular de grupos e frações de</p><p>classe, manifestadas por meio da Igreja Católica”. As ações desenvolvidas pelos primeiros</p><p>Assistentes Sociais voltam-se basicamente para filantropia e caridade. O tratamento moral</p><p>das expressões da Questão Social, que vinham se alastrando pela sociedade, consequência</p><p>da exploração capital X trabalho, eram feitas sob os indivíduos de modo a incidir “sobre</p><p>valores e comportamentos de seus clientes, na perspectiva de sua integração nas relações</p><p>sociais vigentes” (YAZBEK, 1999, p. 22).</p><p>Em 1936, funda-se a primeira escola de Serviço Social, em São Paulo. A base</p><p>fundante das ações ancorava-se nas encíclicas papais Rerum Novarum e Quadragésimo</p><p>Anno, que tendiam a fortalecer o pensamento da Igreja Católica nas práticas profissionais,</p><p>além de fincar na sociedade os ideais burgueses de conformação social dos indivíduos</p><p>(MARTINELLI, 2001).</p><p>Foi somente a partir da década de 1940, com a passagem do capitalismo para a</p><p>fase monopólica, que o Serviço Social passa a se institucionalizar, juntamente com o</p><p>acirramento da questão social, o Estado diante da insatisfação popular, vê-se obrigado a</p><p>responder às demandas da sociedade, através de concessões – na forma de políticas</p><p>sociais – para consolidar o sistema capitalista, e controlar o movimento dos trabalhadores.</p><p>Essas práticas alienadas e alienantes que durante muito tempo permearam a profissão,</p><p>configuraram ao Serviço Social um fazer fragmentado, que tratava os problemas apenas na</p><p>sua superficialidade.</p><p>Com o trânsito da história, a profissão vai desempenhando práticas que, a partir de</p><p>1960, já não davam mais conta da realidade local. As expressões da Questão Social</p><p>extrapolavam as respostas que estavam sendo dadas, meramente filantrópicas. Neste</p><p>contexto, o Serviço Social busca repensar a suas ações, teorias e métodos de abordagem</p><p>do real, caminhando para o que, nos termos de Netto (2005), denomina-se Movimento de</p><p>Reconceituação.</p><p>Esse movimento foi a maior expressão de teorização do Serviço Social no Brasil,</p><p>que buscava uma nova identidade para a profissão, propiciada pela reflexão critica dos</p><p>profissionais sobre as práticas até então desempenhadas, caracterizadas como</p><p>conservadoras e tradicionais.</p><p>Este contexto propiciou as bases para a elaboração de um novo perfil profissional</p><p>comprometido com a classe trabalhadora, a partir de uma ruptura com as práticas anteriores,</p><p>44</p><p>viabilizando a construção do projeto ético-político do Serviço Social, que caminha na direção</p><p>de transformação da ordem social vigente.</p><p>Conforme Netto (2005, p. 144), o projeto ético-político</p><p>apresentam a autoimagem da profissão, elegem os valores que a legitimam</p><p>socialmente, delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulam os requisitos</p><p>(teóricos, práticos e institucionais), prescrevem normas para o comportamento dos</p><p>profissionais e estabelecem as bases para as relações com os usuários de seus</p><p>serviços, com outras profissões e com as organizações e instituições sociais e</p><p>públicas.</p><p>Essa discussão permitiu apreender as bases históricas que influenciaram a</p><p>profissão, bem como seu desenrolar na história, para que assim fosse possível direcionar o</p><p>debate para o Serviço Social na Previdência.</p><p>Conforme Silva (2008), o Serviço Social entra no campo previdenciário a partir da</p><p>elaboração do Ofício Circular nº 250, do então chefe do Departamento Nacional de</p><p>Previdência Social, que define as linhas diretivas gerais para a profissão, nas Seções de</p><p>Serviço Social, organização de seções de serviço social, lotação nas referidas seções dos</p><p>servidores com curso regular de “assistência social”, distribuição, sob regime de</p><p>adiantamento de “pequena dotação para fazer face às despesas miúdas, passagens a</p><p>serviço etc.”, controle de registro de entrada e saída dos servidores, observadas as</p><p>necessidades dos “trabalhos de serviço social”, colaboração dos diversos órgãos da</p><p>instituição, não aumento de despesa concessão de bolsas de estudo para “o preparo de</p><p>novos servidores nessa relevante atividade” (SILVA, 2008, p. 20).</p><p>As ações eram voltadas basicamente para o bom funcionamento da Previdência</p><p>Social, subsidiando seus interesses junto aos segurados, atuando no ajustamento destes</p><p>indivíduos, a partir de ações complementares, focalistas, moralizantes, residuais, seletivas</p><p>e individualizantes, tratando dos problemas no relacionamento com a Previdência Social.</p><p>Na década de 1970, registra-se na inquietação com práticas desempenhadas,</p><p>consideradas tradicionais. Buscava-se um novo fazer, não mais assistencialista, e direciona-</p><p>se o olhar da profissão para a meta da promoção social, sem mesmo explicitar do que se</p><p>trataria (SILVA, 2008).</p><p>Elaboram-se dois Planos Básicos de Ação (1972 e 1978) que tinham por objetivo</p><p>orientar as ações profissionais, no sentido de educar os trabalhadores para a formação de</p><p>atitudes para o trabalho, na preocupação de manter um bom relacionamento com a</p><p>45</p><p>instituição previdenciária, além de correção de disfunções sociais, encaradas como</p><p>problemas dos indivíduos que deveriam ser corrigidos, contribuindo para o seu</p><p>“funcionamento social” (FALEIROS, 2008).</p><p>Assim, compreende-se porque a atuação profissional do Assistente Social por muito</p><p>tempo permaneceu conservadora. Ainda que esses planos viessem para orientar um novo</p><p>fazer profissional, não expressam uma ruptura com as bases mais tradicionais da profissão,</p><p>tendo em vista continuar limitado à atender as demandas e os interesses da instituição</p><p>previdenciária.</p><p>É preciso entender que a ruptura com as bases conservadoras que perpassaram o</p><p>Serviço Social se deram de forma gradativa, passando por momentos de grandes avanços,</p><p>a exemplo da aproximação com as bases teóricas marxistas, o III Congresso Brasileiro de</p><p>Assistentes Sociais, a construção de um projeto profissional comprometido com as</p><p>demandas da classe trabalhadora, refletindo no Serviço Social previdenciário, que agora</p><p>desperta para uma ruptura com os paradigmas envelhecidos de 1972 e 1978.</p>

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