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<p>Gestão de um</p><p>Departamento</p><p>de saúde</p><p>Rafael Teixeira</p><p>Especialização</p><p>Fisioterapia no Futebol</p><p>http://futebolinterativo.com</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>Copyright 2024 Futebol Interativo / São Paulo – SP ©</p><p>Este material é de propriedade do Futebol Interativo,</p><p>é proibida qualquer reprodução sem autorização prévia.</p><p>Design Gráfico e Interativo</p><p>José Design</p><p>http://instagram.com/futebolinterativobr</p><p>https://www.youtube.com/futebolinterativobr</p><p>https://linkedin.com/company/futebolinterativo</p><p>http://facebook.com/futebolinterativobr</p><p>http://futebolinterativo.com</p><p>3</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>FISIOTERAPEUTA NA FERROVIÁRIAS/A</p><p>POSSUI GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA PELA</p><p>UNIVERSIDADE DE ARARAQUARA (UNIARA).</p><p>ESPECIALISTA EM FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO E</p><p>TREINAMENTO RESISTIDO PELA FACULDADE DE</p><p>MEDICINA DA USP (FMUSP).</p><p>ATUALMENTE É FISIOTERAPEUTA</p><p>NA FERROVIÁRIA FUTEBOL S/A.</p><p>Rafael Teixeira Rafael Teixeira Rafael Teixeira</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>Sumário</p><p>CONCEITO DE GESTAO EM UM</p><p>DEPARTAMENTO DE SAÚDE ...................................................6</p><p>INTEGRANTES MAIS COMUNS DO</p><p>DEPARTAMENTO DE SAÚDE ...................................................9</p><p>CULTURA ORGANIZACIONAL ................................................ 12</p><p>PLANEJAMENTO E NIVELAMENTO CIÊNTIFICO ................... 13</p><p>CONCLUSÃO ......................................................................... 18</p><p>REFERÊNCIAS ...................................................................... 19</p><p>5</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>L</p><p>evando em conta as altas intensidades impostas pelas</p><p>cargas de treinamentos e de jogos, o Departamento de</p><p>Saúde é peça fundamental no Futebol para primeiramen-</p><p>te desenvolver estratégias de prevenção de lesão e pos-</p><p>teriormente suprir as demandas de reabi Iitação, sendo a lesão</p><p>considerada inerente ao esporte de alto rendimento.</p><p>Para tal atuação do Departamento de Saúde é necessário ter</p><p>em vista os objetivos almejados pelo clube, sobretudo a questão</p><p>de investimento e as metas a serem atingidas. Parte impres-</p><p>cindível é planejamento de infraestrutura e capital humano. Ou</p><p>seja, há a necessidade de um setor amplo suficiente para as</p><p>demandas envolvidas nos processos de Saúde, substancialmen-</p><p>te no que se refere a estrutura física de uma sala de avaliação</p><p>médica, física, cinético-funcional, espaço de reabi Iitação clínica</p><p>e funciona1, além de locais apropriados para atuação do setor</p><p>de Nutrição e atendimentos do setor de Psicologia e Desenvol-</p><p>vimento Humano.</p><p>Locais apropriados e organizados para atendimentos de atle-</p><p>tas das categorias envolvidas no clube. No que se diz respeito</p><p>a capital humano, o direcionamento deve levar em conta as</p><p>características necessárias compatíveis ao clube para admissão.</p><p>IniciaImente o pianejamento e estruturação de uma cultura</p><p>organizacionaI irá direcionar as estratégias de atuação. Cabe ao</p><p>clube definir diretrizes culturais levando em conta a proposta de</p><p>promoção de saúde, tanto física como mental, e desempenho</p><p>esportivo elevado. Para tal, objetivando os cuidados necessários</p><p>para o bem estar de todos os atletas, consequentemente con-</p><p>quistando um número maior de disponibilidade para treinos e</p><p>participação com desempenho desejável nas com petições. As</p><p>estratégias para atingir esses objetivos devem ser seguidas por</p><p>todos integrantes do Departamento de Saúde, sendo essas de</p><p>forma interdisciplinar e seguindo as diretrizes culturais na mesma</p><p>sinergia.</p><p>Conceitos metodológicos devem ser nivelados para os inte-</p><p>grantes envolvidos no Departamento de Saúde. Através de reu-</p><p>6</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>niões metodológicas e programas de aprendizagem continuada,</p><p>toda a equipe deve participar com intuito de atualização dos</p><p>conceitos técnicos em basa dos na Iiteratura científica, discus-</p><p>são clínica e organizacional de casos internos, alinhamento dos</p><p>objetivos e condutas desenvolvidos nas áreas de atuação.</p><p>Após entendimento da cultura organizacional do clube e o</p><p>alinhamento metodológico, se faz necessário a formação da di-</p><p>nâmica de trabalho. Sendo assim definidas as áreas de atuações</p><p>especificas e gerais de cada integrante, delineando uma estru-</p><p>turação hierárquicae organizacional das funções e responsabili-</p><p>dades, a dinâmica de trabalho é projetada através da produção</p><p>de procedimentos e protocolos para nortear as condutas.</p><p>Contendo vários profissionais de áreas diferentes e visões</p><p>distintas, a comunicação é essencial para fluxo de informações</p><p>entre os setores de Saúde e entre outros setores envolvidos.</p><p>Mediante das ferramentas de controle interno de dados, as in-</p><p>formações são arquivadas e disponíveis para consultas pelos</p><p>profissionais interessados. Porém, cabe à comunicações diárias</p><p>e pessoais ao decorrer das dinâmica de rotina, sendo objetivas</p><p>e eficientes para um trabalho harmônico e interdisciplinar.</p><p>Sendo assim, o Setor de Saúde deve se organizar com esses</p><p>conceitos mencionados para desenvolver um sistema de atendi-</p><p>mento ao atleta. Inicialmente elaborando métodos de avaliação</p><p>médica, física, cinético funcional, nutricional e psíquica. Com</p><p>base nesses dados são formuladas as primeiras estratégias de</p><p>prevenção de lesão e a busca de melhor desempenho, corrigindo</p><p>desequilíbrios ou limitação em alguma aptidão e desenvolvendo</p><p>capacidades nos atletas.</p><p>CONCEITO DE GESTAO EM UM</p><p>DEPARTAMENTO DE SAÚDE</p><p>Posteriormente, o setor deve estar preparado para os casos</p><p>de lesões musculoesqueléticas, sobretudo na Avaliação Médica</p><p>através de exame físico ou através de exame complementar de</p><p>imagens. Após o diagnóstico e prognóstico médico a fisioterapia</p><p>realiza a Avaliação Cinético Funcional, obtendo informações para</p><p>elaboração dos objetivos e condutas de reabilitação. Finalizando</p><p>7</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>a dinâmica com o retorno do atleta as atividades esportivas,</p><p>sendo esse acompanhado para evitar lesões recidivas.</p><p>Assim dizendo, a gestão de um Departamento de Saúde en-</p><p>volve vários profissionais trabalhando em uma dinâmica interdis-</p><p>ciplinar, seguindo a mesma sinergia em pró dos mesmos objeti-</p><p>vos. Para isso a necessidade de alinhamento e desenvolvimento</p><p>conjunto devem seguir diretrizes que definem as metas a serem</p><p>alcançadas, que envolvam um setor que tenha a capacidade de</p><p>deixar os atletas disponíveis para participar do máximo possível</p><p>de treinos e jogos, desenvolvendo o melhor desempenho e con-</p><p>quistando vitórias.</p><p>Apesar de a palavra gestão estar diretamente ligada ao mundo</p><p>empresarial, certa mente não está reduzida apenas a esse ramo.</p><p>Inquestionavelmente elas podem ser aplicadas a todas as orga-</p><p>nizações que reunam pessoas e recursos para alcance de uma</p><p>meta ou objetivo, como no caso de um Departamento de Saúde.</p><p>Sendo um departamento fundamental no futebol, sua gestão</p><p>deve atuar como facilitadora do funcionamento dos diversos</p><p>setores envolvidos e em sua organização esportiva. O estabe-</p><p>lecimento de objetivos e metas é o primeiro passo para a gestão.</p><p>Por definição, gestão é um conjunto de ações necessárias</p><p>para administrar uma organização em todas as suas áreas,</p><p>visando alcançar os seus objetivos de forma eficiente, promo-</p><p>vendo a integração de setores e a melhor utilização dos recursos</p><p>disponíveis. Sendo esses recursos podendo ser tanto materiais,</p><p>financeiros, tecnológicos ou de informação como de recursos</p><p>humanos.</p><p>Para criar um conjunto de ações é necessário ter o pleno co-</p><p>nhecimento da cultura do clube e suas diretrizes. Entender o grau</p><p>de comprometimento com o projeto além de compreender quais</p><p>recursos estão disponíveis e quais futuros investimentos serão</p><p>feitos, contudo, definir o que clube espera do Departamento de</p><p>Saúde e o que ele almeja como meta.</p><p>Assim, define-se o conjunto de ações através da integra-</p><p>ção dos vários setores presentes no clube que fazem</p><p>parte</p><p>do Departamento de Saúde, sendo eles o Setor Médico, de</p><p>Fisioterapia, de Enfermagem, da Preparação Física, da Fisio-</p><p>8</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>logia, Psicologia e Nutrição. Esses profissionais devem estar</p><p>alinhados quanto a dinâmica e metodologia de trabalho se-</p><p>guindo as diretrizes culturais, promovendo intersecção entre</p><p>áreas elaborando uma visão mais ampla a respeito das ações,</p><p>priorizando a construção do trabalho de maneira fragmentada,</p><p>revelando pontos em comum e favorecendo as análises críticas</p><p>a respeito das diversas abordagens para um mesmo assunto.</p><p>Esse conceito é conhecido por interdisciplinaridade. O Depar-</p><p>tamento de Saúde é composto por uma equipe interdisciplinar</p><p>que é formada por vários profissionais de diversas áreas que</p><p>trabalham em conjunto, e que tem coordenação de um gestor.</p><p>Figura 1. A dinâmica interdisciplinar é o estabelecimento em comum das</p><p>relações entre duas ou mais disciplinas ou ramos de conhecimento.</p><p>Para isso, a aplicação da gestão é de suma importância, uma</p><p>vez que essa gere todas essas áreas e integra esses setores.</p><p>Sendo a função de um Gestor tirar o melhor proveito das estru-</p><p>turas, das tecnologias, do capital e das pessoas para alcançar</p><p>as metas da organização no curto, médio e longo prazo.</p><p>Os integrantes do Departamento de Saúde devem trabalhar de</p><p>acordo com os limites e especificidades de sua formação, mas</p><p>conhecendo a ação individual de cada um dos outros membros.</p><p>Isto é, entre as especialidades do grupo, cada um deve inves-</p><p>tigar e contribuir com o que tem de melhor, sempre buscando</p><p>soluções que integrem e que complementem com as propostas</p><p>dos outros especiaIistas.</p><p>9</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>INTEGRANTES MAIS COMUNS DO</p><p>DEPARTAMENTO DE SAÚDE</p><p>As orientações devem seguir uma linha de trabalho dirigida</p><p>pelo Médico, que nesses casos, pode ser o Gestor do Departa-</p><p>mento e é o ponto de união dos diagnósticos e direcionamento</p><p>das dinâmicas.</p><p>A função do médico é essencial não apenas para cuidado do</p><p>atleta como um todo, mas como gestor de saúde do departa-</p><p>mento. Sua atuação é muito ampla e envolve o conhecimento</p><p>de todas as áreas da medicina, assim como: emergência, card</p><p>iologia, endocrinologia, imunologia, nutrologia, além claro, da</p><p>ortopedia. O cuidado com o atleta e a comunicação com todos</p><p>os profissionais envolvidos é peça chave para a gestão do de-</p><p>partamento de saúde, sendo essa umas das principais funções</p><p>do médico do esporte. Todo atleta apresentado pelo clube deve</p><p>fazer uma avaliação médica completa de forma rigorosa lide-</p><p>rada pelo médico. Incluindo exame físico ortopédico e gera1,</p><p>avaIiações card iológicas, exames laboratoriais, entre outros. O</p><p>objetivo é obter um amplo diagnóstico do estado de saúde e de-</p><p>tectar possíveis doenças. Em caso de alguma alteração, o atleta</p><p>irá passar por tratamento até apresentar condições seguras para</p><p>a pratica esportiva.</p><p>Durante os treinamentos e jogos a presença do médico é im-</p><p>portante para caso haja alguma emergência médica. No caso</p><p>de lesões ortopédicas durante as atividades esportivas a ava-</p><p>liação é imediata no local de treino. Assim, é possível presenciar</p><p>o mecanismo de lesão para otimizar a avaliação e prescrever o</p><p>tratamento junta mente com o fisioterapeuta.</p><p>A fisioterapia apesar de estar geralmente associada apenas</p><p>à recuperação das lesões dos atletas, tem papel principal na</p><p>participação do planejamento e execução de um protocolo de</p><p>prevenção de lesão. Sendo assim, o profissional da fisiotera-</p><p>pia deve ter um conhecimento amplo sobre avaIiação cinético</p><p>funcional, reabiIitação funcional, prevenção, retorno à atividade</p><p>esportiva, atendimento emergencial, entre outras atribuições da</p><p>área da fisioterapia esportiva.</p><p>10</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>A atuação do fisioterapeuta consiste na participação das</p><p>avaliações de pré-temporada para obtenção de dados para</p><p>construção e execução dos treinos preventivos, manutenção</p><p>das capacidades funcionais e queixas dos atletas, além da reabi</p><p>Iitação dos atletas que se lesionam durante as atividades. O fi-</p><p>sioterapeuta participa das rotinas diárias, tanto na parte clínica</p><p>como em campo para atendimentos emergenciais juntamente</p><p>com o médico e atua de forma integrada no acompanhamento da</p><p>preparação física com objetivo de prevenção. Fator determinante</p><p>para realização de uma partida de futebol, a preparação física</p><p>permite as condições e valências especificas para o desempe-</p><p>nho dos atletas. O preparador físico tem uma função essencial</p><p>atuando com um conjunto de ações com objetivo de desenvol-</p><p>ver, aperfeiçoar e estimular as aptidões físicas, técnicas e táticas</p><p>dos atletas, buscando sempre respeitar os limites e a adaptação</p><p>fisiológica. Com isso, esse prof issionaI tem participação direta</p><p>na prevenção de lesão e trabalha de forma integrada com o</p><p>Departamento de Saúde, controlando as proporções de cargas</p><p>de treinamento a curto e longo prazo, na qual está relacionada</p><p>as chances de lesões por sobrecarga ou destreinamento, e tem</p><p>o apoio do fisiologista para monitoramento e controle de todas</p><p>as cargas internas e externas.</p><p>O departamento fisiológico atua em dois grandes centros de</p><p>preocupação que é a saúde e o desempenho do atleta. Assim</p><p>sendo, o papel do fisiologista, além de monitorar as variáveis</p><p>fisiológicas que estão envolvidas nos treinos e jogos, é avaliar</p><p>as condições do atleta e reaIiza r prognósticos de desempenho.</p><p>Cada fisiologista possui suas próprias estratégias e métodos de</p><p>avaliação e de controle de carga de treinamento, assim como a</p><p>utilidade de recursos de análise de fatores bioquímicos. A função</p><p>desse profissiona I consiste em informar a comissão técnica e</p><p>departamento médico sobre as condições fisiológicas dos atle-</p><p>tas, realizar o acompanhamento longitudinal das adaptações</p><p>funcionais em decorrência dos treina mentas, coletar dados</p><p>científicos para dosagem de treinos, jogos para otimizar o de-</p><p>sempenho e contribuir de maneira objetiva e direta na prevenção</p><p>de lesões.</p><p>11</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>O setor psicológico e de desenvolvimento humano está cada</p><p>vez mais disseminado no futebol. Sua importância na comissão</p><p>técnica com uma participação interdisciplinar no Departamento</p><p>de Saúde é fundamental para oferecer.</p><p>A preparação psicológica é parte do processo de treinamento,</p><p>e tem como objetivo o estudo das diferentes dimensões psicoló-</p><p>gicas da conduta humana no contexto do futebol, analisando as</p><p>bases e efeitos psíquicos associados às ações esportivas, con-</p><p>siderando os processos psicológicos básicos, o efeito emocional</p><p>sobre o desempenho esportivo, a execução de tarefas esporti-</p><p>vas e aspectos de diagnóstico e intervenção nestes contextos.</p><p>Sendo assim, o psicólogo é responsável por medir o potencial do</p><p>atleta, avaliar as condições de treino e fazer a intermediação en-</p><p>tre o atleta e a comissão técnica, além de estimular a percepção</p><p>do próprio atleta em discriminar o que ocorre com seu corpo,</p><p>músculos, articulações, tendões e outros órgãos envolvidos na</p><p>execução do movimento e participar no processo prevenção de</p><p>lesão. (Samu lski, 2002).</p><p>O departamento de nutrição tem como finalidade oferecer aos</p><p>atletas o aporte nutricional necessário para garantir o melhor</p><p>desempenho nos treinamentos e jogos. Envolve tanto o trabalho</p><p>com a parte clínica, incluindo a avaliação de consumo aIimentar,</p><p>necessidades individuais, suplementos e composição corpora1,</p><p>como também o planejamento de refeições e gestão de serviços</p><p>de alimentação, com elaboração de cardápios para concentra-</p><p>ção, jogos, hotéis e centros de treinamento.</p><p>Uma alimentação equilibrada busca fornecer os nutrientes</p><p>necessários para garantir o desempenho físico, assegurar o</p><p>peso, contribuir na recuperação do atleta mais rapi da mente de</p><p>traumas e lesões eventuaImente provocadas nos treinos/jogos,</p><p>além de reforçar o sistema imunológico. Todo esse processo</p><p>é feito através de acom panhamento nutricional, da hidratação</p><p>e suplementação pré e pós treinos e jogos além de atividades</p><p>extras visando a conscientização quanto a uma alimentação</p><p>saudável. Portanto, o trabaIho da Nutrição é reaIizado durante</p><p>toda a temporada do atleta no clube, priorizando sempre a saúde</p><p>e o rendimento dos jogadores.</p><p>12</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>CULTURA ORGANIZACIONAL</p><p>A cultura organizacional são os princípios básicos compartilha-</p><p>dos e assimilados por todos integrantes. É considerado como a</p><p>essência do Departamento de Saúde, correspondendo às dire-</p><p>ções a serem tomadas e os com porta mentas dos integrantes,</p><p>sendo a identidade da organização e das dinâmicas de trabalho.</p><p>Como líder dessa organização, muitos clubes elegem o Mé-</p><p>dico como responsável e Gestor do Departamento com intuito</p><p>de liderança e gestão das dinâmicas. Contendo a proposta de</p><p>cooperação em que os integrantes partilham os pontos em co-</p><p>muns de cada área, o líder tem o papel de orientação baseada</p><p>em compromissos e responsa biIidades.</p><p>Assim, a cultura organizacional envolve as atitudes no am-</p><p>biente de trabalho, as regras formais e informais seguidas pelos</p><p>componentes, valores, normas, linguagem, estrutura física, entre</p><p>outros elementos que fazem do clube o que ele é.</p><p>Para estruturação e definição da Cultura Organizacional, na q</p><p>uaI vá de acordo com o que o clube pretende alcançar e tendo a</p><p>clareza dos objetivos, é necessário compreender as diretrizes e</p><p>valores do próprio clube, pois através desses princípios é possí-</p><p>vel a construção coletiva dos conceitos dentro do Departamento</p><p>de Saúde. Outro ponto de destaque se refere à contratação de</p><p>funcionários que respeitem os princípios cultura is preestabeleci-</p><p>dos e entendam as características do clube e do Departamento</p><p>quanto a sua identidade (Figura 2).</p><p>Figura 2. Exempio de um modelo de organograma no futebol. O</p><p>Departamento de Saúde é a integração interdisciplinar entre diferentes</p><p>Departamentos que estão envolvidos nos mesmos objetivos</p><p>13</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>PLANEJAMENTO E</p><p>NIVELAMENTO CIENTIFICO</p><p>A atualização técnica científica deve ser feita regularmente</p><p>com intuito de melhoria de todo setor. Periodicamente buscar</p><p>na literatura científica as atuais publicações relevantes e discutir</p><p>entre os integrantes do setor em reuniões de cunho metodoló-</p><p>gico. Importante que haja nivelamento técnico de toda equipe</p><p>para melhor desenvolvimento da dinâmica de trabalho, sendo</p><p>necessário o alinhamento técnico e do objetivo das propostas</p><p>de condutas. Através dessas reuniões metodológicas e de um</p><p>programa interno de aprendizagem continuada, os integrantes</p><p>do setor irão manter a atuaIização técnica científica necessária</p><p>e poderão gerar reflexões e discussões para desenvolvimento</p><p>das condutas e do próprio setor.</p><p>Além de reuniões metodológicas, a rotina de reuniões para</p><p>discussão de casos clínicos é extremamente importante para</p><p>alinhamento dos objetivos e condutas nos momentos de planeja-</p><p>mento de trabalhos preventivos, nos momentos de reabilitação e</p><p>nos critérios de retorno do atleta aos treinamentos e jogos. Além</p><p>dos planejamentos para definições de distribuição de demandas</p><p>e organização interna da dinâmica.</p><p>Fluxo de informações entre os setores</p><p>A qualidade da comunicação interna entre os setores é extrema-</p><p>mente importante para atualização e acompanhamento de todas</p><p>as situações pertinentes as rotinas e demandas. A comunicação</p><p>verbal e as comunicações não verba is são consideradas impor-</p><p>tantes mediadores de desempenho nas equipes, em muitos casos</p><p>a qualidade do fluxo de informação interno são associados à taxas</p><p>de lesões e disponibilidades de atletas em treinamentos e jogos</p><p>(Lausic, 2009). A comunicação é destacada como primordial para</p><p>uma equipe ter um funcionamento adequado e satisfatório. A inte-</p><p>ração entre os integrantes do departamento de saúde com funções</p><p>diferentes promove boas colaborações e facilitam as tomadas de</p><p>decisões. Por exemplo, após avaliação médica o diagnostico clinico</p><p>é discutido dentro do setor para definição do prognóstico e data</p><p>de retorno do atleta aos treina mentas e jogos.</p><p>14</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>Sendo assim, após essa definição formada pela análise clínica</p><p>do médico, avaliação funcional do fisioterapeuta, e o estado fisio-</p><p>lógico e físico apresentados pelo fisiologista e preparador físico,</p><p>é definido a data de retorno com segurança do atleta reduzindo</p><p>a probabilidade de um retorno prematuro e minimizar o risco de</p><p>uma lesão recidiva ou uma nova lesão. Contudo, essa informa-</p><p>ção é comunicada para outros setores envolvidos, sendo eles</p><p>para a comissão técnica e o departamento de futebol. Caso a</p><p>comunicação seja de baixa q uaIidade, provavelmente aumentará</p><p>as possibilidades de contratempo e conflitos, podendo promo-</p><p>ver tomadas de decisões unilaterais gerando ineficácia e riscos</p><p>(Grindem, 2076).</p><p>Sistema de atendimento ao atleta</p><p>A proposta do Departamento de Saúde deve estar em torno</p><p>da promoção de saúde e bem estar, prevenção de lesão e trata-</p><p>mento de doenças e lesões. Portanto, logo na apresentação dos</p><p>atletas é reaIizado um check up médico que inclui uma série de</p><p>exames como: cardiológico, laboratorial, ortopédicos entre ou-</p><p>tros. Além da análise de histórico de lesão e exame físico. Assim,</p><p>é realizado uma triagem para determinar se existem algum fator</p><p>problemático em potencial, lesões presentes ou suscetíveis, taI</p><p>como qualquer outra condição pré-existente.</p><p>O setor da fisioterapia realiza avaIiações cinético-funcionais</p><p>através de teste de equilíbrio de força dinâmico, avaliações de</p><p>biomecânica, análise do movimento, mobiIidade, flexibiIidade, en-</p><p>tre outros. O objetivo dessas avaliações é investigar as diferentes</p><p>estruturas do aparelho locomotor, levando em consideração o</p><p>gesto esportivo e o controle motor. Com os resultados das Ava-</p><p>liações médicas e fisioterápicas, podem ser elaboradas estraté-</p><p>gias de prevenção com intuito de minimizar os riscos de lesões</p><p>e consequentemente gerar melhorias no desempenho do atleta.</p><p>Sobretudo respeitando a individualidade e especificidade de cada</p><p>atleta, traçando trabaIhos específicos para cada indivíduo.</p><p>O protocolo de prevenção é elaborado de maneira conjunta</p><p>entre o Departamento de Saúde, utilizando a colaboração de</p><p>todos os integrantes em suas respectivas áreas de atuação.</p><p>15</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>Essa etapa de planejamento de programas e protocolos de</p><p>predição de lesão é um desafio para todo Departamento, pois</p><p>é necessário ter uma base teórica adequada e prática eficiente</p><p>para desenvolver o protocolo desejável.</p><p>A aplicação desse protocolo deve estar presente na rotina do</p><p>clube e dos atletas como diretriz cultural e de forma inegociável,</p><p>pois através dessas condutas os benefícios serão para todos</p><p>envolvidos, incluindo o atleta que tem a minimização dos riscos</p><p>de sofrer alguma lesão, trazendo bons resultados para o clube</p><p>com taxas de participação e desempenho.</p><p>De forma interdisciplinar é realizada a execução do trabalho</p><p>preventivo de lesão. A participação do fisioterapeuta é funda-</p><p>mental nessas rotinas para direcionar as demandas voltadas ao</p><p>aparelho locomotor, incluindo protocolos corretivos de biome-</p><p>cânica e gesto esportivo, além de todo trabalho integrado com</p><p>a preparação física para correção de desequilíbrios musculares</p><p>e mel hora no desempenho musculoesquelético. Privilegiando</p><p>também exercícios de caráter preventivos universais e direcio-</p><p>nados para cada demanda individual.</p><p>E importante salientar que a existência de relações significa-</p><p>tivas entre as lesões e o controle da carga de treinamento e</p><p>até mesmo com o desempenho das equipes de futebol estão</p><p>diretamente ligadas com o trabalho de prevenção (Gabbett,</p><p>2016). Assim a integração do departamento de fisiologia tem sua</p><p>participação integrada ao Departamento de Saúde, contribuindo</p><p>com planejamento e periodização dos treinos, otimizando as</p><p>condições físicas e minimizando o risco de lesões nos atletas.</p><p>O fisiologista pode utilizar de várias metodologias para moni-</p><p>torar os treinos e jogos, sendo as variáveis mais utilizadas para</p><p>quantificar a carga externa e interna aquelas derivadas do siste-</p><p>ma de posicionamento global (GPS: Global Positioning System)</p><p>e da escala de percepção subjetiva de esforço (RPE: Rating of</p><p>Perceived Exertion) (Gabbett, 2017).</p><p>A dinâmica inicia quando os atletas chegam no clube e antes</p><p>do treino preenchem um questioná rio sobre a qualidade do</p><p>sono, dores musculares e fadiga. Esses dados são analisados</p><p>por fisiologistas, preparadares físicos, médicos e fisioterapeutas,</p><p>16</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>junta mente com os dados obtidos na sessão do dia anterior,</p><p>para avaIiar se é necessário viabilizar modificações individuais da</p><p>carga de treinamento proposta para aquele dia de treinamento.</p><p>Contudo, é transmitido todas as informações para a comissão</p><p>técnica e planejado as dinâmicas de treinamento. Quando ocorre</p><p>a lesão em treinamentos e jogos, a abordagem deve ser ime-</p><p>diata como forma de proteger a integridade física do atleta. A</p><p>abordagem deve ser primeiramente do médico e fisioterapeuta</p><p>que estão fazendo o suporte em campo. Existe também a figura</p><p>cultural do massagista que está prontamente dando suporte</p><p>para os atendimentos emergenciais.</p><p>Caso tenha necessidade de afastamento do treino ou jogo, o</p><p>atleta é direcionado ao Departamento de Saúde para avaliações.</p><p>Primeiramente é avaliado pelo médico através de exame físico e</p><p>caso necessário complementado por exames de imagem. Tendo</p><p>o diagnóstico clinico realizado pelo médico, a função do fisiote-</p><p>rapeuta é avaliar as condições cinético funciona is e elaborar o</p><p>planejamento de tratamento. O prognóstico é debatido entre o</p><p>departamento e comunicado para outros setores.</p><p>Após sucesso na fase de tratamento da lesão, o atleta está</p><p>preparado para a fase de retorno ao jogo. Conhecida como fase</p><p>de Transição ou Return to Play {RTP), o retorno às atividades</p><p>esportivas é reaIizado através do aumento gradativo, progressivo</p><p>e controlado das cargas de treinamento. Os objetivos devem</p><p>ser definidos de acordo com os valores de referência prévios à</p><p>lesão e de acordo com os valores de referência dos atletas da</p><p>mesma idade e posição. Cada etapa deve apresentar objetivos</p><p>específicos e requisitos que permitam de forma objetiva perceber</p><p>a evolução do atleta e assim permitir a sua transição para outras</p><p>etapas. Todo processo de construção e intervenção deve ser</p><p>articula da interdisciplinarmente entre o médico e fisioterapeuta,</p><p>o fisiologista e a preparação física, assim como os critérios para</p><p>liberação do atleta para retorno definitivo aos treinamentos e</p><p>jogos, sendo que há a necessidade de acompanhamento pós</p><p>lesão para minimizar o risco de lesão recidiva (Figura 3).</p><p>17</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>18</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>CONCLUSÃO</p><p>O Departamento de Saúde é composto por uma equipe in-</p><p>terdisciplinar que é formada por vários profissionais de diversas</p><p>áreas que trabalham em conjunto na qual tem coordenação de</p><p>um gestor.</p><p>A Gestão de um Departamento de Saúde deve atuar como</p><p>facilitadora do funcionamento dos diversos setores envolvidos e</p><p>em sua organização esportiva.</p><p>A função do médico é essencial não apenas para cuidado do</p><p>atleta como um todo, mas como gestor de saúde do departa-</p><p>mento.</p><p>Um conjunto de ações deve ser criado através da integração</p><p>dos vários setores presentes no clube que fazem parte do De-</p><p>partamento de Saúde, levando em conta o pleno conhecimento</p><p>da cultura do clube e suas diretrizes.</p><p>A Cultura Organizacional é considerado como a essência do</p><p>Departamento de Saúde, correspondendo às direções a serem</p><p>tomadas e os comportamentos dos integrantes, sendo a identi-</p><p>dade da organização e das dinâmicas de trabalho.</p><p>A comunicação é destacada como primordial para uma equi-</p><p>pe ter um funcionamento adequado e satisfatório. A interação</p><p>entre os integrantes do departamento de saúde com funções</p><p>diferentes promove boas colaborações e facilitam as tomadas</p><p>de decisões.</p><p>19</p><p>GESTÃO DE UM DEPARTAMENTO DE SAÚDE / RAFAEL TEIXEIRA</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>Samulsk, D. Psicologia do Esporte. Barueri, SP: Manole, 2002.</p><p>Lausic D, Tennebaum G, Eccles D, et ai. lntrateam communication and</p><p>performance in doubles tennis. Res Q Exerc Sport, 2009.</p><p>Grindem H, Snyder-Mackler L, Moksnes H, et ai. Simple decision</p><p>rules can reduce reinjury risk by 84% after ACL reconstruction: the</p><p>Delaware-Oslo ACL cohort study. BrJ Sports Med, 2016.</p><p>Hagglund M, Walden M, Magnusson H, Kristenson K, Bengtsson</p><p>H, and Ekstrand J. Injuries affect team performance negatively in</p><p>professional football: an ll-year follow-up of the UEFA Champions</p><p>League injury study. British Journal of Sports Medicine, 2013.</p><p>Ekstrand J, et ai. Communication quality between the medical team</p><p>and the head coach/manager is associated with injury burden and</p><p>player availability in elite football clubs. Br J Sports Med, 2019.</p><p>Gabbett TJ. The training-injury prevention paradox: should athletes be</p><p>training smarter and harder? British Journal of Sports Medicine, 2016.</p><p>Gabbett, T. J., Nassis, G. P., Oetter, E., Pretorius, J., Johnston, N.,</p><p>Medina, D, Ryan,</p><p>A. The athlete monitoring cycle: a practical guide to interpreting and</p><p>applying training monitoring data. British Journal of Sports Medicine,</p><p>2017.</p><p>Anderson A. Silva, Natália F. N. Bittencourt, Luciana M. Mendonça,</p><p>Marcella G. Tirado, Rosana F. Sampaio, Sérgio T. Fonseca. Análise do</p><p>perfil, funções e habilidades do fisioterapeuta com atuação na área</p><p>esportiva nas modalidades de futebol e voleibol no Brasil. Rev Bras</p><p>Fisioter, 2011.</p><p>http://instagram.com/futebolinterativobr</p><p>https://www.youtube.com/futebolinterativobr</p><p>https://linkedin.com/company/futebolinterativo</p><p>http://facebook.com/futebolinterativobr</p><p>http://futebolinterativo.com</p><p>Fullscreen 18:</p><p>Button 8:</p><p>Fullscreen 23:</p><p>Page 2:</p><p>Button 16:</p><p>Page 2:</p><p>Button 17:</p><p>Page 2:</p><p>Fullscreen 22:</p><p>Page 3:</p><p>Page 4:</p><p>Page 5:</p><p>Page 6:</p><p>Page 7:</p><p>Page 8:</p><p>Page 9:</p><p>Page 10:</p><p>Page 11:</p><p>Page 12:</p><p>Page 13:</p><p>Page 14:</p><p>Page 15:</p><p>Page 16:</p><p>Page 17:</p><p>Page 18:</p><p>Page 19:</p><p>Button 10:</p><p>Page 3:</p><p>Page 4:</p><p>Page 5:</p><p>Page 6:</p><p>Page 7:</p><p>Page 8:</p><p>Page 9:</p><p>Page 10:</p><p>Page 11:</p><p>Page 12:</p><p>Page 13:</p><p>Page 14:</p><p>Page 15:</p><p>Page 16:</p><p>Page 17:</p><p>Page 18:</p><p>Page 19:</p><p>Button 11:</p><p>Page 3:</p><p>Page 4:</p><p>Page 5:</p><p>Page 6:</p><p>Page 7:</p><p>Page 8:</p><p>Page 9:</p><p>Page 10:</p><p>Page 11:</p><p>Page 12:</p><p>Page 13:</p><p>Page 14:</p><p>Page 15:</p><p>Page 16:</p><p>Page 17:</p><p>Page 18:</p><p>Page 19:</p><p>Fullscreen 19:</p><p>Button 15:</p>