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<p>(https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-</p><p>gs0080-fev-2023-grad-ead/)</p><p>1. Introdução</p><p>Seja bem-vindo(a)! Você iniciará o estudo de</p><p>, uma das disciplinas que compõem os cursos de graduação na</p><p>modalidade EaD.</p><p>Essa disciplina está dividida em cinco ciclos de aprendizagem, cada um deles</p><p>correspondendo a um grupo de conteúdos e objetivos especí�cos.</p><p>Tais conteúdos e objetivos visam contribuir para a formação do professor de</p><p>Geogra�a que atuará nos Anos Finais do Ensino Fundamental e no Ensino</p><p>Médio, com competência ética, política e técnica, além de habilidades e co-</p><p>nhecimentos voltados ao domínio de saberes geográ�cos e pedagógicos, ou</p><p>seja, com um per�l pro�ssional capaz de traduzir os conhecimentos especí�-</p><p>cos de sua área em linguagens e signi�cados coerentes com o estudo e a</p><p>aprendizagem geográ�ca na Educação Básica.</p><p>A proposta desta disciplina visa compreender os conceitos, os processos, a es-</p><p>trutura, o conteúdo do espaço e do sistema urbano e articulá-los aos estudos</p><p>dos indicadores e dinâmicas populacionais. Propicia, também, precedente a</p><p>essa parte, o conhecimento básico necessário, a partir do qual o aluno possa</p><p>construir um referencial teórico com base sólida sobre a linguagem universal</p><p>da Cartogra�a, área fundamental para o ensino da Geogra�a.</p><p>Além disso, a disciplina se pauta pelos princípios da pesquisa como estratégia</p><p>educativa e da formação para o entendimento das demandas educacionais da</p><p>atualidade, de modo a formar pro�ssionais comprometidos em seus processos</p><p>de auto(trans)formação, da produção acadêmica para a mudança da realidade</p><p>e da constituição das identidades e capacidades propositiva, investigativa e</p><p>criativa.</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>Por �m, os estudos dessa disciplina objetivam contribuir para a formação de</p><p>um professor-pesquisador da própria prática, capaz de constante avaliação</p><p>crítica a respeito de suas ações.</p><p>2. Informações da Disciplina</p><p>Ementa</p><p>A    colabora para a formação</p><p>pro�ssional do futuro professor de Geogra�a, no sentido de pensar as repre-</p><p>sentações grá�cas, enquanto uma Linguagem, e, portanto, exigindo conheci-</p><p>mentos cientí�cos e técnicos, mas também como fenômeno cultural e social.</p><p>São objetos de estudo: as Representações Grá�cas que, apesar de serem ver-</p><p>sões particulares como será exposto nos Fundamentos da Cartogra�a, descre-</p><p>vem relações espaciais a partir da visualização de imagem e de um conjunto</p><p>de dados que permitem leitura, análise e interpretações do mundo. Para tanto,</p><p>analisa-se Conceitos, Processos, Estrutura e Conteúdo do espaço e do sistema</p><p>urbano e articula-os aos estudos dos Indicadores e Dinâmicas Populacionais.</p><p>Neste sentido, aborda a História da Cartogra�a, a coletânea de Signos e os ele-</p><p>mentos cartográ�cos e aspectos que permitem a leitura e utilização de mapas,</p><p>tanto da Cartogra�a Sistemática quanto da Temática. A disciplina aborda ain-</p><p>da a Evolução do Sensoriamento Remoto aplicado à Geogra�a. No desenvolvi-</p><p>mento da Geogra�a Urbana e o seu Campo de Estudo aborda Conceitos,</p><p>Práticas Socioespaciais e Con�itos Socioambientais nas dimensões da análise</p><p>urbana e o Crescimento das cidades e Redes Urbanas. E aborda ainda o</p><p>Planejamento e a Produção do Espaço, a leitura do Planejamento e da Política</p><p>Urbana e a Metropolização do Espaço. Por �m, apresenta os Fundamentos da</p><p>Geogra�a da População e o Crescimento Demográ�co, além das principais</p><p>Estrutura da População. E os Movimentos Migratórios.</p><p>Objetivo Geral</p><p>Compreender os fundamentos e os princípios teóricos da Cartogra�a</p><p>Sistemática e Temática, bem como do Sensoriamento Remoto aplicado à</p><p>Geogra�a, e estudar os conceitos, os processos, a estrutura e o conteúdo do es-</p><p>paço e do sistema urbano e articulá-los aos indicadores e dinâmicas populaci-</p><p>onais.</p><p>Objetivos Especí�cos</p><p>• Conhecer os princípios teóricos da Cartogra�a Sistemática e da</p><p>Cartogra�a Temática e suas relações com a Geogra�a.</p><p>• Compreender os conceitos básicos e a evolução do Sensoriamento</p><p>Remoto.</p><p>• Compreender o campo e o objeto da Geogra�a Urbana, bem como os prin-</p><p>cipais conceitos referentes a estrutura e a dinâmica das cidades e do sis-</p><p>tema urbano.</p><p>• Identi�car os processos de crescimento urbano e a constituição de redes</p><p>urbanas bem como conhecer a teoria sobre o planejamento urbano e sua</p><p>aplicação no Brasil.</p><p>• Re�etir sobre os indicadores utilizados na análise populacional e aplicar</p><p>os conceitos e fundamentos da geogra�a urbana e da análise populacio-</p><p>nal na interpretação da realidade urbana local.</p><p>(https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-</p><p>gs0080-fev-2023-grad-ead/)</p><p>Ciclo 1 – O Espaço Como Representação</p><p>Carolina Doranti Tiritan</p><p>Objetivos</p><p>• Compreender as representações grá�cas enquanto uma linguagem.</p><p>• Analisar o espaço como representação.</p><p>• Introduzir os fundamentos teóricos da Cartogra�a, apresentando algu-</p><p>mas de�nições e a metodologia cartográ�ca.</p><p>Conteúdos</p><p>• Representações grá�cas enquanto uma Linguagem, exigindo conheci-</p><p>mentos cientí�cos e técnicos, mas também como fenômeno cultural e</p><p>social.</p><p>• Novos desa�os teóricos para o mapa a partir da análise do espaço como</p><p>representação.</p><p>• Introdução aos fundamentos da Cartogra�a, algumas de�nições e meto-</p><p>dologia cartográ�ca.</p><p>Problematização</p><p>O que são representações grá�cas? Quais são os novos desa�os teóricos para</p><p>os mapas? O espaço como representação: por que a necessidade da</p><p>Cartogra�a? Quais são os fundamentos teóricos e as de�nições da</p><p>Cartogra�a? Qual a relação entre Cartogra�a e Geogra�a? O que é localização</p><p>e orientação?</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit</p><p>Orientação para o estudo</p><p>Neste ciclo, ao realizar as leituras recomendadas, atente-se aos ciclos e tópi-</p><p>cos correspondentes, para não fugir ao tema estudado. Assista aos vídeos su-</p><p>geridos e não deixe de responder ao Quiz.</p><p>Bons estudos!</p><p>1. Introdução</p><p>Neste primeiro ciclo de aprendizagem, estudaremos</p><p>estatísticas, cen-</p><p>sitárias e geográ�cas do país. O IBGE inicia em 1939 a preparação do projeto</p><p>Carta do Brasil ao Milionésimo.</p><p>Após a conclusão da Carta, constatou-se a necessidade de preencher o imenso</p><p>vazio territorial brasileiro em escalas topográ�cas básicas. Por essa razão, o</p><p>IBGE passou a realizar esse trabalho e, em 1960, houve o planejamento e elabo-</p><p>ração do Plano da Carta do Brasil em Escala de 1:100.000.</p><p>De acordo com Dalcin (2007, p. 23), ao �nal do ano de 1985:</p><p>[...] 98,9% do território brasileiro encontrava-se mapeado; desse total, 61,2% veio a</p><p>ser mapeado pelo Serviço Geográ�co, 30,5% pelo Instituto Brasileiro de Geogra�a e</p><p>Estatística e 7,2% por terceiros.</p><p>Atualmente, o Brasil conta com alta tecnologia e o uso da computação grá�ca</p><p>para a realização do mapeamento cartográ�co, como a utilização de técnicas</p><p>associadas ao Sistema de Posicionamento Global (GPS) pelo IBGE, desde 1988,</p><p>e, ainda, imagens de satélite de alta resolução, bem como levantamentos</p><p>aerofotogramétricos em escalas de alto detalhamento. Tudo isso permite que a</p><p>elaboração de um mapa seja muito mais precisa.</p><p>Enquanto comunicação, os mapas são muito antigos. Cada povo nas suas dis-</p><p>tintas maneiras percebeu e produziu imagens espaciais e contribuiu para o</p><p>desenvolvimento da Cartogra�a: dos desenhos pré-históricos gravados em ca-</p><p>verna até a alta tecnologia e o uso da computação grá�ca, nos dias de hoje. A</p><p>sua estima, enquanto linguagem e comunicação, está materializada pelos ma-</p><p>pas, independentemente do material usado na sua produção. Para exempli�-</p><p>car essa abrangência e riqueza da cartogra�a, veremos a seguir vídeo intitula-</p><p>do "História: a história da cartogra�a e a importância dos mapas".</p><p>É interessante notar que o professor é historiador e faz uma relação entre pro-</p><p>dução de mapas, povos e o contexto vivido na época, inclusive do papel e im-</p><p>portância daquele que produz o mapa. Destaca também, assim como Marcello</p><p>Martinelli, a visão impregnada de quem elabora o mapa. É uma interpretação</p><p>acerca do território representado, a partir de escolhas que carregam o saber</p><p>socialmente construídos. Um saber que, enquanto produto social, está atrelado</p><p>ao poder. E isso é visível ainda hoje nos planisférios que encontramos nos ma-</p><p>teriais didáticos, por exemplo, elaborados a partir de uma visão eurocentrista.</p><p>Agora, para entender melhor a linguagem Cartográ�ca na formação do profes-</p><p>sor, acompanhe o vídeo que traz a palestra do prof. Dr. Francisco Rodríguez</p><p>Lestegás - Universidad de Santiago de Compostela (Espanha), proferida du-</p><p>rante o XIII Encontro Nacional de Prática de Ensino em Geogra�a - ENPEG, re-</p><p>alizado na cidade de Belo Horizonte, entre os dias 10 e 14 de setembro de 2017.</p><p>E para �nalizar o tópico, veremos o vídeo "Linguagem Cartográ�ca e</p><p>Geogra�a", que traz duas falas que associa a linguagem cartográ�ca e a</p><p>Geogra�a com a Covid-19. O vídeo tem início com a Profa. Dra. Míriam A.</p><p>Bueno (UFG/IESA) e, após, da Profa. Dra. Marquiana de Freitas Vilas Boas</p><p>Gomes (Unicentro-PR), e foram proferidas na XVII Semana de Geogra�a</p><p>UEG/UnU CSEH, em 2020.</p><p>No , apresentamos a subdivisão da cartogra-</p><p>�a em: cartogra�a sistemática e cartogra�a temática. Leia novamente esses</p><p>termos, tentando diferenciá-las.</p><p>Para aprofundar, realize a leitura do texto Cartogra�a Sistemática e Cartogra�a Temática,</p><p>da Prof.ª. Dra. Rosely Sampaio Archela,</p><p>.</p><p>http://www.monografias.com/pt/trabalhos/cartografia-sistematica-cartografia-tematica/cartografia-sistematica-cartografia-tematica.shtml</p><p>http://www.monografias.com/pt/trabalhos/cartografia-sistematica-cartografia-tematica/cartografia-sistematica-cartografia-tematica.shtml</p><p>http://www.monografias.com/pt/trabalhos/cartografia-sistematica-cartografia-tematica/cartografia-sistematica-cartografia-tematica.shtml</p><p>http://www.monografias.com/pt/trabalhos/cartografia-sistematica-cartografia-tematica/cartografia-sistematica-cartografia-tematica.shtml</p><p>http://www.monografias.com/pt/trabalhos/cartografia-sistematica-cartografia-tematica/cartografia-sistematica-cartografia-tematica.shtml</p><p>http://www.monografias.com/pt/trabalhos/cartografia-sistematica-cartografia-tematica/cartografia-sistematica-cartografia-tematica.shtml</p><p>http://www.monografias.com/pt/trabalhos/cartografia-sistematica-cartografia-tematica/cartografia-sistematica-cartografia-tematica.shtml</p><p>http://www.monografias.com/pt/trabalhos/cartografia-sistematica-cartografia-tematica/cartografia-sistematica-cartografia-tematica.shtml</p><p>http://www.monografias.com/pt/trabalhos/cartografia-sistematica-cartografia-tematica/cartografia-sistematica-cartografia-tematica.shtml</p><p>http://www.monografias.com/pt/trabalhos/cartografia-sistematica-cartografia-tematica/cartografia-sistematica-cartografia-tematica.shtml</p><p>http://www.monografias.com/pt/trabalhos/cartografia-sistematica-cartografia-tematica/cartografia-sistematica-cartografia-tematica.shtml</p><p>http://www.monografias.com/pt/trabalhos/cartografia-sistematica-cartografia-tematica/cartografia-sistematica-cartografia-tematica.shtml</p><p>Agora que já reconhecemos essa distinção, nesse momento, veremos alguns</p><p>conceitos cartográ�cos da cartogra�a sistemática.</p><p>Agora, você será convidado a estudar os tipos de escala e sua classi�cação.</p><p>Além disso, vamos entender como são realizados os cálculos da escala, ques-</p><p>tão de grande importância nas relações cartográ�cas.</p><p>Dentro do estudo de Cartogra�a, essa temática desperta inúmeros questiona-</p><p>mentos, que serão para nós, fonte inspiradora para a construção de conheci-</p><p>mentos imprescindíveis ao bom andamento de nossos estudos e à nossa ca-</p><p>minhada pro�ssional. “Para a representação da realidade no mapa, é necessá-</p><p>rio estabelecer uma correspondência entre as dimensões do terreno e as do</p><p>papel” (SOS ESTUDANTE, 2012).</p><p>Moreira e Sene (2004) relatam que a escala é a responsável por fazer essa rela-</p><p>ção e estabelecer essa correspondência, assim ela vai expressar o quanto os</p><p>elementos do espaço geográ�co foram reduzidos para caberem numa folha de</p><p>papel ou numa tela de computador.</p><p>A escala é considerada pequena quando se reduzem muito os elementos (imagine</p><p>quantas vezes o planeta Terra tem de ser reduzido para se produzir um planisfério</p><p>do tamanho desta folha) e grande quando os elementos não são muito reduzidos .</p><p>Os autores citados anteriormente, exempli�cam dizendo que é:</p><p>[...] impossível encontrarmos uma rua de qualquer cidade num mapa-múndi, por-</p><p>que na escala utilizada nesse tipo de representação até mesmo uma metrópole se</p><p>torna apenas um ponto. Para representar uma rua, é preciso usar uma escala mais</p><p>adequada.</p><p>Tipos de escala e sua classi�cação</p><p>O fator mais importante que in�uencia na quantidade e na precisão de deta-</p><p>lhes mostrados num mapa é a ESCALA. Ela pode ser de�nida sucintamente</p><p>como:</p><p>(E) como sendo a proporção entre uma medição feita no mapa (d) e a sua dimensão</p><p>real correspondente no terreno (D). Por convenção a medição no mapa é colocada</p><p>antes da dimensão real (exemplo: 1cm igual a 1km ou quando a escala é dada numa</p><p>fração representativa 1/1.000.000) (ANDERSON et al., 2012).</p><p>Ainda, segundo Anderson et al. (2012):</p><p>Todas as cartas são construídas fazendo uso de uma escala. Uma exceção é dos</p><p>mapas-esboços, onde a maior preocupação é fornecer a noção do comportamento</p><p>espacial dos fatos (sua dimensão relativa), e não o seu tamanho (dimensão absolu-</p><p>ta).</p><p>Devemos saber que mapas em escala real não existem, ou seja, em que cada</p><p>medida feita no mapa corresponda à mesma medida no terreno. Assim, se-</p><p>gundo os autores citados anteriormente:</p><p>Se um desenho fosse tão grande a ponto de sua escala ser de 1 por 1, é mais adequa-</p><p>do chamá-lo de “planta” ou apenas, um desenho. Por exemplo, desenhistas de pe-</p><p>ças mecânicas, que muitas vezes fazem desenhos da dimensão normal do objeto ou</p><p>maior (ampliado). Contudo, esses desenhos não são mapas.</p><p>Esses autores esclarecem que as escalas podem ser quantitativas ou qualitati-</p><p>vas. Enquanto existem três tipos de escalas quantitativas, são dois os tipos de</p><p>escalas qualitativas.</p><p>Quanto às escalas quantitativas, nos mapas e cartas elas são geralmente apre-</p><p>sentadas de acordo com uma das três formas a seguir:</p><p>Indica (verbalmente) que um certo número de unida-</p><p>des (centímetros, metros, quilômetros, etc.) no mapa corresponde a um outro nú-</p><p>mero de unidades no terreno (metros, milhas). É essencial dizer as unidades de me-</p><p>dição de ambas as partes, por exemplo:</p><p>1. 1cm por 1km, ou um milímetro representa cem metros.</p><p>2. 2 polegadas equivalem a uma milha ou 1cm = 316,80 metros.</p><p>3. 1 cm = 800 metros, ou dois centímetros no mapa correspondem a 1,6 km no</p><p>terreno.</p><p>A escala expressa é o tipo menos so�sticado, comumente destinada ao uso pelos</p><p>leigos em cartogra�a, não exigindo muita precisão numérica.</p><p>Fornece a relação entre o comprimen-</p><p>to de uma linha no mapa e o seu correspondente no terreno em forma de fração,</p><p>sempre com o valor unitário (1) no numerador.</p><p>Portanto é representada pela fração, E= d/D, que relaciona dois valores que tem a</p><p>mesma unidade de medida (centímetro, metro, pés, polegadas, quilômetros, etc.).</p><p>Por isto é importante lembrar que a escala numérica não tem unidade desde que</p><p>qualquer que sejam as unidades elas se anulam numa fração. Este tipo de escala é</p><p>a mais precisa para o uso no cálculo de distâncias exatas. Portanto esse é o tipo</p><p>mais utilizado nas ciências, especialmente na cartogra�a, geodésia, topogra�a, ge-</p><p>ogra�a e em qualquer estudo detalhado de uma área terrestre. ( Éválido notar nes-</p><p>tes exemplos que a distância no mapa é sempre estabelecida antes tendo como va-</p><p>lor a unidade). Exemplo:</p><p>100. 1/100.000 ou 1:100.000.</p><p>101. 1/250.000 ou 1:250.000.</p><p>102. 1/50.000 ou 1:50.000</p><p>Uma escala verbal de “2cm equivale a 500m” não deve ser traduzida como</p><p>2cm:500m. O correto é escrevê-la como uma fração representativa: 1:25.000 ou</p><p>1/25.000 (pois, 500m = 50.000cm, portanto a relação é de 2/50.000, que simpli�cada</p><p>resulta em (2/50.000) / 2 = 1/25.000.</p><p>É constituída por um segmento de reta graduado, a partir de uma</p><p>marca zero que indica o valor das distâncias terrestres correspondentes às medi-</p><p>das no mapa. Esta graduação normalmente aparece em partes iguais, podendo ter</p><p>ainda o primeiro intervalo, subdividido em valores menores que os dos intervalos</p><p>normais. Quando esta subdivisão está à esquerda de zero é denominada “talão”</p><p>(ANDERSON et al., 2012, p. 1-2).</p><p>A Figura 15 mostra as várias formas de escalas grá�cas.</p><p>Figura 15 As variadas formas de escalas grá�cas.</p><p>Já em relação às escalas qualitativas existem dois tipos: as comparativas e as</p><p>intuitivas. Esse tipo de escala não é encontrado em cartas topográ�cas.</p><p>é uma escala visual, onde simultaneamente compara-se dois</p><p>mapas para determinar qual deles tem a escala maior. Isto se baseia em uma das</p><p>leis matemáticas que diz “Se tratando de frações com numeradores iguais (por</p><p>exemplo, para o caso das escalas numéricas), é maior a fração (relação) que tem o</p><p>menor denominador”. Assim, a escala 1/50.000 é maior que a de 1/100.000, porém é</p><p>menor que a de 1/25.000. As cartas topográ�cas de escalas maiores podem conter</p><p>mais detalhes, ou maior conteúdo, mas representam uma área menor do que as das</p><p>cartas de escalas menores.</p><p>: [...] consiste em denominar se uma escala é pequena, média ou</p><p>grande. Esta denominação varia nas diversas disciplinas cientí�cas de acordo com</p><p>seus diversos interesses. Sendo assim, a escala média para um geólogo é diferente</p><p>da escala média para um arquiteto ou geógrafo urbano. Em geral as cartas e mapas</p><p>com escalas de 1:1.000.000 ou menor (como a de um mapa de todo o Brasil ou um</p><p>mapa-Mundi) são considerados pequenas. As cartas de escalas médias são as de</p><p>1:1.000.0000 até as de 1:25.0000 e as de escalas grandes são as maiores de 1:25.000</p><p>[...] (ANDERSON et al., 2012, p. 2).</p><p>Esses autores ressaltam que para evitar confusão é preciso lembrar que a ex-</p><p>pressão “mapa de escala pequena” não signi�ca o mesmo que “mapa peque-</p><p>no”. Este último se refere ao tamanho do papel. O autor coloca ainda alguns</p><p>lembretes para resumir os aspectos das escalas qualitativas:</p><p>1) Quanto maior o denominador de uma escala numa fração representativa, menor</p><p>ela é. A escala de 1:50.000, por exemplo, é somente um quinto da escala de 1:10.000</p><p>2) Quanto menor o denominador, maior é a escala. A escala de 1:2.000 é cinco vezes</p><p>maior que a de 1:10.000</p><p>3) Se um mapa numa escala, por exemplo, de 1:50.000 for ampliado para uma escala</p><p>de 1:10.000, passará a ser cinco vezes mais extenso e cinco vezes  mais  largo. O no-</p><p>vo mapa terá vinte e cinco vezes o tamanho da folha requerida para o mapa origi-</p><p>nalmente numa escala menor.</p><p>4) Quanto maior for a escala do mapa, menor será a porção da superfície da Terra</p><p>que pode ser representada numa folha de tamanho conveniente, porém maior o nú-</p><p>mero de detalhes (número de características, etc.) podem ser apresentados.</p><p>5) Quanto menor a escala, maior a porção da Superfície terrestre que pode ser re-</p><p>presentada numa folha do tamanho conveniente, porém, será  menor o número de</p><p>detalhes que poderão ser apresentados.</p><p>6) Os padrões mundiais devem certamente ser representados numa escala peque-</p><p>na, porque o propósito é mostrar a distribuição de fenómeno em toda a superfície</p><p>terrestre.</p><p>7) Os detalhes da topogra�a ou a con�guração da superfície de qualquer região po-</p><p>dem ser mostrados satisfatoriamente nos mapas de escala de 1:100.000 ou maiores.</p><p>8) A carta Internacional do Mundo (CIM) está sendo feita na escala de 1:100.000</p><p>(uma polegada por 16 milhas ou 1cm equivalente a 10km. Os mapas de parede dos</p><p>continentes geralmente têm escala pequena de aproximadamente 1:7.000.000</p><p>(ANDERSON et al., 2012, p. 5).</p><p>Para exempli�car melhor essa relação, observe os dados da Tabela 1:</p><p>Classi�cação dos mapas de acordo com a escala cartográ�ca.</p><p>Escala Grande Escala de Detalhe até 1:25.000</p><p>Plantas Cadastrais, le-</p><p>vantamentos de deta-</p><p>lhe ou planos topográ-</p><p>�cos</p><p>Escala Média Escala de Semi-detalhe</p><p>de 1:25.000</p><p>até</p><p>1:250.000</p><p>Cartas topográ�cas,</p><p>cobertura do solo</p><p>Escala</p><p>Pequena</p><p>Escala de reconheci-</p><p>mento</p><p>de 1:250.000</p><p>e menores</p><p>Mapas e Cartas em</p><p>geral</p><p>Ferreira (2008, p. 10).</p><p>Cálculos e transformações de escala</p><p>Antes de aprendermos como calcular e transformar escala cartográ�ca deve-</p><p>mos, em primeiro lugar, saber quais são os principais elementos de cálculo e</p><p>como esses são representados.</p><p>De acordo com Anderson et al. (2012, p. 1), os elementos de cálculo de escala</p><p>são representados pelas letras:</p><p>E= Escala (E= Escala (em forma de uma fração com numerador de valor “um”)</p><p>1/E = Denom= Denominador de escala fracionária = Denom</p><p>D= Distância no terreno (real); expressos na mesma unidade.</p><p>d= Distância no mapa (grá�ca); geralmente em centímetros ou milímetros.</p><p>[...]</p><p>a) Para achar a distância (D) no terreno, divide-se a distância (d) no mapa pela es-</p><p>cala fracionária (E):</p><p>Isto é igual multiplicar d pelo denominador de escala.</p><p>b) Para achar a distância no mapa (d) multiplica-se a escala (E) pela distância no</p><p>terreno.</p><p>isso é igual a</p><p>c) Para achar a escala (E), divide-se a distância no mapa (d) pela distância (D) no</p><p>terreno:</p><p>isso é igual a</p><p>Os mapas desenhados numa escala grande, tais como cadastrais, permitem que se</p><p>mostre muito sobre detalhes topográ�cos, como cercas, valas, atalhos, etc.</p><p>Os mapas cadastrais (registros de terras para �ns de cobrança de taxas) destinam-</p><p>se principalmente para mostrar os limites de propriedades, são geralmente produ-</p><p>zidos em escalas que variam de 1:25.000 a 1:2.500, dependendo basicamente do ta-</p><p>manho das propriedades da área mapeada.</p><p>O fato desses mapas possuírem uma grande escala permite que se realize uma re-</p><p>presentação sem exageros graves dos acidentes importantes. Mas, a cobertura es-</p><p>pacial de cada carta é pequena e os custos altos.</p><p>Sobre as transformações de escala será utilizada ainda a obra de Anderson et</p><p>al. (2012). Em seu trabalho ele a�rma que para entender a transformação entre</p><p>formas expressas é preciso em primeiro lugar um entendimento das relações</p><p>entre as várias unidades de medidas. No sistema métrico</p><p>as medidas são ba-</p><p>seadas em múltiplos de dez, como vemos na Tabela 2.</p><p>Pre�xos usados com as unidades básicas (como metros e gramas) no</p><p>sistema métrico.</p><p>Deka da 10¹ 10</p><p>Hecto h 10² 100</p><p>Kilo k 10³ 1000</p><p>Mega M 10</p><p>Giga G 10</p><p>Tera T 10</p><p>Peta P 10</p><p>Exa E 10</p><p>Deci d 10 0,1</p><p>Centi c 10 0,01</p><p>Mili m 10 0,001</p><p>Micro µ</p><p>Nano n</p><p>Pico p</p><p>Femto f</p><p>4</p><p>5</p><p>6</p><p>7</p><p>8</p><p>-1</p><p>-2</p><p>-3</p><p>atto a</p><p>adaptado de Anderson (2012, p. 2).</p><p>Outro assunto abordado pelo autor referente ao estudo das escalas, é a trans-</p><p>formação de uma escala grá�ca em escala numérica. Para transformar uma</p><p>escala grá�ca medimos a extensão da escala numérica num mapa e depois</p><p>convertemos os valores como descrito a seguir.</p><p>Partindo do princípio de que uma escala numérica representa 1cm ( ou 1mm) equi-</p><p>valente a um número de centímetros medidos na escala grá�ca e o valor real que</p><p>ele representa (em quilômetros ou metros) no terreno 1/comprimento da escala =</p><p>X/distância correspondente no terreno (ANDERSON et al., 2012, p. 2).</p><p>Como exemplo o autor considera o caso de 3,8cm na escala equivalente a</p><p>450km no terreno. É necessário expressar ambos valores na mesma unidade</p><p>de medida e dividir o maior pelo menor (D/d), para saber quantas unidades no</p><p>terreno são equivalentes a uma unidade no mapa (neste exemplo a resposta</p><p>seria 1:11.8000.000. Anderson et al. (2012) ainda observa que a precisão das</p><p>medidas feitas com somente dois números representativos não permite que a</p><p>resposta �nal no exemplo seja 1:11.842.105 que indica erroneamente uma esca-</p><p>la muito exata.</p><p>Assim, será sempre feita a medida do máximo nas medidas de comprimento</p><p>da escala para ter o maior</p><p>A transformação de uma escala numérica em escala grá�ca também é abor-</p><p>dada pelo referido autor, que coloca que:</p><p>Se o denominador da escala for um número muito simples ou um múltiplo de cem</p><p>transforma-se em quilômetros (ou metros) a distância real representada no deno-</p><p>minador, obtém-se o valor a que 1 centímetro no mapa equivale na realidade em</p><p>quilômetros (ou metros).</p><p>Então simplesmente desenha-se uma linha reta e, começando com um ponto zero</p><p>à extrema esquerda da linha, e enumera-se cada centímetro com múltiplos conse-</p><p>cutivos do valor obtido. Se esse não for conveniente, divide-se o valor por 10 pelo</p><p>valor por centímetro, obtendo a medida de centímetros equivalente a um múltiplo</p><p>de 1km dependendo da escala [...] (ANDERSON et al., 2012, p. 2).</p><p>Assim, antes de começarmos a resolver problemas de escala, são necessárias</p><p>algumas observações a respeito das unidades, uma vez que consistem em um</p><p>dos maiores problemas na hora de calcular a escala de um mapa. É preciso</p><p>tomar muito cuidado quando vamos transformar, por exemplo, centímetros</p><p>para metros, ou metros para quilômetros, etc. Embora nosso raciocínio com</p><p>relação ao cálculo e conversão da escala esteja muitas vezes correto, é</p><p>frequente errarmos na conversão das unidades.</p><p>Como na maioria das vezes as medidas das escalas cartográ�cas no mapa</p><p>estão em centímetros e as medidas na escala real em quilômetros ou metros,</p><p>sempre haverá o cálculo para converter uma unidade na outra. Portanto,</p><p>devemos sempre lembrar que as unidades de comprimento são transformadas</p><p>de acordo com a seguinte tabela de conversão e medida, visualizada na Figura</p><p>16:</p><p>Figura 16 Conversão e medidas.</p><p>Transformando 1 metro (m) em milímetros (mm):</p><p>Primeiro transformamos metro em decímetro, depois transformamos decíme-</p><p>tro em centímetro, para em seguida converter centímetro em milímetro.</p><p>Como exemplo prático, multiplicamos o metro por 10x10x10 (1000) ; assim 1 x</p><p>10 x 10 x 10 = 1000</p><p>Ou seja,</p><p>1000mm 1m = 1000mm</p><p>Caso precise transformar 1000mm em metros é só fazer a operação inversa,</p><p>que no caso é a divisão.</p><p> Problemas resolvidos</p><p>Para que o cálculo e a transformação de escalas �quem bastante claros,</p><p>serão apresentados alguns problemas resolvidos.</p><p>Usando o mapa da Figura 17, como calcular a distância real entre Lisboa</p><p>e Lyon, empregando a escala grá�ca?</p><p>Figura 17 Mapa que mostra as cidades de Lisboa (Portugal) e Lyon (França).</p><p>Primeiro mede-se a distância entre as duas cidades no mapa com uma</p><p>régua. A distância entre elas é de cerca de 14,5cm no mapa. Em seguida</p><p>medimos quantos centímetros têm os 200km na escala grá�ca, no canto</p><p>superior da imagem: o resultado é 2cm.</p><p>Distância real = (valor que queremos descobrir)</p><p>Portanto, devemos transformar todos os valores para apenas uma unida-</p><p>de. Como queremos saber a distância real que geralmente é dada em km,</p><p>vamos transformar todos os valores para esta unidade.</p><p>Quais os valores que temos?</p><p>A distância entre as duas cidades no papel é 14,5 cm ou seja 0,000145km.</p><p>200km na realidade representam 2cm no papel, ou seja 0,00002km.</p><p>Assim, podemos utilizar uma regra de três para calcular o valor que que-</p><p>remos descobrir:</p><p>Se 200km na realidade representam 0,00002km no mapa, quantos km re-</p><p>presentam 0,000145km?</p><p>200km -----------------------0,00002</p><p>X---------------------------0,000145</p><p>0,00002x = 200,000145</p><p>x = 0,029/0,00002</p><p>x = 1450km</p><p> Problemas resolvidos</p><p>A escala numérica geralmente é dada em centímetros no formato de fra-</p><p>ção como, por exemplo, 1:10.000 ou 1:5.000. Ou seja, 1cm no mapa repre-</p><p>senta, respectivamente, 10.000cm e 5.000cm na realidade. Portanto, nes-</p><p>se caso o ideal é transformar tudo em centímetros.</p><p>Como 200km na realidade representam 2cm no mapa, transformamos os</p><p>200km em centímetros, ou seja, 20.000.000cm. Assim temos:</p><p>20.000.000cm ----------------- 2cm</p><p>X             ----------------- 1cm</p><p>2x = 20.000.000</p><p>x = 20.000.000/2</p><p>x = 10.000.000</p><p>A escala numérica então seria 1:10.000.000</p><p> Problemas resolvidos</p><p>Considerando a escala numérica de 1:10.000.000 cálculada anteriormen-</p><p>te, qual a distância real entre as cidades de Bordeaux e Lyon?</p><p>Medindo a distância no mapa temos aproximadamente 5cm de distância</p><p>entre as duas cidades. Resolvemos da seguinte forma:</p><p>1cm---------------10.000.000</p><p>5cm---------------      x</p><p>x = 10.000.000 . 5</p><p>x = 50.000.000cm que equivale a 500km</p><p>Temos que a distância real entre Lyon e Bordeaux é de 500km.</p><p>Já estudamos o conceito de escala e sua importância nas relações</p><p>cartográ�cas. Agora, vamos re�etir sobre as projeções cartográ�cas, com o</p><p>objetivo de aprender a identi�cá-las e interpretá-las mediante critérios</p><p>estabelecidos.</p><p>Veremos, também, a importância da cartogra�a mundial, tendo como</p><p>conteúdo o desenvolvimento da esfera em um plano e a classi�cação das</p><p>projeções.</p><p>4. Desenvolvimento da esfera em um plano</p><p>Sabemos que um globo geográ�co é a representação mais �el que se conhece</p><p>da Terra, embora saibamos também que não se trata de uma esfera perfeita.</p><p>Em vista disso, o maior drama da Cartogra�a é transferir tudo o que existe na</p><p>superfície curva da Terra para uma superfície plana, que será representada na</p><p>forma de mapa (DUARTE, 2002).</p><p>Para compreender o princípio de que a Terra sendo uma esfera, ao ser coloca-</p><p>da numa folha de papel, deve se adaptar à forma plana, basta pressionar o glo-</p><p>bo terrestre para que ele �que plano. Você perceberá que ao sofrer tal pressão o</p><p>globo irá partir-se em vários lugares, como ilustra a Figura 18:</p><p>Figura 18 A Terra pressionada sobre um plano.</p><p>É importante observar, também, que ao pressionarmos o globo ele sofrerá uma</p><p>série de deformações, as quais a cartogra�a busca solucionar parcialmente</p><p>com base no estudo das projeções cartográ�cas.</p><p>Uma projeção cartográ�ca, segundo Pancher (2012 apud Duarte, 2002) “é a ba-</p><p>se para a construção dos mapas, à medida em que se constitui numa rede de</p><p>paralelos e meridianos, sobre a qual os mapas poderão ser desenhados”.</p><p>Há diversas maneiras de se obter as malhas de linhas, e cada uma delas gera</p><p>determinado tipo de distorção e evita outros.</p><p>A princípio, procura-se �guras que sejam facilmente desenvolvíveis, como, por</p><p>exemplo, o cilindro, o cone e o plano.</p><p>A projeção dos paralelos e meridianos será feita na parte interna do cilindro,</p><p>do cone ou diretamente na superfície plana. Nos dois primeiros casos, as �gu-</p><p>ras geométricas,</p><p>depois de feita a projeção, deverão ser tornadas planas, ou se-</p><p>ja, a �gura é cortada ao longo de uma de suas linhas e aberta em seguida, co-</p><p>mo indica a Figura 19.</p><p>O cilindro ou cone passa a ser um plano com a rede geográ�ca nele inscrita,</p><p>constituindo-se, então, em uma projeção cartográ�ca cilíndrica ou cônica.</p><p>: adaptado de Duarte (1988, n. p.).</p><p>Figura 19 Projeção Cilíndrica direta.</p><p>No caso do plano, a projeção é obtida diretamente sobre sua superfície, e o re-</p><p>sultado pode ser chamado de projeção plana.</p><p>França e Uhlmann (2007, p. 26), lembram que:</p><p>A representação da rede geográ�ca sobre um plano necessita de cuidados especi-</p><p>ais, tendo em vista que a superfície de uma esfera ao assumir uma forma plana irá</p><p>sempre sofrer de deformações.</p><p>A projeção dos paralelos e meridianos na superfície interna de um cilindro, de um</p><p>cone ou diretamente em um plano, foi a solução geométrica encontrada de modo a</p><p>tornar mais fácil o entendimento das deformações. Estes são os três princípios geo-</p><p>métricos básicos cujo resultado �nal pode ser obtido diretamente com aplicação de</p><p>fórmulas matemáticas.</p><p>Vejamos a Figura 20:</p><p>: adaptado de Duarte (1988, n. p.).</p><p>Figura 20 Superfícies básicas para obtenção das projeções cartográ�cas.</p><p>O estudo sobre projeções cartográ�cas é bastante extenso, envolvendo uma sé-</p><p>rie de aspectos. Segundo Anderson et al. (2012) sem projeções cartográ�cas:</p><p>[...] todas as representações da Terra com a exceção das de escala grande e de pe-</p><p>quenas regiões, que possuem curvaturas negligenciáveis, teriam que ser globos ou</p><p>segmentos curvos de globos, os quais são volumosos, dispendiosos, e de difícil pro-</p><p>dução e comercialização em massa. Além disso, a �m de examinar uma distribui-</p><p>ção espacial do mundo inteiro, os usuários do globo precisam girar e possivelmente</p><p>inclinar o globo tão bem quanto mover os seus olhos. Porém para transformar num</p><p>plano as superfícies curvas, como as da Terra, Lua, de Marte, ou de uma “cabeça”</p><p>esférica e é preciso usar projeções, as quais sempre causam distorções nas formas</p><p>e nas relações de distância.</p><p>A respeito das distorções geométricas inerentes,  as vantagens dos mapas planos</p><p>excedem de longe suas desvantagens;  portanto, as vantagens associadas aos glo-</p><p>bos grandes e sem distorções são sobrepujadas, para a maioria dos usos, simples-</p><p>mente pelas di�culdades de seu manejo.</p><p>Sobre essa situação Nogueira (2009, p. 37) coloca:</p><p>Qualquer sistema de projeção representará a superfície da Terra com deformações,</p><p>as quais serão tanto maiores quanto mais extensa for a área em verdadeira grande-</p><p>za, outros para conservar a forma da área, outros para manter os comprimentos em</p><p>certas direções. Contudo não é possível conservar todas essas características da</p><p>área em representação.</p><p>Essa constatação deu origem às denominadas propriedades das projeções</p><p>cartográ�cas.</p><p>Propriedades das projeções cartográ�cas</p><p>A primeira das propriedades das projeções cartográ�cas é a Conformidade.</p><p>Segundo Nogueira (2009, p. 37) é quando há ausência de deformação angular</p><p>e, consequentemente, a manutenção da similitude entre as regiões representa-</p><p>das. Ou seja, a forma ou �sionomia dos elementos desenhados no mapa</p><p>mantém-se igual àquela da superfície terrestre.</p><p>Segundo o autor, para conseguir manter essa similitude são alteradas as áre-</p><p>as, como é o caso da projeção de Mercator, na qual os ângulos das �guras pe-</p><p>quenas são conservados, mas as grandes áreas aparecem aumentadas. O caso</p><p>da Groenlândia, exemplo comum em livros didáticos, e que aparece no planis-</p><p>fério construído nessa projeção com superfície superior à América do Sul, em-</p><p>bora seja oito vezes menor.</p><p>A Equivalência, na visão de Nogueira (2009), é aquela que conserva a relação</p><p>entre as áreas da superfície terrestre e as representadas no mapa, ou seja, é</p><p>mantida a proporção de tamanho entre a superfície real e a do desenho. Nesse</p><p>caso, para que a relação entre as áreas seja conservada, é alterada a forma ou a</p><p>�sionomia das regiões representadas no mapa. Um exemplo de equivalência é</p><p>a projeção de Peters, que faz oposição à de Mercator ao apresentar de forma �-</p><p>el as áreas dos países, embora as formas sejam alteradas.</p><p>Essa projeção é considerada por alguns como a mais correta, porque mostra o</p><p>tamanho real das massas continentais, ao contrário da projeção de Mercator,</p><p>que aumenta a área dos países do hemisfério Norte, onde estão os grupos do-</p><p>minantes no que tange às questões econômica e cultural (NOGUEIRA, 2009).</p><p>Já a Equidistância é a propriedade que:</p><p>• Conserva inalterada a relação entre os comprimentos medidos em certas di-</p><p>reções.</p><p>• Relação de comprimento dos paralelos e meridianos reais com aqueles dese-</p><p>nhados nos mapas (GEOLAB, 2012).</p><p>Superfícies de projeção</p><p>A superfície terrestre, por ser uma esfera ou elipsoide, não é reproduzida sobre</p><p>o plano sem grandes deformações. Devido a isso foi desenvolvida uma manei-</p><p>ra de minimizar esse problema por meio da criação de superfícies intermediá-</p><p>rias ou auxiliares. Essas superfícies são chamadas de superfícies de projeção</p><p>e podem ser o plano ou uma superfície auxiliar desenvolvível em um plano</p><p>como o cilindro ou o cone. Podemos observar as superfícies de projeção na</p><p>Figura 21:</p><p>Nogueira (2009, p. 38).</p><p>Figura 21 Superfícies de projeções: plano, cilindro e cone.</p><p>Quanto aos aspectos da superfície de projeção em relação à superfície de refe-</p><p>rência, existe a seguinte classi�cação:</p><p>Normais ou Polares</p><p>Signi�ca que o plano de projeção é perpendicular ao eixo de rotação da Terra,</p><p>com ponto de tangência no polo (quando recebe a denominação de Polar).</p><p>• Nas projeções cilíndricas, o cilindro que envolve o globo é perpendicular ao</p><p>plano do Equador, conhecida como equatorial.</p><p>• Nas projeções cônicas, o eixo do cone é paralelo ao de rotação da Terra</p><p>(GEOLAB, 2012).</p><p>Transversa ou Equatorial</p><p>Nogueira (2009), relata que no aspecto transverso, em projeções azimutais, o</p><p>plano é perpendicular ao plano do Equador (projeção equatorial); em projeções</p><p>cilíndricas, o cilindro é paralelo ao plano do Equador e perpendicular ao eixo</p><p>da Terra; e em projeções cônicas, o eixo do cone é perpendicular ao eixo da</p><p>Terra, e ambas são projeções transversas.</p><p>Horizontais ou Oblíquas</p><p>No aspecto oblíquo o plano da projeção azimutal não é nem perpendicular ao</p><p>eixo da Terra nem perpendicular ao plano do Equador e, nas cônicas e cilín-</p><p>dricas, o eixo não coincide nem é perpendicular ao eixo de rotação da Terra.</p><p>Bakker (apud NOGUEIRA, 2009) a�rma que as projeções se comportam, desta</p><p>forma, como projeções horizontais. Observe a Figura 22, que exempli�ca todos</p><p>os tipos de superfícies de projeções.</p><p>Figura 22 Classi�cação das projeções de acordo com sua superfície de projeção. A – Normais ou Polares; B –</p><p>Transversa ou Equatorial; C – Horizontal ou Oblíquas.</p><p>5. Classi�cação das projeções cartográ�cas de</p><p>acordo com suas propriedades</p><p>Projeções Conformes</p><p>De acordo com Nogueira (2009) a conformidade é a característica de verdadei-</p><p>ra forma, na qual uma projeção preserva na carta as magnitudes angulares</p><p>formadas pelos mesmos pontos representados na superfície da Terra. O autor</p><p>coloca que uma condição necessária é a interseção perpendicular de linhas do</p><p>reticulado à semelhança do que ocorre no globo. A propriedade de conformi-</p><p>dade é importante em mapas que são usados para analisar ângulos, assim co-</p><p>mo ocorre em navegação. Assim podemos dizer que, uma projeção conforme é</p><p>aquela em que a escala máxima é igual à mínima em todas as partes do mapa</p><p>(a = b). Um pequeno círculo na superfície terrestre se projetará como um círcu-</p><p>lo na projeção, caracterizando uma deformação angular nula (IBGE, 1998).</p><p>Projeções Equivalentes</p><p>A projeção equivalente é aquela que possui característica de igualdade de áre-</p><p>as, isto é:</p><p>• Cada área está em verdadeira grandeza e, por isto, pode ser relacionada com</p><p>outras em qualquer outro setor da representação.</p><p>• Envolve transformação inexata dos ângulos e distâncias e é importante em</p><p>mapas usados para comparar densidade e os dados de distribuição, como</p><p>no</p><p>caso da demogra�a (GEOLAB, 2012).</p><p>Segundo Yoshizane (2012) “as escalas máximas e mínimas são recíprocas: a.b</p><p>= 1, mantendo uma escala de área uniforme”.</p><p>Deforma muito em torno de um ponto, pois  a escala varia em todas as dire-</p><p>ções. Devemos saber que o princípio da equivalência é a manutenção das áre-</p><p>as de tamanho �nito (IBGE, 1998).</p><p>Projeções A�láticas</p><p>De acordo com Nogueira (2009), as projeções a�láticas são aquelas que não</p><p>conservam ângulos e nem as áreas sendo que nestes sistemas é dada a prefe-</p><p>rencia para reduzir ambas as deformações em vez de eliminar uma a custa de</p><p>contemplar a outra. Yoshizane (2012) relata que “as projeções a�láticas não</p><p>conservem área, distância, forma ou ângulos, mas podem apresentar alguma</p><p>outra propriedade especí�ca que justi�que a sua construção”.</p><p>Projeções Equidistantes</p><p>De acordo com Geolab (2012), qualquer uma das projeções anteriormente cita-</p><p>das pode:</p><p>• [...] apresentar o atributo de serem equidistantes em alguma direção, nunca</p><p>em todas.</p><p>• Estas direções são ausentes de deformações lineares, mantendo as distâncias</p><p>corretas em certas direções privilegiadas.</p><p>Um exemplo é a projeção conforme de Gauss, equidistante segundo o meridia-</p><p>no central que é projetado em verdadeira grandeza, ressalvada a escala</p><p>(GAMAEL apud NOGUEIRA, 2009). Uma escala especí�ca é mantida igual à es-</p><p>cala principal ao longo de todo o mapa. Por exemplo: a escala ao longo de um</p><p>meridiano h = 1.0. Assim, sob certas condições, as distâncias são mostradas</p><p>corretamente. Contudo, a eqüidistância não é mantida em todo o mapa, a es-</p><p>cala linear é correta apenas ao longo de determinadas linhas ou a partir de</p><p>um ponto especí�co (NOGUEIRA, 2009).</p><p>Ainda de acordo com o autor, o modo do traçado, as projeções podem ser clas-</p><p>si�cadas em:</p><p>1. Geométricas: são as que podem ser traçadas diretamente, utilizando as</p><p>propriedades geométricas da projeção.</p><p>2. Analíticas: são as que podem ser traçadas com o auxílio de cálculo adici-</p><p>onal, tabelas ou ábacos e desenho geométrico próprio.</p><p>3. Convencionais: são as que só podem ser traçadas com o auxílio de cálculo</p><p>e tabelas. São absolutamente arti�ciais e podem ser de�nidas analitica-</p><p>mente como uma série de condições necessárias para originar as proje-</p><p>ções convencionais; considerando a representação na totalidade da su-</p><p>perfície terrestre, elas poderão ser contínuas ou interrompidas.</p><p>As principais projeções são subdivididas de acordo com as superfícies de pro-</p><p>jeção, as quais estudaremos a seguir.</p><p>Planas ou azimutais</p><p>As superfícies de projeção planas ou azimutais podem ser ortográ�ca, estereo-</p><p>grá�ca, azimutal equivalente de Lambert, azimutal equidistante, gnomônica</p><p>(conforme ilustram as Figuras 23 e 24).</p><p>Figura 23 Ortográ�ca: foi popular durante a 2 Guerra Mundial. Com os voos espaciais, foi rebuscada, pois lembra a fo-</p><p>togra�a dos corpos celestes.</p><p>Figura 24 Estereográ�cas: o aspecto oblíquo tem sido usado para projeção planimétrica de corpos celestes: Lua, Marte,</p><p>Mercúrio, Vênus. O aspecto polar elipsóidico tem sido usado para mapear as regiões polares (Ártico e Antártico).</p><p>Nogueira (2009) ainda esclarece que a projeção azimutal equivalente de</p><p>a</p><p>Lambert, como mostra a Figura 25, tem o aspecto polar com as características</p><p>idênticas as das demais azimutais: círculos concêntricos para os paralelos nos</p><p>polos e meridianos irradiados.</p><p>O esquema de distorção da projeção, para a esfera, pode ser colocado para se</p><p>de�nir as regiões de deformação e distorção da escala. O espaçamento dos pa-</p><p>ralelos diminui conforme aumenta a distância do polo. Normalmente, a proje-</p><p>ção não é mostrada abaixo de um hemisfério (ou do Equador). É bastante utili-</p><p>zada em atlas comercial e mapas que necessitem de relações de equivalência</p><p>entre as formas. Além disso, serve de base para mapas geológicos, tectônicos</p><p>e de energia; mapas comerciais e mapas geográ�cos (físico, políticos e econô-</p><p>micos):</p><p>Figura 25 Azimutal Equivalente de Lambert: não é perspectiva, podendo ser chamada de “sintética” por ter sido de-</p><p>senvolvida para apresentar a característica de equivalência.</p><p>Note que a Projeção Azimutal ou Equidistante não é uma projeção perspectiva,</p><p>porém como equidistante tem a característica especial de todas as distâncias</p><p>estarem em uma escala real quando medidas do centro até qualquer outro</p><p>ponto do mapa (Figura 26). Ela, também, pode ser utilizada no aspecto polar</p><p>para mapas mundiais e mapas de hemisférios polares; no aspecto oblíquo pa-</p><p>ra Atlas de continentes e mapas de aviação e uso de rádio (NOGUEIRA, 2009).</p><p>Ainda segundo o autor citado anteriormente, a utilização regular em Atlas,</p><p>mapas continentais e comerciais tomam o centro de projeção em cidades im-</p><p>portantes; em cartas polares; em navegação aérea e marítima; em radiocomu-</p><p>nicações (orientação de antenas) e em radioengenharia; em cartas celestes</p><p>tendo a Terra como ponto central. Nesses casos utiliza-se a projeção gnomôni-</p><p>ca, como mostra a Figura 27.</p><p>Figura 26 Azimutal ou Equidistante.</p><p>Figura 27 Gnomônica: sendo utilizadas como cartas polares de navegação; navegação marítima e aérea; rádio e radio-</p><p>goniometria, radiofaróis; geologia (alinhamento de componentes da crosta); cartas de portos.</p><p>Cilíndricas</p><p>As superfícies de projeção cilíndrica podem ser classi�cadas em Mercator,</p><p>Transversa de Mercator, Equivalente de Lambert e Oblíqua de Mercator, como</p><p>ilustram as Figuras 28, 29, 30 e 31.</p><p>Na projeção Mercator, os meridianos da projeção de Mercator são retas verti-</p><p>cais paralelas, igualmente espaçadas, cortadas ortogonalmente por linhas re-</p><p>tas representando os paralelos, que por sua vez são espaçados a intervalos</p><p>maiores, à medida que se aproximam dos polos (NOGUEIRA, 2009). Esse espa-</p><p>çamento é tal que permite a conformidade, e é inversamente proporcional ao</p><p>cosseno da latitude.</p><p>Figura 28 Mercator: é ainda bastante empregada em Atlas e cartas que necessitem mostrar direções (cartas magnéti-</p><p>cas e geológicas). Praticamente todos os mapas de fusos horários são impressos na projeção de Mercator.</p><p>Figura 29 Transversa de Mercator: utilizada para mapeamentos topográ�cos e é base para a projeção UTM (Universal</p><p>Transversa de Mercator).</p><p>As projeções Transversa de Mercator e a Universal Transversa de Mercator</p><p>serão estudadas mais detalhadamente em outro momento.</p><p>Segundo Duarte (2002), a projeção Equivalente de Lambert se caracteriza por</p><p>ser uma projeção cilíndrica, equivalente e equatorial, ou seja, a escala sobre o</p><p>Equador é verdadeira e os paralelos são representados com o mesmo compri-</p><p>mento do Equador.</p><p>A escala sobre os meridianos é reduzida na proporção inversa do aumento so-</p><p>bre os paralelos, e os espaçamentos dos paralelos diminuem à medida que se</p><p>aproximam dos polos, indicando uma redução de escala.</p><p>Ainda de acordo com Duarte, (2002), à proporção que a latitude aumenta, a es-</p><p>cala sobre os paralelos vai sendo progressivamente exagerada e, ao mesmo</p><p>tempo, vai diminuindo sobre os meridianos na proporção inversa.</p><p>Figura 30 Equivalente de Lambert, na qual há uma grande distorção nas altas latitudes devido à desigualdade entre a</p><p>escala nos meridianos e nos paralelos.</p><p>Figura 31 Oblíqua de Mercator: é uma projeção semelhante à projeção regular de Mercator, em que o cilindro é tangen-</p><p>te a um círculo máximo que não o Equador ou um meridiano.</p><p>Desse modo, podemos a�rmar, de acordo com IBGE (1998), que as projeções do</p><p>tipo planas ou azimutais são apropriadas para cartas equivalentes em baixas</p><p>latitudes e para a confecção de mapas mundiais de baixas latitudes.</p><p>Projeções cônicas</p><p>As projeções cônicas podem ser classi�cadas em: Equivalente de Albers,</p><p>Cônica conforme de Lambert e Policônica.</p><p>Equivalente de Albers</p><p>Em poucas palavras, nesse tipo de projeção os paralelos são arcos de círculos</p><p>concêntricos desigualmente espaçados. Estão mais aproximados nas bordas</p><p>norte e sul do mapa, pois o cone é secante; os meridianos são raios de um</p><p>mesmo círculo cortando os paralelos ortogonalmente; não há distorção ao</p><p>longo do paralelo-padrão (tangência) ou dos paralelos-padrões</p><p>(secância); os</p><p>polos são arcos de círculo. Essa projeção é utilizada para mapas equivalentes</p><p>de regiões que se estendem no sentido leste-oeste, e está ilustrada na Figura</p><p>32.</p><p>Figura 32 Projeção equivalente de Albers.</p><p>Cônica Conforme de Lambert</p><p>Alguns dos comentários feitos para a projeção de Albers em relação à aparên-</p><p>cia são idênticos, como, por exemplo, a aparência do espaçamento dos parale-</p><p>los (IBGE, 1998).</p><p>A seleção de paralelos-padrões também deve se ater à região que se deseja</p><p>mapear. É uma projeção conforme; porém, em altas latitudes, a propriedade</p><p>não é válida, devido às grandes deformações introduzidas.</p><p>Ainda segundo IBGE (1998), as linhas retas entre pontos próximos</p><p>aproximam-se de arcos de círculos máximos. A escala, reduzida entre os</p><p>paralelos-padrões, é ampliada exteriormente a eles.</p><p>Isso se aplica às escalas ao longo dos meridianos, paralelos ou qualquer outra</p><p>direção, uma vez que é igual em um ponto dado. A Figura 33 ilustra a</p><p>Conforme de Lambert:</p><p>Figura 33 Conforme de Lambert.</p><p>Policônica</p><p>Utiliza como superfície intermediária de projeção diversos cones tangentes,</p><p>em vez de apenas um.</p><p>Essa projeção é utilizada para a confecção de: mapas topográ�cos de grandes</p><p>áreas e pequenas escalas; cartas gerais de regiões não muito extensas; levan-</p><p>tamentos hidrográ�cos; mapa internacional do mundo através da projeção po-</p><p>licônica modi�cada, substituído usualmente pela cônica conforme de</p><p>Lambert (IBGE, 1998).</p><p>A projeção policônica pode ser visualizada na Figura 34:</p><p>Figura 34 Projeção policônica.</p><p>Além de todas essas projeções cartográ�cas, não devemos deixar de mencio-</p><p>nar o conhecido Sistema UTM (Universal Transversa de Mercator), já citado</p><p>anteriormente.</p><p>Seu princípio básico estabelece que a Terra é dividida em 60 fusos de 6 graus</p><p>de longitude, tendo início no antimeridiano de Greenwich (180º), e seguindo</p><p>numa ordem de oeste para leste. Com relação à latitude, a divisão consiste em</p><p>zonas de 4 graus, enquanto os paralelos-limites são os de 80º sul e 84º norte.</p><p>A Figura 35 mostra um mapa-múndi construído sobre o sistema UTM de coor-</p><p>denadas:</p><p>: Anderson (1982, n. p.).</p><p>Figura 35 Sistema UTM.</p><p>A Projeção Universal Transversa de Mercator (UTM)</p><p>A projeção Universal Transversa de Mercator (UTM) é uma projeção cilíndri-</p><p>ca, como visto anteriormente. Ela passa pelos polos da Terra, seguindo tan-</p><p>gente a um “meridiano central” e ao seu antimeridiano. A precisão é melhora-</p><p>da quando se usa um cilindro secante (RICOBOM, 2007). Veja as Figuras 36 e</p><p>37.</p><p>Figura 36 Tangente.</p><p>Figura 37 Secante.</p><p>De acordo com Anderson et al. (2012), na projeção UTM:</p><p>[...] um mapa de toda Terra sofre grandes distorções “ao �nal do cilindro”. Porém, na</p><p>faixa chamada “fuso”, mais próxima do meridiano central, existe poucas distor-</p><p>ções. É claro que é possível girar um pouco o cilindro para ter um outro meridiano</p><p>na posição central. Isto é a base da projeção Gauss, da qual a projeção UTM é uma</p><p>variação especí�ca.</p><p>por um acordo geográ�co mundial, os fusos UTM são de seis graus de largura, enu-</p><p>merados crescentemente de oeste para leste a partir do meridiano 180º, que se en-</p><p>contra no Oceano Pací�co. As regiões polares recebem um tratamento especial e</p><p>tomam a forma circular. São necessários 60 fusos de seis graus para cobrir uma es-</p><p>fera de 360º. Cada fuso, é bem alongado, possui um meridiano central absoluta-</p><p>mente reto e poucas distorções como pode ser visto na �gura 18. En�m, a UTM é</p><p>muito bem adequada para cartas de escala entre 1:1000.000 até 1:10.000. Somente é</p><p>preciso subdividir a área em tamanhos convenientes para o mapeamento e para</p><p>um sistema de coordenadas quadriculadas [...].</p><p>Coordenadas UTM</p><p>Segundo Anderson et al. (2012):</p><p>Em cada fuso da projeção UTM estão marcadas linhas quadriculares de 100 por 100</p><p>km com tantas subdivisões quantas se desejem como numa folha de papel milime-</p><p>trado.</p><p>Vejamos a  Figura 38.</p><p>Figura 38 Um fuso de UTM exagerado dez vezes em largura para mostrar a relação entre utm e coordenadas geogra�-</p><p>cas.</p><p>Ainda segundo o autor:</p><p>As quadriculas de uma faixa de UTM possuem um limite oeste, ele está exatamen-</p><p>te a 500.000m (500km) a oeste do meridiano central da faixa. Com isso, a linha li-</p><p>mite do lado oeste tem o valor zero no sistema métrico decimal. Todas as medidas</p><p>na direção leste são positivas e chamadas de abcissas, isto é são medidas feitas na</p><p>direção leste a partir da linha zero. Contudo, na realidade essa linha zero nunca</p><p>aparece numa carta topográ�ca porque ela extrapola a folha, os lugares terrestres</p><p>mapeados em cada faixa nunca vão além de 340km do meridiano central. É neces-</p><p>sário lembrar que em cada uma dessass sessenta faixas do sistema UTM tem sua</p><p>própria “linha zero”. Sendo assim, as abcissas (numerações a leste da linha zero)</p><p>estão anotadas nas margens horizontais das cartas [...] (ANDERSON et al., 2012).</p><p>Vejamos as Figuras 39 e 40.</p><p>Figura 39 A medição de coordenadas UTM numa carta topográ�ca.</p><p>Figura 40 Uma régua com duas escalas para medição de coordenadas UTM.</p><p>Os números pequenos que �cam no alto à esquerda signi�cam as centenas de</p><p>quilômetros de separação entre aquele ponto e a linha zero, que está no extremo</p><p>oeste, eles geralmente não são usados quando se está referindo somente às coorde-</p><p>nadas contidas em uma carta.</p><p>Para as medidas de coordenadas norte-sul do sistema UTM, a linha do equador</p><p>tem o valor zero para o hemisfério Norte e 100.000.000 metros (10.000 quilômetros)</p><p>para o hemisfério sul. Portanto, a linha zero do hemisfério sul está perto do pólo</p><p>sul; porém, ela nunca aparece numa carta porque as regiões polares têm um siste-</p><p>ma especial de coordenadas, a projeção estereográ�ca polar, que substitui as do</p><p>UTM.</p><p>[...]</p><p>Combinando a abcissa com a ordenada cada ponto da superfície da Terra tem seu</p><p>par de coordenadas, dentro de uma faixa UTM. Esta quadrícula de coordenadas po-</p><p>de ser subdividida quantas vezes se quiser para obter uma precisão de centenas ou</p><p>dezenas de metros, e até frações deste, se a carta está numa escala adequada para</p><p>tanta precisão .</p><p>[...]</p><p>Com o sistema de coordenadas UTM é fácil identi�car rapidamente qualquer ponto</p><p>numa carta com o quadriculado impresso (ANDERSON et al., 2012, grifo nosso).</p><p>Você já notou que, em nosso cotidiano, as representações cartográ�cas se tor-</p><p>naram elementos essenciais em nossas vidas? Deparamo-nos com mapas nas</p><p>escolas, nos telejornais, nos roteiros de viagem, no computador de bordo do</p><p>carro, na rede mundial de computadores, nas estações rodoviárias, en�m, sua</p><p>apresentação tornou-se essencial em inúmeros locais.</p><p>Pois é, na era da informação, na qual o grande �uxo de informações dita as re-</p><p>gras das atuais relações de poder, nada melhor do que um instante de “abarcar</p><p>de olhos” para compreender a mensagem comunicativa e “pular” para a próxi-</p><p>ma. Se a mensagem for bem estruturada, esse “abarcar de olhos” é o tempo ne-</p><p>cessário para percebermos a informação, captar a mensagem, entendê-la e</p><p>assimilá-la. E não para por aí, porque, após a sua assimilação, você ainda pode</p><p>acreditar ou não na informação veiculada.</p><p>Essa tarefa é o desa�o da comunicação visual. A composição de cores e de ele-</p><p>mentos é uma “arma” na mão de quem sabe manuseá-la, tornando simples</p><p>mensagens em verdadeiras obras de arte de forte valor ideológico.</p><p>Com os mapas não são diferentes. Os mapas pertencem à família da represen-</p><p>tação grá�ca, são respaldados por teorias cientí�cas e, por isso, nada em um</p><p>mapa pode ser considerado por acaso, nem seus símbolos, nem suas cores,</p><p>nem seu tamanho e, muito menos, seu conteúdo.</p><p>Dessa forma, vamos além da simples visualização de um mapa, ou seja,  bus-</p><p>caremos construir um conhecimento especí�co capaz de nos dar condições</p><p>para desvendar o universo que está por trás dos mapas, conhecê-lo a fundo,</p><p>para, assim, compreender a dimensão da ciência Cartográ�ca!</p><p>Vamos conhecer as principais teorias que regem a cartogra�a. Veremos seus</p><p>aspectos básicos e suas intrínsecas ligações com a Geogra�a, o que a torna es-</p><p>sencial neste curso, a�nal,</p><p>a cartogra�a nada mais é do que a expressão grá�-</p><p>ca da Geogra�a. Pense nisso!</p><p>6. Breve panorama teórico da cartogra�a</p><p>Para que o estudo da cartogra�a seja proveitoso, é de fundamental importân-</p><p>cia conhecer o seu propósito como ciência. Para isso, será apresentada suas</p><p>principais bases teóricas.</p><p>Princípios teóricos da Cartogra�a</p><p>Apesar de registros históricos apontarem que os primeiros documentos carto-</p><p>grá�cos datam de séculos antes do aparecimento da própria escrita, a preocu-</p><p>pação com a questão teórica é recente, surgindo apenas na metade do século</p><p>19, com grande expressão na e na .</p><p>No século 17, a cartogra�a desenvolvia-se, principalmente, em função das</p><p>grandes navegações e da necessidade de exploração de novas terras para se</p><p>con�rmar a expansão territorial. Nessa época, buscava-se mais aprimorar as</p><p>técnicas matemáticas e a arte para a apresentação dos mapas do que o seu</p><p>conteúdo cientí�co em termos de sistematização das atividades e divulgação</p><p>do conhecimento.</p><p>Somente no �nal dos anos de 1930, a cartogra�a �rma-se como um campo da</p><p>ciência. A partir desse período, surgem inúmeras , elaboradas por</p><p>diversos autores nas mais distintas épocas que explicam seus meios e �ns</p><p>(por exemplo, o livro Introdução à Cartogra�a Temática, de Paulo Araújo</p><p>Duarte, de 1991, traz um conjunto de de�nições sobre cartogra�a). Todavia, es-</p><p>sas de�nições possuem algumas divergências entre si, que variam de acordo</p><p>com as concepções dos autores, seus princípios pessoais, a cultura na qual se</p><p>inserem, a atmosfera política que os envolve, em resumo, o contexto histórico</p><p>em que viveram.</p><p>A característica técnica do mapa é indiscutível. Além disso, alguns autores</p><p>entendem a cartogra�a como ciência, outros, ainda, como arte, e a grande</p><p>maioria aceita as duas concepções. Esta última possui uma grande aceitação</p><p>no Brasil, e é adotada por importantes autores especializados na área. Ainda</p><p>na década de 1990, surgiram outras de�nições que a classi�caram como disci-</p><p>plina, como fez a International Cartographic  Association em 1991.</p><p>Como mencionado, a grande maioria das de�nições compartilham um objeti-</p><p>vo comum. Podemos considerar que a cartogra�a é ao mesmo tempo:</p><p>• Ciência.</p><p>• Arte.</p><p>• Técnica.</p><p>Esses três tópicos serão os pilares de nossos estudos. Assim, transcrevemos, a</p><p>seguir, uma de�nição dada à Cartogra�a no ano de 1964, pela International</p><p>Cartographic Association (ICA), que engloba esses itens e satisfaz às necessi-</p><p>dades do curso.</p><p>é o conjunto de estudos e operações cientí�cas, artísticas e técnicas, baseadas</p><p>nos resultados de observações diretas ou de análise de documentação, com vistas à elabo-</p><p>ração e preparação de cartas, planos e outras formas de expressão, bem como sua utilização</p><p>(ASSOCIAÇÃO CARTOGRÁFICA INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA, 2012).</p><p>A seguir, analisaremos cada um dos tópicos destacados anteriormente.</p><p>Vejamos:</p><p>• : de acordo com Duarte (2002), a cartogra�a pode ser considerada uma</p><p>ciência, pois está inserida em um campo de atividade humana que requer o</p><p>desenvolvimento de conhecimentos especí�cos, aplicação sistemática de</p><p>operações de campo e laboratório, planejamento dessas operações, metodolo-</p><p>gia de trabalho e aplicação de técnicas, além do conhecimento de outras ciên-</p><p>cias.</p><p>• : a sensibilidade artística é própria, também, de todo trabalho cartográ�-</p><p>co. Por ser caracterizado como documento exclusivamente visual, o mapa es-</p><p>tá submetido a leis �siológicas de percepção da imagem. Assim, para que se</p><p>cumpra corretamente sua função de transmitir a informação ao receptor</p><p>(dentro da ótica de comunicação), é essencial que haja harmonia entre cores,</p><p>símbolos, boa disposição dos elementos (traçados, legenda, letreiros), respei-</p><p>tando sempre as regras da semiologia grá�ca, e primando pela estética.</p><p>Nesse sentido, Duarte (1991) a�rma que o trabalho cartográ�co deve objetivar</p><p>o ideal da beleza. Deve-se salientar que a arte não quer dizer complexidade, e</p><p>muito menos que deva se priorizar o aspecto decorativo do mapa em detri-</p><p>mento da precisão de sua informação. Na representação cartográ�ca, o cará-</p><p>ter artístico, juntamente com o cientí�co, deve compor um conjunto harmoni-</p><p>oso, que satisfaça o leitor por meio da beleza, e garanta a qualidade e o nível</p><p>de informação fornecida.</p><p>• : a técnica justi�ca-se pelo fato de que todo conjunto de operações ser</p><p>direcionado à obtenção de um documento com caráter altamente técnico, o</p><p>mapa. Seu objetivo primeiro, de comunicar uma idéia sem dar margens a in-</p><p>terpretações contraditórias (MARTINELLI, 1991), con�rma esta posição. Outro</p><p>fator que destaca claramente a tecnicidade do mapa é, como indica Joly</p><p>(2003), que a atividade cartográ�ca engloba as atividades que vão desde o le-</p><p>vantamento de campo, ou mesmo de documentos cartográ�cos já existentes</p><p>na bibliogra�a, até a impressão de�nitiva e publicação do mapa elaborado.</p><p>Atualmente, com a difusão das geotecnologias, em especial das ferramentas</p><p>de geoprocessamento, nas quais se inserem os sistemas de informações geo-</p><p>grá�cas (SIG), a técnica assume destacada relevância entre os três itens discu-</p><p>tidos. No entanto, não haverá êxito na manipulação das ferramentas essenci-</p><p>almente técnicas se o operador não dispuser de bom senso em relação à arte e,</p><p>especialmente, à ciência. Caso contrário, a difusão dessas ferramentas condi-</p><p>cionará a banalização do tratamento das informações geográ�cas e, conse-</p><p>quentemente, a publicação de falsas informações.</p><p>A necessidade de compreendermos  a in�uência exercida pela ciência, arte e a</p><p>técnica em um simples mapa reside na pretensão desta disciplina em abordar</p><p>a cartogra�a sob uma visão holística, para que possamos compreender seu</p><p>potencial e seus limites, e não apenas conceber o mapa como produto já pron-</p><p>to em papel ou num monitor de vídeo, passando despercebido todo o processo</p><p>de elaboração que o antecedeu.</p><p>Mas será que é necessário que aprendam essas características tão pecu-</p><p>liares da ciência cartográ�ca? A justi�cativa para aceitarmos a a�rmativa an-</p><p>terior é muito simples.</p><p>Estamos nos propondo a nos especializarmos em numa área do conhecimen-</p><p>to humano (a Geogra�a) que nos torna indivíduos com conhecimentos especí-</p><p>�cos, diferenciados. O que é de domínio do senso comum, por exemplo, a leitu-</p><p>ra dos mapas (pelo menos deveria ser), como mencionado, todos sabem. No</p><p>entanto, o conhecimento dessas peculiaridades serão o diferencial no</p><p>campo pro�ssional. O domínio dessas informações garantirá a você a segu-</p><p>rança diante dos obstáculos que surgirem, seja em perguntas em sala de aula,</p><p>seja fora dela. Não se esqueça de que temos muito mais facilidade de ensinar</p><p>aquilo que conhecemos a fundo e com o qual temos experiência.</p><p>Sendo assim, é aconselhável que conheçamos todas as suas etapas. Como sa-</p><p>lientou Joly (2003), as operações cartográ�cas são extensas, vão desde o le-</p><p>vantamento de dados até a divulgação do material. No entanto, isso não signi-</p><p>�ca que devemos dominar o manuseio de cada etapa do processo de elabora-</p><p>ção do mapa. É desejável, pelo menos no campo pro�ssional, que haja especia-</p><p>listas para as diversas etapas do trabalho cartográ�co.</p><p>Podemos concluir que o material cartográ�co é o responsável por representar,</p><p>de modo adequado, os fatos e fenômenos que ocorrem sobre a superfície da</p><p>Terra, no céu, no mar e até mesmo nos astros, constituindo um instrumento</p><p>indispensável para o trabalho do geógrafo, pois possibilita tanto o registro co-</p><p>mo a análise espacial dos dados. Conhecer e representar a Terra foram os pri-</p><p>meiros objetivos da cartogra�a, e ainda hoje é a sua maior preocupação.</p><p>Agora, com o foco na Geogra�a, convidamos você a exercitar seu raciocínio de</p><p>pesquisador. À luz do que você conhece sobre as diversas concepções de espa-</p><p>ço na Geogra�a, como a cartogra�a pode contribuir em cada corrente do pen-</p><p>samento geográ�co?</p><p>É importante destacar que a cartogra�a convive com pluralismos epistemoló-</p><p>gicos, o que ocorre em qualquer outra ciência. Compreender pontos de vista</p><p>distintos</p><p>nos permite visualizar o assunto por outro ângulo, facilitando o en-</p><p>tendimento dos “porquês” de diferentes abordagens. Ao defender uma posição,</p><p>é importante conhecê-la tão bem quanto suas antagônicas, para que as críti-</p><p>cas sejam baseadas em argumentos cientí�cos concretos, e não em “achis-</p><p>mos” do senso comum. Desse modo, é de fundamental importância que você</p><p>pesquise sobre as diversas abordagens existentes na cartogra�a, assim como</p><p>na Geogra�a em geral.</p><p>Comunicação cartográ�ca</p><p>Há inúmeras formas de comunicar uma mensagem. De maneira simplista, po-</p><p>demos indicar a comunicação por meio da fala (comunicação verbal), da mú-</p><p>sica, da escrita e de várias outras possibilidades desenvolvidas ao longo da</p><p>história do homem.</p><p>Esses meios de comunicação atingem o seu objetivo mediante o uso de uma</p><p>linguagem especí�ca, que pode ser compreendida como:</p><p>Qualquer e todo sistema de signos que serve como meio de comunicação de idéias ou senti-</p><p>mentos através de signos convencionais, sonoros, grá�cos, gestuais etc., podendo ser perce-</p><p>bida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguir várias espécies de lingua-</p><p>gem: visual, auditiva, tátil, etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo</p><p>tempo, de elementos diversos, como se faz nos �lmes que misturam a linguagem visual</p><p>com a sonora (ALMEIDA, 1980, n. p.; HOUAISS, 2001, n. p.).</p><p>Dessa forma, podemos considerar a cartogra�a como uma linguagem especí�-</p><p>ca, pois atende a todos os requisitos mencionados. Ou seja, possui seus signos</p><p>(normatizados pela semiologia grá�ca), exprime uma ideia (o tema abordado)</p><p>e é, na maioria das vezes, uma linguagem visual. Existem mapas cuja �nalida-</p><p>de não se destina apenas ao sentido visual. Há mapas especiais desenvolvidos</p><p>para de�cientes visuais também. A Cartogra�a Tátil é a responsável pela ela-</p><p>boração de mapas (maquetes), formados por materiais distintos, apresentando</p><p>formas e rugosidades especí�cas, segundo o objeto da realidade que esteja re-</p><p>presentando. É especial por ser um meio de comunicação entre indivíduos,</p><p>como, por exemplo, o editor do mapa e o receptor.</p><p>Segundo Martinelli (1991), as compõem, de maneira</p><p>abrangente, os sistemas de sinais que o homem desenvolveu para possibilitar</p><p>a comunicação entre si, criando uma linguagem exclusivamente visual.</p><p>O conceito de representação grá�ca sustentou a cartogra�a por longas déca-</p><p>das. Vejamos:</p><p>Representação Grá�ca é a linguagem grá�ca; bidimensional; atemporal; destinada</p><p>à vista. Se expressa por meio da construção da imagem, por isso tem supremacia</p><p>sobre as outras formas de linguagem, pois demanda apenas de um instante míni-</p><p>mo de percepção. E principalmente, integra o sistema semiológico monossêmico</p><p>(MARTINELLI, 1991, p. 9).</p><p>Para melhor compreendermos como estrutura a hierarquia da comunicação</p><p>visual, apresentamos na Figura 41 o organograma que expõe com clareza esta</p><p>ideia.</p><p>: Matias (1996, p. 64).</p><p>Figura 41 A representação grá�ca no universo da semiologia.</p><p>A Figura 41 expõe a hierarquia existente na semiologia. Observe que da “co-</p><p>municação visual” se derivam as “imagens estáticas” e “dinâmicas”, sendo os</p><p>mapas representados como �guras estáticas. Essa hierarquia foi elaborada pe-</p><p>lo autor no ano de 1996 e, sem dúvida, é extremamente válida e didática ainda</p><p>hoje. No entanto, com o passar dos anos, novas necessidades surgem, e os mé-</p><p>todos vão se adequando aos novos paradigmas cientí�cos.</p><p>Observa-se atualmente que em algumas áreas especí�cas, como, por exemplo,</p><p>a Defesa Civil e o monitoramento ambiental, os mapas com representações es-</p><p>táticas já não satisfazem mais as necessidades, pois esses serviços estratégi-</p><p>cos precisam de representações grá�cas que indiquem a dinâmica dos fenô-</p><p>menos geográ�cos, como eles variam no espaço em pequenos lapsos de tem-</p><p>po – como é o caso do monitoramento de atividades climáticas extremas</p><p>(tempestades, furações, tornados, geadas, ondas de calor, entre outros), en-</p><p>chentes, queimadas, derramamento de óleo. Ou seja, são informações funda-</p><p>mentais para tomadas de decisões em curtos prazos. O desenvolvimento da</p><p>computação na área das Geociências tem avançado nas técnicas denomina-</p><p>das “modelagem dinâmica de sistemas ambientais”, que buscam suprir as</p><p>atuais necessidades. Quando partimos da concepção de Cartogra�a como lin-</p><p>guagem, aceitamos, concomitantemente, seu papel de comunicação visual.</p><p>Pois, como indicado anteriormente, a linguagem destina-se à comunicação</p><p>entre pessoas.</p><p>Nesse sentido, a compreensão do processo de comunicação visual auxilia-nos</p><p>na construção dos produtos cartográ�cos e permite-nos criticar o mapa, bem</p><p>como avaliar o seu papel social.</p><p>A comunicação visual, então, objetiva a compreensão e o entendimento de</p><p>uma mensagem, e, no caso da representação grá�ca, a comunicação revela-se</p><p>por meio da linguagem monossêmica, que, por sua vez, objetiva evidenciar as</p><p>relações fundamentais entre objetos e dados apresentados. Mas, a�nal, como</p><p>funciona esse processo?</p><p>O processo de comunicação grá�ca fundamenta-se em uma estrutura com-</p><p>posta por seis elementos. Acompanhe, a seguir, como Duarte (2002) descreve</p><p>cada um deles.</p><p>• : é aquele que envia a mensagem. Dessa forma, para que uma</p><p>mensagem seja transmitida com e�ciência será necessário que o cartó-</p><p>grafo (remetente) apresente pleno domínio das técnicas cartográ�cas, pa-</p><p>ra que possa conceber a simbologia mais adequada capaz de representar</p><p>a informação desejada, obtendo êxito na transmissão da informação. No</p><p>entanto, somente obteremos sucesso se o cartógrafo compreender a natu-</p><p>reza da informação que estará representando. Ou seja, é preciso que o car-</p><p>tógrafo compreenda e domine o assunto.</p><p>Complementando essa de�nição, Joly (2003, p. 134) a�rma que “[...] para um</p><p>bom cartógrafo, primeiro é preciso ser um bom especialista. É preciso domi-</p><p>nar o assunto a ser tratado [...] ao mesmo tempo que uma séria maestria da</p><p>composição grá�ca”.</p><p>Isso signi�ca que o remetente só será capaz de elaborar uma boa mensagem</p><p>visual se possuir um bom . Nesse contexto, cabe de�nir repertório e</p><p>destinatário.</p><p>• : conjunto de conhecimentos e experiências que permitirão a</p><p>elaboração de uma mensagem clara.</p><p>• : aquele ao qual a mensagem se destina. Se a mensagem esti-</p><p>mular uma resposta igual à esperada pelo remetente, o processo de co-</p><p>municação está completo.</p><p>Como vimos, o destinatário também deve possuir um bom repertório, pois a</p><p>leitura do mapa será tanto mais rica, quanto maior for o repertório do leitor.</p><p>Outro importante elemento nesse processo é a mensagem, vejamos:</p><p>• : é a resultante de uma associação de ideias a um ou mais estí-</p><p>mulos físicos. Caso contrário, admite-se que houve nesse processo a in-</p><p>terferência de um ruído.</p><p>A ideia ( ), por sua vez, compreende o pensamento a ser transmiti-</p><p>do. O estímulo físico ou , no caso da cartogra�a, são as imagens</p><p>que compõem o mapa. E a união desses dois elementos forma o , respon-</p><p>sável por transmitir a mensagem.</p><p>• : é o meio que possibilita a compreensão do signo. Ele pode ser</p><p>uma norma, uma convenção ou uma instrução que facilita a compreen-</p><p>são do signo. Por exemplo, em um mapa que se proponha a indicar a dis-</p><p>tribuição dos hospitais e dos postos de gasolina em um determinado ter-</p><p>ritório, poderemos optar por representar esses elementos por “pontos”</p><p>verdes para os hospitais e azuis para os postos. Desse modo, primeira-</p><p>mente o destinatário deverá se remeter à legenda para compreender o</p><p>que é cada ponto representado. No entanto, se representarmos no mesmo</p><p>mapa os locais com: cruzes vermelhas e bombas de gasolina, a descodi�-</p><p>cação será imediata por parte do destinatário, nesse caso os códigos faci-</p><p>litaram a identi�cação imediata dos pontos no mapa.</p><p>Esses símbolos visuais grá�cos são encontrados na literatura como</p><p>. Eles representam os símbolos que possuem uma relação muito es-</p><p>treita entre o signi�cante e o signi�cado, proporcionando uma</p><p>quase que imediata. Por isso, são mais vantajosos do que os outros signos lin-</p><p>guísticos.</p><p>Outro fator contemplado pela comunicação</p><p>visual é o veículo.</p><p>• : é qualquer elemento de natureza física usado para transportar ou</p><p>conduzir a mensagem até o destinatário, tal como o papel, rádio, TV etc.</p><p>A Figura 42 ilustra o modelo de comunicação visual utilizado pela cartogra�a.</p><p>Vejamos.</p><p>: Duarte (2002, p. 172).</p><p>Figura 42 Modelo do processo de comunicação cartográ�ca.</p><p>Atualmente, os princípios da comunicação visual são bem aceitos para a car-</p><p>togra�a. Contudo, a intensi�cação da informática e da automação nas rela-</p><p>ções sociais permitiu maior interatividade entre remetente e destinatário, im-</p><p>plicando em algumas modi�cações e no desenvolvimento de outras concep-</p><p>ções para a cartogra�a, como poderá ser observado na abordagem sobre visu-</p><p>alização cartográ�ca.</p><p>Visualização Cartográ�ca</p><p>Segundo Ramos (2001), a visualização cartográ�ca é uma nova forma de con-</p><p>ceber a cartogra�a.</p><p>Inicialmente, é importante desvincularmos a ideia popular de visualização e</p><p>assumirmos a acepção cientí�ca do termo.</p><p>Em cartogra�a, o termo visualização, conforme cita Scolum (1998), indica não</p><p>somente a visualização de um resultado �nal, mas também a apresentação de</p><p>informações que possibilitem ao leitor, por meio de sua exploração, estabele-</p><p>cer suas próprias análises e chegar a um novo conhecimento.</p><p>Portanto, o termo visualização cartográ�ca não centra suas atenções apenas</p><p>no trabalho de criação do mapa (como prega a comunicação cartográ�ca),</p><p>mas também no seu uso pelo leitor. O processo de visualização cartográ�ca</p><p>está relacionado, especialmente, aos mapas estruturados para a consulta em</p><p>ambientes digitais interativos, ou seja, mapa como instrumento de análise e</p><p>interatividade.</p><p>Apesar de ser unânime a compreensão desse termo, há algumas diferenças na</p><p>forma de como autores abordam o mapa na visualização cartográ�ca. DiBiase</p><p>(1990, apud RAMOS 2001), por exemplo, enfatiza o uso do mapa como relação</p><p>entre cartógrafo e leitor, enquanto Taylor (1991, apud RAMOS, 2001) destaca a</p><p>tecnologia envolvida no processo de visualização.</p><p>Ramos (2001), também, salienta que, em essência, o processo de visualização</p><p>cartográ�ca relaciona-se às dualidades:</p><p>• Análise versus comunicação.</p><p>• Exploração de informações versus apresentação de informações.</p><p>De maneira representativa, MacEachren (1994) desenvolveu um modelo muito</p><p>interessante denominado “(cartogra�a)” – cartogra�a ao cubo.</p><p>Esse modelo é baseado em 3 eixos, como veremos a seguir:</p><p>• : relacionado à apresentação do conhecido ou descobrimento do</p><p>desconhecido.</p><p>• : relacionado à interatividade alta e interatividade baixa.</p><p>• : relacionado ao uso público ou privado.</p><p>Veja o exemplo apresentado na Figura 43.</p><p>: Maceachren (1994 apud RAMOS, 2001, p. 23).</p><p>Figura 43 Cartogra�a ao cubo.</p><p>Podemos considerar, portanto, que o princípio do processo de visualização</p><p>cartográ�ca existente entre . Além disso, a visua-</p><p>lização cartográ�ca preocupa-se de que forma o mapa será utilizado, quais</p><p>instrumentos de análise serão fornecidos, quais mecanismos de exploração</p><p>serão disponibilizados e quais combinações de informação o usuário poderá</p><p>fazer.</p><p>Por essas razões, a visualização cartográ�ca mantém estreita relação com a</p><p>cartogra�a digital, pela in�nidade de possibilidades de desenvolvimento de</p><p>aplicações interativas.</p><p>Desse modo, podemos concluir que a utilização de uma abordagem cartográ�-</p><p>ca não é superior à outra, uma vez que a visualização cartográ�ca não invali-</p><p>da a comunicação cartográ�ca, nem mesmo o inverso. Como ambas possuem</p><p>objetivos distintos, aplicam-se em diferentes situações. Cabe ao pesquisador,</p><p>ou ao educador, tendo em vista seus objetivos, escolher a abordagem cartográ-</p><p>�ca que melhor se adéque às suas pretensões.</p><p>Após compreender a comunicação e a visualização cartográ�ca, iniciaremos</p><p>os estudos sobre o universo da cartogra�a temática.</p><p>O desenvolvimento da cartogra�a temática</p><p>Quantos tipos de mapa você já viu?</p><p>Ao responder a essa questão podemos nos referir a uma grande variedade de</p><p>mapas, tais como mapas em pequena escala cartográ�ca, capazes de repre-</p><p>sentar o planeta Terra de uma única vez (os planisférios), ou, parte de mapas</p><p>topográ�cos utilizados para estabelecer a rota a ser seguida numa trilha eco-</p><p>lógica, ou até mesmo mapas menos técnicos, por exemplo, aqueles que apenas</p><p>informam o local da “casa dos seus sonhos”, como faz os folders publicitários</p><p>distribuídos por construtoras de imóveis e imobiliárias. Já notou quais são as</p><p>semelhanças entre eles? Ou quais as suas diferenças?</p><p>De maneira geral, podemos dividir a cartogra�a em dois ramos bastante</p><p>abrangentes: e a .</p><p>Panorama histórico da cartogra�a temática</p><p>Em meados do século 17, com origem francesa, a cartogra�a topográ�ca, ou de</p><p>base, caracterizou-se por objetivar a representação exata e detalhada da su-</p><p>perfície terrestre no que se refere à posição, forma e dimensão das áreas e su-</p><p>as distâncias. Para garantir essa precisão, consideravam-se topográ�cos ape-</p><p>nas os mapas que se inseriam entre as escalas de 1:10 000 (um para dez mil) e</p><p>1:100 000 (um para cem mil).</p><p>Nesses mapas, eram registrados essencialmente os elementos descritivos do</p><p>terreno, como a hidrogra�a, as curvas de nível, a vegetação e alguns detalhes</p><p>planimétricos (vias de comunicação, cercas de propriedades rurais), limites</p><p>políticos (estados, municípios, distritos, área urbana). Portanto, foram utiliza-</p><p>dos como um recurso essencial no traçado de estratégias de cunho militar e</p><p>organização do espaço geográ�co por conta do Estado.</p><p>Além disso, paralelamente à sua utilização, outros mapas se dedicaram a re-</p><p>presentar, separadamente, aspectos e fenômenos particulares da superfície</p><p>terrestre, de modo que não houvesse acúmulo de informações sobrepostas em</p><p>um único mapa.</p><p>Por exemplo, se imaginássemos um mapa com uma in�nidade de informa-</p><p>ções sobre um mesmo território, como ele seria? Acompanhe pela Figura 44</p><p>como seria sua representação.</p><p>Figura 44 Sobreposição de informações.</p><p>Como podemos observar, o mapa não é capaz de informar nada. A solução pa-</p><p>ra este problema, como menciona Joly (2003), foi bastante simples: multiplicá-</p><p>los e diversi�cá-los.</p><p>Sobre uma base cartográ�ca de limites precisos (mapa topográ�co)</p><p>desenvolveu-se os mapas especializados, tais como: mapas administrativos,</p><p>mapas geológicos, mapas pedológicos, mapas demográ�cos, mapas industri-</p><p>ais, mapas de �uxos, mapas climáticos entre outros.</p><p>Como podemos observar, houve a necessidade de tratar estes mapas de uma</p><p>maneira mais particularizada, pois, apesar de todo mapa ser especializado na-</p><p>quilo que representa, há diferenças consideráveis entre os mapas topográ�cos</p><p>e os outros. Adotou-se, desse modo, o nome de a ge-</p><p>neralizar todos os mapas que abordassem outro assunto que não fosse a repre-</p><p>sentação precisa do terreno, mas, sim, a espacialização de fenômenos diversos</p><p>e de qualquer natureza sobre o espaço geográ�co (em literaturas mais antigas,</p><p>observamos, também, o uso da denominação para car-</p><p>togra�a temática).</p><p>Os mapas temáticos objetivam fornecer uma representação convencional dos</p><p>fenômenos localizáveis de qualquer natureza e de suas correlações, com o au-</p><p>xílio de símbolos qualitativos e/ou quantitativos dispostos sobre uma base de</p><p>referência, geralmente extraída dos mapas topográ�cos, ou dos mapas de con-</p><p>junto (JOLY, 2003).</p><p>Entretanto, se a intenção do movimento foi dar à cartogra�a temática a cono-</p><p>tação de um assunto particular, partiu-se da premissa de que há, em contra-</p><p>partida, um assunto de conotação geral. Desse modo, legitimou-se a divisão da</p><p>cartogra�a em dois grandes ramos:</p><p>• : descritiva e geométrica.</p><p>• : analítica e explicativa.</p><p>Para elucidar melhor as distinções entre os ramos da cartogra�a, apresenta-</p><p>mos um quadro explicativo baseado em Duarte (1991). Acompanhe a seguir.</p><p>Caracterização dos segmentos cartográ�cos.</p><p>Atendem a uma ampla diversidade de</p><p>propósitos.</p><p>Atendem aos usuários especí�cos.</p><p>Podem ser utilizados por muito tem-</p><p>po.</p><p>Geralmente os dados são superados</p><p>com rapidez.</p><p>Não requerem conhecimento especí-</p><p>�co para sua compreensão.</p><p>Leitura</p><p>simples.</p><p>Requerem conhecimento especí�co</p><p>para sua compreensão. Interpretação</p><p>complexa.</p><p>Elaborados por pessoas especializa-</p><p>das em cartogra�a.</p><p>Geralmente elaborados por pessoas</p><p>não especializadas em cartogra�a.</p><p>Utilizam cores de acordo com a con-</p><p>venção estabelecida para mapas to-</p><p>pográ�cos.</p><p>Utilizam cores de acordo com as rela-</p><p>ções entre os dados que apresentam.</p><p>Uso generalizado de palavras e nú-</p><p>meros para mostrar os fatos.</p><p>Uso de símbolos grá�cos, especial-</p><p>mente planejados para facilitar a</p><p>compreensão de diferenças quantita-</p><p>tivas e qualitativas.</p><p>Sempre servem de base para outras</p><p>representações.</p><p>Raramente servem de base para ou-</p><p>tras representações.</p><p>: adaptado de Archela (2000); Duarte (1991, p. 22).</p><p>A de�nição de Salichtchev (1977, apud MARTINELLI, 1991, p. 35) apresenta de</p><p>forma explícita o que a cartogra�a temática é capaz de oferecer à sociedade,</p><p>ao mencionar que ela é a “[...] ciência que trata e investiga a distribuição espa-</p><p>cial dos fenômenos naturais e culturais, suas relações e suas mudanças atra-</p><p>vés do tempo, por meio da representação cartográ�ca”.</p><p>Podemos perceber em sua de�nição a preocupação com a reprodução da reali-</p><p>dade de forma grá�ca e generalizada, que incluem as</p><p>dos e .</p><p>Re�etindo sobre essa de�nição, Santos (2002) a�rma que ela se aproxima mui-</p><p>to da Geogra�a, visto que nela se apresentam dois elementos fundamentais</p><p>para essas ciências: a relação .</p><p>A cartogra�a, portanto, pode in�uenciar o geógrafo, o professor de Geogra�a e</p><p>o estudante de Geogra�a. Nesse caso, a cartogra�a deve atuar especialmente</p><p>como reveladora de informações geográ�cas.</p><p>Vale salientar que a extensão e a localização, dois dos cinco princípios da</p><p>Geogra�a, evidenciam-se por meio da representação grá�ca.</p><p>Por �m, é importante ressaltar que a cartogra�a temática, da mesma forma</p><p>que o processo de representação grá�ca, possui uma função tríplice: regis-</p><p>trar/coletar, tratar e comunicar informações.</p><p>7. Escala Cartográ�ca x Escala Geográ�ca</p><p>Conforme discutimos no tópico anterior, a cartogra�a temática aproxima-se</p><p>muito da Geogra�a. Essa semelhança, portanto, surge da necessidade de</p><p>e os fenômenos naturais e culturais</p><p>que nos cercam, sua análise e a busca pelo entendimento das correlações.</p><p>Um dos elementos que aproximam essas ciências é a .</p><p>Com base na compreensão dos conteúdos estudados, responda: qual das ima-</p><p>gens a seguir (Figura 45) possui a maior escala?</p><p>Figura 45 Imagem escala terra Brasil.</p><p>Como podemos notar, a imagem apresentada pela Figura “ apresenta uma</p><p>escala cartográ�ca maior se comparada à escala da Figura . Acompanhe,</p><p>agora, o caso a seguir.</p><p>Um determinado geógrafo está realizando um estudo sobre as alterações cli-</p><p>máticas nos últimos 100 anos. Sua pesquisa está dividida em dois momentos</p><p>distintos. No primeiro momento, ele faz uma observação geral considerando</p><p>todo o planeta Terra. Em um segundo momento, ele aborda apenas as altera-</p><p>ções ocorridas no território brasileiro. Pergunta-se: em qual dos momentos de</p><p>sua pesquisa o geógrafo adotou uma escala maior para abordar seus estudos?</p><p>É evidente que a imagem apresentada pela Figura “ ” representa maior escala</p><p>se comparada à da Figura “ .</p><p>A confusão que fazemos para responder a essas questões está no fato de utili-</p><p>zarmos o termo escala aleatoriamente em nosso cotidiano. Como salienta</p><p>Castro (2003), na Geogra�a, o raciocínio analógico entre escala cartográ�ca e</p><p>escala geográ�ca di�culta a problematização deste conceito.</p><p>Logo, na verdade, o que se observa é a confusão entre a matemá-</p><p>tica e a .</p><p>Em razão disso, o geógrafo tem di�culdades ao utilizar os termos “grande” e</p><p>“pequena” escala para designar superfícies de tamanhos inversos a esses qua-</p><p>li�cativos.</p><p>Re�etindo sobre esse assunto, Castro (2003, p. 119) a�rma que “[...] referir-se ao</p><p>local como grande escala e ao mundo como pequena escala é utilizar a fração</p><p>como base descritiva e analítica, quando ela é apenas um instrumental”.</p><p>O conceito de escala geográ�ca se contrapõe ao conceito de escala cartográ�-</p><p>ca, uma vez que o primeiro se traduz pela amplitude da área geográ�ca em es-</p><p>tudo, ou seja, quanto maior a extensão da área, maior será a escala geográ�ca</p><p>associada.</p><p>De acordo com Castro (2003, n.p.): “A análise geográ�ca dos fenômenos requer</p><p>objetivar os espaços na escala em que eles são percebidos”.</p><p>Evidencia-se, assim, o conceito antagônico que é a escala cartográ�ca. Esta é</p><p>escolhida apenas para dar mediante sua representação.</p><p>Lembre-se de que, quanto maior a escala geográ�ca, menor será a escala car-</p><p>tográ�ca.</p><p>Para elaboração de um projeto de pesquisa, momento em que decidimos a pro-</p><p>blemática a ser trabalhada, devemos decidir também o que</p><p>iremos abordar. Este recorte irá variar de acordo com os objetivos de análise, e</p><p>infraestruturas disponíveis para realizar a pesquisa. Sobre esse contexto,</p><p>Castro (2003) comenta que os gregos já haviam a�rmado que quando o tama-</p><p>nho muda, as coisas mudam, e que na relação entre fenômenos e tamanho</p><p>se transferem leis de um tamanho a outro sem problemas. O recorte espa-</p><p>cial refere-se à escala geográ�ca, posteriormente, em função dela, será deter-</p><p>minada a escala cartográ�ca, que dará apenas visibilidade ao fenômeno.</p><p>Para complementar nossa compreensão, acompanharemos, no próximo tópi-</p><p>co, como obter a escala cartográ�ca adequada para dar visibilidade a um fenô-</p><p>meno, mediante um recorte espacial de�nido. A partir de agora, será necessá-</p><p>rio utilizar as expressões completas, como “escala cartográ�ca” e “escala geo-</p><p>grá�ca”, para que não haja confusões entre esses conceitos (distintos).</p><p>8. Determinação da escala numérica e a gene-</p><p>ralização cartográ�ca</p><p>Ao apresentar um mapa que contenha informações precisas, como, por exem-</p><p>plo, um mapa de “uso do solo e cobertura vegetal”, disposto na Figura 46, deve-</p><p>mos ter o cuidado em representar todos os elementos que deverão ser propos-</p><p>tos para a escala cartográ�ca sugerida, ou seja, não podemos omitir informa-</p><p>ções, e nem mesmo apresentá-las em excesso. Vejamos.</p><p>Figura 46 Mapa de uso do solo e cobertura vegetal.</p><p>Dessa forma, é importante prever qual é o menor elemento a ser cartografado,</p><p>para garantir a sua presença no mapa, desprezando os elementos inferiores,</p><p>de modo que não haja excesso de informação. Esta tarefa pode ser alcançada</p><p>considerando a do mapa.</p><p>Retomemos o exemplo do mapa de uso e de cobertura do solo. Já delimitada a</p><p>porção da superfície terrestre a ser representada cartogra�camente (uma ba-</p><p>cia hidrográ�ca, por exemplo), decidimos que o menor elemento de nosso inte-</p><p>resse que será representado são formações arbóreas, cujo diâmetro de seu dos-</p><p>sel é de 10 metros. Ou seja, na visão vertical (visão cartográ�ca), o menor obje-</p><p>to a ser representado é um elemento de 10 metros.</p><p>Como indicado pelo IBGE, o menor comprimento grá�co que se pode represen-</p><p>tar em um desenho é um ponto com diâmetro igual ou superior a 0,2mm.</p><p>A medida de 0,2mm �cou estabelecida como erro grá�co – o menor ponto per-</p><p>ceptível pelo homem. Assim, partindo de uma escala cartográ�ca de�nida,</p><p>pode-se determinar o erro admissível ou erro tolerável para um determinado</p><p>elemento, que é calculado da seguinte forma:</p><p>Et = 0,0002m * M</p><p>Onde:</p><p>• = Erro tolerável, em metros.</p><p>• = Denominador da escala numérica.</p><p>Acompanhe o seguinte caso: na escala cartográ�ca de 1:1 (dimensão real), te-</p><p>mos a capacidade �siológica de enxergar um ponto com 0,0002m de diâmetro.</p><p>Ao diminuirmos a escala cartográ�ca, como faz qualquer mapa (pois todo ma-</p><p>pa é uma redução da realidade), esse valor precisa ser reajustado para que</p><p>possamos enxergá-lo. Logo, ao reduzirmos a escala cartográ�ca de 1:1 para 1:10</p><p>000 (um para dez mil), por exemplo, devemos ajustar o valor 0,0002m em:</p><p>1) Escala cartográ�ca 1:1 – Dimensão real.</p><p>a) Et = 0,0002m * M</p><p>b) Et = 0,0002*1</p><p>c) Et = 0,0002</p><p>2) Escala cartográ�ca 1:10 000 – Redução do Real.</p><p>a) Et = 0,0002m * M</p><p>b) Et = 0,0002m * 10 000</p><p>c) Et = 2m.</p><p>Isso signi�ca que, se tivermos o valor da escala numérica, é possível</p><p>as representações grá�-</p><p>cas enquanto uma linguagem, e propomos um olhar para os novos desa�os</p><p>teóricos para o mapa a partir da análise do espaço como representação. Por</p><p>�m, veremos uma introdução dos fundamentos da Cartogra�a, apresentando</p><p>algumas de�nições e a metodologia cartográ�ca.</p><p>Bons estudos!</p><p>2. A Representação Grá�ca: Uma Linguagem</p><p>Quando se fala em mapas, imediatamente se faz associação à Geogra�a. É um as-</p><p>pecto eminentemente cultural. Os mapas, portanto, representariam a Geogra�a, tu-</p><p>do o que é geográ�co. Tais construtos seriam a própria Geogra�a, portanto, sinôni-</p><p>mo (MARTINELLI, 2020).</p><p>A citação anterior abre a introdução do livro Mapas da Geogra�a e Cartogra�a</p><p>Temática, do livro de Marcello Martinelli (2020), que aborda uma síntese da</p><p>evolução dessa técnica com a produção de uma cartogra�a temática, pensan-</p><p>do em uma geogra�a atuante. O livro é uma das referências desta disciplina, e</p><p>indicamos que você continue a leitura dessa introdução, assim como o con-</p><p>teúdo das , e veja como o autor expõe a representação grá�ca</p><p>como uma linguagem.</p><p> Pronto para saber mais?</p><p>Faça a busca pelo nome da obra na página da Biblioteca Virtual Pearson,</p><p>para ler a Introdução e as páginas solicitadas da obra Mapas da</p><p>Geogra�a e Cartogra�a Temática, de Marcelo Martinelli (2020).</p><p>Vimos que o autor inclui as representações grá�cas no universo da comunica-</p><p>ção que, por sua vez, faz parte da comunicação social. Ou seja, é uma lingua-</p><p>gem e possui uma coletânea de signos que devem ser estudados. E essa apren-</p><p>dizagem ocorre, de modo sistemático, principalmente no âmbito escolar, nas</p><p>aulas de Geogra�a.</p><p>Vamos aprofundar assistindo ao vídeo "As Representações Cartográ�cas".</p><p>Nele, a Cartogra�a será de�nida por pesquisadores renomados da</p><p>Universidade de São Paulo, sendo um deles a nossa referência introdutória</p><p>deste ciclo, Marcello Martinelli. Será apresentado um breve histórico da evolu-</p><p>ção das representações cartográ�cas, bem como o ensino da cartogra�a nas</p><p>escolas.</p><p>Vamos aprofundar a história da cartogra�a no próximo ciclo de aprendiza-</p><p>gem, mas esperamos que o vídeo tenha contribuído em todos os aspectos cita-</p><p>dos anteriormente e, principalmente, para sua prática, permitindo a observa-</p><p>ção em sala de aula com comentários dos melhores especialistas.</p><p>Construída a ideia de que a cartogra�a é uma linguagem e permite uma comu-</p><p>nicação visual, vamos analisar o espaço como representação.</p><p>3. O espaço como Representação</p><p>Neste tópico, veremos uma discussão a partir da proposição de novos desa�os</p><p>teóricos para o mapa, a partir da a�rmação de uma virada cartográ�ca. Para</p><p>isso, faça a leitura das da obra de Carlos e Cruz (2019), intitula-</p><p>da A necessidade da Geogra�a.</p><p> Vamos aprender mais sobre a necessidade da Geogra�a?</p><p>Este livro é um projeto feito a várias mãos e que traz componentes im-</p><p>portantes sobre a Geogra�a. Portanto, recomendamos que faça a busca</p><p>pelo nome da obra A necessidade da Geogra�a (CARLOS; CRUZ, 2019), que</p><p>está disponível na Biblioteca Virtual Pearson.</p><p>Com a leitura do artigo indicado a seguir, esperamos esclarecer que estamos</p><p>em um novo momento e, hoje, o desa�o se encontra na percepção do espaço</p><p>por todos, especialmente das crianças e adolescentes que nascem utilizando</p><p>os dispositivos tecnológicos digitais. De acordo com o autor, "a virada carto-</p><p>grá�ca está se construindo sob o desa�o de enfrentar e expressar novas dinâ-</p><p>micas espaciais presentes em nossa realidade". Ou seja, é imposição de reali-</p><p>dade e um desa�o grande para o ensino da Geogra�a/Cartogra�a.</p><p> Que tal aprofundarmos mais sobre a virada cartográ�ca?</p><p>Para dar sequência e aprofundar um pouco mais a respeito desse desa�o</p><p>que temos pela frente, propomos a leitura do artigo Uma virada cartográ-</p><p>�ca? (LÉVY, 2008), que nos apresenta nas  uma provo-</p><p>cação quando diz que, no fundo, estamos diante de uma "virada geográ�-</p><p>ca", na medida em que estamos discutindo as "relações entre nossas so-</p><p>ciedades e seus espaços". Assim, se propõe uma discussão para pensar o</p><p>mapa.  Para ler o artigo Uma virada cartográ�ca? (LÉVY, 2008), clique</p><p>aqui (http://beu.extension.unicen.edu.ar/xmlui/handle/123456789/364).</p><p>Reconhecendo que a linguagem cartográ�ca e a linguagem geográ�ca devem</p><p>ser retomadas, re�etindo sobre essa relação entre ambas e o ensino da</p><p>http://beu.extension.unicen.edu.ar/xmlui/handle/123456789/364</p><p>http://beu.extension.unicen.edu.ar/xmlui/handle/123456789/364</p><p>http://beu.extension.unicen.edu.ar/xmlui/handle/123456789/364</p><p>http://beu.extension.unicen.edu.ar/xmlui/handle/123456789/364</p><p>http://beu.extension.unicen.edu.ar/xmlui/handle/123456789/364</p><p>http://beu.extension.unicen.edu.ar/xmlui/handle/123456789/364</p><p>http://beu.extension.unicen.edu.ar/xmlui/handle/123456789/364</p><p>http://beu.extension.unicen.edu.ar/xmlui/handle/123456789/364</p><p>Geogra�a, e aí considerando um desa�o o contexto das novas tecnologias e a</p><p>formação da percepção do espaço pelo estudante, passamos para o próximo</p><p>artigo Mapas desejantes: uma agenda para a Cartogra�a Geográ�ca (GIRARDI,</p><p>2009), que propõe uma discussão entre o que é "desejo do cartógrafo" e o mapa</p><p>desejante (qual a "realidade do usuário do mapa"). Essa intersecção, de acordo</p><p>com as referências do artigo, quanto mais próxima, maior será a possibilidade</p><p>de acertos (adequações) na escolha pela linguagem cartográ�ca.</p><p> O "desejo do cartógrafo" e o mapa desejante!</p><p>Para acessar o artigo Mapas desejantes: uma agenda para a Cartogra�a</p><p>Geográ�ca (GIRARDI, 2009), clique aqui (http://www.scielo.br/pdf/pp</p><p>/v20n3/v20n3a10.pdf).</p><p>4. Cartogra�a: Conceito e De�nições</p><p>A Cartogra�a não é apenas uma representação espacial de acontecimentos re-</p><p>ais, isto é, a espacialização dos fenômenos em forma de símbolos e imagens</p><p>que facilitam a localização e a leitura da informação, mas também uma forma</p><p>de codi�cação e representação do espaço e dos fenômenos ocorridos nele.</p><p>De início, estudaremos as principais de�nições de Cartogra�a e as razões pe-</p><p>las quais ela pode ser considerada uma ciência e ao mesmo tempo uma arte.</p><p>Depois disso, conheceremos um pouco da linguagem cartográ�ca, ou seja,</p><p>quais os símbolos e signos utilizados e quais as regras de uma utilização raci-</p><p>onal dessa linguagem.</p><p>Posteriormente, serão apresentadas as relações estabelecidas entre</p><p>Cartogra�a e Geogra�a, pois, mesmo havendo diversas ciências ligadas à</p><p>Cartogra�a, nenhuma é tão próxima quanto a ciência geográ�ca, pois ambas</p><p>se utilizam do espaço e seus elementos para a construção da sua própria ciên-</p><p>cia.</p><p>http://www.scielo.br/pdf/pp/v20n3/v20n3a10.pdf</p><p>http://www.scielo.br/pdf/pp/v20n3/v20n3a10.pdf</p><p>http://www.scielo.br/pdf/pp/v20n3/v20n3a10.pdf</p><p>http://www.scielo.br/pdf/pp/v20n3/v20n3a10.pdf</p><p>http://www.scielo.br/pdf/pp/v20n3/v20n3a10.pdf</p><p>http://www.scielo.br/pdf/pp/v20n3/v20n3a10.pdf</p><p>http://www.scielo.br/pdf/pp/v20n3/v20n3a10.pdf</p><p>http://www.scielo.br/pdf/pp/v20n3/v20n3a10.pdf</p><p>http://www.scielo.br/pdf/pp/v20n3/v20n3a10.pdf</p><p>O professor de Geogra�a utilizará a Cartogra�a como um instrumento de apoio</p><p>à construção do saber geográ�co e, ao ensiná-la ao aluno, seja do ensino fun-</p><p>damental seja do ensino médio, o levará a interpretar e compreender os fenô-</p><p>menos ocorridos no espaço, que estarão representados nos mapas por meio da</p><p>linguagem cartográ�ca.</p><p>Algumas de�nições de cartogra�a</p><p>A Cartogra�a constitui-se na elaboração de cartas e mapas, ou seja, na espaci-</p><p>alização de uma ou várias informações. Em 1964, a Associação Cartográ�ca</p><p>Internacional (ACI) adotou a seguinte de�nição de Cartogra�a:</p><p>Conjunto de estudos e operações cientí�cas, artísticas e técnicas, baseado nos re-</p><p>sultados de observações diretas ou de análise de documentação, com vistas à ela-</p><p>boração e preparação de cartas, planos e outras formas de expressão, bem como</p><p>sua utilização (ACI, 2012).</p><p>De acordo com essa de�nição, a Cartogra�a é considerada tanto uma arte</p><p>quanto uma ciência. No entanto, Oliveira (1988) a�rma que ela não pode ser</p><p>uma ciência, como a Geogra�a ou Geologia, nem uma arte, que produz diferen-</p><p>tes</p><p>obter o</p><p>erro tolerável do mapa.</p><p>Da fórmula apresentada, obtém-se que:</p><p>M = Et / 0,0002</p><p>Retornando ao exemplo do mapa e sabendo-se que o menor objeto a ser mape-</p><p>ado é de 10m, a menor escala que se deve adotar sem que haja a necessidade</p><p>de utilizar uma simbologia ou convenção cartográ�ca é:</p><p>• M = 10 / 0,0002</p><p>• M = 50 000</p><p>Logo, a escala cartográ�ca adota para satisfazer às considerações iniciais des-</p><p>te exemplo é de 1:50 000 ou maior.</p><p>Os acidentes geográ�cos, cujas dimensões forem menores que os valores dos</p><p>erros de tolerância, não deverão ser representados gra�camente. No caso, se-</p><p>ria necessário utilizar-se convenções cartográ�cas, cujos símbolos irão ocu-</p><p>par, no desenho, dimensões independentes da escala.</p><p>Generalização cartográ�ca</p><p>A escolha e a conveniência da escala a ser utilizada dependerão das dimen-</p><p>sões da porção do território que se queira mapear, bem como do objetivo do</p><p>mapa.</p><p>Tais fatores irão determinar a quantidade dos detalhes que se deseja visuali-</p><p>zar baseando-se em suas dimensões reais.</p><p>A decisão quanto ao nível de detalhamento ou quantidade de informações</p><p>contidas em um mapa é denominada generalização.</p><p>A generalização, portanto, corresponde ao grau de minuciosidade dos detalhes</p><p>representados, distinguindo-se daquilo que é essencial e adaptando os ele-</p><p>mentos quantitativos e qualitativos de tal forma que não prejudique tanto a</p><p>clareza e apresentação, quanto à precisão da informação.</p><p>9. Tradução grá�ca</p><p>Para iniciarmos os estudos deste tópico, é importante relembrar a de�nição de</p><p>Cartogra�a Temática, vejamos:</p><p>A Cartogra�a Temática é o ramo da cartogra�a que se preocupa com a representa-</p><p>ção espacial de fenômenos Geográ�cos. Ou seja, sua preocupação é transcrever pa-</p><p>ra o mapa tudo aquilo que possui dimensão espacial (SALICHTCHEV, 1977 apud</p><p>MARTINELLI, 1991, p. 35).</p><p>Para facilitar nossos estudos, aceitaremos quatro regras básicas propostas por</p><p>Duarte (1991), as quais serão tomadas como “leis” na representação grá�ca,</p><p>mais precisamente para a representação temática.</p><p>1. Um fenômeno se traduz por um sinal, e só um.</p><p>2. Um valor forte ou fraco se traduz por um sinal forte ou fraco, respectiva-</p><p>mente.</p><p>3. As variações qualitativas se traduzem pela variação da forma dos sinais.</p><p>4. As variações quantitativas traduzem-se pela variação do tamanho e/ou</p><p>intensidade dos sinais.</p><p>No decorrer deste tópico, abordaremos cada uma das leis da representação te-</p><p>mática.</p><p>Compreendendo a natureza da informação espacial –</p><p>Semiologia Grá�ca</p><p>Devemos considerar uma série de fatores que são preliminares à elaboração</p><p>do produto �nal, o mapa. Dessa forma, as etapas preliminares visam à análise</p><p>da natureza da informação espacial, e sua melhor representação.</p><p>Segundo Bertin (1967), a representação cartográ�ca e�ciente deve ser cons-</p><p>truída para possibilitar a visão do fenômeno representado, e não sua leitura,</p><p>ou seja, quanto mais "natural" for a apreensão do fenômeno representado,</p><p>mais e�ciente será a imagem grá�ca.</p><p>Visando à pesquisa de novas formas de representação grá�ca, Bertin (1967)</p><p>criou, então, a semiologia grá�ca, que é uma linha de pesquisa na qual se bus-</p><p>ca a compreensão da natureza da informação para viabilizar a melhor repre-</p><p>sentação, por meio do conhecimento e aplicação dos princípios de linguagem</p><p>visual, o que torna sua apreensão imediata.</p><p>Desse modo, Bertin (1967), em sua teoria, a�rma que a representação grá�ca</p><p>tem por base transcrever visualmente três relações lógicas fundamentais que</p><p>podem se estabelecer entre objetos.</p><p>• Diversidade ≠ /similaridade .</p><p>• Ordem .</p><p>• Proporção .</p><p>Essas relações, descritas anteriormente entre objetos, devem ser transcritas</p><p>gra�camente por relações visuais de mesma natureza. Vejamos:</p><p>• A diversidade entre objetos deve ser representada por uma diversidade</p><p>visual.</p><p>• A ordem, por uma ordem visual.</p><p>• A proporção, mediante uma proporção visual.</p><p>Desse modo, tanto o emissor quanto o receptor têm uma única interpretação</p><p>dos fatos representados.</p><p>Com esse processo, Bertin (1967) a�rma que se efetiva o esquema de comuni-</p><p>cação monossêmica, o qual se refere à expressão que remete a um mesmo</p><p>sentido. O signo monossêmico é fechado, impede uma leitura plural. Cada sig-</p><p>ni�cado corresponde a um único signi�cante.</p><p>Na semiologia grá�ca, a relação entre objetos é tratada pelo nível de organiza-</p><p>ção. Ele transcreve a relação que existe entre os objetos de um determinado te-</p><p>ma. A compreensão dessa relação é fundamental para selecionar apropriada-</p><p>mente a melhor forma de se representar gra�camente os dados. Vale dizer,</p><p>neste contexto, que o conceito de nível de organização utilizado pela semiolo-</p><p>gia grá�ca é correlato ao conceito de , muito utilizado</p><p>pela Estatística.</p><p>Contudo, a nomenclatura usada para semiologia grá�ca foi adequada da esta-</p><p>tística, visando atender aos seus propósitos. Dessa forma, temos que (Tabela</p><p>3):</p><p>Classi�cação da natureza da informação.</p><p>Relações entre objetos</p><p>≠</p><p>É caracterizada por objetos ou fenômenos</p><p>que apenas têm relação de igualdade ou dife-</p><p>rença mútua, por exemplo: tipos de biomas;</p><p>unidades pedológicas.</p><p>É caracterizada por elementos que guardam</p><p>relação de grandeza ou hierarquia entre si,</p><p>podendo, portanto, organizar-se de forma</p><p>crescente ou decrescente: Classes sociais;</p><p>degradação ambiental – baixa, média, alta;</p><p>hierarquia urbana.</p><p>A mesma característica da escala ordinal,</p><p>porém, os dados estão organizados em inter-</p><p>valo de classes pré-de�nidas, e o “ponto zero”</p><p>nesta escala não signi�ca ausência do fenô-</p><p>meno: Altimetria do relevo; classes de decli-</p><p>vidade; faixa etária.</p><p>Igual à intervalar, porém, o ponto zero signi-</p><p>�ca ausência do fenômeno: Número de mor-</p><p>tes entre crianças de até um ano de idade;</p><p>presença de casos de dengue; número de cri-</p><p>mes cometidos com arma de fogo por bairro</p><p>de uma cidade.</p><p>: adaptado de Ramos (2001, p. 64).</p><p>A escolha dos níveis de organização signi�cará, no mapa, a escolha do nível</p><p>da informação que o redator do mapa pretenderá transmitir ao receptor.</p><p>Planejamento do documento cartográ�co</p><p>Para compreender a representação grá�ca nesse contexto, é importante obser-</p><p>var como ocorre o processo que envolve a criação da imagem.</p><p>A representação grá�ca se expressa mediante a construção de uma .</p><p>A criação da imagem visual é, inevitavelmente, realizada sobre as duas di-</p><p>mensões do plano cartesiano (X, Y). Esse binômio determina a localização ge-</p><p>ográ�ca da informação (X – latitude; Y – longitude), e permite que se identi�-</p><p>que a distância e a orientação da informação.</p><p>A terceira dimensão visual (Z) representa a tradução grá�ca assumida pelo</p><p>fenômeno na imagem. Acompanhe a ilustração pela Figura 47.</p><p>: Martinelli (1991, p. 3).</p><p>Figura 47 Plano cartesiano e a tradução grá�ca.</p><p>O produto dos eixos X e Y, (a área), determina uma superfície. Dessa forma,</p><p>considera-se o plano cartográ�co como uma superfície de propriedades métri-</p><p>cas consideráveis. Assim, a observação do mapa permite, de antemão, que a</p><p>primeira compreensão que se tenha dele seja uma mensagem de localização.</p><p>Já a dimensão “Z” é denominada de componente de quali�cação. É na verdade</p><p>um sinal que traduz as características quantitativas e/ou qualitativa de um</p><p>objeto, ou fenômeno real.</p><p>Traduzir gra�camente uma informação, segundo Duarte (1991), signi�ca</p><p>transformar dados descritivos (ou tabulares) em alguma forma de representa-</p><p>ção grá�ca, tais como: mapas ou diagramas. Para tanto, é necessário compre-</p><p>ender como ocorre o fenômeno no espaço, e, assim, escolher o melhor símbolo</p><p>que o represente no papel.</p><p>Determinados quais fenômenos serão representados no mapa (cidade, ruas,</p><p>formações vegetais, lagos, população, distribuição de renda etc.), e tendo por</p><p>referência a escala cartográ�ca que se irá trabalhar, é possível prever o modo</p><p>de implantação do sinal (fenômeno) sobre o plano cartográ�co.</p><p>Os modos de implantação podem ser de�nidos da seguinte forma:</p><p>• : quando a superfície ocupada é insigni�cante, mas</p><p>localizável com precisão. Entre exemplos, podemos destacar cidades, ca-</p><p>sas,</p><p>indústrias, coordenadas informadas pelo GPS, ocorrências de fenô-</p><p>menos etc. Estes símbolos transmitem a ideia de localização exata no ter-</p><p>ritório, podendo ser usado o próprio ponto, ou até mesmo �guras geomé-</p><p>tricas, convenções cartográ�cas, en�m, variados códigos, de preferência,</p><p>fechados (posto de gasolina, avião, casa, entre outros).</p><p>• : quando sua largura é desprezível em relação ao seu</p><p>comprimento, apesar disso, pode ser traçado com exatidão. Como exem-</p><p>plo, podemos citar as estradas, rodovias, ferrovias, rios, correntes mari-</p><p>nhas, limites de propriedades, limites políticos etc.</p><p>• : quando cobre no terreno uma superfície su�ciente</p><p>para ser representada sobre o mapa. Transmite a ideia de distribuição es-</p><p>pacial do fenômeno. Alguns temas que podem ser retratados por meio da</p><p>implantação zonal são as unidades de solo, biomas, climas, densidade de-</p><p>mográ�ca, bacias hidrográ�cas, entre outros.</p><p>Os variarão em função da escala cartográ�ca adotada</p><p>no mapa. Por exemplo, o modo de implantação zonal utilizado para represen-</p><p>tar as cidades em uma carta em escala de 1: 50 000, na qual são esboçados os</p><p>contornos da área urbana, terá de ser ajustado para o modo de implantação</p><p>pontual se houver uma redução da escala cartográ�ca. No entanto, não será</p><p>possível representar o objeto com a riqueza de seus detalhes, embora possa-</p><p>mos pontuá-lo precisamente no plano cartográ�co.</p><p>Fenômenos Contínuos x Fenômenos Discretos</p><p>Como discutimos, de maneira geral, toda a teoria inerente à cartogra�a temá-</p><p>tica baseia-se em três modos de implantação da informação: pontual, linear e</p><p>areal (zonal). Contudo, existe outra discussão implícita à representação grá�-</p><p>ca, relacionada à natureza do fenômeno geográ�co, que pode ser contínuo ou</p><p>discreto, abrupto ou suave.</p><p>Temos que:</p><p>• : compreende um fenômeno, ou um atributo, que ocor-</p><p>re em posições distintas, com um espaço vazio entre estas posições. Ou</p><p>seja, o espaço vazio é o espaço em que o fenômeno ou atributo não existe.</p><p>Podemos citar como exemplo a população urbana, nesse caso são encon-</p><p>trados “vazios” demográ�cos nas áreas rurais em função da grande con-</p><p>centração existente nas áreas urbanas. A produção agrícola, também,</p><p>exempli�ca esta situação, uma vez que a produção agrícola de diferentes</p><p>produtos varia seus cultivos ao longo do espaço.</p><p>• : compreende um fenômeno que ocorre continua-</p><p>mente ao longo do espaço, sem interrupção ou lacuna, ou seja, um fenô-</p><p>meno, ou atributo, contínuo ocorre em todo o lugar, embora seu valor va-</p><p>rie. São exemplos a temperatura, a pressão atmosférica, a densidade de-</p><p>mográ�ca, a produtividade agrícola. Estes últimos são considerados con-</p><p>tínuos, pois constituem índices em que o valor total é divido por unidades</p><p>de área, o que caracteriza a continuidade espacial.</p><p>Segundo Slocum (1998), os fenômenos (contínuos ou discretos) podem ser</p><p>ou . O fenômeno suave é aquele cujos valores modi�cam-se ao</p><p>longo do espaço, enquanto nos fenômenos abruptos as mudanças dos valores</p><p>são mais bruscas. A distribuição das indústrias no estado de São Paulo pode</p><p>ser considerada um exemplo de fenômeno abrupto, pois há uma expressiva</p><p>concentração industrial nessa região. Em contrapartida, nos demais municí-</p><p>pios, a distribuição é mais uniforme.</p><p>De maneira geral, fenômenos abruptos ou suaves são mais facilmente associ-</p><p>ados a fenômenos contínuos, no entanto, os discretos também podem ter esta</p><p>conotação.</p><p>Todavia, para que o mapa obtenha o resultado esperado pelo remetente, há</p><p>formas visuais incorporadas aos modos de implantação que viabilizam a assi-</p><p>milação da mensagem pelo receptor. São as chamadas , que</p><p>são de�nidas em função da mensagem que se pretende transmitir ao destina-</p><p>tário.</p><p>Considera-se variável visual toda a diversi�cação imposta aos símbolos de</p><p>modo a traduzir uma informação para a linguagem grá�ca. Bertin (1967) de�-</p><p>niu as seguintes variáveis visuais, o tamanho, a intensidade (valor), a granula-</p><p>ção, a cor, a orientação e a forma.</p><p>No tópico seguinte, veremos particularmente as especi�cidades de cada variá-</p><p>vel visual.</p><p>10. Variáveis visuais</p><p>Conhecemos, até o momento, a necessidade da compreensão da natureza da</p><p>informação espacial, decifrando a relação entre objetos (similaridade/diversi-</p><p>dade, de ordem e de proporcionalidade) para, assim, optar pela melhor forma</p><p>de transcrevê-la para o mapa. Para viabilizar esse processo, foram apresenta-</p><p>das as três dimensões do plano para a construção do mapa, retomemos:</p><p>• A dimensão “X e Y”: responsáveis pela localização geográ�ca e orienta-</p><p>ção do fenômeno na superfície representada.</p><p>• A dimensão “Z”: variação visual da mancha que transcrevemos no plano,</p><p>responsável pela percepção da mensagem pelo destinatário, pode assu-</p><p>mir três signi�cados variáveis em função do fenômeno observado: ponto,</p><p>linha e zona (superfície). Cada um desses signi�cados pode sofrer varia-</p><p>ções visuais, tais como: tamanho, intensidade (valor), granulação, cor, ori-</p><p>entação e forma.</p><p>Estudaremos agora, apoiados nas descrições de Duarte (2002), as principais</p><p>características de cada variável visual (ou variáveis retinianas). No entanto,</p><p>abordaremos com maior ênfase a variável visual cor, atualmente muito utili-</p><p>zada em função das possibilidades oferecidas pelo universo digital. Vejamos.</p><p>Tamanho</p><p>O tamanho compreende a variação da dimensão dos símbolos (altura, largura,</p><p>profundidade), permitindo que sejam extraídas informações sobre a grandeza</p><p>dos componentes do mapa. Esta é a variável mais apropriada quando se pre-</p><p>tende transmitir um nível de informação quantitativo (Q). Observe a ilustração</p><p>pela Figura 48.</p><p>: Martinelli (1991, n. p.).</p><p>Figura 48 Tamanho.</p><p>Valor (intensidade)</p><p>A variável valor, consiste na diversi�cação da tonalidade de uma cor, quando</p><p>valores fortes e fracos são representados, respectivamente, por tons escuros e</p><p>claros, ou seja, variação do preto ao branco (ou de qualquer outra variação to-</p><p>nal). Essa variável é dissociativa, pois dissocia qualquer outra variável com a</p><p>qual ela pode combinar. Vale destacar que, no caso de uma só tinta, a técnica</p><p>de degrade é que mostrará a intensidade do fenômeno. Acompanhe a demons-</p><p>tração dessa variável por meio da Figura 49.</p><p>: Martinelli (1991, n. p.).</p><p>Figura 49 Valor.</p><p>A variação de valores fracos e fortes por tonalidades claras e escuras vale para</p><p>todas as relações ordenadas ou quantitativas. Por exemplo, se representásse-</p><p>mos a expansão da área urbana de uma cidade, os bairros mais antigos seriam</p><p>representados por cores mais claras, e os bairros mais recentes seriam indica-</p><p>dos por valores mais escuros. A sequência de cores segue uma ordem lógica já</p><p>de�nida, que será apresentada posteriormente.</p><p>Granulação (Textura)</p><p>Esta opção é pouco usada, e se assemelha à variável valor, porém de�nida co-</p><p>mo uma variação de tamanho de elementos �gurados, sem modi�cação da</p><p>proporção de cor. É obtida a partir do tamanho e espaçamento das primitivas</p><p>grá�cas ponto e linha. Nesse caso, as linhas apresentam sempre a mesma di-</p><p>reção, variando apenas o espaçamento ou a espessura, capaz de transmitir a</p><p>sensação de diferentes valores. Veja mediante a Figura 50 a variável granula-</p><p>ção.</p><p>: Martinelli (1991, n. p.).</p><p>Figura 50 Granulação.</p><p>Cor</p><p>A cor é uma variável seletiva que mais se empregada nas representações, jun-</p><p>tamente com as variáveis tamanho e valor. Ela pode ser usada para agrupar</p><p>objetos pertencentes a uma mesma classe ou distinguir grupos de formas se-</p><p>melhantes, ou ainda sugerir noções de hierarquia a elas. É uma variável muito</p><p>importante e complexa, principalmente devido à intensi�cação de seu uso e à</p><p>utilização dos recursos dos softwares grá�cos que são aprimorados constan-</p><p>temente. Além disso, em termos de manuseio, ela é a mais delicada, pois con-</p><p>tém maior número de conceitos, o que di�culta o seu uso. Em função dessas</p><p>características, a variável cor será analisada com mais profundamente logo</p><p>adiante.</p><p>Acompanhe pela Figura 51 a disposição da variável cor.</p><p>: Martinelli (1991, n. p.).</p><p>Figura 51 Cor.</p><p>Orientação</p><p>A orientação (Figura</p><p>52) é aplicada como linhas e formas alongadas, a varia-</p><p>ção na direção das linhas que preenchem a área é obrigatória, mas a distância</p><p>entre elas deve ser a mesma. Além disso, esta variável corresponde à inclina-</p><p>ção do traço nas representações em uma só linha, quando então usamos ha-</p><p>churas e tramas.</p><p>Loch (2006) considera que as diferentes direções assumidas pelas linhas são:</p><p>vertical, horizontal e inclinada (45°).</p><p>: Martinelli (1991, n. p.).</p><p>Figura 52 Orientação.</p><p>Forma</p><p>Trata-se do efeito ou da con�guração dos símbolos, podendo ser usadas varia-</p><p>ções geométricas, combinações de traços e �guras, além de símbolos evocati-</p><p>vos. Neste caso, devemos prestar atenção às convenções cartográ�cas adota-</p><p>das para representação de determinados temas e objetos, como, por exemplo, a</p><p>mineração representada por dois martelos cruzados, aeroporto pelo símbolo</p><p>de um avião, entre outros.  E por �m a forma (Figura 53) representa uma variá-</p><p>vel ideal para diferenciar inúmeros caracteres, ou seja, para diferenciar dados</p><p>qualitativos. Vejamos:</p><p>: Martinelli (1991, n. p.).</p><p>Figura 53 Forma.</p><p>De acordo com Joly (2003), cada uma dessas variáveis tem suas propriedades</p><p>perceptivas, no entanto, nenhuma delas possui todas as propriedades ao mes-</p><p>mo tempo. Em contrapartida, é possível combinar muitas variáveis num mes-</p><p>mo ponto no plano para caracterizar várias qualidades de um mesmo objeto,</p><p>como, por exemplo, a forma mais a cor.</p><p>Martinelli (1991) destaca que as seis variáveis visuais mais as duas dimensões</p><p>do plano têm propriedades perceptivas necessárias para uma adequada trans-</p><p>crição grá�ca que deve ser considerada para traduzir adequadamente as três</p><p>relações fundamentais entre objetos, a relação de similaridade e diversidade,</p><p>de ordem e de proporcionalidade.</p><p>Com base nos conceitos descritos anteriormente, vejamos o quadro proposto</p><p>por Bertin (1967) (Figura 54), que sugere que estes elementos sejam memoriza-</p><p>dos pelo redator grá�co.</p><p>: Cardoso (1984, n. p.).</p><p>Figura 54 Quadro das variáveis visuais.</p><p>11. Fundamentos e aplicações da variável visu-</p><p>al cor</p><p>Inicialmente, identi�caremos a natureza das cores para depois compreender-</p><p>mos sua relação com a Cartogra�a.</p><p>De acordo com Farina (1986), a cor não existe por si só, na realidade ela é uma</p><p>sensação, ou uma realidade sensorial. Ou seja, o que percebemos é apenas a</p><p>re�exão de parte da radiação eletromagnética (REM), proveniente de determi-</p><p>nada fonte, que pode ser natural, como o sol, ou qualquer outra fonte arti�cial</p><p>que emita luz visível, como uma lâmpada. A luz visível que incide sobre a su-</p><p>perfície da terra, ao interagir com a matéria, tem uma parte absorvida e outra,</p><p>re�etida, sendo que esta última é interceptada por nossos olhos.</p><p>A porção do espectro eletromagnético, à qual nossos olhos são sensíveis, ou</p><p>seja, podemos enxergar, é denominada de faixa do visível e representa uma</p><p>pequena faixa espectral que varia do violeta ao vermelho (380 a 760 nanôme-</p><p>tros), e cada cor corresponde a um intervalo espectral. Observe essa descrição</p><p>na Tabela 4.</p><p>Distribuição espectral da região do visível.</p><p>380 - 450</p><p>450 – 500</p><p>500 – 570</p><p>570 – 590</p><p>590 – 610</p><p>610 - 760</p><p>: adaptado de Meneses e Madeira Neto (2001, p. 12).</p><p>Com base na disposição da Tabela 4, podemos observar que o espectro eletro-</p><p>magnético representa a distribuição da radiação eletromagnética por regiões,</p><p>segundo o comprimento de onda e frequência, que abrange desde curtos com-</p><p>primentos, que caracterizam a alta frequência, até longos comprimentos ou de</p><p>baixa frequência.</p><p>Além disso, observa-se a existência de radiação fora da faixa do espectro visí-</p><p>vel. Essa radiação é invisível a olho nu, entretanto, determinados comprimen-</p><p>tos de onda podem ser vistos por meio de outras formas de registros da REM</p><p>(como fotogra�as e imagens).</p><p>O sensoriamento remoto é a ciência responsável por estes registros. Ou seja, o</p><p>sensoriamento remoto possibilita adquirir dados a distância, sem contato físi-</p><p>co com o objeto de estudo. Podemos citar como exemplo a máquina de raio X.</p><p>Quando sofremos uma fratura óssea e tiramos uma radiogra�a da região dese-</p><p>jada, o que vemos é a imagem obtida através da re�exão do raio X (invisível a</p><p>olho nu) sobre a estrutura óssea, mas que pode ser registrado por sistemas que</p><p>possuem sensibilidade a esta faixa do espectro, que é capaz de registrar a ra-</p><p>diação como se fosse uma máquina fotográ�ca trabalhando com a luz visível.</p><p>Outro exemplo são os satélites arti�ciais que orbitam sobre a Terra. Seus sen-</p><p>sores possuem sensibilidade para registrar a energia re�etida em diversos</p><p>comprimentos de onda, como o infra-vermelho,  entre outras.</p><p>Concluímos, portanto, que olho e cérebro humanos constituem-se num siste-</p><p>ma sensível a REM na faixa visível, e para a visualização dos outros compri-</p><p>mentos espectrais, há determinados sistemas arti�ciais.</p><p>Como ocorre, então, o processo de percepção da luz pelo olho?</p><p>De maneira geral, pode-se dizer que a luz visível é captada por nosso sistema</p><p>ocular, transformada em impulsos elétricos para posteriormente ser transferi-</p><p>da ao cérebro, a cor é, portanto, um produto do processamento mental da faixa</p><p>visível da REM. Nota-se que a cor é subjetiva, pois depende da sensibilidade e</p><p>percepção de cada indivíduo.</p><p>Enquanto produto do processamento mental, a cor, quando interpretada pelo</p><p>cérebro, tem a capacidade de desencadear diversas reações emocionais e �si-</p><p>ológicas no indivíduo. Algumas experiências psicológicas têm provado que há</p><p>uma reação física do indivíduo diante da cor. A premissa de que o estímulo</p><p>provocado por determinadas cores conduzem a determinadas reações �sioló-</p><p>gicas levou hospitais a adotarem as cores como técnica auxiliar no tratamen-</p><p>to de patologias. O Hospital das Clínicas em São Paulo-SP, por exemplo, pintou</p><p>as paredes do ambulatório infantil de azul claro, obtendo bons resultados no</p><p>sentido de recuperação dos pacientes e melhora de estima, uma vez que esse</p><p>tom de azul é capaz de provocar a diminuição do ritmo cardíaco e da respira-</p><p>ção, proporcionando a sensação de bem-estar ao indivíduo.</p><p>Também é com base nas reações �siológicas causadas pelas cores que as pro-</p><p>pagandas e o marketing em geral se assentam. As cores expostas de forma</p><p>isoladas ou combinadas são capazes de despertar desejos como fome, sede,</p><p>consumo, sensação de bem-estar, irritação, excitação, relaxamento, volume,</p><p>distância, proximidade etc. Logo, a escolha das cores não é aleatória, pois</p><p>existe uma ordem natural que rege a harmonia para o uso das cores, e esta or-</p><p>dem está intimamente ligada à distribuição espectral das cores.</p><p>A Cartogra�a, na busca de aprimorar a linguagem monossêmica, utiliza a dis-</p><p>posição das cores a seu favor. O intuito é o de facilitar a comunicação entre o</p><p>redator do mapa e o receptor da mensagem, além de tornar a leitura do mapa</p><p>uma tarefa agradável.</p><p>Para a aplicação desse mecanismo na cartogra�a, é necessário compreender</p><p>alguns aspectos relativos ao uso das cores.</p><p>Na Cartogra�a Temática tanto na aplicação das cores como na de qualquer</p><p>outra simbologia há diretrizes sugeridas que respaldam o redator para a apli-</p><p>cação das variáveis. No entanto, em grande parte, o importante é que os ma-</p><p>pas sejam elaborados mediante o bom senso do redator.</p><p>Quando se trabalha com cores, segundo autores como McCleary (1983),</p><p>Morrison (1984), DiBiase et al. (1991) e MacEachren (1994), citados por Slocum</p><p>(1998), complementando os estudos de Bertin (1977), acrescentam como variá-</p><p>veis visuais para mapas coloridos as dimensões da cor: matiz, brilho e satura-</p><p>ção. Vejamos.</p><p>• : é o atributo associado ao comprimento de onda dominante.</p><p>Assim, o matiz representa a cor dominante. Quando nos referimos a um</p><p>objeto como vermelho, azul ou verde, estamos nos referindo ao matiz.</p><p>Segundo Martinelli (1991), o matiz está associado a uma radiação espec-</p><p>tral pura, correspondendo a um único intervalo espectral. É a cor pura.</p><p>• : refere-se à pureza relativa, ou seja, a saturação ocorre quando</p><p>a cor se afasta da cor neutra. Essa sensação é proporcionada pela</p><p>quanti-</p><p>dade de cinza misturada à cor. Quanto mais saturada a cor, menor a pre-</p><p>sença de cinza. É a variação que assume um mesmo matiz.</p><p>• : indica a quantidade de branco inserida em cada</p><p>matiz, ou a quantidade de energia re�etida.</p><p>O uso das cores no mapa deve ser considerado em conjunto com os elementos</p><p>que compõem o produto cartográ�co, que proporcione um resultado percepti-</p><p>velmente harmonioso, leve aos olhos de quem o vê.</p><p>Diante dos detalhes apresentados, é de fundamental importância conhecer as</p><p>cores mais profundamente, a �m de que possamos contribuir para a elabora-</p><p>ção de mapas mais e�cientes.</p><p>Cores primárias, secundárias e terciárias</p><p>Ao mencionar a classi�cação das cores em primárias e secundárias, torna-se</p><p>necessário levar em consideração o processo de formação da cor. Vimos ante-</p><p>riormente que a luz é fundamental para a percepção da cor, uma vez que as</p><p>cores só existem e só são vistas com a presença da luz. Dessa forma, será es-</p><p>sencial abordar os conceitos de cor-pigmento e da cor-luz.</p><p>A cor-pigmento é a substância usada para imitar os fenômenos da cor-luz.</p><p>Cores que podem ser extraídas da natureza, como materiais de origem vegetal,</p><p>animal ou mineral, e que da sua mistura, por meio dos processos industriais,</p><p>surge o pigmento (CARVALHO, 2006).</p><p>Os pigmentos classi�cam-se pelas cores:</p><p>• : essas cores são constituídas pelos seguintes pigmentos: ma-</p><p>genta, amarelo e ciano. Misturadas em proporções variáveis, produzem</p><p>todas as cores do espectro.</p><p>• : é a cor formada por duas cores primárias misturadas em</p><p>partes iguais: verde, laranja e violeta.</p><p>• : é a cor intermediária entre uma cor secundária e qualquer das</p><p>duas primárias que lhe dão origem.</p><p>A baseia-se na luz solar e pode ser vista por meio dos raios luminosos.</p><p>A cor-luz representa a própria luz, capaz de se decompor em várias cores. A</p><p>formação das cores nesse sistema é feita pelo processo aditivo. No sistema</p><p>cor-luz, as cores primárias serão: verde, vermelho e azul.</p><p>Círculo das cores e paleta de cores</p><p>Para a compreensão da utilização das cores, iremos dispô-las em um círculo</p><p>cromático. Este círculo é construído considerando uma série de círculos colo-</p><p>ridos segundo a sucessão espectral dos comprimentos de onda da REM na re-</p><p>gião do visível. Ele, portanto, é composto pelas cores: violeta, azul, Verde, ama-</p><p>relo, laranja e vermelho. Acompanhe pela Figura 55 esta disposição.</p><p>Figura 55 Círculo das cores padrão.</p><p>O círculo das cores pode facilitar o entendimento das paletas de cores utiliza-</p><p>das nos sistemas grá�cos (Figura 56) para geração de mapas digitais. A</p><p>sequência de cores apresentadas será fundamental para a representação de</p><p>ordem, hierarquia, similaridade/diversidade entre objetos.</p><p>Na edição grá�ca computadorizada, a (padrão para os siste-</p><p>mas operacionais e softwares) é equivalente ao círculo das cores. Seu uso é</p><p>muito mais fácil, pois permite uma visualização imediata das inúmeras possi-</p><p>bilidades de matizes e nuances que podem ser aplicadas na construção da</p><p>imagem.</p><p>Figura 56 Círculo das cores de um sistema grá�co.</p><p>O matiz amarelo pertence às cores quentes. No entanto, pode-se dizer que o</p><p>amarelo é a cor mais fria entre as cores quentes.</p><p>Considerando a sequência espectral, as cores criam duas ordens visuais opos-</p><p>tas a partir do amarelo: os matizes frios em direção ao violeta (cores frias), e os</p><p>matizes quentes em direção ao vermelho (cores quentes).</p><p>Aplicação das cores na representação cartográ�cas</p><p>Podemos aplicar as cores na representação cartográ�ca por meio dos esque-</p><p>mas: qualitativo e quantitativos. A seguir, será apresentado cada esquema em</p><p>particular.</p><p>Nesse sentido, o esquema qualitativo de cores é empregado para mostrar as</p><p>relações associativas ou seletivas entre objetos.</p><p>Podem ser usados como verde, azul e magenta, de brilhos e</p><p>saturação semelhantes. Cada cor é associada a uma classe, o que torna possí-</p><p>vel indicar as classes temáticas semelhantes (mesmas cores) ou distintas (co-</p><p>res diferentes).</p><p>Na escolha das cores em um mapa qualitativo associativo ou seletivo, o cartó-</p><p>grafo deve se atentar para não escolher cores que conotem graus de importân-</p><p>cia entre as classes, como, por exemplo, de cores discretas a cores vivas, ou</p><p>uma sequência hierárquica, de cores frias para quentes.  O ideal, nesse caso, é</p><p>escolher as cores de maneira aleatória no círculo cromático.</p><p>A escolha aleatória das cores deve levar em consideração a harmonia visual</p><p>no conjunto do mapa, dando preferência a matizes claros, ou com pouco mais</p><p>de brilho. Um bom exemplo de escolhas de cores para mapas qualitativos em</p><p>que não se deseja indicar hierarquia ou importância são aquelas apresentadas</p><p>nos mapas de divisão política.</p><p>Para indicar fenômenos opostos, ou apenas distinção entre eles, sugere-se o</p><p>uso do método denominado harmonia pelas cores opostas, demonstrado pela</p><p>Figura 57. É necessário ressaltar que cor oposta é aquela que se encontra em</p><p>posição diretamente oposta no círculo das cores.</p><p>Figura 57 Mapa de divisão dos bairros da área urbana de Piracicaba – SP.</p><p>Contudo, nos mapas qualitativos pode haver também a necessidade de ex-</p><p>pressar hierarquia ou importância entre os objetos. Neste caso, é preciso se-</p><p>guir a ordem cromática apresentada no círculo das cores. O redator do mapa</p><p>decide qual das categorias mapeadas é a mais importante para os objetivos do</p><p>mapa, e lhe atribui a cor mais forte (escura).</p><p>As cores empregadas podem ser de matizes claros para escuros, como, por</p><p>exemplo, verde, amarelo, laranja e vermelho, método conhecido por esquema</p><p>sequencial, que se utiliza do método harmonia policromática. Observe o mapa</p><p>de declividade apresentado pela Figura 58.</p><p>Observe que no esquema sequencial (Figura 58) a harmonia das cores é forma-</p><p>da pelo emprego de cores vizinhas no círculo cromático.</p><p>Figura 58 Declividade.</p><p>Outro método utilizado é a harmonia monocromática, na qual se aplica a vari-</p><p>ação de tom em um único matiz, por exemplo, a variação do matiz verde claro</p><p>até o verde escuro, apenas com a diminuição do brilho. Vejamos essa demons-</p><p>tração na Figura 59.</p><p>Figura 59 Harmonia monocromática.</p><p>Esquema quantitativo de cores</p><p>A representação de mapas quantitativos segue o mesmo raciocínio apresenta-</p><p>do na harmonia policromática e monocromática. Os dados quantitativos e or-</p><p>denados são arranjados de forma lógica, em uma sequência de degraus de alto</p><p>para baixo como anteriormente descrito. Em que:</p><p>• Categorias de valores baixos são representadas por cores claras.</p><p>• Categorias de valores altos são representadas por cores escuras.</p><p>Acompanhe a aplicação do esquema quantitativo na Figura 60.</p><p>Figura 60 Mapa de distribuição da população negra em Piracicaba.</p><p>Até o presente momento, estamos vendo como podemos utilizar as cores, o</p><p>que elas signi�cam e sua importância como  forte elemento a serviço da co-</p><p>municação visual por meio da representação grá�ca. No entanto, o conceito de</p><p>“cor”, no amplo universo da comunicação visual, é muito mais complexo e de-</p><p>licado do que simplesmente seu discernimento entre cores quentes e cores fri-</p><p>as.</p><p>A cor, como vimos, é uma realidade sensorial, induzida por determinado com-</p><p>primento de onda eletromagnética. Em contato com nosso sistema visual, ca-</p><p>da comprimento é processado e interpretado por nosso cérebro de distintas</p><p>maneiras; consequentemente, nosso corpo responderá de diferentes maneiras</p><p>a cada comprimento de onda. Dessa forma, entramos num assunto extrema-</p><p>mente importante para a comunicação visual, que é o poder psicológico e �si-</p><p>ológico exercido pela cor sobre o indivíduo.</p><p>Por existir tais reações, a cor assume um caráter estratégico e pode ser mani-</p><p>pulada para realçar ou mascarar certas informações. Esse tema é tão impor-</p><p>tante e tão relevante quando estamos tratando de comunicação visual que sua</p><p>discussão não cabe no momento, até mesmo porque, agora, é muito mais im-</p><p>portante conhecermos como é que as cores podem ser aplicadas, segundo a</p><p>natureza da informação espacial.</p><p>12. Sensoriamento Remoto Aplicado à</p><p>Geogra�a</p><p>O que vem à nossa mente quando</p><p>ouvimos falar em sensoriamento remoto?</p><p>Em um primeiro momento, pode ser um pouco complicado de�nir em pala-</p><p>vras seu signi�cado. Mas, se pudéssemos nos expressar com imagens, talvez</p><p>elas fossem algo como será visto na Figura 61.</p><p>Figura 61 Satélites arti�ciais: Hubble e Landsat (satélites de origem norte-americana em órbita na Terra).</p><p>A Figura 61 apresenta dois satélites arti�ciais, ou seja, construídos pelo ho-</p><p>mem, orbitando o planeta Terra com o intuito de obter dados de nosso interes-</p><p>se sobre a superfície terrestre. Essas imagens são ícones da atual era espacial</p><p>em que vivemos.</p><p>O estreitamento do binômio ciência e tecnologia proporcionou o desenvolvi-</p><p>mento de ferramentas capazes de operar continuamente, sem a necessidade</p><p>de o homem estar à frente de um painel de comandos ininterruptamente.</p><p>Assim, os satélites arti�ciais, programados em laboratórios, são lançados a</p><p>milhares de quilômetros da Terra para cumprirem o objetivo de captar dados</p><p>de sua superfície e, posteriormente, reenviá-los a bases situadas em cada um</p><p>dos cinco continentes responsáveis em decodi�car as informações e</p><p>transformá-las nas conhecidas imagens de satélite que tanto nos impressio-</p><p>nam.</p><p>Vamos conhecer, agora, um pouco dessa fascinante ciência que estabeleceu</p><p>novos horizontes ao desenvolvimento de trabalhos cientí�cos e tecnológicos e</p><p>que permite ao homem compreender mais a fundo o seu próprio planeta e ca-</p><p>da um dos elementos que o compõem.</p><p>Da maior à menor escala, o sensoriamento remoto registra dados da monta-</p><p>nha ao mineral que a constitui; das grandes manchas urbanas ao arranjo es-</p><p>pacial das casas de um único bairro. Além disso, o sensoriamento remoto</p><p>revela-se como importante ferramenta didática auxiliar ao desenvolvimento</p><p>cognitivo do indivíduo.</p><p>Conheceremos, ainda, a história do sensoriamento remoto e como ele pôde in-</p><p>�uenciar fortemente a dinâmica de formação do espaço geográ�co.</p><p>Abordaremos, também, as atuais de�nições que estabelecem os limites dessa</p><p>ciência.</p><p>O programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), que será</p><p>visto na Figura 62, é, hoje, fundamental para o Brasil acompanhar o desmata-</p><p>mento amazônico e para a China realizar seu planejamento territorial.</p><p>Figura 62 Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-2B).</p><p>Considerações iniciais sobre Sensoriamento Remoto</p><p>Observe a Figura 63 e analise se podemos encontrar nossa cidade.</p><p>Precisamente, talvez não a encontremos. Mas, podemos encontrar a região na</p><p>qual ela se insere ou, dependendo de sua localização, podemos contar com a</p><p>ajuda dos limites precisos demarcados pelas luzes que se destacam no cair da</p><p>noite em nosso planeta.</p><p>Procure, por exemplo, o estado de São Paulo e aponte a região da grande São</p><p>Paulo. E o restante? O que mais podemos reconhecer a partir da observação</p><p>das luzes noturnas que enfeitam a superfície terrestre?</p><p>Figura 63 Global city lights.</p><p>A Figura 64 é um mosaico constituído por milhares de imagens orbitais obti-</p><p>das na ausência de luz solar, proporcionando a visão noturna da superfície</p><p>terrestre.</p><p>A Figura 64, portanto, é constituída por um conjunto de imagens orbitais que,</p><p>tomadas de forma sistematizadas, ou seja, seguindo uma determinada</p><p>sequência, nos oferece uma visão total da superfície terrestre no período de</p><p>ausência da luz do Sol nas faces do globo.</p><p>A imagem noturna permite-nos outra percepção, diferente daquela que costu-</p><p>mamos ter quando vemos uma imagem da Terra captada durante o dia, como</p><p>apresentada na Figura 64.</p><p>Figura 64 Planisfério (mosaico constituído por centenas de imagens orbitais obtidas na presença da luz do Sol sobre a</p><p>superfície terrestre).</p><p>Nesse mosaico, observamos grandes manchas de �orestas, a diversidade de</p><p>conjunto de solos que se expressam por diferentes tonalidades na superfície</p><p>terrestre, ou as grandes áreas brancas nas extremas latitudes cobertas por ge-</p><p>lo.</p><p>No entanto, por meio dessa imagem, mal temos a percepção do relevo (repare</p><p>que nem mesmo a cadeia montanhosa do Himalaia pode ser delimitada com</p><p>precisão), dando a impressão de que a crosta terrestre é uma imensa planície.</p><p>Entre todas as cidades do globo, nessa escala, podemos inferir somente as me-</p><p>galópoles, que, com muita atenção, percebemos que despontam como peque-</p><p>nas manchas escuras ao meio da vastidão de terras, dando-nos a sensação de</p><p>que a natureza ainda não foi alterada pelo trabalho antrópico.</p><p>Na Figura 64, observada anteriormente, aplica-se a análise inversa. Deixamos</p><p>de ver as imensas áreas vazias que comportam pequenos pontos escuros per-</p><p>didos no meio do nada e vemos a real distribuição das áreas urbanizadas, que,</p><p>na verdade, são as que controlam os grandes espaços “vazios” do globo terres-</p><p>tre.</p><p>A visão noturna da Terra permite-nos ir muito além de um simples reconheci-</p><p>mento de localidades geográ�cas. Podemos viajar na história da formação ter-</p><p>ritorial de cada país ou mesmo analisar a distribuição espacial das riquezas,</p><p>do poder, da população, do acesso ao capital e da tecnologia.</p><p>Desse modo, enxergamos os eixos de desenvolvimento interligados por redes</p><p>que determinam o �uxo de informação e mercadorias; vemos o “brilho” dos</p><p>países mais poderosos em detrimento da “escuridão” daqueles que sedem suas</p><p>riquezas, seja por meio da exportação de recursos naturais, seja por explora-</p><p>ção de mão de obra barata daqueles que, por não conhecerem outra realidade,</p><p>não têm outra opção.</p><p>Podemos, ainda, re�etir sobre as críticas de Eduardo Galeano (jornalista e es-</p><p>critor uruguaio que ganhou destaque ao expor os panos de fundo do poder e os</p><p>modos de produção como instrumentos necessários para evidenciar as engre-</p><p>nagens do mecanismo de dominação global), quando diz que alguns países se</p><p>especializaram em perder, enquanto outros se especializaram em ganhar</p><p>(GALEANO, 1983).</p><p>As inúmeras re�exões de cunho geográ�co que podem ser realizadas a partir</p><p>da visualização da superfície terrestre nos são facilitadas pela tecnologia es-</p><p>pacial disponível em nossos dias.</p><p>A história do desenvolvimento do sensoriamento remoto mostra que, aos pou-</p><p>cos, o homem foi alcançando diferentes perspectivas de pontos de vista. O que</p><p>era visto “de frente” pelo homem, passou a ser visto “por cima”, e cada vez</p><p>mais alto.</p><p>Dessa forma, a visão que o homem tem da Terra passou de um ponto de vista</p><p>horizontal e limitado para um vertical e amplo; do chão para o balão, posteri-</p><p>ormente, ao avião, e, hoje, os satélites que orbitam a Terra a centenas de quilô-</p><p>metros da superfície são verdadeiras extensões arti�ciais de nossos olhos.</p><p>Cada um desses estágios permitiu ao homem que realizasse inúmeras inter-</p><p>pretações e conclusões a respeito do planeta Terra.</p><p>O início do século 21 representa um novo marco na história do sensoriamento</p><p>remoto, pois inicia-se a ampla difusão do seu conhecimento, assim como a fa-</p><p>cilidade de acesso por parte da sociedade aos seus produtos.</p><p>Dessa forma, o que antes era tecnologia exclusiva de militares, com �nalidade</p><p>estratégica e de guerra, passou a ser propriedade de uma sociedade que utiliza</p><p>esse material para realizar críticas à ação do próprio homem em sua interação</p><p>com o meio ambiente.</p><p>Apesar de sua difusão, os produtos de sensoriamento remoto não perderam</p><p>seu caráter estratégico, e, atualmente, eles despontam como uma das princi-</p><p>pais “armas” de mercado. São, também, imensamente utilizados por órgãos</p><p>públicos como documentos-base para subsidiar tomadas de decisão, e são in-</p><p>dissociáveis da cartogra�a, pois todas as informações extraídas das imagens</p><p>de sensoriamento remoto são representadas num plano cartográ�co.</p><p>Talvez ainda não tenhamos notado, mas deparamo-nos com produtos de sen-</p><p>soriamento remoto a todo o momento.</p><p>Nos telejornais ou mesmo em mídias impressas, podemos observar produtos</p><p>de satélites meteorológicos (veja na Figura 65a), com os quais arriscamos fa-</p><p>zer a previsão do tempo, observando a característica da distribuição das nu-</p><p>vens sobre diversas áreas.</p><p>Observamos, também, imagens da �oresta amazônica (veja na Figura 65b) e</p><p>apontamos</p><p>facilmente as áreas que estão sendo devastadas e, até mesmo,</p><p>aquelas que foram queimadas. Isso é possível justamente pela difusão que</p><p>vem ocorrendo desse conhecimento.</p><p>Figura 65 Condições atmosféricas (a). Imagem do satélite CBERS-2 (b).</p><p>A Figura 65a apresenta a condição atmosférica (nuvens altas e baixas) na re-</p><p>gião da América do Sul no dia 08/07/2008, às 21h15 min. A Figura 66b apre-</p><p>senta uma imagem do satélite CBERS-2 do município de Aripuanã (MS), indi-</p><p>cando o des�orestamento: áreas em verde são de �orestas ou �orestas em re-</p><p>generação. Áreas em vermelho são solos expostos. A forma regular indica áre-</p><p>as que foram desmatadas.</p><p>Há, ainda, outras atividades em nosso cotidiano que estão intrinsecamente</p><p>vinculadas ao sensoriamento remoto. Na área da saúde, por exemplo, é possí-</p><p>vel nos prevenir conhecendo a concentração diária de radiação UV (ultravio-</p><p>leta), radiação que é nociva à saúde, por isso, representa importante dado aos</p><p>órgãos de saúde pública.</p><p>Outra contribuição importante do sensoriamento remoto ocorre em épocas de</p><p>seca – como no inverno das regiões subtropicais, pois disponibiliza informa-</p><p>ções que, tratadas, permitem ao homem antever quais áreas possuem maior</p><p>potencial de queima, podendo, assim, antecipar um plano de manejo que dimi-</p><p>nua o impacto ao ambiente físico e social.</p><p>O controle de queimadas ganha especial destaque por causa da atual política</p><p>energética em que o Brasil se insere, pois os canaviais que cobrem o território</p><p>nacional ainda possuem técnicas de manejo dependente da queima da palha</p><p>para a colheita da cana-de-açúcar.</p><p>Talvez possamos a�rmar que a agricultura é uma das áreas que mais se bene-</p><p>�ciou com o desenvolvimento do sensoriamento remoto, evoluindo para o que</p><p>hoje denominamos .</p><p>Atualmente, podemos ver a Terra de longe, observá-la e analisá-la como algo</p><p>afastado de nós. Observamo-na em detalhes de informações em nossa tela de</p><p>computador ou em documentos impressos. A princípio, analisamo-na como</p><p>se não �zéssemos parte do grande problema ambiental que nos assola, pois te-</p><p>mos a facilidade de observar o problema de outro ângulo, como se realmente</p><p>estivéssemos do lado de fora do problema.</p><p>Você já pensou sobre o signi�cado do termo meio ambiente ou o que ele</p><p>abrange?</p><p>Esse termo sempre foi muito utilizado como sinônimo de natureza ou mais es-</p><p>peci�camente dos elementos físicos que o compõem.</p><p>No entanto, “meio ambiente” traz em seu conceito a interação entre as esferas</p><p>do meio físico, biológico e social (SANTOS, 2004). Quando mencionamos o</p><p>grande problema ambiental que nos assola, não estamos nos referindo apenas</p><p>ao denominado aquecimento global ou ao problema do mau gerenciamento</p><p>das águas, mas incluímos, também, a segregação socioespacial, a distribuição</p><p>de renda etc.</p><p>Mas nos afastamos apenas como uma estratégia, para enxergamos o proble-</p><p>ma com outros olhos e, após termos levantado erros e achado caminhos para</p><p>uma solução, voltamos a nos incluir em nosso planeta, respaldados com mais</p><p>informações para enfrentar a realidade. Assim, tentamos contornar alguns er-</p><p>ros e, ao mesmo tempo, prevenir-nos de outros.</p><p>O sensoriamento remoto é, portanto, a ciência que permite esse procedimento.</p><p>Atualmente, é uma ciência, uma tecnologia e uma ferramenta de apoio às di-</p><p>versas áreas do saber, que, aos poucos, vem rompendo as barreiras dos grupos</p><p>cientí�cos e ganhando cada vez mais espaço dentro do mercado privado, do</p><p>ambiente público e inserindo-se nos sistemas de ensino.</p><p>Temos como grande desa�o e responsabilidade o papel de difundi-lo ainda</p><p>mais pelos diferentes seguimentos da sociedade, o que tem ocorrido de ma-</p><p>neira satisfatória nos últimos anos.</p><p>Panorama histórico do Sensoriamento Remoto: da fotogra-</p><p>�a primitiva aos sensores espaciais</p><p>O homem sempre teve a necessidade de registrar as diversas características e</p><p>elementos do ambiente que o rodeava. Os registros eram realizados com o in-</p><p>tuito de gerir seu espaço da melhor forma possível. As riquezas naturais, seus</p><p>limites geográ�cos, a população e seu crescimento demográ�co, ou até mesmo</p><p>os astros, sempre foram objetos de sua preocupação.</p><p>Esses inventários da superfície terrestre eram realizados com a tecnologia</p><p>presente em cada época. Assim, passamos em nossa história, paulatinamente,</p><p>das pinturas em cavernas às placas de barro e, posteriormente, aos papiros.</p><p>O homem, utilizando essas técnicas mais rudimentares, pôde registrar, por</p><p>meio de desenhos, o meio ambiente em que vivia. Porém, o desenho impedia</p><p>que os registros fossem obtidos de modo contínuo e repetitivo. Observar e de-</p><p>senhar exigia tempo e, principalmente, muita paciência. Além disso, a área da</p><p>superfície terrestre observada provavelmente era sempre de poucos quilôme-</p><p>tros.</p><p>Aponta Sausen (1998) que o homem, em toda a sua curiosidade, não se satisfez</p><p>apenas com o que podia ver ao nível do solo. Na busca por informações sobre</p><p>o seu ambiente, passou a procurar plataformas mais elevadas que lhe permi-</p><p>tissem ampliar o seu campo de visão. Subiu em árvores para ver do alto e, de</p><p>forma mais geral, o local onde vivia. Escalou colinas e montanhas, o que lhe</p><p>possibilitou uma visão não só do local onde vivia, mas também de toda a re-</p><p>gião ao seu redor.</p><p>Isso conduz às inúmeras implicações na organização das sociedades, pois, no</p><p>passado, as guerras eram constantes e tinham como �nalidade a ampliação</p><p>territorial e domínio de povos, tornando-se a visão estratégica da área um</p><p>ponto fundamental para o êxito das atividades.</p><p>Saltando na história, passando pelo desenvolvimento da imprensa, que permi-</p><p>tiu a difusão dos registros, vamos para o desenvolvimento dos estudos sobre a</p><p>teoria da luz, os avanços no campo da óptica, e de experimentos com substân-</p><p>cias fotossensíveis, fatos que foram decisivos para o surgimento do sensoria-</p><p>mento remoto.</p><p>Em 1822, o francês Niepa gerou a primeira imagem fotográ�ca fazendo uso de</p><p>uma câmara primitiva e papel quimicamente sensibilizado à luz (SAUSEN,</p><p>1998), como observado na Figura 66a. Esse evento deu impulso às pesquisas</p><p>de tal forma que o processo fotográ�co pôde ser amplamente difundido. A par-</p><p>tir daí, ocorreram as primeiras aplicações do uso de fotogra�as na área mili-</p><p>tar. Esse processo permitiu ao homem registrar, de forma instantânea e repeti-</p><p>tiva, o que podia observar ao seu redor.</p><p>Como menciona Novo (1992), em 1856, quando uma câmara fotográ�ca foi co-</p><p>locada num balão (Figura 66b) e apontada para baixo, em direção à superfície</p><p>da Terra, é que foi obtida a primeira fotogra�a aérea e o primeiro produto do</p><p>que hoje consideramos sensoriamento remoto.</p><p>Figura 66 Máquina fotográ�ca do ano de 1906 (a). Reprodução de um dos modelos de balões construídos no �nal do</p><p>século 19 (b).</p><p>Segundo Florenzano (2002), os primeiros registros de uma fotogra�a aérea que</p><p>foram tomados de forma perpendicular ao terreno datam do ano de 1862, e fo-</p><p>ram obtidos de um balão tripulado por militares do exército norte-americano</p><p>durante a guerra civil.</p><p>Com a evolução das pesquisas sobre câmaras fotográ�cas, houve, também,</p><p>uma evolução nas pesquisas sobre as plataformas que as transportavam. Com</p><p>o tempo, os balões passaram a ser substituídos por aviões.</p><p>Em 1909, com o desenvolvimento dos aviões, iniciou-se a tomada das fotogra-</p><p>�as aéreas. Em 1930, com o aperfeiçoamento dos processos de revelação e co-</p><p>piagem das fotogra�as aéreas, os Estados Unidos, o Canadá e a Alemanha rea-</p><p>lizaram as primeiras coberturas sistemáticas dos seus territórios para �ns de</p><p>levantamento de recursos naturais. Esse fato culminou com a crescente im-</p><p>portância da fotointerpretação para uso civil, e iniciaram-se, também, os estu-</p><p>dos de reconhecimento dos alvos que compunham a superfície terrestre</p><p>(NOVO, 1992).</p><p>A compreensão das características espectrais dos alvos terrestres forma, hoje,</p><p>um dos principais campos de estudo do sensoriamento remoto.</p><p>Veja, na Figura 67, um dos mais poderosos caças da Primeira Grande Guerra.</p><p>Figura 67 O SPAD S.XIII foi um caça biplano francês da Primeira Guerra Mundial.</p><p>Durante</p><p>a Segunda Guerra Mundial, houve um grande desenvolvimento do</p><p>sensoriamento remoto. De acordo com Florenzano (2002), nesse período, foi</p><p>desenvolvido o �lme infravermelho (Figura 68), com o objetivo de detectar a</p><p>camu�agem (principalmente para diferenciar vegetação de alvos pintados de</p><p>verde), e introduzidos novos sensores, como o radar, além de ocorrerem avan-</p><p>ços nos sistemas de comunicações.</p><p>Figura 68 Distinção de vegetação sadia e camu�agem.</p><p>Distinção de vegetação sadia e camu�agem por meio do �lme infravermelho.</p><p>A Figura 68 apresenta uma fotogra�a aérea colorida, ou seja, as cores que nela</p><p>vemos são as mesmas que vemos normalmente a olho nu. A mesma fotogra�a</p><p>área, quando registrada com o �lme infravermelho denominado “falsa-cor”,</p><p>mostra que a vegetação sadia re�ete a energia infravermelha muito mais forte</p><p>que a energia verde, aparecendo nas fotogra�as em tons de vermelho. Os alvos</p><p>camu�ados de verde, por serem arti�ciais, têm baixa re�etância no infraver-</p><p>melho e, portanto, mostram uma cor azulada (Figura 68).</p><p>Após a Segunda Guerra Mundial, a aeronáutica também prospera de forma</p><p>notável, o que confere maior estabilidade às plataformas de observação. Com</p><p>isso, os aviões tornaram-se uma das mais úteis e comuns plataformas utiliza-</p><p>das para transportar sistemas de sensoriamento remoto. Eles podem trans-</p><p>portar quase todos os tipos de sensores, desde a convencional câmera fotográ-</p><p>�ca até câmeras de televisão, imageadores multiespectrais e radares.</p><p>De forma similar aos aviões, os foguetes também tiveram um grande desen-</p><p>volvimento durante e após a Segunda Guerra Mundial, e, na década de 1960, as</p><p>primeiras imagens orbitais, ou seja, tiradas de satélites, foram obtidas pelos</p><p>satélites tripulados Mercury, Gemini e Apollo, que podem ser vistos na Figura</p><p>69 (FLORENZANO, 2002).</p><p>Figura 69 Comparação entre os satélites tripulados Mercury, Gemini e Apollo.</p><p>A contribuição mais importante dessas missões foi demonstrar o potencial e</p><p>as vantagens da aquisição de imagens orbitais, o que incentivou a construção</p><p>dos demais satélites de coleta de dados meteorológicos e de recursos terres-</p><p>tres (GARCIA, 1982).</p><p>Com o primeiro lançamento do satélite meteorológico, em 1960, iniciou-se os</p><p>registros sistemáticos de imagens da Terra. Em 1972, foi lançado o primeiro</p><p>satélite de recursos terrestres, o ERTS-1, mais tarde denominado LANDSAT-1</p><p>(Figura 70).</p><p>Figura 70 Earth Resources Technology Satellite (ERTS-1), 1972.</p><p>Atualmente, além dos satélites americanos de recursos terrestres da série</p><p>Landsat, há inúmeros outros, como os da série SPOT, desenvolvidos pela</p><p>França. O IRS da Índia, o ALOS do Japão, entre outros.</p><p>Um ponto importante a ser destacado é o fato de o Brasil ser um dos países</p><p>que detém avançada tecnologia no que diz respeito ao monitoramento da su-</p><p>perfície terrestre por sensoriamento remoto.</p><p>A missão de desenvolver e construir satélites cabe ao Instituto Nacional de</p><p>Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão público vinculado ao Ministério da Ciência e</p><p>Tecnologia (MCT). Em 1988, o governo brasileiro assinou um acordo internaci-</p><p>onal de cooperação com o governo chinês, visando ao desenvolvimento dos</p><p>satélites CBERS-1 e CBERS-2 (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS</p><p>ESPACIAIS, 2012c). Observe as Figuras 71 e 72.</p><p>Figura 71 Construção e testes do satélite CBERS no Inpe, São José dos Campos.</p><p>Figura 72 CBERS-2B.</p><p>O programa encontra-se, atualmente, em fase avançada. No �nal de 2007, foi</p><p>lançado o CBERS-2B, terceiro satélite do programa Sino-Brasileiro de Recursos</p><p>Terrestres. Os satélites dessa série foram projetados para cobertura global e</p><p>com �nalidade de:</p><p>• Monitoramento ambiental.</p><p>• Aplicações como mapas de queimadas e des�orestamento da região</p><p>amazônica.</p><p>• Estudos na área de desenvolvimento urbano nas grandes capitais do país.</p><p>Consoante o Inpe, hoje o Brasil é o maior distribuidor de imagens de satélite</p><p>no mundo, graças à política de distribuição gratuita implantada em junho de</p><p>2004.</p><p>Atualmente, está em operação a nova geração de sistemas de sensoriamento</p><p>remoto, com imagens orbitais de alta resolução espacial, como os satélites</p><p>“Ikonos II” e “QuickBird” (Figura 73), respectivamente, com resoluções de até 1</p><p>m e 61 cm.</p><p>Figura 73 Imagem do satélite Ikinos (a). Imagem do satélite QuickBird (b).</p><p>Vimos que a história do sensoriamento remoto está estreitamente ligada ao</p><p>uso militar das tecnologias espaciais. Autores como Garcia (1982), Novo (1992),</p><p>Sausen (1998) e Florenzano (2002) atribuem a origem do sensoriamento remo-</p><p>to à origem das fotogra�as aéreas.</p><p>Nessa linha de raciocínio, a American Society of Photogrammetry (1975), con-</p><p>siderando as tecnologias utilizadas na evolução do sensoriamento remoto, di-</p><p>vide a história em dois principais períodos:</p><p>• De 1860 a 1960 – quando o sensoriamento remoto era baseado exclusiva-</p><p>mente no uso de fotogra�as aéreas.</p><p>• De 1960 aos dias de hoje – quando o sensoriamento remoto se caracteriza</p><p>por uma variedade de fotogra�as, imagens e sistemas sensores multi e</p><p>hiperespectrais acoplados em diversas plataformas.</p><p>De acordo com o que foi apresentado sucintamente, nota-se que o sensoria-</p><p>mento remoto possui sua gênese no esforço inter e multidisciplinar das áreas</p><p>da Matemática, Física, Química, Biologia, Ciências da Terra e da Computação.</p><p>Isso explica o fato de seu uso e aplicação envolver um número tão grande de</p><p>pessoas de diferentes áreas do conhecimento.</p><p>Em projetos desenvolvidos na área de sensoriamento remoto di�cilmente</p><p>trabalha-se de maneira individual. Seu estudo e aplicação requerem uma vi-</p><p>são ampla e conhecimento diversi�cado, podendo haver trabalhos prejudica-</p><p>dos se analisados por uma única pessoa.</p><p>Após algumas explanações sobre sensoriamento remoto e o conhecimento de</p><p>seu histórico, podemos de�nir seu campo de atuação e seus métodos de traba-</p><p>lho por meio de sua de�nição.</p><p>De�nição de Sensoriamento Remoto</p><p>De�nir sensoriamento remoto não é uma tarefa simples. Sua de�nição abarca</p><p>especi�cações contrárias à abrangência que seu nome parece representar.</p><p>Pode-se julgar que há uma imprecisão já no termo “remoto”, pois pode signi�-</p><p>car tanto um satélite localizado a 32 mil quilômetros de altitude quanto instru-</p><p>mentos portáteis que realizam as medições em pequenas distâncias, como</p><p>aquelas obtidas em campo por meio de espectroradiômetros.</p><p>Mas, na verdade, “remoto”, no contexto do sensoriamento remoto, indica ape-</p><p>nas uma “medição indireta”, realizada sem o contato físico entre um sensor e</p><p>o objeto (FUSSEL et. al, 1986).</p><p>Partindo desse princípio, advém a primeira de�nição de sensoriamento remo-</p><p>to: “A tecnologia que permite a aquisição de informações sobre objetos sem o</p><p>contato físico entre eles” (NOVO, 1992, p. 1).</p><p>No entanto, essa de�nição também se apresenta muito ampla, pois, como</p><p>exempli�ca Novo (1992), poderíamos considerar o telescópio como um instru-</p><p>mento sensor. Dessa forma, a autora destaca que o sensoriamento remoto é as-</p><p>sociado à aquisição de medidas nas quais o homem não é parte essencial do</p><p>processo de detecção e registro dos dados.</p><p>Assim, não poderíamos considerar o telescópio como um instrumento sensor,</p><p>pois sua função é apenas ampliar a paisagem observada. Outro fato a se consi-</p><p>derar é que o sensoriamento remoto possui uma �nalidade especí�ca, e não a</p><p>obtenção aleatória de dados.</p><p>Restringindo dessa forma sua de�nição, surgem dois novos elementos a se-</p><p>rem considerados:</p><p>• Como um objeto pode ser registrado a distância sem que haja o contato fí-</p><p>sico?</p><p>• Quais informações são de interesse ao sensoriamento remoto?</p><p>As respostas a essas duas questões permitem de�nir com um pouco mais de</p><p>precisão o que é o sensoriamento remoto.</p><p>Inicialmente, para que haja a transferência de dados de um objeto a um sen-</p><p>sor, é preciso que haja um meio que interligue esses componentes. Em senso-</p><p>riamento remoto, essa tarefa é realizada pela ou</p><p>, aquela proveniente do Sol, e que se desloca no</p><p>vácuo a uma velocidade de 300.000 km/h, com capacidade de transferir ener-</p><p>gia de um ponto ao outro</p><p>independente da distância entre eles.</p><p>Essa radiação, ao entrar em contato com a superfície terrestre, interage entre</p><p>re�exões, difusões, espalhamentos e absorções com a superfície dos objetos de</p><p>tal forma que a radiação que retorna à atmosfera está alterada de sua forma</p><p>inicial, sendo esta radiação a ser registrada pelos sensores.</p><p>Em termos de �nalidade, restringimos a observação aos componentes da bios-</p><p>fera terrestre, pois, se considerarmos os componentes do Universo, entraría-</p><p>mos no campo da Astronomia.</p><p>Diante do que foi exposto, aceitaremos, nesta disciplina, a seguinte de�nição</p><p>para sensoriamento remoto:</p><p>Sensoriamento remoto é a tecnologia que permite obter imagens e outros tipos de</p><p>dados da superfície da terra, através da captação e do registro da energia re�etida</p><p>ou emitida pela superfície (FLORENZANO, 2002, p. 9).</p><p>Ou ainda poderemos considerar esta mesma interpretação apresentada por</p><p>Novo (1992, p. 2), mais re�nada:</p><p>Sensoriamento remoto é a utilização conjunta de modernos sensores, equipamen-</p><p>tos para processamento de dados, equipamentos de transmissão de dados, aerona-</p><p>ves, espaçonaves etc., com o objetivo de estudar o ambiente terrestre através do re-</p><p>gistro e da análise das interpretações entre a radiação eletromagnética e as subs-</p><p>tâncias componentes do planeta Terra em suas mais diversas manifestações.</p><p>Para �nalizar essa de�nição, é importante termos claro que o sensoriamento</p><p>remoto é tanto uma ciência quanto uma ferramenta.</p><p>Fussel et al. (1986) destaca que essa diferenciação pode ser atribuída conside-</p><p>rando o modo de implementação do sensoriamento remoto.</p><p>Se o considerarmos em si próprio, ou seja, o estudo de desenvolvimento de no-</p><p>vas tecnologias para obtenção de imagens, desenvolvimento da computação</p><p>aliado à matemática para elaboração de equipamentos capazes de re�nar os</p><p>dados obtidos, ou mesmo no desenvolvimento de novos satélites, o sensoria-</p><p>mento remoto pode ser considerado uma ciência, pois possui uma �nalidade</p><p>em si mesma. Assim, considerado ciência, torna-se uma área especí�ca, que</p><p>possui métodos próprios de trabalho para se construir determinado conheci-</p><p>mento.</p><p>Mas, se utilizarmos o sensoriamento remoto como uma tecnologia para obter</p><p>informações de nosso interesse, ou seja, o sensoriamento remoto como um</p><p>meio para solucionar problemas, e não como uma �nalidade, o considerare-</p><p>mos uma ferramenta ou técnica.</p><p>E assim se faz a maioria do uso do sensoriamento remoto, que serve como im-</p><p>portante ferramenta a inúmeras ciências. A biologia, a ecologia, a geogra�a e</p><p>até mesmo a história (pois os primeiros registros de sensoriamento remoto</p><p>vistos datam de 1856) são importantes fontes de dados do passado, permitindo</p><p>a análise temporal de fenômenos e áreas terrestres.</p><p>Na geogra�a, o sensoriamento remoto é muito utilizado como subsídio ao pla-</p><p>nejamento, e, na educação, surge como uma ferramenta de grande potencial,</p><p>capaz de despertar atenção e desenvolver a noção espacial, sensorial e percep-</p><p>tiva da criança.</p><p>Agora que já de�nimos o Sensoriamento Remoto, vamos aprofundar analisan-</p><p>do os níveis de aquisição de dados e a qualidade de um sistema sensor.</p><p>13. Níveis de aquisição de dados: plataformas</p><p>terrestres, aéreas e orbitais</p><p>De acordo com Florenzano (2002), os sistemas sensores são equipamentos que</p><p>captam e registram a energia re�etida ou emitida pelos elementos da superfí-</p><p>cie terrestre. Esses sensores podem ser acoplados em diversas plataformas,</p><p>obtendo dados em diferentes níveis de altitude, ou seja, há diferentes distânci-</p><p>as do sensor em relação à superfície terrestre.</p><p>As plataformas podem ser classi�cadas em:</p><p>• Plataformas terrestres – quando os dados são obtidos no nível do solo.</p><p>São realizadas medições de dados em campo ou em laboratório, por meio</p><p>de torres e sistemas radiométricos de campo.</p><p>• Plataformas aéreas – quando os dados são obtidos no nível de aeronaves,</p><p>helicópteros e balões, os dados de sensoriamento remoto podem ser ad-</p><p>quiridos por sistemas sensores de lasers, sistemas fotográ�cos ou radar.</p><p>• Plataformas orbitais – a obtenção de dados no nível orbital é realizada</p><p>por meio de sistemas sensores a bordo de satélites arti�ciais.</p><p>Observe as plataformas na Figura 74.</p><p>: Florenzano (2002, p. 38).</p><p>Figura 74 Níveis de aquisição de dados por sensoriamento remoto. Três distâncias do sensor à superfície terrestre:</p><p>terrestre, aéreo e orbital.</p><p>Moraes (2002) observa que, para cada nível de coleta de dado, há um tipo ade-</p><p>quado de tecnologia para o registro das informações, ou seja, há</p><p>.</p><p>Os aparelhos utilizados para obter dados em campo não geram imagens, mas</p><p>sim . Normalmente, eles registram a intensidade da radiação que está</p><p>sendo re�etida (irradiância) por um alvo.</p><p>No nível aéreo, os sistemas utilizados, na grande maioria, são câmeras aerofo-</p><p>tográ�cas. As tecnologias e os procedimentos de coleta e registro de informa-</p><p>ção geram as denominadas ou .</p><p>Já as plataformas orbitais, apesar do mecanismo de aquisição de dados, se-</p><p>guem praticamente o mesmo princípio das plataformas aéreas, de registrar a</p><p>radiação re�etida ou emitida pela superfície. Os procedimentos são um pouco</p><p>diferentes, e essas tecnologias geram as denominadas . Essas</p><p>plataformas ainda podem ser classi�cadas em função do tipo de órbita:</p><p>e .</p><p>Observando a Figura 75, podemos perceber que o tamanho da área registrada</p><p>na imagem varia em virtude do nível da plataforma. Dessa forma, quanto mai-</p><p>or for a altitude do sensor, maior será a distância em relação à superfície da</p><p>Terra, e maior será a dimensão da área observada (FLORENZANO, 2002).</p><p>: Florenzano (2002, p. 13).</p><p>Figura 75 Dimensão da área observada por sensoriamento remoto em virtude do nível de aquisição da imagem.</p><p>Qualidade de um sistema sensor: resolução espacial, tem-</p><p>poral, espectral e radiométrica</p><p>É importante destacar os elementos que de�nem a qualidade dos sensores, a</p><p>qual é determinada em função de suas resoluções.</p><p>Há quatro tipos de resolução: , , e .</p><p>Novo (1992) de�ne como a capacidade de um sensor “en-</p><p>xergar” ou distinguir objetos da superfície terrestre. Ela pode ser de�nida co-</p><p>mo o menor elemento ou superfície distinguível por um sensor. É similar à re-</p><p>solução grá�ca das máquinas digitais.</p><p>Porém, enquanto a resolução da máquina normalmente é medida em dpi</p><p>(pontos por polegada), a resolução espacial é medida em metros ou centíme-</p><p>tros. Quando um sensor possui resolução espacial baixa, há a generalização da</p><p>informação; logo, quando o sensor possui alta resolução espacial, é possível</p><p>captar informações detalhadas do terreno. Observe as Figuras 76 e 77.</p><p>: Gomes (2007, p. 26).</p><p>Figura 76 Comparação entre diferentes resoluções espaciais.</p><p>: Gomes (2007, p. 27).</p><p>Figura 77 Exemplo de diferentes resoluções numa fotogra�a convencional.</p><p>Segundo Novo (1992), está relacionada com a repetitivida-</p><p>de com que o sistema sensor pode adquirir informações de um mesmo local.</p><p>A repetitividade pode variar de minutos (como dos satélites meteorológicos) a</p><p>horas (como alguns satélites de monitoramento terrestre) e até meses ou anos</p><p>(como alguns aerolevantamentos realizados).</p><p>Desse modo, quanto maior a resolução temporal, ou seja, quanto maior a sua</p><p>repetitividade de coleta de informação sobre uma mesma área, melhor será</p><p>para o monitoramento e controle do espaço observado, pois mais registros são</p><p>adquiridos num curto lapso de tempo.</p><p>A é de�nida por Moraes (2002) como a largura espectral</p><p>em que opera o sensor. Portanto, a resolução espectral</p><p>no qual são realizadas as medidas.</p><p>Simpli�cando, quanto mais capacidade o sensor tiver para registrar um maior</p><p>número de regiões espectrais, melhor será a sua resolução espectral. Como</p><p>exemplo, suponha que o satélite “a” tenha sensibilidade para registrar três re-</p><p>giões espectrais, e o satélite “b” tenha sensibilidade em registrar cinco regiões</p><p>espectrais diferentes. Neste exemplo, o satélite “b” apresenta resolução espec-</p><p>tral maior que o satélite “a”. Acompanhe o exemplo pela Figura 78.</p><p>Figura 78 Resolução espectral. O satélite “b” apresenta resolução espectral</p><p>maior que o satélite “a”, pois é sensível a</p><p>maior número de regiões espectrais.</p><p>A , de acordo com Moreira (2001), de�ne a e�ciência do</p><p>sistema sensor em registrar pequenos sinais, de medir pequenas variações na</p><p>intensidade da radiância re�etida ou emitida pelo alvo para um mesmo inter-</p><p>valo espectral.</p><p>O autor a�rma que esta resolução está associada à capacidade do sistema sen-</p><p>sor em discriminar sinais elétricos com pequenas diferenças de intensidade.</p><p>Esta diferenciação resulta na quantidade de níveis de cinza apresentada na</p><p>imagem. Observe a Figura 79.</p><p>: adaptado de Gomes (2007, p. 29).</p><p>Figura 79 Resolução radiométrica. Capacidade do sensor em distinguir diferentes alvos que possuem próximos valo-</p><p>res de re�ectância. A maioria das imagens disponíveis atualmente possui 256 (de 0 a 255, sendo que o zero também é</p><p>um valor do sinal, e não signi�ca ausência de informação) níveis de cinza.</p><p>Considera-se que o conjunto das quatro resoluções apresentadas de�ne a qua-</p><p>lidade do sistema sensor. A nova geração de satélites busca re�nar, principal-</p><p>mente, o quesito da resolução espectral, surgindo no mercado os satélites de-</p><p>nominados . Já a resolução espacial dos satélites atingiu tal</p><p>re�namento que hoje se obtém imagens com resolução de centímetros (sub-</p><p>métricas), conforme mostra a Figura 80.</p><p>Figura 80 Imagem do satélite Quickbird, com resolução espacial de 60 cm. Rio de Janeiro/Brasil.</p><p>14. Sistemas sensores</p><p>Como vimos nos ciclos anteriores, as variações de energia eletromagnética de</p><p>determinada área observada podem ser coletadas por sistemas sensores.</p><p>Os sensores são</p><p>(em determinadas faixas do espectro eletromagnético) proveniente de um al-</p><p>vo, , e, posteriormen-</p><p>te, convertê-la em imagens ou grá�cos (como os grá�cos de comportamento</p><p>espectral) (MORAES, 2002).</p><p>Os sistemas sensores ainda podem ser classi�cados em ou</p><p>, que, conforme Moraes (2002), são:</p><p>• : são sistemas que fornecem como produto �nal</p><p>uma imagem da área observada, como os scanners e as câmaras fotográ-</p><p>�cas.</p><p>• : também denominados radiômetros ou espec-</p><p>troradiômetros, apresentam o resultado em forma de dígitos ou grá�cos.</p><p>Outra classi�cação para os sistemas sensores tem por base a</p><p>.</p><p>Nos exemplos apresentados anteriormente, a principal fonte de radiação cita-</p><p>da foi o Sol. No entanto, há outras fontes arti�ciais de radiação eletromagnéti-</p><p>ca, como é o caso dos sistemas de radar. Os radares emitem sua própria ener-</p><p>gia, constituindo-se em uma fonte arti�cial de energia.</p><p>Os sistemas dependentes da re�exão da radiação solar são denominados</p><p>(Figura 81a). Já os sistemas que emitem sua própria</p><p>radiação são denominados (Figura 81b).</p><p>: Moreira (2001, p. 34).</p><p>Figura 81 Sistemas passivos: sistemas que recebem a re�exão da radiação solar (a). Sistemas ativos: sistemas que</p><p>emitem sua própria radiação (b).</p><p>Observe que, no , a radiação que incide nos alvos da superfície</p><p>terrestre provém do Sol (fonte externa). Ao interagir com os alvos, parte da ra-</p><p>diação é re�etida, atingindo, posteriormente, o detector de um sistema sensor.</p><p>Em contrapartida, se o sistema sensor possui uma fonte de radiação, isto é,</p><p>não depende de uma fonte externa para irradiar o alvo, ele é dito ativo.</p><p>Nesse caso, o sensor emite um �uxo de radiação em determinada faixa espec-</p><p>tral que interage com os alvos na superfície da Terra, e a parte re�etida é en-</p><p>tão captada pelo sensor novamente.</p><p>Como exemplo de sensores ativos na natureza, podemos apontar o morcego,</p><p>que emite seu próprio sinal para o meio, captando a energia re�etida e distor-</p><p>cida. A leitura que ele faz do ruído indica obstáculos, alimentos, entre outros.</p><p>Características dos sistemas sensores</p><p>Moreira (2001) demonstra que um sistema sensor é constituído basicamente</p><p>por um , que pode ser um conjunto de lentes, espelhos e antenas; um</p><p>sistema de registro ( ), que pode ser um �lme ou outros dispositivos; e</p><p>um componente responsável pela ampli�cação e registro do sinal elétrico</p><p>( ), conforme é ilustrado na Figura 82.</p><p>: Moreira (2001, p. 120).</p><p>Figura 82 Componentes de um sistema sensor.</p><p>Uma vez que a energia emitida, espalhada ou re�etida pelo alvo atinge o</p><p>, este deve ser capaz de realizar duas funções básicas:</p><p>• focalizar a energia sobre um detetor;</p><p>• transformar a energia focalizada numa intensidade de sinal elétrico pas-</p><p>sível de ser registrado de forma permanente (como a imagem).</p><p>O sistema sensor apresentará características diferenciadas por causa do nível</p><p>de coleta de dados. São muitos os tipos de sistemas sensores, no entanto, vere-</p><p>mos, de maneira abrangente, alguns modelos, como os sensores fotográ�cos e</p><p>os sensores orbitais.</p><p>Sensores fotográ�cos</p><p>Segundo Moreira (2001), sensores fotográ�cos são todos os dispositivos que</p><p>registram a energia re�etida pelos alvos da superfície terrestre em uma pelí-</p><p>cula fotossensível, ou seja, o tradicionalmente chamado</p><p>.</p><p>Os produtos obtidos por esses sistemas são as , que podem</p><p>ser pancromáticas (apresentadas em preto e branco) ou coloridas (normal ou</p><p>falsa cor).</p><p>A Figura 83 apresenta a plataforma aérea e seus produtos.</p><p>: Moreira (2001, p. 150).</p><p>Figura 83 Sistema sensor acoplado em uma plataforma aérea.</p><p>Observe na Figura 84, o detalhe de uma fotogra�a aérea. A fotogra�a aérea</p><p>pancromática recebe esse nome porque abrange toda a radiação do espectro</p><p>eletromagnético da região do visível, sem fazer distinção entre regiões espec-</p><p>trais. Logo, é como se fosse uma fotogra�a colorida comum, mas convertida</p><p>em níveis de cinza.</p><p>Figura 84 Fotogra�a aérea pancromática, escala aproximada de 1:25000.</p><p>As câmaras aéreas foram os primeiros sistemas sensores a serem utilizados</p><p>para a extração de informações sobre a superfície terrestre. Posteriormente a</p><p>elas, vieram os sistemas orbitais.</p><p>Sensores orbitais</p><p>De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (2012):</p><p>Os sistemas sensores orbitais exploram as características de uma plataforma</p><p>embarcada em uma órbita que deve ser:</p><p>1. Circular, para garantir que as imagens tomadas em diferentes regiões da</p><p>Terra tivessem a mesma resolução e escala;</p><p>2. Permitir o imageamento cíclico da superfície, para garantir a observação</p><p>periódica e repetitiva dos mesmos lugares;</p><p>3. Ser síncrona com o Sol (heliossíncrono), para que as condições de ilumi-</p><p>nação da superfície terrestre se mantivessem constantes;</p><p>4. Horário da passagem do satélite deve atender às solicitações de diferen-</p><p>tes áreas de aplicação (geologia, geomorfologia, agricultura etc.).</p><p>Após o lançamento do primeiro satélite (Earth-1, depois chamado Landsat),</p><p>inúmeros outros satélites foram desenvolvidos com sistemas sensores cada</p><p>vez mais aprimorados.</p><p>No entanto, a principal diferença entre os sistemas fotográ�cos e os sistemas</p><p>orbitais reside no fato de que estes produzem um sinal elétrico para posterior-</p><p>mente (ou mesmo em tempo real) ser transmitido a uma estação remota.</p><p>O Brasil recebe imagens de satélites (Landsat, CBERS, RDARSAT e Spot) por</p><p>meio de uma antena de recepção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais</p><p>(Inpe), localizada em Cuiabá-MT, local estratégico por estar no centro geodési-</p><p>co da América do Sul.</p><p>Enquanto os sensores fotográ�cos possuem um detector fotoquímico (o �lme),</p><p>os sensores orbitais possuem detectores capazes de transformar a radiação</p><p>eletromagnética em um sinal elétrico.</p><p>Dessa forma, se abstrairmos a diferença entre os tipos de detectores, veremos</p><p>que os sistemas orbitais possuem basicamente os mesmos componentes de</p><p>um sistema fotográ�co.</p><p>É importante lembrar-se de que ao fazer referência a uma imagem orbital, in-</p><p>dicamos antes o nome do satélite que a originou e, na sequência, o modelo do</p><p>sistema sensor. Observe a Figura 85.</p><p>: adaptado de Gomes (2007, p. 31-34).</p><p>Figura 85 O nome em vermelho refere-se ao sensor, o nome em preto designa o satélite (plataforma) que comporta o</p><p>sensor.</p><p>É importante que se faça menção aos sistemas sensores juntamente com o</p><p>nome do satélite, pois cada sensor possui características próprias, como as ca-</p><p>pacidades de resolução espectral, espacial, radiométrica</p><p>e temporal.</p><p>Pode haver o uso do mesmo sistema sensor em mais de um satélite, pois eles</p><p>não são exclusivos, a não ser nos satélites comerciais. Estes, por serem desen-</p><p>volvidos com uma �nalidade especí�ca, não têm sua tecnologia divulgada.</p><p>A seguir, percorreremos o estudo sobre as geotecnologias inicialmente para,</p><p>em seguida, entrar na Cartogra�a e Ensino: construção social e meio entre o</p><p>sujeito e o objeto de conhecimento.</p><p>15. Geotecnologias: o sensoriamento remoto na</p><p>aquisição de dados geográ�cos e o sig como</p><p>meio de visualização</p><p>No território brasileiro, os problemas ambientais têm sido intensi�cados como</p><p>resultado da velocidade e extensão da ocupação do homem, particularmente a</p><p>partir da década de 1950.</p><p>Assim, fez-se necessária a utilização de tecnologias que possuíssem agilidade</p><p>para acompanhar as mudanças na paisagem, com o intuito de detectar e mo-</p><p>nitorar sistematicamente os problemas ambientais.</p><p>Neste contexto, as técnicas de sensoriamento remoto têm se mostrado impor-</p><p>tantes instrumentos para execução das atividades de monitoramento no meio</p><p>ambiente, uma vez que elas permitem uma visão detalhada e sinótica da su-</p><p>perfície terrestre.</p><p>Os sistemas sensores, principalmente os orbitais, viabilizam o levantamento, a análise e o monitoramento</p><p>sistemático de elementos do meio físico terrestre. Como exemplo de monitoramento, podemos destacar o</p><p>programa do Instituto de Pesquisas Espaciais – INPE, denominado Sistema DETER – Detecção de</p><p>Desmatamento em Tempo Real (http://www.obt.inpe.br/deter/), entre outros, como PRODES</p><p>(http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html) e CANASAT (http://www.dsr.inpe.br/laf/canasat/).</p><p>De acordo com Novo (1992, p. 15), o sensoriamento remoto é um sistema com-</p><p>posto por duas fases principais, a saber:</p><p>• : relacionado a processos de detecção e registros das</p><p>informações.</p><p>• : constitui no tratamento e interpretação das informa-</p><p>ções obtidas pelo sistema sensor.</p><p>Dessa forma, os produtos originados a partir do sensoriamento remoto, em ní-</p><p>vel de plataformas aéreas ou orbitais, vêm se tornando indispensáveis aos tra-</p><p>balhos que se destinam à temática geo-ambiental. A periodicidade com que os</p><p>dados são disponibilizados viabiliza a realização dos trabalhos, pois a atual</p><p>tecnologia permite a obtenção de sucessivos registros para um mesmo local,</p><p>permitindo a caracterização e o controle sistemático das áreas de interesse.</p><p>As técnicas de sensoriamento remoto envolvem a utilização de imagens obti-</p><p>das a partir de diversos tipos de sistemas sensores, destacando-se as fotogra-</p><p>�as aéreas e aquelas obtidas por meio de plataformas orbitais, permitindo a</p><p>aquisição de informações em diferentes níveis, para diferentes objetivos temá-</p><p>ticos.</p><p>As fotogra�as aéreas são produtos de larga aplicação para a identi�cação e</p><p>mapeamento dos recursos naturais utilizados em diversos estudos temáticos.</p><p>Para Garcia (1982), as fotogra�as aéreas podem aumentar consideravelmente</p><p>o rendimento das operações relativas ao planejamento de bacias de drenagem,</p><p>mapeamento de solos e uso e manejo das terras em função da sua boa resolu-</p><p>ção espacial. Destacamos, também, a importância das fotogra�as aéreas para</p><p>http://www.obt.inpe.br/deter/</p><p>http://www.obt.inpe.br/deter/</p><p>http://www.obt.inpe.br/deter/</p><p>http://www.obt.inpe.br/deter/</p><p>http://www.obt.inpe.br/deter/</p><p>http://www.obt.inpe.br/deter/</p><p>http://www.obt.inpe.br/deter/</p><p>http://www.obt.inpe.br/deter/</p><p>http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html</p><p>http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html</p><p>http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html</p><p>http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html</p><p>http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html</p><p>http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html</p><p>http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html</p><p>http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html</p><p>http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html</p><p>http://www.dsr.inpe.br/laf/canasat/</p><p>http://www.dsr.inpe.br/laf/canasat/</p><p>http://www.dsr.inpe.br/laf/canasat/</p><p>http://www.dsr.inpe.br/laf/canasat/</p><p>http://www.dsr.inpe.br/laf/canasat/</p><p>http://www.dsr.inpe.br/laf/canasat/</p><p>a caracterização dos elementos da paisagem, tais como a geometria das ver-</p><p>tentes, especialmente favorecidas pela visão estereoscópica dos pares aerofo-</p><p>tográ�cos.</p><p>Imagens ou fotogra�as aéreas de mesma área, porém, obtidas de uma posição diferente, nos</p><p>permitem uma visão tridimensional da paisagem. Segundo Florenzano (2002), a estereos-</p><p>copia refere-se ao uso da visão binocular na observação de um par de fotogra�as ou ima-</p><p>gens desse tipo. Ela é um recurso que proporciona, mantendo a perspectiva vertical, uma</p><p>visão de imagens ou fotogra�as em três dimensões (3D). O estereocópio é o equipamento</p><p>utilizado para observarmos pares estereoscópicos.</p><p>Entre as fotogra�as aéreas, as mais utilizadas são as pancromáticas, referen-</p><p>tes à faixa da luz visível do espectro eletromagnético. Entretanto, em alguns</p><p>trabalhos, tem sido utilizado um tipo especial de fotos aéreas coloridas que</p><p>abrangem a porção do infravermelho próximo, e são denominadas de falsa-</p><p>cor, uma vez que nelas as cores naturais dos alvos apresentam-se modi�ca-</p><p>das, e o infravermelho próximo não se associa a nenhuma cor naturalmente</p><p>perceptível pelo olho humano.</p><p>A aquisição de dados de uso do solo/cobertura vegetal por meio de registros aerofotogramé-</p><p>tricos é realizada por procedimentos de foto-interpretação, amplamente difundidos por ma-</p><p>nuais especí�cos, como o American Society of Photogrammetry (1952).</p><p>No procedimento de interpretação das imagens, devem ser analisados ele-</p><p>mentos como a forma, a tonalidade, a textura, o padrão e os arranjos dos ou-</p><p>tros alvos da superfície analisada. Assim, torna-se necessário para a interpre-</p><p>tação dos registros o conhecimento do comportamento espectral de alvos (ob-</p><p>jetos terrestres) e o conhecimento dos fatores que os in�uenciam.</p><p>No entanto, uma das desvantagens apresentadas pelas fotogra�as aéreas resi-</p><p>de no fato de que a análise mais detalhada da variação da cobertura vegetal</p><p>em termos temporais torna-se limitada pela ausência de constantes recobri-</p><p>mentos aerofotogramétricos, em pequenos intervalos temporais, como, por</p><p>exemplo, a cada semana ou a cada dia. E, como alternativa, sugere-se o uso de</p><p>imagens orbitais para a avaliação ambiental, pois o sensoriamento remoto or-</p><p>bital propicia maior frequência de imagens para a atualização de dados.</p><p>Os sistemas de sensoriamento remoto orbital tiveram seu advento a partir do</p><p>ano de 1972, com o lançamento do primeiro satélite da série Landsat, pela</p><p>NASA. Em 1984, a agência espacial francesa CNES lançou o primeiro satélite</p><p>da série SPOT. Desde então, inúmeros trabalhos são desenvolvidos visando à</p><p>caracterização do meio ambiente e ao levantamento dos indicadores que pro-</p><p>movem sua degradação.</p><p>A extensão do território brasileiro e o pouco conhecimento dos recursos naturais, aliados ao</p><p>custo de se obter informações por métodos convencionais, foram fatores decisivos para a</p><p>entrada do país no programa de sensoriamento remoto por satélite.</p><p>A partir de de 1999, com a nova geração de sistemas de sensoriamento remoto,</p><p>estão disponíveis à comunidade cientí�ca imagens orbitais de alta resolução</p><p>espacial, como, por exemplo, os sistemas Ikonos II e QuickBird, respectiva-</p><p>mente, com resoluções  nominais de até 1metro e 60 centímetros em seus mó-</p><p>dulos pancromáticos.</p><p>Atualmente, a repetitividade de cobertura proporcionada pelos sistemas orbi-</p><p>tais, com capacidade de obter imagens com frequências que variam entre 5, 16,</p><p>26 dias sobre um dado ponto na superfície terrestre, favorece o acompanha-</p><p>mento de alvos que apresentam caráter dinâmico, como é o caso das altera-</p><p>ções da cobertura vegetal face à agressiva intervenção do homem.</p><p>Com as facilidades dessas imagens orbitais de alta resolução e possibilidade</p><p>de obtenção de produtos ortoreti�cados, é promissora a intensi�cação de suas</p><p>aplicações em estudos de detalhes em grandes escalas, que necessitam de in-</p><p>formações com precisão geométrica e cujos alvos apresentam, em geral, pe-</p><p>quenas dimensões espaciais.</p><p>Os aplicativos mais usados atualmente para o manuseio e análise</p><p>emoções, conforme a sensibilidade de cada um.</p><p>Não é uma ciência nem uma arte, mas é, sem dúvida alguma, um método cientí�co</p><p>que se destina a expressar fatos e fenômenos observados na superfície da Terra e,</p><p>por extensão, na de outros astros como a Lua, Marte etc., através de simbologia pró-</p><p>pria (OLIVEIRA, 1988, n. p.).</p><p>Já Duarte (2002, p. 21) considera que tanto a ciência como a arte fazem parte</p><p>das atividades que dizem respeito à Cartogra�a e, segundo o autor, ela pode</p><p>ser considerada uma ciência porque:</p><p>Constitui-se (a Cartogra�a) num campo de atividade humana que requer desenvol-</p><p>vimento de conhecimentos especí�cos, aplicação sistemática de operações de</p><p>campo e de laboratório, planejamento destas operações, metodologia de trabalho,</p><p>aplicação de técnicas e conhecimentos de outras ciências, tudo com vistas à obten-</p><p>ção de um documento de caráter altamente técnico (o mapa).</p><p>Para Duarte, se considerarmos o fato de que um mapa precisa respeitar deter-</p><p>minados aspectos técnicos, como clareza e objetividade, além de ser agradá-</p><p>vel aos olhos do leitor e apresentar expressividade e sensibilidade, a</p><p>Cartogra�a pode ser entendida como uma arte.</p><p>Você pode se perguntar: como podemos utilizar produtos cartográ�cos em</p><p>nosso dia a dia sem que sejamos geógrafos ou professores e estudantes de</p><p>Geogra�a? A resposta para essa pergunta é simples. Desde a pré-história, os</p><p>homens se preocupam com a localização dos territórios de suas ações e tam-</p><p>bém com a espacialização de suas rotas. Essa preocupação em representar o</p><p>ambiente ao seu redor de maneira duradoura sempre existiu e pode ser cons-</p><p>tatada nas pinturas rupestres, nas cascas de árvores e em outros materiais</p><p>disponíveis aos homens pré-históricos.</p><p>Como você pode perceber, essa preocupação persiste até hoje e se faz mais</p><p>evidente com o aumento da tecnologia e com o avanço da globalização. A so-</p><p>ciedade necessita cada vez mais dos mapas e das cartas, tanto para localizar-</p><p>se, como para obter informações sobre a localização de fenômenos como: o au-</p><p>mento da população, a criminalidade, a ocorrência de algum con�ito, ou ainda</p><p>para identi�car determinadas feições geográ�cas – como �orestas, desertos e</p><p>rios. Essas informações cartográ�cas estão sempre presentes nos meios de</p><p>comunicação, como jornais, revistas, televisão e internet.</p><p>Com a introdução da informática na cartogra�a, a partir de meados dos anos</p><p>1970, qualquer pessoa com acesso a internet pôde obter informações como a</p><p>pesquisa de rotas, mapas etc. Além disso, o advento da informática e a intro-</p><p>dução de seu uso no fazer cartográ�co desenvolveram seu potencial interati-</p><p>vo. Os sistemas de informação geográ�ca (SIG), a multimídia e a internet tor-</p><p>naram a cartogra�a interativa na medida em que, quando colocados para tra-</p><p>balhar a favor da cartogra�a, permitem que o usuário “converse” não mais</p><p>com o cartógrafo, mas com o mapa (RAMOS, 2005).</p><p>Assim, o objetivo da cartogra�a tem mudado. Hoje toda uma linha de pesquisa</p><p>em cartogra�a, decorrente do movimento de visualização cartográ�ca, busca o</p><p>estabelecimento de parâmetros para novas relações entre o leitor e o mapa.</p><p>Ramos (2005, p. 16), fala sobre a comunicação e visualização cartográ�ca:</p><p>De um lado está a comunicação cartográ�ca, relacionada à apresentação de resul-</p><p>tados para um público amplo, sem a utilização de recursos interativos; do outro, a</p><p>visualização cartográ�ca, baseada na exploração individual dos componentes do</p><p>mapa em um ambiente interativo, para que o usuário realize suas próprias buscas e</p><p>análises e, portanto, chegue a um conhecimento novo.</p><p>A partir desta ideia pode-se dizer que a visualização cartográ�ca é um proces-</p><p>so de apreensão de conhecimento derivado da visualização cientí�ca. Esse</p><p>conceito, segundo o autor mencionado anteriormente, pode ser encontrado</p><p>também na bibliogra�a como “visualização geográ�ca” ou “geovisualização” –</p><p>termos que se referem à visualização espacial em que o mapa desempenha</p><p>papel preponderante.</p><p>Segundo Dürsteler (2002) a palavra visualização cartográ�ca pode ser de�nida</p><p>como a formação de uma imagem mental de um conceito abstrato, e essa de�-</p><p>nição pode ser tomada como ponto de partida para re�exão. Por exemplo, por</p><p>conceito abstrato entende-se algo que não seja visível, ou seja, a visualização é</p><p>um processo que não envolve necessariamente a visão. Já por imagem mental</p><p>entende-se a construção mental de conhecimento. Desse modo, a visualização</p><p>se relaciona à forma como as informações recebidas pelo cérebro humano são</p><p>transformadas em conhecimento.</p><p>Ramos (2005 apud MacEacheren et al., 1992, p. 101), defende que:</p><p>[...] os métodos da cartogra�a temática desenvolvidos no século XVIII podem ser</p><p>compreendidos como a origem da visualização geográ�ca (aqui a termilogia adota-</p><p>da pelos autores):</p><p>[...] o uso de representações visuais concretas – seja em papel seja por meio de</p><p>computador ou outra mídia – para tornar contextos e problemas espaciais visíveis,</p><p>engajando-se às mais poderosas habilidades humanas para o processamento de</p><p>informação, aquelas associadas à visão.</p><p>Ramos (2005, p. 39) discorre que:</p><p>A de�nição adotada pela Comissão de Visualização e Ambientes Virtuais da</p><p>Associação Cartográ�ca Internacional enfatiza o processo de visualização carto-</p><p>grá�ca, desde a exploração dos dados até a apresentação dos resultados. A comis-</p><p>são de�ne visualização geográ�ca como:</p><p>Visualização geográ�ca (GVis) pode ser de�nida como uma forma de visualização</p><p>de informações baseadas em mapas que enfatiza o desenvolvimento e a avaliação</p><p>de métodos visuais desenhados para facilitar a exploração, análise, síntese e apre-</p><p>sentação de informação georreferenciada. GVis possui uma ênfase que combina o</p><p>desenvolvimento de teoria, ferramentas e métodos, e no entendimento de como as</p><p>ferramentas e métodos são usados para propiciar o entendimento e facilitar a to-</p><p>mada de decisão.</p><p>Ainda de acordo com o autor citado anteriormente:</p><p>A visualização não é apenas uma nova abordagem cartográ�ca, mas também uma</p><p>nova forma de pensar a aplicação da cartogra�a como instrumentos de pesquisa.</p><p>[...]</p><p>O processo de comunicação cartográ�ca pode ser visto como um conjunto de eta-</p><p>pas que visam à transmissão de uma mensagem da mente do cartógrafo para a</p><p>mente do usuário; ao longo desse processo a mensagem passa por uma série de</p><p>transformações.</p><p>Assim, pode-se admitir que a cartogra�a constitui-se enquanto conjunto de</p><p>estudos e operações cientí�cas, artísticas e técnicas que, mediante a obtenção</p><p>dos resultados das observações diretas ou da exploração de uma documenta-</p><p>ção, tem como �nalidade a elaboração e/ou o estabelecimento dos mapas (até</p><p>sua impressão de�nitiva e/ou publicação).</p><p>Linguagem cartográ�ca</p><p>Segundo Joly (1990, p. 13), a Cartogra�a pode ser considerada uma linguagem,</p><p>pois “utiliza uma gama de símbolos compreensíveis por todos, com um míni-</p><p>mo de iniciação”. Como uma linguagem, a Cartogra�a exprime, mediante o</p><p>emprego de signos, um pensamento e um desejo de comunicação com outras</p><p>pessoas, embora ela seja uma linguagem exclusivamente visual.</p><p>Para compreendermos melhor as propriedades dessa linguagem, devemos en-</p><p>tender a Semiologia grá�ca, área de estudo ligada às diversas teorias e formas</p><p>de representação, as quais, quando aplicadas à Cartogra�a, permitem analisar</p><p>as vantagens e os limites das variáveis visuais empregadas na simbologia</p><p>cartográ�ca.</p><p>Carvalho e Moura (2008 apud Joly, 1991) relatam que:</p><p>A Semiologia grá�ca está ao mesmo tempo ligada às diversas teorias das formas e</p><p>de sua representação e às teorias da informação, desenvolvidas pela psicologia</p><p>contemporânea. Aplicada à cartogra�a, ela permite avaliar as vantagens e os limi-</p><p>tes das variáveis visuais empregadas na simbologia cartográ�ca e, portanto formu-</p><p>lar as regras de uma utilização racional da linguagem cartográ�ca.</p><p>Encerrada durante muito tempo dentro de limites técnicos bastante restriti-</p><p>vos, porém magni�camente superados, hoje essa linguagem modi�ca-se rápi-</p><p>da e consideravelmente pela introdução vigorosa</p><p>dos dados</p><p>provenientes de sensores remotos são os de Processamento Digital de</p><p>Imagens e os denominados Sistemas de Informações Geográ�cas - SIGs. Esses</p><p>sistemas de geoprocessamento têm se mostrado competentes para combinar</p><p>diferentes dados temáticos georreferenciados, ou seja, planos de informação, e</p><p>gerar novos produtos cartográ�cos.</p><p>Análise e integração de dados por meio de Sistemas</p><p>de Informações Geográficas</p><p>Historicamente, a coleta de informações sobre a distribuição geográ�ca dos</p><p>recursos naturais era feita por meio de documentos e mapas em papel. No en-</p><p>tanto, a partir do desenvolvimento de novas tecnologias em meados do século</p><p>20, tornou-se possível o armazenamento, manipulação e análise das informa-</p><p>ções em ambientes computacionais, e é neste contexto que desponta o termo</p><p>geoprocessamento (CÂMARA, 1996).</p><p>O geoprocessamento engloba a área do conhecimento que tem por base técnicas matemáti-</p><p>cas e computacionais com a �nalidade de tratamento e análise de informações geográ�cas.</p><p>Dentro da tecnologia do geoprocessamento, destaca-se a ferramenta computa-</p><p>cional denominada , ou</p><p>Geographic Information Systems , que permite realizar análises comple-</p><p>xas, integrando dados de diversas fontes e criando bancos de dados georrefe-</p><p>renciados e relacionáveis (DRUCK, et al, 2004).</p><p>Os são ferramentas capazes de</p><p>manipular funções que representam os processos ambientais em diversas re-</p><p>giões, de uma forma simples e e�ciente, permitindo uma economia de recur-</p><p>sos e tempo. Estas manipulações permitem agregar dados de diferentes fon-</p><p>tes, como imagens de satélite, mapas topográ�cos, mapas temáticos etc. em</p><p>diferentes escalas. Assim, o resultado geralmente é apresentado sob a forma</p><p>de mapas temáticos com as informações desejadas.</p><p>É importante salientar que muitas vezes o termo “Sistemas de Informações</p><p>Geográ�cas” é confundido com o termo “Geoprocessamento”. O</p><p>, segundo Câmara (1996), é o conceito mais abrangente e re-</p><p>presenta qualquer tipo de processamento de dados georreferenciados, enquan-</p><p>to um Sistema de Informações Geográ�cas processa dados grá�cos e não grá-</p><p>�cos (alfanuméricos) com ênfase nas análises espaciais e modelagens de su-</p><p>perfícies.</p><p>Em resumo, Goodchild (1987) menciona que os Sistemas de Informações</p><p>Geográ�cas - SIGs constituem pacotes computacionais (softwares) estrutura-</p><p>dos para aquisição, armazenagem, manipulação e suporte à análise de dados</p><p>geocodi�cados.</p><p>Em função dessas características, a aplicação dos SIGs pode auxiliar no de-</p><p>senvolvimento de instrumentos para o planejamento e gestão da ocupação</p><p>adequada da terra, pois contribui com estudos ambientais ao proporcionar</p><p>métodos de análise e de integração de dados referente aos aspectos sócio-</p><p>ambientais de uma área.</p><p>Quanto ao uso dos SIGs, podemos elencar quatro grandes �nalidades ligadas</p><p>aos estudos ambientais:</p><p>• mapeamento temático;</p><p>• diagnóstico ambiental;</p><p>• avaliação de impacto ambiental;</p><p>• ordenamento territorial (CÂMARA et al., 1998, p. 86)</p><p>Os SIGs, por meio dos seus diferentes módulos, permitem a elaboração das di-</p><p>versas análises necessárias ao conhecimento da ocupação atual do solo em</p><p>uma determinada área, além de permitir a caracterização dos elementos da</p><p>paisagem, fornecendo valores quantitativos de suas extensões e a distribuição</p><p>espacial dos diferentes tipos de fragmentos que a compõe.</p><p>A utilização combinada das técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessa-</p><p>mento permitem a manutenção de registros do uso da terra ao longo do tem-</p><p>po. As imagens de satélite tornaram-se muito importantes e úteis, pois permi-</p><p>tem avaliar as mudanças ocorridas na paisagem de uma região em um dado</p><p>período, registrando a cobertura vegetal em cada momento.</p><p>Já sobre a inserção dos SIGs, podemos a�rmar que ela permitiu quanti�car e</p><p>tratar as informações extraídas, gerando, sob supervisão do pesquisador, ma-</p><p>pas derivados, como os de riscos ambientais. A estrutura do SIG é capaz de ar-</p><p>mazenar informações georreferenciadas em um banco de dados geográ�co,</p><p>além de permitir a constante atualização dos dados e, consequentemente, a</p><p>retomada dos dados arquivados para futuros planejamentos na área.</p><p>No Brasil, têm sido realizados eventos especí�cos na área de SIGs e geotecnologias de uma</p><p>forma geral. Especialmente a partir do início dos anos de 1990, como GEOBRASIL, posterior-</p><p>mente o Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto realizado pelo INPE, têm sido apre-</p><p>sentados e publicados trabalhos de diversos interesses temáticos.</p><p>Deve-se destacar, também, a atenção dada nesse evento à área da educação.</p><p>As tecnologias geográ�cas ganharam dimensões que extrapolam em muito o</p><p>campo da pesquisa e, atualmente, são ferramentas fundamentais em empre-</p><p>sas privadas e em instituições governamentais em inúmeros ramos de ativi-</p><p>dade.</p><p>O forte conteúdo estratégico que as ferramentas proporcionam conduziu o</p><p>surgimento de grupos de discussão em rede, que divulgam socialmente seus</p><p>benefícios e estimulam o seu uso. Nesas linha, softwares livres passaram a</p><p>ser desenvolvidos, garantindo a acessibilidade do emprego da geoinformação</p><p>independentemente da presença de capital disponível.</p><p>Para conhecer um pouco mais sobre o assunto e interagir em diversos fóruns e redes de</p><p>discussão, sugerimos o site FOSSGIS Brasil (https://www.geocursos.com.br/fossgis/). Nesse</p><p>site, promovem-se o debate e a divulgação de tecnologias livres de geoprocessamento.</p><p>16. Cartogra�a e ensino: construção social e</p><p>meio entre o sujeito e o objeto de conhecimen-</p><p>to</p><p>Zacharias (2008), citando Vygotsky, comenta que a linguagem signi�ca um</p><p>sistema simbólico dos grupos humanos, e representa um salto qualitativo na</p><p>evolução da espécie. É ela que fornece os conceitos e as formas de organiza-</p><p>https://www.geocursos.com.br/fossgis/</p><p>https://www.geocursos.com.br/fossgis/</p><p>https://www.geocursos.com.br/fossgis/</p><p>https://www.geocursos.com.br/fossgis/</p><p>https://www.geocursos.com.br/fossgis/</p><p>https://www.geocursos.com.br/fossgis/</p><p>ção do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. É por meio</p><p>dela que as funções mentais são socialmente formadas e culturalmente trans-</p><p>mitidas, portanto, sociedades e culturas diferentes produzem estruturas dife-</p><p>renciadas.</p><p>De acordo com Vygotsky (1988), a ideia de mediação indica que, enquanto su-</p><p>jeito do conhecimento, o homem não tem acesso direto aos objetos, mas aces-</p><p>so mediado, por meio de recortes do real, operados pelos sistemas simbólicos</p><p>de que dispõe. Assim, a construção do conhecimento é mediada por outros su-</p><p>jeitos. O “outro sujeito” pode apresentar-se por meio de objetos, da organização</p><p>do ambiente e do mundo cultural que rodeia o indivíduo.</p><p>Neste contexto, pode ser inserida a Cartogra�a. Como uma linguagem media-</p><p>dora entre o sujeito e o objeto do conhecimento.</p><p>Tradicionalmente, a Cartogra�a é subutilizada no ensino básico e reduz-se ao</p><p>simplismo da mera ilustração artística, como discute Sousa e Katuta (2001).</p><p>Contudo, ela deve ser entendida como construção social, não como algo aca-</p><p>bado e estático.</p><p>No próximo tópico, trataremos do uso da Cartogra�a na educação.</p><p>Cartogra�a mediando a construção de um conhecimento</p><p>integrado: sociedade, natureza e espaço</p><p>A organização do Ensino Fundamental, proposta pelos Parâmetros</p><p>Curriculares Nacionais – PCNs, subdivide a estrutura curricular em quatro ci-</p><p>clos: 1º ciclo com as 1ª e 2ª séries, 2º ciclo com as 3ª e 4ª séries, 3º ciclo com as</p><p>5ª e 6ª séries e 4º ciclo com as 7ª e 8ª séries. Com o propósito de minimizar</p><p>possíveis problemas de aprendizagem, o PCN prevê vários objetivos a serem</p><p>alcançados pelo aluno ao término de cada ciclo (BRASIL, 2007).</p><p>Tratando exclusivamente do PCN de Geogra�a, observa-se que a maioria dos</p><p>objetivos pode ser amplamente contemplada a partir da utilização da</p><p>Cartogra�a, pois esta contribui com a abordagem de diversos temas, e como</p><p>todo e qualquer novo saber, este deve ser apresentado à “clientela” partindo</p><p>das noções mais simples até as mais complexas (ARCHELA et al., 2005).</p><p>Nesse mesmo contexto, Simielli</p><p>(1986) considera a alfabetização cartográ�ca a</p><p>essência da Cartogra�a em termos de produção e leitura de mapas. Indica que</p><p>essa alfabetização deve ser iniciada nos primeiros anos do Ensino</p><p>Fundamental, quando o processo de ensino da linguagem grá�ca é transmiti-</p><p>do aos alunos do 1º ao 5º ano. Já do 6º a 9º ano, além da alfabetização carto-</p><p>grá�ca, devem ser incluídas a análise, a localização e a correlação dos fatores</p><p>socionaturais.</p><p>Dessa forma, a prática da Cartogra�a é referenciada no PCN já no 1º ciclo do</p><p>Ensino Fundamental, e propõe que o espaço vivido pelo aluno seja objeto de</p><p>estudo ao longo desta etapa do ensino, e que esse seja relacionado com o con-</p><p>texto mundial de forma gradativa e cada vez mais abrangente.</p><p>Nesse sentido, o aluno inicia conhecendo o espaço de sua sala de aula ou de</p><p>sua casa. Depois, vai crescendo no conhecimento do espaço de sua escola, da</p><p>quadra desta escola, de seu bairro, de sua cidade etc., até entender e compre-</p><p>ender o espaço mundial.</p><p>Brasil (1997, p. 35), na análise do PCN, observa que os objetivos gerais propos-</p><p>tos para a área da Geogra�a tentam sanar determinados problemas conceitu-</p><p>ais. Esses problemas podem ser resumidos a: abandono de conteúdos funda-</p><p>mentais como espaço, paisagem, território etc.; discussão de conceitos sem</p><p>exempli�cações; modismos para temáticas atuais; memorização de conteúdos</p><p>desnecessários e, principalmente, o dualismo entre geogra�a física e humana.</p><p>Diante deste contexto, é nítido o esforço por parte do PCN em fazer com que o</p><p>aluno reconheça e compreenda mais amplamente as relações e as interações</p><p>entre fenômenos sociais, fenômenos naturais e entre ambos, e a consequente</p><p>transformação do espaço geográ�co.</p><p>A partir de atividades que valorizam o conhecimento prévio dos alunos e que</p><p>respeitam suas particularidades, parte-se para a construção da noção de cida-</p><p>dania. Entende-se, pela análise do PCN, que essa construção é válida quando o</p><p>aluno é sensibilizado por meio do reconhecimento do seu espaço cotidiano,</p><p>que permite com que ele estabeleça maiores laços com o “seu” lugar e, conse-</p><p>quentemente, alcance o entendimento de que as relações entre sociedade e</p><p>natureza formam um todo integrado.</p><p>Com isso, alcança-se um dos maiores objetivos, pois é atenuada a dicotomia</p><p>geográ�ca, havendo uma aproximação e uma interconectividade da Geogra�a</p><p>física com a humana.</p><p>De acordo com Brasil (1997, p. 54), para atingir seus objetivos propostos, o PCN</p><p>sugere pequenos objetivos especí�cos, que dão liberdade ao professor tratar</p><p>dos temas de maneira livre, dada a generalização em que são apresentados.</p><p>Assim, segundo o PCN, ao �nal do terceiro ciclo, o aluno já apresenta condi-</p><p>ções para estabelecer as relações mencionadas anteriormente (BRASIL, 2007).</p><p>Re�etindo sobre este contexto, Brasil (1997) argumenta que o aluno será capaz</p><p>de:</p><p>Reconhecer que a sociedade e a natureza possuem princípios e leis próprios e que o</p><p>espaço geográ�co resulta das interações entre elas, historicamente de�nidas</p><p>(BRASIL, 1997, p. 56).</p><p>Perceber, na paisagem local e no lugar em que vivem, as diferentes manifestações</p><p>da natureza, sua apropriação e transformação pela ação da coletividade, de seu</p><p>grupo social (BRASIL, 1998, p. 56).</p><p>Reconhecer a importância da Cartogra�a como uma forma de linguagem para</p><p>trabalhar em diferentes escalas espaciais as representações locais e globais do</p><p>espaço geográ�co (BRASIL, 1998, p. 56).</p><p>Criar uma linguagem comunicativa, apropriando-se de elementos da linguagem</p><p>grá�ca utilizada nas representações cartográ�cas (BRASIL, 1997, p. 57)</p><p>Os mapas são instrumentos extremamente ricos em informação, e podemos</p><p>considerar como uma de suas grandes virtudes o entendimento de diferentes</p><p>variáveis sobre um mesmo espaço, auxiliando na relação entre fatos e no en-</p><p>tendimento da realidade como um todo integrado.</p><p>Brasil (1997, p. 76) ainda destaca que: “É fundamental, sob o prisma metodoló-</p><p>gico, que se estabeleçam as relações entre os fenômenos, sejam eles naturais</p><p>ou sociais, com suas espacialidades de�nidas”.</p><p>De modo geral, podemos perceber que a preocupação dos autores que produ-</p><p>zem o material didático em relação à Cartogra�a é de simplesmente usá-la co-</p><p>mo uma ferramenta para a compreensão e exempli�cação dos assuntos trata-</p><p>dos, e não utilizá-la como uma forma de conhecimento em si ou mesmo como</p><p>construção do conhecimento.</p><p>A Cartogra�a insere-se como grande aliada para compreensão dos temas abordados, como</p><p>veículo de entendimento da ocorrência e espacialização dos fenômenos.</p><p>Souza e Katuta (2001), ao discutirem sobre o papel da Cartogra�a no Ensino</p><p>Fundamental, a�rmam que é preciso encará-la além de seus aspectos visuais</p><p>e artísticos, propondo alternativas para a sua utilização que ultrapassem o</p><p>simplismo da imagem e cheguem ao nível de conhecimento necessário para a</p><p>compreensão da realidade que o indivíduo vive e que pode ser transformada,</p><p>consequentemente, transformando ele também.</p><p>Uma última re�exão sobre o uso dos mapas na grande maioria das escolas,</p><p>apresentados em apostilas ou em livros tradicionais, leva à conclusão de que a</p><p>maneira como eles são utilizados, apresentando o conteúdo imediato do texto,</p><p>mas não integrando e incorporando o que já foi apresentado, expõe ao aluno</p><p>uma realidade um tanto caótica, pois os fenômenos aparecem desordenados e</p><p>independentes. Assim, os conteúdos dos mapas pouco ou em nada subsidiam</p><p>o aluno no desenvolvimento/entendimento da realidade.</p><p>Segundo Almeida (2001), é a primeira vez que as recomendações curriculares</p><p>o�ciais tratam a Cartogra�a de modo mais especí�co, como parte do progra-</p><p>ma de Geogra�a. Ainda que isso represente um avanço, a autora ainda levanta</p><p>que várias questões devem ser consideradas para que a Cartogra�a se torne,</p><p>de fato, um bom meio para se conhecer “os lugares e o mundo”.</p><p>Os mapas, durante muito tempo, foram considerados como o principal meio</p><p>para o ensino de Geogra�a, porém, nos currículos o�ciais, constavam poucos</p><p>detalhes a esse respeito. Tais documentos mencionavam, principalmente, lo-</p><p>calização, orientação e representação de dados, como conhecimentos neces-</p><p>sários para o estudo do espaço geográ�co. E, atualmente, os Parâmetros</p><p>Curriculares Nacionais para o ensino de Geogra�a nos dois primeiros ciclos do</p><p>Ensino Fundamental citam, entre os conteúdos a serem ensinados, a “lingua-</p><p>gem cartográ�ca” (ALMEIDA, 2001).</p><p>Esta colocação nos conduz a uma re�exão sobre as reais possibilidades da</p><p>Cartogra�a no processo de construção do conhecimento. Pense nisso.</p><p>PCN e Cartogra�a</p><p>O PCN apresenta a Cartogra�a como um recurso fundamental para o ensino e</p><p>a pesquisa, uma vez que este, ao mesmo tempo em que restringe os mapas</p><p>aplicados ao campo do ensino da Geogra�a, abre espaço para a utilização de</p><p>diversos tipos de mapas, pois os conteúdos propostos pelo PCN, no que diz res-</p><p>peito ao ensino de Geogra�a, são bastante generalistas.</p><p>Segundo Brasil (1998, p. 76):</p><p>Tanto para a pesquisa como para o ensino da Geogra�a é preciso ter clareza sobre a</p><p>escolha do recorte e da escala com que se irá trabalhar. Vale a pena lembrar que, no</p><p>estudo dos lugares, para que o aluno possa se situar melhor, a Cartogra�a estará</p><p>neste ciclo priorizando a grande escala, garantindo-lhe maior detalhamento dos</p><p>fatores que caracterizam o espaço de vivência no seu cotidiano.</p><p>Todavia, o que se encontra atualmente nos materiais didáticos é a priorização</p><p>de mapas de escala pequena, o que di�culta estabelecer uma relação daquilo</p><p>representado no mapa com seu espaço de vivência.</p><p>No PCN, é mencionada ainda a necessidade de criar condições para que o alu-</p><p>no possa, por meio de mapas temáticos referentes tanto a fenômenos naturais</p><p>como sociais, desenvolver estudos analíticos de maneira a estabelecer rela-</p><p>ções com a realidade.</p><p>No entanto, o que entra em questão é: Qual é a realidade mostrada ao aluno?</p><p>De acordo com Santos (2002), ao apresentarem uma realidade distante do coti-</p><p>diano do aluno, os mapas, carregados de conteúdos técnicos, são úteis ao mer-</p><p>cado de trabalho</p><p>ou como conteúdos meramente preparatórios para vestibula-</p><p>res, ou mesmo apresentam uma realidade que não está relacionada com a vi-</p><p>da do aluno.</p><p>Ainda segundo o autor:</p><p>Devemos entender a Cartogra�a como uma construção social, não como algo</p><p>pronto, acabado e estático. A Cartogra�a, como também a Cartogra�a Escolar, não é</p><p>meramente um amontoado de técnicas, ela constrói, reconstrói e, acima de tudo,</p><p>revela informações (SANTOS 2002, p. 10).</p><p>Ao ver os mapas nos livros didáticos, o aluno receberá como informação que</p><p>os dados relevantes são aqueles expressos nas representações. Dessa forma,</p><p>são essas informações que serão valorizadas pelo aluno.</p><p>As informações trabalhadas em representações cartográ�cas são selecionadas como relevantes por seus</p><p>elaboradores e, muitas vezes, estes são sujeitos aos interesses daqueles que �nanciam estas confecções.</p><p>Como você pode perceber, a Geogra�a é uma ciência de extrema importância</p><p>para que a criança desenvolva seu senso crítico, portanto, lembre-se de que os</p><p>mapas devem contemplar os diversos elementos que constroem o espaço e a</p><p>sociedade.</p><p>17. Perspectivas do sensoriamento remoto</p><p>Na atual era espacial, a precisão dos dados e a velocidade dos �uxos de infor-</p><p>mação simbolizam o carro-chefe do crescimento econômico e do desenvolvi-</p><p>mento dos países.</p><p>Nesse contexto, o sensoriamento remoto possui um papel fundamental, pois é</p><p>o grande responsável pelas rápidas atividades de hoje. Televisão, rádio, inter-</p><p>net, celular, GPS, ou seja, todos os meios de comunicação de alta velocidade</p><p>estão imbricados com as tecnologias espaciais, logo, essa tecnologia não pode</p><p>se dar ao luxo de falhar. Caso contrário, o caos se instalará, já que todos nós</p><p>somos dependentes, mesmo que indiretamente, dos satélites arti�ciais.</p><p>Entre os objetivos cientí�cos, o sensoriamento remoto auxilia em um dos te-</p><p>mas mais marcantes neste início de século, e que preocupa as grandes insti-</p><p>tuições de pesquisa, que é a questão denominada (pela mídia) “aquecimento</p><p>global”.</p><p>Sabe-se que mudanças climáticas naturais sempre ocorreram na Terra; toda-</p><p>via, têm-se a hipótese que essas foram agravadas pela intervenção do homem</p><p>no equilíbrio natural do planeta.</p><p>Desse modo, as mudanças climáticas antropogênicas estão associadas às ati-</p><p>vidades humanas, como, por exemplo, a produção industrial, o desmatamento</p><p>e as queimadas que provocam o aumento da poluição, a formação de ilhas de</p><p>calor etc., e, para todos estes itens, o sensoriamento remoto é fundamental pa-</p><p>ra nortear as decisões.</p><p>O desenvolvimento de satélites meteorológicos associado à evolução dos pro-</p><p>gramas computacionais tem permitido a formação de um acervo documental</p><p>composto por grande volume de dados. Quanto mais dados, mais precisas �-</p><p>cam as modelagens matemáticas e, consequentemente, mais precisas são as</p><p>previsões do tempo.</p><p>Observe como as coisas estão encadeadas: a melhora da previsão do tempo</p><p>não só traz maior segurança para nós, no sentido que possibilita o planeja-</p><p>mento de muitas de nossas atividades, como também permite o planejamento</p><p>a longo prazo das atividades agrícolas.</p><p>A agricultura de precisão permite maior rendimento da produção agrícola.</p><p>Esse fato possui relação com as questões ambientais, pois diminui a necessi-</p><p>dade da expansão das fronteiras agrícolas, diminuindo o risco de desmata-</p><p>mento, o que diminui as chances de erosão, não ocasionando o acúmulo de se-</p><p>dimentos nos rios e corpos d’água. Isso se pensarmos apenas nos elementos</p><p>do ambiente físico, pois os benefícios estendem-se, também, para os seres ve-</p><p>getais e animais, garantindo aquilo que denominamos biodiversidade.</p><p>Nesse sentido, o desenvolvimento do sensoriamento remoto não precisa, ne-</p><p>cessariamente, ser medido pela construção de novos sistemas sensores ou di-</p><p>retamente pelas novas tecnologias espaciais.</p><p>Um grande indicador é a quantidade de trabalhos cientí�cos elaborados em</p><p>todo o mundo e, mais especi�camente, no Brasil. O número de teses e disserta-</p><p>ções defendidas na área, em conjunto com a realização de grandes eventos ci-</p><p>entí�cos de abrangência nacional e internacional, são verdadeiros termôme-</p><p>tros de seu crescimento.</p><p>Vale destacar que uma parte desse crescimento pode ser correlacionada com</p><p>o fortalecimento e a ampliação dos cursos de Pós-graduação no país, e outra</p><p>deve-se ao crescimento intrínseco da tecnologia de imageamento e de proces-</p><p>samento de dados.</p><p>A ampliação dos programas de Pós-graduação que abordam esta temática in-</p><p>dica, também, o aumento do interesse pelo entendimento dos objetos, fenôme-</p><p>nos e processos da Terra que podem ser observados e estudados por meio do</p><p>sensoriamento remoto e das tecnologias associadas.</p><p>Particularmente, nos últimos anos, o acesso aos dados de diferentes nature-</p><p>zas, como os de alta resolução e os de micro-ondas, por exemplo, têm amplia-</p><p>do e despertado ainda mais o interesse pelo sensoriamento remoto.</p><p>O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e coordena-</p><p>dor do principal evento de sensoriamento remoto no Brasil, o professor José</p><p>Carlos Epiphanio, justi�ca o crescimento do sensoriamento remoto ao comen-</p><p>tar que em uma época em que as cidades trazem crescentes preocupações</p><p>quanto à sua expansão, planejamento, condições ambientais de vida, e o meio</p><p>não urbano apresenta desa�os quanto ao seu conhecimento, monitoramento,</p><p>manejo, degradação, poluição etc., o sensoriamento remoto e as geotecnologi-</p><p>as mostram-se como aliados indispensáveis na detecção, no entendimento,</p><p>na análise e solução de muitas dessas situações.</p><p>Assim, à medida que novos e crescentes problemas são postos e novos instru-</p><p>mentos de imageamento e análise surgem, é natural que haja crescente inte-</p><p>resse pelo sensoriamento remoto.</p><p>Novo (1992) aponta que o Brasil é um país que apresenta dimensões continen-</p><p>tais, com regiões contendo �orestas tropicais e grandes áreas de difícil acesso</p><p>e baixa densidade populacional; extensa região costeira; vastos ecossistemas;</p><p>agricultura intensa em algumas regiões e expansões das fronteiras agrícolas</p><p>em outras; questões ambientais de variados tipos; fronteiras longas e pouco</p><p>habitadas; riqueza de recursos naturais, necessitando de mapeamento e ge-</p><p>renciamento.</p><p>Sobre esse assunto, o relatório “Enfrentar e vencer desa�os” (BRASIL, 2000)</p><p>a�rma que todas essas características justi�cam as formas e intensidades dos</p><p>investimentos brasileiros que vêm sendo realizados para a utilização de todos</p><p>os potenciais da tecnologia espacial, especialmente o sensoriamento remoto</p><p>para o conhecimento, mapeamento, uso e monitoramento de seus recursos.</p><p>O Brasil é o terceiro maior usuário mundial de produtos do espaço</p><p>(INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2005), principalmente</p><p>imagens de sensoriamento remoto e, após o lançamento do CBERS 1, ingres-</p><p>sou no seleto grupo de países que dominam todo o ciclo da tecnologia espaci-</p><p>al.</p><p>O grande volume de dados coletados pelo satélite sino-brasileiro permite que</p><p>boa parte desse material seja disponibilizada ao público. Há, na internet, uma</p><p>in�nidade de sites que disponibilizam imagens orbitais tanto para estudos ci-</p><p>entí�cos quanto para as observações em geral, aquelas realizadas sem a ne-</p><p>cessidade de estudos precisos. Esses dados são de grande pertinência para o</p><p>desenvolvimento de novas propostas de ensino-aprendizagem, além de ser</p><p>fundamental para a difusão do conhecimento.</p><p>Veremos, agora, como se obter imagens de sensoriamento remoto disponibili-</p><p>zadas gratuitamente.</p><p>Disponibilidade dos produtos de sensoriamento remoto na</p><p>internet</p><p>Apontaremos algumas possibilidades de obtenção de imagens de satélites pe-</p><p>la internet. No entanto, as fotogra�as são um pouco mais difíceis de serem en-</p><p>contradas em boa qualidade, gratuitamente. Já as imagens orbitais re�etem</p><p>bem a difusão do sensoriamento remoto, visto o grande número de sites que</p><p>possuem imagens para download.</p><p>Entre as diversas imagens e sites destinados ao sensoriamento remoto na in-</p><p>ternet, inicialmente, demonstraremos a aquisição dos produtos orbitais dispo-</p><p>níveis no</p><p>acervo digital do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE,</p><p>que, de fato, consiste no principal centro de excelência e pesquisa nesta área</p><p>aqui no Brasil.</p><p>Importante ressaltar que as imagens que obteremos devem ser visualizadas</p><p>em programas especí�cos, como SIG SPRING (http://www.dpi.inpe.br/spring</p><p>/portugues/download.php), software gratuito, também disponibilizado pelo</p><p>INPE..</p><p>Acesse o endereço do INPE (http://www.dgi.inpe.br/CDSR/), conforme indica-</p><p>do na Figura 86. Para adquirir os arquivos, é preciso realizar um cadastro pré-</p><p>vio. Esse cadastro vale tanto para direcionar as imagens selecionadas (arqui-</p><p>vo FTP) para um endereço de e-mail, como arquivar o per�l do usuário.</p><p>Posteriormente, acesse seu login.</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/download.php</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/download.php</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/download.php</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/download.php</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/download.php</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/download.php</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/download.php</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/download.php</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/download.php</p><p>http://www.dgi.inpe.br/CDSR/</p><p>http://www.dgi.inpe.br/CDSR/</p><p>http://www.dgi.inpe.br/CDSR/</p><p>http://www.dgi.inpe.br/CDSR/</p><p>http://www.dgi.inpe.br/CDSR/</p><p>http://www.dgi.inpe.br/CDSR/</p><p>Figura 86 Catálogo de imagens orbitais disponibilizada pelo INPE. Indicação das telas de cadastro e login para aquisi-</p><p>ção das imagens.</p><p>Logo em seguida, você retornará à página inicial, devendo preencher os se-</p><p>guintes parâmetros (Figura 87):</p><p>Figura 87 Complementação de parâmetros de cena para �ltragem das cenas disponíveis. Satélite, intervalo de tempo,</p><p>cobertura de nuvens e local.</p><p>A primeira opção corresponde ao seu satélite de interesse. Como vimos ao lon-</p><p>go da disciplina, cada satélite possui suas características particulares, que de-</p><p>vem ser levadas em consideração. Para conhecer mais de cada um dos satéli-</p><p>tes indicados, realize uma busca na internet, sugerindo a seguinte sentença:</p><p>“características satélite + “nome do satélite””. Indique um intervalo de tempo</p><p>para determinar a época que você deseja.</p><p>Um dos aspectos mais relevantes para o desenvolvimento de um bom traba-</p><p>lho é a baixa presença de nuvens na imagem, uma vez que elas impedem o re-</p><p>gistro daquilo que está imediatamente a baixo, como as áreas afetadas por sua</p><p>sombra. Para �ltrar essas informações, sugere-se que se indique um porcentu-</p><p>al máximo de cobertura de nuvens por quadrante na imagem. Supõe-se, as-</p><p>sim, que a imagem é dividida em 4 quadrantes: Q1 e Q2 – Esquerda e Direita</p><p>Superiores; Q3 e Q4 – Esquerda e Direita Inferiores consecutivamente.</p><p>Por �m, indique país, município e estado de interesse. Neste exemplo, seguire-</p><p>mos com a região de Batatais-SP (Figura 88). Clique em “Executar”.</p><p>Figura 88 Indicação da disponibilidade de imagens na região de interesse e limite entre as orbitas (linha amarela sen-</p><p>tido Norte-Sul) e imagens (linha amarela sentido Norte-Sul e Leste-Oeste).</p><p>Será retornado em tela um quadrante, tendo como centro a região desejada,</p><p>composto por um mosaico de imagens falsa cor, normalmente com destaque à</p><p>vegetação, sempre marcante nas regiões intertropicais, presentes em tons de</p><p>verde associados ao canal do infravermelho. Os limites contornados em ama-</p><p>relo correspondem aos limites (borda) de cada imagem. A seta azul indica a</p><p>localização do município escolhido, e a simbologia seguida das coordenadas</p><p>numéricas indica as características da imagem (L5 – LandSat5; 74/220 – cor-</p><p>responde à localização da cena no contexto da articulação entre as imagens;</p><p>seguido da última data disponível para download).</p><p>Clique na simbologia. Em seguida, serão listadas todas as imagens disponí-</p><p>veis para download (Figura 89) segundo as prede�nições de data e porcentual</p><p>de cobertura de nuvens.</p><p>Figura 89 Seleção das imagens segundo critérios de �ltro estabelecidos pelo usuário.</p><p>Selecione aquela que desejar clicando em “adicionar ao carrinho”. Será apre-</p><p>sentada um preview da imagem selecionada, com as respectivas informações</p><p>detalhadas da cena (Figura 90).</p><p>Figura 90 Preview da imagem selecionada juntamente com informações do imageamento.</p><p>Selecione aquela que desejar clicando em “adicionar ao carrinho”. Será aberta</p><p>uma nova tela apresentando um preview da imagem selecionada, seguida das</p><p>respectivas informações detalhadas da cena. Retorne novamente à pagina ini-</p><p>cial avance para a opção “carrinho”. Clique em “Prosseguir” para �nalizar sua</p><p>busca (Figura 91). Será encaminhado ao seu e-mail um link para fazer o</p><p>download das imagens.</p><p>Figura 91 Finalização do pedido e direcionamento do arquivo (Link FTP) ao endereço de e-mail do usuário.</p><p>Vale destacar que as imagens obtidas são denominadas “brutas”, ou seja, são</p><p>imagens sem edições, (apenas pré-processadas), individuais para cada banda,</p><p>em tons de cinza. Possuem georreferenciamento, ou seja, cada ponto na ima-</p><p>gem tem sua localização de�nida pelas coordenadas geográ�cas, o que permi-</p><p>te sobreposição com outros produtos cartográ�cos que assim estejam tam-</p><p>bém. Como mencionamos, para utilizar da melhor forma, é indicado o uso de</p><p>um SIG.</p><p>Para você aprender a visualizar e manipular suas imagens, sugerimos a leitu-</p><p>ra do manual do SIG SPRING (http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/manu-</p><p>ais.html), e a realização dos exercícios indicados em seu tutorial.</p><p>Para utilização mais imediata de imagens, já processadas (em cor verdadeira)</p><p>e georreferenciadas, destacamos o software Google Earth (https://www.goo-</p><p>gle.com.br/earth/about/versions/#download-pro).</p><p>Atualmente, pode ser encarado como uma das mais poderosas ferramentas de</p><p>mercado e planejamento, dado o elevado potencial estratégico de seus dados e</p><p>informações, além, é claro, de ser um dos principais passatempo de qualquer</p><p>geógrafo!</p><p>Por meio desse software gratuito, é possível navegar em 3D, ou até mesmo ob-</p><p>ter imagens de qualquer ponto do globo terrestre em boa qualidade e resolu-</p><p>ção. Porém, as imagens desse programa não devem ser utilizadas para �ns ci-</p><p>entí�cos, pois os procedimentos de tratamento não são especi�cados, e o geor-</p><p>referenciamento é apenas aproximado.</p><p>Em sua tela inicial, podemos visualizar um modelo esférico do planeta Terra,</p><p>com o sombreado do relevo bem realçado e os continentes com os detalhes de</p><p>sua superfície apresentado por imagens orbitais (Figura 92). Um zoom bem</p><p>próximo à superfície permite-nos enxergar que, na verdade, se trata de um</p><p>grande mosaico composto por inúmeras imagens (Figura 93). Além da visua-</p><p>lização vertical das localidades, é possível alterar o ponto de visada da super-</p><p>fície, tornando-o oblíquo em relação ao terreno (Figura 94).</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/manuais.html</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/manuais.html</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/manuais.html</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/manuais.html</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/manuais.html</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/manuais.html</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/manuais.html</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/manuais.html</p><p>http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/manuais.html</p><p>https://www.google.com.br/earth/about/versions/#download-pro</p><p>https://www.google.com.br/earth/about/versions/#download-pro</p><p>https://www.google.com.br/earth/about/versions/#download-pro</p><p>https://www.google.com.br/earth/about/versions/#download-pro</p><p>https://www.google.com.br/earth/about/versions/#download-pro</p><p>https://www.google.com.br/earth/about/versions/#download-pro</p><p>https://www.google.com.br/earth/about/versions/#download-pro</p><p>https://www.google.com.br/earth/about/versions/#download-pro</p><p>https://www.google.com.br/earth/about/versions/#download-pro</p><p>Figura 92 Tela de entrada do software Google Earth. Apresentação do mosaico do planeta Terra.</p><p>Figura 93 Indicação de limites entre imagens na composição do mosaico. As diferenças de sensores, iluminação, ân-</p><p>gulo de inclinação do sensor e �uxos de energia,</p><p>além das características da atmosfera no instante do imagieamento,</p><p>conferem diferentes tonalidades às imagens.</p><p>Figura 94 Visualização do terreno em diferentes ângulos de inclinação. Localização de países, estados e cidades.</p><p>Além da navegação interativa, lugares especí�cos de interesse do navegador</p><p>podem ser encontrados indicando-se corretamente o nome do local e suas re-</p><p>ferências, por exemplo: “Batatais – SP, Brasil” (con�ra a demonstração na</p><p>Figura 95).</p><p>Figura 95 Localização de países, estados, cidades, bairros e ruas, inserindo no campo “voar para” o local desejado.</p><p>Após ter encontrado o local de interesse e selecionado o melhor ângulo, salve</p><p>a imagem clicando em “Arquivo” > “Salvar” > ”Salvar Imagem...” (Figura 96).</p><p>Figura 96 Procedimentos para salvar a imagem desejada.</p><p>Com um pouco de curiosidade e muita criatividade, você dispõe de um grande</p><p>aliado em sala de aula. Um recurso geográ�co capaz de trabalhar diferentes</p><p>conceitos como escala, região, identidade local entre outros.</p><p>Sensoriamento remoto como ferramenta didático-</p><p>pedagógica</p><p>O sensoriamento remoto apresenta-se como o grande símbolo da atual era es-</p><p>pacial e do monitoramento ambiental terrestre, transformando-se numa ferra-</p><p>menta tão essencial para a população que o seu conhecimento vem extrapo-</p><p>lando os limites dos laboratórios e grupos cientí�cos e ganhando cada vez</p><p>mais espaço no cotidiano das sociedades.</p><p>Vemos seus produtos nos telejornais, como a previsão do tempo, o monitora-</p><p>mento do desmatamento na Amazônia, o mapeamento da expansão das fron-</p><p>teiras agrícolas, a questão da segurança com o rastreamento de veículos e,</p><p>principalmente, nas telecomunicações que dependem dos sinais de satélite.</p><p>Em outras palavras, sensoriamento remoto signi�ca difusão do conhecimento</p><p>e, cada vez mais, uma maior facilidade de acesso por parte dos diversos segui-</p><p>mentos da sociedade.</p><p>O fato de o sensoriamento remoto estar se tornando tão comum, assim como</p><p>qualquer outro conhecimento cientí�co, faz com que haja a necessidade de ele</p><p>ser abordado dentro das escolas. Dessa maneira, cabe a nós, professores, a res-</p><p>ponsabilidade de instruir corretamente os alunos a respeito dessa área do sa-</p><p>ber cientí�co, a�nal, o conhecimento que se transmite na escola é o próprio</p><p>conhecimento cientí�co.</p><p>Por isso, é conveniente conhecermos os detalhes um pouco mais a fundo, já</p><p>que a ciência do sensoriamento remoto não está diretamente nas imagens e</p><p>nas �guras, mas sim na maneira como são obtidas.</p><p>Com posse desse conhecimento, é possível cumprirmos eticamente o nosso</p><p>objetivo na condição de professores: formar cidadãos com capacidade de in-</p><p>tervir na sociedade com participações consistentes e construtivas.</p><p>Dessa forma, são inúmeras as possibilidades de uso dos produtos de sensoria-</p><p>mento remoto no ensino. A criatividade é fundamental, pois como pudemos</p><p>ver, a atividade do sensoriamento remoto envolve um forte grau técnico, o que,</p><p>a princípio, pode di�cultar a aplicação desse recurso em séries iniciais.</p><p>Florenzano (2002) ressalta que, a partir da análise e interpretação de imagens</p><p>de sensores remotos, os conceitos geográ�cos de lugar, localização, interação</p><p>homem/meio físico, região e dinâmica podem ser articulados.</p><p>As imagens, vistas em diferentes escalas, permitem a visualização do planeta,</p><p>do estado, da cidade e, até mesmo, da rua, o que permite desenvolver na crian-</p><p>ça a noção de abstração, escala cartográ�ca e perspectiva, além de inseri-la</p><p>no contexto espacial em que vive.</p><p>O sensoriamento remoto é, também, um grande aliado para a iniciação da geo-</p><p>gra�a física, pois facilmente delimitamos as áreas continentais e oceânicas,</p><p>as cadeias montanhosas e as localizações de cursos d’água.</p><p>Em relação ao aspecto de desenvolvimento econômico e social, as imagens de</p><p>alta resolução espacial são ótimos recursos, pois, por meio delas, é possível</p><p>compararmos os diferentes arranjos espaciais urbanos. Observe as Figuras 97</p><p>e 98.</p><p>Figura 97 Região de Marrocos. Imagem do satélite Quickbird.</p><p>Figura 98 Região de Paris, Arco do Triunfo. Google Earth V.7.0.2</p><p>Vale ressaltar que o uso escolar dos produtos e das técnicas de sensoriamento</p><p>remoto se apresenta como para o processo de</p><p>de conceitos pelos alunos, além de ser um conteúdo em si mesmo.</p><p>Santos (1998) veri�cou as possibilidades de uso do sensoriamento remoto em</p><p>diferentes disciplinas, como geogra�a, história, ciências, matemática, educa-</p><p>ção artística, entre outras, principalmente em abordagens interdisciplinares;</p><p>por exemplo, na focalização do tema “meio ambiente”.</p><p>Outro aspecto positivo do sensoriamento remoto na sala de aula é a possibili-</p><p>dade de associarmos as atividades realizadas em campo à contextualização</p><p>das informações obtidas a partir das imagens de satélite e fotogra�as aéreas.</p><p>Esse tipo de prática pode nortear o desenvolvimento de projetos voltados à</p><p>educação ambiental por meio do estudo do meio ambiente local.</p><p>O uso escolar do sensoriamento remoto como recurso didático-pedagógico no</p><p>processo de ensino-aprendizagem permite desmisti�car a ideia de que uma</p><p>tecnologia de ponta é algo distante da escola, bem como proporciona aos pro-</p><p>fessores um novo meio de promover ou proceder à socialização da ciência,</p><p>além de aproximar a relação do ensino com o conhecimento e com a vida dos</p><p>alunos.</p><p>Responda à questão autoavaliativa proposta a seguir, para veri�car se assimi-</p><p>lou o conteúdo apresentado.</p><p>18. Considerações</p><p>Neste ciclo, inicialmente estudamos como a cartogra�a evoluiu identi�cando</p><p>e interpretando os principais eventos no percurso da História da Cartogra�a</p><p>que levaram o homem a mapear e a sistematizar a superfície terrestre.</p><p>Observamos que o seu desenvolvimento está diretamente relacionado as téc-</p><p>nicas e inovação, dos primeiros mapas até os dias atuais com o advento da</p><p>Cartogra�a Digital.</p><p>Na sequência, vimos que a cartogra�a é subdividida em Sistemática e</p><p>Temática e, neste tópico, ainda percorremos por conceitos de escala e projeção</p><p>e por princípios teóricos que fundamentam a Cartogra�a do ponto de vista da</p><p>comunicação cientí�ca. Em relação a escala cartográ�ca, vimos a classi�ca-</p><p>ção e o cálculo, inclusive com exercícios resolvidos. Sobre as projeções, vimos</p><p>que é por meio delas que é possível representar o globo terrestre em um plano,</p><p>apesar das distorções, que devem ser estudadas e entendidas para melhor</p><p>compreensão. Assim vimos como as projeções são classi�cadas, quais as su-</p><p>perfícies de projeção e sua relevância na construção dos mapas, além de estu-</p><p>dar a Projeção Universal de Mercator, mais conhecida como UTM.</p><p>Em seguida, vimos os princípios teóricos que fundamentam a Cartogra�a do</p><p>ponto de vista da comunicação cientí�ca. A compreensão destas bases é fun-</p><p>damental para o entendimento de suas potencialidades e para o desenvolvi-</p><p>mento de sua prática, especialmente no segmento temático da atividade car-</p><p>tográ�ca.</p><p>Para �nalizar este ciclo, vimos a partir do funcionamento do Sensoriamento</p><p>Remoto, as características dos diversos sistemas sensores existentes, respon-</p><p>sáveis pelo registro das informações, passando pela atual tendência da</p><p>Cartogra�a Digital, inserida no contexto das geotecnologias. Com caráter re�e-</p><p>xivo, trouxemos brevemente o processo de aprendizagem da Cartogra�a e a</p><p>proposta educacional para o ensino dessa ciência.</p><p>No próximo ciclo vamos entrar nas práticas socioespaciais e na Geogra�a</p><p>Urbana. A proposta é entender e explicar o processo da produção do espaço a</p><p>partir da produção-reprodução da vida humana. E como vimos nos dois pri-</p><p>meiros ciclos, a representação espacial se torna fundamental para orientar e</p><p>fazer re�etir sobre a forma como tem se estruturado a sociedade, uma socie-</p><p>dade cada vez mais urbana, e por isso mesmo, uma provocação no 4º ciclo de</p><p>aprendizagem, a partir de uma análise do processo de metropolização do es-</p><p>paço.</p><p>(https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-</p><p>gs0080-fev-2023-grad-ead/)</p><p>Ciclo 3 – Geogra�a Urbana e as práticas socioespaci-</p><p>ais</p><p>Regina Tortorella Reani</p><p>Objetivos</p><p>• Compreender</p><p>o campo e o objeto da Geogra�a Urbana, bem como os</p><p>principais conceitos referentes a estrutura e a dinâmica das cidades e</p><p>do sistema urbano.</p><p>• Identi�car o conjunto temático que envolve três dimensões da análise</p><p>urbana: os con�itos socioespaciais urbanos, os socioambientais e as re-</p><p>presentações espaciais.</p><p>• Identi�car os processos de crescimento urbano e a constituição de redes</p><p>urbanas.</p><p>Conteúdos</p><p>• Geogra�a Urbana e o seu Campo de Estudo: Conceitos, Práticas</p><p>Socioespaciais e Con�itos Socioambientais nas dimensões da análise</p><p>urbana e o Crescimento das cidades e Redes Urbanas.</p><p>Problematização</p><p>Qual o campo de estudo da Geogra�a Urbana? Como de�nir o espaço urbano?</p><p>Como ocorre a produção e o uso do solo no espaço urbano? O que é a cidade?</p><p>Quais condições possibilitaram o surgimento e a evolução das cidades?</p><p>Quais os elementos do tecido e do sítio urbano? Quais as diferenças internas</p><p>das cidades? Qual o signi�cado do conceito de lugar para a geogra�a? Qual o</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2109&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2109&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2109&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2109&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2109&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2109&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2109&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2109&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=2109&action=edit</p><p>debate da pluralidade teórico-metodológica na Geogra�a atual para as análi-</p><p>ses urbanas? O que são os con�itos socioespaciais urbanos e socioambien-</p><p>tais? Como estas dimensões espaciais se articulam, entrecruzando, com as</p><p>formas de representação? Quais as características da urbanização brasileira?</p><p>O que é rede urbana? Como se caracteriza a rede urbana brasileira? Como o</p><p>processo de urbanização in�uenciou historicamente a con�guração da rede</p><p>urbana brasileira? Quais as características da rede urbana paulista? Quais as</p><p>diferenças entre metrópole, megalópole e cidades globais?</p><p>Orientação para o estudo</p><p>Assim como nos ciclos anteriores, diversos materiais e conteúdos adicionais</p><p>estão disponíveis para que você possa ampliar seus conhecimentos. Neste</p><p>ciclo, estudaremos a cidade, que envolve uma ação interdisciplinar, sendo</p><p>campo de análise de diversas ciências entre elas a Sociologia, a História, o</p><p>Urbanismo, a Economia e a Geogra�a. Para o estudo da cidade não existe</p><p>uma metodologia única. É necessário adotar diferentes abordagens para</p><p>compreender a complexidade dos problemas urbanos. Para tanto, indicamos</p><p>o vídeo D-22-Complementares - Espaço Urbano (https://www.youtube.com</p><p>/watch?v=zXKDYukoIGY), que traz uma análise do espaço geográ�co urbano</p><p>do ponto de vista da Geogra�a marxista. Este vídeo conta com a contribuição</p><p>do Prof. Dr. Anselmo Alfredo, coordenador do Labur – Laboratório de</p><p>Geogra�a Urbana da Universidade de São Paulo (USP).</p><p>Bons estudos!</p><p>1. Introdução</p><p>Neste terceiro ciclo de aprendizagem, conheceremos o campo de estudo da</p><p>Geogra�a Urbana. Veremos que, atualmente, ela assumiu o papel de com-</p><p>preender a cidade com base na realidade vivida e que o pesquisador está inse-</p><p>rido no espaço urbano, fazendo parte das transformações que ocorrem nesse</p><p>espaço. Assim, o espaço urbano e as interações sociais que nele ocorrem são o</p><p>objeto de estudo da Geogra�a Urbana. Além disso, trataremos a forma como a</p><p>cidade se estrutura e se con�gura, bem como estudaremos dois temas de</p><p>grande relevância para a compreensão e estudo da organização do território</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=zXKDYukoIGY</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=zXKDYukoIGY</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=zXKDYukoIGY</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=zXKDYukoIGY</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=zXKDYukoIGY</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=zXKDYukoIGY</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=zXKDYukoIGY</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=zXKDYukoIGY</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=zXKDYukoIGY</p><p>brasileiro: a urbanização brasileira e a rede urbana.</p><p>3. Campo da geogra�a urbana</p><p>De acordo com Carlos (1994, p. 9): “Não existe geogra�a sem a produção geo-</p><p>grá�ca, sem o ‘pensar-se’ a realidade, sem a explicação teórica advinda da in-</p><p>terpretação no real”.</p><p>Estudar a cidade envolve uma abordagem interdisciplinar, devido às diversas</p><p>questões que seu estudo coloca, sendo campo de análise de diversas ciências,</p><p>entre elas a geogra�a, a sociologia, a história, o urbanismo, a economia, etc. Da</p><p>mesma forma, podemos a�rmar que não há uma metodologia única para o</p><p>seu estudo. Logo, é necessário adotar diferentes abordagens para compreen-</p><p>der a complexidade dos problemas urbanos.</p><p>A Geogra�a, ciência que tem como objeto de estudo o espaço e as relações so-</p><p>ciais que nele ocorrem, aborda a questão urbana por meio do dinamismo espa-</p><p>cial, buscando identi�car e explicitar a localização e a distribuição dos fenô-</p><p>menos físicos e humanos sobre o espaço urbano (CLARK, 1985).</p><p>De acordo com Clark (1985, p. 18), “[...] a Geogra�a Urbana é o ramo da</p><p>Geogra�a que se concentra sobre a localização e o arranjo espacial das cida-</p><p>des”.</p><p>O estudo da Geogra�a Urbana é algo recente, teve início na década de 1910. Seu</p><p>objeto de pesquisa vem passando por uma reestruturação, acompanhando as</p><p>mudanças epistemológicas da ciência geográ�ca, desde a Geogra�a</p><p>Tradicional até a Geogra�a Quantitativa e à Geogra�a Crítica.</p><p>Inicialmente, o enfoque da Geogra�a Urbana era o sítio urbano. Todavia, atual-</p><p>mente, há uma maior busca pelos aspectos comportamentais e políticos da</p><p>estrutura urbana.</p><p>Os estudos de sítio urbano relacionam-se basicamente na classi�cação, análi-</p><p>se e comparação da topogra�a urbana. Assim, tal estudo caracteriza onde a ci-</p><p>dade está assentada, determinando, em suma, suas características topográ�-</p><p>cas.</p><p>O estudo das características físicas do local é de extrema relevância, já que o</p><p>tipo de relevo pode de�nir o modo de ocupação e organização de determinada</p><p>localidade e, até mesmo, impor limites ao desenvolvimento urbano. Porém, o</p><p>estudo do espaço urbano não pode se basear somente nas características físi-</p><p>cas do local, pois há vários elementos sociais, econômicos e políticos que tam-</p><p>bém in�uenciam nas questões urbanas.</p><p>Já os estudos de tecido urbano procuravam classi�car e diferenciar as cidades</p><p>com base em seu plano viário, aparência das edi�cações e função ou uso do</p><p>solo. Essa linha de conhecimento surgiu na Alemanha e foi bastante criticada</p><p>por ter uma abordagem mais empírica e descritiva (CLARK, 1985).</p><p>Na década de 1960, o estudo da Geogra�a Urbana por meio de modelos foi am-</p><p>plamente utilizado, no qual Chorley e Haggett (1967) tiveram grande participa-</p><p>ção. O estudo de modelos foi desenvolvido em dois campos distintos: da locali-</p><p>zação de cidades e da estrutura social e espacial interna das cidades (CLARK,</p><p>1985).</p><p>Antes disso, em 1933, Walter Christaller publicou a obra Central</p><p>Places in</p><p>Southern Germany, dando origem à Teoria dos Lugares Centrais, uma das</p><p>mais importantes teorias de localização urbana. Como aponta Clark (1985, p.</p><p>29):</p><p>[...] [a teoria] demonstrou que princípios e relações fundamentais determinam a</p><p>distribuição de cidades, e que esses fatores podem ser modelizados de maneira a se</p><p>atingir explicações teóricas gerais de localização urbana.</p><p>A Teoria dos Lugares Centrais é marcadamente quantitativa, buscando identi-</p><p>�car a estrutura e o estado de um conjunto de cidades que se interagem e se</p><p>interdependem como uma unidade (elemento físico) em operação.</p><p>Ainda na década de 1960, a Escola de Ecologia Humana de Chicago coloca a</p><p>importância da análise setorial e social. Com isso, apresentava-se uma teoria</p><p>de mudança social urbana que predizia as implicações para a estrutura social</p><p>e econômica da cidade. Teoria essa que também foi defendida por Burgess</p><p>(1925) e por Hoyt (1939).</p><p>Outras abordagens surgiram na década de 1970. Uma delas é a comportamen-</p><p>tal, que se interessa pelo modo como os indivíduos percebem a cidade e to-</p><p>mam decisões sobre ela. Outra é a abordagem da economia política, que busca</p><p>explicar os problemas urbanos com referência a ideologias políticas alternati-</p><p>vas, preocupada com questões sociais (CLARK, 1985).</p><p>Dentro da abordagem de economia política, podemos encontrar duas linhas</p><p>diferentes. A primeira preocupa-se com a análise dos con�itos e com a admi-</p><p>nistração na cidade, enquanto a segunda, inspirada nos escritos de Karl Marx,</p><p>discute o sistema capitalista, a justiça social e o meio ambiente urbano.</p><p>Atualmente, muitas preocupações da Geogra�a Urbana re�etem a forma como</p><p>a sociedade tem se estruturado política e economicamente. A Geogra�a</p><p>Urbana, assim como a ciência geográ�ca, passa a explicar o processo da pro-</p><p>dução espacial a partir da produção-reprodução da vida humana. O homem,</p><p>de habitante passa a ser entendido como sujeito (CARLOS, 1994). “A sociedade</p><p>considerada criadora de espaço é a sociedade tal como ela é, dividida em clas-</p><p>ses” (CARLOS, 1994, p. 158).</p><p>A Geogra�a e a Geogra�a Urbana têm buscado o entendimento da realidade</p><p>histórica, não só a sua compreensão, mas também a explicação da sua trans-</p><p>formação, visando compreender os processos envolvidos na realidade urbana.</p><p>Há uma busca pelo estudo da realidade vivida, o que afasta a ideia do pesqui-</p><p>sador distante, que vê as coisas de fora, e supera a Geogra�a meramente des-</p><p>critiva. Opta-se por uma Geogra�a participativa, re�etindo, assim, sobre o su-</p><p>jeito que produz a cidade (CARLOS, 1994).</p><p>Década de 1970</p><p>A década de 1970 foi um momento marcante no estudo do urbano, pois, nesse</p><p>período, ocorre uma ruptura e uma transformação na produção do conheci-</p><p>mento sobre o urbano. Segundo Carlos (1994, p. 159):</p><p>A passagem do entendimento da organização do espaço ao espaço produzido apon-</p><p>ta uma superação importante [...] a dimensão social assume papel preponderante,</p><p>abrindo novas perspectivas para a geogra�a.</p><p>Com a nova Geogra�a, troca-se a base de estudo “organização do espaço” para</p><p>“produção do espaço”. A noção de espaço organizado, no sentido de arrumação</p><p>e de sistematização, com a renovação da Geogra�a, ganha um novo sentido, de</p><p>modo que o espaço passa a ser visto como palco das atividades humanas, ou</p><p>seja, o lugar onde a sociedade constrói sua existência (CARLOS, 1994).</p><p>Com a evolução do pensamento geográ�co, o fenômeno urbano passa a ga-</p><p>nhar uma nova visão. Como complementa Carlos (1994, p. 177):</p><p>[...] o espaço (urbano, rural) é analisado como fruto do processo de produção que se</p><p>estabelece no seio da sociedade, que tem por objetivo a reprodução da existência</p><p>humana, sendo, portanto, fruto do trabalho.</p><p>Nesse sentido, a população passa a ser vista como produtora do espaço. O es-</p><p>tudo da realidade urbana passa a ser o objetivo da Geogra�a Urbana, e, com is-</p><p>so, o espaço passa a ganhar uma dimensão social e histórica. Carlos (1994, p.</p><p>194) ressalta, ainda, que:</p><p>O espaço urbano, de palco da atividade humana, passa a ser analisado enquanto</p><p>produto histórico e social, desigual e contraditório, lugar privilegiado das lutas de</p><p>classe e dos movimentos sociais, enquanto unidade do diverso.</p><p>A Geogra�a Urbana, hoje, não se contenta mais em somente de�nir e descre-</p><p>ver a morfologia da cidade. Seu campo de estudo, bem como o da ciência geo-</p><p>grá�ca, tem tomado novos rumos. Ela analisa a cidade como campo da luta de</p><p>classes, como espaço da produção social do trabalho humano. O uso do solo</p><p>articula-se à ideia de valor de uso e de troca. A localização, a acessibilidade, a</p><p>segregação sócio espacial, a qualidade de vida, a desigualdade social, a pobre-</p><p>za, os movimentos sociais urbanos, a moradia, os projetos urbanos (planos das</p><p>cidades), a cidadania e o direito à cidade são todos elementos do campo de es-</p><p>tudo da Geogra�a Urbana.</p><p>Para elucidar a discussão em torno do campo de estudo da Geogra�a Urbana,</p><p>podemos de�nir essa área de estudo de acordo com Gonçalves de Abreu (1994,</p><p>p. 134, grifos nossos):</p><p>[...] esta seria uma da geogra�a que trata de uma especi�cidade do</p><p>real: a cidade [...] a geogra�a urbana trata do [...] entendido como</p><p>qualquer manifestação que diz respeito à cidade, seja quanto ao processo de urba-</p><p>nização, seja quanto ao crescimento das cidades ou ao estudo da estrutura interna</p><p>das mesmas.</p><p>3. Espaço urbano</p><p>O que é o espaço urbano? O geógrafo Roberto Lobato Corrêa (2005, p. 7), discute</p><p>essa questão em seu livro O espaço urbano. A reposta dada por ele é:</p><p>O espaço de uma grande cidade capitalista constitui-se, em um primeiro momento</p><p>de sua apreensão, no conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si. Tais</p><p>usos de�nem áreas, como o centro da cidade, local de concentração de atividades</p><p>comerciais, de serviços e de gestão, áreas industriais, áreas residenciais, distintas</p><p>em termos de forma e conteúdo social, de lazer e, entre outras, aquelas de reserva</p><p>para futura expansão. Este complexo conjunto de usos da terra é, em realidade, a</p><p>organização espacial da cidade ou, simplesmente, o espaço urbano, que aparece as-</p><p>sim, como espaço fragmentado.</p><p>Ainda para Corrêa (2005, p. 145), “[...] [o espaço urbano] é fragmentado e articu-</p><p>lado, re�exo e condição social, e campo simbólico de lutas”.</p><p>Assim, o espaço urbano refere-se às diferentes formas de uso da terra e ao mo-</p><p>do como esses usos se organizam espacialmente na cidade. Usos diferentes</p><p>(indústria, comércio, moradias, ruas etc.) que, muitas vezes, entram em con�i-</p><p>to, re�etindo o modo de vida da sociedade.</p><p>De acordo com Carlos (1994, p. 12), “[...] o urbano vai-se reproduzindo a partir</p><p>da luta de interesses entre o que é fundamental para a reprodução, de um lado,</p><p>do capital e, de outro, da vida”.</p><p>Segundo Corrêa (1993, p. 7): “O espaço urbano é fragmentado, mas ao mesmo</p><p>tempo articulado”. Cada porção do espaço mantém relação com as demais,</p><p>mas a intensidade da relação pode variar de lugar para lugar. Essas relações</p><p>vão ocorrer por meio dos �uxos de veículos, pessoas, mercadorias e capital. Ou</p><p>seja, a ida ao trabalho, à escola, ao cinema, os encontros com amigos, praias,</p><p>parques etc.</p><p>A articulação entre as partes do espaço urbano também se dá de forma abstra-</p><p>ta, isto é, de forma menos visível. O capital circula por meio de decisões de in-</p><p>vestimentos, mais-valia, juros, salários etc. “Essas relações espaciais são de</p><p>natureza social tendo como matriz a própria sociedade de classes e seus pro-</p><p>cessos” (CORRÊA, 1993, p. 8).</p><p>Dessa forma, as relações espaciais integram as diferentes partes da cidade,</p><p>unindo-as em um conjunto articulado, cujo núcleo de articulação tem sido,</p><p>tradicionalmente, , o qual desempenha papel fundamental,</p><p>na concentração de comércio e serviços, e atração populacional (CORRÊA,</p><p>1993).</p><p>O espaço urbano é dividido e segregado. Há diferentes padrões de moradias</p><p>presentes nas cidades. Existem áreas mais ricas e luxuosas, com moradias de</p><p>alto padrão, providas de melhor infraestrutura (áreas de lazer, vias largas com</p><p>asfalto, saneamento etc.), e outras onde a pobreza</p><p>é nítida, o padrão das mora-</p><p>dias é precário, sendo desprovidas de infraestrutura.</p><p>Para Corrêa (1993, p. 10): “O espaço é um condicionante da sociedade”. Com es-</p><p>sa a�rmação o autor mostra que a forma como o espaço se estrutura é fator</p><p>condicionante da sociedade, ou seja, a existência de um conjunto hospitalar</p><p>atrai um determinado número de farmácias e clínicas. Assim, há uma vanta-</p><p>gem no fato desses serviços estarem juntos não apenas para eles, mas tam-</p><p>bém para a sociedade e para o capital.</p><p>Além disso: “O espaço urbano é o lugar onde os diferentes grupos sociais vi-</p><p>vem e se reproduzem” (CORRÊA, 1993, p. 23). Cada lugar representa uma reali-</p><p>dade social. Nele, estão embutidos as características locais, a cultura, os cos-</p><p>tumes, formas especiais que revelam um sentimento, laços de afeição, possí-</p><p>veis de proporcionar alegrias e tristezas ao homem. Ou seja, o espaço urbano</p><p>passa a ter dimensões e signi�cados variados segundo as diferentes classes e</p><p>grupos sociais.</p><p>“O espaço da cidade é, também, o cenário e o objeto das lutas sociais, pois es-</p><p>tas visam, a�nal de contas, o direito à cidade, à cidadania plena e igual para</p><p>todos” (CORRÊA, 1996, p. 151).</p><p>Com base nas ideias aqui expostas e nos escritos de Corrêa (1993), é importan-</p><p>te revisarmos algumas informações para melhor compreensão do espaço ur-</p><p>bano:</p><p>1. O espaço urbano é fragmentado e articulado.</p><p>2. A articulação entre as diferentes partes do espaço se dá pelos �uxos de</p><p>pessoas, serviços, mercadorias e do capital.</p><p>3. O espaço urbano é re�exo da sociedade, das ações que ocorreram no pas-</p><p>sado e que deixaram suas marcas nas formas espaciais do presente.</p><p>4. Por ser re�exo social e fragmentado, o espaço urbano, especialmente o da</p><p>cidade capitalista, é profundamente desigual.</p><p>5. Por ser re�exo social e porque a sociedade tem a sua dinâmica, o espaço</p><p>urbano é, também, mutável, dispondo de uma mutabilidade que é com-</p><p>plexa, com ritmos e natureza diferenciados.</p><p>6. O espaço é, também, condicionante da sociedade.</p><p>7. O espaço urbano é o lugar onde os diferentes grupos sociais vivem e se</p><p>reproduzem.</p><p>8. O espaço da cidade é cenário e objeto das lutas sociais.</p><p>Para concluir esta discussão a respeito do espaço urbano, vamos observar a</p><p>de�nição dada por Corrêa (1993, p. 9):</p><p>Eis o que é o espaço urbano: fragmentado e articulado, re�exo e condicionante soci-</p><p>al, um conjunto de símbolos e campo de lutas. É assim a própria sociedade em uma</p><p>de suas dimensões, aquela mais aparente, materializada nas formas espaciais.</p><p>O espaço urbano é fragmentado em diferentes usos da terra e diferentes paisa-</p><p>gens urbanas, formando o que podemos chamar de mosaico urbano. Ele é</p><p>constituído pelo núcleo central, pela zona periférica do centro, pelas áreas in-</p><p>dustriais, pelos subcentros, por áreas residenciais distintas em termos de for-</p><p>ma e conteúdo, como as favelas e os condomínios exclusivos, pelas áreas de</p><p>lazer e, entre outras, por aquelas áreas submetidas à especulação imobiliária</p><p>visando à futura expansão. Como a�rma Corrêa (2005, p. 145), “[...] o arranjo es-</p><p>pacial da fragmentação pode variar, mas ela é inevitável”.</p><p>Produção e apropriação do espaço urbano</p><p>Outra questão importante a ser levantada neste momento é: Quem produz o</p><p>espaço urbano? Quem é responsável pela fragmentação do espaço? Segundo</p><p>Corrêa (1993, p. 11): “O espaço urbano é um produto social, resultado de ações</p><p>acumuladas através do tempo, e engendradas por agentes que produzem e</p><p>consomem o espaço”.</p><p>Diferentes agentes vão atuar no processo de produção do espaço. Entre eles,</p><p>podemos destacar:</p><p>1. Proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes industriais.</p><p>2. Proprietários fundiários.</p><p>3. Promotores imobiliários.</p><p>4. Estado.</p><p>5. Grupos sociais excluídos.</p><p>Os três primeiros agentes têm uma similaridade: a apropriação de uma renda</p><p>da terra. Todos os cinco se inter-relacionam. Os interesses dos grupos sociais</p><p>excluídos vão de encontro aos dos três primeiros agentes. O Estado tem o pa-</p><p>pel de tentar minimizar os con�itos de classe. A atuação desses agentes vai</p><p>produzir o espaço urbano, a sua fragmentação e articulação.</p><p>A produção do espaço urbano está, pois, relacionada aos diferentes usos do so-</p><p>lo, ou seja, à forma como o espaço vai ser apropriado e quem se apropriará</p><p>desse espaço. Isso, na sociedade capitalista, irá gerar vários con�itos pelo do-</p><p>mínio do espaço.</p><p>4. Breve discussão sobre o uso do solo na soci-</p><p>edade capitalista</p><p>Antes de iniciarmos esse tópico, é preciso esclarecer a expressão “uso do solo”.</p><p>O termo “uso do solo” necessita de esclarecimento uma vez que o modo mais correto seria</p><p>“uso da terra”, porém o termo uso do solo acabou sendo utilizado por vários autores, pesqui-</p><p>sadores e na própria legislação brasileira (lei de parcelamento do solo). Assim, em acordo</p><p>com o referencial bibliográ�co consultado para a elaboração desse texto utilizaremos o ter-</p><p>mo “uso do solo”.</p><p>Segundo Carlos (1994, p. 12):</p><p>O processo de produção do espaço é desigual – isto aparece claramente através do</p><p>uso do solo – e decorre do acesso diferenciado da sociedade à propriedade privada</p><p>e da estratégia de ocupação do espaço urbano.</p><p>O ser humano, para viver, necessita ocupar um determinado lugar no espaço,</p><p>de modo a suprir as condições materiais de existência e da produção dos mei-</p><p>os de vida. Como coloca Harvey (1973, p. 135):</p><p>O solo e as benfeitorias são mercadorias das quais nenhum indivíduo pode dispen-</p><p>sar. Não posso existir sem ocupar espaço, não posso trabalhar sem ocupar um lu-</p><p>gar e fazer uso de objetos materiais aí localizados, e não posso viver sem moradia</p><p>de alguma espécie. É impossível existir sem alguma quantidade dessas mercadori-</p><p>as.</p><p>Assim, o solo, o acesso a terra e suas benfeitorias são essenciais à vida</p><p>humana. O homem precisa do solo para realizar seu trabalho, suas interações</p><p>sociais, para que possa viver em sociedade. Porém, a posse do solo é</p><p>determinada pela renda. Dessa forma, muitos não têm acesso a ele, enquanto</p><p>outros se utilizam da posse do solo para acumular riqueza e poder (REANI,</p><p>2007).</p><p>O processo de reprodução do capital indica os modos de ocupação do espaço</p><p>pela sociedade, baseados nos mecanismos de apropriação privada, que impõe</p><p>uma determinada con�guração ao espaço urbano. Segundo Carlos (2005, p.</p><p>49):</p><p>Tal con�guração decorre de dois modos de uso do solo: a) vinculado à reprodução</p><p>do capital, b) vinculado à reprodução da sociedade, tanto da força de trabalho,</p><p>quanto a população em geral (consumidores).</p><p>Na economia capitalista, o solo por ser considerado propriedade privada,</p><p>passa a ter valor e a ser fonte de renda, valorizando o capital. De acordo com</p><p>Paul Singer (1980, p. 22), “[...] se a propriedade privada dos meios de produção</p><p>fosse abolida, o capitalismo desapareceria, mas se a propriedade do solo fosse</p><p>socializada não [...]”. Logo, o autor conclui que:</p><p>[...] o capital imobiliário é, portanto, um falso capital. Ele é, sem dúvida, um valor</p><p>que se valoriza, mas a origem de sua valorização não é atividade produtiva, mas a</p><p>monopolização do acesso a uma condição indispensável àquela atividade.</p><p>O valor que o solo possui serve como monopólio das classes mais abastadas</p><p>sobre as menos favorecidas economicamente. E para que a classe dominante</p><p>exerça seu poder, à classe de menor renda cabem as terras sem valor, como</p><p>aquelas nas encostas de morros, várzea de rios, terrenos afastados da área</p><p>central, sem infraestrutura e equipamentos urbanos necessários. Para Carlos</p><p>(2005, p. 33):</p><p>[...] as desigualdades sociais colocam em xeque as formas de apropriação,</p><p>expressas no parcelamento do solo urbano e, consequentemente, nas formas de</p><p>uso. Evidencia-se a impossibilidade do sistema capitalista em atender as</p><p>necessidades de uma parcela cada vez maior da população; tal fato propicia o</p><p>questionamento por parte da sociedade dos processos que produzem</p><p>contraditoriamente riqueza e pobreza.</p><p>O valor de qualquer solo, urbano ou rural, depende das possibilidades de uso</p><p>que ofereça.</p><p>Num sistema capitalista, como o brasileiro, as lógicas econômi-</p><p>cas são baseadas na acumulação de capital e na obtenção de lucros. “Há uma</p><p>tendência para transformar valores em mercadorias, cuja circulação garanta a</p><p>reprodução do capital” (SANTOS, 1989, p. 25).</p><p>O uso do solo dá-se pela reprodução do capital e, por isso, ocorre de forma de-</p><p>sigual e injusta, uma vez que nem todos possuem esse capital – re�exo do</p><p>modelo econômico adotado no país. Como a�rma Singer (1980, p. 33), “[...] a ci-</p><p>dade capitalista não tem lugar para os pobres”. É preciso ter renda monetária</p><p>como requisito indispensável para ter acesso à “mercadoria” solo. No entanto,</p><p>a economia capitalista não assegura o mínimo de renda a todos, ou seja, nem</p><p>todos têm meios para pagar pelo direito de ocupar um pedaço de solo urbano.</p><p>A posse do solo é um dos fatos que melhor representa as desigualdades soci-</p><p>ais. Além disso, a posse da terra tem grande in�uência na produção do espaço</p><p>urbano, na ordenação territorial, na estruturação urbana e na distribuição de</p><p>equipamentos, bens e serviços, sendo essencial a sua distribuição equitativa</p><p>para o bom desenvolvimento do meio urbano. Segundo Correia (2002, p. 13):</p><p>A renovação e o crescimento urbano, a provisão adequada de infraestruturas, de</p><p>equipamentos colectivos e de habitação, a (re)organização do espaço rural, a defesa</p><p>e salvaguarda de zonas únicas; ou a proteção e valorização da paisagem – em sín-</p><p>tese: a obtenção de um ambiente saudável e o alcance de um melhor nível de quali-</p><p>dade de vida – só poderão ser alcançados se o solo for utilizado e gerido segundo os</p><p>interesses da sociedade racionalmente formulados. Por isso, a procura de soluções</p><p>exeqüíveis é uma questão de tomada de consciência ao nível das instituições e dos</p><p>indivíduos, das relações sociedade-território.</p><p>Carlos (2005, p. 33) coloca que “[...] pensar numa cidade humana, num novo</p><p>urbano signi�ca a superação da atual ordem econômica, social, jurídica,</p><p>política e ideológica, a partir da participação de toda a sociedade brasileira”.</p><p>Assim, para que haja melhor distribuição do solo e de seu uso é preciso rever o</p><p>modo de (re)produção do espaço, sendo este fundamental para uma sociedade</p><p>mais justa e equitativa.</p><p>A discussão do uso do solo na Geogra�a Urbana é de grande relevância. Ela</p><p>aborda várias questões que interferem no desenvolvimento e planejamento</p><p>das cidades, tais como: estrutura fundiária, preço, localização, atividades e</p><p>melhorias sobre a terra, produção de periferias etc. Carlos (2005, p. 42) a�rma</p><p>que:</p><p>São os diversos modos de apropriação do espaço que vão pressupor as</p><p>diferenciações de uso do solo e a competição que será criada pelos usos, e no</p><p>interior do mesmo uso. Como os interesses e as necessidades dos indivíduos são</p><p>contraditórios, a ocupação do espaço não se fará sem contradições e, portanto, sem</p><p>luta.</p><p>Dessa forma, o uso do solo pode ser visto como a base das contradições,</p><p>injustiças e desigualdades sociais que estão presentes no processo de</p><p>produção do espaço urbano.</p><p>5. A cidade</p><p>O que é a cidade?</p><p>Essa pergunta deveria ser fácil de ser respondida, a�nal, segundo o censo do</p><p>IBGE (2000), a população urbana do Brasil é de 81,25 %. Logo, é bem provável</p><p>que você viva em uma cidade, ou, ao menos, já esteve em uma. Se pensarmos</p><p>na palavra cidade, certamente conseguiremos fazer várias analogias: prédios,</p><p>ruas, semáforos, pessoas, carros, congestionamento, ruídos, falta de tempo etc.</p><p>As cidades possuem variações de lugar para lugar, variam no espaço e no</p><p>tempo. Diferentes con�gurações e modos de vida de�nem a cidade, que tem a</p><p>concentração de pessoas, serviços e mercadorias como seus elementos forma-</p><p>dores.</p><p>Há mais de sessenta anos, Lewis Mumford (1985, p. 27), urbanista, disse que</p><p>“[...] a cidade é o ponto de concentração máxima de poder e cultura da comuni-</p><p>dade”. O geógrafo David Harvey (1972) considera a cidade como a expressão</p><p>concreta de processos sociais na forma de um ambiente físico construído so-</p><p>bre o espaço geográ�co. Já Pierre George (1983), grande estudioso da geogra�a</p><p>urbana, diz que é quase impossível de�nir o que é cidade.</p><p>Talvez, seja difícil encontrar uma de�nição exata. No entanto, é possível ado-</p><p>tar alguns parâmetros. Por exemplo, a ONU considera que uma cidade é um</p><p>todo aglomerado com mais de 20 mil habitantes.</p><p>No Brasil, toda sede de município é considerada cidade, adotando, assim, um</p><p>critério meramente administrativo, independentemente do número de habi-</p><p>tantes.</p><p>Vale ressaltar que, segundo o último censo demográ�co (2000), existem no</p><p>Brasil 5.507 cidades, sendo que a menor delas, União da Serra, no nordeste</p><p>gaúcho, tem apenas dezoito habitantes, com somente quatro casas, nas quais</p><p>residem três famílias de agricultores e uma de madeireiro.</p><p>O Brasil é um dos únicos países do mundo a adotar o critério administrativo</p><p>para de�nir o que é uma cidade. Em outras partes do mundo não existe um</p><p>único critério para de�nir o que é cidade e, sim, uma combinação de critérios</p><p>estruturais e funcionais, como localização, número de habitantes, de eleitores,</p><p>de moradias ou, sobretudo, a densidade demográ�ca (INSTITUTO</p><p>SOCIOAMBIENTAL, 2011).</p><p>Figura 1 Cidade de Curitiba por César Lobo.</p><p>Lynch, em seu livro The image of the city (1960), estudou os principais itens</p><p>que compõem uma cidade por meio da imagem que as pessoas fazem dela.</p><p>Para tanto, algumas pessoas foram entrevistadas e desenharam o mapa da ci-</p><p>dade, cada uma a seu modo. Lynch (1960) levantou os cinco principais ele-</p><p>mentos presentes na paisagem urbana, nos mapas desenhados: caminhos,</p><p>bordas ou margens, nós, bairros e marcos (Figura 2).</p><p>: Clark (1982, p. 39).</p><p>Figura 2 Os cincos principais elementos dos mapas mentais de Lynch.</p><p>Os caminhos são as ruas e avenidas, ou seja, as vias que permitem a movi-</p><p>mentação na cidade. As bordas ou margens são interrupções na continuidade</p><p>da cidade, como um rio, uma linha férrea, um grande espaço verde �orestado.</p><p>Os nós são cruzamentos onde as atividades estão concentradas, como, por</p><p>exemplo, uma área de lojas. Os bairros são grandes áreas onde as pessoas cir-</p><p>culam e vivem. E, por último, os marcos locais, que também são pontos de re-</p><p>ferência. Esses elementos são conjuntamente estruturados como imagens</p><p>mentais, de maneiras complexas, e nenhum deles existe isoladamente</p><p>(CLARK, 1982).</p><p>Não há uma de�nição simples para o termo “cidade”. A paisagem urbana é um</p><p>conjunto de elementos físicos, mas também sociais, que, muitas vezes, não po-</p><p>dem ser representados nos mapas. Por conseguinte, a cidade pode ser estuda-</p><p>da não apenas a partir da sua geogra�a física, sítio urbano, con�guração e es-</p><p>trutura, como também por sua geogra�a humana, ou seja, suas relações soci-</p><p>ais e seu modo de vida.</p><p>Um pouco de história...</p><p>As cidades, como fenômeno urbano, mudaram muito no decorrer da história.</p><p>De acordo com Davis (1972, p. 13), no livro Cidades: urbanização da humanida-</p><p>de, “[...] as sociedades urbanizadas, nas quais a maioria das pessoas vive agru-</p><p>pada em cidades, representam um estágio novo, e fundamental, da evolução</p><p>social”.</p><p>A cidade, como a conhecemos hoje, com toda sua estrutura, organização e</p><p>aglomerações humanas, é resultado da Revolução Industrial e ganhou propor-</p><p>ção a partir de meados do século 19.</p><p>As primeiras cidades apareceram há 5500 anos, mas, por serem pequenas e</p><p>rodeadas por camponeses, poderiam ser chamadas de “vilas”. Já as cidades</p><p>urbanizadas de hoje apresentam uma grande concentração populacional, são,</p><p>pois, grandes aglomerações humanas.</p><p>As sociedades primitivas iniciaram o longo processo de evolução, as chama-</p><p>das “cidades pré-industriais”, há mais de um milênio. E transformaram-se em</p><p>sociedades cada vez mais complexas, estabelecendo-se em vilas,</p><p>organizando-se e aperfeiçoando suas técnicas.</p><p>As primeiras cidades, como Ur e Babilônia (Figura 3), surgiram na</p><p>Mesopotâmia, nos vales dos Rios Tigres e Eufrates, no atual Iraque. Acredita-</p><p>se que, por volta de 2500 a.C., Ur</p><p>chegou a ter 50 mil habitantes e, Babilônia, 80</p><p>mil. As primeiras cidades surgiram associadas aos rios em função da necessi-</p><p>dade de terras férteis e de irrigação para a produção de alimentos excedentes</p><p>para abastecê-las (SJOBERG, 1972).</p><p>Figura 3 Ruínas de um dos templos da Babilônia.</p><p>Podemos destacar como elementos importantes dessa evolução a capacidade</p><p>de estocar alimentos (uso da metalurgia, arado e da roda), o uso da escrita (re-</p><p>alizar registros) e o uso de fontes de energia (por exemplo, moinho) (SJOBERG,</p><p>1972).</p><p>Já a cidade industrial moderna é associada a um terceiro nível de complexi-</p><p>dade na organização humana, caracterizado pela educação das massas, siste-</p><p>mas de classes �uidos e, o mais importante, segundo Sjoberg (1972), um tre-</p><p>mendo avanço tecnológico que usa novas fontes de energia.</p><p>Sjoberg apud Davis (1972, p. 41) faz a seguinte a�rmação:</p><p>A Evolução Urbana inicia-se com as primeiras cidades da Mesopotâmia, segue</p><p>com as cidades ao longo do vale do Nilo, estende-se ao Indo e à região mediterrâ-</p><p>nea e �nalmente chega à China. Em todas essas regiões, nelas incluídas as cidades</p><p>independentes do Novo Mundo, brotaram e morreram cidades, mas a vida urbana,</p><p>uma vez estabelecida, nunca chegou a desaparecer.</p><p>Assim, a formação e a estruturação das cidades passaram por grandes</p><p>transformações nesses 5500 anos de história. Atualmente, a cidade industrial</p><p>é a forma urbana praticamente dominante em todo o mundo, a formação das</p><p>cidades ocorreu de forma rápida, re�exo do processo de industrialização.</p><p>Como consequência desse fenômeno urbano, surgiu uma nova con�guração e</p><p>estruturação das cidades, bem como novos problemas urbanos.</p><p>6. Tecido urbano</p><p>Milton Santos (1989) a�rma que existem duas ou mais cidades dentro da cida-</p><p>de. A cidade possui diferentes paisagens, que se diferenciam pelos níveis de</p><p>vida e entre setores de atividade econômica, ou seja, entre classes sociais.</p><p>A paisagem urbana é de�nida para Santos (1989, p. 185) como:</p><p>O conjunto de aspectos materiais, através dos quais a cidade se apresenta aos nos-</p><p>sos olhos, ao mesmo tempo como entidade concreta e como organismo vivo.</p><p>Compreende os dados do presente e os do passado recente ou mais antigo, mas</p><p>também compreende elementos inertes (patrimônio imobiliário) e elementos mó-</p><p>veis (as pessoas e as mercadorias).</p><p>O modo de vida, moradia, serviços e equipamentos variam em cada bairro. A</p><p>violência, as áreas de lazer, a infraestrutura, o comércio, os shoppings, os ser-</p><p>viços em geral, são vistos de forma diferente em cada uma das partes da cida-</p><p>de, compondo, assim, o tecido urbano.</p><p>Infraestrutura pode ser conceituada como um sistema técnico de equipamentos e serviços</p><p>necessários ao desenvolvimento das funções urbanas, podendo estas funções ser vistas sob</p><p>os aspectos social, econômico e institucional. Sob o aspecto social, a infraestrutura urbana</p><p>visa promover adequadas condições de moradia, trabalho, saúde, educação, lazer e segu-</p><p>rança. No que se refere ao aspecto econômico, a infraestrutura urbana deve propiciar o de-</p><p>senvolvimento das atividades produtivas, isto é, a produção e comercialização de bens e</p><p>serviços. E sob o aspecto institucional, entende-se que a infraestrutura urbana deva propi-</p><p>ciar os meios necessários ao desenvolvimento das atividades político-administrativas, en-</p><p>tre os quais se inclui a gerência da própria cidade (ZMITROWICZ, 1997, p. 2).</p><p>São considerados sistemas de infraestrutura urbana:</p><p>1. Subsistema viário: consiste nas vias urbanas.</p><p>2. Subsistema de drenagem pluvial.</p><p>3. Subsistema de abastecimento de água.</p><p>4. Subsistema de esgotos sanitários.</p><p>5. Subsistema energético.</p><p>6. Subsistema de comunicações.</p><p>O tecido urbano é a forma da cidade, é o modo pelo qual se de�nem as relações</p><p>entre espaços públicos e espaços privados. Como coloca Goulart (2006, p. 59):</p><p>[...] o tecido urbano é, portanto, uma de�nição geométrica de relações de proprieda-</p><p>de e uma de�nição social das formas de uso. É no tecido urbano que se concreti-</p><p>zam as formas de desigualdade na apropriação e uso dos espaços.</p><p>Milton Santos (1989), em sua obra Manual de Geogra�a Urbana, analisa os ele-</p><p>mentos presentes no tecido urbano, bem como aquilo que o compõe. Com base</p><p>nessa obra, faremos a análise de alguns desses elementos:</p><p>: a cidade é marcada pelo traçado das vias, das ferrovias, das</p><p>praças, pela distribuição de espaços vazios e ocupados. A esse conjunto deno-</p><p>minamos “plano urbano”, que é a forma como o espaço urbano se con�gura.</p><p>Nos países subdesenvolvidos, a maioria das cidades não obedece a um plano</p><p>urbano especí�co, muitas seguem a topogra�a do local. Na maior parte das</p><p>vezes, há uma imbricação e uma justaposição de planos, cujas formas variam</p><p>conforme a época.</p><p>Dentro do estudo da Arquitetura e Urbanismo existe um estudo bastante com-</p><p>plexo sobre planos urbanísticos. Dentre os mais conhecidos, podemos desta-</p><p>car:</p><p>a) Plano em raios concêntricos: apresenta uma série de círculos em torno</p><p>do centro da cidade (é resultado de um longo processo de crescimento ur-</p><p>bano).</p><p>b) Plano em xadrez: apresenta uma trama retangular, lembrando um ta-</p><p>buleiro de xadrez, determinado por ruas que se cruzam em ângulo reto</p><p>(surgiu nos Estados Unidos, no século 19).</p><p>c) Independentemente de qual seja o plano, a maior parte das cidades é</p><p>marcada por uma oposição entre o centro e a periferia. O centro é onde se</p><p>concentram as atividades comerciais e os serviços, é um espaço alta-</p><p>mente valorizado. A periferia é um espaço heterogêneo, residencial, al-</p><p>guns com construções mais antigas e outras mais novas. A periferia pode</p><p>ser rica, a chamada “periferia verde”, na maior parte formada por condo-</p><p>mínios fechados, mas também pode ser pobre, com habitações precárias</p><p>e sem infraestrutura adequada.</p><p>: há uma grande variabilidade na densidade popu-</p><p>lacional em diferentes áreas da cidade, ou de um bairro para outro.</p><p>Geralmente as áreas centrais são mais densamente povoadas. No entanto, os</p><p>bairros periféricos também apresentam grande densidade populacional devi-</p><p>do à existência de favelas, onde uma grande população vive em uma pequena</p><p>área, em condições precárias de vida.</p><p>: podemos destacar como equipamentos ur-</p><p>banos essenciais o revestimento de ruas, o transporte público, a rede de água e</p><p>esgoto e a rede elétrica.</p><p>Esses equipamentos se distribuem desigualmente pelas cidades, de modo que</p><p>os bairros mais ricos concentram a maior parte deles, enquanto nos bairros</p><p>periféricos esses equipamentos muitas vezes não existem.</p><p>: o padrão de habitação varia conforme a região da cidade.</p><p>Assim, cada área apresenta um padrão de moradia, re�exo da concentração e</p><p>da distribuição de renda no espaço urbano. Esse fato é perceptível não só pela</p><p>forma da moradia, mas também pelo seu entorno. Nos bairros mais ricos as</p><p>ruas são largas, sinalizadas, arborizadas, com praças e playgrounds. Enquanto</p><p>nos bairros mais carentes, o padrão das casas é inferior, com construções</p><p>muitas vezes inacabadas e sem pintura, além de as ruas serem estreitas e</p><p>pouco arborizadas.</p><p>: o comércio e os serviços (bancos, cartórios, correios</p><p>etc.) concentram-se na área central das cidades. Em vista disso, o centro é</p><p>fundamental para a cidade. Veremos a importância da área central mais adi-</p><p>ante.</p><p>Desse modo, o estudo dos elementos aqui destacados são de extrema impor-</p><p>tância para o entendimento da cidade, sua dinâmica e estrutura interna.</p><p>7. Sítio urbano</p><p>Podemos de�nir sítio urbano, grosso modo, como o local onde a cidade foi</p><p>construída, ou seja, a sua base topográ�ca, que pode ser uma planície, um</p><p>planalto etc. O sítio urbano é responsável pela con�guração da cidade, pela</p><p>paisagem propriamente dita e até os modos de vida (SANTOS, 1989).</p><p>Em cidades planas do interior de São Paulo, como Rio Claro, é comum o uso de</p><p>bicicletas para locomoção. Já em Belo Horizonte (MG), com relevo mais</p><p>acidentado, a circulação se dá especialmente por automóveis.</p><p>Como o sítio urbano em que está inserida a cidade na qual você vive</p><p>in�uencia</p><p>dos métodos da informática</p><p>e da automação.</p><p>Por essa razão, é possível elaborar regras para uma utilização lógica da lin-</p><p>guagem cartográ�ca (JOLY, 1990). Esta linguagem apresenta componentes e</p><p>variáveis que dão ao mapa a vantagem de permitir a representação dos obje-</p><p>tos observados na superfície terrestre em um plano, mantendo sua posição ab-</p><p>soluta e suas relações em distâncias e direções.</p><p>Os componentes mais importantes são:</p><p>1. : as componentes de localização são aquelas</p><p>que podem ser determinadas por duas dimensões privilegiadas num pla-</p><p>no, perpendicular uma à outra; São as chamadas</p><p>, ou seja, x a longitude e y a latitude. O produto das grandezas x e y de-</p><p>termina uma superfície.</p><p>Dessa maneira, o plano cartográ�co é uma �gura do espaço que possui</p><p>propriedades métricas consideráveis, ou seja, a coordenada geográ�ca é a</p><p>componente que faz com que um mapa seja superior a uma simples �gu-</p><p>ra ou a um croqui, pois já está de�nida e padronizada mundialmente. Por</p><p>meio da coordenada geográ�ca é possível obter a localização exata das</p><p>coisas e dos lugares no globo terrestre, de modo que a longitude represen-</p><p>ta as direções leste e oeste, e a latitude as direções norte e sul.</p><p>2. : a componente de quali�cação é o “z”, ou se-</p><p>ja, um terceiro valor no plano. O “z” nada mais seria do que o dado ou con-</p><p>teúdo existente no lugar, podendo ser qualitativo, quantitativo ou ambos.</p><p>Trata-se de uma modulação do fundo do mapa por uma mancha (cor ou</p><p>sinal), que ocupa uma superfície mais ou menos extensa, conforme o ca-</p><p>so. – e conhecida como implantação da mancha sobre o plano. Distingue-</p><p>se três modos de implantação, de acordo com a extensão do objeto ou do</p><p>fenômeno tal como ele existe no campo:</p><p>• Implantação pontual - quando a superfície ocupada é insigni�cante, mas lo-</p><p>calizável com precisão.</p><p>• Implantação linear - quando sua largura é desprezível em relação a seu com-</p><p>primento, o qual, apesar de tudo, pode ser traçado com exatidão.</p><p>• Implantação zonal - quando cobre no terreno uma superfície su�ciente para</p><p>ser representada sobre o mapa por uma superfície proporcional homóloga</p><p>(DINIZ, 2002) .</p><p>A combinação dos dois componentes geográ�cos e de um componente de</p><p>quali�cação constitui uma imagem cartográ�ca.</p><p>Para Pancher (2012 apud Joly, 1990), “um mapa pode ser uma imagem carto-</p><p>grá�ca simples ou uma �gura formada pela associação de várias imagens car-</p><p>tográ�cas percebidas ao mesmo tempo pelo leitor”. Essas imagens, por de�ni-</p><p>ção, estão destinadas a ser vistas e lidas por um observador e, portanto, o car-</p><p>tógrafo deve, como o pintor ou o desenhista, dobrar-se às leis psico�siológicas</p><p>da percepção visual.</p><p>Essa é uma das maiores restrições da criação cartográ�ca. No arsenal dos pro-</p><p>cedimentos grá�cos, o cartógrafo deve escolher os que facilitarão a leitura rá-</p><p>pida e a assimilação da informação por um usuário não obrigatoriamente es-</p><p>pecializado.</p><p>Dentro disso, o cartógrafo dispõe, de acordo com Bertin (1973, n. p.), de seis va-</p><p>riáveis retinianas, ou variáveis visuais, por meio das quais pode exprimir a di-</p><p>ferenciação local dos componentes de quali�cação. Essas seis variáveis são as</p><p>seguintes:</p><p>da mancha, geométrica ou �gurativa, permite ao mesmo tempo uma quali�-</p><p>cação precisa dos objetos e uma boa percepção de sua similitude ou de suas dife-</p><p>renças.</p><p>, ou dimensão da superfície da mancha, pode ser proporcional ao do obje-</p><p>to a representar, constituindo-se na melhor expressão de uma comparação entre</p><p>quantidades distintas.</p><p>, na ausência da cor, é uma boa variável seletiva, sobretudo em implan-</p><p>tação zonal.</p><p>é a variável mais forte, facilmente perceptível e intensamente</p><p>seletiva, é a mais delicada para manipular e a mais difícil de utilizar.</p><p>, ou matiz da cor, é resultado de uma adição à cor pura ou cor</p><p>“chapada” de certa quantidade de branco que enfraquece a tonalidade e permite di-</p><p>ferenciar subgrupos de um conjunto de um mesmo tamanho ou da mesma forma, e</p><p>também um bom meio de classi�cação para ordenar uma série progressiva.</p><p>, ou estrutura da mancha, é uma modulação da impressão visual forne-</p><p>cida por variações de tamanho dos elementos �gurados, sem modi�cação da pro-</p><p>porção de cor e de branco por unidade de superfície; assim como o valor, a granula-</p><p>ção é uma boa variável seletiva e, secundariamente, de classi�cação de uma série</p><p>ordenada.</p><p>No quadro presente na Figura 1 você visualizará o conjunto dessas variáveis e</p><p>sua relação com as componentes qualitativas. É importante ressaltar que cada</p><p>uma das variáveis visuais tem suas propriedades perceptivas, mas nenhuma</p><p>delas possui todas ao mesmo tempo.</p><p>: Joly (2005, p. 73).</p><p>Figura 1 Variáveis visuais, suas propriedades visuais e modos de implantação.</p><p>Teoricamente, é possível combinar inúmeras variáveis em um mesmo ponto</p><p>do plano, para que �quem caracterizadas diversas qualidades de um mesmo</p><p>objeto. Muitas vezes se faz necessário utilizar essa mesma combinação (forma</p><p>+ cor, por exemplo), para reforçar a percepção das semelhanças. Cabe então à</p><p>pessoa que está elaborando o mapa escolher as qualidades que deixarão a in-</p><p>formação mais inteligível e mais transmissível.</p><p>Nesse sentido, é importante conhecer o emprego desta linguagem cartográ�ca</p><p>nas aulas de Geogra�a. Veja a indicação de um importante artigo que faz men-</p><p>ção a esse assunto:</p><p> Que tal aprofundarmos sobre a linguagem cartográ�ca?</p><p>Recomendamos a leitura de A linguagem cartográ�ca e o ensino-</p><p>aprendizagem da geogra�a: algumas re�exões (LIMA, 2012), que faz uma</p><p>revisão de literatura e expõe considerações referentes à utilização da lin-</p><p>guagem cartográ�ca no ensino-aprendizagem da Geogra�a Escolar. Para</p><p>realizar a leitura, clique aqui (https://periodicos.ufsm.br/geogra�a/article</p><p>/view/7338/4377).</p><p> Vídeos complementares</p><p>Agora, para entender melhor a linguagem Cartográ�ca e o desenvolvi-</p><p>mento do pensamento espacial, acompanhe o vídeo a seguir:</p><p>Segundas Geográ�cas - A Linguagem Cartográ�ca e o desenvolvimento</p><p>do Pensamento Espacial (https://www.youtube.com/wat-</p><p>ch?v=X8Z_Iuy3E0M)</p><p>Na sequência, indicamos mais um vídeo. Desta vez você vai acompanhar</p><p>uma aula com o Prof. Dr. Lindon Fonseca Matias, intitulada "Como men-</p><p>tir com mapas (https://www.youtube.com/watch?v=a-MDhFVIQL0)".</p><p>Para fechar este ciclo de aprendizagem e o tópico, indicamos dois podcasts. O</p><p>primeiro do canal Geografando, que fala sobre Cartogra�a e a representação da</p><p>Terra. Já o segundo é do canal Geogra�a em Pauta, que faz uma breve análise</p><p>dos aspectos cartográ�cos.</p><p>https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/7338/4377</p><p>https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/7338/4377</p><p>https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/7338/4377</p><p>https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/7338/4377</p><p>https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/7338/4377</p><p>https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/7338/4377</p><p>https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/7338/4377</p><p>https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/7338/4377</p><p>https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/7338/4377</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=X8Z_Iuy3E0M</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=X8Z_Iuy3E0M</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=X8Z_Iuy3E0M</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=X8Z_Iuy3E0M</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=X8Z_Iuy3E0M</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=X8Z_Iuy3E0M</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=X8Z_Iuy3E0M</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=X8Z_Iuy3E0M</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=X8Z_Iuy3E0M</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=X8Z_Iuy3E0M</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=X8Z_Iuy3E0M</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=a-MDhFVIQL0</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=a-MDhFVIQL0</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=a-MDhFVIQL0</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=a-MDhFVIQL0</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=a-MDhFVIQL0</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=a-MDhFVIQL0</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=a-MDhFVIQL0</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=a-MDhFVIQL0</p><p>Neste momento, re�ita sobre sua aprendizagem respondendo à questão a se-</p><p>guir.</p><p>5. Considerações</p><p>Chegamos ao �nal do primeiro ciclo de aprendizagem. Até aqui foi apresenta-</p><p>sua vida?</p><p>O geógrafo Ab’Saber (1957) faz um estudo sobre a geomorfologia do sítio</p><p>urbano de São Paulo, em que ele coloca algumas imagens e comentários sobre</p><p>a in�uência do sítio urbano na con�guração dessa metrópole. Observe as</p><p>Figuras 4 e 5.</p><p>: Ab’Saber (1957, p. 16).</p><p>Figura 4 Avenida Nove de Julho.</p><p>Sobre a Figura 4, Ab’Saber (1957, p. 16) observa que:</p><p>Avenida Nove de Julho é a principal artéria de fundo de vale da cidade de São</p><p>Paulo. Ao fundo o espigão central. A fotogra�a é um belo documento das relações</p><p>entre o relevo e a estrutura urbana na metrópole paulistana pois demonstra bem o</p><p>esquema de circulação interna, em planos intercruzados, dominantes na cidade.</p><p>: Ab’Saber (1957, p. 16).</p><p>Figura 5 O Vale do Anhangabaú.</p><p>Sobre a Figura 5, Ab’Saber, (1957, p. 16) a�rma:</p><p>O Vale do Anhangabaú na porção central da cidade. Outrora um ponto de separação</p><p>entre dois núcleos de aglomeração urbana, o vale do Anhangabaú é hoje a veia</p><p>mestra da circulação metropolitana.</p><p>É importante lembrar que o sítio urbano, salvo exceções, orienta o plano urba-</p><p>no, o funcionamento da cidade e as articulações do organismo urbano. Ele po-</p><p>de impor barreiras e direcionar o crescimento e a expansão das cidades.</p><p>Em países ricos, e em algumas áreas de países pobres, essas barreiras podem</p><p>ser transponíveis, devido à alta tecnologia desenvolvida (por exemplo, o Aterro</p><p>do Flamengo no Rio de Janeiro ou os diques na Holanda). É a colocação da na-</p><p>tureza a serviço do homem, o que muitas vezes pode ter resultados catastró�-</p><p>cos.</p><p>Quando o homem tenta ultrapassar as barreiras naturais e se apropriar da na-</p><p>tureza ele acaba causando danos ao meio ambiente, danos que tendem a cair</p><p>sobre a própria sociedade. A ocupação do espaço sem planejamento adequado</p><p>pode causar sérias catástrofes.</p><p>Vejamos uma das catástrofes recentemente ocorrida no Brasil. O Rio de</p><p>Janeiro, no dia 6 de abril de 2010, viveu uma situação de caos. A ocupação ir-</p><p>regular de morros, aliada a uma forte chuva, ocasionou um deslizamento de</p><p>terra com elevado número de mortos.</p><p>A notícia e as fortes imagens chocaram milhares de brasileiros. Inúmeras re-</p><p>portagens retratavam o pânico vivido pelas pessoas após o grave deslizamen-</p><p>to de terra em áreas de encostas: vários morros vieram abaixo, as casas foram</p><p>soterradas por lama e pedras, muitas vidas se perderam e muitas pessoas �-</p><p>caram desabrigadas. Houve a paralisação de escolas, o trânsito �cou congesti-</p><p>onado devido a alagamentos, empresas e comércio fecharam, vários bairros �-</p><p>caram sem energia elétrica.</p><p>Na região metropolitana, escolas cancelaram aulas e empresas dispensaram</p><p>funcionários. Alagamentos impediram a passagem de carros e ônibus e trens</p><p>tiveram a circulação alterada. Esses problemas expõem de�ciência na preven-</p><p>ção e combate a enchentes, a falta de proteção às encostas e o descaso com o</p><p>planejamento urbano.</p><p>Assim, percebemos que o sítio urbano tem papel fundamental na organização</p><p>do espaço. É preciso tomar ações planejadas para o uso e a ocupação do solo,</p><p>pensando no bem-estar da população e, também, no equilíbrio ambiental.</p><p>Como retrata a reportagem, a falta de ordenamento territorial pode trazer vári-</p><p>os prejuízos ao meio ambiente e à própria vida humana.</p><p>Os especuladores imobiliários que agem nas cidades são os maiores causado-</p><p>res de ocupação irregular do solo urbano. Nas cidades, as classes mais abasta-</p><p>das ocupam áreas geralmente bem estruturadas e bem equipadas e os mais</p><p>pobres são levados para áreas de alto risco e quase sempre com pouca ou ne-</p><p>nhuma infraestrutura.</p><p>8. Estrutura interna da cidade</p><p>A cidade é heterogênea, possui um alto grau de diferenciação interna. Ela é di-</p><p>vidida em três funções principais: residencial, secundária (indústria) e terciá-</p><p>ria (comércio, serviços e administração). A cidade também é diversi�cada pe-</p><p>los diferentes bairros, zonas ou comunidades, que são distinguíveis em termos</p><p>de aparência física, de cultura, de população e de problemas sociais.</p><p>Os elementos básicos da estrutura urbana são: o centro principal, os subcen-</p><p>tros de comércio e serviços e os bairros residenciais. Além disso, ela pode ser</p><p>imbricada a outras estruturas territoriais, como os sistemas de transporte e de</p><p>saneamento.</p><p>A estrutura urbana está fortemente ligada ao uso do solo e à localização. Há</p><p>uma forte relação desses elementos com o poder econômico das diferentes</p><p>classes sociais. Existem algumas abordagens utilizadas por geógrafos que</p><p>buscam entender a estrutura espacial urbana, como mostra a Tabela 1.</p><p>Estrutura interna da cidade: abordagens analíticas alternativas.</p><p>Ecológica Ecologia humana</p><p>Luta pelo espaço</p><p>entre os grupos</p><p>humanos</p><p>Park (1916)</p><p>Mchenzie (1925)</p><p>Livre-comércio</p><p>Economia neo-</p><p>clássica</p><p>Maximização da</p><p>utilização; licita-</p><p>ção de renda</p><p>Thünen (1826)</p><p>Análise da área</p><p>social</p><p>Urbanização</p><p>Consequências</p><p>do desenvolvi-</p><p>mento societário</p><p>Shevky e Bell (1955)</p><p>Ecologia fatori-</p><p>al</p><p>Análise fatorial</p><p>Padrões sociais e</p><p>espaciais na ci-</p><p>dade</p><p>Berry (1971)</p><p>Con�ito/admi-</p><p>nistração</p><p>Sociologia webe-</p><p>riana</p><p>Arranjos de po-</p><p>der: “guardiões”</p><p>Cox (1976); Phal (1975)</p><p>Marxista</p><p>Materialismo his-</p><p>tórico</p><p>Teoria do uso do</p><p>solo urbano; me-</p><p>canismo de alo-</p><p>cação de mora-</p><p>dores.</p><p>Harvey (1973)</p><p>: Clark (1982, p. 182).</p><p>As abordagens levam em consideração diferentes elementos a �m de buscar</p><p>entender a estruturação interna das cidades. Algumas abordagens dão</p><p>destaque ao espaço físico, ao território; outras evidenciam as questões sociais</p><p>e econômicas; já algumas delas levam em consideração fatores políticos.</p><p>Alguns estudiosos desenvolveram modelos para tentar descrever as</p><p>estruturas espaciais urbanas. Vamos ver alguns! A Figura 6 apresenta o</p><p>modelo das zonas concêntricas da estrutura social e espacial urbana, de</p><p>Burgess.</p><p>: adaptado de Burgess (1925 apud CLARK, 1982, p. 184).</p><p>Figura 6 Modelo das zonas concêntricas da estrutura social e espacial urbana, de Burgess.</p><p>Burgess (1925) representou a cidade de Chicago por meio de anéis concêntri-</p><p>cos, ordenados no entorno do centro principal de negócios. Com base nesse</p><p>modelo, o desenvolvimento de uma cidade se processa a partir da sua área</p><p>central em direção à periferia, segundo anéis concêntricos correspondentes a</p><p>diferentes formas de utilização do solo (CLARK, 1982).</p><p>Há um crescente deslocamento de pessoas da periferia para a área central. As</p><p>residências espalham-se com uma força centrífuga a partir do centro da cida-</p><p>de. A cada aumento da população e dos negócios existe uma luta por melhores</p><p>localizações na cidade. Com isso, o valor do solo intensi�ca-se, o que obriga os</p><p>menos favorecidos economicamente a procurar novas áreas, cada vez mais</p><p>distantes do centro. Criam-se, assim, espaços segregados dentro da cidade.</p><p>Agora observe, na Figura 7, o modelo de organização interna da cidade de</p><p>Hoyt (1) e Harris e Ullman (2).</p><p>: Souza (2004, p. 74).</p><p>Figura 7 Modelo de organização interna da cidade de Hoyt (1) e Harris e Ullman (2).</p><p>O modelo setorial de Hoyt (1939), em contraste com o modelo de anéis concên-</p><p>tricos, reconhece os contrastes básicos centro-periferia e a�rma que, após a</p><p>distinção espacial dos diferentes usos no centro da cidade, as distinções</p><p>mantêm-se à medida que se dá a expansão da cidade, formando-se, desse mo-</p><p>do, setores de ocupação bem de�nida, estruturados pelos principais eixos de</p><p>transportes. Como exempli�ca Clark (1982), estradas de ferro e canais atraem</p><p>a indústria pesada.</p><p>Já o modelo multinucleado de Harris e Ullman diferencia-se da simplicidade</p><p>dos dois anteriores, que consideravam a existência de um único centro, e pas-</p><p>sa a considerar vários núcleos em torno dos quais se organizam os diferentes</p><p>usos do solo.</p><p>Segundo tal modelo, conforme a dimensão da cidade, podem surgir núcleos</p><p>mais ou menos especializados, embora exista um deles, o CBD (Distrito Central</p><p>de negócios) (o principal), que é manifestamente a zona central de comércio;</p><p>os restantes podem ser áreas industriais, de serviços especiais, universitárias,</p><p>de recreio etc.</p><p>Assim, essas diferentes abordagens e modelos espaciais re�etem a complexi-</p><p>dade da estrutura urbana social e espacial, que pode ser estudada por meio de</p><p>diferentes perspectivas e pela in�uência de diferentes interesses.</p><p>As diferentes abordagens e modelos mostram que a estrutura urbana tem um</p><p>estreito vínculo entre os processos socioeconômicos e o padrão urbano.</p><p>Veremos com mais atenção os elementos essenciais da estrutura urbana: cen-</p><p>tro, subcentro e bairro.</p><p>Centralização e área central</p><p>Para Corrêa (1989, p. 38):</p><p>A Área Central constitui-se no foco principal não apenas da cidade, mas também</p><p>de sua hinterlândia. Nela concentram-se principais atividades comerciais, de</p><p>serviços, da gestão pública e privada, e os terminais de transportes inter-regionais</p><p>e intraurbanos. Ela se destaca na paisagem pela sua verticalização.</p><p>A área central é fundamental à cidade. Nela encontram-se todos os serviços e</p><p>atividades comerciais necessários, concentrados em um ponto principal, de</p><p>fácil acesso, aumentando o tempo disponível e minimizando o custo de deslo-</p><p>camento das pessoas.</p><p>Toda cidade tem o seu centro, todo centro tem funções e características seme-</p><p>lhantes. A área central é um componente essencial da estrutura urbana e</p><p>apresenta, segundo Spósito (1991, p. 6), a seguinte caracterização:</p><p>No interior da cidade, o centro não está necessariamente no centro geográ�co, e</p><p>nem sempre ocupa o sítio histórico onde esta cidade se originou. Ele é antes de tu-</p><p>do ponto de convergência/divergência, é o nó de circulação, é o lugar para onde to-</p><p>dos se dirigem para algumas atividades e, em contrapartida, é o ponto de onde to-</p><p>dos se deslocam para a interação destas atividades aí localizadas com as outras</p><p>que se realizam no interior da cidade ou fora dela. Assim, o centro pode ser quali�-</p><p>cado como integrador e dispersor ao mesmo tempo.</p><p>O centro da cidade sempre teve importância, desde as mais remotas cidades,</p><p>pois sempre abrigou as atividades que incorporam os valores dominantes de</p><p>cada formação social: a política, nas cidades gregas e romanas; a religião, nas</p><p>cidades medievais, incas ou astecas; ambos (união entre Igreja e Estado) na</p><p>Plaza Mayor, cidade colonial hispano-americana, e o grande comércio</p><p>varejista e serviços (que ali localizados decorrem da procura da maximização</p><p>do lucro) no caso da cidade capitalista (VILLAÇA, 1998).</p><p>A função principal do centro é diminuir o deslocamento espacial do ser</p><p>humano, e, com isso, diminuir o gasto de seu tempo, oferecendo diversi�cadas</p><p>atividades comerciais e serviços. O centro é o ponto de mais rápida</p><p>acessibilidade da cidade, minimizando o deslocamento das pessoas e</p><p>maximizando os lucros. Quando se compra um terreno no centro, compra-se</p><p>também tempo, acessibilidade, lazer e serviços (CORRÊA, 1989).</p><p>O centro surge, segundo Villaça (1998, p. 50), com a urbanização, como</p><p>resultado da transferência para a cidade de funções outrora desempenhadas</p><p>na casa:</p><p>Chegava o �m da fase em que o serviço ia a casa. Agora o comprador vai à loja e a</p><p>família ao serviço; o cliente, ao consultório; o estudante, à escola [...] A necessidade</p><p>de aglomerar e ao mesmo tempo de se afastar de um ponto no qual todos gostariam</p><p>de se localizar faz surgir o centro da aglomeração, nesse ponto.</p><p>Dessa maneira, com a urbanização e a industrialização, e a atuação cada vez</p><p>mais forte da economia capitalista, o tempo torna-se dinheiro, e as</p><p>aglomerações passam a atrair mais gente e a diminuir o tempo de</p><p>deslocamento das pessoas.</p><p>Segundo Horwood e Boyce (apud CORRÊA, 1989, p. 42), o centro, a partir da</p><p>segunda metade do século 20, passa a ter os seguintes aspectos:</p><p>1. Uso intensivo do solo (concentração de atividades, principalmente do setor</p><p>terciário).</p><p>2. Ampla escala vertical (facilmente distinguível na paisagem urbana, a presen-</p><p>ça de edifícios de escritórios, juntos uns dos outros, viabiliza as ligações in-</p><p>terpessoais vinculadas aos negócios).</p><p>3. Limitada escala horizontal (o centro é limitado em termos de extensão, sendo</p><p>possível percorrê-lo a pé).</p><p>4. Limitado crescimento horizontal (a expansão se faz pela verticalização, mui-</p><p>tas vezes demolindo construções antigas e destruindo o patrimônio histórico</p><p>da cidade).</p><p>5. Concentração diurna (principalmente nas horas de trabalho, e deserto à noite,</p><p>dando margem para atividades ilícitas).</p><p>6. Focos de transporte intraurbanos (ponto de convergência do tráfego urbano).</p><p>7. Área de decisões (ponto focal de gestão do território, com órgãos e escritórios</p><p>do governo e empresas).</p><p>A importância e função da área central sofreu (e ainda sofre) alterações nas</p><p>últimas décadas, acompanhando as mudanças da sociedade capitalista,</p><p>apresentando, assim, um crescimento descentralizado. As atividades</p><p>comerciais que antes estavam obrigatoriamente localizadas no centro, hoje,</p><p>encontram-se dispersas em diferentes pontos da cidade. Como aponta Corrêa</p><p>(1989, p. 44):</p><p>A tendência da Área Central, especialmente do núcleo central, é a de sua</p><p>rede�nição funcional, tornando-se o foco principal das atividades de gestão e de</p><p>escritórios de serviços especializados, enquanto o comércio varejista e certos</p><p>serviços encontram-se dispersos pela cidade. Questiona-se então até que ponto a</p><p>Área Central não é uma herança do passado, não sendo mais inteiramente</p><p>necessária para o capitalismo em sua fase atual.</p><p>Atualmente, na Geogra�a Urbana há esta questão em relação à importância da</p><p>área central, uma vez que as atividades comerciais têm se dispersado pela ci-</p><p>dade em centros secundários, e, especialmente, em shoppings que oferecem</p><p>mais segurança e mordomias (como ar-condicionado).</p><p>O centro urbano, especialmente o de grandes cidades, vem sofrendo um acele-</p><p>rado processo de degradação, como mostra a Figura 8.</p><p>: Jean-Robert Pitte (1998, p. 157).</p><p>Figura 8 Densidade demográ�ca e distância em relação ao centro.</p><p>A Figura 8 nos mostra a densidade demográ�ca por hora, na região central e</p><p>na periferia. Vemos que no horário comercial o centro apresenta uma grande</p><p>concentração de pessoas, porém, nos períodos fora do horário comercial, a</p><p>presença de pessoas é muito menor. O oposto ocorre na periferia, onde as</p><p>pessoas a tem como função de repouso. No período noturno, a área central se</p><p>esvazia.</p><p>Descentralização e subcentros</p><p>O centro não é a única forma de expressão da centralidade urbana. Como uma</p><p>organização espacial em contínua transformação, a cidade cresce, fazendo au-</p><p>mentar também sua capacidade de ofertar bens e serviços, tanto aos seus ha-</p><p>bitantes como aos residentes nas cidades de sua .</p><p>Esse processo vai gerar grandes incrementos no setor terciário da cidade, o</p><p>que fará expandir sua área central.</p><p>Acompanhando essa dinâmica, algumas atividades terciárias tipicamente</p><p>centrais irão alocar-se ao longo das vias de maior circulação de veículos, con-</p><p>�gurando novos eixos comerciais e de serviços. A esse processo, Spósito (1991,</p><p>p. 11) denomina “desdobramento” da área central, o qual se caracteriza pela:</p><p>[...] localização de atividades tipicamente centrais, mas de forma especializada. Ou</p><p>seja, nelas não se reproduz a alocação de todas as atividades tipicamente centrais,</p><p>mas selecionadamente de algumas destas.</p><p>Com o desenvolvimento desses eixos, a área central começa a perder espaço</p><p>como área de lazer noturno, pois neles irão alocar-se os clubes, bares, lancho-</p><p>netes, restaurantes etc., os quais têm grande capacidade de atrair especial-</p><p>mente a população jovem.</p><p>Esses eixos serão os pontos preferidos pelos empreendedores para alocarem</p><p>os novos supermercados, hipermercados, postos de gasolina, lojas de conveni-</p><p>ência, fast foods, concessionárias de automóveis, clínicas médicas etc., atrain-</p><p>do um público consumidor bastante seletivo, importando em signi�cativa per-</p><p>da de atratividade à área central (PATEIS, 2005).</p><p>Assim, observamos que a descentralização é um processo mais recente, que</p><p>ocorre por diversos fatores ocasionados</p><p>pelos problemas que a área central</p><p>apresenta. Entre eles, destacam-se (COLBY apud CORRÊA, 1989):</p><p>1. Valor elevado do preço da terra.</p><p>2. Congestionamentos e custos com transporte.</p><p>3. Di�culdade de expansão do empreendimento.</p><p>4. Restrições legais mais rígidas.</p><p>No entanto, para Colby (apud CORRÊA, 1989), a descentralização só ocorre caso</p><p>exista alguns pontos favoráveis, criando, assim, atração em áreas não cen-</p><p>trais. Alguns desses pontos favoráveis são:</p><p>1. Terras não ocupadas a baixos preços e impostos.</p><p>2. Infraestrutura implantada.</p><p>3. Facilidades de transportes.</p><p>4. Qualidades atrativas do sítio, como topogra�a e drenagem.</p><p>5. Possibilidade de controle do uso das terras.</p><p>Como resultado desses fatores elencados anteriormente, os subcentros, ou</p><p>centros secundários, ganham mais espaço e proliferam-se cada vez mais pela</p><p>cidade. De acordo com Corrêa (1989, p. 46):</p><p>A descentralização está também associada ao crescimento da cidade tanto em ter-</p><p>mos demográ�cos como espaciais, ampliando as distâncias entre a Área Central e</p><p>as novas áreas residenciais.</p><p>Os subcentros surgem da expansão das cidades e do aparecimento de novos</p><p>bairros que �cam afastados da área central. Nesses bairros afastados, é difícil</p><p>a locomoção de pessoas até o centro da cidade em busca de atividades comer-</p><p>ciais e serviços (PATEIS, 2005).</p><p>Assim, a partir da criação do subcentro a população pôde ter mais  acesso fá-</p><p>cil ao comércio e aos serviços, diminuindo o tempo e o valor gasto com via-</p><p>gens.</p><p>Segundo Villaça (1998, p. 10), “O subcentro consiste numa réplica em tamanho</p><p>menor do centro principal [...]”, uma vez que atende aos mesmos requisitos de</p><p>otimização de acesso apresentados anteriormente para o centro principal. A</p><p>diferença é que o subcentro apresenta tais requisitos apenas para uma parte</p><p>da cidade, enquanto o centro principal cumpre-os para toda a cidade</p><p>(VILLAÇA, 1998). Nesse sentido, os subcentros são importantes no intento de</p><p>trazer maior conforto à população local.</p><p>Concluímos, desse modo, que a descentralização torna o espaço urbano mais</p><p>complexo, com vários núcleos secundários de atividades, que atendem a po-</p><p>pulação local, evitando deslocamentos desnecessários.</p><p>A criação de subcentros bene�cia os moradores locais. Eles passam a gastar</p><p>menos tempo e dinheiro com deslocamentos desnecessários. Podem usufruir</p><p>melhor das atividades comerciais e serviços oferecidos e consumir mais, o</p><p>que traz maior renda ao capital produtivo comercial.</p><p>O bairro</p><p>De acordo com Carlos (1992, p. 36): “A cidade diferencia-se por bairros, alguns</p><p>em extremo processo de mudança; mas cada bairro isoladamente, impede o</p><p>entendimento da cidade em sua multiplicidade, em sua unidade”.</p><p>Assim, para estudarmos e compreendermos a cidade é preciso analisar o con-</p><p>junto, o todo. Isso porque estudar um único bairro não diz como é a cidade a</p><p>qual ele pertence.</p><p>Os bairros compõem as partes da cidade. Cada bairro é único, com caracterís-</p><p>ticas próprias que muitas vezes re�etem as características sociais da popula-</p><p>ção que nele vive.</p><p>Em vista disso, há bairros de diferentes padrões. Existem os mais nobres, com</p><p>casas de alto padrão, ruas arborizadas e bem cuidadas, com toda a infraestru-</p><p>tura; outros são de baixo padrão, com casas em construção ou inacabadas, on-</p><p>de a infraestrutura e equipamentos urbanos são escassos.</p><p>Os bairros possuem uma série de particularidades, o que permite diferenciá-</p><p>los pelo aspecto de suas casas. Por exemplo, casas antigas, em estilo colonial,</p><p>são características de bairros antigos. A diferença pode se dar, também, pela</p><p>especialização de suas funções. Um exemplo é o Brás na capital de São Paulo,</p><p>que concentra grande quantidade de lojas de vestimentas. O bairro pode se di-</p><p>ferenciar, ainda, pelas características da população (nível social, idade, etnia).</p><p>Segundo Ferreira (2004), o bairro constitui o espaço urbano familiar do citadino (aquele que habita a cida-</p><p>de).</p><p>Embora existam fronteiras que separam um bairro de outro, ou não, o traçado</p><p>viário permite que haja uma fácil integração entre eles.</p><p>9. Lugar: espaço urbano vivido e percebido</p><p>O conceito de lugar está presente nos debates da Geogra�a contemporânea. A</p><p>escala geográ�ca deve ser expressa em suas diferentes dimensões, pois há</p><p>uma inter-relação entre as diferentes escalas: a global, a nacional, a região e o</p><p>lugar. Assim, os acontecimentos mundiais podem ter consequência no lugar, e</p><p>vice-versa.</p><p>Conforme a Proposta Curricular do Estado de São Paulo (2008, p. 46):</p><p>O lugar traduz os espaços nos quais as pessoas constroem os seus laços afetivos e</p><p>subjetivos, pois pertencer a um território e fazer parte de sua paisagem signi�ca es-</p><p>tabelecer laços de identidade com cada um deles. É no lugar que cada pessoa busca</p><p>suas referências pessoais e constrói o seu sistema de valores e são estes valores</p><p>que fundamentam a vida em sociedade, permitindo a cada indivíduo indenti�car-</p><p>se como pertencente a um lugar, e, a cada lugar, manifestar os elementos que lhe</p><p>dão uma identidade única.</p><p>Ainda de acordo com a Proposta Curricular do Estado de São Paulo (2008), a</p><p>ideia de lugar tem forte relação com a de bairro, pois é  no bairro que passa-</p><p>mos a maior parte de nossas vidas.</p><p>O lugar na ciência geográ�ca é o espaço vivido e percebido pelo ser humano, é</p><p>aquele fortemente relacionado pelos seus sentimentos e sentidos. O bairro, a</p><p>praça, a rua de casa são espaços percorridos pelo caminhar e que são do coti-</p><p>diano e que dão signi�cado por meio do uso.</p><p>A geógrafa Ana Fani Carlos (1996, p. 45), em seu livro O lugar no/do mundo, faz</p><p>uma importante análise sobre o signi�cado de lugar na Geogra�a:</p><p>[...] (a metrópole) só pode ser vivida parcialmente, o que nos remeteria à discussão</p><p>do bairro como espaço imediato da vida das relações cotidianas mais �nas – as re-</p><p>lações de vizinhança, o ir às compras, o caminhar, o encontro dos conhecidos, o jo-</p><p>go de bola, as brincadeiras, o percurso de uma prática vivida/reconhecida em pe-</p><p>quenos atos corriqueiros, e aparentemente sem sentido, que criam laços profundos</p><p>de identidade, habitante-habitante, habitante-lugar. São lugares que o homem habi-</p><p>ta dentro da cidade que dizem respeito a seu cotidiano e a sua vida – onde se loco-</p><p>move, trabalha, passeia, �ana, isto é, pelas formas através das quais o homem se</p><p>apropria e que vão ganhando signi�cado dado pelo uso. [...] São a rua, a praça, o</p><p>bairro – espaços do vivido, apropriados através do corpo-, espaços públicos, dividi-</p><p>dos entre zonas de veículos e a calçada de pedestres, que dizem respeito ao passo e</p><p>a um ritmo que é humano e que pode fugir ao do tempo da técnica [...] É também o</p><p>espaço da casa e dos circuitos de compras, dos passeios, etc.</p><p>Portanto, o lugar faz parte do nosso cotidiano, é o espaço vivido e percebido. O</p><p>lugar é essencial a vida, é o lugar que dá sentido ao ser humano, como coloca</p><p>Milton Santos (1987, p. 81):</p><p>Cada homem vale pelo lugar onde está: o seu valor como produtor, consumidor, ci-</p><p>dadão depende da sua localização no território. Seu valor vai mudando, incessante-</p><p>mente, para melhor ou para pior, em função das diferenças de acessibilidade (tem-</p><p>po, freqüência, preço), independente de sua própria condição. Pessoas com as mes-</p><p>mas virtualidades, a mesma formação, até mesmo o mesmo salário têm valor dife-</p><p>rente segundo o lugar em que vivem: as OPORTUNIDADES SÃO AS MESMAS. Por</p><p>isso, a possibilidade de ser mais ou menos cidadão depende, em larga proporção, do</p><p>ponto do território onde se está. Enquanto um lugar vem a ser a condição de sua</p><p>pobreza, um outro lugar poderia, no mesmo momento histórico, facilitar o acesso</p><p>àqueles bens e serviços que lhes são teoricamente devidos, mas que, de fato lhe fal-</p><p>tam.</p><p>Na citação do professor Milton Santos, podemos perceber a importância do lu-</p><p>gar na vida humana e no entendimento do espaço geográ�co. Cada lugar tem</p><p>características únicas que vão imprimir particularidades ao cidadão que vive</p><p>e mora ali.</p><p>10. Leitura complementar: discussões urbanas</p><p>Segregação sócio espacial urbana</p><p>A segregação é um processo fundamental</p><p>para compreender a estrutura espa-</p><p>cial urbana. A segregação é uma forma de dominação. Como expõe Villaça</p><p>(1998, p. 35), “[...] é por meio da segregação que a classe dominante controla o</p><p>espaço urbano sujeitando-o aos seus interesses”.</p><p>Etimologicamente, o termo segregação refere-se ao ato ou efeito de segregar</p><p>(-se). O verbo segregar tem diferentes signi�cados, dentre os quais estão:</p><p>• separar, marginalizar;</p><p>• desligar, afastar e isolar.</p><p>Assim, o termo segregação sócio espacial refere-se ao processo de separação e</p><p>marginalização social que vem ocorrendo nas cidades devido à rápida expan-</p><p>são urbana que estas vêm apresentando nas últimas décadas. Isso faz com</p><p>que as populações de baixa renda se concentrem nas áreas periféricas,</p><p>isolando-se da cidade, o que ocasiona uma diferenciação e divisão social do</p><p>espaço da cidade (SPÓSITO, 1996).</p><p>Com a Revolução Industrial, houve uma forte intensi�cação do processo de ur-</p><p>banização das cidades, assim como um aumento no número e tamanho das</p><p>cidades como nunca antes ocorrera. As cidades �caram mais populosas e</p><p>também mais extensas, o que acabou ocasionando um processo de fragmen-</p><p>tação da cidade e, numa tendência à separação das partes da cidade em razão</p><p>de interesses fundiários e imobiliários, acabou provocando uma forte segrega-</p><p>ção urbana, na qual a população de menor renda localiza-se nas áreas perifé-</p><p>ricas,  já que nessas áreas estão os terrenos mais baratos, em consequência da</p><p>falta de infraestrutura e pior acessibilidade, enquanto a população de mais al-</p><p>ta renda concentra-se no centro da cidade e áreas com melhor infraestrutura</p><p>e melhor acessibilidade.</p><p>De acordo com Carlos (1992, p. 10):</p><p>[...] a cidade cresceu, expandiu seus limites, dispersou-se em periferias cada vez</p><p>mais distantes reproduzindo uma hierarquia espacial diferenciada que se articula</p><p>ao processo de apropriação que determina os usos e produz guetos, rede�nindo o</p><p>uso do espaço público e privado.</p><p>A segregação é algo que vem se intensi�cando nas cidades aliado ao aumento</p><p>das desigualdades sociais, aumentando a exclusão social, especialmente da</p><p>população de menor renda. O que se re�ete na estrutura socioespacial da cida-</p><p>de.</p><p>Hoje vemos um aumento no número de condomínios fechados. Neles, a elite</p><p>se esconde e se segrega do restante da cidade (o que alguns pesquisadores co-</p><p>locam como uma volta ao feudalismo), tornando cada vez mais nítida a sepa-</p><p>ração entre as classes sociais. Esse fato gera não só problemas sociais, como</p><p>também problemas relacionados à estruturação e à con�guração da cidade,</p><p>pois os muros dos condomínios fechados impedem a livre circulação de car-</p><p>ros e pessoas.</p><p>As Figuras 9, 10, 11 e o mapa da Figura 12 apresentam imagens que re�etem a</p><p>segregação urbana.</p><p>Figura 9 Condomínio fechado.</p><p>Propaganda utilizada por imobiliárias para promover condomínios fechados.</p><p>Figura 10 Barreira de entrada para condomínio fechado.</p><p>Figura 11 Segregação sócio-espacial: prédios nobres x moradias precárias.</p><p>: IPEA (2002).</p><p>Figura 12 Região Metropolitana de São Paulo – segregação espacial da renda familiar superior a 15 salários mínimos</p><p>(1987).</p><p>Todas essas imagens nos mostram o processo de segregação urbana vivenci-</p><p>ado nas cidades. As pessoas se isolam em condomínios fechados. Vemos a</p><p>pobreza de favelas dividindo o espaço com prédios de alto luxo. No último ma-</p><p>pa (Figura 12), podemos ver a concentração de pessoas de maior poder econô-</p><p>mico no centro e a população de menor renda vivendo na periferia, em que o</p><p>acesso a infraestrutura muitas vezes é precário.</p><p>Localização e acessibilidade</p><p>Para Santos (1987, p. 30): “Cada homem vale pelo lugar onde está, o seu valor</p><p>como produtor, consumidor, cidadão depende de sua localização no território”.</p><p>Segundo Villaça (1998, p. 10): “A localização resulta do esforço do homem que</p><p>inconscientemente visa um menor deslocamento; é um produto do homem</p><p>sobre a natureza”.</p><p>Uma boa localização pode trazer melhores vantagens econômicas e sociais à</p><p>população e aos investidores. Sobre isso, veja a a�rmação de Villaça (1998, p.</p><p>35):</p><p>[...] entende-se por localização os atributos de um ponto do território que de�nem</p><p>suas possibilidades de relacionamento com os demais pontos desse mesmo territó-</p><p>rio. No caso do espaço urbano, o relacionamento mais importante é aquele que en-</p><p>volve contatos diretos entre pessoas e por isso exigem deslocamento espacial do</p><p>ser humano e, conseqüentemente , há gasto de seu tempo.</p><p>A localização é um atributo do espaço, cuja base é a terra, que passa a se valo-</p><p>rizar, por estar num lugar privilegiado. Conforme Villaça (1998, p. 36), “[...] no</p><p>modo de produção capitalista as localizações são mercadorias inseparáveis de</p><p>sua base material, que é a terra, a localização é produzida e distribuída como</p><p>valor de troca”.</p><p>A análise da localização, segundo Richardson (1978), deve considerar três fa-</p><p>tores de importância na economia urbana:</p><p>• Mecanismos de mercado e restrições sob as quais eles operam.</p><p>• Economias de aglomeração.</p><p>• Custo de transportes.</p><p>Os mecanismos de mercado decorrem de contratos livres entre fornecedores e</p><p>compradores de terras, da competição pelo terreno urbano, em busca do me-</p><p>lhor ponto.</p><p>A característica principal do mercado de terreno urbano é que o preço do ter-</p><p>reno é uma função inversa da distância do centro: quanto mais distante mais</p><p>barato �ca. As economias de aglomeração geram maior atração e, por conse-</p><p>guinte, um ambiente favorável ao desenvolvimento.</p><p>O custo de transportes favorece a acessibilidade aos lugares. Uma vez que</p><p>existe um deslocamento diário de pessoas ao centro, em busca de atividades e</p><p>serviços, o custo de transportes passa a exercer papel fundamental, pois dimi-</p><p>nui o custo e aumenta o tempo disponível das pessoas.</p><p>A melhor localização é aquela que reúne todas as necessidades do ser huma-</p><p>no, como comércio, serviços, áreas de lazer etc. O centro da cidade é o local</p><p>que possui todas essas características. Logo, é fundamental à cidade, pois nele</p><p>encontram-se todos os serviços e atividades comerciais necessárias, concen-</p><p>tradas em um ponto principal, com fácil acessibilidade, aumentando o tempo</p><p>disponível e minimizando o custo de deslocamento das pessoas. Quando se</p><p>compra um terreno no centro, compra-se também tempo, acessibilidade, lazer</p><p>e serviços (CORRÊA, 1989).</p><p>A expansão urbana das cidades ocorre tanto em termos demográ�cos quanto</p><p>espaciais. Amplia as distâncias entre a área central e as novas áreas residen-</p><p>ciais, diminuindo, cada vez mais, a acessibilidade dos moradores das áreas</p><p>periféricas. Langenbuch (1983, p. 55) complementa essa ideia dizendo que “[...]</p><p>no cotidiano do morador da cidade, o tempo dispendido nos deslocamentos é</p><p>inócuo: além de não contribuir para seu ganho geralmente não contribui para</p><p>seu lazer”.</p><p>A grande expansão urbana tem aumentado muito as áreas periféricas. Essas</p><p>regiões, por possuírem terrenos mais baratos, são habitadas pela população de</p><p>baixa renda, que, sofrendo com a falta de acessibilidade às áreas de comércio,</p><p>serviço e lazer, gasta mais tempo com deslocamentos e tem maior custo com</p><p>transporte, prejudicando a qualidade de vida.</p><p>Periferia</p><p>Veja o que diz Paviani (1983, p. 44)</p><p>[...] a periferia não é só a expansão física da cidade para as áreas periurbanas, cons-</p><p>tituindo um processo espacial, mas também como áreas com problemas de inaces-</p><p>so (econômico e social) aos bens e serviços por parte de um considerável contin-</p><p>gente.</p><p>A periferia é re�exo da exploração do trabalho, característica do</p><p>desenvolvimento econômico adotado no país. Como expõe Kowarick (1993, p.</p><p>44),</p><p>[...] a periferia como fórmula de reproduzir nas cidades a força de trabalho é</p><p>conseqüência direta do tipo de desenvolvimento econômico que se processou na</p><p>sociedade brasileira das últimas décadas. Possibilitou, de um lado, altas taxas de</p><p>exploração de trabalho e, de outro, forjou formas espoliativas que se dão no nível da</p><p>própria condição urbana de existência a que foi submetida a classe trabalhadora.</p><p>A classe trabalhadora passa</p><p>a buscar formas de moradias a baixo custo,</p><p>passando a morar em lugares distantes da área central. Assim, novas áreas</p><p>são incorporadas à cidade, por meio da ação do mercado imobiliário. Como</p><p>coloca Paul Singer (1980, p. 23),</p><p>A produção do espaço urbano se dá, em geral, pela incorporação à cidade de glebas</p><p>que antes tinham uso agrícola. O seu custo de produção é, nestes casos, equivalente</p><p>à renda (agrícola) da terra que se deixa de auferir. [...] Como a demanda por solo</p><p>urbano muda frequentemente, dependendo em última análise, do próprio processo</p><p>de ocupação do espaço pela expansão do tecido urbano, o preço de determinada</p><p>área deste espaço está sujeito a oscilações violentas, o que torna o mercado</p><p>imobiliário essencialmente especulativo.</p><p>Santos (1993, p. 106), numa discussão sobre a organização interna das cidades,</p><p>evidencia as problemáticas existentes em todas elas, em diferentes graus.</p><p>Para o autor, a especulação imobiliária e a produção de periferias fazem parte</p><p>de um círculo vicioso:</p><p>As cidades são grandes porque há especulação e vice-versa; há especulação porque</p><p>há vazios e vice-versa; porque há vazios as cidades são grandes. O modelo rodoviá-</p><p>rio urbano é fator do crescimento disperso e de espraiamento da cidade. Havendo</p><p>especulação, há criação mercantil da escassez e acentua-se o problema do acesso à</p><p>terra e à habitação. Mas o dé�cit de residências também leva à especulação, e os</p><p>dois juntos conduzem à periferização da população mais pobre e, de novo, ao au-</p><p>mento do tamanho urbano. As carências em serviços alimentam a especulação,</p><p>pela valorização diferencial das diversas frações do território urbano. A organiza-</p><p>ção dos transportes obedece a essa lógica e torna ainda mais pobres os que devem</p><p>viver longe dos centros, não apenas porque devem pagar caro seus deslocamentos</p><p>como porque os serviços e bens são mais dispendiosos nas periferias. E isso forta-</p><p>lece os centros em detrimento das periferias, num verdadeiro círculo vicioso.</p><p>Vale ressaltar que os vazios urbanos são espaços não construídos na cidade</p><p>(grandes terrenos) à espera de valorização, por meio da instalação de infraes-</p><p>trutura e equipamentos públicos no seu entorno, pelo poder público.</p><p>A dinâmica de ocupação do solo urbano, produzida pelo mercado imobiliário,</p><p>gera vazios urbanos, tendo em vista sua posterior valorização, causando a</p><p>fragmentação do espaço urbano (CAMPOS FILHO, 2001).</p><p>Para romper com esse círculo vicioso deveria existir maior intervenção do po-</p><p>der público. Desse modo, o crescimento e a expansão das cidades ocorreriam</p><p>de forma planejada, e não de forma aleatória, conforme os anseios das classes</p><p>dominantes, do capital.</p><p>Nesse processo de crescimento e de expansão urbana, a população de menor</p><p>renda é a mais prejudicada, pois vê na periferia da cidade a possibilidade de</p><p>moradia a um menor custo, como os loteamentos produzidos para famílias de</p><p>baixa renda.</p><p>Muitas vezes, esses loteamentos são irregulares, desprovidos de qualquer in-</p><p>fraestrutura, localizando-se em áreas impróprias para o estabelecimento hu-</p><p>mano, tais como áreas de proteção ambiental e de risco como encostas e vár-</p><p>zeas.</p><p>Na periferia a qualidade de vida dos habitantes é precária, visto que eles se de-</p><p>param com diversos problemas, como a segregação social, a falta de acessibi-</p><p>lidade, a falta de infraestrutura e outros.</p><p>Segundo Grostein (1987), os loteamentos periféricos caracterizam-se pela ca-</p><p>rência de serviços públicos em dois níveis: de infraestrutura (esgotos, pavi-</p><p>mentação de vias, escoamento de águas pluviais, traçado viário inclinado etc.)</p><p>e de superestrutura (escolas, postos de saúde, creches, transporte coletivo, co-</p><p>leta de lixo e outros).</p><p>Os problemas vividos nas periferias são muitos, tanto os sociais como os am-</p><p>bientais, o que tem gerado uma degradação cada vez maior do meio ambiente</p><p>e da qualidade de vida urbana.</p><p>A periferia rica ou periferia verde</p><p>Nos últimos anos, podemos ver uma crescente ocupação da periferia pelas</p><p>classes média e alta. Elas procuram fugir do caos da cidade, como a poluição,</p><p>a violência, os congestionamentos etc., buscando, um ambiente tranquilo, de</p><p>paisagem agradável, de modo a garantir melhor qualidade de vida.</p><p>Esse deslocamento das classes mais elevadas foi propiciado, entre outros</p><p>motivos, pela melhoria nas rodovias e avenidas, pela construção de estradas</p><p>modernas e de alta velocidade, possibilitando a diminuição de barreiras e</p><p>maior rapidez no deslocamento.</p><p>No entanto, a ocupação dessa “periferia rica” ou “periferia verde”, como chama</p><p>Scarlato (1995), se dá, na maioria das vezes, pela implantação de condomínios</p><p>fechados, acentuando ainda mais o problema da segregação social nas</p><p>cidades.</p><p>Muitas vezes, essas ocupações ocorrem em áreas de preservação ambiental e</p><p>em áreas rurais, o que o Instituto Pólis (2004, p. 87) denomina de</p><p>“condomínios rurais”:</p><p>[...] são glebas na zona rural dos municípios loteadas e utilizadas como</p><p>condomínios, ou seja, cada proprietário recebe uma fração ideal da área, sem que</p><p>ela seja o�cialmente urbanizada. Os lotes são frequentemente utilizados para �ns</p><p>urbanos, como chácaras, sítios, ou casas para o lazer de �m de semana.</p><p>Dessa forma, a produção de periferias, ricas ou pobres, ocorre ao descaso do</p><p>poder público, por meio de loteamentos ilegais: clandestinos e irregulares,</p><p>trazendo danos e impactos ao meio ambiente e à cidade.</p><p>Qualidade de vida urbana</p><p>A qualidade de vida urbana é um tema que ganhou grande importância a par-</p><p>tir da década de 1960, com a crescente urbanização das cidades brasileiras e a</p><p>necessidade de melhores infraestrutura e planejamento urbano.</p><p>Desse modo, o crescimento econômico do país e a urbanização trazem, tam-</p><p>bém, preocupações com o desenvolvimento social e com a busca por melhor</p><p>qualidade de vida.</p><p>Wilheim (1976, p. 29) de�ne qualidade de vida como:</p><p>[...] a sensação de bem-estar do indivíduo. Esta sensação depende de fatores objeti-</p><p>vos e externos, assim como de fatores subjetivos e internos. O ambiente pode in-</p><p>�uir sobre ambas as categorias de fatores, mas com e�ciência em momentos diver-</p><p>sos.</p><p>Sobre o termo, Figueiredo (2001, p. 211) a�rma que:</p><p>[...] a de�nição do tema qualidade de vida pode variar de indivíduo para indivíduo,</p><p>com diferentes status de cultura e renda, em função da amplitude de elementos ob-</p><p>jetivos, subjetivos e coletivos envolvidos na questão.</p><p>Segundo Troppmair (1992, p. 13), “[...] qualidade de vida são os parâmetros físi-</p><p>cos, químicos, biológicos, psíquicos e sociais que permitam o desenvolvimento</p><p>harmonioso, pleno e digno da vida”. Assim, uma boa qualidade de vida possi-</p><p>bilita ao homem melhor convivência com o seu meio.</p><p>Conforme Wilheim (1976, p. 75), “[...] é necessário investigar os mecanismos e</p><p>os fatores que constituem a qualidade de vida e veri�car quais fatores poderi-</p><p>am ser realmente considerados”.</p><p>Nesse sentido, o autor faz um levantamento do que considera essencial no es-</p><p>tudo de qualidade de vida urbana. Em primeiro lugar, para o cidadão ter o mí-</p><p>nimo de qualidade de vida, ele deve ter acesso aos direitos básicos: alimenta-</p><p>ção de subsistência, cuidado com a saúde mental, segurança em relação ao</p><p>emprego e a uma renda, além de um grau mínimo de instrução (alfabetiza-</p><p>ção).</p><p>Em seguida, Wilheim (1976) menciona outros fatores complementares, mas</p><p>não menos importantes para uma boa qualidade de vida. É claro que a impor-</p><p>tância de cada fator pode alterar conforme a região de estudo e a classe social</p><p>das pessoas. Segundo Wilheim (1976, p. 10), “[...] o grau de demanda pode</p><p>alterar-se de um fator para outro em função do grupo social a que pertença o</p><p>indivíduo ou, através do tempo, em função da mudança de padrões”.</p><p>Assim, Wilheim (1976) destaca como fatores complementares: , que</p><p>seria a sensação de bem-estar, um sentimento de realização pessoal e satisfa-</p><p>ção sensorial (música, paisagem bonita); , o bem-estar físico, do ho-</p><p>mem com o meio ambiente (ar, água, paisagem despoluída, limpeza);</p><p>, importante</p><p>para a recuperação física e para ; ,</p><p>que se divide em familiar (TV, eletrodomésticos, sentimento de possuir coisas</p><p>– o valor dado a cada equipamento difere no tempo e por grupo social) e cole-</p><p>tivo (serviços como pavimentação, rede de esgoto, água, luz etc.).</p><p>Wilheim (1976, p. 34) ressalta, ainda, que:</p><p>[...] o conforto oferecido pelo equipamento coletivo dependerá de sua acessibilidade,</p><p>o que implica dizer: sua existência, sua adequação à disponibilidade �nanceira dos</p><p>usuários e sua distância dentro dos limites confortáveis.</p><p>Nesse sentido,  é necessário que os equipamentos se adaptem ao modo de vida</p><p>da população, pois a sensação de uma vida equipada é importante para o bem-</p><p>estar e conforto do indivíduo na sociedade de consumo.</p><p>Outros fatores apontados pelo autor são: que seria a preservação</p><p>da segurança física contra a agressão, assaltos e roubos (perigos da vida urba-</p><p>na), e , que abrange a liberdade de escolha, de expressão, de movi-</p><p>mento (acessibilidade), de informação e de opção econômica. Observe a Figura</p><p>13.</p><p>: Wilheim (1976, p. 15).</p><p>Figura 13 Qualidade de vida e bem-estar.</p><p>A Figura 13 mostra-nos todos os elementos a serem analisados no estudo da</p><p>qualidade de vida urbana, é fundamental que o poder público trabalhe para</p><p>oferecer todos esses elementos a sociedade, para que seja possível alcançar o</p><p>melhor bem-estar da sociedade.</p><p>Diante dos textos, vimos que as cidades possuem variações de lugar para lu-</p><p>gar, variam no espaço e no tempo. Diferentes con�gurações e modos de vida</p><p>de�nem a cidade, que tem a concentração de pessoas, serviços e mercadorias</p><p>como seus elementos formadores. Vimos os principais itens que compõem</p><p>uma cidade, quais os fatores levam a descentralização e a formação de sub-</p><p>centros, e vimos, também, que foram desenvolvidos modelos para auxiliar o</p><p>estudo da estrutura urbana.</p><p> Dica de leitura!</p><p>O texto complementar sobre discussões urbanas nos apresenta o proces-</p><p>so da segregação socioespacial urbana, algo fundamental para compre-</p><p>ender a estrutura espacial urbana. Vamos aprofundar neste processo re-</p><p>alizando a leitura das páginas 17 a 37 na obra a seguir:</p><p>VASCONCELOS, P. A. Contribuição para o debate sobre processos e formas</p><p>socioespaciais nas cidades. In. VASCONCELOS, P. A.; CORRÊA, R. L.;</p><p>PINTAUDI, S. M. (Org.). A cidades contemporânea: segregação espacial.</p><p>São Paulo: Contexto, 2013. Faça a sua busca pelo nome da obra na página</p><p>da Biblioteca Virtual Pearson.</p><p>Práticas sócio espaciais e con�itos socioambientais: di-</p><p>mensões da análise urbana</p><p> Pronto para saber mais?</p><p>Neste tópico, indicamos a leitura de três textos do livro Geogra�a Urbana</p><p>Crítica (2018), que pode ser encontrado na Biblioteca Pearson Pearson. O</p><p>nos leva a pensar a noção de prática socioespa-</p><p>cial, como um re�exo da reprodução social capitalista. Além disso, apre-</p><p>senta a noção de prática socioespacial para a Geogra�a, remetendo "ao</p><p>modo como o espaço é produzido socialmente e, sobretudo, ao modo co-</p><p>mo ele é vivido", citando parágrafo do texto. E �naliza trazendo a discus-</p><p>são para o espaço urbano.</p><p>"[...] se a luta pela cidadania hoje é cada vez mais uma luta pelo espaço</p><p>da reprodução da vida e demanda uma prática socioespacial revolucio-</p><p>nário ao nível do cotidiano", como o autor escreve, então podemos suge-</p><p>rir a próxima leitura, a da prática socioespacial da resistência</p><p>E para �nalizar, sugerimos a leitura do texto que foi base para a elabora-</p><p>ção deste tópico, que se propõe identi�car e analisar "alguns conjuntos</p><p>temáticos e conceituais e dimensões pertinentes para o debate da plura-</p><p>lidade teórico-metodológica na Geogra�a atual", por meio das dimensões</p><p>dos con�itos socioespaciais, socioambientais e representações: dimen-</p><p>sões da análise urbana .</p><p>Agora, você será convidado a estudar dois temas de grande importância para</p><p>a compreensão da organização do território brasileiro: a urbanização brasilei-</p><p>ra, a rede urbana e o crescimento e expansão das cidades.</p><p>11. Urbanização brasileira</p><p>O objetivo aqui não é fazer uma retrospectiva do longo processo de urbaniza-</p><p>ção brasileira, ou seja, buscar suas origens no período colonial, na república e</p><p>na ditadura vividas nesse país. A abordagem desse primeiro tópico tem como</p><p>objetivo destacar o processo de urbanização brasileira e as modi�cações re-</p><p>sultantes desse processo.</p><p>Assim, buscaremos entender o crescimento das cidades e a dinâmica territori-</p><p>al envolvida. Para tanto, utilizaremos como base de nossos estudos a obra A</p><p>urbanização brasileira do professor Milton Santos (1993).</p><p>Se comparado a países europeus, o processo de urbanização brasileira é bas-</p><p>tante recente. Na Europa, a urbanização dos países desenvolvidos acompa-</p><p>nhou a Revolução Industrial, ocorrida no �nal do século 18 na Inglaterra. No</p><p>Brasil, esse fato ocorreu efetivamente em meados do século 20, e de forma</p><p>acelerada.</p><p>A urbanização brasileira, inicialmente, ocorreu na faixa litorânea e, somente</p><p>nas últimas décadas, espalhou-se pelo interior do território. Veja o crescimen-</p><p>to populacional dos estados nos mapas da Figura 14.</p><p>: PNOT (2006, p. 60).</p><p>Figura 14 Crescimento populacional dos estados.</p><p>Analisando os mapas, vemos que os estados que compõem a costa litorânea</p><p>brasileira foram os que tiveram maior crescimento populacional. Como vimos,</p><p>somente a partir da década de 1960 é que alguns estados do interior do país</p><p>começam a apresentar crescimento, o que só ocorreu efetivamente a partir da</p><p>década de 1980.</p><p>O Brasil apresenta não apenas cidades milionárias, mas também cidades in-</p><p>termediárias (médias) e cidades locais (pequenas). Porém, segundo Santos</p><p>(1993, p. 10), “[...] todas adotando um modelo geográ�co de crescimento esprai-</p><p>ado, com um tamanho desmesurado que é causa e efeito da especulação”.</p><p>A cidade representa, tanto em suas relações sociais quanto em seu aspecto</p><p>material, a concentração da pobreza. Seja no seu modelo socioeconômico, seja</p><p>em sua estrutura física, segregada e desigual. Como ressalta Santos (1993, p.</p><p>11):</p><p>Ao longo do século, mas, sobretudo, nos períodos mais recentes, o processo brasi-</p><p>leiro de urbanização revela uma crescente associação com o da pobreza, cujo lócus</p><p>passa a ser, cada vez mais, a cidade, sobretudo a grande cidade. O campo brasileiro</p><p>moderno repele os pobres, e os trabalhadores da agricultura capitalizada vivem ca-</p><p>da vez mais nos espaços urbanos. A indústria se desenvolve com a criação de pe-</p><p>queno número de empregos, e o terciário associa formas modernas a formas primi-</p><p>tivas que remuneram mal e não garantem a ocupação.</p><p>O autor Nestor Gourlart Rei Filho (apud SANTOS, 1993), realizou um estudo so-</p><p>bre a urbanização do Brasil, do descobrimento até 1720, e constatou que até o</p><p>�nal desse período, o Brasil contava apenas com 63 vilas e oito cidades.</p><p>Ainda, segundo o autor, somente a partir do século 18 a urbanização se desen-</p><p>volve. A casa da cidade passa a ter mais importância que a propriedade rural e</p><p>o senhor de engenho só volta para o campo no período do corte e da moenda</p><p>da cana. Todavia, só no século 19 a urbanização brasileira ganha maturidade,</p><p>e somente no século 20 adquire as características que conhecemos hoje.</p><p>No �nal do século 19, ocorre a primeira aceleração do fenômeno. Em 1872,</p><p>eram 5,9% de urbanos; em 1900, esse número salta para 9,4%. Já no início do</p><p>século 20, a urbanização brasileira apresenta números cada vez mais crescen-</p><p>tes. Enquanto no período colonial até o �nal do século 19 o índice de urbaniza-</p><p>ção cresceu apenas 4%, de 1920 a 1940 esse número triplica, passando a 31,24%</p><p>(SANTOS, 1993). Durante muitos séculos, o Brasil foi “um grande arquipélago”,</p><p>o qual, segundo Santos (1993), era formado por subespaços que evoluíam de</p><p>acordo com lógicas próprias.</p><p>No entanto, esse quadro foi relativamente quebrado no �nal do século 19, em</p><p>decorrência da crescente produção do café no Estado de São Paulo, que se tor-</p><p>nou polo dinâmico dos estados mais ao sul do país. A concentração do capital</p><p>em São Paulo possibilitou a implantação de estradas de ferro, portos, meios de</p><p>comunicação, dando</p><p>maior �uidez a essa parte do território. “Trata-se, porém,</p><p>de uma integração limitada, do espaço e do mercado, de que apenas participa</p><p>uma parcela do território nacional” (SANTOS, 1993, p. 29). Observe na Figura</p><p>15, a dinâmica da urbanização brasileira.</p><p>: Théry e Mello (2005, p. 30).</p><p>Figura 15 Do arquipélago ao continente.</p><p>É com base nessa dinâmica que ocorre o processo de industrialização do terri-</p><p>tório. O Estado de São Paulo passa a ser polarizador do �uxo de capital e de</p><p>pessoas no território brasileiro, situação que se estende por um bom tempo.</p><p>Na década de 1930, a industrialização brasileira ganha impulso com as condi-</p><p>ções políticas e organizacionais favoráveis. Entre 1940 e 1950, esta é a lógica</p><p>da industrialização que prevalece. Conforme expõe Milton Santos (1993, p. 30),</p><p>a industrialização pode ser entendida como:</p><p>[...]  processo social complexo, que tanto inclui a formação de um mercado nacio-</p><p>nal, quanto aos esforços de equipamento do território para torná-lo integrado, como</p><p>a expansão do consumo em formas diversas, o que impulsiona a vida de relações</p><p>(leia-se terceirização) e ativa o próprio processo de urbanização.</p><p>A urbanização, concomitantemente à industrialização, perpassa a esfera regi-</p><p>onal e se expande pelo território nacional, embora em diferentes proporções. A</p><p>urbanização ocorre juntamente com o aumento na densidade demográ�ca,</p><p>tanto nas cidades médias e grandes, quanto nas capitais.</p><p>Durante séculos, o Brasil foi um país agrícola. Esse quadro, entretanto, reverte-</p><p>se no século 20. No período entre 1940 e 1980, há uma inversão quanto ao lugar</p><p>de habitação da população brasileira, que se torna predominantemente urba-</p><p>na. Em 1940, a taxa de urbanização era de 26,35%; em 1980 já alcançava 68,86%;</p><p>assim, em 40 anos, a população urbana mais que dobrou. Esse crescimento é</p><p>apresentado nos grá�cos das Figuras 16 e 17.</p><p>: adaptado de Santos (1993, p. 32).</p><p>Figura 16 Variação da população total do Brasil (em mil habitantes).</p><p>: adaptado de Santos (1993, p. 32).</p><p>Figura 17 Variação da população urbana do Brasil (em mil habitantes).</p><p>Os grá�cos ressaltam o crescimento da população brasileira nas décadas de</p><p>1940 a 1980, em especial da população urbana, que de 1940 para 1980 mais do</p><p>que triplica.</p><p>O acelerado processo de urbanização e crescimento populacional, que ocorre</p><p>após a Segunda Guerra Mundial, é consequência, de acordo com Santos (1993,</p><p>p. 33): “[...] de uma natalidade elevada e de uma mortalidade em descenso, cu-</p><p>jas causas essenciais são os progressos sanitários, a melhoria relativa nos pa-</p><p>drões de vida e a própria urbanização”.</p><p>Nas décadas de 1940 a 1950, a taxa de natalidade era de 44,4%, mas, com o ele-</p><p>vado índice de mortalidade, ela passou a ser de 20,6%. Já na década de 1950 a</p><p>1960, além de a taxa de natalidade continuar alta, 43,3%, a de mortalidade</p><p>apresenta quedas, 13,4%. Esses dados mostram uma melhoria nas condições</p><p>de vida (ROSSINI, 1985).</p><p>Após a Segunda Guerra Mundial, passa a existir uma maior integração do ter-</p><p>ritório. As estradas de ferro ampliam-se e conectam-se em diferentes partes.</p><p>Há, também, a construção de rodovias, tornando o deslocamento mais rápido.</p><p>Assim, ocorre um grande investimento em infraestrutura, interligando diver-</p><p>sas partes do território com a região polar do país.</p><p>Com o golpe de Estado de 1964, os investimentos em infraestrutura aumen-</p><p>tam, consolidando o processo de integração do território. O país, no processo</p><p>de internacionalização econômica, torna-se grande exportador, especialmente</p><p>de produtos agrícolas. A classe média amplia-se, os pobres deixam-se seduzir</p><p>pelo consumo diversi�cado e há a ampliação do crédito, fatores que levam à</p><p>expansão industrial no país (SANTOS, 1993).</p><p>As regiões brasileiras apresentam grandes diferenças na organização territo-</p><p>rial e urbana. As regiões ao sul possuem alta taxa de urbanização, enquanto as</p><p>situadas ao norte do país apresentam taxas menores. Há uma falta de uni�ca-</p><p>ção dos transportes, das comunicações e do mercado no território. Por conse-</p><p>guinte, o fenômeno da urbanização não ocorre de forma homogênea e genera-</p><p>lizada sobre o espaço nacional.</p><p>Como escreve Santos (1993, p. 67):</p><p>No Sul e no Sudeste, onde existe uma rede urbana mais desenvolvida, a interação</p><p>entre as cidades acelera o processo de divisão territorial do trabalho que lhes deu</p><p>origem e, por sua vez, vai permitir o avanço dos índices de urbanização, renovando</p><p>assim, num círculo virtuoso, os impulsos para um novo patamar na divisão inter-</p><p>nacional do trabalho. Enquanto isso, os índices de urbanização �cam estagnados</p><p>ou evoluem lentamente no Norte, onde devemos esperar os anos 1960 para que a si-</p><p>tuação se desbloqueie, graças ao desenvolvimento das comunicações e do consu-</p><p>mo e à amplitude maior do intercâmbio com as demais regiões do País, graças à in-</p><p>dustrialização e à modernização da sociedade e do Estado.</p><p>No período de 1960, e, especialmente, 1970, o país passa por um processo de</p><p>modernização. Com o investimento em infraestrutura (transporte, comunica-</p><p>ção), a urbanização recebe novas características, ganhando, assim, uma nova</p><p>dinâmica territorial.</p><p>Cidades com mais de 20 mil habitantes</p><p>Na década de 1970, a urbanização entra em um novo patamar com ganhos</p><p>tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo. Na década de 1950, tive-</p><p>mos uma revolução demográ�ca, com uma urbanização aglomerada, com au-</p><p>mento no número de população e de cidades intermediárias, para depois atin-</p><p>gir a metropolização, com o aumento das cidades milionárias e de grandes ci-</p><p>dades médias.</p><p>Santos (1993, p. 77) ressalta que:</p><p>É a partir dos anos 1950 que se nota mais francamente uma tendência à aglomera-</p><p>ção da população e da urbanização. Os núcleos com mais de 20 mil habitantes</p><p>vêem crescer sua participação no conjunto da população brasileira, passando de</p><p>pouco menos de 15% do total em 1940 para quase o dobro (28,43%) em 1960, para</p><p>constituir mais de metade (51%) da população em 1980. Esses mesmos núcleos com</p><p>mais de 20 mil habitantes reuniam quase metade (47,7%) da população urbana em</p><p>1940, mais de três quintos (63,64%) em 1960 e mais de três quartos (75, 48%) em</p><p>1980.</p><p>Os mapas da Figura 18 apresentam a evolução das cidades com mais de 20 mil</p><p>habitantes, entre 1950 e 1996.</p><p>: Santos e Silveira (2001, p. 42).</p><p>Figura 18 Cidades com mais de 20 mil habitantes: 1950 e 1996.</p><p>Por meio dos mapas (Figura 18), é possível observar o aumento de cidades com</p><p>mais de 20 mil habitantes, evidenciando o processo de urbanização.</p><p>Cidades com mais de 100 mil habitantes</p><p>A Figura 19 apresenta um grá�co que mostra o aumento no número de cidades</p><p>com mais de 100 mil habitantes.</p><p>: adaptado de Santos e Silveira (2001, p. 205).</p><p>Figura 19 Evolução das aglomerações urbanas (com mais de 100 mil habitantes) no país.</p><p>Observa-se pelo grá�co (Figura 19) que, enquanto em 1940 eram apenas 12 ci-</p><p>dades em todo o país, em 1996, esse número passa a ser de 175. Veja os mapas</p><p>na Figura 20.</p><p>: Santos e Silveira (2001, p. 43).</p><p>Figura 20 Cidades com mais de 100 mil habitantes: 1950 e 1996.</p><p>Conforme Andrade e Serra (1998, p. 3), “[...] as cidades intermediárias (entre 50</p><p>mil e 500 mil habitantes), que em 1970 detinham 19,1% da população urbana</p><p>nacional, passaram, em 1991, a agrupar quase 1/3 desta mesma população”.</p><p>Cidades milionárias e metropolização</p><p>As cidades com mais de um milhão de habitantes (cidades milionárias) eram</p><p>apenas duas em 1960 (São Paulo e Rio de Janeiro). Passam a ser cinco em</p><p>1970, dez em 1980 e cerca de 15 em 2000.</p><p>O fenômeno da macrourbanização e metropolização ganha cada vez mais im-</p><p>portância, em seus diferentes aspectos. Como destaca Santos (2001, p. 206):</p><p>[...] concentração da população e da pobreza, contemporânea da rarefação rural e</p><p>da dispersão geográ�ca das classes médias; concentração das atividades relacio-</p><p>nais modernas, contemporânea da dispersão geográ�ca da população física; locali-</p><p>zação privilegiada da crise de ajustamento às mudanças na divisão internacional</p><p>de trabalho e às suas repercussões internas, o que inclui</p><p>a crise �scal; “involução</p><p>metropolitana”, com a coexistência de atividades com diversos níveis de capital,</p><p>tecnologia, organização e trabalho; maior centralização da irradiação ideológica,</p><p>com a concentração dos meios de difusão das idéias, mensagens e ordens; constru-</p><p>ção de uma materialidade adequada à realização de objetivos econômicos e socio-</p><p>culturais e com impacto causal sobre o conjunto dos demais vetores.</p><p>As Regiões Metropolitanas, apresentadas na Figura 21, concentram grande</p><p>parcela do crescimento da população total do Brasil, atraída pela imagem que</p><p>a cidade grande representa.</p><p>: IBGE (2005).</p><p>Figura 21 Regiões metropolitanas.</p><p>A Figura 21 mostra-nos o crescimento no número e tamanho das regiões me-</p><p>tropolitanas no Brasil, evidenciando a concentração da população nos gran-</p><p>des centros urbanos.</p><p>Desmetropolização</p><p>Ao mesmo tempo em que os números evidenciam o crescimento da metropo-</p><p>lização, eles também mostram outro fenômeno: a desmetropolização, ou seja,</p><p>a repartição, com outros grandes núcleos, de novos contingentes de população</p><p>urbana, como de�ne Santos (1993).</p><p>Há, nesse sentido, uma desagregação maior da população urbana segundo o</p><p>tamanho do aglomerado. Embora a maior parte da população ainda viva nos</p><p>grandes centros urbanos, a partir de 1970 a 1991 podemos observar um proces-</p><p>so de reversão neste quadro, como mostra a Tabela 2.</p><p>Crescimento absoluto e participação das cidades brasileiras no cres-</p><p>cimento populacional urbano nacional, segundo classes de tamanho das cida-</p><p>des — 1950/1991.</p><p>Classes de tama-</p><p>nhos dos centros</p><p>urbanos</p><p>(1000 hab.)</p><p>Crescimento</p><p>absoluto</p><p>(1.000 hab.)</p><p>Participação</p><p>no cresci-</p><p>mento nacio-</p><p>nal (%)</p><p>Crescimento</p><p>absoluto</p><p>(1.000 hab.)</p><p>Participação</p><p>no cresci-</p><p>mento</p><p>nacional (%)</p><p>< 20</p><p>Entre 20 e 50</p><p>Entre 50 e 100</p><p>Entre100 e 250</p><p>Entre 250 e 500</p><p>Entre 500 e 2000</p><p>> 2.000</p><p>8.102</p><p>4.009</p><p>2.215</p><p>4.045</p><p>628</p><p>7.733</p><p>9.897</p><p>22,12</p><p>10,94</p><p>6,05</p><p>11,04</p><p>1,71</p><p>21,11</p><p>27,02</p><p>7.622</p><p>8.175</p><p>7.927</p><p>11.064</p><p>9.353</p><p>9.899</p><p>4.045</p><p>13,12</p><p>14,07</p><p>13,65</p><p>19,05</p><p>16,10</p><p>17,04</p><p>6,96</p><p>Total – Brasil 36.629 100,00 58.085 100,00</p><p>: Andrade e Serra (1998, p. 4).</p><p>A Tabela 2 mostra as modi�cações na dinâmica de crescimento das cidades. É</p><p>possível observar um grande aumento na participação do crescimento</p><p>populacional das cidades médias, ou seja, aquelas que possuem entre 100 e</p><p>250 mil habitantes e as de 250 a 500 mil habitantes, que no total contribuem</p><p>com 35,15 % da população nacional.</p><p>As mudanças na dinâmica urbano-regional estadual têm levado à</p><p>reorganização das atividades econômicas produtivas e sociais,</p><p>redirecionando investimentos e reestruturando o papel desempenhado pelas</p><p>cidades médias, levando a uma maior urbanização do interior. Um exemplo é</p><p>o Estado de São Paulo, representado pelo grá�co da Figura 22. Nele, �ca claro a</p><p>diferença do crescimento urbano das cidades médias e da região</p><p>metropolitana de São Paulo.</p><p>: Braga (2005, p. 2245).</p><p>Figura 22 População por porte de cidade no estado de São Paulo.</p><p>A metrópole continua sendo receptáculo da população pobre e despreparada.</p><p>De acordo com Santos (2001, p. 209):</p><p>[...] os próximos anos marcarão ainda um crescente �uxo de pobres para as grandes</p><p>cidades. Em resumo, a metropolização se dará também como “involução”, enquanto</p><p>a qualidade de vida poderá melhorar nas cidades médias.</p><p>No entanto, como complementa Santos (1993), nenhuma cidade chega à im-</p><p>portância da metrópole, nenhuma possui a mesma quantidade e qualidade de</p><p>informações como a metrópole. Cordeiro (1987) fala do fenômeno da metrópole</p><p>transacional, que é a grande cidade que desempenha poder de controle, sobre</p><p>a economia e o território, capaz de manipular a informação para exercer seu</p><p>processo produtivo em suas diversas etapas.</p><p>Há um processo de mudança da metrópole industrial, de concentração fabril,</p><p>para a metrópole informacional, aliado ao processo de desconcentração in-</p><p>dustrial, porém a metrópole não perde seu poder sobre o território. O que</p><p>Milton Santos (1993) denomina de “metrópole onipresente”. No caso brasileiro,</p><p>São Paulo é a grande metrópole onipresente, estando presente em todos os</p><p>pontos do brasileiro.</p><p>Migrações</p><p>A partir da década de 1950, o país passa por um rápido processo de urbaniza-</p><p>ção, com o qual vemos uma aceleração do movimento migratório. O êxodo ru-</p><p>ral, intensi�cado a partir de 1930, tem seu ápice em 1950 com o adensamento</p><p>demográ�co das principais cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro.</p><p>Os migrantes, em geral, foram expulsos do campo pela falta da posse de terra,</p><p>pela expansão da mecanização e da pecuária e, também, pela necessidade de</p><p>(mão de obra temporária, que só é requerida na época</p><p>da colheita) em lavouras como a de cana-de-açúcar e em culturas modernas.</p><p>Com isso, acabaram dirigindo-se para as metrópoles em busca de trabalho e</p><p>melhores condições de vida, contribuindo, para a explosão demográ�ca dos</p><p>grandes centros urbanos.</p><p>A urbanização recente</p><p>Hoje, já não se pode mais falar em Brasil rural e Brasil urbano, mas, sim, em</p><p>Brasil agrícola e Brasil urbano.</p><p>Conforme mostra Santos (1993), a população rural diminui cada vez mais, en-</p><p>quanto há um aumento da população agrícola e um crescimento ainda maior</p><p>da população urbana. “Entre 1960 e 1980, a população agrícola aumenta cerca</p><p>de 36%, ao passo que a população rural cresce somente quatro milésimos por</p><p>cento, mais precisamente 0, 0038%” (SANTOS, 1993, p. 132).</p><p>Vale lembrar que a população agrícola é aquela que reside na cidade e traba-</p><p>lha em atividades rurais, como é o caso dos boias-frias.</p><p>Tudo isso mostra uma tendência maior à urbanização, aliada à queda na taxa</p><p>de natalidade e mortalidade, e à crescente mobilidade das pessoas no territó-</p><p>rio brasileiro.</p><p>No entanto, vivenciamos o que Bernard Kayser chama de êxodo urbano, espe-</p><p>cialmente nas metrópoles e grandes centros urbanos.</p><p>Como escreve Santos (1993, p. 134):</p><p>Aumenta o número de cidades locais e sua força, assim como os centros regionais,</p><p>ao passo que as metrópoles regionais tendem a crescer relativamente mais que as</p><p>próprias metrópoles do Sudeste [...]. Esse salto qualitativo não invalida o fato de São</p><p>Paulo, Rio de Janeiro e Brasília manterem posição de comando sobre o território</p><p>nacional, com uma espécie de divisão do trabalho metropolitano que permite dis-</p><p>tinguir claramente entre as três e, entre elas, as metrópoles regionais.</p><p>Assim, o processo de desmetropolização vai ocorrer paralelamente ao</p><p>processo de metropolização. As grandes cidades continuarão a crescer,</p><p>enquanto surgirão novas grandes cidades. As cidades médias ou</p><p>intermediárias, também, apresentarão intenso crescimento, em número de</p><p>habitantes e em quantidade.</p><p>Segundo Ribeiro e Lago (1994), a urbanização brasileira passa por mudanças a</p><p>partir dos anos 1980. Embora as metrópoles continuem tendo alto crescimento</p><p>demográ�co, o ritmo de crescimento sofreu uma queda. As cidades de porte</p><p>médio, com população entre 100 mil e 500 mil habitantes, crescem a taxas</p><p>maiores do que as metrópoles nos anos 1980 e 1990 (4,8% contra 1,3%).</p><p>O Brasil, a partir da década de 1980, passa por mudanças econômicas, e, assim,</p><p>por uma reestruturação urbana. De acordo com Ribeiro e Lago (1994, p. 2):</p><p>Não estamos vivendo apenas os efeitos de um ciclo de estagnação econômica, mas</p><p>a reestruturação sócio-espacial decorrente das transformações no circuito</p><p>secundário da acumulação. O padrão periférico de crescimento e organização</p><p>metropolitanos que prevalece desde os anos 50 está em esgotamento pelo duplo</p><p>movimento de crise e modernização das esferas de produção e circulação do</p><p>espaço construído.</p><p>Essa reestruturação sócio-espacial, exposta por Ribeiro e Lago (1994), traz mu-</p><p>danças na dinâmica urbano-regional. A relocalização industrial no território</p><p>brasileiro leva a um novo redirecionamento dos �uxos migratórios e ao cresci-</p><p>mento de cidades de porte médio no interior do país.</p><p>No �nal dos anos 1970, começamos a presenciar uma tendência à desconcen-</p><p>tração industrial</p><p>em São Paulo, que se consolida na década de 1980, mediante</p><p>a dispersão espacial da indústria para o interior do Estado.</p><p>Conforme Pintaudi e Carlos (1995, p. 13), “[...] isso ocorre em função do desen-</p><p>volvimento de novas tecnologias que produzem transformações na organiza-</p><p>ção do trabalho e da produção, fato que produz uma nova articulação espaci-</p><p>al”.</p><p>Cria-se, assim, uma nova distribuição das indústrias, pois o capital migra</p><p>constantemente em busca de melhores condições de acumulação. O resultado</p><p>é a procura por novas vantagens locacionais e incentivos �scais, buscando</p><p>localizar-se próximo aos principais eixos de circulação (PINTAUDI; CARLOS,</p><p>1995).</p><p>Segundo o Ipea et al. (2002), o Brasil tem sentido o re�exo das mudanças es-</p><p>truturais na economia mundial e no padrão de urbanização. Isso tem in�uen-</p><p>ciado as políticas locacionais das indústrias, o que, por sua vez, se re�ete na</p><p>dinâmica demográ�ca e no surgimento de novos centros de importância.</p><p>Essas transformações não poderiam deixar de causar mudanças signi�cativas não</p><p>só no padrão de acumulação, como também na organização da produção no espa-</p><p>ço, in�uenciando a organização da hierarquia urbana (IPEA et al., 2002, p. 29).</p><p>Uma análise das quatro últimas décadas, não obstante con�rme a distribuição</p><p>concentrada da população urbana brasileira, aponta para uma tendência bem</p><p>marcada do papel das pequenas e médias cidades no crescimento demográ�-</p><p>co do país, na dinâmica territorial e na con�guração da rede urbana brasileira</p><p>(IPEA et al., 2002).</p><p>12. Rede urbana: conceito e teoria</p><p>Como já é sabido, estudamos a cidade individualmente. Porém, é preciso con-</p><p>siderar o conjunto de células urbanas de uma região, assim como o organismo</p><p>que elas formam no país, para que possamos entender a realidade da econo-</p><p>mia urbana.</p><p>As cidades diferenciam-se umas das outras – cada uma tem sua especialida-</p><p>de e sua função – e ocupam diferentes espaços no território. A localização das</p><p>cidades, e como elas se distribuem e se organizam no território, é de grande</p><p>importância para o estudo da dinâmica territorial, do ponto de vista econômi-</p><p>co, social e político.</p><p>Assim, quando localizamos uma cidade no território a relacionamos a outras</p><p>cidades. A hierarquização das cidades, segundo a importância de suas fun-</p><p>ções, de�ne a rede urbana. As funções das cidades variam, podendo ser: co-</p><p>mercial, industrial, �nanceira e política. Quanto maior for uma cidade, mais</p><p>intensa será a concentração de atividades altamente especializadas.</p><p>O conceito de rede tem origem no latim retiolus, que designa um conjunto de</p><p>linhas entrelaçadas (CORRÊA, 1989). A rede urbana é formada por dois ele-</p><p>mentos principais: as cidades e as ligações que elas estabelecem entre si. A</p><p>rede é hierarquizada de acordo com a importância dos nós, ou seja, as cidades,</p><p>e também, dos eixos, isto é, as ligações entre as cidades.</p><p>Para representar a rede urbana, é preciso localizar a cidade principal e as de-</p><p>mais cidades in�uenciadas por ela. A hierarquização entre as cidades se dá</p><p>pela densidade populacional e, também, por critérios como poder político-</p><p>administrativo, forte produção industrial etc.</p><p>As ligações entre as cidades correspondem às rotas das trocas dominantes, de</p><p>modo que a disponibilidade de meios de comunicação como estradas, aero-</p><p>portos, ferrovias etc. exerce grande in�uência na hierarquização das cidades.</p><p>O número e a ordem das ligações entre as cidades indicam a complexidade de</p><p>sua organização.</p><p>Como expõe George (apud SANTOS, 1993, p. 63), “[...] para que exista a rede ur-</p><p>bana, é necessário discernir diversas relações que estabeleçam conexões fun-</p><p>cionais permanentes entre os elementos urbanos da rede e entre eles e o meio</p><p>rural”.</p><p>Santos (1993, p. 64) ainda a�rma que:</p><p>[...] as especializações do território são a raiz da complementaridade regional: há</p><p>uma nova geogra�a regional que se desenha, na base da nova divisão territorial do</p><p>trabalho que se impõe estabelecendo, assim, novos arranjos na rede urbana.</p><p>Corrêa (2006, p. 27), geógrafo estudioso dessa temática, complementa que a</p><p>rede urbana é um re�exo, na realidade:</p><p>[...] dos efeitos acumulados da prática de diferentes agentes sociais, sobretudo as</p><p>grandes corporações multifuncionais e multilocalizadas que, efetivamente,</p><p>introduzem, tanto na cidade como no campo, atividades que geram diferenciações</p><p>entre os centros urbanos.</p><p>Para Corrêa (2006, p. 27), a rede urbana caracteriza-se como “[...] um conjunto</p><p>de centros funcionalmente articulados e que re�ete e reforça as</p><p>características sociais e econômicas de um território”, compreendida aqui</p><p>como uma hierarquia urbana. Muitas das teorias sobre a rede urbana partem</p><p>da Teoria dos Lugares Centrais desenvolvida por Christaller, a qual veremos a</p><p>seguir.</p><p>Teoria dos Lugares Centrais</p><p>Walter Christaller (1974), geógrafo alemão, foi o autor da mais conhecida teo-</p><p>ria geográ�ca sobre a urbanização – a Teoria dos Lugares Centrais, resultado</p><p>de sua tese de doutorado, defendida em 1932. Em seu estudo, ele tentou encon-</p><p>trar as leis que determinam o número, o tamanho e a distribuição das cidades.</p><p>Desde a publicação de sua obra, em 1933, muitos outros autores o elogiaram e o</p><p>criticaram, reformularam e ampliaram partes de sua teoria.</p><p>Christaller (1974), diferentemente dos demais geógrafos da época, partiu de</p><p>uma linha dedutiva para formular sua teoria. Para ele, as condições geográ�-</p><p>cas naturais não poderiam explicar o tamanho nem a distribuição das cida-</p><p>des; as investigações históricas, apesar de revelarem um material factual</p><p>abundante, nunca poderiam chegar a leis como as econômicas; o uso da esta-</p><p>tística poderia estabelecer classes, frequências e médias e encontrar algumas</p><p>regularidades, mas também não levariam a leis genuínas, apenas a meras</p><p>probabilidades (BRAGA, 2001).</p><p>Para Christaller (1974), o desenvolvimento e o declínio das cidades dependeri-</p><p>am de fatores econômicos, o que incluiria a geogra�a das localidades no rol da</p><p>geogra�a econômica. A causa da distribuição aparentemente aleatória das ci-</p><p>dades no espaço geográ�co foi o ponto de partida para a formulação de sua te-</p><p>oria. Christaller (1974, p. 1) a�rma que:</p><p>A situação com cidades é um pouco diferente. Numa mesma região nós vemos ci-</p><p>dades grandes e pequenas de todas as categorias, uma categoria ao lado da outra.</p><p>Às vezes elas se aglomeram em certas regiões de uma maneira inverossímil e apa-</p><p>rentemente insensata. Às vezes há regiões grandes nas quais não há um único lu-</p><p>gar que mereça a designação de cidade, ou até mesmo de mercado. Normalmente, é</p><p>a�rmado que a conexão entre a cidade e a atividade pro�ssional de seus habitantes</p><p>não é acidental, mas baseada na natureza de ambas. Mas por que há, então, cidades</p><p>grandes e cidades pequenas; e por que elas estão distribuídas tão irregularmente?</p><p>A partir desse questionamento, o geógrafo procurou demonstrar, indo além da</p><p>mera descrição das estruturas urbanas, como nos explica Braga (2001), que a</p><p>distribuição das cidades no território não era desordenada, mas que havia</p><p>uma regularidade e uma hierarquia em sua disposição.</p><p>Christaller (1974) começou por de�nir a cidade como uma “localidade central”,</p><p>ou seja, um lugar cuja função seria a de suprir de bens e serviços um determi-</p><p>nado espaço circundante, sua hinterlândia, sua área de mercado.</p><p>Partindo desse conceito, sua explicação para a distribuição das cidades foi for-</p><p>mulada em termos funcionais. Ele baseou-se na hipótese de que a rede urbana</p><p>poderia ser deduzida das zonas de mercado das localidades centrais, cujas di-</p><p>mensões variariam segundo os produtos e os serviços ofertados (de acordo</p><p>com sua centralidade).</p><p>Desse modo, os serviços urbanos seriam classi�cados como de ordem superi-</p><p>or ou inferior, e a hierarquia entre as localidades variariam de acordo com a</p><p>ordem dos serviços fornecidos (isto é, o grau de centralidade).</p><p>Christaller (apud BRAGA, 2001) elaborou dois conceitos para explicar esse mo-</p><p>delo de rede e hierarquia urbana: o Limite Crítico da Demanda, ou seja,</p><p>a de-</p><p>manda mínima necessária para determinar o fornecimento do serviço; e o</p><p>Alcance Médio do Serviço, que depende da distância econômica entre os luga-</p><p>res (vinculada basicamente aos custos de transporte). A partir de tais funda-</p><p>mentos teóricos e do estudo da rede de cidades do sul da Alemanha, o autor</p><p>desenvolveu sua tese chegando ao conhecido modelo hexagonal.</p><p>Abordaremos as principais ideias que compõem a Teoria dos Lugares</p><p>Centrais, baseando-se no texto elaborado por Arthur Getis e Judith Getis</p><p>(1984).</p><p>Pressupostos e princípios:</p><p>1. A principal função ou característica de uma cidade é a de ser o centro de</p><p>uma região.</p><p>2. Lugares centrais: centros de regiões.</p><p>3. Lugares dispersos: lugares que não são centros.</p><p>4. Centralidade: alguns lugares centrais são mais importantes do que ou-</p><p>tros.</p><p>5. Os bens e serviços centrais são aqueles produzidos pelo lugar central.</p><p>6. Alcance de um bem: é a distância que a população dispersa dispõe-se a</p><p>percorrer para comprar um bem oferecido de um lugar central.</p><p>7. Bem de alcance de limite superior: é o raio máximo de vendas além do</p><p>qual o preço do bem é demasiado elevado para que seja vendido.</p><p>8. Limite ideal: o raio máximo para compra do bem (Figura 23).</p><p>9. Limite real: raio determinado pela proximidade de um centro alternativo</p><p>(Figura 23).</p><p>10. Bem de alcance de limite inferior: é o que inclui o número máximo de</p><p>consumidores necessário e proporciona o volume mínimo de vendas que</p><p>se exige para que o bem seja produzido e distribuído com lucro a partir do</p><p>lugar central.</p><p>: Getis e Getis (1984, p. 1).</p><p>Figura 23 Limite real e limite ideal.</p><p>A região complementar é a área ao redor de um lugar central envolvida pelo</p><p>alcance de um bem. Cada lugar central teria uma área tributária (de mercado)</p><p>circular, com ele próprio no centro.</p><p>Contudo, ou existiriam lugares não servidos, se esse fosse o caso, ou os</p><p>círculos iriam se superar, caso em que a condição de monopólio não seria</p><p>satisfeita. Próximos dos círculos, os hexágonos são as �guras mais e�cientes</p><p>para servir uma área (os lugares centrais e as distâncias percorridas serão</p><p>minimizadas) (GETIS; GETIS, 1984).</p><p>A região complementar de um lugar central assume a forma de hexágono.</p><p>Observe na Figura 24 três disposições de �guras complementares.</p><p>: Getis e Getis (1984, p. 2).</p><p>Figura 24 Três disposições de �guras complementares.</p><p>Onde:</p><p>• A – “As áreas não servidas estão sombreadas”.</p><p>• B – “As áreas sombreadas indicam lugares onde a condição de monopólio</p><p>não seria satisfeita”.</p><p>• C– “Hexágonos cobrem uma área completamente, sem nenhuma exposi-</p><p>ção”.</p><p>Getis e Getis (1984) apresentam-nos uma suposição de aplicação da Teoria dos</p><p>Lugares Centrais, com base nos escritos de Christaller.</p><p>Algumas suposições nos revelam a espécie de paisagem sobre a qual seu sis-</p><p>tema seria construído:</p><p>1. Uma imensa planície, com solo de igual fertilidade em toda parte e igual</p><p>distribuição de recursos.</p><p>2. Uma distribuição uniforme da população e do poder de compra.</p><p>3. Uma rede de transportes uniforme em todas as direções.</p><p>4. Um alcance constante de qualquer bem central, qualquer que seja o lugar</p><p>central a partir do qual ele seja oferecido.</p><p>Pensada a paisagem, temos que pensar as necessidades das pessoas e as res-</p><p>trições que existirão sobre o sistema:</p><p>1. Um número máximo de demandas de bens e serviços deve ser satisfeito.</p><p>2. Os rendimentos das pessoas que oferecem os bens e serviços devem ser</p><p>maximizados.</p><p>3. As distâncias percorridas pelos consumidores para adquirir os bens e</p><p>serviços devem ser minimizadas, isto é, os bens são adquiridos no ponto</p><p>mais próximo.</p><p>4. O número de lugares centrais deve ser o mínimo possível.</p><p>Em sua teoria, Christaller (1974) considerou o princípio de mercado, mas tam-</p><p>bém o princípio de tráfego e o administrativo. Os arranjos espaciais associa-</p><p>dos a esses princípios são descritos abreviadamente pelos valores k.</p><p>O valor k indica o número de centros dominado por outro centro e a relação</p><p>entre o número de áreas de mercado de cada ordem. Ele também mostra as re-</p><p>lações entre o número de áreas de mercado de ordem (de importância e de in-</p><p>�uência existente entre os centros). O valor de k é sempre igual a três vezes o</p><p>número das áreas de ordem imediatamente superior. A relação entre os núme-</p><p>ros de lugares centrais de cada ordem é mais complexa, mas sempre baseado</p><p>no valor k, exceto para os lugares de ordem superior.</p><p>Veja nas Figuras 25, 26, 27 e 28 a representação das estruturas da Teoria dos</p><p>Lugares Centrais de Christaller.</p><p>: Clark (1982, p. 130).</p><p>Figura 25 Teoria clássica dos Lugares Centrais: relações entre preços, distância e demanda na planície isotrópica de</p><p>transporte.</p><p>: Clark (1982, p. 132).</p><p>Figura 26 Teoria clássica dos Lugares Centrais: a derivação da hierarquia funcional da provisão de serviços.</p><p>: Clark (1982, p. 134).</p><p>Figura 27 Teoria clássica dos Lugares Centrais: a estrutura da rede de k=3.</p><p>: Clark (1982, p. 136).</p><p>Figura 28 Teoria clássica dos Lugares Centrais: redes k=3, k=4 e k=7.</p><p>Baseado na Teoria dos Lugares Centrais, Corrêa (1989) explica que a</p><p>circulação, resultante da articulação entre os núcleos urbanos, reforça a</p><p>diferenciação no que tange ao volume de produtos comercializados e</p><p>atividades políticas administrativas entre as localidades. Essa diferenciação</p><p>traduz-se, portanto, como uma hierarquia entre os centros urbanos.</p><p>A Teoria dos Lugares Centrais, desenvolvida por Christaller em 1933, explica a</p><p>formação e o desenvolvimento dos centros urbanos. Características que</p><p>determinam a relação dos centros urbanos com as demais localidades, como</p><p>áreas de mercado, designam sua ideia de importância.</p><p>Christaller, no entanto, não se preocupa com a localização, mas com a</p><p>organização do espaço. Segundo o autor, a centralidade é de�nida pela</p><p>capacidade de oferecer bens e serviços (de melhor qualidade) para outras</p><p>localidades (FERREIRA, 2008).</p><p>O que foi mostrado aqui é um pequeno resumo do que seria a Teoria dos</p><p>Lugares Centrais. O próprio Christaller (1974, p. 73) ressalta alguns pontos</p><p>críticos da teoria por ele desenvolvida:</p><p>O esquema matemático rígido anteriormente desenvolvido é incompleto sob certos</p><p>aspectos, e sua inexatidão reside mesmo em sua rigidez. Devemos aproximar nosso</p><p>esquema da realidade; portanto, devemos estudar os fatores que ocasionam</p><p>mudanças importantes e que devem ser levadas em consideração.</p><p>Contemporâneo a Christaller, o também alemão August Lösch elaborou a</p><p>Teoria do Equilíbrio Espacial Geral, em 1939. Atualmente, várias são as teorias</p><p>elaboradas com a �nalidade de entender o espaço (rural, urbano ou industrial)</p><p>e organizá-lo segundo o desenvolvimento econômico.</p><p>Autores como Johann-Heinrich Von Thümen (1826), Alfred Weber (1909),</p><p>François Perroux (1955-6) e Albert Hirschiman (1958) ilustraram esse cenário</p><p>e continuam a embasar pesquisas e suscitar debates (FERREIRA, 2008).</p><p>A hierarquia urbana e as relações de interação ao longo da rede são inerentes</p><p>à estrutura dos serviços e bens que a urbanização produz. Com isso, emergem</p><p>três níveis principais de sistemas de localidades, como bem observa Faissol</p><p>(1994, p. 150):</p><p>a) um sistema urbano/metropolitano de grandes cidades, que atrai uma migração</p><p>intensa, e que leva a operar em linha contrária à da maior e�ciência que as</p><p>economias de escala do tamanho fariam supor;</p><p>b) um sistema de cidades médias, bene�ciárias diretas dos transbordamentos</p><p>metropolitanos, que amplia a capacidade do sistema espacial de crescer e se</p><p>desenvolver, e que precisa fazer a ligação do sistema metropolitano com as</p><p>hierarquias menores do sistema urbano, pois o seu segmento superior (as capitais</p><p>regionais já fazem uma razoável ligação com o sistema metropolitano)</p><p>praticamente atinge apenas o nível imediatamente abaixo, que é este nível</p><p>intermediário;</p><p>c) um sistema de cidades pequenas, em geral sem centralidade (e</p><p>do a você que a Cartogra�a não se trata apenas da construção de cartas e ma-</p><p>pas, mas também da leitura e interpretação destes, a partir de uma linguagem</p><p>própria.</p><p>Por meio dela, é possível localizar diversos acontecimentos e ações no espaço</p><p>geográ�co. A cartogra�a está presente em nosso dia a dia, em jornais, revistas,</p><p>websites, na busca pela melhor rota, na previsão do tempo, entre outros.</p><p>Vimos que as novas tecnologias digitais vêm mudando e já é certo que muda-</p><p>ram a nossa percepção espacial, este será um desa�o para os professores de</p><p>Geogra�a.</p><p>No último tópico deste ciclo, você teve uma imersão sobre as de�nições e os</p><p>conceitos da cartogra�a e sugerimos alguns materiais multimídias como ví-</p><p>deos e podcasts que lhe auxiliam na aprendizagem.</p><p>No próximo ciclo vamos continuar estudando a Cartogra�a.  Vamos nos apro-</p><p>fundar olhando para a história e a evolução das técnicas, vamos diferenciar</p><p>cartogra�a sistemática da temática, bem como analisar o Sensoriamento</p><p>Remoto aplicado à Geogra�a.</p><p>(https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-</p><p>gs0080-fev-2023-grad-ead/)</p><p>Ciclo 2 – O Espaço como Representação</p><p>Carolina Doranti Tiritan</p><p>Objetivos</p><p>• Conhecer a História da Cartogra�a.</p><p>• Estudar e identi�car a coletânea de Signos e os elementos cartográ�cos.</p><p>• Diferenciar e compreender a Cartográ�ca Sistemática e a Cartogra�a</p><p>Temática.</p><p>• Analisar Sensoriamento Remoto aplicado à Geogra�a.</p><p>Conteúdos</p><p>• História da Cartogra�a.</p><p>• A coletânea de Signos;</p><p>• Elementos cartográ�cos e aspectos que permitem a leitura e utilização</p><p>de mapas, tanto da Cartogra�a Sistemática quanto da Temática.</p><p>• Evolução do Sensoriamento Remoto aplicado à Geogra�a.</p><p>Problematização</p><p>Como evoluiu a Cartogra�a? Quais são os fundamentos teóricos da</p><p>Cartogra�a? Qual a relação entre Cartogra�a e Geogra�a? O que é localização</p><p>e orientação? O que é e como se calcula a escala cartográ�ca? A Cartogra�a é</p><p>uma arte ou uma ciência? Quais são os tipos de projeções cartográ�cas exis-</p><p>tentes? Qual a diferença entre Cartogra�a Sistemática e Cartogra�a</p><p>Temática? Quais os principais conceitos relacionados à leitura e à utilização</p><p>de mapas e grá�cos? Como é trabalhada a linguagem cartográ�ca no ensino</p><p>de Geogra�a? Como o sensoriamento remoto é aplicada à Geogra�a?</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=1987&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=1987&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=1987&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=1987&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=1987&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=1987&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=1987&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=1987&action=edit</p><p>https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-gs0080-fev-2023-grad-ead/wp-admin/post.php?post=1987&action=edit</p><p>Orientação para o estudo</p><p>Para o melhor aproveitamento deste ciclo de estudos, acesse os materiais</p><p>complementares para ampliar seus conhecimentos quanto aos temas abor-</p><p>dados. Assista ao(s) vídeo(s) sugerido(s) e não deixe de responder ao quiz. Ele</p><p>não vale nota, mas testa seus conhecimentos.</p><p>Bons estudos!</p><p>1. Introdução</p><p>Neste segundo ciclo de aprendizagem, conheceremos a História da</p><p>Cartogra�a, passando pelos signos e os elementos cartográ�cos que permitem</p><p>a leitura crítica das representações grá�cas. Além disso, será apresentado as-</p><p>pectos que permitem a caracterização e diferenciação entre cartogra�a siste-</p><p>mática e cartogra�a temática. Por �m, será analisado o Sensoriamento</p><p>Remoto aplicado à Geogra�a.</p><p>Bons estudos!</p><p>2. História da Cartogra�a</p><p>A História da cartogra�a é paralela com o desenvolvimento das técnicas e, a</p><p>partir de uma Geogra�a sistematizada (século XIX), reconhecemos que os ma-</p><p>pas da Geogra�a sempre foram destaques e um diferencial para esta ciência.</p><p>Enquanto disciplina, a associação entre Geogra�a e o mapa ocorre até hoje.</p><p>Para iniciar este ciclo de aprendizagem, realize a leitura do artigo Os Mapas da</p><p>Geogra�a, de Marcello Martinelli, que aborda na história, o momento em que</p><p>houve o franco desenvolvimento de mapas solicitado para atender a demanda</p><p>de uma produção geográ�ca. É importante notar neste artigo que a renovação</p><p>da ciência cartográ�ca ocorre após novo contexto intelectual, quando o ho-</p><p>mem se tornou objeto de ciência.</p><p>Para acessar o artigo Os Mapas da Geogra�a de Marcello Martinelli,</p><p>http://docs.fct.unesp.br/docentes/geo/raul/cartografia_tematica/leitura%202/1-MAPAS%20DA%20GEOGRAFIA.pdf</p><p>http://docs.fct.unesp.br/docentes/geo/raul/cartografia_tematica/leitura%202/1-MAPAS%20DA%20GEOGRAFIA.pdf</p><p>http://docs.fct.unesp.br/docentes/geo/raul/cartografia_tematica/leitura%202/1-MAPAS%20DA%20GEOGRAFIA.pdf</p><p>http://docs.fct.unesp.br/docentes/geo/raul/cartografia_tematica/leitura%202/1-MAPAS%20DA%20GEOGRAFIA.pdf</p><p>http://docs.fct.unesp.br/docentes/geo/raul/cartografia_tematica/leitura%202/1-MAPAS%20DA%20GEOGRAFIA.pdf</p><p>http://docs.fct.unesp.br/docentes/geo/raul/cartografia_tematica/leitura%202/1-MAPAS%20DA%20GEOGRAFIA.pdf</p><p>http://docs.fct.unesp.br/docentes/geo/raul/cartografia_tematica/leitura%202/1-MAPAS%20DA%20GEOGRAFIA.pdf</p><p>http://docs.fct.unesp.br/docentes/geo/raul/cartografia_tematica/leitura%202/1-MAPAS%20DA%20GEOGRAFIA.pdf</p><p>.</p><p>Cartogra�a e geogra�a</p><p>Como mencionamos anteriormente, das ciências relacionadas à Cartogra�a a</p><p>mais importante é a Geogra�a, independentemente de qual ramo os fatos e os</p><p>fenômenos a serem mapeados tenham sido originados.</p><p>Dias (2011) relata que a cartogra�a:</p><p>[...] hoje tornou-se essencial para o ensino de Geogra�a, seja para o aluno suprir as</p><p>necessidades de seu dia-a-dia seja para entender o ambiente a seu redor. Onde, o</p><p>aluno, por meio de mapas e cartas topográ�cas, tem acesso a informações físicas,</p><p>econômicas, sociais e humanas do ambiente. O que contribui de forma contunden-</p><p>te para que, o aluno, entenda melhor os processos e os fenômenos provocados tanto</p><p>pela ação do homem quanto pela natureza.</p><p>A Cartogra�a é subdividida em dois campos: sistemática e temática, ambas</p><p>igualmente importantes para a Geogra�a, embora apresentem características</p><p>distintas.</p><p>A Figura 1 mostra as terminologias utilizadas na classi�cação dos mapas nes-</p><p>ses dois campos.</p><p>http://docs.fct.unesp.br/docentes/geo/raul/cartografia_tematica/leitura%202/1-MAPAS%20DA%20GEOGRAFIA.pdf</p><p>http://docs.fct.unesp.br/docentes/geo/raul/cartografia_tematica/leitura%202/1-MAPAS%20DA%20GEOGRAFIA.pdf</p><p>http://docs.fct.unesp.br/docentes/geo/raul/cartografia_tematica/leitura%202/1-MAPAS%20DA%20GEOGRAFIA.pdf</p><p>http://docs.fct.unesp.br/docentes/geo/raul/cartografia_tematica/leitura%202/1-MAPAS%20DA%20GEOGRAFIA.pdf</p><p>: Archela (2000, n. p.).</p><p>Figura 1 Terminologias utilizadas na classi�cação dos mapas em Cartogra�a sistemática e temática.</p><p>• : Trata-se do mapeamento base, sistemático, que</p><p>utiliza convenções e escalas padrão e busca o equilíbrio da representação</p><p>altimétrica e planimétrica – ou seja, dos acidentes naturais e culturais de</p><p>uma região, como o relevo, a rede de drenagem e as estradas</p><p>às vezes muito</p><p>pequenas até mesmo em termos de um conceito de cidade; elas existem por força</p><p>de uma de�nição legal de cidade sede de município) [...] Em conjunto com os</p><p>centros de zona [...] farão a ligação com o sistema de cidades médias, de um lado, e</p><p>com a economia rural de outro, assim integrando todo o sistema.</p><p>É com base nessa citação de Faissol (1994) que iniciaremos nossos estudos</p><p>sobre a rede urbana brasileira. Vamos lá!</p><p>A rede urbana brasileira</p><p>Para começar nosso aprendizado sobre esse assunto, é importante</p><p>conhecermos a de�nição de rede urbanos. De acordo com Corrêa (2001, p. 359):</p><p>Re�exão social, a rede urbana constitui-se também em uma condição social, uma</p><p>matriz da qual deverá se veri�car a reprodução das condições de existência,</p><p>envolvendo a produção, a circulação e o consumo, assim como diversos aspectos</p><p>das relações sociais.</p><p>Antes de nos aprofundarmos no estudo da rede urbana brasileira, gostaríamos</p><p>de mencionar a importância do conhecimento dessa temática para o melhor</p><p>planejamento e desenvolvimento do território. Conforme considerações do tra-</p><p>balho realizado pelo Regic/IBGE (2007, p. 9), o estudo da rede urbana tem como</p><p>objetivo:</p><p>[...] subsidiar o planejamento estatal e as decisões quanto à localização das ativida-</p><p>des econômicas de produção, consumo privado e coletivo, bem como prover ferra-</p><p>mentas para o conhecimento das relações sociais vigentes e dos padrões espaciais</p><p>que delas emergem. Num país tão extenso, e com tantas carências, a localização de</p><p>serviços de saúde e educação tem de considerar as condições de acessibilidade da</p><p>população aos locais onde estão instalados; e, como já ressaltava o primeiro estudo</p><p>realizado pelo IBGE, “as cidades constituem os locais onde se podem instalar mais</p><p>racionalmente os serviços sociais básicos [...] destinados ao atendimento da popu-</p><p>lação de toda uma região”. De fato, a estrutura e a organização do território são o</p><p>substrato que condiciona, e sobre o qual atuam as políticas públicas e os agentes</p><p>sociais e econômicos que compõem a sociedade. A partir dessas ações, ainda que</p><p>nem sempre elas tenham o efeito esperado, reorganiza-se o território, num dina-</p><p>mismo que cria e recria a rede urbana, em que pese a tendência de estabilidade es-</p><p>trutural no longo prazo.</p><p>O conceito de rede urbana e a forma como ela está hierarquizada pode variar</p><p>de autor para autor, de trabalho para trabalho, pois há diferentes metodologias</p><p>para de�ni-la. Para estudarmos a rede urbana brasileira tomaremos como ba-</p><p>se o trabalho desenvolvido pelo IBGE, em 2007, denominado “Região de</p><p>In�uência das cidades”, que classi�ca a rede urbana brasileira em cinco gran-</p><p>des níveis:</p><p>: são os doze principais centros urbanos do país, que se caracteri-</p><p>zam por seu grande porte e fortes relacionamentos entre si, além de, em geral,</p><p>possuírem extensa área de in�uência direta.</p><p>O conjunto foi dividido em três subníveis, segundo a extensão territorial e a</p><p>intensidade destas relações:</p><p>a) : São Paulo, o maior conjunto urbano do</p><p>País, com 19,5 milhões de habitantes em 2007, e alocado no primeiro nível</p><p>da gestão territorial.</p><p>b) : Rio de Janeiro e Brasília, com população de 11,8</p><p>milhões e 3,2 milhões em 2007, respectivamente, também estão no pri-</p><p>meiro nível da gestão territorial. Juntamente com São Paulo, constituem</p><p>foco para centros localizados em todo o País.</p><p>c) : Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte,</p><p>Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, com populações que variam de 1,6</p><p>(Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte), constituem o segundo nível da</p><p>gestão territorial. Note-se que Manaus e Goiânia, embora estejam no ter-</p><p>ceiro nível da gestão territorial, tem porte e projeção nacional, o que lhes</p><p>garante a inclusão nesse conjunto.</p><p>: integram esse nível setenta centros que, como as metrópo-</p><p>les, também relacionam-se com o estrato superior da rede urbana. Com capa-</p><p>cidade de gestão no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área</p><p>de in�uência de âmbito regional, sendo referidas como destino, para um con-</p><p>junto de atividades, por grande número de municípios. Assim como o anterior,</p><p>este nível também tem três subdivisões. O primeiro grupo inclui as capitais</p><p>estaduais não classi�cadas no nível metropolitano e Campinas; o segundo e o</p><p>terceiro grupos, além da diferenciação de porte, têm padrão de localização re-</p><p>gionalizado, sendo o segundo mais presente no Centro-Sul e o terceiro nas de-</p><p>mais regiões do País. Os grupos são:</p><p>a) : constituído por onze cidades, com medianas de 955</p><p>mil habitantes e 487 relacionamentos.</p><p>b) : constituído por vinte cidades, com medianas de 435</p><p>mil habitantes e 406 relacionamentos.</p><p>c) : constituído por 39 cidades com medianas de 250</p><p>mil habitantes e 162 relacionamentos.</p><p>: nível composto por 169 centros com atividades de ges-</p><p>tão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territo-</p><p>rial. Além disso, têm área de atuação mais reduzida e os relacionamentos com</p><p>centros externos à sua própria rede dão-se, em geral, apenas com as três me-</p><p>trópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas de maior ocupa-</p><p>ção do Nordeste e do Centro-Sul, e mais esparsa nos espaços menos densa-</p><p>mente povoados das Regiões Norte e Centro-Oeste, estão também subdividi-</p><p>dos em:</p><p>a) : constituído por 85 cidades, com medianas de 95</p><p>mil habitantes e 112 relacionamentos.</p><p>b) : constituído por 79 cidades, com medianas de 71</p><p>mil habitantes e 71 relacionamentos.</p><p>: nível formado por 556 cidades de menor porte e com atua-</p><p>ção restrita à sua área imediata; exercem funções de gestão elementares.</p><p>Subdivide-se em:</p><p>a) : 192 cidades, com medianas de 45 mil habitantes e 49</p><p>relacionamentos. Predominam os níveis 5 e 6 da gestão territorial (94 e</p><p>72 cidades, respectivamente), com 9 cidades no quarto nível e 16 não</p><p>classi�cadas como centros de gestão.</p><p>b) : 364 cidades, com medianas de 23 mil habitantes e 16</p><p>relacionamentos. A maior parte, 235, não havia sido classi�cada como</p><p>centro de gestão territorial, e outras 107 estavam no último nível daquela</p><p>classi�cação.</p><p>: as demais 4.473 cidades cuja centralidade e atuação não extra-</p><p>polam os limites do seu município, servindo apenas aos seus habitantes, têm</p><p>população dominantemente inferior a dez mil habitantes (mediana de 8.133</p><p>habitantes).</p><p>A Figura 29 mostra o mapa da rede urbana brasileira em 2007.</p><p>: IBGE (2007, p. 12).</p><p>Figura 29 Rede urbana brasileira em 2007.</p><p>Observando o mapa (Figura 29) e com base nos estudos realizados pelo IBGE</p><p>(2007), podemos perceber que a distribuição dos níveis hierárquicos no territó-</p><p>rio é desigual. Os estados litorâneos concentram o maior número de lugares</p><p>centrais, onde o �uxo de informação e mercadoria é muito maior do que em</p><p>relação ao interior do país.</p><p>É possível perceber, ainda, que existem áreas que contam com uma rede urba-</p><p>na estruturada, com a presença de níveis encaixados e situados em intervalos</p><p>regulares. Em contraposição, há áreas onde há ausência de níveis hierárqui-</p><p>cos intermediários.</p><p>Fazendo uma breve caracterização da rede urbana brasileira podemos chegar</p><p>à seguinte conclusão, de acordo com o estudo do IBGE (2007, p. 13).</p><p>O Centro-Sul do País é um exemplo do primeiro caso, pois conta com um signi�ca-</p><p>tivo número de metrópoles, capitais regionais e centros sub-regionais, com grande</p><p>articulação entre si. As Regiões Norte e Nordeste, por sua vez, ilustram o segundo</p><p>caso, já que apresentam distribuições truncadas em que faltam níveis hierárquicos,</p><p>apresentando um sistema primaz. Este ocorre tanto em áreas da Amazônia e do</p><p>Centro-Oeste, onde há esparsa ocupação do território, quanto do Nordeste, apesar de</p><p>sua ocupação consolidada e, em muitas áreas, densa. Nesta região, as capitais tra-</p><p>dicionalmente concentram a oferta de equipamentos e serviços e são poucas as op-</p><p>ções de centros de nível intermediário, ainda que deva ser notado que estes, apesar</p><p>de poucos, são tradicionais, e exercem forte polarização em suas áreas, a exemplo</p><p>de Campina Grande, Petrolina-Juazeiro, Juazeiro</p><p>de rodagem.</p><p>Segundo Archela (2000), a preocupação central da Cartogra�a</p><p>Sistemática está na localização precisa dos fatos, na implantação e ma-</p><p>nutenção das redes de apoio geodésico, na execução dos recobrimentos</p><p>aerofotogramétricos e na elaboração e atualização dos mapeamentos bá-</p><p>sicos.</p><p>De acordo com as normas da legislação cartográ�ca em vigor, estabeleci-</p><p>das no decreto-lei n. 243/67, que regulamenta as Diretrizes e Bases da</p><p>Cartogra�a e da Política Cartográ�ca Nacional, a “Cartogra�a sistemática</p><p>tem por �m a representação do espaço territorial brasileiro por meio de</p><p>cartas, elaboradas seletiva e progressivamente, consoante prioridades</p><p>conjunturais, segundo os padrões cartográ�cos terrestre, náutico e aero-</p><p>náutico”.</p><p>• : Trata-se do mapeamento resultante da coleta, aná-</p><p>lise e interpretação de dados, e da representação das informações sobre</p><p>uma carta base. Neste caso é mais importante o conteúdo que vai ser re-</p><p>presentado no mapa do que a precisão dos contornos ou da rede de para-</p><p>lelos e meridianos.</p><p>Marques (2011) discorre que:</p><p>Os temas analíticos podem ser obtidos por correlação entre vários temas elementa-</p><p>res ou entre séries estatísticas. São representados na utilização da técnica mais</p><p>conveniente e têm o objetivo de melhorar a visualização, incluindo, além de mapas,</p><p>outras formas de representação como grá�cos, blocos diagramas e croquis.</p><p>Veja o quadro presente na Figura 2, elaborado por Sanchez (1981), no qual ele</p><p>diferencia a Cartogra�a Temática da Sistemática:</p><p>: Sanches (1981, n. p.).</p><p>Figura 2 Principais diferenças entre Cartogra�a Sistemática e Cartogra�a Temática.</p><p>Archela (1999) discorre que as informações dispostas na Figura 3:</p><p>[...] evidenciam que a fronteira entre cartogra�a temática e sistemática não é tão</p><p>bem de�nida. Dependendo da situação, um mapa pode ser classi�cado como temá-</p><p>tico ou sistemático.</p><p>Entretanto, Joly (1990) elucida esta questão ao a�rmar que se convencionou inter-</p><p>nacionalmente, adotar o termo cartogra�a temática para designar todos os mapas</p><p>que tratam de outro assunto além da simples representação do terreno.</p><p>Rosa (1996) ressalta que em qualquer um dos campos da Cartogra�a, a coleta, o re-</p><p>gistro, a análise e a edição dos dados em formato grá�co são operações tradicionais</p><p>e rotineiras. Embora haja uma estreita dependência da cartogra�a temática em re-</p><p>lação à sistemática - uma vez que esta fornece a base para todos os tipos de mapas,</p><p>há uma grande diferença quanto aos métodos utilizados, que sofreram alterações</p><p>profundas com o advento das novas tecnologias.</p><p>Atualmente, mesmo considerando que a cartogra�a temática está muito mais liga-</p><p>da à Geogra�a do que a cartogra�a sistemática, e que não é exclusiva da Geogra�a,</p><p>ela é reconhecida como a Cartogra�a da Geogra�a como escreveu Lacoste (1988).</p><p>Ele deixou claro que não é possível relacionar à Geogra�a a elaboração de cada um</p><p>dos diferentes tipos de mapas resultantes de pesquisas realizadas por geólogos, bo-</p><p>tânicos e climatólogos entre outros. Por outro lado, ressaltou que se considerarmos</p><p>conjuntamente os diferentes tipos de mapas temáticos que representam um mes-</p><p>mo território, parece legítimo, considerá-los como objetos geográ�cos.</p><p>Neste trabalho, Lacoste levanta a seguinte questão sobre os mapas: Por que é ne-</p><p>cessário procurar considerar conjuntamente as representações espaciais estabele-</p><p>cidas pelas diferentes disciplinas cientí�cas? E responde, enfatizando a relação da</p><p>Geogra�a com a Cartogra�a:</p><p>Porque a ação seja ela do tipo econômico ou militar, por exemplo, não se aplica, na</p><p>realidade, sobre um espaço abstrato cuja diferenciação resulta da análise de uma</p><p>só disciplina, mas sobre um território concreto cuja diversidade e complexidade só</p><p>podem ser extraídas por uma visão global.</p><p>Nesta disciplina será enfatizada a Cartogra�a Sistemática, pois ela é a base</p><p>fundamental para a Cartogra�a Temática, ou seja, sem ela não é possível ela-</p><p>borar com precisão os mapas temáticos (este outro campo da cartogra�a será</p><p>estudado na disciplina Cartogra�a Temática).</p><p>Localização e orientação</p><p>Desde os primórdios, localizar-se e orientar-se no espaço geográ�co sempre</p><p>foi uma preocupação do ser humano. Isso acontecia a principio pela necessi-</p><p>dade de encontrar alimento e abrigo. No entanto, com o passar do tempo sur-</p><p>giram novas necessidades como traçar rotas de comércio e de navegação, pla-</p><p>nejar manobras no campo de batalha, encontrar recursos no subsolo, de�nir o</p><p>melhor local para a instalação de uma indústria, entre outros.</p><p>Uma vez que estamos constantemente em busca de orientação e localização, é</p><p>importante estudarmos alguns componentes que podem nos auxiliar em nos-</p><p>sa localização no espaço.</p><p>Forma e movimento da Terra</p><p>Graças à esfericidade do Planeta Terra, temos diferentes zonas climáticas: po-</p><p>lares, temperadas e tropicais. Quanto mais nos afastamos do Equador, maior a</p><p>inclinação com que os raios solares incidem na superfície terrestre; a mesma</p><p>quantidade de energia passa a ser distribuída por uma área cada vez maior, o</p><p>que torna as temperaturas progressivamente mais baixas (veja a Figura 3).</p><p>Figura 3. Incidência de raios solares em diferentes pontos da Terra.</p><p>Para Grimm (1991):</p><p>A Terra tem dois movimentos principais: rotação e translação. A rotação em torno</p><p>de seu eixo é responsável pelo ciclo dia-noite. A translação se refere ao movimento</p><p>da Terra em sua órbita elíptica em torno do Sol. A posição mais próxima ao Sol, o</p><p>perihélio (147x10 Km), é atingido aproximadamente em 3 de janeiro e o ponto mais</p><p>distante, o afélio (152x10 Km), em aproximadamente 4 de julho. As variações na ra-</p><p>diação solar recebidas devido à variação das distâncias são pequenas.</p><p>As estações são causadas pela inclinação do eixo de rotação da Terra em relação à</p><p>perpendicular ao plano de�nido pela órbita da Terra (plano da eclíptica). Esta incli-</p><p>nação faz com que a orientação da Terra em relação ao Sol mude continuamente</p><p>enquanto a Terra gira em torno do Sol. O Hemisfério Sul se inclina para longe do</p><p>Sol durante o nosso  inverno e em direção ao Sol durante o nosso verão. Isto signi�-</p><p>ca que a altura do Sol, o ângulo de elevação do Sol acima do horizonte, para uma</p><p>dada hora do dia (por exemplo, meio dia) varia no decorrer do ano. No hemisfério</p><p>de verão as alturas do Sol são maiores, os dias mais longos e há mais radiação so-</p><p>lar. No hemisfério de inverno as alturas do Sol são menores, os dias mais curtos e</p><p>há menos radiação solar (GRIMM, 1999).</p><p>Coordenadas Geográ�cas</p><p>O globo terrestre pode ser dividido em uma rede de linhas imaginárias que</p><p>permitem localizar qualquer ponto de sua superfície. Essas linhas determi-</p><p>nam dois tipos de medidas: a latitude e a longitude, que em conjunto são cha-</p><p>madas de coordenadas geográ�cas (MOREIRA; SENE, 2004). Assim, para loca-</p><p>lizar qualquer lugar, na superfície terrestre, de forma exata, é necessário usar</p><p>duas indicações, uma letra e um número. Há necessidade de utilizar elemen-</p><p>tos de referencia que possibilitam localizar com exatidão qualquer lugar da</p><p>Terra.</p><p>A rede cartográ�ca ou geográ�ca nos dá a indicação das coordenadas geográ�cas.</p><p>Os pontos de orientação dão um rumo, isto é, uma direção, mas não permitem loca-</p><p>lizar com exatidão um ponto na superfície terrestre. Assim, quando dizemos que a</p><p>área x está a leste de y, não estamos dando a localização precisa dessa área, mas</p><p>apenas indicando uma direção. Para saber com exatidão onde se localiza qualquer</p><p>ponto da superfície terrestre usamos as coordenadas geográ�cas (CORRÊA, 2009).</p><p>As linhas imaginárias que formam as coordenadas geográ�cas são chamadas</p><p>de paralelos e meridianos: os paralelos são aquelas linhas paralelas ao equa-</p><p>6</p><p>6</p><p>dor e os meridianos aquelas que são perpendicular a ele, que vão de polo a po-</p><p>lo e cruzam com os paralelos.</p><p>Ainda segundo Corrêa (2009):</p><p>Cada meridiano possui seu antimeridiano, isto é um meridiano oposto que, junto</p><p>com ele, forma uma circunferência. Todos os meridianos têm o mesmo tamanho.</p><p>Convencionou-se o meridiano de Greenwich, que passa próximo a cidade de</p><p>Londres,</p><p>na Inglaterra, como o meridiano principal, o marco zero. A partir dos para-</p><p>lelos e meridianos, estabeleceram-se as coordenadas geográ�cas, que são medidas</p><p>em graus, para localizar qualquer ponto na superfície terrestre.</p><p>Existem pelo menos quatro modos de designar uma localização exata para qual-</p><p>quer ponto no globo terrestre. Nos três primeiros sistemas, o globo é dividido em la-</p><p>titudes, que vão de 0 a 90º (Norte e Sul) e longitude, que vão de 0 a 180º (Leste ou</p><p>Oeste). Para efeitos práticos, usam-se as siglas internacionais para os pontos carde-</p><p>ais: N=Norte, S=Sul, E=Leste/Este, W=Oeste.</p><p>Para as latitudes, o valor de cada unidade é bem de�nido. O círculo tem</p><p>20.003,93km, dividido por 180, concluímos que um grau (º) equivale a 111,133km.</p><p>Dividindo um grau por 60, torna-se que um minuto (') equivale a 1.852,22m.</p><p>Dividindo um minuto por 60, tem-se que um segundo (") equivale a 30,87m. Para as</p><p>longitudes, há um valor especí�co para cada posição, que aumenta de 0 nos pólos</p><p>até a linha do Equador, onde está seu valor máximo.</p><p>Vejamos, na Figura 4, a localização exata para qualquer ponto no globo terres-</p><p>tre usando os pontos cardeais: N=Norte, S=Sul, E=Leste/Este, W=Oeste.</p><p>Figura 4 Rosa dos ventos.</p><p>Fusos horários</p><p>Devido ao movimento de rotação da Terra, vários pontos da superfície do pla-</p><p>neta apresentam diferença de horários.</p><p>Sobre isso, Geomult (2010 apud Moreira e Sene 2007) discorre que:</p><p>Dividindo-se os 360 graus da esfera terrestre pelas 24 horas de duração do movi-</p><p>mento de rotação, resultam 15 graus. Portanto, a cada 15 graus que a Terra gira,</p><p>passa-se uma hora, e cada uma dessas 24 divisões recebe o nome de fuso horário.</p><p>Desde a chamada Conferência Internacional do Meridiano, em 1884 nos EUA, as re-</p><p>giões situadas em um mesmo fuso adotam o mesmo horário. Foi também nessa</p><p>conferência que se convencionou adotar o meridiano de Greenwich como a linha</p><p>de referência para medir as longitudes e acertar os relógios em todo o planeta. Para</p><p>tanto, de�niu-se o seguinte procedimento:</p><p>O fuso de referência se estende de 7º30’ para leste a 7º30’ para oeste do meridiano</p><p>de Greenwich, o que totaliza uma “faixa” de 15 graus. Portanto a longitude na qual</p><p>termina o fuso seguinte a leste é 22º30’ E (e, para o fuso correspondente a oeste,</p><p>22º30’ W). Somando continuamente 15º a essas longitudes, obteremos os limites</p><p>teóricos dos demais fusos do planeta.</p><p>As horas mudam, uma a uma, à medida que passamos de um fuso a outro, entre-</p><p>tanto, como as linhas que os separam cortam várias unidades politico-</p><p>administrativas ao meio, os países �zeram adaptações estabelecendo, assim, os li-</p><p>mites práticos dos fusos, na tentativa de manter, na medida do possível, um horário</p><p>uni�cado num mesmo pais, estado ou província. No caso dos fusos teóricos, basta-</p><p>ria, para determinarmos a diferença de horário entre duas localidades, saber a dis-</p><p>tância leste-oeste entre elas, em graus, e dividi-la por 15, a medida de cada fuso.</p><p>Porém, com a adoção dos limites práticos, em alguns locais os fusos podem medir</p><p>mais ou menos que os tradicionais 15º.</p><p>O mapa de fusos do planeta mostra que as horas aumentam para leste e diminuem</p><p>para oeste, de qualquer referencial adotado. Isso ocorre porque a Terra gira de oeste</p><p>para leste. Como o Sol nasce de leste, à medida que nos deslocamos nessa direção,</p><p>estamos indo para um local onde o Sol nasceu antes; portanto nessa região as ho-</p><p>ras estão “adiantadas” em relação ao local onde partimos. Quando nos deslocamos</p><p>para oeste, entretanto, estamos nos dirigindo a um local onde o Sol nasce mais tar-</p><p>de; portanto nesse lugar as horas estão “atrasadas” em relação ao nosso ponto de</p><p>partida.</p><p>A seguir, a Figura 5, ilustra o mapa do fuso horário mundial:</p><p>: IBGE (2009).</p><p>Figura 5 Mapa do fuso horário mundial.</p><p>É importante ressaltar que, para compreender a história da Cartogra�a em sua</p><p>amplitude, não podemos nos restringir ao conhecimento ocidental, ou seja,</p><p>eurocêntrico, uma vez que há diversas formas de representar o espaço em</p><p>meio a diferentes culturas. Cada povo teve ou tem maneiras distintas de</p><p>perceber e produzir imagens espaciais e, portanto, pode contribuir</p><p>signi�cativamente para a Cartogra�a. Vamos em frente!</p><p>Esboço histórico</p><p>Precedendo a própria escrita, os mapas são formas muito antigas de comuni-</p><p>cação. Eles servem, sobretudo para representar os elementos que compõem a</p><p>paisagem geográ�ca. Essa representação é feita a partir de elementos como</p><p>pontos, linhas texturas cores e textos, denominados signos da cartogra�a.</p><p>Devemos lembrar, no entanto, que os mapas nunca serão uma representação</p><p>realista dessa paisagem, serão sempre uma representação parcial, a�nal, seu</p><p>objetivo principal é o de permitir que haja um registro e a localização desses</p><p>elementos da paisagem além de permitir nossa orientação no espaço geográ�-</p><p>co (MOREIRA; SENE 2004).</p><p>Desenhos pré-históricos gravados em cavernas e petroglifos mostram que as</p><p>primeiras manifestações cartográ�cas remontam dessa época. Os homens</p><p>pré-históricos representavam seu espaço nas paredes e pedras a partir de pin-</p><p>turas rupestres e entalhamentos. Os desenhos estavam relacionados com a</p><p>sua própria subsistência e localização, mostrando as formas como caçavam,</p><p>como eram os animais, como se interagiam entre si.</p><p>Morales (2008) discorre que:</p><p>Entre os petroglifos mais importantes �guram os descobertos em Bedolina (Capo di</p><p>Ponte. Itália), por Raffaelo Battaglia, que os deu a conhecer, em Londres, durante</p><p>uma conferência de arqueologia, ocorrida no ano de 1962; alguns estudos defendem</p><p>que estas gravuras, se tratam de imagens dos terrenos cultivados, em um vale, na</p><p>Idade do Bronze.</p><p>Não obstante, é importante salientar que também estão documentadas as provas</p><p>de que surgiram, ao mesmo tempo, desenhos mais transcendentes do tipo astronô-</p><p>mico, incluindo as imagens da Lua, do Sol, de estrelas isoladas e de constelações.</p><p>No entanto, os são considerados registros históricos, propriamente ditos,</p><p>formaram-se em épocas muito mais remotas, sendo que o mais antigo de que</p><p>se tem notícia, é o do mural de Çatal-Hüyük (veja a Figura 6), que foi descober-</p><p>to, no transcurso de escavações no ano de 1963, por J. Mellart. Com ele é que</p><p>se inicia a verdadeira cartogra�a, e é possível identi�car a imagem de um po-</p><p>voado e um vulcão em erupção. Com isso a cartogra�a então teria aproxima-</p><p>damente 800 anos.</p><p>Figura 6 O muro pintado de Çatal-Hüyük (Turquia).</p><p>Segundo Morales (2008) no Oriente médio, estão localizados inúmeros exem-</p><p>plos dessas representações. Estão muito melhor delineados, e mais bem con-</p><p>servados, pois a argila na qual foi esculpido era de melhor qualidade. O autor</p><p>coloca ainda que dentre todas elas três merecem destaque, por serem muito</p><p>singulares.</p><p>O primeiro deles é a planta de um templo, que forma parte da estátua de Gudea (sé-</p><p>culo XXI  a.C.), e incorpora uma escala grá�ca; o segundo, desenhado em escala, é o</p><p>celebre  plano do povoado de Nippur (1.500 a.C.), o qual mostra as muralhas da cida-</p><p>de, canais, armazéns e até um parque; o terceiro exemplo é a primeira representa-</p><p>ção orientada de que se tem notícias, conhecida como o mapa de Nuzi, nele �gura</p><p>uma propriedade rural, com uma superfície de uns 121 hectares, e o nome de seu</p><p>proprietário. Entretanto o mais interessante é que, sobre o mesmo, se observa a pre-</p><p>sença de três pontos cardeais: Este (na sua parte superior), Norte e Oeste</p><p>(MORALES, 2008).</p><p>Assim, é possível concluir que desde a antiga Babilônia já eram conhecidos os</p><p>elementos básicos da cartogra�a e que eles eram essenciais para os estudos</p><p>da geodésia e da cartogra�a matemática. Foi nessa região também em que</p><p>surgiu o primeiro mapa mundi, numa representação muito super�cial e esque-</p><p>mática.</p><p>O mapa em argila, data do século VI a.C. e representa o desenho do mundo como</p><p>um disco �utuando em um mítico oceano, um mundo praticamente limitado pela</p><p>cidade da Babilonia, que é simbolizada por um retângulo alargado, e o rio Eufrates</p><p>que �ui desde as montanhas da</p><p>Armênia (MORALES, 2008).</p><p>Este mapa pode ser visualizado na Figura 7.</p><p>: Morales (2008, p. 3).</p><p>Figura 7 O mundo babilônico (o original mede 12,5 x 8 cm).</p><p>Morales (2008), discorre que nesse período, surge a civilização egípcia que vai</p><p>adquirir um grande desenvolvimento na Astronomia e na Matemática.</p><p>Heródoto vai a�rmar, muitos anos depois que nessa região é que se inventou</p><p>também a Geometria. Nas biogra�as de Pitágoras, constata-se que o conheci-</p><p>mento esteve in�uenciado em seu aprendizado adquirido no Egito, onde de-</p><p>senvolveu a Geometria prática que deu origem a Topogra�a em meados do sé-</p><p>culo IV a.C.</p><p>Ainda segundo o autor citado anteriormente,  os podemos dizer que a geome-</p><p>tria dos egípcios vem se re�etindo há tempos memoráveis, em sua agrimen-</p><p>sura. Desde esse período, o povo egípcio tem o conhecimento de “replantear os</p><p>detalhes topográ�cos desaparecidos pelas cheias do rio Nilo”.</p><p>Nessa região, eram frequentes os trabalhos cadastrais e de exploração mine-</p><p>ral, no entanto a expressão grá�ca é muito difícil de ser encontrada pois, o pa-</p><p>piro que era usado como suporte era muito frágil, com exceção de alguns que</p><p>estão até hoje muito bem conservados. Assim, temos o papiro de Turín, tam-</p><p>bém denominado “plano das minas de ouro” ou do ano de 1150 a.C.</p><p>O papiro de Turín tem de duas partes sendo que a mais importante tem chega</p><p>a medir 40 cm de altura, apresentando um desenho de dois caminhos parale-</p><p>los entre si, conectados por outro um outro caminho transversal que percorre</p><p>regiões montanhosas de cor rosácea. As cores são explicadas a partir de um</p><p>texto que mostra o que signi�ca cada uma das zonas coloridas. Segundo</p><p>Brandão et. al. (2012), “o signi�cado da cor é explicado por um texto que classi-</p><p>�ca as zonas coloridas como as zonas em que se extraia o ouro”.</p><p>Mapas orientais</p><p>Os chineses desenvolveram uma cartogra�a de excelente qualidade e os ára-</p><p>bes criaram a primeira bússola. Neste item conheceremos algumas das con-</p><p>tribuições da cartogra�a chinesa. Que também é muito antiga e apresenta for-</p><p>mas muito particulares de representação, sendo de grande importância para</p><p>cartogra�a, pois in�uenciou muitos mapas posteriormente criados pelos euro-</p><p>peus.</p><p>Pei Hsiu  é considerado um dos grandes nomes da Cartogra�a Chinesa. Seus</p><p>trabalhos eram acompanhados por textos que explicavam esses mapas. Os</p><p>mapas nunca foram localizados, apenas os textos explicativos que permitiram</p><p>fazer com que estudiosos reconstruíssem alguns desses mapas, levando à</p><p>conclusão de que vários princípios cartográ�cos que são conhecidos nos dias</p><p>de hoje já eram utilizados por Pei Hsiu. É importante lembrar que o desenvol-</p><p>vimento da cartogra�a pelos chineses não teve nenhum elo com o do mundo</p><p>ocidental (DUARTE, 2002).</p><p>Outro trabalho importante foi o do almirante Zheng He (1371 – 1433), elaborado</p><p>no século 15 da era Cristã. Trata-se de uma mapa náutico, manuscrito, que</p><p>mostra o itinerário desde o porto de Nanquim, na China, passando pelo estrei-</p><p>to de Ortnuz e os portos da costa oriental da África, além de várias outras in-</p><p>formações. Veja este mapa na Figura 8:</p><p>UNESCO apud DUARTE (2002, p. 40).</p><p>Figura 8 Portulando de Zheng He.</p><p>Segundo um artigo de Eric Choi Chi Hong (2001), em meados</p><p>da década de 70, foram desenterrados do Túmulo nº 3 da Dynastia Han, em</p><p>Chang Sha, Hu Nan, três mapas elaborados em seda, denominados: a</p><p>“´Con�guração da Terra’, o ‘Mapa de Guarnição’ e o ‘Mapa de Quinta’. Estes ob-</p><p>jetos provaram que as técnicas de cartogra�a durante a Dinastia Xi Han já ti-</p><p>nham atingido um nível bastante elevado” (BARBOSA, 2011).</p><p>Ainda segundo Choi Chi Hong, o cartógrafo Pei Xiu, de Xi Jin (224-271),  faz</p><p>um relato das experiências dos antigos cartógrafos, apresentando os seis prin-</p><p>cípios da cartogra�a, denominados, a Escala, a Direção, o Caminho, o “Gao</p><p>Xia”, o “Fang Xie” e o “Yu Zhi”. Os três últimos levam em conta os princípios da</p><p>distância segundo uma linha reta, sendo que ainda hoje, a escala, a direção e a</p><p>distância são elementos fundamentas da Cartogra�a moderna.</p><p>Esses artigos que foram desenterrados do túmulo Ma Wang Dui provaram que</p><p>a China já dominava e fazia uso de avançadas técnicas de medição há muitos</p><p>e muitos anos. Sendo que pela primeira vez, é a�rmado a importância da esca-</p><p>la e da direção, através dos “seis princípios” (HONG 2001).</p><p>Os mapas antigos descobertos nas Dinastias Ming e Qing possuíam uma gran-</p><p>de componente artística, pois possuíam uma característica muito mais artísti-</p><p>ca do que de mapas. Pei Xiu, acreditava que na cartogra�a devia ser aplicado o</p><p>método de “Ji Li Hua Fang”, que consistia em traçar vários quadratinhos no</p><p>plano, para que fosse atingida uma grande precisão física.</p><p>Nesse período, na China, acreditava-se que o mundo era completamente plano</p><p>o que impedia o desenvolvimento cientí�co da cartográ�a, pois não se acredi-</p><p>tava que a Terra era redonda.</p><p>Hong (2001) aponta durante a Dinastia Ming, tanto a quantidade quanto o tipo</p><p>de mapas multiplicaram-se. No entanto, embora as teorias cartográ�cas mais</p><p>cientí�cas do Ocidente mesmo tendo chegado a china, por volta do ano de</p><p>1573-1619, não foram aceitos pelos chineses pois seus pensamentos eram mui-</p><p>to tradicionais e muito radicais nessa época.</p><p>Existem ainda algumas teorias encontradas em livros da Dynastia Xian Qing,</p><p>que permitem evidenciar que o surgimento e o desenvolvimento da cartogra-</p><p>�a são consequência da necessidade militar e política.</p><p>A primeira obra especí�ca sobre cartogra�a é denominada “Guan Zi-Mapa” e</p><p>mostra a importância da cartogra�a para �ns militares, pois era preciso co-</p><p>nhecer a topogra�a, a localização, a con�guração e a superfície de montanhas</p><p>vales, rios, montes, colinas, �orestas, bosques, estepes, caminhos, cidades, en-</p><p>�m, conhecer o espaço geográ�co.</p><p>Hong (2012) relata que nesse livro:</p><p>[...] o autor de�niu as características e realçou a importância dos mapas nas acções</p><p>militares.</p><p>Na Dinastia Zhou, apareceu a palavra “Ban Tu (território)” que correspondia a um</p><p>registo habitacional e a um mapa (citado do “Zhou Li. Tian Guan”). Segundo o Han</p><p>Fei (280-233 A.C.), o mapa faz parte do território. Ele referiu que se alguém oferecer</p><p>um mapa nacional a um terceiro, isso poderia signi�car que lhe ia oferecer o terre-</p><p>no. A história da tentativa de assassínio (frustrada) levada a cabo por Jin Ke, no</p><p>ano 227 A.C., teve como pretexto a oferta do mapa de Du Kang (lugares da província</p><p>He Bei) do Estado Yan ao Imperador da dinastia Qing.</p><p>Assim, explica-se a importância do mapa na área política e militar. Nas dinastias</p><p>seguintes, o governo central pediu mapas de todas as províncias, a �m de reforçar a</p><p>governação central e desenhar um mapa único de todo o país. É bastante interes-</p><p>sante que o caráter chinês “Tu” (desenho ou mapa), se for um verbo, também signi-</p><p>�ca “desejar”. No “Zhang Guo Ce. Qing Ce Si” (História da Era dos Estados</p><p>Combatentes, Capítulo do Qing), está escrito que depois de se conquistar os estados</p><p>de Han e Wei, segue-se o “Tu” (o desejo de ocupar todo o mundo). Através desta his-</p><p>tória também se explica a ligação permanente entre mapa e os políticos ambicio-</p><p>sos.</p><p>Contribuição grega</p><p>Veremos agora algumas das contribuições gregas para a história da cartogra-</p><p>�a e utilizaremos como base o artigo A evolução dos mapas através da histó-</p><p>ria, de Mario Ruíz Morales.</p><p>Segundo o autor,</p><p>As primeiras referências cosmográ�cas dos gregos são, todavia pré-cientí�cas, as-</p><p>sim como as observadas na descrição que se faz na Ilíada, do escudo de Aquiles;</p><p>ainda que se mencionem, na obra de Homero, os quatro pontos cardeais associados</p><p>aos ventos Boreal (norte), Euro (sul), Noto (Este) e Cé�ro (oeste)” (MORALES, 2008, p.</p><p>5).</p><p>A expansão colonial sobre o Mediterraneo superou a vião de mundo tão limi-</p><p>tada de Homero, servindo em grande parte, para que os pensadores gregos</p><p>tentassem sistematizar o conhecimento geográ�co, ao formular perguntas</p><p>cruciais como: “Qual é a forma e o tamanho da Terra? Que magnitude e distri-</p><p>buição têm as massas continentais</p><p>e oceânicas? Que tipo de habitantes, e em</p><p>que extensão, povoam a Terra? (MORALES, 2008).</p><p>As várias gerações de pitagóricos que se sucederam entre o grande mestre e</p><p>Filósofo são apontados como responsáveis pela a�rmação de que Terra era es-</p><p>férica.</p><p>Morales (2008) relata que Dicearco de Mesina:</p><p>[...] era considerado um dos mais importantes geógrafos gregos, sendo o primeiro a</p><p>descrever e dimensionar o Ecumene (mundo conhecido), assinalando 60.000 está-</p><p>dios de Este a Oeste e 40.000 estádios de Norte a Sul.</p><p>Na representação cartográ�ca que se lhe atribui, traçou como principal linha dire-</p><p>triz (o diagrama), uma que discorre de Oeste a Este, seguindo o Mediterrâneo, de</p><p>modo que a superfície terrestre �cava dividida em duas metades, uma septentrio-</p><p>nal e outra meridional. A segunda linha diretriz era uma perpendicular à anterior,</p><p>traçada em Rodas, a qual coincidia sensivelmente com o meridiano Siena-</p><p>Lysimachia” .</p><p>Dicearco fez também uma descrição geral da Terra e realizou um estudo sobre a al-</p><p>tura dos montes do Peloponeso e da Grécia, que resultou num dado muito signi�ca-</p><p>tivo, mesmo com o pouco interesse mostrado pelos antigos no conhecimento do re-</p><p>levo terrestre.</p><p>Veja, na Figura 9, o Mapa-múndi de Dicearco.</p><p>: Morales (2008, p. 6).</p><p>Figura 9 Mapa-múndi de Dicearco com o diagrama central.</p><p>O autor termina sua breve resenha sobre a cartogra�a grega mencionando a</p><p>ilustre importância de Ptolomeu. Sua hipótese geocêntrica, que explica os mo-</p><p>vimentos planetários, se tornou o promotor da cartogra�a moderna ao dese-</p><p>nhar quatro sistemas cartográ�cos para obter uma imagem plana do mundo.</p><p>Ptolomeu foi o pioneiro a falar de longitudes, nos termos semelhantes aos atu-</p><p>ais, introduzindo a simbologia para a representação cartográ�ca antecedente</p><p>dos símbolos convencionais (MORALES, 2008).</p><p>A estagnação da cartogra�a</p><p>Durante a Idade Média, a evolução do conhecimento cientí�co – e, consequen-</p><p>temente, da cartogra�a – �cou estagnado e reprimido por representar ideias</p><p>contrárias às da Igreja Católica (DUARTE, 2002). Essa estagnação geográ�ca,</p><p>que ocorre na Idade Média, foi tão expressivo que a esfericidade da Terra che-</p><p>gou a ser considerada uma ideia banal e pois não se ajustava ao conteúdo da</p><p>Bíblia, que era considerada o livro da verdade.</p><p>Segundo Duarte (2002), nesse período houve um retrocesso no desenvolvi-</p><p>mento do conhecimento cientí�co devido à crença de que a Terra não poderia</p><p>ser esférica, uma vez que a Igreja não admitia um mundo de face para baixo.</p><p>Isso explica o estilo simplista dos novos mapas, nos quais todos os continen-</p><p>tes possuíam tamanhos iguais. Esses mapas eram circulares e �caram conhe-</p><p>cidos por Orbis Terrarum, ou então mapas “T” no “O”. Veja, na Figura 10, um</p><p>exemplo desse tipo de mapa:</p><p>Figura 10 Mapa do tipo Orbis Terrarum.</p><p>Entretanto, no decorrer dos anos surgiram novas ideias e a Igreja passou a</p><p>aceitar algumas delas, como, por exemplo, a esfericidade da Terra. Acreditava-</p><p>se que Deus havia criado a terra na forma geométrica mais perfeita: a esfera.</p><p>Com o início das Grandes Navegações, ainda na Idade Média, começam a ser</p><p>elaborados os Portulanos, que vão se dividir em dois grupos distintos, ou seja o</p><p>grupo dos espanhóis e o grupo dos italianos. Os italianos tinham como princi-</p><p>pal característica desenhar somente o perímetro do litoral, sendo que os espa-</p><p>nhóis estendiam sua representação para a zona continental, simbolizando</p><p>melhor as características físicas, desenhando rios e representando monta-</p><p>nhas e planícies assim como as posições das cidades e outros lugares de inte-</p><p>resse. Aos espanhóis, pertence ainda o atlas catalão ou de Cresques, que foi</p><p>confeccionado por uma família judia de Mallorca em 1375, onde aparece pela</p><p>primeira vez a palavra Granada (MORALES, 2008).</p><p>Veja, na Figura 11, um exemplo de portulano (no caso, elaborado por João</p><p>Teixeira Albernaz):</p><p>: Morales (2008, p. 19).</p><p>Figura 11 Mapa Portulano do Atlântico e Pací�co oriental, desenhado por João Teixeira Albernaz, em 1681.</p><p>De acordo com o autor citado anteriormente, aproximadamente em 1405, a</p><p>obra de Ptolomeu foi traduzida para o Latim, e reapareceu na época do</p><p>Renascimento com algumas modi�cações e atualizações. Seus textos foram</p><p>conservados pelos árabes, que os enriqueceram com seus próprios estudos</p><p>(DUARTE, 2002).</p><p>Os árabes também estavam envolvidos em conquistas territoriais e sentiam a</p><p>necessidade de avaliar os recursos das novas terras (Ibidem).</p><p>Além disso, queriam implantar um sistema �scal e tributário mais e�ciente, o</p><p>que favoreceu muito o desenvolvimento da Cartogra�a (Ibidem).Foi graças ao</p><p>fechamento do Canal de Suez – o principal caminho para as Índias – pelos</p><p>árabes, que os navegadores europeus começaram a procurar novas rotas e,</p><p>consequentemente, ao descobrimento da América. Isso contribui também,</p><p>indiretamente, para a atualização dos mapas existentes na época.</p><p>Cartogra�a durante o renascimento e a in�uência das</p><p>grandes navegações</p><p>Com o Renascimento e a busca por novas terras, os navegadores procuravam</p><p>por mapas cada vez mais atualizados e aperfeiçoados. Os mapas eram confec-</p><p>cionados com base em seus relatos, e a necessidade de atualização fez com</p><p>que fossem surgindo novos especialistas na elaboração dos mapas.</p><p>Uma importante �gura desse período foi Gerhard (Gerardo) Mercator, respon-</p><p>sável pelo desenvolvimento de vários estudos sobre Matemática e Cartogra�a.</p><p>Lorenset e Silva (2006) relatam que:</p><p>Muitos trabalhos de Mercator reformularam concepções estabelecidas por</p><p>Ptolomeu, como o mapa da Europa, feito em 1554, que reduziu o Mediterrâneo para</p><p>53 graus de comprimento.</p><p>Esse mapa é ilustrado na Figura 12, enquanto na Figura 13 pode ser observada</p><p>uma atualização feita em 1995.</p><p>Figura 12 Mapa da Europa elaborado por Mercator em 1554.</p><p>Figura 13 Mapa da Europa elaborado por Mercator atualizado em 1995.</p><p>Entretanto, seu trabalho mais importante é sua Projeção Cartográ�ca, que de�-</p><p>ne meridianos retos e equidistantes, além de paralelos também retos, porém,</p><p>cada vez mais espaçados entre si nos polos.</p><p>A Figura 14 ilustra um planisfério baseado nessa projeção (esse e outros tipos</p><p>de projeção serão estudados mais adiante).</p><p>Figura 14 Planisfério baseado na Projeção de Mercator.</p><p>Assim, durante o período das Grandes Navegações e da descoberta de “novos</p><p>mundos”, os mapas e as técnicas foram sendo aprimorados em toda a Europa.</p><p>Os franceses também publicaram muitos atlas e mapas, assim como ingleses,</p><p>holandeses e espanhóis, além dos portugueses –, que in�uenciaram</p><p>consideravelmente o desenvolvimento dessa atividade no Brasil.</p><p>3. História dos mapas no Brasil</p><p>No início da colonização do Brasil começaram a ser realizados os primeiros</p><p>delineamentos do litoral. Apesar da pobreza de nomes, houve a identi�cação</p><p>dos indígenas e das �orestas de pau-brasil.</p><p>Nos mapas do século 17, elaborados por portugueses, holandeses, ingleses e</p><p>espanhóis, podemos observar que a maioria deles exibem características náu-</p><p>ticas. No entanto, é somente no século 18 que a documentação cartográ�ca</p><p>apresenta melhorias signi�cativas.</p><p>Em 1808, a chegada da Família Real Portuguesa representou um grande im-</p><p>pulso, tanto na Cartogra�a como nos empreendimentos artísticos e cientí�cos.</p><p>Neste ano foi criada a Imprensa régia e confeccionada a planta da cidade do</p><p>Rio de Janeiro, concluída por Ferreira Souto em 1812.</p><p>Segundo Oliveira (1988), grandes esforços foram veri�cados em relação à</p><p>Cartogra�a terrestre, no âmbito do Estado-Maior do Exército, com o objetivo de</p><p>construir uma carta básica. Em 1901, em consequência da política cartográ�ca</p><p>militar, foi criada a Comissão da Carta do Brasil.</p><p>O primeiro resultado prático desse incentivo à Cartogra�a por parte do Estado-</p><p>Maior do Exército deu-se em 1921, quando foi concluído o levantamento do an-</p><p>tigo Distrito Federal, ou seja, do Rio de Janeiro.</p><p>Em 1936 foi criado pelo Governo Federal o Instituto Brasileiro de Geogra�a e</p><p>Estatística (IBGE), com o objetivo de coordenar as atividades</p>

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