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<p>AULA 1</p><p>DESENVOLVIMENTO</p><p>NEUROPSICOMOTOR E</p><p>APRENDIZAGEM</p><p>Prof. Everton Adriano de Morais</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Em primeiro lugar, seja bem-vindo à primeira aula da disciplina de</p><p>Desenvolvimento Neuropsicomotor e Aprendizagem. O objetivo é relacionar a</p><p>motricidade ao processo do aprender e apreender o conhecimento. A construção</p><p>das aulas será por meio de apresentação de temas como estruturas biológicas</p><p>envolvidas, interações sociais, díades como pais-filhos, professores-alunos,</p><p>educadores-educandos etc. A relação dos temas sempre será voltada a</p><p>aprendizagem no sentido de métodos e meios de absorver, reorganizar, assimilar</p><p>e adaptar informações.</p><p>O desenvolvimento humano tem diversas particularidades que trazem</p><p>complexidades em cada faixa etária, e, por esse motivo, existe uma necessidade</p><p>de analisar minuciosamente cada fase, desde o nascimento até a velhice. O</p><p>comportamento motor, por exemplo, tem suas singularidades na infância quanto</p><p>a reflexos, andar, correr, movimentos de coordenação motora fina, que, por sua</p><p>vez, exigem diversos processos cognitivos, como coordenação visomotora,</p><p>atenção, processos controlados e automatizados. Já na fase da velhice, esses</p><p>comportamentos podem apresentar deterioração e comprometer o funcionamento</p><p>de novas rotas de aprendizagem.</p><p>Desta forma, a meta a ser alcançada nesta aula é proporcionar a você</p><p>compreender o desenrolar e a interdependência de cada momento, sistema e</p><p>função do desenvolvimento neuropsicomotor.</p><p>CONTEXTUALIZANDO</p><p>Qual é a relação da motricidade com os processos do pensamento? O</p><p>comportamento motor tem, diretamente, uma relação com as emoções, a</p><p>afetividade, o social? A resposta assertiva para essas questões é sim. O motivo</p><p>que se pode investigar é que há uma interligação do pensar e da efetividade</p><p>motriz. Para Wallon (Fonseca, 2008, p.15-16), a motricidade corresponde à</p><p>primeira sequência paralela e simultânea que é criada estruturalmente</p><p>relacionada com o meio,e é considerada um instrumento essencial dos processos</p><p>de pensamento e suas interações com a vida de um modo geral.</p><p>Outro ponto importante também citado por Fonseca (2008, p. 16-17) são</p><p>as fases de maturação biológica referentes ao movimento e ao pensamento,</p><p>desde os meses iniciais de vida, bem como na primeira fase do bebê na qual ele</p><p>3</p><p>passa de deitado para sentado. Posteriormente, ele evolui do sentar para o</p><p>engatinhar, em seguida para o andar e o correr, mas isso ocorre de acordo com a</p><p>maturação e o envolvimento do ser junto ao meio social, ou seja, há uma demanda</p><p>do ambiente por meio da influência de outros humanos ou até mesmo de</p><p>estímulos relacionados a objetos, como brinquedos, roupas e outros acessórios,</p><p>uma vez que a criança procura se relacionar com os objetos, o que é uma</p><p>sociointeração, e, assim, tem construções de pensamento. A patir disso, tem uma</p><p>maturação de outros processos cognitivos, como linguagem, memória, atenção,</p><p>percepção, planejamento etc.</p><p>Conforme comentado anteriormente, Wallon (Fonseca, 2008, p. 19-20)</p><p>demostrava enorme interesse sobre o comportamento motriz e sua relação com</p><p>desenvolvimento, estrutura e maturação das crianças. Além disso, é considerado</p><p>um dos primeiros autores na Europa a relacionar a funcionalidade</p><p>neuropsicológica e a função tônica, esta corresponde ao comportamento motor.</p><p>O mais interessante é que esse autor não apenas relacionava isso a motricidade,</p><p>mas a afetividade e a aprendizagem humana. Dado esse enfoque no</p><p>desenvolvimento humano referente a motricidade, tem-se uma prévia dos</p><p>conteúdos que serão trabalhados no decorrer desta aula.</p><p>TEMA 1 – DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR E O APRENDIZADO EM</p><p>DIVERSOS CONTEXTOS</p><p>Conforme visto anteriormente, na introdução da aula, o desenvolvimento</p><p>motor tem uma relação intimamente produzida junto aos pensamentos. No caso</p><p>dos seres humanos, entende-se que a todo momento, praticamente, há situações</p><p>e condições em que é possível a obtenção de aprendizagem. Desde o</p><p>nascimento, quando uma criança abre o olho e chega a este mundo, existe uma</p><p>exigência de aprender em todos os âmbitos. Novos conhecimentos são adquiridos</p><p>todos os dias – falar, brincar, mamar, o abrir e o fechar das mãos e outros</p><p>infindáveis exemplos. O fato é como isso ocorre, qual é a explicação minuciosa</p><p>para tal fenômeno. Para Henry Wallon, autor já mencionado na introdução desta</p><p>aula, o desenvolvimento psicomotor parte de uma sequência de comportamentos</p><p>ocasionados pela maturação que variam de indivíduo para indivíduo, mas que, em</p><p>sua essência, são produzidos por todos os seres humanos.</p><p>As características desse desenvolvimento envolvem uma sequência</p><p>progressiva de ações, das mais reflexas até as mais reflexivas, que são: reflexos</p><p>4</p><p>(que são marcados mais por impulsividade), emoções (estágio que o autor cita e</p><p>que faz relação com o tônus, um dos responsáveis pela motricidade), posturas</p><p>(hábitos), eu corporal (coordenação e lateralização), símbolos (conflitos e relação</p><p>do indivíduo com o outro), praxias (classificações e categorias) e, por último,</p><p>reflexão (mudanças e valores). Para ilustrar as informações, segue uma</p><p>explicação gráfica de como isso ocorre, de acordo com Wallon:</p><p>Figura 1 – Quadro gráfico descritivo do desenvolvimento psicomotor (Wallon)</p><p>Fonte: Wallon, S.d.</p><p>Quando se traz a questão da motricidade relacionada ao neuropsicomotor,</p><p>tem-se por investigação estruturas biológicas envolvidas, as quais fazem parte do</p><p>sistema nervoso e regem tal funcionamento. O cerebelo, estrutura do encéfalo</p><p>que está localizada na parte posterior e abaixo do cérebro, tem uma grande</p><p>responsabilidade na automatização e no controle do equilíbrio. Outro ponto</p><p>importante a essa ligação neurológica é o funcionamento das vísceras e o</p><p>comportamento motor: elas provocam reações interoceptivas que correspondem</p><p>a o que é interno do organismo, isso controlado pelo sistema nervoso, tendo como</p><p>uma das estruturas mais importantes o bulbo, que controla os ciclos vitais. No</p><p>decorrer do desenvolvimento, isso segue uma maturação que aprimora os</p><p>movimentos (Fonseca, 2008, p.21).</p><p>Crescimento, maturação e aprimoramento psicomotor têm como premissa</p><p>a relação do ser com o outro, e isso corresponde a uma gama de constructos</p><p>desenvolvidos a partir de interações sociais e funcionais do aprender, conhecer e</p><p>saber. Segundo Fernandes (2012, p. 1-5), o comportamento motriz passa por sua</p><p>construção por meio de interações sociais. A motricidade tem uma relação direta</p><p>5</p><p>com os processos de pensamento e produz um resultado de práxis, significado e</p><p>afetividade. Todavia, pode-se dizer que o aprender está ligado a diversos</p><p>contextos, e em cada um deles existe uma particularidade expressada. Não se</p><p>deve apenas considerar bases biologicistas ou de pensamentos, mas o âmbito de</p><p>interações sociais, estas também responsáveis na construção motriz.</p><p>TEMA 2 – ASPECTOS NEUROBIOLÓGICOS DO COMPORTAMENTO MOTOR</p><p>Os aspectos neurobiológicos do comportamento motor têm interação com</p><p>diversas estruturas cerebrais, que agem de forma modular entre si para produzir</p><p>ação e funcionalidade. É importante comentar algumas características, por</p><p>exemplo: antes da execução de um determinado movimento, há uma série de</p><p>sequências que acontecem. Inicia-se um planejamento, ainda que talvez não seja</p><p>refinado e aprimorado, mas que pode ser também bem estruturado. Em seguida,</p><p>há uma integração entre estrutura musculoesquelética, respiração, batimento</p><p>cardíaco, coordenação e organização. Por último, efetiva-se a execução do</p><p>movimento em si. Para que toda essa ação ocorra, há uma sistematização</p><p>coordenada pelas áreas cerebrais do lobo frontal.</p><p>De acordo com Kandel et al. (2014, p. 355-356), a organização estrutural</p><p>do movimento segue uma sequência biológica em nível de sistema nervoso. Esta</p><p>é controlada a partir do envolvimento direto do lobo frontal, seguindo uma série</p><p>interligada, sendo as emoções como alegria, medo, raiva etc. ligadas a cognição,</p><p>como atenção, memória, raciocínio lógico entre outros, e todo esse processo é</p><p>iniciado em uma região intitulada córtex pré-frontal, mais especificamente no</p><p>orbitofrontal-ventromedial (OF). Em seguida, o funcionamento prossegue a uma</p><p>ligação a outra estrutura, esta chamada de córtex pré-frontal dorsolateral</p><p>(CPFDL). Posteriormente, a continuidade ocorre em um região do lobo frontal</p><p>intitulada pré-motora (PM), e a ordem de execução do movimento em si é efetuada</p><p>na região motora primária (M1). Por fim, o movimento controlado é efetivado</p><p>(Kandel et al., 2014, p.356). Pode-se exemplificar a sequência de descrita a partir</p><p>de um atleta em atuação, como um jogador de futebol que vai executar uma</p><p>cobrança de pênalti. Ele planeja em qual canto fará a cobrança e o lado do pé que</p><p>vai usar para chutar a bola, pensa de forma hipotética qual será o movimento do</p><p>goleiro. Em seguida, corre para a bola, faz uso de vários sistemas do seu</p><p>organismo, como ossos, músculos, controle de respiração, pressão do</p><p>movimento, força do chute etc., até que, para finalizar o movimento, chuta a bola</p><p>6</p><p>em direção ao gol. Ou seja, houve um planejamento, um comportamento pré-</p><p>motor e posteriormente motor (execução). Para ilustrar de forma estrutural</p><p>cerebral toda essa explicação, abaixo segue uma imagem com a descrição visual</p><p>de como ocorre toda a situação:</p><p>Figura 2 – Estruturas cerebrais do lobo frontal envolvidas no comportamento</p><p>motor dirigido</p><p>Crédito: Grayjay/Shutterstock.</p><p>Todo esse funcionamento foi identificado a partir de pacientes que sofreram</p><p>lesões restritas ao lobo frontal, nas quais houve deterioração das estruturas</p><p>cerebrais específicas que afetou diretamente a motricidade direta e voluntária no</p><p>que diz respeito ao comportamento motor. Outro ponto importante a ser destacado</p><p>é a relação da cognição e da emoção junto ao comportamento de execução</p><p>motora. A tomada de decisão e o planejamento quanto a cognição e sua relação</p><p>com a emoção intitulada medo, por exemplo, pode dificultar a execução de um</p><p>movimento. Caso haja alto nível de carga emocional, pode-se dificultar a</p><p>efetivação do movimento de andar de bicicleta, que exige equilíbrio e execução</p><p>paralela de motricidade dirigida. Desta forma, é possível analisar que, no viés de</p><p>aspectos biológicos, o comportamento motor tem sua complexidade interligada</p><p>aos mecanismos de funcionamento cerebral a partir de inúmeras áreas. Estas, por</p><p>7</p><p>sua vez, regulam e controlam a motricidade dirigida a um objetivo específico,</p><p>como andar, correr, pular, dançar, digitar, entre outros, e demonstra a ligação</p><p>direta entre o movimento e o pensamento no que se refere a construção da</p><p>coordenação motora fina ou grossa, por exemplo.</p><p>TEMA 3 – EMOÇÕES, AFETIVIDADE E O COMPORTAMENTO MOTOR</p><p>O encéfalo possui diversas estruturas responsáveis pelo sistema de</p><p>regulação, ativação e funcionalidade de processos psicofisiológicos e motores.</p><p>Uma das características desse funcionamento são as emoções, as quais podem</p><p>ser classificadas inicialmente como primárias (inatas) e secundárias (evolutivas).</p><p>De acordo com Kendal et al. (p. 303, 2014), em meados do século XX, um</p><p>pesquisador chamado Pierre Paul Broca foi o primeiro a designar e classificar</p><p>porções do cérebro como lobo frontal por sua responsabilidade direta no controle</p><p>do movimento voluntário; parietal, com funções somatossensoriais; e temporal,</p><p>com atribuições de funções auditivas, linguagem compreensiva e emoções. O</p><p>lobo entorno contínuo envolto do córtex temporal ele inicialmente chamou de lobo</p><p>límbico.</p><p>O córtex associativo límbico tem diversas funções, sendo uma delas a</p><p>responsabilidade pelas emoções. Para que esse funcionamento ocorra, há</p><p>diversas estruturas envolvidas, por exemplo: giro do cíngulo, hipotálamo e</p><p>amígdala. Esse conjunto de estruturas cerebrais tem por objetivo funcional ativo</p><p>o desempenho de consolidação de memórias de longa duração e das emoções</p><p>(Kendal et al., 2014, p. 361) e forma o sistema chamado límbico, um circuito</p><p>responsável pelas emoções. Este, por sua vez, tem uma importante ligação de</p><p>forma intrínseca com mecanismos de áreas corticais. Esse circuito envolve</p><p>diversas estruturas do sistema nervoso para o recebimento das informações pelos</p><p>nervos sensitivos, interpretado por hipotálamo, giro cingulado e hipocampo, tendo</p><p>ativações viscerais responsáveis pela sistematização do funcionamento</p><p>fisiológico das emoções (Holanda, p. 8, 2013; Machado, p. 277-281,1993; Lent,</p><p>2004).</p><p>O neurologista Ledoux (2001), especialista em estudo de emoções e</p><p>funções do sistema límbico, lança a seguinte questão: “Nós controlamos nossas</p><p>emoções ou elas nos controlam?” Em outras palavras, trata-se de uma relação</p><p>que não exige somente uma tomada de decisão, mas um envolvimento direto com</p><p>diversos processos cognitivos, como autocontrole, e com o comportamento motor</p><p>8</p><p>voluntário, e determinadas vezes o poder fazer e o não poder fazer. Esse processo</p><p>exige uma relação direta com as funções cognitivas e as emoções. Uma decisão</p><p>pode mudar totalmente um contexto, e, através da cognição, uma pessoa pode</p><p>defender-se frente a um evento aversivo ou lastimar, ativando sua emoção</p><p>primária intitulada tristeza e produzindo a fraqueza de não conseguir se controlar</p><p>em uma situação de impulso.</p><p>A concepção da funcionalidade das emoções e sua relação com as funções</p><p>cognitivas têm sido motivo de exploração há algum tempo. De acordo com</p><p>pesquisas realizadas por Walter Mischel (Gazzaniga, 2017), utilizando a aplicação</p><p>do método Delay of gratification, ou atraso de gratificação, foi possível analisar o</p><p>comportamento humano e sua relação com autocontrole e tomada de decisão,</p><p>que possuem ligações diretas com a motricidade voluntária dirigida a um objetivo</p><p>específico, inclusive ligado às emoções.</p><p>No experimento, crianças eram colocadas individualmente em uma sala</p><p>espelhada e era dado um marshmallow para cada uma. Fazia-se um acordo de</p><p>que elas deveriam aguardá-lo para futuramente receber outro marshmallow. Na</p><p>ocasião, Mischel avaliou indivíduos com quatro anos de idade e, posteriormente,</p><p>acompanhou-os dez anos mais tarde. Por meio do acompanhamento, houve</p><p>possibilidade de analisar que indivíduos que conseguiram adiar a gratificação</p><p>tornaram-se mais competentes socialmente e mais capazes de lidar com</p><p>frustrações.</p><p>Mischel (Gazzaniga, 2017) classifica com sua colega de pesquisa Janet</p><p>Metcalfe estratégias para esse autocontrole, como cognições quentes e cognições</p><p>frias, em que relata também especificações e funções cerebrais para esses</p><p>critérios. Diante do método utilizado, cada criança desenvolvia sua técnica de</p><p>autocontrole em relação às emoções contidas na atividade. Havia crianças que</p><p>desenvolviam técnicas como fechar os olhos, pensar em nuvens ou não olhar para</p><p>o alimento. Cada indivíduo foi questionado a respeito da técnica utilizada para</p><p>desenvolver o autocontrole exigido, e foi possível notar as cognições quentes</p><p>sendo transformadas em frias, pois o indivíduo alterava a situação gratificante</p><p>para um conceito apenas simbólico.</p><p>Com isso, podem-se verificar as situações de defesa através das cognições</p><p>frias de um indivíduo frente a um evento aversivo, uma vez que o objeto desejado</p><p>simbolicamente torna-se indesejado. Conforme Mischel (Gazzaniga, 2017),</p><p>através dessa teoria, pode-se afirmar que a função da amígdala processa os</p><p>9</p><p>aspectos gratificantes (cognições quentes), enquanto o hipocampo processa os</p><p>conceitos simbólicos (cognições frias), planejamentos e objetivos estratégicos e,</p><p>por esse motivo, responsabiliza-se pelo autocontrole, junto com outras estruturas</p><p>cerebrais, como o córtex frontal.</p><p>Ledoux (2001), em seu livro O cérebro emocional, relata a maneira</p><p>interpretativa de neurologistas referente a emoção e cognição, pois eles dividem</p><p>uma da</p><p>outra, porém, mais tarde, pode-se comprovar o vínculo de ambas. Como</p><p>no experimento, dá-se a entender como as crianças fugiam psiquicamente do</p><p>contexto, utilizando a memória em caso de lembrar-se das nuvens, ou o próprio</p><p>autocontrole freando o impulso para não ingerir o alimento e aguardar a premiação</p><p>avisada.</p><p>Assim, pode-se inferir que a emoção tem grande influência nos processos</p><p>de adaptação e condução de aprendizagem, pois o amadurecimento no</p><p>desenvolvimento humano influencia diretamente a aprendizagem. Henry Wallon</p><p>trata a efetividade ou a vida emocional essencial para a aprendizagem, pois esta</p><p>deve ser considerada para todos os contextos do cotidiano. Um aluno que</p><p>expressa alegria ou tristeza tem grandes alterações não apenas fisiológicas</p><p>viscerais no organismo, mas também nas ações dos processos psicológicos, e</p><p>isso pode afetar sua capacidade cognitiva do aprender.</p><p>Exatamente por isso se deve analisar todo o funcionamento da</p><p>aprendizagem, suas estruturas, a capacidade emocional e a de lidar com estas.</p><p>Um aluno que apresenta medo de frequentar uma escola devido a uma</p><p>complicação fisiológica não pode ser encarado apenas como um aluno que está</p><p>só com medo, mas deve ser considerado o que isso pode gerar de transformação</p><p>no estado de aprendizagem do aluno (Almeida, 1999, p. 74).</p><p>TEMA 4 – PROCESSOS INTEGRADORES DA LINGUAGEM E O</p><p>DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR</p><p>A linguagem tem diversas interligações e processos integradores. O ato de</p><p>falar tem suas relações diretas com a construção articulada do movimento,</p><p>expressões faciais e gestos executados ao falar. Isso ocorre devido à</p><p>interdependência das funções psicomotoras. Quando se fala da linguagem oral, a</p><p>fala e sua articulação têm envolvimento com o comportamento motor. A estrutura</p><p>cerebral localizada no lobo frontal, mais precisamente no hemisfério esquerdo, é</p><p>conhecida classicamente como área de Broca e tem por responsabilidade a</p><p>10</p><p>execução da expressão da linguagem oral em um viés motor, o que, por sua vez,</p><p>tem ligação direta com a compreensão da fala e envolve as estruturas de lobo</p><p>temporal e parietal, conhecidas como área de Wernicke (Cosenza; Guerra, 2011,</p><p>p. 100). Abaixo segue, a descrição desse processo a partir de uma figura</p><p>ilustrativa do cérebro:</p><p>Figura 3 – Descrição das estruturas cerebrais conhecidas como área de Broca e</p><p>área de Wernicke</p><p>Crédito: OKILI77/ Shutterstock.</p><p>Outro ponto importante a ser mencionado sobre linguagem e</p><p>comportamento motor é a escrita. Esta envolve movimentos de articulação</p><p>manual, mas também de coordenação visomotora. Ao ver um texto, uma palavra</p><p>ou até mesmo um símbolo, a sua reprodução por meio da escrita exige processos</p><p>cognitivos, como atenção, categorização, tomada de decisão, planejamento, entre</p><p>outros aspectos. Segundo Cosenza e Guerra (2011, p. 101), a escrita é</p><p>tecnicamente uma descoberta recente na história humana, e, por esse motivo,</p><p>não há uma organização neurobiológica preestabelecida. Por isso, para a</p><p>execução desse comportamento motor chamado escrita, há um requerimento e</p><p>uma reorganização de circuitos cerebrais que exercem e efetivam outras funções,</p><p>mas que, por sua vez, são utilizados na linguagem escrita. O contato com a</p><p>linguagem faz alterações e modificações às quais os seres humanos reagem de</p><p>formas peculiares (Cosenza; Guerra, 2011, p. 101). Por esse motivo, entende-se</p><p>11</p><p>que existe uma integração entre a linguagem e seu processo de humanização,</p><p>junto a motricidade voluntária e, por sua vez, a relação com diversos processos</p><p>cognitivos.</p><p>TEMA 5 – PRÁTICAS PSICOPEDAGÓGICAS E PSICOMOTRICIDADE</p><p>O desenvolvimento psicomotor exige uma atividade contínua de</p><p>aprendizagem e exercícios. Em uma visão neuropsicológica, em que é possível</p><p>relacionar o comportamento e os processos cognitivos, as crianças passam por</p><p>uma maturação nervosa e têm uma interação prática com o movimento desde o</p><p>nascer, o que prossegue no decorrer da vida. Porém, é importante não limitar o</p><p>processo de aprendizagem motriz apenas ao desenvolvimento e à maturação</p><p>biológica. É necessário também trazer a discussão à interação social que contribui</p><p>para a motricidade e seu desenvolvimento.</p><p>Situações como pegar uma caneta em mãos e escrever, abrir uma lata de</p><p>conserva, dirigir, jogar tênis ou beisebol trazem uma demanda social, e esta tem</p><p>sua responsabilidade no desenvolvimento motor. Mesmo que de um modo geral,</p><p>caso o indivíduo não tenha uma habilidade refinada, pelo contrário, tenha uma</p><p>inabilidade ao efetivar tais funções, estas provocam uma modificação no sistema</p><p>nervoso de seu executor (Fernandes e Filho, 2012, p.18-20).</p><p>A prática psicopedagógica tem por objetivo explorar e investigar as</p><p>dificuldades apresentadas, e estas, serem reduzidas ou removidas em relação ao</p><p>comportamento. Atividades de treinamento para reabilitação são de extrema</p><p>importância para aprimorar e trazer habilidades motoras de uma forma</p><p>aperfeiçoada a um indivíduo com dificuldades de execução no sentido de</p><p>motricidade. Outro ponto a ser avaliado é o vínculo que o profissional que utiliza</p><p>a prática psicopedagógica estabelece junto ao indivíduo. É necessário entender</p><p>como isso acontece, pois há uma importância extrema em fazer esse vínculo, a</p><p>interação social. De acordo com Fernandes e Filho (2012, p. 23), quando não se</p><p>faz vínculo, não há como fazer referência, o que dificulta o trabalho de um</p><p>profissional da área da saúde e da educação para lograr êxito em suas atividades</p><p>preparadas. Para alunos deficientes que possuem mobilidade reduzida, é</p><p>necessário que o professor ou educador que for agir construa as atividades</p><p>adequadas para o bom andamento e desenvolvimento do indivíduo.</p><p>12</p><p>FINALIZANDO</p><p>Pode-se entender que o comportamento motor apresenta uma</p><p>interdependência a diversos processos cognitivos e emocionais. As estruturas</p><p>biológicas são inúmeras, e o envolvimento social também se faz de extrema</p><p>importância no desenvolvimento motor. A ação de profissionais preparados e</p><p>atentos a todos os processos relacionados a interação social, afetividade e</p><p>emoções e aos pensamentos proporciona um auxílio no acompanhamento</p><p>neuropsicomotor de cada indivíduo.</p><p>Como foi discorrido nesta aula, o entendimento de estruturas cerebrais,</p><p>suas interligações, seus funcionamentos e interligações sistemáticas ajuda a</p><p>compreender como se pode trabalhar no bom desenvolvimento de cada indivíduo</p><p>e, com isso, possibilita o respeito de suas particularidades, o gradativo</p><p>amadurecimento e o equilíbrio do sistema biológico. Por este motivo, o</p><p>conhecimento do desenvolvimento neuropsicomotor é de extrema importância</p><p>para compreensão dos processos de aprendizagem.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Texto de abordagem teórica</p><p>ROSSI, F. S. Considerações sobre a psicomotricidade na educação infantil.</p><p>Revista Vozes dos Vales da UFVJM, Publicações Acadêmicas, n. 2012.</p><p>VIEIRA, J. L. Psicomotricidade relacional: a teoria de uma prática. Perspectivas</p><p>On Line 2007-2011, v. 3, n. 11, 2014.</p><p>FALCÃO, H. T.; BARRETO, M. A. M. Breve histórico da psicomotricidade. Ensino,</p><p>saúde e ambiente, v. 2, n. 2, 2009.</p><p>13</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALMEIDA, A. R. S. Emoção na sala de aula. Campinas: Papirus, 1999.</p><p>COSENZA, R.; GUERRA, L. Neurociência e educação. Porto Alegre: Artmed,</p><p>2009.</p><p>GAZZANIGA, M. S. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento. Porto</p><p>Alegre: Artmed, 2005. p. 314 – 341.</p><p>HOLANDA, V. N. et al. As bases biológicas do medo: uma revisão sistemática da</p><p>literatura. Revista Interfaces: Saúde, Humanas e Tecnologia, v. 1, n. 3, 2013.</p><p>LEDOUX, J. O que o amor tem a ver com isso? In: O cérebro emocional: os</p><p>misteriosos alicerces da vida emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 11-20.</p><p>LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência.</p><p>São Paulo: Atheneu, 2004.</p><p>MACHADO, A. Áreas encefálicas relacionadas com as emoções. O sistema</p><p>límbico. Neuroanatomia</p><p>funcional. 2. ed. Belo Horizonte: Atheneu, 1993. p. 277-</p><p>281.</p>

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