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<p>Autor: Prof. Egidio Shizuo Toda</p><p>Colaboradores: Alexandre Ponzetto</p><p>Adilson Silva Oliveira</p><p>Artes Visuais Integrada</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Professor conteudista: Egidio Shizuo Toda</p><p>Pesquisador em Estética, Linguagem da Arte e Leitura da Imagem pelo IPCA de Barcelos, Portugal (2012).</p><p>Pesquisador pelo Grupo de Pesquisa em Arte e Mediação Cultural coordenado pela Profa. Dra. Mirian Celeste</p><p>Martins (até 2013). Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie</p><p>(2013). Especialista em Comunicação e Mídia pela Universidade Paulista (2012). Graduado em Comunicação Digital</p><p>pela Universidade Paulista (2006). Técnico em Formação Avançada em Fotografia Profissional pelo Senac (2011).</p><p>Professor de pós‑graduação – lato sensu em Prática e Produção de Imagens em Fotografia e Audiovisual pela UPM</p><p>– Mackenzie (desde 2015), professor de graduação no sistema presencial em Comunicação Social e Comunicação</p><p>Digital nos cursos de Publicidade e Propaganda, Jornalismo, Propaganda e Marketing, Fotografia e Design Gráfico</p><p>na Universidade Paulista (desde 2008) e professor de graduação no sistema interativo de EaD em Artes Visuais na</p><p>Universidade Paulista (desde 2014). Palestrante nos seguintes congressos: Expo Ciee 2014, Fórum 2014, Fórum</p><p>Teenager de Universidades e Profissões, Congresso Mundial ICOM – Rio de Janeiro, Brasil, 2013; Congresso</p><p>Internacional de Arte – Lisboa, Portugal, 2012; Congresso Mundial de Comunicação e Arte – Guimarães, Portugal,</p><p>2012; Congresso Ibero‑americano de Docência Universitária – Porto, Portugal, 2012. Trabalhou como diretor de</p><p>arte/designer gráfico na Editora Abril S.A. (1984 a 2003); editor de arte/designer gráfico na Editora Peixes (2003 a</p><p>2008); fotógrafo profissional nas categorias de retrato, still‑life e turismo (desde 1994) e diretor de arte e fotógrafo</p><p>freelancer pelo estúdio EST Comunicação Visual (desde 2008).</p><p>© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou</p><p>quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem</p><p>permissão escrita da Universidade Paulista.</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)</p><p>T633a Toda, Egidio Shizuo.</p><p>Artes Visuais Integrada. / Egidio Shizuo Toda. – São Paulo:</p><p>Editora Sol, 2016.</p><p>120 p., il.</p><p>Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e</p><p>Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2‑004/16, ISSN 1517‑9230.</p><p>1. Artes visuais. 2.Era digital. 3. Tecnologia da Informação e</p><p>Comunicação (TIC). I. Título.</p><p>CDU 7.01</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Prof. Dr. João Carlos Di Genio</p><p>Reitor</p><p>Prof. Fábio Romeu de Carvalho</p><p>Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças</p><p>Profa. Melânia Dalla Torre</p><p>Vice-Reitora de Unidades Universitárias</p><p>Prof. Dr. Yugo Okida</p><p>Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa</p><p>Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez</p><p>Vice-Reitora de Graduação</p><p>Unip Interativa – EaD</p><p>Profa. Elisabete Brihy</p><p>Prof. Marcelo Souza</p><p>Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar</p><p>Prof. Ivan Daliberto Frugoli</p><p>Material Didático – EaD</p><p>Comissão editorial:</p><p>Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)</p><p>Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)</p><p>Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)</p><p>Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)</p><p>Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)</p><p>Apoio:</p><p>Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD</p><p>Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos</p><p>Projeto gráfico:</p><p>Prof. Alexandre Ponzetto</p><p>Revisão:</p><p>Lucas RIcardi</p><p>Virgínia Bilatto</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Sumário</p><p>Artes Visuais Integrada</p><p>APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7</p><p>INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9</p><p>Unidade I</p><p>1 ARTES INTEGRADAS ....................................................................................................................................... 13</p><p>2 EDUCAÇÃO NA ERA DIGITAL ...................................................................................................................... 15</p><p>3 A EAD E A EDUCAÇÃO NO BRASIL ........................................................................................................... 17</p><p>3.1 Conceitos, teorias e a história da EaD no Brasil e suas bases legais ............................... 17</p><p>4 UMA NOVA APRENDIZAGEM ATRAVÉS DAS ARTES INTEGRADAS .............................................. 23</p><p>4.1 Quando as artes se cruzam e se complementam.................................................................... 38</p><p>4.1.1 As artes visuais e a dança .................................................................................................................... 39</p><p>4.1.2 A música e o teatro ................................................................................................................................ 44</p><p>4.2 Um método, várias linguagens: a criação de um sistema pedagógico único</p><p>através de múltiplas ações artísticas ................................................................................................... 49</p><p>Unidade II</p><p>5 A EAD E A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) ........................................... 68</p><p>5.1 A educação através do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) ................................. 74</p><p>6 CRIATIVIDADE, INTERATIVIDADE E INTEGRAÇÃO SERÃO AS NOVAS PALAVRAS</p><p>DE ORDEM ............................................................................................................................................................. 78</p><p>7 CONHECIMENTO COMO REDE: A METÁFORA COMO PARADIGMA E COMO PROCESSO .............. 90</p><p>8 AS DIFERENÇAS ENTRE PLURIDISCIPLINARIDADE, INTERDISCIPLINARIDADE E</p><p>TRANSDISCIPLINARIDADE NA EDUCAÇÃO ............................................................................................... 93</p><p>8.1 A informática como ferramenta de aprendizagem ..............................................................101</p><p>7</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Este livro‑texto pretende apresentar a você, aluno de Artes Visuais, conhecimento para que possa</p><p>compreender a formação das Artes Visuais Integradas, fornecendo‑lhe subsídio para compreensão dos</p><p>conceitos sobre a integração, da fragmentação das partes para fazer um todo. Ou seja, o propósito é</p><p>separarmos as ações para um entendimento fragmentado e unir as peças para podermos entendê‑las</p><p>de forma única.</p><p>A ideia das Artes Visuais Integradas é mostrar que todas as formas de arte e outras áreas da criação</p><p>humana possuem a mesma origem e se complementam. No final deste livro‑texto constam todas as</p><p>obras usadas como referência para elaboração desse conteúdo. Utilize as referências para ampliar seu</p><p>conhecimento.</p><p>Você está realizando um curso universitário para se tornar um profissional de mercado em</p><p>comunicação visual. Logo, terá que pesquisar, ler muitos textos e escrever bastante, uma vez que essas</p><p>ações fazem parte das ferramentas utilizadas no curso e na construção da profissão. Assim, para obter</p><p>qualquer conhecimento, você precisa ir buscar estas informações.</p><p>Por falar em textos e leituras, acreditamos que seja apropriado apresentar como foi a busca do saber</p><p>e aprimoramento nas Artes Visuais Integradas a partir de contatos, apreciações, percepções, mediações,</p><p>estudos e teorias sobre a formação da arte‑educação através da aproximação das Artes e cultura.</p><p>Na Unidade I, vamos discursar sobre como as Artes Integradas e a educação a distância (EaD)</p><p>determinaram um novo caminho para os rumos que tomam a educação atual, como processo educacional</p><p>geral e também no âmbito específico da arte‑educação, trilhando</p><p>podiam pagar. Na década de 1920, a Rua Conde de Sarzedas já era</p><p>conhecida como o local preferido de residência dos japoneses que deixavam o campo. Com</p><p>o crescimento da comunidade, o entorno do bairro da Liberdade tornou‑se então um bairro</p><p>japonês com lojas e restaurantes típicos.</p><p>Figura 11 – O vestuário japonês é muito utilizado nas festas populares organizadas pelos descendentes no Brasil</p><p>Hoje, a principal celebração em torno dessa comunidade é o Festival do Japão, realizado</p><p>desde 1998 com o objetivo de divulgar e preservar a cultura e as tradições japonesas e</p><p>também auxiliar entidades e projetos assistenciais. Parte do Calendário Oficial Turístico</p><p>do Estado e do Município de São Paulo, na edição de 2011, com o tema “Alimentação e</p><p>35</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>Longevidade”, o festival reuniu shows, apresentação de danças folclóricas japonesas, grupos</p><p>de taikô (tambores japoneses) e cantores renomados dessa comunidade. Uma exposição</p><p>especial marcou a festa desse ano, com a campanha de reconstrução do Japão com painéis</p><p>mostrando como o país está se recuperando da tragédia ocorrida em março de 2011 e toda</p><p>a solidariedade mundial em apoio.</p><p>Outro destaque do Festival do Japão é a Área das Crianças, com atividades lúdicas e divertidas,</p><p>como as oficinas culturais (dobraduras, pintura, artesanato), narração de lendas japonesas,</p><p>recreação infantil com brincadeiras e atividades temáticas. “Queremos mostrar ‘gotas’ de cultura</p><p>japonesa, pequenos aspectos da cultura que podem ser transmitidos para as crianças e os pais”,</p><p>aponta Milton Nakabayashi, um dos coordenadores da área, que teve 18 atividades no total,</p><p>como fazer o onigiri (bolinho a base de arroz), origami, pescaria, pipas e pintura infantil.</p><p>O Festival do Japão conta com uma área dedicada à cultura japonesa, e outra inteiramente</p><p>voltada para a Terceira Idade. No palco principal, além dos shows com os principais artistas</p><p>nipônicos, o Festival sedia pela segunda vez a final nacional do World Cosplay Summit</p><p>(WCS), o Campeonato Mundial de Cosplay e o Concurso Miss Nikkey.</p><p>Data: no mês de julho da cada ano. Local: Centro de Exposições Imigrantes. Rodovia dos</p><p>Imigrantes, km 1,5, São Paulo. Horário: das 8h às 20h.</p><p>A participação e a mediação</p><p>Caio Castro têm 25 anos, é descendente de portugueses e nasceu e reside na zona Leste</p><p>de São Paulo. Participou do festival na zona Sul da capital como visitante.</p><p>O que te levou a participar da festa? “Acho interessante a cultura japonesa e tento</p><p>descobrir um pouco mais sobre ela”.</p><p>Conte‑me como foi a sua participação da festa? “Gosto muito da gastronomia,</p><p>experimentar diferentes pratos”.</p><p>Além da gastronomia, você conhece outras manifestações artísticas e culturais desta</p><p>festa? “Teve também shows de tambores, idosos cantando, apresentação de violãozinho</p><p>com palheta grande e teatro da arte de fazer chá”.</p><p>Voltaria no próximo ano para rever e ver o que faltou? Por quê? “Sim. Apesar de conhecer</p><p>um pouco da cultura, você sempre aprende mais um pouco. Quero ver as outras atrações.</p><p>Ah, tinha um estúdio fotográfico para tirar fotos das pessoas vestidas de quimono”.</p><p>O mediador foi o Festival do Japão, o mediado foi o visitante Caio e a mediação ocorreu</p><p>na apresentação de outras atividades culturais e artísticas como: danças folclóricas,</p><p>exposição de fotografias do Japão, concurso de cosplay, atividades direcionadas às crianças</p><p>e à terceira idade, e os projetos assistenciais voltados à cultura japonesa.</p><p>36</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>A comunidade alemã e sua cultura</p><p>Como ocorreu com os portugueses e italianos, os alemães não chegaram ao Brasil em</p><p>grandes massas, mas ocorrendo em longos períodos desde 1824 com a chegada dos primeiros</p><p>colonos, até aproximadamente a década de 1960, quando chegaram os últimos grupos</p><p>significativos. Foi na década de 1920, após a Primeira Guerra Mundial, que a imigração</p><p>alemã alcançou seu número máximo. Houve dois ciclos de chegada, o primeiro decorrente</p><p>da política de colonização nos estados do Sul do Brasil incentivado pelo governo brasileiro,</p><p>e outro sem o incentivo oficial. Durante décadas, no século XlX, os alemães chegaram a</p><p>ultrapassar os portugueses na imigração.</p><p>Figura 12 – Além dos trajes típicos, a comida e o artesanato também são objetos</p><p>explorados nas festas populares alemãs</p><p>A chegada alemã no município de São Paulo aconteceu durante o século XlX, quando os</p><p>primeiros colonos desembarcaram em 1827, com receio, no Porto de Santos. Considerado</p><p>nesta época como o “Porto da Morte”, os navios evitavam atracar com medo da febre</p><p>amarela e da peste bubônica. O destino desses imigrantes foi a região de Santo Amaro,</p><p>localizada ao sul da cidade. Os grupos seguintes fixaram‑se em Itapecerica da Serra, São</p><p>Roque e Embu, ou foram para as plantações de café no interior do estado de São Paulo.</p><p>Ocorrem no bairro do Brooklin, também situado na zona Sul da cidade, os festejos da</p><p>comunidade alemã. O Brooklin Fest, que faz parte do Calendário Oficial Turístico do Estado e</p><p>do Município de São Paulo, ocupa o espaço de quatro ruas para a apreciação da gastronomia,</p><p>música, artes, exposições, teatro, circo, poesia, literatura, coral, shows de danças, artistas</p><p>itinerantes e bandas típicas, artesanatos, narração de histórias e mostras audiovisuais, como</p><p>documentários e cinema ao ar livre. Com dois palcos principais e outros secundários, as atrações</p><p>que duram os dias inteiros dividem‑se entre os grupos típicos nórdicos e outras linguagens e</p><p>ritmos culturais de origens diversas vindas de todas as partes do Brasil. Toda a programação é</p><p>gratuita e o acesso livre, e as áreas de apresentações estão divididas entre: Espaço Multicultural,</p><p>Espaço para a Criança, Espaço Filme, Cinema ao Ar Livre e Espaço Orquestras.</p><p>37</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>Data: no mês de outubro de cada ano. Local: Quadrilátero das Ruas Joaquim Nabuco,</p><p>Princesa Isabel, Barão do Triunfo e Bernardino de Campos. Horário: das 10h às 22h.</p><p>A participação e a mediação</p><p>Leonardo Fiorezzi tem 55 anos, é filho de italianos, nasceu na zona Leste e reside na zona</p><p>Sul de São Paulo. Participou do festival na zona Sul da capital como visitante, voltando na</p><p>noite seguinte para apresentá‑lo aos seus sobrinhos.</p><p>O que te levou a participar da festa? “Saborear as comidas típicas, rever o artesanato e</p><p>ver as pessoas em seus trajes típicos”.</p><p>Conte‑me como foi a sua participação da festa? “Bastante participativa. Pessoas que</p><p>não eram de ascendência alemã estavam para conhecer sua cultura. Característica da festa:</p><p>alegria exuberante alemã. Apesar de serem sisudos, na festa são alegres. Comida farta e</p><p>saborosa. Vi a apresentação de uma banda profissional alemã de Santa Catarina e outras</p><p>atrações amadoras. Destaque para a variedade de artesanato”.</p><p>Além destas atrações, você conhece outras manifestações artísticas e culturais desta</p><p>festa? “Como fiquei só na parte da noite, não conheci outras atrações”.</p><p>Voltaria no próximo ano para rever e ver o que faltou? Por quê? “Voltaria para rever, para</p><p>saborear os pratos típicos, beber a cerveja alemã e ver as outras atrações culturais”.</p><p>O mediador foi o Brooklin Fest, o mediado foi o visitante Leonardo e a mediação ocorreu</p><p>na apresentação de outras atividades culturais e artísticas como: exposições, teatro,</p><p>circo, poesia, literatura, coral, bandas típicas, orquestra, narração de histórias e mostras</p><p>audiovisuais como documentários e cinema ao ar livre.</p><p>Ao final deste projeto de pesquisa, chegamos à conclusão de que a colonização e a</p><p>permanência dos imigrantes no Brasil resultaram em mudanças nas características da vida,</p><p>costumes e tradições do brasileiro. O mapeamento dos eventos das comunidades estrangeiras</p><p>na capital paulista ajuda no encontro das representações culturais que formam o riquíssimo</p><p>patrimônio cultural da cidade de São Paulo. Com uma mistura étnica e peculiar desse município,</p><p>há manifestações que atingem diretamente a formação cultural dos moradores e frequentadores</p><p>dessas atividades paulistanas. Não podemos ignorar a importância dessas influências e como o</p><p>compartilhamento das atividades aumenta o rizoma, ampliando esse caldeirão cultural brasileiro.</p><p>A arte apresentada e a mediação reconhecida por seus participantes constroem o</p><p>patrimônio cultural dessa capital. A riquíssima variedade das cores, sons, cheiros e sabores</p><p>forma a produção artístico‑estética da humanidade em seu contexto conceitual, histórico</p><p>e cultural. A integração das artes para a construção de um repertório recheado de ricos</p><p>exemplos e diferentes origens faz com que as Artes Visuais brasileiras ganhem um patamar</p><p>único e original diante das demais artes globais.</p><p>38</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>Saber aproveitar essas diferenças para a integração das partes e fomentar a base</p><p>de saberes da arte em sua totalidade, na educação, e a relação docente/discente</p><p>amplia o repertório pedagógico e diversifica a fórmula de ensinamento e aprendizado</p><p>das Artes Visuais.</p><p>Fonte: Martins; Picosque; Guerra (2010).</p><p>4.1 Quando as artes se cruzam e se complementam</p><p>Para entendermos como as diferentes manifestações da arte se transformam em áreas do saber, e</p><p>também para a adequação do ensino na arte‑educação, trouxemos quatro exemplos de linguagens das</p><p>artes para mostrar como essas áreas se misturam para integrarem‑se em um único sistema educacional.</p><p>Através de quatro linguagens artísticas, um grupo de pesquisadores, autores, professores, alunos e</p><p>especialistas em linguagens da arte e processos na educação de todo o estado de São Paulo desenvolveu</p><p>um trabalho coletivo chamado de Ensinar e Aprender – Arte.</p><p>A produção deste projeto baseou‑se na correção de fluxo do conteúdo ministrado em aulas e também</p><p>serviu para construir eixos para dar caminhos à conduta do ensino de arte. Várias linguagens artísticas</p><p>foram testadas e analisadas como objetos de estudos como as artes visuais, a dança, a música e o teatro.</p><p>Além de servir como ferramenta de trabalho do professor em sala de aula, a coordenadora da Cenp,</p><p>Valéria de Souza, defende também o projeto como serviço de construção do repertório artístico do</p><p>aluno para transformá‑lo em conhecedor e produtor dessas linguagens.</p><p>Seu objetivo maior é que os estudantes se apropriem de conhecimentos</p><p>artísticos e estéticos, tornando‑se não apenas leitores, mas também</p><p>produtores proficientes nas diferentes linguagens da Arte e manifestações</p><p>artísticas, ampliando, assim, sua leitura competente, sensível e crítica do</p><p>mundo.</p><p>A história deste material é rica especialmente pela participação ativa de todos</p><p>os PCOPs (ATPs, na época) e professores de Arte, que muito contribuíram com</p><p>suas críticas, elogios, sugestões e intervenções feitas durante a elaboração e</p><p>implementação do projeto (CENPEC, 2010, p. 10).</p><p>O propósito de inserir o aluno em um contexto que vai além do estudante formal, aquele que está</p><p>ali só para aprender, se modifica para transformá‑lo em produtor de arte. Neste projeto, o aluno é parte</p><p>fundamental do processo: ele é ouvido e dá diretrizes de como conduzir seus caminhos em formas de</p><p>reflexão e de formalização final do trabalho. Antes da implantação da aprendizagem final, todas as ações</p><p>alunos‑professor foram testadas, praticadas e analisadas por alguns anos, para a construção do material</p><p>teórico/prático. Assim, puderam rever caminhos e propor os novos desafios a serem implantados.</p><p>O respeito pelo direito do aluno e o acesso ao conhecimento das linguagens artísticas é de suma</p><p>importância na arte‑educação defendida por esse grupo de pesquisas. Além de fornecer material</p><p>39</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>didático e pedagógico, há também a preocupação de realizar os sonhos dos alunos, no desenvolvimento</p><p>do conhecimento em relação às artes.</p><p>O projeto Ensinar e Aprender – Arte tem a finalidade de contribuir para a reconstrução e implantação</p><p>do Currículo da Arte da rede pública estadual e serve como parâmetros para você, aluno de Artes Visuais</p><p>Integradas, de como as linguagens se interagem e buscam um senso comum de metodologia apropriada</p><p>no ensinamento das Artes Visuais. A seguir, a partir do projeto desenvolvido da rede pública, mostramos</p><p>e analisamos quatro diferentes linguagens artísticas para melhorar nosso olhar sobre as artes.</p><p>4.1.1 As artes visuais e a dança</p><p>Nosso mundo é recheado de cores e formas. Todos os dias somos absorvidos por imagens, cores,</p><p>formas, tamanhos, realidade, ficção, natureza ou cidade. Imagens do dia a dia ou de uma viagem</p><p>para algum lugar jamais ido antes. A partir do momento que conseguimos enxergar, ainda muito</p><p>bebês, na maioria das pessoas, começamos um processo imagético e de aprendizado pela imagem</p><p>que nunca mais vai parar.</p><p>Figura 13 – As artes visuais estão presentes nos mais diversificados ambientes. Este grafite, feito pelo brasileiro</p><p>Eduardo Kobra, encontra‑se na cidade de Nova Iorque</p><p>Nos dias atuais, estamos vivendo uma velocidade incrível da quantidade de imagens que</p><p>chegam até nós, de um modo jamais visto. A tecnologia da informação e os meios de comunicação</p><p>de massa aceleram esse processo através de ferramentas como jornal, revista, internet, livros,</p><p>televisão, cinema, outdoors, cartazes, grafites de murais, painéis eletrônicos e tudo que envolve a</p><p>mensagem para o grande público.</p><p>Apesar desta avalanche de imagens que chegam até nós, vem a questão: será que é possível viver</p><p>sem imagens? Podemos nos comunicar sem ver essas imagens?</p><p>A resposta está em como as pessoas conseguem interpretar as imagens. Vale lembrar que o ser</p><p>humano é produtor, ou seja, ele vai produzir a imagem que será emitida. Ao mesmo tempo, ele também</p><p>40</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>vai tentar entender esta imagem produzida e recebida, em sua interpretação. Por sua vez, a imagem</p><p>criada é a mensagem que vai ser emitida e recebida. Quando entendemos essa mensagem, acontece</p><p>uma transformação do abstrato, que são os pensamentos, sentimentos e fantasia, em algo concreto, que</p><p>é a imagem construída.</p><p>Vamos voltar no tempo. Quando o homem marcou nas paredes das cavernas sinais que</p><p>posteriormente foram decifrados e entendidos, abriu‑se a questão sobre o pensamento, a ação e o</p><p>símbolo. A partir do momento que o outro homem começou a entender esses símbolos, um marco na</p><p>história é iniciado: a transição da pré‑história para a história. A história da humanidade começa a ser</p><p>descrita em forma de imagens.</p><p>Desde então, o homem começa a se comunicar através de elementos simbólicos. Esses símbolos</p><p>mexem com a sua sensibilidade e suas emoções. E é nessa forma de se comunicar que estão moldadas</p><p>as artes visuais.</p><p>O desenho, a pintura, a escultura, a fotografia, a ilustração, a gravura, o filme no cinema e na</p><p>televisão, a tapeçaria, a computação gráfica, a instalação, a interferência, entre outras formas que</p><p>envolvem a visão, são chamadas de artes visuais.</p><p>Artes visuais na escola</p><p>O alfabetismo visual faz parte dos ensinamentos em artes visuais. O bê‑á‑bá de como ler, entender,</p><p>analisar e produzir tais formas de linguagem na arte é o mote desse processo educacional.</p><p>Na maioria das vezes, as únicas produções artísticas feitas nas escolas, como exemplo de arte séria,</p><p>eram aquelas produzidas para exemplificar os festejos de datas comemorativas, como o Dia do Índio, o</p><p>Descobrimento do Brasil, o coelhinho para a Páscoa, artesanatos para o Dia das Mães, dobraduras para</p><p>o Dias dos Pais ou presentinhos de Natal.</p><p>O problema não eram as produções artísticas, pelo contrário, mas a forma como eram usadas e</p><p>depois descartadas. Em sua maioria, serviam como decoração de ambientes nas escolas, com trabalhos</p><p>para</p><p>serem pendurados nos corredores e salas de aulas.</p><p>A mudança começa com a compreensão do real significado desses trabalhos. Tal compreensão</p><p>determina a forma como a arte deve ser entendida e produzida. A pretensão de um ensino de Arte visto</p><p>como área do conhecimento se dá avaliando a estética, a produção artística e sua ótica e semiótica.</p><p>Deve‑se mostrar ao aluno o fazer a arte e o olhar sensível, pensante e consciente a respeito da construção</p><p>da imagem.</p><p>Para que isso aconteça, é importante ensinar ao aluno os códigos da linguagem visual ou a sua</p><p>alfabetização visual. Os elementos do sistema de leitura visual, como o ponto, linhas, cores, formas,</p><p>luzes, sombras, planos e volumes, fazem parte das artes visuais e precisam ser entendidos no processo</p><p>de construção da imagem desenvolvendo a percepção e a imaginação para um melhor significado.</p><p>41</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>O que se pretende hoje é um ensino de Arte visto como área de</p><p>conhecimento, com objetivos e conteúdos próprios, isto é, artísticos e</p><p>estéticos. Num mundo onde a presença da imagem é tão onipotente, a</p><p>escola tem como dever formar produtores e leitores competentes nos</p><p>códigos visuais. Esse mar de visualidade a que hoje somos submetidos</p><p>torna ainda mais urgente uma educação no olhar, um olhar sensível,</p><p>consciente, pensante, que seleciona, reconhece qualidades estéticas,</p><p>critica e se comunica com e por meio de imagens.</p><p>Para tanto, é de fundamental importância que o aluno aprenda a operar com</p><p>os códigos da linguagem visual, a reconhecer suas modalidades, manipular</p><p>técnicas e recursos, conhecer seus elementos e regras de composição. A não</p><p>“alfabetização” nesses códigos é também uma forma de exclusão.</p><p>Pontos, linhas, cores formas, luzes, sombras, planos, volumes, fazem parte</p><p>do universo de elementos das artes visuais. Estão e sempre estiveram à</p><p>disposição de uma mente criativa, imaginativa, perceptiva, sensível e</p><p>inteligente, que os organize poeticamente e lhes atribua significados</p><p>(CENPEC, 2010, p. 38).</p><p>Vale lembrar também que, além de desenhar, pintar e esculpir, diante da criação ou produção das</p><p>artes, e saber ler e entender sua estética, o aluno precisa frequentar a sala de aula para a reflexão</p><p>sobre as artes visuais enquanto produto histórico de uma sociedade. É importante inserir o aluno na</p><p>História da Arte, com suas retratações políticas, movimentos da cultura e da sociedade e evolução da</p><p>humanidade. Com isso, o aluno aprende sobre as produções das artes antigas e das contemporâneas,</p><p>descobrir seus significados e aprender com elas.</p><p>O estudo, da apreciação e percepção, irá desenvolver no aluno o aprendizado sobre as diversas</p><p>linguagens e propiciar um conhecimento de si próprio, o conhecimento de outros autores e o</p><p>conhecimento dos observadores. A partir desse entendimento geral sobre as artes e suas significações, o</p><p>aluno será inserido em um mundo que ultrapassa as barreiras de sua cidade, estado ou país para entrar</p><p>um universo global.</p><p>Através dos diálogos com o nosso corpo é que desenvolvemos uma conversa física e mental com nós</p><p>mesmos, e também estabelecemos uma relação deste corpo com o espaço e o mundo fora dele. Vamos</p><p>falar da dança.</p><p>A Dança é a área do saber que trabalha o conhecimento sobre como um corpo se relaciona com</p><p>o mundo para pensar, sentir e entendê‑lo. No processo de dança do corpo, determina‑se, além do</p><p>exercício físico, o trabalho intelectual e emocional do indivíduo e dos outros indivíduos. É uma</p><p>troca de informação constante de mentes e ideias, para que pessoas diferentes se conheçam e</p><p>também para que você se conheça melhor. É importante a prática da dança por meninos e meninas,</p><p>homens e mulheres.</p><p>42</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>Figura 14 – Com a dança, trabalhamos o espaço no ambiente e os movimentos corporais, individuais e coletivos</p><p>É recente a implantação da dança dentro da sala de aula como saber e linguagem artística e há</p><p>muito tempo se buscava essa introdução no programa de educação. A Dança como Arte é antiga e</p><p>praticada há muito tempo fora das escolas. Através dela começamos a perceber e entender parte da</p><p>vida, pensamento e costumes de uma pessoa, grupo ou povo. Transformada em patrimônio cultural da</p><p>humanidade, a dança é objeto de estudos nas escolas da atualidade.</p><p>Entender o vocabulário corporal nos ajuda no processo educacional e aumenta o repertório do aluno</p><p>no entender essa linguagem artística. A inclusão social e de gêneros amplia a possibilidade do homem</p><p>e da mulher no entendimento do multiculturalismo na contemporaneidade.</p><p>O treinamento da autonomia de movimentos coordenados com ritmos diversos, sozinho ou em</p><p>grupo, faz com que se aprendam novas formas de expressão, amplitude dos sentidos, coordenação</p><p>motora e flexibilidade, se ampliem os valores artísticos e estéticos, se solidifiquem identidades e se</p><p>fortaleça o diálogo com si próprio e com a sociedade.</p><p>Por conta de todo esse processo de aprendizado, fica determinada a importância da dança nas escolas:</p><p>Desse modo, uma das funções da dança na escola é a de formar construtores</p><p>e leitores de códigos da dança para a compreensão e a apreciação das</p><p>inúmeras e variadas manifestações de movimento do corpo e do ambiente no</p><p>qual ele se insere. No processo de construção de conhecimento dos alunos,</p><p>percebe‑se o quanto o ensino da dança possibilita um trabalho criativo com</p><p>o corpo, a discussão sobre valores éticos e estéticos, o desenvolvimento do</p><p>pensamento crítico, da ampliação da visão de mundo e da formação da</p><p>cidadania.</p><p>Em tal concepção, dança não se restringe somente a um aprendizado de</p><p>passos, ou a uma cópia de paradigmas e estereótipos, que não educa os</p><p>alunos a serem pessoas criativas, produtoras e apreciadoras dos signos</p><p>corporais, capazes de lidar com situações diversas no seu processo de vida</p><p>(CENPEC, 2010, p. 62).</p><p>43</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>A ideia da inclusão da dança na escola não é formar dançarinos profissionais nem estimular a</p><p>competição, e sim promover no aluno o conhecimento do próprio corpo, seus movimentos, a relação</p><p>com outros corpos e com a música e sua amplitude artística.</p><p>Para se iniciar o processo educacional em sala de aulas, é necessário pesquisar sobre o repertório</p><p>corpóreo do aluno e seu entendimento sobre os movimentos. A socialização da dança vai envolver os</p><p>jovens para um convívio positivo, a experimentação e a potência de informações. A importância do</p><p>conhecimento do aluno a respeito da dança e seus movimentos é fundamental e é preciso perceber qual</p><p>é a sua predileção na dança.</p><p>A partir dessa pesquisa, podemos introduzir novos códigos, ampliar repertórios e experimentar novas</p><p>ações no individual e coletivo em diferentes espaços. O ensino da dança nas escolas brasileiras é muito</p><p>recente, mas é importante continuar e mostrar que o aluno necessita dessa intervenção para o seu</p><p>desenvolvimento artístico e para o conhecimento das artes visuais.</p><p>Ao introduzir a dança nas escolas, vale lembrar que ela é para todos, mas deve‑se esclarecer que</p><p>nem sempre todos podem dançar. É uma mescla de ações e entendimentos que alguns poucos não</p><p>conseguem exercer. Mas deixemos claro que não é privilégio de corpos esbeltos e malhados, podendo</p><p>praticar a dança tanto os magros como aqueles acima do peso, tanto os novos como os que são mais</p><p>velhos. Pensando assim, vamos lembrar a Teoria Arte e Movimento, de Rudolf Laban (1879‑1958), um</p><p>pensador da movimentação:</p><p>Em seus estudos sobre o movimento humano, Laban observou que o corpo</p><p>humano executa três funções básicas: dobrar, esticar e torcer. Além disso,</p><p>destacou quatro fatores abrangentes que compõem o movimento, em</p><p>maior ou menor grau de manifestação: fluência, que trata da contenção e</p><p>continuação do movimento; espaço, que trata de formas, volumes, linhas,</p><p>caminhos, direções; peso, que trata de energia, força; e tempo, que trata de</p><p>duração, pulsação, métrica, ritmo.</p><p>A cada um deste fatores Laban atribuiu outras qualidades: a fluência –</p><p>qualidades com gradações de livre a controlada; ao espaço – qualidade</p><p>com gradações, de direto (um único foco) a flexível (multifocado); ao peso</p><p>– qualidade com gradações, de leve a firme; e ao tempo – qualidade com</p><p>gradações, de súbito (rápido) a sestentado (lento) (CENPEC, 2010, p. 63).</p><p>Com esses conceitos, o professor pode organizar os princípios gerais sobre o movimento, ajudando o</p><p>aluno ao melhor aprendizado da dança de acordo com as suas possibilidades e trabalhar sua expressividade</p><p>de forma mais criativa. A partir da teoria de Laban, deciframos os segredos de leitura dos movimentos.</p><p>Por exemplo, na dança do break, os movimentos são diretos e interferem no espaço, firmes,</p><p>determinando peso, e rápidos em relação ao tempo. Por mais rápido que seja esse estilo de dança, o</p><p>dançarino executa movimentos rápidos com os braços, cabeça, tronco, joelhos e pés, em um sincronismo</p><p>acelerado. Os movimentos marcantes, firmes e rápidos são característicos dessa dança.</p><p>44</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>Outro exemplo é o frevo. Há um passo nessa dança com o nome de tesoura, no qual as pernas se</p><p>cruzam em direção lateral de modo mais rígido, abrindo e fechando, enquanto o corpo e as mãos exercem</p><p>movimentos mais flexíveis. O uso do tempo é bem rápido, as pernas se abrem e se fecham, batendo de</p><p>forma leve o calcanhar no chão. Para o entendimento da dança, ao praticar essa flexibilidade do corpo e o</p><p>ritmo musical, pode emergir no aluno uma alegria e pensamentos positivos, por exemplo.</p><p>É importante inserir os alunos em várias modalidades da dança: além do break e do frevo, pode‑se</p><p>ensinar e praticar valsa, samba, tango, bolero, swing, bumba‑meu‑boi, estilo livre etc. Criar dança é</p><p>buscar o singular, ou seja, algo próprio de cada um. Para que esse contato aconteça, precisamos definir</p><p>alguns fatores, como:</p><p>• reconhecer o corpo do aluno como produtor de significados;</p><p>• experimentar vários movimentos de dança;</p><p>• analisar o processo criativo e de repetição;</p><p>• discutir sobre seus movimentos e dos outros como representação da dança;</p><p>• conhecer funções biomecânicas baseadas no corpo, como dobrar, esticar e torcer;</p><p>• definir os níveis alto, médio e baixo;</p><p>• aplicar os fatores de movimentos, como fluência, espaço, peso e tempo;</p><p>• inserir‑se na história da dança.</p><p>Para cada exercício, são necessários a retomada de tarefas, o desenvolvimento de exercícios, jogos e</p><p>danças, dialogar, registrar e propor novas ações.</p><p>Para o exercício da dança, é necessário também ensinar as ações dos passos de dança, o emprego da</p><p>música, a construção do imagético – com a produção de cenários, figurinos e iluminação do ambiente</p><p>– e a postura individual e do grupo.</p><p>4.1.2 A música e o teatro</p><p>Alguns especialistas defendem que mesmo antes de nascer já estamos em contato com o som. O</p><p>barulho externo ao corpo da mãe é ouvido ainda quando estamos dentro do ventre materno. Os sons e o</p><p>silêncio são matérias‑primas da linguagem e aprendizado musical. A experiência com a criação musical e</p><p>a música na escola fortalece o entendimento sobre culturas do planeta e o pensamento dos dias de hoje.</p><p>Estudar a linguagem artística requer conhecimento sobre os códigos apresentados em todos os</p><p>tipos de artes apresentados. Saber decifrar estes códigos eleva o aluno para a ampliação dos sentidos</p><p>e conhecimento histórico e cultural da humanidade e aumenta o repertório sobre a arte global. Na</p><p>45</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>música, o aprofundamento leva o aluno ao entendimento, criação e produção de textos sonoros ou da</p><p>comunicação através dos sons.</p><p>Figura 15 – Com a música, aprendemos a criar sons. Conhecer novos ritmos através da voz e da</p><p>prática de instrumentos é uma das tarefas da musicalidade</p><p>Assim como a imagem, nosso mundo é recheado de sons das mais diversas origens. Sons da cidade,</p><p>da natureza, das ondas do mar, do movimento das árvores, dos carros, dos pássaros, dos cachorros, das</p><p>pessoas, dos meios de comunicação, como televisão, rádio, internet... Enfim, tudo que reproduz o som.</p><p>Quando o estudo da arte entra para partilhar o sentido da música, provoca um rico aprendizado no</p><p>campo do saber. O aluno se transforma no cidadão capaz de produzir e consumir músicas, elevando seu</p><p>conhecimento sobre o multiculturalismo, a história do homem e a sociedade.</p><p>Como em qualquer outro estudo sobre as diferentes linguagens artísticas, a intenção das artes nas</p><p>escolas não é a de formar um profissional da área – neste caso, da música –, e sim inserir o estudante num</p><p>conhecimento mais rico em vivência e experimentações, possibilitando o desenvolver da criatividade</p><p>dentro do ambiente sonoro.</p><p>Ademais de considerarmos que algumas pessoas possuem dons inatos para a arte, a sua</p><p>profissionalização passa na maioria dos casos pela dedicação ao estudo e ao treinamento, como</p><p>em qualquer habilidade humana. Isso resulta desenvolvimento da capacidade de desenvolver um</p><p>pensamento lógico e da sensibilidade necessária para tratar das particularidades que cada área do</p><p>conhecimento humano requer.</p><p>Nesse sentido, sob a perspectiva do desenvolvimento, também a música propicia o aprimoramento</p><p>de outras áreas, como a fala e a linguagem, incrementa a memória e habilidades operativo‑matemáticas</p><p>típicas da música, como comparação, seriação, agrupamento e sequenciação, as quais são a base do</p><p>pensamento simbólico e abstrato.</p><p>Avaliando também sob o ponto de vista do enfoque afetivo, a música torna‑se um grande</p><p>patrocinador da convivência e da interação, das manifestações de sentimento e da imaginação como</p><p>46</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>partes essenciais do desenvolvimento humano. Nesse sentido, Yara Borges Caznok é contundente ao</p><p>enfatizar que:</p><p>Processos criativos em música também dependem de uma familiaridade</p><p>com as especificidades da linguagem musical e só podem ser engendrados</p><p>a partir do desenvolvimento de uma convivência estimulante e plena de</p><p>qualidade. Para que um ambiente e um espírito criativos se instaurem,</p><p>alguns conteúdos e atributos afetivos, cognitivos e sociais, entre outros,</p><p>são ao mesmo tempo solicitados e estimulados. Coragem, segurança e</p><p>espontaneidade, por exemplo, são requisitos para que a autoestima e a</p><p>autoconfiança cresçam e se expressem (CENPEC, 2010, p. 84).</p><p>Ao longo de toda a história da civilização temos exemplos de apologia à música como expressão dos</p><p>sentimentos mais nobres dos indivíduos. Na Grécia Antiga, Platão e Aristóteles exaltavam a música como</p><p>fator crucial para a formação do cidadão e do homem liberal. Por seu lado, as comunidades cristãs, em</p><p>especial a partir da Idade Média, identificaram na música uma possibilidade maior de contato com o divino.</p><p>Já na civilização contemporânea (séculos XX e XXI), diversos segmentos da ciência têm se empenhado</p><p>em entender as relações entre música, sociedade e indivíduo.</p><p>Uma sugestão crucial no processo de ensino da música é a de que o docente abra para si mesmo</p><p>outras possibilidades, evitando os estereótipos de um estilo ou segmento, a despeito dos demais. Estará</p><p>então impedido de levar os alunos para uma experiência aberta de estudo das sensações de cada estilo</p><p>musical. Desde o clássico ao mais singelo estilo do campo, gêneros e estilos encerram sensações únicas</p><p>que devem ser experimentadas.</p><p>Nesse processo, o exercício de saber escutar desenvolve no ser humano a capacidade de ouvir,</p><p>treinando para o desafio de ser tolerante e paciente e de respeitar e valorizar o que é diverso de seu</p><p>interesse direto.</p><p>Criação musical na escola</p><p>Em sala de aula está claro que não se pode pensar em composição no estilo clássico que pressupõe</p><p>um nível de</p><p>formação e de domínio da música muito além daquilo que é comum a principiantes. O que</p><p>se propõe é a criação musical mais livre, mais associada com a música popular, prescindindo até da</p><p>leitura e escrita musicais. O objetivo principal é o da conquista de bases importantes para a atividade</p><p>musical, que envolvem imaginação, conquista, pesquisa, experimentação e construção.</p><p>Com essa estrutura de pensamento o aluno poderá transportar para sua vida para muitos campos</p><p>do conhecimento, tanto na música como no teatro.</p><p>O Teatro é uma área de conhecimento, tal qual as demais linguagens da arte, ou seja, a relação de</p><p>ensinar e aprender em sala de aula deve resultar de treinamentos práticos, conhecimento histórico da</p><p>dramaturgia e também da apreciação estética da obra teatral.</p><p>47</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>O trabalho em grupo, muito comum nesse processo, tende a ajudar no desenvolvimento de maior</p><p>capacidade de socialização, compartilhamento de ideias, argumentações, respeito a regras etc.</p><p>Figura 16 – A emoção, o drama, humor, a expressão corporal e facial, são atividades desenvolvidas através do teatro.</p><p>A socialização também está presente com o trabalho em grupo</p><p>O adolescente, ao defrontar‑se com o teatro, passa a ter acesso a pensamentos e a sentimentos muito</p><p>diversos dos seus, representados pela expressão das culturas dos autores e seus países. A construção de</p><p>personagens, histórias e cenas poderá levar o aluno a transpor fronteiras. Um momento interessante para se</p><p>refletir sobre valores, atitudes e toda a diversidade cultural que compõe a humanidade. Também permite, tal</p><p>qual as demais linguagens da arte, refletir sobre os conflitos, medos e angústias da sociedade contemporânea.</p><p>Mas, além da realidade nua e crua, é importante também possibilitar momentos de magia e de</p><p>encantamento, de fantasia, de romance e de ficção.</p><p>O teatro na escola</p><p>Parece claro que o exercício do teatro na escola não tem a função de formar atores e apresentar</p><p>espetáculos.</p><p>Trata‑se de um letramento, de uma alfabetização artística e estética na</p><p>linguagem cênica, cujos focos são a produção e a leitura dos signos gestuais,</p><p>acompanhados da história da dramaturgia. Teatro visto como área de</p><p>conhecimento e linguagem.</p><p>Para tanto, alunos e professores devem sentir‑se “cúmplices” no trabalho.</p><p>Além da necessidade de grande envolvimento e afetividade, é fundamental</p><p>que as artes cênicas só tenham início quando o professor perceber que</p><p>seu grupo tem um relacionamento razoável, pois, como nenhuma outra</p><p>linguagem, o teatro expõe as pessoas que dele participam. Portanto,</p><p>48</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>recomenda‑se que as artes dramáticas não aconteçam logo no início do</p><p>ano letivo, quando os alunos ainda não se conhecem ou não estabeleceram</p><p>vínculos afetivos entre si (CENPEC, 2010, p. 84).</p><p>Embora seja evidente o ganho que os alunos têm no exercício da prática teatral, é preciso considerar</p><p>que para parte deles isso pode representar uma verdadeira violência, ante o fato de terem que se</p><p>expor publicamente. Nesses casos, será preciso, ao longo do período letivo, treiná‑los através de jogos,</p><p>exercícios e improvisações. Além disso, uma série de atividades de suporte à prática teatral pode manter</p><p>tais alunos como participantes do processo, como criar cenários, iluminação, figurinos, maquiagem,</p><p>trilhas sonoras e outras. Mas é também importante ressaltar que essa arte, como as demais, não busca</p><p>talentos, e sim o desenvolvimento pessoal de cada aluno, razão porque as atividades cênicas devem ser</p><p>vivenciadas por todos.</p><p>A prática teatral em sala de aula deve ser precedida por exercícios de concentração e de aquecimento</p><p>e de uma clara explicação do professor sobre os objetivos dessa atividade, permitindo no final da aula</p><p>uma avaliação do grupo. Se o exercício foi bom, haverá então uma oportunidade de conseguir dos</p><p>alunos uma avaliação muito rica sobre a construção dos personagens, o desempenho do grupo, a</p><p>construção dos personagens e também, é claro, sobre o conteúdo e significado da improvisação criada.</p><p>É evidente que este é um processo que virá a se enriquecer na medida em que as experiências do teatro</p><p>se repetirem ao logo do ano.</p><p>Um método interessante para acompanhar a evolução do grupo é o de filmar alguns dos exercícios,</p><p>permitindo aos alunos verem como o grupo e cada um evolui. Mas está claro que isso só pode ser feito</p><p>após obter‑se o consentimento da classe.</p><p>Na medida do possível, para estimular o desenvolvimento dos alunos, será fundamental propiciar</p><p>a eles a oportunidade de assistirem a uma ou mais peças de teatro, de preferência profissionais, para</p><p>melhor compreenderem o poder da arte cênica.</p><p>Com o teatro, os alunos podem entender as diferenças entre o teatro humorístico, dramático e</p><p>musical, e também a vasta culturalidade encontrada em múltiplos povos. Com a educação das artes</p><p>de interpretação, navegam e vivem entre diferentes épocas e passagens históricas que marcaram um</p><p>povo ou país, possibilitando os entendimentos de estéticas e a construção de personagens, além de</p><p>exercitar os gestos e expressões faciais. O cenário propicia um exercício das produções artísticas para a</p><p>representação de diversos lugares.</p><p>Construindo personagens, história e cenários, o aluno poderá transpor</p><p>fronteiras de tempo e espaço, compreendendo que há diferentes modos de</p><p>viver, sentir, pensar, emocionar‑se e relacionar‑se com a vida e o mundo. É</p><p>um bom momento para refletir sobre valores, atitudes e toda a diversidade</p><p>cultural da qual é composta a humanidade. Incentivado pelo professor,</p><p>ele poderá estabelecer relações entre a sua e outras culturas, ampliando</p><p>conceitos de ética, identidade, cidadania e solidariedade humana.</p><p>49</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>Enquanto o produtor, decodificador e intérprete de signos gestuais/corporais,</p><p>o aluno poderá aprofundar suas possibilidades de atribuir e construir</p><p>significados, de entender‑se enquanto um ser/corpo simbólico que propõe e</p><p>lê gestualidades (CENPEC, 2010, p.113‑114).</p><p>É de extrema importância que o professor insira o aluno no universo cênico. Além da ação do ator/</p><p>atriz, devem insistir em assistir a peças de diferentes temas e enredos e conhecer as outras profissões que</p><p>cercam o teatro, como diretor cênico, diretor musical, dramaturgo, cenógrafo, iluminador, maquiador,</p><p>figurinista etc.</p><p>4.2 Um método, várias linguagens: a criação de um sistema pedagógico</p><p>único através de múltiplas ações artísticas</p><p>Maria da Graça Nicoletti Mizukami, em seu livro Ensino: as Abordagens do Processo (1986),</p><p>defende que o acesso às informações adicionais e as realizações de pesquisas formam a base do</p><p>ensino‑aprendizagem, além de abrir as possibilidades de articulação de diversas propostas de explicação</p><p>para os processos de aprendizado. O fenômeno educacional consegue traduzir a compreensão reduzindo</p><p>a opção de pensar único com a diversidade de diferentes formas de abordagens.</p><p>Ao aplicarmos esse pensamento nas artes visuais, conseguimos entender a razão e a importância</p><p>do acesso às várias linguagens que constituem as artes. A multiplicidade abre caminhos para novas</p><p>abordagens na educação, superando a forma reduzida de pensar. Ao expandirmos as áreas de</p><p>conhecimento, construímos uma linha teórica explicativa significativa.</p><p>A partir das análises relativas às abordagens do processo ensino‑aprendizagem,</p><p>pode‑se constatar alguns aspectos metateóricos que definem seus</p><p>elementos idiossincráticos. Um deles é a já reiterada multidimensionalidade</p><p>do fenômeno educacional, considerada a nível teórico. Outro refere‑se à</p><p>possibilidade de se analisar as interpretações do fenômeno educacional em</p><p>seus pressupostos, decorrência e/ou implicações principais [...]</p><p>Trata‑se, pois, da necessidade de articulação do aprender, do analisar, do</p><p>discutir opções teóricas existentes à execução, em situações concretas de</p><p>ensino – aprendizagem, dessas opções teóricas, de forma a que o discurso (o</p><p>analisado, o lido e o vivido) se aproxime cada vez mais.</p><p>Ler, escutar, discutir propostas alternativas, é diferente de praticá‑las e</p><p>vivenciá‑las. Um dos grandes problemas dos cursos de Licenciatura é que</p><p>os futuros professores raramente chegam a vivenciar propostas que foram</p><p>discutidas (MIZUKAMI, 1986, p. 106).</p><p>Para Mizukami, não basta apenas ver um filme, apreciar uma dança, assistir a um espetáculo de</p><p>música ou teatro, experimentar comidas diferentes, aprender novos artesanatos ou participar de um</p><p>workshop de pintura, para desenvolver um conteúdo teórico eficiente. O importante é a mediação ou a</p><p>50</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>troca de experiências entre as partes envolvidas – no caso do professor com as artes e do professor com</p><p>o aluno. Além da troca de experiências, a leitura e a discussão de novas propostas e a reformulação de</p><p>propostas antigas formam um conteúdo teórico fortalecido. Mizukami lembra também que não adianta</p><p>a discussão se não houver a prática e a vivência daquilo que foi discutido e mediado.</p><p>Para a autora, o que mais se espera é o domínio do professor de um ou mais assuntos abordados e</p><p>que as diferentes abordagens criem formas de articulação entre elas mesmas para o fazer pedagógico</p><p>do professor. Alguns métodos podem ser aplicados: por exemplo, achar os pontos de intersecção entre</p><p>as linguagens vividas em suas cores, formas, movimentos, sons e cheiros. A integração das partes cria</p><p>oportunidades para desenvolver o emocional, o conhecimento, comportamentos e técnicas de relação</p><p>sociocultural entre as partes abordadas e do aluno/professor. Dessa forma, a ação pedagógica assume um</p><p>sentido de prática em um papel de teórico‑prática. Vale lembrar que essa prática irá fornecer elementos</p><p>para a compreensão do discurso do professor.</p><p>Outra forma de aproximação, do professor para com o aluno, para fornecer todos os diferentes</p><p>elementos abordados, é reforçar o processo do ensino na abordagem cognitivista, o preferido dos</p><p>professores. Reconhecer qual é o entendimento do aluno acerca dos materiais apresentados ou em sua</p><p>interação em diferentes linguagens artísticas potencializa a prática educacional.</p><p>Alguns fatores devem ser levados em conta para que o aluno chegue à formação formal como</p><p>distúrbios de desenvolvimentos cerebrais e sua posição sócio‑econômica‑cultural. Fora isso, Mizukami</p><p>defende que a relação do aluno com a abordagem cognitivista é a sua participação ativa durante a</p><p>aprendizagem, no processo de desenvolvimento, embora claro, com nuanças próprias de cada aluno.</p><p>Outro elemento que deve ser considerado para ajudar na aceitação embasada na abordagem</p><p>cognitivista pelo professor é o reconhecimento do desenvolvimento intelectual dos alunos para adequar</p><p>sua estrutura de ensinamentos. Às vezes é aplicada uma abordagem tradicionalista de forma caricata</p><p>ou camuflada, ou seja, a preocupação não está em descobrir os conhecimentos que cercam os alunos</p><p>(cognitivismo), mas impor conteúdos, processos e tratamento das informações através de teorias</p><p>preestabelecidas e elaboradas durante séculos. No ensino tradicional, o professor é essencialmente</p><p>verbalista, mecânico, de reprodução de conteúdo transmitido via livro‑texto, sendo bastante precária e</p><p>desestruturada. Na abordagem cognitivista, há a troca de conhecimentos entre aluno e professor, para</p><p>assim poder se formar uma nova teoria educacional.</p><p>Mizukami menciona outro elemento para se preocupar no aprendizado em relação ao professor e</p><p>também ao aluno. Sexo, idade, experiências, costumes e anos de estudos interferem no processo:</p><p>Um outro elemento que interessa aqui mencionar é a não interferência de</p><p>variáveis, tais como sexo, idade, anos de experiência no magistério, disciplina</p><p>ministrada e acesso ou não a cursos de pós‑graduação, na opção por esta</p><p>ou aquela linha teórica. Sugerem‑se estudos no sentido da identificação de</p><p>outras variáveis no nível macroscópico que possivelmente possam interferir</p><p>neste tipo de opção (MIZUKAMI, 1986, p. 113).</p><p>51</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>António Nóvoa, pesquisador da educação, professor e autor de diversas obras no domínio das</p><p>ciências da Educação, contando com a colaboração de vários especialistas portugueses e estrangeiros,</p><p>discute sobre a escola e as mutações sociais. A seguir, vamos observar novas práticas educacionais</p><p>envolvendo as artes no curso de pós‑graduação com o aluno que se tornará o educador no futuro. Os</p><p>métodos envolvidos ajudam na formação da teoria e metodologia de ensino nas Artes Visuais.</p><p>Observação</p><p>Nesta parte, retomamos a colocação do modelo metodológico do curso</p><p>de pós‑graduação em mestrado e doutorado em EAHC para exemplificar a</p><p>ação do ensino integrado e da formatação do método pedagógico formado</p><p>através da interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e multidisciplinaridade</p><p>nos estudos e ensino.</p><p>Outra prática educacional estudada no curso stricto sensu, mestrado em EAHC – Educação, Arte</p><p>e História da Cultura, reforça o objetivo de agrupar a metodologia de ensino através de diferentes</p><p>linguagens e buscar na multidisciplinaridade a educação adequada.</p><p>O próprio curso de EAHC reforça essa ideia de multiplicidade. A introdução de variedade disciplinar</p><p>e áreas de conhecimentos dialéticos, envolvendo as abordagens do processo do ensino, a teoria e crítica</p><p>das artes e a história da cultura e pensamento social, se entrelaçam para um objetivo comum. Os alunos</p><p>de diversas áreas de atuação e saberes são colocados juntos para trocas de experiências e aprendizados.</p><p>No ano de 2011, a turma de estudantes do curso de mestrado era composta por professores do Ensino</p><p>Fundamental, Médio e Superior da rede pública e privada, diretor de arte, design gráfico, fotógrafo</p><p>profissional, músicos, advogado, médica psiquiátrica, historiadores, profissional da saúde e sociólogo.</p><p>Essa mistura de vertentes, profissionais e ocupacionais, ampliou a discussão em diversas áreas, formando</p><p>novos conceitos e entendimentos na educação, saúde, direito, artes e história.</p><p>Vale lembrar que o método aplicado era um só, a formação de pesquisadores, pensadores,</p><p>educadores e intelectuais, com um senso comum que é o conhecimento acerca das artes, cultura</p><p>e educação, aplicando interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e multidisciplinaridade em sua</p><p>metodologia pedagógica.</p><p>Plano de ensino do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu de EAHC</p><p>Mercado de trabalho</p><p>Atende a professores e profissionais das áreas de Educação, Arte e História da Cultura,</p><p>em múltiplos campos: formação de professores, arte e tecnologia, teoria e crítica das artes e</p><p>do design, cultura visual linguagens digitais, novas mídias e internet, ensino‑aprendizagem</p><p>e novas tecnologias, história da cultura, políticas culturais, mediação cultural, filosofia</p><p>relacionada a arte, cultura e educação ambiental.</p><p>52</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>O Programa forma pesquisadores e docentes que produzem conhecimento interdisciplinar</p><p>a partir de, pelo menos, duas grandes áreas do saber: Educação, Arte e História da Cultura,</p><p>com ênfase na contemporaneidade. A interdisciplinaridade é, também, investigada por meio</p><p>de manifestações artísticas e culturais, além de pesquisas bibliográficas, que propagam</p><p>esses conhecimentos em diferentes meios de divulgação: exposições, curadorias, materiais</p><p>didáticos, apresentações musicais, teatrais, cinematográficas e audiovisuais.</p><p>Áreas de concentração</p><p>Educação, Arte e História da Cultura: processos interdisciplinares</p><p>O Programa forma pesquisadores e docentes que produzem conhecimento interdisciplinar</p><p>a partir de, pelo menos, duas grandes áreas do saber: Educação, Arte e História da Cultura,</p><p>com ênfase na contemporaneidade. A interdisciplinaridade é, também, investigada por meio</p><p>de manifestações artísticas e culturais, além de pesquisas bibliográficas, que propagam</p><p>esses conhecimentos em diferentes meios de divulgação: exposições, curadorias, materiais</p><p>didáticos, apresentações musicais, teatrais, cinematográficas e audiovisuais.</p><p>Linhas de pesquisa</p><p>• Formação do educador para a interdisciplinaridade</p><p>Investigação de processos de ensino e aprendizagem a partir de dimensões cognitivas,</p><p>técnicas, políticas, histórico‑culturais e artísticas, tendo como eixo questões postas pela</p><p>tecnologia e contemporaneidade.</p><p>• Culturas e artes na contemporaneidade</p><p>Tendo como cenário referencial as sociedades contemporâneas, esta linha de pesquisa</p><p>se compromete a investigar as artes em suas expressões eruditas, populares e folclóricas em</p><p>diálogo com as mais diversas expressões.</p><p>• Linguagens e tecnologias</p><p>Desenvolve pesquisas de cunho histórico‑crítico das linguagens e das tecnologias nos</p><p>processos de comunicação humana, seus impactos nas áreas das artes, da história e da</p><p>educação, tendo como eixo as expressões das novas mídias.</p><p>Disciplinas obrigatórias</p><p>Disciplinas obrigatórias mestrado: Teorias e Processos Educacionais, Teorias e Críticas</p><p>das Artes, Cultura e Pensamento Social, Metodologia da Pesquisa.</p><p>53</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>Disciplina obrigatória doutorado: Processos Interdisciplinares em Educação, Arte e</p><p>História da Cultura, oferecida apenas no primeiro semestre de cada ano.</p><p>Seminários avançados obrigatórios</p><p>O aluno de doutorado deverá cursar um seminário avançado em arte contemporânea,</p><p>cultura ou educação, com encontros interdisciplinares, oferecidos sempre no segundo</p><p>semestre de cada ano. Os seminários e encontros ocorrem às terças e quartas, por um</p><p>período de 12 semanas e são oferecidos apenas no segundo semestre de cada ano.</p><p>Disciplinas optativas</p><p>Ambientes Virtuais de Aprendizagem e Interatividade, Aprendizagem e Desenvolvimento</p><p>Profissional da Docência, Arte Brasileira, Arte e Mediação Cultural, Arte como Expressão</p><p>Cultural de Dominação e Resistência, Bases Estéticas e Filosóficas da História e da Crítica das</p><p>Artes Contemporâneas, Brasil: uma Breve História Cultural, Criatividade na Arte, na Ciência</p><p>e no Cotidiano, Cultura Digital, Cultura e Contracultura: Relações Interdisciplinares, Cultura</p><p>e Materialidade Escolar, Educação Ambiental e Arte na Contemporaneidade, Educação e</p><p>Mídia, Educação na Sociedade Híbrida: o Potencial de Aprendizagem no Ciberespaço,</p><p>Estratégias da Imagem, Expressão e Identidades Contemporâneas, Expressão e Identidades</p><p>Contemporâneas, História Contemporânea, História da Cultura, História da Inteligência: uma</p><p>Questão Cultural, História do Corpo no Ocidente, Metodologia das Linguagens Artísticas, O</p><p>Perceber: Sensibilidade e Arte na Ação Educacional – Impasses e Perspectivas, Pedagogia da</p><p>Sensibilidade, Pensamento Social Contemporâneo, Políticas Culturais: Projetos para uma</p><p>Cidadania Crítica, Políticas Públicas e Sala de Aula: Formação e Desenvolvimento Profissional</p><p>de Professores, Sites de Relacionamento e a Ambiência de Entretenimento e Espetáculo.</p><p>Atividades programadas</p><p>O aluno deverá cumprir 6 pontos (equivalentes a 2 créditos) em atividades programadas</p><p>até a entrega de sua dissertação de mestrado e 18 pontos (equivalentes a 6 créditos) até a</p><p>entrega de sua tese de doutorado. Os documentos comprobatórios deverão ser entregues na</p><p>secretaria do programa até 15 dias antes do depósito da dissertação ou da tese juntamente</p><p>com o formulário.</p><p>• Síntese da estrutura curricular – mestrado</p><p>O curso de mestrado demandará um mínimo de 42 unidades de créditos em disciplinas</p><p>e atividades programadas obrigatórias, compreendendo:</p><p>I – 12 unidades de crédito referentes às disciplinas obrigatórias;</p><p>II – 12 unidades de crédito referentes às disciplinas optativas;</p><p>54</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>III – 2 unidades de crédito referentes à Atividade Programada Obrigatória;</p><p>IV – 16 unidades de crédito referentes à Metodologia da Pesquisa Científica, pesquisa,</p><p>elaboração do trabalho, qualificação do projeto e defesa pública da dissertação.</p><p>• Síntese da estrutura curricular – doutorado</p><p>O curso de doutorado, para os portadores do título de mestre em cursos recomendados</p><p>pela Capes ou validado pelo governo brasileiro, demandará um total mínimo de 62 unidades</p><p>de crédito, compreendendo:</p><p>I – 4 unidades de crédito referentes às disciplinas obrigatórias;</p><p>II – 12 unidades de crédito referentes às disciplinas optativas;</p><p>III – 18 unidades de crédito referentes às atividades programadas obrigatórias;</p><p>IV – 28 unidades de crédito referentes à pesquisa, elaboração do trabalho, qualificação</p><p>do projeto e defesa pública da Tese.</p><p>Fonte: Universidade Presbiteriana Mackenzie ([s.d.]).</p><p>No outono de 2011, a disciplina de Cultura e Pensamento Social, ministrada pelo professor doutor</p><p>Arnaldo Contier, teve como objetivo principal a exploração da história cultural e linguagens nas artes de</p><p>uma sociedade. O curso seguiu a interdisciplinaridade avançando através da música, literatura, cinema</p><p>e teatro como fontes de investigação. Foram indicadas leituras de duas obras: Sonoridades Paulistanas:</p><p>a Música Popular na Cidade de São Paulo no Final do Século XlX e Início do Século XX, de José Geraldo</p><p>Vinci de Moraes, e A Fabricação do Rei: a Construção da Imagem Pública de Luís XIV, de Peter Burke.</p><p>Para a primeira leitura foi solicitada uma apresentação em grupo do movimento da música na sociedade</p><p>paulistana daquele período, sua linguagem artística, histórico e cultural da época e a análise crítica da</p><p>obra; para a segunda, a entrega de um trabalho escrito de fichamento e resumo do livro de Burke sobre</p><p>como a obra de arte, além de seu valor intrínseco, pode ser utilizada como instrumento social, no caso</p><p>do reinado de Luís XIV, como instrumento de publicidade e propaganda do Rei.</p><p>O método de ensino se dá através de aulas explicativas recheadas de intertextualidade e exibições de</p><p>filmes e documentários para ilustrar os fatos históricos e como tais acontecimentos interferem nessas</p><p>produções. A música entra como processo educativo por meio de ritmos e categorias criadas em cada período.</p><p>A comunicação midiática se dá através de materiais de apoio como revistas, jornais, textos e documentos</p><p>para o complemento do ensinamento e entendimento e a apresentação de grupos para o aperfeiçoamento</p><p>de técnicas de montagens e de comportamento diante o público. A hipermídia se efetiva como utilização do</p><p>conjunto de texto, imagens, gráficos, sons e vídeos apresentados em um meio eletrônico computadorizado.</p><p>A disciplina mostrou como a aplicação da interdisciplinaridade ajuda na colocação de temas distintos e</p><p>linguagens diferenciadas para o entendimento do assunto de forma mais ampla e mostrou também como</p><p>55</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>diversificar o repertório. A comunicação midiática, através de seus diferentes canais, complementa a explicação</p><p>e ajuda na compreensão da informação. A apresentação para um público específico exigiu uma preparação e</p><p>desenvolvimento técnico a ser utilizado em futuras ações e trabalhos como palestras e defesas de dissertação e</p><p>tese. A técnica de explanação ministrada pelo professor com o total conhecimento prévio, o aprofundamento</p><p>do assunto e as indicações bibliográficas ajudou na fundamentação teórica do saber e do pensar. Na leitura</p><p>de Moraes aprendemos a selecionar os principais fatores que marcaram a obra e como apresentar, em meio</p><p>eletrônico audiovisual, de forma concisa. Já a leitura de Burke foi um importante exercício de síntese das</p><p>principais ideias do autor através do fichamento. A disciplina também possibilitou enxergar a arte como agente</p><p>da construção da história cultural e da</p><p>sociedade e auxiliou no processo de minha investigação.</p><p>Algumas vertentes da história da cultura e sociedade foram trazidas para as aulas como forma de</p><p>investigação e aprendizado. Um recorte nas áreas das artes propiciou um mergulho nos acontecimentos</p><p>que fomentaram as artes brasileiras, no período da ditadura ou no tropicalismo no Brasil. A música entra</p><p>com força para manifestar suas convicções políticas ou apenas para alertar o que estava acontecendo</p><p>no país naquele momento. A melodia, seus artistas e compositores sempre foram formas de atingir a</p><p>massa com grande força e eficácia.</p><p>A Era dos Festivais</p><p>A Era dos Festivais marcou a era de ouro da música no Brasil.</p><p>Na década de 1960, a emissora de televisão Record assinou um dos períodos mais importantes e</p><p>criativos da música nacional com a apresentação do Festival de Música Popular Brasileira, que depois</p><p>ficou conhecido como a Era dos Festivais. Várias intertextualidades vindas da música, com linguagens e</p><p>estilos diferentes, se mesclavam.</p><p>Figura 17 – Jair Rodrigues interpreta “Disparada” no festival de música da Record</p><p>A bossa nova convivia com o iê, iê, iê e a Tropicália se firmava como modelo de protesto. Nessa</p><p>época, surgiram vários talentos na música, intérpretes e autores. Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano</p><p>Veloso, Os Mutantes, com Rita Lee, e Os Novos Baianos, com Gil, Caetano, Gal Costa e Maria Bethânia.</p><p>Zuza Homem de Mello, testemunha como participante e observador do que acontecia nos palcos e</p><p>56</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>bastidores e também, no convívio com os artistas, mostra os acontecimentos que marcaram mudanças</p><p>culturais no Brasil através das artes e, mais especificamente, na música brasileira.</p><p>Nunca o Brasil vivera uma discussão cultural tão empolgante como aquela.</p><p>“A Banda” contra “Disparada” – a primeira defendida por Chico e Nara Leão;</p><p>a segunda, por Jair Rodrigues – era como decisão de campeonato. Nenhum</p><p>tema artístico ganhou tão rapidamente as ruas, sendo discutido em bares</p><p>e botequins, por motoristas de táxis e passageiros, pela aluna e professor, a</p><p>dona de casa e a empregada [...]</p><p>Naquele verão de 1966, ao mesmo tempo que Elis passeava pelo Velho</p><p>Mundo, a audiência da Jovem Guarda crescia assustadoramente,</p><p>alavancada pelo novo sucesso de Roberto Carlos “Quero que Vá Tudo</p><p>pro Inferno”. A garotada iconoclasta superlotava o teatro da Record</p><p>nas tardes de domingo, identificando‑se com os cabeludos de roupas</p><p>extravagantes, acolhendo o alheamento como forma de revolta contra</p><p>as preocupações e formalidades, adotando as novas gírias como</p><p>linguagem de sua preferência e entregando‑se à espontaneidade</p><p>ingênua das letras e à alegria do ritmo para cantar e dançar livremente.</p><p>O iê, iê, iê começava a dominar a bossa [...]</p><p>O Brasil inteiro viu pela primeira vez que música popular era coisa muito</p><p>séria (MELLO, 2003, p. 118).</p><p>Figura 18 – Jair Rodrigues, Nara Leão e Chico Buarque, no festival de música da Record</p><p>57</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>Saiba mais</p><p>Para conhecer mais sobre os Festivais, leia a obra a seguir:</p><p>MELLO, Z. H. de. A Era dos Festivais: uma parábola. São Paulo: Editora</p><p>34, 2003.</p><p>A bossa nova</p><p>Durante o governo de Jânio Quadros entre 58 e 59, surge uma nova batida, a bossa nova, em meio à</p><p>revolução da época. Essa fresca linguagem musical, bossa nova, se iniciou com a formação de um grupo</p><p>de amigos que tinha Tom Jobim e João Gilberto como membros. O nome veio através de um dialogismo</p><p>com o ritmo americano do jazz e teve como base a variação do cool jazz. Esse novo ritmo era chamado</p><p>no início de a bossa nova jazzística.</p><p>O marco da bossa nova jazzística e sua entrada foi a música “Chega de Saudade”. Nesse período</p><p>político, sai Jânio Quadros e entra João Goulart no governo. No meio dessa transição política, surge a</p><p>partir da bossa nova uma nova música criada por Carlos Lyra e Sérgio Ricardo, a bossa nova nacionalista.</p><p>Com a UNE – União Nacional Estudantil, surgem as manifestações sobre essa nova tendência da</p><p>música. Críticas forçam a formação de um grupo que cria os festivais. A TV Excelsior gravava o festival</p><p>no Teatro Cultura Artística, que era situado na Rua Nestor Pestana, centro da capital paulista. A música</p><p>“Arrastão”, com um conteúdo político, vence o primeiro festival na TV Excelsior. Essas manifestações</p><p>de cunho político mexem com os governantes militares e a ditadura persegue os frequentadores e</p><p>proprietários dos teleteatros, gerando sua falência. Após o ano de 1964, perseguida pela ditadura, a TV</p><p>Excelsior fecha e dando fim a era das grandes produções.</p><p>Com a falência da Excelsior, surge a Record, que se tornou a maior rede de televisão da época, como</p><p>a Globo é representada nos dias de hoje. Devido ao grande sucesso do primeiro Grande Festival da</p><p>Record, o segundo festival é produzido instantaneamente pela emissora, além de outras atrações épicas</p><p>como a Bo‑Saudade, O Fino da Bossa e Família Trapo. Nessa época, em 1966, inicia‑se o Programa de</p><p>Hebe Camargo, voltado à música e às entrevistas de celebridade e artistas.</p><p>Observação</p><p>A apresentadora Hebe Camargo, uma das mais antigas apresentadoras</p><p>de televisão do Brasil e que trabalhou em quase todas as emissoras</p><p>brasileiras, começou na Record, passou por Tupi, Bandeirantes e SBT e</p><p>encerrou sua carreira na Rede TV!, com sua morte por parada cardíaca, em</p><p>29 de setembro de 2012, na cidade de São Paulo‑SP.</p><p>58</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>Figura 19 – O programa Família Trapo tinha no elenco alguns nomes que continuaram muito tempo na televisão brasileira,</p><p>como Ronald Golias (de chapéu) e Jô Soares (último, da esquerda para a direita)</p><p>A partir dessa época, São Paulo se torna um grande centro cultural.</p><p>Um evento que marcou o período foi a peça Eles não Usam Black‑Tie, de cunho sociopolítico, escrita</p><p>por Gianfrancesco Guarnieri para o Teatro de Arena, em 1958. A peça foi um estrondoso sucesso e ficou</p><p>mais de um ano em cartaz, fato inédito no teatro brasileiro.</p><p>A direção da peça foi realizada por José Renato, com músicas de Adoniran Barbosa. Foi encenada</p><p>no Teatro de Arena, hoje Teatro Eugênio Kusnet, um pequeno teatro de noventa lugares, adaptado de</p><p>uma garagem, em frente à Praça da Consolação, em São Paulo. A estreia da peça foi em 22 de fevereiro</p><p>de 1958. Foi a escolhida no Seminário de Dramaturgia do Teatro de Arena e livrou seu idealizador da</p><p>falência iminente, dado o sucesso de bilheteria.</p><p>Carlos Lyra, grande produtor da época, criou musicais com a intenção de politizar de forma camuflada.</p><p>A ideia era de música como fuzil, controvérsia entre revolução, metáfora e entendimento. Carlos Lyra</p><p>dizia que não há revolução em um lugar de 150 lugares feito por estudantes.</p><p>Outra produção que marcou época foi o programa de TV Virando a Bossa, apresentado por Elis</p><p>Regina e Jair Rodrigues, de conteúdo politizado. Elis, uma das maiores, se não a maior artista/cantora do</p><p>Brasil, pelo seu jeito e personalidade peculiar, teria ficado milionária se morasse no exterior. Apelidada</p><p>de “pimentinha” devido ao seu temperamento explosivo, era pequena, media 1,60 m, e falava muitos</p><p>palavrões. De cada 10 palavras, 9 eram proibidas pela censura.</p><p>Anos mais tarde, uma nova emissora, a Rede Globo de Televisão, teve a intenção de criar um festival</p><p>internacional e tentar assim enfraquecer a politização na música. Na primeira versão do festival, ganha</p><p>a música “O Sabiá”, que se apresentou sob vaias após a escolha da vencedora. A preferida era “Para não</p><p>Dizer que não Falei das Flores”, do compositor Geraldo Vandré.</p><p>As artes sofrem com o AI‑5 do governo Médici. Foi o pior no sentido de perda cultural e artística</p><p>brasileira. Vários artistas tornam‑se exilados políticos fugindo do Brasil, como Gilberto Gil, Caetano</p><p>59</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>Veloso, Chico Buarque, entre outros. O Teatro Oficina fecha suas portas e até nas faculdades havia agentes</p><p>infiltrados entre os alunos. A professora Maria Aparecida de Aquino, em suas aulas de Metodologia</p><p>Científica, relata:</p><p>Os professores sabiam que havia agentes infiltrados em salas de aulas e</p><p>todos os professores e conteúdos ensinados nas universidades estavam sob</p><p>o olhar e controle desses agentes e censura. Nas conversas nas salas dos</p><p>professores, muitos tentavam descobrir quem seria esse agente infiltrado.</p><p>Nunca se descobriu quem eram os agentes, mas se desconfiava de alguns</p><p>alunos que nunca se formaram e ficaram de 10 a 15 anos estudando na</p><p>mesma universidade. [...] Os cursos mudaram seus conteúdos para o</p><p>favorecimento do governo, e era proibido mencionar o proletariado e o</p><p>marxismo (AQUINO, 2011).</p><p>A censura calou os meios de comunicação e também a produção na literatura. Um apanhado geral</p><p>da produção literária da época sofreu nesse período tenebroso de nossa história. Foram caçadas obras</p><p>como O Coronel e o Lobisomem, O Plano, O Morel e A Pedra o Reino e também vários autores como</p><p>Ariano Suassuna e João Ubaldo Ribeiro. Na poesia, danos irreparáveis foram criados, principalmente</p><p>nos tristes e repressivos anos de 1970, resultando no rompimento da poesia com o compromisso, com</p><p>a realidade e com o intelectualismo. Nessa década, o conto foi privilegiado como afluente permitido na</p><p>literatura na época do AI‑5.</p><p>As artes visuais sofreram mudanças impostas pela ditadura. O teatro precisou se adequar aos novos</p><p>modelos impostos pelo governo e as peças questionavam o lugar da classe média nesse momento de</p><p>puro autoritarismo, como a obra criada por Chico Buarque e dirigida por Zé Celso Martinez, Roda Viva.</p><p>A cinematografia, por sua vez, criou um novo estilo moldado na Europa, chamado de Cinema Novo,</p><p>de 1960 a 1972. O principal idealizador era o diretor, ator e escritor Glauber Rocha, que tinha como</p><p>temas centralizadores a ação revolucionária e o engajamento político. Uma das marcas dessa nova</p><p>linguagem foi o documentário Aruanda, de 1960, de Linduarte Noronha. O filme, que mostra uma</p><p>Paraíba que ninguém conhecia, cativou plateias de diversos lugares do Brasil e do mundo ao mostrar a</p><p>realidade do sertão nordestino jamais vista.</p><p>Outro exemplo do Cinema Novo foi o filme Cinco Vezes Favela, produzido entre 1961 e 1962, e</p><p>depois a versão de 2009 5X Favela: Agora por Nós Mesmos. A primeira versão foi considerada uma das</p><p>obras fundamentais do chamado Cinema Novo no Brasil. O filme apresenta cinco histórias separadas,</p><p>cada uma delas com diferentes diretores: Marcos Farias, Miguel Borges, Cacá Diegues, Joaquim Pedro de</p><p>Andrade e Leon Hirszman. Já a versão de 2009 foi um filme dirigido por um grupo de jovens cineastas</p><p>moradores de favelas do Rio de Janeiro e produzido por Carlos Diegues e Renata de Almeida Magalhães.</p><p>Glauber Rocha é a maior representação do Cinema Novo. Suas produções eram moldadas de</p><p>uma criatividade imensa. Perfeccionista ao extremo, estudava demais e escrevia mais ainda. Um</p><p>dos maiores cineastas do Brasil e do Mundo, transitou pelo cinema francês, italiano e pelo cinema</p><p>europeu como um todo.</p><p>60</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>Algumas de suas obras tornaram‑se clássicos do cinema brasileiro e mundial. Deus e o Diabo na Terra</p><p>do Sol, O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro e Terra em Transe são três filmes emblemáticos</p><p>que trazem, cada um à sua maneira, a crítica social feroz aliada a um estilo particular de filmar. A</p><p>proposta de Glauber Rocha pretendia romper radicalmente com o estilo de se fazer filmes importado dos</p><p>Estados Unidos. Essa pretensão era compartilhada pelo grupo de cineastas que executavam o Cinema</p><p>Novo, uma corrente artística nacional liderada principalmente por Rocha e fortemente influenciada</p><p>pelo movimento cinematográfico francês da Nouvelle Vague e pelo Neorrealismo do cinema italiano.</p><p>Deus e o Diabo na Terra do Sol, de 1963, foi indicado para a Palma de Ouro no Festival de Cannes;</p><p>O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, de 1969, foi o vencedor do Festival de Cannes como</p><p>Melhor Diretor e indicado novamente para a Palma de Ouro; e Terra em Transe, de 1967, é um espetáculo</p><p>poético, que fala sobre a catarse política pela qual passavam os países da América Latina na época.</p><p>Considerado o mais importante e polêmico filme de Glauber Rocha, foi o vencedor do Festival de Cannes</p><p>pela Fipresci e indicado também para a Palma de Ouro do mesmo festival.</p><p>Figura 20 – Cena do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha</p><p>Resumo</p><p>Nesta unidade, tivemos a oportunidade de acompanhar processos</p><p>muito importantes sob o ponto de vista das Artes Integradas e a educação</p><p>a distância no contexto da história da educação brasileira.</p><p>Vimos como foi a evolução da EaD e também o começo e o processo</p><p>dela no Brasil. Estudamos os planos testados e os ajustes para a formatação</p><p>final e seus conceitos abordados, as teorias sobre a implantação do sistema</p><p>61</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>de ensino não presencial e toda a história da EaD no Brasil e no mundo,</p><p>além das bases legais da educação no país para a sua finalização.</p><p>Desvendamos como é a abordagem da nova aprendizagem através das</p><p>Artes Integradas e a importância do saber, através de várias disciplinas, para</p><p>a completa construção do conhecimento.</p><p>Aprendemos que para que o acesso ao conhecimento que cerca as artes</p><p>visuais seja bem‑sucedido, é necessária uma boa base de informações</p><p>sobre os diferentes movimentos e linguagens que envolvem essas artes, e</p><p>que a partir do entendimento dessas partes estamos aptos para entender</p><p>os mais variados tipos de linguagens artísticas, mesclando mediação,</p><p>teoria e prática.</p><p>Tivemos dois exemplos de trabalhos acadêmicos para ilustrar essas</p><p>funções do trabalho fragmentado das artes para o entendimento global.</p><p>O primeiro exemplo segue um padrão de mediação de pessoas para o</p><p>acesso das diferentes formas de artes visuais vindas de festas populares</p><p>organizadas por descendentes e nativos estrangeiros. O segundo exemplo</p><p>entra no universo da história da cultura e das artes brasileiras vinda da</p><p>televisão em conjunto com a música e da criação de uma nova linguagem</p><p>do cinema antigo nacional.</p><p>Fizemos uma análise de como trabalhar as artes fragmentadas na escola</p><p>e aplicá‑las de forma conjunta no ensinamento. Testamos cada linguagem</p><p>artística, como as artes visuais, a dança, a música e o teatro, e vimos a</p><p>relação das Artes Visuais com o olhar e a apreciação. Descobrimos que a</p><p>pintura ou o desenho não são apenas para se pendurar nos corredores e</p><p>decorar as salas, mas sim despertar interesse no processo de construção das</p><p>artes plásticas.</p><p>Trabalhamos a relação da dança com o corpo, braços, pernas, espaço,</p><p>outros corpos e os diferentes passos que envolvem o movimento corporal.</p><p>Vimos também a relação da música com os ritmos, instrumentos e o trabalho</p><p>auditivo. Por fim, conhecemos o teatro e o trabalho com a expressão facial,</p><p>corporal e a atuação dramática e humorística. Estudamos as múltiplas</p><p>ações artísticas.</p><p>Compreendemos a importância da interdisciplinaridade, da</p><p>transdiciplinaridade e da multidisciplinaridade na diversidade da educação</p><p>a distância e das Artes Visuais Integradas.</p><p>Concluímos que o resultado dessa mistura é a base de construção</p><p>das Artes Visuais Integradas, bastando entender cada parte separada,</p><p>62</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>selecionar as melhores ações, adicionar e aplicar essas ações como</p><p>estrutura pedagógica, somando seu próprio tempero, sua criatividade e</p><p>estilos personalizados para o ensinamento.</p><p>Para o funcionamento da EaD em sua totalidade, entendemos que o</p><p>conceito que envolve essa estrutura educacional, suas teorias e sua história</p><p>evolutiva são associadas aos fenômenos do conhecimento. E vimos que os</p><p>rumos da educação no Brasil estão mudando com a implantação da EaD e</p><p>cumprimento das leis que regem a educação no país.</p><p>No estudo dos primórdios do ensinamento a distância e da</p><p>pesquisa das partes fragmentadas para entender o todo, trouxemos o</p><p>pensamento de Ernest Fisher que disse que milhões de pessoas leem</p><p>livros, ouvem música, vão ao teatro e ao cinema. Fez‑nos refletir que</p><p>essas pessoas procurarem distração, divertimento e a relaxação é</p><p>não resolver algum problema. A razão disto é a distração, diversão</p><p>e mergulhar dos problemas e na vida dos outros. Nas artes plásticas,</p><p>trabalhamos a identificação com uma pintura ou música ou com tipos</p><p>de um romance, de uma peça ou de um filme. Entendemos porque</p><p>reagimos em face dessas “irrealidades” como se eles fossem a realidade</p><p>intensificada e como é estranho e misterioso esse divertimento.</p><p>Exercícios</p><p>Questão 1. Performance é uma expressão artística multicultural por meio da qual experiências</p><p>variadas de criação são vivenciadas. Dessa forma, ela é um campo aberto à arte híbrida. Considerando o</p><p>conceito de performance e a sua experimentação na educação, leia o texto a seguir:</p><p>Performance como consolidação da arte híbrida na educação</p><p>Carlos Cartaxo</p><p>As relações de ensino e aprendizagem têm sido pensadas e repensadas ao longo do</p><p>século XX e na atualidade. Seguindo essa tendência, a arte na escola, que é uma área de</p><p>conhecimento relativamente nova, tem sido campo de pesquisas e experimentações e tem</p><p>passado pela interconexão cultural de Geertz (A Interpretação das Culturas) cujos significados</p><p>formam uma rede de conhecimentos que se cruzam a partir das disciplinas trabalhadas. Esse</p><p>procedimento pedagógico estimula o surgimento de novos olhares baseados na perspectiva</p><p>transdisciplinar, contribuindo para com percepções críticas e analíticas diante do contexto</p><p>educativo e social. [...]</p><p>O pressuposto principal para se adotar a performance como conteúdo programático</p><p>no Ensino Fundamental parte da compreensão de que o ser performático é a ferramenta</p><p>63</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>da arte – consequentemente, a própria arte. Esse entendimento deve ser o lugar em que o</p><p>aluno deve ser colocado, como sujeito, no contexto do ensino da arte.</p><p>Metodologicamente, o ensino de arte tende a acompanhar a condição pós‑moderna</p><p>com que a sociedade vem trilhando. A primeira questão a se pontuar nesse debate é o</p><p>foco do conteúdo a ser abordado. Diante da tendência em que o aluno deve ser sujeito no</p><p>processo pedagógico do ensino de arte, o olhar se volta para o processo ao invés de ser o</p><p>produto; do criador ao invés de ser a obra (COHEN, 2007). Esse entendimento direciona os</p><p>olhares para a performance, que passa a ser um conteúdo programático favorável ao ensino</p><p>da arte na escola, tendo em vista a sua identidade de ser uma atividade processual e não</p><p>necessariamente a elaboração de um produto final. [...]</p><p>A performance, pensada por um olhar pedagógico, pode ser um antídoto à repetição,</p><p>rompendo com o óbvio – portanto, alimentando a criatividade através do exercício de</p><p>novas interpretações. Na educação, a performance deve ser apresentada como uma ação</p><p>propositiva que, consequentemente, introduza ações pedagógicas com o fim de desconstruir</p><p>a educação bancária (FREIRE, 1987), em que ainda insista em sobreviver impondo práticas</p><p>inaceitáveis, porém, persistentes quanto sua existência. E é, exatamente, com o intuito de</p><p>tornar o aluno sujeito do processo educativo, que se deve introduzir a performance no ensino</p><p>de arte. Ademais, esse procedimento irá contribuir para com o rompimento da mesmice no</p><p>ensino de arte que reproduz a educação bancária que se funda em conceitos repetitivos,</p><p>mecânicos, estáticos que trata o educando como recipiente furado – logo, vazio. O conceito</p><p>de educar através da arte à força, impondo conteúdos descontextualizados para os alunos,</p><p>é um ato de violência, um estupro intelectual. Nesse sentido, o conteúdo programático do</p><p>ensino da arte, em especial do teatro, deve considerar fatores como: identidade, afetividade,</p><p>socialização, conhecimento estético e formação ideológica. [...]</p><p>Com a performance não há necessidade de determinar uma separação entre arte e</p><p>vida. Como conteúdo, a performance possibilita atividades, por demais, adequadas aos</p><p>primeiros anos escolares, o que corresponde a dizer que o ensino de arte contextualizado</p><p>e reflexivo vai de encontro à arte pela arte, ao fazer pelo fazer, à técnica pela técnica. Ele</p><p>deve problematizar, criticar, permitir uma comunicação com o próximo, com o meio e com</p><p>o mundo.</p><p>Fonte: Cartaxo (2014).</p><p>Agora, veja as afirmativas:</p><p>I – A performance, associada à educação, abre possibilidades de ações críticas que se opõem ao</p><p>padrão de educação conservadora, dominadora e opressora.</p><p>II – A performance possibilita ressignificar o espaço educacional, pois o aluno, sujeito do processo</p><p>ensino e aprendizagem, tem liberdade de pensamento e ação, contribuindo para uma formação cidadã.</p><p>64</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>III – De acordo com o texto, o ser performático é a ferramenta da arte, ou seja, a própria arte. Nesse</p><p>sentido, o aluno deve ser visto como sujeito do processo de ensino e aprendizagem; a arte, por sua vez,</p><p>deve ser ensinada de forma compartimentada, atendendo aos anseios dos próprios alunos.</p><p>Está correto o que se afirma apenas em:</p><p>a) I, II e III.</p><p>b) II e III.</p><p>c) I e II.</p><p>d) I e III.</p><p>e) II.</p><p>Resposta correta: alternativa C.</p><p>Análise das afirmativas</p><p>I – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: de acordo com o texto, a performance é um campo aberto à arte híbrida. Associada à</p><p>educação, a performance corrobora possibilidades de ações críticas que se opõem à educação tradicional.</p><p>II – Afirmativa correta.</p><p>Justificativa: por ser um campo aberto à arte híbrida, por meio da performance, é possível ressignificar</p><p>o espaço educacional como um espaço no qual o aluno tem liberdade para construir o conhecimento.</p><p>III – Afirmativa incorreta.</p><p>Justificativa: o texto explicita que o ser performático é a ferramenta da arte. O aluno, nesse</p><p>contexto, é visto como sujeito de sua aprendizagem. A arte, no entanto, não deve ser ensinada de forma</p><p>compartimentada, mas de forma contextualizada e reflexiva.</p><p>Questão 2. Leia o texto a seguir:</p><p>A comunicação e a imagem do corpo: corpomídia e corpo-imagem</p><p>Nigel Anderson</p><p>Neste momento já percebemos os elementos mencionados que envolvem a relação do</p><p>corpo artista com a mídia e as novas tecnologias. Estes elementos podem ser concebidos</p><p>65</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>como informações que cruzam o corpo em um fluxo ininterrupto e este mesmo corpo</p><p>passa a ser entendido como um criador de cadeias sígnicas. Christine Greiner descreve</p><p>este processo de comunicação a partir de etapas que constituem o movimento, a</p><p>representação da informação quando é internalizada e externalizada e a construção de</p><p>imagens. O pensamento seria então este fluxo de imagens, movimento, ação movida</p><p>por um propósito. Este fluxo comunicativo é estabelecido por Greiner em um campo</p><p>macroscópico e microscópico, que configuram os contextos. Acrescenta ainda que, em</p><p>se tratando de corpo, essa configuração se faz prioritariamente pelas imagens internas,</p><p>aquilo que marca a diferença, agenciando corpo, ambiente e vínculos que se estabelece</p><p>nesta relação. A informação não está em “lugares”, mas em “relações”. Conduzidos</p><p>pelo entendimento de que “o corpo não é, o corpo está” de Greiner, também afirmado</p><p>por Helena Katz, identificamos a instauração de uma transitividade em substituição à</p><p>noção de identidade vinculada anteriormente ao corpo, reforçando a proposta destas</p><p>duas intelectuais de que “todo corpo é corpomídia de si mesmo, isto é, um corpomídia</p><p>um novo contexto da história da</p><p>educação brasileira. Iremos também descobrir os conceitos envolvendo a EaD, suas teorias e abordagens</p><p>no processo educacional e toda a história de seu marco no Brasil e no mundo, a partir de um passeio</p><p>sobre seus rumos nos Estados Unidos da América, Europa e Brasil.</p><p>Veremos ainda a diversidade disciplinar aplicada em um novo sistema de aprendizagem através das</p><p>Artes Integradas. Todos os esforços vão ao encontro da integração das partes, os esforços e iniciativas</p><p>para aproximar a teoria da prática. A intenção foi mostrar que com criatividade, interatividade,</p><p>multidisciplinaridade, pluralidade e integração construímos, através destas diferentes áreas, um só</p><p>conteúdo e um único aprendizado.</p><p>Foram descritos alguns estudos para ilustrar a diversidade das Artes Visuais e como introduzir o</p><p>aprendizado da arte em diferentes aspectos e abordagens.</p><p>O primeiro estudo foi feito através da mediação cultural e a experimentação artística para a</p><p>formação dos conhecimentos das Artes Visuais. Foi testada a aplicação de alguns modelos metodológicos</p><p>do curso de pós‑graduação – mestrado e doutorado em Educação, Arte e História da Cultura para</p><p>exemplificar a ação do ensino integrado e da formatação do método pedagógico formado através</p><p>da interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e multidisciplinaridade nos estudos e no ensino, com a</p><p>mediação de cinco pessoas que participaram das festas populares promovidas pelos descendentes dos</p><p>8</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>portugueses, italianos, alemães, japoneses e africanos na cidade de São Paulo e suas visões das artes</p><p>visuais apreciadas.</p><p>Outro estudo proposto é o projeto desenvolvido no Programa de Estudos das Artes do Estado de São</p><p>Paulo. Através de quatro linguagens artísticas, um grupo de pesquisadores, autores, professores, alunos e</p><p>especialistas em linguagens da arte e processos na educação de todo o estado de São Paulo desenvolveu</p><p>um trabalho coletivo chamado de Ensinar e Aprender – Arte.</p><p>A produção deste projeto baseou‑se na correção de fluxo do conteúdo ministrado em aulas e também</p><p>serviu para construir eixos para dar caminhos à conduta do ensino de arte. Várias linguagens artísticas</p><p>foram testadas e analisadas como objetos de estudos, como as artes visuais, a dança, a música e o teatro.</p><p>Um terceiro estudo foi a explanação da disciplina de Cultura e Pensamento Social, do mestrado de</p><p>Educação, Arte e História da Cultura, com o método de ensino aplicado por aulas explicativas recheadas</p><p>de intertextualidade, exibições de filmes e documentários para ilustrar os fatos históricos e como estes</p><p>acontecimentos interferem nas produções artísticas. A música entra como processo educativo por meio</p><p>de ritmos e categorias criadas em cada período. A comunicação midiática se dá através de materiais de</p><p>apoio como revistas, jornais, textos e documentos para o complemento do ensinamento e entendimento</p><p>e a apresentação de grupos para o aperfeiçoamento de técnicas de montagens e de comportamento</p><p>diante o público.</p><p>A hipermídia se efetiva como utilização do conjunto de texto, imagens, gráficos, sons e vídeos</p><p>apresentados em um meio eletrônico computadorizado, além da apresentação do trabalho sobre os</p><p>grandes musicais da Record e a Era dos Festivais, que marcaram a época de ouro da música no Brasil, e</p><p>o Cinema Novo brasileiro de Glauber Rocha e Cacá Diegues, na época da ditadura.</p><p>Na unidade II, veremos como as Tecnologias da Informação e Comunicação, ou TICs, são aproveitadas</p><p>na EaD. A utilização do ambiente virtual para a aprendizagem completa a metodologia empregada para</p><p>a aprendizagem na atualidade. Os acessos de ferramentas digitais, de informação e de comunicação</p><p>aceleram e se modificam para o aperfeiçoamento da estrutura pedagógica moderna.</p><p>A partir das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, ou NTICs, entendemos como a educação</p><p>e a tecnologia caminham juntas e são indissociáveis, podendo ser usadas como instrumento de elevação</p><p>da qualidade de vida do ser humano, contribuindo para a sua formação humana, ética e profissional.</p><p>Com as NTICs e o acesso à rede mundial de computadores, a educação de qualidade se torna possível</p><p>a todos, sobretudo àqueles que trabalham e não possuem recursos e tempo para frequentar regularmente</p><p>uma escola de Ensino Superior.</p><p>Mas o caminho trilhado não foi fácil. Esbarramos com as bases legais para que este projeto de</p><p>aprendizagem fosse possível. Foram necessários anos e que leis fossem estabelecidas para que seu êxito</p><p>fosse alcançado. A exemplo, no Brasil, a EaD ainda está bastante relacionada à formação de adultos</p><p>(graduação, pós‑graduação, especialização, cursos de curta duração, capacitação profissional etc.), mas</p><p>o cenário está, aos poucos, mudando. Com a reformulação, em 1996, das Leis de Diretrizes e Bases da</p><p>9</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Educação Nacional (LDBEN), foi oficializada a modalidade a distância no país, podendo atingir todas as</p><p>idades e alunos.</p><p>Descobrimos os novos horizontes para o aperfeiçoamento da EaD com a criação dos AVAs (Ambientes</p><p>Virtuais de Aprendizagem) e os sistemas de informação para o apoio à EaD baseados nas tecnologias</p><p>da web. Tais sistemas podem oferecer diferentes ferramentas colaborativas, síncronas e assíncronas que</p><p>permitem a utilização de diversas mídias para apoiar a educação a distância.</p><p>Para o ensino do futuro, a ordem é criatividade, interatividade e integração, que serão as novas</p><p>diretrizes. A cibercultura está baseada na atividade integrada, que se dá quando ocorre a transição da lógica</p><p>da distribuição (transmissão) para a lógica da comunicação (interatividade). Isso significa modificação</p><p>radical no esquema clássico da informação baseado na ligação unilateral emissor‑mensagem‑receptor.</p><p>Partindo dessa concepção de conhecimento em informação, aprendemos a compreensão de novas</p><p>práticas pedagógicas em sala de aula representando novos horizontes a serem seguidos neste período</p><p>de mudanças sociais e educacionais no Brasil. É preciso conhecer e aplicar novas possibilidades de ação</p><p>de aprendizagem, além das intervenções artísticas, para um método eficaz em Artes Visuais.</p><p>Em busca da superação dessa fragmentação, uma possibilidade de mudança é pensar na educação</p><p>pluri, inter e transdisciplinar, baseada na integração das disciplinas, permitindo a construção de uma</p><p>compreensão ampla e abrangente do saber.</p><p>Sendo assim, não basta que o aluno e o professor terminem o curso superior achando que não</p><p>precisam se atualizar. Cabe ao professor investir em seu autoconhecimento e autodesenvolvimento</p><p>para que possa oferecer um ensino de qualidade, e, ao aluno, ir atrás de informações para construir um</p><p>repertório rico em conteúdos. Esperar que as coisas aconteçam nada resolve; é preciso buscar.</p><p>Observação</p><p>Para entender melhor sua leitura: na universidade, são necessárias</p><p>certas normas. Assim, neste livro‑texto vamos utilizar uma que se chama</p><p>autor/data. Cada vez que usarmos uma obra de algum autor, você verá o</p><p>bloco de texto que foi copiado, separado. Portanto, além do sobrenome e</p><p>o ano, aparecerão também as páginas em que o texto se encontra na obra.</p><p>Por exemplo: MAIA, 2007, p. 50.</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>A interdisciplinaridade, a transdiciplinaridade e a multidisciplinaridade na diversidade da</p><p>educação a distância e das Artes Visuais Integradas</p><p>Para que o acesso ao conhecimento que cerca as Artes Visuais seja bem‑sucedido, é necessária uma</p><p>boa base de informações sobre os diferentes movimentos e linguagens que envolvem as artes. A partir</p><p>10</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>do entendimento destas partes, estamos aptos para entender os mais variados tipos de linguagens</p><p>artísticas mesclando mediação, teoria e prática.</p><p>O resultado dessa mistura é a base de construção das Artes Visuais Integradas, bastando entender</p><p>cada parte separada, selecionar</p><p>do estado momentâneo da coleção de informações que o constitui, mexendo também</p><p>com o entendimento habitual de mídia”. O conceito de mídia tratado neste estudo feito</p><p>por Katz e Greiner diz respeito ao estado do corpo e estas informações selecionadas</p><p>que o constituem, ou seja, o corpo não constitui apenas um meio de transmissão de</p><p>informações, mas o resultado do cruzamento destas com o corpo em um processo de</p><p>contaminação. Outrossim, também nos conduzimos à ideia desenvolvida por alguns</p><p>pensadores do corpo enquanto imagem. Encontramos em Henri Bergson um proveitoso</p><p>estudo a respeito desta metáfora. O filósofo francês afirma que a imagem é o meio de</p><p>caminho entre a “coisa” (concreto) e a representação (abstrato), e a representação do</p><p>objeto está muito além da imagem. Nesta perspectiva, Bergson (1990) caracteriza o</p><p>corpo como matéria e imagem, interior e exterior, que recebe e atua como mediador</p><p>destas imagens, tradutor da imagem. No mundo material, nosso corpo é, portanto,</p><p>“uma imagem que atua como as outras imagens, recebendo e devolvendo movimento,</p><p>com uma única diferença, talvez, de que meu corpo parece escolher, em certa medida,</p><p>a maneira de devolver o que recebe”.</p><p>Fonte: Anderson (2013).</p><p>Agora, veja as afirmativas:</p><p>I – De acordo com Katz e Greiner, o corpo não é um meio de transmissão de informações, é o</p><p>resultado do cruzamento dessas informações com o corpo em um processo de contaminação.</p><p>II – Corpo, metaforicamente, é imagem, pois, segundo Bergson, a representação do objeto é criada</p><p>à semelhança exata da imagem.</p><p>III – A afirmação de que “o corpo não é, o corpo está” está relacionada à instauração de uma</p><p>transitividade em substituição à noção de identidade vinculada anteriormente ao corpo.</p><p>66</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>Está correto o que se afirma apenas em:</p><p>a) I, II e III.</p><p>b) I</p><p>c) II.</p><p>d) III.</p><p>e) I e III.</p><p>Resolução desta questão na plataforma.</p><p>as melhores ações e adicionar e aplicar essas ações como estrutura</p><p>pedagógica, somando seu próprio tempero, sua criatividade e estilos personalizados para o ensinamento.</p><p>Inicialmente, vamos entender o funcionamento da educação a distância em sua totalidade, o</p><p>conceito que envolve essa estrutura educacional, suas teorias e história evolutiva associadas com os</p><p>fenômenos do conhecimento, e também desvendar as leis que regem a EaD no Brasil e no mundo e</p><p>buscar entender por que este método vai mudar os rumos da educação.</p><p>Aprenderemos a buscar referências a partir de exercícios em sala de aulas, através das artes visuais,</p><p>dança, teatro e música, aplicando abordagens diferenciadas, e veremos as possibilidades de mediação</p><p>de outros tipos de arte, como aquelas encontradas nas festas populares de outros países com outros</p><p>costumes. Essa mediação permite aproximar‑se de linguagens de diferentes povos e trabalhar olhares</p><p>diversos. E também realizaremos o estudo sobre outros processos educacionais, as artes em outras</p><p>épocas da história do Brasil, além de como foi construída a linguagem dos grandes musicais na televisão</p><p>e o cinema brasileiro da ditadura.</p><p>Para tanto, é preciso uma investigação do conhecimento das partes fragmentadas, descobrir a razão</p><p>e como aplicar o todo, a partir das principais partes estudadas. Ernest Fischer (2007, p. 12) diz que</p><p>[...] milhões de pessoas leem livros, ouvem música e vão ao teatro e ao</p><p>cinema. Por quê? Dizer que procuram distração, divertimento, a relaxação,</p><p>é não resolver o problema. Por que distrai, diverte e relaxa o mergulhar dos</p><p>problemas e na vida dos outros o identificar‑se com uma pintura ou música,</p><p>o identificar‑se com tipos de um romance, de uma peça ou filme? Por que</p><p>reagimos em face dessas “irrealidades” como se eles fossem a realidade</p><p>intensificada? Que estranho, misterioso divertimento é esse?</p><p>Responder a essas questões é desvendar o segredo para uma boa integração.</p><p>Além disso, faremos o estudo de algumas partes das artes visuais, de como o cruzamento dessas artes</p><p>acontecem e se complementam, de como ler e entender as artes visuais, da melhor forma de trabalhar</p><p>essa linguagem com os alunos para que se possa ir além da decoração das paredes e corredores, de como</p><p>entender os espaços e as relações dos corpos com a prática da dança e de como desenvolver a audição</p><p>e a identificação das diversas origens do som, assim como os diferentes ritmos de dança e suas práticas.</p><p>Por fim, estudaremos o Teatro, o trabalho da sensibilidade com a interpretação e expressão emocional,</p><p>o teatro dramático, humorístico e musical e o acesso às ações cênicas, peças, autores e profissionais que</p><p>trabalham com esse mágico mundo das artes cênicas.</p><p>Aplicaremos as práticas em aula e trabalhos relacionados no curso do mestrado em Educação, Arte e</p><p>História da Cultura. Na mediação da arte, veremos a interação entre arte e as festas populares de diversos</p><p>11</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>países que ocorrem na capital paulista, assim como o estudo dos grandes festivais que aconteceram na</p><p>televisão brasileira e uma parte da história do cinema brasileiro.</p><p>Quando as artes visuais encontram a educação a distância</p><p>Outro aspecto relevante tratado é o da importância da evolução do estudo a distância, as tecnologias</p><p>da informação e a troca do ambiente para o ensinamento da educação, assim como, para a produção</p><p>da educação atual, aprender sobre os TICs (que ajudam na aprendizagem) e os AVAs (que criam novos</p><p>rumos e métodos da educação na atualidade).</p><p>Em primeiro lugar, vamos entender todo o processo do ensinamento feito para lugares distantes.</p><p>Quais as ferramentas que o professor precisa ter na EaD? Como a criatividade, a interatividade e a</p><p>integração serão vistas e aproveitadas nesse novo modelo de ensino? Como será a formação do professor</p><p>e sua competência acerca das atividades que serão ministradas? Nesse novo processo, todas as questões</p><p>serão analisadas e respondidas.</p><p>Veremos abordagens e processos de ensino da ação instrucionista e construcionista, formando uma</p><p>grande linha conceitual de aprendizagem com o objetivo de desenvolver o ensino de diferentes áreas</p><p>do conhecimento por meio dos computadores, o emprego de computadores em diferentes níveis e</p><p>modalidades, dependendo da abordagem adotada, e a ação em diferentes planos, como nos educadores,</p><p>educandos, computadores e softwares ou programas computacionais.</p><p>Percebemos que múltiplas e variadas são as raízes da ideia de rede como metáfora para o</p><p>conhecimento, sendo necessárias depurações iniciais para se pensar o significado desse conhecimento</p><p>como rede. Assim, estudaremos como a internet e os projetos de aprendizagem ajudam na formulação</p><p>final de EaD. É importante lembrar que apenas a internet não fará com que os educandos desenvolvam</p><p>conhecimento e inteligência. Desse modo, sugerimos que os educadores trabalhem com projetos de</p><p>aprendizagem que favoreçam a autonomia e o desenvolvimento de competências.</p><p>13</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>Unidade I</p><p>AS ARTES INTEGRADAS E A EAD NO CONTEXTO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO</p><p>BRASILEIRA</p><p>1 ARTES INTEGRADAS</p><p>Quais as relações das artes visuais, dança, música, teatro, festas populares, programas de televisão,</p><p>cinema, entre outras áreas das artes, para o aprendizado da arte‑educação? Podemos manter uma</p><p>comunicação entre todas as que envolvem as artes para um método pedagógico eficaz? Parece que as</p><p>áreas expostas divergem em seu contexto, mas todas são resultado dos esforços da criação artística da</p><p>mente humana e por isso são intrinsicamente ligadas.</p><p>É comum separarmos as ações para um entendimento fragmentado e nos esquecermos de unir as</p><p>peças para podermos entendê‑las de forma única. A ideia das Artes Integradas é mostrar que todas as</p><p>formas de arte e outras áreas da criação humana possuem a mesma origem e se complementam.</p><p>Vários pesquisadores da educação do século XX, como Edgar Morin, vêm estudando a fragmentação</p><p>do ensino e do pensamento humano como corrente de um novo tipo de ensino.</p><p>Temos como outro exemplo, ainda no início do século XX, em 1910, o artista abstrato Wassily</p><p>Kandinsky, que estudou as partes separadas da relação das cores, dos sons e das formas para um</p><p>único tipo de expressão artística. Temos também os expressionistas, que aplicaram os estudos das</p><p>partes separadas, como a expressão da emoção e do sentimento aplicados na pintura, em um só</p><p>contexto nas artes.</p><p>Figura 1 – Obra do artista abstrato Wassily Kandinsky</p><p>14</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>Todos os esforços vão ao encontro da integração das partes. Mas, apesar de todas as iniciativas, de</p><p>aproximar a teoria da prática, vemos ainda uma grande distância entre elas. Alguns cursos oferecem uma</p><p>educação diferenciada, associados a currículos restritos, mas que se afastam das linguagens artísticas.</p><p>Lembrete</p><p>A proposta das Artes Visuais Integradas é apresentar as diferentes</p><p>facetas das artes e não só o lado da dança ou só da música, por exemplo.</p><p>É mostrar que com a criatividade, interatividade, multidisciplinaridade,</p><p>pluralidade e a integração, construímos, através destas diferentes áreas,</p><p>um só conteúdo e um único aprendizado.</p><p>Ernest Fischer, em seu livro A Necessidade da Arte (1976, p. 12), diz:</p><p>Milhões de pessoas leem livros, ouvem música, vão ao teatro e ao cinema. Por</p><p>quê? Dizer que procuram distração, divertimento, a relaxação, é não resolver</p><p>o problema. Por que distrai, diverte e relaxa o mergulhar dos problemas e na</p><p>vida dos outros, o identificar‑se com uma pintura ou música, o identificar‑se</p><p>com tipos de um romance, de uma peça ou filme? Por que reagimos em</p><p>face dessas “irrealidades” como se eles fossem a realidade intensificada? Que</p><p>estranho, misterioso divertimento é esse? E se alguém nos responde que</p><p>almejamos escapar de uma inexistência insatisfatória</p><p>para uma existência</p><p>mais rica através de uma experiência sem riscos, então uma nova pergunta</p><p>se apresenta: por que nossa própria existência não nos basta? Por que esse</p><p>objeto de completar a nossa vida incompleta através de outras figuras e</p><p>de outras formas? Por que, da penumbra do auditório, fixamos nosso olhar</p><p>admirado em um palco iluminado, onde acontece algo que é fictício e que</p><p>tão completamente absorve nossa atenção?</p><p>É claro que o homem quer ser mais que ele mesmo. Que ser um homem</p><p>total. Não lhe basta ser um indivíduo separado; além da parcialidade da</p><p>sua vida individual, anseia uma “plenitude” que sente e tenta alcançar, uma</p><p>plenitude de vida que lhe é fraudada pela individualidade e todas as suas</p><p>limitações; uma plenitude na direção da qual se orienta quando busca um</p><p>mundo mais compreensível e mais justo, um mundo que tenha significação.</p><p>Diante desse pensamento, nosso objetivo é que não fiquemos presos apenas às cores e formas das</p><p>artes visuais ou à interpretação e improvisação do teatro, mas trabalhemos de forma que todas essas</p><p>linguagens sejam elementos inseparáveis, em um processo de constante construção e descoberta. As</p><p>Artes Visuais Integradas vêm trazer a experiência da prática com o estudo da teoria, em um curso que</p><p>vai além da pedagogia tradicional, mostrando uma somatória de várias experimentações e provocações,</p><p>com o objetivo de produzir educação, arte e cultura.</p><p>15</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>2 EDUCAÇÃO NA ERA DIGITAL</p><p>Em tempo de aldeia global e da rapidez do acesso à informação, como devemos agir diante da</p><p>renovação, do recomeço e da reinvenção? A convivência baseia‑se no acompanhamento social e na</p><p>vida em comunidade. Essas ideias da rapidez das mudanças são características do conceito digital. O</p><p>processo digital está baseado em ambientes que se modificam o tempo todo como agentes de transição</p><p>ou mudança. A educação atual acompanha esse processo de velocidade da informação, moldando seu</p><p>método pedagógico em conceitos que acompanham o ambiente digital.</p><p>Figura 2 – A educação e a evolução tecnológica na Era Digital</p><p>Álvaro Guillermo Souto (2002), professor, escritor, arquiteto e designer, esclarece a relação da</p><p>educação com o ambiente digital. O acesso dessa tecnologia em nosso cotidiano e em nossas relações</p><p>sociais faz com que a educação acompanhe essa evolução. No ambiente digital, a inovação está</p><p>relacionada à atualização constante dos mecanismos e ferramentas tecnológicas; já na educação, o</p><p>sistema de aprendizado permite uma atualização mais rápida com o auxílio dessa tecnologia digital.</p><p>Quando tal relação acontece, educação versus ambiente digital, todas as fórmulas do ensino ficam</p><p>potencializadas.</p><p>O sistema educacional aumenta sua potência quando há uma interferência do mundo real para</p><p>o virtual. Podemos transformar o mundo real em uma nova realidade presente através da tecnologia</p><p>digital, inovando assim todo o processo na abordagem de ensino.</p><p>Esse conceito de atualização e renovação leva‑nos ao processo tradicional de educar, ou seja, o aluno</p><p>almeja conhecer novidades ao longo do período em que frequenta um curso e o professor sistematiza</p><p>seus métodos para que esse aluno possa aprender. Essa constante atualização do conhecimento está</p><p>inserida na evolução do homem como indivíduo e membro de uma sociedade e rege também as regras</p><p>evolutivas em relação à tecnologia. Portanto, a evolução humana é totalmente relacionada ao avanço</p><p>tecnológico e ligada às novas tecnologias da informação como papel principal.</p><p>Atualmente, a Tecnologia da Informação avança rapidamente e atende, além da área da</p><p>comunicação, também o terreno da aprendizagem, com a educação digital. Quando essa educação</p><p>16</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>digital age em favor do homem, cria‑se um imenso valor educacional, transformando a guerra do</p><p>homem em paz, ou seja, a luta travada pelo professor que quer ensinar e o aluno que quer aprender.</p><p>A associação da educação com as novíssimas tecnologias da informação, priorizando o sistema</p><p>educacional, leva ao homem, de uma forma mais rápida, à compreensão da vida, e assim contribui</p><p>para a cultura e o entendimento da paz.</p><p>Esse conceito de atualização aproxima‑nos do conceito de educação</p><p>ao longo de toda a vida com a necessidade da constante atualização do</p><p>conhecimento [...].</p><p>Cabe ressaltar o papel essencial da educação no desenvolvimento do</p><p>indivíduo e das sociedades em que as novas tecnologias da informação</p><p>inserem‑se como papel fundamental, ditadas hoje pela tecnologia digital</p><p>– no entanto, com a clareza para valorizar a educação, e não a tecnologia,</p><p>pois esta propiciará a possibilidade de compreensão da vida e assim “estará</p><p>contribuindo para uma cultura da paz” (SOUTO, 2002, p. 69).</p><p>O autor reforça a ideia de que no futuro da educação, a relação do sistema pedagógico com o</p><p>ambiente digital estará mais próxima. As intenções para o próximo século, na área da informação digital,</p><p>deverão ser de buscar alternativas, de forma mais ampla, para a compreensão da nova sociedade que</p><p>estará surgindo. O segredo está no entendimento de como a educação possa, de forma mais intensa e</p><p>ativa, participar, atingir e formar essa sociedade moldada no educativo.</p><p>Saiba mais</p><p>Você pode ler o texto na íntegra na obra a seguir:</p><p>SOUTO, A. G. Design: do virtual ao digital. São Paulo: Demais; Rio de</p><p>Janeiro: Rio Books, 2002.</p><p>Vale lembrar que há tempos que o trabalho de reconhecimento de novos projetos pedagógicos como</p><p>instrumentos é prioridade dentro das instituições. O valor agregado do ponto de vista pedagógico é o</p><p>projeto. Souto (2002) ainda menciona que a importância da educação está presa a um projeto, assim</p><p>como o próprio papel da escola, principalmente a partir do momento que o governo, através da SESu/</p><p>MEC, utiliza esse instrumento para avaliação dos cursos e oferece parâmetros e notas ao entendimento</p><p>e conceito de valor aos cursos.</p><p>Hoje, um dos novos projetos de aprendizagem que unem a educação com o ambiente digital é a EaD.</p><p>17</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>Figura 3 – O computador aproxima o sistema pedagógico do ambiente digital</p><p>Neste ambiente de EaD, o aluno, o professor e a instituição estão interligados por tecnologias</p><p>chamadas de telemáticas, ou seja, através de hipermídias, diferentes meios digitais e principalmente a</p><p>internet. Mas, além desses recursos básicos para que possa ser administrado o estudo, temos também</p><p>outros recursos de comunicação a distância, como a carta, que foi um dos primeiros instrumentos de</p><p>EaD desenvolvidos no Brasil, com o estudante recebendo o material didático por correspondência; o</p><p>rádio; a televisão, com o telecurso, o vídeo VHS, Betamax ou DVD com as videoaulas; o CD‑ROM; o</p><p>telefone; o fax; o celular; os tablets; os computadores portáteis etc.</p><p>3 A EAD E A EDUCAÇÃO NO BRASIL</p><p>Carmem Maia e João Mattar definem, em seu livro ABC da EaD: a Educação a Distância Hoje (2007),</p><p>que a EaD vem crescendo de maneira explosiva. Consequentemente, cresce também o número de</p><p>instituições que oferecem algum tipo de curso a distância, de cursos e disciplinas ofertados, de empresas</p><p>fornecedoras de serviços e insumos e de artigos e publicações sobre esse tipo de educação.</p><p>É fato que a EaD vem crescendo a cada dia e é moldada como segmento educacional intermediado</p><p>por tecnologias da informação. O professor e o aluno estão separados em diferentes áreas espaciais –</p><p>por exemplo, o professor em São Paulo e o aluno no Amazonas – ou em diferentes espaços cronológicos,</p><p>podendo o aluno assistir às aulas gravadas na hora que lhe convém.</p><p>Lembrete</p><p>A grande diferença dessa modalidade de ensino é que o professor e o</p><p>aluno estão separados fisicamente e não há a obrigação de estar em lugar</p><p>presencial de ensino de aprendizagem.</p><p>3.1 Conceitos, teorias e a história</p><p>da EaD no Brasil e suas bases legais</p><p>Antes de mais nada, precisamos entender o que significa a sigla EaD. Ela separa dois importantes</p><p>núcleos que definem essa nova modalidade de ensino: a educação e a distância, partes tão antagônicas</p><p>18</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>que até algum tempo atrás eram impossíveis de associar como um método eficaz de aprendizado, a</p><p>educação não presencial.</p><p>A nossa educação tradicional está formada desde a Grécia Antiga e vem se aprimorando com o passar</p><p>dos anos. A educação grega está associada à Filosofia e cabia o papel de educar aos sofistas, na arte de</p><p>ensinar política e dialética. Os sofistas eram professores itinerantes e eram remunerados para ensinar.</p><p>Em Roma, o método de educação aplicado se dava em casa, onde havia um tutor que ensinava a</p><p>criança a ler, escrever e calcular. Havia também as escolas públicas e os mosteiros, caso se preferisse o</p><p>ensino fora de casa.</p><p>Nos séculos XII e XIII, com o desenvolvimento econômico dos centros e sua urbanização, sai o</p><p>formato de ensino de monastérios de métodos medievais e rurais para uma educação mais urbana</p><p>com grande variedade de escolas públicas. A tentativa de introduzir o modelo latino de educação</p><p>visando à intelectualidade e a razão humana, nas escolas urbanas, deu origem ao formato de educação</p><p>universitária. No final do século XV, a educação não fica restrita apenas às universidades e voltam com</p><p>força para o ensino em casa, pela família, tendo como base os ensinamentos dos grandes filósofos. No</p><p>Brasil, os ensinamentos pelos jesuítas formam a força da educação da época.</p><p>No século XIX, surgem várias correntes pedagógicas como o positivismo, voltado para as ciências, e</p><p>o idealismo, voltado para a importância do aprendizado espiritual, humano e da nação. Outras foram</p><p>criadas, como o socialismo, a concepção do ensino revolucionário e as diferenças de classes sociais para</p><p>a democratização da educação.</p><p>Mais adiante, no século XX, diversos campos diferentes são introduzidos, influenciando tanto a</p><p>Pedagogia, como a Psicologia, a Filosofia Pragmática, a Sociologia, a Linguística, a Economia, a</p><p>Antropologia etc.</p><p>Nas primeiras décadas do século XX, surge, através de uma médica e educadora, um método inovador</p><p>que foi nomeado como o Método Montessori. Essa metodologia, desenvolvida pela médica italiana</p><p>Maria Montessori, compreendia na autonomia do aluno em escolher seu próprio estudo, sendo o</p><p>professor um facilitador das atividades escolhidas pelo aluno. Essa característica de livre arbítrio ajudou</p><p>no pensamento futuro e no modelo que iria ser seguido na EaD.</p><p>Algumas correntes ajudaram na formação do sistema de aprendizado a distância, como a educação</p><p>democrática e popular dos países socialistas, que incentivavam a auto‑organização e a experiência da</p><p>educação anarquista.</p><p>Outra corrente do ensino foi desenvolvida nos Estados Unidos da América, na segunda metade</p><p>do século XX, com a formação das atividades pedagógicas tecnicistas centradas nas atividades do</p><p>planejamento e controle das atividades pedagógicas. Esse método incentivava o uso de diferentes</p><p>ferramentas de ensino, como os computadores e o audiovisual, e foi um processo também importante</p><p>na introdução do conceito de EaD.</p><p>19</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>Também foram cruciais para o desenvolvimento do formato de EaD movimentos como o</p><p>construtivismo, que concedia para o conhecimento o processo contínuo de construção, invenção e</p><p>descoberta feito pelo aluno, percebendo a importância na relação entre outros seres humanos e objetos.</p><p>Figura 4 – Cresce o número de instituições que utilizam a EaD</p><p>Carmem Maia, em seu livro ABC da EaD: Educação a Distância Hoje (2007), esclarece a importância</p><p>de alguns movimentos e métodos utilizados por educadores para o ensino presencial que ajudaram na</p><p>formação do conceito e aplicação do aprendizado a distância.</p><p>O Método Montessori, desenvolvido pela médica Maria Montessori</p><p>(1870‑1952), compreende a educação como autodeterminada pelo aluno,</p><p>que pode utilizar o material didático na ordem que escolher, sendo o</p><p>professor concebido apenas como um dirigente facilitador de suas atividades,</p><p>características, como veremos, marcantes no EaD [...].</p><p>Nos Estados Unidos, por volta da metade do século XX, surge uma tendência</p><p>educacional tecnicista, centrada no planejamento, na organização, na</p><p>direção e no controle das atividades pedagógicas, que incentiva as diversas</p><p>formas e instrumentos de aprendizagem, entre eles os recursos audiovisuais</p><p>e os computadores. Essa tendência é marcante na EaD, como teremos</p><p>oportunidade de analisar.</p><p>Movimento ainda hoje importante, especialmente para a EaD, é o</p><p>construtivismo, que se liga às obras de Jean Piaget (1896‑1980) e de</p><p>Lev Semenovich Vygotsky (1896‑1934). O construtivismo concebe o</p><p>conhecimento como um processo contínuo de construção, invenção e</p><p>descoberta por parte do aluno, ressaltando a importância de sua interação</p><p>com os objetos e os outros seres humanos (MAIA, 2007, p. 3).</p><p>20</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>O século XXI aparece com mudanças profundas e aplicações de novos métodos no ensino, sendo</p><p>marcado como a era da transição na educação. A corrida para o acompanhamento das comunicações</p><p>digitais e a importância cada vez maior da aproximação das ciências com a tecnologia faz com que o</p><p>foco, do ensinar e aprender, mude o olhar para os ambientes virtuais.</p><p>A transformação das plataformas de ensino, como a substituição dos livros convencionais por materiais</p><p>digitais, da lousa pelo monitor do computador, do lápis e das canetas pelo mouse e pelo teclado, faz com</p><p>que as instituições busquem, da tecnologia da informação e das novidades digitais modernas, armamentos</p><p>para os novos modelos de ensino. A criação de novas linguagens de computador, a adaptação da própria</p><p>informática e a revolução de todo o sistema de informação exigem alterações profundas e cuidados em</p><p>relação aos novos processos educacionais e teorias pedagógicas. Como Maia (2007) complementa, a</p><p>educação a distância, neste sentido, tem ditado as regras para a educação do futuro.</p><p>Figura 5 – Um dos primeiros formatos de EaD foi por televisão</p><p>A educação a distância recebeu denominações diferentes em países distintos, apesar de vários pontos</p><p>em comum. Por exemplo, no Reino Unido chamou‑se educação por correspondência; nos Estados Unidos</p><p>da América, estudo em casa e estudo independente; na Austrália, estudos externos; na França, telensino</p><p>e educação a distância; na Espanha, educação a distância; e em Portugal, teleducação.</p><p>O termo é definido por Maia (2007, p. 6) da seguinte maneira: “A EaD é uma modalidade da educação</p><p>em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que utiliza diversas tecnologias</p><p>de comunicação”.</p><p>A formatação do programa está dividida em separação do espaço, separação do tempo, planejamento,</p><p>tecnologia de comunicação, autonomia versus interação e público.</p><p>Na separação do espaço, o aluno e o professor não estão em um mesmo ambiente, ou seja, não estão</p><p>em uma mesma sala, como na educação presencial. O aluno pode estar no Amazonas e o professor em</p><p>São Paulo, em um distanciamento físico.</p><p>21</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>Já na separação do tempo, há uma separação atemporal dos envolvidos. O aluno se propõe a estudar</p><p>no horário que preferir, uma vez que as aulas do professor são gravadas em outro dia e horário.</p><p>O planejamento de implantação é determinado pela modalidade de ensino envolvida. No caso da</p><p>EaD, há a necessidade do apoio e planejamento de uma instituição de ensino. No caso do Ensino Superior</p><p>no Brasil, esta instituição precisa ser credenciada pelo MEC.</p><p>A comunicação é um fator importante na EaD. Para superar o distanciamento</p><p>do professor e</p><p>aluno, é necessário fazer investimentos e pesquisas em tecnologia de comunicação para descobrir</p><p>novas formas de se comunicar e estudar em locais distantes e também aplicar as novas gerações de</p><p>tecnologia da informação.</p><p>No formato da autonomia versus interação, a metodologia empregada é a autonomia</p><p>do aluno para definir sua estratégia de estudo. Vale lembrar que, por trás dessa autonomia,</p><p>há um programa determinado pela instituição para facilitar e dirigir o aluno para o melhor</p><p>aproveitamento e sua flexibilidade.</p><p>Em princípio, o público da EaD é ilimitado. Com exceção do acesso tecnológico e a limitação mental,</p><p>as demais pessoas podem usufruir desta modalidade de ensino. O acesso desse tipo de educação,</p><p>em lugares longínquos, por exemplo, estabelece um ensinamento pleno de cursos de faculdades e</p><p>universidades, treinamento de empresas e firmas, além de inúmeras possibilidades de ensino.</p><p>A história da EaD no Brasil começa como em outros países, com a correspondência, o rádio e a</p><p>televisão. Antes da internet, esse era o modelo de EaD implantado em vários países, inclusive no Brasil.</p><p>Tudo começou em 1904, com a implantação das Escolas Internacionais nos Estados Unidos da</p><p>América, iniciando o curso por correspondência em língua espanhola. Mas, no Brasil, há registros de um</p><p>anúncio publicado em 1891, em sua primeira edição, de um curso por correspondência de datilografia.</p><p>A partir da correspondência, a evolução da EaD passa pela transmissão do rádio, pela televisão, pelo</p><p>vídeo‑texto, pelo computador e finalmente pela tecnologia multimídia.</p><p>Em 1923, inicia‑se a Rádio‑Escola, por um grupo liderado por Henrique Morize e Roquete Pinto.</p><p>Esse grupo, chamado de Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, oferecia alguns cursos, como os de línguas,</p><p>telefonia e radiotelegrafia, iniciando assim a educação transmitida pelo rádio. Em 1936, a emissora que</p><p>produzia as aulas por rádio foi doada para o Ministério da Educação e Saúde, e um ano depois foi criado</p><p>o Serviço de Rádiodifusão Educativa do Ministério da Educação.</p><p>22</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>Figura 6 – O rádio foi a principal ferramenta da Rádio‑Escola</p><p>A popularização dos cursos a distância aconteceu em 1939, com a criação do Instituto Rádiotécnico</p><p>Monitor, e em 1941, com o início do Instituto Universal Brasileiro. Essas duas instituições e outras</p><p>empresas foram responsáveis pela formação de milhões de brasileiros e até hoje funcionam como</p><p>iniciação profissionalizante por todo o Brasil. Outro instituto importante é o Instituto Monitor, que foi</p><p>criado também em 1939 e formou cerca de 5 milhões de alunos.</p><p>O IUB, ou Instituto Universal Brasileiro, que foi fundado em 1941 por um ex‑sócio do Instituto Monitor,</p><p>formou mais de 4 milhões de alunos e hoje conta com cerca de 200 mil matrículas. Seus métodos por</p><p>correspondência envolvem cursos profissionalizantes em Auxiliar de Contabilidade, Desenho Artístico e</p><p>Publicitário, Violão, Fotografia, Inglês etc.</p><p>Em 1947, o Sesc e o Senac criam a Universidade do Ar, que dura até 1961, sendo que o curso de EaD</p><p>do Senac dura até hoje. Em 1976, o Senac ainda criou o serviço radiofônico de ensino sobre orientação</p><p>profissional chamado Abrindo Caminhos. Com a informatização, foi criado em 1995 o Centro Nacional</p><p>de Educação a Distância. Em 2000, foi criada a Rede Nacional de Teleconferência, com transmissão via</p><p>satélite em tempo real, e desde 2002 vários cursos são ministrados pela internet.</p><p>O projeto Saci – Satélite Avançado de Comunicação Interdisciplinar, criado experimentalmente pelo</p><p>INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, tinha como objetivo iniciar um sistema de comunicação</p><p>via satélite. A experiência era inovadora e pioneira e podia propiciar atendimento a milhões de brasileiros</p><p>de projetos educacionais, mas encerrou‑se em 1976.</p><p>Um curso pioneiro na televisão foi o Telecurso, de 1977. Criado pela Fundação Roberto Marinho,</p><p>possibilitou, através de suas aulas por tele‑educação, a formação supletiva do 1º e 2º graus. Hoje</p><p>denominado Telecurso 2000, formou mais de quatro milhões de alunos.</p><p>No fim da década de 1980 e início da década de 1990, percebeu‑se um imenso avanço na EaD</p><p>brasileira. Foi a Universidade de Brasília a pioneira no Ensino Superior a distância com a criação do PED</p><p>– Programa de Educação a Distância, que ofereceu um curso de extensão universitária em 1970.</p><p>23</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>A partir da década de 1990, as Instituições de Ensino Superior começaram</p><p>a desenvolver cursos a distância baseados nas novas tecnologias de</p><p>informação e comunicação. A educação a distância surge oficialmente no</p><p>Brasil pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de</p><p>20 de dezembro de 1996), sendo normatizada pelo Decreto nº 2.494 (de 10</p><p>de fevereiro de 1998), pelo Decreto nº 2.561 (de 27 de abril de 1998) e pela</p><p>Portaria Ministerial nº 301 (de 7 de abril de 1998) (MAIA, 2007, p. 28).</p><p>A partir destes decretos, foram criados relatórios, elaborados por uma comissão, concebidos em</p><p>três partes:</p><p>• Parte 1: O contexto atual da EaD e seu quadro normativo.</p><p>• Parte 2: Referenciais para a criação de um projeto de Educação Superior a distância.</p><p>• Parte 3: Proposta para regulamentação da EaD.</p><p>Hoje, no MEC, existe uma Secretaria de Educação a Distância (Seed), que desde 2007 tem como</p><p>secretário o professor Carlos Eduardo Bielschowsky, sendo que o secretário anterior, Ronaldo Mota,</p><p>assumiu a Sesu.</p><p>4 UMA NOVA APRENDIZAGEM ATRAVÉS DAS ARTES INTEGRADAS</p><p>Na busca de referências nas artes, costumes e cultura para uma preparação pedagógica satisfatória</p><p>nas Artes Visuais, a imersão teórica e o aprofundamento prático são os pilares para se aprender e</p><p>construir uma sólida base de saberes. O conhecimento adquirido parte de diversas fontes e a somatória</p><p>de todas estas partes forma o conjunto de cultura que carregamos.</p><p>Observação</p><p>Aqui começa a colocação de alguns modelos metodológicos do um curso</p><p>de pós‑graduação – mestrado e doutorado em Educação, Arte e História da</p><p>Cultura, para exemplificar a ação do ensino integrado e da formatação</p><p>do método pedagógico formado através da interdisciplinaridade,</p><p>transdisciplinaridade e multidisciplinaridade nos estudos e no ensino.</p><p>A mediação cultural e a experimentação artística para a formação das Artes Visuais</p><p>A mediação cultural voltada às artes, cultura e público é o tema desta proposta. A experiência estética</p><p>como reconhecimento das linguagens artísticas, a partir de artistas, obras e expectadores, em instituições</p><p>culturais, escolas, locais urbanos como ruas e parques, levaram‑nos ao encontro da descoberta desta</p><p>experimentação. A fruição da arte ajudou no desenvolvimento da interatividade e no acesso às instituições</p><p>culturais, à curadoria educativa, às políticas culturais e aos processos de formação de mediadores.</p><p>24</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>Atividades pedagógicas práticas da disciplina de Arte e Mediação Cultural, desenvolvidas no curso</p><p>de mestrado em Educação, Arte e História da Cultura, em 2011, pela professora doutora Mirian Celeste</p><p>Martins, propôs a interação e acesso à diversas formações em Artes Visuais, costumes e cultura de</p><p>diferentes regiões e países, de descendentes e estrangeiros que residem no Brasil. Esse contato próximo</p><p>de ações diferenciadas provocaram ricos aprendizados nos estudos das Artes Visuais e a integração das</p><p>diferentes áreas que compõem esse rico cenário da arte brasileira.</p><p>Exercícios propostos em sala, através de dois alunos apresentando narrativas verbais e imagéticas</p><p>no início da cada aula, facilitaram na rememoração das atividades da aula anterior. Com isso, novas</p><p>formas didáticas foram apresentadas e abriram‑se novos olhares para as artes através dessa pedagogia.</p><p>Ao final de cada aula, uma metáfora específica era solicitada</p><p>pela professora aos alunos como forma de</p><p>fechamento da aula desenvolvida.</p><p>Para a avaliação da disciplina, foi proposta a realização de uma pesquisa colaborativa em que o foco do</p><p>trabalho seria escolher um patrimônio cultural da cidade de São Paulo e realizar uma ação mediadora. O</p><p>patrimônio cultural escolhido foram as festas populares realizadas na cidade pelos imigrantes japoneses,</p><p>africanos, alemães, portugueses e italianos. A mediação foi feita por cinco visitantes, para a descoberta</p><p>das cores, sons, cheiros e sabores desse multiculturalismo.</p><p>Esta disciplina em especial foi fundamental para a complementação do entendimento da ação</p><p>público/arte no projeto de pesquisa e investigação que culminou na dissertação do mestrado. Foi feita</p><p>a análise do comportamento do expectador perante a obra e a obra se mostrando para ele. Também</p><p>notou‑se a exploração da comunicação, em seus diferentes níveis de complexidade, para o desvendar</p><p>da mensagem que atinge os mais diversos públicos, e como a mediação é concretizada através do</p><p>entendimento da arte e para a formação cultural.</p><p>A proposta de investigação desse trabalho foi a visão de cinco participantes nos festejos das</p><p>comunidades de imigrantes que colonizaram o Brasil, e como as celebrações dos costumes e tradições</p><p>dos portugueses, italianos, africanos, japoneses e alemães interferem na construção do patrimônio</p><p>cultural da cidade de São Paulo. Parte do Calendário Oficial Turístico do Estado e do Município de São</p><p>Paulo, esses festivais concentram nativos e descendentes, promovendo a interação e o descobrimento</p><p>das origens culturais do povo paulistano.</p><p>Lembrete</p><p>A partir da construção da arte e cultura pelas festas e a mediação</p><p>através dos participantes, desenvolve‑se a percepção sensorial das cores,</p><p>sons, cheiros, sabores e a ampliação do repertório cultural e artístico</p><p>individual e coletivo.</p><p>25</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>Figura 7 – Os festejos populares de imigrantes são fontes de riqueza artística</p><p>Observação</p><p>A seguir, veremos o modelo sugerido para a elaboração do trabalho de</p><p>Arte e Mediação Cultural, do curso de EAHC, ministrada pela professora</p><p>doutora Mirian Celeste Martins.</p><p>Arte e Mediação Cultural –Mirian Celeste Martins</p><p>Realização das ideias para a execução do trabalho:</p><p>• O “outro”: o olhar de cinco participantes, sendo três homens e duas mulheres, das</p><p>festas que envolvem as comunidades estrangeiras na cidade de São Paulo.</p><p>• A ação mediadora: como as festas portuguesa, italiana, africana, japonesa e alemã</p><p>são reconhecidas como arte e cultura pelos cinco participantes.</p><p>• Mapa pessoal gerando coletivos: o deslocamento de cada participante para o</p><p>encontro de manifestações de arte e cultura, criando repertórios globais.</p><p>• A “coisa” ou o objeto: as festas das comunidades estrangeiras. Festa de Santo</p><p>Antônio da Chácara, Festa de Nossa Senhora da Achiropita, Feira Preta, Festival do</p><p>Japão e Brooklin Fest.</p><p>• Patrimônio cultural: o multiculturalismo etnográfico através da dança, música,</p><p>gastronomia, exposições, palestras, artesanatos, costumes e tradições, chega aos</p><p>participantes de formas diferentes e constroem múltiplas percepções do patrimônio</p><p>cultural paulistano.</p><p>26</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>• O quê? Justificativa: a arte paulistana é um rizoma de culturas vindas de diversas</p><p>partes do Brasil e do mundo. É importante o reconhecimento dessas culturas. Serão</p><p>pesquisadas as atividades das festas folclóricas populares vindas das comunidades</p><p>estrangeiras e a visão dos cinco participantes.</p><p>• Para quê? Objetivos: pesquisar sobre essas linguagens e manifestações artísticas, o</p><p>patrimônio cultural da cidade de São Paulo e a mediação artística dos participantes.</p><p>• Instrumentos de pesquisa: entrevistas qualitativas, contato das associações,</p><p>organizações e suas ferramentas de comunicação, levantamentos históricos,</p><p>pesquisas bibliográfica e eletrônica, participação nos eventos.</p><p>São Paulo adota gente do mundo todo</p><p>Calcula‑se que mais de 2,5 milhões de estrangeiros tenham se estabelecido por aqui,</p><p>escolhendo essa cidade para viver desde que o país se abriu para a imigração no século</p><p>19. Portugueses, italianos, espanhóis, japoneses, árabes, sírios, chineses, alemães, coreanos,</p><p>judeus, nigerianos, norte‑americanos, angolanos, gregos... São algumas das comunidades</p><p>formadas nesse município pelos migrantes dos países de origem. Dessa miscelânea de</p><p>costumes e tradições surgem manifestações artísticas e culturais que formam parte do</p><p>patrimônio cultural da cidade de São Paulo.</p><p>Este projeto de pesquisa mostra as atividades das festas folclóricas populares vindas</p><p>das comunidades estrangeiras e a visão de cinco paulistanos que frequentaram tais festas.</p><p>Bolinha participou como artista no festejo português da Festa de Santo Antônio da Chácara,</p><p>Zete visitou os festejos da colônia italiana na Festa de Nossa Senhora de Achiropita, Con</p><p>participou como promotora na festa africana da Feira Preta, Caio visitou a festa japonesa</p><p>Festival do Japão e Léo participou como visitante na festa alemã do Brooklin Fest.</p><p>Houve o deslocamento de cada participante para o encontro de manifestações de arte</p><p>e cultura, criando repertórios globais. O multiculturalismo etnográfico, através da dança,</p><p>música, gastronomia, exposições, palestras, artesanatos, costumes e tradições, chega aos</p><p>participantes de formas diferentes e eles constroem múltiplas percepções do patrimônio</p><p>cultural paulistano. A arte paulistana é um rizoma de culturas vindas de diversas partes do</p><p>Brasil e do mundo. É importante o reconhecimento dessas culturas. A leitura das linguagens</p><p>e manifestações artísticas, a mediação como ferramenta da educação e do conhecimento</p><p>através do repertório artístico e cultural dos participantes tece a formação do patrimônio</p><p>cultural da cidade de São Paulo.</p><p>A mineração portuguesa e suas comemorações</p><p>O surto urbano que se deu na colônia graças à mineração fez crescer as ofertas de</p><p>emprego para os portugueses. Antes, os colonos eram quase que exclusivamente rurais,</p><p>dedicando‑se ao cultivo da cana‑de‑açúcar, mas agora surgiriam profissões como de</p><p>27</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>pequenos comerciantes. A maior parte da imigração foi de pessoas originárias do Minho. De</p><p>início, a Coroa Portuguesa incentivou a ida de minhotos pobres para o Brasil, que se fixaram</p><p>principalmente na região de Minas Gerais e na região Centro‑Oeste do País, onde foram</p><p>encontradas minas de ouro. Os portugueses entraram em maior número entre 1910 e 1914,</p><p>quando os governos italiano e espanhol proibiram as saídas de seus trabalhadores.</p><p>Figura 8 – Azulejos representando a arte popular portuguesa: música, dança, vestuário, comida e artesanato</p><p>Hoje, no bairro da Chácara Santo Antônio, encontra‑se uma grande concentração de</p><p>descendentes portugueses na cidade de São Paulo. É justamente nesse local que anualmente</p><p>acontece a Festa de Santo Antônio da Chácara, que tem como mote a literatura de Cordel,</p><p>expressão popular da cultura brasileira na qual o santo foi tão bem retratado.</p><p>Ângela Maciel Nogueira, em seu artigo apresentado como requisito parcial para obtenção</p><p>do título de Licenciatura Plena em Letras/Inglês das Faculdades Integradas de Ariquemes –</p><p>FIAR, menciona as origens e características da literatura de cordel:</p><p>Linhares descreve a data do apogeu do Cordel em Portugal que</p><p>perdura paralelamente com os românticos do século XVI ao XVIII,</p><p>segundo Linhares (2006 apud SANTANA, 2009): “A literatura de Cordel</p><p>teve sucesso, em Portugal, entre os séculos XVI e XVIII. Os textos</p><p>podiam ser em verso ou prosa, não sendo invulgar tratar‑se de peças</p><p>de teatro, e versavam sobre os mais variados temas. Encontram‑se</p><p>farsas, historietas, contos fantásticos, escritos de fundo histórico</p><p>moralizantes etc., não só de autores</p><p>anônimos, mas também daqueles</p><p>que, assim, viram a sua obra vendida a preço, como Gil Vicente e</p><p>Antônio José da Silva, o Judeu. Exemplos conhecidos de literatura de</p><p>Cordel são histórias de Carlos Magno e os Doze Pares de França, A</p><p>princesa Magalona, histórias de João de Calais e A Donzela Teodora”</p><p>(LINHARES, 2006). Linhares mostra, portanto, que essa forma de</p><p>literatura podia ser apresentada em forma de teatro, e que não só</p><p>28</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>os anônimos escreviam os Cordéis, mas também os grandes nomes</p><p>como Gil Vicente e Antônio José da Silva, relato este que leva a crer</p><p>que Cordel não é uma literatura vulgar. Consagrado então na Europa</p><p>e chegado no Brasil pelas mãos dos portugueses, aos poucos foi se</p><p>tornando cada vez mais popular principalmente no Nordeste e no Sul</p><p>do País, regiões que presentearam o mundo com grandiosos nomes</p><p>nessa arte (NOGUEIRA, [s.d.]).</p><p>A festa tem como objetivo estimular as atividades comerciais, culturais, cidadania, lazer,</p><p>reurbanização, meio ambiente e revitalização, melhorar a qualidade de vida, motivar o</p><p>uso e a ocupação desse espaço público pelos moradores e usuários do bairro, estimular a</p><p>convivência dos bairros limítrofes, resgatar a cultura colonizadora portuguesa e também a</p><p>história da Chácara e incentivar a população flutuante que diariamente circula em nossas</p><p>ruas e avenidas na prática de atividade externa e pública em outras regiões da cidade.</p><p>O evento, que ocorre ao ar livre, já é uma tradição no bairro e faz parte do Calendário</p><p>Oficial da Cidade de São Paulo. Conta, entre outros, com o apoio do Conselho da Comunidade</p><p>Luso‑Brasileira do Estado de São Paulo (CCPP), e as atrações estão divididas em apresentação</p><p>de bandas típicas de músicas portuguesas, grupos de danças típicas portuguesas, corais</p><p>e grupos musicais, manifestação do folclore brasileiro e português, barracas de comidas</p><p>típicas portuguesas, barracas de alimentação, artesanato, confecções, manifestação da</p><p>cultura local, produtos, serviços e exposição da “História Viva da Chácara”.</p><p>Data: no mês de junho de cada ano. Local: Praça Rui de Amorim Cortez – Portal da</p><p>Chácara, na Avenida Santo Amaro, entre as Ruas da Paz e Américo Brasiliense. Horário: das</p><p>10h às 22h.</p><p>A participação e a mediação</p><p>Pedro Pereira ou Bolinha tem 35 anos e nasceu na cidade de Aveiros em Portugal. Tendo</p><p>se mudado para o Brasil aos 5 anos, mora há 30 anos na cidade de Santos. Participou dos</p><p>festejos na zona Sul da capital, apresentando‑se como artista e dançarino de um grupo</p><p>folclórico português da cidade onde reside. Sua preocupação é a preservação dos costumes,</p><p>das tradições e da cultura portuguesa nas terras brasileira.</p><p>O que te levou a participar da festa? “Fui convidado a ir pelo Grupo Folclórico Verde Saco”.</p><p>Conte‑me como foi a sua participação da festa? “É uma festa como São João, Santo</p><p>Inho, em junho. Participei da comemoração me apresentando. Foram 40 minutos de dança</p><p>típica e a interação com o público para relembrar as histórias de Portugal. Também ajudei a</p><p>servir e degustar a sardinha, pão, vinho, caldo verde...”.</p><p>Além da música, dança e a gastronomia, você conhece outras manifestações artísticas e</p><p>culturais desta festa? “Como tínhamos hora para irmos embora, não consegui conhecer tudo”.</p><p>29</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>Voltaria no próximo ano para rever e ver o que faltou? Por quê? “Sim. Voltaria para rever</p><p>e ver as outras atrações, pois a festa é interessante. É sempre bom cultivar estas culturas.</p><p>Se nós não cuidarmos disto, ela irá se perder. Não há mais imigrantes, se os velhos não</p><p>cultivarem esta cultura, estas tradições, ela irá se perder”.</p><p>O mediador foi a Festa de Santo Antônio da Chácara, o mediado foi o artista e dançarino</p><p>Bolinha e a mediação ocorreu na apresentação de outras atividades culturais e artísticas</p><p>como corais e grupos musicais, manifestações do folclore brasileiro, confecções e exposições.</p><p>Os italianos com seu plantio e seus costumes</p><p>Embora tenha sido a região Sul a pioneira na imigração italiana, foi a região Sudeste</p><p>aquela que recebeu a maioria dos imigrantes. Isso se deve ao processo de expansão das</p><p>lavouras de café em São Paulo. Com o fim do tráfico negreiro e o sucesso da colonização</p><p>italiana no Sul, o governo paulista passa a incentivar a imigração italiana com destino aos</p><p>cafezais. A imigração subsidiada de italianos começou na década de 1880.</p><p>Figura 9 – A macarronada faz parte da gastronomia popular italiana</p><p>Com a diminuição do plantio cafeeiro, os italianos rumaram o seu destino aos centros</p><p>urbanos, onde encontrariam mão‑de‑obra na industrialização paulistana. Os bairros</p><p>urbanizados, como o Bixiga e a Mooca, eram os destinos destes imigrantes. É justamente</p><p>no Bixiga onde ocorre uma das mais tradicionais festas italianas: a Festa de Nossa Senhora</p><p>da Achiropita.</p><p>Comemora‑se a Festa da Padroeira no dia 15 de agosto, com novenas,</p><p>missas, bênçãos, coroação e procissão de Nossa Senhora. A festa é</p><p>o ponto alto da paróquia, pois propicia a união da comunidade e</p><p>o crescimento na espiritualidade e mantém as obras sociais, como:</p><p>Centro Educacional Dom Orione, que acolhe 415 crianças carentes,</p><p>Casa Dom Orione, que promove assistência a 170 homens e mulheres</p><p>em situação de rua, Casa São José, com o núcleo de convivência para</p><p>30</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>120 idosos, Movimento de Alfabetização, para 120 Adultos, Creche</p><p>Mãe Achiropita, atendendo a 200 crianças de 0 a 4 anos de idade</p><p>em período integral, Casa Rainha da Paz, acolhendo 30 homens em</p><p>dependência química, localizada na cidade de Campos do Jordão‑SP</p><p>(PARÓQUIA DE ACHIROPITA, [s.d.]).</p><p>A celebração, realizada todos os anos durante os finais de semana de agosto, desde</p><p>1926, pelos imigrantes italianos originários da Calábria, é hoje uma das festas mais</p><p>tradicionais da capital paulistana. Segundo a organização, são consumidas cerca de onze</p><p>toneladas de macarrão, cinco toneladas de mozarela e dez mil litros de vinho, com um</p><p>público estimado em duzentas mil pessoas divididas em cinco finais de semana. Dentre as</p><p>curiosidades está a produção de focaccias, que chegam a dez mil por noite, e a procissão</p><p>em louvor a Nossa Senhora pelo bairro, onde é confeccionado o tapete artístico de</p><p>serragem na Rua São Vicente.</p><p>São preparados pratos típicos italianos que são servidos em 30 barracas espalhadas</p><p>pelas ruas 13 de Maio, São Vicente e Dr. Luiz Barreto. Na cantina Madona Achiropita</p><p>espalham‑se mesas onde poderão ser apreciados deliciosos pratos frios e quentes, shows</p><p>ao vivo com música e dança típica italiana e sorteio de brindes. O evento é dividido em</p><p>três ambientes: externo, interno e religioso. No lado externo ficam as barracas que servem</p><p>pratos típicos como focaccias, fricazzas, polentas, peperoni, melanzanas ao forno, macarrão,</p><p>pizzas, bebidas e diversos tipos de doces. No ambiente interno, onde ficam as cantinas, há</p><p>músicas italianas, cantores líricos e populares italianos e bandas italianas. No setor religioso,</p><p>há visitação e orações à Nossa Senhora Achiropita e bênçãos de hora em hora no decorrer</p><p>da festa.</p><p>Data: entre os meses de agosto e setembro de cada ano. Local: Ruas 13 de Maio, São</p><p>Vicente e Dr. Luiz Barreto. Horário: aos sábados das 18:00 às 24:00 e domingos das 17:30h</p><p>às 22:30h.</p><p>A participação e a mediação</p><p>Marisete de Souza tem 40 anos, é neta de portugueses e italianos, nasceu na zona Leste</p><p>de São Paulo e reside na zona Sul. Participou dos festejos na zona Central da capital como</p><p>visitante.</p><p>O que te levou a participar da festa? “Curiosidade, por ter ouvido falar”.</p><p>Conte‑me como foi a sua participação da festa? “Comi, bebi e ouvi música em salão</p><p>fechado”.</p><p>Além da música e da gastronomia, você conhece outras manifestações artísticas e</p><p>culturais desta festa? “Não conheço outras atrações”.</p><p>31</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>Voltaria no próximo ano para rever e ver o que faltou? Por quê? “Voltaria. É uma festa</p><p>organizada, animada, tem boa comida e ambiente familiar. E gostaria de ver as outras</p><p>atrações culturais”.</p><p>O mediador foi a Festa de Nossa Senhora de Achiropita, o mediado foi a visitante</p><p>Marisete e a mediação ocorreu na apresentação de outras atividades culturais e artísticas</p><p>como outras variedades gastronômicas na área externa e no setor religioso e visitação e</p><p>orações à Nossa Senhora Achiropita com as bênçãos de hora em hora no decorrer da festa.</p><p>Os negros e as comemorações da comunidade africana</p><p>As comunidades africanas em terras brasileiras iniciaram‑se como centros de convivência</p><p>fundados por escravos vindos de várias regiões da África que conseguiram fugir de seus</p><p>senhores. Assim, podemos definir os quilombos que existiram no Brasil e em todas as outras</p><p>partes do continente americano onde houve a exploração do trabalho de escravos de origem</p><p>daquele continente. A chegada dos negros em São Paulo liga‑se principalmente ao ciclo do</p><p>ouro e ao movimento das bandeiras, eventos que empregaram grande massa de mão de</p><p>obra escrava.</p><p>Figura 10 – A música africana e seus instrumentos serviram de grande influência para a música brasileira</p><p>Na cidade de São Paulo, as maiores comunidades negras encontravam‑se no bairro do</p><p>Bixiga e da Barra Funda, onde se originaram as escolas de samba Vai‑Vai e Camisa Verde e</p><p>Branco.</p><p>Atualmente, uma das principais comemorações da comunidade africana e seus</p><p>descendentes acontece na Feira Preta. Em 2002, começou na conhecida Praça Benedito</p><p>32</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>Calixto, localizada em Pinheiros, o Brechó da Troca. Desse encontro, mais tarde culminou a</p><p>Feira Preta, transformando‑se no maior evento de cultura negra da América Latina.</p><p>No encontro podemos ver uma feira que reúne negros que criaram seus cabelos, suas</p><p>roupas, seus estilos, seus costumes, suas tradições e sua cultura. O evento, que surgiu para</p><p>fomentar o empreendedorismo étnico e fortalecer a cultura negra no país, está em sua</p><p>décima edição e se consolidou como Feira Cultural Preta. Conta com shows musicais, mostra</p><p>de artes plásticas, cinema, dança, teatro, literatura, modas e gastronomia. O evento é uma</p><p>excelente oportunidade para o público celebrar a riqueza cultural negra e a história dos</p><p>afrodescendentes.</p><p>A programação do evento divide‑se em:</p><p>• Espaço Turismo Étnico: dedicado a agências de turismo que possuem roteiros</p><p>culturais, sociais e históricos que contam a história dos povos negros que habitaram</p><p>e habitam hoje este país.</p><p>• Espaço Reflexão: nos dois dias de evento, o espaço abriga uma programação extensa</p><p>de temas diferenciados, visando provocar reflexão e interação com o público do</p><p>evento.</p><p>• Praça Cultural: apresenta as mais diversas manifestações da cultura afro‑brasileira</p><p>para o público. Com o tema “Feira Preta 10 Anos – Identidade Preta”, será possível</p><p>contar a história dos povos africanos que colonizaram o Brasil, através de exposições</p><p>audiovisuais.</p><p>• Literatura Negra e Periférica: espaço para as principais livrarias negras, onde poderão</p><p>comercializar suas publicações, autografar livros e realizar saraus literários.</p><p>• Palco Principal: os principais nomes da música negra animam o público do evento,</p><p>com grandes shows musicais de expressão do cenário musical. O palco é o principal</p><p>espaço do evento, pois o público desfruta de um caldeirão cultural com cerca de 50</p><p>artistas.</p><p>Data: no mês de dezembro década ano. Local: Centro de Exposições Imigrantes. Rodovia</p><p>dos Imigrantes, km 1,5, São Paulo. Horário: das 8h às 20h.</p><p>A participação e a mediação</p><p>Conceição Lourenço tem 50 anos, é descendente de africanos, nasceu na zona Norte</p><p>de São Paulo e reside na mesma região. Participou da feira na zona Sul da capital como</p><p>promotora cultural e diretora de redação de uma publicação para o público afrodescendente,</p><p>a Revista Raça Brasil.</p><p>33</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>ARTES VISUAIS INTEGRADA</p><p>O que te levou a participar da festa? “Necessidade em ter identidade, prazer em encontrar</p><p>pessoas que se pareçam comigo. Levar o meu produto para o meu povo”.</p><p>Conte‑me como foi a sua participação da festa? “Promover e mostrar o meu produto”.</p><p>Além da música e da gastronomia, você conhece outras manifestações artísticas e</p><p>culturais desta festa? “Música black, outros stands como a das bonecas para as meninas</p><p>brasileiras, bonecas negras, japonesas, ruivas...”.</p><p>Voltaria no próximo ano para rever e ver o que faltou? Por quê? “Sim, com certeza!</p><p>Porque é extremamente prazeroso estar com o meu povo. Não deixar a cultura morrer”.</p><p>O mediador foi a Feira Preta, o mediado foi a promotora Conceição e a mediação ocorreu</p><p>na apresentação de outras atividades culturais e artísticas como: mostra de artes plásticas,</p><p>cinema, dança, teatro, literatura, exposições e palestras. O espaço é dedicado às agências de</p><p>turismo que possuem roteiros culturais, sociais e históricos que contam a história dos povos</p><p>negros que habitaram e habitam hoje este país. Manifestações da cultura afro‑brasileira</p><p>para o público.</p><p>A tradição oriental da comunidade japonesa</p><p>Devido à escassez de terras cultiváveis e endividamento dos trabalhadores rurais, impedindo</p><p>a modernização, o governo japonês adotou a política emigratória. A partir de 1880, o Japão</p><p>incentivou a emigração de seus habitantes por meio de contratos com outros governos.</p><p>A primeira leva de imigrantes japoneses para o Brasil chegou</p><p>em 1908, quando o círculo de fazendeiros paulistas mostrava‑se</p><p>profundamente interessado na introdução de colonos japoneses</p><p>nas lavouras cafeeiras, uma vez que a imigração italiana havia sido</p><p>suspensa, agravando a falta de mão de obra nos cafezais.</p><p>O Correio Paulistano do dia 26 de junho de 1908 publicou um artigo</p><p>de autoria do então inspetor da Secretaria de Agricultura – órgão que</p><p>dirigia a política migratória do governo do estado –, Sr. J. Amâncio</p><p>Sobral, no qual tratava de maneira bastante objetiva o comportamento,</p><p>atitudes e grau de alfabetização dos novos imigrantes com o seguinte</p><p>título: “Os Japoneses em S. Paulo”.</p><p>Transcrevemos agora alguns trechos:</p><p>[...] Dos introduzidos pela companhia (781), 532 sabem ler e escrever, isto</p><p>é, 68% [...] Os imigrantes vieram de 11 províncias diferentes, que são as</p><p>seguintes: Tóquio, Fukushima, Kagoshima, Kumamoto, Okinawa, Ehime,</p><p>Yamaguchi, Hiroshima, Kochi, Niigata e Yamanashi. [...] Estavam todos,</p><p>34</p><p>Re</p><p>vi</p><p>sã</p><p>o:</p><p>L</p><p>uc</p><p>as</p><p>-</p><p>D</p><p>ia</p><p>gr</p><p>am</p><p>aç</p><p>ão</p><p>: J</p><p>ef</p><p>fe</p><p>rs</p><p>on</p><p>-</p><p>1</p><p>9/</p><p>10</p><p>/1</p><p>5</p><p>Unidade I</p><p>homens e mulheres, vestidos à europeia [...] traziam calçados (botinas,</p><p>bordeguins e sapatos) baratos, com protetores de ferro na sola, e todos</p><p>usavam meias e traziam no peito as suas condecorações. [...] muitos traziam</p><p>bandeiras pequenas de seda, numa pequena haste de bambu [...] uma branca</p><p>com um círculo vermelho no meio, e a outra auriverde [...] Essa primeira leva</p><p>de imigrantes japoneses entrou em nossa terra com bandeiras brasileiras</p><p>de seda, feitas no Japão, e trazidas de propósito para nos serem amáveis.</p><p>Delicadeza fina, reveladora de uma educação apreciável. Segundo Shindo</p><p>(1999), os imigrantes japoneses sentiram o primeiro impacto ao avistarem o</p><p>porto de Santos e não encontrarem nenhuma alameda de coqueiros como</p><p>imaginaram. Após o desembarque, os imigrantes deixavam o cais do porto</p><p>em trem com destino à Hospedaria dos Imigrantes, onde se depararam</p><p>com costumes diferentes e tomaram o amargo do café pela primeira vez</p><p>(TAKENAKA, 2003).</p><p>Na capital paulista, com a chegada dos imigrantes para os centros urbanos, a partir de</p><p>1912, grupos de japoneses passaram a residir na Ladeira Conde de Sarzedas, em São Paulo. O</p><p>local era próximo do centro da cidade e alugar cômodos ou porões de sobrados era o melhor</p><p>que os pobres imigrantes</p>