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<p>Avaliação e Intervenção</p><p>Psicopedagógica</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof.ª Dra. Adriana Beatriz Botto Vianna</p><p>Prof.ª M.ª Maria Cristina Natel</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof. Me. Luciano Vieira Francisco</p><p>Avaliação – Instrumentos – O Uso de Provas e Testes II</p><p>Avaliação – Instrumentos –</p><p>O Uso de Provas e Testes II</p><p>• Conhecer instrumentos de avaliação psicopedagógica – seus objetivos e sua importância;</p><p>• Analisar os usos e as aplicações dos instrumentos de avaliação psicopedagógica.</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZADO</p><p>• Introdução;</p><p>• Linguagem;</p><p>• Compreendendo Linguagem;</p><p>• Sobre a Aplicação e Análise dos Dados do Protocolo;</p><p>• Competência Aritmética;</p><p>• Compreendendo as Habilidades Matemáticas;</p><p>• Sobre o Coruja Promat.</p><p>UNIDADE Avaliação – Instrumentos – O Uso de Provas e Testes II</p><p>Introdução</p><p>Há diversos motivos, da escola e/ou da família, que justificam o encaminhamento</p><p>para avaliação psicopedagógica e que impactam no desempenho escolar e, geralmente,</p><p>estão associados às dificuldades:</p><p>• Escolares, de leitura e escrita;</p><p>• De raciocínio lógico-matemático;</p><p>• Na resolução de problemas;</p><p>• Na alfabetização;</p><p>• Na compreensão de textos.</p><p>Queixas de outras naturezas e/ou interesses – atenção, comportamento, ritmo de</p><p>trabalho e motricidade – são formuladas pela escola e/ou família.</p><p>Assim, nesta Unidade discutiremos os fundamentos básicos da linguagem e do racio-</p><p>cínio lógico-matemático, em seus aspectos cognitivos, assim como conheceremos instru-</p><p>mentos de avaliação relativos a essas áreas.</p><p>Figura 1 – Grupo em videochamada – linguagem verbal</p><p>Fonte: Getty Images</p><p>Figura 2 – Linguagem não verbal</p><p>Fonte: Getty Images</p><p>8</p><p>9</p><p>Linguagem</p><p>A linguagem é um processo mental de elaborar, formular, compreender e interpretar</p><p>a mensagem de sinais escritos ou gesticulados, sons ou palavras, que possibilitam a co-</p><p>municação, individualizando pensamentos e hipóteses.</p><p>As linguagens oral e escrita são duas manifestações da linguagem verbal, ou seja, atra-</p><p>vés de palavras; ambas visam estabelecer comunicação e possuem características próprias.</p><p>Tabela 1 – Diferenças entre os tipos de linguagem</p><p>Oral Não oral</p><p>Verbal Fala</p><p>Escrita</p><p>Braille</p><p>Não verbal</p><p>Sons</p><p>Gritos</p><p>Choro</p><p>Postura</p><p>Mímica</p><p>Importante!</p><p>A linguagem oral é um sistema finito de princípios e regras que possibilita a um falante</p><p>codificar significado em sons a fim de que um ouvinte decodifique sons em significado</p><p>(GERBER ,1996 apud SEABRA; DIAS, 2012, p. 14).</p><p>A linguagem escrita deve ser concebida para além do reconhecimento de palavras e compre-</p><p>endida a partir das habilidades que a compõem: ortografia ou codificação gráfica, grafia ou</p><p>caligrafia relacionada aos aspectos motores da codificação, e composição ou produção textual.</p><p>Aquilo que compõe a linguagem escrita, incluindo as principais habilidades que par-</p><p>ticipam da leitura e escrita, está presente na figura a seguir:</p><p>Linguagem</p><p>escrita</p><p>Escrita</p><p>Codi�cação grá�ca</p><p>ou Ortogra�a</p><p>Caligra�a</p><p>ou Gra�a</p><p>Produção ou</p><p>composição</p><p>Funções</p><p>executivas e</p><p>memória de</p><p>trabalho.</p><p>Aspectos</p><p>psicomotores</p><p>Linguagem oral, sobretudo,</p><p>hab. do processamento</p><p>fonológico.</p><p>Linguagem oral (ex: consciência</p><p>Sintática, vocabulário)</p><p>Leitura Fluência</p><p>Reconhecimento</p><p>de palavras</p><p>Estratégia</p><p>Logográ�ca</p><p>Est. Alfabética/</p><p>Rota fonológica</p><p>Est. Ortográ�ca/</p><p>Rota Lexical</p><p>Compreensão</p><p>Figura 3 – Visão componencial da linguagem escrita</p><p>Fonte: Adaptada de DIAS; OLIVEIRA, 2013, p. 11</p><p>9</p><p>UNIDADE Avaliação – Instrumentos – O Uso de Provas e Testes II</p><p>Apresenta também os componentes da leitura: reconhecimento de palavras, flu-</p><p>ência, compreensão.</p><p>A fluência entendida como a possibilidade de acessar o léxico mental da língua, facilita</p><p>a leitura, mas não garante a compreensão que é dependente de outros fatores.</p><p>Léxico (substantivo masculino):</p><p>• Vocabulário; reunião dos vocábulos de uma língua;</p><p>• [Linguística] Reunião de todas as palavras que existem numa língua;</p><p>• [Por extensão] Dicionário; compilação que possui, em ordem alfabética, os vocábulos</p><p>de uma língua ou os termos que fazem referência a uma determinada matéria;</p><p>• Adjetivo lexical; que se pode referir ao vocabulário.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3yzzBxG</p><p>O reconhecimento de palavras para crianças no início da alfabetização, é um indício</p><p>importante para a compreensão da leitura, mas sua importância tende a diminuir com</p><p>a progressão escolar: os alunos vão avançando em sua escolaridade e o indício para a</p><p>leitura é a compreensão linguística que concilia diferentes procedimentos mentais em</p><p>busca do sentido do texto.</p><p>Ainda que o reconhecimento de palavras e a compreensão linguística estejam preser-</p><p>vados, há alunos que apresentam dificuldade na compreensão leitora.</p><p>Pesquisas indicam que as habilidades de planejamento, organização, alternância atencio-</p><p>nal também contribuem para a compreensão leitora.</p><p>Compreendendo Linguagem</p><p>A aquisição e o desenvolvimento da linguagem estão relacionados a aspectos orgânicos</p><p>– aparato neurobiológico – e sociais, ou seja, segundo Mousinho (2008) há interação entre</p><p>o que a criança traz em termos biológicos e a qualidade de estímulos do ambiente em que</p><p>está inserida.</p><p>A linguagem impacta na:</p><p>• Cognição: Pensamos bastante por meio da linguagem depois que desenvolvemos</p><p>esta habilidade, aprimorando, assim, a memória, atenção e percepção;</p><p>• Comunicação: Pela estruturação da linguagem sofisticamos os recursos da comu-</p><p>nicação (VIGOTSKY, 1989).</p><p>Os componentes da linguagem são os seguintes:</p><p>• Fonologia: Regras que organizam os sons e a sua combinação;</p><p>• Morfologia: Regras que organizam internamente as palavras;</p><p>• Pragmática: Abrange o uso espontâneo da linguagem; os atos da fala;</p><p>10</p><p>11</p><p>• Sintaxe: Regras que especificam a ordem das palavras nas frases;</p><p>• Semântica: Trata do significado individual das palavras;</p><p>• Prosódia: Imprimir sentimentos à fala.</p><p>Um vasto corpo de pesquisas aponta para habilidades da linguagem oral: consciência</p><p>fonológica, consciência sintática; vocabulário; memória fonológica; nomeação como</p><p>preditora da leitura e escrita (SEABRA; DIAS, 2012), sugerindo que a avaliação dessas</p><p>habilidades auxilia na identificação de dificuldades relacionadas à linguagem.</p><p>Preditor: adj. Característica do que ou de quem prediz; que diz anteriormente de. s.m. Pessoa</p><p>que prediz. (Etm. do latim: praedictu + or);</p><p>Preditiva: adj. Refere-se à predição, ao ato de predizer, de dizer por antecipação, com antece-</p><p>dência; em que há previsão.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/36kLVWn</p><p>Elencamos, a seguir, alguns, entre vários, instrumentos que permitem a avaliação da</p><p>linguagem oral, da linguagem escrita, da leitura:</p><p>Tabela 2 – Instrumentos que permitem a avaliação da linguagem</p><p>Instrumento Objetivo</p><p>Avaliação da compreensão leitora</p><p>A partir do 1º ano do Ensino Fundamental (EF)</p><p>até a idade adulta.</p><p>A partir de textos expositivos, favorece a</p><p>observação e análise de aspectos cogni-</p><p>tivos, metacognitivos.</p><p>Teste de Consciência Fonológica (Confias)</p><p>a partir dos 4 anos de idade.</p><p>Possibilita a investigação das capacidades</p><p>fonológicas, considerando a relação com a</p><p>hipótese da escrita.</p><p>Teste do Desempenho Escolar II (TDE II),</p><p>do 1º ao 9º ano do EF.</p><p>Avalia as habilidades básicas de leitura,</p><p>escrita e aritmética.</p><p>Coleção Avaliação Neuropsicológica Cog-</p><p>nitiva – (Menon) da Educação Infantil ao</p><p>Ensino Fundamental II.</p><p>Provas de leitura, escrita e aritmética.</p><p>Metacognição (substantivo feminino):</p><p>Conhecimento que um indivíduo tem acerca dos próprios processos cognitivos (mentais),</p><p>sendo capaz de refletir ou entender sobre o estado da sua própria mente (pensamento,</p><p>compreensão e aprendizado).</p><p>Etimologia (origem da palavra metacognição). Meta + cognição, do latim cognitio.onis,</p><p>ação de conhecer.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3xwgtAz</p><p>Há também protocolos que, pela sua aplicação, permitem fazer um rastreio, a exem-</p><p>plo do Protocolo de Avaliação das Habilidades Cognitivo-Linguísticas (PAHCL),</p><p>descritas no Quadro a seguir e que relaciona as habilidades cognitivo-linguísticas e as</p><p>estratégias de acesso para a avaliação.</p><p>11</p><p>UNIDADE Avaliação</p><p>– Instrumentos – O Uso de Provas e Testes II</p><p>Quadro 1 – Protocolo de Avaliação das Habilidades Cognitivo-Linguísticas (PAHCL)</p><p>Leitura</p><p>• Conhecimento do alfabeto;</p><p>• Leitura de palavras e não palavras.</p><p>Escrita • Ditado de palavras e pseudopalavras.</p><p>Habilidade</p><p>Metalinguística</p><p>• Rima;</p><p>• Aliteração;</p><p>• Segmentação silábica.</p><p>Processamento</p><p>Auditivo</p><p>• Discriminação de sons;</p><p>• Ritmo;</p><p>• Repetição de palavras e não palavras;</p><p>• Memória direta e indireta de dígitos.</p><p>Processamento Visual</p><p>• Cópia de formas;</p><p>• Memória visual com figuras.</p><p>Velocidade de</p><p>Processamento</p><p>• Nomeação automática rápida de figuras;</p><p>• Nomeação automática rápida de dígitos.</p><p>Raciocínio Lógico • Cálculo matemático.</p><p>Fonte: Adaptada de CAPELLINI, et al., 2017</p><p>Sobre a Aplicação e Análise</p><p>dos Dados do Protocolo</p><p>A aplicação dos protocolos deve se dar em duas versões: coletiva e individual. O pro-</p><p>tocolo deve ser aplicado nessa ordem, mesmo no contexto do atendimento individual, na</p><p>clínica e tem como objetivo de “rastrear habilidades”, aspectos do processamento cogni-</p><p>tivo – linguístico e não se configura como um instrumento diagnóstico.</p><p>Compõem a versão coletiva cinco subtestes que</p><p>envolvem as habilidades de escrita, aritmética, proces-</p><p>samento auditivo e visual; e na versão individual, treze</p><p>subtestes relativos às habilidades de leitura, metalinguís-</p><p>tica, processamento auditivo, processamento visual e</p><p>velocidade de processamento.</p><p>Na aplicação de cada subteste devem ser considerados o tempo de execução e desem-</p><p>penho, que são convertidos em uma pontuação, a qual será comparada, entre o desem-</p><p>penho de crianças da mesma idade e escolaridade, obtidas na versão coletiva, com os</p><p>dados coletados na versão individual, o próprio desempenho para que, na “somatória</p><p>dos pontos”, seja possível fazer a devida análise, classificando-o em desempenho supe-</p><p>rior, médio e inferior.</p><p>No atendimento individual,</p><p>primeiro se faz a aplicação</p><p>da versão coletiva.</p><p>12</p><p>13</p><p>Consta deste protocolo seis tabelas com os resultados por série, classificando a pontua-</p><p>ção em “sob atenção” e o “esperado”, para cada série, nas habilidades descritas no quadro</p><p>que relaciona as habilidades cognitivo-linguísticas e as estratégias de acesso à avaliação.</p><p>As atividades que vêm acompanhadas de treino devem ser realizadas como tal para</p><p>garantir a compreensão daquilo que deve ser feito e complementadas com explicações</p><p>adicionais, quando necessário.</p><p>Figura 4 – A linguagem das letras e dos números</p><p>Fonte: Getty Images</p><p>Competência Aritmética</p><p>A exemplo da linguagem oral e escrita, no domínio da linguagem matemática preci-</p><p>samos identificar as habilidades envolvidas, distinguindo conceitos a partir da seguinte</p><p>questão: matemática e aritmética; cálculo e processamento numérico, são a mesma coisa?</p><p>Tomamos como referência Dias e Seabra (2013), quem nos informam, respectivamente:</p><p>• Matemática como um conceito mais amplo e que inclui aritmética, geometria,</p><p>álgebra e trigonometria, entre outras áreas;</p><p>• Aritmética, estudo das propriedades dos números e das operações que podem ser</p><p>realizadas com eles;</p><p>• Cálculo, processamento dos símbolos matemáticos operacionais para a execução</p><p>de cálculo;</p><p>• Processamento numérico, envolve a leitura, escrita e contagem de números, a</p><p>compreensão, bem como a produção de símbolos e números e a recuperação de</p><p>fatos numéricos.</p><p>13</p><p>UNIDADE Avaliação – Instrumentos – O Uso de Provas e Testes II</p><p>Compreendendo as</p><p>Habilidades Matemáticas</p><p>Ao ver certa quantidade de objetos, imediatamente fazemos a contagem; mas de que</p><p>modo isto ocorre?</p><p>Na gincana da aula de Matemática, vencerá o grupo que responder mais rápido</p><p>a tabuada.</p><p>Informada de que o valor de uma mercadoria pode ser pago em 4 parcelas, uma</p><p>pessoa imediatamente calcula o valor.</p><p>Para cada uma das situações apresentadas usamos diferentes habilidades para entender</p><p>as informações aritméticas.</p><p>As habilidades envolvidas no processamento da informação aritmética são: senso numé-</p><p>rico ou numerosidade, processamento numérico e cálculo (SEABRA, 2013, p. 77-78).</p><p>Senso numérico ou numerosidade é a capacidade de representar e manipular magni-</p><p>tudes numéricas de forma não verbal em uma linha numérica internalizada.</p><p>A B</p><p>Sem contar, apontar para o conjunto com mais pontos?</p><p>Figura 5</p><p>Fonte: Adaptada de WEINSTEIN, 2016, p. 1</p><p>Processamento numérico envolve a leitura, escrita e contagem de números, a com-</p><p>preensão e produção de símbolos e números (%, & 51) e a recuperação de fatos numéricos</p><p>– como a tabuada, por exemplo.</p><p>Responder rápido: Quanto é 3 + 2?3 + 4</p><p>Figura 6</p><p>Fonte: Adaptada de WEINSTEIN, 2016, p. 65</p><p>Cálculo está relacionado ao processamento dos símbolos matemáticos operacionais</p><p>e a execução de cálculos com mais dígitos.</p><p>Sem usar lápis e papel, responder em voz alta:</p><p>Uma aranha tem 8 patas e uma mosca tem 6 patas.</p><p>Quantas patas teriam juntas, 2 aranhas e 2 moscas?</p><p>Fonte: Adaptada de WEINSTEIN, 2016, p. 148</p><p>14</p><p>15</p><p>As competências numéricas, nos primeiros anos de vida, são indícios da aprendiza-</p><p>gem da Matemática.</p><p>O desenvolvimento das habilidades matemáticas está relacionado à cognição nu-</p><p>mérica, entendida como pré-requisito para o uso preciso de numerais, símbolos decor-</p><p>rentes da instrução.</p><p>A numerosidade – perceber e comparar quantidades não simbólicas, um pré-requisito.</p><p>Está relacionada a futuras representações numéricas simbólicas. Dito de outro modo, a</p><p>aquisição de habilidades numéricas mais evoluídas tem sua origem nesse mecanismo</p><p>mais básico, a numerosidade.</p><p>Os marcos do desenvolvimento inicial da aritmética, segundo os seus respectivos</p><p>teóricos, foram organizados por Butterworth (2005) em uma escala, com quinze indica-</p><p>dores, no qual destacamos alguns:</p><p>• 4 meses: Pode adicionar e subtrair “um” (WYNN, 1992);</p><p>• 11 meses: Discrimina sequências crescentes de sequências decrescentes de numero-</p><p>sidades (BRANON, 2002);</p><p>• 2 anos: Começa a aprender a contar (FUSON, 1992);</p><p>• 3 anos: Conta pequenos números de objetos (WYNN, 1990);</p><p>• 3 anos e meio: Pode adicionar e subtrair “um” com objetos e números (STARKEY;</p><p>GELMAN, 1978);</p><p>• 4 anos: Pode usar dedos para ajudar a somar (FUSON; KWON, 1992);</p><p>• 6 anos: Pode realizar a “conservação” de quantidades (PIAGET, 1952);</p><p>• 6 anos e meio: Pode contar corretamente até 80 (FUSON, 1988);</p><p>• 7 anos: Evoca alguns fatos numéricos (ASHCRAFT et al., 1992).</p><p>Ao final do ciclo da alfabetização, todas as habilidades numéricas básicas devem estar</p><p>estabelecidas, considerando que há dificuldades esperadas em um desenvolvimento con-</p><p>siderado típico.</p><p>Weinstein (2016, p. 19, grifo nosso), autora do Coruja Promat, assim afirma:</p><p>[...] as competências matemáticas são dependentes de sistemas cognitivos</p><p>diversos e conhecer a influência desses sistemas e habilidades para a</p><p>realização das tarefas matemáticas é necessário para podermos analisar</p><p>corretamente o desempenho do aluno e do sujeito encaminhado para a</p><p>avaliação psicopedagógica.</p><p>Sobre o Coruja Promat</p><p>Dada a complexidade que envolve a cognição numérica, torna-se importante avaliar</p><p>diferentes domínios matemáticos, tais como os propostos no Coruja Promat, um roteiro</p><p>para a sondagem das habilidades matemáticas nos anos iniciais do Ensino Fundamental,</p><p>do 1º ao 5º ano.</p><p>15</p><p>UNIDADE Avaliação – Instrumentos – O Uso de Provas e Testes II</p><p>O Promat investiga três domínios: a representação da magnitude numérica; a evoca-</p><p>ção do fato numérico, a resolução de problemas, a partir de um conjunto de tarefas, de</p><p>provas; vejamos:</p><p>• Representação da magnitude numérica: Quantidades simbólicas e não simbólicas:</p><p>» Estimativa súbita;</p><p>» Estimativa de quantidades;</p><p>» Contagem;</p><p>» Processamento ordinal dos números;</p><p>» Representação de linha numérica;</p><p>» Valor posicional;</p><p>» Transcodificação.</p><p>• Fato numérico:</p><p>» Conhecimento do procedimento, relacionado à contagem;</p><p>» Desenvolvimento de estratégias, relacionado à precisão da resposta;</p><p>» Conhecimento declarativo, relacionado à fluência e ao automatismo.</p><p>• Resolução de problemas: A partir de apresentação:</p><p>» Oral;</p><p>» Impressa.</p><p>Importante!</p><p>É fundamental que a contagem seja desenvolvida antes da memorização dos números,</p><p>na Educação Infantil.</p><p>As habilidades do senso numérico, do processamento numérico e do cálculo são</p><p>verificadas no Coruja Promat nas provas de representação numérica, fato aritmético e</p><p>resolução de problemas com enunciados, respectivamente.</p><p>A resposta para questões como sete é maior que dois? Ou será que da Avenida Pau-</p><p>lista até a Praça da Sé, leva-se 15 minutos, indo a pé? Tais questões estão vinculadas</p><p>ao domínio de representação numérica denominado senso numérico, o qual em algu-</p><p>mas pesquisas e, se bem desenvolvido, favorece a estimativa e o julgamento de magnitude.</p><p>O domínio fato numérico exige o conhecimento do procedimento (pergunta-se,</p><p>por exemplo, quanto é 9 - 4), cuja resposta é oral; e no desenvolvimento de estratégias</p><p>a criança mostra como resolve uma conta.</p><p>No entanto, o domínio fato numérico, que exige o conhecimento declarativo, só é</p><p>válido se for respeitado o tempo de 5 segundos para dar a resposta, dado o objetivo da</p><p>tarefa: a fluência e o automatismo.</p><p>16</p><p>17</p><p>Importante!</p><p>A passagem do mecanismo procedimental para o declarativo ocorre, geralmente,</p><p>entre o 2º e 3º ano.</p><p>O domínio resolução de problemas, na modalidade oral e impressa, está relacionado</p><p>ao conhecimento da construção semântica (o significado do conteúdo) – e não somente</p><p>às estratégias e aos conhecimentos matemáticos.</p><p>As atividades do Coruja Promat, nos três domínios, estão ajustadas aos anos de esco-</p><p>laridade, organizadas e ordenadas respeitando estágios crescentes do desenvolvimento</p><p>da cognição numérica, de onde se pode depreender que crianças com muitos erros nas</p><p>provas, que investigam a representação da magnitude numérica, sinalizam dificuldade em</p><p>fatos fundamentais, impactando negativamente o domínio posterior – o do fato numérico.</p><p>Na análise dos dados, computa-se os pontos obtidos, sendo um ponto para resposta</p><p>correta e zero ponto para incorreta, ou para a ausência de resposta. O fator “tempo”</p><p>é uma variável a ser considerada em determinadas provas, que ao não ser respeitado</p><p>invalida a pontuação, mesmo se a resposta estiver correta.</p><p>O Coruja Promat é um roteiro de sondagem, não é um teste para avaliar transtornos da</p><p>habilidade matemática, denominados discalculias – embora forneça indicadores para tal.</p><p>Figura 7 – Exercitando o senso numérico: Quantas frutas você vê?</p><p>Fonte: Getty Images</p><p>Risco para a discalculia – indicadores possíveis:</p><p>• Desempenho a seguir da expectativa no Promat;</p><p>• Histórico de fraco desempenho persistente em Matemática;</p><p>• Desempenho do aluno em Matemática é inferior ao de seus pares de turma;</p><p>• Impacto pervasivo das dificuldades matemáticas – Promat (WEINSTEIN, 2016, p. 31-32).</p><p>17</p><p>UNIDADE Avaliação – Instrumentos – O Uso de Provas e Testes II</p><p>Pervasivo, que tende a se espalhar, infiltrar, difundir por toda parte.</p><p>Dado o impacto pervasivo, alunos com discalculia têm dificuldade na aprendizagem</p><p>de outras disciplinas. Na Geografia, por exemplo, têm dificuldade na leitura de mapas.</p><p>Em Síntese</p><p>A escolha de uma ou outra prova/teste/instrumento está diretamente relacionada à</p><p>necessidade de cada sujeito ser avaliado e da intencionalidade de quem avalia.</p><p>Testes fornecem uma pontuação que sinaliza maior ou menor “desvio” em relação à</p><p>pontuação padrão, em determinada habilidade.</p><p>Não aplicamos as provas, os testes e instrumentos apenas para fazer uma análise quan-</p><p>titativa dos dados apresentados, mas para fazer, também, uma análise qualitativa dos</p><p>dados apresentados.</p><p>Assim, nesta Unidade estudamos os instrumentos de rastreio Promat – PAHCL, de</p><p>sondagem –, que permitem a identificação de possíveis problemas na linguagem, na</p><p>Matemática e que impactam o desempenho escolar.</p><p>Avaliamos para conhecer como o sujeito aprende.</p><p>Importante!</p><p>Testes são instrumentos de avaliação padronizados, com dados normativos e com</p><p>validade psicométrica.</p><p>18</p><p>19</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Vídeos</p><p>Educação e Linguagem: Lev Vigotski – Desenvolvimento Da Linguagem</p><p>https://youtu.be/tvNwrfCy74g</p><p>Teste do Desempenho Escolar II (TDE II) nas Mãos dos Psicopedagogos:</p><p>Possibilidades na Avaliação e Intervenção</p><p>https://youtu.be/6Rz37FpfwzQ</p><p>Coruja Promat – Aplicação</p><p>https://youtu.be/w1llYG6SRL8</p><p>Habilidades Preditoras da Alfabetização</p><p>https://youtu.be/vMTJdjgvSM8</p><p>19</p><p>UNIDADE Avaliação – Instrumentos – O Uso de Provas e Testes II</p><p>Referências</p><p>CAPELLINI, S. A.; SMYTHE, I. Protocolo de avaliação de habilidades cognitivo-</p><p>-linguísticas. 1. ed. Ribeirão Preto: Booktoy, 2017.</p><p>MOUSINHO, R. et al. Aquisição e desenvolvimento da linguagem: dificuldades que podem</p><p>surgir neste percurso. Rev. Psicopedag., São Paulo, v. 25, n. 78, p. 297-306, 2008.</p><p>Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-</p><p>-84862008000300012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 30/03/2021.</p><p>RIPER, C. V.; EMERICK, L. Uma introdução à patologia da fala e à audiologia.</p><p>Trad. Marcos A. G. Domingues. 8. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.</p><p>SEABRA, A. G.; DIAS, N. M. (org.). Avaliação neuropsicológica cognitiva: linguagem</p><p>oral. 1. ed. São Paulo: Memnon, 2012. v. 2.</p><p>________; DIAS, N. M.; CAPOVILLA, F. C. (org.). Avaliação neuropsicológica cog-</p><p>nitiva: leitura, escrita e aritmética. 1. ed. São Paulo: Memnon, 2013. v. 3.</p><p>VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.</p><p>________. Pensamento e linguagem. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.</p><p>WEINSTEIN, M. C. A. Coruja Promat. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2016.</p><p>20</p>