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<p>1</p><p>CONCURSO DE PESSOAS</p><p>4a EDIÇÃO/2024</p><p>1. DEFINIÇÃO 3</p><p>2. REQUISITOS 5</p><p>2.1. PLURALIDADE DE AGENTES CULPÁVEIS 5</p><p>2.2. RELEVÂNCIA CAUSAL E JURÍDICA DAS CONDUTAS 5</p><p>2.3. VÍNCULO SUBJETIVO ou CONCURSO DE VONTADES 6</p><p>2.4. UNIDADE DE INFRAÇÃO PENAL PARA TODOS OS AGENTES (NATUREZA JURÍDICA</p><p>DO CONCURSO DE PESSOAS) 7</p><p>3. AUTORIA 9</p><p>3.1. TEORIAS SOBRE AUTORIA (CONCEITOS DE AUTOR) 9</p><p>3.1.1. TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO 12</p><p>3.1.2. JURISPRUDÊNCIA E TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO 13</p><p>3.1.3. TEORIA DAS AÇÕES NEUTRAS 14</p><p>3.2. ESPÉCIES DE AUTORIA 15</p><p>3.2.1. AUTORIA MEDIATA 15</p><p>3.2.2. AUTORIA MEDIATA 15</p><p>3.2.3. AUTORIA DE DETERMINAÇÃO (Zaffaroni) 17</p><p>3.2.4. AUTOR DE ESCRITÓRIO 18</p><p>3.2.5. TEORIA DO DOMÍNIO DA ORGANIZAÇÃO (ROXIN) 18</p><p>3.2.6. AUTORIA COLATERAL ou PARALELA 19</p><p>3.2.7. AUTORIA INCERTA 19</p><p>3.2.8. AUTORIA IGNORADA 20</p><p>3.2.9. AUTORIA ACESSÓRIA ou SECUNDÁRIA ou AUTORIA COLATERAL</p><p>COMPLEMENTAR 20</p><p>3.2.10. AUTORIA DE RESERVA 20</p><p>3.2.11. AUTORIA SUCESSIVA 20</p><p>3.2.12. AUTORIA POR CONVICÇÃO 20</p><p>4. COAUTORIA 20</p><p>4.1. ESPÉCIES DE COAUTORIA 20</p><p>4.1.1. COAUTORIA CONJUNTA 20</p><p>4.1.2. COAUTORIA ADITIVA 21</p><p>4.1.3. COAUTORIA PARCIAL OU FUNCIONAL 21</p><p>4.1.4. COAUTORIA DIRETA OU MATERIAL 21</p><p>4.1.5. COAUTORIA SUCESSIVA 21</p><p>4.1.6. COAUTORIA ALTERNATIVA 21</p><p>5. PARTICIPAÇÃO (ANIMAS SOCII) 22</p><p>5.1. REQUISITOS 23</p><p>5.2. TEORIAS QUANTO À PUNIÇÃO DO PARTÍCIPE 23</p><p>5.3. ESPÉCIES DE PARTICIPAÇÃO 23</p><p>5.3.1. PARTICIPAÇÃO EM CADEIA, PARTICIPAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO OU</p><p>PARTICIPAÇÃO MEDIATA 24</p><p>5.3.2. PARTICIPAÇÃO SUCESSIVA 24</p><p>2</p><p>5.3.3. PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO 24</p><p>5.3.4. PARTICIPAÇÃO NEGATIVA OU CONIVÊNCIA 25</p><p>5.3.5. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA 25</p><p>5.3.6. PARTICIPAÇÃO INÓCUA 26</p><p>6. CONCURSO DE PESSOAS EM CRIMES OMISSIVOS 26</p><p>7. COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA OU DESVIO SUBJETIVO DA CONDUTA 27</p><p>8. COMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS 28</p><p>8.1.ELEMENTARES 28</p><p>8.2. CIRCUNSTÂNCIAS 28</p><p>8.3. DA (IN)COMUNICABILIDADE 28</p><p>9. CASOS DE IMPUNIBILIDADE 29</p><p>3</p><p>1. DEFINIÇÃO</p><p>Art. 29 do CP. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas,</p><p>na medida de sua culpabilidade. (TEORIA UNITÁRIA)</p><p>Trata-se de pluralidade subjetiva, ou seja, da pluralidade de sujeitos ativos da conduta - criminosos</p><p>(concursus delinquentium) e não se confunde com o concurso de crimes (concursus delictorum), tema atribuído à</p><p>teoria da pena.</p><p>Segundo Cleber Masson (2020, p. 425), concurso de pessoas é a colaboração empreendida por duas ou</p><p>mais pessoas para a realização de um crime ou de uma contravenção penal.</p><p>CRIMES</p><p>UNISSUBJETIVOS ou</p><p>MONOSSUBJETIVOS ou</p><p>DE CONCURSO</p><p>EVENTUAL</p><p>O delito pode ser praticado por uma ou várias pessoas associadas. O tipo penal</p><p>não exige que a conduta seja praticada por mais de uma pessoa e, quando</p><p>praticado por mais pessoas, haverá concurso eventual. É a regra no CP (exs.: arts.</p><p>121, 155, 157, 213 CP).</p><p>CRIMES</p><p>PLURISSUBJETIVOS OU</p><p>DE CONCURSO</p><p>NECESSÁRIO</p><p>Excepcionalmente, o próprio tipo penal exige a pluralidade de agentes, em</p><p>concurso necessário. O crime nunca será praticado por apenas uma pessoa.</p><p>Trata-se da exceção.</p><p>Nos crimes plurissubjetivos ou de concurso necessário, podemos encontrar</p><p>condutas:1</p><p>● Paralelas (ex. associação criminosa)</p><p>● Divergentes ou contrapostas (ex. rixa)</p><p>● Convergentes (ex. bigamia)</p><p>📌 OBSERVAÇÃO</p><p>Para efeitos de quantidade para se formar um número mínimo (para os casos em</p><p>que a lei exige número mínimo), não importa se todos os membros que integram</p><p>o crime são imputáveis.</p><p>Assim, já decidiu o STJ que “(...) para a configuração da majorante do concurso de</p><p>agentes, exige-se, apenas, a presença do concurso de duas ou mais pessoas,</p><p>inexistindo na lei de regência - art. 157, §2º, II do CP - qualquer ressalva ou</p><p>restrição sobre tratar-se ou não de agente imputável” (STJ, 6ªT., HC 150.853, j.</p><p>04/08/2015).</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Sobre os crimes unissubjetivos, a prova para Promotor de Justiça do Estado de São Paulo (Ano: 2022; Banca</p><p>Própria) considerou incorreta a seguinte assertiva: os crimes unissubjetivos são aqueles que podem ser</p><p>1 Coleção Sinopses para Concursos. Direito Penal Parte Geral. Ed. 11 - Juspodvm. 2021</p><p>4</p><p>praticados por uma só pessoa, não admitindo a coautoria.</p><p>Os indivíduos que concorrem para o crime são chamados de: autor/coautor e partícipe.</p><p>Enquanto na coautoria, há a divisão dos atos executórios, ou seja, todos executam, de alguma</p><p>maneira, o mesmo crime e, por isso, são considerados autores do mesmo delito, na participação, o agente</p><p>concorre para o crime sem praticar o núcleo do tipo penal. 2</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>O concurso de pessoas demanda adesão à vontade do concorrente até a consumação (depois da</p><p>consumação, a adesão pode configurar crime autônomo). Ex. Favorecimento real.</p><p>2. A participação na modalidade de co-autoria sucessiva, em que o partícipe resolve aderir à conduta delituosa</p><p>após o início da sua execução, exige, além do liame subjetivo comum a todo concurso de agentes, que a</p><p>adesão ocorra antes da consumação do delito. (STJ, REsp n. 1.449.266/PR, relatora Ministra Maria Thereza</p><p>de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 6/8/2015, DJe de 26/8/2015.)</p><p>Excepcionalmente, a contribuição pode ser prestada depois da consumação do crime, mas desde que</p><p>tenha havido ajuste prévio (STJ).</p><p>4. Por oportuno, registre-se, ao contrário do que sustenta a impetração, mesmo que o paciente não tenha sido</p><p>o responsável pela efetuação dos disparos de arma de fogo que culminaram no óbito de uma das vítimas,</p><p>deve responder como coautor pelo roubo seguido de morte.</p><p>5. Isso porque ficou bem demonstrada, na espécie, a existência de liame subjetivo e ajuste prévio do</p><p>paciente com os demais agentes, assumindo ele também o risco, com a participação na empreitada</p><p>delituosa, de que alguma vítima fosse morta em virtude de disparo de arma. (STJ, HC n. 185.167/SP, relator</p><p>Ministro Og Fernandes, Sexta Turma, julgado em 15/3/2011, DJe de 8/2/2012.)</p><p>(...) o liame subjetivo entre os agentes pode surgir tanto de um acordo prévio de vontades como também</p><p>pela aderência de vontades, em que não há anterior ajuste, mas existe a consciência do segundo agente de</p><p>que coopera para a ação comum que resultará na violação do bem jurídico protegido pela norma penal. (STJ,</p><p>APn 629/RO)</p><p>◾ CAUSALIDADE FÍSICA E PSÍQUICA</p><p>No concurso de pessoas, a contribuição causal física por si só é insuficiente. Sendo assim, é</p><p>indispensável a presença do elemento subjetivo - vontade e consciência de agir em comum. Observa-se</p><p>que este elemento não necessita necessariamente do “acordo prévio”. Na lição de Bitencourt :3</p><p>“A consciência de colaborar na realização de uma conduta delituosa pode faltar no verdadeiro</p><p>autor, que, aliás, pode até desconhecê-la, ou não desejá-la, bastando que o outro agente deseje</p><p>3BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal volume 1 - 26. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020. ebook. p. 1225.</p><p>2 Coleção Sinopses para Concursos. Direito Penal Parte Geral. Ed. 11 - Juspodvm. 2021</p><p>5</p><p>aderir à empresa criminosa. Porém, ao partícipe é indispensável essa adesão consciente e</p><p>voluntária, não só na ação comum, mas também no resultado pretendido pelo autor principal.”</p><p>2. REQUISITOS</p><p>Cleber Masson (2020, p.425), afirma que o concurso de pessoas depende de 5 requisitos:</p><p>2.1. PLURALIDADE DE AGENTES CULPÁVEIS4</p><p>O concurso de pessoas depende de pelo menos duas pessoas, e, consequentemente, de ao menos</p><p>duas condutas penalmente relevantes. Como dito, tais condutas podem ser principais, no caso de coautoria,</p><p>ou então uma principal e uma acessória, praticadas pelo autor e pelo partícipe, respectivamente.</p><p>Os coautores ou partícipes, devem ser culpáveis, ou seja, dotados de culpabilidade, sendo a</p><p>culpabilidade dos envolvidos fundamental, sob pena de caracterização da autoria mediata.</p><p>No concurso de pessoas, não basta a mera pluralidade de agentes, mas que todos os agentes sejam</p><p>culpáveis.</p><p>📌 OBSERVAÇÃO</p><p>UNIDADE DELITIVA: é necessário que os agentes pratiquem o mesmo crime ou os mesmos crimes. Do</p><p>contrário, teremos crimes diferentes, aplicando a cada um o seu próprio crime.</p><p>2.2. RELEVÂNCIA CAUSAL E JURÍDICA DAS CONDUTAS</p><p>Pela aplicação da teoria da equivalência dos antecedentes causais, deve-se ter a contribuição efetiva</p><p>de mais de um agente, ou seja, a relação de causa e efeito entre cada conduta e o resultado deve ter eficácia</p><p>causal. Essa contribuição não precisa ser unicamente a contribuição material, mas pode ser a intelectual.</p><p>4MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 425-426.</p><p>6</p><p>Segundo Cleber Masson (2020, p. 427), não pode ser considerado autor ou partícipe quem assume em</p><p>relação à infração penal uma atitude meramente negativa, quem não dá causa ao crime, quem não realiza</p><p>qualquer conduta sem a qual o resultado não teria se verificado. A participação inócua, que em nada concorre</p><p>para a realização do crime, é irrelevante para o Direito Penal.</p><p>A relevância causal depende de uma contribuição prévia ou concomitante à execução, isto é, anterior à</p><p>consumação. A concorrência posterior à consumação configura crime autônomo, mas não concurso de</p><p>pessoas. Ressalta-se que a contribuição pode até ser concretizada após a consumação, desde que tenha sido</p><p>ajustada previamente.</p><p>Para André Estefam (2022, p. 403), “a relação de causalidade somente pode ser considerada como</p><p>requisito para a figura do concurso de pessoas em crimes materiais ou de resultado, vez que nos delitos</p><p>formais e de mera conduta não se exige qualquer ligação ou liame entre a conduta do agente e algum resultado</p><p>naturalístico (este, inclusive, inexiste nos delitos de simples atividade).”</p><p>Pela peculiaridade dos crimes permanentes, em que a consumação se protrai no tempo, enquanto o</p><p>agente não interrompe a sua conduta, a participação ocorre enquanto perdurar a fase de consumação. A</p><p>doutrina traz o seguinte exemplo: “quem se associa ao grupo de criminosos que havia anteriormente</p><p>sequestrado a vítima, passando a vigiá-la no cativeiro, na espera do recebimento da vantagem, passa a</p><p>concorrer para o crime de extorsão mediante sequestro”.5</p><p>2.3. VÍNCULO SUBJETIVO ou CONCURSO DE VONTADES</p><p>É necessário um acordo de vontade entre os agentes, que pode ser anterior ou concomitante à</p><p>prática criminosa.</p><p>Cleber Masson (2020, p. 428) afirma que os agentes devem revelar vontade homogênea, visando a</p><p>produção do mesmo resultado. É o que se convencionou chamar de princípio da convergência.</p><p>Assim, existe coautoria ou participação somente dolosa em crime doloso; e coautoria culposa em crime</p><p>culposo. Não há participação culposa em crime doloso ou participação dolosa em crime culposo. Ausente o</p><p>vínculo subjetivo, inexiste concurso de pessoas, devendo cada um responder pela sua própria ação ou omissão.</p><p>📌 OBSERVAÇÃO</p><p>O vínculo subjetivo não depende de prévio ajuste entre as partes (pactum sceleris), bastando a ciência</p><p>de um agente no tocante ao fato de concorrer para uma conduta de outrem (scientia sceleris ou scientia</p><p>maleficii), chamada pela doutrina de consciente e voluntária cooperação, vontade de participar, adesão a</p><p>vontade de outrem ou concorrência de vontades .6</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Sobre o prévio ajuste, na prova para Promotor de Justiça do Estado de São Paulo (Ano: 2022; Banca Própria), foi</p><p>considerada correta a seguinte assertiva: o prévio ajuste entre os agentes não se constitui em requisito</p><p>necessário para a existência do concurso de agentes.</p><p>6 MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 428.</p><p>5 Coleção Sinopses para Concursos. Direito Penal Parte Geral. Ed. 11 - Juspodvm. 2021</p><p>7</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>Faltando liame subjetivo, desaparece o concurso de pessoas, podendo configurar: AUTORIA</p><p>COLATERAL ou INCERTA.</p><p>CONCURSO DE AGENTES AUTORIA COLATERAL OU INCERTA</p><p>Pluralidade de agentes e de conduta Pluralidade de agentes e de conduta</p><p>Relevância causal das condutas Relevância causal das condutas</p><p>Liame subjetivo entre os agentes Não há liame subjetivo entre os agentes.</p><p>(v) Distingue-se, dogmaticamente, a coautoria da denominada Autoria Colateral, que se define pela</p><p>ausência de vínculo subjetivo entre vários agentes, que, simultaneamente, produzem um resultado</p><p>típico – em regra culposo, como, v. g., em delitos de trânsito; (vi) a ausência de elementos indiciários do</p><p>conluio entre os agentes obsta a caracterização da justa causa para o recebimento da denúncia que impute</p><p>prática criminosa em coautoria ou participação. (Inq 3674, Relator(a): LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em</p><p>07/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-209 DIVULG 14-09-2017 PUBLIC 15-09-2017)</p><p>2.4. UNIDADE DE INFRAÇÃO PENAL PARA TODOS OS AGENTES (NATUREZA</p><p>JURÍDICA DO CONCURSO DE PESSOAS)</p><p>Trata-se de uma consequência jurídica frente às outras condições.</p><p>Todos os concorrentes respondem penalmente pelomesmo crime.</p><p>Quanto à unidade de infração penal e sua natureza jurídica, existem algumas teorias que tratam sobre</p><p>o tema. Vejamos:</p><p>TEORIA UNITÁRIA ou</p><p>MONISTA ou MONÍSTICA</p><p>ou IGUALITÁRIA</p><p>Autor e partícipe respondem pelo mesmo crime, conforme o art. 29 do CP.</p><p>Todos os coautores e partícipes se sujeitam a um único tipo penal: há um único</p><p>crime com diversos agentes.</p><p>Isso não quer dizer que receberão a mesma pena, ao contrário, pois a pena será</p><p>aplicada namedida da culpabilidade de cada agente.</p><p>A teoria unitária guarda profunda relação com a teoria da equivalência dos</p><p>antecedentes (CP, art. 13, caput), segundo a qual se considera causa do</p><p>resultado todo e qualquer fator que para ele tenha contribuído, ainda que</p><p>minimamente. De modo semelhante, a infração considera-se produto da</p><p>conduta de cada um, independentemente do ato praticado, desde que ele tenha</p><p>tido alguma relevância causal para o resultado.</p><p>É a regra no Direito brasileiro.</p><p>📌 OBSERVAÇÃO</p><p>Segundo Luiz Regis Prado, o CP adotou a teoria monista de forma matizada</p><p>ou temperada, já que estabeleceu certos graus de participação e um</p><p>verdadeiro reforço do princípio constitucional da individualização da pena.</p><p>8</p><p>Conforme leciona Cezar Roberto Bitencourt, “Para o sistema unitário clássico</p><p>desenvolvido, fundamentalmente, na Itália, todo aquele que concorre para o</p><p>crime causa-o em sua totalidade e por ele responde integralmente. Embora o</p><p>crime seja praticado por diversas pessoas que colaboram de maneira distinta,</p><p>todos respondem na qualidade de autor. O crime é o resultado da conduta de</p><p>cada um e de todos, indistintamente. Essa concepção parte da teoria da</p><p>equivalência das condições necessárias à produção do resultado. No entanto, o</p><p>fundamento maior dessa teoria é político-criminal, que prefere punir igualmente</p><p>a todos os participantes de uma mesma infração penal.”7</p><p>TEORIA PLURALISTA ou</p><p>PLURALÍSTICA ou</p><p>CUMPLICIDADE DO</p><p>CRIME DISTINTO ou</p><p>AUTONOMIA DA</p><p>CUMPLICIDADE</p><p>A cada um dos agentes se atribui uma conduta, razão pela qual cada um</p><p>responde por um delito autônomo. Haverá tantos crimes quanto sejam os</p><p>agentes que concorrem para o fato. Cada agente responde pelo seu crime.</p><p>Para essa teoria, temos vários crimes distintos, seja para autores, seja para</p><p>partícipes.</p><p>Há exemplos excepcionais dessa teoria em nosso Código Penal: são as</p><p>“exceções pluralistas à teoria monista”. Temos alguns exemplos:</p><p>▸ Aborto (gestante responde pelo crime do art. 124 e o médico responde pelo</p><p>art. 126);</p><p>▸ Crime de contrabando ou descaminho e o crime de facilitação ao descaminho</p><p>(crime cometido pelo funcionário público);</p><p>▸ Na Corrupção, o corruptor comete corrupção ativa – art. 333 –, e o funcionário</p><p>público corrompido, corrupção passiva – art. 317.</p><p>⚠ ATENÇÃO8</p><p>Na precisa lição de Cezar Bitencourt, “a cada participante corresponde uma</p><p>conduta própria, um elemento psicológico próprio e um resultado igualmente</p><p>particular. À pluralidade de agentes corresponde a pluralidade de crimes.</p><p>Existem tantos crimes quantos forem os participantes do fato delituoso.”1 Seria</p><p>como se cada autor ou partícipe tivesse praticado a sua própria infração penal,</p><p>independentemente da sua colaboração para com os demais agentes.</p><p>TEORIA DUALISTA</p><p>Para essa teoria, haveria uma infração penal para os autores e outra para</p><p>os</p><p>partícipes. Manzini, defensor da mencionada teoria, argumentava que “se a</p><p>participação pode ser principal e acessória, primária e secundária, deverá haver</p><p>um crime único para os autores e outro crime único para os chamados</p><p>cúmplices stricto sensu. A consciência e vontade de concorrer num delito</p><p>8 Greco, Rogério. Curso de Direito Penal: artigos 1º a 120 do código penal. v.1. Disponível em: Minha Biblioteca, (25th edição). Grupo</p><p>GEN, 2023.</p><p>7 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal volume 1 - 26. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020. ebook. p. 1223.</p><p>9</p><p>próprio confere unidade ao crime praticado pelos autores; e a de participar no</p><p>delito de outrem atribui essa unidade ao praticado pelos cúmplices.”9</p><p>Os autores respondem por um crime mais grave e os partícipes por outro</p><p>menos grave.</p><p>Crime único para autores principais (participação primária) e outro crime único</p><p>para os autores secundários/partícipes (participação secundária).</p><p>Adotado no Brasil de forma excepcional. Ex. Art. 29,§1° e §2° do CP, que trata</p><p>da participação de menor importância, possui solução assemelhada à proposta</p><p>pela presente teoria (o autor será enquadrado diretamente no tipo penal</p><p>incriminador, p. ex., art. 121, e aquele que contribuiu de modo reduzido, no art.</p><p>121 c/c o art. 29, § 1º, impondo-se-lhe pena menor).</p><p>TEORIA MISTA</p><p>Foi proposta por Francisco Carnelutti.</p><p>“O direito concursal é uma soma de delitos singulares, cada um dos quais pode</p><p>ser chamado delito em concurso. Entre o delito em concurso e o concursal há a</p><p>mesma diferença que existe entre a parte e o todo. E o traço característico do</p><p>primeiro reside em que ele não constitui uma entidade autônoma, mas</p><p>elemento de um delito complexo que é o concursal "10</p><p>3. AUTORIA</p><p>3.1. TEORIAS SOBRE AUTORIA (CONCEITOS DE AUTOR)</p><p>TEORIAS UNITÁRIAS</p><p>TEORIA SUBJETIVA ou</p><p>UNITÁRIA</p><p>(conceito subjetivo)</p><p>Todo aquele que concorre para o crime é seu autor.</p><p>Não existe distinção entre autor e partícipe. Assim, todo aquele que, de</p><p>alguma forma, contribui para a produção do resultado é autor. A pena é</p><p>aplicada na medida da culpabilidade de cada agente,</p><p>Tem como fundamento a teoria da equivalência dos antecedentes causais.</p><p>Teoria adotada pelo Código Penal</p><p>TEORIA EXTENSIVA</p><p>(Mezger)</p><p>Não distingue autor do partícipe, mas permite o estabelecimento de graus</p><p>diversos de autoria. Assim, todos aqueles que concorrem para o mesmo evento</p><p>são autores. No entanto, a depender da contribuição temos graus diversos de</p><p>autoria.</p><p>Tem como fundamento a teoria da equivalência dos antecedentes causais.</p><p>10 MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 429.</p><p>9 Greco, Rogério. Curso de Direito Penal: artigos 1º a 120 do código penal. v.1. Disponível em: Minha Biblioteca, (25th edição). Grupo</p><p>GEN, 2023.</p><p>10</p><p>TEORIAS DIFERENCIADORAS</p><p>TEORIA OBJETIVA ou</p><p>DUALISTA</p><p>Estabelece clara distinção entre autor e partícipe.</p><p>Traz um conceito restritivo de autor. Divide-se em:</p><p>a) TEORIA OBJETIVO-FORMAL (CONCEITO RESTRITIVO)</p><p>AUTOR: realiza o núcleo do tipo. Executa, total ou parcialmente, a conduta que</p><p>realiza o tipo.</p><p>PARTICIPE: concorre sem realizar o núcleo do tipo.</p><p>COAUTORIA: conjuntamente realizam o núcleo do tipo – princípio da imputação</p><p>recíproca.</p><p>Concepção majoritariamente adotada.</p><p>Exposição de motivos do Código Penal – item 25 (adotou teoria objetivo formal)</p><p>📌 OBSERVAÇÃO: não explica as questões que envolvem a autoria mediata.</p><p>b) TEORIA OBJETIVO-MATERIAL (CONCEITO EXTENSIVO)</p><p>AUTOR: contribui de forma mais efetiva para a concorrência do resultado (sem</p><p>necessariamente praticar o núcleo do tipo)</p><p>PARTICIPE: concorre de forma menos relevante</p><p>TEORIA DO DOMÍNIO</p><p>DO FATO</p><p>(CONCEITO OBJETIVO-</p><p>SUBJETIVO)</p><p>Elaborada por Hans Welzel, é com Claus Roxin que a teoria do domínio do fato</p><p>ganhou sua expressão mais acabada.</p><p>“Enquanto para Welzel a teoria do domínio do fato seria um pressuposto</p><p>(requisito) material para determinação da autoria, para Roxin essa teoria</p><p>consistiria em um critério para delimitação do papel do agente na prática</p><p>delitiva (como autor ou partícipe). Assim, para Roxin, a teoria representou</p><p>uma forma de distinguir autor de partícipe. Roxin não utilizou a teoria para</p><p>encontrar responsabilidade penal onde ela não existe. Usou apenas para</p><p>diferenciar o papel desempenhado por cada agente no delito. ”11</p><p>A teoria surgiu para diferenciar o autor do executor do crime.</p><p>AUTOR : é quem controla finalisticamente o fato, ou seja, quem decide a sua12</p><p>forma de execução, seu início, cessação e demais condições.</p><p>PARTÍCIPE: aquele que, embora colabore dolosamente para o alcance do</p><p>resultado, não exerça domínio sobre a ação.</p><p>Na concepção de Roxin, o domínio do fato pode se dar de 3 formas:</p><p>a) Domínio da ação (autor imediato): o autor realiza pessoalmente os</p><p>elementos do tipo.</p><p>12SANCHES (2020), pag. 459.</p><p>11SANCHES (2020), pag. 459</p><p>11</p><p>b) Domínio da vontade (autor mediato): é autor aquele que domina a</p><p>vontade de um terceiro que é utilizado como instrumento.</p><p>c) Domínio funcional do fato (autor funcional): em uma atuação</p><p>conjunta (divisão de tarefas) para a realização de um fato, é autor</p><p>aquele que pratica um ato relevante na execução (não na fase</p><p>preparatória) do plano delitivo global.</p><p>Para Sanches, ainda há o controle final do fato:</p><p>a) aquele que, por sua vontade, executa o núcleo do tipo (autor</p><p>propriamente dito);</p><p>b) aquele que planeja a empreitada criminosa para ser executada por</p><p>outras pessoas(autor intelectual);</p><p>c) aquele que se vale de um não culpável ou de pessoa que atua sem dolo</p><p>ou culpa para executar o tipo, utilizada como seu instrumento (autor</p><p>mediato).</p><p>TEORIA EXTENSIVA13</p><p>AUTOR: Todo aquele que concorre para o crime</p><p>COAUTOR: É a pluralidade de autores</p><p>TEORIA RESTRITIVA</p><p>AUTOR: O sujeito que realiza o verbo nuclear</p><p>COAUTOR: O sujeito que pratica atos de execução</p><p>PARTÍCIPE: Auxílio moral ou material, fora dos casos acima</p><p>TEORIA DO DOMÍNIO</p><p>DO FATO</p><p>AUTOR: O sujeito que detém o domínio da ação ou da vontade</p><p>COAUTOR: O indivíduo que possui o domínio funcional</p><p>PARTÍCIPE: Auxílio moral ou material, fora dos casos acima</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Sobre as teorias do concurso de pessoas, no concurso para Delegado de Polícia do Estado da Paraíba (Ano:</p><p>2022; CEBRASPE) foi cobrada a seguinte questão, a qual transcrevemos na íntegra, pois trabalha com diversas</p><p>teorias mencionadas acima:</p><p>A, B e C são atores. Pelo fato de B obter o papel de personagens de maior destaque, secretamente A o inveja e</p><p>despreza. No intuito de livrar-se de B, A troca as balas de festim por munição real do revólver de C, que, ao</p><p>disparar em cena de novela contra B, causa sua morte. Nesse caso,</p><p>a) segundo a teoria objetivo-material, C poderá ser enquadrado na autoria imprópria em relação ao homicídio</p><p>de B.</p><p>b) com base na teoria objetivo-formal, A poderá ser considerado autor mediato do homicídio de B.</p><p>(correta)</p><p>13Estefam, André Araújo L. Direito Penal - Vol. 1. Disponível em: Minha Biblioteca, (11th edição). Editora Saraiva, 2022. P. 406</p><p>12</p><p>c) conforme a teoria do domínio do fato, C seria considerado partícipe do homicídio de B.</p><p>d) A e C agiram em autoria colateral, sendo que A será considerado mandante e C responderá culposamente.</p><p>e) houve autoria incerta, e A e C responderão por tentativa de homicídio, pois, quanto à tentativa, existia</p><p>certeza, mas, quanto à ocorrência do resultado, havia dúvida.</p><p>3.1.1. TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO</p><p>“Dada a necessidade de distinguir as figuras do autor e do partícipe, Roxin desenvolveu uma tese</p><p>inovadora, calcada na premissa de que autor é a figura central no acontecer típico. A participação, nessa</p><p>medida, tanto material quanto moral (induzimento ou instigação), configura uma forma de extensão da</p><p>punibilidade, que só se caracteriza quando o sujeito não é autor, isto é, não ocupa essa posição central ou</p><p>de protagonismo na realização da figura típica; o partícipe é, destarte, uma figura lateral, coadjuvante. A teoria</p><p>do domínio do fato deriva, portanto, da tese</p><p>central de que autor é a figura central no acontecer típico.</p><p>(ESTEFAM, 2022)”.</p><p>A teoria do domínio do fato tem o objetivo de diferenciar o autor do partícipe, não servindo para</p><p>imputar a responsabilidade penal.</p><p>A teoria se expressa concretamente nas seguintes hipóteses :14</p><p>a) Domínio da ação (autoria imediata ou direta): Segundo Estefam, “há domínio da ação quando o</p><p>sujeito realiza pessoalmente todos os elementos do tipo, consciente de que o faz. Trata-se do autor</p><p>imediato ou direto. Isto é, o sujeito que realiza a conduta descrita no tipo penal, tendo total domínio sobre a</p><p>configuração central do fato.”</p><p>b) Domínio da vontade (autoria mediata ou indireta): “ocorrendo quando alguém, embora sem</p><p>realizar a conduta típica, se vale de um terceiro como mero instrumento de sua vontade.”</p><p>“Para Pierangeli e Zaffaroni, contudo, a teoria do domínio do fato, no que tange à autoria mediata, somente</p><p>tem lugar quando o sujeito se utiliza de outra pessoa que age sem dolo, atipicamente ou justificadamente,</p><p>sem incluir, portanto, os casos de emprego de pessoas atuando sem culpabilidade (inculpavelmente). Segundo</p><p>eles, “a falta de reprovabilidade da conduta do interposto não dá o domínio do fato ao determinador”395.</p><p>Nesses casos, há a figura da instigação, que é, para eles, espécie de participação. Uma das consequências</p><p>práticas desse ponto de vista é a seguinte: “Há começo de execução, portanto, ato executivo ou tentativa,</p><p>quando o determinador que tem o domínio do fato inicia a determinação do interposto, ainda que não consiga</p><p>determiná-lo, posto que aí começa a configuração do fato, mas o mesmo não se pode ser dito a respeito do</p><p>caso em que o interposto somente será inculpável”15</p><p>c) Domínio funcional do fato (coautoria): aplica-se “aos casos de coautoria ou autoria</p><p>conjunta/compartilhada. Este ocorre quando duas ou mais pessoas dividem tarefas na realização de um plano</p><p>criminoso, individualmente desempenhando uma função determinante em sua realização. Os sujeitos não</p><p>detêm, cada qual, o domínio total do fato criminoso, mas assumem o controle sobre a tarefa que lhe foi</p><p>atribuída, como num roubo a banco, em que os sujeitos compartilham as responsabilidades, incumbindo-se um</p><p>deles de dominar os seguranças e os clientes, o outro de render os funcionários, enquanto um terceiro subtrai</p><p>o numerário de caixas e cofres.”</p><p>15 Estefam, André Araújo L. Direito Penal - Vol. 1. Disponível em: Minha Biblioteca, (11th edição). Editora Saraiva, 2022. P. 423</p><p>14Estefam, André Araújo L. Direito Penal - Vol. 1. Disponível em: Minha Biblioteca, (11th edição). Editora Saraiva, 2022. P. 421</p><p>13</p><p>Delitos aos quais não se aplica a teoria do domínio do fato16</p><p>✓ Delitos de dever (ou de violação de dever), “que são aqueles em que o legislador fundamenta a</p><p>maior punibilidade do fato na ofensa a um dever especial imposto ao agente (como ocorre nos crimes próprios,</p><p>isto é, os que exigem uma qualidade especial do sujeito ativo). É o caso, por exemplo, do peculato (CP, art. 312),</p><p>da corrupção passiva (CP, art. 317), da concussão (CP, art. 316).”</p><p>✓ Delitos de mão própria ou atuação pessoal, que são “aqueles nos quais há a infração de um dever</p><p>personalíssimo (como no falso testemunho – CP, art. 342). O autor somente será aquele que realizar a conduta</p><p>descrita no tipo, de modo que qualquer tipo de contribuição prestada por outrem colocará este na condição de</p><p>partícipe.”</p><p>✓ Delitos culposos, “pois não se pode admitir uma ideia de autoria baseada em domínio do fato se o</p><p>indivíduo não atua dolosamente, não tendo consciência e vontade de produzir o resultado.”</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para Delegado da Polícia Federal (Ano: 2021; CEBRASPE) foi considerada incorreta a seguinte</p><p>assertiva: A teoria do domínio do fato permite, isoladamente, que se faça uma acusação pela prática de crimes</p><p>complexos, como o de sonegação fiscal, sem a descrição da conduta.</p><p>3.1.2. JURISPRUDÊNCIA E TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO</p><p>A teoria do domínio do fato funciona como uma ratio, a qual é insuficiente, por si só, para aferir a</p><p>existência do nexo de causalidade entre o crime e o agente. É equivocado afirmar que um indivíduo é</p><p>autor porque detém o domínio do fato se, no plano intermediário ligado à realidade, não há nenhuma</p><p>circunstância que estabeleça o nexo entre sua conduta e o resultado lesivo.</p><p>Não há como considerar, com base na teoria do domínio do fato, que a posição de gestor, diretor ou</p><p>sócio administrador de uma empresa implica a presunção de que houve a participação no delito, se não</p><p>houver, no plano fático-probatório, alguma circunstância que o vincule à prática delitiva.</p><p>Em decorrência disso, também não é correto, no âmbito da imputação da responsabilidade penal, partir da</p><p>premissa ligada à forma societária, ao número de sócios ou ao porte apresentado pela empresa para se</p><p>presumir a autoria, sobretudo porque nem sempre as decisões tomadas por gestor de uma sociedade</p><p>empresária ou pelo empresário individual, - seja ela qual for e de que forma esteja constituída - implicam o</p><p>absoluto conhecimento e aquiescência com os trâmites burocráticos subjacentes, os quais, não raro, são</p><p>delegados a terceiros. STJ. 6ª Turma. REsp 1854893-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 08/09/2020</p><p>(Info 681) .17</p><p>A teoria do domínio do fato não permite que a mera posição de um agente na escala hierárquica sirva</p><p>para demonstrar ou reforçar o dolo da conduta.</p><p>Do mesmo modo, também não permite a condenação de um agente com base em conjecturas. Assim, não</p><p>é porque houve irregularidade em uma licitação estadual que o Governador tenha que ser condenado</p><p>17 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A teoria do domínio do fato não permite, isoladamente, que se faça uma acusação pela prática de qualquer crime,</p><p>eis que a imputação deve ser acompanhada da devida descrição, no plano fático do nexo de causalidade entre a conduta e o resultado delituoso.</p><p>Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/327204b057100a1b7c574c2691c9a378>. Acesso em: 02/06/2022</p><p>16 Estefam, André Araújo L. Direito Penal - Vol. 1. Disponível em: Minha Biblioteca, (11th edição). Editora Saraiva, 2022. P. 424</p><p>14</p><p>criminalmente por isso. STF. 2ª Turma. AP 975/AL, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/10/2017 (Info 880) .18</p><p>Segundo o STF, não se pode invocar a teoria do domínio do fato, pura e simplesmente, sem nenhuma outra</p><p>prova, citando de forma genérica o diretor estatutário da empresa para lhe imputar um crime fiscal que teria</p><p>sido supostamente praticado na filial de um Estado-membro onde ele nem trabalha de forma fixa. Em matéria</p><p>de crimes societários, a denúncia deve apresentar, suficiente e adequadamente, a conduta atribuível a cada</p><p>um dos agentes, de modo a possibilitar a identificação do papel desempenhado pelos denunciados na</p><p>estrutura jurídico-administrativa da empresa. Não se pode fazer uma acusação baseada apenas no cargo</p><p>ocupado pelo réu na empresa. STF. 2ª Turma. HC 136250/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em</p><p>23/5/2017 (Info 866)19</p><p>1. Malgrado a responsabilidade penal relativamente à prática de crimes que envolvam sociedades empresárias</p><p>ou que sejam de autoria coletiva, sobretudo aqueles de conteúdo que exigem o cumprimento de obrigações</p><p>tributárias, como ocorre com o descaminho, promova grandes discussões tanto na doutrina quanto na</p><p>jurisprudência, é preciso divisar a atuação do indivíduo que efetivamente pratica o crime ou concorre</p><p>para que ele ocorra, daquele que não possui, na cadeia delituosa, influência na produção do resultado</p><p>lesivo.</p><p>2. Para se imputar determinada responsabilidade penal é necessária a descrição do nexo causal, isto é, não há</p><p>como considerar que a posição de gestor, diretor ou sócio administrador de uma empresa implica a presunção</p><p>de que houve a participação no delito, se não houver, no plano fático-probatório, alguma circunstância que o</p><p>vincule à prática delitiva.</p><p>3. A simples invocação da teoria do domínio do fato não serve, por si só, para estabelecer</p><p>o nexo causal.</p><p>Não há como presumir, pela circunstância de o indivíduo ser administrador de uma empresa, que todos os</p><p>processos, todas as solicitações ou ordens judiciais que sejam dirigidas à empresa impliquem, caso</p><p>descumpridas, sua responsabilidade no campo penal. Dito de outra maneira, é impositivo que se descreva,</p><p>comprove ou demonstre, minimamente, que esse administrador, no caso concreto, teve ciência da ordem e</p><p>que foi sua intenção embaraçá-la, situação que não ocorreu na espécie.</p><p>4. Recurso em habeas corpus provido para reconhecer a inépcia da denúncia.</p><p>(RHC n. 109.037/SC, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 19/4/2022, DJe de</p><p>25/4/2022.)</p><p>3.1.3. TEORIA DAS AÇÕES NEUTRAS20</p><p>Segundo André Estefam, “trata-se de analisar os limites e os fundamentos da participação criminal,</p><p>verificando se ações neutras, ou seja, comportamentos que constituam contribuição a fato ilícito alheio, os</p><p>quais são praticados por meio de ações do cotidiano, em que o sujeito se limita a cumprir seu papel</p><p>social sem dele desviar, devem resultar em punições criminais”.</p><p>Segundo Luís Greco, ações neutras (ou cotidianas), são “aquelas contribuições a fato ilícito alheio que, à</p><p>primeira vista, pareçam completamente normais”, ou melhor, “ações neutras seriam todas as contribuições a</p><p>fato ilícito alheio não manifestamente puníveis” .21</p><p>21 https://carlosedoardo.com.br/questoes/cumplicidade-atraves-das-acoes-neutras/#_ftn1</p><p>20 Estefam, André Araújo L. Direito Penal - Vol. 1. Disponível em: Minha Biblioteca, (11th edição). Editora Saraiva, 2022. P. 427</p><p>19 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não se pode invocar a teoria do domínio do fato, pura e simplesmente, sem nenhuma outra prova. Buscador Dizer</p><p>o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6dbbe6abe5f14af882ff977fc3f35501>. Acesso</p><p>em: 02/06/2022</p><p>18 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O superior hierárquico não pode ser punido com base na teoria do domínio do fato se não tiver sido demonstrado</p><p>o dolo. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:</p><p><https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6dff2291fe2e822de2e8068a182c4759>. Acesso em: 02/06/2022</p><p>15</p><p>Para Greco, “a questão das ações neutras deve ser solucionada no plano do tipo objetivo, mais</p><p>propriamente no segundo componente da imputação objetiva, qual seja, no caráter juridicamente</p><p>desaprovado do risco. Neste ponto é que entra o princípio da proporcionalidade, mas especificamente, o</p><p>critério da idoneidade que Luís Greco propõe para solucionar o problema das ações cotidianas. Diz, em suma,</p><p>que as ações neutras só podem ser puníveis se a proibição de sua realização se mostrar idônea para</p><p>proteger o bem jurídico concreto, o que ocorrerá se a não-prática da ação proibida melhorar de forma</p><p>relevante a situação desse bem jurídico. Assim, conforme Luís Greco, as contribuições que podem ser</p><p>obtidas em qualquer outro lugar, de qualquer outra pessoa que age licitamente, sem maiores dificuldades para</p><p>o autor principal, não podem considerar-se proibidas, porque tal proibição seria inidônea para proteger o bem</p><p>jurídico concreto. Nesta hipótese, não seriam puníveis as ações neutras. Por outro lado, se a proibição melhorar</p><p>de modo relevante a situação do bem jurídico, dificultando de alguma forma a sua lesão, já será ela legítima, e o</p><p>risco criado juridicamente desaprovado. Neste caso, as ações neutras serão puníveis14”.</p><p>Como exemplo, tem-se o famoso caso do taxista que leva o passageiro a determinado local, mesmo</p><p>tendo ciência de que ele, passageiro, irá matar alguém, como de fato mata. Para Greco, “conduta do taxista não</p><p>é punível, afinal, o passageiro poderia perfeitamente e sem qualquer dificuldade pegar outro táxi para levá-lo</p><p>até o local onde praticou o homicídio. Sendo assim, a proibição da contribuição do taxista seria inidônea para</p><p>proteger o bem jurídico concreto (a vida da vítima do homicídio), vale dizer, não melhoraria de modo relevante</p><p>a proteção deste bem jurídico, inexistindo, assim, na conduta do taxista, risco juridicamente proibido (ou</p><p>desaprovado).14”</p><p>3.2. ESPÉCIES DE AUTORIA</p><p>3.2.1. AUTORIA MEDIATA</p><p>A autoria imediata é aquela em que o próprio agente executa o fato, realizando pessoalmente os</p><p>elementos do tipo penal (autoria direta). Para tanto, pode o agente se utilizar de instrumentos para a</p><p>execução do crime, seja um animal ou qualquer outro objeto (autoria indireta).</p><p>Se, todavia, utilizar outra pessoa (não culpável) para a execução do crime, estará caracterizada a autoria</p><p>mediata. Há quem utilize como sinônimo de autoria mediata a autoria indireta, não se aplicando a distinção</p><p>entre autoria direta e indireta apontada acima.22</p><p>3.2.2. AUTORIA MEDIATA</p><p>Aquele que, sem realizar diretamente a conduta típica, comete o crime por ato de interposta pessoa,</p><p>utilizado como seu instrumento.</p><p>Os elementos necessários para a realização do tipo penal devem ser reunidos na figura do autor</p><p>mediato (“homem de trás”) e não no executor.</p><p>Nos crimes próprios, o autor mediato deve possuir as qualidades específicas descritas no tipo.</p><p>22 Coleção Sinopses para Concursos. Direito Penal Parte Geral. Ed. 11 - Juspodvm. 2021</p><p>16</p><p>🚩 NÃO CONFUNDA: AUTOR MEDIATO ≠ PARTICIPE</p><p>AUTOR MEDIATO PARTICIPE</p><p>Sua conduta é principal Sua conduta é acessória</p><p>Detêm o domínio do fato Não detêm o domínio do fato</p><p>Ambos não realizam o núcleo do tipo</p><p>Exemplificando:</p><p>“A” convence o menor, “B”, a subtrair o carro de “C”. A conduta de “A” é principal. “A” tem o controle final do</p><p>fato (autor mediato).</p><p>“B”, menor, pede auxílio de “A” para subtrair o carro de “C”. A conduta de “A” é acessória. “A” não tem o</p><p>controle final do fato. “A” é um partícipe.</p><p>Na autoria mediata, embora haja pluralidade de sujeitos, prevalece o entendimento no sentido de que</p><p>não há concurso de pessoas, pois o executor do crime é mero instrumento da vontade do agente.</p><p>AUTOR MEDIATO AUTOR INTELECTUAL</p><p>Vale-se de pessoa sem consciência, vontade ou</p><p>culpabilidade para executar o crime planejado.</p><p>Planeja o crime para ser executado por outros (com</p><p>consciência, vontade e culpabilidade).</p><p>Exemplificando:</p><p>“A” planeja o crime para ser executado por “B”, menor inimputável. “A” é autor mediato.</p><p>“A” planeja o crime para ser executado por “C”, maior imputável. “A” é autor intelectual.</p><p>O Código Penal possui 5 hipóteses de aplicação de autoria mediata . Vejamos:23</p><p>✓ Imputabilidade penal do executor por menoridade penal, embriaguez ou doença mental (art.</p><p>62. inc. III, CP);</p><p>✓ Coação moral irresistível (art. 22, CP);</p><p>✓ Obediência hierárquica (art. 22, CP);</p><p>✓ Erro de tipo escusável provocado por terceiro (art. 20, §2.º, CP); e</p><p>✓ Erro de proibição escusável provocado por terceiro (art. 21, caput, CP).</p><p>Cleber Masson (2020, p. 438) afirma que além dessas hipóteses, há outros casos em que a autoria</p><p>mediata pode ocorrer, como nos casos em que o agente atua sem dolo ou culpa, tais como na coação física</p><p>irresistível, no sonambulismo e na hipnose.</p><p>23 MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 438.</p><p>17</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Sobre a autoria mediata, na prova para Defensor Público do Estado de São Paulo (Ano: 2023; Banca FCC) foi</p><p>considerada correta a seguinte assertiva: “A autoria mediata pode ocorrer na coação moral irresistível por cabal</p><p>domínio do fato através do domínio da vontade do coagido, inclusive em tráfico de drogas”.</p><p>📌 OBSERVAÇÕES</p><p>◾ AUTORIA MEDIATA E CRIMES CULPOSOS</p><p>Segundo Rogério Sanches (2017, pág. 462), “autoria mediata não se coaduna com os crimes culposos,</p><p>pois o resultado, nestes, é involuntário. Logo, não há possibilidade de o agente utilizar outrem como seu</p><p>instrumento para a prática de um delito cujo resultado sequer assumiu o risco de produzir.” Esse também é o</p><p>mesmo motivo pelo qual o crime culposo não admite tentativa.</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Sobre a autoria mediata e crimes culposos, na prova para Promotor de Justiça da Bahia (Ano: 2023, Banca</p><p>CESPE/CEBRASPE) foi considerada</p><p>correta a seguinte assertiva: “Autoria mediata é incompatível com o crime</p><p>culposo”.</p><p>◾ AUTORIA MEDIATA E CRIMES PRÓPRIOS</p><p>Segundo Sanches, “admite-se, desde que o autor mediato reúna as condições pessoais exigidas pelo</p><p>tipo do autor imediato”.</p><p>◾ AUTORIA MEDIATA E CRIMES DE MÃO PRÓPRIA</p><p>Segundo Sanches, não é possível, visto que o tipo penal determina diretamente quem deve ser o sujeito</p><p>ativo.</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Sobre a autoria mediata e crimes de mão própria, na prova para Promotor de Justiça do Estado de Minas Gerais</p><p>(Ano: 2021;FUNDEP) foi considerada incorreta a seguinte assertiva: É possível a autoria mediata em crimes de</p><p>mão própria.</p><p>3.2.3. AUTORIA DE DETERMINAÇÃO (Zaffaroni)</p><p>Figura criada para resolver a lacuna doutrinária que surge com a situação de não se admitir autoria</p><p>mediata nos crimes de mão própria, bem como nos crimes próprios quando o autor mediato não reúne as</p><p>qualidades exigidas no tipo. Na autoria de determinação, não se aplicam as formas de autoria, direta ou</p><p>mediata, nem de participação. Segundo Sanches (2017, pág. 463), “o agente não é autor do crime, mas</p><p>responde pela determinação para o crime por exercer, sobre o fato, domínio equiparado à autoria.”</p><p>Cleber Masson (2020, p. 440) afirma que deve ser imputado ao autor de determinação o resultado</p><p>produzido, pois a ele de qualquer modo concorreu, em consonância com a regra prevista no art. 29, caput, do</p><p>CP.</p><p>18</p><p>3.2.4. AUTOR DE ESCRITÓRIO</p><p>O agente se utiliza de pessoa que atua dentro de uma estrutura de poder.</p><p>Segundo Cleber Masson (2020, p. 440), é o autor do escritório o agente que transmite a ordem a ser</p><p>executada por outro autor direto, dotado de culpabilidade e passível de ser substituído a qualquer momento</p><p>por outra pessoa, no âmbito de uma organização ilícita de poder.</p><p>André Estefam (2022, p. 426) ressalta que nesse instituto ”convivem o autor mediato (que é o sujeito</p><p>que emite a ordem, dá o comando, manda e desmanda em determinado aparato estruturado de poder) e o</p><p>autor imediato (que é o destinatário da ordem, o qual funciona como uma engrenagem na estrutura de poder</p><p>ou um soldado no “exército” de comandados, muitas vezes sem nenhum contato direto com o autor mediato e</p><p>sempre com a característica da fungibilidade)”. Ademais, elenca os seguintes pressupostos:</p><p>■ A existência de um grande aparato de poder, com estrutura verticalizada;</p><p>■ Uma atuação à margem do Estado de Direito (como ocorre em Estados Totalitários e grandes</p><p>organizações criminosas);</p><p>■ A fungibilidade dos executores (ou destinatários da ordem).</p><p>O que é a autoria de escritório?</p><p>Nos termos de Zaffaroni:</p><p>“Esta forma de autoria mediata pressupõe uma “máquina de poder”, que pode ocorrer tanto num estado em</p><p>que se rompeu com toda a legalidade, como numa organização paraestatal (um Estado dentro do Estado), ou</p><p>como uma máquina de poder autônoma “mafiosa”, por exemplo. Não se trata de qualquer associação para</p><p>delinquir, e sim de uma organização caracterizada pelo aparato de seu poder hierarquizado, e pela</p><p>fungibilidade de seus membros (se a pessoa determinada não cumpre a ordem, outro a cumprirá; o próprio</p><p>determinador faz parte da organização). Serviria de exemplo a “SS” no nacional-socialismo alemão, ou um</p><p>Estado totalitário que se vale de um agente, para cometer um crime no exterior. A particularidade que isto</p><p>apresenta está em que aquele que dá a ordem está demasiadamente próximo do domínio do fato, para</p><p>ser considerado um simples instigador, com a particularidade de que quando o determinador se</p><p>encontra mais distante da vítima e da execução material do fato mais próximo ele está das suas fontes</p><p>de decisão.”24</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para Delegado da Polícia Federal (Ano: 2021; CEBRASPE), foi considerada correta a seguinte assertiva:</p><p>Conforme a autoria de escritório, tanto o agente que dá a ordem como o que cumpre respondem pelo tipo</p><p>penal.</p><p>3.2.5. TEORIA DO DOMÍNIO DA ORGANIZAÇÃO (ROXIN)</p><p>Segundo Masson (2020, p. 441), essa teoria é apresentada por Claus Roxin - e funciona como a base do</p><p>conceito de autoria de escritório fornecido por Eugenio Raúl Zaffaroni - para solucionar as questões inerentes</p><p>ao concurso de pessoas nas estruturas organizadas de poder, compreendidas como aparatos à margem da</p><p>legalidade. Nas organizações criminosas, não raras vezes é difícil punir os detentores do comando, situados no</p><p>24 ZAFFARONI, Eugenio Raul; PIERANGELI; José Henrique.Manual de Direito Penal Brasileiro v.1. 8ª ed. RT, 2006. p.582-583</p><p>19</p><p>ápice da pirâmide hierárquica, pois tais pessoas não executam as condutas típicas. Ao contrário, utilizam-se de</p><p>indivíduos dotados de culpabilidade para a prática dos crimes. (...) Nesse contexto, o penalista alemão tem</p><p>como ponto de partida a teoria do domínio do fato, e amplia o alcance da autoria mediata, para legitimar</p><p>a responsabilização do autor direto do crime, bem como do seu mandante, quando presente uma</p><p>relação de subordinação entre eles, no âmbito de uma estrutura organizada de poder ilícito, situada às</p><p>margens do Estado.</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Sobre a teoria do domínio da organização, na prova para Delegado de Polícia do Mato Grosso do Sul (Ano: 2021;</p><p>FAPEC), foi considerada incorreta a seguinte assertiva: A ideia de domínio da organização, conforme</p><p>sustentada por Roxin, pode perfeitamente ser aplicada no âmbito empresarial para responsabilizar gerentes ou</p><p>diretores, como coautores, pelos crimes cometidos por funcionários a eles diretamente vinculados, pois a teoria</p><p>do domínio do fato permite atribuir a autoria àquele que desempenha posição de chefia dentro de uma</p><p>organização, independentemente da existência ou não de absoluto controle sobre os subordinados.</p><p>3.2.6. AUTORIA COLATERAL ou PARALELA</p><p>Dois ou mais agentes, sem liame subjetivo (um ignorando a contribuição do outro) – não há</p><p>concurso de agentes), concentram suas condutas para o cometimento da mesma infração penal. Ex.: Fulano e</p><p>Beltrano, um ignorando a presença do outro, escondem-se esperando Sicrano para matá-lo. Surgindo a vítima,</p><p>os dois disparam, atingindo Sicrano. Sicrano morre em razão do disparo de Fulano. Solução: cada um responde</p><p>de acordo com a sua conduta (Fulano – homicídio; Beltrano – tentativa de homicídio).</p><p>(v) Distingue-se, dogmaticamente, a coautoria da denominada Autoria Colateral, que se define pela</p><p>ausência de vínculo subjetivo entre vários agentes, que, simultaneamente, produzem um resultado</p><p>típico – em regra culposo, como, v. g., em delitos de trânsito; (STF, Inq 3674)</p><p>1. PARA QUE SE CONFIGURE O CONCURSO DE DUAS OU MAIS PESSOAS, COMO PREVISTA NO ART. 155,</p><p>PARAGRAFO 4., IV, DO CP, E NECESSARIO, PELO MENOS, QUE OS CO-PARTICIPANTES TENHAM UMA</p><p>CONSCIENTE COMBINAÇÃO DE VONTADES NA AÇÃO CONJUNTA. PORTANTO, AO DESCREVER O FURTO</p><p>QUALIFICADO PELA SUPRA-REFERIDA CIRCUNSTANCIA, DEVE O ACUSADOR SALIENTAR, PELO MENOS, QUE OS</p><p>CO-PARTICIPANTES PRATICARAM O FATO MEDIANTE ACORDO DE VONTADES, POIS, DO CONTRARIO, PODE O</p><p>RÉU, OU SEU DEFENSOR, VISLUMBRAR, NA DESCRIÇÃO EM QUE SE OMITIU O PORMENOR, UM CASO DE</p><p>AUTORIA COLATERAL, QUE E A EM QUE UM AUTOR IGNORA A CONDUTA DO OUTRO. 2. RECURSO</p><p>EXTRAORDINÁRIO CRIMINAL CONHECIDO E PROVIDO PARA ANULAR O PROCESSO E ORDENAR AO JUIZ DE</p><p>PRIMEIRO GRAU QUE DE CUMPRIMENTO AO ART. 384 DO C.P. PENAL. (RE 80159, Relator(a): ANTONIO NEDER,</p><p>Primeira Turma, julgado em 03/09/1976, DJ 08-10-1976 PP-08742 EMENT VOL-01037-01 PP-00220 RTJ</p><p>VOL-00080-03 PP-00822)</p><p>3.2.7. AUTORIA INCERTA</p><p>Dois ou mais agentes, sem liame subjetivo, concorrem para o mesmo resultado, porém não há como</p><p>identificar o real causador. Ex.: Fulano e Beltrano, um ignorando a presença do outro, escondem-se</p><p>20</p><p>esperando Sicrano para matá-lo. Surgindo a vítima, os dois disparam, atingindo Sicrano. Sicrano morre sem</p><p>apurar qual disparo causou o resultado.Solução: condenar Fulano e Beltrano por tentativa, abstraindo-se o</p><p>resultado, cuja autoria é incerta (in dubio pro reo).</p><p>3.2.8. AUTORIA IGNORADA</p><p>Desconhece-se o autor do crime.</p><p>3.2.9. AUTORIA ACESSÓRIA ou SECUNDÁRIA ou AUTORIA COLATERAL</p><p>COMPLEMENTAR</p><p>Duas pessoas</p><p>concorrem para o mesmo fato, sem ter ciência disso, e o resultado é efeito da soma</p><p>das condutas. As condutas isoladas não produziram o resultado.</p><p>3.2.10. AUTORIA DE RESERVA</p><p>Durante a execução do crime, o agente aguarda para ver se será preciso a sua atuação. Poderá ser</p><p>coautor ou partícipe, dependendo do caso.</p><p>3.2.11. AUTORIA SUCESSIVA</p><p>Ocorre quando alguém ofende bem jurídico já afetado antes por outra pessoa.</p><p>3.2.12. AUTORIA POR CONVICÇÃO</p><p>O agente pratica o delito tendo consciência da ilicitude do fato, mas deixa de observar a norma por</p><p>convicção referente a questões de consciência, como no caso de crença religiosa.</p><p>4. COAUTORIA</p><p>Segundo Rogério Sanches, “Verifica-se a coautoria nas hipóteses em que dois ou mais indivíduos,</p><p>ligados subjetivamente, praticam a conduta (comissiva ou omissiva) que caracteriza o delito. A coautoria, em</p><p>última instância, é a própria autoria delineada por vários indivíduos”25</p><p>4.1. ESPÉCIES DE COAUTORIA</p><p>4.1.1. COAUTORIA CONJUNTA</p><p>“Todos os co-autores atuam, desde o princípio, conjuntamente, unindo esforços para alcançar o</p><p>objetivo comum”.26</p><p>26 GOMES, Luiz Flávio. Conceito de co-autoria em direito penal. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 11, n. 991, 19 mar. 2006.</p><p>Disponível em: https://jus.com.br/artigos/8120.</p><p>25 CUNHA, Rogério Sanches.Manual de direito penal: parte geral (arts. 1° ao 120). 8. ed. Salvador: JusPODIVM, 2020, pag. 467.</p><p>21</p><p>4.1.2. COAUTORIA ADITIVA</p><p>“Várias pessoas participam da execução do delito, simultaneamente, porém desconhecendo-se ab initio</p><p>qual delas efetivamente alcançará o resultado pretendido”9</p><p>4.1.3. COAUTORIA PARCIAL OU FUNCIONAL</p><p>Segundo Masson (2020, p. 435), é aquele em que os diversos agentes praticam atos diversos, os quais,</p><p>somados, produzem o resultado almejado. Exemplo: “A” segura a vítima enquanto “B” a esfaqueia, acarretando</p><p>na sua morte.</p><p>4.1.4. COAUTORIA DIRETA OU MATERIAL27</p><p>Os agentes realizam atos iguais, visando a produção de resultado previsto em lei. Exemplo: “A” e “B”</p><p>golpeiam “C” com uma faca, matando-o.</p><p>4.1.5. COAUTORIA SUCESSIVA</p><p>Ocorre quando, após iniciada a conduta típica por um único agente, houver a adesão de um</p><p>segundo agente à empreitada criminosa, sendo que as condutas praticadas por cada um, dentro de um</p><p>critério de divisão de tarefas e união de desígnios, devem ser capazes de interferir na consumação da infração</p><p>penal.</p><p>4.1.6. COAUTORIA ALTERNATIVA</p><p>O resultado pode ser alcançado com a conduta de um dos agentes, mas será extensiva ao outro.</p><p>📌 OBSERVAÇÕES</p><p>■ COAUTORIA EM CRIME PRÓPRIO</p><p>Segundo Sanches, é possível, tanto quando todos os agentes possuem a característica necessária para</p><p>incidência da norma específica, quanto se apenas um tiver a característica, mas que seja de conhecimento dos</p><p>demais.</p><p>■ COAUTORIA EM CRIME DE MÃO PRÓPRIA</p><p>Segundo Sanches, “em regra, não comportam a coautoria, pois somente podem ser cometidos por</p><p>determinado agente designado no tipo penal”.(CUNHA, 2020, pag. 468).</p><p>EXCEÇÃO: falsa perícia praticada dolosamente por dois ou mais peritos em conluio.</p><p>27 MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 435.</p><p>22</p><p>🚩 NÃO CONFUNDA: CRIME PRÓPRIO ≠ CRIME DE MÃO PRÓPRIA</p><p>CRIME PRÓPRIO CRIME DE MÃO PRÓPRIA</p><p>O tipo penal exige qualidade ou condição especial do</p><p>agente</p><p>O tipo penal também exige qualidade ou condição</p><p>especial do agente</p><p>Admitem coautoria e participação.</p><p>Só admite participação.</p><p>Não admite coautoria pois trata-se de crime de</p><p>conduta infungível (ou de atuação pessoal).</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para Promotor de Justiça do Estado da Bahia (Ano: 2018; CEFETBAHIA), a banca considerou correta a</p><p>seguinte assertiva: A coautoria nos crimes próprios é possível quando o terceiro, que não é funcionário público,</p><p>conhece essa especial condição do autor.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>O que seria o fenômeno da Multidão Delinquente?</p><p>Trata-se de uma forma sui generis de concurso de pessoas, como por exemplo, linchamentos em praça</p><p>pública, saques de lojas, etc. Na lição de Cezar Roberto Bitencourt :28</p><p>A prática coletiva de delito, nessas circunstâncias, apesar de ocorrer em situação normalmente</p><p>traumática, não afasta a existência de vínculos psicológicos entre os integrantes da multidão,</p><p>caracterizadores do concurso de pessoas. Nos crimes praticados por multidão delinquente é</p><p>desnecessário que se descreva minuciosamente a participação de cada um dos intervenientes, sob</p><p>pena de inviabilizar a aplicação da lei. A maior ou menor participação de cada um será objeto da</p><p>instrução criminal. Aqueles que praticarem o crime sob a influência de multidão em tumulto</p><p>poderão ter suas penas atenuadas (art. 65, e, do CP). Por outro lado, terão a pena agravada os que</p><p>promoverem, organizarem ou liderarem a prática criminosa ou dirigirem a atividade dos demais</p><p>(art. 62, I, do CP).</p><p>5. PARTICIPAÇÃO (ANIMAS SOCII)</p><p>Segundo Masson (2020, p. 442), é a modalidade de concurso de pessoas em que o sujeito não realiza</p><p>diretamente o núcleo do tipo penal, mas de qualquer modo concorre para o crime. É, portanto, qualquer tipo</p><p>de colaboração, desde que não relacionada à prática do verbo contido na descrição da conduta criminosa.</p><p>A natureza jurídica da participação é uma das formas de adequação típica de subordinação</p><p>mediata/indireta.</p><p>28 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal volume 1 - 26. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020. ebook. p. 1265.</p><p>23</p><p>5.1. REQUISITOS29</p><p>✓ Propósito de colaborar para a conduta do autor (principal);</p><p>✓ Colaboração efetiva, por meio de um comportamento acessório que concorra para a conduta</p><p>principal.</p><p>5.2. TEORIAS QUANTO À PUNIÇÃO DO PARTÍCIPE</p><p>TEORIA DA</p><p>ACESSORIEDADE MÍNIMA</p><p>Para punir o partícipe, basta que o fato principal seja típico.</p><p>TEORIA DA</p><p>ACESSORIEDADE MÉDIA ou LIMITADA</p><p>(PREVALECE)</p><p>Para punir o partícipe, basta que o fato principal seja típico e</p><p>ilícito, independentemente da culpabilidade e da punibilidade</p><p>do agente.</p><p>TEORIA DA</p><p>ACESSORIEDADE MÁXIMA</p><p>(EXTREMADA)</p><p>Para punir o partícipe, basta que o fato principal seja típico,</p><p>ilícito e culpável.</p><p>TEORIA DA</p><p>HIPERACESSORIEDADE</p><p>Para punir o partícipe, o fato principal deve ser típico, ilícito,</p><p>culpável e punível.</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para Promotor de Justiça do Estado do Paraná (Ano: 2021; Banca Própria), foi considerada correta a</p><p>seguinte assertiva: Segundo a teoria da acessoriedade limitada, a punibilidade da participação depende apenas</p><p>de ação típica e não justificada do fato principal, não se exigindo que seja culpável.</p><p>5.3. ESPÉCIES DE PARTICIPAÇÃO30</p><p>PARTICIPAÇÃO MORAL PARTICIPAÇÃO MATERIAL</p><p>Segundo Masson, “terceira pessoa a cometer uma</p><p>infração penal''. Não há colaboração com meios</p><p>materiais, mas apenas com ideias de natureza</p><p>penalmente ilícitas.”</p><p>Segundo Masson, “a conduta do sujeito consiste em</p><p>prestar auxílio ao autor da infração penal.”</p><p>INDUZIR: é fazer surgir na mente de outrem a</p><p>vontade criminosa, até então inexistente.</p><p>AUXILIAR: consiste em facilitar, viabilizar</p><p>materialmente a execução da infração penal, sem</p><p>realizar a conduta descrita pelo núcleo do tipo</p><p>INSTIGAR: é reforçar a vontade criminosa que já</p><p>existe na mente de outrem.</p><p>Como ressalta Masson, “O auxílio pode ser efetuado</p><p>durante os atos preparatórios ou executórios,</p><p>30 MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 442-443.</p><p>29 MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 442.</p><p>24</p><p>mas nunca após a consumação, salvo se ajustado</p><p>previamente.”</p><p>● Auxílio posterior à consumação</p><p>previamente ajustado: caracteriza participação.</p><p>● Auxílio posterior à consumação não</p><p>ajustado antecipadamente: não configura</p><p>participação, e sim o crime autônomo de</p><p>favorecimento pessoal, definido no art. 348 do Código</p><p>Penal.</p><p>Masson pontua que o “induzimento e a instigação</p><p>devem ser relacionados à prática de crime</p><p>determinado e direcionados a pessoa ou pessoas</p><p>determinadas”</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para</p><p>Juiz de Direito do Estado do Paraná (Ano: 2021; FGV) foi considerada incorreta a seguinte</p><p>assertiva: na instigação ou determinação, o convencimento ou a mera sugestão são suficientes para agravar o</p><p>crime, desde que casualmente eficazes;</p><p>📌 OBSERVAÇÕES</p><p>■ Só teremos participação se tivermos autoria. Isso porque a autoria é o ato principal. Dessa forma, se</p><p>um sujeito instigar, induzir ou prestar auxílio a outro e este nada fizer, não teremos autoria e também não</p><p>teremos participação.</p><p>■ Não existe participação culposa em crime doloso. Assim, o partícipe deve agir dolosamente.</p><p>5.3.1. PARTICIPAÇÃO EM CADEIA, PARTICIPAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO OU</p><p>PARTICIPAÇÃO MEDIATA</p><p>Ocorre quando alguém induz outrem a instigar terceira pessoa a praticar crime. Ex: “A” convence “B” a</p><p>convencer “C” a matar “D”.</p><p>5.3.2. PARTICIPAÇÃO SUCESSIVA</p><p>O mesmo agente é instigado, induzido ou auxiliado por duas ou mais pessoas, sem que estas tomem</p><p>conhecimento umas das outras.</p><p>5.3.3. PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO</p><p>O agente podia e devia agir para evitar o resultado, mas se omitiu, aderindo ao crime de outrem.</p><p>Segundo LFG:</p><p>PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO</p><p>O partícipe não tem co-domínio do fato O autor tem total domínio do fato.</p><p>25</p><p>Para Damásio de Jesus, o omitente portador de dever jurídico de impedir o resultado é autor e não</p><p>partícipe.</p><p>5.3.4. PARTICIPAÇÃO NEGATIVA OU CONIVÊNCIA</p><p>O agente não tem qualquer vínculo com a conduta criminosa (não induziu, não instigou e não auxiliou),</p><p>nem tampouco a obrigação de impedir o resultado (não é garantidor). Também chamado de concurso</p><p>absolutamente negativo ou crimen silenti.</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Sobre o concurso absolutamente negativo, na prova para Promotor de Justiça do Estado de Goiás (Ano: 2019;</p><p>Banca Própria) foi considerada correta a seguinte assertiva: No chamado concurso absolutamente negativo, o</p><p>agente não tem o dever legal de evitar o resultado, tampouco adere à vontade criminosa do autor, motivo pelo</p><p>qual não é punida a conivência.</p><p>Na prova para Promotor de Justiça Substituto do Estado do Mato Grosso do Sul (Ano: 2018; Banca Própria), foi</p><p>considerada incorreta a seguinte assertiva: O ordenamento jurídico brasileiro permite a responsabilização</p><p>penal da participação negativa nos crimes ambientais, que ocorre quando o agente, mesmo que não tenha o</p><p>dever de evitar o resultado, não adota medidas para fazer cessar a prática de infração penal que tomou</p><p>conhecimento.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>Não há participação, mas simples contemplação do crime. Ex: Fulano percebe que a casa do vizinho</p><p>está sendo furtada. Fulano nada faz para impedir ou interromper o crime. Fulano não é garantidor da casa do</p><p>vizinho. Fulano não induz, instiga ou auxilia o furtador. A omissão de Fulano é um indiferente penal.</p><p>5.3.5. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA</p><p>Participação de menor importância é aquela de pouca relevância causal, devendo-se aferir no caso</p><p>concreto, com base no critério da equivalência dos antecedentes (condítio sine qua non).</p><p>Art. 29.</p><p>§ 1º - Se a participação for demenor importância, a pena pode ser diminuída de 1/6 sexto a 1/3.</p><p>A minorante só tem aplicação para o PARTÍCIPE (não existe coautoria de menor importância).</p><p>Não se aplica, segundo Masson (2020, p. 445), “ao autor intelectual, embora seja partícipe, pois, se</p><p>arquitetou o crime, evidentemente a sua participação não se compreende como de menor importância”</p><p>A redução da pena é faculdade do juiz ou direito subjetivo do réu?</p><p>1a Corrente (Mirabete): faculdade do juiz. Para Mirabete pode “o juiz deixar de aplicá-la, mesmo</p><p>convencido da apoucada importância da contribuição causal para o delito.”</p><p>26</p><p>2a Corrente (Maioria da doutrina): direito subjetivo do réu. Para Bitenourt, “A faculdade resume-se ao</p><p>grau de redução entre um sexto e um terço da pena. Reconhecida a participação de menor importância, a</p><p>redução se impõe”.</p><p>5.3.6. PARTICIPAÇÃO INÓCUA</p><p>Na lição de Cléber Masson:</p><p>“É aquela que em nada contribuiu para o resultado. É penalmente irrelevante, pois se não deu causa ao crime</p><p>é porque ele não concorreu. Exemplo: "A.' empresta uma faca para "B" matar "C': Precavido, contudo, "B"</p><p>compra uma arma de fogo e, no dia do crime, sequer leva consigo a faca emprestada por "X: cuja participação</p><p>foi, assim, inócua”.31</p><p>6. CONCURSO DE PESSOAS EM CRIMES OMISSIVOS32</p><p>CRIME OMISSIVO PRÓPRIO CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO</p><p>COAUTORIA</p><p>1a Corrente (Mirabete): Não é possível. “Se dois</p><p>agentes, diante de situação em que alguém se</p><p>encontra em perigo, decidem não prestar socorro,</p><p>embora pudessem fazê-lo sem risco pessoal,</p><p>respondem individualmente pela omissão, sem que</p><p>se caracterize o concurso de pessoas”.</p><p>2a Corrente (Bitencourt): É possível. “Se duas</p><p>pessoas deixarem de prestar socorro a uma pessoa</p><p>gravemente ferida, podendo fazê-lo, sem risco</p><p>pessoal, praticarão, individualmente, o crime</p><p>autônomo de omissão de socorro. Agora, se essas</p><p>duas pessoas, de comum acordo, deixarem de</p><p>prestar socorro, nas mesmas circunstâncias, serão</p><p>coautoras do crime de omissão de socorro. O</p><p>princípio é o mesmo dos crimes comissivos: houve</p><p>consciência e vontade de realizar um</p><p>empreendimento comum, ou melhor, no caso, de não</p><p>realizá-lo conjuntamente"”</p><p>Para Sanches (2020, p. 473), “Apesar de haver</p><p>corrente em sentido contrário, nos parece</p><p>perfeitamente possível a coautoria em crimes</p><p>omissivos impróprios, desde que os vários</p><p>garantes, com dever jurídico de evitar aquele</p><p>determinado resultado, de comum acordo,</p><p>deixem de agir.”</p><p>PARTICIPAÇÃO</p><p>32SANCHES (2020), pag. 472.</p><p>31 MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral - Vol. 01. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2020. p. 445.</p><p>27</p><p>Segundo Sanches (2020, p. 473), “admite-se. Dá-se</p><p>por meio de atuação positiva que permite ao autor</p><p>descumprir a norma que delineia o crime omissivo. É</p><p>o caso do agente que induz o médico a não efetuar a</p><p>notificação compulsória da doença de que é</p><p>portador”</p><p>Para doutrina majoritária, é possível.</p><p>Sanches exemplifica: “JOÃO instiga ANTÔNIO a não</p><p>alimentar o filho. ANTÔNIO se omite, como instigado.</p><p>ANTÔNIO comete o crime de homicídio por omissão,</p><p>já que tinha o dever jurídico de evitar o resultado</p><p>(garante). JOÃO será partícipe”.</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para Juiz de Direito do Mato Grosso do Sul (Ano: 2020; FCC) a banca considerou correta a seguinte</p><p>assertiva: Em matéria de concurso de pessoas, correto afirmar que admissível a coautoria nos crimes omissivos</p><p>impróprios ou comissivos por omissão.</p><p>7. COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA OU DESVIO SUBJETIVO</p><p>DA CONDUTA</p><p>Para Sanches (2020, pág. 475), “percebe-se o desvio subjetivo de condutas entre os agentes, em que um</p><p>dos concorrentes do crime pretendia integrar ação criminosa menos grave do que aquela efetivamente</p><p>praticada”.</p><p>Art. 29.</p><p>§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa</p><p>pena será aumentada até 1/2 (metade), na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.</p><p>Segundo Sanches, “a aplicação da pena relativa ao crime menos grave de que o agente quis participar</p><p>tem como finalidade impedir a responsabilidade objetiva no concurso de pessoas, pois, se o crime mais</p><p>grave não integrou a esfera volitiva do agente, não é possível lhe atribuir o resultado daí advindo. Na realidade,</p><p>em virtude da ausência de liame subjetivo, sequer se pode considerar perfeito o concurso de pessoas, existente</p><p>apenas sobre o delito menos grave.”</p><p>Situações:</p><p>● O agente queria praticar o crime menos grave e o resultado mais grave não lhe é previsível: o</p><p>agente responderá apenas pelo crime menos grave.</p><p>● O agente queria praticar o crime menos grave, mas o resultado é previsível: o agente responderá</p><p>pelo crime menos grave e sobre a pena desse crime incidirá causa de aumento de pena (até metade).</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Sobre o desvio subjetivo de conduta, na prova para Promotor de Justiça Substituto do Estado do Mato Grosso</p><p>do Sul (Ano: 2018; Banca Própria), foi considerada incorreta a seguinte assertiva: O desvio subjetivo de conduta</p><p>28</p><p>não é</p><p>alcançado pelas disposições do Código Penal sobre concurso de pessoas.</p><p>8. COMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS</p><p>Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares</p><p>do crime. (participação impunível)</p><p>8.1.ELEMENTARES</p><p>Essentialia delicti: são os elementos constitutivos do crime, como dados, fatos, elementos e condições</p><p>que integram o tipo. Nota-se que peculiaridades que constituem em tese as circunstâncias podem se tornar</p><p>elementos do tipo penal.33</p><p>8.2. CIRCUNSTÂNCIAS</p><p>Também chamadas de “acidentais”: são os dados acessórios ao crime, dispensáveis para a configuração</p><p>da figura penal básica, embora causem influência sobre a quantidade de pena.</p><p>As circunstâncias ou elementares podem ter:</p><p>a) CARÁTER NÃO PESSOAL (OBJETIVAS): são as que se relacionam com aspectos objetivos do crime,</p><p>como os meios e modo de execução, tempo, ocasião e lugar, bem como com as qualidades da vítima.</p><p>b) CARÁTER PESSOAL (SUBJETIVAS): são dados referentes ao agente e não ao fato, como os motivos do</p><p>crime, qualidades específicas do autor e relações pessoais que possua com a vítima.</p><p>🚨JÁ CAIU</p><p>Na prova para Promotor de Justiça do Estado do Paraná (Ano: 2014; Banca Própria), foi considerada correta a</p><p>seguinte assertiva: As circunstâncias e condições que não forem de caráter pessoal se comunicam entre todos</p><p>os sujeitos ativos do crime, sejam elas elementares, sejam elas circunstâncias do delito;</p><p>8.3. DA (IN)COMUNICABILIDADE</p><p>Segundo Cleber Masson (2020, p. 448), circunstâncias incomunicáveis são as que não se estendem, isto</p><p>é, não se transmitem aos coautores ou partícipes de uma infração penal, pois se referem exclusivamente a</p><p>determinado agente, incidindo apenas em relação a ele.</p><p>◾ ELEMENTARES: sempre comunicáveis, tanto as objetivas como as de caráter pessoal, desde que</p><p>sejam do conhecimento do outro agente.</p><p>◾ CIRCUNSTÂNCIAS OBJETIVAS: sempre comunicáveis, desde que sejam do conhecimento do outro</p><p>agente.</p><p>◾ CIRCUNSTÂNCIAS SUBJETIVAS: são incomunicáveis, salvo quando elementares do crime e de</p><p>conhecimento do outro agente.</p><p>33 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal volume 1 - 26. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020. ebook. p. 1274.</p><p>29</p><p>9. CASOS DE IMPUNIBILIDADE</p><p>Art. 31 do CP. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em</p><p>contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.</p><p>Se o fato principal não alcançar a fase executória, não serão puníveis o ajuste, a determinação ou</p><p>instigação e o auxílio. É denominado pela doutrina como princípio da exterioridade. Assim, sem que o autor34</p><p>inicie a execução da conduta criminosa, o fato será atípico para o autor e o partícipe.</p><p>Segundo a doutrina, os termos possuem os seguintes significados :35</p><p>● Ajuste: acordo celebrado para cometer o delito.</p><p>● Determinação: o agir sobre a vontade do autor, fazendo nascer o propósito delituoso.</p><p>● Instigação: o agir sobre a vontade do autor, estimulando a ideia criminosa já existente.</p><p>● Auxílio: contribuição por meio de um comportamento positivo ou negativo, na preparação e na</p><p>execução do delito.</p><p>E na hipótese de haver a desistência voluntária ou o arrependimento eficaz do autor, como fica a</p><p>posição do partícipe? 36</p><p>Majoritariamente, entende-se que a desistência voluntária tem natureza jurídica de atipicidade da</p><p>conduta. Assim, pela teoria da acessoriedade limitada, o partícipe, que pratica uma conduta acessória (induz,</p><p>instiga ou auxilia), somente será punido se o autor praticar uma conduta principal, típica e ilícita. Nesse caso,</p><p>cabe ao partícipe ser responsabilizado penalmente pelos atos anteriormente praticados pelo autor.</p><p>36 Coleção Sinopses para Concursos. Direito Penal Parte Geral. Ed. 11 - Juspodvm. 2021</p><p>35 Coleção Sinopses para Concursos. Direito Penal Parte Geral. Ed. 11 - Juspodvm. 2021</p><p>34 Coleção Sinopses para Concursos. Direito Penal Parte Geral. Ed. 11 - Juspodvm. 2021</p>

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