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<p>DIÁLOGO MAÇÔNICO – Nº 013</p><p>COLUNAS ZODIACAIS</p><p>O tema Colunas Zodiacais é relativamente pouco abordado no âmbito de</p><p>nossa Augusta Ordem, mas recentemente começamos a ver alguns trabalhos</p><p>sobre o assunto, como por exemplo, a palestra proferida em 17 de setembro</p><p>de 2020 pelo Irmão Paulo Roberto Lima Dantas, da Loja De São João Luz, da</p><p>jurisdição do Grande Oriente do Distrito Federal (GODF/GOB), titulada “As</p><p>Colunas Zodiacais, Os Apóstolos de Jesus Cristo e Outras Conexões”.</p><p>Na revista A TROLHA Nº 406, de agosto de 2020, no Consultório Maçônico</p><p>José Castellani, o Irmão Pedro Juk, respondendo a um Irmão Aprendiz</p><p>apresentou uma excelente peça de arquitetura com o título “Colunas Zodiacais</p><p>do Topo da Coluna do Norte” da qual, com a devida vênia do Irmão,</p><p>extrairemos algumas partes para a construção deste DIÁLOGO MAÇÔNICO</p><p>(DM).</p><p>Como cremos ser de conhecimento geral, as Colunas Zodiacais estão na</p><p>ornamentação de Templos em que as Lojas trabalham no Rito Escocês Antigo</p><p>e Aceito (REAA). Recentemente, participando de uma videoconferência em</p><p>uma Loja de outro Rito, nas perguntas e considerações, mesmo não tendo a</p><p>ver diretamente com o tema abordado na apresentação, um Irmão disse não</p><p>saber a razão de no REAA ter as Colunas Zodiacais e que não via nelas</p><p>qualquer conexão com os princípios maçônicos. Como havíamos estudado</p><p>sobre o tema, em passado remoto, apresentamos as explicações pertinentes,</p><p>sinteticamente, pois não havia tempo, nem era o objetivo aprofundar no</p><p>assunto, mas no mesmo instante, tomamos a decisão de que iríamos escrever</p><p>sobre as Colunas Zodiacais, pois dessa experiência nos acendeu uma luz que</p><p>muitos outros Irmãos também podem não ter conhecimento sobre a matéria.</p><p>Antes de adentrarmos ao tema, sob o enfoque maçônico, na obra O Livro dos</p><p>Signos, de Maria Eugênia de Castro, é dito que “a palavra Zodíaco vem do</p><p>grego “Zoe”= vida, e “Diakos”= roda; Roda da Vida. Certos signos do Zodíaco</p><p>são representados por figuras de animais, assim chamados porque constituem</p><p>o 1º reino animado da Natureza, por comparação com os reinos mineral e</p><p>vegetal, por suposição inanimados. O nome grego “Zodiakos” significaria</p><p>então a Roda da Vida, o ciclo de movimentos da Vida, e expressa o ritmo de</p><p>transmutação da Energia que se manifesta nos diferentes estados do Ser.”</p><p>A Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática (art. 1º da</p><p>Constituição do Grande Oriente do Brasil). Podemos considerá-la como uma</p><p>escola iniciática, que utiliza símbolos como forma de aquisição do saber,</p><p>propiciando a possibilidade de cada membro, de “per si”, buscar conhecimento</p><p>e a verdade, por intermédio de imagens e concepções abstratas.</p><p>Dessa forma, a Maçonaria adota sinais e emblemas de elevada significação</p><p>simbólica, utilizados em suas oficinas de trabalho, para propiciar condições</p><p>aos verdadeiros buscadores da verdade, que trilham o caminho da Luz,</p><p>mantendo-se perseverantes e firmes no contínuo processo da iniciação.</p><p>O REAA, nascido no hemisfério norte da Terra, tem nas Colunas Zodiacais, a</p><p>representação simbólica dos “ciclos naturais (estações do ano) relativas ao</p><p>setentrião. Assim, representando a jornada do Iniciado, os ciclos</p><p>correspondem simbolicamente à sua passagem pelas etapas iniciáticas –</p><p>nascimento, vida e morte da Natureza”.</p><p>Octaviano de Meneses Bastos, na “Pequena Encyclopedia Maçonica”, obra de</p><p>1929, diz o seguinte:</p><p>“Zodíaco: É uma zona ou faixa do céu que circunda a Terra, próximo do</p><p>Equador Celeste, estendendo-se a quase 8 graus de cada lado da Eclíptica;</p><p>é o caminho anual percorrido pelo Sol através do Céu, e como a Terra gira</p><p>sobre seu eixo uma vez em 24 horas, podemos considerar os doze signos</p><p>como passando sucessivamente por cima de um ponto determinado da</p><p>Terra, gastando cada signo duas horas de passagem. O círculo do Zodíaco</p><p>está dividido em 360 graus, compreendendo assim cada signo 30 graus.</p><p>Cada signo exerce, entretanto, uma influência dissemelhante e</p><p>absolutamente diferente da de outro signo. Cada qual tem o seu fim e</p><p>influência própria, e quando houvermos compreendido a significação de</p><p>cada signo, teremos levantado uma ponta do véu que envolve o grande</p><p>mistério oculto no Zodíaco.</p><p>.....</p><p>A relação do Zodíaco e dos planetas para com a humanidade pode ser</p><p>expressa assim:</p><p>I – Considere a Terra como representando o corpo físico.</p><p>II – Os signos como representando a natureza dos desejos, ou o Corpo</p><p>Astral (kama).</p><p>III – Os planetas como governando o Mental.</p><p>IV – O sol como símbolo da Parte Espiritual do homem.</p><p>O Zodíaco exercerá influência sobre os nossos desejos durante toda a vida.</p><p>....”</p><p>(a ortografia do texto original foi adaptada para a atual)</p><p>Joaquim Gervásio de Figueiredo, no Dicionário de Maçonaria, 2ª edição</p><p>(revista e ampliada), afirma:</p><p>“Zodíaco. É uma faixa celeste imaginária, que se estende de 8 a 9</p><p>graus em cada lado da eclíptica e que com esta coincide de certo</p><p>modo, pois ambas são medidas a começar do Equinócio da Primavera</p><p>(no hemisfério norte), sob o signo de Áries, que astrologicamente é o</p><p>primeiro signo do Zodíaco, a 0º da eclíptica.</p><p>Contém as doze constelações ou “signos” de 30 graus cada um, que</p><p>o sol aparentemente percorre durante o ano. Como nas configurações</p><p>das constelações os antigos viam semelhanças com os animais,</p><p>destes lhes tiraram as denominações.</p><p>Todavia, devido à lenta e contínua precessão dos equinócios, os</p><p>signos não ocupam sempre os mesmos lugares zodiacais, mas sofrem</p><p>uma deslocação retrógrada no sentido oriente-ocidente, na proporção</p><p>aproximada de 50 segundos por ano, o que soma um grau cada 72</p><p>anos luni-solares, 30 graus cada 2160 ano luni-solares, e 360 graus</p><p>em 25920 ano luni-solares, findo o qual o ponteiro zodiacal se</p><p>reencontra no signo inicial (0º), isto é, as constelações retornam às</p><p>suas casas originais, e reinicia-se um novo ciclo de igual período.</p><p>O efeito prático e imediato da precessão equinocial é antecipar um</p><p>pouco, cada ano, o princípio das estações, e o remoto, é despertar e</p><p>ativar, cada ano sideral, em todo o globo terrestre, novas energias</p><p>naturais, tanto físicas como espirituais.</p><p>...”</p><p>As Colunas Zodiacais traduzem a ideia de que as leis do Universo chegam até</p><p>nós pelo que representam os signos zodiacais e as constelações das quais</p><p>formam e fazem parte, levando todos a uma consciência evolutiva, ou seja, a</p><p>um profundo conhecimento interior. Os signos zodiacais representam a morte</p><p>e a ressurreição anual da natureza. Por isso, eles simbolizam o Iniciando, na</p><p>condição, ainda, de candidato, recolhido na Câmara de Reflexão, lugar onde</p><p>ele deve exteriorizar suas disposições e refletir sobre a busca em seu interior,</p><p>com o propósito de seguir adiante.</p><p>Naquele instante, deve (ou deveria) surgir uma manifestação interna –</p><p>representada por Áries, passo inicial da renovação da natureza pelo Fogo,</p><p>simbolizando o fogo interno, o ardor do candidato à procura da Luz – até o</p><p>ápice da sua caminhada maçônica, nos Graus Simbólicos, quando recebe o</p><p>Grau de Mestre, representado por Peixes, quando ocorre a total renovação da</p><p>natureza, a volta do Sol e da vida, pronto para mais um ciclo. Este processo</p><p>proporciona a reflexão necessária sobre a instabilidade e a fragilidade da vida</p><p>humana quando ela se encontra na ignorância, no erro, nas superstições e</p><p>nos preconceitos.</p><p>As Colunas Zodiacais, divididas em grupos de três, caracterizam as estações</p><p>do ano partindo da constelação de Áries no Hemisfério Norte da Terra (ao lado</p><p>do Primeiro Vigilante) e terminando no Sul na constelação de Peixes,</p><p>representando, desse modo, o Ciclo da Natureza e o Ciclo da Vida, conforme</p><p>estabelecido na estrutura doutrinária do REAA.</p><p>No citado Rito, nas palavras do Irmão Pedro Juk, “a Loja simbólica representa</p><p>um segmento do Globo terrestre situado sobre o Equador orientado do</p><p>Ocidente (Oeste) em direção ao Oriente (Leste), tendo à direita o Sul</p><p>(meridião) e à esquerda o Norte (setentrião). A Coluna Vestibular B (à</p><p>esquerda de quem entra) marca a passagem</p><p>do Trópico de Câncer (Norte) e</p><p>a Coluna Vestibular J (à direita de quem entra) assinala a passagem do Trópico</p><p>de Capricórnio (Sul). Entre elas, ao centro, no sentido longitudinal do espaço</p><p>se apresenta a linha imaginária do Equador (vai do centro da porta de entrada</p><p>até o Oriente) que divide as Colunas do Norte e do Sul, cujos respectivos</p><p>"topos" correspondem às paredes do Norte e do Sul limitadas pela grade do</p><p>Oriente e pela parede Ocidental. Por sua vez, nesses "topos" se localizam, em</p><p>dois grupos de seis, as Colunas Zodiacais que marcam as constelações do</p><p>Zodíaco, cujos alinhamentos com o planeta Terra (inclinado em aproximados</p><p>23º no seu plano de órbita) no movimento de translação, demarcam as</p><p>estações terrenas nos seus respectivos hemisférios”.</p><p>Como dito, as Colunas Zodiacais no REAA simbolizam os ciclos naturais</p><p>relativos ao setentrião e em conformidade com essa assertiva é que o</p><p>alinhamento consecutivo do Sol com as constelações de Áries, Touro e</p><p>Gêmeos correspondem à Primavera e o renascimento, quando o iniciando</p><p>deixa a Câmara de Reflexão. Esses ciclos naturais ao Norte se dão a partir de</p><p>21 de março, quando ocorre o equinócio de primavera no setentrião, e assim</p><p>sucessivamente pelos próximos três meses sempre a contar do dia 21. Os</p><p>ciclos são os seguintes: de 21 de março a 20 de abril (Áries), de 21 de abril a</p><p>20 de maio (Touro) e de 21 de maio a 20 de junho (Gêmeos).</p><p>Como citado mais acima, é de conhecimento que as estações do ano se dão</p><p>pela inclinação do eixo norte-sul da Terra (aproximados 23º) em relação ao</p><p>seu plano de órbita. Em Maçonaria essa mecânica natural induz a alegoria da</p><p>morte e o renascimento da Natureza. Por causa dessa inclinação é que as</p><p>estações do ano acontecem nos seus hemisférios, de modo inverso.</p><p>Considerando essa alegoria maçônica para o Aprendiz, na sequência do ciclo</p><p>primaveril vem à estação do verão, que se inicia no solstício em torno de 21</p><p>de junho no Norte (vide o DIÁLOGO MAÇÔNICO Nº 010 – Solstícios). Ao Norte</p><p>os três meses de verão se dão de 21 de junho a 20 de julho (Câncer), de 21</p><p>de julho a 20 de agosto (Leão) e de 21 de agosto a 20 de setembro (Virgem).</p><p>A jornada do Aprendiz se rompe no equinócio de primavera, em 21 de março</p><p>(no hemisfério Norte), período em que ele simbolicamente sai das sombras</p><p>tenebrosas da Câmara, passa pelo solstício de verão (data comemorativa a</p><p>João, o Batista, aquele que previu a Luz) e se encerra no final do verão, às</p><p>vésperas do equinócio de outono, época em que o Sol inicia seu deslocamento</p><p>para o Sul a partir do Equador. Todo esse ciclo iniciático (primavera-verão) é</p><p>representado pelas seis primeiras Colunas Zodiacais que ocupam a parede</p><p>Norte do Templo.</p><p>Devido a essa alegoria de concepção iniciática é que a jornada do Aprendiz,</p><p>no REAA, se inicia em Áries e termina em Virgem, o que em linhas gerais</p><p>representa seu percurso pelo Topo da Coluna do Norte (banco dos</p><p>Aprendizes), ou seja, o Aprendiz vai do equinócio de primavera (Áries) até o</p><p>encerramento do verão (Virgem), em alusão ao hemisfério Norte.</p><p>Não é demais recordar que em um Templo do REAA a Coluna do Norte é todo</p><p>o espaço que fica no Ocidente à esquerda de quem entra, entre a parede</p><p>ocidental e a divisa com o Oriente, e entre o eixo do Templo (equador) e a</p><p>parede Norte. O topo dessa Coluna é toda a parede ocidental norte - local</p><p>onde se colocam as seis primeiras Colunas Zodiacais e por onde passam os</p><p>Aprendizes a partir de Áries.</p><p>Finalizamos este DIÁLOGO MAÇÔNICO com as seguintes palavras do Irmão</p><p>Pedro Juk, Secretário-Geral de Orientação Ritualística do GOB: “um Aprendiz</p><p>recém-iniciado deveria sempre ser colocado próximo à primeira Coluna</p><p>Zodiacal (perto do Primeiro Vigilante), por assim ser é que no REAA é</p><p>completamente equivocada a condução do Aprendiz recém-iniciado para</p><p>próximo à grade do Oriente. Essa afirmativa é simplesmente contraditória,</p><p>pois próximo à grade está o final da sua jornada, jornada essa que</p><p>simbolicamente se iniciou na primavera para ser concluída ao final do verão”.</p><p>Brasília, 17 de janeiro de 2021.</p><p>Autor: Irm∴ Marcos A. P. Noronha – Mestre Instalado.</p><p>Observação:</p><p>Como Adendo, devidamente autorizado pelo Irmão Paulo Roberto L. Dantas, citado no</p><p>primeiro parágrafo deste DM Nº 013, anexamos, na sequência, duas telas da palestra por ele</p><p>apresentada.</p>