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<p>CONTROLE DA</p><p>POLUIÇÃO</p><p>ORGANIZADORES SIMONE SEHNEM; ANDRÉ LUIZ SANCHES</p><p>Controle da poluição</p><p>GRUPO SER EDUCACIONAL</p><p>Um dos assuntos mais importantes atualmente, o Controle da Poluição</p><p>precisa das melhores práticas para esta e as próximas gerações.</p><p>Neste livro, você vai conhecer o conceito de poluição, seu histórico e</p><p>também os tipos de poluição existentes no ambiente, como a de recursos</p><p>hídricos. As principais fontes de poluição e as consequências dela serão</p><p>listadas aqui, assim como apresentaremos as técnicas de controle, reme-</p><p>diação e mitigação da poluição que tanto impacta a sociedade.</p><p>Por �m, a poluição do solo e a atmosférica serão amplamente comentadas,</p><p>desde seus aspectos gerais, tipos, origem dos contaminantes e técnicas</p><p>para o controle.</p><p>Essencial para o estudo da poluição e seu controle, este livro tem uma</p><p>linguagem fácil e didática, com ilustrações e destaques nos textos para</p><p>melhor �xação do conteúdo.</p><p>CONTROLE DA</p><p>POLUIÇÃO</p><p>ORGANIZADORES SIMONE SEHNEM; ANDRÉ LUIZ SANCHES</p><p>gente criando futuro</p><p>C</p><p>M</p><p>Y</p><p>CM</p><p>MY</p><p>CY</p><p>CMY</p><p>K</p><p>CONTROLE DA</p><p>POLUIÇÃO</p><p>Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou</p><p>transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo</p><p>fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de</p><p>informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional.</p><p>Diretor de EAD: Enzo Moreira</p><p>Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato</p><p>Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes</p><p>Coordenadora educacional: Pamela Marques</p><p>Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa</p><p>Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha</p><p>Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi</p><p>Sehnem, Simone.</p><p>Controle da poluição/ Simone Sehne. – São Paulo: Cengage, 2020.</p><p>Bibliografia.</p><p>ISBN 9788522129744</p><p>1. Engenharia ambiental. 2. Poluição 3. Sanches, André Luiz.</p><p>Grupo Ser Educacional</p><p>Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro</p><p>CEP: 50100-160, Recife - PE</p><p>PABX: (81) 3413-4611</p><p>E-mail: sereducacional@sereducacional.com</p><p>“É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com</p><p>isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns</p><p>anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também</p><p>passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o</p><p>aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino</p><p>Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil.</p><p>O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec,</p><p>tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar</p><p>seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento</p><p>da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da</p><p>democracia com a ampliação da escolaridade.</p><p>Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar</p><p>as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-</p><p>lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no</p><p>contexto da sociedade.”</p><p>Janguiê Diniz</p><p>PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL</p><p>Autoria</p><p>Simone Sehnem</p><p>Graduada em Administração pela UNOESC e Graduada em Agronegócios pela UNOESC. Mestrado</p><p>em Administração pela UFSC. Doutorado em Administração cursado na UNIVALI. Pós-Doutorado em</p><p>Administração pela FGV com período de coleta de dados na Escócia e na Inglaterra. Atualmente é</p><p>Professora do Mestrado e Doutorado em Administração na UNOESC e no Mestrado e Doutorado em</p><p>Administração na UNISUL. A sua atuação tem dado ênfase na área da sustentabilidade e da economia</p><p>circular. É professora de metodologia científica, metodologia da pesquisa governança corporativa,</p><p>sustentabilidade, gerenciamento de projetos e liderança em cursos de pós-graduação.</p><p>André Luís Sanchez</p><p>Graduado em Ciências Biológicas (Licenciatura Plena e Bacharelado em Biologia Animal) pela</p><p>Universidade Estadual Paulista, graduado em Gestão Empresarial pela Faculdade de Tecnologia de</p><p>São Paulo. Mestre e Doutor em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo.</p><p>Atualmente é analista ambiental e especialista em gestão de riscos.</p><p>SUMÁRIO</p><p>Prefácio .................................................................................................................................................8</p><p>UNIDADE 1 - Poluição ambiental e suas especificidades .................................................................9</p><p>Introdução.............................................................................................................................................10</p><p>1 Conceitos e histórico da poluição ambiental ..................................................................................... 11</p><p>2 Tipos de poluição ............................................................................................................................... 18</p><p>3 Consequências da poluição ................................................................................................................ 20</p><p>PARA RESUMIR ..............................................................................................................................26</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................27</p><p>UNIDADE 2 - Fontes poluidoras e consequências da poluição .........................................................31</p><p>Introdução.............................................................................................................................................32</p><p>1 Fontes poluidoras ............................................................................................................................... 33</p><p>2 Consequências da poluição: eutrofização e autodepuração ..............................................................42</p><p>3 Técnicas de controle, remediação e mitigação .................................................................................. 45</p><p>4 Legislação brasileira que versa sobre a poluição ............................................................................... 49</p><p>PARA RESUMIR ..............................................................................................................................54</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................55</p><p>UNIDADE 3 - Poluição dos solos .....................................................................................................57</p><p>Introdução.............................................................................................................................................58</p><p>1 Aspectos gerais e tipos de poluição dos solos ................................................................................... 59</p><p>2 Efeitos da poluição dos solos ............................................................................................................. 62</p><p>3 Avaliação e mensuração de áreas contaminadas ............................................................................... 65</p><p>4 Gerenciamento e intervenção de áreas contaminadas......................................................................69</p><p>5 Técnicas de remediação para áreas contaminadas ........................................................................... 72</p><p>PARA RESUMIR ..............................................................................................................................77</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................78</p><p>UNIDADE 4 - Poluição atmosférica .................................................................................................81</p><p>Introdução.............................................................................................................................................82</p><p>abastecimento público</p><p>Pois dificulta a captação e o tratamento da água.</p><p>Interfere na navegação</p><p>Podem dificultar o trânsito de transporte marítimo em determinados locais com alta</p><p>concentração de plantas aquáticas.</p><p>44</p><p>Interfere no funcionamento de usinas hidrelétricas</p><p>Geram entupimentos.</p><p>2.2 Autodepuração</p><p>A autodepuração ocorre de forma natural; é quando cargas poluidoras de origem orgânica,</p><p>presentes em mananciais aquáticos, são neutralizadas. Saiba que, na medida em que esse</p><p>processo ocorre, reduz a concentração de oxigênio dissolvido na água. Isso está associado à</p><p>respiração dos microrganismos que, por sua vez, decompõem a matéria orgânica.</p><p>Portanto, a autodepuração consiste em um processo natural de recuperação de mananciais</p><p>aquáticos pós-lançamento de altas concentrações de materiais biodegradáveis. O processo de</p><p>autodepuração é realizado por meio de estágios físicos, químicos e biológicos. É a autodepuração</p><p>que restabelece o equilíbrio no ambiente aquático, isto é, o retorno a uma condição natural das</p><p>águas. Note que todo esse processo ocorre de forma natural, por meio da intensa atuação de</p><p>microrganismos.</p><p>Ao longo do processo de autodepuração, é efetuada a decomposição da matéria orgânica cuja</p><p>quantificação ocorre por meio da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). Além disso, envolve a</p><p>etapa de recuperação do oxigênio dissolvido ou reaeração.</p><p>Ncibi et al. (2017) destacam que a autodepuração compreende 4 etapas, confira:</p><p>Zona de degradação</p><p>Ocorre a partir do instante no qual os resíduos são lançados em mananciais aquáticos. Está</p><p>associada à redução de consumo de oxigênio, o que inibe a ação de bactérias anaeróbicas e</p><p>interfere diretamente na decomposição da matéria-prima.</p><p>Zona de decomposição ativa</p><p>Nesse estágio, há presença predominante de microrganismos capazes de promover a</p><p>decomposição. Isso torna a água deteriorada, o que implica na alteração da cor da água e na</p><p>presença intensa de lodo, que está associado à redução de bactérias e ao aumento de protozoários.</p><p>Zona de recuperação</p><p>É um estágio de regeneração no qual a água passa a ter uma coloração mais clara, menos</p><p>túrbida e com menos lodo no fundo. Nesse estágio, ocorre o desenvolvimento de algas e a</p><p>diversificação da cadeia alimentar do ecossistema aquático. Essa diversidade introduz mais</p><p>oxigênio na água, o que contribui para o aumento dos teores de oxigênio dissolvido.</p><p>45</p><p>Zona de águas limpas</p><p>É o momento no qual ocorre o retorno dos mananciais aquáticos para a sua condição natural,</p><p>com presença de biodiversidade de espécies. A preservação desse status está associada à não</p><p>contaminação sequencial por novos resíduos e poluentes.</p><p>3 TÉCNICAS DE CONTROLE, REMEDIAÇÃO E</p><p>MITIGAÇÃO</p><p>Para minimizar os impactos da poluição, são realizadas intervenções que contribuem para</p><p>o resgate de condições naturais dos elementos poluídos. São técnicas que contribuem nesse</p><p>processo a remediação e a mitigação. Outra alternativa que existe é o investimento em técnicas</p><p>de controle da poluição (KIM; CHANG; YO, 2019).</p><p>3.1 Técnicas de controle</p><p>Técnicas de controle da poluição consistem em um conjunto de ações executadas pelas</p><p>empresas para evitar que a poluição ocorra. Tratam-se de uma perspectiva preventiva, ou seja,</p><p>as companhias procuram adotar tecnologias mais limpas, alterar processos e procedimentos no</p><p>intuito de reduzir a poluição de suas cadeias de produção (DERISIO, 2017).</p><p>Figura 6 - Até chegar à população em condições de uso, a água passa por um longo processo de</p><p>transformação</p><p>Fonte: alphaspirit, Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra uma empresa de tratamento de água. Na base da imagem,</p><p>em primeiro plano, água agitada com espuma. No topo, estruturas de ferro, ductos, escadas e</p><p>passarelas que indicam cenário de uma empresa.</p><p>No que diz respeito à poluição do ar, há diversos dispositivos de controle, como filtros de</p><p>mangas, precipitadores eletrostáticos, lavadores de gases, que, à medida que são instalados</p><p>nos processos produtivos, entre a fonte de emissão e a atmosfera, são capazes de reduzir</p><p>46</p><p>significativamente a poluição gerada (DERISIO, 2017). No que se refere aos resíduos sólidos, você</p><p>pode levar em consideração que existem alternativas de processos de separação entre os resíduos</p><p>recicláveis (papel, plástico, vidro, metal) e os não recicláveis (restos de comida, frutas, casca de</p><p>legumes, casca de ovos, papel higiênico, absorventes, lenços entre outros). A partir do momento</p><p>que é efetuada a classificação e a separação dos resíduos, os recicláveis são colocados para serem</p><p>reaproveitados e os demais podem receber um destino final adequado, seja disposição em aterro</p><p>sanitário ou industrial ou a incineração (DERISIO, 2017).</p><p>Referente à poluição gerada por vibração e por ruído, uma alternativa eficiente consiste na</p><p>instalação de amortecedores nos equipamentos e o enclausuramento da fonte, respectivamente.</p><p>Em uma rápida pesquisa, você pode perceber que tais técnicas são aplicadas, atualmente, em</p><p>diversos empreendimentos industriais (DERISIO, 2017).</p><p>Nas fontes móveis, as técnicas de controle da poluição, em geral, são aplicadas no processo</p><p>produtivo. Um exemplo são os veículos leves, fabricados com dispositivos de controle instalados</p><p>no sistema de gases de exaustão, especificamente no escapamento. Desse modo, passam a emitir</p><p>concentrações de gases compatíveis com os limites legais vigentes (DERISIO, 2017).</p><p>Um exemplo que vale a pena ser trazido à tona, alusivo ao controle da poluição do ar na</p><p>cidade de São Paulo, são encaminhamentos específicos direcionados para as fontes fixas, isto</p><p>é, voltados para as indústrias e outros direcionamentos para as fontes móveis, isto é, trânsito</p><p>de veículos. As fontes móveis são, atualmente, a maior preocupação no controle da poluição</p><p>(DERISIO, 2017).</p><p>3.2 Técnicas de remediação</p><p>A remediação consiste em uma intervenção que visa reduzir ou remediar os impactos</p><p>ambientais que podem ser nocivos para os seres humanos e que são resultantes da atuação</p><p>da espécie humana (KIM; CHANG; YO, 2019). Conforme Ncibi et al. (2017), essa técnica procura</p><p>minimizar os efeitos de um evento. O processo de mitigação, de acordo com Kim, Chang e Yo</p><p>(2019), envolve medidas preventivas, medidas maximizadoras e medidas compensatórias</p><p>(consiste na adoção de práticas que compensam um impacto evitável).</p><p>A extração da parte líquida causa rebaixamento do nível de água local e contribui para o</p><p>aumento da camada não saturada. O vácuo aplicado é capaz de induzir a migração de vapores</p><p>por meio dos poços de extração. Estes, por sua vez, via disponibilização de oxigênio na zona não</p><p>saturada, aceleram a degradação biológica da fase residual dos compostos presentes no solo,</p><p>destaca Silva (2009 apud CARDOSO; LODI; BARROS, 2017).</p><p>Há uma outra técnica de remediação que é usada com frequência. É denominada de Air</p><p>Stripping (AS). Essa técnica consiste em uma tecnologia de remoção do contaminante orgânico</p><p>47</p><p>por aeração. Confira como ela funciona: nesse momento, a água bombeada e que se encontra</p><p>contaminada é misturada junto a uma corrente de ar descontaminado. Esse ar é essencial para que</p><p>os compostos químicos dissolvidos na água se convertam para o estado de vapor. Tal gás é coletado</p><p>e, posteriormente, é tratado (TIBURTIUS et al., 2004 apud CARDOSO; LODI; BARROS, 2017).</p><p>De acordo com Abdanur (2005 apud CARDOSO; LODI; BARROS, 2017, p. 21), “o tempo da</p><p>remediação pode variar de acordo com os fatores de complexidade, apresentando uma duração</p><p>média de 10 anos em situações de tratamento de grandes volumes de contaminantes do solo e</p><p>da água subterrânea”.</p><p>3.3 Técnicas de mitigação</p><p>As técnicas de mitigação da poluição apresentam como propósito suavizar, aliviar, abrandar a</p><p>poluição gerada na natureza. As ações de mitigação são suportadas por diretrizes internacionais, a</p><p>saber, diretrizes dos fundos climáticos, que estabelecem ações para reduzir as emissões de gases</p><p>de efeito estufa e proporcionam reduções quantificáveis e verificáveis dos resíduos (ARIOLI,</p><p>2014).</p><p>Os mecanismos de desenvolvimento limpo e os fundos climáticos são considerados importantes</p><p>mecanismos para mitigação da poluição. Os mecanismos de desenvolvimento limpo foram</p><p>preconizados pelo protocolo de Quioto. São considerados importantes ferramentas de mitigação de</p><p>gases de efeito estufa. Tenha em mente que os projetos elegíveis para a execução de mecanismos</p><p>de desenvolvimento limpo permitem reduzir as emissões de forma certificada. A mensuração da</p><p>redução da poluição é efetuada em toneladas de dióxido de carbono equivalente (DERISIO, 2017).</p><p>Conheça as etapas para tornar um projeto elegível, destacadas por Arioli (2014):</p><p>Adicionalidade</p><p>Consiste na comprovação de que os gases de efeito estufa foram reduzidos a patamares</p><p>inferiores àqueles que existiam antes da ocorrência do projeto.</p><p>Linha de base</p><p>Consiste nas emissões de gases de efeito estufa que ocorreriam sem a implantação do projeto.</p><p>Abrangência do projeto</p><p>Está associada ao monitoramento de todas as emissões de gases de efeito estufa do projeto,</p><p>especialmente aquelas que são significativas e atribuíveis às atividades do projeto.</p><p>Conforme Arioli (2014), as Ações de Mitigação Nacionalmente Apropriadas (NAMAs)</p><p>consistem em ações de mitigação e gases de efeito estufa, especialmente em países emergentes</p><p>48</p><p>e que permitem mensurar, verificar e reportar os poluentes gerados. Há três tipos de NAMAs,</p><p>confira cada uma:</p><p>Unilateral</p><p>São implantadas de forma voluntária pelos países emergentes no intuito de contribuir para a</p><p>redução de emissões com ausência de apoio externo e financiamento.</p><p>Apoiada</p><p>São todas aquelas ações de mitigação da poluição que possuem apoios de fontes financiados</p><p>internacionalmente, de tecnologias e de capacitações que permitem mensurar, reportar e</p><p>verificar quais são as reduções de emissões mais agressivas.</p><p>De crédito</p><p>São as ações em que as reduções de emissões geram créditos negociáveis em mecanismos</p><p>financeiros, pautados no mercado do carbono global.</p><p>Para Arioli (2014), as NAMAS também podem ser classificadas na seguinte tipologia, observe:</p><p>Política/Programa</p><p>São todos os programas e medidas que são liberados pelo Governo para promoção ou</p><p>imposição de mudança na estrutura de execução da mitigação da poluição.</p><p>Estratégia/plano</p><p>São medidas e planos de longo prazo, assim como ações voltadas para atingir um objetivo</p><p>comum.</p><p>Projeto</p><p>São todas as atividades localizadas em um cronograma definido, ao passo que o escopo se</p><p>concentra em um único investimento.</p><p>Outro aspecto importante é o monitoramento das NAMAS considerando suas premissas:</p><p>Mensuráveis</p><p>Relacionado ao acompanhamento das ações e dos impactos das NAMAs.</p><p>Reportáveis</p><p>49</p><p>Relacionado à divulgação das informações mensuradas para os stakeholders relevantes</p><p>nacionais e internacionais, inclusive para os financiados das NAMAs.</p><p>Verificáveis</p><p>Visa garantir que a informação reportada e mensurada é completa e confiável.</p><p>Baseado nessas especificidades, o princípio da Medição, Relatório, Verificação (MRV) é</p><p>utilizado no processo de avaliação e justifica o uso de financiamento contemplado.</p><p>4 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA QUE VERSA SOBRE A</p><p>POLUIÇÃO</p><p>A legislação brasileira apresenta diversas diretrizes para gerenciamento da poluição. Seguem</p><p>alguns exemplos destacados por Pinto, Windt e Céspedes (2011):</p><p>Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:</p><p>Decreto Lei nº 1.413, de 14 de agosto de 1975</p><p>Dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais.</p><p>Resolução nº 1, de 8 de março de 1990</p><p>Estabelece normas a serem obedecidas, no interesse da saúde, no tocante à emissão de</p><p>ruídos em decorrência de quaisquer atividades.</p><p>50</p><p>Resolução nº 3, de 28 de junho de 1990</p><p>Dispõe sobre a definição de padrões de qualidade do ar.</p><p>Resolução nº 8, de 6 de dezembro de 1990</p><p>Estabelece os limites máximos de emissão de poluentes do ar para processos de combustão</p><p>externa em fontes novas fixas.</p><p>Lei nº 8.723, de 28 de outubro de 1993</p><p>Dispõe sobre a redução de emissão de poluentes por veículos automotores e dá outras</p><p>providências.</p><p>Resolução nº 230, de 22 de agosto de 1997</p><p>Define e proíbe que veículos sejam equipados com itens de ação indesejável.</p><p>Decreto nº 2.783, de 17 de setembro de 1998</p><p>Dispõe sobre proibição de aquisição de produtos ou equipamentos que contenham ou</p><p>façam uso de substâncias que destroem a camada de ozônio – SDO por órgãos e entidades da</p><p>administração pública federal direta, autárquica e fundacional e dá outras providências.</p><p>Resolução nº 267, de 14 de setembro de 2000</p><p>Dispõe sobre a proibição do uso das substâncias controladas especificadas nos Anexos A e B</p><p>do Protocolo de Montreal sobre substâncias que destroem a camada de ozônio.</p><p>Resolução nº 272, de 14 de setembro de 2000</p><p>Estabelece os limites máximos de emissão de ruído para veículos automotores nacionais e</p><p>importados em aceleração.</p><p>Resolução nº 297, de 26 de fevereiro de 2002</p><p>Estabelece os limites para emissões de gases poluentes por ciclomotores, motociclos e</p><p>veículos similares novos.</p><p>Resolução nº 315, de 29 de outubro de 2002</p><p>Dispõe sobre a nova etapa do Programa de Controle de Emissões Veiculares – PROCONVE.</p><p>Resolução nº 340, de 25 de setembro de 2003</p><p>51</p><p>Dispõe sobre a utilização de cilindros para o vazamento de gases que destroem a camada de</p><p>ozônio e dá outras providências.</p><p>Resolução nº 342, de 25 de setembro de 2003</p><p>Estabelece novos limites para emissões de gases poluentes por ciclomotores, motociclos e</p><p>veículos similares novos, em observância à Resolução nº 297, de 26 de fevereiro de 2002, e dá</p><p>outras providências.</p><p>Decreto nº 5.445, de 12 de maio de 2005</p><p>Promulga o Protocolo de Quioto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança</p><p>do Clima, aberto a assinaturas na cidade de Quioto, Japão, em 11 de dezembro de 1997, por</p><p>ocasião da Terceira Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre</p><p>mudança do clima.</p><p>Resolução nº 382, de 26 de dezembro de 2006</p><p>Estabelece os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas.</p><p>Resolução nº 403, de 11 de setembro de 2008</p><p>Dispõe sobre a nova fase de exigência do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos</p><p>Automotores – PROCONVE para veículos pesados novos (Fase P-7) e dá outras providências.</p><p>Resolução nº 415, de 24 de setembro de 2009</p><p>Dispõe sobre a nova fase (PROCONVE L-6) de exigência do Programa de Controle da Poluição</p><p>do Ar por Veículos Automotores – PROCONVE para veículos automotores leves novos de uso</p><p>rodoviário e dá outras providências.</p><p>Resolução nº 418, de 25 de novembro de 2009</p><p>Dispõe sobre critérios para a elaboração de Planos de Controle de Poluição Veicular – PCPV e</p><p>para a Implantação e Manutenção de Veículos em Uso – I/M pelos órgãos estaduais e municipais</p><p>de meio ambiente e determina novos limites de emissão e procedimentos para a avaliação do</p><p>estado de manutenção de veículos em uso.</p><p>Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009</p><p>Institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC e dá outras providências.</p><p>Resolução nº 23, de 12 de dezembro de 1996</p><p>52</p><p>Regulamenta a importação e o uso de resíduos perigosos.</p><p>Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002</p><p>Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão de resíduos da construção civil.</p><p>Resolução nº 358, de 29 de abril de 2005</p><p>Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras</p><p>providências.</p><p>Resolução nº 401, de 4 de novembro de 2008</p><p>Estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias</p><p>comercializadas no território nacional, os critérios e os padrões para o seu gerenciamento</p><p>ambientalmente adequado e dá outras providências.</p><p>Resolução nº 416, de 30 se setembro de 2009</p><p>Dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua</p><p>destinação ambientalmente adequada e dá outras providências.</p><p>Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010</p><p>Regulamenta a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de</p><p>Resíduos</p><p>Sólidos e o Comitê Orientador para a implantação de sistemas de logística reversa e dá</p><p>outras providências.</p><p>Essa é uma amostra da riqueza de leis que você encontra no Brasil e que orientam sobre</p><p>procedimentos e encaminhamentos associados à gestão da poluição. Todavia, não basta apenas que</p><p>a população tenha as leis, é preciso de infraestrutura para adoção dessas leis, processo fiscalizatório</p><p>e pessoas conscientes e dispostas a zelar pela natureza e pelo bem-estar da sociedade.</p><p>53</p><p>Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Há diversos fenômenos que são associados à existência de poluição. Dentre os eles, estão</p><p>o smog, a inversão térmica e a chuva ácida. Confira suas respectivas definições:</p><p>Smog é um fenômeno que ocorre em centros urbanos, oriundo da combinação das</p><p>expressões smoke (fumaça) e fog (nevoeiro). Está associado a poluentes, isto é, gases e</p><p>vapor d’água que se encontram estagnados no ar atmosférico e são responsáveis pela cor</p><p>avermelhada do horizonte.</p><p>A inversão térmica é composta pela sobreposição da camada de ar quente à camada de</p><p>ar frio. Essa sobreposição dificulta o movimento ascendente do ar atmosférico. Assim,</p><p>são geradas concentrações de poluentes nas camadas mais baixas, o que causa prejuízo</p><p>à saúde das pessoas. A inversão térmica, geralmente, ocorre quando há efeito estufa e</p><p>fenômeno smog.</p><p>As chuvas ácidas ocorrem em grandes centros industriais. Esse fenômeno é oriundo do</p><p>acúmulo de poluentes industriais, especialmente, das substâncias óxido de enxofre e</p><p>nitrogênio no ar atmosférico. Tais substâncias, quando entram em contato com o vapor</p><p>d’água, precipitam-se na forma de ácido sulfúrico diluído. Essa precipitação é geradora de</p><p>prejuízos para a saúde das pessoas.</p><p>54</p><p>Nesta unidade, você teve a oportunidade de:</p><p>• Conhecer diferentes fontes poluidoras que impactam a sociedade;</p><p>• Compreender consequências da poluição, especialmente associadas à eutrofização</p><p>e à autodepuração;</p><p>• Conhecer medidas para evitar, mitigar e/ou controlar problemas ambientais oriun-</p><p>dos da poluição.</p><p>PARA RESUMIR</p><p>ADEYEMO, O. K. Consequences of Pollution and Degradation of Nigerian Aquatic</p><p>Environment on Fisheries Resources. In: The Environmentalist. 23, 297-306,2003.</p><p>ARIOLI, M. S. Emissões do transporte urbano: da quantificação à mitigação. 2014. 57f.</p><p>Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção) – Universidade</p><p>Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.</p><p>CARDOSO, J. E. T. et al. Técnicas Associadas de Remediação de Contaminação da Água</p><p>e do Solo por Hidrocarbonetos: Estudo de Caso em Posto de Combustível. In: Revista</p><p>Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 5, nº 36, 2017.</p><p>COSTA, J. A. et al. Eutrophication in aquatic ecosystems: a scientometric study. In: Acta</p><p>Limnologica Brasiliensia, v. 30, nº 2, pp. 1-11, 2018.</p><p>DERISIO, J. C. Introdução ao controle da poluição ambiental. 5. ed. São Paulo: Oficina</p><p>de Textos, 2017.</p><p>KIM, H. J. et al. Non-Market Valuation of Water Pollution Remediation and Disaster</p><p>Risk Mitigation Functions: The Case of Nakdong River Estuary in South Korea. In:</p><p>Sustainability. 2019, 11, pp. 1-9, 770.</p><p>NCIBI, M. C. et al. Remediation of emerging pollutants in contaminated wastewater and</p><p>aquatic environments: Biomass-based Technologies. In: Clean Soil Air Water. v. 45, nº</p><p>5, 2017.</p><p>PINTO, A. L. T. et al. Legislação de direito ambiental. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.</p><p>SAMUEL-ROSA, A. et al. A poluição causada por aterros de resíduos sólidos urbanos</p><p>sobre os recursos hídricos. In: Ciência e Natura UFSM. v. 34, nº 1, p.107-118, 2012.</p><p>SEWELL, G. H. Administração e controle da qualidade ambiental. São Paulo: EPU, 2011.</p><p>SIRVINKAS, L. P. Manual de Direito Ambiental. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.</p><p>VAREDA, J. P. et al. Assessment of heavy metal pollution from anthropogenic activities</p><p>and remediation strategies: A review. In: Journal of Environmental Management, 246,</p><p>101-118, 2019.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>UNIDADE 3</p><p>Poluição dos solos</p><p>Introdução</p><p>Você está na unidade Poluição dos solos. Conheça aqui aspectos gerais do solo e sua</p><p>importância como recurso natural. Além disso, você pode compreender as principais</p><p>fontes e a origem dos contaminantes nos solos, analisando as consequências dessa</p><p>poluição para os ecossistemas, para os recursos naturais e para a saúde humana.</p><p>Veja quais são os riscos da contaminação do solo, evidenciando a fonte, o trajeto e</p><p>o alvo das perturbações. Com isso, aprenda mecanismos de mitigação, gerenciamento</p><p>e técnicas empregadas (processos químicos, biológicos e térmicos) para realizar</p><p>intervenções e remediações de áreas contaminadas.</p><p>Bons estudos!</p><p>59</p><p>1 ASPECTOS GERAIS E TIPOS DE POLUIÇÃO DOS</p><p>SOLOS</p><p>Para você compreender os aspectos gerais e os tipos de poluição dos solos, serão apresentadas,</p><p>a seguir, a estrutura, a composição e a importância dos solos como recurso natural. Por fim, você</p><p>analisará fontes e origens da contaminação dos solos.</p><p>Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:</p><p>1.1 Definição e características do solo</p><p>O solo é definido, do ponto de vista geológico, como a parte superficial, móvel, da crosta</p><p>terrestre resultante da transformação de rochas, sendo uma ocorrência natural de depósitos,</p><p>cobrindo um substrato rochoso produzido por desintegração e decomposição física e química de</p><p>rochas, podendo ou não conter matéria orgânica (COSTA; BRITO, 2015). Saiba que esse processo</p><p>de formação dos solos é aliado, ainda, ao transporte, à sedimentação e à sua evolução natural</p><p>(NUNES; REZENDE, 2015).</p><p>60</p><p>Figura 1 - O solo é constituído essencialmente por matéria mineral e orgânica (fração sólida),</p><p>água (fração líquida) e ar (fração gasosa). Devido a isso, ele é considerado um sistema trifásico</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: A imagem mostra o solo com um corte transversal que deixa aparente cinco</p><p>camadas, que variam da cor preta à marrom mais clara, compostas por rochas que derivam de</p><p>fragmentação de natureza físico-química e decomposição futura para sua formação.</p><p>O solo é um recurso vital que cobre as partes habitáveis pelos seres vivos da superfície da</p><p>Terra, sendo sua constituição dinâmica por suas propriedades físicas, químicas e biológicas</p><p>distintas, constituído por partículas de diferentes tamanhos, quantidade de matéria orgânica,</p><p>umidade, ar e organismos vivos (DINIZ; FRAGA, 2005). Tenha em mente que as propriedades do</p><p>solo derivam de efeitos integrados entre a ação do clima e a dos organismos ao longo do tempo.</p><p>Esse compartimento desempenha vários serviços ambientais, econômicos e sociais que são de</p><p>vital importância para a sobrevivência dos seres vivos.</p><p>Veja quantos benefícios o solo oferece: fornece água e nutrientes para as plantas, ao mesmo</p><p>tempo que protege o suprimento de água armazenado, além de proteger e transformar os</p><p>poluentes. O solo é um habitat muito complexo e variado, fornece matérias-primas, preserva a</p><p>história e reduz o risco de inundações (ORGIAZZI et al., 2016).</p><p>Nesse sentido, o solo pode ser definido como um recurso complexo e não renovável para a</p><p>escala humana, desempenhando inúmeras funções ambientais, econômicas, sociais e culturais. Você</p><p>pode considerar também que ele desempenha funções elementares ao estabelecimento da vida</p><p>humana, como produção alimentar, biomassa, fonte de matérias-primas, armazenagem, filtração e</p><p>transformação, habitat e banco de genes para a biodiversidade, reservatório de carbono e materiais</p><p>geológicos e arqueológicos e inúmeros outros benefícios para a saúde humana (COSTA; BRITO, 2015).</p><p>A biodiversidade dos solos reflete nas formas dos organismos presentes, interagindo com outras</p><p>espécies animais e vegetais, formando uma teia de atividade biológica e interações ecológicas.</p><p>Esses organismos variam dependendo de fatores ambientais, como ar, temperatura, acidificação,</p><p>61</p><p>umidade e disponibilidade de nutrientes e matéria orgânica. Organismos estes que fazem parte dos</p><p>processos biogeoquímicos, atuando nas reservas de carbono, ciclos de nutrientes e diversidade</p><p>de</p><p>plantas e proporcionando condições ideais para a fertilidade do solo (ORGIAZZI et al., 2016).</p><p>Como organismos do solo podem aumentar a produtividade de uma área?</p><p>Minhocas e outros organismos do solo podem aumentar a produtividade de uma determinada</p><p>área. Isso porque, devido ao seu estilo de vida, entremeando o substrato em que habitam,</p><p>promovem a mistura de camadas do solo, redistribuindo os nutrientes, aerando os níveis e</p><p>aumentando a capacidade de infiltração de água.</p><p>Para as sociedades humanas, os solos desempenham papel fundamental como substrato para o</p><p>estabelecimento e a constituição da humanidade, como local para a colonização de zonas habitáveis,</p><p>produção de alimentos e desenvolvimento de meios de energia e biomassa (DIAS, 2011). Assim,</p><p>perceba como os solos são vitais para a sobrevivência humana e como eles sustentam muitos setores</p><p>da economia. Por essa razão, são dispostos a constantes pressões de origem antrópicas relacionadas</p><p>à perda de qualidade e à degradação, tais como perda de matéria orgânica, erosão, salinização,</p><p>desertificação, impermeabilização, deslizamentos e diversas fontes e origens de contaminações.</p><p>1.2 Fontes de contaminação dos solos</p><p>São considerados como elementos de poluição alterações nas características físicas, químicas</p><p>e biológicas do ar, do solo e da água que podem afetar a vida humana ou das demais espécies.</p><p>Além disso, processos industriais, recursos em matéria-prima, condições de vida e patrimônio</p><p>cultural (ODUM, 1977).</p><p>Figura 2 - Derramamento de óleo no solo caracteriza uma fonte de contaminação por</p><p>substâncias estressoras</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra um barril caído, derramando, no solo arenoso, óleo</p><p>com coloração escura. Ao redor do barril, há vegetação baixa na cor amarela-esverdeada,</p><p>aparentemente seca devido ao clima.</p><p>62</p><p>As atividades antrópicas (aquelas relativas aos seres humanos) que não promovam o uso</p><p>sustentável do solo, não seguindo preocupações com sua preservação para o uso presente e</p><p>as gerações futuras, causam ou agravam as degradações que ocorrem no solo. Saiba que esses</p><p>impactos são relacionados a atividades de crescimento populacional e urbano, extração de recursos</p><p>e deposição inadequada de resíduos (DINIZ; FRAGA 2005). Para os contaminantes no solo, ocorrem</p><p>perdas das funções e serviços ecossistêmicos exercidos pelos solos e ainda podem provocar</p><p>contaminações da água subterrânea. Além disso, você pode considerar que os contaminantes no</p><p>solo provocam inúmeras consequências negativas para a saúde dos ecossistemas, interferindo</p><p>nas vias da cadeia alimentar, nos ciclos biogeoquímicos e nas demais mudanças no equilíbrio das</p><p>dinâmicas dos sistemas naturais.</p><p>Essa contaminação da superfície é derivada da adição de substâncias estressoras, como</p><p>compostos químicos, outras alterações das características naturais dos solos ou sua ocorrência</p><p>acima de determinadas concentrações e que provoquem a deterioração das suas propriedades e</p><p>das suas funções. Essas substâncias perigosas adicionadas à terra podem ser líquidas ou sólidas,</p><p>sendo associadas física ou quimicamente a partículas do solo ou encapsuladas em espaços entre</p><p>suas partículas (COSTA; BRITO, 2015).</p><p>Tenha em mente que a contaminação da terra pode ser de origem biológica, quando associada</p><p>à presença de microrganismos patogênicos (parasitas, vírus, fungos e bactérias), ou de origem</p><p>química, quando associada à presença de substâncias químicas ou compostos indesejáveis</p><p>(COSTA; BRITO, 2015). Além disso, a contaminação do solo pode ser por fontes pontuais ou</p><p>difusas (DINIZ; FRAGA, 2005). A contaminação pontual está relacionada à exploração mineral,</p><p>às instalações industriais, aos aterros sanitários e às demais instalações ativas ou desativadas</p><p>(depósito de resíduos industriais). Enquanto a contaminação difusa está relacionada à deposição</p><p>atmosférica, a algumas práticas agrícolas e ao tratamento inadequado de resíduos e efluentes.</p><p>2 EFEITOS DA POLUIÇÃO DOS SOLOS</p><p>Para compreender os efeitos da poluição dos solos, você estudará, a seguir, como se dão</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Você sabia que os postos de combustíveis são um dos maiores responsáveis pela</p><p>contaminação do solo nas cidades? Isso se deve a uma má manutenção dos tanques</p><p>subterrâneos de armazenamento, ocorrendo um escoamento de parte do combustível e</p><p>gases, liberando para o ambiente ao redor compostos de benzeno, tolueno, etilbenzeno</p><p>e xilenos.</p><p>63</p><p>os efeitos dessa poluição nos ecossistemas e nos recursos naturais, com a composição da biota</p><p>e as alterações provocadas. Além disso, você verá quais são os efeitos na saúde humana e as</p><p>consequências da degradação dos solos.</p><p>2.1 Efeitos da poluição dos solos nos ecossistemas e nos recursos</p><p>naturais</p><p>Um dos fatores fundamentais para os processos e as funções desempenhadas pelos solos são</p><p>os organismos vivos que neles habitam, importantes na regulação dos processos da superfície</p><p>da Terra. As atividades compõem o armazenamento de carbono, o acúmulo e decomposição</p><p>da matéria orgânica, o desenvolvimento da estrutura do solo, a mistura do material do solo</p><p>(bioturbação), a ciclagem de nutrientes, a decomposição física do leito rochoso pelas raízes e a</p><p>destruição bacteriana de minerais da argila (ORGIAZZI et al., 2016).</p><p>A bioturbação é a estrutura sedimentar gerada a partir da deformação e da mistura de</p><p>material sedimentar devido à ação dos seres vivos. Como exemplo você pode considerar a ação de</p><p>engenheiros de ecossistemas desempenhada pelas minhocas no solo, deformando e misturando</p><p>as camadas do solo e homogeneizando os nutrientes presentes.</p><p>Levando em consideração tudo que você já estudou sobre o solo, desde as séries iniciais,</p><p>note que esse é um dos habitats mais diversos do planeta; é um local em que as comunidades</p><p>são densamente compactadas. Por exemplo, um único grama de solo pode conter milhões de</p><p>indivíduos e milhares de espécies de bactérias (ORGIAZZI et al., 2016). Saiba que isso se deve à</p><p>natureza física e química complexa encontrada no solo, dispondo de porosidade estrutural, imensa</p><p>área de superfície e suprimento extremamente variável de materiais orgânicos, nutrientes, água</p><p>e produtos químicos, fornecendo uma variedade de habitats para uma infinidade de macro e</p><p>micro organismos.</p><p>Como você pode notar, a biota do solo é diversa em tamanho e número de espécies, incluindo</p><p>arqueas, bactérias, protistas, tardigradas, rotíferos, nematoides, acari (ácaros), colêmbolos,</p><p>vermes (enquitreídeos e minhocas), macroartrópodes (formigas, cupins, centopeias, milípedes,</p><p>piolhos etc.), mamíferos escavadores, raízes de plantas, fungos e líquens (ORGIAZZI et al., 2016).</p><p>Além disso, existem animais, como larvas de besouros, moluscos, moscas e borboletas, répteis,</p><p>anfíbios que usam o solo como habitat temporário para se reproduzir ou passar seus estágios</p><p>iniciais de vida alimentando-se de diferentes materiais vegetais vivos e mortos até atingirem a</p><p>maturidade.</p><p>A degradação desses ambientes pode causar inúmeros efeitos sobre os solos, comprometendo</p><p>sua qualidade e as funções dos processos ecológicos específicos, resultando na diminuição da sua</p><p>disponibilidade de utilização e nos serviços que eles podem desempenhar para as sociedades</p><p>humanas. As contaminações e as degradações de origem antrópica podem alterar todos os</p><p>64</p><p>processos biogeoquímicos que são produzidos nos solos, como consequência da perda de</p><p>biodiversidade e dos habitats antes utilizados pela biota. Essas perdas se devem a alterações na</p><p>temperatura, na umidade, na acidez, modificações nos conteúdos de nutrientes e natureza dos</p><p>substratos orgânicos. As alterações antrópicas globais são os principais responsáveis por essas</p><p>alterações, tais como as mudanças climáticas, deposição de nitrogênio, urbanização e poluição.</p><p>2.2 Efeitos da poluição do solo na saúde humana</p><p>Entre os fatores que contribuem para a contaminação do solo, estão seu uso e sua ocupação</p><p>e as deposições de poluentes naturais e antrópicos. Os locais contaminados representam</p><p>uma ameaça para os ecossistemas e as populações humanas que neles vivem ou trabalham,</p><p>podendo sua influência atingir altas distâncias devido ao elevado potencial de mobilidade dos</p><p>contaminantes e das interações solo, além de os efeitos de percolação e lixiviação contaminarem</p><p>águas subterrâneas (DINIZ; FRAGA 2005).</p><p>Figura 3 - Praticamente, toda atividade de mineração resulta em prejuízos para o meio</p><p>ambiente, como supressão de vegetação e impedimento de sua regeneração</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra uma imensa área destinada à mineração. Nessa área, há</p><p>escavações, tratores transportando areia e pedras e caminhos sinuosos por onde os tratores</p><p>podem trafegar. No horizonte, há vegetação verde e o Sol se pondo por trás dela.re</p><p>Os contaminantes que se infiltram podem transmitir doenças variadas para os seres humanos,</p><p>como a diminuição da fertilidade, alergias, disfunções hepáticas e renais e o desenvolvimento de</p><p>diversos tipos de câncer (BARBIERI, 2007). Além disso, saiba que a contaminação do solo pode</p><p>chegar aos alimentos consumidos, contaminando os vegetais e se tornando mais tóxico à medida</p><p>que se expande para a cadeia alimentar.</p><p>Perceba que o desequilíbrio ecológico também produz o aparecimento de pragas cada vez</p><p>mais resistentes a agroquímicos aplicados em lavouras, induzindo a aplicação de substâncias</p><p>65</p><p>químicas cada vez mais potentes e em maior quantidade. Em paralelo, as doenças podem se</p><p>proliferar com a degradação do solo (contaminação e desmatamento), tais como doenças</p><p>tropicais com insetos como vetores, tétano, verminoses e doenças ainda não descobertas e com</p><p>potencial de efeitos nocivos para as populações humanas e demais seres vivos.</p><p>De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), as atividades de</p><p>uso e ocupação do solo potencialmente poluentes e, consequentemente, degradantes para a</p><p>saúde humana são derivadas de atividades como</p><p>aplicação de lodos de esgoto no solo, lodos orgânicos industriais e resíduos variados; aterros</p><p>e outras instalações de tratamento e disposição de resíduos; silvicultura; estocagem de resíduos</p><p>perigosos; atividades extrativistas; produção e teste de munições; agricultura; refinarias de petróleo;</p><p>aeroportos; fabricação de tintas; atividades de processamento de animais; manutenção de rodovias;</p><p>estocagem de produtos químicos, petróleo e derivados; atividades de lavração e processamento</p><p>de argila; produção de energia; enterro de animais que estavam doentes; estocagem ou disposição</p><p>de material radioativo; cemitérios; ferrovias e pátios ferroviários; atividades de processamento de</p><p>produtos químicos; atividades de processamento de papel e impressão; mineração; processamento</p><p>de borracha; tratamento de efluentes e áreas de tratamento de lodos; atividades de reparação</p><p>de veículos; ferros-velhos e depósitos de sucata; atividades de lavagem a seco; construção civil;</p><p>manufatura de equipamentos elétricos; curtumes e associados; indústria de alimentos para consumo</p><p>animal; produção de pneus; atividades de processamento do carvão; produção, estocagem e utilização</p><p>de preservativos de madeira; manufatura de cerâmica e vidro; atividades de processamento de ferro e</p><p>aço; hospitais e laboratórios (CETESB, 2020).</p><p>3 AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DE ÁREAS</p><p>CONTAMINADAS</p><p>Para o melhor entendimento sobre a avaliação e a mensuração de áreas contaminadas,</p><p>você entrará no assunto da avaliação da contaminação do solo com os diagnósticos e as vias</p><p>de degradação provocadas. Em seguida, serão apresentados os riscos da contaminação do solo,</p><p>evidenciando a fonte, o trajeto e o alvo das perturbações.</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Os cemitérios de cadáveres humanos são uma fonte de poluição do solo e das águas</p><p>subterrâneas utilizadas para a captação de água e consumo. As causas potenciais</p><p>são relacionadas à liberação e à percolação de substâncias orgânicas e inorgânicas e</p><p>microrganismos patogênicos.</p><p>66</p><p>3.1 Avaliação da contaminação do solo</p><p>A avaliação da contaminação do solo é necessária quando há uma fonte de contaminação</p><p>diagnosticada, vias de transferência de poluentes potenciais e quando ocorre a ameaça de</p><p>indivíduos, bens e recursos naturais (DINIZ; FRAGA, 2005). A resolução do problema pode</p><p>ser devido à remoção dos indivíduos e ou dos bens ameaçados, da fonte de poluição e com o</p><p>bloqueamento e o isolamento da área.</p><p>Figura 4 - Estudos da qualidade ambiental e avaliação do potencial grau de contaminação de</p><p>uma localidade podem ser feitos com amostragem de solo</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra duas pessoas, das pernas para baixo, de pé, de frente uma</p><p>para a outra, coletando uma porção de terra com um equipamento perfurante chamado trado.</p><p>As pessoas vestem calça jeans, calçam botas cano baixo, o solo é seco e está com a areia mexida</p><p>no trecho tirado para coleta.</p><p>É importante que você considere que a avaliação da contaminação da localidade em estudo e as</p><p>proposições de medidas de mitigação devem priorizar a otimização de recursos técnicos disponíveis</p><p>e econômicos. Essas medidas de avaliação são constituídas de etapas sequenciais de análise, em</p><p>que as informações obtidas em cada etapa servirão de base para a execução da etapa seguinte.</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>A degradação dos solos contribui para mudanças climáticas já que enormes quantidades</p><p>de carbono armazenadas nos solos na forma de matéria orgânica podem ser liberadas na</p><p>atmosfera, agravando o aquecimento global. Assim, as técnicas de avaliação e mitigação</p><p>dessas degradações são de vital importância.</p><p>67</p><p>Para a avaliação da contaminação e dos riscos associados à saúde humana e à ambiental de</p><p>localidades contaminadas, é fundamental o conhecimento básico da caracterização estrutural</p><p>da localidade em estudo, dos potenciais estressores e das vias de contaminação encontrados.</p><p>Para isso, são investigadas características dos solos, como informações geológicas, transporte</p><p>e mobilidade de substâncias no substrato encontrado, toxicidade, disponibilidade e vias de</p><p>exposição dos elementos poluentes condicionados a essas propriedades do meio em relação às</p><p>fontes de contaminação (COSTA; BRITO, 2015).</p><p>Perceba que a estruturação dos processos de avaliação da contaminação em fases e</p><p>etapas sequenciais de investigação favorece a tomada de decisão, uma vez que o diagnóstico é</p><p>apresentado de forma progressiva, tornando-o mais claro e permitindo a obtenção de uma ação</p><p>mais efetiva e mais vantajosa em relação ao custo benefício. Para as avaliações da contaminação</p><p>para a saúde humana e o ecossistema afetado, o modelo de avaliação deverá refletir as vias</p><p>de exposição da contaminação, os potenciais receptores afetados, as taxas de emissões e os</p><p>fatores que podem atenuar a degradação diagnosticada. Além disso, são necessários medidas de</p><p>comparação com índices de perigosidade e riscos aceitáveis em função do uso pretendido para a</p><p>área (COSTA; BRITO, 2015).</p><p>3.2 Mensuração da contaminação dos solos</p><p>Para uma avaliação precisa da extensão e da magnitude de uma contaminação são aplicados</p><p>recursos com modelos matemáticos que permitam estimar a ocorrência de efeitos adversos</p><p>no ambiente e a dispersão da pluma de contaminação na localidade em estudo, gerando uma</p><p>quantificação dos danos que esses estressores podem causar.</p><p>As avaliações quantitativas de risco à saúde humana e para os ecossistemas permitem uma</p><p>definição das concentrações admissíveis, comparadas com valores orientadores definidos pelas</p><p>legislações específicas para a região sem causar efeitos negativos ao meio ambiente (COSTA;</p><p>BRITO, 2015). A ocupação dessas áreas contaminadas necessitam de estudos detalhados,</p><p>configurando os processos que podem levar um receptor a uma potencial exposição a um</p><p>contaminante (Moraes et al. 2014).</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Você pode considerar a deposição de resíduos e efluentes industriais como fonte de alto</p><p>potencial de contaminação e riscos associados para a saúde humana e ambiental, mesmo</p><p>aquelas em que tenham sido implantadas medidas de segurança</p><p>e contenção, tais como</p><p>sistemas de impermeabilização e drenagem adequados.</p><p>68</p><p>O conhecimento da complexidade da localidade de estudo e as vias de contaminação são</p><p>necessários para a definição de um modelo conceitual de análise. Esse modelo visa dispor dessas</p><p>informações traçando um desenho esquemático, indicando as vias de exposição e os receptores</p><p>da contaminação a partir do cenário identificado da área contaminada. Esse esquema assume</p><p>a existência de vias de contaminação distintas: a fonte da contaminação, o alvo receptor da</p><p>contaminação e o trajeto da contaminação da fonte ao alvo (MAXIMIANO et al. 2014).</p><p>Figura 5 - Em área identificada como potencial ou já contaminada, é importante que o</p><p>profissional de coleta vista roupas específicas de proteção para evitar ser contaminado pelo</p><p>poluente</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra uma pessoa devidamente trajada com macacão branco,</p><p>máscara transparente e luvas vermelhas, coletando amostra de solo para análise em área</p><p>possivelmente contaminada. O personagem está agachado, segurando uma pedra, o solo tem</p><p>coloração amarelo-amarronzada.</p><p>As substâncias estressoras, no meio ambiente, devem ser caracterizadas e definidos os valores de</p><p>referência da concentração dos poluentes, a caracterização desses elementos em termos toxicológicos</p><p>e as suas respectivas relações dose-efeito (COSTA; BRITO, 2015). Lembre-se de a avaliação direta em</p><p>relação aos efeitos adversos na saúde humana e ambiental devem ser levadas em consideração.</p><p>O trajeto da contaminação funciona como descritor dos receptores primários da contaminação</p><p>e como meio transmissor, que, no caso dos elementos químicos, são dependentes das</p><p>propriedades físico-químicas do meio, afetando a disponibilidade, a mobilidade e a solubilidade</p><p>(MAXIMIANO et al. 2014). Além disso, são necessárias informações a respeito das condições</p><p>hidrogeológicas, da precipitação, da temperatura e da velocidade do vento (COSTA; BRITO, 2015).</p><p>69</p><p>A caracterização do alvo define os receptores e a sua sensibilidade aos elementos estressores</p><p>no meio investigado. Tenha em mente que a sensibilidade do alvo é definida em termos</p><p>toxicológicos e a respectiva relação dose-resposta. Essa exposição a essas substâncias necessita</p><p>ser estimada em termos de intensidade, frequência e duração da exposição às substâncias</p><p>perigosas (MAXIMIANO et al. 2014).</p><p>Os cenários de exposições podem ser diretos – quando o receptor está em contato com o meio</p><p>contaminado ou com a fonte primária de contaminação, sendo associado à ingestão, à inalação ou ao</p><p>contato via cutânea – ou indiretos – quando as substâncias estressoras atingem o receptor por meio</p><p>de outros compartimentos do meio físico que não o contaminado, mais grave pela a ingestão e menor</p><p>na absorção cutânea de águas de consumo humano provenientes de captações contaminadas.</p><p>Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:</p><p>4 GERENCIAMENTO E INTERVENÇÃO DE ÁREAS</p><p>CONTAMINADAS</p><p>O gerenciamento e a intervenção de áreas contaminadas estão diretamente relacionados</p><p>com a remediação dessas áreas contaminadas a partir de medidas de intervenção para sua</p><p>reabilitação. Confira, a seguir, sobre esses assuntos, assim como sobre a escolha das melhores</p><p>tecnologias de remediação.</p><p>4.1 Remediação de áreas contaminadas</p><p>As medidas de remediação são um conjunto de técnicas, metodologias e tecnologias aplicadas</p><p>em uma localidade contaminada. Essas técnicas são divididas em tratamento, destinadas à</p><p>remoção ou à redução da massa de contaminantes, e em contenção e isolamento, destinadas a</p><p>prevenir a migração dos contaminantes (Yoshikawa; Maximiano, 2014).</p><p>70</p><p>Os processos de remediação são definidos como medidas de intervenções para reabilitação</p><p>de áreas contaminadas visando à aplicação de técnicas de remoção, à contenção ou à redução das</p><p>concentrações de contaminantes com o intuito de atingir um risco tolerável para o uso declarado</p><p>ou futuro da determinada área (CONAMA, 2009).</p><p>A remediação em áreas contaminadas depende do controle ou da remoção das fontes</p><p>primárias de contaminação e das informações a respeito da área a ser reabilitada (Yoshikawa;</p><p>Maximiano, 2014). Essas informações são relacionadas com o meio físico e as distribuições</p><p>espaciais da contaminação nos diferentes compartimentos. Além disso, note que os usos</p><p>passado, atual e futuro da área deve ter um nível de detalhamento suficiente para que a técnica</p><p>de remediação proposta seja avaliada adequadamente.</p><p>Figura 6 - Para construir estruturas em solo de área contaminada, é necessário fazer processos</p><p>de remediação dessas áreas para evitar problemas futuros</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra um trecho de solo em que houve uma escavação. Pelo corte,</p><p>estão evidentes três camadas, duas de terra e a do meio de resíduos de lixo. Há uma vareta</p><p>branca apoiada na borda da escavação, provavelmente, para servir de escada ou régua para</p><p>medir a profundidade da escavação.</p><p>A implementação de um processo de remediação e descontaminação de áreas contaminadas</p><p>baseia-se em metodologias de fases de atuação, como identificação do local contaminado,</p><p>estabelecimento dos objetivos do projeto de remediação, avaliação e seleção das técnicas</p><p>de tratamento e respectiva implementação e monitoramento após a implementação (DINIZ;</p><p>FRAGA 2005).</p><p>71</p><p>Como objetivos da remediação de uma localidade contaminada você pode considerar</p><p>proteger a saúde humana e o meio ambiente, reabilitando o local afetado e possibilitando o</p><p>uso futuro do solo em condições ambientalmente favoráveis. Nos processos de remediação,</p><p>é preciso o estabelecimento de condições necessárias para a realização do empreendimento,</p><p>efetuar o tratamento da contaminação, implementar os processos de transferência de</p><p>poluentes e limitar os custos ambientais dos processos de remediação (COSTA; BRITO, 2015).</p><p>No entanto, é importante levar em consideração que garantir a redução dos riscos ao receptor</p><p>não significa necessariamente a redução da concentração dos contaminantes.</p><p>4.2 Medidas de remediação de áreas contaminadas</p><p>As tecnologias de remediação são definidas de acordo com o processo de tratamento a ser</p><p>implementado (biológico, físico-químico, solidificação/estabilização ou térmico) e classificadas</p><p>de acordo com o local de sua aplicação (na área onde ocorre a contaminação, sem a remoção</p><p>física do meio contaminado ou com a remoção física do meio contaminado – ex situ) e fora da</p><p>área onde ocorre a contaminação (Maximiano; Moraes, 2014).</p><p>Para uma melhor eficiência de remediação, no momento da implantação e da operação</p><p>da técnica, saiba que o aporte das substâncias químicas de interesse para remediação deve</p><p>estar controlado (Maximiano; Moraes, 2014). As fontes primárias podem ser removidas ou</p><p>contidas, considerando as melhores alternativas como escavação de solo, retirada de tanques</p><p>subterrâneos, encapsulamento de resíduos, inertização, troca de equipamentos danificados,</p><p>manutenção de utilidades subterrâneas ou outra ação que suspenda o aporte de contaminação</p><p>para o meio físico em estudo.</p><p>O nível de detalhamento de um projeto de remediação, para cada situação de contaminação,</p><p>deve ser tecnicamente adequado, legalmente cabível e economicamente viável. A investigação</p><p>para remediação é realizada em etapas, conforme você pode conferir: formulação dos objetivos,</p><p>investigações iniciais, investigações complementares, estudo de viabilidade, seleção das</p><p>técnicas de remediação adequadas, elaboração de cenários de remediação, avaliação técnica</p><p>dos cenários, modelo físico e piloto de campo e de combinações de tecnologias, estimativa</p><p>de custos, análise de custo-benefício e plano de medidas indicadas e um plano de medidas e</p><p>metas (Maximiano; Moraes, 2014).</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Os processos de remediação dependem dos níveis de detalhamento técnico obtidos</p><p>nas etapas de avaliação preliminar, investigação confirmatória, investigação detalhada,</p><p>avaliação de risco à saúde humana e ambiental bem como dos testes de laboratório e de</p><p>campo</p><p>desenvolvidos para avaliar as técnicas a serem empregadas.</p><p>72</p><p>O comportamento dos contaminantes na subsuperfície e o desempenho das diferentes</p><p>alternativas de remediação são influenciados pelo tamanho da partícula, densidade,</p><p>permeabilidade, umidade, pH, conteúdo húmico, carbono orgânico total, demanda bioquímica</p><p>e química de oxigênio, óleos e graxas, e substâncias voláteis e não voláteis.</p><p>A metodologia de remediação é baseada nas avaliações preliminares da área contaminada</p><p>até o estudo de viabilidade das tecnologias a serem utilizadas, sendo o foco principal na</p><p>aplicação da tecnologia de remediação na área em função do risco apresentado pela substância</p><p>de interesse (Maximiano; Moraes, 2014). A avaliação de risco busca propor um diagnóstico</p><p>inicial, com investigações complementares e uma caracterização da área.</p><p>Tenha em mente que os projetos de remediação de áreas contaminadas são propostos a</p><p>partir de um levantamento e estudo de viabilidade de alternativas de remediação. Para isso, são</p><p>estabelecidos parâmetros de coleta e análise de dados, cenários de exposição, levantamento e</p><p>seleção de alternativas de remediação, comparação das alternativas de remediação, fixação do</p><p>objetivo da remediação e o plano de medidas (Maximiano; Moraes, 2014).</p><p>5 TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO PARA ÁREAS</p><p>CONTAMINADAS</p><p>Para compreender melhor as técnicas de remediação para áreas contaminadas, você</p><p>conhecerá sobre as técnicas de remediação por processos químicos (oxidação química e</p><p>redução por nanorremediação), processos biológicos (biorremediação e fitorremediação) e</p><p>processos térmicos (dessorção térmica).</p><p>5.1 Técnicas de remediação por processos químicos</p><p>A oxidação química é um processo de remoção que tem como função promover uma</p><p>transformação química das substâncias estressoras por meio de uma reação de oxirredução</p><p>(Silva; Aldeia, 2014). Dessa forma, um agente oxidante é fornecido ao meio com o objetivo de</p><p>oxidar os compostos orgânicos em produtos menos nocivos, convertendo-os em água, dióxido</p><p>de carbono e íons inorgânicos, bem como em outros compostos orgânicos intermediários que</p><p>possam ser formados durante a reação. São denominados como agentes oxidantes o peróxido</p><p>de hidrogênio, o persulfato, o permanganato e o ozônio (Silva; Aldeia, 2014).</p><p>A remediação de áreas contaminadas por agentes oxidantes acontece por injeção desses</p><p>produtos químicos em solução no meio a ser remediado a partir de técnicas, como poços de</p><p>injeção vertical e direta, pulverização de gases, infiltração, recirculação e fratura do solo (Silva;</p><p>Aldeia, 2014).</p><p>73</p><p>Já a nanorremediação caracteriza-se por um processo de aplicação de partículas</p><p>com dimensões entre 1 e 100 nm (10-9m) na remediação de solos e águas subterrâneas</p><p>contaminadas. Entenda que esses nanomateriais apresentam propriedades que atenuam as</p><p>substâncias químicas de interesse, tanto por processos de redução química quanto de catálise</p><p>(Saccoccio; Moraes, 2014).</p><p>Nesse processo de remediação química, são utilizados diversos nanomateriais, no entanto,</p><p>as nanopartículas metálicas são as mais aplicadas. Em meio aos diversos metais disponíveis</p><p>para remediação, você pode observar uma grande preferência pelas partículas de ferro, isso</p><p>por se tratar de um metal de grande disponibilidade, baixo custo e baixa toxicidade. Além disso,</p><p>algumas propriedades físico-químicas do ferro fazem dele um importante material no combate</p><p>à poluição ambiental (Saccoccio; Moraes, 2014).</p><p>Figura 7 - Para o restauro de solo e subsolo de uma localidade contaminada, pode-se aplicar</p><p>sonda e bomba para a injeção direta de ar a partir de fraturamento pneumático</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra uma área com solo ao ar livre em que há uma cabine de</p><p>onde saem várias mangueiras que entram no solo para a injeção de substâncias. Parte do solo</p><p>tem grama rala, parte tem areia.</p><p>Os métodos mais utilizados para injeção de nanopartículas no solo são injeção direta (poços</p><p>de injeção ou ponteiras de injeção cravadas diretamente no solo), fraturamento pneumático</p><p>(ponteira especial para injeção de jatos de ar a altas pressões que criam uma rede de fraturas e</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Na oxidação química, ocorre um processo entre um agente químico oxidante no meio</p><p>contaminado para que se promova a degradação do contaminante. Além disso, é desejável</p><p>que os produtos de reação sejam menos nocivos para receptores humanos e para o meio</p><p>ambiente do que o contaminante original.</p><p>74</p><p>caminhos preferenciais de fluxo em torno do ponto de injeção, melhorando a distribuição das</p><p>nanopartículas em meios que apresentam baixa condutividade hidráulica), injeção de líquidos</p><p>atomizados (combina uma mistura de fluidos com um gás transportador como o nitrogênio</p><p>para criar um aerossol que pode ser disperso na zona de tratamento), pulsos de pressão (pulsos</p><p>regulares de pressão durante a injeção da suspensão de nanopartículas, o que obriga a mistura</p><p>a fluir através do subsolo) (Saccoccio; Moraes, 2014).</p><p>Os principais tipos de nanopartículas utilizadas na nanorremediação são: zeólitas</p><p>nanocristalinas, fibras de carbono ativadas, nanotubos de carbono (NTCs), nanotubos de C com</p><p>polímeros e Fe, NTCs de parede única, NTCs de múltiplas paredes, monocamadas automontáveis</p><p>sobre suporte mesoporoso, fotocatalizadores de TiO2, nanopartículas bimetálicas Pd/Fe,</p><p>nanopartículas bimetálicas de Ni/Fe e de Pd/Au, nanopartículas de Fe0 (Saccoccio; Moraes, 2014).</p><p>5.2 Técnicas de remediação por processos biológicos</p><p>A versatilidade metabólica dos microrganismos, em especial as bactérias, permitiu a</p><p>exploração de seu potencial em remediar áreas degradadas com diferentes contaminantes</p><p>nos processos chamados de biorremediação (LEO et al. 2014). Esses microrganismos podem</p><p>desempenhar um papel significativo na mitigação ou na remoção de contaminantes orgânicos</p><p>e inorgânicos do ambiente. Isso porque seu metabolismo é dependente da disponibilidade de</p><p>aceptores e doadores de elétrons, nutrientes essenciais e íons necessários para o crescimento.</p><p>Durante os processos evolutivos, os microrganismos desenvolveram diferentes mecanismos</p><p>de captação e transformação de substâncias químicas, bem como estratégias para a sua</p><p>imobilização ou mobilização (LEO et al. 2014).</p><p>Considere que esse processo biológico de biorremediação é realizado a partir de organismos</p><p>vivos sendo os responsáveis por reduzir ou transformar os poluentes xenobióticos (agrotóxicos,</p><p>corantes, fármacos, polímeros e resíduos plásticos) de áreas contaminadas por meio de processos</p><p>biológicos de degradação. Saiba que a biodegradação pode ocorrer via metabolismo principal,</p><p>sendo que, nesse processo, os microrganismos utilizam o contaminante para a sua multiplicação,</p><p>como fonte de carbono/nutriente e/ou energia para a respiração, reduzindo-os a água, dióxido</p><p>de carbono e sais (LEO et al. 2014).</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Solos contaminados podem ser misturados com materiais orgânicos não perigosos, como</p><p>esterco ou resíduos agrícolas biologicamente decompostos, originários de processos</p><p>de compostagem. Esses materiais orgânicos podem favorecer o desenvolvimento da</p><p>população microbiana, beneficiando a biodegradação de substâncias estressoras.</p><p>75</p><p>A biorremediação pode ser acelerada pela injeção de microrganismos, da própria área</p><p>contaminada ou não, cultivados e amplificados em laboratório. Essa estimulação biológica é</p><p>realizada por meio da adição de sais, fontes de carbono, aceptores de elétrons (oxigênio, nitrato,</p><p>sulfato e dióxido de carbono), enzimas extracelulares, emulsificantes/surfactantes ao ambiente a</p><p>ser remediado, assim como correção de umidade e pH entre outras possibilidades (LEO et al. 2014).</p><p>Quanto à fitorremediação, ela pode ser estabelecida por meio de técnicas que estimulem o</p><p>desenvolvimento de espécies de plantas de ocorrência natural ou pela introdução de espécies</p><p>vegetais com capacidade fitorremediadora reconhecida para um dado contaminante (LIMA et al.</p><p>2014). A vegetação local ou inserida em áreas contaminadas pode modificar</p><p>a estrutura físico-química</p><p>dos substratos, possibilitando a redução da biodisponibilidade dos contaminantes por retenção ou</p><p>degradação, quando são passíveis de assimilação pelos processos fisiológicos bioquímicos, pelos quais</p><p>são reduzidos às formas moleculares inorgânicas ou intermediárias menos tóxicas (LIMA et al. 2014).</p><p>A fitorremediação é uma técnica que utiliza plantas capazes de modificar a dinâmica de</p><p>contaminantes, retendo-os, reduzindo suas concentrações e tornando-os menos biodisponíveis</p><p>para o ecossistema. Por essa razão, você pode considerar que a fitorremediação tem importância</p><p>ambiental por contribuir para a manutenção ecológica e a qualidade ambiental das áreas</p><p>contaminadas em estudo (LIMA et al. 2014).</p><p>As plantas com potencial acumulador são utilizadas para promover a extração e a absorção</p><p>desses metais em seus tecidos (fitoextração). Como exemplo, você tem a aplicação da espécie</p><p>Helianthus annuus (girassol) em localidades contaminadas pelos metais arsênio, cromo e cobre,</p><p>as espécies leguminosas Canavalia ensiformis (feijão-de-porco) e os fungos micorrízicos sobre</p><p>os efeitos do cádmio. Dentre as famílias mais empregadas no processo de remoção de metais</p><p>do solo destacam-se as famílias Salicaceae, Brassicaceae, Cyperaceae, Lamiaceae, Poaceae e</p><p>Scrophulariaceae (LIMA et al. 2014).</p><p>Nesse sentido, a remediação com uso de plantas pode proporcionar uma melhora na</p><p>qualidade ambiental e pode ser implantada também com o objetivo de adequação ambiental,</p><p>agregando valor paisagístico-recreativo, ampliando a cadeia econômica pela possibilidade do</p><p>reuso das substâncias químicas extraídas pela vegetação e garantir diversos serviços ambientais.</p><p>Ainda, ocorre a possibilidade do uso dos recursos vegetais implementados propriamente, como</p><p>madeiras, fibras e óleos (LIMA et al. 2014).</p><p>5.3 Técnicas de remediação por processos térmicos</p><p>A dessorção térmica é um processo térmico de remediação de solos e águas subterrâneas que</p><p>separa fisicamente os contaminantes do solo por aquecimento, durante um período suficiente</p><p>para volatilizar os contaminantes para posterior coleta e tratamento. Veja que esse processo é</p><p>indicado para remediação de solos e águas subterrâneas em zonas fonte de contaminação com</p><p>solventes clorados (OLIVEIRA et al. 2014).</p><p>76</p><p>Na dessorção térmica, a degradação do contaminante pode ou não acontecer já que o</p><p>aquecimento pode causar apenas a dessorção do contaminante ou a sua degradação pelo</p><p>aquecimento. Contaminantes ou produtos de decomposição que não tenham sido destruídos in</p><p>situ são removidos pelo fluxo de vapor produzido pela bomba de sucção instalada na superfície</p><p>do terreno e tratados em um sistema formado, basicamente, por unidades de oxidação térmica,</p><p>troca de calor, absorção em coluna de carvão e/ou sua neutralização (OLIVEIRA et al. 2014).</p><p>Os sistemas de dessorção térmica consistem em aquecer o material contaminado e extrair</p><p>o gás ou vapor gerado para evitar emissões de compostos químicos perigosos para a atmosfera</p><p>(OLIVEIRA et al. 2014). Essa técnica tem mostrado eficiência na remediação de áreas contaminadas</p><p>por hidrocarbonetos (benzeno, tolueno, xileno e diversos derivados da gasolina), inseticidas</p><p>clorados, hidrocarbonetos com elevado ponto de ebulição (diesel, óleos de lubrificação e de</p><p>alcatrão), hidrocarbonetos clorados (PCB-1248, PCB-1260), dibenzo-dioxinas (TCDD e OCDD),</p><p>dibenzo-furanos (TCDF), além de contaminantes recalcitrantes (OLIVEIRA et al. 2014). Com</p><p>exceção do mercúrio metálico, substância volátil, essa técnica não é aplicável a contaminantes</p><p>inorgânicos (OLIVEIRA et al. 2014).</p><p>Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>A dessorção térmica in situ pode ser aplicada para grandes massas de solo com</p><p>concentrações elevadas de contaminantes, cenários de remediação com tempo</p><p>disponível curto, estender o aquecimento sem custos adicionais para contaminações em</p><p>profundidades e ser uma alternativa para locais onde a escavação é inviável.</p><p>77</p><p>Nesta unidade, você teve a oportunidade de:</p><p>• Compreender aspectos gerais do solo, fontes e origem da poluição;</p><p>• Entender os efeitos da poluição do solo nos ecossistemas e na saúde humana;</p><p>• Analisar os mecanismos de mitigação e gerenciamento de áreas contaminadas;</p><p>• Aprender sobre o gerenciamento e a intervenção de áreas contaminadas;</p><p>• Conhecer as técnicas de remediação para áreas contaminadas.</p><p>PARA RESUMIR</p><p>BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2. ed.</p><p>São Paulo: Saraiva, 2007.</p><p>COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Qualidade do solo –</p><p>poluição. 2020. Disponível em: <https://cetesb.sp.gov.br/solo/poluicao/>. Acesso em:</p><p>2 fev. 2020.</p><p>COSTA, C. et al. Solos contaminados – O problema e as soluções de remediação. Brochura</p><p>técnica. 94 p., 2015.</p><p>DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. 2. ed. São Paulo:</p><p>Atlas, 2011.</p><p>FRAGA, H.; DINIS, M. A. Poluição de solos: riscos e consequências. In: Revista da</p><p>Faculdade de Ciência e Tecnologia. pp. 98-106, 2005.</p><p>LEO, P. Processos biológicos: biorremediação. 231-266, 2014. In: MORAES, S. L. et al. Guia</p><p>de elaboração de planos de intervenção para o gerenciamento de áreas contaminadas.</p><p>Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT. 398 p., 2014.</p><p>LIMA, A. L. Processos biológicos: fitorremediação. 267-290, 2014. In: MORAES, S. L.</p><p>et al. Guia de elaboração de planos de intervenção para o gerenciamento de áreas</p><p>contaminadas. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT. 398</p><p>p., 2014.</p><p>MAXIMIANO, A. M. S. Etapas do gerenciamento de áreas contaminadas – GAC. 27-</p><p>34, 2014. In: MORAES, S. L. et al. Guia de elaboração de planos de intervenção para o</p><p>gerenciamento de áreas contaminadas. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado</p><p>de São Paulo – IPT. 398 p., 2014.</p><p>MAXIMIANO, A. M. S.; MORAES, S. L. Investigação para remediação. 135-154, 2014. In:</p><p>MORAES, S. L. et al. Guia de elaboração de planos de intervenção para o gerenciamento</p><p>de áreas contaminadas. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo –</p><p>IPT. 398 p., 2014.</p><p>NUNES, R. R.; REZENDE, M. O. O. Recurso solo: propriedades e usos. Editora Cubo, São</p><p>Carlos, 2015.</p><p>ODUM, E. P. The emergence of ecology as a new integrative discipline. Science, 195, nº</p><p>4284, 1289-1293, 1977.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>OLIVEIRA, A. O. Processos térmicos: dessorção térmica in situ. 291-332, 2014. In:</p><p>MORAES, S. L. et al. Guia de elaboração de planos de intervenção para o gerenciamento</p><p>de áreas contaminadas. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo –</p><p>IPT. 398 p., 2014.</p><p>ORGIAZZI, A., et al. Global Soil Biodiversity Atlas. European Commission, Publications</p><p>Office of the European Union, Luxembourg. 176 p., 2016.</p><p>SACCOCCIO, E. M.; MORAES, S. L. Processos químicos: nanorremediação. 195-230,</p><p>2014. In: MORAES, S. L. et al. Guia de elaboração de planos de intervenção para o</p><p>gerenciamento de áreas contaminadas. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado</p><p>de São Paulo – IPT. 398 p., 2014.</p><p>SILVA, A. L. N.; ALDEIA, W. Processos químicos: oxidação química. 155-194, 2014. In:</p><p>MORAES, S. L. et al. Guia de elaboração de planos de intervenção para o gerenciamento</p><p>de áreas contaminadas. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo –</p><p>IPT. 398 p., 2014.</p><p>UNIDADE 4</p><p>Poluição atmosférica</p><p>Você está na unidade Poluição atmosférica. Conheça aqui aspectos gerais e tipos de</p><p>poluição atmosférica, a composição e a importância da camada de gases que envolve a</p><p>Terra. Além disso, compreenda as principais fontes e a origem desse tipo de contaminação,</p><p>analisando os impactos das degradações da qualidade do ar e da camada atmosférica</p><p>para os ecossistemas e a saúde humana.</p><p>No decorrer da unidade, você vai poder conhecer parâmetros, padrões e índices da</p><p>qualidade e proposições de monitoramento e mensuração da qualidade do ar. Compreenda</p><p>os efeitos ambientais e econômicos da contaminação do ar para</p><p>as sociedades humanas e</p><p>os ecossistemas e aprenda sobre os mecanismos de gerenciamento e controle das fontes</p><p>desse tipo de poluição.</p><p>Bons estudos!</p><p>Introdução</p><p>83</p><p>1 ASPECTOS GERAIS E TIPOS DE POLUIÇÃO</p><p>ATMOSFÉRICA</p><p>Para compreender aspectos gerais e tipos de poluição atmosférica, você conhecerá a</p><p>composição e a importância da atmosfera, levando em consideração que essa camada é um</p><p>elemento essencial para a sobrevivência das espécies. Por fim, você verá quais são algumas das</p><p>fontes da contaminação atmosférica.</p><p>Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:</p><p>1.1 Atmosfera</p><p>A atmosfera terrestre é uma camada composta por radiação, gases e material particulado</p><p>que reveste e protege o planeta Terra, possibilitando, assim, a existência de vida. Por conta</p><p>disso, você pode perceber a importância da preservação dessa camada. Os limites inferiores da</p><p>atmosfera são, obviamente, as superfícies da crosta terrestre e dos oceanos (ANDRADE-NETO;</p><p>MILTÃO, 2007). As consequências do padrão de consumo e o desenvolvimento das sociedades</p><p>humanas contemporâneas têm desencadeado inúmeros impactos ambientais, entre eles ao</p><p>meio atmosférico. Esses impactos são relacionados com as mudanças climáticas e as inúmeras</p><p>consequências para a sobrevida do planeta.</p><p>84</p><p>Figura 1 - A ação humana polui a atmosfera, introduzindo produtos químicos e tóxicos no ambiente</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra um pedaço do planeta Terra visto do espaço, em que se observa</p><p>a camada atmosférica protetora, que é formada por gases, vapor d’água e material particulado.</p><p>A composição atmosférica exerce um papel vital para a sobrevivência dos seres vivos na</p><p>superfície terrestre, atuando sobre os fenômenos e os processos físicos e químicos, como o efeito</p><p>estufa e a atenuação da radiação ultravioleta solar. Em relação aos constituintes atmosféricos,</p><p>são formados por gases nitrogênio (78,0%), oxigênio (20,9%), argônio (0,9%), dióxido de carbono</p><p>(0,031%) e ozônio (0,000001%) (BARBIERI, 2007).</p><p>Certamente, você já deve ter lido ou ouvido falar muito sobre o efeito estufa, não é mesmo?</p><p>Bom, ele é o fenômeno natural encontrado na atmosfera e responsável pela manutenção da</p><p>vida na Terra, tornando as médias de temperatura adequadas. Esse processo deve-se à regulação</p><p>térmica pela presença de vapor de água, ozônio e gás carbônico em volta do planeta, absorvendo</p><p>a radiação infravermelha refletida pelo solo.</p><p>Os processos físicos e químicos presentes na atmosfera estão em equilíbrio e desempenham</p><p>funções de vital importância para os sistemas biológicos, contendo os elementos essenciais para</p><p>a manutenção e a sobrevivência das espécies (ANDRADE-NETO; MILTÃO, 2007). Nesse sentido, o</p><p>oxigênio é um elemento essencial na respiração animal e vegetal; o gás carbônico é incorporado</p><p>aos seres vivos por meio da cadeia alimentar, pela fotossíntese. Além disso, saiba que os</p><p>componentes da radiação, como a luz visível, participam desses processos vitais.</p><p>Conforme você já deve ter percebido, a degradação da atmosfera acarreta danos reais e</p><p>palpáveis para as sociedades humanas e para os demais seres vivos e ecossistemas. Os seres</p><p>humanos necessitam de recursos naturais cuja destruição tem como implicação a mudança</p><p>na qualidade de vida. Devido ao padrão de consumo e ao desenvolvimento das sociedades</p><p>contemporâneas, também são diagnosticados inúmeros impactos negativos no meio ambiente,</p><p>85</p><p>entre eles, o meio atmosférico. As alterações compreendem perdas agrícolas, afetam a qualidade</p><p>da água, da biodiversidade e do ecossistema. Essas degradações estão relacionadas com as</p><p>mudanças climáticas e com o dinamismo encontrado nos componentes da atmosfera.</p><p>1.2 Fontes e origens da contaminação do ar</p><p>O lançamento de gases, vapores e materiais particulados na atmosfera pode ter origem</p><p>a partir de fontes naturais ou antrópicas. As contaminações por fontes de origem natural são</p><p>decorrentes de fenômenos biogeoquímicos dos solos, vegetação, oceanos, vulcões e fontes</p><p>naturais de líquidos, gases e vapores, descargas elétricas atmosféricas, material particulado</p><p>entre muitos outros. Na maioria das vezes, os distúrbios provenientes desses fenômenos são</p><p>assimilados pelos processos naturais, possuindo mecanismos físicos e químicos suficientes para</p><p>degradar essas emissões (LISBOA, 2014).</p><p>Os poluentes atmosféricos podem ser classificados, de acordo com sua origem, em primários,</p><p>quando emitidos diretamente por uma fonte, e secundários, quando formados na atmosfera por</p><p>reações químicas entre poluentes primários e os constituintes naturais da atmosfera (CETESB,</p><p>2017). As fontes são divididas em fixas (indústrias, usinas, incineradores de resíduos etc.) e</p><p>móveis (meios de transporte).</p><p>A qualidade do ar é influenciada, de forma direta, pela distribuição e pela intensidade das</p><p>emissões dos poluentes atmosféricos, além da topografia, das condições meteorológicas e dos</p><p>níveis de emissões veiculares e industriais. Os níveis de desenvolvimento e a implementação de</p><p>práticas sustentáveis de consumo são preponderantes para o estabelecimento de uma qualidade</p><p>do ar aceitável para os ecossistemas e para a saúde pública.</p><p>Em relação à contaminação do ar e à degradação da atmosfera a partir de origens antrópicas,</p><p>estas são derivadas de atividades humanas relacionadas ao mau gerenciamento e planejamento</p><p>urbano e dos meios de produção, tais como na produção industrial e de energia, veículos</p><p>motorizados, atividades domésticas, queimadas entre outros.</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Você sabia que a criação extensiva de bovinos para consumo humano tem contribuído</p><p>para a poluição atmosférica e o aquecimento global? Isso se deve, de forma direta,</p><p>à liberação de gás metano pelo sistema biológico dos animais e, de forma indireta, ao</p><p>aumento de desmatamento e queimadas para a ampliação de áreas agrícolas.</p><p>86</p><p>Figura 2 - Atividades antrópicas têm causado inúmeros problemas visíveis para a degradação do</p><p>meio ambiente como um todo, por exemplo, queimadas e emissão de gases de indústrias</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra seis chaminés de um complexo industrial lançando uma</p><p>densa fumaça na atmosfera. Próximo às chaminés, há árvores envoltas em uma camada de gases.</p><p>A degradação da qualidade do ar decorre de um conjunto de fatores, confira alguns deles:</p><p>taxas de emissões de poluentes, localidade, fontes e concentrações emitidas, características</p><p>físico-químicas das substâncias emitidas, velocidade de dispersão na atmosfera e suas reações</p><p>e interações, sendo influenciados diretamente pelas condições climatológicas e meteorológicas</p><p>(IEMA, 2014).</p><p>2 EFEITOS DA POLUIÇÃO DO AR</p><p>Os efeitos da poluição do ar estão diretamente relacionados aos danos que causam nos</p><p>ecossistemas e nos recursos naturais, com os impactos das degradações da qualidade do ar e</p><p>camada atmosférica. A seguir, aprofunde seus conhecimentos sobre esses assuntos, assim como</p><p>sobre efeitos da poluição do ar na saúde humana, em especial, problemas de saúde devido à má</p><p>qualidade do ar.</p><p>87</p><p>Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:</p><p>2.1 Efeitos da poluição do ar nos ecossistemas e nos recursos naturais</p><p>As dinâmicas dos padrões de consumo e as direções tomadas para o desenvolvimento das</p><p>sociedades humanas, não atreladas a processos sustentáveis, têm acarretado diversos impactos</p><p>negativos na Terra. Como você pode notar, essas mudanças são relacionadas a alterações drásticas</p><p>no meio atmosférico, com consideráveis consequências para a saúde humana e ambiental do</p><p>planeta.</p><p>A poluição do ar pode afetar, ainda, a qualidade dos materiais (corrosão), do solo e das águas</p><p>(chuvas ácidas), além de impactar na visibilidade (MMA, 2020). A chuva ácida é provocada pela</p><p>queima de combustíveis fósseis, gerando poluentes, tais como dióxido de enxofre (SO2) e óxidos</p><p>de nitrogênio (NO e NO3, ou NOx) (BARBIERI, 2007). Você identifica consequências da chuva</p><p>ácida na acidificação do solo e da água, nas perdas de produtividade agrícola, na destruição de</p><p>obras civis e de monumentos e</p><p>outras degradações variadas.</p><p>Dessa forma, os impactos dos poluentes atmosféricos atingem os ecossistemas naturais</p><p>já que sua deposição pode ocasionar a acidificação das águas da chuva e da poeira, levando</p><p>a uma redução da capacidade fotossintética (IEMA, 2014). Além disso, a degradação da</p><p>camada atmosférica, com a alteração da concentração de gases de efeito estufa, é ocasionada,</p><p>principalmente, por atividades humanas realizadas de forma não sustentável (BARBIERI, 2007).</p><p>88</p><p>Figura 3 - Muitas espécies sofrem com os efeitos do aquecimento global. Em ambientes polares,</p><p>os ursos têm um metabolismo menos adaptável às mudanças climáticas do que o esperado</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra um urso polar tentando equilibrar-se em um pedaço de gelo</p><p>que se desprendeu de uma calota. Ele está com as patas traseiras dentro da água, enquanto tenta</p><p>subir com as patas dianteiras no gelo.</p><p>Por causa da degradação atmosférica, a população sofre com o aquecimento das temperaturas</p><p>globais causado devido à destruição da dinâmica da atmosfera e à capacidade de proteção do</p><p>planeta. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o aumento</p><p>nas concentrações de gases de efeito estufa (principalmente dióxido de carbono, vapor d’água,</p><p>nitrogênio, oxigênio, monóxido de carbono, metano, óxido nitroso, óxido nítrico e ozônio) tende</p><p>a alterar essa dinâmica climática do planeta, elevando sua temperatura média e agravando as</p><p>consequências das mudanças climáticas.</p><p>Variabilidade climática é o processo de variação do clima condicionado por fatores naturais e</p><p>suas interações existentes no globo terrestre. Ao passo que mudanças climáticas são o processo</p><p>de alteração do clima devido às atividades antrópicas, especialmente relacionadas com os meios</p><p>de produção da sociedade e as suas degradações.</p><p>Nos últimos anos, você deve ter presenciado ou mesmo visto na TV e em notícias diversas</p><p>que as temperaturas têm registrado marcas históricas crescentes em todas as regiões do planeta.</p><p>Segundo o IPCC, um clima bastante incomum é aguardado a curto prazo, podendo apresentar</p><p>um acréscimo médio da temperatura global de 2 ºC a 5,8 °C, com alterações substanciais para</p><p>os processos e os serviços desempenhados pelos ecossistemas (MMA, 2018). Saiba que os</p><p>ecossistemas degradados perdem a capacidade de troca de serviços para os seres humanos,</p><p>comprometendo a capacidade de obtenção de água potável, a fertilidade dos solos, o cultivo</p><p>de alimentos, a qualidade do ar, a biodiversidade e as condições mínimas para a sobrevivência.</p><p>89</p><p>2.2 Efeitos da poluição do ar na saúde humana</p><p>Os impactos antrópicos sobre o meio atmosférico estão promovendo mudanças bruscas e</p><p>drásticas na Terra, prejudicando a sobrevivência e a permanência dos seres vivos. Nesse sentido,</p><p>a saúde humana e ambiental é afetada com a redução da qualidade do ar, tendo em vista doenças</p><p>respiratórias e cardíacas nos seres humanos e comprometimento de ecossistemas naturais. A</p><p>relação entre os fatores epidemiológicos e a qualidade do ar se tornam condicionantes e</p><p>determinantes à medida que a contaminação atmosférica atinge o bem-estar social e ambiental</p><p>da população.</p><p>Estimativas indicam que uma em cada oito mortes no mundo está relacionada a exposições</p><p>ao ar contaminado, com a perda de cerca de 8 milhões de vidas ao redor do mundo por essa</p><p>degradação (WHO, 2015). Nesse contexto, mais de 80% das cidades no mundo estão expostas à</p><p>má qualidade do ar, excedendo os níveis preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).</p><p>Tenha em mente que a saúde humana pode ser afetada de diferentes maneiras e níveis</p><p>de gravidade, relacionando-se diretamente com casos diagnosticados de depressão, doenças</p><p>isquêmicas cardiovasculares e cerebrovasculares, neoplasias do trato respiratório, doenças</p><p>pulmonares obstrutivas crônicas (bronquite crônica e asma) e infecções de vias aéreas inferiores,</p><p>obesidade, câncer, retardo do crescimento intrauterino, menor peso ao nascer, maior mortalidade</p><p>intrauterina e maior mortalidade neonatal (ANDRÉ et al. 2017).</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>A qualidade do ar encontrada nas grandes cidades é estreitamente relacionada com as</p><p>substâncias lançadas na atmosfera. Essas substâncias são, muitas vezes, gases tóxicos e</p><p>elementos nocivos ao próprio planeta, incorporando graves consequências devido às</p><p>degradações geradas.</p><p>90</p><p>Figura 4 - Em movimentadas vias públicas, comumente, são observadas pessoas tentando se</p><p>proteger da poluição atmosférica, fazendo uso de máscaraF</p><p>onte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra uma mulher de perfil usando máscara sobre o nariz e boca.</p><p>Ela está com os olhos fechados e com a mão direita fechada próxima à boca, ação típica de uma</p><p>pessoa que está tossindo. A personagem está em uma rua, próxima à faixa de pedestre, e são</p><p>observadas outras pessoas na rua, carros e motos.</p><p>Observe que os efeitos nocivos da poluição do ar se manifestam com maior intensidade</p><p>em crianças, idosos, indivíduos portadores de doenças respiratórias e cardiovasculares</p><p>crônicas e, especialmente, nos segmentos da população mais desfavorecidos do ponto de vista</p><p>socioeconômico (WHO, 2015).</p><p>As degradações referentes à qualidade do ar, além de prejudicar à saúde e à qualidade de</p><p>vida das pessoas, acarretam maiores gastos ao Estado, decorrentes do aumento do número</p><p>de atendimentos e internações hospitalares, além do uso de medicamentos, custos que</p><p>poderiam ser evitados com a melhoria da qualidade do ar dos centros urbanos (MMA, 2020).</p><p>O desenvolvimento socioambiental de uma forma sustentável, equilibrando o crescimento das</p><p>sociedades e os seus meios de produção e utilização dos recursos naturais disponíveis, deve ser</p><p>levado em consideração para medidas de gestão e controle. Ações efetivas para a qualidade do ar</p><p>e mitigação da degradação atmosférica são obtidas quando políticas públicas e conscientização</p><p>ambiental são implementadas na sociedade como um todo.</p><p>3 PARÂMETROS, PADRÕES E ÍNDICES DA</p><p>QUALIDADE DO AR</p><p>Ao estudar sobre os parâmetros, os padrões e os índices da qualidade do ar, serão definidos</p><p>91</p><p>seus parâmetros e suas formas de mensuração. Além disso, você confere uma análise das</p><p>proposições de monitoramento e índices para mensuração da qualidade do ar.</p><p>3.1 Parâmetros e padrões da qualidade do ar</p><p>A resolução CONAMA 491/2018 define poluente atmosférico como sendo qualquer forma de</p><p>matéria em quantidade, concentração, tempo ou outras características que tornem ou possam</p><p>tornar o ar impróprio ou nocivo à saúde humana e ambiental (BRASIL, 2018).</p><p>Saiba que a poluição atmosférica é determinada pela quantificação dos níveis de substâncias</p><p>poluentes presentes no ar (CETESB, 2018). Essa quantificação é determinada pelo grau de</p><p>exposição dos receptores (seres humanos, animais, plantas, materiais), tendo como foco a</p><p>emissão desse poluente na atmosfera a partir das suas fontes de emissão e suas interações no</p><p>meio levando em consideração pontos de vista físico (diluição) e químico (reações químicas).</p><p>A determinação dos parâmetros e dos padrões da qualidade do ar é limitada a um restrito</p><p>número de poluentes definidos em razão de sua importância e da disponibilidade de recursos</p><p>para sua mensuração. Devido à sua frequência de ocorrência e aos efeitos adversos que causam</p><p>à saúde e ao meio ambiente, os indicadores da qualidade do ar são compostos pelos poluentes</p><p>monóxido de carbono, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio, material particulado e ozônio</p><p>(CETESB, 2018).</p><p>Como as condições meteorológicas mudam a qualidade do ar?</p><p>As condições meteorológicas mudam a qualidade do ar, determinando uma maior ou</p><p>menor diluição dos poluentes. Nos meses de inverno, a qualidade do ar piora com relação aos</p><p>parâmetros monóxido de carbono, material particulado e dióxido de enxofre devido às condições</p><p>meteorológicas serem mais desfavoráveis à dispersão dos poluentes.</p><p>Para a OMS, os padrões de qualidade do ar variam de acordo com a abordagem adotada para</p><p>balancear riscos à saúde,</p><p>1 Aspectos gerais e tipos de poluição atmosférica .............................................................................. 83</p><p>2 Efeitos da poluição do ar .................................................................................................................... 86</p><p>3 Parâmetros, padrões e índices da qualidade do ar ............................................................................90</p><p>4 Efeitos ambientais e econômicos da contaminação do ar .................................................................94</p><p>5 Gerenciamento e controle de fontes de poluição do ar ....................................................................98</p><p>PARA RESUMIR ..............................................................................................................................103</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................104</p><p>Este livro trata do controle da poluição. Todos os aspectos da poluição ambiental,</p><p>sua origem e consequências, a poluição do solo e da atmosfera, serão discutidos aqui.</p><p>Estude o tema nesta obra de fácil compreensão e aprenda como ajudar na preservação</p><p>de nosso planeta.</p><p>A unidade 1 vai tratar da poluição ambiental e suas especificidades e apresentará</p><p>o conceito de poluição, seu histórico e os tipos existentes no ambiente, além das</p><p>consequências, sobretudo o impacto da poluição das águas na vida das diferentes</p><p>espécies. Os efeitos negativos no ambiente e a poluição de recursos hídricos e uso da</p><p>água será amplamente discutido aqui. Você aprenderá a importância de cada um fazer</p><p>sua parte na redução da produção da poluição, a fim de construir um planeta melhor.</p><p>Na sequência, a unidade 2 discutirá as fontes poluidoras e as consequências da</p><p>poluição. Além de conhecer as diferentes fontes poluidoras que impactam a sociedade,</p><p>você aprenderá quais as consequências da poluição, especialmente associadas a</p><p>eutrofização (provocada pelo homem) e autodepuração (capacidade de restauração</p><p>de características ambientais naturalmente). Vamos tratar também das medidas para</p><p>evitar, reduzir ou controlar os problemas ambientais oriundos da poluição.</p><p>Os aspectos gerais do solo e a origem da poluição serão explicados na unidade 3,</p><p>que trata da poluição dos solos. Quais os efeitos da poluição do solo nos ecossistemas</p><p>e na saúde humana? Quais mecanismos de mitigação e gerenciamento de áreas</p><p>contaminadas? Estas perguntas serão respondidas neste texto, além de expor as</p><p>técnicas de remediação para as áreas contaminadas.</p><p>Finalizando este livro, vamos compreender os aspectos gerais e a composição e</p><p>importância da atmosfera, também falaremos sobre as fontes e a origem da poluição</p><p>atmosférica. Esta unidade 4, discute todos os aspectos da poluição atmosférica, como</p><p>os parâmetros, padrões e índices da qualidade e as proposições de monitoramento e</p><p>mensuração da qualidade do ar.Vamos analisar aqui os efeitos ambientais e econômicos</p><p>da contaminação do ar para as sociedades humanas e os ecossistemas; os mecanismos</p><p>de gerenciamento e controle das fontes de poluição do ar.</p><p>Leia com atenção! Bons estudos!</p><p>PREFÁCIO</p><p>UNIDADE 1</p><p>Poluição ambiental e</p><p>suas especificidades</p><p>Olá,</p><p>Você está na unidade Poluição ambiental e suas especificidades. Conheça aqui o conceito</p><p>de poluição, seu histórico e tipos. Compreenda os efeitos negativos da presença de</p><p>diferentes tipos de poluição no ambiente, entenda o que é poluição de recursos hídricos e</p><p>uso da água e aprenda conceitos-chaves como parâmetros de potabilidade.</p><p>Além disso, é possível compreender a importância de você fazer a sua parte para minimizar</p><p>a geração de poluição. Sua consciência e suas atitudes são essenciais para a construção</p><p>de um planeta melhor. Sensibilize-se e adote uma atitude de protagonista na redução da</p><p>poluição. Empodere-se das melhores práticas e faça a diferença pela sua geração e pelas</p><p>vindouras.</p><p>Bons estudos!</p><p>Introdução</p><p>11</p><p>1 CONCEITOS E HISTÓRICO DA POLUIÇÃO</p><p>AMBIENTAL</p><p>Para iniciar os estudos, é importante saber alguns conceitos e a história da poluição</p><p>ambiental. Para isso, é preciso ter em mente a evolução da poluição ambiental ao longo dos anos.</p><p>Assim, saber os tipos de poluição, como se dá a poluição de recursos hídricos, o uso da água e os</p><p>parâmetros de potabilidade, que se tornam conceitos fundamentais.</p><p>1.1 Conceitos</p><p>A poluição ambiental é um termo oriundo do latim polluere e pode ser entendida como a</p><p>degradação da qualidade ambiental (BRASIL, 1981; LIBÂNIO, 2010). Tudo o que gera, direta ou</p><p>indiretamente, desequilíbrio ecológico é entendido como sendo poluição (SOUZA, 2010). Consiste</p><p>na disseminação de substâncias ou energia de forma acidental ou intencional no meio ambiente.</p><p>Saiba que essa disseminação indevida afeta os seres vivos, ocasionando consequências negativas.</p><p>No Brasil, a poluição é considerada crime por meio da Lei nº 6.938/81 do CONAMA (BRASIL,</p><p>1981). De acordo com o artigo 3º, para os fins previstos nesta Lei, entende-se por poluição</p><p>a degradação da qualidade ambiental resultante da atividade que direta ou indiretamente: (a)</p><p>prejudica a saúde, a segurança e o bem estar das população; (b) criem condições adversas às atividades</p><p>sociais e econômicas; (c) afetem desfavoravelmente a biota; (c) afetem as condições estéticas ou</p><p>sanitárias do meio ambiente; (e) lancem matérias ou energia em desacordo com padrões ambientais</p><p>estabelecidos (BRASIL, 1981, apud SOUZA, 2010, p.130).</p><p>Figura 1 - Vista parcial de um ambiente poluído</p><p>Fonte: alphaspirit, Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer:A imagem mostra as mãos de uma pessoa segurando um tablet, mostrando</p><p>uma imagem de natureza em meio a uma paisagem urbana e, por trás das mãos, a mesma</p><p>paisagem degradada.</p><p>12</p><p>Você pode considerar a poluição ambiental também como qualquer meio, mecanismo, forma</p><p>de intervenção geradora de danos ao meio ambiente. Nesse caso, pode ser citada a disseminação,</p><p>na natureza, de substâncias nocivas à saúde das pessoas, a outros animais e ao meio ambiente.</p><p>Portanto, note que consiste em todas as substâncias capazes de alterar, de forma significativa, o</p><p>equilíbrio dos ecossistemas naturais (VIEIRA, 2009).</p><p>Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:</p><p>1.2 Histórico</p><p>Makra e Brimblecombe (2004) destacam que a história da poluição ambiental acompanha</p><p>a evolução da espécie humana. Segundo os autores, quando o Homo sapiens acendeu o fogo</p><p>pela primeira vez, sua fumaça forneceu o primeiro meio de poluição ambiental. A queima de</p><p>combustíveis, desde os primórdios, para aquecimento e cozimento, contribuiu para a poluição</p><p>do ar. Dessa forma, as paredes das cavernas, habitadas há milhares de anos, passaram a ficar</p><p>cobertas por espessas camadas de fuligem. A presença de fumaça deve ter dificultado a respiração</p><p>e irritado os olhos daquelas pessoas no espaço confinado.</p><p>Relacionado a isso, um fato curioso é que, conforme McNeill (2001), a maioria dos pulmões</p><p>dos corpos mumificados do Paleolítico (no entanto, são poucos) tem um tom preto. Nas primeiras</p><p>áreas habitadas, a fumaça não foi afastada (uma das razões práticas poderia ter sido a proteção</p><p>contra mosquitos) e as pessoas que moravam nessas áreas internas encontraram abrigo na</p><p>fumaça. Em vilarejos e povoados isolados, ainda hoje, milhões de pessoas vivem assim.</p><p>Em pequenas aldeias do Nepal, até a década de 1990, a fumaça do fogo não era afastada</p><p>dos edifícios. As paredes das casas eram construídas com rochas de ardósias metamórficas</p><p>sem colagem, carregando telhados cobertos com esteiras de corrida. Quando havia fogo, era</p><p>produzida uma fumaça espessa dentro da casa, que irritava os olhos e dificulta a respiração de</p><p>quem vivia ali. Era impossível dormir. A permanência, lá dentro, era por pouco tempo, e, do lado</p><p>13</p><p>de fora, a casa parece estar pegando fogo, a fumaça saía pelas fendas e pelas aberturas das</p><p>paredes (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004).</p><p>Os seres humanos parecem estar vivendo juntos com essa forma de poluição do ar há milhares</p><p>de</p><p>à viabilidade técnica, às considerações sociais e político-econômicas,</p><p>tais como os níveis de desenvolvimento e a capacidade nacional de gerenciar a qualidade do ar.</p><p>Você pode considerar que as diretrizes propostas recomendam que os governos devem levar em</p><p>conta cuidadosamente suas circunstâncias e suas realidades locais antes de adotarem os valores</p><p>propostos como padrões nacionais (CETESB, 2018).</p><p>92</p><p>Figura 5 - O estabelecimento de padrões da OMS tem o objetivo de atingir as menores</p><p>concentrações possíveis no contexto de limitações locais, capacidade técnica e definir as</p><p>prioridades em termos de saúde pública</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra parte de uma estação de medição dos parâmetros utilizados</p><p>para registrar a qualidade do ar e os níveis de poluição atmosférica. Esse trecho da estação é</p><p>composto por ferro apontados para cima, similares a antenas.</p><p>Os padrões nacionais de qualidade do ar e os critérios para episódios críticos foram fixados</p><p>pelas Resoluções CONAMA 03/1990 e CONAMA 491/2018. Nessas diretrizes, você encontra que os</p><p>padrões de qualidade do ar são divididos em primários e secundários, sendo os padrões primários as</p><p>concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. Já os padrões</p><p>secundários, são as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo</p><p>efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o mínimo dano para os ecossistemas.</p><p>Além disso, são estabelecidos critérios para episódios críticos de poluição do ar, definidos pelos níveis</p><p>de concentrações atingidos e a previsão de condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão desses</p><p>poluentes, indicando os níveis de atenção, alerta e emergência utilizados para informar a população e</p><p>autoridades dos níveis críticos da qualidade do ar (CETESB, 2018).</p><p>3.2 Monitoramento da qualidade do ar</p><p>Os dados de qualidade do ar e os dados meteorológicos das estações de monitoramento são</p><p>gerados, na maioria dos casos, de forma contínua, demonstrando a classificação da qualidade</p><p>do ar, alertando sobre os níveis monitorados e as informações utilizadas para a mitigação e a</p><p>prevenção de riscos à saúde humana e ambiental (CETESB, 2018). Essas classificações são</p><p>baseadas em ferramentas e modelos matemáticos pautados nos cálculos de índices de qualidade</p><p>do ar. Entenda que, para cada um dos poluentes mensurados, é calculado um índice, relacionando</p><p>a concentração do poluente específico com o valor do índice, indicando os níveis de qualidade do</p><p>ar propostos para a situação e a localidade específica.</p><p>93</p><p>Figura 6 - O monitoramento meteorológico e da qualidade do ar fornece dados para o melhor</p><p>controle do ar</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra um homem em uma plantação manuseando um notebook</p><p>sobre uma mesa; o computador está conectado a antenas e a uma placa de energia solar. O</p><p>personagem usa capacete branco, colete amarelo e camisa xadrez.</p><p>De forma mais conservativa e visando à segurança das populações humanas à exposição aos</p><p>poluentes, as divulgações dos resultados dos índices de qualidade do ar levam em consideração o</p><p>pior caso (CETESB, 2018). Dessa forma, dentre os índices calculados para cada poluente, o índice</p><p>utilizado é o mais elevado. Nesse sentido, embora a qualidade do ar de uma estação seja avaliada</p><p>para todos os poluentes monitorados, veja que a sua classificação é determinada pelo maior</p><p>índice. Portanto, a classificação da qualidade do ar está associada a efeitos à saúde humana, à sua</p><p>causa e aos seus efeitos a curto e longo prazos.</p><p>Como o índice geral de qualidade é classificado?</p><p>O índice geral de qualidade do ar é classificado em bom, moderado, ruim, muito ruim e</p><p>péssimo. A classificação de péssimo tem como significado que toda a população pode apresentar</p><p>sérios riscos de manifestações de doenças respiratórias e cardiovasculares, com um aumento de</p><p>mortes prematuras em pessoas de grupos sensíveis.</p><p>O monitoramento de rotina e de estudos sobre a qualidade do ar são determinantes para uma</p><p>análise comparativa das concentrações dos poluentes observadas com os padrões de qualidade</p><p>estabelecidos tanto para padrões de longos períodos de exposição (médias anuais) quanto para</p><p>curto tempo de exposição (24 horas) (CETESB, 2018). Essas medições levam em consideração as</p><p>variações nas matrizes de emissões dos poluentes, tais como modificações na frota de veículos,</p><p>alterações no tráfego, mudanças de formulação e de tipo de combustível, alterações em parques</p><p>industriais, implantação de tecnologias mais limpas entre outras estratégias de controle de</p><p>emissões, além de evidenciar as condições meteorológicas observadas no ano.</p><p>94</p><p>4 EFEITOS AMBIENTAIS E ECONÔMICOS DA</p><p>CONTAMINAÇÃO DO AR</p><p>Para você compreender os efeitos ambientais e econômicos da contaminação do ar, conheça,</p><p>a seguir, os fatores de poluição do ar em ambientes urbanos e as técnicas de controle. Além disso,</p><p>analise os efeitos do aumento da emissão de gases de efeito estufa sobre as sociedades humanas</p><p>e os ecossistemas.</p><p>4.1 Poluição do ar em ambientes urbanos</p><p>Os fatores determinantes para as fontes da contaminação do ar nos ambientes urbanos são</p><p>relacionados à magnitude das emissões, à topografia e às condições meteorológicas da região</p><p>que determinam a dispersão dos poluentes. Em paralelo a isso, você pode considerar a poluição</p><p>atmosférica nos centros urbanos, diretamente atrelada e afetada pelos modelos utilizados para a</p><p>mobilidade e os deslocamentos da população, tais como uso extensivo de transporte individual</p><p>por automóveis, transporte público de baixa capacidade (ônibus) ou grande capacidade (trens e</p><p>metrôs) (MMA, 2018).</p><p>Tenha sempre em mente que os níveis de consumo e as formas de desenvolvimento das</p><p>sociedades são importantes agentes para a poluição do ar, a exemplo disso: fontes de obtenção</p><p>de energia; métodos agrícolas; descarte de resíduos; utilização de bens de consumo de origem</p><p>do petróleo; plásticos e demais produtos que têm, em seus processos produtivos, emissão de</p><p>poluentes na atmosfera entre inúmeras outras fontes (DIAS, 2011).</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Os poluentes atmosféricos têm efeitos econômicos nas sociedades humanas atuais. O</p><p>material particulado, as partículas em suspensão encontradas na fumaça da combustão,</p><p>podem provocar problemas respiratórios, causando distúrbios na saúde pública e na</p><p>qualidade de vida das pessoas dos grandes centros urbanos.</p><p>95</p><p>Figura 7 - No espaço geográfico, são estabelecidas relações entre homem e meio, que sofre</p><p>constantes alterações, positivas e negativas</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a ilustração mostra um homem no centro da imagem, ele usa máscara branca</p><p>e camisa vermelha. Ao seu redor, fontes poluidoras emitindo gases no ar: chaminés de indústrias,</p><p>nuvem de fumaça, carro, edifícios e usinas nucleares.</p><p>O controle dessas emissões atmosféricas consiste em procedimentos de mitigação e prevenção</p><p>da degradação da camada atmosférica, sendo possíveis a partir da implantação de equipamentos</p><p>de controle de poluição do ar, com uma melhora da qualidade do ar (SIQUEIRA; POLI, 2017). As</p><p>t��cnicas de controle das emissões atmosféricas levam em consideração a atividade poluidora,</p><p>os métodos de operação, o atendimento aos limites estabelecidos na legislação para emissão</p><p>de determinado poluente e estratégias práticas de redução de impactos como implantação de</p><p>filtros, circuladores de ar, queimadores e catalisadores específicos para determinada substância</p><p>e atividade.</p><p>4.2 Gases do efeito estufa</p><p>Como você já deve ter notado, a degradação da camada atmosférica, pelas alterações de</p><p>gases e das dinâmicas físicas e químicas encontradas, tem sido palpável nas sociedades atuais</p><p>pelos efeitos causados pelas mudanças climáticas globais. O desenvolvimento predatório das</p><p>atividades das sociedades humanas (como agricultura, obtenção de energia, atividades industriais</p><p>e degradação florestal) gera emissões de gases do efeito estufa.</p><p>96</p><p>O efeito estufa é um fenômeno</p><p>natural que garante a possibilidade de vida e a permanência</p><p>dos seres vivos, tendo em vista o estabelecimento de condições ideais de temperatura, umidade</p><p>e incidência de raios solares (BARBIERI, 2007). Nesse sentido, os raios solares chegam ao planeta</p><p>e são refletidos de volta ao espaço quando atingem o topo da atmosfera terrestre, sendo que</p><p>parte deles é absorvida pelos oceanos e pela superfície terrestre, controlando o seu aquecimento</p><p>(MMA, 2018). No entanto, uma parcela desse calor é irradiada de volta ao espaço, mas é</p><p>bloqueada pela presença de gases de efeito estufa, causando aquecimento.</p><p>As atividades humanas geram emissões nos seus sistemas de produção insustentáveis,</p><p>alterando a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera; consequentemente, a capacidade</p><p>de estufa desempenhada por ela. Note que essa degradação é causada, principalmente, pela</p><p>queima de combustíveis fósseis e remoção de florestas com a emissão de dióxido de carbono</p><p>(CO2), decomposição de matéria orgânica com emissão de gás metano (CH4), tratamento de</p><p>dejetos animais, uso de fertilizantes, queima de combustíveis fósseis com a emissão de óxido</p><p>nitroso (N2O) e pela indústria de refrigeração com a emissão de hexafluoreto de enxofre (SF6),</p><p>hidrofluorcarbonos (HFCs) e perfluorcarbonos (PFCs) (BARBIERI, 2007).</p><p>As consequências reais das mudanças climáticas têm despertado preocupações crescentes</p><p>nos diferentes setores da sociedade, incentivando a adoção de práticas mais sustentáveis e com</p><p>menor carga de emissões de gases poluentes. Essas medidas têm proposições em alternativas e</p><p>mudanças dos meios de produção para uma redução efetiva dos impactos ambientais provocados</p><p>por essas mudanças na dinâmica do clima. Assim, diferentes agentes têm começado a quantificar</p><p>e monitorar as emissões de gases de efeito estufa com objetivo de conhecer os seus perfis e</p><p>identificar possíveis áreas de ação e formas de mitigação desses gases (INEA, 2017).</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>O principal indício das mudanças climáticas é o aumento da temperatura média global do</p><p>ar e dos oceanos. Essa ação gera um derretimento da neve e do gelo das zonas remotas e</p><p>das calotas polares dos hemisférios sul e norte, acarretando uma elevação dos níveis dos</p><p>oceanos, o que acaba ameaçando a sobrevivência dos seres vivos.</p><p>97</p><p>Figura 8 - Em caso de queimadas, que liberam grandes quantidades de fumaça no ar, uma das</p><p>medidas é o uso de helicópteros que transportam água</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra densa fumaça saindo de uma área florestal. Próximo à</p><p>nuvem de fumaça, sobrevoa um helicóptero, carregando um cesto pendurado com água para ser</p><p>lançada sobre o foco de incêndio no intuito de combatê-lo.</p><p>Essas mudanças têm como consequências ambientais o efeito estufa, a chuva ácida e a</p><p>redução dos gases protetores da camada de ozônio. Lembre-se de que esses problemas provocam</p><p>mudanças climáticas que são uma das principais preocupações das nações atualmente.</p><p>Nesse contexto, as Nações Unidas definiram e ratificaram o Acordo de Paris, em 2015, na</p><p>21ª Conferência das Partes (COP21), tendo como objetivo central o estabelecimento de um</p><p>novo acordo global referente à ameaça das mudanças climáticas, reforçando a capacidade dos</p><p>países em lidar com os impactos decorrentes dessas alterações (MMA, 2017). Nesse contexto,</p><p>o compromisso visou conter o aumento da temperatura média global acima dos níveis pré-</p><p>industriais. Para o alcance do objetivo final do Acordo, os governos envolveram-se na construção</p><p>de seus próprios compromissos – cada país construiu suas próprias metas de redução de emissões</p><p>atmosféricas, métodos de controle e prevenção e mitigação da degradação.</p><p>Nesse acordo climático, o Brasil estabeleceu algumas metas, como reduzir, até 2025, emissões de</p><p>gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005 e reduzir, até 2030, emissões de gases de efeito</p><p>estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005. Além disso, as metas estabelecem que, até 2030, o país deve</p><p>aumentar a participação de bioenergia sustentável na sua matriz energética para aproximadamente</p><p>18%, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas e alcançar uma participação estimada</p><p>de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética (MMA, 2017).</p><p>98</p><p>5 GERENCIAMENTO E CONTROLE DE FONTES DE</p><p>POLUIÇÃO DO AR</p><p>Para compreender sobre o gerenciamento e o controle de fontes de poluição do ar, confira</p><p>quais são as diretrizes de conformidade ambiental das emissões de poluentes atmosféricos e as</p><p>regulamentações de controle. Além disso, você vai poder analisar os mecanismos de controle das</p><p>fontes de poluição do ar.</p><p>5.1 Conformidade ambiental das emissões de poluentes atmosféricos</p><p>A conformidade ambiental da qualidade do ar é estabelecida pela Resolução CONAMA</p><p>491/2018 (BRASIL, 2018). Saiba que essa resolução dita que o padrão de qualidade é definido</p><p>como sendo um dos instrumentos de gestão da qualidade do ar. Para isso, são estabelecidos</p><p>valores de concentração de um poluente específico na atmosfera, associado a um intervalo de</p><p>tempo de exposição, definindo que a saúde humana e a ambiental sejam preservadas em relação</p><p>aos riscos de danos causados pela poluição atmosférica (MMA, 2020).</p><p>São regulamentados pela resolução os parâmetros de partículas totais em suspensão, fumaça,</p><p>partículas inaláveis, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, ozônio, dióxido de nitrogênio e chumbo</p><p>(MMA, 2020). Mas também são determinados critérios para episódios agudos de poluição do ar, com</p><p>o estabelecimento dos estados de atenção, alerta e emergência, aliando os níveis de concentração</p><p>atingidos com a previsão das condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes.</p><p>Figura 9 - Grandes cidades acomodam cada vez mais pessoas ao redor do mundo. Com isso,</p><p>bilhões são expostos à poluição, principalmente em países em desenvolvimento</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>99</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra um homem e uma mulher usando máscaras contra a</p><p>poluição atmosférica. Os dois transitam em uma rua com cenário cinza, em que há árvores sem</p><p>folhas, prédios e uma chaminé de indústria lançando fumaça no ar.</p><p>O plano para episódios críticos de poluição do ar indica os responsáveis pela declaração dos diversos</p><p>níveis de criticidade, sendo divulgados em meios de comunicação de massa (BRASIL, 2018). Esses níveis</p><p>são classificados em atenção, alerta e emergência para poluentes específicos e suas concentrações. A</p><p>declaração de estado crítico é feita quando são previstas a manutenção das emissões bem como as</p><p>condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes nas 24 horas subsequentes.</p><p>As ferramentas de gestão, por tratarem de um problema de múltiplas causas e consequências,</p><p>requerem medidas sistêmicas de enfrentamento de circunstâncias específicas dos impactos e</p><p>incorporação de medidas para sua mitigação, eliminação e prevenção (IEMA, 2014). Assim, os</p><p>sistemas de gestão de qualidade do ar visam incorporar instrumentos próprios de gerenciamento</p><p>ambiental que se conectem aos sistemas de saúde e aos planejamentos urbano e energético.</p><p>O plano de controle de emissões atmosféricas é o documento que estabelece a abrangência,</p><p>identificação das fontes de emissões, objetivos, diretrizes e ações, visando um controle da</p><p>poluição do ar no território estadual, observando as estratégias estabelecidas no programa</p><p>nacional de controle da qualidade do ar.</p><p>Dessa forma, as fontes de poluição do ar serão classificadas como críticas quando for excedida</p><p>uma ou mais das condições especificadas conforme os dados a seguir:</p><p>Figura 10 - Níveis correspondentes a suas respectivas fontes de poluição</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor.</p><p>100</p><p>#ParaCegoVer: o quadro está dividido em duas colunas. Na coluna da esquerda, estão listadas</p><p>fontes de poluição. Na coluna da direita, os níveis de atenção, alerta e emergência de cada poluente.</p><p>Para o dióxido de enxofre, os níveis são: atenção = 800 μg/m3, alerta = 1600 μg/m3, emergência =</p><p>2100 μg/m3. Para material particulado</p><p>com diâmetro aerodinâmico equivalente de corte de 10 μm,</p><p>os níveis são: atenção = 250 μg/m3, alerta = 420 μg/m3, emergência = 500 μg/m3. Para material</p><p>particulado com diâmetro aerodinâmico equivalente de corte de 2,5 μm, os níveis são: atenção =</p><p>125 μg/m3, alerta = 210 μg/m3, emergência = 250 μg/m3. Para o monóxido de carbono, os níveis</p><p>são: atenção = 15 ppm, alerta = 30 ppm, emergência = 40 ppm. Para o ozônio, os níveis são: atenção</p><p>= 200 μg/m3, alerta = 400 μg/m3, emergência = 600 μg/m3. Para o dióxido de nitrogênio, os níveis</p><p>são: atenção = 1130 μg/m3, alerta = 2260 μg/m3, emergência = 3000 μg/m3.</p><p>O gerenciamento da qualidade do ar é algo crucial para mitigação e prevenção da degradação</p><p>atmosférica. A poluição do ar é algo rotineiro em todas as partes do globo, sendo que tais</p><p>degradações devem ser combatidas de forma eficaz e concreta. Assim, são utilizadas ferramentas</p><p>de gestão e controle que visem dispor de conexões entre os diferentes segmentos sociais e</p><p>atividades econômicas.</p><p>5.2 Controle de fontes da poluição do ar</p><p>Como meios de controle das fontes de poluição do ar são estabelecidos o plano de controle</p><p>de poluição veicular e o plano de controle de emissões atmosféricas (CETESB, 2017). O controle da</p><p>poluição veicular, estabelecido por uma diretriz específica, é um instrumento de gestão da qualidade</p><p>do ar, estipulando as ações necessárias para o controle da emissão de poluentes e a redução do</p><p>consumo de combustíveis pelos veículos, apontando alternativas para áreas comprometidas pela</p><p>emissão de poluentes atmosféricos (CETESB, 2017). O plano de controle de emissões atmosféricas</p><p>engloba o controle veicular e o controle das fontes estacionárias, indicando o diagnóstico da</p><p>qualidade do ar resultante do monitoramento e da classificação dos estados críticos.</p><p>101</p><p>Figura 11 - Para o controle de emissões veiculares, é usado maquinário técnico específico</p><p>que mensura os níveis das emissões e da qualidade dos filtros de controle encontrados em</p><p>automóveis</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer:a imagem mostra a traseira de um carro da cor branca em que estão conectados</p><p>tubos metálicos ligando o veículo à um maquinário que mede níveis de emissão de gases.</p><p>O controle veicular considera a elaboração de um diagnóstico obtido pela avaliação da</p><p>qualidade do ar em regiões próximas às vias de grande fluxo de veículos, impactando a saúde</p><p>pública pela sua extensão e inserção na malha urbana. Nesse sentido, saiba que ocorre uma</p><p>caracterização da frota circulante e os impactos das emissões na região de interesse. A</p><p>recomendação de redução das emissões é dada por ações de controle e políticas públicas que</p><p>visem uma melhoria da qualidade do ar (CETESB, 2017).</p><p>Os modelos de mobilidade urbana utilizados na composição da dinâmica de transporte das</p><p>cidades é um fator preponderante no agravamento da poluição do ar. Esse agravamento é, por</p><p>exemplo, pela utilização de ônibus convencional movido a diesel como o principal modal para</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Para identificar as fontes geradoras das emissões atmosféricas em uma determinada</p><p>região, algumas informações técnicas são necessárias, como inventários de emissões,</p><p>estudos meteorológicos, relação de transporte e ciclo de vida de determinados poluentes</p><p>que podem ser transportados pela ação do vento.</p><p>102</p><p>o transporte público de passageiros e pelas opções individuais de transporte, como automóvel</p><p>e motocicleta (CETESB, 2017). Em paralelo, mesmo os transportes individuais equipados com</p><p>sistemas de controle de poluição mais sofisticados acabam se tornando grande fonte de poluição.</p><p>Como você pode perceber, as emissões de gases poluentes veiculares ocorrem após a queima</p><p>de combustível no motor e são lançadas pelo sistema de escapamento. Esses gases poluentes são</p><p>chamados de gases de exaustão: o monóxido de carbono (CO), os óxidos de nitrogênio (NOx),</p><p>os hidrocarbonetos não metano (NMHC), os aldeídos totais (RCHO), o dióxido de enxofre (SO2)</p><p>e material particulado (MP). Nesse grupo, estão também os gases de efeito estufa: dióxido de</p><p>carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). Além disso, as emissões de gases poluentes</p><p>pelos veículos também ocorrem pela evaporação do combustível contido no tanque, em pontos</p><p>como a tampa do bocal de abastecimento, as mangueiras de combustível, suas conexões e os</p><p>vapores ali contidos no tanque e expulsos pelo bocal de abastecimento.</p><p>A busca pela qualidade do ar deve levar em consideração os diversos fatores de controle</p><p>das emissões. Entenda que esses fatores são relacionados aos indicadores estabelecidos para a</p><p>mensuração da poluição, o controle das emissões veiculares, o controle das fontes industriais e as</p><p>políticas públicas efetivas de controle. As medidas de controle precisam ser atreladas a mudanças</p><p>nos meios de produção e condução de práticas mais sustentáveis, com uma prevenção e redução</p><p>das emissões atmosféricas. Os sistemas de produção devem ser reconsiderados para um modelo</p><p>de desenvolvimento sustentável e em respeito às dinâmicas do planeta Terra, à qualidade e à</p><p>disponibilidade dos recursos naturais.</p><p>Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:</p><p>103</p><p>Nesta unidade, você teve a oportunidade de:</p><p>• Compreender os aspectos gerais, a composição e a importância da atmosfera;</p><p>• Apreender sobre as fontes e a origem da poluição atmosférica;</p><p>• Entender os parâmetros, os padrões e os índices da qualidade e as proposições de</p><p>monitoramento e mensuração da qualidade do ar;</p><p>• Analisar os efeitos ambientais e econômicos da contaminação do ar para as sociedades</p><p>humanas e os ecossistemas;</p><p>• Conhecer os mecanismos de gerenciamento e controle das fontes de poluição do ar.</p><p>PARA RESUMIR</p><p>Andrade-Neto, A. V., Miltão, M. S. R. A atmosfera terrestre: composição e estrutura. In:</p><p>Caderno de Física da UEFS, 05: 01 e 02, 21-40, 2007.</p><p>André, P. A. et al. Avaliação e valoração dos impactos da poluição do ar na saúde da</p><p>população decorrente da substituição da matriz energética do transporte público na</p><p>cidade de São Paulo. Greenpeace, 132 p. 2017.</p><p>BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2. ed.</p><p>São Paulo: Saraiva, 2007.</p><p>BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução</p><p>CONAMA nº 491, de 19 de novembro de 2018. In: Diário Oficial da União, Brasília, DF,</p><p>20 nov., 2018.</p><p>COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. PCPV: Plano de Controle</p><p>de Poluição Veicular 2017-2019. São Paulo, 63 p. 2017.</p><p>COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – CETESB. Qualidade do ar no</p><p>Estado de São Paulo 2018. São Paulo, 214 p. 2019.</p><p>DIAS, R. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. 2. ed. São Paulo:</p><p>Atlas, 2011.</p><p>INSTITUTO DE ENERGIA E MEIO AMBIENTE – IEMA. 1º diagnóstico da rede de</p><p>monitoramento da qualidade do ar no Brasil. Brasília: IEMA, 2014p.</p><p>INSTITUTO ESTADUAL DE AMBIENTE – INEA. Inventário de emissões de Gases de Efeito</p><p>Estufa (GEE) do Estado do Rio de Janeiro: ano base 2015: resumo técnico. Secretaria do</p><p>Ambiente do Rio de Janeiro, 48 p. 2017.</p><p>LISBOA, H. M. Controle da poluição atmosférica. ENS/UFSC, 14 p., 2014.</p><p>MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Acordo de Paris. Brasília, DF: MMA, 2017.</p><p>Disponível em: <http://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/acordo-</p><p>de-paris>. Acesso em: 14 fev. 2020.</p><p>MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Efeito Estufa e Aquecimento Global. Brasília,</p><p>DF: MMA, 2018. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/informma/item/195-efeito-</p><p>estufa-e-aquecimento-global>. Acesso em: 10 fev. 2020.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Padrões de Qualidade do Ar. Brasília,</p><p>2020. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/qualidade-do-</p><p>ar?tmpl=component&print=1>. Acesso em: 10 fev. 2020.</p><p>MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Qualidade do Ar. Brasília, 2018. Disponível</p><p>em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/qualidade-do-ar>. Acesso em: 11</p><p>fev. 2020.</p><p>Siqueira, L. C. G.; Poli, M. C. Poluição</p><p>do ar: Gerenciamento e Controle de Fontes.</p><p>Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB. 234 p., 2017.</p><p>Um dos assuntos mais importantes atualmente, o Controle</p><p>da Poluição precisa das melhores práticas para esta e as próximas</p><p>gerações.</p><p>Neste livro, você vai conhecer o conceito de poluição, seu</p><p>histórico e também os tipos de poluição existentes no ambiente,</p><p>como a de recursos hídricos. As principais fontes de poluição e as</p><p>consequências dela serão listadas aqui, assim como apresentaremos</p><p>as técnicas de controle, remediação e mitigação da poluição que</p><p>tanto impacta a sociedade.</p><p>Por fim, a poluição do solo e a atmosférica serão amplamente</p><p>comentadas, desde seus aspectos gerais, tipos, origem dos</p><p>contaminantes e técnicas para o controle.</p><p>Essencial para o estudo da poluição e seu controle, este livro</p><p>tem uma linguagem fácil e didática, com ilustrações e destaques nos</p><p>textos para melhor fixação do conteúdo.</p><p>Capa E-Book_Controle da Poluição_CENGAGE_V2</p><p>E-Book Completo_Controle da Poluição_CENGAGE_V2</p><p>anos, destacam Makra e Brimblecombe (2004). A poluição ambiental foi responsável por vários</p><p>tipos de doenças nos primeiros tempos. O primeiro material poluente pode ter sido as fezes humanas.</p><p>As bactérias do intestino que vivem no corpo humano, como Escherichia coli, podem ter entrado</p><p>facilmente na água potável, infectando os povos primitivos (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004). Saiba</p><p>que esse tipo de poluição ambiental causa doenças que afetam milhões de pessoas até a atualidade.</p><p>Esse jeito primitivo de viver, associado à adubação de arrozais com fezes, contribuiu para a</p><p>poluição de águas subterrâneas. Desse modo, tornou a água inadequada para beber em toda</p><p>a Ásia Tropical (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004). No entanto, note que, se a água for fervida,</p><p>resultando na precipitação de sais, ela se torna totalmente insípida. A tradição de aromatizar</p><p>água fervida com folhas de chá vem justamente da China e começou a se espalhar no império por</p><p>volta de 2000 a.C.; depois, por toda a Ásia (MAKRA, 2000).</p><p>A poluição por poeira também apareceu e remonta aos primórdios. Na época, essa poluição era</p><p>de origem natural, e escritores chineses e coreanos notaram a transferência oriental de loess amarelo</p><p>(às vezes, chamado pó de kosa) por milhares de quilômetros (CHUN, 2000). Na Nova Idade da Pedra</p><p>(ou Período Neolítico – cerca de 10 mil anos atrás), as pessoas que mineravam pederneira do calcário</p><p>incorporado nas minas de pedra, dia após dia, podem ter sofrido de silicose (MARKHAM, 1994).</p><p>A inalação diária de poeira deve ter sido o fator subjacente. Ocasionalmente, a localização</p><p>geográfica de uma área era responsável pelo surto de certas doenças. Investigações revelaram</p><p>que, perto de Broken, no território da recente Zâmbia, os hominídeos que viviam cerca de</p><p>200.000 anos atrás sofriam de envenenamento por chumbo.</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Na China, onde um sistema abrangente foi desenvolvido para eliminar resíduos, mesmo</p><p>nos tempos antigos, o uso de fezes humanas como fertilizante era um elemento importante</p><p>da agricultura. A alta produtividade da planície aluvial, na parte oriental do país, é mantida</p><p>dessa maneira há mais de 4000 anos (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004). Essa tradição é</p><p>seguida ainda hoje em várias regiões do país. Markham (1994) resgata a fala de Han Suyin</p><p>que afirma que, “em Chengtu (capital da província de Sechuan), as famílias que possuíam</p><p>os esgotos da cidade e assim podiam vender as fezes acumuladas no campo pertenciam às</p><p>mais ricas até no século XX (até 1949)”.</p><p>14</p><p>Saiba que a razão para essa doença foi o transporte de chumbo para a primavera, localizado</p><p>próximo à caverna, a partir de uma faixa vizinha de minério (MARKHAM, 1994).</p><p>As atividades nocivas das civilizações antigas causaram mudanças duradouras no meio</p><p>ambiente, cujos efeitos podem ser sentidos na atualidade (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004).</p><p>Todavia, esses efeitos apareceram apenas em escala regional, sem causar mudanças globais.</p><p>Além disso, o aumento da alcalinidade do solo nas planícies de inundação dos rios Tigre e</p><p>Eufrates, entre 3500 a.C. e 1800 a.C., resultou em uma diminuição gradual da produtividade</p><p>da agricultura suméria (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004). A água usada para irrigação eleva o</p><p>lençol freático e, se a água redundante não for canalizada, os solos ficarão saturados com água,</p><p>resultando na dissolução de sais e na precipitação na superfície na forma de uma camada</p><p>impermeável.</p><p>O povo sumério observou esse processo da seguinte forma: “a superfície do solo ficou</p><p>branca”. A água usada para irrigação, gradualmente, torna a região cada vez mais inadequada</p><p>para a produção agrícola por meio da lixiviação dos solos (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004). Esse</p><p>fenômeno, na percepção de Mészáros (2002), contribuiu para o declínio da cultura suméria.</p><p>As leis da Babilônia e as da Assíria incluíam cláusulas que afetavam a propriedade dos</p><p>vizinhos (MARKHAM, 1994). Embora Driver e Miles (1952) destaquem que as leis mais antigas,</p><p>as de Hamurabi (século XIII a.C.) estejam relacionadas, principalmente, à água, a fumaça era</p><p>tipicamente tratada da mesma maneira na lei antiga, complementa Brimblecombe (1987b).</p><p>De acordo com registros históricos egípcios, Brimblecombe (1995) afirma que, quando tropas</p><p>núbias cercaram a cidade de Hermópolis, que fica na margem esquerda do Nilo, a meio caminho</p><p>entre Theba e Memphis, os habitantes se renderam a pedir clemência, pois não suportavam</p><p>mais o cheiro do ar da sua própria cidade (nas cidades antigas, a poluição decorrente de odores</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Para Mamane (1987), por volta de 200 d.C., a hebraica Mishnah e sua interpretação</p><p>em Jerusalém e do Talmude Babilônico detalham questões de poluição. Nos tempos</p><p>antigos, a poluição do ar teve consequências substanciais apenas nas cidades. O ar</p><p>dessas cidades antigas, como também em alguns assentamentos recentes, estava cheio</p><p>do cheiro penetrante de lixo doméstico orgânico em decomposição, carne podre e</p><p>fezes humanas. Durante um cerco, quando não havia chance de remover esses resíduos</p><p>emitindo cheiros agressivos, condições insuportáveis prevaleciam nesses assentamentos</p><p>(MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004).</p><p>15</p><p>desagradáveis era, geralmente, notável).</p><p>Mészáros (2001) afirma que Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) estabeleceu uma regra em sua</p><p>obra Athenaion Politeia, segundo a qual o esterco deveria ser colocado fora da cidade, a pelo</p><p>menos 2 km das muralhas da cidade (mármore manchado de fumaça em cidades antigas, dando a</p><p>eles um tom acinzentado. Isso também incomodou vários poetas clássicos, como Horácio (65 a.C.</p><p>- 8 d.C.) e persuadiu os judeus antigos, entre outros, a introduzir uma lista de leis para minimizar</p><p>a poluição em espaços urbanizados.</p><p>Como era a poluição por fumaça e fuligem nos tempos antigos?</p><p>Tenha em mente que, nos tempos antigos, a fumaça e a fuligem representavam os dois</p><p>principais meios de poluição do ar (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004). De acordo com Schäfer</p><p>(1962), existem vários exemplos de poluição ambiental na China também. Antes da era Tang (618</p><p>- 907), os abetos, nas montanhas de Shantung, eram cortados e queimados; depois, na era Tang,</p><p>as encostas das montanhas Taihang, localizadas ao longo da fronteira das províncias Shansi e</p><p>Hopei, ficaram estéreis (da mesma forma, durante a dinastia Tang, as florestas foram cortadas em</p><p>torno de Loyang, a capital, em um círculo com um raio de 320 km. Epstein (1992) destaca que os</p><p>troncos das árvores eram usados, principalmente, como lenha e parcialmente queimados para</p><p>obter tinta para os escritórios governamentais.</p><p>A poluição do ar urbano depende da dimensão do assentamento em questão, da extensão do</p><p>território construído e da natureza da atividade industrial, principalmente do uso de combustíveis</p><p>tradicionais. À medida que a urbanização progredia na China, na Bacia do Mediterrâneo e no</p><p>noroeste da África, por volta de 1000 d.C., mais e mais pessoas viviam em ambientes com fumaça</p><p>e fuligem.</p><p>Maimonides, filósofo e físico (1135 - 1204), que tinha uma experiência abrangente das</p><p>cidades daquela época, de Córdoba ao Cairo, descobriu que o ar urbano é “abafado, enfumaçado,</p><p>poluído, obscuro e nebuloso”. Além disso, ele achava que essa condição é produzida pela</p><p>estupidez que impede o entendimento, a falta de inteligência e a amnésia dos habitantes (TURCO,</p><p>1997). Por outro lado, as dificuldades de trânsito e transporte restringiram a taxa de poluição do</p><p>ar nas cidades. As atividades industriais que consomem mais energia (por exemplo, a produção</p><p>de azulejos, vidro, cerâmica, tijolos e fundição de ferro) estavam localizadas perto de florestas</p><p>porque o transporte de combustíveis em grandes quantidades para as cidades teria sido muito</p><p>caro (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004).</p><p>Dessa forma, Makra e Brimblecombe (2004) destacam que, embora os poluentes</p><p>atmosféricos de origem industrial deixassem o ar fétido, apenas algumas pessoas o inalaram. As</p><p>cidades portuárias foram parcialmente exceções, pois os navios podiam transportar madeira e</p><p>carvão vegetal de forma mais econômica. Assim, Veneza</p><p>poderia manter sua indústria de vidro,</p><p>16</p><p>garantindo seu suprimento de energia por meio do transporte de madeira de lugares distantes.</p><p>De acordo com Hartell (1967), a transição ocorreu no fim do século XI, quando a cidade tinha</p><p>cerca de 1 milhão de habitantes. No entanto, saiba que o período de aquecimento do carvão foi</p><p>curto, isso porque as tropas mongóis destruíram Kaifeng em 1126 e os que permaneceram na</p><p>cidade morreram de peste no início do século XIII.</p><p>A poluição ambiental intensa apareceu simultaneamente com o desenvolvimento das</p><p>sociedades. Perdas ambientais notáveis ocorreram mesmo nas sociedades mais antigas - ar</p><p>e água foram poluídos, solos foram destruídos e muitas espécies animais e vegetais foram</p><p>exterminadas. No entanto, as mudanças ambientais causadas pelas sociedades mais antigas</p><p>eram, geralmente, menores e as condições originais foram rapidamente restauradas. Graças a</p><p>isso, muitas pessoas não estão cientes das perdas ambientais desencadeadas pelas atividades das</p><p>sociedades primitivas (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004).</p><p>Consequentemente, elas tendem a ser mais tolerantes com as sociedades primitivas do que</p><p>com as sociedades modernas que vivem em ambiente urbano. Ao mesmo tempo, há exemplos de</p><p>atividades ambientais nos tempos antigos que resultaram em mudanças duradouras, cujos sinais</p><p>são observáveis na atualidade (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004).</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Entretanto, considere que a maioria da poluição do ar urbano foi derivada de</p><p>combustíveis domésticos, como esterco ou madeira, mas também carvão, às vezes, sem</p><p>fumaça (MCNEILL, 2001). O ar das cidades chinesas também pode ter sido extremamente</p><p>poluído porque o sistema de transporte de água desenvolvido (Big Channel) permitiu o</p><p>uso de grandes quantidades de combustível, pelo menos na capital de Sung, Kaifeng. Essa</p><p>cidade, 500 km ao sul de Pequim, foi, provavelmente, a primeira no mundo a converter</p><p>seu suprimento de energia de madeira em carvão (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004).</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>O corte de grandes áreas de florestas para a construção de navios, nos tempos antigos,</p><p>pode ter contribuído para a diminuição da cobertura florestal na Península Balcânica e</p><p>no território da Grécia. No entanto, Karatzas (2000) menciona que os verões e as secas</p><p>no Mediterrâneo também podem ter contribuído para essa redução em larga escala das</p><p>áreas florestais. Este último fato não tem relação com as atividades humanas.</p><p>17</p><p>Na Grécia, devido à baixa precipitação no verão, as plantas e os arbustos atrofiados que se</p><p>desenvolvem são adequados apenas para o pastoreio de ovelhas e cabras. Ao pastar em excesso</p><p>nas encostas das montanhas, esses animais aumentam a erosão do solo. A fina camada de solo</p><p>fica frouxa e é transportada das encostas pelo escoamento do inverno, criando superfícies de</p><p>calcário áridas muito rapidamente como um estágio final e completo de erosão. Também existem</p><p>vários exemplos de desmatamento em outras regiões. Durante o reinado do rei Salomão, as</p><p>florestas de cedro cobriram uma área de 5000 km2. As florestas de cedro foram mencionadas</p><p>pela primeira vez na literatura entre 2500 a.C. e 2300 a.C. (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004).</p><p>Poucos cedros são encontrados lá hoje. Na era de ouro do Império Romano, a estrada principal</p><p>de Bagdá para Damasco era sombreada por cedros. De acordo com McNeill (2001), a estrada entre</p><p>essas cidades é cercada por deserto. Diversas culturas enfatizam que é preciso viver em harmonia</p><p>com o meio ambiente. Mesmo nas sociedades em que essa ideia foi mencionada perpetuamente</p><p>(por exemplo, nas sociedades asiáticas), as ideias ambientais se perdiam frequentemente sob a</p><p>pressão de demandas financeiras.</p><p>1.3 A era da exploração do chumbo e a expansão da mineração</p><p>A mineração e a metalurgia desempenharam um papel primordial na economia, no antigo</p><p>Mediterrâneo (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004). Segundo Xenofonte (434 a.C. - 359 a.C.)</p><p>e Lucrécio (98 a.C. - 55 a.C.), a fumaça das minas de chumbo na Ática era prejudicial à saúde</p><p>humana (WEEBER, 1990). O chumbo é extraído de seu minério mais importante, a galena. O teor</p><p>de chumbo da galena é de 86,6%, mas também contém arsênico, estanho, antimônio e prata. A</p><p>maior parte da produção de prata do mundo vem da galena e não do minério de prata, porque a</p><p>mineração e a exploração de galena são processos muito mais significativos.</p><p>Boutron (1995) afirma que, por um longo tempo após a introdução da moeda de prata como</p><p>moeda (cerca de 2700 a.C.), o objetivo principal da mineração de galena era extrair prata, e o</p><p>chumbo era considerado apenas um subproduto. O objeto de chumbo mais antigo encontrado</p><p>pelos arqueólogos é um cordão de contas usado na Anatólia, cerca de 8000 anos atrás. Seu</p><p>uso como joalheria, na percepção de Eisinger (1984), sugere que essa era uma época em que o</p><p>chumbo ainda era novo e raro.</p><p>Saiba que a mineração de chumbo começou por volta de 4000 a.C., mas uma exploração</p><p>significativa começou cerca de 1000 anos depois, quando uma nova tecnologia de fundição foi</p><p>introduzida para extrair chumbo (e prata) de minérios de sulfeto de chumbo. Para Nriagu (1983a),</p><p>a exploração de minérios de chumbo e o uso de chumbo tornaram-se cada vez mais importantes</p><p>durante as idades do cobre, bronze e ferro. Esse progresso foi promovido pela introdução de</p><p>moedas de prata e pelo desenvolvimento da civilização grega (durante esse período, a produção</p><p>de chumbo era 300 vezes maior que a da prata) (MAKRA; BRIMBLECOMBE, 2004).</p><p>18</p><p>Conforme Hong et al. (1994), a produção de chumbo atingiu seu máximo de 80.000 toneladas</p><p>por ano na era de ouro do Império Romano, que era aproximadamente a mesma magnitude da</p><p>Revolução Industrial, cerca de 2000 anos depois. De acordo com Nriagu (1983a), as minas de</p><p>chumbo mais importantes estavam situadas na Península Ibérica, nos Bálcãs, no território da</p><p>Grécia antiga e na Ásia Menor. A produção de chumbo diminuiu repentinamente após a queda</p><p>do Império Romano e atingiu seu mínimo em cerca de 900 d.C., com uma massa de apenas</p><p>cerca de 1.000 toneladas por ano. Então, a produção começou a aumentar novamente, graças</p><p>às novas minas de chumbo e prata abertas na Europa Central após cerca de 1000 d.C. (MAKRA;</p><p>BRIMBLECOMBE, 2004).</p><p>2 TIPOS DE POLUIÇÃO</p><p>De acordo com Resolução Conama 382 (BRASIL, 2007), a poluição pode ser classificada nos</p><p>seguintes tipos, confira:</p><p>Poluição atmosférica</p><p>Compreende a contaminação do ar por substâncias líquidas em suspensão, material biológico,</p><p>energia, gases ou partículas sólidas. Contribui para a redução da visibilidade, a diminuição da</p><p>intensidade da luz e pode provocar odores desagradáveis. Além disso, essa poluição interfere no</p><p>aquecimento global, impacta na degradação de ecossistemas e auxilia na formação de chuvas ácidas.</p><p>Poluição hídrica</p><p>Consiste na poluição de rios, riachos, lagos, oceanos e mares. Essa poluição, geralmente, está</p><p>associada a um esgotamento sanitário inexistente e a substâncias químicas manuseadas de forma</p><p>incorreta, dejetos químicos industriais e lixos de diferentes naturezas.</p><p>Poluição do solo</p><p>É a contaminação da camada superficial da crosta terrestre, prejudicando as formas de vida e</p><p>o desenvolvimento. Esse tipo de poluição pode ocorrer em ambientes urbanos e espaços rurais.</p><p>No meio rural, geralmente, está associada à concentração exagerada de dejetos em espaços</p><p>limitados de solo, uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos. Já na área urbana, está relacionada</p><p>à inexistência de infraestrutura de esgotamento sanitário, detergentes, inseticidas entre outros.</p><p>Poluição sonora</p><p>Diz respeito a ruídos sonoros presentes em ambiente de modo que atrapalham a convivência</p><p>harmoniosa das pessoas. Note que essa poluição pode ser ocasionada pelo ruído excessivo de</p><p>indústrias, canteiros de obras, meios de transporte, movimentos sociais entre outros.</p><p>19</p><p>Poluição visual</p><p>Está associada à excessiva presença de imagens visuais em espaços urbanos, como em</p><p>outdoors, cartazes, placas, fachadas pintadas, busdoors e Tv-doors entre outros. Perceba que essa</p><p>demasia</p><p>de comunicação geral contribui na geração de estresse, desconforto visual, distração de</p><p>motoristas e pode ocasionar acidentes.</p><p>Poluição térmica</p><p>Consiste no descarte, nos rios, de grande volume de águas aquecidas utilizadas no processo</p><p>de refrigeração de refinarias, siderúrgicas e usinas termelétricas. Esse descarte inadequado</p><p>afeta o volume de oxigênio dissolvido na água, interfere no tempo de vida de algumas espécies</p><p>aquáticas, aumenta a quantidade de gás carbônico na atmosfera, aumenta a velocidade das</p><p>reações entre os poluentes presentes na água e potencializa a ação nociva dos poluentes.</p><p>Poluição luminosa</p><p>É associada à luz excessiva ou obstrutiva criada pelos seres humanos. Pode ocasionar</p><p>efeitos negativos na saúde humana, reduzir a visibilidade em estrelas e interferir na observação</p><p>astronômica.</p><p>Poluição radioativa</p><p>Está relacionada à disposição incorreta de material radioativo. É intensificada por correntes de</p><p>ar que distribuem a poluição por extensas áreas. Ao longo do tempo, a suspensão é trazida para</p><p>o solo, onde é absorvida e incorporada pelos seres vivos. É comum ocorrer poluição radioativa via</p><p>elementos radioativos césio 137, plutônio 239, estrôncio 90, urânio e cobalto.</p><p>2.1 Exemplos de como a poluição é gerada</p><p>É possível atribuir a contaminação de águas subterrâneas a uma variedade de atividades.</p><p>Enquanto fontes de contaminação, como sistemas sépticos, são encontradas em todos os lugares,</p><p>outras são regionais, por exemplo, a intrusão salina (AKINBILE; OLUGBOJO; OLUBANJO, 2015).</p><p>Como modo não sanitário de disposição de resíduos, considere a defecação em córregos e o</p><p>despejo de resíduos em fossas, rios e canais de drenagem (SANGODOYIN, 1991). É fato que a água</p><p>doce é essencial para a vida, por isso, é importante zelar pela sua preservação e pela redução de</p><p>contaminações de lençóis freáticos com esgotos domésticos e efluentes industriais assim como</p><p>pela contaminação com agrotóxicos e chorume de lixões.</p><p>As qualidades bacterianas de águas subterrâneas, tubulações e outros suprimentos naturais</p><p>de água também podem ser insatisfatórios, com as contagens de coliformes excedendo em muito</p><p>o nível recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (EDEMA et al., 2001).</p><p>20</p><p>• Já em relação ao ar, conforme Vieira (2009), sua poluição é ocasionada pelos seguintes</p><p>poluentes:</p><p>• Monóxido de carbono: produto utilizado para a realização da queima de combustíveis.</p><p>• Dióxido de enxofre: produto oriundo da combustão do enxofre presente em combustí-</p><p>veis tóxicos.</p><p>• Monóxido de nitrogênio e dióxido de nitrogênio: gerado a partir de qualquer combustão</p><p>que ocorra na presença de ar atmosférico.</p><p>• Chumbo: elemento adicionado à gasolina para aumentar a octanagem.</p><p>• Dióxido de carbono (CO2): elemento de qualquer matéria orgânica. Embora encontrado</p><p>naturalmente na atmosfera, provoca desequilíbrios quando lançado em excesso.</p><p>O excesso de poluição do ar gera uma série de consequências, por exemplo: chuva ácida,</p><p>efeito estufa, inversão térmica, ilhas de calor, destruição da camada de ozônio (VIEIRA, 2009).</p><p>Portanto, é essencial combater as formas de contaminação do ar consideradas mais impactantes</p><p>para zelar pela vida na Terra.</p><p>3 CONSEQUÊNCIAS DA POLUIÇÃO</p><p>A escassez de água ou a sua poluição pode impactar severamente na diminuição da</p><p>produtividade e em mortes de espécies vivas (GARBA et al., 2008). Segundo o Relatório da</p><p>Organização para Alimentos e Agricultura (FAO), nos países africanos, particularmente na Nigéria,</p><p>as doenças relacionadas à água interferem no desenvolvimento humano básico (FAO, 2007).</p><p>Como já é de se esperar, a destinação incorreta dos lixos também é uma fonte da qual</p><p>derivam vários efeitos negativos para a sociedade. O aterro sanitário, por exemplo, continua</p><p>sendo um dos principais métodos para descarte de resíduos sólidos urbanos e industriais nos</p><p>mais diferentes países, inclusive no Brasil (MOHAJERI et al., 2010). Para você ter melhor noção,</p><p>até 95% do total de resíduos sólidos urbanos (RSU) coletados em todo o mundo são descartados</p><p>em aterros, o que representa um percentual bastante elevado. No entanto, o aterro sanitário gera</p><p>grande quantidade de lixiviados altamente poluídos. Isso induziu riscos altamente potenciais para</p><p>o público, a flora, a saúde da fauna e os ecossistemas (AZIZ et al., 2004).</p><p>Os países que possuem muitas fontes de água doce poluída tendem a ter muitos surtos graves</p><p>de doenças. Um exemplo típico de doença é a esquistossomose urinária (UMEH et al., 2004).</p><p>21</p><p>Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:</p><p>3.1 Como minimizar consequências da poluição</p><p>O principal desafio para minimizar as consequências da poluição é via educação. É preciso</p><p>empoderar as pessoas para que elas tenham consciência e saibam utilizar práticas e rotinas</p><p>diárias simples de assepsia, higienização, cuidados no uso da água e com a sua saúde. Para que</p><p>isso seja possível, é preciso melhorar os padrões culturais e socioeconômicos das pessoas na</p><p>região tropical (UMEH et al., 2004).</p><p>3.2 Parâmetros de potabilidade e entidades atestadoras</p><p>Como o próprio nome sugere, os parâmetros de potabilidade consistem em indicadores que</p><p>permitem avaliar a qualidade da água. Eles são essenciais para atestar se a água pode ser utilizada</p><p>para consumo humano. Considere como exemplos de parâmetros de potabilidade: cor, odor,</p><p>sabor, pH, temperatura, turbidez, alcalinidade, condutividade, oxigênio dissolvido (DO), demanda</p><p>bioquímica de oxigênio (DBO5) e sólidos totais (TS). Outros foram cloreto (CL-), total de sólidos</p><p>dissolvidos (TDS), total de sólidos em suspensão (TSS), chumbo (Pb), nitrato (NO3), sulfato (SO4-</p><p>2), óleo e graxa, Escherichia coli (E-coli) e coliforme fecal.</p><p>A filtração, como forma de assegurar a limpidez da água para consumo, foi mencionada já na</p><p>década de 1970. Foram instituídas leis para assegurar a necessidade da filtração da água servida</p><p>à população, decorrentes da percepção de que a qualidade da água transcendia aos aspectos</p><p>visuais, de sabor e odor (LIBÂNIO, 2010).</p><p>Após a veiculação dos estudos desenvolvidos por Snow e Pasteur, houve a identificação e a</p><p>classificação dos agentes patogênicos causadores de diversas doenças de transmissão hídrica.</p><p>Por exemplo, febre tifoide, descoberta em 1880; disenteria, em 1898; e a febre paratifoide, que</p><p>emergiu na década de 1990 (LIBÂNIO, 2010).</p><p>22</p><p>Figura 2 - Potabilidade da água</p><p>Fonte: alphaspirit, Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra parte de um centro de tratamento de água com destaque</p><p>em um canal de água corrente, em que o líquido é tratado, passando por máquinas e canos, para</p><p>que seja destinada ao consumo humano.</p><p>Para os padrões americanos, a cloração passou a fazer parte dos elementos utilizados para tratar</p><p>a água a partir da década de 1925. Naquela época, saiba que também foram estabelecidos padrões</p><p>e limites bacteriológicos toleráveis na água própria para consumo humano, aspectos estéticos,</p><p>como a água de consumo ser inodora, sem gosto, isenta de cor, além de não conter substâncias</p><p>minerais solúveis ou substâncias químicas utilizadas no tratamento. Também foram estabelecidos</p><p>limites para coliformes fecais, chumbo, cobre, zinco, ferro entre outros (LIBÂNIO, 2010).</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Estima-se o limite de 15 µg/L do composto metil terciário butil éter como limite máximo</p><p>aceitável na água. Esse composto confere odor e sabor às águas de consumo. É esperado</p><p>que concentrações inferiores a 40 µg/L não causem efeitos deletérios à saúde nem, para</p><p>a maioria das pessoas, sensações de odor e sabor que poderiam concorrer para a rejeição</p><p>da água distribuída.</p><p>23</p><p>Ainda com relação aos parâmetros de potabilidade, você sabe como eles são atestados? Bom,</p><p>há entidades que definem os níveis máximos admissíveis dos padrões de potabilidade. Como</p><p>exemplos, você pode considerar: a Food and Agriculture Organization of The United Nation (FAO</p><p>– Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), a Organização Mundial da</p><p>Saúde e outras específicas de alguns países, como</p><p>a Nigeria Standard for Water Quality (NSDWQ)</p><p>(AKINBILE; OLUGBOJO; OLUBANJO, 2015).</p><p>3.3 Importância dos parâmetros de potabilidade</p><p>Como você já deve ter estudado, a água é considerada solvente universal e sua composição</p><p>original é H2O, um líquido de moléculas compostas por hidrogênio e oxigênio. Todavia, na natureza,</p><p>a água não se encontra de forma pura, gases, inclusive oxigênio, dióxido de carbono e nitrogênio</p><p>estão disponíveis e dissolvidos entre suas moléculas. Além disso, há presença de sais, como os</p><p>nitratos, os cloretos e os carbonatos; pequenos sólidos, a exemplo de pedaços de matéria animal,</p><p>poeira e areia podem ser carregados em suspensão. Há também substâncias químicas que dão cor</p><p>e gosto à água; a presença de íons pode ocasionar uma reação química alcalina ou ácida; a variação</p><p>das temperaturas pode influenciar o comportamento químico do líquido (SEWEL, 2011).</p><p>A água é um recurso natural essencial, seja como componente dos seres vivos, como meio de</p><p>vida de diversas espécies animais e vegetais, elemento representativo de valores socioculturais</p><p>ou, ainda, usada como fator de produção de bens de consumo e produtos agrícolas (BASSOI;</p><p>GUAZELLI, 2006).</p><p>Note que ela é o constituinte orgânico mais abundante nas matérias vivas, representa 60%</p><p>do peso de um ser humano; nas plantas, pode atingir até 90% e, em certos animais aquáticos,</p><p>pode alcançar até 98% de sua composição (BASSOI; GUAZELLI, 2006). Além disso, esse solvente</p><p>ocupa um papel importante como fator de consumo nas atividades humanas. Veja: no Brasil, são</p><p>consumidos, em média, 246 m3/habitante/ano considerando todos os possíveis usos da água,</p><p>inclusive aquela utilizada na agricultura e na indústria (BASSOI; GUAZELLI, 2006).</p><p>O uso da água tanto para necessidades de sobrevivência e bem-estar do ser humano como</p><p>para a preservação da vida contempla o abastecimento público, o abastecimento industrial, as</p><p>atividades agropastoris, a irrigação, a dessedentação de animais, a preservação da fauna e da</p><p>flora aquática, a recreação, a geração de energia elétrica, a diluição e o transporte de efluentes</p><p>(BASSOI; GUAZELLI, 2006).</p><p>O lançamento, em corpos d’água, de efluentes líquidos que receberam tratamento adequado</p><p>ou não provoca alterações em suas características físicas, químicas e biológicas. Tais alterações</p><p>podem ou não ser representativas para os usos a que as águas do corpo receptor se destinam.</p><p>Tenha em mente que isso, geralmente, está associado à intensidade da carga de poluentes</p><p>lançados nas águas. Conforme Bassoi e Guazelli (2006), veja, a seguir, quais são os efeitos da</p><p>24</p><p>qualidade da água para os diferentes usos:</p><p>Abastecimento público</p><p>Contaminação microbiológica por bactérias, vírus e protozoários causadores de doenças por</p><p>veiculação hídrica, como gastrenterite, febre tifoide, hepatite e cólera; variação imprevisível na</p><p>qualidade das águas por corante, agrotóxicos e metais pesados; presença de produtos químicos</p><p>orgânicos e inorgânicos que causam dureza, corrosão, cor, odor, sabor, espumas e provocam o</p><p>desenvolvimento de algas na água; encarecimento do tratamento da água em função da presença</p><p>de muitos poluentes.</p><p>Abastecimento industrial</p><p>Limitação para uso em determinadas indústrias, por exemplo, ramo de bebidas, têxtil,</p><p>alimentício, papel e celulose, abastecimento e químicas; operação e manutenção de caldeiras em</p><p>que a presença em excesso de cálcio e magnésio ocasiona obstrução de equipamentos, trazendo</p><p>riscos de explosão.</p><p>Indústria da pesca</p><p>O lançamento de efluentes líquidos pode matar peixes, contribuir para o desaparecimento de</p><p>organismos aquáticos, a degeneração e o enfraquecimento de peixes, a obstrução de locais de</p><p>deposição de ovos e a redução do valor econômico gerado por determinadas áreas.</p><p>Navegação</p><p>Contribui para a formação de bancos de lodos em canais navegáveis, implica no encarecimento</p><p>da conservação de canais e estrutura de pesca.</p><p>Agricultura e pecuária</p><p>Podem implicar na contaminação bacteriana de leite e hortaliças, pode ocasionar morte de</p><p>animais e destruição de plantações.</p><p>Recreação</p><p>Pode ocasionar contaminação por bactérias, vírus, parasitas entre outros; pode gerar</p><p>problemas estéticos e prejuízos em atividades esportivas e recreativas.</p><p>Portanto, note que a ausência de potabilidade da água gera prejuízos imensos nos diferentes</p><p>tipos de uso dela. Por isso, é importante que as pessoas zelem pelo uso eficiente desse líquido tão</p><p>precioso, pela sua preservação e pelo cuidado no manuseio e no uso.</p><p>25</p><p>Você, como cidadão, pode contribuir para diminuir a poluição gerada. Seja consciente, zele</p><p>pela natureza e pelo seu bem-estar.</p><p>Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Um dos principais problemas enfrentados pela sociedade é a poluição. Isso prejudica muito</p><p>o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, especialmente, a grande quantidade de</p><p>pessoas que vivem em centros urbanos. Adote práticas usuais de: dispor adequadamente</p><p>o lixo que você gera; atacar a causa-raiz da geração do lixo, isto é, identificar se todos os</p><p>materiais que você está jogando fora são realmente inutilizáveis; usar lixeiras distintas</p><p>para lixo seco e molhado; encaminhar o lixo seco para reciclagem; enquanto consumidor,</p><p>fazer escolhas conscientes, seja no tipo de produto adquirido, seja no tipo de embalagem</p><p>que armazena esse produto. Opte por embalagens que sejam de fácil reciclabilidade.</p><p>26</p><p>Nesta unidade, você teve a oportunidade de:</p><p>• conhecer o conceito de poluição;</p><p>• entender o histórico de evolução da poluição;</p><p>• aprender sobre os diferentes tipos de poluição;</p><p>• entender as consequências da poluição;</p><p>• compreender a poluição das águas e o impacto na vida das diferentes espécies;</p><p>• conscientizar-se do seu papel enquanto cidadão para diminuir a poluição.</p><p>PARA RESUMIR</p><p>AKINBILE, C. O. et al. Environmental impact assessment of two polluting sources on</p><p>stream in Nigeria. In: Agric Eng Int: CIGR Journal. vol. 17, n. 3, 2015.</p><p>AZIZ, H. A. et al. Physico-chemical removal of iron from semi-aerobic landfill leachate by</p><p>limestone filters. In: Waste Management. 24 (4), 353-358, 2004.</p><p>BASSOI, L. J.; GUAZELLI, M. R. Controle ambiental da água. In: PHILLIPPI JR. A. et al. Curso</p><p>de gestão ambiental. São Paulo: Manole, 2004.</p><p>BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Disponível em: camara.leg.br/legin/fed/</p><p>lei/1980-1987/lei-6938-31-agosto-1981-366135-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso</p><p>em: 25 jan. 2020.</p><p>BRASIL. Resolução Conama 382/2007. Disponível em: mma.gov.br/port/conama/res/</p><p>res06/res38206.pdf. Acesso em: 25 jan. 2020.</p><p>BRIMBLECOMBE, P. The big smoke. A history of air pollution in London since medieval</p><p>times, Methuen, London, New York, 184 p., 1987a.</p><p>BRIMBLECOMBE, P. The antiquity of smokeless zones. 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No decorrer da unidade,</p><p>serão listadas também as consequências da poluição assim como técnicas de controle,</p><p>remediação e mitigação da poluição.</p><p>Embarque nesse momento de aprendizado de forma intensa e com muita curiosidade.</p><p>Certamente, você vai se surpreender com as informações descritas.</p><p>Bons estudos!</p><p>Introdução</p><p>33</p><p>1 FONTES POLUIDORAS</p><p>Quando se fala em poluição, diferentes fontes podem ser citadas como responsáveis pela</p><p>geração de sujidades. Nesse sentido, você pode considerar como principais fontes poluidoras:</p><p>a poluição por óleo, a poluição térmica, a poluição do ar, a poluição da camada de ozônio, a</p><p>poluição por metais pesados e os poluentes de aterros.</p><p>Conheça, a seguir, detalhes sobre cada uma dessas fontes.</p><p>Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:</p><p>1.1 Poluição por óleo</p><p>O óleo é considerado um dos principais poluentes de oceanos. Suas propriedades físicas e</p><p>químicas variam muito de acordo com sua origem, seu nível de processamento, sua temperatura</p><p>e suas condições do mar. A composição química do óleo pode sofrer mutações no mar e formar</p><p>outros compostos no ambiente. Alguns desses compostos gerados, inclusive, podem conter</p><p>níveis de toxicidade (SEWELL, 2011).</p><p>Os indicadores de derramamento de óleo no mar evidenciam o montante de 4 bilhões de litros</p><p>por ano, o que corresponde a, aproximadamente, um milésimo do total extraídos dos substratos</p><p>da Terra (SEWELL, 2011). Considere que esses vazamentos, geralmente, estão associados a</p><p>atividades tecnológicas. Os navios são responsáveis pela maior parte dos derramamentos, que,</p><p>grande parte das vezes, ocorrem no momento em que é realizado o ajuste do peso e do lastro,</p><p>realizada a carga e a descarga de produtos e em episódios de acidentes (SEWELL, 2011).</p><p>34</p><p>Figura 1 - Vazamento de óleo no litoral brasileiro em 2019</p><p>Fonte: Fonte: alphaspirit, Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra um trecho de mar do litoral brasileiro. A faixa de mar é verde</p><p>e tem algumas ondas quebrando. Na faixa de areia, uma grande mancha de óleo na cor preta</p><p>cobrindo quase que totalmente a faixa de areia clara.</p><p>Saiba que os acidentes marítimos totalizam, em média, 50 a 100 incidentes sérios por ano</p><p>alusivos a danos a navios petroleiros e derramamento de óleo (SEWELL, 2011). Na sequência,</p><p>estão computados os acidentes em poços de plataforma submarina. Da mesma forma a</p><p>transferência do petróleo para as instalações na Terra também é responsável por significativos</p><p>derramamentos. Essas perdas estão associadas a falhas no equipamento ou erros de manuseio.</p><p>1.2 Poluição térmica</p><p>A poluição térmica diz respeito ao calor dissipado presente na água. Tenha em mente que</p><p>isso impacta na mortandade de peixes, em odores noviços, na presença de águas turvas, em</p><p>sabores desagradáveis entre outros (SEWELL, 2011). A água, muitas vezes, também é utilizada</p><p>para absorver o calor perdido em instalações elétricas a vapor (SEWELL, 2011).</p><p>De acordo com Sewell (2011), os elementos associados à poluição térmica são:</p><p>• expansão do consumo da energia elétrica;</p><p>• a energia nuclear que dissipa mais calor que a gerada por energia fóssil;</p><p>• as instalações geradoras térmicas estão se tornando maiores, aumentando proporcional-</p><p>mente as descargas de calor perdido.</p><p>35</p><p>Figura 2 - A introdução da água quente oriunda da refrigeração de refinarias, centrais elétricas,</p><p>usinas nucleares e indústrias diversas causa sérios danos à água</p><p>Fonte: Fonte: alphaspirit, Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra água agitada na cor marrom e espuma. Sobre a água,</p><p>passam ductos de ferro, estruturas metálicas, escadas e passarelas de uma indústria.</p><p>Como principais alterações provocadas pelo aquecimento da água você pode considerar:</p><p>Densidade</p><p>É mensurada pela pesagem de um volume definido de água. Esse peso varia de acordo com</p><p>a temperatura do líquido. Um grama é considerado um centímetro cúbico de água pura a 4 ºC.</p><p>Mediante aquecimento, ela se torna menos densa, pesando menos por unidade de volume.</p><p>Viscosidade</p><p>A adição de calor à água a torna menos viscosa, o que implica em sua fluidez maior. No meio</p><p>ambiente, a água mais quente tende a fluir com maior rapidez do que as mais frias. As águas</p><p>quentes tendem a formar um canal acima das camadas mais frias.</p><p>Pressão de vapor</p><p>Água quente tem maior propensão à evaporação. Saiba que isso é mensurado pela maior</p><p>propensão de geração de vapor sobre a água, quando é adicionado calor, o que contribui para a</p><p>perda de volumes maiores de água em lagos e rios que são aquecidos.</p><p>Oxigênio dissolvido</p><p>A redução de oxigênio na água pode causar a mortandade de peixes. Quando a água saturada,</p><p>a 2 ºC, conterá o dobro do oxigênio livre que a mesma água aquecida a 38 ºC. Outros gases, como</p><p>36</p><p>o nitrogênio, podem se tornar instáveis mediante aquecimento rápido. Então, essa variação de</p><p>temperatura</p><p>afeta a vida aquática.</p><p>1.3 Poluição do ar</p><p>A poluição do ar consiste na presença de materiais estranhos dispersos no ar. São todos</p><p>aqueles elementos que podem ser vaporizados ou transformados em pequenas partículas de</p><p>modo que flutuem no ar (SEWELL, 2011). As características normais do ar consistem em 99,99%</p><p>do seu volume ser composto por nitrogênio (em torno de 78,09%), oxigênio (aproximadamente</p><p>20,94%), argônio (0,95%) e dióxido de carbono (0,03%) (SEWELL, 2011).</p><p>Saiba que há outros constituintes presentes, mas em proporcionalidades microscópicas. Todavia, o</p><p>ar de espaços urbanos tende a apresentar características diferentes (SEWELL, 2011). Há presença de</p><p>monóxido de carbono, dióxido de enxofre e metano em percentuais considerados excessivos. Do mesmo</p><p>modo, existem níveis mensuráveis de mercúrio, cádmio, zinco, compostos clorados, carbono, sílica,</p><p>hidrocarbonetos, por exemplo: borracha, óleos, metano, propano, plásticos entre outros (SEWELL, 2011).</p><p>Como você já deve ter percebido, por meio de livros, revistas, jornais e TV, a poluição do ar</p><p>é universal e, muitas vezes, passa despercebida pelas pessoas. Atualmente, não é tão comum</p><p>visualizarmos fumaça negra, locomotivas e fábricas que cubram o céu com seus vapores asfixiantes.</p><p>Tais práticas ocorriam com frequência no século passado. As tecnologias de mitigação da poluição</p><p>evoluíram muito. Hoje, a maioria dos gases produzidos pelos processos produtivos são incolores</p><p>e inodoros. Mesmo assim, geram um passivo para a saúde das pessoas; impactam em diferentes</p><p>níveis de corrosão (SEWELL, 2011). Portanto, são capazes de gerar diversos inconvenientes.</p><p>Figura 3 - Segundo a OMS, ocorrem anualmente 4,2 milhões de mortes prematuras atribuídas à</p><p>poluição do ar ambiente no mundo</p><p>Fonte: alphaspirit, Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra duas fileiras de carros em uma rua, soltando uma densa</p><p>fumaça branca que polui o ar.</p><p>37</p><p>Conheça, a seguir, como Sewell (2011) classifica os poluentes:</p><p>Primários</p><p>São aqueles pelos quais o ser humano é diretamente responsável pela sua disseminação.</p><p>Secundários</p><p>São formados pelas emissões artificiais que se combinam. Mediante auxílio da luz solar,</p><p>fornecem energia, oxigênio, nitrogênio e vapor d’água no ar. A exemplo disso você pode considerar</p><p>o ozônio e o nitrato peróxi-acetílico.</p><p>Natural</p><p>É composta por gases que se formam mediante a decomposição de matérias, como</p><p>hidrocarbonetos e óxidos de enxofre.</p><p>A poluição do ar, especialmente em espaços urbanos, reporta-se a cinco grupos de materiais.</p><p>São as substâncias que, geralmente, são mensuradas pelos órgãos de controle da poluição do ar</p><p>(SEWELL, 2011). Já os indicadores são registrados em bancos de dados nacionais, destaca Sewell</p><p>(2011). São eles:</p><p>Monóxido de carbono</p><p>Gerado quando ocorre a queima parcial de combustíveis fósseis. Os principais geradores desse</p><p>composto químico são os automóveis. A forma de minimizar a sua geração é por meio da presença</p><p>de oxigênio e maiores temperaturas dos motores. Entretanto, são condições de funcionamento</p><p>que geram um percentual maior de óxidos de nitrogênio. O monóxido de carbono é incolor,</p><p>inodoro, venenoso e mais leve que o ar, consiste em partículas sólidas e líquidas que flutuam. As</p><p>origens usuais são cinzas e fuligens da combustão de carvão ou óleo para a geração de energia e</p><p>da incineração de resíduos. Mas saiba que a queima, a pulverização e a abrasão de qualquer coisa</p><p>sólida ou o respingo de um líquido costumam produzir partículas. A forma pode ser de fuligem</p><p>e fumaça visíveis até partículas que são passíveis de detecção via microscópio eletrônico. Há</p><p>probabilidade de caírem no chão quando saírem da chaminé ou serem disseminadas por milhares</p><p>de quilômetros pelas correntes de ar.</p><p>Óxidos de enxofre</p><p>São gerados e emitidos mediante a queima de carvão e óleo na geração de energia elétrica</p><p>ou no aquecimento de ambientes. O enxofre pode ser encontrado em seu status natural no</p><p>carvão e no óleo, todavia, o gás que é gerado tem potencial de corrosão, é tóxico. Torna-se ainda</p><p>mais perigoso quando ocorre a combinação de dióxido de enxofre com o vapor d’água e outros</p><p>38</p><p>compostos. Essa combinação gera o ácido sulfúrico e sulfatos. Em espaços urbanos, a presença de</p><p>dióxido de enxofre em concentrações elevadas gera uma sensação de sufocamento nas pessoas.</p><p>Hidrocarbonetos</p><p>São os vapores não queimados que evaporam de tanques de gasolina e são emitidos pelo</p><p>escapamento de veículos. Eles são gerados também pelos solventes em evaporação do asfalto,</p><p>por emissões gasosas de vegetação em estágio de apodrecimento ou produtos derivados de</p><p>qualquer tipo de reação gerada pela matéria orgânica que contém carbono. Os hidrocarbonetos</p><p>são agentes causadores de câncer, muito embora não sejam considerados tóxicos em sua</p><p>composição/concentração normal. Esses gases são os principais responsáveis pela formação de</p><p>uma névoa escura e amarelada nas cidades.</p><p>Óxido de hidrogênio</p><p>Sua geração está associada ao aquecimento do ar a altas temperaturas, como ocorre em um</p><p>cilindro de um veículo ou na fornalha de usinas de energia. Nessas circunstâncias, o nitrogênio</p><p>inerte da atmosfera se combina com o oxigênio para formar óxido nítrico. Em seguida, esse óxido</p><p>se converte em dióxido de nitrogênio. Na sua composição natural, esse gás apresenta uma cor</p><p>amarelada e irrita levemente os pulmões, mesmo quando está presente em baixas concentrações</p><p>no ar. Ao se combinar com a chuva, gera o ácido nítrico.</p><p>1.4 Poluição da camada de ozônio</p><p>A poluição da camada de ozônio está associada a altas concentrações de ozônio na baixa</p><p>atmosfera – isto é, na troposfera, camada da atmosfera que está localizada na superfície da terra</p><p>em uma altitude aproximada de 10 km a 12 km. Nesse local, a temperatura decresce de forma</p><p>rápida. – A camada de ozônio é muito importante para a sobrevivência humana, por exemplo, por</p><p>ser responsável pelo impedimento da penetração dos raios ultravioletas diretamente na pele, o</p><p>que evita a ocorrência de câncer de pele (SIRVINSKAS, 2011).</p><p>Tenha em mente que o fato de haver concentrações de ozônio na baixa camada pode ocasionar</p><p>redução da resistência do organismo a infecções, problemas respiratórios, irritação nos olhos, no</p><p>nariz e na garganta e envelhecimento precoce de materiais (SIRVINSKAS, 2011).</p><p>39</p><p>Figura 4 - Atividades industriais colaboram para a destruição da camada de ozônio, um dos</p><p>principais problemas relacionados ao meio ambiente que o mundo enfrenta.</p><p>Fonte: Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra uma parte do globo terrestre na cor azul clara na sua base. Sobre</p><p>o globo, está outra camada em azul mais escuro contendo elementos que poluem o meio ambiente,</p><p>como gases, indústrias, chaminés, carro soltando fumaça, sacos de lixo. Dos elementos, saem setas</p><p>que esbarram no limite da camada e retornam para a Terra. No topo da imagem, o Sol na cor laranja,</p><p>que emite raios em direção à Terra. Alguns desses raios penetram, outros retornam para o espaço.</p><p>São consideradas altas concentrações de ozônio a dosagem de 326 microgramas/metro</p><p>cúbico. A quantidade máxima aceitável para que o ar seja considerado adequado é de 160</p><p>microgramas por metro cúbico. Tais parâmetros são institucionalizados pelo Padrão Nacional de</p><p>Qualidade do Ar (PQAR). A Organização Mundial da Saúde estabelece como parâmetro aceitável</p><p>100 microgramas por metro cúbico de ar (SIRVINSKAS, 2011).</p><p>Esses poluentes são originários de reações químicas estimuladas pela luz solar em</p><p>circunstâncias nas quais ocorrem resíduos da queima de combustíveis. Um fator que interfere</p><p>na geração de ozônio nas baixas camadas é a presença da substância olefina, na gasolina.</p><p>Essa substância corresponde a um composto orgânico, volátil, gerado pela queima incompleta</p><p>do combustível. Atualmente, o combustível apresenta 30% de olefinas em sua composição. O</p><p>aumento da frota automotiva também é um dos responsáveis pela baixa qualidade do ar e pela</p><p>emissão de poluentes danosos à saúde das pessoas (SIRVINSKAS, 2011).</p><p>1.5 Poluição por metais pesados</p><p>A poluição por metais pesados tem sérias implicações na vida no planeta, ela é nefasta para a</p><p>natureza e para a saúde das pessoas. Os metais pesados são elementos naturais, oriundos de fontes</p><p>naturais e antropogênicas. Estes são, no entanto, os mais significativos, eles liberam quantidades maiores</p><p>de poluentes em formas tóxicas e móveis (VAREDA; VALENTE; DURÃES, 2019).</p><p>40</p><p>A concentração de metais pesados em vários locais (avaliada na água, no solo e em exemplos</p><p>de amostras) é afetada por diversas fontes de poluição. Isso evidencia como as atividades</p><p>humanas abalam a mídia natural e como a poluição se espalha. Saiba que a poluição, em cada</p><p>meio, é avaliada pela concentração relativa às diretrizes de água potável e de irrigação e pelo</p><p>índice de geoacumulação de solos e sedimentos.</p><p>A poluição por metais pesados é uma questão inevitável causada por atividades humanas que</p><p>muitas pessoas têm lutado para lidar (VAREDA; VALENTE; DURÃES, 2019). Metal pesado é um</p><p>termo mal definido que se refere a um grupo de elementos com uma densidade maior que 4 gcm-</p><p>3, incluindo metais e metaloides como o arsênico (DÜUS, 2002 apud VAREDA; VALENTE; DURÃES,</p><p>2019). Embora ocorram naturalmente e alguns sejam biologicamente essenciais (por exemplo,</p><p>cobre e cromo são micronutrientes) (BOLAN et al., 2013 apud VAREDA; VALENTE; DURÃES, 2019),</p><p>as emissões de poluição elevam a concentração desses elementos em ambientes naturais a</p><p>concentrações perigosas (ADRIANO et al., 2004 apud VAREDA; VALENTE; DURÃES, 2019).</p><p>1.6 Poluentes de aterros</p><p>Poluentes de aterros são os chorumes e as lixiviações oriundas da disposição do lixo em</p><p>aterros, emitidos no processo de fermentação e decomposição dos resíduos. A poluição causada</p><p>pelos aterros se inicia a partir do momento em que acontece o apodrecimento de matéria-</p><p>orgânica de origens animal e vegetal alusiva aos resíduos sólidos urbanos (RSU). Esse processo</p><p>gera gases e chorume.</p><p>Do mesmo modo, quando o aterro não é projetado para coletar e tratar todo o chorume,</p><p>saiba que ele gera uma intensa contaminação dos recursos hídricos adjacentes. Dessa maneira,</p><p>contamina corpos de água superficiais e subsuperficiais. Isso contribui no processo de aceleração</p><p>da dispersão de poluentes no ambiente, o que implica na intensificação dos efeitos da poluição</p><p>mesmo em espaços territoriais distantes da origem (VAREDA; VALENTE; DURÃES, 2019).</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>Foi verificado que a extração e o processamento de minério e as indústrias metalúrgicas</p><p>estão no topo das fontes mais poluentes. Dada a dinâmica dos cátions de metais pesados</p><p>e que a maioria deles é liberada em efluentes líquidos, as técnicas de tratamento de</p><p>águas residuais para a remoção de metais pesados também são realizadas e discutidas</p><p>criticamente. A viabilidade econômica em grande escala municipal e a capacidade de</p><p>cumprir regulamentos rigorosos são os fatores determinantes na seleção dessas técnicas</p><p>(VAREDA; VALENTE; DURÃES, 2019).</p><p>41</p><p>Figura 5 - A poluição causada por aterros inicia com a decomposição de resíduos sólidos</p><p>urbanos, principalmente, dos materiais orgânicos</p><p>Fonte: alphaspirit, Shutterstock, 2020.</p><p>#ParaCegoVer: a imagem mostra uma pilha de lixo em aterro sanitário. Na base da pilha, há</p><p>um trator amarelo que ajuda a escavar o lixo. Outro trator igual está no topo da pilha.</p><p>Fatores como a alta concentração de elementos poluentes no chorume contribuem para a</p><p>elevação da condutividade hidráulica do solo, inclusive, a pequena profundidade do lençol freático é</p><p>facilitador para a ocorrência da poluição de águas subterrâneas (VAREDA; VALENTE; DURÃES, 2019).</p><p>Os aterros possuem um efeito poluente residual elevado. Você sabia que é possível detectar</p><p>a presença de contaminantes em aquíferos mesmo após muitos anos após o fechamento do</p><p>aterro? Esses poluentes são gerados, especialmente, porque a decomposição dos resíduos</p><p>continua ocorrendo de forma gradativa por décadas. Com isso, você pode subentender que esse</p><p>processo continua gerando chorume (VAREDA; VALENTE; DURÃES, 2019).</p><p>A contaminação das águas subterrâneas só é detectada vários anos após o início do processo de</p><p>fermentação dos resíduos sólidos urbanos, pois o movimento dos poluentes, no solo, costuma ser</p><p>lento. Caso essa contaminação aconteça, os poluentes ingressam no sistema de fluxo predominante</p><p>das águas subterrâneas. Por meio de movimentos lentos eles se movem na direção da inclinação do</p><p>lençol freático até o ponto de escoamento na superfície do terreno (VAREDA; VALENTE; DURÃES, 2019).</p><p>Esse movimento subterrâneo dos resíduos associados ao escorrimento superficial do chorume</p><p>e a ausência ou a ineficiência do sistema de tratamento são os responsáveis pela geração de</p><p>poluição das águas superficiais. Visualmente, você pode notar a poluição das águas pela mudança</p><p>da sua coloração e pelo aumento da sua turbidez, o que implica na redução da penetração da luz</p><p>(VAREDA; VALENTE; DURÃES, 2019).</p><p>42</p><p>Isso produz modificações importantes na cadeia alimentar das espécies aquáticas, provoca</p><p>alterações na temperatura da água, assim como na dinâmica da disponibilidade de alimentos</p><p>para as espécies animais que dependem desse alimento (VAREDA; VALENTE; DURÃES, 2019). Por</p><p>fim, saiba que quando o oxigênio dissolvido desaparece ou é reduzido a níveis muito baixos, as</p><p>bactérias aeróbicas são quase que totalmente exterminadas. Nesse lugar, aparecem as espécies</p><p>anaeróbicas, responsáveis pelo desprendimento de gases, como o metano (CH4) e a amônia</p><p>(NH3), considerados tóxicos a quase todas as formas de vida (VAREDA; VALENTE; DURÃES, 2019).</p><p>Portanto, as diretrizes legais são essenciais para gerenciar os diferentes tipos de poluição que</p><p>ocorrem nos diferentes contextos territoriais.</p><p>2 CONSEQUÊNCIAS DA POLUIÇÃO: EUTROFIZAÇÃO</p><p>E AUTODEPURAÇÃO</p><p>A poluição excessiva pode gerar diversas consequências para o meio ambiente. Dentre elas</p><p>destacam-se a eutrofização e a autodepuração, aspectos estes relevantes para compreender as</p><p>consequências da poluição. Conheça melhor cada uma a seguir.</p><p>2.1 Eutrofização</p><p>Eutrofização consiste no crescimento de plantas aquáticas em proporções superiores às</p><p>normais, de modo a afetar a utilização normal e desejável da água. Esse desequilíbrio ambiental</p><p>está associado à presença de uma maior concentração de nutrientes em um volume restrito de</p><p>água. Dentre eles, destacam-se o nitrogênio e o fósforo (COSTA et al., 2018).</p><p>São diversos os motivos que implicam no aumento da carga de nutrientes presentes em águas.</p><p>Eles podem estar associados, especialmente, à disposição incorreta de descargas municipais e</p><p>FIQUE DE OLHO</p><p>São resoluções brasileiras emitidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)</p><p>e que dizem respeito à poluição do ar:</p><p>Resolução CONAMA nº 5/1989 – Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar;</p><p>Resolução CONAMA nº 3/1990 – Padrões de Qualidade do Ar;</p><p>Resolução CONAMA nº 8/1990 – Limites de Emissão;</p><p>Resolução CONAMA nº 316/2002 – Tratamento Térmico de Resíduos (Incineradores);</p><p>Resolução CONAMA nº 16/1995 – PROCONVE</p><p>43</p><p>industriais e uso excessivo de adubos. Você pode notar, facilmente, isso em lagoas, represas,</p><p>açudes, isto é, todos os tipos de água parada (COSTA et al., 2018).</p><p>A alta concentração de nutrientes produz biomassa nos corpos d’água. Como consequência,</p><p>Costa et al. (2018) afirmam que altera as características:</p><p>Do odor</p><p>Por causa da decomposição anaeróbica.</p><p>Reduz a penetração de luz</p><p>Por causa da presença de plantas.</p><p>Altera a cor e a turbidez da água</p><p>Em função da presença de plantas aquáticas em alta densidade.</p><p>Gera florescimento excessivo</p><p>O que deteriora o ecossistema aquático.</p><p>Reduz a concentração de oxigênio dissolvido</p><p>Em função da quantidade de plantas que ocupam um espaço restrito para a sua sobrevivência.</p><p>Altera os níveis de produtividade</p><p>Seja da biota ou da fauna aquática.</p><p>Ocasiona danos para o turismo</p><p>Pontos turísticos perdem a sua exuberância em função de alterações de suas características</p><p>naturais.</p><p>Interfere no</p>

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