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Prévia do material em texto

PROFESSORES
Dra. Jéssica de Carvalho Lima
Me. Paula Polastri
Gerenciamento 
de Resíduos
ACESSE AQUI O SEU 
LIVRO NA VERSÃO 
DIGITAL!
EXPEDIENTE
Coordenador(a) de Conteúdo 
Gustavo Affonso Pisano Mateus
Projeto Gráfico e Capa
André Morais, Arthur Cantareli e 
Matheus Silva
Editoração
Matheus Silva de Souza
Design Educacional
Daniele Bellese dos Santos
Curadoria
Carla Fernanda Marek
Revisão Textual
Sarah Mariana Longo Carrenho 
Cocato
Ilustração
Bruno Cesar Pardinho
Fotos
Shutterstock
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia 
Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de 
Design Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas 
Thuinie M.Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de Oliveira Mello Gerência de 
Planejamento Jislaine C. da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman Gerência de Tecnologia 
Educacional Marcio A. Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo R. Garcia 
Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino 
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. LIMA, Jéssica de Carvalho; 
POLASTRI, Paula.
Gerenciamento de Resíduos. Jéssica de Carvalho Lima, 
Paula Polastri. Maringá - PR: Unicesumar, 2022. 
288 p.
ISBN 978-85-459-2150-9 
“Graduação - EaD”. 
1. Gerenciamento 2. Resíduos 3. Tratamento. 4. EaD. I. Título. 
CDD - 22 ed. 363.1 
FICHA CATALOGRÁFICA
Reitor 
Wilson de Matos Silva
A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história 
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, 
ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diaria-
mente para que nossa educação à distância continue 
como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre 
quatro pilares que consolidam a visão abrangente 
do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o 
profissional, o emocional e o espiritual.
A nossa missão é a de “Promover a educação de 
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, for-
mando profissionais cidadãos que contribuam para o 
desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. 
Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio impor-
tante para o cumprimento integral desta missão: o 
coletivo. São os nossos professores e equipe que 
produzem a cada dia uma inovação, uma transforma-
ção na forma de pensar e de aprender. É assim que 
fazemos juntos um novo conhecimento diariamente.
São mais de 800 títulos de livros didáticos como este 
produzidos anualmente, com a distribuição de mais 
de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos-
sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 
polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, 
Ponta Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre 
os 10 maiores grupos educacionais do país.
Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima 
história da jornada do conhecimento. Mário Quin-
tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem 
muda o mundo são as pessoas. Os livros só 
mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportu-
nidade de fazer a sua mudança!
Tudo isso para honrarmos a 
nossa missão, que é promover 
a educação de qualidade nas 
diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais 
cidadãos que contribuam para 
o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
Dra. Jéssica de Carvalho Lima
Olá, querido(a) aluno(a)! Gostaria de falar um pouco 
mais sobre mim para você. Moro em Maringá e amo 
passear pela cidade, conhecer novos lugares e des-
frutar dos parques que temos aqui. Desde pequena, 
sempre gostei de estar em contato com a natureza e 
contemplar o verde. Tenho dois gatos, a Teka e o Bingo, 
que são meus parceiros e já se mudaram várias vezes 
comigo de uma casa para outra! Também, gosto muito 
de pedalar e aproveito esse esporte para me aventurar 
por trilhas e conhecer cachoeiras. E, claro, sempre com 
um fone de ouvido, escutando uma playlist pra lá de 
eclética! Além disso, gosto de praticar corrida e dança. 
Contudo, quando não estou correndo pra lá e pra cá, 
também gosto de cuidar da casa e passar um tempo 
com a família e os amigos mais próximos, tomando um 
tereré, bebida muito comum no interior de São Paulo, 
dando risada e conversando sobre a vida.
http://lattes.cnpq.br/6208602282483902
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13169
Me. Paula Polastri
Olá, aluno(a)! Para que você me conheça um pouco me-
lhor, contarei sobre meus passatempos favoritos. Eu 
adoro os animais, principalmente, gatos, estar com eles 
e cuidar. Atualmente, tenho seis gatos, sendo dois machos 
e quatro fêmeas, o mais velho e meu xodó é o Preto, está 
comigo desde a minha graduação, encontrei-o ainda filho-
tinho em uma ponte em uma mata ciliar quando eu estava 
fazendo rapel. Tenho, também, um cachorro, o Barley, 
que, em inglês, significa cevada. Todos eles são animais 
resgatados da rua. Já fiz muitos resgates de animais e, 
também, ajudo cuidadores de animais independentes e 
alguns animais que vivem na rua. Gosto muito de mexer 
com plantas, jardinagem e de estar em contato com a 
natureza. Adoro estar com minha família e, sempre que 
possível, faço uma viagem para ver a família, os amigos ou 
conhecer novos lugares, inclusive, na minha imagem de 
apresentação estou dentro do Vaticano, na Itália, viagem 
maravilhosa que pude realizar. Minha preferência musical 
é rock, principalmente, rock internacional. Quando sobra 
um tempinho, gosto de assistir a filmes, em casa e no ci-
nema, de todos os gêneros e países. Não gosto muito de 
praticar esportes, contudo, na infância e no colégio, era o 
inverso, mas gosto de pedalar, fazer natação e caminhar 
com o Barley e meu esposo. Um abraço!
http://lattes.cnpq.br/6170602428689890
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11112
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! 
Os protagonistas de nossos estudos serão os resíduos, ou seja, os poluentes am-
bientais. Você conhece os tipos de poluentes e as formas de tratamento? 
Você observará, em sua leitura e seus estudos, que, ao realizar o tratamento de 
um resíduo em um meio físico — no ar, na água ou no solo —, há transferência de 
algum tipo de poluente para outro meio físico. Afinal, ao se tratar um efluente líquido, 
são gerados resíduos sólidos e poluentes atmosféricos; ao se tratar resíduos sólidos, 
geram-se efluentes líquidos e poluentes atmosféricos; e, ao se tratar poluentes atmos-
féricos, geram-se efluentes líquidos e resíduos sólidos. 
Portanto, o entendimento de cada unidade, assim como a “ligação” entre elas, é de 
suma importância para o entendimento dessa temática de forma geral, tanto em sua 
atuação acadêmica quanto na profissional. Atente-se para os conteúdos tratados nas 
unidades, pois eles se complementam. 
Assim, este livro lhe fornecerá bases de conhecimento para a consolidação da dis-
ciplina de Gerenciamento de Resíduos. O presente material tem como objetivo apre-
sentar os primeiros conceitos relacionados ao estudo sobre os diversos poluentes 
ambientais, além de introduzir todas as etapas para o seu adequado gerenciamento, 
as diversas legislações e normas técnicas aplicáveis e as diversas formas de prevenção 
e controle da poluição.
O livro está dividido em cinco unidades, de modoque, na primeira, estudaremos 
terminologias fundamentais nesse estudo, cujo conhecimento é de irrefutável impor-
tância ao(à) futuro(a) Gestor(a) Ambiental. Primeiramente, conheceremos como os 
poluentes ambientais, sejam sólidos, líquidos e gasosos, são gerados, podendo a au-
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
sência de prevenção e controle e o não atendimento dos limites de emissão requeridos 
nas legislações aplicáveis ocasionar a poluição dos solos, da água e do ar, ou seja, a 
poluição ambiental. Apresentaremos, na segunda unidade, as principais característi-
cas e parâmetros de controle das águas residuárias ou efluentes líquidos, os padrões 
de lançamento de efluentes e de qualidade dos corpos d’água no Brasil, tal como os 
níveis de tratamento de efluentes, amostragem, alternativas de aplicação e de reuso 
do efluente tratado.
Na terceira unidade, aprofundaremos nossos conhecimentos nas etapas do ge-
renciamento de resíduos sólidos, desde a sua classificação até o transporte, incluindo 
alguns dos importantes instrumentos relativos à gestão integrada e ao gerenciamento 
de resíduos sólidos. Continuamente, na quarta unidade, veremos as demais etapas do 
gerenciamento de resíduos, como a destinação final de resíduos sólidos e a disposição 
final dos rejeitos, assim como aspectos sobre o aproveitamento energético de resíduos 
sólidos. Na quinta e última unidade, estudaremos a respeito dos poluentes atmosféri-
cos, os padrões de emissão e de qualidade do ar, bem como os métodos aplicáveis no 
controle de emissão de gases e de material particulado.
O material não busca esgotar o assunto sobre o gerenciamento de resíduos, mas 
lhe fornecer subsídios para compreender os conceitos, as etapas de gerenciamento, 
as formas de tratamento, o monitoramento e a aplicação das diversas legislações am-
bientais vigentes.
Desejamos a você bons estudos!
IMERSÃO
RECURSOS DE
Ao longo do livro, você será convida-
do(a) a refletir, questionar e trans-
formar. Aproveite este momento.
PENSANDO JUNTOS
NOVAS DESCOBERTAS
Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos 
de maneira interativa usando a tec-
nologia a seu favor.
Sempre que encontrar esse ícone, 
esteja conectado à internet e inicie 
o aplicativo Unicesumar Experien-
ce. Aproxime seu dispositivo móvel 
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex-
plore as ferramentas do App para 
saber das possibilidades de intera-
ção de cada objeto.
REALIDADE AUMENTADA
Uma dose extra de conhecimento 
é sempre bem-vinda. Posicionando 
seu leitor de QRCode sobre o códi-
go, você terá acesso aos vídeos que 
complementam o assunto discutido.
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
OLHAR CONCEITUAL
Neste elemento, você encontrará di-
versas informações que serão apre-
sentadas na forma de infográficos, 
esquemas e fluxogramas os quais te 
ajudarão no entendimento do con-
teúdo de forma rápida e clara
Professores especialistas e convi-
dados, ampliando as discussões 
sobre os temas.
RODA DE CONVERSA
EXPLORANDO IDEIAS
Com este elemento, você terá a 
oportunidade de explorar termos 
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do 
aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881
APRENDIZAGEM
CAMINHOS DE
1 2
3 4
5
CONCEITOS E 
ORIGEM DOS 
RESÍDUOS
11
GERENCIAMENTO 
DE ÁGUAS 
RESIDUÁRIAS
55
111
GERENCIAMENTO 
DE RESÍDUOS 
SÓLIDOS
163
RESÍDUOS 
SÓLIDOS: 
DESTINAÇÃO E 
DISPOSIÇÃO FINAL 
AMBIENTALMENTE 
ADEQUADAS
215
GERENCIAMENTO 
DE POLUENTES 
ATMOSFÉRICOS
1Conceitos e Origem dos 
Resíduos
Me. Paula Polastri
Nesta Unidade 1, você terá a oportunidade de compreender o que é 
a poluição ambiental, os seus critérios de classificação e os tipos de 
poluentes, bem como entenderá que os poluentes são resíduos na 
forma de matéria ou energia. Conheceremos as maneiras de lidar com 
a poluição por meio do entendimento das diferenças entre prevenção 
e controle da poluição.
UNIDADE 1
12
Prezado(a) aluno(a), você já parou para pensar que o meio ambiente é o pro-
vedor de recursos naturais e, também, o receptor de resíduos? Que a poluição 
ambiental é causada por poluentes, sendo estes os resíduos gerados pelas ati-
vidades humanas? E que diversos processos foram e ainda são desenvolvidos 
para reduzir a geração, capturar, tratar e dispor os resíduos?
Nós, seres humanos, assim como qualquer ser vivo, retiramos do meio 
ambiente os recursos naturais para a nossa subsistência e devolvemos ao 
meio ambiente os resíduos que geramos. No entanto, no ambiente natural, 
os materiais que compõem os resíduos de um organismo retornam ao meio 
ambiente por meio dos ciclos biogeoquímicos de forma natural. Isso não 
acontece com os resíduos das atividades humanas, pois, devido às suas carac-
terísticas e às quantidades dispostas, não ocorre a capacidade de assimilação 
pelo meio ambiente.
Em outras palavras, podemos dizer que o ser humano, ao interagir com o 
meio em que vive, produz resíduos, e parte deles causa problemas de poluição 
das águas, do solo e do ar (DERISIO, 2017). Assim, os problemas ambientais 
provocados pela ação dos seres humanos decorrem do uso do meio ambiente 
para produzir bens e serviços dos quais estes necessitam, e o aumento popu-
lacional e a escala de produção se apresentam como um fator que estimula a 
exploração dos recursos naturais e eleva a quantidade de geração de resíduos 
(BARBIERI, 2016).
13
Agora, proponho-lhe pensar mais sobre esse tema antes de nos aprofundar-
mos nessa questão. Sabemos que quanto mais consumimos, mais resíduos produ-
zimos. Conforme já discutimos, os resíduos naturais, compostos basicamente por 
matéria orgânica, podem ser inteiramente absorvidos e reutilizados pelo meio 
ambiente, mas o tipo de resíduos que os seres humanos produzem não pode ser 
eliminado da mesma forma. 
Você já parou para pensar qual é a relação entre o seu cotidiano e o meio 
ambiente? Convido-lhe a acessar o QR Code e avaliar qual é a sua “pegada eco-
lógica”. Assim, você poderá verificar o tamanho do “rastro” que o seu modo de 
vida deixa no meio ambiente.
Nesse momento, convido-lhe a registrar, no Diário de Bordo, suas reflexões 
e seus questionamentos. Que perguntas vieram à sua mente? O quanto o seu 
modo de vida impacta o meio ambiente, seja no consumo de recursos naturais 
ou na geração de resíduos? Quais práticas você pode adotar para diminuir a sua 
“pegada”? Ampliando a escala, o quanto uma organização, uma cidade ou um país 
podem impactar no meio ambiente e quais práticas podem ser adotadas para o 
uso mais eficiente de recursos e redução da geração de resíduos? Há muitas coisas 
que você pode fazer no seu cotidiano e em sua futura atuação como Gestor(a) 
Ambiental, pense nisso!
UNICESUMAR
UNIDADE 1
14
Conversamos um pouco sobre os problemas ambientais, sendo um deles a 
geração de resíduos. Afinal, o que são esses resíduos e o que causam ao serem 
dispostos no meio ambiente? Um conceito muito importante para começar-
mos nossos estudos se trata do entendimento sobre a poluição ambiental 
e a sua classificação de acordo com diversos critérios. 
Para Braga et al. (2005), a poluição é uma alteração indesejável nas ca-
racterísticas físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente que cause ou 
possa causar prejuízo à saúde, à sobrevivência ou às atividades dos seres 
humanos e de outras espécies. Para Barbieri (2016, p. 15), “a poluição é a 
presença de poluentes no meio ambiente e, consequentemente, uma causa 
de sua degradação”. 
Os poluentes são resíduos gerados pelas atividades humanas, ou seja, é 
qualquer forma de matéria ou energia que possa produzir algum tipo de pro-
blema indesejável devido às suas características, às quantidades despejadas e 
à capacidade de assimilação do meio (BRAGA et al., 2005; BARBIERI,2016). 
Portanto, os poluentes ou os resíduos podem estar na forma de matéria em 
estado sólido ou semissólido, líquido ou gasoso, como, por exemplo, os 
diversos resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas. 
Estes são gerados nas atividades e nos processos produtivos, em que são 
constituídos por diversas substâncias químicas ou orgânicas, microrganis-
mos, entre outros. E podem, também, apresentar-se na forma de energia, 
como ruídos, radiações, vibrações, entre outros.
Adicionalmente, conforme os tipos de poluentes, a poluição pode ser biológi-
ca, físico-química, radioativa, sonora, entre outras. Em outras palavras, podemos 
entender que a relação entre os poluentes e a poluição é de causa e efeito, 
pois a introdução de poluentes na forma de matéria ou energia no meio ambien-
te, em desacordo com padrões ambientais estabelecidos, pode afetar, de forma 
negativa, os seres humanos e outros organismos, resultando em uma alteração 
indesejável, em poluição ambiental. Logo, a poluição pode ser vista sob vários 
aspectos e classificada por diversos critérios, conforme se apresenta na Figura 1.
15
Descrição da Imagem: a figura ilustra um fluxograma com blocos ligados sequencialmente por meio 
de setas, sendo o primeiro bloco a fonte de poluição, depois, o meio receptor e, por fim, os impactos 
ambientais. Abaixo de cada bloco, um outro bloco com conexão apresenta a descrição. No bloco de 
conexão com o bloco “fonte de poluição”, apresenta-se a origem: antropogênica; fonte: móvel, fixa ou 
estacionária; emissão: pontual ou localizada, difusa ou dispersa; poluente: na forma de matéria em estado 
sólido, líquido ou gasoso, compostos químicos ou orgânicos, microrganismos, partículas, entre outros; na 
forma de energia, como ruídos, radiações, vibrações, entre outros; e as atividades humanas: agricultura, 
geração de energia, mineração, construção civil, indústria de transformação, serviços de saúde, serviços 
de saneamento básico, serviços de transportes, entre outras. No bloco de conexão com o bloco “meio 
receptor”, compreende-se em imediato: ar, água e solo; e em final: organismos, materiais e ecossistemas. 
No bloco de conexão com o bloco “impactos ambientais”, temos: alcance: local, regional e global; danos: 
aos seres humanos; à flora, à fauna e aos solos; aos materiais, às construções, aos equipamentos, às ins-
talações, aos monumentos, e aos sítios históricos e arqueológicos; e os tipos: esgotamento dos recursos 
naturais; eutrofização; perda da biodiversidade; alteração da qualidade da água, do ar e do solo; redução 
da fertilidade do solo; destruição da camada de ozônio; aquecimento global; entre outros.
Figura 1 - Critérios de classificação de poluição ambiental / Fonte: adaptada de Barbieri (2016).
UNICESUMAR
UNIDADE 1
16
Para entendermos os critérios de classificação da poluição, os seus efeitos no meio 
receptor e o seu alcance, primeiramente, você deve observar que, na Figura 1, na 
fonte de poluição quanto à origem, apresentamos apenas a fonte antropogênica — 
causada pela ação do homem. Para alguns autores, a poluição de origem natural se 
trata de um tipo de poluição não associada à atividade humana. No entanto, o con-
ceito de poluição ambiental deve ser associado às alterações indesejáveis provoca-
das apenas pelas atividades e intervenções humanas no ambiente, não podendo ser 
decorrente de fenômenos naturais, pois não são provocados pelo homem e fogem 
de seu controle, como, por exemplo, as cinzas vulcânicas, a fumaça liberada pelas 
queimadas espontâneas, as tempestades marítimas carregadas por sais e os gases 
emitidos pela decomposição de vegetais e animais mortos (BRAGA et al., 2005; 
BARBIERI, 2016; DERÍSIO, 2017). Portanto, entendemos que a poluição ambiental 
é de origem antropogênica apenas, não havendo poluição de origem natural.
As fontes antropogênicas podem ser identificadas pelos setores da atividade hu-
mana, pois cada um produz certos tipos de poluentes em decorrência dos insumos 
e processos de produção típicos. Segundo Derisio (2017), em relação aos diversos 
setores industriais, as principais indústrias poluidoras são de papel e celulose, refi-
narias de petróleo, usinas de açúcar e álcool, siderúrgicas e metalúrgicas, químicas 
e farmacêuticas, abatedouros e frigoríficos, têxteis e curtumes. A seguir, podemos 
observar alguns exemplos do setor de atividade e os seus poluentes (Quadro 1).
Setor Exemplos de poluentes
Agropecuária
Metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), compostos 
orgânicos voláteis (COV), poluentes orgânicos persistentes 
(POP), efluentes líquidos, resíduos sólidos (embalagens de 
agronegócios e agrotóxicos vencidos) e materiais particulados.
Mineração
CO2, monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio 
(NO), óxidos de enxofre (SOx), materiais pesados, efluentes 
líquidos, resíduos sólidos, ruídos, vibração.
Siderúrgica
Dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), CO, 
COV, escórias, efluentes líquidos, lodos de tratamento de 
efluentes e ruídos.
Usinas 
termelétricas
CO, CO2, CH4, NOx, SO2, materiais particulados, lodos e 
ruídos.
17
Setor Exemplos de poluentes
Têxtil
SO2, hidrocarbonetos, materiais particulados, efluentes 
líquidos, resíduos sólidos, lodos e ruídos.
Refinarias de 
petróleo
SO2, NO2, CO, COV, materiais particulados, efluentes líquidos, 
resíduos sólidos, lodos, ruídos, derramamento de óleo e 
combustíveis.
Transportes
CO, CO2, NOx, SO2, hidrocarbonetos, materiais particulados, 
ruídos, derramamento de óleo e combustíveis.
Quadro 1 - Exemplos de alguns poluentes em cada setor produtivo / Fonte: adaptado de Barbieri (2016).
Por falar em poluentes, você sabe o que são poluentes primários e secundários? Vamos 
aos conceitos: os poluentes primários são emitidos diretamente por uma fonte geradora 
ou atingem o meio imediato na forma como foram emitidos; já os poluentes secundários 
resultam da reação ou combinação de poluentes primários ou, ainda, destes com as subs-
tâncias constituintes do meio receptor. 
Fonte: adaptado de Barbieri (2016).
EXPLORANDO IDEIAS
Ainda sobre o Quadro 1, quanto ao 
tipo de emissão, as fontes poluido-
ras podem ser classificadas de duas 
formas, as quais consistem em:
 ■ Emissões pontuais ou 
localizadas: como, por 
exemplo, o lançamento 
de esgoto doméstico ou 
efluentes industriais, as 
emissões gasosas indus-
triais, a disposição de 
resíduos sólidos urbanos 
em aterros sanitários etc. 
(BRAGA et al., 2005).
UNICESUMAR
UNIDADE 1
18
 ■ Emissões difusas ou dispersas: como, por exemplo, os agrotóxicos 
aplicados na agricultura e dispersos no ar, carregados pelas chuvas para 
os rios ou para o lençol freático; resíduos sólidos que se espalham pelas 
ruas, beiras de estradas, praias etc.; gases emitidos dos escapamentos 
de veículos automotores etc. (BRAGA et al., 2005; BARBIERI, 2016).
As fontes pontuais podem ser identificadas e controladas mais facilmente do que as fon-
tes difusas, cujo controle eficiente ainda é um desafio. (Benedito Braga et al.) 
Como podemos passar a controlar mais facilmente as fontes difusas?
PENSANDO JUNTOS
Outro aspecto a ser considerado se trata da permanência do poluente no meio 
ambiente, em que:
 “ [...] depende de suas características físico-químicas (volatilida-de, solubilidade, reatividade etc.), bem como das características do meio ambiente, tais como umidade, luminosidade, grau de 
acidez etc. Diferentes combinações dessas características geram 
diferentes trajetórias dos poluentes desde o seu lançamento no 
meio ambiente imediato até a sua eliminação por algum proces-
so natural, ou sua acumulação em organismos ou elementos do 
meio físico (BARBIERI, 2016, p. 17).
19
Ainda, de acordo com Barbieri (2016, p. 17), “o meio receptor imediato é o que 
recebe o poluente diretamente da sua fonte, mas os danos podem se estender 
para outros meios”. Vejamos um exemplo: o solo é o meio receptor imediato dos 
resíduos sólidos domiciliares depositados, muitas vezes, inadequadamente, em 
terrenos baldios, lixõese outros locais, mas os metais pesados e outras substâncias 
tóxicas presentes nos resíduos sólidos podem contaminar as águas superficiais e 
subterrâneas, acumular-se nos organismos e afetar a cadeia alimentar. 
A poluição gera impactos negativos a nós, seres humanos, à flora e à fauna pela 
exposição a certo poluente ou vários, o qual é lançado em um local não necessaria-
mente próximo à fonte emissora. Certos poluentes ultrapassam os limites do local de 
emissão, gerando problemas de dimensão regional ou mundial (BARBIERI, 2016).
Dessa forma, os efeitos da poluição podem ter caráter localizado, regional 
ou global, sendo que os efeitos locais ou regionais, normalmente, ocorrem em 
áreas de grande densidade populacional ou atividade industrial, correspondendo 
às aglomerações urbanas. Nessas áreas, há problemas de poluição do ar, da água 
e do solo. Os efeitos globais, como a intensificação do efeito estufa e a redução 
da camada de ozônio, trazem alterações para o clima e o equilíbrio global do 
planeta, mas, por outro lado, esses efeitos têm contribuído para a sensibilização 
da sociedade sobre as questões ambientais, com destaque na mídia e na agenda 
de políticos e grupos ambientalistas (BRAGA et al., 2005).
UNICESUMAR
UNIDADE 1
20
Como vimos, os poluentes podem alcançar a água, o ar e o solo, tal como os 
organismos e os ecossistemas. Assim, adicionalmente aos conceitos apresenta-
dos, Braga et al. (2005) e Derisio (2017) apresentam diversos tipos de poluição, 
compreendendo poluição das águas, do ar e do solo, conforme ilustrado na 
Figura 2. Veremos, a seguir, detalhadamente, cada um dos tipos de poluição e os 
seus respectivos poluentes.
Descrição da Imagem: a figura mostra as informações hierárquicas ou relações de várias conexões que 
ocorrem entre blocos, em que podemos verificar as relações que se desenvolvem de cima para baixo. O 
primeiro bloco, no topo, denominado “tipos de poluição”, está conectado com outros três blocos, denomi-
nados “poluição das águas”, “poluição do solo” e “poluição do ar”. Cada um desses blocos estão conectados 
com outros dois blocos, compreendendo “fontes” e “poluentes”. Na poluição da água, temos como fontes 
a poluição industrial, urbana, agropastoril e acidental; e, como poluentes, os orgânicos biodegradáveis, 
não biodegradáveis, patogênicos; metais; nutrientes; e sólidos em suspensão. Na poluição do solo, temos 
como fontes a poluição do solo rural e urbano; e, como poluentes, os fertilizantes sintéticos, agrotóxicos; 
resíduos sólidos; esgoto sanitário; efluentes industriais; entre outros — como resíduos sólidos e poluentes 
gasosos). Na poluição do ar, temos como fonte a poluição industrial, urbana, agropastoril e acidental; 
e, como poluentes, monóxido e dióxido de carbono, compostos de enxofre, compostos de nitrogênio, 
compostos orgânicos de carbono; compostos halogenados; material particulado; oxidantes fotoquímicos; 
metais; agrotóxicos; radiações, vibrações, calor e som.
Figura 2 - Tipo de poluição e seus principais poluentes
Fonte: adaptada de Braga et al. (2005) e Derisio (2017).
21
A poluição das águas é conceituada como “a adição de substâncias ou de formas 
de energia que, direta ou indiretamente, alterem a natureza do corpo d’água de 
uma maneira tal que prejudique os legítimos usos que ele são feitos” (SPERLING, 
2014, p. 45). Basicamente, origina-se dos seguintes tipos de fontes, que, segundo 
Derisio (2017), compreendem:
 ■ Poluição industrial: de maneira geral, constitui-se por resíduos líquidos 
ou efluentes líquidos, gerados nos processos industriais, sendo o fator 
mais significativo em termos de poluição.
 ■ Poluição urbana: compreende os esgotos sanitários, provenientes dos 
habitantes de uma cidade.
 ■ Poluição agropastoril: decorrente de atividades ligadas à agricultura e 
à pecuária, advindas da drenagem de áreas agropastoris, provocada pelo 
carreamento de agrotóxicos, fertilizantes, dejetos de animais e outros.
 ■ Poluição acidental: decorrente de derramamentos de materiais preju-
diciais à qualidade das águas que pode ocorrer na fase de produção e nas 
operações de transportes, em que as ações de controle são de emergência 
aliadas a medidas de caráter preventivo.
Adicionalmente, o Quadro 2 lista as principais fontes de poluentes, conjuntamen-
te com os seus efeitos poluidores mais representativos.
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UNIDADE 1
24
A respeito dos parâmetros representativos 
que apresentamos no Quadro 2, ou seja, 
as condições e os padrões das águas resi-
duárias, serão discutidos de forma mais 
detalhada em nossa Unidade 2. Assim, os 
poluentes que causam a poluição das águas 
são classificados de acordo com sua nature-
za e com os principais impactos causados 
no meio aquático. Os principais poluentes 
aquáticos são apresentados a seguir.
Os sólidos em suspensão aumentam a 
turbidez da água, diminuindo a sua trans-
parência. O aumento da turbidez reduz as 
taxas de fotossíntese e prejudica a procura 
de alimento para algumas espécies, levan-
do a desequilíbrios na cadeia alimentar. São 
exemplos: os sedimentos, os quais podem 
carregar agrotóxicos e outros compostos tó-
xicos, e a sua deposição no fundo de corpos 
d’água pode ocasionar o seu assoreamento, 
tal como prejudicar espécies bentônicas — 
vivem emassociação com o fundo de am-
bientes aquático — e a reprodução de peixes 
(BRAGA et al., 2005). Para melhor entendi-
mento, os sólidos em suspensão compreen-
dem a fração dos sólidos orgânicos e 
inorgânicos, ou seja, resíduos não filtráveis, 
que, em laboratório, compreendem a amos-
tra retida em filtro de papel com porosidade 
de 0,45 a 2,0 µm. A turbidez representa o 
grau de interferência com a passagem da luz 
por meio da água, conferindo uma aparên-
cia turva à mesma (SPERLING, 2014). 
Os poluentes orgânicos biodegradá-
veis são compostos por matéria orgânica 
25
biodegradável, principalmente, por carboidratos, proteínas e lipídeos. São 
exemplos os esgotos sanitários e efluentes líquidos industriais de origem or-
gânica lançados em corpos d’água sem tratamento ou fora das condições e 
dos padrões estabelecidos na legislação, ocasionando a diminuição da con-
centração de oxigênio dissolvido disponível na água e, consequentemente, a 
mortandade da fauna aquática e de outras espécies aeróbias. 
Esse impacto ocorre pois a decomposição da matéria orgânica presente nas 
águas residuárias lançadas em corpos hídricos será realizada por bactérias aeróbias 
que consomem o oxigênio dissolvido existente na água, sendo que, se o consumo 
for mais intenso que a capacidade do meio para repô-lo, haverá seu esgotamento e a 
inviabilidade de existência de vida para peixes e outros organismos; por outro lado, 
se não houver oxigênio dissolvido no meio, ocorrerá a decomposição anaeróbia, 
com a formação de gases, como o metano (CH4) e o gás sulfídrico (H2S).
Os poluentes orgânicos recalcitrantes ou refratários recebem essa de-
nominação pois não são biodegradáveis ou sua taxa de biodegradação é muito 
lenta. O impacto introduzido por compostos orgânicos desse tipo, ou seja, por 
matéria orgânica não biodegradável, está associado à sua toxicidade, e não 
ao consumo de oxigênio utilizado para sua decomposição, como nos poluentes 
orgânicos biodegradáveis. São exemplos os agrotóxicos, detergentes sintéticos, 
petróleo e seus derivados e outros. 
Exploraremos, agora, um pouco mais sobre os agrotóxicos. De acordo com 
Belchior et al. (2014), esses produtos químicos estão no mercado sob a forma 
de inseticidas, fungicidas, herbicidas, nematicidas, acaricidas, rodenticidas, mo-
luscicidas, formicidas, reguladores e inibidores de crescimento. Você já deve ter 
visto o uso análogo do termo defensivo agrícola, no entanto, o termo agrotóxico 
passou a ser adotado no Brasil a partir da Lei nº 7.802/1989 (BRASIL, 1989), re-
gulamentada pelo Decreto nº 4.074/2002 (BRASIL, 2002), sendo definidos como:
 “ [...] os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou bioló-gicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de 
florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também 
de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alte-
rar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação 
danosa de seres vivos considerados nocivos (BRASIL, 1989, on-line).
UNICESUMAR
UNIDADE 1
26
Assim, os agrotóxicos, utilizados para fins agrícolas, podem atingir os ecossiste-
mas aquáticos por meio do vento, das chuvas e da lixiviação no solo, conforme 
ilustrado na Figura 3. 
Descrição da Imagem: a figura representa o processo de lixiviação dos agrotóxicos no solo. Na imagem, 
temos uma seção vertical mostrando um tipo de cultura, o solo e o lençol freático. Setas do sentido desse 
perfil mostram a aplicação de agrotóxicos nessa cultura, em que parte sofre volatilização, sendo esse 
processo ilustrado por setas do solo para a atmosfera, e parte fica disposta no solo, tal como a parcela 
absorvida pela planta. Com as chuvas, por meio do escoamento superficial da água pluvial, ocorre a 
lixiviação do solo, sendo a direção ilustrada com setas no sentido da esquerda para a direita, para o 
ecossistema aquático. A parcela infiltrada pode chegar ao lençol freático ou carreado até ecossistemas 
aquáticos por meio do escoamento subsuperficial.
Figura 3 - Ciclo de agrotóxicos no ambiente / Fonte: Belchior et al. (2014, p. 140).
Para Braga et al. (2005, p. 84), “alguns desses compostos encontram-se no meio 
aquático em concentrações que não são perigosas ou tóxicas”. No entanto, em 
consequência da absorção dessas substâncias químicas pelos organismos, ou seja, 
devido à biacumulação, a sua concentração no tecido dos organismos vivos 
pode ser relativamente alta.
27
Ainda, sobre a poluição das águas, podemos mencionar outros poluentes tóxi-
cos aos organismos, ou seja, os micropoluentes inorgânicos, entre os quais 
destacamos os metais, como, por exemplo, arsênio, bário, cádmio, cromo, chum-
bo, mercúrio e prata. Além dos metais, há outros micropoluentes inorgânicos 
de importância em termos de saúde pública, como os cianetos, o flúor e outros 
(BRAGA et al., 2005; SPERLING, 2014). Quando falamos que um poluente pode 
ser tóxico, ou seja, apresenta característica de toxicidade, podemos dizer que 
a toxicidade se trata da “propriedade potencial que o agente tóxico possui de 
provocar, em maior ou menor grau, um efeito adverso em conseqüência de sua 
interação com o organismo” (ABNT, 2004, p. 2).
Em geral, os metais tóxicos podem ser dispostos no ambiente em quanti-
dades significativas por efluentes líquidos industriais, atividades agrícolas, de 
mineração e de garimpo. Como todos os metais podem ser solubilizados pela 
água, eles podem gerar danos à saúde em função da quantidade ingerida, pela 
sua toxicidade, ou de seus potenciais carcinogênicos — desenvolver câncer —, 
mutagênicos — provocar defeitos genéticos — ou teratogênicos — alteração na 
estrutura ou função da vida embrionária ou fetal (BRAGA et al., 2005).
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é 
responsável pela avaliação e classificação do potencial de periculosidade ambiental (PPA) 
de todos os agrotóxicos a serem registrados. A avaliação se baseia nas características 
físico-químicas do produto aliadas ao seu potencial de transporte no solo — mobilidade, 
absorção, solubilidade —, à sua persistência — biodegradação, hidrólise e fotólise —, ao 
potencial de bioacumulação na cadeia alimentar e à toxicidade a diversos organismos 
pertencentes a diferentes níveis tróficos. A classificação ambiental final do produto obe-
dece à seguinte graduação: 
Classe I – produto altamente perigoso ao meio ambiente; 
Classe II – produto muito perigoso ao meio ambiente; 
Classe III – produto perigoso ao meio ambiente; 
Classe IV – produto pouco perigoso ao meio ambiente; ou
Produto Impedido de Obtenção de Registro – Pior. Nesse caso, o requeri-
mento de registro é indeferido, sendo o produto proibido de uso no País por 
não atender às condições requeridas (IBAMA, 2009, p. 15).
Fonte: adaptado de Ibama (2009).
EXPLORANDO IDEIAS
UNICESUMAR
UNIDADE 1
28
Outro aspecto a ser considerado é que vários elementos e compostos, em 
determinadas concentrações, são tóxicos para os habitantes dos ambientes aquá-
ticos e para os consumidores da água; ainda, podem se concentrar na cadeia ali-
mentar, resultando em um grande perigo para os organismos situados nos níveis 
superiores. No entanto, em baixas concentrações, são nutrientes essenciais para 
o crescimento de seres vivos (SPERLING, 2014).
Outros poluentes que podemos destacar se referem aos nutrientes, como 
fósforo e nitrogênio, os quais, em excesso em corpos d’água, podem levar ao 
crescimento excessivo de alguns organismos aquáticos, acarretando prejuízo a 
determinados usos dos recursos hídricos e, consequentemente, danos aos orga-
nismos aquáticos. Nesse contexto, não podemos nos esquecer de discutir sobre 
a eutrofização, sendo esse um processo natural de enriquecimento das águas 
com nutrientes necessários ao crescimento da vida vegetal aquática. No entanto, 
esse processo vem se acelerando, principalmente, em lagos, devido à interven-
ção humanapela ocupação de atividades industriais, agrícolas ou urbanas em 
bacias hidrográficas, resultando na eutrofização acelerada ou artificial, que 
é causada pelo aporte de fósforo e nitrogênio que provêm, principalmente, dos 
esgotos sanitários, efluentes líquidos industriais, fertilizantes agrícolas, deter-
gentes e dejetos de animais (BRAGA et al., 2005; SPERLING, 2014).
A respeito dos organismos patogênicos, ou seja, organismos que provo-
cam ou podem provocar, direta ou indiretamente, uma doença, entre os prin-
cipais grupos de organismos de interesse do ponto de vista de saúde pública, 
com associação à água ou ao esgoto, estão: bactérias, vírus, protozoários e 
helmintos. A origem desses agentes patogênicos nos esgotos é, predominan-
temente, humana, refletindo diretamente o nível de saúde da população e das 
condições de saneamento básico de cada região, o qual pode ser precário ou, 
até mesmo, inexistente. Contudo, pode ser, também, de procedência animal, 
cujos dejetos são eliminados por meio da rede de esgoto ou dispostos de for-
ma inadequada, sendo carreados aos corpos d’água pela atividade pecuária 
(BRAGA et al., 2005; SPERLING, 2014).
Para melhor entendimento, o termo saneamento básico se refere ao 
conjunto de serviços públicos, infraestruturas e instalações operacionais de 
abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e ma-
nejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas 
(BRASIL, 2020a).
29
Para Braga et al. (2005), os efeitos dos poluentes no meio aquático dependem 
da natureza do poluente introduzido, do caminho que esse poluente percorre no 
meio e do uso que se faz da água, ou seja, do recurso hídrico. Como já vimos, as 
fontes de poluição quanto à emissão podem ser pontual (localizada) ou difusa 
(dispersa), portanto essas são as formas com que os poluentes podem ser intro-
duzidos no meio aquático. A Figura 4 ilustra a diferença entre as formas com que 
a fonte de poluentes pode atingir um corpo d’água.
Descrição da Imagem: observa-se, na figura, a representação da poluição pontual e da poluição difusa. 
Na poluição pontual, temos um curso d’água com uma seta ilustrando o seu fluxo para a direita e uma 
seta na perpendicular ao curso d’água indicando a descarga concentrada. Na poluição difusa, temos um 
curso d’água com uma seta ilustrando o seu fluxo para a direita e várias setas, uma ao lado da outra, 
perpendiculares ao curso d’água, indicando a descarga distribuída ao longo do curso d’água.
Figura 4 - Poluição pontual e difusa em corpos d’água / Fonte: adaptada de Sperling (2014).
Na poluição pontual, os poluentes atingem o corpo d’água de forma concentra-
da, ou seja, são lançamentos individualizados, como os que ocorrem no despejo 
de esgotos sanitários ou de efluentes industriais, cargas pontuais são facilmente 
identificadas e, portanto, seu controle é mais eficiente e mais rápido. Já na po-
luição difusa, os poluentes adentram o corpo d’água distribuídos ao longo de 
sua extensão, portanto, diferentemente da poluição pontual, não há um ponto de 
lançamento específico, são lançados no corpo d’água de uma forma distribuída e 
não concentrada em um único ponto. São exemplos as substâncias provenientes 
de campos agrícolas e a poluição veiculada pela drenagem pluvial (BRAGA et 
al., 2005; SPERLING, 2014).
UNICESUMAR
UNIDADE 1
30
Prezado(a) aluno(a), agora, discutiremos sobre a poluição do solo. Derisio 
(2017) apresenta as fontes de poluição do solo: poluição decorrente da dispo-
sição de resíduos sólidos, poluição decorrente de esgoto sanitário e efluentes 
industriais, da urbanização e ocupação do solo, de atividades agropastoris, de 
atividades extrativistas e de acidentes no transporte de cargas. Por outro lado, de 
forma mais simplificada, Braga et al. (2005) apresenta a poluição do solo como 
poluição do solo rural e urbano.
A respeito da poluição do solo rural, destacamos a poluição causada por 
fertilizantes sintéticos e agrotóxicos. Para Braga et al. (2005, p. 141), “o uso de 
fertilizantes sintéticos e agrotóxicos é essencial para assegurar os níveis de pro-
dução primária, particularmente de alimentos, para o atendimento de uma po-
pulação que continua a crescer em taxas elevadas”, em que parte dela tem graves 
problemas de desnutrição. Ainda, segundo os autores, torna-se necessário limitar 
o seu uso ao estritamente indispensável, evitando a geração de resíduos poluido-
res, restringindo o emprego de agrotóxicos aos ambientalmente mais seguros e 
empregando técnicas de aplicação que reduzam os custos de sua acumulação e 
propagação pela cadeia alimentar. 
31
Basicamente, a adição de fertilizantes no solo visa atender à demanda de nutrien-
tes nas culturas, como os macronutrientes principais — nitrogênio, fósforo e potássio 
—, macronutrientes secundários — cálcio, magnésio e enxofre — e micronutrientes 
— ferro, manganês, cobre, zinco, boro e molibdênio. Por outro lado, os agrotóxicos 
visam combater algum tipo de praga, conforme já discutimos anteriormente.
Antes da industria-
lização, os fertilizantes 
eram provenientes da 
produção própria e lo-
cal, sendo produzidos 
por meio de restos ve-
getais decompostos e 
dos dejetos de animais, 
como bovinos, suínos, 
aves e outros. Dessa for-
ma, sua biodegradação 
e incorporação à cadeia 
alimentar dos ecossiste-
mas associados ao solo 
eram imediatas e não 
havia desequilíbrio ambiental. No entanto, a partir da produção do “adubo arti-
ficial”, pode-se dizer que se iniciaram os riscos de sua acumulação ambiental até 
concentrações tóxicas, tanto de nutrientes essenciais quanto de outros elementos 
tidos como impurezas do processo de fabricação, ou seja, os resíduos do processo 
produtivo (BRAGA et al., 2005).
Logo, como qualquer processo físico-químico e biológico, mesmo quando o 
fertilizante é aplicado com a melhor técnica e de modo que seja mais facilmente 
assimilável pelo vegetal, a eficiência nunca é a máxima, provocando um excedente 
que passa a se incorporar ao solo, fixando-se à sua porção sólida ou se solubilizan-
do e movimentando com a sua fração líquida (BRAGA et al., 2005). Em outras 
palavras, podemos associar que o que não é incorporado à planta incorpora-se 
no meio ambiente, podendo integrar-se a corpos d’água e ao solo, próximos à 
superfície em que ocorrem os cultivos. A parcela que se fixou no solo tende a se 
acumular em concentrações crescentes que poderão torná-lo impróprio à agri-
cultura (BRAGA et al., 2005).
UNICESUMAR
UNIDADE 1
32
Da mesma forma, podemos associar o uso de agrotóxicos, podendo promo-
ver a alteração da composição do solo, e, a depender do agente ativo do qual 
derivam, podem promover a biomagnificação, que ocorre quando subs-
tâncias persistentes ou cumulativas, como os compostos organoclorados, 
migram dos mecanismos da nutrição de um organismo para os seguintes 
da cadeia alimentar. Essa migração pode ser iniciada pela concentração da 
substância no organismo fotossintetizante e chegar até os últimos organismos 
da cadeia alimentar. 
Você sabia que os herbicidas 2,4D e 2,4,5T foram utilizados no Vietnã em dosagem dezenas 
de vezes superiores às máximas recomendadas na agricultura? Isso ocorreu durante a Guerra 
do Vietnã, entre os anos de 1962 e 1971, quando os Estados Unidos da América lançaram 
sobre esse país herbicidas desfolhantes contaminados com dioxinas — denominado agente 
laranja —, o que provocou efeitos catastróficos sobre a fauna, a flora e as populações. 
Fonte: adaptado de Braga et al. (2005) e CETESB ([2022a]).
EXPLORANDO IDEIAS
Um exemplo é o dicloro-difenil-tricloroetano (DDT), criado em 1939, como 
o primeiro inseticida organoclorado de elevada resistência à decomposição 
no ambiente, usado na agricultura e em programas de saúde pública, no 
entanto, foi encontrado nas calotas polares e em tecido celular de animais 
e aves com hábitat bastante afastado dos locais de sua aplicação (BRAGA 
et al., 2005). De acordo com D’Amato e Malm (2002), o DDT foi uma das 
substânciasmais utilizadas e estudadas do século XX, mas, atualmente, a 
sua produção e uso são restritos devido à alta persistência no ambiente e 
capacidade de bioacumulação, volatilidade e toxicidade (CETESB, [2022a]).
NOVAS DESCOBERTAS
O que você acha de aprender um pouco mais sobre alguns conceitos? 
Acesse o QR Code para entender de forma mais abrangente sobre o 
que tratam os termos bioacumulação e biomagnificação, tal como 
compreender a diferença entre eles.
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33
Continuando nossa discussão sobre a poluição do solo, de acordo com Derisio 
(2017, p. 171), “os resíduos gerados pela atividade humana são, via de regra, dis-
postos diretamente sobre o solo, seja na forma de aterros, seja por infiltração, seja 
pela simples acumulação sobre o solo”. Logo, dentre todos os poluentes, a polui-
ção do solo urbano por resíduos sólidos é o problema maior e mais comum 
para o qual convém dar atenção especial. Assim, discutiremos, especificamente, 
sobre os resíduos sólidos nas Unidades 3 e 4.
Agora, prezado(a) aluno(a), discutiremos brevemente acerca da poluição do 
ar, e, segundo Braga et al. (2005, p. 170), “existe poluição do ar quando ele contém 
uma ou mais substâncias químicas em concentrações suficientes para causar 
danos em seres humanos, em animais, em vegetais ou em materiais”. De acordo 
com os mesmos autores, esses danos podem advir, também, de parâmetros físicos, 
como calor e som, e essas concentrações dependem do clima, da topografia, da 
densidade populacional, do nível e do tipo das atividades industriais locais. Ou-
tras formas de poluição do ar também são advindas de vibrações e de radiação.
NOVAS DESCOBERTAS
O que você acha de aprender sobre os Poluentes Orgânicos Persisten-
tes (POPs)? Muitos deles são agrotóxicos, incluindo o DDT, integrante 
da lista da Convenção de Estocolmo. Acesse o QR Code para ampliar 
o seu conhecimento sobre o assunto.
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UNIDADE 1
34
Adicionalmente, Derísio (2017) conceitua poluente do ar ou atmosférico 
como qualquer substância presente no ar que, pela sua concentração, possa tor-
ná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público 
e às atividades normais da comunidade, danoso aos materiais, à fauna e à flora e, 
até mesmo, prejudicial à segurança.
A maioria dos poluentes atmosféricos tem origem nos processos de com-
bustão, como, por exemplo, o monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono 
(CO2), os óxidos de enxofre (SO2) e de nitrogênio (NOx), os hidrocarbonetos e outros 
(BRAGA et al., 2005). As indústrias são as fontes mais significativas ou de maior 
potencial poluidor. Assim, cada fonte industrial de poluição atmosférica apresenta 
problemas específicos de poluição, pois as emissões são resultantes das características 
dos processos de fabricação, como, por exemplo, das matérias-primas e combustíveis 
utilizados (DERISIO, 2017).
No problema de poluição do ar, podemos considerar quatro etapas: a produção, 
a emissão, o transporte e a recepção de poluentes. De forma que, em cada uma dessas 
etapas, é possível intervir para reduzir os riscos de poluição e aplicar métodos cien-
tíficos e técnicas já conhecidos. Braga et al. (2005) e Derisio (2017) também citam 
que as radiações advindas de substâncias radioativas, o calor, o som e as vibrações 
são formas de poluição atmosférica pela emissão de energia ao meio ambiente. Nossa 
discussão sobre os principais poluentes do ar, as suas fontes, classificação, formas de 
dispersão, tal como as medidas de controle da poluição do ar, não se encerra por aqui, 
retomaremos esse assunto de maneira mais detalhada em nossa Unidade 5.
Um tema importante a ser discutido nesse momento diz respeito à dimensão da 
área atingida pelos problemas de poluição do ar, que são classificados em problemas 
locais, regionais e globais, conforme apresentamos anteriormente. Os problemas 
locais e regionais de poluição do ar compreendem o smog industrial e o smog 
fotoquímico; já os problemas globais incluem o aquecimento global, devido à 
intensificação do efeito estufa, a destruição da camada de ozônio e a chuva ácida.
O termo smog, do inglês fumaça, nevoeiro, refere-se à poluição do ar visível, que 
é o resultado de reações químicas entre vários poluentes primários de várias fontes 
poluidoras, sendo influenciado pelo clima e pela radiação solar. O smog industrial 
é típico de regiões frias e úmidas, em que os picos de concentração de poluentes 
ocorrem no inverno, dificultando a dispersão de poluentes. Os principais poluentes 
componentes desse tipo de smog provêm da queima de carvão e de óleo combustível, 
sendo os principais poluentes o dióxido de enxofre (SO2) e o material particulado, 
compostos que podem causar sérias lesões respiratórias, entre outros problemas. 
35
Portanto, ocorrem em regiões industriais e em regiões em que é intensa a queima de 
carvão e/ou óleo para aquecimento doméstico ou, ainda, para a geração de energia 
elétrica por meio de usinas termelétricas (BRAGA et al., 2005).
O smog fotoquímico, diferentemente do smog industrial, ocorre em cidades ensola-
radas, quentes e de clima seco, em que os picos de poluição ocorrem em dias quentes, 
de muito sol, normalmente, entre as 10 e 12 horas. Sua principal característica é a sua 
cor avermelhada (BRAGA et al., 2005). O principal agente poluidor são os veículos, 
que geram poluentes como óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO) 
e hidrocarbonetos. Na atmosfera, sob efeito da radiação solar, os gases sofrem várias 
reações, gerando novos poluentes, os oxidantes fotoquímicos, como o ozônio e o 
peróxi-acetil nitrato (PAN) (BRAGA et al., 2005). 
Por fim, destacamos que o smog industrial e o smog fotoquímico podem ocorrer 
de forma simultânea ou separada, em diferentes estações do ano, em uma mesma 
região, como ocorre, por exemplo, na cidade de São Paulo, sendo difícil distinguir a 
predominância de um determinado tipo de smog (BRAGA et al., 2005).
Discutiremos, agora, sobre alguns dos principais problemas globais de polui-
ção. A intensificação do efeito estufa e a destruição da camada de ozônio estão 
correlacionadas com a distribuição da energia solar na biosfera. O primeiro se 
relaciona com a energia degradada, o calor, que resulta das transformações de 
energia que ocorrem na biosfera; o segundo está ligado ao aumento da incidên-
cia de radiação ultravioleta (UV) que atinge a superfície terrestre. Entender mais 
sobre cada um deles e sobre as chuvas ácidas.
Naturalmente, o efeito estufa é responsável por manter a temperatura média do 
planeta próxima aos 15 °C. No entanto, as emissões dos denominados gases de efeito 
estufa (GEE) (Quadro 3), geradas pelas atividades humanas, aumentam a retenção 
das radiações infravermelhas, contribuindo para elevar a temperatura média global 
do planeta (BARBIERI, 2016). 
NOVAS DESCOBERTAS
O acidente de Bhopal, na Índia, em 1984, em uma unidade da Union 
Carbide, é um exemplo da emissão acidental de poluente atmosférico 
tóxico, o qual provocou efeitos locais bastante significativos, como a 
mortalidade de pessoas que residiam na circunvizinhança da organi-
zação. Assista ao documentário para saber mais sobre o assunto.
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UNIDADE 1
36
Descrição da Imagem: a ilustração mostra o efeito estufa. No canto superior esquerdo, temos o Sol; 
abaixo, uma linha larga e curva representa a atmosfera e atravessa horizontalmente a figura de lado a lado. 
Do Sol, saem três flechas: a primeira, menor, toca a atmosfera e retorna; junto, temos o texto “Refletido 
de volta ao espaço pela atmosfera”. A segunda flecha é maior e ultrapassa a camada atmosférica; junto, 
temos o texto “Luz solar absorvida na superfície”. A terceira flecha se divide em mais três; a primeira passa 
a atmosfera, mas retorna, e as duas outras ficam na camada atmosférica; junto às flechas, temos o texto 
“Luz solar refletida pela superfície”. Naparte inferior da imagem, temos quatro desenhos, da esquerda 
para direita: o primeiro é um refrigerador e um aerossol, abaixo, o texto “CFCs e haloalcano, refrigeradores 
e aerossóis”; depois, o desenho de um carro, um avião e um caminhão, abaixo, o texto “Óxido nitroso, 
gasolina e agricultura”; no próximo, temos um trator, um boi, dois silos e um galpão, abaixo, o texto 
“Metano, gado e fertilizante”; e, por último, o desenho de uma fábrica com três chaminés, abaixo, o texto 
“Dióxido de carbono, óleo e carvão”. Acima desses desenhos, temos uma linha que liga os quatro e uma 
seta diretiva à direita indicando para cima com o texto “Atividades humanas que liberam gases de efeito 
estufa”; depois, outra seta apontando para a camada atmosférica e o texto “Gases de efeito estufa retêm 
o calor do Sol”; ao lado, um termômetro indica alta temperatura.
Figura 5 - Representação do efeito estufa
37
Segundo Barbieri (2016), conforme dados do Painel Intergovernamental sobre Mu-
danças Climáticas — em inglês, Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) 
—, mostra-se que as concentrações de dióxido de carbono (CO2) aumentaram cerca 
de 40% desde 1750, início da era pré-industrial, em primeiro lugar, devido ao uso de 
combustíveis fósseis e, em segundo, às mudanças do uso do solo, como desmatamento 
de florestas nativas para assentamentos urbanos, distritos industriais, exploração mine-
rária e agropastoril. Adicionalmente, Braga et al. (2005, p. 174) afirmam que “a queima 
de combustíveis fósseis é responsável pela maior parcela do dióxido de carbono emitido 
pela atmosfera”, o qual é o gás que mais contribui para a intensificação do efeito estufa; 
em segundo lugar, temos o metano (CH4), responsável por cerca de 15 a 20% (CETESB, 
[2022b]). Vejamos, no Quadro 3, os GEE e as principais fontes de emissão.
Gás de efeito estufa Principais fontes de emissão
Dióxido de carbono (CO2)
• Queima de combustíveis fósseis — carvão 
mineral, petróleo, gás natural, turfa.
• Alteração dos usos do solo.
• Queimadas e desmatamentos que des-
troem reservatórios naturais de flora e 
sumidouros, que têm a propriedade de 
absorver o CO2 do ar.
Metano (CH4)
• Componente primário do gás natural.
• Produzido por bactérias anaeróbias no apa-
relho digestivo de bovinos.
• Aterros sanitários.
• Plantações de arroz inundadas.
• Tratamento biológico de águas residuárias.
Óxido nitroso (N2O)
• Uso de fertilizantes químicos.
• Produção de ácidos.
• Queima de biomassa e combustíveis fósseis.
NOVAS DESCOBERTAS
Acesse o QR Code para conhecer os relatórios do IPCC, organização 
científico-política criada em 1988 no âmbito das Nações Unidas. Eles 
apresentam diversas informações sobre as mudanças climáticas. 
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UNIDADE 1
38
Gás de efeito estufa Principais fontes de emissão
Clorofluorcarbonos 
(CFCs)
• Utilizados em geladeiras, aparelhos de ar-
-condicionado, isolamento térmico e espu-
mas, como propelentes de aerossóis.
• Entre outros usos comerciais e industriais.
Ozônio (O3)
• Formado na baixa atmosfera, sob estímu-
lo do Sol, a partir de óxidos de nitrogênio 
(NOx) e hidrocarbonetos produzidos em 
usinas termoelétricas, pelos veículos, pelo 
uso de solventes e pelas queimadas.
Halogenados — hidro-
fluorocarbonos (HFCs), 
perfluorocarbonos (PFCs) 
e hexafluorsulfúrico (SF6)
• Indústrias, refrigeração, aerossóis, propulso-
res, espumas expandidas e solventes. 
Quadro 3 - Gases de efeito estufa e principais fontes de emissão / Fonte: adaptado de CETESB ([2022b]).
Veremos mais adiante que alguns dos GEE também são gases considerados subs-
tâncias que destroem a camada de ozônio. 
Vale ressaltar que cada GEE tem um potencial de aquecimento global — em 
inglês, Global Warming Potential (GWP). Por exemplo, o GWP do CO2 é igual 
a 1; o do CH4, igual a 21; o do N2O, igual a 310; e o do SF6, igual a 23.900; o que 
significa que o CH4 absorve cerca de 21 vezes mais radiação infravermelha do 
que o CO2, que o N2O absorve cerca de 310 vezes e que o SF6 absorve cerca de 
23.900 vezes, respectivamente, considerando o horizonte de tempo de 100 anos. 
No entanto, mesmo que o GWP de todos os gases seja maior que o GWP do CO2, 
este se apresenta em maior quantidade que os demais, tendo, portanto, maior 
representatividade no efeito estufa (CETESB, [2022b]).
Destacamos que as emissões de seis GEE, incluindo CO2, CH4, N2O, HFC, 
PFC e SF6, foram limitadas e a sua redução foi estabelecida por meio de metas 
do Protocolo de Kyoto, o qual foi criado no Japão em 1997 e entrou em vigor 
em 2005. Foi aprovado durante a terceira Conferência das Partes — em inglês, 
Conference of the Parties (COP) — (COP 3), compreendendo o Protocolo em 
que os países deveriam, individual ou conjuntamente, assegurar uma redução 
das emissões antrópicas de certos GEE em, pelo menos, 5% abaixo dos níveis de 
1990, no período compreendido entre 2008 e 2012. Assim, os países que mais 
39
contribuíram para aumentar as concentrações de GEE e tivessem crescimento 
econômico teriam mais responsabilidades que os países que contribuíram menos. 
O Brasil ratificou o protocolo em 2002 (BRASIL, [2022]).
A COP se reúne periodicamente para avaliar resultados, estabelecer metas, 
dirimir controvérsias e criar mecanismos de gestão. O órgão supremo da Con-
venção-Quadro sobre Mudança do Clima — em inglês, United Nations Fra-
mework Convention on Climate Change (UNFCCC) —, também conhecida 
como Convenção sobre Mudança do Clima ou Convenção do Clima, entrou em 
vigor em 1995. Seu objetivo é estabilizar as concentrações de GEE na atmosfera 
em um nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climá-
tico, compreendendo cinco componentes principais em interações complexas 
entre eles: atmosfera, hidrosfera, litosfera, biosfera e criosfera — regiões onde a 
água está em estado sólido, como as geleiras. 
Barbieri (2016, p. 31) cita que, para a Convenção, mudança do clima “é uma 
mudança que possa ser direta ou indiretamente atribuída à atividade humana 
que altere a composição da atmosfera mundial e que se soma àquela produzida 
pela variabilidade natural do clima observada ao longo de períodos comparáveis”.
As partes da Convenção do Clima, ou seja, os países signatários, possuem 
obrigações comuns, porém diferenciadas, entre elas, as partes devem adotar 
medidas de precaução para prever, evitar ou minimizar as causas da mudança 
do clima e mitigar seus efeitos negativos. Uma das obrigações que se pode 
destacar são as provisões para atualizações, os chamados “Protocolos”, como 
o Protocolo de Kyoto que mencionamos, capazes de definir os limites obriga-
tórios de emissões, em que as atualizações ocorrem periodicamente nas COP 
dos países signatários.
Logo, para conter o avanço da concentração de GEE, foi necessário ampliar os 
compromissos de redução para todos os países e incluir outras fontes de emissões 
além das listadas no Protocolo de Kyoto. Assim, o período pós-Protocolo de Kyo-
to se caracterizou por uma sucessão de iniciativas para firmar um acordo capaz 
de enfrentar o agravamento da situação climática. Portanto, na COP 20, realizada 
em 2014, em Lima, no Peru, surgiram as contribuições previstas determinadas 
nacionalmente — em inglês, Intended Nationally Determined Contributions 
(INDC) — e, em 2015, na COP 21, em Paris, na França, foi concluído o Acordo 
de Paris no âmbito da UNFCC. Conforme cita Barbieri (2016), os objetivos do 
Acordo de Paris são:
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UNIDADE 1
40
 ■ Manter o aumento da temperatura média mundial abaixo de 2 °C em 
relação aos níveis pré-industriais e continuar os esforços para limitar 
esse aumento a 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais, reconhe-
cendo que, assim, reduzir-se-iam consideravelmente os riscos e os im-
pactos climáticos.
 ■ Aumentar a capacidade de adaptação aos impactos da mudança climática 
e promover resiliência ao clima e um desenvolvimento com baixas emis-
sões de GEE que não comprometam a produção de alimentos.■ Aumentar os fluxos financeiros a um nível compatível com o caminho 
que conduza a um desenvolvimento resiliente ao clima e com baixas 
emissões de GEE.
Podemos observar que os objetivos do Acordo de Paris se associam a dois concei-
tos importantes relacionados à temática de mudança do clima, que são a mitiga-
ção e a adaptação. O primeiro se refere aos esforços para limitar as emissões de 
GEE; o segundo se refere às ações realizadas para reduzir os impactos negativos 
decorrentes (BRASIL, 2020b).
O Brasil ratificou o Acordo em 2016, comprometendo-se a reduzir as emis-
sões de GEE em 37% abaixo dos níveis de 2005 até 2025, com uma contribuição 
indicativa subsequente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% 
abaixo dos níveis de 2005 até 2030. Para isso, o país se comprometeu a aumentar a 
participação de bioenergia sustentável na sua matriz energética, restaurar e reflo-
restar florestas, bem como alcançar uma participação estimada de 45% de energias 
renováveis na composição da matriz energética até 2030 (BRASIL, [2022b]).
Nesse contexto, apesar de todas as dificuldades, a implementação da Convenção-
-Quadro sobre Mudança do Clima criou organismos e instrumentos de gestão glo-
bal que influenciaram diversas iniciativas em todas as áreas de abrangência, como 
NOVAS DESCOBERTAS
Acesse o QR Code ao lado para conhecer melhor sobre a nova Con-
tribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil ao Acordo de 
Paris.
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41
iniciativas governamentais por meio de políticas públicas para reduzir a emissão 
de GEE, iniciativas empresariais, como a substituição de combustíveis por com-
bustíveis de fontes renováveis, redução e eliminação de gases, aproveitamento dos 
gases de aterro e inúmeras práticas de neutralização de carbono (BARBIERI, 2016).
Por fim, podemos concluir que, com a intensificação do efeito estufa, as 
modificações climáticas estão provocando o aquecimento global, como con-
sequência, portanto, já temos e teremos, de forma mais intensa, problemas am-
bientais, como a elevação do nível do oceano, 
impactos na agricultura, silvicultura e 
pecuária, e a elevação da tempera-
tura afetará todos os seres vivos. 
Diante dessa problemática, 
podemos nos perguntar: mas 
como controlar a intensifica-
ção do efeito estufa? Além 
da discussão já apresentada 
acerca das ações e protocolos 
da Convenção-Quadro sobre 
Mudança do Clima, Braga et 
al. (2005) explicam que o con-
trole do efeito estufa pode ocor-
rer prioritariamente pelo controle 
das emissões de CO2, sendo a solução 
diminuir a emissão resultante da queima de 
combustível pela utilização de fontes alternativas de energia, melhoria da ma-
triz energética pela utilização de mais fontes renováveis de energia, melhoria no 
sistema de transporte coletivo e o controle do desmatamento mundial, tal como 
outras medidas que discutiremos ao longo das demais unidades.
A camada de ozônio, compreendida pelo gás ozônio (O3), trata-se da 
região estratosférica que tem a capacidade de funcionar como um atenuador 
da radiação ultravioleta, impedindo que níveis excessivos atinjam a superfície 
terrestre (PROGRAMA..., [2022]). A radiação ultravioleta pode ser dividida 
em três grupos em função do seu comprimento de onda, que está associado 
à intensidade de energia da radiação, compreendendo (BRAGA et al., 2005; 
PROGRAMA..., [2022]):
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UNIDADE 1
42
 ■ Radiação ultravioleta do tipo A (UV-A): não é absorvida pela cama-
da de ozônio e apresenta comprimento de onda de 320 a 400 nanôme-
tros (nm), sendo este muito próximo da luz visível (violeta).
 ■ Radiação ultravioleta do tipo B (UV-B): 90% da radiação desse tipo 
é absorvida pelo ozônio, apresenta comprimento de onda de 280 a 320 
nanômetros (nm). A exposição a essa radiação, nos seres humanos, está 
associada a diversos riscos, como danos à visão, envelhecimento pre-
coce, supressão do sistema imunológico e desenvolvimento do câncer 
de pele. Nos animais, prejudica os estágios iniciais do desenvolvimento 
de peixes, camarões, caranguejos e outras formas de vida aquáticas 
e reduz a produtividade do fitoplâncton, base da cadeia alimentar 
aquática, provocando desequilíbrios ambientais, tal como danos em 
materiais e plantações.
 ■ Radiação ultravioleta do tipo C (UV-C): é completamente absorvida 
pelo ozônio e pelo oxigênio, apresenta comprimento de onda menor do 
que 280 (nm) e é extremamente prejudicial.
O O3 utiliza essa radiação nas reações químicas associadas aos processos de 
formação e destruição dele mesmo, reações essas que estão em equilíbrio na 
estratosfera, mantendo estável a camada de ozônio. No entanto, devido à pre-
sença de substâncias químicas emitidas pelas atividades humanas contendo 
átomos de cloro (Cl), flúor (F) e bromo (Br), o O3 estratosférico começou a ser 
destruído em escala maior do que ocorria naturalmente. Vale ressaltar que uma 
molécula de cloro pode destruir até 10 mil moléculas de ozônio. Assim, em 
outras palavras, podemos dizer que são substâncias que reagem devido à ação 
da radiação ultravioleta, liberando radicais livres que destroem as moléculas 
de O3 (BRAGA et al., 2005).
A Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio, realizada 
na Áustria, em 1985, contribuiu para o surgimento, em 1987, do Protocolo de 
Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio (SDOs), 
o qual se refere ao tratado internacional que entrou em vigor em 1989. Assim, 
o documento assinado pelos Estados-partes impõe obrigações específicas, em 
especial, à progressiva redução da produção e do consumo das SDOs até a sua 
total eliminação (PROGRAMA..., [2022]). As SDOs controladas pelo Protocolo 
de Montreal são apresentadas no Quadro 4.
43
Substância 
que destrói 
a camada de 
ozônio
Principais fontes de emissão Status quanto ao consumo
Clorofluorcar-
bonos (CFCs)
Utilizados no setor de espu-
mas, limpeza, solventes farma-
cêuticos e industriais, refrige-
ração doméstica e comercial.
O consumo de CFCs, no Bra-
sil, foi proibido em 2010.
Hidrocloro-
fluorcarbonos 
(HCFCs)
Substâncias alternativas aos 
CFCs e amplamente emprega-
das nos setores de refrigera-
ção doméstica e comercial e 
no setor de espumas. 
Estas possuem um menor 
potencial de destruição do 
ozônio em relação aos CFCs, 
mas ainda causam danos à 
camada de ozônio e apresen-
tam um potencial mais eleva-
do de aquecimento global. 
Estão, atualmente, em pro-
cesso escalonado de redução 
do consumo, com eliminação 
prevista para 2040.
Halons
Utilizados em extintores de 
incêndio.
Sua importação foi proibida 
em 2001 no Brasil. Atualmente, 
são utilizados somente halons 
regenerados, especificamente, 
Halon-1211 e Halon-1301.
Brometo de 
metila
Utilizado como solvente para 
limpeza, agente de processos 
químicos em indústrias e labo-
ratórios e como matéria-prima 
para produção de CFC.
Foi completamente eliminado 
no Brasil a partir de 2008.
Tetracloreto de 
carbono (CTC)
Utilizado como solvente indus-
trial para limpeza.
Seu consumo no Brasil foi 
eliminado em 2000.
Hidrobromo-
fluorcarbonos 
(HBFCs)
Utilizados como agentes de 
expansão de espumas, como 
solventes e como fluidos de 
refrigeração.
Não há consumo da substân-
cia no Brasil. 
Quadro 4 - Substâncias que destroem a camada de ozônio, principais fontes de emissão e o status 
quanto ao consumo / Fonte: adaptado de Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs ([2022]).
UNICESUMAR
UNIDADE 1
44
Torna-se importante mencionarmos que o Brasil aderiu ao Protocolo de Mon-
treal por meio do Decreto n° 99.280/1990 (BRASIL, 1990), tal como elaborou 
o Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), que contempla a 
estratégia de controle, redução e eliminação dos HCFCs, seguido por uma redu-
ção gradual até a completa eliminação em 2040, por meio de ações apoiadas com 
recursos do Fundo Multilateral para a Implementação do Protocolo de Montreal 
(FML), o qual provê assistência técnica e financeira aos países em desenvolvimen-
to com recursos provenientesdos países desenvolvidos (PROGRAMA..., [2022]).
Outra consequência da emissão de gases poluentes é a 
chuva ácida. Segundo Braga et al. (2005), tra-
ta-se da chuva formada por gases nitroge-
nados e sulfurados, que, como já vimos 
anteriormente, são produzidos por diver-
sas atividades e reagem com o vapor de 
água presente na atmosfera, produzin-
do ácidos nítrico e sulfúrico, precipi-
tando-se nos solos pela ação da chuva. 
A chuva, para ser considerada ácida, 
apresenta pH inferior a 5,6. Ainda, con-
forme os mesmos autores, na região amazô-
nica, já se verificaram chuvas com pH próxi-
mo a 4,7, devido, provavelmente, à formação 
de ácido sulfídrico da oxidação do 
gás sulfídrico (H2S) produzido nos 
alagados ou na formação de áci-
dos orgânicos, como fórmico e 
acético, na queima de biomassa.
NOVAS DESCOBERTAS
Acesse o QR Code para conhecer o cronograma de eliminação do con-
sumo dos HCFCs no Brasil e os diversos programas, incluindo o setor 
de manufatura de espumas de poliuretano e de manufatura e de ser-
viços de equipamentos de refrigeração e ar-condicionado.
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45
Como problemas ambientais, podemos destacar perdas de produtividade devido 
à acidificação dos solos, tal como a lixiviação dos nutrientes e a eliminação de orga-
nismos presentes no solo. Como consequência, a acidificação da água, a destruição da 
vegetação, os danos a organismos e outros. Para a saúde humana, pode causar proble-
mas respiratórios devido à formação de partículas de sais de amônio e, por fim, danos 
a obras civis e monumentos. De maneira geral, o controle da chuva ácida ocorre por 
meio do controle de óxidos de nitrogênio e de dióxido de enxofre (BRAGA et al., 2005).
Você já ouviu falar em economia circular? Convidamos você 
para uma breve discussão sobre a nossa relação com os 
resíduos, mostrando a importância da transição do modelo 
de economia linear para a economia circular.
Prezado(a) aluno(a), podemos entender que a poluição está associada à concen-
tração ou à quantidade de resíduos presentes na água, no solo e no ar. Para que 
se possa exercer o controle da poluição, definem-se padrões ou indicadores de 
qualidade ambiental, estabelecidos nas legislações ambientais e em estudos sobre 
o tema, como, por exemplo, condições e padrões de qualidade do ar, da água e do 
solo que se deseja respeitar em um determinado ambiente.
Você já parou para pensar se não houvesse processos para capturar, tratar e 
dispor os poluentes? Bem como processos para reduzir a geração da poluição 
na fonte geradora? Para Barbieri (2016), sem esses processos, a capacidade da 
Terra de sustentar a vida certamente já teria entrado em colapso pela variedade 
de poluentes gerados pelas atividades humanas, pelas quantidades lançadas ao 
longo do tempo e pelas quantidades de recursos utilizados.
Dessa forma, para que as condições e os padrões de qualidade ambiental se-
jam atendidos, torna-se necessária a aplicação de ações de prevenção e de controle 
da poluição, como ilustramos na Figura 5, com as quais você, como futuro(a) 
Gestor(a) Ambiental, atuará constantemente, seja na sua implantação nas orga-
nizações ou no desenvolvimento de novas tecnologias. Agora, entenderemos do 
que tratam esses conceitos para que, nas unidades seguintes, possamos explorar 
as formas de prevenção e controle da poluição aplicadas aos diversos resíduos.
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UNIDADE 1
46
Em uma abordagem inicial para a discussão acerca dos conceitos, podemos citar 
que, dentre as práticas de Gestão Ambiental, a prevenção da poluição deve vir 
em primeiro lugar, no entanto, não existe nenhum processo totalmente eficiente, 
assim os resíduos que forem gerados, mesmo com as medidas de prevenção da 
poluição implantadas, devem ser tratados por meio de tecnologias de controle 
da poluição do tipo fim de tubo. Em outras palavras, as medidas de prevenção e 
de controle da poluição devem ser implementadas em conjunto.
Adicionalmente, Barbieri (2016) ressalta que, do ponto de vista empresarial, 
conforme o tipo e a quantidade de poluentes, a abordagem de fim de tubo se torna 
complexa e eleva os custos de produção mediante obtenção de equipamentos, 
contratação de funcionários e outros. Do ponto de vista ambiental, esse tipo de 
abordagem é fundamental, mas insuficiente. Fundamental, pois, se os poluentes 
Descrição da Imagem: a figura mostra um fluxograma em blocos que se organiza de forma vertical, de 
cima para baixo. O primeiro bloco no topo, denominado “práticas de Gestão Ambiental”, está conectado 
com outros dois blocos, denominados, à esquerda, “prevenção da poluição” e, à direita, “controle da 
poluição”. Esses blocos estão interligados por um símbolo de soma, indicando que as medidas devem 
ser implementadas em conjunto. Cada um desses blocos estão conectados com mais um bloco, apre-
sentando a definição dos termos e exemplos de medidas. A prevenção da poluição, no bloco à esquerda, 
consiste em medidas tomadas na fonte geradora com o intuito de diminuir a poluição, com exemplos 
de medidas como: substituição de materiais e insumos; mudanças de procedimentos; melhoria da orga-
nização (housekeeping); e implantação de programas educacionais. O controle da poluição, no bloco à 
direita, consiste em medidas para tratar a poluição gerada ou para resolver um problema ambiental que 
já ocorreu, com exemplos de medidas como: controle no final do processo ou fim de tubo (sistemas de 
tratamento) e tecnologia de remediação.
Figura 6 - Diferenças e associação dos conceitos de prevenção e controle da poluição / Fonte: a autora.
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gerados fossem lançados no meio ambiente pelas fontes geradoras sem o devido 
tratamento e o atendimento aos padrões de qualidade ambiental, a capacidade 
de assimilação da Terra teria sido ultrapassada; e insuficiente, pois são voltados 
apenas para um lado do problema, o da poluição.
Nesse contexto, inicialmente, discutiremos sobre o controle da poluição, 
o qual se caracteriza pelo estabelecimento de práticas com o intuito impedir os 
efeitos da poluição gerada por certo processo produtivo. As soluções tecnológicas 
buscam controlar a poluição gerada sem alterar seus processos produtivos, tendo 
dois tipos: tecnologia de remediação e controle no final do processo ou fim 
de tubo — em inglês, end of pipe control (BARBIERI, 2016).
As tecnologias de fim de tubo procuram captar e tratar a poluição resul-
tante de seus processos produtivos antes que seja lançada no meio ambiente, 
como um sistema de tratamento de emissões atmosféricas, de resíduos sólidos, 
uma planta de tratamento de efluentes líquidos, entre outros. Por outro lado, 
a tecnologia de remediação procura resolver problemas que já ocorreram, 
como, por exemplo, a aplicação de tecnologia para remediação de um solo 
contaminado por algum tipo de poluente (BARBIERI, 2016).
Por outro lado, a prevenção da poluição visa evitar, reduzir ou modificar a 
geração de poluição, sendo necessárias mudanças em processos e produtos, ou 
seja, reduzir ou eliminar a geração de resíduos antes que eles sejam produzidos 
(BARBIERI, 2016). Assim, para melhor entendimento do conceito, apresentamos 
duas definições, conceituando a prevenção da poluição como:
NOVAS DESCOBERTAS
Título: Introdução ao Controle de Poluição Ambiental
Autor: José Carlos Derisio
Editora: Oficina de Textos
Sinopse: o livro aborda os principais usos da água, do ar e do solo; 
os tipos de poluição que os afetam e os danos provocados; os parâ-
metros e métodos para avaliação de qualidade; as técnicas de controle de 
poluição; e os aspectos legais e institucionais. A obra também trata da polui-
ção decorrente de ruídos, vibrações e radiação, assim como de sistemas de 
Gestão Ambiental, de acordo com a norma ISO 14001:2015.
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UNIDADE 1
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 “ [...] qualquer prática, processo, técnica e tecnologia que visem a re-dução ou eliminação em volume, concentração e toxicidade dos poluentes na fonte geradora. Incluitambém modificações nos equi-
pamentos, processos ou procedimentos, reformulação ou replaneja-
mento de produtos, substituição de matérias-primas, eliminação de 
substâncias tóxicas, melhorias nos gerenciamentos administrativos 
e técnicos da empresa e otimização do uso das matérias-primas, 
energia, água e outros recursos naturais (CETESB, 2002, p. 3).
[...] uso de processos, práticas, técnicas, materiais, produtos, serviços 
ou energia para evitar, reduzir ou controlar (separadamente ou em 
conjunto) a geração, a emissão ou a descarga de qualquer tipo de 
poluente, a fim de reduzir os impactos ambientais adversos. Pode 
incluir redução ou eliminação na fonte; modificações no processo, 
produto ou serviço; uso eficiente de recursos; substituição de ma-
terial e de energia; reuso, recuperação, reciclagem, regeneração; ou 
tratamento (ABNT, 2015, p. 3).
Portanto, podemos observar que esses conceitos nos mostram que, ao invés 
de tentar resolver os problemas de poluição após a sua geração, o melhor é 
procurarmos reduzir, de todas as maneiras, a geração de poluição por meio 
de modificações, práticas, mudanças de hábitos, incluindo, a conservação ou 
o uso mais eficiente dos recursos naturais (EPA, 1997 apud BRAGA et al., 
2005). Braga et al. (2005) apresentam os princípios básicos da prevenção da 
poluição, os quais podem ser utilizados em organizações e, até mesmo, em 
nossas residências e estão apresentados a seguir:
 ■ Substituição de materiais e insumos: não utilização de produtos tóxi-
cos, como, preferencialmente, substâncias que utilizam água como solven-
te em vez de solventes orgânicos, uso de materiais advindos de recursos 
naturais renováveis e uso de energia de fontes renováveis.
 ■ Mudanças de procedimentos: métodos mais eficientes para as ativi-
dades industriais, como métodos contínuos de produção, alteração de 
configurações geométricas dos produtos para melhor aproveitamento 
dos materiais e redução das embalagens, identificar tecnologias mais efi-
cientes e enxutas e sempre levar em consideração os aspectos ambientais 
no desenvolvimento de produtos.
49
 ■ Melhorar a organização (housekeeping): adotar procedimentos 
que visem manter, de uma forma organizada e limpa, todas as áreas 
da empresa e da nossa própria casa, como evitar derramamentos e 
vazamentos, identificar os recipientes com materiais e substâncias, 
desenvolver programas de manutenção preventiva e utilizar arranjos 
que favoreçam a contenção de possíveis vazamentos.
 ■ Programas educacionais: desenvolver programas de sensibilização 
abordando os problemas associados à poluição, enfatizando a necessi-
dade da adoção de estratégias de prevenção da poluição e dos benefícios 
que elas podem proporcionar.
Adicionalmente, podemos entender que a prevenção da poluição combi-
na o uso sustentável dos recursos — redução da poluição na fonte, reuso, 
reciclagem e recuperação energética — e o controle da poluição — tra-
tamento e disposição final —, sendo essa a hierarquia a ser adotada para a 
Gestão Ambiental com a introdução da prevenção da poluição (BRAGA et 
al., 2005; BARBIERI, 2016).
Assim, reduzir na fonte é sempre a primeira opção. Logo, para melhor compreen-
são, entenderemos, agora, do que trata cada prioridade da prevenção da poluição:
 ■ Redução da poluição na fonte: significa diminuir a quantidade quanto 
à geração de poluentes e sua toxicidade, ou seja, produzir o mínimo de 
resíduos, tal como substituir insumos e/ou matérias-primas para reduzir 
o grau de periculosidade dos resíduos.
NOVAS DESCOBERTAS
Disponível no QR Code, você poderá explorar um conteúdo sobre a 
Produção Mais Limpa ou P+L, a qual é uma ferramenta de Gestão Am-
biental baseada na prevenção da poluição que você poderá utilizar 
como Gestor(a) Ambiental. Conhecerá, também, o passo a passo para 
implantação de um programa de P+L e os diversos guias de setores 
produtivos específicos, contendo uma descrição dos processos, os 
principais impactos ambientais potenciais e as medidas de P+L apli-
cáveis a cada um.
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UNIDADE 1
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 ■ Reutilização: refere-se à reutilização interna dos resíduos na organização 
que os gerou, ou seja, a utilização na forma em que os resíduos foram 
gerados, sem que haja alterações físicas, químicas ou biológicas deles. 
São exemplos: reaproveitamento de restos de matérias-primas, insumos, 
produtos e outros; usar a água após seu uso antes de tratá-la para esfriar 
algum equipamento; usar tambores e outras embalagens para acondicio-
namento de resíduos não perigosos; entre outros.
 ■ Reciclagem: refere-se ao processo de transformação dos resíduos que 
envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou bio-
lógicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos. Na 
reciclagem interna, ocorre o tratamento dos resíduos para torná-los nova-
mente aproveitáveis na fonte geradora, tal como a reciclagem externa, em 
que os resíduos de uma organização são utilizados em outra. São exem-
plos: tratamento dos efluentes líquidos antes de sua utilização, secagem 
de resíduo para uso como combustível e outros.
Ainda, como nem todos os resíduos podem ser reutilizados ou reciclados, interna 
ou externamente, como uma terceira alternativa, citamos o reaproveitamento 
do seu poder calorífico para geração de energia (térmica ou elétrica), caso seja 
possível. São exemplos: processos térmicos, como a incineração e o coprocessa-
mento de resíduos sólidos, processos biológicos, por meio da digestão anaeróbia 
aplicada a resíduos sólidos orgânicos e efluentes líquidos para geração de biogás, 
e a compostagem para resíduos sólidos orgânicos.
Podemos destacar que a prevenção da poluição pode ser implantada na or-
ganização de maneira simples, em uma parte do processo que não exija grandes 
investimentos, por exemplo, mantendo a planta organizada, limpa, realizando 
manutenção preventiva dos equipamentos e outros. Espera-se que a geração de 
resíduos sem a possibilidade de aproveitamento seja mínima e que, como última 
opção, ocorra a disposição final deles.
Por fim, destacamos que, para a aplicação de ações voltadas à reutilização 
e à reciclagem — interna ou externa —, tal como tecnologias visando à recu-
peração energética e à disposição final, devem ser observadas as condições 
e os padrões estabelecidos nas legislações ambientais aplicáveis e conforme 
diretrizes dos órgãos ambientais competentes, conforme estudaremos nas 
unidades seguintes.
51
Agora, é a sua vez! Imagine como 
você poderá aplicar os conhecimen-
tos adquiridos nesta unidade na sua 
atuação como futuro(a) Gestor(a) 
Ambiental. Primeiramente, o enten-
dimento dos conceitos básicos se tor-
na fundamental para o entendimento 
mais aprofundado sobre o gerencia-
mento de resíduos, sejam os resíduos 
sólidos, os efluentes líquidos e os po-
luentes gasosos, tal como outros po-
luentes. Em outras palavras, trata-se 
de um “ponto de partida” para avançar-
mos nas unidades seguintes, seja para 
mostrar a origem e a importância do 
significado dos conceitos aplicáveis, 
seja para despertar a sua curiosidade 
e vontade de aprender mais. 
Em um segundo momento, com-
preender que os problemas ambientais 
são reais e que a geração de resíduos é 
inerente a qualquer atividade ou pro-
cesso produtivo, no entanto, paralela-
mente, deve-se buscar alternativas para 
prevenção e controle da poluição por 
meio de ações a nível local, regional ou 
global. Portanto, prezado(a) aluno(a), 
a aplicação dos conceitos e das ações 
farão parte da sua rotina na atuação 
como profissional de Gestão Ambien-
tal desde a elaboração e implantação 
de projetos ambientais, nas práticas de 
educação ambiental, no gerenciamen-
to dos resíduos e em outras atividades 
associadas à área ambiental.
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1. O aumento da população funciona como um fermento para o aumento do con-
sumo. A obsessão pelo crescimento demoeconômico contínuo fez a humanidade 
ultrapassar a capacidade de carga do PlanetaTerra. O alerta é de José Eustáquio 
Diniz Alves, doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado 
em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências 
Estatísticas – ENCE/IBGE. 
IHU. A Contribuição do Decrescimento Populacional para o Meio Ambiente 
no Século XXI. 2018. Disponível em: https://is.gd/l9iSOP. Acesso em: 1 jun. 2022.
Considerando o crescimento populacional e a sua relação com a poluição ambiental, 
analise as afirmativas seguintes.
I - As marcas do crescimento populacional são visíveis sob a ótica ambiental, resul-
tando em poluição das águas, do solo e do ar, entre outros.
II - O modo de exploração dos recursos pelo ser humano tem ligação direta com 
a questão de exploração dos recursos naturais para a sua subsistência, assim, 
desse modo de desenvolvimento, surgiu a chamada poluição.
III - São exemplos de impactos ambientais a eutrofização, a perda da biodiversidade 
e o aquecimento global.
IV - As atividades agropecuárias podem ser consideradas como fontes naturais de 
poluição, pois parte dos gases poluentes são emitidos pelos animais.
É correto o que se afirma em:
a) IV, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
https://is.gd/l9iSOP
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2. São exemplos de tratados internacionais o Protocolo de Montreal, criado em 1987, 
e o de Kyoto, de 1997, o primeiro, com 191 signatários, e o segundo, 174. Tal como 
em 2015, a criação do Acordo de Paris. Nos quais, dizem respeito à defesa do meio 
ambiente, evitando que atividades humanas (antrópicas) inviabilizem a vida sobre a 
Terra, poluindo-a e degradando-a. 
SILVA, D. H. da. Protocolos de Montreal e Kyoto: pontos em comum e diferenças 
fundamentais. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 52, n. 2, p. 155–172, 
2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbpi/a/zjQVHn4TnX4LJcpfYDssBbS/?lan-
g=pt. Acesso em: 1 jun. 2022.
Nesse contexto, analise as afirmativas sobre os acordos internacionais.
I - O Protocolo de Montreal, o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris controlam 
gases que provocam a destruição da camada de ozônio e o efeito estufa, res-
pectivamente.
II - Especificamente, o Protocolo de Montreal objetiva substituir as substâncias que 
demonstraram reagir quimicamente com o ozônio na parte superior da estratos-
fera, as denominadas Substâncias Destruidoras da Camada de Ozônio (SDOs).
III - São exemplos de SDOs: os grupos clorofluocarbonos (CFCs), halons, tetracloretos 
de carbono (CTCs) e hidroclorofluorcarbono (HCFCs), emitidos em todo o globo 
a partir dos processos de industrialização.
IV - Os gases que provocam o efeito estufa que foram estabelecidos pelo Protocolo 
de Kyoto são o gás carbônico (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o 
hidrofluorcarbono (HFC), o perfluorcarbono (PFC) e o hexafluorsulfúrico (SF6).
É correto o que se afirma em:
a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
https://www.scielo.br/j/rbpi/a/zjQVHn4TnX4LJcpfYDssBbS/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/rbpi/a/zjQVHn4TnX4LJcpfYDssBbS/?lang=pt
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3. De acordo com Barbieri (2016), a abordagem do controle da poluição por meio das 
medidas de fim de tubo, do ponto de vista ambiental, é fundamental, mas insuficien-
te. Fundamental pois, se os poluentes gerados fossem lançados no meio ambiente 
pelas fontes geradoras sem o devido tratamento e o atendimento aos padrões de 
qualidade ambiental, a capacidade de assimilação da Terra teria sido ultrapassada; 
e insuficiente pois são voltados apenas para um lado do problema, o da poluição. 
BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 
4. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
Sobre as medidas de controle e de prevenção da poluição, analise a imagem a seguir 
e assinale a alternativa correta.
Fonte: adaptada de Barbieri (2016).
a) Mostra que as medidas de controle e de prevenção da poluição devem ser im-
plementadas em conjunto.
b) Refere-se à ordem de prioridade na gestão e no gerenciamento de resíduos.
c) Trata-se da hierarquia a ser adotada para a Gestão Ambiental com a introdução 
da prevenção da poluição.
d) Apresenta a ordem no uso dos recursos naturais e no controle da poluição.
e) Mostra a hierarquia no controle da poluição, em que a prioridade é a disposição 
final ambientalmente adequada dos resíduos.
2Gerenciamento de Águas Residuárias
Me. Paula Polastri
Nesta unidade, estudaremos sobre as águas residuárias, as suas prin-
cipais características e os parâmetros de controle; tal como as legis-
lações aplicáveis vigentes e os padrões de lançamento de efluentes e 
de qualidade dos corpos d’água no Brasil. Apresentaremos, também, 
informações sobre a amostragem de efluentes, os níveis de tratamen-
to, as alternativas de aplicação e de reuso do efluente tratado.
UNIDADE 2
56
Prezado(a) aluno(a), você já parou para observar que a interferência dos seres 
humanos no ciclo hidrológico contribui para o esgotamento de recursos hídricos 
e com a introdução de compostos nas águas superficiais e subterrâneas? E que, 
com a utilização da água como recurso hídrico, esta sofre novas transformações 
na sua qualidade, vindo a se constituir como um efluente líquido? E que estes 
efluentes retornam ao meio ambiente, podendo causar a poluição das águas, de-
vendo esta ser controlada por meio da gestão dos efluentes? 
Sabemos que a água é indispensável para a sobrevivência de todos os seres 
vivos e para diversos usos, como abastecimento doméstico, uso industrial, entre 
outros. Também, sabemos que a água é um recurso natural renovável, porém 
finito. Assim, ela se movimenta em nosso planeta pelo ciclo hidrológico ou ciclo 
da água. Antes, os seres vivos interagiam com esse ciclo de forma equilibrada, no 
entanto, as civilizações humanas, ao atingir um certo grau de desenvolvimento, 
passaram a interferir de forma mais intensa nesse ciclo, como no caso da retirada 
de água de fontes superficiais — rios e lagos — ou subterrâneas — lençóis freáticos 
e aquíferos —, a qual se torna superior à reposição de água que o ciclo hidrológico 
pode proporcionar (CLAAS; MAIA, 2003). 
57
Entendemos que a água permanece em sua forma líquida, mas tem suas 
características alteradas em virtude da sua utilização. Em outras palavras, a água 
bruta é retirada de fontes superficiais ou subterrâneas e possui uma determina-
da qualidade; ainda, a tratada é a que passou por etapas de tratamento para se 
adequar aos usos previstos e passa a ser denominada água usada (SPERLING, 
2014), isto é, o que conhecemos como efluente, esgoto ou água residuária. Logo, 
o produto da utilização da água, o efluente, precisa de tratamento e disposição 
final adequados para que não resulte em poluição das águas. 
Em nossa discussão até este momento, podemos observar que uma par-
cela da água que utilizamos, seja para produzir itens do nosso cotidiano, seja 
para uso em nossas residências, é transformada em efluente. Um exemplo é a 
nossa conta de água. Veja, na sua conta de água, que ela apresenta informações 
sobre o consumo de água mensal, os valores dos serviços de abastecimento 
de água, o esgotamento sanitário e, também, informações sobre a qualidade 
da água distribuída. 
De acordo com os diagnósticos dos serviços de água e esgoto do Sistema 
Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) (BRASIL, 2021), para o 
cálculo do índice de tratamento dos esgotos gerados, estima-se o volume de 
esgoto gerado em relação ao volume de água consumido. Entendemos, então, 
que, ao reduzir o uso da água, haverá a redução da retirada de água do meio 
ambiente, da geração de efluentes e de custos, tanto para os consumidores como 
para os responsáveis pelos serviços de abastecimento de água e esgotamento 
sanitário. Logo, podemos fazer uma associação: quanto maior o consumo de 
água, maior será a geração de efluentes, não é mesmo?
Tudo o que usamos e consumimos tem uma “pegada hídrica”, que é a quan-
tidade de água que você consomeem sua vida diária. No entanto, o nosso uso 
de água não se limita à água que sai do chuveiro ou das torneiras, ou seja, ain-
da existe a água que não vemos e que consumimos sem perceber. Trata-se da 
água utilizada nos processos produtivos e em diversas atividades, sendo esta 
responsável pela maior parte da água que usamos, incluindo a que é usada 
na agricultura, para produzir a energia e para todos os produtos utilizados 
diariamente. Dessa forma, podemos entender que, mesmo que indiretamente, 
afetamos os recursos hídricos em todo o mundo.
UNIDADE 2
UNIDADE 2
58
 Agora, é a sua vez! Pense em como você poderia reduzir o seu uso de água e a 
geração de efluentes, seja em sua casa, no trabalho ou nos locais em que frequenta. 
Proponho que você acesse o QR Code para avaliar qual é a sua pegada hídrica. 
Assim, você poderá avaliar a quantidade de água que consome diariamente e, em 
seguida, tomar medidas para reduzir a sua pegada hídrica ou, até mesmo, atuar 
em ações que ajudem outras pessoas ou, como futuro(a) Gestor(a) Ambiental 
em organizações, a tornar o uso da água mais sustentável e promover ações de 
prevenção da poluição, como a redução da geração de efluentes.
Agora, convido-lhe a registrar, no Diário de Bordo, as suas reflexões e os 
seus questionamentos sobre a relação do ser humano com o uso da água, a 
geração de efluentes e a poluição das águas. Ficou surpreso(a) com o seu resul-
tado na avaliação da sua “pegada hídrica”? Que perguntas vieram à sua mente? 
Como promover a conservação da água? Como evitar a poluição das águas? 
Para onde são destinados os efluentes gerados em sua residência, nas indústrias, 
nas áreas rurais e nos demais locais de geração de efluentes? Como tratar esses 
efluentes e devolvê-los ao meio ambiente atendendo às legislações aplicáveis? 
É possível reusar o efluente após o seu tratamento? Seu município é dotado de 
esgotamento sanitário? Quanto aos serviços de água e esgoto, 100% da popu-
lação brasileira é atendida? Como você, futuro(a) Gestor(a) Ambiental, poderá 
atuar nessas questões? Pense nisso!
59
Iniciaremos a nossa discussão ao abordar alguns conceitos de forma a esclarecer 
melhor alguns itens que veremos adiante. 
O termo efluente é usado para “caracterizar os despejos líquidos provenientes 
de diversas atividades ou processos” (CONAMA, 2011, p. 2). Trata-se da água usa-
da proveniente de habitações, comércio, cidades, indústrias e agricultura (MET-
CALF; EDDY, 2016). Também, são utilizados, de maneira análoga, os termos 
efluente líquido, água residuária, esgoto, despejo, podendo ser diferenciadas 
por meio de sua composição, constituindo-se em efluente ou esgoto sanitário, 
industrial, hospitalar, agrícola, lixiviado de aterros sanitários, entre outros. 
Os termos água residuária bruta ou in natura e tratada compreendem o 
efluente que ainda não passou por tratamento e o efluente que recebeu trata-
mento, respectivamente. Os despejos afluentes — ou carga afluente ou, simples-
mente, afluente — referem-se ao efluente de entrada no sistema de tratamento 
de efluentes. E, ainda, o termo corpo d’água receptor se trata do “corpo hídrico 
superficial que recebe o lançamento de um efluente” (CONAMA, 2005, p. 2).
O efluente ou esgoto sanitário, também conhecido como esgoto domés-
tico, trata-se da “denominação genérica para despejos líquidos residenciais, co-
merciais, águas de infiltração na rede coletora, os quais podem conter parcela de 
efluentes industriais e efluentes não domésticos” (CONAMA, 2011, p. 2). Os esgo-
tos domésticos são compostos por, aproximadamente, 99,9% de água, enquanto a 
fração restante, ou seja, 0,1%, corresponde a uma associação de sólidos orgânicos 
e inorgânicos, suspensos ou dissolvidos e microrganismos. Logo, a característica 
dos esgotos domésticos é função dos usos aos quais a água foi submetida, sendo 
que esses usos e a forma com que são exercidos variam com o clima, a situação 
socioeconômica e os hábitos da população (SPERLING, 2014). 
Considerando a grande variedade de constituintes que podem ser encon-
trados nos esgotos domésticos e demais tipos de efluentes, é prática comum 
caracterizar o esgoto segundo suas propriedades físicas, químicas e biológicas 
(METCALF; EDDY, 2016). Apresentaremos, então, as principais característi-
cas das águas residuárias, que também podem ser considerados parâmetros 
de qualidade e controle dessas águas, ou seja, em termos de tratamento de 
águas residuárias e em termos de corpos d’água, pois muitos deles são apli-
cáveis aos principais poluentes dos corpos d’água. Em relação às principais 
características físicas dos efluentes, destacamos os parâmetros tempera-
tura, cor, odor e turbidez. 
UNIDADE 2
UNIDADE 2
60
O parâmetro temperatura se refere à medição da intensidade de calor 
— normalmente, expressa em graus Celsius (°C) — e está relacionada com 
a atividade microbiana, a solubilidade dos gases, e a velocidade de reações 
químicas. Em termos de tratamento de águas residuárias, a temperatura deve 
proporcionar condições para as reações bioquímicas de remoção de poluen-
tes; já em corpos d’água, pode causar alterações nas espécies de peixes e deve 
ser analisada em conjunto com outros parâmetros, como oxigênio dissolvido 
(SPERLING, 2014). A solubilidade dos gases é inversamente proporcional à 
temperatura, ou seja, quanto maior a temperatura, menor a concentração de 
oxigênio na água (CLAAS; MAIA, 2003).
O parâmetro cor é responsável pela coloração dos efluentes, em que o 
constituinte responsável são os sólidos dissolvidos, tal como é diretamente 
influenciada pela decomposição da matéria orgânica. Deve-se distinguir entre 
cor aparente e cor verdadeira, já que, no valor da cor aparente, pode estar 
incluída uma parcela devido à turbidez e, quando esta é removida por cen-
trifugação, obtém-se a cor verdadeira (SPERLING, 2014). Logo, a coloração 
dos efluentes domésticos, por exemplo, quando o esgoto se encontra fresco, 
apresenta, usualmente, uma cor marrom acinzentado claro e, conforme o tem-
po de passagem pelo sistema de coleta aumenta, a cor do esgoto se modifica, 
passando de cinza-claro para cinza-escuro ou preto, representando o esgoto 
séptico. Alguns efluentes industriais também podem adicionar cor ao esgoto 
doméstico (METCALF; EDDY, 2016).
Você já deve ter ouvido falar em águas cinza e águas negras. Em nossas residências, as 
águas cinza-claro são o efluente gerado nos chuveiros, nas banheiras, nos lavatórios, 
nos tanques e nas máquinas de lavar roupa. Já a água proveniente das bacias sanitá-
rias é o esgoto séptico, apresentando cor cinza escuro ou preto, por isso, denominam-
-se águas negras.
Fonte: adaptado de ABNT (2019).
EXPLORANDO IDEIAS
61
O parâmetro odor é desagradável devido aos gases dissolvidos e aos gases libera-
dos em função do processo de decomposição da matéria orgânica. Um exemplo 
é o gás sulfídrico ou sulfeto de hidrogênio (H2S). 
Já o parâmetro turbidez representa o grau de interferência na passagem da 
luz pela água, conferindo uma aparência turva, em que o constituinte responsável 
são os sólidos em suspensão, como areia, argila, material orgânico e inorgânico e 
microrganismos. Esgotos mais frescos ou mais concentrados, geralmente, apre-
sentam maior turbidez. A importância ambiental desse parâmetro se associa 
aos compostos tóxicos e aos organismos patogênicos e, em corpos d’água, pode 
reduzir a penetração da luz, prejudicando a fotossíntese (SPERLING, 2014). 
Em relação às características químicas, estas são apresentadas no Quadro 
1. De acordo com Sperling (2014), para os parâmetros que apresentaremos a 
seguir, os principais relativos aos esgotos domésticos são sólidos, indicadores de 
matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e indicadores de contaminação fecal. No 
entanto, estes e outros também podem ser parâmetros importantes relacionados 
aos demais tipos de efluentes.
Parâmetro Descrição
Potencial hidrogeniônico (pH)
Representa a concentração de íons hidrogê-
nio (H+), sendo um indicador das condiçõesalcalinas, neutras ou ácidas de efluentes. A 
faixa de pH é de 0 a 14, de forma que pH 
menor do que 7 indica condições ácidas; pH 
igual a 7, neutralidade; e pH maior do que 7, 
condições básicas.
Alcalinidade
Indicador da capacidade tampão do meio, 
ou seja, capacidade de resistir às mudan-
ças de pH. A alcalinidade dos efluentes se 
deve à presença de bicarbonatos (HCO3
-), 
carbonatos (CO3
2-) e hidróxidos (OH-), sendo 
a distribuição entre as três formas no meio 
em função do pH. 
UNIDADE 2
UNIDADE 2
62
Parâmetro Descrição
Oxigênio dissolvido (OD)
De essencial importância para os organis-
mos aeróbios — que vivem na presença de 
oxigênio. Durante a estabilização da matéria 
orgânica, as bactérias fazem uso do oxigênio 
nos seus processos respiratórios, podendo 
vir a causar a redução da sua concentração 
no meio. Caso o oxigênio seja totalmente 
consumido, têm-se condições anaeróbias — 
ausência de oxigênio —, causando mortan-
dade de diversos organismos aquáticos.
Sólidos 
totais
Sólidos em 
suspensão
Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos 
que são retidos em filtros de papel com 
aberturas de dimensões padronizadas — 
0,45 a 2,0 µm (micrômetros).
• Fixos 
Componentes minerais, não incineráveis, 
inertes dos sólidos em suspensão.
• Voláteis
Componentes orgânicos dos sólidos em 
suspensão.
Sólidos 
dissolvidos
Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos 
que não são retidos nos filtros de papel 
com aberturas de dimensões padronizadas 
— 0,45 a 2,0 µm. Englobam, também, os 
sólidos coloidais.
• Fixos Componentes minerais dos sólidos dissolvidos.
• Voláteis
Componentes orgânicos dos sólidos dissol-
vidos.
Sólidos 
sedimentáveis
Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos 
que sedimenta em uma hora no cone Imhoff.
63
Parâmetro Descrição
Matéria 
orgânica
Demanda 
Bioquímica 
de Oxigênio 
(DBO)
Está associada à fração biodegradável dos 
componentes orgânicos carbonáceos, sendo 
a medida do oxigênio consumido após cinco 
dias pelos microrganismos na oxidação bio-
química da matéria orgânica.
Demanda 
Química de 
Oxigênio 
(DQO)
Representa a quantidade de oxigênio reque-
rida para estabilizar quimicamente a matéria 
orgânica carbonácea. Utiliza fortes agentes 
oxidantes — dicromato de potássio — em 
condições ácidas.
Carbono 
Orgânico 
Total (COT)
Presente em substâncias orgânicas, sendo 
determinado por meio da conversão do 
carbono orgânico a gás carbônico.
Nitrogênio 
total
Nitrogênio 
orgânico
Nitrogênio na forma de proteínas, aminoáci-
dos e ureia.
Amônia
Produzida no primeiro estágio da decompo-
sição do nitrogênio orgânico.
Nitrito
Estágio intermediário da oxidação da amô-
nia, praticamente ausente no esgoto bruto.
Nitrato
Produto final da oxidação da amônia, prati-
camente ausente no esgoto bruto.
Fósforo 
total
Fósforo 
orgânico
Combinado à matéria orgânica.
Fósforo 
inorgânico
Ortofosfato e polifosfatos.
Quadro 1 - Principais características químicas dos efluentes
Fonte: adaptado de Sperling (2014) e Metcalf e Eddy (2016).
UNIDADE 2
UNIDADE 2
64
O parâmetro pH é utilizado para caracterização de águas residuárias brutas 
e de corpos d’água, bem como para controle da operação de estações de tra-
tamento de efluentes. Em termos de tratamento de águas residuárias, valores 
de pH afastados da neutralidade tendem a afetar as taxas de crescimento 
dos microrganismos, bem como a variação do pH influencia o equilíbrio de 
compostos químicos. Em termos de corpos d’água, valores elevados de pH 
podem estar associados à proliferação de algas (SPERLING, 2014). Ainda, 
segundo Claas e Maia (2003), a maioria dos organismos não sobrevive a pH 
acima de 9 ou abaixo de 5. 
A alcalinidade e a capacidade de tamponamento tratam da capacida-
de de uma solução evitar mudanças de pH, sendo que uma solução tampão 
consiste na mistura de um ácido fraco com seu sal correspondente, possibi-
litando o agrupamento dos íons H+ e OH-, evitando tanto o aumento como a 
diminuição do pH. Esse parâmetro é utilizado para caracterização de águas 
residuárias brutas e também no tratamento de águas residuárias, pois a redu-
ção do pH pode afetar os microrganismos responsáveis pela degradação da 
matéria orgânica. Trata-se de um parâmetro muito importante no tratamento 
biológico de efluentes em reatores anaeróbios, sendo necessário um valor mí-
nimo aceitável de alcalinidade que pode ser gerada a partir do esgoto afluente 
— esgoto que entra na estação de tratamento — ou pode ser suplementada por 
meio de compostos químicos (SPERLING, 2014; CHERNICHARO, 2019).
O parâmetro oxigênio dissolvido (OD) é necessário para os organis-
mos aquáticos aeróbios — que sobrevivem na presença de oxigênio — e é o 
principal parâmetro de caracterização do efeito da poluição das águas por 
efluentes com alta carga orgânica. Dessa forma, em termos de tratamento de 
águas residuárias, é necessário um teor mínimo de oxigênio dissolvido em 
sistemas aeróbios do tratamento biológico de efluentes. Em termos dos corpos 
d’água, a solubilidade do OD varia com a altitude e temperatura, sendo que 
a concentração de OD na água limpa é de 9,2 mg/L (miligramas por litro), 
valores de OD inferiores a este são indicativos da presença de matéria orgâni-
ca, provavelmente, esgotos. Com OD em torno de 4 a 5 mg/L, os peixes mais 
exigentes não sobrevivem; com OD igual a 2 mg/L, praticamente nenhum 
peixe sobrevive; e, com OD igual a zero, têm-se condições de anaerobiose ou 
anaeróbias — ausência de oxigênio (SPERLING, 2014).
65
Os sólidos totais presentes nos esgotos podem ser classificados, de acordo 
com as suas características físicas, em tamanho e estado, incluindo os sólidos 
em suspensão e dissolvidos; com as suas características químicas, em sóli-
dos orgânicos e inorgânicos, incluindo os sólidos voláteis e fixos; e, com a 
sua sedimentabilidade, em sólidos em suspensão sedimentáveis e sólidos em 
suspensão não sedimentáveis. 
Na classificação pelas características físicas de tamanho e estado, as par-
tículas de menores dimensões, capazes de passar por um papel de filtro de ta-
manho especificado, correspondem aos sólidos dissolvidos ou filtráveis — por 
exemplo, sais e matéria orgânica —, enquanto as de maiores dimensões, retidas 
no papel de filtro, são consideradas sólidos em suspensão ou sólidos não fil-
tráveis. E, em uma faixa intermediária, situam-se os sólidos coloidais — por 
exemplo, argilas —, sendo que a maior parte dos sólidos coloidais entra como 
sólidos dissolvidos, e o restante, como sólidos em suspensão (SPERLING, 2014).
Na classificação pelas características químicas, ao submeter os sólidos a 
uma temperatura elevada (550 °C), a fração orgânica é oxidada (volatilizada), 
permanecendo, após a combustão, apenas a fração inorgânica (não oxidada). 
Assim, os sólidos voláteis representam uma estimativa da matéria orgânica nos 
sólidos, e os sólidos fixos ou inertes — sólidos não voláteis, também denomina-
dos cinzas — representam a matéria inorgânica ou mineral (SPERLING, 2014). 
Por fim, na classificação pela sedimentabilidade, os sólidos capazes de 
sedimentar no período de uma hora, em um recipiente denominado cone Imhoff 
— expresso em mL/L (mililitros por litro) —, são os sólidos sedimentáveis 
(SPERLING, 2014). A Figura 1 ilustra o ensaio de uma amostra de efluentes para 
determinação dos sólidos sedimentáveis.
Para determinação dos parâmetros físico-químicos, as análises realizadas em laboratório 
seguem conforme os métodos descritos pelo Standard Methods for The Examination of 
Water and Wastewater da American Public Health Association (APHA) — em português, 
Métodos Padronizados para Ensaios de Água e Esgoto da Associação Americana de Saúde 
Pública. Você pode acessar o documento ao pesquisar o título informado. 
Fonte: adaptado de APHA (1998).
EXPLORANDO IDEIAS
UNIDADE 2
UNIDADE 2
66
Agora, discutiremos 
a respeito da matéria or-
gânica, uma característi-
ca de suma importância, 
podendo ser a principal 
causadora de poluição 
das águas. Seu principal 
efeito ecológico,em um 
curso d’água, é o decrésci-
mo dos teores de oxigênio 
dissolvido, causado pela 
respiração dos micror-
ganismos que se alimen-
tam da matéria orgânica 
(SPERLING, 2014). Por 
isso, quando lançada em 
pequenas quantidades, 
é assimilada pelos orga-
nismos vivos dos ecos-
sistemas aquáticos, mas, 
em excesso, pode causar 
sérios danos, pois será 
consumida pelas bacté-
rias, que terão condições 
de se multiplicar rapi-
damente, consumindo 
grande quantidade de oxigênio. Logo, o consumo de oxigênio passa a ser maior do 
que a concentração disponível, podendo ocorrer a morte de organismos aquáticos 
aeróbios, como peixes e outros (CLAAS; MAIA, 2003). 
Portanto, quando falamos de matéria orgânica, referimo-nos às substâncias or-
gânicas presentes no esgoto e nos efluentes em geral, sendo constituídas, principal-
mente, por proteínas (40 a 60%), carboidratos (25 a 50%), gorduras e óleos (8 a 12%), 
além de ureia, fenóis, surfactantes, pesticidas, metais e outros, sendo esses em menor 
quantidade (METCALF; EDDY, 2016). Dessa forma, a oxidação da matéria orgânica 
presente nos efluentes pode ser representada pela seguinte reação:
Descrição da Imagem: a figura é uma foto que mostra um en-
saio representando a determinação da sedimentação natural dos 
sólidos em suspensão na amostra de um efluente. A figura apre-
senta dois cones Imhoff, compreendendo recipientes de vidro no 
formato cônico graduado com volume de 1 litro dispostos em um 
suporte em acrílico com capacidade para 2 cones, usado para fa-
cilitar o manuseio e a visualização do processo de sedimentação.
Figura 1 - Cones Imhoff com amostra de efluente
67
Matéria orgânica COHNS bactérias CO H O NHO ( ) � � � � �2 2 2 33 � �outros produtos finais energia
 
Matéria orgânica COHNS bactérias CO H O NHO ( ) � � � � �2 2 2 33 � �outros produtos finais energia
Em que: 
Matéria orgânica em termos de COHNS = carbono (C), oxigênio (O), hidro-
gênio (H), nitrogênio (N) e enxofre (S).
O2 = oxigênio.
CO2 = dióxido de carbono.
H2O = água.
NH3 = amônia.
Veja que, na conversão aeróbia — presença de oxigênio da matéria orgâni-
ca —, são formados produtos como o dióxido de carbono ou gás carbônico 
(CO2) e água (H2O). No entanto, na conversão anaeróbia — ausência de 
oxigênio da matéria orgânica —, tem-se a formação de metano (CH4) e gás 
carbônico. Assim, a matéria orgânica pode ser classificada de duas formas, 
sendo determinada em laboratório por distintos métodos, conforme se mos-
tra no Quadro 2.
Classificação Determinação
Quanto à forma e 
tamanho
Em suspensão 
(particulada)
Método direto 
(medição 
do carbono 
orgânico)
Carbono 
Orgânico Total 
(COT)Dissolvida 
(solúvel)
Quanto à 
biodegradabilidade
Inerte Métodos 
indiretos 
(medição do 
consumo de 
oxigênio)
Demanda 
Bioquímica de 
Oxigênio (DBO)
Biodegradável
Demanda 
Química de 
Oxigênio (DQO)
Quadro 2 - Classificação e determinação da matéria orgânica presente nos efluentes
Fonte: adaptado de Sperling (2014).
UNIDADE 2
UNIDADE 2
68
Nesse momento, torna-se importante entender como surgiu o termo Demanda 
Bioquímica de Oxigênio (DBO). “A ideia de se medir o potencial de poluição de 
um determinado despejo surgiu a partir do consumo de oxigênio que ele traria, 
ou seja, uma quantificação indireta da potencialidade da geração de um impacto, 
e não a medição direta do impacto em si” (SPERLING, 2014, p. 88). Assim, foi 
determinado um importante conceito, a DBO, a qual “retrata a quantidade de 
oxigênio requerida para estabilizar, por meio de processos bioquímicos, a matéria 
orgânica carbonácea” (SPERLING, 2014, p. 88). Em outras palavras, a concen-
tração da matéria orgânica pode ser medida por meio do consumo de oxigênio 
pelas bactérias, sendo determinada pela DBO.
A DBO padrão, expressa também por DBO5,20, refere-se ao teste realizado em laboratório, 
em que se convencionou proceder à análise no quinto dia e à temperatura de 20 °C. Esse 
tempo de análise foi padronizado para evitar que o teste em laboratório fosse sujeito a 
grande demora, já que a estabilização completa da matéria orgânica demora cerca de 20 
dias ou mais para esgotos domésticos. O consumo do quinto dia pode ser correlaciona-
do com o consumo total final em 20 dias, ou seja, com a Demanda Última de Oxigênio 
(DBOu). Quanto à temperatura, esta foi padronizada também, pois temperaturas diferen-
tes interferem na velocidade do metabolismo bacteriano. 
Fonte: adaptado de Sperling (2014).
EXPLORANDO IDEIAS
Já a Demanda Química de Oxigênio (DQO) se trata de outro parâmetro de 
controle dos efluentes. Diferentemente da DBO, que indica somente a concentra-
ção de matéria orgânica biodegradável, a DQO indica a concentração da matéria 
orgânica e inorgânica do efluente. Refere-se a um método indireto de determi-
nação do teor de matéria orgânica, dessa forma, o teste da DQO mede o consu-
mo de oxigênio ocorrido em função da oxidação química da matéria orgânica 
e inorgânica de uma amostra. Essa oxidação química é obtida por meio de um 
forte oxidante — dicromato de potássio — em meio ácido (SPERLING, 2014). 
Do ponto de vista operacional, uma das vantagens do teste de DQO é que 
este pode ser efetuado em, aproximadamente, três horas. Torna-se importante 
destacarmos que a DQO sempre será mais elevada do que a DBO, e algumas 
das razões dessa diferença são explicadas por Metcalf e Eddy (2016): certas 
69
substâncias podem ser tóxicas aos microrganismos no teste de DBO; muitas 
substâncias são difíceis de serem oxidadas biologicamente, como a lignina, 
por exemplo, mas podem ser oxidadas quimicamente; e as substâncias or-
gânicas que podem ser oxidadas pelo dicromato de potássio aumentam o 
conteúdo orgânico aparente da amostra.
Os esgotos domésticos possuem uma DBO da ordem de 300 mg/L, ou seja, no pro-
cesso de estabilização da matéria orgânica carbonácea, 1 litro de esgoto consome, 
aproximadamente, 300 miligramas de oxigênio, em cinco dias, à temperatura de 20 
°C. (Marcos von Sperling). 
Nesse contexto, imagine um grande corpo d’água, como o Rio Tietê, por exemplo. Quanto 
deve ser consumido de oxigênio diariamente? 
PENSANDO JUNTOS
Segundo Sperling (2014, p. 38), “a DBO e a DQO são os parâmetros de maior im-
portância na caracterização do grau de poluição de um corpo d’água”. Entretanto, 
você já parou para pensar qual é o impacto de um efluente com altos teores de 
DBO e DQO no meio ambiente? Class e Maia (2003) explicam que a resposta 
para essa questão deve considerar os seguintes fatores: a DBO está relacionada 
à biodegradabilidade do efluente, representando uma parcela da DQO, o que 
significa que a DBO nunca será maior que a DQO, e a biodegradabilidade de 
um efluente líquido pode ser verificada por meio da relação entre os valores de 
DBO e DQO. Portanto, para avaliar o impacto ambiental de um efluente com 
altos teores de DQO, é importante conhecer, também, a concentração de DBO, 
já que a relação entre esses valores é o que permite calcular a biodegradabilidade 
do efluente (CLASS; MAIA, 2003). 
Assim, a biodegradabilidade de um efluente se refere à sua capacidade de 
ser degradado biologicamente, de forma que quanto maiores suas características 
orgânicas, mais facilmente ele será biodegradado (CLASS; MAIA, 2003). Esses 
dois parâmetros, quando comparados de forma conjunta, proporcionam infor-
mações sobre a biodegradabilidade do efluente e auxiliam na escolha do método 
mais adequado para o seu tratamento. O Quadro 3 apresenta as informações 
sobre a relação DQO/DBO.
UNIDADE 2
UNIDADE 2
70
Relação DQO/DBO Indicação de tratamento.
Baixa, menor do que 
2,5
A fração biodegradável do efluente é elevada.
Indicação para tratamento biológico.
Intermediária, entre 
2,5 e 4,0
A fração biodegradável não é elevada.
É necessário realizar estudos de tratabilidade para 
verificar a viabilidade do tratamento biológico.
Elevada, maior do 
que 4,0
A fração inerte (não biodegradável) é elevada.
Possível indicação para tratamento físico-químico.
Quadro3 - Relação DBO/DQO em efluentes e indicação do método de tratamento a ser empregado
Fonte: adaptado de Sperling (2014).
Para esgotos domésticos brutos, a relação DQO/DBO varia em torno de 1,7 
a 2,4; já para efluentes industriais, essa relação pode variar amplamente. Os 
valores da relação aumentam da condição de esgoto bruto para esgoto tra-
tado. Logo, quanto maior a eficiência do tratamento na remoção da matéria 
orgânica biodegradável, maior o valor da relação, que pode chegar a 4,0 ou 
5,0. Em tratamentos biológicos, o efluente final, normalmente, possui valores 
superiores a 2,5 (SPERLING, 2014). 
Por fim, sobre os parâmetros utilizados para determinação da matéria orgâ-
nica por meio do carbono orgânico em uma amostra, utiliza-se o teste de Car-
bono Orgânico Total (COT), efetuado por instrumento. Os métodos de testes 
para COT utilizam calor e oxigênio, radiação ultravioleta, oxidantes químicos 
ou algumas combinações desses métodos para converter carbono orgânico em 
dióxido de carbono, sendo medido por um analisador de raios infravermelhos 
ou por outros meios (METCALF; EDDY, 2016).
Em relação ao nitrogênio e ao fósforo, a importância deles se associa a dife-
rentes aspectos. Em termos de tratamento de efluentes, são nutrientes essenciais 
para o crescimento dos microrganismos responsáveis pela estabilização da maté-
ria orgânica, ou seja, pelo tratamento biológico de efluentes. Contudo, em termos 
de poluição das águas, são elementos essenciais para o crescimento de algas, que, 
em certas condições, podem conduzir à eutrofização de lagos e represas — devido 
ao excesso desses nutrientes —, podendo causar interferências nos usos desejáveis 
do corpo d’água (THOMANN; MUELLER, 1987 apud SPERLING, 2014). 
71
O nitrogênio, no meio aquático, pode ser encontrado na forma de nitrogênio 
molecular (N2), nitrogênio orgânico, amônia livre (NH3), íon amônio (NH4
+), íon 
nitrito (NO2
-) e íon nitrato (NO3
-). Nos esgotos domésticos brutos, as formas predo-
minantes são o nitrogênio orgânico e a amônia, sendo determinados em laboratório 
pelo método Kjeldahl, compreendendo o denominado Nitrogênio Total Kjeldahl 
(NTK), e, em menor proporção, nitrito e nitrato, sendo quase desprezível em esgo-
tos domésticos. Em suma, o NTK é a soma do nitrogênio orgânico e da amônia, e o 
nitrogênio total é a soma do NTK, do nitrito e do nitrato (SPERLING, 2014). 
Em Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) ou em cursos d’água, a amônia 
pode sofrer transformações por meio do processo de nitrificação, em que ocorre a 
conversão da amônia para nitrito, e deste para nitrato, ou o processo de desnitrifica-
ção, havendo a conversão do nitrato para nitrogênio gasoso. No entanto, o processo 
de nitrificação implica o consumo de oxigênio dissolvido no corpo d’água receptor e, 
na ETE, o consumo de oxigênio e da alcalinidade, tal como o nitrogênio na forma de 
amônia livre (NH3) é tóxico aos peixes, mesmo em baixas concentrações (SPERLING, 
2014). Assim, a distribuição entre as formas de amônia varia em função dos valores de 
pH e da temperatura do líquido, sendo que, na faixa de pH, próxima à neutralidade, 
a amônia se apresenta na forma ionizada (NH4
+), não sendo causadora de problemas 
ambientais, porém, já em pH fora dessa faixa, notamos a amônia na forma livre (SPER-
LING, 2014). O fósforo ou fósforo total presente nos esgotos domésticos se apresenta 
na forma de fosfatos, podendo ser na forma inorgânica — polifosfatos e ortofosfatos 
—, originados devido ao uso de detergentes e outros produtos químicos domésticos, e 
na forma orgânica, de origem fisiológica. O fósforo dos detergentes pode representar 
até 50% da concentração de fósforo total nos esgotos domésticos (SPERLING, 2014).
UNIDADE 2
UNIDADE 2
72
Sobre as características biológicas dos efluentes, sabemos que os micror-
ganismos presentes nos esgotos desempenham diversas funções, como na 
degradação da matéria orgânica e atuação no tratamento biológico de efluen-
tes. No entanto, alguns microrganismos presentes nos esgotos podem causar 
doenças no homem e nos animais, como as bactérias, os vírus, os protozoá-
rios e os helmintos. A origem desses organismos patogênicos em esgotos é 
predominantemente humana, refletindo diretamente o nível de saúde da po-
pulação e as condições de saneamento básico de cada região. Também, pode 
ser de procedência animal, cujos dejetos são lançados em redes coletoras, 
como fezes de cães e gatos, ou, então, pela presença de animais na rede de 
esgoto, como roedores. A quantidade de patógenos presentes no esgoto de 
uma determinada localidade é bastante variável e depende de alguns fatores, 
como: condições socioeconômicas da população, condições sanitárias, região 
geográfica, presença de indústrias e tipo de tratamento a que o esgoto foi 
submetido (SPERLING, 2014). 
Nesse contexto, para indicação de quanta contaminação por fezes humanas 
ou de animais uma água apresenta, tal como a sua potencialidade de transmitir 
doenças, são utilizados os chamados organismos indicadores de contaminação 
fecal, os quais incluem os coliformes totais, coliformes termotolerantes e 
Escherichia coli (E. coli) (SPERLING, 2014).
O grupo dos coliformes totais se constitui por um grande grupo de 
bactérias que tem sido isolado de amostras de águas e solos poluídos e não 
poluídos, bem como de fezes de seres humanos e animais de sangue quente. 
Devido à incidência desses organismos em águas e solos não contaminados, 
representando organismos de vida livre e não intestinal, não devem ser utili-
zados como indicadores de contaminação fecal em águas superficiais, porém, 
no caso específico de abastecimento de água potável, a água tratada não deve 
conter coliforme totais (SPERLING, 2014). Já o grupo de coliformes termo-
tolerantes compreende as bactérias indicadoras de organismos originários, 
predominantemente, do trato intestinal humano e de outros animais. A E. coli 
é a principal bactéria desse grupo, sendo abundante nas fezes humanas e de 
animais. Diferentemente dos coliformes totais e termotolerantes, a E. coli é 
a única que dá a garantia de contaminação exclusivamente fecal, no entanto, 
a sua detecção não dá a garantia de que a contaminação seja humana, já que 
pode ser encontrada em fezes de animais (SPERLING, 2014).
73
Agora, prezado(a) aluno(a), abordaremos os efluentes industriais. Sabemos que 
eles são provenientes das atividades industriais e dos processos produtivos, assim 
as características tanto qualitativas quanto quantitativas dos efluentes industriais 
são inerentes à composição da matéria-prima e de insumos utilizados no proces-
so, tal como à intensidade das operações realizadas e ao período de operação da 
indústria, ao consumo e ao reuso de água. Ainda, a geração de efluentes em cada 
etapa do processo pode variar em volume e características, como no caso de eta-
pas do processo que geram mais efluentes e menor carga poluidora, por exemplo. 
Portanto, dependendo da tipologia da indústria, os efluentes industriais podem 
conter, em maior ou menor grau, os constituintes típicos dos esgotos domésticos.
Os efluentes líquidos em uma indústria, além dos esgotos sanitários, oriundos 
dos refeitórios e das instalações sanitárias, podem ser compostos por efluentes do 
processo produtivo, água de refrigeração, água de condensação, água de lavagem 
de equipamentos e efluentes de equipamentos de controle de poluição do ar — 
lavador de gases de chaminé —, bem como pelos efluentes não pontuais, como 
as águas pluviais contaminadas, a lavagem de pisos externos e o derramamentos 
em áreas externas à área industrial (BRANDÃO et al., 2011). 
Os efluentes industriais, no entanto, constituem outros poluentes, os quais não 
são usualmente encontrados em esgotos domésticos, como micropoluentes inor-
gânicos, em especial, os metais, e os micropoluentes orgânicos. As principais 
implicações dos metais são a toxicidade aos seres humanos, animais e vegetais, por 
meio da disposição de águas residuárias em corpos d’água ede lodo na agricultura, 
bem como pela inibição dos microrganismos responsáveis pelo tratamento bioló-
gico dos efluentes (SPERLING, 2014), de forma que, em alguns casos, o tratamento 
biológico se torna impossível devido à alta toxidez (NUNES, 2012).
UNIDADE 2
UNIDADE 2
74
Nesse momento, você deve estar pensando: “do que se tratam os metais 
pesados?”, não é mesmo? Sperling (2014) explica que, do ponto de vista am-
biental, o metal pesado pode ser entendido como o metal que, em determi-
nadas concentrações e tempo de exposição, oferece risco à saúde humana e 
ao ambiente, inclusive, prejudicando a atividade de organismos responsáveis 
pelo tratamento biológico dos efluentes. Os principais elementos químicos 
considerados metais pesados são: prata (Ag), arsênio (As), cádmio (Cd), co-
balto (Co), cromo (Cr), cobre (Cu), mercúrio (Hg), níquel (Ni), chumbo (Pb), 
selênio (Se) e zinco (Zn). Logo, a presença de metais está associada, princi-
palmente, aos efluentes das indústrias de galvanoplastias, indústrias metáli-
cas (fundições) e indústrias químicas, como a farmacêutica, de curtumes, de 
petróleo, tal como de formulação de compostos orgânicos e inorgânicos e de 
corantes e pigmentos (SPERLING, 2014). 
A respeito dos micropoluentes orgânicos, estes, quando estão presentes 
nas águas residuárias que são dispostas em um corpo d’água sem tratamento 
adequado ou, então, pelo fato de não serem removidos nos tratamentos conven-
cionais, podem provocar danos tanto à vida aquática quanto aos seres humanos. 
Isso porque as estações de tratamento de água e de efluentes, normalmente, não 
estão capacitadas para a remoção desses micropoluentes orgânicos. Isso ocorre 
pois alguns compostos orgânicos são resistentes à degradação biológica, não 
integrando os ciclos biogeoquímicos, assim como os metais pesados, acumulan-
do-se em determinado ponto do ciclo. Podemos destacar os compostos presentes 
em agrotóxicos, alguns tipos de detergentes, hormônios, fármacos e uma grande 
variedade de produtos químicos. As principais fontes 
de compostos orgânicos são as lavanderias, as 
indústrias químicas, de plásticos, de produ-
tos mecânicos, de processamento e refi-
namento de petróleo, farmacêuticas, de 
madeira, de formulação 
de agrotóxicos, fer-
ro e aço (SPER-
LING, 2014). 
75
Para que você tenha um pouco mais de contato com as características dos 
efluentes industriais, no Quadro 4, apresentamos as principais características 
dos efluentes gerados em alguns tipos de indústrias.
Tipos de indústrias Principais características dos efluentes gerados
Abatedouros e 
frigoríficos
Alta carga orgânica devido à presença de sangue, 
gordura, esterco, conteúdo estomacal e intestinal; 
altos conteúdos de nitrogênio e fósforo; coloração 
avermelhada — presença de sangue — e verde — 
presença de conteúdo estomacal e intestinal —; 
variação de pH em função do uso de agentes de 
limpeza ácidos e básicos e variação de temperatura 
devido ao uso de água quente e fria; a DBO é variá-
vel, dependendo do tipo de animal a ser abatido, 
sendo os valores encontrados: em bovinos, de 1.100 
a 5.520 mg/L; em suínos, de 570 a 3.000 mg/L; e em 
aves, de 1.000 a 2.500 mg/L.
Cervejarias
Apresentam alta carga orgânica, teor de sólidos em 
suspensão e presença de fósforo e nitrogênio; DBO 
entre 1.000 e 2.000 mg/L; pH entre 6,4 e 7,5.
Os contaminantes emergentes (CE) são definidos pela Agência de Proteção Ambiental 
dos Estados Unidos — do inglês, United States Environmental Protection Agency (USEPA) 
— como substâncias químicas de origem natural ou sintética que não possuem regu-
lamentação. São considerados micropoluentes orgânicos, como os compostos biologi-
camente ativos de produtos farmacêuticos e de cuidados pessoais, produtos químicos, 
desreguladores endócrinos (hormônios), aditivos e surfactantes — moléculas orgânicas 
levemente solúveis na água e que causam formação de espumas. Eles estão presentes em 
efluentes industriais e esgotos sanitários, consequentemente, em corpos hídricos, devido 
à não remoção em tratamentos convencionais de efluentes. 
Fonte: adaptado de Petrie, Barden e Kasprzyk-Hordern (2015), EPA ([2022]), Sophia e 
Lima (2018).
EXPLORANDO IDEIAS
UNIDADE 2
UNIDADE 2
76
Laticínios
Presença de gorduras; DBO entre 500 e 2.000 mg/L; 
pH entre 4,5 e 10; o soro deve ser segregado e 
recuperado.
Curtumes
DBO entre 1.000 e 1.500 mg/L, compostos tóxicos 
como sulfeto e cromo.
Fecularias de 
mandioca
DBO entre 1.500 e 3.000 mg/L, pH entre 4,5 e 6,5, 
sólidos sedimentáveis e presença de ácido cianídri-
co (cianeto).
Galvanoplastia
Metais pesados — cromo hexavalente, cádmio, co-
bre, zinco, níquel e outros —, cianetos e pH abaixo 
de 2 e acima de 10.
Refinaria de petróleo
Óleo emulsionado, fenóis, cianetos, DBO baixa entre 
10 e 30 mg/L.
Usinas de açúcar e 
álcool
As águas de lavagem de cana contêm grande quan-
tidade de sólidos em suspensão sedimentáveis; no 
processo de produção de açúcar, o efluente gerado 
apresenta DBO entre 250 e 5.000 mg/L; na destila-
ria, o efluente, também conhecido como vinhaça ou 
vinhoto, apresenta DBO entre 7.000 e 20.000 mg/L, 
temperatura alta e pH baixo.
Quadro 4 - Principais características dos efluentes gerados em alguns tipos de indústrias
Fonte: adaptado de Claas e Maia (2003), Pacheco e Yamanaka (2006) e Nunes (2012).
Destacamos que as informações apresentadas são apenas orientativas, pois gran-
des variações podem ser encontradas nas características das águas residuárias do 
mesmo tipo de indústria, tanto em termos de características quantitativas quanto 
qualitativas. Mesmo apresentando a mesma atividade e processos produtivos si-
milares, podem gerar mais ou menos efluentes dependendo do porte da indústria, 
dos insumos distintos, entre outros fatores.
NOVAS DESCOBERTAS
Acesse o QR Code e saiba mais sobre as características dos efluentes 
de diversos setores produtivos. 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14809
77
Outro tipo de efluente que podemos destacar, são os provenientes dos sis-
temas de disposição final de resíduos sólidos urbanos (RSU), o lixiviado 
ou chorume, líquido resultante do processo de decomposição de resíduos 
de um aterro sanitário ou o líquido resultante de sistemas de tratamento de 
resíduos orgânicos, incluindo a fração orgânica dos RSU, como, por exemplo, 
a compostagem, e, ainda, as formas de disposição final ambientalmente inade-
quadas de RSU, como lixões e aterros controlados. Assim, o lixiviado se trata 
do líquido formado pela digestão anaeróbia de resíduos sólidos e pela água 
pluvial que infiltra por meio da massa de resíduos dentro do aterro, resultando 
em um líquido de coloração escura e forte odor, devido à presença de ácidos 
orgânicos (BIDONE; POVINELLI, 1999). 
A composição e o volume do lixiviado são muito variáveis e são atribuídos 
a diversos fatores, como volume de água pluvial infiltrada no aterro, processos 
naturais que ocorrem em seu interior, heterogeneidade e composição dos 
resíduos, disposição de resíduos industriais ou perigosos, fase de biodegra-
dação em que se encontram os resíduos, teor de umidade, procedimentos 
operacionais, idade do aterro, tecnologia de aterramento dos resíduos, fatores 
hidrológicos e climáticos, sistema de drenagem local, entre outros (BIDO-
NE; POVINELLI, 1999; KJELDSEN et al., 2002; KULIKOWSKA; KLIMIUK, 
2008). Os resíduos orgânicos apresentam, naturalmente, um teor de umidade 
entre 40 e 60%, o que determinaria uma geração entre 400 e 600 m³/dia (me-
tros cúbicos por dia) de lixiviado para a quantidade de 1.000 t/dia (toneladas 
por dia) de resíduos dispostos (BIDONE; POVINELLI, 1999). 
Os principais poluentes comumente encontrados no lixiviado são 
(KJELDSEN et al., 2002; BAUN et al., 2004; BAUN; CHRISTENSEN, 2004): 
matéria orgânica dissolvida, ácidos graxos voláteis e compostos refratários, 
como compostos húmicos e fúlvicos; macrocomponentes inorgânicos: ânions 
ou cátions de sais ou elementos específicos, como cálcio, magnésio, sódio, 
potássio, amônia, ferro,manganês, cloreto, sulfato e carbonato de hidrogênio; 
metais pesados: alumínio, arsênio, cádmio, cromo, cobre, chumbo, mercúrio, 
níquel, prata e zinco; e Compostos Orgânicos Xenobióticos (COX), origi-
nários de produtos químicos de uso doméstico ou industrial, presentes em 
concentrações relativamente baixas, mas são altamente perigosos e incluem 
hidrocarbonetos aromáticos, compostos fenólicos, aldeídos, cetonas, alifáticos 
clorados, praguicidas, entre outros.
UNIDADE 2
UNIDADE 2
78
Diante do conteúdo apresentado, podemos observar a variedade de poluentes 
presentes tanto nos esgotos sanitários quanto nos demais efluentes. Logo, você 
deve estar pensando: “mas como controlar esses poluentes para que não causem 
poluição das águas?”. Esse controle ocorre por meio do atendimento aos padrões 
de qualidade para efluentes e corpos d’água. No Brasil, os padrões nacionais são 
definidos pelas resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONA-
MA), o qual estabelece as condições e os padrões de lançamento de efluentes e 
de qualidade do corpo d’água receptor. 
De maneira geral, a Resolução CONAMA nº 357/2005 dividiu as águas do 
território nacional em águas doces, salobras e salinas em função dos usos prepon-
derantes, sendo divididas conforme a classe de qualidade, isto é, as condições 
e os padrões de qualidade de água necessários ao atendimento dos usos prepon-
derantes, atuais ou futuros (CONAMA, 2005). Da mesma forma, a Resolução 
CONAMA nº 430/2011 dividiu as condições e os padrões de lançamento para 
efluentes oriundos de sistemas de tratamento de esgotos sanitários e efluentes de 
qualquer fonte poluidora, incluindo todos os tipos de efluentes, como os indus-
triais, de atividades agrícolas, os efluentes oriundos de sistemas de disposição 
final de resíduos sólidos, entre outros (CONAMA, 2011). 
79
Especificamente para os efluentes de serviços de saúde, estes podem ser lan-
çados diretamente no corpo d’água receptor após tratamento, devendo atender às 
condições e aos padrões de lançamento para efluentes de sistemas de tratamento de 
esgotos sanitários e efluentes. Ainda, desde que atendidas as normas sanitárias espe-
cíficas vigentes, podem ser lançados em rede coletora de esgotos sanitários conectada 
à estação de tratamento, atendendo às normas e às diretrizes da operadora do sistema 
de coleta e tratamento de esgoto sanitários. Ainda, quando não houver acesso ao 
sistema de coleta e tratamento de esgoto por empresa de saneamento, estes efluentes 
devem ser tratados em sistema ambientalmente licenciado antes do lançamento em 
corpo receptor (CONAMA, 2011; ANVISA, 2018). 
No caso de sistemas de tratamento de esgotos sanitários que recebam lixivia-
dos de aterros sanitários, o órgão ambiental competente deverá indicar quais os 
padrões de lançamento de efluentes quanto aos parâmetros inorgânicos e orgânicos 
que deverão ser atendidos e monitorados (CONAMA, 2011).
Na Tabela 1, encontram-se resumidos alguns parâmetros de qualidade 
do efluente, ou seja, as substâncias ou outros indicadores representativos dos 
contaminantes toxicologicamente e ambientalmente relevantes do efluente, 
tal como os padrões para efluentes de sistemas de tratamento de esgotos sa-
nitários e os efluentes das demais fontes poluidoras. Apresentamos, também, 
alguns padrões de qualidade associados a diversas classes dos corpos de água 
doce, pois se trata da classe de maior interesse e potencialmente vinculada aos 
efluentes. Não estão incluídos dados sobre as águas doces de classe especial, 
pois, em corpos d’água pertencentes a esse tipo de classe, é vedado o lançamento 
de efluentes mesmo que tratados (BRASIL, 2005).
Parâmetro 
(unidade)
Padrão de lançamento 
(Resolução CONAMA nº 
430/2011) (VMP) (*)
Classe das águas doces 
(Resolução CONAMA nº 
357/2005) (VMP) (*)
Efluentes de 
qualquer fon-
te poluidora
Esgotos 
sanitá-
rios
1 2 3 4
pH 5 a 9 5 a 9 6 a 9 6 a 9 6 a 9 6 a 9
Temperatura 
(°C)
< 40 < 40 - - - -
UNIDADE 2
UNIDADE 2
80
Turbidez (UNT) 
(*)
- - ≤ 40
≤ 
100
≤ 100 -
Cor verdadeira 
(mg Pt/L) (*)
- -
Natu-
ral
 ≤ 75 ≤ 75 -
Sólidos se-
dimentáveis 
(mL/L)
≤ 1 ≤ 1 - - - -
Sólidos dissolvi-
dos totais (mg/L)
- - 500 500 500 -
Materiais 
flutuantes
Ausentes
Ausen-
tes
VA (*) VA VA VA
Óleos e graxas 
(mg/L)
≤ 20 / ≤ 50 (a) ≤ 100 VA VA VA (b)
Oxigênio dissol-
vido (mg/L)
- - ≥ 6 ≥ 5 ≥ 4 > 2
Demanda bio-
química de oxi-
gênio (DBO5,20) 
(mg/L)
 - ≤ 120 ≤ 3 ≤ 5 ≤ 10 - 
Tabela 1 - Alguns padrões de lançamento de efluentes e de qualidade para corpos d’água doce
Fonte: adaptado de Conama (2005, 2011).
Legenda: (-): dado numérico não disponível; (*) VMP: valor máximo permitido; UNT: unidade nefelo-
métrica de turbidez; mg Pt/L: miligramas de platina por litro; VA: virtualmente ausentes; (a): óleos 
minerais até 20 mg/L e óleos vegetais e gorduras animais até 50 mg/L; (b) toleram-se iridescências, 
ou seja, geram efeitos das cores do arco-íris.
Podemos observar que os padrões para efluentes de qualquer fonte poluido-
ra e esgotos sanitários são muito próximos. Entretanto, cabe destacar que, para 
ambos os efluentes, as legislações estaduais ou municipais podem apresentar 
variações em relação aos valores impostos pelo CONAMA, devendo ser atendi-
da sempre aquela legislação que se apresentar mais restritiva. Adicionalmente, o 
órgão ambiental poderá autorizar outros valores para o lançamento, caso estudos 
ambientais demonstrem que o corpo receptor continuará enquadrado dentro 
de sua classe. Também, padrões mais restritivos podem ser estabelecidos pelo 
órgão ambiental competente no processo de licenciamento ambiental, sendo 
apresentados na licença ambiental do empreendimento.
81
Ainda, podemos observar que, a Resolução CONAMA nº 430/2011 não apre-
senta um valor máximo permitido para o parâmetro DBO para efluentes de 
qualquer fonte poluidora, no entanto, determina que, para esses tipos de efluen-
tes, a remoção de DBO deve ser maior ou igual a 60% (CONAMA, 2011). 
Nesse contexto, torna-se importante falarmos sobre a porcentagem ou efi-
ciência de remoção de determinado poluente no tratamento ou em uma etapa 
dele. Portanto, para se determinar a eficiência de remoção da matéria orgânica, 
utiliza-se a seguinte fórmula (SPERLING, 2014):
E Co Ce
Co
�
�
�100
 
Em que: 
E = eficiência de remoção (%).
Co = concentração afluente do poluente, normalmente, expressa em mg/L.
Ce = concentração efluente do poluente, normalmente, expressa em mg/L.
Caso haja mais de uma etapa ou unidade em série ao longo do tratamento, as 
eficiências não são aditivas, sendo o cálculo da eficiência global de remoção feito 
de forma multiplicativa e dado por (SPERLING, 2014):
E E E E En� � �� �� �� �� �� �� �� ��� ��1 1 1 1 11 2 3 ...
 
Em que:
E = eficiência de remoção global.
E1, E2, E3, En = eficiência de remoção nas etapas 1, 2, 3, …, n.
O parâmetro óleos e graxas inclui gorduras, óleos, ceras e outras substâncias, como, por 
exemplo, óleos minerais, abrangendo querosene e lubrificantes. Óleos e graxas são muito 
semelhantes e são compostos por álcool ou glicerol (glicerina) com ácidos graxos, sendo 
que os glicerídeos de ácidos graxos que são líquidos à temperatura ambiente são cha-
mados de óleo, e aqueles que são sólidos são chamados de graxa ou gordura (METCALF; 
EDDY, 2016). Você pode consultar a redação oficial das resoluções e verificar a lista com-
pleta dos parâmetros, incluindo os parâmetros orgânicos e inorgânicos, e seus respecti-
vos valores máximos permitidos ao pesquisar por “atos normativos CONAMA”.
Fonte: adaptado de Metcalf e Eddy (2016).
EXPLORANDO IDEIAS
UNIDADE 2
UNIDADE 2
82
Para determinação da eficiência de remoção individual de cada poluente 
ou etapa de tratamento, utiliza-se a primeira fórmula; para a eficiência de 
remoção global, a segunda fórmula. Por exemplo, caso haja duas lagoas de 
estabilização em série, com eficiências de remoção de 80 e 90%, respectiva-
mente, a eficiência global será (SPERLING, 2014): 
E � � � ��� ��� �� �� � �1 10 80 1 0 90 0 98 98, , , % 
Diante do contexto apresentado, podemos verificar que o inter-relacionamen-
to entre os dois padrões se dá no sentido de que o atendimento aos padrões 
de lançamento de efluentes deve garantir simultaneamente o atendimento aos 
padrões do corpo receptor, sendo que o objetivo de ambos é a preservação da 
qualidade do corpo d’água (SPERLING, 2014). 
No entanto, e se o efluente atende aos padrões de lançamento, mas 
não atende aos padrões do corpo receptor? As características do lança-
mento deverão ser mais restritivas do que as expressas pelo padrão de lança-
mento usual, e essa situação pode ocorrer no caso de corpos receptores com 
baixa capacidade de assimilação e diluição. 
Logo, em relação à capacidade de assimilação e diluição dos corpos 
d’água, é de grande importância o conhecimento do fenômeno de autode-
puração e da sua quantificação, que está vinculado ao restabelecimento do 
equilíbrio no meio aquático depois das alterações induzidas pelo lançamento 
de efluentes após tratamento (SPERLING, 2014). 
Os despejos afluentes ou a carga afluente se referem ao efluente que é 
lançado no corpo d’água após tratamento, tal como o efluente de entrada 
no sistema de tratamento de efluentes. A compreensão do fenômeno de au-
todepuração tem por objetivos: utilizar a capacidade de assimilação dos 
rios sem apresentar problemas do ponto de vista ambiental e impedir o 
lançamento de efluentes acima do que possa suportar o corpo d’água. 
Assim, a capacidade de assimilação do corpo d’água pode ser utilizada até um 
ponto aceitável e não prejudicial, não sendo admitido o lançamento de cargas 
poluidoras acima desse limite (SPERLING, 2014).
83
A autodepuração em um corpo d’água ocorre ao longo do tempo e conside-
rando a sua dimensão longitudinal, compreendendo zonas de autodepuração. 
À montante — antes do lançamento do efluente —, tem-se a zona de águas 
limpas, caracterizada pelo seu equilíbrio ecológico e elevada qualidade de águas; 
e, à jusante — após o lançamento de efluente —, tem-se as zonas de degrada-
ção, decomposição ativa, recuperação e águas limpas novamente. Portanto, o 
ecossistema de um corpo d’água, antes do lançamento de efluentes, encontra-se 
em um estado de equilíbrio, no entanto, após a entrada da fonte de poluição, o 
equilíbrio entre as comunidades é afetado, ocorrendo uma desorganização inicial, 
seguida por uma tendência posterior à reorganização.
Agora, prezado(a) aluno(a), exploraremos o tratamento de efluentes, o qual 
se refere à “remoção de constituintes de maneira que o efluente tratado possa 
retornar ao meio ambiente ou ser reutilizado com segurança” (METCALF; 
EDDY, 2016, p. 3). Assim, diante da contextualização acerca das características 
dos efluentes e das legislações aplicáveis, podemos compreender a necessidade 
do controle da poluição de constituintes presentes nos efluentes por meio dos 
sistemas de tratamento. 
UNIDADE 2
UNIDADE 2
84
Entretanto, antes de estudarmos sobre os níveis de tratamento de efluentes, 
torna-se importante discutirmos acerca dos sistemas de esgotamento sanitário, 
sendo este “constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais 
de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sani-
tários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente” 
(BRASIL, 2020, on-line). Os sistemas de esgotamento sanitário podem ocorrer 
de duas maneiras, compreendendo (SPERLING, 2014):
 ■ Sistema individual ou estático: trata-se de soluções locais para atendi-
mento unifamiliar ou para poucas residências ou em áreas rurais, como 
a fossa séptica ou o tanque séptico com infiltração no solo. No entanto, 
podem conduzir à poluição do solo e da água superficial no caso de ex-
travasamentos ou, até mesmo, da água subterrânea, sendo necessário que 
o solo apresente boas condições de infiltração e que o nível da água sub-
terrânea se encontre a uma profundidade adequada de forma a evitar o 
risco de contaminação, principalmente, por microrganismos patogênicos.
 ■ Sistema coletivo ou dinâmico: pode ser de dois tipos, sistema unitário 
ou combinado e sistema separador, que consistem em canalizações 
que recebem o esgoto, transportando-o ao seu destino final de forma 
sanitariamente e ambientalmente adequada. São indicados para locais 
com elevada densidade populacional, como em áreas urbanas, industriais 
e outras. Em sistemas coletivos do tipo combinado, os efluentes e as 
águas pluviais (água das chuvas) são conduzidos ao seu destino final den-
tro da mesma canalização. Em sistemas coletivos do tipo separador, 
amplamente aplicado no Brasil, os esgotos sanitários e as águas pluviais 
são conduzidos ao seu destino final por canalizações separadas. Sepa-
ram-se as águas pluviais em linhas de drenagem independentes e que não 
contribuem à Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) ou Sistema de 
Tratamento de Águas Residuárias (STAR).
Em sistemas separadores, a separação total dos esgotos e das águas pluviais, muitas ve-
zes, é dificultada devido às conexões clandestinas de águas pluviais em sistemas de es-
gotamento sanitário e de esgotos em sistemas de drenagem pluvial, constituindo-se um 
desafio para a adequada operação dos sistemas. (Marcos von Sperling)
PENSANDO JUNTOS
85
Nesse contexto, tanto nas cidades quanto nas indústrias, os efluentes que contribuem 
à ETE são esgotos sanitários e efluentes industriais, tornando importante destacar 
algumas situações que podem ocorrer, como a integração dos efluentes industriais 
com os esgotos domésticos, em que as indústrias que não apresentam uma ETE 
podem ser autorizadas a lançar seus efluentes na rede pública de coleta, para posterior 
tratamento na ETE do município. Em indústrias que apresentam uma ETE, ambos 
os efluentes são tratados de forma separada ou conjuntamente na própria indústria. 
Ainda, há o armazenamento e transporte do efluente para posterior tratamento 
no caso de indústrias que não contemplam uma ETE, o tratamento pode ser tercei-
rizado por empresas especializadas e licenciadas para tal serviço.
Adicionalmente, sabemos que, em muitos Municípios, ocorre a integração dos 
esgotos domésticos com os efluentes industriais ou de diversas atividades, como 
de empreendimentos de lavagem de carros, salões de beleza, micro e pequenas 
empresas e outros, que são lançados na rede pública de coleta e tratados, poste-
riormente, na ETE municipal. No entanto, essas organizações devem ser autoriza-
das por meio do licenciamento ambiental para dispor seus efluentes dessa forma. 
Sperling (2014) explica que, nesse caso, os contaminantes dos efluentes indus-
triais devem ser previamente removidos, pois podem causar diversos problemas, 
como a toxidez ao tratamento biológico de esgotos, do lodo à sua disposição final, 
assim como a presença do contaminante no efluente tratado, devido ao fato de 
não ser removido pelo tratamento biológico aplicado em esgotos domésticos. 
Nesse contexto, a companhia de saneamento, receptora dos efluentes industriais ou 
de outras atividades, deve ter normas específicas para o recebimento desses efluentes 
na rede pública de coleta. Caso algum poluente possa apresentar um dos problemas 
citados, o gerador deverá fazer um pré-tratamento, de forma a enquadrá-lo dentro das 
normas da companhia de saneamento, visto que esta é a responsável pelo atendimento 
aos padrões de qualidade estabelecidos nas legislações aplicáveis e pelo órgão ambiental.
NOVAS DESCOBERTAS
Acesse o QR Code e saiba mais sobre os níveis de atendimento do 
abastecimento de água e tratamento de esgotos em seu Município, 
região geográfica e no Brasil pelos diagnósticos dos serviços de água e 
esgoto do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
UNIDADE 2
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14810
UNIDADE 2
86
Veremos, a seguir, que existem vários níveis de tratamento de efluentes. As-
sim, qual é o melhor processo ou a melhor tecnologia a ser aplicada 
para cada tipo de efluente?Alguns aspectos devem ser considerados para 
selecionar o processo de tratamento de efluentes a ser empregado, incluindo 
(SPERLING, 2014): impacto ambiental no corpo d’água receptor, principais 
constituintes a serem removidos, nível de tratamento e eficiências de remo-
ção desejadas e atendimento dos padrões de lançamento de efluentes e de 
qualidade do corpo d’água receptor. Os métodos de tratamento de efluentes 
se dividem em processos unitários (METCALF; EDDY, 2016). 
Dessa forma, para a remoção de constituintes presentes nos efluentes, 
alguns processos unitários são agrupados para formar o que é conhecido 
como sistema de tratamento ou níveis do tratamento de efluentes, com-
preendendo tratamento primário, tratamento secundário e tratamen-
to terciário ou avançado. No tratamento preliminar, ocorre a aplicação de 
processos unitários físicos; no tratamento primário, de processos unitários 
físicos e químicos; no tratamento secundário, de processos unitários bioló-
gicos; e, no tratamento terciário ou avançado, há a combinação dos demais 
níveis (SPERLING, 2014; METCALF; EDDY, 2016). Portanto, cada um dos 
níveis de tratamento é caracterizado por uma série de processos e contempla 
um objetivo específico, ou seja, a remoção de um ou mais poluentes, o que 
podemos observar de forma resumida no Quadro 5.
NOVAS DESCOBERTAS
O Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) consiste no pla-
nejamento integrado do saneamento básico, incluindo o esgotamento 
sanitário. Sua elaboração está prevista na lei de Diretrizes Nacionais 
para o Saneamento Básico, Lei nº 11.445/2017 e Lei nº 14.026/2020, 
devendo ser avaliado anualmente e revisado a cada quatro anos. 
Acesse os relatórios anuais do PLANSAB por meio do QR Code. 
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87
Nível de 
tratamento
Constituinte (poluente 
removido)
Operação, processo ou 
sistema de tratamento
Preliminar
Remoção de sólidos em 
suspensão grosseiros, 
óleos, graxas e areia.
Gradeamento, peneiramento, 
remoção de areia ou desarena-
ção (sedimentação ou decanta-
ção), retenção de óleo e graxas 
(flotação) e mistura (homoge-
neização ou equalização).
Primário
Remoção de sólidos em 
suspensão sedimentáveis 
e matéria orgânica em 
suspensão (componente 
dos sólidos em suspensão 
sedimentáveis).
Coagulação, floculação, flota-
ção, sedimentação ou decanta-
ção e filtração.
Secundário
Remoção de matéria orgâ-
nica biodegradável (dissol-
vida ou em suspensão) e 
sólidos suspensos.
Lagoas de estabilização e 
variantes, lodos ativados e 
variantes, reatores aeróbios 
e anaeróbios, processos de 
disposição sobre o solo e siste-
mas alagados construídos (em 
inglês, wetlands).
Terciário
Remoção de sólidos em 
suspensão remanescentes, 
remoção de nutrientes 
(como fósforo e nitrogênio), 
organismos patogênicos; 
compostos não biodegra-
dáveis, metais pesados e 
sólidos inorgânicos dissol-
vidos.
Processos físico-químicos, 
oxidação química e avançada, 
troca iônica, separação por 
membranas, adsorção, remo-
ção biológica de nutrientes, 
desinfecção, lagoas de matura-
ção e outros.
Quadro 5 - Visão geral dos níveis do tratamento de efluentes
Fonte: adaptado de Sperling (2014) e Metcalf e Eddy (2016).
UNIDADE 2
UNIDADE 2
88
Destacamos que, a depender das características do efluente e da ETE, os equipa-
mentos para medição de vazão são instalados como primeira etapa do tratamento, 
como intermediária ou etapa final. Esses dispositivos não promovem tratamen-
to, sendo apenas equipamentos de medida. Assim, a vazão se refere ao volume de 
efluente que escoa por meio de uma seção por unidade de tempo. Com a medida da 
vazão, é possível conhecer o volume de efluente gerado em um determinado tempo, 
o volume dependerá do tipo de atividade, porte e do nível tecnológico empregado. 
Para medição da vazão, são utilizados equipamentos do tipo calha Parshall, vertedor 
triangular, entre outros, sendo as unidades de medida mais utilizadas L/s (litros por 
segundo) e/ou m3/d (metros cúbicos por dia) (CLAAS; MAIA, 2003). 
O tratamento preliminar se destina à remoção de sólidos grosseiros, in-
cluindo materiais flutuantes que, eventualmente, podem estar presentes como 
resíduos sólidos e outros, tal como a remoção de areia. As principais finalidades 
dessa remoção são: a proteção dos dispositivos de transporte dos efluentes, de 
forma a evitar o desgaste de bombas ou obstrução de tubulações; proteção das 
unidades de tratamento subsequentes e proteção dos corpos d’água receptores 
(CLAAS; MAIA, 2003; SPERLING, 2014). 
Os mecanismos de remoção são de ordem física, incluindo: gradeamento, 
peneiramento e desarenação. O gradeamento tem por objetivo separar do efluente, 
antes do tratamento propriamente dito, materiais grosseiros que, por sua natureza e 
seu tamanho, podem trazer problemas ao sistema de tratamento. As grades utilizadas 
(Figura 2), normalmente, fazem parte da primeira etapa e são colocadas ao longo 
das canaletas que conduzem os efluentes. De acordo com o tipo de efluente e as suas 
características, será escolhida a espessura das barras e o espaçamento entre elas, de 
forma que o material de dimensões maiores do que o espaçamento entre as barras 
fique retido, e a remoção desse material pode ser de forma manual ou mecanizada. 
O peneiramento tem como principal objetivo a remoção de sólidos grossei-
ros suspensos com granulometria superior a 0,25 mm (milímetros). Nos casos 
em que a concentração de sólidos é muito considerável, poderá ser removida de 
15 a 25% da DBO em suspensão grosseira. Podem ser instaladas recebendo o 
efluente por recalque ou por gravidade, situando-se antes ou depois do tanque 
de equalização (NUNES, 2012). 
89
As peneiras estáticas e rotativas, com ou sem dispositivo de limpeza, 
são os dispositivos mecânicos utilizados para separação de sólido-líquido, 
atuando como filtros, peneirado o efluente por meio de uma tela metálica per-
furada ou ranhurada, que permitem apenas a passagem de líquidos e sólidos 
muito finos. As peneiras estáticas, conforme apresentamos na Figura 2, são 
muito empregadas na indústria de papel e celulose, na têxtil, nos frigoríficos, 
nas fábricas de suco de frutas, em fecularias e, também, na remoção de sólidos 
grosseiros de esgotos sanitários (CLAAS; MAIA, 2003).
Descrição da Imagem: temos duas fotografias, lado a lado, sendo a da esquerda identificada como “a” e a 
da direita como “b”. Na figura (a), podemos observar uma grade com material retido durante a passagem 
de esgoto sanitário, ela está instalada ao longo de uma canaleta que conduz o efluente. Na figura (b), 
temos uma peneira estática com o efluente fluindo na parte superior, descendo pela tela e caindo pelas 
malhas para dentro, onde é recolhido e direcionado para a unidade subsequente de tratamento, enquanto 
os sólidos grosseiros por gravidade se deslocam até o dispositivo coletor. Ambos são mecanismos de 
retenção de sólidos grosseiros sem dispositivos de limpeza.
Figura 2 - Exemplos de mecanismos aplicados no tratamento preliminar de efluentes: (a) - grade; 
(b) - peneira estática / Fonte: Figura (a) - Abreu (2020, on-line) e Figura (b) - a autora.
A desarenação tem por objetivo a retenção de areia e outros materiais iner-
tes por meio de desarenadores (caixas de areia). Os mecanismos de remo-
ção da areia são simplesmente o de sedimentação, em que os grãos de areia, 
devido às suas maiores dimensões e densidade, vão para o fundo do tanque, 
enquanto a matéria orgânica, sendo de sedimentação bem mais lenta, perma-
nece em suspensão, seguindo para as unidades subsequentes de tratamento 
(SPERLING, 2014). 
UNIDADE 2
UNIDADE 2
90
A remoção de óleos e graxas (gordura) consiste em operações de sepa-
ração por meio da flotação, pois o princípio da separação se dá pela diferença 
da densidade, ou seja, por serem menos densos do que a água, a remoção se 
baseia na tendência que essas substâncias têm de flotar. Assim, os dispositivos 
do tipo caixa de gordura são utilizados para esse fim,os quais permitem o 
repouso do efluente por um determinado tempo — tempo de retenção de 20 
a 30 minutos —, que o material flotável migre para a superfície, naturalmente, 
podendo ser removido manual ou mecanicamente — raspadores de super-
fície (CLAAS; MAIA, 2003). Esses dispositivos são, muitas vezes, utilizados 
no tratamento preliminar de indústrias de laticínios, de abate/frigoríficos, de 
curtumes, entre outras, sendo que, em muitos casos, a gordura recuperada 
pode ser aproveitada dentro da própria indústria ou destinada de forma am-
bientalmente adequada (NUNES, 2012).
Você sabia que o efluente da sua cozinha é ligado a uma caixa de gordura e que esta deve 
ter limpeza periódica? Essas unidades de tratamento nas residências ligam as instalações 
de efluentes da pia da cozinha, de forma que, assim como as unidades utilizadas em in-
dústrias, seu sistema permite apenas que a fração líquida do efluente seja destinado para 
a rede pública de coleta de esgoto. 
PENSANDO JUNTOS
Adicionalmente, segundo Nunes (2012), para a remoção de óleo dos efluen-
tes provenientes de postos de lavagem e lubrificação de veículos, oficinas me-
cânicas e outros, são utilizadas caixas retentoras de óleo ou caixas de sepa-
ração de água e óleo (SAO), atuando como os dispositivos que discutimos 
anteriormente (NUNES, 2012). Por fim, em ETE de efluentes industriais, pode 
ser necessária a inclusão de um tanque de equalização com aplicação inin-
terrupta de um mecanismo de agitação, com a finalidade de regular a vazão 
que deve ser constante nas unidades subsequentes, tal como homogeneizar 
o efluente quanto ao pH, temperatura e outros parâmetros (CLAAS; MAIA, 
2003; NUNES, 2012; SPERLING, 2014). 
91
Contudo, após o tratamento preliminar, o efluente ainda apresenta grande parte 
de sólidos em suspensão e elevada carga de matéria orgânica, assim, no trata-
mento primário, ambos podem ser parcialmente removidos em unidades de 
sedimentação (SPERLING, 2014). Pode-se aplicar dispositivos que operam por 
meio da decantação natural ou com a adição de agentes coagulantes, por meio 
da coagulação química, compreendendo o tratamento primário avançado. 
Em unidades em que se utiliza a decantação natural — nenhum auxiliar de 
coagulação química é adicionado —, a eficiência de remoção de sólidos em sus-
pensão é em torno de 50 a 70%, e a de DBO é em torno de 30 a 40%. No entanto, 
a eficiência do tratamento primário pode ser aumentada, de forma que possam 
ser removidos de 80 a 90% de sólidos suspensos, 40 a 70% da DBO, e 30 a 60% da 
massa bacteriana por precipitação química (METCALF; EDDY, 2016). Portanto, 
torna-se importante entendermos esses processos. 
A decantação baseia-se na velocidade de precipitação das partículas sólidas, 
as quais se dividem em: materiais decantáveis, que sedimentam livremente com ve-
locidade de queda constante e diretamente proporcional ao seu peso específico, e 
UNIDADE 2
UNIDADE 2
92
partículas floculadas, produto da coagulação do material coloidal e sólidos suspensos 
formados naturalmente ou mediante a adição de produtos químicos. 
A coagulação química inclui todas as reações e mecanismos envolvidos na 
desestabilização química de partículas e na floculação, e ocorre a aglomeração das 
partículas desestabilizadas com o fim de produzir partículas maiores, passíveis de 
mais fácil remoção por sedimentação, flotação ou filtração (BERNARDO, 2003; 
RICHTER, 2009; METCALF; EDDY, 2016). 
As unidades de tratamento aplicadas nessa etapa do tratamento de efluentes 
são os tanques de decantação ou decantadores, os quais podem ser circulares ou 
retangulares. De maneira geral, o efluente flui vagarosamente por meio dos decan-
tadores, permitindo que os sólidos em suspensão, que possuem densidade maior do 
que a do líquido circundante, sedimentem gradualmente no fundo, compreendendo 
o lodo primário bruto. Esse lodo é retirado por meio de uma tubulação única 
por raspadores mecânicos. Os materiais flutuantes, como óleos e graxas, tendo uma 
menor densidade que o líquido circundante, sobem para a superfície, sendo este 
material flotado removido por raspadores mecânicos de superfície. Esse lodo e o 
material flotado são dispostos em tanques ou em outra forma de armazenamento 
para posterior tratamento (SPERLING, 2014).
Outro tratamento primário que se pode utilizar é a flotação, que consiste na in-
jeção de ar comprimido na parte inferior do tanque, o que faz com que as impurezas 
sejam impulsionadas para a parte superior do tanque após a coagulação, possibili-
tando a retirada mecânica por pás ou sistema automatizado. 
É importante mencionarmos que alguns fatores podem afetar a eficiência do 
processo de coagulação e floculação, como, por exemplo, tipo de coagulante e flocu-
lante (produtos químicos) utilizado e dosagem necessária, pH e alcalinidade do meio 
(BERNARDO, 2003; LIBÂNIO, 2010). Os produtos químicos comumente emprega-
dos como coagulantes são os sais metálicos, como: sulfato de alumínio, sulfato ferroso, 
cloreto férrico, sulfato férrico e policloreto de alumínio (PAC); e, como floculantes, 
são os polímeros orgânicos (CLAAS; MAIA, 2003; SPERLING, 2014). 
Ainda, nos processos de coagulação-floculação, ensaios em Jar-test (teste 
de jarros), conforme se apresenta na Figura 4, são amplamente utilizados, 
possibilitando a determinação do melhor pH do meio para receber o coagu-
lante, o tipo e a dosagem ideal dele e a escolha do tempos e da velocidades 
de agitação. Assim, por meio desse ensaio, é possível reproduzir as condições 
de trabalho na ETE.
93
Por fim, embora a utilização de sais metálicos como coagulantes seja bem conso-
lidada, novos coagulantes à base de matéria-prima natural e biodegradável, 
como tanino, quitosana e moringa, são pesquisados e têm ganhado espaço no mer-
cado, tal como o uso de polímeros orgânicos como floculantes. Como vantagem 
de sua utilização, frente aos coagulantes inorgânicos e sintéticos, pode-se destacar 
o menor risco à saúde humana, uma vez que não possuem, em sua composição, 
alumínio e demais metais que são relacionados às doenças neurodegenerativas 
como Alzheimer, Parkinson, entre outras encefalopatias. Além disso, sua utilização 
diminui a geração do lodo, o qual é biodegradável, em até cinco vezes em volume, 
facilitando sua disposição final (LIMA JÚNIOR; ABREU, 2018; PIANTÁ, 2008). 
Importante destacar que o tratamento preliminar deve existir em todas 
as estações de tratamento de efluentes, já as unidades de tratamento primário 
podem ou não estar incluídas em estação de nível secundário, isto é, o trata-
mento secundário, biológico, pode ou não vir imediatamente após o trata-
mento preliminar (SPERLING, 2014). 
Descrição da Imagem: a figura é constituída por quatro fotos, lado a lado. Em cada foto, temos um 
recipiente com um misturador ao centro. Da esquerda para a direita, temos, no primeiro, efluente bruto 
na cor marrom. No segundo, a coagulação, na qual, com a adição de coagulantes, inicia-se o processo de 
desestabilização das partículas coloidais. No terceiro recipiente, ocorre a floculação, formação dos flocos 
maiores. No quarto, na sedimentação ou decantação, os flocos são sedimentados no fundo do recipiente 
e o efluente se torna clarificado.
Figura 3 - Ensaio em Jar-test com efluente bruto ilustrando os processos de coagulação, floculação 
e sedimentação / Fonte: a autora.
NOVAS DESCOBERTAS
Acesse o QR Code para conhecer o equipamento Jar-test e ampliar o 
seu conhecimento sobre os processos de coagulação, floculação e se-
dimentação. 
UNIDADE 2
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UNIDADE 2
94
Mesmo após o tratamento preliminar e primário, a matéria orgânica dissolvi-
da (DBO solúvel ou filtrada) não é removida, como, por exemplo, por processos 
físicos, como o de sedimentação ou decantação natural, no tratamento primário. 
E a matéria orgânica em suspensão (DBO suspensa ou particulada) ainda está 
presente no efluente, mesmo que grande parte seja removida no tratamento pri-
mário, pois sãode sedimentabilidade mais lenta. 
Dessa forma, no tratamento secundário ou tratamento biológico, o prin-
cipal objetivo é a remoção da matéria orgânica dissolvida e em suspensão, ainda 
presente no efluente. Essa remoção é feita por reações bioquímicas, realizadas 
por microrganismos, como bactérias, protozoários e fungos, podendo ser mi-
crorganismos aeróbios — sobrevivem na presença de oxigênio —, facultativos 
— podem sobreviver na presença ou ausência de oxigênio — e anaeróbios — 
sobrevivem na ausência de oxigênio. 
Como já vimos, os microrganismos convertem a matéria orgânica em gás car-
bônico (CO2), água e material celular — crescimento e reprodução de microrga-
nismos —; em condições anaeróbias, tem-se a produção de gás metano (CH4) e gás 
carbônico (CO2). Assim, destacamos que a decomposição biológica do material 
orgânico requer a manutenção de condições ambientais favoráveis, como tempe-
ratura adequada, pH ótimo, oxigênio em condições aeróbias e ausência de oxigênio 
em anaeróbias, entre outros parâmetros e condições operacionais na ETE.
Em sistemas de tratamento anaeróbio, os microrganismos, na ausência de oxigênio, 
fazem a conversão da matéria orgânica complexa presente nos efluentes em biogás, o 
qual é composto, principalmente, por metano (CH4) (55 a 70%), dióxido de carbono (CO2) 
(25 a 50%) e outros componentes em menor proporção, como água (H2O), nitrogênio (N2), 
oxigênio (O2) e traços de outros gases, como sulfeto de hidrogênio (H2S), amônia (NH3) e 
hidrogênio (H2). 
Fonte: adaptado de Deublein e Steinhauser (2008) e Sperling (2014).
EXPLORANDO IDEIAS
O tratamento secundário inclui unidades de tratamento preliminar, mas pode 
ou não incluir unidades de tratamento primário. Entre os processos de trata-
mento em nível secundário, os mais comuns são: lagoas de estabilização e va-
riantes, lodos ativados e variantes, reatores aeróbios e anaeróbios, processos de 
95
disposição sobre o solo e sistemas alagados construídos (wetlands). As lagoas 
de estabilização são unidades construídas em taludes e com solo compactado 
para disposição de efluentes por determinados períodos de tempo. Sua base 
é retangular e seção trapezoidal com inclinação do talude variável de acordo 
com as características do solo. A carga afluente (efluente bruto) entra em uma 
extremidade da lagoa e sai na extremidade oposta, e, ao longo do percurso, o 
efluente sofre uma série de reações bioquímicas por meio dos microrganismos. 
As paredes internas e o fundo devem ser impermeabilizadas por processos 
adequados de modo a impedir a infiltração do efluente no solo e, consequen-
temente, a contaminação de águas subterrâneas (SABESP, 2009). 
Entre as variantes das lagoas de estabilização, discutiremos sobre as lagoas facul-
tativas, os sistemas de lagoa anaeróbia-facultativa, as lagoas aeradas facultativas e as 
lagoas de maturação. Elas podem ser associadas e em série ou aplicada após outros 
sistemas de tratamento. Nas lagoas facultativas, o processo é essencialmente natu-
ral, a estabilização da matéria orgânica se processa em taxas muito lentas, necessitan-
do de um tempo superior a 20 dias, e elas apresentam profundidades típicas de 1,5 a 
2,0 m (metros). A decomposição da matéria dissolvida e em suspensão de pequenas 
dimensões é realizada pelas bactérias facultativas. O oxigênio requerido pelas bac-
térias aeróbias é fornecido pelas trocas gasosas com a atmosfera e pela fotossíntese 
realizada pelas algas presentes, sendo, portanto, necessária uma fonte luminosa, no 
caso, a energia solar. A matéria orgânica em suspensão tende a sedimentar, cons-
tituindo o lodo de fundo, sofrendo decomposição por bactérias anaeróbias, sendo 
convertido em gás carbônico (CO2), metano (CH4) e outros (SPERLING, 2014). 
As lagoas anaeróbias-facultativas são sistemas adotados quando há a ne-
cessidade de buscar mais de um tratamento para aumentar a eficiência. Nesse 
sistema, a primeira lagoa ou lagoa primária é denominada lagoa anaeróbia, 
pois a fotossíntese praticamente não ocorre e predominam condições anaeróbias. 
Essa lagoa recebe o efluente bruto e se apresenta em menores dimensões e mais 
profunda, em torno de 4,0 a 5,0 m de profundidade. Como as bactérias anaeró-
bias têm uma taxa metabólica e de reprodução mais lentas se comparadas às das 
bactérias aeróbias para um período de permanência de dois a cinco dias na lagoa 
anaeróbia, a decomposição da matéria orgânica é parcial, sendo a eficiência de 
remoção de DBO na ordem de 50 a 70%. Apesar de insuficiente, alivia a carga 
para a lagoa facultativa, a qual recebe uma carga de 30 a 50% do efluente bruto, 
podendo ter dimensões menores em relação a uma única lagoa facultativa. 
UNIDADE 2
UNIDADE 2
96
Na lagoa aerada facultativa, os mecanismos de remoção de matéria or-
gânica são similares aos de uma lagoa facultativa (Figura 4a), no entanto, o 
oxigênio é fornecido por aeradores mecânicos (Figura 4b), e não de forma 
natural por meio da fotossíntese de algas ou troca com a atmosfera, como 
vimos anteriormente. Os aeradores mecânicos são unidades de eixo vertical 
que, ao rodarem em alta velocidade, causam um grande turbilhonamento na 
água, essa ação faz com que haja penetração do oxigênio no efluente. Com 
isso, consegue-se uma maior introdução de oxigênio quando comparada ao 
sistema de lagoa facultativa convencional (SPERLING, 2014). Para maiores 
informações acerca das lagoas de estabilização, você pode pesquisar por “Nor-
ma Técnica nº 230 SABESP”.
Descrição da Imagem: temos duas fotografias lado a lado e, da esquerda para a direita, estão identifica-
das como (a) e (b). Em (a), temos uma lagoa facultativa convencional com efluente e grama ao seu redor. 
Em (b), temos uma lagoa aerada facultativa com vários aeradores mecânicos, além de grama, há árvores 
ao seu redor. Ambas têm o formato retangular, impermeabilizadas com geomembrana.
Figura 4 - Lagoas de estabilização: (a) - Lagoa facultativa; (b) - Lagoa aerada facultativa / Fonte: a autora.
Em sistemas anaeróbios, destaca-se o reator anaeróbio de lagoa coberta, 
o reator anaeróbio de fluxo ascendente e de manta de lodo (RAFA) — do 
inglês, Upflow Anaerobic Sludge Blanket (UASB) — e o filtro anaeróbio. O 
reator de lagoa coberta, também conhecido como modelo “canadense” 
ou “biodigestor de lona”, opera como uma lagoa de estabilização anaeróbia, 
no entanto, é coberto com material geossintético, como policloreto de vinila 
(PVC) ou polietileno de alta densidade (PEAD). É amplamente empregado 
no meio rural no tratamento de efluentes da produção animal, mas também 
pode ser aplicado no tratamento de efluentes industriais, compreendendo o 
97
primeiro dispositivo no tratamento secundário. É considerado de baixo ní-
vel tecnológico, com facilidade de construção e operação. A falta do sistema 
de aquecimento, porém, implica na variação da temperatura em função da 
temperatura ambiente, e isso tem implicações diretas na capacidade de gera-
ção de biogás e será bastante afetado em regiões com inverno mais rigoroso 
(KUNZ; STEINMETZ; AMARAL, 2019). 
O reator UASB tem como característica o fluxo ascendente do afluente por uma 
manta de lodo até o topo do reator, onde há um separador trifásico. Assim, a matéria 
orgânica é convertida anaerobiamente por bactérias dispersas no reator, sendo que 
a parte superior do reator é dividida nas zonas de sedimentação e de coleta de gás. A 
zona de sedimentação permite a saída do efluente clarificado e o retorno da biomas-
sa microbiana ao sistema, aumentando a sua concentração no reator. Entre os gases 
formados, inclui-se o metano (CH4); o sistema dispensa decantação primária, a 
produção de lodo é baixa, e o lodo já sai adensado e estabilizado (SPERLING, 2014).
O sistema tanques sépticos seguidos de filtros anaeróbios, também co-
nhecido por sistema fossa – filtro, é amplamente utilizado no meio rural e em 
comunidades de pequeno porte. O tanque séptico, o qual pode ser de câmara 
única, câmaras sobrepostas — denominado tanque Imhoff — ou de câmaras emsérie, remove a maior parte dos sólidos em suspensão, os quais sedimentam e 
sofrem o processo de digestão anaeróbia no fundo do tanque, e o filtro anaeróbio 
efetua uma remoção complementar. Neste, a DBO é convertida anaerobiamente 
por bactérias aderidas a um meio suporte, usualmente, pedras, no reator, sendo 
que esse trabalha submerso e o fluxo é ascendente (SPERLING, 2014).
NOVAS DESCOBERTAS
Para maiores informações sobre as lagoas de estabilização, você pode 
acessar, no QR Code, a Norma Técnica nº 230 da Companhia de Sanea-
mento Básico do Estado de São Paulo (SABESP). Você também poderá 
obter maiores informações sobre o processo de digestão anaeróbia 
no tratamento de efluentes, incluindo dados sobre os reatores do tipo 
lagoa coberta e UASB no livro de Kunz, Steinmetz e Amaral (2019).
Norma Técnica nº 230 
Processo de digestão anaeróbia
UNIDADE 2
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UNIDADE 2
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O sistema de lodos ativados convencional é um processo de tratamento biológico 
em que o esgoto afluente e o lodo ativo (bactérias) são misturados, agitados e aerados 
em um tanque de aeração. O sistema compreende duas unidades: o reator biológico 
ou tanque de aeração e, na sequência, um decantador secundário, de forma que os 
sólidos são recirculados do fundo da unidade de decantação, por meio de bombea-
mento, para a unidade de aeração. A concentração de biomassa do reator é bastante 
elevada, devido à recirculação do lodo sedimentado no fundo do decantador secun-
dário, sendo que essa permanência maior no sistema garante uma elevada eficiência 
na remoção da DBO. O fornecimento de oxigênio no tanque de aeração pode ser 
feito por aeradores mecânicos ou por ar difuso (SPERLING, 2014). 
Em relação à disposição de efluentes no solo, destaca-se a infiltração lenta 
ou o processo de fertirrigação. Assim, os efluentes são aplicados no solo, for-
necendo água e nutrientes necessários para o crescimento das plantas. O efluente 
pode ser aplicado segundo métodos de aspersão, de alagamento e de crista e vala, 
de forma que parte do líquido evapora, parte percola no solo e a maior parte é 
absorvida pelas plantas (SPERLING, 2014).
NOVAS DESCOBERTAS
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em sua norma 
ABNT NBR 13969:1997, estabelece procedimentos técnicos para o 
projeto, a construção e a operação de unidades de tratamento com-
plementar e disposição final dos efluentes líquidos de tanque séptico 
(ABNT, 1997). Acesse o QR Code para conhecer um exemplo de tanque 
séptico aplicado em zonas rurais.
NOVAS DESCOBERTAS
O efluente gerado em usinas de açúcar e álcool, vinhaça ou vinhoto foi 
proibido de ser lançado, direta ou indiretamente, em qualquer coleção 
hídrica, por meio da Portaria do Ministério do Estado do Interior (MIN-
TER) nº 323/1978 (BRASIL, 1978). E a Portaria do MINTER nº 158/1980 
estabeleceu que o sistema de tratamento e/ou utilização da vinhaça de-
verá obedecer à solução apresentada e aprovada pelo órgão estadual 
competente (BRASIL, 1980). Um exemplo se trata da Norma Técnica P 
4.231 da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), a qual 
regulamenta critérios e procedimentos para a aplicação de vinhaça no 
solo agrícola do Estado de São Paulo. 
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No Brasil, a Resolução CONAMA nº 503/2021 define critérios e procedi-
mentos para o reuso em sistemas de fertirrigação de efluentes provenien-
tes de indústrias de alimentos, bebidas, laticínios, frigoríficos e graxarias. Ela 
define o termo fertirrigação como a “técnica de adubação que utiliza a água 
de irrigação ou efluentes para levar nutrientes ao solo, que compreende em 
aplicar qualquer elemento químico de interesse agronômico, sendo estes de 
origem orgânica ou inorgânica via água de irrigação” (CONAMA, 2021, p. 1). 
De acordo com a resolução anteriormente citada, o reuso de efluentes em sis-
temas de fertirrigação será realizado mediante autorização emitida pelo órgão 
ambiental competente e poderá constar na licença ambiental. Assim como a 
caracterização do efluente para reuso em sistemas de fertirrigação deve 
ser realizada antes da primeira aplicação e, após, anualmente, considerando-
-se estabilizado caso atenda aos parâmetros e valores máximos apresentados 
na referida resolução. Você pode consultar a redação oficial dessa resolução e 
verificar a lista completa dos parâmetros e seus respectivos valores máximos 
permitidos ao pesquisar por “Resolução CONAMA nº 503/2021”.
Os sistemas alagados construídos, também denominados terras úmidas 
construídas, banhados artificiais, alagados artificiais ou, no termo em inglês, 
wetlands, consistem em sistemas de lagoas ou canais rasos que abrigam plan-
tas aquáticas flutuantes e/ou enraizadas em uma camada de solo no fundo. As 
lagoas podem ter área aberta dominada pelas plantas ou apresentar ilhas com 
funções de habitat, assim o efluente flui livremente entre as folhas e os caules 
das plantas (SPERLING, 2014).
O tratamento terciário, também conhecido como tratamento avançado, 
tem como principal finalidade a remoção de poluentes dos efluentes — rema-
nescentes de processos anteriores de tratamento — antes do lançamento no 
corpo d’água receptor. São vários os tipos de tratamento avançado de efluentes, 
conforme apresentamos no Quadro 5, no entanto, daremos ênfase à remoção 
de nutrientes e de organismos patogênicos. 
A remoção de nitrogênio (N) e fósforo (P) pode ser um dos objetivos no 
tratamento de efluentes, dependendo do impacto causado nos corpos recep-
tores. Vimos, anteriormente, que esses nutrientes, em excesso, podem causar 
um fenômeno chamado de eutrofização. Podem ser removidos em lagoas de 
estabilização, nos sistemas de disposição controlada no solo, por lodos ativados 
e reatores com biofilmes e processos físico-químicos. 
UNIDADE 2
UNIDADE 2
100
Para a remoção de organismos patogênicos, podem ser empregadas lagoas 
de maturação, que se constituem como uma opção de desinfecção bastante eficien-
te e econômica se comparada a outros métodos convencionais. Entre os organismos 
a serem removidos, incluem-se bactérias, vírus, cistos de protozoários e ovos de 
helmintos. Uma certa remoção ocorre nas lagoas anaeróbias e facultativas. As lagoas 
de maturação são mais rasas, possibilitando a alta penetração da radiação solar com 
efeito ultravioleta, que é um mecanismo esterilizador de microrganismos, o aumento 
do pH devido à elevada atividade fotossintética e a alta concentração de oxigênio 
dissolvido que favorece uma comunidade aeróbia, mais eficiente na eliminação de 
coliformes (SPERLING, 2014). A desinfecção também pode ocorrer em condições 
artificiais, como: a cloração, que consiste na aplicação de cloro para eliminar os 
microrganismos, ou em processos como ozonização (O3), radiação ultravioleta 
(UV) e processos oxidativos avançados (POA) — peróxido de hidrogênio (H2O2) 
+ ozônio ou UV + O3 (SPERLING, 2014; METCALF; EDDY, 2016).
Por fim, podemos verificar que, em algumas etapas do tratamento de efluen-
tes, haverá a geração de resíduos sólidos, como no gradeamento, no peneiramen-
to e na remoção de areia, tal como o lodo de esgoto. Cada um desses resíduos 
requer processamento adicional, ou seja, ter a destinação e/ou a disposição final 
ambientalmente adequada. Discutiremos esse assunto nas unidades seguintes. 
O lodo de esgoto é definido como o “resíduo sólido gerado no processo de 
tratamento de esgoto sanitário e demais efluentes, por processos de decantação 
primária, biológico ou químico, não incluindo resíduos sólidos removidos de 
desarenadores, de gradeamento e peneiramento” (CONAMA, 2020, p. 2). Assim, 
os processos que recebem o esgoto bruto em decantadores primário geram o 
lodo primário, composto por sólidos sedimentáveis do esgoto bruto. No tra-
tamento secundário biológico, tem-se o lodo biológico ou lodo secundário, 
constituindo a própria biomassa microbiana,que cresceu por meio da degrada-
ção da matéria orgânica presente no esgoto afluente (ANDREOLI; SPERLING; 
FERNANDES, 2014). Caso a biomassa não seja removida, ela tende a se acumular 
no sistema, podendo, eventualmente, sair com o efluente final, deteriorando sua 
qualidade em termos de sólidos em suspensão e matéria orgânica. 
Dependendo do tipo do sistema, o lodo primário pode ser enviado para o 
tratamento junto ao lodo secundário, denominado lodo misto. Ainda, em sis-
temas de tratamento que incorporam uma etapa físico-química para melhorar 
o desempenho do decantador primário e para dar um polimento ao efluente 
101
secundário, tem-se o lodo químico (ANDREOLI; SPERLING; FERNANDES, 
2014). Em todos esses casos, torna-se necessário o descarte do lodo, ou seja, sua 
retirada da fase líquida, sendo este denominado lodo excedente. No entanto, 
nem todos os sistemas de tratamento de esgotos necessitam do descarte contínuo 
desta biomassa. Alguns sistemas de tratamento conseguem armazenar o lodo por 
muito tempo de operação da estação como, por exemplo, em algumas variantes 
de lagoas de estabilização, em que haverá uma tendência de acúmulo de lodo no 
fundo das lagoas. Outros permitem apenas um descarte eventual, como no caso 
de reatores anaeróbios, e outros requerem uma retirada contínua ou bastante fre-
quente, como em lodos ativados (ANDREOLI; SPERLING; FERNANDES, 2014).
Prezado(a) aluno(a), sabemos que o panorama em relação ao uso dos recursos hí-
dricos no Brasil e no mundo sofrem diversas transformações, seja em relação à sua 
qualidade, seja em sua disponibilidade, requerendo, portanto, iniciativas de conser-
vação, assim como de otimização da utilização desse recurso (ABNT, 2019). Nesse 
sentido, a redução de vazões de esgotos de fontes domésticas, industriais, agrícolas 
e outras resulta, diretamente, da redução do consumo de água. Logo, importantes 
estratégias para reduzir o consumo de água e as vazões de esgoto se tornam neces-
sárias, como a utilização de equipamentos que proporcionam a redução de 
vazão e a conservação de água, como aeradores de torneiras, válvula redutora 
de pressão, válvulas de baixo fluxo, chuveiros com limitadores de vazão, lavadoras 
eficientes, detectores de vazamento e outros (METCALF; EDDY, 2016). 
UNIDADE 2
UNIDADE 2
102
O reuso de efluentes tratados também se mostra importante para a redução 
tanto da demanda de água potável para fins menos restritivos quanto da polui-
ção dos corpos d’água pelo seu lançamento. O termo água de reuso se refere à 
“água residuária que se encontra dentro dos padrões exigidos para sua utilização” 
(ANA, 2005, p. 12), ou, simplesmente, reuso, que é definido como o “uso de esgoto 
tratado para fins benéficos, como irrigação agrícola ou ornamental, e para reuso 
potável direto ou indireto” (METCALF; EDDY, 2016, p. 3) ou a “tecnologia que 
consiste no conjunto de procedimentos e técnicas com a finalidade de promover 
a reutilização de efluente estabilizado” (CONAMA, 2021, p. 2). E se entende por 
efluente estabilizado o efluente que passa por processo de digestão anaeróbia, 
oxidação aeróbia ou redução fotossintética, proporcionando a eliminação ou 
redução de odores, de DBO, de organismos patogênicos e da capacidade de pu-
trefação de matéria orgânica (CONAMA, 2021).
Os usos não potáveis das águas de reuso são os mais variados, incluindo: 
descargas de bacias sanitárias, irrigação de áreas verdes, lavagem de roupas, veí-
culos, calçadas, pátios e logradouros públicos, limpeza em geral, produção de 
concreto, compactação de solo, usos ornamentais, entre outros. Para cada fim 
a que se destina, a água de reuso deve atender a um nível de qualidade físico, 
químico e microbiológico específico, sendo mais restritivo para os usos em que 
exista contato direto com os usuários (ANA, 2005). 
No Brasil, a prática de reuso de águas para fins não potáveis não é mandatória. No 
entanto, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) incentiva a implemen-
tação do reuso por meio das Resolução CNRH nº 54/2005 (CNRH, 2005) e Reso-
lução CNRH nº 121/2010 (CNRH, 2011). A primeira estabelece as modalidades e 
critérios gerais do reuso direto não potável da água, enquanto a segunda determina 
critérios para o reuso direto não potável de água para fins agrícolas e florestais. 
O termo reuso direto de água se trata do uso planejado de água de reuso, 
conduzido ao local de utilização sem lançamento ou diluição prévia em corpos 
hídricos superficiais ou subterrâneos. Já o termo reuso indireto de água se refere 
ao uso de água residuária ou água de qualidade inferior, em sua forma diluída, 
após lançamento em corpos hídricos superficiais ou subterrâneos (ANA, 2005). 
No que se refere aos padrões de qualidade da água para reuso, poucos são os 
documentos existentes que sugerem parâmetros sanitariamente seguros a serem 
seguidos (ANA, 2005; ABNT, 2019; RIO GRANDE DO SUL, 2020; SÃO PAULO, 
2020). Entre eles, destacam-se a norma ABNT NBR 16783:2019 (ABNT, 2019), 
103
a qual aborda o uso de fontes alternativas de água não potável em edificações, e o 
guia de Conservação e Reuso da Água em Edificações (CRAE) (ANA, 2005), 
o qual dispõe de orientação para a implantação de programas de conservação de 
água em edificações comerciais, residenciais e industriais.
A ABNT NBR 16783:2019 se aplica às seguintes fontes de produção de água 
não potável: água pluvial, água de rebaixamento de lençol freático, água clara, água 
cinza-claro e escuro, água negra e esgoto sanitário, sendo outras fontes alternativas 
não contempladas por essa norma. Genericamente, estabelece os valores de parâ-
metros físico-químicos e microbiológico para o enquadramento da água de reuso 
para os usos em descarga de bacias sanitárias e mictórios, lavagem de logradouros, 
pátios, garagens e áreas externas, lavagem de veículos, irrigação para fins paisagís-
ticos, uso ornamental — como fontes e chafarizes — e arrefecimento de telhados. 
O guia de CRAE, por sua vez, determina parâmetros para a água de reuso 
não potável de acordo com o fim desejado, ou seja, conforme a classe de água 
para reuso, sendo estas (ANA, 2005): 
 ■ Classe 1: uso para descarga de bacias sanitárias, lavagem de roupas, veí-
culos, pisos e fins ornamentais. 
 ■ Classe 2: usos associados às fases de construção de edificações como 
lavagem de agregados, preparação de concreto, compactação de solo e 
controle de poeira. 
 ■ Classe 3: uso para irrigação de áreas verdes e rega de jardins.
 ■ Classe 4: uso no resfriamento de equipamentos de ar-condicionado, 
como torres de resfriamento.
Destaca-se que o padrão estabelecido no GCRAE (ANA, 2005) é mais abran-
gente e, também, restritivo quando comparado com os parâmetros de qualidade 
abordados pela ABNT (2019), porém ambos são válidos e tornam a água apta e 
sanitariamente segura para o reuso desejado. 
NOVAS DESCOBERTAS
Você poderá consultar, por meio do acesso ao QR Code, os parâme-
tros e os valores máximos permitidos para as águas de reuso classe 
1, 2, 3 e 4. 
UNIDADE 2
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UNIDADE 2
104
Em nosso último tópico de discussão, apresentaremos informações sobre amos-
tragem e diretrizes para a gestão de efluentes. Assim, inicialmente, torna-
-se necessário o entendimento quanto à importância de se realizar análises dos 
efluentes líquidos. Essa importância se dá pela necessidade de avaliar o possível 
impacto de seu lançamento em cursos d’água e na rede pública coletora de esgo-
tos, o que exige das fontes de poluição compilar e manter os registros e controle de 
todas as atividades de monitoramento para que possam ser implantadas medidas 
preventivas e/ou corretivas para controle de qualidade ambiental. Para definição 
dos locais de amostragem de efluentes e dos corpos d’água receptores, devem ser 
considerados os objetivos envolvidos na amostragem, tais como: avaliação do 
desempenho do sistema de tratamento, controle operacional, atendimento aos 
padrões da legislação, obtenção de informações paraelaboração de projeto de 
sistemas de tratamento de águas residuárias, implantação de medidas de preven-
ção à poluição, entre outros (BRANDÃO et al., 2011).
A avaliação de desempenho se refere ao monitoramento em ETE que mede 
concentrações afluentes (entrada do sistema) e efluentes (saída do sistema), que 
permitam a avaliação do processo e das eficiências de remoção dos poluentes. O 
controle operacional se refere ao monitoramento em ETE que levanta dados e 
informações de parâmetros que são úteis para as condições de funcionamento 
105
dos sistemas e unidades que compõem o tratamento (SPERLING, 2014). A ava-
liação do atendimento à legislação se trata da qualidade da água nos corpos 
d’água e nos efluentes lançados, em que os parâmetros que serão avaliados, con-
forme frequência de monitoramento especificada, são os listados na legislação 
e estabelecidos na licença ambiental de operação da organização, visto que os 
responsáveis pelas fontes poluidoras dos recursos hídricos e os órgãos ambientais 
necessitam avaliar o atendimento à legislação (SPERLING, 2014).
A Resolução CONAMA nº 430/2011 especifica algumas diretrizes para a gestão 
de efluentes para os responsáveis pelas fontes poluidoras dos recursos hídricos, 
incluindo a amostragem de efluentes, entre as quais destacamos:
 “ [...] realização do automonitoramento para controle e acompa-nhamento periódico dos efluentes lançados nos corpos recepto-res, com base em amostragem representativa dos mesmos; [...] 
as coletas de amostras e as análises de efluentes líquidos e em 
corpos hídricos devem ser realizadas de acordo com as normas 
específicas, sob responsabilidade de profissional legalmente ha-
bilitado; [...] os ensaios deverão ser realizados por laboratórios 
acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e 
Tecnologia (INMETRO) ou por outro organismo signatário do 
mesmo acordo de cooperação mútua do qual o INMETRO faça 
parte ou em laboratórios aceitos pelo órgão ambiental compe-
tente; [...] os laudos analíticos referentes a ensaios laboratoriais 
de efluentes e de corpos receptores devem ser assinados por pro-
fissional legalmente habilitado (CONAMA, 2011, p. 7–8).
NOVAS DESCOBERTAS
Para maior compreensão dos procedimentos para a coleta de amos-
tras de água superficial e efluentes industriais, baseados em meto-
dologias padronizadas e de referência nacional e internacional, você 
pode, por meio do QR Code, acessar o Guia Nacional de Coleta e Pre-
servação de Amostras elaborado pela Companhia Ambiental do Es-
tado de São Paulo (CETESB) em parceria com a Agência Nacional de 
Águas e Saneamento Básico (ANA). 
UNIDADE 2
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UNIDADE 2
106
Dessa forma, para avaliação ao longo do tempo do impacto do lançamento de 
efluente e do atendimento à legislação, devem ser efetuadas coletas de amostras, 
no mínimo, em alguns pontos específicos, conforme ilustrado na Figura 5.
Descrição da Imagem: a figura é uma ilustração que representa os pontos de amostragem de efluentes. 
Inicialmente, verticalmente, temos uma seta indicando a carga afluente entrando na ETE, sendo esta re-
presentada por um quadrado, e, entre as duas, um ponto indicando o primeiro ponto de coleta, o Ponto 
1, o qual compreende o efluente bruto, ou seja, a carga afluente entrando na ETE. Após a ETE, outro ponto 
de coleta, o Ponto 2, corresponde ao efluente tratado na saída da ETE. Posteriormente, uma seta indica o 
lançamento de efluente no corpo d’água. Este é representado por duas linhas paralelas horizontais, com 
uma seta ilustrando o seu fluxo no sentido da direita para a esquerda. No corpo d’água, temos um ponto 
a montante (antes) do lançamento de efluente, o Ponto 3, e um ponto a jusante (após) o lançamento, o 
Ponto 4, tal como mais dois pontos posteriormente a jusante, os Pontos 5 e 6.
Figura 5 - Pontos de amostragem da qualidade das águas e efluentes / Fonte: adaptada de Sperling (2014).
O ponto de amostragem afluente à ETE tem por objetivo a verificação do 
atendimento ao padrão de lançamento, com relação ao quesito de eficiência 
mínima de remoção de poluentes, bem como para controle operacional da 
ETE. O ponto de amostragem efluente da ETE, ou seja, do efluente de saída 
da ETE e tratado, objetiva a verificação do atendimento ao padrão de lança-
mento com relação aos limites de concentrações permitidos pela legislação e, 
também, para controle operacional da ETE. Já no corpo d’água, o ponto de 
107
amostragem à montante do lançamento visa conhecer as características do 
corpo receptor sem o lançamento de efluente em questão e, ainda, para ava-
liação da modificação induzida pelo lançamento de efluente. Por fim, o ponto 
à jusante do lançamento tem por objetivo a verificação do atendimento ao 
padrão de qualidade do corpo receptor segundo sua classe, conforme Reso-
lução CONAMA nº 357/2005 (CONAMA, 2005), e, também, a avaliação da 
modificação induzida pelo lançamento de efluente.
Muitas vezes, as concentrações dos constituintes não são homogêneas, 
nesse caso, são chamadas de “zonas de mistura”, onde o efluente ainda não 
está totalmente misturado com o corpo receptor (SPERLING, 2014). Por-
tanto, deve-se sempre certificar que, no local escolhido à jusante, o efluente 
descartado esteja completamente misturado ao corpo receptor, de tal forma 
que somente esse lançamento seja o causador das possíveis alterações na sua 
qualidade (BRANDÃO et al., 2011). O responsável por fonte potencial ou 
efetivamente poluidora dos recursos hídricos deve apresentar ao órgão 
ambiental competente, até o dia 31 de março de cada ano, a Declaração de 
Carga Poluidora referente ao ano anterior, na qual deve conter a caracteriza-
ção qualitativa e quantitativa dos efluentes baseada em amostragem repre-
sentativa deles (CONAMA, 2011).
Por fim, diante de todos os assuntos que abordamos ao longo desta unida-
de, podemos concluir que as fontes potencial ou efetivamente poluidoras dos 
recursos hídricos deverão buscar práticas de gestão de efluentes com vistas 
ao uso eficiente da água, à aplicação de técnicas para redução da geração e 
melhoria da qualidade de efluentes gerados e, sempre que possível, proceder 
ao reuso dos efluentes tratados.
REUSO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS
As águas de qualidade inferior, como os efluentes, devem, 
sempre que possível, ser consideradas como fontes alterna-
tivas para usos menos restritivos. Assim, convidamos você 
para uma breve discussão sobre o entendimento do reuso 
de efluentes para fins não potáveis e sua aplicação no solo.
UNIDADE 2
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UNIDADE 2
108
Prezado(a) aluno(a), diante dos conceitos, das legislações, dos métodos e dos 
dispositivos apresentados a respeito dos efluentes, você pode perceber a comple-
xidade e a importância da aplicação de ações de prevenção e controle da poluição 
em termos da geração de efluentes e poluentes presentes neles. O estudo não para 
por aqui: uma abordagem mais aprofundada pode ocorrer por meio da leitura de 
literaturas especializadas sobre o tema ou de um problema específico com que 
você possa se deparar na sua atuação profissional. 
O conteúdo apresentado lhe possibilitará uma base sobre o assunto e oportu-
nidades de atuação na área. Como na Gestão do Tratamento de Efluentes em in-
dústrias ou nos municípios, tanto na gestão in loco na ETE quanto na elaboração 
de estudos ambientais e análise de dados requeridos pelos órgãos ambientais, por 
exemplo, na elaboração da declaração de carga poluidora exigida na legislação e 
na licença ambiental de operação, em planos de controle ambiental, em estudos 
de impactos ambientais e outros. 
Também, poderá atuar no estabelecimento de um plano de amostragem 
dos efluentes, que necessitará a contratação de laboratórios especializados 
e credenciados para tal atividade, e, também, na análise de laudos laborato-
riais e seu confrontamento quanto ao atendimento da legislação aplicável 
e vigente e, ainda, na proposição de medidas a serem implementadasou 
melhoradas na fonte de geração, visando reduzir a geração de efluentes e sua 
toxicidade, tal como no tratamento de efluentes, por meio de dispositivos 
mais eficientes e, até mesmo, formas de reuso.
NOVAS DESCOBERTAS
Título: Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos
Autor: Marcos von Sperling
Editora: UFMG
Sinopse: a obra apresenta uma visão integrada da qualidade das 
águas tanto no que se refere a corpos receptores quanto às características dos esgo-
tos. Como subsídio para a seleção do sistema de tratamento, são descritos os estudos 
ambientais que devem ser executados para se avaliar o impacto dos lançamentos nos 
corpos receptores. Em caráter introdutório, são descritos os principais sistemas e suas 
variantes, bem como o tratamento e disposição final do lodo conjugado a critérios 
técnicos e econômicos para a seleção da alternativa mais adequada em cada situação.
109
1. As características dos esgotos sanitários se dão em função dos usos aos quais a água 
foi submetida. Sabendo que os parâmetros que definem a qualidade do esgoto são 
divididos em parâmetros físicos, químicos e biológicos, assinale a alternativa que 
representa apenas parâmetros físicos dos esgotos domésticos.
a) Temperatura, turbidez e cor. 
b) Óleos e graxas, fósforo total e sólidos totais.
c) Coliformes totais e coliformes termotolerantes. 
d) Carbono orgânico total, alcalinidade e temperatura. 
e) Demanda Química de Oxigênio e Demanda Bioquímica de Oxigênio.
2. O lançamento das águas residuárias de qualquer fonte poluidora em corpos d’água 
devem atender às condições e aos padrões de lançamento previstos na legislação 
aplicável vigente. Dessa forma, avalie as afirmativas a seguir sobre a importância do 
monitoramento dos parâmetros Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Demanda 
Química de Oxigênio (DQO).
I - Aferir o grau de eutrofização de um corpo d’água. 
II - Avaliar, de forma indireta, o teor de matéria orgânica nos efluentes ou no corpo 
d’água, indicando o potencial consumo do oxigênio dissolvido.
III - Caracterização do grau de poluição de um corpo d’água.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
110
3. No Brasil, as condições e padrões de lançamento de efluentes e de qualidade do 
corpo d’água receptor são estabelecidos pelas resoluções do Conselho Nacional do 
Meio Ambiente (CONAMA). Nesse contexto, assinale a alternativa que apresenta do 
que trata a Resolução CONAMA nº 430/2011.
CONAMA. Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições 
e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, 
de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. 2011. 
Disponível em: http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.
download&id=627. Acesso em: 3 jun. 2022.
a) Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o 
seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lança-
mento de efluentes.
b) Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa 
e altera a Resolução CONAMA nº 357/2005.
c) Institui as condições e padrões de lançamento de efluentes e qualidade dos 
corpos d’água.
d) Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico, incluindo o esgo-
tamento sanitário.
e) Estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes apenas para 
sistemas de tratamento de esgotos sanitários.
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=627
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=627
3Gerenciamento de Resíduos Sólidos
Dra. Jéssica de Carvalho Lima 
Me. Paula Polastri
Nesta Unidade 3, abordaremos resíduos sólidos, conceitos relaciona-
dos, sua classificação, legislações e normas aplicáveis. Estudaremos, 
também, aspectos importantes e iniciais do gerenciamento de resí-
duos sólidos, incluindo a geração, a segregação, o acondicionamen-
to, o armazenamento, a coleta e o transporte, tal como importantes 
instrumentos relativos à gestão integrada e ao gerenciamento de re-
síduos sólidos.
UNIDADE 3
112
Prezado(a) aluno(a), você já parou para pensar de onde se originam os resíduos? 
Se existe diferença entre lixo, resíduo e rejeito? Que resíduos podem ser perigosos 
ou não? O que é a Política Nacional de Resíduos Sólidos? Qual é a finalidade de 
uma correta separação de resíduos? Você sabe que os resíduos, se gerenciados 
de forma inadequada, podem causar contaminação dos solos, água e ar? E que 
os responsáveis pela geração devem desenvolver ações relacionadas à gestão in-
tegrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos?
Nesse sentido, em uma discussão inicial, temos que, diariamente, milhares de 
toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) são geradas em ambientes domés-
ticos e em espaços públicos urbanos, bem como outros tipos de resíduos sólidos. 
Assim, a geração de RSU no Brasil tem registrado aumento nas quantidades totais 
e nos valores per capita (por indivíduo). Esse aumento se dá pelo crescimento 
populacional e pelos padrões de consumo e descarte da população, tal como 
pela variação do poder aquisitivo da sociedade, representado pelos índices de 
Produto Interno Bruto (PIB), sendo um fator que exerce influência na geração 
de resíduos sólidos urbanos. Outros fatores mais complexos também influenciam 
nesse aumento da geração, como a ainda ausente cobrança dos munícipes pelos 
serviços de coleta e manejo de resíduos sólidos e o crescente consumo de produ-
tos descartáveis de uso único (BOSQUILIA; MARTIRANI, 2019).
Considerando esse cenário e com base nos dados disponíveis, a Associação Bra-
sileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2021) pro-
jetou a geração de resíduos sólidos urbanos no país para as próximas décadas, resul-
tando em uma curva crescente ao longo de 30 anos. Até 2050, o Brasil observará um 
aumento de quase 50% no montante de RSU em comparação ao ano base de 2019. 
Para o mesmo período, a projeção de crescimento populacional esperada é de 12%, o 
que evidencia a influência decisiva na componente de perspectiva econômica, ou seja, 
o avanço gradual do PIB e consequente aumento do poder aquisitivo da sociedade.
Portanto, políticas públicas mais incisivas de estímulo à não geração e à reutili-
zação de materiais, etapas iniciais e prioritárias na hierarquia da gestão de resíduos 
sólidos se tornam de extrema importância.
Sabemos que a geração de resíduos sólidos acontece em todos os setores da 
sociedade e não pode ser eliminada por completo. Nesse contexto, os indicadores 
são ferramentas para monitorar e medir a eficiência e eficácia da gestão de resíduos 
dentro de uma organização, na gestão pública e outros. Assim, esses indicadores 
consistem em avaliar as condições do sistema de gestão de resíduos em busca da 
113
sustentabilidade; avaliar condições do sistema em relação às metas e objetivos; 
prover informações de advertência, ou seja, identificar os riscos ou as falhas do 
sistema ineficiente; e antecipar futuras condições do sistema de gestão de resíduos 
(PEREIRA; CURL; CURL, 2018). Os indicadores mais utilizados no Brasil e no 
mundo estão relacionados ao tamanho da população — resíduos por habitante 
e tempo — e à capacidade de aproveitamento do resíduo gerado — reutilização, 
reciclagem e tratamento (UGALDE, 2010).
Dessa forma, para que você tenha um contato inicial com os indicadores de re-
síduos sólidos, convido-lhe a acessar este QR Code para conhecer as informações 
disponibilizadas no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), es-
pecificamente, sobre o Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos. Nesse 
diagnóstico, no item “Tabelas”, baixe-as, de forma que, na planilha 
“Indicadores”, você poderá conhecer cada indicador sobre os re-
síduos em seu município, como, por exemplo, saber qual é a taxa 
de cobertura da coleta de resíduo domiciliar, de coleta seletiva 
e outros indicadores, talcomo outras informações nas demais 
tabelas sobre a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos.
Agora, convido-lhe a refletir e registrar, no Diário de Bordo, essas reflexões, suas 
ideias e seus questionamentos. Como, por exemplo: como não gerar ou reduzir a 
geração dos resíduos sólidos? Quais são os resíduos gerados em sua casa que po-
deriam ser evitados ou reduzidos? Como segregar os resíduos de forma adequada, 
como os gerados em sua residência, nas indústrias, nas áreas rurais e demais locais de 
geração? Seu município é dotado de coleta seletiva? Pense em como você, cidadão(ã) 
e futuro(a) Gestor(a) Ambiental poderá atuar nessas questões. 
UNICESUMAR
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UNIDADE 3
114
Prezado(a) aluno(a), após refletirmos a respeito da geração de resíduos e sobre 
como esse tema está presente no nosso cotidiano, estabeleceremos relação com 
algumas Leis da Física.
De acordo com a Primeira Lei da Termodinâmica, que aborda a conservação 
de energia, as energias podem se transformar de uma forma em outra, mas não 
podem ser criadas ou destruídas. Já a Segunda Lei da Termodinâmica diz que o 
processo de transformação de energia acontece a partir de uma mais nobre para 
outra menos nobre (BRAGA et al., 2005). A partir das duas leis físicas citadas ante-
riormente, podemos fazer a seguinte reflexão: se nenhum tipo de energia é criada 
ou destruída, como ocorrem os processos na natureza? O fato é que, ao utilizar 
uma determinada energia em uma cadeia produtiva, essa energia se transforma. A 
energia mecânica, por exemplo, pode se transformar em energia cinética.
Ademais, a conversão ideal não existe. Isso significa que, por mais que qual-
quer processo seja altamente rentável, sempre haverá uma dissipação energética 
no meio, por exemplo, no formato de energia térmica. Essa perda energética é 
fonte de poluição. Uma abordagem similar pode ser realizada para a matéria de 
acordo com a Lei de Lavoisier, que afirma que, na natureza, nada se cria, nada se 
perde, tudo se transforma. Lavoisier verificou que a massa total do sistema per-
manecia inalterada quando a reação ocorria num sistema fechado, assim concluiu 
que a soma total das massas das espécies envolvidas na reação (reagentes) é igual à 
soma total das massas das substâncias produzidas pela reação (produtos), ou seja, 
num sistema fechado, a massa total permanece constante (BRAGA et al., 2005). 
115
Mediante a constatação de Lavoisier, concluímos que a ideia de “jogar algo 
fora” é ilusória, pois traz a sensação de que limpar nossa casa e jogar o “lixo” 
para que o serviço de limpeza urbana o colete nos “livra de um problema”, 
quando, na verdade, esse resíduo está apenas sendo deslocado para outro 
espaço. Ademais, esse resíduo que é descartado pode ser considerado uma 
fonte de energia e matéria, que poderia ser utilizado para outra finalidade, 
com a reutilização ou reciclagem. 
Exploraremos alguns conceitos para que você possa compreender a nossa 
discussão ao longo desta unidade. Iniciaremos pela diferença entre os termos 
lixo, resíduo sólido e rejeito, pois são tecnicamente diferenciados na forma em 
que são usados pelas legislações vigentes e pelos profissionais do meio ambiente.
Conforme o senso comum, o lixo é o resultado de tudo que não pode ser 
aproveitado pelos geradores depois de atender às suas necessidades de utili-
zação, sendo descartado, em muitos casos, de qualquer forma no ambiente ou 
disposto em locais inadequados. Assim, o termo lixo é conhecido popularmente 
como os restos das atividades humanas consideradas como inúteis, descartáveis 
ou indesejáveis, ou seja, “resto”, “sobra” ou “detrito”, sendo, portanto, algo sem a 
possibilidade de reaproveitamento. Dessa forma, trata-se do uso incorreto dos 
termos oficiais, no entanto, a maioria da sociedade não está familiarizada com 
conceitos técnicos da temática ambiental, visto que a educação ambiental, em 
muitos casos, ainda é incipiente (BARBOSA; IBRAHIN, 2014).
No Brasil, a Lei nº 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resí-
duos Sólidos (PNRS) (BRASIL, 2010a), regulamentada pelo Decreto nº 
7.404/2010 (BRASIL, 2010b), o qual estabelece normas para execução da 
PNRS. A PNRS, considerada um marco em termos de resíduos sólidos, dispõe 
sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos 
sólidos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instru-
mentos econômicos aplicáveis. Os resíduos sólidos passaram a ser definidos 
como “material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades 
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder 
ou se está obrigado a proceder [...]” (BRASIL, 2010a, on-line).
Adicionalmente, conforme a lei anteriormente citada e a Associação Brasileira 
de Normas Técnicas (ABNT), em sua norma NBR 10004:2004 — Resíduos 
sólidos: classificação, estabelece-se que os resíduos sólidos podem se apresentar 
nos estados sólido ou semissólido, gasoso, quando contidos em recipientes, e, 
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UNIDADE 3
116
ainda, no estado líquido, “cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento 
na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções 
técnica ou economicamente inviáveis em relação à melhor tecnologia disponível” 
(ABNT, 2004a, p. 1; BRASIL, 2010a, on-line).
Ainda, a PNRS define que os rejeitos são os “resíduos sólidos que, depois de esgo-
tadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos 
disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não 
a disposição final ambientalmente adequada” (BRASIL, 2010a, on-line). Portanto, 
entendemos que os resíduos devem ser tratados o máximo possível, podendo ter o 
seu reaproveitamento em sua fonte de origem, em outro processo produtivo ou em 
alguma atividade econômica ou social, e que, depois de esgotadas todas as possibili-
dades de beneficiamento, tal como os rejeitos provenientes dos tratamentos, deve-se 
dar a adequada disposição para os resíduos que serão descartados, isto é, os rejeitos.
Veja que existe uma grande diferença entre os termos lixo, resíduos sólidos e 
rejeitos. Logo, o termo lixo, sendo este apontado como algo simplesmente inútil 
e descartável, não se torna mais usual ou aplicável tecnicamente, visto que, como 
um dos princípios da PNRS, passa a ter o “reconhecimento do resíduo sólido 
reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de 
trabalho e renda e promotor de cidadania” (BRASIL, 2010a, on-line).
Os resíduos sólidos po-
dem ser originados de 
diversas fontes e apre-
sentam distintas caracte-
rísticas físicas, químicas 
e biológicas, sendo que a 
classificação dos resí-
duos sólidos ocorre de 
duas formas: quanto à 
origem e quanto à peri-
culosidade (ABNT, 2004a; 
BRASIL, 2010a). Segundo 
a PNRS, os resíduos têm 
a seguinte classificação 
quanto à origem (BRA-
SIL, 2010a, on-line): 
117
 ■ Resíduos domiciliares (RDO): os originários de atividades domés-
ticas em residências urbanas, como restos de alimentos, embalagens, 
entre outros.
 ■ Resíduos de limpeza urbana (RLU): os produzidos em atividades 
públicas, como varrição, podas, capina, limpeza de logradouros e vias 
públicas, entre outros.
 ■ Resíduos sólidos urbanos (RSU): são os resíduos domiciliares e os 
resíduos de limpeza urbana.
 ■ Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de ser-
viços (RECPS): os gerados nessas atividades e, se caracterizados 
como não perigosos, podem, em razão de sua natureza, composição 
ou volume, ser equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder 
público municipal.
 ■ Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico (RSPSB): os 
gerados nessas atividades, exceto os RSU. São exemplos os resíduos só-
lidos gerados no tratamento de água e de efluentes, como lodo e outros.
 ■ Resíduos industriais (RSI): os gerados nos processos produtivos e 
instalações industriais. 
 ■ Resíduos de serviços de saúde (RSS): os geradosnos serviços de 
saúde, como os resíduos sólidos gerados em hospitais, ambulatórios, 
consultórios médicos e odontológicos, laboratórios, farmácias, clínicas 
veterinárias, entre outros, sejam públicos ou privados.
 ■ Resíduos da construção civil (RCC): também denominados resíduos 
de construção e demolição (RCD), são os gerados nas construções, nas 
reformas, nos reparos e nas demolições de obras de construção civil, 
incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para 
obras civis.
 ■ Resíduos agrossilvopastoris (RAS): os gerados nas atividades agro-
pecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utiliza-
dos nessas atividades. 
 ■ Resíduos de serviços de transportes (RST): os originários de por-
tos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e 
passagens de fronteira. 
 ■ Resíduos de mineração (RSM): os gerados na atividade de pesquisa, 
extração ou beneficiamento de minérios. 
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UNIDADE 3
118
No Brasil, a ABNT NBR 
10004:2004 é a norma que classi-
fica os resíduos sólidos quanto 
à periculosidade, isto é, a “ca-
racterística apresentada por um 
resíduo que, em função de suas 
propriedades físicas, químicas ou 
infecto-contagiosas, pode apre-
sentar risco à saúde pública, pro-
vocando doenças, mortalidade, e 
riscos ao meio ambiente, quando 
o resíduo for gerenciado de forma 
inadequada” (ABNT, 2004a, p. 2). 
Portanto, de acordo com a norma 
citada, a classificação de resíduos 
envolve a identificação do pro-
cesso ou atividade que lhes deu 
origem e a seus constituintes e 
as características e a comparação 
desses constituintes com listagens 
de resíduos e substâncias cujo im-
pacto à saúde e ao meio ambiente 
é conhecido (ABNT, 2004a).
Logo, em relação à periculosi-
dade, eles são classificados em duas 
classes: Resíduos Classe I — Pe-
rigosos e Resíduos Classe II — 
Não perigosos, ainda, este último é 
subdividido em Resíduos Classe 
II A — Não inertes e Resíduos 
Classe II B — Inertes, conforme 
apresentamos no Quadro 1. 
119
Resíduos Classe I — 
Perigosos
Resíduos Classe II — Não perigosos
Resíduos Classe II A
— Não inertes
Resíduos Classe II B 
— Inertes
São os resíduos que 
apresentam: 
• Periculosidade. 
• Ou uma ou mais 
das características 
como inflamabilida-
de, corrosividade, 
reatividade, toxicida-
de, patogenicidade, 
carcinogenicidade, 
teratogenicidade e 
mutagenicidade. 
• Ou que constem nos 
Anexos A — Resíduos 
perigosos de fontes 
não específicas ou 
B — Resíduos perigo-
sos de fontes espe-
cíficas, da ABNT NBR 
10004:2004.
São os resíduos que: 
• Não se enquadram 
nas classificações 
de Resíduos Classe 
I — Perigosos ou 
de Resíduos Classe 
II B — Inertes. 
• Podem ter pro-
priedades como 
biodegradabilidade, 
combustibilidade 
ou solubilidade em 
água.
São os resíduos que, 
submetidos a um con-
tato dinâmico e estático 
com água destilada ou 
deionizada, à tempera-
tura ambiente, conforme 
ABNT NBR 10006:2004: 
procedimento para 
obtenção de extrato 
solubilizado de resíduos 
sólidos, não tiverem 
nenhum de seus cons-
tituintes solubilizados 
a concentrações supe-
riores aos padrões de 
potabilidade de água, 
excetuando-se aspecto, 
cor, turbidez, dureza e 
sabor, conforme Anexo G 
— Padrões para o ensaio 
de solubilização da ABNT 
NBR 10004:2004.
Exemplos: RSS (patogê-
nico), óleo lubrificante 
usado ou contaminado 
e lâmpada com vapor 
de mercúrio após o uso 
(tóxico), acumuladores 
elétricos à base de chum-
bo (tóxico e corrosivo), 
solventes (tóxico ou infla-
mável), entre outros.
Exemplos: resíduos or-
gânicos, cinzas de pro-
cessos de queima de 
derivados da madeira 
por terem propriedade 
de biodegradabilidade 
e solubilidade em água, 
entre outros.
Exemplos: rochas, tijo-
los, vidros, certos plásti-
cos e borrachas que não 
são decompostos pron-
tamente, entre outros.
Quadro 1 - Classificação de resíduos sólidos quanto à periculosidade
Fonte: adaptado de ABNT (1990; 2004a; 2004b) e Brasil (2010a).
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120
Vejamos, agora, sobre as características de periculosidade apresentadas no Quadro 
1 para melhor entendimento da classificação de resíduos perigosos (ABNT, 2004a).
 ■ Inflamabilidade: um resíduo sólido é caracterizado como inflamável se 
apresentar uma das seguintes propriedades: a) ser líquido e ter ponto de 
fulgor inferior a 60 °C (graus Celsius); b) não ser líquido e ser capaz de, 
sob condições de temperatura e pressão de 25 °C e 0,1 MPa (megapascal), 
produzir fogo por fricção, absorção de umidade ou por alterações quími-
cas espontâneas; c) ser um oxidante definido como substância que pode 
liberar oxigênio e, como resultado, estimular a combustão e aumentar a 
intensidade do fogo em outro material; d) ser um gás comprimido infla-
mável, conforme classificação de produtos perigosos da Agência Nacional 
de Transportes Terrestres (ANTT).
 ■ Corrosividade: um resíduo é caracterizado como corrosivo se apresentar 
uma das seguintes propriedades: a) ser aquoso e apresentar pH inferior ou 
igual a 2, ou superior ou igual a 12,5; b) ser líquido ou, quando misturado 
em peso equivalente de água, corroer o aço.
 ■ Reatividade: um resíduo é caracterizado como reativo se apresentar uma 
das seguintes propriedades: a) ser, normalmente, instável e reagir de forma 
violenta e imediata, sem detonar;
 ■ b) reagir violentamente com a água; c) formar misturas potencialmente 
explosivas com a água; d) gerar gases, vapores e fumos tóxicos em quan-
tidades suficientes para provocar danos à saúde pública ou ao meio am-
biente quando misturados com a água; entre outras.
 ■ Toxicidade: um resíduo é caracterizado como tóxico quando o extrato 
obtido, segundo a ABNT NBR 10005:2004: procedimento para obtenção 
de extrato lixiviado de resíduos sólidos (ABNT, 2004c), contiver qual-
quer um dos contaminantes em concentrações superiores aos valores 
constantes no Anexo F — Limite máximo no extrato obtido no ensaio de 
lixiviação da ABNT NBR 10004:2004; b) possuir uma ou mais substâncias 
constantes no Anexo C e apresentar toxicidade.
121
 ■ Patogenicidade: um resíduo é caracterizado como patogênico se apre-
sentar microrganismos patogênicos, proteínas virais, ácido desoxirribo-
nucleico (DNA) ou ácido ribonucleico (RNA) recombinantes, organismos 
geneticamente modificados, plasmídeos, cloroplastos, mitocôndrias ou 
toxinas capazes de produzir doenças em homens, animais ou vegetais.
 ■ Carcinogenicidade: um resíduo é caracterizado como carcinogênico 
se contiver qualquer substâncias, misturas, agentes físicos ou bioló-
gicos cuja inalação, ingestão ou absorção cutânea possa desenvolver 
câncer ou aumentar sua frequência.
 ■ Teratogenicidade: um resíduo é caracterizado como teratogênico se con-
tiver qualquer substância, mistura, organismo, agente físico ou estado de 
deficiência que, estando presente durante a vida embrionária ou fetal, 
produz uma alteração na estrutura ou função do indivíduo dela resultante.
 ■ Mutagenicidade: um resíduo é caracterizado como mutagênico se 
contiver qualquer substância, mistura, agente físico ou biológico cuja 
inalação, ingestão ou absorção cutânea possa elevar as taxas espontâ-
neas de danos ao material genético e, ainda, provocar ou aumentar a 
frequência de defeitos genéticos. 
As mesmas razões que levaram à definição dessas classes têm aconselhado a organização 
dos serviços públicos para orientar e educar a população a fim de segregar, acondicionar, co-
letar, transportar e destinar, de maneira diferenciada, os resíduos sólidos conforme a classe 
em que se enquadram. As dificuldades dessa implantação diferenciada provêm de recursos 
financeiros, administrativos e educacionais, superando hábitos e costumes tradicionais. 
(Benedito Braga et al.)
PENSANDO JUNTOS
A Figura 1 ilustra o processo de caracterização e classificação dos resíduos sólidos 
quanto à periculosidade.
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UNIDADE 3
122
Dessa forma, a caracterização de um resíduo se inicia a partir da obtenção de infor-
mações suficientes do processo ou daatividade que possa permitir a caracterização 
correta do resíduo, além disso, é importante observar as características físicas do 
resíduo, volume produzido, bem como sua composição. Baseado nessas informações, 
pode-se definir se o resíduo é ou não conhecido e verificar se ele é encontrado no 
Anexo A ou B da ABNT NBR 10004:2004 (ABNT, 2004a). 
Caso seja encontrado o resíduo em uma dessas listagens, ele é automaticamente 
classificado como Resíduo perigoso — Classe I. Se não for encontrado, é importante 
verificar informações sobre esse resíduo com o intuito de verificar se ele possui ou 
não características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patoge-
nicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade ou mutagenicidade. Caso não consiga 
verificar essas características, é recomendado que se faça coleta de amostras desse 
Descrição da Imagem: a figura ilustra um fluxograma com blocos ligados, sequencialmente, por meio 
de setas para classificação dos resíduos. O primeiro bloco, denominado “resíduo”, liga-se ao bloco em 
que consta um questionamento: “O resíduo tem origem conhecida?”. Se sim, liga-se ao bloco em que se 
tem outro questionamento: “Consta nos anexos A ou B da ABNT NBR 10004:2004?”. Se sim, liga-se ao 
bloco “Resíduo perigoso — Classe I”, mostrando que o resíduo é perigoso. Se não, liga-se ao bloco em 
que se tem outro questionamento: “Tem características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, 
toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade?”. Se não apresenta 
nenhuma dessas características, uma seta se liga ao bloco “Resíduo não perigoso — Classe II”, mostrando 
que o resíduo não é perigoso e pertencente à Classe II. Esse bloco se liga a outro bloco em que se tem 
outro questionamento: “Possui constituintes que são solubilizados em concentrações superiores ao Anexo 
G da ABNT NBR 10004:2004?”. Se sim, os constituintes são solubilizados em concentrações superiores 
às constantes no Anexo G, considera-se “Resíduo não inerte — Classe II A”; se não, classifica-se como 
“Resíduo inerte — Classe II B”.
Figura 1 - Caracterização e classificação de resíduos / Fonte: adaptada de ABNT (2004a).
123
resíduo, seguindo as especificações da ABNT NBR 10007:2004: amostragem de 
resíduos sólidos, que estabelece os requisitos exigíveis para amostragem (ABNT, 
2004d), a qual é encaminhada para um laboratório especializado para que se façam 
testes que permitam verificar essas especificações. Assim, os processos de lixiviação e 
solubilização aplicados para a caracterização de resíduos sólidos ajudam a identificar 
a maneira de dissolução de determinado resíduo no meio ambiente ou na água, ou 
seja, o quanto desse material será transferido para o meio ambiente. 
A ABNT NBR 10005:2004: procedimento para obtenção de extrato lixivia-
do de resíduos sólidos (ABNT, 2004c) fixa os requisitos exigíveis para a obtenção 
de extrato lixiviado de resíduos sólidos, visando diferenciar os resíduos classificados 
pela ABNT NBR 10004:2004 como Classe I — Perigosos e Classe II — não perigo-
sos. Assim, a lixiviação se trata de um processo para determinação da capacidade de 
transferência de substâncias orgânicas e inorgânicas presentes no resíduo sólido por 
meio de dissolução no meio extrator. Em outras palavras, é a remoção de uma fração 
solúvel — o soluto — de um material sólido por um solvente — líquido ou fluido. 
A ABNT NBR 10006:2004: procedimento para obtenção de extrato so-
lubilizado de resíduos sólidos (ABNT, 2004b) fixa os requisitos exigíveis para 
obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos, visando diferenciar os resíduos 
classificados na ABNT NBR 10004:2004 como Classe II A — Não inertes e Classe II 
B — Inertes. A solubilização se trata de um procedimento em que a substância ou o 
produto pode se dissolver em um líquido, como a água, por exemplo.
Ao se obter os extratos lixiviado e solubilizado conforme as normas anteriormen-
te citadas, deve-se preparar as amostras dos extratos de acordo com as metodologias 
descritas no Standard Methods for The Examination of Water and Wastewater 
pela APHA ou pela USEPA SW 846, no Test Methods for Evaluating Solid Waste: 
physical/chemical methods — em português, Métodos Padronizados para Ensaios 
de Água e Esgoto da Associação Americana de Saúde Pública (APHA) e Métodos 
de Teste para Avaliação de Resíduos Sólidos: métodos físico-químicos da Agência de 
Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA) (ABNT, 2004b; 2004c). 
Posteriormente, as amostras podem ser analisadas em espectrofotômetros de 
emissão atômica em chama, de emissão atômica em plasma e outros. Os resul-
tados obtidos na leitura das amostras nos equipamentos para a classificação de 
resíduos devem ser comparados com aqueles constantes nos Anexos F — Limite 
máximo no extrato obtido no ensaio de lixiviação e G — Padrões para o ensaio 
de solubilização da ABNT NBR 10004:2004.
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UNIDADE 3
124
Após apresentarmos a classificação geral dos resíduos sólidos, discutiremos, ago-
ra, sobre alguns resíduos que, em virtude da aplicação de normas e legislações, 
apresentam classificação específica, visando ao seu adequado gerenciamento, 
como é o caso dos resíduos da construção civil (RCC), dos resíduos de serviço 
de saúde (RSS) e dos rejeitos radioativos.
Para os RCC, a Resolução CONAMA nº 307/2002 define as diretrizes, os 
critérios e os procedimentos para a sua gestão, tal como estabelece a sua classifi-
cação (CONAMA, 2002a), conforme se apresenta no Quadro 2.
Classe Resíduos Exemplos
A
 Resíduos 
reutilizáveis 
ou recicláveis 
como agrega-
dos
a) De construção, demolição, reformas e reparos 
de pavimentação e de outras obras de infraes-
trutura, inclusive, solos provenientes de terrapla-
nagem; b) de construção, demolição, reformas e 
reparos de edificações: componentes cerâmicos 
(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento 
etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fa-
bricação e/ou demolição de peças pré-moldadas 
em concreto (blocos, tubos, meio-fio etc.) produ-
zidas nos canteiros de obras.
B
Resíduos re-
cicláveis para 
outras desti-
nações
Plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madei-
ras, embalagens vazias de tintas imobiliárias e 
gesso.
125
Classe Resíduos Exemplos
C
Resíduos 
para os quais 
não foram 
desenvolvidas 
tecnologias 
ou aplicações 
economica-
mente viáveis 
que permi-
tam a sua 
reciclagem ou 
recuperação
a) Plásticos (plásticos reforçados com fibras, 
forros em lã de vidro com revestimento em PVC); 
b) resíduos de colas e vedantes (selantes, massa 
plástica, epóxi, não contendo solventes orgânicos 
ou outras substâncias perigosas); c) embalagens 
de papel e cartão (com materiais cimentícios, 
gesso e cal); d) mistura de resíduos de constru-
ção e demolição (não contendo mercúrio, PCBs 
ou outras substâncias perigosas), lixas (papel e 
areia), forros (argamassas + EPS + lãs de vidro), 
entre outros.
D
Resíduos 
perigosos 
oriundos do 
processo de 
construção
Tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles 
contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos 
de demolições, reformas e reparos de clínicas 
radiológicas, instalações industriais e outros, bem 
como telhas e demais objetos e materiais que 
contenham amianto (por exemplo, telhas, tubos 
etc.) ou outros produtos nocivos à saúde.
Quadro 2 - Classificação dos resíduos da construção civil
Fonte: adaptado de CONAMA (2002a) e SindusCon-SP (2015).
Descrição da Imagem: PVC: policloreto de vinila; PCBs: bifenilas policloradas, sigla do inglês polychlori-
nated biphenyls; EPS: poliestireno expandido, conhecido como isopor.
Em relação aos RSS, estes são definidos como os “resíduos resultantes de ativi-
dades exercidas em serviços de saúde que, por suas características, necessitam 
de processos diferenciados em seu gerenciamento” (ABNT, 2013a, p. 10). Esses 
resíduos são classificados quanto à sua natureza e riscos ao meio ambiente e 
à saúde pública, conforme a ABNT NBR 12808:2016, norma que estabelece 
a classificaçãodos RSS (ABNT, 2016), e a Resolução da Diretoria Cole-
giada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) 
nº 222/2018, que regulamenta as boas práticas de gerenciamento dos RSS, 
incluindo a sua classificação (ANVISA, 2018). No Quadro 3, é apresentada a 
classificação dos RSS e as respectivas descrições.
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UNIDADE 3
126
Grupo e definição Subgrupo e resíduos
Grupo A: resíduo biológico
Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por 
suas características, podem apresentar risco de infecção.
Subgrupo A1
Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de produtos biológicos; vaci-
nas; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou 
mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética; resíduos 
resultantes da atividade de ensino e pesquisa ou atenção à saúde de indivíduos 
ou animais; bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeita-
das por contaminação ou por má conservação ou com prazo de validade vencido; 
e as sobras de amostras de laboratório e recipientes e materiais resultantes do 
processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos.
Subgrupo A2
Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais 
submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos, 
bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portado-
res de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação.
Subgrupo A3
Peças anatômicas (membros) do ser humano; e produto de fecundação sem 
sinais vitais.
Subgrupo A4
Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores; filtros de ar e gases aspirados 
de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar 
e de pesquisa; sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo 
fezes, urina e secreções; resíduos de tecido adiposo proveniente de cirurgia plás-
tica; recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde que 
não contenham sangue ou líquidos corpóreos na forma livre; peças anatômicas 
(órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou 
de estudos anatomopatológicos; cadáveres, carcaças, peças anatômicas, vísceras 
e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de expe-
rimentação com inoculação de microrganismos; e bolsas transfusionais vazias ou 
com volume residual pós-transfusão.
Subgrupo A5
Órgãos, tecidos e fluidos orgânicos de alta infectividade para príons, de casos sus-
peitos ou confirmados, bem como quaisquer materiais resultantes da atenção à 
saúde de indivíduos ou animais, suspeitos ou confirmados, e que tiveram contato 
com órgãos, tecidos e fluidos de alta infectividade para príons.
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Grupo e definição Subgrupo e resíduos
Grupo A: resíduo biológico
Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por 
suas características, podem apresentar risco de infecção.
Subgrupo A1
Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de produtos biológicos; vaci-
nas; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou 
mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética; resíduos 
resultantes da atividade de ensino e pesquisa ou atenção à saúde de indivíduos 
ou animais; bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeita-
das por contaminação ou por má conservação ou com prazo de validade vencido; 
e as sobras de amostras de laboratório e recipientes e materiais resultantes do 
processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos.
Subgrupo A2
Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais 
submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos, 
bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portado-
res de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação.
Subgrupo A3
Peças anatômicas (membros) do ser humano; e produto de fecundação sem 
sinais vitais.
Subgrupo A4
Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores; filtros de ar e gases aspirados 
de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar 
e de pesquisa; sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo 
fezes, urina e secreções; resíduos de tecido adiposo proveniente de cirurgia plás-
tica; recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde que 
não contenham sangue ou líquidos corpóreos na forma livre; peças anatômicas 
(órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou 
de estudos anatomopatológicos; cadáveres, carcaças, peças anatômicas, vísceras 
e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de expe-
rimentação com inoculação de microrganismos; e bolsas transfusionais vazias ou 
com volume residual pós-transfusão.
Subgrupo A5
Órgãos, tecidos e fluidos orgânicos de alta infectividade para príons, de casos sus-
peitos ou confirmados, bem como quaisquer materiais resultantes da atenção à 
saúde de indivíduos ou animais, suspeitos ou confirmados, e que tiveram contato 
com órgãos, tecidos e fluidos de alta infectividade para príons.
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UNIDADE 3
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Grupo e definição Subgrupo e resíduos
Grupo B: resíduo químico 
Resíduos contendo produtos químicos que apresentam 
periculosidade, dependendo de suas características de 
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, 
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade.
Produtos farmacêuticos; resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; 
resíduos contendo metais pesados (como as chapas de raio-X contendo prata); 
reagentes para laboratório, inclusive, os recipientes contaminados por estes; e de-
mais produtos considerados perigosos: tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos.
Grupo C: rejeito radioativo
Qualquer material que contenha radionuclídeo em quantidade 
superior aos níveis de dispensa especificados em norma da 
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para os quais a 
reutilização é imprópria ou não prevista.
Rejeito radioativo, proveniente de laboratório de pesquisa e ensino na área da 
saúde, laboratório de análise clínica, serviço de medicina nuclear e radioterapia.
Grupo D: resíduo comum ou sem risco à saúde pública
Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou 
radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser 
equiparados aos resíduos domiciliares.
Papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de 
vestuário, gorros e máscaras descartáveis, resto alimentar de paciente, luvas de 
procedimentos que não entraram em contato com sangue ou líquidos corpóreos, 
equipo de soro, abaixadores de língua e outros similares não classificados como 
A1; sobras de alimentos e do preparo de alimentos; resto alimentar de refeitório; 
resíduos provenientes das áreas administrativas; resíduos de varrição, flores, 
podas e jardins; resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde; forrações 
de animais de biotérios sem risco biológico associado; resíduos recicláveis sem 
contaminação biológica, química e radiológica associada; e pelos de animais.
 
Grupo E: resíduo perfurocortante ou escarificante
Materiais utilizados na assistência à saúde, capazes de causar 
lesões na pele por corte, escarificação ou punctura.
Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, 
agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diaman-
tadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; ponteiras de micropipetas; 
lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no labo-
ratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.
Quadro 3 - Classificação dos resíduos de serviços de saúde 
Fonte: adaptado de Anvisa (2018) e ABNT (2013a; 2016).
129
Grupo e definição Subgrupo e resíduos
Grupo B: resíduo químico 
Resíduos contendo produtos químicos que apresentam 
periculosidade,dependendo de suas características de 
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, 
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade.
Produtos farmacêuticos; resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; 
resíduos contendo metais pesados (como as chapas de raio-X contendo prata); 
reagentes para laboratório, inclusive, os recipientes contaminados por estes; e de-
mais produtos considerados perigosos: tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos.
Grupo C: rejeito radioativo
Qualquer material que contenha radionuclídeo em quantidade 
superior aos níveis de dispensa especificados em norma da 
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para os quais a 
reutilização é imprópria ou não prevista.
Rejeito radioativo, proveniente de laboratório de pesquisa e ensino na área da 
saúde, laboratório de análise clínica, serviço de medicina nuclear e radioterapia.
Grupo D: resíduo comum ou sem risco à saúde pública
Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou 
radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser 
equiparados aos resíduos domiciliares.
Papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de 
vestuário, gorros e máscaras descartáveis, resto alimentar de paciente, luvas de 
procedimentos que não entraram em contato com sangue ou líquidos corpóreos, 
equipo de soro, abaixadores de língua e outros similares não classificados como 
A1; sobras de alimentos e do preparo de alimentos; resto alimentar de refeitório; 
resíduos provenientes das áreas administrativas; resíduos de varrição, flores, 
podas e jardins; resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde; forrações 
de animais de biotérios sem risco biológico associado; resíduos recicláveis sem 
contaminação biológica, química e radiológica associada; e pelos de animais.
 
Grupo E: resíduo perfurocortante ou escarificante
Materiais utilizados na assistência à saúde, capazes de causar 
lesões na pele por corte, escarificação ou punctura.
Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, 
agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diaman-
tadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; ponteiras de micropipetas; 
lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no labo-
ratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.
Quadro 3 - Classificação dos resíduos de serviços de saúde 
Fonte: adaptado de Anvisa (2018) e ABNT (2013a; 2016).
UNICESUMAR
UNIDADE 3
130
Por fim, destacamos que os rejeitos radioativos são de competência exclusiva da 
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), não sendo aplicável norma 
de outro órgão (ABNT, 2004a; BRASIL, 2010a). Esses resíduos são considerados 
rejeitos, pois a sua reutilização é imprópria ou não prevista, sendo considerados 
como qualquer material resultante de atividades humanas que contenham radio-
nuclídeos em quantidade superior aos níveis de dispensa especificados em norma 
da CNEN. São classificados segundo seus níveis e natureza da radiação, bem 
como suas meias-vidas, conforme a Norma CNEN 8.01: gerência de rejeitos 
radioativos de baixo e médio níveis de radiação (CNEN, 2014). 
A maior parte dos rejeitos radioativos é proveniente da produção de armas nu-
cleares, de combustíveis para usinas nucleares e sistemas de propulsão, de ope-
ração das usinas nucleares, da atividade de pesquisa e de aplicações médicas. Por 
exemplo, temos os rejeitos radioativos gerados em serviços de saúde e classifica-
dos como resíduos do Grupo C.
NOVAS DESCOBERTAS
Os rejeitos radioativos podem se apresentar nas formas sólida, lí-
quida ou gasosa, e, como não é possível destruir a radioatividade, a 
estratégia utilizada para o seu gerenciamento é o confinamento em 
local seguro para redução do nível de atividade. Assim, por meio do 
acesso a este QR Code, você pode conhecer as normas da CNEN apli-
cáveis aos rejeitos radioativos, incluindo a Norma CNEN 8.01.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14797
131
Prezado(a) aluno(a), após apresentarmos a classificação dos resíduos sólidos, tor-
na-se importante o entendimento do que se trata e qual é a diferença entre gestão e 
gerenciamento de resíduos. A PNRS define gestão integrada de resíduos sólidos 
como o “conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, 
de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, 
com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável” (BRASIL, 
2010a, on-line). O gerenciamento de resíduos sólidos é definido como o:
 “ [...] conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final am-bientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final am-
bientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal 
de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerencia-
mento de resíduos sólidos [...] (BRASIL, 2010a, on-line). 
Dessa forma, a gestão são as estratégias e tomadas de decisão relacionadas aos resí-
duos sólidos, a quais serão os princípios, as diretrizes e as metas, isto é, refere-se aos 
aspectos legais e filosóficos que busquem a minimização, o tratamento e a disposição 
dos resíduos. Já o gerenciamento se refere ao processo prático e operacional em que 
devem ser decididos quais as soluções adequadas em relação à realidade de deter-
minado tipo de resíduo, buscando alternativas técnicas de acordo com a realidade e 
a operacionalização das ações propostas (MOTA; SILVA, 2016).
O gerenciamento de resíduos, muitas vezes, de forma análoga, é denominado ma-
nejo de resíduos sólidos. Podemos citar a definição dada pela Lei nº 11.445/2007, 
a qual estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico, alterada pela Lei 
nº 14.026/2020, que atualizou o marco legal do saneamento básico (BRASIL, 2020a). 
Essas leis federais se articulam com a PNRS e estabelecem como parte do saneamento 
básico a limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, que são:
 “ [...] constituídos pelas atividades e pela disponibilização e manu-tenção de infraestruturas e instalações operacionais de coleta, varri-ção manual e mecanizada, asseio e conservação urbana, transporte, 
transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequa-
da dos resíduos sólidos domiciliares e dos resíduos de limpeza ur-
bana (BRASIL, 2020a, on-line).
UNICESUMAR
UNIDADE 3
132
Assim, de forma complementar à definição dada pela PNRS, as etapas que 
envolvem o gerenciamento de resíduos sólidos incluem: o diagnóstico dos 
resíduos sólidos gerados contendo a origem, o volume e a caracterização dos 
resíduos, ou seja, o quanto se gera e o que se gera, por meio da quantificação e 
da classificação, a qual segue a classificação dada pela ABNT NBR 10004:2004; 
e as formas de segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta, trans-
porte, destinação e/ou disposição final ambientalmente adequados. Ainda, 
como etapas de gerenciamento, deve-se ter a identificação das etapas necessá-
rias, tal como pode existir o armazenamento interno, temporário e externo, a 
coleta e o transporte interno e, em alguns casos, uma etapa de gerenciamento 
externo de transbordo. Assim, as etapas podem ser ampliadas ou suprimidas 
a depender da classificação do resíduo sólido e do exigido nos planos de re-
síduos sólidos, assunto que discutiremos mais adiante. A Figura 2 apresenta 
um fluxograma geral das etapas do gerenciamento de resíduos.
Descrição da Imagem: a figura ilustra um fluxograma com blocos ligados sequencialmente por meio de 
setas para mostrar as etapas do gerenciamento de resíduos sólidos. A figura é composta por dois grandes 
blocos, as etapas do gerenciamento interno e as etapas do gerenciamento externo, em que a identificação 
faz parte de cada etapa. No primeiro, há seis blocos denominados geração e classificação; estes têm uma 
linha pontilhada ao seu entorno com a escrita caracterização quantitativa e qualitativa;posteriormente, 
os blocos segregação, acondicionamento, coleta e transporte interno e armazenamento. Já no segundo, 
contendo três blocos, denominados coleta e transporte externos, destinação e disposição final ambien-
talmente adequada. Sai do bloco de coleta e transporte uma seta que se conecta, ao mesmo tempo, com 
os blocos destinação e disposição final ambientalmente adequada, ilustrando que os resíduos podem 
ser destinados ou dispostos de forma ambientalmente adequada. Ainda, uma seta pontilhada orienta o 
fluxo da destinação para a disposição final, ou seja, o encaminhamento dos possíveis rejeitos gerados na 
reciclagem e/ou tratamentos para serem dispostos em aterros.
Figura 2 - Etapas do gerenciamento de resíduos sólidos
Fonte: adaptada de Brasil (2010a), Anvisa (2018) e Monteiro et al. (2001).
133
Veja que as etapas de gerenciamento de resíduos segue um fluxo: inicia pela 
geração e termina na destinação e/ou disposição final, sendo que uma etapa 
depende da outra para a sua adequada execução, ou seja, para o adequado 
gerenciamento, visto que cada etapa é associada a especificações técnicas ou 
requisitos legais aplicáveis. Note, no fluxograma, que uma seta pontilhada 
orienta o fluxo da destinação para a disposição final, isto é, ilustra o encami-
nhamento dos possíveis rejeitos gerados na reciclagem e/ou tratamentos para 
serem dispostos em aterros, sendo estes adequados a normas operacionais 
específicas. Portanto, é o gerenciamento mais adequado, em que apenas os 
rejeitos da reciclagem e/ou tratamento são dispostos em aterros, e não os que 
são diretamente coletados e transportados.
Antes de abordarmos cada etapa do gerenciamento de resíduos, discuti-
remos sobre a destinação final desses resíduos, dando ênfase, neste momento, 
às etapas que envolvem o gerenciamento de resíduos sólidos.
Assim, uma informação inicial é a principal diretriz da PNRS, a qual es-
tabelece a hierarquia das ações no manejo dos resíduos sólidos, ou seja, a 
ordem de prioridade na gestão e no gerenciamento de resíduos sólidos, 
compreendendo a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tra-
tamento dos resíduos sólidos e a disposição final ambientalmente adequada 
dos rejeitos (BRASIL, 2010a). Cada etapa na ordem de prioridade pode ser 
entendida como (BRASIL, 2010a; CASTRO; SCHALCH, 2020):
UNICESUMAR
UNIDADE 3
134
Podemos observar que essa hierarquia se trata de uma inovação fundamental estabe-
lecida pela PNRS, pois introduziu a não geração em primeiro lugar, antes da tradicio-
nal política dos 3Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar, e, na ponta oposta, a disposição 
final apenas para os rejeitos (JARDIM; YOSHIDA; MACHADO FILHO, 2012). 
Nesse momento, torna-se importante destacarmos o termo redução como a se-
gunda ação ou etapa na ordem de prioridade na gestão e no gerenciamento de resí-
duos sólidos. Assim, a redução na fonte se refere à atividade que reduza a
135
 “ [...] geração de resíduos na origem, no processo, ou que altere propriedades que lhe atribuam riscos, incluindo modificações no processo ou equipamentos, alteração de insumos, mudança 
de tecnologia ou procedimento, substituição de materiais, mu-
danças na prática de gerenciamento, administração interna do 
suprimento e aumento na eficiência dos equipamentos e dos 
processos (CONAMA, 2005a, p. 2–3).
Logo, para que se alcancem resultados na redução dos resíduos sólidos e no que 
é gerado a fim de que não haja a disposição inadequada, é de suma importância a 
participação da população nesse processo, procurando orientações nas instituições 
e nos órgãos competentes. É importante, também, que se dê por meio da educação 
ambiental no ensino formal, desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições 
de ensino públicas e privadas, e por meio da educação ambiental não formal, pelas 
ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade, com a partici-
pação de empresas públicas e privadas, agricultores, populações tradicionais e de 
toda a sociedade em geral (BRASIL, 1999; BARBOSA; IBRAHIN, 2014).
Prezado(a) aluno(a), 
agora, sim, abordaremos 
cada etapa do geren-
ciamento de resíduos 
sólidos. Iniciaremos a 
nossa discussão sobre 
a geração de resíduos, 
que está diretamente 
vinculada aos hábitos de 
consumo da sociedade, 
bem como à forma como 
ocorrem os processos 
produtivos, como já dis-
cutimos brevemente no 
início da unidade. Portanto, tanto a geração quanto às características dos resíduos 
sólidos podem variar em função de aspectos socioeconômicos, culturais, geo-
gráficos e climáticos, ao se tratar de RSU, e dos processos produtivos ou demais 
atividades para os demais resíduos. Vejamos a influência desses fatores em relação 
aos RSU segundo Monteiro et al. (2001):
UNICESUMAR
UNIDADE 3
136
 ■ Fatores demográficos: quanto maior a população urbana, maior a ge-
ração per capita.
 ■ Fatores socioeconômicos: quanto maior o nível cultural, o nível educa-
cional e o poder aquisitivo da população, maior a incidência de materiais 
recicláveis e menor a incidência da geração de resíduos orgânicos.
 ■ Fatores climáticos: época de chuvas aumenta o teor de umidade dos 
resíduos; no outono, o aumento de folhas; e, no verão aumento de emba-
lagens, como de bebidas.
Outros fatores estão associados ao desenvolvimento tecnológico, ao lançamento 
de novos produtos, às promoções de lojas comerciais e épocas especiais do ano, 
aumentando a geração de embalagens, por exemplo.
Você deve pensar nesse momento: “por que é importante conhecer os resí-
duos quanto à geração e às suas características?”. A resposta se refere ao devido 
planejamento e à implantação das etapas de gerenciamento. Assim, para saber o 
quanto e o que se gera, em termos de RSU, por exemplo, pode-se aplicar meto-
dologias como a geração per capita e a composição gravimétrica.
A geração per capita se refere à quantidade de RSU gerada diariamente em re-
lação ao número de habitantes de determinada região. Para Braga et al. (2005), a faixa 
de variação média para o Brasil é de 0,4 a 0,7 kg/hab./dia (quilogramas por habitante 
por dia). No entanto, com base em dados mais atuais, a Abrelpe (2021) apresenta que 
a geração per capita de RSU, no Brasil, é de, aproximadamente, 1,0 kg/hab./dia, sendo 
este aumento associado aos padrões de consumo e descarte da população.
A composição gravimétrica traduz o percentual de cada componente em 
relação ao peso total da amostra de resíduo analisada (MONTEIRO et al., 2001). 
Em outras palavras, “refere-se à categorização dos tipos de materiais descartados 
pela população” (ABRELPE, 2021, p. 38). Assim, o conhecimento da composição 
dos resíduos sólidos é um passo fundamental para o gerenciamento eficiente des-
ses materiais, bem como permite o adequado planejamento do setor por meio de 
estratégias, políticas públicas e processos específicos que assegurem a destinação 
ambientalmente adequada preconizada pela PNRS, levando em consideração as 
melhores alternativas disponíveis e aplicáveis, de acordo com os tipos e as quan-
tidades de resíduos existentes (ABRELPE, 2021). 
137
Em relação à gravimetria nacional dos RSU, de acordo com a Abrelpe (2021), 
a fração orgânica — sobras e perdas de alimentos, cascas de frutas, resíduos de 
poda como folhas, grama, madeira e outros — ainda permanece como a prin-
cipal componente dos RSU, correspondendo a 45,3%. Já os resíduos recicláveis 
secos somam 35%, sendo compostos, principalmente, pelos plásticos (16,8%), 
papel e papelão (10,4%), vidros (2,7%), metais (2,3%) e embalagens multicama-
das (1,4%) — embalagens compostas por mais de um tipo de material, como 
as embalagens longa vida, compostas de plástico, papel e alumínio. Os rejeitos 
(1,4%), por sua vez, correspondem, principalmente, a resíduos sanitários, tal 
como outros materiais que não foram passíveis de identificação, bem como 
recicláveis contaminados que não permitiram a separação. 
Quanto às demais frações, temos os resíduos têxteis, couros e borrachas — 
inclui retalhos no geral, peçasde roupas, calçados, mochila, tênis, pedaços de 
couro e borracha — e outros resíduos, os quais contemplam diversos materiais, 
teoricamente, objetos de logística reversa, ou seja, os resíduos identificados e que 
não deveriam estar no fluxo de RSU, como RSS, RCC, eletroeletrônicos, pilhas 
e baterias, lâmpadas fluorescentes, pneus, óleos e graxas, embalagens de agro-
tóxicos e outros resíduos perigosos, sobre os quais discutiremos mais adiante.
NOVAS DESCOBERTAS
Pereira, Curl e Curl (2018) abordaram a respeito de indicadores am-
bientais relacionados à gestão de resíduos urbanos, como a quantida-
de de RSU per capita e a quantidade de material coletado seletivamen-
te per capita, sendo que esses indicadores podem ser utilizados em 
outras realidades. Leia mais no artigo disponível no QR Code. 
Para os resíduos sólidos que foram gerados, a próxima etapa do gerenciamen-
to de resíduos trata da caracterização e classificação, a qual deve atender 
à ABNT NBR 10004:2004 e, de maneira adicional, as legislações e normas 
específicas, como no caso dos RCC, RSS, rejeitos radioativos e outros, assunto 
este que já discutimos anteriormente.
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UNIDADE 3
138
A segregação é definida como a operação de separação do resíduo no momento da 
geração, de acordo com as suas características e classificação (ABNT, 2013b). Por-
tanto, segregar, assim como a própria palavra já diz, é separar os resíduos de acordo 
com suas características físicas, químicas e biológicas, bem como a sua periculo-
sidade. Dessa forma, a segregação, separação ou triagem deverá ser realizada pelo 
gerador na origem, respeitada a classificação de resíduos. Em outras palavras, 
a segregação dos resíduos deve ser realizada no momento e local de sua geração, 
visto que todas as etapas posteriores dependem desse processo primário. Essa etapa 
pode ser considerada uma das mais importantes, pois caracteriza o início das ações 
relacionadas ao gerenciamento de resíduos, de forma que toda a classificação dos 
resíduos perde efeito se não for devidamente aplicada à segregação. 
Assim, a segregação na fonte nos permite otimizar os sistemas de tratamen-
to e disposição final dos resíduos. Quando um resíduo perigoso é misturado a 
resíduos não perigosos, o resultado é que a massa total de resíduo acaba sendo 
classificada como perigosa, inviabilizando a sua reciclagem, sendo necessário des-
tinar para o tratamento específico e/ou disposição final, resultando em maiores 
custos e onerando o gerenciamento de resíduos. 
Vejamos um exemplo para mostrar a importância da etapa de segregação: 
quando a segregação de RSS não é assegurada, o resíduo comum do Grupo D, que 
poderia ser reciclado ou tratado como resíduo domiciliar, é considerado resíduo 
biológico do Grupo A, merecendo o gerenciamento aplicado a este. Acontece da 
mesma maneira para os RCC e demais resíduos. 
139
Para uma efetiva segregação dos resíduos, são utilizadas diversas formas de 
separação seletiva, como a separação seletiva múltipla, em duas frações (binária) 
ou em três frações. Na separação seletiva múltipla, utiliza-se a padronização 
internacional de cores dos coletores, ou seja, do recipiente utilizado para acon-
dicionar os sacos com resíduos. No Brasil, conforme apresentado a seguir, essa 
padronização é dada pela Resolução CONAMA nº 275/2001, a qual estabelece 
o código de cores para os diferentes tipos de resíduos a ser adotado na identifi-
cação de coletores e transportadores (CONAMA, 2001):
Descrição da Imagem: na imagem, temos o padrão de cores para os diferentes tipos de resíduos. A 
cor é referente ao recipiente: coletor, saco plástico, entre outros. As cores são: azul — papel/papelão; 
vermelho — plástico; verde — vidro; amarelo — metal; preto — madeira; laranja — resíduos perigosos; 
branco — resíduos de serviços de saúde; roxo — resíduos radioativos; marrom — Resíduos orgânicos; 
cinza — rejeitos, resíduo geral não reciclável, misturado ou contaminado, não passível de separação.
Figura 3 – Padrão de cores para os diferentes tipos de resíduos / Fonte: adaptada de CONAMA (2001).
A separação em duas frações trata da segregação entre resíduos secos (recicláveis) 
e úmidos (orgânicos e rejeitos). Os resíduos recicláveis secos são compostos, prin-
cipalmente, por metais — como aço e alumínio —, papel, papelão, embalagens longa 
vida, diferentes tipos de plásticos e vidro. Os resíduos úmidos compreendem os 
resíduos orgânicos e os rejeitos, que são os resíduos não recicláveis, compostos, 
principalmente, por resíduos de banheiros — papel higiênico usado, fraldas, absor-
ventes, cotonetes etc. — e outros resíduos de limpeza (BRASIL, [2022]).
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UNIDADE 3
140
Os resíduos orgânicos são constituídos, basicamente, por restos vegetais descar-
tados de atividades humanas e podem ter diversas origens, como doméstica ou 
urbana — restos de alimentos, cascas de frutas e resíduos de jardim, como galhos, 
folhas secas, grama etc. —, agrícola ou industrial — resíduos de agroindústria ali-
mentícia, indústria madeireira, frigoríficos etc. —, de saneamento básico — lodos 
de estações de tratamento de esgotos —, entre outras. Assim, destiná-los para 
aterros sanitários não só é um desperdício econômico como está em desacordo 
com o que a PNRS prevê — que somente rejeitos devem seguir para disposição 
final. Portanto, um outro tipo de separação dos resíduos deve ser adotado, nesse 
caso, a separação em três frações (BRASIL, 2018). 
A separação em três frações se refere à separação de recicláveis secos, 
resíduos orgânicos e rejeitos. É importante que os resíduos orgânicos não se-
jam misturados com outros tipos de resíduos para que possam ser tratados por 
meio de processos biológicos, bem como para que não prejudiquem a recicla-
gem dos resíduos secos. Por esse motivo, alguns estabelecimentos e municípios 
têm adotado a separação dos resíduos em três frações (BRASIL, [2022]). Afinal, 
qual é a melhor forma de segregar os resíduos? A escolha dependerá do tipo de 
resíduo gerado, de sua classificação, da legislação aplicável, do investimento em 
infraestrutura, de pessoal para o manejo, do tipo de destinação final, entre outros.
141
O gerador pode começar pela segregação em duas frações e melhorar 
gradativamente, passando para a segregação em três frações e, por fim, a se-
gregação múltipla. Por exemplo, para os RSU, a separação dos resíduos em três 
frações é um modelo que atende bem às necessidades atuais de destinação 
de resíduos; já para os RSI, o mais adequado seria a separação múltipla, mas 
se a organização for dotada de pessoal e estrutura para triagem dos resíduos 
recicláveis, a separação em três frações pode ser satisfatória. 
No entanto, o mais recomendado é que haja, pelo menos, a separação em 
três frações, primeiro, porque valoriza os resíduos orgânicos por meio da 
transformação em novos produtos. Segundo, porque diminui a contamina-
ção dos resíduos recicláveis secos, geralmente, encaminhados para centrais 
de triagem de resíduos. Nessas centrais de triagem, catadores separam cada 
tipo de resíduo que pode ser encaminhado para as indústrias de reciclagem. 
Quanto menos resíduo orgânico chegar nas centrais de triagem, mais fácil e 
higiênico será a separação dos resíduos secos e melhores serão as condições 
de trabalho dos catadores. E um terceiro motivo: porque a separação em três 
frações permite enviar ao aterro apenas o que realmente não pode ser apro-
veitado, ou seja, os rejeitos (ANVISA, 2018). 
NOVAS DESCOBERTAS
A cidade de Florianópolis, no Estado de Santa Catarina, é considerada 
a capital com maior índice de recuperação de resíduos pela recicla-
gem e compostagem. O Município realiza a coleta seletiva incluindo 
os resíduos orgânicos. Conheça esse exemplo de gestão e gerencia-
mento de RSU, tal como as diversas ações e publicações por meio do 
acesso a este QR Code. 
Um assunto importante para apresentarmos nesse momento trata da sim-
bologia técnica de identificação demateriais e de descarte seletivo, a 
qual foi criada para facilitar a identificação e separação dos resíduos sólidos, 
de forma que todas as embalagens devem conter essa identificação técnica, 
fortalecendo, assim, a cadeia de reciclagem (ABRE, 2012).
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UNIDADE 3
142
A ABNT NBR 13230:2008 estabelece os símbolos para identificação das 
resinas termoplásticas utilizadas na fabricação de embalagens e acondiciona-
mento plásticos, visando auxiliar na separação e posterior reciclagem dos mate-
riais de acordo com a sua composição (ABNT, 2008). O símbolo adotado para o 
plástico é formado por três setas retorcidas que formam um triângulo, inspirado 
na fita de Möbius, que traz a ideia de infinito, significando que o material é reci-
clável, sendo classificado em sete tipos, conforme apresentado na Figura 4.
Descrição da Imagem: a imagem representa os símbolos para identificação das resinas termoplásticas. 
Os símbolos são similares a triângulos, sendo que as arestas são formadas por setas unidirecionais. Dentro 
de cada símbolo, há um número que vai de 1 a 7 e, embaixo de cada símbolo, a nomenclatura referente 
ao constituinte do material plástico, conforme legenda anterior.
Figura 4 - Simbologia de identificação de materiais plásticos / Fonte: adaptada de ABNT (2008).
Legenda: (1) PET: poli(tereftalato de etileno); (2) PEAD: polietileno de alta densidade; (3) PVC: poli(cloreto de 
vinila); (4) PEBD: polietileno de baixa densidade; (5) PP: polipropileno; (6) OS: poliestireno expandido (“iso-
por”); (7) Outros: mistura de resinas ou com resinas sem códigos definidos, como policarbonato e poliamida.
Descrição da Imagem: a imagem contém cinco ícones. O primeiro é composto por um triângulo formado por 
setas unilaterais, que, dentro, contém uma pessoa descartando um objeto em um recipiente; embaixo do ícone, 
lê-se a palavra “vidro”. O segundo ícone é um ímã atraindo um objeto, e, embaixo, há a palavra “aço”. O terceiro 
ícone são duas setas que, juntas, formam um círculo, e, dentro, há as letras “al” e, embaixo, há a palavra “alumí-
nio”. O quarto ícone é formado por três setas formando um triângulo, e, embaixo, há a palavra “papel”. O quinto 
ícone é formado por uma pessoa jogando um objeto em uma lata com um símbolo de reciclagem, e há uma 
segunda lata ao lado desta sem nenhum símbolo desenhado, e, embaixo desse ícone, lê-se “descarte seletivo”.
Figura 5 - Simbologia de identificação de material e de descarte seletivo / Fonte: adaptada de ABNT (2013b).
Adicionalmente, a ABNT NBR 16182:2013 estabelece a simbologia de orien-
tação de descarte seletivo e de identificação de materiais (ABNT, 2013b), 
visando contribuir para a comunicação com o consumidor na orientação sobre 
o descarte seletivo das embalagens, conforme podemos observar na Figura 5.
143
Os RCC e RSS devem ser segregados no momento de sua geração, conforme 
classificação apresentada nos Quadros 2 e 3, seguindo as diretrizes das Resoluções 
CONAMA nº 307/2002 e RDC/ANVISA nº 222/2018, respectivamente (CO-
NAMA, 2002a; ANVISA, 2018). Ainda, para os RSS, a ABNT NBR 12809:2013 
estabelece os procedimentos necessários para o gerenciamento intraestabeleci-
mento, os quais, por seus riscos biológicos e químicos, exigem formas de manejo 
específicos, a fim de garantir condições de higiene, segurança e proteção à saúde 
e ao meio ambiente (ABNT, 2013); assim como os rejeitos radioativos, os quais 
devem ser segregados de quaisquer outros materiais, seguindo as diretrizes da 
norma CNEN NN 8.01/2014 (CNEN, 2014).
Simbologia de identificação de material 
não é rotulagem ambiental. 
Convidamos você para uma breve discussão sobre a apli-
cação da simbologia técnica de identificação de materiais 
para facilitar a identificação e separação dos materiais.
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UNIDADE 3
144
Após serem segregados, os resíduos devem ser acondicionados. O acondi-
cionamento se refere ao “ato de embalar os resíduos segregados em sacos ou 
recipientes que evitem vazamentos, e quando couber, sejam resistentes às ações 
de punctura, ruptura e tombamento, e que sejam adequados física e quimica-
mente ao conteúdo acondicionado” (ANVISA, 2018 [s.p.]). Em outras palavras, 
refere-se “ao conjunto de processos e procedimentos que visam à acomodação 
dos resíduos no interior de recipientes apropriados e estanques, em regulares 
condições de higiene, de forma a proteger e facilitar o manuseio da operação 
de transporte interno” (FORTALEZA, 2022, p. 20–21).
A importância do acondicionamento adequado reside em otimizar a operação, 
prevenir acidentes, minimizar o impacto visual e olfativo, além de reduzir a hetero-
geneidade dos resíduos e facilitar a realização da coleta. Isso significa que o resíduo 
deve ser disposto em recipientes que garantam segurança no transporte, pois resíduos 
acondicionados de forma incorreta podem prejudicar os trabalhadores envolvidos 
no transporte, bem como resultar em contaminação do meio ambiente (MONTEI-
RO et al., 2001). O acondicionamento deve ser realizado após a etapa de segregação e 
colocado no interior de recipientes apropriados e estanques, em condições regulares 
de higiene, para sua posterior estocagem ou coleta. Para o armazenamento de Resí-
duos perigosos — Classe I e Não perigosos — Classe II, este pode ser realizado em 
contêineres e/ou tambores, em tanques e a granel (ABNT, 1990; 1992).
Logo, existem diversas formas de acondicionar resíduos, como em sacos, con-
tainers, contentor de plástico, tambores, bombonas e caçambas. Os critérios para 
seleção são em relação à classificação do resíduo, ao volume ou à quantidade gerada 
(dimensão/tamanho) e à forma de destinação e/ou disposição final. No Quadro 4, 
apresentamos alguns dispositivos para acondicionamento de resíduos.
Ilustração Descrição
Caçambas estacionárias: recipiente confeccionado com 
chapas metálicas reforçadas e com capacidade para 
armazenagem entre 4 e 5 m3 (metros cúbicos) ou uma 
média de 5 toneladas. É necessário que a coleta seja 
feita por um caminhão poliguindaste. Utilizadas para 
acondicionar vários resíduos, como: RCC, metal, varrição, 
orgânicos, lodos sólidos, entre outros.
145
Ilustração Descrição
Caçambas roll on/roll off: trata-se de um equipamento 
que ocupa um grande espaço e que não é utilizado para 
armazenar resíduos pesados, com capacidade variada 
(capacidade volumétrica comumente entre 25 e 40 m³), 
com portas metálicas para abertura e dispositivo para 
içamento por caminhão compatível. Geralmente, utiliza-
das para armazenar resíduos recicláveis, madeira, lodo, 
poda, varrição e outros.
Big Bag: recipiente com dimensões aproximadas de 0,90 
x 0,90 x 1,20 metros, sem válvula de escape (fechado em 
sua parte inferior), dotado de saia e fita para fechamen-
to, com quatro alças que permitam sua colocação em 
suporte para mantê-lo completamente aberto enquanto 
não estiver cheio. Enquanto estiver aberto para receber 
resíduos, deve permanecer apoiado em suporte metálico 
ou em madeira, com dimensões compatíveis e ganchos 
para sustentação das alças.
Containers: utilizados para armazenar resíduos orgânicos 
e alguns tipos de recicláveis (papel, papelão, plásticos). Sua 
capacidade é de 16 a 18 sacos de 100 L, volume de 1,20 
m³. Os containers são, geralmente, coletados por um cami-
nhão compactador que bascula o resíduo internamente.
Contentor de plástico: utilizado para armazenar resíduo 
orgânico e comum. A capacidade é de 3 a 4 sacos de lixo 
de 100 L. Sua coleta é feita com caminhão compactador 
ou adaptada como em um caminhão carroceria, levando 
o equipamento para o destino.
Tambores e bombonas: utilizados especialmente para o 
acondicionamento de resíduos industriais. É importante 
destacar que as embalagens utilizadas para acondicionar 
esse tipo de resíduo devem ser, necessariamente, homo-
logadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade 
e Tecnologia (INMETRO).
Quadro 4 - Exemplos de dispositivospara acondicionamento diferenciado de resíduos
Fonte: adaptado de SindusCon-SP (2015) e Tera (2015). 
UNICESUMAR
UNIDADE 3
146
Da mesma maneira que na etapa de segregação, para os RCC e RSS, estes devem ser 
acondicionados conforme a sua classificação e seguindo as diretrizes das Resoluções 
CONAMA nº 307/2002 e RDC/ANVISA nº 222/2018, respectivamente (CONAMA, 
2002a; ANVISA 2018). Os rejeitos radioativos submetidos à segregação devem ser 
acondicionados em embalagens que atendam aos requisitos constantes da norma 
CNEN NN 8.01/2014 e armazenados até que possam ser eliminados (CNEN, 2014).
NOVAS DESCOBERTAS
Para maiores informações sobre a segregação, o acondicionamento 
e a identificação dos RSS, você poderá consultar a redação oficial da 
Resolução RDC/ANVISA nº 222/2018 acessando este QR Code. 
Depois de acondicionar corretamente, os resíduos devem ser armazenados. 
O armazenamento consiste na guarda dos recipientes em local exclusivo, 
contendo os resíduos já acondicionados em abrigos, podendo ser internos ou 
externos, até a realização da coleta. Ele deve ser realizado temporariamente, 
após o correto acondicionamento em recipientes. Todos os resíduos devem 
estar devidamente identificados, controlados e segregados segundo suas carac-
terísticas de inflamabilidade, reatividade e corrosividade, evitando a incompa-
tibilidade entre eles. Ainda, na escolha do local para armazenamento, devem 
ser considerados critérios como a minimização do risco de contaminação 
ambiental e acesso facilitado para a coleta externa (FORTALEZA, 2022). 
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147
Vejamos, agora, algumas especificações técnicas para o armazenamento de resí-
duos. A ABNT NBR 11174:1990 estabelece as condições mínimas necessárias ao 
armazenamento de Resíduos não perigosos — Classe II e especifica que os resíduos 
devem ser armazenados de maneira a não possibilitar a alteração de sua classificação 
e de forma que sejam minimizados os riscos de danos ambientais, tal como não de-
vem ser armazenados junto a Resíduos perigosos — Classe I, em face da possibilidade 
de a mistura resultante ser caracterizada como resíduo perigoso (ABNT, 1990). Para 
os Resíduos perigosos — Classe I, as diretrizes para o seu armazenamento seguem 
conforme a ABNT NBR 12235:1992, a qual apresenta algumas especificações:
 “ [...] acondicionados em contêineres e/ou tambores: estes de-vem ser armazenados, preferencialmente, em áreas cobertas, bem ventiladas, e os recipientes são colocados sobre base de concreto 
ou outro material que impeça a lixiviação e percolação de subs-
tâncias para o solo e águas subterrâneas;
armazenamento em tanques: podem ser utilizados para o armazena-
mento de resíduos líquidos/fluidos, à espera do tratamento ou da recu-
peração de determinados componentes do resíduo;
armazenamento a granel: deve ser feito em construções fechadas e 
devidamente impermeabilizadas. Para resíduos corrosivos, o depó-
sito deve ser construído de material e/ou revestimento adequados. 
O armazenamento de resíduos em montes pode ser feito dentro de 
edificações ou fora delas, com uma cobertura adequada, para con-
trolar a possível dispersão pelo vento, e sobre uma base devidamente 
impermeabilizada (ABNT, 1992, p. 2).
Torna-se importante destacarmos que a instalação de armazenamento de re-
síduos perigosos deve estar provida de uma bacia de contenção de líquidos, 
seguindo as especificações da ABNT NBR 12235:1992, sendo esta a definida 
como: “região limitada por uma depressão no terreno ou por dique(s), desti-
nada a conter os resíduos provenientes de eventuais vazamentos de tanques 
e suas tubulações” (ABNT, 1992, p. 1). 
Além disso, muitas organizações se preocupam com o volume e espaço destinados 
ao armazenamento de resíduos sólidos, tais como: isopor, papelão, embalagens plásti-
cas, madeiras e outros. Para facilitar o armazenamento, alguns trituram ou prensam 
seus materiais para diminuir os volumes e organizar melhor seu armazenamento.
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UNIDADE 3
148
A remoção dos resíduos do abrigo ou local de armazenamento externo até a 
unidade de reciclagem, tratamento e/ou disposição final ambientalmente ade-
quada se chama “coleta e transporte”, em que se utilizam técnicas que garantam 
a preservação das condições de acondicionamento (ANVISA, 2018). A coleta 
regular de RSU pode ser (SNIS, 2021):
 ■ Coleta seletiva ou diferenciada: acontece mediante a segregação pré-
via dos resíduos recicláveis pelos geradores. O sistema de coleta seletiva 
deverá estabelecer, no mínimo, a separação de resíduos recicláveis secos 
e, progressivamente, a dos resíduos recicláveis orgânicos.
 ■ Convencional ou indiferenciada: é estabelecida para a coleta de rejeitos, 
no entanto, quando não há coleta seletiva estabelecida, os resíduos são 
coletados todos juntos nessa modalidade de coleta.
A coleta seletiva se refere à “coleta de resíduos sólidos previamente segre-
gados conforme sua constituição ou composição” (BRASIL, 2010a, on-line). 
Os modelos de coleta seletiva utilizados seguem conforme os apresentados 
na segregação de resíduos, podendo ser a coleta seletiva múltipla, coleta 
seletiva em duas ou três frações.
149
De acordo com o artigo 35 da PNRS, sempre que estabelecido sistema de 
coleta seletiva pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, os 
consumidores são obrigados a: acondicionar adequadamente e de forma dife-
renciada os resíduos sólidos gerados e disponibilizar adequadamente os resíduos 
sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução. E o poder público mu-
nicipal pode instituir incentivos econômicos aos consumidores que participam 
do sistema de coleta seletiva na forma de lei municipal (BRASIL, 2010a).
Adicionalmente, destacamos que os programas de coleta seletiva, criados e 
mantidos no âmbito de órgãos da Administração Pública Federal, Estadual e Mu-
nicipal, direta e indireta, e entidades paraestatais, devem seguir o padrão de cores 
estabelecido na Resolução CONAMA nº 275/2001. Essa resolução recomenda, 
ainda, a adoção dessas cores para programas de coleta seletiva estabelecidos pela 
iniciativa privada, cooperativas, escolas, igrejas, organizações não-governamen-
tais e demais entidades interessadas (CONAMA, 2001).
NOVAS DESCOBERTAS
Por meio do acesso aos panoramas anuais da Associação Brasileira 
de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), você 
pode obter diversas informações sobre os resíduos sólidos urbanos, 
como dados de geração, coleta convencional e seletiva, entre outros. 
As formas mais comuns de coleta seletiva, hoje, existentes no Brasil são a coleta porta 
a porta e a coleta por Pontos de Entrega Voluntária (PEV), conforme descrevemos 
a seguir (MONTEIRO et al., 2001; SILVEIRA, 2018; SNIS, 2021a; BRASIL, [2022]):
 ■ Coleta porta a porta: pode ser realizada tanto pelo prestador do serviço pú-
blico de limpeza e manejo dos resíduos sólidos (público ou privado) quanto 
por associações ou cooperativas de catadores de materiais recicláveis. É o tipo 
de coleta em que um caminhão ou outro veículo passa em frente às residên-
cias e comércios recolhendo os resíduos que foram separados pela população.
 ■ Coleta por Ponto de Entrega Voluntária (PEV): consistem em locais 
situados estrategicamente próximos de um conjunto de residências ou 
instituições para entrega dos resíduos segregados pela população e pos-
terior coleta pelo poder público.
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UNIDADE 3
150
Existe, ainda, a coleta especial, específica para resíduos industriais, RCC, 
RSS, agrícolas e outros, incluindo os resíduos perigosos. Para alguns resíduos, 
aplicam-se os sistemas de logística reversa, que abordaremos mais adiante.
NOVAS DESCOBERTAS
Alguns dos resíduos gerados em nossas residências, como os resí-
duos perigosos, incluindo lâmpadas fluorescentes, eletroeletrônicos, 
pilhas e baterias, medicamentos domiciliares vencidos ou em desuso 
e outros, não devem ser destinados para a coletaconvencional ou 
para a coleta seletiva porta a porta, esses resíduos devem ser entre-
gue nos PEVs específicos para esses resíduos. Saiba onde descartar 
seus resíduos acessando este QR Code. 
A ABNT NBR 13221:2021 estabelece os requisitos para o transporte terrestre de 
resíduos classificados como perigosos, conforme a legislação vigente, incluindo re-
síduos que possam ser reaproveitados, reciclados e/ou reprocessados, e os resíduos 
provenientes de acidentes, de modo a minimizar os danos ao meio ambiente e a 
proteger a saúde (ABNT, 2021). De acordo com essa norma, os materiais devem ser 
transportados com o uso de equipamentos adequados, em bom estado de conser-
vação e obedecendo às regulamentações pertinentes à sua classificação. O acondi-
cionamento deve ser realizado de forma a não permitir o vazamento e a queda de 
resíduos, tampouco contaminação do meio ambiente e das vias públicas.
Para o transporte de resíduos, podem ser utilizados caminhões caçamba, tal como 
com caçamba basculante, equipados com caçamba inclinável, para despejar o material 
previamente carregado. Os veículos podem possuir carroceria com ou sem compacta-
ção. Apesar de os compactadores apresentarem a vantagem de diminuição do volume 
do resíduo, é comum que a acidez do lixiviado provoque corrosão do material, per-
mitindo vazamento do lixiviado (chorume) nas vias públicas, causando mal cheiro e 
poluição. A forma de contaminação pode ocorrer por meio da percolação desse líquido 
até o lençol freático ou por carreamento da chuva até um corpo hídrico (LEITE, 2021).
Os resíduos, quando coletados, devem ser transportados até os pontos de des-
tinação final, sejam eles as centrais de triagem em cooperativas, sejam a associação 
de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, as indústrias de reciclagem, as 
centrais de tratamento, sejam os aterros.
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151
Destacamos que, para os diversos geradores de resíduos como as indústrias e 
outros, para contratação e fornecimento dos serviços especializados de coleta e trans-
porte de resíduos perigosos e não perigosos, incluindo os recicláveis e orgânicos, os 
prestadores de serviços devem ser devidamente licenciados para tal atividade pelo 
órgão ambiental competente. Vale salientar que a licença ambiental é concedida para 
o transporte de tipos específicos de resíduos. Isso porque as diferentes classes de 
resíduos não devem ser transportadas de forma mista. Uma empresa especializada 
em transporte de resíduos hospitalares, por exemplo, pode não ser habilitada para 
transporte de resíduos orgânicos ou vice-versa.
O transporte deve ser realizado por equipamentos adequados, em bom estado de 
conservação; a descontaminação dos equipamentos deve ser realizada por empresas 
autorizadas; os resíduos perigosos devem ser acompanhados da ficha de emergência, 
que consiste em um documento em que estão disponíveis regras e procedimentos a 
serem efetivados diante de situações de emergência no que se refere aos acidentes na 
etapa de transporte, de acordo com a norma ABNT NBR 7503:2020. Essa norma 
tem por objetivo padronizar as informações contidas na Ficha de Emergência, que 
deve conter informações gerais da empresa transportadora e da classe do resíduo 
transportado, características do resíduo e se há incompatibilidade com algum agente 
químico, informações sobre equipamentos de proteção individual para manusear o 
resíduo, os riscos trazidos pelo resíduo ao ser humano e meio ambiente e as providên-
cias que devem ser tomadas em caso de vazamento e contaminação (ABNT, 2020).
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UNIDADE 3
152
Prezado(a) aluno(a), discutiremos, agora, sobre alguns dos instrumentos da 
PNRS, os quais são importantes ferramentas que viabilizam a sua implementa-
ção. Assim, os diversos planos de resíduos a serem elaborados e implementados 
pelas instâncias federativas são instrumentos fundamentais no cumprimento 
da PNRS, a qual estabelece o conteúdo mínimo de cada um. Como mecanismo 
indutor, a PNRS exige os planos de resíduos como condição para os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios terem acesso a recursos da União. 
O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), como parte 
integrante do processo de licenciamento ambiental do empreendimento ou ati-
vidade, é exigido para os geradores de resíduos sólidos, como os RSPSB, RSI, RSS, 
RCC, RSM, RAS, RST, e os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços 
que gerem resíduos perigosos ou que gerem resíduos que, mesmo caracterizados 
como não perigosos, por sua natureza, sua composição ou seu volume, não sejam 
equiparados aos resíduos domiciliares.
Adicionalmente, a RDC/ANVISA n° 222/2018 estabelece a obrigatoriedade, o 
conteúdo e os requisitos para a elaboração e implantação do Plano de Gerencia-
mento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) (ANVISA, 2018); assim como 
a Resolução CONAMA nº 307/2002 apresenta o conteúdo mínimo e estabelece que 
os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) serão 
elaborados e implementados pelos grandes geradores (CONAMA, 2002a).
NOVAS DESCOBERTAS
O PGRS deve apresentar o conteúdo mínimo estabelecido na PNRS, 
entre os quais inclui o diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou 
administrados, contendo a origem, o volume e a caracterização dos 
resíduos e a definição dos procedimentos operacionais relativos às 
etapas do gerenciamento de resíduos sólidos sob responsabilidade 
do gerador (BRASIL, 2010a). Por meio deste QR Code, você pode obter 
mais informações sobre o PGRS e demais planos, tal como conhecer, 
na íntegra, a redação da PNRS. 
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153
Um outro instrumento da PNRS é o Inventário Nacional de Resíduos Sóli-
dos Industriais (INRSI), que foi estabelecido em 2002 por meio da Resolução 
CONAMA nº 313/2002, sendo definido como “o conjunto de informações 
sobre a geração, características, armazenamento, transporte, tratamento, reuti-
lização, reciclagem, recuperação e disposição final dos resíduos sólidos gerados 
pelas indústrias do país” (CONAMA, 2002b, p. 1). Assim, as indústrias especifi-
cadas na referida resolução devem registrar, mensalmente, os dados de geração 
de resíduos para efeito de obtenção dos dados para o INRSI, os quais devem ser 
atualizados a cada 24 meses ou em menor prazo, dependendo do estabelecido 
pelo órgão estadual competente, sendo necessário, ainda, apresentá-los ao órgão 
estadual e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis (IBAMA) a cada dois anos.
Adicionalmente, a Portaria do Ministério do Meio Ambiente (MMA) 
nº 280/2020 instituiu o Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR) 
como ferramenta de gestão e documento de declaração nacional de implan-
tação e operacionalização do PGRS, tal como institui o Inventário Nacional 
de Resíduos Sólidos (INRS) — anterior INRSI —, conforme a PNRS e o seu 
decreto regulamentador, baseado na Resolução CONAMA nº 313/2002 e nas 
demais normas vigentes (BRASIL, 2020b). 
O MTR é definido como o documento numerado gerado por meio do Siste-
ma Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR), 
emitido, exclusivamente, pelo gerador, que deverá acompanhar o transporte do 
resíduo até a destinação final ambientalmente adequada. A utilização do MTR 
é obrigatória em todo o território nacional para todos os geradores de resíduos 
sujeitos à elaboração de PGRS, conforme estabelecido na PNRS e discutido 
anteriormente, atuando como uma ferramenta on-line capaz de rastrear a massa 
de resíduos, controlando a geração, armazenamento temporário, transporte e 
destinação dos resíduos sólidos no Brasil (BRASIL, 2020b).
NOVAS DESCOBERTAS
A partir de 2021, até o dia 31 de março de cada ano, os geradores de 
resíduos sujeitos à elaboração do PGRS devem reportar informações 
complementares às já declaradas no MTR, referentes ao ano anterior, 
para elaboração e envio do INRS por meio do site do SINIR.
UNICESUMAR
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154
A PNRS também estabeleceu a logística reversa como um dos instrumentos 
de implementação do princípio da responsabilidade compartilhada pelo 
ciclo de vida dos produtos. Diante disso, diversos setores devem encaminhar 
ações para a implementação de sistemas de logística reversa (SLR) de produtos 
e embalagens pós-consumo, no intuito de priorizar seu retorno para um novo 
ciclo de aproveitamento. Assim, entende-se por responsabilidade comparti-
lhada pelo ciclo de vida dos produtos o:
 “ [...] conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos con-sumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana 
e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de 
resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os 
impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental de-
correntes do ciclo de vida dos produtos” (BRASIL, 2010a, on-line).
Logo, o ciclo de vida do produto se refere à “série de etapas que envolvem 
o desenvolvimento do produto, a obtenção de matérias-primas e insumos, o 
processo produtivo, o consumo e a disposição final” (BRASIL, 2010a online). 
O conceito de logística reversa como um instrumento de desenvolvimento 
econômico e social também é dado pela PNRS como “um conjunto de ações, 
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resí-
duos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em 
outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada” 
(BRASIL, 2010a, on-line). Ou seja, refere-se a um conjunto de produtos e em-
balagens submetidos à regra de devolução após o uso pelo consumidor, com 
o objetivo de que os fabricantes ou importadores venham assegurar o reapro-
veitamento ou outra destinação ambientalmente adequada para os resíduos.
De acordo com a PNRS, são obrigados a estruturar e implementar siste-
mas de logística reversa (SLR) mediante retorno dos produtos após o uso pelo 
consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e 
de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribui-
dores e comerciantes de (BRASIL, 2010a): a) agrotóxicos, seus resíduos e 
embalagens; b) pilhas e baterias; c) pneus; d) óleos lubrificantes, seus resíduos 
155
e embalagens; e) lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de 
luz mista; f ) produtos eletroeletrônicos e seus componentes. Ainda, os siste-
mas previstos serão estendidos a produtos comercializados em embalagens 
plásticas, metálicas ou de vidro e aos demais produtos e embalagens 
e para os medicamentos domiciliares vencidos ou em desuso de uso 
humano (BRASIL, 2010a). 
Portanto, consumidores, importadores, fabricantes, distribuidores e co-
merciantes devem agir de forma conjunta para que os resíduos sejam reapro-
veitados, reciclados e/ou passem por tratamento, ou seja, que tenham uma 
destinação final ambientalmente adequada. Dessa forma, o cidadão, no papel 
de consumidor, é responsável por descartar os resíduos nas condições solici-
tadas e nos locais estabelecidos pelos SLR. O setor privado fica responsável 
pelo gerenciamento dos resíduos sólidos, por sua reincorporação na cadeia 
produtiva, pela adoção de inovações que tragam benefícios socioambientais, 
bem como pelo uso racional dos materiais e pela prevenção da poluição am-
biental. Por fim, cabe ao Poder Público a fiscalização do processo e, de forma 
compartilhada com os demais responsáveis pelo sistema, conscientizar e edu-
car o cidadão (SINIR, [2022]).
No momento do descarte, os resíduos passíveis de logística reversa não devem ser desti-
nadas junto à coleta regular pública. O sucesso dos sistemas de logística reversa depende 
da adesão dos consumidores, por meio da participação ativa nos sistemas, ao entregar 
os resíduos nos estabelecimentos onde adquiriram o produto ou nos pontos de entrega 
voluntário cadastrados nas entidades gestoras.
PENSANDO JUNTOS
Os SLR são firmados entre o poder público e o setor empresarial, na forma de 
regulamento, acordos setoriais e termos de compromisso de abrangência 
nacional, regional, estadual ou municipal. O acordo setorial é definido como 
o “ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, 
importadores, distribuidores ou comerciantes” (BRASIL, 2010a, on-line). O 
Quadro 5 apresenta, de forma resumida, informações sobre os SLR que se 
encontram implantados.
UNICESUMAR
UNIDADE 3
156
Resíduo
Regulamento, acordos 
setoriais e/ou termos 
de compromisso
Entidade gestora e nome 
do programa de logística 
reversa (se aplicável)
Agrotóxicos, seus 
resíduos e emba-
lagens
Lei Federal nº 
9.974/2000 e Decreto 
Federal nº 4.074/2002
Instituto Nacional de Pro-
cessamento de Embalagens 
Vazias (inpEV) / Programa 
Sistema Campo Limpo
Pilhas e baterias 
portáteis inserví-
veis
Resolução CONAMA nº 
401/2008 e Instrução 
Normativa IBAMA nº 
8/2012
Gestora para Logística 
Reversa de Equipamentos 
Eletroeletrônicos (Green 
Eletron) / Programa Green 
Recicla Pilha
Baterias chumbo-
-ácido inservíveis
Resolução CONAMA 
nº 401/2008, Instrução 
Normativa IBAMA nº 
8/2012 e Acordo Seto-
rial assinado em 2019
Instituto Brasileiro de Ener-
gia Reciclável (IBER)
Pneus inservíveis
Resolução CONAMA nº 
416/2009 e Instrução 
Normativa IBAMA n° 
1/2010 
Reciclanip / Programa Na-
cional de Coleta e Destina-
ção de Pneus Inservíveis
Óleo lubrificante 
usado ou conta-
minado (OLUC)
Resolução CONAMA nº 
362/2005
O setor não elegeu entida-
de gestora
Embalagens 
plásticas de óleo 
lubrificante usa-
das (EPOLU)
Resolução CONAMA nº 
362/2005
Instituto Jogue Limpo / Pro-
grama Jogue Limpo
Lâmpadas fluo-
rescentes, de 
vapor de sódio e 
mercúrio e de luz 
mista inservíveis
Acordo setorial assinado 
em 2014
Associação Brasileira para a 
Gestão da Logística Reversa 
de Produtos de Ilumina-
ção (Reciclus) / Programa 
Reciclus
https://sinir.gov.br/images/sinir/Acordos_Setoriais/Baterias_Chumbo_Acido/Acordo_Setorial___Baterias_Chumbo_Acido___assinado.pdf
https://sinir.gov.br/images/sinir/Acordos_Setoriais/Baterias_Chumbo_Acido/Acordo_Setorial___Baterias_Chumbo_Acido___assinado.pdf
157
Resíduo
Regulamento, acordos 
setoriais e/ou termos 
de compromisso
Entidade gestora e nome 
do programa de logística 
reversa (se aplicável)
Produtos 
eletroeletrônicos 
e seus 
componentes
Acordo setorial assinado 
em 2019 e Decreto 
Federal nº 10.240/2020
Associação Brasileira 
de Reciclagem de 
Eletroeletrônicos e 
Eletrodomésticos (ABREE)
Gestora para Resíduos 
de Equipamentos 
Eletroeletrônicos Nacional 
(Green Eletron)
 Medicamentos 
domiciliares venci-
dos ou em desuso 
de uso humano, 
industrializados e 
manipulados, e de 
suas embalagens
Decreto Federal nº 
10.388/2020
O setor não elegeu 
entidade gestora
Embalagens em 
geral
Acordo setorial assinado 
em 2014
Coalizão Embalagens
Embalagens de 
aço
Termo de Compromisso 
assinado em 2018
Prolata Reciclagem
Latas de alumínio 
para bebidas
Termo de Compromisso 
assinado em 2020
As associações signatárias 
do termo de compromisso 
são a Associação Brasileira 
dos Fabricantes de Latas 
de Alumínio (ABRALATAS) 
e Associação Brasileira do 
Alumínio (ABAL) 
Quadro 5 - Sistemas de logística reversa implantados / Fonte: adaptado de Brasil (2000; 2002; 2020c; 
2020d), CONAMA (2005b; 2008; 2009), Ibama (2010; 2012) e SINIR ([2022]).
Podemos observar que, no caso de resíduos como os agrotóxicos, os seus resíduos e 
as embalagens, as pilhas e baterias, os pneus, e os óleos lubrificantes, os seus resíduos 
e as embalagens, existe legislação anterior estabelecendo obrigações pós-consumo, 
portanto, já estavam em operação anteriormente à promulgação da PNRS.
UNICESUMAR
UNIDADE 3
158
Para os envolvidos na logística reversa de óleo lubrificante usado ou contaminado 
(OLUC), o setor não elegeu entidade gestora, no entanto, a resolução anterior-
mente citada possibilita ao produtor e o importador de contratar empresa coletora 
regularmenteautorizada junto ao órgão regulador da indústria do petróleo, nesse 
caso, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) ou se 
habilitar como empresa coletora, na forma da legislação da ANP (SINIR, [2022]).
NOVAS DESCOBERTAS
Por meio do acesso a este QR Code, você pode obter maiores informa-
ções sobre os sistemas de logística reversa implantados, saber onde 
descartar os resíduos, seja nos PEVs indicados, seja nas cooperativas 
de catadores, bem como os dados da entidade gestora, os acordos 
setoriais e as demais regulamentações.
NOVAS DESCOBERTAS
A relação das empresas autorizadas a exercer a atividade de rerrefino 
e de coleta de OLUC se encontra disponibilizada pela ANP, a qual você 
pode acessar por meio deste QR Code. 
Em nosso último tópico de discussão, torna-se importante mencionarmos que a PNRS 
busca viabilizar e incentivar a implementação da gestão integrada e do gerenciamento 
de resíduos sólidos mediante a mobilização e participação direta e efetiva da sociedade 
por meio de seus múltiplos setores econômicos e segmentos sociais, instituindo a res-
ponsabilidade compartilhada entre os elos da cadeia geradora dos produtos, serviços 
e respectivos resíduos (JARDIM; YOSHIDA; MACHADO FILHO, 2012). 
Assim, para que esse processo abrangente, integrativo e participativo se torne 
realidade e opere de forma eficaz, a PNRS se articula com a Política Nacional 
de Educação Ambiental (PNEA), instituída pela Lei nº 9.795/1999 (BRASIL, 
1999) e incorpora como um de seus instrumentos a educação ambiental, exigin-
do que os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos contenham 
“programas e ações de educação ambiental e que promovam a não geração, a re-
dução, a reutilização e a reciclagem de resíduos sólidos” (BRASIL, 2010a, on-line). 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14805
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14806
159
Por fim, deixamos mais uma sugestão de leitura que lhe ajudará a compreen-
der melhor a PNRS e os conceitos nela envolvidos.
NOVAS DESCOBERTAS
Título: Política Nacional, Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos
Autores: Arnaldo Jardim, Consuelo Yoshida e José Valverde Machado 
Filho
Editora: Manole
Sinopse: este livro busca retratar o processo de formulação da Lei que institui a Política Na-
cional de Resíduos Sólidos, bem como trazer a lume seus principais conceitos e os contornos 
estabelecidos por seu decreto regulamentador. Considerando, sobretudo, um contexto no 
qual são lançadas as bases para um novo parâmetro de construção legislativa que contem-
ple a gestão ambiental, a participação e a organização social, o crescimento econômico e a 
articulação de políticas públicas calcadas no princípio do desenvolvimento sustentável.
Prezado(a) aluno(a), vimos a importância da 
ordem e prioridade na gestão e no gerencia-
mento de resíduos sólidos, sendo essa a prin-
cipal diretriz da PNRS, tal como foi possível 
o entendimento e conhecimento de diversos 
conceitos, tipos e características dos resíduos, 
legislações e etapas de gerenciamento. 
Assim, como salientado na Unidade 2, 
novamente, enfatizamos que o estudo não 
para por aqui. Uma abordagem mais apro-
fundada pode ocorrer por meio da leitura 
de literatura especializada. O conteúdo apresentado, porém, possibilita que você ob-
tenha um conhecimento inicial sobre o assunto, assim como possibilita a atuação 
na área, como na Gestão e no Gerenciamento de Resíduos Sólidos gerados em seu 
Município, nas indústrias e demais geradores, na elaboração e execução dos planos 
de resíduos sólidos, principalmente, nos planos de gerenciamento de resíduos sóli-
dos, no inventário de resíduos sólidos, com programas de educação ambiental, na 
proposição de medidas a serem implementadas ou melhoradas na fonte de geração, 
visando reduzir a geração de resíduos e a sua periculosidade, tal como nas demais 
etapas que envolvem o gerenciamento de resíduos sólidos. 
UNICESUMAR
160
1. A Lei nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, define 
quais são os geradores passíveis de elaboração do Plano de Gerenciamento de 
Resíduos Sólidos (PGRS). Esse documento deve demonstrar a capacidade de uma 
organização de gerir de forma ambientalmente adequada todos os resíduos gerados. 
Dessa forma, eles demonstram a sua capacidade de dar uma destinação final am-
bientalmente adequada e de realizar o gerenciamento de resíduos adequadamente.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resí-
duos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providên-
cias. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/
lei/l12305.htm. Acesso em: 6 jun. 2022.
De acordo com a lei anteriormente citada, analise as afirmações a seguir.
I - Na coleta seletiva, os resíduos sólidos devem ser previamente segregados, con-
forme sua constituição ou composição.
II - A gestão integrada de resíduos sólidos é uma atividade realizada apenas para 
os resíduos do serviço de saúde e de construção civil.
III - A reciclagem é o ato de reinserir materiais em etapas de processo, sem que esse 
material tenha passado por transformações físicas ou químicas.
IV - Geradores de resíduos sólidos podem ser pessoas físicas ou jurídicas, de direito 
público ou privado, que geram resíduos sólidos por meio de suas atividades.
É correto o que se afirma em:
a) IV, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm
161
2. A ABNT NBR 10004:2004 aborda a respeito da classificação dos resíduos. Sabendo 
que os Resíduos perigosos — Classe I são os resíduos que apresentam periculosi-
dade, analise as afirmações a seguir.
ABNT. NBR 10004: resíduos sólidos: classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
I - Inflamabilidade é uma das características dos resíduos Classe I.
II - Corrosividade é uma das características dos resíduos Classe II.
III - Mutagenicidade é uma das características dos resíduos Classe I.
IV - Os resíduos que apresentam patogenicidade podem ser considerados de Classe 
II.
É correto o que se afirma em:
a) I e III, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
3. Um município é considerado mais ou menos sustentável à medida em que é ca-
paz de manter ou melhorar a saúde do seu sistema ambiental, minorar a degrada-
ção e o impacto antrópico, reduzir a desigualdade social e prover os habitantes de 
condições básicas de vida, bem como construir um ambiente de forma saudável 
e segura e, ainda, pactos políticos que permitam enfrentar desafios presentes e 
futuros (BRAGA et al., 2005).
BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson 
Prentice Hall, 2005.
162
Nesse contexto, para avaliar se uma política de gerenciamento de resíduos sólidos 
urbanos está resultando em aspectos positivos, é necessária a avaliação de indica-
dores que possibilitará a tomada de decisões de forma assertiva. Assim, avalie as 
afirmações a seguir.
I - Não é possível utilizar eficiência financeira como indicador de gerenciamento de 
resíduos sólidos, pois o objetivo não é o lucro.
II - A recuperação de áreas degradadas com disposição incorreta de resíduos sóli-
dos pode ser um indicador ambiental.
III - A revenda de materiais reciclados é crime ambiental, pois deve ser doado a 
comunidades carentes.
IV - Uma empresa licenciada pode transportar qualquer tipo de resíduo sólido.
É correto o que se afirma em:
a) II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) I e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
4Resíduos Sólidos: Destinação e Disposição Final 
Ambientalmente 
Adequadas
Dra. Jéssica de Carvalho Lima
Me. Paula Polastri
Nesta Unidade 4, trataremos sobre as demais etapas do gerencia-
mento de resíduos, incluindo a destinação final, compreendendo a 
reutilização, a reciclageme o tratamento, além da disposição final 
dos rejeitos em aterros, tal como aspectos sobre o aproveitamento 
energético de resíduos sólidos, legislações e normas aplicáveis.
UNIDADE 4
164
Prezado(a) aluno(a), já parou para pensar para onde vão os resíduos sólidos após 
serem coletados e transportados? Será que todos os resíduos gerados, coletados 
e transportados têm a destinação final ambientalmente adequada? Qual é a dife-
rença entre reutilização e reciclagem? Qual é a diferença entre destinação e dis-
posição final ambientalmente adequada? O que fazer com os resíduos orgânicos? 
Quais são os métodos de tratamento de resíduos sólidos? Quais são as vantagens 
e desvantagens de cada método? O que são aterros sanitários?
Em todo o mundo, estima-se que, a cada ano, mais de 25 milhões de tone-
ladas de resíduos sólidos têm os oceanos como destino. Cerca de 80% desse 
total é oriundo de atividades humanas, seja no litoral, seja em regiões onde 
correm rios que desaguam em ambientes marinhos, o que é resultado de 
falhas que ocorrem nos sistemas de limpeza urbana e na gestão de resíduos 
das cidades. Tais constatações permitem afirmar que a melhor solução para 
o problema dos resíduos no mar reside justamente no aperfeiçoamento dos 
sistemas e das infraestruturas de limpeza urbana nas cidades, que deve acon-
tecer junto a programas permanentes de educação ambiental implementados 
em todas as camadas da população (ABRELPE, 2022).
Como um país de grande extensão costeira e de intensa ramificação hídri-
ca, o Brasil, de acordo com estimativas da Associação Brasileira de Empresas de 
Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2022), contribui com cerca de 
dois milhões de toneladas de resíduos sólidos que vazam para o mar anualmente, 
provenientes, diretamente, dos municípios litorâneos e das regiões interioranas, 
depois de percorrer grandes distâncias por meio de rios.
165
Adicionalmente, além dos resíduos que são descartados de forma inadequada 
seja pela população, seja pela falta de coleta e limpeza pública em áreas urbanas e 
rurais, seja, até mesmo, porque parte dos RSU coletados não são reutilizados, reci-
clados, tratados, seja por não se aplicar algum aproveitamento energético. Assim, 
grande parte dos RSU coletados anualmente no Brasil tem a destinação adequada 
em aterros sanitários, mas, por outro lado, áreas de disposição inadequada, in-
cluindo lixões e aterros controlados, ainda estão em operação (ABRELPE, 2022).
A partir das informações que tivemos até aqui, é possível perceber que os resí-
duos sólidos gerados pela sociedade demandam atenção, e, normalmente, isso é um 
assunto complexo para ser tratado, visto que os padrões de consumo da sociedade, 
geralmente, são voltados ao consumo e descarte, ou seja, “comprar, usar e jogar fora”. 
Contudo, onde jogar fora afinal? 
Qual é a maior dificuldade na destinação final ambientalmente adequada de 
resíduos? A resposta é simples: a maior dificuldade está na cidadania, na cons-
cientização e na educação da sociedade e na política das empresas privadas, sejam 
pequenas ou grandes geradoras. Há, também, a dificuldade na questão política, 
pois podemos observar a falta de recursos para investir na adequada gestão e no 
gerenciamento de resíduos sólidos. Várias medidas podem ser adotadas, como a 
aplicação de taxas ou tarifas arrecadadas pelo prestador de serviços de limpeza 
urbana e manejo de resíduos sólidos diretamente do usuário; maiores orientações 
ao munícipe sobre como fazer corretamente a segregação seletiva, incentivos para 
aquele que faz corretamente e multa ao que não segregar seletivamente seus resí-
duos, caso o município detenha de sistema de coleta seletiva.
UNIDADE 4
UNIDADE 4
166
Podemos observar que o presente e o futuro da destinação final ambientalmente 
adequada de resíduos estão em práticas como coleta seletiva, logística reversa, 
reutilização, reciclagem, tratamento e aproveitamento dos resíduos, como novas 
matérias-primas, novos produtos, biocombustíveis, geração de energia e outros, 
contribuindo para a economia circular, melhorando a qualidade ambiental e social. 
Muito já foi feito, mas ainda temos muito o que fazer, não é mesmo? Nesse 
sentido, elabore uma “lista de ações para destinação adequada de resíduos só-
lidos”, que, sob a sua perspectiva, possam reduzir e/ou solucionar o problema 
do âmbito nacional ao municipal e, até mesmo, domiciliar da destinação final 
inadequada de resíduos. No final de nossos estudos, compare a sua lista com o 
que foi discutido e veja o que pode ser acrescentado por meio do conhecimento 
adquirido em seus estudos.
Prezado(a) aluno(a), convidamos você a refletir sobre o que discutimos até 
aqui. Como podemos contribuir para solucionar a problemática relacionada à 
destinação e disposição inadequada de resíduos? Como podemos pensar em 
soluções para “tratar a causa do problema” ao invés de apenas “remediar” questões 
relacionadas a descartes inadequados de resíduos? Registre, em seu Diário de 
Bordo, as reflexões a respeito do tema.
167
Prezado(a) aluno(a), conforme nossa discussão inicial, nesta unidade, daremos 
sequência aos conteúdos relacionados aos resíduos sólidos. Após termos uma 
visão geral dos fatores envolvidos na geração de resíduos e das etapas iniciais 
do gerenciamento, estudaremos, especificamente, as formas de destinação final 
de resíduos sólidos e de disposição final de rejeitos. Portanto, iniciamos nossos 
estudos compreendendo a diferença entre os termos destinação e disposição 
final, conforme as definições apresentadas pela Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010). 
A destinação final ambientalmente adequada é definida como a des-
tinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a 
recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas 
pelos órgãos competentes. Também, inclui a disposição final como uma forma 
de destinação final (BRASIL, 2010). A disposição final ambientalmente 
adequada se trata da “distribuição ordenada de rejeitos em aterros, obser-
vando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à 
saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos” 
(BRASIL, 2010, on-line). Para um melhor entendimento e uma visão geral 
sobre o conteúdo que estudaremos nesta unidade, na Figura 1, apresentamos 
as formas de destinação e disposição final.
UNIDADE 4
UNIDADE 4
168
Descrição da Imagem: a figura ilustra um fluxograma com blocos ligados sequencialmente por meio de 
setas para mostrar as etapas da destinação de resíduos e da disposição de rejeitos dentro da ordem de 
prioridade da gestão e do gerenciamento de resíduos sólidos. O primeiro bloco é “não geração”, o segundo 
é “redução”, e estão ligados por uma seta da direita para a esquerda. O segundo bloco se liga ao terceiro 
bloco por uma seta de cima para baixo; e o terceiro, “resíduos sólidos gerados, coletados e entregues em 
pontos de entrega voluntária (PEV)”, liga-se por uma seta que se divide em duas, no sentido de cima para 
baixo, em dois grandes blocos. O primeiro grande bloco, “destinação final ambientalmente adequada para 
os resíduos sólidos”, liga-se por uma seta de cima para baixo à “reutilização”; esta se liga à “reciclagem”; 
e esta, ao “tratamento”, por setas no sentido da direita para a esquerda. O bloco “tratamento” se liga aos 
diferentes tipos de tratamento por uma seta que se divide em três no sentido de cima para baixo: o bloco 
“tratamento térmico”, e este ligado aos tipos de tratamento térmico, como “incineração”, “coprocessamen-
to”, “pirólise”, “autoclavagem”, “micro-ondas” e “outros”; o bloco “tratamento físico-químico ou químico”, 
incluindo a “desinfecção química”, “estabilização/solidificação”; e o bloco “tratamento biológico”, incluindo 
a “compostagem”, a “vermicompostagem” e a “digestão anaeróbia”. O segundo grande bloco, “disposição 
final ambientalmente adequada para os rejeitos”, liga-se,por uma seta no sentido de cima para baixo, aos 
blocos “aterro sanitário para resíduos sólidos urbanos”, “aterro de resíduos perigosos (Classe I)” e “aterro 
de resíduos não perigosos (Classe II)”. Por fim, uma linha tracejada na cor vermelha representa um bloco 
maior, denominado “oportunidades de recuperação e aproveitamento energético”, e, dentro deste, estão 
as formas de destinação e disposição final, representando que, dentro da destinação e disposição final, 
existem possibilidades de aproveitamento energético dos resíduos e rejeitos.
Figura 1 - Formas de destinação final de resíduos sólidos e de disposição final de rejeitos / Fonte: as autoras.
169
Veja que a figura dá prosseguimento à ordem de prioridade requerida na gestão 
e no gerenciamento de resíduos sólidos, sendo o principal objetivo a não geração 
e a redução da geração dos resíduos, conforme discutimos na Unidade 3. Depois, 
deve-se buscar alternativas para viabilizar as formas de destinação final, a qual 
é relacionada aos resíduos sólidos, incluindo a reutilização, a reciclagem e o tra-
tamento — que pode ser térmico, físico-químico, químico ou biológico. Por fim, 
recorre-se à disposição final, a qual tem como foco os aterros, podendo ser aterro 
sanitário, exclusivo para os resíduos sólidos urbanos (RSU), e aterros de resíduos 
perigosos e não perigosos, os quais se relacionam, exclusivamente, aos rejeitos. 
Ainda, dentro das formas de destinação final e disposição final, pode-se ter 
a recuperação e o aproveitamento energético, como no caso de alguns tipos de 
tratamento térmico, como incineração, coprocessamento e pirólise, por meio da 
digestão anaeróbia, bem como o aproveitamento energético dos RSU dispostos 
em aterros sanitários ou, até mesmo, nos aterros para resíduos perigosos e não 
perigosos. Por fim, destacamos que apenas os rejeitos devem ser dispostos em 
aterros, sejam eles coletados e enviados diretamente para algum tipo de aterro, tal 
como os rejeitos originados na destinação final, na reciclagem ou nos tratamentos.
UNIDADE 4
UNIDADE 4
170
Dessa forma, podemos enfatizar que existem quatro dimensões distintas na 
gestão e no gerenciamento de resíduos: a não geração de resíduos como um 
ideal utópico, mas possível de ser alcançado, como já estudamos; a redução da 
geração de resíduos, diretamente associada ao gerenciamento de processos; o uso 
de processos de reutilização, reciclagem e tratamento, enfocando os resíduos; e a 
disposição em aterros, enfocando os rejeitos (DEL BEL, 2012). 
Compreenderemos, agora, o que são a reutilização e a reciclagem e qual é a 
diferença entre esses dois termos. A reutilização se trata do “processo de apro-
veitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físi-
co-química” (BRASIL, 2010, on-line). Já a reciclagem se refere ao “processo de 
transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades 
físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou 
novos produtos” (BRASIL, 2010, on-line). 
Assim, a reutilização consiste no aproveitamento de um produto para uma 
função diferente do original, mas sem que ele perca suas características princi-
pais. Ela é vantajosa do ponto de vista ambiental, visto que qualquer processo de 
transformação ou descaracterização de um resíduo depende de fatores como mão 
de obra, insumos, tecnologia e energia. Além disso, o processo de reciclagem tam-
bém resulta em resíduos que devem ser tratados para descarte correto. Vejamos 
algumas ações que podem ser realizadas visando à reutilização:
171
UNIDADE 4
UNIDADE 4
172
Sobre a reciclagem, iniciamos a discussão com os seus diversos benefícios: a 
diminuição da exploração de recursos naturais, a melhoria da limpeza urbana 
e da qualidade da vida da população, o prolongamento da vida útil dos aterros 
sanitários, a geração de renda e emprego por meio da comercialização dos 
recicláveis, o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de 
outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis 
e, consequentemente, a prevenção e o controle da poluição.
Existem diversos processos de reciclagem, sendo que a maioria dos resí-
duos pode passar por algum tipo de reciclagem. No entanto, há algumas situa-
ções em que a reciclagem do resíduo não é economicamente viável, visto que o 
processo para reciclagem é mais oneroso do que o processo para obter o pro-
duto a partir da matéria-prima (SILVEIRA, 2018). Logo, o reaproveitamento 
de resíduos pode ser feito por meio de reciclagem mecânica — primária ou 
secundária —, química — terciária — e energética — quaternária (FERREIRA; 
FONSECA; SARON, 2011; COLTRO; DUARTE, 2013; BRASKEM, 2019). 
Vejamos do que trata cada uma delas e, na sequência, algumas considerações 
acerca dos processos mais comuns de reciclagem.
 ■ Reciclagem mecânica: método mais usado para dar novos usos aos 
resíduos, quaisquer que eles sejam, consiste em transformar, mecanica-
mente, os resíduos, sem alterar sua estrutura química, de forma que possa 
ser utilizado na produção de novos materiais. A reciclagem primária 
(pré-consumo) é a mais comum e consiste na recolocação de resíduos 
provenientes do processo produtivo dentro da própria produção. A utili-
zação desse material resulta em produtos idênticos ao material de origem. 
A reciclagem secundária (pós-consumo) se refere ao processamento 
de resíduos do descarte doméstico, comercial e outros.
 ■ Reciclagem química (terciária): os resíduos são reprocessados, 
transformando sua estrutura química ou, ainda, por meio da adição 
de produtos químicos. Por exemplo, no caso dos resíduos plásticos, 
ocorre a transformação por meio de processos termoquímicos, como 
hidrogenação — cadeias de polímeros são quebradas por meio do tra-
tamento com oxigênio e calor, gerando produtos capazes de serem 
processados em refinarias —; gaseificação — aquecidos com ar ou oxi-
173
gênio, gerando gás de síntese, mistura de gases que contenham monó-
xido de carbono e hidrogênio —; e pirólise — quebra de moléculas pelo 
calor na ausência de oxigênio, que gera frações de hidrocarbonetos 
para serem processados em refinarias.
 ■ Reciclagem energética (quaternária): consiste em transformar os 
resíduos em energia térmica e elétrica, aproveitando, por meio da inci-
neração, por exemplo, o poder calorífico armazenado nesses materiais 
como combustível.
Existem diferentes tipos de resina utilizados na fabricação de diferentes tipos 
de plásticos. Dessa forma, a norma da Associação Brasileira de Normas Téc-
nicas (ABNT) NBR 13230:2018, como já vimos na Unidade 3, apresenta a 
simbologia para a segregação seletiva e a reciclagem desses resíduos (ABNT, 
2018). Os valores são diferenciados para cada tipo de plástico, que necessitam 
desse processo de triagem para a efetiva reciclagem. No Quadro 1, apresenta-
mos os tipos de plásticos, as suas respectivas aplicações e os produtos obtidos 
após a sua reciclagem. 
Tipo de 
plástico
Aplicação Reciclagem
PET 
(Politereftalato 
de Etileno)
Garrafas para refrigerante, 
óleo comestível, molho para 
salada, água.
Fibra para carpete, teci-
do, vassoura, embalagem 
de produtos de limpeza, 
acessórios diversos.
PEAD 
(Polietileno 
de Alta 
Densidade)
Garrafas para iogurte, suco, 
leite, produtos de limpeza, 
potes para sorvete.
Frascos para produtos de 
limpeza, óleo para mo-
tor, tubulação de esgoto, 
conduíte.
PVC 
(Policloreto de 
Vinila)
Filmes estiráveis, berços 
para biscoitos, frascos para 
antisséptico bucal, xampu, 
produtos de higiene pessoal.
Mangueira para jardim, tu-
bulação de esgoto, cones 
de tráfego, cabos.
UNIDADE 4
UNIDADE 4
174
Tipo de 
plástico
Aplicação Reciclagem
PEBD 
(Polietileno 
de Baixa 
Densidade)
Filme encolhível, embalagem 
flexível para leite, iogurte, 
saquinhos de compras.
Envelopes, filmes, sacos 
para lixo, tubulação para 
irrigação.
PP
(Polipropileno)
Potes para margarina, sor-
vete, tampas, rótulos, copos 
descartáveis, embalagempara biscoitos.
Caixas e cabos para ba-
teria de carro, vassouras, 
escovas, funil para óleo, 
caixas, bandejas.
OS
(Outros)
Copos descartáveis, pratos 
descartáveis, pote para io-
gurte, bandejas, embalagem 
para ovos, acolchoamento.
Placas para isolamento 
térmico, acessórios para 
escritório, bandejas.
OUTROS 
(Outros 
plásticos 
diferentes dos 
anteriores)
Embalagem multicamada 
para biscoitos e salgadinhos, 
mamadeiras, CDs, DVDs, 
utilidades domésticas.
Madeira plástica, recicla-
gem energética. 
Quadro 1 - Aplicação e reciclagem de alguns exemplos de resinas plásticas
Fonte: adaptado de Silveira (2018).
A maioria dos resíduos constituídos por papéis é reciclável, com exceção de 
papel higiênico, carbono, vegetal e impregnados com ceras. Para a reciclagem, 
são triturados e transformados em aparas, ocorre a peneiração para a retira-
da de impurezas e a adição de compostos químicos para retirar as tintas — 
destintamento e alvejamento para alguns tipos de papel —, gerando a pasta 
celulósica (SILVEIRA, 2018). As embalagens longa vida ou multicamadas 
são compostas por camadas de papel, polietileno de baixa densidade (PEBD) 
e alumínio. O processo de reciclagem das embalagens longa vida se inicia nas 
fábricas de papel, onde é feita a separação das fibras de papel das camadas de 
plástico e alumínio — ocorre em um equipamento denominado hidrapulper. 
Após a separação, as fibras servirão para fabricação de papel reciclado e outros 
produtos, tal como o alumínio e o plástico (ABAL, 2017).
175
Na reciclagem de metais, estes são direcionados para usinas de fundição e, quando 
atingem o ponto de fusão, são moldados em placas metálicas e cortados na forma 
de chapa de aço. Dentre os diversos materiais metálicos, o alumínio é o que possui 
maior teor de reaproveitamento no Brasil, principalmente, devido à informação 
a respeito de reciclagem de latas ser amplamente difundida no país (SILVEIRA, 
2018). O processo de reciclagem do alumínio consome apenas 5% de energia quan-
do comparado ao processo de fabricação do alumínio primário (ABAL, 2017). 
Na reciclagem do vidro, como este se trata de um material formado por 
meio da fusão e do resfriamento de areia, barrilha, calcário e feldspato, é um 
material totalmente reciclável e pode ser totalmente reciclado várias vezes, sem 
perder a qualidade do produto. A reciclagem desse material é realizada pelo der-
retimento de resíduos, sendo os vidros reciclados misturados com matéria-prima 
nova. Em média, as novas garrafas são compostas por cerca de 60% do material 
reciclado, e, dependendo da cor, esse percentual ainda pode chegar a 90%.
NOVAS DESCOBERTAS
Saiba mais sobre as formas de reciclagem dos diversos resíduos ao 
acessar a cartilha da Associação Brasileira de Embalagem (ABRE). Uti-
lize o QR Code.
UNIDADE 4
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14824
UNIDADE 4
176
Por fim, torna-se importante apresentarmos um instrumento que está estreita-
mente associado às ações que visam à reutilização e reciclagem de resíduos só-
lidos. Conceitualmente, o “banco” ou a “bolsa de resíduos” é um instrumento 
que tem por objetivo principal favorecer as trocas e permitir a valorização 
de resíduos particulares, complementando os circuitos tradicionais existen-
tes na recuperação de resíduos entre produtores e consumidores (BIDONE; 
POVINELLI, 1999). De maneira geral, trata-se de uma plataforma on-line, na 
qual, por meio de anúncios gratuitos, indústrias e empresas de todos os setores 
podem colaborar entre si por meio da doação ou venda de resíduos, de forma 
que o resíduo de uma indústria possa servir de insumo ou matéria-prima para 
outro processo produtivo (FIRJAN, [2022]). 
Em nível mundial, encontram-se em atividade diver-
sas plataformas. No Brasil, a exemplo das Federações das 
Indústrias dos Estados, é possível a implementação desse 
instrumento. Um exemplo é a bolsa de resíduos da Federa-
ção de Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN), denominada 
“Conecta Recursos”. Saiba mais ao acessar este QR Code:
Portanto, uma maior conservação de recursos em termos de matérias-
-primas para usos futuros, a diminuição do volume de resíduos e dos custos 
crescentes de sua destinação ou disposição final ambientalmente adequada, 
a minimização de impactos ambientais e a economia de energia resultam da 
operacionalização da bolsa de resíduos (BIDONE; POVINELLI, 1999). Em 
outras palavras, proporciona a conexão entre diversas organizações, as quais, 
juntas, podem melhor utilizar recursos e colaborar para a economia circular e 
para o meio ambiente (FIRJAN, 2022).
NOVAS DESCOBERTAS
De acordo com Luz (2017), a economia circular consiste nos seguintes 
pensamentos: os resíduos devem ser tratados como recursos; a cole-
ta, triagem e reciclagem devem ser atividades rotineiras; os produtos 
e materiais devem ser concebidos visando uma possível reutilização 
e transformação em novas matérias-primas ou em outros produtos. 
Saiba mais sobre a economia circular acessando este QR Code.
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177
Abordaremos, agora, os métodos de tratamento de resíduos sólidos. Em uma 
discussão inicial, devemos levar em consideração que, dada a diversidade de resíduos, 
não existe um processo de tratamento pré-estabelecido, havendo sempre a necessida-
de de realizar pesquisas e desenvolver processos que sejam econômica e ambiental-
mente viáveis. Além disso, o gerador deve classificar seus resíduos e tratá-los segundo 
as suas características, seguindo as legislações e normas técnicas vigentes. Assim, 
quando pensamos em um método de tratamento para resíduos sólidos, a alternativa 
a ser adotada deve abordar alguns aspectos como, por exemplo, as características e a 
classificação do resíduo sólido; os custo de implantação e operação; a disponibilidade 
financeira dos agentes envolvidos; a capacidade de atender às exigências legais; e a 
quantidade e capacitação técnica de recursos humanos.
Logo, os tratamentos aplicados aos resíduos podem ser entendidos como pro-
cessos que alteram as suas características, visando à minimização ou eliminação 
dos riscos à saúde pública e ao ambiente, à redução do volume e periculosidade, 
ao atendimento à legislação vigente e à recuperação energética quando possível. 
Nesse contexto, estudaremos alguns dos diversos métodos de tratamento aplica-
dos aos resíduos sólidos, incluindo os tratamentos térmicos, físico-químicos e 
químicos e biológicos, incluindo os passíveis de aproveitamento energético.
UNIDADE 4
UNIDADE 4
178
Iniciaremos a nossa discussão acerca dos tratamentos térmicos. Assim, de 
acordo com a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONA-
MA) nº 316/2002, a qual dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcio-
namento de sistemas de tratamento térmico de resíduos, esse método de trata-
mento se refere ao processo cuja operação seja realizada acima da temperatura 
mínima de 800 °C (oitocentos graus Celsius) (CONAMA, 2002a). 
Adicionalmente, Vilhena (2010) explica que os tratamentos térmicos po-
dem ser classificados como de alta ou de baixa temperatura, sendo que os 
de alta temperatura objetivam, principalmente, a redução significativa da sua 
massa e de seu volume, bem como sua assepsia, promovendo eliminação de 
organismos patogênicos. A energia contida nesses resíduos pode ser parcial-
mente aproveitada, podendo gerar energia elétrica ou térmica ou combustí-
veis alternativos, auxiliando na redução do custo operacional do tratamento 
térmico. Os tratamentos de baixa temperatura visam à assepsia do resíduo 
sólido, razão pela qual são empregados somente para o tratamento de resíduos 
de serviços de saúde (RSS).
Entre os processos de tratamento térmico em alta temperatura, a incineração 
é o mais difundido. Países com pequena disponibilidade para aterro apresentam 
um grande número de unidades em operação (VILHENA, 2010). A incineração 
é definida como o processo de redução de peso e volume dos resíduos sólidospor meio de combustão controlada (LIMA, 2004). A ABNT NBR 11175:1990, 
a qual a fixa as condições exigíveis de desempenho do equipamento para inci-
neração de resíduos sólidos perigosos, exceto aqueles assim classificados apenas 
por patogenicidade ou inflamabilidade, define a incineração de resíduos sólidos 
como o “processo de oxidação à alta temperatura que destrói ou reduz o volume 
ou recupera materiais ou substâncias” (ABNT, 1990, p. 1).
Na incineração, ocorre a redução significativa da massa ou do peso (70%) e 
do volume (90 a 98% do volume original) do resíduo sólido (VILHENA, 2010; 
OLIVEIRA, 2020). A combustão de resíduos ocorre em incineradores, que po-
dem ser de diferentes tipos, que, geralmente, empregam o oxigênio como agente 
oxidante (LIMA, 2004). O processo de incineração, em geral, gera poluentes no 
estado sólido, líquido e gasoso, como cinzas de fundo, cinzas volantes ou ma-
terial particulado — arrastadas junto com as cinzas de fundo, são compostas, 
principalmente, por materiais inorgânicos presentes nos resíduos, como metais 
e vidros fundidos, e de matéria orgânica não queimada. 
179
As lamas são provenientes dos sistemas de tratamento de efluentes líquidos do sistema 
de limpeza dos gases de combustão, as quais podem conter matéria orgânica, me-
tais pesados e outros. Assim, os resíduos sólidos gerados na unidades de incineração 
podem ser reaproveitados antes do envio à disposição final, reciclando-se parte dos 
compostos contidos neles, como, por exemplo, a recuperação e reutilização dos metais 
contidos nas cinzas ou nas lamas como matéria-prima para outros processos (VI-
LHENA, 2010). No entanto, lembre-se de que, antes do seu reaproveitamento ou sua 
disposição final, esses resíduos devem ser caracterizados e classificados quanto à sua 
periculosidade, conforme estabelecido na ABNT NBR 10004:2004 (ABNT, 2004a).
O procedimento de separação na fonte geradora, por meio da coleta seletiva e 
logística reversa, e na remoção antes de o incinerador ser alimentando com o resíduo 
deve ser adotado como primeira ação estratégia para controlar a geração ou formação 
de poluentes tóxicos (VILHENA, 2010). O processo enfrenta barreiras em muitos 
países devido a críticas relacionadas à geração de poluentes atmosféricos, visto que 
demanda monitoramento e investimento para controle e tratamento, é um método 
complexo, além de apresentar alto custo de implantação e manutenção, podendo 
custar até 50% a mais do que a disposição em aterros. Embora seja considerado um 
método oneroso, o encerramento de atividades de incineração é simples e barato 
quando comparado ao encerramento de um aterro sanitário (OLIVEIRA, 2020). 
Por fim, o avanço da tecnologia em sistemas de controle da poluição atmosférica 
permite que os incineradores alcancem e até ultrapassem metas estabelecidas pela 
legislação ambiental, tornando-se um método seguro para a destinação dos resí-
duos e a geração de energia elétrica e térmica, podendo ser considerados uma fonte 
de energia renovável (OLIVEIRA, 2020). Assim, é possível investir na geração de 
energia por meio do processo, diminuindo a dependência de combustíveis fósseis, 
sendo necessária a manutenção periódica adequada dos equipamentos de controle 
da poluição para evitar poluição atmosférica, além de treinamento dos profissionais 
que operam os incineradores (SILVEIRA, 2018; OLIVEIRA, 2020).
UNIDADE 4
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180
No processo de coprocessamento, a Resolução CONAMA nº 499/2020 
dispõe sobre o licenciamento da atividade de coprocessamento de resíduos 
em fornos rotativos de produção de clínquer, definindo esse método de trata-
mento de resíduos sólidos como a “destinação final ambientalmente adequada 
que envolve o processamento de resíduos sólidos como substituto parcial de 
matéria-prima e/ou de combustível no sistema forno de produção de clín-
quer, na fabricação de cimento (CONAMA, 2020a, p. 1). Assim, esse tipo de 
tratamento ocorre em altas temperaturas em fornos de cimenteiras, sendo que 
as cinzas são incorporadas ao clínquer, sendo esse o componente básico do 
cimento, constituído, principalmente, por silicato tricálcico, silicato dicálcico, 
aluminato tricálcico e ferroaluminato tetracálcico (CONAMA, 2020a). 
Destacamos que os principais resíduos passíveis de tratamento por copro-
cessamento são (SILVEIRA, 2018; CONAMA, 2020a): resíduos sólidos urbanos, 
resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços e os resíduos dos 
serviços públicos de saneamento básico, desde que sejam previamente submetidos 
à triagem, à classificação ou ao tratamento; resíduos de serviços de saúde, incluindo 
medicamentos, resíduos provenientes do processo de produção da indústria far-
macêutica e os que tenham sido descaracterizados em razão de submissão a trata-
mento que altere suas propriedades físicas, físico-químicas, químicas ou biológicas; 
serragem e madeira contaminada; borras oleosas de processos petroquímicos e de 
fundo de tanques de combustíveis e produtos inflamáveis; resíduo têxtil e Equi-
pamentos de Proteção Individuais (EPIs) contaminados; elementos filtrantes de 
filtros de combustíveis e lubrificantes; solo contaminado; lodo de caixa separadora 
de óleo com mais de 5% de hidrocarbonetos derivados de petróleo ou até 70% de 
umidade; materiais contaminados com tintas solventes; papel, papelão e plásticos 
contaminados com óleos lubrificantes, solventes ou combustíveis.
Você não acha que destinar resíduos orgânicos para incineração inviabiliza sua reciclagem 
e transformação em fertilizante orgânico ou biogás? Sabemos que uma das vantagens 
dessa tecnologia é a diminuição do volume e da periculosidade dos resíduos, no entanto, 
trata-se de uma tecnologia indicada para resíduos que não são passíveis de reciclagem 
ou tratamento biológico. Afinal, temos que seguir a ordem de prioridade na gestão e no 
gerenciamento de resíduos! Lembre-se disso!
PENSANDO JUNTOS
181
A listagem dos resíduos sólidos não passíveis de coprocessamento é estabe-
lecida no Anexo II da Resolução CONAMA nº 499/2020, incluindo resíduos 
radioativos e explosivos, tal como combustíveis e matérias-primas alternativos, 
resíduos passíveis de reciclagem, resíduos da construção civil, entre outros. Pes-
quise por “Resolução CONAMA nº 499/2020” e fique por dentro.
A pirólise se trata de um processo de decomposição química por calor na 
ausência de oxigênio. O processo ocorre em reator pirolítico; em geral, a tempe-
ratura no reator varia de 300 a 1.600 °C, os resíduos são secos pela passagem dos 
gases oriundos da zona pirolítica, e, nesta, são submetidos aos processos de volati-
lização, oxidação e fusão. Trata-se de um processo de reação endotérmica, assim o 
balanço energético do sistema é sempre positivo, pois produz mais energia do que 
consome. O material pirolisado resulta em subprodutos como gases, composto 
por hidrogênio, metano e monóxido de carbono; combustível líquido, composto 
por hidrocarbonetos, álcoois e ácidos orgânicos com baixo teor de enxofre; o char, 
um material sólido constituído por carbono quase puro; e, ainda, vidros, metais e 
outros materiais inertes (cinzas), os quais são considerados os resíduos do processo 
e podem ser segregados, obtendo-se, principalmente, vidros e metais (LIMA, 2004).
NOVAS DESCOBERTAS
Conheça uma usina de pirólise acessando este QR Code.
Especificamente para os resíduos de serviços de saúde (RSS) biológicos 
do Grupo A, estes devem ser submetidos a tratamento, utilizando processos 
que vierem a ser validados para a obtenção de redução ou eliminação da carga 
microbiana. Após o tratamento, os rejeitos devem ser encaminhados para dis-
posição final ambientalmente adequada, no caso, em aterros, que podem ser 
aterros sanitários caso sejam licenciados para o recebimento desses rejeitos. 
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vi-
gilância Sanitária (ANVISA) nº 222/2018 (ANVISA, 2018) e a Resolução 
CONAMA nº 358/2005 (CONAMA, 2005) estabelecem as diretrizes quanto 
ao tratamentoe à disposição final dos RSS.
UNIDADE 4
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UNIDADE 4
182
Assim, para os RSS biológicos do Grupo 
A, além da incineração, método mais utiliza-
do no Brasil para tratamento desse tipo de 
resíduo, também são utilizados os tratamen-
tos por esterilização a vapor em autoclave 
e micro-ondas (ABRELPE, 2022). Ressal-
tamos que os poluentes gasosos gerados 
nos métodos de tratamento térmico aqui 
discutidos, incluindo as suas características e 
os métodos de controle, serão estudados em 
maiores detalhes na Unidade 5.
O tratamento por micro-ondas ou este-
rilização por radiação não-ionizante se tra-
ta de um método fundamentado nas radiações 
eletromagnéticas de frequência igual ou inferior 
à ultravioleta. A eliminação dos microrganis-
mos decorre de efeitos térmicos, como o aqueci-
mento pela transformação da energia em calor 
— temperaturas entre 95 e 105 °C —, e não-
-térmicos, devido à interação direta do campo 
eletromagnético da radiação e os próprios mi-
crorganismos (BIDONE; POVINELLI, 1999).
O processo de autoclavagem ou esterili-
zação a vapor em autoclave consiste em um 
sistema de alimentação que conduz os resíduos 
até uma câmara estanque em que se faz vácuo 
e injeta vapor d݇gua sob determinadas condi-
ções de pressão. Os períodos de exposição co-
nhecidos para esterilização para RSS embalados 
são de 30 minutos a 121°C até 4 minutos a 132 
°C em autoclave de exaustão a vácuo (BIDONE; 
POVINELLI, 1999). No Quadro 2, apresenta-
mos algumas das vantagens e desvantagens re-
lacionadas aos métodos de tratamento térmico 
de resíduos sólidos.
183
Tratamento 
térmico
Vantagens Desvantagens
Incineração
- Redução de peso e volume, 
diminuindo a quantidade de 
resíduos encaminhados aos 
aterros. 
- Aproveitamento energético. 
- Esterilização dos resíduos, 
pois destrói vírus e bactérias 
presentes nos resíduos devi-
do às altas temperaturas. 
- Destoxicação, destruição de 
resíduos orgânicos tóxicos.
- Custo elevado de 
instalação e operação, 
porém se aproxima do 
custo de disposição de 
aterros sanitários em 
grandes cidades. 
- Exigência de mão de 
obra qualificada. 
- Geração de resíduos 
sólidos, efluentes líqui-
dos e poluentes atmos-
féricos.
Coprocessamento
- Aproveitamento energético. 
- Redução de emissão de 
substâncias poluentes, 
gases de efeito estufa, entre 
outros. 
- Eliminação ou redução da 
necessidade de disposição 
final de resíduos.
- Geração de poluentes 
atmosféricos. 
- Volatilização de metais 
pesados. 
- Risco de acidentes 
durante o transporte 
de resíduos perigosos 
da fonte geradora até 
o local em que serão 
queimados.
Pirólise
- Aproveitamento energético. 
- Geração de subprodutos 
utilizados no processo ou em 
outros. 
- Sistema com instalações 
compactas. 
- Capacidade de operar 
com resíduos mais úmidos, 
permitindo fundir e vitrificar 
certos resíduos inorgânicos.
- Custo elevado de ins-
talação e operação.
- Geração de resíduos 
sólidos e poluentes 
atmosféricos.
UNIDADE 4
UNIDADE 4
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Tratamento 
térmico
Vantagens Desvantagens
Esterilização por 
radiação não 
ionizante do tipo 
micro-ondas
- Ausência de geração de 
efluentes líquidos, poluentes 
atmosféricos, e não emite 
odores ou ruídos. 
- Rigorosa desinfecção. 
- Não há adição de produtos 
químicos. 
- Manutenção de baixo 
custo.
- Custo operacional 
relativamente alto.
- Não reduz o volume 
dos resíduos, a não 
ser que haja trituração 
prévia.
Esterilização a va-
por em autoclave
- Custo operacional relativa-
mente baixo. 
- Manutenção relativamente 
fácil e barata. 
- Não emite poluentes 
atmosféricos, e o efluente 
líquido é estéril. 
- Não há garantia de 
que o vapor d݇gua 
atinja todos os pontos 
da massa de resíduos, 
salvo se houver uma 
adequada trituração 
prévia à fase de desin-
fecção. 
- Não reduz o volume 
dos resíduos, a não 
ser que haja trituração 
prévia. 
- Processo em batela-
da, não permitindo um 
serviço continuado de 
tratamento, não ade-
quado para tratamento 
de grande volume de 
resíduos de uma vez só.
Quadro 2 - Vantagens e desvantagens dos métodos de tratamento térmico de resíduos sólidos
Fonte: adaptado de Monteiro et al. (2001), Lima (2004) e Vilhena (2010).
Podemos observar que os diversos tipos de tratamento térmicos levam a van-
tagens e desvantagens características do método empregado. É importante que 
se tenha conhecimento a respeito das possibilidades para que se decida pela 
metodologia mais adequada e compatível com as características do resíduo e a 
realidade do gerador, atendendo às legislações e normas técnicas relacionadas. 
185
A respeito dos tratamentos físico-químicos e químicos, alguns métodos de 
tratamento químico são aplicados, especificamente, para os resíduos de ser-
viços de saúde (RSS), como, por exemplo, a desinfecção com desinfetantes 
líquidos, em que os mais utilizados são o cloro e os seus compostos, o iodo, o 
mercúrio, o nitrato de prata, os compostos fenólicos, os álcoois e os compostos 
de amônia. Todavia, perdem sua eficácia na presença de grandes quantidades 
de material orgânico, não sendo aplicáveis na desinfeção de peças anatômicas 
(BIDONE; POVINELLI, 1999).
Um exemplo de tratamento físico-químico se trata do processo de estabi-
lização/solidificação (E/S) de resíduos sólidos ou encapsulamento. Bidone 
e Povinelli (1999) explicam que a estabilização induz trocas químicas no 
constituinte de um resíduo, transformando-o em formas menos solúveis e 
tóxicas por meio de reações químicas que fixam elementos ou compostos tó-
xicos em polímeros impermeáveis ou em cristais estáveis, evitando a lixiviação 
de compostos perigosos no meio ambiente. Por outro lado, a solidificação 
produz uma massa sólida monolítica de um resíduo, melhorando a sua inte-
gridade estrutural e as suas características físicas, permitindo que o material 
possa ser facilmente manuseado e transportado. 
UNIDADE 4
UNIDADE 4
186
Assim, o processo de E/S de resíduos sólidos se trata de uma técnica empre-
gada para o tratamento e a disposição destes e consiste em imobilizar o resíduo 
dentro de uma matriz solidificada, com grande integridade estrutural, que garanta 
que o resíduo permaneça fixo mecanicamente em sua microestrutura, podendo 
ou não ocorrer uma interação química (PINTO, 2005). Nesse tipo de tratamen-
to, comumente, emprega-se um fixador (aglomerante) como agente solidificante, 
sendo as principais técnicas baseadas na adição de cimento, cal, asfalto, polímero, 
cimento-polímero, cinza volante e escória de alto forno granulada, tal como outros 
materiais pozolânicos, como argila usada no processo de fabricação da cerâmica 
vermelha, inserção do resíduo em materiais plásticos ou termofixos, entre outros 
(BIDONE; POVINELLI, 1999; BREHM et al., 2013).
Entre os aglomerantes citados, o mais empregado é o cimento, pois as reações 
químicas são ativadas somente pela água (reações de hidratação), ocorrendo à tempe-
ratura ambiente, e o seu endurecimento, que leva à formação de uma microestrutura 
sólida, ocorre em algumas horas. A capacidade de fixação de uma matriz de cimento 
e a durabilidade do método de encapsulamento, assim como ocorre no concreto de 
cimento, depende da quantidade de água empregada, pois ela é um dos determinantes 
da estrutura de poros dessa matriz (BREHM et al., 2013).
Outros fatores que influenciam na fixação podem ser a quantidade de re-
síduo a ser adicionado ao cimento/concreto, o tipo de cimento empregado e 
as condições ambientais ao qual o material solidificado é exposto, entre outros 
fatores. Por exemplo, a E/S não é recomendável para resíduos com mais de 10 
a 20% de constituintes orgânicos, uma vez que eles interferem nos processos 
físico-químicos importantes para manter agregados os resíduos (BIDONE; 
POVINELLI, 1999; BREHM et al., 2013).
187
Prezado(a) aluno(a), discutiremos, agora, sobre o tratamento biológico de resí-
duos sólidos. Inicialmente, torna-se importante relembrarmos o que discutimos 
na Unidade 3 acerca dos resíduos orgânicos,os quais representam cerca de 50% 
dos resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados no Brasil, portanto são resíduos 
com a particularidade de poder ser tratados por diferentes métodos em qualquer 
escala, desde a doméstica até a industrial, que incluem a compostagem, a vermi-
compostagem e a digestão anaeróbia. No entanto, os municípios brasileiros têm 
tido, de maneira geral, dificuldades para explorar esse potencial como política 
pública, visto que os resíduos orgânicos domésticos, por exemplo, em geral, são 
dispostos em aterros sanitários ou em locais inadequados (BRASIL, 2018).
De acordo com a Resolução CONAMA nº 481/2017, a qual estabelece 
critérios e procedimentos para garantir o controle e a qualidade ambiental do 
processo de compostagem de resíduos orgânicos, entende-se por compostagem 
o processo de degradação biológica controlada dos resíduos orgânicos efetuado 
por uma população diversificada de organismos, em condições aeróbias — com 
a presença de oxigênio —, resultando em material estabilizado, com proprieda-
des e características completamente diferentes daquelas que lhe deram origem 
(BIDONE; POVINELLI, 1999; CONAMA, 2017). Trata-se de método simples, 
seguro, que garante um produto uniforme, pronto para ser utilizado nos cultivos 
de plantas e que pode ser realizado tanto em pequena — doméstica —, média 
— comunitária, institucional — ou grande escala — municipal, industrial (BRA-
SIL, 2018). São diversos os resíduos que podem ser tratados por esse processo, 
como resíduos orgânicos in natura ou após passarem por algum tratamento. No 
entanto, resíduos perigosos, lodo de estações de tratamento de efluentes de esta-
belecimentos de serviços de saúde, de portos e aeroportos e lodos de estações de 
tratamento de esgoto sanitário, quando classificado como resíduo perigoso, não 
podem ser tratados por meio do processo de compostagem (CONAMA, 2017).
É um processo no qual se procura reproduzir algumas condições ideais — de 
temperatura, umidade, oxigênio e de nutrientes, especialmente, carbono e nitro-
gênio — para favorecer e acelerar a degradação dos resíduos de forma segura — 
evitando a atração de vetores de doenças e eliminando patógenos. A criação de 
tais condições ideais favorece que uma diversidade de microrganismos (bactérias 
e fungos) atuem, sucessiva ou simultaneamente, na degradação acelerada dos resí-
duos, tendo como resultado final um material de cor e textura homogêneas, com 
características de solo e húmus, denominado composto orgânico (BRASIL, 2018).
UNIDADE 4
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188
Em média e grande escalas, é, normalmente, realizada em pátios em que 
os resíduos são dispostos em montes de forma cônica, conhecidos como pi-
lhas de compostagem, ou em monte de forma prismática com seção similar à 
triangular, denominados leiras de compostagem. Deve ser realizada nas faixas 
mesófilas (ou mesofílicas), de temperatura entre 45 e 55 °C, e termófilas (ou 
termofílicas), acima de 55 °C, sendo que temperaturas acima de 65 °C são 
desaconselháveis, uma vez que, se mantidas por longos períodos, eliminam 
os microrganismos bioestabilizadores responsáveis pela transformação do 
material bruto em húmus. O aquecimento das pilhas/leiras de compostagem 
ocorre naturalmente, pois o metabolismo dos microrganismos é exotérmico, 
assim o controle da faixa ideal de temperatura é realizado por meio do re-
volvimento do material em processamento ou de sua irrigação ou de ambos 
(BIDONE; POVINELLI, 1999). Logo, o processo de compostagem pode ser 
classificado quanto ao processamento em (KIEHL, 1979 apud LIMA, 2004):
 ■ Estático ou natural: no qual se consegue a aeração necessária para o 
processo por revolvimentos periódicos, com auxílio de equipamento 
apropriado — manual com o uso de pás, por exemplo, ou mecânico, 
utilizando máquinas agrícolas, como trator com pá carregadeira ou, 
até mesmo, revolvedor de leiras, entre outros —, ou seja, as pilhas/leiras 
devem ser revolvidas para mistura dos materiais, homogeneização de 
temperatura e aeração. 
 ■ Dinâmico ou acelerado: a aeração é contínua, controlada por sopra-
dores, por tubulações perfuradas e outros.
Destaca-se, ainda, no processo de compostagem estático ou natural, as leiras 
estáticas aeradas, sendo um dos tipos mais difundidos no Brasil (BIDONE; 
POVINELLI, 1999), tal como as leiras estáticas com aeração passiva, que 
não exigem revolvimentos ou tombamentos durante sua operação, e a aeração 
se dá por convecção natural, em que o ar quente escapa pelo topo da leira, e o 
ar frio é sugado pela base permeável da leira. Esse método se difere de outros 
pela ausência de equipamentos para a aeração forçada ou de revolvimentos 
do material para aeração da leira (BRASIL, 2018).
Para entender o que acontece em uma leira termofílica de compostagem, 
pode-se dividir o processo de compostagem em: fase ativa e fase de matura-
ção. Cada fase dura um determinado tempo, durante o qual há o predomínio de 
189
diferentes microrganismos, em diferentes temperaturas e processos químicos 
específicos, conforme descrito a seguir (BRASIL, 2018).
A fase ativa compreende as fases inicial, termofílica, até quase o final 
da mesofílica e apresenta uma duração média de 90 dias. Também chamada 
de fase de degradação, caracteriza-se pelas reações bioquímicas de oxirredu-
ção e pela rápida decomposição dos polissacarídeos e das proteínas, que se 
transformam em açúcares simples e aminoácidos. Nessa fase, ocorre a maior 
redução do volume e peso da leira de compostagem pela liberação de calor, 
gás carbônico (CO2) e água.
A fase inicial pode durar de 15 a 72 horas e se caracteriza pela liberação 
de calor e elevação rápida da temperatura até atingir 45 °C. Isso acontece pela 
expansão das colônias de microrganismos mesófilos e intensificação da ação 
de decomposição. A fase termofílica se inicia no momento em que a tem-
peratura se eleva acima de 45°C, predominando a faixa de 50 a 65°C, quando 
se dá a plena ação de microrganismos termófilos, com intensa decomposição 
de material e liberação de calor e de vapor d’água. A aeração se intensifica, 
pois o ar quente — mais leve — se eleva, favorecendo a entrada de ar mais frio 
por baixo da leira — processo de convecção. Na fase mesofílica, acontece a 
diminuição da temperatura pela redução da atividade dos microrganismos, 
degradação de substâncias orgânicas mais resistentes e perda de umidade. 
Enquanto a fase termofílica é dominada por bactérias. Desta fase em diante, 
os fungos actinomicetos têm papel igualmente relevante.
Na fase de maturação, ocorre a formação de húmus, quando a atividade 
dos microrganismos diminui, e o composto perde a capacidade de auto aque-
cimento. A partir dessa fase, a decomposição se processa muito lentamente e 
prosseguirá até a aplicação do composto no solo, liberando nutrientes. Por-
tanto, é nessa fase que ocorre a humificação da matéria orgânica — formação 
de húmus — e a decomposição dos ácidos orgânicos e de partículas maiores 
e mais resistentes, como celulose e lignina. Caracteriza-se pela neutralização 
do pH, pela redução da relação carbono/nitrogênio e pelo aumento da capaci-
dade de troca catiônica (CTC), que indica a capacidade do solo ou composto 
orgânico de disponibilizar cátions para as plantas. Por fim, o composto ob-
tido a partir da compostagem se trata de um produto estabilizado, podendo 
ser caracterizado como fertilizante orgânico, condicionador de solo e outros 
produtos de uso agrícola (CONAMA, 2017).
UNIDADE 4
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A vermicompostagem é um tipo de compostagem em que se utilizam as mi-
nhocas para digerir a matéria orgânica. As minhocas são vermes, assim, do termo 
em inglês vermicomposting, esse processo foi denominado vermicompostagem 
(BIDONE; POVINELLI, 1999).
O resíduo orgânico que serve como alimento para minhocas, ao passar por 
seu trato digestivo, sofre transformações que favorecem a formação de matéria 
orgânica estabilizada, ou seja, de adubo orgânico conhecido como húmus de 
minhoca ou vermicomposto (AQUINO, 2009). Trata-sede um processo que 
ocorre em dois estágios: primeiro, a matéria orgânica é compostada por meio da 
contagem convencional, com redução de microrganismos patogênicos e retorno 
à condição de temperatura. Após a estabilização da temperatura, faz-se, então, a 
inoculação com as minhocas. 
As minhocas só podem ser introduzidas no material a ser vermicompostado 
quando a temperatura estiver entre 20 e 28 °C ou, ainda, atingir cerca de 30 °C — mor-
na ao tato. Dessa forma, torna-se necessário preparar os resíduos antes de colocar as 
minhocas, pois, devido à alta temperatura, elas podem fugir ou morrer. Logo, além da 
temperatura, as condições ótimas para a vermicompostagem são estabelecidas ao se 
considerar diversos fatores: umidade, aeração — que estabelece o nível de oxigenação 
—, relação carbono/nitrogênio — concentração de nutrientes —, pH e tamanho das 
partículas (BIDONE; POVINELLI, 1999; LIMA, 2004; AQUINO, 2009).
191
Esse processo, geralmente, é feito em local fechado e coberto. Assim, o pro-
cesso ocorre em canteiros, os quais facilitam em termos de organização, mas, a 
depender do objetivo da vermicompostagem, podem ser dispensados, e os resí-
duos, colocados diretamente no solo, pois, se as condições de alimento (resíduos) 
e a umidade estiverem boas, as minhocas não fugirão.
NOVAS DESCOBERTAS
Obtenha maiores informações sobre a compostagem termofílica em leiras estáticas 
com aeração passiva, sobre os tipos de canteiros e, também, sobre a vermicompos-
tagem ao acessar os QR Codes:
 Compostagem termofílica Vermicompostagem 
As espécies mais adaptadas à e mais utilizadas para a vermicompostagem são as 
epigeicas, como as espécies Eisenia foetida, Eisenia andrei e Eudrilus eugeniae, por 
se alimentarem de resíduos orgânicos semicrus, terem alta capacidade de prolifera-
ção e crescimento muito rápido. As duas primeiras espécies são conhecidas como 
vermelha-da-Califórnia e noturna africana (AQUINO, 2009). O tempo para que o 
vermicomposto fique pronto varia conforme a composição original dos resíduos, 
mas, em geral, os períodos de vermicompostagem são de 60 a 90 dias. Assim como o 
composto orgânico obtido na compostagem, o principal uso do vermicomposto é na 
agricultura, como corretivo e fertilizante de solos, podendo ser utilizado em qualquer 
tipo de cultura (BIDONE; POVINELLI, 1999; AQUINO, 2009).
O uso de minhocários para tratar resíduos orgânicos é muito adotado em apartamentos ou 
outros locais com restrição de espaço pela sua praticidade e tamanho. Eles possuem algu-
mas restrições quanto aos resíduos que, em grandes quantidades, podem ser prejudiciais 
às minhocas, como restos de carnes, cítricos, alimentos cozidos ou com alto teor de sal. 
Fonte: adaptado de Brasil (2018).
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Por fim, alguns resíduos podem ser utilizados para obtenção de energia térmica, 
elétrica e, até mesmo, veicular por meio do aproveitamento energético, o qual 
pode ser direto ou indireto (CALIJURI; CUNHA, 2013):
 ■ Aproveitamento direto: os resíduos são usados diretamente como 
fonte de energia, podendo passar, antes, por alguns processos simples 
de tratamento, como secagem para remoção da umidade, compactação, 
moagem ou trituração, podendo ocorrer em separado ou conjuntamente. 
São exemplos: a queima de resíduos de madeira (cavaco) em caldeira, em 
termelétricas, briquetagem e a peletização, entre outros.
 ■ Aproveitamento indireto: os resíduos são convertidos por via química 
ou biológica em outros materiais, os quais são empregados como fonte 
de energia. São exemplos: os tratamentos térmicos de alta temperatura, 
como discutimos anteriormente, e a digestão anaeróbia.
Nesse contexto, a necessidade de aproveitamento energético de resíduos tem dado 
especial destaque à aplicação na produção de biocombustíveis sólidos. Assim, as tec-
nologias de briquetagem e de peletização são capazes de transformar a biomassa 
residual na sua forma moída em blocos compactos com diversas dimensões. O 
briquete e o pélete (ou pellet) (Figura 2), produtos da briquetagem e peletização, 
respectivamente, podem ser utilizados, normalmente, para gerar energia térmica, 
como queima em fornos, caldeiras, lareiras e fogões (EMBRAPA, 2012).
193
Descrição da Imagem: a imagem ilustra, do lado esquerdo, os briquetes, blocos compactos de biomassa 
residual em formato cilíndrico de diversos tamanhos, quanto ao diâmetro e ao comprimento, e, do lado 
direito, blocos menores representando os péletes.
Figura 2 - Briquetes à esquerda e péletes à direita
A energia da biomassa é considerada uma fonte de energia renovável, fazendo parte da 
matriz energética brasileira e mundial. Logo, considera-se biomassa toda matéria orgânica, 
de origem animal ou vegetal, pré-existente na natureza ou gerada como consequência de 
uma ação antrópica, que não se encontra em estado fossilizado. As principais fontes de 
biomassa utilizadas atualmente são bagaço da cana-de-açúcar, lenha, carvão vegetal, óleos 
vegetais e, ainda, resíduos agrossilvopastoris, principalmente, agrícolas, com os resíduos de 
culturas, resíduos sólidos urbanos, como de poda de gramas e árvores, entre outros. 
Fonte: adaptado de EPE ([2022]) e Mauad, Ferreira e Trindade (2017).
EXPLORANDO IDEIAS
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Os briquetes e péletes se diferenciam apenas por características como densida-
de, diâmetro e comprimento. Podem ser produzidos a partir de todo o tipo de 
biomassa, como biomassa de origem florestal, nas formas de serragem ou pe-
quenos cavacos originários de florestas plantadas, que é a mais largamente usada 
no Brasil e no mundo; resíduos agrossilvopastoris, industriais e urbanos — 
como as podas de árvores —; resíduos da produção de grãos como soja, milho, 
algodão; da indústria de beneficiamento de arroz; bagaço de cana-de-açúcar; 
entre outros (EMBRAPA, 2012). Ainda, um resíduo que pode ser transformado 
por meio de secagem térmica em péletes é o lodo de estações de tratamento de 
efluentes, podendo ser utilizado em caldeiras, aquecedores industriais, fornos de 
cimentos e outros, sendo que a concentração de sólidos dos péletes varia de 65 
a 95% e umidade de 5 a 35% (ANDREOLI; SPERLING; FERNANDES, 2014).
A digestão anaeróbia é uma tecnologia de tratamento aplicada a uma 
ampla variedade de substratos orgânicos. Trata-se de um processo em que 
diversos grupos de microrganismos que requerem condições específicas e, 
na ausência de oxigênio, trabalham interativamente na conversão da matéria 
orgânica complexa em biogás, água e novas células bacterianas (CHERNI-
CHARO, 2016; KHALID et al., 2011; RAPOSO et al., 2011). 
Esses substratos são, em sua maioria, resíduos provenientes de processos pro-
dutivos, tais como dejetos da produção de animais, resíduos sólidos das indústrias 
e da agricultura, fração orgânica de resíduos sólidos urbanos, entre outros. De-
pendendo do contexto local e da legislação pertinente, podem, ainda, ser aprovei-
tadas as culturas energéticas, que são espécies vegetais cultivadas especificamente 
para a geração de energia (EDWIGES; MULLER; MARTINEZ, 2020).
195
O termo substrato se refere a toda fonte de matéria orgânica aproveitada no processo de 
digestão anaeróbia. A principal fonte de substratos são os resíduos orgânicos. Nem todo 
substrato, porém, é um resíduo, como é o caso das culturas energéticas ou biomassa de-
dicada, ou seja, plantas produzidas unicamente para a geração de energia. 
Fonte: adaptado de Edwiges, Muller e Martinez (2020).
EXPLORANDO IDEIAS
O biogás, principal produto da digestão anaeróbia, é definido como o “gás 
bruto obtido da decomposição biológica de resíduos orgânicos” (ANP, 2015, 
on-line). Ele é composto, principalmente, por metano (CH4) — 55 a 70% em 
volume — e dióxido de carbono (CO2) — 25 a 50% —; outros componentes 
em menor proporção como água (H2O) — 1 a 5% —, nitrogênio (N2) — 0 a 
5% —, oxigênio (O2) — 1 a 5% —; e traços de outrosgases, como sulfeto de 
hidrogênio (H2S) — 0 a 0,5 ppm (parte por milhão) —, amônia (NH3) — 0 a 
0,05% — e hidrogênio (H2) — menor do que 1% (DEUBLEIN; STEINHAU-
SER, 2008; FRIEHE; WEILAND; SCHATTAUER, 2010).
Assim, devido à presença majoritária de metano (CH4) em sua composi-
ção, o biogás se caracteriza como um gás energético, configurando-se como 
um biocombustível com grande potencial de ampliar a participação das ener-
gias renováveis na matriz energética brasileira. Destacamos que a composição 
do biogás é influenciada, principalmente, pelos substratos utilizados, pelas 
técnicas e tecnologias utilizadas no processo de digestão anaeróbia.
Além do biogás, um subproduto líquido também é gerado durante a 
digestão anaeróbia, ou seja, o material digerido, denominado digestato, o 
qual contém uma série de nutrientes que estavam presentes nos substratos, 
como, por exemplo, nitrogênio, fósforo, potássio e uma série de outros mi-
nerais que, a depender das suas condições — concentração dos nutrientes, 
temperatura e ausência de organismos patogênicos — podem ser aprovei-
tados como biofertilizante na agricultura (EDWIGES; MULLER; MAR-
TINEZ, 2020) ou, até mesmo, como combustível sólido para a geração de 
calor (FEAM, 2015).
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Entende-se que todo biofertilizante pode ser considerado um digestato, 
porém nem todo digestato pode ser considerado um biofertilizante. As le-
gislações auxiliam na caracterização e no enquadramento do digestato como 
um insumo com propriedades fertilizantes, por exemplo, no Brasil, podemos 
citar o Decreto nº 4.954/2004 (BRASIL, 2004) e a Instrução Normativa nº 
27/2006 da Secretaria de Defesa Agropecuária (BRASIL, 2006). Portanto, o 
digestato se refere a todo material orgânico, residual ou não, submetido à diges-
tão anaeróbia, com o intuito de tratar, estabilizar ou aproveitar os subprodutos 
resultantes desse bioprocesso. Já o biofertilizante é considerado um digestato 
com características fertilizantes de interesse agronômico. Pode ser aplicado em 
cultivos agrícolas, uma vez que apresente concentrações convenientes de macro 
e micronutrientes, elementos-traço, metais e microrganismos que atuem em 
harmonia com os organismos já existentes no solo, bem como com a cultura 
vegetal (EDWIGES; MULLER; MARTINEZ, 2020; BRASIL, 2015).
A digestão anaeróbia ocorre em quatro fases, em que microrganismos 
distintos participam do processo em cada fase e requerem condições es-
pecíficas, compreendendo a hidrólise, a acidogênese, a acetogênese e a 
metanogênese. No entanto, na presença de sulfato, pode-se incluir a fase de 
redução de sulfato e de formação de sulfetos, denominada sulfetogênese. A 
Figura 3 apresenta as fases da digestão anaeróbia, ilustrando a degradação 
da matéria orgânica para a produção de biogás, incluindo as possibilidades 
de aproveitamento energético do biogás e biometano, tal como o aproveita-
mento do digestato.
Podemos observar que, para que a digestão anaeróbia ocorra de forma ade-
quada, as reações bioquímicas são conduzidas em ambientes hermeticamente fe-
chados, denominados reatores anaeróbios, biorreatores ou biodigestores. Es-
ses compartimentos auxiliam no controle e monitoramento de algumas variáveis 
e se tornam fundamentais, influenciando diretamente o processo. Ressaltamos 
que é possível misturar mais de um substrato e/ou resíduos para alimentar um 
biodigestor. Esse procedimento de mistura é denominado codigestão anaeróbia. 
Quando possível, sugere-se a utilização de estratégias com o intuito de otimizar o 
processo, tais como realizar a mescla de substratos a fim de suprir com nutrien-
tes ou balancear a concentração de algum componente no meio reacional que 
possa implicar em distúrbios no sistema ou em problemas operacionais futuros 
(EDWIGES; MULLER; MARTINEZ, 2020).
197
Para que o biogás seja produzido dentro dos biorreatores, diversos microrganismos 
envolvidos no processo de digestão anaeróbia degradam os substratos (resíduos só-
lidos) a partir de uma sequência metabólica, a qual ocorre de forma simultânea 
dentro do biorreator. Assim, na primeira fase, a hidrólise, os componentes quími-
cos mais complexos (polímeros) presentes nos substratos são degradados em meio 
aquoso e convertidos em moléculas menores — monômeros, com poucos átomos de 
carbono em suas moléculas. Essa conversão ocorre por meio de enzimas excretadas 
pelas bactérias hidrolíticas, ocorrendo fora das células dos microrganismos. O tempo 
de duração da etapa de hidrólise varia de acordo com as características do substrato, 
Descrição da Imagem: a figura ilustra um fluxograma com blocos ligados sequencialmente por meio de 
setas para mostrar o processo de digestão anaeróbia. Inicialmente, o bloco “resíduos sólidos (substratos)” 
é ligado por uma seta no sentido da direita para a esquerda a um “reator anaeróbio”, local em que ocorre o 
processo de digestão anaeróbia, ilustrando a entrada do substrato no reator. Ligados e abaixo deste reator, 
encontram-se cinco blocos ligados sequencialmente por setas ilustrando as fases da digestão anaeróbia, a 
qual compreende a hidrólise, a acidogênese, a acetogênese, a metanogênese e a sulfetogênese. Os produ-
tos da digestão anaeróbia que saem do reator ligados por setas no sentido da direita para a esquerda são 
“biogás (fração gasosa)” e “digestato (fração sólida e líquida)”. O bloco “biogás” se liga por setas, no sentido 
da direita para esquerda, em energia elétrica, ilustrada por uma chama, e em “energia elétrica”, ilustrada 
por uma lâmpada. No sentido de cima para baixo, o bloco “biogás” se liga por uma seta ao bloco “biometano 
(purificação)”, o qual representa o produto da purificação do biogás, o biometano, por sua vez, liga-se por 
setas no sentido da direita para a esquerda em “energia térmica”, “energia elétrica” e “energia veicular”, 
representada por uma bomba de combustível. O bloco “digestato” se liga por setas no sentido da direita 
para a esquerda ao composto orgânico, ilustrado por um saco para acondicionamento do produto com o 
desenho de uma folha ao centro, e ao “biofertilizante”, ilustrado por um recipiente como uma garrafa na cor 
amarela e uma folha ao lado, imagens que remetem à sua futura aplicação na agricultura.
Figura 3 - Esquema simplificado do processo de digestão anaeróbia 
Fonte: adaptada de Edwiges, Muller e Martinez (2020). 
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sendo de poucas horas para carboidratos e alguns dias para proteínas e lipídios. No 
entanto, substratos lignocelulósicos — formados, principalmente, por celulose, he-
micelulose e lignina — são hidrolisados mais lentamente, muitas vezes, de maneira 
incompleta (CHERNICHARO, 2016; DEUBLEIN; STEINHAUSER, 2008).
Na acidogênese, os monômeros formados na hidrólise são metabolizados no 
interior das células das bactérias fermentativas acidogênicas, sendo convertidos em 
ácidos orgânicos de cadeia curta, ou seja, ácidos graxos voláteis como ácidos acético, 
propiônico e butírico, bem como sulfeto de hidrogênio, hidrogênio, amônia e dióxido 
de carbono, além de novas células bacterianas (CHERNICHARO, 2016; DEUBLEIN; 
STEINHAUSER, 2008; KUNZ; STEINMETZ; AMARAL, 2019). 
Na acetogênese, as bactérias acetogênicas são responsáveis pela oxidação dos 
produtos gerados na acidogênese em substrato apropriado para as bactérias meta-
nogênicas, que compreende hidrogênio, dióxido de carbono e acetato. 
Na metanogênese, as bactérias arqueas metanogênicas são divididas de acordo 
com suas vias metabólicas em acetoclásticas e hidrogenotróficas. As bactérias meta-
nogênicas acetoclásticas — por exemplo, as do gênero Methanosarcina — convertem 
acetato em metano, e as metanogênicas hidrogênotróficas — por exemplo, as do 
gênero Methanobacterium e Methanospirillum — convertem hidrogênio e dióxido 
de carbono em metano (CHERNICHARO, 2016).
Na fase final, na sulfetogênese, o sulfato, sulfito e outros compostos sulfurados 
são reduzidos a sulfeto, gerando sulfeto de hidrogênio por meio da ação das bacté-
rias redutoras de sulfatoou bactérias sulforedutoras. Assim, a capacidade de utilizar 
acetato e hidrogênio transforma as bactérias sulforedutoras em agentes competidores 
por substratos comuns aos das metanogênicas. Podemos destacar que a concentração 
de sulfato no meio define o processo predominante na utilização do acetato e hidro-
gênio. Portanto, essa fase pode ocorrer de forma significativa ou não dependendo 
da quantidade de sulfato no meio, ou, ainda, na ausência de sulfato, o processo de 
digestão anaeróbia ocorre sem a sulfetogênese (CHERNICHARO, 2016).
Os principais fatores que afetam a digestão anaeróbia, ou seja, os requisitos am-
bientais necessários são temperatura, pH, alcalinidade, ácidos orgânicos voláteis, 
umidade, nutrientes, relação carbono/nitrogênio (C/N), materiais tóxicos — sais e 
metais pesados —, natureza do inóculo — biomassa ativa de bactérias anaeróbias — e 
substrato, relação substrato/inóculo (S/I), configuração do reator, carga orgânica apli-
cada e tempo de detenção hidráulica (TDH) (CHERNICHARO, 2016; DEUBLEIN; 
STEINHAUSER, 2008; KHALID et al., 2011).
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NOVAS DESCOBERTAS
A Coletânea de Publicações do Projeto Brasil-Alemanha de Fomento ao Aproveitamen-
to Energético de Biogás no Brasil (PROBIOGÁS) é composta por cadernos técnicos que 
tratam do biogás como tema central. Para acompanhar o aproveitamento do biogás no 
território brasileiro, criou-se o Biogasmap, uma ferramenta on-line e interativa, alimen-
tada de forma colaborativa por múltiplas instituições, que permite identificar, por Esta-
do e tipo de substrato, as diferentes aplicações do biogás. Amplie o seu conhecimento 
ao acessar os QR Codes.
 PROBIOGÁS Biogasmap
Existem distintas tecnologias disponíveis comercialmente para o processa-
mento de resíduos sólidos, visando ao tratamento e à produção de biogás. 
Assim, os reatores anaeróbios são caracterizados pelo regime de alimentação 
— batelada ou contínua —, forma de alimentação — ascendente ou laminar 
—, concentração de sólidos no reator — digestão sólida maior do que 20%, 
semissólida igual a 10 a 15%, e úmida menor do que 10%, em termos de 
sólidos totais (ST) — e sistema de agitação — mistura completa, parcial ou 
sem mistura (KUNZ; STEINMETZ; AMARAL, 2019). Assim, especificamente 
para resíduos sólidos, as tecnologias usuais se diferenciam em reatores de 
digestão anaeróbia seca (ST > 20%) e úmida (ST < 15%), em que se empre-
gam, usualmente, três processos: a digestão anaeróbia seca descontínua, a seca 
contínua e a úmida (BRASIL, 2015):
 ■ Digestão anaeróbia seca descontínua (batelada): ocorre em reatores 
do tipo garagem, sendo estanques e conectadas a um reservatório de bio-
gás e contam com aspersão do percolado sobre o substrato. Por ser um 
processo descontínuo, com menor mistura do substrato e necessidade de 
abertura do contêiner após o ciclo da digestão, o processo apresenta uma 
menor eficiência na geração de biogás, obtendo-se um volume de biogás 
de 20 a 30% menor do que no processo contínuo.
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 ■ Digestão anaeróbia seca contínua: processo em que a digestão não é 
interrompida, ou seja, os substratos são inseridos no reator ao mesmo 
tempo em que se retira o material digerido, resultando em um sistema 
com vazão e produção de biogás constantes, tendo como digestores mais 
comuns os que funcionam por pistão ou por fluxo horizontal.
 ■ Digestão anaeróbia úmida com CSTR: o reator contínuo de mistura 
completa, do inglês Continuous Stirred Tank Reactor (CSTR), é a confi-
guração de reator mais utilizada em plantas de biogás, sobretudo quando 
se trata de codigestão — mistura de dois ou mais substratos — e com 
concentração de sólido mais elevada, sendo caracterizada por ter seu 
conteúdo em homogeneização devido à presença de sistema de agitação 
e apresenta sistema de aquecimento.
NOVAS DESCOBERTAS
Acesse este QR Code e obtenha maiores informações sobre esses ti-
pos de biorreatores, suas principais vantagens e desvantagens. 
Em relação ao uso do biogás, este pode ser convertido em diferentes formas 
de energia, sendo que as aplicações energéticas mais difundidas são a utiliza-
ção como combustível em caldeiras, fornos e estufas em substituição a outros 
combustíveis para produção de energia térmica — aquecer, secar, resfriar 
—; produção de energia elétrica; cogeração de eletricidade e calor — motor 
à combustão acoplado a um gerador elétrico, conhecido como Combined 
Heat and Power (CHP) —; e o uso como combustível alternativo na linha 
de gás ou em veículos (FEAM, 2015; BRASIL, 2015). No entanto, a depender 
das características do biogás e das exigências tecnológicas de aproveitamen-
to energético, assim como da remoção de elementos que podem prejudicar 
os equipamentos, são determinados os tipos de tratamento necessários e as 
combinações entre eles (FEAM, 2015; BRASIL, 2015). 
O biometano, por sua vez, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, 
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), é definido como o “biocombustível gasoso 
constituído essencialmente de metano, derivado da purificação do biogás” (ANP, 
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2015, on-line). Assim, a Resolução da ANP nº 8/2015, a qual se aplica ao biome-
tano oriundo de produtos e resíduos orgânicos agrossilvopastoris e comerciais 
destinado ao uso veicular e às instalações residenciais e comerciais, estabelece as 
especificações dele, incluindo o teor de CH4, no mínimo, de 90% mol (ANP, 2015). 
Portanto, devido a essa flexibilidade, o biogás pode se tornar um agente muito 
importante na ampliação da geração de energia elétrica distribuída no país, com 
base em fontes limpas e renováveis (FEAM, 2015).
Um eBiogás e biometano
Convidamos você para uma breve discussão sobre o biogás 
e o biometano e a importância quanto ao uso desses gas-
es como fonte de energia renovável.
Nos processos biológicos de tratamento, como no caso da digestão anaeróbia, e 
nas estações de tratamento de efluentes, como discutimos na Unidade 2, parte 
da matéria orgânica é absorvida e convertida, fazendo parte da biomassa micro-
biana, denominada lodo biológico (ANDREOLLI; SPERLING; FERNANDES, 
2014). Assim, para finalizarmos esse tópico de discussão, torna-se importante 
citarmos o tratamento do lodo e o seu uso benéfico como biossólido. 
A Resolução CONAMA nº 498/2020, a qual define critérios e procedi-
mentos para produção e aplicação de lodo em solos, define este como biossó-
lido, sendo o produto do tratamento do lodo de esgoto sanitário que atende 
aos critérios microbiológicos e químicos, estando apto a ser aplicado em solos 
(CONAMA, 2020b). 
NOVAS DESCOBERTAS
Por meio do acesso a este QR Code, você pode conhecer, na prática, o 
uso benéfico do biossólido.
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UNIDADE 4
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Portanto, para que esse termo possa ser adotado, é necessário, ainda, que suas 
características químicas e biológicas sejam compatíveis com uma utilização pro-
dutiva, como na agricultura. Assim, o termo biossólido é uma forma de ressaltar 
os seus aspectos benéficos, valorizando a utilização produtiva em comparação 
com a disposição final improdutiva em aterros, disposição superficial no solo ou 
incineração (ANDREOLLI; SPERLING; FERNANDES, 2014).
Nesse contexto, deixamos mais uma sugestão de leitura que lhe ajudará a 
compreender melhor os processos de estabilização, remoção de umidade, hi-
gienização — incluindo a compostagem, a caleação ou estabilização alcalina, 
entre outras — e disposição do lodo no solo, bem como os principais tipos de 
transformação e descarte do lodo, incluindo secagem térmica, oxidação úmida, 
incineração e disposição em aterro sanitário.
NOVAS DESCOBERTAS
Título: Lodo de Esgotos: tratamento e disposição final
Autores: Cleverson V. Andreoli, Marcos von Sperling e Fernando 
Fernandes
Editora: UFMG
Sinopse: apresenta, de forma integrada, todasas etapas de geren-
ciamento do lodo gerado nas estações de tratamento de esgotos. 
São apresentados conceitos, dados e informações relativos à teoria e à prática, 
cobrindo projetos e operações, além de diversos exemplos de aplicação. Os 
principais assuntos abordados são: caracterização do lodo; tratamento do lodo: 
estabilização, remoção de umidade e higienização; disposição final do lodo: ava-
liação de alternativas, disposição no solo, transformação e descarte; impactos 
ambientais e monitoramento.
203
Prezado(a) aluno(a), discutiremos, agora, a disposição final de resíduos 
sólidos. Como vimos no início desta unidade, a disposição final é uma das 
alternativas de destinação final ambientalmente adequada prevista na PNRS, 
sendo que, no Brasil, a maior parte dos resíduos sólidos urbanos (RSU) co-
letados seguem para a disposição em aterros sanitários. Por outro lado, áreas 
de disposição inadequada, incluindo lixões e aterros controlados, ainda estão 
em operação (ABRELPE, 2022). 
Quando a PNRS foi promulgada em 2010, em seu artigo 54, estabeleceu-
-se que a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos deveria ser 
implantada em até quatro anos após a data de sua publicação, portanto, até o 
ano de 2014, mas isso não ocorreu em sua totalidade, de forma que nem todos 
os municípios se adequaram a essa obrigatoriedade. Assim, alterada, em 2020, 
pela Lei nº 14.026/2020, que atualizou o marco legal do saneamento básico 
(BRASIL, 2020), o prazo quanto à disposição final ambientalmente adequada 
dos rejeitos na PNRS foi prorrogado.
Diante desse contexto, torna-se importante o entendimento dos métodos 
de disposição final, tratando-se da disposição de rejeitos no solo. De acordo 
com Lima (2004), os aterros podem ser classificados conforme a técnica de 
operação ou pela forma de disposição, portanto, segundo a forma de disposi-
ção final, podem ser aterro comum, aterro controlado e aterro sanitário. 
O aterro comum, também denominado lixão, vazadouro ou lançamen-
to a céu aberto, trata-se do local em que ocorre o lançamento ou descarga 
de resíduos a céu aberto, é uma forma inadequada de disposição final de re-
síduos sólidos urbanos (RSU), em que estes são simplesmente descarregados 
sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública 
(BIDONE; POVINELLI, 1999; LIMA, 2004; VILHENA, 2010). Assim, essa 
forma de disposição acarreta problemas à saúde pública e ao meio ambiente, 
devido à proliferação de vetores — como moscas, mosquitos, baratas, ratos 
etc. —; à geração de maus odores; e à poluição do solo, das águas superficiais e 
subterrâneas pelo lixiviado — efluente líquido produzido pela decomposição 
da matéria orgânica presente nos resíduos sólidos com a água da chuva, que 
percola o aterro —; à depreciação da paisagem; e não possibilita o controle 
dos resíduos recebidos (BIDONE; POVINELLI, 1999; VILHENA, 2010). 
UNIDADE 4
UNIDADE 4
204
O aterro controlado também é uma forma de disposição final de RSU no solo, 
em que precauções tecnológicas são adotadas durante o desenvolvimento do aterro, 
como o recobrimento dos resíduos com material inerte, comumente, solo ou argila, 
na maioria das vezes, sem compactação, na conclusão de cada jornada de trabalho. 
No entanto, essa forma de disposição não resolve os problemas de poluição gerados, 
pois, assim como o lixão, não é dotado de mecanismos para controle da poluição 
(BIDONE; POVINELLI, 1999; LIMA, 2004; VILHENA, 2010).
Dentre os métodos de disposição final apresentados: qual seria o melhor mé-
todo? O aterro controlado é preferível ao lixão? A resposta é: nenhum dos dois 
métodos, pois ambos são locais de disposição final inadequada de resíduos 
sólidos devido à ausência de sistemas de controle dos poluentes gerados, acarre-
tando poluição das águas, do solo e do ar, tal como riscos à saúde pública. 
Nesse contexto, os aterros sanitários são projetados e implantados para 
disposição final ambientalmente adequada de RSU. A Resolução CONAMA 
e as normas ABNT aplicáveis aos aterros são:
 ■ Resolução CONAMA nº 404/2008: estabelece critérios e diretrizes para 
o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resí-
duos sólidos urbanos (CONAMA, 2008).
 ■ ABNT NBR 8419:1992: apresentação de projetos de aterros sanitários 
de resíduos sólidos urbanos: procedimento (ABNT, 1992).
 ■ ABNT NBR 15849:2010: resíduos sólidos urbanos: aterros sanitários de 
pequeno porte: diretrizes para localização, projeto, implantação, operação 
e encerramento (ABNT, 2010).
A norma ABNT NBR 8419:1992, a qual estabelece as condições mínimas exigí-
veis para a apresentação de projetos de aterros sanitários de RSU, define aterro 
sanitário como a:
 “ técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem cau-sar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os im-pactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia 
para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los 
ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de 
terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos me-
nores, se necessário (ABNT, 1992, p. 1).
205
Portanto, os aterros sanitários são a única forma de disposição final de rejeitos admi-
tida pela legislação brasileira e por normas técnicas da ABNT, compreendendo um 
local selecionado de acordo com critérios ambientais e equipado com dispositivos 
de controle de poluentes. 
Os princípios de Engenharia mencionados se materializam no projeto de sis-
temas de drenagem periférica e superficial para afastamento de águas de chuva; de 
drenagem de fundo para coleta e tratamento do lixiviado; de drenagem, queima 
ou uso do biogás gerado; e de sistema de impermeabilização do solo (ABNT, 1992; 
BIDONE; POVINELLI, 1999). 
NOVAS DESCOBERTAS
Entenda melhor os sistemas de controle aplicados em aterros 
sanitários.
Ainda, de acordo com a ABNT NBR 8419:1992, deve ser apresentado um plano que 
indique como e quando o aterro sanitário será dado como encerrado, assim como 
os cuidados que serão mantidos após o encerramento das atividades, tais como mo-
nitoramento e controle da poluição, tal como uso futuro da área do aterro sanitário 
(ABNT, 1992). Nesse contexto, para Bidone e Povinelli (1999), em relação à utilização 
e reutilização das áreas ocupadas pelos aterros, estas podem ser transformadas em 
jardins, parques, praças esportivas e áreas de lazer. No entanto, caso haja intenção 
de construção de edificações, precauções devem ser tomadas, pois o aterro sofre 
recalques diferenciais devido à compressão das camadas superiores e da decompo-
sição dos resíduos. Para efeito de cálculo de fundação, a tendência é admitir que os 
resíduos compactados tenham a mesma taxa de suporte da turfa — material fóssil, 
organomineral, originado a partir da decomposição de restos vegetais. Ainda, deve-se 
considerar a drenagem dos gases; dado o poder combustível e explosivo do metano, 
recomenda-se esperar, pelo menos, cinco anos para a execução de obras.
UNIDADE 4
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UNIDADE 4
206
É muito importante destacarmos que, a partir do momento que os resíduos só-
lidos são enterrados, independentemente de sua composição, as populações de 
microrganismos neles presentes começam, em condições ambientais favoráveis, 
a se multiplicar no ambiente do aterro, fazendo com que ele passe a atuar como 
um reator biológico, em que as principais entradas são os resíduos e a água, e as 
principais saídas são os gases e o chorume (BIDONE; POVINELLI, 1999). As-
sim, os aterros sanitários têm como subprodutos: gases, como metano, dióxido 
de carbono e nitrogênio amoniacal, na forma de amônia livre ou gasosa (NH3) 
e íon amônio (NH4
+); líquidos, lixiviado com elevada concentração de matéria 
orgânica, decorrente da transformação de parte da matéria orgânica sólida em 
matéria orgânica “diluída” e elevada concentração de nitrogênio amoniacal, de-
corrente da presença do NH4
+; e matéria sólida remanescente, sob a forma desubstâncias húmicas, refratárias ao processo de digestão anaeróbia.
Os processos de degradação dos resíduos levam muitos anos para ser con-
cluídos e variam em função de diversos fatores, como densidade e composição 
do resíduo, níveis de umidade, idade do aterro, entre outros. A decomposição 
da matéria orgânica passa a ocorrer, então, por dois processos, sendo o primeiro 
de decomposição aeróbia, que ocorre, normalmente, no início da degradação 
quando os resíduos são enterrados, e o segundo de decomposição anaeróbia, 
que passa a ocorrer devido à redução do O2 presente no ambiente. Assim, o 
processo de estabilização da matéria orgânica pode ser dividido em cinco fases, 
separadas de acordo com a concentração de O2, CO2, CH4, H2 e N2, como pode 
ser observado na Figura 4.
207
Logo, as fases de degradação de RSU e a produção de biogás em aterros sani-
tários é resultado da digestão anaeróbia, conforme discutimos anteriormente, 
com exceção da Fase I, compreendendo a hidrólise em condição aeróbia, 
sendo muito rápida, com duração de dias ou semanas. Assim, destacamos que 
o início do processo de digestão em aterros se dá em um ambiente aeróbio, ou 
seja, na presença de oxigênio, em que pouco metano é produzido. Após pouco 
menos de um ano, as condições anaeróbias são estabelecidas e o processo de 
digestão continua (EPA, 2021).
Descrição da Imagem: a figura ilustra um gráfico em que o eixo x compreende as fases de degradação de RSU 
e a produção de biogás, incluindo as fases I, II, III, IV e V, e o eixo y, a composição do gás em % de volume, sendo 
que cada gás é representado por uma linha, incluindo oxigênio, dióxido de carbono, metano e hidrogênio. 
Na fase I, o oxigênio está em 20%, e o nitrogênio, em 80%; na fase II, ocorre a diminuição desses gases, e eles 
voltam a ser formados, mas em baixo percentual na fase V. O hidrogênio aparece na fase II e tem seu pico em 
20% entre a fase II e III, mas cai na fase III. O dióxido de carbono começa a ser formado na fase I e tem seu pico 
em 90% na fase III, mas começa a diminuir na fase IV, mantendo-se em torno de 50% na fase IV e V. Por fim, o 
metano começa a ser formado na fase III, mantém-se entre 50 e 60% na fase IV e começa a diminuir na fase V.
Figura 4 - Processo de formação do gás de aterros sanitários 
Fonte: adaptada de Tchobanoglous e Kreith (2002).
Você sabe quanto é a capacidade de um aterro para produzir biogás? Segundo Barlaz, 
Schaefer e Ham (1989), a geração de gás de aterro é de 0,05 a 0,40 m³ por quilograma de 
resíduo sólido depositado.
Fonte: adaptado de Barlaz, Schaefer e Ham (1989).
EXPLORANDO IDEIAS
UNIDADE 4
UNIDADE 4
208
É importante ressaltar que o tempo para o enchimento de um aterro é longo e as 
fases de decomposição dos resíduos ocorrem simultaneamente em diferentes pontos 
do aterro. Os resíduos recém-depositados e aqueles localizados próximo à superfície 
ainda estão submetidos aos processos aeróbios. As camadas mais antigas e profundas 
já se encontram na fase metanogênica (WILLIAMS, 2002). 
Podemos destacar que, no biogás de aterros sanitários, estão presentes os siloxa-
nos. Esses compostos orgânicos siliconados, em aterros sanitários, são encontrados, 
primordialmente, em cosméticos, detergentes, material de construção, papéis re-
vestidos e tecidos. Os problemas não são causados pelos siloxanos em si, mas pelos 
compostos resultantes de sua combustão, afetando os sistemas de queima — o flare é 
usado para controlar o excesso de gás — ou tratamento do biogás, pois os siloxanos se 
transformam em depósitos de dióxido de silício, com características físicas e químicas 
semelhantes ao vidro. Por causa de sua solidez, danificam os componentes dos mo-
tores, além de contribuírem, por serem isolantes térmicos, para o superaquecimento 
de componentes sensíveis (TAVARES; SANTOS; CARVALHO, 2019).
Destacamos que, no Brasil, a Resolução ANP nº 685/2017 estabelece as especifi-
cações para a comercialização de biometano oriundo de aterros sanitários e estações 
de tratamento de esgoto para uso veicular, uso residencial e comercial, bem como sua 
mistura com o gás natural. Dentre as características do biometano estabelecidas, des-
tacamos que o teor de metano deve ser de, no mínimo, 90% mol e o teor de siloxanos, 
no máximo, de 0,3 mgSi/m3 (miligramas de silício por metro cúbico) (ANP, 2017).
209
Adicionalmente, destacamos que, para os resíduos da construção civil (RCC), 
a Resolução CONAMA n° 307/2002 (CONAMA, 2002b) apresenta a defini-
ção de aterro de resíduos Classe A de reservação de material para usos 
futuros, compreendendo a:
 “ área tecnicamente adequada onde serão empregadas técnicas de destinação de resíduos da construção civil classe A no solo, visando a reservação de materiais segregados de forma a pos-
sibilitar seu uso futuro ou futura utilização da área, utilizando 
princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume 
possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambien-
te e devidamente licenciado pelo órgão ambiental competente 
(CONAMA, 2002b, p. 2).
Assim, os RCC Classe A deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agre-
gados ou encaminhados a aterro de resíduos Classe A de reservação de material 
para usos futuros (CONAMA, 2002b). 
A ABNT NBR 15113:2004 fixa os requisitos mínimos exigíveis para 
projeto, implantação e operação de aterros de resíduos sólidos da constru-
ção civil Classe A e de resíduos inertes. Ela visa à reservação de materiais de 
forma segregada, possibilitando o uso futuro ou, ainda, a disposição desses 
materiais, com vistas à futura utilização da área (ABNT, 2004b). Os RCC 
Classe A e os Resíduos não perigosos e inertes — Classe II B seguem a 
classificação que apresentamos na Unidade 3, ou seja, conforme Resolução 
CONAMA n° 307/2002 e ABNT NBR 10004:2004, respectivamente (CO-
NAMA, 2002b; ABNT, 2004a).
Os aterros de resíduos perigosos e não perigosos, comumente conhecidos 
como aterros industriais, são projetados para disposição de resíduos Classe I e 
II, respectivamente, conforme classificação estabelecida pela norma da Associa-
ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 10004:2004 (ABNT, 2004a). As 
normas da ABNT aplicáveis a esses aterros são:
 ■ ABNT NBR 10157:1987: aterros de resíduos perigosos: critérios para 
projeto, construção e operação: procedimento (ABNT, 1987).
 ■ ABNT NBR 13896:1997: aterros de resíduos não perigosos: critérios 
para projeto, implantação e operação (ABNT, 1997).
UNIDADE 4
UNIDADE 4
210
Os aterros de resíduos perigosos estão aptos a receber resíduos industriais perigo-
sos no estado sólido, não reativos e não inflamáveis. Só podem ser aceitos se, após 
tratamento prévio — neutralização, diluição, absorção etc. —, a mistura resultante 
não mais possuir as características de reatividade ou inflamabilidade (ABNT, 1987).
De maneira geral, esses aterros se diferem em relação aos aterros sanitários pelos 
sistemas de impermeabilização e controles necessários. Os aterros de resíduos perigo-
sos e não perigosos devem ser providos de sistema de impermeabilização do aterro, 
drenagem e tratamento do lixiviado, de monitoramento de águas subterrâneas, tal 
como devem ser projetados de maneira a minimizar as emissões gasosas e promover 
a captação e o tratamento adequado das eventuais emanações (ABNT, 1987; 1997).
Em relação à impermeabilização do aterro, os aterros de resíduos perigosos 
devem ser providos de duplo sistema de impermeabilização, ou seja, dupla cama-
da impermeabilizante com sistema de detecção de vazamento colocado entre elas, 
sendo que essas camadas podem ser tanto naturais como artificiais (ABNT, 1987). 
No entanto, comumente, utiliza-se manta plástica de polietileno de alta densidade 
(PEAD). Para os aterros de resíduos não perigosos, deve ser implantada uma camada 
impermeabilizante da superfície inferior (ABNT, 1997).
Ambos os aterros devem ser 
monitorados durante a sua vida 
útil, incluindo o tempo de pós-fe-
chamento. Entre as atividades após 
o encerramento do aterro, o moni-
toramentodas águas subterrâneas 
deve ocorrer por um período de 20 
anos após o fechamento da insta-
lação, de forma que esse período 
pode ser reduzido, uma vez cons-
tatado o término da geração de lí-
quido percolado ou, então, estendido caso se acredite ser insuficiente. Há, também, a 
manutenção da cobertura, de modo a corrigir rachaduras ou erosão dos sistemas de 
drenagem, o tratamento do lixiviado e a coleta de gases (ABNT, 1987; 1997).
Em nosso último tópico de discussão, torna-se importante apresentamos a con-
textualização de Del Bel (2012), pois, segundo o autor, mesmo com o aprimoramento 
das práticas de gerenciamento de resíduos, seja no setor público ou privado, sempre 
chegarão aos aterros sanitários, resíduos potencialmente aproveitáveis em meio à 
211
massa de rejeitos, ainda que em pequena proporção. As recorrentes afirmações de 
que “aterros somente podem receber rejeitos” não podem ser interpretadas literal-
mente. Os aterros sanitários recebem a parcela rejeitada por diversos processos de 
gerenciamento, de diversos geradores públicos ou privados, que envolvem operações 
como segregação, triagem e tratamento, entre outras. Da eficiência desses processos, 
que devem atender às metas estabelecidas nos planos de gestão e nos planos de ge-
renciamento, dependerá o maior ou o menor aproveitamento dos resíduos gerados 
e, portanto, a menor ou a maior parcela de rejeitos. 
Por fim, sabemos que a PNRS se articula com a Política Federal de Sanea-
mento Básico, instituída pela Lei nº 11.445/2007 (BRASIL, 2007), atualizada pela 
Lei n° 14.026/2020, a qual prevê que os serviços públicos de saneamento básico 
terão a sustentabilidade econômico-financeira assegurada por meio de remuneração 
pela cobrança dos serviços (BRASIL, 2020). Assim, no caso dos serviços de limpe-
za urbana e manejo de resíduos sólidos, incluindo a disposição final de rejeitos, há 
especificação para que tal cobrança seja implementada na forma de taxas, tarifas e 
outros preços públicos, sendo que as tarifas e preços públicos serão arrecadados pelo 
prestador diretamente do usuário, podendo ser realizada na fatura de consumo de 
outros serviços públicos, sendo esta uma importante medida a ser implementada, 
viabilizando maiores investimentos na destinação final de resíduos, como na reci-
clagem, no tratamento e no aproveitamento dos resíduos sólidos.
Prezado(a) aluno(a), o conteúdo apresentado lhe possibilita ter um conheci-
mento prévio sobre as diversas formas de destinação e disposição final aplicáveis aos 
resíduos sólidos. Além dos métodos apresentados, existem diversos outros em que 
você pode se aprofundar tecnicamente por meio de literatura correlata. Além dos 
diversos conceitos abordados, como economia circular, transformação de resíduos 
em novos produtos, composto orgânico, aproveitamento energético e outros.
Há diversas oportunidades de atuação profissional: na implantação de proje-
tos que beneficiem a reciclagem, atuando diretamente em unidades de tratamento 
de resíduos sólidos, seja na gestão pública, seja na privada, ou, ainda, criando a sua 
própria recicladora ou unidade de tratamento. Ainda, há a atuação nas organizações 
geradoras de resíduos para a elaboração e implantação dos planos de gerenciamento 
de resíduos sólidos, encaminhando os resíduos gerados para a adequada destinação 
final, conforme as suas características e classificação e seguindo a ordem de priori-
dade no gerenciamento, resultando em diversos benefícios, tanto ambientais e eco-
nômicos quanto sociais.
UNIDADE 4
212
1. Dada a diversidade de resíduos, não existe um processo de tratamento pré-estabele-
cido, havendo sempre a necessidade de realizar pesquisas e desenvolver processos 
que sejam econômica e ambientalmente viáveis. Em relação aos tipos de tratamento 
de resíduos, assinale a alternativa correta.
a) Os tratamentos físicos consistem na desinfecção por adição de substâncias quí-
micas.
b) Os tratamentos químicos incluem a compostagem, vermicompostagem e a di-
gestão anaeróbia.
c) A incineração se trata de um processo que utiliza microrganismos para decom-
posição da matéria orgânica.
d) O método de tratamento térmico é definido como qualquer processo cuja ope-
ração seja realizada acima da temperatura mínima de 800 °C.
e) O tratamento de resíduos consiste na sua caracterização de acordo com a classe 
de resíduos. 
2. O tratamento biológico de resíduos se refere aos processos que promovem a sua 
decomposição em substâncias mais simples. A respeito desse tipo de tratamento, 
analise as afirmativas a seguir.
I - É o processo de decomposição biológica controlada dos resíduos orgânicos.
II - A compostagem ocorre na ausência de oxigênio.
III - A digestão anaeróbia ocorre na presença de oxigênio.
IV - O biometano é tóxico e foi banido em diversos países.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) IV, apenas.
c) I e III, apenas.
d) III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
213
3. A digestão anaeróbia é um processo com ampla aplicabilidade para a conversão de 
resíduos orgânicos em biogás e biofertilizante, associando o tratamento adequado 
e a geração de energia renovável. Nesse contexto, analise as afirmativas seguintes.
I - A digestão anaeróbia compreende apenas duas etapas: a hidrólise e a metano-
gênese.
II - O biogás é composto, principalmente, por gás metano (CH4).
III - A digestão anaeróbia, além de promover o tratamento, possibilita o aproveita-
mento energético dos resíduos sólidos orgânicos.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
5Gerenciamento de Poluentes Atmosféricos
Dra. Jéssica de Carvalho Lima 
Me. Paula Polastri
Nesta Unidade 5, abordaremos a respeito dos poluentes atmosfé-
ricos, os seus tipos, a sua classificação, as suas fontes de emissão e 
as legislações relacionadas aos padrões de emissão e de qualidade 
do ar. Também, trataremos dos métodos aplicáveis no controle de 
emissão de gases e de material particulado e das informações sobre 
a amostragem em fontes de emissão fixas e móveis. 
UNIDADE 5
216
Prezado(a) aluno(a), agora que estamos na reta final de aprendizagem a respeito do 
gerenciamento de resíduos, podemos nos perguntar: para onde vão os resíduos que 
são lançados no ar? Quais são esses poluentes? Como podemos diminuir a polui-
ção gerada pelos veículos automotores e pelas indústrias? De onde vêm as fumaças 
densas das grandes cidades? E de que forma essa fumaça pode representar um mau 
aproveitamento de insumos? Quais são os malefícios ao meio ambiente e à saúde 
humana provocados por esse tipo de poluição? O que podemos e devemos fazer 
para reduzir a poluição atmosférica?
O desenvolvimento socioeconômico do país deve ocorrer de forma equilibrada, 
considerando a sustentabilidade ambiental. Para isso, torna-se importante o mo-
nitoramento da emissão atmosférica, considerando as situações meteorológicas, a 
dispersão de poluentes e os problemas consequentes dessas emissões. A viabilidade 
dessa gestão depende fortemente da atuação dos órgãos governamentais, por meio 
de normatizações, padronizações e, também, por meio de ações práticas, como a 
fiscalização e o incentivo à participação da sociedade e de empreendimentos.
Nesse sentido, algumas ações foram elaboradas. Em 2019, por exemplo, foi 
lançada a Agenda Nacional de Qualidade Ambiental Urbana. O objetivo dessa 
agenda é melhorar a qualidade de vida nos centros urbanos. Para isso, foram 
propostas ações direcionadas a seis eixos: Combate ao Lixo no Mar, Resíduos 
Sólidos, Áreas Verdes Urbanas, Gestão de Áreas Contaminadas, Qualidade do 
Ar e Qualidade das Águas e Saneamento (BRASIL, [2022]).
Ações como as elencadas nessa agenda revelam a importância do monitoramento 
da qualidade do ar e do teor de material particulado emitido, sempre enfocando a não 
geração de efluentes atmosféricos e, em um segundo momento, o controle e o trata-
mento, evitando emissão de poluentes de forma indiscriminada. As ações de monito-
ramento e regulamentação

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