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<p>4</p><p>DESJUDICIALIZAÇÃO DO DIREITO; AS SERVENTIAS EXTRAJUDICIAIS COMO AUXILIARES DAS DEMANDAS SEM LITÍGIO.</p><p>DESJUDICIALIZAÇÃO DO DIREITO; AS SERVENTIAS EXTRAJUDICIAIS COMO AUXILIARES DAS DEMANDAS SEM LITÍGIO.</p><p>Jadhiele Nascimento Reis[footnoteRef:1] [1: Graduanda em Direito pelo Centro Universitário Estácio de Sergipe. E-mail: jadhinr@gmail.com]</p><p>.</p><p>RESUMO.</p><p>O presente estudo irá apresentar um olhar sobre desjudicialização do direito; as serventias extrajudiciais como auxiliares das demandas sem litígio. A pesquisa terá como objetivo geral retratar sobre a contribuição das serventias extrajudiciais para o processo de desjudicialização para a efetivação do princípio Constitucional do Acesso á justiça. Tendo como objetivos específicos: apresentar o acesso á justiça, caracterizado um modelo tradicional e reduzido de acesso ao Judiciário, o que tem por consequência uma crise no referido Poder mostrando a necessidade de compreender o direito para além dos órgãos jurisdicionais. Em função desses objetivos mostraremos como um novo olhar sob o acesso á justiça e os instrumentos das serventias extrajudiciais auxiliam no processo de desjudicialização.</p><p>Palavras-chave: Desjudicialização. Serventias extrajudiciais. Acesso à justiça.</p><p>SUMÁRIO – 1. Introdução. 2. Desenvolvimento. 2.1. Acesso á Justiça; 2.2. Crise no Poder Judiciário; 2.3. Um novo olhar sob o Acesso á Justiça; 2.4. Desjudialização; 2.5. Serventias Extrajudiciais; 3. Conclusão. Referências.</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>É com um cenário de crise do Poder Judiciário, o qual vemos um grande números de processos e uma inefetividade do acesso à Justiça, em razão de um clássico modelo judicial em que limitada a resolução de conflitos apenas âmbito do Poder Judiciário. Diante na falha de efetiva prestação jurisdicional, é cada vez maior a procura de meios alternativos à via judicial como forma de pacificação social e método de solução de conflitos.</p><p>A partir de descrédito pelo Poder Judiciário, que se surge uma nova concepção de acesso á justiça fundamentada na sua efetivação justa e desvencilhada do modelo de jurisdição onde qualquer resolução de conflitos esta atrelada intrinsecamente à figura do processo judicial. Dentro desse contesto se expande no mundo e no Brasil o movimento de desjudicialização do direito, com finalidade de realizar relações jurídicas de forma segura e celére atráves de outros mecanismos para além dos apresentados pelo judiciário.</p><p>Ressalta-se que o processo de desjudicialização do direito e da resolução de conflitos por via extrajudicial, não exclui em qualquer momento meio tradicional de ingresso á justiça pelo Poder Judiciário, mas as propõe que existam ferramentas que auxiliem nas controvérsias de menor grau de complexidade e sem maior litigiosidade. Assim o caminho da desjudicialização retira a sobrecarga de processos nos fóruns, principalmente pelas atividades exercidas pelas serventias extrajudiciais, na quais podemos observar a efetivação de um direito, sem morisidade e de forma não custosa.</p><p>No Brasil, o movimento não judialização do direito ganhou força com a edição da Lei 11.441/2007, permitiu a possibilidade de se realizar divórcios, inventários e partilhas consensuais por meio de escritura pública diretamente nos tabelionatos de notas. A desjudicialização de forma efetiva foi posteriormente consolidada pelo Código de Processo Civil de 2015.</p><p>Neste sentido, da tendência crescente de se desjudicializar como um meio assegurar o princípio constitucional do acesso à Justiça, destaca-se a importante função das serventias extrajudicais. A contribuição do notarial registral para desjudicialização do direito é imensa, porque possibilita as partes envolvidas que um terceiro de forma imparcial e segura realize negócios jurídicos, não havendo a necessidade de evocação do Estado e do Poder Judiciário, desde não se apresente litigíos, deixando claros os efeitos júridicos.</p><p>Justifica-se o trabalho pela relevância de discutir, considerando o dever do Estado e da sociedade de garantir e preservar o acesso á justiça com uma efetivação justa do príncipio, enxergando as serventias extrajudicais como instrumenentos do processo de desjudialização do direito.</p><p>A realização da presente pesquisa se desenvolverá através do objeto exploratório, pelo método hipotético-dedutivo. Para isso, fez-se necessária uma pesquisa bibliográfica, estando inclusas as considerações extraídas de diversos manuais para melhor definição, como, a obra A rebelião da toga de José Renato Nalini (2008); uma série de periódicos que igualmente versem sobre o tema, a exemplo, da Revista Eletrônica de Direito Processual – REDP; páginas virtuais que exponham sobre as contribuições; das serventias extrajudiciais para desjudicialização do direito.</p><p>A pesquisa será apresentada em três aspectos, iniciando com uma análise geral do príncipio Constitucional do acesso á justiça, em seguida o estudo se aprofunda nos aspectos da crise do Judiciário e de como a partir desta se forma uma nova ótica sob o acesso á justiça e por fim será explanado o processo de desjudicialização com o auxílio das serventias extrajudiciais.</p><p>2. DESENVOLVIMENTO</p><p>2.1. ACESSO À JUSTIÇA.</p><p>A percepção do direito do acesso à justiça remota à antiguidade, confundindo-se com a própria história do homem pela luta dos direitos fundamentais[footnoteRef:2]. No entanto, o acesso á justiça só passa a ser encarado como princípio com o desenvolvimento e o estabelecimento dos direitos humanos. E assim, no século XVII dentro de um contexto de Estado liberal o acesso à Justiça foi incluido no rol dos direitos fundamentais de primeira geração[footnoteRef:3]. [2: FONTAINHA, Fernando de Castro. Acesso à justiça: Da Contribuição de Mauro Cappelletti à Realidade Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2009, p. 19] [3: ROCHA, José Cláudio; ALVES, Cristiano Cruz. O acesso à justiça: ao Poder Judiciário ou à ordem jurídica justa? Meritum: revista de direito da FCH/FUMEC. Belo Horizonte, v. 6, n. 1, p. 133/161, jan./dez. 2011. Disponível em: http://www.fumec.br/revistas/meritum/article/view/1068/761 Acesso em 16 mai.2021.]</p><p>No Estado liberal burguês , o direito de acesso era limitado apenas ao direito formal de propor ou contestar uma ação, sem qualquer preocupação com a igualdade material entre os indivíduos[footnoteRef:4]. Consequentemente, posta as condições socioeconômicas somente recorriam a juízo aqueles que eram capazes de arcar com os custos da demanda[footnoteRef:5]. [4: SILVA, Adriana dos Santos. Acesso à justiça e arbitragem: um caminho para a crise do judiciário. Barueri:Manole, 2005.] [5: MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo</p><p>Civil. volume 1: teoria do processo civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.]</p><p>O acesso á justiça só passa a ser visto pela ótica da efetividade e acessibilidade, a partir do século XX com as diversas mudanças sociais trazidas[footnoteRef:6]. Assim dentro da teoria constitucional moderna, o acesso à justiça é compreendido como um princípio que assegura o integral direito de acesso aos tribunais, como também o de reclamar contra a lesão ou ameaça a direito subjetivo, entretanto para Cappelletti e Garth este significado não se caracteriza apenas como acesso ao Poder Judiciário: [6: SILVA, Adriana dos Santos. Acesso à justiça e arbitragem: um caminho para a crise do judiciário. Barueri: Manole, 2005.]</p><p>A expressão ‘acesso à justiça’ é reconhecidamente de difícil definição, mas serve para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico – o sistema pelo qual as pessoas podem reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado. Primeiro, o sistema deve ser igualmente acessível a todos; segundo, ele deve produzir resultados que sejam individualmente e justos[footnoteRef:7]. [7: CAPPELLETTI, Mauro, GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Ed. Sérgio Antonio Fabris, 1988.p. 8.]</p><p>Na norma constitucional brasileira o princípio do acesso á</p><p>justiça foi incorporado pela primeira vez na Carta de 1946, que previa “A lei não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual” [footnoteRef:8] e a partir de então todas as constituições nacionais estabeleciam preceito igual ou similar. [8: BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro, RJ: Senado Federal, 18 de setembro de 1946, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm. Acesso em: 04 mai.2021, art. 141, §4º.]</p><p>Em concordância com a tendência mundial de positivamento dos Direitos humanos, da extenção da tutela dos direitos civis, políticos e sociais em Cartas Magnas, o Brasil em sua Constituição Cidadã de 1988 outorgou o acesso à justiça como direito fundamental, abrangendo a sua imprescindibilidade para a efetivação dos demais direitos. Vejamos:</p><p>Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:</p><p>LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos[footnoteRef:9]. [9: BRASIL. Constituição Federal de 1988. São Paulo: Saraiva, 2013.p 10.]</p><p>Dessa forma, o legislador certificou o acesso á justiça de forma efetiva e integral para aqueles que necessitarem, não limitando à assistência jurídica formal. Assim o artigo 5º, LXXIV da C.F/88 assevera muito mais que o direito de pleitear uma demanda no Judiciário; mas também abrange “o direito a uma tutela justa, adequada ao plano material e efetiva” incluindo outros princípios, como por exemplo, a efetividade, a tempestividade da tutela jurisdicional, a adequação dos meios e ainda da gratuidade da Justiça[footnoteRef:10]. [10: SOUZA, André Pagani de. et al. Teoria geral do processo contemporâneo. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2019, p.71]</p><p>Para a grande maioria dos doutrinadores brasileiros o entendimento ao acesso da justiça deve ser visto por uma concepção de “acesso à ordem jurídica justa”, uma vez que é fundamental para este direito ser efetivado atingir além da ordinária faculdade de recorrer ou proteger o direito em juízo[footnoteRef:11]. [11: CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 22ª ed. São Paulo: Malheiros, 2006.]</p><p>Destaca-se Carreira Alvim, o autor caracteriza o princípio a partir de em duas premissas básicas do sistema jurídico: “a) primeiro, o sistema deve ser igualmente acessível a todos; e b) segundo, deve ele produzir resultados que sejam individual e socialmente justos[footnoteRef:12]. [12: ALVIM, J. E. Carreira. Teoria geral do processo. 22ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 96.]</p><p>Neste contexto de consagração do direito ao acesso à justiça de forma ampla e incondicional para ingressar nos órgãos jurisdicionais, com competência exclusiva da jurisdição pelo Poder Judiciário, é indispensável entender que a efetivação do referido direito implica não apenas na existência de um suporte técnico, mas sim uma verdadeira instrumentalidade. O fato é que com a viabilização do acesso, estimulado pelo desenvolvimento social e econômico do país, houve um consequente crescimento das demandas de massa, sem que houvesse uma reflexão acerca da necessidade de repensar a estrutura administrativa tradicional do Poder Judiciário[footnoteRef:13]. [13: SILVEIRA, João José Custódio da. Desafio à nova ordem de soluções diferenciadas para acesso à justiça. In: AMORIM, José Roberto Neves; ______. In: A nova ordem das soluções alternativas de conflitos e o conselho nacional de justiça. Brasília: Gazeta Jurídica, 2013, p. 162.]</p><p>2.2 CRISE NO PODER JUDICIÁRIO</p><p>O Estado ao adotar um modelo de Poder Judiciário, como o único responsável pela jurisdição, objetifica o fortalecimento do poder, restringir os abusos e o uso de uma justiça privada, e assegurar pacífica e justa solução dos conflitos, permitindo que a sociedade mantenha uma convivência equilibrada. Tais garantias findam em considerar o Poder Judiciário como único meio hábil para solucionar qualquer espécie de conflito ou satisfazer direitos, gerando uma alta demanda e exigindo deste organização e infraestrutura adequadas.</p><p>Ao longo das décadas a sociedade, vem passando por inúmeras transformações e é inegavél que o sistema judicial não acompanha tal dinamicidade, pois mantém a mesma estrutura clássica, razão pela qual há iminente crise perante a atual realidade. Desse modo, é cada dia maior o número de novas questões que são levadas ao Poder Judiciário, o qual vem demonstrando ser incapaz de responder a todas as demandas o que acaba causando grande número de processos, morosidade e lentidão, dificultando o acesso á justiça.</p><p>Para Lamy e Rodrigues há obstáculos jurídicos que exercem influencia para a crise no Poder Judiciário e por consequência lógica na efetivação do acesso à Justiça, como por exemplo, custas e despesas processuais, necessidade de advogado e insuficiência de Defensoria Pública, ausência de assistência jurídica preventiva e extrajudicial, estrutura e funcionamento do Poder Judiciário, limitações de legitimidade para agir, inexistência ou ilegitimidade do Direito, duração dos feitos e formalismo processual[footnoteRef:14]. Constata-se o Poder Judiciário está cada vez mais distante da sociedade e da função principal, refém de uma estrutura tradicional, enfrenta imensa dificuldade para se adequar a essa nova realidade, criando na sociedade dúvidas em relação à eficácia das leis e na justiça como meio efetivo de solução dos conflitos[footnoteRef:15]. [14: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria Geral do Processo. 6. ed. São Paulo:Atlas, 2019.] [15: FARIA, José Eduardo. Introdução: o judiciário e o desenvolvimento sócio-econômico. In:FARIA, José Eduardo (Org.). Direitos humanos, direitos sociais e justiça. 1. ed. 5. tiragem.São Paulo: Malheiros, 1994]</p><p>Nesse sentido, Fabiana Marion Spengler comenta:</p><p>Atualmente, a tarefa de “dizer o Direito” encontra limites na precariedade da jurisdição moderna, incapaz de responder às demandas contemporâneas produzidas por uma sociedade que avança tecnologicamente, permitindo o aumento da exploração econômica, caracterizada pela capacidade de produzir riscos sociais e pela incapacidade de oferecer-lhes respostas a partir dos parâmetros tradicionais[footnoteRef:16]. [16: SPENGLER, Fabiana Marion. Da jurisdição à mediação: por uma outra cultura no tratamento</p><p>dos conflitos. Ijuí: Ed. Unijuí, 2010. p. 25.]</p><p>O cenário demonstra a crise na qual o Poder Judiciário está inserido, ao não conseguir mais atender às demandas com a atual modelo estrutural, o que tornou a prestação jurisdicional deficitária e obsoleta, dentre os principais aspectos podemos apontar: a grande quantidade de processos acumulados, instrumentos processuais defasados, a burocratização, a morosidade, a lentidão e o custo elevados das ações judiciais. Toda esta conjuntura cria um sentimento de insatisfação e descredibilidade na tradicional prestação jurisdicional oferecida pelo Estado.</p><p>Nesse ponto de vista o autor José Renato Nalini analisa:</p><p>O povo enxerga a Justiça com uma percepção de que ela é parcial, imprevisível, lenta e excludente dos desvalidos. Reconhece faltar-lhe gestão administrativa, pois nunca se preocupou com governança e qualificação. Falta-lhe ainda gestão documental, carente de práticas modernas de organização e método[footnoteRef:17]. [17: NALINI, José Renato. A rebelião da toga. 2. ed. Campinas: Millennium, 2008. p 50-51.]</p><p>No mesmo sentido, Lima observa quanto à crise do Judiciário:</p><p>A evidência dos fatos – e não só dos argumentos – mostra que a instituição judiciária brasileira está falida, porque não dá conta do volume de trabalho, não trata o jurisdicionado com o devido respeito, nem proporciona paz e segurança à população,</p><p>mas, ao contrário, provoca ansiedade, frustração, incerteza, neurastenia, que geram intranquilidade individual e social, pela excessiva demora na solução as demandas judiciais, e pelo difícil e nervoso relacionamento com o público[footnoteRef:18]. [18: LIMA, Antônio Sebastião de. A crise do poder judiciário no Brasil. Disponível em: http://members.tripod.com/Minha_Tribuna/art04.htm. Acesso em: 10 mai. 2021.]</p><p>O descrédito no Poder Judiciário é fruto da ausência tratamento adequado e seus desdobramentos para com os lígitos que são levados á justiça, o que acaba provocando uma perda de poder por parte do Estado[footnoteRef:19]. Verifica-se que uma reforma profunda e radical no Poder Judiciário é necessária, haja vista que se tal reformulação estrutural não ocorrer a Justiça estará cada vez mais longe de uma harmonia e concordância com sociedade e sua realidade, o que pode provocar um grave declínio institucional[footnoteRef:20]. [19: SPENGLER, Fabiana Marion; SPENGLER NETO, Theobaldo. A crise das jurisdições brasileiras e italianas e a mediação como alternativa democrática da resolução de conflitos. In: SPENGLER, Fabiana Marion; SPENGLER NETO, Theobaldo (Org.). Mediação enquanto política pública: o conflito, a crise da jurisdição e as práticas mediativas. 1. ed. SantaCruz do Sul: Edunisc, 2012.] [20: NALINI, José Renato. A rebelião da toga. 2. ed. Campinas: Millennium, 2008.]</p><p>Em meio a todo o contexto da crise do Judiciário acrescido ineficácia do Estado em tutelar uma prestação jurisdicional adequada, descrito neste capítulo, despontam meios alternativos e extrajudiciais, mais célere e eficazes, como uma nova forma de solução das demandas. Dos quais, dentre as principais podemos citar: arbitragem, conciliação, mediação[footnoteRef:21]. [21: ZANFERDINI, Flávia de Almeida Montigelli. Desjudicializar conflitos: uma necessária releitura do acesso à justiça. Revista NEJ – Eletrônica. S.l., v. 17, n. 2, mai/ago 2012. Disponível em: https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/nej/article/view/3970/2313. Acesso em: 02 mai 2021.]</p><p>2.3 UM NOVO OLHAR SOB O ACESSO À JUSTIÇA</p><p>Perante um cenário de crise no Poder Judiciário, é indispensável compreender que o acesso à Justiça efetivo não deve ser restringindo ao mero acesso ao Judiciário. Trata-se de uma questão muito mais ampla de assegurar uma efetiva realização do Direito, em razão de que ao nos depararmos com um novo olhar sobre o acesso á Justiça vemos que a ideia de Justiça é complexa, pois estamos diante de um conceito que é variável de acordo com a sociedade em que está inserida e com o nível de complexidade das relações interpessoais, ou seja está aberto e em evolução[footnoteRef:22]. [22: SILVA, Adriana dos Santos. Acesso à justiça e arbitragem: um caminho para a crise do judiciário. Barueri: Manole, 2005.]</p><p>O acesso à justiça é por si só uma das funções do próprio Estado, a que tem a competência para garantir um ordenamento jurídico efetivo, possibilitando justiça aos cidadãos. Quando abordamos o acesso, consideramos este instrumento ético para por em prática a justiça, levando em conta a existência de um ordenamento jurídico que regula atividades individuais e sociais, bem como a distribuição legislativa justa dos direitos e faculdades substanciais[footnoteRef:23]. [23: BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016 – (Coleção Saberes do Direito, 53), p. 53.]</p><p>Diante da concepção de Justiça e de acesso à Justiça destaca-se entre eles o sentido complementar:</p><p>O primeiro, que atribui ao termo justiça o mesmo sentido e conteúdo de Poder Judiciário, torna sinônimas as expressões acesso à Justiça e acesso ao Poder Judiciário; o segundo, partindo de uma visão axiológica da expressão Justiça, compreende o acesso a ela como o acesso a uma determinada ordem de valores e direitos fundamentais para o ser humano[footnoteRef:24]. [24: RODRIGUES, Horácio Wanderlei; LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria Geral do Processo. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2019, p. 205.]</p><p>Há uma tendência de associar o acesso à justiça com a resolução de demandas por processo judicial, concebendo a Justiça como instituição, e não valor. O novo pensar do acesso á Justiça afasta-se da ideia tradicional de “acesso aos tribunais” na sociedade contemporânea o tema ser é alargado para além do Poder Judiciário, a medida que é possível o Estado investir políticas públicas e em outros meios de solução de conflitos que sejam adequados aos interesses tutelados[footnoteRef:25]. [25: ZANFERDINI, Flávia de Almeida Montigelli. Desjudicializar conflitos: uma necessária releitura do acesso à justiça. Revista NEJ – Eletrônica. S.l., v. 17, n. 2, mai/ago 2012. Disponível em: https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/nej/article/view/3970/2313. Acesso em: 02 mai.2021.]</p><p>É evidente que não se exclui, em qualquer momento, a possibilidade de que as controvérsias, principalmente aquelas litigiosas, sejam trazidas ao âmbito do Poder Judiciário, mas que a partir de então admite-se conflitos sem litígios podem ser melhor resolvidos por outros instrumentos. Assim, o efetivo acesso à justiça possibilita o acesso à ordem jurídica justa, através da adequada tutela que solucione conflitos e conduza à pacificação social, não se limitando ao acesso aos órgãos judiciários existentes no país[footnoteRef:26]. [26: GRINOVER, Ada Pellegrini. Ensaio sobre a processualidade: fundamentos para uma nova teoria geral do processo. Brasília: Gazeta Jurídica, 2016, p. 75.]</p><p>Portanto o acesso ao Judiciário deve ser utilizado como último recurso, desmistificando a convicção de que qualquer conflito seja qual for seu grau complexidade ou sua natureza, deveria recorrer somente e diretamente à apreciação judicial. Ao contrário o conceito moderno de acesso à justiça é extensivo quanto às formas de resolução de conflitos, preservando-se sempre a independência e imparcialidade do terceiro que vai manejar o tratamento da questão.</p><p>Um dos estudos mais importantes e revolucionários que tratam sobre o acesso à Justiça é “Projeto Florença de Acesso à Justiça” de 1988 de Mauro Cappelletti e Brian Garth, onde analisados projetos de reforma processual de vários países com o objetivo de fomentar o assunto[footnoteRef:27]. Na obra, dada à pesquisa de quais seriam os empecilhos do acesso à justiça, os autores passam a estabelecer formas práticas para referido entraves. Assim, alegam que a renovação do acesso à justiça se organiza em “ondas”[footnoteRef:28]. [27: OLIVEIRA, Daniela Olímpio de. Uma releitura do princípio do acesso à justiça e a ideia da desjudicialização. Revista Eletrônica de Direito Processual – REDP, v. XI. Periódico da Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Processual da UERJ. Disponível em: https://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/redp/article/view/18064/13318. Acesso em:17 mai 2021] [28: HÜLSE, Fabiano Colusso Ribeiro Levi; GONÇALVES, Sandra Krieger. Desjudicialização no sistema judicial brasileiro: reflexões sobre a mitigação do paradigma do monopólio da jurisdição. Direitos culturais, Santo Ângelo, v. 12, n. 28, p. 159/182, set/dez 2017]</p><p>A primeira onda, se dá pela assistência judiciária aos pobres, devido aos entraves econômicos, já a segunda onda é representação dos interesses difusos para romper com processo civil, tradicional. Por sua vez, ressalta-se a terceira onda, a qual considera-se a mais revolucionária do, haja vista que a diferença das demais pelo foco e alcance muito mais amplo ao propor um processo civil com adequações e adaptações para cada conflito, por meio de instrumentos específicos capazes de romperem a barreira do Poder Judiciário, estando incluídas as técnicas privadas ou informais de solução de litígios [footnoteRef:29]. Destarte, explanam os autores: [29: CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet. Porto</p><p>Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1988.]</p><p>Essa ‘terceira onda’ de reforma inclui a advocacia, judicial ou extrajudicial, seja por meio de advogados particulares ou públicos, mas vai além. Ela centra</p><p>sua atenção no conjunto geral de instituições e mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados para processar e mesmo prevenir disputas nas sociedades modernas. Nós o denominamos ‘o enforque do acesso à Justiça’ por sua abrangência[footnoteRef:30]. [30: CAPPELLETTI, M.; GARTH, B. Op. cit., p. 67/68.]</p><p>Depreende-se, que quanto ao tema a obra “Projeto Florença de Acesso à Justiça” estabeleceu uma nova e revolucionária ideia sobre o acesso à justiça, com uma caracterização maior e mais ampla com a perfectibilização do direito além da mera representação em juízo.</p><p>Nesta direção do pensamento capellettiano, o ordenamento jurídico brasileiro é chamado a ir além do vertente formal do direito ao acesso à Justiça previsto no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. E materialização da tendência de existir solução consensual de conflitos extrapolando os órgãos judicias se deu através regramento do Novo Código de Processo Civil de 2015.</p><p>Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.</p><p>§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.</p><p>§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.</p><p>§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial[footnoteRef:31]. [31: BRASIL. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em 05 jun.2021.]</p><p>Sobre o dispositivo processual legal o autor Pinho analisa:</p><p>o art. 3° do NCPC, ao se referir à apreciação jurisdicional, vai além do Poder Judiciário e da resolução de controvérsias pela substitutividade. O dispositivo passa a permitir outras formas positivas de composição, pautadas no dever de cooperação das partes e envolvendo outros atores. Desse modo, a jurisdição, outrora exclusiva do Poder Judiciário, pode ser exercida por serventias extrajudiciais ou por câmaras comunitárias, centros ou mesmo conciliadores e mediadores extrajudiciais[footnoteRef:32]. [32: PINHO, Humberto Dalla Bernardina; PORTO, José Roberto Sotero de Mello. A desjudicialização enquanto ferramenta de acesso à justiça no CPC/2015: a nova figura da usucapião por escritura pública. Revista eletrônica de Direito Processual – REDP. Rio de Janeiro, ano 10, v. 10, n. 2, p. 320/353, jul./dez. 2016, p. 3.]</p><p>Como se pode observar há uma diferença crucial entre o texto disposto no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal e o do Código de Processo Civil, quando se utiliza o termo “apreciação jurisdicional” vemos a expansão no sentindo do acesso á justiça, enxergando este não mais resumido ao judiciário[footnoteRef:33]. Assim o Código de Processo Civil celebra legalmente os meios alternativos de resolução de conflitos assumindo uma função importante na pacificação e composição social, o que não exclui o modelo tradicional judiciário para casos com litígios ou em que este se faz necessário, como por exemplo processos envolvendo crianças e adolescentes[footnoteRef:34]. [33: PINHO, H. D. B.; PORTO, J. R. S. de M. Op. cit., p. 2.] [34: SOUZA, André Pagani de. et al. Teoria geral do processo contemporâneo. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2019.]</p><p>Nesse tocante, Daniela Oliveira assevera:</p><p>Dessa forma, pode-se concluir que: Partindo dessa premissa plural das variadas ordens jurídicas, todas justas do ponto de vista particular de um nicho social, acesso à justiça deixa de ser uma questão de acolhimento por um determinado órgão estatal com poder jurisdicional para se tornar uma questão de diversidade de locus e procedimentos e, mais ainda, de possibilidades de realização efetiva de valores[footnoteRef:35]. [35: OLIVEIRA, Daniela Olímpio de. Uma releitura do princípio do acesso à justiça e a ideia da desjudicialização. Revista Eletrônica de Direito Processual – REDP, v. XI. Periódico da Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Processual da UERJ. Disponível em: https://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/redp/article/view/18064/13318. Acesso em 17 mai.2021, p.26.]</p><p>A autora também destaca:</p><p>Justiça não pode ser considerada um local, nem uma instituição. A expressão acesso à justiça pode até significar acesso à uma decisão, mas não à uma instituição. Aproximam-se os institutos, sendo, porém, um, sujeito e, outro, finalidade[footnoteRef:36]. [36: OLIVEIRA, Daniela Olímpio de. Op. cit. p. 30.]</p><p>Portanto, é nítido que esse novo prisma o qual o acesso á justiça passa a ser analisado, não busca em qualquer momento diminuir ou retirar o crédito da Justiça processada pela via judicial, mas sim tem por finalidade desmistificar o pensamento de que o Poder Judiciário seria o único método para a solução de controvérsias, o que provoca nos órgãos judiciais um excessivo número de demandas, um serviço moroso e que não é competente[footnoteRef:37]. [37: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum – vol. 1. 56ª ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro:Forense, 2015.]</p><p>2.4. DESJUDICIALIZAÇÃO</p><p>As relações contemporâneas do sistema jurisdicional com a sociedade como todo estão em constantes mudanças, o que nos faz refletir sobre os aspectos de distribuição de Justiça com diferentes mecanismos e estratégias para auxiliaram na pacificação social. Todavia sem que haja qualquer prejuízo aos já existentes forma de resolução de conflitos[footnoteRef:38]. [38: SPENGLER, Fabiana Marimon. A crise da jurisdição e a necessidade de superação da cultura jurídica atual: uma análise necessária. In: Brandão, Paulo de Tardo (orgs.). Os (des)caminhos da jurisdição. Florianópolis: Conceito, 2009. ]</p><p>Nas palavras de Vicente de Abreu Amadei, “nas patologias jurídicas das relações humanas, a tendência moderna é criar mecanismos simples, céleres e intermediários de solução dos conflitos, evitando, com isso, a sobrecarga do Poder Judiciário”[footnoteRef:39]. [39: AMADEI, Vicente de Abreu. Serviço de protesto de títulos deve ser extinto? In: DIP, Ricardo Henry Marques (org.). Registros públicos e segurança jurídica. Porto Alegre: Fabris, 1998, p. 118.]</p><p>Não restam dúvidas, como já dito anteriormente no presente trabalho, que é essencial à atuação do Poder Judiciário dadas situações em que de fato este é mais o adequado. Salienta-se que para a busca de uma efetivação do princípo do acesso á justiça é eficiente quando o sistema jurisdicional é integrado de forma plena e em consonância com meios alternativos coexistentes complementares (extrajudiciais) à solução dos conflitos[footnoteRef:40]. [40: BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016 – (Coleção Saberes do Direito, 53), p. 66.]</p><p>Ademais, existem outros recursos que não requererem presença de um juiz e a movimentação da pesada e custosa máquina judicial para que seja alcançado resultados satisfatórios para questões de baixa ou pouca complexidade, ainda que complexas, desde que acoradado de forma consensual entre partes envolvidas[footnoteRef:41]. [41: RIBEIRO, Moacyr Petrocelli de Ávila. Diálogos para a "desjudicialização". 2014. Disponível em:http://www.notariado.org.br/index.php?pG=X19leGliZV9ub3RpY2lhcw==&in=NDQ1OA==. Acesso em: 28 mai.2021.]</p><p>Nas considerações de Hermes Zaneti Jr. a respeito do Estado Democrático Constitucional, ao assinalar a contraposição entre o Estado Liberal e o Estado Social, o principal aspecto destacado é presença de um modelo plural e com participação de gestão da democracia. Dessa maneira, o autor entende que o processo não é composto apenas do Judiciário, mas sim são chamadas as demais instâncias de poder, estatais ou não, a revelar a necessidade de demodiversidade, isto é, “vários meios institucionalizados e abertos para a institucionalização e a participação do indivíduo e da sociedade na formação dos atos decisórios que irão intervir na sua realidade cotidiana.[footnoteRef:42]”.</p><p>É fundamental que</p><p>a distância entre a legalidade e a realidade seja encurtada como revela multiplicidade e dinâmica social. Assim, a inauguração das novas práticas administrativo-judiciais garantem a concretização de direitos fundamentais, especialmente o direito do acesso á Justiça [footnoteRef:43]. [42: ZANETI JR., Hermes. O novo processo civil brasileiro e a constituição. O modelo constitucional da justiça brasileira e o código de processo civil de 2015. 3. ed., p. 8-9 (versão de trabalho).] [43: SCHERER, Tiago. Função jurisdicional e atividade registral: da independência à mútua colaboração. In: Revista de direito imobiliários, v. 72, p. 379-420, 2012, p. 418]</p><p>Diante do panorama de acesso à Justiça mais abrangente, levando em consideração principalmente os princípios da celeridade e efetividade na tutela dos direitos dos cidadãos, é que desponta o movimento de desjudicialização. Para Daniela Olímpio o termo desjudicialização “significa sair do Judiciário, portanto, retirar da sua apreciação temas que antes eram de sua competência exclusiva, para se transferir o processamento para outros atores.[footnoteRef:44]” [44: , OLIVEIRA, Daniela Olímpio de. Op. cit. p. 27.]</p><p>De acordo Loureiro, a desjudicialização é uma tendência global, em decorrência da crise do Judiciário “à retirada da competência jurisdicional de diversos atos de jurisdição voluntária, isto é, de negócios jurídicos em que há administração pública de interesses privados, mas em que não há lide ou litígio.[footnoteRef:45]”. Portanto, estamos perante um movimento contrário aquele que acredita somente tão somente do Poder Judiciário como instrumento de pacificação social. [45: LOUREIRO, Luiz Guilherme. Registros públicos: teoria e prática. 8ª ed. ver., atual e ampl. Salvador: Editora Juspodivm, 2017, p. 1.029. ]</p><p>Pinho e Porto comenta, a “desjudicialização não perde a natureza de intervenção estatal - há, apenas, uma materialização estruturada de forma diversa do processo judicial” [footnoteRef:46]. Também Theodoro Júnior enuncia: [46: PINHO, H. D. B.; PORTO, J. R. S. de M. Op. cit., p. 7.]</p><p>Sob tal renovado panorama, previne-se o risco de que a garantia de acesso à Justiça se desvirtue numa judicialização exacerbada, que insufla a contenciosidade social e arrisca banalizar a intervenção jurisdicional do Estado; de outra parte, a leitura ponderada e realista do que se contém no art. 5º, XXXV, da CF afina-se com a contemporânea tendência à desjudicialização dos conflitos, que em nada atrita ou desmerece o Judiciário, antes contribuindo para a tendencial superação do monopólio estatal na distribuição da justiça, como o evidencia o expressivo rol de agentes, órgãos e instâncias credenciados a resolver conflitos[footnoteRef:47]. [47: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Op. Cit. p. 80.]</p><p>Portanto, a informalização dos procedimentos e a desjudicialização seriam apenas mecanismos diferentes para a prevenção ou resolução de litígios, sem afastar o a competência estatal do Poder Judiciário.</p><p>A desjudicialização há algumas décadas atrás era uma concepção inimaginável dentro do ordenamento brasileiro por ser restrita a jurisdição. A Lei de Registros Públicos (Lei n.6.015/1973) foi a primeira a inaugurar esta tendência, pois já comentava “procedimentos que não necessitavam de atividade decisória judicial para existir, mas há ingerência estatal para lhes assegurar segurança jurídica, e atribuir-lhes oponibilidade erga omnes[footnoteRef:48].”. [48: PINHO, H. D. B.; PORTO, J. R. S. de M. Op. cit., p. 6/7]</p><p>Podemos notar outras leis, que colaboram para a realização do movimento de retirada da apreciação judicial de certas questões, como por exemplo; a Lei 8.951/1994, que permitiu consignação em pagamento extrajudicial; a Lei 9.514/1997, que trata da alienação judiciária de imóvel;a Lei 11.441/2007, dispensou a obrigatoriedade da realização de divórcio, inventário e partilha consensuais por escritura pública; a Lei 11.790/2008, que desjudicializou o registro tardio de nascimento; a Lei 12.100/2009, que abriu a possibilidade corrigir pequenas falhas por meio Oficial de Registro extrajudicialmente[footnoteRef:49]. [49: PINHO, H. D. B.; PORTO, J. R. S. de M. Op. Cit.]</p><p>Um marco nos procedimentos de desjudicialização foi o Código de Processo Civil de 2015, onde através de seus artigos são estabelecidas diversas práticas administrativas- jurídicas. Destacando-se: a usucapião extrajudicial (art. 1.071), a divisão e demarcação de terras por escritura pública (art. 571), a homologação de penhor legal pela via extrajudicial (art. 703)[footnoteRef:50], entre outras que expandiram o alcance e consolidaram a tendência da um novo olhar sob o acesso á justiça com meios alternativos coexistindo com o Poder Judiciário. [50: BRASIL. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em 05 mai.2021.]</p><p>Assim sendo, pode-se concluir que o princípio constitucional do acesso à Justiça não só não apresenta qualquer incompatibilidade com o processo de desjudicialização, como também se coaduna perfeitamente com este, na medida em que a efetivação de direitos pela via extrajudicial garante a acessibilidade, operosidade, utilidade e proporcionalidade da efetivação dos direitos subjetivos dos cidadãos[footnoteRef:51]. [51: OLIVEIRA, D. O. de. Op. cit. ]</p><p>2.5 SERVENTIAS EXTRAJUDICIAIS</p><p>Neste processo de desjudicialização do direito, devemos ressaltar a importante função das serventias extrajudiciais, vendo estas como instituições contribuem para a eficiência e celeridade dos procedimentos em geral, de forma confiável e produtiva. Nesse sentido:</p><p>Efetivamente, há uma tendência doutrinária em entender que a jurisdição voluntária não é nem jurisdição, nem voluntária, e, assim sendo, poderia ser perfeitamente desempenhada pelo notário. Aliás, parece que seria bom que fosse desempenhada pelos notários, primeiro, porque liberaria o Poder Jurisdicional do Estado para dedicar-se com mais afinco e menos interrupções às questões que realmente devem ser resolvidas pela jurisdição, quais sejam as que envolvam lide a ser resolvida; segundo, porque em não havendo lide a ser desfeita na jurisdição voluntária, e tratando-se por isso de atividade administrativa, um terceiro imparcial como o notário, profissional do direito, a desempenharia com proficiência, uma vez que dotado de todas as características necessárias para tanto, como, por exemplo, a imparcialidade[footnoteRef:52].</p><p>[52: BRANDELLI, Leonardo. Teoria geral do direito notarial. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. ]</p><p>A relevância da atuação das serventias extrajudiciais merece destaque e já vêm sendo reconhecida, inclusive, pela própria sociedade, que nota na prática os seus benefícios. O melhor exemplo disso é a importância que assume o estudo do notariado e dos registros públicos.</p><p>A contribuição do notarial– e também registral para á sociedade é inegável, pois permite que as partes confiem a um terceiro imparcial e com qualificação celebrar negócios jurídicos, sem que haja a presença de intervenção estatal na maioria dos casos. Ao incentivar o consenso as serventias extrajudiciais, é necessário esclarecer aos participantes os efeitos jurídicos e a extensão dos seus atos, garantindo que o negócio jurídico seja realizado conforme com o direito e de forma segura, assim auxiliando na redução da litigiosidade[footnoteRef:53] . [53: BRANDELLI, Leonardo. Op. cit. ]</p><p>É relevante observar quanto às técnicas negociais utilizadas na autocomposição nem sempre considera na literalidade o princípio da imparcialidade. A conciliação, por exemplo, o conciliador tem uma postura mais incisiva, á medida que propõe uma solução, ao inverso dos Cartórios de Registro que estão alinhados ao tradicional agir dos Oficiais das Serventias Extrajudiciais.</p><p>O papel econômico e social assumido pelo notariado dentro do sistema jurídico é muito forte, em razão de que a intervenção extrajudicial na grande maioria das vezes realiza negócios jurídicos de forma mais</p><p>eficiente, célere e barata do que ingressar com um processo judicial[footnoteRef:54].É justamente por este motivo que a atividade notarial diminui os custos e abalos psicológicos dos possíveis conflitos que poderiam surgir numa discussões judiciais[footnoteRef:55]</p><p>Ao relacionar o direito processual e direito notarial-registral Loureiro cita: [54: BRANDELLI, L. Op. cit.] [55: BRANDELLI, L. Op. cit.]</p><p>O direito processual é um direito restaurador ou reparador que permite a aplicação das normas de direito substantivo a um determinado caso concreto; enquanto o segundo é preventivo e busca o estabelecimento da presunção de certeza e validez dos atos e negócios jurídicos, não apenas em relação aos demais particulares, mas também em face do Estado[footnoteRef:56]. [56: LOUREIRO, Luiz Guilherme. Registros públicos: teoria e prática. 8ª ed. ver., atual e ampl. Salvador: Editora</p><p>Juspodivm, 2017,p 47/48.]</p><p>O autor afirmar, de forma objetiva que o direito processual se preocupa em solucionar litígios existentes, á passo que o direito notarial e registral têm por finalidade impedir o próprio surgimento dos conflitos. Nota-se que as serventias extrajudicais atuam para que não ocorra enxurrada de processeos judicias sem ligítios, cooperando para o desenvolvimento normal e saudável das relações jurídicas entre particulares.</p><p>Nas palavras de Brandelli:</p><p>Aí está o fundamento, a beleza e a importância do direito notarial: a intervenção estatal na esfera de desenvolvimento voluntário do direito buscando a certeza e segurança jurídicas preventivas, evitando litígios, acautelando direitos, dando certeza às relações, e sendo, portanto, um importante instrumento na consecução da paz social[footnoteRef:57]. [57: BRANDELLI, L. Op. cit. P 27.]</p><p>Atividade do notário e do registrador merece destaque como um pacificador das relações entre as partes ao aconselhar e formalizar vontade juridicamente por intermédio da fé pública que é dotado o instrumento dotado de fé pública, o que contribui para reduzir o número de litigiosidade entre os particulares.</p><p>Sobre os estudos das serventias extrajudiciais, Pedroso e Lamanaukas destacam:</p><p>Num momento de intensas discussões públicas e expansão de competências através de Políticas de Desburocratização do Judiciário, Regularização Fundiária, implantação de Sistemas Eletrônicos de acesso e publicidade e, sobretudo, das necessidades econômicas que pedem por dinamismo e segurança jurídica[footnoteRef:58]. [58: PEDROSO, Regina; LAMANAUSKAS, Milton Fernando. Direito notarial e registral atual. 2ª ed. Rio de</p><p>Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. P 45.]</p><p>Assim, a celeridade trazida quando transferimos procedimentos antes exclusivos do Poder Judiciário para os cartórios extrajudiciais contribui com a diminuição do número de processos judiciais, afastando da apreciação do juiz as questões de menos complexidade ou aquelas em que inexiste litígio. Nesse sentido, a “desjudicialização representa um avanço na resolução de conflitos e contribui significativamente para desafogar o Poder Judiciário, liberando-o para cumprir adequadamente o seu mister, nas demandas que forem levadas à sua apreciação, além de se traduzir em uma nova forma de acesso à Justiça”[footnoteRef:59]. [59: HÜLSE, Fabiano Colusso Ribeiro Levi; GONÇALVES, Sandra Krieger. Desjudicialização no sistema</p><p>judicial brasileiro: reflexões sobre a mitigação do paradigma do monopólio da jurisdição. Direitos culturais,</p><p>Santo Ângelo, v. 12, n. 28, p. 159/182, set/dez 2017, p. 2]</p><p>3 CONCLUSÃO</p><p>Restou demostrada, no bojo do presente trabalho, a central a impotancia do acesso à Justiça, entendendo este, como a maior parte da doutrina brasileira, não apenas como um princípio do direito formal limitado ao ingresso em Juízo, mas sim como instrumento de efetivação de uma ordem jurídica justa. Dessa forma, mostrou-se quanto o modelo tradicional de jurisdição está em crise e necessita de reforma.</p><p>Neste contexto, a partir de três ondas, assistência judiciária gratuita; representação jurídica para os interesses difusos; e a terceira, e a última referente a mecanismos alternativos para a solução de conflitos.</p><p>Assim vê-se surgir a necessidade de afastar a litigiosidade da sociedade atual, compreendendo o processo judicial como um meio de acesso á justiça para a resolução de controvérsias, mas não o único meio e nem sempre como o adequado a todas as situações. Passe–se então a conceber a justiça como valor, e não como instituição o que a ligaria necessariamente ao Poder Judiciário.</p><p>Diante dessa nova concepção de acesso à Justiça para além do poder judíciario e entendida como um sistema jurídico com instrumentos alternativos capazes garantir uma tutela justa, assegurando uma solução de demandas de forma efetiva e célere a todos, que supere os numerosos óbices hoje existentes à satisfação dos direitos dos cidadãos. Razão pela qual pela voga desta ideia que se inaugura a tendência de desjudicialização do direito.</p><p>O movimento de desjudicialização do direito tem por ideia que algumas matérias possam ser analisadas na esfera administrativa e não sejam apreciadas exclusivamente pelos órgãos judiciais. Tal tendência ganhou força justamente perante a crise do Poder Judiciário com inefetividade, a descredibilidade, com expressivo número de processos e à demora na prestação judicial, o que mostra que a via administrativa- extrajudical como uma das respostas aos problemas para as demandas sem litígios, contribuindo para uma melhor consecução deste direito e com um efetivo acesso à Justiça.</p><p>Portanto, as serventias extrajudiciais assumem relevante papel quando apreciam questões de menor grau de complexidade e sem litígio, afastando esta do processo judicial. De modo consequente, há assim uma redução do número de demandas tramitando no Judiciário, o que colabora com o melhor funcionamento deste Poder.</p><p>O direito notorial e registral passam então a ser encarado como uma forma evitar o surgimento de conflitos futuros. A ampliação dos procedimentos que podem ser realizados pela via extrajudicial, que é introduzido no ordenamento jurídico brasileiro pela Lei de Registros Públicos (Lei n.6.015/1973) e tem como seu principal e mais importante diploma legal o Código de Processo Civil de 2015.</p><p>Assim as serventias extrajudiciais garantem ao cidadão um meio alternativo de solução de suas pretensões sem que seja obrigado a submetê-las às delongas do processo judicial, colaborando para o efetivo acesso á justiça.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALVIM, J. E. Carreira. Teoria geral do processo. 22ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 96.</p><p>AMADEI, Vicente de Abreu. Serviço de protesto de títulos deve ser extinto? In: DIP, Ricardo Henry Marques (org.). Registros públicos e segurança jurídica. Porto Alegre: Fabris, 1998, p. 118.</p><p>BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016 – (Coleção Saberes do Direito, 53), p. 53. P 66.</p><p>BRANDELLI, Leonardo. 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