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<p>1</p><p>SUPLEMENTAÇÃO COM EPA,</p><p>DHA E TC</p><p>2</p><p>APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 4</p><p>Objetivo 4</p><p>Objetivos específicos 4</p><p>Habilidades e Competências a serem adquiridas</p><p>4</p><p>Ementa 4</p><p>Literatura Recomendada 4</p><p>1 INTRODUÇÃO 8</p><p>Nutrientes 9</p><p>Macronutrientes 9</p><p>Carboidratos 10</p><p>Proteínas 11</p><p>Lipídios 12</p><p>Micronutrientes 12</p><p>Vitaminas lipossolúveis 12</p><p>Vitamina A 12</p><p>Vitamina K 14</p><p>Vitamina E 15</p><p>Vitamina D 15</p><p>Vitaminas hidrossolúveis 17</p><p>Vitamina C 17</p><p>Complexo B 18</p><p>Tiamina 18</p><p>Riboflavina 19</p><p>Niacina 20</p><p>Pantotenato 21</p><p>Piridoxina 21</p><p>Biotina 23</p><p>Folato 24</p><p>3</p><p>Cobalamina 25</p><p>Minerais 26</p><p>Cálcio 26</p><p>Ferro 27</p><p>Magnésio 29</p><p>Zinco 30</p><p>2 DEFINIÇÃO, METABOLISMO E FUNÇÕES</p><p>BIOLÓGICAS DE LIPÍDIOS 33</p><p>Introdução 33</p><p>Lipídios: Definição, Função, Tipos, Recomendações</p><p>e Fontes Alimentares 34</p><p>Papel Energético dos Lipídios 39</p><p>Digestão, Absorção, Transporte e Armazename nto</p><p>40</p><p>3 SUPLEMENTAÇÃO COM ÔMEGA 3 E TCM NO</p><p>ESPORTE 43</p><p>Introdução 43</p><p>Ômega 3 43</p><p>Suplementação com ômega 3 no esporte 45</p><p>Suplementação com TCM no esporte 46</p><p>4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49</p><p>4</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA</p><p>Objetivo</p><p>Discutir a suplementação com lipídios, com foco em EPA, DHA</p><p>e triglicerídeos de cadeia média (TCM), no esporte.</p><p>Objetivos específicos</p><p>Discutir o metabolismo e a bioquímica dos lipídios.</p><p>Abordar aspectos gerais acerca do metabolismo, da bioquímica</p><p>e da função biológica do ômega 3 e dos TCM.</p><p>Apresentar aspectos associados à suplementação com ômega 3</p><p>e TCM no esporte.</p><p>Habilidades e Competências a serem adquiridas</p><p>Compreender o metabolismo, a bioquímica e a função biológica</p><p>dos lipídios de um modo geral e no contexto do esporte.</p><p>Ementa</p><p>A disciplina aborda a definição, o metabolismo, a bioquímica e</p><p>as funções biológicas dos lipídios, inclusive no contexto do esporte. As</p><p>informações inseridas no material são baseadas em evidências</p><p>científicas bem consolidadas.</p><p>Literatura Recomendada</p><p>Cisneiros, A. A., Queiroz, R. P. G., Arruda, H. A. S. Avaliação</p><p>dos rótulos de suplementos com ácidos graxos ômega 3</p><p>comercializados em farmácias localizadas na zona norte de Recife-PE.</p><p>Rev. Saúde – UNG. 16(2), 2022, 8-17. Disponível em:</p><p>http://dx.doi.org/10.33947/1982-3282-v16n2-4602</p><p>http://dx.doi.org/10.33947/1982-3282-v16n2-4602</p><p>5</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>Moura, G. N. Suplementação com ômega 3 e rotulagem: uma</p><p>revisão. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Nutrição)</p><p>Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2023. Disponível em:</p><p>https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/6124</p><p>Peres, M. C. Ácidos graxos ômega-3 ω-3 na prevenção de</p><p>doenças cardiovasculares: uma revisão de literatura. Rev FAROL –</p><p>Rolim de Moura. 16(16), 2022 jul .78-93. Disponível em:</p><p>https://revista.farol.edu.br/index.php/farol/article/view/397</p><p>Précoma DB, Oliveira GMM, Simão AF, Dutra OP, Coelho OR,</p><p>Izar MCO, Póvoa RMS, et al. Atualização da Diretriz de Prevenção</p><p>Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019. Arq.</p><p>Bras. Cardiol. 2019;113(4):787-891. Disponível em:</p><p>https://abccardiol.org/article/atualizacao-da-diretriz-de-prevencao-</p><p>cardiovascular-da-sociedadebrasileira-de-cardiologia-2019/</p><p>Rucklidge, J. J., Shaw, I. C. Are over-the-counter fish oil</p><p>supplements safe, effective and accurate with labelling? Analysis of 10</p><p>New Zealand fish oil supplements. N Z Med J. 2020 Set.</p><p>25;133(1522):52-62. PMID: 32994616.</p><p>Santos, L. K. B., Souza, V. C., Lima, H. R., Souza, D. C. P.,</p><p>Souza, R. P. Avaliação da rotulagem nutricional e da qualidade de</p><p>suplementos contendo ácidos graxos ômega 3. Rev. Braz. J. Surg.</p><p>Clin. Res. 2020 Fev; 20(2), 20-24. Disponível em:</p><p>http://www.mastereditora.com.br/bjscr</p><p>Silva, R. A., Souza Junior, E. A., Lopes, L. H., Pedrosa, D. O.,</p><p>Silva, K. O., Cortez, E. N., Braz, S. R., Aramo, S. H., Braz, W. R.</p><p>Avaliação da qualidade físico-química e microbiológica de cápsulas de</p><p>ômega-3 comercializadas no município de Nova Serrana - MG. BJHP;</p><p>2020 abril 2(1):28-4. Disponível em:</p><p>https://revistacientifica.crfmg.emnuvens.com.br/crfmg/article/view</p><p>/58</p><p>https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/6124</p><p>https://revista.farol.edu.br/index.php/farol/article/view/397</p><p>https://abccardiol.org/article/atualizacao-da-diretriz-de-prevencao-cardiovascular-da-sociedadebrasileira-de-cardiologia-2019/</p><p>https://abccardiol.org/article/atualizacao-da-diretriz-de-prevencao-cardiovascular-da-sociedadebrasileira-de-cardiologia-2019/</p><p>http://www.mastereditora.com.br/bjscr</p><p>https://revistacientifica.crfmg.emnuvens.com.br/crfmg/article/view/58</p><p>https://revistacientifica.crfmg.emnuvens.com.br/crfmg/article/view/58</p><p>6</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>Souza, L. S., Falco, M. O. Efeito da suplementação de ômega 3</p><p>na redução da pressão arterial em indivíduos hipertensos: uma</p><p>revisão de literatura. Trabalho de Conclusão de Curso. 2021 Jan.</p><p>Disponível em:</p><p>https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/handle/123456789/3354</p><p>Steffanelo, F. P. S., Pasqualotti, A., Pichler, N. A. Análise do</p><p>consumo de alimentos fontes de ômega 3 por participantes de grupos</p><p>de convivências. Rev. Bras. Geriatr. Geraontol. 2019; 22(6):e190287,</p><p>1-9. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1981-</p><p>22562019022.190287</p><p>Troesch, B., Eggersdorfer, M., Laviano, A., Rolland, Y., Smith,</p><p>A. D., Warnke, I., et al. Expert opinion on benefits of long-chain</p><p>omega-3 fatty acids (DHA and EPA) in aging and clinical nutrition.</p><p>Nutrients 2020; 12(9):2555. Disponível em:</p><p>https://doi.org/10.3390/nu12092555</p><p>https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/handle/123456789/3354</p><p>https://doi.org/10.1590/1981-22562019022.190287</p><p>https://doi.org/10.1590/1981-22562019022.190287</p><p>https://doi.org/10.3390/nu12092555</p><p>7</p><p>8</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Antes de nos aprofundar</p><p>nos conhecimentos acerca dos</p><p>lipídios e da suplementação</p><p>com estes no contexto</p><p>esportivo, é preciso</p><p>compreender aspectos básicos</p><p>acerca da nutrição.</p><p>Os nutrientes são</p><p>substâncias com funções</p><p>biológicas indispensáveis ao</p><p>organismo, sendo que a sua</p><p>deficiência é prejudicial ao</p><p>organismo, podendo levar a</p><p>condições graves, inclusive o</p><p>óbito. Contudo, a toxicidade</p><p>nutricional também tem</p><p>implicações graves e, em alguns</p><p>casos, também pode levar à</p><p>mortalidade.</p><p>Alguns nutrientes</p><p>podem ser sintetizados pelo</p><p>organismo, como os</p><p>aminoácidos dispensáveis,</p><p>porém, a maior parte dos</p><p>nutrientes não é produzida no</p><p>organismo, exigindo consumo</p><p>diário por meio da alimentação.</p><p>Além das funções</p><p>biológicas tradicionais, alguns</p><p>nutrientes podem ter papéis em</p><p>situações específicas, como</p><p>papel ergogênico no esporte.</p><p>Dentre eles, destacam-se</p><p>alguns lipídios, como o ômega</p><p>3.</p><p>Vale salientar, que a</p><p>nutrição é uma ciência recente e</p><p>em ascensão. Nesse sentido,</p><p>estratégias nutricionais podem</p><p>9</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>se tornar obsoletas conforme há</p><p>evolução da ciência. Assim, é</p><p>preciso que o profissional</p><p>nutricionista se mantenha</p><p>atualizado.</p><p>O objetivo principal do</p><p>presente material é discutir o</p><p>papel do ômega 3 e dos TCM no</p><p>esporte (seja ele eficaz ou não),</p><p>contudo, antes disso, as</p><p>primeiras seções serão</p><p>destinadas a conceitos básicos</p><p>sobre nutrição e informações</p><p>acerca dos lipídios.</p><p>Nutrientes</p><p>Nutrientes são</p><p>substâncias com funções</p><p>biológicas indispensáveis,</p><p>neurológicos, retardo do</p><p>crescimento, diminuição da</p><p>capacidade de aprendizado,</p><p>inflamação e maior risco de</p><p>doenças crônicas não</p><p>transmissíveis (DCNT). Já o</p><p>45</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>consumo excessivo de óleo de</p><p>peixe pode causar distúrbios</p><p>gastrointestinais, como</p><p>diarreias e desconforto gástrico,</p><p>bem como hemorragias.</p><p>Suplementação com</p><p>ômega 3 no esporte</p><p>Heileson e Funderburk</p><p>(2020) realizaram uma revisão</p><p>sistemática com estudos que</p><p>envolviam indivíduos</p><p>submetidos ao estresse físico</p><p>(diversas modalidades) e à</p><p>suplementação com ômega 3</p><p>por pelo menos 2 semanas (18</p><p>estudos foram incluídos).</p><p>Observou-se que a</p><p>suplementação com ômega 3</p><p>parece preservar a força</p><p>muscular (inclusive durante</p><p>imobilização e dano muscular)</p><p>e favorecer à recuperação</p><p>muscular (redução da</p><p>percepção de dor, do inchaço</p><p>muscular, do tempo para se</p><p>recuperar e maior amplitude de</p><p>movimento.</p><p>Similarmente,</p><p>Kyriakidou et al. (2021)</p><p>dividiram 14 indivíduos em dois</p><p>grupos: um recebeu 3 g/dia de</p><p>ômega 3 durante 4 semanas,</p><p>enquanto o outro recebeu</p><p>placebo. Ambos foram</p><p>submetidos ao downhill</p><p>running protocol. A</p><p>suplementação com ômega 3</p><p>reduziu a dor muscular 24h</p><p>após exercício, bem como</p><p>impediu a queda de</p><p>desempenho.</p><p>Ramos-Campo et al.</p><p>(2020) também encontraram</p><p>resultados semelhantes ao</p><p>suplementar 15 atletas de</p><p>endurance por 10 semanas com</p><p>2,1 g de DHA e 240 mg de</p><p>EPA/dia (estudo cross over) e</p><p>submetidos a uma sessão de</p><p>exercício indutor de lesão.</p><p>Observou-se que a</p><p>suplementação com ômega 3</p><p>reduziu IL1-beta, IL-6, CK,</p><p>LDH e a dor muscular, apesar</p><p>de não ter influenciado na fora</p><p>muscular.</p><p>Loss et al. (2021)</p><p>objetivaram avaliar o efeito do</p><p>ômega 3 no contexto esportivo,</p><p>porém, especificamente para</p><p>mulheres, mas não</p><p>encontraram efeitos positivos.</p><p>A suplementação não amenizou</p><p>a dor muscular e não aumentou</p><p>a força de contração dos</p><p>voluntários. Todos</p><p>apresentaram mesmo nível de</p><p>dor e de queda de desempenho.</p><p>Esse pode ser um indício de que</p><p>a suplementação com ômega 3</p><p>no contexto esportivo tenha</p><p>46</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>efeitos diversos para homens e</p><p>mulheres.</p><p>No que tange à</p><p>suplementação com ômega 3</p><p>para idosos com sarcopenia,</p><p>Cornish et al. (2022)</p><p>observaram aumento da força</p><p>de membros inferiores (mas</p><p>não superiores) e melhora em</p><p>parâmetros de funcionalidade</p><p>(exemplo: se sentar e se</p><p>levantar), mas não houve</p><p>alteração no teor de massa</p><p>magra.</p><p>Vale salientar que os</p><p>resultados obtidos nos estudos</p><p>acima não são unânimes entre</p><p>os estudos, havendo grande</p><p>divergência na literatura. Além</p><p>disso, é necessário que se faça</p><p>algumas considerações sobre</p><p>esses estudos, como: (i) a dose</p><p>suplementada varia muito</p><p>entre os estudos, o que pode,</p><p>parcialmente, explicar os</p><p>resultados diversos entre eles;</p><p>(ii) a predominância de DHA do</p><p>que EPA ou ao contrário</p><p>também pode ser um fator a</p><p>explicar os efeitos diversos</p><p>entre os estudos, já que DHA e</p><p>EPA tem funções biológicas</p><p>diferentes; (iii) os resultados</p><p>podem ser diferentes em</p><p>voluntários com características</p><p>distintas (exemplo: idade,</p><p>gênero, nível de atividade</p><p>física) e que pratiquem</p><p>modalidades diferentes</p><p>(endurance ou resistido).</p><p>Suplementação com TCM</p><p>no esporte</p><p>A suplementação com</p><p>TCM no contexto esportivo não</p><p>é recomendada pela Sociedade</p><p>Brasileira de Medicina</p><p>Esportiva porque, segundo esse</p><p>órgão, há falta de evidências</p><p>científicas acerca dos efeitos</p><p>ergogênicos desse recurso.</p><p>Chapman-Lopez e Koh</p><p>(2022), em uma revisão</p><p>sistemática, observaram que a</p><p>maior parte dos estudos</p><p>avaliados acerca da</p><p>suplementação com TCM no</p><p>esporte não observou melhora</p><p>do desempenho aeróbio, bem</p><p>como não observou alteração</p><p>na taxa de troca gasosa, na</p><p>oxidação de carboidrato e de</p><p>lipídio, na concentração de</p><p>lactato e de glicose. Apesar do</p><p>aumento de cetonas com a</p><p>suplementação, a maior parte</p><p>dos estudos demonstra que</p><p>essas não foram utilizadas</p><p>como fonte primária de energia</p><p>no endurance.</p><p>47</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>Maher et al. (2019)</p><p>observaram que a</p><p>suplementação com TCM não</p><p>influencia na saciedade e no</p><p>consumo alimentar e, apesar de</p><p>alguns estudos observarem</p><p>aumento da oxidação lipídica</p><p>com uso de TCM, há pouco</p><p>impacto no gasto energético</p><p>total e no emagrecimento.</p><p>De um modo geral, é</p><p>possível observar que a</p><p>suplementação com TCM tem</p><p>poucos efeitos ergogênicos bem</p><p>consolidados no contexto</p><p>esportivo – motivo pelo qual</p><p>esse suplemento é</p><p>descredibilizado pela maior</p><p>parte dos órgãos nacionais e</p><p>internacionais de nutrição</p><p>esportiva.</p><p>48</p><p>49</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>Alberts, B.; Johnson, A.;</p><p>Lewis, J. et al. Biologia</p><p>molecular da célula. 5ª Ed.</p><p>Porto Alegre: Artmed. 2010.</p><p>Chapman-Lopez, T.J.;</p><p>Koh, Y. The effects of medium-</p><p>chain triglyceride oil</p><p>supplementation on endurance</p><p>performance and substrate</p><p>utilization in healthy</p><p>populations: a systematic</p><p>review. Journal of obesity &</p><p>metabolic syndrome. 2022.</p><p>Cornish, S.M. et al.</p><p>Effects of omega 3</p><p>supplementation alone and</p><p>combined with resistance</p><p>exercise on skeletal muscle in</p><p>older adults: a systematic</p><p>review and meta-analysis.</p><p>Nutrients. 2022.</p><p>Cozzolino, SMF;</p><p>Cominetti, C. Bases</p><p>bioquímicas e fisiológicas</p><p>da nutrição, nas diferentes</p><p>fases da vida, na saúde e na</p><p>doença. Ed. Manole, 1ª edição,</p><p>2013.</p><p>Cozzolino, SMF.</p><p>Biodisponibilidade de</p><p>nutrientes. 5ª Ed. Manole.</p><p>2016.</p><p>Cukier, C.; Cukier, V.</p><p>Macro e micronutrientes</p><p>em nutrição clínica. Ed.</p><p>Manole, 1ª edição, 2020.</p><p>Guyton, A.C.; Hall, J.E.</p><p>Tratado de fisiologia</p><p>médica. 13ª Ed. Rio de</p><p>Janeiro: Elsevier. 2017</p><p>Heileson, J.L.;</p><p>Funderburk, L.K. The effect of</p><p>fish oil on the promotion and</p><p>preservation of lean body mass,</p><p>strength, and recovery from</p><p>physiological stress in young,</p><p>healthy adults: a systematic</p><p>review. Nutr Rev. 2020.</p><p>Kyriakidou, Y. et al. The</p><p>effect of omega 3</p><p>polyunsaturated fatty acid</p><p>supplementation on exercise-</p><p>induced muscle damage.</p><p>Journal of the International</p><p>Society of Sports Nutrition.</p><p>2021.</p><p>Loss, L.C. Effects of</p><p>omega 3 supplementation on</p><p>muscle damage after resistance</p><p>exercise in young women: a</p><p>randomized placebo-controlled</p><p>trial. Nutrition and Health.</p><p>2021.</p><p>50</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>Mahan, L.K.; Escott-</p><p>Stump, S.; Raymond, J.L.</p><p>Krause Alimentos,</p><p>Nutrição e Dietoterapia.</p><p>13ª Ed. Elsevier. 2012.</p><p>Maher, T. et al. Effect of</p><p>medium-chain TAG and</p><p>exercise on satiety, energy</p><p>intake and energy balance. Br J</p><p>Nutr. 2019.</p><p>Nelson, D.L.; Cox, M.M.</p><p>Princípios de bioquímica</p><p>de Lehninger. 6ª Ed. Porto</p><p>Alegre: Artmed. 2014.</p><p>Powers, S.K.; Howley,</p><p>E.T. Fisiologia do exercício</p><p>– teoria e aplicação ao</p><p>condicionamento e ao</p><p>desempenho. 8ª Ed. São</p><p>Paulo: Manole. 2014.</p><p>Ramos-Campo, D.J. et</p><p>al. Supplementation of re-</p><p>esterified docosahexaenoic and</p><p>eicosapentaenoic acids reduce</p><p>inflammatory and muscle</p><p>damage markers after exercise</p><p>in endurance athletes: a</p><p>randomized, controlled</p><p>crossover trial. Nutrients.</p><p>2020.</p><p>51</p><p>sendo que a deficiência de tais</p><p>nutrientes traz repercussões</p><p>negativas ao organismo.</p><p>Os nutrientes podem ser</p><p>classificados em</p><p>macronutrientes e em</p><p>micronutrientes.</p><p>Os macronutrientes são</p><p>carboidratos, proteínas e</p><p>lipídios. Esses conferem</p><p>energia ao organismo, na</p><p>ordem de 4 kcal/grama, 4</p><p>kcal/grama e 9 kcal/grama,</p><p>respectivamente. Além de</p><p>fornecerem energia, os</p><p>macronutrientes são</p><p>consumidos em maiores</p><p>quantidades e são mais</p><p>abundantes nos alimentos</p><p>quando em comparação com os</p><p>micronutrientes.</p><p>Já os micronutrientes</p><p>são as vitaminas e os minerais,</p><p>os quais não fornecem energia</p><p>ao organismo, mas têm várias</p><p>outras funções biológicas,</p><p>inclusive nas vias</p><p>bioenergéticas que geram</p><p>adenosina trifosfato (ATP).</p><p>Cada nutriente</p><p>apresenta funções biológicas</p><p>diferentes, sendo assim, é</p><p>necessário que haja a ingestão</p><p>dietética de cada um deles, caso</p><p>contrário, haverá</p><p>sinais/sintomas de deficiência</p><p>nutricional.</p><p>Não somente as funções</p><p>biológicas são diferentes, como</p><p>as recomendações nutricionais</p><p>também diferem para cada</p><p>nutriente. Não obstante, as</p><p>recomendações nutricionais</p><p>diferem de acordo com as</p><p>características do indivíduo em</p><p>questão, como gênero, idade e</p><p>ciclo da vida (exemplo: gestação</p><p>e lactação).</p><p>Macronutrientes</p><p>10</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>Como mencionado</p><p>anteriormente, os</p><p>macronutrientes fornecem</p><p>energia ao organismo, além de</p><p>outras funções biológicas. Não</p><p>obstante, as recomendações</p><p>nutricionais e a ingestão</p><p>dietética são maiores para os</p><p>macronutrientes do que para os</p><p>micronutrientes.</p><p>Carboidratos</p><p>Os carboidratos são</p><p>macronutrientes que fornecem</p><p>4 kcal/grama, sendo formados</p><p>pelos elementos carbono (C),</p><p>hidrogênio (H) e oxigênio (O),</p><p>na proporção 1:2:1 (ou seja, o</p><p>dobro de H quando em</p><p>comparação com C e O).</p><p>Os carboidratos são as</p><p>moléculas orgânicas mais</p><p>abundantes na natureza, sendo</p><p>assim, a restrição desses</p><p>nutrientes da dieta acaba</p><p>limitando o consumo de</p><p>diversos alimentos e,</p><p>normalmente, traz</p><p>repercussões negativas à saúde.</p><p>Os vegetais são os únicos</p><p>que conseguem produzir</p><p>carboidrato de forma simples,</p><p>usando substâncias não</p><p>energéticas (clorofila). Nesse</p><p>sentido, as principais fontes</p><p>alimentares de carboidratos são</p><p>de origem vegetal, como</p><p>cereais, tubérculos, frutas,</p><p>grãos, sementes, leguminosas e</p><p>outros.</p><p>Os animais, por meio do</p><p>processo químico denominado</p><p>de gliconeogênese, conseguem</p><p>converter substâncias</p><p>energéticas, como aminoácidos,</p><p>em glicose. Contudo, diferente</p><p>dos vegetais que convertem</p><p>substâncias não energéticas em</p><p>glicose, os animais só</p><p>conseguem produzir glicose a</p><p>partir de substâncias que já são</p><p>energéticas.</p><p>Em relação à</p><p>classificação dos carboidratos,</p><p>esses podem ser classificados</p><p>de acordo com o tipo de ligação</p><p>(alfa ou beta, de acordo com a</p><p>posição em que suas hidroxilas</p><p>se unem no momento da ligação</p><p>glicosídica) ou de acordo com o</p><p>seu tamanho (do menor para o</p><p>maior em: monossacarídeos,</p><p>dissacarídeos e</p><p>polissacarídeos).</p><p>No que concerne à</p><p>função biológica, a principal</p><p>função dos carboidratos é</p><p>fornecer energia de forma</p><p>rápida (são convertidos em ATP</p><p>rapidamente em vias</p><p>11</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>metabólicas como a glicólise).</p><p>Esse papel é interessante para</p><p>tecidos com alta e emergente</p><p>demanda energética, como o</p><p>sistema nervoso central (SNC),</p><p>que utiliza glicose como fonte</p><p>prioritária de energia, bem</p><p>como em momentos em que o</p><p>organismo tem aumento</p><p>abrupto de sua demanda</p><p>energética, como durante o</p><p>exercício físico.</p><p>Além do papel</p><p>energético, que é de extrema</p><p>importância, os carboidratos</p><p>também podem ter outras</p><p>funções, como estrutural, a</p><p>exemplo de carboidratos</p><p>presentes no DNA, RNA e em</p><p>articulações. Além desses, a</p><p>mucina é exemplo de outro</p><p>carboidrato com papel</p><p>importante (textura da saliva e</p><p>melhora dos processos</p><p>digestivos na boca), mas que</p><p>não tem fins energéticos.</p><p>De um modo geral, o</p><p>carboidrato com maior função</p><p>biológica é a glicose. No sangue,</p><p>a concentração de glicose é</p><p>chamada de glicemia,</p><p>permitindo com que a glicose</p><p>chegue a todos os tecidos e</p><p>possa ser utilizada pelo</p><p>organismo como um todo. Os</p><p>outros carboidratos que são</p><p>absorvidos no intestino – como</p><p>frutose e galactose – tendem a</p><p>ser convertidos em glicose na</p><p>célula.</p><p>O excesso de glicose, no</p><p>músculo e no fígado, é</p><p>armazenado na forma de</p><p>glicogênio, que se trata de uma</p><p>reserva corporal de glicose. O</p><p>glicogênio muscular é usado</p><p>pelo próprio músculo quando</p><p>em movimento, já o glicogênio</p><p>hepático tem finalidade de</p><p>aumentar a glicemia quando</p><p>necessário (exemplo: jejum</p><p>prolongado).</p><p>Em relação à</p><p>recomendação de ingestão de</p><p>carboidratos, o Institute of</p><p>Medicine (IOM) recomenda</p><p>que de 45 a 65% do valor</p><p>energético total (VET) seja</p><p>proveniente de carboidratos, ao</p><p>passo que a Organização</p><p>Mundial da Saúde (OMS)</p><p>recomenda de 55 a 75% do VET.</p><p>Proteínas</p><p>As proteínas fornecem 4</p><p>kcal/grama e, além dos</p><p>elementos que formam os</p><p>carboidratos, as proteínas</p><p>contêm nitrogênio na sua</p><p>composição.</p><p>12</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>As proteínas são</p><p>formadas por aminoácidos, os</p><p>quais podem ser indispensáveis</p><p>(quando não são sintetizados</p><p>pelo organismo), dispensáveis</p><p>(quando são sintetizados pelo</p><p>organismo) e condicionalmente</p><p>indispensáveis (quando</p><p>normalmente são sintetizados</p><p>pelo organismo, porém, em</p><p>condições específicas (exemplo:</p><p>doenças), a síntese pode não ser</p><p>suficiente para suprir a</p><p>demanda do organismo.</p><p>Cada aminoácido</p><p>apresenta funções biológicas</p><p>específicas, sendo que a</p><p>deficiência desses nutrientes</p><p>traz repercussões negativas à</p><p>saúde.</p><p>Os alimentos de origem</p><p>animal fornecem todos os</p><p>aminoácidos indispensáveis,</p><p>sendo chamados de proteínas</p><p>de alto valor biológico (AVB) ou</p><p>proteínas completas.</p><p>Os vegetais, apesar de</p><p>não serem naturalmente</p><p>completos no que tange à</p><p>composição aminoacídica,</p><p>podem se tornar proteínas</p><p>completas a partir de sua união.</p><p>Um exemplo clássico é o</p><p>consumo conjunto de cereais e</p><p>leguminosas, sendo que os</p><p>primeiros são carentes em</p><p>lisina, mas contêm metionina e</p><p>cisteína em quantidades</p><p>adequadas, ao passo que os</p><p>segundos contêm lisina, mas</p><p>não metionina e cisteína. Isto é,</p><p>juntos, cereais e leguminosas</p><p>formam proteínas completas.</p><p>As proteínas são muito</p><p>versáteis, apresentando</p><p>diversas funções biológicas,</p><p>como enzimática, hormonal,</p><p>imunológica, contrátil,</p><p>estrutural, energética e outras.</p><p>A recomendação de</p><p>ingestão de proteínas é de 10 a</p><p>35% do VET de acordo com o</p><p>IOM e de 10 a 15% de acordo</p><p>com a OMS.</p><p>Lipídios</p><p>Os lipídios serão</p><p>abordados detalhadamente na</p><p>próxima seção.</p><p>Micronutrientes</p><p>Vitaminas lipossolúveis</p><p>Vitamina A</p><p>O termo vitamina A</p><p>contempla três componentes: o</p><p>retinol, o retinal e o ácido</p><p>retinoico. Esses são</p><p>13</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>encontrados apenas em</p><p>alimentos de origem animal.</p><p>Contudo, os alimentos de</p><p>origem vegetal contemplam</p><p>compostos pró-vitamina A, isto</p><p>é, substâncias que têm a</p><p>capacidade de serem</p><p>convertidas à vitamina A</p><p>(retinol, retinal e/ou ácido</p><p>retinoico) no organismo, a</p><p>exemplo do betacaroteno. Vale</p><p>salientar que nem todos os</p><p>carotenoides são convertidos à</p><p>vitamina A – é o caso do</p><p>licopeno, da luteína e da</p><p>zeaxantina, os quais</p><p>apresentam importante ação</p><p>antioxidante, mas não são</p><p>precursores de vitamina A no</p><p>organismo.</p><p>As principais funções</p><p>biológicas da vitamina A são: (i)</p><p>desenvolvimento, diferenciação</p><p>e proliferação celular,</p><p>especialmente interessante</p><p>para células de divisão rápida,</p><p>como os leucócitos e as células</p><p>epiteliais da pele, (ii) regulação</p><p>hormonal, como síntese de</p><p>testosterona e de tiroxina (T4),</p><p>(iii) síntese de rodopsina, que é</p><p>um componente dos bastonetes</p><p>– células responsáveis pela</p><p>acuidade visual em baixa</p><p>luminosidade, (iv)</p><p>hematopoiese, transporte e</p><p>metabolismo do ferro, (v)</p><p>regulação do metabolismo</p><p>ósseo, pois estimula</p><p>osteoblastos, (vi) antioxidante,</p><p>entre outros.</p><p>A deficiência de</p><p>vitamina A causa</p><p>imunocomprometimento, acne</p><p>vulgar, infertilidade,</p><p>hipotireoidismo, cegueira</p><p>noturna, xeroftalmia (“olho</p><p>seco”), mancha de Bitot</p><p>(mancha branca nos olhos) e</p><p>anemia. Pode-se perceber que</p><p>cada um dos sinais/sintomas de</p><p>hipovitaminose A resulta do</p><p>prejuízo em uma das funções</p><p>desse nutriente listadas no</p><p>parágrafo anterior.</p><p>A hipovitaminose A é</p><p>uma das deficiências</p><p>nutricionais mais comuns no</p><p>Brasil, especialmente em</p><p>crianças – motivo pelo qual há</p><p>suplementação com megadoses</p><p>de vitamina A para esse público.</p><p>As gestantes também devem</p><p>consumir doses adequadas de</p><p>vitamina A, pois a gestação é</p><p>um período de significativo</p><p>crescimento, desenvolvimento,</p><p>diferenciação e proliferação</p><p>celular. Contudo, deve-se ter</p><p>cautela com o excesso, pois a</p><p>vitamina A é teratogênica</p><p>quando em altas quantidades.</p><p>14</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>Já a toxicidade de</p><p>vitamina A pode levar a</p><p>distúrbios hepáticos, haja vista</p><p>que esse nutriente é</p><p>armazenado no fígado.</p><p>Ademais, pode ocorrer náuseas,</p><p>vômito, cefaleia, pele seca e</p><p>descamando, lábios secos e</p><p>rachados, secura em mucosas e</p><p>alteração na coloração da pele</p><p>(hiperbetacarotenodermia –</p><p>acúmulo de carotenoides na</p><p>pele causando aspecto</p><p>amarelado). A</p><p>hiperbetacarotenodermia não</p><p>parece ser prejudicial ao</p><p>organismo, tendo mais impacto</p><p>estético do que clínico.</p><p>Os indivíduos em maior</p><p>risco de hipovitaminose A são</p><p>as crianças, as gestantes, as</p><p>nutrizes, os indivíduos com</p><p>distúrbios na</p><p>digestão/absorção de gorduras</p><p>(exemplo: colestase hepática e</p><p>pancreatite crônica) e os</p><p>indivíduos com ingestão</p><p>alimentar insuficiente de</p><p>vitamina A e de zinco. De forma</p><p>contrária, os indivíduos com</p><p>risco de toxicidade são aqueles</p><p>com consumo excessivo de</p><p>vitamina A, seja por meio de</p><p>alimentos, suplementos ou via</p><p>endovenosa.</p><p>Vitamina K</p><p>Há três principais</p><p>formas de vitamina K – a</p><p>filoquinona, que é a vitamina</p><p>K1, presente em alimentos de</p><p>origem vegetal, a menaquinona,</p><p>que é a vitamina K2, sintetizada</p><p>pela microbiota e presente em</p><p>alimentos de origem animal e,</p><p>por fim, a menadiona, que é a</p><p>vitamina K3, de origem</p><p>sintética.</p><p>A vitamina K tem duas</p><p>principais funções biológicas:</p><p>(i) permitir que a coagulação</p><p>sanguínea ocorra</p><p>adequadamente, pois é</p><p>coenzima para uma série de</p><p>enzimas envolvidas na</p><p>coagulação (exemplo:</p><p>protrombina) e (ii) estimular</p><p>osteoblastos por intermédio de</p><p>ativação da osteocalcina.</p><p>O mecanismo de ação da</p><p>vitamina K na coagulação</p><p>sanguínea consiste em ser</p><p>coenzima de uma carboxilase</p><p>hepática, a qual converte as</p><p>porções de ácido glutâmico</p><p>(GLU) dos fatores de</p><p>coagulação em ácido</p><p>carboxiglutâmico (GLA). Essas</p><p>frações GLA, por sua vez,</p><p>permitem a interação da</p><p>proteína que as contêm com</p><p>cálcio e fosfolipídios das</p><p>15</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>plaquetas, de modo que ocorra</p><p>a formação de trombina.</p><p>Nesse cenário, fica claro</p><p>que a deficiência de vitamina K</p><p>causa distúrbios na coagulação,</p><p>com aumento do risco de</p><p>hemorragias, sangue nas fezes e</p><p>na urina, hematêmese e</p><p>equimose. Além disso, causa</p><p>alterações ósseas, como</p><p>desmineralização óssea e</p><p>calcificação de tecidos moles,</p><p>como vasos sanguíneos. Os</p><p>indivíduos em risco de</p><p>deficiência de vitamina K são</p><p>aqueles com consumo dietético</p><p>aquém do recomendado, com</p><p>distúrbios na</p><p>digestão/absorção de lipídios e</p><p>em uso prolongado de</p><p>antibióticos, o que prejudica a</p><p>síntese de menaquinona pela</p><p>microbiota.</p><p>Quanto à toxicidade de</p><p>vitamina K, ela parece ocorrer</p><p>apenas com o uso excessivo de</p><p>suplementos e/ou via</p><p>endovenosa, já que a ingestão</p><p>alimentar não seria suficiente</p><p>para causar o quadro. O</p><p>principal efeito da toxicidade é</p><p>o rompimento de hemácias,</p><p>com consequente liberação de</p><p>bilirrubina no sangue, criando</p><p>aspecto amarelado na pele.</p><p>Vitamina E</p><p>O termo vitamina E se</p><p>refere a vários compostos, os</p><p>quais são classificados entre</p><p>tocoferóis e tocotrienóis.</p><p>Desses, o componente com</p><p>maior função biológica é o alfa-</p><p>tocoferol.</p><p>O principal papel da</p><p>vitamina E é atuar como um</p><p>antioxidante contra a</p><p>peroxidação lipídica, evitando o</p><p>dano oxidativo em ácidos</p><p>graxos poli-insaturados, os</p><p>quais estão presentes nas</p><p>membranas plasmática e</p><p>nuclear. Nesse cenário, a</p><p>deficiência de vitamina E</p><p>poderia causar danos</p><p>neurológicos e hemólise das</p><p>hemácias. Curiosamente, a</p><p>toxicidade também parece</p><p>causar distúrbios</p><p>hemorrágicos. É importante</p><p>salientar, contudo, que a</p><p>deficiência e a toxicidade de</p><p>vitamina E são muito</p><p>incomuns.</p><p>Vitamina D</p><p>A vitamina D tem como</p><p>principal função favorecer a</p><p>absorção intestinal de cálcio e</p><p>de fósforo, bem como reduzir a</p><p>sua excreção renal, vinculando-</p><p>16</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>se à saúde óssea. Ademais, a</p><p>vitamina D favorece o</p><p>desenvolvimento e a</p><p>proliferação celular, tem papel</p><p>imunomodulador (permite a</p><p>proliferação de leucócitos e tem</p><p>papel anti-inflamatório),</p><p>favorece a saúde intestinal</p><p>(regula tight junctions e</p><p>favorece a produção de</p><p>substâncias antimicrobianas),</p><p>modula a síntese de insulina</p><p>(regula receptores nas células</p><p>beta-pancreáticas), dentre</p><p>outras funções.</p><p>A vitamina D apresenta-</p><p>se em duas diferentes formas</p><p>nos alimentos: ergosterol ou</p><p>vitamina D2, presente em</p><p>alimentos de origem vegetal, e</p><p>colecalciferol ou vitamina D3,</p><p>presente em alimentos de</p><p>origem animal. A vitamina D3</p><p>também é a sintetizada na pele</p><p>após exposição à luz solar por</p><p>meio da conversão da molécula</p><p>de colesterol cutânea em</p><p>colecalciferol.</p><p>É importante ter em</p><p>mente que o ergosterol e o</p><p>colecalciferol não são formas</p><p>ativas da vitamina D, sendo que</p><p>essas formas precisam passar</p><p>por dois processos antes que se</p><p>tornem ativas.</p><p>O primeiro processo</p><p>consiste na hidroxilação no</p><p>carbono 25 da molécula, a</p><p>convertendo em 25-</p><p>hidroxivitamina D, também</p><p>chamada de calcidiol. Esse</p><p>processo ocorre no fígado.</p><p>Apesar de não ser a</p><p>forma ativa, o calcidiol é a</p><p>principal forma de avaliar o</p><p>estado nutricional da vitamina</p><p>D. Isso porque essa forma tem o</p><p>tempo de meia vida de cerca de</p><p>duas semanas – maior do que a</p><p>forma ativa da vitamina D</p><p>(calcitriol), que tem tempo de</p><p>meia vida de três a oito horas.</p><p>Além disso, o calcidiol tende a</p><p>ser mais abundante no</p><p>organismo.</p><p>A vitamina D torna-se</p><p>ativa quando passa por mais um</p><p>processo de hidroxilação, dessa</p><p>vez no carbono 1, nos rins. O</p><p>resultado é a formação de 1,25-</p><p>dihidroxivitamina D, também</p><p>chamada de calcitriol. Essa</p><p>forma é responsável pelos</p><p>efeitos biológicos da vitamina</p><p>D, como o aumento da absorção</p><p>intestinal de cálcio via ativação</p><p>de receptores calbindina.</p><p>A hipovitaminose D tem</p><p>sido considerada como um</p><p>problema de saúde pública,</p><p>17</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>com taxas de prevalência e</p><p>incidência crescentes e</p><p>alarmantes. Os principais sinais</p><p>e sintomas da hipovitaminose D</p><p>são: distúrbios ósseos</p><p>(exemplo: raquitismo,</p><p>osteopenia e osteoporose),</p><p>dores muscular, óssea e</p><p>articular,</p><p>imunocomprometimento,</p><p>alterações no metabolismo da</p><p>insulina, queda capilar,</p><p>depressão e outros.</p><p>Vitaminas hidrossolúveis</p><p>Vitamina C</p><p>A vitamina C é</p><p>responsável pelas mais diversas</p><p>funções biológicas: (i) potente</p><p>antioxidante, capaz de</p><p>neutralizar a ação de radicais</p><p>livres, (ii) imunomodulador,</p><p>sendo utilizada pelos</p><p>leucócitos,</p><p>(iii) coenzima para</p><p>as enzimas que sintetizam</p><p>colágeno, L-carnitina e</p><p>neurotransmissores (exemplo:</p><p>noradrenalina), (iv)</p><p>metabolismo do ferro,</p><p>permitindo a conversão da</p><p>forma férrica à ferrosa para que</p><p>ela possa ser absorvida no</p><p>enterócito, entre outras.</p><p>Os sinais e sintomas de</p><p>deficiência da vitamina C só</p><p>acontecem com cerca de dois</p><p>meses de consumo dietético</p><p>insuficiente, haja vista que a</p><p>vitamina C é armazenada no</p><p>fígado, no baço e no músculo</p><p>esquelético, permitindo um</p><p>estoque mais duradouro dessa</p><p>vitamina (o que não é</p><p>convencional para vitaminas</p><p>hidrossolúveis).</p><p>Os principais efeitos de</p><p>deficiência são:</p><p>imunocomprometimento,</p><p>sangramentos, especialmente</p><p>nas gengivas (a redução de</p><p>colágeno altera características</p><p>do sangue), irritabilidade e</p><p>mudanças de humor (alterações</p><p>na síntese de</p><p>neurotransmissores), prejuízo</p><p>na absorção de ferro vegetal,</p><p>podendo comprometer o estado</p><p>nutricional desse mineral,</p><p>fraqueza, cansaço, apatia, e dor</p><p>nos ossos, articulações e</p><p>músculos.</p><p>Os indivíduos em risco</p><p>de hipovitaminose C são</p><p>aqueles com consumo dietético</p><p>aquém do recomendado e</p><p>aqueles em situações que</p><p>possam aumentar a demanda</p><p>orgânica de vitamina C, como</p><p>imunocomprometimento e</p><p>estresse oxidativo (exemplo:</p><p>tabagistas).</p><p>18</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>Ademais, outros grupos</p><p>de risco para hipovitaminose C</p><p>são: lactantes, pois têm perda</p><p>de vitamina C no leite materno,</p><p>pacientes com alterações</p><p>glicídicas (exemplo:</p><p>hiperglicemia e diabetes</p><p>mellitus), visto que a vitamina C</p><p>compartilha dos mesmos</p><p>transportadores da glicose, e</p><p>idosos, os quais parecem ter</p><p>menores concentrações</p><p>sanguíneas de vitamina C</p><p>(possivelmente por prejuízo na</p><p>capacidade absortiva e</p><p>imunossenescência).</p><p>Em contrapartida, o</p><p>excesso de ingestão de vitamina</p><p>C repercute em efeitos de</p><p>toxicidade. Os principais sinais</p><p>e sintomas são: gases e diarreia</p><p>(o excesso de vitamina C não é</p><p>absorvido no enterócito e é</p><p>fermentado pela microbiota), e</p><p>litíase renal (a maior parte dos</p><p>cálculos renais é composta de</p><p>oxalato de cálcio, sendo que</p><p>parte do metabolismo da</p><p>vitamina C gera oxalato, o que</p><p>pode facilitar a formação de</p><p>cálculos renais, se em excesso).</p><p>Complexo B</p><p>Tiamina</p><p>A tiamina foi a primeira</p><p>vitamina do complexo B a ser</p><p>descoberta. Apresenta caráter</p><p>hidrossolúvel e, tal como as</p><p>demais vitaminas, é</p><p>indispensável ao organismo,</p><p>pois não há síntese endógena,</p><p>sendo necessário o consumo</p><p>dietético diário.</p><p>A tiamina é coenzima de</p><p>diversas enzimas, dentre elas:</p><p>(i) a piruvato desidrogenase –</p><p>enzima responsável pela</p><p>conversão de piruvato em</p><p>acetil-CoA, (ii) a α-</p><p>cetoglutarato desidrogenase –</p><p>enzima que converte α-</p><p>cetoglutarato em succinil-CoA,</p><p>(iii) a transcetolase – enzima</p><p>que participa da via das</p><p>pentoses fosfato, e (iv) das</p><p>desidrogenases de cetoácidos</p><p>de cadeia ramificada – enzimas</p><p>que participam do metabolismo</p><p>de aminoácidos de cadeia</p><p>ramificada. Além disso, a</p><p>tiamina é um componente das</p><p>membranas neurais,</p><p>participando da transmissão do</p><p>impulso nervoso e da</p><p>transmissão colinérgica.</p><p>A deficiência de tiamina</p><p>causa Beribéri, a qual</p><p>contempla os seguintes</p><p>sinais/sintomas: inapetência,</p><p>perda de massa muscular,</p><p>19</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>fraqueza muscular, problemas</p><p>de coordenação, neuropatia</p><p>periférica, parestesia, falta de ar</p><p>e pode causar alterações</p><p>cardíacas, como cardiomegalia</p><p>e aumento do ritmo cardíaco.</p><p>Além do Beribéri, a</p><p>deficiência de tiamina causa</p><p>síndrome de Wernicke-</p><p>Korsakof, que se trata de uma</p><p>condição de cunho psíquico,</p><p>que contempla amnésia</p><p>anterógrada, marcha atáxica</p><p>(alteração no caminhar por</p><p>prejuízo na coordenação dos</p><p>membros inferiores) e</p><p>nistagmo (oscilações repetidas</p><p>e involuntárias dos olhos).</p><p>A deficiência de tiamina</p><p>ocorre principalmente na</p><p>ingestão alimentar insuficiente</p><p>desse nutriente, em síndromes</p><p>diabsortivas e em pacientes</p><p>alcoólatras, pois o consumo de</p><p>álcool prejudica a absorção e o</p><p>metabolismo da tiamina. Esse</p><p>efeito do álcool não é exclusivo</p><p>à tiamina, sendo que todas as</p><p>vitaminas do complexo B têm</p><p>seu metabolismo prejudicado</p><p>de algum modo pela ingestão de</p><p>álcool. Em razão disso, alguns</p><p>autores encorajam a</p><p>suplementação de vitaminas do</p><p>complexo B para pacientes</p><p>alcoólatras, mesmo antes da</p><p>deficiência nutricional ocorrer.</p><p>A toxicidade de tiamina</p><p>parece ocorrer apenas na</p><p>administração parenteral ou</p><p>intramuscular em altas doses, e</p><p>não com a ingestão alimentar.</p><p>Os efeitos da toxicidade são</p><p>choque anafilático e distúrbios</p><p>respiratórios. Além desses,</p><p>trabalhadores da indústria</p><p>farmacêutica que tiveram</p><p>contato tópico com a tiamina</p><p>relataram hipersensibilidade e</p><p>dermatite.</p><p>Riboflavina</p><p>A riboflavina é</p><p>precursora de duas importantes</p><p>coenzimas – a</p><p>mononucleotídeo de flavina</p><p>(FMN) e a dinucleotídeo de</p><p>flavina e adenina (FAD), as</p><p>quais participam do</p><p>metabolismo energético</p><p>(transporte de hidrogênios e</p><p>elétrons para a cadeia</p><p>transportadora de elétrons), do</p><p>metabolismo de</p><p>macronutrientes</p><p>(especialmente lipídios) e do</p><p>metabolismo das vitaminas B6</p><p>(piridoxina) e B9 (folato).</p><p>A deficiência de</p><p>riboflavina causa alguns efeitos</p><p>20</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>cujos mecanismos de ação</p><p>ainda são inconclusivos na</p><p>literatura, como alterações nos</p><p>lábios (irritações e fissuras),</p><p>inflamação da língua, dermatite</p><p>seborreica, anemia e</p><p>neuropatias. Em razão do</p><p>prejuízo no metabolismo</p><p>energético, o paciente ainda</p><p>pode sentir-se fadigado, apático</p><p>e sem disposição. Os indivíduos</p><p>com maior risco de deficiência</p><p>são aqueles com ingestão</p><p>dietética insuficiente,</p><p>comprometimento da absorção</p><p>intestinal, em uso de</p><p>determinados fármacos</p><p>(exemplo: antidepressivos</p><p>tricíclicos) e alcoólatras, pois o</p><p>álcool compromete o</p><p>metabolismo das vitaminas do</p><p>complexo B.</p><p>No que se refere à</p><p>toxicidade, parece que altas</p><p>doses podem alterar a coloração</p><p>da urina, pois a riboflavina é um</p><p>pigmento, apesar desse efeito</p><p>não trazer repercussões clínicas</p><p>significativas.</p><p>Niacina</p><p>A niacina é precursora</p><p>da nicotinamida adenina</p><p>dinucleotídeo (NAD), a qual</p><p>participa de mais de 400</p><p>reações bioquímicas, incluindo</p><p>o metabolismo energético</p><p>(transporte de hidrogênios e de</p><p>elétrons à cadeia</p><p>transportadora de elétrons) e o</p><p>metabolismo de</p><p>macronutrientes.</p><p>Curiosamente, o</p><p>triptofano é capaz de ser</p><p>convertido em niacina no</p><p>organismo, porém a taxa de</p><p>conversão é baixa, sendo que</p><p>para formar 1 mg de niacina, há</p><p>necessidade de 60 mg de</p><p>triptofano. Para que se tenha</p><p>ideia, a recomendação de</p><p>ingestão de triptofano é de 4</p><p>mg/kg de peso/dia, assim, um</p><p>indivíduo com 60 kg teria que</p><p>consumir cerca de 240 mg de</p><p>triptofano por dia, o que seria</p><p>suficiente para produzir cerca</p><p>de 4 mg de niacina (sem</p><p>considerar as perdas de</p><p>triptofano nos processos de</p><p>digestão/absorção intestinal).</p><p>A recomendação de ingestão de</p><p>niacina para adultos varia de 14</p><p>a 18 mg/dia, logo, a conversão</p><p>de triptofano em niacina na</p><p>maior parte dos casos não é</p><p>suficiente para atender às</p><p>necessidades nutricionais.</p><p>A deficiência de niacina</p><p>causa uma condição clínica</p><p>chamada de pelagra ou</p><p>síndrome dos três Ds, haja vista</p><p>21</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>que é composta por três</p><p>principais sinais que se iniciam</p><p>com a letra D: dermatite,</p><p>diarreia e demência. Esses</p><p>sinais dificilmente ocorrem ao</p><p>mesmo tempo, intercalando-se</p><p>ao longo do curso da doença. Os</p><p>indivíduos em risco de</p><p>deficiência são principalmente</p><p>aqueles com consumo aquém</p><p>do recomendado, síndromes</p><p>disabsortivas e alcoólatras.</p><p>Em relação à toxicidade,</p><p>os efeitos ocorrem com a</p><p>ingestão de valores bastante</p><p>superior</p><p>(1 a 2 g/dia) à</p><p>recomendação máxima (UL</p><p>varia entre 30 a 35 mg/dia para</p><p>adultos). Os valores capazes de</p><p>causar toxicidade são acima dos</p><p>permitidos para prescrição do</p><p>nutricionista, sendo incomum</p><p>que a alimentação seja</p><p>suficiente para causar efeitos</p><p>tóxicos.</p><p>Pantotenato</p><p>O pantotenato está</p><p>presente em todas as células,</p><p>sejam elas de origem animal ou</p><p>vegetal, pois é componente da</p><p>coenzima A – substância que</p><p>participa de inúmeras reações</p><p>metabólicas, como as</p><p>vinculadas ao metabolismo</p><p>energético. Ademais, participa</p><p>do metabolismo de</p><p>macronutrientes e da síntese de</p><p>melatonina e de acetilcolina.</p><p>A deficiência de</p><p>pantotenato é muito rara, pois</p><p>esse nutriente é abundante na</p><p>alimentação, mas pode ocorrer</p><p>em síndromes disabsortivas,</p><p>uso de fármacos</p><p>(anticoncepcionais orais</p><p>parecem comprometer a</p><p>biodisponibilidade de</p><p>pantotenato) e em alcoólatras.</p><p>Os principais sinais e</p><p>sintomas da deficiência são</p><p>hipoglicemia, fadiga,</p><p>irritabilidade, náusea, vômito,</p><p>fraqueza de unhas e cabelos,</p><p>câimbra e distúrbios</p><p>neuromusculares (dormência,</p><p>parestesia e andar</p><p>cambaleante), acne vulgar e</p><p>dermatite. A toxicidade</p><p>também é muito rara, mas pode</p><p>ocorrer com doses acima de 10</p><p>g/dia, tendo a diarreia como</p><p>principal efeito de toxicidade.</p><p>Piridoxina</p><p>Piridoxina é o termo</p><p>usado para se referir a todas as</p><p>formas de vitamina B6, como</p><p>piridoxina, piridoxal e</p><p>piridoxamina, sendo que a</p><p>forma piridoxal fosfato é a</p><p>22</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>biologicamente ativa,</p><p>participando de mais de 150</p><p>reações bioquímicas.</p><p>A vitamina B6 é</p><p>coenzima para uma gama de</p><p>enzimas envolvidas no</p><p>metabolismo de</p><p>macronutrientes, como</p><p>transferases, transaminases,</p><p>descarboxilases e sintetases.</p><p>Considerando seu papel no</p><p>metabolismo proteico, autores</p><p>indicam que dietas</p><p>hipertroteicas exigem consumo</p><p>aumentado de vitamina B6.</p><p>Além desses efeitos</p><p>biológicos, a fosforilase</p><p>responsável pela quebra do</p><p>glicogênio depende de piridoxal</p><p>fosfato, sendo que a versão</p><p>dessa enzima no músculo</p><p>contém de 70 a 80% do</p><p>conteúdo total de vitamina B6</p><p>do organismo.</p><p>Ademais, esse nutriente</p><p>participa do metabolismo da</p><p>serotonina, da dopamina e do</p><p>ácido gama-aminobutírico</p><p>(GABA), da síntese do grupo</p><p>heme (presente na</p><p>hemoglobina) e do</p><p>metabolismo da metionina.</p><p>Considerando suas</p><p>funções, é possível</p><p>compreender que a deficiência</p><p>de B6 causa alterações</p><p>neuromusculares</p><p>(polineuropatia, dormência e</p><p>dor em extremidades corporais,</p><p>neuropatia periférica, fraqueza</p><p>muscular, convulsões, confusão</p><p>mental, depressão e epilepsia),</p><p>anemia microcítica,</p><p>hiperhomocisteinemia e</p><p>aumento do risco</p><p>cardiovascular.</p><p>Os indivíduos em maior</p><p>risco de deficiência são aqueles</p><p>com consumo dietético</p><p>insuficiente, comprometimento</p><p>da capacidade digestiva e</p><p>absortiva, alcoólatras e</p><p>pacientes em uso de</p><p>determinados medicamentos, a</p><p>exemplo dos anticoncepcionais</p><p>orais, os quais parecem</p><p>prejudicar o metabolismo da</p><p>B6.</p><p>Aparentemente, a</p><p>deficiência e a toxicidade de</p><p>vitamina B6 causam os mesmos</p><p>sinais e sintomas. Há a hipótese</p><p>de que a piridoxina ofertada de</p><p>forma exógena, a qual não está</p><p>na sua forma ativa, possa</p><p>competir com a forma</p><p>endógena e ativa no organismo,</p><p>prejudicando a sua função</p><p>biológica. Vale salientar que</p><p>essa teoria não é</p><p>23</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>completamente clara na</p><p>literatura. Os indivíduos em</p><p>maior risco seriam aqueles com</p><p>consumo dietético excessivo</p><p>e/ou com prejuízos na excreção,</p><p>a exemplo dos pacientes com</p><p>distúrbios renais.</p><p>Biotina</p><p>A biotina é coenzima</p><p>para uma gama de enzimas,</p><p>como a piruvato carboxilase</p><p>(enzima que converte piruvato</p><p>em oxaloacetato), a acetil-CoA</p><p>carboxilase (enzima que</p><p>sintetiza malonil-CoA para a</p><p>formação de ácidos graxos), a</p><p>propionil-CoA carboxilase</p><p>(enzima envolvida no</p><p>metabolismo de ácidos graxos e</p><p>de aminoácidos) e a 3-</p><p>metilcrotonil-CoA carboxilase</p><p>(enzima envolvida no</p><p>metabolismo da leucina). De</p><p>um modo geral, consegue-se</p><p>perceber que a biotina tem</p><p>papel crucial no metabolismo</p><p>dos três macronutrientes.</p><p>A deficiência de biotina</p><p>parece causar dermatite e</p><p>queda capilar, além de crises</p><p>epilépticas, hipotonia,</p><p>microcefalia, atraso do</p><p>desenvolvimento</p><p>neuropsicomotor, distúrbios</p><p>visuais, auditivos, atraso motor</p><p>e de linguagem (os últimos</p><p>sinais/sintomas ocorrem</p><p>principalmente quando a</p><p>deficiência se manifesta na</p><p>infância).</p><p>A hipovitaminose de B7</p><p>pode ocorrer na deficiência da</p><p>enzima biotidinase, a qual</p><p>converte biocitina (forma</p><p>presente nos alimentos) em</p><p>biotina livre, que é a forma ativa</p><p>no organismo. Nesses casos,</p><p>não adianta aumentar o aporte</p><p>de B7 via dieta, mas sim</p><p>suplementar com a biotina já na</p><p>sua forma livre. O diagnóstico</p><p>da deficiência de biotidinase é</p><p>estabelecido por meio de</p><p>análise genética, sendo que</p><p>vários países já aplicam esse</p><p>teste em recém-nascidos.</p><p>A deficiência de biotina</p><p>ainda pode ocorrer em</p><p>populações cuja base da</p><p>alimentação inclui o consumo</p><p>de ovos crus. O ovo cru</p><p>apresenta uma proteína</p><p>chamada de avidina, a qual se</p><p>liga à biotina impedindo a sua</p><p>absorção intestinal. Quando o</p><p>ovo é submetido a algum</p><p>processo de cocção, a avidina se</p><p>desnatura e perde sua função</p><p>(pois trata-se de uma proteína,</p><p>a qual é desnaturada em altas</p><p>temperaturas). Nesse cenário, o</p><p>24</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>ovo que passou por processo de</p><p>cocção é uma boa fonte</p><p>alimentar de biotina, ao passo</p><p>que no ovo cru a absorção de B7</p><p>está comprometida.</p><p>No que tange aos efeitos</p><p>por excesso desse nutriente,</p><p>parece não haver</p><p>sinais/sintomas de toxicidade</p><p>de biotina, sendo que já se</p><p>administrou cerca de 300 vezes</p><p>a dose da RDA e não se</p><p>observou nenhum efeito</p><p>colateral.</p><p>A biotina é bastante</p><p>utilizada com fins de melhora</p><p>da saúde capilar, das unhas e da</p><p>pele, tanto por nutricionistas</p><p>quanto por outros</p><p>profissionais, exemplo:</p><p>dermatologista. A ingestão</p><p>adequada (Adequate Intake –</p><p>AI) de biotina varia de 30 a 35</p><p>µg/dia para adultos e não há UL</p><p>(Upper Limit) estabelecida</p><p>para esse nutriente – motivo</p><p>pelo qual se observa a</p><p>prescrição de doses bem mais</p><p>altas do que a AI na prática</p><p>clínica.</p><p>Folato</p><p>A vitamina B9 é</p><p>chamada pelo termo geral</p><p>folato, o qual considera a forma</p><p>natural e a forma sintética da</p><p>vitamina B9, sendo que a</p><p>última apresenta estrutura</p><p>química mais estável do que a</p><p>primeira.</p><p>A principal função</p><p>biológica da vitamina B9 é ser</p><p>coenzima em reações de</p><p>transferência de grupos metil,</p><p>participando, por exemplo, da</p><p>síntese de DNA e de RNA, e do</p><p>controle de mecanismos</p><p>genéticos (exemplo: metilação</p><p>do DNA). Ademais, participa do</p><p>metabolismo da metionina,</p><p>sendo que a sua deficiência</p><p>resulta em</p><p>hiperhomocisteinemia e no</p><p>maior risco de doenças</p><p>cardiovasculares. A anemia</p><p>megaloblástica também é</p><p>resultado da deficiência de B9,</p><p>pois esse nutriente participa do</p><p>processo de hematopoiese.</p><p>A deficiência de folato</p><p>ainda compromete o</p><p>fechamento do tubo neural,</p><p>podendo causar má formação</p><p>fetal. Nesse cenário, tentantes e</p><p>gestantes devem ingerir</p><p>quantidades adequadas desse</p><p>nutriente, de modo a favorecer</p><p>o desenvolvimento adequado</p><p>do feto. Por esse motivo, no</p><p>Brasil, há a política pública de</p><p>fortificação alimentar de ácido</p><p>25</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>fólico (forma sintética da</p><p>vitamina B9) nas farinhas de</p><p>trigo, milho e rosca, as quais</p><p>também são fortificadas com</p><p>ferro. Além da fortificação, as</p><p>tentantes e gestantes devem</p><p>receber suplementação com</p><p>vitamina B9.</p><p>A toxicidade dessa</p><p>vitamina parece aumentar o</p><p>risco de câncer (em especial</p><p>câncer cólon retal), prejudicar a</p><p>biodisponibilidade do zinco e</p><p>comprometer a eficácia de</p><p>alguns medicamentos (pode</p><p>interagir com fármacos para</p><p>tratamento de epilepsia e</p><p>causar crises epilépticas.</p><p>Os indivíduos em risco</p><p>de deficiência são aqueles com</p><p>consumo dietético insuficiente</p><p>ou demanda orgânica</p><p>aumentada (exemplo:</p><p>gestação), síndromes</p><p>disabsortivas, alcoólatras e</p><p>indivíduos em uso de</p><p>determinados medicamentos,</p><p>como alguns contraceptivos</p><p>orais. Em contrapartida, o risco</p><p>de toxicidade é maior quando o</p><p>consumo dietético é excessivo,</p><p>sendo que alguns</p><p>pesquisadores sugerem que a</p><p>quantidade de ácido fólico</p><p>incluída nos alimentos</p><p>fortificadas é acima do</p><p>necessário, podendo causar</p><p>toxicidade.</p><p>Cobalamina</p><p>Cobalamina é o termo</p><p>genérico para descrever um</p><p>grupo de formas químicas com</p><p>função de vitamina B12, como</p><p>metilcobalamina,</p><p>desoxiadenosilcobalamina,</p><p>hidroxicobalamina,</p><p>cianocobalamina e</p><p>aquacobalamina.</p><p>A vitamina B12</p><p>apresenta algumas</p><p>características peculiares, haja</p><p>vista que apresenta cobalto em</p><p>sua composição, é sintetizada</p><p>exclusivamente por</p><p>microrganismos e as suas</p><p>únicas fontes alimentares</p><p>confiáveis são alimentos de</p><p>origem animal.</p><p>Ademais, a cobalamina</p><p>depende do fator intrínseco</p><p>para que possa ser absorvida</p><p>adequadamente. O fator</p><p>intrínseco é uma substância</p><p>sintetizada no estômago, mas</p><p>que age no intestino delgado, de</p><p>modo a proteger a vitamina B12</p><p>da ação enzimática para que ela</p><p>não seja degradada antes de ser</p><p>absorvida.</p><p>26</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>Nesse cenário, pacientes</p><p>vegetarianos/veganos e com</p><p>prejuízo na síntese estomacal</p><p>de fator intrínseco (exemplo:</p><p>gastrite, úlcera e pós-bariátrica)</p><p>são aqueles em maior risco de</p><p>deficiência de vitamina B12.</p><p>Além disso, alguns fármacos</p><p>podem interagir com a</p><p>cobalamina e prejudicar o seu</p><p>metabolismo, como a</p><p>metformina e alguns</p><p>contraceptivos orais.</p><p>As funções biológicas da</p><p>B12 são semelhantes às da B9,</p><p>sendo que alguns</p><p>sinais/sintomas de</p><p>hipovitaminose são os mesmos</p><p>para ambas (exemplo:</p><p>hiperhomocisteinemia, anemia</p><p>megaloblástica e defeitos no</p><p>fechamento do tubo neural). Os</p><p>principais papeis da</p><p>cobalamina são: (i) reparação e</p><p>síntese de mielina, (ii)</p><p>metabolismo do DNA e do</p><p>RNA, (iii) transferência de</p><p>grupos metil, (iv) coenzima</p><p>para uma gama de enzimas,</p><p>como a metilmalonil-CoA</p><p>mutase – enzima com atuação</p><p>no Ciclo de Krebs (a deficiência</p><p>de B12 prejudica o metabolismo</p><p>dessa enzima e leva ao acúmulo</p><p>de ácido metilmalônico), entre</p><p>outros.</p><p>Os principais sinais e</p><p>sintomas da deficiência de B12</p><p>são: defeitos no fechamento do</p><p>tubo neural, alterações neurais</p><p>(exemplo: doenças</p><p>degenerativas), anemia</p><p>megaloblástica,</p><p>hiperhomocisteinemia,</p><p>inflamação na língua (à</p><p>semelhança da deficiência de</p><p>B2), náuseas, vômito e diarreia.</p><p>Quanto à toxicidade, não há</p><p>efeitos reportados mesmo com</p><p>a ingestão de altas doses de</p><p>vitamina B12.</p><p>Minerais</p><p>Cálcio</p><p>O cálcio é o mineral mais</p><p>abundante do organismo</p><p>humano, estando presente na</p><p>forma de hidroxiapatita</p><p>(associação de cálcio e fósforo)</p><p>nos ossos em grandes</p><p>quantidades.</p><p>O pico de aquisição de</p><p>massa óssea ocorre até os 20</p><p>anos de idade, mas a formação</p><p>óssea continua até os 35 anos.</p><p>Após esse período, o organismo</p><p>passa a utilizar-se dessa reserva</p><p>(cálcio e fósforo) se for</p><p>necessário, por exemplo na</p><p>deficiência do consumo</p><p>alimentar.</p><p>27</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>É possível compreender,</p><p>então, que o consumo</p><p>adequado de cálcio é</p><p>imprescindível em todas as</p><p>fases da vida, pois ora estamos</p><p>armazenando cálcio e ora</p><p>estamos dependendo da reserva</p><p>pré-formada (especialmente</p><p>em caso de consumo</p><p>insuficiente de cálcio).</p><p>Dentre os indivíduos</p><p>com maior risco de deficiência</p><p>de cálcio, destacam-se: crianças</p><p>e adolescentes, pois podem ter a</p><p>recomendação de ingestão</p><p>adequada (RDA –</p><p>Recommended Daily</p><p>Allowance) de cálcio ainda</p><p>maior do que em outras fases da</p><p>vida. Não obstante, idosos</p><p>podem estar sob maior risco,</p><p>pois têm absorção intestinal de</p><p>nutrientes prejudicada e</p><p>passam a contar muito com a</p><p>reserva de cálcio do esqueleto, o</p><p>que, inclusive, aumenta o risco</p><p>de fraturas.</p><p>Mulheres idosas têm um</p><p>risco ainda maior de problemas</p><p>ósseos, haja vista que há queda</p><p>da produção de estrogênio após</p><p>a menopausa – hormônio que</p><p>tem efeito protetor à massa</p><p>óssea. Em razão disso, é comum</p><p>que mulheres pós-</p><p>menopausadas sejam</p><p>suplementadas com cálcio e</p><p>demais nutrientes vinculados à</p><p>saúde óssea, como vitaminas D</p><p>e K.</p><p>As funções biológicas do</p><p>cálcio são as mais diversas:</p><p>estrutura dos ossos e dentes,</p><p>contração muscular,</p><p>coagulação sanguínea, função</p><p>de hormônios, ativação</p><p>enzimática, condução de</p><p>impulsos nervosos etc.</p><p>Apesar de ser</p><p>imprescindível à saúde, as</p><p>concentrações sanguíneas de</p><p>cálcio devem ser mantidas</p><p>dentro de uma faixa estreita.</p><p>Isso porque o cálcio sanguíneo</p><p>insuficiente prejudicaria as</p><p>funções celulares, incluindo a</p><p>própria contração do músculo</p><p>cardíaco. Contudo, o cálcio</p><p>sanguíneo em excesso pode</p><p>induzir vias apoptóticas nas</p><p>células, bem como calcificar</p><p>estruturas não ósseas, como</p><p>vasos sanguíneos.</p><p>Ferro</p><p>O ferro é um mineral</p><p>imprescindível à saúde</p><p>humana, desempenhando as</p><p>mais diversas funções</p><p>biológicas, como: participação</p><p>da composição da</p><p>28</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>hemoglobina, a qual transporta</p><p>oxigênio aos tecidos,</p><p>participação no metabolismo</p><p>energético, em especial na</p><p>cadeia transportadora de</p><p>elétrons, participação da</p><p>atividade de diversas enzimas,</p><p>como catalase (enzima</p><p>antioxidante) e citocromo P450</p><p>(enzimas de destoxificação),</p><p>entre outras.</p><p>Na alimentação, o ferro</p><p>está presente nas formas férrica</p><p>(+3) e ferrosa (+2), sendo a</p><p>primeira presente em alimentos</p><p>de origem vegetal e a segunda</p><p>presente em alimentos de</p><p>origem animal. O ferro entra no</p><p>enterócito na forma ferrosa,</p><p>portanto, o ferro férrico precisa</p><p>ser convertido a ferroso para</p><p>que possa ser absorvido no</p><p>intestino. A vitamina C (ácido</p><p>ascórbico) tem um importante</p><p>impacto nessa conversão,</p><p>auxiliando na absorção do ferro</p><p>de origem vegetal. Ainda assim,</p><p>há se de admitir que o ferro</p><p>heme, proveniente de</p><p>alimentos de origem animal, é</p><p>mais biodisponível do que o</p><p>ferro não heme, presente em</p><p>alimentos de origem vegetal.</p><p>As principais fontes</p><p>alimentares de ferro são: carnes</p><p>(incluindo vísceras, exemplo:</p><p>fígado), leguminosas e vegetais</p><p>verde-escuros. As farinhas de</p><p>trigo, de milho, de rosca e</p><p>produtos à base delas também</p><p>são fontes do mineral, pois há a</p><p>política pública de fortificação</p><p>desses alimentos com ferro no</p><p>Brasil, com o intuito de reduzir</p><p>a prevalência e a incidência de</p><p>deficiência de ferro e de anemia</p><p>ferropriva.</p><p>A carência crônica e</p><p>severa de ferro leva à anemia</p><p>ferropriva, a qual é entendida</p><p>como uma das consequências</p><p>mais drásticas da deficiência</p><p>grave do mineral. A anemia</p><p>ferropriva é caracterizada pela</p><p>redução da concentração de</p><p>hemoglobina e pode ser</p><p>acompanhada de alterações em</p><p>parâmetros hematológicos</p><p>(hematócrito, hemácias,</p><p>volume corpuscular médio –</p><p>VCM, hemoglobina corpuscular</p><p>média – HCM, amplitude de</p><p>distribuição dos eritrócitos –</p><p>RDW) e em marcadores do</p><p>metabolismo do ferro (ferro</p><p>sanguíneo, ferritina e</p><p>transferrina).</p><p>Os principais públicos</p><p>de risco para o</p><p>desenvolvimento de anemia</p><p>ferropriva são: crianças e</p><p>adolescentes, pois têm alta</p><p>29</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>demanda de ferro em razão do</p><p>crescimento, mulheres em</p><p>idade fértil, pois têm perda de</p><p>ferro no período menstrual,</p><p>gestantes, pois têm alta</p><p>demanda de ferro em virtude do</p><p>crescimento fetal e indivíduos</p><p>com comprometimento na</p><p>capacidade digestiva e</p><p>absortiva (exemplo: idosos</p><p>e</p><p>pacientes com doenças</p><p>inflamatórias intestinais). Os</p><p>sinais e sintomas mais comuns</p><p>de anemia ferropriva são:</p><p>fadiga, letargia, redução na</p><p>capacidade física e cognitiva,</p><p>taquicardia, cefaleia, queda de</p><p>cabelo, unhas fracas e</p><p>quebradiças, palidez de</p><p>mucosas,</p><p>imunocomprometimento e</p><p>aumento do risco de infecções,</p><p>entre outros.</p><p>Vale ressaltar que a</p><p>deficiência de ferro é a principal</p><p>carência nutricional a nível</p><p>mundial, vinculando-se,</p><p>inclusive, com o</p><p>desenvolvimento</p><p>socioeconômico do país (mais</p><p>comum em países</p><p>subdesenvolvidos). Entende-se</p><p>que a anemia ferropriva pode se</p><p>iniciar em um contexto de</p><p>vulnerabilidade</p><p>socioeconômica e, por sua vez,</p><p>pode contribuir para o</p><p>agravamento desse cenário,</p><p>haja vista que reduz a</p><p>capacidade de aprendizagem e</p><p>de trabalho dos indivíduos.</p><p>Por outro lado, deve-se</p><p>ter cautela, pois o excesso de</p><p>ferro também é prejudicial. O</p><p>ferro é um mineral bastante</p><p>reativo, podendo aumentar a</p><p>produção de espécies reativas</p><p>se estiver em excesso. Como é</p><p>estocado principalmente no</p><p>fígado, o excesso de ferro</p><p>poderia causar distúrbios</p><p>hepáticos. Nesse cenário,</p><p>entende-se que o ferro é um</p><p>nutriente que deve ser ofertado</p><p>na medida – nem de forma</p><p>deficitária e nem em excesso.</p><p>Magnésio</p><p>O magnésio é um</p><p>mineral envolvido em mais de</p><p>300 reações bioquímicas,</p><p>participando das mais diversas</p><p>funções biológicas, como: (i)</p><p>metabolismo energético, pois é</p><p>cofator de enzimas como</p><p>hexoquinase e ATPase, bem</p><p>como se associa ao ATP,</p><p>formando o complexo</p><p>Magnésio-ATP, que é mais</p><p>estável, (ii) transporte de íons</p><p>potássio e cálcio, sendo</p><p>importante na transmissão</p><p>neuromuscular, (iii) síntese de</p><p>30</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>DNA, RNA, proteínas,</p><p>serotonina e melatonina, pois é</p><p>cofator enzimático dessas vias,</p><p>(iv) produção e ação da</p><p>insulina, haja vista que está</p><p>envolvido na regulação das</p><p>células beta-pancreáticas e na</p><p>fosforilação do receptor de</p><p>insulina, entre outros.</p><p>Considerando o seu</p><p>papel biológico, fica claro que a</p><p>deficiência de magnésio resulta</p><p>em sinais e sintomas, como</p><p>fadiga, mudanças de humor,</p><p>insônia, cefaleia, distúrbios no</p><p>metabolismo glicídico,</p><p>alterações nervosas e</p><p>musculares (exemplo:</p><p>câimbras, fraqueza muscular,</p><p>arritmia cardíaca, delírio e</p><p>convulsões) etc. Ademais, a</p><p>deficiência de magnésio parece</p><p>aumentar o risco de</p><p>desenvolvimento de doenças</p><p>crônicas não transmissíveis</p><p>(DCNT), como diabetes</p><p>mellitus tipo II e hipertensão</p><p>arterial sistêmica. A deficiência</p><p>desse mineral parece ser mais</p><p>comum em alcoólatras e/ou em</p><p>casos de desidratação, vômito e</p><p>diarreia excessiva, distúrbios</p><p>eletrolíticos e ingestão dietética</p><p>insuficiente.</p><p>Em contrapartida, a</p><p>toxicidade de magnésio causa</p><p>náusea, vômito, sonolência,</p><p>letargia, fala arrastada, visão</p><p>dupla, paralisia muscular e</p><p>respiratória, hipotensão</p><p>arterial sistêmica e arritmia</p><p>cardíaca com risco de parada</p><p>cardíaca. A toxicidade de</p><p>magnésio não ocorre pela</p><p>alimentação, apenas via</p><p>suplementação ou endovenosa.</p><p>Logo, os indivíduos em maior</p><p>risco de toxicidade são aqueles</p><p>sob suplementação de</p><p>magnésio sem prescrição,</p><p>acompanhamento e orientação</p><p>profissional.</p><p>Zinco</p><p>Tal como o magnésio, o</p><p>zinco também atua como</p><p>cofator de uma gama de</p><p>enzimas (mais de 300), sendo</p><p>imprescindível para a</p><p>ocorrência de inúmeras funções</p><p>biológicas, a exemplo da síntese</p><p>de DNA, RNA e proteínas, da</p><p>diferenciação e replicação</p><p>celular (sendo de extrema</p><p>importância aos tecidos e às</p><p>células de divisão rápida, como</p><p>os leucócitos), do metabolismo</p><p>energético e de</p><p>macronutrientes (em especial</p><p>carboidratos, pois regula a</p><p>secreção de insulina), do</p><p>sistema antioxidante, visto que</p><p>faz parte da enzima superóxido</p><p>31</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>dismutase (SOD), da percepção</p><p>de paladar, haja vista que é</p><p>componente da gustina etc.</p><p>O zinco ainda é</p><p>necessário à síntese da proteína</p><p>transportadora de retinol (RBP</p><p>– retinol binding protein), a</p><p>qual transporta vitamina A para</p><p>os tecidos. Logo, a deficiência</p><p>de zinco culmina na deficiência</p><p>de vitamina A, causando</p><p>sinais/sintomas semelhantes</p><p>aos da última, como cegueira</p><p>noturna,</p><p>imunocomprometimento,</p><p>alterações endócrinas,</p><p>hipotireoidismo e infertilidade,</p><p>além de alteração de paladar e</p><p>de olfato, perda do apetite, dor</p><p>abdominal e dificuldade de</p><p>cicatrização. A deficiência de</p><p>zinco pode ocorrer quando a</p><p>ingestão dietética é</p><p>insuficiente, em síndromes</p><p>diabsortivas ou no aumento da</p><p>demanda orgânica do mineral,</p><p>como em queimaduras e</p><p>quadro infeccioso e</p><p>inflamatório.</p><p>Em contrapartida, os</p><p>efeitos de toxicidade de zinco</p><p>incluem distúrbios</p><p>respiratórios, como edema</p><p>pulmonar, hemorragia alveolar</p><p>e broncopneumonia, pois o</p><p>zinco em excesso é um irritante</p><p>do trato respiratório, perda do</p><p>apetite e perda de peso,</p><p>irritação de pele e mucosas,</p><p>náusea, vômito, distúrbios</p><p>gastrointestinais, fadiga e dor</p><p>nas pernas. A toxicidade de</p><p>zinco normalmente deriva da</p><p>ingestão excessiva do mineral</p><p>por meio de suplementos ou</p><p>administração endovenosa,</p><p>além de contaminação</p><p>ocupacional (exemplo:</p><p>metalúrgica).</p><p>32</p><p>33</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>2. DEFINIÇÃO, METABOLISMO E FUNÇÕES</p><p>BIOLÓGICAS DE LIPÍDIOS</p><p>Introdução</p><p>Os lipídios são os</p><p>macronutrientes mais</p><p>densamente energéticos,</p><p>fornecendo 9 kcal/grama, ao</p><p>passo que os carboidratos e as</p><p>proteínas fornecem 4</p><p>kcal/grama. Assim, os lipídios</p><p>são os macronutrientes mais</p><p>interessantes para</p><p>armazenamento energético,</p><p>sendo mais estocados com esse</p><p>fim quando em comparação</p><p>com carboidratos.</p><p>Os lipídios são usados</p><p>como fonte de energia</p><p>especialmente no repouso e em</p><p>atividades de baixa intensidade.</p><p>Além disso, alguns órgãos têm</p><p>grande capacidade de utilizar</p><p>lipídios como fonte de energia,</p><p>a exemplo do fígado.</p><p>Além da função</p><p>energética, os lipídios</p><p>apresentam diversos outros</p><p>papéis biológicos, como</p><p>formação de membranas</p><p>plasmáticas, função hormonal e</p><p>termogênese.</p><p>Em razão de sua grande</p><p>diversidade e complexidade, os</p><p>lipídios serão abordados em</p><p>34</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>detalhes nessa seção para sua</p><p>maior compreensão.</p><p>Lipídios: Definição, Função,</p><p>Tipos, Recomendações e</p><p>Fontes Alimentares</p><p>Os lipídios são definidos</p><p>como “grupo de compostos</p><p>quimicamente diversos, cuja</p><p>característica em comum que os</p><p>define é a insolubilidade em</p><p>água e a solubilidade em</p><p>solventes orgânicos (ex.:</p><p>acetona, éter, clorofórmio,</p><p>metanol e hexano)”.</p><p>Apesar de serem</p><p>hidrofóbicos, o seu grau de</p><p>hidrofobicidade é diverso,</p><p>sendo que alguns lipídios (ex.:</p><p>ácidos graxos de cadeia longa)</p><p>são mais hidrofóbicos do que</p><p>outros (ex.: ácidos graxos de</p><p>cadeia curta).</p><p>Em relação às funções</p><p>biológicas, os lipídios</p><p>desempenham as mais</p><p>diversas, dentre elas: (i) reserva</p><p>energética, (ii) composição de</p><p>membranas plasmáticas, (iii)</p><p>precursor de hormônios e</p><p>nutrientes, ex.: testosterona e</p><p>vitamina D, (iv) regulação da</p><p>temperatura corporal, (v) o</p><p>tecido adiposo sintetiza</p><p>hormônios, como leptina e</p><p>adiponectina, entre outros.</p><p>Compreende-se que o</p><p>tecido adiposo cumpre com</p><p>muitas funções além do</p><p>armazenamento energético,</p><p>diferente do que se pensava no</p><p>passado. Com base nesse</p><p>entendimento, compreende-se</p><p>a obesidade como um quadro</p><p>mais complexo do que apenas o</p><p>acúmulo de tecido adiposo,</p><p>envolvendo quadro</p><p>inflamatório crônico e de baixo</p><p>grau, alterações metabólicas,</p><p>como resistência à insulina,</p><p>distúrbios na produção</p><p>hormonal, incluindo</p><p>hormônios envolvidos na</p><p>regulação de apetite etc.</p><p>Neste cenário, apenas a</p><p>restrição energética não é o</p><p>suficiente para lidar</p><p>com o</p><p>quadro de obesidade, sendo que</p><p>evidências indicam que dietas</p><p>muito restritivas podem até</p><p>agravar a inflamação comum na</p><p>obesidade. Interessantemente,</p><p>a combinação da prática de</p><p>exercício físico com a redução</p><p>gradativa do consumo</p><p>energético tem papel anti-</p><p>inflamatório e é mais efetiva na</p><p>redução da gordura corporal.</p><p>Além de se pensar na</p><p>quantidade de energia da dieta,</p><p>35</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>é imprescindível se atentar à</p><p>qualidade nutricional,</p><p>incluindo o consumo de</p><p>antioxidantes, anti-</p><p>inflamatórios e</p><p>imunomoduladores.</p><p>No que concerne aos</p><p>tipos de lipídios, destacam-se:</p><p>• Lipídios simples,</p><p>compostos por ácidos</p><p>graxos e glicerol,</p><p>formando</p><p>monoacilglicerol (um</p><p>glicerol ligado a um</p><p>ácido graxo),</p><p>diacilglicerol (um</p><p>glicerol ligado a dois</p><p>ácidos graxos) e</p><p>triacilglicerol (um</p><p>glicerol ligado a três</p><p>ácidos graxos), sendo</p><p>o último o lipídio mais</p><p>comum na dieta</p><p>humana.</p><p>• Lipídios</p><p>compostos: os quais</p><p>contemplam uma</p><p>fração lipídica e uma</p><p>fração não lipídica,</p><p>ex.: lipoproteínas</p><p>(proteínas e lipídios),</p><p>fosfolipídios (fosfato e</p><p>lipídios) e</p><p>esfingolipídios</p><p>(esfingosina e</p><p>lipídios).</p><p>• Esterois: moléculas</p><p>cuja estrutura química</p><p>é composta por três</p><p>anéis de seis carbonos,</p><p>um anel de cinco</p><p>carbonos e uma cadeia</p><p>alifática, sendo que há</p><p>uma hidroxila</p><p>anexada ao carbono</p><p>três do anel A (Figura</p><p>6), a exemplo do</p><p>colesterol e dos</p><p>fitoesterois, de origem</p><p>animal e vegetal,</p><p>respectivamente. Os</p><p>fitoesteróis têm</p><p>estrutura química</p><p>muito semelhante ao</p><p>colesterol, podendo</p><p>reduzir a sua absorção</p><p>intestinal e ser</p><p>utilizados como</p><p>coadjuvante do</p><p>tratamento de</p><p>dislipidemias (Figura</p><p>7).</p><p>• Lipídios</p><p>derivados/variado</p><p>s: contempla</p><p>estruturas que</p><p>derivam de lipídios,</p><p>como hormônios (ex.:</p><p>testosterona) e</p><p>vitaminas</p><p>lipossolúveis.</p><p>36</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>Figura 6. Estrutura química do colesterol.</p><p>Figura 7. Semelhança entre colesterol e um fitoesterol denominado</p><p>campesterol.</p><p>Os triacilglicerois,</p><p>também denominados de</p><p>triglicerídeos, são os lipídios</p><p>mais comuns na alimentação</p><p>humana, sendo compostos</p><p>pelos mais diversos tipos de</p><p>ácidos graxos.</p><p>Os ácidos graxos podem</p><p>ser saturados, quando não</p><p>apresentam duplas ligações</p><p>entre carbonos, ou insaturados,</p><p>quando apresentam pelo menos</p><p>uma dupla ligação entre</p><p>carbonos. Os últimos podem</p><p>ser monoinsaturados quando</p><p>apresentam apenas uma dupla</p><p>ligação (ex.: ômega 9 ou ácido</p><p>oleico) ou poli-insaturados</p><p>quando apresentam mais de</p><p>uma ligação, a exemplo dos</p><p>ácidos graxos das famílias</p><p>ômega 3 e ômega 6.</p><p>De acordo com o sistema</p><p>ômega, a posição da</p><p>insaturação do ácido graxo é</p><p>contada a partir do grupo metil</p><p>do ácido graxo. Sendo assim, os</p><p>ácidos graxos da família ômega</p><p>3 são aqueles cuja a primeira</p><p>insaturação ocorre no carbono</p><p>3, a exemplo do ácido alfa-</p><p>linolênico, do ácido</p><p>eicosapentaenoico (EPA) e do</p><p>ácido docosahexaenoico</p><p>(DHA).</p><p>Já os ácidos graxos da</p><p>família ômega 6 são aqueles</p><p>37</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>cuja primeira insaturação</p><p>ocorre no carbono seis, a</p><p>exemplo do ácido linoleico e do</p><p>ácido araquidônico. O ômega 9</p><p>é um ácido graxo</p><p>monoinsaturado, em que a</p><p>única dupla ligação ocorre no</p><p>carbono 9 da molécula.</p><p>Além do sistema ômega,</p><p>a posição das insaturações de</p><p>ácidos graxos também pode ser</p><p>contada pelo sistema delta, em</p><p>que a contagem se inicia a partir</p><p>do grupo carboxila da molécula,</p><p>ao invés do grupo metil como</p><p>no sistema ômega.</p><p>O ácido graxo tende a se</p><p>tornar curvado a cada</p><p>insaturação, sendo que ácidos</p><p>graxos poli-insaturados tendem</p><p>a ter várias curvaturas de</p><p>formatos diversos. Isso faz com</p><p>que não haja uma “boa adesão”</p><p>entre os ácidos graxos</p><p>insaturados (cada um com</p><p>curvaturas diferentes) – motivo</p><p>pelo qual os óleos, ricos em</p><p>ácidos graxos insaturados, são</p><p>fluidos.</p><p>Em contrapartida, os</p><p>ácidos graxos saturados tendem</p><p>a ser rígidos, pois não</p><p>apresentam duplas ligações.</p><p>Como resultado, há um</p><p>empacotamento entre esses</p><p>ácidos graxos, fazendo com que</p><p>as gorduras (ricas em ácidos</p><p>graxos saturados) sejam sólidas</p><p>a temperatura ambiente.</p><p>Com base nas questões</p><p>acima mencionadas, a diferença</p><p>entre óleos e gorduras é que os</p><p>primeiros são líquidos a</p><p>temperatura ambiente</p><p>(justamente por serem ricos em</p><p>ácidos graxos insaturados, ex.:</p><p>óleos vegetais, incluindo azeite</p><p>de oliva), ao passo que as</p><p>gorduras são sólidas a</p><p>temperatura ambiente, pois são</p><p>ricas em ácidos graxos</p><p>saturados (ex.: manteiga,</p><p>banha e gordura do coco).</p><p>Além de serem</p><p>categorizados pela presença ou</p><p>ausência de insaturações, os</p><p>ácidos graxos também podem</p><p>ser classificados segundo o seu</p><p>tamanho em ácidos graxos de</p><p>cadeia curta (2 a 4 átomos de</p><p>carbonos - C), ácidos graxos de</p><p>cadeia média (6 a 10 C) e ácidos</p><p>graxos de cadeia longa (12 C ou</p><p>mais). Os ácidos graxos de</p><p>cadeia curta e média são</p><p>sempre saturados, haja vista</p><p>que as insaturações só ocorrem</p><p>em ácidos graxos com mais de</p><p>12 carbonos.</p><p>38</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>Curiosamente, os ácidos</p><p>graxos tendem a ter cadeias</p><p>pares de carbonos. Isso porque</p><p>o alongamento de ácidos graxos</p><p>ocorre a partir do acetil-CoA,</p><p>adicionando-se dois carbonos</p><p>simultaneamente a cadeia.</p><p>Apesar disso, há exceções, pois</p><p>alguns microrganismos podem</p><p>produzir ácidos graxos com</p><p>cadeia carbônica de número</p><p>ímpar.</p><p>Além disso, os ácidos</p><p>graxos tendem a ter cadeias</p><p>simples e não ramificadas,</p><p>apesar de exceções, como</p><p>alguns ácidos graxos</p><p>ramificados produzidos pela</p><p>glândula sebácea humana.</p><p>Alguns ácidos graxos são</p><p>considerados como essenciais</p><p>ao organismo humano, pois não</p><p>são sintetizados de forma</p><p>endógena e precisam ser</p><p>ingeridos por meio da dieta. São</p><p>eles: ácido linoleico (ômega 6) e</p><p>ácido alfa-linolênico (ômega 3).</p><p>A partir desses ácidos</p><p>graxos, o organismo consegue</p><p>sintetizar outros, como o ácido</p><p>araquidônico (ômega 6) e o</p><p>ácido docosahexaenoico</p><p>(ômega 3), apesar desta</p><p>conversão ser pequena em</p><p>alguns casos.</p><p>O ácido araquidônico é o</p><p>principal ácido graxo poli-</p><p>insaturado da membrana</p><p>plasmática, permitindo a</p><p>fluidez desta e o seu perfeito</p><p>funcionamento. Não obstante,</p><p>os ácidos graxos da família</p><p>ômega 6 são precursores de</p><p>marcadores imunológicos,</p><p>como sinalizadores pró-</p><p>inflamatórios. É válido</p><p>salientar que a inflamação é</p><p>imprescindível ao organismo,</p><p>inclusive permitindo a</p><p>sobrevivência e a defesa deste.</p><p>Contudo, o desenvolvimento de</p><p>um quadro inflamatório</p><p>crônico é danoso e compromete</p><p>a homeostase, aumentando,</p><p>inclusive, o risco de alterações</p><p>metabólicas e doenças, a</p><p>exemplo da resistência à</p><p>insulina e do diabetes mellitus.</p><p>Os ácidos graxos da</p><p>família ômega 3, a exemplo do</p><p>ácido eicosapentaenoico e do</p><p>ácido docosahexaenoico, são</p><p>precursores de marcadores</p><p>anti-inflamatórios e de</p><p>sinalizadores vinculados à</p><p>função cardiovascular. O ômega</p><p>9, que é o ácido oleico, apesar</p><p>de não ser considerado como</p><p>um ácido graxo essencial (pode</p><p>ser sintetizado de forma</p><p>endógena), também tem papel</p><p>39</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>interessante na saúde</p><p>cardiovascular.</p><p>No que concerne à</p><p>recomendação de ingestão de</p><p>lipídios, o IOM sugere que 20 a</p><p>35% do VET sejam</p><p>provenientes de lipídios,</p><p>devendo-se priorizar o</p><p>consumo de ácidos graxos</p><p>insaturados, ao invés de</p><p>saturados, pois os últimos têm</p><p>vínculo com o desenvolvimento</p><p>de doenças cardiovasculares –</p><p>gorduras trans, hidrogenada e</p><p>interesterificada parecem ter</p><p>efeitos nocivos semelhantes.</p><p>Segundo a Sociedade</p><p>Brasileira de Medicina do</p><p>Exercício e do Esporte, o</p><p>consumo de lipídios não deve</p><p>ser inferior a 20% do VET para</p><p>praticantes de exercício</p><p>físico e</p><p>atletas, mesmo em casos de</p><p>restrição energética.</p><p>As principais fontes</p><p>alimentares de lipídios são os</p><p>óleos e as gorduras, as</p><p>oleaginosas e as sementes</p><p>(exemplo: linhaça e chia), as</p><p>carnes (incluindo peixes), os</p><p>ovos e os laticínios. O abacate</p><p>também é uma rica fonte de</p><p>lipídios.</p><p>Em relação às fontes de</p><p>ômega 3, destacam-se: peixes,</p><p>linhaça, azeite de oliva e</p><p>oleaginosas. Os óleos vegetais</p><p>tendem a ser fontes de ômega 6,</p><p>ao passo que o abacate e as</p><p>oleaginosas tendem a ser fonte</p><p>de ômega 9.</p><p>Papel Energético Dos</p><p>Lipídios</p><p>Os lipídios são os</p><p>macronutrientes mais</p><p>energéticos, contendo 9 kcal</p><p>por grama, ao passo que</p><p>carboidratos e proteínas</p><p>apresentam apenas 4</p><p>kcal/grama. Isso faz com que os</p><p>lipídios sejam a principal opção</p><p>de armazenamento energético,</p><p>sendo estocados quase que de</p><p>forma ilimitada no tecido</p><p>adiposo. Esse processo é</p><p>possível graças à extensa</p><p>capacidade de hipertrofia e de</p><p>hiperplasia de adipócitos.</p><p>Contudo, é possível</p><p>perceber que os carboidratos</p><p>são sempre apresentados como</p><p>a principal fonte de energia, ao</p><p>invés dos lipídios. Isso porque</p><p>os carboidratos podem ser</p><p>convertidos rapidamente em</p><p>ATP, por exemplo pela glicólise,</p><p>que já fornece ATP em apenas</p><p>10 reações bioquímicas.</p><p>40</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>Os lipídios exigem dois</p><p>processos principais para</p><p>serem convertidos em ATP – a</p><p>lipólise e a beta oxidação. O</p><p>primeiro consiste na quebra dos</p><p>triglicerídeos em glicerol e</p><p>ácidos graxos, ao passo que o</p><p>segundo consiste na conversão</p><p>de ácidos graxos em acetil-CoA</p><p>e a sua utilização como fonte de</p><p>energia no Ciclo de Krebs.</p><p>De modo simplista, os</p><p>carboidratos tendem a fornecer</p><p>energia mais rapidamente</p><p>quando em comparação aos</p><p>lipídios, apesar dos últimos</p><p>serem mais densamente</p><p>energéticos.</p><p>Em momentos em que</p><p>há necessidade rápida de</p><p>energia, a exemplo do exercício</p><p>físico, os carboidratos acabam</p><p>sendo utilizados como</p><p>substrato energético prioritário</p><p>(variável de acordo com o tipo</p><p>de exercício físico). Já no</p><p>repouso, isto é, quando não há</p><p>alta demanda de energia</p><p>rápida, os lipídios tendem a ser</p><p>utilizados como substrato</p><p>energético prioritário.</p><p>É válido salientar que os</p><p>três macronutrientes podem e</p><p>são utilizados como fonte de</p><p>energia, mas tornam-se</p><p>prioritários dependendo da</p><p>situação.</p><p>Digestão, Absorção,</p><p>Transporte E</p><p>Armazenamento</p><p>A digestão de lipídios</p><p>inicia-se já na boca, com a ação</p><p>da enzima denominada de</p><p>lipase lingual, a qual permite a</p><p>digestão de ácidos graxos de</p><p>cadeia mais curta. No</p><p>estômago, a lipase lingual</p><p>continua a sua ação, pois atua</p><p>também em pH ácido. Além</p><p>dela, a lipase gástrica também</p><p>atua no estômago, digerindo</p><p>ácidos graxos de cadeia curta e</p><p>média.</p><p>A chegada de lipídios no</p><p>intestino estimula a liberação</p><p>de colecistoquinina, a qual</p><p>induz a contração da vesícula</p><p>biliar e a secreção de enzimas</p><p>pancreáticas, a exemplo da</p><p>lipase pancreática. Como</p><p>resultado da ação da</p><p>colecistoquinina, há liberação</p><p>de esterases, fosfolipases, lipase</p><p>pancreática e sais biliares no</p><p>intestino, permitindo a digestão</p><p>dos mais diversos tipos de</p><p>lipídios.</p><p>Além da ação</p><p>enzimática, os movimentos</p><p>41</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>peristálticos são</p><p>imprescindíveis para facilitar</p><p>na emulsão dos lipídios. Não</p><p>obstante, a formação de micelas</p><p>permite a criação de gotículas</p><p>de gordura, facilitando a ação</p><p>enzimática.</p><p>Após digeridos, os</p><p>lipídios são absorvidos para</p><p>dentro do enterócito por meio</p><p>de difusão simples e facilitada</p><p>(exemplos de transportadores:</p><p>FAT/CD36, FATP2, FATP3,</p><p>FATP4, FABP e Niemann-Pick</p><p>C1-like 1: NPC1-L1).</p><p>Os ácidos graxos de</p><p>cadeia curta e média, que são</p><p>menos hidrofóbicos, são</p><p>liberados na circulação</p><p>sanguínea (capilares portais), já</p><p>os ácidos graxos de cadeia longa</p><p>e outros lipídios (exemplo:</p><p>colesterol, fosfolipídios e</p><p>vitaminas lipossolúveis), que</p><p>são mais hidrofóbicos, vão para</p><p>o retículo endoplasmático do</p><p>enterócito e são reesterificados</p><p>e inseridos no quilomícron –</p><p>maior lipoproteína produzida</p><p>no organismo.</p><p>O quilomícron é</p><p>direcionado para a corrente</p><p>linfática, pois é muito grande</p><p>para ser transportado nos</p><p>capilares portais. Na altura do</p><p>ducto torácico, o quilomícron</p><p>adentra à corrente sanguínea. A</p><p>partir daí, deixa parte de seus</p><p>lipídios (especialmente</p><p>triglicerídeos) nos tecidos,</p><p>como no tecido adiposo e no</p><p>tecido muscular esquelético, e é</p><p>direcionado ao fígado, onde</p><p>será precursor da formação de</p><p>outras lipoproteínas, como</p><p>VLDL, IDL e LDL.</p><p>Como mencionado</p><p>anteriormente, os lipídios são</p><p>principalmente armazenados</p><p>no tecido adiposo, mas também</p><p>se encontram em outros órgãos,</p><p>como no tecido muscular</p><p>esquelético. A forma de</p><p>armazenamento é</p><p>principalmente a de</p><p>triglicerídeos com ácidos graxos</p><p>saturados, os quais são menos</p><p>suscetíveis à oxidação por parte</p><p>de radicais livres.</p><p>42</p><p>43</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>3 SUPLEMENTAÇÃO COM ÔMEGA 3 E TCM</p><p>NO ESPORTE</p><p>Introdução</p><p>Os recursos ergogênicos,</p><p>isto é, recursos que aumentem a</p><p>performance física são muito</p><p>utilizados no esporte com os</p><p>mais diversos fins. Existem</p><p>diversos recursos ergogênicos,</p><p>sendo que dois deles, bastante</p><p>estudados, são ômega 3 e TCM,</p><p>apesar de os efeitos ergogênicos</p><p>desses recursos não serem</p><p>completamente elucidados e</p><p>comprovados na literatura. O</p><p>objetivo da presente seção é de</p><p>discutir o uso de ômega 3 e de</p><p>TCM no contexto esportivo.</p><p>Ômega 3</p><p>O principal</p><p>representante da família ômega</p><p>3 é o ácido alfa-linolênico (ALA,</p><p>18:3), que não é sintetizado pelo</p><p>organismo, no entanto, ao ser</p><p>consumido pela alimentação, é</p><p>convertido em outros ácidos</p><p>graxos poli-insaturados, como</p><p>EPA (20:5), que, por sua vez, é</p><p>convertido em DHA (22:3).</p><p>Embora haja conversão</p><p>no organismo, a quantidade</p><p>produzida é baixa, tornando</p><p>recomendável a ingestão direta</p><p>de EPA e DHA, que são as</p><p>44</p><p>SUPLEMENTAÇÃO DE LIPIDEOS (EPA/DHA/TCM)</p><p>formas biologicamente ativas</p><p>de ômega 3 no organismo.</p><p>Em relação às principais</p><p>funções de EPA e DHA,</p><p>destacam-se: modulação de</p><p>triglicerídeos (TG), função</p><p>plaquetária e endotelial;</p><p>modulação de radicais livres, de</p><p>citocinas pró-inflamatórias e da</p><p>função imunológica, entre</p><p>outras.</p><p>Levando em</p><p>consideração suas funções</p><p>biológicas, a suplementação</p><p>com ômega 3 pode ser</p><p>interessante para controle de</p><p>hipertrigliceridemia, síndrome</p><p>metabólica, obesidade, diabetes</p><p>mellitus, resistência à insulina,</p><p>doenças cardiovasculares,</p><p>doenças neurodegenerativas e</p><p>psíquicas (exemplo:</p><p>depressão), doenças</p><p>inflamatórias (exemplo:</p><p>artrite).</p><p>Especificamente no</p><p>contexto esportivo, a</p><p>suplementação com ômega 3</p><p>está associada ao controle da</p><p>lesão, do</p><p>imunocomprometimento e do</p><p>desempenho em atletas, por</p><p>meio da modulação de vias</p><p>específicas, como mTOR e</p><p>NFkB.</p><p>No que tange à dosagem,</p><p>essa varia de acordo com o</p><p>objetivo da suplementação,</p><p>como: 1 g/dia para portadores</p><p>de insuficiência cardíaca, 1 a 2</p><p>g/dia depressão, transtornos de</p><p>humor e TDAH, 2 a 4 g/dia para</p><p>portadores de</p><p>hipertrigliceridemia grave, 3</p><p>g/dia dores/doenças</p><p>articulares, 4 g/dia, apenas na</p><p>forma de EPA, para prevenção</p><p>secundária em pacientes em</p><p>uso de estatinas e com</p><p>triglicerídeos entre 150 - 499</p><p>mg/dL5.</p><p>De um modo geral, é</p><p>aceito na prática clínica uma</p><p>ingestão de pelo menos 250 mg</p><p>de EPA e 250 mg de DHA/dia,</p><p>embora a quantidade exata</p><p>para populações específicas não</p><p>seja clara e, em muitos casos,</p><p>provavelmente seja superior a</p><p>essa ingestão mínima sugerida.</p><p>No que tange à</p><p>deficiência de ômega 3, os</p><p>principais achados reportados</p><p>são: redução da acuidade</p><p>visual, lesões de pele, sintomas</p>

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