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Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Unidade 1
Investimento
Aula 1
Conhecimento e educação
Introdução
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Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
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para assistir mesmo sem conexão à internet.
A teoria do conhecimento é uma disciplina �losó�ca que busca compreender como acontece a
complexa relação entre o sujeito que aprende e o objeto que ele busca aprender, além de
esclarecer quais são os múltiplos fatores que estão envolvidos nesse processo. 
Sendo um dos pilares mais fundamentais da prática pedagógica, entre os seus temas de estudo
estão os relacionados à origem dos saberes, isto é, à forma como o ser humano se apropria do
conhecimento sobre o mundo físico e social.  
Por ser uma teoria que trata de elementos mais subjetivos do que objetivos, não é possível
encontrarmos uma única abordagem nesse campo de estudo, pois nesse território convivem
múltiplas e antagônicas concepções. 
Assim, o objetivo central dessa disciplina é analisar a questão do conhecimento contido nas
práticas pedagógicas do ponto de vista da Filoso�a, a partir das perspectivas de alguns de seus
principais epistemólogos (estudiosos do conhecimento). 
A origem do conhecimento
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Como sabemos o que sabemos, ou conhecemos aquilo que julgamos conhecer? Essa é uma
questão que ocupa a mente dos �lósofos desde a Antiguidade, e desde então eles vêm tentando
desvendar os aspectos que envolvem a interação do ser humano com o ambiente social, físico e
cultural. 
A Idade Moderna é o marco histórico que de�ne o início da teoria do conhecimento como
disciplina autônoma, pois, na Antiguidade e na Idade Média, este tipo de estudo estava vinculado
à metafísica (área da Filoso�a que se ocupa de questões como a existência do ser, a causa e o
sentido da realidade e a natureza). 
Na Idade Moderna, portanto, Descartes, Locke e Hume Kant, procuraram sistematizar questões
sobre a gênese, a essência e a verdade sobre o conhecimento apontando algumas questões,
como por exemplo: 
qual o critério fundamental para se chegar ao conhecimento?
o sujeito pode apreender o objeto?
o conhecimento investigado é fechado deixando brecha para a descrença?
a fonte (origem) do conhecimento seria a experiência ou a razão?
Como consequência dessas indagações, durante a Idade Contemporânea, surgem outras teorias,
de natureza menos cientí�ca e de caráter mais próximo do existencialismo, pois percebemos que
responder a toda essa complexa estrutura, que envolve o ser humano e o conhecimento, não é
tão somente uma possibilidade objetiva. Assim, em decorrência dessa relação imbricada, que
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
envolve o ser humano e suas interações com o meio natural e social, outros estudiosos se
posicionam, dando origem a novas formas de entendimento dessa questão.  
Nesse contexto, um dos estudos teóricos mais complexos é o de Sigmund Freud, considerado o
“pai” da Psicanálise. Para este epistemólogo, o ser humano trava, desde o seu nascimento, uma
incessante e complexa batalha entre o seu consciente (a parte visível) e o inconsciente (volume
invisível).  
Segundo Freud, a mente consciente é caracterizada pela presença de pensamentos e
sentimentos, que possibilitam ao ser humano a capacidade de raciocinar. O pré-consciente seria
composto pela memória não acessada pela mente consciente. E o inconsciente é composta por
instintos reprimidos, sentimentos e impulsos. 
Além dessa importante contribuição teórica acerca do conhecimento, destacam-se os estudos
da Escola Soviética de Psicologia de L. S. Vygotsky, Luria e Leontiev. De acordo com essa
concepção, por meio de uma abordagem semiótica, os estudiosos russos pesquisaram sobre as
formas como o ser humano interage com o mundo social no qual nasce e gradativamente se
apropria dos elementos da cultura (instrumentos físicos e simbólicos), transformando-os de
maneira própria, processo que Vygotsky e seus discípulos chamaram de intersubjetividade e
subjetividade. 
Ainda nesse campo de estudo teórico, um outro epistemólogo que muito in�uenciou a prática
pedagógica contemporânea é Jean Piaget, estudioso nascido na Suíça, que elaborou a teoria
conhecida por epistemologia genética. De acordo com essa abordagem, o ser humano constrói o
próprio conhecimento em interação contínua com o meio, de acordo com os estímulos que esse
lhe coloca. 
Como sabemos o que sabemos?
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A origem do conhecimento sempre foi um enigma para o ser humano. A �loso�a “do ser
humano”, praticamente iniciada por Sócrates na Grécia Antiga, já trazia no seu nascedouro a
clássica formulação epistemológica “sujeito-objeto”, ou seja, desde que começou a ter
consciência de sua existência como algo autônomo em relação aos elementos da natureza, o ser
humano passou a se preocupar com a busca da verdade (conhecimento).  
Esse fato, ocorrido aproximadamente no século V antes de Cristo, passou a ocupar as mentes
dos �lósofos da época. Naquele contexto, Sócrates perguntou-se “o que é a verdade”, e ao fazê-lo
consultou o famoso oráculo de Delfos, local onde os �lósofos frequentavam para consultarem os
deuses. 
Conduzido pela �gura de Pítia (ou Pitonisa), uma mulher que ali �cava para verbalizar a voz dos
deuses, Sócrates observou letras escritas por algumas pedras esparramadas por ali, que �cavam
como registro de visitas de outros que por lá passaram para também se consultar. Juntando as
referidas letras, o �lósofo construiu a máxima “conhece-te a ti mesmo”, que se tornaria um
divisor de águas entre a �loso�a da natureza e a �loso�a do ser humano.  
Naquele cenário marcado pela dúvida e pelo conteúdo da fala dos deuses vocalizada pela Pítia,
Sócrates saiu do oráculo com mais perguntas do que respostas acerca da origem do
conhecimento (verdade), a ponto de ter chegado a uma conclusão, que é expressa por uma outra
máxima também conhecida dos �lósofos ao longo dos séculos, qual seja “só sei que nada sei”. 
Dali em diante, Platão, um discípulo contemporâneo de Sócrates, a partir da máxima “conhece-te
a ti mesmo”, faz uma re�exão sistemática, rigorosa e de conjunto (como deve ser a verdadeira
re�exão �losó�ca) e se pergunta: “se a verdade (conhecimento) está dentro de mim, quem a
colocou ali”? 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Na sequência, buscando a resposta a essa pergunta que ele mesmo formulou, elabora sua
cosmogonia (estrutura do universo) e cosmologia (funcionamento do universo), apoiando-se
numa narrativa que ele cria (alegoria das charretes), a�rmando que o ser humano (condutor), ao
procurar a verdade, terá de ir até os céus (Olimpo), utilizando-se de uma charrete conduzida por
dois cavalos: a razão e a vontade. Se ao longo do caminho ele perde seu foco e deixa-se guiar
pelo cavalo da vontade, perderá a chance de chegar ao Olimpo e voltará à terra na condição
eterna de escravo. 
Ao contrário, se o condutor se guiar pelo cavalo da razão e mantiver o foco na busca da verdade,
ele chegará ao Olimpo e, com isso, conhecerá a verdade. Nesse caminho, como consequência,
ele retornará à terra na condição de �lósofo e retirará o véu que encobre o conhecimento
(descobrirá) e o passará para os que ali �caram. Ou seja, para Platão, o mundo da razão
(inteligível) é mais consistente que o mundo da experiência (sensível) e, para chegar até a
verdade, o ser humano deve buscar o mundo das ideias e evitar o mundo da matéria física
(experiência). 
No mesmo contexto, Aristóteles, um outro �lósofo grego, defendeu a tese de que a verdade
(conhecimento) só pode ser desvelada se, além da razão, o ser humano também considerar a
sua experiência vivida no mundo real. 
En�m, esse conjunto de teorias �losó�cas se alastraram pelo Ocidente e in�uenciaram por todos
os séculos subsequentes a maneira de se entender a origem do conhecimento na mente humana
e, como consequência, in�uenciaram fortemente a educação. 
A respeito dos “ismos”
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃOA área educacional é marcada pelos “ismos”, isto é, se analisarmos os projetos curriculares de
várias escolas, veremos que eles não são idênticos, e em alguns casos, chegam a ser até
profundamente divergentes.  
Quem de nós já não ouviu falar em positivismo, behaviorismo, construtivismo, gestaltismo, entre
tantos outros? 
No cotidiano da vida familiar, quando a criança chega à idade de matrícula na escola, é comum
ouvirmos os pais ou responsáveis preocupados em saber em qual escola irão colocar os seus
�lhos, pois sabem que há diferenças e que os “ismos”, muitas vezes, determinam a qualidade da
educação oferecida e a construção da personalidade de suas crianças. 
O �lósofo pragmatista John Dewey a�rmava que “em vez de se perder em ‘ismos’, em discussões
abstratas que levam do nada a lugar nenhum, a pedagogia deveria se orientar por pesquisas
abrangentes e construtivas sobre necessidades, problemas e possibilidades reais dos
aprendizados”, e frequentemente vemos que isso é bem verdadeiro, pois muitas crianças vão às
escolas e não aprendem o essencial (DEWEY, 1979, p 17) 
Tomemos como exemplo dois fragmentos de projetos curriculares de duas instituições, a �m de
analisarmos o quão é forte a presença das in�uências epistemológicas na prática educativa.
Manteremos o sigilo da fonte por questões éticas: 
Referencial 1: “As concepções de criança e infância adotadas por esse Referencial, em
consonância com as DCNEIs, orientam as práticas pedagógicas que favorecem a aprendizagem
e impulsionam o desenvolvimento de bebês, crianças bem pequenas e pequenas. Mais do que
uma fase provisória, a infância é uma idade em que a criança, além da intensa capacidade de
aprendizagem e desenvolvimento em seus vários campos de atividade, também está em
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
processo de estruturação nos domínios afetivo, cognitivo e motor que constituem sua evolução
psíquica”. 
Referencial 2: “A concepção behaviorista deixa evidente que o professor é visto como peça-chave
no processo educativo, pois cabe a ele identi�car o repertório existente, planejar o que precisa
ser realizado de acordo com os objetivos almejados; cabe a este promover a transmissão do
conhecimento, que tem como foco a preparação para o futuro, e espera-se do aluno a
apropriação do que foi transmitido. Espera-se que o professor seja capaz de criar condições que
proporcionem a efetivação da aprendizagem. Acrescenta-se que, cabe também ao educador,
utilizar reforçadores (positivos e negativos) como estratégias necessárias à aprendizagem. O
reforço positivo visando ao fortalecimento de comportamentos desejáveis e ao reforço negativo,
tendo como propósito a extinção de comportamentos indesejáveis”. 
Videoaula: Conhecimento e educação
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Neste módulo, faremos uma re�exão sobre a origem do conhecimento na mente humana.
Veremos que, desde a Antiguidade, os �lósofos se preocuparam em responder a essa questão,
algumas vezes apoiando-se na experiência (empirismo) e, em outras, na razão (racionalismo).
Dessas formas variadas de busca dessa resposta surgiram as diferentes concepções de
educação e de metodologias de ensino, que ao longo da história da educação estiveram
presentes na prática dos educadores e ainda estão até hoje. 
Saiba mais
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
https://blog.mackenzie.br/vestibular/materias-vestibular/o-que-e-epistemologia/   
https://sociologialiquida.org/o-que-e-epistemologia/ 
CORTELLA, M. S. A escola e o conhecimento. Fundamentos epistemológicos e políticos.
São Paulo, SP: Cortez, 1996. 
Referências
https://blog.mackenzie.br/vestibular/materias-vestibular/o-que-e-epistemologia/
https://blog.mackenzie.br/vestibular/materias-vestibular/o-que-e-epistemologia/
https://sociologialiquida.org/o-que-e-epistemologia/
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
ARANHA, M. G. A. Filosofando. Introdução à Filoso�a. São Paulo, SP: Moderna, 1993. 
DEWEY, John. Experiência e Educação. Tradução: Anísio Teixeira. São Paulo, SP: Companhia
Editora Nacional, 1979. 
JAPIASSU, H. Introdução à epistemologia da psicologia. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1977. 
JAPIASSU, H. Nascimento e morte das ciências humanas. Rio de Janeiro, RJ: Francisco Alves,
1978. 
JAPIASSU, H. O mito da neutralidade cientí�ca. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1975. 
KANT, l. Crítica da razão pura. São Paulo, SP: Abril Cultural, 1980. 
Aula 2
Antropologia �losó�ca
Introdução
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Dentre os muitos ramos do saber humano que têm por objeto o próprio ser humano, é
especialmente importante a antropologia �losó�ca. Esse campo de conhecimento constitui-se
como uma re�exão sistemática e bem fundamentada sobre a vida humana e o seu destino, sobre
as suas faculdades e operações, suas relações interpessoais, referidas à totalidade do seu ser.
As ciências particulares a respeito do ser humano não conseguem dar resposta à pergunta: “O
que é o ser humano?”. E a falta de resposta adequada a essa questão é desorientada, pois os
estudos são parciais e especializados, daí a importância da antropologia �losó�ca. 
Entre o essencial e o natural
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A forma como pensamos hoje foi moldada durante milhares de anos, e ainda que falemos no
singular (a forma), sabemos que não existe uma única forma de pensar, pois, ao se relacionar
com a natureza e viver em grupo, o ser humano vai se deparando com diferentes estímulos e
interações, o que o faz desenvolver inúmeras e variadas maneiras de tentar entender e de
explicar o funcionamento do mundo físico e social no qual ele está inserido. 
Nesse contexto, inúmeras concepções surgem, estando, entre elas, a essencialista e a
naturalista. De acordo com ambas as concepções, há que se contemplar o princípio da
diversidade, e a educação, como consequência, consiste em realizar o que o ser humano deve vir
a ser. 
Um dos primeiros pensadores essencialistas da Antiguidade que realizou uma grande
sistematização �losó�ca foi Platão (428 ou 427-347 a.C.), que contribuiu com uma discussão
acerca de importantes temas relacionados à perspectiva humana. 
Entre as perguntas que este �lósofo fazia, havia a que se referia à possibilidade de superação do
nível empírico, aquele que circunda o mundo da experiência, a�rmando que havia a necessidade
de se alcançar a esfera das essências, ou seja, da verdade. 
Nessa direção, Platão estabeleceu uma divisão entre o mundo das ideias e o mundo das
sombras, dividindo o ser humano entre o “eu empírico” (corpo) e o “eu essencial” (alma). No
mundo do corpo, do desejo e dos sentidos, tudo é imperfeito, sombrio e transitório, enquanto, no
mundo da alma (ou o espírito pensante), tudo é verdadeiro, necessário, belo, puro e bom. 
Além de Platão, um outro pensador essencialista, já na Idade Média, Tomas de Aquino (1225-
1274), entendia que educação servia para educar o indivíduo na fé e para a vida após a morte.
Segundo a tese desse �lósofo, a alma é a forma essencial do corpo, responsável por dar vida a
este. A alma é imortal e única, e por isso, o ser humano se volta naturalmente para Deus.
Conhecida como “ética tomista” (de caráter aristotélico), os estudos de Tomás de Aquino se
concentram no movimento do ser para Deus, culminando na visão ou contemplação imediata do
criador. 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
No mesmo contexto dessa forma essencialista de conceber a relação do ser humano com o
mundo físico e social, surge o �lósofo Kant (1724-1804), que procurou demonstrar que, a
despeito do peso da experiência sobre a construção do conhecimento, aquela nunca ocorre de
maneira neutra, pois a ela são impostas, a priori, a sensibilidade que é determinante na
estruturação da cognição humana. 
Do lado oposto ao essencialismo, surge, na Idade Média, a concepção naturalista. Para essa
perspectiva, contribuem os estudos do britânico Francis Bacon(1561-1626), que elaborou uma
metodologia racional para o trabalho cientí�co, delimitando a linha entre  o pensamento medieval
e o moderno. 
Finalmente, há que se destacar ainda, no campo da concepção naturalista, o �lósofo e
matemático René Descartes (1596-1650), que, com o seu método �losó�co, trouxe ao campo
�losó�co o rigor da matemática com a criação de um plano de coordenadas que até
contemporaneamente permite uma  aior precisão nos estudos da geometria analítica e da
espacial. 
Pensar ou sentir?
Uma das áreas do saber humano que pode contribuir muito para o trabalho dos professores, é a
Antropologia. 
O ser humano produz e transmite cultura para as próximas gerações, garantindo assim um
permanente movimento de socialização; no entanto, a aquisição do conhecimento é algo
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
singular, sendo que cada indivíduo o constrói à sua maneira. 
No entanto, a dinâmica desse rico e complexo processo precisa ser desvelada pela Antropologia,
que, ao reunir elementos para a análise da interação do homem com o mundo circundante, trará
à educação importantes contribuições. 
Nesse sentido, a antropologia �losó�ca promove a re�exão sobre os conteúdos que são
apresentados aos estudantes por meio do projeto curricular, considerando o contexto cultural, a
história de vida e o seu universo simbólico, fatores fundamentais para a aprendizagem,
contemplando também, as capacidades oriundas da infância, quais sejam incorporação de
experiências, a habilidade sensório-motora, a capacidade de locomoção, função imitativa, 
lúdica,  linguística,  intelectual e a estética.  
O ser humano, desejante por natureza, busca tornar-se participante do seu grupo social, porém
esse desejo de participar do mundo dos adultos pode ser estimulado ou bloqueado durante a
socialização da criança durante o processo pedagógico. 
O movimento de internalização do espaço social estruturado, conhecido como socialização, se
dá em constante interação entre a história individual e a convivência coletiva. E é esse processo
que traz à educação a necessidade de um olhar antropológico. 
A antropologia e a educação devem ser internalizadas por emoções e crenças. Cabe ao educador
uma sensibilidade sobre a diversidade cultural dos educandos, a �m de que possa ter empatia
com eles mediante a detecção de suas necessidades que são construídas na interação entre o
estudante e sua comunidade de origem.  
Nesse sentido, a Antropologia histórica traz uma contribuição ao trabalhando docente, pois
possibilita uma análise sobre a cultura e os valores dos educandos. 
Que pessoa queremos/precisamos formar?
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A Pedagogia é uma área de atuação humana responsável pela formação das novas gerações.
Por não ser propriamente uma ciência, ela se apoia em vários campos do conhecimento, como a
Filoso�a, a Antropologia, a Sociologia, a Psicologia, entre outras. 
Apesar de ser um campo próprio e distinto das demais ciências, há uma forte e estreita relação
entre ela e os diferentes campos epistemológicos. Uma das relações mais básicas é a tentativa
de compreender a natureza humana e suas formas de aprendizagem. 
Assim, é possível a�rmar que toda teoria pedagógica ou prática educacional tem em seu bojo
uma determinada concepção de ser humano, ou seja, toda pedagogia pressupõe uma visão de
ser humano como sujeito do processo educativo, isto é, toda educação é uma antropologia. 
A Pedagogia encontra na Filoso�a uma fonte inesgotável de saberes acerca do ser humano e a
dinâmica de funcionamento da sociedade. 
Desde sua origem o saber �losó�co esteve voltado para a preocupação de desvelar os mistérios
da existência humana, além a de encontrar o grau zero do conhecimento (Epistemologia). 
A Filoso�a contempla no escopo de sua produção uma intencionalidade educativa, voltada para
a formação e do desenvolvimento do caráter humano. 
Entre as escolas �losó�cas que contribuíram no passado para essa intenção, destaca-se a
Paideia grega, a educação formadora, pois para os gregos educar é humanizar, tendo portanto,
um sentido coletivo e comunitário.  
Os pedagogos encontram na Filoso�a um forte amparo teórico, que lhes fornece segurança para
o desenvolvimento da prática de ensino. Nesse sentido, essa área fornece para a educação
importantes elementos antropológicos que auxiliam os educadores a compreenderem os
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
contextos culturais dos estudantes e assim desenvolverem estratégias de ensino
pedagogicamente sensíveis a esse universo. 
No início de sua busca pela razão, o ser humano desenvolveu a mitologia, pois ele acreditava ser
dependente das forças cósmicas; posteriormente, aplicando a razão em suas análises, de
maneira mais radical, rigorosa e de conjunto, construiu a �loso�a, e assim caminhou até culminar
no desenvolvimento do conhecimento cientí�co.  
Essas formas de tentar entender racionalmente a dinâmica de funcionamento da vida trouxeram
historicamente re�exos nas formas de ele educar seus sucessores. Educação, portanto, signi�ca
formar o ser humano de acordo com o que se espera que ele possa ser.  
Videoaula: Antropologia �losó�ca
Este conteúdo é um vídeo!
Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo
para assistir mesmo sem conexão à internet.
Neste módulo, faremos uma re�exão sobre as diversas abordagens acerca da prática
educacional. Perceberemos que, dentre os muitos campos das ciências humanas, é
especialmente importante a antropologia �losó�ca. Essa disciplina nos apresenta elementos
sólidos para uma re�exão sistemática e bem fundamentada sobre a natureza do ser humano e
as formas como ele aprende. Tentando nos responder à questão “o que é o ser humano?”, a
antropologia �losó�ca nos dá uma excelente orientação, a qual é fundamental para nossa prática
docente. 
Saiba mais
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Explore mais o naturalismo e o essencialismo através dos materiais disponíveis nos links
abaixo: 
Antropologia �lóso�ca: a constituição básica do ser humano
https://www.youtube.com/watch?v=kYMad5xsucc 
https://www.stoodi.com.br/blog/historia/antropologia-o-que-e/ 
Referências
https://ensaiosenotas.com/2019/01/09/fundamentos-de-antropologia-filosofica/
https://www.youtube.com/watch?v=kYMad5xsucc
https://www.youtube.com/watch?v=kYMad5xsucc
https://www.stoodi.com.br/blog/historia/antropologia-o-que-e/
https://www.stoodi.com.br/blog/historia/antropologia-o-que-e/
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
ARANHA, M. G. A. Filosofando. Introdução à Filoso�a. São Paulo, SP: Moderna, 1993. 
JAPIASSU, H. Introdução à epistemologia da psicologia. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1977. 
JAPIASSU, H. Nascimento e morte das ciências humanas. Rio de Janeiro, RJ: Francisco Alves,
1978. 
JAPIASSU, H. O mito da neutralidade cientí�ca. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1975. 
KANT, l. Crítica da razão pura. São Paulo, SP: Abril Cultural, 1980. 
MONDIN, B. O ser humano. Quem é ele? São Paulo, SP: Paulus, 2021. 
Aula 3
O papel da história na formação do sujeito
Introdução
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A história é uma ciência humana que estuda o desenvolvimento do homem no tempo, analisando
processos históricos, personagens e fatos para promover uma melhor compreensão dos
períodos históricos, das diferentes culturas e civilizações. 
Um dos seus principais objetivos é o resgate dos aspectos culturais de um determinado povo ou
região para o entendimento do processo de desenvolvimento.  
O aprendizado da história traz uma forte contribuição para a formação do sujeito, tendo como
objetivo principal a formação cidadã do ser humano, pois essa disciplina apresenta dados sobre
o contexto global e multicultural onde se inserem os indivíduos.. 
A história que nos contam
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Todo ser humano tem em seu interior uma espécie de “moldura”, semelhante à de um quadro,
que dá forma à sua forma de ver e entender o mundo. 
Essa “moldura” começa a serformada desde o nascimento, quando o seu cérebro começa a
receber estímulos, inicialmente sensoriais, vindos do meio natural, social e cultural no qual ele se
encontra. 
A partir de uma raiz biológica (cérebro), portanto, vão sendo formadas as estruturas de seu
pensamento, que ao longo da vida, por meio das interações com o ambiente externo, vão dando
os contornos culturais à sua mente. 
Nesse contexto, inicialmente familiar, os elementos históricos que caracterizam o grupo social
no qual o sujeito nasceu, passam a fazer parte da sua existência, sendo que de acordo com
pesquisadores como Piaget e Vygotsky, a mente do sujeito é fruto das ricas interações ocorridas
entre ele e os membros do seu grupo social. 
Nesse sentido, como não poderia ser de outra forma, os diferentes sujeitos, imersos em
diferentes contextos sociais e históricos, vão dando voz à suas formas de pensar, dando origem
assim a inúmeras e diversas concepções de mundo. 
Portanto, pensadores em diferentes épocas, por estarem imersos em diferentes contextos
culturais e sociais, foram dando forma às maneiras de entender e de explicar o funcionamento e
os processos dessa rica dinâmica. 
Dentre as diferentes “molduras", portanto dos pensadores, �lósofos e pesquisadores destacam-
se a concepção essencialista e a naturalista, sendo que para ambas, é necessário que a
educação do ser humano deve considerar o princípio da diversidade, uma vez que as “molduras”
humanas são diferentes sendo que o processo educacional, teria como consequência, a
realização do ser humano como um “vir a ser”.  
O �lósofo pioneiro da concepção de educação essencialista da Antiguidade foi Platão (428 ou
427-347 a.C.), que pavimentou o pensamento posterior sobre os principais temas relacionados à
perspectiva humana. Entre as suas principais preocupações estava a de formular respostas às
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
perguntas sobre a superação do mundo da experiência, defendendo a tese de que seria
necessário o alcance da esfera das essências, pois só assim seria possível desvelar a verdade.  
Numa sequência histórica a essa construção de “molduras”, na Idade Média, há o destaque para
o pensador cristão Tomás de Aquino (1225-1274), que entendia a educação como um processo
de vivência do sujeito na fé e preparo para a vida pós morte.  
No contexto dessa “moldura” essencialista, o �lósofo Kant (1724-1804), mostrou que, apesar de
experiência estar presente na formulação do conhecimento, ela não é neutra, pois o ser humano
dotado dos sentidos da experiência, carrega para a sua cognição essas formas da sensibilidade
o que de�ne a sua forma de entender o mundo a sua “moldura". 
Como consequência desse processo de “emolduramento”, do lado oposto ao essencialismo, no
contexto da Idade Média, emerge a concepção naturalista. De acordo com Francis Bacon (1561-
1626), um dos mais importantes �lósofos dessa perspectiva, seria necessária uma metodologia
racional para a atividade cientí�ca, tornando-se um marco entre o Ser humano da Idade Média e
o Ser humano moderno.   
Finalmente, no contexto da “moldura” naturalista, René Descartes (1596-1650), �lósofo e
matemático, propôs o uso da racionalidade para a Filoso�a, tentando despi-la dos elementos
metafísicos que até então predominavam nesse campo, contribuindo com suas re�exões para o
avanço dos estudos da geometria analítica e da geometria espacial. 
Razão ou vontade?
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Até o século XVII predominou nas teorias pedagógicas, o modelo cienti�cista, fato que
incomodou pensadores como Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que no século seguinte
deslocou o foco central do processo educacional do mestre para o educando. 
Jean-Jacques Rousseau provocou uma grande revolução na pedagogia e colocou a emoção e a
moral no epicentro de sua visão do homem. Segundo o pensador, o homem nasce bom e a
sociedade o corrompe. Nesse sentido idealizou a �gura de um educando que seria livre das
in�uências sociais  
Hegel (1770-1831) dá mais uma contribuição ao processo de construção da �loso�a romântica,
pois, ao desenvolver a �loso�a do devir; concebe o ser como processo, como vir-a-ser. A dialética
colocada como eixo de sua �loso�a transforma o conceito de verdade, não mais um fato, uma
essência, uma realidade, mas o resultado de um desenvolvimento do espírito. 
A própria concepção de contradição como motor interno da história faz com que Karl Marx
(1818-1883) inverta o sistema hegeliano e sustente o primado da matéria sobre o espírito,
estabelecendo assim a base da construção do materialismo histórico. Só será possível
compreender o que os homens fazem e pensam a partir da forma como os homens produzem os
bens materiais necessários. 
Nesse contexto da concepção histórico-social de sujeito, uma outra contribuição às
fundamentações do conceito de educação relacionado com a consciência humana é a 
antropologia sartreana. Esses conceitos foram formulados pelo �lósofo francês Jean-Paul Sartre
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
(1905-1980). Na elaboração desses o conceito de Nada, considerado a base para as obras de
Sartre, recebeu forte in�uência de outros �lósofos, entre os quais, Descartes, Kant, Hegel, Russerl
e Heidegger. 
Nesse caso, a concepção de natureza humana defendida por Sartre, está intrinsecamente
vinculada ao conceito de Nada como o elemento de�nidor do homem, ou seja, ao mesmo tempo
em que é pelo homem que o nada vem ao mundo, o Nada, também, se constitui na essência do
homem. Nesse sentido, o Nada habita a consciência humana como aquilo que o constitui como
homem. Ainda mais quando uma educação é bem orientada a outro homem com a �nalidade de
revelar a realidade da liberdade que todos os humanos se encontram, mas que muitos se negam
em aceitá-la e logo vivê-la com responsabilidade. 
Em síntese, a grande contribuição da concepção histórica social resulta em três aspectos: a
preocupação com o processo (nada é estático), com a contradição (não há linearidade no
processo) e com o caráter social do engendramento humano (o ser do homem se faz presente
nas relações entre os homens ao longo da história). 
Ainda no conjunto desses fundamentos, porém com ênfase na consciência humana e sua
relação com o conhecimento, aparecem as in�uências da crítica de Kant, �lósofo alemão do
século XVIII, que abordou questões relevantes que abrangem o campo educacional. 
Compreender o projeto pedagógico da Modernidade, numa perspectiva kantiana, nos faz re�etir
sobre problemas educacionais que atravessaram séculos, e que em plena contemporaneidade
ainda não foram solucionados, como por exemplo a questão da indisciplina, como
questionamentos acerca da razão e moralidade. 
Para Kant, a disciplina é o momento de maior tensão no processo pedagógico, por apresentar ao
homem uma situação diversa da vida a partir da natureza do ser que muda completamente o seu
caminho de vida natural e selvagem para o caminho do pensamento autônomo, levando-o à
conquista da sua verdadeira liberdade.    
Conhecimento é construção social e histórica
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
O conhecimento pedagógico é uma construção social, e é feita pelos especialistas. 
É pressuposto que alguém formado na área seja indicado para a função. A realidade, no entanto,
nos mostra que tem muita gente fora de área na educação brasileira em geral e na história, em
particular. Não seria esse um dos fatores por que os alunos, em geral, não gostem de História da
Educação? Ou um dos motivos da baixa qualidade do da formação de pedagogos no Brasil?  
A história da educação é um tipo de conhecimento muito especializado; pensemos por exemplo
na seguinte situação: como era uma sala de aula na Idade Média? Será que há semelhanças com
a sala de aula contemporânea? Em que aspectos são semelhantes e quais são diferentes? 
Quando pensamos nessas questões, não sobra dúvidas de que um leigo não conseguirá fazer
uma interpretação adequada e isso ocorre porque ele não tem os instrumentos teóricos e
metodológicos que permitem essa análise. Portanto, em termos de conhecimentosobre a
história da educação, não pode haver “achismos”, mas existe uma interpretação que apresenta
certa coerência com o real. O cidadão comum pode até saber que o fato aconteceu, mas não
saberá dizer por que ele aconteceu. Esse é um trabalho do especialista, do pro�ssional das
ciências humanas, em geral, e, mais precisamente, do pedagogo. Portanto, a história é uma
ciência que tem os seus métodos, suas técnicas e sua orientação teórica, que sofre interferência
política, porque é humana.  
O estudo da história da educação nos possibilita entender as formas como outros povos lidam
com o encaminhamento educacional de seu povo, e mais especi�camente no Brasil, esse estudo
nos esclarece que mesmo que o país tenha avançado de forma substancial no século XX e XXI, a
educação nacional ainda sofre de problemas graves e urgentes.  
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A precariedade de infraestrutura de escolas, a falta de quali�cação de professores, as diferenças
regionais na qualidade educacional, o ainda presente analfabetismo, a situação do analfabetismo
funcional e o fosso existente entre o ensino público e o ensino privado, são graves problemas
sociais, que fazem com que o Brasil esteja nas piores colocações quando o assunto é avaliação
internacional do nível de aprendizado dos alunos. 
Portanto, quando analisamos as de�ciências educacionais na base da população brasileira
contemporânea, que provocam sequelas que se estendem a outras esferas, como a econômica, a
social e a cultural e escancara as desigualdades entre ricos e pobres, agravando os problemas
sociais como violência urbana e corrupção, percebemos que essa problemática tem raízes
históricas, ou seja, são a culminância de todo um processo de políticas púbicas mal
administradas ao longo do tempo.  
Nesse sentido, é mister que a formação de educadores no Brasil seja feita com cautela, de forma
que os futuros professores, ao se apropriarem do conhecimento do passado da realidade
nacional da educação, e ainda das políticas educacionais de outras nações ao longo do tempo,
possam olhar para a realidade da sala de aula com referenciais teóricos e históricos sólidos,
mudando o paradigma de que o estudo da História da educação é inútil ou “chato”. 
Videoaula: O papel da história na formação do sujeito
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Neste módulo faremos uma re�exão sobre a história, uma ciência humana que estuda o
desenvolvimento do homem no tempo, analisando processos históricos, personagens e fatos
para promover uma melhor compreensão das diferentes culturas e civilizações. 
A história ajuda a resgatar os aspectos culturais de um determinado povo ou região para o
entendimento do processo de desenvolvimento humano.  
Aprender história é fundamental para a formação da cidadania, pois essa disciplina nos
apresenta dados sobre o contexto global e multicultural onde se inserem os indivíduos. 
Saiba mais
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Para complementar os seus estudos, o material a seguir explora mais detalhadamente a
biogra�a de Eric Hobsbawm. 
 Arquivo - Eric Hobsbawn 
Referências
https://web.archive.org/web/20131008051740/http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/HIShobsbawm.htm
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
HOBSBAWM, et al. Era dos extremos. Ed. Companhia das letras, 1995. 
LUZURIAGA, L. História da educação e da Pedagogia, ED. Nacional, 1983        
Aula 4
Os pressupostos �losó�cos e a educação
Introdução
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A educação é uma prática mediadora das práticas históricas sob as quais o ser humano constrói
sua existência subjetiva e social, por isso, é fundamental que haja uma re�exão mais elaborada
sobre os pressupostos �losó�cos da formação e da atuação prática docente. A qualidade da
prática pedagógica só poderá ser garantida se, ao longo de sua formação, o educador tiver
acesso a um conjunto articulado de elementos formativos que lhe garantam no futuro uma
competência técnica e cientí�ca a ser desenvolvida com criatividade, sensibilidade ética e
criticidade política. Nesse sentido, compete à sua formação a presença de subsídios fornecidos
pela �loso�a.       
Prática mediadora
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
O ser humano, ao interagir com seu grupo social, vai se modi�cando, o que o caracteriza como
um ser em construção. 
No âmago dessa interação está a contradição, pois a atividade humana é política por natureza,
tendo no con�ito o alimento para sua manutenção. 
Nesse sentido, a historicidade das experiências humanas torna-se elemento fundamental para o
entendimento da natureza humana, pois a todo momento o homem interage de forma dialética
com a sua própria história e a estrutura social na qual está inserido. Portanto, o saber produzido
num dado momento histórico é edi�cado a partir do pavimento da base material da sociedade na
qual se insere. 
Nesse sentido, vários �lósofos buscam relacionar os fatos históricos e sociais com seus re�exos
sobre a educação. Assim, por exemplo, para o �lósofo Theodor Adorno, a questão da
emancipação no processo da educação deve, simultaneamente, evitar a “barbárie” e buscar a
emancipação pessoal.  
O �lósofo entende como barbárie, o impulso humano destrutivo, que se manifesta nas diversas
formas de agressividade percebidas no cotidiano, podendo chegar a situações extremas, como
por exemplo os campos de extermínio nazistas. Nesse sentido, Adorno propõe uma educação
“emancipatória”, pois formas autoritárias de educação não conseguem evitar esse caráter
impulsivo destrutivo. 
Uma educação nesse modelo (emancipatório) é preventivo à repressão, e distante da reprodução
tecnicista, que mantém o caráter produtivo da vida humana. De acordo com essa perspectiva, o
processo educacional pode favorecer a formação de sujeitos críticos e livres, capazes de educar
o próprio impulso destrutivo, fortalecendo a autonomia e contribuindo para a extinção da
barbárie. 
Uma outra contribuição nessa perspectiva crítica da educação é da Escola de Frankfurt, surgida
no início do século XX. Seus representantes elaboraram importantes teses �losó�cas e
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
sociológicas. Seus pensadores eram marxistas do Instituto para Pesquisa Social, vinculado à
Universidade de Frankfurt, na Alemanha. 
Dentre as principais contribuições produzidas pela Escola de Frankfurt estão a Teoria Crítica e o
conceito de Indústria Cultural.  
A Teoria Crítica se posiciona em relação à construção cartesiana do pensamento positivista e
pela leitura crítica acerca do pensamento de Karl Marx e o conceito de indústria cultural, diz
respeito à padronização de produtos da cultura. 
Portanto, ambas as re�exões se dirigem criticamente ao sistema capitalista. No interior de seu
conteúdo é observável a denúncia das formas de dominação presentes na política, economia,
cultura e psicologia da sociedade desde a modernidade. 
A Escola de Frankfurt surge no contexto de acontecimentos importantes da história mundial. No
século XX, (1920), aconteceu a Primeira Guerra Mundial e, ao �nal da década, aconteceu a crise
de 1929. 
Portanto, os fundamentos �losó�cos da educação cumprem o importante papel de promotores
da discussão dos graves e históricos temas sociais, sendo um conjunto de conhecimentos
necessários aos professores. 
O século da morte
Ao longo do século XX, vários �lósofos buscaram relacionar os fatos históricos e sociais aos
seus re�exos sobre a educação. 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
O historiador Eric Hobsbawn referiu-se ao século XX como “breve” no subtítulo de sua obra Era
dos Extremos. Os “extremos” de Hobsbawn fazem alusão à formação de ideologias extremadas
próprias desse período, que foram implementadas por meio de ditaduras de diversas tendências
políticas (comunismo soviético e chinês, militarismos repressores de extrema-direita na América
Latina, totalitarismos nacionalistasdo fascismo europeu). 
A impressão que dá ao lermos os textos da “era dos extremos” é a de que o ser humano voltou
para o tempo da barbárie, quando ainda não havia nascido a organização social que conhecemos
como “civilização”. 
Naquele contexto, ganharam relevância o nacionalismo, representado pelo regime nazista de
Hitler, na Alemanha; o genocídio armênio, praticado pelo Império Turco-Otomano em 1915 (e até
hoje não reconhecido pelo governo turco); a Guerra da Bósnia (1992-1995), no território da ex-
Iugoslávia, com fatores marcados por discursos nacionalistas; na África, em Ruanda, com os
massacres praticados pela maioria hutu contra a minoria tutsi. 
No Brasil, Getúlio Vargas tomou diversas medidas contra estrangeiros, em decretos durante o
“Estado Novo” que os equiparavam a indigentes, vagabundos, ciganos, estabelecendo regras
rígidas para concentração e assimilação de estrangeiros. Além disso, violou direitos de
imigrantes e descendentes de italianos, alemães e japoneses após a entrada do Brasil na
Segunda Guerra Mundial, em 1942, ao lado dos Aliados, con�scando os bens de pessoas dessas
descendências. 
Hobsbawn, a�rma ainda que o século XX foi considerado por ele como a “era dos extremos”
devido aos acontecimentos ocorridos no período como um todo. 
Portanto, levando em consideração todo esse cenário de horrores, dá para se compreender o teor
das teorias sobre a educação e a emancipação social de Adorno, a Escola de Frankfurt e a
perspectiva crítica da educação, que esclarece conceitos sociais importantíssimos, como
Indústria Cultural, en�m, os fundamentos �losó�cos da educação cumprem o importante papel
de promotores da discussão dos graves e históricos temas sociais, sendo um conjunto de
conhecimentos necessários aos professores. 
Nós que aqui estamos por vós esperamos
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
No �lme brasileiro Nós que aqui estamos por vós esperamos, de Marcelo Masagão, há a
sobrepondo imagens com a �nalidade de mostrar o pensamento dos personagens e a memória
do século XX. 
No documentário o autor aborda mudanças mundiais no cotidiano humano no período entre
guerras mostrando revoluções, golpes, ditaduras, movimentos e nascimento do atual modelo
tecnológico. 
O autor se inspirou na obra “Era dos Extremos”, do historiador britânico Eric Hobsbawm,
mostrando em sua produção, por meio da montagem das imagens produzidas no século XX,
ambientadas pelo fundo musical de Wim Mertens, o período de contrastes de um mundo
envolvido em duas guerras, colocando ênfase na banalização da violência, no desenvolvimento
tecnológico, na esperança e na loucura humanas. 
Para a construção de sua narrativa, Masagão utilizou imagens que ligaram fatos acontecidos e
histórias de pessoas anônimas com toda a revolução e os acontecimentos históricos do tempo
em que elas viveram.  
O título do �lme foi inspirado num letreiro de um cemitério da cidade de Paraibuna (SP), "Nós que
aqui estamos por vós esperamos", tentando enfatizar as mortes banalizadas, dos anônimos que
ajudaram a escrever a história. 
Entre os temas principais estão a banalização da morte, a industrialização, as mudanças na
comunicação após a invenção do telefone, do rádio e da energia elétrica, a independência
feminina, a igualdade dos sexos, a busca dos sonhos e ideais. 
O �lme revela a vida de pessoas comuns e de celebridades, com a �nalidade de levar ao
interlocutor a importância individual para a construção da história. 
O documentário foi premiado no Festival de Gramado, em 1999, por sua montagem, e no Festival
do Recife, como melhor �lme, melhor roteiro e melhor montagem. 
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Videoaula: Os pressupostos �losó�cos e a educação
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Neste módulo, faremos uma incursão pelo documentário de Marcelo Masagão, que tem o título
de Nós que aqui estamos por vós esperamos, com a �nalidade de visitarmos o complexo século
XX, que o historiador Hobsbawn chamou de “breve”. Trata-se de um �lme brasileiro que, por meio
de imagens e músicas (sem texto escrito nem falado), o autor nos transporta para um cenário de
morte (com a Primeira e a Segunda Guerra Mundial), marcado pelo surgimento da sociedade
industrial e pelo cenário de barbárie.  
Saiba mais
Para mais informações, acesse:  
Igreja de São Francisco / Convento de São Francisco de Évora   
Revisitando Charles Chaplin: tempos modernos na Enap  
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=2724
https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/4398
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Referências
ALTHUSSER, L. Aparelhos Ideológicos de Estado. 10. ed. São Paulo, SP: Graal, 2007. 
BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo, SP: Perspectiva, 2007. 
NOGUEIRA, M. A. Bourdieu e a Educação. 3. ed. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2009. 
SILVA, T. T. da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3. ed. Belo
Horizonte, MG: Autêntica, 2010. 
Aula 5
Revisão da unidade
Fundamentos epistemológicos e políticos da educação
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Teorias sobre a origem do conhecimento, também chamadas de epistemologias, nos ajudam a
compreender como acontece a complexa relação entre o sujeito que aprende e o objeto que ele
busca aprender, além de trazer luz sobre os múltiplos e variados (diversos) fatores que estão
envolvidos nesse processo. 
Baseadas no rigor dos estudos �losó�cos, essa sistematizada gama de conhecimentos,
constitui-se como um dos pilares mais fundamentais da prática pedagógica, sendo que, entre os
seus temas de interesse e preocupação, estão os relacionados à origem dos saberes, isto é, à
forma como o ser humano se apropria do conhecimento sobre o mundo físico e social.  
Por serem teorias impregnadas de elementos subjetivos, não é possível encontrarmos uma única
abordagem nesse campo de estudo, pois nesse território convivem múltiplas e antagônicas
concepções. 
Assim, o objetivo central desse campo do saber é fornecer uma análise rigorosa, radical e de
conjunto sobre a questão do conhecimento contido nas práticas pedagógicas dos professores
sob ponto de vista da �loso�a, a partir das perspectivas de alguns de seus principais
epistemólogos (estudiosos do conhecimento). 
Nesse contexto, dentre os estudos sobre a natureza humana, encontra-se a antropologia
�losó�ca. Esse campo epistemológico é constituído de uma re�exão sistemática sobre a vida
humana, o seu destino, sua estrutura psíquica, suas ações no mundo, suas relações com outros
seres humanos e a totalidade da sua essência. As ciências como a Psicologia e a Antropologia,
por exemplo que abordam o ser humano, não dão conta de responder à pergunta: “o homem,
quem é ele?”. E a lacuna encontrada nesse questionamento continua aberta, pois os campos
citados são parciais e especializados, daí a importância da antropologia �losó�ca. 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Ainda para fornecer um respaldo teórico fundamental para uma prática docente re�exiva, a
história surge nesse contexto como um campo do conhecimento cientí�co sólido que, ao estudar
o desenvolvimento do homem ao longo do tempo e analisar processos históricos, personagens e
fatos, acaba por fornecer aos educadores um corpo substancial de saberes, que consegue
promover uma melhor compreensão dos períodos históricos, das diferentes culturas e
civilizações e, como consequência, tornar a prática pedagógica mais crítica e re�exiva. 
Assim, o aprendizado da história traz uma forte contribuição para a formação do sujeito e para o
desenvolvimento da sua consciência cidadã, pois essa ciência apresenta dados sobre o contexto
global e multicultural onde se inserem os indivíduos. 
Portanto, por ser a educação uma prática mediadora das práticas históricas sob as quais o ser
humano constrói sua existência subjetiva e social, é fundamental que haja uma re�exão mais
elaboradasobre os pressupostos �losó�cos da formação e da atuação didática dos professores.
A qualidade da prática pedagógica só poderá ser garantida se, ao longo de sua formação, o
educador tiver acesso a um conjunto articulado de elementos formativos que lhe garantam no
futuro uma competência técnica e cientí�ca, a ser desenvolvida com criatividade, sensibilidade
ética e criticidade política. Nesse sentido, compete à sua formação a presença de subsídios
fornecidos por esses importantes saberes, desenvolvidos e proporcionados por essas
disciplinas.  
Videoaula: Revisão da unidade
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A mente dos �lósofos, desde a Antiguidade, vem sendo ocupada com questões que visam
desvendar os aspectos que envolvem a interação do homem com o ambiente social, físico e
cultural, tentando, há séculos, encontrar respostas para questões, como: 
Qual o critério para se chegar à verdade? Por exemplo: o conhecimento que se busca é, em
si, útil? 
Qual é a fonte do conhecimento (sua origem)? Ele deriva da experiência ou da razão? 
Estudo de caso
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A resposta à pergunta “como construímos o conhecimento que temos sobre as coisas”, é
buscada desde a Antiguidade pelos �lósofos, que desde lá, vêm  tentando explicar o fenômeno
da origem do conhecimento fruto das interações do homem  com o ambiente social, físico e
cultural. 
Na Antiguidade e Idade Média, esse tipo de re�exão era mantido pela Metafísica, sendo que foi
na Idade Moderna que a teoria do conhecimento (Epistemologia) passou a ser um campo próprio
de investigação nesse sentido. 
A partir da Idade Moderna, pensadores como Descartes, Locke, Hume e Kant, procuraram
sistematizar as questões sobre a gênese, a essência e a verdade até então aceita como certeza
do conhecimento humano, apontando os principais problemas que o circundam 
Nesse contexto, surge Sigmund Freud, considerado o “pai” da Psicanálise. Para este pesquisador,
o ser humano inicia desde o seu nascimento, uma contínua e complexa luta entre o seu
consciente e inconsciente. 
Nesse contexto, surge Sigmund Freud, considerado o “pai” da Psicanálise. Para este pesquisador,
o ser humano inicia desde o seu nascimento, uma contínua e complexa luta entre o seu
consciente e inconsciente.  
Segundo Freud, a mente consciente é caracterizada pela presença de pensamentos e
sentimentos, que possibilitam ao ser humano a capacidade de raciocinar. O pré-consciente seria
composto pela memória não acessada pela mente consciente. E o inconsciente é composta por
instintos reprimidos, sentimentos e impulsos. 
Além dessa importante contribuição teórica acerca da gênese do conhecimento e suas múltiplas
formas de manifestação no psiquismo humano, há ainda a contribuição dos estudos da Escola
Soviética de Psicologia de L. S. Vygotsky, Luria e Leontiev. 
De acordo os pesquisadores russos, as formas como o homem interage com o mundo social no
qual nasce, é crucial para a estruturação do seu psiquismo, pois ele vai gradativamente se
apropriando dos elementos da cultura do seu grupo (instrumentos físicos e simbólicos),
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
transformando-os de maneira própria, à medida que os internaliza, processo esse que Vygotsky e
seus discípulos chamaram de intersubjetividade e subjetividade 
Considerando todo esse contexto, seria possível localizarmos na vida prática do homem comum
elementos de toda essa estrutura epistemológica? Analisando algumas notícias veiculadas pela
mídia diariamente, conseguiríamos �agrar momentos em que a mente humana surge, lutando
internamente com os estímulos sociais? 
Analisemos, por exemplo, o caso de um con�ito político: de um lado, temos um cidadão que
acredita que o governo tem a obrigação de resolver os seus problemas, e no mesmo contexto
social temos um outro indivíduo que entende que seu destino lhe pertence e que cabe a ele
resolver os seus dilemas simbólicos ou as suas necessidades materiais. 
Poderíamos dizer que o primeiro está certo e o segundo errado, ou vice-versa? 
______
Re�ita
Conhecer a si mesmo ou conhecer o outro?  
Videoaula: Resolução do estudo de caso
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A resposta para essa questão pode ser encontrada nos estudos da Escola Soviética de
Psicologia de L. S. Vygotsky, Luria e Leontiev, pois de acordo os pesquisadores russos, as formas
como o homem interage com o mundo social no qual nasce, é crucial para a estruturação do seu
psiquismo, pois ele vai gradativamente se apropriando dos elementos da cultura do seu grupo
(instrumentos físicos e simbólicos), transformando-os de maneira própria, à medida que os
internaliza, processo esse que Vygotsky e seus discípulos chamaram de intersubjetividade e
subjetividade 
Resumo visual
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Referências
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
ARANHA, M. G. A. Filosofando. Introdução à Filoso�a. São Paulo, SP: Moderna, 1993. 
JAPIASSU, H. Introdução à epistemologia da psicologia. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1977. 
JAPIASSU, H. Nascimento e morte das ciências humanas. Rio de Janeiro, RJ: Francisco Alves,
1978. 
JAPIASSU, H. O mito da neutralidade cientí�ca. Rio de Janeiro, RJ: Imago, 1975. 
KANT, l. Crítica da razão pura. São Paulo, SP: Abril Cultural, 1980. 
,
Unidade 2
Fundamentos sociológicos da educação
Aula 1
Educação e ideologia
Introdução
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
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A ideologia pode ser de�nida como um conjunto de representações e de normas que prescrevem
a priori a forma como o ser humano deve pensar, agir e sentir. O seu objetivo é impor os
interesses particulares de uma determinada classe (dominante) sobre a outra (dominada),
tornando-os universais. Para ser e�caz, a ideologia depende da sua própria capacidade de
produzir um imaginário coletivo para que os indivíduos possam nele se localizar, se identi�car,
legitimando involuntariamente a divisão social. Sua coerência está atrelada a uma lógica da
lacuna e do silêncio sobre sua própria gênese, isto é, sobre a divisão social das classes. 
Ideologia: eu quero uma para viver
De acordo com Marilena Chauí (2001, p.10),   
a ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (ideias e
valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros
da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar e
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
como devem valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que devem fazer e
como devem fazer.  
Ela é, portanto, um corpo explicativo (representações) e prático (normas, regras, preceitos) de
caráter prescritivo, normativo, regulador, cuja função é dar aos membros de uma sociedade
dividida em classes uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e culturais, sem
jamais atribuir tais diferenças à divisão da sociedade em classes, a partir das divisões na esfera
da produção. 
A ideologia se caracteriza pela naturalização, à medida que são consideradas naturais as
situações que, na verdade, são produtos da ação humana e que, portanto, são históricos e não
naturais. Por exemplo, dizer que a divisão da sociedade em ricos e pobres faz parte da natureza,
ou que é natural que uns mandem e outros obedeçam. 
A a�rmação "a educação é um direito de todos" é verdadeira e até um dever, já que há
obrigatoriedade legal de se completar o curso primário. No entanto, ela se torna abstrata e
lacunar ao apresentar como universal um valor que bene�ciaapenas uma classe. Isso é
con�rmado pelas estatísticas que mostram a evasão e o baixo índice de frequência escolar por
parte das classes desfavorecidas. 
Por outro lado, há o discurso não-ideológico, que parte do pressuposto de que a ação e o
pensamento humanos nunca se acham totalmente determinados pela ideologia, pois sempre
haverá espaços de crítica e fendas que possibilitem a elaboração do discurso contraideológico. 
Se o discurso ideológico é abstrato e lacunar, faz uma análise invertida da realidade e separa o
pensar e o agir, o discurso não-ideológico é aquele que visa ao preenchimento das lacunas pela
procura da gênese do processo. Isso não signi�ca que se deva contrapor ao discurso lacunar um
discurso "pleno", mas, sim, a elaboração da crítica, do contradiscurso, que revele a contradição
interna do discurso ideológico e que o faça explodir. 
O conceito de ideologia tem outros sentidos mais especí�cos, mas é com Marx que a
explicitação do conceito enriqueceu o debate em torno do assunto e de sua aplicação. Para ele,
diante da tentativa humana de explicar a realidade e dar regras de ação, é preciso considerar
também as formas de conhecimento ilusório que levam ao mascaramento dos con�itos sociais.
Segundo a concepção marxista, a ideologia adquire um sentido negativo, como instrumento de
dominação. 
O italiano Gramsci (1891-1937) faz uma distinção entre ideologias historicamente orgânicas e
ideologias arbitrárias. As primeiras são historicamente necessárias, porque organizam as
massas humanas, formam o terreno sobre o qual os homens se movimentam, adquirem
consciência de sua posição, lutam etc. Portanto, Gramsci considera que, enquanto concepção de
mundo, a ideologia tem a função positiva de atuar como cimento da estrutura social. Quando
incorporada ao que chamamos de senso comum, ela ajudará a estabelecer o consenso, o que,
em última análise, confere hegemonia a uma determinada classe, que passará a ser dominante. 
Daí a necessidade da formação de intelectuais surgidos da própria classe subalterna e capazes
de organizar coerentemente a concepção de mundo dos dominados. 
Superando o senso comum
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Em seu cotidiano, o ser humano é desa�ado constantemente a resolver os problemas que
surgem em sua vida e ao redor do ambiente em que vive. 
Na busca para a saída das di�culdades que encontra, ele tem que elaborar respostas, sendo que,
para isso, precisa contar com o seu próprio repertório de conhecimentos, sua imaginação,
criatividade e linguagem. 
No entanto, quando paramos para analisar esse repertório, veri�camos que, apesar de ele já o
possuir, o conjunto de saberes que utiliza para buscar as respostas não é totalmente dele, uma
vez que, no meio desse conjunto de informações, existe um conteúdo que ele extrai da sua
vivência com seu grupo familiar, círculo de amigos, mídia, en�m, do coletivo. 
A esse conjunto de saberes próprios, a �loso�a dá o nome de “senso comum”, que é o primeiro
estágio de conhecimento. Isso não signi�ca que podemos desmerecer a forma de pensar do
homem comum, mas é necessário pontuar que esse primeiro estágio de conhecimento precisa
ser superado em direção a uma abordagem mais coerente, por meio de uma crítica própria, ou
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
seja, o senso comum precisa ser transformado em bom senso, sendo uma elaboração mais
coerente do saber. 
Segundo o �lósofo Gramsci, o bom senso é "o núcleo sadio do senso comum"(ARANHA, 1993, p.
35). 
Se uma pessoa não for alienada por alguma forma de doutrinação e dominação e se for
estimulada a pensar criticamente, ela será capaz de elaborar juízos de valores mais sábios, ou
seja, orientados para sua humanização. 
Em termos educacionais, podemos a�rmar que existem muitos obstáculos que impedem o ser
humano de passar do senso comum ao bom senso, pois muitas crianças e muitos jovens são
excluídos da escola por processos de evasão e reprovação, conhecidos como “fracasso
escolar”.  
Ao ser excluído da escola, o indivíduo também será excluído de muitas decisões importantes da
comunidade em que vive, tornando-se “invisível” e contribuindo para a construção de uma
sociedade não democrática, pois as informações não circulam igualmente em todas as camadas
sociais nem todos têm igual possibilidade de consumir e produzir cultura. 
No Brasil, um terço das crianças em idade escolar estão excluídas da educação, e muitos que
conseguem �car na escola são submetidos a uma prática pedagógica que divide a formação
humanística e cientí�ca para alguns, enquanto outros recebem apenas preparação técnica,
mantendo-se a dicotomia trabalho intelectual/trabalho manual.  
Para piorar um pouco mais esse quadro caótico, não são apenas os trabalhadores comuns que
encontram di�culdades para a passagem do senso comum para o bom senso. Outros
trabalhadores, de ramos mais prestigiados do mercado, como funcionários de grandes
empresas, empreendedores e especialistas de qualquer área, inclusive cientistas, podem se ater
a formas fragmentárias do senso comum porque se prendem a preconceitos, a concepções
rígidas, quando acreditam sem crítica em tudo o que leem ou assistem nos jornais e em redes
sociais. 
Qualquer pessoa, se não foi atingida em sua liberdade de pensar criticamente, terá a capacidade
de elaborar de forma racional o próprio pensamento e de analisar com critérios a situação em
que vive. 
Portanto, percebemos, nesse conjunto problemático, a presença da ideologia, que se comporta
como um véu que encobre a realidade dos fatos, tornando-se, assim, um dos maiores obstáculos
para a superação do senso comum, �cando garantido à classe hegemônica o domínio sobre
aqueles que são submetidos a essa prática violenta.  
A distorção da realidade
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Segundo Gramsci, as ideologias: “(…) organizam as massas humanas, formam o terreno sobre o
qual os homens se movimentam, adquirem consciência de sua posição, lutam, etc.” (Gramsci,
2011a, p. 238).  
 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Quadro 1| Especi�cações da realidade. Fonte: Produzido pelo autor.
Veja o verbete: 
Rei�cação: o processo de tomar uma ideia ou um conceito e tratá-lo como se fosse algo
concreto e real. "Sociedade", por exemplo, é um conceito usado pela maioria dos
sociólogos para descrever a organização da vida social. A sociedade não é algo que
possamos tocar, no sentido físico, material, nem "ver" ou "experimentar" de alguma forma
usando nossos sentidos. A sociedade também não é capaz de pensar, sentir ou agir, mas,
sim, os indivíduos que fazem parte de uma determinada sociedade.
Videoaula: Educação e ideologia
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Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Neste módulo, faremos uma re�exão sobre o poder que a ideologia tem de distorcer a realidade,
tornando “natural” tudo aquilo que é histórico. Procedendo assim, ela torna o sujeito “cego”,
acreditando que os valores singulares de uma situação ou contexto são universais. Além disso,
analisaremos como a força da ideologia se in�ltra na escola e nos materiais didáticos utilizados
pelos professores, com o intuito de alienar os alunos. Pelo processo denominado Indústria
Cultural, ela promove o consumo em massa, atendendo aos interesses do capital.
Saiba mais
Como complemento para os seus estudos, trouxemos à obra “Eu, etiqueta” de Carlos Drummond
de Andrade, que retrata a identidade a�rmada através da imagem.  
 
EU, ETIQUETA 
Em minha calça está grudado um nome 
que não é meu de batismo ou de cartório, 
um nome... estranho. 
Meu blusão traz lembrete de bebida 
que jamais pus na boca, nesta vida. 
Em minha camiseta, a marca de cigarro 
que não fumo, até hoje não fumei. 
Minhas meias falam de produto 
que nunca experimentei 
mas são comunicados a meus pés. 
Meu tênis é proclama colorido 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
de alguma coisa não provadapor este provador de longa idade. 
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, 
minha gravata e cinto e escova e pente, 
meu copo, minha xícara, 
minha toalha de banho e sabonete, 
meu isso, meu aquilo, 
desde a cabeça ao bico dos sapatos, 
são mensagens, 
letras falantes, 
gritos visuais, 
ordens de uso, abuso, reincidência, 
costume, hábito, premência, 
indispensabilidade, 
e fazem de mim homem-anúncio itinerante, 
escravo da matéria anunciada. 
Estou, estou na moda. 
É duro andar na moda, ainda que a moda 
seja negar minha identidade, 
trocá-la por mil, açambarcando 
todas as marcas registradas, 
todos os logotipos do mercado. 
Com que inocência demito-me de ser 
eu que antes era e me sabia 
tão diverso de outros, tão mim mesmo, 
ser pensante, sentinte e solidário 
com outros seres diversos e conscientes 
de sua humana, invencível condição. 
Agora sou anúncio, 
ora vulgar ora bizarro, 
em língua nacional ou em qualquer língua 
(qualquer, principalmente). 
E nisto me comparo, tiro glória 
de minha anulação. 
Não sou - vê lá - anúncio contratado. 
Eu é que mimosamente pago 
para anunciar, para vender 
em bares festas praias pérgulas piscinas, 
e bem à vista exibo esta etiqueta 
global no corpo que desiste 
de ser veste e sandália de uma essência 
tão viva, independente, 
que moda ou suborno algum a compromete. 
Onde terei jogado fora 
meu gosto e capacidade de escolher, 
minhas idiossincrasias tão pessoais, 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
tão minhas que no rosto se espelhavam 
e cada gesto, cada olhar 
cada vinco da roupa 
sou gravado de forma universal, 
saio da estamparia, não de casa, 
da vitrine me tiram, recolocam, 
objeto pulsante mas objeto 
que se oferece como signo de outros 
objetos estáticos, tarifados. 
Por me ostentar assim, tão orgulhoso 
de ser não eu, mas artigo industrial, 
peço que meu nome reti�quem. 
Já não me convém o título de homem. 
Meu nome novo é coisa. 
Eu sou a coisa, coisamente. 
(ANDRADE, C. D. de. Obra poética. Lisboa: Publicações Europa-América, 1989.) 
Referências
ADORNO, T. W. Educação e emancipação. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1995. 
ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos �losó�cos. Rio de
Janeiro, RJ: Jorge Zahar, 1985. 
ALTHUSSER, L. Ideologia e aparelhos ideológicos do estado. Lisboa: Editorial Presença, 1974. 
CHAUÍ, M. O que é ideologia. São Paulo, SP: Brasiliense, 2001.      
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Aula 2
Sociedade e educação
Introdução
A educação é um processo que integra nossa formação social, que é determinada por regras,
normas morais, éticas, costumes e línguas comuns aos nossos antepassados, que receberam
antes de nós esse conjunto de valores, para que pudessem nortear a sua vida coletiva. 
Assim, por meio do ato educacional, as gerações anteriores passam esses valores para as
próximas, sendo esse um movimento constante na história de todas as sociedades,
diferenciando-se em sua essência, pois os grupos sociais não são idênticos. O processo
educacional é uma das várias maneiras de uma sociedade manter sua estrutura e seu
fundamento, gerando segurança nos indivíduos. 
Cultura de massa
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
O século XX foi marcado por muita turbulência, ocasionada por graves acontecimentos sociais,
como a primeira guerra mundial e a crise econômica de 1929 
Até aquele momento, as concepções iluminista e positivista predominavam entre os �lósofos,
mas que aos poucos foram sendo questionadas pelos críticos Theodor Adorno, Max Horkheimer,
Herbert Marcuse, Erich Fromm, Walter Benjamin, Jurgen Habermas, entre outros, representantes
de um movimento �losó�co surgido naquele contexto, que �cou conhecido como Escola de
Frankfurt. 
Entre as causas da inquietação dos representantes da referida Escola, estavam as mudanças na
sociedade advindas das mudanças tecnológicas em curso naquela época, sendo que para eles, o
avanço cientí�co trouxera muito mais problemas do que soluções para a sociedade, conforme
pregava o ideal iluminista. 
Para a teoria crítica estabelecida pelos representantes da Escola de Frankfurt, o marxismo
deveria ser levado em conta em suas análises sociais, porém de uma maneira mais crítica e o
conteúdo intelectual proposto pelos iluministas também deveria ser revisto. 
De maneira ampla, a Escola de Frankfurt combateu frontalmente o iluminismo e o positivismo,
pois no bojo dessas duas concepções estava uma posição muito positiva de ganho social
advindo do avanço cientí�co. Ocorre, no entanto, que dados de uma realidade problemática
expostos naquele contexto, diziam o contrário, ou seja, o nazismo e as guerras vieram para
mostrar, que o tão propalado avanço cientí�co defendido pelo positivismo e pelo iluminismo,
trouxe muito mais barbárie do que conquistas positivas para a sociedade.  
Os pensadores críticos da Escola de Frankfurt, no período posterior ao �nal da segunda guerra
mundial levantaram profundas re�exões sobre o nazismo e suas práticas desumanas, a�rmando
que elas eram a prova de um retrocesso social e não de um avanço positivo da ciência. 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
No interior da teoria crítica da Escola de Frankfurt, encontra-se o conceito de “indústria cultural”,
sendo que seu signi�cado é análogo ao processo industrial praticado pela indústria
convencional. Nesse sentido, os �lósofos Adorno e Horkheimar defendiam a tese de que havia
uma dupla forma de manifestação cultural: a erudita e a popular. 
Nesse sentido, a cultura erudita, autêntica em sua natureza, é do âmbito da elite intelectual,
sendo mais re�nada do ponto de vista estético, enquanto que a popular, também autêntica, se
situa no contexto das tradições vividas pelo povo, sendo menos re�nada tecnicamente e mais
intuitiva. 
Como síntese da fusão desses dois tipos de cultura, os �lósofos da Escola de Frankfurt
apresentam a ideia de “cultura de massa”, que segundo eles, é inautêntica e de fácil reprodução
técnica. Por ser assim, ela seria um excelente canal para o capitalismo vender entretenimento
“embalado” com o rótulo cultural, pois a indústria cultural, o venderia como uma forma inferior de
arte, mantendo seu controle sobre a população sem que ela perceba, pois este estaria satisfeito
ao consumir elementos estéticos agradáveis aos seus sentidos. 
Portanto, a sociedade é distinta e diferente nas formas de reação contra as distinções sociais
ocorridas durante o processo histórico, e as formas de se organizá-la podem sofrer
transformações, e nenhuma delas pode ser vista como natural, uma vez que são resultados da
ação humana. Nesse sentido, há que se pensar e se propor práticas educativas que sejam
capazes de reduzir as desigualdades sociais ocorridas no interior da escola. 
Sociedade e educação
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
 As relações entre sociedade e educação são diversas e múltiplas, pois a escola sempre buscará
na sociedade os temas e as tendências do momento para elaborar e construir sua proposta
curricular. Por outro lado, e da mesma forma em termos de expectativa, a sociedade buscará na
escola os elementos para se atualizar e se preparar para o mundo do trabalho e da cidadania
contemporânea. 
Nesse sentido, podemos dizer que os acontecimentos históricos (eventos sociais) sempre
in�uenciarão a educação, e essa, por sua vez, também será sempre in�uenciada pelos referidos
acontecimentos.  
O século XX foi marcado por muitos acontecimentos trágicos que impactaram a sociedade,
sendo que muitos desses fatos afetaram o andamento das re�exões �losó�cas, trazendo para a
sociologia novos elementos de análise sobre a complexa relação do homem com o mundo físico,
social e cultural. 
No caso especí�co da �loso�a, tendo como forte viés teórico o marxismo, os �lósofos de nossa
época procurarem nele (marxismo) as soluções para os con�itos de origem política e social 
Foi nesse contexto que surgiu a Escola de Frankfurt (alemã), tendo como um dos seus conceitos
principais a Indústria Cultural, um dos mais importantes produzidos pelos teóricos Theodor
Adorno e Max Horkheimer. Segundoesses �lósofos, há um fenômeno cultural mundial em curso
desde o início do século XX, o capitalismo industrial, que surgiu no contexto da Revolução
Industrial, necessitando de uma força de propaganda ideológica para ser assimilado pelas
pessoas. 
Fazendo uma comparação com o processo industrial (fabricação, marketing e venda), os
representantes dessa concepção a�rmam que, para que as indústrias produzam muito, é
necessário que se venda muito. Para vender muito, as pessoas precisam comprar muito. Nesse
caso, a ideologia do consumismo (excesso de consumo sem necessidade) é veiculada por
formas de arte também produzidas em escala industrial. 
Para Walter Benjamin, idealizador desse conceito, o processo de reprodução técnica é o meio
pelo qual a produção de arte em escala industrial é possível; é a capacidade de reprodução em
massa de uma música, que pode ser gravada e reproduzida in�nitas vezes, ou de uma imagem,
que pode ser captada por fotogra�a ou �lmagem e reproduzida. Para Benjamin, esse fenômeno
retira da arte a sua aura (autenticidade). 
O modus operandi da indústria cultural para a produção da cultura de massa, se dá de maneira
análoga ao processo de produção de bens materiais, ou seja, durante o processo de produção,
elementos da cultura erudita são somados a outros da cultura popular, tendo sobre essa mistura
uma pulverização de outros elementos aprovados pelo público. Como resultado dessa
engrenagem, tem-se a obra de arte, que passa a ser produzida em escala industrial. 
Para os críticos da Escola de Frankfurt, entre eles Adorno e Horkheimer, de maneira dialética a
indústria cultural foi utilizada pelo capitalismo para gerar o consumo da arte e esta foi criada
para alimentar a indústria cultural. Assim, �lmes, músicas e algumas manifestações plásticas,
passaram a ser produzidas para serem de fácil assimilação pelo povo, que vê nesse conjunto
estético, apenas uma forma de entretenimento.  
Nesse sentido, a escola e seus educadores têm o importante papel de trazer para o aluno que
vive imerso nessa sociedade consumista o esclarecimento sobre esse processo, a �m de
quebrar com a alienação imposta pela indústria cultural.   
Massi�cação: a “gente” não quer só comida
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
De maneira geral, podemos entender a teoria crítica como uma teoria sociológica que busca
explorar o que existe nos bastidores da vida social, descobrir os fundamentos e as estratégias
dissimuladas que não nos permitem ter uma compreensão ampla e mais próxima da verdadeira
dinâmica de funcionamento do mundo.  
A dinâmica principal do trabalho desse grupo consistia em criticar a vida sob o capitalismo e as
maneiras predominantes de explicá-la. Embora o método se fundamentasse no marxismo, eles
modi�caram alguns de seus pressupostos básicos e combinaram-no com outros métodos [...] Ao
contrário das visões mais divulgadas do marxismo, por exemplo, os membros da Escola da
Frankfurt argumentavam que a economia não determinava a forma de vida social. Enfatizavam a
importância da cultura e elaboraram um enfoque crítico da arte, da estética e da mídia.
Combinaram o marxismo com a análise freudiana para criar uma compreensão da personalidade
e do indivíduo em relação à sociedade capitalista. (JOHNSON, 1997, p. 232) 
Nesse sentido, a indústria cultural tem como característica central a alienação do povo e a
produção massi�cada das obras de arte, sendo um conceito crítico de interpretação da produção
de bens culturais no mercado capitalista. 
No entanto, tendo como função a produção do lucro com o trabalho desenvolvido pelo artista, a
indústria cultural promove o acesso da população às grandes obras de arte, comprometendo na
maioria das vezes, a qualidade original do trabalho. 
Em que pesem as críticas feitas por Walter Benjamin aos produtos da indústria cultural, o autor
leva em consideração o fato de que a massi�cação dos bens culturais promove um acesso mais
abrangente da população a esses produtos, pois os meios de comunicação democratizaram
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
esse processo. Assim, frequentar shows musicais e museus, por exemplo, tornou-se uma
possibilidade mais concreta para as classes populares. 
Nesse sentido, considerando que a educação é um direito fundamental do ser humano e uma
das maneiras mais e�cientes de forjar cidadãos completos, questionadores, engajados e
proativos, capazes de promover mudanças importantes na sociedade, podemos nos perguntar
quais seriam as diretrizes “artísticas” contempladas no projeto curricular do Brasil, atualmente
representado pelo texto da Base Nacional Comum Curricular. 
Ao analisar as teorias críticas da educação que a consideram a partir de um referencial
capitalista, vemos que elas defendem um currículo que contemple o legado da sociedade
ocidental, transmitindo às novas gerações a sua produção �losó�ca, literária, cientí�ca e estética
(artística). E isso se expressa pelos conteúdos dos componentes curriculares, no caso da Arte,
na área curricular que leva o mesmo nome. 
Faz parte da BNCC, na área da Arte, um conjunto de saberes advindos do legado ocidental, como
apreciação de obras de arte, músicas de gênero erudito, teatro, en�m, linguagens multimodais,
que poderiam ser utilizadas pela escola para combater os excessos da indústria cultural
massi�cadora. O que compete aos educadores re�etirem é se estão sabendo como desenvolver
uma metodologia de trabalho que contemple essa possibilidade de levar à classe trabalhadora
esses referenciais, como forma de quebrar o paradigma alienante. 
Videoaula: Sociedade e educação
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Neste módulo, faremos uma re�exão sobre a fabricação de produtos culturais, à semelhança do
processo industrial. Apoiando-nos nos estudos dos representantes da Escola de Frankfurt, como
Adorno e Horkheimer, veremos como o capitalismo “invade” até o meio artístico, promovendo
uma massi�cação das obras de arte, distorcendo a realidade e aparentando uma falsa
democratização do acesso de todos aos bens culturais eruditos.  
Assim, a indústria cultural leva o entretenimento ao consumidor como sendo arte, e ele se sente
satisfeito ao se deparar com elementos aparentemente agradáveis e de fácil consumo. 
Saiba mais
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
No artigo “Os primeiros anos da Escola de Frankfurt no Brasil” de Silvio Camargo, você
explora o primeiro período do desenvolvimento e recepção da Escola de Frankfurt no país.  
Outro artigo interessante para você ler e complementar os seus estudos é “A teoria crítica
dos sistemas da escola de Frankfurt” de Andreas Fisher-Lescano. Neste momento, você
verá que mesmo com o seu ceticismo sobre à moralidade e razão universais, a teoria crítica
e a teoria crítica dos sistemas têm alguns processos básicos semelhantes
Referências
https://www.scielo.br/j/ln/a/8TJdgjw4Vrqqt7HtKK7zfqs/
https://www.scielo.br/j/nec/a/g89KRHdSncCbkqNsVqySQJG/
https://www.scielo.br/j/nec/a/g89KRHdSncCbkqNsVqySQJG/
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
DIAS, R. Introdução à sociologia. São Paulo, SP: Pearson Prentice Hall, 2005. 
 DURKHEIM, É. As regras do método sociológico. 3. ed. Trad. Paulo Neves. São Paulo, SP: Martins
Fontes, 2007.  
 JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.  MARX, K. Crítica da educação e do ensino. Lisboa: Moraes,
1978. 
 MARX, K. O capital: crítica da economia política. 2. ed. São Paulo, SP: Nova Cultural, 1985. 
 PILETTI, N. Sociologia da educação. São Paulo, SP: Ática, 2004.   
Aula 3
Educação e cultura
Introdução
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
O ser humano não existe fora da cultura, isto é, cultura pode ser entendida como um elemento
inerente à existência humana, sendo que todo indivíduo tem a sua própria cultura, sendo nela
criadas e construídas formas de difundi-la. Nestemódulo, buscaremos entender melhor qual é a
in�uência da cultura na educação, pois a prática pedagógica deve fundamentar sua base de
atuação na responsabilidade social de formar um cidadão com competência para desenvolver-se
em suas atividades cotidianas, prezando pelos valores essenciais da vida coletiva.  
Cultura no plural
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A diferença essencial entre o animal e o homem é que o animal permanece mergulhado na
natureza, enquanto o homem é capaz de transformá-la, tornando possível a cultura. O mundo
resultante da ação humana não é natural, pois ele o transforma. 
A palavra cultura tem vários signi�cados, como o de cultura da terra ou cultura de um homem
letrado. Em antropologia, cultura signi�ca tudo que o homem produz ao construir sua existência:
as práticas, as teorias, as instituições, os valores materiais e espirituais. Se o contato que o
homem tem com o mundo é intermediado pelo símbolo, a cultura é o conjunto de símbolos
elaborados por um povo em determinado tempo e lugar. Dada a in�nita possibilidade de
simbolizar, as culturas dos povos são múltiplas e variadas, portanto podemos falar em culturas
no plural. 
A cultura é, portanto, um processo de autoliberação progressiva do homem, o que o caracteriza
como um ser de mutação, um ser de que ultrapassa a própria experiência. Ele se de�ne pelo
lançar-se no futuro, antecipando, por meio de um projeto, a sua ação consciente sobre o mundo. 
Logo, o homem é ser que fala, que trabalha e, por meio do trabalho, transforma a natureza e a si
mesmo. No entanto, a ação humana é uma ação coletiva. O trabalho é executado como tarefa
social, e a palavra toma sentido pelo diálogo. 
O mundo cultural é um sistema de signi�cados já estabelecidos por outros, de modo que, ao
nascer, a criança encontra o mundo de valores já dados, onde ela se situará. A língua que
aprende, a maneira de se alimentar, o jeito de se sentar, andar, correr, brincar, o tom da voz nas
conversas, as relações familiares, tudo se acha codi�cado. Nesse sentido, considerando que há
diversidade, chegamos ao conceito de pluralidade cultural, que nos proporciona uma análise das
origens dos diversos povos. 
No caso especí�co da legislação e das diretrizes curriculares no Brasil, os Parâmetros
Curriculares Nacionais indicam que a pluralidade cultural  
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
propõe-se a uma concepção que busca explicitar a diversidade étnica e cultural que
compõe a sociedade brasileira, compreender suas relações, marcadas por
desigualdades socioeconômicas e apontar transformações necessárias, oferecendo
elementos para a compreensão de que valorizar as diferenças étnicas e culturais não
signi�ca aderir aos valores do outro, mas respeitá-los como expressão da diversidade,
respeito que é, em si, devido a todo ser humano, por sua dignidade intrínseca, sem
qualquer discriminação. A a�rmação da diversidade é traço fundamental na
construção de uma identidade nacional que se põe e repõe permanentemente, tendo
a ética como elemento de�nidor das relações sociais e interpessoais (BRASIL, 1997,
p. 19) 
 Além disso, também é possível priorizar a abordagem em relação à educação e à cidadania, por
meio dos conteúdos que os PCNs indicam, por exemplo, o conceito de pluralidade cultural, que
aborda a origem histórica e geográ�ca da diversidade cultural, etnia, arte, linguagem e
representações; a vivência da pluralidade cultural, apontando os problemas culturais na escola,
como discriminação, estigmatização e omissão cultural; a multiplicidade cultural e as crianças e
jovens do Brasil, além dos direitos humanos e de cidadania. 
Por meio dos estudos sobre pluralidade cultural, é possível mergulhar na rica temática da
diversidade social, regional e cultural do país, levando a uma valorização das características
étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais. 
Cultura produzida e consumida
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Ao considerarmos a cultura como diversa e plural, uma vez que é produto do trabalho humano
(ação intencional, consciente e transformadora), podemos nos questionar sobre até que ponto o
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
indivíduo pode a�rmar sua autonomia diante da cultura transmitida. 
A cultura pode ser traduzida como tudo aquilo que o Homem adiciona à natureza. Tudo o que o
ser humano produz durante a vida e que não “brota das árvores” pode ser considerado como
ação de cultura, ou seja, podemos entender a cultura como uma construção genuinamente
humana. 
Somos produtores, consumidores e transmissores da cultura e, sob essa condição, dependendo
do acesso que temos à educação, podemos ter um maior ou menor grau de autonomia em
relação aos produtos fabricados pela indústria cultural que nos cercam em nosso cotidiano. 
Nesse sentido, conceituando cultura como tudo que o homem faz, aí se inclui a maneira de falar
(língua), a maneira de vestir, de morar, de comer, de trabalhar, de rezar, de se comunicar, de
interagir, incluindo-se a vivência histórica de signi�cados que um grupo conjuga e com o qual
distinguem seus componentes, as linguagens com as quais se manifestam, os identi�cadores e
as técnicas signi�cativas, os valores, a fé e o gosto com os quais se coligam e a história que
coletivamente constroem. Assim, a cultura não se confunde com as competências que alguns
têm e outros não. Nesse sentido, a cultura é viva, �exível e plural, associando até mesmo
elementos aparentemente divergentes e díspares. 
No caso especí�co do Brasil, um país tão vasto e tão amplo, com tantas expressões diferentes,
com distintas maneiras de ser, de viver, de conviver e de fé múltipla, que vão se modi�cando de
lugar para lugar e a todo o momento, não podemos falar de uma única cultura, mas de culturas
plurais que o formam. Aqui, convivem culturas indígenas, africanas, europeias, orientais, entre
outras. 
A cultura é passada de geração em geração por meio de processos educacionais distintos,
quando o ser humano socializa seus conhecimentos com seus descendentes. Ocorre que os
referidos processos educacionais podem se dar de maneira sistemática (por meio da escola e
dos métodos didáticos) ou assistemática (por meio dos eventos sociais ocorridos na família e na
comunidade do aluno). 
No caso da instituição escolar, temos de levar em consideração as diferenças sociais e
econômicas que levam à desigualdade social que ocorre no interior das escolas por meio do
currículo escolar. Nesse caso, as atividades didáticas em sala de aula devem compreender, além
da leitura de textos, a apreciação de materiais procedentes da mídia, proporcionando aos
estudantes a possibilidade de análise dos problemas contemporâneos a partir do instrumental
teórico oferecido. Ainda, é necessário conscientizar os educadores para uma mudança de
paradigma, pois, muitas vezes, atuando em escolas públicas e privadas, eles têm condutas
docentes diferenciadas, o que não é nada saudável do ponto de vista ético. 
Sabemos que os pais colocam seus �lhos na escola com o objetivo de formá-los para o mundo
do trabalho para o sucesso na carreira pro�ssional e, nesse sentido, a escola precisa ser sensível
às diferentes manifestações culturais de sua clientela, promovendo uma renovação curricular,
mais aberta e �exível, pois a cultura é o alimento da educação, sendo a escola um espaço de
trocas culturais, propagação, interação, intercâmbios culturais e de ricas trocas de
conhecimento.  
Amala, Kamala e Juma
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Na Índia, onde os casos de meninos-lobo foram relativamente numerosos, descobriram-se, em
1920, duas crianças, Amala e Kamala, vivendo no meio de uma família de lobos. A primeira tinha
um ano e meio e veio a morrer um ano mais tarde. Kamala, de oito anos de idade, viveu até 1929.
Não tinham nada de humano e seu comportamento era exatamente semelhante àquele de seus
irmãos lobos. 
Elas caminhavam em quatro patas, apoiando-se sobre os joelhos e cotovelos, para os pequenos
trajetos, e sobre as mãos e os pés, para os trajetos longos e rápidos. 
Eram incapazesde permanecer de pé. Só se alimentavam de carne crua ou podre, comiam e
bebiam como os animais, lançando a cabeça para a frente e lambendo os líquidos. Na instituição
onde foram recolhidas, passavam o dia acabrunhadas e prostradas numa sombra; eram ativas e
ruidosas durante a noite, procurando fugir e uivando como lobos. Nunca choraram ou riram. 
Kamala viveu durante oito anos na instituição que a acolheu, humanizando-se lentamente. Ela
necessitou de seis anos para aprender a andar e, pouco antes de morrer, só tinha um vocabulário
de cinquenta palavras. Atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos. 
Ela chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se apegou lentamente às pessoas
que cuidaram dela e às outras crianças com as quais conviveu. 
A sua inteligência permitiu-lhe comunicar-se com outros por gestos, inicialmente, e depois por
palavras de um vocabulário rudimentar, aprendendo a executar ordens simples. 
O relato desse fato verídico nos leva à discussão a respeito das diferenças entre o homem e o
animal. As crianças encontradas na Índia não tiveram oportunidade de se humanizar enquanto
viveram com os lobos, permanecendo, portanto, “animais”. Não possuíam nenhuma das
características humanas: ação instintiva, não choravam, não riam e, sobretudo, não falavam. O
processo de humanização só foi iniciado quando começaram a participar do convívio humano e
foram introduzidas no mundo do símbolo pela aprendizagem da linguagem. 
O psicólogo Paul Guillaume explica que um ato inato não precisa surgir desde o início da vida,
pois, muitas vezes, aparece apenas mais tarde, no decorrer do desenvolvimento: andorinhas
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
novas, impedidas de voar até certa idade, realizam o primeiro voo sem grande hesitação;
gatinhos não esboçam qualquer reação diante de um rato, mas, após o segundo mês de vida,
aparecem reações típicas da espécie. Os animais que se situam nos níveis mais baixos da escala
zoológica de desenvolvimento, como os insetos, têm a ação caracterizada sobretudo por re�exos
e instintos. A ação instintiva é regida por leis biológicas, idênticas na espécie e invariáveis de
indivíduo para indivíduo. Todavia, esses atos não têm história, não se renovam e são os mesmos
em todos os tempos, salvo as modi�cações determinadas pela evolução das espécies e as
decorrentes de mutações genéticas. E mesmo quando há tais modi�cações, elas continuam
valendo para todos os indivíduos da espécie e não permitem inovações, passando a ser
transmitidas hereditariamente. 
O ato humano voluntário, em contrapartida, é consciente da �nalidade, isto é, o ato existe antes
como pensamento, como uma possibilidade, e a execução é o resultado da escolha dos meios
necessários para atingir os �ns propostos. Quando há interferências externas no processo, os
planos também são modi�cados para se adequarem à nova situação.  
Videoaula: Educação e cultura
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Neste módulo, faremos uma re�exão sobre a importância da educação para o processo de
hominização e humanização do ser humano. Não nascemos humanos. Vamos nos tornando
humanos durante o processo educacional, quando nosso grupo familiar e a escola nos ensinam
o percurso. Se o homem não tiver acesso aos meios educacionais humanos, ele não evoluirá e
poderá se tornar um ser próximo dos outros animais, o que a �loso�a e a ciência chamam de
“irracionais”. 
Saiba mais
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Acesse os links para conteúdos extras.  
Artigo “Pensando a interculturalidade a partir do �lme dança com lobos”  
REINA. A.; CAMARGO, L. P.; SANTOS, M. L. Pensando a interculturalidade a partir do �lme dança
com lobos. Revista Livre de Cinema, Tuiuti do Paraná – PR. v. 4, n. 2, mai-ago, 2017, p. 97-106.  
Filme “O rei leão”. Direção: Rob Minkoff e Roger Allers. Produção de Don Hahn. Estados Unidos:
Walt Disney Pictures, 1994. 
Referências
http://relici.org.br/index.php/relici/article/viewFile/126/153
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
ARANHA, M. G. A. Filosofando. Introdução à �loso�a. São Paulo, SP: Moderna, 1993. 
BRASIL, Ministério da Educação, (1997). Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental. Brasília, MEC/SEF. 
CORTELLA, M. S. A escola e o conhecimento. Fundamentos epistemológicos e políticos. São
Paulo, SP: Cortez, 1996. 
Aula 4
Os pressupostos sociológicos da educação
Introdução
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Os estudos sociológicos da educação trazem conteúdos teóricos essenciais para a atuação
docente, orientando-a, com o apoio de outras disciplinas, na direção da oferta de instrumentos
que lhes possibilitam olhar a sociedade, a escola, os estudantes, seus familiares, sua prática
pedagógica e o contexto macrossocial e político no qual a instituição escolar está inserida. 
O fato de estar comprometido com o desenvolvimento humano torna o ato pedagógico mais
exigente em termos de rigor cientí�co. Assim, torna-se fundamental ao docente o domínio de
instrumentais teóricos próprios da Sociologia, a �m de tornar a docência menos restrita às
experiências empíricas  
Capital cultural
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Bourdieu desenvolveu uma sociologia que trouxe relevante re�exão crítica em torno das
estruturas sociais. Para ele, o papel do sociólogo, enquanto um pesquisador atento das
interlocuções sociais, seria o de desvendar o que se passa por trás das estruturas sociais,
identi�cando os traços invisíveis que não podemos notar através de um simples olhar de senso
comum. 
Esse pensador elaborou um sistema teórico voltado a mostrar como as condições de
participação social dos indivíduos baseiam-se na herança social, que se reproduz
constantemente numa determinada sociedade – a qual ele chama de estrutura estruturante.
Assim, a sociedade seria uma estrutura estruturante na medida em que suas mais profundas
relações estão constantemente sendo reestruturadas a partir das ações dos seus indivíduos.
Assim, o acúmulo dos bens simbólicos, dentre eles a educação, concentra-se nas estruturas do
pensamento dos indivíduos e nas manifestações externalizadas por suas ações (BOURDIEU,
1989). 
Em suas pesquisas, ele percebeu a existência de uma relação de interdependência entre o
conceito de habitus e o conceito de campo; o conceito de “campo” representa um espaço
marcado pela dominação e pelos con�itos. Como exemplo, podemos citar o campo jornalístico,
o campo literário, o campo educacional, entre muitos outros. Cada campo teria uma certa
autonomia, possuindo suas próprias regras de organização e de hierarquia social. Dentro desses
espaços limitados, os indivíduos atuariam segundo seu capital social, ou seja, as possibilidades
que possuem de acordo com a rede de contatos da qual fazem parte. 
Segundo esse ponto de vista, as ações, os comportamentos, as escolhas ou as aspirações
individuais não derivam de cálculos ou planejamentos; são, antes, produtos da relação entre um
habitus e as pressões e os estímulos de uma conjuntura. O habitus, então, traduz os estilos de
vida, julgamentos políticos, morais e estéticos, além de ser também um meio de ação que
permite criar ou desenvolver estratégias individuais ou coletivas (BOURDIEU, 1989). 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Outro conceito muito importante do autor para a �nalidade deste artigo consiste no de “capital
cultural”, bastante utilizado nos seus trabalhos sobre escolaridade. O capital cultural refere-se,
pois, aos dispositivos técnicos e simbólicos adquiridos pelos sujeitos no meio social. É o
conjunto de diplomas, nível de conhecimento geral, experiências com teatro, artes, idiomas e
boas maneiras (BOURDIEU, 1998). Este conceito distingue-se de outros dois também de suma
importância, o “capital econômico” e o “capital social”, sendo aquele relacionado às posses
�nanceiras e aos bens portados pelo sujeito, enquanto este se vincula às redesde relações
sociais que este sujeito possui com outros agentes. 
Segundo Bourdieu, os estudantes de classe média ou da alta burguesia, pela proximidade com a
cultura “erudita”, pelas práticas culturais ou linguísticas de seu meio familiar, teriam maior
probabilidade de obter o sucesso escolar, ou seja, utilizando-se do conceito de “violência
simbólica”, o autor busca desvendar os mecanismos que fazem com que os sujeitos aceitem
com naturalidade as representações e as ideias dominantes, coordenadas pela burguesia. A
violência simbólica, na sua visão, seria desenvolvida pelas instituições e pelos agentes que as
põem em prática e sobre a qual se apoiaria o exercício da autoridade. 
En�m, é por meio da escola, com suas regras, seus valores e seus padrões de comportamento,
que a classe dominante revela sua violência simbólica sobre alunos das classes populares. Isso
ocorre a partir de conteúdos, métodos didáticos, avaliação, relações pedagógicas, práticas
linguísticas e temáticas abordadas. 
Violência simbólica
A produção intelectual de Pierre Bourdieu trouxe uma crítica original e fundamentada para o
problema das desigualdades escolares. As ciências sociais naquela época se orientavam por
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
uma concepção positivista da educação e de seu papel na sociedade, sendo que essa
perspectiva trazia uma visão otimista, em que a educação e a escolarização tinham a função
principal de auxiliar a sociedade a superar o processo de atraso econômico, do autoritarismo e
dos privilégios, possibilitando a construção de uma sociedade mais justa democrática. 
Bourdieu desenvolve um modo distinto dos pensadores da sua época, de interpretar a escola e
da educação, mostrando que, ao contrário do discurso otimista, o que se ocorria na realidade era
que ambas eram instrumentos de reprodução e legitimação das desigualdades sociais, de forma
a se manter e se legitimar os privilégios de determinadas classes sociais. 
A leitura de suas obras mostra que a escola, por ser conservadora, multiplica as desigualdades
sociais, perpetuando uma cultura escolar, que desenvolve estratégias de reprodução dos valores
da classe dominante. 
Em conjunto com Passeron, Bourdieu denuncia a precariedade das políticas de democratização
de acesso defendidas pelo sistema francês de ensino. Colocaram em xeque os discursos de que
a educação francesa se respaldava em bases igualitárias para todos. Como resultado, a escola
tratava de forma idêntica os diferentes estudantes que tinham origens sociais diversas. 
Neste sentido, para ele, o fracasso escolar não era resultado de uma falha do sistema de ensino,
mas, sim, que estava diretamente ligado a ele, trazendo como resultado a reprodução de um
sistema que operava pela lógica da dominação, reproduzindo os valores da classe hegemônica. 
Comentando a obra de Bourdieu, Valle (2008 p. 417) diz que “ao pôr em prática uma série de
mecanismos de seleção e de classi�cação, a escola distancia os detentores de capital herdado
dos que não o possuem”. A educação e a escola reforçariam e reproduziriam as diferenças
sociais, culturais e educacionais de origem. As re�exões de Bourdieu e Passeron evidenciaram a
distância entre aquilo que era a realidade escolar e os princípios que orientavam as políticas de
educação. 
Segundo Pierre Bourdieu, sistema de ensino exerce um tipo de poder simbólico, isto é, um tipo de
“poder invisível que só pode se exercer com a cumplicidade daqueles que não querem saber que
a ele se submetem ou mesmo que o exercem” (BOURDIEU, 2014, p. 31). Assim, para esse
pensador, o papel da educação é impor certos valores de forma arbitrária, cometendo um tipo de
violência simbólica. 
Na lógica de Bourdieu, a violência simbólica legitima os discursos e valores dominantes,
dissimulando-os como “naturais”. Um exemplo disso é a relação entre conhecimento cientí�co e
popular. Na lógica atual, o saber produzido pelas ciências tem mais valor e reconhecimento que
aqueles ligados ao senso comum, que são desvalorizados. Assim, pensando a sua discussão
sobre herança familiar no sucesso escolar, as classes populares têm maior di�culdades de lidar
com o conhecimento escolar, uma vez que este se encontra mais distante e estranho em seu
cotidiano. A classe dominante, por outro lado, em razão de sua íntima relação com o habitus
escolar e acadêmico, tem maiores chances de sucesso. 
No contexto dessa concepção, surge o conceito de capital cultural, apresentado por Bourdieu
como um conjunto de recursos e competências disponíveis e mobilizáveis pela classe
dominante, que tem uma cultura tida como legítima. 
Currículo e violência
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
No contexto educacional contemporâneo, muito vem se discutindo sobre a função social e
pedagógica da escola, uma vez que, pelas políticas públicas de democratização da educação, a
escola vem se tornando de pluralidade cultural, propício às diferentes manifestações sociais e
humanas, pois agrega uma diversidade de sujeitos com suas histórias singulares.  
Como consequência, o lado positivo do acesso à escola gera uma sala de aula fértil para
vereditos do juízo professoral, que, por meio de sua didática, faz surgir percepções e apreciações
manifestadas em diferentes tipos de julgamentos sobre os sujeitos, gerando o que Bourdieu
chamou de violência simbólica.  
Nessa perspectiva, de maneira imposta e vivenciada, a violência simbólica ocorre de forma
suave, insensível e, muitas vezes, invisível, e suas vítimas desconhecem a instância em que
ocorre, por meio das relações sociais em forma de dominação.  
No contexto escolar, a violência simbólica ocorre sem a necessidade da força física,
manifestando-se de forma velada, praticada de maneira inquestionável pela aceitação legítima
do poder simbólico, que, de acordo com Bourdieu, é incorporada pelos sujeitos e se trans�gura
de forma dissimulada nas ações mais simples, de tal forma que não é questionada e é
reconhecida em sua legitimidade de violência exercida. 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Ainda de acordo com o referido pensador, a pedagogia cria mecanismos que mostram a
fragilidade dos alunos diante de uma autoridade pedagógica. Nesse sentido, faz-se necessária a
revisão dos modelos interativos ocorridos em sala de aula, mediante re�exões docentes sobre o
currículo oculto. 
É evidente que a escola camu�a, por meio da prática pedagógica, a linha tênue que existe entre a
origem social da criança e seu êxito escolar. Aparentemente, a escola proporciona uma
educação igualitária, no entanto uma análise mais cuidadosa das práticas de ensino percebe-se
que muitas crianças não conseguem êxito, devido aos produtos da violência simbólica cometida
pelos docentes. Mesmo quando há exceções de crianças que conseguem o “êxito”, é sabido que
muitas enfrentam as consequências devido às suas condições de origem familiar precárias.  
Dessa forma, a escola utiliza casos improváveis de sucesso escolar em meios populares, os
quais são vistos como exceções que con�rmam a regra e que a�rmam a autonomia relativa do
sistema escolar, alimentando a ilusão, tida como necessária a neutralidade de seu
funcionamento. 
Produzida e reproduzida nas diferentes esferas sociais, a violência simbólica está de forma
intrínseca e, inevitavelmente, no sistema escolar em forma de imposição cultural que ocorre por
meio da socialização. O modus operandi das intenções pedagógicas se mostra de forma
evidente na prática do ensino, que possui uma vasta dimensão social e deve se estender à
análise das interações. 
Evidenciam-se, assim, as diferentes “disposições dos capitais” (BOURDIEU, 2014, p. 16) em sala
de aula, que se dividem em crianças com o capital cultural considerado positivo, tornando
possível o reconhecimento de forma facilitada dos diferentes conceitos e práticas, e os demais,
com capital considerado negativo, sentem uma di�culdade maior nesse tipo de reconhecimento,
re�etindo diretamente em seu processo de aprendizagem e sendo decisiva nos julgamentos do
professor que cria uma apreciação negativa, tendodiferentes resultados em classe que gera
desestímulo, “a incapacidade” e aumenta o índice de repetência dos alunos excluídos em sala de
aula. 
Videoaula: Os pressupostos sociológicos da educação
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Neste módulo, faremos uma re�exão sobre os processos invisíveis de violência ocorridos no
interior da escola por meio do currículo oculto, sendo um tipo de violência sutil que utiliza as
palavras para se manifestar, e não a força física. De acordo com os estudos sobre as teorias do
currículo, existem algumas instâncias onde ele ocorre, sendo a prescrita (BNCC), a informada aos
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
professores (manuais didáticos), a interpretada e aplicada pelos professores (a aula), a avaliada
(IDEB) e a oculta (a maneira como o aluno aprende).
Saiba mais
Acesse os conteúdos extras e aprofunde ainda mais seus conhecimentos. 
https://www.youtube.com/watch?v=pLyHxutNotI 
https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/curriculo-oculto.htm 
Referências
https://www.youtube.com/watch?v=pLyHxutNotI
https://educador.brasilescola.uol.com.br/trabalho-docente/curriculo-oculto.htm
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
ARANHA, M. G. A. Filosofando. Introdução à �loso�a. São Paulo, SP: Moderna, 1993. 
BOURDIEU, P. Escritos de Educação. Petrópolis: Vozes, 1998. 
BOURDIEU. P. Sobre o Estado. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. 
VALLE, I. R. Pierre Bourdieu: a pesquisa e o pesquisador. BIANCHETTI, L.; MEKSENAS, P. (Org.). A
trama do conhecimento: teoria, método e escrita em ciência e pesquisa. Campinas: Papirus,
2008. p. 95-117. 
 CORTELLA, M. S. A escola e o conhecimento. Fundamentos epistemológicos e políticos. São
Paulo, SP: Cortez, 1996.
Aula 5
Revisão da unidade
Compreende que a ideologia faz parte da cultura pedagógica
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A ideologia pode ser de�nida como um conjunto de representações e de normas que prescrevem
a priori a forma como o ser humano deve pensar, agir e sentir. O seu objetivo é impor os
interesses particulares de uma determinada classe (dominante) sobre a outra (dominada),
tornando-os universais.  
 Para ser e�caz, a ideologia depende da sua própria capacidade de produzir um
imaginário coletivo para que os indivíduos possam nele se localizar, se identi�car,
legitimando involuntariamente a divisão social. Sua coerência está atrelada a uma
lógica da lacuna e do silêncio sobre sua própria gênese, isto é, sobre a divisão social
das classes. (CHAUI, 2016, p. 245-258) 
 Assim, o processo educacional é ideológico por natureza, constituindo-se como uma das
maneiras mais genuínas de uma sociedade manter sua estrutura e seu fundamento, gerando
segurança nos indivíduos. 
Como o ser humano não existe fora da cultura, no processo pedagógico é fundamental que o
educador entenda melhor qual é a in�uência da cultura na educação, uma vez que sua atuação
está pautada na responsabilidade social de formar um cidadão com competência para
desenvolver-se em suas atividades cotidianas, prezando pelos valores essenciais da vida
coletiva. 
Nessa direção, um conceito muito importante é o de Capital Cultural, que é bastante utilizado no
contexto escolar. O referido conceito foi desenvolvido pelo �lósofo Bourdieu (1998) e refere-se
aos dispositivos técnicos e simbólicos adquiridos pelos sujeitos no meio social. Pode ser
“traduzido” como o conjunto de diplomas, nível de conhecimento geral, experiências com teatro,
artes, idiomas e boas maneiras, entre outros. Este conceito distingue-se de dois também de
suma importância, o “capital econômico” e o “capital social”, sendo aquele relacionado às posses
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
�nanceiras e os bens portados pelo sujeito, enquanto este se vincula às redes de relações
sociais que este sujeito possui com outros agentes. 
Nesse sentido, os conceitos de ideologia e cultura “embutidos” no processo educacional devem
fazer parte da formação do educador, pois os estudos sociológicos da educação trazem
conteúdos teóricos essenciais para a atuação docente, orientando-a, com o apoio de outras
disciplinas, na direção da oferta de instrumentos que lhes possibilitam olhar a sociedade, a
escola, os estudantes, seus familiares, sua prática pedagógica e o contexto macrossocial e
político no qual a instituição escolar está inserida. 
En�m, é por meio da escola, com suas regras, seus valores e seus padrões de comportamento,
que a classe dominante revela sua violência simbólica sobre alunos das classes populares. Isso
ocorre a partir de conteúdos, métodos didáticos, avaliação, relações pedagógicas, práticas
linguísticas e temáticas abordadas. 
Portanto, o fato de estar comprometido com o desenvolvimento humano, torna o ato pedagógico
mais exigente em termos de rigor cientí�co, tornando fundamental ao docente e a todos que
atuam na instituição escolar o domínio de instrumentais teóricos próprios da sociologia, a �m de
tornar a docência menos restrita às experiências empíricas.  
Videoaula: Revisão da unidade
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A ideologia pode ser de�nida como um conjunto de representações e de normas que prescrevem
a priori a forma como o ser humano deve pensar, agir e sentir. O seu objetivo é impor os
interesses particulares de uma determinada classe (dominante) sobre a outra (dominada),
tornando-os universais. Para ser e�caz, a ideologia depende da sua própria capacidade de
produzir um imaginário coletivo, para que os indivíduos possam nele se localizar, se identi�car,
legitimando involuntariamente a divisão social. Sua coerência está atrelada a uma lógica da
lacuna e do silêncio sobre sua própria gênese, isto é, sobre a divisão social das classes.  
Estudo de caso
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
No mundo em que a produção e o consumo são alienados, é difícil evitar que o lazer também não
o seja. A passividade e o embrutecimento naquelas atividades repercutem no tempo livre. 
Sabe-se que pessoas submetidas ao trabalho mecânico e repetitivo na linha de montagem têm o
tempo livre ameaçado pela fadiga mais psíquica do que física, tornando-se incapazes de se
divertir, ou então, exatamente ao contrário, procuram compensações violentas que as recuperem
do amortecimento dos sentidos. 
A propaganda da bem-montada "indústria do lazer" orienta as escolhas e os modismos, manipula
o gosto, determinando os programas: boliche, patinação, discotecas, danceterias, �lmes da
moda. 
Até aqui, �zemos referência a determinado segmento social que tem acesso ao tempo de lazer.
Resta lembrar que as cidades não têm infraestrutura que garanta aos mais pobres a ocupação do
seu tempo livre: lugares onde ouvir música, praças para passeios, várzeas para o joguinho de
futebol, clubes populares, locais de integração social espontânea. Isso torna muito reduzida a
possibilidade do lazer ativo, não alienado, ainda mais se supusermos que o homem se encontra
submetido a todas as formas de massi�cação pelos meios de comunicação. 
Vimos que o lazer ativo se caracteriza pela participação integral do homem como ser capaz de
escolha e de crítica, dessa forma, ele permite a reformulação da experiência. Isso não ocorre
com o lazer passivo, no qual o homem não reorganiza a informação recebida ou a ação
executada, de modo que elas nada lhe acrescentam de novo, ao contrário, reforçam os
comportamentos mecanizados. 
É bom lembrar que o caráter de atividade ou passividade nem sempre decorre do tipo de lazer
em si, mas da postura do homem diante dele. “Assim, duas pessoas que assistem ao mesmo
�lme podem ter atitude ativa ou passiva, dependendo da maneira pela qual se posicionam como
seres que comparam, apreciam, julgam e decidem ou não” (DUMAZEDIER,1976 p. 34). 
Considerando esse enunciado de Dumazedier e relacionando o seu conteúdo ao conceito de
ideologia, poderíamos pensar que a prática pedagógica seria um antídoto contra essa forma de
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
lazer alienado, ou o lazer é uma prática social que independe do desenvolvimento de uma
consciência crítica capaz de enxergar a lacuna deixada pelo conteúdo ideológico? 
_______
Re�ita
Existe ideologia numa atividade de lazer, ou esse conceito não consegue afetar esse tipo de ação
genuinamente humana?  
Videoaula: Resolução do estudo de caso
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No mundo em que a produção e o consumo são alienados, é difícil evitar que o lazer também não
o seja. A passividade e o embrutecimento naquelas atividades repercutem no tempo livre. 
Sabe-se que pessoas submetidas ao trabalho mecânico e repetitivo na linha de montagem têm o
tempo livre ameaçado pela fadiga mais psíquica do que física, tornando-se incapazes de se
divertir, ou então, exatamente ao contrário, procuram compensações violentas que as recuperem
do amortecimento dos sentidos. 
A propaganda da bem-montada "indústria do lazer" orienta as escolhas e os modismos, manipula
o gosto, determinando os programas: boliche, patinação, discotecas, danceterias, �lmes da
moda, portanto a prática pedagógica, uma vez que também não seja alienada, pode quebrar com
esse movimento ideológico envolvido nas atividades de lazer do ser humano. 
Resumo visual
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Figura 1| Funcionamento estratégico das ideologias. Fonte: Elaborado pela autora.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Referências
ADORNO, T. W. Educação e emancipação. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1995. 
ADORNO, T. W; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos �losó�cos. Rio de
Janeiro, RJ: Jorge Zahar, 1985. 
ALTHUSSER, L. Ideologia e aparelhos ideológicos do estado. Lisboa: Editorial Presença, 1974. 
BOURDIEU, Pierre.Escritos de Educação. Petrópolis: Vozes, 1998. 
CHAUI, M. S. Ideologia e educação. Educ. Pesqui. [online]. 2016, vol.42, n.1, pp.245-258. ISSN
1678-4634. Disponpivel em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1517-
97022016000100245&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 12 dez. 2022. 
CHAUÍ, M. O que é ideologia. São Paulo, SP: Brasiliense, 2001.      
DUMAZEDIER, Joffre. Lazer e cultura popular. São Paulo: Perspectiva, 1976. 
,
Unidade 3
Fundamentos Históricos na Educação Brasileira
Aula 1
A educação brasileira de 1930 a 1964
http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1517-97022016000100245&lng=pt&nrm=iso
http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1517-97022016000100245&lng=pt&nrm=iso
Disciplina
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Introdução
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Prezado estudante, falar da educação brasileira é um resgate �losó�co e histórico muito
importante para todas as áreas do conhecimento. Nesse momento, é procurar entender as
questões históricas e sociais em torno do período de 1930 a 1964 como fonte de conhecimento
da história brasileira. É um período de grandes transformações sociais e econômicas para o
Brasil.  
Vargas governou o país entre os anos de 1930 e 1945. O chamado governo populista de Getúlio
Vargas foi dividido em três grandes momentos históricos: Governo Provisório, Governo
Constitucional e Estado Novo. Governo Provisório foi o momento em que ele criou medidas
fortes e centralizadoras, tais como o enfraquecimento do Poder Legislativo e o fortalecimento do
Poder Executivo do presidente, criando instituições, como o Ministério do Trabalho. O Governo
Constitucional iniciou com a promulgação da Constituição de 1934 e a eleição indireta de Vargas
pela Assembleia Nacional Constituinte. O Estado Novo foi a chamada fase ditatorial da Era
Vargas, em 1937, quando ele outorgou uma nova Constituição e decretou o fechamento do
Congresso. Getúlio Vargas foi obrigado pelos militares a renunciar ao cargo em outubro de
1945.   
O sentido do Estado Novo e a educação
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
O conceito de Estado Novo é muito importante para compreendermos a fase ditatorial de Getúlio
Vargas, de 1930 a 1945. Já chamado golpe do Estado Novo, ocorreu no período de 1937 a 1945.
Ele foi �nalizado quando os militares obrigaram Vargas a se retirar da presidência. Getúlio Vargas
criou um regime autoritário no Brasil, tomando posturas centralizadoras ao poder, como adiar
possíveis eleições, com o intuito de formar uma constituinte no Brasil. Ele criou esforços e
posturas autoritárias, que colocaram o Brasil no caminho do autoritarismo, utilizando-se das
“ameaças do comunismo” como ideia de ampliar o seu poder no governo. Antes de 1935, ano
que �cou marcado como a Intentona Comunista, quando os comunistas tentaram tomar o poder
no Brasil a partir de lutas armadas, Vargas já tinha em mente medidas autoritárias para a
sociedade, as quais foram realizadas depois das revoltas comunistas. Assim, ele criou, em 1935,
a Lei de Segurança Nacional, ampliando os poderes do presidente para combater crimes contra a
“ordem social”. Nesse mesmo período, criou também o Tribunal de Segurança Nacional, punindo
os réus da lei aprovada em 1935, ampliando a perseguição aos grupos da esquerda. A política de
Vargas alinhava-se às ideias e ao interesse do Exército brasileiro. A sociedade brasileira
começava a entender a ideia e a força do autoritarismo brasileiro que estava sendo implantado
naquele momento.  
Essa característica do Estado Novo era uma tendência mundial de radicalização dessa política
autoritária. A Europa estava vivendo as mesmas situações de radicalismo às frentes populares
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nos regimes autoritários e fascistas. Nesse sentido, Skidmore (2010, p. 64) a�rma que “o sistema
não político do Estado Novo era o veículo perfeito para seus grandes talentos de conciliação e
manipulação que por sua vez dependem de um contato extremamente pessoal com advertência
e aliados 1”. Nesse período do Estado Novo, Vargas reforçou o nacionalismo falando de
“brasilidade”, marcha para o oeste, movimento de habitação e desenvolvimento do interior do
país como formas de resgatar os reais valores da nação. No contexto político do Estado Novo, as
conquistas do movimento renovador, in�uenciando a Constituição de 1934, foram enfraquecidas
na nova Constituição de 1937, que distingue o trabalho intelectual do trabalho manual, levando o
ensino pro�ssional para as classes mais desfavorecidas. Em 1942, por iniciativa do Ministro
Gustavo Capanema, foram reformados alguns módulos do ensino. Reformas essas chamadas de
Leis Orgânicas do Ensino e são entendidas por decretos/leis que criaram o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI), valorizando o ensino pro�ssionalizante.  
O �m do Estado Novo determinou a adoção de uma Constituição liberal e democrática. Na área
da educação, por exemplo, determinava a obrigatoriedade do ensino primário e a legislação
sobre diretrizes educacionais. Vargas percebeu que seu regime vingaria após o �m da Segunda
Guerra Mundial, dando início a uma nova postura política, aproximando-se mais dos
trabalhadores. Em 1964, um golpe militar abortou todas as iniciativas de mudanças na educação
brasileira, sob o pretexto de que as propostas eram “subversivas”.  
O olhar sobre as rupturas históricas, educacional e pro�ssional
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Nesse momento, torna-se importante para você, pro�ssional das diversas áreas do
conhecimento, perceber a importância das questões históricas para a análise do social e
econômico em que está vivenciando e o quanto se torna válida acompreensão do Estado Novo e
suas relações com o mundo social e do trabalho e o quanto a história nos permite essas
relações.  
O Estado Novo implantado por Vargas, além de ser desleal com a história, não permitiu um
Estado democrático mais cedo no Brasil, di�cultando o desenvolvimento das etapas escolares no
país, valorizando mais o trabalho manual em função de um novo conceito de trabalho que estava
por vir. Ainda, o Estado Novo de Vargas propôs que a arte, a ciência e o ensino fossem livres à
iniciativa do cidadão, ao agrupamento, às associações coletivas públicas e particulares, não
atribuindo o direito e o dever do Estado na educação. Dispôs, assim, a obrigatoriedade do ensino
de trabalhos manuais a todas as escolas normais, primárias e secundárias no Brasil. A educação
no período de Vargas possuía um caráter propedêutico para aqueles de melhor posição na
pirâmide social, dessa forma, tinha um olhar pro�ssionalizante que atendesse apenas aos mais
pobres, com o desejo de que a classe operária �casse calada, rati�cando a ordem social
dominante. Cria-se, assim, uma jornada de trabalho de 44 horas semanais, carteira de trabalho e
salário-mínimo.  
A educação no Estado Novo foi uma forma de propagar e a�rmar o seu regime. Ineditamente, o
programa educacional apoiou os exercícios físicos no ambiente escolar e nas fábricas, evitando
a entrada de ideias externas vindo da Europa, com um olhar anarquista, as quais eram avançadas
para o período de Vargas. Nesta perspectiva, o homem e o mundo que o rodeia são considerados
em processos de mudanças e de organização política. Assim, esse conhecimento nos permite
compreender as diferentes rupturas vividas pelo povo brasileiro.  
Ainda percebendo as rupturas existentes, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em
1932, escrito durante o governo Vargas, consolidava um olhar de um segmento da elite
intelectual, em prol de mudanças signi�cativas na implementação de um modelo educacional,
afrontando o ideal nacionalista de Vargas. Reivindicava-se ensino público laico (desvinculado
da educação religiosa), gratuidade, obrigatoriedade e coeducação – meninos e meninas
estudando no mesmo ambiente escolar, conforme conta a historiadora Maria Luiza Marcílio, em
seu livro História da Escola em São Paulo e no Brasil.   
Aprendendo com os fundamentos históricos
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A cada pro�ssional, será sempre importante olhar o outro a partir da sua história social, política e
econômica. Para um país como o Brasil, que passou por tantas mudanças severas, torna-se
importante analisar, em todos os instantes, os símbolos da sociedade, no olhar sociológico,
�losó�co e psicológico, para podermos emitir um juízo que signi�que um resultado plausível para
a �gura humana, não de separatista ou mesmo preconceituoso, mas, sim, no sentido de
percebermos as diferentes formas de vivências e aceitação do outro. Compreender esses
conceitos e estar no lugar do outro, na própria existência humana, nos ajuda a pensar no outro
como pro�ssional, aluno, amigo, cidadão pleno. Pensar na condição humana e re�etir sobre a
pessoa humana e sua ação na sociedade, na família e no convívio social e pro�ssional, assim
como entender as oportunidades dadas a um povo, o acesso ao ensino e à cultura e a
participação política democrática contribuem para o processo de aprendizagem.  
Compreende-se a leitura dos pioneiros da educação como uma constante de mudanças na
história vivida por nós. Sempre haverá na história precursores de mudanças. Os fundamentos
tornam-se importantes devido ao seu poder re�exivo, formativo e cognitivo, ou seja, o estudo tem
a capacidade de fazer com que o homem raciocine de forma a compreender o porquê de se
estudar determinado conteúdo e temas. O governo Vargas não possibilitou esse acesso pela
forma de governar e pensar sobre o outro na sociedade brasileira, não atribuindo a empatia da
compreensão, e sim uma prática de conduta para as elites em geral. Assim, o regime militar
disseminou na educação o caráter antidemocrático de sua proposta inicial de governo;
educadores e trabalhadores foram presos e demitidos; houve invasão de universidades;
estudantes presos e feridos nos confrontos com a polícia e com os ideais de repressão de
Vargas; alguns foram mortos. 
Videoaula: A educação brasileira de 1930 a 1964
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
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Nesta aula, você poderá ter uma maior compreensão das questões da história social do Brasil e
uma melhor análise das contribuições para a interpretação dos fundamentos históricos da
educação, tendo, principalmente, uma leitura crítica do momento mais trágico da nossa história,
no que tange à era de Getúlio Vargas como um presidente austero em sua relação política.  
Saiba mais
Caro aluno, aprofundaremos ainda mais nossos conhecimentos com os seguintes textos: 
FERRAZ, F. C. Os Brasileiros e a Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar
Editor, 2005.  
NETO, L. Getúlio (1930-1945): Do governo provisório à ditadura do Estado Novo. São Paulo,
SP: Cia das Letras, 2013
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Referências
MARCÍLIO, M. L. História da escola em São Paulo e no Brasil. São Paulo, SP: Imprensa O�cial do
Estado de São Paulo; Instituto Fernand Braudel, 2005. 
 SKIDMORE, T. E. Brasil: de Getúlio a Castello (1930-1964). São Paulo, SP: Companhia das Letras,
2010.  
Aula 2
A educação brasileira entre 1964 e 1988
Introdução
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Compreender a educação brasileira no período de 1964 a 1988 é entender o objetivo dos
fundamentos da educação brasileira durante o período da ditadura, resultando em um modelo
tanto social quanto educacional, em uma rigorosa imposição de leis e modelos de vivência frente
à sociedade brasileira, em um domínio e uma prática de conduta autoritária, revoltando
intensamente a educação brasileira. Reformas voltadas à transformação da educação tradicional
para uma educação tecnicista criaram revoltas estudantis e uma insatisfação social muito
grande no povo brasileiro quanto aos aspectos culturais e políticos que estavam envolvidos
naquele momento. Considerações importantes se �zeram do ponto de vista de garantir a
instalação da ditadura no Brasil. A Segunda Guerra Mundial interveio nas leis educacionais
brasileiras naquele momento, com uma prática ideológica voltada a uma educação técnico-
pro�ssionalizante para uma mão de obra a serviço de uma elite industrial que ali surgia. 
Ditadura militar e novos caminhos: abertura política em 1980 e a Constituição
de 1988 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Quais foram as reais causas para o período de 1964 a 1985 ser uma ditadura? Em 31 de março
de 1964, aconteceu o golpe militar, que visava evitar o avanço das organizações populares do
governo de João Goulart, tido como comunista, sendo seu ponto central a renúncia de Jânio
Quadro em agosto de 1961. Naquele ano, no mês de março, militares contrários a João Goulart
(PTB) destituíram-no da presidência e assumiram o poder por meio de um golpe liderado pelas
Forças Armadas, implantando um regime ditatorial que durou 21 anos. Cada governante desse
período teve uma característica própria e distinta com suas peculiaridades. Houve momentos
diferentes, como o disfarce legalista para a ditadura (1964-1968), anos de terror de Estado (1969-
1978) e a reabertura política (1979-1985), os quais tiveram fases e consequências sociais de
desigualdade muito grande, falta de acesso da população carente a todos os dados públicos,
aumento da concentração de renda a uma elite, in�ação exorbitante e aumento do
endividamento externo.  
Os militares, quando assumiram, em 1964, enfrentaram um período de bastante desordem na
economia, com desequilíbrio �scal e fracasso do Plano Trienal para retomar o crescimento
econômico. Criou-se, assim, o AI-5, resposta dadapelo regime militar para a crise que a ditadura
enfrentou em 1968. Na ocasião, devido às mobilizações de estudantes, operários, artistas e
intelectuais, os militares decidiram “endurecer” o regime.  
A ditadura militar governou o Brasil entre 1964 e 1985, durante os governos de Geisel (1974-
1979) e João Figueiredo (1979-1985), encerrando-se em 1988, com a promulgação da nova
Constituição Federal.  
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Na ocasião, foi necessário o preparo de um processo que �cou conhecido como “abertura
política”, que teve o objetivo de realizar uma transição gradual, sistemática e segura para a
democracia. Período esse de maior endurecimento e de lenta transição, evitando uma forma
bruta, pois existia o perigo de radicais de esquerda ou de direita tomarem o poder e
restabelecerem o autoritarismo no país.  
Quais re�exos da ditadura podemos citar como importantes para a educação nacional? Uma
constante repressão instaurada em controlar os professores e o movimento estudantil;
alterações nos cursos; in�ltração de agentes em salas de aula, para controle de professores; o
movimento estudantil; nas universidades públicas, a instalação de sistemas de vigilâncias e
espionagem contra docentes, estudantes e técnicos-administrativos; desaparecimento; privação
de trabalhos; interrupção de pesquisas acadêmicas. A educação no regime militar teve
sucessivas reformas, como obrigatoriedade curricular e reformulação da disciplina de Educação
Moral e Cívica de Sociologia e Filoso�a, reunindo parte da disciplina Organização Social e Política
Brasileira (OSPB). Ocorreram reformas a partir da Lei nº 5.540/68, como no ensino superior, com
o processo de privatização das instituições e o desenvolvimento de pequeno porte. A Lei nº
5.692/71 vinha como uma “atualização” da estrutura de ensino do país, efetivando a mudança do
curso primário e o antigo ginásio para “1º grau”, sendo que, com sua promulgação, o governo
militar tinha a intenção de o�cializar a formação do povo para o trabalho ainda na fase da
adolescência. 
Logo, podemos perceber e dizer que fundamentos históricos da educação têm um princípio,
meio e �m bem demarcados e facilmente observáveis. Fundamentos são rupturas marcantes,
em que cada período determinado teve características próprias.   
As reformas educacionais no contexto da sociedade brasileira
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
As reformas educacionais em diferentes contextos históricos mostram que projetos e políticas
públicas educacionais sofrem interferências do empresariado nacional e internacional, pois o
mercado local e global dita as regras para o setor educacional. 
Nesse sentido, sempre atenderá a uma elite empresarial e cultural econômica da sociedade em
que os indivíduos estiverem. Essas reformas foram elaboradas sem a participação social,
fazendo com que haja ainda no país um elevado número de pessoas não alfabetizadas, baixa
qualidade do aprendizado na sociedade e di�culdade de cumprir o papel de minimizar as
desigualdades cultural, política e econômica aos mais desfavorecidos. Políticas educacionais
baseadas em propostas de organismos internacionais compõem um des�guramento da escola
como lugar de formação cultural e cientí�ca, o que gera um quadro de desvalorização do estudo
e do conhecimento escolar signi�cativo, uma vez que “os documentos produzidos por esses
organismos nos últimos anos associam o funcionamento do sistema educacional a programas
de alívio à pobreza e de redução da exclusão social, entre os quais se inclui o currículo
instrumental ou de resultados imediatos” (LIBÂNEO, 2016, p. 42).
Assim, a escola pública perde seu lugar de instituição formativa e de transmissão de
conhecimentos historicamente acumulados para se tornar um lugar de formação de mão de obra
que atende ao interesse do mercado, além da possibilidade de ser um paliativo para a pobreza,
em especial, em países pobres e emergentes. Nesse sentido, torna-se cada vez menos
democrático o processo educacional com reformas impostas pelo estadista em seu exercício
político. A cada reforma e saída das disciplinas de Sociologia ou Filoso�a, deixa-se para trás a
oportunidade de um processo socioeducativo, não sendo avaliada com a sociedade e com os
responsáveis por elas. Nesse sentido, como podemos utilizar os recursos de aprendizagem
social dessas disciplinas no conjunto de nossas atividades pro�ssionais, independentemente
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
das áreas de conhecimento? Qual o interesse estadista ao elaborar e concluir as reformas
educacionais? Não nos debruçaremos no debate sobre conceito de re�exividade, mas
acreditamos que nosso movimento neste trabalho pretende re�etir sobre as relações sociais de
dominação, presentes como supostas verdades históricas contingentes e travestidas como
ordenamentos naturais das coisas para a consciência comum. Caminhamos para investigar o
ensino de Sociologia dentro dos marcos, seja questionando a construção de seus sentidos, seus
padrões normativos, seu processo de construção de “verdade”, sua passagem, sua construção
enquanto ciência, sua forma de enxergar sua relação de ensino-aprendizagem, o próprio espaço
escolar, entre outros, principalmente da sociedade contemporânea. 
Nesse sentido, temos que perceber que toda reforma passará sempre por um momento de
transformação para todos no processo de ensino-aprendizagem, portanto temos que sempre
observar aquilo que será melhor para a sociedade em geral. Assim, sempre teremos um
favorecimento satisfatório para a sociedade. 
Aprendendo com os fundamentos históricos
A Orientação Educacional, que reforça o aconselhamento vocacional e o ajustamento ao ensino
pro�ssionalizante, foi instituída pelo texto da LDB nº 5.692/71. 
A partir daí, houve adaptação do currículo dos cursos de formação de Orientador Educacional e
Pedagogia, tendo como ênfase as reformas educacionais para o ensino superior no Brasil nos
anos de 1968 (Reforma do Ensino Superior) e a Lei nº 5.691/71 (Reforma dos Ensinos de
Primeiro e Segundo Grau). 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A função principal da educação, naquele contexto, era a de manter o modelo econômico vigente
em sintonia com o domínio militar. O capitalismo não liberal era o epicentro, e sua consequência
era vivida pela dinâmica cotidiana da população brasileira. A teoria que fundamentava o sistema
educativo brasileiro naquela época era a teoria do capital humano, que foi disseminada entre os
setores da economia, do planejamento e da educação. Nesse sentido, faz-se necessário
compreender todo o processo das reformas em uma situação lógica do conhecimento da força e
do poder das reformas, no sentido de buscar compreender as rupturas mediante um interesse
popular e familiar dos menos favorecidos em uma sociedade desigual. Assim, torna-se
importante o processo de construção do conhecimento a partir disso, percebe-se essa aplicação
a favor de uma sociedade justa e plena. Não podemos desvincular a história social de uma nação
ou sociedade, dos próprios fundamentos históricos existentes nela. Logo, cada re�exão precisa
ser favorável a uma sociedade justa. A cada conquista no processo alcançado das reformas, um
ser humano realiza um sonho, e assim deve ser a caminhada. Cada momento deve ser
compreendido. Para que cada prática educativa seja bem realizada, é preciso ter uma formação
em desenvolvimento com as normas e reformas educacionais. 
É muito importante compreender, na história da educação, que o desenvolvimento da educação
sempre se dará pelo desenvolvimento da história social de uma sociedade. A nova história da
educação não foi diferente, será sempre um desenrolar das questões políticas, sociais e
econômicas que farão ocorrer essa mudança tão necessária. Outro fator importante também é
entender que a sociedade civil precisa estar sempre organizada em seus grupos. Isso
pressionará o Estado para as mudanças e criará, assim, políticas educacionais coerentes para
atender a um só interesse: o povo. 
É importante também compreender que os estudos feitos pelas pastasresponsáveis pela
educação têm sempre um papel de mediar essas políticas educacionais, para atender a uma
demanda de interesses em prol de uma educação ao desenvolvimento cidadã. 
Todas as atividades em questão serão uma forma de fundamentar os conceitos e o
desenvolvimento da educação, seja ela desde a educação infantil até o ensino superior. E
somente assim teremos como fundamento da compreensão histórica da educação, como
elemento transformador de um povo. Só assim teremos as mudanças. 
Videoaula: A educação brasileira entre 1964 e 1988
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Nesta aula, você poderá ter uma maior compreensão dos temas da educação brasileira nesse
período tão conturbado que foi a ditadura, a qual tirou todos os direitos do povo brasileiro em
suas expressões e falas do cotidiano, em função de uma ideologia dominante do Estado. 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Saiba mais
Para complementar os seus estudos, leia os seguintes artigos: 
Lei nº 5.692 (Reforma Educacional de 1971) 
Vinte anos de reformas educacionais 
Referências
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5692.htm#:~:text=L5692&text=LEI%20No%205.692%2C%20DE%2011%20DE%20AGOSTO%20DE%201971.&text=Fixa%20Diretrizes%20e%20Bases%20para,graus%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5692.htm#:~:text=L5692&text=LEI%20No%205.692%2C%20DE%2011%20DE%20AGOSTO%20DE%201971.&text=Fixa%20Diretrizes%20e%20Bases%20para,graus%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias
https://rieoei.org/historico/documentos/rie31a03.htm
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
BOURDIEU, P. et al. A pro�ssão de sociólogo: preliminares epistemológicas. Petrópolis, RJ: Vozes,
1999. 
LIBÂNEO, J. C. Políticas educacionais no Brasil: des�guramento da escola e do conhecimento
escolar. Cadernos de Pesquisa, v. 46, n. 159, p. 38-62, 2016. 
LIMA, V. C. Sentidos do ensino de Sociologia nas reformas educacionais e suas relações com a
conjuntura sócio-política brasileira: possíveis caminhos para entender dinâmicas da disciplina no
século XXI. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E
PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIAIS, 44., 2020, [S. l.]. Anais [...]. [S. l.]: ANPOCS, 2020.  Disponível
em: https://www.anpocs2020.sinteseeventos.com.br/atividade/view?
q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNjoiYToxOntzOjEyOiJJRF9BVElWSURBREUiO3M6MzoiMTQwIj
t9IjtzOjE6ImgiO3M6MzI6IjM3MjU5Nzg1YmZjNzc2ZTAwYTU3NzYwZjJkODIyMTc3Ijt9&ID_ATIVID
ADE=140. Acesso em: 6 dez. 2022. 
 SAVIANI, D. A pedagogia no Brasil: história e teoria. Campinas, SP: Autores Associados, 2008.  
Aula 3
A educação brasileira nos governos Collor, FHC, Lula e Dilma
Introdução
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Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Compreender o processo histórico torna-se importante no sentido de que, nos governos de
Collor, FHC, Lula e Dilma, a gestão democrática da educação foi mostrada por meio da
descentralização dos processos decisórios, com a participação de segmentos da sociedade, de
uma forma a contribuir, acompanhar, controlar e avaliar as ações feitas por esses governantes,
como a utilização de verbas públicas na política educacional, criando projetos sociais de práticas
pedagógicas, visando a uma modernidade nas políticas de acesso a todos da sociedade
brasileira nas áreas de economia, educação, saúde e desenvolvimento social. O governo de
Fernando Collor de Mello (1991-1995), na área da educação, criou o Projeto de Reconstrução
Nacional (1991) para compartilhar as responsabilidades entre governo, sociedade e iniciativas
privadas, porém �cou apenas no papel. Enquanto outros governos, como de Fernando Henrique,
Lula e Dilma, as políticas públicas foram presentes na sua efetivação para a sociedade brasileira.
Mesmo que em algum momento a política neoliberal existisse, nada impediu que questões
sociais e econômicas também caminhassem, mesmo que lentamente.   
O neoliberalismo na educação brasileira
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Nos princípios norteadores do neoliberal estava presente a ideia de uma prática produtivista,
tendo como conceito a acumulação de capital humano que concebe educação como preparação
dos homens para um determinado mercado de trabalho, cuja principal preocupação é com a
capacidade humana enquanto capital, o que coloca o homem como um simples objeto no
processo produtivo na sociedade de economia de mercado. Assim, destaca-se a importância da
educação como solução para as desigualdades econômicas, como forma e mecanismo de
ascensão social (MIRANDA, 1997; RAMOS, 2003). Os governos que surgem nesse período
�caram conhecidos pelos nortes neoliberais.  
Qual era o principal objetivo do Plano Collor? O Plano Collor foi um plano econômico lançado em
1990, cujo objetivo era controlar a in�ação no Brasil. O governo Collor, também denominado
como a Era Collor, foi um período da história política brasileira iniciado pela posse do presidente
Fernando Collor de Mello, em 15 de março de 1990, e encerrado por sua renúncia da presidência
em 29 de dezembro de 1992. A proposta do Plano Collor era minimizar e estabilizar a economia,
congelando depósitos em contas corrente e poupança. Collor era chamado de “caçador de
marajás”, termo utilizado entre os alagoanos para descrever as pessoas que se bene�ciavam da
burocracia estatal e envolvidas em escândalo de corrupção, impeachment e renúncia. Fernando
Collor (1990-1992) iniciou um período da nova ordem mundial, e o mercado passou a regular as
relações humanas, tomando os direitos dos cidadãos, como saúde, educação e cultura, assim as
políticas educacionais, nesse governo, foram atualizadas por um forte clientelismo. A
privatização na educação mantinha políticos conservadores e uma política de muitos discursos e
pouca ação.  
De acordo com Palmas Filho (2005), no Brasil, o neoliberalismo começa a ascender no início dos
anos de 1990, com a posse de Fernando Collor de Mello, tendo sofrido certa descontinuidade
durante a presidência de Itamar Franco e uma aceleração na gestão do presidente Fernando
Henrique Cardoso, principalmente no seu primeiro mandato (1995-1998). No governo de FHC,
tivemos propostas de valorização da educação; valorização do magistério; gestão democrática;
criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei nº 9.394/96);
regulamentação, de modo a garantir maior autonomia à escola; ênfase na avaliação de
resultados, como forma de controle mais e�ciente (SAEB, ENEM, ENC, PROVÃO e CAPES); um
Ministro da Educação em seus dois mandatos, Paulo Renato de Souza, que determinou novas
formas de �nanciamento, gestão e avaliação da educação básica.  
O primeiro mandato do governo Lula foi marcante no campo da educacional, muito mais por
permanência do que por rupturas em relação ao governo anterior, ações esparsas e uma grande
diversidade de programas especiais, em sua maioria, em um público focalizado entre os mais
vulneráveis. O Bolsa Família tem sido apontado como um importante projeto no setor de
distribuição de tais políticas, como programas dirigidos à juventude, tais como a educação. É
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
importante colocar que, no governo Lula, voltou-se a fazer escolas técnicas e pro�ssionalizante
por todo o Brasil.  
O governo Dilma reconstruiu a gestão da educação brasileira, corrigiu a política da indiferença e
organizou novas práticas: uma política integrada de ensino, da creche à universidade, com
educação básica de qualidade; democratização do acesso ao ensino público ao ensino e garantia
de permanência dos alunos na escola.     
In�uência neoliberal na América Latina e no Estado brasileiro
No �nal  da década de 1980, alguns países da América Latina estavam em dé�cit econômico, e o
papel do Estado passava por rede�nição, como consequência da crise e do esgotamento do
Estado, assim, as reformase o aparato de funcionamento do Estado consolidavam-se nos anos
de 1990, por meio de um processo de desregulamentação na economia da privatização das
empresas produtivas estatais, da abertura de mercados e das reformas de sistemas de
previdência social e saúde e educação, descentralizando seus serviços e otimizando seus
recursos (SOUZA; FARIA, 2004). Na educação, as reformas efetivas tiveram por paradigma os
diagnósticos e os princípios em que estavam os pressupostos da teoria do capital humano
(MIRANDA, 1997; RAMOS, 2003). Princípio neoliberal enfatiza a educação como uma relação de
poderes, incentivando o desenvolvimento de atitudes de competitividade, de acordo com as suas
necessidades do mercado, transformando a educação em uma mercadoria, diminuindo sua
atenção dentro do campo social.
Outro ponto que se aproxima da governabilidade neoliberal é a conversão de escolas e
universidades. “A prática e a relação do neoliberalismo com a educação se dão em diversos
aspectos, tais como: as concepções pedagógicas, a avaliação escolar, a municipalização da
educação, a exclusão violenta dentro das escolas, a ideologia dos conteúdos: qualidade,
quantidade distribuição, privatização de educação.” (CAPRIOGLIO et al., 2000) Em poucas
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
palavras, percebe-se que o neoliberalismo é um conjunto de ideias políticas e econômicas
capitalistas que defende a não participação do estado na economia. Segundo Galvão (1997),
toda prática neoliberal é o mercado e, por conseguinte, o consumo; nasceu na chamada Escola
de Chicago, através dos postulados de dois economistas, Milton Friedmann e Frederic Hayek, na
crise econômica dos anos 1960, com a acusação de o Estado ser o responsável pela crise. No
discurso neoliberal, a educação deixa de ser parte do campo social e político para ingressar no
mercado e funcionar sua semelhança. Vale ressaltar três objetivos relacionados ao que a retórica
neoliberal atribuiu ao papel estratégico da educação:  
1. Atrelar a educação escolar à preparação para o trabalho e a pesquisa
acadêmica ao imperativo do mercado ou às necessidades da livre iniciativa. O
mundo empresarial tem interesse na educação porque deseja uma força de
trabalho quali�cada, apta para a competição no mercado nacional e
internacional. [...] 
2. Escola um meio de transmissão dos seus princípios doutrinários. [...] 
3. Fazer da escola um mercado para os produtos da indústria cultural e da
informática, o que, aliás, é coerente com ideia de fazer a escola funcionar de
forma semelhante ao mercado, mas é contraditório porque, enquanto, no
discurso, os neoliberais condenam a participação direta do Estado no
�nanciamento da educação, na prática, não hesitam em aproveitar os subsídios
estatais para divulgar seus produtos didáticos e paradidáticos no mercado
escolar. (MARRACH, 1996, p. 46-48) 
 Para Cacciamali (2000), na dimensão do mercado, o processo de informalidade na América
Latina revelou, por meio da destruição, adaptação e rede�nição, um conjunto de instituições,
regras e normas envolvendo as relações entre as empresas, a �m de organizar sua produção,
distribuição, processos de produção de trabalho, formas de inserção, relações de trabalho e
conteúdos dessas ocupações. Ainda conforme a autora, essas características provocaram dois
fenômenos: (1) a reorganização do trabalho assalariado e um consequente aumento da
vulnerabilidade nas situações de trabalho e (2) um aumento do emprego por conta própria e
estratégias de sobrevivência, associadas ao setor informal, em atividades de baixa produtividade,
que revelam uma precarização do trabalho.  
Trabalho, pobreza e sociedade  
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
É o trabalho que nos diferencia de todos os demais seres existentes e apresenta-se
como atividade constitutiva do indivíduo, o ato gênese. É na relação do indivíduo com
o mundo, mediada pelo trabalho, que surgem os demais complexos sociais, como a
linguagem, a ciência, a educação, a ética, o direito etc. Destes destacamos, nesta
pesquisa, o complexo da educação como responsável pela elevação humana do ser
social, considerando sua função primordial de possibilitar ao indivíduo singular a
apropriação e a reelaboração do acervo produzido e acumulado pelo coletivo da
humanidade e prepará-lo para o convívio em sociedade. (SANTOS, 2018, p. 7)  
 
Desse modo, a educação em sentido restrito passa a servir como estratégia de validação das
classes dominantes e assume perspectiva dualista, pois apresenta um modelo para a classe
burguesa, cuja função é a elevação intelectual, e outro para as classes populares, voltada à
preparação de mão de obra barata para o mercado. Nesse âmbito, a educação, tanto em sentido
amplo como em sentido estrito, tende a caminhar mais na direção de dar respostas à
sobrevivência e expansão do capital do que na perspectiva de atendimento às necessidades
humanas. O trabalho tornou-se um paradoxo: possui o poder de engendrar o mundo e o ser
humano ao mesmo tempo que estrati�ca e exclui; é capaz de colocar em interação indivíduos
numa mesma atividade, enquanto separa a sociedade em abismos; produz valores de uso para
satisfazer necessidades humanas, ao passo que serve para a acumulação e má distribuição de
riqueza por meio da produção do excedente; enquanto ação criadora que produz beleza, fabrica
também a miséria do mundo; ao mesmo tempo que afasta o indivíduo das barreiras naturais,
pode, sem constrangimento algum, subjugá-lo. O trabalho garante ao trabalhador apenas o
su�ciente para mantê-lo vivo, para preservar sua força vital necessária à atividade produtiva.
Nessas condições, deixa de ser atividade constitutiva e engrandecedora do ser para se tornar
atividade estranhada, degradante, na medida em que suga do indivíduo sua força e vitalidade e
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
nega sua dimensão humana, como tempo para a família, para o lazer, investimento na sua
formação intelectual etc. De modo que somente fora do trabalho o trabalhador se sente
verdadeiramente realizado, enquanto no trabalho sente-se oprimido, aviltado (MARX, 2006).
Nesta sociedade, o trabalhador não tem como objetivo da sua ação o produto do seu trabalho,
mas um salário pago no �nal da sua jornada. Salário esse que não o coloca na condição de
consumidor, já que, para sê-lo, é necessário estar em condição de custear o produto. Nesse
sentido, apenas uma pequena parcela da sociedade é chamada ao consumo, enquanto a outra é,
através do depauperamento, privada não apenas do produto mas também de sentir
determinadas necessidades que estão vinculadas a determinados estilos de vida, alheios à sua
condição (SANTOS, 2018). 
Videoaula: A educação brasileira nos governos Collor, FHC, Lula e Dilma
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Nesta aula, os conteúdos trabalhados servirão para a compreensão dos conceitos de uma
prática neoliberal e suas consequências sociais e políticas para uma nação e seu povo,
observando o efeito dela na América Latina de um modo geral. Assim, você poderá ter uma
melhor leitura do que o povo, em especial o brasileiro, viveu de forma amarga nesse período.
Além disso, você entenderá a prática neoliberal e saberá como foi o governo do presidente
Fernando Collor de Mello e sua saída, terá um olhar para a abertura democrática com o
presidente Fernando Henrique Cardoso como um estadista respeitado, mas com uma visão em
determinado momento neoliberal. Finalizará esse período da história com Luiz Inácio Lula da
Silva e Dilma como os democratas da história.   
Saiba mais
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https://www.youtube.com/watch?v=r4e2fuO5yVM 
https://www.youtube.com/watch?v=X9fyHEoM7dk
Referências
https://www.youtube.com/watch?v=r4e2fuO5yVM
https://www.youtube.com/watch?v=X9fyHEoM7dk
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
CACCIAMALI, M. C. Globalização e processo de informalidade. Economiae Sociedade,
Campinas, SP, v. 9, n. 1, p. 153–174, 2016. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643124. Acesso em: 9 dez.
2022. 
CAPRIOGLIO, C. A. et al. Análise da L.D.B. da Educação Nacional Lei nº 9394/96. Visão Filosó�co-
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GALVÃO, A. M. A crise da ética: o neoliberalismo como causa da exclusão social. 4. ed.
Petrópolis: Vozes, 1997. 
MARRACH, S. A. Neoliberalismo e Educação. In: GUIRALDELLI JUNIOR, P. (org.). Infância,
Educação e Neoliberalismo. São Paulo, SP: Cortez, 1996. p. 42-56.   
MARX, K. Processo de trabalho e processo de produzir mais-valia. In: O capital: crítica da
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MIRANDA, M. G.de. Novo paradigma de conhecimento e políticas educacionais na 
América Latina. Caderno de Pesquisa, São Paulo, n. 100, p. 37-48, mar. 1997. 
PALMA FILHO, J.C. Política educacional brasileira: educação brasileira numa década de incerteza
(1990-2000): avanços e retrocessos. São Paulo: Cte, 2005. 
RAMOS, A. M. P. O �nanciamento da educação brasileira no contexto das mudanças político-
econômicas pós-90. Brasília: Plano, 2003. 
SANTOS, M. E. de M. Relações históricas entre trabalho, educação e pobreza. Teresina, PI:
EDUFPI, 2018. 124p. 
2004. S. D. B. de; FARIA, L. C. M. Políticas de �nanciamento da educação municipal no Brasil
(1996-2002): das disposições legais equalizadoras às práticas político-institucionais
excludentes. Ensaio: avaliação e políticas públicas em educação, Rio de Janeiro, v. 12, n. 42,
p. 564-582, jan./mar. 2004.
Aula 4
A educação brasileira após 2015
Introdução
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643124
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
É necessário compreender que, em 2015, �cou na história da educação brasileira um grande
momento histórico de transformação. O Brasil �cou conhecido como a chamada “Pátria
Educadora”. Assim, �ca claro para a sociedade que a nação está muito distante de uma
educação exemplar e uni�cada ao modelo honesto que o povo merece. Nesse processo, o
protagonista ainda não foi o povo; em uma sociedade tão desorganizada, a educação e o
educando �carão sempre de fora do próprio protagonismo educacional. 
A sociedade civil e os estudantes secundaristas organizados lutaram contra uma proposta de
“reorganização do ensino” em São Paulo, muito bem divulgada pelo Portal Aprendiz, do UOL, em
dezembro de 2015, quando o estado pretendia fechar algumas escolas e transferir outros tantos
alunos, criando um transtorno para cerca de 300 mil alunos da rede escolar. 
O movimento organizado pelos estudantes secundaristas, com o apoio da sociedade civil, foi
criando força e entusiasmo pela sociedade, lutando também pela não privatização do ensino
público. Diante disso, depois de algumas reuniões com o governo e um mês de grande
mobilização intensa e lutas claras e objetivas, frente ao estado, a ideia se espalhou pelo Brasil,
criando mais força de luta. Assim, após encontros entre as autoridades da educação, o governo
Geraldo Alckmin se viu obrigado a revogar o decreto da reorganização.  
Políticas educacionais atuais e seus desa�os
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
É importante que a sociedade civil entenda que a política educacional será sempre uma arma
conduzida pelo Estado, para a criação de posturas, como as práticas pedagógicas exigidas em
seus protocolos. As políticas públicas de educação ou de qualquer outra pasta do governo
sempre estarão a favor de um modelo de sociedade e de desenvolvimento social e político que o
Brasil ou outra nação possa estar em processo. O que alguns governos não compreendem é que
toda política educacional deve ter a participação coletiva da sociedade. Para a construção do
projeto transformador de educação, ouvir o povo é necessário. No Brasil, a educação passa por
uma construção constante em todos os governos, mas sempre sem ouvir o povo. 
Veremos, agora, o que são as políticas públicas da educação, como são implementadas e quais
são as vigentes no Brasil. Nesse sentido, serão apresentados elementos utilizados pelo poder
público para compreender as políticas públicas educacionais vigentes no país.  
O estado de São Paulo sempre teve o interesse de expandir o acesso às escolas públicas,
procurando oferecer a todos, tanto na educação infantil, na educação básica, no ensino
fundamental, no ensino médio e na Educação de Jovens e Adultos (EJA). O que sempre foi difícil
de combater é a saída de alunos em tempo de escola, a chamada evasão escolar. O governo tem
como objetivos maximizar o acesso à escola pública; oferecer uma educação de qualidade;
alfabetizar cada vez mais crianças, jovens, adultos e idosos; reduzir e combater a evasão escolar;
minimizar a subnutrição e a miséria; alargar a digitalização do ensino; repassar recursos públicos
para instituições de ensino.  
Criadas pelo Poder Legislativo e em propostas enviadas pelo Poder Executivo, as políticas
educacionais são adotadas a partir de leis federais, estaduais e municipais. As leis educacionais
contam com o apoio de representantes da sociedade civil e de classes da educação, através de
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
conselhos e outras formas de organização. A iniciativa popular, como um modelo garantido pela
democracia participativa, contribui para que as demandas de parte ou de toda a população sejam
ouvidas e efetivadas.  
O que se espera da educação no século XXI? A educação deste século traz a necessidade de um
olhar mais apurado sobre a sala de aula e, em especial, sobre a relação entre docente e aluno.
Devemos construir coletivamente e dinamicamente a aprendizagem, para que os estudantes
compartilhem experiências e busquem métodos de ensino ativos.  
São alguns desa�os atuais da educação:  
O excesso de alunos na escola.  
Aspectos econômicos. 
Con�itos relacionados à convivência escolar. 
Pertinência da legislação.  
A educação exigirá dos educadores futuros um olhar e uma prática diferenciados aos novos
modelos de entendimento do conhecimento. Preparar cada vez mais o educando para a vida em
sociedade e para as práticas do mundo do trabalho. É sempre bom entender que, a partir do novo
currículo escolar, os jovens terão oportunidades de informação futuras para ingressarem em
atividades mais produtivas e artísticas, com um olhar para um futuro pro�ssional criativo e
atuante. A cada tempo histórico social, a sociedade capitalista exige saberes diferentes e
práticas mais atuantes, para melhor atender ao corpo social vigente. É sempre importante
compreender que, em tempos modernos que estamos vivendo, exige-se uma sociedade com
conteúdos e preparada para as relações humanas pessoais e interpessoais. Hoje, o mundo do
trabalho continua exigindo tudo isso e mais preparo com as habilidades e competências
desenvolvidas, e é aí que entra a escola, como ponte desses saberes, criando a interlocução com
a sociedade do trabalho, preparando o aluno e cidadão para novos enfrentamentos e
exigências.   
Juventude e mudanças no ensino médio – Um novo olhar
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A nova proposta de ensino será um modelo que contará com áreas de conhecimento, permitindo
ao educando fazer algo diferenciado para sua carreira e conhecimento universal. Ele terá a
oportunidade de estar em um processo constante de aprendizagem dos novos componentes do
Inova Educação e Aprofundamentos Curriculares, tendo a chance de trilhar outros caminhos,
chamados de itinerários formativos, que fornecerão ao jovem estudante a oportunidade de
construir uma carreira ao longo do ensino médio, o chamado projeto de vida, possibilitando a
chegada ao ensino superior. A estrutura do novo ensino médio se iniciará a partir de 2022, para a
2ª série, e de 2023, para a 3ª série, sendo a escola responsável por distribuir ao aluno seus
itinerários formativos, favorecendo as seguintes áreas de conhecimento: Linguagens e suas
Tecnologias, Matemáticae suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Ciências
da Natureza e suas Tecnologias – ou formação técnica e pro�ssional. 
A proposta do Novo Ensino Médio surge após a visualização de uma estagnação dos índices de
desempenho dos estudantes brasileiros. É sabido que o ensino médio é a etapa de ensino que
tem as maiores taxas de evasão, reprovação e distorção idade-série com atraso escolar de dois
anos ou mais. Essa reformulação justi�ca-se por um ensino de baixa qualidade, generalista, com
número excessivo de disciplinas, alto índice de evasão e de reprovação e muito aquém das
necessidades dos estudantes e dos problemas do mundo contemporâneo.  
De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2020 (PORTAL DA INDÚSTRIA, 2022),
apenas 65,1% dos brasileiros concluíram o ensino médio na idade esperada, até os 19 anos –
percentual que chega a 51,2% entre os mais pobres. E 12% dos brasileiros com idades entre 15 e
17 anos estão fora das salas de aula. A escola precisa, portanto, conversar com a realidade atual,
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
promover um ensino alinhado com as necessidades dos estudantes e os preparar para viver em
sociedade e enfrentar os desa�os de um mercado de trabalho dinâmico.  
Quais são os benefícios do Novo Ensino Médio? A implementação do Novo Ensino Médio traz
benefícios para alunos e professores. Como ponto principal, ele disponibilizará mais tempo para
os estudantes aperfeiçoarem conhecimentos especí�cos importantes para o futuro pro�ssional
escolhido por cada um. Também, contribuirá com o desenvolvimento da carreira dos alunos,
assim como seu projeto de vida. As escolas priorizarão atividades que promovem a cooperação,
a resolução de problemas, o desenvolvimento de ideias, o entendimento de novas tecnologias, o
pensamento crítico, a compreensão e o respeito.  
O que muda na rotina das escolas? A educação maker, conceito que foca na aprendizagem por
meio de atividades e soluções práticas (“mão na massa”) aliadas à inovação, à criatividade, à
sustentabilidade e à autonomia, ganha ainda mais força. A matriz de referência curricular pode
ser organizada por disciplina ou por área de conhecimento e haverá a oferta de cinco itinerários.
A carga horária de ensino também sofrerá alteração e, de maneira progressiva, todas as escolas
de ensino médio passarão a ter ensino integral.  
Estudo e conhecimento
No início do processo de conhecimento da implantação do projeto do Novo Ensino Médio,
ocorreu uma resistência muito grande por parte de professores e alunos, mas, ao entenderem o
desenvolvimento e como tudo seria, através de informações e materiais didáticos, o processo foi
mais aceito. Materiais educacionais e conteúdos informativos, como infográ�cos e e-books,
trouxeram dados relevantes e dicas práticas para toda comunidade escolar.  
Pensando nas novas estruturas da educação, caso a Secretaria da Educação de São Paulo, junto
aos secundaristas e à sociedade civil, aceite o acordo da nova opção do ensino por itinerários
por áreas de conhecimento, pensaremos em uma formação técnica e pro�ssional para os
nossos educandos, ou optaremos por uma prática de ensino integrado, como já vem ocorrendo
em algumas escolas do estado. É importante colocar que a direção da escola, junto à sua equipe
de gestão e pedagógica, terá a livre escolha para os chamados itinerários na formação do
educando, devendo ter, no mínimo, dois, contemplando todas as áreas do conhecimento.  
Quanto às mudanças para 2022 no Ensino Médio Já, teremos alterações já na estrutura de
ensino médio, por exemplo, disciplinas terão que cumprir parte do conhecimento por itinerários e
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
por área de conhecimento, como ocorre hoje na divisão do Enem. Obedecendo, assim, à matriz
curricular existente por disciplinas que já são ministradas em sala de aula com o educando,
sendo que as disciplinas permanecerão com os seus professores especialistas, como está hoje,
apenas com um olhar e uma prática interdisciplinares. O que se espera de cada pro�ssional de
educação é que tenha em sua prática o incentivo à utilização da tecnologia como ferramenta e
metodologias ativas ao novo currículo do estado de São Paulo, a �m de facilitar o processo de
ensino-aprendizagem dos alunos e ser um facilitador ao professor, criando e desenvolvendo um
maior incentivo motivacional ao educando com seus novos itinerários informativos.  
Essas mudanças só terão sucesso com a participação da sociedade civil, dos conselhos de
classe e da escola, frente à gestão e coordenação pedagógica, assim teremos um exercício não
somente da cidadania mas também a construção de uma educação �el àquela que os
estudantes necessitam. Quando falamos da participação, referimo-nos à construção de uma
atividade em prol da educação que vise a melhores resultados, os quais serão satisfatórios à
medida que participarmos e opinarmos para resultados construtivos para uma sociedade
transformadora.  
É importante compreender que o conhecimento na formação do jovem do ensino médio é muito
construtivista na sua postura humana e nos processos intelectuais que ocorrerão nesse
momento. Nesse sentido, o acompanhamento da escola é um processo sempre de construção
em conjunto com alunos, gestão e coordenação, sempre em mudança para a sociedade. 
Videoaula: A educação brasileira após 2015
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Nesta aula, a partir dos conteúdos trabalhados, você compreenderá o que representa uma
sociedade e um povo organizado em um só propósito de educação e cultura, o grande
movimento de reorganização da escola pública e seus efeitos para o jovem estudante pobre e
desprovido de bens culturais e sociais. O movimento secundarista em 2015 chacoalhou a
educação brasileira, tornando-se algo histórico.   
Saiba mais
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
FAQ do Novo Ensino Médio  
Em caso de dúvidas, acesse o Atendimento Educação. 
Referências
https://novoensinomedio.educacao.sp.gov.br/assets/docs_ap/FAQ-Novo_ensino_medio_.pdf
https://atendimento.educacao.sp.gov.br/
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 28 ago. 2022. 
CAVALIERE, A. M. Escolas públicas de tempo integral: uma ideia forte, uma experiência frágil. In:
CAVALIERE, A. M.; COELHO, L. M. C. Educação brasileira e(m) tempo integral. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2002.  
INSTITUTO AYRTON SENNA. Modelo Pedagógico: princípios, metodologias integradoras e
avaliação da aprendizagem. Diretrizes para a política de educação integral - Solução educacional
para o ensino médio. São Paulo, SP: Instituto Ayrton Senna, 2015.  
INSTITUTO AYRTON SENNA. Manual de aplicação do instrumento de avaliação formativa para o
desenvolvimento socioemocional. São Paulo, SP: Instituto Ayrton Senna, 2016.  
MACHADO, N. J. A vida, o jogo e o projeto. In: MACHADO, N.; MACEDO, L.; ARANTES, V. Jogo e
Projeto: pontos e contrapontos. São Paulo, SP: Summus, 2006.  
PORTAL DA INDÚSTRIA. Novo Ensino Médio 2022: entenda tudo que muda. Portal da Indústria,
2022. Disponível em: https://www.portaldaindustria.com.br/industria-de-a-z/novo-ensino-medio/.
Acesso em: 30 nov. 2022. 
SÃO PAULO. Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Currículo Paulista. São Paulo, SP:
SEDUC/SP, 2019. 
VALENTE, J. A. A sala de aula invertida e a possibilidade do ensino personalizado: uma
experiência com a graduação em midialogia. In: BACICH, L.; MORAN, J. Metodologias ativas para
uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre, RS: Penso, 2015. 
 
Aula 5
Revisão da unidade
Conhece e compreende os principais conceitos de História para análise
crítica da educação
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
https://www.portaldaindustria.com.br/industria-de-a-z/novo-ensino-medio/
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃOA história é uma ciência humana que estuda o desenvolvimento do homem ao longo do tempo,
analisando processos históricos, personagens e fatos para promover uma melhor compreensão
dos períodos históricos, das diferentes culturas e civilizações. 
Um dos seus principais objetivos é o resgate das características culturais de um povo e seu
contexto para que seja possível entender as formas como ele se desenvolveu ao longo do
tempo. 
O aprendizado da história traz uma forte contribuição para a formação do sujeito, tendo como
objetivo principal a formação cidadã do ser humano, pois essa disciplina apresenta dados sobre
o contexto global e multicultural onde se inserem os indivíduos. 
Para cuidar da oferta e do acesso dos estudantes aos programas de ensino e projetos
curriculares, o Estado atua nesse âmbito por meio de políticas públicas destinadas à população
em idade escolar. 
Portanto, o Estado norteia seus projetos com vistas a resolver as grandes demandas sociais,
como a redução dos índices de analfabetismo, a democratização do ensino, o preparo para o
mundo do trabalho e o acesso à tecnologia, entre outros. Como forma a atender e resolver essas
demandas, cabe ao Estado construir suas políticas educacionais em diálogo franco e aberto com
a sociedade, promovendo e praticando a pedagogia da escuta, permitindo que comunidade
escolar, por meio dos conselhos legalmente constituídos, tenha voz nas decisões. 
Atualmente, entre os objetivos do governo em relação à educação, destacam-se a ampliação do
acesso à escola pública, a oferta de níveis elevados de qualidade, a superação do quadro crônico
de analfabetismo infanto-juvenil, a Educação de Jovens e Adultos, o controle da fome, e a oferta
de saúde de qualidade. 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Na atual conjuntura, o que se espera da educação é a capacidade de um olhar diferente sobre a
sala de aula, em especial, sobre a relação entre docente e aluno. Cada vez mais, há uma
construção coletiva e dinâmica da aprendizagem, com estudantes compartilhando experiências
buscando métodos de ensino ativos. 
A escola e seus agentes enfrentam muitos desa�os derivados das grandes mudanças ocorridas
no século XXI. Hoje há a necessidade de se preparar o estudante para a vida e o trabalho num
mundo que traz muitas inovações e incógnitas. 
Para isso, será necessário um ensino que valorize mais a compreensão e o raciocínio do que a
memória meramente mecânica, além do desenvolvimento de habilidades socioemocionais,
cognitivas e capacidade de trabalhar em grupo, por meio de aprendizagem colaborativa. 
Portanto, para projetar um futuro incerto, os educadores deverão conhecer bem a história das
gerações precedentes, buscando no conhecimento que essa área nos fornece, elementos de
compreensão que possam contribuir para o desenho de cenários por ora inimagináveis. 
Videoaula: Revisão da unidade
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 A história é uma ciência humana que estuda o desenvolvimento do homem no tempo,
analisando processos históricos, personagens e fatos para promover uma melhor compreensão
dos períodos históricos, das diferentes culturas e civilizações. 
O aprendizado da história traz uma forte contribuição para a formação do sujeito, tendo como
objetivo principal a formação cidadã do ser humano, pois essa disciplina apresenta dados sobre
o contexto global e multicultural onde se inserem os indivíduos     
Estudo de caso
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
No contexto do cenário educacional contemporâneo, encontramos medidas que são de
fundamental importância para o avanço da democratização do ensino no Brasil. Um deles é a
atual reforma do Ensino Médio. 
Considerando o conteúdo do texto abaixo, podemos dizer que a reforma do Ensino Médio tem de
fato características tão positivas? 
A necessidade de reformulação da atual estrutura do Ensino Médio, adveio de análises
estatísticas que vêm há mais de uma década monitorando os resultados de desempenho de
estudantes dessa etapa da educação nacional. 
De acordo com pesquisas recentes, advindas da consolidação de dados coletados pelo governo
federal sobre os resultados do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), tem havido uma
cristalização dos índices de aprendizagem por parte dos estudantes, além do aumento das taxas
de abandono, reprovação e atraso escolar com média de dois anos ou mais.  
Nesse sentido, surgiram por parte das autoridades um rol de justi�cativas que levaram à
proposta de reformulação desse modelo, que no entender de especialistas educacionais vem se
esgotando em termos de qualidade, organização curricular sobrecarregada com um grande
número de componentes curriculares e distante da realidade concreta vivida pelos alunos. 
Decorre dessa propositura de reforma, a necessidade de a escola se aproximar mais da
realidade, procurando aproximar os conteúdos contemplados pelo currículo do Ensino Médio,
com os grandes temas sociais contemporâneas. 
Nessa perspectiva, uma das prioridades no entendimento dos técnicos responsáveis pela nova
organização do Ensino Médio, é a ampliação do tempo destinado aos estudantes, para que
possam se aprofundar em temas especí�cos do currículo que certamente trarão contribuição
para o seu futuro desempenho pro�ssional. 
Assim, ao poder usufruir de um tempo maior para a dedicação e foco em assuntos acadêmicos,
os estudantes poderão se bene�ciar da possibilidade de vislumbrarem temas que servirão de
norte para projetos de vida que poderão planejar enquanto estiverem frequentando a escola. Por
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
meio da cooperação, trabalho em grupo, estratégia de resolução de problemas, os estudantes
poderão desenvolver durante esse período da sua escolaridade, habilidades mais próximas do
atual mercado de trabalho, além de se aproximarem dos instrumentos tecnológicos
contemporâneos ao mesmo tempo em que desenvolvem o pensamento crítico e a ética. 
Além desses benefícios, com a presença de novas metodologias de ensino, a aprendizagem será
mais contextualizada e motivadora.  
______
Re�ita
Podemos dizer que a reforma do Ensino Médio tem, de fato, características tão positivas,
conforme o anunciado?
Videoaula: Resolução do estudo de caso
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No contexto do cenário educacional contemporâneo, encontramos medidas que são de
fundamental importância para o avanço da democratização do ensino no Brasil. Um deles é a
atual reforma do Ensino Médio. 
Considerando o conteúdo do texto abaixo, podemos dizer que a reforma do Ensino Médio tem de
fato características tão positivas, conforme o anunciado? 
A proposta do Novo Ensino Médio surgiu após a percepção de uma estagnação dos índices de
desempenho dos estudantes brasileiros, além do agravante de ter essa etapa educacional,
grandes taxas de abandono, índices altíssimos de reprovação e um atraso escolar de dois anos
ou mais. 
Foram muitas as justi�cativas para reformular a última etapa da educação básica: a baixa
qualidade de um ensino genérico, com uma quantidade excessiva de disciplinas, evasão, de
reprovação, além de distante das demandas cotidianas e reais do aluno. 
De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2020, apenas 65,1% dos brasileiros
concluíram o Ensino Médio na idade esperada, até os 19 anos percentual que chega a 51,2%
entre os mais pobres. E 12% dos brasileiros com idades entre 15 e 17 anos estão fora das salas
de aula. 
Nesse sentido, cabe à instituição escolar promover o diálogo entre os conteúdos curriculares e a
realidade contemporânea, por meio de um ensino que esteja alinhado com as necessidades dos
estudantes, preparando-os assim para a vida em sociedade e o enfrentamento dos desa�os de
um mercadode trabalho altamente dinâmico. 
A implementação do novo ensino médio traz benefícios para alunos e professores.
Primeiramente, destacado como ponto principal, que será possível disponibilizar mais tempo
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
para os estudantes aprofundarem em conhecimentos especí�cos que vão agregar e são
importantes para o futuro pro�ssional que cada um escolher. 
O Novo Ensino Médio contribui ainda com o desenvolvimento do projeto de vida e carreira dos
alunos, já que as escolas deverão priorizar atividades que promovam a cooperação, a resolução
de problemas, o desenvolvimento de ideias, o entendimento de novas tecnologias, o pensamento
crítico, a compreensão e o respeito. 
A forma como o Ensino Médio será implementado, trará muitos ganhos para docentes e
discentes. Primeiramente, destacado como ponto principal, que será possível uma dilatação do
tempo a �m de que os alunos tenham mais oportunidades para aprofundarem em temas de seu
interesse e em assuntos mais especí�cos, que muitos contribuirão para o seu futuro
pro�ssional. 
A reforma do Ensino Médio vai auxiliar os estudantes no desenvolvimento de projetos de vida e
carreira, já que as escolas irão propor uma programação promotora de habilidades
socioemocionais, cognitivas, incentivando a criatividade e o manejo de tecnologias
contemporâneas 
Outro benefício da nova metodologia é o de proporcionar menos aulas expositivas e focar mais
em projetos, o�cinas, cursos e atividades práticas e signi�cativas. 
Nessa perspectiva, em resposta ao estudo de caso aqui proposto, podemos considerar que o que
a justi�cativa de reforma do Ensino Médio poderia ser positiva caso as autoridades
governamentais respeitassem as etapas do processo de implementação dessa proposta, o que
infelizmente não ocorreu, pois, a reforma pensada foi “atropelada” por uma Medida Provisória
decretada pelo governo de Michel Temer. 
Como responsáveis pelo Ensino Médio, conforme dispõe a LDB em vigor, os estados e o Distrito
Federal deveriam ser consultados sobre a proposta de reforma desse nível de ensino. No entanto,
nem mesmo foram informados, sendo surpreendidos com a entrada em vigor da referida reforma
uma vez que, sendo baixada por medida provisória, passou a valer imediatamente após sua
promulgação. 
Logo que foi promulgada a medida provisória foi alvo de uma avalanche de críticas provenientes
do Fórum Nacional de Educação, dos Conselhos e Secretarias estaduais de educação, assim
como de diversas entidades representativas dos pro�ssionais da educação. 
No entanto, o governo, em lugar de levar em conta as críticas revendo a orientação impressa à
reforma, ignorou-as e lançou uma agressiva campanha publicitária com muitas inserções diárias
nos meios de comunicação. 
Resumo visual
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Figura 1 | Principais problemas do ensino médio. Fonte: Ministério da Educação, Tribunal de Contas da União e Movimento
Todos pela Educação
Referências
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
RIBEIRO, D. “Velha e sábia serpente” (Entrevista). Presença Pedagógica. v. 2, n. 8, p. 5-13,
mar./abr. 1996. 
SAVIANI, D. A lei da educação (LDB): trajetória, limites e perspectivas. 13. ed. rev., atual. e ampl.
com um novo capítulo. Campinas: Autores Associados, 2016a. 
SAVIANI, D. Da LDB (1996) ao novo PNE (2014-2024): por uma outra política educacional, 5. ed.
rev., atual. e ampl. Campinas: Autores Associados, 2016b. 
SAVIANI, D. PDE – Plano de desenvolvimento da educação: análise crítica da política do MEC.
Campinas: Autores Associados, 2009. 
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Unidade 4
Fundamentos teóricos da educação
Aula 1
A ciência como promotora da educação
Introdução
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
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Desde o Iluminismo, no século XVIII, quando surgiu, a ciência vem passando por transformações
e in�uenciando o mundo e a vida do ser humano.  
Atualmente, o volume de elementos que ela produz por meio da atividade humana conduziu a
sociedade a uma nova ordem: a tecnológica. 
Nesse sentido, a educação vem sendo in�uenciada por esse acervo, trazendo para os
professores muitas di�culdades de acompanhar o novo ritmo, pois são migrantes digitais. 
O ideal da educação em ciência seria observar os comportamentos e as práticas que devem ser
formadas, a �m de se produzir propostas que articulem a ciência e os dilemas naturais, sociais e
culturais, em nível coletivo e individual. 
Do “achismo” à razão
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
O conhecimento advindo dos avanços cientí�cos e tecnológicos afeta toda a estrutura de nossa
existência material e de nossas instituições sociais, principalmente a escola, local onde ocorre a
transmissão do conhecimento.  
Nesse processo, o conhecimento divulgado precisa ser compreendido e interpretado pelo aluno,
que traz para a sala de aula as suas vivências empíricas e culturais. Nesse sentido, com a intensa
dinâmica tecnológica vivida pela sociedade nos dias atuais, o ensino dos conteúdos contidos
nos componentes curriculares passa a enfrentar um novo desa�o, qual seja o de apresentar a
ciência como produto de uma sociedade e de uma cultura, necessitando, portanto, de
contextualização com a realidade do aluno em um processo permanente de ação e re�exão. 
Os educadores precisam compreender o processo dialético que envolve a cognição e a
afetividade, a �m de que tenham condições de criar situações didáticas que levem o aluno à
compreensão de que a ciência não é apenas algo que se situa na escola, mas uma ação humana
que altera a natureza, a sociedade e o meio-ambiente no qual o estudante está inserido. 
Para Morin (2004, p. 57), 
O duplo fenômeno da unidade e da diversidade das culturas é crucial. A cultura
mantém a identidade naquilo que a vida humana tem de especí�co; as culturas
mantêm identidades sociais naquilo que têm de especí�co; as culturas são
aparentemente fechadas em si mesma para salvaguardar sua identidade singular.
Mas, na realidade, são também abertas: integram nelas, indivíduos não somente com
os saberes e técnicas, mas também ideias, costumes, alimentos, indivíduos vindo de
fora. 
Assim, a cultura do aluno não pode ser ignorada, e sua opinião a respeito dos elementos do
conhecimento curricular precisa ser considerada em um processo pedagógico que precisa ser
humanizado. Sem um processo didático que contextualize o conteúdo escolar com o conteúdo
da vida que o aluno experimenta fora da escola, o ensino se torna prejudicial e sem sentido para
o aluno que interage. 
Dessa forma, um conhecimento cientí�co apresentado na escola de forma descontextualizada é
encarado pelos estudantes como um processo de simples acúmulo de informações e nada mais,
permanecendo no nível do senso comum. 
Logo, a escola tem o importante papel de elevar o nível do conhecimento discente, pois o senso
comum que ele vive e traz para a escola é baseado no “achismo”, chamado pelos �lósofos de
“doxa” (opinião), um conhecimento empírico, “ingênuo”, popular, que se sustenta na
super�cialidade. 
O senso comum se baseia em opiniões fundamentadas em hábitos do cotidiano, espontâneos e
sincréticos. O saber adquirido empiricamente é fortuito, sem sistematização, fragmentado, que
tem como objetivo atender às demandas do dia a dia. Sua característica principal é o
imediatismo, sem profundidade. 
A educação escolar tem, portanto, nesse contexto, o papel de retirar o aluno desse estágio de
conhecimento e levá-lo para o universo do conhecimento cientí�co, sem descuidar da relação
dialética entre cognição e afetividade. 
A tarefa educacional nesse contexto, é a de desenvolver uma concepção e uma práxis mais
coerente com as demandas sociais contemporâneas, tanto dos educadores quanto das famílias
dos educandos, de forma a respeitar o legado ocidental do conhecimento produzido e
sistematizado. 
Disciplina
FUNDAMENTOSDA EDUCAÇÃO
O valor da compreensão
No cenário educacional contemporâneo, é fundamental o desenvolvimento de uma prática
pedagógica que incentive a construção da capacidade crítica do educando, entendendo por ela:
“[…] uma educação crítica, transformadora e emancipatória, que tem como �nalidade contribuir
para a construção de uma sociedade justa, democrática e sustentável e […] a intervenção
quali�cada” (QUINTAS, 2008, p. 31).  
Nesse sentido, é necessário apontar para uma educação que considere o cenário social e como
os seres humanos são capazes de modi�car hábitos com base em novas experiências, para
obter um aprimoramento sobre a vida. 
Para que isso seja possível, o currículo surge como um elemento primordial; e mais do isso, urge
a construção de uma proposta pedagógica pautada na ética e que que parta de um trabalho
coletivo, em que todas as necessidades e orientações educacionais estejam voltadas para o
alcance de objetivos compartilhados pelo coletivo da escola. 
Portanto, para que essa metodologia de trabalho, fundamentada em um currículo dialético
construído coletivamente, seja desenvolvida, o educador precisa conhecer e investigar o contexto
cultural vivido pelos estudantes, além de re�etir a seu respeito, a �m criar condições para que
eles criem e recriem os saberes cientí�cos contidos no projeto curricular. 
O processo de ensino e aprendizagem, portanto, deve ser capaz de relativizar os conteúdos
contidos no currículo, colocando-os em relação com os conhecimentos prévios que os
estudantes adquirem ao longo do processo educacional, reconhecendo a necessidade de se
desenvolver um senso crítico sustentado nas demandas humanas.  
Nesse sentido, a educação passa a ser essencial para o desenvolvimento do cidadão, tendo a
consciência do seu papel fundamental no processo de formação histórica e cultural dos alunos. 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Educar de forma mais próxima do pensamento cientí�co signi�ca praticar um ensino que permita
ao aluno o entendimento do papel que a ciência desempenha na sociedade, identi�cando-a como
um processo histórico e dinâmico, e não como um conhecimento “mágico” que subestima a
inteligência humana e a própria transformação histórica da sociedade. 
Assim, educar o aluno para o conhecimento cientí�co signi�ca formar um sujeito inserido de
forma consciente no contexto social concreto, pois, como explica Carvalho (2012, p. 77), “o
educador é por ‘natureza’ um intérprete, não apenas porque todos os humanos o são, mas por
ofício, uma vez que educar é ser mediador, tradutor de mundos”.  
Nessa direção, é preciso mostrar ao aluno de forma permanente, mediada pelo conteúdo e
prática do currículo, que a dinâmica da ciência e a da sociedade não são dois processos
distintos, pois existe uma interação entre a ciência e as condições sociais nas quais ela se
desenvolve, sendo que tentar isolar de alguma forma essa relação dialética que evidencia a ação
das forças sociais e econômicas é negar ao estudante o conhecimento do poder de ação
humana sobre a natureza. 
Segundo Morin (2007, p. 32), 
A compreensão entre sociedade e ciência supõe sociedades democráticas abertas, o
que signi�ca que o caminho da compreensão entre culturas, povos e nações passa
pela generalização das sociedades democráticas. Mas não nos esqueçamos de que,
mesmo nas sociedades democráticas abertas, permanece o problema
epistemológico da compreensão: para que possa haver compreensão entre as
estruturas de pensamento, é preciso passar à metaestrutura do pensamento que
compreenda as causas da incompreensão de uma em relação às outras, e que possa
superá-las. 
Compreender para atuar
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
“Os descobrimentos até agora feitos de tal modo são que quase só se apoiam nas
noções vulgares. Para que se penetre nos estratos mais profundos e distantes da
natureza, é necessário que tanto as noções quanto axiomas sejam abstraídos das
coisas por um método mais adequado e seguro, e que o trabalho do intelecto se torne
melhor e mais correto”. (BACON, 1973, P. 22, AFORISMO XVIII). 
Quando o pesquisador se dedica a uma investigação cientí�ca, ele se apoia em algum método,
que lhe possibilita fazer antecipações mentais. Estas por sua vez, se constituem como meios de
racionalizar o agir, auxiliando-o a fazer uma melhor adequação entre os meios e os �ns,
impedindo-o de guiar-se apenas por aquilo que é ocasional. 
Em certas circunstâncias, o pesquisador não pode contar apenas com os seus sentidos, pois
muitas vezes, eles são insu�cientes para a observação cientí�ca, tornando-se necessário, nesse
caso, o uso de instrumentos, pois os mesmos fornecem maior rigor à observação, tornando-a
mais objetiva. 
Nesse sentido, uma primeira di�culdade a ser considerada é a de que a observação cientí�ca não
é uma mera observação dos fatos, pois quando o pesquisador observa a realidade, ele já
seleciona aspectos que chamam mais a sua atenção, fazendo “recortes” na realidade observada.
Portanto, como asseveram Aranha e Martins (1995, p.156):  
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Quando se trata do olhar de um cientista, este se acha impregnado por pressupostos
que lhe permitem ver o que o leigo não percebe. Se olhamos uma lâmina ao
microscópio, quando muito percebemos cores e formas. Precisamos estar de posse
de uma teoria para "aprender a ver”. Em outras palavras, ao fazer a coleta de dados, o
cientista seleciona os mais relevantes para o encaminhamento da solução do
problema. O critério para a seleção dos fatos obviamente já orienta a observação.   
A posição empirista da ciência parte da premissa de que ela sempre partirá da observação de
dados sensíveis ao humano. No entanto, em que pese a importância da observação para o
desenvolvimento da ciência, é importante considerar que os fatos são resultados dela (da
observação). 
Videoaula: A ciência como promotora da educação
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Nessa videoaula, vamos abordar as in�uências do iluminismo na educação, perpassando pelos
principais aspectos históricos da modernidade.  
Saiba mais
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Explore os conteúdos extras e aprofunde ainda mais os conhecimentos já adquiridos. 
 Resenha crítica sobre o documentário “ponto de mutação”, de Fritjof Capra e suas
perspectivas para o mundo contemporâneo ambientalmente sustentável em tempos de
pandemia 
 O ponto de mutação. Dirigido por Bernt Amadeus Capra. Produzido por Klaus Lintschinger.
Estados Unidos: Triton Pictures. 9 de setembro de 1990. 
Referências
https://www.atenaeditora.com.br/post-artigo/42170
https://www.atenaeditora.com.br/post-artigo/42170
https://www.atenaeditora.com.br/post-artigo/42170
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M.H.P. Temas de �loso�a . São Paulo: Moderna, 1992. 
CARVALHO, I. Educação ambiental: a formação de sujeito ecológico. 6 ed. São Paulo: Cortez,
2012. 
SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. Editora Cortez Autores
Associados, 2013. 
MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 13. ed. São Paulo:
Bertrand Brasil, 2007. 
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Brasília, DF: UNESCO, 2000. 
QUINTAS, J. S. Educação no processo de gestão ambiental pública: a educação ambiental no
contexto da gestão ambiental pública. Em formação,Rio de Janeiro, v. 3, 2008.  
Aula 2
Re�exões sociológicas sobre a educação
Introdução
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A educação é direito fundamental previsto na Constituição de 1988, e para que a escola cumpra
o seu objetivo de criar as condições de autonomia para todos os seres humanos, durante o
processo educacional, ela deve oferecer além das condições físicas de acesso a todas as
pessoas, também condições de permanência e aprendizagem, por meio do estímulo a todas as
diferenças, considerando aspotencialidades individuais. 
Assim, professores e funcionários devem estar bem preparados, inclusive para dialogar de forma
construtiva com todos os familiares dos alunos, o que implica cursos de formação continuada
para que aprendam a lidar com a diversidade. 
Educação e cidadania
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A globalização da economia, dos costumes e dos valores é um fenômeno muito recente na
história da humanidade, que veio potencializar os níveis de degradação humana por meio de um
gigantesco processo de exclusão social. Fundamentada no fortalecimento do capital, esse
processo tem trazido para os países menos desenvolvidos do planeta grandes desa�os de toda
ordem, principalmente os relativos à saúde e à educação dos povos. 
Nesse sentido, o fenômeno da globalização vem contaminando diversos segmentos da
sociedade, principalmente os que possuem a hegemonia do capital �nanceiro, trazendo como
consequência o que Santos (2000) denomina de “tirania do dinheiro”. Nesse cenário, o Banco
Mundial, o FMI e outras instituições estão, no cenário social contemporâneo, ditando as regras
no mundo globalizado, o que afeta o epicentro da política educacional brasileira. 
É notório que as diretrizes do mercado �nanceiro vêm in�uenciando as propostas de política de
educação básica, formação técnico-pro�ssional e de quali�cação, defendendo um ensino
pautado no desenvolvimento de habilidades e competências voltadas para a empregabilidade,
reforçando, assim, uma ideologia capitalista de natureza fordista ou pós-fordista que, como é
visível, leva à legitimidade da exclusão social. 
No contexto do mundo globalizado, a educação aparece como um dos mais importantes �os
dessa complexa tessitura, auxiliando na consolidação do capitalismo neoliberal em dimensões
cada vez mais abrangentes. 
As con�gurações assumidas pelo capitalismo na contemporaneidade se traduzem em uma
organização social caracterizada pelo incentivo à acumulação desmesurada do capital, fundada
na lógica do mercado livre em suas proporções globais e fortalecida pela emergente revolução
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
tecnológica, o que vem exigindo um novo per�l de mão-de-obra quali�cada que possa, de
maneira cada vez mais alienada, atender às demandas do mercado. 
Nesse emaranhado maquiavelicamente arquitetado, o discurso pedagógico se reveste de uma
narrativa e prática cotidiana legitimadora da preparação e adequação dessa mão-de-obra
quali�cada por meio da oferta de uma formação geral e pro�ssional. 
Nesta direção, as re�exões na área educacional acontecem em torno da questão da qualidade de
ensino como articuladora do papel da escola diante das recorrentes e emergenciais exigências
do capitalismo global, dando o tom da produção das políticas públicas de educação. Neste
contexto, as tecnologias de educação surgem de maneira cada vez mais forte, introduzindo
novos elementos que demonstram o atual per�l dos usuários do cenário contemporâneo. 
Por outro lado, ao mesmo tempo em que essas tecnologias de comunicação e informação têm
servido de material e ideologia para a distribuição dos males da globalização pautada pela lógica
capitalista, elas possibilitam também a pulverização de novos arranjos sociais, com a retomada
do fenômeno do multiculturalismo. A horizontalidade da rede tecnológica contemporânea
apresenta um grande potencial de um intercâmbio de conexões entre os diversos grupos
humanos, abrindo espaço para participação destes, não apenas como consumidores de bens
materiais (produtos), mas também como criadores e recriadores conhecimento (moeda do
momento histórico atual). 
Portanto, a inclusão será desconstruída, pois toda a humanidade será capaz de produzir e
consumir diferentes saberes, possibilitando que o rico entrecruzamento de culturas entre todos
os povos do planeta de tal forma que acabará a hegemonia de único grupo e isso trará como
consequência a necessidade de se pensar e de se construir um novo paradigma educacional. 
 
Globalização e exclusão
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Para Santos (2000), quando as pessoas estão juntas, elas criam cultura e, paralelamente, criam
uma economia, um discurso e uma política que têm as características do seu território, o que
aparentemente parece uma fraqueza, mas, na realidade, é uma força. Seguindo nessa linha de
análise, o autor a�rma que é deste modo que, quando formada no interior do território, essa
cultura serve como um alimento da política dos pobres, e que, por sua vez, acontece de forma
autônoma, isto é, sem depender de partidos políticos ou de outras organizações. 
A sociedade em que vivemos ainda é caracterizada fortemente pelo modelo capitalista, que
insiste em disseminar os valores da modernidade. Entretanto, há sinais indicativos de que
estamos entrando numa nova fase histórica que começa a surgir e a demonstrar que a
superação desse modelo econômico não será feita pela substituição de uma outra forma de
poder hegemônico, mas sim pela capacidade de indignação humana de contestar e questionar a
ideologia que sustenta essa lógica. 
O esforço coletivo dos pesquisadores de analisar e nos fazer re�etir sobre a problemática da
globalização e suas consequências para a educação é fundamental para colocar em evidência a
tensão existente entre dois movimentos, aparentemente contrários, mas que convivem no
contexto social contemporâneo: a globalização e seus interesses políticos e econômicos, e a
visibilidade cada vez maior que os movimentos dos diversos grupos sociais minoritários vêm
conquistando nas últimas décadas. 
A sociedade brasileira precisa de uma nova educação, um modelo renovado, que seja mais
inclusivo e menos excludente. Para tanto, esse modelo precisa ser capaz de reconstruir a
educação, de forma que ela consiga compreender os diferentes interesses dos movimentos
sociais.  
Formar indivíduos com competências e habilidades especi�cas para viver no mundo globalizado
é muito importante, porém, também é necessária a criação de oportunidades que consigam
desenvolver a sua sensibilidade, pois as pessoas precisarão desenvolver a capacidade de
conviverem com a multiculturalidade, com a diversidade, com as diferenças e com as incertezas
e a instabilidade do mundo contemporâneo. 
Nesse sentido, a quebra da ideologia faz-se urgente e, para isso, os alunos precisam
compreender o conceito de hegemonia, pois, de acordo com o �lósofo Antonio Gramsci, “toda
relação de ‘hegemonia’ é necessariamente uma relação pedagógica, que se veri�ca não apenas
no interior de uma nação, entre as diversas forças que a compõem, mas em todo campo
internacional e mundial, entre conjuntos de civilizações nacionais e continentais” (GRAMSCI,
1978, p. 37). 
Tendo como suporte o pensamento de Gramsci sobre hegemonia, pode-se dizer que a função
educativa se torna relevante e imprescindível, já que a educação faz parte do processo para a
concretização de uma nova concepção de mundo e para a construção da hegemonia da classe
trabalhadora, desde que dirigida para os seus interesses. 
Portanto, uma vez que a sociedade brasileira precisa de uma nova educação, efetivada por meio
de um projeto curricular renovado, que seja mais inclusivo e menos excludente, é de suma
importância que a educação nacional atinja não somente o âmbito individual, mas
principalmente o coletivo.  
Assim, irá se tornar um mecanismo de extrema relevância para os processos de lutas que visam
à transformação da sociedade, isto é, uma educação voltada aos interesses dos trabalhadores e
que ensine conhecimentos vivos, críticos e transformadores, contribuindo para a construção da
conscientização da classe trabalhadora como classe dominada que precisa lutar para que outro
modelo seja construído. 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
 
Escola double face
Para entender melhor a forma como a globalização afetou a educação no Brasil, é importante
saber o que ela signi�ca exatamente. 
Esse fenômeno histórico tem na década de 80 a sua denominação e pode ser entendido como
uma descrição do movimento uni�cador da economia e da política.Suas origens podem ser
remontadas ao século XV por ocasião do movimento histórico das grandes navegações na
Europa.  
No cenário contemporâneo, a globalização encontra nos meios de comunicação, de transporte e
tecnológicos fortes aliados, que potencializam o seu poder, pois agilizam as trocas
informacionais que ocorrem de forma simultânea e em escala mundial  
Em relação à educação, é importante considerar de quais formas a globalização a impacta,
principalmente na escola brasileira. 
No entanto, ainda que a globalização possibilite o acesso à tecnologia, à ciência e à pesquisa a
nível mundial, não é possível compreender a ação educativa fora do contexto da alienação, uma
vez que os valores da sociedade moderna capitalista atravessam as políticas públicas
educacionais. 
Ainda que seja um direito constitucional, o acesso à educação no Brasil não ocorre da mesma
forma para todas as classes sociais, principalmente no contexto social contemporâneo, pois o
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
índice de desempenho da escola nacional é um dos piores do mundo. 
Nesse sentido, governos têm adotado projetos educacionais padronizados pelo mercado
internacional e, no caso do Brasil, podemos citar como exemplos dessa nova realidade, a adoção
e reformas na escola pública de Ensino Médio, bem como em seu projeto curricular.  
Em que pese a resistência de alguns segmentos da população, essas mudanças no currículo, que
oferecem novas possibilidades aos alunos de optarem por caminhos formativos (projetos de
vida), ocasionaram nos estudantes o exercício do autoconhecimento, podendo concentrar-se de
maneira mais autônoma nos componentes curriculares, nas áreas de conhecimento e na
formação técnica ligadas à pro�ssão que desejam exercer. 
No entanto, por trás dessa aparente naturalidade de poder escolher disciplinas que queiram
cursar, é sempre bom lembrarmos e levarmos em consideração o fato de que a sociedade é
dividida por classe diferentes e que, sob o critério do capital, gera-se um antagonismo a ser
reproduzido e reforçado pelo sistema educacional. 
Nesse sentido, os �lhos da classe trabalhadora estão sempre em defasagem, pois raramente
alcançam níveis superiores de ensino, sendo encaminhados para atividades manuais. A escola,
neste caso, tem a função de reproduzir a divisão social já existente. 
Assim, a instituição escolar continua praticando a dualidade, qual seja, aquela que mantém a
cisão entre o acadêmico e o manual, sendo que, graças a essa dicotomia, a manutenção da
lógica capitalista continua sendo garantida. 
Portanto, a globalização e o modelo econômico capitalista afetam a vida da população proletária
de maneira cruel e “malvada”, pois, por trás de uma aparente inclusão social, esconde-se uma
maneira perversa de manutenção no status quo da classe dominante, tendo a educação como
uma ferramenta estratégica. 
Nessa direção, é urgente a necessidade de se conscientizar os estudantes sobre essa terrível
artimanha, principalmente os �lhos da classe trabalhadora, alunos da escola pública, os que mais
precisam dela para emancipação e formação crítica.  
Videoaula: Re�exões sociológicas sobre a educação
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O ser humano é dotado da capacidade de linguagem, diferentemente dos outros animais. Graças
a essa faculdade psíquica de ordem superior, o homem age de forma intencional diante do meio
e, com isso, promove transformações no mundo.  
Essa ação intencional e transformadora que é o trabalho possibilita ao ser humano a produção
de bens materiais e culturais. 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Nesse sentido, a instituição escolar, ao planejar e executar o seu projeto curricular, deve levar em
conta a pluralidade e a diversidade cultural, buscando caminhos efetivos de contemplar as
diferenças que existem na sociedade e estão presentes no interior da escola. 
Tratar sobre a diversidade e a pluralidade cultural é considerar que não existe uma única cultura,
mas sim, inúmeras culturas, diferentes entre si. Nesse sentido, a escola precisa buscar caminhos
efetivos de consolidar uma prática educacional inclusiva, que alcance a todos, de forma
indistinta. 
Saiba mais
 Aprofunde ainda mais seus conhecimentos fazendo a leitura dos seguintes artigos: 
O acesso universal à Educação no Brasil: uma questão de justiça social 
Cidadania desde a infância e educação para a democracia: da negação da fala à
perspectiva de fortalecimento da voz da criança 
Referências
https://www.scielo.br/j/ensaio/a/HMMGnHxD4d3763DMh9ZShsr/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/rbedu/a/NTccBByqp94d3FmCszMhSTj/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/rbedu/a/NTccBByqp94d3FmCszMhSTj/?lang=pt
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
EAGLETON, T. A ideia de cultura. São Paulo: Ed. Unesp, 2005. 
GADOTTI, M. Diversidade cultural e educação para todos. Rio de Janeiro: Graal, 1992. 
GRAMSCI, A. Concepção dialética da História. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1978. 
MESQUITA, D. L. de. Cidadania desde a infância e educação para a democracia: da negação da
fala à perspectiva de fortalecimento da voz da criança. Revista Brasileira de Educação, v. 27,
2022. 
 SANTOS, J. L. dos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 2006. Coleção primeiros passos. 
SILVA, M. J. A. da; BRANDIM, M. R. L. Multiculturalismo e educação: em defesa da diversidade
cultural. Diversa, ano 1, p. 51-66, jan./jun. 2008. 
TREZZI, C. O acesso universal à Educação no Brasil: uma questão de justiça social. Ensaio:
Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 30, p. 942-959, 2022. 
UNESCO. Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. In: BRANT, L. (Org.). Diversidade
cultural. Globalização e culturas locais: dimensões, efeitos e perspectivas. São Paulo:
Escritura/Instituto Pensarte, 2005, p. 207-214. 
VALENTE, A. L. Educação e diversidade cultural: um desa�o da atualidade. São Paulo: Moderna,
1999. 
Aula 3
A educação do século XXI
Introdução
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Até um passado recente, o papel do professor era reproduzir conhecimento, enquanto os alunos
recebiam lições e se preparavam para provas. Hoje, o ambiente escolar valoriza mais a prática, e
coloca o estudante como protagonista de seu próprio aprendizado. Além disso, busca
proporcionar uma formação mais ampla, pois o estudante é considerado o responsável pelo seu
progresso. 
Com a transformação digital, a democratização do conhecimento veio trabalhando
intensamente. Na mesma medida, o mercado de trabalho passou a buscar habilidades
diferentes, forçando os sistemas de ensino a pensarem em desenvolvimento cognitivo,
comportamental e intelectual, tendo o desenvolvimento da cidadania como eixo central. 
Pensamento complexo
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
O pensador e sociólogo francês Edgar Morin elaborou, em sua obra “os sete saberes necessários
à educação do futuro”, re�exões a respeito de qual seria a educação adequada ao novo cenário
mundial. Ele parte de uma análise inicial, remontando às origens do homem, na condição de
homo sapiens, mostrando que ele é resultado da vida natural que interage com a cultura,
alertando-nos sobre a necessidade de construção da educação do futuro, pois o atual modelo
educacional ainda se respalda no passado, modelo este que se caracteriza principalmente pela
fragmentação do conhecimento. 
Morin assevera sobre o pensamento complexo, aquele capaz de fornecer às novas gerações uma
educação integral. De acordo com o �lósofo, a pedagogia atual fragmenta o conhecimento,
despertando no educando a falsa ideia de que o universo é fragmentado, sem conexão com o
universal. Assim, há uma ruptura na interação entre local e global, o que resulta na resolução das
questões existenciais de forma desvinculada do contexto em que elas se situam. 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Ao considerar a classe escolar como local de complexidade, pois a mesma agrega osdiferentes
estratos socioeconômicos, a multiplicidade de emoções e culturas, o �lósofo a�rma ser este o
espaço ideal para o início a uma transformação de paradigmas, pois a sala de aula precisa ser
local de signi�cado para os estudantes. 
A trajetória proposta por Morin é aquela que rompe com o âmbito estreito da disciplina e
compreende o contexto que tem o poder de encontrar a sua conexão com a existência. Nesse
sentido, ele defende a necessidade de ruptura com a fragmentação do conhecimento em
campos restritos, e também a eliminação da estrutura que determina uma hierarquia rígida entre
as disciplinas.  
Neste esforço de proposta de uma mudança de paradigma educacional, Morin estabelece os
sete saberes indispensáveis para o futuro da educação. 
O primeiro nos alerta sobre as cegueiras do conhecimento, aquela que nos induz ao erro e à
ilusão: propõe a valorização do erro como instrumento de aprendizagem, pois a�rma ser
impossível conhecer alguma coisa primeiro se cair nos equívocos ou nas ilusões. 
O segundo saber se relaciona ao conhecimento, à necessidade de se a unir os mais diversos
campos do conhecimento para combater a fragmentação; nessa direção, a educação deve deixar
a bem claras o contexto de conexões que existem entre os diferentes campos dos saberes. 
O terceiro saber é ensinar a condição humana, mostrar ao educando que o ser humano é
multidimensional, sendo que à pedagogia do futuro necessita, prioritariamente, privilegiar a
compreensão da natureza do ser humano. 
A identidade terrena é o quarto saber, sendo fundamental que o aluno conheça o lugar no qual
ele habita, reconhecendo suas necessidades de sustentabilidade, criatividade, as novas
tecnologias, os problemas sociais e econômicos que tudo isso contempla. 
O quinto saber refere-se à urgência de enfrentar as incertezas, que tem como ponto de partida a
certeza da existência de a dúvida existe e é companheira de viagem do ser humano, pois, apesar
do progresso da humanidade, não é possível, ainda, fazer previsões sobre o futuro. 
O sexto saber aponta para a necessidade do ensino da compreensão, como ponto fundamental
na interação humana, sendo que a mesma deve estar presente em todos os campos de atividade
humana ocorridos no cotidiano escolar. 
O sétimo saber refere-se à ética do gênero humano, correspondendo ao que Morin de�ne como
“antropo-ética”, que aponta para a ideia de empatia. 
A cabeça bem-feita
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A sociedade atual atravessa uma crise global profunda, sendo que a tomada de consciência
sobre a existência dessa crise, leva-nos à percepção do caos que vivenciamos, o que nos
impulsiona para a busca outro caminho, aquele que seja superado do individualismo que há
muito tempo tem causado inúmeros males para a nossa existência.  
No contexto atual, as relações sociais, culturais e educacionais, entre outras, parece ser um
modelo falido, pois a despeito de termos alcançado um desenvolvimento social e tecnológico
considerável, que nos possibilita um certo conforto material, esse é privilégio de uma minoria.
Nesse sentido, se faz necessária a quebra desse paradigma, contemplando o conjunto de
re�exões que vimos construindo já há um bom tempo.  
O referido modelo falido de educação, amparado na valorização do método mecanicista e
materialista de ensino, vê o aluno como recipientes vazios que precisam ser preenchidos com os
valores contidos num modelo de sociedade que tem um currículo descontextualizado,
fragmentado e in�exível, que não contempla a emoção e nem os saberes originais dos
estudantes.  
No lado oposto ao de uma educação fragmentada, a partir da década de 70 do século passado,
de maneira interdisciplinar, estudiosos de diversos campos do conhecimento passaram a se
manifestar, e de maneira organizada, passaram a estabelecer princípios norteadores de um
caminho mais equilibrado para a interação entre a essência e a existência humanas.  
Acreditando que o homem integral tem a capacidade de criar uma sociedade saudável, a
abordagem holística prega um modelo de educação mais íntegra, respeitadora das habilidades e
percepções individuais que contempla o ser humano como ser singular e valioso, que tem a
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
capacidade de aprender com sua subjetividade, amparado pelas artes, pelo diálogo e por
momentos de re�exão. 
O cartesianismo prevalece na da trajetória escolar do indivíduo, pois o sistema educacional
contemporâneo, fruto do iluminismo, vem trazendo a razão como única possibilidade de
educação do ser humano. Pistas desta premissa são encontradas na organização do sistema
educacional em forma de turnos, horários, seriações e grade curricular, entre outros aspectos
inerentes à arqueologia da cultura escolar. 
Nesse sentido, como nos adverte Edgar Morin, urge reformar o pensamento moderno, tendo a
Universidade como ponta de entrada e o respeito à natureza humana dos estudantes, que
originariamente é integrada e complexa. 
Evolução ou involução?
Desde os primórdios da existência humana na terra, fenômenos naturais vêm ocorrendo, ligando
as histórias de vida do homem e do Universo. Pesquisadores e �lósofos, vêm de longa data
buscando o entendimento de que a vida humana faz parte de uma manifestação mais
abrangente e harmoniosa. 
A forma como o ser humano se vê e enxerga o mundo circundante, vem se modi�cando
continuamente. Ao longo da história diferentes formas de entender a sua origem e a dinâmica da
sua existência, vão surgindo pensamentos e percepções, cada vez mais múltiplas e divergentes
do modelo iluminista. 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A compreensão de mundo e o modo como se materializou essa compreensão, relaciona-se
diretamente com o modelo racional de produzi-los. A consciência crescente, capacidade
genuinamente humana, coloca o homem como ser singular, com um alto grau de complexidade e
superior às outras formas de vida existentes na natureza. 
Essas características, que nos permite uma maior compreensão acerca dos fenômenos
existenciais, baseiam-se na concepção cartesiana mecanicista de mundo e de ciência, que é
substancialmente diferente do paradigma sistêmico, complexidade e da autopoiese. Estes
últimos nos apresentam uma situação diferente de concepção da realidade, pois caminham para
um princípio de complementaridade.  O modo de pensar sistêmico mostra que todos os
organismos que habitam o planeta são probabilidades de existência e manifestação. 
O paradigma holístico traz desdobramentos para vários campos de análises e compreensão da
ciência, especialmente para as da vida. Ele exige abordagens orgânicas, dos sistemas vivos, das
relações existenciais em interação harmoniosa com a natureza. 
Videoaula: A educação do século XXI
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A prática educativa, tem desde a sua origem, a centralidade na função do mestre como um
transmissor do conhecimento, e na do aluno um reprodutor passivo que se utiliza de sua
memória e retórica. 
No contexto contemporâneo, esse modelo não faz mais sentido, e nos lugares que ele ainda
ocorre, traz como resultados alunos desmotivados e evasão escolar. 
Atualmente, o contexto escolar valoriza muito mais a prática, posicionando o estudante como
protagonista de seu próprio aprendizado. Além disso, procura oferecer e realizar   uma formação
mais integral, pois o estudante passa a ser considerado parte do processo educacional. 
A transformação digital, a universalização do acesso à escola e a democratização do
conhecimento vêm interferindo substancialmente nas abordagens pedagógicas. Da mesma
forma e de maneira intensa, o mercado de trabalho bem buscando trabalhadores com
habilidades diferentes, o que tem forçado os sistemas de ensino a refazerem seus projetos
curriculares, considerando o desenvolvimento cognitivo, comportamental, intelectual e o
desenvolvimento da cidadania como eixos fundamentais.Saiba mais
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Para complementar ainda mais os seus estudos, que tal dar uma olhada nessas dicas de
conteúdo?  
Edgar Morin: "A escola mata a curiosidade"  
Entrevista Mário Sérgio Cortella - Educação x Escolarização 
Referências
https://novaescola.org.br/conteudo/894/edgar-morin-a-escola-mata-a-curiosidade
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=19605
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
ASSMANN, H. Metáforas novas para reencantar a educação: epistemologia e didática.
Piracicaba: UNIMEP, 1996. 
ASSMANN, H. Paradigmas Educacionais e Corporeidade. Piracicaba: UNIMEP, 1994. 
BOFF, L. Tempo de Transcendência. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. 
CAPRA, F. O Ponto de Mutação: A ciência, a sociedade e a cultura emergente. São Paulo: Cultrix,
1994. 
CARDOSO, C. M. A canção da inteireza: uma visão holística da educação. São Paulo: Summus,
1995. 
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2002.  
Aula 4
A educação na atualidade
Introdução
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A escola, como entidade socializadora, deve promover a formação do caráter dos educandos.
Diferentemente da educação tribal, onde todos tinham o dever de participação desde a formação
do caráter das crianças até a preparação para a vida, atualmente observa-se certa falta de
comprometimento e envolvimento por parte da família e, em parte, falta mais empenho da escola
no que se refere a intervenções sociais na comunidade local, visando à preparação e à formação
do caráter social dos alunos, o que aumenta a sua responsabilidade quanto ao seu verdadeiro
papel na sociedade. 
Escola e família
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Existe um casamento que nunca passará por divórcio. Trata-se do elo que liga a escola e a
sociedade. No âmbito social, encontra-se a família, que sempre buscará na escola um “porto
seguro”, no sentido de ajudá-la a educar os seus �lhos. No contexto escolar, sempre haverá entre
os seus agentes a preocupação em atender às demandas familiares e às da sociedade como um
todo. 
Nesse sentido, à escola enquanto instituição cabe a tarefa de cumprir com a sua função social
de articular os conceitos espontâneos dos indivíduos com os conceitos cientí�cos contemplados
e salvaguardados pelo projeto curricular, sendo, portanto, a mediadora desse processo. Assim,
enquanto “guardiã” do conhecimento produzido e sistematizado pelas gerações precedentes,
compete à escola a de�nição de metas e estratégias de aprendizagem para que as novas
gerações possam dele se apropriar e utilizá-lo como referência na edi�cação da sua
personalidade e futuro desempenho pro�ssional. 
Para cumprir com esse propósito, a escola, por meio dos seus professores, deverá fazer a
seleção de conteúdos, que por sua vez estarão contidos no currículo, sendo que este é uma das
instâncias do projeto político pedagógico da instituição 
Assim, ao dar início a seu trabalho na unidade escolar, o professor deverá conhecer a priori o
conjunto desses documentos e ter preparo acadêmico condizente com a área e o componente
curricular em que atuará. 
Nesse sentido, a gestão escolar deve estar atenta ao desempenho dos professores e, caso haja
alguma intercorrência, a equipe gestora deverá proporcionar formação continuada para os
docentes, pois há uma grande heterogeneidade nas formas como as universidades os formam, e
isso muitas vezes traz re�exos não muito favoráveis na prática docente. 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Nessa direção, a equipe gestora pode oferecer uma gama de atividades de formação, incluindo
nesse conjunto seminários, fóruns, palestras, o�cinas, grupos de estudo, pesquisas, estudos de
caso, entre outras alternativas. 
Nessa perspectiva, evidencia-se a prioridade do planejamento das ações pedagógicas, pois será
a partir dele que os caminhos metodológicos voltados para a aprendizagem serão de�nidos,
selecionados e aplicados. 
A equipe pedagógica, respaldada pela gestão da escola, construirá um percurso favorável ao
desenvolvimento e à aprendizagem dos alunos, à medida em que for conhecedora da legislação
educacional, das teorias que fundamentam a aprendizagem, bem como de como se dá o
processo de construção de conhecimento por parte do aprendiz. Além do domínio desse
conjunto de saberes relativos à dinâmica do processo pedagógico, deverá também contribuir
com a elaboração do projeto curricular da instituição e buscar uma constante comunicação com
a família e a comunidade do estudante. Agindo assim, o professor contribuirá para o processo de
construção da cultura e identidade da unidade educacional onde atua. 
Portanto, tendo oportunidade de re�exão no contexto da prática pedagógica, o docente
desenvolverá gradualmente a habilidade de se posicionar criticamente diante dos fatos ocorridos
no cotidiano da instituição, colocando em ação pontos importantes que planejou no sentido de
aperfeiçoar o seu trabalho. 
Nessa direção, é fundamental manter viva uma comunicação com a comunidade de origem do
aluno, bem como com seus familiares, pois, agindo de maneira preventiva e organizada, a
instituição escolar evitará problemas de comunicação ou a origem de demandas mais graves
relativas ao contexto extraescolar. 
Portanto, intercalando ações de formação continuada para os docentes com uma constante e
assertiva comunicação com as famílias dos estudantes, a instituição escolar conseguirá
desenvolver sem percalços o seu trabalho, cumprindo com sua função social, qual seja a de
atender aos anseios da sociedade no que tange à formação acadêmica, cidadã e humana dos
alunos. 
Utopia promissora
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A educação nacional é regida pela LDB 9394/96, que traz em seu artigo 3º, XI os princípios
norteadores do ensino que será oferecido pelas instituições escolares, sendo eles “vinculação
entre educação escolar, o trabalho e as práticas sociais”. Isso signi�ca que a escola brasileira
deve estar comprometida com a formação humana e crítica dos indivíduos, preparando-os para a
transformação do mundo e para o exercício consciente da cidadania. 
É preciso superarmos a ideia ingênua de que a educação seja a panaceia para todas as mazelas
sociais, mas, por outro lado, urge reconhecer que, sem ela, pouco poderá ser feito para a
transformação da sociedade num mundo mais justo e igualitário. Essa utopia promissora que a
educação representa precisa estar viva na consciência de todos aqueles que executam a prática
pedagógica, pois ela é o alimento que sustenta a constância pedagógica cotidiana rumo à
consolidação dos propósitos contidos na legislação educacional. 
O ser humano, gregário por natureza, em termos históricos, no início de sua existência, vivia em
bandos, tendo o coletivo como referência prática para sua interação com os pares e tomadas de
decisões. Nesse sentido, as novas gerações iam sendo moldadas pela “argila” social, sendo que
a estrutura da personalidade era o resultado dessa modelagem. 
Nesse cenário, surgiu a escola, local concebido originalmente para auxiliar os grupos sociais
nesse processo de edi�cação do caráter e da personalidade dos seus descendentes. Assim, o
pressuposto inicial é o de que a função social da escola é a educação, sendo coadjuvante da
família nesse processo. 
Nessa perspectiva, assim a escola seguiu, fazendo valer a sua atuação rumo à consolidação de
uma estrutura funcional favorável à convivência humana e ao desenvolvimento econômico e
social dos indivíduos. Assim, entre as atividades essenciais que a escola veio historicamente
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
acumulando, destacam-se as de ordem de monitoramento (cuidado) dos alunos, a seletividade, a
formação do pensamento crítico, o ensino e o auxílio na educação dos indivíduos. 
A consequência desse fenômeno social traz para os educadores a necessidade de um claro
propósito institucional e uma sólida formação cientí�ca, pois para ensinar é preciso conhecer em
profundidade dois pontos: o conteúdo do componente curricular que lecionae o conhecimento
de como se dá o processo de aprendizagem. 
No entanto, com o passar do tempo e a reformulação nas formas de a universidade preparar as
novas gerações de professores, o conhecimento acadêmico passou a sofrer uma
super�cialidade, não permitindo aos docentes o acesso a uma sólida base cientí�ca, o que se
agravou com as mudanças ocorridas na sociedade, dentre elas as transformações pelas quais
passaram as famílias. 
Nesse sentido, começaram a se constituir em ameaças ao trabalho docente a frágil base
cientí�ca sobre os componentes curriculares e o processo de aprendizagem, somadas ao
comportamento indisciplinado dos estudantes. 
Assim a educação escolar enquanto fenômeno social passou a ameaçar a utopia promissora da
instituição em continuar contribuindo com as famílias dos estudantes para a realização de uma
prática pedagógica que efetivamente possa contribuir para a consolidação de uma sociedade
mais justa e equilibrada para todos.           
Educar para a consciência
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A instituição escolar, como qualquer outra, é regida por uma estrutura interna que a caracteriza e
determina historicamente um modus operandi nem sempre democrático. Situada no seio de uma
sociedade capitalista, onde poucos têm muito e muitos têm pouco, a lógica de domínio e
manutenção do poder prevalece. No entanto, em que pese essa realidade incontestável, é
possível imaginarmos um movimento social que vá ao encontro do questionamento dessa
engrenagem, trazendo à baila a necessidade da construção de uma escola mais democrática,
qual seja aquela pautada na equidade e não apenas na igualdade. 
Nessa perspectiva, ainda que a realidade social seja multifacetada e diversa, por meio de um
movimento social organizado, com pautas assertivas a respeito das injustiças, poderá ocorrer
uma transformação social liderada por agentes cônscios do papel fundamental da instituição
educacional. 
No cenário educacional contemporâneo, principalmente depois da promulgação da atual LDB
(9394/96), é possível notar diferenças na forma como a escola brasileira vem se comportando
em relação aos modos como operava no passado. Nesse sentido, nota-se na pedagogia atual
uma maior sensibilidade e respeito em relação ao multiculturalismo. 
Leis posteriores à Constituição Federal e à LDB surgiram em decorrência dos movimentos
sociais organizados, que trouxeram à tona temas fundamentais para o funcionamento mais
equitativo da sociedade. Entre eles podemos mencionar os relativos a etnia, raça, gênero e
de�ciência. 
Esses exemplos vêm corroborar a tese tradicional de que o processo educacional, quando
conduzido de forma ética e consciente, pode auxiliar no processo de transformação social. No
caso do racismo, por exemplo, a lei 10639/03 veio obrigar a instituição escolar a inserir no
currículo o�cial o estudo da história da África e da cultura africana, sendo que, ao ter acesso a
esse conhecimento, os alunos afrodescendentes e os brancos passam a ter uma visão mais
realista e integradora a respeito do assunto, contribuindo assim para a prevenção da prática
desumana e criminosa do racismo. 
Nascida a partir dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, a escola pública, desde a sua
origem, teve como fundamento a edi�cação de uma sociedade mais justa e igualitária, conforme
os iluministas pregavam, sendo que, a partir daquele momento, deveria ser garantido a todos os
cidadãos o acesso à educação. 
Nessa perspectiva, a escola surgia como a responsável pelo seu próprio percurso histórico,
disseminando entre os aprendizes as sementes do conhecimento e da humanização. E é
justamente por essa responsabilidade que cabe aos educadores uma prática educativa ética e
consciente, que da mesma forma seja capaz de despertar a consciência de todos aqueles que
passam pela escola e se bene�ciam de sua prática social. 
Videoaula: A educação na atualidade
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No Brasil, a formação do caráter humano tradicionalmente foi tida como responsabilidade
exclusiva da família. 
No entanto, essa situação se modi�cou a partir dos anos 30 do século passado, quando se
iniciou o processo de democratização do acesso à escola. Nesse sentido, a escola, como
entidade socializadora, passou também a acumular, além da transmissão do conhecimento
acadêmico, a função de auxiliar a família na formação do caráter dos educandos. No contexto
familiar atual, há uma certa di�culdade dos pais em colocar limites nos seus �lhos e muita
demanda que é própria da família em termos educacionais acaba sendo levada para a escola.
Nesse sentido, existe um impasse de ambas as instituições (família e escola) quanto à
compreensão de qual é o seu real papel na formação do caráter e no desenvolvimento humano
do aprendiz (�lho e aluno). 
Saiba mais
Invista em seus estudos e faça essa leitura complementar: 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
CASTRO, J. M.; REGATTIERI, M. Interação escola-família: subsídios para práticas escolares.
Brasília: MEC, 2009. 
Referências
CASTRO, J. M.; REGATTIERI, M. Interação escola-família: subsídios para práticas escolares.
Brasília: MEC, 2009 
LOPES, E. M. T. Perspectivas históricas da educação. 4 ed. São Paulo: Ática, 1995. 
NOBRE, F. E.; SULZART, S. O papel social da escola. Revista Cientí�ca Multidisciplinar Núcleo do
Conhecimento, ano 03, ed. 08, v. 3, pp. 103-115, agosto de 2018. ISSN: 2448-0959. 
OLIVEIRA, I. B. de. Democracia no cotidiano da escola. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora DP&A, SEPE,
2001.   
Aula 5
Revisão da unidade
Superação de uma prática educativa pautada no senso comum
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=4807-escola-familia-final&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=4807-escola-familia-final&Itemid=30192
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Desde o Iluminismo, no século XVIII, a ciência vem passando por transformações e in�uenciando
o mundo e a vida do ser humano. 
Atualmente, o volume de elementos que ela produz, por meio da atividade humana, conduziu a
sociedade a uma nova ordem: a tecnológica. 
Nesse sentido, a educação vem sendo in�uenciada por esse acervo, trazendo para os
professores muitas di�culdades de acompanhar o novo ritmo, pois são migrantes digitais. 
Até um passado recente, o papel do professor era transmitir conhecimento e o do aluno era
reproduzi-lo e comunicá-lo ao mestre por meio das tarefas que dele recebia. Hoje, o ambiente
escolar valoriza mais a prática e busca no discente um protagonismo de�nidor de sua autonomia
intelectual, além de fomentar o preparo para a cidadania. 
No cenário contemporâneo, marcado pelo avanço da tecnologia e da cultura digital, as formas de
acesso ao conhecimento foram democratizadas. Como resposta e reação imediata a essa nova
realidade, empresas passaram a valorizar o trabalhador que soma um conjunto de novas
habilidades, o que obriga a instituição escolar a rever seus projetos curriculares, priorizando o
desenvolvimento cognitivo, o comportamental, o intelectual, além de colocar como eixo central
do processo pedagógico o desenvolvimento da cidadania. 
Portanto, o ideal da educação em ciência, marcada por um cenário tecnológico e cada vez mais
veloz, seria observar os comportamentos e quais práticas devem ser formadas, a �m de se
produzir propostas que articulem a ciência, os dilemas naturais, sociais e culturais, em nível
coletivo e individual. 
Nessa direção, sendo a educação um direito fundamental previsto na Constituição de 1988, e
para que a escola cumpra o seu objetivo de criar as condições de autonomia para todos os seres
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
humanos, durante o processo educacional, deve oferecer além das condições físicas de acesso a
todas as pessoas, também condições de permanência e aprendizagem,por meio do estímulo a
todas as diferenças, considerando as potencialidades individuais. 
Assim, professores e funcionários devem estar bem preparados, inclusive para dialogar de forma
construtiva com todos os familiares dos alunos, o que implica cursos de formação continuada
para que aprendam a lidar com a diversidade. 
Ademais, a escola, como entidade socializadora, deve promover a formação do caráter dos
educandos. Nas sociedades primitivas, uma característica marcante em relação à educação dos
seus membros era o sentido coletivo desse compromisso, aspecto esse que se perdeu nas
sociedades contemporâneas tanto em relação ao grupo familiar como ao da instituição escolar,
principalmente no que tange ao desenvolvimento do caráter e à formação da personalidade dos
indivíduos. Isso tem sido questionado por entidades, instituições, pela própria família, o que tem
aumentado a sua responsabilidade quanto ao seu verdadeiro papel na sociedade. 
Outrossim, a escola tem a função de cumprir socialmente sua função de possibilitar aos alunos o
domínio do conhecimento cientí�co, sendo isso prerrogativa docente. A instituição escolar,
historicamente, tem sido designada pela sociedade como o locus privilegiado de mediação entre
o aluno e o conhecimento acadêmico, incluindo-se aí a ciência, a �loso�a, as artes, a literatura e
todos os outros ramos do saber produzido pela humanidade. A função da escola então é a de
mediadora entre o conhecimento prévio dos alunos e o conhecimento formal, sistematizado,
possibilitando formas de acesso ao conhecimento cientí�co. 
 
Videoaula: Revisão da unidade
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Até um passado recente, o papel do professor era reproduzir conhecimento, enquanto os alunos
recebiam lições e se preparavam para provas. Hoje, o ambiente escolar valoriza mais a prática e
coloca o estudante como protagonista de seu próprio aprendizado e, ainda, tenta proporcionar
uma formação mais ampla, pois o estudante é visto como o responsável pelo seu avanço. 
Com a transformação digital, a democratização do conhecimento veio a todo vapor. Na mesma
medida, o mercado de trabalho passou a buscar habilidades diferentes, forçando os sistemas de
ensino a pensarem em desenvolvimento cognitivo, comportamental, intelectual, tendo o
desenvolvimento da cidadania como eixo central.  
Estudo de caso
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Num modelo educacional mais coerente com o atual cenário globalizado, multicultural e
altamente tecnológico, a função da escola passa a ser a de realizar a mediação entre o
conhecimento prévio dos alunos e o conhecimento formal, sistematizado, possibilitando formas
de acesso ao conhecimento cientí�co. Logo, a de�nição de objetivos, a seleção de conteúdo, a
proposta metodológica e o processo avaliativo devem ser alicerçados na re�exão �losó�ca. 
Dessa re�exão e seleção é que se con�gurará a prática educativa mediada pela ação pedagógica
do professor com os alunos, ou seja, é a ação que faz com que o currículo escolar se efetive.
Assim, a escola deve manter uma lógica, uma coerência entre os documentos que manifestam a
ação re�etida do conjunto de pessoas que ali atuam. 
Para que tudo isso ocorra de maneira favorável ao aprendizado dos alunos, os professores
precisam conhecer e re�etir a priori, ao elaborarem seus planos de ensino, as formas como o
sujeito aprende, sendo, portanto, um mediador na relação do aluno com o objeto de
conhecimento. 
Considere os dois casos a seguir: 
CASO 1 
Marcos é um aluno graduando em Zootecnia e, durante um dos módulos do curso que frequenta,
deve aprender a técnica de inseminação arti�cial. 
Para dar conta da tarefa, esse aluno assiste atentamente às aulas teóricas e procura ler artigos
cientí�cos e capítulos de livros técnicos a respeito desse tipo de inseminação. 
À medida em que estuda, internaliza o referencial teórico e cria um plano mental sobre os
procedimentos práticos da referida técnica. Além disso, o estudante procurou assistir a algumas
demonstrações práticas de inseminação antes de praticá-la. 
Quando começou a tentar, fracassou algumas vezes, mas não desistiu; foi observando os pontos
que o professor lhe apontava e tentando evitar repetir os erros. 
Finalmente, depois de várias tentativas, o aluno Marcos conseguiu realizar com êxito a técnica de
inseminação arti�cial, o que lhe rendeu um elogio do mestre: “muito bem”! 
Disciplina
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
CASO 2 
O aluno José é graduando de primeiro ano em Agronomia. Tem uma origem social no meio
agrícola e sua família tem um baixo nível de escolaridade. Durante as aulas, ele apresenta
di�culdade de entendimento acerca do conteúdo dos enunciados dos professores. 
Em seguida, aos poucos ele anotava as palavras cujo signi�cado não conhecia e, posteriormente,
consultava os colegas. Quando tentava usá-las, algumas vezes o seu emprego era equivocado,
provocando risadas de colegas de turma e até de alguns professores. 
Finalmente, após muito insistir e treinar, o aluno José aprendia os termos e sua correta aplicação
sem mais ser ridicularizado pelos colegas, o que o estimulava cada vez mais a dominar e a
aplicar adequadamente o vocabulário especí�co. 
______
Re�ita
Considere os casos e destaque: 
Quem é o sujeito da aprendizagem? 
Qual é o objeto da aprendizagem envolvido? 
Videoaula: Resolução do estudo de caso
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A sociedade contemporânea, veloz, altamente tecnológica e multifacetada do ponto de vista
cultural, exige um novo modelo de educação. 
A função social da escola nesse contexto, portanto, é a de preparar indivíduos capazes de re�etir
sobre as informações que assimilam e transformá-las em conhecimento sólido e bem-
fundamentado. 
Desde a Antiguidade, quando os primeiros �lósofos ocidentais iniciaram um caminho de re�exão
acerca da origem do conhecimento na mente humana, uma fórmula clássica surgiu, qual seja,
aquela que expressa o movimento do psiquismo humano em direção ao objeto de conhecimento
a ser construído. 
A partir dessa possibilidade de análise, a educação das novas gerações precisa levar em conta a
forma como se dá a interação entre o aprendiz e o objeto que ele busca aprender, pois esse
entendimento é fundamental para que os professores possam construir estratégias didáticas
favoráveis ao aprendizado. 
Nesse sentido, a resposta às questões dos dois sujeitos apresentados aqui no estudo de caso
�ca assim con�gurada: 
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
CASO 1: 
Sujeito – Marcos 
Objeto de conhecimento – Inseminação arti�cial 
CASO 2: 
Sujeito – José 
Objeto – Vocabulário técnico 
Resumo visual
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Figura 1 | Síntese dos conteúdos abordados durante os estudos. Fonte: elaborado pelo autor.
Referências
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
ARANHA, M. L. de A. História da Educação. São Paulo: Moderna, 2001. 
BORDENAVE, J.D. Estratégias de ensino-aprendizagem. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1984 
OLIVEIRA, I. B. de. Democracia no cotidiano da escola. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora DP&A, SEPE,
2001. 
REIMER, E. A escola está morta: alternativas em educação. Trad. Tony Thompson. Rio de Janeiro:
Editora Francisco Alves, 1979.

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