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EDUARDO IORGOF ROCHA GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 1º Edição: 2017 Impressão em São Paulo/SP gestão estratégica da qualidade Coordenação geral Nelson Boni Professor responsável Eduardo Iorgof Rocha Coordenação de projetos pedagógicos Leandro Lousada Produção executiva Hikaro Queiroz Projeto gráfico e diagramação Adriano Mercedes Cantero Filho Capa Larissa Cardim Foto da capa Shutterstock Coordenação de diagramação Larissa Cardim Coordenação de arte Rebeca Soares Coordenação de revisão ortográfica Julia Kusminsky APRESENTAÇÃO Caro aluno, vivemos em um mercado globalizado e a con- corrência ocorre de todas as maneiras possíveis. Esta vai desde empreendedores despreparados que, por falta de infraestrutura ou de esclarecimento, praticam preços que inflacionam o mercado e são muito regionalizados, passando pelas (i) empresas domésticas, voltadas para o mercado estritamente nacional; (ii) as internacio- nais que possuem um envolvimento médio ou até moderado no âmbito internacional; (iii) as multinacionais, já com uma destacada desenvoltura no comércio internacional e as (iv) empresas globais ou transnacionais que dispõe de distintas unidades pelo mundo afora, com um grau de notoriedade global de elevado nível. O Brasil entrou nesse mercado em 1992, governo Collor de Mello, totalmente despreparado para enfrentar a concorrência que estava por vir. A total falta de habilidade ou vontade política dos governos posteriores vem destruindo a indústria nacional que, por imaturidade ou por uma resistência a mudança, típicas de um adolescente, teima em não se modernizar. Fato é que nas últimas décadas a indústria tem contraído a sua participação no PIB. Estamos nos desindustrializando. As maiores empresas brasileiras, caso de construtoras ou frigoríficos, são manchete dos jornais em escândalos de corrupção e propina. Casos da Odebrecht e Friboi, respectivamente, afetaram a economia como um todo em um tipo de concorrência desleal. Este cenário totalmente desfavorável, aparentemente, esconde ameaças e oportunidades. Existem aqueles que choram e aqueles que vendem os lenços. A verdade incontestável é que a indústria nacional está a passar por um momento de transição não experimentado por nós até então. O princípio da evolução de Darwin é muito claro: quando o ambiente muda, somente aqueles que se adaptarem, sobreviverão. O mercado mudou e, assim sendo, somente aqueles que tiverem essa percepção e moldarem-se à nova realidade terão chances de sobrevivência. A gestão estratégica da qualidade é a ferramenta que ajuda as empresas a entenderem o que acontece fora de seus limites internos e se adaptar as novas realidades. Ferramenta recente, mas fundamental na sobrevivência de qualquer organização nos dias de hoje. Espero que aproveitem! SumáRIO CAPITuLO 1 - PLAnEjAmEnTO & AdmInISTRAçÃO ESTRATÉGICOS............. 14 1. InTROduçÃO ............................................................ 14 1.1. Definição de processo ............................................ 15 1.2. Concepção de cenários .......................................... 19 1.3. A definião do negócio, visão e missão .................... 21 1.3.1. definição do negócio ........................................... 21 1.3.2. Visão estratégica ................................................ 23 1.3.3. Missão estratégica .............................................. 25 1.4. Planejamento estratégico ...................................... 27 1.4.1. Estratégia ........................................................... 27 1.4.2. Planejamento ...................................................... 29 1.4.3. Planejamento Estratégico ................................... 30 1.5. Administração estratégica ..................................... 33 1.6. Do planejamento a ação ......................................... 37 1.7. Exercícios .............................................................. 38 CAPITuLO 2 - mudAnçAS dE CEnáRIOS E GEREnCIAmEnTO dA mudAnçA .............. 43 2. InTROduçÃO ............................................................ 44 2.1. Mudanças de cenários ........................................... 45 2.1.1. Primeira Revolução industrial .............................. 49 2.1.2. Segunda Revolução industrial ............................. 51 2.1.3. Terceira Revolução industrial .............................. 53 2.1.4. Quarta Revolução industrial ................................ 56 2.2. Gerenciamento da Mudança ................................... 58 2.2.1. Motivação para Mudar ........................................ 62 2.2.2. Resistências ....................................................... 65 2.2.3. Fatores de Resistência ........................................ 67 2.2.3.1. Fontes individuais ............................................ 69 2.2.3.2. Fontes organizacionais .................................... 70 2.3. Processos de mudanças ........................................ 73 2.4. Exercícios .............................................................. 76 CAPITuLO 3 - CEnáRIO ExTERnO ESTRATÉGICO ........................................... 83 3. InTROduçÃO ............................................................ 84 3.1. Cenários ................................................................ 85 3.2. Cenário externo ...................................................... 85 3.2.1. Meio Contextual .................................................. 86 3.2.2. Meio transacional ............................................... 90 3.2.3. As 5 forças de Porter (análise entres Cenários) ... 94 3.2.4. Análise SWOT – Cenário externo ......................... 98 3.2.5. Análise SWOT – Cenário Interno ........................ 100 3.3. Exercícios ............................................................ 102 CAPITuLO 4 - A quALIdAdE COmO ESTRATÉGIA dE mERCAdO ..................... 107 4. Introdução .............................................................. 108 4.1. Fundamentos ....................................................... 109 4.1.1. Evolução do conceito ........................................ 109 4.1.2. Os Pensadores da Qualidade ............................. 110 4.1.2.1. Dr. W. Edwards Deming................................... 110 4.1.2.2. Joseph Juran ................................................. 112 4.1.2.3. Armand FEIGENBAUM .................................... 114 4.1.2.4. Phillip CROSBY .............................................. 115 4.1.2.5. David GARVIN ................................................ 115 4.2. Princípios e objetivos TQC, TQM e PNQ ................ 116 4.2.1. TQC ou Total Quality Control ............................. 116 4.2.2. TQm ou Total Quality Management ................... 118 4.3. PNQ - Prêmio Nacional da Qualidade ................... 119 4.4. ISO 9001, GMP e ONA .......................................... 119 4.5. Good Manufacturing Practice (GMP) .................... 123 4.6. A OnA .................................................................. 123 4.7. Benchmarking ...................................................... 125 4.8. Medição de desempenho - Balanced Scorecard .... 127 4.9. Gestão pelas Diretrizes ........................................ 128 4.10. Gerenciamento da Rotina (pdca) ........................ 130 4.11. Exercícios .......................................................... 133 GABARITO .............................................. 137 BIBLIOGRAFIA ........................................ 151 LiSTA DE FiguRAS Figura 1 - do Ponto A Para O B - Fonte do Autor ................15 Figura 2 - Logotipo da Wase ..............................................16 Figura 3 - Estratégia - Fonte do Autor ................................16 Figura 4 - Férias na Praia - Fonte Pixaplay ........................18 Figura 5 - O que Força As Empresas A mudar - Fonte do Autor ............................................................................20Figura 6 - Planejamento Estratégico - Fonte Pixaplay .......33 Figura 7 - Tipos de Planos – Fonte (Chiavenato, 2003) .....34 Figura 8 - Relação Planejamento / Hierarquia – Adaptado (Chiavenato, 2003) .....................................................36 Figura 9 - Hierarquia E Competência - Fonte (Chiavenato, 2003) .....................................................................36 Figura 10 - Arte – Diferença Entre Reino unido / Grã Bretanha / Inglaterra – Fonte: Revista Veja ..........................45 Figura 11 - Revolução Industrial - Fonte do Autor..............46 Figura 12 - Império Britânico - Fonte: Linda Colley ............47 Figura 13 - Sistema Ford de Produção 1914 ......................49 Figura 14 - Explosão de uma Bomba nuclear – Fonte: Pixaplay ...........................................................................53 Figura 15 - marketing – Fonte: Escola dos Sonhos ...........55 Figura 16 - Robô Futurista - Fonte Pixaplay .......................56 Figura 17 - quem quer mudança – Fonte: Algum Idioma .62 Figura 18 - Fazes do Processo de mudanças – Adaptado (Hayes, 2002) .............................................................74 Figura 19 - meio Envolvente - Fonte Escola Superior de Tecnologia ...............................................................85 Figura 20 - meio Envolvente Transacional – Adaptado Escola Superior de Tecnologia ...................................90 Figura 21 - As 5 Forças de Porter – Adaptado (Porter, 1986) .....................................................94 Figura 22 - medição de desempenho - Fonte: (Carpinetti, 2012) ......................................................................127 Figura 23 - Fazes do Gerenciamento Por diretrizes - Adaptado de Akao (1991) ......................................130 Figura 24 - Ciclo Pdca - Fonte: Adaptado Biblioteca Sebrae .............................................................130 Figura 25 - Processo de melhoria Contínua Segundo Shiba Et. Al. (1993) Fonte: (Carpinetti L. R., 03/2012) ..132 LiSTA DE TABELAS Tabela 1 - definição do negócio - Fonte (Andrade, 2016) ........................................................24 Tabela 2 - Estratégia Organizacional – Marcos Históricos Fonte (Matias-Pereira, 12/2010) ...............................28 Tabela 3 - níveis Hierárquicos – Fonte (Chiavenato, 2003) ...................................................35 Tabela 4 - definições de mudança - Adaptado de Bressan 2004 ..............................................................................61 Tabela 5 - Aspectos de mudança - Adaptado Robbins 2010 .....................................................................65 Tabela 6 - Fatores motivadores Fonte - (Sales & Silva) ......69 Tabela 7 - Tabela de Tipos de Resistências - Fonte: (Robbins, Judge, & Sobral, 2010) .....................................73 Tabela 8 - meio Envolvente Contextual - Fonte Escola Superior de Tecnologia....................................................86 Tabela 9 -meio Envolvente Contextual - Fonte Escola Superior de Tecnologia....................................................91 Tabela 10 – Indicadores De Potenciais De Ameaças E Oportunidades Fonte: (Andrade, 2016) .....................99 Tabela 11– Indicadores De Pontos Fortes E Fracos Fonte: (Andrade, 2016) ..................................................100 Tabela 12 - Falha Interna E Externa - Fonte: (G O M E S, 2004) .............................................................................113 Tabela 13 - Prevenção E Inspeção - Fonte: (G O M E S, 2004) .................................................................................113 Tabela 14 - Verbetes da qualidade Fonte Adaptado de Garvin (1987) Into (G O M E S, 2004) ...................115 Tabela 15 - Princípios da qualidade Total – Fonte (Camargo, 2011) .......................................................................117 Tabela 16 - Família Iso 9000 Fonte (Mello, 01/2012) .......121 CAPITULO • 01 Planejamento & administração estratégicos 14 Planejamento & administração estratégicos CAPíTULO • O1 Planejamento & administração estratégicos InTROduçÃO Caro(a) Aluno(a), Este capitulo fala sobre conceitos básicos de planejamento e administração com conotação estratégica. São itens importantes para serem compreendidos antes que se entre nas técnicas de planejamento propriamente ditas. Conteúdo desta unidade Concepção de cenários, o que é estratégia, como uma empresa se estrutura para se colocar uma estratégia em pratica, qual é o seu negócio, visão estratégica e muito mais. São conceitos muitas vezes mal empregados que podem conduzir ao insucesso do projeto. 15 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE 1.1 dEFInIçÃO dE PROCESSO “Não existe vento a favor para quem não sabe aonde ir.” – Sênega, pensador romano Muitas vezes pode-se observar pessoas com dificuldades em entender o que se quer dizer por definir e implantar uma estra- tégia para uma determinada empresa, pois parece ser algo muito complexo, que vai requerer mão de obra especializada e que deve solicitar investimentos de vulto, tanto para criá-la quanto para geri-la. Bem, isso pode ser verdade ou não, depende do porte da organização em vista. Montar uma estratégia para uma empresa onde duas pessoas trabalham deve dar muito menos trabalho que para uma organização multinacional com diversas plantas espalhadas pelo mundo. Isso carece ser mais ou menos intuitivo. Quando saímos em uma viagem, a primeira coisa a se deter- minar é para onde se deseja ir. Daí verifica-se o ponto de partida e, a partir disso, podemos definir algumas outras coisas. Figura 1 - do ponto A para o B - fonte do autor O GPS tradicional nos ajuda com esse trabalho, mas o WAZE se destaca dos demais por ser uma rede social, além de um ex- celente GPS, que disponibiliza informações on-line adicionadas pelos próprios usuários. A informação chega de forma muito rápida, orientando sempre o melhor caminho. Note que ele te 16 Planejamento & administração estratégicos fornece sistematicamente opções de rotas alternativas para que você decida qual a melhor. Figura 2 - logotipo da WASE1 As variáveis vão desde informações de trânsito, buracos na pista, localização de radares, acidentes, etc. Sabe-se até a hora que se deve chegar ao destino. Assim fica fácil demais planejar. Qualquer planejamento segue exatamente as mesmas etapas. Primeiro decide-se onde se quer chegar (cenário futuro), depois verifica-se o local de partida (cenário atual), assim pode-se deter- minar o melhor caminho (estratégia). Vamos supor que na viagem que gostaríamos de fazer, de- sejássemos visitar certos lugares interessantes de se conhecer. Aí montaríamos um itinerário que permitiria conhecê-los nos momentos oportunos (plano estratégico). Figura 3 - Estratégia - Fonte do autor 1 http://www.trackingtrip.com.br/gps-no-exterior-usando-offline/ 10/03/2017 11:25 17 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE Para construção de cenários, é necessário levar em conta tanto o ambiente externo como o interno. Ninguém vai querer pegar a estrada com o carro debaixo de chuva com enchentes, por exemplo. Seria um evento que não podemos controlar, mas mesmo assim estão presentes e podem ou devem influenciar no resultado final da empreitada. O ambiente interno está sob nosso controle e deve ser controlado para que não comprometa os objetivos. Pegar o dinheiro para a viagem, abastecer o carro, reservar o hotel, verificar a estrada que vai utilizar, quanto tempo demora para chegar ao primeiro destino, seguro do carro, seguro de viagem, se não esqueceu as crianças e assim por diante. Suponhamos uma viagem de São Paulo para a Bahia pela costa marítima brasileira. A ideia é ir de carro para poder parar onde achar melhor e desfrutar da paisagem. Então, tomou-se algumas decisões estratégicas. O tempo estimado deida seria de 7 dias, pernoitando-se 5 lugares hotéis diferentes. Dois dias seriam destinados a conhecer Salvador, na casa de um amigo. No oitavo, o casal deveria estar de volta para São Paulo, pois teriam compromissos agendados. A opção estratégica então foi fazer a viagem com um carro alugado e fora de temporada, pois poderiam deixar o carro na locadora em Salvador e pegar um avião de volta. O tempo que gastariam em cada hotel seria variável, de acordo com o nível de satisfação que proporcionasse. Não precisariam se preocupar com a reserva de quartos, pois haveriam muitos à disposição. A viagem deveria ocorrer no início de outono, depois das férias ou começo da primavera, onde as temperaturas estão amenas e pode-se aproveitar melhor o passeio. A estratégia está definida e a ideia parece ser maravilhosa. 18 Planejamento & administração estratégicos Figura 4 - Férias na praia - fonte Pixaplay2 Agora vamos ao planejamento tático. É quando os problemas começam a acontecer. Terão que agendar a data de saída e cha- gada. Para isso teriam que liberar suas agendas e verificar com o amigo essa possibilidade. Definir quais as cidades que pousariam, hotéis e o custo de cada um. Verificar a disponibilidade do carro desejado na locadora, fazer a reserva e verificar o custo disso. Definir o itinerário, provisionar a verba, contatar a asseguradora e assim por diante. Agora, você pensa que acabou? Não acabou não. Vamos para o operacional que é a viagem propriamente dita. Preparar as malas, liberar a agenda, buscar o carro e assim por diante até a chegada em São Paulo no 8º dia. Temos então 3 fases. A criação da ideia como um todo, onde se define os cenários e como se deseja executar o plano. Depois, cada um dos dois executará tarefas de cunho tático: qual hotel, qual estrada, quanto tempo, que carro escolher e assim por diante. Isso, até chegar no operacional, que é a viagem propriamente dita ou o mãos-a-obra. 2 https://pixabay.com/pt/cocktail-praia-p%c3%B4r-do-sol-ver%c3%a3o-1042330/ 10/03/2017 15:59 19 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE Viram, tão simples quanto isso e faz parte do cotidiano de nossas vidas pessoais. Como então deixar de se fazer o mesmo com uma empresa, que tem muito mais gente envolvida e maiores riscos de falha? 1.2 COnCEPçÃO dE CEnáRIOS O cenário é um dos fatores mais importantes de se levar em conta quando se fala em planejamento. Suponhamos os seguintes cenários para a nossa maravilhosa viagem à Bahia. 1. 30 anos de casados. O Marido deseja fazer com a esposa uma segunda lua de mel e pa- ra isso passou muito tempo pensando como realizá-la e, ao mesmo tempo, a vigem dos sonhos do casal. 2. 15 anos de casados e casal está passando uma crise matrimonial. O dois combinam uma segunda lua de mel para acertar as coisas. 3. O rapaz deseja pedir a mão de sua compa- nheira de uma forma inesquecível e para isso arquiteta uma viagem para que, quando che- guem a Salvador, ele possa fazê-lo em grande estilo. Vejam, que apesar da estratégia servir em todos os 3 casos, os diversos cenários influenciam diretamente nas tomadas de decisão. Um casal com 30 anos de casados deve procurar lugares diferentes de um casal mais novo com problemas de relaciona- mento. O mesmo deve se dar com um casal com a pretensão de se casar logo. Existe todo um contexto que carece de ser levado em conta para que se busque os melhores resultados possíveis. 20 Planejamento & administração estratégicos Um casal que fosse viajar a 100 anos atrás com certeza não teria as mesmas opções que temos hoje. Não precisa ser 100 anos, 30 anos já fariam muita diferença. Basta dizer que o celular chegou ao Brasil em 1991, ou seja, a 26 anos. Internet, e-commerce e muitas outras coisas tiveram grande impacto em nossas vidas. O jeito de se administrar as organizações mudou muito. A ideia de planejamento estratégico nas empresas também é relativamente nova. As mudanças de cenários do mercado têm se alternado, nos últimos anos, de maneira totalmente inesperada forçando as organizações a se adaptarem a esta nova realidade. Veja a Figura 5. Figura 5 - O que força as empresas a mudar - Fonte do autor O que é cenário? “ ...De acordo com Ringland (2006) o planejamento de cenários é uma parte do planejamento estratégico que combina fer- ramentas e tecnologias para administrar as incertezas do futuro, ou seja, são modelos para antecipar, o que o autor chama de vida real (2006). Para Schoemaker (1995) o planejamento por cenários é um método estruturado (disciplinado) para imaginar futuros possíveis. Este autor enfatiza que, dentre as diversas metodologias para se pensar o futuro, o planejamento por cenários se destaca pela habilidade de capturar uma grande gama de possibilidades, com alto grau de riqueza nos detalhes. Na concepção de Porter (1996), um cenário é uma visão internamente consistente da estrutura futura de um setor. 21 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE É baseado num conjunto de suposições plausíveis sobre as incertezas importantes que poderiam influenciar a estrutura industrial. ” (Carvalho, Sutter, & Wright, 2011) Pode-se separar os cenários em duas grandes categorias (Godet & Roubelat, 1996): • Exploratório (forecasting): Leva em consideração o his- tórico de tendências e o momento atual, concluindo com o futuro provável. • Antecipatório (backcasting): Leva em conta pontos de vista variados na extrapolação para o futuro. Busca diretrizes tanto para evitar como para alcançar determinado estado. 1.3 A DEFINIçãO DO NEGóCIO, VISãO E mISSÃO O sucesso de qualquer empreendimento passa, necessaria- mente, pela sua capacidade de gerar soluções adequadas para satisfazer as necessidades do mercado. Por vezes, a alta adminis- tração pode não entender a valia de uma definição apropriada de seu negócio, missão, visão e valores e como isto pode trazer benefícios à organização. O primeiro ponto que pode passar de- sapercebido é que são decisões de alto impacto estratégico. São disposições que devem atuar como uma bússola, norteando os caminhos dos negócios. 1.3.1 definição do negócio Quanto custa, para uma empresa, a definição equivocada de seu negócio? Quando a pergunta é colocada desta forma, a dimensão estratégica torna-se mais evidente. Então, qual é o seu negócio? 22 Planejamento & administração estratégicos “O fato dessa pergunta ser feita tão raramente – ao menos de forma clara e direta – e de tão raramente receber a atenção ade- quada é, talvez, a principal causa de fracassos empresariais” . (DRUCKER, 1981) Para respondê-la corretamente, um cenário externo muito bem formulado pode ajudar muito. São aquelas variáveis que você não tem como mudar, mas, a partir da escolha feita, você fica atrelado a elas. Por exemplo, um cenário que se encontra em situação desfavorável ao seu negócio pode exigir um investimento financeiro e um esforço muito maiores, além de muito mais tempo para se obter os resultados desejados. Estaremos navegando em um oceano vermelho3. Um cenário favorável deve favorecê-lo, de alguma forma, na busca de oportunidades. Por exemplo: Uma empresa que atende o setor de eletrônicos deve afunilar seu foco em áreas específicas como: segurança, au- tomação, lazer, etc. A área escolhida deve oferecer oportunidades com maior possibilidade de lucratividade. A bem da verdade, o esforço vai um pouco além disso: a. “Delimitar um espaço dentro do setor onde a empresa atua com a finalidade de identificar oportunidades de mercado; b. Identificar os tipos de necessidades e/ou desejos que a em- presa tem habilidade para satisfazer de forma diferenciada; c. Saber quais são os benefícios que os clientes e/ou usuários esperam obter ao adquirir nossos produtos e/ou serviços; d. Certificar-se de que estará não apenas corresponden- do, mas superando as expectativas de seus clientes e/ou usuários; 3 livro – a estratégia dooceano azul - W. chan Kim 23 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE e. E expressar formalmente uma missão que facilite a definição e o alcance dos objetivos pretendidos.” (ANDRADE, 2016) A visão estratégica é que deve definir o negócio (benefícios) e é prudente evitar a contemplação obtusa dos produtos e serviços para tal intento. Vasconcelos (2001) into (ANDRADE, 2016). EmPRESA nEGÓCIO Visão míope (Produtos ou serviços) Visão estratégica (benefícios) Avon Cosméticos Beleza Xerox Copiadoras Automação de escritório IBM Computadores Informação Estrela Brinquedos Alegria Localiza Aluguel de carros Soluções em transporte Arisco Aluguel de carros Soluções em transporte Arisco Tempero Alimentos Randon Veículos e implementos Soluções para o transporte Atlas Elevadores Transporte Exxon (Esso) Combustível Energia Abril Livros e revistas Informação, cultura e entretenimento Tabela 1 - Definição do negócio - fonte (ANDRADE, 2016) 1.3.2 Visão estratégica “Uma declaração de visão representa os objetivos de longo prazo da alta administração para a organização – uma descrição da posição competitiva que se deseja alcançar ao longo de certo período de tempo e de quais competências essenciais devem ser adquiridas para se chegar lá. [...] uma boa visão proporciona tanto orientação 24 Planejamento & administração estratégicos estratégica como foco motivacional. Uma declaração de visão eficaz atende a três critérios: (1) deve ser clara, mas não tão limitada a ponto de restringir a iniciativa; (2) deve ser desejável, no sentido de atender aos interesses legítimos e aos valores de todos os stakeholders; e (3) deve ser factível, ou seja, implementável. ” Kluyver e Pearce II into (ANDRADE, 2016) A visão estratégica deve caracterizar o futuro de acordo com os principais desejos da mais alta direção da empresa. Carece de ser uma tarefa de grande magnitude que retrate as ambições como meta, com a intenção de servir de linha mestra na definição dos objetivos, assim como na definição da missão estratégica. Vasconcellos Filho e Pagnoncelli into (ANDRADE, 2016) complementa: “diante do desafio de planejar em ambientes cada vez mais complexos e competitivos, a visão passou a ter importân- cia fundamental na construção do futuro de pessoas, organizações, cidades e países” esclarecendo que há benefícios na explicação da visão. Benefícios como: apoio, parceria empregado/empresa na realização do futuro, inovação, motivando a equipe. ‘Para facilitar o entendimento desse conceito, apresentam-se, a seguir, alguns exemplos de visão estratégica: A Philip Morris Companies, Inc. definiu a seguinte visão estratégica: “Ser a companhia mais bem-sucedida do mundo em gerar produtos empacotados para o consumidor. ” Um determinado supermercado definiu a seguinte visão estratégica: “Ser a empresa líder regional no varejo de alimentos e produtos para o lar. ” A British Airways definiu a seguinte visão estratégica: 25 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE “ Ser a empresa melhor e a de maior porte no setor de linhas aéreas. ”A EPISE definiu a seguinte visão estratégica: “Ter uma posição de liderança no âmbito da formação e desenvolvimento de recursos humanos, baseada na satisfação de nossos clientes, na orientação às pessoas, à inovação de nossas soluções e na rentabilidade do negócio. ”A BLUCREDI definiu sua visão estratégica como sendo: “Ser reconhecida pela comunidade como a melhor opção de produtos e serviços financeiros. ” A Wheb Sistemas tem como visão estratégica: “Ser a empresa líder no mercado brasileiro de gestão em saúde. ” O Poder judiciário do Estado de Santa Catarina definiu a seguinte visão estratégica: “Caracterizar-se como um Judiciário mais eficiente, reco- nhecido e respeitado pela Sociedade. ” (ANDRADE, 2016)’ 1.3.3 Missão estratégica A missão estratégica é o que a empresa deseja entregar ou a necessidade que pretende satisfazer. Propósito básico ou mesmo a razão de ser da organização. Deve definir de forma clara suas responsabilidades para com os acionistas, funcionários, colabo- radores e comunidade. Nesse instante é que se deve determinar qual é o negócio perante aos clientes em termos de benefícios recebidos ou de- sejos satisfeitos. Uma empresa não existe para oferecer coisas e sim para satisfazer necessidades (KOTLER, 1991). Para se poder satisfazer alguma necessidade, o cenário externo tem que estar bem claro e definido. 26 Planejamento & administração estratégicos Andrade (2016) propôs algumas questões que podem auxiliar na estruturação da missão e nos dá alguns exemplos: 1. “Setor em que a empresa atua? Têxtil. 2. Qual é o nosso negócio? (Benefício oferecido) Vestuário. 3. Quem é o nosso cliente? Pessoas adultas, de ambos os sexos, com elevado nível de renda e acostumadas a frequentar ambientes de alto luxo. 4. O que eles realmente querem quando nos procuram? Uma aparência elegante e sofisticada. Ai sim, a última pergunta poderá ser respondida com clareza: 1. Missão da empresa: Vestir as pessoas de forma elegante e sofisticada. A EPISE (Enseñanza Programada e Ingeniería de Sistemas Educacionales) é uma empresa com sede em Barcelona (Espanha) que se dedica à formação e ao desenvolvimento de recursos humanos através do oferecimento de cursos a distância. Considerando que o seu negócio é potencializar os métodos de autoinstruções como ferramentas de aprendizagem, a EPISE definiu a seguinte missão: “Oferecer a nossos clientes soluções formativas e estratégias de desenvolvimento de recursos humanos de alta qualidade, orientadas a um melhor rendimento das organizações. ”Outros exemplos de missão: A Escola Nacional de Administração Pública da Universidade de Quebec, no Canadá, definiu a seguinte missão: “Formar e aperfei- çoar administradores da Função Pública, assim como fazer avançar os conhecimentos no domínio da Administração Pública.” 27 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE A Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores Públicos do Vale do Itajaí (BLUCREDI) definiu a seguinte missão: “Promover a melhoria da qualidade de vida dos associados, por meio da cooperação financeira e de serviços, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da comunidade.”A Wheb Sistemas, empresa nacional especializada no desen- volvimento de tecnologias e sistemas de gestão focada no segmento da saúde, definiu a seguinte missão: “Oferecer soluções integradas em gestão de processos e de informações às organizações de saúde.”O Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina definiu a seguinte missão: “Humanizar a Justiça, assegurando que todos lhe tenham acesso, garantindo a efetivação dos direitos e da cidadania, com eficiência na prestação jurisdicional.”(ANDRADE, 2016) 1.4 PLAnEjAmEnTO ESTRATÉGICO 1.4.1. Estratégia O conceito de estratégia tem origem muito antiga, cerca de 2500 anos no SunTzu (a arte da guerra) e somente no início da década de 1960 é que começou a ser utilizado pelas corporações. O tema tem crescido no âmbito de interesse de executivos e pesqui- sadores vinculados à administração, aumentando sistematicamente o volume de estudos com o objetivo de sustentar a necessidade de informação destinada às empresas. (ANDRADE, 2016) “Essa é uma das palavras mais usadas no jargão empresa- rial e, infelizmente, muitas vezes com sentido equivocado. A palavra vem do grego: stratègós: de stratos (exército) e ago (liderança). O significado original caracterizava a “arte do general”, que deixou de estar ao lado do exército para estar à distância, no alto das colinas, 28 Planejamento & administração estratégicos de onde podia observar o campo, adquirindo um maior potencial para selecionar a melhor posição e o melhor conjunto de ações para vencer a batalha e, quiçá, a guerra...” (dicionário etimológico4) Veja na (MATIAS-PEREIRA, 12/2010)Tabela 2 os marcos históricossegundo Zaccarelli into (MATIAS-PEREIRA, 12/2010): Período Ano Fato Relevante Antiguidade Primeiro texto de aplicação militar conhecido tem mais de 2.000 anos e é do general chinês Sun Tzu: um tratado sobre a arte da guerra. No Ocidente, o conceito também é utilizado militarmente pelo exército romano. Século XVIII O general francês Napoleão Bonaparte, que conhece a obra de Tzu, é considerado um dos maiores estrategistas de todos os tempos. Década de 50 Após a Segunda Grande Guerra, o planejamento estratégico chega as empresas e universidades, principalmente nos EUA. Surge o modelo de análise de forças e fraquezas, ameaças e oportunidades. 1965 Edição do primeiro livro sobre estratégia Corporate estra- tego, de H. Igor Ansoff. Anos 60 e 70 O planejamento estratégico torna-se uma ferramenta muito popular e se espalha pelas empresas dos EUA. 1973 Primeiro Seminário Internacional de Administração Estratégica na Universidade de Vanderbilt. Nesse evento, iniciam-se as primeiras críticas ao planejamento estratégico. 1980 Publicação do primeiro livro de Michael Porter, com uma nova organização dos conceitos de estratégia. 4 http://www.dicionarioetimologico.com.br/estrategia/ 08/03/2017 14:49 29 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE Década de 80 Com a estabilização do crescimento econômico, há certo desencanto das empresas norte-americanas em relação à estratégia. Já nas companhias japonesas, que experimentam grande crescimento econômico, os executivos leem e seguem os ensinamentos do general chinês Sun Tzu. Surgem, cada vez mais, novos autores e teorias sobre o tema. 1994 Edição do livro The rise and fall of strategic planning, de Mintzberg, que mostra a precariedade dos conceitos de planejamento estratégico e marca o início de uma nova fase dos conceitos de estratégia. Década de 90 As duas metades dessa década são bem distintas. Na pri- meira, há significativa retomada do pensamento estratégico, levando-se em consideração todas as suas limitações. Na segunda metade da década, com a euforia da Internet, algu- mas empresas abandonam completamente a estratégia, na opinião de Michael Porter, e outras tomam como sinônimo de transformação do negócio. Kaplan e Norton criam o balanced scorecard. Século XXI São propostos novos modelos com foco na capacidade de adaptar-se à mudança, na flexibilidade e no aprendizado organizacional. Para alguns, ter agilidade estratégica para “dançar conforme a música” passa a ser mais importante que a estratégia em si. Segundo pesquisa de Bain & Company (2004), o planejamento estratégico ainda é a ferramenta de gestão mais utilizada por empresas no mundo todo. Tabela 2 - Estratégia organizacional – Marcos Históricos fonte (MATIAS-PEREIRA, 12/2010) 1.4.2. Planejamento Peter Drucker5 foi muito feliz quando definiu o que se quer dizer por planejar: Ele disse que é “Preparar-se para o inevitável, prevenindo o indesejável e controlando o que for controlável”. 5 http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/o-que-e-planejamento/39381/ 08/03/2017 16:34 30 Planejamento & administração estratégicos Peter Drucker, considerado por muitos o guru do “manage- ment”, contribuiu imensamente para a área do planejamento e ele se utiliza dos conceitos de eficiência e eficácia de uma forma muito peculiar e acurada e, caso não se tenha um bom entendimento do que venha a ser cada um deles, pode gerar algum mal-entendido. Assim sendo, antes de prosseguirmos com o tema, é prudente definir mais esses dois conceitos que também são comumente confundidos como sinônimos: Eficácia6: Qualidade daquilo que alcança os resultados planejados; característica do que produz os efeitos esperados, do que é eficaz. Eficiência7: Qualidade ou capacidade (de alguém, um dispositivo, um método etc.) de ter um bom rendimento em tarefas ou trabalhos com um mínimo de dispêndio (de tempo, recursos, energia etc.); PRODUTIVIDADE. Em outras palavras, ser eficaz é atingir o alvo (meta desejada) e ser eficiente é fazê-lo com o menor número de recursos possível. Quando Peter Drucker afirma que é mais importante ser eficaz do que eficiente, o que ele está realmente dizendo é: Do que adianta correr se o caminho está errado ou do que adianta ser eficiente se ainda não foi eficaz. 1.4.3. Planejamento Estratégico Entendido isto, podemos concluir que: “Planejamento es- tratégico é um conceito comum no âmbito da administração, que significa o ato de pensar e fazer planos de uma maneira estratégica. 6 https://www.dicio.com.br/eficacia/ 08/03/2017 15:59 7 http://www.aulete.com.br/efici%C3%AAncia 08/03/2017 16:18 31 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE É uma área do planejamento empresarial, que facilita a gestão de uma empresa. ”8 Pode-se ter o seguinte como uma boa definição de planeja- mento estratégico também: “O conceito que se ressalta é de que ninguém ganha di- nheiro apenas porque é esforçado e faz certo seu trabalho. É preciso também saber dirigir os esforços para aquilo que traz resultado. ” (Almeida, 03/2010). A primeira coisa a se fazer é colocar as ideias em ordem (planejamento), depois é coordenar as ações (plano), tudo de forma estratégica. “Assim, não adianta se matar de trabalhar, chegando cedo e saindo tarde, se o negócio não dá dinheiro! E veja que tem muita gente pagando para trabalhar, ou seja, ganhando tão pouco que seria melhor ficar em casa, porque são apenas eficientes e não são eficazes, pois não direcionam suas atividades para aquilo que traz resultado. ”(Almeida, 03/2010) Para Hax e Majluf into (MATIAS-PEREIRA, 12/2010), a estratégia é um conceito multidisciplinar (atividades críticas or- ganizacionais) atuando como agente facilitador e de integração. Os autores apresentam 9 dimensões que integram a estratégia. 1. Estratégia como um significado para o estabe- lecimento de um propósito organizacional em termos de objetivos de longo alcance, progra- mas de ação e prioridade para alocar recursos; 2. Estratégia como uma definição de um domínio competitivo de uma organização. Quais são os 8 https://www.significados.com.br/planejamento-estrategico/ 08/03/2017 16:39 32 Planejamento & administração estratégicos negócios que temos? Quais são os negócios que temos, mas não deveríamos ter? Quais são os negócios que não temos, mas que de- veríamos ter?; 3. Estratégia como resposta às ameaças e opor- tunidades externas e as fraquezas e forças internas, a fim de alcançar uma vantagem competitiva sustentável; 4. Estratégia como uma maneira de definir as ta- refas e Interdependências gerenciais nas pers- pectivas corporativas, do negócio e funcional; 5. Estratégia como um padrão ou processo de decisões coe- rentes, consensuais e integradas; 6. Estratégia como uma definição da contri- buição econômica e não econômica que a organização intenciona fazer para os seus stakeholders (partes interessadas); 7. Estratégia como uma expressão da intenção estratégica da organização; 8. Estratégia como o significado do desen- volvimento das competências básicas da organização; 9. Estratégia como o significado do investimento nos recursos tangíveis e intangíveis da orga- nização para desenvolver as capacidades que assegurarão a sustentabilidade da vantagem competitiva. (MATIAS-PEREIRA, 12/2010) 33 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE 1.5. AdmInSTRAçÃO ESTRATÉGICA Existe uma relação muito interessante entre as formas de planejamento e as hierarquias de uma indústria à qual algumas pessoas não notaram ainda. Além disso, há alguns conceitos que, por vezes, não estão bem definidos e que geram muitos mal-en- tendidos. Vamos a eles: O que seria planejar? “ ... Planejamento é o processo de tomar decisões sobre o futuro. As decisões que procuram, de alguma forma, influenciar o futuro, ou que serão colocadas em prática no futuro, são decisões de planejamento. ” (Maximiano,2004) Figura 6 - Planejamento estratégico - Fonte Pixaplay9 São 3 (três) os níveis de planejamento existentes: 1. Estratégico; 2. Tático; 3. Operacional. Ainda, de acordo com Maximiano (2004), o planejamento estratégico tem visão de médio e longo prazo (missão visão e valores). Analisa onde se está e onde, tanto interna como exter- namente, e como se deve chegar lá. 9 https://pixabay.com - technology-1095751_1920 34 Planejamento & administração estratégicos Para Oliveira (2006), o planejamento tático é uma fragmen- tação do plano estratégico e tem foco em uma área específica de atuação. Trabalha com objetivos, estratégias e políticas pró- prias em uma fragmentação ou decomposição do plano principal (estratégico). O Planejamento operacional pode ser considerado como a formalização do Tático. São planos de ação (operacionais) consti- tuídos de documentos escritos, metodologias de desenvolvimento e de implantação. (Oliveira, 2006) Quem trabalha com a indústria, muitas vezes, ouve falar em procedimentos, orçamentos, programas e regras, mas seus significados, por vezes, ficam meio nebulosos. Podemos ter várias denominações ou tipo de planos como os apresentados na Figura 7. Relacionados com Métodos Tipos de Planos Procedimentos Métodos de trabalho ou de execução. Representados por fluxograsmas. Relacionados com Dinheiro Orçamentos Receita/ despesa em um dado epaço de tempo. Relacionados com Tempo Programas ou Programações Correlação entre tempo e atividades (agendas). Representados por cronogramas. Relacionados com Comportamentos Regras ou Regulamentos Como as pessoas devem se comportar em determinadas situações. Figura 7 - Tipos de planos – Fonte (Chiavenato, 2003) Fala-se muito em política organizacional, mas poucos sabem o que realmente significa. Chiavenato (2003) fala de políticas com funcionários (RH), de como se lidar com clientes (vendas) e de mercado (preços). Todas são de cunho genérico, flexíveis e 35 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE elásticas que proporcionam marcos e limitações e atuam com guias para a administração, definindo formas de atuação. Em resumo, buscam resguardar os objetivos da organização como um farol que impede o navio de colidir e afundar. Níveis de organização Níveis de direção Cargos Envolvidos Abrangência Institucional Direção Diretores e altos executivos A empresa ou áreas da empresa Intermediário Gerência Gerentes e pessoal do meio de campo Cada departamento ou unidade da empresa Operacional Supervisão Supervisores e encarregados Cada grupo de pessoas ou tarefas Tabela 3 - Níveis Hierárquicos – Fonte (Chiavenato, 2003) Como pode-se notar, na Tabela 3 que existem 3 (três) itens hierárquicos bem distintos: 1. Presidentes e diretores (alta gestão): São car- gos de nível estratégico. Decidem para onde a empresa caminhará e como. 2. Gerentes ou chefes de setor (média gestão): Cargos de nível tático. Comandam os depar- tamentos das empresas e são os responsáveis pelo planejamento tático e acompanham seu desenvolvimento. 3. Supervisores (gestão de base): Cargos de nível operacional que comandam pessoas. Fazem as coisas acontecer. São a força da empresa. 36 Planejamento & administração estratégicos Veja a Figura 8. Figura 8 - Relação Planejamento / Hierarquia – Adaptado (Chiavenato, 2003) As hierarquias são dispostas em função do planejamento da empresa. Uma organização na qual o planejamento esteja comprometido, as funções também o ficam, assim como os seus resultados. Deste modo, o planejamento plurianual é altamente recomendado e pode garantir a longevidade da entidade. Nível Intermediário Nível Instituicional Nível Operacional Execução das Operações Fazer e executar Alta Direção Habilidades Conceituais (Ideias e conceitos abstratos) Habilidades Humanas (Relacionamento Interpessoal) Habilidades Técnicas (Manuseio de coisas físicas) Gerência Supervisão Figura 9 - Hierarquia e competência - Fonte (Chiavenato, 2003) 37 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE O bom administrador deve ser capaz de fazer uma boa análise situacional, apresentar soluções e resolver conflitos. Habilidades técnicas, como a Figura 9 apresenta, é parte predominante do nível operacional. Tem o conhecimento técnico especializado com foco em sua área de atividade. Tem a ver com conhecimento e procedimentos. No nível intermediário, a gerência, deve apresentar habilida- des técnicas, habilidades humanas e conceituais em proporções similares. A habilidade humana é a capacidade de se trabalhar em equipe, desenvolver relacionamentos produtivos tanto a nível pessoal como com o grupo. O bom relacionamento com pessoas trata da capacidade de se comunicar apropriadamente, motivar, coordenar, liderar e resolver conflitos. Também deve desenvol- ver um bom envolvimento com as pessoas. Entendê-las, como indivíduos e como membros do grupo. O nível institucional deve ter como preponderante a habili- dade conceitual. Visão holística da organização e deve compre- ender como as mudanças da parte afetam o todo. Compreende a capacidade de pensar raciocinar, diagnosticar a situação e formular soluções alternativas. Para tanto, são necessárias capacidades cognitivas bem sofisticadas como: Panejar o futuro, interpretar a missão, desenvolver a visão e perceber oportunidades onde a maioria das pessoas não o consegue fazer. São todas competências bem distintas distribuídas a partir de um planejamento bem elaborado. 1.6. dO PLAnEjAmEnTO A AçÃO Aqui estamos diante de um novo desafio. Em teoria, já de dever ter os cenários definidos (tópico do capítulo 2) a estratégia já está traçada e agora deve-se ir à ação. Como fazê-lo de forma eficiente? 38 Planejamento & administração estratégicos Determinar quais são os elementos chave em que a estratégia deve se basear para atingir os seus objetivos é, sem dúvida alguma, um dos fatores determinantes com relação sucesso do projeto. O nome que se dá a isso é Plano de ação, que é o processo pelo qual se determina o que se deve ser controlado e se gerencia o andamento das coisas. Existem duas técnicas que se destacam: 5W2H e o PDCA que serão apresentadas. 1.7 ExERCíCIOS 1. Como um GPS tradicional ou o WAZE pode aju- dar no planejamento de um percurso? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 2. O que é um cenário? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 39 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 3. Por qual razão definir qual é o negócio é tão importante? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ __________________________________________ 4. Qual é a origem da palavra estratégia? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 40 Planejamento & administração estratégicos 5. Como se define planejamento estratégico? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 41 Planejamento & administração estratégicos GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________